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de Maureen Bisilliat
“Um mundo real e mítico, onde homem e natureza se confundem num único ímpeto
gerador.” É dessa forma que Maureen Bisilliat (1931) descreve os lugares que
registrou em Sertões: luz & trevas. Publicado em 1982, o livro ganha agora uma nova
edição, organizada pelo Instituto Moreira Salles. O lançamento será no dia 12 de julho,
às 19h, na Casa do IMS na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty. Na ocasião,
haverá uma conversa gratuita com a fotógrafa e Marília Scalzo, coordenadora de
comunicação do IMS. No mesmo local, também será exibida uma mostra, composta
por imagens que integram o livro.
A versão lançada pelo IMS conta com dois novos posfácios escritos por Miguel Del
Castillo, curador da Biblioteca de Fotografia do IMS Paulista e da exposição Fotografia
e literatura nos livros de Maureen Bisilliat, e por Walnice Nogueira Galvão, professora
emérita aposentada da USP, uma das principais estudiosas da obra de Euclides da
Cunha.
As imagens que compõem Sertões: luz & trevas foram produzidas pela fotógrafa em
diversas viagens, sobretudo, pelos estados do Ceará, de Alagoas e da Bahia, com o
incentivo de uma Bolsa do Guggenheim e para recolher arte popular para a loja/galeria
O Bode, que ela mantinha com o marido e um amigo. Munida da câmera a tiracolo,
Bisilliat aproveitava para fotografar o que encontrava em seu caminho.
Para a primeira parte do livro, ela refotografou cópias em papel e folhas de contato de
algumas dessas imagens, lançando mão de luzes coloridas e outros efeitos. Na
segunda parte, estão os registros em cores, principalmente de cenas domésticas, e há
uma seção final com fotos noturnas, feitas em festejos populares e religiosos.
Num dos posfácios da nova edição, Walnice Nogueira Galvão reflete sobre esse
procedimento: “A imaginação artística da fotógrafa interpela os textos por canais
inusitados, que vão do questionamento à crítica, passando pelo compartilhar de
emoções, pela solidariedade aos seres humanos, pelo apego à Terra e a todos os
viventes, pela empatia com os sertanejos, pelo respeito a suas crenças e a sua
resistência inquebrantável”.
Oitenta anos separam a publicação das duas obras. O sertão registrado por Bisilliat,
no entanto, se aproxima em muitos aspectos do narrado por Euclides: a natureza, forte
e ao mesmo tempo hostil, as desigualdades sociais, mas também a valorização da
cultura sertaneja. A aliança entre texto e imagem gera, assim, um trabalho poético e
engajado, como ressalta Miguel Del Castillo: “Neste livro e, em boa parte de sua
produção, ela une o social e o estético, conseguindo se esquivar do panfletário e do
piegas – como nas melhores obras de arte”.
Entre os livros que publicou, este é o que Bisilliat considera mais forte e atual. Em
1984, uma editora suíça publicou uma versão em alemão da obra, com tradução de
Berthold Zilly e posfácio de Mario Vargas Llosa; conta-se que foi um dos grandes
incentivos para que Os sertões fosse posteriormente publicado naquele idioma.
A produção de Maureen Bisilliat, cujo acervo está sob a guarda do IMS desde 2003,
será relembrada em outro evento realizado ainda neste ano. Em novembro, a sede
carioca do Instituto apresentará uma versão ampliada da mostra Fotografia e literatura
nos livros de Maureen Bisilliat, já exibida na Biblioteca de Fotografia do IMS Paulista. A
mostra parte de seis livros em que a fotógrafa põe suas imagens em diálogo com
textos de escritores brasileiros.
Sobre a fotógrafa
Serviço
Lançamento do livro Sertões: luz & trevas
12 de julho, às 19h
Entrada gratuita, sujeita a lotação
Casa do IMS na Flip 2019
Praça da Matriz, 6
Centro Histórico, Paraty
Horário de funcionamento: De quinta a sábado, das 10h às 21h. Domingo, das 10h às
16h.
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