Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DA FUNÇÃO PÚBLICA
Direcção Nacional de Gestão Estratégica de Recursos Humanos do Estado
SIFAP__________________
Sistema de Formação em Administração Pública
CURSO MODULAR
ÁREA DE CONHECIMENTOS COMUNS
MÓDULO- MC2
Agosto de 2009
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 5
Objectivos gerais do módulo................................................................................................ 6
Capítulos que compõem este módulo ................................................................................. 6
CAPITULO I: TEORIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO ....................................................... 7
Objectivos ............................................................................................................................ 7
Contextualização ................................................................................................................. 7
Perspectiva estrutural .......................................................................................................... 8
A Perspectiva humana ....................................................................................................... 10
A Perspectiva integrativa ................................................................................................... 11
Mas o que significa administração? ................................................................................... 12
O processo de administração ............................................................................................ 13
A evolução das funções básicas de administração ............................................................ 13
As funções fundamentais de administração ..................................................................... 14
O Administrador: tarefas e aptidões necessárias ............................................................... 21
Questões para discussão .................................................................................................. 22
CAPITULO II: OS RECURSOS ORGANIZACIONAIS E SUA ADMINISTRAÇÃO ............. 23
Objectivos .......................................................................................................................... 23
Contextualização ............................................................................................................... 23
Recursos organizacionais e sua classificação ................................................................... 24
Natureza complexa dos recursos organizacionais ............................................................. 25
Recursos organizacionais e sistemas de gestão ............................................................... 26
Sistemas de gestão: funções e actividades ....................................................................... 26
Recursos humanos como recursos vitais .......................................................................... 32
Resumo ............................................................................................................................. 32
Questões para Discussão .................................................................................................. 33
CAPITULO III: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SUAS ESPECIFICIDADES ...................... 33
Objectivos .......................................................................................................................... 33
Contextualização ............................................................................................................... 33
Necessidades colectivas, Estado e Administração Pública ............................................... 34
Os vários sentidos e domínios da administração pública .................................................. 36
Modelos de Administração Pública .................................................................................... 38
Questões para discussão ................................................................................................. 42
CAPITULO IV: ESTADO, SOCIEDADE E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................... 42
2|Página
Objectivos .......................................................................................................................... 42
Contextualização ............................................................................................................... 42
O Estado: suas funções e seus agentes............................................................................ 43
Governo e agentes políticos .............................................................................................. 44
Sociedade e sociedade civil ............................................................................................... 44
Questões para Discussão .................................................................................................. 45
CAPITULO V: NÍVEIS DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................... 45
Objectivos .......................................................................................................................... 45
Contextualização ............................................................................................................... 45
As actividades gerais da administração e sua diferenciação ............................................. 48
Questões para Discussão .................................................................................................. 49
CAPITULO VI: NOVOS PARADIGMAS DE ADMINISTRAÇÃO......................................... 50
Objectivos .......................................................................................................................... 50
Contextualização ............................................................................................................... 50
Características dos paradigmas tradicional e moderno ..................................................... 50
Modelo directivo "vs" modelo autoritário ............................................................................ 52
Tipos de administração ...................................................................................................... 52
Mas afinal o que vem efectivamente a ser a qualidade? ................................................... 53
Aprendizagem Organizacional ........................................................................................... 55
Questões para Discussão .................................................................................................. 56
CAPITULO VII: A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA................................................ 56
Objectivos .......................................................................................................................... 56
Contextualização ............................................................................................................... 56
A ética na administração Pública ....................................................................................... 57
Ética, deontologia e a posição do governo ........................................................................ 59
O tratamento legal da deontologia na administração pública Moçambicana ..................... 59
As normas éticas e deontológicas na administração Pública ............................................ 60
Valores Essenciais do servidor público .............................................................................. 60
Deveres dos funcionários para com os cidadãos .............................................................. 60
Deveres do funcionário para com administração ............................................................... 61
Deveres dos funcionários para com os órgãos de soberania ............................................ 61
A corrupção no sector público............................................................................................ 61
Causas da Corrupção ........................................................................................................ 63
Porquê a estratégia anti-corrupção .................................................................................... 63
Resumo ............................................................................................................................. 64
3|Página
Questões para Discussão .................................................................................................. 65
BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................67
4|Página
INTRODUÇÃO
Essencialmente o módulo visa dar uma visão geral sobre a teoria geral da administração,
abordando numa primeira parte a evolução da teoria geral da administração, os recursos
organizacionais e sua administração, a administração pública (no que diz respeito ao
conceito e a alguns sentidos do termo administração pública), a relação entre o Estado e
administração Pública e os modelos de administração Publica.
5|Página
Objectivos gerais do módulo
Os capítulos que fazem parte integrante deste módulo são sete, nomeadamente:
6|Página
CAPITULO I: TEORIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO
Objectivos
Contextualização
Sendo assim, a gestão como qualquer outra área de conhecimento, tem evoluído ao
longo do tempo sendo certo que, nos últimos anos, se tem assistido a uma série de
desenvolvimentos sem precedente com o consequente enriquecimento da disciplina e o
benefício das organizações e, portanto, dos seus membros e da sociedade em geral.
7|Página
pectiva humana e perspectiva integrativa.
Perspectiva estrutural
8|Página
• Selecção, de forma científica, dos trabalhadores que melhor desempenharão a
tarefa;
Para se avaliar a contribuição de Fayol para o avanço da gestão, basta dizer que ainda
hoje as suas funções da administração (planear, organizar, comandar, coordenar e
controlar) são, de modo geral, tidas em conta pelos gestores do nosso tempo bem como
pelos estudiosos da gestão.
