O CUIDADOR SOCIAL

NO SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)
 O CUIDADOR SOCIAL
NO SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL,
FAMÍLIA E COMBATE À FOME
SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
DEPARTAMENTO DE GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO
PERMANENTE
BY NC ND
Todo o conteúdo do curso O cuidador social no Sistema Único de Assistência
Social (SUAS), da Secretaria Nacional de Assistência Social, do Ministério do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Governo
Federal - 2023, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons
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Siglas
BPC - Benefício de Prestação Continuada
CadSUAS - Cadastro do Sistema Único de Assistência Social
CadÚnico - Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
Centro POP - Centro de Referência Especializado para População em
Situação de Rua
CFESS - Conselho Federal de Serviço Social
CIT - Comissão Intergestores Tripartite
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social
CNEAS - Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social
CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
CRAS - Centro de Referência de Assistência Social
CREAS - Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social
CRESS - Conselho Regional de Serviço Social
DIEESE - Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
ESF - Estratégia Saúde da Família
IAPs - Institutos de Aposentadorias e Pensões
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IGD - Índice de Gestão Descentralizada
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social
LA - Liberdade Assistida
LBA - Legião Brasileira de Assistência
LGBTQIAPN+ - Lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais e travestis, queer,
interssexo, assexuais, panssexuais, não-binário
LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social
NIS - Número de Identificação Social
NOB/SUAS - Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social
NOB-RH/SUAS - Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do
Sistema Único de Assistência Social
ONGs - Organizações Não Governamentais
OSC - Organização da Sociedade Civil
PAEFI - Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
PAF – Plano de Acompanhamento Individual ou Familiar
PAIF - Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
PBF - Programa Bolsa Família
PcD – Pessoa com Deficiência
PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PNAS - Política Nacional de Assistência Social
PNEP - Política Nacional de Educação Permanente
PSB - Proteção Social Básica
PSC - Prestação de Serviços à Comunidade
PSE - Proteção Social Especial
RF - Responsável Familiar
RMA - Registro Mensal de Atendimento
SAGICAD -Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único
SCFV - Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SEAS - Serviço Especializado de Abordagem Social
SGD - Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente
SICON - Sistema de Condicionalidades do Programa Bolsa Família
SISC - Sistema de Informações do Serviço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos
SIS Acessuas - Sistema de Acompanhamento do Programa de Promoção
do Acesso ao Mundo do Trabalho
SNAS - Secretaria Nacional de Assistência Social
SUAS - Sistema Único de Assistência Social
SUS - Sistema Único de Saúde
Sumário
MÓDULO 2
A função do cuidador social no SUAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1 Contextualizando a função do cuidador social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Conhecendo a Resolução CNAS nº 9/2014 à luz da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais do SUAS – Resolução CNAS nº
109/2009. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 O âmbito dos cuidados prestados pela Proteção Social Básica e pela Proteção Social Especial de Média Complexidade e de Alta
Complexidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
 A função do cuidador social
MÓDULO 2 no SUAS
Neste módulo, você conhecerá a Resolução CNAS nº 09/2014,
à luz da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais do
SUAS, instituída pela Resolução CNAS nº 109/2009; aprenderá
sobre os cuidados prestados pelo SUAS e sobre as especificidades
das situações de vulnerabilidade, risco social e violação de
direitos dos públicos atendidos pela Proteção Social Básica e
Especial de Média e Alta Complexidade.
2.1 Contextualizando a função do cuidador social
Entre os profissionais que compõem as equipes de referência
do SUAS, temos o cuidador social. A atuação desse profissional
se desenvolve a partir de ações articuladas ao impacto social
previsto na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais
(2009) para cada serviço que prevê esse trabalho a ser realizado
no âmbito do SUAS. Confira no podcast a seguir a função do
cuidador social.
