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UNIVERSIDADE LICUNGO
Beira
2021
I
SAIDE OMAR
Beira
2021
II
Resumo
O presente trabalho debruça acerca das linguagens da arte. É sabido que conceituar a arte é difícil,
aqui apenas faz-se uma abordagem de algumas teorias dos autores que tentaram definir a arte. A
linguagem, por sua vez, é a forma de comunicação. Portanto, são várias as linguagens artísticas que
existem. Para compreender a temática, o trabalho está estruturado duma forma simples, começando
pela introdução onde dá-se visão geral do trabalho e são mencionados, também, os objectivos do
mesmo, como: conhecer as diferentes linguagens da arte, identificar e explicar as mesmas.
Seguidamente apresentam-se os fundamentos teóricos, começando pelos conceitos da arte e
linguagem, onde arte é entendida como produção consciente de obras, formas ou objectos, voltada
para expressão da subjectividade humana. E a linguagem é a comunicação de ideias e sentimentos.
Linguagem da arte é constituída por conteúdo e forma, isto é, uma trama de signos emitidos
voluntariamente para transmitir conteúdo. Contudo, existem várias formas de linguagens das artes,
mas podem ser divididas em três linguagens: As Visuais, que englobam o desenho, pintura, cinema,
arquitectura, cerâmica, escultura e fotografia; As Literárias, que subdividem-se em: drama, poesia
e prosa; e, por fim, As Performáticas onde são inclusas a dança, música e o teatro. As outras formas
de linguagem artística são as linguagens híbridas, que são a mistura de linguagens artísticas visuais
e meios. Estão, nas linguagens híbridas, a performance e a Happening.
Palavras-chave: Arte, Comunicação, Linguagem, Visual.
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Índice
Resumo ............................................................................................................................................. II
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3
4. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 21
5. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 22
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1. INTRODUÇÃO
Com o presente trabalho de pesquisa objectiva-se debruçar sobre as diferentes linguagens da arte
com base em pesquisas bibliográficas de várias obras e artigos e/ou materiais académicos e
científicos pelas bibliotecas virtuais que tratam do assunto supracitado seja de uma forma
sistemática ou não, dando mais ênfase ao Desenho, Pintura, Construção, Códigos e Tecnologia.
Para o seu desenvolvimento parte-se da premissa de que a arte faz parte da vida do homem e está
presente em todos os momentos. A sua representação organiza-se através de linguagens. O homem
procura expressar seus sentimentos através dessas linguagens, seja nas cores, sons, luzes,
movimentos, gestos e entre outros. Ademais, à medida que o indivíduo passa a dar significados a
essas organizações, as mesmas transformam-se em pintura, escultura, desenho, teatro, dança,
fotografia e afins.
1.1. Objectivos
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1. Arte
Segundo BUORO (2009), conceituar arte não é fácil; a autora pontua que aquele que a realiza ou a
estuda muitas vezes tem dela uma concepção, mesmo inconsciente. Assim como vários pensadores
e críticos da arte defendem, é arriscado definir o termo arte em palavras. Ela não se restringe às
actividades, tudo que é produzido por um meio perceptível pode assim como não pode ser arte.
Do mesmo jeito, conforme salienta CONSOLINO (2017), a arte pode ser encontrada em diferentes
lugares, tempos e contextos. Podemos percebê-la se estivermos atentos para ver, ouvir e sentir o
que pode acontecer ao mesmo tempo. Somos seres contemporâneos e percebemos as novas
linguagens por onde passamos, basta um olhar mais apurado. Também somos seres tecnológicos;
vivemos em um mundo com grande diversidade de imagens, sons, gestos, movimentos e palavras.
Houve uma época em que não estávamos acostumados a tudo isso, mas hoje essas manifestações
fazem parte do nosso quotidiano.
O ser humano, ao longo de sua história, criou formas diversas de pensar e viver a vida. Esse conjunto
de concepções faz parte da nossa experiência de vida e determina, em parte, nossa maneira de ver
o mundo e de agir nele. Cada grupo social estabelece modos de viver diferentes, ideias, normas,
costumes, objectos, alimentos, linguagens e outras manifestações marcam a diversidade de cada
povo. Chamamos essas características e costumes de cultura (QUEIROZ et al).
