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OCUPAÇÃO DAS
TERRAS ACREANAS
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www. oglobo.globo.com/economia/historiadoacre
http://cpiacre.org.br/culturasindigenasnoacre
A OCUPAÇÃO
INDÍGENA NO ACRE
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ALMEIDA, Fernando H Mendes. Constituições do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1954, p. 109.
CPI-ACRE. Comissão Pró-Índio do Acre. Culturas indígenas no Acre. Publicado em 24 abr. 2016. Disponível em: https://cpiacre.
org.br/abril-no-acre-indigena-2016-culturas-indigenas-no-acre/. Acesso em: 4 fev. 2022.
DINIZ, Eduardo. Saiba mais sobre a história do Acre, que já foi da Bolívia. GLOBO on-line. Publicado em: 12 maio 2006. Dispo-
nível em: https://oglobo.globo.com/economia/saiba-mais-sobre-historia-do-acre-que-ja-foi-da-bolivia-4584707. Acesso em: 4
fev. 2022.
A MIGRAÇÃO
NORDESTINA E A
PRODUÇÃO DA
BORRACHA
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o amazonense Samuel Benchimol contabiliza a chegada de 50.500 homens entre 1943 e 1944, no
auge do recrutamento, e na bagagem, cerca de mais de 19.760 mulheres, de quem não se sabe
quase nada.
Fonte: MARTINELLO, Pedro. A Batalha da Borracha na Segunda Guerra Mundial. Rio Branco: EDUFAC, 2004
A REVOLUÇÃO ACREANA
O CONTEXTO HISTÓRICO DA REVOLUÇÃO
A RECÉM-REPÚBLICA BRASILEIRA
O final do século XIX, mais especificamente em 1899, faz referência ao período de grande
instabilidade na conjuntura da história política brasileira. A recém-instaurada república ainda ali-
cerceava seus moldes no federalismo (uma forma de organização do Estado em que existe um
governo que exerce funções de Estado centralizador. No federalismo, a divisão de poder acontece
através da delegação, isto é, o poder político central é compartilhado pelas unidades federativas). A
república brasileira só existia há dez anos, e era conhecida como a “república da espada”, uma vez
que foi governada por militares até 1930. Os conflitos dessa época estavam vinculados às questões
territoriais limítrofes ainda em destaque. É nesse contexto que o território acreano é formado.
Em 1903, foi declarada pela terceira vez a República do Acre, mas dessa vez dois importantes
indivíduos declararam apoio à independência, o presidente Rodrigues Alves e o Ministro do Exterior
Barão do Rio Branco. O Acre foi ocupado, então, por um governo militar sob o comando do general
Olímpio da Silveira. Os bolivianos mais uma vez tentaram insurgir, entretanto, outras tropas foram
enviadas para a região. A diplomacia brasileira não permitiu que combates significativos aconteces-
sem novamente. Em 21 de março de 1903, antes das batalhas, os representantes dos governos do
Brasil e da Bolívia decidiram assinar um tratado de paz inicial. Em 17 de novembro daquele mesmo
ano, o tratado definitivo foi assinado.
CALMON, Pedro. O regime definido (Síntese e Crítica). In: História social do Brasil, volume 3: a época republicana. São Paulo:
Martins Fontes, 2002. p.67-87.
ESTRUTURAS
DE PODER NA
SOCIEDADE
COLONIAL
SERGIPANA
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ÁREAS LIMÍTROFES
Desde os idos de 1850, muitos nordestinos acometidos por sucessivas crises de seca em suas
regiões, migram para o Acre e instalam-se nos limites geográficos acreanos com o objetivo para se
dedicar à atividade extrativista, ou seja, a extração do látex, matéria-prima da borracha, obtido das
seringueiras, árvores nativas do lugar. A posse da terra, de forma incial, não era uma grande preo-
cupação dessas pessoas, estes começam a ocupar as terras, cuja maior parte, na época, pertencia
à Bolívia. As fronteiras permaneciam quase que inexatas, ou seja, não havia um recorte de separa-
ção exato, apesar de teoricamente estarem estabelecidas e reiteradas por tratados internacionais.