9|Página
A teoria da burocracia está intimamente ligada a Max Weber, um sociólogo, alemão que,
a partir do estudo das organizações europeias durante o século XIX, descreveu uma
forma ideal de organização que enfatizava a ordem, o sistema, a racionalidade, a
uniformidade e a consistência.
Para muita gente, ainda hoje o termo burocracia tem uma carga negativa, e associado a
excesso de papelada e de regras com prejuízo do funcionamento eficaz e inovador das
organizações; mas a ideia de burocracia defendida por Max Weber conduziria a um trata-
mento equitativo de todos os empregados, uma vez que a cada um eram atribuídas áreas
específicas de actuação e responsabilidades na base da sua competência e capacidades.
Tal como a escola clássica, também a teoria da burocracia defendia um sistema ordenado
de supervisão e subordinação e uma unidade de comando; mas aqui fazia-se apelo ao
uso intensivo de documentos escritos relativos a regras e regulamentos que eram
descritos detalhadamente em manuais, o que permitia que os gestores assentassem a
sua actuação em regras consistentes, completas e com possibilidade de serem
ensinadas.
A Perspectiva humana
10 | P á g i n a
A Perspectiva integrativa
Teoria dos sistemas: representa uma organização (uma empresa, por exemplo) como
um sistema aberto, ou seja, uma entidade que interage com as variáveis do ambiente que
a rodeia, tal como os sistemas físicos ou biológicos como o corpo humano, um
microrganismo ou uma célula.
A teoria dos sistemas assenta num conjunto de princípios básicos. Em primeiro lugar, um
sistema é composto por um conjunto de subsistemas interdependentes e inter-
relacionados: são o sistema circulatório, respiratório, digestivo, etc., nos seres vivos; os
vários departamentos, financeiro, comercial, produção, etc., nas empresas. Depois, como
é aberto e dinâmico, recebe energia dos outros sistemas com os quais interage (recursos
humanos, materiais, físicos, 'etc.), com os quais troca informações e a que fornece
também o resultado do seu processo, os outputs (os produtos ou serviços produzidos, no
caso das empresas). Além disso, desenvolve uma procura permanente do seu equilíbrio.
Quando algo «corre mal», verifica-se uma corrente de informação, o feedback ou retro
alimentação, que origina as medidas adequadas para normalizar a situação.
De uma forma relativamente simples mas abrangente podemos começar por conceituar
gestão como o processo de se conseguir obter resultados (bens ou serviços) com o
esforço dos outros. Pressupõe a existência de uma organização, isto é, varias pessoas
que desenvolvem uma actividade em conjunto para melhor atingirem objectivos comuns.
12 | P á g i n a
O processo de administração
De uma forma ou outra somos todos gestores. No dia a dia, tomamos inúmeras decisões,
realizamos diversas actividades que têm conteúdo administrativo. A dona de casa toma
decisões sobre o que deve ser feito não só por si própria mas também pelos restantes
membros da sua família, para que tudo saia a contento: o que se vai comer, o que é
preciso comprar, o que é preciso limpar e arrumar; providências para o acompanhamento
das lições dos filhos, as orientações à empregada, o pagamento das contas mensais e
por ai adiante. Distribui tarefas, acompanha a sua execução, reorienta as providências no
caso de algum imprevisto para garantir que tudo saia conforme o desejado.
Um indivíduo que participa numa acção de formação toma decisões e realizações sobre a
distribuição dos temas que deverá estudar, das tarefas a realizar, da preparação do
projecto final que deverá apresentar antes do término do curso, buscando a observância
da qualidade e dos prazos estabelecidos.
Aqui iremos tratar das funções de administração de forma abrangente e válida para
qualquer nível hierárquico e para qualquer unidade orgânica independentemente da
natureza do seu trabalho.
E, na esfera que lhe cabe gerir, balizado por aquelas coordenadas gerais, por sua vez
tomar as decisões específicas que lhe pareçam as mais pertinentes em relação a
objectivos, metas, directrizes, recursos e acções a realizar. Como se pode perceber, é um
trabalho intelectual, do pensamento operatório: o gestor ira pensar, reflectir, imaginar,
prever, procurar antecipar-se a eventualidades e estabelecer sequências para a acção.
Nesse processo de reflexão ele buscará tomar decisões sobre:
Esta função surge no momento em que duas ou mais pessoas estão envolvidas numa
mesma actividade. Esta função surge porque há a necessidade de:
• Distribuir tarefas,
Pela sua importância e complexidade, esta função acabou por dar origem a
Organização, Sistemas e Métodos uma área que tem como objecto específico de
estudo a função organização.
• Uma pessoa organizada é uma pessoa que tem as tarefas bem definidas e
distribui essas tarefas de maneira eficiente de acordo com o tempo disponível.
• Uma empresa organizada é aquela que tem uma estrutura que define com
precisão as responsabilidades, a autoridade, o fluxo de comunicação das
pessoas que ali trabalham.
Em outras palavras, autoridade é o direito de decidir o que deve ser feito bem como o
direito de fazê-lo ou de fazer com que alguém o faça. Responsabilidade é o dever de
cumprir as orientações de quem tem autoridade para dá-las.
17 | P á g i n a
A função de direcção: compreende o processo de comunicação entre o gestor e a
equipa pela qual ele é responsável. A direcção é entendida como o processo de
determinar, isto é, afectar, ou influenciar, o comportamento dos outros. A direcção envolve:
motivação, liderança e comunicação.