Dentro dos hábitos culturais, estão as manifestações criativas e expressivas que chamamos de Arte,
que é uma das formas pelas quais o ser humano comunica suas ideias e sentimentos. Existem muitas
5
2.2. Linguagem
O homem sempre teve necessidade de comunicar suas ideias e sentimentos de diversas formas, isto
é, por sinais, gestos, signos, escrita, fala e códigos, e por meio de diferentes linguagens, como a
verbal e não-verbal.
A linguagem verbal utiliza a palavra para se comunicar. É por ela que expressamos nossas ideias e
sentimentos. Como exemplo, temos a fala e a escrita no teatro (encontramos os textos e os roteiros,
entre outros). Segundo Fiorin:
A linguagem não-verbal utiliza outros códigos (simbologia), que não fazem parte da palavra e da
escrita, como a dança, os gestos, o corpo, as cores, os desenhos, a música.
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3. LINGUAGENS DA ARTE
De acordo com MARTINS (2010, p. 32), a linguagem é a forma essencial da nossa experiência no
mundo e, consequentemente, reflecte nosso modo de estar no mundo. Por isso é que toda linguagem
é um sistema de representação pelo qual olhamos, agimos e nos tornamos conscientes da realidade.
A linguagem da arte está por toda parte, em todos cantos do mundo. Não apenas em museus ou
espaços culturais. Não conseguimos viver sem som, sem imagem ou dança.
Na medida em que a arte é uma linguagem universal e integradora, compõe uma oportunidade para
uma compreensão mais abrangente da própria leitura, no sentido de criar uma conexão entre o
mundo pessoal interno e a realidade externa concreta. Essa transformação não ocorre apenas quando
se frui das linguagens artísticas, mas estende-se a todas as áreas do conhecimento. Desenvolver a
capacidade de entender as linguagens da arte talvez seja, no nosso dia-a-dia, o maior desafio
(CONSOLINO, 2017).
O homem é um ser simbólico que utiliza sistemas de representação para entender, compreender,
expressar e representar-se perante o mundo e são esses símbolos que originam as linguagens,
portanto, a linguagem da arte propõe um diálogo de sensibilidades, uma conversa prazerosa entre
nós e as formas de imaginação e formas de sentimento que ela nos dá (MARTINS, 2010).
Segundo MARTINS (2010, p. 35), a arte é uma forma de criação de linguagens; a linguagem visual
(artes visuais), a linguagem musical, a linguagem do teatro, a linguagem da dança, a linguagem
cinematográfica, entre outras. Essas linguagens são manifestações artísticas que fazem o homem
pensar, sentir e criar.
As linguagens visuais (ou artísticas), por exemplo, são formadas por muitas outras linguagens. A
linguagem artística é constituída de conteúdo e forma, ou seja, é uma trama de signos emitidos
voluntariamente para transmitir conteúdo. Esses signos podem ser verbais, no caso de obras escritas,
cantadas ou faladas, e não-verbais, no caso de dança, pintura, escultura, desenho e algumas obras
musicais e dramáticas (RIZZALTI et al, 2002).
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Existem ainda outras linguagens, como a formal (uso da escrita e do desenho, entre outros), a natural
(uso da voz e do gesto, entre outros), a oral ou gestual (comunicação por sinais) e as audiovisuais
(televisão, cinema e, entre outros), apenas para elencar algumas.
Para coroborar com este ponto de vista, de acordo com um artigo publicado no site arte|ref (2019),
as artes referem-se à teoria e expressão física da criatividade encontrada nas sociedades e culturas
humanas. Das categorias de tipos de arte classificadas, as principais são:
As artes da linguagem visual segundo o artigo O que é Arte?1 normalmente lidam com a visão
como o seu meio principal de apreciação e costumam ser chamadas de artes visuais. As artes visuais
que lidam com a manipulação e transformações de materiais para construção de obras de artes se
chamam artes plásticas, pode destacar-se: o desenho, a pintura, a escultura, a gravura, o grafite, o
mosaico, a arte vitral, as artes gráficas, a cerâmica, o artesanato.
PAIS et al (2000), complementa que elas também expressam mensagens, sensações, da mesma
forma que a língua falada, gestual ou escrita.