ESTRUTURAS DE PODER NA SOCIEDADE COLONIAL SERGIPANA 3
Mesmo através de tratados, a Bolívia, na prática, não conseguiu exercer nessas áreas sua
completa soberania geo-política. Principalmente as áreas entre os rios Javari e Madeira constava
nos mapas locais como “tierras non descubiertas”. Habitando em sua grande parte os altiplanos, os
bolivianos não se mostravam aptos ou mesmo interessados em tomar posse daquela isolada região
de planície. Como a própria História do Brasil comprova, quando um território não é efetivamente
ocupado, uma das consequências são as tentativas e incursões de outros povos nessas áreas. Este era
o cenário na região enquanto a borracha era apenas um item exótico das exportações amazônicas.
O TRATADO DE PETRÓPOLIS
Em 1903, o presidente boliviano General Pando, concordou com a ocupação e a administração
brasileira na região. Percebendo que não poderia manter nenhum controle sobre o Acre, viu-se
compelido a concordar com o entendimento diplomático. Afinal, era melhor aceitar as compensa-
ções oferecidas pelo Brasil em troca da área litigiosa do que enfrentar uma batalha diplomática com
o Peru, outro a reclamar propriedade sobre aquelas terras. O Tratado de Petrópolis praticamente
selou o destino do Acre, que até hoje permanece como integrante da federação brasileira de modo
praticamente incontroverso. O Peru seguiria mais alguns anos manifestando-se diplomaticamente
por direitos na região, mas acabaria chegando a um acordo com as autoridades brasileiras.
TRATADO DE PETRÓPOLIS Brasil e Bolívia
(17 de novembro de 1903)
A Republica dos Estados Unidos do Brasil e a Republica da Bolívia, animadas do desejo de
consolidar para sempre a sua antiga amisade, removendo motivos de ulterior desavença,
e querendo ao mesmo tempo facilitar o desenvolvimento das suas relações de commercio
e boa visinhança, convieram em celebrar um Tratado de Permuta de Territorios e outras
compensações, de conformidade com a estipulação contida no art. 5º do Tratado de Ami-
sade, Limites, Navegação e Commercio de 27 de março de 1867. E, para esse fim, nomea-
ram plenipotenciarios, a saber: O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil, os
Senhores JOSÉ MARIA DA SILVA PARANHOS DO RIO BRANCO, Ministro de Estado das Rela-
ções Exteriores, e JOAQUIM FRANCISCO DE ASSIS BRASIL, Enviado Extraordinario e Ministro
Plenipotenciario nos Estados Unidos da America; e O Presidente da Republica da Bolivia, os
Senhores FERNANDO E. GUACHALLA, Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotenciario em
missão especial no Brasil e Senador da Republica, e CLAUDIO PINILLA, Enviado Extraordinario
e Ministro plenipotenciario no Brasil, nomeado Ministro das Relações Exteriores da Bolivia.”
Por esse tratado, ficou acordado que a Bolívia receberia compensações territoriais em vários
pontos da fronteira com o Brasil; que o Governo brasileiro se comprometeria a construir a Estrada
de ferro Madeira-Mamoré; e que seria garantida a liberdade de trânsito pela ferrovia e pelos rios
até o oceano Atlântico, o que facilitaria o escoamento das exportações bolivianas pelo sistema
fluvial do Amazonas.
Como não havia equivalência entre as áreas dos territórios permutados, estabeleceu-se, ainda,
uma indenização pecuniária no montante de dois milhões de libras esterlinas, a ser paga pelo Brasil
em duas parcelas. Em contrapartida, a Bolívia cederia a parte meridional do Acre, reconhecidamente
boliviana, mas povoada por brasileiros, e desistiria de seu alegado direito à outra parte do território
mais ao norte, igualmente ocupada só por brasileiros.
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A BIOPIRATARIA DO LÁTEX
Devido à crescente demanda internacional por borracha, a partir da segunda metade do século
XIX, em 1877, os seringalistas com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém. De
1877 até 1911, houve um aumento considerável na produção da borracha que devido às primitivas
técnicas de extração empregada, estava associado ao aumento d emprego e de mão-de-obra. O
Acre chegou a ser o 3° maior contribuinte tributário da União.
