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Estratificação e
Mobilidade Social
Curso de Licenciatura em Ensino de História
Departamento de História
Universidade Pedagógica
Rua João Carlos Raposo Beirão nº 135, Maputo
Telefone: (+258) 21-320860/2 ou 21 – 306720
Fax: (+258) 21-322113
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eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica.
Índice
Visão Geral do Módulo 1
Lição n° 1 4
Conceito de Estratificação Social e Considerações Básicas da Disciplina ....................... 4
1.1 Conceito de Estratificação Social ...................................................................... 4
1.2 Aspectos fundamentais para a abordagem da disciplina ................................... 6
Lição n° 2 9
Características da Estratificação Social: desigualdade, diferenciação e hierarquização .. 9
2.1 Desigualdade, diferenciação e hierarquização .................................................. 9
Lição n° 3 14
Factores da Estratificação Social .................................................................................... 14
3.1. Factores da Estratificação Social ................................................................ 14
Lição n° 4 17
Teorias de Classe e de Estratificação Social ................................................................... 17
4.1. Teorias Marxistas e Neomarxistas ou de conflito ....................................... 18
4.2 Teoria Funcionalista ou de consenso............................................................... 20
Lição n° 5 24
Crítica à teoria funcionalista de estratificação ................................................................ 24
5.1 Crítica à teoria funcionalista de estratificação ................................................ 24
Lição n° 6 27
Teorias Weberianas......................................................................................................... 27
Lição n° 7 30
Sistemas de Estratificação Social ................................................................................... 30
7.1 Sistemas fechados............................................................................................ 31
7.2 Sistemas Abertos de Estratificação Social ...................................................... 32
Lição n° 8 35
Funções Básicas da Sociedade ........................................................................................ 35
8.1 Definição do Conceito de Sociedade ............................................................... 36
8.2 Funções básicas da sociedade .......................................................................... 36
Unidade 2: Mobilidade Social 45
Lição n° 9 48
Conceito e Tipos de Mobilidade Social .......................................................................... 48
9.1 Conceito de Mobilidade Social ....................................................................... 48
9.2 Tipos de Mobilidade Social ............................................................................. 49
Lição n° 10 53
Factores da Mobilidade Social ........................................................................................ 53
10.1 Factores colectivos ........................................................................................ 54
10.2 Factores individuais ....................................................................................... 54
Lição n° 11 57
Formação das elites e mobilidade social, o exemplo de Moçambique ........................... 57
11.1 Elite ............................................................................................................... 58
11.2 Contexto do surgimento da Elite em Moçambique ....................................... 59
Lição n° 12 65
Papel Social e a Multiplicidade de Tarefas ..................................................................... 65
12.1 Papel Social ................................................................................................... 66
12.2 Características do Papel Social...................................................................... 66
12.3 Conteúdo e níveis do Papel Social ................................................................ 67
12.4 Formação e multiplicidade dos papéis sociais .............................................. 69
Lição n° 13 73
Desvio Social .................................................................................................................. 73
13.1 Desvio Social ................................................................................................. 73
13.2 Desvio social, atentado ou não? .................................................................... 74
13.3 Factores que contribuem para o desvio social ............................................... 75
Lição n° 14 83
Conceito e Tipos de Mobilidade Social .......................................................................... 83
14.1 Controlo Social .............................................................................................. 84
14.2 Significado do Controlo Social ..................................................................... 84
14.3 O papel das sanções sociais no controlo ....................................................... 85
14.4 Canais de controlo social ............................................................................... 85
14.5 Mecanismos do controlo Social .................................................................... 86
14.6 Conformismo social e obediência ................................................................. 87
Lição n° 15 91
Globalização: Contexto, Conceito e características ........................................................ 91
15.1 Contexto e Conceito de Globalização ........................................................... 92
15.2 Características da globalização ..................................................................... 93
Lição n° 16 98
Globalização como fábula, factor perverso e como possibilidade.................................. 98
Lição n° 17 104
Problemas, significado político-social e impacto da globalização ............................... 104
17.1 Problemas e significado político-social da globalização ............................. 105
17.2 Impacto da globalização .............................................................................. 106
17.3 Globalização/Mobilidade ............................................................................ 107
Lição n° 18 111
Exclusão social e reinvenção de identidades ................................................................ 111
18.1 Exclusão social ............................................................................................ 112
18.2 Factores da Exclusão social e identidade .................................................... 112
18.3 Formas de exclusão social ........................................................................... 115
Visão Geral do Módulo
Introdução
SEJA BEM-VINDO AO MÓDULO DE ESTRATIFICAÇÃO E
MOBILIDADE SOCIAL
Caro/a Estudante!
1
Objectivos do Módulo
Uma vez terminado o estudo deste módulo, você deverá ser capaz de:
Analisar os factores da estratificação social;
Distinguir os tipos de formações sociais;
Reconhecer os traços de estratificação social num determinado
grupo social;
Analisar os factores de mobilidade social;
Explicar os “momentos” das mudanças sociais;
Distinguir os diferentes tipos de mobilidade social;
Explicar o impacto da multiplicidade de tarefas;
Analisar os factores do desvio social;
Analisar as manifestações da globalização;
Explicar as implicações da exclusão social.
Estrutura do Módulo
O presente módulo está organizado em unidades de aprendizagem.
Cada unidade tem uma Introdução, Objectivos de aprendizagem,
Auto-avaliação da unidade e Resumo. Em cada unidade, a
abordagem dos conteúdos organiza-se em Lições. Por sua vez, cada
Lição compreende uma introdução, os objectivos da lição, o
conteúdo a ser estudado, as actividades de aprendizagem,
exercícios, questões de debate, orientações para a tomada de notas
e outros elementos que variam de uma unidade para outra. No fim
de cada lição, encontra-se um resumo e uma proposta de auto-
avaliação. No fim da Unidade encontra-se uma Auto-avaliação da
Unidade, comentários para as auto-avaliações e sugestão de leituras
complementares.
2
Os conteúdos deste módulo estão distribuídos em duas unidades de
aprendizagem, a primeira com 8 (oito) lições e a segunda com 10
(dez) lições. Por conseguinte, o módulo compreende um total de 18
(dezoito) lições, conforme ilustra o quadro que se segue:
3
Avaliação
Para a consolidação da aprendizagem, estão propostos no fim de
cada lição e unidade temática, actividades de exercitação com o
objectivo de permitir a sua auto-avaliação. Com efeito, tais
actividades serão individualmente resolvidas por cada estudante e,
depois, serão debatidas com o docente e/ou com os restantes
colegas da turma. Para além destes, poderão ser tomados em
consideração outros instrumentos de avaliação como: testes,
trabalhos individuais, em pares ou mesmo em grupos, chats e
fóruns no moodle, entre outros. Para todos os efeitos, não
desperdice tempo deixando as actividades para mais tarde, pois elas
irão se avolumando à medida que se abordarem novas lições.
Lembrando ainda que a compreensão dessas actividades pode
ajudar muito na assimilação do conteúdo das lições subsequentes.
Para a avaliação sumativa, o módulo/disciplina compreenderá dois
testes, sendo um presencial e o outro no moodle e um trabalho em
grupo. A culminação inclui a realização de um exame escrito.
Ícones de Actividades
Caro estudante, para lhe ajudar a orientar-se no estudo deste
módulo e facilmente foram usados marcadores de texto do tipo
ícones. Os ícones foram escolhidos pelo CEMEC (Centro de
Estudos Moçambicanos e Etnociência) da Universidade
Pedagógica. Tomou-se em consideração a diversidade cultural
Moçambicana. Encontre, a seguir, a lista de ícones, o que a figura
representa e a descrição do que cada um deles indica no módulo:
4
1. Exercício 2. Actividade 3. Auto-Avaliação
[peneira]
[colher de pau com alimento
[enxada em actividade] para provar]
4. Exemplo/estudo de 5. Debate 6. Trabalho em grupo
caso
[Jogo Ntxuva]
[fogueira] [mãos unidas]
[sentados à volta da
fogueira]
[sol]
[embondeiro]
13. Terminologia 14. Video/Plataforma 15. Comentários
Glossário
[Balão de fala]
[Dicionário] [computador]
5
1. Exercício (trabalho, exercitação) – A enxada relaciona-se com
um tipo de trabalho, indica que é preciso trabalhar e pôr em prática
ou aplicar o aprendido.
2. Actividade - A colher com o alimento para provar indica que é
momento de realizar uma actividade diferente da simples leitura, e
verificar como está a ocorrer a aprendizagem.
3. Auto-Avaliação – A peneira permite separar elementos, por isso
indica que existe uma proposta para verificação do que foi ou não
aprendido.
4. Exemplo/Estudo de caso – Indica que há um caso a ser resolvido
comparativamente ao jogo de Ntxuva em que cada jogo é um caso
diferente.