É através desse processo que orienta, informa sobre directrizes, determina, capacita,
estimula e encoraja a sua equipa para que o planeado seja cumprido e os objectivos
sejam alcançados. Como esta função implica o relacionamento pessoal do gestor e os
seus subordinados, dele são requeridas habilidades de relacionamento interpessoal, de
comunicação, de liderança, e, de estímulo à motivação.
A motivação, em termos gerais, pode ser entendida como o reforço da vontade das
pessoas se esforçarem por conseguir alcançar os objectivos da organização. Em última
análise, traduz-se na procura da aproximação ou convergência dos objectivos individuais
de cada um dos elementos humanos que fazem parte da organização com os objectivos
globais da própria organização. Na medida em que os gestores consigam que os seus
colaboradores façam seus os objectivos da empresa, mais motivados eles se sentem para
desempenhar as tarefas que lhes estão atribuídas, melhor é o seu nível de desempenho e
os resultados conseguidos.
Liderança é a capacidade de conseguir que os outros façam aquilo que o líder quer que
façam. Pode ser posta em prática de diferentes formas - mais ou menos autocrática, mais
ou menos participativa - conforme veremos adiante. A liderança é de tal forma importante
na gestão de empresas, que muitas vezes se confunde com a própria gestão. Embora
liderança e gestão não sejam exactamente a mesma coisa - a liderança é um aspecto da
direcção que, por sua vez, é uma função da gestão - a forma como o gestor lidera define,
em certa medida, a sua categoria.
18 | P á g i n a
Comunicação é o processo de transferência de informações, ideias, conceitos ou
sentimentos entre pessoas. Para se ter uma ideia da importância da comunicação gestão,
basta verificar que a maior parte do dia do gestor é passada a comunicar.
A função de controlo: mas, por melhor que seja o planeamento efectuado, mais
adequada a estrutura organizacional definido e mais apropriado o estilo de direcção posto
em execução, na prática as coisas nunca se passam exactamente como tinham sido
planeadas. Pelas mais variadas razões, de ordem interna ou externa, dependente ou
independentemente da actuação das pessoas, os resultados não coincidem com os
objectivos prosseguidos. Há portanto que verificar esses desvios e analisar as razões que
estiveram na sua origem. Gerir implica também controlar. O controlo é o processo de
comparação do actual desempenho da organização com standards previamente
estabelecidos, apontando as eventuais acções correctivas.
Através do controlo, o gestor compara o que está a ser executado, com o que foi
planeado, organizado e determinado no exercício da direcção, de modo a poder corrigir
eventuais desvios e assegurar o alcance dos objectivos pré-definidos. Por isso a função
de controlo vem consolidar o planeamento, a organização e a própria direcção, ela
realimenta e aperfeiçoa permanentemente o processo administrativo; ela produz e usa
informações para o processo de decisões. As informações e decisões permitem manter o
sistema orientado para os objectivos.
O que precisa ser controlado o alcance parcial e gradual dos objectivos, na perspectiva
dos resultados finais: o cumprimento de prazos, o cumprimento de especificações e
orientações, a adequação do desempenho das pessoas e padrões de desempenho
estabelecidos, a adequação das medidas, procedimentos, métodos e técnicas: a
adequação das condições ambientais, o cumprimento das normas, o cumprimento de
contratos firmados, etc.
Mais do que descobrir culpados e puní-los, a prática da função controlo deve conduzir à
determinação correcta dos desvios verificados e definir as acções necessárias para que
19 | P á g i n a
sejam corrigidos e evitados no futuro. Muitas vezes essas acções têm um carácter
pedagógico – as pessoas necessitam de formação para conseguirem fazer melhor -
outras vezes implicam mesmo a reformulação de planos inicialmente estabelecidos (por
impossibilidade pratica, incoerência ou outra característica negativa dos objectivos aí
apresentados).
Convém observar, desde já, que estas quatro funções fundamentais da gestão não devem
ser vistas isoladamente, uma vez que entre elas se verifica a existência de uma total
interdependência. Não se planeia no vácuo mas tendo em conta, nomeadamente, a
organização existente e os desvios detectados no passado recente com as consequentes
necessidades de correcção. Não se define uma estrutura para uma organização sem se
ter em conta o planeamento efectuado e os objectivos a atingir. Se a empresa vai crescer,
reduzir, diversificar ou mudar de ramo, certamente a organização mais apropriada será
diferente para cada caso.
Não restam dúvidas, de facto, de que planear implica a existência de controlo, cujas
informações podem levar a melhorar os planos futuros; a organização depende do
planeamento efectuado, isto é, dos objectivos e das estratégias definidas; o estilo de
direcção depende do tipo de organização; e o controlo será exercido de forma diferente
consoante o estilo de direcção. Mas, como se depreende do que vem sendo dito, as
quatro funções estão intimamente ligadas, influenciando-se mutuamente e em todos os
sentidos.
20 | P á g i n a
A função organização depende não só do planeamento efectuado mas também do estilo
de direcção e do tipo de controlo. A função direcção depende do tipo de planeamento e
controlo desejado e da estrutura organizativa, etc.
Para ser eficiente e eficaz, o gestor deve possuir e continuamente desenvolver várias
aptidões essenciais. Geralmente consideram-se fundamentais três tipos de aptidões
necessárias a quem deseja enfrentar o desafio traduzido nesta aliciante actividade:
aptidão conceptual, aptidão técnica e aptidão em relações humanas.
21 | P á g i n a
nível de gestão em que o gestor se situa. É evidente que o administrador de uma
empresa tem de ter uma visão global e genérica dos problemas da sua empresa, mas não
se lhe exige normalmente que seja um técnico exímio na tecnologia específica dessa
empresa.