A borracha chegou a representar 25% da exportação do Brasil. Como o emprego da mão-de-
-obra foi direcionado à extração do látex, houve escassez de gêneros agrícolas, que passaram a ser
fornecidos pelas Casas Aviadoras. Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e
levadas a Inglaterra por Henry Wichham. As sementes foram tratadas e plantadas na Malásia, colônia
inglesa. A produção na Malásia foi organizada de forma racional, empregando modernas técnicas,
possibilitando um aumento produtivo com custos baixos. A borracha inglesa chegava ao mercado
internacional a um preço mais baixo do que a produzida no Acre. A empresa brasileira não resistiu
à concorrência Inglesa. Em 1913, a borracha cultivada no Oriente (48.000 toneladas) superava a
produção amazônica (39.560t). Era o fim do monopólio brasileiro da borracha.
Era madrugada quando um homem chegou ao Jardim Botânico de Kew, em Londres, à
procura de seu diretor. Ele trazia uma carga roubada: 70 mil sementes de seringueira. Foi
graças a essa encomenda surrupiada do Brasil que as colônias inglesas na Ásia tornaram-se
as maiores produtoras de látex do mundo no início do século passado, enterrando o milio-
nário ciclo da borracha na Amazônia. O ladrão se chamava Henry Wickham (1846-1926),
um aventureiro inglês que morou em Santarém, Pará. Autor de um dos primeiros casos de
biopirataria da história, sua trajetória de homem visionário, destemido e bastante teimoso
é narrada com neutralidade – mas não sem paixão.”
ESTRUTURAS DE PODER NA SOCIEDADE COLONIAL SERGIPANA 5
Fonte: JACKSON, Joe. O ladrão do fim do mundo. Editora: Objetiva, 2011, SP.
Fonte: BECKER, Bertha; EGLER, Claudio. Brasil: uma potência regional na economia-mundo. 4.
Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003 (Coleção Geografia);
TOCANTIS, Leandro. Formação histórica do Acre. Editora Conquista, 1973.
Fonte: ALMEIDA, Fernando H Mendes, Constituições do Brasil, São Paulo, Saraiva, 1954, p. 109.
www. oglobo.globo.com/economia/historiadoacre
http://cpiacre.org.br/culturasindigenasnoacre
A CHEGADA DOS
PAULISTAS NO ACRE
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Fonte: REZENDE MACHADO, Tânia Mara. Migrantes sulistas. A caminhada e aprendizados na região acreana. Acre: Editora
Edufac, 2016.
Com essas compras, diversos migrantes paulistas e sulistas foram para o Acre em busca de
melhores possibilidades de trabalho. Entende-se como “paulistas”, o termo pelo qual esses novos
colonos originários do sul e sudeste do Brasil e seus representantes passaram a ser definidos pelos
regionais. Os mais abastados, que compraram essas terras, apresentam-se como os novos “civiliza-
dores” do Acre, vindos para desenvolver e integrar a região ao resto do país, trazendo o progresso
e a prosperidade a essas terras ainda consideradas “selvagens”.
Uma das consequências da execução de atividades dos “paulistas” abastados: muitos serin-
gueiros foram expulsos para seringais bolivianos, para as periferias das cidades ou simplesmente
incorporaram o trabalho de desmatamento e as atividades agrícolas nas fazendas dos novos patrões.
a CHEGADA DOS PAULISTAS NO ACRE 3
AS QUESTÕES FLORESTAIS
Os desmatamentos da economia pecuária ainda eram presentes (como são até os dias de
hoje). Esses forasteiros, que em sua maioria, buscavam tentar uma nova vida no Acre, não fugiram
das questões de violência e exploração da natureza. Além da figura marcante de Chico Mendes,
muitos outros seringueiros e sindicalistas foram assassinados durante essas lutas pela terra. Diga-se,
luta em prol da vida na floresta. Os povos indígenas acreanos também se mobilizaram, em grande
e iniciaram novas formas de luta no campo político regional. A emergência e a consolidação do
movimento indígena acreano devem ser situadas no contexto político mais amplo da afirmação
étnico-política da indianidade que caracterizou as Américas a partir da década de 1970.
