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Economia e Gestão

do Setor Público
Professor conteudista: Marcos Paulo de Oliveira
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Prof. Dr. Yugo Okida


Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação
Sumário
Economia e Gestão do Setor Público
Unidade I
1 ESTADO, PODER E GOVERNO ...................................................................................................................... 10
1.1 Dois pontos de vista: o sociológico e o jurídico ...................................................................... 10
1.2 O Estado ................................................................................................................................................... 10
1.2.1 Elementos do Estado ............................................................................................................................. 12
1.2.2 Governo....................................................................................................................................................... 14
1.2.3 Política.......................................................................................................................................................... 17
1.2.4 Sociedade.................................................................................................................................................... 18
1.3 Teoria da burocracia ............................................................................................................................ 19
1.4 Administração pública ....................................................................................................................... 22
1.5 Resumo...................................................................................................................................................... 23
2 TEORIA DE FINANÇAS PÚBLICAS E SEUS CONCEITOS....................................................................... 23
2.1 Conceitos básicos ................................................................................................................................. 24
2.2 Falhas de mercado................................................................................................................................ 26
2.2.1 Bens públicos............................................................................................................................................. 27
2.2.2 Externalidades........................................................................................................................................... 29
2.2.3 Poder de mercado e assimetria.......................................................................................................... 30
2.2.4 Política fiscal.............................................................................................................................................. 31
2.2.5 Inflação e déficit público...................................................................................................................... 32
2.2.6 Teoria da tributação................................................................................................................................ 33
2.3 Resumo...................................................................................................................................................... 40
3 O caso brasileiro........................................................................................................................................ 40
3.1 Necessidade de Financiamento do Setor Público - NFSP .................................................... 40
3.2 NFSP: conceitos de caixa x competência ................................................................................... 42
3.3 NFSP: conceito operacional ............................................................................................................. 43
3.4 NFSP: conceito nominal .................................................................................................................... 44
3.5 NFSP: conceito primário ................................................................................................................... 45
3.6 DLSP: Dívida Líquida do Setor Público (estoque) .................................................................... 46
3.7 Resumo...................................................................................................................................................... 47
Unidade II
4 Sistema Tributário Brasileiro............................................................................................................ 48
4.1 Os tributos no Brasil............................................................................................................................. 48
4.1.1 Dados históricos ...................................................................................................................................... 49
4.2 Carga tributária brasileira.................................................................................................................. 54
4.3 Distribuição por nível de governo.................................................................................................. 55
4.4 Problemas e desafios do modelo brasileiro................................................................................. 58
4.5 Resumo...................................................................................................................................................... 61
5 Sistema federativo e a descentralização do Estado brasileiro.................................. 62
5.1 Conceituando a federação................................................................................................................ 63
5.2 Estrutura federalista............................................................................................................................. 64
5.2.1 O poder e a política................................................................................................................................. 65
5.3 A descentralização de fato................................................................................................................ 66
5.3.1 Modelos de descentralização ............................................................................................................. 69
5.4 Resumo.......................................................................................................................................................71
6 Seguridade social .................................................................................................................................... 72
6.1 Seguridade Social.................................................................................................................................. 73
6.1.1 Programas sociais.................................................................................................................................... 76
6.2 Sistemas previdenciários.................................................................................................................... 77
6.2.1 Causas do déficit previdenciário........................................................................................................ 80
6.3 Resumo...................................................................................................................................................... 82
7 Democracia e accountability ........................................................................................................... 83
7.1 Governo e democracia........................................................................................................................ 83
7.1.1 Financiamento de campanhas eleitorais ...................................................................................... 85
7.1.2 Processo orçamentário e prestação de contas por parte do Poder Executivo .............. 85
7.1.3 Mecanismos de restrição orçamentária e accountability, com destaque para a LRF ......... 86
7.1.4 Tribunal de contas .................................................................................................................................. 86
7.1.5 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) ............................................................................ 87
7.1.6 Orçamento Participativo (OP) ............................................................................................................ 87
7.2 Resumo...................................................................................................................................................... 87
8 Teoria de escolha pública.................................................................................................................... 88
8.1 Corrupção e a figura do rent seeking........................................................................................... 88
8.2 Teoria de escolha pública (public choice).................................................................................... 89
8.3 Resumo...................................................................................................................................................... 91
Unidade III
9 Legislação e execução orçamentária......................................................................................... 92
9.1 Origens do orçamento......................................................................................................................... 92
9.1.1 Origens no Brasil...................................................................................................................................... 94
9.2 Leis orçamentárias no Brasil............................................................................................................. 95
9.2.1 Lei orçamentária...................................................................................................................................... 96
9.3 Orçamento Programa no Brasil....................................................................................................... 97
9.3.1 Os primeiros programas no Brasil e sua implementação oficial.......................................... 98
9.4 Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF...........................................................................................103
9.5 Plano Diretor.........................................................................................................................................104
9.6 Resumo....................................................................................................................................................106
10 Políticas públicas, presente e passado...................................................................................107
10.1 Políticas públicas: gênese do Estado.........................................................................................108
10.1.1 Políticas públicas no contexto internacional............................................................................111
10.2 Teoria da regulação.......................................................................................................................... 112
10.2.1 Efeitos imprevistos da regulação.................................................................................................. 114
10.2.2 Aspectos da regulação...................................................................................................................... 115
10.2.3 Regulação no Brasil............................................................................................................................ 118
10.3 Resumo................................................................................................................................................. 119
11 Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social - CDES.......................................120
11.1 Conselhos de desenvolvimento e democracia......................................................................120
11.2 Estado e sociedade no Brasil: patrimonialismo, autoritarismo e exclusão................121
11.3 A experiência brasileira...................................................................................................................122
11.3.1 Malogros e insucessos na experiência brasileira.................................................................... 124
11.4 Resumo..................................................................................................................................................126
Economia e Gestão do Setor Público

Unidade I
Apresentação

Prezado aluno,

Este texto foi elaborado com o propósito de lhe oferecer uma


visão dinâmica e contemporânea da gestão pública e, sendo
5 assim, alinharemos o tema ao seu curso de administração de
empresas, para que possa usá-lo como importante ferramenta
de gestão e parâmetro organizacional. Nosso esforço será
transmitir este conhecimento sem partir da impressão natural
que usualmente temos, a de que o Estado vive seu dia a dia em
10 um ambiente sistêmico .

Pois bem, no universo da gestão pública encontraremos tudo


o que estamos aprendendo na gestão privada, e sabe por quê?

Porque o mundo corporativo ou privado, como aqui


chamamos, pouco difere em sua estrutura de mando
15 organizacional, no entanto, o Estado se separa destas
coincidências quando o mesmo é chamado a apresentar seus
objetivos.

Quando constituímos uma empresa ou negócio próprio,


este negócio ou empresa tem como missão a geração de lucros
20 para a remuneração dos investidores, que neste caso somos
nós, ou caso prefira, os donos das empresas (empresários).
Neste exato instante, a gestão pública, que também é
tratada aqui como uma grande, mega, hiper organização,
tem como objetivo o lucro. O lucro? Pergunta você... Que tipo
25 de lucro? Ela não é uma ”empresa pública”, de todos que

1
Unidade I

pagam impostos, como ela poderá auferir lucro contra seus


próprios sócios? Espera lá caro amigo, já vamos explicar esta
charada.

O tipo de “lucro” que tratamos na empresa privada é bem


5 diferente da empresa pública. Na empresa privada temos como
missão a remuneração efetiva do “capital (dinheiro)” e na
empresa pública o “lucro” é o bem-estar das pessoas (welfare
state), como verá mais adiante em nosso trabalho.

Um dos princípios da boa gestão pública é, sem dúvida


10 alguma, aplicar corretamente os impostos arrecadados,
evitar o desperdício de verba pública, tratar o Estado como
se fosse sua própria empresa e atender seus “clientes”
(contribuintes) como se fossem os últimos, enfim, utilizar a
gestão pública na busca incansável da igualdade social e do
15 respeito à cidadania.

Por isso acreditamos que tratar do tema economia e gestão
do setor público, um tema tão cotidiano, de forma acadêmica,
histórica, sem perder sua noção de praxis, é inseri-lo zelosamente
na condição de cidadão e pessoa da sociedade.

20 A estrutura deste trabalho está distribuída em onze módulos,


divididos em quatro grandes unidades.

Visão geral do conteúdo

UNIDADE I – Fundamentos do Estado, das formas e das


funções do governo

25 Nesta primeira parte, serão contextualizados o Estado


orgânico, sua missão e objetivos, de forma escatológica ou
histórica, como preferir, buscando-se a fundação do Estado em
suas formas e origens (gênese do poder). Neste exato ponto,
espera-se uma melhor compreensão sua a respeito da sociedade
30 organizada em torno deste poder do Estado.

2
Economia e Gestão do Setor Público

Ainda veremos teorias e conceitos de gestão pública, à luz


do Estado brasileiro, na organização do mercado interno e sua
consolidação econômica e, por fim, na consolidação do Estado como
árbitro na promoção da cidadania e do bem-estar social.

5 1 – Estado, poder e governo

Reconhecer os fundamentos do Estado, suas estruturas e a


influência do Iluminismo francês através do Barón de La Bréde
et de Montesquieu ou, como é mais conhecido, Montesquieu,
em sua obra L’Espirit de Lois1; buscar em Thomas Hobbes2 sua
10 grande contribuição em separar o poder do Estado do poder da
sociedade ou comunidade sobre a qual aplica seu poder político
e, simultaneamente, dos poderes de governante.

