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Índice

Polícia Judiciária Civil do Estado do Mato Grosso

PJC-MT
Escrivão de Polícia e Investigador de Polícia
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com base no último concurso
para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o aluno antecipe seus estudos.
Quando o novo concurso for divulgado aconselhamos a compra de uma nova apostila elaborada de acordo
com o novo Edital.
A antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá o direito de troca, atualizações
ou quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.

Volume I
ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de textos..........................................................................................................................01


2. Tipos e gêneros textuais: descrição, narração, dissertação, propaganda, editorial, cartaz, anúncio, artigo de opinião,
artigo de divulgação científica, bula, charge, tirinha, ofício, carta.........................................................................................05
3. Estrutura Textual: Progressão temática, parágrafo, período, oração, enunciado, pontuação, tipos de discurso,
coesão e coerência........................................................................................................................................................................09
4. Nível de linguagem: variedade linguística, formalidade e informalidade, formas de tratamento, propriedade lexical,
adequação comunicativa.............................................................................................................................................................26
5. Língua padrão: ortografia, crase, regência, concordância nominal e verbal, flexão verbal e nominal. 6. Morfossintaxe:
estrutura, formação, classe, função e emprego de palavras.....................................................................................................30
7. Semântica: estudo da significação das palavras.............................................................................................................85

ÉTICA E FILOSOFIA

1. Ética e cidadania...............................................................................................................................................................01
2. Fundamentos da Filosofia.................................................................................................................................................04
3. Consciência crítica e filosofia...........................................................................................................................................08
4. Filosofia moral: Ética ou filosofia moral.........................................................................................................................09
5. A relação entre os valores éticos ou morais e a cultura.................................................................................................. 11

Didatismo e Conhecimento
Índice
6. Juízos de fato ou de realidade e juízos de valor..............................................................................................................13
7. Ética e violência.................................................................................................................................................................13
8. Racionalismo ético.............................................................................................................................................................15
9. Utilitarismo ético...............................................................................................................................................................17
10. Ética e liberdade..............................................................................................................................................................19
11. Ética aplicada (bioética, ética ambiental e ética dos negócios)...................................................................................21

ATUALIDADES

1. Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como política, economia, sociedade, educação, tecnologia,
energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável, segurança e ecologia, suas inter-relações e suas vinculações
históricas..................................................................................................................................................................................01/45

HISTORIA

1. Período Colonial. 1.1 Os bandeirantes: escravidão indígena e exploração do ouro. 1.2 A fundação de Cuiabá:
Tensões políticas entre os fundadores e a administração colonial. 1.3 A escravidão negra em Mato Grosso. 1.4 Os Tratados
de Fronteira entre Portugal e Espanha......................................................................................................................................01
2. Período Imperial. 2.1 A crise da mineração e as alternativas econômicas da Província. 2.2 A Guerra da Tríplice
Aliança contra o Paraguai e a participação de Mato Grosso. 2.3 A economia mato-grossense após a Guerra da Tríplice
Aliança contra o Paraguai...........................................................................................................................................................03
3. Período Republicano. 3.1 O coronelismo em Mato Grosso. 3.2. Economia de Mato Grosso na Primeira República:
usinas de açúcar e criação de gado. 3.3. Política fundiária e as tensões sociais no campo. 3.4 Os governadores estaduais e
suas realizações 3.5 Desmembramento do Estado em MT e MS, ocorrido em 1977. 3.6. Criação e desmembramentos de
municípios de Mato Grosso.........................................................................................................................................................05

GEOGRAFIA

1. Mato Grosso: localização, fronteiras e limites do estado e dos municípios.................................................................01


2. Aspectos geomorfológicos: relevos do estado. ................................................................................................................01
3. Aspectos climáticos e ecossistemas do Mato Grosso......................................................................................................01
4. Hidrografia do Mato Grosso............................................................................................................................................02
5. Aspectos político-administrativos....................................................................................................................................03
6. Atividades agrícolas..........................................................................................................................................................03
7. Processos migratórios e dinâmica da população em Mato Grosso...............................................................................03
8. Programas governamentais e fronteira agrícola matogrossense..................................................................................04
9. A economia do Estado e da capital..................................................................................................................................04
10. Indicadores oficiais de saúde e educação do estado.....................................................................................................05
11. Aspectos contemporâneos da urbanização do Estado e da capital............................................................................. 11
12. Principais eixos rodoviários: federais e estaduais........................................................................................................ 11
13. Políticas ambientais nas diferentes escalas do poder: as unidades de conservação da natureza.............................12
14. Reservas Indígenas..........................................................................................................................................................13

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Ambiente operacional Windows (XP). 2. Fundamentos do Windows, operações com janelas, menus, barra de
tarefas, área de trabalho, trabalho com pastas e arquivos, localização de arquivos e pastas, movimentação e cópia de
arquivos e pastas e criação e exclusão de arquivos e pastas, compartilhamentos e áreas de transferência. 3. Configurações
básicas do Windows: resolução da tela, cores, fontes, impressoras, aparência, segundo plano e protetor de tela. 4. Windows
Explorer.........................................................................................................................................................................................01

Didatismo e Conhecimento
Índice
5. Ambiente Intranet e Internet. 5.1. Conceito básico de internet e intranet e utilização de tecnologias, ferramentas e
aplicativos associados à internet. 6. Principais navegadores. 7. Ferramentas de Busca e Pesquisa....................................13
8. Processador de Textos. 9. MS Office 2003/2007 - Word. Conceitos básicos. Criação de documentos. Abrir e Salvar
documentos. Digitação. Edição de textos. Estilos. Formatação. Tabelas e tabulações. Cabeçalho e rodapés. Configuração
de página. Corretor ortográfico. Impressão. Ícones. Atalhos de teclado. Uso dos recursos..................................................41
10. MS Office 2003/2007 – Excel. Conceitos básicos. Criação de documentos. Abrir e Salvar documentos. Estilos.
Formatação. Fórmulas e funções. Gráficos. Corretor ortográfico. Impressão. Ícones. Atalhos de teclado. Uso dos
recursos.........................................................................................................................................................................................62
11. Correio Eletrônico. Conceitos básicos. Formatos de mensagens. Transmissão e recepção de mensagens. Catálogo
de endereços. Arquivos Anexados. Uso dos recursos. Ícones. 12. Atalhos de teclado............................................................73
13. Segurança da Informação. 13.1. Cuidados relativos à segurança e sistemas antivírus............................................82

Didatismo e Conhecimento
SAC

Atenção
SAC
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A NOVA APOSTILA oferece aos candidatos um serviço diferenciado - SAC (Serviço de Apoio ao Candidato).
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Todas as dúvidas serão respondidas pela equipe de professores da Editora Nova, conforme a especialidade da
matéria em questão.
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matéria/página). Por exemplo: Apostila Professor do Estado de São Paulo / Comum à todos os cargos - Disciplina:.
Português - paginas 82,86,90.
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.

A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Condições básicas para interpretar
Prof Especialista Zenaide Auxiliadora
Fazem-se necessários:
Pachegas Branco - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literá-
rios, estrutura do texto), leitura e prática;
Graduada pela Faculdade de Filosofia, - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto)
Ciências e Letras de Adamantina e semântico;
Especialista pela Universidade Estadual Paulista – Unesp
Observação – na semântica (significado das palavras) in-
cluem--se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sino-
1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO nímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros.
DE TEXTOS - Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.

Interpretar X compreender

É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, a Interpretar significa


preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão aqui al- - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
guns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às - Através do texto, infere-se que...
questões relacionadas a textos. - É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir intera-
ção comunicativa (capacidade de codificar e decodificar ). Compreender significa
- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está es-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em crito.
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com - o texto diz que...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estrutu- - é sugerido pelo autor que...
ração do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é - o narrador afirma...
tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original
e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente da- Erros de interpretação
quele inicial.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências di- erros de interpretação. Os mais frequentes são:
retas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do contexto,
recurso denomina-se intertexto. acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento
prévio do tema quer pela imaginação.
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma interpre-
tação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par- - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas
tir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias,
argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema
questões apresentadas na prova. desenvolvido.

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrárias
às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse-
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais de quentemente, errando a questão.
uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso,
diferenças entre as situações do texto. o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma mais.
realidade, opinando a respeito.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacio-
em um só parágrafo. na palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras. palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo,
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma
relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome - ADAPTADO) Atenção: Para responder à questão de número 2,
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu considere o texto abaixo.
antecedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes A guerra dos dez anos começou quando um fazendeiro cuba-
relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de no, Carlos Manuel de Céspedes, e duzentos homens mal armados
adequação ao antecedente. tomaram a cidade de Santiago e proclamaram a independência do
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação país em relação à metrópole espanhola. Mas a Espanha reagiu.
de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sen- Quatro anos depois, Céspedes foi deposto por um tribunal cuba-
do, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo no e, em março de 1874, foi capturado e fuzilado por soldados
adequado a cada circunstância, a saber: espanhóis.
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas Entrementes, ansioso por derrubar medidas espanholas de
depende das condições da frase. restrição ao comércio, o governo americano apoiara abertamente
- qual (neutro) idem ao anterior. os revolucionários e Nova York, Nova Orleans e Key West tinham
- quem (pessoa) aberto seus portos a milhares de cubanos em fuga. Em poucos
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o ob- anos Key West transformou-se de uma pequena vila de pescadores
jeto possuído. numa importante comunidade produtora de charutos. Despontava
- como (modo) a nova capital mundial do Havana.
- onde (lugar) Os trabalhadores que imigraram para os Estados Unidos
quando (tempo) levaram com eles a instituição do “lector”. Uma ilustração da
quanto (montante) revista Practical Magazine mostra um desses leitores sentado de
pernas cruzadas, óculos e chapéu de abas largas, um livro nas
Exemplo: mãos, enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam charutos
Falou tudo QUANTO queria (correto) com o que parece ser uma atenção enlevada.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria apa- O material dessas leituras em voz alta, decidido de antemão
recer o demonstrativo O ). pelos operários (que pagavam o “lector” do próprio salário), ia
de histórias e tratados políticos a romances e coleções de poesia.
Dicas para melhorar a interpretação de textos Tinham seus prediletos: O conde de Monte Cristo, de Alexandre
Dumas, por exemplo, tornou-se uma escolha tão popular que um
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; grupo de trabalhadores escreveu ao autor pouco antes da morte
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a lei- dele, em 1870, pedindo-lhe que cedesse o nome de seu herói para
tura; um charuto; Dumas consentiu.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo Segundo Mário Sanchez, um pintor de Key West, as leituras
menos duas vezes; decorriam em silêncio concentrado e não eram permitidos comen-
- Inferir; tários ou questões antes do final da sessão.
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; (Adaptado de: MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. Trad. Pedro
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; Maia Soares. São Paulo, Cia das Letras, 1996, Maia Soares. São Paulo, Cia das
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor com- Letras, 1996, p. 134-136)
preensão;
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada ques- Depreende-se do texto que
tão; (A) a atividade de ler em voz alta, conduzida pelo “lector”,
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. permitia que os operários produzissem mais, pois trabalhavam
com maior concentração.
Fonte: (B) o hábito de ler em voz alta, levado originalmente de Cuba
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/ para os Estados Unidos, relaciona-se ao valor atribuído à leitura,
como-interpretar-textos que é determinado culturalmente.
(C) os operários cubanos homenagearam Alexandre Dumas
QUESTÕES ao atribuírem a um charuto o nome de um dos personagens do
escritor.
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ (D) ao contratar um leitor, os operários cubanos podiam su-
– ADMINISTRADOR - UFPR/2013) Assinale a alternativa que perar, em parte, a condição de analfabetismo a que estavam sub-
apresenta um dito popular que parafraseia o conteúdo expresso no metidos.
excerto: “Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua, (E) os charuteiros cubanos, organizados coletivamente, com-
não pode entrar”. partilhavam a ideia de que a fruição de um texto deveria ser comu-
a) “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”. nitária, não individual.
b) “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”.
c) “Um dia da caça, o outro do caçador”. 3-) (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
d) “Manda quem pode, obedece quem precisa”. FCC/2014 - ADAPTADO) Atenção: Para responder à questão,
considere o texto abaixo.

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
Foi por me sentir genuinamente desidentificado com qualquer Bolsa rosa, contas no vermelho
espécie de regionalismo que escrevi coisas como: “Não sou brasi-
leiro, não sou estrangeiro / Não sou de nenhum lugar, sou de lugar Não fosse por um detalhe crucial – de onde tirar o dinheiro –,
nenhum”/ “Riquezas são diferenças”. a criação de um regime de aposentadoria para milhões de donas
Ao mesmo tempo, creio só terem sido possíveis tais formula- de casa brasileiras de baixa renda até poderia fazer sentido. Há
ções pessoais pelo fato de eu haver nascido e vivido em São Paulo. diversos projetos de lei em tramitação na Câmara para reconhe-
Por essa ser uma cidade que permite, ou mesmo propicia, esse de- cer os direitos das mulheres dedicadas integralmente às tarefas
sapego para com raízes geográficas, raciais, culturais. Por eu ver domésticas. Mas eles ignoram o impacto econômico que isso teria
São Paulo como um gigante liquidificador onde as informações nas contas públicas. A deputada Alice Portugal (PT-SC), defen-
diversas se misturam, gerando novas interpretações, exceções. sora da criação dessa espécie de bolsa-cor-de-rosa, afirma que
Por sua multiplicidade de referências étnicas, linguísticas, “muitas vezes, após 35 anos de casamento, o marido vai embora,
culturais, religiosas, arquitetônicas, culinárias... e ela (a mulher), que prestou serviços a vida inteira, não tem am-
São Paulo não tem símbolos que deem conta de sua diversi- paro”.
dade. Nada aqui é típico daqui. Não temos um corcovado, uma Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adicional de 5,4
arara, um cartão postal. São Paulo são muitas cidades em uma. bilhões de reais por ano.
Sempre me pareceram sem sentido as guerras, os fundamen- (Exame, edição 988, ano 45, n.º 5, 23.03.2011)
talismos, a intolerância ante a diversidade.
Assim, fui me sentindo cada vez mais um cidadão do planeta.
4-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEIRO
Acabei atribuindo parte desse sentimento à formação miscigenada
– ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) O tema desse texto é
do Brasil.
(A) o uso de bolsas cor-de-rosa pelas donas de casa brasileiras.
Acontece que a miscigenação brasileira parece ter se multi-
plicado em São Paulo, num ambiente urbano que foi crescendo (B) o desamparo das mulheres abandonadas pelos maridos.
para todos os lados, sem limites. (C) a falta de dinheiro para pagar salários a mulheres de baixa
Até a instabilidade climática daqui parece haver contribuí- renda no Brasil.
do para essa formação aberta ao acaso, à imprevisibilidade das (D) o alto custo das contas públicas brasileiras.
misturas. (E) o impacto econômico da aposentadoria de donas de casa
Ao mesmo tempo, temos preservados inúmeros nomes indíge- nas contas públicas.
nas designando lugares, como Ibirapuera, Anhangabaú, Butantã
etc. Primitivismo em contexto cosmopolita, como soube vislum- 5-) (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEIRO
brar Oswald de Andrade. – ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) A frase do texto – “Caso a bon-
Não é à toa que partiram daqui várias manifestações cultu- dade seja aprovada, haverá custo adicional de 5,4 bilhões de reais
rais. por ano.” – indica
São Paulo fragmentária, com sua paisagem recortada entre (A) ironia.
praças e prédios; com o ruído dos carros entrando pelas janelas (B) respeito.
dos apartamentos como se fosse o ruído longínquo do mar; com (C) indignação.
seus crepúsculos intensificados pela poluição; seus problemas de (D) frustração.
trânsito, miséria e violência convivendo com suas múltiplas ofer- (E) aprovação.
tas de lazer e cultura; com seu crescimento indiscriminado, sem
nenhum planejamento urbano; com suas belas alamedas arboriza- 6-) (TRF – 4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010) Con-
das e avenidas de feiura infinita. sidere:
(Adaptado de: ANTUNES, Arnaldo. Alma paulista. Disponível em http:// Chama-se “situação de discurso” o conjunto das circunstân-
www.arnaldoantunes.com.br). cias no meio das quais se desenrola um ato de enunciação (seja
ele escrito ou oral). É preciso entender com isso ao mesmo tempo
No texto, o autor o ambiente físico e social em que este ato se dá, a imagem que dele
(A) descreve São Paulo como uma cidade marcada por con- têm os interlocutores, a identidade desses, a ideia que cada um faz
trastes de diversas ordens.
do outro (inclusive a representação que cada um possui daquilo
(B) assinala a relevância da análise de Oswald de Andrade a
que o outro pensa sobre ele), os acontecimentos que precederam
respeito do provincianismo da antiga São Paulo.
o ato de enunciação (especialmente as relações que tiveram antes
(C) critica o fato de nomes indígenas, ininteligíveis, designa-
os interlocutores, e principalmente as trocas de palavras em que
rem, ainda hoje, lugares comuns da cidade de São Paulo.
(D) sugere que o trânsito, com seus ruídos longínquos, é o se insere a enunciação em questão).
(Ducrot, O.; Todorov, T. Dicionário enciclopédico das ciências da lingua-
principal problema da cidade de São Paulo.
(E) utiliza-se da ironia ao elogiar a instabilidade climática e a gem. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 297-8)
paisagem recortada da cidade de São Paulo.
Segundo o texto, é correto afirmar:
(PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEIRO – a) A análise discursiva deve se ater ao estudo dos enunciados.
ÁREA CIVIL – VUNESP/2011 - ADAPTADA) Leia o texto para b) Os enunciados produzem a enunciação.
responder às questões de números 4 e 5. c) A descrição da enunciação é determinada pela identidade
dos interlocutores.

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Dados exteriores aos enunciados são apendiculares à com- (B) suavização de uma ordem imprescindível.
preensão. (C) substituição do imperativo, mantendo-se a noção de or-
e) O conceito de situação de discurso engloba a enunciação dem.
e seu entorno. (D) intenção de evidenciar o sujeito oculto da ação verbal.
(E) destaque do agente da ação verbal, para evitar ambigui-
(MPE/AM – AGENTE TÉCNICO COMUNICÓLOGO – dade.
FCC/2013 - ADAPTADA) Atenção: Considere o poema abaixo
para responder às questões de números 7 a 9. 10-) (INSS – CIÊNCIAS CONTÁBEIS – FUNRIO/2013)
Conhecido comercial da tevê fala de uma “cerveja que desce re-
O rio dondo”. O sentido atribuído à palavra “redondo” refere-se
A) à mesa do bar que aparece no cenário dos comerciais de
Ser como o rio que deflui
cerveja.
Silencioso dentro da noite.
B) à própria cerveja que pode ser assim considerada em sen-
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las. tido denotativo.
E se os céus se pejam de nuvens, C) ao ato de descer facilmente, que, nesse caso, significa es-
Como o rio as nuvens são água, correr pela garganta.
Refleti-las também sem mágoa D) ao líquido da bebida, que toma o formato arredondado da
Nas profundidades tranquilas. garrafa que o contém.
(Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro. Nova Agui- E) ao pronome relativo empregado na frase, para substituir o
lar: 1993. p. 285) termo cerveja.

7-) (MPE/AM – AGENTE TÉCNICO COMUNICÓLOGO – RESOLUÇÃO


FCC/2013) O poeta
(A) considera a participação dos seres humanos na natureza, 1-)
por estarem submetidos a uma série ininterrupta de acontecimen- Dentre as alternativas apresentadas, a que reafirma a ideia do
tos rotineiros. excerto (não há muita saída, não há escolhas) é: “Se você está em
(B) se volta para o necessário respeito aos elementos da natu- casa, não pode sair. Se você está na rua, não pode entrar”.
reza, como garantia de uma vida tranquila, sem sobressaltos ines- RESPOSTA: “A”.
perados.
(C) demonstra desencanto em relação aos problemas cotidia-
2-)
nos, por sua habitual ocorrência a exemplo da natureza, sem qual-
Interpretação textual. As alternativas estão relacionadas ao
quer solução possível.
(D) alude à fatalidade do destino humano sujeito a contínuas tema, mas a que foi abordada explicitamente no texto é: “os operá-
alterações, semelhantes às impostas pela natureza a um rio, que rios cubanos homenagearam Alexandre Dumas ao atribuírem a um
flui incessantemente. charuto o nome de um dos personagens do escritor”.
(E) propõe adaptação às circunstâncias da vida, sejam elas fa- RESPOSTA: “C”.
voráveis ou não, as quais devem ser analisadas e, principalmente,
aceitas. 3-)
Questão fácil! Ao ler o texto e analisar as alternativas, a única
8-) (MPE/AM – AGENTE TÉCNICO COMUNICÓLOGO – que está evidente no texto é: “descreve São Paulo como uma cida-
FCC/2013) Considere as afirmativas abaixo: de marcada por contrastes de diversas ordens”.
I. O poema se desenvolve em forma de mandamentos, espe- RESPOSTA: “A”.
cialmente em razão do emprego de formas verbais de infinitivo.
II. Percebe-se corretamente uma atmosfera onírica nos versos 4-)
que deflui / Silencioso dentro da noite, em oposição à realidade Pela leitura do texto, fica evidente que ele aponta o impacto
mostrada em E se os céus se pejam de nuvens. econômico que o pagamento de aposentadoria às donas de casa
III. O verso Como o rio as nuvens são água introduz compara- causará às contas públicas.
ção que corrobora a visão exposta no poema.
RESPOSTA: “E”.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
5-)
(B) I e III.
(C) II. O termo que facilita a resposta à questão é: Caso a bondade
(D) II e III. seja aprovada = ironia.
(E) III. RESPOSTA: “A”.

9-) (MPE/AM – AGENTE TÉCNICO COMUNICÓLOGO – 6-)


FCC/2013) O emprego de ser no 1º verso indica Utilizemos trechos do texto para que consigamos responder à
(A) aproximação do sentido do infinitivo histórico ou narra- questão (não se esqueça: você pode – deve – fazer isso em seu con-
tivo. curso também!): ...conjunto das circunstâncias no meio das quais

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
se desenrola um ato de enunciação (...) É preciso entender com fazemos um retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhe-
isso ao mesmo tempo o ambiente físico e social em que este ato se cer ou ver. É exatamente nessas situações corriqueiras que classi-
dá. = enunciação e seu contexto, ambiente no qual a situação de ficamos os nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração,
discurso ocorre. Descrição e Dissertação.
RESPOSTA: “E”.
As tipologias textuais se caracterizam
7-) pelos aspectos de ordem linguística
Com palavras do texto podemos responder à questão: Ser
como o rio ... Não temer as trevas da noite ... Refleti-las também - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação demar-
sem mágoa. cados no tempo do universo narrado, como também de advérbios,
RESPOSTA: “E”. como é o caso de antes, agora, depois, entre outros:
Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. Depois de
8-) muita conversa, resolveram...
I. O poema se desenvolve em forma de mandamentos, espe-
cialmente em razão do emprego de formas verbais de infinitivo. - Textos descritivos – como o próprio nome indica, descre-
II. Percebe-se corretamente uma atmosfera onírica nos versos vem características tanto físicas quanto psicológicas acerca de um
que deflui / Silencioso dentro da noite, em oposição à realidade determinado indivíduo ou objeto. Os tempos verbais aparecem de-
mostrada em E se os céus se pejam de nuvens = não há descrição marcados no presente ou no pretérito imperfeito:
da realidade, são suposições “Tinha os cabelos mais negros como a asa da graúna...”
III. O verso Como o rio as nuvens são água introduz compara-
ção que corrobora a visão exposta no poema. = correta - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um assunto
RESPOSTA: “B”. ou uma determinada situação que se almeje desenvolvê-la, enfati-
zando acerca das razões de ela acontecer, como em:
9-) O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro,
O poeta não utiliza o verbo “seja” (imperativo), mas através portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o bene-
fício.
do poema ele nos “aconselha” a que assumamos as posturas por
ele descritas usando os verbos no infinitivo (ordem de uma manei-
- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma moda-
ra mais sutil).
lidade na qual as ações são prescritas de forma sequencial, utili-
RESPOSTA: “C”.
zando-se de verbos expressos no imperativo, infinitivo ou futuro
do presente.
10-)
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador até criar
Questão de interpretação da linguagem publicitária: “descer
uma massa homogênea.
redondo” significa que a cerveja desce facilmente, de maneira
agradável. - Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-se pelo
RESPOSTA: “C”. predomínio de operadores argumentativos, revelados por uma car-
ga ideológica constituída de argumentos e contra-argumentos que
justificam a posição assumida acerca de um determinado assunto.
2. TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS: A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais para
DESCRIÇÃO, NARRAÇÃO, DISSERTAÇÃO, conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que significa que
PROPAGANDA, EDITORIAL, CARTAZ, os gêneros estão em complementação, não em disputa.
ANÚNCIO, ARTIGO DE OPINIÃO, ARTIGO
DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA, BULA, Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferente,
CHARGE, TIRINHA, OFÍCIO, CARTA pois se conceituam como gêneros textuais as diversas situações
sociocomunicativas que participam da nossa vida em sociedade.
Como exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail, uma re-
portagem, uma monografia, um poema, um editorial, e assim por
diante.
A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam
eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença do discurso, A Propaganda Institucional é uma forma de publicidade que
isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está sendo trans- não se refere ao produto em si, e sim à empresa ou instituição,
mitido entre os interlocutores. Esses interlocutores são as peças visando à disseminação de ideias no intuito de moldar e influen-
principais em um diálogo ou em um texto escrito, pois nunca es- ciar a opinião pública, motivando comportamentos desejados por
crevemos para nós mesmos, nem mesmo falamos sozinhos. uma instituição ou provocando mudanças na imagem pública des-
É de fundamental importância sabermos classificar os textos ta instituição. Fala-se da sua importância para a sociedade, dos
com os quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, empregos que ela gera, da sua contribuição para o progresso do
precisamos saber que existem tipos textuais e gêneros textuais. país, enfim, das coisas boas que a empresa faz. Assim, cria-se uma
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato pre- imagem positiva da marca. É utilizada para criar no público um
senciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre de- estado de confiança nas instituições, o qual se refletirá no futuro
terminado assunto, ou descrevemos algum lugar que visitamos, ou em suporte e apoio da população a estas instituições.

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
Escrevemos uma carta pessoal quando queremos nos comu- Constatamos que o cartum em referência aponta para o fato
nicar com alguém próximo de nós, como amigos ou familiares. de as pessoas estarem tão acostumadas às redes sociais que até um
As características desse tipo de gênero textual são simples, ou bebê que ainda não nasceu já possui mais amigos no Facebook que
seja, não possuem muitas regras e estrutura para serem seguidas. os próprios pais, revelando uma crítica a esse comportamento tão
Vejamos: recorrente.
• O assunto é livre, geralmente de ordem íntima, sentimental.
• O tamanho varia entre médio e grande. Quando é pequeno, é A charge, um tanto quanto diferente do cartum, satiriza situa-
considerado bilhete e não carta. ções específicas, situadas no tempo e no espaço, razão pela qual se
• O tipo de linguagem acompanhará o grau de intimidade encontra sempre apontando para um personagem da vida pública
entre remetente e destinatário. Portanto, cabe ao escritor saber se em geral, às vezes um artista, outras vezes um político, enfim. Em
pode usar termos coloquiais ou mesmo gírias. se tratando da linguagem, também costuma associar linguagem
• Quanto à estrutura, a carta pessoal deve seguir a sequência: verbal e não verbal. Outro aspecto para o qual devemos atentar diz
1. local e data escritos à esquerda respeito ao fato de a charge, expressa na língua francesa, possuir
2. vocativo significado de “carga”, aderindo por completo à intenção do char-
3. corpo do texto gista, ou seja, a de que ele realmente atua de forma crítica numa
4. despedida e assinatura situação de ordem social e política. Veja um exemplo:

Como o grau de intimidade é variável, o vocativo, por con-


sequência, também: Minha querida, Amado meu, Querido Amigo
Fulano, Fulaninho, Caro Senhor, Estimado cliente, etc. A pontua-
ção após o vocativo pode ser vírgula ou dois-pontos.
Assim também é em relação à despedida, a qual pode variar
entre Atenciosamente, Cordialmente, até Adeus, Saudades, Até em
breve.
Quanto à assinatura, pode ser só o primeiro nome ou o apeli-
do, dependendo da situação.
Caso se esqueça de dizer algo importante e já tenha finalizado Charge de Júlio Costa Neto – jornalista e desenhista
a carta é só acrescentar a abreviação latina P.S (post scriptum) ou
Obs. (observação). Ao nos atermos à charge em questão, ficamos convencidos de
A carta pessoal geralmente é entregue em mãos ou enviada que o autor aponta para a tendência que as pessoas trazem consigo de
pelo correio, pois é manuscrita. que um dos meios de ganhar dinheiro é entrando na política, sobretu-
Curiosidade sobre P.S: essa sigla é originada do verbo latino do pela desonestidade, pela corrupção que se manifesta nesse meio,
“post scribere” que significa “escrever depois”! razão pela qual o personagem respondeu à professora dessa forma.

O cartum tem a característica de uma anedota gráfica em que Tipos de correspondências oficiais e empresariais
podemos visualizar a presença da linguagem verbal associada à
não verbal. Suas abordagens dizem respeito a situações relaciona- De maneira geral, existem três macro tipos de correspondên-
das ao comportamento humano, mas não estão situadas no tempo, cias:
por isso são denominadas de atemporais e universais, ou seja, não Particular – entre indivíduos (amigos, familiares e pessoas do
fazem referência a uma personalidade em específico. Vejamos um convívio social) e pode apresentar diversos graus de formalidade,
exemplo: desde um caráter íntimo até certo grau de formalismo;
Empresarial – é trocada entre empresas ou entre estas e pes-
soas físicas;
Oficial – acontece entre órgãos do serviço público ou entre os
mesmos e a sociedade.

Com o objetivo de tornar este tipo de comunicação mais or-


ganizado e de fácil entendimento para todos os envolvidos, as cor-
respondências oficiais seguem determinados padrões de redação e
formatação, as quais serão abordadas a seguir.

Ata: é um documento no qual deve constar um resumo por es-


crito, detalhando os fatos e as soluções a que chegaram as pessoas
convocadas a participar de uma assembleia, sessão ou reunião.
A expressão correta para a redação de uma ata é “lavrar a ata”.
Uma das principais funções da ata é historiar, traçar um painel
cronológico da vida de uma empresa, associação ou instituição.
Cartum de Glasbergen - americano cartunista e ilustrador Serve como documento para consulta posterior, tendo em alguns
humorístico casos caráter obrigatório pela legislação.

Didatismo e Conhecimento 6
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Por tratar-se de um documento formal, a ata deve seguir algu- Mesmo sendo breve e informal, o bilhete apresenta uma forma
mas normas específicas de formatação: de organização que deve ser seguida para atender ao seu maior
- Por ter como requisito não permitir que haja qualquer modi- objetivo: comunicar de forma rápida e precisa. Assim, deve conter
ficação posterior, o seu formato renuncia a quebras de linha ele- as seguintes partes:
tivas, espaçamentos verticais e paragrafação, ocupando virtual- - Vocativo (Coloca-se o nome do receptor, sem emprego de
mente todo o espaço disponível na página; tratamento especial);
- Números, valores, datas e outras expressões são sempre rep- - Texto (Deve ser iniciado com marca de parágrafo e conter as
resentados por extenso; informações necessárias à comunicação de forma bem ordenada);
- Sem emprego de abreviaturas ou siglas; - Nome do emissor;
- Data e hora.
- Sem emendas, rasuras ou uso de corretivo (quando a ata es-
tiver sendo manuscrita e for necessária alguma correção, usar a
Carta comercial: As cartas comerciais, além de diversos des-
expressão “digo” seguida do texto correto);
tinos, também têm função variada, como a de informar, solicitar
- Todos os verbos descritivos de ações da reunião usados no ou persuadir. Podem ser cartas de solicitação de emprego, oferta
pretérito perfeito do indicativo (disse, declarou, decidiu…). de algum produto de sua empresa, reclamação quanto à má pre-
A estrutura básica para uma ata pode ser esta: stação de algum serviço, cobrança de algum débito, enfim, diver-
- Título da reunião; sas situações que fazem parte do cotidiano empresarial.
- Cidade, dia, mês, ano, das h:min até h:min; Como em qualquer correspondência oficial, o conteúdo da
- Local da reunião; carta deve ser adequadamente normalizado por parágrafos e re-
- Introdução (Relatar sobre o título da reunião, local, data, digido com clareza e concisão.
hora e participantes); A sua estrutura geral é:
- Participantes da reunião (Nome completo do participante e - Cabeçalho ou timbre (Referência da empresa; logotipo, sím-
especificar de qual instituição ele é); bolo ou emblema. Em geral, já vêm impressos no papel da carta);
- Agenda (Relatar sobre a pauta da reunião, os temas a serem - Número de controle (Facilita ao destinatário responder sua
tratados e os respectivos responsáveis de cada tema); carta e mencionar a referência. É também uma maneira de garantir
- Desenvolvimento (Descrever sobre os temas principais cita- o controle da correspondência. A colocação à direita é um destaque
dos na reunião); que facilita a leitura.);
- Conclusões (Descrever sobre as conclusões atingidas ao fi- - Local e Data (Por extenso. Quando o papel é timbrado, pode-
-se suprimir o local antes da data, uma vez que o endereçamento
nal da reunião e suas respectivas decisões);
completo aparece no pé de página.);
- Recomendações (Descrever recomendações e observações
- Destinatário (Não se deve colocar À/Às ou Ilmos. Senhores
feitas no decorrer da reunião);
antes do nome da empresa ou pessoa a quem a carta se destina.
- Distribuição (Relatar o nome de quem a ata será enviada). Não é necessário escrever endereço, caixa postal e CEP no papel
- A ata deverá ser assinada por todos os participantes. carta, basta que esses dados apareçam no envelope.);
- Referência (É o conteúdo da carta sintetizado, facilitando o
Atestado ou Certificado: É um documento em que se faz fé registro para quem recebe. Não há necessidade de escrever Ref.
de algo e que tem valor legal. Pode haver atestados ou certificados ou REFERÊNCIA, pois a posição da frase na carta já indica esse
de serviços prestados, de estudos realizados, de pagamentos, etc. elemento.);
Para a sua elaboração, utiliza-se geralmente papel de tamanho A4, - Invocação ou vocativo (O emprego de palavras como preza-
escrito em sentido vertical. do, estimado, caro, amigo deve ser de acordo com o tipo de carta.
- Cabeçalho (Coloca-se na parte superior do certificado, com Pode se tratar de uma carta puramente comercial ou pode envolver
uma margem considerável. É constituído pelo nome da pessoa ou também relações de amizade.);
instituição que o envia, acompanhados dos seus dados de identifi- - Corpo da carta ou conteúdo (Deve estar disposto, geralmente,
cação. Costuma-se escrever em maiúsculas.); no centro do papel, em cerca de três parágrafos: a informação ini-
- Corpo (Contém texto precedido pelo termo CERTIFICA cial, o desenvolvimento do tema e a conclusão. O assunto deve
ou ATESTA, em maiúsculas, seguido de dois pontos, onde se de- ser tratado em linguagem clara, objetiva e concisa. Deve-se evitar
screve o objeto da certificação.); perda de tempo na introdução do assunto, como palavras e ex-
- Local e data; pressões desnecessárias.);
- Saudação final, despedida ou fecho (Modernamente, evitam-
-Assinatura e selo.
-se palavras rebuscadas e chavões. Expressões longas, que nada
acrescentam de importante, caíram em desuso. Emprega-se Aten-
Bilhete: É um meio rápido e simples de transmitir uma men- ciosamente ou Cordialmente, dependendo das relações de negó-
sagem. Normalmente é dirigido a uma pessoa próxima, com quem cios.);
se tem intimidade, e por isso mesmo costuma ser escrito em lin- - Assinatura (Deve-se obedecer à seguinte ordem: primeiro, o
guagem informal. Isso, contudo, não dispensa a atenção que deve nome do remetente; depois, seu cargo. Somente as letras iniciais
ser dada à qualidade da redação, especialmente considerando que devem ser maiúsculas. Não se deve colocar o título do emissor na
o relacionamento continua tendo caráter profissional. frente de seu nome. Para indicar que se trata de médico, advogado
O bilhete não requer um tipo específico de papel, muito menos etc., basta que se coloque o registro do CRM ou da OAB, con-
segue um padrão formal. É sempre aconselhável, entretanto, uma forme o caso. Também não é necessário colocar o traço acima do
boa apresentação. nome datilografado, para a assinatura.);

Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
- Anexos (Parte destinada à enumeração de papéis ou de docu- - De (Órgão e/ou responsável);
mentos que acompanha a carta.). - Para (Órgão e/ou responsável);
- Corpo do texto;
Circular: Quando, em sua empresa, você deseja dirigir-se a - Assinatura.
muitas pessoas ao mesmo tempo, para transmitir avisos, ordens
ou instruções, deve optar por comunicar-se através de uma circu- Ofício: é a correspondência de caráter oficial, equivalente à
lar. Na verdade, a circular pode seguir o modelo de uma carta ou carta comercial. É dirigido por um funcionário a outro, da mesma
ofício, o que a caracteriza é conter um assunto de interesse geral. ou de outra categoria, bem como por uma repartição a uma pes-
Muitas vezes, a circular é utilizada internamente nas empresas, soa ou instituição particular, ou, ainda, por instituição particular
com a finalidade de facilitar a comunicação entre diversas seções ou pessoa a uma repartição pública. Por tratar-se, sobretudo, de
e departamentos. comunicação de caráter público, o ofício requer certo grau de for-
malidade. A redação, tal como no caso da carta comercial, tem de
A linguagem utilizada em uma circular deve ser simples e di-
ser breve e concisa.
reta para não dar margem a outras interpretações. Todos devem
entender claramente o que está escrito. Procuração: Através da procuração uma pessoa (física ou
Estrutura: jurídica) autoriza alguém a agir e realizar negócios em seu nome.
- Timbre da empresa; O indivíduo que concede a procuração é chamado de man-
- Número da circular; dante, constituinte ou outorgante. Aquele que recebe a procuração
- Data (por extenso); é chamado de mandatário, procurador ou outorgado.
- Assunto; A procuração deve ser lavrada em papel ofício, iniciando o
-Corpo da mensagem; texto com identificação e qualificação do outorgante e do outor-
- Identificação / Assinatura do emissor da circular. gado. Os poderes, a finalidade e o prazo de validade da procuração
são expressos de forma precisa. Após o texto, a localidade, a data
Declaração: A declaração é utilizada quando se quer atestar e a assinatura são expressas.
ou confirmar algum fato para garantir um direito a uma determi- Há dois tipos de procuração:
nada pessoa. Divide-se nas seguintes partes: Pública – aquela que é lavrada por tabelião em Livro de No-
- Timbre (Impresso como cabeçalho, contendo o nome do tas. O translado (cópia autêntica do que consta no livro) fica em
órgão ou empresa. Atualmente a maioria das empresas possui um poder do procurador. É usada em casos de compra e venda de im-
impresso com logotipo. Nas declarações particulares usa-se papel óveis, em assuntos de maior peso.
sem timbre.); Particular – aquela que é datilografada ou manuscrita, sem
registro no Livro de Notas. Digamos que você não possa fazer sua
- Título (Deve-se colocá-lo no centro da folha, em caixa alta.);
matrícula na escola. Então, você poderá passar uma procuração
- Texto (Deve-se iniciá-lo a cerca de quatro linhas do título.). particular para alguém de sua confiança que resolverá esse, e ap-
enas esse, assunto para você.
Dele deve constar:
- Identificação do emissor. Se houver vários emissores, é ac- Requerimento: Se você precisar se dirigir a uma autoridade
onselhável escrever, para facilitar: os abaixo assinados; para fazer um pedido para o qual necessite ter amparo na lei, deve
- O verbo atestar/declarar deve aparecer no presente do in- fazê-lo através de um requerimento.
dicativo, terceira pessoa do singular ou do plural; Serve para requerer ou pedir uma coisa específica à Admin-
- Finalidade do documento, em geral costuma-se usar o termo istração ou aos organismos públicos. Os requerimentos recebem
“para os devidos fins”, mas também se pode especificar: “para nomes diferentes, dependendo do organismo ao qual se dirigem:
fins de trabalho”, “para fins escolares”, etc. - Conhece-se pelo nome de “Memorial” quando é dirigido a
- Nome e dados de identificação do interessado. Esse nome uma autoridade máxima, como, por exemplo, o chefe do Estado
pode vir em caixa alta, para facilitar a visualização; ou o papa;
- Citação do fato a ser atestado. - Chama-se “Exposição” quando se dirige ao Parlamento da
- Local e data (Deve-se escrevê-los a cerca de três linhas do nação ou a um órgão do Governo;
texto; - Chama-se “Pedido” ao requerimento utilizado para os de-
- Assinatura (Assina-se a cerca de três linhas abaixo do local mais casos.
Em geral, podemos observar as seguintes partes:
e data).
- A autoridade destinatária (usa-se Excelentíssimo “Exmo.”
para Juiz, Promotor, Senadores, Deputados, Vereadores, Presi-
Memorando: O memorando, estabelecendo uma comparação, dente da República, Governador, Prefeito e Ministros de Estado;
é uma espécie de bilhete comercial de que as empresas ou órgãos usa-se Ilustríssimo “Ilmo.” para as demais autoridades);
oficiais utilizam-se para estabelecer a correspondência interna en- - Nome e qualificação do requerente;
tre seus setores e departamentos. Por ser um tipo de correspondên- - Exposição e solicitação;
cia cotidiana, rápida e objetiva, o memorando segue uma forma - Pedido de deferimento;
fixa, sendo para isso utilizado um papel impresso. - Localidade e data;
Observe a estrutura de um memorando, atentando para a aus- - Assinatura.
ência de saudações e finalizações:
- Timbre; Fonte:
- Número do memorando; http://vivenciandoti.blogspot.com.br/2010/05/tipos-de-corre-
- Data; spondencias-oficiais-e.html

Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
cussão inicial, ou quando se concentra em apenas um aspecto do
3. ESTRUTURA TEXTUAL: PROGRESSÃO tema e esquece o seu todo. O segundo caso acontece quando quem
TEMÁTICA, PARÁGRAFO, PERÍODO, redige tem muitas ideias ou informações sobre o que está sendo
ORAÇÃO, ENUNCIADO, PONTUAÇÃO, discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
TIPOS DE DISCURSO, COESÃO dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha lógica de
E COERÊNCIA. raciocínio.

Conclusão

Considerada como a parte mais importante do texto, é o ponto


Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a capaci- de chegada de todas as argumentações elaboradas. As ideias e os
dade que temos de pensar. Por meio do pensamento, elaboramos dados utilizados convergem para essa parte, em que a exposição
todas as informações que recebemos e orientamos as ações que ou discussão se fecha.
interferem na realidade e organização de nossos escritos. O que Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma brecha
lemos é produto de um pensamento transformado em texto. para uma possível continuidade do assunto; ou seja, possui atribu-
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pensar, quando tos de síntese. A discussão não deve ser encerrada com argumentos
escrevemos sempre procuramos uma maneira organizada do leitor repetitivos, sendo evitados na medida do possível. Alguns exem-
compreender as nossas ideias. A finalidade da escrita é direcionar plos: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”,
totalmente o que você quer dizer, por meio da comunicação. “Em conclusão...”.
Para isso, os elementos que compõem o texto se subdividem Sua proporção em relação à totalidade do texto deve ser equi-
em: introdução, desenvolvimento e conclusão. Todos eles devem valente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das características de
ser organizados de maneira equilibrada. textos bem redigidos.
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões ficam mui-
Introdução to longas:

Caracterizada pela entrada no assunto e a argumentação ini- → O problema aparece quando não ocorre uma exploração
cial. A ideia central do texto é apresentada nessa etapa. Entretan- devida do desenvolvimento. Logo, acontece uma invasão das
ideias de desenvolvimento na conclusão.
to, essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu tamanho
→ Outro fator consequente da insuficiência de fundamentação
raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém, em textos mais
do desenvolvimento está na conclusão precisar de maiores expli-
curtos, essa proporção não é equivalente. Neles, a introdução pode
cações, ficando bastante vazia.
ser o próprio título. Já nos textos mais longos, em que o assunto é
→ Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no texto em
exposto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um capítulo
que o autor fica girando em torno de ideias redundantes ou para-
ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter
lelas.
vários parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
→ Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamente dis-
de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo. pensáveis.
→ Quando não tem clareza de qual é a melhor conclusão, o
Desenvolvimento autor acaba se perdendo na argumentação final.
A maior parte do texto está inserida no desenvolvimento. Ele Em relação à abertura para novas discussões, a conclusão não
é responsável por estabelecer uma ligação entre a introdução e a pode ter esse formato, exceto pelos seguintes fatores:
conclusão. É nessa etapa que são elaboradas as ideias, os dados e
os argumentos que sustentam e dão base às explicações e posições → Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas po-
do autor. É caracterizado por uma “ponte” formada pela organiza- lêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
ção das ideias em uma sequência que permite formar uma relação → Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade do
equilibrada entre os dois lados. texto, ou autor não fecha a discussão de propósito.
O autor do texto revela sua capacidade de discutir um deter- → Por apenas apresentar dados e informações sobre o tema a
minado tema no desenvolvimento. Nessa parte, ele se torna capaz ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o assunto.
de defender seus pontos de vista, além de dirigir a atenção do leitor → Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor enu-
para a conclusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui. mera algumas perguntas no final do texto.
Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o escritor
já deve ter uma ideia clara de como vai ser a conclusão. Por isso a A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o autor fizer
importância do planejamento de texto. um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica é um roteiro, em
Em média, ocupa 3/5 do texto, no mínimo. Já nos textos mais que estão presentes os planejamentos. Nele devem estar indicadas
longos, pode estar inserido em capítulos ou trechos destacados por as melhores sequências a serem utilizadas na redação. O roteiro
subtítulos. Deverá se apresentar no formato de parágrafos media- deve ser o mais enxuto possível.
nos e curtos.
Os principais erros cometidos no desenvolvimento são o des- Fonte:
vio e a desconexão da argumentação. O primeiro está relacionado http://producao-de-textos.info/mos/view/
ao autor tomar um argumento secundário que se distancia da dis- Caracter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
O termo paralelismo corresponde a uma relação de equivalência, por semelhança ou contraste, entre dois ou mais elementos. É um
recurso responsável por uma boa progressão textual. Dizemos que há paralelismo em uma estrutura quando há uma correspondência rítmica,
sintática/gramatical ou semântica entre as estruturas.
Veja a tirinha a seguir da famosa personagem Mafalda:

(Quino)

No segundo quadrinho, na fala da mãe da menina, há uma estrutura sintaticamente equivalente:

“[PARA TRABALHAR,] [PARA NOS AMAR,] [PARA FAZER DESTE MUNDO UM MUNDO MELHOR]”

As três orações em destaque obedecem a uma mesma estrutura sintática: iniciam-se com a preposição “para” e mantêm o verbo no
infinitivo. A essa relação de equivalência estrutural, damos o nome de paralelismo.
Analisemos o próximo exemplo:

Veja como o slogan da marca de cosméticos “Nívea” também segue uma estrutura em paralelismo – “BELEZA QUE SE VÊ, BELEZA
QUE SE SENTE”. Notem que a repetição é intencional, mantendo uma unidade gramatical.
O paralelismo é um recurso de coesão textual, ou seja, promove a conexão das ideias, através de repetições planejadas, trazendo unidade
a um texto.
Vejamos o exemplo a seguir:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PREVÊ [MUDAR A DATA DO ENEM] E [MELHORIAS NO SISTEMA.]


Há um desequilíbrio gramatical na frase acima. Para respeitarmos o paralelismo, poderíamos reescrevê-la das seguintes maneiras:

a) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PREVÊ [MUDAR A DATA DO ENEM] E [MELHORAR O SISTEMA.]


Ou
b) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PREVÊ [MUDANÇAS NA DATA DO ENEM] E [MELHORIAS NO SISTEMA.]

Vejam que, na primeira reescrita, mantivemos verbos no infinitivo iniciando as orações – “mudar” e “melhorar”. Já na segunda, manti-
vemos bases nominais – substantivos – “mudanças” e “melhorias”. Dessa forma, estabelecemos o paralelismo nas frases.
“Mas como achar o tal do paralelismo?”. Uma dica boa é encontrar os conectivos na frase. Eles são importantes marcadores textuais
para ajudá-los a identificar as estruturas que devem permanecer em relação de equivalência. Exemplo:
Queremos amor E ter paz.

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
O verbo querer possui duas ideias que o complementam: “Trocava [de namorada] como trocava [de blusa]”.
“amor” E “ter paz”. O conectivo “e” marca o paralelismo. As es- “Marcela amou-me durante [quinze meses] e [onze contos de
truturas por ele ligadas estão iguais gramaticalmente? Não. Uma é réis]”
um substantivo e a outra uma oração. Para equilibrá-las, podemos (Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas)
reescrever, por exemplo, das seguintes formas:
Queremos [amor] e [paz]. Notem que, apesar de haver paralelismo gramatical ou sintáti-
Ou co nas frases, não há uma correlação semântica.
Queremos [ter amor] e [ter paz]. No primeiro caso trocar “de namorada” não equivale a trocar
Ou “de blusa”; no segundo, amar “durante quinze meses” (tempo) não
Queremos ter [amor] e [paz]. corresponde a amar “durante onze contos de réis”. São relações de
sentido diferentes. Dessa forma, podemos dizer que houve uma
PARALELISMO SINTÁTICO OU GRAMATICAL “quebra” do paralelismo semântico, pois é feita uma aproximação
entre elementos de “carga significativa” diferente. Entretanto, isso
É aquele em que se nota uma correlação sintática numa foi intencional e não deve ser visto como uma falha de construção.
estrutura frasal a partir de termos ou orações semelhantes morfos- Na maioria das vezes, esse tipo de construção é proposital
sintaticamente. Veja os exemplos a seguir: para trazer a um trecho determinado efeito de sentido a partir da
Exemplo 1: ironia ou do humor, como nos exemplos acima.
O condenado não só [roubou], mas também [é sequestrador].
Corrigindo, temos: PARALELISMO RÍTMICO
Ele não só roubou, mas também sequestrou.
Os termos “não só... mas também” estabelecem entre as ora- O paralelismo rítmico é um recurso estilístico de grande efei-
ções coordenadas uma relação de equivalência sintática. Dessa to, do qual alguns autores se servem com o propósito de dar maior
forma, é preciso que as orações apresentem a mesma estrutura expressividade ao pensamento.
gramatical. Vejam os exemplos a seguir, retirados do livro “Comunicação
em prosa moderna”, de Othon Garcia:
Exemplo 2: “Se os olhos veem com amor, o corvo é branco; se com ódio,
O cidadão precisa [de educação], [respeito] e [solidarieda- o cisne é negro; se com amor, o demônio é formoso; se com ódio,
de].
o anjo é feio; se com amor, o pigmeu é gigante”.
Corrigindo, temos:
(“Sermão da quinta quarta-feira”, apud M. Gonçalves Viana, Sermões e
O cidadão precisa [de educação], [de respeito] e [de solida-
lugares seletos, p. 214)
riedade]. (os três complementos verbais devem vir preposiciona-
dos - encadeamento de funções sintáticas)
“Nenhum doutor as observou com maior escrúpulo, nem as
esquadrinhou com maior estudo, nem as entendeu com maior
Exemplo 3:
propriedade, nem as proferiu com mais verdade, nem as explicou
[Gosto] e [compro] livros.
Nesse caso, temos um problema na construção. O verbo “gos- com maior clareza, nem as recapacitou com mais facilidade, nem
tar” é transitivo indireto, enquanto o verbo “comprar” é transitivo as propugnou com maior valentia, nem as pregou e semeou com
direto. A frase mostra-se incompleta sintaticamente, uma vez que maior abundância”.
(M.Bernardes)
só há um complemento verbal (“livros”).
Corrigindo, temos: Repare as repetições intencionais, enfáticas, presentes nas
Gosto [de livros] e [os] compro. construções acima, caracterizando um paralelismo rítmico.
OI OD
Equivalência e transformação de estrutura
Exemplo 4:
Quero [sua ajuda] e [que você venha]. “Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase leva-
Nesse caso, o paralelismo foi quebrado, uma vez que os com- -nos a refletir sobre a organização das ideias em um texto. Signi-
plementos do verbo “querer” têm “pesos sintáticos” diferentes: fica dizer que, antes da redação, naturalmente devemos dominar
“sua ajuda” é um objeto direto “simples” e “que você venha” é um o assunto sobre o qual iremos tratar e, posteriormente, planejar o
objeto direto oracional. Repare que os objetos estão ligados pelo modo como iremos expô-lo, do contrário haverá dificuldade em
conectivo “e”, devendo, portanto, haver uma equivalência entre transmitir ideias bem acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação
eles. de textos e a experiência de vida antecedem o ato de escrever.
Corrigindo, temos: Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos escre-
Quero [sua ajuda] e [sua vinda]. ver, feito o esquema de exposição da matéria, é necessário saber
ou ordenar as ideias em frases bem estruturadas. Logo, não basta
Quero [que você me ajude] e [que você venha]. conhecer bem um determinado assunto, temos que o transmitir de
maneira clara aos leitores.
PARALELISMO SEMÂNTICO O estudo da pontuação pode se tornar um valioso aliado para
organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Para tanto,
É aquele em que se observa uma correlação de sentido entre é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sintaxe”, conforme o
as estruturas. Observe: dicionário Aurélio, é a “parte da gramática que estuda a disposi-

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
ção das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a Observações:
relação lógica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe - tais construções não estão erradas, mas rompem com a or-
quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de maneira dem direta;
a produzirem um sentido evidente para os receptores das nossas - é preciso notar que em Língua Portuguesa, há muitas frases
mensagens. Observe: que não têm sujeito, somente predicado. Por exemplo: Está cho-
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está Latina vendo em Porto Alegre. Faz frio em Friburgo. São quatro horas
América causando. agora;
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e na - Outras frases são construídas com verbos intransitivos, que
América Latina. não têm complemento: O menino morreu na Alemanha, (sujeito
+verbo+ adjunto adverbial), A globalização nasceu no século XX.
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma frase, as (idem)
palavras estão amontoadas sem a realização de “uma sintaxe”, não - Há ainda frases nominais que não possuem verbos: Cada
há um contexto linguístico nem relação inteligível com a realidade; macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem direta faz-se
no caso 2, a sintaxe ocorreu de maneira perfeita e o sentido está naturalmente. Usam-se apenas os termos existentes nelas.
claro para receptores de língua portuguesa inteirados da situação Levando em consideração a ordem direta, podemos estabele-
econômica e cultural do mundo atual. cer três regras básicas para o uso da vírgula:
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não haverá a
A Ordem dos Termos na Frase necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo disto:
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
Leia novamente a frase contida no item 2. Note que ela é América Latina.
organizada de maneira clara para produzir sentido. Todavia, há Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração por
diferentes maneiras de se organizar gramaticalmente tal frase, tudo três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula, mesmo que
depende da necessidade ou da vontade do redator em manter o estejamos usando a ordem direta. Esta é a regra básica nº1 para a
sentido, ou mantê-lo, porém, acrescentado ênfase a algum dos seus colocação da vírgula. Veja:
termos. Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” cau-
de inversões e intercalações em nossas frases, conforme a nossa sam desemprego… = (três núcleos do sujeito)
vontade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos trans- A globalização causa desemprego no Brasil, na América La-
mitir uma ideia. Por exemplo, podemos expressar a mensagem da tina e na África. = (três adjuntos adverbiais)
frase 2 da seguinte maneira: A globalização está causando desemprego, insatisfação e
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. = (três
desemprego. complementos verbais)

Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma, apenas mu- 2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, separar com
damos a ordem das palavras para dar ênfase a alguns termos (neste vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu complemento, nem
caso: No Brasil e na A. L.). Repare que, para obter a clareza tive- o complemento e as circunstâncias, ou seja, não devemos separar
mos que fazer o uso de vírgulas. com vírgula os termos da oração. Veja exemplos de tal incorreção:
Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e o que O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego.
mais nos auxilia na organização de um período, pois facilita as
boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula ajuda-nos a não Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre os ter-
“embolar” o sentido quando produzimos frases complexas. Com mos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, assim o sentido
isto, “entregamos” frases bem organizadas aos nossos leitores. da ideia principal não se perderá. Esta é a regra básica nº2 para a
O básico para a organização sintática das frases é a ordem colocação da vírgula. Dito em outras palavras: quando intercala-
direta dos termos da oração. Os gramáticos estruturam tal ordem mos expressões e frases entre os termos da oração, devemos isolar
da seguinte maneira: os mesmos com vírgulas. Vejamos:
SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL+ CIR- A globalização, fenômeno econômico deste fim de século XX,
CUNSTÂNCIAS causa desemprego no Brasil.

A globalização + está causando+ desemprego + no Brasil Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o sujeito
nos dias de hoje. e o verbo. Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultural, está
Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem todas contêm causando desemprego no Brasil e na América Latina.
todos estes elementos, portanto cabem algumas observações:
- As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.) normal- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
mente são representadas por adjuntos adverbiais de tempo, lugar, As orações adjetivas explicativas desempenham frequente-
etc. Note que, no mais das vezes, quando queremos recordar algo mente um papel semelhante ao do aposto explicativo, por isto são
ou narrar uma história, existe a tendência a colocar os adjuntos nos também isoladas por vírgula.
começos das frases: “No Brasil e na América…” “Nos dias de A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
hoje…” “Nas minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os
verbos e outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu com-
existe…” plemento.

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável, no Estas três regras básicas não solucionam todos os problemas
Brasil… de organização das frases, mas já dão um razoável suporte para
que possamos começar a ordenar a expressão das nossas ideias.
Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não pertence Em suma: o importante é não separar os termos básicos das ora-
ao assunto: globalização, da frase principal, tal oração é apenas ções, mas, se assim o fizermos, seja intercalando ou invertendo
um comentário à parte entre o complemento verbal e os adjuntos. elementos, então devemos usar a vírgula.
Obs: a simples negação em uma frase não exige vírgula:
A globalização não causou desemprego no Brasil e na Amé- - Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
rica Latina. outro exemplo muito comum cobrado em provas é o enunciado
trazer uma frase no singular, por exemplo, e pedir que o aluno
3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a, tal que- passe a frase para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo
bra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da colocação da é o enunciado dar a frase em um tempo verbal, e pedir para que
vírgula. a passe para outro tempo verbal.
No Brasil e na América Latina, a globalização está causando
desemprego… Pontuação
No fim do século XX, a globalização causou desemprego no
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
Brasil…
para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar es-
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente se dá
pecificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
com a colocação das circunstâncias antes do sujeito. Trata- -se da
funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramática, são represen-
portuguesa.
tadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas vezes, elas são colocadas
em orações chamadas adverbiais que têm uma função semelhante Ponto
a dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exem-
plos: 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
Quando o século XX estava terminando, a globalização co- - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
meçou a causar desemprego. se encontra.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia desenvol- - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
vem--se, a globalização causa desemprego nos países pobres. - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
Durante o século XX, a Globalização causou desemprego no
Brasil. 2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
Ponto e Vírgula ( ; )
Obs 1: alguns gramáticos, Sacconi, por exemplo, consideram
que as orações subordinadas adverbiais devem ser isoladas pela 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma impor-
vírgula também quando colocadas após as suas orações principais, tância.
mas só quando - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
a) a oração principal tiver uma extensão grande: por exemplo: a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
A globalização causa… , enquanto os países…(vide frase acima); nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
b) Se houver uma outra oração após a principal e antes da
oração adverbial: A globalização causa desemprego no Brasil 2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas.
e as pessoas aqui estão morrendo de fome , enquanto nos países - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
portadores de alta tecnologia… frio e cobertor.

Obs 2: quando os adjuntos adverbiais são mínimos, isto é, têm 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
apenas uma ou duas palavras não há necessidade do uso da vírgula: decreto de lei, etc.
- Ir ao supermercado;
Hoje a globalização causa desemprego no Panamá.
- Pegar as crianças na escola;
Ali a globalização também causou…
- Caminhada na praia;
A não ser que queiramos dar ênfase: Aqui, a globalização…
- Reunião com amigos.
Obs3: na língua escrita, normalmente, ao realizarmos a ordem Dois pontos
inversa, emprestamos ênfase aos termos que principiam as frases.
Veja este exemplo de Rui Barbosa destacado por Garcia: 1- Antes de uma citação
“A mim, na minha longa e aturada e continua prática do es- - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
crever, me tem sucedido inúmeras vezes, depois de considerar por
muito tempo necessária e insuprível uma locução nova, encontrar 2- Antes de um aposto
vertida em expressões antigas mais clara, expressiva e elegante a - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
mesma ideia.” e calor à noite.

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento - Para marcar inversão:
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois
rotina de sempre. das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesqui-
4- Em frases de estilo direto sadores, não lhes destinaram verba alguma.
Maria perguntou: c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio
- Por que você não toma uma decisão? de 1982.

Ponto de Exclamação - Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em


enumeração):
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto, Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
súplica, etc. A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
2- Depois de interjeições ou vocativos - Para marcar elipse (omissão) do verbo:
- Ai! Que susto! Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
- João! Há quanto tempo!
- Para isolar:
Ponto de Interrogação - o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira,
possui um trânsito caótico.
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. - o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
Fontes:
Reticências http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm
1- Indica que palavras foram suprimidas.
- Comprei lápis, canetas, cadernos...
Questões sobre Pontuação
2- Indica interrupção violenta da frase.
01. (MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA – IBFC/2013)
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
Considere o período e as afirmações abaixo.
Os jovens, que são contestadores, não acham válido, muitas
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
vezes, a opinião dos mais velhos.
- Este mal... pega doutor?
I. Se as vírgulas que intercalam a oração adjetiva (“que são
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito contestadores”) fossem retiradas, não haveria qualquer alteração
- Deixa, depois, o coração falar... de sentido.
II. Há um problema de concordância nominal.
Vírgula III. A pontuação não está correta.
Está correto o que se afirma somente em:
Não se usa vírgula a) Apenas I
b) Apenas II
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se c) Apenas III
diretamente entre si: d) Apenas I e III
- entre sujeito e predicado. e) Apenas II e III
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado 02. (PREFEITURA MUNICIPAL DE JAPERI/RJ - ORIEN-
TADOR PEDAGÓGICO - FUNDAÇÃO BENJAMIN CONS-
- entre o verbo e seus objetos. TANT/2013) Assinale o item em que a vírgula foi usada para isolar
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. o aposto.
V.T.D.I. O.D. O.I. (A) Ele já morou em Natal, em Fortaleza, em São Paulo.
(B) Os dois rapazes, Rodrigo e Paulo, eram primos.
Usa-se a vírgula: (C) Com muito cuidado, a advogada analisou o documento.
(D) A igreja era pequena e pobre. Os altares, humildes.
- Para marcar intercalação: (E) Você ainda não sabe, mocinha vaidosa, que a vida é difícil.
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância,
vem caindo de preço. 03. (BANCO DO BRASIL – MÉDICO DO TRABALHO –
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produ- FCC/2012) Atente para as seguintes frases:
zindo, todavia, altas quantidades de alimentos. I. Quem nos ensina a olhar são os pintores e fotógrafos, que
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não andam em volta dos objetos à procura de novos ângulos.
querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão II. Felizes as pessoas que, todos os dias, sabem encontrar
dos lucros altos. companhia em tudo o que as cerca.

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
III. Em silêncio, nos oferecerão sua muda companhia. A) “O consumismo é uma ideologia, um hábito mental forjado
A supressão da(s) vírgula(s) acarretará mudança de sentido que se tornou umas das características culturais mais marcantes da
para o que está APENAS em sociedade atual.”
(A) I. B) “obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce
(B) II. de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização da agressividade
(C) II e III. e violência, entre outras.”
(D) I e II. C) “Para o mercado, antes de tudo, a criança é um consumidor
(E) III. em formação”
D) “A publicidade na TV é a principal ferramenta do mercado
04.(IAMSPE/SP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VU- para a persuasão do público infantil, que cada vez mais cedo é
NESP/2012) Assinale a alternativa em que a frase está pontuada chamado a participar do universo adulto”
corretamente, de acordo com a norma-padrão da língua portugue- E) “salvo decisões relacionadas a planos de seguro, combustí-
sa. vel e produtos de limpeza.”
(A) A chegada maciça de haitianos ao Brasil, é uma ótima
oportunidade para refletir sobre o que transforma, grupos de pes- 08. (MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA – IBFC/2013)
soas em povos. Considere o período e as afirmações abaixo.
(B) A distinção, mais do que uma minudência jurídica traz A imprensa é a voz da sociedade pois a denúncia de crimes e
consigo, duas visões de mundo antagônicas. desigualdades mobilizam as pessoas.
(C) O que definia um povo para ele, era a vontade das pessoas I. Observa-se o uso de metáfora.
de construir um futuro juntas. II. A pontuação está correta.
(D) Que quase todos os países do Novo Mundo, tenham ado- III. Há um problema de concordância verbal.
tado o jus soli, não é coincidência. Está correto o que se afirma somente em:
(E) Restringir, assim, a concessão de vistos a haitianos, como a) Apenas I
parece querer parte do governo, é uma ideia que vai contra o espí- b) Apenas II
rito que presidiu a criação do Brasil. c) Apenas III
d) Apenas I e III
05. (POLÍCIA CIVIL/SP – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – e) Apenas II e III
VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação
GABARITO
e à colocação pronominal.
01. B 02. B 03. A 04. E
(A) Infelizmente, se transformou, o ímpeto de Hagar, num
05. C 06. E 07. C 08. D
passo lento depois que casamos.
(B) Depois que casamos, infelizmente se transformou, o ím-
RESOLUÇÃO
peto de Hagar num passo lento.
(C) Infelizmente se transformou o ímpeto de Hagar num passo 1- Os jovens, que são contestadores, não acham válido, mui-
lento, depois que casamos. tas vezes, a opinião dos mais velhos.
(D) Se transformou num passo lento, infelizmente, o ímpeto I. Se as vírgulas que intercalam a oração adjetiva (“que são
de Hagar depois que casamos. contestadores”) fossem retiradas, não haveria qualquer alteração
(E) Depois que casamos infelizmente transformou-se num de sentido.
passo lento o ímpeto de Hagar. Haveria alteração, pois teríamos uma oração subordinada
adjetiva restritiva, o que mudaria o sentido da frase, indicando
06. (MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA – IBFC/2013) que somente os jovens contestadores não acham válida a opinião
Considere os períodos abaixo e assinale a alternativa correta. dos mais velhos. Segundo o enunciado, todos os jovens pensam
I. Os manifestantes, que praticaram atos de vandalismo, foram assim.
detidos. II. Há um problema de concordância nominal.
II. Os manifestantes que praticaram atos de vandalismo foram ... não acham válido (válida), muitas vezes, a opinião dos
detidos. mais velhos.
a) A pontuação está correta apenas em I. III. A pontuação não está correta. = está adequada à ideia
b) A pontuação está correta apenas em II, pois não se pode que se quer transmitir.
separar o sujeito do verbo.
c) A pontuação está correta em I e II, que têm o mesmo senti- 2-)
do, sendo o uso das vírgulas uma questão estilística. (A) Ele já morou em Natal, em Fortaleza, em São Paulo. =
d) A pontuação está correta em I e II, mas, no segundo, indica- enumeração
-se que todos os manifestantes praticaram atos de vandalismo. (B) Os dois rapazes, Rodrigo e Paulo, eram primos. = explica-
e) A pontuação está correta em I e II, mas, no primeiro, indica- ção de um termo anterior (aposto)
-se que todos os manifestantes praticaram atos de vandalismo. (C) Com muito cuidado, a advogada analisou o documento.
= advérbio
07. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – (D) A igreja era pequena e pobre. Os altares, humildes. =
PROCON – ADVOGADO – CEPERJ/2012 - ADAPTADA) O zeugma
emprego da vírgula marca anteposição de termos, com alteração (E) Você ainda não sabe, mocinha vaidosa, que a vida é difícil.
da ordem direta da frase, no seguinte exemplo do texto: = vocativo

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) II. A pontuação está correta = falta uma vírgula antes de “pois”
I. Quem nos ensina a olhar são os pintores e fotógrafos que (voz da sociedade, pois a denúncia).
andam em volta dos objetos à procura de novos ângulos. = agora III. Há um problema de concordância verbal = pois a denúncia
teremos uma restrição (adjetiva restritiva) de crimes e desigualdades mobilizam (mobiliza) as pessoas.
II. Felizes as pessoas que todos os dias sabem encontrar com-
panhia em tudo o que as cerca. = facultativo o uso da vírgula (ad- Recomendo a visualização do link abaixo para entender,
vérbio) de uma maneira criativa, a importância da pontuação!
III Em silêncio, nos oferecerão sua muda companhia. = facul-
tativo o uso da vírgula (advérbio) Frase, período e oração:

4-) Assinalei com “X” as pontuações faltantes ou inadequa- Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabele-
das: cer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenôme-
(A) A chegada maciça de haitianos ao Brasil, (X) é uma ótima no, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.
oportunidade para refletir sobre o que transforma, (X) grupos de Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito
pessoas em povos. e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois em Português há
(B) A distinção, mais do que uma minudência jurídica (X) traz orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove.
consigo, (X) duas visões de mundo antagônicas.
(C) O que definia um povo (X) para ele, (X) era a vontade das Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoa-
pessoas de construir um futuro juntas. ção, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.
(D) Que quase todos os países do Novo Mundo, (X) tenham Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e
adotado o jus soli, não é coincidência. nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem
(E) Restringir, assim, a concessão de vistos a haitianos, como ser classificadas a partir de seu sentido global:
parece querer parte do governo, é uma ideia que vai contra o espí- - frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma
rito que presidiu a criação do Brasil. pergunta: Que queres fazer?
- frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem
5-) Fiz as inclusões e assinalei (X) as exclusões de pontuação: ou faz um pedido: Dê-me uma mãozinha! Faça-o sair!
(A) Infelizmente ,(X) se transformou (ou: Infelizmente, trans- - frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo:
formou-se) Que dia difícil!
- frases declarativas: o emissor constata um fato: Ele já che-
(B) Depois que casamos, infelizmente se transformou, (X) o
gou.
ímpeto de Hagar num passo lento.
(C) Infelizmente se transformou o ímpeto de Hagar num passo
Quanto à estrutura da frase, as frases que possuem verbo (ora-
lento, depois que casamos.
ção) são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito e pre-
(D) Se transformou (transformou-se) num passo lento, infeliz-
dicado. O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em
mente, o ímpeto de Hagar ( , ) depois que casamos.
número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o tema do
(E) Depois que casamos ( , ) infelizmente transformou-se (se
que se vai comunicar”. O predicado é a parte da frase que contém
transformou) num passo lento o ímpeto de Hagar.
“a informação nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema, consti-
tuindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
6-) A questão envolve oração subordinada adjetiva. Quanto à Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o pre-
classificação, basta encontrarmos a que tem vírgula para sabermos dicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um
que se trata de uma adjetiva explicativa (generaliza a informação predicado nominal:
da oração principal); a que não tem vírgula é a restritiva (restrin- Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opi-
ge a informação, especifica). Bem, o exercício requer uma análise nião.
além de simples classificação. Vamos a elas: quanto à pontuação, A existência é frágil.
ambos os períodos estão corretos, já que apresentam informações
“diferentes”. Descartamos os itens “A” e “B”. Na “C” diz que elas A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples)
têm o mesmo sentido. Já vimos que não. Na “D” houve uma inver- quando encerra um pensamento completo e vem limitada por pon-
são, pois o período que generaliza (indica que “todos os manifes- to-final, ponto de interrogação, ponto de exclamação e por reti-
tantes praticaram atos de vandalismo”) é o que possui vírgula (I). cências.
Um vulto cresce na escuridão. Clarissa encolhe-se. É Vasco.
7-) “Antes de tudo, a criança é um consumidor em formação
para o mercado” = o termo foi anteposto ao sujeito da oração (a Acima temos três orações correspondentes a três períodos
criança). Nas demais alternativas, há a ordem direta: sujeito + pre- simples ou a três frases. Mas, nem sempre oração é frase: “convém
dicado, ou apenas enumeração de exemplos. que te apresses” apresenta duas orações, mas uma só frase, pois so-
mente o conjunto das duas é que traduz um pensamento completo.
8-) A imprensa é a voz da sociedade pois a denúncia de crimes Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que
e desigualdades mobilizam as pessoas. se organiza ao redor de um verbo. A oração possui sempre um ver-
I. Observa-se o uso de metáfora = A imprensa é a voz da so- bo (ou locução verbal), que implica na existência de um predicado,
ciedade – comparação implícita ao qual pode ou não estar ligado um sujeito.

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único
Dessa forma: núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode
Rua! = é uma frase, não é uma oração. também ser um pronome indefinido.
Já em: “Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a Nós nos respeitamos mutuamente;
noite do meu bem.” Temos uma frase e três orações: As duas últi- A existência é frágil;
mas orações não são frases, pois em si mesmas não satisfazem um Ninguém se move;
propósito comunicativo; são, portanto, membros de frase. O amar faz bem.

Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais
uma ou mais orações, formando um todo, com sentido comple- de um núcleo.
to. O período pode ser simples ou composto. Alimentos e roupas andam caríssimos;
Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.
que recebe o nome de oração absoluta.
Chove. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referên-
A existência é frágil. cia ao sujeito oculto ( ou elíptico), isto é, ao núcleo do sujeito que
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opi- está implícito e que pode ser reconhecido pela desinência verbal
nião. ou pelo contexto.
Abolimos todas as regras. = (nós)
Período composto é aquele constituído por duas ou mais ora-
ções: O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.” pode identificar claramente a que o predicado da oração refere--se.
Cantei, dancei e depois dormi. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário, tería-
mos uma oração sem sujeito.
Termos essenciais da oração: Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de
duas maneiras:
O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais
- com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito
da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis
não tenha sido identificado anteriormente:
para a formação das orações. No entanto, existem orações formadas
Bateram à porta;
exclusivamente pelo predicado. O que define, pois, a oração, é a
Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
presença do verbo.
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo.
- com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do
“Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”
pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não apre-
“Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”.
sentam complemento direto:
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha Precisa-se de mentes criativas;
e primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima. Lá- Vivia-se bem naqueles tempos;
grima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno- Trata-se de casos delicados;
minada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito relaciona-se com o Sempre se está sujeito a erros.
verbo, estabelecendo a concordância.
A função do sujeito é basicamente desempenhada por substan- O pronome se funciona como índice de indeterminação do
tivos, o que a torna uma função substantiva da oração. Pronomes, sujeito.
substantivos, numerais e quaisquer outras palavras substantivadas
(derivação imprópria) também podem exercer a função de sujeito. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado,
Ele já partiu; articulam-se a partir de um verbo impessoal. A mensagem está
Os dois sumiram; centrada no processo verbal. Os principais casos de orações sem
Um sim é suave e sugestivo. sujeito com:
- os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de Amanheceu repentinamente;
determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito. Está chuviscando.
Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável
pela concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples - os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenôme-
ou composto. nos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível Está tarde.
identificar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso Ainda é cedo.
ocorre quando não se pode ou não interessa indicar precisamente Já são três horas, preciso ir;
o sujeito de uma oração. Faz frio nesta época do ano;
Estão gritando seu nome lá fora; Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;
Trabalha-se demais neste lugar. Faz anos que esperamos melhores condições de vida;

Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada ora- O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo,
ção contém a informação nova para o ouvinte. Nas orações sem indicando processos. É também sempre por intermédio do verbo
sujeito, o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer: que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.
Chove muito nesta época do ano; O dia amanheceu ensolarado;
Houve problemas na reunião. As mulheres julgam os homens inconstantes

Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas fun-
declara a respeito desse sujeito. ções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação. Esse predi-
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que cado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro nominal:
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. O dia amanheceu;
Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado); O dia estava ensolarado.
Passou-me (predicado) uma ideia estranha (sujeito) pelo pen-
samento (predicado). No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o com-
plemento homens como o predicativo inconstantes.
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu nú-
cleo está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também se Termos integrantes da oração:
as palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo
ou também ao sujeito da oração. Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o com-
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulhe- plemento nominal são chamados termos integrantes da oração.
res de opinião. Os complementos verbais integram o sentido dos verbos tran-
sitivos, com eles formando unidades significativas. Esses verbos
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refe- podem se relacionar com seus complementos diretamente, sem a
re ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou indi- presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de pre-
retamente ao verbo. posição.
O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao
A existência (sujeito) é frágil (predicado).
verbo.
Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da
Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a
Dou-lhes três.
palavra a ele relacionada.
Houve muita confusão na partida final.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significa-
O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
tivo um verbo:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes
Chove muito nesta época do ano; a pessoas:
Senti seu toque suave; Amar a Deus;
O velho prédio foi demolido. Adorar a Xangô;
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas Estimar aos pais.
para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.
- com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de trata-
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo signi- mento:
ficativo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou estado ao Não excluo a ninguém;
sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. O predica- Não quero cansar a Vossa Senhoria.
tivo é um nome que se liga a outro nome da oração por meio de
um verbo. - para evitar ambiguidade:
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria
não indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, in- outra)
dicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito:
“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.” O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente
ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;
andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como ele- Os homens pedem-lhes amor sincero;
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas. Gosto de música popular brasileira.
A função de predicativo é exercida normalmente por um ad-
jetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se com-
plemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome que
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois nú- completa por intermédio de preposição:
cleos significativos: um verbo e um nome. No predicado verbo- Desenvolvemos profundo respeito à arte;
-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao comple- A arte é necessária à vida;
mento verbal. Tenho-lhe profundo respeito.

Didatismo e Conhecimento 18
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Termos acessórios da oração e vocativo: O aposto é um termo acessório que permite ampliar, expli-
car, desenvolver ou resumir a ideia contida num termo que exerça
Os termos acessórios recebem esse nome por serem aciden- qualquer função sintática.
tais, explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o adjunto Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
adverbial, adjunto adnominal, o aposto e o vocativo.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma cir- Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que
cunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um ad- se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira passei o
jetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao dia mal-humorado.
advérbio e às locuções adverbiais exercerem o papel de adjunto O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na
adverbial. oração, em:
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça. a) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas,
permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adver- b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas:
bial são: amor, arte, ação.
- acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço. c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo
- afirmação: Sim, realmente irei partir. isso forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-
- causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… -se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas.
- concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou in-
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. terpelar um ouvinte real ou hipotético.
- dúvida: Talvez nos deixem entrar. A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos,
- fim: Estudou para o exame.
pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse
- frequência: Sempre aparecia por lá.
papel na linguagem.
- instrumento: Fez o corte com a faca.
João, venha comigo!
- intensidade: Corria bastante.
Traga-me doces, minha menina!
- limite: Andava atabalhoado do quarto à sala.
- lugar: Vou à cidade.
PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
- matéria: Compunha-se de substâncias estranhas.
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo. O período composto caracteriza-se por possuir mais de uma
- negação: Não há ninguém que mereça. oração em sua composição. Sendo assim:
- preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes. - Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma oração)
- substituição ou troca: Abandonou suas convicções por pri- - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
vilégios econômicos. (Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. - Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um prote-
tor solar. (Período Composto = três verbos, três orações).
O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, es-
pecifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, pois Cada verbo ou locução verbal corresponde a uma oração. Isso
são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de implica que o primeiro exemplo é um período simples, pois tem
adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos ad- apenas uma oração, os dois outros exemplos são períodos compos-
nominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos. tos, pois têm mais de uma oração.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo Há dois tipos de relações que podem se estabelecer entre as
de infância. orações de um período composto: uma relação de coordenação ou
uma relação de subordinação.
O adjunto adnominal liga-se diretamente ao substantivo a que Duas orações são coordenadas quando estão juntas em um
se refere, sem participação do verbo. Já o predicativo do objeto mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de informações,
liga-se ao objeto por meio de um verbo. marcado pela pontuação final), mas têm, ambas, estruturas indivi-
O poeta português deixou uma obra originalíssima. duais, como é o exemplo de:
O poeta deixou-a. Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. (Pe-
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: adjunto ríodo Composto)
adnominal) Podemos dizer:
O poeta português deixou uma obra inacabada. 1. Estou comprando um protetor solar.
O poeta deixou-a inacabada. 2. Irei à praia.
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do objeto) Separando as duas, vemos que elas são independentes.
É esse tipo de período que veremos agora: o Período Composto
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substan- por Coordenação.
tivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas Quanto à classificação das orações coordenadas, temos dois
ao substantivo. tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Sindéticas.

Didatismo e Conhecimento 19
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Coordenadas Assindéticas = São orações coordenadas entre Podemos modificar o período acima. Veja:
si e que não são ligadas através de nenhum conectivo. Estão ape- Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.
nas justapostas. Oração Principal Oração Subordinada

Coordenadas Sindéticas = Ao contrário da anterior, são ora- A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu sinto” é a
ções coordenadas entre si, mas que são ligadas através de uma oração principal, cujo objeto direto é a oração subordinada “existir
conjunção coordenativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de em meu gesto o teu gesto”. Note que a oração subordinada apre-
oração uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são senta agora verbo no infinitivo. Além disso, a conjunção “que”,
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conectivo que unia as duas orações, desapareceu. As orações su-
conclusivas e explicativas. bordinadas cujo verbo surge numa das formas nominais (infinitivo
- flexionado ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas principais reduzidas ou implícitas.
conjunções são: e, nem, não só... mas também, não só... como, Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por conjun-
assim... como. ções nem pronomes relativos. Podem ser, eventualmente, introdu-
Não só cantei como também dancei. zidas por preposição.
Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
Comprei o protetor solar e fui à praia. 1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas princi- A oração subordinada substantiva tem valor de substantivo e
pais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretanto, porém, no vem introduzida, geralmente, por conjunção integrante (que, se).
entanto, ainda, assim, senão.
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. Suponho que você foi à biblioteca hoje.
Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando. Oração Subordinada Substantiva
Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.
Você sabe se o presidente já chegou?
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas princi- Oração Subordinada Substantiva
pais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; seja...seja.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também in-
Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras
troduzem as orações subordinadas substantivas, bem como os
diferentes.
advérbios interrogativos (por que, quando, onde, como). Veja os
Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto.
exemplos:
O garoto perguntou qual seu nome.
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas princi-
Oração Subordinada Substantiva
pais conjunções são: logo, portanto, por fim, por conseguinte, con-
sequentemente, pois (posposto ao verbo)
Passei no concurso, portanto irei comemorar. Não sabemos por que a vizinha se mudou.
Conclui o meu projeto, logo posso descansar. Oração Subordinada Substantiva
Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
A situação é delicada; devemos, pois, agir Classificação das Orações Subordinadas Substantivas

Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas princi- De acordo com a função que exerce no período, a oração
pais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verdade, pois (an- subordinada substantiva pode ser:
teposto ao verbo).
Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo. a) Subjetiva
Só fiquei triste por você não ter viajado comigo. É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito do
Não fui à praia, pois queria descansar durante o Domingo. verbo da oração principal. Observe:
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO Sujeito

Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes: É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Sub-
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.” jetiva
Oração Principal Oração Subordinada
Atenção:
Observe que na oração subordinada temos o verbo “existe”, Observe que a oração subordinada substantiva pode ser subs-
que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do tituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos um período simples:
indicativo. As orações subordinadas que apresentam verbo em É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do indicativo, sub-
juntivo e imperativo), são chamadas de orações desenvolvidas ou Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a fun-
explícitas. ção de sujeito

Didatismo e Conhecimento 20
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Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração prin- d) Completiva Nominal
cipal: A oração subordinada substantiva completiva nominal com-
- Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: pleta um nome que pertence à oração principal e também vem
É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É claro - marcada por preposição.
Está evidente - Está comprovado Sentimos orgulho de seu comportamento.
É bom que você compareça à minha festa. Complemento Nominal

- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se - Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sentimos
Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado - Ficou orgulho disso.)
provado Oração Subordinada Substantiva Completiva
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. Nominal

- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - impor- Lembre-se: as orações subordinadas substantivas objetivas
tar - ocorrer - acontecer indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
Convém que não se atrase na entrevista. subordinadas substantivas completivas nominais integram o sen-
tido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar
Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, em conta o termo complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o
o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa do singular. objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro complemen-
ta um verbo, o segundo, um nome.
b) Objetiva Direta
A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce fun- e) Predicativa
ção de objeto direto do verbo da oração principal. A oração subordinada substantiva predicativa exerce papel de
Todos querem sua aprovação no concurso. predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre
Objeto Direto depois do verbo ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem Predicativo do Sujeito
isso)
Oração Principal oração Subordinada Substantiva Objeti-
Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo era isso)
va
Oração Subordinada Substantiva Pre-
Direta
dicativa
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas desen-
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva “de” para
volvidas são iniciadas por:
realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não fui bem na pro-
- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A
professora verificou se todos alunos estavam presentes. va.

- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes re- f) Apositiva
gidos de preposição), nas interrogações indiretas: O pessoal queria A oração subordinada substantiva apositiva exerce função de
saber quem era o dono do carro importado. aposto de algum termo da oração principal.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes re- Aposto
gidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu não sei por (Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
que ela fez isso.
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
c) Objetiva Indireta Oração Subordinada Substantiva Apositiva
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua como reduzida de infinitivo
objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de
preposição. * Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto 2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste nisso) Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As orações vêm
introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na adnominal do antecedente. Observe o exemplo:
oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

Didatismo e Conhecimento 21
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Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo adjeti- Exemplo 2:
vo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos outra constru- O homem, que se considera racional, muitas vezes age ani-
ção, a qual exerce exatamente o mesmo papel. Veja: malescamente.
Esta foi uma redação que fez sucesso. Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido restriti-
Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e vo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração apenas
o termo da oração principal que ela modifica é feita pelo prono- explicita uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
me relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, “homem”.
o pronome relativo desempenha uma função sintática na oração
Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicativa é separa-
subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, é representa-
antecede.
Obs.: para que dois períodos se unam num período composto, da pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja indicada
altera-se o modo verbal da segunda oração. como forma de diferenciar as orações explicativas das restritivas;
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o de fato, as explicativas vêm sempre isoladas por vírgulas; as res-
pronome relativo que: ele sempre pode ser substituído por: o qual tritivas, não.
- a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. 3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
Essa oração é equivalente a:
Refiro-me ao aluno o qual estuda. Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce a
função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. Dessa
Forma das Orações Subordinadas Adjetivas forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, causa,
condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem introduzida
Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresen- por uma das conjunções subordinativas (com exclusão das inte-
tam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as orações subordi- grantes). Classifica-se de acordo com a conjunção ou locução con-
nadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem juntiva que a introduz.
as orações subordinadas adjetivas reduzidas, que não são introdu- Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
zidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposi- Oração Subordinada Adverbial
ção) e apresentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
gerúndio ou particípio).
Observe que a oração em destaque agrega uma circunstância
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. de tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adverbial
temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios que indi-
No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva de- cam uma circunstância referente, via de regra, a um verbo. A clas-
senvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo “que” e sificação do adjunto adverbial depende da exata compreensão da
apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No circunstância que exprime. Observe os exemplos abaixo:
segundo, há uma oração subordinada adjetiva reduzida de infiniti- Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha
vo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo. vida.
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de mi-
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas nha vida.

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto ad-
as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas maneiras verbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No segundo
diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do período, esse papel é exercido pela oração “Quando vi a estátua”,
termo a que se referem, individualizando-o. Nessas orações não que é, portanto, uma oração subordinada adverbial temporal. Essa
há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas oração é desenvolvida, pois é introduzida por uma conjunção su-
restritivas. Existem também orações que realçam um detalhe ou bordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do modo in-
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficien-
dicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria possível
temente definido, as quais denominam-se subordinadas adjetivas
reduzi-la, obtendo-se:
explicativas.
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de minha
Exemplo 1: vida.
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um ho-
mem que passava naquele momento. A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma das for-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva mas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é introduzida
por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (“a”,
Nesse período, observe que a oração em destaque restringe e combinada com o artigo “o”).
particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-se de um homem Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais é
específico, único. A oração limita o universo de homens, isto é, não feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos adverbiais.
se refere a todos os homens, mas sim àquele que estava passando Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
naquele momento.

Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
Circunstâncias Expressas A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei de
pelas Orações Subordinadas Adverbiais qualquer maneira, independentemente de sua ida. A oração desta-
cada é, portanto, subordinada adverbial concessiva.
a) Causa Observe outros exemplos:
A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca Embora fizesse calor, levei agasalho.
um determinado fato, ao motivo do que se declara na oração prin- Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da
cipal. “É aquilo ou aquele que determina um acontecimento”. população continua à margem do mercado de consumo.
Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / embora não
Outras conjunções e locuções causais: como (sempre introdu- estudasse). (reduzida de infinitivo)
zido na oração anteposta à oração principal), pois, pois que, já
que, uma vez que, visto que. e) Comparação
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte. As orações subordinadas adverbiais comparativas estabele-
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve alterna- cem uma comparação com a ação indicada pelo verbo da oração
tiva a não ser cancelá-lo. principal.
Já que você não vai, eu também não vou. Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
Ele dorme como um urso.
b) Consequência Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações subor-
As orações subordinadas adverbiais consecutivas exprimem dinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
um fato que é consequência, que é efeito do que se declara na ora- Agem como crianças. (agem)
ção principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, Oração Subordinada Adverbial Comparativa
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...
que, tanto...que, tamanho...que. No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso não
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (prece- ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (comparação do
dido de tal, tanto, tão, tamanho) verbo falar e do verbo fazer).
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa dor.)
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou concreti- f) Conformidade
zando-os. As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida de ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra, um modelo
Infinitivo)
adotado para a execução do que se declara na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa: CONFOR-
c) Condição
ME
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a reali-
Outras conjunções conformativas: como, consoante e segundo
zação ou não de um fato. As orações subordinadas adverbiais con-
(todas com o mesmo valor de conforme).
dicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
ou deixe de se realizar o fato expresso na oração principal.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos
Principal conjunção subordinativa condicional: SE
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde iguais.
que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, uma
vez que (seguida de verbo no subjuntivo). g) Finalidade
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certa- As orações subordinadas adverbiais finais indicam a intenção,
mente o melhor time será campeão. a finalidade daquilo que se declara na oração principal.
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o con- Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
trato. Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a locu-
Caso você se case, convide-me para a festa. ção conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
d) Concessão Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada en-
As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam con- trasse.
cessão às ações do verbo da oração principal, isto é, admitem uma
contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está dire- h) Proporção
tamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa. As orações subordinadas adverbiais proporcionais exprimem
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao expresso na
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locuções ain- oração principal.
da que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: À
de que. PROPORÇÃO QUE
Só irei se ele for. Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir só se passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior), quanto
realizará caso essa condição seja satisfeita. maior...(menor), quanto menor...(maior), quanto menor...(menor),
Compare agora com: quanto mais...(mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
Irei mesmo que ele não vá. (mais), quanto menos...(menos).

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
À proporção que estudávamos, acertávamos mais questões. Discurso Indireto Livre: O texto é escrito em terceira pessoa
Visito meus amigos à medida que eles me convidam. e o narrador conta a história, mas as personagens têm voz própria,
Quanto maior for a altura, maior será o tombo. de acordo com a necessidade do autor de fazê-lo. Sendo assim é
uma mistura dos outros dois tipos de discurso e as duas vozes se
i) Tempo fundem. Ex.
As orações subordinadas adverbiais temporais acrescentam “Que vontade de voar lhe veio agora! Correu outra vez com
uma ideia de tempo ao fato expresso na oração principal, podendo a respiração presa. Já nem podia mais. Estava desanimado. Que
exprimir noções de simultaneidade, anterioridade ou posteriorida- pena! Houve um momento em que esteve quase... quase!”
de. “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. Entre-
Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO tanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado)
Outras conjunções subordinativas temporais: enquanto, mal “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário.
e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que, Para que estar catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos.
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc. Irmãos.” (Graciliano Ramos)
Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Sempre que ele vem, ocorrem problemas. FONTE:
Mal você saiu, ela chegou. http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-discurso/
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando terminou a
festa) (Oração Reduzida de Particípio) Coesão e Coerência

Tipos de Discurso Não basta conhecer o conteúdo das partes de um trabalho: in-
trodução, desenvolvimento e conclusão. Além de saber o que se
Discurso é a prática humana de construir textos, sejam eles deve (e o que não se deve) escrever em cada parte constituinte do
escritos ou orais. Sendo assim, todo discurso é uma prática social. texto, é preciso saber escrever obedecendo às normas de coerência
A análise de um discurso deve, portanto, considerar o contexto e coesão. Antes de mais nada, é necessário definir os termos: coe-
rência diz respeito à articulação do texto, à compatibilidade das
em que se encontra, assim como as personagens e as condições de
ideias, à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à
produção do texto.
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas frasais e ao
Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos de
emprego do vocabulário.
discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indi-
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de produ-
reto livre. Não necessariamente estes três discursos estão separa-
ção e compreensão do texto. A coesão contribui para a coerência,
dos, eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá de quem
mas nem sempre um texto coerente apresenta coesão. Pode ocor-
o produziu.
rer que o texto sem coerência apresente coesão, ou que um texto
Vejamos cada um deles:
tenha coesão sem coerência. Em outras palavras: um texto pode
ser gramaticalmente bem construído, com frases bem estruturadas,
Discurso Direto: Neste tipo de discurso as personagens gan- vocabulário correto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma se-
ham voz. É o que ocorre normalmente em diálogos. Isso permite quência lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um
que traços da fala e da personalidade das personagens sejam desta- texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas, sem que
cados e expostos no texto. O discurso direto reproduz fielmente as no plano da expressão as estruturas frasais sejam gramaticalmente
falas das personagens. Verbos como dizer, falar, perguntar, entre aceitáveis: há coerência, mas não coesão.
outros, servem para que as falas das personagens sejam introduzi- A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela hie-
das e elas ganhem vida, como em uma peça teatral. rarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem origem nas
Travessões, dois pontos, aspas e exclamações são muito co- estruturas profundas, no conhecimento do mundo de cada pessoa,
muns durante a reprodução das falas. Ex. aliada à competência linguística. Deduz-se que é difícil ensinar
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que coerência textual, intimamente ligada à visão de mundo, à origem
suspira lá na língua dele - Chente! que vida dura esta de guaxinim das ideias no pensamento. A coesão, porém, refere-se à expressão
do banhado!...” linguística, aos processos sintáticos e gramaticais do texto.
“- Mano Poeta, se enganche na minha garupa!” O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:

Discurso Indireto: O narrador conta a história e reproduz fala Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de um
e reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pes- texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada rela-
soa. Nesse caso, o narrador utiliza-se de palavras suas para repro- ção semântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias.
duzir aquilo que foi dito pela personagem. Ex. (Na linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa
“Elisiário confessou que estava com sono.” (Machado de As- bate com outra”).
sis) Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo do
“Fora preso pela manhã, logo ao erguer-se da cama, e, pelo texto, numa linha de sequência e com os quais se estabelece um
cálculo aproximado do tempo, pois estava sem relógio e mesmo se vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo faz-se via
o tivesse não poderia consultá-lo à fraca luz da masmorra, imagi- gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do
nava podiam ser onze horas.” (Lima Barreto) vocabulário, tem-se a coesão lexical.

Didatismo e Conhecimento 24
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Coerência Exemplos:

- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; “Estar inteirada com os fatos” significa participação, intera-
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão con- ção.
ceitual; “Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento dos fa-
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com tos, estar informada.
o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. “Ir de encontro” significa divergir, não concordar.
“Ir ao encontro” quer dizer concordar.
Coesão
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de ideias”
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; significa a liberdade não é ameaça;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão sequen- “Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de ideias”,
cial; isto é, a liberdade fica ameaçada.
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
componentes do texto; Quanto à regência verbal, convém sempre consultar um dicio-
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. nário de verbos, pois muitos deles admitem duas ou três regências
diferentes; cada uma, porém, tem um significado específico. Lem-
Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibilidade ou bre-se, a propósito, de que as dúvidas sobre o emprego da crase
compreensão do texto. Um texto bem redigido tem parágrafos bem decorrem do fato de considerar-se crase como sinal de acentuação
estruturados e articulados pelo encadeamento das ideias neles con- apenas, quando o problema refere-se à regência nominal e verbal.
tidas. As estruturas frasais devem ser coerentes e gramaticalmente Exemplos:
corretas, no que diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser
adequado e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos O verbo assistir admite duas regências:
significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais co- assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar assistência
muns de redação sejam devidos à impropriedade do vocabulário e (O médico assiste o doente):
ao mau emprego dos conectivos (conjunções, que têm por função Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti ao jogo
ligar uma frase ou período a outro). Eis alguns exemplos de impro- da seleção).
priedade do vocabulário, colhidos em redações sobre censura e os
meios de comunicação e outras.
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear (Pedi o
jornal do dia).
“Nosso direito é frisado na Constituição.”
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu que fizes-
Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
sem silêncio).
“Estabelecer os limites as quais a programação deveria estar Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da classe); sig-
exposta.” nifica também pedir em favor de alguém (A Diretora pediu ajuda
Estabelecer os limites aos quais a programação deveria estar para os alunos carentes) em favor dos alunos, pedir algo a alguém
sujeita. = correta (para si): (Pediu ao colega para ajudá-lo); pode significar ainda exi-
gir, reclamar (Os professores pedem aumento de salário).
“A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensaciona- O mau emprego dos pronomes relativos também pode levar à
listas ou punir os meios de comunicação que veiculam tais notí- falta de coesão gramatical. Frequentemente, emprega-se no qual ou
cias. = correta ao qual em lugar do que, com prejuízo da clareza do texto; outras
vezes, o emprego é desnecessário ou inadequado.
“Retomada das rédeas da programação.” “Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para mim no
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no que diz qual estava sem remetente”. (Chegou com um envelope que (o qual)
respeito à programação. = correta estava sem remetente).

O emprego de vocabulário inadequado prejudica muitas vezes “Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da sensi-
a compreensão das ideias. É importante, ao redigir, empregar pa- bilidade...”
lavras cujo significado seja conhecido pelo enunciador, e cujo em- Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade delas
prego faça parte de seus conhecimentos linguísticos. Muitas vezes, (palavras cheias de sensibilidade).
quem redige conhece o significado de determinada palavra, mas
não sabe empregá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação das
com o emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não frases, aconselha-se levar em conta as seguintes sugestões para o
basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas nomi- emprego correto dos articuladores sintáticos (conjunções, preposi-
nais no interior das frases e que as conjunções ligam frases den- ções, locuções prepositivas e locuções conjuntivas).
tro do período; é necessário empregar adequadamente tanto umas - Para dar ideia de oposição ou contradição, a articulação sintáti-
como outras. É bem verdade que, na maioria das vezes, o emprego ca faz-se por meio de conjunções adversativas: mas, porém, todavia,
inadequado dos conectivos remete aos problemas de regência ver- contudo, no entanto, entretanto. Podem também ser empregadas as
bal e nominal. conjunções concessivas e locuções prepositivas para introduzir a

Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
ideia de oposição aliada à concessão: embora, ou muito embora, norma culta, forma linguística utilizada pelo segmento mais culto
apesar de, ainda que, conquanto, posto que, a despeito de, não e influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua utiliza-
obstante. da pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e
- A articulação sintática de causa pode ser feita por meio de televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a
conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, como, por isso de serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo-
que, visto que, uma vez que, já que. Também podem ser emprega- rando na educação;
das as preposições e locuções prepositivas: por, por causa de, em 2) a língua funcional de modalidade popular; língua popular
vista de, em virtude de, devido a, em consequência de, por motivo ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais diversas, tem
de, por razões de. o seu limite na gíria e no calão.
- O principal articulador sintático de condição é o “se”: Se o
time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também expressar Norma culta:
condição pelo emprego dos conectivos: caso, contanto que, desde
que, a menos que, a não ser que. A norma culta, forma linguística que todo povo civilizado
- O emprego da preposição “para” é a maneira mais comum possui, é a que assegura a unidade da língua nacional. E justa-
de expressar finalidade. “É necessário baixar as taxas de juros mente em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vis-
para que a economia se estabilize” ou para a economia estabilizar- ta político--cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas
-se. “Teresa vai estudar bastante para fazer boa prova.” Há outros gramáticas. Sendo mais espontânea e criativa, a língua popular
articuladores que expressam finalidade: a fim de, com o propósito afigura-se mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de
de, na finalidade de, com a intenção de, com o objetivo de, com o exemplificação:
fito de, com o intuito de. Estou preocupado. (norma culta)
- A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio dos ar- Tô preocupado. (língua popular)
ticuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto, pois, por Tô grilado. (gíria, limite da língua popular)
isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso. Para introduzir Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua; urge
mais um argumento a favor de determinada conclusão emprega- conhecer a língua popular, captando-lhe a espontaneidade, expres-
-se ainda. Os articuladores aliás, além do mais, além disso, além sividade e enorme criatividade, para viver; urge conhecer a língua
de tudo, introduzem um argumento decisivo, cabal, apresentado culta para conviver.
como um acréscimo, para justificar de forma incontestável o argu-
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das normas da
mento contrário.
língua culta.
- Para introduzir esclarecimentos, retificações ou desenvolvi-
mento do que foi dito empregam-se os articuladores: isto é, quer
O conceito de erro em língua:
dizer, ou seja, em outras palavras. A conjunção aditiva “e” anuncia
não a repetição, mas o desenvolvimento do discurso, pois acres-
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos
centa uma informação nova, um dado novo, e se não acrescentar
de ortografia. O que normalmente se comete são transgressões da
nada, é pura repetição e deve ser evitada.
norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do dis-
- Alguns articuladores servem para estabelecer uma gradação
entre os correspondentes de determinada escala. No alto dessa es- curso, diz: “Ninguém deixou ele falar”, não comete propriamente
cala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no plano mais baixo: ao erro; na verdade, transgride a norma culta.
menos, pelo menos, no mínimo. Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, trans-
gride tanto quanto um indivíduo que comparece a um banquete
trajando xortes ou quanto um banhista, numa praia, vestido de fra-
que e cartola.
4. NÍVEL DE LINGUAGEM: VARIEDADE Releva considerar, assim, o momento do discurso, que pode
LINGUÍSTICA, FORMALIDADE E ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o das liberdades
INFORMALIDADE, FORMAS DE da fala. No recesso do lar, na fala entre amigos, parentes, namora-
TRATAMENTO, PROPRIEDADE LEXICAL, dos, etc., portanto, são consideradas perfeitamente normais cons-
ADEQUAÇÃO COMUNICATIVA truções do tipo:
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Observação: Formas de tratamento serão abordadas no Eu te amo, sim, mas não abuse!
próximo tópico, em “Pronomes”. Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
Níveis de linguagem
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a norma
A língua é um código de que se serve o homem para elaborar culta, deixando mais livres os interlocutores.
mensagens, para se comunicar. Existem basicamente duas modali- O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que é a língua
dades de língua, ou seja, duas línguas funcionais: da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por base aqui as
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta ou normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim,
língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base a aquelas mesmas construções se alteram:

Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
Eu não a vi hoje. Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mostrando
Ninguém o deixou falar. as características e as vantagens de uma e outra, sem deixar trans-
Deixe-me ver isso! parecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, que em
Eu te amo, sim, mas não abuses! verdade inexiste.
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele. Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na língua fala-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe. da. A nenhum povo interessa a multiplicação de línguas. A nenhu-
ma nação convém o surgimento de dialetos, consequência natural
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos de co- do enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.
municação de massa (rádio, televisão, jornal, revista, etc.). Daí o A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada que
fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da norma culta a língua falada, porque é a modalidade que mantém a unidade lin-
na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho, guística de um povo, além de ser a que faz o pensamento atraves-
que deve refletir serviço à causa do ensino. sar o espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte poética, detida será possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
caracterizado por construções de rara beleza. isso mesmo, processam-se lentamente e em número consideravel-
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume. Como mente menor, quando cotejada com a modalidade falada.
tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de sê-lo no exa- Importante é fazer o educando perceber que o nível da lingua-
to instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, gem, a norma linguística, deve variar de acordo com a situação
a constituir fato linguístico registro de linguagem definitivamen- em que se desenvolve o discurso.
te consagrado pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical. O ambiente sociocultural determina o nível da linguagem a
Exemplos: ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a en-
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) toação variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.) criança como se estivesse em uma missa, assim como uma criança
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos disper- não fala como um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo
sar e Não vamos dispersar-nos.) discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de sair ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala
daqui bem depressa.) no recesso do lar e na sala de aula.
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no seu Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre esses
posto.) níveis, destacam-se em importância o culto e o cotidiano, a que já
fizemos referência.
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos impedir,
despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos também de Variedades Linguísticas
transgressões ou “erros” que se tornaram fatos linguísticos, já que
só correm hoje porque a maioria viu tais verbos como derivados de A linguagem é a característica que nos difere dos demais
pedir, que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos,
para se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos
desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem cora- relacionados ao nosso cotidiano e, sobretudo, promovendo nossa
gem de usar. inserção ao convívio social. Dentre os fatores que a ela se relacio-
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário escolar nam destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois: o
palavras como corrigir e correto, quando nos referimos a frases. nível de formalidade e o de informalidade.
“Corrija estas frases” é uma expressão que deve dar lugar a esta, O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita,
por exemplo: “Converta estas frases da língua popular para a lín- restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão
gua culta”. pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma frase fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total
“errada”; é, na verdade, uma frase elaborada conforme as normas soberania sobre as demais.
gramaticais; em suma, conforme a norma culta. Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o estilo
considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: entre os estudos da língua, uma vez que, para a sociedade, aquela
pessoa que fala ou escreve de maneira errônea é considerada “in-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos econômica, culta”, tornando-se desta forma um estigma.
não dispõe dos recursos próprios da língua falada. Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação (me- as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as va-
lodia da frase), as pausas (intervalos significativos no decorrer riações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e
do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas, históricas em que é utilizada. Dentre elas destacam-se:
etc., fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais
criativa, mais espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua apresen-
sujeita a transformações e a evoluções. ta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importância. Nas bastante representativo é a questão da ortografia, se levarmos em
escolas, principalmente, costuma se ensinar a língua falada com consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafa-
base na língua escrita, considerada superior. Decorrem daí as cor- da com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual
reções, as retificações, as emendas, a que os professores sempre se fundamenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
estão atentos. fragmento exposto:

Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Antigamente Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o apresenta
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram de forma contraditória. Muitas vezes essa incoerência é resultado
todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam do mau uso daqueles elementos de coesão textual. Na organização
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, de períodos e de parágrafos, um erro no emprego dos mecanismos
faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos gramaticais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
meses debaixo do balaio.” truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma unidade
Carlos Drummond de Andrade formal.
Comparando-o à modernidade, percebemos um vocabulário Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado não
antiquado. se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se
organizam segundo princípios gerais de dependência e indepen-
Variações regionais: São os chamados dialetos, que são as dência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e
marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exem- rítmicas que sedimentam estes princípios”.
plo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe Desta lição, extrai-se que não se deve escrever frases ou textos
outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando desconexos – é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que
também esta modalidade estão os sotaques, ligados às característi- essas frases estejam coesas e coerentes formando o texto.
cas orais da linguagem. Além disso, relembre-se de que, por coesão, entende-se liga-
ção, relação, nexo entre os elementos que compõem a estrutura
Variações sociais ou culturais: Estão diretamente ligadas aos textual.
grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instru-
ção de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, Há diversas formas de se garantir a coesão entre os elemen-
os jargões e o linguajar caipira. tos de uma frase ou de um texto:
As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos gru- - Substituição de palavras com o emprego de sinônimos, ou de
pos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros. palavras ou expressões do mesmo campo associativo.
Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando - Nominalização – emprego alternativo entre um verbo, o
substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar / desgaste /
um linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os
desgastante).
médicos, advogados, profissionais da área de informática, dentre
- Repetição na ligação semântica dos termos, empregada como
outros.
recurso estilístico de intenção articulatória, e não uma redundância
Vejamos um poema sobre o assunto:
- resultado da pobreza de vocabulário. Por exemplo, “Grande no
pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortú-
Vício na fala
nio, ele morreu desconhecido e só.” (Rocha Lima)
Para dizerem milho dizem mio
- Uso de hipônimos – relação que se estabelece com base na
Para melhor dizem mió
maior especificidade do significado de um deles. Por exemplo,
Para pior pió mesa (mais específico) e móvel (mais genérico).
Para telha dizem teia - Emprego de hiperônimos - relações de um termo de sentido
Para telhado dizem teiado mais amplo com outros de sentido mais específico. Por exemplo,
E vão fazendo telhados. felino está numa relação de hiperonímia com gato.
Oswald de Andrade - Substitutos universais, como os verbos vicários (verbos que
substituem um outro empregado anteriormente). Ex.: Necessito
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos meca- viajar, porém só o farei no ano vindouro.
nismos para garantir ao interlocutor a compreensão do que é dito,
ou lido. Esses mecanismos linguísticos que estabelecem a conec- A coesão apoiada na gramática dá-se no uso de conectivos,
tividade e retomada do que foi escrito ou dito, são os referentes como certos pronomes, certos advérbios e expressões adverbiais,
textuais, que buscam garantir a coesão textual para que haja coe- conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quando, ao
rência, não só entre os elementos que compõem a oração, como remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente
também entre a sequência de orações dentro do texto. identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessi-
Essa coesão também pode muitas vezes se dar de modo implí- tar de todas as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido
cito, baseado em conhecimentos anteriores que os participantes do e, assim, estabelece a relação entre as duas orações.).
processo têm com o tema. Por exemplo, o uso de uma determinada
sigla, que para o público a quem se dirige deveria ser de conheci- Dêiticos são elementos linguísticos que têm a propriedade de
mento geral, evita que se lance mão de repetições inúteis. fazer referência ao contexto situacional ou ao próprio discurso.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginária - Exercem, por excelência, essa função de progressão textual, dada
composta de termos e expressões - que une os diversos elementos sua característica: são elementos que não significam, apenas indi-
do texto e busca estabelecer relações de sentido entre eles. Dessa cam, remetem aos componentes da situação comunicativa.
forma, com o emprego de diferentes procedimentos, sejam lexicais Já os componentes concentram em si a significação. Elisa
(repetição, substituição, associação), sejam gramaticais (emprego Guimarães ensina-nos a esse respeito:
de pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases, “Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os
orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decorre daí a participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstrativos,
coerência textual. certas locuções prepositivas e adverbiais, bem como os advérbios

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de tempo, referenciam o momento da enunciação, podendo indi- num movimento, as palavras devem combinar umas com as outras
car simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Assim: este, numa articulação de pensamentos, tornando o texto coeso, com
agora, hoje, neste momento (presente); ultimamente, recentemen- nexo. Não se esqueça de que nexo significa “ligação, vínculo”.
te, ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, Esse modo de estruturar o texto, a combinação e seleção das
no próximo ano, depois de (futuro).” palavras para evitar a falta de nexo, recebe o nome de mecanismos
de coesão.
Somente a coesão, contudo, não é suficiente para que haja sen- A coesão decorre das relações de sentido que se operam entre
tido no texto, esse é o papel da coerência, e coerência relaciona--se os elementos de um texto. Também resulta da perfeita relação de
intimamente a contexto. sentido que tem de haver entre as partes de um texto. Assim, o
uso de conectivos é de grande importância para que possa haver
A seleção vocabular coesão textual.
Na produção de texto, a seleção vocabular também é impor- Leia o texto que se segue:
tante elemento de coesão, já que, muitas vezes, substituímos uma
palavra que já empregamos por outra que lhe retoma o sentido.
“Além de ter liberdade para receber e transmitir informações
Observe:
é preciso que todos sejam livres para manifestar opiniões e críti-
Os advogados do réu apresentaram um pedido ao juiz, no
cas sobre o comportamento do governo. Não basta, porém, dizer
entanto o magistrado não acatou a solicitação dos patronos do
na Constituição que essas liberdades existem. É preciso que exis-
acusado.
tam meios concretos ao alcance de todo o povo para a obtenção
Nessa frase, as palavras magistrado, solicitação, patronos e e divulgação de informações, e por esses meios o povo participe
acusado funcionam como elementos de coesão, pois retomam, res- constantemente do governo, que existe para realizar sua vontade,
pectivamente, os termos juiz, pedido, advogados e réu. Veja que a satisfazer suas necessidades e promover a melhoria de suas con-
seleção vocabular utilizada na frase acima, além de dar coesão ao dições de vida”.
texto, tem função estilística, pois permite que não se repitam as DALLARI, Dalmo de Abreu. In: Viver em sociedade. São Paulo: Editora
mesmas palavras. Moderna, 1985. p. 41.

Os mecanismos de combinação e seleção – a coerência Atente para o fato de que as orações que formam esse trecho
e articulação de sentidos apresentam uma perfeita relação de sentido criada com a ajuda dos
conectivos. Vamos analisar um a um os períodos encontrados no
Como você já deve ter percebido, escrever não é só colocar as texto transcrito acima para entender esses mecanismos relacionais
ideias no papel. Até porque essas ideias não surgem do nada. Elas que os conectivos nos dão.
fazem parte do processo de comunicação de que participamos e de “Além de ter liberdade para receber e transmitir informações
todas as informações que nos chegam, através de trocas de expe- é preciso que todos sejam livres para manifestar opiniões e críti-
riências com seus interlocutores e muita, muita leitura. cas sobre o comportamento do governo.”
Veja a manchete de um jornal de grande circulação nacional No 1º segmento, encontramos a locução conjuntiva “além de”
que publicou o seguinte: que introduz as orações seguintes, ambas subordinadas adverbiais
Professoras mandam carta a deputados protestando contra o finais ‘para receber e (para) transmitir’, que por sua vez são coor-
aumento de seus salários. denadas aditivas entre si, ou seja, têm a mesma função.
Na 2ª oração “Não basta, porém, dizer na Constituição que
Repare que, da forma como a manchete foi redigida, o leitor essas liberdades existem”, a conjunção destacada indica contradi-
poderia entendê-la de dois modos diversos: as professoras, cha- ção, oposição ou restrição ao que foi dito na oração anterior.
teadas com o aumento insignificante de seus salários, reclamam, Já no último segmento do texto encontramos o pronome rela-
protestando, através de uma carta, aos senhores deputados; ou as
tivo “que” retomando o substantivo “governo” da oração anterior
professoras questionam o aumento de salário que os deputados
e que aparece como oração principal de três outras orações subor-
tiveram, comparando com o salário delas e escrevem-nos protes-
dinadas a ela, também com o sentido de finalidade – para realizar
tando.
sua vontade; (para) satisfazer suas necessidades e (para) promover
Por que essa dupla interpretação aconteceu e acontece quando
menos esperamos? a melhoria de suas condições de vida.
Nesse caso, é o emprego do pronome “seus” o causador desse
duplo sentido. Podemos dizer que o pronome possessivo desta- ‘É preciso que existam meios concretos ao alcance de todo
cado tanto pode se referir aos salários das professoras como dos o povo para a obtenção e divulgação de informações, e por es-
deputados. ses meios o povo participe constantemente do governo, que existe
Sendo o texto uma ‘unidade de sentido’, os elementos que para realizar sua vontade, satisfazer suas necessidades e promo-
o compõem (palavras, orações, períodos) precisam se relacionar ver a melhoria de suas condições de vida”.
harmonicamente.
A estruturação de uma simples frase pode ser comparada com Repare que trabalhamos com os conectores (outro nome para
a articulação de um esqueleto com seus ossos. Do mesmo jeito os conectivos), visando à perfeita relação de sentido que deve ha-
que uma articulação entre dois ou mais ossos acontece, resultando ver entre as partes que compõem um texto.

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Sendo os conectivos elementos que relacionam partes de um As palavras homônimas dividem-se em homógrafas, quando têm
discurso, estabelecendo relações de significado entre essas partes, a mesma grafia (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular
possuem valores próprios, uns exprimindo finalidade, outros, opo- do verbo gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço,
sição; outros, escolha e assim por diante. palácio ou passo, movimento durante o andar).
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se ob-
A seleção vocabular é também um importante mecanismo servar as seguintes regras:
coesivo e a estamos empregando quando substituímos uma palavra
que já foi usada por outra que lhe retoma o sentido. Podemos usar O fonema s:
sinônimos, pronomes (retos ou oblíquos), pronomes relativos, etc.
Esse mecanismo seletivo, além de dar coesão ao texto, tem função Com S e não com C/Ç
estilística, pois permite que as palavras não sejam repetidas.
De maneira geral, podemos dizer que temos um texto coerente palavras substantivadas derivadas de verbos com radicais em
e coeso quando este não contém contradições, o vocabulário uti- nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expan-
lizado está adequado, as afirmações são relevantes para o desen- são / ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão
volvimento do tema, os fatos estão corretamente sequenciados, ou / submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - impulsivo
seja, o texto deverá estar constituído de relações de sentido entre / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer - recurso /
os vocábulos, expressões e frases e do encadeamento linear das discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir - consensual
unidades linguísticas no texto.
O inverso é verdadeiro e podemos dizer que não haverá coe- Com SS e não com C e Ç
são quando, por exemplo, empregarmos conjunções e pronomes
de modo inadequado, deixarmos palavras ou até frases inteiras os nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem em
desconectadas e quando a escolha vocabular for inadequada, le- gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agre-
vando à ambiguidade, entre outros problemas. dir - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão / ce-
Aconselhamos que, para se perceber a falta de coesão no texto der - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
- regressão / oprimir - opressão / comprometer - compromisso /
produzido por você, o melhor que se tem a fazer é lê-lo aten-
submeter - submissão
tamente, estabelecer as relações entre as palavras que o compõem,
as orações que formam os períodos e, por fim, os períodos que
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com a pa-
formam o texto.
lavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico / re
Como você pôde notar, a coesão e a coerência textuais são
+ surgir - ressurgir
elementos facilitadores para a compreensão perfeita de um texto.
Coerência diz respeito a tudo que se harmoniza entre si, que
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos: fi-
tem ligação. O conceito da palavra relaciona-se à presença de co- casse, falasse
nexão, de nexo entre as ideias. Isso porque buscamos sempre a
existência de sentido, quer seja ao refletirmos sobre algo, quer seja Com C ou Ç e não com S e SS
interpretando o que nos rodeia, quer seja ao tentarmos compreen-
der o conteúdo daquilo que nos é apresentado em forma de texto os vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar
escrito. Assim, podemos inferir que o uso de algumas expressões
pode comprometer o entendimento de um texto. *os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Juça-
ra, caçula, cachaça, cacique
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/variacoes-linguisticas.htm
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço:
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança,
5. LÍNGUA PADRÃO: ORTOGRAFIA, carapuça, dentuço
CRASE, REGÊNCIA, CONCORDÂNCIA
NOMINAL E VERBAL, *nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter -
FLEXÃO VERBAL E NOMINAL. detenção / ater - atenção / reter - retenção
6. MORFOSSINTAXE: ESTRUTURA,
FORMAÇÃO, CLASSE, FUNÇÃO *após ditongos: foice, coice, traição
E EMPREGO DE PALAVRAS.
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): marte -
marciano / infrator - infração / absorto - absorção

O fonema z:
A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia correta
das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto da língua. Com S e não com Z:
As palavras podem apresentar igualdade total ou parcial no
que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo tendo significados *os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substantivo,
diferentes. Essas palavras são chamadas de homônimas (canto, do ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa, fregue-
grego, significa ângulo / canto, do latim, significa música vocal). sia, poetisa, baronesa, princesa, etc.

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*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor- O fonema ch:
fose.
Com X e não com CH:
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
seste. *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, mu-
xoxo, xucro.
*nomes derivados de verbos com radicais terminados em “d”:
aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - empresa / difun- *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): xampu,
dir - difusão lagartixa.

*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- *depois de ditongo: frouxo, feixe.
sinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
*depois de “en”: enxurrada, enxoval.
*após ditongos: coisa, pausa, pouso Observação: Exceção: quando a palavra de origem não deri-
ve de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina com “s”:
anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar Com CH e não com X:

Com Z e não com S: *as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo:
macio - maciez / rico - riqueza As letras e e i:

*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de origem *os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
não termine com s): final - finalizar / concreto - concretizar “i”, só o ditongo interno cãibra.

*como consoante de ligação se o radical não terminar com s: *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são escritos
com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os verbos com
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + inho - lapisinho
infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
- atenção para as palavras que mudam de sentido quando
O fonema j:
substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária
(melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir (vir
Com G e não com J:
à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que anda a pé),
pião (brinquedo).
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, gesso.
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/orto-
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. grafia
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com poucas Questões sobre Ortografia
exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
Observação: Exceção: pajem 01. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA/RR – JORNALISTA – FUNCAB/2013 - ADAP-
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, litígio, TADA) Grafam-se, respectivamente, com “ss” e com “ç” como os
relógio, refúgio. sufixos dos substantivos destacados em “[...] gerou diversas DIS-
CUSSÕES éticas sobre as PERCEPÇÕES biossociais [...]” – os
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. sufixos de:
A) conten__ão (de gastos) – remi __ ão (da pena).
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, surgir. B) conce__ão (de privilégios) – ascen__ão (ao poder).
C) ce__ ão (de direitos) – extin__ão (do cargo).
*depois da letra “a”, desde que não seja radical terminado D) apreen__ão (da carteira) – reten__ão (do veículo).
com j: ágil, agente. E) mo__ão (de apoio) – admi__ão (de funcionário).

Escreve-se com J e não com G: 02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternativa


cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a norma-
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. -padrão.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
manjerona. (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje. (D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!

Didatismo e Conhecimento 31
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03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). Em norma-padrão da língua portuguesa, a frase da propagan-
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar os da, adaptada, assume a seguinte redação:
usuários sobre o festival Sounderground. (A) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não matem-
Prezado Usuário -na porisso.
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do (B) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não matem-
metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, -na por isso.
começa o Sounderground, festival internacional que prestigia os (C) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a matem
músicos que tocam em estações do metrô. por isso.
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresentarão (D) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não lhe ma-
e divirta-se! tem por isso.
(E) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a matem
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se preencher porisso.
as lacunas, correta e respectivamente, com as expressões
A) A fim ...a partir ... as B) A fim ...à partir ... às 07. Está separada corretamente:
C) A fim ...a partir ... às D) Afim ...a partir ... às A) Sus-sur-rar. B) Ra-dio-gra-far.
E) Afim ...à partir ... as C) Tin-ho-rão. D) So-bre-ssa-len-te.
E) Li-gni-ta.
04. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) AGRÔNOMO JÚ-
NIOR – CESGRANRIO/2012) Um professor de gramática tradi- GABARITO
cional, ao corrigir uma redação, leu o trecho a seguir e percebeu 01.C 02. D 03. C 04. C 05. B 06. C 07.
algumas inadequações gramaticais em sua estrutura. A
Os grevistas sabiam o porque da greve, mas não entendiam
porque havia tanta repressão. RESOLUÇÃO
O professor corrigirá essas inadequações, produzindo o se-
guinte texto: 1-)
(A) Os grevistas sabiam o por quê da greve, mas não enten- A) contenção (de gastos) – remissão (da pena).
diam porque havia tanta repressão. B) concessão (de privilégios) – ascensão (ao poder).
(B) Os grevistas sabiam o porque da greve, mas não enten- C) cessão (de direitos) – extinção (do cargo).
diam porquê havia tanta repressão. D) apreensão (da carteira) – retenção (do veículo).
(C) Os grevistas sabiam o porquê da greve, mas não enten- E) moção (de apoio) – admissão (de funcionário).
diam por que havia tanta repressão.
(D) Os grevistas sabiam o por que da greve, mas não enten- 2-)
diam porque havia tanta repressão. (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = tabeliães
(E) Os grevistas sabiam o porquê da greve, mas não enten- (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. =
diam porquê havia tanta repressão. cidadãos
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. =
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente escrita? certidões
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = degraus
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. 3-)
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa.

06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO


PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propaganda
do programa 5inco Minutos.

A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; antes de


horas: há crase

4-) Os grevistas sabiam o porque da greve, mas não entendiam


porque havia tanta repressão
Correção: O porquê = o motivo (porquê funciona como subs-
tantivo) / não entendiam por que (a causa)

5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa. =
mendigo/caderneta/poupança
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. =
mendigo/caderneta/poupança

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupansa. 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-natal,
=mendigo/depositou/caderneta/poupança pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.

6-) A questão envolve colocação pronominal e ortografia. Co- 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça-o,
mecemos pela mais fácil: ortografia! A palavra “por isso” é escrita lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
separadamente. Assim, já descartamos duas alternativas (“A” e
“E”). Quanto à colocação pronominal, temos a presença do ad- 10. Nas formações em que o prefixo tem como segundo ter-
vérbio “não”, que sabemos ser um “ímã” para o pronome oblíquo, mo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, eletro-higrómetro,
fazendo-nos aplicar a regra da próclise (pronome antes do verbo). geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super-
Então, a forma correta é “mas não A matem” (por que A e não -homem.
LHE? Porque quem mata, mata algo ou alguém, objeto direto. O
“lhe” é usado para objeto indireto. Se não tivéssemos a conjunção 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo ter-
“mas” nem o advérbio “não”, a forma “matem-na” estaria correta, mina na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-
já que, após vírgula, o ideal é que utilizemos ênclise – pronome -ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
oblíquo após o verbo).
Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
7-) reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
B) Ra-dio-gra-far = Ra - di - o - gra - far
C) Tin-ho-rão. = ti - nho - rão - Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mudança
D) So-bre-ssa-len-te. = so - bres - sa - len - te de linha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por hífen,
E) Li-gni-ta. = lig - ni - ta repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório
e, ao final, coube apenas “anti-”. Na linha debaixo escreverei: “-in-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para ligar flamatório” (hífen em ambas as linhas).
os elementos de palavras compostas (couve-flor, ex-presidente) e
para unir pronomes átonos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Não se emprega o hífen:
Serve igualmente para fazer a translineação de palavras, isto
é, no fim de uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina
sa; compa-/nheiro).
em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse caso,
passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra,
Uso do hífen que continua depois da Reforma Ortográfica:
infrassom, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc.
1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo ter-
unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam
um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, mina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal diferente:
tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco- antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada, autoaprendiza-
-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. gem, hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.

2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológi- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês” e
cas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-menina, erva- “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil,
-doce, feijão-verde. desabilitar, etc.

3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem: 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o segun-
além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém- do elemento começar com “o”: cooperação, coobrigação, coorde-
-fiar, etc. nar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas ex- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção de
ceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor- -de- composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc.
-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-
-colônia, queima-roupa, deus-dará. 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito,
benquerer, benquerido, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói,
percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou Questões sobre Hífen
ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc.
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o novo
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- quan- Acordo, está sendo usado corretamente:
do associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-resisten- A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
te, inter-racial, super-racional, etc. B) Ela é muito mal-educada.
C) Ele tomou um belo ponta-pé.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex- D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
-presidente, vice-governador, vice-prefeito. E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do hífen: 5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o campeonato
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que faria inter-regional.
uma superalimentação. - Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. - Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. que se inicia a outra palavra
D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos.
E) O autodidata fez uma autoanálise. Crase

03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego do hí- A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistu-
fen, respeitando-se o novo Acordo. ra”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de duas
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo. vogais idênticas. É de grande importância a crase da preposição
B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal do “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes
campeonato. aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu. quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a
D) O recém-chegado veio de além-mar. crase. O uso apropriado do acento grave depende da compreensão
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório. da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o entendi-
mento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que exi-
04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro (ava- gem a preposição “a”. Aprender a usar a crase, portanto, consiste
rento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o hífen é em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição
obrigatório: e um artigo ou pronome. Observe:
A) em nenhuma delas.
B) na segunda palavra. Vou a + a igreja.
C) na terceira palavra. Vou à igreja.
D) em todas as palavras.
E) na primeira e na segunda palavra. No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
“a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando
05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual al-
ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas
ternativa completa corretamente as lacunas?
é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:
A) sobreumano/interregional
Conheço a aluna.
B) sobrehumano-interregional
Refiro-me à aluna.
C) sobre-humano / inter-regional
D) sobrehumano/ inter-regional
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
E) sobre-humano /interegional algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (refe-
GABARITO rir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a
01. B 02. B 03. A 04. E 05. C crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e ad-
mita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados.
RESOLUÇÃO
Casos em que a crase NÃO ocorre:
1-)
A) autocrítica - diante de substantivos masculinos:
C) pontapé Andamos a cavalo.
D) supermercado Fomos a pé.
E) infravermelhos Passou a camisa a ferro.
Fazer o exercício a lápis.
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada. Compramos os móveis a prazo.

3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo. - diante de verbos no infinitivo:


A criança começou a falar.
4-) Ela não tem nada a dizer.
a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de moleque Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exem-
(doce) plos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.
a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam
elementos de ligação. - diante da maioria dos pronomes e das expressões de tra-
b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies ani- tamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:
mais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, semen- Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
tes), tenham ou não elementos de ligação. Entreguei a todos os documentos necessários.
c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam elemen- Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
tos de ligação. Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
podem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
ocorrerá crase. Por exemplo: Alegre.)
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao se- *- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
nhor.) vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Cláudio para sair mais cedo.) Vou à praia. = Volto da praia.

- diante de numerais cardinais: - ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,


Chegou a duzentos o número de feridos. ocorrerá crase. Veja:
Daqui a uma semana começa o campeonato. Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela
regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Casos em que a crase SEMPRE ocorre: Irei à Salvador de Jorge Amado.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
- diante de palavras femininas: Aquela (s), Aquilo
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão. Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo re-
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores. gente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde. Refiro-me a + aquele atentado.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone. Preposição Pronome

- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” Refiro-me àquele atentado.
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indire-
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
to referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portan-
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
to, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
Aluguei aquela casa.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exi-
- na indicação de horas:
ge preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
Acordei às sete horas da manhã.
exemplos:
Elas chegaram às dez horas. Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Foram dormir à meia-noite. Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que Não obedecerei àquele sujeito.
participam palavras femininas. Por exemplo: Assisti àquele filme três vezes.
à tarde às ocultas às pressas à medida que Espero aquele rapaz.
à noite às claras às escondidas à força Fiz aquilo que você disse.
à vontade à beça à larga à escuta Comprei aquela caneta.
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as
à semelhança de às ordens à beira de quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exi-
gir a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência
Crase diante de Nomes de Lugar da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido
feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
“a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante de- O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.
les haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”.
Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.
artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um ver- Veja outros exemplos:
bo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração São normas às quais todos os alunos devem obedecer.
“da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
isso, haverá crase. Por exemplo: Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam res-
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] Fran- ponder nenhuma das questões.
ça.) A sessão à qual assisti estava vazia.

Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de prono-
mes possessivos femininos, então podemos escrever as frases abai-
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” tam- xo das seguintes formas:
bém pode ser detectada através da substituição do termo regente Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
feminino por um termo regido masculino. Veja: Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país. - depois da preposição até:
As orações são semelhantes às de antes. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Os exemplos são semelhantes aos de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
Suas perguntas são superiores às dele. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
Seus argumentos são superiores aos dele. até às cinco horas da tarde.
Sua blusa é idêntica à de minha colega.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. Questões sobre Crase

A Palavra Distância 01. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO - ANALISTA DE SISTEMAS - FCC/2012) ... e chegou
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a cra- à conclusão de que o funcionário passou o dia inteiro tomando
se deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de 100km café.
daqui. (A palavra está determinada) Do mesmo modo que se justifica o sinal indicativo de crase
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A pala- em destaque na frase acima, está correto o seu emprego em:
vra está especificada.) (A) e chegou à uma conclusão totalmente inesperada.
(B) e chegou então à tirar conclusões precipitadas.
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não
(C) e chegou à tempo de ouvir as conclusões finais.
pode ocorrer. Por exemplo:
(D) e chegou finalmente à inevitável conclusão.
Os militares ficaram a distância.
(E) e chegou à conclusões as mais disparatadas.
Gostava de fotografar a distância.
Ensinou a distância.
02. (IAMSPE/SP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VU-
Dizem que aquele médico cura a distância.
NESP/2012) Assinale a alternativa correta quanto ao uso do acento
Reconheci o menino a distância.
indicativo de crase.
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, (A) Seu povo lançou-se à diversas aventuras.
pode-se usar a crase. Veja: (B) O mar se impõe à qualquer embarcação.
Gostava de fotografar à distância. (C) Depois de alguns meses, voltaremos à esta terra.
Ensinou à distância. (D) O medo de partir equipara-se à esperança de voltar.
Dizem que aquele médico cura à distância. (E) O rei enviou-o à uma missão muito perigosa.

Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA 03 (CREMESP/SP – ANALISTA CONTÁBIL – VU-


NESP/2011 - adaptada) Assinale a alternativa que preenche, res-
- diante de nomes próprios femininos: pectivamente, as lacunas:
Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes pró- Morador de Bruxelas, morto em junho, teria contraído _____
prios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe: bactéria resistente ______ vacina aplicada, no país asiático, após
Paula é muito bonita. Laura é minha amiga. o acidente e _______ hospitalização.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga. (A) a ... à ... à
(B) à ... a ... à
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo femi- (C) à ... a ... a
nino diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever (D) a ... à ... a
as frases abaixo das seguintes formas: (E) à ... à ... a
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto. 04. (POLÍCIA CIVIL/SP – INVESTIGADOR DE POLÍCIA
– VUNESP/2013) Depois da Constituição, o Código Penal é a
- diante de pronome possessivo feminino: mais importante peça jurídica. É ele que define os limites de fato
Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes _______ liberdade individual e estabelece quando o Estado está
possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Ob- autorizado _____ exercer violência contra o cidadão, encarceran-
serve: do-___.
Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por (Folha de S.Paulo, 17.06.2012. Adaptado)
você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto são preen-
por você. chidas, correta e respectivamente, com:

Didatismo e Conhecimento 36
LÍNGUA PORTUGUESA
(A) à ... à ... o I. “...dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer”
(B) a ... a ... lhe II. “Os xópis são civilizações à parte...”
(C) a ... à ... o III. “...pode vê-las como ataque (...) à civilização dos xópis”.
(D) à ... à ... lhe
(E) à ... a ... o As ocorrências em que o acento grave da crase é resultante
da junção de uma preposição solicitada por um termo anterior +
05. (PREFEITURA DA ESTÂNCIA HIDROMINERAL DE artigo definido são:
POÁ/SP – PROFESSOR ADJUNTO DE EDUCAÇÃO BÁSI- (A) I-II-III.
CA II – LÍNGUA PORTUGUESA / LÍNGUA INGLESA– VU- (B) apenas I-II.
NESP/2013) Assinale a alternativa em que o acento indicativo de (C) apenas I-III.
crase está empregado corretamente. (D) apenas II-III.
(A) O amplo acesso à tecnologia parece ter se tornado impres- (E) apenas II.
cindível no contexto atual da educação.
(B) Muitas mudanças deverão ocorrer para que a escola esteja 09. (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
adaptada à esta nova era da comunicação digital. VUNESP/2014)
(C) Atualmente, os professores estão mais capacitados à apli- A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de trabalho
car as ferramentas da informática em sala de aula. para proceder _____ medidas necessárias _____ exumação dos
(D) Não basta ter computadores modernos, é preciso saber restos mortais do ex-presidente João Goulart, sepultado em São
conduzir o aluno à uma abordagem crítica dos conteúdos aces- Borja (RS), em 1976. Com a exumação de Jango, o governo visa
sados. esclarecer se o ex-presidente morreu de causas naturais, ou seja,
(E) Os professores devem adaptar-se à novos aplicativos de- devido ____ uma parada cardíaca – que tem sido a versão con-
senvolvidos especialmente para a educação. siderada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve ______ enve-
nenamento.
06. (DETRAN – AGENTE ESTADUAL DE TRÂNSITO – (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,governo-cria-grupo-exu-
VUNESP/2013) Considerando as regras de uso do acento indica- mar--restos-mortais-de- jango,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
tivo de crase, assinale a alternativa que completa corretamente a
frase. Apesar disso, cada vez mais pessoas começam a acredi- Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas da
tar que a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de frase devem ser completadas, correta e respectivamente, por
transporte, um dos que oferecem mais vantagens (A) a ... à ... a ... a
(A) à esta comunidade. (B) as ... à ... a ... à
(B) àqueles que a utilizam. (C) às ... a ... à ... a
(C) à um grande número de usuários. (D) à ... à ... à ... a
(D) à toda a população. (E) a ... a ... a ... à
(E) à muitos indivíduos.
10. (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
07. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ... assim [ele] se via transportado de volta “à glória que foi a
RIO GRANDE DO NORTE – ANALISTA DE SISTEMAS – Grécia e à grandeza que foi Roma”.
FCC/2013) O sinal da crase está corretamente empregado em: Ambos os sinais indicativos de crase devem ser mantidos caso
(A) Chegando à cidade de seus avós, iriam dirigir-se a casa da o segmento sublinhado seja substituído por:
família. A tarde fariam um passeio pela cidade e voltariam a casa a) enaltecia.
à noitinha. b) louvava.
(B) O avião chegou a Roma às 6h00, mas os passageiros só c) aludia.
desceram a terra às 6h30min. Alguns continuariam a viagem, pois d) mencionava.
iriam visitar à terra de seus antepassados. e) evocava.
(C) Deviam embarcar às 21h00, mas estavam atrasados por
causa de um congestionamento que começara a 900 m do desem- GABARITO
barque. Assim, chegados à distância de 100 m desse local, segui- 01. D 02. D 03. D 04. E 05. A
ram a pé para não perderem a viagem. 06. B 07. C 08. C 09. A 10. C
(D) Uma carta dirigida à Sua Excelência, o juiz da comarca,
foi entregue à secretária, pois havia vários lugares a conhecer e RESOLUÇÃO
pessoas à visitar.
(E) Terminada a viagem, todos chegariam à casa satisfeitos, 1-) Vamos por exclusão:
após terem ido às compras para presentear seus familiares que os (A) e chegou à uma = não há acento grave antes de artigo
aguardavam à distância, em seus países. indefinido
(B) e chegou então à tirar = não há acento grave antes de verbo
08. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE no infinitivo
JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI- (C) e chegou à tempo = não há acento grave antes de palavra
BLIOTECONOMIA – FGV PROJETOS /2014 - ADAPTADA) masculina
Há, no texto, três ocorrências do acento grave indicativo da crase (D) e chegou finalmente à inevitável conclusão.

Didatismo e Conhecimento 37
LÍNGUA PORTUGUESA
(E) e chegou à conclusões = não há acento grave quando a (E) Terminada a viagem, todos chegariam à (a) casa satisfei-
preposição está no singular e a palavra que a acompanha não tem a tos, após terem ido às compras para presentear seus familiares que
presença do artigo definido (há generalização). Haveria acento se os aguardavam à (a) distância, em seus países.
a construção fosse: “chegou às conclusões as mais disparatadas”.
8-) A questão quer saber se a preposição faz parte da regência
2-) ou não:
(A) Seu povo lançou-se à diversas aventuras = a diversas I. “...dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer” = faz
(B) O mar se impõe à qualquer embarcação.= a qualquer parte (dedicada a quê?)
(C) Depois de alguns meses, voltaremos à esta terra. = a esta II. “Os xópis são civilizações à parte...” = não faz parte
(D) O medo de partir equipara-se à esperança de voltar. III. “...pode vê-las como ataque (...) à civilização dos xópis”.
(E) O rei enviou-o à uma missão muito perigosa. = a uma = faz parte (ataque a quê? A quem?)
missão
9-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de traba-
3-) Contraído o quê? A bactéria (objeto direto, sem preposi- lho para proceder a medidas (palavra no plural, generalizando)
ção) = a necessárias à (regência nominal pede preposição) exumação dos
Resistente a quê? À vacina (com preposição) = à restos mortais do ex-presidente João Goulart, sepultado em São
Após o quê? A hospitalização = a Borja (RS), em 1976. Com a exumação de Jango, o governo visa
A/à/a– esclarecer se o ex-presidente morreu de causas naturais, ou seja,
devido a uma (artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido
4-) Define os limites para a liberdade, à liberdade / Autoriza- a versão considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
do a exercer (verbo no infinitivo) (regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
Encarcerando ele (objeto direto) = encarcerando-o
À / a / o. 10-)
a) enaltecia = verbo transitivo direto – pede objeto direto (sem
preposição)
5-)
enaltecia a glória e a grandeza
(A) O amplo acesso à tecnologia
b) louvava = verbo transitivo direto – pede objeto direto (sem
(B) Muitas mudanças deverão ocorrer para que a escola esteja
preposição)
adaptada à (a) esta nova era da comunicação digital.
louvava a glória e a grandeza
(C) Atualmente, os professores estão mais capacitados à (a)
c) aludia = verbo transitivo indireto – pede objeto indireto
aplicar as ferramentas da informática em sala de aula.
(com preposição)
(D) Não basta ter computadores modernos, é preciso saber
aludia à glória e à grandeza
conduzir o aluno à (a) uma abordagem crítica dos conteúdos aces-
d) mencionava = verbo transitivo direto – pede objeto direto
sados. (sem preposição) – mencionava a glória e a grandeza
(E) Os professores devem adaptar-se à (a) novos aplicativos e) evocava = verbo transitivo direto – pede objeto direto (sem
desenvolvidos especialmente para a educação. preposição) evocava a glória e a grandeza
6-) Oferece o quê? = vantagem (objeto direto) a quem? = ____ Regência Verbal e Nominal
(objeto indireto)
(A) à esta comunidade = a esta Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que
(B) àqueles que a utilizam ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocu-
(C) à um grande número de usuários = a um pa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não
(D) à toda a população = a toda ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que
(E) à muitos indivíduos = a muitos sejam corretas e claras.

