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A FUNÇÃO DE
CUIDADOR SOCIAL
Módulo 4
A FUNÇÃO DE
CUIDADOR SOCIAL
MINISTÉRIO DA CIDADANIA
BY NC ND
SECRETARIA ESPECIAL DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL Todo o conteúdo do curso Formação básica no SUAS para Funções de
Nível Médio, da Secretaria Nacional de Assistência Social, do Ministério
SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL da Cidadania do Governo Federal - 2022, está licenciado sob a Licença
Pública Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0
DIRETORIA DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO Internacional. Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
UNIDADE 1 – O trabalho de cuidado a crianças e adolescentes, idosos e pessoas com deficiência na Política Nacional de Assistência Social. . . 8
1.1 Contextualizando o cuidado a crianças e adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2 O conceito de cuidado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Desproteções sociais e violações de direitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 O papel do Estado e das famílias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
UNIDADE 3 – As atribuições dos cuidadores sociais no trabalho com crianças e adolescentes nos Serviços de Acolhimento Institucional. . . 25
3.1 Contextualizando as atribuições do cuidador social no acolhimento institucional de crianças e adolescentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2 Unidades de atendimento do SUAS que prestam cuidados e proteção integral a crianças e adolescentes: tipos e características gerais . . . 29
3.3 O desenvolvimento saudável no contexto institucional: promovendo boas práticas de cuidado e educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Apresentação
Olá, cursista!
No presente módulo, trataremos do trabalho do cuidador social no atendimento ao público que demanda seus cuidados e com
no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Para tanto, uma configuração mais próxima e real ao que postula a Política
tomaremos como base a Resolução do Conselho Nacional Nacional de Assistência Social.
de Assistência Social (CNAS) nº 09/2014, à luz da Tipificação
Nacional dos Serviços Socioassistenciais do SUAS (Resolução Desejamos um excelente estudo!
CNAS nº 109/2009), de modo a contribuir com a ampliação do
conhecimento teórico e prático, necessário para uma atuação
qualificada do cuidador social nas unidades de atendimento QR CODE
do SUAS. Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone
ou tablet) para o QR Code ao lado para assistir ao vídeo de
Nesse sentido, o foco deste módulo se concentra: no conteúdo apresentação do módulo ou acesse o link: <apresentação-do-
referente ao trabalho de cuidado de crianças e adolescentes, módulo_m4_vídeo1>.
idosos e pessoas com deficiência de diferentes idades na Política
de Assistência Social (Unidade 1); na função do cuidador social
no SUAS (Unidade 2); e nas especificidades da atuação do Objetivos do módulo
cuidador social de crianças e adolescentes, idosos e pessoas com ■ Apresentar a atuação do cuidador social no âmbito do SUAS.
deficiência, distribuídas nas Unidades 3, 4 e 5, respectivamente. ■ Especificar o trabalho de cuidado de crianças e adolescentes,
idosos e pessoas com deficiência na política de
Espera-se que os saberes produzidos contribuam para o assistência social.
desenvolvimento de formas efetivas de atuação do cuidador ■ Explicitar a função do cuidador social como integrante de
social como integrante de uma equipe multiprofissional, uma equipe multiprofissional nos distintos serviços
principalmente na perspectiva do desenvolvimento de ações e do SUAS.
atividades de cuidados básicos de vida diária, de desenvolvimento ■ Especificar as funções do cuidador social nas diferentes
pessoal e de cuidados instrumentais de participação social. unidades de atendimento do SUAS, em distintos ambientes
Ações essas capazes de qualificar o trabalho desse profissional de trabalho.
1
alvo de suas ações, cidadãos e grupos em situações de
vulnerabilidade social, risco e direitos violados, envolvendo:
Acolhida
■ Exclusão pela pobreza.
■ Vivência de situações de risco, como cuidados precarizados.
Fragilidade ou rompimento de vínculos familiares.
2
■
3
■ A proteção social a famílias, crianças e adolescentes, idosos e
pessoas com deficiência. Convivência familiar, comunitária e social
■ A promoção da integração ao mercado de trabalho.
■ A vigilância socioassistencial dos territórios para a
identificação das vulnerabilidades e da capacidade protetiva
4
das famílias.
