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Brasília-DF • Ano XLVIII • Nº 250 • JUNHO 2020 • Centro de Comunicação Social do Exército

Prezado leitor,

A Segunda Guerra Mundial foi,


inquestionavelmente, de absoluta magnitude,
em função da destruição sistemática provocada
pela maquinaria bélica na Europa, desde o Cabo
Norte até a Sicília, de Brest ao Volga. Também
avançou sobre a África e, depois, abarcou com
seu poder aniquilador o Sudoeste Asiático e
uma grande parte do Extremo Oriente e do
Pacífico.
A Revista Verde-Oliva, nesta segunda
edição do ano de 2020, tem por propósito
recordar que, há 75 anos, o Exército Brasileiro
constituiu uma Força Expedicionária que
atravessou o Oceano Atlântico, lutou e venceu
a tirania do nazifascismo nas montanhas e nos
vales da Itália. A FEB foi a única força militar
terrestre da América Latina que, ombro a
ombro com tropas aliadas, desmantelou a
famigerada Linha Gótica estabelecida pelos
alemães nos Montes Apeninos.
Na primeira parte desta publicação, são
apresentados episódios inesquecíveis dessa
epopeia da nossa história militar, recapitulando
alguns dos triunfos incorporados em Camaiore
– Monte Prano – Barga, no vale do Rio Sercchio;
Monte Castello – La Serra – Castelnuovo, no
vale do Rio Reno; Montese – Zocca – Marano
sul Panaro, no vale do Rio Panaro; e Collecchio
e Fornovo di Taro, na rica planície do Pó.
Na segunda parte, é apresentada dando ênfase às iniciativas que, ao longo
uma amostra do olhar de pesquisadores de décadas, vêm expressando a gratidão
sobre a trajetória histórica da participação aos pracinhas brasileiros pelo sacrifício
do Brasil na Segunda Guerra Mundial. empreendido para restituir a liberdade ao
Além disso, também são abordados os povo italiano.
esforços para a divulgação da atuação A Revista Verde-Oliva presta justa
brasileira naquele conflito, exemplificados homenagem aos brasileiros que, há
com o trabalho de um jovem cineasta 75 anos, lutaram efetivamente pela
interessado em patrocinar películas sobre democracia e propõe ao leitor que
os eventos extraordinários que ocorreram compartilhe essa edição com seus
com a FEB, a fim de salvaguardar a familiares e amigos, para que cada vez
memória nacional. mais brasileiros conheçam a verdadeira
A última parte da revista guarda, em história do seu país.
suas páginas, as merecidas homenagens
feitas àqueles cidadãos brasileiros que Uma ótima leitura!
integraram a invicta instituição de Caxias
durante os oito meses de combate,

Gen Div RICHARD FERNANDEZ NUNES


Chefe do Centro de Comunicação Social do Exército
Brasília-DF • Ano XLVIII • Nº 250 • JUNHO 2020 • CCOMSEx

desde 23 de maio de 1973

Sumário

8. CONQUISTAS 24. MEMÓRIAS

10. Batismo de fogo


26. O papel do Brasil na
Segunda Guerra Mundial
11. A conquista de Camaiore
A importante participação
28. brasileira na Segunda
12. A conquista de Monte Prano Guerra Mundial

13. A conquista de Fornaci 34. Entrevista verde-oliva

14. A conquista de Monte Castello


Preservação da
40. memória nacional
16. A conquista de Castelnuovo

18. A conquista de Montese

20. A rendição alemã em Fornovo di Taro

Design de Capa:
Sd Salomão Oliveira dos Santos

Fotografia:
Acervo CCOMSEx
Editorial
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Chefe de Produção e Divulgação: SC Luiz Fernando Vieira FOTOGRAFIA
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REDAÇÃO IMPRESSÃO 2º Ten Daniel Ferrentini Tahan Mota
Cel R/1 Gustavo José Baracho de Sousa Gdd Editora Gráfica LTDA
TC QCO Cristiane Ferreira Adriano
PERIODICIDADE
Trimestral

HOMENAGEM E
44. RECONHECIMENTO

46. Segunda Guerra Mundial e... a gratidão italiana

Memória da FEB é contada por monumentos erguidos


48. em solo italiano

52. Combatentes da FEB ganham belas homenagens em


estádios brasileiros

Arte do Pôster:
Luiz Fernando Vieira

Tamanho:
27x70
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batismo de fogo
1º Tiro da Artilharia - 16 de setembro de 1944
Em 14 agosto de 1944, o 1º escalão da 1ª Divisão de Infantaria
Expedicionária passou a integrar o V Exército dos Estados Unidos, que
tinha por missão fixar os nazistas na Linha Gótica. Essa fração da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) entrou em ação na Itália sob o comando do
General Euclides Zenóbio da Costa com um efetivo de 5.075 combatentes.
Dentre eles, estavam o 2º Grupo do 1º Regimento de Obuses (atual
21º Grupo de Artilharia de Campanha - Niterói/RJ), comandado pelo Coronel
Geraldo da Camino, em apoio direto ao destacamento composto pelo
6º Regimento de Infantaria (6º RI), um pelotão de carros de combate
norte-americanos e um pelotão de reconhecimento brasileiro, que tinham
a missão de ocupar ou conquistar a linha Massarosa – Bozzano – Marti -
La Certosa – Via del Pretino – Santo Stefano.
Na noite de 15 de setembro de 1944, o Grupo iniciou o deslocamento,
em total escuridão, para ocupar posição de tiro nas encostas do Monte
Bastione, fora do campo visual dos nazistas, e aguardar a primeira missão
de tiro fora do continente sul-americano.
Em 16 de setembro de 1944, a Central de Tiro encaminhou o primeiro
comando à Linha de Fogo, para a única Artilharia da América Latina,
presente em solo europeu, abrir fogo às 14h22min contra o inimigo
nazista, contribuindo para a primeira conquista brasileira na
Itália, com a efetiva libertação da cidade de Massarosa.

