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FUNDAMENTOS BÁSICOS

DO SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)
FUNDAMENTOS BÁSICOS
DO SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)
GOVERNO FEDERAL

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL,


BY NC ND
FAMÍLIA E COMBATE À FOME
Todo o conteúdo do curso Fundamentos Básicos do Sistema Único de
SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Assistência Social (SUAS), da Secretaria Nacional de Assistência Social, do
Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate
DEPARTAMENTO DE GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE à Fome do Governo Federal - 2023, está licenciado sob a Licença Pública
ASSISTÊNCIA SOCIAL Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0
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Siglas
NOB-RH/SUAS - Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do
BPC - Benefício de Prestação Continuada Sistema Único de Assistência Social
CadSUAS - Cadastro do Sistema Único de Assistência Social ONGs - Organizações Não Governamentais
CadÚnico - Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal OSC - Organização da Sociedade Civil
Centro POP - Centro de Referência Especializado para População em PAEFI - Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
Situação de Rua PAF – Plano de Acompanhamento Individual ou Familiar
CFESS - Conselho Federal de Serviço Social PAIF - Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
CIT - Comissão Intergestores Tripartite PBF - Programa Bolsa Família
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho PcD – Pessoa com Deficiência
CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
CNEAS - Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social PNAS - Política Nacional de Assistência Social
CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente PNEP - Política Nacional de Educação Permanente
CRAS - Centro de Referência de Assistência Social PSB - Proteção Social Básica
CREAS - Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social PSC - Prestação de Serviços à Comunidade
CRESS - Conselho Regional de Serviço Social PSE - Proteção Social Especial
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos RF - Responsável Familiar
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente RMA - Registro Mensal de Atendimento
ESF - Estratégia Saúde da Família SAGICAD -Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único
IAPs - Institutos de Aposentadorias e Pensões SCFV - Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística SEAS - Serviço Especializado de Abordagem Social
IGD - Índice de Gestão Descentralizada SGD - Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social SICON - Sistema de Condicionalidades do Programa Bolsa Família
LA - Liberdade Assistida SISC - Sistema de Informações do Serviço de Convivência e Fortalecimento
LBA - Legião Brasileira de Assistência de Vínculos
LGBTQIAPN+ - Lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais e travestis, queer, SIS Acessuas - Sistema de Acompanhamento do Programa de Promoção
interssexo, assexuais, panssexuais, não-binário do Acesso ao Mundo do Trabalho
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social SNAS - Secretaria Nacional de Assistência Social
NIS - Número de Identificação Social SUAS - Sistema Único de Assistência Social
NOB/SUAS - Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social SUS - Sistema Único de Saúde
Sumário
MÓDULO 1
1. A política de assistência social no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1 A relação Estado, políticas sociais, direitos sociais e assistência social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 História da assistência social no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3 A consolidação atual da política de assistência social brasileira: bases legais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
A política de assistência
MÓDULO 1 social no Brasil
Neste módulo, estudaremos as bases conceituais
da política de assistência social no Brasil, com
enfoque na relação da sociedade, Estado e
assistência social. Sobre isso, será apresentado
um apanhado histórico que nos leva desde a
época em que apenas existiam conceitos como
“caridade” e “filantropia” para a atual, na qual
existem políticas públicas e também o SUAS.
Esses são amparados por leis e pelo Estado, que
serão melhor explicados por último.

1.1 A relação Estado, políticas sociais, direitos


sociais e assistência social
Neste curso, no qual se faz uma introdução ao
Sistema Único de Assistência Social, o SUAS,
entende-se que é importante explicar que
sua existência se deve a uma sólida estrutura
política e institucional que, ao longo das últimas
décadas, se estabeleceu no Brasil.

Ao SUAS cabe a gestão e a execução da política de


assistência social no Brasil. A política
de assistência social foi prevista na Constituição
Federal de 1988. Essa inserção na Constituição
é um marco, pois o Estado assumiu
definitivamente, e como protagonista, a função
de executar a política social nessa área, o que
antes não acontecia com a mesma relevância. Constituição Brasileira. Foto: © [Appreciate] / ShutterStock.

7 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


O Brasil é um Estado nacional, estruturado politicamente como Uma delas é a Lei Orgânica de Assistência Social, a LOAS
uma República e organizado administrativamente entre entes: (publicada pela primeira vez em 1993 e alterada em 2011).
os municípios, os estados, o Distrito Federal e a União. A LOAS define a assistência social da seguinte forma:

A União se expressa no governo federal, os estados nos governos “[...] a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado,
estaduais, e os municípios nos governos municipais. Colocar é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os
um sistema como o SUAS em operação no país requer definir mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de
responsabilidades entre esses entes, estabelecer fluxo de práticas, iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às
de financiamento e conexões entre os envolvidos. União, estados, necessidades básicas.” (BRASIL, 1993, p. 1).
municípios e Distrito Federal são responsáveis, conjuntamente,
por garantir a oferta de serviços, programas, projetos e A partir da intenção de refletir com você, cursista, o lugar
benefícios socioassistenciais na política de assistência social. Isso ocupado pela assistência social na vida dos brasileiros,
tudo a partir de concepções e ideias que direcionam o papel do serão abordados conceitos que estão presentes na definição
Estado e as ações em uma área, no caso, a assistência social. da assistência social como uma política social e que são
relevantes também para conhecer o SUAS. No momento, foram
escolhidos alguns deles para discussão. São conceitos que estão
SAIBA MAIS profundamente relacionados, como: Estado, política social,
Para compreender melhor o que é o Estado, acesse o direitos e, considerando a política de assistência social, conceitos
vídeo elaborado pela Escola de Governo da Câmara dos como proteção social, necessidades, riscos e vulnerabilidades
Deputados no canal Câmara Escola, disponível em: sociais. São conceitos importantes no cenário da política social,
https://youtu.be/P_X1zNTTGww. mas também relevantes na vida cotidiana dos serviços onde
atuam os profissionais da assistência social.

A constituição prevê direitos que serão instituídos a partir


da publicação de leis e normas que tratarão dos assuntos
especificamente, devendo contemplar as formas como esses
República
direitos chegarão à vida real dos cidadãos. Na assistência social,
República se refere a estrutura política do Estado voltada aos interesses e aspirações do
esse papel é feito por algumas legislações. público, dos cidadãos. São valores republicanos: “[...] o respeito às leis, o respeito ao bem
público e o sentido de responsabilidade no exercício do poder” (OLIVEIRA, 2003 p. 128).

8 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


O ponto de partida é que falar de políticas sociais, entre elas a
assistência social, é falar da forma como o Estado desenvolve suas
funções na sociedade, principalmente com o aprofundamento
da democracia. O Estado tem o monopólio de certas atividades e
decisões da vida em sociedade. É uma espécie de “pessoa artificial”
formada por uma combinação de outros agentes.

SAIBA MAIS
Quando se fala em democracia, o que vem à sua mente?
Assista o vídeo elaborado pela Escola de Governo da Câmara
dos Deputados no canal Câmara Escola, disponível em:
https://youtu.be/1sT7ZCkxolw.
As políticas sociais expressam um compromisso do Estado de
prover a sociedade de bens públicos que são levados à condição
As políticas sociais ao longo da história se consolidaram como de direito, como educação, habitação, saúde, assistência social,
uma forma de reconhecer, regularizar e difundir os direitos saneamento básico, entre outros. As políticas sociais devem
sociais. O Estado geralmente faz esse reconhecimento no representar os interesses da sociedade. Assim, existirá,
sentido de buscar uma coesão entre os diferentes interesses e por parte do Estado, um olhar e uma intervenção sobre
conflitos que estão presentes nas relações sociais. necessidades legítimas, que representam temas de interesse
comum, a fim de dar condições de cidadania à população
Ao longo da história, as políticas sociais, assim como os (NETTO, 2011; BRASIL, 2013a).
direitos que elas vão materializar na vida dos cidadãos,
podem ser entendidas como resultado de manifestações
reivindicatórias. Reivindicações, lutas, manifestações não são
algo necessariamente ruim ou negativo. Quando falamos de
Cidadania
Estado democrático, o conflito e, ao mesmo tempo, o diálogo
A cidadania pode ser entendida como um status que garante direitos civis, políticos e
entre sujeitos com posições distintas é esperado; e dele, na sociais aos indivíduos, assim como o “direito de ter direitos” e o acesso à vida no sentido
interlocução com as diferentes esferas de governo, espera-se a pleno. Está ligada aos princípios de igualdade e liberdade (FERREIRA; FERNANDES, 2018).
elaboração de propostas e caminhos para a vida pública.

