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I i** . Jfl* *t *t ** ** -
DIÁRIO
D E N A TA L
EDITORIAL
MEMÓRIA RÔMULO ARGENTIÈRE: SUCESSO E OSTRACISMO DE UM CIENTISTA NO RN, AUTOR DE MAIS DE 30 LIVROS
Ele conheceu o mundo, viajou por vários países, falava privilegiado em áreas estratégicas, como energia
oito idiomas e era respeitado pela comunidade nuclear, teoria da relatividade e astronomia. Autor de
científica, mas morreu na miséria em Carnaúba dos mais de 30 livros e um sem números de artigos
Dantas, interior do Rio Grande do Norte. Por onde publicados em revistas e jornais, conheceu o poder,
andava, chamava a atenção pela altura e voz possante, mas terminou praticamente esquecido. Seu nome:
além do conhecimento RômuloArgentière.
s laços de amizades adquiridas no Rio compartilharam a história deArgentière, regis próprio Vingt- un Rosado e Isaura Éster Rosado.
O Grande do Norte mantêm-se preserva trando inclusive em dois livros da Coleção Mos- Em entrevista ao Diário de Natal, Vingt- un, fala
dos sobretudo pelo respeito à obra do soroense, denominados "Rômulo Argentière, o sobre esta amizade e também a importância do
pesquisador. Vingt-un Rosado fo i um dos que País de Mossoró e Outros Países", de autoria do trabalho deArgentière para o Estado.
Com uma série de seis matérias, publicadas a partir de esquecidas. As matérias, de autoria de vários jornalistas
seu segundo número, o DN Educação abria sua que integraram a editoria de educação do Diário de
tradição em não apenas demonstrar o que a educação Natal, tiveram como tema a experiência em Angicos,
atual faz em seu dia-a-dia, mas em resgatar as com a aplicação do método de alfabetização de adultos
importantes experiências educacionais, muitas vezes em 40 horas, de autoria do mestre Paulo Freire.
MARCOS GUERRA *
O acaso e a
necessidade
Há 40 anos, tornam-se in
dissociáveisPauloFreireeAngi
cos. Confirma-se uma lei dafi
losofia natural da biologia mo
derna - "lehasard et la necessi
te"- enunciadapelofrancêsJac
ques Monod. Pouco se estudou
as razõesdosucessodoqueficou
conhecido como As 40 horas de
Angicos, mas é inegável seu
papel decisivopara renovar teo
rias e práticas da educação, e
não somente para a formação
dos alunos e monitores dos Cír
culos de Cultura. Muito se reco
nhece opapelfundamental da
quilo quefoi também um labo
ratório experimental, para pro
moverajustes e consolidaro que
mais tarde se chamou "Método
Paulo Freire". Irmanados em
Angicos, o mestre Paulo Freire,
alunos e monitores.
Talvez,novamente,asteoriasdo
bióJogodoInstxtutoPasteur,Prêmio
Nobel deMedicina, explicariam o
nascimento do DNEducação. No
inícioda décadade90, as notícias
sobre educação só apareciam nas
páginaspoliciaisenasquedenun
ciavamdesmazeloe ineficáciados
serviços públicos. Hoje, após 120
edições,podemosconsiderarquese
consolidou umespaçonobre, críti
EDIÇÃO ESPECIAL DO DN EDUCAÇAO POR
OCASIÃO DA VIN D A DE PAULO FREIRE A co, construtivo, propositivo.
NATAL E ANGICOS Como no início dos anos 60,
a alfabetização de jovens e
adultos reconquista um espa
ço nobre nas políticas governa
mentais, sob a liderança do
nosso Ministro da Educação,
que propõe metas ambiciosas.
Nova coincidência? Cristovam
Buarque visitou Angicos em
No alto: Multidão no auditório do CEFET assistindo
julho de 2001 e num arroubo
em 1993 a palestra de Paulo Freire. No detalhe, capa
da edição especial sobre a obra do educador, em generoso, confirmando sua
1996; a jornalista Ana Maria Cocentino Ramos ampla visão estratégica, escre
entrega a Paulo Freire edições do DN Educação, em veu no CorreioBrasiliense: "An
Angicos; e Monitores treinados em 1963 para gicos deveria ser declarado Pa
atuarem no programa 40h de Alfabetização. trimônio Histórico da Huma
nidade pela Unesco. Nessa ci
dade (...) começou a maior ex
periência pedagógica do sécu
lo 20, o método Paulo Freire.
DN OBDUCACAO Natal, dezembro de 2006
MATÉRIA PUBLICADA
D IA 27/04/2003 -
CAPA DO M UITO
O POTI - ATUALIZADA
A professora Maria
Arisnete Câmara de
Morais é pesquisadora da
vida e obra da também
educadora Isabel Gondim
Um a intelectual múltipla
FRANCISCO FRANCERLE
. EDITOR DO D N E D U C A Ç Ã O
Para alguns, Isabel Gondim é apenas o nome de uma Escola escritora e feminista Nísia Floresta Brasileira Augusta, apesar de
Estadual situada no Largo Acrísio Freire, no bairro das Rocas; conterrâneas, nascidas na Vila Imperial de Papari, atual
para outros, ela é aquela que nutria séria rivalidade com a município de Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte.
Na visão da pesquisadora e pro e a vida de Isabel G ondim co n ti potiguares somente aos 89 anos, em Nilton Patriota. A m aior hom ena tam b ém dizia que ela era o tipo
fessora da UFRN Maria Arisnete Câ nuam a ser objetos de pesquisa. Em 1928, quando se tom ou a primeira gem que ela recebeu do poder públi com pleto e acabado da represen
mara de Morais, a educadora Isabel junho passado foram completados mulher a integrar o quadro de sócios co, até o momento, foi a escola com tação d e u m a professora.