7-) Regência Verbal


(A) Chegando à cidade de seus avós, iriam dirigir-se a (à) casa
da família. A (à) tarde fariam um passeio pela cidade e voltariam Termo Regente: VERBO
a casa à noitinha.
(B) O avião chegou a Roma às 6h00, mas os passageiros só A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
desceram a terra às 6h30min. Alguns continuariam a viagem, pois verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje-
iriam visitar à (a) terra de seus antepassados. tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
(C) Deviam embarcar às 21h00, mas estavam atrasados por O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capa-
causa de um congestionamento que começara a 900 m do desem- cidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as
barque. Assim, chegados à distância de 100 m desse local, segui- diversas significações que um verbo pode assumir com a simples
ram a pé para não perderem a viagem. mudança ou retirada de uma preposição. Observe:
(D) Uma carta dirigida à (a) Sua Excelência, o juiz da comar- A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
ca, foi entregue à secretária, pois havia vários lugares a conhecer A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
e pessoas à (a) visitar. prazer”, satisfazer.

Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
dar a alguém”. Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Saiba que: Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais).
o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos: Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Cheguei ao metrô. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
Cheguei no metrô. Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo Verbos Transitivos Indiretos
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se Os verbos transitivos indiretos são complementados por obje-
vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é tos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposi-
muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, ção para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes
cotidiana de alguns verbos, e a regência culta. pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não represen-
em frases distintas. tam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pes-
soa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Verbos Intransitivos Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É impor- - Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição
tante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para
adverbiais que costumam acompanhá-los.
todos.
- Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos in-
lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino
troduzidos pela preposição “a”:
ou direção são: a, para.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Fui ao teatro.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Adjunto Adverbial de Lugar
- Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao
que” se responde.
- Comparecer Respondi ao meu patrão.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a. Respondemos às perguntas.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último Respondeu-lhe à altura.
jogo.
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
Verbos Transitivos Diretos exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica.
Veja:
Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos O questionário foi respondido corretamente.
diretos. Isso significa que não exigem preposição para o estabele- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
cimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, deve-
mos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos in-
objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, troduzidos pela preposição “com”.
la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, Antipatizo com aquela apresentadora.
nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquan- Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
to lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. para uma minoria privilegiada.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar,
abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, ado- Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
rar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, con-
denar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
socorrer, suportar, ver, visitar. Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que apresentam objeto
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
verbo amar: Veja os exemplos:

Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
Agradeço aos ouvintes a audiência. Preferir
Objeto Indireto Objeto Direto Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto in-
troduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Paguei o débito ao cobrador. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Objeto Direto Objeto Indireto Prefiro trem a ônibus.

- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com par- Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
ticular cuidado. Observe: termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um mi-
Agradeci o presente. / Agradeci-o. lhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. próprio verbo (pre).
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Mudança de Transitividade X Mudança de Significado
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferen-
Informar tes regências desses verbos é um recurso linguístico muito impor-
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto tante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens
ao se referir a pessoas, ou vice-versa. escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escre-
Informe os novos preços aos clientes. ve. Dentre os principais, estão:
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos pre-
ços) AGRADAR
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, aca-
- Na utilização de pronomes como complementos, veja as riciar.
construções: Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. quando o revê.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia
eles) não perde oportunidade de agradá-lo.

Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela
preposição “a”.
Comparar O cantor não agradou aos presentes.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposi- O cantor não lhes agradou.
ções “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. ASPIRAR
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o
Pedir ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como
Pedi-lhe favores. ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspiráva-
Objeto Indireto Objeto Direto mos a elas)

Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa,
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e
Objetiva Direta “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exem-
plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
Saiba que:
- A construção “pedir para”, muito comum na linguagem ASSISTIR
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assis-
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver tência a, auxiliar. Por exemplo:
subentendida. As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir - Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
entregar-lhe os catálogos em casa). estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário.
- A construção “dizer para”, também muito usada popular- Não assisti às últimas sessões.
mente, é igualmente considerada incorreta. Essa lei assiste ao inquilino.

Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran- As afirmações da testemunha procediam, não havia como
sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introdu- refutá-las.
zido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade. Você procede muito mal.

CHAMAR - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”


- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela prepo-
atenção ou a presença de. sição “a”) é transitivo indireto.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. O avião procede de Maceió.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Procedeu-se aos exames.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar O delegado procederá ao inquérito.
objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicio-
nado ou não. QUERER
A torcida chamou o jogador mercenário. - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade
A torcida chamou ao jogador mercenário. de, cobiçar.
A torcida chamou o jogador de mercenário. Querem melhor atendimento.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. Queremos um país melhor.

CUSTAR - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, esti-


- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou mar, amar.
preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e verdu- Quero muito aos meus amigos.
ras não deveriam custar muito. Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. VISAR
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer
Intransitivo Reduzida de Infinitivo pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela ati- O gerente não quis visar o cheque.
tude.
Objeto Oração Subordinada Substantiva Sub- - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo,
jetiva é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Indireto Reduzida de Infinitivo O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar pú-
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que blico.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa.
Observe:
ESQUECER – LEMBRAR
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. - Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes impli- complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
cavam um firme propósito. No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem
b) Ter como consequência, trazer como consequência, acar- complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos in-
retar, provocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento diretos:
político de um povo. - Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, - Eles se esqueceram da prova.
envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada
trabalhasse arduamente. passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de
sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea,
PROCEDER porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter ca- como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa
bimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa construção várias vezes.
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
de modo. - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.

Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é
sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente
o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa
regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralela- em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho de
mente a; relativa a; relativamente a. 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais no-
tável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros.
Questões sobre Regência Nominal e Verbal (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais no-
01. (Administrador – FCC – 2013-adap.). tável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros.
... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciên- (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente
cias ... seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais no-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifa- tável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros.
do acima está empregado em: (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen-
A) ...astros que ficam tão distantes ... te seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em
C) ...que nos proporcionou um espírito ... outros.
D) ...cuja importância ninguém ignora ... (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ... espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros.
02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
do sueco. alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complemen- (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a respon-
tos que o grifado acima está empregado em: sabilidade pelo problema.
A) ...que existe uma coisa chamada exército... (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? perdido.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro... índio na porta do prédio.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido
de sua família.
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).
(E) A família toda se organizou para realizar a procura à
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes
garotinha.
desiguais...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifa-
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a al-
do acima está empregado em:
ternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extre-
mos de sutileza. texto, de acordo com as regras de regência.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já assi-
troncos mais robustos. nalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, exposição a imagens idealizadas pela mídia.
não raro, quem... A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na ser- mídia pode exercer sobre os jovens.
ra de Tunuí... A) dos … na B) nos … entre a
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, C) aos … para a D) sobre os … pela
mestre e colaborador... E) pelos … sob a

04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi-
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... cas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da língua,
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da assinale a alternativa em que os trechos destacados estão corretos
frase acima se encontra em: quanto à regência, verbal ou nominal.
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do ver- A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez
bo latino dirigere... mil tomadas.
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um
dades... homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar lo-
justiça. gotipos e negociar.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas
da justiça... do edifício.
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
de justiça. a um prédio na marginal.

Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITO (E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente,
01. D 02. D 03. A 04. A seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais no-
05. D 06. A 07. C 08. A tável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros.

RESOLUÇÃO 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras perdido.
ciências ... (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um índio
Facilitar – verbo transitivo direto na porta do prédio.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de li- sua família.
gação (E) A família toda se organizou para realizar a procura pela
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo garotinha.
direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já
transitivo indireto assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e
a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos fi- A pesquisa faz um alerta para a influência negativa que a
lhos do sueco. mídia pode exercer sobre os jovens.
Pedir = verbo transitivo direto e indireto
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transi- 8-)
tivo direto B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar lo-
gotipos e negociar.
=verbo intransitivo
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de toma-
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
das do edifício.
=transitivo direto
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
em um prédio na marginal.
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em par-
tes desiguais...
Concordância Verbal e Nominal
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos re-
troncos mais robustos. =ligação ferindo à relação de dependência estabelecida entre um termo e
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
não raro, quem... =transitivo direto principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na ser- caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a
ra de Tunuí... = transitivo direto função de subordinado.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se
mestre e colaborador...=transitivo direto pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e
pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... chegou atrasado. Temos que o verbo apresenta-se na terceira pes-
Lidar = transitivo indireto soa do singular, pois faz referência a um sujeito, assim também
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos chega-
dades... =transitivo direto ram atrasados.
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
justiça. =ligação Casos referentes a sujeito simples
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da
justiça... =transitivo direto e indireto 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
de justiça. =transitivo direto
2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A
também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontua- multidão, apavorada, saiu aos gritos.
ção encontra-se em tópico específico)
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, Observação:
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação) - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnomi-
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à nal no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para
pontuação) o plural:

Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
Uma multidão de pessoas saiu aos gritos. 10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral ou
com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50% dos
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do eleitora-
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, do apoiou a decisão.
uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar com o
núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue: Observações:
A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos resol- - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcentagem,
veram ficar. esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da
diretoria 50% dos funcionários.
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões apro-
ximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo concor- - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
da com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil candida- 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
tos se inscreveram no concurso.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de deter-
5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão minantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50% dos
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candi- funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
dato se inscreveu no concurso de piadas.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por pro-
Observação: nomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente, homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.
deverá permanecer no plural:
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo pró-
campanha de doação de alimentos. prio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que os
determinam:
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
de formatura.
este permanece no singular, contanto que o predicativo também
esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma cria-
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos que”,
ção de Machado de Assis.
o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que atua-
ram na Copa América.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também per-
manece no plural: Os Estados Unidos são uma potência mundial.
7) Em casos relativos à concordância com locuções pronomi-
nais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais de vós,
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos a duas aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma
questões básicas: potência mundial.
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o Casos referentes a sujeito composto
verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar
com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / Alguns de 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas gramati-
nós o receberão. cais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relacionado
a dois pressupostos básicos:
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as de-
singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum de mais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
nós o receberá.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª ou
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos.
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou
poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos nós 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto ao
quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem contamos verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos compa-
toda a verdade para ela. receram ao evento.

9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no
palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. Compa-
casa sou eu que decido tudo. receu ao evento o pai e seus dois filhos.

Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo - Concordam com o substantivo a que se referem.
e grande companheiro merece toda a felicidade do mundo. As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas Precisamos de nomes próprios.
ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permane- Obrigado, disse o rapaz.
cer no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista,
minha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, mi- f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
nha conquista, minha premiação é fruto de meu esforço. - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular
e o adjetivo no plural.
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais Renato advogou um e outro caso fáceis.
termos da oração para que concordem em gênero e número com o Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se g) É bom, é necessário, é proibido
flexionará à sua maneira. - Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome con- de artigo ou outro determinante.
cordam em gênero e número com o substantivo. Canja é bom. / A canja é boa.
- A pequena criança é uma gracinha. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra ge-
ral mostrada acima. h) Muito, pouco, caro
a) Um adjetivo após vários substantivos - Como adjetivos: seguem a regra geral.
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou Comi muitas frutas durante a viagem.
concorda com o substantivo mais próximo. Pouco arroz é suficiente para mim.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. Os sapatos estavam caros.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
- Como advérbios: são invariáveis.
- Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural mascu- Comi muito durante a viagem.
lino ou concorda com o substantivo mais próximo. Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
- Ela tem pai e mãe louros. Comprei caro os sapatos.
- Ela tem pai e mãe loura.
i) Mesmo, bastante
- Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente - Como advérbios: invariáveis
para o plural. Preciso mesmo da sua ajuda.
- O homem e o menino estavam perdidos. Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
- Como pronomes: seguem a regra geral.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais pró- Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
ximo.
Comi delicioso almoço e sobremesa. j) Menos, alerta
Provei deliciosa fruta e suco. - Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso.
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda Estamos alerta para com suas chamadas.
com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos. k) Tal Qual
Estava ferido o pai e os filhos. - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
consequente.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo As garotas são vaidosas tais qual a tia.
- antecede todos os adjetivos com um artigo. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
l) Possível
- coloca o substantivo no plural. - Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor”
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
d) Pronomes de tratamento Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
- sempre concordam com a 3ª pessoa. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
Vossa Santidade esteve no Brasil. cidade.

Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
m) Meio 04 (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
- Como advérbio: invariável. FCC/2014) As regras de concordância estão plenamente respei-
Estou meio (um pouco) insegura. tadas em:
(A) O crescimento indiscriminado que se observa na cidade
- Como numeral: segue a regra geral. de São Paulo fazem com que alguns de seus bairros sejam modifi-
Comi meia (metade) laranja pela manhã. cados em poucos anos.
(B) Devem-se às múltiplas ofertas de lazer e cultura a atração
n) Só que São Paulo exerce sobre alguns turistas.
- apenas, somente (advérbio): invariável. (C) Apesar de a cidade de São Paulo exibir belas alamedas
Só consegui comprar uma passagem. arborizadas, deveriam haver mais áreas verdes na cidade.
(D) O ruído dos carros, que entram pelas janelas dos aparta-
- sozinho (adjetivo): variável. mentos, perturbam boa parte dos paulistanos.
Estiveram sós durante horas. (E) Na maioria dos bairros de São Paulo, encontram-se refe-
rências culinárias provenientes de diversas partes do planeta.
Fonte:
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal. 05. (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a
htm substituição do segmento grifado pelo que está entre parênteses
ao final da transcrição, o verbo que deverá permanecer no singular
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal está em:
(A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pesquisa-
01. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE dores)
JANEIRO - ANALISTA DE SISTEMAS - FCC/2012) Com as al- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a ruína
terações propostas entre parênteses para o segmento grifado nas dessa sociedade... (as mudanças do clima)
frases abaixo, o verbo que se mantém corretamente no singular é: (C) No sistema havia também uma estação... (várias estações)
(A) a modernização do Rio se teria feito (as obras de moder- (D) ... a civilização maia da América Central tinha um méto-
nização) do sustentável de gerenciamento da água. (os povos que habitavam
(B) Mas nunca se esquece ele de que (esses autores) a América Central)
(C) por que vem passando a mais bela das cidades do Brasil (E) Um estudo publicado recentemente mostra que a civiliza-
(as mais belas cidades do Brasil) ção maia... (Estudos como o que acabou de ser publicado).
(D) continua a haver um Rio de Janeiro do tempo dos Fran-
ceses (tradições no Rio de Janeiro) 06. (TRF - 4ª REGIÃO – ENFERMAGEM – FCC/2010) A
(E) do que a cidade parece ter de eterno (as belezas da cidade) concordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase:
a) Os dados obtidos nas pesquisas levam os especialistas à
02. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- conclusão de que um pequeno grupo de uma das tribos africanas
LO - ASSISTENTE SOCIAL JUDICIÁRIO - VUNESP/2012) As- teria saído em busca de melhores condições de vida em lugares
sinale a alternativa em que a concordância nominal está de acordo mais distantes.
com a norma-padrão. b) Pesquisas genéticas abre caminho para a descoberta do tra-
(A) Vê-se que ficou assegurado à família a guarda do menor. tamento de certas doenças, pois sabem-se que pessoas de grupos
(B) Fica claro que o problema atinge os setores público e pri- diferentes reagem de forma diferenciada aos medicamentos.
vado. c) O mapeamento genético de povos africanos têm sido ne-
(C) Ainda não identificada pela polícia, as pessoas responsá- gligenciados porque, segundo pesquisadores, o acesso aos locais
veis pelo assalto estão à solta. onde vivem é difícil e ocorre limitações em razão de hábitos e de
(D) Já foi divulgado na mídia alguma coisa a respeito do aci- crenças.
dente? d) Será importante para o tratamento de doenças genéticas de
(E) Se foi incluso no contrato, a cláusula não pode ser des- populações, até mesmo as que se localiza em regiões distantes e de
considerada. difícil acesso, os resultados obtidos nas mais recentes pesquisas.
e) A reconstituição feita a partir de fósseis faciais mostram
03. (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - como deveria ser o rosto dos homens primitivos, ou seja, daqueles
FCC/2014) O verbo flexionado no plural que também estaria cor- que teria dado origem às atuais populações dos países europeus.
retamente flexionado no singular, sem que nenhuma outra altera-
ção fosse feita, encontra-se em: 07. (IAMSPE/SP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – VU-
(A) Não é à toa que partiram daqui várias manifestações cul- NESP/2012) Assinale a frase correta quanto à concordância.
turais... (A) Adentra as fronteiras do Brasil, a cada dia, centenas de
(B) Sempre me pareceram sem sentido as guerras... haitianos em busca de abrigo e trabalho.
(C) São Paulo são muitas cidades em uma. (B) A população de haitianos não tem sido bem recebida por
(D) São Paulo não tem símbolos que deem conta de... brasileiros, que a consideram ameaça a seus postos de trabalho.
(E) ... onde as informações diversas se misturam... (C) Roupas e alimento lhes são fornecidos por algumas ONGs,
mas as contribuições ainda são insuficiente para atender a todos.

Didatismo e Conhecimento 47
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) Há quem defenda o retorno desses haitianos a seu país, (C) por que vem passando a mais bela das cidades do Brasil
alegando que não haverão condições dignas de subsistência para (as mais belas cidades do Brasil) = por que vêm passando
eles no Brasil. (D) continua a haver um Rio de Janeiro do tempo dos France-
(E) Em algumas cidades do norte do Brasil, serviços como ses (tradições no Rio de Janeiro) = continua a haver
recapeamento de ruas e avenidas já têm sido realizado por mão de (E) do que a cidade parece ter de eterno (as belezas da cidade)
obra haitiana. = parecem ter

08. (PREFEITURA DA ESTÂNCIA HIDROMINERAL DE 2-) Fiz as correções entre parênteses:


POÁ/SP – PROFESSOR ADJUNTO DE EDUCAÇÃO BÁSI- (A) Vê-se que ficou assegurado (assegurada) à família a guar-
CA II – LÍNGUA PORTUGUESA / LÍNGUA INGLESA – VU- da do menor.
NESP/2013) Assinale a alternativa em que a concordância segue a (B) Fica claro que o problema atinge os setores público e pri-
norma-padrão da língua portuguesa. vado.
(A) Existe, hoje, tablets, lousas interativas e aplicativos de- (C) Ainda não identificada (identificadas) pela polícia, as pes-
senvolvidos especialmente para a educação. soas responsáveis pelo assalto estão à solta.
(B) Foi incorporado, à educação atual, alguns valores e expec- (D) Já foi divulgado (divulgada) na mídia alguma coisa a res-
tativas da sociedade do conhecimento. peito do acidente?
(C) Com o passar dos anos, devem haver cada vez mais com- (E) Se foi incluso (inclusa - ou incluída, já que funciona como
putadores portáteis nas escolas brasileiras.
verbo) no contrato, a cláusula não pode ser desconsiderada.
(D) O número de alunos que declaram ter aprendido a usar o
computador e/ou a internet sozinhos aumenta a cada dia.
3-) Vamos item a item:
(E) De acordo com a pesquisa, 44% dos alunos do ensino pú-
A = o verbo “partiram” não poderia ser utilizado no singular,
blico e 54% do ensino privado dispõe de internet em seus celulares.
já que está concordando com “várias manifestações”;
09. (INSS – ANALISTA – LETRAS – FUNRIO/2013) Co- B = “pareceram” concorda com “as guerras”, permanecendo
mercial da tevê diz: “Nossos produtos têm coisas que vai marcar no plural;
para sempre sua vida.” A frase contém um desvio de concordância C = o verbo “ser” pode concordar tanto com o sujeito (São
porque o verbo Paulo) quanto com o predicativo “cidades”
A) deveria estar no plural para concordar com o substantivo D = “deem” deve permanecer no plural, já que concorda com
“coisas”, antecedente do relativo. “símbolos” (lembrando: o verbo “deem” não é mais acentuado!)
B) só pode ficar no singular quando o pronome relativo “que” E = “misturam” fica no plural, pois concorda com “informa-
não tem antecedente explícito. ções”.
C) está no singular, tendo concordado atrativamente com o
pronome “que”, também singular. 4-) Corrigi os verbos em cada alternativa:
D) precisa concordar com o sujeito da oração principal quan- A = fazem (faz) – concorda com “o crescimento”
do integra locução verbal de orações adjetivas. B = devem-se (deve-se) – concorda com “a atração”
E) teria de estar no plural para concordar com “produtos” e C = deveriam haver (deveria). O verbo “haver” é impessoal,
evitar ambiguidade com “coisas”. não varia, portanto seu auxiliar também não.
D = entram (entra) – concorda com “o ruído”
10. (EMTU/SP – ANALISTA ADMINISTRATIVO JÚNIOR E = correta (lembrando que, ao se utilizar a expressão “a
– CAIP-IMES/2012) Marque a frase inaceitável, do ponto de vista maioria de”, o verbo pode estar no singular também: “a maioria
da concordância nominal. dos bairros encontra-se”).
A) No calor, é bom bebermos bastante líquido.
B) Nunca foi permitido presença de estranhos nesse departa- 5-)
mento. (A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
C) Nos dias de hoje, é necessária paciência. (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (contribuí-
D) Aprendi com minha avó que água de melissa é ótimo para ram) (as mudanças do clima)
os nervos.
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá no sin-
gular
GABARITO
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (tinham)
01. D 02. B 03. C 04. E 05. C
(os povos que habitavam a América Central)
06. A 07. B 08. D 09.A 10. C
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mostram) (Es-
RESOLUÇÃO tudos como o que acabou de ser publicado).

1-) Fiz as anotações ao lado: 6-) Fiz as correções entre parênteses


(A) a modernização do Rio se teria feito (as obras de moder- a) Os dados obtidos nas pesquisas levam os especialistas à
nização) = se teriam feito conclusão de que um pequeno grupo de uma das tribos africanas
(B) Mas nunca se esquece ele de que (esses autores) = se es- teria saído em busca de melhores condições de vida em lugares
quecem mais distantes.

Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
b) Pesquisas genéticas abre (abrem) caminho para a descober- Estrutura e Formação das Palavras
ta do tratamento de certas doenças, pois (se) sabem-se (sabe) que
pessoas de grupos diferentes reagem de forma diferenciada aos Observe as seguintes palavras:
medicamentos. escol-a
c) O mapeamento genético de povos africanos têm (tem) sido escol-ar
negligenciados (negligenciado) porque, segundo pesquisadores, o escol-arização
acesso aos locais onde vivem é difícil e ocorre (ocorrem) limita- escol-arizar
ções em razão de hábitos e de crenças. sub-escol-arização
d) Será (SERÃO) importante (IMPORTANTES) para o trata-
mento de doenças genéticas de populações, até mesmo as que se Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a forma
localiza (localizam) em regiões distantes e de difícil acesso, OS escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, responsá-
RESULTADOS obtidos nas mais recentes pesquisas. veis por algum detalhe de significação. Compare, por exemplo,
e) A reconstituição feita a partir de fósseis faciais mostram escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar pelo acrés-
(mostra) como deveria ser o rosto dos homens primitivos, ou seja, cimo do elemento destacável: ar.
daqueles que teria (teriam) dado origem às atuais populações dos Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas
países europeus. palavras que selecionamos, podemos depreender a existência de
diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos for-
7-) madores é uma unidade mínima de significação, um elemento sig-
(A) Adentra (adentram) as fronteiras do Brasil, a cada dia, nificativo indecomponível, a que damos o nome de morfema.
centenas de haitianos em busca de abrigo e trabalho.
(B) A população de haitianos não tem sido bem recebida por Classificação dos morfemas:
brasileiros, que a consideram ameaça a seus postos de trabalho.
(C) Roupas e alimento lhes são fornecidos por algumas Radical
ONGs, mas as contribuições ainda são insuficiente (insuficientes)
para atender a todos. Há um morfema comum a todas as palavras que estamos ana-
(D) Há quem defenda o retorno desses haitianos a seu país, lisando: escol-. É esse morfema comum – o radical – que faz com
alegando que não haverão (haverá) condições dignas de subsistên- que as consideremos palavras de uma mesma família de significa-
cia para eles no Brasil. ção – os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por
(E) Em algumas cidades do norte do Brasil, serviços como sua significação principal.
recapeamento de ruas e avenidas já têm sido realizado (realizados)
por mão de obra haitiana.
Afixos
8-)
Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma nova
(A) Existe (existem), hoje, tablets, lousas interativas e aplica-
palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o acréscimo dos
tivos desenvolvidos especialmente para a educação.
morfemas sub e arização à forma escol- criou subescolarização.
(B) Foi (foram) incorporado (incorporados), à educação atual,
Esses morfemas recebem o nome de afixos.
alguns valores e expectativas da sociedade do conhecimento.
Quando são colocados antes do radical, como acontece com
(C) Com o passar dos anos, devem (deve) haver cada vez mais
computadores portáteis nas escolas brasileiras. sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como ariza-
(D) O número de alunos que declaram ter aprendido a usar o ção, surgem depois do radical os afixos são chamados de sufixos.
computador e/ou a internet sozinhos aumenta a cada dia. Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe gramatical,
(E) De acordo com a pesquisa, 44% dos alunos do ensino pú- são capazes de introduzir modificações de significado no radical a
blico e 54% do ensino privado dispõe (dispõem) de internet em que são acrescentados.
seus celulares.
Desinências
9-) “Nossos produtos têm coisas que vai (vão) marcar para
sempre sua vida.” a Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas mo-
10-) Fiz o acerto necessário: dificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado em
A) No calor, é bom bebermos bastante líquido. número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou tercei-
B) Nunca foi permitido presença de estranhos nesse departa- ra). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
mento. (amava, amara, amasse, por exemplo).
(Correta. Se tivéssemos a presença de um artigo definido, a Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam
oração seria: Nunca foi permitida a presença) as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim das
C) Nos dias de hoje, é necessária (necessário) paciência. palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desinên-
(não temos o artigo definido “a”, portanto: necessário) cias nominais e desinências verbais.
D) Aprendi com minha avó que água de melissa é ótimo para
os nervos. Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos
(Correta. Se tivéssemos a presença de um artigo definido, a nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as
oração seria: a água de melissa é ótima) desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina.

Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o morfema Processos de formação de palavras:
–s, que indica o plural em oposição à ausência de morfema, que
indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; menino/meni- 1-) Composição
nos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de Haverá composição quando se juntarem dois ou mais radicais
plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/ para formar nova palavra. Há dois tipos de composição; justaposi-
cruzes. ção e aglutinação.
1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam
Desinências verbais: em nossa língua, as desinências verbais o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos: corre-cor-
pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam o modo re, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que indicam o 1.2-) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam
número e a pessoa dos verbos (desinência número-pessoais): o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua integri-
dade sonora: aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto),
cant-á-va-mos pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre)
cant: radical -
á-: vogal temática Derivação por acréscimo de afixos
-va-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito imper-
feito do indicativo) É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas)
-mos:desinência número-pessoal pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode ser:
prefixal, sufixal e parassintética.
cant-á-sse-is
cant: radical 1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
-á-: vogal temática acréscimo de prefixo.
-sse-:desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito im- In------ --feliz des----------leal
perfeito do subjuntivo) Prefixo radical prefixo radical
-is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa
do plural) 2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por acrés-
cimo de sufixo.
Vogal temática
Feliz---- mente leal------dade
Radical sufixo radical sufixo
Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
surge sempre o morfema –a. Esse morfema, que liga o radical às
3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
desinências, é chamado de vogal temática. Sua função é ligar-
simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem o
-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao tema (radical +
vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os ver- sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”).
bos como os nomes apresentam vogais temáticas. Por parassíntese formam-se, principalmente, verbos.
Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas En-- -----trist- ----ecer
finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base, Prefixo radical sufixo
combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas termi-
nações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa, esco- en----- ---tard--- --ecer
la, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas vogais prefixo radical sufixo
temáticas que se liga a desinência indicadora de plural: mesa-s,
escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais tônicas (sofá, Outros tipos de derivação
café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam vogal temática.
Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que
Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam três haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a de-
grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. Assim, os rivação imprópria.
verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação;
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação 1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução
e os que têm vogal temática -i pertencem à terceira conjugação. da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação de substan-
tivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está proibida. (pes-
Vogal ou consoante de ligação car). Proibida a caça. (caçar)
2-) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida
As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que surgem pela mudança de categoria gramatical da palavra primitiva. Não
por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibili- ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente na classe gra-
tar a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de matical.
vogal de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre os sufixos Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva
-ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos: da conjunção porque)
gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira, Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui, subs-
tricota. tantivo)

Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
Outros processos de formação de palavras: 05.(CREFITO/RJ-ES – TERAPEUTA OCUPACIONAL –
CEPUERJ/2013) Dos verbos apresentados abaixo, aquele que for-
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos de ma substantivo utilizando sufixo diferente dos demais é:
línguas diferentes. a) desenvolver
automóvel (auto: grego; móvel: latim) b) restaurar
sociologia (socio: latim; logia: grego) c) ampliar
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego) d) liberar
- Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta-se por GABARITO
meio da eliminação de um segmento de uma palavra no intuito 01. B 02. B 03. B 04. C 05.A
de se obter uma forma mais reduzida, geralmente aquelas mais
longas. Vejamos alguns exemplos: metropolitano/metrô, extraor- RESOLUÇÃO
dinário/extra, otorrinolaringologista /otorrino, telefone/fone,
pneumático/pneu
1-) Ambas as palavras derivam de “consumo”, acrescentando-
-se o sufixo “ismo” e “ista”, respectivamente. Portanto: derivação
- Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando imitar
sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum-zum, cri-cri, sufixal.
tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá. *Observação: Reduplicativa = a reduplicação da parte inicial
do lexema. Ex.: papá, mamã (linguagem infantil); Lulu, Zezé (de-
- Siglas: As siglas são formadas pela combinação das letras notação de carinho em nomes de parentesco)
iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome. Por (fonte: http://www.filologia.org.br/abf/volume2/numero1/02.
exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); htm)
IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não 2-) água + ardente = aguardente ( aglutinação)
ser que haja mais de três letras e a sigla seja pronunciável sílaba
por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras. 3-) vaga-lume - pé-de-cabra = não houve alteração em ne-
nhuma delas (nem acréscimo, nem redução, estão apenas “postas”
fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-for- uma ao lado da outra, justaposição).
macao-de-palavras-i.htm
4-) formado por derivação regressiva = a palavra primitiva é
Questões sobre Estrutura das Palavras sarampão!

01.(GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 5-)


PROCON – ADVOGADO – CEPERJ/2012) As palavras “consu- a) desenvolver = desenvolvimento
mismo” e “consumista” são exemplos do seguinte tipo de deriva- b) restaurar = restauração
ção: c) ampliar = ampliação
A) prefixal d) liberar = liberação
B) sufixal
C) regressiva Acentuação
D) parassintética
E) reduplicativa
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras es-
tabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se compõe de algu-
02. A palavra “aguardente” formou-se por:
A) hibridismo B) aglutinação mas particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando
C) justaposição D) parassíntese estabelecer uma relação de familiaridade e, consequentemente,
E) derivação regressiva colocando-as em prática na linguagem escrita.
À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de
03. Que item contém somente palavras formadas por justa- redigir, automaticamente aprimoramos essas competências, e logo
posição? nos adequamos à forma padrão.
A) desagradável - complemente
B) vaga-lume - pé-de-cabra Regras básicas – Acentuação tônica
C) encruzilhada - estremeceu
D) supersticiosa - valiosas A acentuação tônica implica na intensidade com que são pro-
E) desatarraxou - estremeceu nunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma mais
acentuada, conceitua-se como sílaba tônica. As demais, como são
04. “Sarampo” é: pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas.
A) forma primitiva De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas
B) formado por derivação parassintética como:
C) formado por derivação regressiva
D) formado por derivação imprópria Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última
E) formado por onomatopeia sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel

Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai na -- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê?
penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível Repare que essa palavra apresenta as terminações das paroxítonas
que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã,
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica está na ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano – médi-
co – ônibus -ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de
“s”: água – pônei – mágoa – jóquei
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais de uma
sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com uma sílaba so- Regras especiais:
mente: são os chamados monossílabos que, quando pronunciados,
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade. Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos abertos),
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a
uma dada sequência de palavras. Assim como podemos observar nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
no exemplo a seguir:
“Sei que não vai dar em nada,
* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma palavra
Seus segredos sei de cor”.
oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são acentuados. Ex.:
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os demais, herói, céu, dói, escarcéu.
como átonos (que, em, de).
Antes Agora
Os acentos assembléia assembleia
idéia ideia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i», «u» e geléia geleia
sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras representam as jibóia jiboia
vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. apóia (verbo apoiar) apoia
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto. paranóico paranoico
Ex.: herói – médico – céu (ditongos abertos)
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanha-
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e dos ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca – baú – país
“o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: tâmara – – Luís
Atlântico – pêssego – supôs
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com arti- Observação importante:
gos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente quando vierem depois de ditongo: Ex.:
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülleriano (de Antes Agora
Müller) bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais na- Sauípe Sauipe
sais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi abolido.
Regras fundamentais:
Ex.:
Palavras oxítonas:
Antes Agora
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, “o”, crêem creem
“em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – lêem leem
armazém(s) vôo voo
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: enjôo enjoo
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, seguidos
ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, seguidas que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais acento
de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo como antes: CRER, DAR, LER e VER.

Paroxítonas: Repare:
1-) O menino crê em você
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em: Os meninos creem em você.
- i, is : táxi – lápis – júri 2-) Elza lê bem!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum Todas leem bem!
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – fórceps 3-) Espero que ele dê o recado à sala.
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos Esperamos que os garotos deem o recado!

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) Rubens vê tudo! (A) sócio
Eles veem tudo! (B) sofrê-lo
(C) lúcidos
* Cuidado! Há o verbo vir: (D) constituí
Ele vem à tarde! (E) órfãos
Eles vêm à tarde!
02. (MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – FUNDAÇÃO
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quando se- DOM CINTRA/2010) Se os vocábulos POSSÍVEL, ATRAVÉS e
guidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru-im, con-tri- VÍRUS recebem acento gráfico, também serão acentuados pelas
-bu-in-te, sa-ir, ju-iz mesmas regras, respectivamente, os vocábulos relacionados em:
a) fóssil / mês / álbuns;
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estiverem b) réptil / compôs / júri;
seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha. c) amável / português / táxi;
d) fácil / até / húmus;
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem pre- e) bílis / café / ônus.
cedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
03.(MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA – IBFC/2013)
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com Assinale a alternativa em que a palavra deve ser, obrigatoriamente,
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não acentuada.
serão mais acentuadas. Ex.: a) Pratica.
b) Negocio.
Antes Depois c) Traido.
apazigúe (apaziguar) apazigue d) Critica.
averigúe (averiguar) averigue e) Capitulo.
argúi (arguir) argui
04. (RIOPREVIDÊNCIA/RJ – ESPECIALISTA EM PREVI-
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plu- DÊNCIA SOCIAL – CEPERJ/2014)
ral de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo vir) A palavra “conteúdo” recebe acentuação pela mesma razão
de:
A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, A) juízo
deter, abster. B) espírito
ele contém – eles contêm C) jornalístico
ele obtém – eles obtêm D) mínimo
ele retém – eles retêm E) disponíveis
ele convém – eles convêm
05. (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE/MG – TÉCNI-
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram CO NÍVEL SUPERIOR – INFORMÁTICA – FUMARC/2014)
acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes (regra do Na frase “Pelo menos 4,7 milhões de aposentados e pensionistas
acento diferencial). Apenas em algumas exceções, como: têm pouco mais de um mês para recadastrar a senha bancária”, o
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito acento gráfico do verbo “ter” se justifica pela seguinte regra:
perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo acentuada para (A) Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural do pre-
diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do sente do indicativo do verbo “ter”.
indicativo). Ex: (B) O verbo “ter”, no presente do subjuntivo, assume a forma
Ela pode fazer isso agora. “têm” (com acento) na terceira pessoa do plural.
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou... (C) O acento circunflexo é empregado para marcar a oposição
entre a 3ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do plural.
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da pre- (D) Todas as palavras oxítonas são acentuadas quando empre-
posição por. gadas na terceira pessoa do plural.
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “colocar”,
estaremos trabalhando com um verbo, portanto: “pôr”; nos outros GABARITO
casos, “por” preposição. Ex: 01. D 02. D 03. C 04. A 05. A
Faço isso por você.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? RESOLUÇÃO

Questões sobre Acentuação Gráfica 1-) Distribuímos = regra do hiato


(A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
01. (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) Assi- (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome oblíquo.
nale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a mesma regra Nunca!)
que distribuídos. (C) lúcidos = proparoxítona

Didatismo e Conhecimento 53
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(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” – oxí- Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
tona: cons-ti-tui) não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão” moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjeti-
vo, mas substantivo.
2-) Possível = paroxítona terminada em “l”; através = oxítona
terminada em “e + s”; vírus = paroxítona terminada em “u + s” Morfossintaxe do Adjetivo:
a) fóssil / mês / álbuns;
fóssil = paroxítona terminada em “l”; mês = monossílaba ter- O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro
minada em “e + s”; álbuns = paroxítona terminada em “uns” de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto
b) réptil / compôs / júri; adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
réptil = paroxítona terminada em “l”; compôs = oxítona termi-
nada em “o + s”; júri = paroxítona terminada em ‘i” Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
c) amável / português / táxi;
amável = paroxítona terminada em “l”; português = oxítona Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
terminada em “e + s”; táxi = paroxítona terminada em ‘i”
alguns deles:
d) fácil / até / húmus;
fácil = paroxítona terminada em “l”; até = oxítona terminada
Estados e cidades brasileiros:
em “e”; húmus = paroxítona terminada em “u + s”
e) bílis / café / ônus. Alagoas alagoano
Bílis = paroxítona terminada em “i + s”; café = oxítona termi- Amapá amapaense
nada em “e”; ônus = paroxítona terminada em “u + s” Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
3-) Belo Horizonte belo-horizontino
a) Pratica = verbo (prática = adjetivo ou substantivo) Brasília brasiliense
b) Negocio = verbo (negócio = substantivo) Cabo Frio cabo-friense
c) Traido = traído (adjetivo) Campinas campineiro ou campinense
d) Critica = verbo (crítica = adjetivo ou substantivo)
e) Capitulo = verbo (capítulo = substantivo) Adjetivo Pátrio Composto

4-) Conteúdo = regra do hiato Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemen-
A) juízo = regra do hiato to aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe
B) espírito = proparoxítona alguns exemplos:
C) jornalístico = proparoxítona
D) mínimo = proparoxítona África afro- / Cultura afro-americana
E) disponíveis = paroxítona terminada em ditongo Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
5-) Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
(A) Acentua-se com circunflexo a 3ª pessoa do plural do pre- China sino- / Acordos sino-japoneses
sente do indicativo do verbo “ter”. Espanha hispano- / Mercado hispano-português
(B) O verbo “ter”, no presente do subjuntivo, assume a forma Europa euro- / Negociações euro-americanas
“têm” (com acento) na terceira pessoa do plural. (que eles tenham) França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
(C) O acento circunflexo é empregado para marcar a oposição Grécia greco- / Filmes greco-romanos
entre a 3ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do plural.
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
3ª pessoa do singular = ele tem / 2ª pessoa do plural = vós
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
tendes
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
(D) Todas as palavras oxítonas são acentuadas quando em-
pregadas na terceira pessoa do plural. Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
“Tem” não é oxítona, mas sim, monossílaba. As palavras oxí-
tonas recebem acento apenas quando terminadas em “a”, “e” ou Flexão dos adjetivos
“o”, seguidas ou não de “s”.
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
Classe das Palavras
Flexão Nominal e Verbal Gênero dos Adjetivos

Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou caracte- Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
rística do ser e se relaciona com o substantivo. (masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos classificam-se em:
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu
bondosa. e judia.

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino Comparativo
somente o último elemento. Por exemplo: o moço norte-america-
no, a moça norte-americana. Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao
mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como ou de inferioridade. Observe os exemplos abaixo:
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no femi- No comparativo de igualdade, o segundo termo da compara-
nino. Por exemplo: conflito político-social e desavença político- ção é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
-social.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade
Número dos Adjetivos Analítico
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois subs-
Plural dos adjetivos simples tantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é ana-
lítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com
as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Superiori-
simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins
dade Sintético
boa e boas

Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superiori-
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver dade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom /melhor,
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/maior, baixo/
manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é origi- inferior.
nalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando um ele- Observe que:
mento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade,
camisas cinza, ternos cinza. pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente.
Veja outros exemplos: b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (me-
Motos vinho (mas: motos verdes) lhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre
Paredes musgo (mas: paredes brancas). duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por
exemplo:
Adjetivo Composto Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elemen-
tos.
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas
esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento qualidades de um mesmo elemento.
concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na
forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferiori-
o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o dade
adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é Sou menos passivo (do) que tolerante.
originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um
elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra Superlativo
por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo
adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por
O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou
exemplo:
em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo
Camisas rosa-claro.
e apresenta as seguintes modalidades:
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. formas:
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer ad- que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretá-
jetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis. rio é muito inteligente.
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de
dois elementos flexionados. sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.

Grau do Adjetivo Observe alguns superlativos sintéticos:


benéfico beneficentíssimo
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade bom boníssimo ou ótimo
da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo comum comuníssimo
e o superlativo. cruel crudelíssimo

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
difícil dificílimo de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em exces-
doce dulcíssimo so, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
fácil facílimo que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito,
fiel fidelíssimo por completo.

Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, ama-
é intensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação nhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante,
pode ser: nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve,
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro-
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala. visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer
Note bem: momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos- de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
tos ao adjetivo. além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhu-
formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem res, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo tancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao
latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: lado, em volta
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
agilíssimo.
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo, de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís- quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í.
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efetiva-
O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes na
mente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmen-
Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo, tal qual
te (=sem dúvida).
o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, conti-
guidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente,
sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em
simplesmente, só, unicamente
que esse processo se desenvolve.
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também
caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é
modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifi-
ca o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos: de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você
está até bem informado. de designação: Eis
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
alheio, representando uma qualidade, característica. de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?
(tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para
O artista canta muito mal. quê? (finalidade)
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos ve- Locução adverbial
rificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como
advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio.
palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Te- Exemplo:
mos aí o que chamamos de locução adverbial, representada por al- Carlos saiu às pressas. (indicando modo)
gumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
de modo algum, entre outras.
Dependendo das circunstâncias expressas pelos advérbios, Há locuções adverbiais que possuem advérbios corresponden-
eles se classificam em distintas categorias, uma vez expressas por: tes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressada-
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às mente.
claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, des-
se jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são
a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam em flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única
-”mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, paciente- flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é
mente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosa- a de grau:
mente, generosamente

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - lon- - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para
gíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - inconstitu- conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o pro-
cionalissimamente, etc.; nome assume a noção de qualquer.
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - perti- Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
nho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho. Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
(qualquer classe)
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida. - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
dos substantivos.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
Classificação dos Artigos aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns vinte
anos.
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira
precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
- O artigo também é usado para substantivar palavras oriundas
de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de tudo isso.
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira
vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei um animal.
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo cujo
Combinação dos Artigos (e flexões).
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
É muito presente a combinação dos artigos definidos e Este é o autor cuja obra conheço.
indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por essas
combinações: - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no sentido
de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a menos que
Preposições Artigos venham especificadas.
o, os Eles estavam em casa.
a ao, aos Eles estavam na casa dos amigos.
de do, dos Os marinheiros permaneceram em terra.
em no, nos Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
por (per) pelo, pelos
a, as um, uns uma, umas - Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento,
à, às - - com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa excelência re-
da, das dum, duns duma, dumas solverá os problemas de Sua Senhoria.
na, nas num, nuns numa, numas
pela, pelas - - - Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome
de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o S. Paulo.
artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por
crase. Morfossintaxe
Constatemos as circunstância Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações
os em que os artigos se manifestam:
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, o ar-
tigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo a que se
- Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
refere. Tal função independe da função exercida pelo substantivo:
“ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
A existência é uma poesia.
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do ar- Uma existência é a poesia.
tigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou
- Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo:
toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amigui-
nhas.
- No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo: O Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
Pedro é o xodó da família. 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as
amiguinhas
- No caso de os nomes próprios personativos estarem no plu-
ral, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas, Os Cada informação está estruturada em torno de um verbo: se-
Astecas... gurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações:

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e mostrou - CONCESSIVAS
3ª oração: quando viu as amiguinhas. Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mes-
mo que, apesar de, se bem que.
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a ter- Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
ceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As palavras inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
“e” e “quando” ligam, portanto, orações. Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
cansada)
Observe: Gosto de natação e de futebol. Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes
ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está ligando - CONFORMATIVAS
termos de uma mesma oração. Principais conjunções conformativas: como, segundo, confor-
me, consoante
Morfossintaxe da Conjunção Cada um colhe conforme semeia.
Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem pro-
priamente uma função sintática: são conectivos. - CONSECUTIVAS
Classificação Expressam uma ideia de consequência.
- Conjunções Coordenativas Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”,
- Conjunções Subordinativas “tão”, “tamanho”).
Falou tanto que ficou rouco.
Conjunções coordenativas
- FINAIS
Dividem-se em: Expressam ideia de finalidade, objetivo.
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto Todos trabalham para que possam sobreviver.
de cantar e de dançar. Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também, (=para que),
não só...como também.
- PROPORCIONAIS
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposi-
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
ção, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
mais, ao passo que, à proporção que.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, to-
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
davia, no entanto, entretanto.
- TEMPORAIS
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.
Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
Quando eu sair, vou passar na locadora.
Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
quer, já...já.
Diferença entre orações causais e explicativas
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações.
Ex. Estudei muito, por isso mereço passar. Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA)
Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (de- e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos com a
pois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. dúvida de como distinguir uma oração causal de uma explicativa.
Veja os exemplos:
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. 1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser atro-
É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. pelado”:
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou
do verbo), porquanto. uma explicação do fato expresso na oração anterior.
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes uma
Conjunções subordinativas da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que vêm mar-
cadas por vírgula.
- CAUSAIS Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado.
Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração
vez que, como (= porque). Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será expli-
Ele não fez o trabalho porque não tem livro. cativa.
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperati-
- COMPARATIVAS vo)
Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
mais...do que, menos...do que. 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade
Ela fala mais que um papagaio. porque não havia cemitério no local.”

Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada (parte As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo da oração 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tris-
principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la no início do teza, dor, etc.
período, introduzida pela conjunção como - o que não ocorre com Você faz o que no Brasil?
a CS Explicativa. Eu? Eu negocio com madeiras.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os Ah, deve ser muito interessante.
mortos em outra cidade.
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente depen- 2) Sintetizar uma frase apelativa
dentes uma da outra. Cuidado! Saia da minha frente.

Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sen- As interjeições podem ser formadas por:
sações, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocu- - simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
tor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elabora- - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
das. Observe o exemplo: bolas!
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da en-
tonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua
interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia ter dito: - Estou
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra. Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma ló- Classificação das Interjeições
gica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro Comumente, as interjeições expressam sentido de:
lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma ideia - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Aten-
expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução ção!, Olha!, Alerta!
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Veja os exemplos: - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
Bravo! Bis! - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi muito - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
bom! Repitam!” Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!,
A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças - Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da - Desculpa: Perdão!
alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um - Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!,
contexto específico. Exemplos: Eh!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! - Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Ora!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! - Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!,
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!,
Putz!
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!,
O significado das interjeições está vinculado à maneira como
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o senti-
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
do que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. - Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!,
Exemplos: Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão na - Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei, - Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
espere!”
Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão em Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não
um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem
silêncio!” de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos.
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! No entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem varia-
puxa: interjeição; tom da fala: euforia ção em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! processo natural dessa classe de palavra, mas tão só uma variação
puxa: interjeição; tom da fala: decepção que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo,
até loguinho.

Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
Locução Interjetiva [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
Eu quero café duplo, e você?
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão ...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas! Quem me A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa! Ai de mim! ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá! Muito bem! “fila”]

Observações: Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os nú-


- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por meros indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão
exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Peço-lhe é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais,
que me desculpe. mas sim de algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu expressa pelos números, existem mais algumas palavras conside-
tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais radas numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordena-
podem aparecer como interjeições. ção. São alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.
Viva! Basta! (Verbos)
Fora! Francamente! (Advérbios) Classificação dos Numerais

- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” por- Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
que sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socorro!, Aju- um, dois, cem mil, etc.
dem-me!, Silêncio!, Fique quieto! Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
primeiro, segundo, centésimo, etc.
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! Zás! dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres,
indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, tri-
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua plo, quíntuplo, etc.
homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc.
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos Leitura dos Numerais
depois do “ó” vocativo.
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac) Separando os números em centenas, de trás para frente, ob-
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) têm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início,
também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vír-
- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de pala- gula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
vras de outras classes, podem aparecer flexionadas no diminutivo 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho! e seis.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
Interjeições, leitura e produção de textos
Flexão dos numerais
Usadas com muita frequência na língua falada informal, quan-
do empregadas na língua escrita, as interjeições costumam confe- Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma,
rir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além disso, elas dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em
podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante - como a diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Car-
escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou dócil, até dinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões,
mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos - particular- bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
mente nos diálogos - que comumente se faz uso das interjeições Os numerais ordinais variam em gênero e número:
com o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à primeiro segundo milésimo
sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e con- primeira segunda milésima
teúdo mais emocional do que racional fazem das interjeições pre- primeiros segundos milésimos
sença constante nos textos publicitários. primeiras segundas milésimas

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89. Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em


php funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conseguiram
o triplo de produção.
Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéri- Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexio-
cos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em deter- nam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do me-
minada sequência. dicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número.
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes

Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre
em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os
cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empre-
gados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias
de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma subor-
dinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão
textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante, exceto, fora,
mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas: abaixo de,
acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com,
perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou
em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:

1. Combinação: A preposição não sofre alteração.


preposição a + artigos definidos o, os
a + o = ao
preposição a + advérbio onde
a + onde = aonde

2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.

Preposição + Artigos
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s)
De + um = dum
De + uns = duns
De + uma = duma
De + umas = dumas
Em + o(s) = no(s)
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num
Em + uma = numa
Em + uns = nuns
Em + umas = numas
A + à(s) = à(s)
Por + o = pelo(s)
Por + a = pela(s)

Preposição + Pronomes
De + ele(s) = dele(s)
De + ela(s) = dela(s)
De + este(s) = deste(s)
De + esta(s) = desta(s)

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
De + esse(s) = desse(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + essa(s) = dessa(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + aquele(s) = daquele(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquela(s) = daquela(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + isto = disto Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isso = disso Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aquilo = daquilo Preço = Essa roupa sai por R$50 à vista.
De + aqui = daqui
De + aí = daí Fonte:
De + ali = dali http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + outro = doutro(s)
De + outra = doutra(s) Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
Em + este(s) = neste(s) se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o de alguma
Em + esta(s) = nesta(s) forma.
Em + esse(s) = nesse(s)
Em + aquele(s) = naquele(s) A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + aquela(s) = naquela(s) [substituição do nome]
Em + isto = nisto
Em + isso = nisso A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
Em + aquilo = naquilo [referência ao nome]
A + aquele(s) = àquele(s)
A + aquela(s) = àquela(s) Essa moça morava nos meus sonhos!
A + aquilo = àquilo [qualificação do nome]
Dicas sobre preposição
Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos,
isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um con-
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal
texto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que
oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja um artigo,
está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunica-
virá precedendo um substantivo. Ele servirá para determiná-lo
ção. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
como um substantivo singular e feminino.
demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas
A dona da casa não quis nos atender.
do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no
Como posso fazer a Joana concordar comigo?
tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois ter- apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.
mos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
um tratamento adequado.
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
a função de um substantivo.
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como parte A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
da família [dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
Creio que a conhecemos melhor que ninguém. Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis
em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plu-
2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das ral). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja
preposições: coerente em termos de gênero e número (fenômeno da concordân-
Destino = Irei para casa. cia) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
Modo = Chegou em casa aos gritos. enunciado.
Lugar = Vou ficar em casa;
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência. Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa
Tempo = A prova vai começar em dois minutos. escola neste ano.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral. [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância ade-
Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o trata- quada]
mento. [neste: pronome que determina “ano” = concordância adequa-
Instrumento = Escreveu a lápis. da]
Posse = Não posso doar as roupas da mamãe. [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância
Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom. inadequada]

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, de- O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
monstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. - 1ª pessoa do singular (eu): me
- 2ª pessoa do singular (tu): te
Pronomes Pessoais - 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
- 1ª pessoa do plural (nós): nos
São aqueles que substituem os substantivos, indicando dire- - 2ª pessoa do plural (vós): vos
tamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou
“vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou Observações:
“elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome “o” ou
exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo.
“a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar diretamente uma
preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto
Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exer- indireto na oração.
ce a função de sujeito ou predicativo do sujeito. Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos
Nós lhe ofertamos flores. como objetos indiretos.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (ape- diretos.
nas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão, Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
dos pronomes retos é assim configurado: mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los,
no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas
- 1ª pessoa do singular: eu formas nos exemplos que seguem:
- 2ª pessoa do singular: tu - Trouxeste o pacote?
- 3ª pessoa do singular: ele, ela - Sim, entreguei-to ainda há pouco.
- 1ª pessoa do plural: nós - Não contaram a novidade a vocês?
- 2ª pessoa do plural: vós - Não, no-la contaram.
- 3ª pessoa do plural: eles, elas
No português do Brasil, essas combinações não são usadas;
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como
até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele na
rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, co-
muns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais
escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em
oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na pra- -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
ça”, “Trouxeram-me até aqui”. tempo que a terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome fazeis + o = fazei-lo
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas dizer + a = dizê-la
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo
indicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós) Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as
formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
Pronome Oblíquo viram + o: viram-no
repõe + os = repõe-nos
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, retém + a: retém-na
exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto) tem + as = tem-nas
ou complemento nominal.
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Pronome Oblíquo Tônico
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante
do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função di- Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por
versa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o su- preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse
jeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. motivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acen- da oração. Possuem acentuação tônica forte.
tuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos. O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
Pronome Oblíquo Átono - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são pre- - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
cedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele me - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
deu um presente. - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são A Segunda Pessoa Indireta
a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem
a forma do pronome pessoal do caso reto. A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando uti-
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pes- lizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor
soais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos contex- (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa.
tos interlocutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que podem ser
costumam ser usados desta forma: observados no quadro seguinte:
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. Pronomes de Tratamento
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim. Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de sur- Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito ex- oficiais-generais
presso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto. Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. de universidades
Não vá sem eu mandar. Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
- A combinação da preposição “com” e alguns pronomes ori- Vossa Santidade V. S. Papa
ginou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco e Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento
convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exer- cerimonioso
cem a função de adjunto adverbial de companhia. Vossa Onipotência V. O. Deus
Ele carregava o documento consigo.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por
e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no tra-
“com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são refor-
tamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar.
çados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos
Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil;
ou algum numeral.
em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras,
Você terá de viajar com nós todos.
pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três. litúrgica, ultraformal ou literária.

Pronome Reflexivo Observações:


a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tra-
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem tamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação à
como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro,
Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo. compareça a este encontro.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim. *Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Eu não me vanglorio disso. Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi. Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti. - Os pronomes de tratamento representam uma forma indi-
Assim tu te prejudicas. reta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos um
Conhece a ti mesmo. deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos ende-
reçando à excelência que esse deputado supostamente tem para
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. poder ocupar o cargo que ocupa.
Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente. - 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª
Antônio conversou consigo mesmo. pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. As-
sim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos
- 1ª pessoa do plural (nós): nos. empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
Lavamo-nos no rio. Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas,
para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos.
Vós vos beneficiastes com a esta conquista. - Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos di-
rigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do texto, a pes-
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. soa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se
Eles se conheceram. começamos a chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te”
Elas deram a si um dia de folga. ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro
cabelos. (errado) está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus fala.
cabelos. (correto) Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo.
cabelos. (correto)
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto
Pronomes Possessivos por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de
fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possui- localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao
dor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída). destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade.
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular) Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar in-
formações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade
NÚMERO PESSOA PRONOME destinatária).
singular primeira meu(s), minha(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em participar
singular segunda teu(s), tua(s) no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que en-
singular terceira seu(s), sua(s) via a mensagem).
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s) No tempo:
plural terceira seu(s), sua(s) Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere
ao ano presente.
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramati- Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
cal a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto um passado próximo.
possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele mo- Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
mento difícil. referindo a um passado distante.

Observações: - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou inva-


1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da riáveis, observe:
alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s).
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Po- Invariáveis: isto, isso, aquilo.
dem ter outros empregos, como:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos. ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
defeitos, mas eu gosto muito dela. te indiquei.)

3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pro- - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o
nome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe sua procuraram ontem.
mensagem?
- próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o pro-
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo con- blema.
corda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações.
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos
átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os passos. (= - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
Vou seguir seus passos.)
Note que:
Pronomes Demonstrativos - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em constru-
ções redundantes, com finalidade expressiva, para salientar algum
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa é que dera em cheio
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas brasileiras,
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou dis- isso é que é sorte!
curso.
- O pronome demonstrativo neutro ou pode representar um
No espaço: termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece,
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro geralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto: O casa-
está perto da pessoa que fala. mento seria um desastre. Todos o pressentiam.

Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
- Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso, Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo,
é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, en- cada.
tão, verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém
teve coragem de falar antes que ela o fizesse. São locuções pronominais indefinidas:

- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencio- cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem
nada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual
referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado] Cada um escolheu o vinho desejado.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A Indefinidos Sistemáticos
menina foi a tal que ameaçou o professor?
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebe-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pro- mos que existem alguns grupos que criam oposição de sentido.
nome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no,
É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e
etc: Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que
indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam
Pronomes Indefinidos
uma totalidade negativa; alguém/ninguém, que se referem à pes-
São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, soa, e algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, e
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade qualquer, que generaliza.
indeterminada. Essas oposições de sentido são muito importantes na constru-
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-planta- ção de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes dependem
das. a solidez e a consistência dos argumentos expostos. Observe nas
frases seguintes a força que os pronomes indefinidos destacados
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de imprimem às afirmações de que fazem parte:
quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa, Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado prá-
vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que segura- tico.
mente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se quer Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pes-
revelar. Classificam-se em: soas quaisquer.

- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do Pronomes Relativos


ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo,
alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, São aqueles que representam nomes já mencionados anterior-
tudo. mente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações subor-
Algo o incomoda? dinadas adjetivas.
Quem avisa amigo é. O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
grupo racial sobre outros.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser ex- (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = ora-
presso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. ção subordinada adjetiva).
São eles: cada, certo(s), certa(s). O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e in-
Cada povo tem seus costumes.
troduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” é
Certas pessoas exercem várias profissões.
antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome de-
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora
pronomes indefinidos adjetivos: monstrativo o, a, os, as.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Não sei o que você está querendo dizer.
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, Quem casa, quer casa.
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Observe:
Menos palavras e mais ações. Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
Alguns se contentam pouco. cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e
invariáveis. Observe: Note que:
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta, por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o
outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, mui- qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um
tos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, substantivo.
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)

Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual) - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais) elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que conver-
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais) sava, (que) ria, (que) fumava.

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pro- Pronomes Interrogativos


nomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para verifi-
car se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou
classificações) são pronomes relativos. Todos eles são usados com indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- -se
referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de de- à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interro-
terminadas preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio gativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações).
de minha tia, o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
caso, geraria ambiguidade.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas pre-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas feres.
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos
passageiros desembarcaram.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser Sobre os pronomes:
poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujei-
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas to na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desem-
com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das penha função de complemento. Vamos entender, primeiramente,
quais. como o pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Ob-
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. serve as orações:
(antecedente) (consequente) 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe
ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente
um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exer-
Emprestei tantos quantos foram necessários.
cem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na
(antecedente)
segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função
Ele fez tudo quanto havia falado.
de complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo.
(antecedente)
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pro-
nome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre prece-
pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar....
dido de preposição. Ajudar quem? Você (lhe).
É um professor a quem muito devemos.
(preposição) Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do
pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente “ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou en-
e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava tre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) esteja
foi assaltada. no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em Eu estou perguntando-lhe algo.
que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no ex- Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos:
terior. os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos
segundos que são sempre precedidos de preposição.
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu esta-
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como va fazendo.
você agiu semana passada. - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos eu estava fazendo.
jogar videogame.
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam
só frase. os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos
O futebol é um esporte. também nomeiam:
O povo gosta muito deste esporte. -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. -sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza...

Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
-qualidades: honestidade, sinceridade... Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que depen-
-ações: corrida, pescaria... dem de outros para se manifestar ou existir.
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser obser-
Morfossintaxe do substantivo vada. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja
bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral palavra beleza é um substantivo abstrato.
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou in- e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os
direto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), via-
do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predica- gem (ação), saudade (sentimento).
tivo do sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. Também
encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e 3 - Substantivos Coletivos
de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempenhadas
por grupos de palavras. Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
abelha, mais outra abelha.
Classificação dos Substantivos Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
1- Substantivos Comuns e Próprios
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abe-
muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, lha...
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
oposição aos bairros). No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
(enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e edi- (abelhas).
fícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Isso
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo es-
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma
tando no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie.
mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, homem, mu-
lher, país, cachorro.
Substantivo coletivo Conjunto de:
Estamos voando para Barcelona.
assembleia pessoas reunidas
alcateia lobos
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie
acervo livros
cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é aquele
que designa os seres de uma mesma espécie de forma particular: antologia trechos literários selecionados
Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. arquipélago ilhas
banda músicos
2 - Substantivos Concretos e Abstratos bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores
LÂMPADA MALA batalhão soldados
cardume peixes
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existên- caravana viajantes peregrinos
cia própria, que são independentes de outros seres. São substan- cacho frutas
tivos concretos. cáfila camelos
cancioneiro canções, poesias líricas
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, colmeia abelhas
independentemente de outros seres. chusma gente, pessoas
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo concílio bispos
real e do mundo imaginário. congresso parlamentares, cientistas.
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasí- elenco atores de uma peça ou filme
lia, etc. esquadra navios de guerra
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc. enxoval roupas
falange soldados, anjos
Observe agora: fauna animais de uma região
Beleza exposta feixe lenha, capim
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus
O substantivo beleza designa uma qualidade. girândola fogos de artifício
horda bandidos, invasores

Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
junta médicos, bois, credores, examinadores Flexão dos substantivos
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
leva presos, recrutas quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo,
malta malfeitores ou desordeiros pode sofrer variações para indicar:
manada búfalos, bois, elefantes, Plural: meninos Feminino: menina
matilha cães de raça Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral Flexão de Gênero
ninhada pintos
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo
Substantivo coletivo Conjunto de: real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros:
masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os subs-
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
tantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja
penca bananas, chaves
estes títulos de filmes:
pinacoteca pinturas, quadros
O velho e o mar
quadrilha ladrões, bandidos
Um Natal inesquecível
ramalhete flores Os reis da praia
rebanho ovelhas
récua bestas de carga, cavalgadura Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir
repertório peças teatrais, obras musicais precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
réstia alhos ou cebolas A história sem fim
romanceiro poesias narrativas Uma cidade sem passado
revoada pássaros As tartarugas ninjas
sínodo párocos
talha lenha Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de
vara porcos seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao
sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino
Formação dos Substantivos e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem – mulher,
poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Substantivos Simples e Compostos
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. única forma, que serve tanto para o masculino quanto para o femi-
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou ra- nino. Classificam-se em:
dical. É um substantivo simples. - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a cobra
macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemen- - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: a
to. criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora: indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda
meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente, o artista
+ chuva). Esse substantivo é composto.
e a artista.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais
elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sintoma,
Substantivos Primitivos e Derivados o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam
Meu limão meu limoeiro, em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação
meu pé de jacarandá... emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)

O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de ne- Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
nhum outro dentro de língua portuguesa.
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna.
outra palavra da própria língua portuguesa. O substantivo limoeiro - Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao mascu-
é derivado, pois se originou a partir da palavra limão. lino: freguês - freguesa
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra pa- - Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
lavra. formas:

Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona a palavra motorista é um substantivo uniforme.
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sul- A distinção de gênero pode ser feita através da análise do arti-
tana go ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o colega - a
colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma jovem; artista
- Substantivos terminados em -or: famoso - artista famosa; repórter francês - repórter francesa
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz - A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gê-
neros.
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul - con-
sulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - duquesa / a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência
conde - condessa / profeta - profetisa pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os personagens
dos contos de carochinha.
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O
-a: elefante - elefanta problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a per-
sonagem.
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no
feminino: bode – cabra / boi - vaca - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo foto-
gráfico Ana Belmonte.
- Substantivos que formam o feminino de maneira especial, Observe o gênero dos substantivos seguintes:
isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czari-
na réu - ré Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó (pena),
o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o maracajá, o clã,
o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
pernoite, o púbis.
Epicenos:
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a ca-
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
taplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a cal, a
faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre
porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o
- São geralmente masculinos os substantivos de origem grega
masculino e o feminino.
terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o plasma, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para de- apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o estratagema,
signar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epice- o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o edema, o magma, o es-
nos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de espe- tigma, o axioma, o tracoma, o hematoma.
cificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea.
A cobra macho picou o marinheiro. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Gênero dos Nomes de Cidades:
Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza. Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A histórica Ouro Preto.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino, A dinâmica São Paulo.
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um A acolhedora Porto Alegre.
possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se Uma Londres imensa e triste.
refere a palavra. Veja: Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Gênero e Significação:

Outros substantivos sobrecomuns: Muitos substantivos têm uma significação no masculino e ou-
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa cria- tra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à frente da
tura. tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Mar- que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas-
cela faleceu tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proi-
bição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o
Comuns de Dois Gêneros: cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato de cismar,
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de com-
bustão), o capital (dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda

Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
dos sentidos), a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três
canto em coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, maneiras.
usado na administração da crisma e de outros sacramentos), a - substituindo o -ão por -ões: ação - ações
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato - substituindo o -ão por -ães: cão - cães
de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície - substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documen-
to, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso), a - Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex
grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, - os látex.
setor de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de au-
mento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, Plural dos Substantivos Compostos
ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça
-A formação do plural dos substantivos compostos depende
(locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte an-
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o
terior do boné ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor),
a rádio (estação emissora), o voga (remador), a voga (moda, po- composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são
pularidade). grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples:
Flexão de Número do Substantivo aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés,
malmequer/malmequeres.
Em português, há dois números gramaticais: o singular, que O plural dos substantivos compostos cujos elementos são li-
indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de gados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões.
um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final. Algumas orientações são dadas a seguir:

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fa- substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos
zem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
- hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando forma-
homem - homens. dos de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto-
acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
-falantes
Atenção: O plural de caráter é caracteres. palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos

- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no - Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando forma-
plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – ca- dos de:
racóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colô-
nia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor
maneiras: e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determinante do
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior:
palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-relógio,
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. notícia-bomba - notícias-bomba, homem-rã - homens-rã, peixe-
-espada - peixes-espada.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas manei-
ras: répteis ou reptis (pouco usada). - Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
maneiras:

- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo - Casos Especiais


de “es”: ás – ases / retrós - retroses o louva-a-deus e os louva-a-deus
o bem-te-vi e os bem-te-vis
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o o bem-me-quer e os bem-me-queres
lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. o joão-ninguém e os joões-ninguém.

Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
Plural das Palavras Substantivadas Singular Plural
corpo (ô) corpos (ó)
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes esforço esforços
gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as fogo fogos
flexões próprias dos substantivos. forno fornos
Pese bem os prós e os contras. fosso fossos
O aluno errou na prova dos noves. imposto impostos
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos. olho olhos
osso (ô) ossos (ó)
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não ovo ovos
variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e al- poço poços
guns dez. porto portos
posto postos
Plural dos Diminutivos tijolo tijolos

Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, es-
acrescenta-se o sufixo diminutivo. posos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
pãe(s) + zinhos = pãezinhos Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo-
animai(s) + zinhos = animaizinhos lho (ó) = feixe (molho de lenha).
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos Particularidades sobre o Número dos Substantivos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, o
colhere(s) + zinhas = colherezinhas leste, o oeste, a fé, etc.
flore(s) + zinhas = florezinhas - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as
espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
mão(s) + zinhas = mãozinhas
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular:
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom nome) e
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
honras (homenagem, títulos).
funi(s) + zinhos = funizinhos
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com sen-
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
tido de plural:
pai(s) + zinhos = paizinhos
Aqui morreu muito negro.
pé(s) + zinhos = pezinhos
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas im-
pé(s) + zitos = pezitos provisadas.
Plural dos Nomes Próprios Personativos Flexão de Grau do Substantivo
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as varia-
que a terminação preste-se à flexão. ções de tamanho dos seres. Classifica-se em:
Os Napoleões também são derrotados. - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado nor-
As Raquéis e Esteres. mal. Por exemplo: casa
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que
como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando ter- indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
minam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
aumento. Por exemplo: casarão.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com
as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os espor- - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
tes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens. Pode ser:
Observe o exemplo: Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que in-
Este jogador faz gols toda vez que joga. dica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
diminuição. Por exemplo: casinha.
Plural com Mudança de Timbre
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, núme-
Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre ro, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: ação
da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência (nascer);
metafonia (plural metafônico). desejo (querer).

Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos Era primavera quando a conheci.
mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilida- Estava frio naquele dia.
des de flexão que esses verbos possuem.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são
Estrutura das Formas Verbais impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escu-
recer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal- -humo-
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresen- rado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer
tar os seguintes elementos: verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser im-
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significado es- pessoal para ser pessoal.
sencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-) Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª
- Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir). ** São impessoais, ainda:
- Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo:
tempo e o modo do verbo. Por exemplo: Já passa das seis.
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de, indi-
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) cando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem, Está
pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural): muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a sujeito
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais.
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados (com- possível”. Por exemplo:
por, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma Não deu para chegar mais cedo.
arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desa- Dá para me arrumar uns trocados?
parecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe,
pões, põem, etc. * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos ver-
bos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com facili- Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
dade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no radical do pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu bastante.
verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas formas arrizo-
tônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos. animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar:
galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
Classificação dos Verbos
Os principais verbos unipessoais são:
Classificam-se em: 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (pre-
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais ciso, necessário, etc.):
de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bas-
canto cantei cantarei cantava cantasse. tante.)
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse. É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais: 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmen- conjunção que.
te, são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fu-
impessoais são: mar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláu-
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se dia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam) Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) * Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos mor-
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) fológicos ou eufônicos. Por exemplo:

Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que provavelmente
causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade conside-
rada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas por alguns
gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido conjugado
em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no par-
ticípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste,
pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompa-
nhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar as moscas.


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Está chegando a hora do debate.
(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam
TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do su-
jeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos
essenciais). Veja:

- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-
-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do
verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que - Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ad-
a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por vérbio. Por exemplo:
pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advér-
uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transiti- bio)
vos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adje-
com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz re- tivo)
flexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na
exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Maria penteou-me. Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos - Particípio: quando não é empregado na formação dos tem-
átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática. pos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por
oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são exemplo:
os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar Terminados os exames, os candidatos saíram.
de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções
sintáticas. Por exemplo: Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
direto) - 1ª pessoa do singular (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para re-
presentar a escola.
Modos Verbais
Tempos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo
na expressão de um fato. Em Português, existem três modos: Tomando-se como referência o momento em que se fala, a
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu 1. Tempos do Indicativo
estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
menino. - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num mo-
mento anterior ao atual, mas que não foi completamente termina-
Formas Nominais
do: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momen-
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que
to anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele estudou as
podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advér-
lições ontem à noite.
bio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de
antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições
modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substanti-
quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as
vo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta) lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer
num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma as lições amanhã.
simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo: - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer
É preciso ler este livro. posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse di-
Era preciso ter lido este livro. nheiro, viajaria nas férias.

- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pes- 2. Tempos do Subjuntivo


soas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta
desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
flexiona-se da seguinte maneira: atual: É conveniente que estudes para o exame.
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas pos-
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) terior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se
colocação. ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

Didatismo e Conhecimento 78
LÍNGUA PORTUGUESA
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja, levará as
encomendas.

Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará as
encomendas.

Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
Futuro do Pretérito do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela de-
sinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim,
o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o
tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só
se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - ASSISTENTE SOCIAL JUDICIÁRIO - VUNESP/2012) Assinale a
alternativa em que todos os verbos estão conjugados segundo a norma-padrão.
(A) Absteu-se do álcool durante anos; agora, voltou ao vício.
(B) Perderam seus documentos durante a viagem, mas já os reaveram.
(C) Avisem-me, se vocês verem que estão ocorrendo conflitos.
(D) Só haverá acordo se nós propormos uma boa indenização.
(E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos eletrônicos.

02. (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


... e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:
(A) ... e de lá por navios que contornam a Índia...
(B) ... era a capital da China.
(C) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
(D) ... dispararam na última década.
(E) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...

Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
03. (TRF - 2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - 07. (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) É importante
FCC/2012) O emprego, a grafia e a flexão dos verbos estão cor- que a inserção da perspectiva da sustentabilidade na cultura em-
retos em: presarial, por meio das ações e projetos de Educação Ambiental,
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty não esteja alinhada a esses conceitos.
prescindiram e não requiseram mais do que o esquecimento e a O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o verbo
passagem do tempo. grifado na frase acima está em:
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para sempre (A) ... a Empresa desenvolve todas as suas ações, políticas...
renegada a um segundo plano, eis que ela imerge do esquecimento, (B) ... as definições de Educação Ambiental são abrangentes...
em 1974. (C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentável...
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a importância (D) ... e incorporou [...] também aspectos de desenvolvimento
estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, sobreviram longos humano.
anos de esquecimento. (E)... e reforce a identidade das comunidades.
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando as
ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos atropelos do 08. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE
turismo selvagem. JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BI-
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para que BLIOTECONOMIA – FGV PROJETOS /2014) Na frase “se você
obtesse, agora em definitivo, o prestígio de um polo turístico de quiser ir mais longe”, a forma verbal empregada tem sua forma
inegável valor histórico. corretamente conjugada. A frase abaixo em que a forma verbal está
ERRADA é
04. (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - (A) se você se opuser a esse desejo.
FCC/2014) Tinham seus prediletos ...
(B) se você requerer este documento.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado
(C) se você ver esse quadro.
acima está em:
(D) se você provier da China.
(A) Dumas consentiu.
(E) se você se entretiver com o jogo.
(B) ... levaram com eles a instituição do “lector”.
(C) ... enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam charu-
09. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEIRO
tos...
– ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) Considere as frases:
(D) Despontava a nova capital mundial do Havana.
I. Há diversos projetos de lei em tramitação na Câmara.
(E) ... que cedesse o nome de seu herói...
II. Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adicional de
5,4 bilhões de reais por ano.
05.(Analista – Arquitetura – FCC – 2013-adap.). Está adequa-
da a correlação entre tempos e modos verbais na frase: Assinale a alternativa que, respectivamente, substitui o verbo
A) Os que levariam a vida pensando apenas nos valores abso- haver pelo verbo existir, conservando o tempo e o modo.
lutos talvez façam melhor se pensassem no encanto dos pequenos (A) Existe – existe
bons momentos. (B) Existem – existirão
B) Há até quem queira saber quem fosse o maior bandido entre (C) Existirão – existirá
os que recebessem destaque nos popularescos programas da TV. (D) Existem – existirá
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gostam (E) Existiriam – existiria
tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tenha aspirações a
ser metafísica. 10. (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levarem em conta ... pois assim se via transportado de volta “à glória que foi a
nossa condição de mortais, não precisariam preocupar-se com os Grécia e à grandeza que foi Roma”.
degraus da notoriedade. O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o grifado
E) Quanto mais aproveitássemos o que houvesse de grande acima está em:
nos momentos felizes, menos precisaríamos nos preocupar com a) Poe certamente acreditava nisso...
conquistas superlativas. b) Se Grécia e Roma foram, para Poe, uma espécie de casa...
c) ... ainda seja por nós obscuramente sentido como verdadei-
06. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ro, embora não de modo consciente.
FCC/2012) ...Ou pretendia. d) ... como um legado que provê o fundamento de nossas sen-
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o grifado sibilidades.
acima está em: e) Seria ela efetivamente, para o poeta, uma encarnação da
a) ... ao que der ... princesa homérica?
b) ... virava a palavra pelo avesso ...
c) Não teria graça ... GABARITO
d) ... um conto que sai de um palíndromo ... 01.E 02. B 03. D 04. D 05. E
e) ... como decidiu o seu destino de escritor. 06.B 07. E 08. C 09. D 10.B

Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO 7-) O verbo “esteja” está no presente do Subjuntivo.
(A) ... a Empresa desenvolve = presente do Indicativo
1-) Correção à frente: (B) ... as definições de Educação Ambiental são = presente do
(A) Absteu-se = absteve-se Indicativo
(B) mas já os reaveram = reouveram (C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentável... =
(C) se vocês verem = virem presente do Indicativo
(D) Só haverá acordo se nós propormos = propusermos (D) ... e incorporou [...] = pretérito perfeito do Indicativo
(E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos ele- (E)... e reforce a identidade das comunidades. = presente do
trônicos. Subjuntivo.
2-) Percorriam = Pretérito Imperfeito do Indicativo
8-)
A = contornam – presente do Indicativo
B = era = pretérito imperfeito do Indicativo (A) se você se opuser a esse desejo.
C = foi = pretérito perfeito do Indicativo (B) se você requerer este documento.
D = dispararam = pretérito mais-que-perfeito do Indicativo (C) se você ver esse quadro.= se você vir
E = acompanham = presente do Indicativo (D) se você provier da China.
(E) se você se entretiver com o jogo.
3-) Acrescentei as formas verbais adequadas nas orações ana-
lisadas: 9-) Há = presente do Indicativo / haverá = futuro do presente
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty não pres- do indicativo.
cindiram e não requiseram (requereram) mais do que o esqueci- Ao substituirmos pelo verbo “existir”, lembremo-nos de que
mento e a passagem do tempo. esse sofrerá flexão de número (irá para o plural, caso seja neces-
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para sempre sário):
renegada a um segundo plano, eis que ela imerge (emerge) do es- I. Existem diversos projetos de lei em tramitação na Câmara.
quecimento, em 1974.
II. Caso a bondade seja aprovada, existirá custo adicional de
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a importância
estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, sobreviram (sobre- 5,4 bilhões de reais por ano.
vieram) longos anos de esquecimento. Existem / existirá.
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando as
ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos atropelos do 10-) Foi = pretérito perfeito do Indicativo
turismo selvagem. a) Poe certamente acreditava = pretérito imperfeito do Indi-
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para que cativo
obtesse, (obtivesse) agora em definitivo, o prestígio de um polo b) Se Grécia e Roma foram = pretérito perfeito do Indicativo
turístico de inegável valor histórico. c) ... ainda seja = presente do Subjuntivo
d) ... como um legado que provê = presente do Indicativo
4-)Tinham = pretérito imperfeito do Indicativo. Vamos às al- e) Seria = futuro do pretérito do Indicativo
ternativas:
Consentiu = pretérito perfeito / levaram = pretérito perfeito (e Vozes do Verbo
mais-que-perfeito) do Indicativo
Despontava = pretérito imperfeito do Indicativo
Cedesse = pretérito do Subjuntivo Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indi-
car se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três
5-) as vozes verbais:
A) Os que levam a vida pensando apenas nos valores absolu-
tos talvez fariam melhor se pensassem no encanto dos pequenos - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação ex-
bons momentos. pressa pelo verbo. Por exemplo:
B) Há até quem queira saber quem é o maior bandido entre os Ele fez o trabalho.
que recebem destaque nos popularescos programas da TV. sujeito agente ação objeto (paciente)
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gostem
tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tem aspirações a ser - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex-
metafísica. pressa pelo verbo. Por exemplo:
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levassem em conta O trabalho foi feito por ele.
nossa condição de mortais, não precisariam preocupar-se com os
sujeito paciente ação agente da passiva
degraus da notoriedade.

6-) Pretendia = pretérito imperfeito do Indicativo - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e pa-
a) ... ao que der ... = futuro do Subjuntivo ciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
b) ... virava = pretérito imperfeito do Indicativo O menino feriu-se.
c) Não teria = futuro do pretérito do Indicativo
d) ... um conto que sai = presente do Indicativo Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a no-
e) ... como decidiu = pretérito perfeito do Indicativo ção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)

Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
Formação da Voz Passiva Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico
e sintético. A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
Sujeito da Passiva Agente da Passiva
1- Voz Passiva Analítica
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a
verbo principal. Por exemplo: forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exem-
A escola será pintada. plos:
O trabalho é feito por ele.
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado da pre- Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mes-
posição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de. tres.
Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja ex- - Eu o acompanharei.
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. Ele será acompanhado por mim.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER),
pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não ha-
seguintes: verá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudicaram-
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo) -me. / Fui prejudicado.
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo)
Saiba que:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos,
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) são chamados neutros.
O vinho é bom.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Aqui chove muito.
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
- Há formas passivas com sentido ativo:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
- Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica
com outros verbos que podem eventualmente funcionar como au- - Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido ci-
xiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença. rúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é
paciente.
2- Voz Passiva Sintética Chamo-me Luís.
Batizei-me na Igreja do Carmo.
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo Operou-se de hérnia.
na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo: Vacinaram-se contra a gripe.
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sin- php
tética.
Questões sobre Vozes dos Verbos
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz latina de
paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o sig- 01. (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
nificado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz frase que admite transposição para a voz passiva é:
passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
Na voz passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem: (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande
SUJEITO PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA. diversidade de fenômenos.
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva própria sociedade e seu instrumento de unificação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida (...).
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancial- (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da
mente o sentido da frase. falsa consciência.

Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (TRE/RS – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) ... a 4-) a comunidade internacional [...] observe outro preceito =
Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho ... se na voz ativa temos um verbo, na passiva teremos dois: outro
Transpondo a frase acima para a voz passiva, a forma verbal preceito seja observado.
corretamente obtida é:
a) tinha interrompido. 5-) O poeta teria aberto um diálogo entre as duas partes = Um
b) foram interrompidas. diálogo teria sido aberto...
c) fora interrompido.
d) haviam sido interrompidas.
e) haveriam de ser interrompidas.
7. SEMÂNTICA: ESTUDO
03. (FCC-TRE-Analista Judiciário – 2011) Transpondo-se DA SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
para a voz passiva a frase Hoje a autoria institucional enfrenta
séria concorrência dos autores anônimos, obter-se-á a seguinte
forma verbal:
(A) são enfrentados. (B) tem enfrentado. Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabola,
(C) tem sido enfrentada. (D) têm sido enfrentados. que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser definida como
(E) é enfrentada. sendo um conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente
com a ideia associada a este conjunto.
04. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –
FCC/2012) Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer a res- Sentido Próprio e Figurado das Palavras
ponsabilidade de proteger pela via militar, a comunidade interna-
cional [...] observe outro preceito ... Pela própria definição acima destacada podemos perceber que
Transpondo-se o segmento grifado acima para a voz passiva, a palavra é composta por duas partes, uma delas relacionada a sua
a forma verbal resultante será: forma escrita e os seus sons (denominada significante) e a outra
a) é observado.
relacionada ao que ela (palavra) expressa, ao conceito que ela traz
b) seja observado.
(denominada significado).
c) ser observado.
Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdividem-se
d) é observada.
assim:
e) for observado.
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o sentido co-
05. (Analista de Procuradoria – FCC – 2013-adap) Transpon-
mum que costumamos dar a uma palavra.
do- -se para a voz passiva a frase O poeta teria aberto um
diálogo entre as duas partes, a forma verbal resultante será: - Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figurado”, que
A) fora aberto. B) abriria. podemos dar a uma palavra.
C) teria sido aberto. D) teriam sido abertas. Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes con-
E) foi aberto. textos:
1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
GABARITO 2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradável,
01. B 02.B 03. E 04.B 05. C que adota condutas pouco apreciáveis)
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhece
RESOLUÇÃO muito sobre alguma coisa, “expert”)

1-) No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido comum


(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado. (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado em sentido
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande figurado.
diversidade de fenômenos. Podemos então concluir que um mesmo significante (parte
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e expli- concreta) pode ter vários significados (conceitos).
cada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade, a Denotação e Conotação
própria sociedade e seu instrumento de unificação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da vida (...). - Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e da seu significado primitivo e original, com o sentido do dicionário;
falsa consciência. usada de modo automatizado; linguagem comum. Veja este exem-
plo: Cortaram as asas da ave para que não voasse mais.
2-) ... a Coreia do Norte interrompeu comunicações com o Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido pró-
vizinho = voz ativa com um verbo, então a passiva terá dois: co- prio, comum, usual, literal.
municações com o vizinho foram interrompidas pela Coreia...
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicionário:
3-) Hoje a autoria institucional enfrenta séria concorrência dos trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado em seu
autores anônimos = Séria concorrência é enfrentada pela autoria... sentido dicionarístico.

Didatismo e Conhecimento 85
LÍNGUA PORTUGUESA
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra com o 3-) (TRF – 4ª REGIÃO – TAQUIGRAFIA – FCC/2010)
seu significado secundário, com o sentido amplo (ou simbólico); Constitui exemplo de uso de linguagem figurada o elemento su-
usada de modo criativo, figurado, numa linguagem rica e expressi- blinhado na frase:
va. Veja este exemplo: I. Foi acusado de ser o cabeça do movimento.
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes que II. Ele emprega sempre a palavra literalmente atribuindo-lhe
seja tarde demais. um sentido inteiramente inadequado.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma figurada, III. Ignoro o porquê de você se aborrecer comigo.
fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de ações; discipli- IV. Seus pensamentos são fantasmagorias que não o deixam
na, limitação de conduta e comportamento. em paz.
Atende ao enunciado APENAS o que está em
Fonte: a) I e II.
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-justica- b) I e IV.
-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figurado-das-pala- c) II e III.
vras.html d) III e IV.
e) I e III.
Questões sobre Denotação e Conotação
4-) (Agente de Promotoria – Assessoria – VUNESP – 2013).
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- Leia o texto a seguir.
LO – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto
para responder à questão. Na FLIP, como na Copa
Outro dia, meu pai veio me visitar e trouxe uma caixa de ca-
quis, lá de Sorocaba. Eu os lavei, botei numa tigela na varanda e RIO DE JANEIRO – Durante entrevista na Festa Literária
comemos um por um, num silêncio reverencial, nos olhando de vez Internacional de Paraty deste ano, o cantor Gilberto Gil criticou
em quando. Enquanto comia, eu pensava: Deus do céu, como ca- as arquibancadas dos estádios brasileiros em jogos da Copa das
qui é bom! Caqui é maravilhoso! O que tenho feito eu desta curta Confederações.
vida, tão afastado dos caquis?! Poderia ter dito o mesmo sobre a plateia da Tenda dos Au-
Meus amigos e amigas e parentes queridos são como os ca- tores, para a qual ele e mais de 40 outros se apresentaram. A au-
quis: nunca os encontro. Quando os encontro, relembro como é diência do evento literário lembra muito a dos eventos Fifa: classe
prazeroso vê-los, mas depois que vão embora me esqueço da re- média alta.
velação. Por que não os vejo sempre, toda semana, todos os dias Na Flip, como nas Copas por aqui, pobre só aparece “como
desta curta vida? prestador de serviço”, para citar uma participante de um protesto
Já sei: devem ficar escondidos de mim, guardados numa cai- em Paraty, anteontem.
xa, lá em Sorocaba. Como lembrou outro dos convidados da festa literária, o me-
(Antônio Prata, Apolpando. Folha de S.Paulo, 29.05.2013) xicano Juan Pablo Villalobos, esse cenário é “um espelho do que
é o Brasil”.
Considerando o contexto, assinale a alternativa em que há ter- (Marco Aurélio Canônico, Na Flip, como na Copa. Folha de S.Paulo,
mos empregados em sentido figurado. 08.07.2013. Adaptado)
(A) Outro dia, meu pai veio me visitar… (1.º parágrafo)
(B) … e trouxe uma caixa de caquis, lá de Sorocaba. (1.º pa- O termo espelho está empregado em sentido
rágrafo) A) figurado, significando qualidade.
(C) … devem ficar escondidos de mim, guardados numa cai- B) próprio, significando modelo.
xa… (último parágrafo) C) figurado, significando advertência.
(D) Enquanto comia, eu pensava… (1.º parágrafo) D) próprio, significando símbolo.
(E) … botei numa tigela na varanda e comemos um por um… E) figurado, significando reflexo.
(1.º parágrafo)
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
2-) (CREFITO/SP – ANALISTA FINANCEIRO – VU- – 2013). Leia o texto a seguir.
NESP/2012 - ADAPTADA) Para responder à questão, considere
o trecho a seguir. Violência epidêmica
Uma lei que, por todo esse empenho do governo estadual,
“pegou”. E justamente no Rio, dos tantos jeitinhos e esquemas e A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora
da vista grossa. possa acometer indivíduos vulneráveis em todas as classes sociais,
é nos bairros pobres que ela adquire características epidêmicas.
No contexto em que está empregada, a expressão “pegou” as- A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades
sume um sentido que também está presente em: de um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes centros
(A) Já não há dúvidas de que essa moda pegou. urbanos e se dissemina pelo interior.
(B) O carro a álcool não pegou por causa do frio. As estratégias que as sociedades adotam para combater a vio-
(C) O trem pegou o ônibus no cruzamento. lência variam muito e a prevenção das causas evoluiu muito pouco
(D) Ele, sem emprego, pegou o serviço temporário. no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços ocorridos no
(E) Ele correu atrás do ladrão e o pegou. campo das infecções, câncer, diabetes e outras enfermidades.

Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações E) Os mais vulneráveis são os que tiveram a personalidade
nos mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências formada num ambiente desfavorável ao desenvolvimento psicoló-
agressivas surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas gico pleno. (5.º parágrafo)
que os tornam despreparados para lidar com as frustrações de
seus desejos. 06. O item em que o termo sublinhado está empregado no
A violência é uma doença. Os mais vulneráveis são os que sentido denotativo é:
tiveram a personalidade formada num ambiente desfavorável ao A) “Além dos ganhos econômicos, a nova realidade rendeu
desenvolvimento psicológico pleno. frutos políticos.”
A revisão de estudos científicos permite identificar três fatores B) “...com percentuais capazes de causar inveja ao presiden-
principais na formação das personalidades com maior inclinação te.”
ao comportamento violento: C) “Os genéricos estão abrindo as portas do mercado...”
1) Crianças que apanharam, foram vítimas de abusos, humi- D) “...a indústria disparou gordos investimentos.”
lhadas ou desprezadas nos primeiros anos de vida. E) “Colheu uma revelação surpreendente:...”
2) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmiti-
Resolução
ram valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impu-
seram limites de disciplina.
1-)
3) Associação com grupos de jovens portadores de comporta- Sublinhei os termos que estão relacionados (os pronomes e
mento antissocial. verbos retomam os seguintes substantivos abaixo):
Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crian- Meus amigos e amigas e parentes queridos são como os ca-
ças que se enquadram nessas três condições de risco. Associados quis...
à falta de acesso aos recursos materiais, à desigualdade social, Quando os encontro, relembro como é prazeroso vê-los...
esses fatores de risco criam o caldo de cultura que alimenta a ...devem ficar escondidos de mim, guardados numa caixa, lá
violência crescente nas cidades. em Sorocaba...
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a res-
posta do aprisionamento. Porém, seu efeito é passageiro: o cri- Através da leitura acima, percebemos que o autor refere-se
minoso fica impedido de delinquir apenas enquanto estiver preso. aos amigos, amigas e parentes. Ao dizer que ficam guardados em
Ao sair, estará mais pobre, terá rompido laços familiares e sociais caixas, obviamente, está utilizando uma linguagem conotativa, fi-
e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. Ao mesmo tempo, gurada.
na prisão, terá criado novas amizades e conexões mais sólidas
com o mundo do crime. RESPOSTA: “C”.
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda.
Obrigados a optar por uma repressão policial mais ativa, aumen- 2-)
taremos o número de prisioneiros. As cadeias continuarão super- A alternativa que apresenta o verbo “pegou” em seu sentido
lotadas. conotativo é a letra “A”.
Seria mais sensato investir em educação, para prevenir a cri-
minalidade e tratar os que ingressaram nela. RESPOSTA: “A”.
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. Preci-
samos de uma divisão de renda menos brutal, motivar os policiais 3-)
a executar sua função com dignidade, criar leis que acabem com I. Foi acusado de ser o cabeça do movimento. = o líder, o
a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e construir cadeias mentor (figurado)
II. Ele emprega sempre a palavra literalmente atribuindo-lhe
novas para substituir as velhas.
um sentido inteiramente inadequado. (linguagem denotativa)
Enquanto não aprendermos a educar e oferecer medidas pre-
III. Ignoro o porquê de você se aborrecer comigo. (= o motivo;
ventivas para que os pais evitem ter filhos que não serão capazes
denotação)
de criar, cabe a nós a responsabilidade de integrá-los na socieda- IV. Seus pensamentos são fantasmagorias que não o deixam
de por meio da educação formal de bom nível, das práticas espor- em paz. (perturbações; figurado).
tivas e da oportunidade de desenvolvimento artístico.
(Drauzio Varella. In Folha de S.Paulo, 9 mar.2002. Adaptado) RESPOSTA: “B”.
Assinale a alternativa em cuja frase foi empregada palavra ou 4-) O termo espelho está empregado em sentido figurado, sig-
expressão com sentido figurado. nificando reflexo do que é o país.
A) Tendências agressivas surgem em indivíduos com dificul-
dades adaptativas ...(4.º parágrafo) RESPOSTA: “E”.
B) A revisão de estudos científicos permite identificar três fa-
tores principais na formação das personalidades com maior incli- 5-) criam o caldo de cultura que alimenta a violência crescente
nação ao comportamento violento... (6.º parágrafo) nas cidades. (10.º parágrafo)
C) As estratégias que as sociedades adotam para combater a Criam o ambiente, as situações que alimentam, fortalecem a
violência variam... (3.º parágrafo) violência.
D) ...esses fatores de risco criam o caldo de cultura que ali-
menta a violência crescente nas cidades. (10.º parágrafo) RESPOSTA: “D”.

Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA
6-) com percentuais capazes de causar inveja ao presidente. Polissemia e ambiguidade
Sentido denotativo = empregado com o sentido real da palavra
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na inter-
RESPOSTA: “B”. pretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode ser ambíguo,
ou seja, apresenta mais de uma interpretação. Essa ambiguidade
Polissemia pode ocorrer devido à colocação específica de uma palavra (por
exemplo, um advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Consideremos as seguintes frases: Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequentemente são
felizes. Neste caso podem existir duas interpretações diferentes.
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja! As pessoas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são
Vamos! Coloque logo a mão na massa! felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
As crianças estão com as mãos sujas. De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela pode
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpretação. Para
fazer a interpretação correta é muito importante saber qual o con-
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idênticas no texto em que a frase é proferida.
que se refere à grafia, mas será que possuem o mesmo significado?
Existe uma parte da gramática normativa denominada Semân- - Sinônimos
tica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados que uma
mesma palavra apresenta de acordo com o contexto em que se in- São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - abe-
sere. cedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
Tomando como exemplo as frases já mencionadas, analisare- Observação: A contribuição greco-latina é responsável pela
mos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu sentido existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e antago-
denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário. nista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; contravene-
Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, eficiência no e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; transformação e
diante do ato praticado. Nas outras que seguem o significado é de: metamorfose; oposição e antítese.
participação, interação mediante a uma tarefa realizada; mão como
- Antônimos
parte do corpo humano e por último simboliza o roubo, visto de
maneira pejorativa.
São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; sober-
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebemos
ba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibili-
Observação: A antonímia pode originar-se de um prefixo de
dades de várias interpretações levando-se em consideração as situ-
sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático e an-
ações de aplicabilidade.
tipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo e ina-
Há uma infinidade de outros exemplos em que podemos veri- tivo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista; simétrico
ficar a ocorrência da polissemia, como por exemplo: e assimétrico.
O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta. O que são Homônimos e Parônimos:
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua so- - Homônimos
brevivência a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferentes na
O passarinho foi atingido no bico. pronúncia:
rego (subst.) e rego (verbo);
Polissemia e homonímia colher (verbo) e colher (subst.);
jogo (subst.) e jogo (verbo);
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante comum. denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
Quando a mesma palavra apresenta vários significados, estamos providência (subst.) e providencia (verbo).
na presença da polissemia. Por outro lado, quando duas ou mais
palavras com origens e significados distintos têm a mesma grafia e b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e diferentes
fonologia, temos uma homonímia. na escrita:
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode sig- acender (atear) e ascender (subir);
nificar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é polissemia concertar (harmonizar) e consertar (reparar);
porque os diferentes significados para a palavra manga têm origens cela (compartimento) e sela (arreio);
diferentes, e por isso alguns estudiosos mencionam que a palavra censo (recenseamento) e senso (juízo);
manga deveria ter mais do que uma entrada no dicionário. paço (palácio) e passo (andar).
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar o el-
emento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São palavras
de um determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes significa- iguais na escrita e na pronúncia:
dos estão interligados porque remetem para o mesmo conceito, o caminho (subst.) e caminho (verbo);
da escrita. cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).

Didatismo e Conhecimento 88
LÍNGUA PORTUGUESA
- Parônimos 03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo para o
São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e cou- termo destacado em – …“No início das aulas, eu achava meio cha-
ro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede e cede; to, mas depois fui me interessando”, disse.
comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; autuar e atuar; A) Estimulante. B) Cansativo.
degradar e degredar; infligir e infringir; deferir e diferir; suar e C) Irritante. D) Confuso.
soar. E) Improdutivo.

h t t p : / / w w w. c o l a d a w e b . c o m / p o r t u g u e s / s i n o n i m o s , - 04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –


-antonimos,-homonimos-e-paronimos 2013). Analise as afirmações a seguir.
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso por
Questões sobre Significação das Palavras homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem altera-
ção do sentido do texto, por “faz”.
01. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacu- II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescrita
nas da frase abaixo: da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação.
Da mesma forma que os italianos e japoneses _________ III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________ no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; inter- expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido
namente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo. do texto.
a) imigraram - emigram - migram De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, está cor-
b) migraram - imigram - emigram reto o que se afirma em
c) emigraram - migram - imigram. A) I, II e III. B) III, apenas.
d) emigraram - imigram - migram. C) I e III, apenas. D) I, apenas.
e) imigraram - migram – emigram E) I e II, apenas.

Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP – 2013 - 05. Leia as frases abaixo:


Leia o texto para responder às questões de números 02 e 03. 1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em Marte.
Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica 3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas de
humor.
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu celular 4 - ___________ dias que não falo com Alfredo.
antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo para alguns
pode ser matéria-prima para outros. O CMID – Centro Marista Escolha a alternativa que oferece a sequência correta de
de Inclusão Digital –, que funciona junto ao Colégio Marista de vocábulos para as lacunas existentes:
Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ensina os alunos do colégio a a) concerto – há – a – cessões – há;
fazer robôs a partir de lixo eletrônico. b) conserto – a – há – sessões – há;
Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo, c) concerto – a – há – seções – a;
constroem carros com sensores de movimento que respondem à d) concerto – a – há – sessões – há;
aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de baterias de e) conserto – há – a – sessões – a .
celular. “Tirando alguns sensores, que precisamos comprar, é tudo
reciclagem”, comentou o instrutor de robótica do CMID, Leandro 06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
Schneider. Esses alunos também aprendem a consertar compu- 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para responder à questão.
tadores antigos. “O nosso projeto só funciona por causa do lixo Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmitiram
eletrônico. Se tivéssemos que comprar tudo, não seria viável”, valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impuseram
completou. limites de disciplina.
Em uma época em que celebridades do mundo digital fazem O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho, é:
campanha a favor do ensino de programação nas escolas, é ins- A) de desprendimento. B) de responsabilidade.
pirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da turma avançada C) de abnegação. D) de amor.
de robótica do CMID que, aos 16 anos, já sabe qual será sua pro- E) de egoísmo.
fissão. “Quero ser programador. No início das aulas, eu achava
meio chato, mas depois fui me interessando”, disse. 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser preenchida
(Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013. Adap- com a primeira alternativa da série dada nos parênteses:
tado) A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das enchentes.
(afim- a fim).
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns sen- B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
sores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... – pode ser C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (inflingi-
substituída, sem alteração do sentido da mensagem, pela seguinte rem - infringirem).
expressão: D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos. (con-
A) Pelo menos B) A contar de celhos - conselhos).
C) Em substituição a D) Com exceção de E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cerca
E) No que se refere a de - acerca de).

Didatismo e Conhecimento 89
LÍNGUA PORTUGUESA
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à direita 7-)
de cada palavra há um sinônimo. A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das en-
a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar chentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para indicar que
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas que têm tempe-
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar ramentos afins, ou seja, parecidos)
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar arreio
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação no cavalo)
C) Serão punidos os que infringirem o regulamento.
GABARITO (inflingirem = aplicarem a pena)
01. A 02. D 03. A 04. A D) São sempre valiosos os conselhos dos mais velhos;
05. D 06. E 07. E 08. A (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa de um dis-
trito).
RESOLUÇÃO E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. (acerca
de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses imigra-
ram para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros emi- 8-)
gram para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) = sig-
internamente, migram para o Sul, pelo mesmo motivo. nificados invertidos
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = significados
2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos com- invertidos
prar, é tudo reciclagem”... d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = significados
invertidos
3-) antônimo para o termo destacado : “No início das aulas, eu e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = signifi-
achava meio chato, mas depois fui me interessando” cados invertidos
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas depois
fui me interessando”

4-)
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso por
homicídio. – o termo em destaque pode ser substituído, sem altera-
ção do sentido do texto, por “faz”. = correta
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser reescri-
ta da seguinte forma – Todo preso aspira à libertação. = correta
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma diferente aqui
no presídio devido ao bom comportamento. – pode-se substituir a
expressão em destaque por “em razão do”, sem alterar o sentido
do texto. = correta

5-)
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe) vida
em Marte.
3 – As sessões da câmara são verdadeiros programas
de humor.
4- Há dias que não falo com Alfredo. (= tempo
passado)

6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes transmiti-


ram valores sociais altruísticos, formação moral e não lhes impu-
seram limites de disciplina.
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse trecho,
é de egoísmo
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres
humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo
beneficiam outros. É sinônimo de filantropia. No sentido comum
do termo, é muitas vezes percebida, também, como sinônimo de
solidariedade. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que
são as inclinações específica e exclusivamente individuais (pes-
soais ou coletivas).

Didatismo e Conhecimento 90
ÉTICA E FILOSOFIA
ÉTICA E FILOSOFIA
Uma democracia pode existir num sistema presidencialista
Prof. Ma. Bruna Pinotti Garcia. ou parlamentarista, republicano ou monárquico - somente impor-
ta que seja dado aos cidadãos o poder de tomar decisões políticas
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Estado (por si só ou por seu representante eleito).
e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. Mestre em ATENÇÃO: a principal classificação das democracias é a que
Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário Eurí- distingue a direta da indireta - a) direta, também chamada de pura,
pides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. Professora de na qual o cidadão expressa sua vontade por voto direto e individual
curso preparatório para concursos e universitária (Faculdade em casa questão relevante; b) indireta, também chamada repre-
do Noroeste de Minas – FINOM). Autora de diversos traba- sentativa, em que os cidadãos exercem individualmente o direi-
lhos científicos publicados em revistas qualificadas, anais de to de voto para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em)
eventos e livros, notadamente na área do direito eletrônico, dos mais escolhido(s) representa(m) todos os eleitores; c) semidireta,
direitos humanos e do direito constitucional. também conhecida como participativa, em que se tem uma demo-
cracia representativa mesclada com peculiaridades e atributos da
democracia direta (sistema híbrido).
A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil, conside-
1. ÉTICA E CIDADANIA. rado o grande número de cidadãos, de modo que a regra é a demo-
cracia indireta. Na Grécia Antiga se encontra um raro exemplo de
democracia direta, que somente era possível porque embora a po-
pulação fosse grande, a maioria dela não era composta de pessoas
Ética e cidadania sempre apareceram como conceitos interli-
consideradas como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças,
gados porque a concepção de cidadania ganhou forças justamen-
e somente os cidadãos tinham direito de participar do processo
te no espaço em que as discussões filosóficas começaram a ser
democrático.
mais intensas. Não obstante, temas relacionados à ética possuem Contemporaneamente, o regime que mais se aproxima dos
no geral uma forte discussão de questões políticas. ideais de uma democracia direta é a democracia semidireta da Suí-
“Na sociedade moderna, nascida de transformações que cul- ça. Uma democracia semidireta é um regime de democracia em
minaram na Revolução Francesa, o indivíduo é visto como ho- que existe a combinação de representação política com formas de
mem (pessoa privada) e como cidadão (pessoa pública). O termo democracia direta.
cidadão designava originalmente o habitante da cidade. Com a Democracia e cidadania são conceitos interligados à Ética
consolidação da sociedade burguesa, passa a indicar a ação polí- no que tange ao elemento da justiça, valor do Direito. Pode-se
tica e a participação do sujeito na vida da sociedade”1. afirmar isto se considerados os três conceitos de Aristóteles so-
Sendo cidadão aquele que participa do processo político de bre as dimensões da justiça (distributiva, comutativa e social), dos
escolhas, o bom cidadão é aquele que se preocupa com escolhas quais se origina a dimensão da justiça participativa.
éticas, corretas, que geram o bem em sociedade. Por esta dimensão da justiça participativa, resta despertada a
O principal conceito aliado ao surgimento da noção de cida- consciência das pessoas para uma atitude de agir, de falar, de atuar,
dania é o de democracia, cujos históricos se coincidem. Histori- de entrar na vida da comunidade em que se vive ou trabalha. En-
camente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comunidades de fim, busca despertar esta consciência de que há uma obrigação
aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas maiores, de cada um para com a sociedade de participar de forma cons-
surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, como Tebas, Es- ciente e livre e de se interar total e habitualmente na vida social
parta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transformaram-se que pertence.
em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se Quem deve participar é quem vive na sociedade, é o cidadão,
democracias. Com efeito, as origens da chamada democracia se aquele que pode ter direitos. Participar é ao mesmo tempo um di-
encontram na Grécia antiga, sendo permitida a participação dire- reito e um dever. O cidadão deve participar, esta é uma obrigação
ta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio da de todo aquele que vive em sociedade. E o cidadão deve ter espaço
discussão na polis. para participar, o fato de não participar em si já é uma injustiça.
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de go- Com a ampliação do conceito de soberania e cidadania e, conse-
verno em que o poder de tomar decisões políticas está com quentemente, da responsabilidade do cidadão, se torna ainda mais
evidente esta necessidade de participar.
os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne com
“O desinteresse da maioria dos indivíduos pelos assuntos po-
os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou indireta
líticos é um dos grandes problemas políticos nas sociedade moder-
(quando ao cidadão é dado o poder de eleger um representante).
nas. Os indivíduos são levados ao isolamento pelo predomínio de
Com efeito, é um regime de governo em que se garante a sobera- valores individualistas e de interesses estritamente particulares, as-
nia popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxi- sim como pela submissão às leis do mercado e do consumo. Nesse
ma do poder extraída da soma dos atributos de cada membro da contexto, perde-se o sentido do que é comunitário e não se percebe
sociedade estatal, encarregado de escolher os seus representantes a importância da participação na vida coletiva”3.
no governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, se- A referência à justiça participativa, corolário do conceito de
creto e igualitário”2 cidadania, é de fundamental importância para o elemento moral
1 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: CARDI, da noção de ética, no sentido de possibilitar um agir voltado para
Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. o bem da sociedade.
2 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. São 3 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: CARDI,
Paulo: Saraiva, 2000. Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Didatismo e Conhecimento 1
ÉTICA E FILOSOFIA
Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A cidadania A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, por-
tem um compromisso com a efetivação da democracia participa- que possibilita a participação popular direta no poder por inter-
tiva. E participar não é votar a cada eleição, não se interessas pelo médio de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa
andamento da política e até se esquecer de quem mereceu seu su- popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a de-
frágio. mocracia indireta é predominantemente adotada no Brasil, por meio
“Muitas vezes achamos que não cabe a nós a responsabilidade do sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual valor para
pelo que acontece em nosso bairro, na cidade, no país. Afinal, o que todos.
podemos fazer? Não somos políticos; é a tais homens, eleitos pelo Sufrágio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser
povo, que compete resolver os problemas. Em nenhum momento votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, deverá
nos perguntamos: se nos tivéssemos reunido com outras pessoas ser direto e secreto.
para discutir os problemas que nos afetam, se nos tivéssemos re- O que diferencia o plebiscito do referendo é o momento da con-
belado de alguma forma, esses fatos estariam acontecendo? Como sulta à população: no plebiscito, primeiro se consulta a população e
interferir? Como atuar para mudar essa realidade tão dura?”4 depois se toma a decisão política; no referendo, primeiro se toma a de-
Com efeito, participar é um direito de todo aquele que é cida- cisão política e depois se consulta a população. Não obstante, embora
dão, consolidando o conceito de democracia e reforçando os valo- os dois partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, ao
res éticos de preservação do justo e garantia do bem comum. Mas, passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), ambos por meio
afinal, quem é cidadão? de decreto legislativo. O que os assemelha é que ambos são “formas
Inicialmente, é preciso levantar alguns conceitos correlatos: de consulta ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada re-
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um levância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa”7.
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a Na iniciativa popular, confere-se à população o poder de apresen-
integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e tar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante assinatura de
obrigações. 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados no mínimo, com
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles (art. 61, §2°, CF).
pelo vínculo da nacionalidade.
c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, na- § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
cionais ou não. I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
Cidadão, por sua vez, é o nacional, isto é, aquele que possui II - facultativos para:
a) os analfabetos;
o vínculo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que
b) os maiores de setenta anos;
goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado.
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Na disciplina constitucional, os direitos políticos garantidos
Embora os analfabetos não possam se candidatar, possuem a fa-
àquele que é cidadão encontram-se disciplinados nos artigos 14
culdade de votar.
e 15. Direitos políticos são os instrumentos por meio dos quais
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du-
a Constituição Federal permite o exercício da soberania popular,
rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
atribuindo poderes aos cidadãos para que eles possam interferir na
Conscritos são os convocados para serviço militar.
condução da coisa pública de forma direta ou indireta5.
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza6: “estamos I - a nacionalidade brasileira;
diante da democracia semidireta ou participativa, um ‘sistema hí- II - o pleno exercício dos direitos políticos;
brido’, uma democracia representativa, com peculiaridades e atri- III - o alistamento eleitoral;
butos da democracia direta. Pode-se falar, então, em participação IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
popular no poder por intermédio de um processo, no caso, o exer- V - a filiação partidária;
cício da soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, VI - a idade mínima de:
referendo, iniciativa popular, bem como outras formas, como a a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re-
ação popular”. pública e Senador;
Destaca-se o caput do artigo 14: b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e
do Distrito Federal;
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio uni- c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual
versal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
nos termos da lei, mediante: d) dezoito anos para Vereador.
I - plebiscito; O parágrafo descreve os requisitos para que uma pessoa possa
II - referendo; ser eleita.
III - iniciativa popular. § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e
do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou subs-
4 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: CARDI,
Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. tituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
5 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
período subsequente.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. Não poder se eleger, não significa não poder votar.
6 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 7 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 2
ÉTICA E FILOSOFIA
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Re- Em outras palavras, não se pode retirar a cidadania de uma pes-
pública, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os soa apenas porque ela cometeu um ato danoso ao Estado, principal-
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis me- mente se ela for natural deste Estado. Nos poucos casos em que a
ses antes do pleito. perda de direitos políticos é aceita, a pessoa não se torna apátrida,
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o isto é, sem pátria, sem nacionalidade, mas passa ou volta a ter outra
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau nacionalidade. Portanto, a cidadania é um status da pessoa humana,
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Es- um direito da pessoa humana.
tado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os Emblemático o artigo XV da Declaração Universal dos Direitos
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo Humanos a respeito:
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Entre outras coisas, visa impedir que se burle a vedação à ree- 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém
leição daquele que já ocupou algum destes cargos por 2 mandatos. será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con- de mudar de nacionalidade.
dições:
Sendo a nacionalidade a premissa para aquisição dos direitos
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
políticos e para o gozo e exercício dos direitos humanos, não cabe a
da atividade;
privação arbitrária. Não obstante, quanto ao direito de participar das
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
decisões políticas do Estado, atuando como cidadão, a Declaração
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato Universal dos Direitos Humanos também é bastante clara em seu ar-
da diplomação, para a inatividade. tigo XXI:
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi-
lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu
administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside- país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente
rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso público do seu país. 3. A vontade do povo será a base  da autoridade
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e le-
ou indireta. gítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equi-
O §9° é disciplinado pela LC n° 64/90 (Alterada pela LC n° valente que assegure a liberdade de voto.
135/10 - Lei da Ficha Limpa).
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Ser cidadão é um direito humano fundamental de cada ser huma-
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí- no. Contudo, sob o ponto de vista ético, é muito mais do que isso: ser
da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção cidadão é um dever, um compromisso social, um comprometimento
ou fraude. pela melhoria da sociedade consolidando o ideário do bem comum.
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo E sendo a cidadania mais do que uma mera formalidade, mais do
de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou que simplesmente eleger representantes, cabendo buscar a construção
de manifesta má-fé. de uma sociedade melhor, tem-se que a cidadania pode ser dividida
em duas categorias: cidadania formal e substantiva. A cidadania for-
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda mal é referente à nacionalidade de um indivíduo e ao fato de perten-
ou suspensão só se dará nos casos de: cer a uma determinada nação; ao passo que a cidadania substantiva é
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em de um caráter mais amplo, estando relacionada com direitos sociais,
julgado; políticos e civis. O sociólogo britânico T. H. Marshall afirmou que a
cidadania só é plena se for dotada de direito civil, político e social.
II - incapacidade civil absoluta;
Parece que tal noção é realmente a mais adequada num contexto de
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
justiça participativa e de coligação entre cidadania e ética.
durarem seus efeitos;
“Enfrentar o grande desafio de assegurar e ampliar o exercício
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta-
da cidadania em nosso país implica questionar o caráter excludente
ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; de nosso modelo econômico e, ao mesmo tempo, efetivar e aprimorar
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. a democracia. Necessitamos de uma política democrática que via-
O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, bilize mudanças econômicas para resolver os nossos graves proble-
que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade adminis- mas sociais, reconhecer e defender os direitos de todos os cidadãos
trativa, na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão dos direitos e garantir o pluralismo e os direitos das minorias. Por isso, em nossa
políticos. Obs: os direitos políticos somente são perdidos em dois sociedade, o exercício da cidadania não é apenas uma questão de
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por sentença aprendizagem, mas também de luta por condições dignas de vida,
transitada em julgado (o indivíduo naturalizado volta à condição trabalho e educação. É preciso criar espaços de manifestação na so-
de estrangeiro) e perda da nacionalidade brasileira em virtude da ciedade civil, onde os interesses comuns possam ser defendidos e os
aquisição de outra (brasileiro se naturaliza em outro país e assim indivíduos possam tomas consciência do papel que desempenham
deixa de ser considerado um cidadão brasileiro, perdendo direitos na sociedade”8.
políticos). Nota-se que não há perda de direitos políticos pela
prática de atos atentatórios contra a Administração Pública, 8 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: CARDI,
mas apenas suspensão. Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Didatismo e Conhecimento 3
ÉTICA E FILOSOFIA
dúvida as verdades absolutas de cada uma destas espécies de co-
2. FUNDAMENTOS DA FILOSOFIA. nhecimento. A partir daí passou a ser necessário testar a verdade
dos conhecimentos, o que somente seria possível pela correção do
raciocínio. Neste sentido, é correto o raciocínio que expressa um juí-
zo positivo ou negativo racionalmente válido.
Etimologicamente, a palavra “filosofia” é formada pelas pa- Por sua vez, o raciocínio pode ser: a) indutivo, que parte de
lavras gregas philos e sophia, que significam “amor à sabedoria”. casos particulares para concluir uma verdade geral ou universal (ex:
Filósofo é o amante da sabedoria. Porém, este significado, dura ferro, ouro, cobre e prata conduzem eletricidade, logo, metais con-
na história pouco tempo. Em Heródoto, em Tucídides, talvez nos duzem eletricidade), muito utilizado nas ciências experimentais; b)
pré-socráticos, uma ou outra vez, durante pouco tempo, tem este dedutivo, que parte de uma lei universal considerada válida para
significado primitivo de amor à sabedoria. Imediatamente, passa a um certo conjunta aplicando-a a casos particulares desse conjunto
ter outro significado: significa a própria sabedoria. Assim, já nos (ex: todo homem é mortal, Sócrates é homem, Sócrates é mortal).
primeiros tempos da autêntica cultura grega, filosofia significa, A verdade da conclusão do raciocínio baseia-se na verdade contida
não o simples afã ou o simples amor à sabedoria, mas a própria nas proposições e nas premissas: se elas forem falsas (denominadas
sabedoria. falácias), a conclusão será falsa.
O verbo filosofar pode ser usado com significados distintos: Estabelecidas estas premissas, parte-se para um estudo históri-
a) mero sinônimo de pensar, significado bastante amplo para os co-filosófico apto a nos fazer compreender algumas das premissas
fins deste estudo; b) sinônimo de saber viver conforme a virtude, da filosofia:
isto é, filosofar é viver com sabedoria, ideia que se aproxima mais “Durante um longo período da história grega, a mitologia cons-
do que será focado; c) filosofia propriamente dita, originária com tituiu a fonte exclusiva de explicação para a existência do homem e
mais força na Grécia em torno dos séculos VI a V a.C., quando se da organização do mundo. As interpretações imaginárias criadas por
começou a repensar a natureza, o ser humano e as divindades sob ela foram adquirindo autoridade pelo fato de serem antigas. As divin-
uma perspectiva crítica9. dades constituíam as personagens que, pelas divergências, intrigas,
A profundidade das discussões filosóficas fica bem compreen- amizades e desejos de justiça, explicavam tanto a natureza humana
dida no início da obra O Mundo de Sofia, de Josteein Gaarder: “O como os resultados das guerras e os valores culturais. Nesse sentido,
melhor meio de se aproximar da filosofia é fazer perguntas filosó- a linguagem do mito esconde interesses de classes e pode ser mani-
ficas: como o mundo foi criado? Será que existe sentido por detrás pulada por aqueles que detêm o poder. Ela impõe comportamentos
morais à comunidade e uma hierarquia de punições para aqueles que
do que ocorre? Há vida depois da morte? Como podemos respon-
não o seguem”12. Quando o mito se tornou insuficiente para expli-
der a estas perguntas? E, principalmente: como devemos viver?
car os fenômenos sociais, surge a necessidade de novos conceitos
Essas perguntas têm sido feitas pelas pessoas de todas as épocas.
culturais, os quais devem ser baseados na razão. Assim, a filosofia
Não conhecemos nenhuma cultura que não tenha perguntado quem
vem para permitir o uso da razão para que se compreendesse a ver-
é o ser humano e de onde veio o mundo. Basicamente, não há
dade universal, questionando-se os paradigmas postos e quebrando a
muitas perguntas filosóficas para se fazer. Já fizemos algumas das
insegurança e o temor que era incutido na humanidade pelos mitos.
mais importantes. Mas a história nos mostra diferentes respostas
Justamente pela força que o aspecto mítico tinha na vida em so-
para cada uma dessas perguntas que estamos fazendo. É mais fá- ciedade que nas premissas da filosofia se voltou atenção aos fenôme-
cil, portanto, fazer perguntas filosóficas do que respondê-las. Da nos naturais. Pelo mito, cada fenômeno natural era a manifestação da
mesma forma, hoje em dia cada um de nós deve encontrar a sua ira divina ou de sua satisfação. A filosofia despe-se de tais interpreta-
resposta para estas perguntas. [...] Mesmo que seja difícil respon- ções culturais e manifesta-se com autonomia e por suas próprias leis,
der a uma pergunta, isto não significa que ela não tenha uma - e só deixando a natureza falar por si mesma13.
uma - resposta certa”10. Assim, os primeiros filósofos que surgiram podem ser chama-
O saber filosófico é apenas uma entre as muitas espécies de dos de filósofos da natureza, os quais acreditavam que por trás de
saberes, que não merecem ser desmerecidos. Quer dizer, o ser hu- toda transformação da natureza estaria uma substância básica, pensa-
mano pode obter diversas espécies de conhecimento, destacando- mento este defendido na tentativa de compreender a natureza sem a
-se: a) conhecimento empírico ou sensorial, que se dá pelos senti- necessidade dos mitos14.
dos, pela percepção física dos objetos materiais; b) conhecimento Os primeiros filósofos da natureza são conhecidos como filóso-
lógico ou intelectual, que se obtém pelo raciocínio, no sentido de fos de Mileto, uma colônia grega na Ásia Menor. Tales considerava
que a combinação dos dados permite analisar, comparar, articular e que a água era a origem das coisas; Aneximandro acreditava que o
unir, gerando conceitos, definições e leis indispensáveis ao enten- mundo era apenas um dos muitos mundos que surgem de alguma
dimento da realidade (predominantemente, é este o tipo de conhe- coisa e se dissolvem de alguma coisa chamada infinito (não era uma
cimento buscado pelos filósofos, embora alguns tenham se valido substância determinada); Anaxímenes tinha a crença de que o ar ou
do conhecimento empírico); c) conhecimento de fé, que se dá pela o sopro de ar era a substância básica de todas15.
crença11. Descartes e filósofos como Galileu Galilei colocaram em
12 CARDI, Cassiano. O que é filosofar? Do mito à razão. In: CARDI,
9 CARDI, Cassiano. O que é filosofar? Do mito à razão. In: CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.
Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. 13 CARDI, Cassiano. O que é filosofar? Do mito à razão. In: CARDI,
10 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr. Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 14 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr.
11 SANTOS, Antônio Raimundo dos. Conhecer ou não conhecer, eis São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
a diferença. In: CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 15 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr.
2000. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Didatismo e Conhecimento 4
ÉTICA E FILOSOFIA
Após, Parmênides defendeu que tudo sempre existiu, que nada Aristóteles, por mais que fosse discípulo de Platão, mudou
pode surgir do nada e que nada poderia ser diferente do que é (re- seu pensamento em muitos aspectos. Enquanto cientista, saiu ao
jeitava a transformação). Na mesma época, Heráclito confiava que encontro da natureza e a estudou, acreditando que seus sentidos
tudo está em movimento e nada dura para sempre (não se pode entrar poderiam lhe fornecer uma percepção do conhecimento, questio-
duas vezes no mesmo rio). Logo, pensavam de maneira oposta, pois nando a teoria das ideias de Platão e fornecendo com base em cri-
o primeiro não confiava nos sentidos, o segundo sim; o primeiro não térios lógicos uma nova concepção do mundo natural (inclusive
acreditava na transformação, o segundo sim. Para resolver o impas- com a clássica divisão animal, vegetal e mineral). Enquanto filó-
se, Empédocles propôs que não se podia defender que há um único sofo, pode ser colocado como um dos principais filósofos morais
elemento primordial que origina as coisas da natureza, defendendo da história da humanidade, razão pela qual voltará a ser estudado
que nela se faziam presentes quatro elementos básicos (terra, ar, fogo no tópico 4. Além do aspecto moral, Aristóteles colocava o homem
e água). Também buscando solucionar os impasses desta discussão, enquanto ser político, tanto que defendeu a concepção de dimen-
Anaxágoras defendeu a presença de uma infinidade de partículas mi- sões de justiça (estudada a título introdutório no tópico anterior).
núsculas na natureza. Os últimos dois filósofos acreditavam também A partir de movimentos como o helenismo e, principalmen-
em elementos de ligação entre os elementos naturais, que seriam te, o estoicismo, a filosofia saiu das fronteiras gregas e adquiriu
sentimentos: Para Empédocles, o amor; para Anaxágoras, a inteli- um caráter global. Inicialmente, passou para Roma, onde Cícero
gência. O último filósofo da natureza, Demócrito, concordava com despontou como um dos principais pensadores. Influenciado pela
a transformação constante da natureza e supôs que todas as coisas própria estrutura do Império Romano, Cícero trabalhou sua filoso-
eram constituídas por uma infinidade de microsubstâncias, cada qual fia no modelo da República, estudando o que seria o governante
eterna e imutável, chamando-as de átomos (o pensador se aproximou ideal. Logo, também foi um filósofo moral, pois ao estabelecer o
do que se descobriu posteriormente, do que conhecemos hoje); mas conceito de governante ideal traçou as principais virtudes que um
também acreditava que a alma humana era composta de átomos, isto homem deveria possuir.
é, a própria consciência do homem, não sendo então imortal16. O Império Romano ruiu e abriu espaço para o início da Idade
“Com o surgimento da política democrática nas cidades-estados, Média, na qual o pensamento filosófico predominante foi o cris-
a filosofia passa a ser praticada não como procura da verdade, mas tianismo. O primeiro pensador deste período foi Santo Agostinho,
como um ensino útil para os líderes políticos fazerem valer os seus que “explicava que Deus havia criado o mundo a partir do nada,
pontos de vista nas discussões públicas”17. A partir deste momento, a e este é um ensinamento da Bíblia. [...] Para Agostinho, antes de
Deus ter criado o mundo, as ideias já existiam dentro de Sua ca-
maioria dos filósofos passou a se concentrar na natureza humana,
beça. Ele atribuiu a Deus as ideias eternas e com isto salvou a
não na natureza das coisas. O primeiro grande filósofo desta nova
concepção platônica das ideias eternas. [...] Isto também mostra
fase foi Sócrates, que foi professor de Platão, o qual, por sua vez,
que Agostinho e muitos outros membros do clero se esforçavam ao
ensinou Aristóteles.
máximo parra conciliar o pensamento grego com o judeu”. Agosti-
Embora Sócrates nunca tenha escrito uma linha com seus pen-
nho também dividiu os homens em dois grupos, os redimidos e os
samentos, ficou marcado como uma das maiores influências filosó-
condenados, conforme a vontade divina no julgamento das ações
ficas do mundo e é conhecido mesmo pelos que pouco sabem de
humana (assim, o homem seria responsável por seus atos)20. O se-
filosofia, principalmente por seu fim trágico (foi condenado à morte gundo pensador deste período foi Santo Tomás de Aquino, que em
por seus pensamentos). Sócrates não queria ensinar às pessoas o que sua Suma Teológica desenvolveu um amplo estudo do pensamen-
ele pensava, mas queria ensiná-las a pensar: daí sua máxima “só sei to cristianista e assim discutiu premissas filosóficas tradicionais
que nada sei”. Sócrates impulsionava as pessoas a utilizarem a razão, como as virtudes morais, os fundamentos do Direito, a consciência
logo, foi um racionalista convicto. Acreditava na consciência huma- humana, a ação racional, etc.
na guiada por esta razão, levando as pessoas a agirem corretamente18. O movimento que se seguiu com o fim da Idade Média foi
Platão, inspirado por seu mestre Sócrates, transpôs ao papel o Renascimento. Os cidadãos da época do Renascimento come-
diversos de seus pensamentos, mas também elaborou suas próprias çaram a se libertar dos senhores feudais e do poder da Igreja, ao
ideias. Em destaque, investigou a relação entre eterno e imutável, mesmo tempo em que redescobriram a cultura grega. O renasci-
tanto na natureza quando na moral humana. No mundo material, de- mento visou propiciar uma nova visão do homem e de seu valor,
fendeu a fruição das coisas (tudo flui) e a propagação destas coisas de forma que o homem passa a ser visto como algo infinitamente
pela natureza humana depende de uma ideia pré-estabelecida: “Pla- grande e poderoso. Logo, a marca do Renascimento é um antropo-
tão acreditava numa realidade autônoma por trás do mundo dos sen- centrismo individualista. No Renascimento surgiram as premissas
tidos. A esta realidade deu o nome de mundo das ideias. Nele estão de toda uma evolução tecnológica, com pensadores como Gali-
as imagens padrão, as imagens primordiais, eternas e imutáveis, que leu, Copérnico e Isaac Newton. Em meio a tantas novas teorias e
encontramos na natureza. Esta notável concepção é chamada por nós descobertas, o Renascimento trouxe uma nova concepção de Deus
de a teoria das ideias de Platão”19. No aspecto moral, Platão defen- muito diferente da defendida na Idade Média21. Após o Renasci-
deu a imortalidade da alma, que seria a morada da razão. mento, veio a Reforma.
A Revolução Luterana, nomenclatura mais adequada que a
16 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. usual, que é de Reforma, eis que Lutero alterou em sua tese a tota-
17 CARDI, Cassiano. O que é filosofar? Do mito à razão. In: CARDI,
lidade das raízes do cristianismo, notadamente as já afirmadas por
Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. Santo Tomás de Aquino e Aristóteles, em especial a de que a fé se-
18 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr. 20 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
19 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr. 21 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Didatismo e Conhecimento 5
ÉTICA E FILOSOFIA
ria um ato do intelecto, logo, associada à filosofia, pois para Lutero exteriorização de suas diretrizes. Em outras palavras, a mensagem
a fé associa-se somente à teologia, não à filosofia. Ela se deu em que a ética pretende passar se encontra consubstanciada num con-
1518, quando acontece a famosa “Disputa de Heidelberg”, na qual junto de valores, para cada qual corresponde um postulado cha-
Lutero apresenta 28 teses para corroborar as outras 95 publicadas mado princípio.
no ano anterior. Ao Lutero afirmar que a razão filosófica e o Magis- De uma maneira geral, a axiologia proporciona um estudo dos
tério são falíveis e, possivelmente, errados, abre-se as portas para padrões de valores dominantes na sociedade, que revelam princí-
um novo processo de interpretação da teologia cristã22. À Reforma pios básicos. Valores e princípios, por serem elementos que per-
seguiu a Contra-Reforma, buscando restaurar premissas da Idade mitem a compreensão da ética, também se encontram presentes
Média e recolocar a Igreja no centro do Poder. no estudo do Direito, notadamente desde que a posição dos juris-
Mais adiante no processo histórico, o Iluminismo, como o tas passou a ser mais humanista e menos positivista (se preocupar
próprio nome diz, veio conceder luzes ao pensamento filosófico mais com os valores inerentes à dignidade da pessoa humana do
com seus diversos pensadores. Todos eles, acima de tudo, ques- que com o que a lei específica determina).
tionavam a estrutura político-social do absolutismo e focavam seu Os juristas, descontentes com uma concepção positivista, es-
pensamento numa estrutura mais justa de Estado, explicando tam- tadística e formalista do Direito, insistem na importância do ele-
bém os fenômenos sociológicos que cercam a sua formação. mento moral em seu funcionamento, no papel que nele desempe-
Como marcos, o Iluminismo têm: a revolta contra as autorida- nham a boa e a má-fé, a intenção maldosa, os bons costumes e
des, o racionalismo, o pensamento do Iluminismo, o otimismo cul- tantas outras noções cujo aspecto ético não pode ser desprezado.
tural, o retorno à natureza, o cristianismo humanista e os direitos Algumas dessas regras foram promovidas à categoria de princí-
humanos. “Os filósofos iluministas diziam que somente quando a pios gerais do direito e alguns juristas não hesitam em considerá-
razão e o conhecimento se tivessem difundido entre todos é que a -las obrigatórias, mesmo na ausência de uma legislação que lhes
humanidade faria grandes progressos. Era apenas uma questão de concedesse o estatuto formal de lei positiva, tal como o princípio
tempo para que desaparecessem a irracionalidade e a ignorância e que afirma os direitos da defesa. No entanto, a Lei de Introdução
surgisse uma humanidade iluminada, esclarecida. Este pensamen- às Normas do Direito Brasileiro é expressa no sentido de aceitar a
to dominou a Europa ocidental até há poucas décadas. Hoje não es- aplicação dos princípios gerais do Direito (artigo 4°).24
tamos assim tão convencidos de que o progresso do conhecimento É inegável que o Direito possui forte cunho axiológico, diante
leva necessariamente a melhores condições de vida. Mas esta crí- da existência de valores éticos e morais como diretrizes do orde-
tica da ‘civilização’ já tinha sido feita pelos próprios filósofos do namento jurídico, e até mesmo como meio de aplicação da norma.
Iluminismo”23. Assim, perante a Axiologia, o Direito não deve ser interpretado
Inúmeros foram os filósofos relevantes em cada um destes somente sob uma concepção formalista e positivista, sob pena de
movimentos históricos, mas para os fins desta proposta de estudo, provocar violações ao princípio que justifica a sua criação e estru-
devemos depreender: filosofia não é a discussão isolada e unânime turação: a justiça.
de aspectos determinados, mas sim um complexo de discussões Neste sentido, Montoro25 entende que o Direito é uma ciência
que se propagam no curso da história, adquirindo novas perspecti- normativa ética: “A finalidade do direito é dirigir a conduta hu-
vas, as quais repousam sobre as questões mais essenciais da exis- mana na vida social. É ordenar a convivência de pessoas humanas.
tência humana: como deve ser visto o espaço em que o homem É dar normas ao agir, para que cada pessoa tenha o que lhe é devi-
vive, tanto o social quanto o natural; como a existência do homem do. É, em suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça. Insere-se,
deve ser encarada; o que impulsiona o homem a ser quem é; qual o portanto, na categoria das ciências normativas do agir, também de-
tipo de sociedade deve ser construída para que o homem viva ade- nominadas ciências éticas ou morais, em sentido amplo. Mas o Di-
quadamente. Enfim, são incontáveis as controvérsias postas nos reito se ocupa dessa matéria sob um aspecto especial: o da justiça”.
debates filosóficos e até hoje é difícil defender concepções únicas A formação da ordem jurídica, visando a conservação e o pro-
ou unânimes. Contudo, filosofia é mais do que fornecer respostas: gresso da sociedade, se dá à luz de postulados éticos. O Direito
é promover discussões. Questionar, assim, é mais importante do criado não apenas é irradiação de princípios morais como também
que responder. força aliciada para a propagação e respeitos desses princípios.
Estudadas as premissas da filosofia geral, isto é, compreendi- Um dos principais conceitos que tradicionalmente se relacio-
dos os principais aspectos de seu fundamento, vale encerrar este na à dimensão do justo no Direito é o de lei natural. Lei natural
tópico com o estudo dos fundamentos da filosofia do direito, que é aquela inerente à humanidade, independentemente da norma im-
é uma das principais áreas de filosofia aplicada a um campo espe- posta, e que deve ser respeitada acima de tudo. O conceito de lei
cífico. natural foi fundamental para a estruturação dos direitos dos ho-
A área da filosofia do direito que estuda a ética é conhecida mens, ficando reconhecido que a pessoa humana possui direitos
como axiologia, do grego άξιος “valor” + λόγος “estudo, tratado”. inalienáveis e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e lugar,
Por isso, a axiologia também é chamada de teoria dos valores. Daí que devem ser respeitados por todos os Estados e membros da so-
valores e princípios serem componentes da ética sob o aspecto da ciedade.26

22 PADRE PAULO RICARDO. Introdução ao Método Teológico: 24 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina
Aulas 1 a 7. Padrepauloricardo.org, 10 set. 2012 a 16 out. 2012. Disponível Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
em: <http://padrepauloricardo.org/cursos/introducao-ao-metodo-teologico>. 25 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26.
Acesso em 31 jul. 2013. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
23 GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. Tradução João Azenha Jr. 26 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

Didatismo e Conhecimento 6
ÉTICA E FILOSOFIA
O Direito natural, na sua formulação clássica, não é um con- Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou menos amplo,
junto de normas paralelas e semelhantes às do Direito positivo. pode refletir um valor moral por meio de um princípio ou de uma
Mas é o fundamento do Direito positivo. É constituído por aquelas regra. Quando digo que “todos são iguais perante a lei [...]” (art.
normas que servem de fundamento a este, tais como: “deve se fa- 5°, caput, CF) exteriorizo o valor moral do tratamento digno a to-
zer o bem”, “dar a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve dos os homens, na forma de um princípio constitucional (princí-
ser conservada”, “os contratos devem ser observados” etc., normas pio da igualdade). Por sua vez, quando proíbo um servidor público
essas que são de outra natureza e de estrutura diferente das do Di- de “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indireta-
reito positivo, mas cujo conteúdo é a ele transposto, notadamente mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em ra-
na Constituição Federal.27 zão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”
Importa fundamentalmente ao Direito que, nas relações so- (art. 317, CP), estabeleço uma regra que traduz os valores morais
ciais, uma ordem seja observada: que seja assegurada a cada um da solidariedade e do respeito ao interesse coletivo. No entanto,
aquilo que lhe é devido, isto é, que a justiça seja realizada. Pode- sempre por trás de uma regra infraconstitucional haverá um prin-
mos dizer que o objeto formal, isto é, o valor essencial, do direito cípio constitucional, no caso do exemplo do art. 317 do CP, pode-
é a justiça. -se mencionar o princípio do bem comum (objetivo da República
No sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurídicos fun- segundo o art. 3º, IV, CF - “promover o bem de todos, sem precon-
damentais de cunho ético estão instituídos no sistema constitucio- ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
nal, isto é, firmados no texto da Constituição Federal. São os prin- de discriminação) e o princípio da moralidade (art. 37, caput, CF,
cípios constitucionais os mais importantes do arcabouço jurídico no que tange à Administração Pública).
nacional, muitos deles se referindo de forma específica à ética no Conforme Alexy29, a distinção entre regras e princípios é uma
setor público. O mais relevante princípio da ordem jurídica bra- distinção entre dois tipos de normas, fornecendo juízos concretos
sileira é o da dignidade da pessoa humana, que embasa todos os para o dever ser. A diferença essencial é que princípios são normas
demais princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°, III, CF). de otimização, ao passo que regras são normas que são sempre
Claro, o Direito não é composto exclusivamente por postu- satisfeitas ou não. Se as regras se conflitam, uma será válida e ou-
lados éticos, já que muitas de suas normas não possuem qualquer tra não. Se princípios colidem, um deles deve ceder, embora não
cunho valorativo (por exemplo, uma norma que estabelece um pra- perca sua validade e nem exista fundamento em uma cláusula de
zo de 10 ou 15 dias não tem um valor que a acoberta). Contudo, o exceção, ou seja, haverá razões suficientes para que em um juízo
é em boa parte. de sopesamento (ponderação) um princípio prevaleça. Enquanto
A Moral é composta por diversos valores - bom, correto, pru- adepto da adoção de tal critério de equiparação normativa entre
dente, razoável, temperante, enfim, todas as qualidades esperadas regras e princípios, o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre
daqueles que possam se dizer cumpridores da moral. É impossível os nomes do pós-positivismo.
esgotar um rol de valores morais, mas nem ao menos é preciso: Em resumo, valor é a característica genérica que compõe de
basta um olhar subjetivo para compreender o que se espera, num alguma forma a ética (bondade, solidariedade, respeito...) ao passo
caso concreto, para que se consolide o agir moral - bom senso que que princípio é a diretiva de ação esperada daquele que atende cer-
todos os homens possuem (mesmo o corrupto sabe que está con- to valor ético (p. ex., não fazer ao outro o que não gostaria que fos-
trariando o agir esperado pela sociedade, tanto que esconde e nega se feito a você é um postulado que exterioriza o valor do respeito;
sua conduta, geralmente). Todos estes valores morais se consoli- tratar a todos igualmente na medida de sua igualdade é o postulado
dam em princípios, isto é, princípios são postulados determinantes do princípio da igualdade que reflete os valores da solidariedade
dos valores morais consagrados. e da justiça social). Por sua vez, virtude é a característica que a
Segundo Rizzatto Nunes28, “a importância da existência e do pessoa possui coligada a algum valor ético, ou seja, é a aptidão
cumprimento de imperativos morais está relacionada a duas ques- para agir conforme algum dos valores morais (ser bondoso, ser
tões: a) a de que tais imperativos buscam sempre a realização do solidário, ser temperante, ser magnânimo).
Bem - ou da Justiça, da Verdade etc., enfim valores positivos; b) a Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores são ele-
possibilidade de transformação do ser - comportamento repetido e mentos constantemente correlatos, que se complementam e estru-
durável, aceito amplamente por todos (consenso) - em dever ser, turam, delimitando o modo de agir esperado de todas as pessoas na
pela verificação de certa tendência normativa do real”. vida social, bem como preconizando quais os nortes para a atuação
Quando se fala em Direito, notadamente no direito constitu- das instituições públicas e privadas. Basicamente, a ética é com-
cional e nas normas ordinárias que disciplinam as atitudes espe- posta pela Moral e pelo Direito (ao menos em sua parte princi-
radas da pessoa humana, percebem-se os principais valores mo- pal), sendo que virtudes são características que aqueles que agem
rais consolidados, na forma de princípios e regras expressos. Por conforme a ética (notadamente sob o aspecto Moral) possuem, as
exemplo, quando eu proíbo que um funcionário público receba quais exteriorizam valores éticos, a partir dos quais é possível ex-
uma vantagem indevida para deixar de praticar um ato de interesse trair postulados que são princípios.
do Estado, consolido os valores morais da bondade, da justiça e do
respeito ao bem comum, prescrevendo a respectiva norma.

27 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26.


ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
28 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto.  Manual de introdução ao 29 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução
estudo do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

Didatismo e Conhecimento 7
ÉTICA E FILOSOFIA
Sim, comprometido com a sua responsabilidade de “ser his-
3. CONSCIÊNCIA CRÍTICA E FILOSOFIA. tórico”, de gente de mudança do mundo. Enquanto o indivíduo
de consciência ingênua aceita o que vê, o de consciência crítica
problematiza o que vê; isto é, ao passo que o primeiro é um ser
“castrado” mentalmente, sem projetos de futuro, o segundo é um
Consciência crítica consiste na existência de raciocínios e na ser que incorpora que faz seu o compromisso da luta pela mudança
formação de pensamentos que levam uma pessoa a estabelecer so- o compromisso com o futuro. Logo, aquele que possui consciência
luções e reflexões racionais sobre determinado aspecto. Pode-se crítica, naturalmente, é um melhor cidadão, pois está preocupado e
afirmar que o filósofo possui consciência crítica, pois o raciocínio ciente dos problemas sociais que merecem solução.
filosófico em si exige que se dispa do senso comum e que se faça “À medida que se pensa e se representa o convívio pátrio,
um raciocínio lógico sobre fatos da vida humana. vão-se conhecendo, explicando e justificando as condições dessa
Assim, opõe-se à consciência crítica o senso comum, que vem convivência, inclusive a participação na vida política do país. Ve-
de experiências passadas, mas nem sempre ilumina a realidade. Na mos que ideologia é um fenômeno social cheio de sutilezas. Mais
filosofia, o senso comum (ou conhecimento vulgar) é a primeira que ideias que se impõem a ideologia tem uma dimensão prática,
suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda de pois ideias impulsionam os homens à ação e a própria ação altera
um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo as ideias que não têm autossustentação. Esse é um processo his-
efetuadas. O senso comum descreve as crenças e proposições que tórico, recíproco, que ocorre ao nos associarmos para garantir a
aparecem como normal, sem depender de uma investigação deta- reprodução da vida biológica e cultural”30. Ter consciência crítica
lhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas. é mais do que ter mera ideologia, é se preocupar em agir por uma
Um tipo de conhecimento que se acumula no nosso cotidiano e é sociedade melhor porque se está ciente dos problemas dela.
chamado de senso comum, baseado na tentativa e no erro. O sen- “A pátria é um fenômeno vivido em um tempo e espaço de-
so comum que nos permite sentir uma realidade menos detalhada, terminados, mas generalizado em sua concepção. É mediante opi-
menos profunda e imediata e vai do hábito de realizar um com- niões cristalizadas pela cultura sobre diferentes situações sociais
portamento até a tradição que, quando instalada, passa de geração que pensamos ter uma participação social plena”31. Muitas vezes
para geração. somos iludidos com a política do pão e circo para não enxergarmos
Quando o senso comum é usado para o mau, sem a vontade os maiores problemas sociais. Aqueles munidos de consciência
de verificar se o conhecimento é correto ou se evoluiu, origina-se crítica ficam isentos de tais práticas e enxergam a sociedade em
a chamada consciência ingênua, que se caracteriza nos seguintes que vivem com mais clareza.
termos: evidencia certa simplicidade, tendente a interpretar e en- A ação do homem só tem sentido se for compromissada com
carar os problemas e desafios de maneira simples; não busca um a realidade, uma vez que, diferente do animal, o ser humano é
aprofundamento na observação de relações de causalidade, nem se capaz de reflexão. O homem existe. Está inserido no mundo. Toma
preocupa com a investigação complexa dos fatos, satisfazendo-se conhecimento deste mundo, sendo até capaz de modificá-lo. Esta
com aparências;possui também uma tendência a considerar que o ação modificadora, entretanto, torna-se impossível, se ele estiver
passado foi melhor e olha ao novo com maus olhos; tende a acei- imerso e acomodado a este mundo e for incapaz de distanciar-se
tar formas pré-estabelecida de comportamento, inclusive beirando dele para admirá-lo e perceber o seu conjunto. A partir da visão
uma consciência fanática; subestima o homem simples e não dá crítica de realidade, que o homem se torna capaz de modificar o
atenção às suas explicações; pretende ganhar a discussão com ar- mundo em que vive. Ao contrário, a consciência ingênua leva a
gumentos frágeis, gota de ser polêmico e não pretende esclarecer uma visão distorcida da realidade.
suas posições, as quais são formadas mais de emoções do que de São características da consciência crítica: anseio de profun-
críticas; pode cair no fanatismo ou intolerância; rejeita mudanças didade na análise de problemas, isto é, busca-se um conhecimen-
sociais. to detalhado de cada problema visualizado não se contentando
A consciência crítica é uma forma de relação com o mundo apenas com o que está às vistas claras, com o que é aparente; há
que busca compreendê-lo de modo concreto, para além das aparên- consciência de que por vezes não existirão meios para análise dos
cias. O indivíduo dotado de consciência crítica rejeita as interpre- problemas e de que a realidade é mutável, mas isto não impede
tações subjetivas, fantasiosas, enganosas, místicas e outras formas o processo de reflexão; coloca no lugar de situações ou explica-
ilusórias de encobrir a verdade. Por meio da observação, ele busca ções mágicas princípios autênticos de causalidade, os quais ex-
as causas de todo o que observa e se interessa pelos fundamentos plicam uma relação de causa e efeito nos fenômenos observados,
mais profundos dos problemas que visualiza nesta observação. permitindo descobertas que sempre poderão ser revistas (afinal,
A consciência crítica observa, experimenta, problematiza e a verdade é mutável); quando se visualiza um fato, livra-se dos
critica os fatos. Pensar de modo crítico é, então, derrubar as men- preconceitos ao examiná-lo e ao propor soluções; rejeita posições
tiras, as falsas imagens, as suposições levianas, as crenças alienan- quietas, repele o comodismo, sendo intensamente inquieta pois é
tes, as ideias preconceituosas, para poder estabelecer a razão, as justamente na inquietude que o processo de reflexão crítica se in-
causas e o sentido das coisas. tensifica; sabe-se que nem tudo é o que parece, razão pela qual
Como é possível extrair desta introdução, a ciência e a filo- é preciso refletir sobre tudo, buscando a sua essência, no que se
sofia são dois produtos da consciência crítica, porque elas se encontra a autenticidade; rejeita toda transferência de responsabi-
fundam na racionalidade, na observação, na experimentação e na 30 ARAÚJO, Silvia Maria de. As várias faces da ideologia. In:
análise do mundo. E são muitas as questões que exigem tal análise, CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.
uma vez que tudo o que é criado é incompleto, é relativo, é precá- 31 ARAÚJO, Silvia Maria de. As várias faces da ideologia. In:
rio, é histórico, possui vazios a serem preenchidos. CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Didatismo e Conhecimento 8
ÉTICA E FILOSOFIA
lidade e de autoridade e aceita a delegação das mesmas (no caso - A ética é justamente saber discernir entre o devido e o in-
do cidadão, ele exerce todos os meios possíveis de participação devido, o bom e o mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o
no processo democrático); é indagadora, investiga, força, choca, certo e o errado.
nutre-se do diálogo; nunca ignora nenhum argumento possível, por - A ética nos fornece as regras fundamentais da conduta hu-
isso, ao mesmo tempo em que não teme o novo, sempre olha para o mana. Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os usos e abu-
velho com cuidado e dentro de um processo reflexivo. sos da liberdade.
Da consciência crítica que se origina a chamada consciência - Ética é a doutrina do valor do bem e da conduta humana que
social, que vai sendo adquirida depois que a pessoa descobre que o visa realizar.
é sujeito de sua história e passa ter maior interesse pelas coisas da “Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido enten-
sociedade. Ela deixa de pensar somente nela ou em seu grupo e dida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus seme-
passa a ver e viver o social. A consciência neste momento é refle- lhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação ou desaprovação
xiva, amadurecida e crítica. A pessoa percebe que o mundo é uma da ação dos homens e a consideração de valor como equivalente
construção do homem e está sempre passando por transformações. de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações
Descobre que tudo se transforma a realidade pessoal, comunitária virtuosas”33.
e social. A construção de um mundo novo, justo e fraterno é missão É difícil estabelecer um único significado para a palavra éti-
de todos e não apenas de alguns. ca, mas os conceitos acima contribuem para uma compreensão
geral de seus fundamentos, de seu objeto de estudo.
Quanto à etimologia da palavra ética: No grego existem duas
4. FILOSOFIA MORAL: vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma breve, chamada
ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL epsílon, e uma longa, denominada eta. Éthos, escrita com a vogal
longa, significa costume; porém, se escrita com a vogal breve,
éthos, significa caráter, índole natural, temperamento, conjunto
das disposições físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo
A ética é composta por valores reais e presentes na socieda- sentido, éthos se refere às características pessoais de cada um,
de, a partir do momento em que, por mais que às vezes tais valo- as quais determinam que virtudes e que vícios cada indivíduo é
res apareçam deturpados no contexto social, não é possível falar capaz de praticar (aquele que possuir todas as virtudes possuirá
em convivência humana se esses forem desconsiderados. Entre
uma virtude plena, agindo estritamente de maneira conforme à
tais valores, destacam-se os preceitos da Moral e o valor do justo
moral)34.
(componente ético do Direito).
A ética passa por certa evolução natural através da história,
Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas transfor-
mas uma breve observação do ideário de alguns pensadores do
mações sofridas pela sociedade através dos tempos provocaram
passado permite perceber que ela é composta por valores comuns
uma variação no conceito de ética, por outro, não é possível negar
desde sempre consagrados.
que as questões que envolvem o agir ético sempre estiveram pre-
Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-se a Mo-
sentes no pensamento filosófico e social.
ral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas apenas parte
Aliás, um marco da ética é a sua imutabilidade: a mesma
ética de séculos atrás está vigente hoje, por exemplo, respeitar ao dela. Neste sentido, Moral vem do grego Mos ou Morus, refe-
próximo nunca será considerada uma atitude antiética. Outra ca- rindo-se exclusivamente ao regramento que determina a ação do
racterística da ética é a sua validade universal, no sentido de deli- indivíduo.
mitar a diretriz do agir humano para todos os que vivem no mundo. Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas pela
Não há uma ética conforme cada época, cultura ou civilização: a Moral ser apenas uma parte da Ética, mas principalmente porque
ética é uma só, válida para todos eternamente, de forma imutável e enquanto a Moral é entendida como a prática, como a realização
definitiva, por mais que possam surgir novas perspectivas a respei- efetiva e cotidiana dos valores; a Ética é entendida como uma
to de sua aplicação prática. “filosofia moral”, ou seja, como a reflexão sobre a moral. Moral é
É possível dizer que as leis éticas dirigem o comportamento ação, Ética é reflexão.
humano e delimitam os abusos à liberdade, estabelecendo deveres Em resumo:
e direitos de ordem moral, sendo exemplos destas leis o respeito à - Ética - mais ampla - filosofia moral - reflexão
dignidade das pessoas e aos princípios do direito natural, a exigên- - Moral - parte da Ética - realização efetiva e cotidiana
cia de solidariedade e a prática da justiça32. dos valores - ação
Outras definições contribuem para compreender o que signi- No início do pensamento filosófico não prevalecia real distin-
fica ética: ção entre Direito e Moral, as discussões sobre o agir ético envol-
- Ética é a ciência do comportamento adequado dos homens viam essencialmente as noções de virtude e de justiça, constituin-
em sociedade, em consonância com a virtude. do esta uma das dimensões da virtude. Por exemplo, na Grécia
- A ética é uma disciplina normativa, não por criar normas, antiga, berço do pensamento filosófico, embora com variações
mas por descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às pessoas de abordagem, o conceito de ética aparece sempre ligado ao de
os valores e princípios que devem nortear sua existência. virtude.
- Ética é a doutrina do valor do bem e da conduta humana que 33 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
tem por objetivo realizar este valor. 2010.
32 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. 34 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática,
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 2005.

Didatismo e Conhecimento 9
ÉTICA E FILOSOFIA
Aristóteles35, um dos principais filósofos deste momento his- Já a discussão sobre o conceito de justiça, intrínseca na do con-
tórico, concentra seus pensamentos em algumas bases: a) defini- ceito de ética, embora sempre tenha estado presente, com maior ou
ção do bem supremo como sendo a felicidade, que necessariamente menor intensidade dependendo do momento, possuiu diversos en-
ocorrerá por uma atividade da alma que leva ao princípio racional, foques ao longo dos tempos. Pode-se considerar que do pensamento
de modo que a felicidade está ligada à virtude; b) crença na bondade grego até o Renascimento a justiça foi vista como uma virtude, não
humana e na prevalência da virtude sobre o apetite; c) reconheci- como uma característica do Direito. Por sua vez, no Renascimen-
mento da possibilidade de aquisição das virtudes pela experiência e to, o conceito de Ética foi bifurcado, remetendo-se a Moral para o
pelo hábito, isto é, pela prática constante; d) afastamento da ideia de espaço privado e remanescendo a justiça como elemento ético do
que um fim pudesse ser bom se utilizado um meio ruim. espaço público, no entanto, como se denota pela teoria de Maquia-
Já na Idade Média, os ideais éticos se identificaram com os reli- vel39, o justo naquele tempo era tido como o que o soberano impu-
giosos. O homem viveria para conhecer, amar e servir a Deus, direta- nha (o rei poderia fazer o que bem entendesse e utilizar quaisquer
mente e em seus irmãos. Santo Tomás de Aquino36, um dos principais meios, desde que visasse um único fim, qual seja o da manutenção
filósofos do período, lançou bases que até hoje são invocadas quanto do poder). Posteriormente, no Iluminismo, retomou-se a discussão
o tópico em questão é a Ética: a) consideração do hábito como uma da justiça como um elemento similar à Moral, mas inerente ao Di-
qualidade que deverá determinar as potências para o bem; b) estabele- reito, por exemplo, Kant40 defendeu que a ciência do direito justo
cimento da virtude como um hábito que sozinho é capaz de produzir a é aquela que se preocupa com o conhecimento da legislação e com
potência perfeita, podendo ser intelectual, moral ou teologal - três vir- o contexto social em que ela está inserida, sendo que sob o aspec-
tudes que se relacionam porque não basta possuir uma virtude intelec- to do conteúdo seria inconcebível que o Direito prescrevesse algo
tual, capaz de levar ao conhecimento do bem, sem que exista a virtude contrário ao imperativo categórico da Moral kantiana; sem falar em
moral, que irá controlar a faculdade apetitiva e quebrar a resistência Locke, Montesquieu e Rousseau, que em comum defendiam que
para que se obedeça à razão (da mesma forma que somente existirá o Estado era um mal necessário, mas que o soberano não possuía
plenitude virtuosa com a existência das virtudes teologais); c) presença poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas pelos direitos
dos cidadãos submetidos ao regime estatal. Tais pensamentos ilu-
da mediania como critério de determinação do agir virtuoso; d) crença
ministas não foram plenamente seguidos, de forma que firmou-se
na existência de quatro virtudes cardeais - a prudência, a justiça, a tem-
a teoria jurídica do positivismo, pela qual Direito é apenas o que
perança e a fortaleza.
a lei impõe (de modo que se uma lei for injusta nem por isso será
No Iluminismo, Kant37 definiu a lei fundamental da razão pura
inválida), que somente foi abalada após o fim trágico da 2ª Guerra
prática, que se resume no seguinte postulado: “age de tal modo que a
Mundial e a consolidação de um sistema global de proteção de di-
máxima de tua vontade possa valer-te sempre como princípio de uma
reitos humanos (criação da ONU + declaração universal de 1948).
legislação universal”. Mais do que não fazer ao outro o que não gos-
Com o ideário humanista consolidou-se o Pós-positivismo, que
taria que fosse feito a você, a máxima prescreve que o homem deve junto consigo trouxe uma valorização das normas principiológicas
agir de tal modo que cada uma de suas atitudes reflita aquilo que se do ordenamento jurídico, conferindo-as normatividade.
espera de todas as pessoas que vivem em sociedade. Claro, o filósofo Assim, a concepção de uma base ética objetiva no comporta-
não nega que o homem poderá ter alguma vontade ruim, mas defende mento das pessoas e nas múltiplas modalidades da vida social foi
que ele racionalmente irá agir bem, pela prevalência de uma lei prática esquecida ou contestada por fortes correntes do pensamento mo-
máxima da razão que é o imperativo categórico. Por isso, o prazer ou derno. Concepções de inspiração positivista, relativista ou cética
a dor, fatores geralmente relacionados ao apetite, não são aptos para e políticas voltadas para o homo economicus passaram a descon-
determinar uma lei prática, mas apenas uma máxima, de modo que siderar a importância e a validade das normas de ordem ética no
é a razão pura prática que determina o agir ético. Ou seja, se a razão campo da ciência e do comportamento dos homens, da sociedade
prevalecer, a escolha ética sempre será algo natural. da economia e do Estado.
Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, consideradas suas No campo do Direito, as teorias positivistas que prevaleceram
graves consequências, o pensamento filosófico ganhou novos rumos, a partir do final do século XIX sustentavam que só é direito aquilo
retomando aspectos do passado, mas reforçando a dimensão coletiva que o poder dominante determina. Ética, valores humanos, justiça
da ética. Maritain38, um dos redatores da Declaração Universal de Di- são considerados elementos estranhos ao Direito, extrajurídicos.
reitos Humanos de 1948, defendeu que o homem ético é aquele que Pensavam com isso construir uma ciência pura do direito e garantir
compõe a sociedade e busca torná-la mais justa e adequada ao ideário a segurança das sociedades.41
cristão; assim, a atitude ética deve ser considerada de maneira coleti- Atualmente, entretanto, é quase universal a retomada dos es-
va, como impulsora da sociedade justa, embora partindo da pessoa tudos e exigências da ética na vida pública e na vida privada, na
humana individualmente considerada como um ser capaz de agir administração e nos negócios, nas empresas e na escola, no esporte,
conforme os valores morais. na política, na justiça, na comunicação. Neste contexto, é relevante
destacar que ainda há uma divisão entre a Moral e o Direito, que
35 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nassetti. São constituem dimensões do conceito de Ética, embora a tendência
Paulo: Martin Claret, 2006.
seja que cada vez mais estas dimensões se juntem, caminhando
36 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
lado a lado.
Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez.
Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pereira. 39 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti.
São Paulo: Loyola, 2005. v. IV, parte II, seção I, questões 49 a 114. São Paulo: Martin Claret, 2007.
37 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução Paulo 40 KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução Edson Bini.
Barrera. São Paulo: Ícone, 2005. São Paulo: Ícone, 1993.
38 MARITAIN, Jacques. Humanismo integral. Tradução Afrânio 41 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João
Coutinho. 4. ed. São Paulo: Dominus Editora S/A, 1962. Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Didatismo e Conhecimento 10
ÉTICA E FILOSOFIA
Dentro desta distinção pode-se dizer que alguns autores, entre “No plano das normas éticas, a contradição dos fatos não anula a
eles Radbruch e Del Vechio são partidários de uma dicotomia rigo- validez dos preceitos: ao contrário, exatamente porque a normati-
rosa, na qual a Ética abrange apenas a Moral e o Direito. Contudo, vidade não se compreende sem fins de validez objetiva e estes têm
para autores como Miguel Reale, as normas dos costumes e da sua fonte na liberdade espiritual, os insucessos e as violações das
etiqueta compõem a dimensão ética, não possuindo apenas caráter normas conduzem à responsabilidade e à sanção, ou seja, à concre-
secundário por existirem de forma autônoma, já que fazem parte ta afirmação da ordenação normativa”.
do nosso viver comum.42 Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interligados,
Em resumo: mas a primeira é mais abrangente que a segunda, porque pode
- Posição 1 - Radbruch e Del Vechio - Ética = Moral + Direito abarcar outros elementos, como o Direito e os costumes. Todas
- Posição 2 - Miguel Reale - Ética = Moral + Direito + Cos- as regras éticas são passíveis de alguma sanção, sendo que as
tumes incorporadas pelo Direito aceitam a coação, que é a sanção apli-
Para os fins da presente exposição, basta atentar para o binô- cada pelo Estado. Sob o aspecto do conteúdo, muitas das regras
mio Moral-Direito como fator pacífico de composição da Ética. jurídicas são compostas por postulados morais, isto é, envolvem
Assim, nas duas posições adotadas, uma das vertentes da Ética é a os mesmos valores e exteriorizam os mesmos princípios.
Moral, e a outra é o Direito.
Tradicionalmente, os estudos consagrados às relações entre
o Direito e a Moral se esforçam em distingui-los, nos seguintes
termos: o direito rege o comportamento exterior, a moral enfatiza 5. A RELAÇÃO ENTRE OS VALORES
a intenção; o direito estabelece uma correlação entre os direitos e ÉTICOS OU MORAIS E A CULTURA.
as obrigações, a moral prescreve deveres que não dão origem a di-
reitos subjetivos; o direito estabelece obrigações sancionadas pelo
Poder, a moral escapa às sanções organizadas. Assim, as principais A sociedade está passando por constantes mudanças e a cada
notas que distinguem a Moral do Direito não se referem propria- dia nos é questionado como tais mudanças devem ser recepcio-
mente ao conteúdo, pois é comum que diretrizes morais sejam nadas. Seria contrário à própria proposta da filosofia supor que,
disciplinadas como normas jurídicas.43 uma vez respondido um problema social, jamais se questionasse
Com efeito, a partir da segunda metade do século XX (pós- tal resposta. Conforme a sociedade muda, as perspectivas que
-guerra), a razão jurídica é uma razão ética, fundada na garantia cercam os valores éticos adquirem nova interpretação.
da intangibilidade da dignidade da pessoa humana, na aquisição da “Como um sistema social de regulamentação, a função da
igualdade entre as pessoas, na busca da efetiva liberdade, na reali-
moral é garantir o funcionamento, a estabilidade da vida em so-
zação da justiça e na construção de uma consciência que preserve
ciedade e a possibilidade de melhorá-la. Ora, como as necessi-
integralmente esses princípios.
dades sociais variam no tempo e no espaço, as normas morais
Assim, as principais notas que distinguem Moral e Direito
também sofrem mudanças. [...] Explica-se o relativismo das
são:
normas morais em função das diferentes e específicas situações
a) Exterioridade: Direito - comportamento exterior, Moral -
em que são praticadas. Em outras palavras, a moral se encarna
comportamento interior (intenção);
no contexto histórico-social de cada povo, tomando uma forma
b) Exigibilidade: Direito - a cada Direito pode se exigir uma
específica. O relativismo moral pode acarretar um descrédito da
obrigação, Moral - agir conforme a moralidade não garante direi-
tos (não posso exigir que alguém aja moralmente porque também própria moral. [...] Embora a concepção daquilo que é bom ou
agi); mau, permitido ou proibido, varie de uma época (ou sociedade)
c) Coação: Direito - sanções aplicadas pelo Estado; Moral - para outra, a existência de regras morais é uma constante na
sanções não organizadas (ex: exclusão de um grupo social). Em história humana. Portanto, a moral constitui uma característica
outras palavras, o Direito exerce sua pressão social a partir do essencial do homem em sociedade, um valor imprescindível que
centro ativo do Poder, a moral pressiona pelo grupo social não or- perpassa toda a história da humanidade”45.
ganizado. ATENÇÃO: tanto no Direito quando na Moral existem A moral existe, assim, para melhorar a vida social, para tor-
sanções, elas somente são aplicadas de forma diversa, sendo que nar o convívio em sociedade mais agradável às pessoas. Qual-
somente o Direito aceita a coação, que é a sanção aplicada pelo quer coisa que fuja a isto não é moral, mas mero moralismo.
Estado. Respeitar os preceitos morais não significa adotar uma posição
O descumprimento das diretivas morais gera sanção, e caso conservadora de apego a valores do passado.
ele se encontre transposto para uma norma jurídica, gera coação Por exemplo, nas origens da filosofia era totalmente rejei-
(espécie de sanção aplicada pelo Estado). Assim, violar uma lei tada a ideia de que uma mulher pudesse pensar. E, como já es-
ética não significa excluir a sua validade. Por exemplo, matar al- tudamos, os pensamentos filosóficos daquela época eram muito
guém não torna matar uma ação correta, apenas gera a punição evoluídos e influenciam a sociedade até hoje. Então, o machis-
daquele que cometeu a violação. Neste sentido, explica Reale44: mo é uma postura adequada? De forma alguma, pois por mais
que os valores éticos permaneçam os mesmos a interpretação do
42 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
significado deles evolui conforme as novas necessidades sociais.
2002.
Neste sentido, se quando na Grécia se dizia que determinados
43 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina
Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000. homens poderiam ser cidadãos e eram dotados de racionalidade;
44 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 45 BÓRIO, Elizabeth Maia. A moral nossa de cada dia. In: CARDI,
2002. Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Didatismo e Conhecimento 11
ÉTICA E FILOSOFIA
na contemporaneidade se percebeu que esta característica deve- nomia e do Estado. Neste final de século, entretanto, é quase uni-
ria ser atribuída a toda pessoa capaz, num respeito mais amplo à versal a retomada dos estudos e exigências da ética na vida pública
noção de igualdade. Logo, a sociedade evolui e, com isso, a inter- e na vida privada, na administração e nos negócios, nas empresas
pretação dos valores éticos evolui. e na escola, no esporte, na política, na justiça, na comunicação. No
É possível afirmar, então, que a interpretação dos valores mo- campo do Direito, as teorias positivistas que prevaleceram a partir
rais está aliada com o aspecto dos costumes: conforme o costume do final do século XIX sustentavam que só é direito aquilo que o
de uma época ou de uma localidade surge uma nova interpretação poder dominante determina. Ética, valores humanos, justiça são
de qual seria o conteúdo destes valores morais. considerados elementos estranhos ao direito, extrajurídicos. Pen-
“Os costumes mudam e o que ontem era considerado errado savam com isso construir uma ciência pura do direito e garantir a
hoje pode ser aceito, assim como o que é aceito entre os índios do segurança das sociedades”48.
Xingu pode ser rejeitado em outros lugares, do mesmo país até. A Relacionando-se diretamente com a temática posta, temos a
ética não seria então uma simples listagem das convenções sociais questão da universalidade contraposta ao relativismo dos direitos
provisórias?. [...] Não seria exagerado dizer que o esforço de teo- humanos. Ora, são nos chamados direitos humanos que repousa a
rização no campo da ética se debate com o problema da variação segurança jurídica de respeito aos valores éticos consolidados no
dos costumes. E os grandes pensadores éticos sempre buscaram decorrer da história da humanidade. Seria simples se em todas cul-
formulações que explicassem, a partir de alguns princípios mais turas tais direitos fossem vistos e interpretados da mesma forma,
universais, tanto a igualdade do gênero humano no que há de mais mas não o são.
fundamental, quanto as próprias variações. Uma boa teoria ética Quando se fala que direitos humanos são universais estabele-
deveria atender À pretensão de universalidade, ainda que simulta- ce-se que eles são válidos para todas as pessoas do mundo, inde-
neamente capaz de explicar as variações de comportamento, carac- pendentemente de onde elas sejam. Assim, basta ser pessoa para
terísticas das diferentes formações culturais e históricas”46. ter os direitos humanos reconhecidos internacionalmente.
Mas atenção, não significa que a ética não seja eterna e imutá- As teorias que defendem o universalismo dos direitos huma-
vel: a imutabilidade é característica da ética e, de fato, se pararmos nos se contrapõem ao relativismo cultural, que afirma a validez de
para pensar, os valores morais não mudam. Não existe um tempo todos os sistemas culturais e a impossibilidade de qualquer valori-
zação absoluta desde um marco externo, que, neste caso, seriam os
ou um lugar do mundo em que ser mau, desrespeitar o próximo ou
direitos humanos universais.
ser egoísta foram considerados comportamentos éticos esperados
A respeito, Camargo e Melo Neto49 entendem:
do homem: sempre se defendeu que devem se fazer presentes os
“A Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada em
valores morais da temperança, do bom senso, do respeito ao pró-
10 de dezembro de 1948 consolida a afirmação de uma ética uni-
ximo, da busca de bem comum, da magnanimidade. O que muda,
versal, ao consagrar um consenso sobre valores de cunho universal
em verdade, é a limitação do que significa cada um destes valores
a serem seguidos pelos Estados. Para que os direitos humanos se
morais e também dos sujeitos que deverão priorizar isto com maior
internacionalizassem era necessário que eles passassem a ser tra-
ou menor intensidade nas suas ações. tados como questão de legítimo interesse internacional e para isso
“O comportamento dos indivíduos é, pois, condicionado pela foi imprescindível a redefinição quanto ao âmbito e o alcance do
cultura em que convive. O processo de assimilação da cultura rece- tradicional conceito de soberania estatal. Assim como também foi
be o nome de socialização. É em virtude da socialização que nós, necessário rever o status do indivíduo no cenário internacional,
ocidentais, comemos de garfo e faca, e as mulheres podem se dar para que se tornasse verdadeiro sujeito do direito internacional.
o luxo de chorar em público e aos homens não se permite que ma- Não é consenso que o processo de internacionalização dos direitos
nifestem suas emoções. Socialização é o permanente aprendizado humanos e a criação de um sistema internacional de proteção dos
das relações que os homens estabelecem entre si”47. mesmos consistam em um avanço ou mesmo em algo positivo e
O aspecto social influencia intensamente na interpretação dos benéfico. Os críticos do alcance universal dos direitos humanos
valores morais em cada ponto do mundo. Se pensarmos em cultu- afirmam que a pretensa universalidade dos mesmos esconde o seu
ras isoladas, tal aspecto fica ainda mais evidente. Basta observar caráter marcadamente europeu e cristão e simboliza a arrogância
as notícias de práticas em comunidades indígenas, tribos africanas, do imperialismo cultural do mundo ocidental, que tenta universa-
países do Oriente Médio. Muitas atitudes praticadas são conside- lizar as suas próprias crenças. Sendo assim, o universalismo induz
radas por nós como contrárias a valores morais, ao passo que para à destruição da diversidade cultural. A essa crítica, os universalis-
eles significam justamente o respeito a estes valores. tas se defendem alegando que a existência de normas universais
A questão se complica quando o Direito se depara com este relativas ao valor da dignidade humana é uma exigência do mun-
relativismo cultural que gera uma interpretação multifacetada da do atual, e que os diversos Estados que ratificaram instrumentos
ética. “Essa concepção de uma base ética objetiva no comporta- internacionais de proteção aos direitos humanos, consentiram em
mento das pessoas e nas múltiplas modalidades da vida social foi respeitar tais direitos. Desta feita, não podem se isentar do controle
esquecida ou contestada por fortes correntes do pensamento mo- da comunidade internacional, na hipótese de violação desses direi-
derno. Concepções de inspiração positivista, relativista ou cética e tos, e, portanto, de descumprimento de obrigações internacionais”.
políticas voltadas para o homo economicus passaram a desconside-
rar a importância e a validade das normas de ordem ética no campo 48 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26.
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
da ciência e do comportamento dos homens, da sociedade da eco-
49 CAMARGO, Raquel Peixoto do Amaral; MELO NETO, José
46 VALLS, Álvaro L. M. O Que é Ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, Baptista de. A proteção internacional dos direitos humanos face ao
1998. relativismo cultural. UFPB, X encontro de iniciação à docência. Disponível
47 ARAÚJO, Silvia Maria de. O indivíduo e a sociedade. In: CARDI, em: <http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/iniciacao/documentos/anais/3.
Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. DIREITOSHUMANOS/3CCJDDPUMT01.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2013.

Didatismo e Conhecimento 12
ÉTICA E FILOSOFIA
Entre duas posturas extremas - favoráveis ao universalismo e Juízos de fato são aqueles que dizem que algo é ou existe, e
contrárias ao universalismo - situa-se uma gama de posições inter- que dizem o que as coisas são, como são e por que são51. Em outras
mediárias. Muitas declarações de direitos humanos emitidas por palavras, juízos de fato são proposições que formamos com base
organizações internacionais regionais põem um acento maior ou no material da realidade, ou seja, coisas que julgamos a respeito do
menor no aspecto cultural e dão mais importância a determinados que está posto ao nosso redor, das coisas que existem, dos objetos
direitos de acordo com sua trajetória histórica.  materiais.
Na verdade, a criação de sistemas regionais de proteção de di- Ex: O ouro é um metal; o oxigênio é um elemento químico;
reitos humanos são uma tentativa do sistema internacional global esta porta é de madeira; esta cadeira tem rodas; o livro possui pá-
de proteção de direitos humanos de instituir um conceito de direi- ginas...
tos humanos universais que se equilibrem com as particularidades, Nota-se que a observação feita num juízo de fato ou de reali-
sociais, econômicas e culturais de cada Estado. Neste sentido, uni- dade é perceptível por qualquer pessoa que olhe o objeto. Todos
formizar não significa desrespeitar as particularidades culturais, falariam a mesma coisa. Por isso mesmo que o juízo é de realidade,
mas encontrar um ponto de equilíbrio que permita a garantia míni- é o que realmente se vê, de forma clara e unânime.
ma de certos direitos humanos. Aponta Reis50: Juízos de valor, por sua vez, são normativos e se referem ao
“Universalizar, ao contrário do que pensam alguns autores, que algo deve ser, como devem ser os bons sentimentos, as boas
não é uniformizar as ideias, criar um pensamento único. Trata de intenções, as boas ações, os comportamentos corretos, as decisões
levar a todo o planeta um marco mínimo de respeito entre as mais adequadas, etc.52
diversas culturas, para que haja diálogo entre elas. Esse diálogo Aqui, os juízos de valor não tratam de objetos materiais, mas
deve ser produtivo, ao contrário do que ocorreria com o relativis- sim de questões relacionadas às ações humanas, ou seja, às ques-
mo, pois não haveria como chegar a um mínimo de entendimento. tões morais e éticas. São reflexões acerca de como deve ser o bem
A partir deste marco, que são os direitos fundamentais, cada povo proceder das pessoas. Não obstante, os juízos de valor podem re-
tem a máxima liberdade de expressar suas tradições e crenças. cair sobre objetos materiais, verificando o aspecto qualitativo.
É verdade que a universalidade dos direitos humanos tem sido Ex.: a lua é bela; discussões são ruins; os políticos são cor-
utilizada no curso da história para justificar intervenções imperia- ruptos; o livro é interessante; furtar é errado; ajudar uma pessoa
listas de alguns Estados em outros povos, como ocorreu no colo- é correto.
nialismo e no neo-colonialismo, assim como, mais recentemente, Veja bem: a principal marca dos juízos de valores é uma certa
na invasão americana ao Estado soberano do Iraque. Apesar disso, subjetividade. Quer dizer, nem toda pessoa que olha para a lua pre-
essas manipulações do Direito devem ser vistas como patologias e cisa achá-la bela; há quem entenda que discutir é a melhor forma
não como o próprio Direito, pois este tem como meta a convivên- de resolver problemas; existem políticos que não são corruptos,
cia pacífica entre os povos, com a proibição de excessos na seara então seria errado generalizar; um livro que é aclamado por al-
internacional. guns críticos é menosprezado por outros; ajudar uma pessoa só é
Confesso que se existisse a possibilidade de um diálogo entre certo se esta pessoa estiver bem intencionada (por exemplo, aju-
culturas em um marco relativista, eu seria relativista. Isso poderia dar a assaltar um banco não é uma atitude correta). A percepção
acontecer se eu acreditasse no caráter bom e pacífico do ser huma- dos juízos de valor é algo complexo e que pode gerar discussões,
no, o que não é verdade. Se não houvesse a possibilidade de que principalmente quando o estabelecimento destes se referir a com-
determinado povo fizesse o mal a outro grupo ou indivíduo, não portamentos humanos.
necessitaríamos de um catálogo mínimo de direitos, pois a base Então, os juízos de valor não dizem respeito às propriedades
já estaria pronta – respeito à dignidade humana. Entretanto, não reais da coisa, do objeto, mas sim de como julgamos a presença,
é isso que temos visto na história do homem. Ao contrário, meca- a existência, a ação de tal coisa. Por outro lado, os juízos de fato
nismos artificiais de contenção do homem têm sido desenvolvidos dizem sim as propriedades reais, intrínsecas na realidade do obje-
desde o seu aparecimento no planeta, por intermédio da religião, to, ou seja, diz que coisas que podemos perceber de fato em algo.
da filosofia, da ciência e, mais recentemente, do Direito”.

7. ÉTICA E VIOLÊNCIA.
6. JUÍZOS DE FATO OU DE
REALIDADE E JUÍZOS DE VALOR.
A violência é o uso da força física e/ou psíquica contra alguém
para obrigá-lo a fazer alguma coisa contrária à sua vontade, aos
O homem, pelo seu intelecto e sua experiência, forma juízos seus interesses e desejos, ao seu corpo e a sua consciência, causan-
acerca da realidade, acerca das coisas. Em outras palavras, cons- do-lhe danos. Ela pode se manifestar por várias formas, servindo
tantemente, o homem está julgando tudo o que está à sua volta com também para o constrangimento à realização de um ato contrário
base em seu conhecimento e em suas experiências. Julgar algo, à vontade do indivíduo. No entanto, socialmente, a violência tem
ou formar um juízo, é equivale a afirmar, negar, juntar, separar um sentido muito mais amplo: há violência na desigualdade so-
propriedades de um objeto. Os juízos podem ser e dois tipos, de cial, com a injusta repartição de recursos entre as pessoas, gerando
fato e de valor. fome, falta de saúde, falta de educação. Genericamente, a violên-
50 REIS, Marcus Vinícius. Multiculturalismo e direitos humanos.
cia é uma violação à dignidade.
Disponível em: <www.senado.gov.br/senado/spol/pdf/ReisMulticulturalismo. 51 CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
pdf‎>. Acesso em: 04 jul. 2013. 52 CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Didatismo e Conhecimento 13
ÉTICA E FILOSOFIA
Para se chegar a uma situação de violência, necessariamente, medo e o terror. A violência se opõe à ética porque trata de seres
fala-se numa falta da ética, pois ela parte de indivíduos ou grupos racionais e sensíveis, dotados de linguagem e de liberdade, como
de pessoas que não estão conscientes (ou fingem que não o estão) se fossem coisas, isto é, irracionais, insensíveis, mudos e inertes
dos valores éticos. Inegável que vivemos na atualidade uma si- ou passivos56.
tuação de barbárie que passou a integrar o nosso cotidiano: basta Em recente texto, o cientista político Roberto Numeriano57 ex-
olhar aos artigos dos jornais e revistas que é justamente isso que põe muito bem a problemática da violência na sociedade contem-
iremos perceber. porânea, principalmente a brasileira, que tem sofrido com inúme-
A história das ideias éticas desde a antiguidade clássica gre- ras manifestações de violência, algumas inclusive com conotação
co-romana até nossos dias está relacionada com o problema da política:
violência e dos meios para evitá-la ou controlá-la. Os padrões de “A banalização da violência na sociedade brasileira tem pro-
condutas e os conjuntos de valores éticos e as relações intersub- vocado um fenômeno que é a medida de nossa impotência e de-
jetivas e entre pessoas foram instituídos por diferentes formações sespero para conter a criminalidade e a barbarização das relações
culturais e sociais. Certos aspectos da violência também são perce- sociais. Trata-se de um complexo reativo, na forma de ondas de
bidos nas várias culturas e sociedades que servem de base para os protestos que se seguem a um crime particularmente chocante -
valores éticos se erguerem. A ética pode ser considerada o estudo seja porque atingiu um ‘intocável’ (alguém integrante do círculo
e a análise dos conceitos envolvidos no raciocínio prático como o dos incluídos), seja porque envolveu excluídos. A reação existe na
bem, a ação correta, o dever, a obrigação, as virtudes, a liberdade, proporção do estímulo da mídia sobre o caso. E depois tudo se di-
mas no geral, é tida como a ciência da conduta, o fim orientador da lui, restando o sentimento de desamparo e impotência das pessoas
conduta que visa o seu direcionamento e disciplina53. diante do quadro de desagregação social, terror e angústia.
Sob uma perspectiva geral, a ética procura definir, antes de As ondas de protestos e apelos, contudo, têm se esgotado
mais nada, a figura do agente ético e de suas ações e o conjunto em sua vertente emocional: simbolizam uma espécie de catarse
de noções (ou valores) que balizam o campo de uma ação que se coletiva, um desafogo da alma ante a irracionalidade das mortes
considera ética. O agente ético é pensado como sujeito ético, isto trágicas. Mas dizer ‘basta de violência’, não basta, se quisermos
é, como um ser racional e consciente que sabe o que faz, como um encarar de frente este dragão da maldade contemporâneo. De qual
ser livre que decide e escolhe o que faz e como um ser responsável violência estamos falando? Qual é a paz que queremos? Estas per-
que responde pelo que faz. A ação ética é balizada pelas ideias de guntas são pertinentes, pois é necessário aprofundar a compreen-
bem e mal, justo e injusto, virtude e vício. Assim, uma ação só são da violência numa perspectiva além das viseiras ideológicas
será ética se for consciente, livre e responsável e será virtuosa se comuns ao debate, traduzidas na forma de preconceitos sociais,
realizada em conformidade com o bem e o justo. A ação ética só é classistas, culturais, étnicos etc.
virtuosa se for livre e só será se for autônoma, isto é, se resultar de Um dos problemas no debate da violência é despolitizá-la ,
uma decisão interior do próprio agente e não de uma pressão ex- isto é, discuti-la como efeito puro e simples da ‘maldade humana’,
terna. Evidentemente, isso leva a perceber que há um conflito entre da ‘monstruosidade de gente desalmada’. As campanhas pela pena
a autonomia da vontade do agente ético (a decisão emana apenas de morte e pelo endurecimento das penas se nutrem da ideia de que
do interior do sujeito) e a heteronomia dos valores morais de sua um Estado de ‘leis fortes’ pode bloquear a violência. O apelo ao
sociedade (os valores são dados externos ao sujeito)54. poder coercitivo dos aparelhos repressivos estatais é antigo, inú-
Esse conflito só pode ser resolvido se o agente reconhecer os til, perigoso e, muitas vezes, ideologicamente ingênuo. Politizar a
valores de sua sociedade como se tivessem sido instituídos por ele, questão da violência é, por exemplo, discutir o ‘modelo’ de socie-
como se ele pudesse ser o autor desses valores ou das normas mo- dade atual (social e economicamente excludente), e o ‘modelo’ de
rais, pois, nesse caso, ele será autônomo, agindo como se tivesse segurança pública ideal ou possível - nos termos de nossa cultura
dado a si mesmo sua própria lei de ação. Enfim, a ação só é ética se sociopolítica autoritária na esfera pública, e individualista na es-
realizar a natureza racional livre e responsável do sujeito e se este fera privada.
A outra questão está relacionada com a interseção entre a éti-
respeitar a racionalidade, liberdade e responsabilidade dos outros
ca e a violência, posto que discutir sobre a violência em todas as
agentes, de sorte que a subjetividade ética é uma intersubjetividade
suas formas e tipos implica, também, na discussão do agir ético
socialmente determinada55.
humano na sociedade - em relação a si mesmo e em relação ao seu
Sob essa perspectiva, ética e violência são opostas, uma vez
semelhante. Não falamos da ética enquanto disciplina normativa
que violência significa: 1) tudo o que age usando a força para ir
do exercício das profissões. Referimo-nos à ética na perspectiva
contra a natureza de algum ser (é desnaturar); 2) todo ato de for-
pluralista de uma sociedade de complexos e profundos desníveis
ça contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém (é
nas faixas de renda das classes, graus de escolaridade, assistência
coagir, constranger, torturar, brutalizar); 3) todo ato de violação da
médico-odontológica, acesso a transportes de qualidade e lazer,
natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente além da possibilidade de construir/habitar um teto próprio.
pôr uma sociedade (é violar); 4) todo ato de transgressão contra o É urgente incluir a ética no debate da violência - senão como
que alguém ou uma sociedade define como justo e como um direi- contraface a este mal-estar na civilização, pelo menos como um
to. Consequentemente, violência é um ato de brutalidade, sevícia e dos eixos sobre o qual podemos racionalizar a violência e enxergá-
abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações in- -la como fenômeno político, na acepção aristoteliana do termo.
tersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação, pelo
56 CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
53 CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 57 NUMERIANO, Roberto. Ética e Violência. Disponível em:
54 CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. <http://www.robertonumeriano.com/artigo_eticaeviolencia.htm>. Acesso em:
55 CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 30 ago. 2013.

Didatismo e Conhecimento 14
ÉTICA E FILOSOFIA
Incluir a ética significa reconhecer a violência como fenômeno O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa
patológico e sociocultural interrelacionados. Não é ético matar ou inteligível, mesmo que essa causa não possa ser demonstrada em-
furtar. Não é ético o salário mínimo. Também não é ético pagar ou piricamente - tal como a causa da origem do Universo. Privilegia
receber propina, furar filas, avançar sinais, ter atitudes sexistas e a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via
racistas. Ambos os tipos de ‘delitos’ se interrelacionam estreita- de acesso ao conhecimento. Considera a dedução como o método
mente (e talvez venha daí a tendência de satanizar exclusivamente superior de investigação filosófica.
a face visível da violência marginal, pois necessitamos aplacar o O racionalismo é baseado nos princípios da busca da certeza
nosso mal-estar atirando a velha ‘primeira pedra’ nos ‘culpados’ e da demonstração, sustentados, segundo Kant, pelo conhecimento
de sempre ). a priori, ou seja o conhecimento que não é inato nem decorre da
A sensação de que a violência explodiu nos grandes centros experiência sensível mas é produzido somente pela razão. Kant
urbanos é efeito da visibilidade que o fenômeno ganhou, dado que, admite que as formas a priori de todo o conhecimento limitam as
agora, ela rompeu os diques e guetos sociais da periferia. Des- possibilidades da razão e distingue as duas fontes de conhecimen-
ceu os morros, saiu das favelas e ganhou o asfalto, as praias e os to, sensibilidade e entendimento, em que a sensibilidade é limitada
bairros de classe média. No cotidiano de banalização deste tipo pelas intuições puras.
de violência, o agir aético nas atitudes pessoais/coletivas, porque O racionalismo consiste em acreditar nas ideias ina-
arraigado nos costumes, fica encoberto, quase sancionado como tas e no raciocínio lógico através da razão. É, de certo modo, a pró-
uma dimensão supostamente inofensiva da cultura do ‘jeitinho’ pria filosofia desde a sua origem pois, de fato, a razão é a condi-
brasileiro. ‘Jeitinho’ que é, no fundo, coisa de otário metido a es- ção  de  todo  o  pensamento  teórico.  A  filosofia  constitui-se pelo
perto. Contudo, este agir aético é um tipo de violência tão ou mais reconhecimento da razão como a faculdade do conhecimento das
deletério do que a violência marginal, pois a nossa sociedade - coisas e do domínio em si.
egoísta, autoritária e excludente - nutre-se no caldo de cultura da O racionalismo muda de aspeto conforme se opõe a cada
impunidade ‘legal’ do decantado ‘jeitinho’. filosofia. Opõe-se ao pensamento arcaico pelo seu estilo, já que
Se queremos a paz, certamente não é a paz ilusória de uma está atento à ideia e visa uma coerência inteligível. Opõe-se ao
sociedade policial, com seus cidadãos armados e as casas sitiadas empirismo, tornando-se metódico, armando-se com a lógica e a
por nossos próprios medos. Se queremos a paz, comecemos a olhar matemática.
o nosso agir ético, a discutir se estamos realmente bem quando o Toda a doutrina da razão se apoia em dois pilares: a expe-
mundo real explode, lá fora, sob a forma de meninos-fantasmas
riência que nos é dada pelos sentidos é insuficiente para se poder
nos sinais, meninos-feras nos assaltos e meninos-operários no sus-
atingir o conhecimento; o pensamento através da razão é capaz
tento de famílias miseráveis”.
de atingir a verdade absoluta, pois as suas leis são também as leis
que regem os objetos do conhecimento, tal como Hegel descrevia:
“Tudo o que é racional é real e tudo o que é real é racional”.
8. RACIONALISMO ÉTICO. Descartes é o criador e impulsionador do racionalismo moder-
no. Ele preocupa-se com a investigação prévia do conhecimento. A
dúvida corresponde a uma exigência da fundamentação das possi-
Racionalismo é a corrente central no pensamento liberal que bilidades do conhecimento.
se ocupa em procurar, estabelecer e propor caminhos para alcançar Há uma vastidão imensa de ideias inatas (intuição). Estas são
determinados fins. Tais fins são postulados em nome do interesse isentas de dúvidas. Descartes não recusa a existência de informa-
coletivo (common wealth), base do próprio liberalismo e que se ções vindas pelos sentidos mas não pode ter por elas caráter de
torna assim, a base também do racionalismo. O racionalismo, por evidência pois são obscuras e confusas. Descartes admite nos seres
sua vez, fica à base do planejamento da organização econômica e humanos a existência de ideias factícias (imaginação). É classifi-
espacial da reprodução social. cado de racionalista inatista pois só as ideias inatas são garantia
O postulado do interesse coletivo elimina os conflitos de inte- de certeza. No racionalismo, o edifício do saber constrói-se por
resses (de classe, entre uma classe e seus membros e até de simples dedução a partir das ideias inatas. Tem, como modelo, a matemá-
grupos de interesse) existentes em uma sociedade, seja em nome tica, que é raiz do modelo do funcionamento do conhecimento no
do princípio de funcionamento do mercado, seja como princípio ser humano.
orientador da ação do Estado. Abre espaço para soluções racionais Acima de tudo, nota-se que para o racionalismo ético a prio-
a problemas econômicos (de alocação de recursos) ou urbanos (de ridade é a utilização da razão para a resolução dos problemas so-
infraestrutura, da habitação, ou do meio ambiente) com base em ciais, rejeitando questões sensitivas: a razão, sozinha, é capaz de
soluções técnicas e eficazes. a tudo responder.
Uma ideologia difere do mundo concreto não naquilo que afir- Enfim, na epistemologia, racionalismo é a visão que relaciona
ma, senão no que cala (discurso lacunar) - não nega, apenas esca- a razão como chefe da busca e do teste do conhecimento ou qual-
moteia a existência conflitos na sociedade. Um apelo à razão é um quer visão apelando para a razão como recurso de conhecimento
convite a esquecer a existência de conflitos sociais. ou justificação. Mais formalmente, racionalismo é definido como
O racionalismo é a corrente filosófica que se iniciou com a um método ou uma teoria na qual o critério da verdade não é sen-
definição do raciocínio como uma operação mental, discursiva e sorial, mas intelectual e dedutivo. Racionalistas acreditam que a
lógica que usa uma ou mais proposições para extrair conclusões - realidade tem uma lógica estrutural intrínseca. Por isso, raciona-
se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. Essa listas argumentam que certas verdades existem e que o intelecto
era a ideia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas pode diretamente compreendê-las. Assim dizendo, racionalistas
tradicionalmente como racionalismo. afirmam que certos princípios racionais existem na lógica, na ma-

Didatismo e Conhecimento 15
ÉTICA E FILOSOFIA
temática, na ética e na metafísica, sendo eles fundamentalmente todicamente pela comunidade científica. Ele também argumentou
tão verdadeiros que negá-los geraria uma contradição. Raciona- que embora os sonhos parecessem tão reais quanto a experiência dos
listas tem uma confiança tão alta na razão que provas e evidências sentidos, eles não podem fornecer às pessoas com conhecimento.
físicas são desnecessárias para assimilar a verdade, isto é, existem Além disso, como experiência sensorial consciente, pode ser a causa
modos significantes nos quais nossos conceitos e conhecimentos de ilusões. Então, a experiência sensorial em si pode ser duvidosa.
são adquiridos independentemente de senso de experiência. Por Como resultado, Descartes deduziu que a busca racional da verdade
causa desta crença, o empirismo é um dos maiores rivais do ra- deve duvidar de todas as crenças sobre a realidade. Ele elaborou
cionalismo, sendo que para o empirismo tudo deve ser testado na essas crenças em obras como O Discurso do Método, Meditações
prática, num constante exercício de experiência58. sobre a Filosofia Primeira e Princípios da Filosofia. Descartes de-
O racionalismo é muitas vezes comparado com o empirismo. senvolveu um método para atingir verdades segundo o qual nada
Tomadas de forma muito ampla essas visões não são excludentes que não possa ser reconhecido pelo intelecto (ou razão) pode ser
, uma vez que um filósofo pode ser tanto racionalista quanto em- classificado como do conhecimento. Estas verdades são obtidas sem
pirista. Levadas ao extremo, a visão empirista afirma que todas qualquer experiência sensorial, segundo Descartes. Verdades que
as ideias vêm até nós a posteriori, isto é , através da experiência, são atingidas pela razão são divididas em elementos que a intuição
através os sentidos externos ou através de tais sensações internas pode compreender que, através de um processo puramente dedutivo,
como dor e satisfação. O empirista acredita essencialmente que resultará em verdades claras sobre a realidade60.
o conhecimento é baseado em ou derivado diretamente da expe- Portanto Descartes discutiu, como um resultado do seu método,
riência. O racionalista acredita que chegamos ao conhecimento a essa razão determinada pelo conhecimento, a qual poderia ser alcan-
priori - por meio do uso da lógica - e é , portanto, independente çada independentemente dos sentidos. Por exemplo, o seu famoso
da experiência sensorial. Entre ambas as filosofias, o assunto em ditado, penso, logo existo é uma conclusão a priori, isto é, antes de
questão é a fonte fundamental do conhecimento humano e as téc- qualquer tipo de experiência sobre o assunto. O significado simples
nicas adequadas para verificar o que nós pensamos que sabemos. é que a dúvida sua existência, por si só, prova que um eu existe para
Considerando que ambas as filosofias estão sob o guarda-chuva da fazer o pensamento. Em outras palavras, duvidar de sua própria dú-
epistemologia, seu argumento está na compreensão do mandado, vida seria um absurdo61.
que está sob o guarda-chuva epistêmico mais amplo da teoria da Descartes postulava um dualismo metafísico, a distinção entre
justificação. as substâncias do corpo humano (res extensa) e da mente ou da alma
Diferentes graus de ênfase sobre métodos ou teorias raciona- (res cogitans). Esta distinção fundamental seria deixada em aberto
listas lideram uma gama de pontos de vista, da posição moderada e baseia o que é conhecido como o problema do corpo-mente, uma
de que a razão predomina sobre outros modos de adquirir conheci- vez que as duas substâncias no sistema cartesiano são independentes
mento para a mais extrema posição que a razão é o único caminho uma das outras e irredutíveis62.
para o conhecimento. Conferindo um entendimento pré-moderno b) Baruch Spinoza
da razão, racionalismo é idêntico à filosofia, à vida socrática de A filosofia de Baruch Spinoza é uma sistemática, lógica, filo-
inquérito, ou à zetética (cética) interpretação clara de autoridade sofia racional desenvolvida na Europa do século XVII. A filosofia
(aberto à causa subjacente ou essencial das coisas como elas apa- de Spinoza é um sistema de ideias construídas em cima de blocos
recem ao nosso senso de certeza). Racionalismo não se confunde de construção básicos com uma consistência interna com a qual ele
com racionalidade nem com racionalização59. tentou responder a grandes questões da vida e na qual ele propôs que
O racionalismo é também uma forte teoria política, refor- Deus só existe filosoficamente. Ele foi fortemente influenciado por
çando uma política da razão baseada numa escolha racional. Na pensadores como Descartes, Euclides e Thomas Hobbes, bem como
sociedade brasileira o superprivilegiamento da elite e o constante teólogos da tradição filosófica judaica, como Maimonides. Mas seu
entravamento do desenvolvimento entra em contradição flagrante trabalho era, em muitos aspectos, uma partida da tradição judaico-
com a ideia do interesse coletivo e o racionalismo perde sua base -cristã. Muitas das ideias de Spinoza continuar a influenciar pensa-
material, originando também o caráter incongruente da ideologia dores hoje e muitos de seus princípios, especialmente em relação às
da elite. Nessas condições se gesta um derivado curioso do interes- emoções, têm implicações para as abordagens modernas da psico-
se coletivo, a saber, o consenso. Sendo fraca a figura do interesse logia. Mesmo os maiores pensadores viram o método geométrico
coletivo, esse fica substituído por seu suposto resultado: o consen- de Spinoza como difícil de se compreender, mas ainda assim atraiu
so - a saber, entre os membros da elite ou entre seus representantes seguidores, como Einstein63.
no âmbito político. O enfraquecimento da base do racionalismo se c) Gottfried Leibniz
reflete também no planejamento e na ação do Estado, que adquire Leibniz foi o último dos grandes racionalistas que contribuíram
um caráter errático e não-explícito. fortemente para outros campos, como a metafísica, a epistemolo-
Vale trazer o cerne do pensamento dos principais filósofos do gia, a lógica, a matemática, a física, a jurisprudência e a filosofia
racionalismo moderno: da religião. Ele não desenvolveu seu sistema, no entanto, indepen-
a) René Descartes dentemente desses avanços. Leibniz rejeitou o dualismo cartesiano
Descartes é o primeiro dos racionalistas modernos e foi apeli- e negou a existência de um mundo material. Na visão de Leibniz ,
dado de Pai da Filosofia Moderna. Descartes pensava que o conhe- existem infinitas substâncias simples, que ele chamou de mônadas64.
cimento das verdades eternas - incluindo as verdades da matemáti-
ca e as bases epistemológicas e metafísicas das ciências - só pode- 60 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism
ria ser alcançado pela razão; outro conhecimento, o conhecimento 61 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism
da física, a experiência necessária do mundo, seria alcançado me- 62 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism
58 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism 63 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism
59 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism 64 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism

Didatismo e Conhecimento 16
ÉTICA E FILOSOFIA
Leibniz desenvolveu sua teoria das mônadas em resposta tan- De acordo com o utilitarismo, a moral que é relevante de
to a Descartes quanto a Spinoza. Ao rejeitar essa resposta ele foi uma ação é determinada apenas pelo resultado obtido, embora
forçado a chegar a sua própria solução. Mônada é a unidade fun- exista um debate sobre quanto de consideração deve ser dada às
damental da realidade, de acordo com Leibniz, constituindo tanto atuais, previstas e intencionadas consequências.
as coisas inanimadas quanto as animadas. Estas unidades da reali- No clássico axioma utilitarista, Bentham afirma que “é da
dade representam o universo , embora não estejam sujeitas às leis maior felicidade do maior número de pessoas que se mede o certo
da causalidade ou no espaço (que ele chamou de fenômenos bem e o errado”, sendo este o grande princípio da felicidade.
fundamentados). Leibniz, portanto, apresenta o seu princípio de O utilitarismo pode ser caracterizado como uma quantitati-
harmonia pré-estabelecida para contabilizar causalidade aparente va e reducionista abordagem da ética. É um tipo de naturalismo.
no mundo65. Pode ser contrastado com a deontologia ética, que não resguarda
d) Immanuel Kant as consequências de um ato como determinante da moral que vale
Kant é uma das figuras centrais da filosofia moderna e de- a pena; com a ética da virtude, que primordialmente foca nos atos
finiu os termos pelos quais todos os pensadores posteriores se e hábitos que levam à felicidade; à ética pragmática; e também ao
ativeram. Ele argumentou que as estruturas da percepção humana egoísmo ético e outras variedades do consequencialismo.
originam-se das leis naturais e que a razão é a fonte da moralida- Quer dizer, embora aparente ser uma doutrina ética de relati-
de. Seu pensamento continua a ter uma grande influência no pen- vismo, permitindo a quebra de valores éticos, o utilitarismo não o
samento contemporâneo, especialmente em campos como a me- é. De fato, se estrutura diferente das tradicionais doutrinas éticas.
tafísica, a epistemologia, a ética, a filosofia política e a estética66. Contudo, embora tome o princípio da felicidade como base, não é
Kant chamou o seu ramo da epistemologia de Idealismo puramente consequencialista. No máximo, cabe afirmar que é uma
Transcendental e colocou em primeiro lugar estes pontos de doutrina ética mais instrumental. Tanto é que o utilitarismo tem
vista em sua famosa obra Crítica da Razão Pura. Nela, ele ar- sido considerado por alguns como uma ética natural da democra-
gumentou que houve problemas fundamentais tanto com o dog- cia, operando pelo instrumento da maioria.
ma racionalista quanto com o empirista. Para os racionalistas, O utilitarismo tem em vista a proteção da felicidade, razão
argumentou, em geral, a razão pura é falha quando vai além de pela qual suas origens teóricas se encontram no hedonismo. Em
seus limites e créditos de saber as coisas que são, necessaria- verdade, o princípio da felicidade foi incidentalmente abordado
mente, para além do domínio de toda a experiência possível (a por pensadores como Aristóteles, bem como na Idade Média por
existência de Deus, o livre arbítrio e a imortalidade da alma do Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino. Por outro lado, quanto
ser humano). Kant se refere a esses objetos como a coisa em si às influências do consequencialismo, destaca-se o pensamento de
e passa a argumentar que sua condição de objetos além de toda Maquiavel, para o qual os fins justificavam os meios.
Antes de Bentham, Hume68 também defendeu ideias utilita-
a experiência possível, por definição, significa que não podemos
ristas, no seguinte teor: “Em todas determinações de moralidade,
conhecê-los. Para o empirista, ele argumentou que, embora seja
esta circunstância da utilidade pública é sempre e primordialmente
correto que a experiência é fundamentalmente necessária para o
posta em vista; e onde quer que se dê uma disputa, seja na filosofia
conhecimento humano, a razão é necessária para processar essa
ou na vida comum, no que concerne aos limites do dever, a ques-
experiência em pensamento coerente. Portanto, ele conclui que a
tão não pode, por quaisquer meios, ser decidida por maior grau
razão e a experiência são necessárias para o conhecimento huma-
de certeza, por determinação, em qualquer aspecto, sem olhar aos
no. Da mesma forma, Kant também argumentou que era errado
interesses da humanidade”.
considerar o pensamento como mera análise. Em vista de Kant,
Há quem afirme que a primeira teoria sistemática do utilita-
conceitos a priori não existem, mas se quiserem levar para a am- rismo ético foi defendida por John Gay69, para o qual felicidade,
pliação do conhecimento, eles devem ser postos em relação com felicidade privada, é o próprio ou último fim de todas nossas ações,
dados empíricos67. de forma que cada ação particular pode ser dita como tendo seu
próprio e peculiar fim, mas ela ainda tende ou visa a tender a algo
mais, um fim maior por trás de todos os fins que é perseguida pelo
9. UTILITARISMO ÉTICO. homem, qual seja, a felicidade. A teoria de Gay foi popularizada e
desenvolvida por Paley.
Vale abordar aspectos do utilitarismo clássico de Jeremy Ben-
tham e John Suar Mill para melhor compreensão teórica:
Utilitarismo é a teoria das normas éticas que envolve a de- a) Jeremy Bentham
fesa de que o próprio curso da ação é o que maximiza utilidade, O autor trabalha abertamente com o estabelecimento do prin-
usualmente definida como maximização da felicidade e redução cípio da utilidade: “A natureza colocou a humanidade sob o gover-
de sofrimento. no de dois mestres soberanos, a dor e o prazer. É só por eles que
O utilitarismo clássico foi advogado por dois defensores, é possível apontar o que devemos fazer. Por princípio da utilidade
quais sejam, Jeremy Bentham e John Stuart Mill, e é hedonista. se entende que o princípio que aprova ou desaprova qualquer ação
É agora genericamente tomado por uma forma de consequencia-
lismo, embora quando Anscombe primeiro introduziu o termo foi 68 HUME, David . An Enquiry Concerning the Principles of Morals.
In: SCHNEEWIND, J. B.  Moral Philosophy from Montaigne to Kant.
para distinguir o utilitarismo tradicional do consequencialismo.
Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
65 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism 69 GAY, John. Concerning the Fundamental Principle of Virtue or
66 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism Morality. In: SCHNEEWIND, J. B.  Moral Philosophy from Montaigne to
67 http://en.wikipedia.org/wiki/Rationalism Kant. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.

Didatismo e Conhecimento 17
ÉTICA E FILOSOFIA
que seja de acordo com a tendência que parece ser necessária para menor grau de existência... E é melhor ser um ser humano insatis-
aumentar ou diminuir a felicidade da parte cujo interesse está em feito do que um porco satisfeito; melhor ser Sócrates insatisfeito do
questão: ou, o que é a mesma coisa em outras palavras, para promo- que um tolo satisfeito. E se o idiota, ou o porco, têm uma opinião
ver ou para se opor a essa felicidade. Eu falo de toda ação que seja, diferente, é porque eles só conhecem o seu próprio lado da questão”.
e, portanto, não só de cada ação de um particular, mas de todas as Mill75 argumenta que, se as pessoas que estão “competente-
medidas do governo”70. mente familiarizadas” com dois prazeres mostram uma preferência
Inclusive, Bentham71 introduz um método de cálculo do valor por um, mesmo que seja acompanhado por mais descontentamento,
dos prazeres e das dores, que veio a ser conhecido como cálculo “não vai renunciar por qualquer quantidade do outro”, então é legíti-
hedônico. O autor diz que o valor do prazer e da dor, considerado mo considerar o prazer como sendo superior em termos de qualida-
em si, pode ser metido de acordo com a intensidade, a duração, a de. Mill76 reconhece que esses juízes competentes nem sempre con-
certeza/incerteza e a proximidade/distância. Em adição é necessário cordam, caso em que o julgamento da maioria é para ser aceito como
considerar a tendência de qualquer ato pelo qual ele é praticado e, final; também reconhece que “muitos que são capazes de os prazeres
portanto, ter em conta a fecundidade do ato, ou a chance que tem superiores, eventualmente, sob a influência de tentação, escolhem o
de ser seguido por sensações da mesma espécie e sua pureza, ou a inferior”, mas isso é bastante compatível com uma apreciação com-
chance que tem de não ser seguido por sensações do tipo oposto. Fi- pleta da superioridade intrínseca do superior (por ser tão superior,
nalmente, é necessário considerar a medida, ou o número de pessoas exige maiores sacrifícios do homem). Mill77 diz que este apelo para
afetadas pela ação. aqueles que experimentaram os prazeres relevantes não é diferente
É um erro pensar que Bentham72 não está preocupado com as para o que deve acontecer quando se avalia a quantidade de prazer,
regras, até mesmo porque o seu trabalho tem como preocupação pois não há outra maneira de medir “o mais agudo de duas dores, ou
central os princípios da legislação e o cálculo hedônico é introdu- o mais intenso de duas sensações prazerosas”.
zido com as palavras “prazer então, e a prevenção de dores, são os Na tentativa de comprovar o princípio da utilidade, Mill78 defende:
fins que o legislador tem em vista”. Prossegue afirmando que “o “A única prova possível, uma vez que um objeto é visível, é que
negócio do governo é promover a felicidade na sociedade, punindo as pessoas podem realmente vê-lo. A única prova de que um som
e recompensando. Na medida em que um ato tende a perturbar essa é audível, é que as pessoas podem ouvi-lo. Da mesma maneira, eu
felicidade, na proporção em que a tendência dele é perniciosa, será entendo, a única evidência que é possível produzir de qualquer coisa
que é desejável, é que as pessoas realmente a desejem. Nenhuma
criada a demanda para a punição”.
razão pode ser dada por que a felicidade geral é desejável, a não
b) John Stuart Mill
ser que cada pessoa, na medida em que acredita que seja possível,
Milll tentou completar a teoria de Bentham de forma a explici-
deseje sua própria felicidade. Temos não só toda a prova que o caso
tar a causa do utilitarismo. Mill73 rejeita puramente uma quantitativa
admite, mas de tudo o que é possível exigir, que a felicidade é um
mensuração da utilidade e diz que isto “é bastante compatível com o
bem: que a felicidade de cada pessoa é uma coisa boa para essa
princípio de utilidade para reconhecer o fato de que alguns tipos de
pessoa, e para a felicidade geral, portanto, cabe uma boa felicidade
prazer são mais desejáveis e​​ mais valiosos do que outro. Seria absur-
individual para o agregado de todas as pessoas”.
do que, enquanto, ao estimar todas as outras coisas, a qualidade seja Depois de ter afirmado que as pessoas possuem, de fato, o de-
considerada assim como a quantidade”. sejo de felicidade, Mill tem que mostrar que é a única coisa que eles
Contudo, não se pode olhar para a questão dos prazeres de uma desejam. Mill79 antecipa a objeção de que as pessoas desejam outras
forma superficial. Mill74 é claro no sentido de que estes prazeres que coisas, como virtude. Ele argumenta que, enquanto as pessoas po-
devem ser medidos são notadamente os do intelecto, superiores aos dem começar desejando a virtude como um meio para a felicidade,
físicos: eventualmente, torna-se parte da felicidade de alguém e depois é
“Poucas criaturas humanas consentiriam em ser transformadas desejado como um fim em si mesmo.
em quaisquer dos animais inferiores, com uma promessa do pleno “O princípio da utilidade não significa que qualquer prazer,
subsídio dos prazeres de um animal, nenhum ser humano inteligente como a música, por exemplo, ou qualquer isenção da dor, como por
consentiria em ser um tolo, nenhuma pessoa instruída seria um ig- exemplo a saúde, devem ser vistos como meios para uma coisa cha-
norante, nenhuma pessoa de sentimento e consciência seria egoísta, mada felicidade coletiva, e a desejar em que conta estão desejado e
ainda que deve ser convencido de que o tolo, o burro ou o malandro desejável em si e para si; além de ser meio, eles são uma parte do
são mais satisfeitos com sua sorte do que com a deles... Um ser de fim. Virtude, de acordo com a doutrina utilitarista, não é natural e
faculdades superiores exige mais para fazê-lo feliz, é capaz prova- originalmente parte do fim, mas é capaz de se tornar fim”, e na-
velmente, do sofrimento mais agudo, e é certamente acessível para queles que a amam desinteressadamente tornou-se assim, sendo
ele, em mais pontos, de um tipo inferior, mas, apesar dessas obriga- desejada e amada, e não como um meio para a felicidade, mas
ções, ele nunca pode realmente querer afundar o que ele sente-se um
como uma parte de sua felicidade.
70 BENTHAM, Jeremy. An Introduction to the Principles of 75 Mill, John Stuart. Utilitarianism. Orford: Oxford University Press,
Morals and Legislation. EUA: Dover Publications Inc., 2009. 1998. 
71 BENTHAM, Jeremy. An Introduction to the Principles of 76 Mill, John Stuart. Utilitarianism. Orford: Oxford University Press,
Morals and Legislation. EUA: Dover Publications Inc., 2009. 1998. 
72 BENTHAM, Jeremy. An Introduction to the Principles of 77 Mill, John Stuart. Utilitarianism. Orford: Oxford University Press,
Morals and Legislation. EUA: Dover Publications Inc., 2009. 1998. 
73 Mill, John Stuart. Utilitarianism. Orford: Oxford University Press, 78 Mill, John Stuart. Utilitarianism. Orford: Oxford University Press,
1998.  1998. 
74 Mill, John Stuart. Utilitarianism. Orford: Oxford University Press, 79 Mill, John Stuart. Utilitarianism. Orford: Oxford University Press,
1998.  1998. 

Didatismo e Conhecimento 18
ÉTICA E FILOSOFIA
e independentemente de fronteiras”. O direito à liberdade de
10. ÉTICA E LIBERDADE. expressão precisa ser limitado porque o pensamento de um pode
atingir a esfera de direitos de outrem, ofendendo-o em sua honra
e imagem, ou caracterizando invasão de sua vida privada ou in-
timidade.
Silva80 explica que “o homem se torna cada vez mais livre A liberdade de informação também encontra previsão no ar-
na medida em que amplia seu domínio sobre a natureza”, ou seja, tigo XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda
com a evolução da sociedade, a tendência é que o círculo que pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito
delimita a esfera da liberdade se amplie. Entretanto, o direito à inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de pro-
liberdade nunca foi assegurado de forma irrestrita, internacional curar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer
ou constitucionalmente, assim como nunca se defendeu no campo meios e independentemente de fronteiras”.
da Moral que alguém pudesse exercê-lo sem limites. O artigo XVIII da Declaração Universal de Direitos Huma-
A liberdade de pensamento, qual seja, a liberdade de adotar nos trata da liberdade de religião ao prever: “toda pessoa tem
determinado direcionamento intelectual ou não, formando suas direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este
opiniões e tomando suas decisões, é a liberdade primária de todas direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a li-
as liberdades. Por isso mesmo, sua menção nos documentos inter- berdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela
nacionais aparece associada a estas outras espécies de liberdades. prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente,
O artigo XVIII da Declaração Universal de 1948 prevê que em público ou em particular”.
“toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência Por fim, tem-se a liberdade de associação e de reunião, que é
e religião [...]”, prosseguindo ao explicitar o que a liberdade de a liberdade de reunir-se em grupo, manifestando em conjunto um
religião e a de crença abrangem. Já o artigo XIX do mesmo di- pensamento ou ideário, ou mesmo defendendo interesses em co-
ploma traz que “toda pessoa tem direito à liberdade de opinião mum. Nos termos do artigo XX da Declaração Universal de 1948,
e expressão [...]”, delimitando que tal direito inclui ter opiniões, “1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação
o que se relaciona puramente à liberdade de pensamento, e de pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
manifestá-las e buscá-las, o que corresponde respectivamente à associação”.
liberdade de expressão e à liberdade de informação. A observância das normas de direitos humanos permitem
O que ocorre no artigo XVIII da Declaração Universal dos concluir que a liberdade possui diversas dimensões, mas também
Direitos Humanos se repete no artigo 18 do Pacto Internacional encontram limites éticos e jurídicos ao seu exercício.
de Direitos Civis e Políticos; sendo que o artigo 19 do Pacto traz Na esfera filosófica, percebe-se que o direito à liberdade é
a impossibilidade de violar as opiniões alheias, aprofundando-se inerente ao homem, possibilitando o seu desenvolvimento en-
no direito à liberdade de expressão. quanto pessoa humana. Vale lembrar que agir conforme a virtude
No âmbito interamericano, o artigo 12 da Convenção Ame- não é algo que possa ser forçado, de forma que ninguém será de
ricana sobre Direitos Humanos trata da liberdade de consciência, fato ético se não respeitar espontaneamente, de forma livre, os
logo, de pensamento, associada à liberdade religiosa; ao passo postulados morais - embora a lei seja um instrumento para punir
que o artigo 13 traz a liberdade de pensamento coligada à liber- aqueles que violem certos ditames éticos. É preciso garantir espa-
dade de expressão. ço para se deliberar a respeito do fim correto, vedando-se abusos,
O importante é ter em mente que se uma pessoa não está apta que nem ao menos ocorrerão se o homem seguir estritamente sua
a pensar e a adotar posturas intelectuais torna-se impossível a ela racionalidade. Aliás, a filosofia kantiana toma a liberdade como
exercer liberdades conexas. Quer dizer, só pode se dizer o que base das leis morais, somente podendo ser verdadeiramente exer-
pensa ao se pensar (liberdade de expressão), só se pode buscar cida com o respeito à lei fundamental da razão pura prática - é
uma informação quando se tem uma noção do que se pretende co- a autonomia da vontade, que se difere da heteronomia do livre-
nhecer (liberdade de informação), só pode se professar uma cren- -arbítrio.
ça ao adotá-la intelectualmente (liberdade de religião), só se pode Silva81 aponta que a liberdade de pensamento, que também
associar ou reunir em defesa de uma causa ao crer nela em sua pode ser chamada de liberdade de opinião, é considerada pela
mente (liberdade de associação e de reunião), só se pode escolher doutrina como a liberdade primária, eis que é ponto de partida de
um ofício e exercê-lo livremente ao se conhecer as habilidades todas as outras, e deve ser entendida como a liberdade da pessoa
para seu bom desempenho (liberdade de trabalho), só se pode de- adotar determinada atitude intelectual ou não, de tomar a opinião
cidir para onde ir ao ter noções de espaço e localização (liberdade pública que crê verdadeira.
de locomoção). Enquanto ser racional, o homem é uma entidade “Na verdade, o ser humano, através dos processos internos de
pensante, em constante exercício de sua liberdade de pensamento reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do
e de consciência. que a opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao
A liberdade de expressão encontra previsão no artigo XIX da consagrar a livre manifestação do pensamento, imprime a existên-
Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda pessoa tem cia jurídica ao chamado direito de opinião”82.
direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a
liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, re-
81 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
ceber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
80 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 82 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

Didatismo e Conhecimento 19
ÉTICA E FILOSOFIA
Por sua vez, conforme Silva83, a liberdade de expressão pode Liberdade é mais do que apenas se expressar, liberdade é ser.
ser vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de comunica- Para alguém se dizer uma pessoa, deve ter liberdade para pensar
ção, ou liberdade de informação, que consiste em um conjunto de como quiser, algo essencial até mesmo para a manutenção da sa-
direitos, formas, processos e veículos que viabilizam a coordena- nidade mental. Sabendo disso, Winston escreveu em seu diário:
ção livre da criação, expressão e difusão da informação e do pen- “não era fazendo-se ouvir, mas mantendo a sanidade mental que
samento. Contudo, a manifestação do pensamento não pode ocor- a pessoa transmitia sua herança humana. Voltou para a mesa, mo-
rer de forma ilimitada. Afinal, os direitos humanos fundamentais lhou a pena da caneta e escreveu: ‘ao futuro ou ao passado, a um
“não podem ser utilizados como um verdadeiro escudo protetivo tempo em que os homens sejam diferentes uns dos outros, em que
da prática de atividades ilícitas, tampouco como argumento para não vivam sós - a um tempo em que a verdade exista e em que o
afastamento ou diminuição da responsabilidade civil ou penal por que for feito não possa ser desfeito: Da era de uniformidade, da era
atos criminosos”84 da solidão, da era do Grande Irmão, da era do duplipensamento -
Nos permitem compreender a grandeza do sentido filosófico saudações!’”88.
da liberdade a observância de duas obras literárias, quais sejam, A liberdade de pensamento proporciona a construção da indi-
1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Huxley. vidualidade, da autonomia pessoal. O desejo de ser indivíduo deve
Apenas a título de localização, destaca-se que a primeira obra é um fazer parte do ideário humano, de modo que o corpo social nunca
relato de uma sociedade global sem liberdade, na qual se instaurou seja superior à pessoa humana, mas apenas sustentáculo ao seu de-
um regime político ditatorial e inamovível, na qual a plena vigilân- senvolvimento livre. Em Huxley89, Bernard, um dos protagonistas,
cia do cidadão proibia não só a manifestação do pensamento, mas expressa o desejo incomum de ser mais indivíduo e menos parte
o pensamento em si; ao passo que o relato de Huxley mostra uma do todo: “mas eu quero [...] Isso me dá a sensação [...] de ser mais
sociedade na qual transformações biológicas criaram seres huma- eu, se é que você compreende o que quero dizer. De agir mais por
nos próximos a máquinas, livres de qualquer complexidade ética, mim mesmo, e não tão completamente como parte de alguma outra
mas também livres da possibilidade de pensar livremente devido à coisa. De não ser simplesmente uma célula do corpo social. Você
programação biológica. não tem a mesma sensação, Lenina?”
A marca da obra de Orwell consiste na defesa de que a liberda- Ao ser questionado por Lenina, outra protagonista, sobre esta
de deve ser garantida na vida social, sob pena de se acabar com o vontade de não ser parte do corpo social, Bernard continua fazen-
indivíduo. Perturbado, o protagonista de Orwell85 define liberdade: do um complexo questionamento sobre o condicionamento social,
“liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro. Se pensando como seria se ele não estivesse escravizado pelo que o
isso for admitido, tudo o mais é decorrência”. Estado incutiu nele. Trata-se de clara defesa da liberdade de pen-
Era tão consolidada a questão da perda de liberdade que os samento, sem a qual não há autonomia ou individualidade: “como
cidadãos eram incitados a odiar aqueles que um dia a defenderam. posso? Não, o verdadeiro problema é este: como é que não posso,
Gerando histeria nos presentes, o vídeo dos dois minutos de ódio, ou antes - porque eu sei perfeitamente por que é que não posso - o
reunião diária obrigatória na qual todos odiavam um inimigo invi- que sentiria eu se pudesse, se fosse livre, se não estivesse escravi-
sível contrário ao Partido, as falas deste favoráveis à liberdade são zado pelo meu condicionamento?”90.
motivo de revolta: “Goldstein atacava o Grande Irmão, denunciava De tudo o exposto neste tópico, percebe-se que a liberdade
a ditadura do Partido, exigia a imediata celebração da paz com é condição imanente do homem, sem a qual ele nem ao menos é.
a Eurásia, defendia a liberdade de expressão, a liberdade de im- Assim, é a liberdade que permite a construção de individualida-
prensa, a liberdade de reunião, a liberdade de pensamento, gritava des. Mas, para exercer a liberdade, o homem tem que estar apto a
histericamente que a revolução fora traída”86. refletir sobre suas ações. Neste sentido, liberdade pressupõe cons-
Poucos, ou quase nenhum, percebiam que o medo era a marca ciência.
desta nova sociedade, não o medo de agir contra o Partido mani- “Para decidir, escolher, enfim para exercer sua liberdade, o
festando sua revolta, mas o simples medo de pensar contra a mas- homem precisa estar consciente. Não há, pois, liberdade sem cons-
sa. Quando Winston, protagonista da obra, começa a escrever um ciência. Enquanto a consciência psicológica possibilita ao homem
diário criticando o Partido, já sabe que será morto em pouco tem- escolher, a consciência moral, com seus valores, normas e pres-
po, apenas por pensar de maneira diferente dos demais: “não fazia crições, orienta a escolha”, sentido em que os três componentes
a menor diferença levar o diário adiante ou não. de toda maneira, a fundamentais da vida moral seriam consciência, liberdade e res-
Polícia das Ideias haveria de apanhá-lo. Cometera - e teria come- ponsabilidade91.
tido, mesmo que jamais houvesse aproximado a pena do papel - o “Falar em ética significa falar da liberdade. Num primeiro
crime essencial que englobava todos os outros. Pensamento-crime, momento, a ética nos lembra as normas e a responsabilidade. Mas
eles o chamavam”87. não tem sentido falar de norma ou de responsabilidade se a gente
não parte da suposição de que o homem é realmente livre, ou pode
83 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. sê-lo. [...] Pois a norma nos diz como devemos agir. E se devemos
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
84 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São 88 ORWELL, George. 1984. Tradução Alexandre Hubner e Heloísa
Paulo: Malheiros, 2011. Jahn. São Paulo: Companhia das letras, 2009.
85 ORWELL, George. 1984. Tradução Alexandre Hubner e Heloísa 89 HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. 24. ed. São Paulo:
Jahn. São Paulo: Companhia das letras, 2009. Globo, 1998.
86 ORWELL, George. 1984. Tradução Alexandre Hubner e Heloísa 90 HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. 24. ed. São Paulo:
Jahn. São Paulo: Companhia das letras, 2009. Globo, 1998.
87 ORWELL, George. 1984. Tradução Alexandre Hubner e Heloísa 91 BÓRIO, Elizabeth Maia. A moral nossa de cada dia. In: CARDI,
Jahn. São Paulo: Companhia das letras, 2009. Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Didatismo e Conhecimento 20
ÉTICA E FILOSOFIA
agir de tal modo, é porque (ao menos teoricamente) também po- A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da moralidade
demos não agir deste modo. Isto é: se devemos obedecer, é porque crítica e sob o aspecto da moralidade legalizada: quando estuda-se
podemos desobedecer, somos capazes de desobedecer à norma ou a lei posta ou a ausência de lei e questiona-se a falta de justiça,
ao preceito. [...] Também não tem sentido falar de responsabilida- há uma moralidade crítica; quando a regra justa é incorporada ao
de, palavra que deriva de resposta, se o condicionamento ou o de- Direito, há moralidade legalizada ou positivada.
terminismo é tão completo que a resposta aparece como mecânica Sobre a Ética Pública, explica Nalini94: “Ética é sempre éti-
ou automática”92. ca, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de todos. Seja no
Com efeito, as regras éticas delimitam o convívio social, no
exercício de alguma atividade estatal, seja no comportamento
entanto: a) elas não são fechadas a ponto de exigirem apenas um
individual. Mas pode-se falar em ética realçada quando se atua
comportamento humano padrão, pois os homens são diferentes,
num universo mais amplo, de interesse de todos. Existe, pois, uma
possuem personalidade e liberdade para agirem nos limites da éti-
Ética Pública, e apura-se o seu sentido em contraposição com o
ca; b) independentemente dos limites éticos, é sempre possível ir
de Ética Privada. Um nome pelo qual a Ética Pública tem sido
contra eles, pois se existisse algum fator no homem que controlas-
se plenamente seus impulsos dentro de um padrão nem ao menos conhecida é o da justiça”.
faria sentido se falar em liberdade de escolha - o que se exige é que Assim, Ética Pública seria a moral incorporada ao Direito,
cada um arque com as consequências do exercício de sua liberda- consolidando o valor do justo. Diante da relevância social de que
de, isto é, que exerça a liberdade com responsabilidade. a Ética se faça presente no exercício das atividades públicas, as
“O termo responsabilidade pode ser sinônimo de ‘cumpri- regras éticas para a vida pública são mais do que regras morais,
mento de dever. Assim, é responsável quem cumpre seus deveres. são regras jurídicas estabelecidas em diversos diplomas do orde-
Em filosofia, responsabilidade constitui a consequência necessária namento, possibilitando a coação em caso de infração por parte
- o corolário - da liberdade. O ato livre é necessariamente um ato daqueles que desempenham a função pública.
pelo qual se deve responder. Porque sou livre, tenho de assumir as Quando uma pessoa se candidata a uma vaga no serviço pú-
consequências de minhas ações e omissões. Já os animais irracio- blico e é selecionada, deve ter consciência de que passa a ser ex-
nais, por não serem livres, não são responsáveis pelo que fazem tensão do Estado e, nesta posição e dentro de suas competências,
ou deixam de fazer. Ninguém pode condenar um cavalo que lhe zelará pelo exercício das liberdades individuais com responsabili-
deu um coice. Só o homem comete crime e só ele pode ser julga- dade, ou seja, preservará as liberdades daqueles que agirem con-
do. O homem, racional e livre, tanto constrói como destrói; tanto forme as leis, os ditames éticos da sociedade.
ergue escolas e hospitais como inventa bombas capazes de destruir
o planeta; tanto ama como odeia; tanto salva como mata. [...] Não
há como não se espantar diante do incrível poder que a liberdade 11. ÉTICA APLICADA
confere ao homem: para o bem e para o mal. [...] É a própria liber- (BIOÉTICA, ÉTICA AMBIENTAL
dade que nos oferece a possibilidade de corrigir o mau uso que se E ÉTICA DOS NEGÓCIOS).
faz dela. Não resolve ficar lamentando a má sorte da vida ou o que
os outros fizeram de nós e do mundo; importa, antes, reagir com as
forças e as armas que nos sobram”93. Por ética aplicada deve-se entender a ética válida para uma
Um dos principais conceitos associados à liberdade é o de área específica da vida em sociedade. Neste tópico, analisa-se a
autonomia, que nada mais é do que a etapa mais elevada do com- essência da ética aplicada às seguintes esferas: biologia, sob o as-
portamento moral consistente na consciência de que sua individua- pecto da evolução genética; meio ambiente, no viés da conserva-
lidade encontra limites na individualidade do outro, de que nem ção deste para as gerações futuras; negócios, abrangendo a ética
todos os atos que podem ser livremente praticados são socialmente profissional num sentido genérico e também a ética profissional
ou moralmente aceitos. no exercício de funções públicas.
O Estado possui um papel essencial em garantir que os indi-
víduos exerçam suas liberdades individuais com responsabilidade. a) Bioética
Por isso, os indivíduos possuem liberdade, mas se sujeitam às leis, “Nas últimas décadas, surgiu a bioética, que trata das ques-
que possuem o seu conteúdo ético e que são resguardadas pelo tões éticas suscitadas pelas experiências das ciências biomédicas
Estado, inclusive cabendo o uso da coação. e da engenharia genética, tais como o transplante de órgãos, a
Exatamente por desempenhar um papel tão relevante que o fecundação artificial, a manipulação dos genes e a clonagem. [...]
Estado em si tem o seu valor ético. O paradigma da Ética Pública Embora a pesquisa genética tenha contribuído para o tratamen-
parte da noção de liberdade social, envolta nos valores da seguran- to de doenças até agora consideradas incuráveis, a questão sobre
ça, igualdade e solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter
seus limites encontra-se ainda em aberto, exigindo um aprofun-
espaço para exercer individualmente sua liberdade moral, cabendo
damento da reflexão ética e uma normatização por parte das au-
à ética pública garantir que os indivíduos que vivem em sociedade
toridades competentes, tendo como fundamento a ideia de que a
realizem projetos morais individuais.
ciência deve promover o bem do homem”95.
92 VALLS, Álvaro L. M. O Que é Ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 94 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo:
1998. Revista dos Tribunais, 2011.
93 CORREA, Avelino Antônio. O desafio da liberdade. In: CARDI, 95 BÓRIO, Elizabeth Maia. A moral nossa de cada dia. In: CARDI,
Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

Didatismo e Conhecimento 21
ÉTICA E FILOSOFIA
A Bioética é uma ética aplicada, chamada também de ética rimentos conduzidos com seres humanos, os indivíduos submeti-
prática, que visa lidar com conflitos e controvérsias morais impli- dos aos testes devem receber detalhes dos procedimentos a serem
cados pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde do adotados e dar uma autorização, por escrito, de que deseja partici-
ponto de vista do sistema de valores éticos. Está instada a resolver par da pesquisa. Na medicina veterinária, como o animal não pode
os conflitos éticos concretos que surgem das interações humanas tomar essa decisão, cabe ao médico veterinário fornecer todas as
em sociedades a princípio seculares, isto é, que devem encontrar informações sobre o animal e possíveis tratamentos e obter a auto-
as soluções a seus conflitos de interesses e de valores sem poder rização do proprietário para a realização dos procedimentos.
recorrer, consensualmente, a princípios de autoridade transcen- - Beneficência ou princípio da não-maleficência: toda e qual-
dentes (ou externos à dinâmica do próprio imaginário social), mas quer tecnologia deve trazer benefícios para a sociedade e jamais
tão somente “imanentes” pela negociação entre agentes morais causar-lhe malefícios. É fato nos dias de hoje, que a bioética está
que devem, por princípio, ser considerados cognitiva e eticamen- mais relacionada aos seres humanos do que aos animais, pois a
te competentes. Por isso, pode-se dizer que a bioética tem uma maior parte dos experimentos existentes visa beneficiar o homem
tríplice função, reconhecida acadêmica e socialmente: descritiva, e não os animais.
consistente em descrever e analisar os conflitos em pauta; norma- - Justiça distributiva: os avanços técnico-científicos devem
tiva com relação a tais conflitos, no duplo sentido de proscrever beneficiar a sociedade como um todo e não apenas alguns grupos
os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de privilegiados.
prescrever aqueles considerados corretos; e protetora, no sentido, A bioética divide-se em dimensões, também conhecidas como
bastante intuitivo, de amparar, na medida do possível, todos os grandes áreas de estudo da bioética, que são:
envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando, - Dimensão pessoal: estuda a relação entre os profissionais
quando isso for necessário, os mais “fracos”. responsáveis e seus pacientes. A liberdade do indivíduo ou respon-
Meldal96 resume a bioética nos seguintes termos: sável pelo indivíduo deve ser respeitada;
“A bioética é a ética aplicada a vida e, abrange temas que vão - Dimensão social, econômica e política: tem como objeti-
desde uma simples relação interpessoal até fatores que interferem vo estabelecer critérios para que seja determinada a alocação e
na sobrevivência do próprio planeta. Dentro da medicina veteri- distribuição de recursos, bem como tentar reduzir as diferenças
nária, este termo está intimamente ligado à noção de bem-estar econômicas e sociais dentro de um país ou entre países. Dentre
animal. O termo bioética foi utilizado pela primeira vez no ano de os diferentes assuntos que são abordados nessa área da bioética,
1970, por um médico oncologista chamado van Rensselaer Potter. destacam-se: alocação de recursos financeiros; patentes; desequilí-
As principais razões para seu surgimento foram: brio entre países ricos e pobres e fome;
- Abusos na utilização de animais e seres humanos em expe- - Dimensões ecológicas: os principais temas que fazem par-
rimentos; te da pauta de discussão da bioética no campo da ecologia são
- Surgimento acelerado de novas técnicas desumanizantes que proteção ao meio ambiente, exploração dos recursos naturais, de-
apresentam questões inéditas, como por exemplo, clonagem de se- sertificação, poluição, extinção de espécies, equilíbrio ecológico,
res humanos; utilização de animais e plantas em condições éticas, proteção da
- Percepção da insuficiência dos referenciais éticos tradicio- qualidade de vida dos animais, desequilíbrio entre países ricos e
nais, pois devido ao rápido progresso científico, torna-se fácil pobres, problemas nucleares e proteção da biodiversidade;
constatar que os códigos de ética ligados a diferentes profissões - Dimensão pedagógica: trata-se da discussão de alternativas
não acompanharam o rápido progresso científico, sendo diversas que visem uma melhora no ensino e aprendizagem nas instituições;
vezes insuficientes para julgar os temas polêmicos da bioética. - Dimensões biológicas ou bioética especial: dentro deste gru-
O emprego de descobertas científicas pode, muitas vezes, afe- po da bioética, destacamos o começo da vida, o diagnóstico pré-
tar positiva ou negativamente a sociedade ou até mesmo o planeta. -natal, o abortamento provocado, a reanimação do recém-nascido,
Deste modo, a análise das vantagens e desvantagens do emprego a engenharia genética e organismos geneticamente modificados,
de uma determinada tecnologia ou da realização de certos experi- terapia gênica, eugenia, reprodução medicamental assistida, clona-
mentos deve ser avaliada por comitês formados por indivíduos de gem, transplante de órgãos, experimentação animal e em humanos,
diversas formações. Sendo assim, pode ser percebido que a bioéti- eutanásia e distanásia.
ca envolve profissionais das seguintes áreas: A importância das discussões em bioética, em razão do seu
- Tecnociências (medicina, veterinária e biologia); caráter transdisciplinar, é fazer com que a ciência não utilize indis-
- Humanidades (filosofia, teologia, psicologia e antropologia); criminadamente as novas tecnologias logo que se tornem viáveis,
- Ciências sociais (economia e sociologia); mas somente apenas após possuir o conhecimento e a sabedoria
- Direito; suficientes para utilizá-las em benefício da humanidade e não em
- Política. seu detrimento. Nesse sentido, a bioética permitirá que a sociedade
Os princípios básicos da bioética são três: decida sobre as tecnologias que lhe convêm”.
- Autonomia ou princípio da liberdade: ele se baseia no fato de
que na relação médico-paciente, este último possui o direito de ser b) Ética ambiental
informado sobre seu estado de saúde, detalhes do tratamento a ser Falar de ética ambiental, ou das relações entre a ética e a
prescrito e tem toda a liberdade de decidir se irá ou não se subme- ecologia, é antes de mais refletir sobre as relações entre o com-
ter ao tratamento determinado. Caso o paciente não possa decidir, portamento humano e as consequências dessa intervenção sobre
os pais ou responsáveis é que tomam a decisão. Em casos de expe- o ambiente, que de um modo geral se identifica com o conceito
96 MELDAL, Débora Carvalho. Bioética. Disponível em: <http:// de natureza, ou ambiente natural. O conceito de ética ambiental
www.infoescola.com/medicina/bioetica/>. Acesso em: 30 ago. 2013. relaciona-se assim como o conceito de ecocentrismo, por oposi-

Didatismo e Conhecimento 22
ÉTICA E FILOSOFIA
ção ao antropocentrismo. Por esse conceito, o comportamento do Enfrentamos agora uma nova ameaça à nossa sobrevivência.
homem deve ser considerado em relação a si mesmo e em relação a A proliferação de seres humanos, associada aos resíduos do cresci-
todos os seres vivos. Não obstante, a preocupação da ética ambiental mento econômico, é tão capaz de varrer a nossa sociedade da face
não é imediata: pretende-se a conservação do meio ambiente para as da Terra - e todas as restantes sociedades - como as velhas ameaças
futuras gerações. tradicionais. Ainda não se desenvolveu uma ética capaz de fazer
O filósofo Peter Singer97, entre outros aspectos abordados em sua face a esta ameaça.
obra Ética Prática, defende a formação de uma nova ética ambiental, Alguns princípios éticos que possuímos correspondem exata-
explicando as suas origens conceituais: mente, na realidade, ao contrário daquilo que precisamos. O pro-
“Há mais de 40 anos, o ecologista americano Aldo Leopold escre- blema é que, como vimos, os princípios éticos mudam lentamen-
veu que havia a necessidade de uma ‘nova ética’, uma ‘ética que trate te e temos pouco tempo para desenvolvermos uma nova ética do
das relações do homem com a terra e com os animais e plantas que nela meio ambiente”.
crescem’. A ‘ética da terra’ que propôs alargaria as ‘fronteiras da comu-
nidade, abrangendo solos, águas, plantas e animais e, coletivamente, a c) Ética profissional
terra”. A ascensão das preocupações ecológicas no início dos anos 70 le- Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual de
vou a um interesse renovado por esta atitude. O filósofo norueguês Arne uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no complexo
Naess escreveu um artigo breve, mas influente, onde distingue as ten- da sociedade como uma atividade específica. Trazendo tal prática
dências ‘superficiais’ das ‘profundas’ no seio do movimento ecológico. benefícios recíprocos a quem a pratica e a quem recebe o fruto
O pensamento ecológico superficial estava limitado ao quadro mo- do trabalho, também exige, nessas relações, a preservação de uma
ral tradicional; os seus partidários desejavam ardentemente impedir a conduta condizente com os princípios éticos específicos. O grupa-
poluição das nossas reservas de água, de modo a podermos ter água mento de profissionais que exercem o mesmo ofício termina por
potável para beber, e procuravam preservar o meio natural de modo que criar as distintas classes profissionais e também a conduta perti-
as pessoas pudessem continuar a desfrutar os prazeres da natureza. Os nente. Existem aspectos claros de observação do comportamento,
ecologistas profundos, por outro lado, queriam preservar a integridade nas diversas esferas em que ele se processa: perante o conhecimen-
da biosfera unicamente por si mesma, independentemente dos possíveis to, perante o cliente, perante o colega, perante a classe, perante a
benefícios para os seres humanos que poderiam daí advir. Posterior- sociedade, perante a pátria, perante a própria humanidade como
mente, outros autores desenvolveram algumas formas de teoria ambien- conceito global” 98. Todos estes aspectos serão considerados em
talista ‘profunda’. termos de conduta ética esperada.
Ao passo que a ética da reverência pela vida se centra nos organis- Em geral, as diretivas a respeito do comportamento profissio-
mos vivos individuais, as propostas da ecologia profunda têm tendência nal ético podem ser bem resumidas em alguns princípios basilares.
para considerar algo mais vasto como objeto de valor: as espécies, os Segundo Nalini99, o princípio fundamental seria o de agir de
sistemas ecológicos ou mesmo a biosfera no seu todo. acordo com a ciência, se mantendo sempre atualizado, e de acordo
Leopold resumiu assim as bases da sua nova ética da terra: ‘Uma com a consciência, sabendo de seu dever ético; tomando-se como
coisa é um bem quando tem tendência para preservar a integridade, a princípios específicos:
estabilidade e a beleza da comunidade biótica. É um mal quando tem a - Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível na
tendência contrária’. vida pública e na vida particular.
Num artigo publicado em 1984, Arne Naess e George Sessions, - Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir da me-
um filósofo americano que faz parte do movimento ecológico profundo, lhor maneira esperada em sua profissão e fora dela, com técnica,
estabeleceram diversos princípios para uma ética ecológica profunda, justiça e discrição.
começando com os seguintes: - Princípio da incompatibilidade - não se deve acumular fun-
1. O bem-estar e o desenvolvimento da vida na Terra, humana e ções incompatíveis.
não humana, têm valor em si (sinônimos: valor intrínseco, valor ineren- - Princípio da correção profissional - atuação com transparên-
te). Estes valores são independentes da utilidade do mundo não humano cia e em prol da justiça.
para finalidades humanas. - Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos os
2. A riqueza e a diversidade de formas de vida contribuem para a demais operadores do Direito querem a mesma coisa, realizar a
realização desses valores e também são valores em si. justiça.
3. Os seres humanos não têm o direito de reduzir esta riqueza e - Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em todas
diversidade exceto para satisfazer necessidades vitais. funções.
Embora estes princípios se refiram apenas à vida, Naess e Sessions - Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal para
afirmam no mesmo artigo que a ecologia profunda usa o termo biosfera buscar o interesse da justiça.
de uma forma mais abrangente para se referir também a coisas não vi- - Princípio da confiança - cada profissional de Direito é dota-
vas, como os rios (bacias hidrográficas), paisagens e ecossistemas. [...] do de atributos personalíssimos e intransferíveis, sendo escolhido
Em última análise, o conjunto de valores e proibições éticos ado- por causa deles, de forma que a relação estabelecida entre aquele
tados pela ética de sociedades específicas refletirá sempre as condições que busca o serviço e o profissional é de confiança.
nas quais têm de viver e de trabalhar para sobreviver. Esta afirmação é - Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça, aos
quase uma tautologia, porque, se a ética da sociedade não tomasse em valores constitucionais, à verdade, à transparência.
consideração tudo aquilo que é necessário à sobrevivência, essa 98 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
sociedade deixaria de existir. [...] 2010.
97 SINGER, Peter. Ética Prática. Tradução Álvaro Augusto 99 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo:
Fernandes. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2000. Revista dos Tribunais, 2011.

Didatismo e Conhecimento 23
ÉTICA E FILOSOFIA
- Princípio da independência profissional - a maior autonomia QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e,
no exercício da profissão do operador do Direito não deve impedir também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da
o caráter ético. missão institucional.”
- Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre as in- A missão institucional envolve a obtenção de lucros, em regra,
formações que acessa no exercício da profissão. mas sempre aliada à promoção da ética. Na missão institucional
- Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé e de serão estabelecidas determinadas metas para a empresa, que deve-
forma correta, com lealdade processual. rão ser buscadas pelos funcionários. Para tanto, cada um deve se
- Princípio da discricionariedade - geralmente, o profissional preocupar com o aperfeiçoamento de suas capacidades, tornando-
do Direito é liberal, exercendo com boa autonomia sua profissão. -se paulatinamente um melhor funcionário, por exemplo, buscan-
- Outros princípios éticos, como informação, solidariedade, do cursos e estudando técnicas.
cidadania, residência, localização, continuidade da profissão, li-
berdade profissional, função social da profissão, severidade consi- QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e
go mesmo, defesa das prerrogativas, moderação e tolerância. trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão, respeitando a
O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitudes que hierarquia, seus colegas e cada concidadão, colaborando e acei-
podem ser esperadas do profissional, mas assim como é difícil de- tando colaboração.”
limitar um conceito de ética, é complicado estabelecer exatamente Existe uma hierarquia para que as funções sejam desempe-
quais as condutas esperadas de um servidor: melhor mesmo é ob- nhadas da melhor maneira possível, pois a desordem não permite
servar o caso concreto e ponderar com razoabilidade. que as atividades se encadeiem e se enlacem, gerando perda de
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente os prin- tempo e desperdício de recursos. Não significa que ordens contrá-
cípios éticos consagrados em sociedade, fazendo com que cada rias à ética devam ser obedecidas, caso em que a medida cabível
atividade desempenhada no exercício da profissão exteriorize tais é levar a questão para as autoridades responsáveis pelo controle
postulados, inclusive direcionando os rumos da ética empresarial da ética da instituição. Cada atividade deve ser desempenhada da
na escolha de diretrizes e políticas institucionais. melhor maneira possível, isto é, não se pode deixar de praticá-la
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se guia por corretamente por ser mais trabalhoso (por negligência entende-se
determinados mandamentos de ação, os quais valem tanto para a uma omissão perigosa). No tratamento dos demais colegas e do
esfera pública quanto para a privada, embora a punição dos que público, o funcionário deve ser cordial e ético, posto que somente
violam ditames éticos no âmbito do interesse estatal seja mais ri- assim estará contribuindo para a gestão ética da empresa.
gorosa.
Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da gestão éti- SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignidade,
ca nas empresas públicas: decoro, zelo, eficácia e moralidade.”
O bom comportamento não deve se fazer presente somente no
PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e a exercício das funções. Cabe ao funcionário se portar bem quando
responsabilidade como fundamentos de dignidade pessoal”. estiver em sua vida privada, na convivência com seus amigos e
Significa desempenhar suas funções com transparência, de familiares, bem como nos momentos de lazer. Por melhor que seja
forma honesta e responsável, sendo leal à instituição. O funcio- como funcionário, não será aceito aquele que, por exemplo, for
nário deve se portar de forma digna, exteriorizando virtudes em visto frequentemente embriagado ou for sempre denunciado por
suas ações. violência doméstica.
Dignidade é a característica que incorpora todas as demais,
SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana.” significando o bom comportamento enquanto pessoa humana, tra-
A expressão “dignidade da pessoa humana” está estabelecida tando os outros como gosta de ser tratado. Decoro significa discri-
na Constituição Federal Brasileira, em seu art. 3º, III, como um ção, aparecer o mínimo possível, não se vangloriar com base em
dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Ao adotar um feitos institucionais. Zelo quer dizer cuidado, cautela, para que as
significado mínimo apreendido no discurso antropocentrista do atividades sempre sejam desempenhadas do melhor modo. Eficá-
humanismo, a expressão valoriza o ser humano, considerando este cia remete ao dever de fazer com que suas atividades atinjam o
o centro da criação, o ser mais elevado que habita o planeta, o que fim para o qual foram praticadas, isto é, que não sejam abandona-
justifica a grande consideração pelo Estado e pelos outros seres hu- das pela metade. Moralidade significa respeitar os ditames morais,
manos na sua generalidade em relação a ele. Respeitar a dignidade mais que jurídicos, que exteriorizam os valores tradicionais conso-
da pessoa humana significa tomar o homem como valor-fonte para lidados na sociedade através dos tempos.
todas as ações e escolhas, inclusive na atuação empresarial.
SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solução
TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos atos e uma pessoa que busca perante a Administração Pública satisfazer
na apreciação do mérito dos subordinados.” um direito que acredita ser legítimo.”
Retoma-se a questão dos planos de carreira, que exteriorizam O bom atendimento do público é necessário para que uma ges-
a imparcialidade e a impessoalidade na escolha dos que deverão tão possa ser considerada ética. Aquele que tem um direito merece
ser promovidos, a qual se fará exclusivamente com base no mé- ser ouvido, não pode ser deixado de lado pelo funcionário, espe-
rito. Não se pode tomar questões pessoais, como desavenças ou rando por horas uma solução. Mesmo que a pessoa esteja errada,
afinidades, quando o julgamento se faz sobre a ação de um funcio- isto deve ser esclarecido, de forma que a confiabilidade na institui-
nário - se agiu bem, merece ser recompensado; se agiu mal, deve ção não fique abalada.
ser punido.

Didatismo e Conhecimento 24
ÉTICA E FILOSOFIA
OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade significa
as instruções e as ordens das autoridades a que estiver subordinado.” a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como
O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética porque ex- a administração pública representa os interesses da coletividade,
terioriza o valor do justo e o seu cumprimento é essencial para que a ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só poderá
gestão ética seja efetiva. fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera estatal,
é preciso lei anterior editando a matéria para que seja preservado
NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, atento à fina- o princípio da legalidade). A origem deste princípio está na criação
lidade do serviço público.” do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve res-
Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divisão de fun- peitar as leis que dita.
ções feitas com o objetivo de otimizar as atividades desempenhadas. Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que re-
presenta, a administração pública está proibida de promover discri-
DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio entre a minações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma diferente
legalidade e finalidade do ato administrativo a ser praticado.” dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este princípio,
Bem comum é o bem de toda a coletividade e não de um só in- a administração pública deve tratar igualmente todos aqueles que
divíduo. Este conceito exterioriza a dimensão coletiva da ética. Ma- se encontrem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia
ritain100 apontou as características essenciais do bem comum: redis- ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no
tribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído às pessoas que tange à contratação de serviços. O princípio da impessoalidade
e colaborar para o desenvolvimento delas; respeito à autoridade na está correlato ao princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser al-
sociedade, pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade cançado pela administração pública é somente o interesse público.
de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que constitui a Com efeito, o interesse particular não pode influenciar no tratamen-
retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais to das pessoas, já que deve-se buscar somente a preservação do
do bem comum. interesse coletivo.
Princípio da moralidade: A posição deste princípio no artigo
Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de morali-
ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interesses dade administrativa, intimamente relacionada ao poder público. A
da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e regras. administração pública não atua como um particular, de modo que
Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Federal e em enquanto o descumprimento dos preceitos morais por parte des-
legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas te particular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento imoral por
Lei n° 8.429/92. Fato é que todas as diretivas destas leis específicas parte dos representantes do Estado. O princípio da moralidade deve
partem da Constituição Federal, que estabelece alguns princípios se fazer presente não só para com os administrados, mas também
fundamentais para a ética no setor público. Em outras palavras, é o no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à noção de bom
texto constitucional do artigo 37, especialmente o caput, que permite administrador, que não somente deve ser conhecedor da lei, mas
a compreensão de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque também dos princípios éticos regentes da função administrativa.
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO
administração pública. Estabelece a Constituição Federal: MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois prin-
cípios anteriores.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer Princípio da publicidade: A administração pública é obrigada
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas in-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali- formações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publica-
dade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] ção em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exemplo,
São princípios da administração pública, nesta ordem: a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao
Legalidade ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo seleti-
Impessoalidade vo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se negar
Moralidade indevidamente a fornecer informações ao administrado caracteriza
Publicidade ato de improbidade administrativa. Somente pela publicidade os
Eficiência indivíduos controlarão a legalidade e a eficiência dos atos adminis-
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o vo- trativos. Os instrumentos para proteção são o direito de petição e as
cábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administração Pú- certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residual-
blica. É de fundamental importância um olhar atento ao significado de mente - do mandado de segurança.
cada um destes princípios, posto que eles estruturam todas as regras Princípio da eficiência: A administração pública deve man-
éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de Improbidade Admi- ter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de gastos.
nistrativa, tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho101 Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso público
e Spitzcovsky102: seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao manter
100 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed.
tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um servidor
Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967. público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de
101 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. por produtividade e economicidade. Alcança os serviços públicos
102 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São e os serviços administrativos internos, se referindo diretamente à
Paulo: Método, 2011. conduta dos agentes.

Didatismo e Conhecimento 25
ÉTICA E FILOSOFIA
d) Ética negocial ou empresarial O comportamento ético é a única maneira de obtenção de lu-
A ética está presente em todas as esferas da vida de um indi- cro com respaldo moral. A sociedade tem exigido que a empresa
víduo e da sociedade que ele compõe e é fundamental para a ma- sempre vele pela ética nas relações com seus clientes, fornecedo-
nutenção da paz social que todos os cidadãos (ou ao menos grande res, competidores, empregados, governo e público em geral.
parte deles) obedeçam os ditames éticos consolidados. A obediên- As empresas precisam ter um comportamento ético tanto den-
cia à ética não deve se dar somente no âmbito da vida particular, tro quanto fora da empresa, com isso é possível que os produtos
mas também na atuação profissional, principalmente se tal atuação fiquem mais baratos sem que se perca em qualidade. Além disso,
se der no âmbito estatal. Inclusive, atualmente a ação conforme a evidenciam o comportamento ético da empresa o não pagamento
ética não é só esperada dos indivíduos nas esferas privada e profis- de subornos ou de compensações indevidas.
sional, mas das próprias empresas e do Estado. O importante é que se uma empresa age de forma ética, pode
Houve um tempo em que o objetivo de obter lucro por parte estabelecer normas de condutas para que seus dirigentes e empre-
das empresas era tão predominante que eram ultrapassados todos gados, exigindo que ajam com lealdade e dedicação, isto é, que
os limites éticos. De início, retomando a Revolução Industrial, respeitem os preceitos éticos.
notam-se cenários de desmazelo para com os trabalhadores, ora Agir de acordo com a ética profissional é a obrigação que a
submetidos a jornadas intermináveis e perigosas, sem qualquer di- empresa assume com a sociedade, que inclui responsabilidades
reito para o caso de imprevistos e acidentes. Daí terem surgido os
econômicas e legais. As responsabilidades éticas são definidas
direitos sociais, que colocaram o primeiro limite à atuação das em-
como comportamento ou atividades que a sociedade espera das
presas, demonstrando que mesmo elas deveriam respeitar alguns
empresas.
ditames éticos.103
Em outros aspectos alheios à relação de emprego, por muito “A empresa capitalista é, em última análise, uma organização
tempo predominou o poderio econômico das empresas em detri- produtora de lucros; é esse o seu objetivo final. Esta instituição ja-
mento do bem comum social. Fala-se nas áreas de direitos difusos mais poderá renunciar a sua finalidade lucrativa. Contudo, as em-
e coletivos, notadamente direito ambiental e direito do consumi- presas acabam sendo hoje tão responsáveis quanto o Estado no que
dor. Antes, era aceito que em nome do lucro as empresas poluís- diz respeito a assegurar direitos individuais do cidadão. A ênfase
sem à vontade o planeta, bem como violassem os direitos dos con- está na atualidade em melhorar não apenas o aspecto econômico,
sumidores de seus produtos e serviços. Com o desenvolvimento da mas também o social, bem como a comunidade na qual está inseri-
tutela dos direitos difusos e coletivos ficou ainda mais evidente a da, o que acaba trazendo benefícios para ambas as partes”105.
dimensão ética inerente às empresas. As empresas socialmente responsáveis são aquelas que pos-
“Os valores tradicionais da sociedade contemporânea moder- suem a capacidade de ouvir os interesses de todas as partes (acio-
na foram sendo sobrepujados em correlação direta com a evolu- nistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consu-
ção da sociedade industrial e a aceleração do ritmo do sistema de midores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguem
produção, franqueado pela descoberta de novas fontes energéticas. incorporá-los no planejamento de suas atividades, promovendo
Desenvolve-se a economia de mercado, baseada na livre iniciativa assim, o desenvolvimento social de sua corporação baseada em
e no acúmulo de capital, produzindo concomitantemente dois fe- princípios éticos elevados e na busca da qualidade de suas rela-
nômenos que vão exigir uma nova postura do Direito – a questão ções. Estas empresas estão mais bem preparadas para assegurar a
social e a questão ambiental –, pois o modelo capitalista de produ- sustentabilidade por conhecerem as novas dinâmicas que afetam a
ção, ao mesmo tempo que provocou a degradação da qualidade de sociedade e o mundo empresarial.106
vida e da saúde da grande massa de trabalhadores, também causou “Responsabilidade social pode ser definida como o compro-
um processo de degradação e devastação jamais visto dos recursos misso que uma organização deve ter para com a sociedade, ex-
naturais”104. presso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente,
Enfim, no contexto em que as empresas começaram a se for- de modo mais amplo, ou a alguma comunidade, de modo mais
talecer no mundo clamava-se pela liberdade de contratação, de específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela.
compra e venda de produtos, sem se preocupar muito com as con-
A organização, nesse sentido, assume obrigações de caráter moral,
sequências que isto traria para o outro e para o mundo. Trata-se da
além das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente vincu-
política do liberalismo, pela qual o particular poderia fazer o que
ladas a suas atividades, mas que possam contribuir para o desen-
bem entendesse sem a intervenção do Estado. Após, compreendeu-
volvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida,
-se que o Estado não poderia se manter alheio a este contexto,
de modo que deveria garantir a liberdade das empresas, mas em responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir
contrapartida estas deveriam respeitar os ditames éticos, ou seja, para a melhoria da qualidade de vida da sociedade”.107
cumprir com sua responsabilidade social. Logo, a responsabilidade social é também aplicada à gestão
Logo, ética empresarial é o comportamento da empresa en- dos negócios e se traduz como um compromisso ético voltado para
tendida lucrativa quando age de conformidade com os princípios a criação de valores para todos os públicos com os quais a empre-
morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade. Ética
empresarial diz respeito a regras, padrões e princípios morais so- 105 ARNOLDI, Paulo Roberto Colombo; MICHELAN, Taís Cristina
de Camargo. Função Social da Empresa. Direito – USF. Bragança Paulista, v.
bre o que é certo ou errado em situações específicas.
14, p. 87-90, jul./dez. 2000.
103 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso Lafer. 9. 106 ETHOS. Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Empresarial. Apresentação da Versão 2000. Disponível em : <http://www.
104 PADILHA, Norma Sueli. Fundamentos constitucionais oecd.org/dataoecd/56/11/1922148.pdf>. Acesso em: 27 out. 2010.
do direito ambiental brasileiro. Rio de Janeiro: Campus Jurídico 107 ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e responsabilidade social nos
Elsevier, 2010. negócios. São Paulo: Saraiva, 2003.

Didatismo e Conhecimento 26
ÉTICA E FILOSOFIA
sa se relaciona: clientes, funcionários, fornecedores, comunidade, - Suporte à responsabilidade corporativa, com ações que vi-
acionistas, governo, meio ambiente. A responsabilidade social em- sam a perenidade das organizações (visão de longo prazo, susten-
presarial é um movimento crescente no Brasil e no mundo, que tabilidade): a gestão ética tem um caráter de visão a longo prazo,
tem na adesão voluntária das empresas a sua maior força. confiando que determinadas políticas que a princípio serão cus-
A valorização da ética na gestão por meio do estabelecimento tosas refletirão numa maior qualidade de prestação de serviços
de uma adequada infra-estrutura de gestão da ética é uma dimen- e numa maior confiabilidade na empresa que o presta. Políticas
são necessária para tornar a empresa não só eficiente quanto aos voltadas à sustentabilidade são cada vez mais relevantes e o custo
resultados mas também democrática no que se refere ao modo pelo delas se reverte em bem para a coletividade. A gestão da sustenta-
qual esses resultados são alcançados, algo essencial principalmen- bilidade se inclui como uma das facetas da gestão ética voltada a
te se ela desempenha algum interesse do Estado. Gestão é a ação longo prazo e à construção de uma sociedade mais saudável, a qual
de gerir, de administrar. Significa cuidar para que a empresa atinja será estudada no último tópico desta apostila.
suas metas e se desenvolva adequadamente. Hoje não é mais aceita Para que se efetive uma gestão ética é relevante adotar de-
a administração que não respeite os ditames éticos, razão pela qual terminadas políticas empresariais. Afinal, a empresa é um corpo
toda gestão deve ser ética, tanto nas empresas públicas quanto nas imenso, dificilmente controlado plenamente por uma única pessoa.
privadas. Daí a importância de que cada qual conheça as ações que a empre-
Considere as repercussões das atitudes de um empresário que sa espera dele no exercício das funções e de que a sociedade tenha
não acredite que existe ética nos negócios. Isso significa que ele um mecanismo para oferecer críticas e sugestões:
é desonesto em seus negócios com você? Isso significa que ele é - Elaboração de códigos de ética: é um instrumento de gestão
suscetível de dar-lhe um produto defeituoso se ele puder se esqui- da ética nas empresas porque exterioriza o agir esperado de seus
var de punições e ter mais lucro? Se ele realmente acredita no que colaboradores, inclusive funcionários. Havendo o conhecimento
diz, você não seria um tolo de firmar negócios com ele? O fato de das diretivas éticas empresariais é natural que as violações a elas
que ele acha que não há ética nos negócios não indica que ele é diminuam, pois cada um irá controlar seu próprio comportamento
realmente apenas uma pessoa sem escrúpulos? O ditado antigo e para respeitá-las. A ausência de um código de ética pode deixar
desgastado é bem-vindo aqui. A ética empresarial é uma idéia cujo dúvidas nos funcionários e nos colaboradores a respeito da me-
tempo fez chegar. Além disso, muitas vezes boa ética é bom negó- lhor maneira de agir. Por isso, o Banco do Brasil é uma instituição
cio, e se em raras vezes boa ética não é um bom negócio então por que elaborou um Código de Ética, o qual será estudado no tópico
isso se deverá adiar o que é certo apenas para lucrar? Assim, ser seguinte.
ético geralmente traz boas consequências para os negócios, além - Canal de dúvidas e central de denúncias: contribui para o
do que atende aos fins almejados pela atividade empresarial, que é aperfeiçoamento ético da empresa a existência de um mecanismo
de acesso por parte da sociedade, informando falhas, elaborando
o benefício da sociedade.108
críticas e efetuando sugestões. Daí a necessidade de existir uma li-
Com efeito, cria-se um modelo de empresa consciente, vol-
nha telefônica ou e-mail corporativo dedicado a esclarecer dúvidas
tada não apenas para a busca de lucro, mas principalmente para a
sobre conduta ética no dia-a-dia e a informar violações por parte
promoção do bem-estar, da redução das desigualdades, da respon-
de funcionários.
sabilidade social e do equilíbrio ambiental. Para tanto, são políti-
cas de gestão ética que permitem a efetivação do ideário ético na
EXERCÍCIOS
administração das empresas:
- Reforço da transparência no relacionamento com colabo-
1. (INEP - 2012 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio
radores, clientes, parceiros, fornecedores, comunidade: para que - Primeiro e Segundo Dia) “Para Platão, o que havia de verdadeiro
uma empresa seja bem vista por parte da sociedade deve exterio- em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de
rizar suas ações e políticas, deixando claro o compromisso ético razão, não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre
para que a confiabilidade nela se amplie. Por transparência enten- objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o
de-se a ausência de ocultação a respeito do modo como a empresa primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente,
é gerida e como o lucro é obtido. a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente” (ZIGANO, M.
- Promoção da equidade por meio do tratamento justo e igua- Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus,
litário de todos os envolvidos no processo de administração da em- 2012).
presa: a impessoalidade é fundamento para a transparência ética O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um
de uma empresa, na qual prevaleça a meritocracia, ou seja, na qual aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346
os administradores e funcionários mais competentes sejam valo- a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa
rizados e recebam promoções na carreira. Daí a importância de relação?
instrumentos como os planos de carreira. a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
- Responsabilização de colaboradores que adotarem atitudes b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento
antiéticas: aceitar práticas antiéticas por parte daqueles que desem- a eles.
penhem alguma atividade para a empresa é, por si só, uma atitude c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação
contrária à ética empresarial. Por isso, devem ser afastadas parce- são inseparáveis.
rias com colaboradores que não compartilhem do mesmo ideário d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas
ético da empresa. a sensação não.
108 DUSKA, Ronald F. Contemporary reflections on business e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é
ethics. EUA: Springer, 2007. superior à razão.

Didatismo e Conhecimento 27
ÉTICA E FILOSOFIA
R: D. Platão, diferente de Aristóteles, acreditava que as sen- Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses
sações tinham um papel ilusório. Assim cabia se prender exclusi- para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação ra-
vamente à razão. Sua teoria das ideias compreende o mundo da cional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio,
natureza como um mundo das ideias, de forma que a cada coisa da filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
natureza corresponde uma ideia de coisa eterna e imutável. a) eram baseadas nas ciências da natureza.
b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
2. (INEP - 2012 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Mé- c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
dio - Primeiro e Segundo Dia) “Nossa cultura lipofóbica muito d) postulavam um princípio originário para o mundo.
contribui para a distorção da imagem corporal, gerando gordos e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
que se veem magros e magros que se veem gordos, numa quase R: D. Na busca de quebrar a força dos mitos, os filósofos da
unanimidade de que todos se sentem ou se veem ‘distorcidos’. En-
natureza pretenderam estabelecer uma origem substancial para as
gordamos quando somos gulosos. É o pecado da gula que contro-
formas da natureza. Para Tales, a origem de tudo estava no ar. Para
la a relação do homem com a balança. Todo obeso declarou, um
dia, guerra à balança. Para emagrecer é preciso fazer as pazes com Demócrito, a origem de tudo estava no átomo.
a dita cuja, visando adequar-se às necessidades para as quais ela
aponta”. (FREIRE, D. S. Obesidade não pode ser pré-requisito. 4. (INEP - 2012 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio
Disponível em: http://gnt.globo.com. Acesso em: 3 abr. 2012). - Primeiro e Segundo Dia) “Não ignoro a opinião antiga e muito
O texto apresenta um discurso de disciplinarização dos cor- difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus
pos, que tem como consequência e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido
a) a ampliação dos tratamentos médicos alternativos, reduzin- às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as
do os gastos com remédios. quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar
b) a democratização do padrão de beleza, tornando-o acessível inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a
pelo esforço individual. sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos per-
c) o controle do consumo, impulsionando uma crise econômi- mite o controle sobre a outra metade”. (MAQUIAVEL, N. O prínci-
ca na indústria de alimentos. pe. Brasília: EdUnB, 1979).
d) a culpabilização individual, associando obesidade à fraque- Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder
za de caráter. em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o
e) o aumento da longevidade, resultando no crescimento po- seu pensamento político e o humanismo renascentista ao
pulacional. a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definido-
R: C. Uma das maiores críticas à sociedade contemporânea
res do seu tempo.
é a da imposição de um padrão de beleza quase inatingível para a
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
maioria das pessoas. As revistas apontam um padrão e quem não o
atinge deve se sentir envergonhado. As pessoas se enxergam feias c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da
e nunca estão satisfeitas consigo mesmas. E os gordinhos, gordos e ação humana.
obesos são vistos como preguiçosos e sem caráter. A filosofia deve d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte
se procupar em resolver questões tão complexas e que afetam tanto de aprendizagem.
a vida humana. e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.
R: C. Como todo filósofo do Renascimento, Maquiavel adota
3. (INEP - 2012 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio uma concepção antropocentrista, confiante no elemento racional do
- Primeiro e Segundo Dia) homem como centro de toda a sociedade. Contudo, Maquiavel não
Texto I ignora que existem coisas que estão fora do alcance do homem, ao
“Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário que dá o nome da acaso ou sorte.
de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm
de sua descendência. Quando o ar as dilata, transforma-se em fogo, 5. (INEP - 2010 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio -
ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a Azul - Primeiro Dia) “A política foi, inicialmente, a arte de impedir
partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam- as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito. Posteriormente,
-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo
terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em de que nada entendem”. (VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVI-
pedras”. (BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro:
DES, M.V. M. A cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996).
PUC-Rio, 2006).
Nessa definição, o autor entende que a história da política está
Texto II
“Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como dividida em dois momentos principais: um primeiro, marcado pelo
criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tem- autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por uma de-
pos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta mocracia incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento co-
concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os mum a esses dois momentos da história política?
quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elemenos, como a) A distribuição equilibrada do poder.
ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na ver- b) O impedimento da participação popular.
dade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo, numa teia de c) O controle das decisões por uma minoria.
aranha”. (GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. d) A valorização das opiniões mais competentes.
São Paulo: Vozes, 1991). e) A sistematização dos processos decisórios.

Didatismo e Conhecimento 28
ÉTICA E FILOSOFIA
R: C. O texto remonta à falha dos processos democráticos na d) Quanto ao aspecto histórico, a ética empírica possui a razão
atualidade. A democracia existe, mas muito parece com uma de- como enfoque para explicar o mundo, na medida em que ela cons-
mocracia formal, não verdadeira. As pessoas não sabem ao cer- trói a teoria explicativa e vai ao mundo para ver sua adequação.
to sobre o que decidem e não acessam corretamente os meios de e) Em todas as classificações da ética, ela se torna equivalente
participação popular. Em outras palavras, na prática, as decisões à moral porque direciona o comportamento humano para ações
políticas acabam sendo tomadas por uma minoria. consideradas positivas para um grupo social.
R: C. Na filosofia, empirismo é um movimento que acredi-
6. (INEP - 2010 - ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio ta nas experiências como únicas (ou principais) formadoras das
- Azul - Primeiro Dia) “O príncipe, portanto, não deve se inco- ideias, discordando, portanto, da noção de ideias inatas, havendo
modar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o também uma vertente no campo de estudo da ética.
povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros
poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, 9. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) Acerca da relação en-
permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo”. (MA- tre ética e moral, assinale a opção correta.
QUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009). a) O entendimento ético discorre filosoficamente, em épocas
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão diferentes e por vários pensadores, dando conceitos e formas de
sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção alusão ao termo ética.
da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na b) Durante as Idades Média e Moderna, a ética era conside-
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. rada uma ciência, portanto, era ensinada como disciplina escolar.
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. Na Idade Contemporânea, a ética assumiu uma nova conotação,
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religio- desvinculando-se da ciência e da filosofia e sendo vinculada às
sas. práticas sociais.
d) neutralidade diante da condenação dos servos. c) A simples existência da moral significa a presença explícita
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe. de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão
R: E. O relativismo moral, numa tolerância às atitudes do que discute, problematiza e interpreta o significado dos valores
príncipe por mais tirânicas que fossem desde que benéficas ao Es- morais.
tado, é uma das principais marcas da filosofia de Maquiavel, para d) A ética não tem por objetivo procurar o fundamento do va-
o qual os fins justificam os meios. lor que norteia o comportamento, tendo em vista a historicidade
presente nos valores.
e) O conhecimento do dever está desvinculado da noção de
7. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) A respeito das classi-
ética, pois este é consequência da percepção, pelo sujeito, de que
ficações da ética como campo de estudo, assinale a opção correta.
ele é um ser racional e, portanto, está obrigado a obedecer ao im-
a) Na abordagem da ética absoluta, toda ação humana é boa
perativo categórico: a necessidade de se respeitar todos os seres
e, consequentemente, um dever, pois se fundamenta em um valor.
racionais na qualidade de fins em si mesmos.
b) De acordo com a ética formal, não existem valores uni-
R: A. O termo ética passa por diversas interpretações no de-
versais, objetivos, mas estes são convencionais, condicionados ao
correr da história, mas é possível notar que alguns de seus ele-
tempo e ao espaço. mentos, guardadas as devidas particularidades, são reincidentes na
c) Segundo a ética empírica, a distinção entre o certo e o erra- formação deste conceito.
do ocorre por meio da experiência, do resultado do procedimento,
da observação sensorial do que de fato ocorre no mundo. 10. (ASPERH - 2010 -  Professor auxiliar ética profissional)
d) Quanto ao aspecto histórico, a ética empírica possui a razão Sobre moral e ética é incorreto afirmar:
como enfoque para explicar o mundo, na medida em que ela cons- a) A moral é a regulação dos valores e comportamentos consi-
trói a teoria explicativa e vai ao mundo para ver sua adequação. derados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma
e) Em todas as classificações da ética, ela se torna equivalente religião, uma certa tradição cultural etc.
à moral porque direciona o comportamento humano para ações b) Uma moral é um fenômeno social particular, que tem com-
consideradas positivas para um grupo social. promisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de
R: C. Empirismo é a observação prática de um fenômeno. En- direito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se 
quanto que numa ética teórica bastaria a reflexão para conhecer o se dizendo universal, supostamente válida para todos.
certo e o errado, por uma ética empírica é preciso vivenciar o con- c) A ética á uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela
tato direto com situações que permitam compreender estes valores. não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e dis-
posições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo
8. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) A respeito das classi- objetivo é balizar as ações humanas.
ficações da ética como campo de estudo, assinale a opção correta. d) A moral é um conjunto de regras de conduta adotadas pelos
a) Na abordagem da ética absoluta, toda ação humana é boa indivíduos de um grupo social e tem a finalidade de organizar as
e, consequentemente, um dever, pois se fundamenta em um valor. relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal.
b) De acordo com a ética formal, não existem valores uni- e) A moral é a aplicação da ética no cotidiano, é a prática con-
versais, objetivos, mas estes são convencionais, condicionados ao creta.
tempo e ao espaço. R: B. A Moral, embora seja mais subjetiva que a Ética, reflete
c) Segundo a ética empírica, a distinção entre o certo e o erra- o seu conteúdo, logo, também possui universalidade. O sentimento
do ocorre por meio da experiência, do resultado do procedimento, moral é uno e repousa no seio social, sendo assim universal. Logo,
da observação sensorial do que de fato ocorre no mundo. a Moral é válida para todos, não supostamente válida.

Didatismo e Conhecimento 29
ÉTICA E FILOSOFIA
11. (ASPERH - 2010 -  Professor auxiliar ética profissional) 13. (ASPERH - 2010 -  Professor auxiliar ética profissional)
Sobre moralidade administrativa e a constituição federativa é in- Antígona, por razões de Estado, havia sido proibida de dar se-
correto afirmar: pultura a seu irmão. No entanto, mesmo correndo o risco de ser
a) A carta magna faz menção em diversas oportunidades ao condenado à morte por haver descumprido essa proibição legal,
princípio da moralidade. Uma delas, prevista no art. 5º, LXXIII, resolve piedosamente enterrar seus parente, e é então indagada
trata da ação popular contra ato lesivo à moralidade administrativa pela autoridade civil (Creonte):
b) Em outra, o constituinte determinou a punição mais rigoro- Creonte: - ...Confessas ou negas ter feito o que ele diz?
sa da imoralidade qualificada pela improbidade (art. 37, §4º) Antígona: - Confesso o que fiz! Confesso-o claramente!
c) Há ainda o art. 14, §9º, onde se visa proteger a probidade e Creonte: - Sabias que, por uma proclamação, eu havia proi-
moralidade no exercício de mandato, e o art. 85, V, que considera bido o que fizeste?
a improbidade administrativa como crime de atividade adminis- Antígona: -Sim, eu sabia! Por acaso poderia ignorar, se era
trativa uma coisa pública?
d) O princípio da moralidade, com o advento da Carta Cons- Creonte: -E, apesar disso, tiveste a audácia de desobedecer
titucional de 1988 foi alçado, pela vez primeira em nosso direito a essa determinação?
positivo a princípio constitucional, nos termos do artigo 37, caput, Antígona: - Sim, porque não foi Júpiter que a promulgou;
o qual estabelece diretrizes à administração pública e a Justiça... jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos;
e) Também o artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Fede- nem eu creio que teu édito tenha força bastante para conferir a
ral, prevê a possibilidade de anulação de atos lesivos à moralidade um mortal o poder de infringir as leis divinas, que nunca foram
administrativa escritas, mas são irrevogáveis, não são escritas a partir de ontem
R: C. Embora o artigo 85, V faça referência à probidade admi- ou de hoje, são eternas, sim” E ninguém sabe desde quando elas
nistrativa como um dos objetos de violação, caracterizando crime vigoram. - Tais decretos, eu, que não temo o poder de homem
de responsabilidade pelo Presidente da República, o ato de im- algum, posso violar sem que por isso me venham punir os deu-
probidade administrativa praticado pelos servidores em geral tem ses!...”
natureza cível e está regulado na Lei nº 8.429/92. Este texto indica a existência de uma lei moral natural - uni-
versal no tempo e no espaço, imutável, inscrita no coração dos
12. (ASPERH - 2010 -  Professor auxiliar ética profissional) homens, indicando em seu íntimo o bem e o mal, irrevogável
Referente a principio constitucional da moralidade administrativa pelas leis humanas - foi expressa de uma maneira poética na
e administração publica é incorreto afirmar: tragédia grega Antígona:
a) O principio constitucional da moralidade administrativa a) de Aristóteles
b) de Platão
configura um vigoroso instrumento à função de controle de legali-
c) de Sócrates
dade, legitimidade e economicidade dos atos administrativos dos
d) de Sófocles
quais resultam despesas públicas
e) de Xenofonte
b) O principio atua positivamente, impondo à Administração
R: D. O autor da tragédia grega Antigona, que marcou a
Publica o dever de bem gerir e aumentando os demais deveres de
distinção entre lei natural e lei positiva, é Sófocles.
conduta administrativa, tais como os de agir impessoalmente, ga-
rantir a ampla publicidade de seus atos, pautar-se com razoabili-
14. (CONSULPLAN - 2008 - Correios - Agente de Correios
dade, motivar seus atos e decisões, agir com eficiência e observar
- Atendente Comercial) Pode-se afirmar que a ética tem como
a compatibilidade entre o objetivo de suas ações e o ato praticado objeto de estudo:
para operacionalizar tal objetivo ou finalidade. Bem assim, confi- a) O ato humano (voluntário e livre) que é o ato com vonta-
gura cânone de interpretação e integração de norma jurídicas e/ou de racional, permeado por inteligência e reflexão prévia.
atos administrativos b) A distinção entre o existir e o agir, solenemente.
c) O princípio atua negativamente, impondo limites ao exer- c) A tradução dos costumes aceitos pela sociedade emer-
cício da discricionariedade e permitindo a correção dos atos prati- gente.
cados em desvio de finalidade, mediante o seu expurgo do mundo d) O conceito de moralidade dos povos segregados.
jurídico através da invalidação e) N.R.A.
d) O princípio geralmente ‘”aplicável” isoladamente, com- R: A. O principal objeto de estudo da ética é a ação humana,
pondo-se e articulando-se, algumas vezes, com outros princípio num sentido de refletir sobre ela. De forma estrita, a moral, parte
jurídicos da ética, estuda a ação humana enquanto ação propriamente dita.
e) O princípio consubstancia “norma jurídica” e, portanto, ao De qualquer maneira, no âmbito da ética é feito um estudo da
utilizá-lo no exercício das funções constitucionais de controle dos ação humana baseada na razão, na vontade racional.
atos administrativos que geram despesas públicas sob os prismas
de legalidade e da legitimidade, não desborda o Tribunal de Contas 15. (FCC - 2011 - NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO
de sua competência constitucional - Contador) A respeito dos conceitos de ética, moral e virtude, é
R: D. O princípio da moralidade administrativa deve sempre correto afirmar:
ser lido em conjunto com os demais princípios constitucionais, a) A vida ética realiza-se no modo de viver daqueles indiví-
notadamente os aplicáveis à Administração Pública: legalidade, duos que não mantêm relações interpessoais.
impessoalidade, publicidade e eficiência. b) Etimologicamente, a palavra moral deriva do grego mos
e significa comportamento, modo de ser, caráter.

Didatismo e Conhecimento 30
ÉTICA E FILOSOFIA
c) Virtude deriva do latim virtus, que significa uma qua- R: D. Os pré-socráticos, também chamados naturalistas ou
lidade própria da natureza humana; significa, de modo geral, filósofos da physis (natureza - entendendo-se este termo não em
praticar o bem usando a liberdade com responsabilidade cons- seu sentido corriqueiro, mas como realidade primeira, originá-
tantemente. ria e fundamental, ou o que é primário,fundamental e persis-
d) A moral é influenciada por vários fatores como, sociais e tente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório),
históricos; todavia, não há diferença entre os conceitos morais de tinham como escopo especulativo o problema cosmológico, ou
um grupo para outro. cosmo-ontológico, e buscavam o princípio (ou arché) das coi-
e) Compete à moral chegar, por meio de investigações cientí- sas, sendo assim, procuravam um princípio fundamental único
ficas, à explicação de determinadas realidades sociais, ou seja, ela (noção de princípios sintéticos).
investiga o sentido que o homem dá a suas ações para ser verda-
deiramente feliz. 18. (CESPE - 2011 - SAEB-BA - Professor - Filosofia)
R: C. Virtude é uma qualidade da natureza humana relaciona- Certos pensadores foram capazes de sintetizar grande parte do
da a um valor ético. A ação que seja virtuosa será voltada sempre pensamento de um período em uma única frase. A época de
ao bem e praticada com responsabilidade e razoabilidade, sem o Galileu Galilei foi marcada por inúmeras diatribes com a Igreja
que perderia tal caráter. Vale destacar que a alternativa d está in- Católica e pelo surgimento de uma nova maneira de pensar. A
correta porque embora a ética seja imutável, preceitos morais po-
frase “o livro da natureza está escrito em linguagem matemáti-
dem sofrer pequenas variações de um grupo social para outro sem
ca” sintetiza
que se perca a essência ética.
a) o desprezo de Galileu por Deus e por qualquer explica-
16. (ASPERH - 2010 -  Professor auxiliar ética profissional) ção de caráter metafísico embasada em entidades supranaturais.
Sobre a ética, moral e direito é incorreto afirmar: b) a defesa do heliocentrismo, tese introduzida por Nicolau
a) Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que vi- Copérnico.
sam estabelecer uma certa previsibilidade para as ações humanas. c) a superação da filosofia platônica com seu apreço exces-
Ambas, porém, se diferenciam. sivo pela construção lógica.
b) O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade d) a inversão entre religião e ciência com relação à priori-
delimitada pelas fronteiras do Estado. dade sobre a enunciação da verdade.
c) As leis têm uma base territorial, elas valem apenas para R: D. Se, por um lado, o livro de Deus, a bíblia, está es-
aquela área geográfica onde uma determinada população ou seus crito em inúmeras histórias e parábolas; por outro, o livro da
delegados vivem. natureza, como chamado por Galileu, é muito mais pragmático
d) Alguns autores afirmam que o direito é um subconjunto da e lógico, sendo escrito matematicamente. Não significa que Ga-
ética. Esta perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a lei é lileu desprezasse a Igreja, ele apenas era contrário a uma visão
moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram a existên- sem lógica e ciência do mundo em prol do fortalecimento da
cia de conflitos entre a ética e o direito. religião.
e)  A desobediência civil ocorre quando argumentos morais
impedem que uma pessoa acate uma determinada lei. Este é um 19. (CESPE - 2011 - SAEB-BA - Professor - Filosofia) Kant
exemplo de que a moral e o direito, apesar de referirem-se a uma desenvolve sua filosofia moral em torno do chamado imperativo
mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes. categórico, segundo o qual uma ação deve ser considerada mo-
R: D. O Direito é um subconjunto da Ética e, por isso mesmo, ralmente boa se for possível estendê-la a todas as pessoas sem
suas normas devem refletir o conteúdo ético sempre que possível, que, com isso, a ação torne-se inconcebível ou impraticável.
o que ocorre pela presença do valor do justo. Tomar como correta Considerando esse princípio, é correto identificar a moral kan-
a afirmativa d seria entender que o Direito pode não ser justo e tiana a uma perspectiva
ainda assim ser válido, premissa positivista refutada no contexto a) formal, em que os elementos contextuais são irrelevan-
pós-guerra. tes.
b) segundo a qual os resultados de uma ação determinam a
17. (CESPE - 2011 - SAEB-BA - Professor - Filosofia) O flo-
moralidade dessa ação.
rescimento da filosofia ocorre a partir das realizações dos chama-
c) formal, em que elementos contextuais devem ser levados
dos filósofos pré-socráticos, como Tales de Mileto, Anaxágoras,
Anaxímenes, entre outros. Essa nova maneira de pensar conflitava em conta.
em muitos aspectos com a maneira de pensar expressa nos mitos d) segundo a qual as intenções dos agentes determinam a
ou nas narrativas mitológicas desenvolvidas na Grécia Arcaica por moralidade da ação.
aedos como Hesíodo e Homero. R: A. A teoria kantiana é marcada por sua pureza. Notada-
Uma diferença entre a forma de pensamento da filosofia pré- mente, a defesa do imperativo categórico se encontra na obra
socrática e a fundamentada nos mitos é Crítica da Razão Prática, que traz uma explicação prática da
a) a preocupação com a explicação dos fenômenos naturais. obra Crítica da Razão Pura. Kant é contrário às expectativas
b) a visão animista com base na qual se explicam os fenôme- externas como determinantes da boa ação. A ação conforme o
nos naturais. imperativo categórico se dá pela razão prática, superior a qual-
c) a preocupação dos pré-socráticos com questões éticas ou quer outro fator, posto que guiada pela autonomia da vontade.
morais.
d) a sistematização do conhecimento sobre o mundo mediante
a busca de princípios sintéticos.