9 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


SAIBA MAIS
Complete o conceito de cidadania com a poesia “Os
Estatutos do Homem”, do amazonense Thiago de Mello,
declamada no vídeo que está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=XylbBRdiRdI.
1 Concretizar direitos conquistados pela sociedade e
incorporados às leis.

2
Alocar e distribuir bens públicos que o Estado deve prover e
garantir acesso sem que as pessoas precisem apresentar algum
Para que os direitos alcancem a vida real da população, é preciso tipo de “mérito”.
que se expressem em garantias formais inscritas na lei. Mas,
para além disso, o direito é uma espécie de linguagem que dá
visibilidade a temas ou questões importantes da existência das
pessoas e dos diferentes atores sociais. Por isso, o direito deve As políticas sociais são formas de intervenção em diferentes
acompanhar as mudanças sociais. áreas que têm ligação umas com as outras, como a saúde,
educação, trabalho, moradia, entre outras. Para isso, o Estado
busca organizar uma complexa rede de recursos envolvendo as
GESTÃO EFETIVA esferas administrativas (União, estados, municípios e Distrito
Nessa direção, é importante ressaltar que a conquista de direitos Federal) que vão compor um sistema de proteção social.
depende do comparecimento dos sujeitos (indivíduos ou Para isso, precisam estabelecer estratégias visando adequar
coletivos/grupos) nos espaços de participação onde a recursos para as finalidades estabelecidas. Segundo Nogueira
política pode se expressar e se elevar para a formulação e (2020), em termos de recursos para as políticas sociais e os
gestão das políticas sociais (associações, conselhos, sindicatos, serviços que elas vão efetivar (escolas ou unidades de saúde,
fóruns, conferências, assembleias, órgãos de representação, por exemplo),é possível pensar em algumas dimensões:
entre outros) (TELLES, 1999).
Dimensão legal: legislação, normativas, portarias etc.
Dimensão organizativa: instalações físicas, regulamentos,
Assim, de acordo com Pereira (2008), as políticas sociais têm equipamentos, material de consumo.
duas principais funções: Dimensão técnico-operativa (trabalhadores): quadro técnico-
operativo e administrativo, especialistas, assessores, etc.
Dimensão fiscal: recursos financeiros.

10 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Em síntese, um sistema de proteção social, segundo Lavinas, A noção de direito de cidadania afasta a ideia de que o Estado
esteja “doando” ou “concedendo algo”. A intervenção do
“[...] é formado por um conjunto diverso de políticas ou Estado “está fazendo jus, justiça”, direito em face de suas
intervenções diretas ou indiretas, cujo objetivo é reduzir riscos e responsabilidades sociais com os cidadãos. Desse modo, é
vulnerabilidades, com base em direitos, garantindo importante lembrar que a assistência social é marcada ao longo
seguranças.” (2006, p. 254). da história pelas ideias de “favor”, “caridade”, “ajuda”. Quando
passa a ser tratada como direito,
Portanto, as políticas sociais vão estabelecer formas de proteger
os cidadãos dos riscos de não ter suas necessidades atendidas “[...] a política de assistência social torna-se pública, não por que
e das vulnerabilidades nas diferentes fases da vida e em áreas é realizada por um órgão público ou estatal, mas por reconhecer
distintas de cidadania. A partir dessa afirmação, é interessante que superar uma dada necessidade é do âmbito do dever do
refletir sobre alguns conceitos importantes que ela contém. Estado e não uma concessão de mérito eventual face a uma
fragilidade de um indivíduo.” (BRASIL, 2013a, p. 21-22).
O que pode ser considerada uma necessidade?
Pereira (2008) defende um conceito de necessidades humanas E como podemos compreender melhor as ideias de proteção social e
que apoia uma reflexão sobre o papel das políticas sociais. Para riscos sociais?
ela, as necessidades são aquelas que, se não forem satisfeitas, Segundo Sposati (2009), proteção se refere a impedir que
podem provocar sérios prejuízos à vida material e à autonomia ocorra uma destruição. Ela está ligada às ideias de preservar,
do ser humano. Nessa direção, as políticas sociais vão ser agir antecipadamente, desenvolver ações para evitar algum
formas de intervenção do Estado em áreas que têm muita malefício. Isso tudo implanta a preocupação de agir antes de
importância para a vida de forma concreta e para a participação situações negativas já instaladas, isto é, quando já ocorreu
ativa das pessoas na sociedade (saúde, habitação, assistência uma desproteção.
social, educação, entre outras).

No caso da assistência social, o campo de


responsabilidades do Estado está dirigido ao direito à
proteção social fundado na cidadania.

11 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


“Uma política de proteção social contém o conjunto de direitos
civilizatórios de uma sociedade e/ou o elenco das manifestações
e das decisões de solidariedade de uma sociedade para com todos
os seus membros. É uma política estabelecida para preservação,
segurança e respeito à dignidade de todos os cidadãos.”
(SPOSATI, 2009, p. 22).

Nesse sentido, o foco da assistência social está relacionado à


proteção social:

“A proteção social de assistência social se ocupa das vitimizações,


fragilidades, contingências, vulnerabilidades e riscos que o cidadão,
a cidadã e suas famílias enfrentam na trajetória de seu ciclo de vida,
por decorrência de imposições sociais, econômicas, políticas e de
ofensas à dignidade humana.” (BRASIL, 2005a, p. 89).

A proteção social em sociedades organizadas pelo capitalismo,


como a nossa, ganha maior importância quando se fala dos
riscos relacionados ao trabalho. O risco é uma marca do
capitalismo, que tornou o trabalho assalariado central nas
relações econômicas das famílias.

Capitalismo
O capitalismo, ou sistema capitalista, é resultado de um processo histórico. É o sistema
econômico vigente no mundo todo. Sua essência está em difundir um mercado de
compra e venda de bens, serviços e do próprio trabalho humano (força de trabalho),
objetivando o lucro da classe dominante. O sistema capitalista é hegemônico no mundo
exatamente por estabelecer influência em todos os campos das relações e da vida social.

12 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Se considerarmos as imposições econômicas, a dependência das Riscos sociais dizem respeito a um campo de probabilidades.
pessoas do trabalho assalariado promove uma generalização Ou seja, referem-se às chances de as pessoas viverem situações
de riscos sociais. Isso ocorre porque o trabalhador, para a ou eventos que possam provocar sequelas ou danos negativos
sua própria sobrevivência, fica à mercê de condições sobre as mais ou menos intensos. Por isso, os riscos precisam ser
quais não administra: por exemplo, o mercado de trabalho não pensados. No campo da assistência social, os riscos “[...]
pode garantir a todos alguma renda, nem mesmo um posto de provocam padecimentos, perdas, como privações e danos,
trabalho. A informalidade no trabalho pode ser uma alternativa como ofensas à integridade e à dignidade pessoal e familiar”
(ESPING-ANDERSEN, 2011). Por isso a importância de se falar em (SPOSATI, 2009, p. 30). Estão comumente associados a
risco social. O risco social também trata das situações que, “[...] proximidade ou a efetiva violação de direitos. Expressam-se na:
independentemente da vontade do trabalhador, impossibilitam,
temporária ou definitivamente, o exercício do trabalho e “[...] iminência ou por episódios de violência, abandono,
obtenção da renda ali originada”. São exemplos: “acidentes de negligência, abuso e exploração sexual, situação de rua,
trabalho, a doença, a invalidez, o desemprego involuntário, trabalho infantil, ato infracional, etc.” (HILLESHEIM;
a maternidade ou a velhice” (JACCOUD, 2018, p. 899). CRUZ, 2016, p. 244).

