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Etapa Ensino Fundamental

Anos Finais História

As Revoltas regenciais:
Carrancas
8º ANO
Aula 6 – 3º bimestre
Conteúdo Objetivos
● O Período Regencial; ● Compreender a escravidão no
Brasil em meados do século XIX,
● As Revoltas especialmente no que diz respeito
Regenciais; às insurgências populares;
● A Revolta de ● Analisar a Revolta de Carrancas e
Carrancas. seus impactos para a sociedade da
época;
● Refletir sobre as consequências da
Revolta de Carrancas.
Para começar
Observe atentamente
a imagem. Depois,
considerando a questão
abaixo, vire-se e converse
com seu colega:
Você acredita que a escravidão
no Brasil, em meados do século
XIX, pode ter mobilizado revoltas
populares?

Gravuras de 1851 representando o


cotidiano dos escravizados africanos no
Brasil
Foco no conteúdo

A Revolta de Carrancas:
o outro 13 de maio
A data 13 de maio é conhecida devido
à promulgação da Lei Áurea pela Sede da fazenda Bella Cruz,
Princesa Isabel, em 1888, abolindo localizada no atual município
a escravatura no Brasil. Mas hoje, de Cruzília /MG
vamos falar de outro evento
importante que também ocorreu
nessa data, anos antes, e que não
ficou tão conhecido.
Foco no conteúdo
Também conhecida como Levante de
Bella Cruz, a Revolta de Carrancas foi
uma rebelião de escravizados, que
ocorreu em 13 de maio de 1833, nas
fazendas da família Junqueira, na
região sul da província de Minas Gravura representando uma
Gerais. Essa revolta teve um papel família de fazendeiros indo
significativo na História do Brasil durante para a Igreja. Johann Moritz
o Período Regencial, mas antes de Rugendas, 1835
estudar seus desdobramentos é
importante entender seu contexto.
Foco no conteúdo
A questão do tráfico de escravizados
na primeira metade do século XIX Durante mais de três
séculos, cerca de 4,8
No início do século XIX, houve um aumento
milhões de africanos
considerável no tráfico internacional de
foram trazidos para o
africanos escravizados, principalmente para o
Brasil e escravizados
Brasil, para o Caribe e para Cuba. A capital
brasileira, o Rio de Janeiro, foi responsável pela
vinda de mais de um milhão de escravizados nessa
época, seguida pela Bahia e por Pernambuco.
Minas Gerais também recebeu uma parcela
significativa dos escravizados que chegaram ao
Brasil nesse período, tornando-se uma província
dependente dessa mão de obra.
Desembarque
estimado de
africanos
escravizados no
Brasil entre
1781 e 1855
Foco no conteúdo
Desde o início do século XIX, a Inglaterra pressionava as nações
pelo fim dos regimes escravistas. O Brasil, que dependia da
monocultura, do latifúndio e do trabalho escravizado, resistiu em
aderir ao trabalho livre.
A primeira metade do século XIX foi um período em que surgiram
diversas tentativas de insurreição, colocadas em prática pelos
escravizados em diferentes regiões, como Bahia, Minas Gerais e Rio de
Janeiro. Essas revoltas causaram grande temor nas autoridades
locais e no governo Regencial, tendo sido duramente reprimidas.
• Insurreição: Ato de se rebelar contra a ordem estabelecida. Oposição
forte e veemente.
Foco no conteúdo
O aumento da população escravizada
colaborou para intensificar a preocupação
da elite com a possibilidade do
surgimento de revoltas de escravizados.
O chamado "haitianismo" era um Gravura de 1839
pesadelo para a elite. O termo se referia à representando uma das
memória da revolução feita por batalhas da Revolução
escravizados no Haiti. O medo do Haitiana
“haitianismo” não era infundado: se a maior
parte da população era escravizada, ela
poderia se organizar e conseguir tomar
o poder.
Foco no conteúdo
Conflitos em Minas Gerais
durante o Período Regencial
Durante a Sedição Militar
Minas Gerais, durante o período regencial,
de 1833, em decorrência
foi palco de conflitos entre liberais e do aumento da pressão
restauradores. A Sedição Militar de popular, o tenente-
1833, conhecida como a Revolta do Ano coronel da Guarda
da Fumaça, foi um dos movimentos mais Nacional, Manuel Soares
conhecidos dessa época. Foi nesse contexto do Couto, assumiu o
de oposição e disputas do Período controle da província
Regencial que também ocorreu a Revolta
de Carrancas.
Foco no conteúdo
Carrancas
Antes do levante, a Freguesia de Carrancas
tinha uma grande população escravizada de
origem africana, devido à sua localização Localização do atual
estratégica nas rotas de abastecimento entre município Cruzília, onde
Minas Gerais e o Rio de Janeiro. A família ficava, na época, a
Junqueira possuía grandes propriedades na Freguesia de Carrancas,
região, onde mantinha uma grande quantidade em Minas Gerais
de escravizados. A fazenda Campo Alegre, de
Gabriel Francisco Junqueira, e a fazenda
Bella Cruz foram os palcos da revolta.
• Levante: Insurreição, motim, revolta.
Foco no conteúdo
No dia 13 de maio de 1833, a revolta teve
início na Fazenda Campo Alegre. Gabriel
Francisco de Andrade Junqueira, filho do
deputado Gabriel Francisco Junqueira, e
responsável pelos negócios da fazenda na
ausência do pai, foi surpreendido e morto Retrato do deputado
por um grupo de escravizados revoltosos Gabriel Francisco
liderados por Ventura Mina. Pelo fato de ter Junqueira
encontrado muitos capitães do mato, o grupo
então se dirigiu à Fazenda Bella Cruz, onde
se juntou a outros escravizados que
faziam parte daquela propriedade.
Foco no conteúdo
Violência e repressão durante a revolta
Na Fazenda Bella Cruz, o cenário foi trágico. Os revoltosos
invadiram a propriedade e atacaram José Francisco Junqueira
e sua esposa Antônia Maria de Jesus, que buscaram refúgio em
um quarto, mas foram capturados. Além disso, outros membros
da família de José Francisco, incluindo três crianças, foram
assassinados de forma brutal. Em outros locais, como a Fazenda
Bom Jardim, também houve resistência de escravizados, mas
a revolta se concentrou principalmente nas fazendas Campo
Alegre e Bella Cruz.
Foco no conteúdo
Retrato de Ventura Mina, feito em 2019 por Dalton
Paula. Não há registros imagéticos do principal líder
da Revolta de Carrancas, que foi morto durante o
conflito