Gondim foi um a intelectual múltipla, 73 anos de sua m orte e os seus bió efetivos do instituto Histórico e Geo seu nome, no bairro das Rocas, cujo U m dos docum entos preciosos
com um a vida longa dedicada à edu grafos até hoje som ente valorizam gráfico do Rio Grande do Norte, ao decreto de criação data de 1934, um sobre Isabel Gondim é o seu testa
cação, à história e à literatura, num a seus livros, mas sem maior aprofun lado de homens ilustres como Nestor ano após a sua morte. mento, que ela ditou aos 92 anos de
época em que a intelectualidade re damento. Qual o conteúdo e a his Lima, Antônio Soares e Câmara Cas Nas obras de Câm ara Cascudo, idade, em 1931, quando já não podia
duzia-se a um número muito peque tória das edições dessas obras? Esse cudo. Entretanto, aos 48 anos, ainda M aria A risnete en co n tro u várias mais escrever. Sentindo o valor gran
no de homens privilegiados. foi o desafio da pesquisadora, que em 1883, a escritora já era sócia cor referências sobre Isabel Gondim. dioso de suas obras, ela recomendou
"Isabel Gondim, um a nobre fi começou a reconstrução da vida da respondente do Instituto Arqueológi Q uando o escritor C âm ara Cascu sumo'cuidado na edição de suas com
gura de mulher" é o título do livro da educadora interpretando a realida co e Geográfico Pernambucano. do conheceu a escritora, já havia posições a fim de não haver altera
pesquisadora Maria Arisnete, cuja de de até dois séculos. Após sua morte, foi homenagea um a diferença de idade em tom o ção no texto nem no sentido de algum
edição ocorreu com a participação da pela Academia Norte-rio-gran- dos 50 anos. Ele falava que ela era período. "Neste aspecto, reside am o-
do Projeto Ler/ Diário de Natal. Ao RECONHECIMENTO dense de Letras, que a tom ou patro a professora mais antiga do Esta dem idade de seu pensar e agir e a
com em orar cento e sessenta e qua Como escritora, Isabel Gondim na da Cadeira n° 8, sendo ocupada do, que era séria e sisuda e que vivia plena consciência da obra que lega
tro anos de seu nascimento, as obras teve seu reconhecimento em terras por Matias Maciel e, atualmente, por e te rn a m en te p a ra trabalhar. Ele va à posteridade", analisou Arisnete.
Natal, dezembro de 2006 DNOEPIfCAÇÃO
CONTINUAÇÃO DA PÁG. 8
Reflexões às minhas
Para Isabel Gondim, o magistério é mais im portante do
que a poesia ou qualquer outra atividade. Alguns de seus li alunas, opúsculo
vros tratam de noções de educação moral, religião, civilida
de, higiene e caligrafia. Quando assum iu o cargo de profes destinado à educação e
sora prim ária em Natal em 1866, na Ribeira, ela se dedicou
direito da mulher, da
inteiram ente à tarefa de educar.
Sua dedicação fez surgir seu principal livro: "Reflexões
infância à maternidade;
às minhas alunas". Aprim eira edição data de 1874 e a segun
da de 1879, ambas no Rio de Janeiro. A terceira é 1910. A se
gunda teve um a tiragem de cinco mil exemplares, que se es
gotaram. Em m enos de dez anos, editou-se esse livro duas • Brasil, poemeto, traços da
vezes. É um m anual de orientações à mulher, abordando história do pais;
tem as sobre a m enina escolar, a m oça em sua puberdade, a
m oça em sua juventude, a m ulher casada e a m ulher mãe.
' 'Sou dos que mais acreditam na vitória do sertanejo sobre as Datado de 1920, o documento foi entregue ao Governo do
condições ingratas do meio. Mais tarde ou mais cedo, ela se Estado potiguar, sendo considerado de extrema importância,
concretizará". A afirmativa faz parte do texto de abertura do abordando questões como o aproveitamento da água,
documento “A Lavoura Seca do Rio Grande do Norte”, de autoria melhoria dos solos, das lavouras e das relações sociais do
do agrônomo Christóvam Dantas. hom em do campo.
Mais de 80 anos depois, o documento de Chris pela imprensa. E m esmo nunca tendo abordado
tóvam Dantas continua vivo e atual, com o serta diretamente a crise política em seus artigos, Chris
nejo lutando ainda por melhores condições de vida tóvam republicou um artigo onde se posiciona
e convívio com o clima semi-árido do sertão nor va ante o programa norte-am ericano da Aliança
destino. O documento, na realidade, é apenas um para o Progresso. Dizia o texto: "Se o Plano Mars
exemplo de toda a visão de futuro e experiência de hall produziu os frutos esperados é porque ele
Christóvam Dantas, agrônomo porfoimação e jor brotou e em anou das necessidades da própria
nalista por vocação. Europa(...}. A Aliança para o Progresso estará fa
Através de seus artigos, publicados na gran dada ao insucesso, se não se inspirar tam bém na
de maioria dos jornais da cadeia Associados, in m esm a fonte. Se ela objetiva o fortalecimento e
clusive o DIÁRIO DE NATAL, Christóvam conta a vigorização de nossas democracias, ainda em
va e com entava com o leitor os fatos políticos e brionárias, que as suas linhas de ação e as respon
econômicos locais, fazendo u m paralelo com a sabilidades de seu funcionamento partam de nós
realidade mundial e citando autores e intelectuais mesmos. Então, sim, engendraríamos um instru
internacionais. m ento de promoção de nosso bem estar comum,
Parte destes resultados integra o trabalho desen coroado pela boa compreensão e o espírito sin
volvido pelo jornalista Christian Vasconcelos, que cero de ajuda e de colaboração(...)".
atendendo a um pedido do Conselho Regional de Uma forte característica de Christóvam em
Economia do Rio Grande do Norte, iniciou uma pes seus artigos, muitos escritos em Natal e repassa
quisa sobre os artigos econômicos publicados na dos para os principais jornais dos Diários Asso
LEME
LEMBRANÇAS DE UM BRAVO SERTANE 0
imprensa potiguar. Qual não foi a surpresa do pes ciados, é a citação de pensadores e intelectuais
quisador ao detectar que cerca de 90% dos artigos internacionais, fazendo um a análise e traçando
Christian Vasconcelos pesquisa a obra de Cristóvam
publicados eram de autoria de u m único autor: um paralelo entre esses pensadores e a realida
para o Conselho Regional de Economia
Christóvam Dantas. de brasileira. Em "A Capitania Preguiçosa", p u
"Tomando conhecimento do fato, ficou resol blicado no DIÁRIO em 20 de fevereiro de 1962, o
vido que o livro seria publicado apenas com o MATÉRIA PUBLICADA D IA jornalista cita o sociólogo francês Roger Bastide,
seu trabalho, havendo um resgate dos temas e da 06/07/2003 - CAPA DO MUITO que chamava a atenção para o Brasil, um a terra
sua im portante colaboração à época", explicou a O POTI - ATUALIZADA de contrastes, havendo u m a grande diferencia
economista Virgínia Ferreira, então Presidente do ção de teor de riqueza que se observava entre as
Conselho Regional de Economia. Por falta de unidades da nossa Federação.