Didatismo e Conhecimento 31
ÉTICA E FILOSOFIA
20. (CESPE - 2011 - SAEB-BA - Professor - Filosofia) Um
argumento lógico
a) é considerado válido se sua conclusão for verdadeira.
b) admite uma conclusão válida a partir de premissas in-
válidas.
c) é considerado válido se a verdade da conclusão decorrer
necessariamente da verdade das premissas.
d) admite que se conclua uma falsidade de premissas ver-
dadeiras, desde que o argumento seja válido.
R: C. Premissas inválidas geram uma conclusão inválida e
premissas verdadeiras podem gerar ou não conclusões válidas
(desde que corretamente interpretadas).

Didatismo e Conhecimento 32
ATUALIDADES
ATUALIDADES
Pontuação
1. TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE O Brasil recebeu sua pior nota justamente no quesito de cultura
DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO POLÍTICA, política (3,75 de um máximo de 10, uma pontuação influenciada por uma
ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, metodologia que desconta pontos de nações em que o voto é compulsório).
A maior nota do país foi em processo eleitoral (9,75).
TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES
Mas ficou atrás, por exemplo, de Ilhas Maurício, Uruguai, Costa
INTERNACIONAIS, DESENVOLVIMENTO
Rica, Botsuana, Chile, Taiwan e Argentina. O Uruguai foi a única nação
SUSTENTÁVEL, SEGURANÇA E
sul-americana a aparecer na categoria de “democracia completa”.
ECOLOGIA, SUAS INTER-RELAÇÕES E
Diversos outros países apareceram como “democracias falhas”: a
SUAS VINCULAÇÕES HISTÓRICAS. classificação foi aplicada a nações que obtiveram menos que média 8
no ranking - no caso, os que ficaram colocados entre a 21ª (Itália) e 79ª
(Montenegro) posições da lista.
POLÍTICA O Brasil foi citado especificamente pela Economist Intelligence
Unit por causa da crise política detonada pelo escândalo de corrupção
Crise política derruba Brasil para sua pior posição em da Petrobras e a abertura do pedido de impeachment de Dilma Rousseff.
ranking de qualidade democrática O estudo alerta que as populações na América Latina historicamente
A crise política envolvendo o escândalo de corrupção na toleraram níveis menores de democracia em troca de progresso econômico.
Petrobras e a tramitação do pedido de impeachment da presidente “Mas como essa troca não é mais possível, as atitudes públicas contra os
Dilma Rousseff, bem como o pessimismo nacional com o cenário líderes políticos serão cada vez mais hostis”, diz o texto.
político, fizeram com que o Brasil caísse para sua pior posição em Aguilera, porém, acredita que os recentes desdobramentos da
um ranking da Economist Intelligence Unit (EIU) sobre a “qualidade operação Lava Jato, em especial a prisão de políticos e empresários,
democrática” de 167 países. poderão restaurar um pouco da confiança da população. “O Brasil está
A 10ª edição do estudo, publicado pela empresa de análise e fazendo um trabalho melhor que o México, por exemplo. E não creio que
consultoria pertencente ao grupo da revista The Economist, traz o a situação possa ficar pior do que está”.
Brasil em 51º lugar, sete postos abaixo de sua melhor posição, ocupada De acordo com a classificação da EIU, mais de um terço da população
entre 2013 e 2015. mundial (2,6 bilhões de pessoas) vive sob algum tipo de ditadura e apenas
O Brasil se encaixou na categoria de “democracia falha” e ficou 8,9% da população mundial vive em “democracias completas”.
atrás de diversos vizinhos latino-americanos, de países africanos e Os países com a melhor pontuação - e, portanto, as democracias
mesmo do Timor Leste, nação asiática que se tornou independente da consideradas mais completas - são os países nórdicos Noruega, Islândia
Indonésia há apenas 14 anos. e Suécia. Os piores colocados no ranking são Chade, Síria e Coreia do
A nota dada pelo ranking à democracia brasileira caiu de 7,38 em Norte.
2014 para 6,96 (de um máximo de 10) no ano passado. Fonte: BBC Brasil - (21/01/2016)
Além das análises de especialistas, houve pesquisas de opinião
pública para medir os níveis de satisfação do público com a política. Índice de corrupção aponta Brasil como país que mais piorou
E, de acordo com Rodrigo Aguilera, analista de América Latina da Dentre todos os países do mundo, o Brasil teve a maior queda de
EIU, as respostas dadas pelos entrevistados no Brasil foram marcadas desempenho no Índice de Percepção da Corrupção 2015 da Transparência
pelo desânimo. Internacional. O país perdeu cinco pontos e caiu sete posições, ficando
em 76º lugar no ranking, que avalia a corrupção no setor público em 168
‘Fraqueza’ países e foi divulgado na quarta-feira (27/01).
“Estou envolvido com o estudo há oito anos e não me lembro de No relatório, a ONG atribui os resultados negativos aos escândalos
ter visto uma atmosfera tão pessimista no Brasil. Os dados são muito na Petrobras. Segundo o economista e coordenador do Programa Brasil da
ruins”, disse Aguilera. Transparência Internacional, Bruno Brandão, a pesquisa é realizada com
Sob o título de A Democracia em Tempos de Ansiedade, o especialistas nacionais e internacionais e, por isso, costuma ser pouco
estudo levou em conta um grupo de cinco fatores para determinar a afetada por questões conjunturais ou escândalos isolados.
classificação dos países: processo eleitoral e pluralismo, liberdades “O índice mede a percepção de um público que acompanha a questão
civis, funcionalidade governamental, participação política e cultura de forma sistêmica. Mas, mesmo assim, a Petrobras e a Lava Jato foram
política. tão impactantes, que o desempenho sofreu uma piora significativa”, afirma
Com base nos pontos em cada quesito, os países foram Brandão. De acordo com ele, o resultado não significa necessariamente
classificados como “democracias completas”, “democracias falhas”, que mais crimes estão ocorrendo, mas é um indicador importante sobre o
“regimes híbridos” e “regimes autoritários”. nível de corrupção do país.
“Democracias falhas” seriam países que, apesar de terem “Não há parâmetros para medir empiricamente esse fenômeno, pois
eleições livres e respeito às liberdades civis básicas, apresentam o ele é, por essência, oculto. Só se pode medir empiricamente a corrupção
que os autores do estudo classificam como “fraquezas significativas” que foi revelada e que, em geral, falhou”, aponta.
em outros aspectos da democracia - problemas de governança e de Apesar de destacar os valores exorbitantes, o número de criminosos
cultura política, assim como baixos índices de participação política envolvidos e as consequências negativas do escândalo da Petrobras,
da população. Brandão também classifica o momento como “extraordinário” na luta
“O problema do Brasil não é uma questão de eleições livres e contra a corrupção no Brasil.
com credibilidade, mas sim um quadro em que as pessoas parecem ter Para ele, é normal que, ao “encarar de frente o problema”,
perdido a fé no voto como forma de combater a corrupção. É isso que a corrupção se torne mais visível, mais debatida e também mais
chamamos de uma democracia falha”, diz Aguilera. perceptível.

Didatismo e Conhecimento 1
ATUALIDADES
Como melhorar? Tribunal mantém bloqueio de bens de Rose
Para melhorar seu desempenho, Brandão sugere que o Brasil garanta A Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região
avanços que, segundo ele, já foram conquistados. Por isso, afirma que os (TRF3) negou recurso da ex-chefe regional da Presidência da
brasileiros e a imprensa devem cobrar e apoiar as investigações, além de República em São Paulo Rosemary Nóvoa Noronha – amiga do
debater propostas, como as chamadas Dez Medidas contra a Corrupção, ex-presidente Lula – que buscava cassar liminar que decretou a
do Ministério Público Federal. indisponibilidade de seus bens. Outros cinco investigados por tráfico
“Muitos poderosos querem ver a Lava Jato enfraquecida, a nulidade de influência na Operação Porto Seguro também tiveram recursos
dos processos e a impunidade. Claro que abusos, se existirem, devem ser negados pelo Tribunal. Todos são réus em ação civil pública por
corrigidos e, mesmo, punidos. Mas, como dizem os procuradores, não se improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público Federal
deve derrubar um edifício para consertar um furo no encanamento”, diz. (MPF).
O coordenador também alerta que a sociedade deve estar atenta às Rose foi nomeada em 2003 para a chefia do Gabinete da
tentativas de flexibilizar ou abrandar leis importantes para o combate da Presidência, por indicação do petista. Em fevereiro de 2014, a Justiça
corrupção. Federal abriu ação criminal contra ela e outros 17 alvos da Porto
Por fim, Brandão recomenda que o setor privado se envolva mais Seguro, investigação sobre suposto esquema de venda de pareceres
ativamente na causa, pressionando os sistemas jurídicos e políticos. Para técnicos de órgãos públicos federais. A Procuradoria atribui a Rose os
o especialista, a corrupção “é péssima para o ambiente de negócios” e, crimes de quadrilha, tráfico de influência e corrupção passiva.
portanto, os empresários brasileiros deveriam cobrar reformas profundas. Em ação civil por improbidade, o Ministério Público Federal
No relatório, a ONG ressalta os impactos negativos dos crimes para obteve ordem judicial de bloqueio de bens de Rose e de outros alvos
o Brasil. “Com a economia em crise, dezenas de milhares de brasileiros da Porto Seguro. Ela e cinco investigados recorreram ao Tribunal
comuns perderam seus empregos. Eles não tomaram as decisões que Regiojnal Federal da 3ª Região (TRF3). Em parecer, a procuradora
levaram ao escândalo. Mas são eles que estão vivendo as consequências”, regional da República da 3ª Região Geisa de Assis Rodrigues aponta
‘fortes indícios de conduta de improbidade a impor a manutenção da
afirma o texto.
indisponibilidade dos bens até o montante devido pelo enriquecimento
O diretor da Transparência Internacional para as Américas,
ilícito, apurado em R$ 139.305,33, além de dano material e multa a ser
Alejandro Salas, diz que, em 2015, houve tendências positivas na região:
aplicada no total estimado em R$ 1.117.936,00′.
a descoberta e investigação de grandes redes criminosas e a mobilização
A procuradora cita investigações policiais que constataram
em massa dos cidadãos contra a corrupção.
‘intensa troca de vantagens para satisfação de interesses pessoais
“Os escândalos da Petrobras e La Línea são provas dessas tendências
diretos e indiretos dos réus, utilizando-se para tanto dos respectivos
nos dois atores regionais que declinaram no índice: Brasil e Guatemala.
cargos públicos federais, com manifesta violação dos princípios
O desafio agora é atacar as causas subjacentes e reduzir a impunidade
da honestidade, da legalidade, da imparcialidade e da lealdade às
para os corruptos”, afirma Salas.
instituições públicas a cujos quadros estavam vinculados’. Entre
as vantagens recebidas indevidamente pela ex-chefe regional da
Países ricos Presidência da República, segundo a Procuradoria, constam uma
No índice, Dinamarca, Finlândia, Suécia, Nova Zelândia e Holanda viagem no ‘Cruzeiro Temático – navegando com Bruno e Marrone’ e
tiveram os melhores desempenhos. A ONG ressalta, entretanto, que nem uma cirurgia plástica.
sempre os países considerados “limpos” têm uma atuação correta no Em resposta à alegação da defesa de Rose, de que a liminar
exterior. violaria os princípios da ampla defesa e do contraditório ou mesmo
Eles dão o exemplo da Suécia, cuja empresa TeliaSonera, antecipando o julgamento, a procuradora Geisa Rodrigues afirma que
parcialmente controlada pelo Estado, é acusada de ter pago milhões de a indisponibilidade de bens ‘visa apenas garantir o resultado útil e
dólares em suborno no Uzbequistão. prático da demanda, isto é, garantir futura execução’.
Para Brandão, nenhum país tem a “corrupção em seu DNA”, e Também tiveram os recursos negados Paulo Rodrigues Vieira, ex-
a diminuição destes crimes está ligada a uma série de fatores, como a ouvidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e
redução da impunidade. “A corrupção não é privilégio de rico ou pobre. ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas – ANA, José
E a solução nunca passa por medidas isoladas ou por salvadores da Gonzaga da Silva Neto, dirigente da Faculdade Reges de Dracena, o
pátria”, afirma. advogado Marco Antônio Negrão Martorelli, Carlos César Floriano e
De acordo com a ONG, os países no topo da lista compartilham o Instituto Vale Educação (atual nome da Associação Educacional e
aspectos importantes: alto nível de liberdade de imprensa, acesso a Cultural Nossa Senhora Aparecida).
informação sobre o orçamento público, integridade dos que detêm cargos Fonte: Estadão.com/blogs - (13/01/2016)
de poder, e sistemas judiciários igualitários e independentes do governo.
Do outro lado, no final do ranking, aparecem Somália, Coreia do OPERAÇÃO LAVA JATO
Norte, Afeganistão, Sudão e Sudão do Sul. Além dos conflitos e guerras,
a fraca governança, instituições públicas débeis – como a polícia e o Polícia Federal deflagra a 22ª fase da Lava Jato e cumpre 23
judiciário – e a falta de independência da imprensa são características mandados
comuns dos países nas ultimas posições do índice. A Polícia Federal (PF) cumpre a 22ª fase da Lava Jato na
Austrália, Líbia e Turquia também tiveram uma queda importante manhã desta quarta-feira (27) em São Paulo e Santa Catarina. Serão
de desempenho nos últimos quatro anos. Por outro lado, Grécia, Senegal cumpridos 23 mandados judiciais, sendo seis de prisão temporária,
e Reino Unido tiveram avanços significativos desde 2012. Segundo a 15 mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva,
ONG, em 2015, o número de países que melhoraram suas pontuações quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. Em São Paulo, a
superou o de nações que retrocederam. ação ocorre na capital, Santo André e São Bernardo do Campo e, em
Fonte: Deutsche Welle Brasil - (27/01/2016) Santa Catarina, em Joaçaba.

Didatismo e Conhecimento 2
ATUALIDADES
A operação foi batizada de Triplo X e tem como alvo investigados Nova fase da Lava Jato mira na OAS, mas pode acertar Lula
suspeitos de abrir empresas offshores e contas no exterior para ocultar e Numa conversa telefônica gravada em 22 de janeiro pela Polícia
disfarçar o crime de corrupção com o pagamento de propina. Federal, uma jovem responde ao pai, atarefada: “Daqui a pouco eu vou.
A ação também mira negócios da Cooperativa Habitacional Só vou terminar de picar os papéis que a máquina parou, tava esperando
dos Bancários de São Paulo (Bancoop). São negócios relacionados ela voltar”. A conversa foi o estopim para a deflagração da operação Triplo
a apartamentos que não foram entregues e estão de propriedade da X, a 22a fase da Operação Lava Jato. A jovem era Carolina Auada e o pai
empreiteira OAS, uma das investigadas na Lava Jato. era Ademir Auada, um dos responsáveis na empresa panamenha Mossack
Há uma suspeita de que unidades imobiliárias da Bancoop/OAS Fonseca pela abertura de offshores destinadas a esconder a origem do
teriam sido utilizadas para repasse de propina. Inclusive no prédio onde patrimônio de clientes.
OAS tem um apartamento que, segundo investigações, seria destinado ao Ademir e Carolina destruíram documentos depois que uma das
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. interlocutoras do escritório, a ex-funcionária da Bancoop Nelci Warken,
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a empreiteira OAS ligou preocupada. Nelci se assustou quando a reportagem de ÉPOCA tentou
participava do chamado “clube” de empresas que, por meio de um cartel, entrevista-la sobre a offshore Murray Holdings. Nelci foi procurada porque
fraudava as licitações da Petrobras. Para conquistar os contratos, as tinha, teoricamente, enfrentado a Murray Holdings em um processo judicial
empresas pagavam propina a diretores da Petrobras e a partidos políticos, em que ficou acertado o repasse de oito imóveis de Nelci para a Murray
com a intermediação de operadores. Holdings.
Entre os crimes investigados na atual fase estão corrupção, fraude, Adestruição de provas motivou um mandado de prisão temporária contra
evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Oitenta policiais participam da Nelci e outras cinco pessoas ligadas à Mossack Fonseca. Os investigadores
ação. suspeitam que Nelci seja laranja de um misterioso proprietário de um
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada triplex no condomínio Solaris, no Guarujá, registrado em nome da Murray
pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o Holdings e vendido pela OAS Empreendimentos por quase R$ 1 milhão. O
investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. imóvel vale R$ 1,5 milhão.Em depoimento à Polícia Federal nesta quarta-
Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba. feira, Nelci disse que a offshore era de sua propriedade. Ela argumentou que
usou a Murray para esconder seu patrimônio e sonegar tributos. A polícia
21ª fase ainda tenta identificar quem é o verdadeiro dono da Murray Holdings.
Deflagrada no dia 24 de novembro e batizada de “Passe livre”,
Nos últimos meses, investigadores da Operação Lava Jato reuniram
a 21ª fase prendeu o pecuarista José Carlos Bumlai sob a suspeita de
indícios de que OAS usava imóveis, construídos pelo braço imobiliário do
envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
grupo, como moeda em pagamentos de propina. No mesmo empreendimento
O nome do empresário, que é amigo do ex-presidente Luiz Inácio
do triplex da Murray, foi reservado um triplex para o ex-presidente Luiz
Lula da Silva, apareceu em depoimentos de colaboração premiada de
Inácio Lula da Silva, o que colocou Lula como um dos alvos desta etapa
Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras, e do lobista Fernando Baiano.
da investigação. De acordo com o Ministério Público Federal, todos os
De acordo com o juiz Sérgio Moro, que autorizou a prisão de
apartamentos do condomínio Solaris serão investigados para verificar se a
Bumlai, Eduardo Musa relatou que recebeu 720 mil dólares de propinas
OAS utilizou os imóveis para pagamento de propina e se a identidade dos
em depósitos feitos em conta na Suíça, com pagamentos feitos por
beneficiários foi preservada.
Fernando Schahin, ex-executivo do grupo.
Além disso, o delator declarou que foi utilizado um argumento Os investigadores detectaram que a mulher e a cunhada do ex-
tecnicamente falso para o direcionamento da contratação da Schahin para tesoureiro do PT João Vaccari Neto declaravam à Receita Federal que eram
operar o navio-sonda Vitória 10.000. donas de apartamentos no condomínio Solaris, embora os imóveis jamais
Baiano afirmou que Bumlai recebeu R$ 2 milhões em propina. O tenham saído do nome da OAS em registros cartoriais. Como presidente
dinheiro, conforme colaboração premiada do lobista, era o pagamento da Bancoop, Vaccari abandonou diversos empreendimentos habitacionais
em virtude da intermediação de Bumlai junto ao ex-presidente Lula para que foram vendidos a mutuários e repassou os imóveis para que a OAS
um contrato com a petrolífera. Empreendimentos terminasse as obras e entregasse aos compradores. Mas
Em novembro de 2015, Bumlai foi chamado a depor na CPI da vários compradores do condomínio Solaris tiveram de devolver apartamentos,
Câmara para falar da suspeita de que teria intermediado empréstimo porque não aceitaram fazer pagamentos extras para a OAS. Ainda assim, o
de R$ 60 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico condomínio foi um dos poucos empreendimentos já entregues.
e Social (BNDES) para o Banco Schahin, mas o pecuarista ficou em A investigação também esbarrou em um novo canal de lavagem de
silêncio diante das perguntas dos deputados. dinheiro. Clientes da panamenha Mossack Fonseca vão ser investigados
Bumlai conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para averiguar se faziam parte do esquema de corrupção na Petrobras ou
(STF) para exercer o direito de ficar calado. se cometeram outros crimes. Além de cumprir seis mandados de prisão
O empresário está preso na carceragem da Polícia Federal (PF) em temporária, a operação Triplo X também fez buscas em endereços da OAS
Curitiba. e da Bancoop para tentar identificar quem foi beneficiado em transações
No dia seguinte, a PF também prendeu o sócio do banco BTG Pactual de apartamentos do condomínio OAS. A empresa panamenha Mossack
André Esteves. Ele é suspeito de planejar obstruir as investigações da Fonseca também foi alvo de buscas, porque foi ela quem criou a offshore
Operação Lava Jato, de acordo com a Procuradoria-Geral da República Murray. Mas representantes da Mossack Fonseca atrapalharam os policiais
(PGR). O banqueiro já foi o 13º mais rico do país e cumpre prisão e deletaram arquivos guardados na nuvem da empresa. Além de Nelci,
domiciliar desde dezembro do ano passado. foram detidos Renata Pereira Britto e Ricardo Honorio Neto, ambos ligados
Além dele, também foram presos o senador Delcídio Amaral (PT- à Mossack Fonseca. Permanecem foragidos Maria Mercedes Riano
MS), o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, e o advogado Édson Quijano, Ademir Auada e Luis Fernando Hernandez Rivero, também
Ribeiro. ligados à Mossack Fonseca.
Fonte: G1 - (27/01/2016) Fonte: Revista Época – (27/01/2016)

Didatismo e Conhecimento 3
ATUALIDADES
Prédio de tríplex reformado pela OAS para Lula teve uso Odebrecht supervisionou os trabalhos. Ao jornal, a Odebrecht disse não
irregular de FGTS, diz auditoria ter identificado relação da empresa com a obra. Em nota divulgada na
Gerente da empresa panamenha Mossack Fonseca no Brasil, Renata semana passada, Lula disse que o sítio, que frequenta, pertence a amigos
Pereira foi acordada pela Polícia Federal na última quarta-feira na da família. A Lava Jato chegou ao Solaris depois que a Força-Tarefa do
Operação Triplo X, o nome da 22ª fase da Operação Lava Jato. Havia um Ministério Público Federal, em Curitiba, constatou que apartamentos
mandado de prisão temporária contra ela. De casa, na Zona Sul de São foram repassados pela OAS à família de João Vaccari Neto, o tesoureiro
Paulo, Renata foi levada para a sede da empresa, na Avenida Paulista, do PT que acertava pagamentos de propina depois que essas mesmas
onde foi obrigada a destravar quatro computadores e liberar o acesso dos empresas obtinham contratos na Petrobras. Há evidências de que as
policiais a documentos de uma das mais famosas criadoras de offshores operações imobiliárias serviram para lavar dinheiro da propina da OAS
do mundo. Arrumar os papéis para a criação de empresas em paraísos no petrolão. Vaccari declarara à Receita Federal nos últimos anos que era
fiscais, o trabalho da Mossack, facilita a vida de terroristas, políticos dono de um apartamento no condomínio. Sua cunhada, Marice Lima, fez
corruptos e empresários interessados em ocultar bens e lavar dinheiro. o mesmo. Marice declarou ter pagado R$ 150 mil pelo imóvel em 2011
No escritório, os policiais coletaram milhares de dados sobre muitos e o vendeu de volta à OAS por R$ 432 mil. A empreiteira, no entanto,
desses filhotes, alguns usados para corrupção, paridos pela Mossack nos vendeu a mesma unidade depois por um preço menor, R$ 337 mil. Quem
últimos anos. quiser pode acreditar que Marice protagonizou um lance raro, no qual
Entretanto, a 90 quilômetros dali, estava o alvo mais poderoso uma pessoa física se saiu melhor que uma grande empreiteira na venda
da Triplo X. A força-tarefa da Lava Jato investiga se os apartamentos de um imóvel. Pouco depois, Marice transferiu o dinheiro para a filha de
do Condomínio Solaris, na Praia das Astúrias, em Guarujá, foram Vaccari, Nayara, que comprou uma casa de R$ 800 mil com o dinheiro.
utilizados pela OAS como moeda para pagamento de propina no No mesmo período,Vaccari, segundo registros da OAS, buscava dinheiro
esquema de corrupção da Petrobras. O conjunto de 112 unidades é o vivo na sede da empreiteira.
prédio da companheirada. Abriga um tríplex destinado ao ex-presidente O Solaris é um empreendimento enrolado, que conta com a
Luiz Inácio Lula da Silva e apartamentos do ex-tesoureiro do PT João participação de Vaccari há anos. Em 2003, sob o efeito da eleição de
Vaccari Neto, hoje preso em São José dos Pinhais por coletar propina de Lula, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, conhecida
contratos da Petrobras, e de Freud Godoy, um ex-segurança de Lula que, como Bancoop, lançou o empreendimento Mar Cantábrico, em Guarujá.
entre outras coisas, teve uma empresa que recebeu dinheiro de Marcos “São duas torres que totalizam 112 unidades de três dormitórios, sendo
Valério, operador do mensalão. No despacho que autorizou a operação, uma suíte, com opções dúplex e tríplex”, dizia o jornal da Bancoop.
o juiz Sergio Moro disse que a OAS “teria utilizado o empreendimento Por anos, o informativo Art&Stilo acompanhou a evolução das obras.
imobiliário em Guarujá para repasse disfarçado de propina a agentes Contudo, em dezembro de 2006, começaram a aparecer os primeiros
envolvidos no esquema criminoso da Petrobras”. Até a semana passada, sinais de problemas. A Bancoop quebrava. Uma extensa investigação do
Vaccari era um desses agentes. Lula, ainda não. Ministério Público de São Paulo aponta que os dirigentes da cooperativa,
A Lava Jato chega, assim, a um ponto fundamental. É o mais entre eles João Vaccari, desviaram dinheiro dos cooperados para bancar
próximo que Lula já esteve de ser investigado como beneficiado por campanhas do PT, o que levou à derrocada financeira e causou prejuízo
uma empresa que desviou recursos da Petrobras. Na campanha eleitoral a cerca de 3 mil trabalhadores. Vaccari é réu no caso, acusado de crimes
de 2006, Lula declarou possuir uma “participação” na Bancoop em um como estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica e lavagem
“apartamento em construção em Guarujá”. Declarou que tinha pagado, de dinheiro. Em 2009, Vaccari, então presidente da Bancoop, assinou a
até aquele momento, R$ 47.700. Lula se tornaria dono de um tríplex transferência do Mar Cantábrico para a OAS. A OAS mudou o nome do
de 297 metros quadrados no Solaris. Uma investigação aponta que a empreendimento para Condomínio Solaris e passou a pedir mais dinheiro
OAS bancou uma reforma de cerca de R$ 700 mil no imóvel, com a – não aos companheiros, mas aos cooperados. Primeiro foram cerca de
instalação até de um elevador interno. Duas testemunhas ouvidas pelo R$ 30 mil. A alguns, que já tinham pagado até R$ 500 mil, foram pedidos
Ministério Público do Estado de São Paulo, que também investiga o mais R$ 600 mil. A entrega atrasou mais de três anos.
caso, afirmam que a ex-primeira-dama Marisa Letícia esteve algumas Enquanto cobrava mais e mais dos trabalhadores que tentavam
vezes no imóvel para inspecionar as obras. Em uma dessas ocasiões, conseguir um apartamento no Solaris, a OAS descolava dinheiro do FGTS
ela estava acompanhada de Léo Pinheiro, presidente da OAS – aquele para financiar a construção do prédio. Uma auditoria da Controladoria-
que, no ano passado, passou uma temporada preso em Curitiba pelos Geral da União (CGU) à qual ÉPOCA teve acesso atesta que a OAS
malfeitos praticados no petrolão. Duas testemunhas relataram que Lula Empreendimentos e outras incorporadoras foram beneficiadas de modo
também esteve no prédio. No ano passado, com o petrolão na rua, ele irregular com a liberação de dinheiro do FGTS. O Conselho Curador
desistiu do imóvel. do FGTS, diretoria do governo que toca parte dos investimentos do
Os promotores paulistas suspeitam que Lula tenha ganhado o trabalhador, comprou R$ 300 milhões em debêntures (um tipo de dívida)
apartamento da OAS, o que pode configurar crime de lavagem de emitidos pela OAS. A empresa usou parte disso, R$ 14 milhões, para
dinheiro. Ele e dona Marisa foram intimados pelo MP de São Paulo a se concluir as obras do Solaris. A OAS e outras incorporadoras conseguiram
explicar, no dia 17 de fevereiro, sobre o tríplex. O apartamento no Solaris convencer o FGTS a comprar seus títulos graças aos serviços do
é o segundo imóvel associado a Lula que foi bancado pela bondade das sindicalista André Luiz de Souza, ex-representante da CUT no Conselho
empreiteiras com o ex-presidente. Por vezes, Lula usufrui de um sítio em Curador do FGTS. Só a OAS pagou R$ 350 mil a duas empresas de
Atibaia, em São Paulo, que está em nome de Fernando Bittar, filho de Andrezinho. O investimento compensou: apesar de o Banco Central dizer
seu velho amigo Jacó Bittar, e de Jonas Suassuna, sócio de Fábio Luís, que a manobra era ilegal, “Andrezinho da CUT” bancou a proposta que
um de seus filhos. Nesta semana, o jornal Folha de S.Paulo revelou que levou o FGTS a comprar títulos da incorporadora. Os auditores do
outra empreiteira, a Odebrecht, campeã de financiamentos do BNDES CGU afirmam que a atuação de Andrezinho da CUT foi irregular, pois
no exterior e maior contratadora de Lula como palestrante, bancou uma ele ainda participava do Grupo de Apoio Permanente do Conselho,
reforma na propriedade. De acordo com fornecedores, foram gastos responsável por sugerir diretrizes ao fundo. Andrezinho não quer falar
R$ 500 mil apenas em material de construção e um engenheiro da sobre o assunto.

Didatismo e Conhecimento 4
ATUALIDADES
A Operação Triplo X foi precipitada porque a Polícia Federal Patrícia: Eles chegaram falando que era da força tarefa da Lava Jato.
detectou um movimento para a destruição de provas no caso dos Jornal Nacional: Tudo isso que você está nos contando aqui, você
apartamentos do Solaris. Em 22 de janeiro, Carolina Auada conversou contou pra eles?
ao telefone com seu pai, Ademir Auada, e deixou escapar o seguinte: Patrícia: Isso, contei tudo.
“Só vou terminar de picar os papéis que a máquina parou”, disse. Na edição deste sábado (30), o jornal Folha de São Paulo publicou
“Estava esperando ela voltar.” Auada era monitorado pela polícia por seu uma reportagem em que diz que a mulher do ex-presidente Lula, dona
envolvimento com a empresária Nelci Warken. Na semana anterior, ele Marisa Letícia, comprou um barco pequeno por R$ 4 mil e mandou
fora acionado por Nelci. De acordo com um relatório da Polícia Federal, entregá-lo no sítio em Atibaia.
ela estava “muito assustada” depois de receber uma ligação de ÉPOCA Em outra frente de investigação, o Ministério Público de São
com questionamentos sobre uma briga judicial que teve com a offshore Paulo e os investigadores da Lava Jato apuram suspeitas de que
Murray Holdings, dona de um tríplex no Solaris, idêntico ao de Lula. A parte do dinheiro que a Cooperativa dos Bancários de São Paulo, a
Murray é uma das offshores criadas pela Mossack, a empresa visitada Bancoop, deveria ter usado para a construção de imóveis na baixada
pelos policiais federais. ÉPOCA queria saber detalhes da disputa judicial santista tenha sido desviada para financiar campanhas eleitorais do PT.
na qual Nelci perdera 14 imóveis para a Murray. Nelci desligou o telefone A Bancoop não conseguiu concluir 15 empreendimentos e teve
e deu ordens para a turma triturar documentos. Foi essa empreitada uma série de problemas com outros 25. Nas contas dos promotores,
destrutiva que a Polícia Federal captou. O medo de Nelci não era fortuito. seis mil pessoas foram prejudicadas.
A Operação Triplo X descobriu que o processo judicial foi uma armação Em reportagem publicada neste sábado (30), a revista Época
para blindar seu patrimônio da cobrança de dívidas. Nelci era dona da afirma que a OAS e outras incorporadoras foram beneficiadas de
offshore Murray. Ainda é investigada a possibilidade de Nelci ser laranja. modo irregular com a liberação de dinheiro do FGTS e que o conselho
O foco na Mossack é outro passo grande dado pela Lava Jato. curador do fundo de garantia comprou R$ 300 milhões em debêntures,
Criada em 1977 no Panamá, a Mossack Fonseca tem representações em um tipo de dívida, emitidos pela OAS.
mais de 40 países. É famosa pela criação e administração de offshores, Ainda segundo a revista, a OAS usou parte desse dinheiro, R$ 14
frequentemente usadas como empresas de fachada. O cumprimento do milhões, para concluir as obras do edifício Solaris, em Guarujá. É no
mandado de busca na sede brasileira da Mossack só se encerrou na quinta- prédio que os promotores estaduais e os suspeitam que o ex-presidente
feira – peritos viraram a madrugada para baixar e-mails e documentos Lula era dono de um triplex. E os procuradores federais, que o triplex
armazenados em serviços de arquivos virtuais, pelo servidor central da seja um dos imóveis usados para ocultar patrimônio.
empresa. A coleta de provas no local foi igualmente proveitosa. Além Em nota divulgada na quinta-feira (28) pelo Instituto Lula
das centenas de offshores nas mensagens e documentos eletrônicos, na internet, o advogado Cristiano Zanin Martins afirma que o ex-
os policiais arrecadaram papéis com o nome de clientes, cópias de presidente e sua família nunca foram proprietários de um apartamento
passaportes, comprovantes de endereço e nomes da offshore criada. Um triplex no Edifício Solaris porque optaram por pedir a devolução do
pacote completo. As apreensões devem motivar algumas centenas de dinheiro investido no projeto.
inquéritos e levar a Operação Lava Jato para um gigantesco canal de Segundo o Instituto Lula, a operação foi declarada pelo ex-
lavagem de dinheiro. A apreensão poderá gerar filhotes por anos. presidente à Receita Federal.
Fonte: Revista Época – (29/01/2016) A Odebrecht voltou a afirmar neste sábado (30), que não
identificou relação da empresa com a obra no sítio de Atibaia.
Nota fiscal de barco reforça relação da família de Lula com sítio O Instituto Lula reafirmou que o ex-presidente costuma passar os
em SP dias de descanso em um sítio em Atibaia de propriedade de amigos da
A nota fiscal da compra de um barco reforça a relação da família do família. Por isso - afirma o instituto - dona Marisa Letícia comprou o
ex-presidente Lula com o sítio em Atibaia, em São Paulo, que teria sido bote e mandou entregá-lo no sítio.
reformado pela construtora Odebrecht. O PT afirmou que todas as doações recebidas pelo partido foram
O que era uma suspeita investigada pelo Ministério Público Estadual dentro da lei e declaradas à Justiça eleitoral.
agora é alvo também dos procuradores federais da Operação Lava Jato. A Bancoop, a cooperativa dos bancários de São Paulo, disse que
O sítio Santa Bárbara, que tem uma área equivalente a 24 campos as declarações dos promotores não procedem.
de futebol, fica em Atibaia, interior de São Paulo. De acordo com as A OAS declarou que não há nada de irregular em sua emissão de
certidões de matrículas que o Jornal Nacional conseguiu no cartório de debêntures adquiridas pelo FGTS - nem na incorporação do Edifício
imóveis da cidade, a propriedade está em nome de Fernando Bittar e Solaris.
Jonas Suassuna. Os dois são sócios de Fábio Luís da Silva, filho do ex- A assessoria do ministro do trabalho, Miguel Rosseto - que
presidente Lula. preside o conselho curador do FGTS - disse que, neste momento,
O Instituto Lula informou nesta sexta-feira (29), em nota, que o sítio não tem informações sobre a suposta fraude e que, por isso, não vai
é utilizado pelo ex-presidente e sua família. comentar. Mas afirmou que o caso será apurado.
Os procuradores federais suspeitam que a construtora Odebrecht Fonte: G1 – (30/01/2016)
tenha bancado uma reforma no sítio em troca de favorecimento em
contratos. A ex-dona de uma loja de material de construção de Atibaia, Lava Jato denuncia Duque pela sexta vez e pede devolução
com quem o Jornal Nacional conversou na sexta (29), contou que a obra de R$ 80 milhões
custou R$ 500 mil e que, depois da reforma, o sítio ganhou quatro suítes O ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato
e uma área de lazer com churrasqueira. de Souza Duque foi denunciado pela sexta vez pela força-tarefa da
Patrícia Nunes, que não quis mostrar o rosto, disse os pagamentos Operação Lava Jato. Duque é acusado de “auferir valores milionários
eram feitos em dinheiro vivo, cerca de R$ 90 mil por semana, por um com a prática de crimes contra a estatal brasileira”. Desta vez, ele
homem que trazia o dinheiro numa mala. Patrícia foi ouvida oficialmente responde por evasão de divisas e manutenção de valores não declarados
nesta sexta (29) pelos procuradores federais. em contas no Principado de Mônaco, entre 2009 e 2014.

Didatismo e Conhecimento 5
ATUALIDADES
Duque está preso em Curitiba desde março. O ex-diretor da Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, declarou
Petrobras já foi condenado a 20 anos de prisão, pena mais alta aplicada à Procuradoria-Geral da República ter ouvido do senador Fernando
na operação, num dos processos a que responde. Os investigadores Collor (PTB-AL) menção à presidente Dilma Rousseff. Segundo ele,
afirmam que Duque foi indicado pelo PT ao cargo de diretor da estatal. em setembro de 2013, Collor afirmou que suas negociações para indicar
O Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) pede que cargos de chefia na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrás haviam
sejam revertidos à empresa R$ 80 milhões do réu em valores bloqueados sido conduzidas diretamente por Dilma.
em contas e investimentos bancários e montantes em espécie apreendidos. Em depoimento prestado no dia 7 de dezembro de 2015, Cerveró
De acordo com informações enviadas pelas autoridades de Mônaco, houve relatou os bastidores das indicações para cargos estratégicos na Petrobrás,
transferência de recursos de contas do ex-diretor de Engenharia e Serviços principalmente na BR Distribuidora, apontada pelos investigadores como
da Suíça para o principado, após a deflagração da Lava Jato, entre maio e “cota” pessoal do ex-presidente Collor (1990-1992).
setembro de 2014, num total aproximado de US$ 3,8 milhões. Cerveró citou duas vezes a presidente. “Fernando Collor de Mello
“Tais transferências tinham inequívoco propósito de ocultar o disse que havia falado com a presidente da República, Dilma Rousseff,
dinheiro da apreensão do Estado brasileiro, tendo em conta que, na época, a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor de Mello
as autoridades suíças efetuaram bloqueio de valores em nome do também a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Collor de Mello
ex-diretor Paulo Roberto Costa”, afirma o procurador da República disse que não tinha interesse em mexer na presidência, e nas diretorias da
Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa. Esses fatos motivaram a prisão BR Distribuidora de indicação do PT”, declarou o ex-diretor, condenado
preventiva de Duque em março de 2015. na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Embora nos documentos da quebra de sigilo fiscal Duque tenha Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro
afirmado não possuir contas no exterior e de não constar qualquer registro com Dilma durante uma reunião em Brasília, que teria ocorrido, segundo o
subscrito por ele no Banco Central (BC) de Declaração Anual de Capitais delator, em setembro de 2013. Na ocasião, Cerveró estava empenhado em
no Exterior, “farto conjunto probatório” das investigações comprova que se manter no cargo de diretor Financeiro e Serviços da BR Distribuidora
ele foi beneficiário econômico de duas offshores que mantinham contas - subsidiária da Petrobrás -, que assumiu após deixar a área Internacional
ocultas das autoridades brasileiras em Mônaco. da estatal petrolífera. Ele disse que Pedro Paulo Leoni o chamou para uma
Uma dessas offshores é a Milzart Overseas Holding, que foi reunião com Collor na Casa da Dinda, residência do ex-presidente.
constituída no Panamá em 2009 e abriu uma conta no Banco Julius Bär, Segundo o ex-diretor, Collor disse na reunião “que não tinha interesse
sediado no principado, naquele ano. Essa conta, que tinha o ex-diretor em mexer na presidência e nas diretorias da BR Distribuidora”. Cerveró
de Engenharia como beneficiário econômico, foi usada para ocultar e afirmou que tais nomes eram indicação do PT - presidente José de Lima
dissimular a origem e propriedade de €10.274.194,02 provenientes de Andrade Neto; diretor de Mercado Consumidor Andurte de Barros Duarte
crimes praticados em face da Petrobras entre 2009 e 2014. Filho e ele próprio, como diretor Financeiro e de Serviços.
Também por meio dessa offshore e no mesmo período, o ex-diretor O ex-diretor da Petrobrás afirmou que “ironicamente agradeceu”
manteve tais depósitos milionários não declarados às autoridades do a Collor por ter sido mantido na BR e citou um ex-ministro de Collor
Brasil, o que caracteriza o crime de evasão de divisas. Os crimes de na Presidência, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP. “Depois,
lavagem de dinheiro e evasão de divisas também aconteceram por meio (Pedro Paulo Leoni) disse ao declarante que Fernando Collor havia
da offshore Pamore Assets, aberta no Panamá em 2011, que abriu conta ficado chateado com a ironia do declarante, uma vez que pareceu que
no Julius Bär, tendo Duque como titular. o declarante estava duvidando de que Fernando Collor de Mello havia
As violações foram cometidas, principalmente, entre 2013 e 2014, falado com Dilma Rousseff. Nessa ocasião, o declarante percebeu que
período no qual foi ocultada a propriedade de cerca de €10.294.460,10 Fernando Collor realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora.”
provenientes de delitos cometidos em face da Petrobras. Esses valores Cerveró disse que, então, entendeu a força de Collor na BR. “Nessa
foram mantidos sem declaração formal às autoridades brasileiras, que ocasião o declarante percebeu que Fernando Collor de Mello realmente
exigem declaração para depósitos superiores a US$ 100 mil dólares. tinha o controle de toda a BR Distribuidora”, afirmou. “Fernando
Em setembro do ano passado, Duque foi condenado (ação penal Collor de Mello e Pedro Paulo Leoni Ramos mantiveram o declarante
5012331-04.2015.404.7000) a uma pena de 20 anos e 8 meses de reclusão no cargo para que não atrapalhasse os negócios conduzidos por ambos
por corrupção passiva, por 4 vezes (contratos do Consórcio Interpar, do na BR Distribuidora; que esses negócios eram principalmente a base
Consórcio CMMS, do Consórcio Gasam, da OAS relativamente ao de distribuição de combustíveis de Rondonópolis/MT e o armazém de
Gasoduto Pilar-Ipojuca) pelo recebimento de vantagem indevida em produtos químicos de Macaé/RJ.”
razão do cargo como diretor na Petrobras; lavagem de dinheiro por A defesa de Collor refutou as acusações e considerou “falsas” as
27 vezes, consistente nos repasses, com ocultação e dissimulação, de alegações de que ele “tenha usado de influência política para obter favores
recursos criminosos provenientes do contrato do Consórcio Interpar na ou exercer qualquer outro tipo de pressão sobre diretores ou funcionários
forma de doações oficiais registradas ao PT, e por associação criminosa. da BR Distribuidora a fim de satisfazer interesses próprios ou de terceiros”.
Ele responde, ainda, a outras cinco ações penais por lavagem de dinheiro, O Planalto afirmou que não comentaria a menção a Dilma, assim
corrupção e outros crimes. como a assessoria de imprensa de Pedro Paulo Leoni.
Fonte: Revista Istoé - (18/01/2016)
Preocupação
Cerveró cita Dilma, e Planalto já teme influência da Lava Jato A citação à presidente da República preocupa o PT e os assessores
no impeachment diretos dela. A avaliação é de que Dilma havia encerrado o ano
O conteúdo da delação do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró passado com relativa tranquilidade após o Supremo Tribunal Federal
deixou em alerta o Palácio do Planalto, que teme a influência das denúncias ter anulado a criação da Comissão Especial criada na Câmara dos
no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em curso na Deputados a para analisar o impeachment e dar determinado que o
Câmara dos Deputados desde o final de dezembro de 2015. Senado tem a palavra final sobre o processo de afastamento.

Didatismo e Conhecimento 6
ATUALIDADES
Grupos anti-Dilma prometem manifestações de rua pelo Segundo o ex-diretor, Collor disse na reunião “que não tinha
impeachment em fevereiro ou março. Os petistas temem que as interesse em mexer na presidência e nas diretorias da BR Distribuidora”.
menções a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas Cerveró afirmou que tais nomes eram indicação do PT – presidente
delações possam engrossar os protestos, que ficaram abaixo do José de Lima Andrade Neto; diretor de Mercado Consumidor Andurte
esperado em dezembro do ano passado. de Barros Duarte Filho e ele próprio, como diretor Financeiro e de
Fonte: Uol - (13/01/2016) Serviços.
O ex-diretor da Petrobras afirmou que “ironicamente agradeceu”
Procuradoria suspeita que Collor tenha lavado dinheiro com a Collor por ter sido mantido na BR e citou um ex-ministro de Collor
obras de arte na Presidência, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP. “Depois,
A Procuradoria-Geral da República suspeita que o senador (Pedro Paulo Leoni) disse ao declarante que Fernando Collor havia
Fernando Collor (PTB-AL) tenha feito lavagem de dinheiro por ficado chateado com a ironia do declarante, uma vez que pareceu que
meio de compra de obras de arte milionárias. Os indícios surgiram o declarante estava duvidando de que Fernando Collor de Mello havia
nas investigações da operação Lava Jato, após busca e apreensão em falado com Dilma Rousseff. Nessa ocasião, o declarante percebeu que
endereços de um restaurador que teria feito a mediação da venda de Fernando Collor realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora”.
quadros ao parlamentar, de acordo com informações da “Folha de Fonte: Estadão.com - (12/01/2016)
S.Paulo” desta quinta-feira (14).
Após as denúncias de que Collor teria comprado obras de arte Nestor Cerveró cita US$ 100 milhões de propina ao governo
em espécie, os investigadores obtiveram notas fiscais que comprovam de FHC
vendas de pelo menos R$ 1,5 milhão ao senador. O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró,
Ao jornal, a assessoria do senador informou que o acervo é disse à Procuradoria-Geral da República (PGR), antes de fechar o
constituído em parte por herança familiar e que a denúncia de lavagem acordo de delação premiada, que a venda da petrolífera Pérez Companc
de dinheiro é “absolutamente infundada” envolveu pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões ao
Em julho do ano passado, durante apreensão de carros de luxo na governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
casa de Collor, a Polícia Federal também encontrou um quadro de Di Cerveró está preso pela Lava Jato desde janeiro do ano passado.
Cavalcanti. Segundo a denúncia, a obra teria sido adquirida por R$ 2 A compra da empresa argentina pela Petrobras ocorreu em 2002.
milhões. Ainda de acordo com o depoimento, Cerveró disse que quem repassou
Fernando Collor já foi denunciado pelo Procurador-Geral da essa informação a ele foram os diretores da Pérez Companc e Oscar
República, Rodrigo Janot, por lavagem de dinheiro e corrupção. No Vicente, ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem.
ano passado, o senador polemizou na tribuna do Senado ao xingar O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que
publicamente Janot. afirmações vagas, sem especificar pessoas envolvidas, e servem apenas
Fonte: Jornal do Brasil - (14/01/2016) para confundir e não trazem elementos que permitam verificação.
“Não tenho a menor ideia da matéria. Na época o presidente
Dilma garantiu a Collor diretorias da BR, diz Cerveró da Petrobrás era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem
O ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, qualquer ligação politico partidária. Afirmações vagas como essa, que
um dos delatores da Operação Lava-Jato, declarou à Procuradoria- se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e
Geral da República que o senador Fernando Collor (PTB-AL) lhe a um ex-presidente da Petrobras já falecido, sem especificar pessoas
disse, em setembro de 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que
garantido ao parlamentar que “estavam à disposição” dele, Collor, a permitam verificação”.
presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Menem foi condenado em janeiro de 2015 a quatro anos e meio
Em depoimento prestado no dia 7 de dezembro de 2015, Cerveró por um caso de corrupção durante seu governo (1989-1999). Em junho
relatou os bastidores das indicações para cargos estratégicos na Petrobras, de 2013, Menem também foi condenado a sete anos de prisão por sua
principalmente na BR Distribuidora, apontada pelos investigadores responsabilidade no contrabando de armas para a Croácia e o Equador
como “cota” pessoal do ex-presidente Collor (1990/1992). durante seu governo.
Em um trecho de seu relato, Cerveró citou duas vezes a presidente Já Oscar Vicente, segundo Cerveró, seria o principal operador
Dilma: de Menem. “Durante os primeiros anos da nossa gestão, permaneceu
“Fernando Collor de Mello disse que havia falado com a como diretor da Petrobras na Argentina”, argumentou o ex-diretor da
Presidente da República, Dilma Rousseff, a qual teria dito que estavam Petrobras.
à disposição de Fernando Collor de Mello a presidência e todas as A delação de Cerveró foi homologada recentemente e segue em
diretorias da BR Distribuidora. Fernando Collor de Mello disse que segredo de Justiça. Nela, Cerveró cita possíveis pagamentos de propina
não tinha interesse em mexer na presidência, e nas diretorias da BR aos senadores Renan Calheiros (PMDB), Jader Barbalho (PMDB) e
Distribuidora de indicação do PT”, declarou o ex-diretor, condenado Delcídio do Amaral (PT), que foi preso no dia 25 de novembro.
na Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro Prêmios milionários
com Dilma durante uma reunião em Brasília, que teria ocorrido, Cerveró também argumentou à PGR que diretores da Companc
segundo o delator, em setembro de 2013. Na ocasião, Cerveró estava e Oscar Vicente receberam prêmios milionários pela negociação da
empenhado em se manter no cargo de diretor Financeiro e Serviços da petrolífera.
BR Distribuidora. Ele disse que Pedro Paulo Leoni o chamou para uma “Cada diretor da Perez Companc recebeu um milhão de dólares
reunião com Collor na Casa da Dinda, residência do ex-presidente. como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente 6 milhões. Nos
Em delação, Cerveró afirma que Lula lhe deu cargo em estatal por juntamos a Perez Compac com a Petrobras Argentina e criamos a Pesa
“gratidão”, diz jornal (Petrobras Energia S/A) na Argentina”, declarou Cerveró.

Didatismo e Conhecimento 7
ATUALIDADES
Transener Ex-diretor da UTC revela detalhes sobre pagamentos a
No resumo, Cerveró também citou a intermediação dele na venda políticos
da Transener, uma empresa de transmissão de energia da Argentina, em Em 26 depoimentos à Procuradoria Geral da República, o ex-
2007. A Petrobras tinha participação no negócio desde que comprou a diretor financeiro da UTC Engenharia Walmir Pinheiro Santana, um
Perez Companq. O delator disse que participou de reuniões com um dos delatores do esquema de corrupção investigado pela Operação
ministro argentino e de um jantar para tratar da venda da Transener para Lava Jato, deu detalhes do esquema de repasses de dinheiro a políticos
um grupo argentino. feitos pela construtora.
Cerveró afirmou que a maior parte da propina ficou na Argentina, A TV Globo teve acesso à íntegra do material, que confirma
tendo ele e Fernando Baiano recebido US$ 300 mil cada. Baiano também acusações feitas pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, e revela novos
é delator e já foi condenado como operado do esquema de corrupção na detalhes sobre os interesses vinculados aos pagamentos.
estatal. Julio Delgado
Na delação, Baiano também falou sobre a Transener e confirmou Um dos nomes citados por Pinheiro é o do deputado federal Julio
os recebimentos de valores dele e de Cerveró. Disse, ainda, que estavam Delgado (PSB-MG). Em um dos depoimentos, o ex-diretor da UTC
envolvidos no negócio o atual presidente do Senado Renan Calheiros contou aos investigadores que, em julho de 2014, Ricardo Pessoa o
(PMDB-AL), o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), o senador procurou para que fizesse transferência para o comitê de campanha de
Jader Barbalho (PMDB-PA), além do então ministro de Minas e Energia Delgado no valor de R$ 150 mil. O repasse deveria ser feito em agosto
Silas Rondeau e do ministro argentino Julio de Vido. daquele ano.
Baiano não detalhou, no entanto, qual foi a participação de cada um Segundo Pinheiro, o dono da UTC não deu detalhes explícitos
no negócio. sobre o motivo do suposto repasse ao deputado mineiro. Ele disse,
A assessoria do senador Renan Calheiros afirmou que ele negou as porém, que ficou “implícito” que o dinheiro seria uma garantia de que
declarações e que já prestou as informações requeridas. Julio Delgado “aliviaria” eventual ação da CPI mista da Petrobras
Jader Barbalho afirmou que teve acesso à delação de Fernando contra Pessoa – Delgado era integrante da comissão.
Baiano. Segundo o senador, Baiano não cita o nome dele em negociação “Que, não obstante, ficou implícito que o recebimento de valores
de empresa argentina. estava relacionado corn a expectativa de que Julio Delgado aliviaria
Jader Barbalho disse ainda que Baiano ouviu de Nestor Cerveró que
eventual ação da CPMI contra Ricardo Pessoa”, diz trecho da delação
políticos pediram ajuda financeira para a campanha eleitoral de 2006. O
de Pinheiro.
senador afirmou que não conhece Fernando Baiano e que está tranquilo.
O deputado Júlio Delgado disse que nunca se reuniu com Walmir
A Transener declarou que desconhece o pagamento de propina e que
Pinheiro e que não conhece o ex-executivo da UTC.
os fatos se referem a uma outra gestão.
Ele afirmou ainda que, por não conhecê-lo, não há sentido em
Nestor Cerveró e a Petrobras não comentaram
Pinheiro concluir nada que esteja “implícito”. Delgado acrescentou
A TV Globo não conseguiu contato com Fernando Baiano, Aníbal
que votou no relatório paralelo da CPI que pedia o indiciamento de
Gomes, Silas Rondeau e nem com os argentinos Julio de Vido, Oscar
Ricardo Pessoa.
Vicente e a empresa Pérez Companc.
A assessoria de Julio Delgado afirmou que os R$ 150 mil foram
Investigação repassados pela UTC à conta do PSB em Minas Gerais, que à época
De acordo com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público era presidido por Julio Delgado. Esse dinheiro foi distribuído pras
Federal (MPF), Cerveró, na condição de diretor Internacional da campanhas de 16 candidatos a deputado e que nenhum centavo foi
Petrobras, se beneficiou do esquema de fraude, corrupção e desvio usado na campanha de Julio Delgado a deputado federal, segundo a
de dinheiro, recebendo propinas milionárias em virtude de diferentes assessoria.
contratos da Petrobras e também na compra da refinaria de Pasadena,
nos Estados Unidos. José Dirceu
O ex-diretor já foi condenado duas vezes pela Justiça Federal por Em outro depoimento, o ex-executivo da UTC confirma
crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se somadas, as pagamento ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele reforça, assim
penas ultrapassam 17 anos de prisão. como fez Ricardo Pessoa, que Dirceu teria recebido pagamentos por
um contrato de consultoria mesmo quando estava preso, cumprindo
Delação premiada pena no mensalão do PT.
A deleção premiada de Cerveró foi homologada após a divulgação Pinheiro acrescenta que o valor mensal repassado a Dirceu era de
de uma gravação feita numa reunião do senador Delcídio do Amaral com R$ 115 mil e que, mesmo enquanto o ex-ministro estava preso, a UTC
o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e e a empresa de consultoria assinaram dois aditivos a esse contrato.
o filho de Cerveró, Bernardo. Diogo Ferreira teve a prisão temporária “Luís Eduardo [irmão de Dirceu] foi algumas vezes na UTC
convertida para preventiva. tratar com o depoente [Walmir Pinheiro] sobre estes pagamentos,
A conversa foi gravada por Bernardo, com um celular no bolso. especialmente os aditivos; estes aditivos foram feitos quando José
Nela, eles discutiram um plano para evitar que o ex-diretor da Petrobrás, Dirceu estava preso: um realizado em 11 de fevereiro de.2013, outro
Nestor Cerveró assinasse um acordo de delação premiada. em 11 de fevereiro de 2014, sendo que o contrato original é de 29 de
O senador Renan Calheiros nega a imputação e reitera que suas fevereiro de 2012”, relata em depoimento.
relações com empresas públicas ou privadas nunca ultrapassaram os Em nota, o advogado de José Dirceu, Roberto Podval, afirmou
limites institucionais. Já a defesa do senador Delcídio Amaral afirmou que “todos os pagamentos foram declarados e contabilizados e que o
que não vai se manifestar. A assessoria de imprensa de Jader Barbalho serviço foi prestado antes da prisão de José Dirceu.”
informou que o senador não vai se pronunciar por enquanto. “Como o pagamento foi parcelado, ainda havia dinheiro a ser
Fonte: G1 - (11/01/2016) recebido por Dirceu, mesmo ele estando preso”, diz a nota.

Didatismo e Conhecimento 8
ATUALIDADES
Arthur Lira - R$ 22 bilhões em recursos do FI-FGTS (fundo de investimento
Walmir Pinheiro disse também que o deputado federal Arthur do FGTS) em crédito para operações de infraestrutura
Lira (PP-AL) foi pessoalmente à sede da empreiteira para receber R$ 1 - R$ 5 bilhões do BNDES para capital de giro de micro e pequenas
milhão em espécie. O repasse foi solicitado por Ricardo Pessoa, segundo empresas
o ex-diretor da UTC. - R$ 4 bilhões em linhas de pré-embarque para exportações via
Em um trecho do depoimento, Walmir Pinheiro disse que “se BNDES
surpreendeu” ao verificar que, segundo ele, o próprio deputado foi buscar - R$ 15 bilhões do BNDES para refinanciamento das operações
o dinheiro na sede da empresa. Pinheiro afirmou aos procuradores que que estão vencendo do PSI e do Finame com taxas de mercado, sem
esperava que Arthur Lira enviasse um emissário para buscar o dinheiro subsídio
em seu nome. - R$ 17 bilhões (estimativa do governo) em recursos do FGTS
O ex-diretor da UTC, o dinheiro estava na sala que ocupava na para consignado ao setor privado com garantia da multa por demissão
empresa e, devido ao volume, não cabia no cofre. Por isso, teria sido e 10% do saldo dos depósitos existentes
guardado em seu armário, segundo afirmou. Ele disse que entregou o O ministro afirmou não acreditar que essas linhas de crédito
dinheiro a Arthur Lira na sala de reunião da empreiteira. coloquem em risco o combate à inflação. “São recursos que já estão
Fonte: G1 - (13/01/2016) no mercado financeiro. Não é uma injeção de recursos no mercado. Já
estão no FGTS e nos bancos públicos e podem ser melhor utilizados”,
EDUARDO CUNHA declarou ele. No ano passado, a inflação somou 10,67%, o maior
patamar em 13 anos.
Delatores citam mais contas de Cunha no exterior
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB Uso de recursos do FGTS como garantia
- RJ), é acusado por dois empresários de ter recebido propina em cinco A presidente Dilma Rousseff anunciou que encaminhará ao
contas no exterior, de acordo com o jornal Folha de São Paulo. Congresso Nacional proposta para uso de verba do FGTS como
O jornal teve acesso às tabelas de transferência fornecidas pelos garantia para operação de crédito consignado.
empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da Nelson Barbosa, por sua vez, explicou que a ideia é que o
Carioca Engenharia, em acordo com a Procuradoria Geral da República trabalhador possa oferecer como garantia para operações de crédito
no âmbito da Operação Lava Jato. sua multa rescisória (de 40% no caso de demissão), além de 10% do
A propina teria como objetivo liberar verbas do fundo de saldo de seu depósito, para reduzir as taxas de juros bancárias – que
investimentos do FGTS para o Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, dispararam em 2015. Segundo ele, serão tomadas precauções para que
obtido em concessão pela Carioca em consórcio com a Odebrecht e a isso não gere sobreendividamento das famílias.
OAS. “Estamos na fase inicial deste processo. Se o Congresso Nacional
O dinheiro seria liberado por Fábio Cleto, aliado de Cunha que concordar, isso reduz o risco de operações de crédito consignado
passou por uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal e pelo [que têm juros mais baratos] para trabalhadores do setor privado.
conselho do fundo de investimento do FGTS. Eles podem ser utilizados para reduzir o risco. É uma coisa boa
US$ 3,9 milhões teriam sido transferidos entre 2011 e 2014, segundo para a economia. Na medida em que a inflação cair e a economia se
a documentação revelada e ainda em sigilo. Cunha diz que não recebeu estabilizar, vai gerar uma recuperação do crédito”, declarou Barbosa
os valores e não tem relação com o esquema apontado. a jornalistas.
As novas contas se somam às 4 contas secretas na Suíça já reveladas O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que o
anteriormente e que aumentaram a pressão para saída de Cunha do cargo. anúncio do governo “veio no momento adequado”, segundo a Reuters.
Fonte: Exame.com – (31/01/2016) “A oferta de crédito está em um nível adequado. Quando se oferta
mais crédito a gente pode ter uma disputa até pelo preço e pela taxa
ECONOMIA de juros”. Trabuco afirmou ainda que “nós (Brasil) temos que parar de
piorar”, ao comentar as medidas.
Para estimular economia, governo anuncia R$ 83 bilhões em O crédito bancário registrou, em 2015, desaceleração pelo quinto
crédito ano consecutivo e, também, o menor crescimento anual já registrado.
Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e O saldo total do crédito ofertado pelos bancos (o chamado estoque)
Social (CDES) em Brasília, nesta quinta-feira (28), o governo anunciou avançou 6,6% no ano passado, para R$ 3,21 trilhões, contra um
a abertura de linhas de crédito no valor de R$ 83 bilhões. Os bancos crescimento de 11,29% em 2014 e de 14,48% em 2013.
públicos e o FGTS têm mais recursos em caixa com o pagamento das
chamadas “pedaladas fiscais” no fim do ano passado. Recessão e desemprego
O objetivo das linhas de crédito, é estimular o nível de atividade Neste mês, a presidente Dilma Rousseff afirmou que todo o esforço
econômica e tentar evitar um impacto maior da recessão na taxa de do governo federal está voltado para impedir que o desemprego se
desemprego – que vem crescendo nos últimos meses. “São R$ 83 bilhões eleve ainda mais. Em sua segunda entrevista coletiva do ano, a petista
que se podem abrir de novas operações de crédito utilizando melhor os ressaltou que essa é sua “grande preocupação”.
recursos que já existem”, disse o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Atualmente, a economia brasileira passa por forte retração. A
Veja as linhas de crédito anunciadas e seus valores: expectativa dos economistas do mercado financeiro é de que o Produto
- R$ 10 bilhões para pré-custeio da safra agrícola 2016/2017 via Interno Bruto (PIB) tenha registrado uma contração de 3,7% no ano
Banco do Brasil passado - o que, se confirmada, será a maior queda dos últimos 25
- R$ 10 bilhões em recursos do FGTS para instituições financeiras anos. O resultado oficial do PIB de 2015 ainda será divulgado pelo
contratarem novas operações de crédito imobiliário Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Didatismo e Conhecimento 9
ATUALIDADES
Para o PIB de 2016, o mercado financeiro estima uma contração Tendência
de 3%. Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país A Oxfam verificou que a proporção de riqueza do 1% dos mais
registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica ricos vem aumentando a cada ano desde 2009 – depois de cair de
oficial, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem forma gradual entre 2000 e 2009.
início em 1948. A ONG britânica pede que os governos tomem providências
Barbosa propõe limite para alta do gasto para reverter esta tendência. A Oxfam sugerem a meta, por exemplo, de
Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e reduzir a diferença entre o que é pago a trabalhadores que recebem salário
Social, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, propôs criar limite mínimo e o que é pago a executivos.
legal para o crescimento do gasto público. A organização também quer o fim da diferença de salários pagos
De acordo com a conta do CDES no microblog Twitter, ele a homens e mulheres, compensação pela prestação não remunerada de
também propôs o estabelecimento de uma “margem fiscal legal” para cuidados a dependentes e a promoção de direitos iguais a heranças e posse
acomodar eventuais flutuações de receita. Não foram dadas mais de terra para as mulheres.
explicações sobre o assunto. A ONG britânica quer também que os governos imponham restrições
O Tesouro Nacional informou nesta quinta que as contas do ao lobby, reduzam o preço de medicamentos e cobrem impostos pela
governo tiveram forte deterioração e registraram um rombo recorde de riqueza em vez de impostos pelo consumo.
R$ 114,98 bilhões em 2015, ou 1,94% do Produto Interno Bruto (PIB). Fonte: BBC Brasil - (18/01/2016)
Fonte: G1 – (28/01/2016)
Copom decide manter novamente os juros estáveis em 14,25%
1% da população global detém mesma riqueza dos 99% ao ano
restantes, diz estudo Após pressão do setor produtivo, do Partido dos Trabalhadores e em
A riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população meio a sinais de que a economia terá uma retração mais forte, o Comitê
mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes. de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter, pela
Essa é a conclusão de um estudo da organização não- quarta vez seguida, a taxa básica de juros inalterada em 14,25% ao ano
governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit nesta quarta-feira (20). Mesmo assim, a Selic segue no maior patamar em
Suisse relativos a outubro de 2015. quase dez anos.
O relatório também diz que as 62 pessoas mais ricas do mundo Na curva de juros do mercado futuro, um tipo de aposta do mercado
têm o mesmo – em riqueza v que toda a metade mais pobre da financeiro, a percepção da maior parte dos economistas era de que os juros
população global. seriam elevados na reunião do Copom, em 0,25 ponto percentual, para
14,5% ao ano. Pesquisas com economistas das instituições financeiras,
O documento pede que líderes do mundo dos negócios e da
porém, mostravam um cenário incerto, com alguns apostando em
política reunidos no Fórum Econômico Mundial de Davos, que
manutenção, e outros em aumento da taxa Selic.
começa nesta semana, na Suíça, tomem medidas para enfrentar a
A decisão do Comitê de Política Monetária de manter os juros, porém,
desigualdade no mundo.
não foi unânime. Seis integrantes do Copom votaram pela manutenção
A Oxfam critica a ação de lobistas – que influenciam decisões
da taxa, mas outros dois queriam um aumento de 0,5 ponto percentual,
políticas que interessam empresas – e a quantidade de dinheiro
para 14,75% ao ano, que acabou não sendo implementado. Os diretores
acumulada em paraísos fiscais.
de Assuntos Internacionais, Tony Volpon, e de Organização do Sistema
Ressalvas
Financeiro, Sidnei Corrêa Marques, votaram pelo aumento dos juros.
Segundo o estudo da Oxfam, quem acumula bens e dinheiro no
Ao fim do encontro, o BC emitiu o seguinte comunicado: “Avaliando
valor de US$ 68 mil (cerca de R$ 275 mil) está entre os 10% mais o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual
ricos da população. Para estar entre o 1% mais rico, é preciso ter US$ balanço de riscos, e considerando a elevação das incertezas domésticas
760 mil (R$ 3 milhões). e, principalmente, externas, o Copom decidiu manter a taxa Selic em
Isto significa que uma pessoa que possui um imóvel médio em 14,25% a.a., sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela elevação da
Londres, já quitado, provavelmente está na faixa do 1% mais rico da taxa Selic em 0,50 ponto percentual”.
população global.
No entanto, há várias ressalvas a estes números. O próprio Credit Comunicação do BC
Suisse reconhece que é muito difícil conseguir informações precisas Até o início desta semana, os economistas dos bancos acreditavam
sobre os bens e dinheiro acumulados pelos super-ricos. que o BC teria uma postura bem mais mais agressiva, elevando a taxa
O banco diz que suas estimativas sobre a proporção de riqueza Selic para 14,75% ao ano. Para embasar suas apostas, levavam em conta
dos 10% e do 1% mais ricos “podem estar subestimadas”. o duro recado do BC, do começo deste mês, de que adotaria “as medidas
Além disso, os números incluem estimativas colhidas em países necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime
nos quais não há estatísticas precisas. de metas [de inflação]” e que isso seria feito “independentemente do
A Oxfam afirmou que o fato de as 62 pessoas mais ricas do mundo contorno das demais políticas” (como aquela relacionada com os gastos
acumularem o equivalente à riqueza dos 50% mais pobres da população públicos, por exemplo).
mundial revela uma concentração de riqueza “impressionante”, ainda Essa percepção do mercado de uma alta de 0,5 ponto percentual
mais levando em conta que, em 2010, o equivalente à riqueza da metade nos juros se alterou nesta terça-feira (19), quando o presidente do Banco
mais pobre da população global estava na mão de 388 indivíduos. Central, Alexandre Tombini, rompeu o tradicional silêncio que antecede
“Ao invés de uma economia que trabalha para a prosperidade os encontros do Copom para dizer, por meio de nota à imprensa, que
de todos, para as geração futuras e pelo planeta, o que temos é uma considerou “significativas” as revisões das projeções de crescimento em
economia (que trabalha) para o 1% (dos mais ricos)”, afirmou o 2016 e 2017 do FMI para o Brasil [para baixo] e acrescentou que estas
relatório da Oxfam. informações seriam “consideradas nas decisões do colegiado”.

Didatismo e Conhecimento 10
ATUALIDADES
O mercado entendeu a declaração como uma forma de sinalizar Para o economista Alexandre Schwartsman, a teoria de de que a
uma alta menor dos juros, ou até mesmo a manutenção no atual patamar recessão vai “tomar conta” da inflação só funciona se as previsões de
de 14,25% ao ano, e não poupou críticas ao BC. “Jabuti não sobe em inflação estiverem “ancoradas” com as metas do governo, o que não
árvore. Porque o BC ia comentar uma atualização das projeções do acontece atualmente. “O BC vai ter que subir os juros. Se não subir
FMI? Tudo bem. Piorou, até mais do que o consenso do mercado, mas agora, lá na frente o problema vai ficar pior. Em 2011, [o BC] poderia
não tão mais. É muito ruim, mas que a gente já conhecia. Imagino que ter trazido a inflação para a meta com menos esforço. Agora vai ter que
o Tombini também”, disse o economista Alexandre Schwartsman, que subir mais os juros”, avaliou o ex-diretor do Banco Central.
passou a apostar em Selic estável ou uma alta menor, de 0,25 ponto A alta de juros para conter pressões inflacionárias, porém, não é
percentual nesta quarta-feira. unanimidade no mercado financeiro. Para Sidnei Nehme, economista
da NGO Corretora, inexistindo “demanda aquecida no consumo e por
Recessão crédito”, o aumento dos juros só serviria para atender aos “reclamos
Em um cenário de forte queda da atividade econômica em 2015, do mercado financeiro, que é rentista do governo, em detrimento da
com a previsão do mercado de retração do PIB da ordem de 3,75% política fiscal [controle dos gastos], já caótica, do governo”.
no ano passado, a maior em 25 anos, seguida por uma contração Fonte: G1 - (20/01/2016)
também significativa neste ano (por volta de 3%, segundo previsão
do mercado), e com o aumento do desemprego, podendo superar 10% Dilma sanciona LDO de 2016 com veto a reajuste do Bolsa
neste ano, a decisão do Copom sobre a taxa de juros está cercada de Família
fortes pressões políticas. A presidente Dilma Rousseff sancionou, em edição extra do
Tanto o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, “Diário Oficial da União” editada nesta quinta-feira (31), a Lei
quanto os representantes das centrais sindicais e do setor produtivo de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, que estabelece os
têm se manifestado sistematicamente contra uma nova alta de juros parâmetros para a elaboração do Orçamento da União. A lei foi
por parte do Banco Central. No fim do ano passado, Falcão pediu sancionada com mais de 50 vetos, incluindo um trecho que previa o
propostas para retomar o crescimento econômico, garantir o emprego reajuste do benefício do Bolsa Família pela inflação.
e preservar a renda e os salários. “Chega de altas de juros e de cortes A LDO tinha sido aprovada pelo Congresso Nacional no último
em investimentos”, declarou ele, em artigo. dia 17. A lei prevê uma meta de superávit primário (economia que o
governo faz para pagar os juros da dívida pública) de 0,5% do Produto
As centrais sindicais fizeram ato nesta terça-feira na frente do
Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 30,5 bilhões.
Banco Central de São Paulo contra um novo aumento de juros. A
Pela proposta anterior, o setor público teria que fazer uma
Força Sindical avaliou que um novo aumento de juros contribuiria
economia maior, de R$ 43,8 bilhões (de 0,7% do PIB), dos quais R$
para o “aumento da recessão e do desemprego, atingindo a indústria
34,4 bilhões para a União (0,55% do PIB) e 9,4 bilhões para estados e
nacional, reduzindo a produção e provocando, até, a insolvência das
municípios (0,15%). A meta de 0,7% era defendida pelo então ministro
empresas (desindustrialização)”.
da Fazenda, Joaquim Levy, que pediu demissão no dia seguinte à
Em artigo publicado no fim do ano passado, institulado “Para vencer
aprovação da LDO pelo Congresso e foi substituído no cargo por
a Crise”, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial
Nelson Barbosa, que ocupava a pasta do Planejamento.
(Iedi) pede redução da Selic e avalia que juros “extraordinariamente
O relator do Orçamento no Congresso, deputado Ricardo Barros
elevados na atualidade, constituem barreiras intransponíveis ao
(PP-PR), chegou a propor um corte de R$ 10 bilhões no programa
crescimento”. Nesta semana, divulgou um documento na qual avalia Bolsa Família em 2016 como uma das medidas para garantir o
que a crise é “generalizada” no setor produtivo. cumprimento da meta de superávit de 0,7%. A Comissão Mista de
Orçamento rejeitou a proposta de 0,7% para evitar corte nas verbas
Pressão inflacionária do programa.
Apesar dos impactos de uma nova alta dos juros sobre a produção Com a meta de 0,5%, a União tem de fazer um superávit de R$
e o emprego, economistas observam que a inflação segue pressionada 24 bilhões, o equivalente a 0,4% do PIB. Estados e municípios têm de
no começo deste ano, quando 20 estados e o Distrito Federal fazer um superávit de R$ 6,55 bilhões, o equivalente a 0,1% do PIB.
promoveram aumentos de tributos, como o ICMS, além de alta de
impostos sobre computadores e bebidas implementada pelo governo Vetos
federal. Dentre os mais de 50 dispositivos da lei vetados pela presidente
Também foram registradas elevações nos preços de tarifas de está o que estabelecia previsão de recursos para o Bolsa Família, uma
transportes públicos em vários estados. O dólar, por sua vez, vem das principais bandeiras do governo federal, em valor suficiente para
apresentando novo aumento no começo de 2016. Além disso, o assegurar o reajuste dos benefícios de acordo com o índice oficial
mercado financeiro não acredita na capacidade de o setor público de inflação, medida pelo IPCA, acumulada entre maio de 2014 e
atingir a meta de superávit primário (economia para pagar juros da dezembro de 2015.
dívida pública) de R$ 30,5 bilhões em 2015, ou 0,5% do PIB. A O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, principal
previsão do mercado é de um déficit de 1% do PIB, de cerca de R$ 60 partido de oposição, criticou o veto ao reajuste dos benefícios do
bilhões, neste ano. programa.
Todos estes fatores, segundo analistas, continuam pressionando O “Diário Oficial” também traz a justificativa para esse veto,
a inflação neste ano. Após somar 10,67% em 2015, a previsão dos alegando que o texto aprovado não traz a previsão de verba para isso e
economistas é que, para 2016, o IPCA some 7%, ou seja, acima que, “se sancionado, o reajuste proposto, por não ser compatível com
novamente do teto do sistema de metas de inflação - algo que o Banco o espaço orçamentário, implicaria necessariamente o desligamento de
Central busca evitar a qualquer custo. beneficiários do Programa Bolsa Família”.

Didatismo e Conhecimento 11
ATUALIDADES
Outro ponto vetado se refere às prioridades e metas da Na conversa com jornalistas, Dilma acrescentou que outra
administração pública federal para o exercício de 2016. O trecho preocupação do governo será o tempo de transição para as novas regras
cortado especificava que entre as prioridades estava a destinação de aposentadoria que leve em conta tanto direitos adquiridos quanto
de recursos para políticas públicas que, “efetivamente”, trouxessem a expectativa de direitos de quem já está no mercado de trabalho.
“geração de emprego e renda, tendo como meta a redução das atuais “Pretendemos abrir esse debate chamando o Fórum de Trabalho e
taxas de desemprego”. Previdência composto por trabalhadores, governo, empresários e
A justificativa para esse veto é que o trecho cortado é “vago” Congresso”, completou a presidente.
e “poderia gerar dúvida quanto ao seu cumprimento”. O governo Perguntada se haverá viabilidade política para que uma reforma
argumenta ainda que foram definidas como prioridades a Política de da Previdência seja aprovada no Congresso em ano eleitoral,
Educação, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Plano Dilma afirmou que “a oposição no Brasil tem de ter um mínimo de
Brasil sem Miséria, que já trazem em seus escopos a geração de renda compromisso com o país”.
e emprego. “Se os partidos políticos de oposição não tiverem um mínimo
Dilma também vetou uma regra aprovada no Congresso que de compromisso com o país, eu acho que a sociedade brasileira tem
proibia o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social maturidade suficiente também para desfazer a crítica porque estariam
(BNDES) de conceder ou renovar empréstimos para investimentos ou tendo um comportamento que coloca seus interesses eleitorais na
obras no exterior. frente dos interesses do país. É responsabilidade do governo em
O governo argumenta que isso poderia impedir que empresas propor. Mas a responsabilidade também é da oposição em encaminhar
exportadoras brasileiras ofertassem seus produtos e serviços no de um jeito do quanto pior melhor, que tem sido a característica no
mercado externo com condições de disputar com seus concorrentes último ano, ou ter uma atitude construtiva com o país”, disse.
internacionais. Fonte: Rádio Jovem Pan Online - (07/01/2016)
Os vetos à LDO terão que ser apreciados pelo Congresso
Nacional, que poderá derrubá-los se para isso houver votos da maioria Indústria pode perder R$ 54,6 bi com feriados nacionais em
absoluta dos parlamentares. 2016, diz Firjan
Fonte: G1 - (01/01/2016) A indústria brasileira poderá perder R$ 54,6 bilhões em 2016
com sete feriados e três pontos facultativos federais que caem em dias
Dilma defende elevação de idade mínima para aposentadoria de semana. O valor representa 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB)
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira (7) que o industrial do país, de acordo com o estudo “O custo econômico dos
Brasil vai ter que “encarar” a reforma da Previdência Social. Segundo feriados federais para a indústria”, divulgado nesta terça-feira (5) pela
ela, a população brasileira está envelhecendo, e a expectativa de vida Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
do brasileiro aumentou nos últimos anos em torno de 4,6 anos. O levantamento tem como base a relação de feriados e pontos
“Vamos ter que encarar a reforma da Previdência. Não é possível facultativos divulgada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento
que a idade média de aposentadoria no Brasil seja 55 anos. Para a e Gestão. Segundo a Firjan, não foram contabilizados o Dia do
mulher, um pouco menos. Não é possível por uma questão quantitativa. Servidor Público, por ser ponto facultativo não consagrado como
Vai ter menos gente trabalhando no futuro para sustentar mais gente feriado, e a Quarta-feira de Cinzas, por ser ponto facultativo até as
sem trabalhar: os mais velhos que vão ter uma longevidade maior e os
14h. A federação das indústrias ressalta que o país ainda tem feriados
mais novos, que estão nascendo”, afirmou Dilma, em café da manhã
municipais e mais de 40 feriados estaduais.
com jornalistas no Palácio do Planalto.
Três dos dez dias não trabalhados no país caem na terça ou quinta-
Segundo a presidente, há várias formas de lidar com a questão
feira, o que facilita o enforcamento de um dia. De acordo com a Firjan,
da Previdência. “Os países desenvolvidos buscaram aumentar a idade
“ainda que os enforcamentos não sejam contabilizados como feriados,
mínima de acesso à aposentadoria. Tem outro caminho que é o 85/95
eles certamente desestimulam a atividade produtiva, resultando em
móvel, progressivo, que resultará na mesma convergência. Em todos
perda de produtividade”.
os dois casos, uma coisa vai ter de ser considerada: não se pode achar
A federação informa que, na busca pela redução do “custo Brasil”
que se afetam direitos adquiridos.” Dilma destacou que a estabilidade
e pelo aumento da competitividade da indústria brasileira, considera
e a segurança jurídica preveem que os direitos já adquiridos devem
que os feriados que caem no meio da semana poderiam ser deslocados
ser preservados.
As novas regras para o cálculo da aposentadoria, sancionadas para segunda ou sexta-feira.
em novembro, levam em consideração a soma da idade e o tempo “Em vista da atual necessidade de estimular a atividade produtiva
de contribuição do segurado, a chamada regra 85/95 progressiva. e, ao mesmo tempo, aumentar a arrecadação, essas medidas seriam
Alcançados os pontos necessários, o trabalhador irá receber o benefício extremamente oportunas”, diz nota da federação.
integral, e não haverá a aplicação do fator previdenciário. Fonte: G1 - (05/01/2016)
A fórmula 85/95 significa que o trabalhador pode se aposentar,
com 100% do benefício, quando a soma da idade e tempo de Dilma sanciona projeto da repatriação de dinheiro mantido
contribuição for 85, no caso das mulheres, e 95, no caso dos homens. no exterior
A partir de 31 de dezembro de 2018, essa fórmula sofrerá o acréscimo A presidente Dilma Rousseff sancionou na noite desta quarta-feira
de um ponto a cada dois anos. A lei limita esse escalonamento até 31 (13) a lei que prevê a repatriação de dinheiro mantido por brasileiros
de dezembro de 2026 quando a soma para as mulheres passará a ser no exterior que não haviam sido declarados à Receita Federal. A
de 90 pontos e para os homens, de 100 pontos. O tempo mínimo de proposta é uma das prioridades do Executivo para tentar equilibrar
contribuição permanece de 30 anos para as mulheres e de 35 anos para as finanças públicas. A lei foi publicada no “Diário Oficial da União”
os homens. desta quinta-feira (14).

Didatismo e Conhecimento 12
ATUALIDADES
A repatriação, que envolve o pagamento de imposto e multa Segundo o ONS, as altas temperaturas registradas em dezembro,
para regularizar os recursos, é defendida pelo governo federal porque superiores às ocorridas no mesmo período do ano passado, também
pode aumentar a arrecadação dos cofres públicos. O projeto foi enviado contribuíram para o resultado.
pelo Executivo no ano passado e é uma das medidas do ajuste fiscal do A queda de 1,8% na carga de energia no sistema em 2015 veio dentro
governo. da última projeção do ONS.
O texto foi sancionado com 12 dispositivos vetados. Um deles
exclui da lei o trecho que permitia o retorno ao Brasil de bens como joias Bandeira vermelha
e obras de arte. Outro veto elimina do texto o item que possibilitava o O país entrou em 2016 com a manutenção da bandeira tarifária
parcelamento do pagamento da multa. Também foi excluído o trecho que em vermelho para o mês de janeiro. Na prática, os consumidores vão
permitia o regresso ao Brasil de recursos no exterior que estão no nome continuar pagando mais caro pela energia consumida, já que a bandeira
de laranjas. vermelha mostra que o custo para gerar energia no país está elevado,
No relatório da proposta aprovada em setembro no Senado, o resultando em cobrança extra.
senador Walter Pinheiro (PT-BA), apontou a estimativa de que os ativos O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, tem afirmado que o
no exterior não declarados de brasileiros poderiam chegar a US$ 400 governo continua trabalhando com a previsão de que a bandeira vermelha
bilhões. na conta de luz poderá ser reduzida para verde a partir de maio, quando
termina o período chuvoso. Mas que isso irá depender, sobretudo, do
A lei regime de chuvas na Região Norte.
Para garantir adesão ao programa de repatriação de dinheiro, o texto A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) colocou em
prevê anistia a uma série de crimes a quem voluntariamente declarar os audiência pública uma proposta de mudanças nas regras e valores das
recursos enviados ao exterior e pagar, em multa e Imposto de Renda, um bandeiras tarifárias, sugerindo que a bandeira vermelha passe a ter dois
percentual de 30% sobre o valor – 15% de multa e 15% de IR. patamares.
Para facilitar a aprovação do texto diante das críticas a essa anistia, Fonte: G1 - (05/01/2016)
o relator da proposta na Câmara, deputado Manoel Junior (PMDB-
PB), retirou do rol de delitos que poderiam ser perdoados a associação Risco de faltar eletricidade em 2016 é zero, garante comitê
criminosa e o caixa 2. No Senado, o texto passou apenas por alterações Em sua primeira reunião do ano, o Comitê de Monitoramento do
de redação, com o objetivo de facilitar eventuais vetos de Dilma. O teor Setor Elétrico (CMSE) informou nessa quarta-feira (13) que o risco de
faltar energia nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste neste ano é
da proposta, no entanto, não foi modificado.
zero. Segundo relatório do Comitê, há sobra estrutural de cerca de 9,3 mil
Poderá ser perdoado, no entanto, quem regularizar valores
megawatts médios para atender a carga prevista.
provenientes de crimes como sonegação fiscal, evasão de divisas, falsidade
“O sistema elétrico apresenta-se estruturalmente equilibrado, em
ideológica, falsificação de documento, sonegação de contribuição
decorrência da capacidade de geração e transmissão instalada no País, que
previdenciária e operação de câmbio não autorizada. Também não serão
continua sendo ampliada com a entrada em operação de usinas, linhas e
punidos crimes de descaminho e lavagem de dinheiro quando o objeto do
subestações”, diz o relatório do grupo.
crime for bem ou valor proveniente dos delitos citados acima.
Na reunião realizada em janeiro do ano passado, a projeção do CMSE
O projeto original do governo previa um percentual de 35% sobre
para o risco de déficit de energia em 2015 nas regiões Sudeste e Centro-
o valor declarado, sendo 17,5% de multa e 17,5% de Imposto de Renda.
Oeste era de 4,9% e, na região Nordeste, de 1,2%. No ano passado, foram
Ao lançar a proposta com esses percentuais, o governo estimou que a incluídos 6.428 MW de energia nova ao Sistema Interligado Nacional,
arrecadação trazida com a repatriação ficaria entre R$ 100 bilhões e R$ acima do previsto para a expansão no ano.
150 bilhões. De acordo com o comitê, o Operador Nacional do Sistema Elétrico
Fonte: G1 - (13/01/2016) (ONS) deverá continuar acompanhando as condições hidroenergéticas
Consumo de energia no país caiu 1,8% em 2015, aponta ONS do Sistema Interligado Nacional, de modo a definir a geração térmica
O consumo de energia no país, medido pela carga de energia gerada necessária para garantia do atendimento energético do sistema.
no sistema, caiu 1,8% em 2015, segundo relatório do Operador Nacional Em agosto do ano passado, o CMSE decidiu desligar as termelétricas
do Sistema Elétrico (ONS), com a crise econômica e alta das tarifas com custo mais alto, porque não havia mais necessidade daquela
provocando alterações nos hábitos de consumo e na produção industrial. energia, devido ao aumento do volume de chuvas nos reservatórios das
De acordo com o Boletim de Carga, divulgado nesta terça-feira hidrelétricas.
(5) pelo ONS, nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Sul, que concentram Segundo a nota do Comitê, em dezembro de 2015 predominaram
maior atividade econômica, a queda foi de 3,2%. Já no Nordeste e Norte, chuvas acima da média nas bacias do subsistema Sul. No subsistema
o total de carga gerada cresceu, respectivamente, 3,2% e 1,7%. Sudeste, choveu acima da média nas bacias dos rios Paraná e
Em dezembro, porém, os valores de carga de energia no Sistema Paranapanema e abaixo da média nas bacias dos rios Tietê, Grande e
Interligado Nacional (SIN) ficaram em 65.306 megawatts médios, o que Paranaíba. As bacias dos subsistemas Nordeste e Norte apresentaram
corresponde a um recuo de apenas 0,5% frente ao mesmo mês de 2014. chuvas abaixo dos valores médios históricos.
Já na comparação com novembro, houve alta de 0,6%. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico foi criado em 2004
“Apesar do baixo desempenho da atividade econômica, diante da para acompanhar a continuidade e a segurança do suprimento de energia
demanda interna fraca causada principalmente pelo alto endividamento no País. Participam do grupo representantes de órgãos como o Ministério
das famílias, taxa de juros e de desemprego elevadas, o comportamento de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o
da carga do SIN, apresentou, em dezembro/15, um ligeiro avanço Operador Nacional do Sistema Elétrico, a Empresa de Pesquisa Energética
comparativamente aos meses anteriores, provocado pelo movimento (EPE), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
de normalização dos estoques da indústria e uma tímida melhora das (ANP) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
expectativas”, destaca o relatório. Fonte: Terra.com - (14/01/2016)

Didatismo e Conhecimento 13
ATUALIDADES
Cobrança extra na conta de energia deve cair a partir de Entre 2012 e meados de 2015, a falta de chuvas levou a uma
fevereiro forte redução no armazenamento dessas represas. E, para poupar água
O sistema de bandeiras tarifárias, que aplica uma cobrança extra das hidrelétricas, todas as termelétricas disponíveis passaram a gerar
nas contas de luz quando está mais caro produzir energia no país, terá energia.
mudanças a partir de fevereiro. As alterações foram aprovadas nesta As termelétricas, porém, produzem energia mais cara, pois
terça-feira (26) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a funcionam por meio da queima de combustíveis como óleo, gás e
principal delas é a criação de um novo patamar de cobrança. biomassa.
A decisão deve levar a um barateamento das contas de luz a partir
de 1º de fevereiro. Isso porque o valor da tarifa extra a ser paga pelos Sistema de bandeiras
consumidores (bandeira vermelha) deve cair dos atuais R$ 4,50 para Em janeiro de 2015, entrou em vigor o sistema de bandeiras. Além
R$ 3,00 a cada 100 killowatts-hora (kWh) de energia consumidos. de sinalizar ao consumidor qual o custo de produção da energia, ele
permite a cobrança automática de recursos para cobrir o aumento desses
O que muda? custos, por meio de um adicional na tarifa.
A Aneel decidiu nesta terça que, a partir de fevereiro, a bandeira Desde então, sempre vigorou a bandeira vermelha. A partir de
vermelha passará a ser dividida em dois patamares: um mais barato, janeiro de 2015, ela gerou uma cobrança extra de R$ 3. Mas logo em
com cobrança extra de R$ 3,00 para cada 100 kWh, e outro mais caro, março a Aneel reajustou o valor para R$ 5,50, devido ao aumento dos
que mantém o valor de R$ 4,50 por 100 kWh consumidos. custos no setor elétrico.
O sistema hoje tem três patamares, representados pelas bandeiras Em agosto, a bandeira vermelha caiu para R$ 4,50, já refletindo a
verde, amarela e vermelha. melhora das chuvas e da situação nos reservatórios das hidrelétricas. É
Na verde, não há custo adicional e, portanto, os consumidores não esse valor que vigora atualmente.
pagam nada a mais. Fonte: G1 - (26/01/2016)
A amarela significa que houve algum aumento no custo para gerar
energia e, a vermelha, que esse custo de produção está muito alto. INTERNACIONAL
Na decisão desta terça, a Aneel também decidiu reduzir, em 40%,
o valor da tarifa adicional da bandeira amarela: de R$ 2,50 para R$
Espanha fecha 2015 com 4,1 milhões de desempregados
1,50.
O desemprego caiu na Espanha em 2015, e o ano terminou com
4,093 milhões de pessoas paradas registradas. O resultado representa
Por que a cobrança deverá cair em fevereiro?
uma queda de 354 mil no número de desempregados no ano – o maior
O que define quando uma ou outra entra em vigor é o custo da
descenso anual de toda a série histórica que começou em 1996, informou
energia produzida pelas termelétricas (usinas movidas a combustível)
o Ministério de Emprego e Seguridade Social nesta terça-feira (5).
em operação no país. O patamar mais caro da bandeira vermelha (R$
É a terceira queda consecutiva do desemprego desde 2006, após
4,50) será aplicado se esse custo for igual ou superior a R$ 610 para
os contabilizados em 2013 e 2014, mas o ritmo de queda ser o maior
cada megawatt-hora (MWh) produzido.
deste século.
De acordo com o relator do processo na Aneel, diretor André
Pepitone, hoje a termelétrica mais cara em operação tem custo de R$ Este dado foi alcançado pela melhor evolução do desemprego em
600 para cada MWh produzido. Se essa situação continuar assim, a 2015, a que se somou a saída de 55.790 pessoas das listas de desemprego
partir de fevereiro a taxa extra a ser aplicada nas contas de luz dos em dezembro, queda que se repetiu nos últimos quatro anos.
brasileiros será a do primeiro patamar da bandeira vermelha, ou seja, A afiliação média à Seguridade Social aumentou em 2015 em
R$ 3 para cada 100 kWh. 533.186 pessoas, aumento de 3,18%, o número mais alto em um ano
Como hoje estão sendo cobrados R$ 4,50, haveria uma redução completo desde 2006 e que situa em 17.308.400 o número de pessoas
de 33% desconto do custo extra representado pelo acionamento da cotizadas.
bandeira vermelha máxima nas tarifas de energia. Em dezembro, 85.314 filiados se incorporaram à Seguridade Social
A definição da bandeira que vigorará em fevereiro no país deverá (0,5% mais), o que constitui o maior aumento da série histórica, segundo
ser anunciada oficialmente pela Aneel nos próximos dias. os dados publicados pelo Ministério.
O mês de dezembro mostrou uma dinâmica positiva na afiliação à
Bandeira amarela Seguridade Social, após assinalar que “com 2015 se fecha um ciclo de
Pela nova regra definida pela Aneel, a bandeira amarela entrará recuperação de pessoas ocupadas”.
em vigor caso as termelétricas em operação no país tenham custo de Fonte: G1 - (05/01/2016)
produção entre R$ 211,28 e R$ 422,56 para cada megawatt-hora.
A bandeira amarela ainda não vigorou no país desde o início do Vendas do comércio caem 7,8% e têm o maior recuo desde
regime de bandeiras. março de 2003
Se continuar chovendo forte – e nível dos reservatórios das As vendas do varejo brasileiro registraram em novembro o pior
principais hidrelétricas do país continuar a subir -, existe a possibilidade resultado em 12 anos. Na comparação com o mesmo mês de 2014, o
que a bandeira das contas de luz fique amarela ainda neste ano. recuo foi de 7,8%, o maior desde março de 2003, quando a retração
passou de 11%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Chuvas e termelétricas Estatística (IBGE).
Pepitone disse que as alterações no sistema de bandeiras se devem Já em relação a outubro, o comércio brasileiro mostrou sua segunda
à melhora no cenário do setor elétrico brasileiro, principalmente devido alta seguida, de 1,5%, depois de registrar resultados seguidamente
ao aumento das chuvas nos últimos meses e que vem garantindo a negativos durante o ano de 2015, que acumula baixa de 4% no volume
recuperação dos reservatórios das principais hidrelétricas do país. de vendas.

Didatismo e Conhecimento 14
ATUALIDADES
Entre todos os segmentos do comércio, os hipermercados, Os números de referência são os da cidade de Buenos Aires,
supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, cujas vendas que em 2015 teve uma inflação de 26,9% e o da província de San Luis
caíram 5,7%, pressionaram o índice geral mais do que qualquer outro, (centro-oeste), que ficou em 31,6%.
ainda que não tenha sido a maior baixa. Ambos foram estabelecidos como indicadores de referência até que
Na sequência, aparecem as quedas dos móveis e eletrodomésticos o Indec conclua a elaboração de uma nova metodologia de medição da
(-14,7%) e de tecidos, vestuário e calçados, que, ao recuarem 15,6%, evolução dos preços.
registraram a maior baixa na sua série histórica. As vendas de Em meados de janeiro, o Indec informou que a Argentina voltará
combustíveis e lubrificantes também caíram (12%), pressionando o a publicar índices como o que mede o Produto Interno Bruto (PIB) em
resultado geral do comércio. 180 dias, mas demorará pelo menos oito meses para voltar a publicar a
O único setor do varejo que mostrou crescimento foi o de artigos inflação nacional.
farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos As autoridades acreditam que o índice de pobreza deve ficar pronto
(2%). para 2017.
Apenas o comércio de Roraima mostrou aumento nas vendas, de O índice de inflação da cidade de Buenos Aires registrou um
4%. Os outros estados venderam menos. No Amapá, a retração foi de aumento de 3,9% em dezembro em relação ao mês anterior, enquanto
27,4%m em São Paulo, de 6%; no Rio Grande do Sul, de 10,9%, no que o de San Luis ficou em 6,5% no mesmo período.
Paraná, de 10%, e, em Santa Catarina, de 11,3%. Legado de Kirchner
Comparação mensal Apesar do crescimento na economia, a inflação sempre fez parte
De outubro para novembro, o que mais contribuiu para essa do jogo econômico nos 12 anos de governo de Cristina Kirchner. Altos
“recuperação” do comércio em novembro foram as vendas de móveis gastos do governo em programas de assistência social, a impressão de
e eletrodomésticos, que cresceram 6,9%, além das de outros artigos dinheiro novo e uma moeda “doente” alimentaram uma das taxas de
de uso pessoal e doméstico, que avançaram 4,1%. Segundo o IBGE, inflação mais elevadas do mundo.
esses números indicam “um movimento de antecipações de compra Em algumas ocasiões, críticos do governo, economistas
para o Natal”. independentes e organismos internacionais questionaram os dados
“Essas promoções de venda online concentradas em novembro divulgados oficialmente, indicando que eles seriam mais altos. Para
2015, por exemplo, o governo estima oficialmente que a inflação
vêm estimulando a venda de bens duráveis. Cinco das oito atividades
alcançará 14,4%, mas economistas independentes estimaram quase o
do comercio varejista apresentaram aumento. Como houve essas
dobro, de 25%.
promoções de novembro, a gente percebeu um aumento em relação
à outubro. Em novembro, o comércio já tem uma sazonalidade muito
Transição de governos
forte por causa das vendas do fim do ano e novembro concentra as
A normalização do Indec foi uma das promessas de campanha do
promoções em relação às vendas onlines”, afirmou Isabella Nunes
presidente Mauricio Macri, que assumiu em 10 de dezembro à frente de
gerente de Serviços e Comércio do IBGE.
um governo de direita.
Nesse período, também aumentaram as vendas de artigos
Ao apresentar um programa de metas em matéria econômica, o
farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
ministro apontou que, “para 2017, a inflação ficará entre 12% e 17% e,
(1,2%), de tecidos, vestuário e calçados (0,6%) e de equipamentos de para concluir, 2019 terá inflação de um dígito, de 5%”.
escritório, informática e comunicação (17,4%). Depois de acusar o governo Cristina Kirchner (2007-2015) de
As vendas no varejo aumentaram em 19 das 27 Unidades da deixar “um Estado vazio”, com um alto déficit fiscal de 5,8%, o ministro
Federação. Os melhores resultados foram registrados no Pará (3,0%) disse que a Argentina “tem oito anos de inflação acima dos 20%”.
e em Roraima (2,9%). Amapá (-2,9%) e Paraná (-1,6%) aparecem na Macri, um homem pró-mercado, anunciou que uma equipe de
outra ponta, com as maiores quedas. seis ministros e um coordenador para cuidar da economia: Fazenda e
Finanças, Produção (ex-Indústria), Infraestrutura (ex-Planejamento),
Vendas de veículos Agricultura e as novas pastas de Energia e do Transporte.
O comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, o O novo governo assumirá um país sem dívidas e com baixo
segmento de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, desemprego (5,9% no terceiro trimestre de 2015), mas com temas
recuou 13,2%, com destaque para as vendas de automóveis. No ano, as críticos como a inflação, a restrição cambial (banda cambial), a queda
vendas acumulam queda de 8,4% e, em 12 meses, de 7,8%. das reservas (abaixo de 26 bilhões de dólares) e a desconfiança nas
Já na comparação mensal, o comércio varejista ampliado estatísticas oficiais.
cresceu 0,5%, com pressão positiva partindo das vendas de veículos, Fonte: G1 - (25/01/2016)
motos, partes e peças, que cresceram 1,2%. De acordo com o IBGE,
o desempenho do segmento de material de construção também Argentina admite déficit de 7%, o mais alto em 40 anos
contribuiu para o resultado positivo do varejo ampliado, uma vez que O Governo de Mauricio Macri tem como primeira tarefa, segundo
cresceu 0,6%. insiste o presidente, elucidar todos os problemas deixados pelo
Fonte: G1 - (13/01/2016) kirchnerismo. A herança recebida pelos anos de gestão de Cristina
Kirchner domina todos os discursos. A guerra com os fundos abutres é
Inflação na Argentina ficou em torno de 30% em 2015, diz um dos desafios mais complexos. As negociações formais acabam de ter
índice regional início em Nova York depois de dois anos de impasse total. Mas, antes
A inflação de 2015 na Argentina ficou em torno de 30%, segundo disso, o Governo decidiu divulgar oficialmente os dados dessa herança,
índices regionais de referência divulgados nesta segunda-feira (25) no em especial o déficit público: 7%, “o maior dos últimos 40 anos”,
Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), à espera de um segundo o ministro da Economia, Alfonso Prat Gay, que apresentou o
indicador único cuja elaboração demorará pelo menos oito meses. número em detalhes nesta quarta-feira.

Didatismo e Conhecimento 15
ATUALIDADES
O déficit primário é, na verdade, de 5,8%, mas a equipe econômica Qualquer acordo será visto pelo kirchnerismo como uma cessão aos
de Macri somou a isso os compromissos assumidos nos últimos meses fundos abutres, embora Macri acredite que, nessas semanas, até que
do Governo kirchnerista. Ao mesmo tempo, Macri está diminuindo comecem as primeiras sessões parlamentares, em março, a oposição
os impostos, a um custo anual de 100 bilhões de pesos (cerca de 28 peronista se divida, como já tem acontecido, entre kirchneristas e
bilhões de reais), razão pela qual o ministro afirma que o objetivo peronistas mais moderados, com os quais talvez se possa contar para
de reduzir esse enorme déficit é de apenas um ponto percentual no aprovar um acordo que ajude a solucionar o impasse.
primeiro ano do novo Governo (2016) e zerá-lo em quatro anos. Como Fonte: El País Brasil - (14/01/2016)
se fará isso? O Governo insiste em afirmar que não haverá cortes
em programas sociais, e anuncia que a fórmula inicial consistirá em Economia venezuelana está ‘implodindo’, diz diretor do FMI
eliminar os subsídios para eletricidade e gás “dos 30% mais ricos da O diretor do FMI para o hemisfério ocidental, Alejandro Werner,
sociedade”. Na Argentina, há subsídios globais para a energia, mas afirmou que a economia da Venezuela está “implodindo” e minimizou
eliminá-los totalmente implicaria um disparo na inflação e uma queda a importância da possibilidade de o país sul-americano declarar
no poder aquisitivo de uma parcela importante da sociedade. moratória da sua dívida.
Prat-Gay admite que o grande problema da Argentina é a inflação, A declaração foi feita por Werner nesta terça-feira (26), em Nova
que chegou até mesmo a aumentar com a chegada de Macri e já está York, onde ele apresentou sua visão da economia da América Latina,
em cerca de 30%. O Governo pressiona os empresários para que em um debate organizado pela American Society e o Conselho das
deixem de aumentar os preços e afirma que tem conseguido alguns Américas.
avanços, embora haja um profundo mal-estar dentro do macrismo Segundo ele, a economia venezuelana “está implodindo” pelo
com o empresariado, que aplicou rapidamente grandes aumentos efeito “terrível” da situação que o país está atravessando e pela
para garantir os seus resultados. Quem se aproxima de qualquer dimensão social da crise. Entre os problemas econômicos que a
supermercado de Buenos Aires encontra preços até mais elevados do Venezuela está atravessando está a queda nos preços internacionais do
que na Europa no caso de produtos de baixa qualidade, já que ninguém petróleo, principal fonte de receitas do país.
parece conseguir conter essa escalada. O diretor do FMI disse que as estimativas indicam que a Venezuela
É uma espécie de sina argentina, e Macri promete reduzi-la aos teve uma contração de 10% na atividade econômica e uma inflação de
poucos até que chegue a 5% em 2019, algo que, neste momento, 200% em 2015. Para 2016, a previsão é de queda de 8% no PIB e de
parece impensável. “Aquele que definir um preço acima da tabela que 700% de alta nos preços.
nós definimos para a inflação acaba se isolando, perde clientes, vende Moratória
menos e pode ter menos empregados”, afirmou Prat-Gay, em um Ao ser perguntado se a crise poderia levar a Venezuela a decretar
recado aos empresários e aos sindicatos, que agora terão de negociar uma moratória da dívida, Werner lembrou que o governo de Caracas
os aumentos salariais deste ano. “demonstrou claramente sua vontade de pagar”.
O Governo definiu como meta para este ano uma inflação entre O diretor do FMI disse que esse pode ser um tema importante
20% e 25%. Trata-se de um sinal para que as negociações salariais para os credores da dívida soberana venezuelana e de suas empresas
considerem esse teto, mas já há sindicatos que estão falando em públicas, mas “a verdadeira questão é como regular a economia da
reajustas de 35% ou até 40%, algo impensável em outros países Venezuela”.
mas comum na Argentina nos últimos anos. O país acumula 8 anos O economista disse que isso não seria uma surpresa nem
com uma inflação acima de 20%, um caso quase único no mundo e representaria um choque se o país decretasse moratória, mas insistiu
que na América Latina só fica abaixo da Venezuela. No momento, o que a Venezuela “não está enfrentando uma crise externa” e mantém
Governo de Macri atribui isso tudo –inclusive algumas demissões que
seu déficit em conta corrente controlado.
estão em curso em empresas privadas– à herança recebida, mas esse
Para Werner, é necessário que a Venezuela “faça um ajuste do
combustível logo se esgotará.
setor público”, levando em conta a “enorme” queda de suas receitas, e
Prat-Gay também comentou o início das negociações com os
tente “restabelecer uma economia de mercado”.
fundos abutres. O ministro explicou, com transparência, que este
Fonte: G1- (27/01/2016)
problema, que em princípio parecia pequeno –2,9 bilhões de dólares
sobre uma dívida de 100 bilhões de dólares– e que o Governo dos
Brasil não voltará a crescer sem recuperação de vizinhos, diz
Kirchner conseguiu renegociar, tornou-se um drama que bloqueia
Dilma
toda a economia argentina, já que ninguém se propõe a emprestar
A presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não voltará
dinheiro para o país. “Isso faz parte da herança recebida. A Argentina
a crescer se os demais países da América Latina também não se
está em default desde 2001. Esse problema precisa ser resolvido. O
lixo não foi produzido por nós, mas não temos nenhum problema recuperarem. A declaração foi dada nesta terça-feira (26) em Quito, no
de limpá-lo. O fato de não se ter resolvido isso custou caro demais Equador, onde a presidente participa da Cúpula da Comunidade dos
para a Argentina. Dos 2,9 bilhões, somando-se o me too (eu também), Estados Latino-Americanos e Caribe (Celac).
passamos a 9,8 bilhões. O fato de lavar as mãos nos custou 6 bilhões “Nós temos muita consciência de que o Brasil não retoma a sua
de dólares. Se somarmos a isso os fundos europeus, chegaremos a 10 capacidade de crescer (...) Sem o crescimento dos demais países da
bilhões de dólares. Vamos resolver tudo isso da forma mais rápida e América Latina. Sem que os demais países da América Latina tenham
justa possível”. também condições de se recuperar”, disse a presidente.
O problema, para Macri, é que qualquer acordo terá de passar pelo Ela afirmou ainda que os países latino americanos enfrentam
Congresso, onde ele não tem a maioria e onde há muita tensão em cima “uma situação bastante adversa no cenário internacional”, com queda
desse tema, que se tornou um dos eixos da política kirchnerista, que no preço do petróleo e das demais commodities e desaceleração do
conseguiu desendividar a Argentina mas sem pagar os fundos abutres. crescimento da economia chinesa.

Didatismo e Conhecimento 16
ATUALIDADES
“Isso provocou uma forte valorização do dólar, que afeta as nossas O presidente francês anunciou um plano de emergência a favor do
economias. Nós tivemos uma desvalorização muito significativa”, emprego num valor de mais de “dois bilhões de euros”, financiados por
disse a presidente. “Na metade do meu primeiro governo, o dólar cortes orçamentários e sem aumento de impostos.
estava um para 1,5 real. Hoje está um dólar para 4 reais.” — Estes dois bilhões de euros serão financiados sem taxas
Segundo a presidente, é “fundamental” construir uma cooperação suplementares de nenhum tipo, ou seja, serão financiados por economias
entre os países, “principalmente nesse momento de crise”. “Ela já é — disse Hollande ao apresentar uma série de medidas para lutar contra
fundamental nos momentos em que todos nós crescíamos, agora ela o desemprego, que afeta mais de três milhões e meio de pessoas na
é fundamental justamente porque nós sairemos dessa situação em França.
conjunto”. As primeiras medidas propostas são relativamente modestas e
Laços bilaterais e linhas de crédito Hollande afirmou que elas não “colocarão em risco” a jornada de
Ao chegar em Quito, Dilma foi recebida pelo presidente trabalho de 35 horas.
equatoriano, Rafael Correa, no Palácio Carondelet, sede do governo. Hollande insistiu na urgência e atualizar o modelo de trabalho da
Após o encontro, estava programada a chamada reunião ampliada, França com uma economia em um rápido movimento, cada vez mais
da qual participariam ministros dos dois governos, e na sequência os globalizada e digital.
presidentes dos dois países teriam um jantar. As ações que anunciou incluem flexibilizar algumas medidas
Segundo a agência France Presse, na a conversa os presidentes favoráveis aos empregados para estimular as empresas a contratar, e a
concordaram em impulsionar os laços bilaterais e alavancar linhas capacitação de meio milhão de trabalhadores.
de crédito brasileiro para o país equatoriano. Correa garantiu que Fonte: O Globo - (18/01/2016)
ambos combinaram resolver os obstáculos ao acesso de produtos
equatorianos, como a banana, o camarão, ou o atum para o Brasil, um PIB da China cresce 6,9% em 2015
dos três países com os quais o Equador tem maior déficit comercial. O Produto Interno Bruto (PIB) da China teve crescimento de 6,9%
As equipes de trabalho de ambos os governos se reunirão na em 2015, o mais baixo desde 1990, segundo os dados oficiais divulgados
primeira semana de março para buscar soluções para esses problemas, nesta terça-feira (19) Escritório Nacional de Estatísticas em Pequim.
explicou Correa. A presidente Dilma afirmou que, na reunião, também A segunda maior economia do mundo, acostumada com crescimentos
se acertou a fortalecer “os investimentos de empresas brasileiras no acima dos dois dígitos nas últimas décadas, cresceu 6,8% no quarto
Equador, em especial em infraestrutura”. trimestre de 2015 no comparativo com o mesmo período de 2014.
Segundo o presidente equatoriano, nesse encontro de março, No ano passado, o PIB chinês continuou sua tendência de
poderão ser concedidas novas linhas de crédito do Brasil ao país. desaceleração progressiva, com avanços trimestrais de 7%, no primeiro e
Porém, Correa não deu mais detalhes. “Se tivéssemos financiamento, segundo trimestres; 6,9%, no terceiro, e 6,8% no último. O crescimento
poderíamos importar certas coisas. O que eu mais gostaria é que se de 6,8% no quarto trimestre do ano passado foi o mais baixo em um
importassem bens de capital (...) como ônibus e caminhões do Brasil”, período de três meses desde a explosão da crise financeira mundial em
garantiu. 2008.
Correa e Dilma Rousseff também conversaram sobre “um “A economia alcançou um crescimento moderado, porém estável e
sonho compartilhado, no qual nos atrasamos”, em referência ao eixo sólido”, afirmou o Escritório Nacional de Estatísticas em comunicado.
multimodal Manta (Equador)-Manaus (Brasil). Por esta via alternativa No ano passado, o Produto Interno Bruto da China totalizou 67,67
terrestre e fluvial, “o Brasil teria acesso para a costa do Pacífico, sem ter trilhões de iuanes (US$ 10,33 trilhões).
de passar pelo canal do Panamá”, completou o presidente equatoriano. O setor de serviços foi responsável por 50,5% do PIB chinês no ano
passado (48,1% em 2014), segundo o governo, seguindo a tendência de
Celac crescimento registrada ao longo dos últimos 20 anos. O resultado atende
Nesta quarta, Dilma participará, ao lado de outros chefes de à proposta da China de depender menos das exportações e da indústria, e
Estado e de governo, da cúpula da Celac. Na reunião, a presidência mais dos serviços e do consumo interno.
do grupo será transferida do Equador para a República Dominicana. A produção industrial chinesa avançou 5,9% em ritmo anual em
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o objetivo do encontro dezembro, contra 6,2% em novembro, uma queda superior à esperada
em Quito é estabelecer as diretrizes para a continuidade das atividades pelos analistas. As vendas no varejo – barômetro crucial do consumo
de articulação política, cooperação setorial e relacionamento externo interno – perderam força no mês passado, mas avançaram 11,1% em
da comunidade. um ano.
Esta é a primeira viagem internacional de Dilma neste ano.
Enquanto estiver no exterior, o vice-presidente Michel Temer exercerá Expectativa e mercados
a Presidência da República de forma interina. Ela volta a Brasília na O número ficou um pouco abaixo da expectativa inicial do primeiro-
noite desta quarta-feira (27). ministro, que havia informado que o resultado seria de 7%, e caiu 0,4%
Fonte: G1 - (27/01/2016) em relação a 2014, quando o país fechou o ano com crescimento de 7,3%.
O crescimento do PIB ficou próximo da meta de 7% estabelecida
Hollande declara estado de emergência econômica na França pelo governo chinês, que para os próximos cinco anos tem como objetivo
O presidente François Hollande declarou nesta segunda-feira que um crescimento mínimo anual de 6,5%. A previsão do Fundo Monetário
o país está em “um estado de emergência econômica” e disse que é Internacional (FMI) era de crescimento do PIB chinês de 6,8% no ano
hora de redefinir o modelo econômico e social do país. passado e de 6,3% este ano.
O mandatário anunciou uma série de propostas econômicas em A desaceleração do PIB da China, que vem diminuindo seu
um discurso anual ante líderes empresariais para reduzir o desemprego ritmo de crescimento, tem preocupado mercados em todo o mundo,
e impulsionar o crescimento francês. especialmente de países que exportam para o gigante asiático.

Didatismo e Conhecimento 17
ATUALIDADES
O Brasil faz parte desse grupo. Em 2015, 18% de todas as Cidades mais violentas no Brasil*:
exportações do país foram para a China. Nos últimos 5 anos, foram 12º Fortaleza - 60,77
US$ 238 bilhões em exportações do Brasil para o país asiático, 13º Natal – 60,66
segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e 14º Salvador (e Região Metropolitana) – 60,63
Comércio Exterior. 16º João Pessoa – 58,40
Nas primeiras semanas de 2016, preocupações sobre a saúde da 18º Maceió – 55,63
economia da China derrubaram os mercados no mundo inteiro. Dados 21º São Luís – 53,05
mais fracos que o esperado sobre a indústria chinesa derrubaram a 22º Cuiabá – 48,52
bolsa de Shangai, arrastando os mercados na Europa e nos Estados 23º Manaus – 47,87
Unidos. No Brasil, a Bovespa também foi afetada pelos temores 26 Belém – 45,83
externos. 27º Feira de Santana (BA) – 45,50
Fonte: G1 - (19/01/2016) 29º Goiânia (e Aparecida de Goiânia) – 43,38
30º Teresina – 42,64
CULTURA E SOCIEDADE 31º Vitória – 41,99
36º Vitória da Conquista (BA) – 38,46
VIOLÊNCIA 37º Recife – 38,12
38º Aracaju – 37,70
Brasil piora em ranking e tem 21 das 50 cidades mais violentas 39º Campos dos Goytacazes (RJ) – 36,16
do mundo 40º Campina Grande (PB) – 36,04
Em dois anos, o Brasil passou a ter cinco cidades a mais na lista 43 Porto Alegre – 34,73
das 50 mais violentas do mundo, divulgada pela ONG mexicana 44º Curitiba – 34,71
Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal nesta 48º Macapá – 30,25
segunda-feira (25). O país aparece agora com 21 cidades na lista. Em *taxa por cada 100 mil habitantes
2014, 16 cidades brasileiras faziam parte da lista mundial. Fonte: Uol Notícias - (25/01/2016)
O ranking apontou Caracas, capital da Venezuela, como a cidade
mais violenta do mundo. Fortaleza, que ficou na 12ª colocação geral,
As injustiças da Justiça Brasileira
foi a líder em mortes violentas no Brasil.
A ausência de dados oficiais sobre as prisões provocadas por erros
O destaque negativo no país é a região Nordeste, que aparece com
dos agentes públicos é um indício da invisibilidade dessas “vítimas”
um quarto dos municípios mais violentos do planeta.
do sistema penal: órgão do Ministério da Justiça, o Departamento
Para fazer o cálculo do ranking, a entidade usa a taxa de número
Penitenciário Nacional (Depen) diz não contar com estudos a respeito
de homicídios por cada 100 mil habitantes. A pesquisa avalia apenas
de condenados injustamente e sugere uma consulta aos bancos de
os municípios com mais de 300 mil habitantes.
dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); já o CNJ afirma não
acompanhar esses casos e sugere que o Depen seja procurado. Pesquisas
Mudanças
independentes, no entanto, mostram a gravidade das prisões injustas
No levantamento de 2014, Maceió era a líder nacional. A capital
alagoana agora é a quinta menos segura do país. no Brasil. Em 2013, só no Rio, 772 foram presos, supostamente em
Belo Horizonte foi a única cidade nacional a deixar a lista de flagrante, para depois serem absolvidos. O levantamento foi realizado
2014. A outra diferença positiva é que, em 2014, o Brasil tinha três das pelo Instituto Sou da Paz em parceria com o Centro de Estudos de
10 mais violentas, e agora nenhuma aparece nesta faixa. Segurança e Cidadania (CESeC), da Universidade Cândido Mendes.
Na lista divulgada nesta segunda, Fortaleza aparece com taxa O número, que inclui pessoas inocentadas e liberadas por falta de
de homicídio de 60,77 - praticamente a mesma de Natal (60,66) e da provas, corresponde a cerca de 10% dos 7.734 flagrantes na cidade
Grande Salvador (60,63). durante o ano.
A região Nordeste, por sinal, é a que tem mais cidades no ranking — Isso mostra a triste realidade do sistema de Justiça criminal
–além das nove capitais, completam a lista Campina Grande (PB) e no Brasil — critica Ivan Marques, diretor do Instituto Sou da Paz:
Feira de Santana e Vitória da Conquista (ambas na Bahia). Em 2014, — Nossos juízes e policiais têm uma ânsia de encarcerar as pessoas.
eram nove cidades nordestinas na lista: Teresina, Feira de Santana e Os erros cometidos não são poucos. Há casos de gente presa
Vitória da Conquista não estavam. provisoriamente por mais de cem dias e que depois é absolvida. É um
No ranking mundial, a capital venezuelana (com taxa de 119,8 absurdo do ponto de vista público, pelo valor gasto pelo Estado em
assassinatos por cada 100 mil habitantes) tomou o lugar de San Pedro prisões, e um fracasso do ponto de vista humano.
Sula, em Honduras, que liderava o ranking desde 2012 e, agora, tem
índice de 111,03 mortes por 100 mil pessoas. Assassinato cometido por homônimo
O relatório cita que, apesar de o Brasil ser o país com mais cidades Era apenas uma coincidência de um nome em comum, mas erros e
na lista, as taxas das oito da Venezuela chamaram mais a atenção. “O mais erros da Justiça brasileira transformaram a vida do pernambucano
nível de violência nas cidades de 300.000 ou mais habitantes é maior Marcos Mariano da Silva. Em 1976, o então mecânico e motorista
na Venezuela. No Brasil, a taxa média foi de 45,55 homicídios por 100 foi preso por um assassinato cometido por um homônimo na mesma
mil habitantes, enquanto isso na Venezuela foi 74,65”, destaca José cidade em que morava, Cabo de Santo Agostinho (PE). Condenado,
Antonio Ortega Sánchez, presidente da ONG mexicana. passou seis anos encarcerado, até o verdadeiro criminoso ser detido
Além dos municípios do Brasil e da Venezuela, completam a por outro delito. Marcos, então, foi solto, mas seu martírio ainda não
lista cinco cidades do México, quatro da África do Sul e dos Estados havia se encerrado. Três anos depois, ele foi parado numa blitz e
Unidos, três da Colômbia e duas de Honduras. reconhecido por policiais que sabiam da primeira acusação, mas não

Didatismo e Conhecimento 18
ATUALIDADES
de sua inocência. O juiz que cuidou dessa nova prisão tampouco se “Estamos na idade média”
preocupou em ler seu processo e o mandou de volta para o presídio, Mais do que um erro pontual, casos de prisões injustas costumam
onde permaneceu até 1998. Nesse período, contraiu tuberculose e ficou ser fruto de equívocos em série. Os suspeitos são reconhecidos a partir
cego, até mais uma vez ser solto pelo reconhecimento do equívoco. No de fotos; policiais muitas vezes são as únicas testemunhas de um
total, Marcos passou 19 anos preso e, depois, iniciou uma nova luta crime; e há uma carência do uso de tecnologia nas investigações. Por
por reparação. Em 2011, no dia em que o Superior Tribunal de Justiça exemplo, uma cena extremamente comum em filmes e séries é pouco
(STJ) decidiu pelo pagamento de uma indenização de R$ 2 milhões, disseminada no Brasil: a coleta de impressões digitais no local de um
Marcos sofreu um infarto e morreu. crime.
— Estamos na Idade Média — afirma Fábio Tofic, vice-presidente
HIV contraído na prisão do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD): — Em crimes de
Para Héberson Lima, de 34 anos, o tempo em que esteve na prisão homicídio, as principais provas são depoimentos e, algumas vezes,
levou não apenas dois anos e sete meses, mas também tomou dele uma mal-ajambrada confissão do réu. Os exames necroscópicos
trabalho, saúde, a família e a vontade de viver. O então auxiliar de normalmente ajudam a explicar algumas coisas, mas não trazem
serviços foi preso em 2003, ao ser acusado por um vizinho de estuprar certeza sobre a autoria. Nas melhores hipóteses, consegue-se um
uma criança de 9 anos em Manaus. No cárcere, ele foi violentado e confronto entre a arma encontrada com o réu e o exame balístico.
adquiriu HIV. O caso mudou de rumo apenas quando a defensora Além disso, há a questão da preservação da prova ao longo da sua
pública Ilmair Faria Siqueira constatou que, embora a vítima tivesse movimentação. Algumas vezes as provas são esquecidas anos em um
reconhecido Héberson, as feições descritas pela menina não coincidiam saquinho plástico guardado num armário de delegacia.
com a do acusado. Segundo seu relato inicial, o verdadeiro autor do Para o juiz Fábio Uchôa, titular do 1º Tribunal do Júri do Rio
crime era banguela, alto e “aloirado”, um perfil que definitivamente de Janeiro, no entanto, os equívocos cometidos pelo Judiciário
não era o de Héberson. correspondem a exceções. Ele afirma que o número de casos desse
— Quando o promotor viu o resultado da perícia sobre as tipo não é significativo.
características físicas, não teve opção, a não ser a absolvição — relata — Os erros são pouquíssimos, se considerarmos o universo de
a defensora.
pessoas julgadas. O número é até não considerável. Claro que o ideal
Uma década após ser solto, o amazonense ainda tenta que os
é que não haja erro algum, mas qualquer obra humana está sujeita a
danos que sofreu sejam reparados. Depois da prisão, ele perdeu o
erros — avalia o magistrado: — Acho que a Justiça criminal brasileira
emprego, separou-se da mulher e teve de se submeter a tratamento
atende bem à sua finalidade.
para o HIV. Entre idas e vindas de processos pedindo indenização,
ele agora aguarda o desfecho de ação em que solicita R$ 150 mil do
Nos EUA, 1731 pessoas soltas desde 1989
Estado em favor dos dois filhos, de 13 e 15 anos.
A série “Making a murderer”, exibida desde dezembro no Netflix,
— A prisão só me trouxe desgraça. Ficávamos amontoados, e os
acompanha a história de Steven Avery, um americano de 53 anos que
presos se maltratavam. Eu achava que ia sair, mas passou o primeiro
ficou preso entre 1985 e 2003 por uma condenação de estupro. Depois
ano, o segundo ano, e eu fiquei esperando. Pensei em suicídio —
lembra Héberson: — Hoje, sou doente e não tenho vontade de viver. de 18 anos, contudo, um exame de DNA comprovou que Avery não foi
Trabalho fazendo bico, um pouco aqui e ali. Mas nem esforço físico o autor do crime, e ele foi solto.
eu posso fazer. O antigo drama do americano já justificaria a grande repercussão
Ao ser questionado sobre a expectativa em ainda receber da série, mas houve um novo desdobramento que tornou sua história
ressarcimento pela prisão, ele dispara: ainda mais cinematográfica — e trágica. Em 2005, enquanto movia um
— A esperança é a última que morre, mas tomara que eu não processo contra a polícia e a promotoria responsáveis por sua prisão,
morra antes dela. Avery foi acusado de um novo crime, o assassinato de uma fotógrafa.
Dois anos depois, acabou condenado à prisão perpétua. Hoje, está num
Menina presa com vinte homens presídio de segurança máxima no estado de Wisconsin.
Este ano, espera-se que uma jovem receba uma indenização de Em “Making a murderer”, as diretoras Laura Ricciardi e Moira
R$ 85 mil por outro descaso da Justiça. Em 2007, quando tinha 15 Demos montaram um quebra-cabeças com entrevistas, análises de
anos, ela foi levada por furto de um celular para uma delegacia de peritos e material de arquivo para sustentar a inocência de Avery. Elas
Abaetetuba, no interior do Pará. Tanto o delegado quanto a juíza que levantam dúvidas sobre o procedimento da Justiça e argumentam que
analisaram seu caso tiveram certeza se tratar de um rapaz e a deixaram ele foi perseguido pelas autoridades locais desde a década de 1980.
por mais de um mês numa cela com 20 homens. A adolescente foi De fato, a única certeza é que a série provocou um grande debate nos
estuprada seguidamente, até a OAB do Pará ter ciência do caso. EUA, com gente defendendo sua soltura com a mesma gana com que
Hoje, ela vive em outra cidade, com uma nova identidade fornecida outros querem mandá-lo para a forca.
pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados A história de Avery também aumentou o debate sobre injustiças
de Morte. A história de Abaetetuba levou organizações de direitos nas condenações nos EUA. A Escola de Direito da Universidade de
humanos a buscarem e descobrirem outros casos semelhantes no Pará. Michigan mantém o projeto Registro Nacional de Exonerações, em
— Na época, um jogava a responsabilidade para o outro. O que mapeia casos de liberações por erros da Justiça americana. Desde
delegado dizia que tinham informado a juíza, mas a juíza dizia que não 1989, foram 1.731 pessoas soltas. O último, Ben Baker, deixou a
foi informada de que era uma menina — afirma Celina Bentes Hamoy, prisão há 12 dias depois de cumprir dez de 18 anos de uma sentença
advogada do Centro de Defesa da Criança que defendeu a adolescente: por porte de cocaína e heroína em Chicago. Ele foi solto porque ficou
— Quatro delegados foram denunciados e condenados por tortura e comprovado que o policial que o investigou forjava provas contra
por omissão. Mas nunca foram presos, aguardam recurso. Já a juíza suspeitos que se negavam a pagar suborno.
ficou três anos afastada, mas depois foi reconduzida ao cargo. Fonte: O Globo - (26/01/2016)

Didatismo e Conhecimento 19
ATUALIDADES
LITERATURA A ministra alemã da Educação, Johanna Wanka, e a Federação
Alemã de Professores defendem o uso da edição comentada nas
Acordo ortográfico entra em vigor escolas. “A manipulação profissional de fragmentos em sala de aula
Depois de um período de seis anos de transição, o acordo ortográfico pode ser uma contribuição importante para imunizar os jovens contra
assinado com sete países de língua portuguesa entrou oficialmente em o extremismo político”, diz o diretor da federação, Josef Kraus.
vigor no Brasil. “Ninguém pode prever os efeitos que terá”
Algumas palavras perderam o acento, outras se separaram ou se No entanto, também há vozes críticas à republicação, como é o
uniram. As mudanças do novo acordo ortográfico começaram em 2008, caso de Charlotte Knobloch, presidente da comunidade judaica de
mas só agora se tornaram obrigatórias. Se engana quem pensa que elas Munique. “O livro é uma caixa de Pandora”, define. “Ninguém pode
vieram para complicar mais a língua. prever os efeitos que terá.”
“Na verdade é para facilitar a comunicação entre os países lusófonos, No exterior, não existem preocupações desse tipo. Cópias
os países que falam língua portuguesa, como o Brasil, Portugal, Guiné traduzidas do manifesto hitlerista já foram lançadas e vendidas em
Bissal, Moçambique e outros”, explica Rodrigo Fonseca, professor de quase todos os idiomas – à revelia da propriedade do estado alemão da
Português. Baviera. É possível encontrar Minha Luta até mesmo em livrarias de
O alfabeto também ficou maior. “Agora, além do K, temos também o Israel, tanto em alemão quanto em hebraico.
Y e o W, devido à formação das palavras, as palavras de origem indígena”, Na Turquia, por exemplo, o livro, classificado como “um clássico
explica o professor. da literatura mundial antimarxista”, alcançou o quarto lugar da lista
Ao todo, menos de um por cento das palavras no Brasil vão mudar, dos mais vendidos no país em 2005.
mas são muitas novas regras, e é bom a gente ficar atento: documentos No Brasil, a última versão foi lançada em 2005 pela editora
oficiais, provas, para eles, agora, só vale o novo acordo. Centauro, de São Paulo. Com uma tiragem de 2 mil exemplares, ela
Fonte: G1 - (05/01/2016) gerou processos judiciais contra a empresa.
Fonte: Deutsche Welle Brasil - (08/01/2016)
Edição comentada de “Minha luta” chega às livrarias da
Alemanha
CINEMA
O livro mais controverso da história alemã, Minha luta (Mein
Kampf), de Adolf Hitler, volta a ser publicado nesta sexta-feira (08/01)
Globo de Ouro 2016: ‘O regresso’ é o grande vencedor da
na Alemanha, 70 anos após a morte do ditador, em uma edição crítica
premiação
comentada que já provoca controvérsia.
O Globo de Ouro fez valer sua tradição de premiação que foge
A nova edição está sendo lançada pelo Instituto de História
do comum neste domingo (10). Entre um início cheio de surpresas
Contemporânea (IfZ, na sigla em alemão), baseado em Munique, após
e um final que seguiu mais os favoritos, o evento da Associação da
um minucioso trabalho de análise realizado por historiadores desde 2009.
Imprensa Estrangeira em Hollywood escolheu “O regresso” como o
A primeira tiragem é de 4 mil exemplares, mas, segundo a editora, mesmo
grande campeão da noite nos cinemas e “Mr. Robot” e “Mozart in the
antes da publicação 15 mil pedidos antecipados haviam sido feitos.
Após a Segunda Guerra Mundial, o governo dos EUA passou jungle” como as séries do ano.
os direitos da obra ao estado alemão da Baviera, o qual proibia novas “O regresso” foi o longa com o maior número de troféus,
impressões na Alemanha. No país, os direitos autorais expiram 70 anos escolhido nas categorias de melhor diretor (Alejandro G. Inárritu),
após a morte do autor, e, no caso de Hitler, isso aconteceu no dia 1° de melhor ator (Leonardo DiCaprio) e melhor filme dramático.
janeiro, quando o livro caiu em domínio público. Entretanto, os secretários “Perdido em Marte” conseguiu duas vitórias nas categorias
de Justiça dos 16 estados alemães decidiram que a publicação de cópias principais, mas não concorreu diretamente com os maiores favoritos.
não comentadas de Minha luta continua proibida. O longa de Ridley Scott levou os prêmios de melhor ator (Matt
Editada em dois volumes, a versão comentada tem cerca de 2 mil Damon) e melhor filme de comédia ou musical (o próprio cineasta
páginas, quase o dobro do original, incluindo introdução, índice e cerca estranhou a categorização ao subir ao palco -- “Comédia?”).
de 3.500 comentários de estudiosos criticando, explicando e refutando a “Steve Jobs” também levou dois Globos de Ouro. A história do
ideologia do ditador nazista. criador da Apple foi escolhida como melhor roteiro, e a atuação de
O trabalho pretende “desconstruir e contextualizar o que Hitler Kate Winslet lembrada como melhor atriz coadjuvante.
escreveu”. Com preço de 59 euros, a edição, segundo os editores, analisa “O quarto de Jack” e “Joy: o nome do sucesso” ganharam seus
questões históricas, entre elas, sobre como Hitler concebia suas teses, prêmios na força de suas protagonistas. Brie Larson, estrela da história
que objetivos ele tinha e, conforme ressalta do IfZ, “o mais importante: sobre uma mãe que cria o filho em um cativeiro após ser sequestrada,
que contra-argumentos temos, dado nosso conhecimento atual sobre as foi escolhida melhor atriz em filme dramático. Já Jennifer Lawrence
propostas, mentiras e alegações de Hitler”. ganhou seu terceiro Globo de Ouro, desta vez como melhor atriz em
O diretor do projeto, Christian Hartmann, explica que a edição filme de comédia ou musical.
comentada explica aspectos importantes de um livro que, embora Um dos grandes momentos da noite foi a vitória de Sylvester
proibido, sempre circulou livremente pelo mundo. Stallone na categoria de melhor ator coadjuvante em um longa
“O livro sempre existiu. Na verdade, sempre houve formas de metragem por sua participação em “Creed: nascido para lutar”. O ator
obtê-lo. Ele pode ser encontrado em sebos ou na internet. Os direitos de recebeu uma ovação de pé dos convidados da premiação.
tradução para o inglês foram vendidos em 1933, e o livro é traduzido em Entre os esquecidos o mais notável é o caso de “Carol”. Com
muitas línguas”, observa. “Comparo nosso trabalho com o de especialistas cinco indicações, o filme estrelado por Cate Blanchett e Rooney Mara
em desativar bombas. Também somos, de alguma forma, desativadores (duas favoritas na categoria de melhor atriz dramática) ficou sem
de bombas, que fazem com que os vestígios da era nazista passem a troféus. “Spotlight - segredos revelados”, indicado em três categorias,
ser inofensivos.” também não foi lembrado.

Didatismo e Conhecimento 20
ATUALIDADES
A cerimônia da 73ª edição do Globo de Ouro é uma das principais desarmonia racial e religiosa e esta não é a Hollywood que eu pretendo
premiações de Hollywood anteriores ao Oscar. Na próxima terça-feira deixar para trás. Estamos todos nisso juntos. Temos que perceber e
(12) conheceremos os indicados ao prêmio do Sindicato dos Diretores temos que consertar isso.”
e, na quinta-feira (14), ficaremos sabendo quem concorre ao prêmio O boicote de Smith ao Oscar não será o primeiro dele em uma
da Academia. premiação. Em 1989, ele se juntou a DJ Jazzy Jeff, LL Cool J e Salt-n-
Pepa ao declinar ir ao Grammy depois de ser anunciado que a primeira
Telinha Melhor Performance de Rap não seria televisionada. Smith e Jazzy Jeff
Entre as séries indicadas, as grandes vencedoras da noite foram acabaram ganhando o prêmio por “Parents Just Don’t Understand”.
“Mr. Robot”, ganhadora nas categorias de melhor série dramática e Fonte: Revista Rolling Stone - (21/01/2016)
de melhor ator coadjuvante (Chris Slater), e “Mozart in the jungle”,
escolhida como melhor série de comédia ou musical e melhor ator em Oscar: Academia diz que vai aumentar diversidade de seus
série de comédia ou musical (Gael García Bernal). integrantes
Jon Hamm acabou confirmando a previsão de Wagner Moura no A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável
tapete vermelho e recebeu o Globo de Ouro de melhor ator em série pelos indicados e vencedores do Oscar, anunciou mudanças em
dramática por sua atuação como Don Draper na temporada final de seus membros, após receber críticas sobre os indicados ao prêmio.
“Mad Man”. Pelo segundo ano seguido, não há negros entre os 20 indicados por
Com isso, o ator brasileiro não ganhou um troféu, mas antes da atuações, o que gerou declarações polêmicas e até mesmo boicotes à
premiação já havia afirmado que estar ali “já é bom demais”. Veja cerimônia.
entrevista com o ator. “Em uma votação unânime nesta quinta-feira, o Conselho de
Nas categorias de atuação feminina, quatro surpresas. Taraji Governadores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas
P. Henson ganhou como melhor atriz em série dramática por sua aprovou uma série abrangente de alterações substanciais destinadas
performance em “Empire”. Em comédia, a escolhida foi Rachel a tornar a adesão da Academia, seus órgãos sociais e seus membros
Bloom, da série estreante “Crazy ex-girlfriend”. Entre minisséries votantes significativamente mais diversificados. O objetivo do
ou filmes feitos para TV, a cantora Lady Gaga foi a melhor atriz por Conselho é se comprometer a duplicar o número de mulheres e
integrantes com diversidade da Academia até 2020”.
sua participação em “American horror story”. Fechando a quadra de
“A Academia vai liderar e não vai esperar que a indústria se
azarões, Maura Tierney, de “The affair”, foi a melhor atriz coadjuvante.
recupere sozinha do atraso”, disse o presidente da Academia, Cheryl
A premiação deste ano ficou marcada como a primeira vez que o
Boone Isaacs. “Estas novas medidas terão um impacto imediato para
Netflix superou a HBO em número de indicações -- oito contra sete.
iniciar o processo e mudar significativamente a composição.”
Também foi a primeira vez que o canal de TV por assinatura não é o
As medidas começam a valer no final deste ano. Os novos
mais indicado desde o ano 2000.
membros agora vão poder votar por 10 anos e terão sua condição
Mesmo assim, o serviço de streaming de vídeos não recebeu um
renovada se permanecerem atuando na indústria durante a década em
troféu sequer, superado por um concorrente direto. A Amazon, que
questão. Além disso, os integrantes passam a ter voto vitalício depois
apresenta há menos tempo produções próprias, levou dois prêmios na
de 30 anos de Academia, ou se forem indicados ao Oscar.
noite (ambos por “Mozart in the jungle”). A Academia vai auxiliar o processo tradicional no qual integrantes
Fonte: G1 - (11/01/2016) atuais indicam novos, promovendo uma campanha ambiciosa e global
que identifique e recrute integrantes qualificados que representem
Will Smith anuncia boicote ao Oscar 2016 mais diversidade.
Jada Pinkett Smith e Spike Lee estão entre os primeiros a Fonte: G1 – (22/01/2016)
anunciar que não iriam à cerimônia do Oscar 2016 depois de apenas Oscar 2016: ‘O regresso’, com Leonardo DiCaprio, lidera
atores brancos terem sido indicados pelo segundo ano consecutivo. indicações
Will Smith estava fora do país quando sua esposa postou o vídeo com A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood
o boicote no Facebook, mas ele diz que ficou “abalado” pelas palavras anunciou na manhã desta quinta-feira (14) os indicados ao Oscar 2016.
dela. Uma das surpresas foi a indicação do brasileiro “O menino e o
“Há uma posição que nós temos nessa comunidade e, se não mundo”, de Alê Abreu, na categoria de animação. Ele disputa com
somos parte da solução, somos parte do problema”, disse Smith. “Foi “Divertida mente”.
o chamado dela para agir, para ela, para mim e para nossa família ser “O regresso” lidera com 12 indicações, incluindo ator para
parte da solução.” Leonardo DiCaprio, em sua sexta indicação ao Oscar, e melhor diretor
O papel de Smith em Um Homem Entre Gigantes é um dos Alejandro G. Iñárritu, que venceu no ano passado por “Birdman”. “O
apontados pelos como “esquecidos” pelo Oscar, ao lado de Michael B. regresso” foi o grande vencedor do Globo de Ouro.
Jordan (Creed: Nascido para Lutar) e Idris Elba (Beasts of No Nation). “Mad Max: Estrada da fúria” aparece como segundo favorito,
Mas Smith disse que a “exclusão” dele não foi a razão mais sólida concorrendo em 10 categorias, incluindo melhor filme e melhor
por trás da decisão do boicote pela esposa, afirmando que Pinkett diretor. “Perdido em Marte” conquistou 7 indicações, mas o diretor
Smith faria o mesmo vídeo caso ele fosse o único negro a receber uma Ridley Scott ficou de fora.
indicação. Os nomes dos concorrentes das 24 categorias foram lidos pelos
Em novembro, Will Smith disse que pode ingressar na política em diretores Guillermo Del Toro e Ang Lee, pelo ator John Krasinski e
um “futuro próximo.” pela presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs.
“Os indicados refletem a Academia”, disse Smith. “A Academia Entre as ausências, chamou a atenção o fato de “Carol” não ter
reflete a indústria [Hollywood] e então a indústria reflete os Estados sido lembrado na disputa de melhor filme e diretor. Ganhador do Globo
Unidos. Há um deslize regressivo em direção ao separatismo, à de Ouro de roteiro, Aaron Sorkin não foi indicado por “Steve Jobs”.