5. Debate – Indica a sugestão de se juntar a outros (presencialmente
ou usando a plataforma digital) para troca de experiências, para
novas aprendizagens, como é costume fazer-se à volta da fogueira.
6. Trabalho em grupo –Para a sua realização há necessidade de
entreajuda, que se apoiem uns aos outros
7. Tome nota/Atenção – Chamada de atenção
8. Objectivos – orientação para organização do seu estudo e daquilo
que deverá aprender a fazer ou a fazer melhor
9. Leitura adicional – O livro indica que é necessário obter
informações adicionais através de livros ou outras fontes.
10. Reflexão – O embondeiro é robusto e forte. Indica um momento
para fortalecer as suas ideias, para construir o seu saber.
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á
realização de uma tarefa ou actividade, estudo de uma unidade ou
lição.
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira
como é costume fazer-se para se contar histórias. É o momento de
sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na unidade.
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta,
indica que se apresenta a terminologia importante nessa lição ou
6
então que se apresenta um Glossário com os termos mais
importantes.
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo
para ser visto ou que existe uma actividade a ser realizada na
plataforma digital de ensino e aprendizagem.
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar
a verificar as suas respostas às actividades, exercícios e questões de
auto-avaliação.
7
Conteúdos
Lição n° 1 4
Conceito de Estratificação Social e Considerações Básicas da Estratificação Social
Disciplina 4
1.1 Conceito de Estratificação Social 4
1.2 Aspectos fundamentais para a abordagem da disciplina
6
Lição n° 2 9
Características da Estratificação Social: desigualdade, diferenciação
e hierarquização 9
UNIDADE
2.1 Desigualdade, diferenciação e hierarquização 9
Lição n° 3 14
Factores da Estratificação Social 14
1
3.1. Factores da Estratificação Social 14
Lição n° 4 17
Teorias de Classe e de Estratificação Social 17
4.1. Teorias Marxistas e Neomarxistas ou de conflito
18
4.2 Teoria Funcionalista ou de consenso 20
Lição n° 5 24
Crítica à teoria funcionalista de estratificação 24
5.1 Crítica à teoria funcionalista de estratificação 24
Lição n° 6 27
Teorias Weberianas 27
Lição n° 7 30
Sistemas de Estratificação Social 30
7.1 Sistemas fechados 31
7.2 Sistemas Abertos de Estratificação Social 32
Lição n° 8 35
Funções Básicas da Sociedade 35
8.1 Definição do Conceito de Sociedade 36
8.2 Funções básicas da sociedade 36
Pág. 1 - 44
1
Introdução
A existência do Homem ao longo de diferentes fases/etapas que
acompanharam o desenvolvimento das comunidades e sociedades
foi caracterizada por uma certa organização, mesmo que denotando
a divisão do trabalho, e que com o tempo foi se aperfeiçoando, com
todas as suas consequências. Neste contexto, é fundamental que se
discuta de que maneira tais sociedades foram-se hierarquizando ou
estruturando, bem como as razões que teriam contribuindo para tal
facto. Paralelamente a isso, vários teóricos procuraram explicar a
questão da estratificação/hierarquização das sociedades, sendo por
isso importante que se analisem as fundamentações das suas teses.
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
Definir o conceito de Estratificação Social;
Identificar as características da Estratificação Social;
Identificar os critérios da Estratificação Social;
2
Explicar os critérios da Estratificação Social;
Distinguir as teorias de Estratificação Social;
Descrever os sistemas Sociais de Estratificação Social;
Identificar os tipos de formações sociais;
Explicar as funções básicas da sociedade;
3
Lição n° 1
Conceito de Estratificação Social e Considerações Básicas da Disciplina
Introdução
Caro/a estudante, a abordagem desta disciplina requer antes de
mais não só a percepção do conceito de Estratificação Social, como
também a compreensão dos aspectos básicos a tomar em
consideração para sua melhor pesquisa, leitura e compreensão.
Estes dois aspectos constituem parte dos elementos essenciais que
irão flexibilizar o seu raciocínio neste contexto e, particularmente,
nesta lição.
Objectivos
Tempo
4
ocupam posições diferentes, principalmente nos âmbitos
económico e profissional (Almeida, 1984: 24).
5
Certamente que identificou, dentre as épocas mencionadas, os
períodos históricos susceptíveis da abordagem de Estratificação
Social. Mais do que os identificar, deverá, igualmente, explicar o que
justifica a hierarquização ou desigualdade social em cada uma das
Comentario
etapas históricas. Aí estaria a mencionar exemplos que abrangerão a
pergunta número 2. Caso tenha dificuldades, sugere-se que volte a ler
os conceitos da lição, discuta com os colegas e até se possível
comparar as respostas.
6
Busque subsídios para o estudo desta disciplina não só nas obras de
História, mas também nas obras de Sociologia e Antropologia.
Durante as suas leituras é preciso considerar exemplos do dia-a-dia
das sociedades e, particularmente, da comunidade em que você
vive para que esta (disciplina) lhe seja mesmo útil.
Resumo da lição
Na presente lição discutiu-se o conceito de Estratificação Social,
assim como os aspectos fundamentais a ter em consideração
para a abordagem da disciplina. Em relação ao conceito de
Estratificação Social, mereceram particular destaque os
seguintes aspectos:
7
Auto-avaliação 1
1. Defina o conceito de Estratificação Social.
2. Que elementos podem ser avançados para atestar a
estratificação social na época feudal?
3. A estratificação é uma característica universal das sociedades
humanas, mas os seus critérios constituem uma criação do
observador.
- Explique o significado desta afirmação.
4. Qual é o objectivo do estudo de Estratificação e Mobilidade
Social?
Leituras complementares
AIRON, Raymond. Novos Temas de Sociologia Contemporânea: Luta
de Classes. Lisboa, Editorial Presença, 1993.
BARROS, José d‟Assunção. O campo da História: Especialidades e
Abordagens. São Paulo, Editora Atlas, 2004.
FERRARI, Afonso Trujillo. Fundamentos de Sociologia. São Paulo,
McGraw-Hill, 1983.
8
Lição n° 2
Características da Estratificação Social: desigualdade, diferenciação e
hierarquização
Introdução
Para uma melhor abordagem da estratificação social, é preciso
apresentar alguns traços distintivos que levem à percepção do
fenómeno “Estratificação”. Existem características ou traços que
distinguem os indivíduos, mas que, na essência, não conduzem à
estratificação. Eis a pertinência de procurar trazer-se, nesta lição, as
características que lhe podem conduzir a compreender melhor o
fenómeno da estratificação social. Ao que parece, apriori, os termos
desigualdade, diferenciação e hierarquização são sinónimos. De
facto, do ponto de vista sociológico eles obedecem a uma certa teia.
Nesta lição poderá perceber como se estabelece essa teia.
Tempo
9
sexo, a idade, a categoria socioprofissional, a etnia (…). A
desigualdade social não é uma simples diferença individual.
Algumas diferenças que se podem encontrar entre os indivíduos
que compõem uma sociedade são sociologicamente irrelevantes: a
estrutura física, a cor dos olhos, alguns gostos artísticos, podem não
influenciar nas oportunidades da vida concreta ou nada dizer sobre
as posições sociais de cada um. Assim, fala-se em desigualdade
social quando se verifica um grau variável de acesso a bens,
serviços ou oportunidades, cuja raiz explicativa se encontre nos
próprios mecanismos da sociedade.
10
evitar/combater e que constitui um grande problema são as
diferenças abismais.
11
fábrica de descaroçamento de castanha de caju, uns poucos são
agricultores, existindo um número que se dedica à actividade
comercial.
12
está em condições de continuar a aprender, avançando para os Factores
da Estratificação Social, tópico que será tratado na próxima lição.
Resumo da lição
Nesta lição, o caro estudante ficou a saber que a Estratificação Social se
caracteriza pela existência da desigualdade, esta que leva à
diferenciação social e, por conseguinte, a diferenciação social conduz à
hierarquização, esta última que pressupõe a existência de diferentes
grupos que podem ser classes sociais, camadas ou estamentos.
Auto-avaliação 2
1. Observe quais são os aspectos mais marcantes da desigualdade e
diferenciação social da sua localidade. A seguir, faça uma lista de
tais aspectos para discutir com seus colegas.
Leituras complementares
FERREIRA, J.M. Carvalho, CARVALHO, João Peixoto et al.
Sociologia. Lisboa, Editora McGRAW-HILL, 2013.
13
Lição n° 3
Factores da Estratificação Social
Introdução
Nas sociedades tem-se assistido à hierarquização dos indivíduos ou
grupos dos mesmos. Essa hierarquização deve-se a uma série de
factores cuja explicação é encontrada no respectivo meio social.