Através da regional Amazônia Ocidental, os missionários do CIMI, influenciados pela teologia
da libertação (a teologia da Libertação é um movimento apartidário que engloba várias correntes
de pensamento interpretando os ensinamentos de Jesus Cristo como libertadores de injustas condi-
ções sociais, políticas e econômicas.), começaram a atuar no rio Purus, no Acre e sul do Amazonas,
a partir de 1975, promovendo encontros entre grupos indígenas e desenvolvendo um trabalho
de conscientização política junto às lideranças das comunidades. Um dos principais fundadores
da CPI-Acre foi o antropólogo Terri Valle de Aquino. As relações entre a CPI -Acre e o CIMI foram
regularmente pautadas por conflitos e rivalidades, mas, nos momentos importantes de luta, as duas
identidades souberam atuar em conjunto em favor dos direitos dos índios acreanos.
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Chico Mendes.
foi criado durante o primeiro mandato de Luís Inácio Lula da Silva, na gestão de Marina Silva à
frente do Ministério do Meio Ambiente. Enquanto, nos anos 80, Lula deu apoio a Chico Mendes
na articulação de seu movimento sindical, Marina, também do Acre, deu seus primeiros passos na
defesa do meio ambiente sob a liderança do líder seringueiro.
O ICMBio integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e a ele cabe executar as
ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, prote-
ger, fiscalizar e monitorar as Unidades de Conservação instituídas pela União. O legado de Chico
Mendes, porém, vai muito além. Tornou-se referência persistente, por vezes incômoda até, para
a consciência ambiental do país. E inspiração para a nem sempre vencedora luta pela preservação
dos ativos ambientais do Brasil.
Fontes: Chico Mendes, legado de coragem em defesa da floresta — Senado Notícias
REZENDE MACHADO, Tânia Mara. Migrantes sulistas. A caminhada e aprendizados na região acreana. Acre: Editora Edufac,
2016.
Cardoso de Oliveira, Roberto. Acre: Uma história em construção. Fundação de Desenvolvimento de Recursos Humanos, da
Cultura e do Desporto. Rio Branco, 1976.
A EVOLUÇÃO
POLÍTICA DO ACRE
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REVOLTA NO PURUS
Em 1913, um movimento de revolta ocorreria no Purus, em Sena Madureira, por motivos
muito semelhantes ao do Alto Juruá. Em 1918, seria a vez da luta autonomista chegar ao vale
do Acre, em Rio Branco, que protestou intensamente contra a manutenção daquela situação de
subjugação ao governo federal. Porém ambas as revoltas foram igualmente sufocadas à força pelo
governo brasileiro.
No texto constitucional, de referência expressa ao Território do Acre, era dessa forma que se
caracterizava sua organização:
[...] art. 85 do anteprojeto de Constituição de Território em geral, sem especial referência ao
único de atual existência, o do Acre, cuja criação foi determinada por circunstancias ocasio-
nais, não previstas pelos constituintes de 91. Constituído de longa data e tendo já atingido a
certo grau de desenvolvimento, não se poderá ele confundir com os que venham a ser agora
criados, resultantes de “regiões fronteiriças com países estrangeiros, insuficientemente culti-
vados e de população inferior a um habitante por quilômetro quadrado, ou deshabitadas”. Já
lhe não seriam aplicáveis as normas que viessem a ser adotadas para esses futuros territórios
absolutamente inadaptaveis a uma região que de ha muito se encon tra administrativa e
judiciariamente organizadas. Impõe-se para o Acre u m regime apropriado ás suas presentes
condições, u m regime que, consultando o meio fisico e tendo em vista os imperativos geográ-
ficos, possa aproveitar a toda a região, hoje grandemente sacrificada pelo nefasto regime de
centralização administrativa. Deu-se a primitiva organização o presidente RODRIGUES ALVES,
conforme melhor aconselhavam as circunstancias do momento. Completou-a posteriormente
o presidente AFFONSO PENA, em moldes mais consentaneos com os bem compreendidos
interesses regionais.
Fonte: FERREIRA, Waldemar. A Organização Administrativa do território do Acre. 1936. Classificação (CDDir).