apoio, o projeto do livro ficou engavetado cerca Para Christóvam, em virtude de um conjun
de oito anos, sendo retomado, em 2003, com o to de causas, derivadas de nossa formação histó
apoio do DIÁRIO DE NATAL. "É um trabalho de rica, jamais conseguimos nivelar ou, pelo menos,
extremo valor não apenas para a econom ia do atenuar essas situações. Em seu texto, ele faz um
Estado, mas para o jornalismo e para sua história", resgate histórico, dos fins do século XVIII, quan
ressaltou Virgínia. do São Paulo foi batizada de Capitania Preguiço
Aopção pelo jornalismo teve como principal in- sa, levando em conta o ciclo do açúcar no Nor
centivador o fundador dos Diários Associados, deste, representando um setor economicamen
Assis Chateaubriand, que acreditava em novos re te vivo e dinâmico da nação, enquanto o Centro
datores, dando preferência aos nordestinos. Chris e o Sul padeciam de infantismo estrutural.
tóvam era considerado um dos fundadores dos As No entanto, em 1962, São Paulo já surgia como
sociados em São Paulo, auxiliando Chatô nas mis a grande potência econômica do Brasil. Christó
sões mais importantes. vam analisa da seguinte forma: "...juntam ente
Em u m de seus artigos, "P o lítica co m P com outras unidades sulinas, São Paulo é o nervo
minúsculo", Christóvam destaca a crise política m otor da economia brasileira. O seu setor dota
vivida durante o governo de Aluízio Alves, que do de maior impulso criador, o Nordeste não exi
culminou com a saída de três secretários de Es biu m á s ím peto de crescimento e de expansão
tado: Calazans Fernandes, da Educação; Eider de antanho, não acom panhando a cadência e o
Toscano, da Agricultura, e Ivanaldo Bezerra, do De ritmo de transbordam ento do Meridão. O Oeste
partam ento de Assistência ao Cooperativismo. O e o Extremo-Norte constituem ainda esperanças
artigo, na verdade, foi publicado após a crise, fa econômicas e zonas à espera do sopro anim ador
zendo, tam bém, um a análise do enfoque dado do desenvolvimento".
N ato ., dezembro de 2006 DNOEDÜCAÇAO
CONTINUAÇÃO DA PAG. 10
ARTIGO
CHRISTIAN VASCONCELOS *
Sobre o jornalista
Christóvam Dantas...
ChristóvamDantas é um norte-rio-grandenseque
a sociedadepotiguarprecisa resgatardo anonimato.
Agrônomo por formação e jornalista por opção
ou, talvez, por imposição da vida, eleacabou de toda
sortesendo um dosprecursoresdojornalismo econô
mico brasileiro.
Seus artigos, ainda que se pudesse discordar da
orientação político-ideológica, tinham sempre a ca
racterística de serem fundamentados em dados re
sultantes deestudos epesquisas recentes, evidencian
do que Christóvam estava "antenado"coma realida
de desua época, e queprocurava evitar especulações.
Para o grande público, por intermédio de vários
veículos da mídia impressa, Christóvam Dantas es
creveu regularmente durante mais de 30 anos. Mi
lharesdeartigosdessenorte-rio-grandenseforam vei
culados na Revista ONorte, que circulava na então
capitalfederal - oRiodeJaneiro; emARepública, pe
riódico local; no Diário de São Paulo; no Diário de
Natal e em OPoti; e nos demais veículos da rede dos
Associados.
Na década de 20, com pouco mais de 20 anos,
Christóvamjá escrevia para ONorte e paraA Repú
blica. Estes veículos publicavam crônicas sobre a so
ciedade norte-americana, enviadas por ele, que lá se
encontravafazendo um curso de especialização em
genética do algodão.
Na imprensa natalense, especificamente no Diá
rio de Natal, a equipe que comigo catalogou sua
produção conseguiu registrar um total de 1.629 ar
tigos, dos quais 975 publicados entre outubro de
1951 e dezembro de 1955;e 654, entre agosto de 1961
eagosto de 1964;períodos em que Christóvam aqui
residiu, servindo a governos estaduais.
Já em São Paulo, onde sua produção foi muito
mais ampla, pois lá viveu a maior parte de sua vida
cómojornalista, oreconhecimento chegou coma con
cessão do Prêmio Hipólito da Costa, conferido pela
FIESP, por intermédio do Fórum Roberto Simonsen,
em maio de 1960. EssePrêmio destinava-se a distin
guir ojornalista que mais se destacara no trato dos
problemas da indústria, no decorrerdo ano anterior.
Na vasta produção de Christóvam, os artigos que
considero de maior atualidade são aqueles relacio
nados com a economia internacional, especialmen
te os que tratam daformação de blocos econômicos.
Para que se tenha uma idéia, em 1961 - há 42anos,
portanto, elejá escrevia sobre a tendência mundial
favorável à formação de blocos econômicos, aler
tando para o papel do Brasil, em relação aos de
mais países da América do Sul.
Resgatar a obra de Christóvam, que nãofoi con
densada em livros mas que influenciou gerações, é
tarefa gigantesca. Porém, considero um esforçofun
damental, para que oRio Grande do Norte e oBrasil
possam conhecer um pouco mais de si mesmos.
- * Jornalista
f M >
Ele era um m estre em praticam ente tudo que fazia. Foi surpreendia. O Professor Fagundes é um ícone da
alfaiate, professor, escritor, fotógrafo e até poeta. Mas o zelo educação no Rio Grande do Norte o que já lhe valeu ser
do professor Antônio Gomes da Rocha Fagundes à causa da patrono de duas escolas que têm seu nome, um a em Natal e
educação no Estado, ora desbravando ou construindo outra em Mossoró, e o Prêmio Fernando Chinaglia 1981,
escolas, ora ensinando ou disciplinando é o que mais concedido pela União Brasileira de Escritores.
