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ENCAMINHAMENTO

• Lembrar que os trabalhadores da re- Cabanagem (1835-1840): Grão-Pará


gião eram, em sua maioria, muito po- Em 1835, quando se iniciou a Cabanagem, a província do Grão-Pará
bres, viviam em cabanas e trabalhavam abrangia terras dos atuais estados do Pará, Amapá, Rondônia, Roraima e
para os fazendeiros ou para os comer- Amazonas. A população do Grão-Pará era de cerca de 120 mil habitantes
ciantes portugueses e ingleses, que con- assim distribuídos:
trolavam o comércio na região. Boa par- Os habitantes do Grão-Pará
te desses comerciantes residia em Be- População do Grão-Pará (1835)
eram em sua maioria muito pobres:
lém, onde era forte o antilusitanismo e Índios 33 000 viviam da pesca, da exploração de
o sentimento de revolta contra as condi- madeira, castanha-do-pará, cacau,
ções de trabalho e o alto custo de vida. Negros 30 000
baunilha e ervas medicinais; traba-
Fonte: FAZOLI
• Informar que os fazendeiros também FILHO, Arnaldo. lhavam no regime de escravidão ou
Mestiços 42 000
estavam insatisfeitos por dois motivos: o O período
por baixíssimos salários; moravam
regencial.
presidente da província, nomeado pelo 2. ed. São Brancos 15 000 em cabanas erguidas sobre estacas
governo central, era quase sempre fa- Paulo: Ática,
às margens dos rios; por isso eram
1994. p. 55. Total 120 000
vorável aos portugueses e, além disso, (Princípios). chamados de cabanos.
não se importava com os problemas da
população. A imagem é uma foto atual da cidade de Belém (PA). Em primeiro plano, vemos palafitas semelhantes
às da maioria da população do Grão-Pará no passado. Ao fundo, grandes prédios. Fotografia de 2012.
• Aprofundar o assunto acessando o
texto: CABANAGEM. Disponível em:
<http://livro.pro/4qeeh9>. Acesso em:
19 set. 2018.
Texto de apoio
A Cabanagem
[...]
Os estudos sobre a Cabanagem
alternam silêncios e inquietações
quanto à participação feminina no
movimento, quase deixada de fora
da história. Em alguns documentos,
porém, elas são citadas. É o caso de
um ofício de agosto de 1836 escrito
por José Francino Alves, comandante
militar da freguesia de Igarapé-Mi-
FERNANDO ARAÚJO/FUTURA PRESS

rim. No documento ele informa ao


presidente da província, Francisco
José Soares de Andréa, que prendeu
cinco cabanos ao longo do rio Me-
roê, e diz que durante a caçada aos
rebeldes pela mata, pelos campos e
rios encontraram “algumas mulhe-
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res ocupadas em fabricar pequenas
porções de farinha” – supondo que D3-HIS-F2-2055-V8-U03-C10-152-177-ML-LA-G20.indd 158 14/11/18 17:59 D3-HIS-F2-