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A CONQUISTA DE CAMAIORE
18 de setembro de 1944

O Destacamento da Força Expedicionária Brasileira, comandado pelo


General Zenóbio da Costa, realizou as primeiras operações militares na
Itália, após ser incorporado ao V Exército dos Estados Unidos, no dia 14
de agosto de 1944. No entanto, os pracinhas só entraram realmente em
ação na noite de 15 para 16 de setembro de 1944, com a tarefa de substituir
as tropas norte-americanas que vinham sofrendo contra-ataques nazistas
ao norte de Pisa.
De fato, nesse mesmo dia, a FEB libertou do controle alemão a cidade
de Massarosa. Nossos pracinhas não permaneceram muito tempo nessa
localidade e prosseguiram em direção à cidade de Camaiore para oferecer
proteção ao flanco exposto das tropas norte-americanas e ameaçar o
dispositivo defensivo nazista. Porém, o acidentado terreno da Toscana
italiana não favorecia o desdobramento de largos efetivos e, feito o estudo
de situação, o comandante do Destacamento designou um grupamento
misto especial para conquistar o próximo objetivo.
Então, no dia 18 de setembro de 1944, sob um intenso bombardeio da
Artilharia alemã, esse grupamento do I/6º RI (atualmente 6º Batalhão de
Infantaria Leve, em Caçapava – SP) surpreendeu os alemães e ocupou a
localidade de Camaiore. Uma ponte destruída interrompeu o deslocamento
do pelotão de veículos blindados norte-americanos, ainda assim, nossos
pracinhas prosseguiram a pé no acidentado terreno do campo de batalha
sob intenso fogo de granadas e de morteiros, atingiram Camaiore.

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a CONQUISTA DE MONTE PRANO
26 de setembro de 1944

As Armas brasileiras iniciaram a progressão em 15 de setembro de 1944,


obtendo as primeiras vitórias com a conquista e ocupação da localidade de
Massarosa no dia 16 de setembro de 1944 e, sob intenso fogo de Artilharia
e morteiros, da localidade de Camaiore em 18 de setembro de 1944.
Em 20 de setembro de 1944, o General Zenóbio emitiu a Ordem Geral
de Operações nº 6, externando a intenção de conquistar Monte Prano para
enfraquecer o dispositivo defensivo nazista. Durante as seis jornadas dos
dias 21 a 26 de setembro de 1944, canhões e carros de combate americanos
realizaram a base de fogos para reduzir a capacidade defensiva do inimigo,
e, nos dois últimos dias, proporcionaram a cobertura para a ação de patrulha
do pelotão comandado pelo Tenente Mário Cabral de Vasconcelos, da
2ª Companhia do 6º Regimento de Infantaria.
Na tarde do dia 26 de setembro de 1944, as tropas alemãs abandonaram
a posição e Monte Prano foi tomado pelos brasileiros ao preço de cinco
mortos e 17 feridos. Não obstante, essas primeiras ações duraram pouco
mais de dez dias e proporcionaram um avanço de 18 km no interior do
território controlado pelos alemães, que demonstravam evidente propósito
de romper o contato com o Destacamento FEB.

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A CONQUISTA DE FORNACI
6 de outubro de 1944
Arte: Luiz Fernando Vieira Nas duas semanas finais de setembro de 1944, o Destacamento da
Força Expedicionária Brasileira já tinha recebido seu batismo de fogo,
progredido cerca de 18 km para além do território defendido por nazistas
e feito 31 prisioneiros.
Mas chegara o momento de reorganizar o dispositivo das tropas
empenhadas e conduzir o esforço principal pelo vale do Sercchio,
progredindo na direção de Castelnuovo di Garfagnana. Esses movimentos
concretizaram-se plenamente no dia 2 de outubro, em meio às ações de
combate que permeavam aquela zona montanhosa.
Em 30 de setembro de 1944, o II Batalhão do 6º Regimento de Infantaria,
comandado pelo Major Abílio Pontes, retomou os combates com o inimigo
nas proximidades de Capanne e Osteria; essas ações alongaram-se por mais
dois dias em decorrência de chuvas torrenciais que dificultaram a progressão.
Em 4 de outubro de 1944, os movimentos puderam ser retomados e, dois
dias depois, o Destacamento FEB ocupou a localidade de Fornaci.
Surpreendidos com as ações brasileiras, os alemães retiraram-se sem
destruir uma fábrica de munições e de acessórios para aviões, retornando,
na madrugada do dia 7 de outubro de 1944, para executar uma provável
ação de destruição. Porém foram repelidos pelo fogo do II Grupo do
1º Regimento de Obuses Auto-Rebocado, atual 21º Grupo de Artilharia de
Campanha de Niterói (RJ).
Enfim, a conquista de Fornaci possibilitou ao Destacamento FEB exercer
o controle da transversal rodoviária Fabbriche – Corelglia Antelminelli,
garantindo, por essa estrada, a continuidade do apoio logístico para as
nossas tropas.

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a CONQUISTA DE MONTE Castello
21 de fevereiro de 1945
A conquista de Monte Castello foi uma brilhante vitória da FEB ocorrida
após a defensiva do inverno e a retomada da ofensiva pelo IV Corpo de
Exército que enquadrava a 1ª DIE.
A Ordem de Batalha atribuía ao 1º Regimento de Infantaria (1º RI), o
Regimento Sampaio, atual 1º Batalhão de Infantaria Mecanizado, a ação
principal, cabendo a um batalhão do 11º Regimento de Infantaria (11º RI)
as ações de defesa de flanco. Para garantir o êxito das operações a nossa
Artilharia de Campanha teve seus meios acrescidos das companhias de
obuses do 11º RI e 1º RI.
Às 5h30min do dia 21 de fevereiro de 1945, o 1º RI desencadeou o ataque
com fúria e determinação para atingir Monte Castello na mesma jornada,
e para isso, contou com os eficazes fogos da Artilharia. Defrontando com
robusta resistência, a FEB, às 17h 20min, subjugou as defesas nazistas e
instalou-se defensivamente nos objetivos conquistados.

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Com a conquista dessa elevação, a FEB deu um valioso apoio às
operações da tomada de Torraccia, que só veio a ser consolidada pela
10ª Divisão de Montanha americana após dura jornada de batalha, em
24 de fevereiro de 1945.
A conquista de Monte Castello foi a primeira de uma sequência de
vitórias que elevaram o nome do Brasil e o prestígio do nosso Exército.
Custou muito caro à FEB. Muitos brasileiros tombaram em combate, mas
esse sacrifício não fora em vão. Alguns meses depois, a Itália seria liberada
e a guerra chegaria ao fim.

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a CONQUISTA DE castelnuovo
5 de março de 1945
Nos primeiros dias do mês de março de 1945, a 1ª Divisão
de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) prosseguia em atitude
ofensiva, sob o comando do IV Corpo de Exército, que tinha
a tarefa de eliminar as resistências nazistas no vale do Marano
e, em uma fase seguinte, conquistar Castelnuovo.
A missão da 1ª DIE era complexa, pois, para iniciar o ataque
em Castelnuovo, seria necessário sincronizar suas atitudes com
a 10ª Divisão de Montanha, que já estava em combate desde
o dia 3 de março de 1945, no flanco esquerdo das tropas
brasileiras.
Nesse momento, coube à 1ª DIE cooperar com ações
que desviassem a atenção do inimigo em seu setor de
responsabilidade até que, no dia 5 de março de 1945, o
1º Batalhão de Infantaria (I/11º RI) e o 2º Batalhão de Infantaria
(II/11º RI), ambos do 11º Regimento de Infantaria, atual
11º Batalhão de Infantaria de Montanha, ocuparam suas
posições de partida, onde foram duramente hostilizados pelas
armas automáticas postadas na região de Castelnuovo e pelo
bombardeio da Artilharia alemã.