Didatismo e Conhecimento 21
ATUALIDADES
A categoria de canção original tem três popstars na disputa. Lady Melhor roteiro adaptado
Gaga concorre com “Til it happens to you” (do documentário “The “A grande aposta”
hunting ground”). The Weeknd emplacou “Earned it” (“Cinquenta “Brooklyn”
tons de cinza”). Sam Smith pode levar por “Writing’s on the wall” “Carol”
(“007 contra Spectre”). “Perdido em Marte”
A cerimônia de entrega das estatuetas do 88º Oscar acontece no “O quarto de Jack”
dia 28 de fevereiro.
Melhor roteiro original
Veja a lista de indicados ao Oscar 2016: “Ponte dos espiões”
“Ex Machina”
Melhor filme “Divertida mente”
“A grande aposta” “Spotlight: Segredos revelados”
“Ponte dos espiões” “Straight Outta Compton”
“Brooklyn”
“Mad Max: Estrada da fúria” Melhor design de produção
“Perdido em Marte”
“Ponte dos espiões”
“O regresso”
“A garota dinamarquesa”
“O quarto de Jack”
“Mad Max: Estrada da fúria”
“Spotlight: Segredos revelados”
“Perdido em Marte”
Melhor ator “O regresso”
Bryan Cranston (“Trumbo”)
Matt Damon (“Perdido em Marte”) Melhor fotografia
Leonardo DiCaprio (“O regresso”) “Carol”
Michael Fassbender (“Steve Jobs”) “Os oito odiados”
Eddie Redmayne (“A garota dinamarquesa”) “Mad Max: Estrada da fúria”
“O regresso”
Melhor atriz “Sicario”
Cate Blanchett (“Carol”)
Brie Larson (“O quarto de Jack”) Melhor figurino
Jennifer Lawrence (“Joy”) “Carol”
Charlotte Rampling (“45 anos”) “Cinderela”
Saoirse Ronan (“Brooklyn”) “A garota dinamarquesa”

Melhor diretor “Mad Max: Estrada da fúria”


Alejandro G. Iñárritu (“O regresso”) “O regresso”
Tom McCarthy (“Spotlight: Segredos revelados”) Melhores efeitos visuais
George Miller (“Mad Max: Estrada da fúria”) “Ex Machina”
Adam McKay (“A grande aposta”) “Mad Max: Estrada da fúria”
Lenny Abrahamson (“O quarto de Jack”) “Perdido em Marte”
“O regresso”
Melhor animação “Star Wars: O despertar da força”
“Anomalisa”
“O menino e o mundo”
Melhor montagem
“Divertida mente”
“A grande aposta”
“Shaun, o carneiro”
“Mad Max: Estrada da fúria”
“Quando estou com Marnie”
“O regresso”
Melhor filme estrangeiro “Spotlight: Segredos revelados”
“Embrace of the Serpent” (Colômbia) “Star Wars: O despertar da força”
“Cinco graças” (França)
“O filho de Saul” (Hungria) Melhor atriz coadjuvante
“Theeb” (Jordânia) Jennifer Jason Leigh (“Os 8 odiados”)
“A war” (Dinamarca) Rooney Mara (“Carol”)
Rachel McAdams (“Spotlight: Segredos revelados”)
Melhor trilha sonora Alicia Vikander (“A garota dinamarquesa”)
“Ponte dos espiões” Kate Winslet (“Steve Jobs”)
“Carol”
“Os 8 odiados” Melhor ator coadjuvante
“Sicario” Christian Bale (“A grande aposta”)
“Star Wars: O despertar da força” Tom Hardy (“O regresso”)

Didatismo e Conhecimento 22
ATUALIDADES
Mark Ruffalo (“Spotlight: Segredos revelados”) Brasil é indicado ao Oscar de melhor animação com ‘O
Mark Rylance (“Ponte dos espiões”) menino e o mundo’
Sylvester Stallone (“Creed”) O filme “O menino e o mundo”, do diretor Alê Abreu, foi indicado ao
Oscar de melhor animação do ano. Essa é a primeira vez que o país disputa
Melhor edição de som nesta categoria.
“Mad Max: Estrada da fúria” “Nosso filme nasceu como um grito sincero, de liberdade, de amor, um
“Perdido em Marte” grito político, latino-americano. Mas sobretudo um grito contra o sufoco que
“O regresso” a grande indústria cria aos potenciais artísticos, poéticos, e de linguagem da
“Sicario” animação. E acho que este grito ecoou onde precisava ecoar. Um momento
“Star Wars: O despertar da força” importante onde filmes de animação mais autorais concorrem ao prêmio
maior da indústria de cinema”, declarou Alê, em seu Facebook.
Melhor mixagem de som “Somos a zebra do ano, com o maior orgulho de ser zebra, e vamos
“Ponte dos espiões” trabalhar forte para trazer o careca dourado para o Brasil! Vitória! Airgela!
“Mad Max: Estrada da fúria” Viva a animação brasileira!”, disse.
“Perdido em Marte” A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood
“O regresso” anunciou na manhã desta quinta-feira (14) os indicados ao Oscar 2016.
“Star Wars: O despertar da força” O brasileiro concorre com “Anomalisa”, “Divertida mente”, “Shaun, o
carneiro” e “Quando estou com Marnie”.
Melhor curta de animação A cerimônia de entrega das estatuetas do 88º Oscar acontece no dia 28
“Bear Story” de fevereiro.
“Prologue”
“Sanjay’s Super Team” Sobre o filme
“We can’t live without Cosmos” A animação brasileira narra as aventuras de um menino que vive em
“World of tomorrow” uma cidade isolada e que um dia se lança em uma missão para encontrar
seu pai. Usando a fantasia e a inocência, o filme aborda os problemas que
Melhor curta de live action afetam a Terra hoje, como a globalização, a crise econômica e a perda de
“Ave Maria” valores.
“Day one” O filme é dirigido pelo cineasta paulista Alê Abreu, de 44 anos, que em
“Everything will be okay (Alles Wird Gut)” 2007 estreou a animação “Garoto Cósmico”. Ele também dirigiu os curtas
“Shok” “Espantalho” (1998) e “Passo” (2007). No vídeo abaixo, Abreu fala sobre a
“Stutterer” animação indicada ao Oscar.
“O menino e o mundo” conquistou, no ano passado, o Prêmio Cristal
Melhor cabelo e maquiagem de longa-metragem no encerramento do 38º Festival do Filme de Animação
“Mad Max” de Annecy, no leste da França, considerado o epicentro mundial do cinema
“The 100-year-old man who climbed out the window and de animação.
disappeared” Fonte: G1 – (14/01/2016)
“O regresso”
Público de cinema no Brasil em 2015 cresce 11,1% em
Melhor documentário relação a 2014
“Amy” A Agência Nacional do Cinema (Ancine) divulgou nesta segunda-feira
“Cartel Land” (25) que o público de cinema no Brasil em 2015 apresentou um crescimento
“The look of silence” de 11,1% em relação a 2014. A renda também aumentou em 20,1%, o que
“What happened, Miss Simone?” representa as melhores taxas do cinema no país nos últimos cinco anos.
“Winter on fire: Ukraine’s Fight for Freedom” Ao todo, foram registrados 172,9 milhões de espectadores no cinemas
brasileiros, o que gerou uma renda de R$ 2,35 bilhões. Filmes nacionais
Melhor documentário de curta-metragem foram responsáveis por 13% desse público total, com 22,5 milhões de
“Body team 12” espectadores.
“Chau, beyond the lines” Ao arrecadar R$ 146 milhões com 10,12 milhões de espectadores,
“Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah” “Vingadores: era de Ultron” foi o filme mais assistido no Brasil em 2015.
“A Girl in the River: The Price of forgiveness” Brasil na tela
“Last day of freedom” O ano também apresentou um crescimento de 12,3% em filmes
brasileiros lançados nos cinemas. Foram 128 longas-metragens, contra 114
Melhor canção original de 2014.
“Earned it”, The Weeknd (“Cinquenta tons de cinza”) No top 20 das maiores bilheterias, três pertencem a produções
“Manta Ray”, J. Ralph & Antony (“Racing extinction”) nacionais: “Loucas pra casar” em décimo, “Vai que cola” em 12º e “Meu
“Simple song #3”, Sumi Jo e Viktoria Mullova (“Youth”) passado me condena 2” em 20º.
“Writing’s on the wall”, Sam Smith (“007 contra Spectre”) O país também observou um aumento no número de salas de
“Til it happens to you”, Lady Gaga (“The hunting ground”) cinema. 252 novas salas foram abertas em 2015.
Fonte: G1 – (14/01/2016) Fonte: G1 - (25/01/2016)

Didatismo e Conhecimento 23
ATUALIDADES
MORTE DE PERSONALIDADES DO MUNDO DAS Dois meses mais tarde, um novo álbum com tons de rock, “The
ARTES Next Day”, confirmou o retorno em plena forma do influente e
camaleônico artista. O disco produzido pelo veterano Tony Viscontti,
David Bowie morre aos 69 anos seu homem de confiança, conquistou a crítica.
O cantor britânico David Bowie morreu neste domingo (10), aos Entre seus últimos projetos, destaca-se a música que acompanha
69 anos, anunciou um comunicado em sua página oficial no Facebook. os créditos da série de televisão franco-britânica “The Last Panthers”,
Ele lutava contra um câncer havia 18 meses. O filho do artista também uma comédia musical ou algumas contribuições, como no último
confirmou a informação para a rede de TV britânica BBC. álbum do The Arcade Fire.
“David Bowie morreu em paz hoje cercado por sua família após Em “Blackstar”, representado por uma misteriosa estrela negra
uma corajosa batalha de 18 meses com câncer. Enquanto muitos de de cinco pontas, a bateria e o saxofone compartilham o protagonismo
vocês vão compartilhar essa perda, nós pedimos que respeitem a com a inconfundível voz de Bowie.
privacidade da família durante o seu tempo de luto”, diz o comunicado O artista se diverte esticando e desestruturando suas músicas,
publicado na rede social. que superam amplamente o formato padrão de três ou quatro minutos.
O artista se manteve longe dos holofotes desde que passou por Também há ressonâncias com seus trabalhos anteriores, como o
uma cirurgia cardíaca da emergência em 2004. Sua última performance clássico “Low” (1977) ou “Black Tie White Noise” (1993), que
ao vivo foi em um show de caridade em Nova York em 2006. relançou Bowie após os difíceis anos 1980.
Bowie comemorou seu aniversário de 69 anos no dia 8 de janeiro Seu magnetismo e inesgotável puxão comercial fizeram com
com o lançamento do álbum “Blackstar”, o 25º e o mais recente que o museu londrino “Victoria & Albert” lhe dedicasse uma ampla
trabalho de uma longa carreira. O disco tem recebido críticas positivas. exposição, na qual foi explorada sua influente carreira mediante 300
objetos selecionados de entre mais de 7 mil, como alguns de seus
Carreira extravagantes atavios e instrumentos.
David Robert Jones nasceu no bairro londrino de Brixton e A influência de Bowie, que vendeu aproximadamente 136
começou a tocar saxofone aos 13 anos. milhões de discos no mundo todo, é detectada em artistas de todo tipo,
Abandonou a escola na adolescência e saltou à fama em 1969
como Marilyn Manson, Boy George e Groove Armada.
com “Space Oddity”, uma mítica balada sobre a história de Major
Bowie estava casado desde 1992 com a modelo somali Iman, com
Tom, um astronauta que se perde no espaço.
quem teve uma filha, Alexandria Zahra “Lexi” Jones, e antes havia
Em 1972, lançou “The rise and fall of Ziggy Stardust and the
tido outro filho, Duncan Jones, fruto de um primeiro casamento com
spiders from Mars”. Esse venerado disco, no qual relata a inverossímil
Angela Bowie.
história do personagem Ziggy Stardust, um extraterrestre bissexual e
Fonte: G1 - (11/01/2016)
andrógino que virou estrela do rock, mostrou duas das obsessões do
cantor: o teatro japonês kabuki e a ficção científica.
Morre Alan Rickman, Snape de ‘Harry Potter’ e vilão de
Entre seus maiores sucessos estão “Let’s Dance”, “Space
‘Duro de Matar’
Oddity”, “Heroes”, “Under Pressure”, “Rebel, Rebel”, “Life on Mars”
O ator inglês Alan Rickman morreu aos 69 anos após luta contra
e “Suffragette City”.
Durante os anos 70, a profundidade intelectual de seu trabalho, um câncer. A morte foi confirmada por sua família, ao jornal inglês
sua particular voz e a originalidade que impressionava todos seus “The Guardian”.
projetos o transformou em um dos professores do glam rock. Rickman fez sucesso em peças de teatro, na TV e em filmes. Mais
Ele também construiu uma carreira de ator com o papel de um conhecido pelo papel de Severus Snape, na saga “Harry Potter”, o ator
alienígena em busca de ajuda para seu planeta em “O homem que caiu também estrelou “Duro de Matar” (1988), “Robin Hood: O Príncipe
na terra” (1976), de Nicolas Roeg. Bowie fez uma temporada de três dos Ladrões” (1991) e “Sweeney Todd” (2007), entre outros.
meses como “O homem elefante”, na Broadway, na década de 1980. Reconhecido por sua voz profunda, o ator ficou famoso
Provocador, enigmático e inovador, o britânico construiu uma internacionalmente em 1988 ao interpretar o vilão Hans Gruber em
das corridas mais veneradas e imitadas da caprichosa indústria do “Duro de Matar”.
espetáculo, que lhe colocou no pedestal das lendas da música. Rickman ganhou o Globo de Ouro e o Emmy de melhor ator em
Entre suas múltiplas habilidades destacaram-se suas facetas como minissérie por “Rasputin”, em 1997. Por “Robin Hood”, levou o Bafta
ator, produtor fonográfico ou arranjador, mas também venerado como de ator coadjuvante.
ícone da moda por sua tendência a provocar com seus enfeites e a Ele também dirigiu dois filmes: “Momento de afeto” (1997) e
brincar com sua imagem. “Um pouco de caos” (2014), estrelado por Kate Winslet.
Em 2006, o cantor anunciou que tiraria um ano sabático e muitos O ator deixa dois trabalhos inéditos, que estreiam neste ano. Fez a
de seus fãs choraram uma prolongada ausência que valeram todos os voz da lagarta em “Alice através dos espelhos” e atuou em “Eye in the
tipos de rumores sobre sua saúde. sky”, um filme sobre um piloto de drone, no qual trabalhou junto com
Esse “retiro” musical foi quebrado apenas com alguma Helen Mirren e Aaron Paul.
colaboração esporádica e pontual como sua aparição por surpresa em No ano passado, o britânico revelou que tinha se casado com
um concerto de David Gilmour (Pink Floyd) no Royal Albert Hall de sua namorada do tempo de colégio, Rima Horton, após 50 anos de
Londres em 2006 ou sua colaboração no álbum de canções de Tom convivência.
Waits que publicou em 2008 a atriz americana Scarlett Johansson. Nascido em 21 de fevereiro de 1946 no bairro londrino de
Há três anos, o músico britânico escolheu o dia de seu aniversário Hammersmith, Rickman é conhecido por trabalhos notáveis em filmes
para romper a “seca” com a música “Where Are We Now?”. A canção como “Razão e Sensibilidade” (1995) ou “Um Romance de Outro
avivou uma chama que alguns consideravam vacilante. Mundo” (1990).

Didatismo e Conhecimento 24
ATUALIDADES
Seu interesse pela arte dramática começou quando estudava no ‘O que eu vejo com o governador Alckmin é um diálogo
prestigiado colégio Latymer School de Londres, onde participou de constante e aberto, aonde ele está propenso a todas as políticas
várias produções escolares. públicas implementadas. Então assim, em todos os pontos ele sempre
Rickman estudou na Real Academia de Arte Dramática de estimulou para que nós fizéssemos políticas públicas para melhorar
Londres, na qual foi aceito após interpretar uma passagem de Ricardo a renda dos agricultores. No caso do nosso trabalho no Itesp, com
III, do dramaturgo inglês William Shakespeare. famílias assentadas’, diz.
A partir de então, iniciou uma brilhante carreira como ator. No O MST calcula que até abril mais sete mil hectares sejam
teatro, ficou famoso com “As Amizades Perigosas”, uma novela de liberados para 500 famílias na região do Pontal do Paranapanema,
Pierre Choderlos de Laclos, adaptada por Christopher Hampton e na região oeste do estado. Eles também aguardam a liberação de
dirigida por Howard Davies. uma área nobre para o plantio, na cidade de Ribeirão Preto - polo
Fonte: G1 - (14/01/2016) do agronegócio -, com capacidade de abrigar outras 150 famílias em
cerca de mil hectares.
60% dos brasileiros aprovam uso medicinal da maconha O governador nega que a aproximação com os sem terra tenha
Seis em cada dez brasileiros aprovam totalmente ou com ressalvas interesses eleitorais.
o uso medicinal e científico do THC (TetraHidroCannabinol), princípio Fonte: Rádio CBN Online - (13/01/2016)
ativo da maconha.
É o que revela pesquisa da consultoria Hello Research realizada Banco Mundial: América Latina tem 20 milhões de jovens
com 1,2 mil pessoas em outubro. ‘nem-nem’
Paradoxalmente, quase a mesma proporção de pessoas declarou O Banco Mundial informou que 20 millhões de latino-americanos
ser contra a descriminalização da maconha. Segundo o levantamento, entre 15 e 24 anos atualmente não estudam nem trabalham — os
52% dos entrevistados compartilham dessa opinião – um número chamados “nem-nem” —, segundo informe do organismo divulgado
ligeiramente menor do que o registrado em maio do ano passado, nesta segunda-feira. De acordo com o estudo, a proporção de jovens
quando 58% eram contrários à liberação do porte de drogas para uso e maiores de idade em relação à população com idade de trabalhar
pessoal. chegará logo a um nível mínimo histórico para a América Latina e
A expectativa é de que a discussão sobre a descriminalização Caribe, mas a região poderia desperdiçar o potencial econômico dessa
do porte de maconha e outras drogas continue em 2016 no Supremo tendência demográfica.
Tribunal Federal (STF). Por enquanto, o placar favorável à — É um tema urgente porque poderíamos perder a janela de
descriminalização está em 3 a 0. oportunidades dessa tendência demográfica — afirmou à AP o
Em novembro, a Justiça Federal do Distrito Federal determinou economista-sênior da Unidade de Educação para América Latina
que a retirada do THC da lista de substâncias proibidas no Brasil, e Caribe do Banco Mundial, Rafael E. de Hoyos. — Sempre foi
definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). importante capacitar os jovens, mas hoje, é mais.
Fonte: Exame.com - (12/01/16)
A entidade multilateral destacou que o grupo dos “nem-nem”
pode ter consequências negativas duradouras sobre a produtividade
Renda de famílias sem terra cresce 23% durante o governo
ao reduzir salários e oportunidades de trabalho, prejudicando assim o
Alckmin
crescimento econômico em geral.
Uma lei que será sancionada pelo governador Geraldo Alckmin
A pesquisa determinou ainda que o predomínio desses jovens se
nesta quinta-feira vai beneficiar sete mil famílias sem terra, assentadas
agravou com a presença do crime organizado na Colômbia, Méximo
em 136 terrenos do estado de SP. Na prática, ela muda as regras da
e América Central. Hoyos indica que os governos podem atender ao
utilização de terrenos do governo, permitindo que as terras sejam
problema mesmo quando a região projeta crescimento nulo em 2016
passadas de pais para filhos e que as novas gerações tenham mais
porque “não requer grandes incrementos orçamentários para adotar
acesso ao crédito para o plantio.
A sanção da lei é mais uma entre várias medidas tomadas na políticas corretivas”.
gestão de Alckmin para beneficiar os sem terra no estado. De 2011, O Banco Mundial pediu aos governos do continente que evitem o
quando o governador assumiu, até agora, a renda média de uma família abandono escolar dos jovens “nem-nem” e ao mesmo tempo insiram
sem terra no estado subiu 23%. Hoje eles ganham em média R$ 2.710. no mercado de trabalho aqueles que já não estudam para reduzir o
A ponte inusitada entre o MST e o governo é feita pelo dirigente tamanho do grupo, que aumentou inclusive durante o crescimento
Gilmar Mauro, que evita acenar um apoio eleitoral ao governador no econômico pelo qual a região passou durante a década passada.
futuro. Apesar disso, ele admite que o movimento tomou uma atitude O documento, elaborado por Hoyos, Halsey Rogers e Miguel
mais pragmática, aliando-se a um partido com o qual não mantinha Székely, aponta que quase 60% dos jovens provêm de famílias situadas
boas relações, e diz que espera mais avanços nas negociações com nos 40% mais pobres da distribuição de renda. Também indica que as
Alckmin. mulheres compõem dois terços do grupo e que ao menos 70% deles
‘Uma organização que não luta pelas demandas da sua categoria vivem em cidades e têm baixo nível de instrução.
não tem sentido de existir. Então existe um lado pragmático, A proporção oscila entre 11% no Peru a mais de 25% em
evidentemente. E tomara que a relação seja cada vez melhor e que as Honduras e El Salvador. Em termos absolutos, a maior quantidade
nossas pautas sejam cada vez mais atendidas’, diz. reside no Brasil, Colômbia e México.
A lei que será sancionada é uma ideia do ex-governador Franco Fonte: O Globo - (16/01/2016)
Montoro, que esteve no comando do estado há quase 30 anos. O diretor
executivo da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo,
Marco Pilla, diz que agora há um estimulo maior para as políticas
públicas para os sem terra.

Didatismo e Conhecimento 25
ATUALIDADES
ESPORTE A família agora quer uma festa completa. Mas com o homenageado
presente. Por isso eles vão esperar o retorno do autor do gol mais
Brasileiro Wendell Lira ganha prêmio da Fifa pelo gol mais bonito a Goiânia pra comemorar a conquista com amigos e parentes.
bonito de 2015 Na última conversa com os irmãos, Wendell disse que embarca nesta
Pela quinta vez, o argentino Lionel Messi conquistou a Bola de terça de volta pra casa.
Ouro da Fifa, que é o prêmio para o melhor jogador do mundo. Mas, Depois do resultado, Wendell ficou incomunicável. Mas a família
para um brasileiro, essa segunda-feira (11) foi inesquecível. Wendell deixou uma mensagem pelo celular.
Lira, vencedor do Prêmio Puskas, de gol mais bonito de 2015. Fonte: G1 - (11/01/2016)
Na maior premiação do futebol, um brasileiro fez o mundo se
emocionar. MPF denuncia Neymar por crimes de sonegação fiscal e
“Eu me emocionei, porque ele se emocionou, passou para gente a falsidade ideológica
humildade dele, a vontade de poder ganhar um prêmio e a felicidade. O Ministério Público Federal denunciou o atacante Neymar, do
Então, para a gente isso é muito importante”, disse Marcelo, melhor Barcelona, pelos crimes de sonegação fiscal e falsidade ideológica.
lateral-esquerdo do mundo em 2015. O documento foi entregue na última quinta-feira à 5ª Vara de Justiça
Os holofotes, os olhares estavam voltados para as superestrelas. Federal de Santos, sob sigilo. Além do jogador, também foram
As do Barcelona, por exemplo, treinaram pela manhã na Espanha denunciados Neymar da Silva Santos, pai do atleta, Sandro Rosell, ex-
antes de seguir para a Suíça. Para Neymar, o cochilo durante o voo presidente do Barcelona, e Josep Maria Bartomeu, atual mandatário
foi providencial. Porque a rotina depois: atender torcedores, dar da equipe catalã.
autógrafos, coletiva. Agora, a Justiça analisará o pedido e decidirá se os quatro serão
Os candidatos a Bola de Ouro também estavam na seleção transformados em réus. A denúncia foi assinada pelo procurador-chefe
mundial: além de Neymar, outros brasileiros: Tiago Silva, Daniel do MPF de São Paulo, Thiago Lacerda Nobre. A suspeita é sobre o
Alves e Marcelo. dinheiro recebido pelas empresas do atacante durante as negociações
Após a escolha da americana Carli Lloyd como melhor jogadora que o levaram para atuar na Espanha.
do mundo, chegou a vez dos homens. Messi que já era soberano com A Receita Federal também multou o jogador por supostamente
quatro troféus, ampliou sua conta. não ter declarados os valores – os advogados de Neymar contestam a
“Privilégio entregar a Bola de Ouro para um jogador que está cobrança. No ano passado, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 188
recebendo a quinta bola e não por acaso todas merecidas”, disse Kaká, milhões para garantir o pagamento das autuações.
melhor jogador do mundo em 2007. A defesa de Neymar informou que ainda não foi notificada da
Messi disse que quando subiu ao palco perdeu até a fala pela denúncia.
emoção. Fonte: G1 – (29/01/2016)
No prêmio principal não houve surpresa. Messi foi eleito com
mais de 40% dos votos. Cristiano Ronaldo foi o segundo, Neymar, SAÚDE
o terceiro. Mas para um outro brasileiro essa segunda-feira, 11 de
janeiro de 2016, será lembrada pela vida inteira. Planos de saúde estão obrigados a cobrir testes rápidos de
Prêmio Puskas de gol mais bonito da temporada, Messi entre dengue
os finalistas. Só que no caminho do argentino havia um brasileiro A partir deste sábado (2), os planos de saúde terão,
acrobático: Wendell Lira. O atacante de 27 anos subiu ao palco do obrigatoriamente, de cobrir 21 novos procedimentos, entre eles o teste
prêmio e abriu o coração. rápido para dengue (o exame atualmente disponível demora 7 dias)
No tapete vermelho, ganhou elogios de Neymar. Agora, só há um e o teste para febre chikungunya. A lista foi divulgada pela Agência
problema. O gol de Wendel não tem nome, vamos ajudar. “Falei que Nacional de Saúde (ANS) no dia 28 de outubro de 2015.
era meio Karatê Kid”, brinca Neymar. A nova lista inclui também a ampliação do número de consultas
com fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicoterapeutas.
Em Goiânia, também teve muita festa.
Pacientes com transtornos da fala e da linguagem, que hoje têm
Quando saiu o resultado, parecia final de Copa do Mundo. Foi
direito a 24 sessões de fonoaudiologia por ano, passarão a ter direito
assim que a família de Wendell Lira acompanhou a premiação pela
a 48 sessões anuais. No caso da fisioterapia, os pacientes passarão
TV. No salão de festas do prédio onde a mãe, o padrasto e os dois
a ter direito a duas consultas para cada nova doença diagnosticada
irmãos moram em Goiânia.
(hoje, têm direito a apenas uma consulta por doença). As sessões de
“O sonho de todas as mães é ver seu filho feliz. Se o seu filho
psicoterapia passarão de 12 para 18 por ano.
está infeliz, a mãe está infeliz. Então, hoje eu posso falar que eu estou
Os pacientes com câncer de próstata terão à disposição mais um
feliz porque meu filho está feliz”, disse Maria Edileusa Pereira, mãe
medicamento oral para tratamento em casa. As consultas de nutrição
do Wendell Lira.
para as grávidas também foram ampliadas: agora elas têm direito a 12
A vida no futebol não foi fácil para este jovem de 27 anos. Quando
durante o ano.
saiu a indicação para o Prêmio Puskas no ano passado Wendell estava Entre as novidades do rol de procedimentos da ANS está a
há quatro meses desempregado. Já teve que enfrentar uma lesão no possibilidade de aquisição de desfibrilador para evitar morte súbita.
joelho, que dificultaram a carreira no futebol. Outro procedimento incluído foi o tratamento da incontinência
Uma nova chance veio ao ser contratado pelo Goianésia para urinária com uso de toxina botulínica (botox).
disputar o campeonato goiano. No dia 11 de março de 2015, no Serra Os deficientes auditivos também terão uma nova possibilidade de
Dourada, ele marcou o gol contra o Atlético-GO. Uma meia bicicleta, tratamento coberto pelos planos de saúde: um implante que é ancorado
que deu uma guinada na vida do jogador. no osso.

Didatismo e Conhecimento 26
ATUALIDADES
A agência também anunciou que uma cirurgia na área da Orquidopexia laparoscópica
oftalmologia, a dermatocalase, deixou de ter cobertura dos planos Procedimento cirúrgico em que um testículo não descido é
de saúde, atendendo a uma orientação da Sociedade Brasileira suturado dentro do escroto em bebês e crianças do sexo masculino. A
de Oftalmologia. De acordo com a agência, existe um outro orquidopexia também é feita para tratar a torção testicular em adultos
procedimento coberto pelos planos que pode ser oferecido a pacientes e adolescentes.
que necessitarem desse tipo de intervenção.
O anúncio feito nesta quarta-feira é resultado da revisão periódica Anticorpos antipeptídeo cíclico citrulinado - IGG (anti-CCP)
do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde e se aplica a 50,3 Exame laboratorial de sangue utilizado para auxílio diagnóstico
milhões de consumidores em planos de assistência médica e outros de artrite reumatoide. A citrulina (Cyclic Citrullated Peptide) é
21,9 milhões em planos odontológicos. um aminoácido resultante de modificação da arginina. Anticorpos
Veja, abaixo, os 21 novos procedimentos de cobertura obrigatória dirigidos contra a citrulina (anti-CCP) são encontrados em pacientes
pelos planos de saúde: com artrite reumatoide.

Prótese auditiva ancorada em osso Antígeno NS1 do vírus da dengue


Prótese vibratória auditiva fixada por um pino de titânico ao osso Exame laboratorial de sangue utilizado para auxílio diagnóstico
de dengue. Na dengue, muitas vezes o diagnóstico sorológico não é
Implante de cardiodesfibrilador multissítio – trc-d (gerador capaz de confirmar casos suspeitos com evolução grave, já que a febre
e eletrodos) hemorrágica pode ocorrer na janela imunológica, quando as pesquisas
Dispositivo de terapia de ressincronização cardíaca com função de IgM e IgG são negativas. Nesses casos, a pesquisa do antígeno
de desfibrilação projetado para tratar insuficiência cardíaca NS1 apresenta sua melhor utilidade, permitindo o diagnóstico nos
primeiros cinco dias de doença.
Implante de monitor de eventos (looper implantável)
Equipamento implantado abaixo da pele que é acionado Chikungunya, exame de anticorpos
pelo paciente durante os sintomas para diagnóstico diferencial de Exame laboratorial de sangue utilizado para auxílio diagnóstico
palpitações, perdas de consciência, dor no peito e outros sintomas da febre Chikungunya, que é uma doença viral parecida com a dengue.

Focalização isoelétrica da transferrina Dengue, anticorpos IGG, soro (teste rápido)


Consiste em teste, pelo método de isoeletrofocalização, para Exame laboratorial de sangue, do tipo rápido, utilizado para
detecção de todos os subtipos de defeitos congênitos da glicosilação auxílio diagnóstico de dengue.
tipo 1
Dengue, anticorpos IGM, soro (teste rápido)
Vitamina e, pesquisa e/ou dosagem Exame laboratorial de sangue, do tipo rápido, utilizado para
Pesquisa e/ou dosagem da vitamina E para pacientes com ataxia auxílio diagnóstico de dengue. Tipo de exame continua continuação
cerebelar
Entamoeba histolytica, anticorpos igm - pesquisa e/ou
C4D fragmento dosagem (amebíase)
Exame de Pesquisa de C4d em amostras de biópsia de rim Exame laboratorial de sangue para auxílio diagnóstico da
transplantado para diagnóstico de rejeição induzida por anticorpos amebíase. A infecção pela “Entamoeba Histolytica” pode ser
assintomática, causar doença invasiva intestinal ou doença extra
N-RAS intestinal. O teste é útil, por exemplo, na distinção entre abscessos
Exame de mutação do gene N-RAS para os pacientes que tenham hepáticos amebianos e piogênicos.
que utilizar medicação em que conste em bula a análise de presença/
mutação dos genes para o início de tratamento. HLA B27, fenotipagem (exame)
Alguns antígenos HLA estão relacionados à presença de
Laserterapia para o tratamento da mucosite oral/orofaringe determinadas doenças. A associação mais frequente é a das
Terapia a laser da inflamação da mucosa. A mucosite é uma espondiloartropatias inflamatórias, como a espondilite
inflamação da parte interna da boca e da garganta que pode levar a anquilosante, com o antígeno HLA-B27. A pesquisa também
úlceras dolorosas e feridas nessas regiões. Caracteriza-se por atrofia do é indicada para identificar risco do acometimento de descendentes.
epitélio escamoso, lesão vascular, infiltração inflamatória e ulceração. Elevada incidência do antígeno HLA B27 tem sido relatada na
Geralmente ocorre no revestimento mucoso da boca devido a irritantes síndrome de Reiter, uveíte anterior, artrite reativa e artrite psoriática.
químicos, quimioterapia ou radioterapia. Este antígeno não é um marcador da doença, uma vez que está presente
em aproximadamente 10% dos indivíduos normais. O resultado deve
Tratamento de hiperatividade vesical: injeção intravesical de ser associado aos achados clínicos e radiológico sugestivos destas
toxina butolínica doenças.
Aplicação de toxina botulínica no tratamento da urgência de Fonte: G1 - (02/01/2016)
urinar com incontinência urinária e aumento do número de micções
e nictúria (necessidade frequente de urinar durante o dia, noite, ou
ambos). É sintoma de hiperativação do músculo detrusor da bexiga
urinária que contrai anormalmente com alta frequência e urgência.

Didatismo e Conhecimento 27
ATUALIDADES
ZIKA VÍRUS Mas cerca de 80% das infecções pelo zika são assintomáticas, o
que também dificulta o diagnóstico.
Registros de microcefalia aumentam de 32 para 51 em uma No Brasil, estão sendo investigados ao redor de 3,3 mil casos
semana em PE suspeitos de bebês que podem ter microcefalia associada à zika,
Em apenas uma semana, Pernambuco teve 51 novos casos de segundo o mais recente boletim do Ministério da Saúde. Um total de 282
microcefalia notificados de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde casos foram descartados e 230 foram confirmados até a segunda semana
(SES). O boletim foi divulgado nesta terça-feira (12) e apresenta de janeiro.
números do período de 1º de agosto de 2015 até 9 de janeiro de 2016 -- Gestantes ‘especialmente cuidadosas’
no período, 1.236 casos foram notificados. Na semana anterior haviam A Opas engrossou o coro de entidades preocupadas com os casos
sido registrados 32 casos no estado. de microcefalia associados ao zika e recomendou que gestantes “sejam
Dos 1.236, 461 cumprem os parâmetros da Organização Mundial especialmente cuidadosas” e consultem um médico antes de visitar áreas
de Saúde (OMS) para microcefalia, que identifica a malformação em afetadas pelo vírus.
bebês com perímetro cefálico igual ou menor que 32 centímetros. A entidade, porém, ressaltou que a decisão de engravidar deve ser
Após exames de imagens, 103 foram confirmados com a malformação apenas de responsabilidade da família e dos médicos. Nos últimos dias,
e 87, descartados. autoridades de saúde de Colômbia, Equador, El Salvador e Jamaica
No balanço anterior, divulgado no dia 5 de janeiro, havia 1.185 emitiram comunicados recomendando que mulheres adiassem os planos
ocorrências. Na ocasião, a SES ainda havia apresentado um aumento de engravidar - os salvadorenhos, por exemplo, querem moratória até
de mais de 600% nos casos de dengue, em comparação a 2014 -- o 2018.
período analisado vai de 1º de janeiro a 26 de dezembro de 2015. “Antes de viajar, a grávida deve consultar o seu médico para
Recife continua no topo do ranking de notificações de bebês aconselhamento sobre qual ação tomar. O principal é evitar picadas de
com microcefalia, com 229. Na sequência, aparecem Jaboatão dos mosquito para prevenir a infecção por zika, dengue ou chikungunya”, diz
Guararapes (78), Caruaru (45), Olinda (38), Garanhuns (29) e Goiana a Opas em seu site.
(27). Outros 175 municípios também registraram casos. A organização dá as seguintes recomendações aos viajantes,
Dos 461 que cumprem os requisitos da OMS, 452 foram sobretudo a mulheres em idade reprodutiva:
Cobrir a pele exposta com mangas compridas, calças e chapéus;
percebidos no pós-parto e sete, intraútero. Ainda foram registrados
Usar repelentes recomendados pelas autoridades de saúde e seguir as
três casos de bebês natimortos e três que morreram após o nascimento.
instruções de uso descritas no rótulo;
Desses seis, apenas quatro estão dentro dos parâmetros da OMS para
Ao dormir, tentar se proteger com mosquiteiros;
microcefalia. Os demais estão sendo investigados.
Buscar possíveis focos de criadouros do mosquito (por menores que
Desde que foi determinada a notificação de gestantes com
sejam) e eliminá-los.
exantemas (manchas vermelhas), 55 municípios notaram 464 casos
Fonte: BBC Brasil - (25/01/2016)
de grávidas com esse quadro clínico. Desse total, cinco gestantes
apresentam confirmação de microcefalia intraútero.
Colômbia estima que 500 bebês vão nascer com microcefalia por
Fonte: G1 - (12/01/2016)
zika vírus
O governo da Colômbia calcula que 500 bebês podem nascer com
‘Zika deve se espalhar por todo o continente americano’, microcefalia no país por causa do zika vírus e que um número similar de
adverte OMS pessoas pode sofrer com a síndrome de Guillain-Barre, informou nesta
A Organização Mundial de Saúde (OMS) acredita que o vírus segunda-feira o presidente Juan Manuel Santos.
zika se espalhará por todo o continente americano. Até agora, 21 “As estimativas são que teremos na Colômbia 600 mil casos de zika
países, sobretudo o Brasil, já registraram casos do vírus desde maio. no transcurso desta epidemia. Desses 600 mil casos, calcula-se que as
Segundo a OMS, a falta de imunidade natural nas Américas seria consequências serão 500 casos de recém-nascidos com microcefalia e
um dos fatores determinantes para a velocidade com que o vírus está 500 casos de pessoas com Guillain-Barre”, advertiu o presidente após um
se espalhando. conselho de ministros.
Em um comunicado oficial, a Organização Pan-Americana de Santos lembrou que, por essa razão, recomendou que “as gestantes
Saúde (Opas), braço continental da OMS, afirmou que a doença só não viajem para as áreas atingidas pelo vírus, que se mantenham longe
não atingirá os países em que não há presença do Aedes aegypti - o dos lugares onde há focos do mosquito e usem repelente”.
Chile e o Canadá. Em uma resolução emitida no início deste mês, o Ministério da
“A Opas prevê que o vírus zika continuará a avançar e Saúde colombiano sugeriu que as mulheres “evitem engravidar” durante
provavelmente alcançará todos os países e territórios na região onde a fase de expansão do zika vírus.
mosquitos Aedes são encontrados”, diz a organização. O presidente colombiano lembrou que o vírus, que é transmitido
Isso, porém, apenas se epidemiologistas não confirmarem a pelo mosquito “Aedes aegypti”, o mesmo que causa a dengue e a
possibilidade de transmissão sexual do vírus: a Opas confirmou que chicungunha, pode provocar febre, olhos vermelhos sem secreção e sem
o zika foi detectado em amostras de sêmen e diz haver o que chamou coceira, erupções cutâneas com pontos brancos e avermelhados e, em
de pelo menos um possível caso de transmissão sexual - mas a menor frequência, dores musculares e articulares, e pediu que as pessoas
entidade diz que ainda são necessárias mais evidências dessa forma compareçam “imediatamente ao médico” se apresentarem esses sintomas.
de transmissão. Santos comentou que ainda não há um vacina ou um tratamento
Os sintomas mais comuns da zika são febre e erupção cutânea para a doença, por isso pediu que as pessoas combatam a proliferação
ou urticária, muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores dos mosquitos e evitem as picadas dos mesmos “eliminando os focos do
musculares ou nas articulações. O mal-estar começa entre dois e sete mosquito, usando calças, camisas de manga comprida, mosquiteiros
dias após a picada de um mosquito infectado. e repelente”.

Didatismo e Conhecimento 28
ATUALIDADES
O presidente acrescentou que o ministro da Saúde, Alejandro Ebola
Gaviria, iniciará amanhã uma viagem pelo país para fortalecer a Ainda nesta segunda-feira, 25, a diretora-geral da OMS, Margaret
prevenção e o controle do zika vírus. Chan, se pronunciou pela primeira vez sobre os casos nas Américas e
“Amanhã mesmo o ministro da Saúde vai iniciar, com toda sua exigiu que governos notifiquem à organização todos os registros de zika.
equipe, uma viagem por todos os departamentos da Colômbia para A OMS foi duramente criticada pela demora em lidar com o surto
continuar informando, continuar trabalhando na prevenção e no de ebola, em 2014, e foi obrigada a passar por uma reforma justamente
controle do zika vírus”, anunciou Santos. para ter maior controle sobre surtos pelo mundo.
Na Colômbia, onde até a primeira semana de janeiro foram Investigações internas apontaram que governos e mesmo entidades
registrados 13.531 casos de pessoas infectadas com a doença, um internacionais abafaram por meses os casos de ebola, buscando
número que só é superado na América Latina pelo Brasil, a expansão preservar economias locais.
do vírus está “apenas começando”, segundo Santos, que prevê que o A OMS também admitiu sua culpa ao fazer um alerta sobre o
fenômeno “vai se estender ao longo do ano”. problema somente quatro meses depois dos primeiros registros.
“Na Colômbia, 175 municípios já registraram casos comprovados “O ebola mostrou que um surto em um lugar pode chegar
rapidamente ao outro lado do mundo. Estamos mais alertas. Não
do zika vírus, e o foco será em 60 municípios, particularmente nas
existem mais surtos locais”, disse Chan.
regiões mais quentes”, alertou o presidente.
“Pedimos transparência a todos. A proliferação explosiva do vírus
Fonte: Portal Terra - (26/01/2016)
para novas áreas geográficas, com populações com pouca imunidade, é
causa de preocupação.”
Brasil e EUA planejam vacina contra zika; OMS teme O mosquito está presente em todos os países do Hemisfério
epidemia Ocidental, salvo Chile e Canadá - onde o inverno rigoroso se torna
O Brasil e os Estados Unidos planejam o desenvolvimento e a um impeditivo para o Aedes, sempre registrado em áreas tropicais e
produção de uma vacina contra o zika vírus. subtropicais.
Segundo revelou ao jornal O Estado de S. Paulo o diretor- “A Opas antecipou que o zika vírus vai continuar a se espalhar e
presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), provavelmente atingirá todos os países e territórios onde os mosquitos
Jarbas Barbosa, os dois governos devem costurar um acordo nesta sejam encontrados”, ressaltou a diretora-geral.
semana, em Genebra.
A iniciativa ocorre no momento em que a Organização Mundial Argentina
da Saúde (OMS) emite um alerta de que a doença deve se espalhar O número de casos de dengue continua a crescer na Argentina. Em
pela maior parte do continente americano. Buenos Aires, foi adotada a fumigação em áreas abertas para o combate
ao mosquito Aedes aegypti.
Publicidade Fonte: Exame.com - (26/01/2016)
“Para esse desenvolvimento de uma vacina, poderemos Governo teme que zika anule efeito de isenção de visto dos
estabelecer uma rede de cooperação com os Institutos Nacionais de americanos
Saúde americanos (NIH, sigla em inglês)”, declarou Barbosa que está O governo federal teme que o Centro de Controle e Prevenção de
na Suíça para reuniões na OMS. Doenças, dos Estados Unidos, mude de amarelo para vermelho o grau
Segundo ele, a entidade americana reúne centros que já trabalham do alerta emitido em relação ao vírus zika.
com o Brasil na vacina da dengue em desenvolvimento pelo Instituto Se isso acontecer, os cancelamentos de pacotes comprados por
Butantã de São Paulo. turistas americanos podem tornar nulo o aumento do fluxo de turistas,
“Vamos ter uma conversa aqui em Genebra com os americanos que viajariam para cá nas Olimpíadas em virtude da isenção do visto.
exatamente para isso”, revelou. Barbosa, porém, aponta que a aliança Fonte: O Globo - (26/01/2016)
não estará fechada à participação exclusiva do Brasil e dos Estados
Instalações olímpicas terão vigilância diária contra o zika vírus
Unidos. “Outros países poderão se unir. É uma preocupação global”,
no Rio
disse.
A instalações que abrigarão a Olimpíada do Rio serão inspecionadas
Ao jornal, a vice-diretora-geral da OMS, Marie Paule Kieny,
diariamente durante os jogos na tentativa de prevenir a disseminação do
apontou que os trabalhos “começam a ser feitos”. Ela ressalta, porém,
zika vírus, afirmou o comitê organizador do evento.
que a comunidade médica não pode esperar que um produto esteja no
Transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti, o vírus é associado
mercado em menos de um ano. “Enquanto isso, a medida que temos a casos de microcefalia em recém nascidos, além de poder provocar a
de adotar é a de fortalecer o combate ao vetor (o mosquito Aedes síndrome de Guillain-Barré, que causa paralisia.
aegypti)”, disse. A medida de inspeção diária foi anunciada após alguns países
A proliferação dos casos para 21 países também levou a OMS emitirem alertas a turistas. Os Centros para Controle e Prevenção de
a convocar uma reunião especial em Genebra para quinta-feira. Será Doenças dos EUA recomendaram a gestantes para reconsiderarem
quando a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) vai apresentar decisões de viajar ao Brasil e outros 21 países com surtos de infeção.
as últimas informações e dados sobre a realidade da doença e o Brasil O comitê organizador da Olimpíada no Rio afirma que a população
também deve se pronunciar no encontro. do mosquito será menor durante o período de 5 a 21 de agosto, que fica
O novo cenário já fez a OMS assumir para si o combate à doença. dentro da estação seca.
No comando, Marie Paule disse à reportagem que, neste momento, Em todo caso, equipes vão vasculhar as instalações das Olimpíadas
faz “um mapeamento de quem está fazendo o que na luta contra a e das Paraolimpíadas diariamente, buscando focos de água parada que
doença”. servem como criadouro do Aedes aegypti, transmissor também da
dengue, da chikungunya e da febre amarela.

Didatismo e Conhecimento 29
ATUALIDADES
“A Rio 2016 vai continuar acompanhando o assunto de perto Israel
e seguir orientação do Ministério da Saúde do Brasil”, afirmou um A imprensa israelense também noticiou na semana passada o caso
comunicado do comitê. de uma criança de dois anos diagnosticada com o zika no país depois
A epidemia de zika é o mais recente problema a atingir a primeira de uma viagem à Colômbia.
Olimpíada da América do Sul, com o Brasil já enfrentando recessão Fonte: G1 - (24/01/2016)
econômica e uma investigação sobre corrupção que arrastou políticos
e empresários para dentro de uma crise institucional. EBOLA
Os organizadores da olimpíada cortaram cerca de US$ 500
milhões em gastos, e alguns milhões de ingressos ainda estão à venda. OMS anuncia o fim da epidemia de ebola no Oeste da África
Instalações para canoagem, vela e remo vem sendo inspecionadas por A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou oficialmente
terem problemas com esgoto e vírus associados. nesta quinta-feira (13) o fim da epidemia de ebola no Oeste da África,
O zika foi detectado na América do Sul pela primeira vez no ano ao declarar a Libéria, o último país afetado, livre da doença.
passado, e alguns sanitaristas acreditam que sua chegada coincide “Hoje, a Organização Mundial da Saúde declara o fim da
justamente com outros dois eventos esportivos: a Copa do Mundo de epidemia de Ebola na Libéria e afirma que todas as cadeias conhecidas
Futebol de 2014 e um evento internacional de canoagem. de transmissão na África Ocidental cessaram”, anunciou a OMS.
A doença se espalho rapidamente e hoje afeta mais a região O anúncio do fim da epidemia ocorre dois anos e um mês depois
Nordeste do país, mais pobre, onde se concentra a maior parte dos do início da epidemia. O surto no Oeste da África foi o mais letal
casos de microcefalia. desde a identificação do vírus há 40 anos, com pelo menos 11.000
Fonte: G1 - (25/01/2016) vítimas.
A epidemia de ebola se iniciou em dezembro de 2013 no sul da
Na Europa, zika foi confirmado na Itália, Espanha, Inglaterra Guiné e se disseminou para os países vizinhos Libéria e Serra Leoa,
e Portugal depois para Nigéria e Mali.
A Itália registrou quatro casos de contágio do vírus zika em O anúncio da OMS ocorre 42 dias depois da útlima aparição do
março de 2015, informou neste domingo (24) a imprensa local. Os vírus, num paciente examinado em Novembro de 2015. O tempo de
pacientes, procedentes do Brasil, recuperaram-se totalmente. Entre incubação do vírus é de 21 dias, e a entidade considera que é preciso
os casos, três foram tratados no hospital Lazzaro Spallanzani, em esperar o dobro do tempo para certificar que um paciente isolado não
Roma, especializado em doenças infecciosas, enquanto o quarto foi tenha infectado outras pessoas.
hospitalizado em Florença. A Líberia chegou a ser declarada zona livre de ebola em maio,
mas focos de pessoas infectadas foram encontrados duas vezes em
áreas rurais do país, em julho e em setembro.
Reino Unido “A OMS parabeniza o governo e o povo da LIbéria pela reação
Neste sábado, o serviço público de saúde da Inglaterra tinha efetiva a essa reemergência do ebola”, afirmou Alex Gasasira,
confirmado três casos da infecção em britânicos que retornaram ao representante da OMS no país. A entidade diz que, apesar de ter sido
Reino Unido após viagens à América do Sul. Eles foram infectados declarado o fim da epidemia, é provável que ressurgências isoladas
na Colômbia, Suriname e Guiana. O governo britânico ressaltou que o ocorram.
zika vírus “não se encontra de forma natural” nas ilhas britânicas e que “A rápida debelação da reemergência é uma demonstração
“não se contagia diretamente de pessoa a pessoa”. concreta da capcidade fortalecida do governo para gerenciar surtos da
doença”, afirmou o médico, em comunicado da OMS.
Espanha Fonte: G1 - (14/01/2015)
Na sexta-feira, a imprensa noticiou que duas mulheres também
foram diagnosticadas com zika na Espanha, segundo a agência EFE. USINA DE BELO MONTE
Elas são da Améria do Sul e vivem na Catalunha. De acordo com
autoridades de saúde, elas foram infectadas durante viagens para seus Brasil vai responder na OEA por violações de direitos
países de origem no fim do ano passado. Não há risco para a população humanos em Belo Monte
da região. O Brasil terá de responder na OEA (Organização dos Estados
Americanos) as denúncias de violações de direitos humanos causadas
Portugal pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira,
Já em Portugal, foram confirmados quatro casos de zika em no Pará. Em dezembro, a empresa começou a encher os reservatórios
portugueses que voltaram de viagens ao Brasil, segundo comunicado para iniciar as operações.
publicado pela Direção-Geral da Saúde do país em 15 de janeiro. Segundo a denúncia, o Brasil liberou a obra de Belo Monte,
que é executada pelo consórcio Norte Energia S/A, sem consulta ou
Estados Unidos autorização prévia, livre e informada das comunidades indígenas da
Nesta sexta-feira, autoridades de saúde do estado de Nova York, região.
nos Estados Unidos, divulgaram que três pessoas testaram positivo Representantes de moradores da região afetada afirmam também
para o vírus da zika. Segundo o jornal New York Times, todos os que a obra tem outras irregularidades, como a falta de participação
infectados viajaram para países onde o vírus está se espalhando com e estudos de impacto ambiental adequados, deslocamentos forçados
rapidez. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados dos moradores para áreas não produtivas e sem condições de
Unidos (CDC) informou que, entre 2015 e 2016, 12 casos de zika sobrevivência, que violam os direitos à vida, integridade, saúde e
foram confirmados no país. Em todos eles, os pacientes foram justiça das comunidades indígenas, ribeirinhas e moradores da cidade
contaminados durante viagens a outros países. de Altamira.

Didatismo e Conhecimento 30
ATUALIDADES
A movimentação do processo ocorre quatro anos depois das O Itamaraty informou à reportagem do UOL, nesta terça-feira
denúncias feitas pelas organizações Justiça Global, Sociedade Paraense (12), que o Brasil recebeu petição da Comissão Interamericana
de Defesa dos Direitos Humanos e Associação Interamericana para a de Direitos Humanos, no último dia 21 de dezembro, solicitando
Defesa do Ambiente, que representam dos atingidos pela construção informações para o exame de admissibilidade relativo à situação das
da hidrelétrica. O caso entrou em tramitação na CIDH (Comissão comunidades tradicionais da bacia do rio Xingu, na região de influência
Interamericana de Direitos Humanos), da OEA, no dia 21 de da Hidrelétrica de Belo Monte.
dezembro de 2015. O órgão afirmou que vai se manifestar formalmente a respeito da
“A abertura do caso é, antes de tudo, uma vitória das populações petição no prazo de três meses, prorrogável por mais um mês, conforme
atingidas e movimentos sociais envolvidos, que resistiram durante prevê o regulamento da Comissão. “A abertura de procedimento
todos esses anos e permanecem firmes e determinados na busca regular tem caráter estritamente procedimental e não implica qualquer
por justiça e reparação”, destaca a advogada da Justiça Global, prejulgamento sobre a decisão que a CIDH possa vir a adotar quanto ao
Raphaela Lopes. tema. Ela significa apenas que foram cumpridos os requisitos necessários
O Ibama (Instituto Brasileiro do Ambiente e Recursos Naturais) para que a Comissão possa estudar a admissibilidade da petição”,
explicou o Itamaraty.
outorgou a licença de operação para a hidrelétrica de Belo Monte
Fonte: Uol - (13/01/2016)
em novembro do ano passado. Com o documento, a Norte Energia
recebeu a permissão para encher a represa.
Justiça suspende licença de Belo Monte e pede reestruturação
Segundo a Justiça Global, a licença foi concedida sem a Norte
da Funai no Pará
Energia “ter cumprido com as condicionantes necessárias para
A Justiça Federal de Altamira determinou a suspensão da Licença
garantir a vida, saúde e integridade da população afetada”. As de Operação da usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A medida vale
comunidades indígenas afetadas pela hidrelétrica estão protegidas até que a empresa Norte Energia, responsável pela construção e operação
por medidas cautelares expedidas em 2011 pela Comissão da usina, e o governo federal cumpram a obrigação de reestruturar a
Interamericana, e, segundo as denúncias, o Estado brasileiro ainda Fundação Nacional do Índio (Funai) na região para atender os índios
não cumpriu nenhuma delas. atingidos pelo projeto.
No mês de dezembro, o Grupo de Trabalho sobre Empresas Segundo o Ministério Público Federal no Pará, a condicionante
e Direitos Humanos das Nações Unidas visitou o município de constava da licença prévia da usina, concedida em 2010, mas nunca foi
Altamira, que é o mais próximo e mais afetado devido aos conflitos cumprida. Em 2014, o Ministério Público Federal acionou a Justiça, que
socioambientais e deslocamento ocasionados pela construção da ordenou, por meio de liminar, o cumprimento da condicionante, mas a
usina. A inspeção ouviu moradores da região afetada para verificar reestruturação não ocorreu. A liminar ordenava a apresentação, em 60
as denúncias de irregularidades. O resultado do grupo de trabalho dias, de um plano de reestruturação, que deveria incluir a construção
deverá sair no mês de junho. de sede própria para a Funai e a contratação de pessoal suficiente para
atender aos oito povos indígenas atingidos pela usina. Ainda de acordo
Consórcio contesta com o MPF, a Funai não tem sede própria e, em 2012, foram retirados
A Norte Energia contestou as denúncias contra a empresa todos os postos das aldeias. Hoje, o órgão tem 72% menos funcionários
sobre a construção de Belo Monte e informou que cumpriu todas para atuar com os povos indígenas. “A reestruturação da Funai era
as exigências socioambientais para obter licenciamento, em todas medida indispensável para que as demais ações condicionantes fossem
as etapas do empreendimento. “Foram cumpridos os compromissos devidamente implementadas. O que ocorreu foi a desestruturação da
para obtenção das licenças Prévia, Instalação e de Operação, esta Funai e o corrompimento das obrigações do licenciamento pela Norte
emitida pelos órgãos licenciadores em 24 de novembro de 2015. Energia”, afirmou o MPF. A decisão que suspende a licença de Belo
Portanto, não há o que falar em violação dos direitos humanos Monte é de 11 de janeiro. Depois de notificado, o Ibama tem prazo
uma vez que a empresa atendeu a todas as condicionantes do de cinco dias para paralisar o enchimento do reservatório. Além da
licenciamento ambiental”, afirmou em comunicado. suspensão da licença, foi determinada multa de R$ 900 mil para União e
Norte Energia pelo descumprimento da ordem judicial.
O comunicado destaca ainda que, entre 2007 e 2009, durante
A usina está com mais de 87% das obras civis concluídas e
a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - Relatório de
atualmente está na fase de enchimento dos reservatórios. A previsão
Impacto ao Meio Ambiente (Eia-Rima), foram realizadas 12
para início da operação comercial é março. A Agência Brasil procurou a
consultas públicas; dez oficinas com a comunidade da área do
assessoria da Norte Energia, mas ainda não obteve retorno.
empreendimento; mais de 4.000 visitas às famílias da região do Fonte: Agência Brasil - (14/01/2016)
Xingu; e 30 reuniões com representantes da Funai em aldeias, com
registro de cerca de 1.700 indígenas, com tradutores indicados pelas BOATE KISS
lideranças das etnias.
“Ressalte-se que 8.000 pessoas participaram das audiências Tragédia da Kiss completa 3 anos em meio à luta de familiares
públicas que definiram as diretrizes do Projeto Básico Ambiental da por justiça
usina. Os mecanismos de controle social para acompanhar o processo O incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, na Região Central do Rio
de construção de Belo Monte continuam com as reuniões do Fórum Grande do Sul, completa nesta quarta-feira (27) três anos. Na madrugada
de Acompanhamento Social de Belo Monte, que já somam cerca de 27 de janeiro de 2013, centenas de jovens foram intoxicados pela
de 80 desde julho de 2011 tendo a participação de representantes fumaça produzida pela queima de uma espuma acústica após o vocalista
de prefeituras, associações, sindicatos, cooperativas, Ibama, Funai, da banda que tocava na festa “Agromerados” ter acendido um artefato
Universidade Federal do Pará, dentre outras entidades”, destacou a pirotécnico dentro do estabelecimento. A tragédia terminou com 242
empresa. mortos e mais de 600 feridos.

Didatismo e Conhecimento 31
ATUALIDADES
Desde então começou a luta dos sobreviventes e familiares contra as O local tinha capacidade para 691 pessoas, mas a suspeita é que
sequelas físicas e psicológicas, cujo processo passa também pela busca mais de 800 estivessem no interior do estabelecimento. Os principais
por justiça. O ano de 2015 foi marcado pelo depoimento dos quatro réus fatores que contribuíram para a tragédia, segundo a polícia, foram: o
do processo judicial que vai determinar as responsabilidades pela morte material empregado para isolamento acústico (espuma irregular), uso de
de 242 pessoas naquela fatídica noite em Santa Maria e pela condenação sinalizador em ambiente fechado, saída única, indício de superlotação,
e elevação das penas, em segundo grau, de bombeiros envolvidos falhas no extintor e exaustão de ar inadequada.
na fiscalização da boate. Eles foram condenados por terem atestado Ainda estão em andamento os processos criminais contra oito réus,
que a boate estava apta a funcionar, mesmo tendo consciência de que sendo quatro por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e
não atendida todas as normas, e por terem ignorado procedimentos de tentativa de homicídio, e os outros quatro por falso testemunho e fraude
fiscalização. processual. Os trabalhos estão sendo conduzidos pelo juiz Ulysses
Outro fato que marcou o ano passado foi a investida do Ministério Fonseca Louzada. Sete bombeiros também estão respondendo pelo
Público na Justiça contra três representantes de entidades que reúnem incêndio na Justiça Militar. O número inicial era oito, mas um deles fez
pais de vítimas da tragédia. Os presidentes da Associação de Familiares acordo e deixou de ser réu.
de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Entre as pessoas que respondem por homicídio doloso, na
Sérgio da Silva, e do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, Flávio modalidade de “dolo eventual”, estão os sócios da boate Kiss, Elissandro
José da Silva, foram processados por calúnia por terem fixado cartazes Spohr (Kiko) e Mauro Hoffmann, além de dois integrantes da banda
na cidade relacionando um promotor à tragédia. Outra ação foi movida Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o
contra o diretor jurídico da AVTSM, Paulo Tadeu Nunes de Carvalho, funcionário Luciano Bonilha Leão. Os quatro chegaram a ser presos nos
por dois promotores que se sentiram ofendidos por um artigo publicado dias seguintes ao incêndio, mas a Justiça concedeu liberdade provisória
nos principais jornais de Santa Maria. a eles em maio de 2013.
A madrugada em que a tragédia completou três anos foi marcada Atualmente, o processo criminal ainda está em fase de instrução.
por mais uma vigília em frente à boate. A partir das 20h de terça Após ouvir mais de 100 pessoas arroladas como vítimas, a Justiça está
(26), familiares iniciaram uma caminhada até a frente da boate, cuja em fase de recolher depoimentos das testemunhas. As testemunhas de
fachada foi pintada de preto e grafitada por estudantes. O dia deve ter acusação já foram ouvidas e agora são ouvidas as testemunhas de defesa.
homenagens, shows musicais e uma missa realizada na cidade de Santa Os réus serão os últimos a falar. Quando essa fase for finalizada, Louzada
Maria para lembrar os mortos. deverá fazer a pronúncia, que é considerada uma etapa intermediária do
Busca por responsabilização de agentes públicos processo.
Mas para os familiares das vítimas, o que realmente vai marcar No dia 5 de dezembro de 2014, o Ministério Público (MP)
os três anos da tragédia é a busca pela responsabilização dos agentes denunciou 43 pessoas por crimes como falsidade ideológica, fraude
públicos com um processo na Corte Interamericana de Direitos Humanos, processual e falso testemunho. Essas denúncias tiveram como base o
alegando a violação do direito à Justiça por parte do Estado brasileiro. inquérito policial que investigou a falsificação de assinaturas e outros
A denúncia, que deve ser protocolada no mês que vem, e que será documentos para permitir a abertura da boate junto à prefeitura.
apresentada para as famílias das vítimas na tarde desta quarta-feira (27), Fonte: G1 - (27/01/2016)
será encaminhada ao tribunal da Organização dos Estados Americanos
(OEA) sob alegação de que não houve processo judicial contra nenhum INTERNACIONAL
agente do Estado envolvido na tragédia.
A notícia sobre o processo que será movido pelos familiares veio ONU aprova supervisão do processo de paz entre Colômbia e
no mesmo dia em que um dos réus no processo – Elissandro Spohr, o as Farc
Kiko, um dos sócios da boate – anunciou que vai processar agentes e O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta
órgãos públicos por terem permitido que sua boate funcionasse, sem que segunda-feira (25), por unanimidade, uma resolução para supervisionar
fosse realizada uma fiscalização efetiva da situação, o que, segundo ele, o fim do conflito na Colômbia, atendendo a um pedido do governo desse
apontaria os problemas da casa noturna. Em seu depoimento à Justiça, país sul-americano e da guerrilha das Farc. Aprovado pelos 15 membros
Kiko disse que o prefeito da cidade, Cezar Schirmer, deveria estar no do máximo órgão decisório da ONU, reunido em Nova York, o texto
banco dos réus com ele. estabelece, entre outros pontos, o envio de uma “missão política” durante
No processo protocolado na terça-feira (25), Kiko pede 40 salários um ano para participar de um “mecanismo tripartite” para “vigiar e
mínimos de cada um dos 15 agentes públicos ou instituições processados verificar o cessar-fogo e o fim bilateral e definitivo das hostilidades”.
por ele, totalizando mais de R$ 500 mil, que serão, segundo o defensor A resolução foi aprovada pelos cinco membros permanentes do
de Kiko, doados para os familiares das vítimas. Conselho de Segurança (Reino Unido, França, Estados Unidos, China e
Em relação ao processo judicial que tramita na Justiça de Santa Rússia) e pelos dez não permanentes, entre eles Uruguai - que exerce a
Maria, foi encerrada a fase de instrução com os depoimentos dos réus no presidência da entidade neste momento -, Espanha e Venezuela.
processo. Agora, os advogados devem apresentar as teses finais de defesa “Esta decisão do Conselho é uma manifestação de seu compromisso
até o dia 20 de abril. Enquanto isso, familiares de jovens que perderam para o acerto pacífico de controvérsias. Sua vontade de trabalhar com
a vida na tragédia prometem não arrefecer os ânimos na luta por justiça. a Colômbia neste tema é fundamental para o sucesso desse processo”,
disse a chanceler María Holguín, presente no recinto durante a sessão.
Entenda “Hoje é um dia muito importante para a Colômbia. Vemos a luz
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ocorreu na madrugada que a cada dia se aproxima mais”, acrescentou Holguín, em coletiva de
do dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia matou 242 pessoas, sendo a imprensa posterior, referindo-se às negociações de paz com a guerrilha
maioria por asfixia, e deixou mais de 630 feridos. O fogo teve início das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) iniciadas em
durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira e se espalhou 2012, em Havana, cujo acordo final poderá ser assinado no fim de
rapidamente pela casa noturna, localizada na Rua dos Andradas, 1.925. março.

Didatismo e Conhecimento 32
ATUALIDADES
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, comemorou a Funcionários chavistas fecharam as portas do prédio, e o chefe
adoção da resolução. “A decisão tomada pelo Conselho de Segurança de segurança anunciou a Ramos Allup que não lhe permitiria acesso.
significa que, a partir de agora, já não estamos sozinhos, mas de mãos “Se eu tivesse argumentado que era meu direito
dadas com a ONU, com o mundo inteiro, para o fim desta guerra”, constitucional, [o chefe de segurança]teria sacado uma pistola.
afirmou Santos. Então me retirei do local”, relatou o deputado, que defende
Liderada por um representante especial do secretário-geral da abertamente a renúncia do presidente Nicolás Maduro.
organização, Ban Ki-moon, a missão da ONU também terá entre Ao se retirar, Ramos Allup foi cercado e insultado por manifestantes,
suas tarefas supervisionar a “entrega de armas”. “A missão será obrigando policiais a intervir para levá-lo até seu carro.
política, integrada por observadores internacionais desarmados, que O episódio acirra temores de confronto entre simpatizantes da
se encarregará de vigiar e verificar a deposição das armas e fará parte aliança opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática) que tomarão
do mecanismo tripartite”, diz o texto. as ruas para celebrar a posse e grupos civis armados pelo chavismo que
prometem resistir à “Assembleia Burguesa”.
Pedido das duas partes Há tensão também pelo anúncio da MUD de que vai ignorar decisão
A ONU foi informada oficialmente do pedido das duas partes de da Justiça que invalidou a eleição de três deputados antichavistas.
uma carta enviada pelo presidente Juan Manuel Santos à presidência O Tribunal Superior de Justiça (corte suprema) acatou pedido do
do Conselho de Segurança e à secretaria-geral, acompanhada de um governista PSUV (Partido Social Unido da Venezuela) para impugnar
comunicado conjunto assinado pelo governo e pelos rebeldes das Farc resultados das urnas do Estado de Amazonas, sob alegação de compra
em Havana. de votos. A medida também suspendeu a proclamação de um deputado
Agora, a assessoria de Ban deve preparar recomendações da PSUV. A corte disse que não haverá novas eleições locais.
detalhadas “com relação ao tamanho e aos aspectos operacionais A MUD diz que a manobra visa a torpedear sua supermaioria
da missão”, que será integrada, a princípio, por especialistas dos obtida na eleição de 6 de dezembro. Caso perca três deputados, a
Estados-membros da Comunidade dos Estados Latino-americanos e aliança ficaria com 109 das 167 cadeiras, o que implicaria o fim da
Caribenhos (Celac). maioria de dois terços, que permite emendar a Constituição, aprovar a
Segundo fontes diplomáticas, assim que o cessar-fogo bilateral Constituinte ou destituir altos funcionários.
for assinado formalmente, será adotada uma segunda resolução sobre Numa aparente tentativa de acalmar os ânimos, Maduro disse
a dispersão da missão. “A montagem será iniciada imediatamente que seu governo está em contato com representantes da MUD para
tanto aqui quanto no terreno”, explicou Holguín. “garantir a paz”. Ele, porém, exigiu que a MUD “respeite as instituições
O chanceler uruguaio e presidente em exercício do Conselho de de Estado” e ameaçou reprimir planos de violência opositora.
Segurança, Rodolfo Nin Noboa, manifestou sua “grande satisfação” O ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, também
e saudou a Colômbia por “este passo fundamental”. “Resta o último se pronunciou.
esforço para que, no próximo 23 de março, o acordo seja assinado”, Em meio a rumores de que estaria disposto a enfrentar Maduro
acrescentou. para defender a legalidade, o ministro deu declarações ambíguas.
“É um momento positivo. Passou muito tempo sem que um Disse que as Forças Armadas são “profundamente bolivarianas e
país viesse ao Conselho de Segurança por vontade própria e tenha revolucionárias”, mas também respeitosas da Constituição e dos
uma autorização da ONU sobre uma parte importante de um acordo direitos humanos.
de paz”, avaliou o embaixador britânico no órgão, Matthew Rycroft,
antes da votação. Outras manobras
Segundo Holguín, esta foi a 14ª ocasião em 70 anos de existência Manobras do governo para esvaziar poderes da nova legislatura
da ONU em que uma resolução é apresentada e aprovada por todos os também incluem a substituição, no apagar das luzes do atual
membros do Conselho de Segurança. Parlamento, de 13 dos 32 magistrados do TSJ, num claro esforço para
A guerrilha das Farc - com sete mil combatentes - e o governo blindar o Executivo nos embates contra o Legislativo.
Santos negociam desde 2012 em Havana um fim para o conflito Os novos magistrados, cuja nomeação dificilmente será revertida,
armado, iniciado nos anos 1960. Em mais de 50 anos, foram mais ficarão no cargo por 12 anos. Eles foram apontados após os antecessores
de 220 mil mortos e mais de seis milhões de desaparecidos, segundo serem aposentados mais de um ano antes do prazo.
dados oficiais. O governo criou, ainda, um Parlamento Comunal, que poderá se
Fonte: G1 - (26/01/2016) reunir quando quiser na Assembleia e aprovar leis “em favor do povo”.
Fonte: Folha.com - (04/01/2016)
Chavistas acirram confronto e hostilizam líder da oposição
Na véspera da posse da nova legislatura opositora, o novo Brasil diz que resultado das eleições na Venezuela deve ser
presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Henry Ramos respeitado
Allup, foi impedido de entrar no prédio administrativo do Parlamento Em nota divulgada na manhã desta terça-feira (5), o governo
e teve de ser escoltado por policiais para não ser agredido. brasileiro expressou que deve ser “plenamente respeitada” a “vontade
Em meio a uma escalada de hostilidades governistas que soberana do povo venezuelano”, demonstrada nas urnas no início de
prenunciam tensão na cerimônia desta terça-feira (5), chavistas dezembro, quando a oposição ganhou a maioria absoluta dos assentos
também saquearam equipamento do canal de TV parlamentar, cujo na Assembleia Legislativa. A nota veio horas antes da posse da nova
sinal foi tirado do ar. Assembleia em Caracas.
Ramos Allup foi barrado no início da tarde, quando tentava Com clareza, o comunicado do Itamaraty destaca que os resultados
ingressar nas dependências da sede administrativa para, segundo ele, oficiais “foram divulgados e validados pelo Conselho Nacional
emitir documentos relativos à sua declaração de imposto de renda Eleitoral da Venezuela e prontamente reconhecidos, na ocasião, por
como deputado, cargo que exerce desde 2010. todas as forças políticas do país”.

Didatismo e Conhecimento 33
ATUALIDADES
“O governo brasileiro confia que será plenamente respeitada a defendeu medidas para mitigar a violência armada no país, como
vontade soberana do povo venezuelano, expressada de forma livre e o aumento da exigência de licenças federais para vendedores e a
democrática nas urnas”, diz o texto. verificação de antecedentes criminais para compradores de armas.
Na última semana, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela Com o novo regulamento, todos envolvidos no negócio de armas
(TSJ) impugnou os resultados das urnas no Estado de Amazonas, de fogo no país, incluindo colecionadores que vendem pela internet
sob alegação de compra de votos. Com a decisão, três deputados e em exposições, devem ter verificação de antecedentes criminais
opositores eleitos não poderão assumir suas funções e, sem os três, a e licenciamento federal. As medidas também incluem um sistema
oposição perderia a supermaioria conquistada nas urnas. de checagem mais eficiente, 200 novos agentes e investigadores no
A opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática) já disse que Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de fogo e Explosivos (ATF,
pretende empossar todos os seus 112 deputados eleitos e acusa o na sigla em inglês), verificação do estado psiquiátrico de qualquer
governo Maduro de um “golpe judicial” para prejudicar a oposição. pessoa que queira comprar uma arma e investimento em pesquisas de
O comunicado do Itamaraty lembra ainda que a lisura das tecnologia de segurança de armas.
eleições, “que contaram com expressiva participação dos eleitores, foi O democrata, diante do Congresso de maioria republicana, se
atestada, entre outras, pela missão eleitoral da Unasul”, com apoio e emocionou ao lembrar do massacre na escola primária de Sandy
participação brasileiras. Hook, em Connecticut, em 2012, quando 20 crianças e seis adultos
“O governo brasileiro (...) confia que serão preservadas e morreram. O pai de uma das vítimas também se pronunciou. “Essa é
respeitadas as atribuições e prerrogativas constitucionais da nova uma luta que o presidente não pode lutar sozinho, e nós precisamos
Assembleia Nacional venezuelana e de seus membros, eleitos naquele de sua ajuda, precisamos da ajuda de todos”, afirmou Mark Barden.
pleito”, diz o texto. “Somos o único país desenvolvido na Terra que vê esse tipo
Em tom mais duro que o habitual, a nota destaca: “Não há de violência em massa avançar com esse tipo de frequência. Isso
lugar, na América do Sul do século 21, para soluções políticas fora não acontece em outros países desenvolvidos. Não está nem perto
da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia e ao de acontecer”, destacou o presidente, segundo a CNN. “De alguma
Estado de Direito.” forma, nos tornamos indiferentes a isso e passamos a sentir que isso é
No texto, o governo brasileiro pede que todos os atores políticos normal”, afirmou, acrescentando que é preciso senso de urgência neste
venezuelanos “mantenham e aprimorem o diálogo e a boa convivência, assunto, “porque pessoas estão morrendo”.
que devem ser a marca por excelência das sociedades democráticas”. O presidente, que defende o direito constitucional ao porte de
Abaixo, a íntegra da nota do Ministério das Relações Exteriores
armas, citou que “todos os anos, as vidas de mais 30 mil americanos
brasileiro:
são tiradas pela violência armada. Milhares de pessoas têm que
“O governo brasileiro acompanha com atenção e interesse os
enterrar seus entes queridos”.
desdobramentos das eleições legislativas venezuelanas realizadas no
Depois do último atentado terrorista nos Estados Unidos, em
último dia 6 de dezembro, saúda a instalação da nova Assembleia
dezembro, em São Bernardino, na Califórnia, o número de venda de
Nacional venezuelana e insta todos os atores políticos venezuelanos
armas em dezembro foi um dos maiores registrados em qualquer outro
a manter e aprimorar o diálogo e a boa convivência, que devem ser a
mês em duas décadas, reportou relatório na segunda-feira (4), segundo
marca por excelência das sociedades democráticas.
o New York Times. No mês passado, foram vendidas 1,6 milhão de
A lisura do pleito de 6 de dezembro, que contou com expressiva
armas, número somente inferior a janeiro de 2013, quando o comércio
participação dos eleitores, foi atestada, entre outras, pela Missão
atingiu 2 milhões de armas. Após a iminência de regulamentação
Eleitoral da Unasul, chefiada pelo ex-presidente da República
Dominicana Leonel Fernández, com apoio e participação brasileiras. anunciada por Obama, o número também subiu, como de costume.
Seus resultados oficiais foram divulgados e validados pelo Conselho A Casa Branca afirma que a ação ainda não se aplica a aqueles
Nacional Eleitoral da Venezuela e prontamente reconhecidos, na que compram e comercializam como colecionadores, mas que será
ocasião, por todas as forças políticas do país. aplicada às pessoas consideradas “negociantes”, que vendem armas de
Como afirmou em outras ocasiões, o governo brasileiro confia que fogo logo após a aquisição ou em sua embalagem original.
será plenamente respeitada a vontade soberana do povo venezuelano, Segundo a revista Time, a pena para quem não se adequar às novas
expressada de forma livre e democrática nas urnas. Confia, igualmente, exigências é de cinco anos de prisão ou multa de até US$ 250,000.
que serão preservadas e respeitadas as atribuições e prerrogativas Fonte: Revista Época - (05/01/2016)
constitucionais da nova Assembleia Nacional venezuelana e de seus
membros, eleitos naquele pleito. Obama realiza seu último discurso
Não há lugar, na América do Sul do século 21, para soluções O otimismo foi a marca do último discurso do Estado da União
políticas fora da institucionalidade e do mais absoluto respeito à do presidente Barack Obama. Ele usou quase uma hora no Capitólio
democracia e ao Estado de Direito.” para fazer um pronunciamento histórico. Em um tom que parecia o de
Fonte: Folha.com - (05/01/2016) campanha eleitoral, mais que indicar prioridades para seus últimos 12
meses de mandato, Obama disse que estava olhando para o horizonte
ESTADOS UNIDOS de “cinco, dez anos e além” e prometeu que o país conquistará mais
segurança e uma melhor vida. Em seu discurso, chegou a dizer
Em discurso emocionado, Obama lança medidas para que acredita que o país conseguirá encontrar a cura para o câncer e
controle de armas nos EUA controlar o HIV/aids e a malária. Terminou resgatando os valores
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na morais do país e dizendo uma frase que se lembra com a de sua eleição
tarde desta terça-feira (5), ações executivas que tornam mais rígido de 2008: “Eu acredito em você”.
o controle de venda de armas no país. Em discurso emocionado, ele

Didatismo e Conhecimento 34
ATUALIDADES
Conquistas e metas para o último ano — Será que vamos responder às mudanças de nosso tempo
— Para os entes queridos que todos nós já perdemos, para a família com medo, nos voltarmos para dentro como uma nação, e virando
ainda podemos salvar, vamos tornar a América o país que cura o câncer uns contra os outros como um povo? Ou será que vamos encarar o
uma vez por todas — disse, arrancando demorados aplausos. futuro com confiança em quem somos, o que defendemos, e as coisas
O discurso de Obama, aplaudido diversas vezes, começou incríveis que podemos fazer juntos?
misturando conquistas — como a recuperação econômica e a criação Obama aproveitou para falar da luta política e da polarização
de mais de 14 milhões de empregos — com metas para o futuro. Citou que cresce no país. Com o Congresso dominado pelos republicanos,
a reaproximação com Cuba e as melhorias na Colômbia. Na parte poucos projetos de lei de interesse do presidente têm sido aprovados e
econômica, fez forte crítica a Wall Street e citou que já há 18 milhões Obama tem se utilizado cada vez mais de atos executivos, o que gera
de americanos em seu programa de saúde, conhecido como Obamacare, polêmica.
e afirmou que vai reduzir o custo da universidade. Voltou a defender a — Uma melhor política não significa que nós temos que
aprovação da Parceria Transpacífica (TPP, maior acordo comercial do concordar em tudo. Este é um grande país, com diferentes regiões e
mundo) e prometeu reduzir a pobreza. Defendeu, diversas vezes, uma atitudes e interesses. Esse é um dos nossos pontos fortes, também.
vida com menos poluentes e o uso da tecnologia para melhorar o meio Nossos fundadores distribuíram o poder entre estados e entre ramos
ambiente. do governo, e esperamos discutir, assim como eles fizeram, sobre o
— A mudança climática é apenas uma das muitas questões em tamanho e a forma de governo, sobre o comércio e as relações externas,
que nossa segurança está ligada ao resto do mundo. E é por isso que sobre o significado da liberdade e os imperativos de segurança. Mas a
a terceira grande questão que temos de responder é como manter a democracia exige padrões básicos de confiança entre os seus cidadãos
América segura e forte, sem qualquer isolamento — disse. — disse Obama.
Obama terminou dizendo que, ao sair da Casa Branca, não vai
Compromisso de derrotar jihadistas desistir de lutar por um país melhor.
O presidente usou boa parte de seu discurso para falar de segurança — Mas posso prometer que um ano a partir de agora, quando já
nacional e voltou a prometer acabar com o Estado Islâmico e buscar não ocupar este cargo, eu estarei na rua com você, como um cidadão
“soluções definitivas” para o Oriente Médio, que segundo ele está — inspirado por essas vozes da equidade e da visão, de coragem e bom
passando por uma transformação que está tratando de “conflitos que
humor e gentileza que têm ajudado os EUA a ir tão longe. Vozes que
remontam milênios”.
nos ajudam a ver a nós mesmos não em primeiro lugar como preto ou
— Tratar o combate ao Estado Islâmico, nossa maior reclamação,
branco, ou asiático ou latino, não como gay ou hetero, imigrantes ou
como se fosse a terceira guerra mundial é fazer o jogo deles — disse
nativos; não como democratas ou republicanos, mas como americanos
Obama, falando que o grupo não é uma ameaça ao país e não representa
primeiro, vinculados por um credo comum — disse, citando Martin
umas das maiores religiões do mundo. — Nós apenas precisamos
Luther King.
dizer o que eles são: assassinos e fanáticos que têm de ser erradicados,
A plateia especialmente convidada para o discurso de Obama
caçados e destruídos.
dava mostras da força política que o presidente daria em suas palavras.
O presidente afirmou que deve destruir o Estado Islâmico e a al-
Segundo adiantou a primeira-dama Michelle Obama em sua conta
Qaeda, mas afirmou que o trabalho não acaba aí:
— Pois mesmo sem o Estado Islâmico, a instabilidade vai no Instagram, estavam presentes imigrantes — inclusive um saudita
continuar por décadas em muitas partes do mundo — no Oriente Médio, que atua nas Forças Armadas dos EUA — refugiados sírios, os dois
no Afeganistão e no Paquistão, em partes da América Central, África jovens americanos que evitaram um ataque terrorista em um trem na
e Ásia. Alguns desses lugares podem se tornar refúgios seguros para França e o casal que garantiu o casamento gay na Suprema Corte,
novas redes terroristas; outros serão vítimas de conflito étnico, ou a gerando a aceitação do país ao tema. Uma cadeira deveria estar vazia,
fome, alimentando a próxima onda de refugiados. O mundo vai olhar simbolizando uma vítima de arma de fogo, reforçando a luta de Obama
para nós para ajudar a resolver estes problemas — disse. pelo controle de armas.
Obama afirmou que o mundo respeita os EUA não apenas pelo
arsenal militar, mas pela diversidade, abertura e respeito a todas as Corrida para cumprir promessas
religiões. Citando os casos do Vietnã e do Iraque, Obama defendeu uma Obama corre contra o tempo para cumprir suas promessas e deixar
nova forma de atuação militar: seu legado. Isso é fundamental para tentar melhorar sua aprovação.
— Felizmente, há uma abordagem mais inteligente, uma paciente Segundo pesquisa do Instituto Gallup, feito entre os dias 7 e 9 de
e disciplinada estratégia que usa todos os elementos de nosso poder janeiro, 47% aprovam o presidente, contra 49% que não concordam
nacional. Ele diz que a América vai agir sempre, sozinho, se necessário, com sua administração.
para proteger nosso povo e nossos aliados; mas em questões de interesse Este discurso reforma que Obama não será o “pato manco”,
global, vamos mobilizar o mundo para trabalhar conosco, e nos certificar como os americanos denominam os presidentes em fim de mandato,
de que outros países puxem seu próprio peso — disse. que a cada dia perdem prestígio e poder. Suas ações podem afetar
Ele voltou a defender os EUA grandes e fortes: diretamente a escolha de seu sucessor e, de certa maneira, criar uma
— Pesquisas mostram nossa posição em todo o mundo é maior agenda forte para a campanha.
do que quando fui eleito para este cargo, e quando se trata de todas as — O presidente chega ao fim de mandato com uma força muito
questões internacionais importantes, as pessoas do mundo não olham grande e com a vontade de definir seu legado. Isso terá impacto em
para Pequim ou Moscou, elas nos chamam — disse, recebendo aplausos. todo o ano político, inclusive um peso maior nas eleições. Acredito
Em seu discurso, Obama lembrou que os Estados Unidos sempre que 2016 será um grande ano para ele — afirmou Robert Watson,
foram formados pelas grandes mudanças. O presidente citaria “guerras da Lynn University, que acredita que o presidente, ainda jovem, será
e depressão, o afluxo de imigrantes, trabalhadores que lutam por um tão ativo quanto Jimmy Carter ou Bill Clinton mesmo após sair do
acordo justo, e movimentos para expandir direitos civis”. governo.

Didatismo e Conhecimento 35
ATUALIDADES
Balanço de uma era ARMAS
A nova cruzada pelo controle de armas, também baseada em
OBAMACARE atos administrativos, visa a obter algum avanço no setor, depois de
O presidente criou um plano de saúde pública, embora tenha anos sem nenhum passo concreto. A tentativa de reformar o sistema
ficado aquém do que propunha e ainda ter sido reduzido por decisão prisional também avança de maneira lenta.
da Suprema Corte. Mas, aos poucos, o plano começa a dar resultados
e mais americanos o estão usando. ESPIONAGEM
Obama enfrentou em seu governo o escândalo da Agência de
GUANTÁNAMO Segurança nacional (NSA), que chegou a espionar líderes de outros
Grande calcanhar de Aquiles das promessas do presidente, a países. O tema gerou constrangimento aos EUA, que tiveram que
prisão e base americana encravada em território cubano continua pedir desculpas em diversos casos.
aberta e com 105 presos, a maioria por ligação com o terrorismo. O
presidente insiste em fechar o local até janeiro de 2017. GAYS
Apesar de seu forte discurso em favor da igualdade, o avanço
mais forte para os gays ficou com a Suprema Corte, que julgou legal o
IRÃ
casamento entre pessoas do mesmo sexo. (H. G. B.)
Obama celebrou um acordo nuclear histórico com o Irã, mas
Fonte: O Globo - (13/01/2016)
ainda depende da aprovação do Congresso. A piora na situação do
Oriente Médio dificulta a análise do acordo.
Trump desenterra caso Lewinsky para atacar Hillary Clinton
Em uma tentativa de atacar sua principal adversária democrata,
GUERRAS Hillary Clinton, o pré-candidato republicano à presidência dos Estados
O presidente já avisou que não vai cumprir a promessa de Unidos, Donald Trump, desenterrou o caso Monica Lewinsky em uma
deixar menos de mil soldados no Afeganistão até o fim do mandato. propaganda veiculada nesta quinta-feira (7).
Agora, estima-se que ficarão cerca de 5,5 mil, e caberá ao sucessor Em um vídeo de 15 segundos veiculado na conta de Trump no
dele por fim à mais longa guerra dos EUA, iniciada em 2001. Instagram, aparece uma série de fotos de Bill Clinton (marido de
Hillary) com Monica Lewinsky; a manchete de um jornal que chama
CUBA o ex-presidente de mentiroso e uma imagem de Hillary Clinton ao
A reaproximação histórica dos Estados Unidos com a ilha de lado de Anthony Weiner, um congressista casado que renunciou após
Fidel Castro ocorreu por decisão pessoal de Obama, que driblou enviar fotos obscenas para mulheres na Internet.
o Congresso retomando relações com Cuba baseadas em atos Na última foto estão a candidata democrata e o ator Bill Cosby,
executivos. O embargo econômico ao país caribenho, que depende que atualmente é acusado de vários casos de agressão sexual.
de decisão dos parlamentares, continua em vigor. As imagens são acompanhadas por uma declaração de Hillary
Clinton: “Os direitos das mulheres são direitos humanos, e os direitos
CRISE ECONÔMICA humanos são direitos das mulheres. Uma vez por todas, continuemos
Eleito meses após o estouro da crise cujo estopim foi a falência a lutar por igualdade e dignidade”.
do banco Lehman Brothers, Obama conseguiu virar a página O vídeo termina com uma mensagem irônica: “uma verdadeira
da crise. O desemprego está na metade do valor que era quando defensora dos direitos da mulher”.
assumiu, e o crescimento econômico do país é o maior entre as Fonte: G1 - (08/01/2016)
nações desenvolvidas.
COREIA DO NORTE REALIZA TESTES COM A
MUDANÇAS CLIMÁTICAS “BOMBA H”
Nos últimos meses, o presidente abraçou com mais força a
Coreia do Norte anuncia teste com bomba H e surpreende o
causa climática e tem dado uma guinada ao país no tema. Obama
mundo
se empenhou pessoalmente por um acordo planetário em Paris, no
A Coreia do Norte assustou o mundo nesta quarta-feira (6) ao
fim do ano. Este deve ser um tema em que vai investir no seu último
anunciar um teste com uma bomba de hidrogênio. Se for confirmado,
ano.
esse será o quarto teste nuclear da Coreia do Norte desde 2006.
O anúncio veio depois que o Serviço Geológico Americano
DESIGUALDADE registrou um terremoto de 5.1 graus na região. O tremor foi no nordeste
Apesar do discurso de oportunidades para todos, Obama viu a da Coreia do Norte, a cerca de 600 quilômetros da capital Pyongyang.
desigualdade crescer em seu governo. A crise global foi a primeira Esse terremoto pode ter sido provocado pela explosão da bomba.
causa, mas a recente bonança não gerou os efeitos esperados. O epicentro do tremor foi em Punggye-ri, onde fica uma das
instalações que é usada para testes nucleares no país. Essa notícia é o
IMIGRAÇÃO destaque no mundo todo. As explosões dos testes dos anos anteriores
Grande tema dos republicanos, Obama se vale de atos não foram muito distantes do local registrado nesta quarta-feira (6).
administrativos para favorecer a vida dos imigrantes com filhos A diferença é: a bomba desta quarta-feira (6), confirmando ser de
americanos, que estejam nos EUA há anos e não tenham nenhum hidrogênio, pode ser bem mais poderosa.
antecedente criminal. Mas não conseguiu reformar a lei que trata Logo depois do alerta de tremor na região, entrou no ar um
do tema. boletim da TV norte-coreana, que diz: “o primeiro teste com uma
bomba de hidrogênio foi realizado às dez horas de hoje.”

Didatismo e Conhecimento 36
ATUALIDADES
A reação dos países vizinhos foi imediata: o ministro das Arábia Saudita corta relações diplomáticas com o Irã
Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, afirmou que o teste é A Arábia Saudita anunciou neste domingo (03/01) o rompimento
“uma ameaça à paz e à estabilidade no mundo.” das relações diplomáticas com o Irã, na sequência das tensões geradas
Na China, uma das poucas parceiras da Coreia do Norte, a porta- pela execução do clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr pelo regime saudita.
voz do Ministério das Relações Exteriores disse que o país não foi O comunicado foi feito pelo ministro saudita do Exterior, Adel al-Jubeir,
avisado oficialmente sobre a explosão, mas que Pequim se opõe que justificou a medida como reação à invasão da embaixada saudita em
firmemente ao teste e vai trabalhar para desnuclearizar a península Teerã por manifestantes iranianos.
coreana. Jubeir anunciou também que todos os diplomatas iranianos na
Na Coreia do Sul, a presidente Park Geun-hye usou o termo Arábia Saudita têm de abandonar o reino sunita no prazo de 48 horas. O
“provocação” e disse que “os norte-coreanos terão que pagar um preço ministro afirmou ainda que Riad não permitirá que o Irã mine a segurança
por esse teste.” da Arábia Saudita. “A Arábia Saudita está rompendo laços diplomáticos
O ministro das Relações Exteriores esteve em Seul com o com o Irã e solicita que todos os membros da missão iraniana saiam [do
embaixador dos Estados Unidos no país. país] dentro de 48 horas”, disse o ministro.
A ONU já recebeu o pedido para uma reunião do Conselho de No sábado, o reino sunita executou 47 pessoas acusadas de ligação
Segurança. Quem sabe nesta quarta-feira (6) não saem novas sanções com o terrorismo, entre elas o proeminente clérigo xiita. A maioria era
contra a Coreia do Norte, que já sofre punições pelos testes anteriores, de nacionalidade saudita, com exceção de um egípcio e um chadiano. As
mas parece que não surtiram efeito. Outras potências mundiais acusações incluem a adoção e promoção da ideologia takfiri (extremismo
também já se manifestaram contra esse teste. sunita), assassinato, sequestro, fabricação de explosivos e posse de armas.
O ministro de Relações Exteriores britânico, aliás, foi pego de Dos 47 executados, a maior parte foi condenada por ataques da Al
surpresa na Ásia. Philip Hammond, que está em Pequim para uma Qaeda na Arábia Saudita há uma década. Quatro, incluindo Al-Nimr,
viagem oficial, classificou o episódio como uma grave quebra das foram acusados de atirar em policiais durante protestos contra o governo.
resoluções da ONU e defendeu novas sanções. Segundo o governo, as penas visam principalmente desencorajar os
O governo americano também se manifestou. Os Estados Unidos sauditas de aderir ao jihadismo.
disseram que ainda não conseguiram confirmação sobre o teste da A execução de Al-Nimr gerou indignação nos países xiitas,
bomba de hidrogênio, mas prometeram uma resposta apropriada às principalmente no principal rival regional de Riad: o Irã. Também neste
provocações da Coreia do Norte. Os norte-coreanos alegam que essa
domingo, o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, alertou que a Arábia
tecnologia é uma reação à política hostil dos Estados Unidos.
Saudita vai enfrentar uma “vingança divina”. No sábado, a Guarda
Fonte: G1 - (06/01/2016)
Revolucionária afirmou que a família real saudita sofrerá consequências,
e o Ministério do Exterior garantiu que Riad pagará um “preço elevado”
Coreia do Norte continuará trabalhando em bomba após
pela execução do clérigo xiita.
teste, diz líder
Fonte: Deutsche Welle Brasil - (03/01/2016)
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, reuniu-se com
cientistas e técnicos que participaram do teste nuclear que o governo
Presidente português veta adoção por casais homossexuais
fez na semana passada. No encontro, ele defendeu a importância do
O presidente conservador de Portugal, Aníbal Silva, vetou, nesta
teste como instrumento de convencimento.
A agência oficial KCNA detalha o encontrou em texto publicado segunda-feira (25), a lei que autoriza a adoção de crianças por casais
nesta segunda-feira (11), que inclui uma fotografia de Kim Jong-un homossexuais - aprovada, em dezembro, pela maioria de esquerda no
com os responsáveis pelo programa nuclear do regime norte-coreano, Parlamento -, pedindo por um “amplo debate público” sobre esta questão.
sem especificar, no entanto, a data em que ocorreu a reunião. “É importante que uma mudança desta magnitude, sobre um tema
O texto diz que o líder da Coreia do Norte defendeu a necessidade tão sensível socialmente, não entre em vigor sem que seja precedido de
de o país contar com um instrumento de dissuasão nuclear confiável. um amplo debate público”, avaliou em um comunicado.
Acrescenta que Kim se mostrou confiante de que cientistas e técnicos Cavaco Silva, que termina seu segundo mandato à frente do Estado
vão continuar a preparar “contínuos avanços” após “testar, com êxito, português, será substituído no dia 9 de março por outro conservador,
a bomba H”. Marcelo Rebelo de Sousa, eleito no primeiro turno das eleições
Os comunicados dos meios de comunicação estatais norte- presidenciais de domingo.
coreanos, com declarações do líder, têm-se multiplicado desde o O presidente em fim de mandato pede aos deputados que revejam
anúncio do governo, na quarta-feira (6), de que realizara o quarto este texto, privilegiando o “bem maior da criança” à igualdade “entre
teste nuclear e que, pela primeira vez, tinha detonado uma bomba de casais de sexos diferentes e de mesmo sexo”.
hidrogênio. Contudo, o Partido Socialista (PS, à frente da coalizão no poder) já
A bomba seria mais poderosa do que as detonadas pela Coreia anunciou que confirmará a lei com sua maioria absoluta de deputados, o
do Norte nos testes anteriores (2006, 2009 e 2013). No entanto, há que permitirá, de acordo com a Constituição portuguesa, anular o veto
especialistas que duvidam que o país tenha conseguido desenvolver presidencial.
uma bomba H com base no alcance que a explosão ocorrida teve, A adoção por parte de casais homossexuais, aprovada em 18 de
considerando que provavelmente se tratou, na realidade, de uma arma dezembro pelos deputados, é uma promessa de campanha do primeiro-
de fissão potenciada. ministro António Costa, no poder desde novembro, graças a uma aliança
O anúncio aumentou a tensão regional e desencadeou a inédita com a esquerda radical.
condenação por parte de grande parte da comunidade internacional. O Atualmente, a adoção individual está aberta a todos em Portugal,
Conselho de Segurança da ONU debate eventuais novas sanções ao mas a lei que autoriza o casamento entre homossexuais, em voga desde
regime norte-coreano. fevereiro de 2010, exclui explicitamente o direito de adotar a casais
Fonte: Último Segundo - IG - (11/01/2016) de mesmo sexo.

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ATUALIDADES
Cavaco Silva também impôs seu veto, nesta segunda-feira, a uma “Esta unidade e todos os outros Starbucks de Jacarta permanecerão
série de emendas da lei que regulamenta a interrupção voluntária da fechados, por precaução, até novo aviso. Acompanhamos de perto a
gravidez, excluindo, em particular, o tíquete moderador (pagamento situação”, anunciou o grupo em um comunicado divulgado em sua
pelo acesso a um serviço de saúde pública), introduzido em julho sede em Seattle, Estados Unidos.
passado. Também sobre isto, o PS está disposto a prescindir da A polícia isolou as ruas próximas do centro comercial Sarinah,
opinião do ainda presidente. onde ocorreu o ataque, no bairro de Jalan Thamrin, que fica próximo
Fonte: Uol - (25/01/2016) ao palácio presidencial e a escritórios da ONU.
As autoridades pediram aos moradores da área que se mantenham
TERRORISMO em suas casas e se afastem das janelas.
A Indonésia permanece em alerta para possíveis ataques terroristas
Ataque com explosivos deixa mortos na capital da Indonésia contra as autoridades locais e lugares frequentados por estrangeiros.
Um ataque com explosivos contra um centro comercial O país tem a maior população muçulmana do mundo, 88% de
deixou mortos nesta quinta-feira (14) no centro de Jacarta, capital seus 250 milhões de habitantes, e já foi alvo de vários ataques de
da Indonésia. Os atos foram considerados como “terroristas” pelo islamitas radicais.
governo local. O maior deles foi em 2002, na ilha turística de Bali, quando 202
O número de mortos ainda é incerto. Segundo a France Presse, pessoas morreram, em sua maioria turistas australianos.
sete pessoas morreram - cinco suspeitos e dois civis, um deles cidadão Em dezembro, a polícia prendeu cinco pessoas suspeitas de
holandês. A Associated Press também informa sete mortos - quatro integrar uma rede próxima ao Estado Islâmico e outras quatro
suspeitos e três outras pessoas. vinculadas ao grupo extremista Jemaah Islamiyah, responsável por
Já a Reuters informa que ao menos nove pessoas morreram: vários atentados na Indonésia.
três suspeitos, três policiais e três civis. Outros três homens-bomba As forças de segurança apreenderam material para a fabricação
também estariam envolvidos no ataque. de explosivos e uma bandeira inspirada no EI.
Mais cedo, a polícia informou que pelo menos dois homens- Fonte: G1 - (14/01/2016)
bomba morreram.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Um grupo vinculado com a organização Estado Islâmico (EI) é
suspeito de ter executado os ataques, anunciou a polícia da Indonésia.
Caça predatória na Amazônia pode agravar aquecimento
“Há uma forte suspeita de que que (os ataques) são obra de um
A caça predatória de mamíferos da Amazônia pode ter um grande
grupo na Indonésia vinculado com o EI. Pelo que vemos hoje, se trata
impacto na capacidade da floresta de estocar carbono, agravando os
de um grupo que segue o exemplo dos atentados de Paris”, declarou
efeitos das mudanças climáticas, segundo um estudo publicado ontem
à AFP o porta-voz da polícia, Anton Charliyan.
no periódico científico “Proceedings of the National Academy of
O presidente do país, Joko Widodo, chamou de “atos terroristas”
Sciences”. De acordo com os pesquisadores, a redução na população
os ataques, que tiveram como alvo sobretudo um café da rede
ou a extinção local de animais frugívoros (comedores de frutos) de
Starbucks próximo a várias agências da ONU e embaixadas.
maior porte, como macacos e antas, dificulta a dispersão das sementes
Ele pediu ao país que não se deixe vencer pelo medo. de árvores maiores e de madeira mais densa, abrindo espaço que é
“Não seremos vencidos por estes atos terroristas”, declarou ocupado por plantas menores e de madeira mais leve cujas sementes
Widodo ao canal Metro TV. são espalhadas pelo vento ou por animais frugívoros menores,
A polícia indonésia estava em alerta máximo durante as festas de como morcegos e pássaros. Com isso, a Amazônia armazena menos
Ano Novo, após o anúncio do plano de atentado suicida em Jacarta. biomassa no total, num fenômeno que também aconteceria em outras
grandes florestas tropicais do planeta.
Explosões — A retenção de carbono na forma de biomassa é um dos
A polícia afirmou que o ataque foi cometido por cerca de 10 principais serviços ecossistêmicos das florestas — ressalta o professor
homens armados. Carlos Peres, da Escola de Ciências Ambientais da Universidade de
A primeira detonação aconteceu ao meio-dia (horário local) em East Anglia, no Reino Unido, líder da pesquisa, que contou com a
um posto de polícia, segundo a emissora “DetikTv”. participação de cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da
Após a explosão, teve início um intenso tiroteio que foi seguido Amazônia, da Fiocruz e da Universidade de Oregon, nos EUA. — Esta
por mais explosões. capacidade, porém, depende de uma dinâmica florestal saudável, e,
A ação começou pouco depois das 10h30 (1h30 de Brasília), para isso, a floresta precisa de toda sua comunidade biológica. Nosso
afirmou Ruli Koestaman, de 32 anos, que estava perto do local. estudo mostra que se as pessoas continuarem a caçar em excesso
“Escutei uma forte explosão, como um terremoto, e todos os grandes mamíferos, as florestas tropicais podem perder muito da
seguimos para a rua”, disse à AFP. sua capacidade de armazenar carbono, pois diversas dessas espécies
“Vimos que o Starbucks do lado havia sido destruído. Vi têm um papel vital na dispersão de árvores com sementes grandes
um estrangeiro, um ocidental, com a mão mutilada, mas vivo”, associadas a uma alta densidade de madeira.
completou. “Uma dos funcionários do Starbucks saiu correndo. Ele No estudo, os pesquisadores cruzaram dados de 166
sangrava pelas orelhas”. levantamentos da fauna amazônica com informações sobre mais de 2
“Todos se reuniram e um terrorista chegou e começou a atirar na mil áreas de um hectare da floresta que abrigam quase 130 mil árvores
nossa direção e contra o Starbucks”, disse Koestaman. de grande porte para avaliar o impacto da caça na sua distribuição. De
A rede internacional Starbucks anunciou o fechamento “até nova acordo com eles, a caça foi associada à perda de biomassa acima da
ordem” de todos os cafés em Jacarta. superfície em 77% a 88% destas áreas, chegando a 37,8% de redução

Didatismo e Conhecimento 38
ATUALIDADES
na estocagem de carbono em algumas delas. Os cientistas estimam que, Diferentemente de outros corpos celestes considerados planeta
em média, ao menos 5,8% do carbono “preso” na Amazônia podem anão, o “Planeta Nove” domina gravitacionalmente sua vizinhança do
voltar à atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, mesmo que Sistema Solar - ou seja, segundo as pesquisas da Caltech, sua órbita
esse ecossistema seja protegido de outras ameaças, como extração de não é influenciada diretamente por outros planetas, como é o caso de
madeira e queimadas. A Amazônia responde por mais da metade das Plutão, por exemplo.
460 bilhões de toneladas de carbono armazenadas nas florestas tropicais Na verdade, esse domínio alcançaria uma região maior do que
da Terra. qualquer outro planeta conhecido. Por isso, Brown afirma que ele
— O impacto da caça na estocagem de carbono das florestas é seria o planeta do Sistema Solar que mais atende às características que
gradual, mas duradouro — diz Peres. — Sem esses animais dispersores definem esse tipo de corpo celeste.
de sementes, verdadeiros jardineiros das florestas, o processo de Segundo os autores do estudo, a existência do “Planeta Nove”
substituição das árvores persiste e não é facilmente reversível. ajudaria a explicar uma série de fenômenos misteriosos que ocorrem
Diante disso, Peres e seus colegas defendem a inclusão da perda de com um conjunto de objetos congelados e destroços localizados além
fauna como parâmetro de degradação no âmbito do Programa de Redução de Netuno, conhecido como Cinturão de Kuiper.
de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (Redd+), parte “A princípio, estávamos céticos de que este planeta poderia existir,
das negociações climáticas globais e que prevê compensações a países mas continuamos a investigar sua órbita e o que isso significaria para
para manter suas florestas preservadas. a periferia do Sistema Solar e ficamos cada vez mais convencidos de
Fonte: O Globo - (26/01/2016) que ele existe”, diz Batygin, coautor do estudo.
“Pela primeira vez em mais de 150 anos, há evidências sólidas de
Cientistas dizem ter evidências de novo planeta gigante no que o censo planetário do Sistema Solar está incompleto.”
Sistema Solar Fonte: BBC Brasil - (20/01/2016)
Desde o rebaixamento de Plutão, o Sistema Solar passara a ter não
mais nove, mas oito planetas. No entanto, a suposta existência de um Tabela periódica ganha quatro novos elementos químicos
novo planeta gigante pode fazer com que o número de planetas volte a A tabela periódica ganhou quatro novos elementos químicos,
ser o que se pensava. conforme anunciado pela União Internacional de Química Pura e
Em um estudo publicado no periódico Astronomical Journal, Aplicada (IUPAC). Por enquanto, os elementos são identificados por
cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, na sigla nomes temporários e pelos números atômicos 113, 115, 117 e 118, mas
em inglês) dizem terem encontrado “evidências sólidas” de um nono deverão ganhar nomes e símbolos permanentes. A IUPAC convidou os
planeta, com órbita estranhamente alongada para este tipo de corpo descobridores dos elementos do Japão, Rússia e Estados Unidos para
celeste, na periferia do Sistema Solar. apresentarem sugestões.
Apelidado de “Planeta Nove”, ele ainda não foi visto, ou seja, então A tabela periódica é uma forma de organizar todos os elementos
não é possível ter certeza de sua existência. químicos conhecidos de acordo com suas propriedades e de mostrar
Mas as pesquisas indicam que tem uma massa dez vezes superior algumas informações sobre eles. Com a tabela, é possível prever as
à da Terra e orbita o Sol a uma distância média 20 vezes superior à de características e propriedades desses elementos.
Netuno, que fica localizado, em média, a 4,48 bilhões de quilômetros Os nomes e símbolos propostos serão verificados pela Divisão de
do Sol e é considerado atualmente o mais longínquo do Sistema Solar. Química Inorgânica da IUPAC quanto a coerência, possibilidade de
Quanto à distância média da Terra em relação ao Sol, a distância tradução para outras línguas e possibilidade de uso prévio em outros
do novo planeta seria 597 vezes superior. Por isso, esse aparente novo casos. Os novos elementos podem ser batizados, por exemplo, em
planeta levaria entre 10 mil e 20 mil anos terrestres para realizar uma referência a conceitos mitológicos, minerais, lugares ou países e até
única órbita completa em torno do Sol. mesmo em homenagem a algum cientista.
Os pesquisadores Konstantin Batygin e Mike Brown se depararam Após a aprovação da Divisão, os nomes e símbolos de duas letras
com as primeiras pistas do “Planeta Nove” em 2014 e, desde então, serão apresentadas para análise do público por cinco meses, antes do
usaram modelos matemáticos e simulações de computadores para chegar mais alto órgão de IUPAC, o Conselho, tomar uma decisão final sobre
às conclusões de sua pesquisa. No entanto, ainda não conseguiram os nomes que serão introduzidos na Tabela Periódica dos Elementos.
observá-lo diretamente. Os nomes e símbolos temporários são ununtrium (Uut-113),
“Só dois planetas foram descobertos desde os tempos antigos. ununpentium (Uup-115), ununseptium (Uus-117) e ununoctium (Uuo-118).
Este seria o terceiro”, disse Brown, em comunicado da Caltech. “É Fonte: Agência Brasil - (04/01/2016)
uma porção significativa de nosso Sistema Solar que ainda precisa ser
descoberta. É muito empolgante.” EUA registram primeiro caso de vírus zika
Autoridades de saúde do Texas confirmaram, nesta terça-
Domínio gravitacional feira (12/01), o primeiro caso de vírus zika nos Estados Unidos. O
O cientista ressalta que o novo planeta tem 5 mil vezes a massa de homem mora no condado de Harris e havia visitado a América Latina,
Plutão e, por isso, seria suficientemente grande para que sua classificação incluindo Salvador, na Bahia, recentemente.
como planeta seja indiscutível. Um dos diretores do Texas Children’s Hospital, Peter Hote,
Plutão deixou de ser considerado um planeta em 2006. Isso porque afirmou ao site Medscape que o caso provoca preocupação porque o
o próprio Brown descobriu o planeta anão Eris no ano anterior. Eris tem estado americano possui as condições ideais para o desenvolvimento
as mesmas características de Plutão, mas possui uma massa maior. do mosquito transmissor, o Aedes aegypti.
Um comissão foi então criada pela União Astronômica Internacional “Há uma tempestade perfeita se formando que pode proliferar o
(UAI) para reavaliar a definição de planetas. A UAI precisou decidir se vírus no Texas. Temos duas espécies de mosquito que pode transmiti-
aceitaria Eris e outros pequenos mundos, como Ceres, como planetas ou la [a doença] e altos níveis de pobreza que levam a viver em ambientes
se excluiria Plutão. Optou-se pela segunda alternativa. não sadios, perto de água parada”, ressaltou Hote.

Didatismo e Conhecimento 39
ATUALIDADES
Em adultos, o vírus provoca sintomas mais leves que a dengue e MEIO AMBIENTE
a chicungunha – também transmitidas pelo Aedes aegypti. Os sintomas
clássicos são febre, dores no corpo e manchas na pele. Estudo alerta para emissões de novas hidrelétricas na
Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde brasileiro confirmou Amazônia
a relação entre o vírus zika e casos de microcefalia em bebês. Por causa Seis das 18 hidrelétricas que o governo ergueu recentemente,
do aumento de casos de zika, as autoridades dos EUA aconselham seus está erguendo ou pretende erguer na Amazônia poderão emitir níveis
cidadãos a tomar cuidados adicionais com a doença no Brasil, como uso de gases causadores do efeito estufa equivalentes aos de usinas
de repelentes, e pedem que as grávidas adiem viagens à América Latina. alimentadas por combustíveis fósseis, segundo um estudo publicado
Fonte: Deutsche Welle Brasil - (12/01/2016) na revista científica americana Environmental Research Letters.
Divulgada em dezembro, a pesquisa empregou um método
Projeto quer criar primeira região autossuficiente em energia inédito para calcular as emissões de gás carbônico e metano geradas
na Bahia na formação dos reservatórios e construção das usinas.
Península de Maraú, um conjunto de praias paradisíacas na Bahia A análise apontou uma alta probabilidade de que as hidrelétricas
(a 480 km de Salvador), triplicou seu consumo de energia em dez anos.
de Cachoeira do Caí (PA), Cachoeira dos Patos (PA), Sinop (MT),
Por quê? Um dos motivos é a proliferação da palavra “mais” – mais
Bem Querer (RR), Colíder (MT) e Marabá (PA) gerem emissões
gente, mais pousadas, mais chuveiros elétricos, mais equipamentos de
comparáveis às de usinas de gás natural, fonte normalmente mais
ar-condicionado… Diante de tanta gastança, um grupo de empresários
poluente que a hidráulica mas menos poluente que os demais
estrangeiros lançou no município um projeto radical de sustentabilidade.
“Será a primeira experiência de autossuficiência energética do Brasil”, combustíveis fósseis.
diz o suíço Hans-Christian Angele, que coordena a iniciativa, batizada Em alguns casos - como os de Sinop e Cachoeira do Caí -, as
de “Região Energética Maraú”. emissões poderiam até superar as de usinas de carvão, o mais poluente
Angele frequenta o local há mais de dez anos. Ele se hospeda dos combustíveis fósseis.
na pousada de Flavio Hauser, nascido na Alemanha e cheio de ideias As emissões em hidrelétricas geralmente ocorrem quando a
ambientalistas. Em 2012, os dois decidiram criar em Maraú um projeto matéria orgânica presente no solo ou na vegetação submerge durante
nos moldes de Goms, primeira “região energética” dos Alpes suíços. No a formação de reservatórios, produzindo gás metano. Por isso, usinas
Brasil, a iniciativa prevê até o emprego de lanchas elétricas. cujos reservatórios inundam grandes áreas tendem a gerar mais
Além de ONGs da Bahia, seis instituições suíças atuarão em Maraú. emissões que hidrelétricas a fio d’água (com reservatórios menores e
A principal delas é a Repic, uma organização que financia investimentos que aproveitam a velocidade natural do rio para gerar energia).
em energia renovável em várias partes do mundo. Ela cedeu R$ 200 mil A legislação brasileira atual exige a retirada da vegetação de
para o projeto na Bahia. Se tudo der certo, a praia do futuro deve ser áreas a serem alagadas. Ainda assim, segundo o estudo, quantidades
100% (ou quase) sustentável em 2040. significativas de matéria orgânica permanecem no solo.
As pousadas terão painéis solares, e as lanchas motores elétricos. Segundo o governo, hidrelétricas na Amazônia responderão
Fonte: Época Negócios - (14/01/2016) por 85% da potência hidráulica a ser agregada ao sistema elétrico
brasileiro até 2022. A região concentra a maioria dos rios brasileiros
Facebook construirá seu sexto centro de dados com potencial hidrelétrico subexplorado.
executivo-chefe de Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou nesta Níveis de emissões variam
segunda-feira (25/01) a construção na Irlanda de um novo centro Coautor da pesquisa e doutorando na Universidade Carnegie
de dados da rede social, que entrará em funcionamento em 2018. Mellon (EUA), o engenheiro brasileiro Felipe Faria disse à BBC
Estas instalações, que abrigarão uma das “máquinas mais complexas Brasil que os resultados do estudo ajudam a derrubar a crença de que
jamais criadas”, segundo Zuckerberg, ficarão na cidade de Clonee, hidrelétricas necessariamente geram energia limpa, mostrando que os
nos arredores de Dublin, onde o Facebook tem sua sede de operações níveis de emissões variam bastante conforme o projeto.
internacionais desde 2008.
Ele defende que, diante das mudanças climáticas, o governo
Será o sexto centro de dados da companhia americana no mundo
passe a considerar o cálculo de emissões antes de decidir construir
todo e o segundo na Europa, após o de Lulea, na Suécia. O fundador do
uma hidrelétrica.
Facebook destacou que sua construção criará dois mil postos de trabalho
Na véspera da última conferência climática da ONU, o Brasil se
diretos e indiretos e que empregará “dúzias” de pessoas de maneira
comprometeu a reduzir em 43% as emissões de gases causadores do
permanente quando entrar em funcionamento.
“Os centro de dados oferecem todos os serviços para vocês. São efeito estufa até 2030, com base nos padrões de 2005.
algumas das máquinas mais complexas jamais criadas”, explicou Faria diz que o governo também deveria levar em conta no
Zuckerberg em uma nota de imprensa. O Centro de Dados de Clonee planejamento do setor mudanças nos padrões climáticos e de
será alimentado 100% com energias renováveis e usará um sistema de uso do solo na Amazônia. Ele cita um estudo de 2013 conduzido
climatização natural que desaliniza o ar, devido à sua proximidade do por pesquisadores brasileiros e americanos, segundo o qual o
Mar da Irlanda. desmatamento pode reduzir bastante as vazões da bacia do Xingu,
“Estamos encantados de investir na Irlanda, de fazer parte da afetando a usina de Belo Monte (PA).
comunidade de Clonee e de construir este enorme infraestrutura que Para Faria, hidrelétricas são atrativas no Brasil por, entre outros
conectará nossa comunidade global”, disse Zuckerberg. motivos, terem baixo custo em relação a outras fontes e porque o país
O centro será construído em um terreno de quase 90 hectares que tem experiência em construí-las. Por outro lado, diz ele, “boa parte
estima-se que tenha custado 200 milhões de euros (cerca de R$ 900 dos tomadores de decisão do setor elétrico foram formados dentro da
milhões). indústria hidrelétrica, e há por isso um apelo e um lobby muito forte
Fonte: Época Negócios - (25/01/2016) por essa fonte”.

Didatismo e Conhecimento 40
ATUALIDADES
Segundo Faria, o governo poderia ser mais agressivo em criar de operações, o diretor de operações, e o engenheiro da VogBR –
políticas que favoreçam o avanço das fontes eólica e solar (menos consultoria responsável pela declaração de estabilidade da barragem,
poluentes) e, assim, reduzir a necessidade de grandes hidrelétricas. emitida em laudo de julho de 2015.
Também assinam a pesquisa Paulina Jaramillo, Henrique De acordo com a Polícia Federal, eles foram indiciados por
Sawakuchi, Jeffrey Richey e Nathan Barros. causar poluição em níveis que “resultem ou possam resultar em danos
à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a
Fórmula inédita destruição significativa da flora”, como previsto no artigo 54 da Lei
Hoje as estimativas de emissões de hidrelétricas não são de Crimes Ambientais.
consideradas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), que A polícia especificou cargos, mas não mencionou os nomes dos
questiona a precisão das medições disponíveis. indiciados em nota enviada à imprensa.
Estimar emissões de hidrelétricas antes de elas serem construídas
é um desafio porque cada usina e rio tem características singulares, Desastre ambiental
e os modelos já desenvolvidos produziram resultados insatisfatórios. A barragem de Fundão se rompeu no dia 5 de novembro de 2015,
Para aumentar a confiabilidade das medições, os autores do destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e afetando
estudo empregaram uma nova fórmula, que combina dois modelos. Águas Claras, Ponte do Gama, Paracatu e Pedras, além das cidades
Em um deles, que tende a superestimar os resultados, eles usaram de Barra Longa e Rio Doce.
dados de emissões de usinas já construídas e os aplicaram aos 18 Os rejeitos também atingiram mais de 40 cidades na Região
projetos, levando em conta suas especificidades. Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. O desastre ambiental,
O outro modelo, que subestima os resultados, simulou as considerado o maior e sem precedentes no Brasil, deixou 17 pessoas
emissões com base em fórmulas de degradação de matéria orgânica mortas e duas desaparecidas.
submersa, cuja quantia foi medida em cada usina a partir de imagens
de satélite. Empresas
Mesmo ao se levar em conta o modelo que subestima as Em nota, a Samarco afirmou que não concorda com o
medições, apenas uma das 18 hidrelétricas - Ferreira Gomes (AP) - indiciamento dos profissionais “porque até o presente momento não
apresentou níveis de emissões praticamente nulos, comparáveis aos há uma conclusão pericial técnica das causas do acidente”.
de usinas eólicas e solares. Inicialmente, a Vale disse que não iria comentar o indiciamento
Outras dez hidrelétricas - entre as quais Belo Monte (PA), Jirau da empresa. Depois, argumentou que, no ponto de vista da empresa,
(RO) e Santo Antonio (RO) - apresentaram padrões de emissões o indiciamento reflete um entendimento pessoal do delegado e ocorre
superiores aos de eólicas e solares, mas abaixo dos de usinas de em um momento em que as reais causas do acidente ainda não foram
combustíveis fósseis. tecnicamente atestadas. A VogBR disse que não foi comunicada
oficialmente do indiciamento. A empresa disse não ter informações
‘Desmistificação’ técnicas que baseiam o indiciamento e que aguardam a notificação
Em nota à BBC Brasil, o Ministério de Minas e Energia diz para tomar as providências cabíveis.
que estudos iniciados em 2011 a pedido do órgão “desmistificaram A Polícia Federal investiga crimes ambientais relacionados ao
que usinas hidrelétricas em regiões tropicais são usualmente fontes rompimento da barragem de Fundão, como a devastação do Rio
relevantes de emissão de gases causadores do efeito estufa”. Doce, que é um bem da União. A corporação informou que outros
Segundo o ministério, as análises de hidrelétricas brasileiras indiciamentos podem ocorrer durante a investigação.
revelaram emissões entre dez e 500 vezes menores que usinas térmicas A investigação sobre as mortes no rompimento da barragem é
a carvão, exceto no caso de Balbina (AM). “A energia hidrelétrica feita pela Polícia Civil de Minas Gerais.
existente no Brasil é energia limpa e renovável”, diz o órgão. Fonte: G1 - (13/01/2016)
O MME afirma ainda que as tecnologias solar e eólica estão
em expansão no Brasil, mas são incapazes de substituir “usinas com Queimadas crescem 27,5% e Brasil registra 2º pior ano desde
armazenamento”, como as hidrelétricas. Segundo o órgão, a maioria 1999
das novas hidrelétricas na Amazônia opera a fio d’água, gerando O Brasil teve em 2015 um aumento de 27,5% no número de
menos impactos ambientais que usinas das décadas anteriores. queimadas, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Fonte: BBC Brasil - (12/01/2016) Espaciais (Inpe). Foram detectados por satélites 235 mil pontos de
calor, ante 184 mil de 2014. Trata-se do segundo pior ano de toda a
PF indicia Vale, Samarco, executivos e técnicos por tragédia série histórica, iniciada em 1999.
em Mariana O número de focos de incêndio em 2015 só é menor que o
A Polícia Federal informou na tarde desta quarta-feira (13) que registrado em 2010, quando houve 249 mil pontos detectados. Para o
indiciou a Samarco, a Vale (dona da Samarco), a empresa VogBR e pesquisador Alberto Setzer, responsável no Inpe pelo monitoramento
mais sete executivos e técnicos por crimes ambientais provocados de queimadas no país, alguns fatores como o tempo seco, a falta de
pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana. fiscalização e o aumento do desmatamento ajudam a explicar os
Segundo a corporação, entre os indiciados está o diretor- dados.
presidente da Samarco, Ricardo Vescovi. “Foi um ano mais seco. Grande parte do país conviveu com uma
Também foram indiciados o coordenador de monitoramento estiagem prolongada. Poucas semanas atrás ainda havia o problema
das barragens, a gerente de geotecnia, o gerente geral de projetos da fumaça em Manaus e várias cidades do Pará devido às queimadas
e responsável técnico pela barragem de Fundão, o gerente geral tardias”, afirma Setzer.

Didatismo e Conhecimento 41
ATUALIDADES
“Mas há uma questão óbvia também: a população não para Algumas regiões têm alta concentração desses metais e os
de colocar fogo. E, com uma condição climática que favorece a minérios encontrados no subsolo estão todos misturados, explica
propagação, o resultado é esse. É importante destacar também que Ricardo Silveira Bernardes. Então, ao retirar todos esses minerais por
a grande maioria dos casos são contravenções, crimes ambientais. meio de vários processos, os rejeitos que sobram são armazenados
Então, há uma falha na fiscalização, principalmente porque há uma em barragens. As substâncias tóxicas ficam no fundo da barragem e
detecção por satélite quase em tempo real e as informações estão enquanto estão lá estão inertes. No entanto, na hora que saem do fundo
disponíveis para uso”, diz. da terra e são dissolvidos em água, e caem no rio, este é contaminado
O pesquisador do Inpe aponta ainda uma alta na taxa de e foi o que aconteceu com o estouro da barragem, em Mariana-MG.
desmatamento da Amazônia como fator fundamental para o Fonte: Agência Brasil - (07/01/2016)
aumento dos focos, já que o fogo é utilizado para eliminar as
árvores. Ibama: Lama da Samarco pode ter chegado a Arquipélago
O Pará foi o campeão de focos de incêndio em 2015: 44.794. de Abrolhos
Logo atrás aparecem Mato Grosso, com 32.984, e Maranhão, com A presidente do Ibama, Marilene Ramos, afirmou nesta quinta-
30.066. feira (7) que a lama dos rejeitos de minérios que vazou das barragem
A expectativa é que, neste ano, o número de queimadas volte a da Samarco, em Mariana (MG), pode ter chegado ao Parque Nacional
cair. Em parte, segundo Setzer, ao que se pode chamar de “ciclo do de Abrolhos, no sul da Bahia.
fogo”. “No caso da Chapada Diamantina, por exemplo, houve uma O incidente, ocorrido em novembro de 2015, liberou grande
devastação muito grande. Com certeza isso não se repetirá. Quando
quantidade de rejeitos minerais na bacia do rio Doce, que percorreram
há queimadas muito intensas, que acabam com a vegetação, no ano
o rio e foram lançados no mar, no Espírito Santo. Segundo ela, com o
seguinte sobra muito pouco para queimar. Então, essas situações
vento a mancha chegou ao Arquipélago de Abrolhos, a 250 km da foz
de uso do fogo se alternam. Sem contar que tem chovido bastante
do rio Doce, o que teria sido verificado visualmente por técnicos do
no começo deste ano em alguns locais, diferentemente do ano
passado.” Ibama durante sobrevoo feito hoje na região.
“Nessa área foi constatada a presença de lama. A observação em
Queimadas intencionais campo dá indícios de que muito provavelmente (a mancha) está ligada
O monitoramento por satélite do Inpe consegue diagnosticar à lama que saiu do rio Doce”, disse o presidente do ICMBio (Instituto
todos os focos de incêndio que tenham pelo menos 30 metros de Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Cláudio Maretti.
extensão por 1 metro de largura. O órgão é responsável pelo Parque Nacional Marítimo de Abrolhos.
Quase todas as queimadas hoje são causadas pelo homem, seja Segundo ele, foram coletadas amostras para verificar se a lama é
de forma proposital ou acidental. As razões variam desde limpeza realmente resultante da barragem de rejeitos de minério.
de pastos, preparo de plantios, desmatamentos e colheita manual O Arquipélago de Abrolhos é a área de maior biodiversidade
de cana-de-açúcar até balões de São João, disputas por terras e marinha do Atlântico Sul. A região reúne recifes de corais, algas,
protestos sociais. tartarugas e baleias jubarte.
Segundo o Inpe, as queimadas destroem a fauna e a flora Em novembro, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira,
nativas, causam empobrecimento do solo e reduzem a penetração havia dito que a lama com rejeitos não deveria chegar ao parque por
de água no subsolo, além de gerar poluição atmosférica com conta das correntes marítimas.
prejuízos à saúde de milhões de pessoas e à aviação. Denúncias de Hoje, mais três praias do litoral norte do Espírito Santo foram
incêndios criminosos podem ser feitas ao Corpo de Bombeiros, às interditadas pela Prefeitura de Linhares por causa da lama de rejeitos
prefeituras, às secretarias estaduais do Meio Ambiente e ao Ibama da mineradora: as praias de Pontal do Ipiranga, Degredo e Barra Seca.
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Elas se juntam a Regência, Povoação e Comboios, que tem suas áreas
Renováveis). interditadas desde a chegada da lama.
Fonte: G1 - (05/01/2016)
Análise de água sai em 10 dias
Rio Doce tem níveis de arsênio, manganês e chumbo acima O Ibama aguarda a análise da água coletada no local para ter
do permitido certeza de que a mancha, já bastante diluída, é proveniente da lama
Os níveis de arsênio, manganês e chumbo estão acima do
da barragem da Samarco, que pertence a Vale e a anglo-australiana
permitido, nos sedimentos extraídos das águas do Rio Doce, após
BHP Billiton. Isso porque, a 60 km do arquipélago há a foz do rio
tragédia de barragem, no município de Mariana. As análises foram
Caravelas, que eventualmente lança no mar sedimentos resultantes de
feitas no laboratório do Campus de Ceilândia da Universidade de
erosões.
Brasília (UnB), que trabalha com avaliações independentes de
A Samarco já foi notificada do fato e enviou técnicos ao local. A
impactos ambientais. O relatório é parciais.
O professor de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, Ricardo empresa deverá colher amostras a cada 10 km de distância da foz do
Silveira Bernardes, foi o convidado Revista Brasília. desta quinta- rio Doce até o Parque de Abrolhos. Em três pontos (o mais próximo da
feira (7), para dar mais informações sobre o caso. costa, no meio da mancha e em mar “limpo”), a coleta deve ser feita
Segundo o professor, as concentrações de metais perniciosos em três níveis de profundidade. O resultado das análises sairá em até
para o consumo da água são elevados e isto desmonta a ideia que 10 dias.
foi passada de que o rejeito era inerte, ou seja, não faria mal. O Ministério do Meio Ambiente informou que criou um grupo de
Na mineração, explica Ricardo Silveira, quando se pega um trabalho para avaliar os danos ambientais e acompanhar as ações de
minério há a presença de vários metais e então quando esse metal recuperação e revitalização dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce,
vai para do rio, esses resíduos podem ser consumidos pelas pessoas. afetados pelo desastre.

Didatismo e Conhecimento 42
ATUALIDADES
O desastre Os gastos com saneamento estacionaram a partir de 2009. Em
No dia 5 de novembro, o rompimento de uma barragem de 2007, primeiro ano do PAC, houve gastos efetivos de R$ 6 bilhões
rejeitos de minério pertencente à mineradora Samarco no subdistrito no setor (valores corrigidos). Em 2009, os valores chegaram a R$ 10
de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), provocou “o maior desastre bilhões e, desde então, estão no mesmo patamar.
ambiental da história do Brasil”, nas palavras da presidente Dilma Segundo dados do Instituto Trata Brasil de 2014, que avalia obras
Rousseff. A tragédia aconteceu deixou ao menos 15 mortos e quatro do setor, de um grupo de 330 obras de saneamento relevantes do PAC
desaparecidos. que são monitoradas, só 26% das obras de esgoto foram concluídas e
Uma enxurrada com 55 milhões de metros cúbicos de lama 33% de água.
foi liberada após a ruptura da barragem do Fundão, invadiu o rio Para Ferreira, um fator primordial para a falta de recursos é a
Doce, passando por cidades mineiras e do Espírito Santo, até chegar dificuldade das empresas que fazem o saneamento, a maioria estatais,
ao oceano Atlântico, 16 dias depois. A tragédia afetou desde a para reduzir suas perdas. Segundo ela, 37% da água distribuída não
agropecuária e a pesca ao ecoturismo e o surfe, além do abastecimento é recebida, reduzindo a quantidade de recursos que as companhias
de água em alguns municípios. arrecadam e, com isso, sua capacidade de investir.
Fonte: Uol - (07/01/2016) “É como se uma padaria não recebesse quatro de cada dez pães
que fizesse. O índice é elevado e gera problema de caixa”, afirma
Plano de saneamento do Brasil vai sofrer atraso de pelo Ferreira, lembrando que há bons exemplos de empresas no Brasil que
menos 20 anos reduziram esses índices para próximo de 10%.
A universalização de serviços de saneamento básico no Brasil, Outro lado
coleta de esgoto e rede de água, só será alcançada no atual ritmo após O Ministério das Cidades informou que considera o andamento do
2050, mais de 20 anos depois do prazo previsto no plano oficial do Plansab “dentro dos parâmetros adequados”. Segundo a nota, mesmo
governo federal. com a crise, os atrasos foram considerados “apenas um deslizamento
É o que aponta estudo da CNI (Confederação Nacional da de cronogramas” que podem ser recuperados em momentos de
Indústria) com base em dados oficiais sobre andamento de obras do retomada de crescimento no futuro.
setor. O ministério informou ainda que não teve acesso ao estudo e
Os gastos para cumprir a meta estabelecida pelo próprio governo que está tomando medidas para acelerar os investimentos, como a
no Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico) são insuficientes eliminação da necessidade dos municípios colocarem dinheiro próprio
–teriam que ser dobrados para alcançá-la. nas obras, financiamentos com maior prazo e redução da burocracia
Mas é a burocracia para fazer as obras de canalização de esgoto para a apresentação de projetos, licitações e medição para pagamento
e implantação de rede de água a principal vilã do baixo desempenho das obras.
do setor, segundo o levantamento. Fonte: Folha.com - (11/01/2016)
“O município faz um projeto para saneamento, mas demora 22
meses para que o governo libere o recurso. Num ambiente urbano Vazamento de gás no Porto de Santos libera nuvem tóxica
dinâmico, esperar 22 meses significa ter que pensar tudo de novo”, Um vazamento de gás dentro do complexo do Porto de Santos
diz Ilana Ferreira, analista de políticas e indústria da CNI. liberou uma nuvem tóxica que atinge cidades do litoral de São Paulo.
Na vida prática, não ter saneamento significa prejuízo para todos. Até as 21h desta quinta-feira (14), 52 pessoas, dentre elas duas
Do sistema de saúde, que fica mais sobrecarregado com crianças crianças, já haviam procurado atendimento médico em hospitais da
e adultos doentes, às empresas, que sofrem com mais ausências no região com irritação nos olhos e problemas respiratórios.
trabalho e dificuldades para fazer investimentos. O Corpo de Bombeiros registrou o vazamento na área da
“A correlação das regiões de IDH baixo e áreas com baixo índice Localfrio, no Terminal 1 do porto, que fica no Distrito de Vicente de
de atendimento de serviço de saneamento é alta”, aponta Ferreira. Carvalho, em Guarujá. Apesar de a nuvem de fumaça já atingir as
cidades de Guarujá e Santos e testemunhas afirmarem ter visto fogo no
Demora local, apenas o Terminal 1 está fechado - o fluxo das demais áreas do
Mesmo com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), complexo não foi afetado. A rodovia Padre Manoel da Nóbrega, que
criado em 2007 e que tinha como uma das vertentes o saneamento, o liga Santos ao Guarujá, está liberada.
país avançou pouco. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp),
Utilizando dados da Pnad até 2013, o trabalho da CNI mostra responsável pela área, afirma que se trata de um vazamento de
que entre 1996 e 2006 o país conseguiu sair de 40% para 48% de ácido dicloro isocianúrico de sódio, nome comercial do composto
domicílios com rede de esgoto. De 2007 a 2013, o país chegou a 58%. dicloroisocianurato de sódio (C3 O3 N3 NaCl2). Ainda de acordo com
As diferenças regionais são grandes, com o Norte e o Nordeste a companhia, um incêndio ocorrido posteriormente atingiu outros 12
com índices bem inferiores aos das outras três regiões brasileiras. contêineres e a área foi isolada. Pouco antes, os bombeiros chegaram
Já para a rede de água, o país saiu de 76% para 84% de domicílios a afirmar que a substância que vazou tinha características de amônia,
atendidos entre 1996 e 2006. Após o PAC de 2007, o avanço em sete mas a informação não se confirmou.
anos foi de apenas um ponto percentual, chegando a 85%. Em função de a fumaça estar invadindo o Pronto Socorro
As metas do Plansab seriam chegar a 2023 com a universalização de Vicente de Carvalho, os pacientes lá internados estão sendo
do serviço de água (100%) e dez anos depois, com o de esgoto (cerca transferidos, juntamente com as equipes e ambulâncias, para a UPA
de 90%). Boa Esperança, na Rua Alvaro Leão de Carmelo, onde a Secretaria
No ritmo atual, esses percentuais só serão alcançados em 2043 e de Saúde de Guarujá afirma que os pacientes terão tratamento
2053, respectivamente, segundo o levantamento. especializado.

Didatismo e Conhecimento 43
ATUALIDADES
As 52 pessoas atendidas apresentaram ardência nos olhos ou mal-estar Homem pode adiar nova Idade do Gelo em até 100 mil anos
ocasionado pela fumaça. Desse total, 30 foram para a UPA de Vicente de A Humanidade transformou-se em uma força geológica
Carvalho, seis para a UPA Boa Esperança, 15 para o Pam Rodoviária e uma tão grande que é capaz de adiar em até 100 mil anos o início da
para o Hospital Guarujá. Apesar do transtorno, as vítimas não correm risco próxima Idade do Gelo, de acordo com um estudo publicado na
de morte. revista “Nature”. Cientistas do Instituto Potsdam para Pesquisa
Segundo Flavio Zambrone, médico toxicologista e professor aposentado sobre o Impacto Climático (PIK), da Alemanha, assinalam que a
da Unicamp, “esse produto é extremamente tóxico”. Ele produz irritações de radiação solar e a concentração de CO2 na atmosfera são elementos
pele e de olhos e, caso seja inalado, causa irritação também nos pulmões. “É fundamentais para explicar os últimos oito ciclos glaciais da
um produto à base de cloro. Ele é estável, mas tem alto teor de cloro, que se História do planeta.
dissolve na água. Por isso, outro problema será a questão ambiental que virá — Mesmo sem as mudanças climáticas provocadas pelo
depois”. Segundo o professor, o produto é usado na maioria das vezes em homem, não esperávamos o início de uma nova Idade de Gelo
desinfecção de água, mas em grandes quantidades passa a ser tóxico. nos próximos 50 mil anos, o que torna o Holoceno, nosso período
geológico atual, como um período de distância incomum entre
Início do vazamento as eras glaciais — explica o autor principal do estudo, Andrey
O incidente ocorreu por volta das 15h30 e a fumaça rapidamente Ganopolski. — No entanto, nossa pesquisa também mostra que
se espalhou pela cidade de Guarujá. Fotos registradas por moradores mais emissões de CO2 provenientes da queima de petróleo, carvão
mostravam a Avenida Santos Dummont, a principal do município, coberta e gás já são suficientes para adiar a próxima Idade do Gelo por mais
por uma névoa. Vários moradores recorreram a equipamentos de proteção. de 50 mil anos. Estamos pulando um ciclo glacial inteiro. Trata-se
“As máscaras acabaram nos postos e nas farmácias. Consegui pegar uma de um ato sem precedentes. É impressionante como a Humanidade
das últimas. Tem muita gente passando mal por causa da fumaça”, afirmou é capaz de interferir em um mecanismo que moldou o planeta como
a doméstica Maria Rita. nós o conhecemos.
O engenheiro Felipe Pavan, de 27 anos, que trabalhava na Santos A pesquisa pode explicar pela primeira vez o aparecimento
Brasil no momento do acidente, conta que ninguém entendeu o que estava das últimas oito eras glaciais, detalhando fatores importantes que
acontecendo quando o produto começou a vazar. “Fomos orientados a ir ao precederam a formação de cada um destes ciclos.
local de resgate. O problema é que estava tudo tomado por fumaça. Depois
— A relação entre a radiação solar e o CO2 na atmosfera estão
orientaram a sairmos por outra área. Nos disseram que era amônia e nitro
por trás do crescimento dos grandes mantos de gelo. Isso explica as
alcool. Nunca tinha visto uma emergência dessas”, disse.
eras glaciais passadas e nos permite antecipar os períodos em que
Segundo a assessoria de imprensa da Localfrio, o contêiner que
elas ocorrerão novamente.
armazenava o ácido foi invadido por água, gerando uma reação química que
Usando um modelo que simula a interação entre atmosfera,
pode colocar em risco a saúde das pessoas que entrarem em contato com a
oceano, camadas de gelo e o ciclo global do carbono, os cientistas
névoa.
analisaram os efeitos das novas emissões de CO2 feitos pelo homem
A empresa acionou um plano de auxilio mútuo. Até o momento, não há
sobre o volume de gelo no Hemisfério Norte.
informações sobre feridos e a situação não está controlada.
— Devido ao tempo de vida extremamente longo que o CO2
A assessoria de imprensa da Dersa, empresa responsável pelas travessias
entre Santos e Guarujá, afirma que a travessia de pedestres entre Vicente de emitido pelo homem fica na atmosfera, a liberação deste gás tem um
Carvalho e a Praça da República foi temporariamente suspensa, mas liberada impacto significativo sobre o período em que ocorrerá a próxima
cerca de uma hora depois. era glacial — assinala a coautora do artigo, Ricarda Winkelmann.
Em nota, a administração municipal afirma que a prefeitura está — Nossa análise mostra que mesmo emissões de carbono reduzidas
trabalhando em conjunto com agentes da Defesa Civil Estadual, Corpo de podem afetar a evolução das camadas de gelo do Hemisfério Norte
Bombeiros, Exército e secretarias de Saúde, Meio Ambiente, Governo e por dezenas de milhares de anos, e as emissões de CO2 de mil a
Defesa Social e monitorando a situação. 1.500 gigatoneladas de carbono adiarão a próxima gelo por pelo
A orientação é para as pessoas que moram em um raio de até 100 metros menos 100 mil anos.
próximo ao local - ou seja, pessoas que residem no quadrante das avenidas Fonte: O Globo - (13/01/2016)
Alvorada, Adriano Dias dos Santos, Santos Dumont e Rua Santidade Papa
Paulo VI, além do Sitio Conceiçãozinha - procurem a casa de amigos ou Aquecimento do oceano é subestimado, diz estudo
parentes. A quantidade de aumento do nível do mar que vem do
Quem precisar de atendimento médico por irritação nos olhos, aquecimento dos oceanos tem sido subestimada, e é provável que
dificuldades de respirar, tontura ou náuseas deve procurar somente as UPAs seja cerca de duas vezes maior do que o calculado anteriormente,
Boa Esperança, Rodoviária e Enseada. disseram pesquisadores alemães nesta segunda-feira (25).
A prefeita de Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB), pediu para A descoberta publicada nos Anais da Academia Nacional de
os moradores não saírem de casa e ordenou a evacuação dos três quarteirões Ciências dos Estados Unidos, sugere que tempestades cada vez mais
próximos ao local do acidente. graves podem ser esperadas como resultado deste erro de cálculo.
“A situação é grave. Quem está nos quarteirões próximos ao local O nível do mar pode aumentar devido a dois fatores: o
deve deixar as casas imediatamente. Os moradores precisam ir para a casa derretimento do gelo e a expansão térmica da água quando aquecida.
dos vizinhos e ficar longe do local da explosão. Quem estiver em casa, a Até agora, os pesquisadores acreditavam que os oceanos
orientação é pegar panos secos e colocar nas portas e janelas. Não saiam subiram entre 0,7 a um milímetro por ano devido à expansão
de casa. Se o morador se sentir mal deve procurar a UPA imediatamente. térmica.
Cuidado com a chuva, porque ela contém elementos químicos e pode Mas um novo olhar para os dados mais recentes de satélite
queimar a pele”, afirmou a prefeita. de 2002 a 2014 mostram os mares se expandindo cerca de 1,4
Fonte: G1 - (14/01/2016) milímetros por ano, disse o estudo.