Após esses atos de violência e de brutalidade, a revolta foi


também violentamente reprimida pelas autoridades locais e
pelas tropas enviadas pelo governo regencial. Os líderes da
revolta foram perseguidos. Muitos deles foram capturados,
julgados e condenados à morte. Houve uma forte repressão
aos escravizados após a revolta, com diversas execuções e
punições severas.
Foco no conteúdo
Impactos da Revolta de Carrancas
A Revolta de Carrancas teve um impacto significativo
na sociedade brasileira da época. Ela evidenciou as
tensões e os conflitos entre os escravizados e os Instrumentos de
proprietários de terra, bem como a brutalidade tortura do século
da escravidão. Além disso, ela contribuiu para o XIX utilizados
fortalecimento do movimento abolicionista no para castigar
país, à medida que denunciava as injustiças e a escravizados no
violência do sistema escravista. Brasil

• Abolicionismo: Movimento político que visava ao fim do regime


escravista e do comércio de africanos.
Foco no conteúdo
Após a revolta de Carrancas, em junho de 1833, foi enviado um
projeto à Câmara dos Deputados tratando dos julgamentos
dos crimes cometidos por escravizados. Esse projeto indicava a
pena de morte para pessoas escravizadas envolvidas no
homicídio de seus senhores e parentes, o que virou lei em junho
de 1835.
É importante ressaltar que, apesar de a Revolta de Carrancas ter
ocorrido antes de 13 de maio de 1888, quando foi promulgada
a Lei Áurea, abolindo oficialmente a escravidão no Brasil, ela
faz parte de um conjunto de movimentos e de revoltas que
gradualmente pressionou os governantes a acabar com a
escravidão.
O que aprendemos hoje?

● Compreendemos que milhões de africanos foram


trazidos como escravizados para o Brasil, o que gerou
tensões e revoltas populares devido às condições de
trabalho e de tratamento;
● Conhecemos a história da Revolta de Carrancas, que
ocorreu durante o Período Regencial;
● Percebemos que a revolta evidenciou as tensões entre
os escravizados e os proprietários de terra, além da
crueldade do sistema escravista.
Referências
IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. ANDRADE,
M. F. Rebeliões escravas na Comarca do Rio das Mortes, Minas
Gerais: o caso Carrancas. Afro-Ásia. Salvador, nº 21-22 (1998-1999).
LEMOV, D. Aula Nota 10 2.0: 62 técnicas para melhorar a gestão da
sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2018.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Currículo Paulista:
Etapas Educação Infantil e Ensino Fundamental. São Paulo, 2019.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação.
Coordenadoria Pedagógica – COPED. São Paulo, 2023.
SCHWARCZ, L.; STARLING, H. Brasil: uma biografia. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015.

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