fosse “para fornecer a alguns mal- portante participação nessas táticas, encontrou número significativo de
vados, que por ali ainda vagueiam anunciando quando as expedições cabanos. A luta sangrenta deixou
escondidos”. legalistas estavam a caminho. dois soldados feridos, dois cabanos
Em outro ponto do Pará, na Vila de Muitas esposas acompanharam mortos e “uma cabana ferida”. Elas
Melgaço, ilha de Marajó, o comandan- seus maridos cabanos. Famílias in- acobertavam cabanos e escondiam
te expôs ao presidente da província, teiras embrenharam-se na floresta, armas em suas casas, contribuindo
desta vez Bernardo de Sousa Fran- para as investidas e as estratégias
nos rios e igarapés. [...]
co, as dificuldades enfrentadas para do levante. [...]
[...]
limpar a vila e seu entorno, infes-
No front direto das batalhas, em FERREIRA, Eliana Ramos. Guerreiras da Amazônia.
tado de cabanos. No ofício, de 1839,
Revista de História da Biblioteca Nacional,
ele destaca a rede de comunicação meio aos confrontos armados, ha-
ano 10, n. 117, jun. 2015. Disponível em:
criada pelos rebeldes, com práticas via mulheres. A incursão das tropas <https://web.archive.org/web/20160418220202/
de informação e contrainformação. legalistas pelas matas da localidade http://rhbn.com.br/secao/capa/guerreiras-da-
Segundo ele, as mulheres tinham im- de Jaguaracy, em julho de 1836, amazonia>. Acesso em: 19 set. 2018.
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Os cabanos queriam terras para plantar e o fim da escravidão; já os
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fazendeiros queriam escolher o presidente de província, que, na época, era
• Destacar que, em 1835, homens ricos
imposto pelo governo central. Então, ricos e pobres do Grão-Pará ocupa- e influentes, aliados aos cabanos, inva-
ram Belém, a capital da província, e colocaram no poder o fazendeiro Félix diram o Palácio do Governo, em Belém,
Clemente Malcher. Mas tanto este líder cabano quanto o que o sucedeu e entregaram a chefia do primeiro go-
traíram a Cabanagem. Os cabanos continuaram lutando, então, sob a lide- verno cabano ao fazendeiro Félix Mal-
rança de Eduardo Angelim e reconquistaram Belém, onde proclamaram uma cher. Iniciava-se assim a Cabanagem.
República em agosto de 1835. • Comentar que Malcher traiu o movi-
O governo central não aceitou a República dos Cabanos e, em maio de mento e prometeu fidelidade ao futuro
1836, enviou ao Grão-Pará uma poderosa força militar apoiada por navios e imperador. Diante disso, outro líder da
mercenários estrangeiros. Os cabanos resistiram até 1840, mas não conseguiram revolta, Francisco Vinagre, venceu Mal-
impedir a tomada de Belém pelas forças imperiais, que eram mais numerosas cher pelas armas e assumiu o segundo
e mais bem armadas. A repressão à Cabanagem foi brutal; estima-se que as governo cabano.
forças do governo mataram cerca de 40% da população do Grão-Pará. • Salientar que Vinagre, no entanto,
Os cabanos conquistaram o poder, acabou fazendo o mesmo que Malcher
mas não conseguiram conservá-lo. e entregou o governo da província à au-
Entre as principais razões da derrota toridade enviada pelo governo regen-
da Cabanagem, podemos citar: cial sediado no Rio de Janeiro. Mas os
• as divergências cabanos continuaram resistindo no in-
entre seus líderes; terior. Sob a liderança de Eduardo An-
• a superioridade
gelim, penetraram a região pelos rios,
bélica das tropas
aliciaram ribeirinhos e, fortalecidos, re-
do Império que tomaram Belém.
reprimiram a • Evidenciar que o governo do padre
Cabanagem. Feijó, por sua vez, enviou ao Grão-Pa-
rá, em 1836, uma esquadra comanda-
da pelo brigadeiro Soares de Andréa,
que retomou a cidade de Belém, man-
dou prender e fuzilar cabanos sem jul-
O nome verdadeiro de Eduardo
Angelim era Eduardo Francisco gamento prévio.
Nogueira. Ele era cearense e • Informar que cerca de 30 mil pessoas
tinha 21 anos de idade quando (40% da população da província) fo-
foi presidente da província ram mortas. Os últimos grupos se ren-
do Grão-Pará por cerca de
9 meses. Como presidente, deram somente em 1840. Os cabanos
proibiu atos de violência contra chegaram ao poder, mas não consegui-
os civis e conseguiu um grande ram conservá-lo: as divergências entre
apoio popular. Seu desempenho seus líderes, a falta de um programa de
na Cabanagem lhe valeu o
GETÚLIO DELPHIM

apelido de Angelim, nome de governo, a inferioridade bélica e uma


uma madeira muito resistente. epidemia de varíola foram alguns dos
motivos de sua derrota.
• Aprofundar o assunto acessando os
159 textos: PRESENÇAS indígenas na Ca-
banagem. Disponível em: <http://livro.
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pro/zzz5p4>; e CONHEÇA o registro
IMAGENS EM MOVIMENTO histórico da Revolução da Cabanagem
• A HISTÓRIA da Cabanagem no Pa- enfrentadas pela Regência, com desta- no Pará. Disponível em: <http://livro.
rá: período de 1835 a 1840. Duração: que para a Cabanagem. pro/7yr6mz>. Acessos em: 19 set. 2018.
9min9s. Disponível em: <http://livro. • A REVOLTA dos Cabanos: os três
pro/zq3vgn>. Acesso em: 19 set. 2018. governos cabanos. Duração: 26min8s.
Documentário sobre a Cabanagem Disponível em: <http://livro.pro/
no estado do Pará, de 1835 a 1840. 7m2pbk>. Acesso em: 19 set. 2018.
• A CABANAGEM. Duração: 24min35s. O vídeo mostra a sucessão de acon-
Disponível em: <http://livro.pro/jys8h2>. tecimentos e governos cabanos no Pará
Acesso em: 19 set. 2018. em um período de caos, culminando
Documentário do canal Oficina da na propagação da Cabanagem pelo
História que apresenta as dificuldades Grão-Pará.

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