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Etapa Ensino Fundamental

Anos Finais História

As revoltas
regenciais:
Cabanagem
8º ANO
Aula 8 – 3º Bimestre
Conteúdo Objetivos
● O período regencial; ● Explorar o contexto histórico, as
causas e as consequências da
● As revoltas
Revolta dos Cabanos;
regenciais;
● Analisar as condições sociais e
● A Revolta dos
políticas que contribuíram para a
Cabanos.
desigualdade e as injustiças na
província do Grão-Pará no período
regencial;
● Explorar as motivações dos
cabanos e como esses fatores
contribuíram para a eclosão da
revolta.
Para começar
Hoje vamos falar sobre outra revolta que
ocorreu no período regencial na antiga
província do Grão-Pará. Mas, antes de
começar a aula, considerando a questão
disparadora abaixo, vire e converse com
seu colega:

Mapa das províncias brasileiras


após a independência

Como você acha que a desigualdade social e as


injustiças podem mobilizar a população de uma
região?
Foco no conteúdo
Capa do livro
“Cabanagem”, de
Gian Danton, 2020
A Revolta dos Cabanos
A Revolta dos Cabanos ou “Cabanagem” foi um
movimento que ocorreu na província do Grão-Pará, situada
no norte do Brasil, durante o período regencial, entre os
anos de 1835 e 1840. Esse episódio da história do Brasil se
deve a uma série de problemas que afetavam a região, como
a desigualdade social, política e econômica, o
descontentamento da população com o governo
imperial e a resistência em relação à presença de
portugueses, que detinham privilégios e eram vistos
como responsáveis pela pobreza da região.
Foco no conteúdo
A província agregava territórios onde hoje ficam
Roraima, Amapá, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso

O contexto
Situado no extremo norte do país, o Grão-Pará era a província
mais ligada a Portugal. A província só reconheceu a
independência do país em agosto de 1823, após um processo
violento de imposição por parte do governo imperial. As juntas
governativas que lideravam a região eram apoiadas pela corte
portuguesa, e os cargos públicos e recursos econômicos lá
produzidos iam para as mãos dos portugueses. A Cabanagem é
vista por alguns estudiosos como um prosseguimento da
Guerra da Independência que ocorreu na região.
Foco no conteúdo
Nesse contexto, a junta governativa que assumiu o governo da
província em agosto de 1823 colocou:
"Sentimos não poder afirmar que a tranquilidade está inteiramente
restabelecida porque ainda temos a temer, principalmente a gente
de cor, pois que muitos negros e mulatos foram vistos no saque de
envolta com os soldados, e os infelizes que se mataram a bordo do
navio, entre outras vozes sediciosas, deram vivas ao Rei Congo, o
que faz supor alguma combinação de soldados e negros."
Carta ao Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor José Bonifácio
de Andrada e Silva de 23 de outubro de 1823
Foco no conteúdo

Pintura O cabano
paraense, de Alfredo
Norfini, 1940
Os cabanos
,

Os cabanos, como eram chamados os participantes da revolta,


eram formados por diversos grupos sociais marginalizados,
como indígenas destribalizados, chamados de tapuios;
indígenas aldeados; escravizados alforriados; escravizados;
e mestiços. Essa população era utilizada como mão de obra em
regimes semelhantes à escravidão.
Foco no conteúdo
Estavam submetidos a condições
precárias de sobrevivência, vivendo
em cabanas amontoadas à beira dos
rios, nas ilhas do estuário do rio
Amazonas e em áreas rurais da
A população marginalizada do
província. A economia local
Grão-Pará morava em cabanas
baseava-se na exploração das simples como as desta
chamadas drogas do sertão, como o representação
cravo, a pimenta, as diferentes
plantas medicinais, a baunilha etc.,
e na extração de madeira e pesca.
Foco no conteúdo
A revolta
A abdicação de Dom Pedro I gerou
reflexos na região. O cônego Batista O jornal A Sentinella
Campos liderou os cabanos na Maranhense difundia as ideias
deposição de alguns governantes dos cabanos revolucionários e
nomeados pelo Rio de Janeiro para a tinha a seguinte epígrafe:
província. Os revoltosos exigiam "Sem déspotas existem
melhores condições materiais e a povos, sem povo não há
expulsão dos portugueses, vistos nação, os brasileiros só
querem Federal Constituição"
como os responsáveis pela miséria
em que vivia a população da região.
Foco no conteúdo
A revolta ganhou força a partir de 1833, quando o governo da
Regência Trina Permanente conseguiu retomar o controle da
situação na província, adotando medidas repressivas. Entre
essas medidas, estava o recrutamento forçado de jovens para o
Exército e a Marinha imperiais, o que gerou revolta e
insatisfação entre a população.
Os cabanos, liderados por figuras como Antônio Vinagre,
Francisco Vinagre, Eduardo Angelim e Vicente Ferreira Lavor,
começaram a se organizar para lutar por melhores condições de
vida e pela expulsão dos portugueses. Eles também
desejavam fazer reformas políticas que garantissem maior
participação popular no governo.
Foco no conteúdo