■ A defesa de direitos para garantir o seu pleno acesso por meio
dos serviços socioassistenciais. Desenvolvimento da autonomia
5
norteadores da prestação de serviços socioassistenciais em todo
o território nacional. Assim, temos as chamadas seguranças
afiançadas pelo SUAS, que, junto a outras políticas, compõe a Apoio e auxílio
proteção social no país e se estrutura para garantir:
Envolve postura afetiva e respeitosa de atendimento às demandas, interesses, necessidades e possibilidades para promover formas de acesso aos direitos sociais, por meio de
ações, cuidados, serviços e projetos operados em rede, bem como a prestação de serviços. O objetivo da acolhida é proteger e apoiar na superação de situações de violência,
abandono e isolamento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, restaurando sua autonomia, capacidade de convívio e protagonismo mediante a oferta de condições
Acolhida
materiais de abrigo, repouso, alimentação, higienização, vestuário e aquisições pessoais. Nessa perspectiva, os usuários devem ser atendidos com dignidade, preservando-se sua
identidade, integridade e história de vida; ter acesso a espaço com padrões de qualidade de higiene, acessibilidade, habitabilidade, salubridade, segurança, conforto, alimentação
em padrões nutricionais adequados e adaptados a necessidades específicas, ambiência acolhedora, preservando-se a privacidade do usuário e a guarda de seus pertences.
A segurança de convivência familiar, comunitária e social é um direito reconhecido pela legislação nacional, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e o Estatuto
da Pessoa com Deficiência, devendo ser assegurada ao longo do ciclo de vida, por meio de um conjunto de serviços locais que ofertem convivência, socialização e acolhida.
Nessa perspectiva, não são aceitas situações de reclusão, de perda das relações. É no convívio social que desenvolvemos nossas potencialidades, nossa intersubjetividade e nos
Convivência familiar,
constituímos cultural e politicamente. Por isso, deve-se promover aos usuários a vivência de experiências que contribuam para o fortalecimento de vínculos familiares, de ampliação da
comunitária e social
capacidade protetiva e de superação de fragilidades e riscos no ofício de cuidar. Além disso, deve-se promover o acesso a serviços socioassistenciais e de políticas públicas setoriais,
conforme necessidades específicas como: envelhecimento populacional; famílias reduzidas com poucos filhos, ou nenhum filho; todos trabalhando para o sustento da família;
e menor capacidade intergeracional de cuidados das famílias.
Deve-se oportunizar aos usuários a construção de projetos individuais e coletivos, ações de cuidado que favoreçam a autoestima, a autonomia, a inclusão e a
Desenvolvimento
sustentabilidade, de acordo com suas necessidades, interesses e possibilidades; criação de estratégias para atenuar os agravos decorrentes da dependência, promovendo
pessoal e da autonomia
inclusão familiar e social, além de promover o acesso à documentação civil, às orientações e às informações sobre o serviço, os direitos e como acessá-los.
Dá-se por meio de benefícios continuados e eventuais que assegurem Proteção Social Básica a idosos e pessoas com deficiência sem fonte de renda e sustento; pessoas e famílias vítimas de
Segurança de sobrevivência
calamidades e emergências; situações de forte fragilidade pessoal e familiar, em especial as mulheres chefes de família e seus filhos. Inclui ações de cuidado que favoreçam o desenvolvimento
ou de rendimento e
pessoal de capacidades e habilidades para o exercício da cidadania, conquista de melhores graus de liberdade, respeito à dignidade humana, diminuição de estigmas e preconceitos, participação
de autonomia
e conquista de maior independência pessoal e qualidade nos vínculos, bem como a ampliação da capacidade de cuidados das famílias, dos serviços e dos territórios e autocuidado.
Interseccionalidade
O termo interseccionalidade permite a compreensão das desigualdades, bem como
da sobreposição de opressões e discriminações existentes na sociedade. Trata-se,
portanto, de um conceito sociológico que se ocupa das interações e marcadores
sociais e suas implicações na vida de grupos minoritários.