6. Descreva a função de controlo numa organização - o que se faz, como se faz e com
que finalidade
22 | P á g i n a
CAPITULO II: OS RECURSOS ORGANIZACIONAIS E SUA ADMINISTRAÇÃO
Objectivos
Contextualização
Não quer isto dizer, porém, que o facto de uma organização, pura e simplesmente,
possuir os recursos necessários à sua actividade, represente por si só seu sucesso.
Geralmente, quando um gestor nos diz que a sua organização não conseguiu atingir os
objectivos devido à escassez (ou à falta) de recursos, podemos pensar, que não houve
dinheiro para se poder fazer mais e melhor. Noutras vezes pensamos que o problema foi
a falta de equipamentos, noutras, ainda, que foi a matéria-prima. Podemos,
inclusivamente, chegar a pensar que as pessoas utilizadas no processo de produção não
foram, ou suficientes, ou as mais adequadas para o fazer da melhor maneira.
• Recursos financeiros
• Recursos humanos
• Recursos informacionais
24 | P á g i n a
constituem o património da organização.
Antes de mais, é importante notar que, em termos práticos, numa organização, nem
sempre os recursos organizacionais são cooperativos (articulados, concordantes,
compatíveis, coincidentes, complementares, etc.) entre si. Por vezes eles podem ser
conflitantes (desarticulados, incompatíveis, com “interesses” opostos, etc.).
Por exemplo: muitas vezes o facto de uma organização decidir modernizar a sua
tecnologia (recursos materiais ou patrimoniais), pode ser conflitante com o facto dessa
mesma organização pretender contratar quadros novos e melhor qualificados (recursos
25 | P á g i n a
humanos). Isto porque o capital investido em equipamento (recursos materiais) pode
deixar a organização sem um fundo de reserva para a contratação de novos funcionários
(recursos humanos). Quer isto dizer que pela sua natureza complexa, os recursos de
uma organização nem sempre se articulam uns com os outros. Nem sempre se
conjugam. Por vezes, possuir uns, implica necessariamente prescindir de outros. Isto
acontece principalmente em organizações de pequena escala, mas não só. Para que
haja a devida conjugação, equilíbrio e articulação, entre os diversos recursos
organizacionais é necessário que eles sejam administrados.
Cada sistema de gestão é composto por um subsistema de funções. Esse (funções), por
26 | P á g i n a
sua vez, é composto por um outro subsistema: o das actividades. Esquematicamente, em
relação aos quatro sistemas de gestão apresentados, teremos:
27 | P á g i n a
Sistema de Gestão de Recursos Humanos: tem como principais funções:
recrutamento e selecção, planificação e controlo, legislação de pessoal e
desenvolvimento de recursos humanos. A função de recrutamento e selecção tem
como actividades as seguintes: estudos e pesquisas sobre as necessidades de
recrutamento, análise de potencial dentro e fora da organização,
planificação/programação/execução do recrutamento e selecção de pessoal, aplicação
correcta das normas do EGFAE, desenvolvimento e aplicação de técnicas de
recrutamento e selecção.
A função de legislação de pessoal, actua nas áreas de: orientação e controlo das
normas legais, realização de estudos e pesquisas visando estabelecerem normas de
funcionamento, aplicação de normas internas. O desenvolvimento de recursos tem
28 | P á g i n a
como principais actividades: elaboração de planos e execução de acções de formação,
política de bolsas de estudo, elaboração de propostas para a formação de pessoal e
avaliação de desempenho.
29 | P á g i n a
informação, selecção das fontes de informação, elaboração de métodos e técnicas de
recolha da informação, tratamento e análise desta. A gestão documental, nas suas
actividades, classifica e actualiza a documentação relevante, divulga e armazena a
informação, concebe e gere o SIP.
31 | P á g i n a
Recursos humanos como recursos vitais
De todos os recursos, os recursos humanos são os únicos considerados vitais para uma
organização. São aqueles sem os quais, decididamente, os outros recursos não podem
funcionar. São os únicos recursos vivos capazes de processar os outros recursos. Por
outras palavras, todos os demais recursos - materiais ou patrimoniais, financeiros e
administrativos dependem dos recursos humanos para se poderem tornar activos.
Significa isto que todos os sistemas de gestão de recursos - seja o sistema de gestão
patrimonial, seja o sistema de gestão informacional, o sistema de gestão financeira, e até
mesmo o próprio sistema de gestão de recursos humanos, necessitam de pessoas para
poderem ser processados.
Podemos então afirmar que as pessoas são o único recurso presente em todos os
aspectos, áreas e níveis de uma organização. Logo, a sua gestão não deve estar
concentrada exclusivamente nas Administrações de Recursos Humanos (ou DRH’s), mas
sim em todos os níveis e áreas da organização.
Resumo
Para funcionar uma organização precisa de ter recursos. Mais do que isso, é preciso que
esses recursos sejam administrados, de modo eficiente e eficaz, de forma a torná-los
mais produtivos possíveis para a organização.
32 | P á g i n a
Questões para Discussão
1. Uma organização que possua todo o tipo de recursos, dos mais modernos aos
mais qualificados, pode considerar-se pronta para alcançar os melhores
resultados? Justifique.
2. Os recursos humanos são vitais numa organização, pois sem eles os restantes
recursos são impossíveis de serem processados. Comente.
