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CAPÍTULO IV
Outro fator muito em voga era a superioridade dos negros para o trabalho nas
lavouras, tentavam justifica-la pela habitualidade e pré disposição biológica
adquiridas pela ocupação da região central dos trópicos. A diversidade cultural aqui
presente vem, também, da miscigenação forçada implantada no Brasil decorrente da
importação de negros de diversas regiões e etnias africanas, inclusive alguns povos
chegavam na colônia mais alfabetizados do que os senhores das terras 1.
1
“É que nas senzalas da Bahia de 1835 havia talvez maior número de gente sabendo ler e escrever
do que no alto das casas-grandes. ” P. 382
2
“Bons para o trabalho no campo eram os Congos, os sombrenses e os Angola. Os da Guiné, Cabo,
Serra Leoa, maus escravos, porém, bonitos de corpo. ” P. 384 “Os negros de Guiné são excelentes,
de sorte que a maior parte são utilizados no serviço doméstico, para copeiros e etc.; os do Cabo
Verde são os melhores e mais robustos de todos e são os que mais custam aqui. ” P. 385
Gilberto Freyre à pg. 391 afirma que a colonização negra brasileira foi superior à
estadunidense, os brasileiros em contraste com estes buscaram pessoas para
colonizar e povoar as vastas terras na américa encontradas. “Vieram-lhe da África
‘donas de casa’ para seus colonos sem mulher branca; técnicos para as minas;
artífices de ferro, negros entendidos na criação de gado[...]”, de tal forma que os
negros em solo tupiniquim supriam as dificuldades dos portugueses em lidar com as
características peculiares do novo continente.
3
“Passa por ser defeito da raça africana, comunicado ao brasileiro, o erotismo, a luxúria, a depravação sexual.
Mas o que se tem apurado entre os povos negros da África, como entre os primitivos em geral [...] é maior
moderação do apetite sexual que entre os europeus. ” p. 398.
4
Gilberto Freyre, p. 409
5
“São entretanto vocábulos órfãos, sem pai nem mãe definida, que adotamos dialetos negros sem história nem
literatura[...] diga-me, faça-me, espere-me. Sem desprezarmos o modo português, criamos um novo,
inteiramente nosso, caracteristicamente brasileiro: me diga, me faça, me espere.” P. 417
chamado ‘uso português’, considerando ilegítimo o ‘uso
brasileiro’, seria absurdo. (Gilberto Freyre, p. 418)
Na colônia brasileira era comum casar as meninas ainda na infância, pois existia o
mito de que “virgindade só tem gosto quando colhida verde” 6 de tal sorte que
mulheres com vinte anos não estavam mais aptas ao casamento e dificilmente se
casariam. Esse fato refletia-se na criação das crianças, além do costume importado
de Portugal das mães não amamentarem as crianças muitas delas eram incapazes
devido o início precoce na vida sexual e reprodutiva. “Casadas, sucediam-se nelas
os partos. [...] essa multiplicação de gente se fazia à custa do sacrifício das
mulheres, verdadeiras mártires em que o esforço de gerar, consumindo primeiro a
mocidade, logo consumia a vida ”7.
6
Gilberto Freyre, p. 430
7
Gilberto Freyre, p. 443