SAIBA MAIS
Para conhecer os princípios que norteiam a construção
do PIA, leia as “Orientações Técnicas para elaboração do
PIA”, disponível em: https://sapeca.campinas.sp.gov.
br/sites/sapeca.campinas.sp.gov.br/files/publicacoes/
OrientacoestecnicasparaelaboracaodoPIA%20Parte%201.pdf.
Número máximo de
crianças e adolescentes 20 crianças e adolescentes. 10 crianças e adolescentes.
por unidade
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre as características dos serviços de
acolhimento para crianças e adolescentes e como deve ser
desenvolvido o trabalho nessas unidades, leia o documento
“Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento de Crianças e
Adolescentes” (BRASIL, 2009a), disponível em: https://www.mds.
gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/
orientacoes-tecnicas-servicos-de-alcolhimento.pdf.
■ 1 profissional para até 10 crianças/adolescentes, por turno. ■ 1 profissional para até 10 crianças/adolescentes, por turno.
■ A quantidade de profissionais deverá ser aumentada quando houver crianças/adolescentes ■ A quantidade de profissionais deverá ser aumentada quando houver crianças/adolescentes
que demandem atenção específica (com deficiência, com necessidades específicas de saúde que demandem atenção específica (com deficiência, com necessidades específicas de saúde
ou idade inferior a um ano. Para tanto, deverá ser adotada a seguinte relação: ou idade inferior a um ano. Para tanto, deverá ser adotada a seguinte relação:
Quantidade
a. 1 cuidador para cada 8 usuários, quando houver 1 criança/adolescente com demandas a. 1 cuidador para cada 8 usuários, quando houver 1 criança/adolescente com demandas
específicas. específicas.
b. 1 cuidador para cada 6 crianças/adolescentes, quando houver 2 ou crianças/adolescentes b. 1 cuidador para cada 6 crianças/adolescentes, quando houver 2 ou crianças/adolescentes
com demandas específicas. com demandas específicas.
Fonte: Adaptado do documento de Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento de Crianças e Adolescentes (BRASIL, 2009).
Cuidadora social brincando com acolhidos em área externa ao ser�iço. Espaço de Acolhimento
de Crianças e Adolescentes no Pará.
Odilon Moraes e
Lá e aqui Pequena Zahar
Carolina Moreyra
Matilda Roald Dahl WMF Martins Fontes Lidando com comportamentos desafiadores
É importante saber que alguns comportamentos são comuns de
Kafka e a boneca viajante Jordi Sierra i Fabra Martins Fontes serem expressos no acolhimento. Por exemplo, bebês podem
apresentar irritabilidade, alterações de sono, alimentação e
nas funções gastrointestinais; crianças podem demonstrar
Que tal assistir a filmes ou seriados juntos? resistência às regras, agressividade ou apatia e adolescentes
podem se expressar pelo silêncio, negação e confronto.
Alguns temas podem gerar conversas e reflexões valiosas. Nesses casos, é fundamental que o cuidador social, por exemplo,
Algumas sugestões de séries e filmes para se assistir com respeite o silêncio, que não insista na comunicação, mas que
adolescentes: se coloque à disposição para quando a criança ou adolescente
quiserem falar. De igual importância, o cuidador social não
■ Anne with an E (Seriado para TV, Netflix, 2017). deve revidar à agressividade com comportamento autoritário,
■ Onde vivem os monstros (Longa-metragem dirigido mas deve compreender e ajudar a criança ou o adolescente na
por Spike Jonze, 2009). compreensão de seus sentimentos e atitudes agressivas.
■ Divertida Mente (Animação, PixarStudios, 2015) –
esse filme agrada tanto crianças quanto adolescentes. Às vezes, alguns padrões de relacionamento que a criança
e/ou adolescente vivenciou podem se repetir no acolhimento,
como um círculo vicioso: “a criança ou adolescente manifesta
uma necessidade – chora, faz birra, grita –, e o adulto interpreta
seu comportamento como uma afronta ou perturbação e então
pune e/ou castiga. Essa resposta do adulto, que não reconhece
as reais necessidades da criança e/ou adolescente, reforça a
Necessidades e
comportamentos
Pensamentos e sentimentos meninos/meninas
meninos/meninas Desobedece, desafia, insulta, agride.