A palavra austeridade sempre foi sua marca técnicas cartográficas. Mas nesse m esm o ano,
desde a sala de aula até os gabinetes dos cargos transferiu-se para Natal para trabalhar no Grupo
que ocupou. Foi assim na Casa da Cultura do RN, Escolar Frei Miguelinho. \
na Associação dos Professores, no Instituto de Pro Aos 20 anos de idade, o Professor Fagundes
teção à Infância e na Academia Norte-rio-gran- resolveu se casar e, sem elhantem ente a seu pai,
dense de Letras, de onde foi membro fundador História de um ícone entre os educadores do Estado escolheu um a prima. Era a prim a Maroquinha,
ocupando a cadeira de n° 14, que tem como pa 18 anos, órfão de pai e mãe que se tornou Maria
trono o seu primo Joaquim Fagundes e é ocupa de Almeida Fagundes. Segundo Mário Sérgio de
da por Armando Negreiros. No Departamento Es Sá Leitão, neto do professor Fagundes, o casal
tadual de Educação, cargo correspondente ao de não teve filhos, mas assumiu os três sobrinhos ór
secretário de Estado, ele conseguiu legalizar, n a fãos de pai (José de Sá Leitão) e filhos de Nazi-
cionalmente, a profissão dos professores forma nha, cunhada do professor: JoséWaldemcio, Gil-
dos pela Escola Normal, atitude copiada depois por van e Teresinha. Em 1927 foi nom eado para tra
todas as escolas de magistério do país. E na Esco balhar em Mossoró, onde teve um a participação
la Sete de Setembro que foi por ele construída. MATÉRIA PUBLICADA estratégica na resistência às Tropas do cangacei
Após mais de 20 anos de sua morte, o profes DIA 28/09/2003- NAS ro Virgulino Lampião. Ele foi diretor da Escola
sor Fagundes voltou a ser hom enageado pelo PÁGINAS 12 E 13 DO Normal de Mossoró. Dirigiu o Grupo Escolar 30
Projeto Ler/DN Educação do DIÁRIO DE NA3AL CADERNO DE CIDADES de setembro, assistiu o Colégio Diocesano Santa
e Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Des DE O POTI-ATUALIZADA Luzia e foi nom eado Inspetor de Ensino Primá
portos. Autor da primeira edição do livro "Leituras rio. Mas aí veio o Movimento Revolucionário de
Potiguares", em 1935, que era u m a coletânea de 1930 e novamente foi convocado para a direção
escritores locais, o professor Fagundes é agora o da Escola Normal de Natal que passava por um
patrono da série de 12 fascículos escritos por im m om ento de crise.
portantes escritores sobre a história e a geogra Em 1939 veio a sua nom eação para a direto
fia do Rio Grande do Norte. A coordenação da Co ria geral do Departam ento de Educação, o prin
leção teve a responsabilidade da jornalista Reja Com os imortais da cipal cargo n a área de educação do estado, onde
ne Cardoso e a supervisão da professora Isaura Academia de Letras, conseguiu a legalização do diploma de professor
Amélia de Souza Rosado Maia. onde o professor e construiu quatro prédios para grupos escola
Fagundes ocupava a res. Depois saiu para assumir, durante dez anos,
PRIMEIRO EMPREGO cadeira de n° 14 a cadeira de português no Atheneu Norte Rio-
Antônio Fagundes nasceu no sítio Paú, em grandense, ingressando, em seguida, na Liga de
um engenho que cultivava a cana para a fabrica do tio-padrinho Salustiano Rocha. Foi escreven onde foi diplomado como professor primário. Ensino do Rio Grande do Norte, instituição m an
ção de açúcar e aguardente, vizinho ao municí te no cartório onde o tio era tabelião. Começou Assumiu a função de professor no Grupo Es tenedora da Escola Doméstica de Natal. Ali, ele
pio de Vila Flor, nas proximidades de Canguare- daí, certamente, o seu grande gosto pelas letras. colar Tenente José Correia, n a cidade de Assu ensinou matemática, pedagogia, psicologia geral
tama. Seus pais eram prim os legítimos, Pedro Estudou no Colégio Santo Antônio, até 1907, (1916 a 1923), onde veio a escrever o seu prim ei e educacional, servindo com m uita dedicação à
Regalado e Leonor Miquilina da Rocha Fagundes. n o A th en eu o n d e fez o c h a m a d o 'c u rso de ro livro: "História e Geografia do município de educação da mulher potiguar. A diretora da ED,
Ele se orgulhava em dizer que aprendeu a ler na m adureza', n a Escola de Aprendizes Artífices, Açu", publicado em 1923. Com esta obra, ele se professora Noilde Ramalho, dedica-lhe profun
famosa "cartilha do ABC" de Laudelino Rocha. onde recebeu seu diploma de alfaiate. Na época, credenciou a ingressar n a Academia Norte-rio- d a adm iração: “Professor F agundes e ra um
Com apenas seis anos de idade começou a tra ele se destacou n a profissão, recebendo o título grandense de Letras. Ali tam bém fez um esboço hom em simples, sem muitas ambições e muito
balhar, quando veio para Natal n a com panhia de Oficial de Alfaiate e n a Escola Normal de Natal, de um a Carta Geográfica, u m trabalho feito com justo na arte de julgar”.
N aim , dezembro de 2006 DNOEDUCAÇAO
DEPOIMENTOS
OprofessorFagundesfoi um
homem voltadopara a
educação, à saladeaula oseu
território, à matemática, seu
fascínio. Lembrardo professor
Fagundes ésentiroseuchegar.
Deandar levecomoa brisae
agradável como ofavorecimento
do vento. Magro, estatura
mediana, olharprofundo como
sequisesseatravésda luz de seus
olhos imprimira luz doseusaber
na mente deseu interlocutor.
Lembrardo prof. como diretora
daEDé revivera sua presença
diária no cumprimento de um
horário que nem o tempo nem
motivo cilgumalheio à escola, o
faziafaltoso. -
Noilde Ramalho
(D iretora da Escola Doméstica de Natal)
1*V r.AWAMW
MATÉRIA PUBLICADA D IA
31/03/2002- P Á G .5- CIDADES
O POTI - ATUALIZADA
p e r f il BEATRIZ SANCHO BANDEIRA RYFF, 96, MILITANTE, POETA E DESCENDENTE DE ÍNDIOS DO OESTE POTIGUAR
Para quem viveu com os m ilitares nos calcanhares, chegar Essa é a doce Beatriz Sancho Bandeira Ryff, descendente
aos 96 anos esbanjando saúde, lucidez e sim patia é, antes de índios da região do Oeste potiguar, que foi destaque na
de tudo, um a dádiva de Deus, até m esm o em se tratando m ídia nacional na passagem dos 80 anos do Partido
de um a com unista histórica. C om unista Brasileiro.