O sistema no qual estamos inseridos afeta a forma como


vivemos. As ações do SUAS, portanto, estão ligadas às
consequências do capitalismo.

SAIBA MAIS
Para aprofundar a compreensão sobre o capitalismo, acesse
o vídeo “Capitalismo: o que é, origem e características”
do canal Brasil Escola, disponível em: https://youtu.be/
Tgcirb4SD14.

13 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Sposati (2009) relaciona alguns fatores importantes
relacionados ao risco social no cotidiano. As manifestações dos SAIBA MAIS
riscos podem ocorrer a partir: A perspectiva de “marcadores sociais da diferença” pode
apoiar a compreensão sobre riscos relacionados à raça,
etnia, gênero, religião e orientação sexual. Acesse o material
Dos territórios onde as pessoas vivem e que podem, por exemplo, submetê-las
elaborado por Márcio Zamboni, disponível em: https://
a segregação espacial. Resulta, por exemplo, em ter dificuldade no acesso aos assets-dossies-ipg-v2.nyc3.digitaloceanspaces.com/
serviços públicos e à infraestrutura da cidade. sites/2/2018/02/ZAMBONI_MarcadoresSociais.pdf.

Dos padrões de coesão e convivência familiar, comunitária e social, que E sobre as vulnerabilidades sociais?
podem resultar em ausência de pertencimento, discriminação, apartação, De forma sucinta, é possível compreender a vulnerabilidade
exclusão, violências. social como a iminência de um risco. A vulnerabilidade social
na área da assistência social diz respeito

Das contingências da natureza, tais como enchentes e desabamentos, que


tornam as populações que vivem em áreas ribeirinhas ou em regiões sujeitas “[...] à precariedade no acesso à garantia de direitos e proteção
a deslizamentos bastante vulneráveis. social, caracterizando a ocorrência de incertezas e inseguranças
e o frágil ou nulo acesso a serviços e recursos para a manutenção
da vida com qualidade.” (CARMO; GUIZARDI, 2018, p. 7).

Da raça, da etnia, do gênero, da religião, da orientação sexual. A vulnerabilidade é uma experiência de “estar suscetível” em
contextos de desigualdade e injustiça social. É a vivência de
desvantagens para conseguir melhorar a qualidade de vida.
Não diz respeito somente à ausência ou precariedade no acesso
Da desigualdade social e econômica do país, que abastece condições para
que os riscos e vulnerabilidades sejam vivenciadas pelas pessoas mais à renda, mas às fragilidades de vínculos afetivo-relacionais e
vulneráveis, como as crianças, adolescentes e jovens, os idosos, pessoas com desigualdade de acesso a bens e serviços públicos. Por outro
deficiências e pessoas que não têm vínculos familiares.
lado, segundo as autoras supracitadas, embora possam viver a
experiência da vulnerabilidade, o ser humano e suas famílias
também podem possuir recursos ou serem apoiados nas
capacidades de mudança de suas condições de vida.

14 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Nessa mesma direção, No quadro abaixo, a partir da revisão anterior, são apresentados
os principais elementos para entender os riscos sociais e a
“Atuar com vulnerabilidades significa reduzir fragilidades e vulnerabilidade social.
capacitar as potencialidades. Esse é o sentido educativo da
proteção social, que faz parte das aquisições sociais dos
serviços de proteção.” (SPOSATI, 2009, p. 35). Riscos sociais Vulnerabilidade social

Bronzo (2009, 174) sugere que trabalhar com vulnerabilidade


é lidar com “[...] diferentes tipos de recursos que as pessoas e Probabilidade de viver situações ou eventos
que possam provocar sequelas ou danos Suscetibilidade para riscos em contextos
famílias possuem e podem mobilizar”. A autora explica que o negativos mais ou menos intensos em de desigualdade e injustiça social.
enfrentamento das condições de vulnerabilidade tem melhor contextos de desigualdade e injustiça social.
resultado quando se qualifica a estrutura de oportunidades,
Vivência de desvantagens para conseguir
quando se fortalecem os recursos e se abastece a busca de Proximidade ou a efetiva violação de direitos. melhorar a qualidade de vida.
autonomia e protagonismo dos indivíduos e das famílias.

Iminência ou episódios efetivos de violência, Ausência ou precariedade no acesso


É importante observar que trabalhar na perspectiva da abandono, negligência, abuso e exploração à renda, fragilidades de vínculos
existência de vulnerabilidades requer um olhar amplo e integral sexual, situação de rua, trabalho infantil, ato afetivo-relacionais e desigualdade de
da situação. infracional, entre outros. acesso a bens e serviços públicos.

“Os problemas e as soluções não podem ser vistos de forma


isolada, nem contidas dentro de um único espaço (família, Neste momento do módulo, propõe-se também falar de agentes
instituições) ou de uma área específica (saúde, habitação, que fazem uma interlocução importante com o Estado na
educação).” (MIOTO, 2000, p. 221). hora de formular e executar as políticas sociais por meio dos
serviços, programas, projetos e benefícios sociais. São agentes
presentes e atuantes, cada um à sua forma, e que também fazem
reivindicações ou pressões importantes e necessárias ao processo
democrático na condução das políticas sociais. Optou-se por
discutir de forma mais organizada sobre o lugar das famílias,
do mercado e das organizações da sociedade civil.

15 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


1.1.1 Agentes interlocutores nas políticas e serviços sociais:
as famílias
É importante destacar que as políticas sociais em todo
mundo raramente dispensam a família no campo da
organização dos serviços sociais. Na Constituição Federal
do Brasil, a família é considerada a base da sociedade e
tem especial proteção do Estado. A Política Nacional de
Assistência Social indica que família é

“[...] um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços


consangüíneos, afetivos e, ou, de solidariedade.” (BRASIL,
2005a, p. 41). As famílias geralmente vivem uma rede de relações e de
trocas entre parentes. O termo ‘rede’ aqui tem sentido de um
Segundo Mioto (2004), a família pode ser entendida como: entrelaçado de relações e de trocas nem sempre diretas ou
lineares; mas também indica atividade de apoio ou proteção.
“[...] espaço constituído de modo contínuo, relativamente Segundo Saraceno e Naldini (2003), quem estiver desprovido ou
estável e não-casual. Em muitas culturas se está na presença tiver essa rede de forma escassa encontra-se mais só e mesmo
de uma família quando subsiste um empenho real entre indefeso ante as exigências sociais e dos riscos sociais:
as diversas gerações, sobretudo quando esse empenho é
orientado para a defesa das gerações futuras. Assim, podemos “[...] está mais exposto aos riscos da pobreza ligados ao
falar da família a partir de sua organização e relações.” desemprego, ou à viuvez, ou à perda dos pais, à falta de cuidados
(MIOTO, 2004, p. 14). e assistência quando doente, ou tem uma velhice difícil, ou se
encontra noutras circunstâncias que exigiriam auxílio (presença
Na assistência social brasileira, a família é uma das de filhos pequenos, incidentes familiares, etc.).” (SARACENO;
“vertentes” de proteção social, o núcleo primeiro de NALDINI, 2003, p. 107).
apoio das pessoas. A partir da centralidade da família,
são concebidos e implementados os benefícios, serviços,
programas e projetos da assistência social (BRASIL, 2005a).

