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2- Balaiada (1838-1841)
Entre os anos de 1838 e 1841, a província do Maranhão foi abalada por vários levantes que
atingiram também a vizinha província do Piauí. Esses levantes receberam o nome geral de
Balaiada, porque um dos seus líderes, Manuel Francisco dos Anjos, fabricante e vendedor
de balaios, era conhecido pelo apelido de "Balaio".
Na época, a população total do Maranhão era de aproximadamente 200 mil habitantes, dos
quais 90 mil eram escravos, além de uma grande massa de trabalhadores formada por
sertanejos ligados à atividade pastoril e à lavoura.
Nesse momento, o Maranhão enfrentava a crise da economia algodoeira. Após a Guerra da
Independência dos Estados Unidos da América, o algodão, principal produto de exportação
da província, passou a sofrer a concorrência do algodão norte-americano, que voltara a
dominar o mercado internacional. Na província do Maranhão, como na do Grão-Pará, o
reconhecimento da Independência não se fizera de modo pacífico. Ao contrário, provocara
conflitos entre colonos e portugueses, possibilitando que a massa de trabalhadores,
formada pelas camadas mais pobres da população, pegasse em armas nas lutas então
travadas. No entanto, apesar da Independência, a realidade dessas massas não se
modificara. Continuavam marginalizadas e afastadas do poder político e econômico.
3- Cabanagem
A primeira a estourar, como vimos, foi a Cabanagem, na longínqua província do Grão-Pará,
uma das que mais demoraram a “aderir” ao Brasil independente, só o fazendo em 15 de
agosto de 1823, e por “imposição”. Toda a história do Grão-Pará fora construída de maneira
autônoma e independente do restante do país. A ocupação da região iniciou- iniciou-se no
século XVI, com a incursão na Amazônia de holandeses e ingleses interessados em
especiarias; particularmente em sementes de urucum, guaraná e pimenta.
os cabanos praticaram todo tipo de violência: escravos amarraram seus antigos senhores
no tronco e aplicaram-lhes chicotadas; indígenas recrutados à força mataram comandantes
e oficiais e assumiram suas fardas e patentes (todos viraram tenentes-coronéis). O
movimento espalhou-se como rastilho de pólvora e alcançou o que hoje se conhece como
os estados do Pará e do Amazonas. Tamanha “audácia” pedia reação e, em fevereiro de
1836, quatro navios de guerra se aproximaram de Belém com o objetivo de tomar a cidade.
Entre 1836 e 1840 os rebeldes se dirigiram para o interior da província e radicalizaram
ainda mais, com os cabanos defendendo o fim da escravidão e o direito à autonomia local
— além de expressarem antigos e consolidados ódios aos portugueses e estrangeiros.
O saldo no número de mortes é dos mais cruéis: estima-se que de 30% a 40% de uma
população de 100 mil habitantes. Milhares também foram os prisioneiros, mantidos nas
corvetas imperiais — em especial a Defensora —, transformadas em navios-prisões.