Objectivos
Contextualização
Por natureza o homem tem necessidades. Todos nós temos necessidade de comer, de
dormir, de nos protegermos do frio, etc. Em face dessas necessidades, temos de
encontrar formas de as suprir: ingerindo alimentos, dormindo, agasalhando-nos, etc.
Uma vez que todos nós sentimos estas necessidades, podemos seguramente afirmar
que se trata de necessidades colectivas. Por outras palavras: necessidades colectivas
são carências de todos nós, cuja satisfação passa pelo consumo ou pela utilização de
33 | P á g i n a
bens e serviços.
Sendo o homem um ser racional e social, e sabendo que ele vive em comunidade, é
natural que para além das suas próprias necessidades, ele seja reflexo igualmente as
necessidades da colectividade em que está inserido - isto é, as necessidades resultantes
da vida em comunidade.
Por exemplo, todos nós (enquanto membros da comunidade em que nos inserimos)
temos necessidade de educação, de justiça, de paz, de desenvolvimento, etc. Assim,
através das nossas próprias necessidades, somos o reflexo das necessidades colectivas
da sociedade moçambicana, de uma maneira geral.
34 | P á g i n a
• Escalonamento das necessidades
Uma colectividade que se organize de tal forma, em que existem determinados órgãos
que a representam, cria uma organização política, constituindo-se em Estado. Para tal, o
Estado cria e integra serviços e departamentos, os quais, por princípio, devem funcionar
com o máximo possível de regularidade e eficiência. E pois, nessa actividade do Estado,
virada para a satisfação das necessidades colectivas que consiste a Administração
Pública.
35 | P á g i n a
No entanto, é importante notar que o âmbito da Administração Pública não coincide com
o da Função Administrativa do Estado, pois que, não é apenas o Estado, através dos
seus órgãos especializados, quem se ocupa do atendimento das necessidades
colectivas: existem outras entidades públicas com natureza jurídica diferente que também
colaboram com o Estado na satisfação dessas mesmas necessidades. São os casos das
autarquias locais, das ONG's, das empresas públicas, etc.
36 | P á g i n a
públicos; A administração indirecta, composta por instituições e organizações com
personalidade jurídica de direito privado, que actuam por concessão da Administração
Pública, como são os casos das empresas públicas.
Quanto aos fins: os fins da Administração Pública resumem-se num único objectivo: o
bem comum da colectividade administrada. É justamente par essa razão que a
Administração Púbica é instituída. Todo e qualquer desvio a este grande objectivo, ou
seja, todo a acto praticado que não tenha em vista o alcance do bem comum é
considerado ilícito e imoral
37 | P á g i n a
que é legal ou ilegal, ou que é justo ou injusto, o que é conveniente ou inconveniente, o
funcionário público tem também de saber o que é honesto e o que é desonesto. Como
ser humano, racional e com capacidade de discernimento, o agente público tem
necessariamente de saber distinguir a bem do mal.
Publicidade: este princípio consiste na divulgação oficial dos actos administrativos para
conhecimento públicos. É a partir desta divulgação que têm se os efeitos externos dos
actos. No nosso caso esses actos são publicados oficialmente no Boletim da República
(BR). A publicidade não é um elemento constitutivo do acto, porém, é um requisito de
eficácia e moralidade.
• Modelo Anglo-saxónico
• Modelo Socialista
38 | P á g i n a
Modelo Europeu Continental: Nos países ocidentais do continente europeu, o
centralismo e a força da lei de que se reveste as decisões da administração são as
características dominantes. O exemplo mais fiel da administração que se pratica no
continente europeu a chamada administração executiva, encontra-se em França. Deste
modo, podemos caracterizar a administração executiva a partir dos princípios em que
assenta a administração francesa:
De registar que esta segurança e estabilidade oferecidas aos funcionários públicos são
para alguns autores benefícios negativos para a administração, uma vez que os
funcionários públicos podem cristalizar e burocratizar a sua actividade sem que periguem
o seu cargo.
Inexistência do privilégio de execução prévia, uma vez que não existe normas próprias
que regulamentam actividades administrativas (administração não detém a possibilidade
de fazer executar as suas decisões por si própria com força obrigatória legal).
3. Em que medida pode se afirmar que a comunidade é responsável pela satisfação das
suas próprias necessidades colectivas?
Objectivos
Contextualização
42 | P á g i n a
do poder (Estado e Governo), quer com a Sociedade. Importa, assim, esclarecer em que
consiste cada um destes e qual afinal a relação entre eles.
Funções Jurídicas (ou Funções Gerais do Estado): tem como objectivo formar e aplicar
o Direito. Para alcançar esses fins o Estado organiza-se em três níveis de poder:
Funções Não Jurídicas: são aquelas que não estão directa e imediatamente
relacionadas com a criação e aplicação da lei. Estas funções são implementadas ao nível
da Administração Pública. Por exemplo: define-se a política educacional do País, porém,
para que os objectivos educacionais propostos sejam atingidos, há que realizar outras
tarefas que se integram na função técnica (função da Administração Pública),
nomeadamente, a construção e manutenção das escolas, o recrutamento de
funcionários, a colocação de professores, a elaboração de programas, etc.
43 | P á g i n a
por relações profissionais, sujeitos a hierarquia funcional e às normas ditadas pelo
Estatuto Geral dos Funcionários do Estado (no caso moçambicano). São investidos a
título de emprego e com retribuição pecuniária. Não são membros do Poder do Estado,
nem o representam, nem exercem atribuições políticas ou governamentais: são
unicamente servidores públicos com maior ou menor hierarquia, encargos e
responsabilidades profissionais dentro do órgão a que servem.