16 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Ao longo da história, criou-se a impressão de que a família é um As famílias, como usuárias da assistência social, podem ocupar
“canal natural” de proteção de seus membros (MIOTO, 2008). espaços de participação social que, a partir da Constituição
As políticas sociais comumente destinam à família certas Federal e da LOAS, constituem a política de assistência social no
funções e papéis fundamentais na hora de organizar o Brasil. Esse tema será desenvolvido no Módulo 2.
funcionamento de serviços e estabelecer critérios de acesso.
Isso se verifica no SUAS, mas também tem uma presença 1.1.2 Agentes interlocutores nas políticas e serviços sociais:
importante em outras políticas como no Sistema Único de o mercado
Saúde (SUS). Basta lembrar que a atenção primária em saúde é As respostas das famílias às necessidades de seus membros podem
baseada na Estratégia Saúde da Família (ESF). ocorrer pelo uso combinado de serviços públicos e privados.
Nas sociedades capitalistas, privilegia-se a autonomia da
economia e o acesso a determinados recursos a partir das trocas
PODCAST mercantis, inclusive a mão de obra ou trabalho humano. Ou seja,
Quando se discute políticas e serviços sociais, é importante predomina a lógica de compra e venda de bens e serviços.
compreender que as famílias têm condições distintas de Como geralmente ocorre a dinâmica de aquisição de bens
oferecer proteção aos seus membros, como abordou-se e serviços no mercado? As pessoas trabalham em troca do
ao discutir vulnerabilidade. A maioria das famílias busca recebimento de seu salário ou remuneração e, a partir deste,
acessar bens e serviços necessários para atender suas adquirem bens e serviços, como alimentação, medicamentos,
necessidades através do trabalho e de salários, assim seguros, habitação, vestimentas, consultas, exames etc. O salário,
como de serviços e benefícios sociais públicos. Por isso, para essas aquisições, depende do emprego, que, por sua vez,
é preciso atenção quando as ações públicas acham depende de um mercado de trabalho. As pessoas geralmente se
importante se dedicar apenas às famílias que já “falharam” inserem no mercado de trabalho segundo o que podem oferecer
ou “faliram” nas suas funções básicas. Daí a importância em termos de educação ou formação, sua experiência e tempo
da atenção às famílias em situação de vulnerabilidade. que podem destinar ao trabalho, por exemplo. Em síntese,
Conforme aumenta a vulnerabilidade, aumenta a exigência uma pessoa geralmente consegue satisfazer suas necessidades
das famílias desenvolverem complexas estratégias de no mercado dependendo da sua renda a partir do trabalho.
relações entre seus membros para sobreviverem
(MIOTO, 2008, 2000; BRASIL, 2005a).

17 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Quando o Estado focaliza suas ações e diminui o campo de
atuação em uma política social, é muito provável que as famílias
assumam mais funções ou a responsabilidade por dispor de
mais recursos para suas necessidades. Isso pode significar mais
trabalho e menor renda para as famílias, pois elas precisarão
assumir mais uma função ou pagar por esse bem ou serviço.
Do seu lado, o mercado pode ampliar seu campo de atuação
e/ou esperar mais famílias (clientes) que o busquem para
adquirir bens e serviços.

Vivemos em uma sociedade que tem a tendência de


mercadorização. Há uma valorização do mercado na regulação
das condições de vida e, muitas vezes, troca-se a valorização
de ter acesso a bens ou serviços como direito público pela
valorização de ter renda para consumir esses bens ou serviços ou
de ter capacidade de “comprá-los”. Nessa direção, ter dinheiro no
bolso para comprar é símbolo de força ou o contrário de fraqueza.
Essa relação com o mercado é um dos eixos das sociedades
capitalistas e recorrentemente estimulada, como quando se ouve
falar do tema privatização. (FRANZONI, 2008; BRASIL, 2013a). Mercadorização
Mercadorização é a pressão por transformar tudo em mercadoria (FRANZONI, 2008;
Quando o Estado defende a privatização de serviços que BRASIL, 2013a).
representam direitos sociais, ele diminui suas funções de Privatização
proteção social e vai apresentar propostas para focalizar o Privatização é tornar o público, privado. Movimentos de privatização tratam de
atendimento. O critério pode ser o de atender grupos de menor mercantilizar os serviços e benefícios sociais (FRANZONI, 2008; BRASIL, 2013a).
renda ou maior risco social, por exemplo.

18 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Contudo, uma maior dependência das soluções através do “[...] é toda e qualquer instituição privada que desenvolva
mercado abastece formas de desigualdades: as famílias de renda projetos sociais com finalidade pública, sem fins econômicos.
elevada têm pouca dificuldade para adquirir bens e serviços Também denominadas entidades privadas sem fins lucrativos,
no mercado, enquanto a imensa maioria será excluída da elas podem ser categorizadas como associações, fundações,
possibilidade de acesso ou terá um acesso irregular ou parcial organizações religiosas e sociedades cooperativas.” (BRASIL,
(ESPING-ANDERSEN, 2011). 2021f, p. 8).

No âmbito das políticas sociais, é interessante ter noção da A LOAS especifica que irão compor a política de assistência
importância da “desmercadorização” dos direitos. Ou seja, é a social e o SUAS as “entidades e organizações de assistência
prestação de um serviço ou bem se aproximar mais da lógica do social”, que são aquelas sem fins lucrativos que prestam
direito ou da independência de relação com o mercado. Segundo atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos
Guilhon (2018), a política de assistência social insere-se em uma pela Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de
perspectiva de desmercadorização: direitos. Dessa forma, elas integram a rede de atendimento do
SUAS, também chamada de “rede socioassistencial do SUAS”.
“[...] pela gratuidade dos seus benefícios e serviços e por não estar
o usufruto dos seus benefícios condicionado a nenhum cálculo A assistência social conta com uma extensa rede de unidades
contratual, atuarial ou contábil. Assim, ela é gratuita e não pertencentes às organizações da sociedade civil. Segundo
contributiva, não tendo nenhum valor mercantil.” (GUILHON, Peres (2011), elas são voltadas para o interesse público, para as
2018, p. 709). demandas sociais.

1.1.3 Agentes interlocutores nas políticas e serviços sociais: “Embora não integrem a administração pública, mantêm gestão
organizações da sociedade civil de recursos para o público com o objetivo de realizar o bem
Na LOAS está definido que a assistência social é uma política comum, são registradas em cartório mediante estatuto social com
que será realizada através de um conjunto integrado de ações de finalidade de atender a população usuária da Assistência
iniciativa pública e da sociedade. É entre as ações de iniciativa Social.” (PERES, 2011, p. 100).
da sociedade que se inserem as organizações da sociedade civil.
O que é uma organização da sociedade civil?

19 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


A participação de organizações da sociedade civil na assistência “[...] contém o conjunto de direitos civilizatórios de uma sociedade
social não é nova. A diferença é que houve uma mudança no e/ou o elenco das manifestações e das decisões de solidariedade de
desenho das políticas públicas, de modo a admitir a parceria entre uma sociedade para com todos os seus membros. É uma política
Estado e sociedade civil. Segundo Oliveira (2003), é importante estabelecida para preservação, segurança e respeito à
estar atento a que as entidades que se dispuserem às parcerias para dignidade de todos os cidadãos.” (SPOSATI, 2009, p. 22).
atuação no SUAS não desenvolvam atividades tendo como direção
realizar a filantropia ou a caridade. Pelo contrário, É preciso ter claro que a assistência social tem como um de seus
objetivos a proteção social, como será trabalhado no Módulo 2,
a possibilidade da participação das parcerias na política mas não se compromete sozinha com esse objetivo.
de assistência social ocorre desde que se disponham a A assistência social participa do processo de proteção social
assumir para si e para suas atividades o caráter público da junto com as políticas de saúde e previdência social, como
política de assistência social. previsto na Constituição Federal a partir da proposta de
“Seguridade Social”, como será abordado na seção 1.3.
As organizações da sociedade civil podem ocupar espaços de
participação social que, a partir da Constituição Federal e da
LOAS, passaram a constituir a política de assistência social no GESTÃO EFETIVA
Brasil. Esse tema será desenvolvido nos Módulos 2 e 3. Apresenta-se, portanto, uma política que é um norte
importante, mas que também é um caminho em construção
De modo geral, destaca-se que a assistência social é uma política (SPOSATI, 2009). Supõe conhecer e enfrentar obstáculos
social operacionalizada pelo Estado e possui um campo específico no percurso e também não desistir da chegada. Entre
de ação: a proteção social não contributiva (sem estar atrelada os obstáculos, é muito comum que na política de
a pagamentos ou contribuições) como direito de cidadania, tal assistência social se fale de um confronto com uma cultura
como está previsto na Constituição Federal do Brasil (1988). conservadora, baseada na filantropia, na caridade, também
em práticas públicas e privadas desarticuladas e descontínuas.
Uma política de proteção social, como é a assistência social, Essa cultura, predominante até a Constituição de 1988, ainda
precisa ser enfrentada em muitos espaços que se ocupam da
assistência social.