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Em resposta, a Artilharia Divisionária, comandada pelo General Cordeiro
de Farias, desencadeou um pesado bombardeio sobre os observatórios
inimigos, aliviando a pesada tarefa do escalão de ataque, que já vinha
sofrendo baixas sem ter iniciado o movimento para Castelnuovo.
Enquanto isso, o I e o II Batalhões do 6º Regimento de Infantaria
(6º RI) iniciaram sua primeira missão, que era dominar as eficientes posições
de fogo dos alemães em Soprassasso, ao sudoeste de Castelnuovo, tendo
a sua cobertura de flanco feita pelo I/11º RI, que também apoiava o ataque
do II/11º RI a Castelnuovo.

Às seis horas da tarde do dia 5 de março de 1945, com uma considerável


ajuda da Artilharia, Castelnuovo caiu em poder da FEB, ao mesmo tempo
que o II Batalhão do 6º RI conquistava o controle de Soprassasso. Toda
essa ação foi ao custo de quase 70 baixas brasileiras, aproximadamente
1/3 dos mortos e feridos em ação no mês de março de 1945.

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a CONQUISTA DE MONTEse
14 de abril de 1945
Na jornada de 20 de março de 1945, o comandante
da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE),
General Mascarenhas de Morais, compareceu
ao Quartel-General do IV Corpo de Exército dos
Estados Unidos para participar o plano ofensivo
que culminaria na queda das linhas teuto-italianas
e para deliberar sobre ele.

Com 2.300 baixas em ação no período de 15 de setembro de 1944


a 13 de abril de 1945, o Depósito de Pessoal da FEB teve que realizar o
recompletamento da tropa quase na integralidade, ficando com apenas
1,5 % a menos do efetivo total previsto a ser reposto, o que fez com que a
1ª DIE pudesse seguir adiante com um efetivo de 14.839 homens.
Enfim, chegara o dia da retomada da ofensiva em 14 de abril de 1945, às
10h 15min. Com os ânimos exaltados, a Artilharia, comandada pelo General
Cordeiro de Farias, desencadeou um violento bombardeio nas alturas de
Montese – cota 888 – Montello, para cobrir o difícil avanço de elementos
do 1º Regimento de Infantaria na conquista da localidade de Possessione,
que ocorreu por volta das 13h desse mesmo dia.
Em seguida, às 13h30min, o 11º Regimento de Infantaria (11º RI) rompeu
a sua linha de partida com o apoio de violenta preparação de fogos de
Artilharia e de morteiro. Ocorreu, também, a realização de uma eficiente
cortina de fumaça, assegurando a cobertura e o apoio de fogo necessários
para, por volta das 15h, elementos do 11º RI penetrarem na vila de Montese,
desorganizando as resistências nazistas naquela localidade.

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A FEB enfrentou a obstinada resistência alemã, bem organizada e
incrustrada no terreno de Montese. Após serem repelidos pela destemida
infantaria brasileira, os alemães ainda persistiram durante quatro jornadas
com um impetuoso bombardeio às posições brasileiras já conquistadas, até
transformar a pequena vila de Montese em um amontoado de escombros.
De 14 a 18 de abril, a FEB consolidou sua conquista em Montese, sob
um duro e impiedoso martelar de granadas de Artilharia. Foi um combate
sangrento, que resultou em 426 baixas brasileiras, um sacrifício que garantiu
vantagem tática aos aliados e enfraqueceu, ainda mais, as resistências
nazifascistas.

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a rendição alemã em fornovo di taro
28 de abril de 1945
A FEB suportou bravamente todas as tentativas nazistas de retomada
de Montese. Como não obtiveram sucesso e estavam desorganizados, os
alemães iniciaram sua retirada para o norte, lançando campos minados e
destruindo estradas e pontes para retardar a perseguição da qual a FEB
tomava parte.
No dia 23 de abril de 1945, as viaturas tratoras de obuses, da Artilharia
comandada pelo General Cordeiro de Farias, foram designadas para o
transporte das tropas a pé, dando, assim, maior velocidade à Infantaria
para obrigar o inimigo a cessar a retirada e se organizar para lutar.
Em 27 de abril de 1945, os nazistas contorceram-se em suas posições
de defesa. Haviam sido cercados em Collecchio e buscavam, por meio de
encarniçada luta, a abertura de uma brecha que os levasse para Bolonha,
porém foram aprisionados.
A FEB ainda tinha muito trabalho pela frente. Na tarde de 27 de abril de
1945, adotou um dispositivo em Fornovo di Taro, para impedir o retraimento
do grosso da divisão nazista que vinha deslocando-se rapidamente em
direção ao rio Pó, a fim de transpô-lo.

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Os alemães empenharam-se no levantamento do cerco dos pracinhas,
lançando furiosos contra-ataques ao longo da jornada de 28 de abril de
1945; mas, como já tinham tido sucessivas perdas e estavam bastante
combalidos, iam contraindo o dispositivo, ao passo que a FEB aumentava
ainda mais a pressão.
Horas depois, a FEB protagonizou um inigualável feito de armas,
encerrando a sua última fase de operações militares com o cerco e o
aprisionamento da 148ª Divisão de Infantaria Alemã, de elementos da Divisão
Bersaglieri Itália e de remanescentes da 90ª Divisão Panzer Grenadier.
No dia 29 de abril de 1945, os trabalhos da rendição total foram
encerrados e o aprisionamento da 148ª Divisão de Infantaria Alemã resultou
na captura de aproximadamente 14.779 prisioneiros de guerra, 1.500 viaturas
motorizadas, 1.500 veículos de tração animal, 80 carroças, armas, obuses,
canhões, munições e mais de 4.000 cavalos. O aspecto geral da tropa
capitulante era bom. Quase todos os chefes e os inúmeros oficiais da
reserva, jovens e bem-postos, traziam no punho o dístico do Afrika Korps,
distintivo dos combatentes de Von Rommel no território africano. Sem
dúvida, eram militares de escol.
A vitória da FEB em Fornovo di Taro é um marco indelével na história
militar brasileira. A manobra estratégica que provocou a rendição
incondicional dos nazifascistas foi o coroamento das ações brasileiras
nos campos da Itália, que sempre serão lembradas com justo orgulho pelo
Exército Brasileiro.