2 – Teoria de finanças públicas e seus conceitos

Para este módulo, recuperaremos os principais conceitos e


15 teorias sobre as finanças públicas. Para isso, iremos contextualizar
que a teoria das finanças públicas representa um ramo da ciência
econômica, em que se trata dos gastos do setor público e das
formas de financiamento desses gastos.

Podemos dizer que as finanças públicas abrangem a captação


20 de recursos pelo Estado, sua gestão e seu gasto para atender às
necessidades da coletividade e do próprio Estado.

3 – O caso brasileiro

Aqui trataremos especialmente do caso da teoria de finanças


públicas imerso na gestão pública brasileira; entendendo a
25 economia brasileira como um pequeno laboratório sobre
tais teorias, você terá a oportunidade de observar algumas
peculiaridades do nosso modelo e entender se são justos os
motivos e críticas que se fazem a respeito do nosso setor público.

1
Montesquieu escreveu em 1734 esta obra que traz na essência,
como o próprio título diz, o espírito das leis, na qual contextualiza as
motivações e caráter que constroem um tipo de governo, suas virtudes
políticas, a honra e o temor.
2
Filósofo inglês (1588 – 1679), cujas obras, especialmente Leviatã
(1651), influenciaram fortemente toda a subsequente filosofia moral e
política inglesa.

3
Unidade I

UNIDADE II – Sistema tributário e federativo brasileiro

O Código Tributário Nacional , em seu art. 3º, preceitua que


“tributo” é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção
5 de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada”.

O Sistema Tributário Brasileiro é composto pelos tributos


instituídos no Brasil, e pelos princípios e normas que regulam
tais tributos. No Brasil adota-se o princípio da estruturalidade
10 orgânica do tributo, pelo qual a espécie tributária é determinada
pelo seu fato gerador. Neste módulo, estaremos interessados em
descobrir como o nosso sistema tributário foi criado e sob quais
premissas econômicas.

A partir daí, pularemos para a compreensão da hierarquia


15 tributária hoje no Brasil, seus mandos e desmandos, e porque a
descentralização deu mais poderes aos estados e municípios.

4 – Sistema Tributário Brasileiro

Entende-se por sistema tributário o complexo orgânico


formado pelos tributos instituídos em um país ou região
20 autônoma e os princípios e normas que os regem.

Podemos concluir então, que o Sistema Tributário Brasileiro


é composto dos tributos instituídos no Brasil, dos princípios e
das normas que regulam tais tributos. Entretanto, cabe aqui
contextualizarmos os principais conceitos do sistema tributário que
25 norteiam o Estado brasileiro e suas principais características.

5 - Sistema federativo e a descentralização do Estado


brasileiro

Atribui-se o nome de “federação” a um Estado composto


por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de
30 governo próprio, geralmente conhecidas como “estados”.

4
Economia e Gestão do Setor Público

Como regra geral, os estados (“estados federados”) que se


unem para constituir a federação (o “Estado federal”) são
autônomos, isto é, possuem um conjunto de competências
ou prerrogativas garantidas pela Constituição que não podem
5 ser abolidas ou alteradas de modo unilateral pelo governo
central.

Entretanto, apenas o Estado federal é considerado soberano,


inclusive para fins de direito internacional. Normalmente,
apenas estes possuem personalidade internacional; os estados
10 federados são reconhecidos pelo direito internacional apenas
na medida em que o respectivo Estado federal os autorizar. O
sistema político pelo qual vários estados se reúnem para formar
um Estado federal, cada um conservando sua autonomia,
chama-se federalismo.

15 UNIDADE III – Gasto público e falhas do governo

Aqui, aprenderemos que os mercados perfeitamente


competitivos são muito raros, em geral há falhas de mercado
como a existência de bens públicos, externalidades, poder de
mercado e assimetria de informações. A existência dessas falhas
20 de mercado justifica a intervenção do governo na economia,
como uma forma de diminuir suas consequências para a
sociedade, principalmente para as classes menos favorecidas.

Exercer nossa percepção em relação ao papel do Estado


brasileiro será nosso maior esforço neste módulo, sobretudo na
25 questão da manutenção dos direitos sociais a partir da renda e
dos serviços básicos a sua população.

6 – Seguridade social

Neste módulo, exploraremos os conceitos da seguridade


social, em que a Previdência Social (no Brasil) consiste num
30 conjunto de políticas sociais, cujo fim é amparar e assistir o
cidadão e a sua família em situações como a velhice, a doença
e o desemprego.

5
Unidade I

Já a Previdência Social, é uma política pública integrante


da seguridade social, e, portanto, não deve ser entendida
como seguridade social. Segundo a legislação brasileira,
seguridade é muito mais do que a palavra expressa, é o
5 conjunto de ações envolvendo não só a previdência, mas
também a saúde pública e a própria assistência social.

No entanto, é bom que você saiba que a previdência é um


seguro social mediante contribuições previdenciárias, utilizada
para substituir a renda do trabalhador quando o mesmo tenha
10 efetiva perda de sua capacidade de trabalho.

7 – Democracia e accountability

Accountability3 é um termo ligado à gestão pública moderna,


que está relacionado à responsabilidade social e à ética da boa
gestão ou, ainda, à gestão cidadã.

15 Os políticos que fazem parte da área executiva dos


governos passaram a ser obrigados a relatar suas práticas
e filosofias de gestão por meio da contabilidade social.
Podemos chamar esta expressão xenófoba de prestação
de contas social. Ao olharmos a construção dessa palavra,
20 percebe-se que o account vem de conta, que sugere
confiança, e o ability, a questão da habilidade, isto é, os
políticos passam a ter que incorporar o papel da confiança
e da habilidade técnica em executar as propostas colocadas
em seus planos de governo.

25 8 – Teoria de Escolha Pública

Neste módulo observaremos como uma das falhas de


governo, batizada de corrupção e com dimensões desastrosas

3
Expressão em língua inglesa, que usualmente é aplicada na
contabilidade de fatos quantitativos, e neste caso de gestão pública, em
fatos qualitativos, medindo a eficiência dos governantes.

6
Economia e Gestão do Setor Público

sobre a eficiência econômica dos Estados, transforma as relações


impessoais em relações pessoais, conduzindo, como tais, para a
“teoria da escolha pública”.

Inspirada como uma disciplina independente, ou quase


5 independente da economia política, James Buchanan4 a define
como uma perspectiva do campo político que emerge de uma
extensão da aplicação de ferramentas e métodos econômicos
para decisões coletivas ou tomada de decisões fora do mercado.
Em resumo, a escolha pública não é nada mais do que a aplicação
10 de ferramentas econômicas à política.

UNIDADE IV – Planejamento na gestão pública

Nesta última unidade, veremos como o planejamento e a


gestão do setor público nasceram a partir de um instrumento
criado ainda no século XII, em meio ao Feudalismo, na Idade
15 Média, chamado de orçamento público.

O orçamento público remonta à Constituição Inglesa,


outorgada em 1217 pelo rei João Sem Terra, e que em seu
artigo 12 estabelecia restrições para a criação de tributos,
os quais deveriam ser aprovados pelo Conselho Comum do
20 Reino.

Podemos considerar esse fato como escatologicamente


correto, e a gênese do planejamento público. Apesar de
dispormos, como veremos aqui nesta derradeira unidade, de
instrumentos capazes de controlar e guiar a boa administração
25 pública, tal desafio se manifesta na não garantia de estarmos
caminhando para uma sociedade mais justa por conta dos rent
seeking5, como vimos na unidade anterior.

4
James M. Buchanan Jr. nasceu em Murfreesboro, Tenessee, no
dia 3 de outubro de 1919. Esteve vinculado durante a maior parte de sua
vida acadêmica a George Mason University, no estado de Virginia, onde foi
diretor do Center for the Study of Public Choice. Foi laureado com o Prêmio
Nobel de Economia em 1986.
5
Caçadores de renda, dentro da Teoria de Escolha Pública, com
objetivo de maximizar o individual e privado, em detrimento do público.

7
Unidade I

9 – Legislação e execução orçamentária

Ainda que em 1827 se tenha produzido a primeira lei


orçamentária no Brasil, foi em 1831, mediante aprovação
do Decreto Legislativo de 15/12/1830, que se consolidou
5 o primeiro orçamento público brasileiro, considerado uma
lei de iniciativa do Poder Executivo, estimadora da receita
e fixadora da despesa da administração pública para o
período de um ano, já que as dificuldades de comunicação
e os deficientes mecanismos arrecadadores em relação às
10 províncias frustraram a lei orçamentária de 1827.

Com o advento da República surge a Constituição de 1891,


passando a ser privativa do Congresso Nacional a elaboração
do orçamento, assim como foi instituído o Tribunal de Contas
para a fiscalização das contas do Executivo e para auxiliar o
15 Congresso no controle.

De lá para cá, o Brasil constituiu um modelo


orçamentário composto por um conjunto de procedimentos
padronizados a serem seguidos pelos entes da federação,
com a missão de arrecadarem suas receitas e efetuarem as
20 suas despesas.