20 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Então, considerando a importância de identificar os Caridade no Brasil
fundamentos desses aspectos conservadores, na próxima seção,
abordaremos a história da assistência social no Brasil.

1.2 História da assistência social no Brasil


Instituições religiosas na Europa
A história da assistência social está ligada à própria história
de nosso país e ao papel que o Estado foi ocupando ao longo
do tempo para promover ou não a proteção social dos seus
cidadãos. Prestar assistência abrangeu um conjunto de práticas
muito diferentes que se estruturaram voltadas a determinadas
populações e pela necessidade de atendê-las.

No Brasil, até o início do século XX, o que havia na área Chegada dos europeus no Brasil
de assistência eram ações desenvolvidas por organizações
religiosas ou de iniciativa da sociedade e benfeitores. Veja
que, desse modo, quando falamos de políticas sociais,
especificamente sobre a política de assistência social, estamos
falando de algo recente na história.

Iniciativas sem a participação de governos ou Estado já eram


observadas na Europa ocidental desde os séculos XII e XIII. Padrão de caridade instalado
Os conventos e as instituições religiosas foram os primeiros
locais onde as principais práticas assistenciais se desenvolveram.
Por muito tempo, a Igreja foi a principal administradora da
assistência na forma da caridade (CASTEL, 1998). A caridade está vinculada ao dogma cristão e à história da
salvação, principalmente as chamadas obras de misericórdia.
Ao longo da história, era comum a Igreja estabelecer exigências
à comunidade cristã, que deveria provar sua devoção, ter bons
costumes, cumprir compromissos, etc. (SANGLARD et al., 2015;
DONZELOT, 1986).

21 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


À medida que viver em sociedade se tornou mais
complexo, as formas de assistência também
foram modificando-se. Na Europa,
algumas condições foram importantes para
essas mudanças:

■ O desenvolvimento das cidades.


■ A migração das famílias das
áreas rurais para as cidades e sua
concentração sem suportes
ou planejamento.
■ O trabalho assalariado não se
constituir uma forma garantida de
prover o sustento das famílias.
■ A vida em comunidades menos coesas
em termos de solidariedade.
■ Ausência de políticas de intervenção
do Estado.

Essas foram algumas das condições para que


as práticas de assistência se especializassem
e levassem, por exemplo, à organização de
experiências de entrega organizada de “esmolas”
e à criação de espaços como os hospitais e os
orfanatos (CASTEL, 1998).

Foto: © [PhotoFra] / Shutterstock.

22 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Eram atendidos os que não tinham condição de trabalhar. Assim, como pesquisou Castel (1998), antes de o Estado assumir
Na época eram considerados os “[...] velhos indigentes, crianças funções de proteção social, já existia um campo “social-
sem pais, estropiados de todos os tipos, cegos, paralíticos, assistencial” com formas, regras e agentes importantes na
escrofulosos, idiotas [...]” (CASTEL, 1998, p. 41). E quanto aos sua execução. Além da Igreja, é possível falar da presença da
que podiam trabalhar mas não tinham trabalho? Nos textos filantropia. A filantropia se fundamenta na ideia de “fazer bem
históricos, já no século XIV, os que eram considerados “válidos” ao outro” como um princípio ético, na perspectiva de utilidade
e não trabalhavam (mesmo com ausência de trabalho), social à nação (SANGLARD, 2015).
que não tinham vínculos em uma comunidade, que percorriam
as comunidades em busca de um ofício e/ou praticavam a A filantropia ganha muita força no século XIX, preocupada
mendicância eram definidos como vagabundos. A eles cabia em difundir técnicas de bem-estar e de gestão dos problemas
a repressão policial e o enclausuramento (CASTEL, 1998 apud sociais que eram crescentes. Sua força vem justamente de
DONZELOT, 1986). apoiar ou oferecer diretamente práticas de assistência baseadas
em conhecimentos científicos que também se fortaleceram na
mesma época. No Brasil, a filantropia conviveu e convive com as
práticas de caridade. Porém, ambas não podem ser consideradas
antagônicas, pois se voltavam e ainda se voltam sobre a questões
semelhantes (SANGLARD, 2015).

Relação entre caridade e filantropia

Caridade: Filantropia:
conhecimento médico
vinculada a ideais Questões como pobreza,
cristãos socorro aos pobres, etc. epidemiologia

estatística

23 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Assim, é possível observar que algumas das preocupações que Mudanças importantes aconteceram nos séculos XVIII e XIX.
motivaram práticas de assistência que existem há séculos se Considerando a realidade europeia, nessa época ficou mais
mantiveram nas políticas de assistência contemporâneas, como: evidente uma relação entre as necessidades não atendidas e uma
vulnerabilidade que atingia em massa a população.

■ A necessidade de classificar e selecionar os beneficiários. Essa era provocada pela relação com o trabalho, que sai das
■ Estabelecer um território para desenvolver intervenções. áreas rurais para se estabelecer nas cidades, nas manufaturas,
■ O convívio de diferentes instâncias colocando-se como depois nas indústrias.
responsáveis: religiosas ou laicas, públicas ou privadas,
locais ou centrais em um território.
■ A busca em desenvolver técnicas especializadas
(CASTEL, 1998).

Trabalho no século XIX. Foto: © [Everett Collection] / Shutterstock.

Era um trabalho precário, insalubre, inseguro, que ocupava


todos os membros da família, inclusive crianças. Inicialmente,
prolifera-se sem se comprometer com direitos.

24 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Assim, se antes a assistência se voltava apenas aos indigentes A questão social pode ser definida como processo
incapazes de trabalhar, o trabalho assalariado como principal de pobreza atingindo grandes massas da população
fonte de renda nas sociedades não garantia condições de ao mesmo tempo que cresce o inconformismo dos
subsistência aos trabalhadores e gera uma dupla preocupação “pauperizados” com suas condições de
às sociedades: trabalho e miséria.

É a manifestação, no cotidiano da vida social, das disputas


■ A proliferação do número dos que não trabalham pela entre classe burguesa e classe trabalhadora, e esta passa a
ausência de postos de trabalho. exigir outros tipos de intervenção do Estado, além da caridade
■ A precariedade da situação daqueles que trabalham. e repressão, para os problemas que vivencia: violência,
discriminações, condições precárias de moradia, de saneamento,
entre outras (NETTO, 2011; IAMAMOTO; CARVALHO, 1985).
A vulnerabilidade aparece suscitada pelas condições de trabalho
e renda e pelo enfraquecimento das proteções tradicionais,
antes organizadas principalmente nas funções das famílias e da
comunidade (CASTEL, 1998).

Com o desenvolvimento do capitalismo, o trabalho assalariado


não se constituiu como uma forma absolutamente garantida
de atender as necessidades das pessoas e das famílias, embora
essa fosse uma das suas principais “promessas”. O trabalho
assalariado também nunca chegou a se estabelecer efetivamente
como um direito, embora o Estado, o principal parceiro no
assentamento do capitalismo em diferentes países, assim
também “prometesse”. Classe Burguesa e Classe Trabalhadora
A classe burguesa e a classe trabalhadora são as classes fundamentais em um
As intervenções do Estado vão se organizar preocupadas com o sistema capitalista. A classe burguesa é a que tem a posição de dominação por ser a
proprietária e controladora de meios de produção, das matérias-primas e do capital
agravamento da questão social. financeiro. A classe trabalhadora detém a própria força de trabalho. Ambas disputam
o processo de hegemonia na vida social.

