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da memória
em Ulysses
Mônica Pereira Juergens Age
Mestranda em Artes Visuais, na Linha de História, Teoria e Crítica de Arte, na
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, com Especialização em História
da Arte, na Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE e graduada em Design.
Participa do Grupo de Pesquisa: História da Arte, Imagem - Acontecimento e é orientanda
da Professora Dra. Sandra Makowiecky.
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O Ulysses de José Rufino traz ruínas como portas, janelas, arquivos,
Ele trabalha com esse jogo de opostos. Será que Ulysses está dormindo
ou está morto? Jean-Luc Nancy cita que a face, o rosto, que é o oposto da
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Ulysses, de José Rufino (Fig. 6), traz à tona, também, uma discussão
em relação aos monumentos e à morte. Jacques Le Goff (2003) cita que os
monumentos são sinais do passado e podem evocá-lo, perpetuando a recordação,
eles fazem lembrar, evitam o esquecimento. Os monumentos podem ser
comemorativos ou “perpetuar a recordação de uma pessoa no domínio em que a
memória é particularmente valorizada: a morte” (Le Goff, 2003, p. 526).
O monumento tem como características o ligar-se ao poder de
perpetuação, voluntária ou involuntária, das sociedades históricas (é um legado
à memória coletiva), e o reenviar a testemunhos que só numa parcela mínima são
testemunhos escritos. Assim como as ruínas, são símbolos de algo que existiu e
não pode ser esquecido, em sua visualidade, estabelecemos relações afetivas, que
fazem parte da memória coletiva de uma cidade, evocando lembranças de outros
tempos.
Benjamin estabelece relações entre a lembrança, a arqueologia e a
memória no texto Escavando e Recordando, no livro Rua de Mão Única e no livro
Passagens. No primeiro, ele afirma que uma verdadeira lembrança deve, ao mesmo
tempo, fornecer uma imagem daquele que se lembra, mas, também, outras de
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Monstro da mitologia grega, com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. Criação absurda
da imaginação.
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