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O PAPEL DO BRASIL NA
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
Nylson Reis Boiteux
Coronel reformado do Exército – Articulista e colaborador do
CCOMSEx em temas históricos

No dia 8 de maio de 1945, sucedeu a vitória da liberdade, da democracia


e da justiça, ao terminar a Segunda Guerra Mundial, um dos acontecimentos
mais dolorosos da história da humanidade.
Em janeiro de 1942, em Washington, 25 nações assinaram “A Declaração
das Nações Unidas”, que continha o compromisso dos participantes de
sustentarem a guerra até a capitulação final do “Eixo”: Alemanha, Itália e
Japão. O Brasil, que inicialmente apenas declarara sua solidariedade aos
Estados Unidos, em 28 de janeiro de 1942, rompeu relações diplomáticas
e comerciais com os países totalitários. Fiel à sua tradicional política de
amizade com os americanos e atendendo aos compromissos internacionais,
o Brasil concordou em empreender todos os auxílios julgados necessários,
como a cessão de bases aéreas e marítimas no Norte e no Nordeste do país.
A represália se fez sentir logo em seguida. Numerosos navios mercantes
brasileiros foram afundados em águas de domínio marítimo brasileiro
por submarinos alemães. Em consequência, foi reconhecido o estado de
“beligerância” em defesa da nossa dignidade, da nossa soberania, da nossa
segurança e da América. Quando foi resolvida a participação do Brasil na
guerra, ficou também estabelecido que a contribuição a ser prestada seria o
envio de uma Força Expedicionária, cuja constituição seria, oportunamente,
acertada (FEB).

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Por mais terras que eu percorra
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Sem que leve por divisa
Esse V que simboliza
A vitória que virá
(Canção do Expedicionário, de Guilherme de Almeida e Spartaco Rossi)

A ida das tropas brasileiras ao teatro de operações da Europa teve


um significado histórico especial, pois foi a primeira vez que brasileiros
saíram para combater fora do nosso continente e tomar parte efetiva numa
guerra mundial, ao lado dos americanos e de outros Aliados, contra um
inimigo potente, cuja belicosidade havia subjugado quase toda a Europa
Continental. Além disso, cabe destacar a participação singular de tropas
latino-americanas no conflito, ou melhor, os soldados brasileiros foram
realmente os únicos que lutaram contra o nazismo em toda a América Latina.
Foi nos campos de batalha da Itália que o soldado brasileiro demonstrou
toda a fibra de que é possuidor, e a prova dessa afirmação são as palavras
elogiosas do General Americano Crittemberger, Comandante do IV Corpo
de Exército dos Estados Unidos na Itália, ao qual a FEB estava diretamente
subordinada. Vejamos o que ele disse sobre a FEB após o término da
campanha: “Estou orgulhoso de ter tido a 1ª Divisão de Infantaria da FEB
como parte do IV Corpo na Itália. Os feitos da FEB durante a campanha terão
um lugar proeminente quando for escrita a história da Segunda Guerra”.
Para os heróis que não regressaram e que dormem o sono tranquilo
dos bravos, o reconhecimento e a profunda admiração daqueles que amam
as virtudes, repetindo os versos sensíveis do imortal Camões:
“Cá durará de ti perpetuamente.
A fama, a glória, o nome e a saudade”.

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A IMPORTANTE PARTICIPAÇÃO
BRASILEIRA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Cesar Campiani Maximiano – Doutor em História
Foi professor do Instituto Meira Mattos da Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército e é autor dos livros “Barbudos Sujos e
Fatigados”, “Onde Estão Nossos Heróis”, “Irmãos de Armas” e “The
Brazilian Expeditionary Force”

Tendo declarado o estado de beligerância em um momento em que o


desfecho da Segunda Guerra estava longe de ser claro, o Brasil, por vezes,
foi tido como Aliado secundário e tardio. Esse juízo não corresponde às
contribuições que o país trouxe para a vitória em 1945.
São bem conhecidos os episódios de fornecimento de matérias-primas
essenciais e a cessão negociada de bases aeronavais utilizadas com a
Marinha e a Força Aérea dos Estados Unidos, todos exemplos importantes
do envolvimento brasileiro na guerra, ocasionando resultados que tiveram
impacto no âmbito estratégico. A produção industrial dependia seriamente
de minérios e insumos disponíveis no Brasil, e a cadeia de fornecimento
do Atlântico Sul precisava ser garantida com o fluxo logístico que permitiu
o abastecimento das tropas combatendo no Teatro de Operações do
Mediterrâneo.

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Tal cooperação nos níveis estratégico e operacional também
trouxe dividendos ao país, como o reconhecimento internacional, o
desenvolvimento industrial e o aprimoramento de suas capacidades
militares. Todas essas ações levaram consequências duradouras para o pós-
guerra, e cada uma, a seu modo, alterou significativamente as condições
pré-existentes, sendo decisivas por seus próprios méritos.
A partir do envio de tropa para o combate na Europa, a inclusão do
contingente brasileiro nos efetivos do V Exército dos Estados Unidos trouxe
a possibilidade de interferir diretamente nas operações. O envio de tropas
não ocorreu sem uma já conhecida fase de superação de percalços, erros
e dificuldades que foram adequadamente tratados na literatura dedicada
ao tema. Apesar do planejamento original que ambicionava o envio de um
Corpo de Exército composto por três divisões de Infantaria e uma Blindada,
foi concretizado o envio da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE),
acrescida de elementos de apoio e de recompletamento de baixas de
combate. Operando por excelência no nível tático, a divisão, subordinada ao
IV Corpo e pertencente ao V Exército dos Estados Unidos, foi empregada
pelo General Mark Wayne Clark no setor do Vale do Rio Reno, onde cumpriu
o papel de exercer pressão sobre a Linha Gótica, para que o II Corpo se
encontrasse em condições de liderar o avanço na direção de Bolonha e,
consequentemente, no Vale do Pó.