10 – Políticas públicas, presente e passado

As iniciativas e políticas governamentais destinadas


a criar condições favoráveis ao desenvolvimento
econômico quase sempre se limitam às grandes políticas
25 macroeconômicas (monetária, cambial e fiscal), ou, na
melhor das hipóteses, a políticas setoriais, cujo objetivo
é também de natureza macroeconômica, tais como as
políticas industrial, energética, de tecnologia, de promoção
de exportação, entre outras.

30 Da mesma forma, as políticas específicas de fomento à


atividade empresarial, incluindo financiamentos, eventuais
vantagens fiscais (principalmente para investimentos e
exportações), são, em geral, definidas de forma “universal”,

8
Economia e Gestão do Setor Público

ou seja, em princípio qualquer empresa que atenda aos


objetivos e exigências do programa poderia qualificar-se,
independentemente do porte, da região, do setor etc.

No caso deste módulo, destacaremos a formulação destas


5 políticas públicas, considerando a literatura e os autores que
vêm se dedicando ao estudo e ao debate acerca do tema, e,
não obstante a isto, elucidaremos casos práticos brasileiros e o
planejamento sob a ótica da sociedade em rede.

11 – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social


10 - CDES

Fazem parte deste conselho, o governo, empregadores


e empregados, geralmente sob uma atmosfera nem sempre
focada em uma pretensa negociação entre capital e trabalho.
Em alguns casos isolados, temos a participação de intelectuais e
15 personalidades ligadas a alguma comunidade.

Neste último módulo, conflitaremos opiniões e situações


que dimensionem tal iniciativa tripartite, a fim de encerrarmos
este curso ouvindo, lendo e pesquisando todas as possibilidades
que tangenciam e contribuem com o sucesso ou fracasso da
20 gestão pública.

Observação

Uma informação que merece ser destacada é que a referência


maior para a elaboração do conteúdo de todos os módulos são
as obras citadas no final deste livro-texto como referências
25 bibliográficas, destacando mais uma vez os autores Ciro
Biderman, Paulo Arvate, Ana Claudia Além e Fabio Giambiagi,
que vêm sendo utilizados por diversos centros universitários de
renome deste país; devido a uma linguagem fácil, interativa,
objetiva, e, fundamentalmente, pela qualidade da pesquisa
30 executada nestas obras.

Bons estudos,
Professor Marco Antonio Dias

9
Unidade I

FUNDAMENTOS DO ESTADO, DAS FORMAS E


DAS FUNÇÕES DO GOVERNO

1 ESTADO, PODER E GOVERNO

Objetivos do módulo

Reconhecer os fundamentos do Estado, suas estruturas e a


influência do Iluminismo francês através do Barón de La Bréde
et de Montesquieu, ou, como é mais conhecido, Montesquieu,
5 em sua obra L’Espirit de Lois; buscar em Thomas Hobbes sua
grande contribuição em separar o poder do Estado dos da
sociedade ou comunidade sobre a qual aplica seu poder político
e, simultaneamente, os poderes de governante.

1.1 Dois pontos de vista: o sociológico e o


jurídico

Centro da hierarquização da sociedade, o Estado possui duas


10 linhas teóricas que se multiplicam, porém, fundamentalmente,
constituem duas árvores de conhecimento; uma de cunho
jurídico, outra sociológico.

Na abordagem jurídica, o Estado cuida dos direitos civis,


políticos e sociais, configurando, assim, três grupos de direitos
15 fundamentais divididos em igualdade e liberdade, manutenção
do Estado de direito e necessidades fundamentais como saúde,
educação e assistência social.

No entanto, a abordagem sociológica está fundamentada


no Estado como centro organizador, sob a ótica do Estado
20 orgânico.

1.2 O Estado

O Estado surgiu a partir da evolução das famílias; primeiro


com a horda, depois com o clã, a tribo, a polis grega e as civitas
romanas.

10
Economia e Gestão do Setor Público

Enquanto no Feudalismo o feudo era um pequeno Estado


dominado pelo senhor feudal, que era o dono das terras e as
explorava; na monarquia, o rei tinha todo o poder e era o próprio
Estado.

5 No século XIII, na Inglaterra, foi imposta a Carta Magna


ao Rei João Sem-Terra pelos cidadãos ingleses, obrigando-o a
consultar a sociedade.

Maquiavel,6 um dos grandes pensadores políticos, foi o


primeiro a utilizar a palavra Estado em suas obras.

10 Thomas Hobbes menciona, em sua obra Leviatã, a palavra


Estado e a compara a um monstro gigantesco que devora e
absorve todos os direitos individuais das pessoas.

Para Jean Jacques Rousseau, o Estado nasceu de um contrato


social, pelo qual o homem renunciou o estado de natureza em
15 que vivia, com parcela de sua liberdade, para obter do Estado o
mínimo de segurança e bens indispensáveis a sua sobrevivência
tranquila. A lei passou a ser a expressão da vontade geral e
esses ideais foram observados na Revolução Francesa de 1789
(liberdade, igualdade e fraternidade).

20 Embora o conceito de Estado tivesse origem nas antigas


cidades-estados que se desenvolveram na Antiguidade, nas
mais variadas e longínquas regiões do mundo, como a Suméria,
a América Central e o Extremo Oriente. Em muitos casos, estas
mesmas cidades-estados foram, a certa altura da história, reféns
25 de um governo nada democrático, seja por interesses econômicos
mútuos, seja por dominação pela força.

O Estado como unidade política no mundo tem evoluído


para algo parecido com o supranacionalismo, na forma de

6
Nicolau Maquiavel (1469-1527), um dos mais conhecidos filósofos
políticos de todos os tempos, se tornou famoso por defender a visão de que
um governante, se necessário, deveria ser cruel e fraudulento para obter
e manter o poder. Seus críticos o denunciam como um homem que foi
desprovido de moralidade, porém, seus admiradores afirmam que ele foi
um dos únicos realistas que verdadeiramente entendiam o mundo político
e que teve a coragem de descrevê-lo como ele realmente é.

11
Unidade I

organizações regionais, como é o caso da União Europeia. Desse


modo, o Estado representa a forma máxima de organização
humana, somente transcendendo a ele a concepção de
Comunidade Internacional.

5 A definição de Estado é a de instituição organizada de forma


política, social e jurídica, que ocupa um território definido
onde a lei máxima é uma Constituição escrita e dirigida por um
governo, capacitado de soberania reconhecida internamente e
externamente.

1.2.1 Elementos do Estado

10 • O povo que é o conjunto de pessoas submetidas à ordem


jurídica estatal, que compreende o nacional residente e o
que está fora dele.
• Território é o elemento material, espacial ou físico do
Estado. Compreende a superfície do solo que o Estado
15 ocupa, seu mar territorial e o espaço aéreo (navio,
aeronaves, embaixadas e consulados).
• Governo é a organização necessária ao exercício do poder
político.
• Soberania é o poder de organizar-se juridicamente e de
20 fazer valer dentro de seu território a universalidade de
suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência.

Um Estado soberano é sintetizado pela máxima “Um governo,


um povo, um território”.

Como já vimos, o conceito de Estado é jurídico e o de nação


25 é sociológico, em que “nação” é a sociedade natural de pessoas,
dentro de um território ou não, com mesma origem, costumes,
língua e comunhão de vida. Vejamos ainda, que “nação”
é a semente do Estado vinculada à sociedade e à união de
indivíduos com objetivos comuns.

12
Economia e Gestão do Setor Público

O fim do Estado é assegurar a vida humana em sociedade,


garantir a ordem interna, assegurar a soberania na ordem
internacional, elaborar as regras de conduta e distribuir a
justiça.

5 Para que você possa dimensionar o Estado na praxis,


lembramos que os objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil, que é um Estado democrático de direito,
são:

• construir uma sociedade livre, justa e solidária;


10 • garantir o desenvolvimento nacional;
• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
• promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
15 discriminação (art. 3º, CF).

O Estado pode ser:

• unitário ou simples, quando só existe uma fonte de


direito, que é no âmbito nacional, estendendo-se
uniformemente sobre todo o seu território (França,
20 Bélgica, Itália e Portugal são unitários);
• composto, como o Estado federado, onde há a reunião
de vários estados-membros que formam a federação.
Existem várias fontes de direito: federal, estadual e a
municipal (Brasil e EUA são federados).

25 O Estado é responsável pela organização e pelo controle


social, pois detém o monopólio legítimo do uso da força
(coerção).

O reconhecimento da independência de um Estado em


relação a outros, permitindo ao primeiro firmar acordos

13
Unidade I

internacionais, é uma condição fundamental para o


estabelecimento da soberania. O Estado pode também ser
definido em termos de condições domésticas (internas),
especificamente no que diz respeito ao monopólio do uso
5 da violência ou força (conforme descreveu Max Weber, entre
outros).

1.2.2 Governo

O governo é a instância máxima de administração


executiva, geralmente reconhecida como a liderança de
um Estado ou uma nação. Normalmente, dá-se o nome de
10 governo ou gabinete ao conjunto dos dirigentes executivos
do Estado, ou ministros (por isso, também se chama Conselho
de Ministros).

O regime de governo pode ser a república ou a monarquia,


e o sistema de governo pode ser o parlamentarismo, o
15 presidencialismo, o constitucionalismo ou o absolutismo. Uma
nação sem governo é classificada como anárquica.

Pode-se dizer que forma de governo é um conceito que se


refere à maneira como se dá a instituição do poder na sociedade
e como se dá a relação entre governantes e governados.