Além dessas, são consideradas ainda como artes visuais: a arquitectura, o design (industrial, gráfico,
moda, jóias, computação e jogos), a decoração e o paisagismo, a instalação, a intervenção
(interferência de ambientes urbano), a land art (interferências no espaço natural), a body art
(interferências do corpo humano) a fotografia e a arte sequencial. A arte sequencial usa imagens
implantadas ou montadas em sequência para narrar história ou transmitir informações: os desenhos
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http://artesatividades.blogspot.com/2017/04/o-que-e-artecomunicacao-e-linguagem.html
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em quadrinhos, a animação e o cinema (com produções áudio visuais criativas como filmes,
novelas, seriados e vídeo-clipes).
3.2.1. Desenho
E segundo PERCÍLIA, desenho é uma forma de manifestação da arte, o artista transfere para o papel
imagens e criações da sua imaginação. É basicamente uma composição bidimensional constituída
por linhas, pontos e forma. É diferente da pintura e da gravura em relação à técnica e o objectivo
para o qual é criado. O desenho é utilizado nos mais diversos segmentos profissionais, tornando a
arte diversificada a diferentes contextos.
É uma das linguagens mais comuns de comunicação, pois mesmo quem não sabe desenhar consegue
se expressar pelos grafismos. Existem vários tipos de desenhos: o figurativo, o de observação, o
artístico, o técnico, o industrial, de ilustração, o cego, de memória, de imaginação e vários outros.
3.2.2. Pintura
TEBEROSKY (2002) define pintura como a arte da cor. E AIDAR3, entende a pintura como sendo
uma linguagem artística que se utiliza de pigmentos depositados em uma superfície. Essa superfície
pode ser de variados materiais, não necessariamente uma tela. Existem pinturas em papel, tecido,
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https://mundoeducacao.uol.com.br/artes/desenho.htm
3
https://www.culturagenial.com/o-que-e-pintura/
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muros, madeira ou qualquer outro suporte que a imaginação permitir. O tipo de pigmento também
é variável, podendo ser a tinta líquida ou em pó, industrializada ou natural. Além disso, são diversas
as técnicas e tipos de pintura que foram criadas e desenvolvidas ao longo do tempo.
E ainda AIDAR salienta que a arte sempre esteve presente na humanidade como uma maneira de
comunicação. Uma das expressões mais antigas nesse sentido é a pintura. Por ser bastante
tradicional na história da arte, a pintura passou por praticamente todos os períodos históricos e, em
cada um, retratou comportamentos, crenças, vida social e política, entre outros aspectos das
sociedades.
Assim, através dessa linguagem é possível compreender o passado, os costumes e ideias de diversas
épocas e locais do mundo. Quando as pessoas ainda viviam na pré-história, foi desenvolvido um
tipo de linguagem através de imagens nas paredes das cavernas, era a pintura rupestre.
O artigo O que é Pintura4 corobora com esta ideia quando ressalta que a pintura é uma manifestação
artística muito antiga que utiliza técnicas de coloração em uma superfície bidimensional. Esse tipo
de manifestação acompanhou o desenvolvimento das sociedades, no entanto, a partir do século XIX,
com a criação da fotografia, ela sofreu um declínio. Actualmente, com a evolução da tecnologia a
pintura adquire diversas técnicas, modelos e tendências. As pinturas podem ser figurativas (com
representações da realidade) ou abstratas (não representacional).
Na pintura, são utilizados temas como natureza morta, mitologia, retrato, paisagem, abstrato, temas
religiosos e históricos, entre outros. Além disso, o artista faz uso de diferentes técnicas para compor
sua obra. Dentre elas, temos: pintura a óleo, pintura acrílica, pintura aquarela, têmpera e giz pastel,
entre outras, além de técnicas mistas, como a assemblagem (técnica de pintura/colagem onde, pela
qual se utiliza qualquer material como arte).
Actualmente, além das técnicas de pintura mencionadas, pode-se pintar virtualmente, utilizando
softwares específicos, como o Painter Essentials, Corel Painter, Gimp, Photoshop, entre outros.
Com esses programas, pode-se pintar com efeito de aquarela, tinta a óleo, lápis de cor, entre outros.
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https://www.todamateria.com.br/historia/
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Os materiais mais utilizados para a realização de pinturas são os pincéis, espátulas, rolo, tela, papel,
parede, murais, tinta.
3.2.3. Escultura
A escultura é uma linguagem visual que utiliza as três dimensões (largura, altura e profundidade).