Não me quer nem entende. Sinto
raiva e desespero.
Círculo Pensamentos e sentimentos
dos que cuidam
vicioso Só quer chamar a atenção, ele quer
me controlar, isso me deixa irritado.
Pensamentos e sentimentos
meninos/meninas
Tente me ajudar. Sinto que me quer
bem e se preocupa comigo. Mas vou
Círculo Pensamentos e sentimentos
dos que cuidam
Comportamento dos
que cuidam
me assegurar... virtuoso Está novamente no ciclo. Isto não é
bom. Vou ajudá-lo porque sei que
Irritação, castigo, retirada de carinho. precisa de carinho e ajuda.
Comportamento dos
que cuidam
Expressão de compreensão e carinho,
com limites claros e flexíveis.
SAIBA MAIS
O “Caderno do Educador Social” aborda a prática do
educador/cuidador de serviços de acolhimento para crianças
e adolescentes. Organizado pelo NECA/SP –Associação
de Pesquisadores e Formadores da Área da Criança e do
Adolescente, o documento está disponível em:
https://www.neca.org.br/wp-content/uploads/apostila-
educadores-ref-7.pdf.
Cuidador familiar
■ Minimizar o isolamento e a exclusão social de É a pessoa que, por vínculos parentais, assume a responsabilidade, direta ou não,
pelo cuidado de um familiar doente/ou dependente. O cuidador familiar é aquele que
cuidado e de cuidador. vivencia o ato de cuidar não remunerado. Sua identidade está intrinsecamente ligada
■ Garantir o acesso a outros serviços da rede. à história pessoal e familiar – baseada nos contextos sociais e culturais –, a qual nem
■ Reduzir os custos financeiros de cuidados das famílias. sempre tem laços consanguíneos, mas laços emocionais.
1
O planejamento é o ato de direcionar o trabalho a ser realizado,
com vistas a administrar e organizar as ações, traçar objetivos e metas,
e analisar recursos e materiais. Deve ser realizado em conjunto pela
equipe profissional do serviço, com a participação ativa do cuidador social.
2
planejadas. Durante a execução, o papel do cuidador social pode
variar de acordo com a capacidade cognitiva e o grau de
dependência do usuário. Então, a função desse profissional pode ser
apenas no apoio/estímulo, ou na assistência direta e supervisão,
quando houver maior a dependência; porém, sempre estimulando o
protagonismo e a autonomia.
Desenvolver atividades para o acolhimento e a recepção dos usuários, a fim de identificar necessidades e demandas.
■ Apoio na ingestão assistida de alimentos, nas atividades de higiene e cuidados pessoais. ■ Apoio nos cuidados básicos com alimentação, higiene e proteção.
■ Apoio na locomoção e nos deslocamentos no serviço. ■ Apoio na locomoção e nos deslocamentos no serviço.
■ Apoio na administração de medicamentos indicados por via oral e de uso externo, prescritos por profissionais. ■ Apoio no planejamento e na organização da rotina diária, como auxílio em atividades como: fazer compras, uso
do celular e tecnologias de comunicação.
■ Auxílio em atividades como: fazer compras, uso do celular e tecnologias de comunicação.
■ Apoio na administração de medicamentos indicados por via oral e de uso externo, prescritos por profissionais.
■ Apoio do usuário e familiares nos grupos e oficinas.
■ Monitoramento dos cuidados com a moradia, organização e limpeza do ambiente e preparação de atividades.
■ Organização de registros individuais sobre o desenvolvimento de cada usuário.
■ Preservação da identidade e da história de vida.
■ Suporte nas atividades com o usuário e o cuidador familiar, sob a orientação da equipe. ■ Acompanhamento aos serviços de saúde, educação, profissionalização e outros.
■ Envolvimento nas ações que ocorrerem no domicílio e na comunidade, como estímulo à participação em ■ Apoio nas ações de convivência comunitária.
atividades comunitárias.
■ Apoio na preparação do usuário para o desligamento, quando for o caso, contando com orientação e supervisão
■ Suporte aos familiares. de um profissional de nível superior.
Ajudar na locomoção.