A partir do fracasso das revoltas, a luta pela autonomia não recorreu mais às armas. A reforma
política de 1920, que unificou as quatro prefeituras departamentais em um único governo terri-
torial, serviu para acalmar o vale do Acre, que foi beneficiado pela reforma, já que Rio Branco foi
escolhida como capital do território.
Com a queda do Ciclo da Borracha, em 1920, o movimento autonomista foi perdendo força,
ressurgindo apenas uma década mais tarde, quando a Revolução de 1930 alterou completamente
os rumos da república brasileira. Nesse momento, os acreanos acreditaram que poderiam, enfim,
conquistar a tão sonhada autonomia. Mas foi em vão.
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Com a constituição de 1934, o Acre só obteve o direito de eleger dois deputados federais
para representá-lo na Câmara Federal, sem alterar o regime de indicação dos governadores do
território. Seguiu-se mais um longo período em que as discussões autonomistas não passavam de
conversas em intermináveis reuniões e de fundações de agremiações políticas e jornais que tinham
como bandeira maior o autonomismo. Multiplicaram-se os simulacros de partidos políticos: Legião
Autonomista, Partido Construtor, Partido Autonomista, Partido Republicano do Acre Federal, Comitê
Pró-autonomia etc. Da mesma forma, multiplicavam-se os títulos de jornais com apelo autonomista,
como por exemplo: O Estado, O Autonomista, O Estado do Acre etc.
Posto sob a administração de u m Governador, nomeado pelo Presidente da Republica e
demissivel ad nutum, com três substitutos eventuais também por ele nomeado e demissivel,
deu-se-lhe u m corpo administrativo mais amplo: u m secretario geral, de imediata confiança
do governador, por este nomeado; e u m chefe de policia, livremente nomeado e demitido pelo
presidente da Republica dentre bacharéis em direito com cinco anos, pelo menos, de tirocinio
na magistratura, na advogacia ou na administração publica, mas subordinado ao governador
de quem receberia instruções. Instituiu-se, pois, u m governo territorial, com melhor e mais
precisa distribuição de atribuições, ao mesmo tempo em que se dividiu o Território em cinco
municipios: Rio Branco, Xapury, Purús, Tarauacá e Juruá, com sedes, respetivamente, nas cida-
des de Rio Branco, Xapury, Sena Madureira, Seabra e Cruzeiro do Sul. Transformaram-se os três
Departamentos em cinco Municipios, permitindo-se a adjunção de distritos, ou a transformação
de u m só em Município, satisfeitas certas condições, como a área de vinte e cinco quilômetros
quadrados e o rendimento anual de mais de cincoenta contos de reis. Os municipios seriam
administrados por um Conselho Municipal, com funções legislativas, composto de sete Vogais
e presidido por um deles, tocando a função administrativa a um Intendente, como chefe do
Poder Executivo Municipal, nomeado e demitido ad nutum pelo Governador do Território. O
governo municipal, assim instituído, ficou expresso no diploma que se organizou, era autônomo,
dentro da es fera de suas atribuições e nenhuma autoridade estranha á hierarquia municipal
poderia intervir nas suas deliberações, exceto nos casos previstos.
Fonte: FERREIRA, Waldemar. A Organização Administrativa do território do Acre. 1936. Classificação (CDDir).
Art. 2º. A Justiça Eleitoral fixará, dentro de três meses, após a promulgação a presente lei,
a data das eleições de Governador e de deputados à Assembléia Legislativa, os quais serão
em número de quinze e terão, inicialmente, funções constituintes.
Art. 3º. A Assembléia Legislativa reunir-se-á dentro de dez dias da diplomação sob a direção
do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, por convocação dêste, e elegerá a sua Mesa.
Parágrafo único. Se, dentro de quatro meses, após a instalação da Assembléia, não fôr
promulgada a Constituição Estadual, o Estado do Acre ficara submetido automaticamente
à do Estado do Amazonas, até que a reforme pelo processo nela determinado.
Art. 4º. A posse do primeiro Governador se fará, perante a Assembléia Legislativa, no dia
da promulgação da Constituição Estadual.
Parágrafo único. Até essa data, o Estado do Acre ficará sob a administração do Govêrno
Federal, através de um Governador provisório.
Art. 7º. As dotações consignadas no atual Orçamento Geral da União, para o Território do
Acre, serão transferidas à aplicação do Govêrno do Estado, mediante convênio.