Assim, na presente lição procura-se identificar os diferentes
factores que intervêm na estratificação social, assim como a
influência que tais factores geram no meio em que as pessoas se
encontram.
Objectivos
Tempo
1
São os casos da cor da pele, a capacidade de inovação e a criatividade.
14
no trabalho, entre outros, o que lhe dá mais reconhecimento. Os
factores da estratificação social podem ser: distribuição desigual da
renda e da riqueza. Neste caso, segundo Lenski apud Ferrari
(1983), a distribuição obedeceria a um curioso dualismo
contraditório – da necessidade e do poder. O poder rege a
distribuição de recompensas e tem mais benefícios. A maior parte
das acções humanas são motivadas pela necessidade de satisfazer
as exigências vitais e derivados. Os trabalhadores que sofrem as
consequências de “mais-valia” são inferiorizados pela sua
incapacidade de administrar os seus fracos rendimentos.
15
Resumo da lição
Os factores da Estratificação Social são traços distintivos adquiridos
na vida social. As contradições em torno da desigualdade social entre
os seres humanos nas sociedades contemporâneas têm sido em termos
da distribuição da “renda” e “riqueza”, assim como, para Lenski,
adviria da “necessidade” e do “poder”.
Auto-avaliação
1. Em que medida a riqueza, a necessidade e o poder influenciam na
Estratificação Social?
Leituras complementares
FERREIRA, J.M. Carvalho, CARVALHO, João Peixoto et al.
Sociologia. Lisboa, Editora McGRAW-HILL, 2013.
16
Lição n° 4
Teorias de Classe e de Estratificação Social
Introdução
Nesta lição, dá-se especial atenção aos teóricos que analisaram a
questão de classes sociais e os fundamentos da Estratificação
Social. Na verdade, foram vários os teóricos que analisaram a
estratificação social, porém, por agora o foco incide sobre aquelas
que Ferrari (1983), Ferreira et al (2004) e Ferreira et al (2013)
consideraram fundamentais.
17
Ao completar esta lição, você deverá ser capaz de:
Tempo
18
dos donos dos meios de produção, e uma classe dominada formada
pelos trabalhadores. Para este teórico, a lei, o governo, a arte e a
literatura, a ciência e a filosofia, todos servem mais ou menos
directamente, aos interesses da classe dominante. Marx considera a
produção como sendo o eixo básico para a estruturação da
estratificação social (Ferrari, 1983: 411).
19
estratificação social numerosos grupos sociais que a visão de Marx
subestimou, ou que adquiriu relevo só com o decorrer do século
XX. Em alguns casos, esses grupos sociais subestimados por Marx
assumiram um papel preponderante na sociedade. Portanto, o
objectivo é “actualizar” Marx, perante uma realidade que ele não
poderia ter conhecido, ou que na medida em que pôde vislumbrar,
não soube dar valor.
20
As desigualdades sociais que conduzem à estratificação social são
uma necessidade funcional do sistema. As teorias funcionalistas
ligam-se às teorias liberais das desigualdades sociais. Os
defensores da teoria funcionalista insistem na relevância do
crescimento dos estratos.
21
5. 3. Na análise desta pergunta, o caro estudante deve
fundamentar a necessidade de remuneração diferenciada em
função das “qualidades de cada membro do grupo ou
organização”.
Resumo da lição
As teorias de estratificação social mais conhecidas foram propostas
por Marx, Weber e pelos funcionalistas. A teoria Marxista de
estratificação social refere-se à história considerando a civilização
antiga, feudalismo e capitalismo, caracterizadas por modos de
produção que estabelecem estruturas bipolares: as classes dominante e
dominada. A produção é o eixo básico da estruturação da
estratificação social. As teorias funcionalistas de estratificação social
correspondem a uma necessidade social de explicar o funcionamento
da sociedade dentro de um determinado tipo de estratificação. As
contribuições que mais se destacam são de Parsons, Moore e Davis.
Auto-avaliação 4
1. Quais são as ideias centrais da Teoria Marxista?
2. Qual é a intenção dos Neomarxistas, entanto que seguidores de
Marx?
3. Que crítica é feita à teoria Marxista?
22
Leituras complementares
DA CRUZ, M. Braga. Teorias Sociológicas: os Fundadores e os
Clássicos, Antologia de textos. Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 1989.
23
Lição n° 5
Crítica à teoria funcionalista de estratificação
Introdução
Embora a teoria funcionalista de estratificação social ou de
consenso tenha demonstrado bons avanços para a compreensão das
actuais sociedades, nem todos os aspectos por si desenvolvidos são
totalmente salutares. Eis a razão da presente abordagem com vista a
analisar tais realidades que carecem de reparos ou mesmo maior
atenção no dia-a-dia. Portanto, nesta lição, apresentam-se as
realidades consideradas críticas à teoria em análise.
Tempo
24
Apesar das críticas, a teoria funcionalista de estratificação
apresenta contributos para a análise das desigualdades, pois,
parece adequada para compreender os múltiplos processos da
mobilidade social das sociedades contemporâneas. Ao contrário da
teoria de classes, o funcionalismo sublinha a inserção individual em
processos de ascensão ou regressão, permitindo o entendimento dos
momentos em que não se manifestam conflitos e verifica-se uma
aceitação global da organização social. Para avaliar o valor que se
atribui aos canais de mobilidade e instituições que promovem a
subida do sistema social e explicação de algumas formas de
resistência a processos de mudança social. A passagem que umas
sociedades efectuam de uma guerra para paz, ou progressiva
laicização dos comportamentos influencia na sua vivência
quotidiana.
Resumo da lição
A teoria funcionalista de estratificação social é criticada por ter uma
visão simplesmente do presente e sem considerar a evolução das
comunidades ou sociedades. Esta teoria peca ainda por centrar a sua
25
análise apenas na sociedade contemporânea. O seu mérito centra-se na
valorização do esforço e proactividade individual, daí optar pela
recompensa mais dirigida e não grupal.
Auto-avaliação 5
1. Qual é a ideia central dos funcionalistas? Que avaliação você faz
dessa ideia?
2. Apresente os aspectos críticos da teoria Funcionalista de
estratificação social.
Leituras complementares
FERREIRA, J.M. Carvalho, CARVALHO, João Peixoto et al.
Sociologia. Lisboa, Editora McGRAW-HILL, 2004.
26
Lição n° 6
Teorias Weberianas
Introdução
A teoria weberiana considera as organizações como sistemas
burocráticos, que constituem o ponto de partida para sociólogos e
cientistas políticos no estudo das organizações. Nesta lição, aborda-
se a sociologia compreensiva da acção social e apresentam-se as
características positivas e negativas da burocracia. As origens das
desigualdades sociais são a base de estudo na presente lição, ou
seja, procura-se analisar em que medida cada eixo de desigualdade
social, económica, de prestígio e do poder político vai influenciar
no modo de vida das comunidades.
Tempo
27
meios de produção, mas também a posse dos outros recursos como,
por exemplo, as qualificações educacionais.
28
Resumo da lição
A teoria Weberiana resulta da crítica feita a Marx sobre a
estratificação social. As classes sociais seriam, para este teórico, a
distribuição do poder dentro de uma comunidade. Neste caso, o poder
seria a capacidade de um homem realizar a sua própria vontade numa
acção comunitária.
Auto-avaliação 6
1. Qual é a essência defendida pelos Weberianos?
2. A teoria Marxiana advoga que “toda a história da humanidade é
de luta de classes”.
- Analise o trecho destacado.
3. Marx não foi Marxista. Concorda com a afirmação? Fundamente
a sua opção!
Leituras complementares
DA CRUZ, M. Braga. Teorias Sociológicas: os Fundadores e os
Clássicos, Antologia de textos. Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian, 1989.
29
Lição n° 7
Sistemas de Estratificação Social
Introdução
Nesta lição, irá perceber como é que as diferentes sociedades foram
se organizando no seu modo de vida, desde as mais antigas até às
modernas. Ao longo da lição, procura-se caracterizar os diferentes
sistemas de organização das sociedades, que podem ser fechados e
abertos. O tipo de sistema é que dita a mobilidade social ou
ausência da mesma, olhando para os diferentes grupos que
dinamizam as comunidades.
Tempo
30
7.1 Sistemas fechados
31
Em termos de estruturação, a sociedade indiana tradicional
apresentava quatro castas ou varnas:
os brâmanes ou sacerdotes;
os xatrias ou guerreiros;
os vaicias ou mercadores;
os sudras ou camponeses e outros trabalhadores.
32
As classes sociais constituem aspecto distintivo da diferenciação
social. Diferente das castas e estamentos, as classes sociais
permitem grande mobilidade social, a verticalidade em ambos
sentidos têm sido característica básica. A mudança de status tem
derivado da diferenciação na distribuição do poder e da
propriedade. Na verdade, este sistema alia-se sobremaneira à teoria
funcionalista de estratificação social e isso fica evidente pela
valorização do empenho de cada indivíduo, quebrando-se a
condenação por nascimento, então vigente.