Didatismo e Conhecimento 44
ATUALIDADES
“Até o momento, subestimamos o quanto a expansão 6) O vencedor do Prêmio Puskas, autor do gol mais bonito de
relacionada com o calor da massa de água nos oceanos contribui 2015 foi:
para um aumento global do nível do mar”, disse o co-autor Jurgen a) Lionel Messi
Kusche, professor na Universidade de Bonn. b) Wendell Lira
A taxa global de aumento do nível do mar é de cerca de 2,74 c) Neymar Jr.
milímetro por ano, combinando tanto a expansão térmica e quanto o d) Cristiano Ronaldo
derretimento do gelo. e) Francesco Totti
Fonte: G1 - (26/01/2016)
7) No dia 13 de Janeiro, a Organização Mundial de Saúde
QUESTÕES (OMS) declarou oficialmente que o Oeste africano está livre da
epidemia de:
1) Rosemary Noronha, ex-chefe regional da Presidência da a) Dengue
República em São Paulo, é uma das investigadas de um suposto b) AIDS
esquema de tráfico de influência que vendia pareceres técnicos de c) Ebola
órgãos públicos federais. A Operação que apurou tal esquema foi d) Tuberculose
batizada de: e) Sarampo
a) Lava Jato
b) Satiagraha 8) Os cientistas que descobriram os quatro novos elementos
c) Zelotes químicos que passaram a compor a Tabela Periódica em janeiro
d) Porto Seguro de 2016 são de origem:
e) Triplo X a) Brasileira, Italiana e Espanhola
b) Japonesa, Russa e Norte-Americana
c) Norte-Americana, Russa e Inglesa
2) Com a criação de um novo patamar de “bandeira vermelha”
d) Belga, Francesa e Japonesa
na conta de energia elétrica, o valor máximo que os brasileiros têm
e) Chinesa, Norte-Americana e Japonesa
que pagar a cada 100 kWh consumidor é de:
a) R$ 4,50
9) Tida como uma das novas “Maravilhas da Engenharia”,
b) R$ 4,00
uma usina hidrelétrica que está sendo construída no Estado do
c) R$ 5,00
Pará, foi denunciada pela Organização dos Estados Americanos
d) R$ 3,50
por violação dos direitos humanos. O nome de tal usina é:
e) R$ 3,00
a) Belo Monte
b) Sobradinho
3) Mein Kampf (em português, “Minha luta”) é um dos
c) Fundão
livros mais controversos da história mundial por ser a base do d) Jirau
pensamento de um dos principais ditadores do século XX. Mein e) Furnas
Kampf foi escrito por:
a) Joseph Stalin 10) O assassinato do clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr levou
b) Adolf Hitler ao rompimento diplomático entre:
c) Mao Tse-Tung a) Os Estados Unidos e o Irã
d) Benito Mussolini b) O Paquistão e o Iraque
e) Kin Jong-Un c) O Japão e o Iraque
d) A Arábia Saudita e o Irã
4) “O Regresso”, filme com maior número de indicações ao e) O Afeganistão e o Iraque
Oscar 2016, tem como protagonista um ator que ainda não ganhou
nenhuma estatueta de Melhor Ator. É ele: Gabarito: 1-D/2-A/3-B/4-C/5-E/6-B/7-C/8-B/9-A/10-D
a) George Clooney
b) Christian Bale
c) Leonardo DiCaprio
d) Matt Damon
e) Woody Allen

5) Ziggy Stardust é um dos personagens mais relevantes da


história da cena musical. Ele foi criado em 1972 por:
a) Elvis Presley
b) Prince
c) Janis Joplin
d) Rita Lee
e) David Bowie

Didatismo e Conhecimento 45
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Em 1722, ocorreu a descoberta de um dos veios auríferos
1. PERÍODO COLONIAL. mais importantes da área, no local denominado Tanque do Arnesto,
1.1 OS BANDEIRANTES: ESCRAVIDÃO IN- por Miguel Sutil, que aportara em Cuiabá com o intuito de dedicar-
DÍGENA E EXPLORAÇÃO DO OURO. -se à agricultura. Com a propagação de que constituíam os veios
1.2 A FUNDAÇÃO DE CUIABÁ: TENSÕES mais fartos da área, a migração oriunda de todas as partes da colô-
POLÍTICAS ENTRE OS FUNDADORES E A nia tornou-se mais intensa, fato que fez de Cuiabá, no período de
ADMINISTRAÇÃO COLONIAL. 1722 a 1726, uma das mais populosas cidades do Brasil, na época.
1.3 A ESCRAVIDÃO NEGRA EM MATO
GROSSO. Período de capitania
1.4 OS TRATADOS DE FRONTEIRA ENTRE
PORTUGAL E ESPANHA. No período de Capitania, Portugal se empenhou na defesa do
território conquistado. A preocupação com a fronteira, a extensa
linha que ia do Paraguai ao Acre, continha um aspecto estratégico:
ocupar o máximo de território possível na margem esquerda do
Povoamento Rio Guaporé e na direita do Rio Paraguai. O rio e as estradas eram
questões de importância fundamental, pois apenas se podia contar
As origens históricas do povoamento de Mato Grosso estão com animais e barcos.
ligadas às descobertas de ricos veios auríferos, já no começo do À Capitania de Mato Grosso faltava povo e recursos financei-
século 18. Em 1718, o bandeirante Antônio Pires de Campos, que ros para manter a política de conquista. Favorecimentos especiais
um ano antes esteve às margens do Rio Coxipó, em local denomi- foram prometidos para os que morassem em Vila Bela, visando o
nado São Gonçalo Velho, onde combateu e aprisionou centenas de aumento da povoação. Como o Rio Paraguai era vedado à nave-
índios Coxiponé (Bororo), encontrou-se com gente da Bandeira de gação até o Oceano Atlântico, os governadores da Capitania agili-
Paschoal Moreira Cabral Leme, informando-lhes sobre a possibili- zaram o domínio dos caminhos para o leste e a navegação para o
dade de escravizarem índios à vontade. norte, pelos rios Madeira, Arinos e Tapajós.
Ao ser informado da fartura da (possível) prea, Paschoal Mo- Ocorreram avanços de ambas as partes, Portugal e Espanha,
reira Cabral Leme seguiu Coxipó acima: o seu intento, no entan- para território de domínio oposto. Antes da criação da Capitania de
to, não foi realizado, pois no confronto com o gentio da terra, na Mato Grosso, os missionários jesuítas espanhóis ocuparam a mar-
confluência dos rios Mutuca e Coxipó, os temíveis Coxiponé, que gem direita do Rio Guaporé, como medida preventiva de defesa.
dominavam esta região, teve sua expedição totalmente rechaçada Para desalojar os missionários, Rolim de Moura não duvidou em
pelas bordunas e flexas certeiras daquele povo guerreiro.
empregar recursos bélicos.
Enquanto a expedição de Moreira Cabral se restabelecia dos
No governo do Capitão General João Carlos Augusto
danos causados pela incursão Coxiponé, dedicaram-se ao cultivo
D’Oeynhausen, Dom João VI instituiu o Reino Unido de Portugal,
de plantações de subsistência, apenas visando o suprimento ime-
Brasil e Algarves, a 16 de dezembro de 1815. A proximidade do
diato da bandeira. Foi nesta época que alguns dos seus compa-
governo supremo situado no Rio de Janeiro favoreceu a solução
nheiros, embrenhando-se Coxipó acima, encontraram em suas
mais rápida das questões de governo. A independência de comér-
barrancas as primeiras amostras de ouro. Entusiasmados pela pos-
cio trouxe novos alentos à vida mato-grossense.
sibilidade de riqueza fácil, renegaram o objetivo principal da ban-
Com a aproximação do fim da Capitania, Cuiabá assumiu aos
deira, sob os protestos imediatos de Cabral Leme, que, entretanto,
aderiu aos demais. Foi desta forma que estando a procura de índios poucos a liderança política. Vila Bela da Santíssima Trindade fun-
para escravizar Paschoal Moreira Cabral Leme encontrou ouro em cionou eficazmente como centro político da defesa da fronteira.
quantidade inimaginada. Não podia ostentar o brilho comercial de Cuiabá e Diamantino.
Desta forma os paulistas bateram as estremas das regiões O último governador da Capitania, Francisco de Paula Magessi
cuiabanas, onde o ouro se desvendava aos seus olhos. A desco- Tavares de Carvalho já governou todo o tempo em Cuiabá.
berta do ouro levou os componentes da bandeira de Cabral a se Em Mato Grosso, precisamente nos anos de maturação da
deslocarem para uma área onde tivessem maior facilidade de ação. Independência, acirraram-se as lutas pelo poder supremo da Ca-
Surgiu Forquilha, a povoação pioneira de todo Mato Grosso, na pitania. A nobreza, o clero e o povo depuseram o último gover-
confluência do Rio Coxipó com o Ribeirão Mutuca, exatamente nador Magessi. Em seu lugar se elegeu uma Junta Governativa.
onde tempos havia ocorrido terrível embate entre paulistas e índios Enquanto uma Junta se elegia em Cuiabá, outra se elegeu em Mato
da nação Coxiponé. Grosso, topônimo que passou a ser conhecido Vila Bela da Santís-
Espalhou-se então a notícia da descoberta das Minas do Cuya- sima Trindade, a partir de 17 de setembro de 1818. Sob o regime
bá. Vale dizer que o adensamento de Forquilha foi inevitável, o de Juntas Governativas entrou Mato Grosso no período do Brasil
que preocupou a comunidade quanto à manutenção da ordem e Independente, tornando-se Província.
estabilidade do núcleo. Este fato levou Paschoal Moreira Cabral,
juntamente com alguns bandeirantes, a lavrar uma ata e fundar o Fundação de Cuiabá
Arraial de Cuiabá, em 08 de abril de 1719, devendo a partir de
então, seguir administrativamente os preceitos e determinações le- O centro histórico da atual cidade de Cuiabá tem quase três
gais da Coroa. Na verdade, a Ata de Criação de Cuiabá deixa nítida séculos. Hoje é difícil perceber essa configuração urbana secular.
a preocupação de Paschoal Moreira Cabral em notificar à Coroa Mas as avenidas largas que percorremos, olhar em movimento pe-
Portuguesa os seus direitos de posse sobre as novas lavras. gando nesgas da paisagem, foram “caminhos”, ruas, becos.

Didatismo e Conhecimento 1
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Este desenho de cidade começou por volta de 1722, em meio de Matos, João de Oliveira Garcia, e procurador do conselho Paulo
à invasão de terras indígenas milenares. Hoje, permanece o nome de Anhaia Leme, servindo de escrivão da câmara Luiz Teixeira de
indígena: Cuiabá. A presença de sociedades ameríndias aqui, com Almeida, almotacés o brigadeiro Antonio de Almeida Lara, e o
grandes aldeias populosas, não existe mais em nossas memórias. capitão mor Antonio José de Melo, levando o estandarte da vila
Podemos cultivar lembranças de longínquos ancestrais “bugres”, Matias Soares de Faria, foi mandado pelo dito senhor governador
ou assumir atitudes públicas de respeito para com atuais lideranças e capitão general que com o dito Dr. ouvidor, todos juntos com a
ameríndias, - mas nem vislumbramos na cidade em que vivemos nobreza e povo, fossem à praça levantar o pelourinho desta vila,
as formas de espacialização anteriores à que conhecemos. a que em nome de el rei deu o nome de Vila Real do Bom Jesus,
O próprio lugar onde teve início o arraial do Bom Jesus era e declarou que sejam as armas de que usasse, um escudo dentro
“uma grande aldeia”. Era “coberto de mato”, com “grandiosos com o campo verde e um morro ou monte no meio, todo salpicado
arvoredos” e envolto pela vastidão “campestre”, que chamamos com folhetas e granetes de ouro, e por timbre em cima do escudo
cerrado. Os “grandiosos arvoredos” margeavam o sinuoso córrego uma fênix; e nomeou para levantar o pelourinho ao capitão mor
depois chamado “Prainha” (o Ikuebo dos Bororo, córrego das es- regente Fernando Dias Falcão, e todos os sobreditos com o dito
trelas). E se esgalhavam pelos afluentes. Ao longe, a norte e leste, Dr. ouvidor, nobreza e povo foram à praça desta vila, aonde o dito
os “morros” ou “serranias dos Chipone” - a chapada hoje “dos Fernando Dias Falcão levantou o pelourinho, do que para constar
a todo o tempo fiz este.
Guimarães”. A sudeste, o morro de Santo Antônio.
À época da fundação, o ambiente do arraial foi descrito nos
A margem esquerda do córrego erguia-se em escarpas. A di-
seguintes termos: Corre toda a povoação do sul para o norte, com
reita subia mais suave, em “colinas”. Nesta foi edificado arraial, planície que faz queda para um riacho que seca no verão: a leste
erguido em 1727 à categoria de vila, com o nome de Vila Real do fica um morro vizinho e a oeste uma chapada em que se tem feito
Bom Jesus do Cuiabá. A formação do arraial e da vila destruiu a parte das casas do arraial e se podem fazer muitas mais. (...) Junto
mata, assoreou os córregos. deste arraial e a sudoeste dele está um morro, em que a devoção
A configuração do espaço do arraial e da vila começou com a de alguns devotos colocou a milagrosa imagem de Nossa Senhora
construção de igreja dedicada ao Bom Jesus, em fins de 1722, pelo do Bom Despacho: daqui se descobre todo o arraial, e faz uma
paulista Jacinto Barbosa Lopes. Este Jacinto construíra a igreja- alegre vista pelo aprazível dos arvoredos, morros e casas que dele
-matriz da vila do Carmo (hoje cidade de Mariana), nas Gerais, se descobrem. (...) no princípio da povoação e defronte da Igreja
com a frente voltada para o ribeirão do Carmo, entre dois afluentes Matriz (...).
dele. Aqui, ergueu igreja também voltada para um córrego, o Prai- As imagens, ‘do sul para o norte’, eram as de quem vinha do
nha, entre dois afluentes (um, na atual Voluntários da Pátria, outro porto no rio Cuiabá para o centro do arraial. Mas o olhar descritivo
na atual Generoso Ponce). alça-se para o conjunto: “toda a povoação”.
Em 1723 o governador da capitania de São Paulo assinou re- O “riacho que seca no verão” era o prainha, hoje esgoto sob a
gimento para normatizar o espaço do arraial: (...) se faça uma po- Tenente-Coronel Duarte.
voação grande na melhor parte que houver (...), aonde haja água O “morro vizinho” a leste, o que resta dele tem o nome recente
e lenha (...); e o melhor meio de se adiantar na dita povoação o de “Morro da Luz”.
número de Moradores é estes fazerem suas casas; fará fazer o (...) A “chapada” de oeste era onde hoje está o centro histórico.
Regente as suas, como também os principais Paulistas, porque à O “morro” de sudoeste é o atual “Morro do Seminário”, com
sua imitação se irão seguindo os mais(...). E como (...) nas ditas igreja construída neste século. A igreja setecentista foi demolida.
Minas há telha e barro capaz para ela, deve animar e persuadir aos Notável a “Igreja Matriz” como princípio da povoação.
mineiros e mais pessoas que fizerem as suas casas, as façam logo Fundada a vila, três dias depois a primeira vereança da câmara
de telha, porque além de serem mais graves, são também mais lim- começou a registrar suas formas de controle do espaço urbano:
pas e têm melhor duração(...). (...) nenhuma pessoa (...) fará casa sem pedir licença à Câmara,
No mesmo ano o governador recebeu ordem do rei, mandando que lhe dará mandando primeiro o Arruador, que deve haver de
marcar lugar para as edificar em rua direita e continuada das que
criar vila no Cuiabá. A expressão “criar vila” significava, na época,
estão principiadas, em forma que todas vão direitas por corda, não
constituir governança local, formada por “homens bons” ou “de
consentindo os Oficiais da Câmara se façam daqui por diante ca-
bens”, eleitos trienalmente. A instituição dessa governança era a
sas separadas e desviadas para os matos como se acham algumas,
câmara ou senado da câmara, que concentrava os poderes legisla- porque além de fazerem a vila disforme, ficam nelas os moradores
tivo, executivo e judiciário. mais expostos a insultos (...).
Ainda nesse ano de 1723 foi criada a freguesia do Cuiabá, Tinha início assim a consolidação do ambiente urbano colo-
com sede no arraial e a igreja do Bom Jesus foi alçada à categoria nial que é hoje o centro histórico desta cidade, patrimônio históri-
de igreja matriz. co nacional. (Texto adaptado de Carlos Rosa).
Mas foi só a 1º de janeiro de 1727 que o governador execu-
tou a ordem régia de fundar vila no Cuiabá: Ao primeiro dia do Primórdios de Cuiabá
mês de janeiro de 1727, nesta Vila Real do Senhor Bom Jesus do
Cuiabá, sendo mandado por Sua Majestade, que Deus guarde, a Em 1722, por Provisão Régia, o Arraial de Cuiabá foi elevado
criá-la de novo, o Exmº. Sr. Rodrigo César de Meneses, governa- à categoria de distrito da Capitania de São Paulo. A Coroa mandou
dor e capitão general desta capitania, e que o acompanhasse para que o governador da Capitania de São Paulo, Dom Rodrigo Cesar
o necessário o Dr. Antonio Álvares Lanhas Peixoto, ouvidor geral de Menezes instalasse a Villa, o município, estrutura suprema local
da comarca de Paranaguá, sendo por ele feitas as justiças, juizes de governo. Dom Rodrigo partiu de São Paulo a 06 de junho de
ordinários Rodrigo Bicudo Chacim, o tesoureiro coronel João de 1726 e chegou a Cuiabá a 15 de novembro do mesmo ano. A 1º de
Queirós, e vereadores Marcos Soares de Faria, Francisco Xavier janeiro instalou a Villa.

Didatismo e Conhecimento 2
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Há de se dizer, entretanto, que na administração do gover- A medida tardou a se concretizar, dando até ocasião de se propor
nador Rodrigo Cesar de Menezes, que trouxe ao Arraial mais de a mudança da capital para Alto Paraguay Diamantino (atualmen-
três mil pessoas, houveram transformações radicais no sistema te município de Diamantino). A Lei nº. 09, de 28 de agosto de
econômico-administrativo da Villa. A medida mais drástica foi a 1835, encerrou definitivamente a questão da capital, sediando-a
elevação do imposto cobrado sobre o ouro, gerando aumento no em Cuiabá. Tratou-se de processo irreversível a perda da capital
custo de vida, devido ao crescimento populacional, agravando a em Vila Bela, quando esta “vila” declinava após o governo de Luíz
situação precária do garimpo já decadente. Estes fatos, aliados à de Albuquerque.
grande violência que mesclou a sua administração, bem como a A cidade de Matto Grosso, a nova denominação, passou às
escassez das minas de Cuiabá, tornaram-se fundamentais para a ruínas, e era considerada como qualquer outro município fronteiri-
grande evasão populacional para outras áreas. ço. Hoje em dia a cidade passou a ser vista de uma outra maneira,
A 29 de março de 1729, D. João V, criou o cargo de Ouvidor principalmente pelo redescobrimento de sua riqueza étnico-cultu-
em Cuiabá. Apesar do Brasil já se desenvolver a 200 anos, Cuia- ral. A Lei Federal nº. 5.449, de 04 de julho de 1968 tornou Mato
bá ainda participou da estrutura antiga dos municípios, em que o Grosso município de Segurança Nacional. Em 29 de novembro
poder máximo era exercido pelo legislativo, cabendo ao executivo de 1978, a Lei nº. 4.014, alterava a denominação de Mato Grosso
um simples papel de Procurador. O chefe nato do legislativo era para Vila Bela da Santíssima Trindade, voltando ao nome original.
a autoridade suprema do Judiciário. Por isso o poder municipal
era também denominado de Ouvidoria de Cuiabá. Ainda não se
usava designar limite ou área ao município; apenas recebia aten-
ção formal a sede municipal, com perímetro urbano. O resto do 2. PERÍODO IMPERIAL.
território se perdia num indefinido denominado Districto. Por isso 2.1 A CRISE DA MINERAÇÃO E AS ALTER-
se costumava dizer “Cuyabá e seu Districto”. Naquele tempo os NATIVAS ECONÔMICAS DA PROVÍNCIA.
garimpeiros corriam atrás das manchas, lugares que rendiam muito 2.2 A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA
ouro. Assim, em 1737, por ocasião das notícias de muito ouro para CONTRA O PARAGUAI E A
as bandas do Guaporé, enorme contingente optou pela migração. PARTICIPAÇÃO DE MATO GROSSO.
Se a situação da Vila de Cuiabá já estava difícil, tornou-se pior 2.3 A ECONOMIA MATO-GROSSENSE
com a criação da Capitania, em 09 de maio de 1748. Em 1751, a APÓS A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA
vila contava com seis ruas, sendo a principal a Rua das Trepadeiras CONTRA O PARAGUAI.
(hoje Pedro Celestino). Muitos de seus habitantes migraram para a
capital da Capitania, atraídos pelos privilégios oferecidos aos que
ali fossem morar. Este fator permitiu que Cuiabá ficasse quase es-
tagnada por período de setenta anos.
Primeiro Império
Vila Bela – Antiga Capital
Em 25 de março de 1824, entrou em vigor a Constituição do
Por ordem de Portugal, a sede da Capitania foi fixada no Vale Império do Brasil. As Capitanias passaram à denominação de Pro-
do Rio Guaporé, por motivos políticos e econômicos de fronteira. víncias, sendo os presidentes nomeados pelo Imperador. Mas o
D. Antônio Rolim de Moura Tavares, Capitão General, foi nomea- Governo Provisório Constitucional regeu Mato Grosso até 1825. A
do pela Carta Régia de 25 de janeiro de 1749. Tomou posse a 17 de 10 de setembro de 1825, José Saturnino da Costa Pereira assumiu
janeiro de 1751. Rolim de Moura era fidalgo português e primo do o governo, em Cuiabá, como primeiro governador da Província de
Rei, mais tarde foi titulado Conde de Azambuja. A 19 de março de Mato Grosso, após a gestão do Governo Provisório Constitucional.
1752, D. Rolim de Moura fundou Villa Bela da Santíssima Trinda- No governo de Costa Pereira passou por Mato Grosso a célebre
de, às margens do Rio Guaporé, que se tornou capital da Capitania expedição russa, chefiada pelo Barão de Langsdorff, quando se re-
de Mato Grosso. gistrou fatos e imagens da época.
Vários povoados haviam se formado na porção oestina, des- Também Costa Pereira, por arranjos de negociação, parali-
de 1726 até a criação da Capitania, a exemplo de Santana, São sou o avanço de 600 soldados chiquiteanos contra a região do Rio
Francisco Xavier e Nossa Senhora do Pilar. Esses povoados, além Guaporé, em fins de 1825. Costa Pereira criou o Arsenal da Mari-
de constituírem os primeiros vestígios da ocupação da porção oci- nha no porto de Cuiabá e o Jardim Botânico da cidade, entregando-
dental da Capitania, tornaram-se o embrião para o surgimento de -o à direção do paulista Antônio Luís Patrício da Silva Manso. No
Vila Bela, edificada na localidade denominada Pouso Alegre. O governo do presidente Antônio Corrêa da Costa, ocorreu a criação
crescimento de Vila Bela foi gradativo e teve como maior fator de do município de Poconé, por Decreto Regencial de 25 de outubro
sua composição étnica, os negros oriundos da África para trabalho de 1831, o quarto de Mato Grosso e o primeiro no período Provín-
escravo, além dos migrantes de diversas áreas da Colônia. cial - “Villa do Poconé”.
O período áureo de Vila Bela ocorreu durante o espaço de A 28 de maio de 1834, o também tenente coronel João Pou-
tempo em que esteve como sede política e administrativa da Capi- pino Caldas, assume a presidência da Província. Em seu governo
tania, até 1820. A partir daí, começou a haver descentralização po- eclodiu a Rusga, revolta nativista que transformou a pacata comu-
lítica, e Vila Bela divide com Cuiabá a administração Provincial. nidade cuiabana em feras à cata de portugueses, a quem chamavam
No tempo do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, no início bicudos. Em Cuiabá a “Sociedade dos Zelosos da Independência”
do século XIX, Cuiabá atraía para si a sede da Capitania. Vila Bela organizou a baderna, visando a invasão das casas e comércios de
recebia o título de cidade sob a denominação de Matto Grosso. portugueses.

Didatismo e Conhecimento 3
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Antônio Pedro de Alencastro assume o governo da Província -grossenses foram quase dizimados pela varíola. Um efeito cascata
a 29 de setembro de 1834 e promove processo contra os crimino- se produziu atingindo povoações distantes. Metade dos moradores
sos da sedição mato-grossense. Poupino, em troca da confiança do de Cuiabá pereceu. No entanto, o povo de Mato Grosso sente-se
Presidente da Província, programa o enfraquecimento dos amo- orgulhoso dos feitos da Guerra do Paraguai onde lutaram em mi-
tinados pela dissolução da Guarda Municipal e reorganização da noria de gente e de material bélico, mas tomando por aliado o co-
Guarda Nacional. A Assembleia Provincial, pela Lei nº. 19, trans- nhecimento da natureza e sempre produzindo elementos surpresa.
fere a Capital da Província de Mato Grosso da cidade de Matto Ruas e praças imortalizaram nomes e datas dos feitos dessa guerra.
Grosso (Vila Bela) para a de Cuiabá. A notícia do fim da Guerra do Paraguai chegou a Cuiabá no
A 14 de agosto de 1839 circulou pela primeira vez um jornal dia 23 de março de 1870, com informações oficiais. O vapor Co-
em Cuiabá - Themis Mato-Grossense. A primeira tipografia foi ad- rumbá chegou embandeirado ao porto de Cuiabá, às cinco da tarde,
quirida por subscrição pública organizada pelo Presidente da Pro- dando salvas de tiros de canhão. Movimento notável ocorrido nes-
víncia José Antônio Pimenta Bueno, que era ferrenho defensor dos se período do Segundo Império foi o da abolição da escravatura. O
direitos provinciais. A educação contou com seu irrestrito apoio, símbolo do movimento aconteceu a 23 de março de 1872: O presi-
sob sua direção, foi promulgado o Regulamento da Instrução Pri- dente da Província, Dr. Francisco José Cardoso Júnior, libertou 62
mária, através da Lei nº. 08, de 05 de março de 1837. Esse regu- escravos, ao comemorar o aniversário da Constituição do Império.
lamento, disciplinador da matéria, estabelecia a criação de escolas Em dezembro do mesmo ano, foi fundada a “Sociedade Emanci-
em todas as povoações da Província e o preenchimento dos cargos padora Mato-Grossense”, sendo presidente o Barão de Aguapeí.
de professor mediante concurso. Multava os pais que não man- A 12 de agosto de 1888, nasceu o Partido Republicano. No-
dassem seus filhos ás escolas, o que fez com que o ensino fosse meiam-se líderes; José da Silva Rondon, José Barnabé de Mes-
obrigatório. Pimenta Bueno passou seu cargo ao cônego José da quita, Vital de Araújo, Henrique José Vieira Filho, Guilherme
Silva Guimarães, seu vice. Ferreira Garcêz, Frutuoso Paes de Campos, Manoel Figueiredo
Ferreira Mendes. A notícia da Proclamação da República tomou
Segundo Império os cuiabanos de surpresa a 09 de dezembro de 1889, trazida pelo
comandante do Paquetinho Coxipó, pois vinte e um dias antes, a
O primeiro presidente da Província de Mato Grosso, nomeado 18 de novembro felicitaram Dom Pedro II por ter saído ileso do
por Dom Pedro II, foi o cuiabano cônego José da Silva Magalhães,
atentado de 15 de junho. A 02 de setembro a Assembleia Provin-
que assumiu a 28 de outubro de 1840. Em 1844, chega a Cuiabá
cial aprovara unânime a moção congratulatória pelo aniversário
o médico Dr. Sabino da Rocha Vieira para cumprir pena no Forte
do Imperador. Ao findar o Império, a Província de Mato Grosso
Príncipe da Beira. Fora o chefe da famosa Sabinada, pretendendo
abrigava 80.000 habitantes.
implantar uma República no Brasil. Neste mesmo ano de 1844,
o francês Francis Castelnau visitou Mato Grosso em viagem de
Guerra de Tríplice Aliança
estudos. Tornou-se célebre pelos legados naturalistas.
O cel. João José da Costa Pimentel foi nomeado para a pre-
Durante o período monárquico, o Brasil se envolveu em três
sidência da Província a 11 de junho de 1849. Augusto Leverger,
nomeado a 07 de outubro de 1850, assumiu o governo Provincial a conflitos internacionais com países fronteiriços situados ao sul, na
11 de fevereiro de 1851. Exerceu a presidência cinco vezes. Além região Platina. A Guerra do Paraguai, porém, foi o mais longo e
de providências notáveis no tempo da Guerra do Paraguai, notabi- violento. Começou em 1864 e terminou em 1870, com a derrota do
lizou-se pela pena de historiador de Mato Grosso. Paraguai para os países que formaram a chamada Tríplice Aliança:
Importante Tratado abriu as portas do comércio de Mato o Brasil, a Argentina e o Uruguai.
Grosso para o progresso: o de 06 de abril de 1856. Graças à ha- A principal causa da guerra está relacionada às tentativas do
bilidade diplomática do Conselheiro Paranhos, Brasil e Paraguai governo do ditador paraguaio, Francisco Solano López, de colocar
celebraram o Tratado da Amizade, Navegação e Comércio. em prática uma política expansionista, com o objetivo de ampliar
O primeiro vapor a sulcar as águas da Província de Mato o território do seu país, apossando-se de terras dos países vizinhos,
Grosso foi o Water Witch, da marinha dos Estados Unidos, sob o e ter acesso ao mar pelo porto de Montevidéu.
comando do Comodoro Thomaz Jefferson Page, em 1853, incum- Solano López pretendia formar o Grande Paraguai, a partir da
bido pelo seu governo da exploração da navegação dos afluentes invasão e anexação do Uruguai, de partes do território argentino
do Prata. Em 1859, ao tomar posse o presidente Antônio Pedro de e das províncias brasileiras do Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Alencastro (o 2º Alencastro), chegou a Mato Grosso o Ajudante de Não obstante, uma vez iniciado o conflito armado, os países que
Ordens, o capitão Manoel Deodoro da Fonseca, o futuro procla- formaram a Tríplice Aliança procuraram defender seus respectivos
mador da República. interesses e se impor como potências regionais.
No ano de 1862, o célebre pintor Bartolomé Bossi, italiano,
visitou a Província de Mato Grosso, deixando um livro de me- As batalhas da Guerra do Paraguai
mórias. Imortalizou em tela acontecimentos da época. Sobressai
na História de Mato Grosso o episódio da Guerra do Paraguai. A guerra do Paraguai durou seis anos, período durante o
Solano Lopes aprisionou a 12 de novembro de 1864 o navio bra- qual travaram-se várias batalhas. As forças militares brasileiras,
sileiro Marquês de Olinda, que havia acabado de deixar o porto de chefiadas pelo almirante Barroso, venceram a batalha do
Assunção, conduzindo o presidente eleito da Província de Mato Riachuelo, libertando o Rio Grande do Sul. Em maio de 1866,
Grosso, Frederico Carneiro de Campos. Começara ali a Guerra ocorreu a batalha de Tuiuti, que deixou um saldo de 10 mil mortos,
do Paraguai, de funestas lembranças para Mato Grosso. Os mato- com nova vitória das tropas brasileiras.

Didatismo e Conhecimento 4
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Em setembro, porém, os paraguaios derrotam as tropas bra- O quilombo do Piolho ou Quariterê, no final do século XVIII,
sileiras na batalha de Curupaiti. Desentendimentos entre os co- localizado próximo ao rio Piolho, ou Quariterê, reuniu negros nas-
mandantes militares argentinos e brasileiros levaram o imperador cidos na África e no Brasil, índios e mestiços de negros e índios
dom Pedro 2° a nomear Luís Alves de Lima e Silva, o duque de (cafuzos). José Piolho, provavelmente foi o primeiro chefe do qui-
Caxias, para o comando geral das tropas brasileiras. Ainda assim, lombo. Depois, assumiu o poder sua esposa, Teresa.
em 1867, a Argentina e o Uruguai se retiram da guerra. Ao lado de Fugidos da exploração branca, os habitantes do quilombo
Caxias, outro militar brasileiro que se destacou na campanha do conviviam comunitariamente em uma fusão de elementos culturais
Paraguai foi o general Manuel Luís Osório. de origem indígena e africana. Os homens caçavam, lenhavam,
Sob o comando supremo de Caxias, o exército brasileiro foi cuidavam dos animais e conseguiam mel na mata; as mulheres pre-
reorganizado, inclusive com a obtenção de armamentos e supri- paravam os alimentos e fabricavam panelas com barro, artesanato
mentos, o que aumentou a eficiência das operações militares. For- e roupas.
talecido e sob inteiro comando de Caxias, as tropas brasileiras ven- As dificuldades de abastecimento de escravos na região gua-
ceram sucessivas batalhas, decisivas para a derrota do Paraguai. poreana, levou-os a organizar uma bandeira para atacar os escra-
Destacam-se as de Humaitá, Itororó, Avaí, Angostura e Lomas vos fugitivos. A bandeira contendo cerca de trinta homens e co-
Valentinas. mandada por João Leme de Prado, percorreu um mês de Vila Bela
até o quilombo, e, de surpresa, atacou-o, prendendo quase a totali-
Vitória brasileira dade dos moradores. Alguns morreram no combate que se travou,
outros fugiram. Os escravos que sobreviveram foram capturados e
No início de 1869, o exército brasileiro tomou Assunção, ca- levados para Vila Bela.
pital do Paraguai. A guerra chegou ao fim em março 1870, com a Outros quilombos também foram organizados em terras mato-
Campanha das Cordilheiras. Foi travada a batalha de Cerro Corá, -grossenses durante os séculos XVIII e XIX, podendo ser regis-
ocasião em que o ditador Solano López foi perseguido e morto. trados aqui, apenas para exemplificar, os quilombos “Mutuca” e
Vale lembrar que, a essa altura, Caxias considerava a conti- “Pindaituba” situados na Chapada dos Guimarães, os “Sepoutuba”
nuidade da ofensiva brasileira uma carnificina e demitiu-se do co- e “Rio Manso” próximos a Vila Maria (atual Cáceres).
mando do exército, que passou ao conde d’Eu, marido da princesa
Isabel. A ele coube conduzir as últimas operações.
3. PERÍODO REPUBLICANO.
Consequências da guerra
3.1 O CORONELISMO EM MATO GROSSO.
3.2. ECONOMIA DE MATO GROSSO NA PRI-
Para o Paraguai, a derrota na guerra foi desastrosa. O confli-
MEIRA REPÚBLICA: USINAS DE AÇÚCAR E
to havia levado à morte cerca de 80% da população do país, na
CRIAÇÃO DE GADO.
sua maioria homens. A indústria nascente foi arrasada e, com isso,
3.3. POLÍTICA FUNDIÁRIA E AS TENSÕES
o país voltou a dedicar-se quase que exclusivamente à produção
SOCIAIS NO CAMPO.
agrícola.
3.4 OS GOVERNADORES ESTADUAIS E
A guerra também gerou um custoso endividamento do Para-
SUAS REALIZAÇÕES
guai com o Brasil. Essa dívida foi perdoada por Getúlio Vargas.
3.5 DESMEMBRAMENTO DO ESTADO EM
Mas os encargos da guerra e as necessidades de recursos financei-
MT E MS, OCORRIDO EM 1977.
ros levaram o país à dependência de capitais estrangeiros.
3.6. CRIAÇÃO E DESMEMBRAMENTOS DE
A Guerra do Paraguai também afetou o Brasil. Economica-
MUNICÍPIOS DE MATO GROSSO.
mente, o conflito gerou muitos encargos e dívidas que só pude-
ram ser sanados com empréstimos estrangeiros, o que fez aumen-
tar nossa dependência em relação às grandes potências da época Primeira República
(principalmente a Inglaterra) e a dívida externa. Não obstante, o
conflito armado provocou a modernização e o fortalecimento ins- Em 09 de dezembro de 1889, Antônio Maria Coelho assumiu
titucional do Exército brasileiro. as rédeas do governo republicano em Mato Grosso. A 15 de agosto
Com a maioria de seus oficiais comandantes provenientes da de 1891 se promulgava a Primeira Constituição do Estado de Mato
classe média urbana, e seus soldados recrutados entre a população Grosso. O termo Província deu lugar a Estado. O chefe do executi-
pobre e os escravos, o exército brasileiro tornou-se uma força polí- vo mantinha a denominação de presidente. Eleito pela Assembléia
tica importante, apoiando os movimentos republicanos e abolicio- Legislativa, o jurista Dr. Manoel José Murtinho assumiu o cargo
nistas que levaram ao fim do regime monárquico no Brasil. de primeiro presidente do Estado de Mato Grosso, a 16 de agosto
de 1891.
Mão de Obra Escrava Em 1894, os salesianos chegaram a Mato Grosso, a pedido
do bispo Dom Carlos Luís D’Amour ao fundador Dom Bosco. Os
Para trabalhar na mineração, chegaram, no século XVIII, em salesianos deixaram histórico rastro cultural em Mato Grosso, no-
Mato Grosso, os primeiros escravos de origem africana. Como tabilizaram-se pelas Missões entre povos indígenas. O conturbado
resistência à escravidão, as fugas foram constantes, sendo indivi- período político de 1889 a 1906 assinalou progressos econômi-
duais ou coletivas, formando diversos quilombos. A região do vale cos. Usinas açucareiras da beira do Rio Cuiabá desenvolveram-se,
do rio Guaporé foi onde houve maior concentração dessas aldeias tornando-se potências econômicas no Estado. Notabilizaram-se as
de escravos fugitivos. usinas.

Didatismo e Conhecimento 5
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Conceição, Aricá, Itaici - além de outras. Também a produção Economia
de borracha tomou notável impulso. Outra fonte de riqueza em
crescimento foram os ervais da região fronteiriça com o Paraguai. Em 1820, Cuiabá volta a ser sede política e administrativa de
Em 1905 tiveram início as obras da estrada de ferro, que cortou o Mato Grosso e Vila Bela entra em decadência. Neste período sur-
sul do Estado. giu uma indústria doméstica que supriu a necessidade de produtos
Os chefes do Partido Republicano, além de se reunirem em da terra como farinha de mandioca, arroz, feijão, açúcar, aguarden-
pontos de difícil acesso, como nos seringais, também obtiveram te, azeite de mamona e algodão.
asilo político no Paraguai, ali editaram o jornal “A Reação”, que Por volta de 1830 surge a extração da ipecacuanha ou poaia,
entrava clandestinamente em Mato Grosso. Em 1906, Generoso Cephaelis ipecacuanha. Nesta época, José Marcelino da Silva Pra-
Ponce retorna a Mato Grosso e em Corumbá se encontra com Ma- do, explorando garimpos de diamantes nas imediações do Rio Pa-
noel José Murtinho, então adversário político. Fazem as pazes e raguai, em região próximo à Barra do Bugres, observou que seus
nasce o movimento denominado “Coligação”. garimpeiros usavam, quando doentes, um chá preparado com raiz
O Partido Republicano ordena as forças para a retomada do de arbusto facilmente encontrado à sombra da quase impenetrável
poder presidencial de Cuiabá, pressionando do sul e do norte. floresta da região. Tratava-se da “poaia”, que era antiga conheci-
Ponce sobe de Corumbá e o cel. Pedro Celestino desce de Alto da dos povos indígenas, que tinham repassado seu conhecimen-
Paraguai Diamantino. Ponce agia às pressas, porque o presidente to aos colonizadores. Curioso e interessado, o garimpeiro enviou
Antônio Paes de Barros pedira socorro à União. Do Rio de Janeiro amostras da planta para análise na Europa, via porto de Cáceres e
o gal. Dantas Barreto partiu em auxílio ao presidente do Estado de Corumbá. Desta raiz é extraída a Emetina, substância vegetal lar-
Mato Grosso. As duas tenazes, do norte e do sul, à medida que pro- gamente utilizada na indústria farmacêutica, principalmente como
grediam o avanço, recebiam adesões de patriotas. Cerca de 4.000 fixador de corantes.
homens cercaram Cuiabá. Constatado oficialmente seu valor medicinal, iniciou-se, en-
O presidente Antônio Paes de Barros, vendo-se impotente, fu- tão, o ciclo econômico da poaia, de longa duração e grandes bene-
rou o cerco, tomando disfarce, mas foi descoberto nas imediações fícios para os cofres do Tesouro do Estado. Esta planta é extrema-
da fábrica de pólvora do Coxipó, onde foi assassinado, a 06 de mente sensível, abundando em solos de alta fertilidade sob árvores
julho de 1906. de copas bem formadas. Seus principais redutos eram áreas dos
A 15 de agosto de 1907, o cel. Generoso Paes Leme de Souza municípios de Barra do Bugres e Cáceres. A princípio, os carrega-
Ponce assumiu o governo do Estado de Mato Grosso. Seus substi- mentos seguiam para a metrópoles via Goiás, depois passou a ser
tutos legais eram o cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, dr. Joa- levada por via fluvial, com saída ao estuário do Prata.
quim Augusto da Costa Marques e o cel. João Batista de Almeida Os poaieiros eram os indivíduos que se propunham a coletar
Filho. O cel. Pedro Celestino foi substituído pelo Dr. Joaquim Au- a poaia. O poaiaeiro surgiu em Mato Grosso em fins do século
gusto da Costa Marques, que tomou posse a 15 de agosto de 1911, XIX, e foi responsável pelo surgimento de núcleos de povoamento
tendo como vice o cel. Joaquim Caraciolo Peixoto de Azevedo, dr. no Estado, graças à sua atividade desbravadora, sempre à procura
José Carmo da Silva Pereira e o Dr. Eduardo Olímpio Machado. O de novas “manchas” da raiz da poaia. Porém, o próprio poaieiro
presidente Costa Marques conseguiu a proeza de governar ininter- decretou o (quase) fim desta cultura, pois os “catadores” da poaia
ruptamente, fato inédito naqueles tempos de política turbulenta. A somente extraíam as plantas, não faziam o replantio, não seguindo
Costa Marques sucedeu em 15 de agosto de 1915, o gal. Caetano o exemplo dos povos indígenas que, ao subtraírem as raizes da
Manoel de Faria e Albuquerque. ipeca, as replantavam, garantindo, assim, a perenidade do vegetal.
Eram difíceis os tempos de I Grande Guerra Mundial, sendo Outro fator que contribuiu para a escassez da planta foi o
que a 22 de janeiro de 1918, tomou posse D. Francisco de Aquino desmatamento desenfreado da região oestina de Mato Grosso,
Corrêa, Bispo de Prusíade, eleito para o quadriênio 1918-1922, pois a poaia estava acostumada à sombra das matas úmidas, e su-
governando por todo seu mandato. Posteriormente foi eleito, por cumbiu ante a queda das árvores. A poaia chegou a ser o segundo
voto direto o cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, que assumiu o contribuinte para os cofres da Província de Mato Grosso, devido a
governo em 22 de janeiro de 1922, cujo mandato se expiraria em sua exportação principalmente para a Europa.
1926. No entanto, não chegou a completá-lo, deixando o comando Após a constatação em Paris de que a borracha mato-grossen-
do governo, por motivos de saúde, a 1º de novembro de 1924. Nes- se possuía boa qualidade o produto tornou-se famoso em várias
ta ocasião o 1º vice-presidente, Dr. Estevão Alves Corrêa, assumiu partes do mundo. Logo após a Guerra do Paraguai, em 1870, a
a presidência, governando até o fim do mandato. produção, oriunda dos vastos seringais nativos da imensa região
Neste período cruzou o chão mato-grossense a épica “Coluna banhada pelo Rio Amazonas, tornou-se um ponto de apoio para
Prestes”, que passou por diversas localidades do Estado, deixando os minguados cofres da Província. Diamantino foi o grande centro
um rastro de admiração e tristeza. produtor de látex e Cuiabá se transformou em centro comercial
O 10º presidente constitucional do Estado de Mato Grosso foi do produto, com várias empresas criadas para exportar a borra-
o Dr. Mário Corrêa da Costa, que governou de 1926 até 1930. O Dr. cha mato-grossense. Destacou-se entre elas a Casa Almeida e Cia.,
Anibal Benício de Toledo, 11º presidente constitucional, assumiu com matriz na Praça 13 de Maio. Ela exportava para várias partes
o governo estadual a 22 de janeiro, para o quadriênio 1930-1934. do mundo, principalmente para Londres e Hamburgo.
Esteve à frente da governadoria apenas por 9 meses e 8 dias, em A criação de gado e a lavoura tornaram Livramento, Santo
função dos resultados práticos da Revolução de 30. Na sequência Antônio do Rio Abaixo e Chapada dos Guimarães os grandes ce-
assumiu o governo o major Sebastião Rabelo Leite - Comandante leiros da capital. Mas com o fim da escravidão estas localidades
da Guarnição Militar de Cuiabá. entraram em verdadeiro colapso.

Didatismo e Conhecimento 6
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Na região sul da Província, hoje território de Mato Grosso O engenheiro civil João Ponce de Arruda recebeu das mãos de
do Sul, surgiu ainda no fim do século XIX a produção de erva Fernando Corrêa o governo de Mato Grosso, administrando o Es-
mate, Ilex paraguaiensis. O empresário Tomás Laranjeira obteve tado por cinco anos, de 31 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de
privilégios da Província para começar a empresa Mate Laranjei- 1961. A 19 de janeiro de 1958, faleceu no Rio de Janeiro Cândido
ra. Entre as facilidades conseguiu arrendar toda a região banhada Mariano da Silva Rondon ou simplesmente o Marechal Rondon,
pelos afluentes da margem direita do Rio Paraná, numa área de como ficou mundialmente conhecido.
aproximadamente 400 léguas quadradas. O empreendimento foi Em 31 de janeiro de 1961, pela segunda vez, o médico Fer-
um sucesso e foi de grande contribuição para os cofres públicos nando Corrêa da Costa tomou posse como governador. Em seu
na época. Com a quase extinção dos ervais nativos e uma polí- segundo mandato ocorreu a Revolução de 31 de março de 1964,
tica econômica contrária aos interesses comerciais desta cultura, o que serviu para “esticar” o período de governo, permanecendo
o segmento comercial entrou em decadência em menos de duas à frente do executivo até 15 de março de 1966. Governou nesta
décadas. segunda vez por 5 anos, 1 mês e 15 dias.
Apesar de conturbado politicamente, o período de 1889 a
1906 foi de intenso progresso econômico. Logo após a procla- Economia
mação da República, várias usinas açucareiras foram criadas e se
desenvolveram. Entre elas se destacaram as usinas Conceição, Ari- A política implementada por governos de estado na esfera fe-
cá, Flechas, São Miguel e Itaici. Esses grandes empreendimentos deral, ao longo dos anos, no sentido de fixar grandes contingentes
foram, na época, o maior indício de desenvolvimento industrial de migratórios nas áreas disponíveis, estabeleceu um modelo nacio-
Mato Grosso. Sua decadência foi em razão do grande isolamento nal e ordenado de ocupação espacial. Na década de 1940, já se
da região e do abandono por parte do governo. fazia sentir a vocação de produzir alimentos e absorver mão-de-
-obra, isto se deu com a criação de colônias agrícolas para atender
Segunda República à pressão da demanda de pequenos e médios agricultores de todo
Brasil. Entretanto, a ocupação limitou-se ao assentamento de colo-
Os anos de 1930-1945 foram marcados por forte influência nos e à criação de precária e ineficiente rede viária, sem estímulo à
européia. A política centralizadora de Getúlio Vargas se fez sentir produção ou garantias de comercialização.
em Mato Grosso: interventores federais foram nomeados por entre De 1942 a 1945, Mato Grosso reviveu os tempos áureos do lá-
exercícios de curto governo. A 16 de julho de 1934, o Congresso tex. A Segunda Guerra Mundial eclodia e, como os aliados viram-
Nacional promulgou uma nova Constituição Federal, que foi se- -se privados da borracha asiática, acabaram batendo na porta do
guida pela estadual mato-grossense, a 07 de setembro de 1935. O Brasil em busca da preciosa goma. Este foi o tempo dos Soldados
título de presidente foi substituído pelo de governador. Os consti- da Borracha, época de maior produção de borracha por pé de serin-
tuintes estaduais elegeram o Dr. Mário Corrêa da Costa para go- ga em campos nativos. Para a base empresarial foi criado o Banco
vernador, que tomou posse como o 12º governo constitucional. Foi da Borracha
este um governo marcado por agitações políticas. A normalidade
voltou com a eleição do bel. Júlio Strubing Müller pela Assem- Militarismo no Mato Grosso
bléia Legislativa para governador, que assumiu o cargo em 04 de
outubro de 1937. Em 1964 Mato Grosso tornou-se um dos focos do movimento
Ocorrendo o golpe do “Estado Novo” de Getúlio Dornel- revolucionário. Declarada a Revolução em Minas Gerais, a tropa
les Vargas a 10 de novembro de 1937, o Estado de Mato Gros- do 16º Batalhão de Caçadores de Cuiabá avançou para Brasília,
so passou ao regime de interventoria novamente. Nesse período sendo a primeira unidade militar a ocupar a capital da República.
registraram-se progressos econômicos e notável participação de O governo militar instituiu o voto indireto para governador.
Mato Grosso na Segunda Guerra Mundial. Em 15 de outubro de O nome era proposto pela Presidência da República, homologa-
1939, instalou-se em Cuiabá a Rádio Voz do Oeste, sob a direção do pela Assembléia Legislativa. Apenas em 1982, voltariam as
de seu criador, Jercy Jacob: professor, poeta, músico, compositor e eleições diretas. No primeiro governo revolucionário, o Dr. Ro-
técnico em radieletricidade. Marcou época o programa “Domingo berto de Oliveira Campos, mato-grossense de largo passado de
Festivo na Cidade Verde”, apresentado por Rabello Leite e Alves serviços públicos, foi escolhido para Ministro de Planejamento.
de Oliveira, ao vivo, no anfiteatro do Liceu Cuiabano. Mais tarde, No governo do general Castelo Branco, o mato-grossense general
Alves de Oliveira e Adelino Praeiro deram sequência ao programa Dilermando Gomes Monteiro exerceu a função de Subchefe da
no Cine Teatro Cuiabá. Casa Militar, passando a Chefe da Casa Militar no governo do gal.
Por efeito da Constituição Federal de 1946, um novo período Ernesto Geisel, posteriormente a Comandante do II Exército e a
de normalidade se instituiu. A Assembléia Constituinte de Mato Ministro do Superior Tribunal Militar.
Grosso elegeu o primeiro governador do período, Dr. Arnaldo Filinto Müller se projetou como senador, nacionalmente. Líder
Estevão de Figueiredo. A 03 de outubro de 1950 houve eleições do governo no Senado Federal, Presidente do Senado e Presidente
para governador, concorrendo Filinto Müller, pelo Partido Social da ARENA. Faleceu em desastre aéreo nas proximidades de Paris,
Democrata e Fernando Corrêa da Costa pela União Democrática em 1972, na chamada “Tragédia de Orly”, quando exercia a função
Nacional. Venceu Fernando Corrêa, que tomou posse a 31 de de Presidente do Congresso Nacional.
janeiro de 1951, governando até 31 de janeiro de 1956. Fernando Ao par do progresso material, o Estado desenvolveu-se cul-
Corrêa da Costa instalou a Faculdade de Direito de Mato Grosso, turalmente. No governo de Pedro Pedrossian, que governou por
núcleo inicial da futura Universidade Federal de Mato Grosso - cinco anos, surgiram as universidades de Cuiabá e Campo Grande.
UFMT. Verificou-se a inauguração da primeira emissora de televisão, a TV

Didatismo e Conhecimento 7
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Centro América, em 1969. Logo a seguir Mato Grosso se ligaria ao Governadores Estaduais
resto do Brasil por microondas, pela EMBRATEL, e logo pelo sis-
tema de Discagem Direta a Distância - DDI. Mato Grosso tornou- Antônio Maria Coelho
-se ponto de apoio ao governo federal para o projeto de integração 9 de dezembro de 1889 até 15 de fevereiro de 1891
da Amazônia, desfraldado o slogan “integrar para não entregar”. Primeiro governador de Mato Grosso. Nasceu em Cuiabá em
Uma das consequências do desenvolvimento foi o desmem- 8 de setembro de 1827 e faleceu em Corumbá, em 29 de agosto
bramento do território, formando o Estado de Mato Grosso do Sul, de 1894. Foi militar, chegando à patente de marechal. Conhecido
a 11 de outubro de 1977, através da Lei Complementar nº. 31. O como Barão de Amambai.
novo Estado foi instalado a 1º de janeiro de 1979. No período pós
Estado Novo, dois mato-grossenses subiram à Presidência da Re- Frederico Solon de Sampaio Ribeiro
pública: Eurico Gaspar Dutra e Jânio da Silva Quadros. 16 de fevereiro de 1891 até 31 de março de 1891
A crise econômica brasileira se tornou aguda nesse período Militar, lutou na Guerra do Paraguai. Teve atuação destacada
com a desvalorização acelerada da moeda nacional. Sem os su- na Proclamação da República.
portes de projetos federais especiais para a fronteira agrícola, os Foi nomeado governador do Mato Grosso em 1891, deputado
migrantes em parte se retiraram de Mato Grosso. No entanto, um federal e inspetor do Tribunal de Guerra no Pará. Não cumpriu o
mandado até o final, ficando pouco mais de um mês no cargo.
projeto de maior monta é o conjunto de infra-estrutura de trans-
porte. O projeto de estrada de ferro ligando São Paulo a Cuiabá
José da Silva Rondon
entra em fase de efetivação, a fim de resolver parte dos problemas
1 de abril de 1891 até 5 de junho de 1891
de transporte de grãos. O projeto de uma zona de Processamento Terceiro governador, entrou após o breve mandato de Frederi-
de Exportação entra em fase de implantação. Visa-se exportar os co Solon de Sampaio Ribeiro que ficou apenas um mês no cargo.
produtos mato-grossenses por via fluvial. Exerceu mandato interinamente de 1 de Abril até 5 de junho de
O povo migrado para Mato Grosso tem, com a crise brasileira, 1981.
a ocasião de uma pausa no desenfreado trabalho de progresso, ocu-
pando-se com o aprofundamento da cultura mato-grossense. Mato João Nepomuceno de Medeiros Mallet
Grosso ingressa definitivamente na idade da cultura, completando 6 de junho de 1891 até 16 de agosto de 1891
o desenvolvimento material, comercial e industrial. Foi ministro da Guerra no governo republicano, tornando
mais prático o ensino militar. Reestruturou também o Estado-
Economia -Maior e os métodos de disciplina. Tornou-se governador de Ceará
e Mato Grosso mas, ao se envolver no movimento político-militar
Na década de 1960, as mudanças político-administrativas no de 1892, assinando o Manifesto dos 13 generais contra a perma-
país e o surgimento de fatores estruturais, relacionados com a agri- nência de Floriano Peixoto no poder, foi reformado no posto de
cultura brasileira, iriam modificar substancialmente a perspectiva general-de-brigada.
potencial do Estado. Com a escassez de terras desocupadas e uti-
lização de tecnologia moderna no Centro-Sul, muitos migrantes Manuel José Murtinho
chegaram a Mato Grosso dispostos a ocupar as áreas do Estado. 16 de agosto de 1891 até 15 de agosto de 1895
O interesse de fazer crescer o setor agrícola e a necessidade de Foi vice-presidente da província de Mato Grosso, assumindo
atender as pressões demográficas de grupos de pequenos e médios a presidência interinamente de 11 de julho a 9 de agosto de 1889.
proprietários levou o poder público a uma efetiva ocupação do ter-
ritório mato-grossense. Antônio Correia da Costa
O incremento desta ocupação e a caracterização da função de 15 de agosto de 1895 até 26 de janeiro de 1898
Mato Grosso como estado eminentemente agrícola se consolidou Foi presidente da província de Mato Grosso, de 21 de julho de
na década de 1970, a partir principalmente do estímulo à coloni- 1831 a 27 de abril de 1833, de 3 de dezembro de 1833 a 26 de maio
de 1834, de 1 a 24 de fevereiro de 1836, de 25 a 28 de outubro de
zação privada e à exploração de terras devolutas em bases em-
1840, e de 9 de dezembro de 1842 a 11 de maio de 1843.
presariais. A colonização, que atraiu primeiramente colonos com
larga experiência agrícola, mas também, acostumados ao manejo
Antônio Cesário de Figueiredo
tradicional e ainda arredios às modernas técnicas de agricultura. 26 de janeiro de 1898 até 10 de abril de 1899
A partir da intervenção governamental caracterizou-se por um Foi o sétimo governador de Mato Grosso durante o período de
processo seletivo, baseado no recrutamento de pequenos e médios 26 de janeiro de 1898 até 10 de abril de 1899.
proprietários rurais, relativamente capitalizados e com larga expe-
riência na moderna agricultura. Antônio Leite de Figueiredo
O apoio à iniciativa privada foi caracterizado por facilidades 6 de julho de 1899 até até 15 de agosto de 1899
na aquisição de terras a baixo custo, de forma a garantir a ren- Foi o nono governador de Mato Grosso no período republi-
tabilidade dos investimentos. Tal política deu origem a um novo cano. Seu mandato foi de 6 de julho de 1899 até 15 de agosto de
padrão de ocupação, no mesmo espaço econômico deu-se o esta- 1899.
belecimento de grandes empresas agropecuárias paralelamente às
pequenas e médias propriedades. A ocupação de espaços econômi- Antônio Pedro Alves de Barros
cos desta forma seletiva, pelos migrantes assentados como peque- 15 de agosto de 1899 até 15 de agosto de 1903
nos proprietários nos projetos de colonização e empresas agrícolas Foi o décimo governador de Mato Grosso, seu período de go-
consolidaram a posição de Mato Grosso como estado agrícola. verno foi de 15 de agosto de 1899 até 15 de agosto de 1903.

Didatismo e Conhecimento 8
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Antônio Pais de Barros Pedro Celestino Correia da Costa
15 de agosto de 1903 até 2 de julho de 1906 22 de janeiro de 1922 até 24 de outubro de 1924
Antônio Pais de Barros, primeiro barão de Piracicaba, (São Pedro Celestino Correia da Costa (cerca de 1860 - 1932) foi
Paulo, 4 de março de 1791 - São Paulo, 11 de outubro de 1876). um militar e político brasileiro, governador de Mato Grosso em
Foi o décimo primeiro governador do Estado. duas ocasiões.

Pedro Leite Osório Estêvão Alves Correia


2 de julho de 1906 até 15 de agosto de 1907 25 de outubro de 1924 até 22 de janeiro de 1926
Político, comerciante e pecuarista (Cuiabá, 22/11/1852 - Rio Foi o vigésimo primeiro governador de Mato Grosso. Assu-
de Janeiro, 07/12/1907). 1º vice-presidente do Estado de Mato miu o governo no dia 25 de outubro de 1924 e governou até o dia
Grosso, governou de 08.07.1906 a 15.08.1907. Fatores políticos 22 de janeiro de 1926.
fizeram com que Pedro Leite Osório chefiasse o Partido Democra-
ta, sendo, posteriormente, dedicado à causa do Partido Nacional, Mário Correia da Costa
tendo apoiado incontestavelmente os ideais políticos de Antônio 22 de janeiro de 1926 até 21 de janeiro de 1930
Maria Coelho. Mário Correia da Costa foi um médico e político brasileiro,
governador de Mato Grosso de 22 de janeiro de 1926 a 21 de ja-
Generoso Pais Leme de Sousa Ponce neiro de 1930 e de 7 de setembro de 1935 a 8 de março de 1937.
15 de agosto de 1907 até 12 de outubro de 1908
Em 1894 foi eleito senador, cargo que ocupou até 1902. Em 1 Aníbal Benício de Toledo
de março de 1907 foi eleito presidente do estado, cargo que exer- 22 de janeiro de 1930 até 30 de outubro de 1930
ceu de 15 de agosto de 1907 a 12 de outubro de 1908, quando, em Foi o vigésimo terceiro governador de Mato Grosso. Assumiu
virtude de doença, renunciou, sendo eleito deputado federal. em 22 de janeiro de 1930 e governou até 30 de outubro de 1930.

Pedro Celestino Correia da Costa Sebastião Rabelo Leite


12 de outubro de 1908 até 15 de agosto de 1911 30 de outubro de 1930 até 3 de novembro de 1930
Pedro Celestino Correia da Costa (1860 -1932) foi um militar Foi o vigésimo-quarto governador de Mato Grosso. Assumiu
e político brasileiro, governador de Mato Grosso em duas ocasiões. no dia 30 de outubro de 1930 e foi até novembro de 1930. Gover-
nou apenas alguns dias.
Caetano Manuel de Faria e Albuquerque
15 de agosto de 1915 até 8 de fevereiro de 1917 Antônio Mena Gonçalves
Caetano Manuel de Faria e Albuquerque (Cuiabá, 11 de ja- 3 de novembro de 1930 até 24 de abril de 1931
neiro de 1857 - Cuiabá, 10 de fevereiro de 1925) foi um enge- Foi o vigésimo-quinto governador do estado de Mato Grosso.
nheiro militar, político e jornalista brasileiro. Em1884, lançou a Assumiu no dia 3 de novembro de 1930 e terminou o mandado
sua candidatura de deputado Federal por Mato Grosso pelo Partido meses depois, no dia 24 de abril de 1931.
Liberal, porém não foi eleito. Eleito deputado federal por Mato
Grosso em dois períodos, da Constituinte de 1891 e o do quatriênio Artur Antunes Maciel
Hermes da Fonseca (1910 - 1914). Foi presidente do Estado de 24 de abril de 1931 até 15 de junho de 1932
Mato Grosso. Eleito em março de 1915, assumiu a 15 de agosto e Foi o vigésimo-sexto governador de Mato Grosso. Assumiu
governou até 9 de fevereiro de 1917. no dia 24 de abril de 1931 e terminou o mandato no dia 15 de
junho de 1932.
Camilo Soares de Moura
9 de fevereiro de 1917 até 22 de agosto de 1917 Leônidas Antero de Matos
Foi presidente de Mato Grosso, de 9 de fevereiro a 13 de agos- 15 de junho de 1932 até 12 de outubro de 1934
to de 1917 e de 30 de novembro de 1917 a 22 de janeiro de 1918. Nasceu em Cuiabá no dia 28 de fevereiro de 1894. Seu ir-
mão, Antero de Mattos Filho, seguiu a carreira militar e chefiou
Cipriano da Costa Ferreira o Comando Militar de Brasília entre 1962 e 1963. Faleceu no Rio
23 de agosto de 1917 até 21 de janeiro de 1918 de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 8 de abril de 1936. Era
Foi o décimo oitavo governador de Mato Grosso. Assumiu no casado com Dalila Frota de Mattos, com quem teve dois filhos.
dia 23 de agosto de 1917 até 21 de janeiro de 1918.
César de Mesquita Serva
Francisco de Aquino Correia 12 de outubro de 1934 até 8 de março de 1935
22 de janeiro de 1918 até 21 de janeiro de 1922 Foi o vigésimo oitavo governador do Mato Grosso, de 12 de
Francisco de Aquino Correia (Cuiabá, 2 de abril de 1885 - São outubro de 1934 a 8 de março de 1935.
Paulo, 22 de março de 1956) foi arcebispo de Cuiabá e gover-
nante de Mato Grosso. Foi também poeta e escritor e o primeiro Fenelon Müller
mato-grossense a pertencer à Academia Brasileira de Letras. Foi 8 de março de 1935 até 28 de agosto de 1935
também um dos principais incentivadores à fundação da Academia Este engenheiro civil, político, educador e pecuarista brasilei-
Mato-grossense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de ro foi o vigésimo-nono governador de Mato Grosso. Exerceu du-
Mato Grosso. É dele a composição do hino do estado. rante anos o cargo de Inspetor Federal do Ensino de Mato Grosso

Didatismo e Conhecimento 9
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
em Cuiabá, tendo contribuído para o ressurgimento do Liceu São Fernando Corrêa da Costa
Gonçalo de Cuiabá e para a criação do Ginásio 2 de Julho, em Três 31 de janeiro de 1951 até 31 de janeiro de 1956
Lagoas; do Ginásio Cândido Mariano, em Aquidauana; e de outro Fez o primário e o ginásio no Liceu Cuiabano, formando-se
ginásio em Corumbá. em medicina em 1926 na Faculdade da Praia Vermelha, no Rio
de Janeiro. No mês de outubro de 1950 elege-se governador do
Newton Deschamps Cavalcanti Estado, cargo que voltaria a ocupar em 1961. Após o período de
governo, se tornou senador por dois mandatos, encerrando sua car-
28 de agosto de 1935 até 7 de setembro de 1935
reira política em 1975.
Foi o trigésimo governador do Mato Grosso, de 28 de agosto
a 7 de setembro de 1935. João Ponce de Arruda
31 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de 1961
Mário Correia da Costa João Ponce de Arruda, Cuiabano, filho de João Pedro de Ar-
7 de setembro de 1935 até 8 de março de 1937 ruda e Adelina Ponce de Arruda, nascido em 27 de Julho de 1904,
Mário Correia da Costa foi um médico e político brasileiro, graduado em Engenharia Civil.João Ponce de Arruda faleceu em
governador de Mato Grosso de 22 de janeiro de 1926 a 21 de ja- Cuiabá, aos 17 dias do mês de maio do ano de 1979.
neiro de 1930 e de 7 de setembro de 1935 a 8 de março de 1937.
Fernando Corrêa da Costa
Manuel Ari da Silva Pires 31 de janeiro de 1961 até 31 de janeiro de 1966
Fez o primário e o ginásio no Liceu Cuiabano, formando-se
9 de março de 1937 até 13 de setembro de 1937
em medicina em 1926 na Faculdade da Praia Vermelha, no Rio
Foi o trigésimo-segundo governador de Mato Grosso. Inter- de Janeiro. No mês de outubro de 1950 elege-se governador do
ventor federal em Mato Grosso, de 9 de março a 4 de outubro de Estado, cargo que voltaria a ocupar em 1961. Após o período de
1937. governo, se tornou senador por dois mandatos, encerrando sua car-
reira política em 1975.
Júlio Strübing Müller
13 de setembro de 1937 até 30 de outubro de 1945 Pedro Pedrossian
Júlio Strübing Müller foi trigésimo-terceiro governador de 31 de janeiro de 1966 até 15 de março de 1971
Mato Grosso. Casado com Maria de Arruda Müller. Foi governador Pedrossian foi governador de Mato Grosso no período de
do Mato Grosso, de 4 de outubro a 24 de novembro de 1937 e 1966 a 1971, antes que o estado fosse dividido. Eleito senador em
imediatamente após interventor federal, até de 8 de novembro de 1978, renunciou ao mandato em 1980 para assumir o cargo gover-
nador nomeado do estado de Mato Grosso do Sul em 7 de novem-
1945.
bro daquele ano. Em 15 de março de 1991 assumiu novamente o
cargo de governador sul-mato-grossense — eleito em pleito direto
Olegário Moreira de Barros ocorrido em 1990.
30 de outubro de 1945 até 19 de agosto de 1946
Foi desembargador e o trigésimo-quarto governador de Mato José Manuel Fontanillas Fragelli
Grosso, no período compreendido entre outubro de 1945 e agosto 15 de março de 1971 até 15 de março de 1975
de 1946. Foi bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo; Promotor de justiça em
José Marcelo Moreira Campo Grande; secretário de Justiça e Finanças; diretor e profes-
19 de agosto de 1946 até 8 de abril de 1947 sor do Colégio Osvaldo Cruz em Campo Grande; deputado esta-
dual; deputado estadual; deputado federal; governador; senador;
Governou Mato Grosso durante breve período de agosto de
presidente do Senado Federal; presidente do Congresso Nacional
1946 até abril de 1947. Foi o trigésimo-quinto governador do es- e presidente da República interino.
tado.
José Garcia Neto
Arnaldo Estêvão de Figueiredo 15 de março de 1975 até 15 de agosto de 1978
8 de abril de 1947 até 1 de julho de 1950 José Garcia Neto (Rosário do Catete, 1º de junho de 1922 –
Arnaldo Estevão de Figueiredo foi um dos primeiros agrôno- Cuiabá, 19 de novembro de 2009) foi um político brasileiro natu-
mos do Estado, formado em 1917, mesmo ano em que foi designa- ral de Sergipe, mas com atuação política em Mato Grosso, estado
do pelo governo federal de D. Pedro II para demarcar as terras de onde foi governador de março de 1975 até agosto de 1978). Re-
todos os municípios do então Mato Grosso. Também foi prefeito nunciou ao cargo para candidatar-se ao Senado.
de Campo Grande, governador do Estado e responsável pela im-
Cássio Leite de Barros
plantação da primeira feira livre de Campo Grande.
15 de agosto de 1978 até 15 de março de 1979
Cássio Leite de Barros (1927 - 2004), foi um jornalista, advo-
Jari Gomes gado, pecuarista e político brasileiro, ex-vice-governador e mais
1 de julho de 1950 até 31 de janeiro de 1951 tarde governador do estado de Mato Grosso. Barros assumiu o
De Julho de 1950 até a janeiro do ano seguinte Jari Gomes Governo de Mato Grosso em 14 de agosto de 1978, como vice-
governou Mato Grosso. Ele foi o trigésimo-sétimo governador do -governador de José Garcia Neto, quando este renunciou ao cargo
estado. para candidatar-se ao Senado.

Didatismo e Conhecimento 10
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
Frederico Carlos Soares Campos Blairo Borges Maggi
15 de março de 1979 até 15 de março de 1983 1 de janeiro de 2003 até 1 de janeiro de 2007
Frederico Carlos Soares Campos, mais conhecido como Fre- Blairo Borges Maggi nasceu em São Miguel do Iguaçu-PR,
derico Campos, nascido em Cuiabá no ano de 1927, foi prefeito no dia 29 de maio de 1956. Foi governador do estado de Mato
por duas vezes da cidade de Cuiabá, secretário de Estado e gover- Grosso, eleito para o mandato 2003-2007 e reeleito para o termo
nador de Mato Grosso entre 1979 e 1983. Foi o primeiro governa- 2007-2010. Renunciou ao cargo para poder ser candidato ao Se-
dor após a divisão do Estado. nado Federal.

Júlio José de Campos Silval da Cunha Barbosa


15 de março de 1983 até 15 de maio de 1986 31 de março de 2010 até 1 de janeiro de 2011
Júlio José de Campos, mais conhecido como Júlio Campos Silval da Cunha Barbosa nasceu em Borrazópolis, 26 de abril
(Várzea Grande, 11 de dezembro de 1946) é um político, enge- de 1961. É o atual governador do Estado de Mato Grosso. Foi
nheiro e empresário brasileiro. Em 1979, foi eleito deputado fede- eleito vice-governador em 2006 e assumiu o governo em razão da
ral. Em 1982, renunciou o mandato para concorrer eleição direta renúncia de Blairo Maggi, que se candidatou ao Senado Federal.
ao governador do Mato Grosso, permanecendo até 1987, quando Disputou o pleito de 2010 e desde então cumpre mandato.
voltou ser eleito deputado federal.
Divisão do Estado
Wilmar Peres de Faria
15 de maio de 1986 até 15 de março de 1987 A velha ideia da separação da porção sul do estado só veio a
Wilmar Peres de Faria (1938 — 15 de março de 2006). Go- triunfar em 1977, por meio de uma lei complementar que desmem-
vernou de maio de 1986 até março de 1987. Morreu aos 67 anos brou 357.471,5 km2 do estado para criar o Mato Grosso do Sul. A
de idade, por parada cardiorrespiratória por volta das 14h40 no iniciativa foi do governo federal, que alegava, em primeiro lugar, a
Hospital MedBarra, em Barra do Garças. Wilmar foi internado às impossibilidade de um único governo estadual administrar área tão
8 horas da manhã com fortes dores no peito e acabou morrendo no grande e, em segundo, as nítidas diferenças naturais entre o norte
leito do apartamento dois à espera de alta médica. e o sul do estado. A lei entrou em vigor em 1º de janeiro de 1979.
A partir de então, todas as projeções pessimistas de que o então
Carlos Gomes Bezerra norte, com a capital Cuiabá, iria se estagnar não se concretizaram,
15 de março de 1987 até 2 de abril de 1990 pelo contrário, surgindo então um processo de pleno crescimento
Carlos Gomes Bezerra nasceu na cidade de Chapada dos Gui- do estado, aliado com a criação e desenvolvimento de municípios
marães no dia 4 de novembro de 1941. Foi governador de março como Sinop, Tangará da Serra, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova
de 1987 até abril de 1990. Mutum, etc., que hoje estão entre os maiores contribuintes do PIB
de Mato Grosso.
Jayme Veríssimo de Campos Os motivos que levaram o Governo Federal a fazer tal divi-
15 de março de 1991 até 1 de janeiro de 1995 são foi a extensão territorial do Estado, que era muito extensa e
Jayme Veríssimo de Campos (Várzea Grande, 13 de setembro causava problemas para a administração, dificultando o trabalho
de 1951). Em 1982 elege-se pela primeira vez prefeito de sua cida- do governo estadual. Além disso, foi feito um estudo sobre a geo-
de natal, Várzea Grande, pelo então PDS. Em 1990, já pelo PFL, grafia do Estado, constatando-se que existiam grandes diferenças.
elege-se governador de Mato Grosso. Em 1996 é eleito novamente Ao norte do Mato Grosso encontra-se parte da floresta amazônica,
a prefeitura de Várzea Grande, reelegendo-se em 2000. enquanto na parte sul a vegetação é, em sua maioria, de cerrado.
As políticas econômicas de apoio preferencial à exportação
Dante Martins de Oliveira e à ocupação e desenvolvimento da Amazônia e do Centro-Oeste,
1 de janeiro de 1995 até 1 de janeiro de 1999 implantadas a partir da década de 1970, levaram a novo surtos
Dante Martins de Oliveira (Cuiabá, 6 de fevereiro de 1952 — de progresso no Mato Grosso. A construção de Brasília contribuiu
Cuiabá, 6 de julho de 2006) foi engenheiro civil. Foi candidato a para acabar com a antiga estagnação. Uma vez inaugurada a nova
deputado federal em 1990, não conseguindo se eleger. Em 1992 foi capital, o Mato Grosso continuou a atrair mão de obra agrícola de
eleito para o seu segundo mandato como prefeito de Cuiabá, cargo outros estados, pois oferecia as melhores áreas de colonização do
ao qual renunciou em 1994, meses antes de ser eleito governador país. Graves problemas persistiram, porém, na década de 1980.
de Mato Grosso. O sistema de transporte, embora tenha ganho a rodovia Cuiabá-
-Porto Velho em setembro de 1984, ainda não bastava para escoar
José Rogério Salles a produção estadual; as instalações de armazenamento deixavam
6 de abril de 2002 até 1 de janeiro de 2003 a desejar; a disponibilidade de energia elétrica (120.000 kW em
José Rogério Salles é natural de Francisco Beltrão-PR, 56 1983) era insuficiente; eram precários o saneamento e os serviços
anos, é Técnico em Contabilidade e Economista formado pela de saúde e educação. Também o problema ecológico apresentava-
Universidade Federal do Paraná. Rogério Salles fez parte do an- -se gravíssimo: inúmeras espécies dessa região já haviam sido ex-
tigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), e depois no tintas e outras estavam em processo de extinção, como os jacarés,
PMDB. Foi secretário Municipal de Agricultura de Rondonópo- caçados à razão de dezenas de milhares por mês. Para coibir esses
lis, de 1984 a 1985. Prefeito municipal de Rondonópolis de março abusos, o governo federal lançou a operação Pantanal e criou o
de 1994 a dezembro 1996. Em 97, ingressou no PSDB, elegeu-se Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense. Quantidade de água
vice-governador do Estado de Mato Grosso. existente: 145 000 litros.

Didatismo e Conhecimento 11
HISTÓRIA DE MATO GROSSO
QUESTÕES a) pela renúncia de Café Filho.
b) pelo suicídio de Getúlio Vargas.
01. Mato Grosso tornou-se Município em c) pelo acirramento da Guerra Fria.
____________________ pela Lei ________: d) pela vitória eleitoral de Eurico Dutra.
a) 29 de Abril de 1994 / 5.918; e) pela tentativa de golpe de Juarez Távora.
b) 29 de Abril de 1995 / 5.981;
c) 28 de Abril de 1994 / 5.981; 06. O escravismo no Brasil existiu até 1888, no entanto eram
d) 28 de Abril de 1995 / 5.918 conhecidas as pressões de algumas potências europeias, principal-
mente da Inglaterra, desde o início do século XIX, pelo fim dessa
02. Foi construída no ano de _______ para homenagear prática. Essa pressão aumentou até que em 1848, amparados por
______________, a capela que hoje é a Matriz da Cidade. leis próprias, os navios ingleses começaram a perseguir e prender
a) 1956 – São José; os navios negreiros. A resposta do Brasil a essas medidas veio em
b) 1965 – São José; 1850 com
c) 1976 – São João; a) a declaração de guerra à Inglaterra com apoio de Napoleão
d) 1994 – Santo Antônio Bonaparte.
b) o transporte ilegal de escravos africanos que se manteve
até 1888.
03. O movimento promovido pelo Governo Federal obje-
c) a substituição dos escravos africanos pelos índios.
tivando a ocupação e colonização das terras mato-grossenses,
d) a aprovação da lei Eusébio de Queirós, que pôs fim ao trá-
sob o patrocínio do presidente Getúlio Vargas, e implementado,
fico de escravos.
principalmente, a partir de 1937, tinha como meta fazer com que
e) o envio de missões diplomáticas à Inglaterra para negociar
as fronteiras econômicas e políticas se convergissem para que a o impasse.
nação se constituísse territorialmente num bloco homogêneo foi
denominado de: 07. A luta pela sobrevivência, no início da colonização do
a) Programa de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil – PO- Brasil, era uma pesada realidade vivida por todos e cada um. A
LONOROESTE. distância da Metrópole, a carência de gêneros importados e prin-
b) Marcha para o Oeste. cipalmente a ameaça sempre presente de ataques de corsários e
c) Expedição Roncador-Xingu. de índios tornavam a insegurança social elemento do cotidiano. A
d) Instituto de Terras de Mato Grosso – INTERMAT. vida que se formara no planalto nos arredores do Colégio de São
e) Comissão Especial de Terras. Paulo enfrentava como podia o ônus dessa realidade.
(VOLPATO, L. R. R. Entradas e Bandeiras. São Paulo: Glo-
04. Uma das principais atividades da economia mato-grossen- bal, 1986.)
se, no final do século XIX e nas primeiras décadas do XX, foi a
produção de açúcar e aguardente em larga escala pelas chamadas Essa população, que ocupou o Planalto Paulista a partir do
usinas. século XVI, desenvolveu estratégias para enfrentar as dificuldades
do local, dentre elas uma particularmente importante para Mato
Assinale a alternativa correta. Grosso foi:
a) Devido ao uso de tecnologia avançada, os trabalhadores das a) A criação de expedições exploratórias em direção ao inte-
usinas eram altamente qualificados e, consequentemente, tinham rior do continente em busca de alternativas econômicas, por exem-
boa remuneração. plo, ouro e índios.
b) A maioria das usinas se localizava às margens dos rios para b) A abertura de caminhos alternativos entre litoral e interior
facilitar o escoamento da safra e transportar a cana para processa- para trocas comerciais.
mento. c) O estabelecimento de relações comerciais com os índios vi-
c) A produção açucareira em Mato Grosso, no referido pe- sando suprir as necessidades da vila formada ao redor do Colégio
de São Paulo.
ríodo, era superada apenas pela extração da poaia, em termos de
d) O contrabando de escravos africanos para suprir as necessi-
arrecadação de impostos.
dades de mão de obra local.
d) A maior parte da produção das usinas era exportada para a
e) O início do estabelecimento da mão de obra assalariada
Europa e os Estados Unidos.
rompendo com o escravismo.
e) Os proprietários das usinas tiveram pouca ou nenhuma par-
ticipação na vida política de Mato Grosso durante esse período. Gabarito
01. A
05. No Brasil dos anos 50 do século XX, existiram duas for- 02. A
ças políticas rivais. A liderada pela UDN queria maior entrada de 03. B
capital estrangeiro no país, e a outra, liderada pelo PTB, queria 04. B
estimular a indústria nacional. Como resultado desse conflito, em 05. B
agosto de 1954, o país viveu um dos momentos mais importantes 06. D
de sua história política que pode ser sintetizado 07. A

Didatismo e Conhecimento 12
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

1. MATO GROSSO: LOCALIZAÇÃO, 2. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS:


FRONTEIRAS E LIMITES DO ESTADO RELEVOS DO ESTADO.
E DOS MUNICÍPIOS.

Geologia
Mato Grosso tem 903.357,908 km2 de extensão. É o terceiro
maior estado do país, ficando atrás somente do Amazonas e do Na escala geológica o período Pré-cambriano foi a formação
Pará. A área urbana de Mato Grosso é de 519,7 km2, o que coloca da região do Cachimbo e o assentamento da bacia do Araguaia-
o estado em 11º lugar nos ranking de estados com maior mancha -Tocantins, Xingu, Cuiabá e Alto Paraguai. Na era paleozoico com
urbana. Localizado no Centro-Oeste brasileiro, fica no centro geo- a formação da Serra de São Vicente. (Na era mesozoica com a
désico da América Latina. Cuiabá, a capital, está localizada exata- formação da bacia do Paraná, incluindo Chapada dos Guimarães)
mente no meio do caminho entre o Atlântico e o Pacifico, ou seja, e a chapada dos Parecis. Na era cenozoica ocorreram sedimentos
em linha reta é o ponto mais central do continente. O local exato na bacia do Pantanal e Ilha do Bananal.
foi calculado por Marechal Rondon durante suas expedições pelo A classificação do relevo segundo Jurandy Ross como os Pla-
estado e é marcado com um monumento, o obelisco da Câmara naltos: Chapada da Bacia do Paraná, Chapada dos Parecis, Resi-
dos Vereadores. Mato Grosso é um estado com altitudes modes- duais Sul-Amazônicos e Serras residuais do Alto Paraguai. Depres-
tas, o relevo apresenta grandes superfícies aplainadas, talhadas sões: Marginal Sul-Amazônico, depressão do Araguaia, Depressão
em rochas sedimentares e abrange três regiões distintas: na porção Cuiabana e depressão do Alto Paraguai-Guaporé. Planície do Rio
centro-norte do estado, a dos chapadões sedimentares e planaltos Araguaia, Pantanal do Rio Guaporé e Pantanal mato-grossense.
cristalinos (com altitudes entre 400 e 800m), que integram o pla-
nalto central brasileiro. A do planalto arenito-basáltico, localizada Relevo
no sul, simples parcela do planalto meridional. A parte do Pantanal
Mato-Grossense, baixada da porção centro-ocidental. Devido à Com altitudes modestas, o relevo apresenta grandes super-
grande extensão Leste-Oeste, o território brasileiro abrange quatro fícies aplainadas, talhadas em rochas sedimentares. Abrange três
fusos horários situados a Oeste de Greenwich. O Estado de Mato regiões distintas:
Grosso abrange o fuso horário quatro negativo (-4). Apresenta, - na porção centro-norte do estado, a dos chapadões sedimen-
portanto, 4 horas a menos, tendo como referência Londres, o horá- tares e planaltos cristalinos (com altitudes entre quatrocentos e oi-
rio GMT (Greenwich Meridian Time). tocentos metros), que integram o Planalto Central Brasileiro;
- a do planalto arenito-basáltico, localizada no sul, simples
Localização e Divisão Política de Mato Grosso parcela do planalto meridional;
- parte do Pantanal Mato-Grossense, baixada da porção cen-
O Estado de Mato Grosso faz parte da Região Centro-Oeste tro-ocidental. Ao sul do Planalto Brasileiro, situa-se o divisor de
do Brasil, localizado na parte sul do continente americano. Possui águas entre as bacias dos rios Paraguai e Amazonas, constituído
superfície de 903.357,91 km2, limita-se ao Norte com os Estado em parte pela Chapada dos Parecis. A maior parte da área é drena-
do Pará e Amazonas, ao Sul com Mato Grosso do Sul, a Leste com da pelos rios da Bacia amazônica.
Goiás e Tocantins e a Oeste com Rondônia e Bolívia. A planície aluvial do médio Araguaia situa-se na região limí-
trofe entre Mato Grosso e Goiás. Tem natureza semelhante à da
Fuso Horário planície do Pantanal: ampla, está sujeita a inundações anuais e de-
posição periódica de aluviões. Pouco depois dela, para oeste, ficam
Devido à grande extensão Leste--Oeste, o território brasileiro os contrafortes da serra do Roncador.
abrange quatro fusos horários situados a Oeste de Greenwich. O
Estado de Mato Grosso abrange um fuso horário (o fuso quatro
negativo), correspondendo ao quarto fuso horário. Apresenta, por- 3. ASPECTOS CLIMÁTICOS E
tanto, 4 horas a menos, tendo como referência Londres, o horário ECOSSISTEMAS DO MATO GROSSO.
GMT (Greenwich).

Regiões de Planejamento do Estado de Mato Grosso

Mato Grosso possui 141 municípios, agrupados em 22 mi- Clima


crorregiões político-administrativas, que fazem parte de 5mesor-
regiões definidas pelo IBGE. Em 2001, através de estudos produ- Mato Grosso é um estado de clima variado. Sua capital, Cuia-
zidos pela Seplan-MT, foi realizada uma nova regionalização do bá, é uma das cidades mais quentes do Brasil, com temperatura
Estado e foram definidas 12 Regiões de Planejamento. Atualmente média que gira em torno de 24°C e não raro bate os 40º. Mas há
Mato Grosso possui 75 terras indígenas e 19 unidades de conser- 60 quilômetros, em Chapada dos Guimarães, o clima já muda
vação federais, 42 estaduais e 44 municipais distribuídas entre re- completamente. É mais ameno, com ventos diurnos e noites frias.
servas, parques, bosques, estações, ecológicas e RPPN (Reserva Chapada já registrou temperaturas negativas, fato nunca ocorrido
Particular do Patrimônio Nacional). em Cuiabá.

Didatismo e Conhecimento 1
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
O estado de Mato Grosso apresenta sensível variedade de arara-azul-grande, uma espécie ameaçada de extinção. Há ainda
climas. Prevalece o tropical super-umido de monção, com eleva- tuiuiús (símbolo do Pantanal), tucanos, periquitos, garças-brancas,
da temperatura média anual, superior a 24º C e alta pluviosidade beija-flores, jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, ga-
(2.000mm anuais); e o tropical, com chuvas de verão e inverno viões, carcarás e curicacas.No Pantanal já foram catalogadas mais
seco, caracterizado por médias de 23°C no planalto. A pluviosida- de 1.100 espécies de borboletas. Contam-se mais de 80 espécies
de é alta também nesse clima: excede a média anual de 1.500mm. de mamíferos, sendo os principais a onça-pintada (que atinge 1,2
m de comprimento, 85 cm de altura e pesa até 150 kg), capiva-
Fonte: Embrapa e IBGE ra, lobinho, veado-campeiro, lobo-guará, macaco-prego, cervo do
pantanal, bugio, porco do mato, tamanduá, anta, bicho-preguiça,
Vegetação ariranha, quati, tatu e outros. A vegetação pantaneira é um mosaico
de cinco regiões distintas: Floresta Amazônica, Cerrado, Caatinga,
A vegetação do estado faz parte da vegetação da Floresta Mata Atlântica e Chaco (paraguaio, argentino e boliviano). Du-
Amazônica, Cerrado e faixas de transição como o Pantanal, Xingu rante a seca, os campos se tornam amarelados e constantemente a
e Cachimbo. A vegetação amazônica é a maior floresta do mundo temperatura desce a níveis abaixo de 0 °C, com registro de geadas,
cobrindo parte de 8 países, cobrindo também a região norte do es- influenciada pelos ventos que chegam do sul do continente.
tado, chamada também de Amazônia Legal, suas principais carac-
terísticas são as árvores grandes e o solo florestal pobre, sobrevi- Amazônia
vendo do húmus das folhas. A região com vegetação de cerrado é a
maior parte do estado, de acordo com a organização Internacional Existem dois tipos de florestas em Mato Grosso: a Floresta
Conservation 58% do cerrado foi substituído pela agricultura com Amazônica e a Floresta Estacional. Elas ocupam cerca de 50%
soja e algodão. O complexo do Pantanal é a maior área alagada do do território mato-grossense. Concentrada no norte do estado, a
mundo e a maior diversidade animal e vegetal na parte sul de Mato Amazônia é o que existe de mais complexo em termos de biodi-
Grosso, em 2001 foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio versidade no mundo.
Natural da Humanidade.
Devido a dificuldade de entrada de luz, pela abundância e
Mato Grosso é um estado privilegiado em termos de biodi- grossura das copas, a vegetação rasteira é muito escassa na Ama-
versidade. É o único do Brasil a ter, sozinho, três dos principais zônia. Os animais também. A maior parte da fauna amazônica é
biomas do país: Amazônia, Cerrado e Pantanal. composta de bichos que habitam as copas das árvores. Não exis-
tem animais de grande porte no bioma, como no Cerrado. Entre
Cerrado as aves da copa estão os papagaios, tucanos e pica-paus. Entre os
mamíferos estão os morcegos, roedores, macacos e marsupiais.
Uma vegetação riquíssima com uma biodiversidade gigante, o
Cerrado é o principal bioma do Centro-Oeste brasileiro. Já foi re- É uma das três grandes florestas tropicais do mundo. O clima
tratado nos livros de Guimarães Rosa e outros poetas e é conside- na floresta Amazônica é equatorial, quente e úmido, devido à
rada a Savana brasileira. Em Mato Grosso, o cerrado cobre 38,29% proximidade à Linha do Equador (contínua à Mata Atlântica),
de todo o território. Localizado principalmente nas depressões de com a temperatura variando pouco durante o ano. As chuvas
Alto Paraguai - Guaporé, o sul e o sudeste do planalto dos Parecis são abundantes, com as médias de precipitação anuais variando
e ao sul do paralelo 13º, até os limites de Mato Grosso do Sul. A de 1.500 mm a 1.700mm. O período chuvoso dura seis meses. O
riqueza florística do cerrado só é menor do que a das florestas tro- nome Amazônia deriva de “amazonas”, mulheres guerreiras da
picais úmidas. A vegetação é composta por gramíneas, arbustos e Mitologia grega.
árvores esparsas. As árvores têm caules retorcidos e raízes longas,
que permitem a absorção da água mesmo durante a estação seca do
inverno. No ambiente do Cerrado são conhecidos, até o momento, 4. HIDROGRAFIA DO MATO GROSSO.
mais de 1.500 espécies de animais, entre vertebrados (mamíferos,
aves, peixes, repteis e anfíbios) e invertebrados (insetos, moluscos,
etc.). Cerca de 161 das 524 espécies de mamíferos do mundo estão
no Cerrado. Apresentam 837 espécies de aves, 150 espécies de an- Hidrografia
fíbios e 120 espécies de répteis.
Mato Grosso é um dos lugares com maior volume de água
Pantanal doce no mundo. Considerado a caixa-d’água do Brasil por conta
dos seus inúmeros rios, aquíferos e nascentes. O planalto dos Pare-
É a maior área alegável do planeta, com uma fauna exube- cis, que ocupa toda porção centro-norte do território, é o principal
rante e cenários que encantam qualquer visitante. Apesar de ocu- divisor de águas do estado. Ele reparte as águas das três bacias
par apenas 7,2% do estado, o Pantanal é o bioma mais exaltado hidrográficas mais importantes do Brasil: Bacia Amazônica, Bacia
quando se fala em Mato Grosso. Considerado pela UNESCO Pa- do Paraguai e Bacia do Tocantins.
trimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.A fauna panta-
neira é muito rica, provavelmente a mais rica do planeta. Há 650 Os rios de Mato Grosso estão divididos nessas três grandes
espécies de aves. Apenas a título de comparação: no Brasil inteiro bacias hidrográficas que integram o sistema nacional, no entanto,
existem 1.800 aves catalogadas. Talvez a mais espetacular seja a devido à enorme riqueza hídrica do estado, muito rios possuem

Didatismo e Conhecimento 2
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
características específicas e ligações tão estreitas com os locais que O Mato Grosso é o maior produtor de algodão e de soja do
atravessam que representam, por si só, uma unidade geográfica, re- Brasil. É destaque também na produção de girassol. Os índices de
cebendo o nome de sub-bacias. As principais sub-bacias do estado produtividade no estado superam a média nacional, chegando a
são: Sub-bacia do Guaporé, Sub-bacia do Aripuanã, Sub-bacia do alcançar os níveis de produtividade da produção norte-americana.
Juruena-Arinos, Sub-bacia do Teles Pires e Sub-Bacia do Xingu. Toda essa produtividade é resultado de uma agricultura moderna,
Os rios pertencentes a Bacia Amazônica drenam 2/3 do território mecanizada e de precisão.
mato-grossense. A pecuária é outro destaque na economia do Mato Grosso. O
rebanho bovino no estado está entre os maiores do Brasil, compe-
tindo principalmente com seus vizinhos, da mesma região. A cria-
ção de suínos também é expressiva.
5. ASPECTOS POLÍTICO- O extrativismo, tanto vegetal como mineral, são de grande im-
ADMINISTRATIVOS. portância para a economia do estado. O extrativismo vegetal tem
como principais produtos a madeira, a borracha e a castanha-do-
-pará. A madeira extraída na região tem alto valor comercial, como
o jacarandá preto, angico, aroeira, peroba, canela, jequitibá, entre
A velha ideia da separação da porção sul do estado só veio a outras. O ouro, o calcário e o estanho são os principais produtos do
triunfar em 1977, por meio de uma lei complementar que desmem- extrativismo mineral.
brou 357 471,5km2 do estado para criar o Mato Grosso do Sul. A A indústria mato-grossense é voltada ao setor alimentício e
iniciativa foi do governo federal, que alegava, em primeiro lugar, a principalmente metalúrgico. O parque industrial é pequeno, po-
impossibilidade de um único governo estadual administrar área tão rém, nos últimos anos, têm sido grandes os incentivos para que
grande e, em segundo, as nítidas diferenças naturais entre o norte novas indústrias se estabeleçam na região. Por meio de um pro-
e o sul do estado. A lei entrou em vigor em 1º de janeiro de 1979. grama estadual, o governo estadual apoia a criação de Distritos
A partir de então, todas as projeções pessimistas de que o então Industriais municipais.
norte, com a capital Cuiabá, iria se estagnar, não se concretizaram, A deficiência em termos de transporte atrasa o desenvolvi-
pelo contrário, surgindo então um processo de pleno crescimento mento do estado.
do estado, aliado com a criação e desenvolvimento de municípios O turismo ecológico é um dos setores que mais cresce, graças
como Alta Floresta, Sinop, Tangará da Serra, Sorriso, Lucas do à natureza exuberante de locais como o Pantanal e a Chapada dos
Rio Verde, Nova Mutum, etc, que hoje estão entre os maiores con- Guimarães.
tribuintes do PIB de Mato Grosso. A pesca esportiva (pesque-e-solte) atrai turistas do Brasil
As políticas econômicas de apoio preferencial à exportação todo, pois nos rios do estado são encontrados os mais cobiçados
e à ocupação e desenvolvimento da Amazônia e do Centro-Oeste, peixes de água doce, como o Dourado, o Pacu, o Jaú, o Matrinchã,
implantadas a partir da década de 1970, levaram a novo surtos entre outros. Nos meses de piracema (de novembro a fevereiro),
de progresso no Mato Grosso. A construção de Brasília contribuiu quando acontece a desova e reprodução dos peixes, a pesca é proi-
para acabar com a antiga estagnação. Uma vez inaugurada a nova bida na região.
capital, o Mato Grosso continuou a atrair mão de obra agrícola de Outras modalidades de turismo atraem turistas para a região,
outros estados, pois oferecia as melhores áreas de colonização do como o turismo para prática de esportes radicais (rafting e rapel);
país. Graves problemas persistiram, porém, na década de 1980. turismo místico (Chapada dos Guimarães e Serra do Roncador); e
O sistema de transporte, embora tenha ganho a rodovia Cuiabá- turismo de contemplação (aves, insetos), entre outros.
-Porto Velho em setembro de 1984, ainda não bastava para escoar
a produção estadual; as instalações de armazenamento deixavam
a desejar; a disponibilidade de energia elétrica (120 000 kW em 7. PROCESSOS MIGRATÓRIOS E DINÂMICA
1983) era insuficiente; eram precários o saneamento e os serviços DA POPULAÇÃO EM MATO GROSSO.
de saúde e educação.
Também o problema ecológico apresentava-se gravíssimo:
inúmeras espécies dessa região já haviam sido extintas e outras es-
tavam em processo de extinção, como os jacarés, caçados à razão O Mato Grosso é um estado brasileiro localizado na região
de dezenas de milhares por mês. Para coibir esses abusos, o gover- Centro-Oeste. Sua extensão territorial é de 903.329,700 quilôme-
no federal lançou a operação Pantanal e criou o Parque Nacional tros quadrados, sendo o maior estado da região e o terceiro maior
do Pantanal Matogrossense. do Brasil.
Conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Mato
Grosso possui 3.035.122 habitantes, o que representa 1,59% da
6. ATIVIDADES AGRÍCOLAS. população brasileira. É o segundo Estado mais populoso da região
Centro-Oeste, apenas o estado de Goiás possui população superior
(6.003.788 habitantes). No entanto, o território mato-grossense
possui grandes vazios demográficos, fato que interfere diretamen-
A economia do estado do Mato Grosso tem como principal te na densidade demográfica estadual, que, atualmente, é de 3,3
atividade a agricultura, embora a pecuária e o extrativismo tenham habitantes por quilômetro quadrado, portanto, o estado é pouco
bastante destaque. povoado. A taxa de crescimento demográfico é de 1,9% ao ano.

Didatismo e Conhecimento 3
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
A maioria dos mato-grossenses reside em áreas urbanas
(82%), a população rural compreende 18%. O estado possui 141 9. A ECONOMIA DO
municípios, a maioria é habitada por menos de 20 mil pessoas. ESTADO E DA CAPITAL.
Cuiabá, capital do Estado, é a cidade mais populosa – 551.098 ha-
bitantes. Outros municípios com grande concentração populacio-
nal são: Várzea Grande (252.596), Rondonópolis (195.476), Sinop
(113.099), Cáceres (87.942), Tangará da Serra (83.431). Economia
Nos últimos anos o Mato Grosso tem recebido consideráveis
fluxos migratórios, consequência da expansão da fronteira agrí- A partir de 1985, a economia mato-grossense registrou o
cola. A população do estado é formada por pessoas de diferentes maior crescimento no país, 315%, de acordo com os resultados de
composições étnicas. pesquisa do IBGE. Os dados confirmaram o resultado favorável da
Os habitantes que se declaram como pardos é maioria. A po- atividade agropecuária, além do comércio varejista impulsionado
pulação indígena de Mato Grosso se concentra no Parque Nacional pelo comércio de vendas de automóveis e material de construção.
do Xingu, ali vivem tribos indígenas que preservam a tradição do Em 2004, o Estado obteve uma recuperação nas atividades econô-
Kuarup, ritual realizado em homenagem aos mortos. micas, apresentando a maior taxa de crescimento desde 1994, ou
O estado apresenta grande pluralidade cultural, entre os ele- seja, 10,2%; e a segunda maior do Brasil, ficando atrás apenas do
mentos da cultura mato-grossense estão: o Cururu, o Siriri, o Ras- Amazonas, com 11,5%.
queado Cuiabano, o Boi, a Dança de São Gonçalo, a Dança dos Aumento da arrecadação de impostos, do consumo de energia
Mascarados e o Congo. elétrica e das exportações e importações, são alguns dos indica-
O Mato Grosso ocupa a 11° posição no ranking nacional de dores positivos que Mato Grosso vem apresentando nos últimos
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com média de 0,796. anos. Essa tendência de crescimento vem sendo constatada tam-
A taxa estadual de mortalidade infantil é de 19,2 a cada mil crian- bém em 2008, segundo os dados divulgados pela Federação das
ças nascidas vivas, essa média é a maior do Centro-Oeste. A taxa Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), que confirmam o
de assassinatos por 100 mil habitantes é de 25,2, sendo uma das bom desempenho da economia estadual neste primeiro trimestre
maiores médias do país. A maioria dos habitantes é alfabetizada – do ano. De acordo com o levantamento da Fiemt - que compara o
89,8%, e 48,7% possuem oito anos ou mais de estudo. primeiro trimestre de 2008 com o mesmo período do ano passado,
o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
total do Estado obteve uma variação nominal positiva de 18,8%,
enquanto que a arrecadação do referido imposto no setor industrial
8. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS E teve incremento de 26,4%. Outro indicador que apresentou cresci-
FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE. mento foi o consumo de energia elétrica.
O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de toda a pro-
dução gerada no Estado, atingiu em valores correntes R$ 27,9 bi-
lhões, posicionando Mato Grosso em 15º lugar na economia na-
cional. Na região onde a agropecuária é atividade econômica mais
O Programa de Integração Nacional ou o famoso PIN, foi um intensa, foi registrada perda na produção, sendo que os estados de
plano criado no então governo militar do Presidente Médici. O Mato Grosso do Sul e Goiás tiveram reduções na cultura da soja e
principal objetivo era interligar o Brasil e promover o desenvolvi- do feijão. Somente Mato Grosso manteve o ritmo de crescimento.
mento das regiões menos favorecidas como o Norte e o Nordeste. O PIB per capita, resultado da divisão do total da produção
O PIN prevê que cem quilômetros em cada lado das estradas a ser gerada no Estado pelo número de habitantes, registrou em 2004
construídas deveriam ser utilizadas para a colonização por cerca de uma sensível melhora na distribuição da renda estadual. Ele al-
500 mil pessoas, ou seja, uma meta de assentar cem mil famílias. cançou o valor de R$ 10.162,00, acima da média nacional que foi
O maior expoente nesse conjunto de obras foi a rodovia BR-230 a de R$ 9.743,00, fazendo com que Mato Grosso passasse para a 9ª
Transamazonica que teria aproximadamente 8 mil km (isso mes- posição no ranking nacional contra a 12ª no ano anterior.
mo, 8000) de extensão interligando o Nordeste, Norte e os nossos
vizinhos Peru e Equador. O Mato Grosso hoje - Devido ao crescimento econômi-
O Plano ainda previa o investimento em indústria e na criação co propiciado pelas exportações, Mato Grosso tornou-se um dos
das primeiras centrais nucleares em Angra (Complexo Nuclear Al- principais produtores e exportadores de soja do Brasil. Entre os
mirante Álvaro Alberto). Já nessa época o país começa a pensar em municípios que destacam como exportadores está Rondonópolis,
formas alternativas de expandir sua matriz energética. maior exportador do Estado. Entre os 10 municípios mais ricos
Também é firmado um convênio entre a FUNAI e a SUDAM do Centro-Oeste, 8 são de Mato Grosso, com destaque para Alto
para garantir a pacificação de quase trinta grupos indígenas. Taquari, Campos de Julio e Sapezal, que possuem os três maiores
Esse forte expansionismo e investimento se deveu a grandes PIBs per capita da mesorregião, e Cuiabá, que é sede de 8 empre-
somas em dinheiro que foram conseguidas por meios de emprésti- sas de grande porte, mesma quantidade que Belém e Florianópolis
mos a bancos estrangeiros. Essa época é lembrada como “O Mila- e maior número que em Campo Grande. É um dos maiores estados
gre Econômico” (o Brasil crescia em média 12% ao ano). em relação à exploração de minérios.
As consequências disso foram o alto endividamento do país e A economia da capital, Cuiabá, está concentrada no comércio
problemas de impacto ambiental na região Amazônica. e na indústria. No comércio, a representatividade é varejista, cons-
tituída por casas de gêneros alimentícios, vestuário, eletrodomés-

Didatismo e Conhecimento 4
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ticos, de objetos e artigos diversos. O setor industrial é representa- Setor Energético
do, basicamente, pela agroindústria. Muitas indústrias, principal-
mente aquelas que devem ser mantidas longe das áreas populosas, Com a privatização do setor energético, o governo estadual
estão instaladas no Distrito Industrial de Cuiabá (DIICC), criado procurou afastar a ameaça de racionamento de energia que em-
em 1978. Na agricultura, cultivam-se lavouras de subsistência e perrava o desenvolvimento de Mato Grosso e inviabilizava inves-
hortifrutigranjeiros. O município, com um PIB de 6,67 bilhões de timentos na produção. Apesar das medidas que o governo federal
reais em 2005, de acordo com o IBGE, respondeu por 21,99% do adotou face aos problemas de estiagem em todo o país, o que resul-
total do PIB estadual, ocupando a primeira posição no ranking mas tou em severas determinações de racionamento de energia elétrica
ainda estando a baixo de Campo Grande e Goiânia . em várias regiões do Brasil, incluindo o centro-oeste e consequen-
Cuiabá gera boa parte da energia elétrica consumida pelo es- temente Mato Grosso, o Estado superou esta difícil situação.
tado. Próxima ao Distrito Industrial, funciona a Usina Termelé- A viabilidade e auto-suficiência de Mato Grosso no setor
trica de Cuiabá. Concluída em 2002 e abastecida com gás natural de geração de energia vêm dos investimentos feitos pela REDE-
boliviano, através de um ramal do Gasoduto Brasil-Bolívia, ela -Cemat, pela construção da Usina Termoelétrica em Cuiabá, pela
tem potência instalada de 480 MW, respondendo, em 2005, por conclusão da Usina de Manso e pelos investimentos de empresas
23,13% do total da potência instalada do estado. no setor de construção de novas PCHs e Hidrelétricas.
O Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos, Segundo a Secretaria de Planejamento do Estado, Seplan,
com uma participação de 24,7%, seguido pelo Paraná, com 19,0% Mato Grosso consumiu 3.950.894 MWH de energia. A classe re-
e Rio Grande do Sul, com 12,3%, estados estes que somados repre- sidencial foi responsável por 33,39% do consumo, seguido pelo
sentam 56,0% do total nacional. comércio com 23,12%, a indústria com 19,27% e da zona rural
com 10,41%.
Importação e Exportação
Turismo
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Planejamen-
to, Seplan, organizados pela economista Marilde Brito Lima, “as O turismo é indiscutivelmente a atividade econômica que
exportações mato-grossenses somaram US$ 4,33 bilhões, regis- mais cresce e se desenvolve em todo mundo. Alguns setores clas-
trando um crescimento de 4,38%, quando esse total atingiu US$ sificam-no de Indústria sem Chaminés, já que é grande gerador de
4,15 bilhões. Já as importações alcançaram US$ 407 milhões, re- divisas e de empregos. Todas as organizações ligadas a economia
gistrando uma taxa negativa de 0,85% sobre o período anterior, mundial; ONU, OCOE e BIRD, são unânimes em afirmar que, nas
obtendo, assim um saldo superavitário na balança comercial de primeiras décadas do terceiro milênio o turismo será a primeira
US$ 3,9 bilhões, sendo responsável por 8,5% da balança comercial atividade da economia mundial.
do Brasil e 12% superior ao saldo da balança do Centro-Oeste”. A beleza cênica de Mato Grosso é ímpar e a ação conjunta
Os resultados apresentados acima demonstram claramente o do trade turístico e Governo de Estado devem contribuir decisi-
crescimento do Estado por meio do avanço do setor do agronegó- vamente no processo de desenvolvimento econômico do Estado.
cio, caracterizado como o “carro chefe” das exportações de Mato Uma pesquisa do SEBRAE, revelou que o turista aumentou o
Grosso. A soja sozinha representou cerca de 70% das exportações tempo de permanência em Mato Grosso de 6,25 dias para 6,5. O
do Estado e as carnes (bovinas, suínas e aves) contribuíram com turismo representava no PIB estadual 1,14%, alcançou 1,5%. A
6% do volume exportado. Segundo a Seplan, o principal destino principal meta de crescimento prevista pela Secretaria de Desen-
dos produtos exportados foi a União Européia com 43% do volume volvimento do Turismo, Sedtur, era o aumento de 20% no fluxo de
total, seguida pela Ásia com 35% e são os compradores mais ex- turistas. Mas em apenas cinco meses este percentual foi alcançado.
pressivos. Cerca de 50 países recebem produtos mato-grossenses. Pode-se observar a incidência de diversos tipos de turismo no
Estado, tais como: Turismo arqueológico, cultural, de negócios,
Madeira 3ª idade, religioso, eco turismo, saúde, contemplação, rural, pesca
esportiva, GLS, esportes radicais, indígena e tecnológico.
O agronegócio madeireiro se destaca no cenário econômico
do Estado. Segundo o IBGE, cerca de 33% da mão de obra empre-
gada no Estado trabalhou no setor madeireiro. Existiam em Mato 10. INDICADORES OFICIAIS DE SAÚDE
Grosso 2.731 indústrias de fabricação de produtos de madeira ge- E EDUCAÇÃO DO ESTADO.
rando 22.057 empregos diretos.
O setor se encontrava em franca expansão, mas foi marcado
por duas grandes situações que o afetaram drasticamente. A Ope-
ração Curupira, deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de A dinâmica demográfica em nível regional
coibir a extração e o transporte ilegal de madeira e as mudanças na
política ambiental do Estado. O setor enfrentou ainda as sucessivas Os dados sobre o crescimento populacional e o processo de
desvalorizações cambiais do dólar. Assim, o mercado madeireiro urbanização de Mato Grosso não deixam dúvida quanto ao fato
registrou perda de US$ 46,23 milhões. de que, nos anos 90 (mais precisamente no segundo quinquênio
Com os eventos neste ano o beneficiamento da madeira con- da década de 80), o Estado passou por uma importante inflexão no
tou com apenas 719 unidades industriais, empregando 14.122 pos- seu crescimento demográfico, resultante das significativas trans-
tos de trabalho. Comparando aos resultados, houve uma queda de formações no seu processo de desenvolvimento econômico e es-
36% em relação ao número de empregos gerados pelo setor. trutura produtiva, entre outros fatores (Tabela 1). O crescimento

Didatismo e Conhecimento 5
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demográfico no Estado, que durante vários períodos registrou altas diminuição dos atrativos para os migrantes, especialmente para
taxas – superior a 5% ao ano nas décadas de 70 e parte da de 80 aqueles interessados na “promessa” das fronteiras agrícolas para
–, reduziu-se abruptamente nos anos 90, atingindo cerca de 2,4% se estabelecerem como pequenos proprietários e desenvolverem
a.a., embora ainda tenha sido bem superior à média nacional e ao uma agricultura ou pecuária em base familiar não foram o único
desempenho de outros Estados do Centro-Oeste, em particular do fator demográfico responsável pela redução do crescimento popu-
Mato Grosso do Sul (Tabela 1). lacional matogrossense. Houve também intensificação da emigra-
Ao mesmo tempo em que ocorria redução do crescimento de- ção para fora de Mato Grosso, a partir dos anos 80, registrando
mográfico, Mato Grosso também se urbanizava a passos largos. inclusive aumento absoluto na década de 90 da ordem de 100% se
Segundo o Censo de 2000, nada menos que 80% de sua popu- comparada à de 70.
lação viviam nas cidades; uma taxa alta mesmo considerando-se De qualquer modo, é importante notar que a emigração prati-
que o grau de urbanização do território matogrossense possa es- camente estabilizou-se entre os anos 80 e 90 e, como consequên-
tar superestimado, devido à forma como a informação é captada cia, sofreu uma redução de sua intensidade (0,39% a.a. e 0,34%
pelo IBGE, que, como argumenta Veiga (2002), tende a considerar a.a., respectivamente). Esta certa estabilização das perdas popula-
“cidades” espaços claramente sem as condições mínimas para tal. cionais evidencia, por um lado, que o maior impacto das grandes
Vale lembrar, para efeitos deste estudo, que somente cerca de 20% transformações produtivas no Estado parece já ter ocorrido entre
da população de Mato Grosso ainda residia realmente nas zonas meados dos anos 80 e começo dos 90 e, por outro, a redução sig-
rurais. Para um Estado que foi ocupado e colonizado com base nificativa de imigração já demonstrada anteriormente. De fato, à
em programas de assentamentos rurais, não é difícil perceber que medida que passam a ingressar menos migrantes no Estado, seria
existe uma aparente contradição: possui uma estrutura econômica natural esperar uma redução também do volume de saídas. Além
nitidamente baseada na agropecuária, mas com pouquíssima popu- disso, outro elemento deve ser considerado ao se analisar a emigra-
lação residindo nas zonas rurais, o que reflete as consequências do ção de Mato Grosso: o retorno de muitos dos migrantes para suas
estilo de desenvolvimento adotado. zonas de origem, em particular durante a década de 90. Como se
Assim, Mato Grosso caracteriza-se não apenas pela predo- nota no Gráfico 1, do total daqueles que deixaram o Estado, mais
minância de grandes latifúndios, mas também por uma produção de 54% retornaram para suas Unidades da Federação de nascimen-
primária baseada na monocultura e/ou pecuária extensiva. No pri- to, valor bem superior àquele observado na década anterior (pouco
meiro caso, a produção agrícola é altamente tecnificada e, portan- mais de 21%).
to, utiliza pouca mão-de-obra na realização destas atividades. Os
dados apresentados a seguir demonstram vários aspectos eviden-
ciados neste processo peculiar de desenvolvimento. Tal redução
das intensidades do crescimento demográfico espelha, em gran-
de medida, o arrefecimento da migração. De fato, os dados cen-
sitários mostram que a imigração proveniente de outros Estados
reduziu-se em quase 23% entre as décadas de 80 e 90, embora
ainda tenha atingido volumes superiores aos fluxos referentes aos
anos 70. Contudo, o impacto destes fluxos migratórios sobre a po-
pulação do Estado claramente vem perdendo força, uma vez que
esta taxa diminuiu de 0,94% a.a. no primeiro período analisado
para 0,58% a.a. nos anos 90, ou seja, para quase a metade do que
ocorria há 20 anos.
Em termos dos fluxos migratórios mais significativos, a Ta-
bela 2 mostra que, aliada à redução da imigração, ocorreu uma
mudança significativa no perfil dos movimentos quanto à última
residência dos migrantes. Enquanto no auge da ocupação as pes-
soas provenientes do Paraná representavam cerca de 35%, res-
pondendo, juntamente com outras origens como Goiás (14%),
São Paulo (13%) e Mato Grosso do Sul (11%), por quase 3/4 da
imigração registrada, nos anos 90 o quadro modifica-se bastante.  
Percebe-se uma brusca redução na participação relativa do Paraná Tal fato permite considerar que esta emigração configura-se,
(19%), o que acaba permitindo um aumento naquela de outras ori- na verdade, como um processo não de expulsão destes migrantes
gens, como é o caso de Rondônia. No entanto, em algumas áreas, de Mato Grosso, mas sim de retorno à origem, decorrente da cons-
como na microrregião de Colíder, os nordestinos ocupam também tatação das dificuldades de fixação e/ou insucessos, favorecidos
lugar de destaque nos anos 80, seduzidos principalmente pelo en- pela interação de diversos elementos, tais como: inexistência de
riquecimento fácil que o garimpo prometia. Justamente foi essa terras adequadas em função do alto grau de concentração fundiá-
microrregião a que recebeu maior volume de imigração entre as ria; políticas pouco eficazes de assentamentos; falta de alternativas
três áreas do norte de Mato Grosso. Esta situação mostra as dife- produtivas que permitissem a reprodução social; etc. No entan-
renças existentes entre os vários tipos de migração destinados para to, percebe-se que, nos anos 80, a baixa taxa de retorno atingia
o Estado, sendo, em geral, distintas as motivações e principalmen- não apenas os sulistas, que tradicionalmente quase não retornam
te a natureza destes movimentos caso se trate de nordestinos ou de (CUNHA e AZEVEDO, 2001 e CUNHA, 2004), mas todos os de-
sulistas. O arrefecimento de imigração, relacionado à indiscutível mais migrantes, independentemente da procedência, inclusive os

Didatismo e Conhecimento 6
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próprios nordestinos. Este fato conduz à avaliação da hipótese de que, naquele período, a abertura de outras fronteiras ainda era uma rea-
lidade, o que permitia aos migrantes a busca de outras possibilidades antes da volta para os Estados de origem. Esta hipótese é fortalecida
quando se observa que, nos anos 90, até mesmo os sulistas apresentaram volume e proporção significativos de migrantes retornados.
As características migratórias de Mato Grosso podem ser mais bem percebidas e interpretadas a partir da desagregação da análise em
termos regionais, tendo em vista a heterogeneidade do território estadual, no que diz respeito tanto ao comportamento demográfico quanto às
especificidades do processo de ocupação (aí incluindo os diferentes momentos históricos: transformações econômicas, estrutura fundiária,
uso, ocupação, cobertura do solo, etc.). Até a década de 80, o Estado poderia ser dividido, grosso modo, em duas porções: o norte, compondo
uma área de maior dinamismo demográfico nas duas últimas décadas; e o sul, formando uma área mais consolidada e com menores taxas
de incremento demográfico. De fato, enquanto localidades no extremo norte, como Alta Floresta, Colíder e Alto Teles Pires, cresceram a
taxas elevadíssimas nos anos 80, nas regiões mais ao sul isso não ocorreu, com exceção de Cuiabá e Rondonópolis, que, mesmo nos anos
90, apresentavam algum “fôlego”, crescendo a taxas superiores a 2% ao ano. Na verdade, nestes dois casos, trata-se de microrregiões onde
localizam-se importantes centros urbanos – as principais cidades do Estado –, que contam com maior diversificação econômica, sem consi-
derar o fato de a primeira concentrar praticamente todo o aparato administrativo estadual como capital de Mato Grosso (Tabela 3).
Já nos anos 90, observam-se até três situações diferentes: maior urbanização e dinamismo nas microrregiões de Cuiabá, Rondonópolis
e Alto Pantanal, onde as atividades industriais e o setor de serviços são bastante desenvolvidos; um processo de ocupação um tanto diferente
na região central do Estado – a maior parte do Cerrado –, abarcando as microrregiões de Parecis, Primavera do Leste, Alto Teles Pires e
Canarana, com presença muito forte da soja – o principal produto agrícola –, aliada à cultura do algodão e do milho; e intenso ritmo de
crescimento demográfico no norte do Estado (ou “nortão”, como é conhecido), até o final da década de 80, devido à expansão da fronteira
agrícola e, principalmente, à atividade garimpeira, em clara queda nos anos 90. No chamado “nortão” do Estado, enquanto as regiões mais
ao norte, como Alta Floresta e Colíder, reduziram drasticamente seu crescimento, na década de 90, outras áreas da porção ocidental, como
Parecis, Alto Guaporé, Alto Teles Pires e Aripuanã, ainda que em menor ritmo, mantiveram significativo dinamismo demográfico (Mapa
1). O mesmo pode-se dizer de áreas no nordeste do Estado, em particular a microrregião do Norte Araguaia. Enquanto em Alta Floresta e
Colíder a quase erradicação da atividade garimpeira explicaria boa parte do processo, nas outras áreas novos projetos de assentamentos (em
particular em Aripuanã, ao noroeste, e Norte Araguaia, no nordeste) e, principalmente, a entrada da soja (nas demais regiões) poderiam ser
os elementos que justificariam tal comportamento.
 

Didatismo e Conhecimento 7
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De fato, como mostra a Tabela 4, várias regiões mencionadas anteriormente figuram entre aquelas que mais receberam este tipo de pro-
jeto, inclusive em termos do número de famílias envolvidas, como são os casos das microrregiões Norte Araguaia e Aripuanã. Em termos de
volumes migratórios apresentados por cada uma das microrregiões de Mato Grosso, a Tabela 5 explicita as situações e momentos distintos
pelos quais passaram estas áreas ao longo do período estudado. Enquanto as localidades mais urbanizadas e dinâmicas do Estado reduziram
o volume de imigração interestadual, outras, como as do norte e noroeste do Estado, bem como aquelas com influência mais recente da soja,
registraram incremento do contingente de pessoas que lá chegaram.
Embora o Mato Grosso tenha se urbanizado em ritmo bastante intenso nas últimas décadas, particularmente em função das grandes
transformações pelas quais passaram as suas áreas rurais, a migração com destino a estes locais ainda é significativa em várias regiões. Por
um lado, observa-se que, para o total do Estado, a migração com destino rural reduziu-se tanto em volume (de 128 mil em 1986/91, para 51,8
mil em 1995/00) quanto em porcentual (de 55% para menos de 21%). Por outro lado, microrregiões como Norte Araguaia, Alto Guaporé e
Rosário do Oeste, ainda nos anos 90, apresentaram 40% dos migrantes se dirigindo para suas áreas rurais. Não menos significativos foram
os porcentuais das micros do chamado “Nortão” – Aripuanã, Colíder e Alta Floresta –, que, no mesmo período, atingiram proporções em
torno de 30% (Tabela 6).
 

É bem verdade que, na última década, na esteira dos custos sociais desse padrão de desenvolvimento, que repercutiram na concentração de
terras e significativa redução do emprego agrícola (MATTEI, 1998), as políticas públicas nacionais voltaram-se um pouco mais para a questão
da Reforma Agrária, que, não obstante suas várias deficiências, teve como consequência um aumento do número de assentamentos no país.
Nota-se, por exemplo, o boom que o Estado de Mato Grosso teve neste período: segundo dados levantados junto ao INCRA em Mato Grosso,
enquanto no período 1986/91 foram criados em todo o Estado apenas 25 assentamentos, este número salta para 262 na década de 90.
 
As características da migração em Mato Grosso: os reflexos da forma de ocupação e as mudanças econômicas

O principal intuito desta seção é demonstrar que as características dos migrantes mostram-se perfeitamente coerentes com a estrutura
de condicionantes que este estudo identifica como fundamentais para justificar as tendências migratórias observadas no período em ques-
tão. Além disso, enfatiza-se o fato de que tais migrantes apresentam certa seletividade que tende a se dissipar, à medida que o processo de
ocupação da fronteira também vai se esvaindo ao longo do tempo. Em outras palavras, o perfil dos migrantes, ao mesmo tempo em que se
transforma ao longo das décadas analisadas, também vai se “moldando” para uma realidade mais urbana, na proporção em que o destino
rural torna-se cada vez menos predominante e inviável, em função da forma como o Estado se estrutura em termos econômicos e fundiários.
Quanto à dimensão demográfica, um dos primeiros elementos que merece destaque refere-se à composição etária, por sexo e familiar dos
migrantes. Estudos como o de Sydenstricker (1992), para Machadinho em Rondônia, que tratam da ocupação da fronteira, observam que
mesmo quando o chefe da família migrava previamente sozinho ou com os filhos homens mais velhos, visando preparar o lote, o caráter
familiar desse tipo de deslocamento era incontestável. Os resultados de Diniz (2002) também mostram, para o caso de Roraima, que existe
uma clara predominância de pessoas casadas, em particular nas fronteiras pioneiras.
Na verdade, dada a especificidade dos “atrativos” da região para a migração como uma área de fronteira agrícola, em particular nas
décadas passadas, seria de se supor que a migração tivesse um predomínio de famílias, a não ser em casos bem específicos, como regiões
de garimpo, por exemplo. Em termos demográficos, isso se refletiria, por um lado, na forma das pirâmides etárias e, por outro, no perfil
da migração segundo os distintos tipos de arranjos domésticos, entre os quais aqueles relativos às “famílias nucleares”, que acabariam por
apresentar maior peso relativo. Nesse sentido, os dados apresentados a seguir mostram claramente esse comportamento. Como se percebe
pelas distribuições etárias apresentadas (Gráficos 2, 3, 4), há claras evidências de que a migração interestadual do tipo familiar realmente
predominou em Mato Grosso, em particular nos períodos em que o fenômeno foi mais intenso, como as década de 70 e 80. Este fato se
traduz na forma piramidal dos gráficos, muito embora fique claro que a participação de crianças menores de cinco anos de idade não é muito
grande, guardando certa lógica com o que isso poderia implicar em termos dos constrangimentos para uma migração para áreas inóspitas,
como são as regiões rurais de Mato Grosso.

Didatismo e Conhecimento 8
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De qualquer forma, é interessante notar que, já nos anos 90,
o perfil etário dos migrantes sofreu significativa modificação, uma
vez que se observa maior concentração de indivíduos nas idades
produtivas, sugerindo, portanto, uma redução, ainda que pequena,
da importância da migração do tipo familiar. Como se verá mais
adiante, este fenômeno, de fato, foi verificado, o que aponta para
uma mudança, ainda que lenta e gradativa, do perfil do migrante
que se destina para Mato Grosso. Na verdade, em 2000, quando
a migração típica de “fronteira” certamente não tinha a mesma
importância, a distribuição etária dos migrantes já mostrava uma
maior seletividade com relação à população “não-migrante” (Grá-
fico 5), em especial nas idades entre 20 e 35 anos. As observações
suscitadas pelas pirâmides são plenamente corroboradas pela dis-
tribuição dos tipos das famílias de chefes migrantes interestaduais.
Assim, a Tabela 7, ao mesmo tempo em que confirma a predomi-
nância de migração do tipo familiar para o Estado, também indica
redução da participação desta categoria de arranjo doméstico em
favor, particularmente, do tipo “individual”.
Do ponto de vista do comportamento das microrregiões, o que
se percebe é que a relação entre o perfil dos arranjos domésticos e
os momentos de cada área no processo de ocupação demográfica e  
da fronteira de Mato Grosso é bastante clara. Os dados para as re- É interessante ainda notar que, no Estado de Mato Grosso,
giões do norte e noroeste matogrossense (Alta Floresta, Aripuanã, a tendência apontada para os migrantes também se observa para
Colíder, Arinos, etc.) mostram que, nestas áreas, mesmo em 2000, os «não-migrantes”. Como se percebe no Gráfico 7, estes últimos
a proporção de famílias nucleares era a mais significativa entre também reduziram sua participação na categoria “autônomos ou
os migrantes. A predominância de famílias não se repete no caso conta-própria na agropecuária”, indicando que o ocorrido com os
das microrregiões com maior dinamismo urbano, como Cuiabá, migrantes não representa uma situação peculiar, mas sim uma ten-
Rondonópolis e até mesmo Parecis, que, como já se comentou, dência de um Estado que se urbaniza a passos largos e que, portan-
apresentam grande crescimento demográfico e rápida urbanização, to, oferece poucas alternativas aos seus habitantes, em particular
muito provavelmente em função dos efeitos da expansão da soja. aqueles ligados ao meio rural.
Outro elemento que permite melhor situar a problemática mi-  
gratória no Estado de Mato Grosso refere-se à forma de inserção
produtiva dos chefes migrantes. A partir desta análise foi possível
identificar o progressivo “desmonte” a que foi submetido o Esta-
do no que se refere às suas formas tradicionais de ocupação e em
termos demográficos e econômicos. Entre as principais alterações
ocorridas no perfil da migração, nos trinta anos analisados, a que
permite maiores inferências quanto aos condicionantes da redução
da migração para o Estado é a forte redução da participação relati-
va da categoria “autônomo ou conta-própria na agropecuária”, no
conjunto dos migrantes. Na verdade, associado ao arrefecimento
da migração ao longo do período, percebe-se que, enquanto na dé-
cada de 70 esta categoria absorvia produtivamente 31,4% dos che-
fes de família migrantes economicamente ativos, este porcentual
reduz-se para algo em torno de 12,9% em 1991 e 9,6% em 2000.
Na verdade, o impacto das transformações produtivas em
Mato Grosso fica ainda mais claro quando estes dados são ana-
lisados segundo as microrregiões, uma vez que tal procedimento
revela reduções ainda mais dramáticas desta categoria de chefes  
migrantes, como em Aripuanã (de 39,7% em 1980 para 25,2% Entre estas alternativas, destacam-se os assentamentos de tra-
em 2000), Colíder (de 67,7% para 24,5%), Paranatinga (de 51,3% balhadores rurais ligados à Reforma Agrária, que, juntamente com
para 10,6%), Jauru (de 54,4% para 16,2%) e Tangará da Serra (de ocupações espontâneas – em geral de pioneiros – têm viabilizado,
41,3% para 3,0%). Um caso interessante a ser também destacado ou mantido em algum grau, a agricultura familiar no Estado.
é o de Norte Araguaia, que, nos anos 80, experimentou um in- Vale destacar ainda o caso de Sinop, onde a atividade indus-
cremento destes migrantes ligados à agricultura familiar, atingin- trial (leia-se madeireiras) absorvia, em 1991, mais de 40% dos mi-
do 40% do total, sendo que, na década seguinte, este porcentual grantes, situação que denota a força desse tipo de atividade nesta
reduziu-se para 29%. Nesse caso específico, sabe-se que a área área. Porém, na visita a campo, os discursos de políticos da região
entra com mais força como “rota” da fronteira apenas na década já sugerem sinais de fraqueza dessa indústria, devido, sobretudo,
de 80 (Gráfico 6). ao esgotamento das reservas florestais mais próximas. Assim, os

Didatismo e Conhecimento 9
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
investimentos estão se destinando ao desenvolvimento de ativida- Estes projetos podem ser encontrados em praticamente todos
des mais diversificadas, como indústrias de móveis e ampliação do os municípios de Mato Grosso. No entanto, é fundamental que a
setor de serviços, além da introdução da agricultura capitalizada, forma de implantação e o gerenciamento destes projetos sejam re-
principalmente de soja e arroz. pensados de maneira a torná-los uma saída “real” para aqueles que
A despeito da importância da pecuária no Estado, o porcen- pretendem viver no e do rural.
tual de migrantes que trabalham nesta atividade é relativamente As atividades econômicas hegemônicas (pecuária e soja) dei-
pequeno, chegando em 1991, a pouco mais de 4% e aumentando xam suas marcas em praticamente todas as áreas existentes, via
para quase 11% em 2000. Na verdade, verifica-se que, nas duas de regra, implicando considerável desruralização e inchamento ur-
últimas décadas, a maior parte dos chefes migrantes estava vincu- bano, que, na maior parte do território matogrossense, não possui
lada a atividades tipicamente urbanas – “Comércio e Serviços” e condições de reter o excedente populacional. Este contínuo “mo-
“Indústria” –, que geravam trabalho a 23,4% e 27,7% dos chefes vimento da fronteira” é percebido pela avaliação das tendências
migrantes em 1991 e 2000, respectivamente, contra apenas 16,3% demográficas das várias microrregiões do Estado.
no começo do período em estudo. Não se trata aqui de fazer qualquer apologia a possíveis efei-
Tais dados mostram sinais de que o “potencial atrativo” de tos negativos da expansão capitalista da agricultura, até porque ela
Mato Grosso como área de fronteira não consolidada, progressi- é uma realidade e um dos grandes pilares do desenvolvimento eco-
vamente, vai se esgotando, fato que se reflete nas formas possíveis nômico nacional. Na verdade, como se tentou mostrar neste estu-
de inserção dos migrantes, em geral trabalhadores rurais, peque- do, em algumas áreas de Mato Grosso o efeito da soja até se deu de
nos produtores e descapitalizados, a quem restam poucas alterna- maneira contrária, ou seja, viabilizando e dinamizando a ocupação
tivas nos centros urbanos ou nos assentamentos ligados à Reforma demográfica. No entanto, não há como negar que a forma como se
Agrária.  dá a apropriação da riqueza gerada por esta nova atividade não tem
Como uma das últimas áreas de fronteira agrícola no país e, garantido uma distribuição da renda adequada e nem, por conse-
portanto, como uma das poucas alternativas para a migração de quência, implicado uma melhoria das condições de vida da popu-
pessoas ligadas ao campo, o Estado de Mato Grosso, até meados lação, em particular daquelas pessoas ou famílias que desejariam
dos anos 80, cumpriu um papel importante no processo de redis- garantir sua reprodução social fora dos centros urbanos.
tribuição espacial da população brasileira. Contudo, sua trajetória No entanto, considerando a trajetória econômica e demográ-
nessa condição foi uma das mais curtas em relação aos Estados do fica mais recente do Mato Grosso, fica claro que esta atividade,
Centro-Oeste, em função de uma rápida e intensa transformação
combinada com a grande hegemonia, em termos espaciais, da pe-
produtiva e do consequente acirramento do processo de concentra-
cuária, deixa poucas alternativas viáveis para a continuidade do
ção fundiária, ao qual foi exposto nas décadas de 80 e 90.
intenso processo de ocupação, como fora observado nas décadas
Em um misto de desenvolvimento econômico em ritmo inten-
passadas. Além disso, não se pode perder de vista que parte deste
so e progressivo “fechamento” das fronteiras agrícolas pioneiras,
o Estado de Mato Grosso, em menos de 20 anos, deixa de ser um processo deveu-se à atividade garimpeira, que, embora não esgota-
palco de possibilidades para milhares de brasileiros em busca de da totalmente no Estado, hoje se desenvolve preponderantemente a
alternativas de reprodução social no meio rural, para se converter partir de grandes empresas mineradoras, não mais movimentando
paulatinamente em uma alternativa de grandes possibilidades eco- consideráveis volumes de migrantes.
nômicas. Resta, portanto, pensar na força dos maiores centros urbanos,
Os dados analisados neste estudo mostram não apenas a redu- como Cuiabá, Rondonópolis e talvez Sinop, que, no entanto, não
ção do ímpeto migratório para o Estado, como também as relações parecem possuir uma estrutura produtiva tão diversificada para
entre este comportamento e as mudanças nas formas de inserção fornecer alternativas suficientes para a atração de migrantes inte-
dos migrantes, que espelham o processo de “urbanização da fron- restaduais. Até porque estes últimos, certamente, são precedidos
teira” e a grande desarticulação das formas de ocupação que possi- pelos migrantes intra-estaduais “deslocados” em volumes cada vez
bilitaram o “desbravamento” de boa parte de seu território. maiores das áreas rurais, até então ocupadas no âmbito da expan-
Mesmo existindo poucas possibilidades concretas para a ma- são da fronteira.
nutenção de Mato Grosso como uma área de atração migratória, Diante deste quadro, considera-se que o Estado de Mato Gros-
ainda há muitas regiões do Estado que se configuram como gran- so caminha progressivamente para o esgotamento de sua condição
des alternativas para a absorção do grande contingente de pessoas de fronteira agrícola, deixando de ser uma alternativa para os mi-
que exercem atividades ligadas à terra. Hoje em dia, regiões do grantes. Talvez projetos concretos, como a pavimentação do tre-
noroeste do Estado, por exemplo, são aquelas que mais crescem cho da Belém-Brasília no Pará – que facilitaria o escoamento da
em termos demográficos e boa parte deste crescimento se deve produção –, ou ainda aqueles mais distantes da realidade atual,
a novos núcleos rurais que surgem. Entretanto, pode-se perceber como o desmembramento de Mato Grosso, pudessem no futuro
que proporção significativa do crescimento demográfico estadual dar novos rumos à dinâmica demográfica do Estado. Entretanto,
acontece nos centros urbanos, em especial nos maiores, como nesse momento é difícil imaginar sequer a manutenção do poder
Cuiabá, Rondonópolis e Sinop. atrativo dos anos 80 e, conseqüentemente, um desempenho migra-
A alternativa dos assentamentos rurais tem sido uma possibi- tório muito além daquele possibilitado por alguns centros urbanos.
lidade concreta de reverter parte desse processo de “urbanização As análises realizadas permitem, portanto, vislumbrar al-
forçada” de grandes parcelas de migrantes, e até mesmo de nativos gumas alternativas para o processo de ocupação demográfica de
e residentes mais antigos do Estado. Na verdade, pode-se afirmar Mato Grosso. Deve-se reconhecer que este processo encontra-se
que o processo de ocupação demográfica de Mato Grosso, particu- em franca modificação e, certamente, será influenciado por opções
larmente no que diz respeito ao papel das pequenas propriedades dos governos estadual e federal com relação a questões bastante
baseadas na agricultura familiar, provavelmente teria sido ainda complexas, e por vezes contraditórias, para um país capitalista de-
mais desarticulado caso não existissem os programas de assenta- pendente como é o Brasil: conciliar o desenvolvimento econômico
mentos rurais. com o desenvolvimento humano e ainda a conservação ambiental.

Didatismo e Conhecimento 10
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
Em suma, o que se percebe em Mato Grosso é que este Estado,
11. ASPECTOS CONTEMPORÂNEOS DA hoje, particularmente em termos migratórios, está muito aquém
URBANIZAÇÃO DO ESTADO E DA CAPITAL. daquilo que foi na década de 70 e parte dos anos 80, fruto do pro-
12. PRINCIPAIS EIXOS RODOVIÁRIOS: gressivo desaparecimento de um dos fatores que mais contribuí-
FEDERAIS E ESTADUAIS. ram para a sua ocupação: a expansão e/ou manutenção das áreas
de fronteira agrícola. Não é por acaso que o Estado, atualmente,
apresenta elevado grau de urbanização, onde os centros urbanos
tornaram-se as últimas opções para a permanência dos migrantes
ali chegados, situação que se agrava quando se considera o reduzi-
Processo de ocupação e urbanização do potencial de absorção demográfica da maioria deles.
 
Mato Grosso: uma breve contextualização do seu processo
Embora o Mato Grosso tenha uma história de ocupação com- de ocupação territorial
plexa, pode-se dizer que este Estado começa a despontar no ce-
nário brasileiro a partir do avanço da frente pioneira paulista, em A região Centro-Oeste e, particularmente, o Mato Grosso
meados do século 20. Em um primeiro momento, este avanço pro- possuem uma economia com caráter essencialmente agrícola e
vocou a ocupação no norte do Paraná, expandindo-se, posterior- urbanização crescente, mas ainda com extensas áreas de matas e
mente, para o sul do antigo Estado de Mato Grosso, com a pecuária florestas. Estas características formam o retrato da sua diversidade
de corte. Em seguida, nos anos 60, houve a entrada de gaúchos e demográfica e ambiental, que são capazes de explicar seu gran-
paranaenses que se dedicavam à cultura do trigo e da soja (IPEA de dinamismo econômico nos últimos anos. Na década de 60, a
e FJN, 1997). A dinâmica socioeconômica e a configuração espa- Região Centro-Oeste iniciou um processo de modificação de sua
cial observada no caso de Mato Grosso assemelham-se bastante a estrutura produtiva, impulsionada pela ação estatal através dos
“fases” já verificadas em outros Estados da região Centro-Oeste programas de incentivo à modernização agropecuária e integração
– como Goiás ou Mato Grosso do Sul –, que tiveram a ocupa- da região aos outros mercados, elementos que tiveram importan-
tes consequências em sua dinâmica demográfica e no processo de
ção de seus territórios anteriormente. No entanto, para o Estado de
redistribuição espacial da população. Esta ação estatal explicita-se
Mato Grosso, evidencia-se uma maior intensificação do processo através da preocupação de integração nacional do regime militar,
de ocupação demográfica e econômica recente, acarretando, de o que justifica os representativos investimentos em grandes proje-
forma muito mais precoce, os impactos de grandes transformações tos agropecuários. “Enquanto a sociedade brasileira era duramente
na estrutura produtiva e fundiária regional, o que teve importantes reprimida pelos governos militares que sucederam no poder nesse
implicações sobre sua dinâmica migratória. Tais impactos podem período, o Araguaia, o Mato Grosso e a Amazônia foram invadidos
ser percebidos através de dois aspectos principais: a redução signi- pelos grandes grupos econômicos através dos projetos agropecuá-
ficativa dos fluxos migratórios para a área, nas últimas décadas (80 rios” (OLIVEIRA, 1997, p. 290).
e 90); e as características e formas de inserção produtiva do mi- Esta intervenção do governo foi realizada, principalmente,
grante. Do mesmo modo, este processo de transformação pode ser através do Prodoeste (Programa de Desenvolvimento do Centro-
percebido no âmbito intra-estadual, com relação ao comportamen- -Oeste), efetivado pela ação da Sudam (Superintendência do De-
to demográfico dos vários subespaços do Estado, cujas trajetórias senvolvimento da Amazônia), no qual muitos grupos empresariais
refletem as diferenças regionais e as peculiaridades das diversas beneficiaram-se em diversos aspectos do processo de ocupação da
fronteira amazônica. Vale lembrar que vários projetos aprovados,
microrregiões, seja em termos do processo de ocupação econômi-
alguns megalomaníacos, nunca efetivamente entraram em funcio-
ca, seja através dos momentos de ocupação da fronteira agrícola. namento, o que gerou uma série de escândalos pelo uso indevido
Fica claro nas análises que a forma como tradicionalmente o Mato de dinheiro público. Os autores ainda sugerem que a década de 70
Grosso foi ocupado vem se esvaindo gradativamente, principal- foi fundamental para compreender a estrutura produtiva e a urbani-
mente à medida que a inserção dos migrantes torna-se cada vez zação do Centro-Oeste, já que a região foi amplamente beneficiada
mais difícil, considerando-se as novas e mais vigorosas formas de pela “marcha modernizadora do oeste”, provocando um intenso
ocupação econômica do território. Além dessa redução da inten- direcionamento dos fluxos migratórios para áreas mais promisso-
sidade e do volume da imigração para Mato Grosso, evidencia-se ras. Posteriormente, ocorreu uma articulação entre Estado e deten-
também um incremento da emigração para fora do Estado. As in- tores de representativos volumes de capital, realizando incentivos
formações analisadas a este respeito mostram duas características para que estes pequenos produtores se engajassem em projetos de
distintas: por um lado, boa parte desta emigração (54% do total colonização, característicos da década de 80, em substituição aos
nos anos 90) refere-se, na verdade, a um retorno de grandes con- grandes projetos agropecuários da de 70. Diante disto, pode-se
tingentes de pessoas que haviam procurado o Estado como uma observar que os anos 80 caracterizaram-se pela realização destes
projetos de colonização, baseados em assentamentos de famílias
alternativa para suas reproduções sociais; por outro, verifica-se
em pequenas propriedades e executados por empresas públicas e
que outra parte significativa desta emigração corresponde a um privadas. Porém, estes projetos acabaram limitados e tiveram suas
movimento que, ao longo da pesquisa, se rotulou de “caminho ou chances de sucesso reduzidas por diversos elementos, tais como:
trilha da fronteira” (CUNHA, 2002; CUNHA, ALMEIDA e RA- características qualitativas da terra; dificuldade de acesso ao crédi-
QUEL, 2002; CUNHA e SILVEIRA, 1999), ou seja, não se trata to por parte dos pequenos agricultores; e condições de isolamento
propriamente de um processo de evasão demográfica de nativos ou da maioria das áreas colonizadas (em particular no caso do nor-
moradores mais antigos, mas sim de uma redistribuição espacial te de Mato Grosso). Neste contexto, a abertura dos grandes eixos
da população migrante, que, em função de fatores de mudança, rodoviários, especialmente a BR-163 Cuiabá-Santarém (1971-
para utilizar a terminologia de Singer (1980), se vê obrigada a pro- 1976), foi um marco representativo da efetiva implantação dos
curar novos lugares para o possível assentamento “definitivo”. projetos de colonização.