Parágrafo único. No exercício financeiro subseqüente ao da promulgação da Constituição
Estadual, o Govêrno do Acre perceberá da União um auxilio correspondente ao valor global,
das verbas orçamentárias que hajam sido atribuídas ao Território, no exercício anterior.
Art. 8º. A União celebrará convênio com o Estado do Acre, a vigorar do exercício financeiro
seguinte, ao da promulgação da Constituição do Estado, para que:
§ 1.º - O pessoal dos serviços mantidos pela União e transferidos ao Estado na forma dêste
artigo continuará a ser remunerado pela União, inclusive o que passar à inatividade, mas
passarão a ser remunerados pelo novo Estado, que os proverá na forma da lei, os novos
servidores nomeados para cargos iniciais de carreira ou cargos isolados que se vagarem e
para cargos que vierem a ser criados, bem como os acréscimos de vencimentos, proventos
e vantagens estabelecidos pelo novo Estado.
Portal da Câmara dos Deputados (camara.leg.br)
O PTB, todavia, não foi de todo derrotado. Nas primeiras eleições livres e diretas realizadas na
história do Acre, o PTB foi o grande vencedor, fazendo o primeiro governador constitucional do Acre,
o Professor José Augusto de Araújo, além de todas as prefeituras municipais acreanas. Na década
de 1960 iniciou-se o segundo ciclo de esforços para acelerar o progresso da área amazônica, com a
criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM,1966). Procurou-se melhor
entrosar os subsetores regionais dentro do próprio Estado, concorrendo para isso os ramais da Tran-
samazônica, que ligaram Rio Branco e Brasiléia, no alto curso do Acre, e Cruzeiro do Sul, às margens
do Juruá, cortando os vales do Purus e do Tarauacá. Incrementou-se a política de planejamento,
destinada a corrigir as distorções demográficas, econômicas e políticas da integração nacional.
O AUGE DO CICLO
DA BORRACHA
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Desolados pelas constantes secas e conflitos no campo; estimulados por promessas de grandes
ganhos e; movidos pelo sonho de melhores condições de vida, milhares de migrantes nordestinos
despiram-se do que mais amavam e vislumbraram na Amazônia uma vida mais digna. O que se viu
foi um modelo de exploração desumana imposto aos seringueiros que, nos seringais submetiam-se,
além da opressão do sistema de barracão, às diversas doenças e animais existentes nesses centros
produtores de borracha, de modo que, não se pode negar que os seringueiros fazem parte das
grandes vítimas nesse sistema de exploração da borracha, onde, se estima que entre dezessete e
vinte mil, dos que se dispuseram à coleta do látex na Amazônia, não retornaram para os seus locais
de origem.
Fonte: GALVÃO, Antônio Carlos. SILVA, Josué da Costa. SERINGUEIROS NA AMAZÔNIA. Mestrando em Geografia pela Fundação
Universidade Federal de Rondônia. Professor do Depto de Geografia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação Mestrado
em Geografia UNIR.
Fonte: BENCHIMOL, Samuel. Amazônia: Formação Social e Cultural. Manaus, Valer, 1999.
HISTÓRIA E
HISTORIOGRAFIA DO
ACRE
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HISTÓRIA DO ACRE
O processo de incorporação do Acre ao Brasil decorreu do desbravamento de populações
do Nordeste, que o povoaram e o fizeram produtivo, repetindo a proeza dos bandeirantes de São
Paulo, que partiram em expedições para o interior nos séculos XVI e XVII.
No caso do Acre, foram as secas nordestinas e o apelo econômico da borracha - produto
que no final do século XIX alcançava preços altos nos mercados internacionais - que motivaram a
movimentação de massas humanas oriundas do Nordeste, para aquela região amazônica. Datam
de 1877 os primeiros marcos de civilização efetiva ocorrida no Acre, com a chegada dos imigrantes
nordestinos que iniciaram a abertura de seringais. Até então, o Acre era habitado apenas por índios
não aculturados, uma vez que a expansão lusobrasileira ocorrida na Amazônia durante o período
colonial, não o havia alcançado.
hISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DO ACRE 3
A partir dessa época, no entanto, a região tornou-se ativa frente pioneira, que avançou pelas
três vias hidrográficas existentes: o rio Acre, o Alto-Purus e o Alto Juruá. O território
do Acre pertencia à Bolívia até o início do século XX, embora desde as primeiras décadas do século
XIX a maioria da sua população fosse formada por brasileiros que exploravam os seringais e não
obedeciam à autoridade boliviana, formando, na prática, um território independente e exigindo a
sua anexação ao Brasil.
