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TEORIA GERAL DA

ADMINISTRAÇÃO II

Jacqueline Cucco Xarão


Teoria Neoclássica
da Administração
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os principais norteadores da Teoria Neoclássica.


 Apontar os elementos do processo administrativo.
 Comparar as principais estruturas organizacionais previstas na abor-
dagem Neoclássica da Administração.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a Teoria Neoclássica, também reconhecida
como Escola do Processo Administrativo, Escola Operacional ou Aborda-
gem Universalista da Administração. Ela toma como base a Teoria Clássica,
em seu enfoque prescritivo e normativo da Administração. Entretanto,
dois de seus principais autores, Harold Koontz e Cyril O’Donnell, carac-
terizam a Teoria Neoclássica dentro do desenvolvimento dos processos
administrativos por meio dos objetivos e princípios organizacionais, da
descrição de suas estruturas e capital humano e de suas práticas de
trabalho. Para isso, utilizam como parâmetros para a otimização dos
resultados a eficácia e a eficiência.
Você vai ver que a Teoria Neoclássica tem extrema importância ao
dar início à aplicação das funções de Planejar, Organizar, Liderar e Con-
trolar, além da administração de RH, para sistematizar ações, processos
e conceitos estruturais no propósito e no desempenho organizacionais.

Principais norteadores da Teoria Neoclássica


Com a Revolução Industrial, muitas mudanças surgiram em nossa sociedade;
no meio empresarial, a principal delas ocorreu, justamente, na forma de ad-
ministrar. Essas mudanças na forma de administrar foram evidenciadas nas
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primeiras abordagens sobre Administração, por meio do estudo das Teorias


da Administração Científica, Burocrática e Clássica – que tiveram grande
importância em todo o desdobramento inicial em que foram desenvolvi-
das. Posteriormente, também foram apontadas pelas Teorias Neoclássica,
Estruturalista, Comportamental, das Relações Humanas, dos Sistemas, do
Desenvolvimento Organizacional e da Contingência, que construíram, no
decorrer de seus estudos, os fundamentos da ciência e da arte de administrar.
Tudo isso foi impulsionado por mudanças nas tarefas, nas estruturas, nos
relacionamentos com as pessoas nas organizações, no ambiente corporativo
e social, na competitividade junto ao mercado e nas novas tecnologias.

No artigo “As Teorias da Administração em foco: de Taylor a Drucker”, o autor traça uma
linha do tempo nos principais destaques das contribuições teóricas da Administração,
desde a Revolução Industrial até a atualidade.

https://goo.gl/mtYcpu

Toda teoria precisa de um sistema de princípios, que requer definições


claras. Os principais norteadores para o embasamento das teorias adminis-
trativas são os princípios prescritivos normativos e os princípios descritivos.
Os princípios prescritivos normativos são aqueles que estabelecem e ditam
as regras do que deve ser feito e de que forma deve ser feito. Os princípios
descritivos são aqueles que descrevem o relacionamento entre as variáveis
de controles geridos pela organização.
A aplicação desses princípios proporciona melhoria no entendimento, no
desempenho da colaboração interna e na eficiência administrativa. Esses
princípios são facilitadores na análise do trabalho executado, simplificando
o treinamento dos trabalhadores; na busca do melhor conhecimento sobre
a organização e tudo que possa ser instrumento para o aperfeiçoamento da
prática administrativa; no planejamento das ações futuras; na idealização de
novos controles; e no agrupamento das atividades diárias de trabalho.
A Teoria Neoclássica considera os princípios administrativos prescritivos e
normativos como base de sustentação de uma empresa. São eles que formam
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as regras e princípios gerais de funcionamento, determinando parâmetros e


normas de como os procedimentos e ações devem ser tomados e executados
nas organizações. Assim, deixam claro a todos como a organização deve
funcionar. Os princípios descritivos também se somam a essa abordagem
para compor os norteadores da Teoria Neoclássica. Eles analisam e explicam
as organizações de forma descritiva, permitindo ao administrador ou gestor
fazer a melhor escolha e decidir a melhor forma de agir, de acordo com o tipo
de negócio, atividade, cultura, porte, equipes, problemas e situações diversas,
tendo uma linha de atuação clara na forma de administrar.
O desenvolvimento dos princípios administrativos por meio do aumento
da eficiência do pessoal e dos recursos investidos poderá trazer um impacto
positivo também na sociedade e em suas forças de atuação, seja nas uni-
versidades, seja em suas formas de governo, por exemplo. Esses esforços
em construir princípios administrativos sólidos refletem a possibilidade do
aperfeiçoamento contínuo da arte e ciência de administrar.