20 Sistema de governo, por outro lado, não se confunde com a


forma de governo, pois este termo diz respeito ao modo como
se relacionam os poderes.

Formas de governo

Em ciência política, dá-se o nome “forma de governo”,


25 ou “regime político”, ou “sistema político” ao conjunto de
instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza
de maneira a exercer o seu poder sobre a sociedade. Cabe
notar que esta definição é válida mesmo que o governo seja
considerado ilegítimo.

14
Economia e Gestão do Setor Público

A forma de governo adotada por um Estado não deve ser


confundida com a sua forma de Estado (Estado unitário ou
federal) ou com o seu sistema de governo (presidencialismo ou
parlamentarismo, dentre outros).

5 Outra medida de cautela a ser observada ao estudar-se o


assunto é ter presente o fato de que é complicado categorizar as
formas de governo. Cada sociedade é única em muitos aspectos
e funciona segundo estruturas de poder e sociais específicas.
Assim, alguns estudiosos afirmam que existem tantas formas de
10 governo quanto há sociedades.

Tendo em mente a dificuldade de classificar-se as formas de


governo, estas são tradicionalmente categorizadas em:

• monarquia (rei ou monarca é o chefe de Estado);


• república (um representante é escolhido pelo povo para
15 ser o chefe de estado).

Outras formas de exercício do poder:

• anarquismo (abolição do Estado como autoridade


detentora do uso da força);
• autocracia (governo por si próprio);
20 • autoritarismo (instituição ou pessoa que excede a
autoridade que lhe é dada);
• fascismo (doutrina totalitária italiana de extrema direita);
• absolutismo (dá ao rei poder ilimitado independente de
seu estado);
25 • despotismo (o poder se encontra nas mãos de apenas um
governante);
• despotismo esclarecido (governam pela felicidade dos
povos);

15
Unidade I

• ditadura (regime político oposto à democracia);



ditadura militar (regimes militares opostos à
democracia);
• monarquia (o rei ou monarca é o chefe de Estado);
5 • monarquia absoluta (historicamente, o mesmo que
absolutismo);
• totalitarismo (baseado no poder do Estado sobre a
sociedade);
• estados comunistas (sistema econômico que nega a
10 propriedade privada dos meios de produção);
• nacional-socialismo (ditadura que governou a Alemanha
de 1933 a 1945 - nazismo);
• tirania (governo com poder ilimitado representando a
vontade do povo).

15 Democracia (“governo do povo, pelo povo e para o povo”):

• democracia direta (o povo expressa sua vontade por voto


direto);
• democracia representativa (através da eleição de
representantes do povo);

20 • parlamentarismo (o poder Executivo depende do apoio


direto ou indireto do parlamento para ser constituído e
para governar);
• presidencialismo (o líder do poder executivo é escolhido
pelo povo);
25 • semi-presidencialismo (o chefe de governo e o chefe
de Estado são eleitos separadamente e por partidos
rivais).

16
Economia e Gestão do Setor Público

Oligarquia (governo de poucos em benefício próprio):

• aristocracia (poder dos melhores, dos sábios);


• cleptocracia (literalmente: “Estado governado por ladrões”);
• corporativismo (o poder legislativo é dado às corporações
5 econômicas);
• gerontocracia (governada por líderes mais velhos da
população adulta);
• meritocracia (forma de governo baseada no mérito);
• plutocracia (o poder é exercido pelo grupo mais rico);
10 • tecnocracia (governo dos técnicos).

Teocracia: o povo é controlado por um sacerdote ou líder


religioso.

1.2.3 Política

O termo política é derivado do grego antigo politeía, que


indicava todos os procedimentos relativos a polis, ou cidade-
15 estado. Por extensão, poderia significar tanto Estado quanto
sociedade, comunidade, coletividade e outras definições
referentes à vida urbana.

O livro de Platão traduzido como A República é, no original,


intitulado Πολιτεία (politeía).

20 “O homem é um animal político” (Aristóteles).

O termo política pode ser entendido e empregado em seis


acepções:

1. No uso trivial, vago e às vezes um tanto pejorativo, política,


como substantivo ou adjetivo, compreende as ações,

17
Unidade I

comportamentos, intuitos, manobras, entendimentos


e desentendimentos dos homens (os políticos) para
conquistar o poder, ou uma parcela dele, ou um lugar
nele: eleições, campanhas eleitorais, comícios, lutas de
5 partidos etc.

2. Conceituação erudita, de certa forma síntese da anterior,


considera política a arte de conquistar, manter e exercer o
poder, o governo. É a noção dada por Nicolau Maquiavel,
em O Príncipe.

10 3. Política denomina-se a orientação ou a atitude de um


governo em relação a certos assuntos e problemas de
interesse público: política financeira, política educacional,
política social, política do café etc.

4. Para muitos pensadores, política é a ciência moral


15 normativa do governo da sociedade civil. (Alceu Amoroso
Lima – Política, 4º edição, pág. 136).

5. Outros a definem como conhecimento ou estudo “das


relações de regularidade e concordância dos fatos com
os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do
20 Estado e entre os Estados” (Eckardt – Fundamentos de la
Política, p. 14).
6. Atualmente, a maioria dos tratadistas e escritores se divide
em duas correntes. Para uns, política é a ciência do Estado.
Para outros, é a ciência do poder.

25 Em suma, política é objeto de estudo da ciência política.

1.2.4 Sociedade

Em sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que


compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes,
e que interagem entre si constituindo uma comunidade. A
sociedade é o objeto de estudo das ciências sociais.

18
Economia e Gestão do Setor Público

A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma


“associação amistosa com outros”. Societas é derivado de socius,
que significa “companheiro”, e assim o significado de sociedade
está intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito
5 no significado de sociedade que seus membros compartilham
interesses ou preocupações mútuas sobre um objetivo comum.
Como tal, o conceito de sociedade é muitas vezes usado como
sinônimo para o coletivo de cidadãos de um país governado por
instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico.

10 Pessoas de várias nações unidas por tradições, crenças ou


valores políticos e culturais comuns, em certas ocasiões também
são chamadas de sociedades.

Um país, de uma forma geral, é um território social, político,


cultural e geograficamente delimitado. A maioria dos países é
15 administrada por um governo que mantém a soberania sobre
seu povo e seu território, garantindo, assim, o funcionamento e
a ordem do fluxo de atividades que envolvem a sua economia e
a sua sociedade.

A definição de país não é necessariamente compatível com as


20 definições de reino, império, república, nação e Estado, mas, na
atualidade, independentemente da forma de governo adotada,
todos os Estados soberanos são considerados países.

1.3 Teoria da burocracia

Burocracia é um conceito administrativo amplamente usado,


caracterizado, principalmente, por um sistema hierárquico,
25 com alta divisão de responsabilidade, no qual seus membros
executam invariavelmente regras e procedimentos padrões,
como engrenagens de uma máquina.

É também usado com sentido pejorativo, significando uma


administração com muitas divisões, regras e procedimentos
30 redundantes, desnecessários ao funcionamento do sistema.

19
Unidade I

De acordo com Max Weber,7 os atributos da burocracia


moderna incluem a impessoalidade, a concentração dos meios
da administração, um efeito de nivelamento entre as diferenças
sociais e econômicas e a execução de um sistema da autoridade
5 que é praticamente indestrutível. A análise de Weber da
burocracia relaciona-se:

• às razões históricas e administrativas para o processo da
burocratização (especialmente na civilização ocidental);
• ao impacto do domínio da lei no funcionamento de
10 organizações burocráticas;
• à orientação pessoal típica e à posição ocupacional dos
oficiais burocráticos como um grupo de status;
• aos atributos e às consequências mais importantes
da burocracia na organização burocrática no mundo
15 moderno.

A teoria da burocracia desenvolveu-se dentro da


administração ao redor dos anos 1940. Segundo essa teoria,
um homem pode ser pago para agir e se comportar de certa
maneira preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada, muito
20 minuciosamente e, em hipótese alguma, é permitido que suas
emoções interfiram no seu desempenho. A partir daí, surge a
teoria da burocracia na administração.

Então, a burocracia é uma forma de organização que se baseia


na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos
25 (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível
no alcance dos objetivos.

7
Max Weber (1864-1920) foi o autor que melhor trabalhou esse
processo de racionalização, entendido como “o resultado da especialização
científica e da diferenciação técnica peculiar à civilização ocidental”. Consiste
na organização da vida, por divisão e coordenação das diversas atividades,
com base em um estudo preciso das relações entre os homens, com seus
instrumentos e seu meio, com vistas à maior eficácia e rendimento.

20
Economia e Gestão do Setor Público

Max Weber identifica três fatores principais que favorecem


o desenvolvimento da moderna burocracia:

1. o desenvolvimento de uma economia monetária, pois na


burocracia, a moeda assume o lugar da remuneração em
5 espécie para os funcionários, permitindo a centralização
da autoridade e o fortalecimento da administração
burocrática;
2. o crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas
administrativas do Estado Moderno;
10 3. a superioridade técnica – em termos de eficiência – do
tipo burocrático de administração que serviu como uma
força autônoma para impor sua prevalência.

A burocracia é baseada:

15 • no caráter legal das normas;


• no caráter formal das comunicações;
• na impessoalidade no relacionamento;
• na divisão do trabalho;
• na hierarquização de autoridade;
20 • nas rotinas e procedimentos;
• na competência técnica e mérito;
• na especialização da administração;
• na profissionalização;
• na previsibilidade do funcionamento.