Em 1899, na tentativa de assegurar o domínio da área, os bolivianos instituíram a cobrança de
impostos e fundaram a cidade de Puerto Alonso, hoje Porto Acre. Os brasileiros revoltaram-se com
tal providência, o que resultou na disseminação de vários conflitos, que somente terminaram com
a assinatura, em 17 de novembro de 1903, do Tratado de Petrópolis, pelo qual o Brasil adquiriu,
em parte por compra e em parte pela troca de pequenas áreas nos Estados do Amazonas e Mato
Grosso, o futuro território e depois Estado do Acre.
Problemas de fronteira também existiram com o Peru, que reivindicava a propriedade de todo
o Território do Acre e mais uma extensa área no Estado do Amazonas, tendo tentado estabelecer
delegações administrativas e militares na região do Alto-Juruá entre os anos de 1898 e 1902, e do
Alto-Purus entre 1900 e 1903. Os brasileiros, no entanto, com seus próprios recursos, forçaram os
peruanos a abandonar o Alto-Purus em setembro de 1903. Com base nos títulos brasileiros e nos
estudos das comissões mistas que pesquisaram as zonas do Alto-Purus e do Alto-Juruá, o Barão
do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores na época, propôs ao Governo do Peru o acerto de
limites firmado a 8 de setembro de 1909.
Com este ato completou-se a integração política do Acre à comunidade brasileira. A partir de
1920, a administração do Acre foi unificada e passou a ser exercida por um Governador, nomeado
pelo Presidente da República. Pela Constituição de 1934, o Território passou a ter direito a dois
representantes na Câmara dos Deputados. Em 1957, projeto apresentado pelo Deputado José
Guiomard dos Santos elevava o Território à categoria de Estado, o que resultou na Lei nº. 4.070,
de 15 de junho de 1962, sancionada pelo então Presidente da República, João Goulart. O primeiro
governador do Estado do Acre foi o Senhor José Augusto de Araújo, eleito em outubro de 1962,
com 7.184 votos.
Fonte: O Estado do Acre - O Estado do Acre (dominiopublico.gov.br)
POVOS ISOLADOS
Os isolados são povos que não mantêm contato direto ou regular com a sociedade envolvente.
Vivem em isolamento voluntário, de maneira exclusiva ou compartilhada, nas terras indígenas desti-
nadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Segundo dados atualizados da Funai e da Secretaria
Especial de Saúde Indígena (Sesai/MS), esses povos constituem uma população de pouco mais de
19,6 mil pessoas, representando 2,7% da população total do estado e 9,7% de sua população rural.
Esse contingente populacional não inclui os povos indígenas “isolados”, com população total,
estimada pela Funai, em cerca de 600 pessoas. Os indígenas que mantêm residência na capital ou
outras sedes municipais também não fazem parte do censo.
Até 1998, a população acriana sofria com a falta de serviços básicos, a estagnação da economia
e a ausência do Estado na valorização das riquezas naturais e culturais que, historicamente, fazem
deste pedaço da Amazônia um lugar especial para viver. De costas para a floresta, principal meio de
sobrevivência de populações tradicionais como índios, seringueiros e ribeirinhos, além de apresentar
uma receita própria inferior a 16,6%, a economia e o desenvolvimento do Estado desconsideravam
a rica biodiversidade que o Acre abriga, bem como a vocação natural de boa parte de seu povo.
O Acre está localizado na Região Norte, no extremo oeste do Brasil, sua capital é Rio Branco e
quem nasce no estado é chamado acriano. Sua área compreende 164.123,738 km² e ocupa, entre
os demais estados da federação, o 16º lugar em área territorial.