Na busca de atingir a sua meta, todo administrador deseja cumprir com êxito os
objetivos da organização, aplicando os princípios administrativos e agregando valor
para o negócio.

Elementos do processo administrativo


Sobre a base normativa e descritiva dos princípios administrativos desenvolve-
-se a prática das funções e as características básicas da Administração e dos
elementos do processo administrativo. Os elementos do processo administrativo
são os seguintes:

 Planejar para determinar caminhos, metas e objetivos a serem segui-


dos, com foco nas ações que serão implantadas para alcançá-los e nas
decisões tomadas.
 Organizar para dimensionar e distinguir funções e ações que os indi-
víduos exercerão em uma organização.
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 Liderar para dirigir, inspirar, influenciar e conciliar as pessoas para


colaborar e cumprir com as metas organizacionais e relacionais em
equipes.
 Controlar para mensurar e avaliar o desempenho individual e organi-
zacional e assegurar que os resultados aconteçam efetivamente.
 Administrar pessoal com enfoque nos resultados se integra à Teoria
Neoclássica para preencher e manter funções e cargos na estrutura
organizacional formal e na colaboração do trabalho em conjunto, cada
um conhecendo os seus papéis e competências a desenvolver e o modo
como suas funções e estruturas se inter-relacionam para um trabalho
final eficaz.

Essas funções ou cargos são criados com objetivos claros, atividades e tarefas a serem
executadas, áreas de domínio ou autoridade a serem efetuadas e seus desdobramentos
no trabalho.

A cooperação entre as pessoas e suas multidisciplinaridades no exercício


profissional, por meio das funções e cargos descritos em sua estrutura, somada
à clareza de um propósito comum congregam ao objetivo único para atingir as
metas organizacionais. Essa visão é o grande diferencial do que trata a Teoria
Neoclássica, convergindo aos resultados práticos no dia a dia do trabalho.
A palavra propósito, que traz seu significado do latim como “aquilo que
eu coloco adiante”, traduz a busca de cada indivíduo de conquistar seu espaço,
aprovação e sucesso no que almeja fazer. Ela também traz luz a um dos pontos
de atenção dos administradores: a organização, para comunicar seus objetivos
e difundi-los aos seus funcionários, na conquista conjunta, e harmônica, dos
propósitos organizacionais interligados aos propósitos individuais de seu time.
Peter Drucker, um dos pensadores da Administração, reconhecido como “o
guru dos gurus da Administração”, popularizou seus estudos e experimentos
administrativos ao concluir que os trabalhadores de uma empresa são os
ativos mais valiosos dela Para ele, toda tomada de decisão deve ser levada
até os níveis hierárquicos mais baixos possíveis na organização, por meio de
pesquisas e ferramentas de coleta de dados, pois o centro de toda organização
são os indivíduos que a formam e a fazem acontecer. A organização passa a ser
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compreendida também como um ente social, e não apenas um instrumento de


lucro. Isso faz com que o administrador precise aprender a lidar com as pessoas.
Esse pensamento teve início mais evidenciado nas práticas organizacionais
na década de 1950, com a construção da Teoria Neoclássica por seus autores;
ele ainda é desenvolvido em grande parte das organizações atuais. Na Teoria
Neoclássica, o processo administrativo tende a tornar a Administração mais
dinâmica, integrando os conceitos, princípios e técnicas relacionadas com a
tarefa de administrar.
A Escola do Processo Administrativo ou Escola Operacional – outros nomes
atribuídos à Teoria Neoclássica – reconhece a ciência e a teoria como um grupo
central. Ela também recebe contribuições de várias outras escolas, como, por
exemplo, a Teoria de Sistemas, os conceitos de qualidade e reengenharia, a
Teoria da Decisão, as Teorias de Motivação e Liderança, os comportamentos
individuais e coletivos, os sistemas sociais e cooperação, as comunicações.
Também se utiliza da análise e de conceitos matemáticos para a medição de
desempenho e resultados, filtrando, nesses casos, por aquilo que for aderente,
mais útil e relevante para a Administração.

Conceitos
matemáticos Sistemas
Teoria de sociais e de
sistemas cooperação

Ciência e teoria da
Administração da Teoria
Comunicação escola, do processo comportamental
administrativo e administrativa
das demais escolas

Teoria da
Reengenharia decisão
Outros
conceitos
de qualidade

Figura 1. A Teoria Neoclássica recebe contribuições de várias outras escolas.