7 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS
PODCAST
O SUAS tem como foco central a atenção às famílias e aos
indivíduos, por meio de serviços que promovem seguranças
socioassistenciais, de acordo com as necessidades e
a situação de vulnerabilidade e risco social em que se
encontram. O trabalho social desempenhado pelo cuidador
social no SUAS busca promover o desenvolvimento de
potencialidades e o fortalecimento de vínculos familiares
e comunitários, a partir de ações de caráter preventivo,
protetivo e proativo. Além disso, busca promover a
participação social, a autonomia e a autoestima do
público atendido. Ao dar apoio às famílias, diminui-se a
sobrecarga dessas na tarefa de cuidar, desenvolvendo
formas de comunicação e cuidado, com vistas à autonomia
dos envolvidos e ao desenvolvimento das capacidades
adaptativas para a vida diária. Quanto à participação
social e autoestima, deve-se: acompanhar o deslocamento
do usuário, viabilizando seu acesso a serviços básicos
(bancos, mercados, farmácias, entre outros), com atenção
às necessidades específicas; incentivar a convivência mista
entre os residentes de diversos graus de dependência;
ajudar no desenvolvimento do protagonismo, bem como
promover condições para a independência e o autocuidado.
O trabalho realizado pelo cuidador social deve ser guiado por
princípios éticos estabelecidos na Norma Operacional Básica
de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS e na NOB/
SUAS 2012), que orienta gestores e demais trabalhadores(as) do
SUAS quanto às suas competências e metodologias de trabalho
desenvolvidas voltadas às famílias e indivíduos atendidos pela
rede de serviços socioassistenciais.

2.2 Conhecendo a Resolução CNAS nº 9/2014 à luz da

Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais do SUAS –
Resolução CNAS nº 109/2009
A Resolução CNAS nº 9, de 15 de abril de 2014, reconhece
as ocupações profissionais de ensino médio e fundamental
que compõem as equipes de referência do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), previstas na Norma Operacional
Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência
Social (NOB-RH/SUAS). A resolução também apresenta as
funções de cada uma dessas ocupações, elencando o conjunto de Foto: © [alphaspirit.it] / Shutterstock.
atividades ou tarefas que são executadas de forma sistemática
pelo trabalhador de uma determinada ocupação. Em resumo, a Resolução CNAS nº 9/2014 trata dos profissionais
do SUAS com ensino médio e fundamental completos, validando
Assim, a normativa reconhece os profissionais que compõem o as ocupações dessas escolaridades já estabelecidas na NOB-
SUAS e que contribuem com o trabalho, por meio do conjunto RH/SUAS. Além disso, reconhece outras ocupações e áreas de
de seus conhecimentos, habilidades e ações. Em outras palavras, ocupações com ensino médio e fundamental completos de auxílio
reconhece as competências profissionais específicas de cada área, às especificidades dos serviços, programas, projetos, benefícios
que, por sua vez, deve atuar de forma integrada com as demais, de e transferência de renda, em seu provimento, para o apoio às
modo a alcançar os objetivos e resultados esperados. funções de gestão e operacional do sistema.

8 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS


SAIBA MAIS
Para conhecer mais sobre a Resolução CNAS nº 9/2014 e as
atribuições gerais do cuidador social, acesse o documento
na íntegra, disponível em: http://blog.mds.gov.br/
redesuas/resolucao-no-9-de-15-de-abril-de-2014/.
E quais as atribuições do cuidador social no SUAS?
É necessário saber, primeiramente, que o cuidador social é
um profissional de nível médio, não sendo exigido formação
superior ou técnica específica para atuar nessa função. Já o
auxiliar de cuidador deve ter, pelo menos, o nível fundamental de
escolaridade e capacitação específica. Este presta apoio às funções
do cuidador social e auxílio no cuidado com o usuário.
Dessa forma, a Resolução CNAS nº 9/2014 atribui ao cuidador
social, entre outras, as funções relacionadas a seguir.
Desenvolver atividades de cuidados básicos
essenciais para a vida diária e
instrumentais de autonomia e participação
social dos usuários, a partir de diferentes
formas e metodologias, contemplando as
dimensões individuais e coletivas: essa função exige o
engajamento do cuidador em atividades de cuidados básicos, por
exemplo: dar banho, trocar fraldas – seja em bebês/crianças,
idosos ou pessoas com deficiência que demandem esse suporte –,
além de promover atividades físicas e corporais, considerando as
9 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS
necessidades e limitações de cada pessoa, bem como oficinas de
culinária e atividades socioculturais.
Contribuir para a melhoria da atenção
prestada aos membros das famílias em
situação de dependência: essa atuação
pode ser ampliada no serviço de média
complexidade, que tem como usuários a
pessoa cuidada e seu cuidador familiar.