Filha do mossoroense Alípio Ban NATAL. Aposentada como professora do Partidão e pela sensibilidade da Escola Nacional de Música.
deira e da Gaúcha Rosália Nanei Ba- de técnica vocal do Conservatório Na atriz, poetisa, tradutora e cantora que "E a Beatriz não vai querer can
gueira Leal, abolicionistas ferrenhos, cional de Teatro, no Rio de Janeiro, sempre foi. "M euprimeiro livro quem tar?", foi assim que o escritor Graci-
ela tem sido, nos últimos anos, tem a Beatriz Bandeira te m na sua expres m e deu foi m eu avô, 'As Primaveras', liano Ramos perg u n to u p o r ela no
de m atéria nas revistas Veja/Istoé e são de voz o m aior trunfo de joviali de Casimiro de Abreu. Foi tam bém o seu livro M em órias do Cárcere, onde
Jornal do Brasil, além de figurar nos dade. Apesar dos 92 anos, fala com avô que lhe ensinou francês. "Sempre aparece a Beatriz em plena cela do
verbetes do "Dicionário de Mulheres", segurança e com todas a letras e fo tive o ideal n a cabeça e a arte no san presídio da Frei Caneca, onde o escri
de Hilda Agnes H übner Flores, e no nem as. E realm ente de impressionar. gue que, m isturando, resulta n a fór tor tam bém estava preso. "Quando
"Dicionário Mulheres do Brasil - de "O segredo de se falar como jovem é m u la d a jovialidade. Por isso, sou eu soltava m inha voz, eu era podero
1500 a 2000", de Jorge Zahar. falar corretam ente e com proprieda avessa ao tem po". Seu am or à m úsi sa ”, lem bra. Na prisão, eu segurava
Guerreira por natureza, talvez seja de, observando todos os aspectos da ca vem da infância. Como ela m esm a n a cela e n in g u ém m e im pedia de
Beatriz Bandeira a m ilitante com u sonoridade. Isso, aliando-se a um a sem pre diz, nas entrevistas, foi alfa cantar paródias. "Praia m aravilhosa/
nista de mais idade atualm ente. Ela form a afetuosa e sim pática de falar, é betizada com poesia e am am entada Cheia de balas m il/ Vermelha e ra
nasceu em 8 de novembro de 1909, u m a verdadeira arm a nas m ãos do com m úsica. A m ãe tocava bando- dio sa/ Sentinela do Brasil", dizia a
no Rio de Janeiro, o nde m o ra e de com unicador", ensinou. fim, seu pai Alípio além de militar era paródia de Cidade M aravilhosa em
onde concedeu entrevista, p o r tele A vida de Beatriz Bandeira foi sem escritor e seu avô lhe dava poesias hom enagem à Praia Vermelha, lugar
fone, à rep o rtag em do DIÁRIO DE pre m arcada pela força de resistência p a ra ler. Form ou-se em piano pela de vitórias da esquerda.
Natal, dezembro de 2006 DNOEDUCAÇAO
CONTINUAÇÃO DA PÁG. 14
PROFESSORA
Estudou inglês com o Barão de Itararé
Cursou os ensinos primário e se
cundário com sua mãe, até o ano de "Eu sou avessa ao tempo. Ninguém m ente o contrário: era ríspida e de ter Graciliano Ramos, com quem cons A VISITA A MOSSORÓ
1930. Posteriormente, ingressou na Es diz que sou u m a m ulher quase cente nura não tinha nada. Ela passou um a truiu um a longa amizade até a hora Em 1980, visitou Mossoró, pela se
cola Nacional de Música, no Rio de Ja nária. Acho que sou privilegiada por tem porada no Brasil e foi homenagea da m orte do escritor. "Quando ele não gunda vez, quando foi à cidade pela
neiro, sendo diplomada em Piano, no ter convivido com pessoas tão espe d a pelas mulheres do partido. queria ver ninguém, m e recebia com primeira vez, era adolescente e tinha
ano de 1933. ciais. Uma das m inhas grandes satis Beatriz conviveu com pessoas com alegria", disse. ido para conhecer a avó índia, mãe de
Tomou-se professora de Canto Or- fações na vida foi conhecer, pessoal quem aprendeu. Foi assim com Carlos Entre os com panheiros de prisão, seu pai. Dessa época nasceu o poem a
feônico em Florianópolis e depois em mente, Che Guevara. Era um a pessoa Marighela, que conheceu em Porto ela recorda do Barão de Iatararé (Apa- "Mossoró", quando retratou a aridez do
São Leopoldo. Residiu muitos anos no doce e maravilhosa, cheia de ternura, Alegre, em 1947. Com Olga Benário, rício Torelli), escritor e chargista do clima e a coragem do hom em , frente
Rio Grande do Sul, para onde seu pai fazendo jus à sua tradicional frase: Hay esposa de Luís Carlos Prestes, Nise da Globo. Foi com ele que ela aprendeu às intempéries d a região. De Mossoró,
foi transferido, em mais um castigo que endurecerse, pero sin perder la Silveira, Maria Werneck de Castro, Eu inglês. "Ele jogava para m inha cela cai ela diz lem brar de figuras ilustres e tra
que recebeu no Exército p or suas ati ternura jamás!", declara. Já a mãe do gênia Moreira, casada com o dramatur xas de fósforos com exercícios de in dicionais, como Vingt-un Rosado e a fa
tudes interpretadas como insubordina Che Guevara, conta Beatriz, era justa- go Álvaro Moreira, e Eneida, além de glês dentro". mília de Ronald de Góes.
ção. Lá, exerceu o cargo de Superin
tendente de Educação Artística da Se
cretaria de Educação do Estado.