33
Resumo da lição
Os sistemas fechados de estratificação social caracterizam-se pela
quase ausência da mobilidade social. Estes sistemas podem ser
escravocratas, castas e estamentos. Os sistemas abertos de
estratificação social caracterizam-se por permitir a mobilidade social.
Neste sistema, as pessoas são reconhecidas pela sua
capacidade/meritocracia.
Auto-avaliação 7
1. Sobre a existência de classes sociais dentro da sociedade
moçambicana, escreva 3 ou 4 linhas explicando o que ocorreria
com os níveis de estimulação profissional se não houvesse
distinções?
2. Inspirando-se nos funcionalistas, discuta com os colegas se as
classes sociais são fundamentais ou não. Depois escreva no seu
caderno a conclusão a que chegarem.
3. Distinga sociedades fechadas de sociedades abertas de
estratificação social.
Leituras complementares
FERRARI, Afonso Trujillo. Fundamentos de Sociologia. São
Paulo, McGraw-Hill, 1983.
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v15n1/05.pdf
34
Lição n° 8
Funções Básicas da Sociedade
Introdução
Nesta lição, irá aprender a relevância de se viver em sociedade.
Aliás, viver em sociedade é um dos aspectos fundamentais da
existência do ser humano. É a sociedade que molda os homens em
função das suas necessidades por meio de regras de convivência. Já
pensou como seria o dia-a-dia dos Homens se não houvesse
normais que regulassem a sociedade?
Tempo
35
8.1 Definição do Conceito de Sociedade
36
8.2.2 Funções específicas da sociedade
As funções específicas da sociedade gravitam em torno das
respostas grupais às necessidades básicas e primárias dos
indivíduos e não nas ofertas de cada sistema social específico. As
funções específicas da sociedade têm como finalidade manter a
continuidade de si mesma e procurar o equilíbrio das acções
humanas. Tais funções são, dentre várias: socializadora,
renovadora, divisão, distribuição de serviços e administração
social.
37
os mais velhos deixem o seu legado para melhor condução dos que
a seguir irão encabeçar o poder.
Finalmente, em relação à pergunta 3, o caro estudante deverá
tomar em consideração que existem normas de conduta social
comuns a quase todas as sociedades e outras que são restritas em
função da realidade e da intenção de cada grupo social. Esta lição
marca o fim da primeira unidade do módulo, de seguida, leia o
resumo e realize a actividade de auto-avaliação que lhe é proposta.
Depois da auto-avaliação e antes de entrar na segunda unidade do
módulo, confira os comentários de todas as actividades de auto-
avalição da unidade e certifique-se se respondeu devidamente.
Resumo da lição
As funções da sociedade são traçadas, muitas vezes, pelos grupos a que
os indivíduos pertencem, bem como pelas instituições que controlam
tais grupos. Existem funções meramente genéricas das sociedades mas
também existem aquelas que variam em função dos grupos em causa,
espaço e padrão de vida, daí denominarem-se específicas. Em suma,
seja como for, um dos pressupostos básicos da sociedade é a integração
das gerações recentes e o seu acompanhamento mediante as regras e
normas previamente traçadas e vigentes.
Auto-avaliação 8
1. Preste atenção à vivência na sociedade em que você se encontra
inserido.
a) Quais têm sido as funções básicas da sociedade para com os
seus membros?
b) Quem são os que costumam traçar as normas ou regras que
vigoram?
2. Considerando a vida na sociedade/comunidade na qual faz parte,
sugira normas específicas que possam ajudar a mesma.
38
Leituras complementares
FERRARI, Afonso Trujillo. Fundamentos de Sociologia. São
Paulo, McGraw-Hill, 1983.
http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Kinesis/Os
papeissociaisnaformacao.pdf
39
Comentários das Auto-avaliações das Lições
Comentários da Auto-avaliação 1
Comentário da Auto-avaliação 2
40
prerrogativas ou mesmo desvantagens, descartando factores
biológicos. Para isso, é necessário considerar os diferentes aspectos
que advêm da dinâmica da vida social e da sua capacidade criativa.
Comentário da Auto-avaliação 3
Comentário da Auto-avaliação 4
41
Comentário da Auto-avaliação 5
Comentário da Auto-avaliação 6
Comentários da Auto-avaliação 7
42
bem como a iniciativa para o sucesso das organizações. Ademais, é
uma prova de que os Homens raciocinam e agem de forma
diferenciada no seu dia-a-dia. Na sua explanação, você deverá dar a
entender que, os sistemas abertos de estratificação social permitem a
mobilidade social, podendo ser ascendentes ou regressivo;
diferentemente daqueles, os sistemas fechados de estratificação social
caracterizam-se pela ausência da mobilidade social, quando acontece
é apenas no sentido regressivo.
Comentário da Auto-avaliação 8
43
Resumo da Unidade
Nesta unidade, aprendemos sobre a hierarquização das sociedades,
considerando as diferentes etapas de evolução humana. A
desigualdade, diferenciação e hierarquização constituem
características de estratificação. Quanto aos factores que
conduzem à estratificação social, há que citar: a influência do
indivíduo, a capacidade mental, a criatividade, entre outros. É
salutar referenciar que a teoria de classe e de estratificação social
que alia à contemporaneidade é a Funcional ou de consenso, pois
encoraja as desigualdades sociais, já que estas activam o esforço
dos indivíduos nos grupos ou organizações em que se encontram,
daí que a esta teoria se associam os sistemas abertos de
estratificação social.
44
Conteúdos
Lição n° 9 48
Conceito e Tipos de Mobilidade Social 48
9.1 Conceito de Mobilidade Social 48
9.2 Tipos de Mobilidade Social 49
Mobilidade Social
Lição n° 10 53
Factores da Mobilidade Social 53
10.1 Factores colectivos 54
10.2 Factores individuais 54
Lição n° 11 57
UNIDADE
Formação das elites e mobilidade social, o exemplo de Moçambique 57
11.1 Elite 58
11.2 Contexto do surgimento da Elite em Moçambique 59
Lição n° 12 65
2
Papel Social e a Multiplicidade de Tarefas 65
12.1 Papel Social 66
12.2 Características do Papel Social 66
12.3 Conteúdo e níveis do Papel Social 67
12.4 Formação e multiplicidade dos papéis sociais 69
Lição n° 13 73
Desvio Social 73
13.1 Desvio Social 73
13.2 Desvio social, atentado ou não? 74
13.3 Factores que contribuem para o desvio social 75
Lição n° 14 83
Conceito e Tipos de Mobilidade Social 83
14.1 Controlo Social 84
14.2 Significado do Controlo Social 84
14.3 O papel das sanções sociais no controlo 85
14.4 Canais de controlo social 85
14.5 Mecanismos do controlo Social 86
14.6 Conformismo social e obediência 87
Lição n° 15 91
Globalização: Contexto, Conceito e características 91
15.1 Contexto e Conceito de Globalização 92
15.2 Características da globalização 93
Lição n° 16 98
Globalização como fábula, factor perverso e como possibilidade 98
Lição n° 17 104
Problemas, significado político-social e impacto da globalização 104
17.1 Problemas e significado político-social da globalização 105
17.2 Impacto da globalização 106
17.3 Globalização/Mobilidade 107
Lição n° 18 111
Exclusão social e reinvenção de identidades 111
18.1 Exclusão social 112
18.2 Factores da Exclusão social e identidade 112
18.3 Formas de exclusão social 115
Pág. 45 - 126
45
Introdução
Paralelamente à estratificação social, tem havido fluidez e flexibilidade
das classes sociais dentro de uma certa sociedade. Quer dizer, em
sociedades com sistemas abertos, a passagem de um indivíduo ou grupo
de uma classe ou camada para outra tem sido uma característica básica,
daí a mobilidade social. Esta realidade caracteriza muitas sociedades do
período contemporâneo. Com efeito, nesta unidade, apresenta-se a
definição do conceito de Mobilidade Social, discutem-se os tipos de
mobilidade social, bem como os factores que a impulsionam.
Naturalmente, esse fenómeno (mobilidade social) gera grupos
diferenciados, daí abordar-se a questão das elites, tendo-se como exemplo
o caso de Moçambique.
46
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
Descrever as cosmogonias;
47
Lição n° 9
Conceito e Tipos de Mobilidade Social
Introdução
Nesta lição, apresenta-se a definição do conceito Mobilidade Social,
assim como os tipos da mesma. Os dois aspectos tratados na presente
lição são essenciais para a compreensão de outros aspectos subsequentes
da presente unidade. O estudo da mobilidade social, concretamente dos
seus tipos, ajuda a compreender a disposição de diferentes grupos em
função da sua condenação por nascimento, influência, meritocracia, entre
outros factores.