Didatismo e Conhecimento 11
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
Como consequência desta “colonização acelerada”, ocorreu a de Cuiabá. No município de Poconé, o turista encontra a “porta
multiplicação de diversos novos municípios nas áreas de fronteira, de entrada” para o bioma, por meio da Rodovia Transpantaneira.
como é o caso do norte de Mato Grosso, os quais sofrem até hoje Nesta rodovia observa-se, com fartura, a flora e a fauna pantaneira,
com a ausência de infraestrutura e serviços. São cidades pequenas, e a intimidade com a natureza, num cenário natural, faz com que o
na maioria das vezes com população variando entre 20 e 50 mil ha- visitante se sinta no maior zoológico aberto da terra.
bitantes, distantes geograficamente umas das outras. Diante desta
Além do Pantanal, a Amazônia e o Cerrado  compõem os 906
forma de ocupação populacional, surgiu um novo tipo de atividade
agrícola, isto é, a agricultura altamente capitalizada e mecanizada, mil km² de Mato Grosso. O Estado é um misto de energia, tra-
cuja forma mais difundida em Mato Grosso é a cultura da soja. dições, sabores e emoções. Apresentando vocação natural para o
Segundo Becker (2000), a soja chega a ser uma opção viável nos ecoturismo, tem imensa variedade de plantas e animais e diversi-
cerrados ou para recuperar áreas com pastagens, principalmente fica seus atrativos com a pesca esportiva, patrimônio histórico, ar-
quando se considera a melhoria genética das sementes, conseguida queológico e espeleológico, turismo rural, contemplativo, místico
através de pesquisas financiadas pela iniciativa privada com apoio e esportes radicais.
estatal, apresentando assim efeitos positivos. No entanto, a autora Mato Grosso é rico em tradições culturais maravilhosas tanto
teme pelo aumento do desmatamento que esta cultura pode gerar gastronômicas, como artesanais, danças, artes plásticas, cinema,
se avançar muito ao norte do Estado, aumentando, portanto, a ten- literatura, e a cultura popular, onde se destacam manifestações
dência à destruição do meio ambiente. Outra atividade econômica
como o Siriri, Cururu, Viola de Cocho, Dança dos Mascarados,
importante nestas áreas de fronteira é a pecuária, que vem pene-
trando cada vez mais nas áreas florestais. Este aspecto é ressaltado Cavalhada, Curussé, Dança do Congo e Rasqueado.
por Cláudio Egler (2000), que mostra como o capital financeiro Na culinária, saborosos pratos à base de peixe são servidos
tem investido na constituição de uma forte economia agropastoril com a exótica culinária pantaneira que utiliza também a carne de
no Estado de Mato Grosso (o 4º rebanho nacional). Além disso, jacaré, preparada como manda a tradição nas aldeias indígenas da
existem ainda outros aspectos que devem ser considerados quando região.
se pretende compreender o processo de ocupação de Mato Grosso:
a questão indígena, o meio ambiente e a prática do garimpo. Impacto Ambiental sobre a Amazônia
Embora tais questões não sejam tratadas neste artigo, não se
pode negar a existência, no Estado, de diversos problemas ineren- Juntamente com o Cerrado, a Amazônia é o bioma que expe-
tes a elas, como, por exemplo, o desrespeito às terras indígenas,
rimenta as maiores taxas de conversão de florestas em uso agrope-
a devastação ambiental e o efeito predatório dos garimpos. Estes
aspectos constituem elementos importantes que estão relaciona- cuário. Na Amazônia, esta conversão se deu, principalmente, para
dos ao processo de ocupação e expansão da fronteira agrícola no o estabelecimento de pastagens, com florestas sendo derrubadas e
Estado do Mato Grosso. Estas características do processo de ocu- queimadas anualmente.
pação territorial, aliadas à expansão do modelo agrário convencio- A indústria de extração madeireira, embora possuindo me-
nal, foram extremamente prejudiciais para o produtor familiar e nor importância em termos de impacto total sobre o ecossistema
causaram ainda fortes impactos socioambientais, como mostram amazônico, tende a se constituir em sério problema em diversas
os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais): até regiões do Estado.
agosto de 1998, 10% das florestas já estavam desmatadas. Prova- Outra pressão significativa sobre os ecossistemas amazônicos
velmente a demanda por madeira é a grande responsável por essa está representada pela construção de barragens para produção de
situação crítica, já que Mato Grosso e Pará são os maiores produ-
energia elétrica. Embora o impacto esteja distribuído sobre um
tores de madeira em tora do país. Além disso, depois da realização
das queimadas, a pecuária acaba sendo a alternativa mais imediata percentual relativamente pequeno da superfície da região, há que
para a valorização da terra. Este cenário acaba gerando grandes se preocupar com a diversidade faunística das áreas a serem inun-
focos de “tensão social” em territórios mato-grossenses. Todas es- dadas.
tas características tiveram forte impacto no processo migratório As mudanças hidrológicas trazidas pelas barragens podem
experimentado pelo Estado de Mato Grosso, sendo que tais ele- também afetar os tabuleiros de reprodução de tartarugas amazô-
mentos exprimem-se tanto em termos das tendências do fenômeno nicas. Este impacto poderá ter importantes reflexos na economia
ao longo do tempo, como no que tange ao perfil desta mobilidade regional, porque os quelônios da região se constituem em recursos
populacional. de subsistência significativos para populações locais, especialmen-
te as próximas aos rios das Mortes e Araguaia. O impacto a ser
produzido pelo barramento de rios amazônicos sobre a ictiofauna
13. POLÍTICAS AMBIENTAIS NAS DIFE- também não tem tido a devida apreciação. A mudança nos padrões
RENTES ESCALAS DO PODER: AS UNIDA- de flutuação cíclica nos níveis dos rios, além das novas condições
DES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA. físico-químicas dos reservatórios, poderão também afetar negati-
vamente os padrões naturais de diversidade de espécies da ictio-
fauna da Amazônia mato-grossense.
Para algumas espécies da fauna amazônica, a caça comercial
A copa do Ecoturismo e de subsistência se constituem em pressões capazes de levar po-
pulações locais à extinção, ou pelo menos à uma rarefação extre-
Em Cuiabá, a competição esportiva mais importante do mun- ma das densidades naturais. As espécies exploradas se constituem
do recebeu o carinhoso apelido de Copa do Pantanal. Tal denomi- em recursos tradicionalmente utilizados como fontes de proteína
nação faz referência à localização geográfica da capital de Mato pelas populações indígenas (Gross, 1975). A caça de subsistência
Grosso, próxima a um dos mais impressionantes biomas do pla- tem sido bastante eficiente na eliminação de várias populações de
neta – o Pantanal. A grande planície alagada está apenas a 102 km primatas. A experiência com projetos de colonização na Amazô-

Didatismo e Conhecimento 12
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
nia indica que as populações de primatas são as primeiras a serem torial e adjacente; outros desceram ao Estreito de Magalhães e se
extirpadas nas áreas circunvizinhas a núcleos urbanos. Outro pro- disseminaram tomando rumo norte. A hipótese mais provável é
blema que causou e ainda causa tremendo impacto ambiental é o que os povos indígenas que hoje habitam Mato Grosso tenham
garimpo de ouro. O mercúrio utilizado no processamento do ouro provindo da região do que hoje é a Colômbia, rumando para o
tem o potencial de se incorporar nas cadeias alimentares das comu- sul, pelos Andes, por onde encontraram menos dificuldades do que
nidades locais, expandindo grandemente a sua área de influência. hoje em dia. Iam de espaços a espaços, em direção ao leste.
A construção de estradas propaga o garimpo e traz doenças. A efetiva colonização pelos portugueses e paulistas, do terri-
Além dos aspectos elencados acima vale a pena citar: tório, hoje compreendido pelo Estado de Mato Grosso, iniciou-se
Garimpo de Ouro: Assoreamento, erosão e poluição dos cur- somente 219 anos após o descobrimento do Brasil. Historiadores e
sos d’água; problemas sociais; degradação da paisagem e da vida cronistas do século XIX, que estudaram e registraram a evolução
aquática; contaminação por mercúrio com consequências sobre a da questão indígena, são categóricos em afirmar que o Imperador
pesca e a população. Pedro II tratou a causa do índio brasileiro com bastante particula-
Grandes Projetos Agropecuários: Incêndios; destruição da ridade, culminando com a abolição total da escravatura, em 1888,
fauna e da flora; erosão, assoreamento e contaminação dos cursos incluindo-se, aí, negros e índios. Após a Proclamação da Repú-
d’água por agrotóxicos; destruição de reservas extrativistas, des- blica ocorreram muitos fatos dignos de nota, porém a questão do
truição de sítios arqueológicos. índio, apesar dos avanços obtidos, está longe de ter um final feliz.
Mineração Industrial: Degradação da paisagem; poluição e Politicamente, os paulistas, com a preação indígena, expan-
assoreamento dos cursos d’água; esterilização de grandes áreas e diram as fronteiras do Brasil em benefício da Coroa portuguesa. O
impactos socioeconômicos. surgimento de Cuiabá e consequente colonização em terras mato-
Usinas Hidrelétricas: Impacto cultural e socioeconômico -grossenses é resultado de preia do homem americano.
(povos indígenas) e sobre a fauna e a flora; inundação de áreas Os povos indígenas mato-grossenses se caracterizam por bai-
florestais, agrícolas, etc.; destruição de sítios arqueológicos. Indús- xa densidade demográfica. Em compensação, muitos são os povos.
trias de Ferro-Gusa: Demanda de carvão vegetal da floresta nativa Damos o nome de povo indígena, à língua por eles falada, à loca-
- desmatamento; exportação de energia a baixo valor e alto custo lização geográfica, aos nomes das aldeias. Ao indicarmos a língua,
ambiental; poluição das águas, ar e solo. anotamos as variações dialetais identificadas. Ao indicar o nome
do povo ou da aldeia, damos o nome em voga entre os não índios,
Grandes Indústrias: Poluição do ar, água, solo; geração de re-
com anexação do nome indígena, quando possível.
síduos tóxicos; conflitos com o meio urbano.
Os estudos antropológicos demonstram que a cada povo
Construção de Rodovias: Destruição de culturas indígenas;
indígena corresponde uma língua. A língua, por sua vez, expressa
propagação do garimpo e de doenças endêmicas; grandes projetos
diversidade de pensamento, de filosofia de vida, de costumes, de
agropecuários; explosão demográfica.
organização social, de estrutura educativa, religião. Para se falar
Caça e Pesca Predatória: Extinção de mamíferos aquáticos;
corretamente de índios, é necessário situar o índio num povo de-
diminuição de populações de quelônios, peixes e animais de valor
terminado. Não existe o índio genérico. Existe, sim, o Nambikwa-
econômico-geológico. ra, o Xavante, o Bororo. Cada tribo existe por si e é diferente de
Crescimento Populacional: Problemas sociais graves; ocupa- qualquer outra.
ção desordenada e vertiginosa do solo (migração interna) com sé- Os linguistas não classificaram ainda todas as línguas in-
rias consequências sobre os recursos naturais. dígenas, mas agrupam os falares em filo, tronco, família, língua
e dialeto. As línguas indígenas brasileiras se dividem em quatro
troncos: tupi, macro-jê, arwak e mais um tronco não intitulado,
14. RESERVAS INDÍGENAS. objeto ainda de estudo. Outras línguas não classificadas se deno-
minam alófilas. Algumas denominações ou grafias são novas, não
constando nas publicações especializadas, por serem conhecidas
apenas ultimamente, como o caso dos nomes rikbákta (descoberta
O termo índio foi uma denominação dada pelos conquista- ser esta a denominação do singular) e manôki (em vez de mynky).
dores europeus aos habitantes de tempos imemoriais do território A denominação manôki foi obtida pelo Pe. Adalberto Holanda
que compõe hoje o continente americano. Houve generalização do Pereira, em 28 de janeiro de 1995, por declaração dos índios da
termo índio a todos os habitantes do território brasileiro. Aldeia Paredão. Os índios explicaram que o nome mynky significa
Para melhor entendermos a história do contato entre índios e apenas gente e não o povo mynky. Os não índios denominaram
não índios, em Mato Grosso, será importante compreendermos a esse povo indígena de iránxe.
dinâmica das frentes de expansão da sociedade brasileira. Pois, em Em Mato Grosso encontram-se ainda hoje os quatro troncos
momentos diferentes, atingiram os territórios tribais e passaram linguísticos falados e mais línguas isoladas. Onze são as línguas
a ocupar áreas onde se localizavam os grupos indígenas, já que a faladas do tronco tupi: Apiaká, tapirapé, kamayurá, zoró, kayabí,
presença desses seres humanos no continente descoberto suscitou, auetí, mundurukú, juruna, arára, itogapúk e cinta-larga. Nove são
entre os europeus uma questão de ordem intelectual e prática, já as línguas e dialetos do grupo macro-jê: mentuktíre, kren-aka-rôre,
que não tinham a menor ideia de onde poderia ter vindo o homem txukarramãe, suyá, xavante, karajá, bororo, umutína e rikbaktsa.
americano. Cinco são do tronco linguístico arwák: paresi, salumã, wawrá,
Para os estudiosos do assunto o homem americano veio das mehináku e yawalapiti. Troncos linguísticos ainda não denomi-
Ilhas do Pacífico e sua fixação no continente ocorreu por três ru- nados: bakairí, nahukuá, matipúhu, kalapálo, txikão, nambikwára
mos de migração: alguns povos subiram o Estreito de Behring e do norte, nambikwára do sul e sabanê. Duas as línguas isoladas:
foram ocupando regiões ao sul; outros atingiram a região equa- trumái e iránxe.

Didatismo e Conhecimento 13
GEOGRAFIA DE MATO GROSSO
Não incluímos aqui as línguas faladas nos Estados de Ron- QUESTÕES
dônia e Mato Grosso do Sul. Os povos indígenas se autodenomi-
nam como unidade tribal. Algumas tribos se compõem de grupos 01. No que se refere aos aspectos populacionais de Mato Gros-
com estruturas próprias de cada tribo, dando a impressão aos me- so, marque (V) para as alternativas verdadeiras e (F) para as falsas.
nos experientes de que esses grupos são tribos distintas, quando, I- Com aproximadamente 3 milhões de habitantes, o estado de
na verdade, compõem um todo maior. Mato Grosso é o mais populoso da Região Centro-Oeste.
Os paulistas e em geral os brancos, ao encontrarem pela pri- II- Mato Grosso é um estado extremamente povoado, visto
meira vez povos indígenas não perguntaram a alguém desse povo o que sua densidade demográfica (população relativa) é alta.
nome da tribo. Ou adotaram nomes utilizados por povos vizinhos ou III- Nas últimas décadas, Mato Grosso recebeu diversos flu-
deram nome por conta própria. Chamaram paresi, quando o nome xos migratórios, principalmente de gaúchos e paulistas.
autóctone é halíti. Chamaram canoeiro de Mato Grosso, quando o IV- Cuiabá, capital de Mato Grosso, é a cidade que possui a
certo é rikbáktsa. Iránxe, quando mynky. Chamaram bororo, quando maior concentração populacional do estado.
é boe. Chamaram xavante, quando é a’wen. São alguns exemplos. V- O estado abriga várias tribos indígenas, com destaque para
Os povos indígenas, após encontros de migrações, foram esta- o Parque Nacional do Xingu.
bilizando o relacionamento entre si, como nações em estado tribal. a) F F V V V.
Respeitavam ou não, mas conheciam os limites de rios ou vege- b) F V V F F.
tações ou altitudes. Firmavam pactos de amizade ou de estado de c) V F V F V.
guerra - explícitos ou tácitos. d) F F V V F.
No correr da história, até os dias de hoje, a ação dos brancos e) V F V F F
não foi boa para os povos indígenas. Reduzidos à escravidão al-
guns, guerreados outros, sofridos todos. Os portugueses, espanhóis 02. Mato Grosso é uma unidade federativa do Brasil. Sendo
e brasileiros agiram sempre com ares de superioridade, ignorando assim, ele integra um dos cinco complexos regionais do território
ou fingindo ignorar os direitos dos povos indígenas. Os brancos, brasileiro. Marque a alternativa que indica, corretamente, a Região
nos momentos de necessidade, como na colonização, ou na Guer- que abriga o Mato Grosso.
ra do Paraguai, favoreceram os povos indígenas, mas nunca os a) Norte
situaram com igualdade, respeitadas as condições típicas tribais. b) Centro-Oeste
Sempre os trataram como indivíduos isolados uns dos outros. Não c) Sul
existe comunidade mais una do que a indígena. d) Sudeste
Não foi só a escravidão. Uma desdita para os povos indígenas e) Nordeste
foi o processo de transmigração forçada, onde muitas vezes parte do
povo foi arrancada do habitat para compor vida junto com outra tribo, 03. No estado de Mato Grosso é possível encontrar três tipos
a centenas de quilômetros de distância, como ocorreu com parte do de biomas. Marque a alternativa que indica as paisagens vegetais
povo paresi, arrancado da região dos rios Ferrugem e Macaco, estes existentes no território mato-grossense.
tributários da Bacia Amazônica, para comporem vida com o povo bar- a) Caatinga, Mata dos Cocais e Mata Atlântica
bádo, na região dos rios Paraguai e Bugres, tributários do Prata. b) Mata de Araucárias, Zona Litorânea e Manguezal
Passadas as guerras de conquista, o pior estava para aconte- c) Floresta Amazônica, Cerrado e Pantanal
cer. Não se tomou providência para as condições sanitárias. Sabe- d) Floresta Amazônica, Pantanal e Caatinga
-se que os povos indígenas não sofriam de certas epidemias, co-
muns aos brancos, a exemplo da gripe e sarampo. Portanto, não 04. Analise as afirmativas sobre o potencial econômico do es-
possuíam programas de combate ou defesa. tado de Mato Grosso.
Muito mais índios pereceram na paz, pelas doenças, do que no I – Mato Grosso se destaca no cenário econômico nacional
tempo da guerra. Alguns povos desapareceram de todo, a exemplo por ser grande produtor de soja, cereais e algodão, além de possuir
do arinos, o marijapéy, o kustenáw, dentre outros, enquanto que grande rebanho bovino.
definham em estado de extinção os trumai e o barbado. Os por- II – O setor de serviços, responsável por 55% do Produto In-
tugueses, ocupando terra na margem direita do Rio Amazonas e terno Bruto (PIB) estadual, está diretamente ligado à agropecuária.
missões jesuíticas do Pará, perturbaram o estado de vida nativa de III – Na Região Centro-Oeste, o PIB de Mato Grosso é supe-
povos indígenas, que subiram os rios, adentrando em Mato Grosso rior apenas ao de Mato Grosso do Sul.
ou passando por aqui, tomando o rumo do poente. IV – O turismo em Mato Grosso é impulsionado pelas belezas
O povo juruna fugiu da influência das missões; o povo parintin- naturais do estado, com destaque para o Parque Nacional da Cha-
tím, pressionado por povos indígenas inimigos subiram até a altura da pada dos Guimarães.
barra do Rio Arinos e daí rumou para oeste. Programas oficiais inten- V – O setor industrial está em constante expansão, sobretudo
taram sempre atrair os povos indígenas para os costumes dos brancos. os segmentos alimentício, couro-calçadista e celulose.
Por vezes forçaram a assimilação, sob denominação vela de acultura- Portanto, as afirmativas corretas são:
ção, ignorando ou fingindo ignorar os direitos dos povos indígenas à a) Somente as alternativas I e II
vida tribal. A aculturação ocorre naturalmente e não à força, a mando. b) Somente as alternativas I e IV
c) As alternativas I, II, IV e V
d) As alternativas I, IV e V
Cor/Raça Porcentagem e) Todas as alternativas
Pardos 55,2%
Gabarito:
Brancos 36,7%
01. A
Negros 7,0% 02. B
Amarelos ou Indígenas 1,1% 03. C
04. E

Didatismo e Conhecimento 14
noções de Informática
noções de informática

1. AMBIENTE OPERACIONAL WINDOWS (XP) 2. Fundamentos do


Windows, operações com janelas, menus, barra de tarefas, área
de trabalho, trabalho com pastas e arquivos, localização de
arquivos e pastas, movimentação e cópia de arquivos e pastas e
criação e exclusão de arquivos e pastas, compartilhamentos e
áreas de transferência 3. CONFIGURAÇÕES BÁSICAS DO WINDOWS:
RESOLUÇÃO DA TELA, CORES, FONTES, IMPRESSORAS, APARÊNCIA,
SEGUNDO PLANO E PROTETOR DE TELA. 4. WINDOWS EXPLORER

SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS XP

O Windows XP (o XP utilizado no nome vêm da palavra eXPerience), que inicialmente foi chamado de Windows Whistler, e que sucede
o Windows Me e também o Windows 2000.

O WinXP possui duas versões: o Windows XP Home Edition (que substitui o Windows Me) e o Windows XP Professional Edition (que
substitui o Windows 2000 Professional).

Iniciando o Windows

Ao iniciar o Windows XP a primeira tela que temos é tela de logon, nela, selecionamos o usuário que irá utilizar o computador.

Ao entrarmos com o nome do usuário, o Windows efetuará o Logon (entrada no sistema) e nos apresentará a área de trabalho:

Didatismo e Conhecimento 1
noções de informática
Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens:

• Ícones;
• Barra de tarefas;
• O Botão iniciar.

Ícones

Figuras que representam recursos do computador, um ícone


pode representar um texto, música, programa, fotos e etc. você
pode adicionar ícones na área de trabalho, assim como pode ex-
cluir. Alguns ícones são padrão do Windows:

• Meu Computador;
• Meus Documentos;
• Meus locais de Rede;
• Internet Explorer.

Barra de tarefas

A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas neste


momento, mesmo que algumas estejam minimizadas ou ocultas
sob outra janela, permitindo assim, alternar entre estas janelas ou
entre programas com rapidez e facilidade. Menu Iniciar
A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine que você
esteja criando um texto em um editor de texto e um de seus colegas O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP, você
lhe pede para você imprimir uma determinada planilha que está em pode optar por trabalhar com o novo menu Iniciar ou, se preferir,
seu micro. configurar o menu Iniciar para que tenha a aparência das versões
Você não precisa fechar o editor de textos. Apenas salve o anteriores do Windows (95/98/Me). Clique na barra de tarefas com
arquivo que está trabalhando, abra a planilha e mande imprimir, o botão direito do mouse e selecione propriedades e então clique
enquanto imprime você não precisa esperar que a planilha seja na guia menu Iniciar.
totalmente impressa, deixe a impressora trabalhando e volte para Esta guia tem duas opções:
o editor de textos, dando um clique no botão correspondente na - Menu iniciar: Oferece a você acesso mais rápido a e-mail
Barra de tarefas e volte a trabalhar. e Internet, seus documentos, imagens e música e aos programas
A barra de Tarefas, na visão da Microsoft, é uma das maiores usados recentemente, pois estas opções são exibidas ao se clicar no
ferramentas de produtividade do Windows. Vamos abrir alguns botão Iniciar. Esta configuração é uma novidade do Windows XP.
aplicativos e ver como ela se comporta. - Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com a aparência
das versões antigas do Windows, como o Windows ME, 98 e 95.

Propriedades do menu Iniciar


O Botão Iniciar
Todos os programas
O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de Tarefas. Ele
dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode acessar outros menus O menu Todos os Programas, ativa automaticamente outro
que, por sua vez, acionam programas do Windows. Ao ser aciona- submenu, no qual aparecem todas as opções de programas. Para
do, o botão Iniciar mostra um menu vertical com várias opções. entrar neste submenu, arraste o mouse em linha reta para a dire-
Alguns comandos do menu Iniciar têm uma seta para a direita, ção em que o submenu foi aberto. Assim, você poderá selecionar
significando que há opções adicionais disponíveis em um menu o aplicativo desejado. Para executar, por exemplo, o Paint, bas-
secundário. Se você posicionar o ponteiro sobre um item com uma ta posicionar o ponteiro do mouse sobre a opção Acessórios. O
seta, será exibido outro menu. submenu Acessórios será aberto. Então aponte para Paint e dê um
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um progra- clique com o botão esquerdo do mouse.
ma que estiver instalado no computador, ou fazer alterações nas
configurações do computador, localizar um arquivo, abrir um do- Logon e Logoff
cumento. Abre uma janela onde você poderá optar por fazer logoff ou
mudar de usuário. Veja a função de cada um:
• Trocar usuário: Clicando nesta opção, os programas que
o usuário atual está usando não serão fechados, e uma janela com
os nomes dos usuários do computador será exibida para que a troca
de usuário seja feita. Use esta opção na seguinte situação: Outro

Didatismo e Conhecimento 2
noções de informática
usuário vai usar o computador, mas depois você irá continuar a usá-lo. Então o Windows não fechará seus arquivos e programas, e quando
você voltar ao seu usuário, a área de trabalho estará exatamente como você deixou.
• Fazer logoff: este caso é também para a troca de usuário. A grande diferença é que, ao efetuar o logoff, todos os programas do
usuário atual serão fechados, e só depois aparece a janela para escolha do usuário.

Desligando o Windows XP

Clicando-se em Iniciar, desligar, teremos uma janela onde é possível escolher entre três opções:
• Hibernar: Clicando neste botão, o Windows salvará o estado da área de trabalho no disco rígido e depois desligará o computador.
Desta forma, quando ele for ligado novamente, a área de trabalho se apresentará exatamente como você deixou, com os programas e arqui-
vos que você estava usando, abertos.
• Desativar: Desliga o Windows, fechando todos os programas abertos para que você possa desligar o computador com segurança.
• Reiniciar: Encerra o Windows e o reinicia.

Acessórios do Windows
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de imagens, jogos, ferramen-
tas para melhorar a performance do computador, calculadora e etc.
Se fôssemos analisar cada acessório que temos, encontraríamos várias aplicações, mas vamos citar as mais usadas e importantes. Imagi-
ne que você está montando um manual para ajudar as pessoas a trabalharem com um determinado programa do computador. Neste manual,
com certeza você acrescentaria a imagem das janelas do programa. Para copiar as janelas e retirar só a parte desejada, utilizaremos o Paint,
que é um programa para trabalharmos com imagens. As pessoas que trabalham com criação de páginas para a Internet utilizam o acessório
Bloco de Notas, que é um editor de texto muito simples. Assim, vimos duas aplicações para dois acessórios diferentes.
A pasta acessória é acessível dando-se um clique no botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção Todos os Programas e, no
submenu que aparece, escolha Acessórios.

Didatismo e Conhecimento 3
noções de informática

Meu Computador
No Windows XP, tudo o que você tem dentro do computador - programas, documentos, arquivos de dados e unidades de disco, por
exemplo - torna-se acessível em um só local chamado Meu Computador.

Quando você inicia o Windows XP, o Meu computador aparece como um ícone na parte esquerda da tela, ou Área de Trabalho (opcio-
nal).

O Meu computador é a porta de entrada para o usuário navegar pelas unidades de disco (rígido, flexíveis e CD-ROM). Normalmente,
nas empresas existem vários departamentos como administração, compras, estoque e outros. Para que os arquivos de cada departamento não
se misturem, utilizamos o Meu computador para dividirmos o Disco em pastas que organizam os arquivos de cada um dos departamentos.
Em casa, se mais de uma pessoa utiliza o computador, também criaremos pastas para organizar os arquivos que cada um cria.

Exibir o conteúdo de uma pasta

Para você ter uma ideia prática de como exibir o conteúdo de uma pasta (estas são utilizadas para organizar o disco rígido, como se
fossem gavetas de um armário), vamos, por exemplo, visualizar o conteúdo de pasta Windows. Siga os seguintes passos:

1. Dê um clique sobre a pasta correspondente ao disco rígido (C:)

2. será aberta uma janela com título correspondente ao rótulo da unidade de disco rígido C:. Nesta janela aparecem as pastas corres-
pondentes às “gavetas” existentes no disco rígido C:, bem como os ícones referentes aos arquivos gravados no “raiz” (pasta principal) da
unidade C.

Didatismo e Conhecimento 4
noções de informática
Janela do Windows Explorer
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas
em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e mo-
ver arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O pai-
nel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desk-
top (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe o
conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira
idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la
também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas) Para
abrir o Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção To-
dos os Programas / acessórios e clique sobre Windows Explorer ou
clique sob o botão iniciar com o botão direito do mouse e selecione
a opção Explorar.
Preste atenção na Figura da página anterior que o painel da
3. Dê um clique sobre a pasta Windows. Ela será aberta como esquerda na figura acima, todas as pastas com um sinal de + (mais)
uma janela cujo título é Windows, mostrando todas as pastas (“ga- indicam que contêm outras pastas. As pastas que contêm um sinal
vetas”) e ícones de arquivos existentes na pasta Windows. de - (menos) indicam que já foram expandidas (ou já estamos vi-
Criando pastas sualizando as subpastas).
Como já mencionado anteriormente, as pastas servem para
organizar o disco rígido. Para conseguirmos esta organização, é
necessário criarmos mais pastas e até mesmo subpastas destas.

Para criar uma pasta siga estes passos:


1. Abra a pasta ou unidade de disco que deverá conter a nova
pasta que será criada. Quando você aprendeu a usar o Meu Computador, você viu
2. clique no menu Arquivo / Novo / Pasta. que, apesar da janela não aparecer dividida, você pode dividi-la
3. Aparecerá na tela uma Nova Pasta selecionada para que clicando no ícone que fica na barra de ferramentas.
você digite um nome. Outra formatação que serve tanto para o Meu Computador,
4. Digite o nome e tecle ENTER quanto para o Windows Explorer é que você pode escolher se
5. Pronto! A Pasta está criada. deseja ou não exibir, do lado esquerdo da janela, um painel que
mostra as tarefas mais comuns para as pastas e links que mostram
outras partes do computador. Clicando no menu Ferramentas e de-
pois clicando em Opções de pasta, a janela seguinte é apresentada:

Windows Explorer
O Windows Explorer tem a mesma função do Meu Compu-
tador: Organizar o disco e possibilitar trabalhar com os arquivos
fazendo, por exemplo, cópia, exclusão e mudança no local dos ar-
quivos. Enquanto o Meu Computador traz como padrão a janela
sem divisão, você observará que o Windows Explorer traz a janela
dividida em duas partes. Mas tanto no primeiro como no segundo,
esta configuração pode ser mudada.

Podemos criar pastas para organizar o disco de uma empresa


ou casa, copiar arquivos para disquete, apagar arquivos indesejá-
veis e muito mais.

Didatismo e Conhecimento 5
noções de informática
Lixeira do Windows
A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se encontra
na Área de trabalho, como já mencionado, mas pode ser acessada
através do Windows Explorer. Se você estiver trabalhando com
janelas maximizadas, não conseguirá ver a lixeira. Use o botão di-
reito do mouse para clicar em uma área vazia da Barra de Tarefas.
Em seguida, clique em Minimizar todas as Janelas. Para verificar o
conteúdo da lixeira, dê um clique sobre o ícone e surgirá a seguinte
figura:

WordPad
O Windows traz junto dele um programa para edição de tex-
tos. O WordPad. Com o WordPad é possível digitar textos, deixan-
do-os com uma boa aparência.
Como mencionado no parágrafo anterior, o WordPad é um
editor de textos que nos auxiliará na criação de vários tipos de
documentos. Mas poderíamos dizer que o Wordpad é uma versão
muito simplificada do Word.
Os usuários do Word vão se sentir familiarizados, pois ele
possui menus e barras de ferramentas similares. Porém o Word
tem um número muito maior de recursos. A vantagem do WordPad
é que ele já vem com o Windows. Então, se você não tem em seu
computador o Microsoft Word, poderá usar o WordPad na criação
de seus textos.
Para Abrir o WordPad, localize o item Acessórios no Menu
Vamos apagar um arquivo para poder comprovar que o mes- Iniciar.
mo será colocado na lixeira. Para isso, vamos criar um arquivo de Paint
texto vazio com o bloco de notas e salvá-lo em Meus documentos, O Paint é um acessório do Windows que permite o tratamento
após isto, abra a pasta, e selecione o arquivo recém-criado, e então de imagens e a criação de vários tipos de desenhos para nossos
pressione a tecla DELETE. Surgirá uma caixa de dialogo como a trabalhos.
figura a seguir: Através deste acessório, podemos criar logomarcas, papel de
parede, copiar imagens, capturar telas do Windows e usa-las em
documentos de textos.
Uma grande vantagem do Paint, é que para as pessoas que
estão iniciando no Windows, podem aperfeiçoar-se nas funções
básicas de outros programas, tais como: Abrir, salvar, novo, desfa-
zer. Além de desenvolver a coordenação motora no uso do mouse.
Calculadora
A calculadora do Windows contém muito mais recursos do
que uma calculadora comum, pois além de efetuar as operações
básicas, pode ainda trabalhar como uma calculadora científica.
Para abri-la, vá até acessórios.
A Calculadora padrão contém as funções básicas, enquanto
Clique em SIM e então o arquivo será enviado para Lixeira. a calculadora cientifica é indicada para cálculos mais avançados.
Para alternar entre elas clique no menu Exibir
Esvaziando a Lixeira
Ao Esvaziar a Lixeira, você está excluindo definitivamen- Ferramentas do sistema
te os arquivos do seu Disco Rígido. Estes não poderão mais ser O Windows XP traz consigo uma serie de programas que nos
mais recuperados pelo Windows. Então, esvazie a Lixeira somente ajudam a manter o sistema em bom funcionamento. Esses progra-
quando tiver certeza de que não precisa mais dos arquivos ali en- mas são chamados de Ferramentas do Sistema. Podemos acessa
contrados. -los através do Menu Acessórios, ou abrindo Meu Computador e
1. Abra a Lixeira clicando com o botão direito do mouse sobre a unidade de disco
2. No menu ARQUIVO, clique em Esvaziar Lixeira. a ser verificada, no menu de contexto, selecione a opção proprie-
Você pode também esvaziar a Lixeira sem precisar abri-la, dades:
para tanto, basta clicar com o botão DIREITO do mouse sobre o
ícone da Lixeira e selecionar no menu de contexto Esvaziar Li-
xeira.

Didatismo e Conhecimento 6
noções de informática
Você pode usar a restauração do sistema para desfazer altera-
ções feitas no computador e restaurar configurações e o desempe-
nho. A restauração do sistema retorna o computador a uma etapa
anterior (ponto de restauração) sem que você perca trabalhos re-
centes, como documentos salvos, e-mail ou listas de histórico e de
favoritos da internet.
As alterações feitas pela restauração do sistema são totalmen-
te reversíveis. O Computador cria automaticamente pontos de res-
tauração, mas você também pode usar a restauração do sistema
para criar seus próprios pontos de restauração. Isso é útil se você
estiver prestes a fazer uma alteração importante no sistema, como
a instalação de um novo programa ou alterações no registro.

OS SEGUINTES ATALHOS PODEM SER USADOS


COM O WINDOWS

Teclas Gerais do Windows

Para

•Consultar a Ajuda sobre o item selecionado na caixa de diá-


Na janela de Propriedades do Disco, clique na guia Ferramentas: logo
Nesta janela, temos as seguintes opções: Pressione......F1
•Fechar um programa.
Pressione......ALT+F4
•Exibir o menu de atalhos para o item selecionado
Pressione......ESHIFT+F10
•Exibir o menu Iniciar
Pressione......CTRL+ESC
•Alternar para a janela anterior. Ou alternar para a próxima
janela mantendo pressionada a tecla ALT enquanto pressiona TAB
repetidamente
Pressione......ALT+TAB
•Recortar.
Pressione......CTRL+X
•Copiar
Pressione......CTRL+C
•Colar
Pressione......CTRL+V
•Excluir
Pressione......DEL
•Desfazer
Pressione......CTRL+Z
•Ignorar a auto - execução ao inserir um CD
Pressione......SHIFT enquanto insere o CD-ROM
Verificação de erros: Ferramenta que procura no disco erros,
defeitos ou arquivos danificados. Para a área de trabalho, Meu Computador e Windows Ex-
Desfragmentação: Quando o Windows grava um arquivo no plorer
Disco, ele o grava em partes separadas, quando precisar abrir esse
mesmo arquivo, o próprio Windows levará mais tempo, pois preci- Quando um item está selecionado, você pode usar as seguintes
sa procurar por todo o disco. Usando esta ferramenta, ele ajusta o teclas de atalho.
disco e torna o computador até 20% mais rápido.
Backup: Ferramenta que cria uma cópia dos seus arquivos ou Para
de todo o sistema, para o case de algum problema, nada seja per- •Renomear um item.
dido. Pressione......F2
Restauração do sistema: Além da ferramenta Backup, o Win- •Localizar uma pasta ou arquivo
dows XP apresenta uma ferramenta mais avançada e simples de Pressione......F3
protegem o sistema contra erros e falhas, esta ferramenta encontra- •Excluir imediatamente sem colocar o item na Lixeira
se em Acessórios / ferramentas do sistema. Pressione......SHIFT+DEL

Didatismo e Conhecimento 7
noções de informática
•Exibir as propriedades do item Teclas de Atalho para Opções de Acessibilidade
Pressione......ALT+ENTER OU ALT+clique duplo
•Copiar um arquivo Para usar teclas de atalho para Opções Acessibilidade, as
Pressione......CTRL enquanto arrasta o arquivo teclas de atalho devem estar ativadas. Para maiores informações
•Criar atalho consulte “Acessibilidade, teclas de atalho” no Índice da Ajuda.
Pressione......CTRL+SHIFT enquanto arrasta um arquivo
Meu Computador Para
Para •Ativar e desativar as Teclas de Aderência
•Selecionar tudo Pressione......SHIFT 5 vezes
Pressione......CTRL+A •Ativar e desativar as Teclas de Filtragem
•Atualizar uma janela. Pressione......SHIFT DIREITA Durante 8 segundos
Pressione......F5 •Ativar e desativar as Teclas de Alternação
•Exibir a pasta um nível Pressione......NUMLOCK Durante 5 segundos
Pressione......BACKSPACE •Ativar e desativar as Teclas do Mouse
•Fechar a pasta selecionada e todas as pastas pai Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA
+NUMLOCK
Pressione......SHIFT enquanto clica no botão “Fechar”
•Ativar e desativar o Alto Contraste
Somente para o Windows Explorer
Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA +
•Ir Para
PRINTSCREEN
Pressione......CTRL+G
•Alternar entre os painéis esquerdo e direito Propriedades
Pressione......F6 Se clicarmos o botão direito do mouse sobre qualquer parte da
•Expandir todas as subpastas sob a pasta selecionada Área de Trabalho (ou pelo Painel de Controle/Aparência e temas/
Pressione......NUMLOCK+ ASTERISCO (* no teclado nu- Vídeo), aparecerá uma janela e, com ela, poderemos personalizar
mérico) a área de trabalho.
•Expandir a pasta selecionada
Pressione......NUMLOCK+SINAL DE ADIÇÃO (+ no tecla-
do numérico)
•Ocultar a pasta selecionada.
Pressione......NUMLOCK+SINAL DE SUBTRAÇÃO no te-
clado numérico)
•Expandir a seleção atual se estiver oculta; caso contrário, se-
lecionar a primeira subpasta
Pressione......SETA À DIREITA
•Expandir a seleção atual se estiver expandida; caso contrário,
selecionar a pasta pai
Pressione......SETA À ESQUERDA

Para caixas de diálogo de propriedades Opção Propriedade:


Quando você escolhe a opção PROPRIEDADES, você pode
Para alterar o visual da área de trabalho mudando as cores, os tipos de
•Mover-se entre as opções, para frente letras e outras coisas. A tela abaixo irá aparecer:
Pressione......TAB
•Mover-se entre as opções, para trás
Pressione......SHIFT+TAB
•Mover-se entre as guias, para frente
Pressione......CTRL+TAB
•Mover-se entre as guias, para trás
Pressione......CTRL+SHIFT+TAB
Para caixas de diálogo Abrir e Salvar Como
Para
•Abrir a lista “Salvar em” ou “Procurar em”
Pressione......F4
•Atualizar
Pressione......F5
•Abrir a pasta um nível acima, se houver uma pasta selecio-
nada
Pressione......BACKSPACE

Didatismo e Conhecimento 8
noções de informática
Plano de Fundo: Armazenamento da Informação
É onde você pode mudar o Papel de Parede, aquela imagem
que enfeita a nossa área de trabalho. Como já foi dito, as informações entram no seu computador
através do teclado e do mouse. Mas há outras maneiras delas se-
rem inseridas. Uma delas é através da digitalização de imagens via
scanner, ou mesmo pelo microfone do kit multimídia, quando da
gravação de uma voz. Existem inúmeros outros veículos de entrada
de dados possíveis: câmera fotográfica digital, infravermelhos, etc.
Mas independentemente do dispositivo de entrada, a maneira
com a qual a informação é interpretada pelo seu computador é a
mesma, ou seja, cada letra, número, nota musical ou ponto luminoso
é convertido em impulsos eletrônicos.
A esses impulsos eletrônicos, damos o nome de Bits. O conjun-
to de 8 bits é denominado BYTE.
Assim, cada dígito do teclado, quando pressionado, injeta um
conjunto de oito impulsos eletrônicos dentro da CPU. Esses impul-
sos ou bits são representados por estados binários 0 (zero) e 1 (um).
Proteção de tela: O mesmo ocorre quando o scanner digitaliza uma fotografia.
Também pode ser chamada pelo termo em inglês “Screen Sa- Cada ponto luminoso da imagem é convertido em um byte, que re-
ver”. A proteção de tela é um tipo de animação que aparece na tela presenta uma unidade de cor entre milhões de outras.
do computador, quando você o deixa ligado, sem mexer nele por Os dados armazenados no HD, disquete e no CD-ROM, tam-
alguns minutos. Existem vários tipos de protetores de telas, alguns bém são representados por bytes. No caso do disquete e do HD, cada
já vêm com o Windows e outros são programas adicionais que bit é simbolizado por um impulso magnético, enquanto que no CD-
você instala no seu computador. -ROM, esses são caracterizados por pontos luminosos.
Quando o Protetor de tela estiver funcionando, e você quiser Qualquer que seja o processo de digitalização da informação
voltar a usar o computador, asta mexer no mouse ou apertar uma (teclado, mouse, scanner, etc.), os dados são imediatamente arma-
tecla, para que ele desapareça da tela. zenados na memória eletrônica do seu computador. Esta memória
eletrônica é tecnicamente conhecida como memória RAM - Rando-
mic Access Memory.
Como já sabemos, os dados lá contidos são armazenados tem-
porariamente, isto é, apenas quando você está trabalhando com o
computador. A maneira mais segura de trabalhar com os seus docu-
mentos no computador é, de instante em instante, salvá-lo em um
dispositivo de memória auxiliar, no caso: o HD (Hard Disk).
Ao salvar um documento pela primeira vez, o computador irá
solicitar que você digite um nome, para que ele possa arquivá-lo
com segurança dentro do seu HD. O HD, assim como todos os dis-
positivos de memória auxiliar, geralmente é composto de pastas (ou
diretórios). Essas pastas são como gavetas onde você irá arquivar
Aparência: seus documentos.
Modifica a aparência da tela, mudando as cores, fontes, tama-
nhos das janelas, dos ícones, área de trabalho, etc... Capacidade de Armazenamento

Cada documento gerado por você é composto de milhares, mi-


lhões ou até trilhões de bytes. Uma simples carta contendo três pági-
nas de papel A4 pode chegar a ocupar 100.000 bytes em seu compu-
tador. Com isto, você pode observar que, as unidades de medida na
área de informática são simplesmente astronômicas.
Unidade/ Medida

1 Kb (um kilobyte) = 1.024 bytes


1 Mb (um megabyte) = 1.024 Kb = 1.048.576 bytes
1 Gb (um gigabyte) = 1.024 Mb = 1.073.741.824 bytes
1 Tb (um terabyte) = 1.024 Gb = 1.099.511.627.776 bytes

Assim observe como se mede a capacidade de armazenamento


do seu computador e dos periféricos que você normalmente utiliza.

Dispositivo/Capacidade

Didatismo e Conhecimento 9
noções de informática
Disquete de 3 ½ polegadas = 1.44 Mb O CONCEITO DE CAMINHO
Disco rígido (winchester) = 500 Gb, 1Tb, 2 Tb ...
CD-ROM - 700 Mb A estrutura de pastas dentro de um computador é como uma
Memória RAM – 1Gb, 2 Gb, 4Gb... árvore, com pastas principais ramificando-se em pastas menores.
As pastas podem estar dentro de outras pastas para criar um
AS PASTAS nível mais profundo na organização de seu disco, como um armário
que pode ter gavetas e, dentro destas, divisórias para separar as pe-
O Windows usa pastas para agrupar aplicações, documentos ças de roupa. Portanto, as pastas ficam organizadas em uma forma
(arquivos) e, também, para unir recursos. Os ícones de pastas são hierárquica, como já foi mencionado. Em termos lógicos, cada item
usados para representar esses grupos e, portanto, serão comentados em um nível hierárquico inferior pertence ao item que o contém.
em diferentes áreas desse texto. Essa forma hierárquica mostra que para se chegar a um deter-
Criar, apagar, mover e copiar pastas serão tarefas que você fará minado item, deve-se percorrer um determinado caminho, que cor-
constantemente em Windows. responde à posição desse item dentro da estrutura de pastas.
Assim, para que você realmente saiba quem são essas pastas Por exemplo, a figura exibe a barra de título da janela “Explo-
relacionaram-se vários exemplos delas. rando” quando você consulta a pasta “Acessórios” que foi criada na
O primeiro exemplo é a pasta “Acessórios”, que contém todos instalação de Windows.
os ícones de aplicativos de acessórios que são instalados com Win-
dows, a saber:
• WordPad,
• Paint,
• Calculadora, Se a barra de título de “Windows Explorer” estiver mostrando
• Bloco de Notas, entre outros. apenas a pasta atualmente selecionada, clique no menu “Exibir”,
Nesse caso, a pasta agrupa aplicações. escolha o comando “Opções de pasta”, clique na guia “Modos de
Ao clicar no botão “Iniciar”, o menu “Iniciar” será apresentado. exibição” e, ative a opção “Exibir caminho completo na barra de
Nesse menu, você encontrará alguns submenus que, na realidade, títulos”.
representam pastas. Se você apontar com o mouse para o submenu A \ (barra invertida) é usada para separar as subpastas e compor
“Programas”, será apresentada uma lista de pastas que podem conter o caminho.
outras pastas ou conter ícones de aplicações. Apontar para o subme- Veja a seguir um exemplo de caminho:
nu “Acessórios” exibirá todos os ícones de aplicação que estão nessa C:\EXCEL\EXCEL1\JANEIRO\LANÇAMENTO DE EN-
pasta, e outras pastas, a saber: TRADAS
Esse caminho mostra que o arquivo “LANÇAMENTO DE EN-
• Fax, TRADAS”, se encontra na pasta “JANEIRO” que hierarquicamente
está subordinada à pasta “EXCEL1” e este à pasta “EXCEL” na
• Ferramentas do Sistema, unidade de disco C.
Se você clicar duas vezes na unidade de disco C da janela “Win-
• Jogos, dows Explorer”, você verá as pastas de seu computador exibidas
através de ramificações, onde uma pasta principal ramifica-se em
• Entretenimento. outras pastas menores.

Apontar para o submenu “Entretenimento” exibirá os ícones de


aplicações desse grupo.

E as pastas em Windows continuam. Se você der um duplo-


-clique no ícone “Meu Computador”, você abrirá uma janela com
pelo menos mais duas pastas que são respectivamente “Painel de
Controle” e “Impressoras”. A pasta “Painel de Controle” possui os
ícones referentes a todos os programas necessários para configura-
ção do ambiente, do hardware e da rede, caso você esteja usando
uma. A pasta “Impressoras” possui a lista de drivers de impressoras
instalados em seu computador. Mas, ainda na janela “Meu Compu-
tador”, você encontrará outras pastas. Se você der um duplo-clique
no ícone que representa o drive C (disco rígido) você verá uma lista
muito maior de pastas que dependerá inteiramente da forma como
os documentos foram organizados no disco.

Como você pode perceber, a sua área de trabalho será organiza-


da através das pastas que você criar, e essas pastas poderão ter tanto
os seus documentos como as suas ferramentas de trabalho (aplica-
tivos).

Didatismo e Conhecimento 10
noções de informática
Muitas vezes, você precisará dizer para o Windows onde um
arquivo está localizado, e para fazer isso necessitará saber o cami-
nho do arquivo. Por exemplo, veja a pasta “Microsoft Shared”. Para
que Windows encontre um arquivo armazenado lá, ele começa pela
unidade de disco (C:), percorre a pasta “Arquivos de Programas”,
percorre a pasta “Arquivos Comuns”, e só depois, pesquisa a pasta
“Microsoft Shared”. O (C:) significa a unidade de disco, e todas as
outras pastas estão dentro da grande pasta C:, portanto, elas são lis-
tadas após a pasta C:.

OPERAÇÕES SOBRE ARQUIVOS OPERAÇÕES SOBRE ARQUIVOS COM USO DO MOUSE

Através de “Windows Explorer” e de “Meu Computador” Cópia ou movimentação de pastas ou arquivos podem ser feitas
é possível a realização de diversas operações sobre arquivos, tais de um local de origem para outro de destino no “Windows Explo-
como cópia, exclusão, renomeação, movimentação, etc. As tarefas rer” ou em “Meu Computador” usando o mouse com operações de
descritas a seguir poderão ser efetuadas tanto em “Windows Explo- arraste.
rer” como em “Meu Computador”.
Sequência de Passos para Cópia e Movimentação
Seleção de Arquivos
Para efetuar as tarefas de cópia ou movimentação, procure ob-
A maior parte das operações sobre arquivos podem ser realiza- servar a sequência de passos a seguir:
das com apenas um arquivo ou com grupos de arquivos e/ou pastas. • Selecione a(s) pasta(s) ou arquivo(s) a ser (em) copiado(s)
Para trabalhar com grupos de arquivos ou pastas é preciso efetuar ou movimentado(s).
antes a seleção deles com o mouse. Existem duas formas de seleção, • Decida se deseja realizar uma cópia ou movimentação.
• Efetue o arraste da(s) pasta(s) ou arquivo(s) selecionado(s)
uma contínua e outra alternada.
com o mouse da origem para o destino, e mantenha pressionado o
Uma vez efetuada a seleção, operações podem ser feitas sobre
botão do mouse. Observe atentamente se o desenho que acompanha
esses arquivos ou pastas, tais como cópia, movimentação ou exclu-
a pasta ou o ícone da pasta tem um sinal + (mais). Se ele tiver esse si-
são.
nal, a operação será de cópia, caso contrário será de movimentação.
• Solte o mouse caso a operação é a que deseja. Caso con-
- Fazendo uma seleção contínua:
trário, verifique entre as teclas CTRL ou SHIFT aquela que define a
operação desejada.
• Selecione o primeiro arquivo, clicando nele. • Observe atentamente se o desenho da pasta ou ícones dos
• Mantenha pressionada a tecla SHIFT. arquivos que estão sendo arrastados permaneceram ou não na ori-
• Clique no último arquivo da seleção. gem. Se permanecerem, a operação efetuada terá sido de cópia, caso
contrário terá sido de movimentação.

- Fazendo uma seleção descontínua: COPIA OU MOVIMENTAÇÃO DE PASTAS


• Selecione um arquivo.
• Mantenha pressionada a tecla CTRL. •Estruturando hierarquicamente no mesmo disco:
• Dê cliques em arquivos alternados dentro da janela de 1. Abra a janela de “Windows Explorer” ou de “Meu Com-
conteúdo da pasta. putador”.
2. Selecione a pasta de diretório que deseja copiar ou movi-
mentar.
3. Efetue um arraste dessa pasta sobre a pasta de destino.
4. Solte o botão do mouse caso seja uma movimentação, ou
segure CTRL antes de soltar o botão do mouse caso seja uma cópia.

Didatismo e Conhecimento 11
noções de informática
•Copiando ou movimentando uma pasta em outra unidade de Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimentação, utilize
disco: a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse.
1. Abra em tela as duas janelas de “Meu Computador” ou
“Windows Explorer”, a de origem e a de destino. Novamente, o ponto mais importante a observar aqui se resume
2. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada. no seguinte: “A pasta será copiada ou movimentada para a unidade
3. Efetue o arraste da pasta da janela da pasta de origem so- de disco de destino como uma pasta nessa unidade de disco”.
bre a pasta da janela de destino.
4. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimentação, Obs.: para copiar uma pasta de um local a outro, tanto na mes-
utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse. ma unidade de disco quanto em outra, podemos utilizar o seguinte
5. Perceba, que se a pasta não desaparecer da antiga estrutura procedimento:
hierárquica, isto indicará que essa operação será uma cópia. Se a
tecla SHIFT for pressionada, a pasta irá desaparecer, e nesse caso a Clique com o botão direito sobre a pasta, no menu que surge
operação será uma movimentação.
escolher a opção “copiar” e no local desejado, repetir o processo,
selecionando desta vez a opção “colar”.
•Copiando ou movimentando para uma unidade de disco dire-
tamente:
1. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada. RENOMEAÇÃO DE ARQUIVOS
2. Efetue o arraste da pasta da janela de origem para sobre
o ícone da unidade de disco para a qual deseja que a operação seja • O comando “Renomear” permite modificar o nome de um
efetuada. arquivo, sem alterar o seu conteúdo.
3. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimentação, • Renomeando um arquivo:
utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse. • Clique com o botão direito do mouse sobre o nome do
O ponto mais importante a observar aqui se resume no seguinte: arquivo que deseja renomear.
“A pasta será copiada ou movimentada para a unidade de disco de • No menu de atalho, selecione “Renomear”. O nome do
destino como uma pasta nessa unidade de disco”. arquivo é selecionado permitindo que você altere-o.
• Digite o novo nome e, em seguida, clique em um lugar
•Cópia ou Movimentação de Arquivos qualquer.
A cópia ou movimentação de arquivos é, em linhas gerais, se-
melhante ao que descrevemos em relação às pastas. Só que no caso EXCLUSÃO DE ARQUIVOS
da cópia ou movimentação de uma pasta, todo o seu conteúdo irá
com ela. Excluindo um arquivo:
• Selecione o nome do arquivo que deseja excluir.
•Estruturando hierarquicamente no mesmo disco: • Pressione a tecla DEL.
1. Abra a janela de “Windows Explorer” ou de “Meu Com-
putador”.
2. Selecione a pasta de diretório que deseja copiar ou movi-
mentar.
3. Efetue um arraste dessa pasta sobre a pasta de destino.
4. Solte o botão do mouse caso seja uma movimentação, ou
segure CTRL antes de soltar o botão do mouse caso seja uma cópia.

•Copiando ou movimentando para uma pasta em outra unidade


de disco:
Se a configuração da “Lixeira” estiver selecionada para armaze-
1. Abra em tela as duas janelas de “Meu Computador” ou
“Windows Explorer”, a de origem e a de destino. nar temporariamente os arquivos apagados, uma caixa de mensagem
2. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada. é exibida solicitando a confirmação da exclusão do arquivo envian-
3. Efetue o arraste da pasta da janela da pasta de origem so- do-o para a “Lixeira”, caso contrário, o arquivo é automaticamente
bre a pasta da janela de destino. eliminado do disco.
4. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimentação,
utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse. Se a configuração da “Lixeira” estiver selecionada para armaze-
O procedimento para efetuar a cópia de pastas de uma janela de nar temporariamente os arquivos apagados, uma caixa de mensagem
pastas para outra janela em forma de ícone, é o mesmo que acaba- é exibida solicitando a confirmação da exclusão do arquivo envian-
mos de utilizar. do-o para a “Lixeira”, caso contrário, o arquivo é automaticamente
eliminado do disco.
•Copiando ou movimentando para uma unidade de disco dire-
tamente:

1. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada.


2. Efetue o arraste da pasta da janela de origem para sobre
o ícone da unidade de disco para a qual deseja que a operação seja
efetuada.

Didatismo e Conhecimento 12
noções de informática
Topologia
5. AMBIENTE INTRANET E INTERNET.
• Estrela: Um computador central controla a rede;
5.1. CONCEITO BÁSICO DE INTERNET
• Anel: Computadores conectados em forma circular;
E INTRANET E UTILIZAÇÃO DE • Barramento: Conecta todos os nós em um linha e pode preser-
TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS E var a rede se um computador falhar.
APLICATIVOS ASSOCIADOS À INTERNET.
6. PRINCIPAIS NAVEGADORES. 7. Meios de Conexão
FERRAMENTAS DE BUSCA E PESQUISA
As estruturas formadas pelos meios de conexão entregam ao
usuário o serviço de comunicação que ele necessita. Esta estrutura
pode ser formada por:
REDES DE COMPUTADORES
• Cabo Coaxial: Utiliza cabos rígidos de cobre e na atualidade
As redes de computadores são interconexões de sistemas de co- é utilizada em parceria com a fibra óptica para distribuição de TV
municação de dados que podem compartilhar recursos de hardware a cabo;
e de software, assim, rede é um mecanismo através do qual compu- • Onda de Rádio: Também conhecida por Wireless, substitui o
tadores podem se comunicar e/ou compartilhar hardware e software; uso dos pares metálicos e das fibras, utilizando o ar como meio de
A tecnologia hoje disponível permite que usuários se liguem a propagação dos dados;
um computador central, a qualquer distância, através de sistemas de • Fibra Óptica: Baseada na introdução do uso da fibra óptica,
comunicação de dados. substituindo o par metálico;
Um sistema de comunicação de dados consiste em estações, • Par Metálico: Constituída pela rede de telefonia, porém trafe-
canais, equipamentos de comunicação e programas específicos que gando dados, voz e imagem;
unem os vários elementos do sistema, basicamente estações, a um • Satélite: O equipamento funciona como receptor, repetidor e
computador central. Estação é qualquer tipo de dispositivo capaz regenerador do sinal que se encontra no espaço, de modo que re-
de se comunicar com outro, através de um meio de transmissão, in- envia à terra um sinal enviado de um ponto a outro que faz uso do
cluindo computadores, terminais, dispositivos periféricos, telefones, satélite para conexão;
transmissores e receptores de imagem, entre outros. • Rede Elétrica: Faz uso dos cabos de cobre da rede de energia
para a transmissão de voz, dados e imagens.
Os elementos básicos de uma rede são:
Dispositivos
• Host: Equipamento conectado na rede;
• Nó ou Processamento: Ponto de conexão e comunicação de • Modem
hosts;
• Transporte ou Transmissão: Faz interligação dos nós através
da transmissão em longas distâncias;
• Acesso: Elemento que faz a interligação do usuário ao nó;

Tipos de Rede

Quanto ao alcance:
• Rede Local (LAN – Local Area Network);
Rede de abrangência local e que geralmente não ultrapassa o
prédio aonde a mesma se encontra, ou seja, rede formada por um Converte um sinal analógico em digital e vice-versa;
grupo de computadores conectados entre si dentro de certa área;
• Rede Metropolitana (MAN – Metropolitan Area Network); • Hub
Rede de abrangência maior e que geralmente não ultrapassa a
área de uma cidade;
• Rede de Longa Distância (WAN – Wide Area Network);

Rede de longa distância e que em sua maioria não ultrapassa a


área do país;
• Rede Global (GAN – Global Area Network) Denominadas
de redes globais pois abrangem máquinas em conexão em qualquer
área do globo.
Quanto à conexão:
• Internet: Rede internacional de computadores. Equipamento de rede indicado para conexão de poucos termi-
• Intranet: Rede interna de uma empresa. nais;
• Extranet: Conexão de redes, que utilizam como meio a internet.

Didatismo e Conhecimento 13
noções de informática
• Switch INTERNET

“Imagine que fosse descoberto um continente tão vasto que


suas dimensões não tivessem fim. Imagine um mundo novo, com
tantos recursos que a ganância do futuro não seria capaz de esgotar;
com tantas oportunidades que os empreendedores seriam poucos para
aproveitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se expandiria
com o desenvolvimento.”

John P. Barlow
Equipamento de rede que divide uma rede de computadores de
modo a não torná-la lenta; Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear ficassem
sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentágono.
• Bridge
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da década de
60, ficou em poder exclusivo do governo conectando bases milita-
res, em quatro localidades.

Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições norte-
-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar a tecnologia,
logo vinte e três computadores foram conectados, porém o padrão
Dispositivo de rede que liga uma ou mais redes que se encon- de conversação entre as máquinas se tornou impróprio pela quanti-
tram com certa distância; dade de equipamentos.

• Roteador Era necessário criar um modelo padrão e universal para que


as máquinas continuassem trocando dados, surgiu então o Protoco-
lo Padrão TCP/IP, que permitiria portanto que mais outras máquinas
fossem inseridas àquela rede.

Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrônico, o


E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as máquinas que
Equipamento que permite a comunicação entre computadores e compunham aquela rede de pesquisa, assim no ano seguinte a rede
redes que se encontram distantes; se torna internacional.

Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do Brasil co-


ANOTAÇÕES nectou sua grande rede à ARPANET, gerando aquilo que conhece-
mos hoje como internet, auxiliando portanto o processo de pesquisa
em tecnologia e outras áreas a nível mundial, além de alimentar as
forças armadas brasileiras de informação de todos os tipos, até que
em 1990 caísse no domínio público.
—————————————————————————
Com esta popularidade e o surgimento de softwares de nave-
————————————————————————— gação de interface amigável, no fim da década de 90, pessoas que
não tinham conhecimentos profundos de informática começaram a
————————————————————————— utilizar a rede internacional.
—————————————————————————
Acesso à Internet
—————————————————————————
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço de
————————————————————————— Internet, oferece principalmente serviço de acesso à Internet, adi-
————————————————————————— cionando serviços como e-mail, hospedagem de sites ou blogs, ou
seja, são instituições que se conectam à Internet com o objetivo
————————————————————————— de fornecer serviços à ela relacionados, e em função do serviço
classificam-se em:
—————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————

Didatismo e Conhecimento 14
noções de informática
• Provedores de Backbone: São instituições que constroem e É muito comum os usuários confundirem um Blog ou Perfil
administram backbones de longo alcance, ou seja, estrutura física no Orkut com uma Home Page, porém são coisas distintas, aonde
de conexão, com o objetivo de fornecer acesso à Internet para redes um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é um Profile, ou seja um
locais; hipertexto que possui informações de um usuário dentro de uma co-
• Provedores de Acesso: São instituições que se conectam à In- munidade virtual.
ternet via um ou mais acessos dedicados e disponibilizam acesso à
terceiros a partir de suas instalações; HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de Marca-
• Provedores de Informação: São instituições que disponibili- ção de Hipertexto
zam informação através da Internet.
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.
Endereço Eletrônico ou URL Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML devem ter
Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se conhecer aparência semelhante nas diversas plataformas de trabalho);
o seu endereço. • Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “customizar”
Este endereço, que é único, também é considerado sua URL diversos elementos do documento, como o tamanho padrão da letra,
(Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recursos Univer- as cores, etc);
sal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim: www.xxxx.com.br • Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter um tama-
Onde: nho reduzido, a fim de economizar tempo na transmissão através
www = protocolo da World Wide Web da Internet, evitando longos períodos de espera e congestiona-
xxx = domínio mento na rede).
com = comercial
br = brasil Browser ou Navegador

WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial É o programa específico para visualizar as páginas da web.
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em HTML,
É um serviço disponível na Internet que possui um conjunto de apresentando as páginas formatadas para os usuários.
documentos espalhados por toda rede e disponibilizados a qualquer
um. ARQUITETURAS DE REDES
Estes documentos são escritos em hipertexto, que utiliza uma
linguagem especial, chamada HTML. As modernas redes de computadores são projetadas de forma
altamente estruturada. Nas seções seguintes examinaremos com al-
Domínio gum detalhe a técnica de estruturação.

Designa o dono do endereço eletrônico em questão, e onde HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS


os hipertextos deste empreendimento estão localizados. Quanto ao
tipo do domínio, existem: Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das redes é
.com = Instituição comercial ou provedor de serviço organizada em camadas ou níveis, cada uma construída sobre sua
.edu = Instituição acadêmica predecessora. O número de camadas, o nome, o conteúdo e a função
.gov = Instituição governamental de cada camada diferem de uma rede para outra. No entanto, em
.mil = Instituição militar norte-americana todas as redes, o propósito de cada camada é oferecer certos serviços
.net = Provedor de serviços em redes às camadas superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de
.org = Organização sem fins lucrativos como os serviços oferecidos são de fato implementados.
A camada n em uma máquina estabelece uma conversão com a
HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de Trasfe- camada n em outra máquina. As regras e convenções utilizadas nes-
rência em Hipertexto ta conversação são chamadas coletivamente de protocolo da cama-
É um protocolo ou língua específica da internet, responsável da n, conforme ilustrado na Figura abaixo para uma rede com sete
pela comunicação entre computadores. camadas. As entidades que compõem as camadas correspondentes
Um hipertexto é um texto em formato digital, e pode levar em máquinas diferentes são chamadas de processos parceiros. Em
a outros, fazendo o uso de elementos especiais (palavras, frases, outras palavras, são os processos parceiros que se comunicam utili-
ícones, gráficos) ou ainda um Mapa Sensitivo o qual leva a outros zando o protocolo.
conjuntos de informação na forma de blocos de textos, imagens ou
sons. Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente da camada
Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o mouse, n em uma máquina para a camada n em outra máquina. Em vez dis-
remete o usuário à outra parte do documento ou outro documento. so, cada camada passa dados e informações de controle para a cama-
da imediatamente abaixo, até que o nível mais baixo seja alcançado.
Home Page Abaixo do nível 1 está o meio físico de comunicação, através do
qual a comunicação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtu-
Sendo assim, home page designa a página inicial, principal do al é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação física
site ou web page. através de linhas sólidas.

Didatismo e Conhecimento 15
noções de informática
O endereço IP é uma sequência de números composta de 32
bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro sequências de 8
bits. Cada uma destas é separada por um ponto e recebe o nome de
octeto ou simplesmente byte, já que um byte é formado por 8 bits.
O número 172.31.110.10 é um exemplo. Repare que cada octeto é
formado por números que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso.

A divisão de um IP em quatro partes facilita a organização da


rede, da mesma forma que a divisão do seu endereço em cidade,
bairro, CEP, número, etc, torna possível a organização das casas
da região onde você mora. Neste sentido, os dois primeiros octe-
Entre cada par de camadas adjacentes há uma interface. A inter- tos de um endereço IP podem ser utilizados para identificar a rede,
face define quais operações primitivas e serviços a camada inferior por exemplo. Em uma escola que tem, por exemplo, uma rede para
oferece à camada superior. Quando os projetistas decidem quantas alunos e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma
camadas incluir em uma rede e o que cada camada deve fazer, uma rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos octetos são
das considerações mais importantes é definir interfaces limpas entre usados na identificação de computadores.
as camadas. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe-
nhe um conjunto específico de funções bem compreendidas. Além
Classes de endereços IP
de minimizar a quantidade de informações que deve ser passada de
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser utili-
camada em camada, interfaces bem definidas também tornam fácil
zados tanto para identificar o seu computador dentro de uma rede,
a troca da implementação de uma camada por outra implementação
quanto para identificá-lo na internet.
completamente diferente (por exemplo, trocar todas as linhas tele-
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu computador
fônicas por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova
tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma máquina em outra rede
implementação é que ela ofereça à camada superior exatamente os
pode ter este mesmo número, afinal, ambas as redes são distintas e
mesmos serviços que a implementação antiga oferecia.
O conjunto de camadas e protocolos é chamado de arquitetura não se comunicam, sequer sabem da existência da outra. Mas, como
de rede. A especificação de arquitetura deve conter informações su- a internet é uma rede global, cada dispositivo conectado nela precisa
ficientes para que um implementador possa escrever o programa ou ter um endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nes-
construir o hardware de cada camada de tal forma que obedeça cor- ta, cada dispositivo conectado deve receber um endereço único. Se
retamente ao protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementa- duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se então um pro-
ção nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura, pois blema chamado “conflito de IP”, que dificulta a comunicação destes
esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e não são visíveis dispositivos e pode inclusive atrapalhar toda a rede.
externamente. Não é nem mesmo necessário que as interfaces em Para que seja possível termos tanto IPs para uso em redes locais
todas as máquinas em uma rede sejam as mesmas, desde que cada quanto para utilização na internet, contamos com um esquema de
máquina possa usar corretamente todos os protocolos. distribuição estabelecido pelas entidades IANA (Internet Assigned
Numbers Authority) e ICANN (Internet Corporation for Assigned
O endereço IP Names and Numbers) que, basicamente, divide os endereços em três
Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... Ok, você classes principais e mais duas complementares. São elas:
não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um recado no Face- Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 redes,
book. Vamos então melhorar este exemplo: quando você quer enviar cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados;
um presente a alguém, você obtém o endereço da pessoa e contrata Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até 16.384
os Correios ou uma transportadora para entregar. É graças ao ende- redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
reço que é possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até 2.097.152
Também é graças ao seu endereço - único para cada residência ou redes, cada uma com até 254 dispositivos;
estabelecimento - que você recebe suas contas de água, aquele pro- Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
duto que você comprou em uma loja on-line, enfim. Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reservado.
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu computador As três primeiras classes são assim divididas para atender às
seja encontrado e possa fazer parte da rede mundial de computado- seguintes necessidades:
res, necessita ter um endereço único. O mesmo vale para websites: - Os endereços IP da classe A são usados em locais onde são
este fica em um servidor, que por sua vez precisa ter um endere- necessárias poucas redes, mas uma grande quantidade de máquinas
ço para ser localizado na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado como identificador da
Address), recurso que também é utilizado para redes locais, como a rede e os demais servem como identificador dos dispositivos conec-
existente na empresa que você trabalha, por exemplo. tados (PCs, impressoras, etc);

Didatismo e Conhecimento 16
noções de informática
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde a quan- Identificador Identificador do
tidade de redes é equivalente ou semelhante à quantidade de dispo- Classe Endereço IP Máscara de sub-rede
da rede computador
sitivos. Para isso, usam-se os dois primeiros bytes do endereço IP A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
para identificar a rede e os restantes para identificar os dispositivos;
B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que reque-
C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
rem grande quantidade de redes, mas com poucos dispositivos em
cada uma. Assim, os três primeiros bytes são usados para identificar
Você percebe então que podemos ter redes com máscara
a rede e o último é utilizado para identificar as máquinas.
255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando uma
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos especiais:
classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde
a primeira é usada para a propagação de pacotes especiais para a
há desperdício. Por exemplo, suponha que uma faculdade tenha que
comunicação entre os computadores, enquanto que a segunda está
criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada curso possui
reservada para aplicações futuras ou experimentais.
20 computadores. A solução seria então criar cinco redes classe C?
Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados para
Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desper-
fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa com 127,
dício. Uma forma de contornar este problema é criar uma rede classe
geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexistente, utilizada para
C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as máscaras novamente
testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este sempre se refere à pró-
entram em ação.
pria máquina, ou seja, ao próprio host, razão esta que o leva a ser
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, na
chamado de localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utilizado
verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em binário é
para propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de ma-
11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a más-
neira simultânea.
cara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é:
11111111.11111111.11111111.00000000
Endereços IP privados
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por 24
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são pri-
bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos as nossas
vados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na internet,
sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou mais bits, con-
sendo reservados para aplicações locais. São, essencialmente, estes:
forme a necessidade e as possibilidades. Em outras palavras, preci-
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
samos trocar alguns zeros do último octeto por 1.
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octeto
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
(sempre trocamos da esquerda para a direita), resultando em:
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede com cer-
11111111.11111111.11111111.11100000
ca de 50 computadores. Você pode alocar para estas máquinas ende-
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “troca-
reços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por exemplo. Todas elas pre-
dos”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em nosso caso,
cisam de acesso à internet. O que fazer? Adicionar mais um IP para
temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito sub-
cada uma delas? Não. Na verdade, basta conectá-las a um servidor
-redes. Sobrou cinco bits para o endereçamento dos host. Fazemos
ou equipamento de rede - como um roteador - que receba a conexão
a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada
à internet e a compartilhe com todos os dispositivos conectados a
sub-rede (estamos fazendo estes cálculos sem considerar limitações
ele. Com isso, somente este equipamento precisará de um endereço
que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
IP para acesso à rede mundial de computadores.
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é
255.255.255.224.
Máscara de sub-rede
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empre-
As classes IP ajudam na organização deste tipo de endereça-
gado também em endereços classes A e B, conforme a necessi-
mento, mas podem também representar desperdício. Uma solução
dade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou
bastante interessante para isso atende pelo nome de máscara de sub-
255.255.255.255 como máscara.
-rede, recurso onde parte dos números que um octeto destinado a
identificar dispositivos conectados (hosts) é “trocado” para aumen-
IP estático e IP dinâmico
tar a capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos enxergar
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemente a
as classes A, B e C da seguinte forma:
um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto se tal ação for
- A: N.H.H.H;
executada manualmente. Como exemplo, há casos de assinaturas de
- B: N.N.H.H;
acesso à internet via ADSL onde o provedor atribui um IP estático
- C: N.N.N.H.
aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de más-
o mesmo IP.
caras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transformar” em
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a um
N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede permitem
computador quando este se conecta à rede, mas que muda toda vez
determinar quantos octetos e bits são destinados para a identificação
que há conexão. Por exemplo, suponha que você conectou seu com-
da rede e quantos são utilizados para identificar os dispositivos.
putador à internet hoje. Quando você conectá-lo amanhã, lhe será
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um
dado outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte situação:
octeto é usado para identificação da rede, este receberá a máscara de
uma empresa tem 80 computadores ligados em rede. Usando IPs
sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispositivos, seu
dinâmicos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais má-
valor na máscara de sub-rede será 0 (zero). A tabela a seguir mostra
quinas.
um exemplo desta relação:

Didatismo e Conhecimento 17
noções de informática
Como nenhum IP é fixo, um computador receberá, quando se Por isso, se você é ou pretende ser um profissional que trabalha
conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. com redes ou simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure
É mais ou menos assim que os provedores de internet trabalham. se aprofundar nas duas especificações.
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é o
protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol). A esta altura, você também deve estar querendo descobrir qual
o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma de mostrar isso.
IP nos sites Se você é usuário de Windows, por exemplo, pode fazê-lo digitando
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de um IP. cmd em um campo do Menu Iniciar e, na janela que surgir, infor-
Mas, se você digitar em seu navegador www.infowester.com, por mar ipconfig /all e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando
exemplo, como é que o seu computador sabe qual o IP deste site ao é ifconfig.
ponto de conseguir encontrá-lo?
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, um ser-
vidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Ele é quem in-
forma qual IP está associado a cada site. O sistema DNS possui uma
hierarquia interessante, semelhante a uma árvore (termo conhecido
por programadores). Se, por exemplo, o site www.infowester.com é
requisitado, o sistema envia a solicitação a um servidor responsável
por terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do en-
dereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado termina com
“.br”, um servidor responsável por esta terminação é consultado e
assim por diante.

IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um passado não Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a partir de
muito distante, você conectava apenas o PC da sua casa à internet, uma rede local - tal como uma rede wireless - visualizará o IP que
hoje o faz com o celular, com o seu notebook em um serviço de esta disponibiliza à sua conexão. Para saber o endereço IP do acesso
acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por diante. Somando este aspecto à internet em uso pela rede, você pode visitar sites como whatsmyip.
ao fato de cada vez mais pessoas acessarem a internet no mundo org.
inteiro, nos deparamos com um grande problema: o número de IPs Provedor
disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras) aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo, afinal, a O provedor é uma empresa prestadora de serviços que oferece
internet não pode parar de crescer!) atende pelo nome de IPv6, uma acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessário conectar-se
nova especificação capaz de suportar até - respire fundo - 340.28 com um computador que já esteja na Internet (no caso, o provedor)
2.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 de endereços, um e esse computador deve permitir que seus usuários também tenham
número absurdamente alto! acesso a Internet.

No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à Embratel,


que por sua vez, está conectada com outros computadores fora do
Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a conexão física que inter-
liga o provedor de acesso com a Embratel. Neste caso, a Embratel é
conhecida como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet
no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma avenida
de três pistas e os links como se fossem as ruas que estão interliga-
das nesta avenida.

Tanto o link como o backbone possui uma velocidade de trans-


missão, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. Esta
velocidade é dada em bps (bits por segundo). Deve ser feito um con-
O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumento da trato com o provedor de acesso, que fornecerá um nome de usuário,
quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser, por exemplo: uma senha de acesso e um endereço eletrônico na Internet.
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
Finalizando URL - Uniform Resource Locator
Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a especi-
ficação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa. Isso até deve Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identificação
acontecer, mas vai demorar bastante. Durante essa fase, que pode- de onde está localizado o computador e quais recursos este compu-
mos considerar de transição, o que veremos é a “convivência” entre tador oferece. Por exemplo, a URL:
ambos os padrões. Não por menos, praticamente todos os sistemas
operacionais atuais e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos http://www.novaconcursos.com.br
a lidar tanto com um quanto com o outro. Será mais bem explicado adiante.

Didatismo e Conhecimento 18
noções de informática
Como descobrir um endereço na Internet? Por exemplo, a página principal da Pronag:
http://www.pronag.com.br/index.html
Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar.
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algumas pes- PLUG-INS
quisas para um trabalho. Onde procurar as informações que preciso?
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de procura, Os plug-ins são programas que expandem a capacidade do Bro-
que são sites que possuem um enorme banco de dados (que contém wser em recursos específicos - permitindo, por exemplo, que você
o cadastro de milhares de Home Pages), que permitem a procura por toque arquivos de som ou veja filmes em vídeo dentro de uma Home
um determinado assunto. Caso a palavra ou o assunto que foi procu- Page. As empresas de software vêm desenvolvendo plug-ins a uma
rado exista em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação velocidade impressionante. Maiores informações e endereços sobre
de páginas encontradas. plug-ins são encontradas na página:
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, referente ao
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Software/In-
assunto desejado. Por exemplo, você quer pesquisar sobre amortece-
ternet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/
dores, caso não encontre nada como amortecedores, procure como
autopeças, e assim sucessivamente.
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo temos
uma relação de alguns deles:
Barra de endereços
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, etc.).
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar em pá-
ginas da internet, bastando para isto digitar o endereço da página. - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
Alguns sites interessantes:
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP, PCX,
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) etc.).
• www.cefetrs.tche.br (Cefet)
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor público) - Negócios e Utilitários
• www.siapenet.gog.br (contracheque)
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) - Apresentações
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação)
FTP - Transferência de Arquivos
Identificação de endereços de um site
Permite copiar arquivos de um computador da Internet para o
Exemplo: http://www.pelotas.com.br seu computador.
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de comuni- Os programas disponíveis na Internet podem ser:
cação • Freeware: Programa livre que pode ser distribuído e utili-
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial zado livremente, não requer nenhuma taxa para sua utilização, e não
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site é considerado “pirataria” a cópia deste programa.
.com -> tipo de organização • Shareware: Programa demonstração que pode ser utiliza-
......br -> identifica o país do por um determinado prazo ou que contém alguns limites, para ser
utilizado apenas como um teste do programa. Se o usuário gostar ele
Tipos de Organizações: compra, caso contrário, não usa mais o programa. Na maioria das
vezes, esses programas exibem, de tempos em tempos, uma mensa-
gem avisando que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.edu
têm tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de teste,
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.com
é necessário que seja feito a compra deste programa.
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
.mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil Navegar nas páginas
.net -> computadores com funções de administrar redes. Exem-
plo: embratel.net Consiste percorrer as páginas na internet a partir de um docu-
.org -> organizações não governamentais. Exemplo: care.org mento normal e de links das próprias páginas.
Home Page
Como salvar documentos, arquivos e sites
Pela definição técnica temos que uma Home Page é um arqui-
vo ASCII (no formato HTML) acessado de computadores rodando Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
um Navegador (Browser), que permite o acesso às informações em
um ambiente gráfico e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a Como copiar e colar para um editor de textos
busca de informações dentro das Home Pages. O endereço de Home
Pages tem o seguinte formato: Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com o botão
http://www.endereço.com/página.html direito do mouse e escolha a opção Copiar.

Didatismo e Conhecimento 19
noções de informática

Abra o editor de texto clique em colar

Navegadores

O navegador de WWW é a ferramenta mais importante para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar museus, ler revistas
eletrônicas, fazer compras e até participar de novelas interativas. As informações na Web são organizadas na forma de páginas de hipertexto,
cada um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo chamado
Endereço no navegador. O software estabelece a conexão e traz, para a tela, a página correspondente.

O navegador não precisa de nenhuma configuração especial para exibir uma página da Web, mas é necessário ajustar alguns parâmetros
para que ele seja capaz de enviar e receber algumas mensagens de correio eletrônico e acessar grupos de discussão (news).

O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recherche Nucleaire),
Suíça. Originalmente, o WWW era um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas através da exibição de páginas de
texto. Ficou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas.

O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW ganhou força extra
com a inserção de um visualizador (também conhecido como browser) de páginas capaz não apenas de formatar texto, mas também de exibir
gráficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen. O
sucesso do Mosaic foi espetacular.

Depois disto, várias outras companhias passaram a produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic. Mark Andreesen partiu
para a criação da Netscape Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros browsers.

Busca e pesquisa na web

Os sites de busca servem para procurar por um determinado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/
Como fazer a pesquisa

Digite na barra de endereço o endereço do site de pesquisa. Por exemplo:


www.google.com.br

Didatismo e Conhecimento 20
noções de informática

Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pesquisa.

Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras com ou sem acento.

Opções de pesquisa

Web: pesquisa em todos os sites


Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas. Exemplo do resultado se uma pesquisa.

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. Exemplo:

Didatismo e Conhecimento 21
noções de informática

Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organizados por assunto em


categorias. Exemplo:

Como escolher palavra-chave

• Busca com uma palavra: retorna páginas que incluam a palavra digitada.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a sequência de termos
que foram digitadas.
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna páginas que incluam todas
• as palavras aleatoriamente na página.
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que ficam antes do sinal de
• menos são excluídas da pesquisa.
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um cálculo em um site de pesquisa.

Por exemplo: 3+4


Irá retornar:

O resultado da pesquisa

O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:

Didatismo e Conhecimento 22
noções de informática
INTRANET De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet vai
ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os diversos pro-
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de uma In- fissionais de uma empresa. Mas em algumas áreas já se vislumbram
ternet restrita apenas a utilização interna de uma empresa. As in- benefícios, por exemplo:
tranets ou Webs corporativas, são redes de comunicação internas • Marketing e Vendas - Informações sobre produtos, listas
baseadas na tecnologia usada na Internet. Como um jornal editado de preços, promoções, planejamento de eventos;
internamente, e que pode ser acessado apenas pelos funcionários da • Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de Tra-
empresa. balho), planejamentos, listas de responsabilidades de membros das
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e departa- equipes, situações de projetos;
mentos, mesclando (com segurança) as suas informações particula- • Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sistemas de
res dentro da estrutura de comunicações da empresa. melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais de qualidade;
O grande sucesso da Internet, é particularmente da World Wide • Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apostilas, po-
Web (WWW) que influenciou muita coisa na evolução da informá- líticas da companhia, organograma, oportunidades de trabalho, pro-
tica nos últimos anos. gramas de desenvolvimento pessoal, benefícios.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos interliga- Para acessar as informações disponíveis na Web corporativa, o
dos através de vínculos, ou links) e a enorme facilidade de se criar, funcionário praticamente não precisa ser treinado. Afinal, o esforço
interligar e disponibilizar documentos multimídia (texto, gráficos, de operação desses programas se resume quase somente em clicar
animações, etc.), democratizaram o acesso à informação através de nos links que remetem às novas páginas. No entanto, a simplicidade
redes de computadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca de uma intranet termina aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo
base de usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de é uma tarefa complexa e exige a presença de profissionais especia-
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgiram mui- lizados. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, sua
tas ferramentas de software de custo zero ou pequeno, que permitem diversidade de funções e a quantidade de informações nela arma-
a qualquer organização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na zenadas.
rede” e começar a acessar e colocar informação. O resultado ine- A intranet é baseada em quatro conceitos:
vitável foi a impressionante explosão na informação disponível na • Conectividade - A base de conexão dos computadores li-
Internet, que segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês. gados através de uma rede, e que podem transferir qualquer tipo de
Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito, que tem informação digital entre si;
interessado um número cada vez maior de empresas, hospitais, fa- • Heterogeneidade - Diferentes tipos de computadores e
culdades e outras organizações interessadas em integrar informações sistemas operacionais podem ser conectados de forma transparente;
e usuários: a intranet. Seu advento e disseminação promete operar • Navegação - É possível passar de um documento a ou-
uma revolução tão profunda para a vida organizacional quanto o tro através de referências ou vínculos de hipertexto, que facilitam o
aparecimento das primeiras redes locais de computadores, no final acesso não linear aos documentos;
da década de 80. • Execução Distribuída - Determinadas tarefas de acesso
ou manipulação na intranet só podem ocorrer graças à execução de
O que é Intranet? programas aplicativos, que podem estar no servidor, ou nos micro-
computadores que acessam a rede (também chamados de clientes,
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de 1995 daí surgiu à expressão que caracteriza a arquitetura da intranet:
por fornecedores de produtos de rede para se referirem ao uso dentro cliente-servidor). A vantagem da intranet é que esses programas são
das empresas privadas de tecnologias projetadas para a comunica- ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade. Deter-
ção por computador entre empresas. Em outras palavras, uma intra- minadas linguagens, como Java, assumiram grande importância no
net consiste em uma rede privativa de computadores que se baseia desenvolvimento de softwares aplicativos que obedeçam aos três
nos padrões de comunicação de dados da Internet pública, baseadas conceitos anteriores.
na tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, etc.)
que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre as razões para Como montar uma Intranet
este sucesso, estão o custo de implantação relativamente baixo e a
facilidade de uso propiciada pelos programas de navegação na Web, Basicamente a montagem de uma intranet consiste em usar as
os browsers. estruturas de redes locais existentes na maioria das empresas, e em
instalar um servidor Web.
Objetivo de construir uma Intranet
Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repositório das
Organizações constroem uma intranet porque ela é uma fer- informações contidas na intranet. É lá que os clientes vão buscar
ramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para economizar as páginas HTML, mensagens de e-mail ou qualquer outro tipo de
tempo, diminuir as desvantagens da distância e alavancar sobre o arquivo.
seu maior patrimônio de capital-funcionários com conhecimentos
das operações e produtos da empresa. Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação utili-
zados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O primeiro é o
Aplicações da Intranet HTTP, responsável pela comunicação do browser com o servidor,
em seguida vem o SMTP ligado ao envio de mensagens pelo e-mail,
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comunicações e o FTP usado na transferência de arquivos. Independentemente das
corporativas em uma intranet dá para simplificar o trabalho, pois aplicações utilizadas na intranet, todas as máquinas nela ligadas de-
estamos virtualmente todos na mesma sala. vem falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.

Didatismo e Conhecimento 23
noções de informática
Identificação do Servidor e das Estações - Depois de definidos • Redução de custos de suporte;
os protocolos, o sistema já sabe onde achar as informações e como • Redução de redundância na criação e manutenção de páginas;
requisitá-las. Falta apenas saber o nome de quem pede e de quem • Redução de custos de arquivamento;
solicita. Para isso existem dois programas: o DNS que identifica o • Compartilhamento de recursos e habilidade.
servidor e o DHCP (Dinamic Host Configuration Protocol) que atri-
bui nome às estações clientes. Alguns dos empecilhos são:
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de colaboração,
Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcionários aces- não são tão poderosos quanto os oferecidos pelos programas para
sam as informações colocadas à sua disposição no servidor. Para grupos de trabalho tradicionais. É necessário configurar e manter
isso usam o Web browser, software que permite folhear os docu- aplicativos separados, como e-mail e servidores Web, em vez de
mentos. usar um sistema unificado, como faria com um pacote de software
para grupo de trabalho;
Comparando Intranet com Internet • Número Limitado de Ferramentas - Há um número limitado
de ferramentas para conectar um servidor Web a bancos de dados
Na verdade as diferenças entre uma intranet e a Internet, é uma ou outros aplicativos back-end. As intranets exigem uma rede TCP/
questão de semântica e de escala. Ambas utilizam as mesmas téc- IP, ao contrário de outras soluções de software para grupo de traba-
nicas e ferramentas, os mesmos protocolos de rede e os mesmos lho que funcionam com os protocolos de transmissão de redes local
produtos servidores. O conteúdo na Internet, por definição, fica dis- existentes;
ponível em escala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de • Ausência de Replicação Embutida – As intranets não apresen-
alguém com seis anos de idade até as previsões do tempo. A maior tam nenhuma replicação embutida para usuários remotos. A HMTL
parte dos dados de uma empresa não se destina ao consumo externo, não é poderosa o suficiente para desenvolver aplicativos cliente/
na verdade, alguns dados, tais como as cifras das vendas, clientes servidor.
e correspondências legais, devem ser protegidos com cuidado. E,
do ponto de vista da escala, a Internet é global, uma intranet está Como a Intranet é ligada à Internet
contida dentro de um pequeno grupo, departamento ou organização
corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela ainda con-
serva a natureza privada de uma Internet menor.
A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, por serem
uma mistura caótica de informações úteis e irrelevantes, o meteórico
aumento da popularidade de sites da Web dedicados a índices e me-
canismos de busca é uma medida da necessidade de uma abordagem
organizada. Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
num ambiente controlado e seguro.

Vantagens e Desvantagens da Intranet

Alguns dos benefícios são:


• Redução de custos de impressão, papel, distribuição de sof-
tware, e-mail e processamento de pedidos;
• Redução de despesas com telefonemas e pessoal no suporte
telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações técnicas
e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações remotas; Segurança da Intranet
• Incrementando o acesso a informações da concorrência;
• Uma base de pesquisa mais compreensiva; Três tecnologias fornecem segurança ao armazenamento e à
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e parceiros troca de dados em uma rede: autenticação, controle de acesso e crip-
(revendas); tografia.
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso à infor-
mação; Autenticação - É o processo que consiste em verificar se um
• Uma única interface amigável e consistente para aprender e usuário é realmente quem alega ser. Os documentos e dados podem
usar; ser protegidos através da solicitação de uma combinação de nome
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); do usuário/senha, ou da verificação do endereço IP do solicitante,
• As informações disponíveis são visualizadas com clareza; ou de ambas. Os usuários autenticados têm o acesso autorizado ou
• Redução de tempo na pesquisa a informações; negado a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e informa- ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
ção;
• Redução no tempo de configuração e atualização dos sistemas; Criptografia - É a conversão dos dados para um formato que
• Simplificação e/ou redução das licenças de software e outros; pode ser lido por alguém que tenha uma chave secreta de descrip-
• Redução de custos de documentação; tografia.

Didatismo e Conhecimento 24
noções de informática
Um método de criptografia amplamente utilizado para a segurança de transações Web é a tecnologia de chave pública, que constitui a base
do HTTPS - um protocolo Web seguro;

INTERNET EXPLORER 9

O Windows Internet Explorer 9 possui uma aparência simplificada e muitos recursos novos que aceleram a sua experiência de navegação
na Web.
Os novos recursos gráficos e o melhor desempenho do Internet Explorer 9 possibilitam experiências ricas e intensas. Texto, vídeo e ele-
mentos gráficos acelerados por hardware significam que seus sites têm um desempenho semelhante ao dos programas instalados no seu com-
putador. Os vídeos de alta definição são perfeitos, os elementos gráficos são nítidos e respondem positivamente, as cores são fieis e os sites são
interativos como jamais foram. Com os aperfeiçoamentos como Chakra, o novo mecanismo JavaScript, os sites e aplicativos são carregados
mais rapidamente e respondem melhor. Combine o Internet Explorer 9 com os eficientes recursos gráficos que o Windows 7 tem a oferecer, e
você terá a melhor experiência da Web no Windows até o momento. A instalação mais curta e simplificada do Internet Explorer 9 é mais rápida
do que nas versões anteriores. Ela requer menos decisões de sua parte, leva menos tempo para carregar páginas e não exige que você instale
atualizações separadamente. Uma vez concluída a instalação, você já pode começar a navegar.

Interface
A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado com
suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu
cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida
começa a tomar uma forma competitiva.

1-Ícones de Voltar/ Avançar página


2-Ícones de manipulação da URL
3-Abas de conteúdo
4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial
5-Ícone para inserir novas aplicações
6-Ícone de aplicação instalada.

1-Ícones de Voltar/ Avançar página


Uma das mudanças vistas em mais de um navegador, é o destaque dado ao botão de “Voltar Página”, muito mais utilizado que o “Avançar, o
destaque dado, foi merecido, assim evita-se possíveis erros e distrações”. Depois de ter feito alguma transição de página, o botão voltar assume
uma cor azul marinho, ganhando ainda mais destaque.

2-Ícones de manipulação da URL


Os ícones de manipulação, são aqueles que permitem o usuário “Favoritos”, “Cancelar” ou “Atualizar” uma página. No caso do I.E 9, eles
foram separados, o “Favoritos” está junto dos ícones de funcionalidade geral (página inicial e opções) enquanto o “Atualizar” e “Fechar” foram
posicionados dentro da barra de URL, o que pode dificultar o seu uso, o “Atualizar” especialmente é bastante utilizado (apesar da tecla de atalho
F5) e nesta nova versão ele perdeu seu destaque e sua facilidade de clique, ficando posicionado entre dois ícones.
Foi inserido nessa mesma área, o ícone de “Compatibilidade”, permitindo que determinadas páginas sejam visualizadas com a tecnologia
das versões anteriores do I.E.

3-Abas de conteúdo
O posicionamento das abas de conteúdo dentro do cabeçalho do I.E 9 foi mal escolhido, as abas tem que disputar espaço com o campo
de URL. Consegui manter aberto no máximo 4 abas sem que prejudique demais a leitura dos títulos das abas, depois disso a visualização e a
navegação entre as abas fica difícil e desanimador.

Didatismo e Conhecimento 25
noções de informática

4 abas.

Múltiplas abas.

4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial

“Pagina Inicial”, “Favoritos” e “Opções” foram agrupados no canto direito da tela, mas sem um objetivo claro, pois os dois primeiros itens
citados são elementos que quando utilizados interagem ou alteram os dados inseridos no campo de URL. “Opções” por sua vez, se refere a
opções de internet, privacidade e etc.…

5-Ícone para inserir novas aplicações

Uma das novidades mais bacanas dos novos navegadores é possibilidade de adquirir aplicativos e plug-ins, permitindo ao usuário a custo-
mizar o seu navegador e criar um fluxo de utilização diferenciado de navegador para navegador.

Porém, esta nova possibilidade foi mal comunicada, ela é representada por símbolo de mais, muito semelhante ao utilizado em navegadores
como Firefox, para adicionar novas abas. Fica claro no I.E 9, que o símbolo de “+” serve para adicionar algo ao navegador, mas o que? Existe
espaço suficiente na área para trabalhar com uma ancora textual, ao menos até os usuários criarem um hábito.

6-Ícone de aplicação/plug-in instalado

As aplicações depois de instaladas são alinhadas de forma horizontal no espaço que em versões anteriores pertencia às abas.

Usar os novos controles do navegador

A primeira coisa que você notará ao abrir o Internet Explorer 9 será seu design simplificado.

A maioria das funções da barra de comandos, como Imprimir ou Zoom, pode ser encontrada ao clicar no botão Ferramentas , e os seus
favoritos e os feeds são exibidos ao clicar no botão Centro de Favoritos .

Didatismo e Conhecimento 26
noções de informática
Para remover um site fixo da barra de tarefas
• Clique com o botão direito do mouse no ícone do site, na
barra de tarefas, e clique em Desafixar esse programa da barra de
tarefas.

Pesquisar na Barra de endereços


Agora, você pode fazer buscas diretamente na Barra de endere-
ços. Se você inserir o endereço de um site, você irá diretamente a um
site da web. Se você inserir um termo de pesquisa ou um endereço
incompleto, aparecerá uma pesquisa, usando o mecanismo de pes-
quisa selecionado. Clique na barra de endereços para selecionar o
mecanismo de pesquisa a partir dos ícones listados ou para adicionar
novos mecanismos.

As guias são exibidas automaticamente à direita da Barra de


endereços, mas é possível movê-las para que sejam exibidas abaixo
da Barra de endereço, da mesma maneira que em versões anteriores
do Internet Explorer. Você pode exibir as Barras de Favoritos, Co-
mandos, Status e Menus clicando com o botão direito do mouse no
botão Ferramentas e selecionando-as em um menu.

Mostrar ou ocultar as Barras de Favoritos, Comandos e


Status
Clique com o botão direito do mouse em um espaço livre à di-
reita do botão Nova Guia e selecione uma barra: Ao fazer pesquisas na Barra de endereços, você tem a opção de
abrir uma página de resultados da pesquisa ou o principal resultado
• Barra de Favoritos da pesquisa (se o provedor de pesquisa selecionado oferecer suporte
• Barra de Comandos a esse recurso). Você também pode ativar sugestões de pesquisa op-
• Barra de Status cionais na Barra de endereços.

Fixar um site da web na barra de tarefas Usar o Gerenciador de Download


Para ter um acesso rápido, você pode fixar um site visitado com O Gerenciador de Download mantém uma lista dos arquivos
frequência à barra de tarefas, na área de trabalho do Windows 7, da baixados por você e o notifica quando um arquivo pode ser um
mesma maneira que você faria com um programa. malware (software mal-intencionado). Ele também permite que
você pause e reinicie um download, além de lhe mostrar onde en-
contrar os arquivos baixados em seu computador.

Para fixar um site da web


• Clique na guia da página da Web e arraste-a até a barra de
tarefas.
Ao lado do endereço da página, há um pequeno ícone com o
símbolo do site. Ao arrastá-lo, ele automaticamente se transforma
em uma espécie de botão. Então só é preciso que você o envie para
a Barra de tarefas do Windows 7 para que ele vire um rápido atalho.

Didatismo e Conhecimento 27
noções de informática
Abrir o Gerenciador de Downloads Guias destacáveis

1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar .


Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resulta-
dos, clique em Internet Explorer.
2. Clique no botão Ferramentas e em Exibir downloads.

Trabalhar com guias

Você pode abrir uma guia clicando no botão Nova Guia à direita
da guia aberta mais recentemente.

Use a navegação com guias para abrir várias páginas da Web


As guias destacáveis tornam a interação com vários sites rápida
em uma única janela.
e intuitiva. É possível reorganizar as guias no Internet Explorer 9
— da mesma forma que você reorganiza ícones na barra de tarefas
Para visualizar duas páginas com guias ao mesmo tempo, cli-
no Windows 7 — ou abrir qualquer guia em uma nova janela do na-
que em um guia e, em seguida, arraste-a para fora da janela do Inter- vegador arrastando a guia para a área de trabalho. Se precisar exibir
net Explorer para abrir a página da Web da guia em uma nova janela. mais de uma página da Web ao mesmo tempo para realizar uma tare-
fa, use as guias destacáveis junto com o Ajuste. É uma ótima forma
de mostrar várias páginas da Web lado a lado na tela.

Facilite o acesso aos seus sites favoritos. Arraste uma guia e


fixe-a diretamente na barra de tarefas ou no menu Iniciar. Ou arraste
uma guia para a barra Favoritos. Independentemente do que esco-
lher, seus sites favoritos estarão ao seu alcance.

Guias codificadas por cores

Ao abrir uma nova guia no Windows Internet Explorer 9, você


pode:
• Para abrir uma nova página da Web, digite ou cole um
endereço na Barra de endereços.
• Para ir para um dos dez sites mais utilizados por você, cli-
que em um link na página.
• Para ocultar informações sobre os dez sites mais utilizados
por você, clique Ocultar sites. Para restaurar as informações, clique
Ter várias guias abertas ao mesmo tempo pode ser um processo
em Mostrar sites.
complicado e demorado, principalmente quando você tenta voltar e
• Para ativar a Navegação InPrivate, clique em Navegação
localizar os sites que abriu. Com o Internet Explorer 9, as guias rela-
InPrivate. cionadas são codificadas por cores, o que facilita sua organização ao
• Para abrir novamente as guias que acabou de fechar, clique navegar por várias páginas da Web.
em Reabrir guias fechadas. Você consegue ver as guias relacionadas instantaneamente.
• Para reabrir as guias de sua última sessão de navegação, Quando você abre uma nova guia a partir de outra, a nova guia é po-
clique em Reabrir última sessão. sicionada ao lado da primeira guia e é codificada com a cor corres-
• Para abrir Sites Sugeridos em uma página da Web, clique pondente. E quando uma guia que faz parte de um grupo é fechada,
em Descobrir outros sites dos quais você pode gostar. outra guia desse grupo é exibida, para que você não fique olhando
para uma guia não relacionada.
Guias avançadas Se quiser fechar uma guia ou o grupo inteiro de guias, ou remo-
ver uma guia de um grupo, clique com o botão direito do mouse na
Por padrão, as guias são mostradas à direita da Barra de ende- guia ou no grupo de guias e escolha o que deseja fazer. Nesse local
reços. Para fazer com que as guias sejam mostradas em sua própria também é possível atualizar uma ou todas as guias, criar uma guia
linha abaixo da Barra de endereços, clique com o botão direito do duplicada, abrir uma nova guia, reabrir a última guia fechada ou ver
mouse na área aberta à direita do botão Nova guia e clique em Mos- uma lista de todas as guias fechadas recentemente e reabrir qualquer
trar guias abaixo da Barra de endereços. uma ou todas elas.

Didatismo e Conhecimento 28
noções de informática
Como usar os Sites Sugeridos no Internet Explorer 9 • Filtro Cross site scripting (XSS), que pode ajudar a evitar
O recurso Sites Sugeridos é um serviço online usado pelo Win- ataques de sites fraudulentos que podem tentar roubar suas informa-
dows Internet Explorer 9 que recomenda sites que você talvez goste ções pessoais e financeiras.
com base nos sites que você visita com frequência. • Uma conexão SSL (Secure Sockets Layer) de 128 bits
Para ativar os Sites Sugeridos e exibi-los em uma página da para usar sites seguros. Isso ajuda o Internet Explorer a criar uma co-
Web nexão criptografada com sites de bancos, lojas online, sites médicos
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar . ou outras organizações que lidam com as suas informações pessoais.
Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resulta- • Notificações que o avisam se as configurações de seguran-
dos, clique em Internet Explorer. ça estiverem abaixo dos níveis recomendados.
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do Centro de • Proteção contra Rastreamento, que limita a comunicação
Favoritos, clique em Ativar Sites Sugeridos. do navegador com determinados sites - definidos por uma Lista de
3. Na caixa de diálogo Sites Sugeridos, clique em Sim. Proteção contra Rastreamento - a fim de ajudar a manter suas infor-
Observação: Para desativar os Sites Sugeridos, clique no botão mações confidenciais.
Ferramentas , aponte para Arquivo e desmarque a opção Sites Su- • Navegação InPrivate, que você pode usar para navegar na
geridos. Web sem salvar dados relacionados, como cookies e arquivos de
Internet temporários.
Para adicionar o Web Slice de Sites Sugeridos • Configurações de privacidade que especificam como o
Depois de ativar os Sites Sugeridos, você pode clicar no Web computador lida com cookies.
Slice de Sites Sugeridos na Barra de favoritos para verificar suges-
tões de sites com base na página da Web na guia atual. Navegação InPrivate
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar . A Navegação InPrivate impede que o Windows Internet Explo-
Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resulta- rer 9 armazene dados de sua sessão de navegação, além de ajudar a
dos, clique em Internet Explorer. impedir que qualquer pessoa que utilize o seu computador veja as
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do Cen- páginas da Web que você visitou e o conteúdo que visualizou.
tro de Favoritos, clique em Exibir Sites Sugeridos.
Para ativar a Navegação InPrivate:
Observação: Se não tiver ativado os Sites Sugeridos, você deve-
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar .
rá clicar em Ativar Sites Sugeridos e em Sim.
Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resulta-
1. Na página da Web Sites Sugeridos, role até a parte inferior
dos, clique em Internet Explorer.
e clique em Adicionar Sites Sugeridos à sua Barra de Favoritos.
2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Segurança e
2. Na caixa de diálogo do Internet Explorer, clique em Adi-
clique em Navegação InPrivate.
cionar à Barra de Favoritos.
Observação: Quando você habilita o recurso Sites Sugeridos, o
O que faz a Navegação InPrivate:
seu histórico de navegação na Web é enviado à Microsoft, onde ele
Quando você inicia a Navegação InPrivate, o Internet Explo-
é salvo e comparado com uma lista de sites relacionados atualizada
com frequência. Você pode optar por interromper o envio de seu his- rer abre uma nova janela do navegador. A proteção oferecida pela
tórico de navegação na Web pelo Internet Explorer para a Microsoft Navegação InPrivate tem efeito apenas durante o tempo que você
a qualquer momento. Também é possível excluir entradas individu- usar essa janela. Você pode abrir quantas guias desejar nessa janela e
ais do seu histórico a qualquer momento. As entradas excluídas não todas elas estarão protegidas pela Navegação InPrivate. Entretanto,
serão usadas para fornecer sugestões de outros sites, embora elas se- se você abrir uma segunda janela do navegador, ela não estará prote-
jam mantidas pela Microsoft por um período para ajudar a melhorar gida pela Navegação InPrivate. Para finalizar a sessão de Navegação
nossos produtos e serviços, incluindo este recurso. InPrivate, feche a janela do navegador.
Quando você navega usando a Navegação InPrivate, o Inter-
Recursos de segurança e privacidade no Internet Explo- net Explorer armazena algumas informações, como cookies e ar-
rer 9 quivos de Internet temporários, de forma que as páginas da Web
O Internet Explorer 9 inclui os seguintes recursos de segurança visitadas funcionem corretamente. Entretanto, no final de sua sessão
e privacidade: de Navegação InPrivate, essas informações são descartadas.
• Filtragem ActiveX, que bloqueia os controles ActiveX de O que a Navegação InPrivate não faz:
todos os sites e permite que você posteriormente os ative novamente • Ela não impede que alguém em sua rede, como um admi-
apenas para os sites nos quais confia. nistrador de rede ou um hacker, veja as páginas que você visitou.
• Realce de domínio, que mostra claramente a você o ver- • Ela não necessariamente proporciona anonimato na Inter-
dadeiro endereço Web do site que está visitando. Isso ajuda você a net. Os sites talvez sejam capazes de identificá-lo por meio de seu
evitar sites que usam endereços Web falsos para enganá-lo, como endereço Web e qualquer coisa que você fizer ou inserir em um site
sites de phishing. O verdadeiro domínio que você está visitando é poderá ser gravado por ele.
realçado na barra de endereços. • Ela não remove nenhum favorito ou feed adicionado por
• Filtro SmartScreen, que pode ajudar a protegê-lo contra você quando a sessão de Navegação InPrivate é fechada. As alte-
ataques de phishing online, fraudes e sites falsos ou mal-intenciona- rações nas configurações do Internet  Explorer, como a adição de
dos. Ele também pode verificar downloads e alertá-lo sobre possível uma nova home page, também são mantidas após o encerramento
malware (software mal-intencionado). da sessão de Navegação InPrivate.

Didatismo e Conhecimento 29
noções de informática
Como usar a Proteção contra Rastreamento e a Filtragem
ActiveX no Internet Explorer 9

Você pode ativar a Proteção contra Rastreamento no Windows


Internet Explorer 9 para ajudar a evitar que sites coletem informa-
ções sobre sua navegação na Web. Você também pode ativar a Fil-
tragem ActiveX para ajudar a evitar que programas acessem o seu
computador sem o seu consentimento.
Depois de ativar qualquer um desses recursos, você pode desa-
tivá-lo apenas para sites específicos. Modo de Exibição de Compatibilidade
Usar a Proteção contra Rastreamento para bloquear conteúdo
Há ocasiões em que o site que você está visitando não tem a
de sites desconhecidos
aparência correta. Ele é mostrado como um emaranhado de menus,
Quando você visita um site, alguns conteúdos podem ser for-
imagens e caixas de texto fora de ordem. Por que isso acontece?
necidos por um site diferente. Esse conteúdo pode ser usado para
Uma explicação possível: o site pode ter sido desenvolvido para
coletar informações sobre as páginas que você visita na Internet.
A Proteção contra Rastreamento bloqueia esse conteúdo de uma versão anterior do Internet Explorer. O que fazer? Experimente
sites que estão em Listas de Proteção contra Rastreamento. Existe clicar no botão Modo de Exibição de Compatibilidade.
uma Lista de Proteção contra Rastreamento Personalizada incluída
no Internet Explorer que é gerada automaticamente com base nos si-
tes visitados por você. Também é possível baixar Listas de Proteção
contra Rastreamento e, dessa maneira, o Internet Explorer verificará
periodicamente se há atualizações para as listas. O botão do Modo de Exibição de Compatibilidade

Para ativar a Proteção contra Rastreamento No Modo de Exibição de Compatibilidade, os sites aparecerão
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar . como se fossem exibidos em uma versão anterior do Internet Ex-
Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resulta- plorer, o que geralmente corrige os problemas de exibição. Você
dos, clique em Internet Explorer. não precisa clicar no botão para exibir um site depois de já ter feito
2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Segurança e isso — na próxima vez que você visitar o site, o Internet Explorer 9
clique em Proteção contra Rastreamento. automaticamente o mostrará no Modo de Exibição de Compatibi-
3. Na caixa de diálogo Gerenciar Complemento, clique em lidade. (Se você um dia quiser voltar a navegar nesse site usando
uma Lista de Proteção contra Rastreamento e clique em Habilitar. o Internet Explorer 9, basta clicar no botão Modo de Exibição de
Compatibilidade novamente.)
Usar a Filtragem ActiveX para bloquear controles ActiveX
Controles ActiveX e complementos do navegador da Web são Menu Favoritos
pequenos programas que permitem que os sites forneçam conteúdos
como vídeos. Eles também podem ser usados para coletar informa- Adicionar endereços no Menu Favoritos
ções, danificar informações e instalar software em seu computador
sem o seu consentimento ou permitir que outra pessoa controle o Clique no menu Favoritos e em Adicionar Favoritos(CTRL+D).
computador remotamente.
A Filtragem ActiveX impede que sites instalem e utilizem esses
programas.

Ativar a Filtragem ActiveX


1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar .
Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de resulta-
dos, clique em Internet Explorer.
2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Segurança e
clique em Filtragem ActiveX.

Definir exceções para sites confiáveis


Você pode desativar a Proteção contra Rastreamento ou a Fil-
tragem ActiveX para exibir o conteúdo de sites específicos em que
você confia. Menu Ferramentas

Informações que não causam lentidão Opções da Internet


A nova Barra de notificação exibida na parte inferior do Inter-
net Explorer fornece importantes informações de status quando você No menu Ferramentas, na opção opções da internet, na aba
precisa delas, mas ela não o força a clicar em uma série de mensa- geral podemos excluir os arquivos temporários e o histórico. Além
gens para continuar navegando. disso, podemos definir a página inicial.

Didatismo e Conhecimento 30
noções de informática
Outras funções não incluídas originalmente encontram-se dis-
poníveis através de extensões e plug-ins.

Principais características

· Navegação em abas;
· A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrindo os
links em segundo plano

Eles já estarão carregados quando você for ler;


· Bloqueador de popups:
· O Firefox já vem com um bloqueador embutido de popups;
· Pesquisa inteligente;
· O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na barra de
ferramentas e abre direto a página com os resultados, poupando o
tempo de acesso à página de pesquisa antes de ter que digitar as pa-
lavras chaves. O novo localizador de palavras na página busca pelo
texto na medida em que você as digita, agilizando a busca;
· Favoritos RSS;
· A integração do RSS nos favoritos permite que você fique sa-
bendo das atualizações e últimas notícias dos seus sites preferidos
cadastrados. Essa função é disponibilizada a partir do Firefox 2;
· Downloads sem perturbação;
· Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na área de
trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrupções significam
downloads mais rápidos. Claro, essa função pode ser personalizada
sem problemas;
· Você decide como deve ser seu navegador;
· O Firefox é o navegador mais personalizável que existe. Co-
loque novos botões nas barras de ferramentas, instale extensões que
adiciona novas funções, adicione temas que modificam o visual do
Firefox e coloque mais mecanismos nos campos de pesquisa.

O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado para a sua


necessidade:
· Fácil utilização;
· Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox tem
todas as funções que você está acostumado - favoritos, histórico,
Firefox tela inteira, zoom de texto para tornar as páginas mais fáceis de ler,
e diversas outras funcionalidades intuitivas;
O que é o Firefox? · Compacto;
· A maioria das distribuições está em torno dos 5MB. Você leva
Firefox (inicialmente conhecido como Phoenix e, posterior- apenas alguns minutos para copiar o Firefox para o seu computador
mente, como Mozilla Firebird) é um navegador de código aberto em uma conexão discada e segunda em uma conexão banda larga.
rápido, seguro e eficiente. Desenvolvido pela Mozilla Foundation A configuração é simples e intuitiva. Logo você estará navegando
com ajuda de centenas de colaboradores, está sendo usado em di- com essa ferramenta.
versas plataformas.
Como não é software completamente livre (é distribuído pela Abas
licença Mozilla), alguns dos seus componentes (como ícones e o
próprio nome, que é marca registrada) são propriedades protegidas. Para abrir uma nova aba, clique no menu ‘Arquivo’ e depois em
O nome “Firefox”, em inglês, refere-se ao Panda vermelho. Foi ‘Nova Aba’, ou simplesmente <Ctrl + T> (segure a tecla Control e
escolhido por ser parecido com “Firebird” e também por ser único tecle T). Você verá que agora você tem duas abas na parte de cima
na indústria da computação. A fim de evitar uma futura mudança do seu Firefox, como na figura abaixo:
de nome, a Mozilla Foundation deu início ao processo de registro
do nome Firefox como marca registrada no Gabinete Americano de
Marcas e Patentes. Apesar de “Firefox” não se referir a uma raposa,
a identidade visual do Firefox é uma raposa estilizada.
O objetivo do Firefox é ser um navegador que inclua as opções Digite o endereço que você quiser no campo de endereço, pres-
mais usadas pela maioria dos usuários. sione Enter, e assim a sua nova aba mostrará essa nova página.

Didatismo e Conhecimento 31
noções de informática
Para visualizar páginas que estão abertas em outras abas, ape- Quando clicamos em um link de download de um arquivo, apa-
nas clique na aba desejada, que a mesma ficará ativa. recerá uma tela perguntando se queremos salvar o arquivo ou sim-
Clicando com o botão direito do mouse nas abas, aparece um plesmente abri-lo. No último caso, devemos também informar com
pequeno menu com várias opções de gerenciamento das abas: qual programa queremos abrir o arquivo:

Se você quiser abrir um link, mas quer que ele apareça em uma
nova aba, clique no link com o botão direito do mouse e escolha a
opção ‘Abrir em uma nova aba’, ou simplesmente segure a tecla
‘Ctrl’ enquanto clica no link.

Para salvar o arquivo no seu computador, marque a caixa ‘Sal-


var’ e clique no botão ‘OK’. O download iniciará e a tela do geren-
ciador de downloads mostrará o progresso informando o tamanho
do arquivo, quanto já foi baixado, a velocidade do download e o
tempo restante estimado.
Por padrão, o Firefox vem configurado para armazenar os do-
wnloads na área de trabalho quando solicitado para salvar o arquivo.
Isso pode ser alterado na configuração de “Downloads” em “Editar
>> Preferências”.
Você pode fazer vários downloads ao mesmo tempo, se clicar
em vários links de download. Assim, o gerenciador de download
irá mostrar o progresso individual de cada download, e no título do
Gerenciador de Downloads gerenciador ficará a porcentagem total do que já foi concluído de
todos os downloads.
Um gerenciador de Download é uma ferramenta que controla Quando você tiver terminado algum download, os mesmos se-
e lista os downloads solicitados pelo usuário. O Firefox conta com rão listados:
um exclusivo gerenciador de downloads, uma ferramenta útil e com
uma interface amigável. Clique no menu ‘Ferramentas’ e depois em
‘Downloads’, ou <Ctrl + Y> para abrir a lista atual de downloads.

Didatismo e Conhecimento 32
noções de informática
Podemos ver algumas das funções que esse gerenciador ofe- Clique no menu ‘Favoritos’ e uma lista com as nossas páginas
rece. Se clicarmos na pasta que aparece depois de ‘Baixar arquivos favoritas será mostrada. Se você não tiver adicionado nenhuma pá-
em: ‘, a mesma será aberta. Se clicarmos em ‘Limpar Lista’, toda a gina aos Favoritos, você verá algo como:
lista dos downloads será apagada (perceba que só a lista será apa-
gada, os arquivos continuarão existindo). Para excluir apenas certo
arquivo da lista, clique no link ‘Excluir da lista’ correspondente ao
arquivo que se deseja excluir. Para abrir um arquivo cujo download
já foi concluído, clique no link ‘Abrir’.
Tome cuidado ao sair do Firefox. Por padrão, os downloads não
terminados serão cancelados.

Histórico

O Histórico nos permite ver quais páginas acessamos nos úl-


timos dias. É uma ferramenta que facilita muito a vida do usuário.
Para abrir o Histórico, clique no menu ‘Ir’ e depois em ‘Histó- Adicione uma página aos Favoritos para ver o que acontece.
rico’, ou tecle <Ctrl + H>. Uma janela semelhante a essa irá aparece Primeiramente, entre numa página que você acessa com mui-
do lado esquerdo do seu Firefox: ta frequência. Clique no menu ‘Favoritos’ e depois em ‘Adicionar
página’, ou simplesmente <Ctrl + D>. A seguinte tela lhe será mos-
trada:

Digite um nome que define essa página, escolha uma pasta para
essa página (a pasta ‘Favoritos do Firefox’ é a pasta padrão) e clique
em ‘Adicionar’. Agora clique novamente no menu ‘Favoritos’ para
ver o que mudou. Agora aparece a página que você acabou de adi-
cionar aparecerá na área de Favoritos!
Para organizar melhor os Favoritos, podemos usar pastas. Diga-
mos que você possua os seguintes favoritos:
· http://cursos.cdtc.org.br
· http://comunidade.cdtc.org.br
· http://www.google.com
· http://www.mozilla.org
Clique no menu ‘Favoritos’ e depois em ‘Organizar...’. A se-
guinte tela de gerenciamento de Favoritos aparecerá:
Todas as páginas que acessamos desde a última vez que limpa-
mos o Histórico estão divididas de acordo com o dia em que foram
acessadas. Para ver as páginas que acessamos em certo dia, clique na
caixa com um sinal de ‘+’ do lado esquerdo desse dia.
Por padrão, as páginas ficam ordenadas pela data. Se você qui-
ser ordená-las de outro jeito, clique em ‘Ordenar’, e escolha uma das
opções que aparecem.
Para procurar por certa página, digite uma palavra no campo
‘Localizar’, e somente serão mostradas as páginas que contém essa
palavra no seu título.

Favoritos

O Favoritos é uma funcionalidade que nos ajuda a entrar em pá-


ginas que acessamos com muita frequência, economizando tempo.

Didatismo e Conhecimento 33
noções de informática
Clique no botão ‘Nova pasta...’, escolha um nome e uma descrição para essa pasta e clique em ‘OK’.
Agora a nova pasta também aparece, junto dos Favoritos e das outras pastas. Mova as páginas cursos.cdtc.org.br e www.cdtc.org.br para
essa pasta. Para isso, clique nessas páginas, depois no botão ‘Mover’, e escolha a pasta que você criou. Opcionalmente, você pode simplesmente
arrastar as páginas para as respectivas pastas na tela de gerenciamento de Favoritos.
Assim, quando você clicar no menu ‘Favoritos’, e colocar o cursor do mouse em cima da pasta criada, aparecem as duas páginas que você
moveu para lá. Se você clicar em ‘Abrir tudo em abas’, cada página será aberta em uma aba.

Localizar

Usamos a ferramenta Localizar para achar todas as vezes que um determinado texto aparece na tela.
É uma ferramenta que nos ajuda muito em várias tarefas, como fazer pesquisas na Internet.
Clique no menu ‘Editar’, e depois em ‘Localizar nessa página’. O atalho do teclado para isso é <Ctrl + F>.
Note a barra que apareceu na parte inferior do Firefox:

Imprimindo páginas

Muitas vezes, queremos imprimir uma página web. Para isso, o Firefox conta as opções ‘Configurar página’, ‘Visualizar Impressão’ e
‘Imprimir...’.

Clique em ‘Configurar página’. A seguinte tela irá aparecer para você.

Na aba ‘Geral’, é possível alterar algumas opções de impressão, como a orientação (retrato ou paisagem), a porcentagem que a página vai
ocupar no papel e se deseja imprimir o plano de fundo.
Na aba ‘Margens’, pode-se modificar o tamanho das margens e colocar cabeçalhos ou rodapés (podemos configurar para que no cabeçalho
apareça o número da página e no rodapé apareça a data e a hora, por exemplo).
Quando você clica em ‘Visualizar impressão’, verá como vai ficar a nossa impressão. Na parte de cima, podemos ver uma barra de nave-
gação pelas páginas.

Clicando em ‘Imprimir..’, uma tela semelhante a seguinte aparece:

Didatismo e Conhecimento 34
noções de informática
GOOGLE CHROME

O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e já con-


quistou legiões de adeptos no mundo todo. O programa apresenta
excelente qualidade em seu desenvolvimento, como quase tudo o
que leva a marca Google. O browser não deve nada para os gigantes
Firefox e Internet Explorer e mostra que não está de brincadeira no
mundo dos softwares. Confira nas linhas abaixo um pouco mais so-
bre o ótimo Google Chrome.

Funções visíveis

Antes de detalhar melhor os aspectos mais complicados do na-


vegador, vamos conferir todas as funções disponíveis logo em sua
janela inicial. Observe a numeração na imagem abaixo e acompanhe
sua explicação logo em seguida:

Temas

Temas são conjuntos de padrões, como ícones, cores e fontes.


Eles controlam o visual do seu navegador. Você pode mudar o tema
do Firefox ajustando-o ao seu gosto. 1. As setas são ferramentas bem conhecidas por todos que já uti-
lizaram um navegador. Elas permitem avançar ou voltar nas páginas
Temas são considerados como Add-ons, que são funcionalida- em exibição, sem maiores detalhes. Ao manter o botão pressionado
des extras que podem ser adicionadas ao Firefox. Mais informações sobre elas, você fará com que o histórico inteiro apareça na janela.
sobre Add-ons serão tratadas mais adiante.
2. Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. Todos são
Clique no menu ‘Ferramentas’ e depois em ‘Temas’. Uma tela sinônimos desta função, ideal para conferir novamente o link em
semelhante a seguir irá aparecer: que você se encontra, o que serve para situações bem específicas
– links de download perdidos, imagens que não abriram, erros na
diagramação da página.

3. O ícone remete à palavra home (casa) e leva o navegador à


página inicial do programa. Mais tarde ensinaremos você a modifi-
car esta página para qualquer endereço de sua preferência.

4. A estrela adiciona a página em exibição aos favoritos, que


nada mais são do que sites que você quer ter a disposição de um
modo mais rápido e fácil de encontrar.

5. Abre uma nova aba de navegação, o que permite visitar ou-


tros sites sem precisar de duas janelas diferentes.

6. A barra de endereços é o local em que se encontra o link da


página visitada. A função adicional dessa parte no Chrome é que ao
digitar palavras-chave na lacuna, o mecanismo de busca do Google
é automaticamente ativado e exibe os resultados em questão de pou-
cos segundos.

7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacuna à es-


querda.
Pode-se ver que somente o tema padrão (que vem com o Fire-
fox) está instalado. 8. Abre as opções especiais para a página aberta no navegador.
Falaremos um pouco mais sobre elas em seguida.
Clicando no link ‘Baixar mais temas’, uma nova aba será criada
com a seção de downloads de temas do site https://addons.mozilla. 9. Abre as funções gerais do navegador, que serão melhor deta-
org/firefox/ lhadas nos próximos parágrafos.

Didatismo e Conhecimento 35
noções de informática
Para Iniciantes O botão direito abre o menu de contexto da aba, em que é pos-
sível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar a guia ou cancelar
Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dúvidas bá- todas as outras. No teclado você pode abrir uma nova aba com o
sicas sobre essa categoria de programas, continue lendo este pará- comando Ctrl + T ou simplesmente apertando o F1.
grafo. Do contrário, pule para o próximo e poupe seu tempo. Aqui
falaremos um pouco mais sobre os conceitos e ações mais básicas Fechei sem querer!
do programa.
Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma forma Quem nunca fechou uma aba importante acidentalmente em
que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao executar o programa, um momento de distração? Pensando nisso, o Chrome conta com a
tudo o que você precisa fazer é digitar o endereço do local que quer função “Reabrir guia fechada” no menu de contexto (botão direito
visitar. Para acessar o portal Baixaki, por exemplo, basta escrever do mouse). Basta selecioná-la para que a última página retorne ao
baixaki.com.br (hoje é possível dispensar o famoso “www”, inseri- navegador.
do automaticamente pelo programa.)
No entanto nem sempre sabemos exatamente o link que quere-
mos acessar. Para isso, digite o nome ou as palavras-chave do que
você procura na mesma lacuna. Desta forma o Chrome acessa o site
de buscas do Google e exibe os resultados rapidamente. No exemplo
utilizamos apenas a palavra “Baixaki”.

Configuração

Antes de continuar com as outras funções do Google Chrome é


legal deixar o programa com a sua cara. Para isso, vamos às confi-
gurações. Vá até o canto direito da tela e procure o ícone com uma
Abas chave de boca. Clique nele e selecione “Opções”.

A segunda tarefa importante para quem quer usar o Chrome é


lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito úteis e facilitam a
navegação. Como citado anteriormente, basta clicar no botão com
um “+” para abrir uma nova guia.
Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao pressionar
a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda mais rápido. Também é
possível utilizar o botão direito sobre o novo endereço e escolher a
opção “Abrir link em uma nova guia”.

Liberdade

É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É possível


arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar a aba da janela e
desta forma abrir outra independente. Basta segurar a aba com o
botão esquerdo do mouse para testar suas funções. Clicar nelas com
a rodinha do mouse faz com que fechem automaticamente.

Básicas
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do nave-
gador. Basta selecionar a melhor opção para você e configurar as
páginas que deseja abrir.

Didatismo e Conhecimento 36
noções de informática
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Também é possível escolher
se o atalho para a home (aquele em formato de casinha) aparecerá na janela do navegador.
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro, aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar na lacuna do programa. O
botão “Gerenciar” mostra a lista de mecanismos.
Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sempre que algum software ou
link for executado, o Chrome será automaticamente utilizado pelo sistema.

Coisas pessoais

Senhas: define basicamente se o programa salvará ou não as senhas que você digitar durante a navegação. A opção “Mostrar senhas salvas”
exibe uma tabela com tudo o que já foi inserido por você.
Preenchimento automático de formulário: define se os formulários da internet (cadastros e aberturas de contas) serão sugeridos automati-
camente após a primeira digitação.
Dados de navegação: durante o uso do computador, o Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar sites, links e conteúdos com
mais facilidade. O botão “Limpar dados de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto a função “Importar dados” coleta informações de outros
navegadores.
Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique um de sua preferência. Para
retornar ao normal, selecione “Redefinir para o tema padrão”.

Configurações avançadas

Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado para usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade, que podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com suas preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em “Local de download” é possível escolher a pasta em que os arquivos baixados serão
salvos. Você também pode definir que o navegador pergunte o local para cada novo download.

Downloads

Todos os navegadores mais famosos da atualidade contam com pequenos gerenciadores de download, o que facilita a vida de quem baixa
várias coisas ao mesmo tempo. Com o Google Chrome não é diferente. Ao clicar em um link de download, muitas vezes o programa perguntará
se você deseja mesmo baixar o arquivo, como ilustrado abaixo:

Didatismo e Conhecimento 37
noções de informática
Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embaixo da janela, mostrando o progresso do download. Você pode clicar no canto dela e
conferir algumas funções especiais para a situação. Além disso, ao selecionar a função “Mostrar todos os downloads” (Ctrl + J), uma nova aba
é exibida com ainda mais detalhes sobre os arquivos que você está baixando.

Pesquise dentro dos sites

Outra ferramenta muito prática do navegador é a possibilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de alguns sites, como o próprio
portal Baixaki. Depois de usar a busca normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o que você precisa fazer é digitar baixaki e teclar o
TAB para que a busca desejada seja feita diretamente na lacuna do Chrome.

Navegação anônima

Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros ou históricos de navegação no computador, utilize a navegação anônima. Basta
clicar no menu com o desenho da chave de boca e escolher a função “Nova janela anônima”, que também pode ser aberta com o comando Ctrl
+ Shift + N.

Gerenciador de tarefas

Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno gerenciador de tarefas incluso no programa. Clique com o botão direito no topo da
página (como indicado na figura) e selecione a função “Gerenciador de tarefas”.

Didatismo e Conhecimento 38
noções de informática
Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela. Ela con- Outros tipos incluem motores de busca para empresas (Intra-
trola todas as abas e funções executadas pelo navegador. Caso uma nets), motores de busca pessoais e motores de busca móveis. De
das guias apresente problemas você pode fechá-la individualmente, qualquer forma, enquanto diferente seleção e relevância podem apli-
sem comprometer todo o programa. A função é muito útil e evita car-se em diferentes ambientes, o utilizador provavelmente percebe-
diversas dores de cabeça. rá uma pequena diferença entre as operações neles. Alguns motores
também extraem dados disponíveis em grupos de notícias, grandes
bancos de dados ou diretórios abertos como a DMOZ.org. Ao con-
trário dos diretórios Web, que são mantidos por editores humanos,
os serviços de busca funcionam algoritmicamente. A maioria dos
sites que chamam os motores de busca são, na verdade, uma “in-
terface” (front end) para os sistemas de busca de outras empresas .

História
Os primeiros motores de busca (como o Yahoo) baseavam-se na
indexação de páginas através da sua categorização. Posteriormente
surgiram as meta-buscas. A mais recente geração de motores de bus-
ca (como a do Google) utiliza tecnologias diversas, como a procura
FERRAMENTAS DE BUSCA E PESQUISA por palavras-chave diretamente nas páginas e o uso de referências
externas espalhadas pela web, permitindo até a tradução direta de
Um motor de busca é um sistema de software projetado para páginas (embora de forma básica ou errada) para a língua do utiliza-
encontrar informações armazenadas em um sistema computacional dor. O Google, além de fazer a busca pela Internet, oferece também
a partir de palavras-chave indicadas pelo utilizador, reduzindo o o recurso de se efetuar a busca somente dentro de um site específico.
tempo necessário para encontrar informações. É essa a ferramenta usada na comunidade Wiki.
Os motores de busca surgiram logo após o aparecimento da Os motores de busca são buscadores que baseiam sua coleta de
Internet, com a intenção de prestar um serviço extremamente im- páginas em um robô que varre a Internet à procura de páginas novas
portante: a busca de qualquer informação na rede, apresentando os para introduzir em sua base de dados automaticamente. Motores de
busca típicos são Google, Yahoo e Altavista.
resultados de uma forma organizada, e também com a proposta de
A primeira ferramenta utilizada para busca na Internet foi o Ar-
fazer isto de uma maneira rápida e eficiente. A partir deste preceito
chie (da palavra em Inglês, “archive” sem a letra “v”). Foi criado
básico, diversas empresas se desenvolveram, chegando algumas a
em 1990 por Alan Emtage, um estudante da McGill University em
valer milhões de dólares. Entre as maiores empresas encontram-se o
Montreal. O programa baixava as listas de diretório de todos arqui-
Google, o Yahoo, o Lycos, o Cadê e, mais recentemente, a Amazon.
vos localizados em sites públicos de FTP (File Transfer Protocol)
com com o seu mecanismo de busca A9 porém inativo. Os busca-
anônimos, criando uma base de dados que permitia busca por nome
dores se mostraram imprescindíveis para o fluxo de acesso e a con- de arquivos.
quista novos visitantes. Enquanto o Archie indexava arquivos de computador, o Gopher
Antes do advento da Web, havia sistemas para outros protocolos indexava documentos de texto. Ele foi criado em 1991, por Mark
ou usos, como o Archie para sites FTP anônimos e o Veronica para McCahill da Universidade de Minessota, cujo nome veio do mas-
o Gopher (protocolo de redes de computadores que foi desenhado cote da escola. Devido ao fato de serem arquivos de texto, a maior
para indexar repositórios de documentos na Internet, baseando-se parte dos sites Gopher tornaram-se websites após a criação da World
em menus). Wide Web.
Dois outros programas, Veronica e Jughead, buscavam os ar-
Conceito quivos armazenados nos sistemas de índice do Gopher. Veronica
Um motor de busca é feito para auxiliar a procura de informa- (Very Easy Rodent-Oriented Net-wide Index to Computerized Ar-
ções armazenadas na rede mundial (WWW), dentro de uma rede cor- chives) provia uma busca por palavras para a maioria dos títulos de
porativa ou de um computador pessoal. Ele permite que uma pessoa menu em todas listas do Gopher. Jughead (Jonzy’s Universal Go-
solicite conteúdo de acordo com um critério específico (tipicamente pher Hierarchy Excavation And Display) era uma ferramenta para
contendo uma dada palavra ou frase) e responde com uma lista de obter informações de menu de vários servidores Gopher.
referências que combinam com tal critério, ou seja é uma espécie O primeiro search engine Web foi o Wandex, um índice atual-
de catálogo mágico. Ao se realizar uma consulta, a lista de ocor- mente extinto feito pela World Wide Web Wanderer, um web craw-
rências de assuntos é criada previamente por meio de um conjunto ler (programa automatizado que acessa e percorre os sites seguindo
de softwares de computadores, conhecidos como Web_crawler, que os links presentes nas páginas.) desenvolvido por Matthew Gray no
vasculham toda a Web em busca de ocorrências de um determinado MIT, em 1993. Outro sistema antigo, Aliweb, também apareceu no
assunto em uma página. Ao encontrar uma página com muitos links, mesmo ano e existe até hoje. O primeiro sistema “full text” basea-
os spiders embrenham-se por eles, conseguindo, inclusive, vascu- do em crawler foi o WebCrawler, que saiu em 1994. Ao contrário
lhar os diretórios internos - aqueles que tenham permissão de leitura de seus predecessores, ele permite aos usuários buscar por qualquer
para usuários - dos sites nos quais estão trabalhando. palavra em qualquer página, o que tornou-se padrão para todos ser-
Os motores de busca usam regularmente índices atualizados viços de busca desde então. Também foi o primeiro a ser conhecido
para funcionar de forma rápida e eficiente. Sem maior especificação, pelo grande público. Ainda em 1994, o Lycos (que começou na Car-
ele normalmente refere-se ao serviço de busca Web, que procura negie Mellon University) foi lançado e tornou-se um grande sucesso
informações na rede pública da Internet. comercial.

Didatismo e Conhecimento 39
noções de informática
Logo depois, muitos sistemas apareceram, incluindo Excite, Os cadastros Básicos são gratuitos para que as micros empre-
Infoseek, Inktomi, Northern Light, e AltaVista. De certa forma, sas ou profissionais liberais possam estar presente na WEB sem
eles competiram com diretórios populares como o Yahoo!. Poste- que invistam em um sites próprio. É indicado para profissionais e
riormente, os diretórios integraram ou adicionaram a tecnologia de empresas que desejam oferecer seus produtos ou serviços em uma
search engine para maior funcionalidade. Localidade, rua, bairro, cidade ou Estado e possibilitando ainda a
Os sistemas de busca também eram conhecidos como a “mina forma mais rápida de atualização dos registros de contatos por seus
de ouro” no frenesi de investimento na Internet que ocorreu no fim clientes ou fornecedores.
dos anos 1990s. Várias empresas entraram no mercado de forma Diretórios de websites são índices de sites, usualmente orga-
espetacular, com recorde em ganhos durante seus primeiros anos de nizados por categorias e subcategorias. Tem como finalidade prin-
existência. Algumas fecharam seu sistema público, e estão oferecen- cipal permitir ao usuário encontrar rapidamente sites que desejar,
do versões corporativas somente, como a Northern Light. buscando por categorias, e não por palavras-chave. Os diretórios de
Mais recentemente, os sistemas de busca também estão utili- sites geralmente possuem uma busca interna, para que usuários pos-
zando XML ou RSS, permitindo indexar dados de sites com eficá- sam encontrar sites dentro de seu próprio índice. Diretórios podem
cia, sem a necessidade de um crawler complexo. Os sites simples- ser a nível regional, nacional (como o Achei no Brasil) ou global, e
mente provêm um xml feed o qual é indexado pelo sistema de busca. até mesmo especializados em determinado assunto. Open Directory
Os XML feeds estão sendo cada vez mais fornecidos de forma au- Project é exemplo de diretórios de sites.
tomática por weblogs. Exemplos são o feedster, que inclui o LjFind A divulgação de sites de empresas com negócios regionais são
Search que provê serviços para os blogs do site LiveJournal. acessados em sua grande maioria quando os profissionais da WEB
cadastram seus sites nos Buscadores Locais para aumentarem as vi-
Tipos de buscador sitas de internautas, pois não há um sistema de atualização automá-
tica dos dados que abranja todos os tipos de categorias e em rapidez
necessária. Por esta razão, somente cerca de 20% a 25% de tudo que
existe na WEB é publicada nos buscadores.
A novidade agora são os ontobuscadores, isto é, buscadores ba-
seados em Ontologias, como o Ontoweb.

Funcionamento
Um search engine opera na seguinte ordem:
Web crawling (percorrer por links)
Indexação
Busca

Pesquisa mostrando os três maiores sites de busca no mundo Os sistemas de busca trabalham armazenando informações so-
Existem variados tipos de buscadores: bre um grande número de páginas, as quais eles obtém da própria
Buscadores globais são buscadores que pesquisam todos os WWW. Estas páginas são recuperadas por um Web crawler (tam-
documentos na rede, e a apresentação do resultado é aleatória, de- bém conhecido como spider) — um Web browser automatizado que
pendendo do ranking de acessos aos sites. As informações podem segue cada link que vê. As exclusões podem ser feitas pelo uso do
referir-se a qualquer tema. O buscador global mais recente é o Wiglr, robots.txt. O conteúdo de cada página então é analisado para de-
que utiliza dados muito parecidos com o Google e Bing, é também o terminar como deverá ser indexado (por exemplo, as palavras são
primeiro buscador criado nesta década (2010-2020). Google, Yahoo extraídas de títulos, cabeçalhos ou campos especiais chamados meta
e Bing são os buscadores globais mais acessados. tags). Os dados sobre as páginas são armazenados em um banco
Buscadores verticais são buscadores que realizam pesquisas de dados indexado para uso nas pesquisas futuras. Alguns siste-
“especializadas” em bases de dados próprias de acordo com suas mas, como o do Google, armazenam todo ou parte da página de
propensões. Geralmente, a inclusão em um buscador vertical está re- origem (referido como um cache) assim como informações sobre
lacionada ao pagamento de uma mensalidade ou de um valor por cli- as páginas, no qual alguns armazenam cada palavra de cada página
que. Trovit, BizRate, AchaNoticias, Oodle, Catho, SAPO, BuscaPé, encontrada, como o AltaVista. Esta página em cache sempre guarda
Zura e Become.com são alguns exemplos de buscadores verticais. o próprio texto de busca pois, como ele mesmo foi indexado, pode
Guias locais são buscadores exclusivamente locais ou regio- ser útil quando o conteúdo da página atual foi atualizado e os ter-
nais. As informações se referem a endereços de empresas ou presta- mos de pesquisa não mais estão contidos nela. Este problema pode
dores de serviços. O resultado é priorizados pelo destaque de quem ser considerado uma forma moderada de linkrot (perda de links em
contrata o serviço. Listão, GuiaMais, AcheCerto, EuAcheiFácil, documentos da Internet, ou seja, quando os sites deixaram de existir
Zeen! entre outras. Geralmente são cadastros e publicações pagas. ou mudaram de endereço), e a maneira como o Google lida com
É indicado para profissionais e empresas que desejam oferecer seus isso aumenta a usabilidade ao satisfazer as expectativas dos usuários
produtos ou serviços em uma região, Estado ou Cidade. pelo fato de o termo de busca estarão na página retornada. Isto sa-
Guias de busca local ou buscador local são buscadores de tisfaz o princípio de “menos surpresa”, pois o usuário normalmente
abrangência nacional que lista as empresas e prestadores de serviços espera que os termos de pesquisa estejam nas páginas retornadas.
próximas ao endereço do internauta a partir de um texto digitado. A A relevância crescente das buscas torna muito útil estas páginas em
proximidade é avaliada normalmente pelo cep, Donavera.com, ou cache, mesmo com o fato de que podem manter dados que não mais
por coordenadas de GPs. estão disponíveis em outro lugar.