Alípio foi soldado
De volta ao Rio, foi professora do M0 SS0 R0
Conservatório Nacional de Teatro e fi
de Rondon e cl^nano
liou-se à Juventude Comunista, por in Em um vento momo de salitre efogo
termédio de Costa Leite, um ex-oficial abreflores de sal nos velhos muros Alípio Bandeira, filho legítimo de
das Forças Armadas que havia perdi Esquálidos meninos macilentos O dilon A bdolino Pinto B andeira e
do a patente por ser comunista. Mais tangem bandos de cabras esqueléticas e, deV icência Ainélia, nasceu em Mos
tarde, integrou-se à Aliança Nacional sob um sol que queima e um chão que soró, aos 15 de agosto de 1872. Em
Libertadora responsável pelo levante abrasa, A reia B ranca, Alípio, aos 15 anos,
de 1935 e levada para a sala 4 da De teve seu prim eiro em prego. No seu
desenham Portinaris na paisagem,
tenção da Rua Frei Caneca, onde co prim eiro livro, "As Sertanejas", ele
"índio é terra que anda"
nheceu figuras ilustres como Gracilia- can ta a sua terra, as im agens d a in
no Ramos e Olga Benário, esposa do
disse um poeta.
fância, as paisagens físicas e h u m a
principal expoente do comunism o no
Eeu vejo em tuagente,
nas da sua Mossoró.
Brasil, Luís Carlos Prestes, que foi en retorcidas raízes, rijos caules, O dilon A bdolino B an d eira era
tregue ao nazismo pelo governo de Ge- e essaforça que brota de entranhas joalheiro exímio, m orreu deixando
túlio Vargas. minerais donaV icência com 11 filhos, em si
Seu primeiro exílio foi em Monte da terra calcinada, e seprolonga tuação de verdadeira pobreza. Alí
vidéu, no Uruguai, onde casou-se com em duras caminhadas. pio preocupou-se com o sustento de
o jornalista Raul Ryff, que veio a ser Mossoró, Mossoró, sua m ãe e oito irm ãos m enores e co
chefe da Casa Civil, do presidente João predestinada aurora, m eçou a estudar e trabalhar n a Es
Goulart. Foi no Uruguai que publicou pioneira de lutas precursoras cola M ilitar do Ceará. Em 1893, já
o livro Ouro e Sândalo, de crônicas castigada e sofrida sentinela está n a Escola M ilitar da Praia Ver
poéticas, e Poemas de Sempre. De volta de histórias vigílias. melha. Na revolta da Armada, foi sol
ao Brasil, foi colaboradora da revista Um vento momo de salitre efogo dado valoroso de Floriano Peixoto, de
Leitura e do jornal AM anhã e M omen abreflores de sal nos velhos muros quem se to rn ara fervoroso adm ira
to Feminino e de vários outros jornais e lagrimas de dor choram meus olhos dor. Foi soldado, prosador, p o eta e
gaúchos e cariocas, sempre usando o p a trio ta , Alípio p erco rreu o M ato
de saudade e de ausências consumidas.
pseudônim o de Djane Martins. Publi Grosso, Amazonas, Pará, Acre, Bahia,
cou ainda Mensagem, Roteiro e Profis São e Rio G rande do Sul.
Beatriz Ryff
são de fé, todos de poemas, e mais A Poetisa No extremo Norte, serviu sob o co
Beatriz Ryff no colo de sua mãe, em 1910
resistência, de memórias. m ando do general Olímpio da Silvei
ra, n a expedição do Acre. Em 7 de no
DEPOIMENTO vembro de 1906, ingressou n a Igreja
Da sala de aula direto para o exílio Positivista, casando com dona Rosá
BeatrizSanchoBandeiraRyjféuma Freire, que comandou a PolíciaMilitar lia Nanei Bagueira Bandeira, filha do
Com o golpe militar, em 1964, foi tivista que teve problemas com os ar das mais importantes mulheres daHis doRNePatronodasuaAcademiapara general médico Joaquim Bagueira.
dem itida pelo regime militar do cargo tigos insubordinados que escreveu, tóriadoBrasilnoSécubXXPoetaemi formaçãodeoficiais. Em 1922 escreveu a "pequenina
de professora de técnica vocal. Ela e o analisando a política de Artur Bemar- litante comunista, esteve na prisão (no Visitei-aporduas vezesnoRiodeJa teoria da punição, vulgarm ente ch a
marido foram procurar asilo n a em des, com o "A punição vulgarm ente períododolevantecomunistade1935)ao neiro, ondedeu-meexemplaresdosseus m a d a de castig o ", p u b lic a d a no
baixada d a Iugoslávia. Com a Anistia, cham ada de castigo". lado de grandes expoentes da esquerda livrosdepoesiaecontou-mehistóriasde 'C orreio da M anhã' q u e teve u m a
voltou para o Rio, m antendo sempre Beatriz tem dois filhos gêm eos - brasileira. Seu pai, Alípio Bandeira, foi seu exílb após ogolpe de 1964. Princi grande repercussão n a im prensa do
sua postura política em defesa da de Sérgio, que é um a hom enagem a Luís um mossoroenseilustre, ojkial doExér palmenteosperíodospassadosnaex-Iu- País. O utra grande paixão de Alípio
mocracia e da justiça social. Em 1990, Carlos Prestes, e Tito Bruno, um a dupla cito Brasileiro, que assessorou Cândido goslávia, ondeficou amigadoMarechal foi a defesa do silvícola brasileiro. Per
publicou um livro de memórias, "A re hom enagem : ao Marechal Tito, que RondoneFbrianoPeixoto.Autorde vá Tito(nomedoseuprimogênitaemhome tenceu à Legião dos Mortos im ortais
sistência". Do exílio em Belgrado, os unificou a Iugoslávia em 1945, depois rios livrossobreproblemas brasileiros, é nagem ao marechal). Estáatualmente de Rondon. Ele foi um dos mais de
Ryff foram para Paris, onde Raul traba d a Segunda Guerra Mundial, e a Gior nomedepraçaemMossoró. com96anos. votados servidores do Serviço de Pro
lhou para a tevê francesa e Beatriz fez dano Bruno, filósofo italiano que foi Beatriz éviúvadeRaulRyff, secretá Nossa ligação vemdofato deAlípio teção aos índios.
a cobertura de desfiles de m oda para queim ado n a fogueira da Inquisição. riodeimprensadeJoãoGoulartemãode Bandeira, seupai, serprimodomeuavô Lutou pela im plantação do Cen
um a agência de notícias brasileira. Tito Bruni Bandeira Ryff (foi o secretá TitoRyff,economista,quefoisecretáriodo tro Agrícola de Mossoró, pelo batiza-
epai de criação,AntônioLúciode Góes,
Olivro "A fom e",deKnutHamsun, rio de Estado e Desenvolvimento Eco GovernodoRb deJaneiro, por trêsoca dor de Rondônia. E quando foi con
ex-prefeitodeAreiaBranca.
doado pelo subalterno e amigo de seu nôm ico e Turismo do Governo An siões(GovernosdeLeonelBrizolaedeAn vidado para substituir o interventor
pai, Costa Leite, viria a transformar to thony Garotinho), no Rio de Janeiro. tony Garotinho). É também prima, em no Rio Grande do Norte, Irineu Jofi-
Ronald de Góes
talm ente sua trajetória de vida. O pai, Já foi, tam bém , por duas vezes, secre lo grau, do Coronel do ExércitoMilbn A rquiteto e Urbanista, professor da UFRN li, ele disse que não aceitaria para não
Alípio Bandeira, era um a militar posi tário de Brizola. desgostar os amigos.