A essência da escultura consiste no facto de ser construída com materiais sólidos e existir em três
dimensões. A maioria das outras formas de arte visual: pintura, desenho, artes gráficas, fotografia,
cinema, apenas sugere as três dimensões através de uma utilização extremamente sofisticada da
perspectiva e da luz e sombra do claro-escuro (DONDIS, 2003).
As esculturas existem em diferentes formas, materiais (argila, pedra, bronze, ferro, cimento,
madeira, arame, plástico, papel, materiais expressivos como sabão, etc.) e técnicas, em relevo
(formas esculpidas em baixo-relevo, alto-relevo e pleno-relevo), entalhada (quando ocorre
subtração de material a partir de um bloco de pedra ou madeira), modelada (volume no qual o artista
dá forma à escultura, acrescentando material de cera, gesso, argila, entre outros), montada (técnica
de vanguarda que usa materiais inusitados, como solda, cola, encaixe, aglomeração, etc.), vazada
(utiliza a transformação de vários materiais, como fundição do cobre, estanho, etc.).
3.2.4. Gravura
A gravura é a linguagem artística que permite múltiplas reproduções a partir de uma matriz
(BUENO, 2008). O artista entinta uma placa com relevos e, após pressionar fortemente, é
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reproduzida a imagem. Muitas vezes, dependendo da técnica, a própria matriz é a obra de arte. Essa
técnica possui uma numeração diferente das outras, pois o número é colocado no canto inferior
esquerdo, a lápis, antes de iniciar a reprodução, quer dizer, o gravador define quantas cópias vai
tirar. Não existe número mínimo ou máximo de cópias, contudo quanto menor o número de cópias,
mais valorizada é a obra.
Assim como na pintura, na gravura também existem técnicas diferentes, que variam de acordo com
o material da matriz, como a xilogravura (gravação em relevo usando como matriz a madeira), a
calcogravura (gravação em relevo usando como matriz o metal), a linoleogravura (gravação
semelhante à xilogravura, mas no linóleo – borracha), a monotipia (gravação de cópia única), a
litogravura (gravação plana usando como matriz a pedra), a serigrafia (gravação por permeação),
entre outras. A técnica de xilogravura é utilizada para ilustrar a literatura de cordel.
3.2.5. Construção
DIANA5 entende que a arquictetura é um tipo de manifestação artística muito antiga e que reúne
construções e/ou edificações que apresentam um propósito ou finalidade. E segundo COSTA citado
por DIANA:
OLERRO (2011) ressalta que ao questionar-se se a arquitectura é uma arte, problema este que se
considera ser desde sempre a pedra de toque, vão-se procurando introduzir assuntos que ao
afirmarem a sua presença neste domínio, lançam simultaneamente algumas interrogações sobre
abrangência da sua dimensão artística.
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https://www.todamateria.com.br/o-que-e-arquitetura/
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factos paralelos relevantes sobre a história da arte, assim é comum que haja semelhanças,
principalmente no perfil da tendência estética6.
Há muitos autores que ressaltam que alguns dos aspectos da história da arte não tem semelhanças,
ou mesmo, representação concisa na arte da arquitectura, como exemplo, a estética de vanguarda.
3.2.6. Colagem
Ademais, o mesmo artigo ressalta que a utilização de diversos materiais sobre um suporte como
madeira, pedaço de jornal e objectos, faz da colagem uma técnica que põe em questão os limites
entre a pintura e a escultura. Entretanto, a partir da Arte Moderna, a técnica passou a ser empregada
em diversos moviemtnos artísticos e escolas artísticas, promovendo sentidos variados. A utilização
de materiais muito diferentes de papéis cria uma nova gama de possibilidades de produtos artísticos
em três dimensões, como se fossem esculturas em quadros.
3.3.1. Dança
A dança é uma linguagem corporal (não verbal) que promove a expressão de emoções e sentimentos
pelo movimento do corpo, podendo trazer muitos benefícios, como relaxamento, prazer, alegria,
respeito, tristeza, etc.
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https://www.guiadacarreira.com.br/carreira/arquitetura-historia-da-arte/
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https://www.infoescla.com/artes/colagem/
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A Dança não é somente uma actividade para relaxar, para soltar as emoções, para expressar-se
espontaneamente, para trabalhar a coordenação motora’ ou até ‘para acalmar os alunos
(MARQUES, 2005). A dança tem conteúdos próprios, capazes de desenvolver aspectos cognitivos
que, uma vez integrados aos processos mentais, possibilitam uma melhor compreensão estética da
arte.