Tempo
48
Como se pode depreender, nas duas definições, os autores apontam para a
movimentação das pessoas, passando a adquirir novo status podendo ser
de uma posição mais baixa ou alta. Tal movimentação, geralmente,
confere ao indivíduo ou grupo uma identidade diferente da anterior.
49
9.2.1 Mobilidade Social Vertical
A Mobilidade Social Vertical é notória em todas as sociedades abertas,
embora em graus diferentes. Ela consiste em um indivíduo ou grupo
passar de uma classe para outra, adquirindo um novo status. Esta
passagem pode significar descida ou subida de escala.
Actividade
Comentário
50
Imagine a situação de um Médico que trabalhava a 400km da
capital provincial de uma cidade e que passados cinco anos foi
transferido para a capital. Explique o tipo de mobilidade que teria
ocorrido.
Actividade
Resumo da lição
Nesta lição, deve se entender como mobilidade social a capacidade de
um indivíduo ou grupo sair de uma classe ou camada para outra. Tal
saída pode ser no sentido de ascensão ou regressão. No que concerne
aos tipos de mobilidade social, estes podem ser: vertical (ascendente e
regressivo) e horizontal ou falsa mobilidade.
Auto-avaliação 9
Preste atenção à comunidade na qual se encontra inserido/a, escreva
um comentário de 5 a 6 linhas de texto em torno da mobilidade social
que tem acontecido.
51
Comentários da auto – avaliação 9
Ao escrever o seu comentário tome em consideração a teoria
anteriormente apresentada sobre os tipos e sub-tipos da
mobilidade social. No seu comentário, deverá avançar alguns
exemplos que permitam melhor discussão com os seus colegas
na aula.
Leituras complementares
FERRARI, Afonso Trujillo. Fundamentos de Sociologia. São
Paulo, McGraw-Hill, 1983.
52
Lição n° 10
Factores da Mobilidade Social
Introdução
Nesta lição, apresentam-se alguns factores que concorrem para a
deslocação de um indivíduo ou grupo de indivíduos de uma classe ou
camada para outra. Procura-se explicar ainda em que medida cada factor
influencia na mobilidade social.
Tempo
53
contribuem para a mobilidade dos indivíduos ou grupos de pessoas duma
classe para outra.
54
barreira ou uma facilitação para a mobilidade social de um indivíduo
(Ferrari, 1983:434-443).
55
Resumo da lição
Os factores da mobilidade social podem ser extrapolados em dois
conjuntos: factores colectivos e factores individuais. Os factores
colectivos são decorrentes: i) da própria estrutura ocupacional e; ii) do
intercâmbio de posições.
Auto-avaliação
1. Faça uma lista das famílias que na sua sociedade passaram de uma
classe social para outra, tanto em termos de mobilidade social
ascendente como regressiva. Sempre que possível, indique o(s)
factor(es) que influenciou ou influenciaram.
Leituras complementares
PASTORE, José. Desigualdade e Mobilidade Social no Brasil. São
Paulo, Queiroz Edições, 1979.
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1224255137E5cIQ8me5Ut
57VI0.pdf
56
Lição n° 11
Formação das elites e mobilidade social, o exemplo de Moçambique
Introdução
Na presente lição, aborda-se a elite e a mobilidade social tomando-se
como exemplo a realidade moçambicana. A elite moçambicana teve as
suas origens no colonialismo português, a partir do processo de
assimilação, recurso às autoridades tradicionais como instrumentos de
auxílio colonial, a educação metropolitana, a luta armada de libertação
nacional, entre outros factores de natureza individual ou mesmo grupal. A
abordagem começa pela apresentação do conceito de elite, passando pela
contextualização do surgimento da mesma, assim como pela explicação
dos aspectos que, nesta realidade, influenciam a sua mobilidade social.
Tempo
57
indivíduos, então já há condições para se estudar sobre as Elites. Desta
feita, temos a oportunidade de analisarmos sobre a formação e o
desenvolvimento da elite em Moçambique.
11.1 Elite
Para Pité (1997: 47-48), denomina-se Elite a uma camada social que
conseguiu atingir níveis muito altos na sua actividade, que pode ser
política, académica ou socioeconómica. Esta é constituída pelos
indivíduos que têm funções dirigentes, abarcando a elite governamental e
a não governamental. As elites estão sempre presentes em todas as formas
de direcção ou governo, sendo responsáveis pela desigualdade da
distribuição da riqueza de uma sociedade, assim como do prestígio social.
Definindo Elite, Vergas (1994: 389) diz que, na sua significação mais
geral, o termo denota um grupo de pessoas que numa sociedade qualquer,
ocupa posições eminentes. Mais especificamente, designa um grupo de
pessoas ilustres num determinado campo, principalmente a minoria
governante e os círculos onde é recrutada.
Munaga (1986: 47) refere a elite como sendo “aqueles que dispõem de
maior acesso aos valores e ao seu controlo, às pessoas que ocupam as
mais altas posições numa determinada sociedade. Além da elite do poder
(elite política), existem elites de riqueza, responsabilidade e
conhecimentos”.
58
Analisando as três definições de Elite já apresentadas e tomando em
consideração a realidade moçambicana, diga com qual delas se
identifica e fundamenta a sua escolha.
Actividade
59
invariavelmente, de contactos culturais harmoniosos e de conflitos
culturais que podem redundar em reacções violentas da população
submetida (Ibid.: 576).
2
Joaquim Alberto Chissano (Primeiro Ministro); Mário da Graça Machungo (Ministro
da Coordenação Económica); Rui Baltazar (Ministro da Justiça); Guidion Ndobe
(Ministro da Educação e Cultura); Armando Guebuza (Ministro de Administração
Interna); Óscar Monteiro (Ministro de Informação); Joaquim Paulino (Ministro da Saúde
e Assuntos Sociais); Alberto Chipande (Membro da Comissão Militar Mista); Alcântara
Santos (Ministro das Obras Públicas e Habitação); Baptista Picolo (Ministro das
Comunicações e Transporte); Sebastião Mabote (Membro da Comissão Militar Mista);
Jacinto Veloso (Membro da Comissão Militar Mista); Mariano Matsinhe (Ministro do
Trabalho); (…).
60
social e política. Exemplos: Dom Dinis Sengulane, o malogrado
Dom Jaime Gonçalves, Francisco Chimoio, entre outros.
61
1. Analise como muitas figuras que compõem a elite económica
conseguem influenciar o governo e mesmo a elite política em
Moçambique.
62
Resumo da lição
Falar da elite, especificamente na realidade moçambicana, é sinónimo
de aludir a um grupo social de status considerável que se destaque no
seio de várias pessoas. Tal destaque justifica-se pela sua história na
Luta Armada de Libertação Nacional, pela capacidade de educação
tida durante o período colonial, pela dinâmica económica ou política,
pela família em que se encontra, entre outros aspectos. Ao abordar
acerca da formação da elite moçambicana, é preciso ter atenção no
facto de ela se especificar em política, economia, religião ou
intelectual/academia, embora existam situações em que a elite se
tenha formado a partir da comunhão destes elementos, em particular,
políticos e económicos.
Auto-avaliação 11
1. Como é que é garantida a disseminação da influência para a
maioria pela elite?
63
Leituras complementares
HEDGES, David. História de Moçambique: Moçambique no Auge
do Colonialismo, 1930-1961. 2ª ed., Volume 2. Maputo, Livraria
Universitária, 1999.
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218639505B4yEE8zd4L
m89HK9.pdf acesso aos 01/03/19.
http://jorgejairoce.blogspot.com/2012/09/contribuicao-para-o-
estudo-da-formacao.htm
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218639505B4yEE8zd4L
m89HK9.pdf
64
Lição n° 12
Papel Social e a Multiplicidade de Tarefas
Introdução
Em todas as sociedades, os seus membros têm posições e papéis
demarcados. Não existem sociedades em que todos os membros tenham a
mesma ocupação. Os papéis e normas sociais dão sentido à vida. As
obrigações, os deveres e os direitos de cada um já elucidam esta realidade.
É nesta base que a presente lição procura apresentar o conceito de papel
social, características, conteúdo do papel social, formação dos papéis
sociais, bem como as implicações que ocorrem como resultado do
choque/conflito de diferentes papéis no mesmo indivíduo.
Tempo
65
12.1 Papel Social
Worsley (1983: 287) define papel social como sendo o conjunto dos
comportamentos que se espera de um indivíduo no desempenho das suas
actividades sociais.
Por sua vez, Ferrari (1983) entende o papel social como sendo “o
desempenho de determinados direitos e obrigações referentes a um status
específico ou com um status global”. O papel social reflecte um certo
comportamento esperado, daí um conjunto de expectativas.