Centro de Comunicação Social do Exército 29


Contudo, o General Lucian Truscott substituiu Clark
no comando do 5º Exército em dezembro de 1944.
Após a bem-sucedida conquista dos últimos baluartes
inimigos entre fevereiro e abril de 1945, sob o comando
de Truscott, a ideia operacional que regia as ações do
IV Corpo foi alterada, e aquele componente de grandes
unidades assumiu a missão primordial de exercer a
ponta de lança na Ofensiva da Primavera, com a
primazia do ataque principal sendo retirada do
II Corpo de Exército.
A intenção de Truscott era desbordar as
posições inimigas mais fortes, organizadas ao
sul de Bolonha, mantendo leve pressão sobre a
cidade, a fim de disfarçar a idéia principal de
ataque e lá aferrar parte do poder defensivo
alemão. O esforço ocorreria, então, a oeste da
Rota 64, no Vale do Reno, que era justamente
o setor do front onde os brasileiros vinham
combatendo desde novembro. Depois que o grande
General Lucian Truscott
ataque fosse deflagrado em 14 de abril, o II Corpo seria
rocado para a área da Rota 64, e todo o 5º Exército deveria avançar,
lado a lado, a partir de Modena, em forma de leque: parte em direção ao
noroeste da Itália, e parte estabelecendo junção com o VIII Exército da
Inglaterra.
Assim, o esforço principal foi empenho da 10ª Divisão de Montanha,
que tinha a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) em seu flanco
esquerdo e a 1ª Divisão Blindada no flanco direito. O ataque do dia 14 de
abril, dando início à Ofensiva da Primavera, contou com dois regimentos da
10ª de Montanha avançando paralelamente na área de Castel D’Aiano, tendo
a 1ª DIE e a 1ª Blindada cobrindo os respectivos flancos. No setor brasileiro,
o terceiro dos regimentos da 10ª de Montanha, o 85th Mountain Infantry
Regiment, fazia ligação com a 1ª DIE. Naquela jornada, dos 2.800 disparos
de Artilharia registrados em toda a zona de ação do IV Corpo, 1.800 foram
direcionados para a cidade de Montese somente nas primeiras vinte e quatro
horas do combate.

30 Ano XLVIII • Nº 250 • Junho 2020


O inimigo demonstrava alta
intolerância com pressão na direção
noroeste e concentrou a maior
parte de seus disparos de Artilharia
justamente contra a divisão brasileira
que, com o pedido do General
Mascarenhas de Moraes para atacar
Montese, exercia um papel mais
ativo na ofensiva do dia 14, além de
apoiar e substituir os regimentos
da 10ª de Montanha. A resistência
alemã se intensificou naquela cidade,
fazendo com que o 85º Regimento
de Infantaria de Montanha, depois
de repetidas tentativas de avançar,
fosse retirado da área e enviado para
onde seus esforços pudessem ser
mais bem aproveitados.
General Mascarenhas de Moraes

Centro de Comunicação Social do Exército 31


O ataque brasileiro, feroz e altamente
custoso para nossa tropa, colaborou para criar
nos alemães o entendimento de que a ruptura
do IV Corpo de Exército dos Estados Unidos
em direção ao Vale do Pó se daria a partir
de Montese, permitindo que o papel tático
da 1ª DIE trouxesse consequências que foram
aproveitadas no nível operacional, já que à
10ª Divisão de Montanha coube o papel de ponta
de lança no planejamento do V Exército dos
Estados Unidos. Sofrendo pesadíssimas baixas,
porém com o grosso do bombardeio inimigo
direcionado à tropa brasileira, a 10ª Divisão de
Montanha rompeu as defesas da Linha Gengis
Khan, possibilitando finalmente o avanço do
IV e II Corpos de Exército para o Vale do Pó.

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Mesmo depois da dura missão da conquista de Montese, a divisão
brasileira continuou atuando nos últimos combates da Campanha da Itália,
efetuando o cerco contra um vasto contingente inimigo em Collecchio e
Fornovo di Taro, dispondo apenas de um de seus regimentos e empregando
os demais na liberação de diversas outras cidades.
Adequadamente aproveitada dentro do planejamento Aliado, durante
a fase da guerra em que o combate de montanha cedia lugar a uma fluida
campanha de movimento, a FEB desempenhou suas tarefas de modo
a colaborar, decisivamente, no encadeamento das operações finais da
guerra na Itália.

Centro de Comunicação Social do Exército 33


ENTREVISTA VERDE-OLIVA
Margarida Rocha Bernardes
O Brasil participou ativamente da Segunda Guerra Mundial com o
envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para o Teatro de Operações
da Europa. Ao todo, cerca de 25 mil soldados foram enviados para a
Itália, a fim de combater o nazifascismo. Até aqui, fatos conhecidos da
nossa história, mas o que poucos sabem é que 67 mulheres integraram
esse time de heróis: enfermeiras que estiveram à frente de seu tempo,
corajosas, elas cruzaram o oceano para ajudar as tropas aliadas. A
participação dessas mulheres na Segunda Guerra Mundial chamou a
atenção da pesquisadora Margarida Rocha Bernardes, pós-doutora pela
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), bióloga,
enfermeira, especialista em Serviços da Saúde e professora do corpo
permanente da Escola Superior de Guerra (ESG).

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P: O tema da sua dissertação de mestrado e o seu relatório de
pós-doutorado foram relacionados ao trabalho dessas integrantes
da FEB?

R: Na dissertação de mestrado, realizado na Universidade do Estado do


Rio de Janeiro (UERJ), tive como objeto de estudo a luta das enfermeiras
do Exército da Força Expedicionária Brasileira (FEB) pela inserção no
Teatro de Operações da Segunda Guerra Mundial: 1942–1945. O marco
inicial, em 1942, corresponde ao momento em que o Brasil, tornando-se
um dos países aliados no conflito, desencadeou a criação de uma força
militar diferenciada e especial, a FEB, convocando para fazer parte dela, por
imposição norte-americana, enfermeiras brasileiras voluntárias, com qualquer
curso de Enfermagem. O marco final da pesquisa, 1945, corresponde ao
retorno da FEB ao Brasil. A emoção gerada por esse retorno foi a energia
que movimentou as mudanças posteriores no panorama brasileiro. Estando
essas enfermeiras inclusas nessa Força, indiscutivelmente nascia uma mulher
com uma diferente visão de mundo na Enfermagem, na vida militar e,
também, na vida social brasileira. No pós-doutorado, direcionei meu olhar
investigativo para a indumentária/traje militar das enfermeiras do Exército
Brasileiro na Segunda Guerra Mundial. Estes foram descritos, desenhados
e fotografados no diário de guerra da enfermeira Virgínia de Niemeyer
Portocarrero, no acervo da Fundação Oswaldo Cruz.

Centro de Comunicação Social do Exército 35


P: Nas suas pesquisas, qual foi o fato que mais chamou a sua
atenção?

R: A participação da nossa gente na Segunda Guerra Mundial foi


marcante na história brasileira. Mesmo após mais de 75 anos do evento
mundial, existem lacunas e esquecimentos nas informações sobre o que
passaram, sofreram, aprenderam e ensinaram os nossos brasileiros no evento
impactante de proporções mundiais. A partir de documentos, imagens e
depoimentos, foi gratificante e, ainda é apaixonante, trazer dados, luz e voz
para os brasileiros e brasileiras que viveram esse recorte no front italiano.