DNOEDUCAÇÃO Näkl , dezembro de 2006
É praticamente impossível não lembrar da primeira Floripes Medeiros, ou dona Lipe, como é carinhosamente
professora, principalmente quando se começou a estudar chamada. Ela foi a primeira professora de praticam ente todas
num a pequena cidade de interior. É assim em qualquer parte as gerações de moradores da cidade. Foi ela quem ensinou a
do mundo, é assim em Ipueira, um a pequena cidade da região ler e a escrever tanto pobres quanto fazendeiros e até os que
Seridó do Estado. Lá, todos conhecem a professora vieram a se tornar políticos na região.
População escolheu
professores do século
C ontando com o apoio dos alunos Tribunal Regional Eleitoral que cedeu
de Pedagogia do CERES, das Secretarias u m a s eletrônicas. Só em Caicó foram
M unicipais de Educação e das Prefeitu cinco mil eleitores. As professoras Na-
ras M unicipais, a professora G rinaura thércia Cunha de Morais, com 104 anos,
tam bém realizou a eleição do Professor recebeu u m a das m aiores votações de
do Século, nos anos de 2001 e 2002. Essa Jardim do Seridó. Ao longo do seu pro
foi u m a m aneira de envolver a com uni jeto, a professora Grinaura Medeiros con
dade n a sua pesquisa, despertando o in seguiu resgatar curiosidades e histórias
teresse pela história de vida dos profes em ocionantes desses profissionais.
sores, que contribuíram p ara a constru São os exemplos tam bém do profes
ção da própria história das cidades. Em sor Juvenal Medeiros, que construiu a
cad a cidade foi realizada a eleição do primeira escola de São Fernando e a pro
seu professor do século. fessora M aria Calixto de Medeiros, que,
Foi grande a euforia d a população voluntariam ente, dava aulas no chão de
com a escolha do professor do Século, sua cozinha para crianças carentes em
p rincipalm ente nas escolas, cujos alu Jardim de Piranhas. Um trabalho valio
nos e educadores, além das famílias dos so que aco m p an h a os alunos durante
professores envolvidos e diretores de to d a vida. Mesmo sem te r o m erecido
escolas prestaram grande contribuição reconhecim ento da sociedade, o m aior
n a indicação, escolha e divulgação dos prêm io dessas professoras sem pre foi e
candidatos. ainda continua sendo a satisfação de ver
As eleições tiveram a colaboração do o sucesso dos seus alunos.
Um dos maiores nomes da historiografia brasileira Assim é de maio de 1873, que foi advogado, jornalista, bibliotecário e autor
definida, por intelectuais e admiradores, a figura de Rodolfo Augusto de várias obras, as quais, ainda hoje, são importantes referências
de Amorim Garcia, um potiguar nascido em Ceará-Mirim, no dia 25 para estudantes e pesquisadores no Brasil e no mundo.
ARTIGO
A Biblioteca "Rodolfo
Garcia"
Quando cheguei ao Rio e
fui visitá-lo, Rodolfo Garcia
já tinha 73 anos de idade.
Quem me levou até ele foi
Josué Montello, que era seu
sucessorna direçãodaBiblio
teca Nacional.
Quissabertudo a meu res
peito eficou surpresoquando ■ I I 1
falei sobresua atuação como
DiretordoMuseu HistóricoNacionaleda BibliotecaNa
cional; equando lhefalei com entusiasmo sobreo Ceará-
Mirim, um vale seu e de Nilo Pereira.
Adiantei-lhe então que eu estava ingressando numa
geração dos jovens nordestinos nômades, que emigra
vam de suas terras secas lá no Nordeste para virem ba
talharpor um lugarao sol, na selvadasgrandes cidades.
ComeleeNilo, eu me incorporava também à mesma ca
tegoria dos desterrados de sua terra natal, ao sentirem-
se irmanados naqueleexílioenum acendradoamorpelo
Rio Grande do Norte e pelo Nordeste.
Váriosanosantes, em 1934, Rodolfojá seelegera, com
vinte votos, para aAcademiaBrasileiradeLetras, na Ca
deira n°.39, tendo Vamhagen como seu Patrono e tendo
outros três historiadores, OliveiraLima,AlbertodeFaria
e Rocha Pombo, como seus antecessores, além de Elma-
no Cardim, OttoLaraResende, RobertoMarinho eMarco
Maciel como seus sucessores. Sala principal da Academia
Eraàprimeira vista, um homemfrio efechado, de trato Brasileira de Letras, cuja biblioteca
difícil, ríspido e quase rude. Parecia estar sempre com tem o nome de Rodolfo Garcia
raiva numa zanga agravada por duas rugas verticais
que acompanhavam o seu nariz de alto a baixo. MATÉRIA PUBLICADA DIA
Mas nem por isto era menor opoder de sua lideran 17/04/2005 ■CAPA DO MUITO
ça sobre uma das mais ilustres gerações de mestres bra O POTI ■ ATUALIZADA
sileiros - Capistrano deAbreu, Afonso Celso, João Ribei
ro, OliveiraViana, BarbosaUmaSobrinho, PedroCalmon,
AjrânioPeixoto,Afonso Taunay, PauloSetúbal, ViriatoCor
reia, Miguel Osório e OctávioMangabeira - reunidos na
"Academia Garciana",que levavaoseu nome. Eles todos ARTIGO
compunham um grupo de sábios, que conheciam todos
os segredos da história brasileira e da língua portugue
sa, sabendo-os de cor e salteado.
