Em 2022, tornou-se obrigatório que salas de cinema disponibilizassem aparelhos
que possibilitam a acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva e visual, no
entanto, isso não se cumpre em todas as salas de cinema do Brasil e nem ocorre uma ampla fiscalização pelo órgão regulador Agência Nacional do Cinema (ANCINE) 1. Os serviços de streamings como Disney+, Star+, HBO Max, Amazon Prime Vídeo, Netflix, entre outros ainda não possuem qualquer regulamentação quanto a acessibilidade. Quando os aplicativos de streaming lançam suas séries muitas vezes elas contam apenas com Closed Caption e Audiodescrição apenas em inglês, isso dificulta o acesso a pessoas com deficiência auditiva e torna-se ainda mais difícil para a comunidade surda, pois não há nenhuma janela de libras, para democratizar o acesso em libras. Os streamings em suas produções começaram a dar espaço a personagens que utilizam a linguagem de sinais, mas mesmo assim ainda não tornaram os seus conteúdos acessíveis. Um exemplo de série é The Walking Dead, com a personagem Connie, interpretada pela atriz Lauren Ridloff, que também atua no filme Eternos, produzido pela Disney. A Netflix tem em catálogo a série Crisálida, a primeira série bilíngue que conta com Português e Língua Brasileira de Sinais, que foi produzida pela Universidade Federal de Santa Catarina, mas ela também não possui janela de libras. Sendo assim ocorre uma representatividade, mas não de fato a inclusão por não disponibilizarem recursos de acessibilidade. Também há uma necessidade da difusão e fomento direcionado a cultura surda que é produzida em território nacional, estas produções abrangem o teatro, a literatura, as artes plásticas, o cinema, a dança, a música, etc. O site Cultura Surda 2 traz informações sobre produções cinematográficas, animações, grupos de teatro e poesias da comunidade surda. Assim como projetos que visam fazer traduções de livros para crianças em vídeos disponíveis no YouTube com intuito de auxiliar na alfabetização sinalar infantil. Durante um evento da faculdade realizado em 2019, tive a oportunidade de aprender e participar de um minicurso intitulado “Surdez e literatura: marcas identitárias de um povo visual”, que abordava sobre a literatura surda, algo que foi uma exceção em 1 NITAHARA, Akemi. Cinemas têm até janeiro para garantir acessibilidade a cegos e surdos. Agência Brasil: Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-08/cinema-tem-ate-janeiro-para-garantir- acessibilidade-para-cego-e-surdo>. Acesso em: 04 jul. 2023. 2 CULTURA surda. Avante, comunidade surda!. Disponível em: <https://culturasurda.net>. Acesso em: 04 jul. 2023. um curso que habilita profissionais para a área educacional, até então desconhecia a cultura e produção da comunidade surda. Além da acessibilidade em relação aos serviços de streaming que deve ocorrer, e para tanto, uma ação conjunta entre a ANCINE, para regulamentar e impor medidas quanto as produções audiovisuais, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para que se faça cumprir e promover as culturas surdas e também o acesso à cultura de massa em conjunto ao Ministério da Cultura. Estes órgãos governamentais também devem fomentar políticas de apoio financeiro para produções da comunidade surda, por meio de editais e programas que visem a difusão das culturas surdas.