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Foto colorizada: Major
Elza Cansanção Medeiros - P: Qual era o perfil das mulheres brasileiras voluntárias para a
Enfermeira voluntária da FEB
Segunda Guerra Mundial? Quais foram as principais dificuldades
dessas mulheres?

R: Essas enfermeiras eram oriundas de diferentes estados brasileiros e


das mais diversas camadas sociais, desde filhas de grandes empresários,
militares, políticos, juízes e médicos, até moças simples do interior do
Brasil. Seguiram para o front 67 enfermeiras das 136 candidatas, sendo três
profissionais formadas pela Escola de Enfermagem Anna Nery: Altamira
Pereira Valadares, Nair Paulo de Melo e Olga Mendes; uma profissional
formada pela Escola Alfredo Pinto: Ondina Miranda de Souza; 20 formadas
pelo Curso de Samaritanas; 34 voluntárias socorristas; duas enfermeiras
de guerra da Legião Brasileira de Assistência, duas enfermeiras práticas,
uma parteira especialista em puericultura e quatro enfermeiras cujos cursos
não foram mencionados. As motivações para participar da guerra foram
desde o patriotismo individual, que envolveu todas, até a possibilidade de
um emprego remunerado, indícios de uma ruptura com o modelo social
das mulheres naquela época. Dirigi meu olhar para uma tropa de mulheres
que abriu espaço para a mulher brasileira daquela década, para ocupar
o papel de profissional de saúde. As informações recebidas e as imagens
daqueles momentos registrados pela Enfermagem Militar, acrescidas
do meu habitus, aguçaram-me a vontade e o interesse de pesquisadora
para aprofundar e difundir o referido conhecimento, mediante pesquisa
histórica, com a utilização de imagens fotográficas dessas mulheres militares.
Assim, encontrei-me frente à imensa coleção de fotografias disponíveis no
Comando Militar do Leste. Esse foi o meu primeiro contato com as fontes
iconográficas ou documentos fotográficos.

Centro de Comunicação Social do Exército 37


P: Na sua opinião, o que representou a participação feminina
brasileira na Segunda Guerra Mundial?

R: Ficou claro que, de uma hora para outra, em razão da imposição


norte-americana, as moças brasileiras foram selecionadas e preparadas
rapidamente para enfrentar uma guerra, num país distante, desconhecido
para quase a totalidade delas, sendo obrigadas a absorver, além de outras
culturas, novas tecnologias para desenvolver o trabalho profissional de
Enfermagem, atuando com equipes norte-americanas altamente preparadas
e organizadas para esse tipo de enfrentamento, tudo isso num tempo
recorde. Nossas enfermeiras incorporadas à FEB adquiriram o habitus
militar num processo de inculcação, obtido mediante exaustivo investimento
nos aspectos inerentes ao preparo teórico, prático e físico, que constou
dos treinamentos obrigatórios. As diversas reações das famílias, embora
divergentes, convergiam para o atendimento do apelo patriótico. O
cotidiano no Teatro de Operações também fez parte dessas adversidades,
nas quais incluo: o clima adverso, as mudanças geográficas dos hospitais,
a assistência de Enfermagem desenvolvida juntamente com a equipe

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A guerra só nos causa dor
Porém, se a Pátria amada
For um dia ultrajada
Lutaremos sem temor
(Canção do Exército, de Teófilo de Magalhães e Ten Cel Alberto
Augusto Martins)

Lúcia Osório - Uniforme oficial multiprofissional norte-americana, com uma rotina implantada, enfrentando
das enfermeiras do Exército,
confeccionado especialmente a barreira linguística para a comunicação, como também no transporte aéreo
para a participação do
Grupamento de Enfermagem de feridos. Neste transporte, destaco a ausência do profissional médico,
na FEB, durante sua
participação na Segunda delegando a responsabilidade às enfermeiras para a tomada de decisões.
Guerra Mundial. Foto realizada
na Escola de Educação Física Esse dado de realidade nos possibilita compreender que a atualidade
do Exército, Fortaleza de São
João, Rio de Janeiro. das enfermeiras no Exército Brasileiro realizou-se a partir do habitus e
Localização: 5ª Seção do CML,
Subseção de Audiovisuais. da luta empreendida no passado. Quando essas pioneiras demonstraram
disposição para se ajustar ao universo militar, abriram a possibilidade de
uma futura entrada das mulheres nas Forças Armadas. Apesar de todos
os obstáculos encontrados pelos depoimentos emocionados que ouvi
das enfermeiras e de militares que lá serviram, ficou a certeza de que foi
ímpar a convivência desses cidadãos brasileiros com os demais aliados no
Teatro de Operações da Segunda Guerra Mundial. Essa trajetória acabou
por mudar, fundamentalmente, o destino da profissão de Enfermagem
e o destino político do nosso país. Quero deixar essa reflexão histórica,
esperando que as enfermeiras do presente voltem seu olhar para o passado
profissional, construído com a ajuda desse grupamento feminino, e se
tornem um grupo coeso e respeitado.

Centro de Comunicação Social do Exército 39


PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA NACIONAL
Cineasta Daniel Mata Roque
Paixão pela Força Expedicionária Brasileira leva jovem cineasta a
preservar a memória nacional e a promover a cidadania através de
filmes

O Arquivo Histórico do Exército guarda um rico acervo documental, que é


a memória da Força Terrestre, dando um valoroso suporte a diversos projetos
relacionados ao estudo da História Militar, desenvolvidos por cidadãos
interessados no tema, tais como o artista João Barone, o professor Cesar
Campiani Maximiano, além de mestrandos e doutorandos. No entanto, o
interesse pela FEB também vem se manifestando nos jovens produtores
da sétima arte no Brasil.
Daniel era um estudante apaixonado pela história do Brasil. Ele não sabia
como, mas desde pequeno sentia que sua ligação com essa disciplina iria
muito além dos bancos escolares. No ensino médio, ouviu pela primeira
vez a professora falar sobre um grupo de brasileiros que atravessou o
Oceano Atlântico para lutar pelo Brasil e contra o nazifascismo. Em 2012,
o breve relato da professora sobre a ida de tropas para a Itália deixou o
garoto impressionado. Sem nenhuma ligação com o meio militar, Daniel
Mata Roque quis saber mais. Aquele assunto tão empolgante não podia
se esgotar em apenas três parágrafos. O sino tocou, marcando o fim de
mais um tempo de aula, e ele foi até a professora carregando um peculiar
interesse sobre a Força Expedicionária Brasileira (FEB). A educadora