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No exercício prático da Teoria Neoclássica, uma empresa organizada


depende de seu ambiente externo: o ramo a qual pertence, as inovações de
mercado, o sistema econômico e a sociedade em que participa. Por esses canais
de informação, ela recebe seus dados, transforma-os e devolve os resultados
ao ambiente.
Esses insumos podem ser, por exemplo, os consumidores que exigem
produtos de qualidade e com bom preço o os funcionários que querem salários
mais altos.
Essa abordagem prática e operacional foi levantada no livro Princípios de
Administração, de Harold Koontz e Cyril O’Donnell – um marco da Teoria
Neoclássica. O livro expõe temas como administração, planejamento, orga-
nização, departamentalização, hierarquização, assessoria, recursos humanos,
enquadramento de pessoal, direção, motivação, comunicação, liderança, téc-
nicas de controle de qualidade; ele considera a forma de administrar como um
processo de fazer e executar tarefas por meio de equipes diversas, porém com
mesmo objetivo, enfatizando a grande importância das pessoas no cuidado,
dedicação e excelência na entrega de seu trabalho. A partir dessa ideia, os
autores desenvolvem os conceitos de eficiência e eficácia.
A tarefa do administrador é interpretar insumos e respondê-los por meio
de ações concretas, de maneira eficaz e eficiente, oferecendo respostas como:
implantação de um programa de desempenho, de carreira, de meritocracia,
de sucessão; busca de parcerias com novos fornecedores; implementação de
SAC (Setor de Atendimento ao Cliente). Essas ações podem ser efetuadas
pelo campo de observação e análise da eficácia e eficiência organizacional.
Para a Administração, quando considerarmos as metas e os objetivos
como fatores fundamentais na organização, seremos eficazes; mas, quando
nos preocuparmos com o desempenho, o meio pelo qual alcançaremos os
resultados, buscaremos a eficiência.
Peter Drucker afirma que “fazer as coisas certas” é atingir a eficácia de
uma ação ou atividade, e “fazer certo as coisas” é ter eficiência, sendo ágil
na entrega da atividade ou tarefa, com baixo custo e qualidade.
A eficiência está mais relacionada ao meio e recursos gastos, e a eficácia,
aos resultados.
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No link a seguir, você pode assistir a uma entrevista em que Peter Drucker fala sobre
sua ótica empresarial. Com o tema “executivos eficientes”, ele aborda a necessidade
de estabelecer prioridades e as obedecer, a dedicação de tempo às pessoas que
compõem a organização, o desempenho e as estruturas organizacionais.

https://goo.gl/ZzAVe7

Principais estruturas na Teoria Neoclássica


Nos processos administrativos, reflete-se sobre as estruturas de decisão e
as atividades da empresa, além da forma como funcionam, que pode ser
centralizada ou descentralizada.
Os processos de centralização são as relações de poder nas tomadas de
decisões. Já os processos de descentralização são as relações das ativida-
des. Se as decisões são tomadas nos níveis mais elevados da administração
(presidência, diretoria, gerentes), essa estrutura é centralizada no poder, na
autoridade. Se as decisões são distribuídas por todos os níveis hierárquicos
da empresa, essa estrutura é descentralizada.
A centralização das decisões é comum nos modelos de gestão centralizada;
os modelos de decisão descentralizados se relacionam com os modelos des-
centralizados. As formas mais comuns desses modelos de gestão e estrutura
se dão pela departamentalização e os seus tipos de composição.
Departamentalizar denota uma demarcação de área, uma divisão ou um se-
tor distinto de uma empresa, sobre o qual um administrador tem autoridade para
desempenhar atividades específicas. Veja alguns tipos de departamentalização.

 Funcional: agrupamento das atividades de acordo com as funções da


empresa.
 Territorial ou geográfica: as atividades são agrupadas por área ou
território. Este tipo de departamentalização é utilizado em Vendas e
Produção, normalmente em grandes empresas.
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 Por grupo de clientes: são agrupadas as atividades que mostrem inte-


resse principal pelos clientes, normalmente com maior peso econômico.
 Por produto: agrupamento de atividades de acordo com produtos ou
linhas de produto, em especial em grandes empresas com diversas
linhas de produtos.
 Unidades Estratégicas de Negócio (UEN): áreas diferentes de uma
mesma empresa são estabelecidas como unidades para assegurar que
determinados produtos ou linhas de produtos sejam promovidos e
dirigidos, com se cada uma fosse uma empresa – por exemplo, uma
empresa química industrial de grande porte.