Chegando àAcademia Brasileira deLetras, em 1999, Rodolfo Garcia
sessentaecincoanosdepois, quiseramosdesígniosdodes
tino que eu, como acadêmico, recebesse a honrosa mis Rodolfo Garciaproporcionou, com oEnsaio sobre a Histó de rodapé erros e imprecisões dos
são de construira suaBibliotecaPública - com 60mil li ria política e administrativa do Brasil (1500-1810), editado autores - um conjunto de operações
vros e uma Sala de Vídeo-Conferência, em 1.300 metros pela primeira vez em 1956, um apoio seguro para os pesqui que nos permitem hoje consultar
quadrados - toda computadorizada, climatizada esono sadores do passado colonial brasileiro. Essa, contudo, é so com segurança livrosfundamentais
rizada, sendo hoje, modéstia a parte, a mais moderna mente a parte mais visível de uma longa atividade realizada para o conhecimento do nossoperío
biblioteca brasileira. de modo silencioso e obscuro, naquela especialidade que os his do colonial, como, para lembrar os
Após três anos de muitas lutas e esforços, ela será toriadores chamam de erudição histórica. Filiadoà linha prin mais conhecidos, Tratado da terra e
inaugurada no próximo dia 20 dejulho, quando aAca cipal da erudição brasileira, que vem de Varnhagem e passa da gente do Brasil e Diálogo das grandezas do Brasil. Embora
demia Brasileira de Letras estará comemorando o seu por Capistrano de Abreu, Rodolfo Garcia, ao partir do Recife não se dedique a teorizações, nem a interpretações dos fatos
108°. aniversário defundação. com destino aoRio deJaneiro, em 1914,já havia escritoNomes históricos (paraa EscolaMetódica a que seestava ligado, a pri
Equis o destino também que eu tivesse condições de de aves em língua tupi e levava consigo o seu Dicionário de meirafase do conhecimento histórico, a erudição, excluía a ta
exigir, como contrapartida de tanto trabalho, que essa brasileirismos. Merecem destaque, mais que a História políti refa interpretativa dosfatos), Rodolfo Garcia sabia, aqui e ali,
nossaBibliotecafossebatizada, parasempre, com onome ca e administrativa do Brasil, o trabalho que ele realizou sobre temperar suas narrativas da história política e administrati
de um dos meus antecessores, o inesquecível acadêmico obras fundamentais para o conhecimento do período colo va com fatos pitorescos e sugestivos. A maior das pequenas
e conterrâneo Rodolfo Garcia. nial brasileiro, um trabalho que consistiu em, através da apli alegrias do trabalho devoto do erudito, envergado na solidão
cação de técnicas e conhecimentos especializados, verificar a do convívio com documentos de três ou quatro séculos, era
* M urilo Melo Filho nasceu em Natal/RN,é jornalista, Acadêmico e
D ire to r da Biblioteca Rodolfo Garcia autenticidade das obras e dos textos,fixar a autoria, reconsti encontrar a vida palpitando presa nos papéis velhos.
da Academia Brasileira de Letras(RJ) tuir elementos biográficos dos autores e as circunstâncias dos
* Prof. Depto. História UFRN, Dr. em História Social, USP)
seus escritos, estabelecer a datação precisa, corrigir em notas
DN€D EDUCAÇÃO N aial, dezembro de . 2006.
HISTÓRIA POUCO CONHECIDO DOS POTIGUARES, O HISTORIADORTOBIAS MONTEIRO FOI FIGURA IMPORTANTE,
TENDO SIDO CHEFE DE GABINETE DO PRESIDENTE CAMPOS SALES E SECRETÁRIO DE RUI BARBOSA
Um historiador muito
à frente de seu tempo
VALÉRIA CREDIDIO
DA EQUIPE D O D IÁ R IO DE NATAL
Quem passa pela rua Historiador Tobias Monteiro, no bairro de Campos Sales e foi secretário particular e amigo de Rui Barbosa.
Lagoa Nova, não faz idéia da importância que este potiguar tem na "Um nome permanente na história do jornalismo brasileiro e na
história brasileira. Figura pouco conhecida do grande público, galeria mais alta dos historiadores", ressaltou Luiz da Câmara
Tobias Monteiro foi jornalista, senador pelo Rio Grande do Norte, Cascudo, em depoimento publicado, juntamente com tantos
ocupou cargos de confiança do então presidente da República outros, na coletânea de Augusto Medeiros e Nestor Santos lim a.
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DN EDUCAÇAO 14 ANOS
Editado pela primeira vez em agosto de 1992, o DN Educação foi pioneiro no Brasil e no m undo ao publicar u m caderno destinado
especialmente à causa da educação e à m elhoria da qualidade do ensino no Rio Grande do Norte. Nessa trajetória de 14 anos, o
compromisso com a educação foi a nossa batuta,o nosso leste, m erecendo o reconhecimento, a nível nacional, de autoridades
ligadas à educação, bem como de instituições que trabalham n a defesa dos direitos da criança e do adolescente, como o
UNICEF, Instituto Ayrton Senna e Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) e Fundação Abrinq para os Direitos da
Infância, através de vários prêmios conquistados.
Isso é o reconhecimento de um trabalho que começou com a jornalista Ana Maria Cocentino Ramos, prosseguiu com
Eugênio Parcelle e agora continua com os jornalistas Francisco Francerle, Valéria Credidio e Adriana Amorim que
formam a editoria de Educação do Diário de Natal.
Desde o ano passado, o DN Educação tem publicado edições temáticas sobre assuntos ligados à educação, cultura e
história do Rio Grande Norte que têm gerado grande repercussão, devido ao ineditismo o à profundidade do tem a
abordado. Foi assim com as duas edições dos "Museus do RN", a publicação sobre "Nísia Floresta Brasileira
Augusta", "A escravidão africana no RN", "Os festejos juninos" e “O sertão virou sala de aula”, num a
reconstituição da viagem de Cascudo pelo sertão potiguar em 1934.
Essas edições pretendem ampliar a discussão sobre os temas propostos, tanto a nível
acadêmico quanto em sala de aula, junto aos alunos do Ensino Fundamental e Médio. A
idéia é que sirvam mesmo de ferramenta de trabalho, como aconteceu com a EjD O CAÇiiO i
edição de "Nísia Floresta" que foi adotada como principal fonte
de pesquisa pela Fundação Assis Chateaubriand e
Fundação Banco do Brasil em recente concurso de
redação para todo o país. Além das secretarias de
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Educação do município e do Estado que têm mi
utilizado as edições como material pedagógico.
EDUCAÇAO â
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Os jornalistas Francisco Francerle, Silvana Belkiss,
Valéria Credidio e Adriana Amorim trabalharam nas
edições temáticas do DN Educação