25 Consequências previstas:

• previsibilidade do comportamento humano;


• padronização do desempenho dos participantes.

21
Unidade I

Objetivos: máxima eficiência da organização:

• uma organização é racional se os meios mais eficientes


são escolhidos para a implementação das metas;
• a racionalidade funcional é atingida pela elaboração
5 – baseada no conhecimento científico – de regras que
servem para dirigir, partindo de cima, todo comportamento
de encontro à eficiência;
• Weber usa o termo burocratização em um sentido mais
amplo, referindo-se também às formas de agir e de pensar
10 que existem não somente no contexto organizacional,
mas que permeiam toda a vida social.

1.4 Administração pública

Administração pública (ou gestão pública) é, em sentido


orgânico ou subjetivo, o conjunto de órgãos, serviços e agentes
do Estado, bem como das demais pessoas coletivas públicas
15 (tais como as autarquias locais) que asseguram a satisfação
das necessidades coletivas variadas, tais como a segurança, a
cultura, a saúde e o bem-estar das populações.

A administração pública difere de forma fundamental


da administração privada. Seu objetivo é atender, de forma
20 continuada, às necessidades mais essenciais da coletividade,
ela tem a obrigatoriedade de atender às necessidades
públicas.

Na administração pública não há liberdade pessoal.


Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a
25 lei não proíbe, na administração pública só é lícito fazer o que
a lei autoriza.

Administração pública é todo o aparelhamento do Estado,


preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação
das necessidades coletivas.

22
Economia e Gestão do Setor Público

Administrar é gerir os recursos públicos; significa não


só prestar serviços e executá-lo, como também dirigir,
governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um
resultado útil.

5 Uma pessoa empregada na administração pública diz-se


servidor público ou funcionário público.
Ponto de reflexão

1.5 Resumo Você é capaz de diferenciar um político


de um tecnocrata ou burocrata?
Como pudemos ver neste módulo, conceituamos o Estado
e seus elementos; abordamos todas as formas de governo,
evidenciando os casos práticos e os exemplos históricos;
10 fizemos referências a todos os conceitos acadêmicos a respeito
da política, e quando foi possível trouxemos mais de um autor
para a consolidação do tema.

Ainda recuperamos Weber na teoria da burocracia e


administração pública, conceitos que nortearam os demais
15 tópicos desenvolvidos ao longo deste trabalho.

2 TEORIA DE FINANÇAS PÚBLICAS E SEUS


CONCEITOS

Objetivos do módulo

Para este módulo, recuperaremos os principais conceitos


e teorias sobre as finanças públicas. Para isso, iremos
contextualizar que a teoria das finanças públicas representa
20 um ramo da ciência econômica, que trata dos gastos do setor
público e das formas de financiamento desses gastos.

Podemos dizer que as finanças públicas abrangem a


captação de recursos pelo Estado, sua gestão e seu gasto
para atender às necessidades da coletividade e do próprio
25 Estado.

23
Unidade I

2.1 Conceitos básicos

A teoria das finanças públicas representa um ramo da ciência


econômica, que trata dos gastos do setor público e das formas
de financiamento desses gastos. Podemos dizer que as finanças
públicas abrangem a captação de recursos pelo Estado, sua
5 gestão e seu gasto para atender às necessidades da coletividade
e do próprio Estado.

A partir daí, são desenvolvidos estudos, teorias e modelos


que procuram explicar:

• a evolução da participação do setor público na


10 economia;
• as formas de intervenção do Estado na atividade
econômica;
• as fontes e origens das receitas públicas, bem como a
evolução crescente dessas receitas relativamente ao
15 produto/renda nacional.

A alocação de recursos determinada pelo mercado livre é


desejável?

Existe espaço para que a intervenção do Estado melhore a


vida das pessoas?

20 De forma geral, são quatro as funções do Estado:

• função alocativa, que visa à provisão de bens públicos;


• função distributiva, voltada à geração de uma distribuição
de renda mais adequada que aquela que o mercado por si
mesmo faria;
25 • função estabilizadora, através da condução de políticas
de estabilização de preços e emprego;

24
Economia e Gestão do Setor Público

• função de desenvolvimento, com o objetivo de


crescimento com alterações estruturais e elevação do
padrão de vida da sociedade como um todo (países não
desenvolvidos ou subdesenvolvidos).

5 A principal razão de existência da estrutura federativa


encontra-se na função alocativa. A questão central está na
provisão de bens e serviços públicos compatíveis com as
preferências dos habitantes da região beneficiada e que por eles
seja financiada.

10 Alguns bens e serviços públicos, como a segurança


nacional e a política externa, beneficiam toda a população
do país e, portanto, devem ser providos pela União. Por outro
lado, existem serviços, como iluminação pública, coleta de
lixo e saneamento básico, que beneficiam diretamente um
15 grupo restrito, sendo, assim, bens públicos locais. Portanto,
se levarmos em consideração a eficiência de todo o setor
público, cada nível de governo deve ser responsável pela
provisão dos bens e serviços públicos cujos benefícios são
auferidos apenas dentro de sua jurisdição. Caso contrário,
20 incorrer-se-á em ineficiências.

Se a provisão do bem ou serviço público não atender


a toda a comunidade, algumas famílias pagarão impostos
sem, no entanto, consumirem o bem, reduzindo o benefício
total percebido por elas e levando também a um aumento da
25 demanda por aqueles que o consomem, visto não pagarem
totalmente por esses bens e serviços públicos.

Por outro lado, a racionalidade indica que os bens e


serviços públicos devem ser providos e financiados pelo
mais baixo nível de governo possível, de forma que os
30 benefícios sejam absorvidos pela comunidade local e
que eventuais vazamentos sejam corrigidos através de
transferências.

25
Unidade I

Dessa forma, o comportamento dos grupos de pressão ou


dos caçadores de renda que competem entre si por recursos
provenientes do governo federal configura uma ação racional
e, portanto, natural e recorrente num ambiente de competição
5 política por transferências.

Dada a existência de transferências num sistema federativo,


a restrição aos gastos públicos estaria, em princípio, mais
flexibilizada, gerando maiores condições para um aumento
do déficit ótimo (Werneck, 1995), justificando, assim, o
10 comportamento rent-seeking dos governos locais.

A função distributiva é resultante, em determinado momento,


das dotações dos fatores de produção – capital, trabalho e terra,
e a venda dos serviços desses fatores no mercado pode não ser
a desejada pela sociedade.

15 A função estabilizadora passou a ser defendida com a


publicação do livro Teoria geral do juro, do emprego e da moeda,
em 1936, de John Maynard Keynes. Neste caso, Keynes deu
ênfase ao papel do Estado mediante as políticas monetárias e
principalmente fiscais, para promover um alto nível de emprego
20 na economia.

2.2 Falhas de mercado

De uma forma geral, a teoria das finanças públicas gira em


torno da existência das falhas de mercado, que tornam necessária
a presença do governo, o estudo das funções do governo, da
teoria da tributação e do gasto público.

25 As falhas de mercado são fenômenos que impedem a


economia de alcançar o ótimo de Pareto8, ou seja, o estágio de

8
Vilfredo Pareto, economista e sociólogo italiano de origem francesa,
nascido em Paris.Considerado um dos ideólogos do movimento fascista,
elaborou a teoria de interação entre massa e elite e aplicou a matemática à
análise econômica, mais conhecido por sua dedicação à matemática voltada
para a economia e a sociologia. Educado na Itália, estudou matemática e
literatura e graduou-se em física e matemática (1867) e em engenharia
(1870) no Instituto Politécnico de Turim.

26
Economia e Gestão do Setor Público

welfare economics, ou estado de bem-estar social, através do


livre mercado, sem interferência do governo. São elas:

• Existência dos bens públicos: bens que são consumidos


por diversas pessoas ao mesmo tempo (ex.: rua). Os bens
5 públicos são de consumo indivisível e não excludente.
Assim, uma pessoa adquirindo um bem público não tira o
direito de outra adquiri-lo também.
• Existência de monopólios naturais: monopólios que
tendem a surgir devido ao ganho de escala que o setor
10 oferece (ex.: água, energia). O governo acaba sendo
obrigado a assumir a produção ou a criar agências que
impeçam a exploração dos consumidores.
• As externalidades: uma fábrica pode poluir um rio e ao
mesmo tempo gerar empregos. Assim, a poluição é uma
15 externalidade negativa, porque causa danos ao meio
ambiente e a geração de empregos é uma externalidade
positiva por aumentar o bem-estar e diminuir a
criminalidade. O governo deverá agir no sentido de
inibir atividades que causem externalidades negativas
20 e incentivar atividades causadoras de externalidades
positivas.
• Desenvolvimento, emprego e estabilidade:
principalmente em economias em desenvolvimento,
a ação governamental é muito importante no sentido
25 de gerar crescimento econômico através de bancos de
desenvolvimento, criar postos de trabalho e buscar a
estabilidade econômica.

2.2.1 Bens públicos

Bens públicos são aqueles cuja escolha é socializada para


toda a população. Esses bens são também conhecidos como
30 bens não rivais e podem ser divididos em: a) bens tangíveis,
como ruas; e b) bens intangíveis, como leis. Bens gratuitos (tipo
segurança pública) são um desafio para a análise econômica.