Dessa forma, o atendimento prestado, por meio de espaços de escuta
e de orientação acolhedores, deve contribuir com estratégias para
evitar a sobrecarga do cuidador familiar e apoiá-lo,
visando diminuir o risco de violações por conta dessa sobrecarga.
Desenvolver atividades para o acolhimento,
proteção integral e promoção da autonomia
e autoestima dos usuários: é necessário
que o cuidado ultrapasse o atendimento às
necessidades do corpo físico, pois,
no acolhimento e na promoção da autonomia e
autoestima, deve-se considerar,
por exemplo, as questões emocionais, a história de vida,
os sentimentos e as emoções da pessoa a ser cuidada,
a partir de atividades de passeios, oficinas de dança e música,
diálogo durante o banho ou troca de roupa/fralda, no sentido de
tornar esses momentos menos constrangedores para o idoso ou
pessoa com deficiência.
 Atuar na recepção dos usuários
possibilitando uma ambiência acolhedora:
esse trabalho exige sensibilidade e empatia,
ou seja, o cuidador social deve ter uma
atitude acolhedora com o usuário, prestando
informações sobre o serviço, esclarecendo
possíveis dúvidas que os usuários possam ter
acerca do atendimento e acompanhamento de sua demanda.
Apoiar os usuários no planejamento e
organização de sua rotina diária:
envolve o auxílio do cuidador no planejamento
e organização das atividades a serem
realizadas ao longo do dia pelo usuário, como
horários do banho, descanso, alimentação,
compras e passeios. Para tanto, o cuidador deve conhecer e levar
em consideração as particularidades, gostos e necessidades
específicas da pessoa cuidada.
Apoiar e acompanhar os usuários em
atividades externas: essa ação é muito
importante para o aspecto relacional entre o
cuidador e o usuário, pois pressupõe que, no
acompanhamento em atividades externas, haja
diálogo, trocas de informações e vivências, de modo que o usuário
não se sinta só. Além disso, promover passeios em praças, museus
e parques ambientais garante a convivência comunitária, evitando
o isolamento social e suas consequências, como o sentimento de
solidão, desenvolvimento de depressão e ansiedade.
10 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS
Desenvolver atividades recreativas
e lúdicas: é de grande importância para o
fortalecimento de vínculos entre os usuários,
as famílias e a equipe profissional.
Além disso, contribui com o desenvolvimento,
qualidade de vida e bem-estar dos usuários.
Potencializar a convivência familiar
e comunitária: abrange a participação do
cuidador social em atividades de mediação de
visitas familiares nos casos, por exemplo,
de pessoas em situação de institucionalização.
Tal função envolve incentivo e trabalhos junto
à comunidade, de modo que essa passe a atuar como apoio social
às famílias.
Apoiar famílias que possuem, entre os seus
membros, indivíduos que necessitam de
cuidados, por meio da promoção de
espaços coletivos de escuta e troca de
vivência familiar: essa função requer que o cuidador social crie
espaços de escuta e expressão para as famílias, como as rodas de
conversas para trocas de experiências, por exemplo.
Há, ainda, em relação às atribuições do cuidador social,
o dever de comunicação com a equipe de referência e com a
coordenação do serviço, conforme fluxos estabelecidos,
e o cumprimento do sigilo profissional.

QR CODE
Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou
tablet) para o QR Code ao lado para assistir ao vídeo sobre
sigilo profissional do cuidador social ou acesse o link:
https://youtu.be/JDOp-6B4_FA.
O sigilo envolve a proteção à privacidade dos usuários,
preservando suas informações pessoais. A violação do sigilo
profissional pode acarretar até ações judiciais, por isso o cuidador
social deve estar atento a esse ponto, evitando comentar aspectos
relativos à intimidade e às informações pessoais dos usuários, as
quais devem ser utilizadas estritamente no âmbito profissional,
para o bom desenvolvimento do trabalho e atendimento às
necessidades específicas de cada usuário. Pela NOB-RH/SUAS
(2006), o sigilo apresenta-se de duas formas: na postura ética dos
trabalhadores, orientada pelos códigos de ética de cada profissão,
e nos parâmetros desenvolvidos pela equipe de referência
interdisciplinar, para o registro das informações divulgadas pelo
público atendido por outras instituições.