Papel social é aquilo que se espera de alguém que tem um certo estatuto
social. É o conjunto de deveres ou funções que a pessoa tem. Por
exemplo: espera-se que um professor explique as matérias, que avalie os
alunos, etc., que eduque visando a formação integral.
66
c) O papel social é socializado porque é aprendido no percurso da
existência das pessoas. Estas sempre estão sendo submetidas ao
processo de socialização e ressocialização. O indivíduo, sendo
actor e membro de grupos, associações, instituições sociais, entre
outros, está submetido à aprendizagem, ao ensinamento de papéis
sociais, daí que no percurso da sua existência também deverá
observa-los, redefini-los e cumpri-los com obrigação.
67
como nas suas manifestações internas ou mentais. Por exemplo, de um
professor não só se espera que ele eduque ou forme, como também se
espera que ele tenha atitudes e valores, sirva de exemplo em função do
seu papel social.
68
1. O que se pode esperar de um indivíduo que, tendo diferentes
papéis sociais, não consiga satisfazê-los no seu dia-a-dia?
Tanto Ferrari (1983) como Worslay (1983) afirmam que, nas diversas
sociedades, os papéis sociais são elaborados em função das exigências de
uma cultura específica. Daí que os papeis sociais de base, condicionados
pela cultura, não são os mesmos em todas as sociedades. Por exemplo, nas
sociedades tradicionais, o papel da mulher é a reprodução/procriação,
obediência ao marido e trabalhar à terra. Porém, nas sociedades modernas,
69
à mulher cabe o papel de procriação não como imposição, mas como um
papel negociável. Em termos de trabalho, a mulher tem um papel de
destaque nos sectores secundário e terciário, podendo competir, suplantar
ou estar em pé de igualdade com o homem. Assim sendo, pode concluir-
se que a multiplicação dos papéis sociais se relaciona com o nível de
desenvolvimento da sociedade. Cada sociedade exerce influência na
formação dos papéis exigidos por ela, conforme a importância relativa
dada a esses papéis pelos membros, em conformidade com os aludidos
padrões culturais e com os seus sistemas sociais.
Carvalho e Vieira (2008: 7) sustentam que, uma vez que cada função
exige um comportamento típico, são inúmeros os comportamentos que
realizamos. Assim, ao exercermos as diferentes funções que nos são dadas
pela sociedade, estamos a desempenhar uma multiplicidade de papéis
sociais.
70
Resumo da lição
O papel social é gerado pelo próprio processo histórico da sociedade.
É definido como conjunto de códigos e normas sociais. As
características do papel social estão relacionadas com os factos: a) é
produto cultural; b) é estabelecido antes pela sociedade que pelo
indivíduo; c) é socializado; d) relaciona-se inteiramente com o status;
e) traz consigo uma carga de expectativas de comportamento; f)
implica ideia de reciprocidade. A formação de papéis sociais, nas mais
diversas sociedades, acontece de forma semelhante, isto é, de acordo
com as exigências da cultura e da sociedade. Tensão e conflito de
papéis emergem quando há dificuldades no cumprimento das
obrigações; quando não é possível reduzir a tensão, os papéis podem
ficar em conflito.
Auto-avaliação 12
1. Quais são as características do papel social e em que consistem?
Leituras complementares
71
OLIVEIRA, M. L. et al. Sociologia. 4ª ed. Lisboa, Texto Editora,
1989.
72
Lição n° 13
Desvio Social
Introdução
Qualquer indivíduo ou grupos humanos, no seu dia-a-dia, por vezes, têm
enveredado por condutas ou comportamentos que se mostrem
desajustados em relação ao padrão de vida requerido pela sociedade ou
mesmo pelos membros à sua volta. Assim, na presente lição, procura
explicar-se a noção de desvio social ou comportamental, compreender se
esse fenómeno constitui atentado ou não para os membros da sociedade.
De igual modo, explicam-se os factores que concorrem para o desvio
social.
Tempo
73
resulta, antes de mais, de uma operação de definição e classificação
social.
A avaliar por Ferreira et al (2004: 429), o desvio social pode ser visto
como:
1º - Um atentado à ordem social;
2º - Signo da incapacidade dos grupos e das sociedades em matéria de
socialização e contenção dos seus membros.
A existência do comportamento desviado de algumas pessoas não leva
necessariamente ao aparecimento do problema social3. Quando o desvio
do comportamento é irrelevante, porque não afecta a estabilidade, a
coesão e a integração da comunidade, e por isso mesmo os membros da
sociedade não tomam consciência da sua existência, não emerge definição
do problema social. Neste caso, a colectividade tende a tolerar o desvio
porque não atinge a ordem moral dominante e outras ordens morais
subordinadas.
3
Sociologicamente define-se o “problema social” como qualquer condição, situação,
desvio, discrepância que afecta a estabilidade e ordem social e que produz uma tomada
de consciência nos grupos afectados e que zelam pela estabilidade social (Ferrari, 1983:
466).
74
13.3 Factores que contribuem para o desvio social
75
Como se pode depreender, em cada grupo social, quando ocorre um
comportamento desviante, há sempre uma tentativa de corrigir ou
reabilitar o indivíduo por meio de aplicação de sanções negativas. Estas
variam em função da gravidade do comportamento, do espaço, entre
outras razões.
76
encarceramento ou privação de liberdade, excomunhão, pagamento
de multa, indemnização, isolamento, entre outras. Sugiro ainda que
converse com o tutor geral em torno desta questão.
Em 2, caso tenha dúvidas na resposta desta pergunta, sugiro que
converse com dois colegas da sua comunidade e apontem os
aspectos consensuais.
77
em qualquer sociedade e liga-se às suas próprias características. É assim
um fenómeno passível de explicação sociológica, se bem que não deixa de
ser, em certa medida, um comportamento individual. Ele reflecte o seu
grau de conformidade social.
78
comportamental varia de sociedade para sociedade. Explique
porquê?
79
A delinquência juvenil, por exemplo, compreende todas transgressões da
lei realizadas por menores de idade e que com base na lei podem ser
submetidos aos tribunais de menores; o desvio comportamental do
indivíduo denominado crime é definido por lei; o suicídio é considerado
normalmente como um fenómeno de anormalidade comportamental. Mais
detalhes podem ser encontrados na génese da teoria de desvio social na
visão de Durkheim, já tratados.
Resumo da lição
A vivência de um indivíduo à margem das regras emanadas pela
colectividade significa desvio social/comportamental. A noção de
desvio comportamental existe em todas as sociedades, porém o
mesmo é definido e classificado em função das normas já traçadas.
Um aspecto considerado desviante para uma certa sociedade pode não
ser para uma outra.
80
corrupta da lei. Existem dois tipos de desvio: desvios não criminosos e
desvios criminosos.
Auto-avaliação 13
1. Apresente os elementos que influenciam para o desvio
comportamental.
Leituras complementares
FERRARI, Afonso Trujillo. Fundamentos de Sociologia. São
Paulo, McGraw-Hill, 1983.
https://www.google.com/search?q=desvio+social+pdf&oq=desvio+
social+pdf&aqs=chrome..69i57j0l5.6881j0j8&sourceid=chrome&i
e=UTF-8
81
82
Lição n° 14
Conceito e Tipos de Mobilidade Social
Introdução
Notando-se a existência de um comportamento desviante no seio do
colectivo, surgem sempre medidas correctivas ou de minimização. Eis a
razão da abordagem da presente lição, a partir da qual se procura discutir
acerca das sanções positivas e negativas que advêm da desobediência das
normas pré-estabelecidas. A liberdade comportamental e as tendências
instrutivas, aliado à variação cultural, propiciam a necessidade do
controlo social. Este fenómeno é um facto universal que as sociedades
observavam e observam nos mais diferentes níveis de desenvolvimento.
Tempo
83
14.1 Controlo Social
84
14.3 O papel das sanções sociais no controlo
4
Sociologicamente, o termo sanção tem um significado mais amplo. Pode ser a sanção
social de aprovação, isto é, de reconhecimento colectivo diante do comportamento
previsto como permissível. Neste caso, positiva-se uma sanção favorável, porque é
reconhecida com o valor que garante a persistência da ordem social imperante (Ferrari,
1983, p.451).
85
Em relação ao cálculo racional, convém esclarecer que o comportamento
humano é motivado por duas tendências: (i) a procura do prazer e (ii)
evitar a dor e o sofrimento. Em torno dessas duas tendências, a sociedade
codifica a sua maneira de conduzir os seus diferentes membros, conforme
o desempenho de suas acções sociais, em termos de interacção, papéis e
normas observadas.
86
2. Explique o conceito de sanção social!
87
conformado, porque as suas crenças e atitudes podem discutir tais normas.
Logo, o conformismo social e a obediência não agem em consonância na
consciência do indivíduo ou grupo.