25 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


O Estado se estabelece no campo da assistência para tentar Mesmo na forte presença dessas ideias, a mobilização e a
neutralizar os prejuízos da “questão social”. organização da classe trabalhadora foram cruciais para
gerar uma tensão quanto ao papel do Estado, no sentido de
A intervenção do Estado não ocorre inicialmente na assumir o dever de realizar ações sociais de forma planejada,
perspectiva do direito ou de resolver a “questão social” sistematizada e com caráter de obrigatoriedade. Essa garantia
na sua origem. Isso não poderia ser o foco, pois o Estado de ação do Estado pode ser observada na Europa mais
busca estabilizar a ordem social em favor da nitidamente no final do século XIX.
classe dominante.
No Brasil, as práticas de assistência foram herança da caridade
Então, a intervenção do Estado sobre o “social” se desenvolve religiosa voltada à ajuda ao próximo, difundida pela Igreja
sobre algo que era considerado uma falha moral da família, Católica inicialmente. A história do Brasil é marcada pela invasão
assim como ocorria nas práticas da caridade e da filantropia. colonial exploratória e pela escravidão racializada. Nessa direção,
o capitalismo aqui se estruturou pela dependência dos países
Era preciso “reerguer” a família e também garantir a assistência europeus, associado ao sistema patriarcal e ao racismo estrutural
a partir de formas diversas de intervenções “sociais” que (BEHRING; BOSCHETTI, 2008; ORTEGAL, 2018).
tinham (e ainda têm) importante papel de neutralizar conflitos
entre a classe trabalhadora e a classe burguesa dominante.
Nessa direção,

As práticas visavam atenuar a miséria, porém, mais


ainda, o déficit moral das “classes inferiores” da
sociedade. Os problemas sociais eram causados pela
“falta de moral” nas famílias, que se tratava “de
irresponsabilidade, de preguiça, de devassidão que existe
em toda a miséria”. O “problema social” era “moralizado”
(CASTEL, 1998; DONZELOT, 1986).

Um funcionário a passeio com sua família, J.B. Debret, 1839.


Fonte: Tokdehistoria.

26 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Esses são aspectos importantes para entender
a “questão social” no Brasil e suas
particularidades históricas.

SAIBA MAIS
Para melhor compreensão sobre racismo
estrutural, sugerimos o vídeo “Interfaces do
Racismo: Racismo Estrutural”, elaborado por
iniciativa do Grupo de Trabalho de Políticas
Etnorraciais e produzido pela Assessoria de
Comunicação da Defensoria Pública da União,
disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=uIJGtLJmD8w.

Somente nos anos 1930, o Estado brasileiro


passou a se atentar e assumir alguma intervenção
sobre a questão social, que emergiu com o
processo de desenvolvimento do capitalismo e da
classe trabalhadora, associada à industrialização
e urbanização. O descontentamento dos
trabalhadores e a reclamação por participação
política através de sindicatos e organizações
profissionais foram fundamentais para um
primeiro movimento organizado do Estado de
proteger os trabalhadores.

27 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


“Neste período, são criados os Institutos de
Aposentadorias e Pensões (IAPs) na lógica
do seguro social e nesta década situamos a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
o Salário Mínimo, a valorização da saúde do
trabalhador e outras medidas de
cunho social.” (YAZBEK, 2008, p. 89).

Mas do que se trata essa “lógica do seguro social”


que se estabeleceu como primeira forma de
atuação do Estado? Segundo Teixeira (1985),
o seguro social é uma forma de organizar um
conjunto de benefícios e proteção à população
que tenha trabalho contratado assalariado.
Recebem benefícios os trabalhadores que fazem
contribuições, que são obrigatórias.
O financiamento é feito com base na
contribuição salarial e também com a
contribuição do Estado. Os IAPs eram
instituições de seguro social. Foi uma proposta
precursora da política de Previdência Social no
país, a primeira porta que se abre no campo da
política social do Estado brasileiro.

Foto: © [RHJPhotos] / Shutterstock.

28 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


A assistência somente para os que pertencem ao mundo do nacional” (OLIVEIRA; ALVES, 2020, p. 18). Prestava auxílios
trabalho assalariado foi central no Brasil por muitas décadas. emergenciais e paliativos à miséria. Intervinha junto aos
Enquanto o trabalhador assalariado urbano dispunha de segmentos mais pobres da sociedade mobilizando a sociedade
alguma proteção social, os trabalhadores do campo e no civil e o trabalho feminino (YAZBEK, 2008).
mercado informal de trabalho ficavam desprotegidos por não se
enquadrarem nas categorias que eram autorizadas a pertencer A criação e a atividade da LBA, por muitos anos, mostram dois
ao seguro social. importantes elementos da condução de práticas assistenciais
incentivadas pelo Estado na época, confira a seguir.
“Para o trabalhador pobre, sem carteira assinada ou
desempregado restam as obras sociais e filantrópicas que
se mantêm responsáveis pela assistência e segregação dos Paternalismo Primeiro-damismo
mais pobres, com atendimento fragmentado por segmentos
populacionais atendidos.” (YAZBEK, 2008, p. 90).
A assistência aparece como uma
O Estado vai abertamente incentivar a caridade e a filantropia. Assistir aos mais pobres interessava ao
possibilidade de a mulher se inserir na vida
pública através da filantropia. A LBA contava
Em 1938, criou o Conselho Nacional de Serviço Social, já extinto, governo e ao líder governante, pois eles
com um corpo assistencial formado na
para regular essas práticas (FLEURY, 2005). apareciam como responsáveis diretos pelo
maioria por mulheres e era administrada,
bem-estar da maioria da população.
em cada cidade, pela primeira-dama
municipal. (OLIVEIRA; ALVES, 2020).
Em 1942, foi criada a Legião Brasileira de Assistência (LBA).
Sua principal fundadora foi a primeira-dama do país na
época, Darcy Vargas. Primeiro tinha a função de atender
às famílias dos soldados brasileiros enviados para lutar
na Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, a LBA As práticas de assistência, dessa forma, não se
muda e expande seu campo de atuação para a assistência em constituíam como direito de cidadania. A proteção
diferentes áreas, como a maternidade e a infância. Em 1969, social pública era centrada no trabalhador formal e as
ela foi transformada em uma fundação. Caracterizou-se atividades de assistência eram campo da caridade
como “instituição mista que administrava fundos públicos e e da filantropia.
privados advindos de contribuições estatais e do empresariado

29 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Na década de 1970, pode-se indicar que havia atividades
assistenciais de origem do Estado, as quais eram realizadas por GESTÃO EFETIVA
vários setores: Ministério da Saúde, do Trabalho, da Previdência Atualmente, entre os princípios éticos para a oferta da
e da Educação. As iniciativas ficavam no “submundo do Estado” proteção no SUAS, está a recusa de práticas de caráter
de forma a abafar e a ocultar a própria demanda da população por clientelista, vexatório ou com intuito de benesse ou ajuda
assistência. Portanto, quando se admitia a assistência, (BRASIL, 2012a).
ela era atrelada e submetida à política de saúde,
de habitação, de educação, por exemplo. Falava-se de uma área
com nomes distintos: assistência geral, assistência comunitária, Em 1974, foi criado o primeiro órgão federal voltado à gestão
desenvolvimento social, assistência social, ação social. estatal direta da assistência: a Secretaria de Assistência Social.
Assim como não cabia um nome para essas ações, as pessoas
que buscavam atendimento recebiam o nome de “carentes”
ou “necessitados”. Não havia ainda o lugar de cidadão/cidadã
usuário/usuária de uma política social. Para além disso,
onde não havia direito nem cidadão, havia o lugar para receber o
favor. A assistência, não sendo um lugar de garantia de direitos,
era muitas vezes um lugar de favor prestado pelo governante ou
seu representante a um “carente” ou “necessitado”, ou seja,
um lugar de clientelismo (SPOSATI et al., 1985; BRASIL, 2013a).

O clientelismo é persistente nas relações sociais no Brasil.


É também importante falar de outro grande problema presente
no cotidiano dos serviços públicos: o assistencialismo.
Ele acontece quando ocorre o atendimento na perspectiva
do favor, mas vai além: o político, o gestor, representante ou Clientelismo
o servidor envolvido estimula o conformismo do cidadão ou “Clientelismo” é um fenômeno de intercâmbio entre grupos que manejam recursos.
da população que depende desse “favor” e são incentivados a Aqui nos referimos a recursos públicos, que não poderiam ser administrados a
partir de interesses individuais ou de grupos. Ele é operacionalizado por pessoas
manter essa dependência (BAROZET, 2006).
que pertencem a redes formais e duradouras (como partidos políticos) ou informais
(relações de pessoas conhecidas) (BAROZET, 2006).