Dessa forma, deve-se garantir o sigilo e a privacidade do
público atendido nas salas de atendimentos individualizados/
coletivos, bem como na escuta qualificada. O cuidador social
passa boa parte do tempo com o público atendido, por isso, o seu
trabalho deve ser conduzido por uma postura ética e respeitosa,
preservando, assim, o sigilo do que é escutado. Nesse sentido,
o cuidador social também deve ter o cuidado de não desqualificar/
culpabilizar os usuários ou suas famílias pela situação vivenciada e
11 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS
ter respeito pela história de vida dos usuários, evitando a exposição
por meio de comentários ou circulação de informações pessoais
destes e de suas famílias dentro e fora do serviço.
2.3 O âmbito dos cuidados prestados pela Proteção Social
Básica e pela Proteção Social Especial de Média Complexidade
e de Alta Complexidade
A atuação do cuidador social no SUAS pode ser realizada
no âmbito da Proteção Social Básica, a partir de serviços,
programas, projetos e benefícios ofertados pelo Centro de
Referência da Assistência Social (CRAS). Também pode ocorrer
no âmbito da Proteção Social Especial, que abrange a média e a
alta complexidades, as quais dispõem de serviços e programas
especializados voltados a famílias e indivíduos, incluindo pessoas
idosas e pessoas com deficiência, em situação de risco ou com
direitos violados.
Proteção Social Básica
A assistência social organiza o conjunto de serviços e ações que
estão sob seu escopo a partir de dois tipos de proteção.
O primeiro refere-se à Proteção Social Básica (PSB), tendo como
objetivo a prevenção de situações de risco, por meio de ações de
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, com foco
na potencialidade para a superação das vulnerabilidades vividas
por indivíduos e famílias, em decorrência da pobreza, privação,
ausência de renda, acesso precário ou nulo aos serviços públicos e
fragilização de vínculos afetivos, discriminações etárias, étnico-
raciais, de gênero ou por deficiência, entre outras.
Os serviços, programas, projetos e benefícios da PSB são
ofertados pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS),
unidade pública estatal descentralizada, de base territorial e
gestão municipal e do Distrito Federal. Entre suas funções, tem-
se a execução do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à
Família (PAIF). Esse serviço visa fortalecer o papel protetivo das
famílias, envolvendo-as como protagonistas sociais e capazes de
responder pelas atribuições de sustento, guarda e educação de
seus filhos e garantir a proteção aos seus membros em situação de
dependência, como idosos e pessoas com deficiência.
12 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS
Além do PAIF, a Tipificação Nacional dos Serviços
Socioassistenciais (2009) também prevê a oferta do Serviço de
PSB no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, que visa
garantir acesso a direitos e prevenir essa população de agravos
de vulnerabilidades que possam fragilizar e romper os vínculos
familiares e comunitários. Considera-se que a oferta do serviço
no ambiente do domicílio pode ser o atendimento mais adequado
e oportuno para atender às necessidades específicas dos usuários,
pois dá suporte às dinâmicas no ambiente domiciliar, envolvendo
familiares, amigos e a comunidade, auxiliando no fortalecimento
da autonomia e das relações de cuidado e convívio familiar e
comunitário, e também no
acesso a direitos.
Proteção Social Especial
O segundo tipo de proteção é a Proteção Social Especial (PSE), que
dispõe de um conjunto de serviços e programas especializados
de média complexidade e alta complexidade voltados a famílias
e indivíduos, incluindo pessoas idosas e pessoas com deficiência,
em situação de risco ou com direitos violados. Ressalta-se que os
riscos e violações podem estar relacionados também à situação de
dependência de cuidados de terceiros em virtude da idade (pessoa
idosa) e da deficiência.

As ações realizadas pela PSE visam contribuir com o
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, com
a qualificação das funções protetivas da família e com a
reconstrução de vínculos familiares fragilizados ou rompidos,
além de proteger famílias e indivíduos no enfrentamento de
situações de violação de direitos. Dessa forma, a PSE está voltada
às pessoas que se encontram em situação de risco pessoal e social
ou já vivenciam violação dos direitos humanos (ocorrência de
violência física, psicológica, negligência, abandono, violência
sexual – abuso e exploração), situação de rua, trabalho infantil,
prática de ato infracional, fragilização ou rompimento de
vínculos, afastamento do convívio familiar, como a precarização
dos cuidados familiares nas situações de dependência das pessoas
idosas e das pessoas com deficiência.
A PSE abrange os serviços de média e alta complexidade.