Desde a Pré-história, o homem dança, como prática religiosa, para se comunicar, para sobreviver,
pela busca de alimentos, como forma de agradecimento e até mesmo nos rituais que expressam
emoções e sentimentos, construindo assim a linguagem da dança. Segundo TADRA (2012), na
Grécia, apesar de a dança também ter carácter divino, ela se tornou mais acessível a todos, fazendo
parte da vida quotidiana, promovendo a comunicação entre os homens e dando início às primeiras
formas da dança como arte cênica.
Na Idade Média, ela era considerada profana e proibida pela igreja, entrando em declínio e
ressurgindo no Renascimento. Com a dança moderna, o bailarino passou a ter mais liberdade de
movimento e destaque, como Isadora Duncan e Rudolf Laban, que contribuíram para um sistema
de notação e registros analíticos de movimentos, que é até hoje um dos principais caminhos para o
ensino da dança (TADRA, 2012) e para diversos aspectos, como a criação, apreciação e educação.
O homem evoluiu e a dança sempre esteve presente como manifestação artística, cultural ou
religiosa. Conforme ELIZIO (2012), o corpo em si já é uma expressão da manifestação da
diversidade cultural. FARO (1986, p. 10) completa que a dança, em suas diversas manifestações,
está de tal modo ligada à raça humana que só se extinguirá quando esta deixar de existir.
Hoje a dança não tem fronteira e pode-se dançar em qualquer espaço (público ou não) ou lugar,
aliando várias técnicas. Encontramos a dança clássica, teatral, popular, étnica, folclórica, religiosa,
educativa e entre outras.
3.3.2. Música
A música é uma linguagem artística, que usa como elemento básico a linguagem sonora, isto é, o
som. Portanto pode-se dizer que a música é a linguagem dos sons. GAINZA (1988) completa essa
ideia dizendo que a linguagem musical é aquilo que conseguimos conscientizar ou aprender a partir
da experiência. Martins et al (2010) afirmam que a linguagem musical possui, além do som, o
silêncio, ambos articulados em pensamentos musicais, assim, compor implica imaginar, relacionar
e organizar sons, ouvindo-os internamente.
Sempre escutamos que a música é uma linguagem universal, entretanto, JEANDOT (1993) afirma
que:
Segundo o autor, a música pode ser considerada uma linguagem universal, mas com muitos dialetos,
que variam de cultura para cultura. Cada local tem sua maneira de tocar e cantar. Portanto, a música
é formada, basicamente, por som e ritmo e varia em gênero e estilo.
3.3.2.1. Som
Som é uma palavra que vem do latim sonus e significa a vibração de um corpo percebida pelos
ouvidos, ou energia sob a forma de vibrações chamadas ondas sonoras (ARTAXO & MONTEIRO,
2008, p. 15). O nosso ouvido é capaz de ouvir e distinguir as sonoridades que nos rodeiam de acordo
com nossos conhecimentos desde o nascimento. Portanto, quanto maior o nosso conhecimento de
sons e de música, maior será nossa compreensão.
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O som é constituído por vários elementos que apresentam diferentes características e podem ser
analisados em uma composição musical ou em sons isolados. Os elementos formais do som são:
intensidade, altura, timbre, densidade e duração.
A intensidade do som é o elemento responsável por determinar se uma sequência de sons fica mais
ou menos intensa, ou seja, se são fortes ou fracos. Essa intensidade depende da força com que o
objecto sonoro é executado. Em uma execução musical, essa propriedade é responsável pela
dinâmica empregada pelos instrumentistas e/ou vocalistas em determinados trechos musicais.
A altura define que algumas sequências de sons podem ser agudas e outras graves. Essas diferenças
entre as alturas dos sons acontecem sempre em relação a outros sons e geram as notas musicais, que
são dispostas em uma escala, distribuídas em uma sequência que se repete infinitamente.
Outro elemento que constitui o som é o timbre: responsável por caracterizar o som e fazer com que
se identifique a fonte sonora que o emitiu. Como por exemplo: uma sirene, um instrumento musical,
a voz de uma pessoa.