27
Unidade I

Para os bens alocados em mercado, que são a maioria em


nossa economia, os preços são os sinais que guiam as decisões
de compradores e vendedores. Entretanto, quando os bens são
gratuitos, as forças de mercado deixam de funcionar e não
5 servem como guia.

Bem não rival: um bem não rival é aquele no qual o


consumo do bem por um consumidor não impede o consumo
do mesmo por outro consumidor. Ex.: ondas de rádio, paisagem
e outros usos não consuntivos da água.

10 Bem rival: um bem é dito rival quando seu uso por uma
pessoa ou firma prejudica seu uso por outras pessoas ou
firmas. Ex.: uma peça de vestuário feita para uma pessoa,
não pode ser usada por duas pessoas ao mesmo tempo,
entretanto, pode ser partilhada, desde que o tempo e uso
15 sejam divididos.

Bem excluível: aquele em que é possível impedir uma


pessoa de usá-lo. Ex.: pedágio.

Bem não excluível: um bem não exclusivo é aquele que não


é possível/viável excluir as pessoas de consumi-lo. Ex.: luz solar,
20 peixes para pesca.

Rival?
sim não
Bens privados Monopólios naturais
• Roupas • Corpo de bombeiros
• Carros • TV a cabo
• Estradas congestionadas com • Estradas não congestionadas com
pedágio. pedágio.
Recursos comuns Bens públicos
• Peixes no mar • Defesa nacional
• Meio ambiente • Justiça
• Estradas congestionadas sem • Estradas não congestionadas sem
pedágio. pedágio.

sim Exclusível? não

28
Economia e Gestão do Setor Público

Free rider: uma pessoa que se utiliza de um bem, mas se


recusa a pagar por ele. Um exemplo é alguém que se recuse a
pagar uma taxa para a queima de fogos no final do ano, mas
sempre assiste ao espetáculo.

5 Devido ao problema do carona, o setor privado não


consegue ofertar bens públicos em uma quantidade
socialmente desejável.

O governo pode resolver o problema da provisão de bens


públicos produzindo estes bens e financiando os custos por
10 meio de tributação.

Tragédia dos comuns: uma parábola que ilustra porque os


recursos comuns são mais utilizados do que seria desejável do
ponto de vista social.

A solução para o problema de uso excessivo de recursos


15 comuns é recorrer ao direito de propriedade. Caso não seja possível
o governo pode criar impostos que diminuam o uso do recurso.

2.2.2 Externalidades

Uma externalidade ocorre quando alguma atividade de


produção ou consumo possui efeitos indiretos sobre outras
atividades de produção ou de consumo que não estejam
20 diretamente refletidas nos preços de mercado.

O termo “externalidade” é empregado porque os efeitos sobre


os outros itens (custos ou benefícios) são externos ao mercado.
Por exemplo, uma usina que despeje seus poluentes num rio,
tornando sua água inadequada para consumo, pesca ou natação
25 das comunidades próximas, estará produzindo externalidades
negativas (custos) para elas.

Na presença de uma externalidade negativa da produção, o


custo social é maior que o custo privado, de forma que a “oferta

29
Unidade I

social” fica à esquerda da oferta privada. O resultado é que a


produção do mercado é maior do que a socialmente desejável.

Os custos de produção estarão sendo absorvidos por outros


agentes que não o inicial. A melhor medida alocativa é a
5 imposição de um tributo sobre a produção, de modo que esta seja
inibida. Ex: uma fábrica de cimento que esteja gerando poluição
do ar pela emissão de partículas através de suas chaminés, pode
ser obrigada, por atos regulatórios, a instalar equipamentos de
controle da poluição, de forma a evitar efeitos negativos (custos)
10 para outros produtores e moradores próximos.

Na presença de uma externalidade positiva da produção, o


custo privado é maior que o custo social, de forma que a “oferta
social” fica à direita da oferta privada. O resultado é que a
produção do mercado é menor do que a socialmente desejável.
15 Benefícios sociais de um produto excedem os benefícios
privados. Nesta situação, a firma produtora irá produzir menos
que o necessário, porque os benefícios que concede à sociedade
são maiores que aqueles a que fará jus via mecanismos de
mercado. A medida alocativa neste caso é fazer a correção da
20 oferta pela concessão de um subsídio à firma para incentivar
maior produção e consumo.

Teorema de Coase: se os agentes privados puderem


negociar sem custos a respeito da alocação de recursos, eles
podem resolver por si próprios o problema das externalidades.

25 Imposto de Pigou: imposto implementado para corrigir os


efeitos de uma externalidade negativa.

2.2.3 Poder de mercado e assimetria

Informações incorretas ou imperfeitas são identificadas nas


teorias econômicas como informações assimétricas e, ainda,
normalmente provocam um estado de mal econômico ao
30 fazerem as pessoas tomarem decisões erradas.

30
Economia e Gestão do Setor Público

É comum que alguma parte envolvida em uma transação,


geralmente o consumidor, não possua informação completa
sobre o produto que está negociando. Nestes casos o governo
deve agir obrigando que toda informação relevante a respeito
5 de um determinado produto seja conhecida por todos os
participantes do mercado.

Um caso clássico de assimetria são os balanços de empresas


que apresentam resultados pouco condizentes com a saúde
financeira, induzindo ao erro, como mencionado no primeiro
10 parágrafo, os agentes econômicos e destruindo parte ou toda a
riqueza acumulada pelos mesmos.

2.2.4 Política fiscal

Do ponto de vista da análise econômica, as finanças públicas


se materializam na chamada política fiscal, que se constitui,
sem dúvida, num dos principais instrumentos de intervenção
15 na atividade econômica de que dispõe o governo, consistindo,
basicamente, de:

• aumentos ou cortes das despesas do governo, como, por


exemplo, construção de escolas, de hospitais, de estradas,
ou, ainda, gastos com o funcionamento da máquina
20 administrativa e com o pagamento de funcionários;

• aumentos ou reduções do nível de impostos.

Estas duas medidas alteram a:

Demanda Agregada (DA = C + I + G + (X-M)).

Demanda Agregada = Consumo privado + Investimentos das


25 empresas + Gastos do governo + eXportações - iMportações.

C C
Política fiscal → ↑ G →↑Y
expansionista I I

31
Unidade I

Em uma situação de insuficiência ou excesso de demanda


agregada, teremos uma política fiscal expansionista através
da elevação dos gastos do governo e, por consequência, a
elevação do consumo (C) e do investimento (I), que, por sua
5 vez, elevará a renda (Y) e o consumo (C) e os investimentos
privados (I), resultando em um ciclo de crescimento
econômico.

Ainda que de forma diferente, enquanto os aumentos ou


reduções dos gastos se refletem, na equação da demanda
10 agregada, em um G maior ou menor, as variações no nível de
impostos afetam a “renda pessoal disponível” dos indivíduos e,
consequentemente, o nível de consumo privado C.

É através da política fiscal, espelhada no seu orçamento,


que o governo:

15 • interfere na alocação de recursos, oferecendo bens e


serviços (segurança nacional, polícia etc.) que se deixados
às forças do mercado não seriam produzidos pelo setor
privado;

• procura melhorar a distribuição da renda no país, tributando


20 mais os que ganham mais e realizando “transferências”
para os menos favorecidos da sociedade.

2.2.5 Inflação e déficit público

Quando o governo gasta mais do que arrecada, o déficit


orçamentário resultante reduz a poupança nacional. Isto reduz
a oferta de fundos emprestáveis à disposição das firmas e das
25 famílias.

Para financiar seus gastos sem aumentar os impostos nem


vender títulos no mercado o governo pode imprimir moeda.
A “receita” obtida com a impressão de moeda é chamada
senhoriagem. Ao imprimir moeda para financiar gastos causa

32
Economia e Gestão do Setor Público

inflação, e a inflação pode ser vista como um imposto sobre as


pessoas que guardam dinheiro.

Efeito Oliveira-Tanzi: o aumento da inflação reduz o valor


real da arrecadação de outros impostos, devido à existência
5 de uma defasagem entre o fato gerador do imposto e a sua
coleta.

Efeito Patinkin: taxas de inflação altas ajudam a reduzir


o déficit público, devido à queda do valor real dos gastos
públicos.

2.2.6 Teoria da tributação

10 O Código Tributário Nacional define tributo em seu art. 3 da


seguinte forma:

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda


ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção
de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
15 administrativa plenamente vinculada. Os tributos podem
tomar a forma de impostos, taxas, contribuições de melhorias e
contribuições sociais.

Apesar de não aparecer como tributo nem na Constituição


Federal nem no Código Tributário Brasileiro, as contribuições
20 sociais são consideradas como tributos por vários autores.
Isto decorre da importância crescente que estas contribuições
passaram a ter no Brasil.

Os tributos formam a receita da União, estados e


municípios e abrangem impostos, taxas, contribuições
25 e empréstimos compulsórios. Eles podem ser diretos ou
indiretos. No primeiro caso, são os contribuintes que devem
arcar com a contribuição, como ocorre no Imposto de Renda.
Já os indiretos incidem sobre o preço das mercadorias e
serviços.

33
Unidade I

Para poder funcionar regulando atividades do mercado


e ofertando bens públicos, o Estado precisa de receitas. Estas
receitas são obtidas por meio de tributos. A implementação
de um tributo deve considerar dois aspectos fundamentais: a
5 neutralidade e a equidade.