QR CODE
Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone
ou tablet) para o QR Code ao lado para assistir a animação
sobre como posicionar uma pessoa idosa ou acesse o link:
<posicionamento_pessoa_idosa_m4_animacao1>. pescoço alinhado travesseiro sob
cobertor sob
com a coluna a cabeça
as panturrilhas
Administrar as medicações,
conforme a prescrição e a orientação da equipe.
O ser reporta-se à competência afetiva e capacidade para ■ Estimule-a a participar de atividades de autocuidado
estabelecer e manter relações. Permite ao cuidador relacionar-se e convivência.
de forma positiva consigo, com o meio ambiente e com os outros.
■ Faça atendimentos personalizados, chamando a
O saber remete à competência cognitiva. No caso do cuidador pessoa pelo nome, demonstrando conhecê-la ou estar
social, refere-se aos conhecimentos e técnicas sobre a forma interessado nela.
de cuidar.
■ Explique o que é e como será feito, encoraje-a a falar, não a
Por fim, o fazer refere-se à competência instrumental de censure, e elogie-a quando possível.
execução das técnicas e habilidades aprendidas.
■ Tenha sensibilidade e cuidado com o corpo dela, ao tocá-la,
Para colocar em prática tais elementos, o cuidador social deve proporcione conforto e segurança, demonstrando cuidado
expressar habilidades como escuta ativa e qualificada, para e conduta ética.
buscar compreender as reais demandas da pessoa cuidada,
demonstrando interesse e atenção pelo que ela tem a dizer; Tais atitudes podem facilitar a valorização e o cuidado humanizado.
empatia, para saber colocar-se no lugar do outro, identificar e
valorizar emoções e experiências; respeito às características,
valores, história de vida do outro, para evitar julgamentos;
e sensibilidade, para reconhecer as capacidades da pessoa e
auxiliá-la a identificá-las e utilizá-las.
De acordo com o último Censo do IBGE (2010), quase A deficiência física ou motora se refere à alteração completa ou
46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população, parcial de um ou mais membros do corpo humano, que causa o
declararam ter alguma deficiência. A deficiência visual comprometimento da função física. A lista a seguir traz as
estava presente em 3,4% da população brasileira; seguida formas mais comuns de deficiência física ou motora (BRASIL,
da deficiência física, em 2,3%; deficiência intelectual, 2012; SILVEIRA, 2021).
em 1,4%; e deficiência auditiva, em 1,1%.
Transportes:
nos sistemas e meios de transportes.
Comunicações e informação:
obstáculos que limitam a expressão
ou o recebimento de informações.
Atitudinais:
comportamentos que prejudiquem a participação social.
Tecnológicas:
limitam o acesso às tecnologias.
As tecnologias assistivas, ou ajudas técnicas, são recursos, Saiba mais assistindo ao vídeo “Conceito de Deficiência –
equipamentos, dispositivos e serviços que contribuem para BPC para Pessoa com Deficiência”, disponível em: https://
proporcionar ou ampliar a funcionalidade e a inclusão de pessoas www.youtube.com/watch?v=UBAkDFmx8QE.
com deficiência ou mobilidade reduzida. São classificadas em
diversas categorias, como auxílios para a vida diária, comunicação
aumentativa e alternativa, recursos de acessibilidade, sistemas A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência expressa
de controle de ambiente e veículos, órteses e próteses, auxílios de que é dever do Estado, da sociedade e da família assegurar a essas
mobilidade, aparelhos visuais e auditivos, entre outros. pessoas a efetivação dos direitos garantidos a elas, provendo-
lhes bem-estar pessoal, social e econômico. Logo, a garantia dos
Assim, para ampliação da participação e da inclusão social direitos referentes à segurança de renda, de acolhida,
das pessoas com deficiência, é necessário desenvolver ações de ao desenvolvimento da autonomia e da convivência familiar e
enfrentamento e de superação dessas barreiras, oportunizando comunitária é dever da assistência social na condição de política
acesso a direitos, equipamentos sociais públicos, atenção à pública de Estado, organizada no Brasil pelo Sistema Único de
Assistência Social (SUAS).