Ferrari (1983: 458) explica ainda que o que justifica a obediência é o facto
de as pessoas sentirem-se unidas. Inclusive os elementos divergentes
acompanham as decisões do grupo, pois a decisão da maioria é acatada,
mesmo que essa obediência não tenha a aceitação íntima de alguns de
seus elementos. Eis a razão de o autor considerar que a obediência é um
passo importante para o conformismo, mas não um passo definitivo.
Resumo da lição
A definição de controlo social resume-se num processo activo que
serve para direccionar o comportamento. Significa que o controlo
social deve restaurar a sociedade, que necessita que a ordem social
seja mantida. O conceito de sanção social não deve ser encarado
sempre no sentido negativo. Sociologicamente, pode também referir-
se à premiação, aprovação ou valorização, daí existir sanção positiva e
sanção negativa. Os canais do controlo social estão vinculados com os
fenómenos de imitação, racionalização, autoconsciência ou
socialização, etc. Os mecanismos de controlo social são factores
externos que se denominam formais e informais.
88
obediência reside em o indivíduo ou o grupo social seguir, observar
aquilo que é exigido pelas normas da sociedade, sem importar se
acredita ou não na validade de tais normas.
Auto-avaliação 14
1. Explique a necessidade da existência de controlo social.
89
dificuldades, pode discutir esta questão com os colegas da
turma.
Leituras complementares
Charles Adolphus Kiesler e Sara B. Kiesler. Série "Tópicos de
Psicologia Social". Trad. de Dante Moreira Leite, São Paulo,
Editora Blücher Ltda., 1973 118 p
http://w3.ualg.pt/~jfarinha/activ_docente/psi_social/projec/PS2_5_i
nfluencia_1_0506.pdf
90
Lição n° 15
Globalização: Contexto, Conceito e características
Introdução
Globalização é um “slogan” dos finais do século XX. Este termo-conceito
tem a sua revolução na tecnologia e nas comunicações, que levam o
mundo a transformar-se numa “aldeia global” ou num centro comercial
global no qual tudo está disponível. Por isso, globalização designa,
essencialmente, a íntima ligação entre os países e as pessoas em quase
todos os aspectos da vida.
Tempo
91
15.1 Contexto e Conceito de Globalização
92
mais desenvolvido do que estava em épocas muito mais recentes, nos
anos 60 e 70 do século passado. As nações perdem uma boa parte de
soberania que detinham e os políticos perdem muito da sua capacidade de
influenciar os acontecimentos.
Por sua vez, Murteira (2003) define globalização como “um processo que
tem conduzido ao condicionamento crescente das políticas económicas
nacionais pela esfera megaeconómica, ao mesmo tempo que se adensam
as relações de interdependência, dominação e dependência entre os
actores internacionais e nacionais, incluindo os próprios governos
nacionais que procuram pôr em prática as suas estratégias no mercado
global” (p. 14).
93
Desterritorialização, ou seja, as relações entre os homens e entre as
instituições, sejam elas de natureza económica, política ou
cultural, tendem a desvincular-se das contingências do espaço;
94
Exercicio a) Apresente quatro aspectos que fundamentam a existência da
globalização nas sociedades?
95
Resumo da lição
A globalização apareceu como uma revolução na tecnologia e nas
comunicações, que levam o mundo a transformar-se numa “aldeia
global” ou num centro comercial global no qual tudo está disponível.
A globalização significa a íntima ligação entre os países e as pessoas
que partilham em quase todos os aspectos da vida seja económica,
política, social e/ou cultural. Por um lado, existem os cépticos que
negam a possibilidade de vivência num único mundo. Por outro,
existem os radicais que apontam para a evolução e a demonstração do
fenómeno globalização. Ora, é preciso compreender que, apesar dessa
contrariedade, não se pode negar a existência do fenómeno, embora o
mesmo esteja caracterizado por aspectos benéficos e nocivos para as
sociedades. Existem várias características do fenómeno, o que remete
à constatação inequívoca dos seus reflexos no mundo inteiro. Seja
como for, ao abordar sobre a globalização é preciso considerar dois
pólos, dos globalizadores e dos globalizados, olhando para o nível de
influência que cada um dá.
Auto-avaliação 15
1. Defina o conceito de globalização.
96
Leituras complementares
CAMPOS, Luís & CANAVEZES, Sara. Introdução á
Globalização. Lisboa, Instituto Bento Jesus
Bragança/Departamento de Formação, 2007.
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/2468/1/Introdu%C3
%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Globaliza%C3%A7%C3%A3o.
pdf
97
Lição n° 16
Globalização como fábula, factor perverso e como possibilidade
Introdução
Nesta lição, apresenta-se uma visão que, mesmo não sendo céptica, é
crítica do fenómeno, na perspectiva de Milton Santos. Ele entende que a
globalização é, por um lado, uma fábula, factor perverso e é uma
possibilidade. Assim, procura-se apresentar as teses e fundamentos deste
preceituado autor, o que possibilita a compreensão da realidade em
análise num outro ângulo. Segundo o autor, a criação de um único espaço
e unipolar é uma tentativa. O mundo é, actualmente, confuso e
confusamente percebido. Estes são os aspectos de fundo que constituem o
cerne da presente lição.
Tempo
98
Globalização como fábula, factor perverso e como possibilidade
Este mundo globalizado, visto como fábula, erige como verdade um certo
número de fantasias, cuja repetição, entretanto, acaba por se tornar uma
base aparentemente sólida de sua interpretação. Fala-se em aldeia global
para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as
pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias - para
aqueles que realmente podem viajar - também se difunde a noção de
tempo e espaço contraídos. É como se o mundo se tivesse tornado, para
todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é
apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade,
as diferenças locais são aprofundadas. Há uma busca de uniformidade, ao
serviço dos actores hegemónicos, mas o mundo torna-se menos unido,
tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente
universal (Santos, 2001: 9).
99
A globalização como perversidade: a globalização está-se impondo
como uma fábrica de iniquidades. O desemprego crescente torna-se
crónico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de
vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo generalizam-
se em todos os continentes. Novas enfermidades como HIV/SIDA, entre
outras, se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas fazem o seu
retorno triunfal. A mortalidade infantil permanece, a despeito dos
progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez
mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais,
como os egoísmos, os cinismos, a corrupção (Ibid., p.10).
Exercício Santos?
100
Para a pergunta 1, a ideia é fundamentar a crítica que o autor faz ao
fenómeno da globalização. Para isso, é fundamental apresentar
alguns aspectos que denotam dúvida à homogeneização. Na
pergunta 2, você deverá elencar aspectos do seu dia-a-dia que
Comentário fundamentem a ideia de Milton Santos. Caso não consiga
responder, releia a lição e/ou discuta com colegas do seu grupo.
Depois da abordagem da globalização como fábula, factor perverso
e possibilidade, na próxima lição, terá a oportunidade de aprender
sobre Problemas, significado político-social e impacto da
globalização, mas para terminar esta lição veja o resumo e realize a
actividade de auto-avaliação que vão ajudar na compreensão dos
conteúdos subsequentes.
101
Resumo da lição
Na globalização há interacção de três dados históricos sistematizados:
unicidade da técnica; unicidade do tempo ou a convergência dos
momentos e a unicidade do motor. Devido às contrariedades que o
próprio fenómeno demonstra, Milton Santos, aliando-se parcialmente
aos cepticistas, concluiu que a globalização é uma fábula, perversa e é
uma possibilidade. A ideia de uma aldeia una e homogénea é alvo de
discussão e de rebate.
Auto-avaliação 16
1. Apresente dois exemplos de vivência na sua sociedade que atestam
a unicidade da técnica no contexto da globalização.
102
Leituras complementares
CAMPOS, Luís & CANAVEZES, Sara. Introdução á
Globalização. Lisboa, Instituto Bento Jesus
Bragança/Departamento de Formação, 2007.
103
Lição n° 17
Problemas, significado político-social e impacto da globalização
Introdução
A globalização como um fenómeno económico, político, social e cultural,
apesar de ter várias vantagens e com uma dinâmica mundial
inquestionável tem trazido alguns problemas, em particular para África,
América Latina como espaços globalizados. Tais problemas podem ser
apresentados e vistos do ponto de vista de impacto, sem descurar as
relações sociais estabelecidas entre as metrópoles e as antigas colónias,
sobretudo em África. Ademais, é dentro disto que se pode avaliar a
questão da mobilidade social mercê da homogeneização, daí que na
presente lição se discutem estes aspectos.
Tempo
104
17.1 Problemas e significado político-social da globalização
105
Os africanos vão aos poucos entrando numa miséria endémica
devido à negação da escolha.