Quando um conjunto de sons acontece ao mesmo tempo, dizemos que há uma grande densidade.
Na música, a densidade acontece quando vários instrumentos ou vozes são executados
simultaneamente, como em uma banda, coral, orquestra e outras formas.
A duração é o elemento responsável por determinar que qualquer som acontece em um tempo
específico relacionado a sua fonte sonora. Alguns sons são de durações mais longas; outras, mais
curtas e em alguns momentos não se ouvem som nenhum, são os momentos de silêncio. Na música,
o silêncio é chamado de pausa. Quando se combina uma sequência de sons e/ou silêncios, está se
criando um ritmo. O ritmo, então, é o organizador do movimento ordenado dos sons e
silêncio em um determinado tempo.
Esses elementos do som relacionam-se, podendo ser combinados sucessiva e/ou simultaneamente.
A combinação de sons sucessivos é chamada de melodia. A melodia organiza os sons emitidos em
diferentes alturas durante um determinado período de tempo; por outro lado, a combinação de sons
simultâneos corresponde à harmonia, cujas notas musicais combinadas em um trecho musical são
tocadas ao mesmo tempo. Ritmo, melodia e harmonia, portanto, são os elementos de composição
que constituem a Música.
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No panorama musical, existe uma diversidade de estilos e de gêneros musicais, cada qual com suas
funções correspondentes a épocas e regiões. Cada povo ou grupo cultural produz músicas diferentes
ao longo de sua história; surgem, assim, diferentes gêneros musicais. Eles não são isolados; sofrem
transformações com o tempo, por influência de outros estilos e movimentos musicais que se
incorporam e adaptam-se aos costumes, à cultura, à tecnologia, aos músicos e aos instrumentos de
cada povo e de cada época.
A música, então, é uma forma de representar o mundo, de relacionar-se com ele, de fazer
compreender a imensa diversidade musical existente, que de uma forma directa ou indirecta
interfere na vida da humanidade.
3.3.3. Teatro
O teatro é a primeira invenção humana e é aquela que possibilita e promove todas as outras
invenções e todas as outras descobertas. O teatro nasce quando o ser humano descobre que pode
observar-se a si mesmo: ver-se em acção. Descobre que pode ver-se no acto de ver, ver-se em
situação (BOAL, 1996, p. 27).
Teatro é tudo que é constituído por um texto escrito e interpretado por actores num palco. É a
linguagem do corpo e uma das formas de manifestação artística mais antigas de arte, englobando
recursos das artes visuais e música. É também conhecido como arte dramática ou linguagem
dramática. Nas pinturas rupestres, existem diversas representações de homens vestindo peles e
cabeças de animais, ou cenas de caças com homens disfarçados com pele de animais. Essas
representações mostram que o homem pré-histórico já conhecia a “arte de representar”, mas não se
tem certeza de quando surgiu o teatro.
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Uma das características mais importantes do teatro é a relação que existe entre o artista e o público,
pois a representação é momentânea, isto é, ocorre em um instante. Actualmente o teatro também
ganhou outros espaços, como as ruas e outros lugares alternativos.
Segundo MODINGER (2012), o teatro é, desde a Antiguidade, tempo e espaço de encontro para as
pessoas. Essa é uma importante diferença que o teatro tem das formas audiovisuais, como o cinema
e a televisão: a presença física dos actores, que fazem a cena, e dos espectadores, que assistem a
ela.
Existe uma diversidade de manifestações teatrais como intervenções, teatro dialético, teatro físico,
teatro-dança, teatro de rua, performance, teatro do oprimido, teatro de bonecos, etc.
A linguagem teatral possui elementos básicos como o texto, a cenografia, o gesto e a voz.
Texto: o texto teatral é semelhante ao narrativo. É escrito para ser representado. Segundo
KOUDELA (1996), a diferença entre texto literário e texto teatral reside na relação criada
com o espectador e/ou participante da acção dramática;
Gesto e voz: configuram a performance. É por meio desses elementos que o actor dá vida a
seu personagem;
Cenografia: também é um elemento importante, pois engloba o figurino, a iluminação e a
música em um espetáculo.
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O gênero no teatro é usado para definir uma categoria. Os primeiros gêneros surgiram na Grécia
antiga (tragédia e comédia). Tipos de gêneros teatrais no Ocidente: comédia, tragédia, drama, farsa,
auto, ópera, musical, tragicomédia e melodrama, entre outros.