A equidade deve ser de tal forma que garanta que


indivíduos iguais recebam o mesmo tratamento – equidade
horizontal – e que exista algum critério capaz de diferenciar
indivíduos, de modo que pessoas diferentes recebam um
10 tratamento diferente – equidade vertical.

Critério do benefício: propõe atribuir a cada indivíduo um


ônus equivalente aos benefícios que ele usufrui dos programas
governamentais.

Critério da capacidade de contribuição: defende que


15 a repartição do ônus tributário deve ser feita em função das
respectivas capacidades individuais de contribuição.

Progressivo: o valor da contribuição aumenta de forma


mais que proporcional à renda.

Proporcional: o valor da contribuição aumenta de forma


20 proporcional à renda.

Regressivo: o valor da contribuição aumenta de forma


menos que proporcional à renda.

Tributos sobre o patrimônio: ITR, IPTU, IPVA.

Tributos sobre fluxos de renda: IRPF, IRRF, Contribuição


25 para Previdência Social, IRPJ, IOF.

Tributos sobre vendas de mercadorias e serviços: ICMS,


PIS, Cofins, II, IPI, ISS.

34
Economia e Gestão do Setor Público

• Conceito da equidade: cada indivíduo deve contribuir


com uma quantia “justa”.
• Conceito da progressividade: as alíquotas devem
aumentar à medida que são maiores os níveis de renda
5 dos contribuintes.

Imposto sobre a renda do trabalho

Salário
Peso morto
Salário
pago Oferta de
trabalho
Cunha
tributária

Salário Demanda
recebido por trabalho
Horas
trabalhadas

Fonte: Elaborado pelo autor (2009).

• Conceito da neutralidade: a tributação não deve


desestimular o consumo, produção e investimento.
Se considerarmos a renda como Y e a arrecadação via
10 impostos como T, temos:

É neutro, pois não afeta a eficiência nas decisões de alocação


de recursos.

↑Y→↑T
IR
↓Y→↓T

Não neutralidade em casos específicos:

15 ↑ T sobre cigarros e bebidas alcoólicas


qualidade
↑ T de produtos importados = similares modelo
preço

35
Unidade I

• Conceito da simplicidade: o cálculo, a cobrança e a


fiscalização relativa aos tributos devem ser simplificados
a fim de reduzir custos administrativos.
– imposto de fácil entendimento para quem tiver que
5 pagá‑lo;
– cobrança, arrecadação e processos de fiscalização não
devem representar custos administrativos elevados
para o governo.

1. Quanto mais elástica a curva de demanda e menos


10 elástica a curva de oferta, maior parcela dos impostos
recai sobre os produtores.
2. Quanto menos elástica a curva de demanda e mais
elástica a curva de oferta, maior será o ônus tributário
para os consumidores.

15 Quanto mais inelástico, menos será possível


escapar do aumento de T.

A quantidade de imposto paga pelo consumidor


será tanto maior quanto menor for a elasticidade preço
da demanda e maior for a elasticidade preço da oferta.
20 Nos casos-limite, o ônus será totalmente transferido para o
consumidor quando a demanda for perfeitamente inelástica,
e totalmente suportado pelo produtor quando a oferta for
totalmente inelástica.

Elasticidade-preço Variação percentual da qtde. demanda


=
da demanda Variação percentual do preço

36
Economia e Gestão do Setor Público

Quem paga um imposto sobre as vendas?


Preço
10 Transferência Oferta com
ao consumidor imposto

Peso Oferta
6 morto
5
4,5
Demanda
80 100
Quantidade

Fonte: Elaborado pelo autor (2009).

2.2.6.1 Curva de Laffer

A relação ambígua existente entre aumentos de alíquotas


e aumentos de receita é expressa no que a literatura denomina
“curva de Laffer”.

5 Os princípios básicos dessa construção teórica são de que:

• com uma alíquota tributária nula, a receita obviamente é


nula;
• com uma alíquota de 100%, a receita também é nula, pois
ninguém iria trabalhar para que o governo se apropriasse
10 de toda a renda.

Assim, há um nível de alíquota que maximiza a receita. A


partir desse ponto, no “lado errado da curva”, isto é, o direito,
aumentos de alíquotas são contraproducentes, pois produzem
uma evasão e/ou um desestímulo às atividades formais
15 que superam o aumento da alíquota, gerando uma perda de
receita.

Gráfico que mostra como o nível de alíquotas afeta a receita


tributária (devido ao economista americano Arthur Laffer). Com
base nessa curva é que alguns defendem a redução de alíquotas

37
Unidade I

como forma de aumentar a receita tributária. A partir de certo


ponto, maiores alíquotas reduziriam a arrecadação.

Curva de Laffer

Arrecadação

Alíquota

Fonte: Elaborado pelo autor (2009).

Arrecadação
Máximo de arrecadação do
Imposto Inflacionário

Alíquota

Fonte: Elaborado pelo autor (2009).

se T = 0, a receita = 0;

5 se T = 100%, a receita = 0.

Há uma alíquota que maximiza a receita.

38
Economia e Gestão do Setor Público

Carga tributária no Brasil (% do PIB)


1971 25.2 1981 25.2 1991 24.4 2001 34.0
1972 25.9 1982 26.2 1992 25.0 2002 35.6
1973 25.6 1983 26.9 1993 25.3 2003 34.9
1974 25.1 1984 24.2 1994 27.9 2004 35.9
1975 25.2 1985 23.8 1995 28.0 2005 37.4
1976 25.1 1986 26.5 1996 28.6 2006 38.8
1977 25.6 1987 24.3 1997 28.9
1978 25.7 1988 23.4 1998 28.9
1979 24.7 1989 23.7 1999 29.5
1980 24.4 1990 29.6 2000 33.0
Fonte: Receita Federal e IBPT

Fonte: Elaborado pelo autor (2009).

Principais impostos e participação por esferas de governo (%)


Esferas de Antes da Constituição de 1988 Depois da Constituição de 1988
governo Federal Estadual Municipal Federal Estadual Municipal
A. Federal
Imposto de 67 16 17 53 24,5 22,5
Renda
IPI 67 16 17 43 32 25
Imposto de 100 100
Importação
IOF 100 100
B. Estadual
ICMS 80 20 75 25
IUEE 30 50 20
IUCL 40 40 20
IUM 10 70 20
IUST 30 50 20
IUSC 100
Ponto de reflexão
IPVA 50 50 50 50
ITBI 50 50 100 Para você, qual é o melhor critério
IR Adicional 100 para definir a base de cálculo dos
impostos. Fluxo de renda ou consumo
C. Municipal ou estoque de riqueza?
ISS 100 100
IPTU 100 100

Fonte: Elaborado pelo autor (2009).

39
Unidade I

2.3 Resumo

Vimos neste módulo que a teoria das finanças públicas


representa um ramo da ciência econômica, em que as falhas de
mercado são fenômenos que impedem que a economia alcance
o estágio de welfare economics, ou estado de bem-estar social.
5 Que a externalidade ocorre quando alguma atividade de produção
ou consumo possui efeitos indiretos sobre outras atividades de
produção ou de consumo através do livre mercado.

Ainda mostramos a você que, quando o governo gasta mais


do que arrecada, o déficit orçamentário resultante reduz a
10 poupança nacional e, finalmente, os tributos formam a receita
da União, estados e municípios e abrangem impostos, taxas,
contribuições e empréstimo compulsórios. Eles podem ser
diretos ou indiretos.

3 O caso brasileiro

Objetivos do módulo

15 Aqui trataremos especialmente do caso da teoria de finanças


públicas imerso na gestão pública brasileira, entendendo a
economia brasileira como um pequeno laboratório sobre
tais teorias, você terá a oportunidade de observar algumas
peculiaridades do nosso modelo e entender se são justos
20 os motivos e críticas que se fazem a respeito do nosso setor
público.

3.1 Necessidade de Financiamento do Setor


Público - NFSP

As NFSPs representam apenas o resultado da diferença entre


despesas e receitas, sem que o dado divulgado pelo BC permita
saber o que está causando o desequilíbrio entre as variáveis. Para
25 isso, é necessário se valer de estatísticas apuradas por outros
órgãos.

40
Economia e Gestão do Setor Público

Nesse sentido, as informações primárias são:

• da Secretaria da Receita Federal (SRF), que apura a receita


do Governo Federal;
• da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que consolida
5 o dados da receita e da execução da despesa do Tesouro
Nacional;
• do INSS, que tem o levantamento das receitas e despesas
referentes à Previdência Social, da responsabilidade desse
mesmo órgão.

10 Supondo inflação nula, o déficit do governo, ou seja, as suas


necessidades de financiamento, pode ser definido como sendo:

NFG = CG + JG + IG – T
Tal que:
CG é o consumo do governo
JG são os juros da dívida interna do governo
IG é o investimento do governo
T é a receita tributária, líquida de subsídios e transferências,
exclusive juros

A poupança do governo é dada por:

SG = T – (CG + JG)

Ao mesmo tempo, por:

T – (CG + JG) = IG – NFG

15 Então,

SG = IG – NFG ou NFG = IG - SG

41
Unidade I

Necessidade de financiamento do setor público


(Em % do PIB)
10,0

8,0

6,0 5,6
4,1
4,0

2,0 1,5

0,0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Superávit primário Lucros nominais Défict nominal

Fonte: Banco Central do Brasil, 2008.