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indicou ao aluno o livro “O inverno da
guerra”, do jornalista Joel Silveira. A partir
daquele momento, nascia um dos maiores
entusiastas e guardiões da memória
cívico-militar brasileira na Segunda Guerra
Mundial.
O jovem carioca, de 25 anos, é, hoje,
formado em Cinema e mantém uma
produtora, a Pátria Filmes, empenhada em
produzir conteúdos voltados para temas da
história do Brasil, com especial destaque
para a participação das nossas tropas na
Segunda Guerra Mundial. “Escolhi fazer
faculdade de Cinema por considerar que
um filme é a melhor maneira de se contar
uma história e, com as facilidades modernas
do digital e da internet, as possibilidades
são quase infinitas. Em 2017, criei o MILITUM
– Festival de Cinema de História Militar,
organizado em parceria com a Associação
Nacional dos Veteranos da FEB (ANVFEB)
e diversas outras instituições da área
que, produzindo uma janela de exibição
informativa e competitiva, tem como
objetivo incentivar a produção independente
do cinema brasileiro; promover o acesso
a obras audiovisuais inovadoras, culturais
e educativas; bem como proporcionar o
debate, a discussão, o aprendizado e a
difusão do conhecimento sobre a história
militar brasileira”, explica Daniel.
O jovem é um dos poucos brasileiros
que conhecem a fundo a importância da
FEB para o desfecho da Segunda Guerra
Mundial. Um apaixonado pela história, um
admirador dos heróis que, na década de
40, não mediram esforços para defender
o Brasil. “É uma narrativa de bravura,
de coragem e de solidariedade. Como o
tema é pouco conhecido fora dos círculos
militares, posso dizer que quase tudo ali me
impressionou, da falta de preparo inicial para
enfrentar uma guerra moderna, passando
pelos ataques na costa brasileira, até as
significativas vitórias na Itália. A história de
dedicação e abnegação das enfermeiras da
FEB foi a que mais me marcou”, destaca.

Centro de Comunicação Social do Exército 41


Sua paixão o levou a uma descoberta emocionante: o trabalho de
pesquisa mostrou que sua curiosidade sobre as tropas brasileiras escondia,
na verdade, uma ligação parental. Daniel Mata é primo distante de uma
integrante da FEB, a enfermeira Helena Ramos. A descoberta só aumentou
a admiração do cineasta pelo tema: “Senti alegria e, claro, orgulho. Eu já era
do Conselho Deliberativo da ANVFEB, já tinha uma relação mais próxima
com toda essa história e com alguns veteranos, mas só aí passei a me incluir
na família febiana”. A produtora, criada pelo jovem, fomenta, atualmente, a
criação de filmes cívicos e disponibiliza todo o conteúdo, incluindo livros,
de forma gratuita, em seu site: www.patriafilmes.com.

O cineasta mantém um importante acervo sobre essa parte da nossa


história e segue pesquisando. Daniel Mata Roque faz mestrado e desenvolve
um estudo sobre o filme nacional “O Brasileiro João de Souza”, lançado em
1944 e primeiro longa-metragem sobre a participação do Brasil na guerra.
“Prosseguimos no mesmo tema. A cobra continua fumando!”, completa.

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Centro de Comunicação Social do Exército 43
MEDALHA TRIBUTO À
FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

Instituída pela Portaria do Comandante do Exército


nº 162, de 13 de fevereiro de 2020.

Concedida a personalidades civis, brasileiras e


estrangeiras, integrantes das Forças Armadas e das
Forças Auxiliares, OM e instituições civis, brasileiras e
estrangeiras, que tenham contribuído para a preservação
e difusão da memória da participação brasileira na
Segunda Guerra Mundial, ou prestado serviços
relevantes, ou apoiado projetos e atividades de
interesse do Exército Brasileiro, relacionados à FEB.

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Centro de Comunicação Social do Exército 45
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E...
A GRATIDÃO ITALIANA
Giuseppe Nanni – Porreta Terme - Itália
Os brasileiros dividiam tudo aquilo que possuíam
com as famílias da nossa região. Eu vivi estas histórias,
portanto não as li em livros ou me foram contadas. Sou eu,
em primeira pessoa, a expor e dizer para vocês: obrigado,
obrigado de todo o coração. Por tudo aquilo que fizeram
por nós. Por nós italianos e por nós habitantes do Alto
Reno. Obrigado, soldado brasileiro!

Danilo Marchioni – Porreta Terme – Itália

O que mais me marcou foi o orgulho daqueles


militares de estarem aqui, de serem brasileiros. De fato,
me lembro que diziam: “o Brasil tem o melhor soldado
do mundo”, e isso me contagiou tanto que até eu me
sentia orgulhoso como eles. Muito obrigado, soldado
brasileiro!

Valerio Passini – Porreta Terme – Itália

Devemos agradecer a vocês, vocês brasileiros, porque


eu, como tantos italianos, não estaríamos aqui hoje
contando esta história, pois infelizmente teríamos sido
invadidos e destruídos pelo nazismo. Obrigado, soldados
brasileiros, pois sem vocês não estaríamos aqui.

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“GRAZIE SOLDATO” - A FEB VISTA PELOS ITALIANOS

Ermanno Sqvarcina – Porreta Terme – Itália


O Brasil, uma Nação jovem, disse ao mundo: nós pela
liberdade, pela liberdade que abraça todos os países do
mundo, oferecemos o nosso sangue. E talvez isso seja o
espírito ideal que forma a base do nascimento de uma
nação unida, na qual o espírito comum deve apontar e
levar à paz. Obrigado, soldado!

Claudio Carelli – Boscaccio – Itália


Eu tenho afeto por aquele período, apesar de ter
sido um período difícil, de bombardeios, eu me lembro
de dois militares, que me consideravam como um filho.
Eles vinham e brincavam comigo e eu brincava com
eles. Sou muito grato a essas pessoas, não só a elas,
mas a todo o Exército Brasileiro que participou dessa
ação, pois combateram pela liberdade. Obrigado por
tudo. De verdade!

Maria Elizabetta Tanari – Gaggio Montano – Itália


O soldado brasileiro soube criar, aqui nesta região,
com estas populações, um profundo vínculo de
relacionamento, de amizade, de solidariedade com a
população que sofria. Sofria a fome, sofria a guerra
por diversos anos. Souberam trazer amizade, alegria, o
verdadeiro partilhamento, a verdadeira solidariedade. Eu
acredito que sejam essas as mensagens que devemos
transferir e levar às novas gerações e fazê-las entender
que o homem permanece homem até mesmo em
momentos brutais, em momentos como aqueles da
guerra. Obrigada, soldado brasileiro!