30 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


PODCAST Esse era o cenário da assistência social na década de 1980.
A Secretaria de Assistência Social surgiu durante a ditadura Acrescente-se que os gastos eram diluídos, e não havia
militar e ficou subordinada ao Ministério da Previdência e continuidade nos investimentos públicos. Conforme
Assistência Social. Essa secretaria não tinha uma operação emergiam pressões públicas, os recursos e as ações eram
efetiva. A LBA acabava recebendo a maior parte dos recursos deslocadas. As fontes de financiamento e custeio eram
para as ações sociais do governo federal. O Estado subsidiava centralizadas em nível federal. Os municípios e estados
as práticas, mas não se podia falar que assumia um dever disputavam as verbas conforme tinham mais “acesso” político
de proteção social. Havia uma multiplicidade de programas, e competências tecnoburocráticas (SPOSATI et al., 1985).
órgãos e entidades envolvidas que utilizavam formas
distintas de prestar atendimento. A ação estatal se diluía
em diversas áreas dos governos e entre diversas entidades Na década de 1980, o Brasil entra no chamado movimento de
(BRASIL, 2013a; SPOSATI et al., 1985). redemocratização. Nessa década, os movimentos sociais se
organizaram com pautas importantes sobre o acesso a direitos
As ações eram fragmentadas, não havia uma proposta mínimos e básicos dos indivíduos e grupos enquanto cidadãos.
integrada de ações entre os entes do governo. A população Criou-se um campo de pressão direta da população sobre os
era totalmente excluída das decisões dos órgãos. Resultado governantes para encaminhar reivindicações.
disso é que a assistência ficava focada em soluções paliativas A demanda de assistência crescia e havia pressão popular
e emergenciais. Além disso, as atribuições e competências para que o atendimento fosse garantido. A proposta de uma
dos municípios e Estados não eram definidas. Era comum que política nacional de assistência já vinha sendo debatida.
serviços semelhantes fossem prestados por diferentes órgãos, Foram importantes no processo de reivindicação da política
com nomes diversos. Os recursos eram destinados a ações de assistência social: a Frente Social dos Estados e Municípios,
parecidas e, dessa forma, também mal aproveitados. a Associação Nacional dos Empregados da Legião Brasileira
de Assistência, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS),
os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), sindicatos,
organizações não governamentais (ONGs) e outros. De modo
geral, a desigualdade de renda e a pobreza aparecem como
temas importantes na sociedade (GOHN, 2003; SPOSATI et al,
1985; SANTOS, 2015).

31 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


A trajetória dos movimentos sociais esteve inteiramente 1.3.1 Constituição Federal do Brasil
orientada para inscrever novos direitos na ordem legal e A Constituição Federal, publicada em 1988, foi um marco
influenciar a elaboração e regulamentação de uma nova no estabelecimento de um sistema de proteção social aos
ordem constitucional. E no movimento de elaborar uma nova brasileiros. Ela definiu o dever do Estado na função de
Constituição, um novo regimento de direitos para o Brasil, planejamento de políticas sociais (art. 193). Estabeleceu um
muitas mudanças ocorreram. Foi assim na saúde, com o Estado campo de atuação para o Estado chamado “Seguridade Social”.
se comprometendo com um sistema de saúde de acesso universal;
e foi assim com a assistência social, embora ainda não indicando “A palavra seguridade designa, no Brasil, um sistema de proteção
um sistema único, mas reconhecendo-a pela primeira vez com social composto por ações do poder público, da sociedade e pelo
um direito social no Brasil. A Constituição Federal brasileira, aparato legal-normativo que pretendem assegurar direitos de
publicada em 1988, é conhecida como a “Constituição cidadã”. cidadania aos indivíduos.” (CARMO; GUIZARDI, 2018, p. 7).
Foi um marco para estabelecer um sistema de proteção social aos
brasileiros abrangendo o direito à assistência social, à saúde e à Mais especificamente, a Seguridade Social “[...] compreende um
previdência social (GOHN, 2003; PAOLI; TELLES, 2000). conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
1.3 A consolidação atual da política de assistência à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988, p. 117). Essas
social brasileira: bases legais três políticas formam o chamado “tripé da Seguridade Social”.
O SUAS é um sistema que foi se consolidando a partir de uma A Constituição vai dedicar seções específicas para
política social que depende de instrumentos legais para sua cada uma das políticas.
existência e para seu aprimoramento. Nesse momento, serão
apresentadas as principais referências legais do SUAS, algumas
das suas contribuições para efetivação e aprimoramento desse
sistema.
O grande desafio dessas leis é dar organicidade ao
funcionamento do sistema, garantir o cumprimento dos
seus objetivos e efetivar o acesso da população aos serviços,
programas, projetos e benefícios socioassistenciais de qualidade
em todo o território nacional.

32 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Tripé da Seguridade Social Descentralização político-administrativa

Saúde estados
(secretários/as estaduais)

União municípios
(ministro/a da saúde) (secretários/as municipais)

Previdência Assistência social

SUAS
Considerando a definição da Seguridade Social, a consolidação
do SUAS é uma forma de concretizar uma “vontade” expressa
na Constituição sobre a assistência social. A Constituição
explicita que a assistência social é direito do cidadão, prestada
a quem dela necessite, com financiamento e participação de Nessa direção é que, depois de 1988, foram publicadas leis,
toda a sociedade, sob coordenação estatal e descentralização políticas, normas e portarias importantes para a assistência
político-administrativa. Quando falamos de descentralização, social que aprimoram o conteúdo do texto da Constituição.
a autoridade sobre o sistema não é só do governo federal, mas, Estão em vigência hoje normativas importantes sob a forma de
sim, compartilhada: na União, pelo/a ministro/a da Saúde; nos resoluções e portarias que resultam, entre outras, na:
estados, pelos/as secretários/as estaduais; e, nos municípios,
pelos/as secretários/as.
■ Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS)
■ Política Nacional de Assistência Social (PNAS)
■ Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS)
■ Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais

33 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


A política de assistência social precisa incorporar novos Mesmo nesse contexto, a LOAS e a Constituição Federal
elementos à medida que vai efetivando os serviços, programas, inovaram em:
projetos e benefícios. Por isso, essas legislações passam
por adequações. Alterações nas leis também podem estar
Tornar a assistência social um direito social e um dever de Estado para
relacionadas a pressões de grupos interessados, a pressões

1
com os cidadãos. Essa é a primazia da responsabilidade do Estado na
populares, à realidade social do país, à capacidade de condução da política de assistência social em cada esfera de governo.
investimento, à vontade ou não de impulsionar a política social Vai exigir o atendimento de normas, gestão orientada, planejamento
e participação da sociedade nas decisões, deixando de ser “aquilo que
nessa área. Nessa mesma lógica, a Constituição também foi
o governante quer que seja”.
alterada em 2003 e 2021 no que se refere aos objetivos e diretrizes
da assistência social.

2
Reforçar as diretrizes de descentralização político-administrativa para
os estados, o Distrito Federal e os municípios. Descentralização
1.3.2 Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) significa que a assistência social deve ser operacionalizada com
As novas leis publicadas depois da Constituição vão responsabilidades combinadas e compartilhadas entre todos os entes
aprimorando e dando sentido material ao direito nela inscrito. da federação: União, estados e municípios.
Em 1993, foi publicada a Lei Orgânica de Assistência Social. Essa

3
Lei foi alterada em 2011 no intuito de integrar o SUAS à LOAS Garantir a participação da população: em espaços organizados, a
pela aprovação da Lei nº 12.435/2011. população participa das decisões e partilha o poder de arbitrar sobre a
política conforme critérios pactuados, em determinados espaços, e nas
distintas esferas (local/municipal, estadual e federal).
A primeira versão da LOAS (1993) demorou a ser publicada
porque a Constituição estava na contramão de uma tendência
Instituir o Benefício de Prestação Continuada, o BPC, que é a

4
internacional sobre o papel do Estado no campo do social, garantia de renda com pagamento mensal de um salário mínimo às
que era justamente o de reduzir funções, embora a pobreza pessoas com deficiência e às pessoas idosas com mais de 65 anos
e a desigualdade social demandassem o contrário. Foi um que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção
nem de tê-la provida por sua família. Por isso, é muito comum que o
movimento intenso em defesa do “enxugamento da BPC seja popularmente conhecido como o “benefício da LOAS”.
máquina estatal”.