13 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS
Proteção Social Especial de Média Complexidade
A PSE de Média Complexidade organiza serviços, programas e
projetos especializados destinados ao trabalho social
(em grupo ou individualizado), continuado e articulado com
a rede socioassistencial, bem como com as demais políticas
setoriais e com o Sistema de Justiça. Entre as unidades que
prestam serviço de média complexidade, temos: 1) Centro de
Referência Especializado de Assistência Social (CREAS);
2) Centro de Referência Especializado para População em
Situação de Rua (Centro POP); 3) Centro-Dia.
Proteção Social Especial de Alta Complexidade
Já na PSE de Alta Complexidade, temos os serviços de
acolhimento em diferentes modalidades para famílias ou
indivíduos que estão sem referência familiar ou que precisam ser
afastados do núcleo familiar de origem, como forma de garantir
sua proteção integral. Para cada público (crianças e adolescentes;
jovens entre 18 e 21 anos; jovens e adultos com deficiência; adultos
e famílias; mulheres em situação de violência doméstica; idosos;
famílias ou indivíduos desabrigados/desalojados), há modalidades
específicas de serviços de acolhimento tipificadas. De modo geral,
os serviços de acolhimento funcionam como moradias provisórias
até que seja viabilizado o retorno à família de origem, o
encaminhamento para a família substituta (quando for o caso) ou
o alcance da autonomia (como moradia própria/alugada). No que
diz respeito às pessoas com deficiência, o serviço de acolhimento
em distintas unidades visa garantir a proteção integral nos
vínculos familiares fragilizados ou rompidos, especialmente nas
Residências Inclusivas – unidades inseridas na comunidade que
contam com cuidadores sociais na equipe de referência.
No que tange aos cuidados prestados ao público atendido, Da mesma forma, os cuidados prestados no âmbito do
a figura do cuidador social se faz presente, especialmente, nos acolhimento institucional, de modo geral, devem favorecer
serviços de acolhimento, Centros-Dia e domicílios dos usuários. a convivência e o fortalecimento de vínculos familiares e
No Centro-Dia, os cuidados prestados ampliam e auxiliam os comunitários, além de contribuir para o desenvolvimento e
cuidados familiares, evitando a precarização desses cuidados ampliação da autonomia dos usuários.
em decorrência de fatores como a vivência da extrema pobreza,
o envelhecimento dos cuidadores familiares e o estresse diário.
Assim, o serviço contribui para prevenir a institucionalização,
garantir a convivência familiar e comunitária do usuário e
fortalecer o papel protetivo das famílias.

14 MÓDULO 2- A FUNÇÃO DO CUIDADOR SOCIAL NO SUAS

Referências
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HELLMANN, A. (org.). Dicionário crítico: política de assistência
social no Brasil. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2016. p. 22-25.
BAROZET, E. Relecturas de la noción de clientelismo: una forma
diversificada de intermediación política y social. Ecuador
Debate, Quito, n. 69, p. 77-101, dic. 2006.
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e
história. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
BIASI, L. M. F. Controle social. In: FERNANDES, R. M. C.;
HELLMANN, A. (org.). Dicionário crítico: política de assistência
social no Brasil. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2016. p. 65-68.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República
Federativa do Brasil. Organizado por Juarez de Oliveira. 4. ed.
São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).
BRASIL. Caderno de Orientações Técnicas para o
aperfeiçoamento da gestão do Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil - PETI. Brasília, DF: Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2018. 87 p. Disponível
em: http://blog.mds.gov.br/redesuas/caderno-de-orientacoes-
tecnicas-do-peti/. Acesso em: 19 mar. 2022.
15
BRASIL. Capacita SUAS/PE. Atualização sobre a especificidade,
interfaces e curso Proteção Social Básica no SUAS. Pernambuco,
2017a. Disponível em: https://www.sigas.pe.gov.br/
files/02012017115234-c5.recife.16.a.20.01.2017.t06.mod.2.pdf.
Acesso em: 1 abr. 2022.
BRASIL. CapacitaSUAS. Caderno 1. Assistência Social:
Política de Direitos à Seguridade Social. Centro de Estudos e
Desenvolvimento de Projetos Especiais da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. Brasília, DF: MDS, 2013a.
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011. Altera
a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a
organização da Assistência Social. Brasília, DF: Presidência da
República, 2011d. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12435.htm#art1. Acesso em: 20
mar. 2022.