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MEMÓRIA DA FEB É CONTADA POR
MONUMENTOS ERGUIDOS EM SOLO ITALIANO
Monumento é uma obra arquitetônica ou escultural, construída com o
propósito de legar para a posteridade os feitos de personagens históricos
ou eventos marcantes. Originada do latim “monumentum”, a palavra é
derivada do termo “monere”, que significa lembrar. Trata-se, portanto, de
uma engenhosa criação para driblar a efemeridade da passagem humana
pelo planeta, permitindo às gerações futuras o contato com a história e a
preservação da memória.
Manter viva a trajetória da Força Expedicionária Brasileira (FEB)
durante a Segunda Guerra Mundial é justamente o que motiva os italianos
a transmitirem os acontecimentos passados aos seus descendentes,
especialmente os habitantes das regiões da Toscana e da Emilia-Romagna,
onde nossos soldados estiveram em ação. O comovente reconhecimento

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daquele povo pela atuação do Brasil no maior conflito armado da história é
facilmente verificado nos relatos, em primeira pessoa, de gente que conviveu
com os pracinhas, mas a gratidão também se dá de modo concreto, sob
a forma de monumentos.
Ao todo, existem 52 estruturas de diferentes portes que homenageiam
o Brasil e os militares da FEB que combateram o nazifascismo na Itália
nos anos de 1944 e 1945. Nenhuma outra Força Armada aliada que lutou
na “Velha Bota” tem quantidade semelhante de honrarias naquela Nação.
Laços culturais tão antigos e fortes com a Itália são motivo de orgulho e
honra para o nosso país.
Um dos marcos mais conhecidos é o Monumento Votivo Militar Brasileiro,
em Pistoia, criado em 1965. O local era o antigo cemitério dos combatentes
da FEB na Itália. No entanto, com a trasladação dos restos mortais dos
pracinhas que pereceram para o Monumento Nacional aos Mortos na
Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, em 1960, o espaço transformou-
se em um autêntico museu a céu aberto.

Centro de Comunicação Social do Exército 49


Projetado pelo arquiteto Olavo Redig de Campos, o espaço mantém
lápides com os nomes dos heróis que tombaram, também registrados em
uma extensa parede de mármore, refletida em um espelho d´água. À frente,
uma estrutura de concreto armado tem, em sua base, o “fogo eterno”,
com uma chama acesa, de modo permanente, como símbolo perene dos
nossos pracinhas.
Outra estrutura de rara beleza é o Monumento Liberazione, situado
no município de Gaggio Montano. O monumento está no sopé do famoso
Monte Castello, palco de uma das mais sangrentas batalhas que envolveram
a FEB, e conquistado pelos brasileiros em 21 de fevereiro de 1945. A obra
é um projeto da artista plástica Mary Vieira e foi inaugurada em 1996.
Símbolos da campanha brasileira em terras italianas, o Marechal
Mascarenhas de Moraes, o Sargento Max Wolff Filho e o Frei Orlando
também foram laureados com monumentos construídos por italianos.

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Todavia, chama igual atenção a estrutura erguida em honra da tenacidade
de três outros combatentes, que tinham tudo para ser heróis anônimos,
não fosse a homenagem de seus oponentes.
Em 24 de janeiro de 1945, um Grupo de Combate do 1º Regimento
de Infantaria foi atacado pelos alemães quando se deslocava próximo
à localidade de Precaria. O Cabo José Graciliano Carneiro da Silva, o
Soldado Clóvis da Cunha Paes e Castro e o Soldado Aristides José da Silva
guarneceram o retraimento dos companheiros, resistindo até o fim ante o
ataque de morteiros e metralhadoras. Os próprios adversários os sepultaram,
escrevendo, em alemão na simples cruz fincada no local, os dizeres:
“3 Bravos do Brasil”.
Desse modo, com relatos orais ou com a lembrança física registrada
em monumentos, o heroísmo dos pracinhas é mantido vivo na memória
italiana. Um sentimento que vem sendo transmitido às novas gerações.

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COMBATENTES DA FEB GANHAM
BELAS HOMENAGENS EM ESTÁDIOS BRASILEIROS
O esporte mais popular do país também vem prestando honrarias
públicas à Força Expedicionária Brasileira (FEB). Entre abril de 2019 e
fevereiro de 2020, a memória dos feitos de nossos pracinhas ganhou
capítulos especiais em estádios de futebol do Brasil. Ex-combatentes da
FEB receberam aplausos de milhares de torcedores que foram a jogos
nas cidades de Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte em eventos que
emocionaram tanto homenageados quanto aqueles que lhes renderam
homenagens.
No dia 22 de maio de 2019, três ex-febianos que lutaram durante a
Segunda Guerra Mundial foram ovacionados por mais de 30 mil pessoas
presentes na Arena da Baixada, em Curitiba. Antes da partida entre Athletico
Paranaense, time da casa, e o argentino River Plate, válida pela final da Recopa
Sul-Americana, os pracinhas foram ao gramado, onde ouviram a execução
da “Canção do Expedicionário”. O evento foi uma parceria entre a 5ª
Região Militar e a Liga Paranaense do Expedicionário (LPE) no âmbito
das comemorações do Dia da Vitória, celebrado em 8 de maio.
Já no dia 26 de setembro de 2019, o palco das homenagens foi a Arena
do Grêmio, na capital gaúcha. Antes do jogo Grêmio x Avaí, válido pelo

52 Ano XLVIII • Nº 250 • Junho 2020


Campeonato Brasileiro, ex-combatentes foram aplaudidos de pé pelo público
durante a exibição de três bandas militares: do 3º Batalhão de Polícia do
Exército, do 3º Regimento de Cavalaria de Guarda e do 19º Batalhão de
Infantaria Motorizado.
A mais recente homenagem desse vulto ocorreu em 16 de fevereiro de
2020, no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, marcando o início das
comemorações dos 75 anos do Dia da Vitória. Seis pracinhas entraram em
campo, ao lado da banda de música da 4ª Região Militar, sendo calorosamente
recebidos pelos torcedores. Na ocasião, também foi respeitado um minuto
de silêncio em memória dos 467 heróis da FEB que tombaram em solo
italiano. A bela homenagem foi uma iniciativa da 4ª Região Militar, em
parceria com a Federação Mineira de Futebol, o Clube Atlético Mineiro e
a Associação Atlética Caldense, equipes que se enfrentaram naquela noite
pelo campeonato estadual.
Tradição em outros países do mundo, o ato de distinguir aqueles que
combateram em nome de seus países começa, assim, a ganhar mais espaço
em eventos esportivos no Brasil. Dessa forma, mantém-se viva a memória
de tão bela página escrita com o sangue dos heróis que combateram em
nome da democracia.

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