3.2 NFSP: conceitos de caixa x competência

No início de 1995, o governo, pressionado por uma situação


conjuntural difícil, decidiu adiar o pagamento de 70 % do
salário do funcionalismo para o mês seguinte; foi comum ler na
imprensa a avaliação de que “o governo está apenas melhorando
5 o seu desempenho de caixa, mas isso não altera o déficit pelo
critério de competência”.

O conceito de “caixa” significa que as despesas são


consideradas nas estatísticas como tendo ocorrido no momento
ou período em que são de fato pagas.

10 O conceito de “competência” está associado ao momento ou


período em que a despesa é gerada, mesmo que não tenha sido
paga.

No exemplo acima mencionado, se a folha mensal do


funcionalismo era de R$ 2 bilhões e o governo adiou o pagamento
15 de 70 % para o mês seguinte (t+1), no mês em que isso foi feito
a despesa de caixa terá sido de 30 % de R$ 2 bilhões, ou R$ 0,6
bilhão, sem afetar, porém, a despesa no critério de competência,
já que a “geração” da despesa, ou seja, o ato jurídico que
estabelece a obrigatoriedade de pagamento do empregador em
20 relação ao seu empregado, se deu integralmente no mês (t).

42
Economia e Gestão do Setor Público

No Brasil, as necessidades de financiamento são apuradas


pelo conceito de caixa, exceto pelas despesas de juros, apuradas
pelo conceito de competência contábil.

De um lado, isso visa a evitar que, se o governo emite títulos


5 de prazo mais longo, com pagamentos concentrados no tempo,
o déficit seja artificialmente baixo durante algum tempo e
depois “estoure” no momento do vencimento. Ao apropriar os
juros pelo conceito de competência, o BC torna a despesa de
juros mais regular ao longo do tempo – a não ser que a taxa de
10 juros mude muito de um mês para outro.

De outro, o critério de competência para o cálculo dos juros


é consistente com a apuração da dívida do setor público junto
ao sistema financeiro.

3.3 NFSP: conceito operacional

O déficit operacional é igual ao déficit primário acrescido


15 do pagamento de juros reais. Este conceito foi muito usado
no Brasil nos períodos de inflação elevada, ou seja, é o valor
do resultado nominal, expurgado do componente da despesa
de juros associado à atualização monetária do valor da dívida
passada.

20 Simplificando, quando do resultado nominal subtraímos o


componente de atualização monetária da dívida, chegamos ao
resultado operacional, como podemos ver abaixo.

NFSP = G – T + r B

exclui a correção monetária

não entra pagamento de juros

Sendo:

G = gasto não financeiro;


25 T = arrecadação não financeira;
B = estoque da dívida pública;
r = taxa de juros real, que exclui a inflação.

43
Unidade I

Resultado operacional do setor público (% do PIB)


8,00%
7,41%
6,90%
6,00% 5,50% 4,89%
4,40% 4,80%
3,90%
4,00% 3,60% 4,26%
% do PIB

3,37% 2,47%
2,14% 1,47%
2,00% 0,91%
0,40%
0,25% 1,13%
0,00% 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
-1,30%-1,36%
-2,00% -1,72%
-2,07%

-4,00%
Ano

Fonte: Banco Central do Brasil, Relatório anual 2006.

3.4 NFSP: conceito nominal

O déficit nominal corresponde ao total de gastos do


governo menos o total arrecadado. O déficit nominal pode
ser calculado pelo método “acima da linha” ou “abaixo da
linha”, quando é calculado pelo último método costuma
5 ser chamado de Necessidade de Financiamento do Setor
Público (NFSP).

Método “acima da linha”: as estatísticas fiscais


desagregadas, que apresentam as variáveis de receita e de
despesa, são chamadas “acima da linha”, ou seja, consistem
10 no cálculo do déficit por meio dos fluxos de receitas e
despesas.

Método “abaixo da linha”: é a variável que mede


apenas a dimensão do desequilíbrio através da variação do
endividamento público, denominada de estatística “abaixo da
15 linha”. Simplificando, trata-se do cálculo do déficit por meio da
variação na dívida pública.

O valor dos juros nominais, assim como das necessidades de


financiamento no conceito nominal, em ambos os casos medido
como proporção do PIB, é uma função direta da inflação.

44
Economia e Gestão do Setor Público

Déficit nominal do setor público (% do PIB)


90,00%
83,10%
80,00%
70,00%
60,00%
% do PIB

57,96%
50,00% 53,00%
40,00% 42,86%
39,00%
30,00% 28,60% 32,30% 29,60%
20,00% 23,42%
10,00% 11,30% 7,19% 10,49% 10,24% 3,17%
7,93% 3,74%
5,88% 6,07% 4,43% 5,22% 2,48% 3,05%
0,00%
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano

Fonte: Banco Central do Brasil, Relatório anual 2006.

3.5 NFSP: conceito primário

Desconta a despesa com juros reais do valor das necessidades


operacionais de financiamento. Se essa subtração der um
resultado negativo, a explicação é que os juros reais são maiores
que as necessidades de financiamento no conceito operacional,
5 ou seja, que se não fosse o pagamento de juros haveria um
superávit operacional. Isso significa que o resultado primário é
superavitário e que a receita é maior do que as despesas não
financeiras.

Portanto, o déficit primário é obtido a partir do déficit nominal,


10 onde seu cálculo exclui as despesas e receitas financeiras. Como
o governo brasileiro paga mais juros do que recebe, o déficit
nominal é maior que o primário. Nos últimos anos as contas
brasileiras apresentam superávit primário e déficit nominal.

Resultado primário do setor público (% do PIB)


2,00%
1,00% 1,00% 1,00%
0,91%
0,00% -0,36% 0,01%
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
-1,00% -0,90%
% do PIB

-1,60%
-2,00% -2,25%
-3,00%
-2,60% -2,86%-2,60% -3,28%
-4,01%
-3,58%-3,70%-4,38% -4,41%
-4,00%
-4,60% -4,64% -4,82%
-5,00% -5,04%
-6,00%
Ano
Fonte: Banco Central do Brasil, Relatório anual 2006.

45
Unidade I

25
Déficit Nominal
Déficit Primário
20

15

10

20 3 05

20 03
20 08

20 06
19 06

19 04
19 6 09

19 12
19 05

19 03
20 9 08

20 06

20 12
19 7 02
19 01

19 8 10

20 0 01

20 04
20 1 09
20 02

20 3 10

20 5 01
19 07

20 2 07
20 11

11
19 5 11

00

05
97
95
95

02

04
04

05
96

97
98

99

00

02
01
9

0
9

0
9

0
9

9
19

-5

-10
Fonte: Banco Central do Brasil, Relatório anual 2005.

3.6 DLSP: Dívida Líquida do Setor Público


(estoque)

A Dívida Líquida do Setor Público Consolidado (DLSP) é o


conceito mais amplo de dívida, pois inclui os governos federal,
estaduais e municipais, o Banco Central, a Previdência Social
e as empresas estatais. Em junho de 2006, a DLSP totalizava
5 R$1.024,3 bilhões (50,6% do PIB). Desse total, a dívida interna
líquida respondia por R$1.025,0 bilhões (50,6% do PIB) e a
dívida externa líquida por R$-0,8 bilhões (0,0% do PIB)
restantes (BCB, 2006).

Lembrete: quando há uma desvalorização cambial e o


governo tem dívida contratada em moeda estrangeira, o
valor da dívida pública expressa na moeda nacional aumenta
(∆DLSP6 > 0), mesmo que as contas públicas estejam em
equilíbrio (NFSP = 0).

Como se observa na figura abaixo, a DLSP/PIB foi


10 fortemente impactada pela desvalorização da taxa de câmbio
em 2002, atingindo o pico (61,7%) em setembro de 2002.
Com a apreciação cambial que se seguiu à recuperação

46
Economia e Gestão do Setor Público

da confiança na gestão macroeconômica, a dívida líquida


apresentou tendência de queda até abril de 2003 (52,2%).
Entretanto, em função do comportamento do PIB nominal, a
DLSP/PIB apresentou uma tendência ascendente até o final
5 de 2003, quando retomou a sua tendência de queda.
63 61,7

59

55

51
Ponto de reflexão
47 Se você fosse um gestor de finanças
jan ago mar out mai dez jul fev set abr nov jun
00 00 01 01 02 02 03 04 04 05 05 06 públicas, qual o método que iria aplicar
em suas demonstrações financeiras,
“abaixo” ou “acima” da linha?
Fonte: Banco Central do Brasil, 2006.

3.7 Resumo

Agora neste módulo você viu que as NFSPs representam


apenas o resultado da diferença entre despesas e receitas, e que
o conceito de “caixa” significa que as despesas são consideradas
nas estatísticas como tendo ocorrido no momento ou período
10 em que são de fato pagas, e o conceito de “competência” está
associado ao momento ou período em que a despesa é gerada,
mesmo que não tenha sido paga.

Ainda trouxemos a você os conceitos de déficit ou resultado


primário, nominal e operacional, incluindo também a Dívida
15 Líquida do Setor Público Consolidado (DLSP), que é o conceito
mais amplo de dívida, pois inclui os governos federal, estaduais
e municipais, o Banco Central, a Previdência Social e as empresas
estatais.

47

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