Sociedade Civil é a esfera das relações entre indivíduos, grupos e classes sociais, que
se desenvolvem à margem das relações do poder que caracterizam as instituições
estatais. Pode-se dizer, por outras palavras que falar em Sociedade Civil é falar no
terreno dos conflitos econômicos, ideológicos, sociais e religiosos que o Estado tem a
seu para resolver, intervindo como mediador ou suprindo-os.
1.“A acção do governo nunca será neutra", Justifique esta afirmação e procure alguns
exemplos que a ilustram.
Objectivos
Contextualização
A importância relativa das funções de gestão não é exactamente a mesma nos diversos
46 | P á g i n a
níveis de gestão. Certamente os administradores porão maior ênfase no planeamento
(sobretudo no planeamento global) do que os supervisores. Provavelmente passar-se-á o
inverso com a direcção e até com o controlo. Se tomássemos por base o tempo relativo
despendido pelos gestores dos diversos níveis com as diferentes funções de gestão,
teríamos uma apreciação que não se afastaria muito do que nos é indicada na figura
acima.
NIVEL HIERÁRQUICO ÂMBITO DECISÓRIO
Gestores de topo Estratégico
Gestores intermédios Táctico
Gestores de primeira Operacional
Mas gerir implica, acima de tudo, decidir. Desde logo, decidir que objectivos prosseguir e
qual a sua hierarquia em termos de relevância; depois, quais os caminhos a seguir para
os atingir, isto é, que estratégias e tácticas aplicar; como organizar os recursos humanos
e materiais disponíveis; como dirigir os subordinados e, finalmente, como analisar em que
medida as realizações correspondem ou não ao planeamento efectuado. A tomada de
decisões é a verdadeira essência da gestão e está contida em cada uma das funções de
gestão referidas.
Ao nível das Províncias, a situação é mais ou menos uma reprodução do que já antes
foi mencionado, sendo que, mantêm-se os níveis de gestão, mas variam os seus
titulares. Assim, teremos:
Você trabalha numa organização. Essa organização pode ter sido criada recentemente
ou pode ter já alguns anos de existência. Nova ou antiga, o importante é saber como
nasceu e como vive. Nasceu, provavelmente como a maioria das organizações, para
atender a certas necessidades da comunidade. Nasceu, portanto, para desempenhar
uma função social.
Para atender as necessidades que justificam sua própria existência, essa organização
precisa gerar uma série de produtos ou serviços. Para fazê-lo, ela precisa do trabalho de
48 | P á g i n a
pessoas com diferentes qualificações profissionais, durante tempos determinadas.
2. Reflicta sobre a organização em que você faz parte durante este curso. Qual o tipo de
actividade de que ela se ocupa (actividades-meio ou actividades-fim)? Qual é a base da
tua resposta?
49 | P á g i n a
CAPITULO VI: NOVOS PARADIGMAS DE ADMINISTRAÇÃO
Objectivos
Contextualização
Paradigmas são modelos que servem de marcos de referência para ajudar as pessoas a
lidar com situações de carácter diverso. No âmbito da administração e gestão, os
paradigmas ajudam a entender as organizações e orientam a maneira como as
administrár, uma vez que, são modelos de administração e organização que
compreendem todos os tipos de técnicas e soluções para a gestão dessas mesmas
organizações. Através dos paradigmas é, igualmente, possível entender-se o contexto –
social, económico, tecnológico, competitivo, etc. - dentro do qual as organizações são
administradas.
51 | P á g i n a
Modelo directivo "vs" modelo autoritário
Quer dizer, este modelo valoriza a participação das pessoas no processo de tomada de
decisões, sobre os diversos assuntos relacionados com a administração da organização.
Autogestão, disciplina, responsabilidade e autonomia são as palavras que melhor
caracterizam este modelo.
Tipos de administração
No final deste capítulo, vamos abordar brevemente alguns tipos de administração. São
modelos adoptados por organizações modernas, ou seja, aquelas cujos elementos
básicos se fundamentam no paradigma moderno.
52 | P á g i n a
decisões que afectam uma organização, não apenas com os funcionários dos mais
diversos escalões, mas também com os restantes "stakeholders" (termo sem tradução
directa para o português, que congrega todos as interessados e parceiros da organização,
tais como: clientes, fornecedores, concessionários, etc). O objectivo central da
administração participativa é construir uma organização em que toda a gente tenha uma
palavra a dizer no processo de tomada de decisões.
No modelo tradicional é normal que o chefe decida tudo sozinho, daí a existência de todo
um desperdício de potencial intelectual das pessoas. A administração participativa
aproveita esse potencial, contribuindo não só para o incremento da qualidade das
decisões mas também para a satisfação e motivação dos indivíduos.
É sabido que um funcionário se sente mais motivado quanto mais percebe o quão útil é a
sua opinião/contribuição dentro da organização. De uma maneira geral, podemos afirmar
que a administração participativa é uma filosofia que valoriza a participação das pessoas
no processo de tomada de decisões sobre diversos aspectos da administração das
organizações.
São múltiplas as definições para este termo. Consoante os contextos e pontos de vistas,
estas podem variar. Porém, em termos de administração, as definições de qualidade
andam sempre à volta de seis conceitos-chave, a saber: Excelência, Valor,
Especificações, Conformidade, Regularidade e Adequação ao uso.
• No que concerne ao Valor, qualidade significa ter mais atributos; usar materiais ou
serviços raros e mais caros. Sob tal ponto de vista, podemos dizer que a qualidade
53 | P á g i n a
como valor é um conceito relativo, uma vez que depende do cliente e do seu poder
aquisitivo. A idéia de produto barato, para as massas, contrasta com a idéia de
produto de luxo ou de alto desempenho, que apenas poucos o podem adquirir, daí
que a partir de determinada altura, qualidade passou a significar “produto ou
serviço de luxo”, ou seja, aquele que vale mais.