A tomada da capital
Em janeiro de 1835, os cabanos conseguiram tomar a capital
Belém, executando o presidente da província, Lobo de Sousa,
e outras autoridades. Durante esse período, o fazendeiro Félix
Antonio Malcher assumiu o primeiro governo cabano. No
entanto, ele enfrentou dificuldades para lidar com as
divergências internas no movimento e acabou entrando em
conflito com lideranças mais radicais. Malcher expressava sua
intenção de manter a província ligada ao Império, o que
desagradou a parcela dos cabanos que rejeitava a política
centralizadora do Rio de Janeiro.
Foco no conteúdo
Uma das ilustrações
do livro Cabanagem,
de Gian Danton, 2020
Luta e repressão
Após a deposição e execução de
Malcher, Francisco Vinagre assumiu o
segundo governo cabano, mas
também enfrentou dificuldades para
unificar os diversos grupos envolvidos na
revolta. Ele foi acusado de traição por
fazer acordos com as tropas
legalistas enviadas pelo governo
central.
Foco no conteúdo
Durante todos os anos da revolta, os cabanos lutaram contra as
tropas do governo central, resistindo no interior da província
por mais de três anos, mesmo após a retomada de Belém
pelas forças regenciais. O movimento foi marcado por episódios
de violência e conflitos intensos.
No entanto, os cabanos não souberam se organizar com
eficiência ao longo desse período de lutas. Eles foram
impactados internamente por desistências, não conseguiram
definir um programa de governo e, ainda, foram afetados por
uma epidemia de varíola que atingia a capital naquele momento.
Foco no conteúdo
Francisco José de Sousa Soares,
Barão de Caçapava, retomou Belém e
tornou-se governador da província
O desfecho
No entanto, as tropas regenciais conseguiram controlar a
revolta em 1840, resultando em muitas mortes e destruição na
região. A Revolta dos Cabanos é reconhecida como um dos mais
notáveis movimentos populares do Brasil, no qual as camadas
populares temporariamente tomaram o controle de uma
província, mesmo não tendo conseguido estabelecer continuidade e
com um desfecho trágico. Dos quase 100 mil habitantes do Grão-
Pará, cerca de 30 mil, 30% da população, morreram pelas
mãos dos mercenários e tropas governamentais.
Foco no conteúdo
O legado
De acordo com o historiador Caio Prado Júnior, o mais marcante
movimento popular do Brasil foi a Revolta dos Cabanos:
“[...] o único em que as camadas mais inferiores da população
conseguem ocupar o poder de toda uma província com certa
estabilidade. Apesar de sua desorientação, da falta de continuidade
que o caracteriza, fica-lhe, contudo, a glória de ter sido a primeira
insurreição popular que passou da simples agitação para uma
tomada efetiva de poder."
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil e Outros
Estudos.
Foco no conteúdo
A Revolta gerou reflexos significativos na
História do Brasil, evidenciando a
insatisfação das camadas populares com a
desigualdade e as injustiças sociais, além Memorial da Cabanagem,
de levantar questões sobre a participação monumento projetado por
política e o papel do governo central nas Oscar Niemeyer
regiões mais periféricas do país. E esse não inaugurado em 1985,
foi um fato isolado. A revolta influenciou marcando as
outros movimentos que ocorreram comemorações dos 150
durante o período regencial anos do movimento
posteriormente, levando o regente Feijó a
chamar a Cabanagem de "o vulcão da
anarquia".
Aplicando
Vamos organizar nossos conhecimentos!
Vamos verificar o que aprendemos sobre a Cabanagem. Para tal,
faça um resumo do que entendeu preenchendo o quadro de síntese:

REVOLTA DOS CABANOS – 1835 a 1840


Motivações
Protagonistas
O que
pretendiam?
Consequências
Aplicando Correção
REVOLTA DOS CABANOS – 1835 a 1840
A desigualdade social, política e econômica na região e o
Motivações descontentamento da população com o governo imperial
e com a presença de portugueses privilegiados.
Grupos sociais marginalizados, como indígenas,
Protagonistas
escravizados alforriados, escravizados e mestiços.
Melhores condições de vida, a expulsão dos
O que
portugueses e a realização de reformas políticas para
pretendiam?
maior participação popular no governo.
Foi reprimida pelas tropas regenciais em 1840,
Consequências resultando em muitas mortes e destruição na região.
Referências
RIO DE JANEIRO (Estado). As Juntas Governativas e a
Independência. Conselho Federal de Cultura. Arquivo Nacional. Rio de
Janeiro, 1973.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Currículo Paulista:
Etapas Educação Infantil e Ensino Fundamental. São Paulo, 2019.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação.
Coordenadoria Pedagógica – COPED. São Paulo, 2023.
DANTON, G. Cabanagem. Porto Alegre: Avec, 2020.
LEMOV, D. Aula Nota 10 2.0: 62 técnicas para melhorar a gestão da
sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2018.
PRADO JÚNIOR, C. Evolução Política do Brasil e Outros Estudos.
São Paulo: Brasiliense, 1975.

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