SAIBA MAIS
Você sabe o que é o Benefício de Prestação Continuada (BPC)?
É um benefício no valor de um salário mínimo mensal,
previsto na Constituição Federal, voltado a pessoas com
deficiência e idosos que se enquadram nos critérios do Foto: © [Gilles Lougassi] / Shutterstock.
programa. Para saber mais, acesse: http://blog.mds.gov.br/
redesuas/bpc-perguntas-frequentes-ja-esta-disponivel/. O Serviço de Proteção Social Especial ofertado em um
Centro-Dia de Referência é concebido em consonância com a
Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais do SUAS.
Proteção Social Especial de Média Complexidade Seu objetivo é prestar atendimento especializado nas situações
A Proteção Social Especial de Média Complexidade oferece de vulnerabilidades, risco pessoal e social por violação de
serviços destinados a indivíduos e famílias em situação de risco direitos às pessoas com deficiência em situação de dependência
ou violação de direitos – incluindo as pessoas com deficiência. e suas famílias, por meio da oferta de um conjunto de ações que
É o caso, por exemplo, do Programa de Proteção e Atendimento contribuam para a garantia das seguranças previstas na Política
Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), desenvolvido Nacional de Assistência Social (PNAS):
Proteção Social Especial de Alta Complexidade São percursos livres de qualquer obstáculo de um ponto a outro, origem e destino,
e que compreendam uma continuidade e a aplicação de medidas de acessibilidade.
Na Proteção Social Especial de Alta Complexidade, destaca-se o
Serviço de Acolhimento Institucional em Residência Inclusiva,
Serviço de
Para saber mais sobre o tema, assista ao vídeo Proteção Social
É um serviço especializado para pessoas com
deficiência ou idosas com algum grau de dependência Centro-Dia
“Residências Inclusivas e o Acolhimento Socioassistencial Especial para
e suas famílias que tiveram limitações agravadas CREAS
Pessoas com
da Pessoa com Deficiência”, disponível em: https://www. por violações de direitos. Promove atividades que Unidade Referenciada
Deficiência,
youtube.com/watch?v=i27fFt2tQFw. garantem a autonomia, a inclusão social e a melhoria Domicílio do usuário
Idosas e suas
da qualidade de vida das pessoas que usam o serviço.
Famílias
Uma dica de leitura é o documento “Orientações para Serviço de acolhimento que garante moradia e proteção
gestores, profissionais, residentes e familiares sobre integral a jovens e adultos com deficiência, cujos
vínculos familiares estejam rompidos ou fragilizados.
o Serviço de Acolhimento Institucional para Jovens Serviços de
É previsto para jovens e adultos com deficiência que
Acolhimento Residência Inclusiva
e Adultos com Deficiência em Residências Inclusivas: Institucional
não dispõem de condições de autossustentabilidade,
de retaguarda familiar temporária ou permanente
Perguntas e Respostas” (BRASIL, 2016), disponível em: ou que estejam em processo de desligamento
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/ de instituições de longa permanência.
assistencia_social/Cadernos/caderno_residencias_ Fonte: Adaptado de Brasil (2021).
inclusivas_perguntas_respostas_maio2016.pdf.
5.2 Qualidade de vida, desenvolvimento pessoal e
E, para fechar, outra referência interessante é o texto participação social: promovendo boas práticas de cuidado à
“Centro Dia: Atendimento das pessoas com deficiência e pessoa com deficiência
suas famílias”, disponível em: https://novoead.cidadania. Os serviços do SUAS destinados à pessoa com deficiência, dos
gov.br/webview.php/srv/www/htdocs/badiunetdata/ quais o cuidador social compõe a equipe de referência, realizam
files/1/559khuegja2jfeetxvmo_packge/mod1/sumario.html. um conjunto de atividades a fim de proporcionar a autonomia,
Também existem várias diferenças nas ações Promoção dos vínculos familiares, comunitários
prestadas por domicílio, Centro-Dia e serviços de
•Realização de atividades com o
• Orientação aos cuidadores • Acompanhamento nas visitas
acolhimento, em diversos âmbitos. usuário e o cuidador familiar.
familiares sobre o fortalecimento familiares e sociais.