O estado faz fronteira com o estado do Amazonas ao norte e em seu extremo ocidental em
uma estreita faixa da fronteira, limita-se com Rondônia. Em sua porção noroeste, faz também
fronteiras internacionais com o Peru e a Bolívia. É no Acre que se encontra o ponto mais ocidental
do Brasil, a nascente do rio Moa.
Fontes: ACRE. Acre concentra vasta diversidade de povos indígenas. Disponível em: https://agencia.ac.gov.br/acre-concentra-
-vasta-diversidade-de-povos-indigenas/. Acesso em: 3 mar. 2022.
CARNEIRO, Eduardo de Araújo. A epopeia do Acre e a manipulação da história: no movimento autonomista & no governo da
frente popular. Rio Branco: EAC Editor, 2015, p. 124.
REALIDADE
CULTURAL, POLÍTICA
E ECONÔMICA DO
ACRE
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SETOR MADEIREIRO
O setor madeireiro do estado tem mostrado que é possível usar os recursos florestais com
inteligência e respeito à floresta. Em 2011, houve o primeiro encontro da história com movelarias
e marcenarias de todo estado. A partir das discussões e compromissos firmados, o Programa de
Apoio ao Setor Moveleiro/Marceneiro do Acre.
A iniciativa teve como primeiro resultado o licenciamento ambiental de mais de 90% das mar-
cenarias do estado. O segmento, hoje, cresce a passos largos graças a incentivos como a construção
de galpões dentro dos parques industriais e a garantia de compra de móveis e artefatos de madeira,
por meio de credenciamento, no âmbito das ações de compras governamentais.
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Duas indústrias madeireiras localizadas nos municípos de Cruzeiro do Sul e Xapuri foram cons-
truídas, e uma terceira, em Tarauacá, está em fase de conclusão, com previsão de funcionamento
para 2016. Cada indústria tem capacidade de processar cerca de 100 mil metros cúbicos de madeira
ao ano e empregar cerca de 200 pessoas. Em Cruzeiro do Sul, 16 galpões já foram entregues, um
deles é comunitário.
Neste município, o programa de fortalecimento da economia florestal se concretiza com a
implantação do Polo Naval, indústria com base madeireira que beneficiará inicialmente 50 coo-
perados de Cruzeiro do Sul e Tarauacá. Às margens da BR-317, o Complexo Industrial Florestal de
Xapuri foi idealizado inicialmente para a fabricação de pisos de madeira: de 2009 a 2011, foram
produzidos ali 480 mil metros quadrados de piso de alta qualidade e 4,8 mil metros quadrados de
deck, ambos com selo verde.
Nos complexos industriais do Acre coexistem galpões coletivos e individuais. Mas o perfil admi-
nistrativo da maioria das indústrias que recebem incentivos do governo é de gestão compartilhada.
Nesse modelo, cooperativas, associações, iniciativa privada e Estado se unem para fortalecer a
economia de base florestal, agregando forças em conhecimento técnico e experiência de mercado
para gerar renda e trabalho de forma igualitária, com foco no baixo impacto ao meio ambiente e
no fortalecimento da economia florestal.
Fonte: Caminhos do Acre acre.gov.br
ECONOMIA FLORESTAL
Em todo o Acre, o fortalecimento da cadeia extrativista florestal inclui projetos que viabili-
zam a compra de máquinas e equipamentos atendendo, inicialmente, extrativistas e produtores
organizados em cooperativas das áreas de fruticultura e produção de grãos. Só em Tarauacá, este
número chega a 450 cooperados.
A atividade extrativista, herança que permanece viva em quem mora na floresta, é hoje uma
alternativa que garante melhores condições de vida a centenas de famílias em todo o Acre. Usinas
de beneficiamento de castanha na capital e nos municípios de Xapuri e Brasileia foram ampliadas
e modernizadas.
A reforma e a aquisição de novos equipamentos resultaram no aumento da capacidade produ-
tiva da fábrica, que passou para mais de 825 mil quilos ao ano. Em Rio Branco, uma nova indústria
de castanha promete ser a maior do país: fruto de um empreendimento público privado e com
capacidade para processar 200 toneladas do produto ao mês, a iniciativa será gerida pela Coope-
rativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre).
Fonte: Caminhos do Acre acre.gov.br