106
Num mundo em processo de globalização em que a transmissão de
imagens através de todo globo se tornou rotineira, estamos em
contacto regular com outros que pensam de maneira diferente, que
vivem de maneira diferente;
17.3 Globalização/Mobilidade
107
tempo-espaço perdem a sua complexidade permitindo uma polarização
diferenciada entre “pobres” e “ricos”. Contudo, é preciso perceber que a
distância para os primeiros continua uma realidade, já para os segundos
têm a capacidade de actuar de imediato, esquecendo a distância. A título
de exemplo, o fenómeno mundialização/mobilidade é sustentado pela
fuga de cérebros de alguns estados para outros, bem como a fixação de
alguns indivíduos do centro na periferia para dinamização das acções que
visam o lucro.
108
Resumo da lição
A globalização é uma realidade que não só une diferentes países,
como também, por outro lado, destrói ou coroe o tecido sociocultural,
particularmente em África. No processo de globalização, há dois
pólos: globalizadores e globalizados. Mais do que ser céptico ou
radical, é preciso analisar os diferentes elementos que influenciam na
globalização. Com este fenómeno, globalizam-se também os riscos,
por exemplo, o uso do dólar em todas as transacções. Com a
globalização, a estratificação e a mobilidade social tendem a crescer.
Os limites físicos permanecem, mas em algum momento são
quebrados pela unicidade e a técnica, aliado às facilidades de
comunicação. O seu impacto deve ser analisado, pois é nalgumas
vezes positivo e noutras vezes negativo, particularmente para África.
Auto-avaliação
1. Que problemas têm ocorrido na sua sociedade como resultado da
globalização?
109
Leituras complementares
MURTEIRA, Mário. Economia Mundial: a Emergência duma
Nova Ordem Global. Lisboa, Difusão Cultural, 2003.
110
Lição n° 18
Exclusão social e reinvenção de identidades
Introdução
Ao longo da existência dos indivíduos nos diferentes espaços geográficos,
estes não ocupam mesmas posições sociais, não têm mesmas
oportunidades de emprego/trabalho e/ou remunerações, não têm mesma
origem, entre outros aspectos. Por isso, alguns têm sido isolados em
função da sua realidade e que se manifesta de diversas formas. Eis a razão
da abordagem da seguinte lição, no sentido de compreender o que é, no
quotidiano, a exclusão social, que factores a justificam, como se
caracteriza, bem como as formas em que a mesma (exclusão social) se
manifesta. Trata-se, portanto, de procurar mais um aspecto patente na
dinâmica social.
Tempo
111
18.1 Exclusão social
Girod (1984) apud Ferreira et al (2013: 519-520) diz que, muitas vezes, a
exclusão social está aliada à pobreza, ou a um conjunto de recursos tal que
as pessoas, famílias ou categorias abrangidas tendem a estar excluídas das
formas mais simples dos modos de vida, hábitos e actividades
considerados normais nos seus países.
112
termos de factores da exclusão social, há vários, mas destaque vai para os
seguintes: a degradação das condições de vida de muitos indivíduos; o
número crescente de desempregados; grupos sociais sem trabalho
permanente ou mal pagos; inexistência de apoios públicos aos grupos em
risco; crescimento de tensões sociais ligadas aos fenómenos de
discriminação (violência étnica e racial) (Ibid., p.523).
113
1. Olhando para a sua sociedade ou comunidade, que aspectos
têm concorrido para a exclusão social?
114
18.3 Formas de exclusão social
115
Resumo da lição
Quando se fala de exclusão social, a primeira ideia que se deve
entender é o distanciamento ou isolamento de um indivíduo ou grupo.
Constituem factores de exclusão social, dentre vários, os seguintes: a
degradação das condições de vida de muitos indivíduos; o número
crescente de desempregados; grupos sociais sem trabalho permanente
ou mal pagos; inexistência de apoios públicos aos grupos em risco;
crescimento de tensões sociais ligado ao fenómeno de discriminação.
Relativamente às formas de exclusão social, há que considerar as
seguintes: exclusão cultural e étnica; exclusão económica; exclusão
etária; exclusão sexual; exclusão de género; exclusão patológica;
exclusão comportamental.
Auto-avaliação 18
1. Explique em que medida o emprego pode ser um aspecto de
exclusão social.
116
Comentários para a auto – avaliação das lições
Comentário da Auto-avaliação 10
Comentário da Auto-avaliação 11
117
diversos antecedentes sociais dos membros da elite e incluem a
etnia, a região, a religião e o nível de instrução. Existem
também fissuras entre a velha guarda revolucionária, que
participou na luta de libertação, aqueles que aderiram ao partido
pouco depois e a nova geração de “tecnocratas” que assumiram
posições de destaque na fase final do período socialista ou já
depois do mesmo. Algumas das actuais facções dentro da
hierarquia da FRELIMO resultam destas diferenças, ainda que
tendam geralmente a emergir em torno de tópicos como o papel
da economia de mercado, a democratização e outras grandes
questões. Embora muitos membros da elite tenham sérias
divergências de opinião e, em privado, possam manifestar
verdadeira animosidade uns pelos outros, há que não exagerar a
importância destas clivagens (Sumich, 2008: 322).
Comentário da Auto-avaliação 12
118
alternativas se se verificarem fragilidades.
Comentários da Auto-avaliação 13
Comentário de Auto-avaliação 15
119
Em 3, é fundamental, se é que não conseguiu responder, reler a
lição e explicar a posição dos que estão a favor da globalização
e dos que estão reservados quanto às evidências do mesmo. Em
caso de alguma dúvida, pode pedir opinião do seu tutor geral.
Comentários da Auto-avaliação 17
Comentário da Auto-avaliação 18
120
realidades de cada indivíduo.
121
Resumo da Unidade
Do estudo feito nesta unidade percebeu-se que a mobilidade social é
explicada pela passagem de um indivíduo ou grupo de indivíduos de
uma classe para outra. Existem dois tipos de mobilidade social:
vertical e horizontal. Constituíram aspectos de abordagem,
igualmente, os factores da mobilidade social que se subdividem em
colectivos e individuais. Quanto à formação da elite e à mobilidade
social, só podem ser compreendidos considerando os contextos
político, económico e social.
Em todas as sociedades, espera-se que cada indivíduo cumpra com o
seu papel como membro social/comunitário. Considerando que o
indivíduo tem várias relações sociais que estabelece com as pessoas
em volta, os seus papéis se multiplicam e a falta de cumprimento
desses papeis cria choques na convivência. Na abordagem desta
unidade percebeu-se, ainda que, na vida social têm existido
indivíduos que tomam comportamentos desviantes no seu meio
social. Esse desvio tem sido motivado, em suma, pela satisfação dos
desejos materiais e imateriais. A correcção desses indivíduos conduz
ao controlo social, que é aplicado em função das normas vigentes no
respectivo meio social.
Na contemporaneidade, os Homens vivem num meio global, quer
dizer, eles estão ligados no seu dia-a-dia, apesar de estarem em
espaços diferentes. Há uma influência que se faz sentir no “modus
vivendi”, sobretudo a partir dos pólos da Europa e América. Ora,
neste processo de globalização, existem globalizados e
globalizadores, daí ter-se falado dos cépticos e progressistas face ao
fenómeno, pois, na prática não há trocas mútuas, mas sim
influenciadores e influenciados. Em termos de impactos, a
globalização tem impactos positivos e negativos. Em termos de
Mobilidade Social, esta é maior nas sociedades que vivem a
globalização.
122
Leituras Complementares
BORBA, A. & LIMA H. Exclusão e Inclusão Social nas Sociedades
Modernas: Um olhar sobre a situação em Portugal e na União
Europeia. São Paulo, 2011. Artigo Científico, disponível via internet.
123
Leituras Complementares para o Módulo
AIRON, Raymond. Novos Temas de Sociologia Contemporânea: Luta
de Classes. Lisboa, Editorial
Presença, 2001.
124
GIDDENS, Anthony. O Mundo na Era da Globalização 3ª ed. Lisboa,
Editorial Presença, 2001.
disponível em:
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218639505B4yEE8zd4Lm8
9HK9.pdf
125
Considerações Finais
Terminada a abordagem do módulo, acredita-se que tenha aprendido ou
aperfeiçoado diferentes aspectos que interferem na dinâmica das
sociedades. Igualmente, em função do aprendizado poderá entender
melhor as razões que levam à ocorrência de determinados assuntos
histórico-sociais, bem como as suas implicações nos seus respectivos
meios sociais. Espera-se que a inspiração em determinadas vivências
desde a antiguidade até à contemporaneidade contribua significativamente
na interpretação e análise dos fenómenos do dia-a-dia, desde o local,
nacional até ao transnacional. Que a sua intervenção nos assuntos da
sociedade, comunidade ou bairro espelhe uma mente aberta e iluminada
pela aprendizagem das diferentes lições discutidas ao longo do módulo.
126