Com a evolução do mundo e a tecnologia cada vez mais presente em nossas vidas, a arte também
está em constante transformação e propõe novas formas de arte que vão além das linguagens das
Artes Visuais, Música, Teatro e Dança e que, combinadas entre si, ou com outras linguagens e
suportes, resultam no aparecimento de novas linguagens artísticas.
Dessa combinação resulta a Arte Híbrida (Performance, Happining entre outras) e também a
Convergente (videoclipe, design, multimídia, entre outras, apesar de muitos não as considerarem
arte). Por meio da Arte Contemporânea muitas linguagens podem ser consideradas híbridas como
a fotografia, o cinema, a televisão, o audiovisual, a arte digital, a arte efêmera, entre outras:
Há muitas artes que são híbridas pela própria natureza: teatro, ópera,
performance são as mais evidentes. Híbridas, neste contexto, significa
linguagens e meios que se misturam, compondo um todo mesclado e
interconectado de sistemas de signos que se juntam para formarem uma
sintaxe integrada (SANTAELLA, 2003,).
De acordo com MEDEIROS (2019), a palavra fotografia deriva do grego [fós] (luz) e [grafis]
(estilo, pincel) ou grafê, significando “desenhar com a luz”.Foi inventada por Joseph Nicéphore
Niépce no século XIX; ela deu liberdade ao artista para criar, pois eles podiam fotografar ao ar
livre, fora dos ateliês.
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As fotos servem tanto para registrar acontecimentos e lugares do mundo como também para fazer
obra de arte. O fotógrafo possui vários recursos para fazer uma fotografia como enquadramento,
plano geral, ponto de vista, angulação entre outros.
Cinema: A palavra cinema deriva da palavra grega Kinema (movimento), que podemos entender
como imagem em movimento, ou seja, um conjunto de fotografias diferentes projectadas de forma
rápida numa ilusão óptica, dando a sensação de movimento contínuo (BUENO, 2008).
Desenho Animado: Desenhos animados são técnicas de animação cujos personagens e cenários não
são reais, mas desenhados (COLL & TEBEROSKY, 2002). Os movimentos no desenho animado
são criados da mesma forma que no cinema.
3.4.2. Performance
É uma linguagem conceitual que surgiu na década de 1960, com o grupo Fluxus e que combinava
diferentes formas de arte, como teatro, música, artes visuais, poesia, vídeo, dança, entre outras
possibilidades (FERRARI et al., 2015).
3.4.3. Happenings
O termo Happening foi criado na década de 1950 por Allan Kaprow (ITAÚ CULTURAL, 2017).
É uma linguagem conceitual e pode combinar elementos de todas as linguagens, como na
Performance. É um acontecimento; ocorre em tempo real (com improvisação) e com a participação
do público. Este movimento foi influenciado pelo filósofo John Dewey, o músico John Cage e o
pintor Jackson Pollock. Segundo KAPROW (2017), os happenings são derivados das
Assemblagens e Arte Ambiental.
O happening precisa ter a participação do público. Essa linguagem, necessariamente, faz uma
intervenção e chama o apreciador dessa arte a participar, a experimentar o fazer artístico, a construir
uma experiência estética em diferentes linguagens artísticas (FERRARI et al., 2015).
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4. CONCLUSÃO
O enfoque deste trabalho foi a discussão das várias linguagens da arte. Para a sua concretização e
plena percepção, necessariamente foi preciso vislumbrar alguns conceitos como o possível conceito
da Arte e o conceito da linguagem.
Foi então que constactou-se que a arte, desde os primórdios até então, não tem uma definição
universal, mas é muitas vezes entendida como forma de expressar os sentimentos. A linguagem, no
contexto deste trabalho, é vista como a forma de comunicação ou interação entre indivíduos.
Portanto, a linguagem da arte é tratada como a forma de interação e transmissão de valores,
princípios, costumes através da arte (música, desenho, pintura, escultura e entre outros).
É entendido, no trabalho, que existem várias formas de interação artística, ou seja, varias linguagens
da arte. Sendo que na pré-história as linguagens da arte mais usadas foram as visuais que são
manifestações artísticas que envolvem o sentido da visão, como a pintura, a escultura, o desenho, e
a gravura.
5. BIBLIOGRAFIA
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