BRASIL. Casa Civil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.
htm. Acesso em: 1 abr. 2022.
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nº 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova a Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, DF: MDF,
2014a. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf. Acesso
em: 24 abr. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução
nº 11, de 23 de setembro de 2015. Caracteriza os usuários, seus
direitos e sua participação na Política Pública de Assistência
Social e no Sistema Único de Assistência Social, e revoga a
Resolução nº 24, de 16 de fevereiro de 2006. Brasília, DF: CNAS,
2015b. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_
publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/32870261. Acesso em:
6 abr. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução
nº 13, de 12 de dezembro de 2012. Aprova a Norma Operacional
Básica do Sistema Único de Assistência Social - NOB/SUAS.
Brasília, DF: CNAS, 2012a. Disponível em: https://www.mds.gov.
br/webarquivos/public/NOBSUAS_2012.pdf. Acesso em:
12 mar. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução
nº 130, de 15 de julho de 2005. Aprova a Norma Operacional
Básica da Assistência Social - NOB SUAS. Brasília, DF: CNAS,
2005b. Disponível em: https://www.blogcnas.com/_files/
ugd/7f9ee6_874c022e71264786ac86454d91c7c923.pdf. Acesso em:
22 fev. 2022.
16
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução
no 17, de 20 de junho de 2011. Ratificar a equipe de referência
definida pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos
do Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH/SUAS e
Reconhecer as categorias profissionais de nível superior para
atender as especificidades dos serviços socioassistenciais e das
funções essenciais de gestão do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS. Brasília, DF: Conselho Nacional de Assistência
Social, 2011b. Disponível em: http://blog.mds.gov.br/redesuas/
resolucao-no-17-de-20-de-junho-de-2011/. Acesso em:
30 mar. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº
9, de 15 de abril de 2014. Ratifica e reconhece as ocupações e as
áreas de ocupações profissionais de ensino médio e fundamental
do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, em consonância
com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do
SUAS – NOBRH/SUAS. Brasília, DF: CNAS, 2014b. Disponível em:
http://blog.mds.gov.br/redesuas/resolucao-no-9-de-15-de-abril-
de-2014/. Acesso em: 22 mar. 2022.
BRASIL. Decreto nº 7.334, de 19 de outubro de 2010. Institui o
Censo do Sistema Único de Assistência Social - Censo SUAS, e
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SANTA CATARINA Supervisão: Sonia Trois
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originais FORMAÇÃO BÁSICA NO SUAS PARA FUNÇÕES Laura Schefer Magnus
DE NÍVEL MÉDIO e FORMAÇÃO BÁSICA NO SUAS PARA Márcio Luz Scheibel
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Diogo Félix de Oliveira
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CONTEUDISTAS DO CURSO
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Elson Ferreira Costa
Equipe de ajuste (modelo EaD autoinstrucional) do COORDENAÇÃO DE AVEA
curso O CUIDADOR SOCIAL NO SISTEMA ÚNICO DE Wilton José Pimentel Filho
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Isaías Scalabrin Bianchi
COORDENAÇÃO GERAL DESIGN INSTRUCIONAL
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Samuel Girardi
FINANCEIRO
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CONSULTORIA TÉCNICA EAD Vinicius Costa Pauli
Giovana Schuelter Vinicius Leão da Silva
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO REVISÃO TEXTUAL
Waldoir Valentim Gomes Junior Supervisão: Fábio Bianchini Mattos
CONTROLE DE QUALIDADE PROGRAMAÇÃO
Luciano Patrício Souza de Castro Supervisão: Bruno Fuhrmann Kehrig Silva
Cleberton de Souza Oliveira
Luan da Silva Moraes
AUDIOVISUAL
Supervisão: Dilney Carvalho da Silva
Italo Coelho Zaccaron
Maycon Douglas da Silva
SECRETARIA
Murilo Cesar Ramos
NARRAÇÃO/APRESENTAÇÃO
Áureo Mafra de Moraes
INTÉRPRETE LIBRAS
Vitória Cristina Amancio
CONTEUDISTAS DE AJUSTES
Ana Paula Campos Braga Franco
Daniele Cima Cardoso
Gissele Carraro
Luziele Maria de Souza Tapajós
Marcilio Marquesini Ferrari
 O CUIDADOR SOCIAL
NO SISTEMA ÚNICO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)