• Mobilização e fortalecimento do
do papel protetivo da família. • Apoio na preparação do usuário para
convívio e de redes sociais de apoio.
• Suporte ao cuidador familiar o desligamento, quando for o caso,
• Suporte ao cuidador familiar
para redução do estresse. contando com orientação e supervisão
para redução do estresse e
• Identificação de redes sociais de apoio. de um profissional de nível superior.
custos orçamentários.
Salienta-se que o cuidador tem que estar atento à capacidade Projeto Integrar – pistas visuais. Arte: Neimer Gianvechio | Autismo
funcional e ao controle das partes do corpo do usuário, Projeto Integrar.
especialmente da cabeça e do tronco, pois isso facilita pensar a
posição mais adequada para a realização de atividades. Ainda em relação às atividades instrumentais,
No caso das pessoas com deficiência intelectual ou transtorno o estabelecimento de regras de convívio, a organização e a
do espectro autista, deve-se garantir que elas entendam flexibilidade da rotina são centrais para alcançar a autonomia,
a necessidade de uma atividade. Para isso, recomenda-se com o consequente efeito pedagógico de estimular a
planejar as tarefas de forma simples e estruturá-las por etapas responsabilidade e o respeito pelo outro, e a possibilidade de
sequenciais, e para isso pode-se utilizar pistas visuais. vivenciar a liberdade de escolha. Esse equilíbrio dependerá do
bom senso e da reflexão conjunta dos profissionais e moradores
sobre o dia a dia da residência.
Pistas visuais
Estratégia que utiliza sequência de imagens para ilustrar como cada etapa de uma
tarefa pode ser executada.
Protagonismo
Apoiar o acesso a programas de qualificação profissional
Este eixo tem por objetivo promover experiências que e inclusão produtiva e digital.
potencializam a autonomia por meio da valorização da
identidade e da singularidade do sujeito. Para isso, o cuidador
social deve estimular a liberdade de escolha, a tomada de Apoiar a preparação do usuário para o desligamento do serviço,
quando for o caso, contando com orientação e supervisão
decisão e o exercício da cidadania do usuário. Algumas ações de um profissional de nível superior.
que podem ser realizadas pelo cuidador são:
SÍNTESE DO MÓDULO
Neste módulo, você conheceu os serviços que prestam cuidado
integral a crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência
na política de assistência social e o papel do cuidador social
nas diferentes unidades de atendimento do SUAS junto a essa
população. Nos tópicos desenvolvidos, você aprendeu sobre:
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei
Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da República,
Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira). 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 11 ago. 2022.
BRASIL. Centro Dia: Atendimento das Pessoas com Deficiência
e suas Famílias. Brasília, DF: Ministério da Cidadania, 2012. BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da
Disponível em: https://novoead.cidadania.gov.br/webview.php/ Criança e do Adolescente (ECA). 6. ed. Brasília: Senado Federal,
srv/www/htdocs/badiunetdata/files/1/559khuegja2jfeetxvmo_ Subsecretaria de Edições Técnicas, 2005.
packge/mod1/sumario.html. Acesso em: 11 ago. 2022.
BRASIL. Orientações para gestores, profissionais, residentes
BRASIL. Centro-Dia de Referência para Pessoa com e familiares sobre o Serviço de Acolhimento Institucional
Deficiência. Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social para Jovens e Adultos com Deficiência em Residências
e Combate à Fome, 2012. Inclusivas: Perguntas e Respostas. 1. ed. Brasília: Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2016.
BRASIL. Guia prático do cuidador. Brasília: Ministério da
Saúde, 2008.
BRASIL. Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
com Deficiência e Idosa. Brasília, DF: Ministério do Censo Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2017.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
BRASIL. Resolução CNAS nº 9, de 15 de abril de 2014. Ratifica e ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
reconhece as ocupações e as áreas de ocupações profissionais de Contínua: notas metodológicas. Rio de Janeiro: IBGE, 2017.
ensino médio e fundamental do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS. Brasília, DF: CONAD, 2014. NOGUEIRA, J.; BRAUNA, M. Boas práticas internacionais
e do Brasil de apoio ao cuidador familiar. Madri: Programa
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