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Enunciado do trabalho:

Trabalho 2 (2,5)

Os trabalhos da artista visual Rosangela Rennó têm em comum o uso intensivo de materiais -
fotografia, objetos, álbuns, papeis, etc. Promove em suas obras uma espécie de arqueologia do
tempo comum escavando em arquivos, feiras de antiguidade, reservas de museus, jornais
antigos, entre outros espaços onde pode encontrar testemunhos de um tempo que já passou.
Em suas obras promove o exercício artístico de projetar no presente a tensão entre os tempos,
num trabalho que se aproxima muito à prática historiadora, a ponto de poder identifica-la
como uma historiadora visual. Faça uma visita ao seu site
(http://www.rosangelarenno.com.br/), visite seus arquivos de obras, escolha uma delas e faça
uma reflexão sobre a relação entre narrativa artística e prática historiadora.

Com base nisso, selecionei duas obras do site da Rosângela Rennó que mais me pareceram
propícias a reflexão.

1- A primeira obra eu relaciono a memória e a história do cotidiano


por meio de imagens. (De acordo com meu entendimento). Obra:
“Bibliotheca”.

Bibliotheca, 2002 In (http://www.rosangelarenno.com.br/obras/exibir/13/1)

Descrição que logrei encontrar em um jornal português, crítica especializada diga-se


de passagem:
“O primeiro (a primeira obra) resulta de uma compulsão já antiga para adquirir
material antigo, e foi impulsionado pela necessidade de organizar o arquivo de
fotografia amadora do pai (também nessa altura, nos anos 80, Rennó lera um
artigo de Andreas Muller-Pole intitulado “Para uma ecologia da informação” que
segundo a artista, fortemente a influenciou). É uma biblioteca de álbuns,
recolhidos onde calhou, mas que sofreram um complexo processo de
arrumação e apropriação, por vezes labiríntico, e cuja relação entre os
diferentes níveis o visitante demorará a descodificar. Cada conjunto de albums
está arrumado por origem continental, tem uma cor que pode ser localizada
num mapa e um arquivo “universal” contém a memória de todo o processo do
álbum (recolha, organização, distribuição, pois algumas das mesas de
apresentação dos albums estão já em colecções espalhadas pelo mundo). Neste
trabalho, a artista reflecte a urgência contemporânea pela questão da memória
e da sua transitoriedade, associada ao facto de, à materialidade objectual da
fotografia analógica, prestável para álbums e arquivos de vária ordem, se veio
hoje substituir uma outra materialidade, a electrónica, que patenteia uma
ameaça de morte permanente. O cadáver dos álbuns expostos (de viagens, de
família, de toda a ordem) é um cadáver com ossos, acessível ao tacto (embora
as vitrines nos defendam disso) e à visão apesar de esquecido ou “morto”; a
ameaça de morte definitiva, pelo contrário, cerca a potencial volatibilidade do
arquivo digital. O centro do trabalho parece apontar para o facto de que este
conjunto de imagens “morreu num certo lugar e renasceu noutro”, passou de
mão e, nesse sentido, não importa muito o referente real dessas imagens (os
álbums estão fechados dentro das mesas coloridas).” – Jornal O Público. Acesso
em 25/03/2021. Link:
https://www.publico.pt/2012/02/22/culturaipsilon/critica/a-imagem-o-seu-
cadaver-e-o-destino-deste-1657637
2- A segunda eu relaciono mais uma vez com a história visual e como a
imagem pode nos dar pistas de um universo social complexo e por
vezes invisibilizado.

Atentado ao poder, 1992. In:


(http://www.rosangelarenno.com.br/obras/exibir/20/1)

E mais uma vez, descrição que logrei encontrar em um jornal português, crítica
especializada diga-se de passagem:

“Em “Atentado ao Poder”, Rosangela reflecte sobre uma outra questão.


Durante a cimeira da Terra no Brasil, que decorreu emtra 1 e 14 de Julho de
1992, os jornais cultos brasileiros fizeram cobertura do acontecimento; no
entanto, os jornais populares continuaram a fazer capas com os crimes urbanos
nas grandes cidades brasileiras. Rennó recolheu algumas dessas capas com
corpos assassinados no meio da rua e reproduziu-as, convocando a diversidade
de mundos através de diferentes consumos da imagem. A obsessão da artista
com os usos sociais da imagem foi também o mote para a série “Corpo da
Alma”; concebida entre 2003 e 2009, reedita em suporte de alumínio imagens,
publicadas em jornais e revistas, nas quais alguém segura uma fotografia de
uma pessoa desaparecida. O título remete para essa ontologia espectral da
fotografia, de “transportar” os ausentes, desaparecidos ou mortos, para a
presença dos vivos. Mas o Brasil é convocado também na série “a última foto”,
para a qual Rennó convidou 42 fotógrafos a quem deu 42 máquinas analógicas
apra fotografarem o Cristo do Corcovado. Por sua vez, “Cartologia” e “Vera
Cruz” convocam a memoria da colonização.” – Jornal O Público. Acesso em
25/03/2021. Link: https://www.publico.pt/2012/02/22/culturaipsilon/critica/a-
imagem-o-seu-cadaver-e-o-destino-deste-1657637.

Recomendações de textos para propiciar ambientação para


reflexão, sugestões de Ana Maria Mauad.
Mauad diz: Como texto de apoio indico um de minha autoria que pode servir de
inspiração:

-MAUAD, Ana Maria. “Entre tempos e olhares: sobre a noção de testemunho na


prática artística de Rosângela Rennó”, História Oral, v.12, n. 2, p.7-30, jul/dez 2018.

-POLLAK, Michael. "Memória e identidade social", Estudos Históricos, Rio de Janeiro,


Vol. 5,n.10, 1992, p. 200-212.

-POLLAK, Michael. "Memória, Esquecimento e Silêncio", Estudos Históricos, Rio de


Janeiro, Vol. 2, n.3, 19892, p. 3-15. OBS: Os textos estão disponíveis no Dropbox.

Pedro diz: Além da imagem e da descrição que consegui nós temos que
utilizar um desses textos ou todos para embasar nossa argumentação. No meu
entendimento devemos criar uma reflexão apontando como uma dessas obras,
dependendo de qual vocês escolherem, se relaciona com o que Mauad chama
de “canteiros da História”, o campos de prática do historiador, e apontar o
papel do visual, narrativa artística, na produção do saber histórico.

MAUAD DIZ: “escolha uma delas e faça uma reflexão sobre a relação entre narrativa
artística e prática historiadora”.

Se escolherem a imagem 2 o texto “POLLAK, Michael. "Memória, Esquecimento e


Silêncio” é fundamental além do da Mauad.

PEDRO DIZ: VOTO NA SEGUNDA IMAGEM. “Atentado ao Poder”.

OBS: Isso não é uma iniciativa autoritária, fiz essas escolhas


com base em várias das minhas incursões no site e
observação do que julguei o melhor material. Se
escolherem outra coisa, tudo bem.

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