Quanto mais o produto cumprir com a finalidade para o qual o cliente pretende utilizá-lo,
melhor é a qualidade do projecto. E, quanto menor for o número de deficiências do
produto ou serviço, mais alta é a qualidade deste.
54 | P á g i n a
Administração do conhecimento: Administração do Conhecimento é o processo
sistemático de procura, selecção, organização, análise e disponibilização da informação,
de modo que se possibilite aos colaboradores de uma organização a compreensão
necessária e suficiente numa área de interesse específico. É um processo pelo qual a
organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual
(Conhecimento útil, oriundo da experiência, análise, pesquisa, estudo, inovação,
criatividade). É uma certa forma de olhar a organização em busca de pontos dos
processos em que o conhecimento possa ser usado como vantagem competitiva.
Aprendizagem Organizacional
55 | P á g i n a
momento em que os indivíduos nelas envolvidos estão continuamente e sob diversas
formas, "aprendendo a fazer", sempre em conta que os seus objectivos (individuais ou
grupais), deverão estar plenamente alinhados com a missão da organização.
Objectivos
Contextualização
Ética é a disciplina do conhecimento acerca do que é bom e mau, certo e errado, dever
moral ou obrigação. Mas tomar as decisões «eticamente adequadas» tem a ver com as
56 | P á g i n a
convicções dos gestores acerca do que é bom ou mau, certo ou errado, moral ou imoral.
Estas convicções formam-se a partir das chamadas «fontes de inspiração ética» que
podem ser a religião, a consciência da própria pessoa, normas de conduta de uma
determinada organização.
Outras fontes de inspiração ética apontadas são também a internalização dos valores
básicos das sociedades, e ainda aquilo a que os psicólogos chamam «os outros
significativos», ou seja, os que exercem ou exerceram influência sobre a formação de
uma pessoa - os pais, os amigos, os modelos a seguir. Para algumas profissões existem
mesmo códigos de ética organizados pelas respectivas associações profissionais. A
própria lei, ao proibir determinados comportamentos que podem prejudicar terceiros, é
uma fonte de inspiração ética.
Quando recorremos a um órgão público para obter uma informação, o atendimento a uma
necessidade ou a prestação de algum serviço a que temos direito, esperamos ser
atendidos com respeito, cortesia, honestidade, sem demora e competência. Isto porque
temos a consciência dos nossos direitos como cidadãos.
Felizmente, é dessa forma que somos atendidos em várias unidades do sector público
para dar conta de alguns dos nossos problemas ou necessidades.
57 | P á g i n a
Para conseguir ser atendido em relação a um direito seu, muitas vezes o cidadão passa
muito tempo à espera na fila, apenas para obter um carimbo ou uma rubrica de um
funcionário público. Ou então, tem o seu retorno exigido vezes sem conta, porque o
despacho depende de um chefe relapso e irresponsável, que passa pouco tempo na sua
unidade, para dar mais atenção aos seus negócios particulares. Ou porque o processo é
engavetado ou esquecido. Quantos casos há de processos de simples solução que é
aguardada por meses, ou anos, e por vezes só chega depois da morte do interessado?!
Quantas vezes nós, mesmos na qualidade de cidadãos comuns, fomos prejudicados por
informações incompletas e/ou incorrectas de funcionários públicos? Quantas vezes fomos
tratados por um deles com desconfiança como perturbadores da sua tranquilidade e, as
vezes ate como adversários, só porque fomos em busca de um atendimento ao qual
tínhamos todo o direito? Sem falar das vezes em que nos foi solicitada uma retribuição
absolutamente irregular e indevida por alguém que, ao nos servir não estaria a fazer nada
além de cumprir com o seu dever? Infelizmente, ainda é assim que são operadas muitas
das unidades da administração pública.
O que contribuiu para este estado de coisas é que grande parte dos cidadãos ainda não
tem plena consciência dos seus direitos, aceitando como normais o mau trato, a
incompetência, a indiferença, a cobrança indevida de funcionários, supondo
equivocadamente que esses é que tem o direito de não ser incomodados por problemas
que lhes são alheios e que só atenderiam por favor, se e quando estivessem dispostos
para isso! Este estado para ser chamado de inconsciência colectiva ou de alienação
social.
Mas esta situação esta a mudar: a consciência e o exercício da cidadania leva o utente da
administração pública a exigir probidade, honestidade e o cumprimento dos seus deveres
para com cada membro da sociedade, independentemente da sua origem e condição.
Valores: são referenciais abstractos de natureza moral, que orientam a conduta humana.
São exemplos de valores: lealdade, igualitarismo, dignidade, honestidade, cooperação,
fraternidade, imparcialidade, dedicação, entre outros.
Cidadãos de todo o mundo parecem estar a perder a confiança naqueles que são
responsáveis por tomar decisão nos seus governos. A média internacional vem
divulgando escândalos de corrupção e má conduta do erário público e dos membros do
governo, em particular nos países em desenvolvimento. Este facto está a exigir uma clara
e sólita determinação política no sentido de, através de meios legais definir a conduta
ética necessária e esperada de todos os agentes políticos e administrativos do estado e
da administração pública, o que inclui a indicação dos meios para coibir os seus desvios.
