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Saúde do Idoso
Princípios, Abordagens e Implicações
do Envelhecimento Humano
Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
Princípios, Abordagens e Implicações
do Envelhecimento Humano
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer o perfil do idoso e seu processo de evolução social, além de perceber o idoso na
sociedade contemporânea.
UNIDADE Princípios, Abordagens e Implicações do Envelhecimento Humano
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O envelhecimento é um processo complexo, cujas alterações vivenciadas durante
a trajetória de vida causam interferência na maneira individual do sujeito. Assim,
as particularidades irão influenciar no estilo de vida de cada um, e, com isso, a
repercussão do envelhecer é compreendida pelos idosos de diferentes maneiras, a
considerar a história e o estilo de vida, as redes sociais, a disponibilidade de suporte
afetivo e os valores entendidos por eles como importantes para a qualidade de vida
(FREITAS; QUEIROZ; SOUSA, 2010).
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No Brasil, esse processo fica mais evidenciado a partir de meados do século pas-
sado, dando-se de forma rápida, expressiva e progressiva, com alterações severas
em curtos espaços de tempo. Esse fenômeno provoca transformações expressivas na
estrutura etária da população, com relevantes impactos estruturais para indivíduos,
famílias e sociedade.
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O Brasil, com toda mudança advinda do perfil demográfico populacional, vem
adquirindo características específicas que o tornará um país de pessoas envelhecidas.
Um aspecto que ganha destaque no que tange a transição demográfica é o elevado
índice da população feminina, se comparada à população masculina. Esse cresci-
mento da população idosa brasileira pela variável sexo vem ocorrendo de maneira
mais acentuada em um recorte temporal entre os anos de 1960 e 2000, principal-
mente, a partir dos anos 1980. A predominância do sexo feminino nesse grupo
populacional pode ser visualizada também no cenário internacional, dando origem
ao termo “feminização da velhice”.
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O elevado índices de doenças crônicas faz com que os idosos sejam dependentes
de medicamentos e procurem auxílio médico com mais frequência, porém, essas
condições podem ser fatores que não limitam a qualidade de vida quando tratados de
maneira adequada. Ao terem empoderamento frente a essas doenças, muitos idosos
levam uma vida independente e produtiva. A ausência de doença é uma premissa
verdadeira para poucos. Nessa perspectiva, envelhecer, para a maioria, é conviver
com uma ou mais doenças crônicas. O conceito de envelhecimento ativo pressupõe
a independência como principal marcador de saúde e a capacidade funcional surge,
portanto, como um novo paradigma de saúde, o que corrobora para com um enve-
lhecimento ativo na sociedade contemporânea.
O número de idosos no mundo teve seu maior avanço em meados do século XX. Em
1950, a população idosa nos países em desenvolvimento era cerca de 108 milhões, e
no ano de 2013 esse número se tornou cinco vezes maior, sendo composto por 554
milhões de idosos.
É estimado que, em 2025, o Brasil será o sexto país com maior número de ido-
sos, alcançando cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Em 2050, as
crianças de 0 a 14 anos representarão apenas 13,15% dos indivíduos, ao passo que
a população idosa alcançará os 22,71% da população total. (IBGE, 2012)
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Figura 3 – Pirâmide etária brasileira
Fonte: Adaptado de IBGE, 2019
A qualidade de vida da população idosa está ligada a elementos que não se restrin-
gem apenas aos aspectos físicos, estendendo-se aos psicológicos e sociais. O bem-
-estar físico e mental, a inserção social, bem como a produtividade e uma boa estru-
turação familiar cooperam fortemente para um envelhecimento saudável (SPOSITO;
NERI; YASSUDA, 2016).
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Os idosos estão cada vez mais inseridos na tecnologia digital, e para aprimorar seu conheci-
mento acerca dessa temática, o vídeo a seguir elucida o empoderamento digital por pessoas
idosas. Disponível em: https://youtu.be/i1feIpV3QlI
É possível envelhecer e ainda se sentir feliz, saudável? O filme a seguir mostra histórias de
pessoas que passaram dos 60 anos, moram em uma instituição de longa permanência e ain-
da assim têm seus momentos felizes, não deixaram de viver, nem sonhar, praticam ativida-
des, passeiam, dançam, namoram, têm suas visões sobre a vida e mostram como ter um bom
envelhecer. Assista ao vídeo e amplie seu conhecimento sobre o processo de envelhecimento.
Documentário Feliz Idade! Disponível em: https://youtu.be/BPQcOjN9cpo
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A Pessoa Idosa como Sujeito de Direitos
Em 1982, a Organização das Nações Unidades (ONU) organizou a Assembleia
Mundial sobre o Envelhecimento, da qual resultou o “Plano Internacional de Ação
sobre o Envelhecimento”, aprovado pela Assembleia Geral por meio da resolução
37/51, de 03 de dezembro de 1982.
Amplie seu conhecimento assistindo ao vídeo “Saiba mais sobre os direitos dos idosos”
Disponível em: https://youtu.be/L7-rAFiSCMc
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O SUS foi resultado de uma política social e universal, que tem a Constituição
Federal e as Leis nº 8.080 e nº 8.142, ambas do ano de 1990, como sua base
jurídica,constitucional e infraconstitucional (BRASIL, 2007).