A LOAS regulamenta a política pública de assistência


social prevista na Constituição e estabelece normas e
critérios para organização da assistência social no Brasil.

34 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


Em 2011, com o SUAS integrando plenamente a finalidade da Em 2003 o SUAS finalmente começa a se materializar, na 4ª
LOAS, passam a compor os objetivos da assistência social: Conferência Nacional de Assistência Social (importante espaço
de participação social na política de assistência social, como
será abordado no Módulo 2). Na Conferência, ficou decidido que
A proteção social: o governo se responsabilizaria por uma agenda política para a
que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da
incidência de riscos. implantação do SUAS. A partir daí houve um processo intenso
de discussão em todos os estados, por meio de encontros,
seminários, reuniões, oficinas e palestras sobre a Política
A vigilância socioassistencial: Nacional de Assistência Social, que em 2004 foi aprovada
que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e e publicada.
nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos
e a defesa de direitos.
A PNAS estabelece as bases organizacionais do SUAS.

Portanto, conforme a PNAS/2004 (BRASIL, 2005a) são eixos


A defesa de direitos:
que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das estruturantes da política de assistência social:
provisões socioassistenciais.
■ Matricialidade sociofamiliar: significa que o SUAS se
propõe a ampliar o universo de abordagem da assistência
social para as famílias. As famílias são consideradas espaços
1.3.3 A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) privilegiados de proteção, mas que precisam também ser
Em 1998 foi aprovada a primeira Política Nacional de cuidadas e protegidas.
Assistência Social. Ela foi pouco efetiva. Na época, havia uma ■ Descentralização político-administrativa e
espécie de concorrente: o Programa Comunidade Solidária, territorialização: a PNAS reitera que as três esferas de
que iniciou em 1995 e encerrou em 2002. Analisa-se que ele, governo devem desenvolver a política na área da assistência
de certa forma, contrariava o que se previa para a assistência social. Além disso, indica que a operacionalização do
social na Constituição e na LOAS, já que priorizava formas de SUAS será na perspectiva de rede de serviços com base nos
solidariedade social nas funções centrais da atenção à pobreza no territórios onde vive a população.
país. A ação do Estado na assistência social naquela época ainda
era considerada “tímida” (COUTO; YAZBEK; RAICHELIS, 2014).

35 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


■ Novas bases para a relação entre Estado e sociedade civil: da gestão do SUAS. A proposta é incentivar a produção de
a PNAS reforça o papel central do Estado na condução da informações e conhecimento para a realização do controle
política. Por outro lado, como já observado na seção 1.1, social e para melhorias e avanços da política de assistência
reconhece a importância da participação da sociedade civil, social para a população usuária.
primeiro como parceira na oferta de serviços, programas,
projetos e benefícios de assistência social; segundo, pela 1.3.4 Norma Operacional Básica do Sistema Único de
atuação nos espaços de controle social. Assistência Social (NOB/SUAS)
■ Financiamento: a PNAS estabelece a previsão de fontes de A Norma Operacional Básica (NOB/SUAS) é instrumento
financiamento, a forma de repasses para os entes envolvidos legal para definir questões a respeito da operacionalização
e para a rede organizada. da gestão da política de assistência social. As primeiras NOBs
■ Controle social: prevê que os espaços privilegiados para foram publicadas em 1997 e 1998. Constituem instrumentos
efetivar o controle social sobre a política de assistência social de regulação dos conteúdos e definições presentes na Política
são os conselhos e as conferências. Esse tema será abordado Nacional de Assistência Social (PNAS).
no Módulo 2.
■ O desafio da participação popular/cidadão usuário: A NOB/SUAS disciplina a operacionalização da gestão da
os conselhos e as conferências garantem a participação da política de assistência social, sob a égide de construção do
população usuária do SUAS por meio de representantes. SUAS, entre outros assuntos.
A PNAS prevê o estabelecimento de estratégias para
incentivar a participação da categoria dos usuários. Em 2005, foi publicada a primeira NOB no contexto do SUAS.
■ Política de recursos humanos: a PNAS expõe a preocupação Juntas, a PNAS e a NOB/SUAS 2005 foram as que mais impactaram
com as novas atribuições dos gestores e o surgimento de nos rumos da política de assistência social no Brasil. Estabeleceram
novas “ocupações/funções” devido a implementação do o novo modelo de organização da gestão e oferta de serviços,
SUAS (educadores, monitores, cuidadores, entre outros). programas, projetos e benefícios socioassistenciais.
Nesse contexto, aponta também a necessidade de alterações
no processo de trabalho dos trabalhadores e uma política
de recursos humanos. Por último, trata do estabelecimento
de uma Norma Operacional Básica (NOB) para a área de
Recursos Humanos no SUAS.
■ A informação, o monitoramento e a avaliação: a criação de
sistemas de informação é estabelecida como área estratégica

36 MÓDULO 1 – A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL


A NOB/SUAS 2005 foi substituída pela NOB/SUAS publicada em Na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais,
2012. Com a NOB/SUAS 2005, introduziu-se o repasse financeiro busca-se responder o que são, para quem são, o que fazem
que zelou pela garantia da oferta permanente de serviços e para que nível de alcance estão disponíveis os serviços
socioassistenciais nos municípios. A NOB/SUAS 2012 substituiu socioassistenciais do SUAS.
a NOB/SUAS 2005 por necessidade de aprimoramento de alguns
elementos de gestão do SUAS, principalmente: Os serviços socioassistenciais do SUAS são apresentados um a
um, divididos entre os que são considerados de Proteção Social
“novas estratégias de financiamento e gestão,consubstanciadas Básica e de Proteção Social Especial (os níveis de atenção dos
na instituição dos blocos definanciamento, na pactuação de serviços). Na Tipificação é possível identificar de cada serviço:
prioridades e metas, valorização da informação, do monitoramento nome do serviço, sua descrição (o que oferece), usuários (ou a
edo planejamento como ferramentas de gestão e nainstituição de quem se destina), seus objetivos, provisões (o que precisa para
um novo regime de colaboração entre osentes, por meio do apoio o serviço funcionar) em termos de ambiente físico, recursos
técnico e financeiro, orientado porprioridades e para o alcance das materiais, recursos humanos e trabalho social essencial,
metas de aprimoramento do sistema.” (BRASIL, 2012a). condições e formas de acesso (que usuários recebe e qual a forma
de encaminhamento), período de funcionamento, entre outros.
1.3.5 Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais
Em 2009 foi publicado o documento intitulado “Tipificação A Tipificação facilita o diálogo entre todos os envolvidos na
Nacional de Serviços Socioassistenciais”. A 6ª Conferência operacionalização dos serviços. Esse tema será retomado
Nacional de Assistência Social, realizada em 2007, havia no Módulo 2.
deliberado sobre a necessidade de criar um padrão de
identificação dos serviços do SUAS. Assim é que se definiu pela
elaboração da Tipificação Nacional, que foi publicada a partir
de uma Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social
(Resolução nº 109/2009).

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE DESIGN GRÁFICO SECRETARIA
SANTA CATARINA Supervisão: Sonia Trois Murilo Cesar Ramos
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Equipe de desenvolvimento e produção dos cursos Lais dos Santos da Silva
originais FORMAÇÃO BÁSICA NO SUAS PARA FUNÇÕES Laura Schefer Magnus NARRAÇÃO/APRESENTAÇÃO
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Laura Tuyama Rodrigo Humaita Witte Maria Gabriela da Rocha
Equipe de ajuste (modelo EaD autoinstrucional) do COORDENAÇÃO DE AVEA AUDIOVISUAL
curso FUNDAMENTOS BÁSICOS DO SISTEMA ÚNICO DE Wilton José Pimentel Filho Supervisão: Dilney Carvalho da Silva
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Isaías Scalabrin Bianchi Italo Coelho Zaccaron
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COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO REVISÃO TEXTUAL
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CONTROLE DE QUALIDADE PROGRAMAÇÃO Daniele Cima Cardoso
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ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)

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