A preocupação com essa matéria pelo governo moçambicano deu origem a lei n.º 7/98 de
15 de Junho, (que trata na exclusividade da ética e deontologia), subsidiada pela
resolução n.º 10/97 de 29 de Junho, que formula as regras éticas e deontológicas que
deverão determinar a conduta do funcionário público no desempenho das suas
actividades profissionais. Sendo assim, o Ministério da Função Pública é o responsável:
• Pela preparação das normas éticas e deontológicas para o funcionário público;
• Pela atribuição da obrigatoriedade do seu estudo e observância por todos os
59 | P á g i n a
funcionários
• Pela aplicação de procedimentos disciplinares contra os infractores nos termos da
lei;
60 | P á g i n a
informação incorrecta),
• Probidade (não aceitação de presentes, empréstimos, facilidades ou quaisquer
ofertas que possam por em causa sua liberdade para decidir, sua autoridade e a
credibilidade na administração pública),
61 | P á g i n a
• Transacções/actividades ilícitas isoladas feitas por funcionários que abusam da sua
função em proveito/beneficio próprio
• Prática de fraude caracterizada por burla, vigarice, manipulação ou distorção de
informação, factos, contrabando, falsificação da moeda, adjudicação de contractos
a firma em que os funcionários têm interesses.
• Tráfico de influência onde o servidor usando das prerrogativas e facilidades
resultantes de sua condição de funcionário público ou agente do estado patrocina,
como intermediário, interesses alheios perante a administração.
• Extorsão ou roubo de elevadas somas de recursos públicos por funcionários
seniores do Estado.
• Prática de nepotismo que consiste no favoritismo de certos funcionários aos seus
familiares ou partidos políticos.
• Formulação de políticas e de legislação feita de forma a beneficiar interesses
especiais, os actores políticos e os legisladores.
• Conluio entre os actores privados e funcionários públicos ou políticos para proveito
mútuo ou privado.
62 | P á g i n a
Causas da Corrupção
A prevenção: a aplicação das leis e regulamentos tais como os códigos de ética, as leis
relativas à organização e funcionamento de concursos públicos para o fornecimentos de
bens e serviços, as leis sobre os procedimentos administrativos, as leis que proíbem
aceitação de certas doações, as leis sobre a liberdade de imprensa é uma forma de
reduzir as práticas corruptas nas instituições do sector público.
63 | P á g i n a
Sancionamento: nos casos em que a corrupção envolve ofensas criminais, a instituição
pública visada irá encaminhar o assunto para os órgãos de justiça, que irão investigar,
acusar criminalmente, julgar e punir o infractor.
Assim, tomando em consideração as várias experiências de combate a este mal a nível
mundial e em particular, no nosso país, as acções mais recomendáveis deverão incidir no
seguinte:
• Racionalização e simplificação dos processos administrativos
• Redução do poder discricionário dos funcionários públicos no exercício das suas
funções
• Desenvolvimento na administração pública da cultura de uma gestão orientada
para resultados concretos.
• Fortalecimento do processo e mecanismos de prestação de contas na gestão
financeira, patrimonial e procurement público.
• Estabelecimento de mecanismos de participação da sociedade civil e sector
privado na acção governativa.
• Incremento das acções de julgamento dos casos de corrupção como forma de
desencorajar o desenvolvimento da cultura de impunidade, porque este fenómeno,
é efectivamente, o motor da corrupção.
• Promoção e materialização do processo de descentralização da acção governativa
de forma a levar as decisões do governo mais próximas do cidadão.
Resumo
A ética, naturalmente, não pode ser imposta por leis administrativas. A lei se impõe por si
só, sem consulta prévia, ela é impossível e coerciva e o funcionário adere a ela por
conformidade. No caso da ética, porém, a obrigatoriedade é de âmbito moral, pessoal,
inclui a liberdade de escolha, a vontade e a acção do sujeito, apoia-se, portanto, na
consciencialização, na adesão moral, na convicção íntima e em comportamentos
coerentes.
Isto significa que a cortesia, a dedicação, a honestidade e o desempenho competente,
assim como os demais valores mencionados neste capítulo, obtém se através de
exercício consciente, disciplina e perseverança no nível pessoal e colectivo.
É preciso lembrar sempre que um importante referencial para o modo de ser, estar e agir
do servidor público é o seu dever para com o cidadão, que tem o direito de receber
serviços de qualidade, o que é, de resto, a própria razão de ser da administração pública
e, em decorrência, do próprio emprego de cada funcionário. Vale à pena lembrar,
também, que a remuneração que ele recebe é custeada pelos tributos pagos directa ou
indirectamente por todos os cidadãos, até por ele próprio. Assim, é de justiça e direito a
contrapartida de uma prestação de serviços competente e pautada pela ética.
2. Considerando que não há corruptos sem corruptores, como você poderia contribuir para
combater a corrupção na sua organização?
65 | P á g i n a
4. Regista então as suas ideias para introduzir na sua prática profissional ou na sua
maneira de ser, estar e agir, mudanças relacionadas ao tema estudado.
66 | P á g i n a
BIBLIOGRAFIA
Carver, S. (1998). O novo executivo escolar: uma teoria da administração, São Paulo,
Editora E.P.U., 4a. Edição
Mattos, R. (2000). Gerência e Democracia nas Organizações. Brasília: Editora Livre, 2a.
Edição.
Maximiano, A. (2000). Teoria Geral da Administração, São Paulo, Editora Atlas.
Pinto, C., Rodrigues, J., Melo, L., Moreira, M., e Rodrigues, R. (2006). Fundamentos de
Gestão. Lisboa: Editorial Presença
67 | P á g i n a