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Porém, mesmo com esses avanços no campo de saúde, apenas no ano de 1994
foi instituída uma política nacional destinada para a pessoa idosa. Foi aprovada a Lei
nº 8.842/1994, que estabelece a Política Nacional do Idoso (PNI), posteriormente
regulamentada por meio do Decreto Nº 1.948/96.6, dando início ao Conselho Na-
cional do Idoso. Essa Lei visa garantir direitos sociais que corroborem para a promo-
ção da autonomia, a integração e a participação de maneira efetiva à pessoa idosa
na sociedade, de modo a desempenhar sua cidadania (BRASIL, 1997).
Assim, foi estabelecida a idade de 60 anos ou mais para um indivíduo ser conside-
rado idoso. Como elemento das estratégias e diretrizes dessa política, ganha ênfase a
descentralização de ações, estreitando laços com os Estados e municípios, em parce-
ria com entidades governamentais e não governamentais. A Lei aponta determinan-
tes aspectos, tais como: assegurar à pessoa idosa todos os direitos de cidadania, com
a família, a sociedade e o Estado como os responsáveis em garantir sua participação
no meio social, proteger sua dignidade, bem-estar e direito à vida (BRASIL, 1994).
Respaldado pela Lei, o idoso não deve sofrer discriminação de nenhuma natureza,
bem como deve ser o principal ator e o destinatário das mudanças indicadas por essa
política. E, por fim, é obrigação dos poderes públicos e da sociedade em geral a aplica-
ção dessa lei, ponderando as diferenças sociais e econômicas, bem como as regionais.
No ano de 2003, entra em vigor a Lei nº 10.741, que aprova o Estatuto do Idoso,
que surge com a finalidade de regular os direitos assegurados aos idosos. O Estatuto
corrobora os princípios que orientaram as discussões sobre os direitos humanos da
pessoa idosa. Este documento aponta os direitos fundamentais do idoso relacionados
à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, a alimentos, saúde, educação, cultura,
esporte e lazer, profissionalização do trabalho, previdência social, assistência social,
habitação e ao transporte. Ademais, discorre sobre medidas de proteção, política de
atendimento ao idoso, acesso à justiça e crimes (BRASIL, 2003).
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Nesse mesmo ano, foi realizada a I Conferência Nacional dos Direitos da Pes-
soa Idosa, em Brasília, a qual visou garantir e ampliar os direitos da pessoa idosa e
construir a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006).
Mesmo com direitos conquistados, o idoso pertence aos chamados grupos minori-
tários ou grupos vulneráveis (mulheres, indígenas, imigrantes, crianças e adolescentes,
idosos, população em situação de rua, pessoas com deficiência ou sofrimento mental
e comunidade Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros.
Maia (2011), por sua vez, aponta que vulnerabilidade se refere tanto a um grupo
de indivíduos incapazes de exercer sua liberdade de expressão por uma contingên-
cia física ou como consequências de sua trajetória de vida, como a grupos também
incapazes por consequências sociais ou políticas. Desse modo, assistir à pessoa vul-
nerável significa assegurar-lhe proteção de vida para além da proteção de sua inte-
gralidade moral, dignidade humana e autonomia.
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lesões, fortemente relacionadas com alterações ambientais), sendo suas manifesta-
ções vivenciadas de forma distinta pelo ser humano.
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BIOLÓGICO
(físico)
SOCIAL
PSICOLÓGICO (relacional)
(mental) (ambiental)
ESPIRITUAL
(fé)
Por isso, é fundamental que o idoso seja assistido por uma equipe multiprofissio-
nal zelando por cuidados específicos, além do elo com familiares, pessoas próximas
ou cuidadores, caso esse idoso seja pertencente a instituições de longa permanência,
pois, aliado a casos de depressão, pode-se encontrar a solidão como um fator que
tem em sua essência o desencadeamento de sentimentos negativos, o que corrobora
com a diminuição da qualidade de vida, agravando ainda mais os quadros de tristeza,
depressão e distúrbios mentais.
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Figura 7 – Idosos e atividade física
Fonte: Getty Images
Outro aspecto que merece um olhar específico é que, com o avanço da idade, os
idosos diminuem suas redes de relações sociais, o que corrobora com os aspectos
de solidão, depressão e isolamento social, gerando assim, agravos no processo de
envelhecimento.
O Ministério da Saúde preconiza a atenção com a saúde da pessoa idosa, bem como aspec-
tos de prevenção e promoção à saúde integral a esse grupo populacional.
O site a seguir evidencia pontos importantes sobre o idoso nos pilares da saúde pública
nacional. Disponível em: https://bit.ly/3mC1vDj
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
A atenção multidisciplinar junto a idosos Institucionalizados
https://youtu.be/NYOiVAOTFeo
Saúde dos idosos: qualidade de vida não é uma questão de idade
https://youtu.be/rjEsW504ryA
Idosos na Sociedade (Documentário: O Lugar do Idoso na Sociedade)
https://youtu.be/s1mdB4gD0rw
Como Envelhecer?
https://youtu.be/zcj5DVTciIw
Leitura
O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil
https://bit.ly/37OYIlT
Ações multidisciplinares/interdisciplinares no cuidado ao idoso com Doença de Alzheimer
https://bit.ly/3mtKrzi
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Referências
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Legislação estruturante do
SUS. Brasília, DF, 2007. (Coleção Pro gestores - Para entender a Gestão do SUS, 12).
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Sites Visitados
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE (2012). Perfil
dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil 2000. Disponível em: <http://
ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000>. Acesso em: 11/08/2020.
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