A departamentalização é uma estrutura organizacional tradicional, dividida


em diversos níveis hierárquicos e representada normalmente por organogramas.
Esses organogramas demonstram graficamente a estrutura hierárquica de
uma organização, seus elementos e a interligação das atividades na empresa.

Figura 2. Modelo de organograma.


Fonte: Gigra/Shutterstock.com.
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Estruturas organizacionais de âmbito global


As estruturas organizacionais de âmbito global operam de forma mais especí-
fica, diferente das demais estruturas. Este tipo de estrutura depende de inúmeros
fatores, como o grau de orientação, o compromisso e os pactos internacionais.
Uma empresa pode internacionalizar sua operação, criando uma departa-
mentalização internacional em seus escritórios centrais, liderados, por exemplo,
por um gerente de produção. Nessas estruturas, os gerentes devem ser capazes
de definir a estrutura de organização mais adequada para suas operações.
Nas estruturas organizacionais, os níveis de autoridade nas relações exis-
tentes são visíveis. Essa autoridade pode ser distribuída conforme o tipo, o
porte ou negócio por exemplo.

 A autoridade de linha: é a relação em que um superior exerce autoridade


diretamente sobre um funcionário, submetido a sua responsabilidade.
 A autoridade de staff: é a relação em que a posição identificada como
staff é descrita como um suporte, uma assessoria ou um apoio à linha
diretamente a ela designada.
 A autoridade funcional: é quando se institui uma relação de delegação
a funcionários ou departamento(s) sobre determinadas áreas, processos,
práticas, ou alguma questão referente à atividade de outro departamento
que não o que pertence.

Quando em férias, o gerente delega sua função em um departamento comercial


a outro funcionário, além das atividades que esse outro funcionário exerce. Essa
transferência de poder e autoridade disponibiliza ao funcionário a possibilidade de
tomada de decisão no período determinado, demandando deveres, obrigações e,
principalmente, confiança em quem assume o papel delegado.
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Todas as estruturas apresentadas demonstram que as organizações ne-


cessitam de rotinas, essenciais para a contínua produção de suas atividades
nas empresas. Os autores e estudiosos da Administração contribuíram com
o desenvolvimento do pensamento administrativo na criação de normas,
parâmetros, diretrizes, sistemas, processos, e na dinâmica de atuação das
práticas das tarefas da organização.
Com o decorrer das análises e constatações de resultados, percebe-se que
a organização é um sistema aberto que opera dentro do ambiente e interage
com ele. Por meio de seus funcionários, a organização traz influências externas
para proporcionar maiores argumentos e experimentações na sua manutenção
e crescimento.
A Administração é considerada uma ciência, pois pode ser experimentada e
explorada por meio dos estudos feitos. Ela também é considerada uma arte, pois
tem o poder de transformar realidades organizacionais, individuais e de uma
sociedade – que se encontra em constante mutação, ainda mais com advento
de inovações tecnológicas, comportamentos e metodologias de aprendizagem.
A Teoria Neoclássica, somou a Teoria Clássica à valorização do ser humano
na organização e à medição do desempenho e dos resultados organizacionais
de forma prática, proporcionando novos caminhos de estudos para possíveis
novas teorias

O Conselho Federal de Administração (CFA) é o órgão normativo da profissão de Admi-


nistrador. Por meio de suas regionais, ele fiscaliza o exercício profissional, entre outras
funções. Visite o site do CFA, disponível no link abaixo, e se atualize constantemente
sobre as demandas da área.

https://goo.gl/roJ5p1
Teoria Neoclássica da Administração 11

Leituras recomendadas

KOONTZ, H.; O’DONNELL, C. Fundamentos da Administração. 2. ed. São Paulo: Pioneira,


1989.
KOONTZ, H.; O’DONNELL, C. Princípios de Administração: uma análise das funções
administrativas. 9. ed. São Paulo: Pioneira, 1974. 2 v. (Biblioteca Pioneira de Adminis-
tração e Negócios).
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 6. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas,
2004.
NEWAGE TC. Newage: entrevista com Peter Drucker. Youtube, 2013. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=iemrpo7iNHY>. Acesso em: 07 maio 2018.
WEIHRICH, H.; CANNICE, M. Administração: uma perspectiva global e empresarial 13.
ed. São Paulo: MCGraw Hill, 2009.

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