Didatismo e Conhecimento 40
noções de informática
Quando um usuário faz uma busca, tipicamente digitando
palavras-chave, o sistema procura o índice e fornece uma lista das 8. PROCESSADOR DE TEXTOS. 9. MS
páginas que melhor combinam ao critério, normalmente com um OFFICE 2003/2007 - WORD. CONCEITOS
breve resumo contendo o título do documento e, às vezes, partes BÁSICOS. CRIAÇÃO DE DOCUMENTOS.
do seu texto. A maior parte dos sistemas suportam o uso de termos
booleanos AND, OR e NOT para melhor especificar a busca. E uma
ABRIR E SALVAR DOCUMENTOS.
funcionalidade avançada é a busca aproximada, que permite definir DIGITAÇÃO. EDIÇÃO DE TEXTOS. ESTILOS.
a distância entre as palavras-chave. FORMATAÇÃO. TABELAS E TABULAÇÕES.
A utilidade de um sistema de busca depende da relevância do CABEÇALHO E RODAPÉS. CONFIGURAÇÃO
resultado que retorna. Enquanto pode haver milhões de páginas que DE PÁGINA. CORRETOR ORTOGRÁFICO.
incluam uma palavra ou frase em particular, alguns sites podem ser IMPRESSÃO. ÍCONES. ATALHOS DE
mais relevantes ou populares do que outros. A maioria dos sistemas TECLADO. USO DOS RECURSOS
de busca usam métodos para criar um ranking dos resultados para
prover o “melhor” resultado primeiro. Como um sistema decide
quais páginas são melhores combinações, e qual ordem os resulta-
dos aparecerão, varia muito de um sistema para outro. Os métodos
WORD
também modificam-se ao longo do tempo, enquanto o uso da In-
ternet muda e novas técnicas evoluem. A maior parte dos sistemas
O Word é um programa do ambiente Windows, contido no
de busca são iniciativas comerciais suportadas por rendimentos de
pacote de aplicativos MS Office, indicado para processamento de
propaganda e, como resultado, alguns usam a prática controversa
de permitir aos anunciantes pagar para ter sua listagem mais alta no textos. Permite a elaboração de trabalhos de maneira eficiente, le-
ranking nos resultados da busca. vando a um resultado de qualidade superior.
A vasta maioria dos serviços de pesquisa são rodados por em-
presas privadas usando algoritmos proprietários e bancos de dados CARREGAMENTO DO WORD
fechados, sendo os mais populares o Google, Bing e Yahoo! Search.
De qualquer forma, a tecnologia de código-aberto para sistemas de Para executar o WORD, dê um clique no botão Iniciar, colo-
busca existe, tal como ht://Dig, Nutch, Senas, Egothor, OpenFTS, que o ponteiro do mouse em cima da palavra PROGRAMAS. No
DataparkSearch e muitos outros. menu PROGRAMAS selecione a opção MICROSOFT OFFICE
Custos de armazenamento e tempo de crawling e no submenu MICROSOFT OFFICE escolha a opção MICRO-
Os custos de armazenamento não são o recurso limitador na im- SOFT WORD.
plementação de um sistema de busca. Armazenar simplesmente 10
bilhões de páginas de 10 kbytes cada (comprimidas) requer 100TB A TELA DE TRABALHO
e outros aproximados 100TB para índices, dando um custo de har-
dware total em menos de $200k: 400 drives de disco de 500GB em
100 PCs baratos.
De qualquer forma, um sistema público de busca consideravel-
mente requer mais recursos para calcular os resultados e prover alta
disponibilidade. E os custos de operar uma grande server farm não
são triviais.
Passar por 10B páginas com 100 máquinas percorrendo links
a 100 páginas/segundo levaria 1M segundos, ou 11.6 dias em uma
conexão de Internet de alta capacidade. A maior parte dos sistemas
percorre uma pequena fatia da Web (10-20% das páginas) perto des-
ta freqüência ou melhor, mas também percorre sites dinâmicos (por
exemplo, sites de notícias e blogs) em uma freqüência muito mais
alta.
Motores de busca geoespaciais
Uma recente melhoria na tecnologia de busca é a adição de ge-
ocodificação e geoparsing para o processamento dos documentos
ingeridos. O geoparsing tenta combinar qualquer referência encon- É fundamental que você conheça os elementos da tela de tra-
trada a lugares para um quadro geoespacial de referência, como um balho do WORD. Note a barra de título da janela que mostra MI-
endereço de rua, localizações de dicionário de termos geográficos, CROSOFT WORD - Documento 1. Ela sempre exibirá o nome do
ou a uma área (como um limite poligonal para uma municipalidade). documento que está sendo editado, que se chama «Documento 1».
Através deste processo de geoparsing, as latitudes e longitudes são
atribuídas aos lugares encontrados e são indexadas para uma busca OS ELEMENTOS DA TELA
espacial posterior. Isto pode melhorar muito o processo de busca
pois permite ao usuário procurar documentos para uma dada exten- Barra de título: indica o nome do software e do documento em
são do mapa, ou ao contrário, indicar a localização de documentos uso. Exibe também os botões: Minimizar, Maximizar/Restaurar e
combinando com uma dada palavra-chave para analisar incidência e Fechar para a janela principal.
agrupamento, ou qualquer combinação dos dois.

Didatismo e Conhecimento 41
noções de informática
Ponto de inserção: marca o ponto onde o texto será inserido
no documento.
Barra de rolagem: usadas para deslocar horizontalmente e ver-
ticalmente o documento da janela.
Barra de status: localizada na parte inferior da janela do do-
cumento, exibe uma breve informação sobre o documento ativo (o
que está visível na tela) ou comando selecionado.

Mais adiante, veremos como colocar e tirar barras de ferra-


mentas da tela.
DESFAZER E REFAZER UMA OPERAÇÃO
Teclado
Para desfazer uma operação, clique no botão
Shift: tem a função de alternar letras maiúsculas e minúsculas. Será exibida uma lista das últimas ações, selecione qual deseja
Caps lock: depois de ativada, o texto digitado aparecerá em desfazer.
caracteres maiúsculos. Para refazer uma ação que tenha sido desfeita, clique no botão
Del: apaga o texto a partir do ponto onde o cursor estiver po-
sicionado, da esquerda para a direita.
Backspace: apaga o texto a partir do ponto onde o cursor esti- CAIXAS DE DIÁLOGOS
ver posicionado, da direita para a esquerda.
Enter: permite a criação de um novo parágrafo. Quando você escolhe um comando, geralmente é exibida uma
Teclas de direção: movem o ponto de inserção ao longo do caixa de diálogo que permite selecionar opções. Se alguma opção
documento. estiver em cinza claro, não estará disponível no momento.
Teclado numérico: localizado no canto direito do teclado. Só é
possível utilizá-lo com a tecla Num Lock ativada. UTILIZAR A AJUDA

Escolhendo comandos O Word é acompanhado da Ajuda, uma completa ferramenta


de referência on-line que inclui procedimentos passo a passo que
Um comando significa uma instrução que diz para o Word podem ser seguidos durante o trabalho, além de informações de
executar uma ação. referência sobre a utilização dos comandos. Contém também um
Você pode escolher comandos clicando em um botão na barra recurso de ajuda adicional representado pelo Assistente do Office.
de ferramentas com o mouse escolhendo-o em um menu ou usando
teclas de atalho. Para abrir o Assistente do Office clique no ícone . Uma
Na barra de Ferramentas, você pode clicar sobre o botão , caixa de diálogo será aberta, digite o item a ser pesquisado e clique
em vez de escolher Arquivo e. em “Pesquisar”. Será aberta outra caixa de diálogo, onde a respos-
Selecionar Imprimir. Isso ajuda a executar rapidamente as ta- ta será exibida em tópicos. Clique em um dos tópicos ou em “Veja
refas mais usuais. Mais” para obter mais detalhes.
Com as teclas de atalho, por exemplo, pressione CTRL+B
para salvar um documento. Obs.: Se aparecer uma lâmpada (Assistente de Dicas) durante
o trabalho clique sobre ela para obter uma dica ou ocultá-la.
Teclas de atalho
O RECURSO “O QUE É ISTO?”.
O Word apresenta também teclas de atalho que facilitam al-
gumas operações: Para utilizar este recurso, clique em “O que é isto?” no menu
Ajuda. Aparecerá um ponto de interrogação junto ao cursor, clique
sobre o elemento a ser pesquisado. Uma janela será exibida expli-
cando a sua função.
O PRIMEIRO TEXTO
Criar um texto no WORD é muito simples. Uma vez carre-
gado para a memória, o WORD abre automaticamente um docu-
mento e posiciona o ponteiro de inserção, representado pela barra
vertical na linha 1, coluna 1, da primeira página. A partir desse
momento, você pode começar a digitação como se estivesse usan-
do uma máquina de escrever.

Didatismo e Conhecimento 42
noções de informática
Qualquer caractere digitado será inserido na posição do pon- Sendo só para o momento.
teiro de inserção. O WORD possui, ativado como padrão, o recur- J. Guimarães Assessoria e Treinamento Ltda.
so de deslocamento automático de palavras. Isso quer dizer que
não é necessário teclar ENTER no final de uma linha, para que o EDITANDO TEXTOS
ponteiro salte para o início da linha seguinte. O WORD desloca a
palavra que excede a margem direita para a próxima linha, sempre O Word dispõe de vários recursos a serem explorados. É o que
que essa situação ocorrer. Você só deve pressionar ENTER quando veremos a seguir.
quiser forçar o avanço do ponteiro para a próxima linha.
SELECIONAR TEXTOS
WORD possui vários modos de exibir o texto que está sendo
digitado. Para que nós possamos acompanhar os exemplos dessa Para mover, formatar, excluir ou alterar um texto ou uma pa-
apostila, é conveniente que estejamos no mesmo modo de edição lavra, é necessário selecionar esse texto ou essa palavra. O texto
de texto em que a apostila foi escrita. Adiante, discutiremos esses selecionado aparecerá realçado.
modos de edição. Agora, ative o menu Exibir e a opção Normal. Seguem algumas dicas para executar a seleção (com o mou-
se):
Para selecionar Siga este procedimento.

Uma palavra - Posicione o cursor sobre a palavra e dê dois


cliques sobre a mesma.

Uma linha de texto - O cursor do mouse deve estar à esquerda


da linha do texto, em formato de seta, apontando para a direita. Dê
um clique no mouse.

Um parágrafo - O cursor do mouse deve estar à esquerda do


parágrafo, em formato de seta, apontando para a direita. Dê dois
cliques no mouse.

Um documento inteiro - O cursor do mouse deve estar à es-


querda do documento, em formato de seta, apontando para a direi-
ta. Dê três cliques no mouse.

Um bloco vertical do texto - Com as teclas ALT + SHIFT


Vamos agora ao nosso primeiro texto, que será uma carta sim- pressionadas, clique o botão esquerdo do mouse e arraste.
ples. Estando o ponteiro na linha 1, coluna 1, digite o seguinte:
Um elemento gráfico - Clique uma vez sobre o gráfico para
selecioná-lo e duas vezes para editá-lo.

Outra opção para selecionar o seu texto, consiste simplesmen-


te em arrastar o ponteiro do mouse (com o botão esquerdo clicado)
sobre o texto que você pretende selecionar.
Para cancelar a seleção, dê um clique com o mouse em qual-
quer lugar fora da seleção.

ACENTOS

Se o Windows tiver sido corretamente configurado, durante a


instalação, para a língua portuguesa, ele permitirá a acentuação de
caracteres da mesma forma que se faz em uma máquina de escre-
ver. Para checar se a configuração está correta, você pode dar um
clique no botão INICIAR, em seguida, no menu CONFIGURA-
Complete a carta digitando o seguinte texto: ÇÕES, selecionar a opção PAINEL DE CONTROLE.
Os custos apresentados para cada fase do projeto estão expres-
sos em dólar como simples referência, devendo ser convertidos
para Reais na data de pagamento. Esta proposta tem validade até o Dê um duplo clique no ícone TECLADO e logo após, apare-
dia 15 de Abril de 2004. Após essa data, os valores poderão sofrer cerá a seguinte caixa de diálogo:
reajuste e estão passíveis de confirmação.

Didatismo e Conhecimento 43
noções de informática

ESTILOS DE FONTE

O Word apresenta três estilos de fonte:


negrito,
itálico
e sublinhado.

Podem ser aplicados a qualquer tipo de fonte. Você pode usá-


-los isoladamente ou em conjunto. Você pode acessá-los através da
barra de formatos:
INSERIR WORDART
Selecione o texto a ser formatado;
O WordArt é um recurso do Word que permite aplicar em seus
textos efeitos tridimensionais, sombreado, gradações de cores e Dê um clique com o botão esquerdo do mouse sobre o ícone
outros. correspondente à opção escolhida.
Para acessar o WordArt, clique sobre o ícone na barra de fer-
ramentas . Obs.: Para remover a formatação clique novamente sobre o
A barra de ferramentas de desenho será aberta. ícone escolhido.

Selecione o texto no qual você quer aplicar o efeito e na barra OPÇÕES DE FONTE
de ferramentas de desenho, clique no ícone .

A janela WordArt Gallery será exibida. Escolha um efeito e


clique em Ok.

CORREÇÃO DE ERROS DE DIGITAÇÃO

Corrigir erros de digitação é uma tarefa muito simples. Você


possui duas formas para fazê-lo.

A TECLA BACKSPACE

A primeira consiste em usar a tecla BACKSPACE, que fica


no canto direito superior do teclado principal. Cada vez que essa
tecla é pressionada, o cursor move-se uma posição para a esquerda
e apaga o caractere que estava ocupando aquela posição. Uma vez
Através da barra de ferramentas de desenho, é possível tam- apagado, o caractere incorreto, basta digitar o novo caractere.
bém inserir AutoFormas.
(formas básicas, setas largas, fluxograma, estrelas, faixas e Cada vez que BACKSPACE é pressionada, o texto à direita do
textos explicativos), Caixa de Texto, Selecionar objetos, etc. cursor é deslocado também para a esquerda.

Didatismo e Conhecimento 44
noções de informática
A TECLA DEL Dicionário de sinônimos

Enquanto BackSpace apaga sempre o caractere à esquerda do É uma ferramenta que permite substituir uma palavra ou frase
cursor, a tecla Del, que se encontra no teclado numérico e no tecla- pelo seu sinônimo, diversificando assim, a sua linguagem escrita.
do intermediário superior, apaga o caractere atual, ou seja, aquele
que está na posição do cursor. 1 - Selecione a palavra ou a frase que deseja substituir;
2 - No menu Ferramentas, posicione o cursor sobre Idioma
Se você perceber um erro que está na linha anterior ou algu- e clique sobre Dicionário de Sinônimos. Feito isso, aparecerá a
mas palavras para trás, move o cursor até a posição do caractere seguinte tela:
incorreto, pressione Del e digite o caractere correto.

VERIFICAR ORTOGRAFIA

O Word verifica o documento à procura de erros de ortogra-


fia usando o dicionário principal, que contém as palavras mais
comuns. Caso uma palavra não conste no dicionário principal, o
Word indicará que ela não foi encontrada e oferecerá sugestões de
correção para a possível ortografia incorreta.

Obs.: O Word verifica todo o documento, começando no pon-


to de inserção, porém, se houver texto selecionado, ele verificará
somente esse trecho.

Utilizando a Barra de Ferramentas: 3. Selecione a opção desejada e clique em Substituir.


Dica: Para localizar sinônimos adicionais sem retornar ao
documento, digite uma palavra ou frase na caixa “Substituir pelo
sinônimo” e em seguida, clique no botão Consultar.

1. Clique sobre o ícone na barra de Ferramentas; SALVANDO O TEXTO


2. Será aberta uma caixa de diálogo onde, para cada palavra
exibida na caixa de diálogo “Não Encontrada”, você poderá sele- Uma das tarefas que você precisa aprender rapidamente é
cionar as opções desejadas (Ignorar, Adicionar, Alterar, etc.). como salvar um texto que está sendo digitado. Quedas ou osci-
lações da corrente elétrica são os maiores inimigos de quem está
trabalhando com qualquer texto que ainda não tenha sido gravado
no momento da oscilação da rede elétrica.

A forma clássica de salvar o texto atual é ativar a opção SAL-


VAR do menu ARQUIVO.

Para verificar ortografia em outro idioma, selecione o coman-


do Idioma no menu Ferramentas. Na caixa de listagem, clique em
Definir idioma... Será aberta uma caixa de diálogo, selecione o
idioma desejado e clique em

OK.

Didatismo e Conhecimento 45
noções de informática
Ao ser ativada, essa opção mostra uma caixa de diálogo que Você pode mover com o mouse: selecione o texto a ser mo-
solicita um nome para o arquivo que será gravado. Como exemplo, vido, aponte para o texto selecionado. Arraste o ponto de inserção
forneça “CARTA” e pressione o botão OK. pontilhado até a nova posição e então, solte o botão do mouse.

EXCLUIR TEXTOS
Para excluir um texto ou uma palavra, selecione o texto que
você quer apagar e pressione BACKSPACE ou DELETE.

Caso queira recuperar o texto perdido clique sobre o botão


“Voltar” na barra de ferramentas.

FORMATAÇÃO DE CARACTERES E PARÁGRAFOS

Nós já aprendemos como aplicar os estilos de caracteres ne-


grito, itálico e sublinhado em um texto marcado ou durante a pró-
Lembre-se de que toda vez que o Word é carregado, o texto pria digitação. Agora, veremos como aplicar outros tipos de efeitos
recebe o nome provisório de Documento 1. Após salvar o texto especiais no texto, como mudar o tipo e tamanho da fonte dos ca-
pela primeira vez, ele passa a se chamar pelo nome fornecido para racteres e também como formatar parágrafos do texto.
o arquivo. A barra de título também passa a mostrar o novo nome
do texto. Com exceção dos estilos negrito, itálico e sublinhado, que
podem ser ativados através da barra de formatação, todos os ou-
Uma vez gravado o texto, você pode continuar a digitação tros efeitos de caracteres são obtidos através do teclado ou, então,
com a certeza de que o seu trabalho até aquele momento não se através de uma caixa de diálogo. A próxima tabela mostra os efei-
perderá. tos disponíveis e a combinação de teclas necessária para ativar o
MOVER E COPIAR TEXTOS efeito.
Essas combinações são do tipo liga-e-desliga, ou seja, devem
MOVER significa recortar o texto selecionado de um lugar e ser pressionadas para ativar o efeito e pressionadas novamente
inseri-lo em outro. para desativá-lo.
COPIAR significa fazer uma cópia do texto selecionado e
inseri-lo em outro lugar.

EDITANDO TEXTOS

PARA MOVER:
1. Selecione a parte do texto que deseja mover.

2. Dê um clique no botão esquerdo do mouse sobre o ícone


(recortar).

3. Posicione o cursor onde deseja que seja inserida essa cópia.


MUDANDO A FONTE DOS CARACTERES
4. Dê um clique no botão esquerdo do mouse sobre o ícone
(colar). O Word permite mudar o formato da fonte e o seu tamanho,
ou seja, um mesmo tipo de letra pode ser inserido no texto com
tamanhos diferentes para destacar títulos, cabeçalhos e outros ele-
PARA COPIAR:
mentos do texto.
1. Selecione a parte do texto que deseja copiar.
A mudança ou ativação de uma nova fonte pode ser feita atra-
2. Dê um clique no botão esquerdo do mouse sobre o ícone vés da barra de formatação ou, então, através de uma caixa de di-
(copiar). álogo. A barra de formatação é o meio mais rápido para realizar
essas mudanças, se você utilizar um mouse.
3. Posicione o cursor onde deseja que seja inserida essa cópia.

4. Dê um clique no botão esquerdo do mouse sobre o ícone


(colar).

Didatismo e Conhecimento 46
noções de informática

Nesse caso, basta dar um clique sobre o botão ao lado da caixa


que mostra o nome da fonte, para abrir uma lista de fontes dispo-
níveis.

Essa lista é apresentada em ordem alfabética do nome das fon-


tes. Contudo, ela guarda em sua memória as últimas doze fontes
utilizadas, e as exibe em primeiro lugar. Rolando a barra de rola-
gem, aparece uma divisão e as fontes em ordem alfabética.

Basta dar um clique no nome da fonte desejada que ela apa-


recerá na barra de formatação como a fonte atual. A partir desse
momento, o texto que for digitado aparecerá sob o novo formato.

ALTERAÇÃO DO TAMANHO DA FONTE


Se nenhum texto estiver marcado, a caixa VISUALIZAÇÃO
Alterar o tamanho de uma fonte através da barra de formato mostra o nome da fonte selecionada; caso contrário, exibe as pri-
exige procedimento parecido com o da mudança de fonte. Basta meiras letras ou palavras do texto que sofrerão a ação.
dar um clique no botão ao lado da caixa que mostra o tamanho da Outra utilidade da caixa de formatação é a definição do tipo de
fonte e selecionar o novo tamanho. fonte padrão dos documentos.
O Word assume a fonte Times New Roman, corpo 10, como
padrão. Se você achar mais conveniente, ou outra fonte, selecione-
-a e pressione o botão Padrão. Será apresentada uma caixa de diá-
logo solicitando a confirmação da alteração. Responda SIM e, na
próxima vez que carregar o Word, essa fonte será o padrão para o
documento.

CONHECENDO A FORMATAÇÃO DOS CARACTERES

Para obter detalhes sobre a formatação de um caractere ou


parágrafo, você deve ativar o botão de ajuda que fica no final da
barra de botões.

A CAIXA DE DIÁLOGO PARA ALTERAÇÃO DE FONTE


E CARACTERES Quando esse botão é ativado, ele muda o formato do cursor,
colocando um sinal de interrogação ao seu lado. Enquanto o for-
O Word permite que várias operações de formatação sejam mato do cursor estiver assim, basta dar um clique sobre o caractere
feitas de uma só vez através de uma caixa de diálogo. Essa caixa ou parágrafo do qual se quer obter os detalhes. Após dar um clique,
pode ser ativada com o pressionamento de Ctrl+F ou, então através uma caixa de informações é exibida, como ilustra a próxima figura.
da opção FONTE no menu FORMATAR.

As duas formas ativam a caixa de diálogo mostrada a seguir.


Ela contém um resumo com todas as formatações vistas até agora.
A vantagem dessa caixa de diálogo é que ela mostra, na sua parte
direita inferior, um modelo de como será a fonte e efeitos, dando
chance ao usuário de fazer experimentos, antes de aplicar os efei-
tos sobre o texto.

Didatismo e Conhecimento 47
noções de informática

Note que o último botão está pressionado indicando que o ali-


nhamento justificado está ativo. Desta forma, você terá um texto
com aparência mais organizada.

TABULAÇÃO
As informações contidas nessa caixa são bem mais detalhadas
do que o nome da fonte e seu tamanho, oferecidos pela barra de O espaçamento de tabulação já está definido em intervalos de
formatação. Além disso, são exibidas informações sobre o pará- 1,25 cm a partir da margem esquerda.
grafo do caractere selecionado.
Para definir tabulações:
COPIANDO E APLICANDO FORMATAÇÃO DE CARAC- Ao alterar as definições das tabulações, certifique-se de sele-
TERES cionar todos os parágrafos que deverão ser afetados pela alteração.
Assim, todas as definições de tabulação poderão ser alteradas ao
O Word facilita bastante a aplicação de um formato de carac- mesmo tempo.
tere que esteja no texto, através do recurso de cópia de formato.
Seu funcionamento é bem simples e consiste nas seguintes etapas: Selecione os parágrafos nos quais deseja definir ou alterar as
1. Marque o texto com o formato a ser copiado. tabulações. Clique sobre o botão “Alinhamento da tabulação” no
2. Dê um clique no botão PINCEL na barra de ferra- lado esquerdo da régua horizontal até que o alinhamento da tabu-
mentas. O cursor tomará o formato de um pincel. lação esteja na posição desejada.
3. Marque o texto que receberá o formato e libere o botão do Para selecionar Clique sobre o botão:
mouse.
• Tabulações alinhadas à esquerda
Quando o botão do mouse for liberado, o texto marcado rece-
berá automaticamente o formato do texto usado, como base para • Tabulações centralizadas
formatação.
PARÁGRAFOS E MARGENS • Tabulações alinhadas à direita

ALINHAMENTO DOS PARÁGRAFOS • Tabulações decimais


Na régua, clique sobre o local onde deseja definir uma tabu-
No Word você não precisa se preocupar com a margem direi- lação.
ta do texto. Simplesmente vá digitando o texto e, quando o cur- Para desativar ou mover uma tabulação
sor atingir a margem direita, a palavra que está sendo digitada é Para desativar uma tabulação, selecione os parágrafos cujas
automaticamente jogada para a linha de baixo. Como padrão, a tabulações deseja desativar e arraste o marcador de tabulação para
margem direita fica desalinhada, pois o espaço que estava sendo fora da régua.
ocupado pela palavra digitada fica em branco. Dependendo do Para mover, clique sobre o marcador de tabulação na régua e
tamanho da palavra que atinge a margem, o espaço deixado em arraste-o para a direita ou esquerda.
branco é maior ou menor.
FORMATAÇÃO DAS MARGENS E RECUOS DE PARÁ-
O Word permite que o parágrafo seja alinhado de quatro ma-
GRAFOS
neiras distintas dentro da largura do texto compreendida entre as
margens esquerda e direita da página. A alteração do alinhamento
O alinhamento do texto de um parágrafo simplesmente distri-
de um parágrafo é feita da mesma maneira que a alteração ou apli-
bui o texto digitado dentro das margens atuais do texto. Em muitas
cação de um efeito em um texto. Você
situações, é necessário alterar as margens do texto apenas para um
pode marcar um parágrafo e aplicar o alinhamento ou então
parágrafo. Em outras situações, um parágrafo deve ser recuado ou
ativar o alinhamento desejado e escrever o parágrafo em seguida. o espaçamento entre as suas linhas alterado. Todas essas opções
Na barra de formatos, ao lado dos estilos de caractere, existem podem ser configuradas através de uma caixa de diálogo ou, en-
quatro botões que servem para ativar ou desativar o alinhamento tão, através da utilização do mouse. Para ativar a caixa de diálogo,
de parágrafo. acione o menu Formatar e a opção Parágrafo.

Didatismo e Conhecimento 48
noções de informática
A próxima caixa de diálogo é exibida. Ela é composta por Nas duas extremidades da linha de régua, existem os indica-
duas fichas, uma responsável pela configuração dos recuos e outra dores de recuo, ou controles de recuo. Através da utilização do
pelo fluxo do texto. mouse, podemos mover esses controles e alterar os recuos sem
O recuo é o afastamento do parágrafo em relação à margem necessidade da caixa de diálogo.
normal do texto. O espaçamento é a distância entre uma linha e
outra ou, então, entre os parágrafos.
Por exemplo, você pode especificar que entre um parágrafo e
outro sempre devem ser deixadas duas linhas.
Todas as mudanças efetuadas são imediatamente pré-visuali-
zadas na caixa de visualização, antes de serem aplicadas no pará-
grafo.

1 - Esse controle move o recuo da primeira linha.


2 - Esse controle controla os outros dois, ou seja, move os
demais controles definindo um recuo da margem esquerda, único
para todo o parágrafo.
3 - Esse controle é responsável pelo recuo das demais linhas
do parágrafo, a partir da segunda linha.
Do lado direito, existe apenas o controle de recuo da margem
direita.

CRIANDO RECUOS

Para alterar os recuos na caixa de diálogo, basta digitar o ta-


manho do recuo em centímetros, na caixa de digitação apropriada, 1 - A margem direita possui apenas um controle que recua
ou pode-se também pressionar as setas ao lado da caixa de digi- todas as linhas do parágrafo.
tação. A caixa de digitação Especial permite a criação de recuos Quando as margens de parágrafos são alteradas através da
que afetam apenas a primeira linha do parágrafo ou, então, todas caixa de diálogo, os indicadores ou controles de recuo são posi-
as demais. cionados na posição determinada, ao se pressionar o botão OK.
A caixa de digitação POR, aparece o valor correspondente ao Para mover um controle de recuo, basta dar um clique no cursor
espaço de tabulação padrão. sobre ele e arrastá-lo até a posição desejada. Enquanto o botão do
mouse estiver pressionado, uma linha vertical tracejada o guiará
ALTERAÇÃO DOS RECUOS ATRAVÉS DA LINHA DE para posicionar o controle na melhor posição. Depois de liberado
RÉGUA o botão do mouse, o controle manterá sua posição, e os parágrafos
digitados daí em diante respeitarão esse recuo.
A linha de régua tem como finalidade orientar o usuário com
relação à largura do texto e das margens, assim como indicar recu- UTILIZANDO MARCADORES
os de parágrafos através de seus controles deslizantes. O tamanho
da linha é mostrado em centímetros ou polegadas, dependendo da O Word possui uma formatação especial de parágrafos, que
configuração do Word. consiste em inserir um símbolo especial no início dos parágrafos
e deslocar seus recuos de maneira a chamar a atenção sobre esses
parágrafos.
Esse efeito é facilmente obtido através do botão MARCA-
DORES, da barra de formatação. Após seu pressionamento, todos
os parágrafos digitados obedecerão a sua formatação. A margem
direita não é recuada, permanecendo em sua posição normal. Se
você precisar, recue a margem direita antes de iniciar a digitação
dos parágrafos com marcadores. Para desativar essa formatação,
basta pressionar o botão Marcadores novamente.

Didatismo e Conhecimento 49
noções de informática
NUMERAÇÃO DE PARÁGRAFOS Nela, você pode alterar o tamanho do símbolo do marcador,
sua cor, e tamanho e posição dos recuos. Todas as alterações são
Um recurso muito útil do Word é a numeração automática de visualizadas na caixa de visualização.
parágrafos. Este recurso formata os parágrafos que serão digita-
dos, inserindo um número no início da primeira linha e recuando As outras duas pastas dizem respeito à numeração de parágra-
as demais. Cada novo parágrafo digitado recebe um número se- fos. A pasta Numerada funciona de maneira análoga à pasta com
quencial. Se um dos parágrafos intermediários for eliminado, os marcadores. Você pode selecionar um dos seis formatos disponí-
demais parágrafos terão os seus números diminuídos em 1. Manu- veis de numeração e ativar ou desativar o recuo de linhas.
almente, você teria de refazer toda a numeração. A situação inver-
sa também é válida. Se você se esqueceu de digitar um parágrafo
intermediário, basta teclar ENTER no final do parágrafo anterior
para que um novo número seja incluído e os demais parágrafos
sejam renumerados, aumentando em um o seu número.

PERSONALIZANDO OS MARCADORES E NUMERA-


ÇÃO

Você pode alterar o formato dos marcadores e numeração de


parágrafos através da opção MARCADORES e numeração do
menu FORMATAR. Ao ativar essa opção, a próxima caixa de di-
álogo é exibida.

A última pasta permite selecionar a numeração de parágrafos


em vários níveis hierárquicos. Os três primeiros formatos mistu-
ram números e símbolos, enquanto os três últimos, apenas núme-
ros.

A primeira das três pastas diz respeito aos marcadores. Você


pode, de imediato, escolher um dentre os seis tipos diferentes de
marcadores disponíveis, simplesmente dando um clique sobre
aquele que lhe agrada. Note que existe um “x” confirmando o re-
cuo deslocado. Se você clicar sobre essa caixa de seleção, os recu-
os são eliminados.

O botão MODIFICAR exibe outra caixa de diálogo, onde a


formatação do parágrafo com marcador pode ser alterada.

ADICIONAR BORDAS E SOMBREAMENTO

Bordas e Sombreamentos são recursos do Word para desta-


car trechos de documentos. Podem ser aplicados em uma ou em
todas as bordas do documento, além de adicionar sombreamento
de fundo.

Didatismo e Conhecimento 50
noções de informática
Utilizando a Barra de Ferramentas: CONFIGURAÇÃO DE PÁGINA E MARGENS
Selecione a parte do texto onde será adicionada a borda e/ou
sombreamento;

Clique sobre o ícone

Aparecerá uma Barra de Tabelas e Bordas, onde você poderá


desenhar a borda, apagar, escolher o estilo e a espessura da linha,
a cor e o estilo da borda e o sombreamento;

Clique sobre o(s) ícone(s) desejado(s).

ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS


Agora você vai conhecer os elementos de uma página e saber
Através da caixa de formatação de parágrafos, você pode mu- como configurá-los
dar o espaçamento entre as linhas de um parágrafo.
CONFIGURAÇÃO DE PÁGINA E MARGENS

Agora você vai conhecer os elementos de uma página e saber


como configurá-los

O tamanho da página é o tamanho do papel. O padrão é o


formato carta, que mede 21,59 por 27,94 cm. Além do tamanho do
papel e dos elementos mostrados na figura acima, o texto pode ser
colocado na página verticalmente (retrato), que é a forma padrão,
ou, então, horizontalmente (paisagem).

CONFIGURANDO A PÁGINA

Para ativar a caixa de DIÁLOGO CONFIGURAR PÁGINA,


você deve acionar a opção CONFIGURAR PÁGINA, do menu
ARQUIVO. A pasta MARGENS, que permite alteração de todas
as margens do texto, certamente será uma das mais utilizada. O
As opções disponíveis são: Word adota como padrão uma margem de 2,5 cm para todas as
margens. Note na figura abaixo que a margem direita foi alterada
• linhas simples, para 3 cm.

• o padrão,

• uma linha e meia,

• duas linhas

• ou, então, uma quantidade de pontos.

A altura de uma linha é doze pontos.

Didatismo e Conhecimento 51
noções de informática
MARGENS ESPELHADAS Esse modo recebeu o nome de MODO PAISAGEM. Para alternar
a orientação, basta dar um clique sobre o modo desejado na caixa
Se você quiser espelhar as margens entre as páginas, basta de escolha Orientação.
clicar sobre a caixa MARGENS ESPELHO. Note que a área de
visualização agora mostra duas páginas, onde as margens internas A PASTA ORIGEM DO PAPEL
ficam com 6 cm e as externas com 3 cm. Esse formato é ideal para
o armazenamento em pastas do tipo fichário ou de argolas. Esta pasta talvez seja a menos utilizada pelos usuários. Ela se
destina a configurar a origem do papel em impressoras, particular-
mente do tipo laser, que possuem mais de uma bandeja de papel.
Nesses casos, podem-se colocar tipos diferentes de papel em cada
bandeja e utilizá-los em situações específicas.

ALTERAÇÃO DO TAMANHO DO PAPEL

A segunda pasta da caixa de diálogo permite a especificação


do tamanho da folha utilizada para impressão e da disposição do A PASTA LAYOUT
texto na página. O Word possui alguns tamanhos de papel padroni-
zados, que podem ser escolhidos através de uma lista de escolhas Esta pasta afeta a formatação da página com relação à dispo-
da caixa TAMANHO DO PAPEL. sição dos cabeçalhos e rodapés, alinhamento vertical do texto na
página, numeração de linhas no texto e criação de seções dentro
de um texto.

Assim que um tipo de papel é escolhido, suas medidas são


apresentadas na caixa de diálogo. Se nenhum dos tamanhos for VISUALIZAÇÃO DO TEXTO
conveniente, você pode informar diretamente sua largura ou altura
nas caixas de digitação apropriadas. O Word possui as visualizações:

Nessa mesma caixa de diálogo, você pode ajustar a orienta- Normal,


ção do texto, ou seja, se ele será impresso horizontalmente, no Tópicos,
modo que se designou RETRATO, ou, então, verticalmente, onde Layout de página
a maior medida do papel passa a ser da largura e não da altura. e Documento Mestre.

Didatismo e Conhecimento 52
noções de informática
Cada um desses modos de visualização possui características CABEÇALHOS
que lhe podem ser úteis em diversas situações. Esses modos de
visualização podem ser ativados pelo menu EXIBIR ou, então, Incluir um cabeçalho ou rodapé é uma tarefa simples dentro
pelo pressionamento de um botão no canto esquerdo da barra de do Word. Para acessar a caixa de diálogo responsável pela deter-
rolagem horizontal. minação do conteúdo dos cabeçalhos, você deve acionar a opção
CABEÇALHO E RODAPÉ do menu EXIBIR.

”Modo normal”: é o melhor modo de exibição para fins


gerais de digitação, edição e formatação de textos, e para movi-
mentação dentro de um documento. Para alterar para este modo,
clique sobre o ícone correspondente na barra de rolagem horizon-
tal ou escolha Normal no menu.
Antes de acessar essa opção, defina previamente quantos ca-
“Modo de layout da página”: permite você ver como beçalhos e rodapés o documento terá. As possibilidades são as se-
cabeçalhos e rodapés serão posicionados na página impressa. Este guintes:
modo é útil para a verificação da aparência final do documento. 1. O conteúdo do cabeçalho é idêntico para todas as páginas.
Para alterar para este modo, basta clicar sobre o respectivo botão 2. O cabeçalho da primeira página é diferente de todas as ou-
na barra de rolagem horizontal ou escolha Layout da Página no tras.
menu Exibir. 3. Páginas pares possuem um cabeçalho diferente das páginas
ímpares.
“Modo estrutura de tópicos”: possibilita ocultar parte do 4. A combinação dos itens 2 e 3.
documento a fim de visualizar somente os cabeçalhos principais Como padrão, o Word assume um único cabeçalho para todo o
ou expandi-lo, para ver todo o documento. Para alterar para este documento. Portanto, a menos que você queira especificar mais de
modo, clique sobre. um cabeçalho para o documento, não é necessário fazer nenhuma
o seu respectivo botão na barra de rolagem horizontal ou esco- modificação nessa caixa de diálogo. Quando você ativa a opção
lha o Estrutura de Tópicos no menu Exibir. CABEÇALHO E RODAPÉ aparece uma barra de botões flutuan-
“Tela inteira”: para que somente o documento seja exibido na do sobre o texto, próximo da área do cabeçalho. A área do cabeça-
tela (sem réguas, barras de ferramentas e outros elementos), esco- lho fica envolvida por uma linha tracejada e o ponto de inserção ou
lha Tela Inteira no menu Exibir. Para voltar ao modo de exibição cursor é colocado no início da primeira linha.
anterior, clique.
sobre o botão Fechar Tela Inteira ou pressione ESC.
“Modo de documento mestre”: divide documentos extensos
(um livro com diversos capítulos, uma apostila) em arquivos se- 3
parados. Para mudar para este modo, escolha Documento Mestre
no menu Exibir.
“ZOOM”: serve para ampliar e reduzir parte ou todo o do-
cumento. Para usá-lo, escolha o comando Zoom no menu Exibir.
Será aberta uma caixa de diálogo que permitirá escolher o percen-
tual de zoom que deseja.

CABEÇALHOS, RODAPÉS E NOTAS DE RODAPÉ

Tanto a margem superior como a inferior pode ser usada para


exibir um cabeçalho ou, então, rodapé. O conteúdo do cabeçalho
ou rodapé pode ser um texto simples, um gráfico ou uma combi-
nação dos dois.

Didatismo e Conhecimento 53
noções de informática
Para treinar a criação de cabeçalhos, você pode seguir os pró- O menu INSERIR possui a opção NÚMEROS DE PÁGINA,
ximos passos. que, ao ser acionada, mostra a próxima caixa de diálogo.
1. Carregue o texto EUROPA ou EUROPA2.
2. Ative a opção CABEÇALHO e RODAPÉ, do menu EXI-
BIR.
3. Digite “Artigo Internacional”, usando negrito e sublinhado.
4. Pressione o botão FECHAR para encerrar a edição.
Insira agora um rodapé, que exibirá o número da página do
texto.
1. Ative a opção CABEÇALHO e RODAPÉ do menu EXI-
BIR.
2. Pressione o primeiro botão da caixa de botões flutuante ou,
então, a tecla PgDn para acessar o rodapé.
3. Pressione o botão para centralizar textos na linha, pois que-
remos que o número de página seja exibido no meio da linha. Remover números de páginas
4. Pressione o botão que contém o símbolo “#”. Esse botão
insere o número da página. Ele pode ser usado em rodapés ou ca- Selecione o “Modo de Layout de Página”;
beçalhos. O número 1 aparecerá no centro da linha. As demais pá- 1. Dê duplo clique sobre o número de página (ele estará acin-
ginas do documento terão sua numeração correta. zentado). Os textos de cabeçalho e rodapé estarão disponíveis para
5. Pressione o botão Fechar. modificações;
2. Selecione a moldura que envolve o número de página e o
INSERINDO NUMERAÇÃO NAS PÁGINAS depois o próprio número de página e pressione Delete ou Backs-
pace.
Para colocar numeração no documento, a sequência é a se-
guinte: INSERIR QUEBRAS

Selecione a opção Exibir/Cabeçalho e rodapé. Ao fazer isto, a Quebras são interrupções no texto. Podem ser de página, co-
barra de ferramentas para cabeçalho e rodapé é apresentada. luna ou de seção.
Quebra de página: Podem ser automáticas ou manuais:
Automáticas: o Word insere automaticamente em função da
quantidade de texto e do tamanho do papel configurado. São re-
Para alternar entre o cabeçalho ou o rodapé para a calculadas pelo Word toda vez que são feitas alterações no texto;
inserção da numeração, clique no ícone correspondente. Manuais: são colocadas pelo usuário. Exigem revisão toda
vez que o texto for alterado.
Para inserir a numeração no cabeçalho (ou rodapé) Quebra de coluna: utilizada quando há colunas do tipo jorna-
da página, posicione o cursor no ponto onde se deseja colocar a lístico no texto.
numeração e clique no ícone para inserir número de página. É pos- Quebra de seção: utilizada para determinar diferentes forma-
sível utilizar os recursos para formatação de fontes e parágrafos tações de texto dentro de um mesmo documento (ex.: alinhamento
para definir o formato da numeração, inclusive com a inclusão de vertical do texto; formato, sequência e posição dos números de
texto antes e depois do número. página; numeração de linhas; posição das notas de rodapé e de
fim; etc.).
Para formatar o tipo de número a ser inserido, clique no Para inserir quebras, coloque o ponto de inserção na posição
ícone para formatar número de página. onde deseja que seja inserida a quebra;
Se você não quer usar cabeçalhos e rodapés no seu texto, mas No menu Inserir, escolha o comando Quebra...;
precisa colocar a numeração de páginas no documento, pode usar Aparecerá uma caixa de diálogo. Selecione a opção desejada
o método descrito há pouco ou, então, outro mais prático e que dá e clique em OK.
mais opções ao usuário.

Didatismo e Conhecimento 54
noções de informática
ABERTURA DE ARQUIVOS E MOVIMENTAÇÃO PELO
TEXTO

Nós já aprendemos como editar, gravar e imprimir um tex-


to na sua forma mais simples. Agora, detalharemos outras formas
de realizar essas operações, além de mostrar como se movimentar
pelo texto.

CRIAR UM DOCUMENTO A PARTIR DE UM MODELO


DO WORD

Para criar seu documento a partir de um modelo existente no


Word, clique em Novo no menu Arquivo e uma caixa de diálogo
será aberta;

Clique na guia que contém o modelo de documento que você


deseja criar (cartas e faxes, memos, relatórios, publicações, etc.);

Depois de escolher o modelo, clique em Ok. O modelo esco-


lhido é exibido na tela;

Substitua seus dados no modelo.

NOMEAR DOCUMENTOS
ABERTURA DE UM ARQUIVO TEXTO
O nome do arquivo só pode ter de um a oito caracteres, segui-
Nós já gravamos um documento chamado CARTA.DOC no do por um ponto e uma extensão de um a três caracteres, ambos
disco rígido (ou disquete) através da opção SALVAR do menu Ar- opcionais. Na maior parte dos casos é preferível deixar que o Word
quivo. Para abrir esse ou outro documento que já tenha sido grava- forneça a extensão padrão para seus documentos, que é .DOC.
do, use a opção ABRIR, do menu ARQUIVO. Não serão aceitos os seguintes caracteres: * ? = \ / : | < > .
Esta opção mostra uma caixa de diálogo semelhante àquela ENVIAR DOCUMENTOS
exibida para salvar o arquivo. Nela, você deve selecionar o nome
do arquivo na lista chamada NOME DO ARQUIVO, ou digitar o Se você possui um e-mail e quer enviar algum documento,
seu nome e pressionar OK. basta escolher a opção “Enviar para” no menu Arquivo e selecio-
nar o destinatário da mensagem. O Word automaticamente anexará
o documento no seu e-mail.

SALVAR DOCUMENTOS

1. Clique sobre o ícone na barra de Ferramentas ou em Sal-


var no menu Arquivo. A caixa de diálogo Salvar Como será aberta;

Didatismo e Conhecimento 55
noções de informática
2. Selecione a unidade de disco e o diretório onde o arquivo
deve ser salvo;
3. Digite o nome do arquivo e clique em Salvar.

MENU AUTOFORMA

Neste menu está disponível um conjunto de formas de dese-


A CAIXA DE DIÁLOGO SALVAR nho que podem ser utilizadas para construir figuras e diagramas
dos mais variados.
Como só será aberta quando o documento estiver sendo salvo Esses objetos podem ser alterados através das opções disponí-
pela primeira vez, caso contrário, o documento será salvo automa- veis no menu Desenhar, visto mais adiante.
ticamente com o mesmo nome, unidade de disco e diretório. Para inserir uma AutoForma com texto existem duas manei-
ras:
Para salvar todos os documentos abertos, a partir do menu − Inserir uma AutoForma através da opção AutoForma, sele-
Arquivo, escolha Salvar Tudo. cioná-la e
depois apertar o botão direito do mouse sobre ela, escolhendo
Proteja seu trabalho! a opção
adicionar texto no menu que se abre.
É aconselhável salvar o trabalho a cada 10 ou 15 minutos. − Inserir uma caixa de texto (ícone na barra de ferramentas de
Você pode usar o recurso de Gravação Automática (menu Ferra- desenho, mostrado ao lado), digitar o texto e depois alterar a Auto-
menta, comando Opções, guia Salvar) para salvar documentos pe- Forma através da opção Desenhar/Alterar Autoforma.
riodicamente.

Assim, não haverá perda significativa em caso de queda de


energia ou qualquer outro problema. É aconselhável também, sal-
var documento antes de imprimi-lo ou executar alterações impor-
tantes.

Observação: Quando você sair do Word, todos os documentos


serão fechados. Se existirem alterações ainda não salvas nos docu-
mentos abertos, uma mensagem será exibida perguntando se você
deseja salvar o documento antes de sair.

BARRA DE FERRAMENTAS ¨ DESENHO¨ IMPRESSÃO DO DOCUMENTO

O ícone Desenho , uma vez pressionado faz aparecer a barra Até agora, nós já aprendemos o mínimo para editar um texto
de ferramentas Desenho: no WORD. Basta abrir o Word e começar a digitar. Imprimir é
ainda mais fácil. Veremos, agora, a forma mais simples para se
imprimir

OV documento que está sendo editado. Até esse momento,


Esta barra, como as outras, permite a criação de retas, ovais, realizamos operações que foram acionadas pela barra de menu. A
setas etc. Clicando nos ícones e arrastando o seletor do mouse so- impressão também pode ser feita através de uma opção do menu
bre a planilha ou gráfico, pode-se criar o desenho. ARQUIVO. Contudo, por equipamento, usaremos o ícone de im-
pressora que se encontra na barra de ferramentas padrão. É o quar-
Para locomover a barra de ferramentas Desenho, clique com o to ícone da esquerda para a direita. Antes de ativar a impressão,
botão esquerdo, mantendo pressionado o mesmo, na palavra “De- veja se a impressora está ligada, com papel, e o seu cabo conectado
senho” e arraste para um local que não o atrapalhe. ao micro.

Didatismo e Conhecimento 56
noções de informática

Antes de imprimir o seu documento, é preciso definir algumas


variáveis que determinarão a qualidade de apresentação do seu
trabalho. Para tal, escolha no menu Arquivo, a opção Configurar
Página. Aparecerá a caixa de diálogo “Configurar Página”, faça as USANDO ÍCONES
alterações necessárias e clique em OK.
Os ícones da barra de ferramentas, em sua maioria, repre-
sentam opções dos menus suspensos. Se você prefere usar mais o
mouse do que o teclado, usar os ícones aumenta a sua produtivida-
de. Em vez de digitar ALT+A, S para salvar o arquivo, você pode
dar um clique no terceiro ícone que tem a figura de um disquete.
Esse clique exibirá a caixa de diálogo para salvar o arquivo. Para
abrir um arquivo, basta dar um clique no segundo ícone represen-
tado por uma pasta suspensa que está se abrindo. O primeiro ícone,
uma folha em branco, permite a criação de um novo texto.

PRÉ-VISUALIZAÇÃO

Antes de imprimir um documento, clique sobre o ícone na Além dessas duas formas, você pode também realizar deter-
Barra de Ferramentas, para visualizar a aparência que o documen- minadas operações através do pressionamento de uma combinação
to terá quando impresso, evitando assim, possíveis erros. Após vi- de teclas. Por exemplo, para abrir um arquivo, você pode digitar
sualizar, clique em Fechar para retornar ao modo de visualização Ctrl+A. Usar uma ou outra forma dependerá do gosto pessoal.
anterior.
Como exemplo, pressione o ícone Abrir (Pasta), dê um clique
IMPRIMIR UM DOCUMENTO sobre o quadro UNIDADES DE DISCO e selecione o driver onde
você gravou o seu arquivo. Em seguida, dê um duplo clique sobre
Quando o documento estiver pronto para imprimir, clique o diretório onde se encontra o arquivo. A lista de arquivos mostrará
sobre o botão na barra de ferramentas, ou selecione Imprimir no todos os arquivos desse diretório. Dê um duplo clique sobre qual-
menu Arquivo. Aparecerá uma caixa de diálogo exibindo as op- quer um deles. Ele será carregado para a memória em instantes.
ções de impressão (impressora, intervalo de páginas, número de
cópias, etc.). Feitas as seleções, clique em OK. Imagine que por segurança, você quer fazer uma cópia desse
arquivo em outro disco. Com o WORD, não é preciso acionar o
Windows EXPLORER para fazer a cópia. Ative a opção SALVAR
Como do menu Arquivo. A caixa de diálogo para gravação de ar-
quivos aparecerá. Digite no quadro Nome do arquivo ..........2.DOC
e pressione OK. Note agora que o nome do arquivo atual mudou
na barra de título do WORD. Você acabou de gravar uma cópia do
arquivo em disco, possuindo agora um chamado EUROPA e outro
EUROPA 2, que está aberto e pronto para edição.

Didatismo e Conhecimento 57
noções de informática
EDIÇÃO DE UM DOCUMENTO NOVO Selecione Criar - Cartas Modelo.
Uma das boas qualidades do WORD é a possibilidade de se Surgirá a janela abaixo.
editar mais de um texto ao mesmo tempo. Se você executou os Selecione Novo doc. principal
exemplos anteriores, o arquivo ...............2 está aberto na sua tela. (Se você estiver com um documento já aberto - uma carta já
Ative agora a opção NOVO no menu ARQUIVO, ou dê um clique pronta, por exemplo - selecione Janela Ativa).
no primeiro ícone da barra de ferramentas.
Selecione Editar
Clique em Carta Modelo

O Word se apresentará com a tela em branco. Nesta fase você


FECHAR UM DOCUMENTO vai criar o Documento Principal. Faça um documento semelhante
ao da próxima figura.

No Documento principal vamos reservar um lugar onde de-


Para fechar o seu documento, selecione o comando Fechar no sejamos que o nome do destinatário apareça. Esse lugar chama-se
menu Arquivo ou clique sobre o localizado na barra de menu. Campo. Observe na figura a seguir, a área ressaltada em azul. É ali
Se um documento não foi salvo, uma mensagem será emitida que vamos inserir um campo para receber os nomes dos destinatá-
perguntando se você deseja salvar as alterações antes de fechar rios. (atenção: a cor azul foi colocada como ilustração).
o documento. Se você escolher “Sim”, mas ainda não nomeou o
documento, a caixa de diálogo Salvar como será exibida. Coloque o cursor na posição desejada (a cor azul foi só para
demonstrar. Ela não aparece para você. É ali que você vai colocar
Criando a mala Direta o cursor).
Criação do documento principal
Abra um documento novo no Word, vá ao Menu Ferramentas Selecione Campo
e selecione Mala Direta. Surgirá a janela Campo

A seguir.
Selecione Mala Direta em

Didatismo e Conhecimento 58
noções de informática

Recapitulando:
Agora você tem salvo dois documentos: o Carta para Clientes.
doc e o Origem.doc.
O Carta para Clientes.doc tem um campo - Cliente - que vai
receber os nomes que estão no Origem.doc.
Abra o Carta para Clientes.doc
- Siga a sequência já estudada: Menu Ferramentas/Mala Dire-
ta/Criar/Cartas Modelo/Janela Ativa.
- A seguir clique em Obter Dados/Abrir Origem/ Selecione o
arquivo Origem.doc
- Finalmente, clique em Mesclar. Na Janela que se abre clique
em Mesclar e observe o resultado.
O Word criou um novo .doc com o nome Cartas modelo1 que
Categorias e Merge Field tem 3 páginas. A primeira para a Gilvania, a segunda para a Apare-
cida de Jesus e a terceira para Laura Brasileira.
em Nomes de Campos. Digite um nome para o campo à frente
da palavra Mergefield Salve o Cartas modelo1 com o nome que desejar e ... pronto!
No exemplo, usamos Cliente. Veja o resultado na frente da
palavra Para: <<cliente>> é o campo que vai se transformar nos
vários nomes das pessoas.

O Documento Principal está pronto.


Salve-o como Carta para Clientes.doc

Usando uma planilha do Excel como Origem dos dados


Crie uma planilha no Excel. Salve como Origem.xls
Criação ou utilização da Origem dos Dados
A origem dos dados normalmente já está pronta quando pen-
samos em uma mala direta. E, como já vimos, há mais de uma
possibilidade de trabalharmos com Origem de dados.
As principais são:
- Uma tabela no Word - Uma planilha no Excel
Usando uma tabela no Word como Origem dos dados
Crie uma tabela no Word semelhante a esta. Normalmente ela
já está pronta quando iniciamos o trabalho.
No nosso estudo vamos criá-la agora. Quando pronta, salve-a Crie um Documento Principal como abaixo. Neste, insira o
como Origem.doc. Observe que nossa tabela tem cabeçalho, ou campo Nome. Salve como Convite.doc (o campo inserido foi cha-
seja, Cliente e Endereço. Você se lembra de que quando inserimos mado de Nome por que na planilha Excel o cabeçalho da coluna é
o campo demos a ele o nome de Cliente? descrito como Nome).
Foi por causa disso. O nome do campo corresponde ao nome
do cabeçalho na origem dos dados.

Didatismo e Conhecimento 59
noções de informática
Microsoft Word 2007

O Word 2007 é um processador de texto, constituindo uma po-


derosa ferramenta de auxílio à elaboração de documentos.

Com este aplicativo, você pode criar uma grande diversidade


de documentos, utilizando recursos como tabelas, gráficos, índices,
imagens, som, vídeo e texto em colunas entre muitos outros.

Nesta nova versão, o Word surge com uma nova interface, em


que os tradicionais menus de opções desaparecem e dão lugar a uma
faixa de opções com diversas guias, onde podemos encontrar, mais
facilmente, os comandos necessários para executar as tarefas que
nos propomos realizar.

1. Explorando a janela do Word

1.1 Acessando o Word

Há várias formas de acessar o Word. A mais utilizada é clicar


Siga a mesma sequência utilizada para a Mala direta com uma no botão Iniciar, Todos os programas, Microsoft Office, Microsoft
Office Word 2007. Observe a figura abaixo:
tabela no Word. Preste atenção ao selecionar Origem: neste caso a
Origem é Origem.xls pois estamos usando uma planilha do Excel.

Quando acionar o botão mesclar, confirme quando necessário


e ... pronto! Lá está um documento com 3 páginas. Não se esqueça
de salvar!

FECHANDO O WORD

Para sair do WORD, devemos acionar a opção SAIR, do menu


ARQUIVO. Se ativarmos essa opção, logo após ter gravado o ar-
quivo atual, o programa será encerrado imediatamente, voltando
o controle para o Gerenciador de Programas. Caso o documento
tenha sido alterado após a última gravação, o WORD detecta essa
situação e exibe uma caixa de diálogo, onde podemos confirmar
a gravação do texto mais uma vez e, com isso, não perder o texto
digitado.

1.2 Conhecendo a área de trabalho do Word

Logo que abrimos o Word, um documento é criado automati-


camente com o nome de Documento 1, e é visualizada uma janela,
como a demonstrada na figura.

Uma caixa de diálogo aparecerá perguntando qual modelo de


documento deve ser usado para o texto que será digitado. Pressio-
ne o botão OK para aceitar o modelo Atual. Depois, discutiremos
os modelos e sua utilização.

Didatismo e Conhecimento 60
noções de informática
Barra de Título – Mostra o título do programa e o nome do
documento (arquivo) que está aberto.

Faixa de opções – A faixa de opções é o local onde estão os


principais comandos do Word, separados por guias: Início, Inserir,
Layout da Página, Referências, Correspondências, Revisão e Exi-
bição.

Menu – Clicando sobre o Botão Office , no canto supe-


rior esquerdo, aparecerão funções como Salvar, Imprimir e Fechar Botão ajuda – Acessa a ajuda do Office Online ou a local
entre outras, que são as principais ações de controle da janela do (salva no computador).
Word. Controle da janela – Controles para Minimizar , Maximizar
( ficar do tamanho da tela), Restaurar (poder ser redimensionada
conforme necessidade) e Fechar a janela.

ANOTAÇÕES

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—————————————————————————
Do lado direito do Botão Office , você poderá persona-
lizar a Barra de ferramentas de acesso rápido, clicando na Caixa de —————————————————————————
listagem (lista de opções disponíveis) .
—————————————————————————
Para ativar ou desativar um comando, basta clicar sobre ele. —————————————————————————
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Didatismo e Conhecimento 61
noções de informática
2. Barra de Menus: traz todo o conteúdo (todos os coman-
10. MS OFFICE 2003/2007 – EXCEL. dos) que podem ser executados no Excel. Funciona como um car-
CONCEITOS BÁSICOS. CRIAÇÃO DE dápio onde o usuário pode escolher a opção desejada.
DOCUMENTOS. ABRIR E SALVAR 3. Barra de Ferramentas padrão: possui ícones de atalho às
ferramentas mais usadas no Excel.
DOCUMENTOS. ESTILOS. FORMATAÇÃO.
4. Barra de Formatação: possui ícones para às ferramentas
FÓRMULAS E FUNÇÕES. GRÁFICOS.
de formatação mais usadas no Excel.
CORRETOR ORTOGRÁFICO. IMPRESSÃO. 5. Barra de Fórmulas: mostra o conteúdo real da célula
ÍCONES. ATALHOS DE TECLADO. USO DOS selecionada. Em uma célula podemos digitar uma fórmula, mas
RECURSOS será visualizado apenas o resultado dela. Na Barra de Fórmulas, se
clicarmos na célula que contém a fórmula, será mostrada a fórmu-
la utilizada. Podemos realizar digitações diversas nesta barra e o
EXCEL conteúdo digitado será aplicado na célula ativa.

Excel é uma planilha eletrônica que faz parte do pacote Mi-


crosoft Office. Você pode usar o Excel para organizar, calcular,
e analisar dados. As tarefas que você pode realizar com ela vão
desde a preparação de uma simples fatura à criação de elaborados
gráficos em 3-D para gerenciar a contabilidade de uma empresa.

No Excel, você trabalha com planilhas, que consistem de li- Exemplo barra de fórmula
nhas e colunas que se intersectam para formar células. As células
contêm vários tipos de dados que você pode formatar, classificar, Na figura a cima, vemos na célula ativa o número 30, mas na
analisar, e transformar em gráficos. Um arquivo do Excel pode barra de fórmula, vemos “=soma(C31:C32)”. Isso significa que o
ser chamado de pasta de trabalho, que, por padrão, vem com três número 30, na realidade, é o resultado dessa fórmula.
planilhas. Além dessa função, a barra de fórmula tem o botão “In-
serir função” que abre um assistente para ajudar a inserir uma série
INICIANDO O EXCEL de funções.
6. Cabeçalho das colunas: as letras, dispostas na horizontal,
representam as colunas. Elas iniciam na letra “A” e vão até as le-
tras IV. São, no total, 256 colunas.
7. Caixa de nome: mostra o nome da célula ativa. Através
dela, também podemos dar nome para uma célula, evitando assim
que tenhamos que nos recordar em qual posição da planilha ela se
encontra.

Por exemplo:

Exemplo para ilustração

Na pequena amostra da planilha a cima, para somar os ele-


mentos (10 e 20), temos que selecioná-los ou lembrar que estão
nas células A1 e A2. Como a planilha tem poucos dados, isso fica
Janela inicial Excel fácil, mas vamos supor que seja uma planilha com muitas células
preenchidas.
A figura a cima mostra a tela inicial do Microsoft Excel:
Para não termos que nos recordar da localização desses dados
1. Barra de Título: mostra o nome do programa e do ar- e podermos utilizá-los em qualquer outra parte da planilha ou da
quivo, além de trazer os botões minimizar, restaurar/maximizar e pasta, podemos colocar nomes nas células e usar esses nomes nas
fechar. O nome padrão de um arquivo do Excel é “Pasta”. fórmulas.

Didatismo e Conhecimento 62
noções de informática
CURIOSIDADE: SCROLL LOOK, para que serve no Excel?
Para nomear uma célula, basta selecioná-la, clicar na caixa de Clique em uma célula mais ou menos no meio da sua tela,
nomes e digitar o nome desejado. Nesse caso, nomeamos a célula como por exemplo a célula G18.
A1, como salário e a célula A2, como adicional. Com o Scroll Look desligado, mova as setas de direção, por
exemplo, a seta que aponta para baixo . Veja que a célula sele-
Dessa forma, em qualquer lugar da planilha eu posso fazer cionada vai mudando para G19, G20 e assim por diante.
uma fórmula, usando os nomes das células, como demonstrado
pela figura a seguir: Volte a selecionar a célula G18, pressione o Scrooll Look e
veja que um led se acendeu no teclado indicando que ele está li-
gado. Faça o mesmo procedimento, ou seja, pressione a tecla
Fórmula usando nomes algumas vezes. Veja que a tela se moveu e a célula ativa continua
sendo a G18.
8. Cabeçalho das linhas: o cabeçalho das linhas é represen-
tado pelos números que aparecem na vertical. Cada número repre- Fórmulas/funções
senta uma linha, sendo, no total, 65536 linhas.
9. Barra de Navegação: permite nos deslocarmos entre as A principal função do Excel é facilitar os cálculos com o uso
planilhas de maneira rápida e eficiente. Podemos ir para a primeira de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos várias de suas
planilha, para a planilha anterior, para a próxima planilha e para a fórmulas. Para iniciar, vamos ter em mente que, para qualquer fór-
última planilha. mula que será inserida em uma célula, temos que ter sinal de “=”
10. Barra de Status: mostra em que modo a célula se encon- no seu início. Esse sinal, oferece uma entrada no Excel que o faz
tra, se as teclas Num Lock ou CAPS estão acionadas, a prévia da diferenciar textos ou números comuns de uma fórmula.
soma de argumentos selecionados.
11. Guia das planilhas: assim que abrimos o Excel, ele nos SOMAR
traz três planilhas inicialmente iguais. Essas planilhas simulam Se tivermos uma sequência de dados numéricos e quisermos
folhas de cálculo. Quando alteramos uma planilha e salvamos o
realizar a sua soma, temos as seguintes formas de fazê-lo:
documento, mesmo sem alterar as outras, o documento será salvo
com todas as planilhas inseridas. Para inserir planilhas, podemos
clicar com o botão direito do mouse em uma das planilhas existen-
tes e depois em “Inserir”, verificar se o item planilha está selecio-
nado e clicar em “OK”, ou clicar na guia “Inserir planilha”. Pode-
mos ainda usar as teclas de atalho Shift+F11.Barra de fórmulas:
mostra o conteúdo real da célula, mesmo que esteja aparecendo
nela um número resultante de uma fórmula. As planilhas são com-
postas por células. Uma célula é o encontro entre uma coluna e
uma linha. Quando está selecionada, chamamos de célula ativa. As Soma simples
células podem ser nomeadas, como vimos no item 7, ou apenas se-
rem chamadas e localizadas pela posição de linha e coluna, como Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4.
por exemplo: A1, onde A é a coluna e o 1, a linha.
Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células, digitar
o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência até o último valor.

Após a sequência de células a serem somadas, clicar no ícone


soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.

A última forma que veremos é a função soma digitada. Vale


ressaltar que, para toda função, um início é fundamental:

1 - Sinal de igual.
2 – Nome da função.
3 – Abrir parênteses.
Para alterar o tamanho das colunas, basta pausar o mouse en-
tre as linhas das colunas e clicar 2 x. Com isso a coluna se ajustará
Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno lembre-
ao tamanho do texto. Se preferir, pode manter pressionado o botão
te sobre a função que iremos usar, onde é possível clicar e ob-
esquerdo do mouse e arrasta-lo até onde desejar.
ter ajuda, também. Usaremos, no exemplo a seguir, a função =
Perceba que quando está digitando uma palavra ou frase já
digitada, o Excel quer completa-la para você. soma(B2:B4).

Didatismo e Conhecimento 63
noções de informática

Lembrete mostrado pelo Excel.


Exemplo de subtração
No “lembrete” exibido na figura, vemos que após a estrutura
digitada, temos que clicar em um número, ou seja, em uma célula Multiplicação
que contém um número, depois digitar “;” (ponto e vírgula) e se- Para realizarmos a multiplicação, procedemos de forma se-
guir clicando nos outros números ou células desejadas. melhante à subtração. Clicamos no primeiro número, digitamos o
Aqui vale uma explicação: o “;” (ponto e vírgula) entre as sen- sinal de multiplicação que, para o Excel é o “*” asterisco, e depois,
tenças usadas em uma função, indicam que usaremos uma célula e clicamos no último valor. No próximo exemplo, usaremos a fór-
outra. Podem ser selecionada mantendo a tecla CTRL pressionada, mula =B2*B3.
por exemplo.

Existem casos em que usaremos, no lugar do “;” (ponto e vír-


gula), os “:”, dois pontos, que significam que foi selecionada uma
sequência de valores, ou seja, de um valor até outro, ou de uma
célula até outra.

Dando continuidade, se clicarmos sobre a palavra “soma”, do


nosso “lembrete”, será aberta uma janela de ajuda no Excel, onde Exemplo de multiplicação
podemos obter todas as informações sobre essa função. Apresenta
informações sobre a sintaxe, comentários e exemplos de uso da Outra forma de realizar a multiplicação é através da seguinte
função. Esses procedimentos são válidos para todas as funções, função:
não sendo exclusivos da função “Soma”. =MULT(B2;C2) multiplica o valor da célula B2 pelo valor
da célula C2.

A B C E
1 PRODUTO VALOR QUANT. TOTAL
2 Feijão 1,50 50 =MULT(B2;C2)

DIVISÃO
Para realizarmos a divisão, procedemos de forma semelhante
à subtração e multiplicação. Clicamos no primeiro número, digi-
tamos o sinal de divisão que, para o Excel é a “/” barra, e depois,
clicamos no último valor. No próximo exemplo, usaremos a fór-
mula =B3/B2.

Ajuda do Excel sobre a função soma

SUBTRAÇÃO
Exemplo de divisão
A subtração será feita sempre entre dois valores, por isso não
precisamos de uma função específica. PORCENTAGEM
Para aprender sobre porcentagem, vamos seguir um exemplo:
Tendo dois valores em células diferentes, podemos apenas um cliente de sua loja fez uma compra no valor de R$ 1.500,00
clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos) e depois clicar e você deseja dar a ele um desconto de 5% em cima do valor da
na segunda célula. Usamos na figura a seguir a fórmula = B2-B3. compra. Veja como ficaria a formula na célula C2.

Didatismo e Conhecimento 64
noções de informática
Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – refere-se
ao endereço dos valores onde você deseja ver qual é o maior valor.
No caso a resposta seria R$ 622,00.

MÉDIA
Exemplo de porcentagem A função da média soma os valores de uma sequência selecio-
nada e divide pela quantidade de valores dessa sequência.
Onde: Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas de quatro
B2 – se refere ao endereço do valor da compra pessoas, usando a função = média (A2:A4):
* - sinal de multiplicação
5/100 – é o valor do desconto dividido por 100 (5%). Ou seja,
você está multiplicando o endereço do valor da compra por 5 e
dividindo por 100, gerando assim o valor do desconto.
Se preferir pode fazer o seguinte exemplo:
=B2*5% Onde:
B2 – endereço do valor da compra
* - sinal de multiplicação
5% - o valor da porcentagem.
Depois para o saber o Valor a Pagar, basta subtrair o Valor da
Compra – o Valor do Desconto, como mostra no exemplo.

MÁXIMO
Mostra o maior valor em um intervalo de células selecionadas. Exemplo função média
Na figura a seguir, iremos calcular a maior idade digitada no
intervalo de células de A2 até A5. A função digitada será = máximo Foi digitado “= média (”, depois, foram selecionados os valo-
(A2:A5). res das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter for pressionada,
o resultado será automaticamente colocado na célula A6.
Todas as funções, quando um de seus itens for alterado, recal-
culam o valor final.

DATA
Esta fórmula insere a data automática em uma planilha.

Exemplo da função máximo

Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – refere-se


ao endereço dos valores onde você deseja ver qual é o maior valor.
No caso a resposta seria 10. Exemplo função hoje

MÍNIMO Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da função =


Mostra o menor valor existente em um intervalo de células hoje(), que aparece na barra de fórmulas.
selecionadas.
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digitado no INTEIRO
intervalo de A2 até A5. A função digitada será = mínimo (A2:A5). Com essa função podemos obter o valor inteiro de uma fração.
A função a ser digitada é =int(A2). Lembramos que A2 é a célula
escolhida e varia de acordo com a célula a ser selecionada na pla-
nilha trabalhada.

Exemplo da função mínimo Exemplo função int

Didatismo e Conhecimento 65
noções de informática
ARREDONDAR PARA CIMA
Com essa função, é possível arredondar um número com casas
decimais para o número mais distante de zero.
Sua sintaxe é:
= ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_dígitos)
Onde:
Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar. Exemplo de digitação da função MOD
Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se deseja Os valores do exemplo a cima serão, respectivamente: 1,5 e 1.
arredondar núm.
VALOR ABSOLUTO
Com essa função podemos obter o valor absoluto de um nú-
mero. O valor absoluto, é o número sem o sinal. A sintaxe da fun-
ção é a seguinte:
=abs(núm)
Onde:
ABS(núm)
Início da função arredondar.para.cima Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja obter.

Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial da função,


o Excel nos mostra que temos que selecionar o num, ou seja, a
célula que desejamos arredondar e, depois do “;” (ponto e vírgula),
digitar a quantidade de dígitos para a qual queremos arredondar.

Na próxima figura, para efeito de entendimento, deixaremos


as funções aparentes, e os resultados dispostos na coluna C:
Exemplo função abs
DIAS 360
Retorna o número de dias entre duas datas com base em um
ano de 360 dias (doze meses de 30 dias). Sua sintaxe é:
= DIAS360(data_inicial;data_final)
Onde:
Função arredondar para cima e seus resultados Data_inicial = a data de início de contagem.
Data_final = a data a qual quer se chegar.
ARREDONDAR PARA BAIXO No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para
Arredonda um número para baixo até zero. chegar até a data de 20/12/2012, tendo como data inicial o dia
ARREDONDAR.PARA.BAIXO(núm;núm_dígitos) 02/06/2012. A função utilizada será =dias360(A2;B2):
Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar.
Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se deseja
arredondar núm.
Veja a mesma planilha que usamos para arredondar os valores
para cima, com a função arredondar.para.baixo aplicada:

Exemplo função dias360

Função arredondar para baixo e seus resultados FUNÇÃO SE


A função se é uma função lógica e condicional, ou seja, ela
RESTO trabalha com condições para chegar ao seu resultado.
Com essa função podemos obter o resto de uma divisão. Sua Sua sintaxe é:
sintaxe é a seguinte: = se (teste_lógico; “valor_se_verdadeiro”; “valor_se_falso”)
= mod (núm;divisor) Onde:
Onde: = se( = início da função.
Núm: é o número para o qual desejamos encontrar o resto. Teste_lógico = é a comparação que se deseja fazer.
Divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o número. Vale lembrar que podemos fazer vários tipos de comparações.
Para fins didáticos, usaremos células A1 e A2, supondo que esta-
mos comparando valores digitados nessas duas células. Os tipos de
comparação possíveis e seus respectivos sinais são:

Didatismo e Conhecimento 66
noções de informática
A1=A2 → verifica se o valor de A1 é igual ao valor de A2
A1<>A2 → verifica se o valor de A1 é diferente do valor de A2
A1>=A2 → verifica se o valor de A1 é maior ou igual ao valor de A2
A1<=A2 → verifica se o valor de A1 é menor ou igual ao valor de A2
A1>A2 → verifica se o valor de A1 é maior do que o valor de A2
A1<A2 → verifica se o valor de A1 é menor do que o valor de A2
No lugar das células podem ser colocados valores e até textos.
Valor_se_verdadeiro = é o que queremos que apareça na célula, caso a condição for verdadeira. Se desejarmos que apareça uma pala-
vra ou frase, dentro da função, essa deve estar entre “” (aspas).
Valor_se_falso= é o que desejemos que apareça na célula, caso a condição proposta não for verdadeira.
Vamos observar alguns exemplos da função SE:
Exemplos:

• Os alunos serão aprovado se a média final for maior ou igual a 7.


A função digitada será, na célula C2, =SE(B2>=7; “Aprovado”; “Reprovado”).
Observe que, em cada célula, B2 é substituído pela célula correspondente à média que queremos testar:

Exemplo 1 função SE
Onde:
= SE( → é o início da função.
B2>=7 → é a comparação proposta (se a média é maior ou igual a 7).

“Aprovado” → é o valor_se_verdadeiro, pois é o que desejamos que apareça na célula se a condição for verdadeira, ou seja,
se o valor da média for maior ou igual a 7.

“Reprovado” → é o valor_se_falso, pois é o que desejamos que apareça na célula se a condição for falsa, ou seja, se o valor
da média não for maior ou igual a 7.

• Uma empresa vai fazer a aquisição de 10 cadeiras, desde que sejam da cor branca.
A função usada será: =SE(C2= “Branca”; “Sim”; “Não”)

Exemplo 2 função SE

Onde:

= SE( → é o início da função.


C2>= “Branca” → é a comparação proposta (se a cor da cadeira é branca).

“Sim” → é o valor_se_verdadeiro, pois é o que desejamos que apareça na célula se a condição for verdadeira, ou seja,
se a cor da cadeira for branca.

“Não” → é o valor_se_falso, pois é o que desejamos que apareça na célula se a condição for falsa, ou seja, se a cadeira
não for branca.

• Uma loja irá oferecer um desconto de 5% para compras a cima de R$ 1.000,00.


A função usada será = SE(A2>1000;A2-(A2-5%); “Não haverá desconto”)

Didatismo e Conhecimento 67
noções de informática

Exemplo 3 função SE

Onde:
= SE( → é o início da função.
A2>1000 → é a comparação proposta (se a compra é maior que R$ 1,000,00).
A2-(A2*5%) → é o valor_se_verdadeiro, pois caso a condição for verdadeira, ou seja, caso o valor da compra for maior que R$
1.000,00, desejamos que seja descontado 5% do valor da compra. Como se trata de um cálculo, não colocamos o valor_se_verdadeiro entre
“” (aspas).

“Não haverá desconto” → é o valor_se_falso, pois é o que desejamos que apareça na célula se a condição for falsa, ou seja, se a
compra não for maior que R$ 1.000,00.

FUNÇÃO SE + E
Essa função é usada quando temos que satisfazer duas condições. Por exemplo, a empresa comprará a cadeira se a cor for branca e o
valor inferior a R$ 300,00.
A função usada será: = SE(E(C2= “Branca”; D2<300; “Sim”; “Não”)

Exemplo função SE – E

Onde:
= SE(E( → é o início da função.
C2> “Branca” → é a primeira condição.
D2<300 → é a segunda condição.
“Sim” → é o valor_se_verdadeiro.
“Não” → é o valor_se_falso.

Nesse caso, não serão compradas nenhuma das duas cadeiras pois, apesar da primeira cadeira ser branca, ela não tem o valor menor
que R$ 300,00.
Para aparecer “Sim” na célula, as duas condições teriam que ser atendidas.

FUNÇÃO SE + OU
Essa função é usada quando temos que satisfazer uma, entre duas condições. Por exemplo, a empresa comprará a cadeira se a cor for
branca OU o valor inferior a R$ 300,00.
A função usada será: = SE(OU(C2= “Branca”; D2<300; “Sim”; “Não”)

Exemplo função SE – OU

Onde:
= SE(OU( → é o início da função.
C2> “Branca” → é a primeira condição.
D2<300 → é a segunda condição.

Didatismo e Conhecimento 68
noções de informática
“Sim” → é o valor_se_verdadeiro.
“Não” → é o valor_se_falso.

Nesse caso, apenas uma das condições têm que ser satisfeitas para que a cadeira seja comprada.

SE com várias condições


Podemos usar essa variação da função SE, quando várias condições forem ser comparadas.

Por exemplo: Se o aluno tiver média maior ou igual 9, sua menção será “Muito bom”; se sua média maior ou igual 8, sua menção será
“Bom”; se a média for maior ou igual 7, sua menção será “Regular”, se não atender esses critérios, a menção será Insuficiente.

A fórmula usada será: =SE(A2>=9; “Muito Bom”;SE(A2>=8;”Bom”;SE(A2>=7;”Regular”;”Insuficiente”)))

Exemplo função SE com várias condições

Onde:
= SE( → é o início da função.
A2>=9 → é a primeira condição.
“Muito bom” → é o valor_se_verdadeiro, caso a primeira condição for verdadeira.
A2>=8 → é a segunda condição.
“Bom” → é o valor_se_verdadeiro, caso a segunda condição for verdadeira.
A2>=7 → é a terceira condição.
“Regular” → é o valor_se_verdadeiro, caso a terceira condição for verdadeira.
“Insuficiente” → é o valor_se_falso, caso nenhuma das condições forem atendidas.

CONT.SE
É uma função que conta os valores de uma sequência, desde que seja atendida uma condição.
Por exemplo, vamos contar quantos alunos preferem maçã.
A função usada será: = cont.se(B2:B4; “maçã”)

Exemplo função cont.se

Onde:
= CONT.SE( → é o início da função.
B2:B4 → indica que o intervalo que será observado será desde a célula B2 até a célula B4.
“maçã” → é a palavra que servirá como parâmetro para a contagem.

Para encerrar esse tópico, vale lembrar que o Excel tem várias outras funções que podem ser estudadas pelo botão inserir função e a
ajuda do próprio Excel, que foi usada para obter várias das informações contidas nesse tópico da apostila.

Barra de Ferramentas Padrão:

Didatismo e Conhecimento 69
noções de informática

1 – Novo: permite a criação de uma nova Pasta. Uma pasta do Excel, consiste em um arquivo que, inicialmente, é criado com 3 planilhas
iguais.
2 – Abrir: abre um arquivo já existente, que esteja salvo no computador.
3 – Salvar: salva, ou seja, grava no computador, as alterações realizadas no arquivo. Após a primeira gravação do arquivo, se utilizarmos
este ícone outras vezes com o mesmo arquivo aberto, iremos sobrepor as atualizações no mesmo arquivo.
4 – Imprimir: envia o arquivo para a impressora.
5 – Visualizar impressão: permite uma visualização prévia, em tela, do arquivo que será impresso.
6 – Ortografia e gramática: realiza a correção ortográfica e gramatical.
7 - Recortar: após selecionar uma célula, uma figura ou um texto e clicar neste ícone, o mesmo será retirado do local de origem e enviado
à Área de Transferência.
8 – Copiar: após selecionar um item e clicar neste ícone, enviamos a cópia dele para a Área de Transferência. Esse comando não retira
o item original de seu local de origem.
9 – Colar: é usado após recortar ou copiar um item. Ele coloca o item que está na Área de Transferência no local selecionado pelo
usuário.
10 – Pincel: Esta ferramenta copia a formatação existente em uma célula selecionada e a transfere para outra.
11 – Desfazer: desfaz as últimas ações realizadas.
12 – Refazer: refaz automaticamente as últimas ações desfeitas.
13 – Hiperlink: permite adicionarmos links a itens selecionados.
14 – Soma: aplica a função soma à célula selecionada. O drop down que fica ao lado deste ícone permite escolher outras funções.
15 – Classificar: ordena os itens selecionados do menor para o maior.
16 – Assistente de Gráfico: inicia um assistente, ou seja, um tutorial para ajudar na criação de gráficos.
17 – Desenho: exibe/oculta a barra de ferramentas de Desenho.
18 – Ajuda: oferece acesso aos tópicos de ajuda do Excel.

Barra de Ferramentas de Formatação:

1 – Tipo de fonte: após selecionar um texto ou a célula onde este texto se encontra, clicando nesta opção, escolhemos o tipo de fonte a
ser aplicado nas letras.
2 – Tamanho da fonte: após selecionar um texto ou a célula onde este texto se encontra, clicando nesta opção, escolhemos o tamanho
da fonte do texto.
3 – Negrito: aplica o negrito, ou seja, aplica um traço mais forte, mais grosso, ao texto selecionado.
4 – Alinhar à Esquerda: alinha o texto à esquerda da célula.
5 – Centralizar: centraliza o texto no meio da célula.
6 – Alinhar à Direita: alinha o texto à direita da célula.
7 – Mesclar e Centralizar: mescla, ou seja, junta mais de uma célula selecionada em uma só e centraliza o texto dentro do espaço criado
pela junção das células.
8 – Porcentagem: exibe o valor da célula como percentual.
9 – Separador de milhares: exibe o valor da célula com um separador de milhar. Este comando altera o formato da célula para contábil,
sem aplicar símbolo da moeda.
10 – Diminuir recuo: diminui o espaço do texto e as bordas da célula.
11 – Aumentar recuo: aumenta o espaço do texto e as bordas da célula.
12 – Bordas: aplica a borda selecionada na célula.
13 – Preenchimento: aplica uma cor de fundo nas células selecionadas.
14 – Cor da fonte: aplica a cor selecionada às letras da célula ativa.

Didatismo e Conhecimento 70
noções de informática
Manipulação e formatação de gráficos - Área: mostram as diferenças entre vários conjuntos de dados
A manipulação e formatação de gráficos no Excel 2003 é pos- ao longo de um período de tempo.
sível através do ícone Assistente de Gráfico, que fica na Barra de
Ferramentas Padrão: - Dispersão: compara pares de valores.

- Outros gráficos: possibilita a criação de gráficos como


Ações, Superfície, Rosca, Bolhas e outros.

Assistente de gráfico O Assistente de Gráfico nos auxiliará a criar nosso gráfico em


Após selecionar células, podemos escolher um dos tipos de 4 etapas:
gráficos para serem criados na planilha referente aos dados ou em
uma nova planilha separadamente. 1ª Etapa:
- Escolha o tipo e o subtipo do gráfico.
Para criarmos um gráfico: Cada tipo de gráfico possui outros subtipos. Então, escolhe-
mos o tipo e o subtipo do gráfico.
1º) Selecionamos um grupo de células, que obrigatoriamente,
têm que envolver dados numéricos. Somente com dados numéri- 2ª Etapa:
cos contidos nesta seleção será possível criar um gráfico, pois os Escolhemos se o gráfico será disposto em linhas ou colunas.
gráficos representam (expressam) dados numéricos.
3ª Etapa:

Seleção das células para criação do gráfico

2º) Clicar no ícone Assistente de Gráfico que fica na Barra de


Ferramentas Padrão, ou no menu Inserir, Gráfico. Escolher um tipo
de gráfico que represente adequadamente o que desejamos. Temos
que tomar um cuidado especial na hora de escolher o tipo de grá-
fico, pois nem sempre ele consegue representar o que desejamos.
Por isso, devemos ler atentamente a breve explicação que aparece
sob os tipos de gráficos, para escolhermos o mais adequado:

Podemos alterar o título do gráfico e determinar os nomes dos


eixos.

Após esta etapa, basta clicar no botão avançar.

Assistente de Gráfico

Os gráficos podem ser:

- Colunas: usados para comparar valores em diversas categorias. 4ª Etapa:

- Linhas: são usados para exibir tendências ao longo do tempo. Escolhemos se nosso gráfico ficará inserido sozinho em uma
nova planilha ou ficará na planilha em que os dados foram selecio-
- Pizza: exibem a comparação de valores em relação a um total. nados para cria-lo.

- Barras: comparam múltiplos valores. Para formatar um gráfico, clicamos duas vezes sobre a área
desejada e escolhermos as formatações possíveis.

Didatismo e Conhecimento 71
noções de informática
EXCEL 2007

O Excel 2007 é um programa para elaboração de planilha


eletrônica, constituindo poderosa ferramenta de auxílio à execução
de trabalhos que envolvem cálculos matemáticos.
Com esse aplicativo, você pode criar uma grande diversidade
de documentos, utilizando recursos como fórmulas, atualização
automática de resultados, gráficos elaborados em 3D e classificação
por valores preestabelecidos entre muitos outros.

Nesta versão, o Excel surge com uma nova interface, em que


os tradicionais menus de opções desaparecem e dão lugar a uma
Faixa de Opções com diversas guias, onde podemos encontrar,
mais facilmente, os comandos necessários para executar as tarefas
que nos propomos realizar.

1. Explorando a janela do Excel Do lado direito do Botão Office , você poderá personalizar
1.1. Acessando o Excel a Barra de Ferramentas de Acesso Rápido (figura 4), clicando na
Há várias formas de acessar o Excel. A mais utilizada é clicar Caixa de listagem (lista de opções disponíveis) . Para ativar ou
no botão Iniciar, Todos os programas, Microsoft Office, Microsoft desativar um comando, basta clicar sobre ele.
Office Excel 2007.

1.2. Área de trabalho do Excel


Logo que abrimos o Excel, um documento é criado
automaticamente com o nome de Pasta1 e é visualizada uma janela
como a demonstrada na figura.

Barra de Título – Mostra o título do programa e o nome da pasta


de trabalho que está aberta (figura 5).

Botão Ajuda – Acessa a ajuda do Office Online ou a local


(salva no computador).
Controle da Janela – Controles para Minimizar (aparece na
barra de tarefas), Maximizar (fica do tamanho da tela), Restaurar
(pode ser redimensionada conforme a necessidade) e Fechar (fecha
a janela). Você poderá utilizá-los para o Excel ou para cada pasta
aberta.

Menu – Clicando sobre o Botão Office, no canto superior


esquerdo da janela do Excel, aparecerão funções como Salvar,
Faixa de Opções – A Faixa de Opções é o local onde estão os
Imprimir e Fechar entre outras, que são as principais ações desse
principais comandos do Excel, separados por guias: Início, Inserir,
aplicativo. Layout da Página, Fórmulas, Dados, Revisão e Exibição.

Didatismo e Conhecimento 72
noções de informática
Bem, o e-mail mesclou a facilidade de uso do correio conven-
cional com a velocidade do telefone, se tornando um dos melhores e
mais utilizado meio de comunicação.

Estrutura e Funcionalidade do e-mail


Caixa de nomes – Exibe o nome da célula ativa, formado pela
letra da coluna e o número da linha. Por exemplo, A1. Caso várias Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os ende-
células estejam selecionadas, será exibido o nome da primeira. reços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome do usuário +
@ + host, onde:

» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário


11. CORREIO ELETRÔNICO. CONCEITOS na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
BÁSICOS. FORMATOS DE MENSAGENS. » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o nome
TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE do usuário do seu provedor.
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o endereço ele-
MENSAGENS. CATÁLOGO DE ENDEREÇOS.
trônico. Exemplo: click21.com.br .
ARQUIVOS ANEXADOS. USO DOS » Provedor – é o host, um computador dedicado ao serviço 24
RECURSOS. ÍCONES. 12. ATALHOS DE horas por dia.
TECLADO
Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br

A caixa postal é composta pelos seguintes itens:


Um Pouco de História
» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas.
Foi em 1971 que tudo começou (na realidade começou antes,
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não enviadas.
com pesquisas), com um engenheiro de computação da BBN (Bolt
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails que
Beranek e Newman), chamado Ray Tomlinson. Utilizando um pro-
foram enviados.
grama chamado SNDMSG, abreviação do inglês “Send Message”,
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não termi-
e o ReadMail, Ray conseguiu enviar mensagem de um computador
nou de redigir.
para outro. Depois de alguns testes mandando mensagens para ele
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
mesmo, Ray tinha criado o maior e mais utilizado meio de comuni-
cação da Internet, o correio eletrônico do inglês “eletronic mail” ou Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presentes:
simplesmente como todos conhecem e-mail.
O símbolo @ foi utilizado por Tomlinson para separar o nome » Para – é o campo onde será inserido o endereço do destina-
do computador do nome do usuário, esta convenção é utilizada até tário.
hoje. Como não poderia deixar de ser, o primeiro endereço de e- » Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mesma
-mail foi criado por Tomlinson, tomlinson@bbn-tenexa. O símbolo mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão para todos
@ (arroba) é lido no inglês com “at”, que significa em, algo como: o os destinatários.
endereço tomlinson está no computador bbn-tenexa. » Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no entan-
Durante um bom tempo, o e-mail foi usado, quase que exclusi- to os endereços só aparecerão para os respectivos donos.
vamente, por pesquisadores da área de computação e militares. Foi » Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
com o desenvolvimento e o aumento de usuários da Internet, que o » Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens,
e-mail se popularizou e passou a ser a aplicação mais utilizada na programas, música, arquivos de texto, etc.).
internet. Hoje, até mesmo pessoas que usam a Internet muito pouco, » Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a mensa-
tem um e-mail. gem.
O correio eletrônico se parece muito com o correio tradicional.
Todo usuário tem um endereço próprio e uma caixa postal, o carteiro Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, porém
é a Internet. Você escreve sua mensagem, diz pra quem que mandar representando as mesmas funções. Além dos destes campos tem ain-
e a Internet cuida do resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão da os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EXCLUIR as men-
depressa? A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por sagens, este botões bem como suas funcionalidades veremos em
uma comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com a In- detalhes, mais a frente.
ternet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tradicional levaria Para receber seus e-mails você não precisa está conectado à In-
dias para entregar uma mensagem, o eletrônico faz isso quase que ternet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo você não
instantaneamente e não utiliza papel. Por ultimo, a mensagem vai estado com seu computador ligado, seus e-mail são recebidos e ar-
direto ao destinatário, não precisa passa de mão-em-mão (funcioná- mazenados na sua caixa postal, localizada no seu provedor. Quando
rio do correio, carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o você acessa sua caixa postal, pode ler seus e-mail on-line (direta-
dono tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço próprio, mente na Internet, pelo WebMail) ou baixar todos para seu com-
você pode acessar seu e-mail de qualquer computador conectado à putador através de programas de correio eletrônico. Um programa
Internet. muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais a frente.

Didatismo e Conhecimento 73
noções de informática
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de e-mail e O processo de cadastro é muito simples, basta preencher um
qualquer pessoa que souber esse endereço, pode enviar mensagens formulário e depois você terá sua conta de e-mail pronta para ser
para você. Também é possível enviar mensagens para várias pesso- usada. Alguns provedores exigem CPF para o cadastro, o iBest e o
as ao mesmo tempo, para isto basta usar os campos “Cc” e “Cco” iG são exemplos, já outros você informa apenas dados pessoais, o
descritos acima. Yahoo e o Gmail são exemplos, este último é preciso ter um convite.
Atualmente, devido a grande facilidade de uso, a maioria das Vamos aos passos:
pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através do nave-
gador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O WebMail é 1. Acesse a pagina do provedor (www.ibestmail.com.br) ou
responsável pela grande popularização do e-mail, pois mesmo as qualquer outro de sua preferência.
pessoas que não tem computador, podem acessar sua caixa postal
de qualquer lugar (um cyber, casa de um amigo, etc.). Para ter um 2. Clique no botão “CADASTRE-SE JÁ”, será aberto um for-
endereço eletrônico basta querer e acessar a Internet, é claro. Existe mulário, preencha-o observando todos os campos. Os campos do
quase que uma guerra por usuários. Os provedores, também, dispu- formulário têm suas particularidades de provedor para provedor, no
tam quem oferece maior espaço em suas caixas postais. Há pouco entanto todos trazem a mesma ideia, colher informações do usuário.
tempo encontrar um e-mail com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. Este será a primeira parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer
Lembro que, quando a Embratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, cadastro, no exemplo temos “@ibest.com.br”. A junção do nome de
achei que era muito espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e usuário com o nome do provedor é que será seu endereço eletrônico.
não parou por ai, a “guerra” continuo culminando com o anúncio de No exemplo ficaria o seguinte: seunome@ibest.com.br.
que o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A ultima campanha do
GMail, e-mail do Google, é de aumentar sua caixa postal constante- 3. Após preencher todo o formulário clique no botão “Aceito”,
mente, a ultima vez que acessei estava em 2663 Mb. pronto seu cadastro estará efetivado.

WebMail Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum que
muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros usuários, nes-
O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação acessada te caso será exibida uma mensagem lhe informando do problema.
diretamente na Internet, sem a necessidade de usar programa de cor- Isso acontece porque dentro de um mesmo provedor não pode ter
reio eletrônico. Praticamente todos os e-mails possuem aplicações dois nomes de usuários iguais. A solução é procurar outro nome que
para acesso direto na Internet. É grande o número de provedores que ainda esteja livre, alguns provedores mostram sugestões como: seu-
oferecem correio eletrônico gratuitamente, logo abaixo segue uma nome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você (o que é bem
lista dos mais populares. provável que acontecerá) escolha uma das sugestões ou informe ou-
tro nome (não desista, você vai conseguir), finalize seu cadastro que
» Hotmail – http://www.hotmail.com seu e-mail vai está pronto para ser usado.
» GMail – http://www.gmail.com » Entendendo a Interface do WebMail
» iBest Mail – http://www.ibestmail.com.br A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que nos liga
» iG Mail – http://www.ig.com.br do mundo externo aos comandos do programa. Estes conhecimentos
» Yahoo – http://www.yahoo.com.br vão lhe servir para qualquer WebMail que você tiver e também para
» Click21 – http://www.click21.com.br o Outlook Express que é um programa de gerenciamento de e-mails,
vamos ver este programa mais adiante.
Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e seguir as
instruções do site. Outro importante fator a ser observado é o tama- 1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua caixa de
nho máximo permitido por anexo, este foi outro fator que aumentou entrar, verificando se há novas mensagens no servidor.
muito de tamanho, há pouco tempo a maioria dos provedores per-
mitiam em torno de 2 Mb, mas atualmente a maioria já oferecem 2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição de e-mail
em média 10 Mb. Porém tem alguns mais generosos que chegam a será aberta. A janela de edição é o espaço no qual você vai redigir,
oferecer mais que isso, é o caso do Click21 que oferece 21 Mb, cla- responder e encaminhar mensagens. Semelhante à função novo e-
ro que essas limitações são preocupantes quando se trata de e-mail -mail do Outlook.
grátis, pois a final de contas quando pagamos o bolso é quem manda.
Além de caixa postal os provedores costumam oferecer serviços de 3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus endereços
agenda e contatos. de e-mail são previamente guardados para utilização futura, nesta
Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério de seção também é possível criar grupos para facilitar o gerenciamento
cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por exemplo, dos seus contatos.
procuro aqueles que oferecem uma interface com o menor propa-
ganda possível. 4. Configurações – Este botão abre (como o próprio nome já
» Criando seu e-mail diz) a janela de configurações. Nesta janela podem ser feitas diver-
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente simples, sas configurações, tais como: mudar senha, definir número de e-mail
eu escolhi o iBestMail, pois a interface deste WebMail não tem pro- por página, assinatura, resposta automática, etc.
pagandas e isso ajudar muito os entendimentos, no entanto você
pode acessar qualquer dos endereços informados acima ou ainda 5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma seção com
qualquer outro que você conheça. vários tópicos de ajuda.

Didatismo e Conhecimento 74
noções de informática
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através dele que MS OUTLOOK 2010
você vai fechar sua caixa postal, muito recomendado quando o uso
de seu e-mail ocorrer em computadores de terceiros. O que é o Outlook?

7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu endere- O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferramentas de
ço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; parte utilizada em gerenciamento de emails profissionais e pessoais para mais de 500
porcentagem e um pequeno gráfico. milhões de usuários do Microsoft Office no mundo todo. Com o
lançamento do Outlook 2010, você terá uma série de experiências
8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você está, no mais ricas para atender às suas necessidades de comunicação no
exemplo a Caixa de Entrada. trabalho, em casa e na escola.
Do visual redesenhado aos avançados recursos de organização
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de mensagens que de emails, pesquisa, comunicação e redes sociais, o Outlook 2010
estão na tela e também o total da seção selecionada. proporciona uma experiência fantástica para você se manter pro-
dutivo e em contato com suas redes pessoais e profissionais.
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão todos os
comandos relacionados com as mensagens exibidas. Para usar estes Adicionar uma conta de email
comandos, selecione uma ou mais mensagens o comando desejado Antes de poder enviar e receber emails no Outlook 2010, você
e clique no botão “OK”. O botão “Bloquear”, bloqueia o endereço precisa adicionar e configurar uma conta de email. Se tiver usado
de e-mail da mensagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já uma versão anterior do Microsoft Outlook no mesmo computador
o botão “Contas externas” abre uma seção para configurar outras em que instalou o Outlook 2010, suas configurações de conta serão
contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa postal. Para importadas automaticamente.
o correto funcionamento desta opção é preciso que a conta a ser Se você não tem experiência com o Outlook ou se estiver ins-
acessada tenha serviço POP3 e SMTP. talando o Outlook 2010 em um computador novo, o recurso Con-
figuração Automática de Conta será iniciado automaticamente e
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista de pá- o ajudará a configurar as definições de suas contas de email. Essa
gina, que aumenta conforme a quantidade de e-mails na seção. Para configuração exige somente seu nome, endereço de email e senha.
acessar selecione a página desejada e clique no botão “OK”. Veja Se não for possível configurar sua conta de email automaticamen-
que todos os comandos estão disponíveis também na parte inferior, te, será necessário digitar as informações adicionais obrigatórias
isto para facilitar o uso de sua caixa postal. manualmente.
1. Clique na guia Arquivo.
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um correio 2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.
eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; Rascunho e Li-
xeira. Um detalhe importante é o estilo do nome, quando está nor-
mal significa que todas as mensagens foram abertas, porém quando
estão em negrito, acusam que há uma ou mais mensagens que não
foram lidas, o número entre parêntese indica a quantidade. Este de-
talhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio.

13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir as men-


sagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exibido o conteúdo
da Caixa de Entrada, mas este painel exibe também as mensagens
das diversas pastas existentes na sua caixa postal. A observação feita Sobre contas de email
no item anterior, sobre negrito, também é válida para esta seção. O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange, POP3
Observe as caixas de seleção localizadas do lado esquerdo de cada e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou administra-
mensagem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A dor de emails pode lhe fornecer as informações necessárias para a
seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode ser feito configuração da sua conta de email no Outlook.
pela caixa de seleção do lado esquerdo do título da coluna “Reme- Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil é com-
tente”. O título das colunas, além de nomeá-las, também serve para posto de contas, arquivos de dados e configurações que especifi-
classificar as mensagens que por padrão estão classificadas através cam onde as suas mensagens de email são salvas. Um novo perfil
da coluna “Data”, para usar outra coluna na classificação basta clicar é criado automaticamente quando o Outlook é executando pela
sobre nome dela. primeira vez.
Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook 2010 pela
14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adicionar, primeira vez
renomear e apagar as suas pastas. As pastas são um modo de organi- Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou se esti-
zar seu conteúdo, armazenando suas mensagens por temas. Quando ver instalando o Outlook 2010 em um computador novo, o recurso
seu e-mail é criado não existem pastas nesta seção, isso deve ser Configuração Automática de Conta será iniciado automaticamente
feito pelo usuário de acordo com suas necessidades. e o ajudará a definir as configurações das suas contas de email.
Esse processo exige somente seu nome, endereço de email e senha.
15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a seção Se não for possível configurar a sua conta de email automatica-
onde pode ser feita uma configuração que permitirá você acessar mente, você precisará inserir as informações adicionais obrigató-
outras caixas postais diretamente da sua. rias manualmente.

Didatismo e Conhecimento 75
noções de informática
1. Inicie o Outlook.
2. Quando solicitado a configurar uma conta de email, cli-
que em Avançar.

Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma segunda


tentativa poderá ser feita com o uso de uma conexão não crip-
tografada com o servidor de email. Se você vir essa mensagem,
clique em Avançar para continuar. Se a conexão não criptografada
3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim e de- também falhar, não será possível configurar a sua conta de email
pois em Avançar. automaticamente.
4. Insira seu nome, endereço de email e senha e clique em
Avançar.

Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Configurar


servidor manualmente.
Observação: Quando o seu computador está conectado a um Depois que a conta for adicionada com êxito, você poderá adi-
domínio de rede de uma organização que usa o Microsoft Exchan- cionar mais contas clicando em Adicionar outra conta.
ge Server, suas informações de email são automaticamente inseri-
das. A senha não aparece porque a sua senha de rede é usada. Um
indicador de progresso é exibido à medida que a sua conta está
sendo configurada. O processo de configuração pode levar vários
minutos.

Didatismo e Conhecimento 76
noções de informática
5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Conta, cli- • Na caixa Nome, digite seu nome da forma que aparecerá
que em Concluir. para as outras pessoas.
Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Server, de- • Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de email
verá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta apareça e possa completo atribuído por seu administrador de email ou ISP. Não se
ser usada no Outlook. esqueça de incluir o nome de usuário, o símbolo @ e o nome do
 Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Microsoft domínio como, por exemplo, pat@contoso.com.
Exchange Server e você quiser adicionar outra, será necessário • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a senha atri-
usar a Configuração Automática de Conta. Para configurar manu- buída ou criada por você.
almente uma conta adicional do Exchange Server, você deve sair  Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de minúsculas.
Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada durante a inser-
do Outlook e depois usar o módulo Email no Painel de Controle.
ção da sua senha.
4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
Adicionar uma conta de email manualmente • Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3 ou
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua conta de IMAP.
email. A maioria das pessoas só possui um perfil e deverá usar a • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o nome
seção Adicionar ao perfil em execução. completo do servidor fornecido pelo provedor de serviços de In-
 Observação   A configuração manual de contas do Microsoft ternet ou pelo administrador de email. Geralmente, é mail. seguido
Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe- do nome de domínio, por exemplo, mail.contoso.com.
cução. Use as etapas das seções Adicionar a um perfil existente ou • Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digite o
Adicionar a um novo perfil. nome completo do servidor fornecido pelo provedor de serviços
Adicionar ao perfil em execução de Internet ou pelo administrador de email. Geralmente, é mail.
1. Clique na guia Arquivo. seguido do nome do domínio, por exemplo, mail.contoso.com.
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em Con- 5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
figurações de Conta. • Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário
3. Clique em Configurações de Conta. fornecido pelo provedor ou pelo administrador de email. Ele pode
4. Clique em Adicionar Conta. fazer parte do seu endereço de email antes do símbolo @, como
Adicionar a um perfil existente pat, ou pode ser o seu endereço de email completo, como pat@
contoso.com.
1. Feche o Outlook.
• Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo provedor
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes em ou pelo administrador de email ou uma senha que tenha sido criada
Email. por você.
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email contém • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.
o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil diferente já exis-  Observação: Você tem a opção de salvar sua senha digitando-
tente, clique em Mostrar Perfis, selecione o nome do perfil e, em -a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção Lembrar senha.
seguida, clique em Propriedades. Se você escolheu essa opção, não precisará digitar a senha sempre
3. Clique em Contas de Email. que acessar a conta. No entanto, isso também torna a conta vulne-
Adicionar a um novo perfil rável a qualquer pessoa que tenha acesso ao seu computador.
1. Feche o Outlook. Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de email
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes no como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você esteja usan-
módulo Email. do mais de uma conta de email. Clique em Mais Configurações.
3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis. Na guia Geral, em Conta de Email, digite um nome que ajudará a
4. Clique em Adicionar. identificar a conta, por exemplo, Meu Email de Provedor de Servi-
5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome para o ços de Internet Residencial.
perfil e, em seguida, clique em OK. A sua conta de email pode exigir uma ou mais das configura-
Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso confi- ções adicionais a seguir. Entre em contato com o seu ISP se tiver
dúvidas sobre quais configurações usar para sua conta de email.
gure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado.
• Autenticação de SMTP     Clique em Mais Configura-
6. Clique em Contas de Email.
ções. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu servidor de
saída de emails requer autenticação, caso isso seja exigido pela
Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP conta.
Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de email. • Criptografia de POP3     Para contas POP3, clique em
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de email que Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das portas
oferece várias pastas de email em um servidor de emails. As contas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), marque a caixa de
do Google GMail e da AOL podem ser usadas no Outlook 2010 seleção O servidor requer uma conexão criptografada (SSL), caso
como contas IMAP. o provedor de serviços de Internet instrua você a usar essa confi-
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, entre em guração.
contato com o seu provedor de serviços de Internet (ISP) ou admi- • Criptografia de IMAP     Para contas IMAP, clique em
nistrador de email. Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das portas
1. Clique em Definir manualmente as configurações do ser- do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), para a opção Usar o
vidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar. seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhuma, SSL,
2. Clique em Email da Internet e em Avançar. TLS ou Automática, caso o provedor de serviços de Internet ins-
3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte: trua você a usar uma dessas configurações.

Didatismo e Conhecimento 77
noções de informática
• Criptografia de SMTP    Clique em Mais Configurações.
Na guia Avançada, em Números das portas do servidor, em Servi-
dor de saída (SMTP), para a opção Usar o seguinte tipo de conexão
criptografada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso
o provedor de serviços de internet instrua você a usar uma dessas
configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da Conta
para verificar se a conta está funcionando. Se houver informações
ausentes ou incorretas, como a senha, será solicitado que sejam
fornecidas ou corrigidas. Verifique se o computador está conectado
com a Internet.
Clique em Avançar. 3. Selecione a conta de email que você deseja remover e
Clique em Concluir. clique em Remover.
4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
Configurar manualmente uma conta do Microsoft Ex- Para remover uma conta de email de um perfil diferente, en-
change cerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e siga as etapas an-
As contas do Microsoft Exchange são usadas por organizações teriores. Você também pode remover contas de outros perfis da
como parte de um pacote de ferramentas de colaboração incluindo seguinte forma:
mensagens de email, calendário e agendamento de reuniões e con- 1. Saia do Outlook.
trole de tarefas. Alguns provedores de serviços de Internet (ISPs) 2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes em
também oferecem contas do Exchange hospedadas. Se não estiver Email.
certo sobre o tipo de conta que utiliza, entre em contato com o seu
ISP ou administrador de email. A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email contém
A configuração manual de contas do Microsoft Exchange não o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil diferente já exis-
pode ser feita enquanto o Outlook estiver em execução. Para adi- tente, clique em Mostrar Perfis, selecione o nome do perfil e, em
cionar uma conta do Microsoft Exchange, siga as etapas de Adi- seguida, clique em Propriedades.
cionar a um perfil existente ou Adicionar a um novo perfil e siga 3. Clique em Contas de Email.
um destes procedimentos: 4. Selecione a conta e clique em Remover.
1. Clique em Definir manualmente as configurações do ser- 5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
vidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar.  Observações 
2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, clique em • A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP não
Avançar. exclui os itens enviados e recebidos com o uso dessa conta. Se
3. Digite o nome atribuído pelo administrador de email para você estiver usando uma conta POP3, ainda poderá usar o Arquivo
o servidor executando o Exchange. de Dados do Outlook (.pst) para trabalhar com os seus itens.
4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Exchan- • Se estiver usando uma conta do Exchange, seus dados
ge, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do Exchange. permanecerão no servidor de email, a não ser que eles sejam mo-
5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário vidos para um Arquivo de Dados do Outlook (.pst).
atribuído ao administrador de email. Ele não costuma ser seu nome
completo. Criar uma mensagem de email
6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos: 1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em Novo
• Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em Con- Email.
ta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a conta, por
exemplo, Meu Email de Trabalho.
• Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma das
guias, configure as opções desejadas.
• Clique em Verificar Nomes para confirmar se o servidor
reconhece o seu nome e se o computador está conectado com a
rede. Os nomes de conta e de servidor especificados nas etapas 3
e 5 devem se tornar sublinhados. Se isso não acontecer, entre em
contato com o administrador do Exchange.
7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a caixa de Atalho do teclado  Para criar uma mensagem de email a partir
diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK. de qualquer pasta do Outlook, pressione CTRL+SHIFT+M
8. Clique em Avançar. 2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem.
9. Clique em Concluir. 3. Insira os endereços de email ou os nomes dos destina-
tários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários por
Remover uma conta de email ponto-e-vírgula.
1. Clique na guia Arquivo. Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lista no
2. Em Informações da Conta, clique em Configurações de Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e clique nos
Conta e depois em Configurações de Conta. nomes desejados.

Didatismo e Conhecimento 78
noções de informática
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar. 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem existente,
clique em Responder, Responder a Todos ou Encaminhar.
Responder ou encaminhar uma mensagem de email 2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no grupo
Quando você responde a uma mensagem de email, o reme- Incluir, clique em Anexar Arquivo.
tente da mensagem original é automaticamente adicionado à caixa
Para. De modo semelhante, quando você usa Responder a Todos,
uma mensagem é criada e endereçada ao remetente e a todos os
destinatários adicionais da mensagem original. Seja qual for sua
escolha, você poderá alterar os destinatários nas caixas Para, Cc
e Cco.
Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e Cco fi-
cam vazias e é preciso fornecer pelo menos um destinatário.
Abrir e salvar anexos
Responder ao remetente ou a outros destinatários Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos em uma
Você poder responder apenas ao remetente de uma mensagem mensagem de email. As mensagens com anexos são identificadas
ou a qualquer combinação de pessoas existente nas linhas Para e por um ícone de clipe de papel   na lista de mensagens. Depen-
Cc. Pode também adicionar novos destinatários. dendo do formato da mensagem recebida, os anexos são exibidos
1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no grupo em um de dois locais na mensagem.
Responder, clique em Responder ou em Responder a Todos. • Se o formato da mensagem for HTML ou texto sem for-
 Observação: O nome da guia depende da condição da men- matação, os anexos serão exibidos na caixa de anexo, sob a linha
sagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se está aberta Assunto.
na respectiva janela. • Se o formato da mensagem for o formato menos comum
Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no nome RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos no corpo da
e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário, clique na mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no corpo da mensagem,
ele continua sendo um anexo separado.
caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
 Observação   O formato utilizado na criação da mensagem é
2. Escreva sua mensagem.
indicado na barra de título, na parte superior da mensagem.
3. Clique em Enviar.
 Dica   Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos, prin-
Abrir um anexo
cipalmente quando houver listas de distribuição ou um grande nú-
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em uma
mero de destinatários em sua resposta. Geralmente, o melhor é
mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique duas vezes
usar Responder e adicionar somente os destinatários necessários,
no anexo para abri-lo.
ou então usar Responder a Todos, mas remover os destinatários
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com o botão
desnecessários e as listas de distribuição. direito do mouse na mensagem que contém o anexo, clique em
Exibir Anexos e clique no nome do anexo.
Encaminhar uma mensagem  Observações 
Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os anexos • Você pode visualizar anexos de mensagens HTML ou
que estavam incluídos na mensagem original. Para incluir mais com texto sem formatação no Painel de Leitura e em mensagens
anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro item a uma mensa- abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele será exibido no
gem de email. corpo da mensagem. Para voltar à mensagem, na guia Ferramentas
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo Respon- de Anexo, no grupo Mensagem, clique em Mostrar Mensagem. O
der, clique em Encaminhar. recurso de visualização não está disponível para mensagens RTF.
Observação: O nome da guia depende da condição da mensa- • Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arquivos de
gem, se está selecionada na lista de mensagens ou se está aberta na anexo potencialmente perigosos (inclusive os arquivos .bat, .exe,
respectiva janela. .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Se o Outlook bloquear
2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou Cco. algum arquivo de anexo em uma mensagem, uma lista dos tipos
3. Escreva sua mensagem. de arquivos bloqueados será exibida na Barra de Informações, na
4. Clique em Enviar. parte superior da mensagem.
Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens para os
mesmos destinatários, como se fossem uma só, em Email, clique
em uma das mensagens, pressione CTRL e clique em cada mensa-
gem adicional. Na guia Página Inicial, no grupo Responder, clique
em Encaminhar. Cada mensagem será encaminhada como anexo
de uma nova mensagem.

Adicionar um anexo a uma mensagem de email


Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de email.
Além disso, outros itens do Outlook, como mensagens, contatos
ou tarefas, podem ser incluídos com as mensagens enviadas.

Didatismo e Conhecimento 79
noções de informática
Salvar um anexo • Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no grupo
Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá-lo em Incluir, clique em Assinatura e clique na assinatura desejada.
uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de um anexo,
você poderá salvar os vários anexos como um grupo ou um de
cada vez.
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
sem formatação     Clique no anexo, no Painel de Leitura, ou abra
a mensagem. Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em Salvar
como. É possível clicar com o botão direito do mouse no anexo e
então clicar em Salvar como. Criar um compromisso de calendário
• Se a mensagem estiver no formato RTF     No Painel Compromissos são atividades que você agenda no seu calen-
de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão direito do dário e que não envolvem convites a outras pessoas nem reserva
mouse no anexo e clique em Salvar como. de recursos.
Escolha uma local de pasta e clique em Salvar. • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
Salvar vários anexos de uma mensagem clique em Novo Compromisso. Como alternativa, você pode clicar
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, selecione com o botão direito do mouse em um bloco de tempo em sua grade
os anexos a serem salvos. Para selecionar vários anexos, clique de calendário e clicar em Novo Compromisso.
neles mantendo pressionada a tecla CTRL.
2. Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em
Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique com
o botão direito do mouse em uma das mensagens selecionadas e
depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressione
Salvar todos os anexos de uma mensagem
CTRL+SHIFT+A.
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, clique em
Agendar uma reunião com outras pessoas
um anexo.
Uma reunião é um compromisso que inclui outras pessoas e
2. Siga um destes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto pode incluir recursos como salas de conferência. As respostas às
sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em suas solicitações de reunião são exibidas na Caixa de Entrada.
Salvar Todos os Anexos. • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique na guia clique em Nova Reunião.
Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage. Em seguida,
clique em Salvar anexos e depois em OK.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.

Adicionar uma assinatura de email às mensagens


Você pode criar assinaturas personalizadas para suas mensa-
gens de email que incluem texto, imagens, seu Cartão de Visita
Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma imagem da sua assina-
tura manuscrita. Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de reunião
Criar uma assinatura de qualquer pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+Q.
• Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem, no gru-
po Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas. Definir um lembrete
Você pode definir ou remover lembretes para vários itens, in-
cluindo mensagens de email, compromissos e contatos.

Para compromissos ou reuniões


Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reunião, no
grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, selecione o período de
tempo antes do compromisso ou da reunião para que o lembrete
apareça. Para desativar um lembrete, selecione Nenhum.
Para mensagens de email, contatos e tarefas
• Na guia Assinatura de Email, clique em Novo. • Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em
Adicionar uma assinatura Acompanhar e em Adicionar Lembrete.

Didatismo e Conhecimento 80
noções de informática
Criar uma anotação
Anotações são o equivalente eletrônico de notas adesivas em
papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lembretes e qualquer
coisa que você escreveria em papel.
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova Anotação.

Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione


CTRL+SHIFT+N.

Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens de email Mozilla Thunderbird


como itens de tarefas pendentes usando lembretes. Clique com o
botão direito do mouse na coluna Status do Sinalizador na lista de O Mozilla Thunderbird é um cliente de email da Fundação Mo-
mensagens. Ou, se a mensagem estiver aberta, na guia Mensagem, zilla (criadores do Firefox e do Sunbird), de grande qualidade e um
no grupo Controle, clique em Acompanhamento e, em seguida, dos principais concorrentes do programa Outlook, da Microsoft. 
clique em Adicionar Lembrete. Dono de um visual bastante simples, o Thunderbird conta com
recursos avançados, para quem deseja enviar e receber emails di-
Criar um contato retamente do seu desktop. Com ele, é possível gerenciar múltiplas
Contatos podem ser tão simples quanto um nome e endereço contas (inclusive do GMail), salvar rascunhos, anexar arquivos, etc.
de email ou incluir outras informações detalhadas, como endereço
físico, vários telefones, uma imagem, datas de aniversário e quais- Uma Ótima Alternativa
quer outras informações que se relacionem ao contato. O Thunderbird é uma cliente desktop que conta com funções
• Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo Novo, cli- muito úteis para a organização. Dentre elas, podem ser citados os
que em Novo Contato. marcadores de mensagens (semelhante aos que existem no GMail)
e a possibilidade de navegar pelo histórico de mensagens (acessadas
através dos botões “Voltar” e“Avançar”na barra de ferramentas).

Além disso, sempre que você receber uma nova mensagem, o


programa emite um pequeno aviso no canto da tela. Nele constam,
inclusive, o nome do remetente, o assunto e o início do conteúdo
do email.
Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer pasta no Interface
Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C.
A interface do Thunderbird, desde a primeira versão, opta por
Criar uma tarefa um visual organizado e enxuto. Ainda assim, ele possui certa seme-
 Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer  — em lhança com outros programas de recepção de emails no desktop, o
papel, em uma planilha ou com uma combinação de papel e méto- que facilita o uso para os iniciantes. Além disso, as principais fun-
dos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você pode combinar várias ções do aplicativo se apresentam na forma de botão, eliminando eta-
listas em uma só, receber lembretes e controlar o andamento das
pas para realizá-las.
tarefas.
• Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo, cli-
Suporte aos recursos do Windows 7
que em Nova Tarefa.
Agora, o Thunderbird possui suporte para as jump lists do Win-
dows 7. Com isso, você pode ter acesso a algumas das funções do
programa por meio do menu de contexto. Essa função visa eliminar
procedimentos: você pode enviar uma mensagem ou ter acesso ao
catálogo de endereços com apenas dois cliques.

Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pressione


CTRL+SHIFT+K.

Didatismo e Conhecimento 81
noções de informática
Sistema de busca
O mecanismo de busca do aplicativo é integrado ao do Win-
dows. Logo, você pode selecionar filtros de pesquisa para escolher
quais tipos de resultado você deseja que sejam exibidos (conteúdo
de mensagens e notícias, por exemplo). Vale lembrar que esse tipo
de mecanismo faz com que os resultados demorem um pouco mais
para ser exibidos.
Além disso, se você necessita realizar as mesmas pesquisas
constantemente, o Thunderbird tem por padrão salvar o histórico de
suas buscas, para que possam ser acessadas rapidamente no futuro.

Complementos
Um dos grandes diferenciais dos produtos da família Mozilla
sempre foi a possibilidade de estender as suas funções por meio de
complementos. Com o Thunderbird não poderia ser diferente! Inclu-
sive o aplicativo disponibiliza um gerenciador para a extensões em
Contatos mais visíveis sua própria interface.

Um dos recursos interessantes para a organização dos contatos


é o fato de ele destacar aqueles emails para os quais você mandou 13. SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. 13.1.
(ou recebeu) mensagens, mas que não aparecem ainda na sua lista. CUIDADOS RELATIVOS À SEGURANÇA E
Ou seja, sempre que o aplicativo localizar algum endereço que se SISTEMAS ANTIVÍRUS
enquadre nessa situação, ele será indicado por meio de um ícone em
forma de estrela.
Segurança de Informação está relacionada com a proteção exis-
tente ou necessária sobre dados que possuem valor para alguém ou
uma organização. Possui aspectos básicos como confidencialidade,
integridade e disponibilidade da informação que nos ajuda a en-
tender as necessidades de sua proteção e que não se aplica ou está
restrita a sistemas computacionais, nem a informações eletrônicas
ou qualquer outra forma mecânica de armazenamento. Ela se aplica
a todos os aspectos de proteção e armazenamento de informações
e dados, em qualquer forma. O nível de segurança de um sistema
operacional de computador pode ser tipificado pela configuração de
seus componentes.

Para adicionar um desses contatos em sua lista, basta clicar na Conceitos de segurança
estrela. Se o caso abordar um email novo de uma pessoa que já cons-
ta na listagem, o procedimento é o mesmo para editá-lo. A Segurança da Informação refere-se à proteção existente sobre
as informações de uma determinada empresa, instituição governa-
Chega de Spam mental ou pessoa, isto é, aplica-se tanto as informações corporativas
Com ferramentas antispams melhoradas, o Mozilla Thunder- quanto as pessoais.
bird procurou deixar o usuário livredaquelas incômodas mensagens Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo ou dado
publicitárias. O aplicativo conta com um filtro contra spams inte- que tenha valor para alguma organização ou pessoa. Ela pode estar
ligente e que permite a associação com aquele do seu provedor de guardada para uso restrito ou exposta ao público para consulta ou
email, aumentando ainda mais a qualidade de reconhecimento desse aquisição.
tipo de mensagem. Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não de ferra-
mentas) para a definição do nível de segurança existente e, com isto,
Mais segurança serem estabelecidas as bases para análise da melhoria ou piora da
O Thunderbird está ainda mais seguro: ele recebeu algumas situação de segurança existente.
modificações no que diz respeito à proteção anti-phising. Esse me- A segurança de uma determinada informação pode ser afetada
canismo busca alertar o usuário sempre que uma tentativa de golpe por fatores comportamentais e de uso de quem se utiliza dela, pelo
for identificada, inclusive notificando a existência de links que po- ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por pessoas mal intencio-
dem levá-lo a destinos diferentes dos indicados na mensagem. nadas que tem o objetivo de furtar, destruir ou modificar a informa-
ção.
Antes de proteger, devemos saber:
• O que proteger.
• De quem proteger.

Didatismo e Conhecimento 82
noções de informática
• Pontos vulneráveis. Firewalls
• Processos a serem seguidos.
Definimos o firewall como sendo uma barreira inteligente entre
Mecanismos de segurança duas redes, geralmente a rede local e a Internet, através da qual só
passa tráfego autorizado. Este tráfego é examinado pelo firewall em
O suporte para as recomendações de segurança pode ser encon- tempo real e a seleção é feita de acordo com um conjunto de regras
trado em:
de acesso Ele é tipicamente um roteador (equipamento que liga as
• Controles físicos: são barreiras que limitam o con-
tato ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que garante a redes com a Internet), um computador rodando filtragens de pacotes,
existência da informação) que a suporta. um software Proxy, um firewall-in-a-box (um hardware proprietário
Devemos atentar para ameaças sempre presentes, mas nem específico para função de firewall), ou um conjunto desses sistemas.
sempre lembradas; incêndios, desabamentos, relâmpagos, alaga- Pode-se dizer que firewall é um conceito ao invés de um pro-
mentos, problemas na rede elétrica, acesso indevido de pessoas aos duto. Ele é a soma de todas as regras aplicadas a rede. Geralmente,
servidores ou equipamentos de rede, treinamento inadequado de essas regras são elaboradas considerando as políticas de acesso da
funcionários, etc. organização.
Medidas de proteção física, tais como serviços de guarda, uso Podemos observar que o firewall é único ponto de entrada da
de nobreaks, alarmes e fechaduras, circuito interno de televisão e rede, quando isso acontece o firewall também pode ser designado
sistemas de escuta são realmente uma parte da segurança da infor- como check point.
mação. As medidas de proteção física são frequentemente citadas De acordo com os mecanismos de funcionamentos dos firewalls
como “segurança computacional”, visto que têm um importante pa- podemos destacar três tipos principais:
pel também na prevenção dos itens citados no parágrafo acima.
O ponto-chave é que as técnicas de proteção de dados por mais
sofisticadas que sejam, não têm serventia nenhuma se a segurança • Filtros de pacotes
física não for garantida. • Stateful Firewalls
• Firewalls em Nível de Aplicação
Instalação e Atualização
- Filtros de Pacotes
A maioria dos sistemas operacionais, principalmente as distri-
buições Linux, vem acompanhada de muitos aplicativos que são ins- Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado. Ele con-
talados opcionalmente no processo de instalação do sistema. trola a origem e o destino dos pacotes de mensagens da Internet.
Sendo assim, torna-se necessário que vários pontos sejam ob- Quando uma informação é recebida, o firewall verifica as informa-
servados para garantir a segurança desde a instalação do sistema, ções sobre o endereço IP de origem e destino do pacote e compara
dos quais podemos destacar: com uma lista de regras de acesso para determinar se pacote está
• Seja minimalista: Instale somente os aplicativos necessários, autorizado ou não a ser repassado através dele.
aplicativos com problemas podem facilitar o acesso de um atacante;
Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada na maioria
• Devem ser desativados todos os serviços de sistema que não
serão utilizados: Muitas vezes o sistema inicia automaticamente di- dos roteadores e é transparente aos usuários, porém pode ser facil-
versos aplicativos que não são necessários, esses aplicativos tam- mente contornada com IP Spoofers. Por isto, o uso de roteadores
bém podem facilitar a vida de um atacante; como única defesa para uma rede corporativa não é aconselhável.
• Deve-se tomar um grande cuidado com as aplicações de rede: Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita diretamente
problemas nesse tipo de aplicação podem deixar o sistema vulnerá- no roteador, para uma maior performance e controle, é necessária a
vel a ataques remotos que podem ser realizados através da rede ou utilização de um sistema específico de firewall. Quando um grande
Internet; número de regras é aplicado diretamente no roteador, ele acaba per-
• Use partições diferentes para os diferentes tipos de dados: a dendo performance. Além disso, Firewall mais avançados podem
divisão física dos dados facilita a manutenção da segurança; defender a rede contra spoofing e ataques do tipo DoS/DDoS.
• Remova todas as contas de usuários não utilizadas: Contas de
usuários sem senha, ou com a senha original de instalação, podem - Stateful Firewalls
ser facilmente exploradas para obter-se acesso ao sistema.
Grande parte das invasões na Internet acontece devido a falhas
Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Firewall. Ele
conhecidas em aplicações de rede, as quais os administradores de
sistemas não foram capazes de corrigir a tempo. Essa afirmação utiliza uma técnica chamada Stateful Packet Inspection, que é um
pode ser confirmada facilmente pelo simples fato de que quando tipo avançado de filtragem de pacotes. Esse tipo de firewall exami-
uma nova vulnerabilidade é descoberta, um grande número de ata- na todo o conteúdo de um pacote, não apenas seu cabeçalho, que
ques é realizado com sucesso. Por isso é extremamente importante contém apenas os endereços de origem e destino da informação. Ele
que os administradores de sistemas se mantenham atualizados sobre é chamado de ‘stateful’ porque examina os conteúdos dos pacotes
os principais problemas encontrados nos aplicativos utilizados, atra- para determinar qual é o estado da conexão, Ex: Ele garante que o
vés dos sites dos desenvolvedores ou específicos sobre segurança da computador destino de uma informação tenha realmente solicitado
Informação. As principais empresas comerciais desenvolvedoras de anteriormente a informação através da conexão atual.
software e as principais distribuições Linux possuem boletins peri- Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pacotes, os sta-
ódicos informando sobre as últimas vulnerabilidades encontradas e teful firewalls podem ainda manter as portas fechadas até que uma
suas devidas correções. Alguns sistemas chegam até a possuir o re- conexão para a porta específica seja requisitada. Isso permite uma
curso de atualização automática, facilitando ainda mais o processo. maior proteção contra a ameaça de port scanning.

Didatismo e Conhecimento 83
noções de informática
- Firewalls em Nível de Aplicação Assinatura digital
Nesse tipo de firewall o controle é executado por aplicações
específicas, denominadas proxies, para cada tipo de serviço a ser Um conjunto de dados encriptados, associados a um documen-
controlado. Essas aplicações interceptam todo o tráfego to do qual são função, garantindo a integridade do documento asso-
recebido e o envia para as aplicações correspondentes; assim, ciado, mas não a sua confidencialidade.
cada aplicação pode controlar o uso de um serviço. A assinatura digital, portanto, busca resolver dois problemas
Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de perfor- não garantidos apenas com uso da criptografia para codificar as in-
mance, já que ele analisa toda a comunicação utilizando proxies, ele formações: a Integridade e a Procedência.
permite uma maior auditoria sobre o controle no tráfego, já que as
Ela utiliza uma função chamada one-way hash function, tam-
aplicações específicas podem detalhar melhor os eventos associados
bém conhecida como: compression function, cryptographic che-
a um dado serviço.
A maior dificuldade na sua implementação é a necessidade de cksum, message digest ou fingerprint. Essa função gera uma string
instalação e configuração de um proxy para cada aplicação, sendo única sobre uma informação, se esse valor for o mesmo tanto no
que algumas aplicações não trabalham corretamente com esses me- remetente quanto destinatário, significa que essa informação não foi
canismos. alterada.
Mesmo assim isso ainda não garante total integridade, pois a
Considerações sobre o uso de Firewalls informação pode ter sido alterada no seu envio e um novo hash pode
ter sido calculado.
Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e são ines- Para solucionar esse problema, é utilizada a criptografia assi-
timáveis para segurança da informação, existem alguns ataques que métrica com a função das chaves num sentido inverso, onde o hash
os firewalls não podem proteger, como a interceptação de tráfego é criptografado usando a chave privada do remetente, sendo assim o
não criptografado, ex: Interceptação de e-mail. Além disso, embora destinatário de posse da chave pública do remetente poderá decrip-
os firewalls possam prover um único ponto de segurança e auditoria, tar o hash. Dessa maneira garantimos a procedência, pois somente
eles também podem se tornar um único ponto de falha – o que quer o remetente possui a chave privada para codificar o hash que será
dizer que os firewalls são a última linha de defesa. Significa que se aberto pela sua chave pública. Já o hash, gerado a partir da informa-
um atacante conseguir quebrar a segurança de um firewall, ele vai ção original, protegido pela criptografia, garantirá a integridade da
ter acesso ao sistema, e pode ter a oportunidade de roubar ou des- informação.
truir informações. Além disso, os firewalls protegem a rede contra
os ataques externos, mas não contra os ataques internos. No caso
de funcionários mal intencionados, os firewalls não garantem muita Mecanismos de garantia da integridade da informação
proteção. Finalmente, como mencionado os firewalls de filtros de
pacotes são falhos em alguns pontos. - As técnicas de Spoofing po- Usando funções de “Hashing” ou de checagem, consistindo
dem ser um meio efetivo de anular a sua proteção. na adição.
Para uma proteção eficiente contra as ameaças de segurança
existentes, os firewalls devem ser usados em conjunto com diversas Mecanismos de controle de acesso
outras medidas de segurança.
Existem, claro, outros mecanismos de segurança que apoiam Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões inte-
os controles físicos: Portas / trancas / paredes / blindagem / guardas ligentes.
/ etc.
Mecanismos de certificação
• Controles lógicos: são barreiras que impedem ou
limitam o acesso à informação, que está em ambiente controlado, Atesta a validade de um documento. O Certificado Digital,
geralmente eletrônico, e que, de outro modo, ficaria exposta a alte- também conhecido como Certificado de Identidade Digital associa a
ração não autorizada por elemento mal intencionado. identidade de um titular a um par de chaves eletrônicas (uma pública
Existem mecanismos de segurança que apoiam os controles ló- e outra privada) que, usadas em conjunto, fornecem a comprovação
gicos:
da identidade. É uma versão eletrônica (digital) de algo parecido a
Mecanismos de encriptação uma Cédula de Identidade - serve como prova de identidade, reco-
nhecida diante de qualquer situação onde seja necessária a compro-
A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas palavras vação de identidade.
gregas: O Certificado Digital pode ser usado em uma grande variedade
• CRIPTO = ocultar, esconder. de aplicações, como comércio eletrônico, groupware (Intranets e In-
• GRAFIA = escrever ternet) e transferência eletrônica de fundos.
Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou em códi- Dessa forma, um cliente que compre em um shopping virtual,
gos. É então um conjunto de técnicas que tornam uma mensagem in- utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certificado de Identida-
compreensível permitindo apenas que o destinatário que conheça a de Digital deste Servidor para verificar: a identidade do vendedor e
chave de encriptação possa decriptar e ler a mensagem com clareza. o conteúdo do Certificado por ele apresentado. Da mesma forma, o
Permitem a transformação reversível da informação de forma a servidor poderá solicitar ao comprador seu Certificado de Identidade
torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para tal, algoritmos de- Digital, para identificá-lo com segurança e precisão.
terminados e uma chave secreta para, a partir de um conjunto de da- Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado de Iden-
dos não encriptados, produzir uma sequência de dados encriptados. tidade Digital adulterado, ele será avisado do fato, e a comunicação
A operação inversa é a desencriptação. com segurança não será estabelecida.

Didatismo e Conhecimento 84
noções de informática
O Certificado de Identidade Digital é emitido e assinado por Integridade: Medida em que um serviço/informação é genuino,
uma Autoridade Certificadora Digital (Certificate Authority). Para isto é, esta protegido contra a personificação por intrusos.
tanto, esta autoridade usa as mais avançadas técnicas de criptografia
disponíveis e de padrões internacionais (norma ISO X.509 para Cer- Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função é detectar
tificados Digitais), para a emissão e chancela digital dos Certificados ou de impedir a ação de um cracker, de um spammer, ou de qualquer
de Identidade Digital. agente externo estranho ao sistema, enganando-o, fazendo-o pensar
Podemos destacar três elementos principais: que esteja de fato explorando uma vulnerabilidade daquele sistema.
- Informação de atributo: É a informação sobre o objeto que
é certificado. No caso de uma pessoa, isto pode incluir seu nome, Ameaças à segurança
nacionalidade e endereço e-mail, sua organização e o departamento
da organização onde trabalha. Ameaça é algo que oferece um risco e tem como foco algum
- Chave de informação pública: É a chave pública da entidade ativo. Uma ameaça também pode aproveitar-se de alguma vulnera-
certificada. O certificado atua para associar a chave pública à infor- bilidade do ambiente.
mação de atributo, descrita acima. A chave pública pode ser qual- Identificar Ameaças de Segurança – Identificar os Tipos de Ata-
quer chave assimétrica, mas usualmente é uma chave RSA. ques é a base para chegar aos Riscos. Lembre-se que existem as
- Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA assina prioridades; essas prioridades são os pontos que podem comprome-
os dois primeiros elementos e, então, adiciona credibilidade ao cer- ter o “Negócio da Empresa”, ou seja, o que é crucial para a sobrevi-
tificado. Quem recebe o certificado verifica a assinatura e acreditará vência da Empresa é crucial no seu projeto de Segurança.
na informação de atributo e chave pública associadas se acreditar na Abaixo temos um conjunto de ameaças, chamado de FVRDNE:
Autoridade em Certificação.
Existem diversos protocolos que usam os certificados digitais Falsificação
para comunicações seguras na Internet:
• Secure Socket Layer ou SSL; Falsificação de Identidade é quando se usa nome de usuário e
• Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME; senha de outra pessoa para acessar recursos ou executar tarefas. Se-
• Form Signing; guem dois exemplos:
• Authenticode / Objectsigning. • Falsificar mensagem de e-mail;
O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os certificados • Executar pacotes de autenticação.
digitais e é usado em praticamente todos os sites que fazem co- Um ataque de Falsificação pode ter início em um PostIt com sua
mércio eletrônico na rede (livrarias, lojas de CD, bancos etc.). O senha, grudado no seu monitor.
SSL teve uma primeira fase de adoção onde apenas os servidores
estavam identificados com certificados digitais, e assim tínhamos Violação
garantido, além da identidade do servidor, o sigilo na sessão. En-
tretanto, apenas com a chegada dos certificados para os browsers é A Violação ocorre quando os dados são alterados:
que pudemos contar também com a identificação na ponta cliente, • Alterar dados durante a transmissão;
eliminando assim a necessidade do uso de senhas e logins. • Alterar dados em arquivos.
O S/Mime é também um protocolo muito popular, pois permite
que as mensagens de correio eletrônico trafeguem encriptadas e/ou Repudiação
assinadas digitalmente. Desta forma os e-mails não podem ser lidos A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de um ataque
ou adulterados por terceiros durante o seu trânsito entre a máquina bem sucedido, pois é o ato de negar algo que foi feito. Isso pode ser
do remetente e a do destinatário. Além disso, o destinatário tem a feito apagando as entradas do Log após um acesso indevido. Exem-
garantia da identidade de quem enviou o e-mail. plos:
O Form Signing é uma tecnologia que permite que os usuários • Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu;
emitam recibos online com seus certificados digitais. Por exemplo: • Comprar um produto e mais tarde negar que comprou.
o usuário acessa o seu Internet Banking e solicita uma transferência
de fundos. O sistema do banco, antes de fazer a operação, pede que Divulgação
o usuário assine com seu certificado digital um recibo confirmando
a operação. Esse recibo pode ser guardado pelo banco para servir A Divulgação das Informações pode ser tão grave e/ou custar
como prova, caso o cliente posteriormente negue ter efetuado a tran- tão caro quanto um ataque de “Negação de Serviço”, pois informa-
sação. ções que não podiam ser acessadas por terceiros, agora estão sendo
O Authenticode e o Object Signing são tecnologias que permi- divulgadas ou usadas para obter vantagem em negócios.
tem que um desenvolvedor de programas de computador assine di- Dependendo da informação ela pode ser usada como objeto de
gitalmente seu software. Assim, ao baixar um software pela Internet, chantagem. Abaixo exemplos de Divulgação:
o usuário tem certeza da identidade do fabricante do programa e que • Expor informações em mensagens de erro;
o software se manteve íntegro durante o processo de download. Os • Expor código em sites.
certificados digitais se dividem em basicamente dois formatos: os
certificados de uso geral (que seriam equivalentes a uma carteira Negação de Serviço (DoS) (Denial of Service, DoS)
de identidade) e os de uso restrito (equivalentes a cartões de banco,
carteiras de clube etc.). Os certificados de uso geral são emitidos A forma mais conhecida de ataque que consiste na perturbação
diretamente para o usuário final, enquanto que os de uso restrito são de um serviço, devido a danos físicos ou lógicos causados no siste-
voltados basicamente para empresas ou governo. ma que o suportam.

Didatismo e Conhecimento 85
noções de informática
Para provocar um DoS, os atacantes disseminam vírus, geram Veja algumas vulnerabilidades:
grandes volumes de tráfego de forma artificial, ou muitos pedidos • Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, senhas previsí-
aos servidores que causam subcarga e estes últimos ficam impedidos veis ou que não usam requisitos mínimos de complexidade. Deixar
de processar os pedidos normais. um Postit com a sua senha grudada no monitor é uma vulnerabili-
dade.
O objetivo deste ataque é parar algum serviço. Exemplo: • Software sem Patches – Um gerenciamento de Service Pa-
cks e HotFixes mal feito é uma vulnerabilidade comum. Veja casos
• “Inundar” uma rede com pacotes SYN (Syn-Flood); como os ataques do Slammer e do Blaster, sendo que suas respecti-
• “Inundar” uma rede com pacotes ICPM forçados. vas correções já estavam disponíveis bem antes dos ataques serem
realizados.
O alvo deste tipo de ataque pode ser um Web Server contendo • Configuração Incorreta – Aplicativos executados com contas
o site da empresa, ou até mesmo “inundar” o DHCP Server Local de Sistema Local, e usuários que possuem permissões acima do ne-
com solicitações de IP, fazendo com que nenhuma estação com IP cessário.
dinâmico obtenha endereço IP. • Engenharia Social – O Administrador pode alterar uma senha
sem verificar a identidade da chamada.
Elevação de Privilégios • Segurança fraca no Perímetro – Serviços desnecessários, por-
tas não seguras. Firewall e Roteadores usados incorretamente.
Acontece quando o usuário mal-intencionado quer executar • Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de autentica-
uma ação da qual não possui privilégios administrativos suficientes: ção usando protocolos de texto simples, dados importantes enviados
• Explorar saturações do buffer para obter privilégios do siste- em texto simples pela Internet.
ma; Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que não seja
• Obter privilégios de administrador de forma ilegítima. possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco de suas vulnera-
Este usuário pode aproveitar-se que o Administrador da Rede bilidades.
efetuou logon numa máquina e a deixou desbloqueada, e com isso Nem todos os problemas de segurança possuem uma solução
adicionar a sua própria conta aos grupos Domain Admins, e Remote definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamento de Risco, anali-
sando e balanceando todas as informações sobre Ativos, Ameaças,
Desktop Users. Com isso ele faz o que quiser com a rede da empre-
Vulnerabilidades, probabilidade e impacto.
sa, mesmo que esteja em casa.
Nível de segurança
Quem pode ser uma ameaça?
Depois de identificado o potencial de ataque, as organizações
Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos, muitas ve-
têm que decidir o nível de segurança a estabelecer para um rede ou
zes conhecidos como crackers, (hackers não são agentes maliciosos, sistema os recursos físicos e lógicos a necessitar de proteção. No
tentam ajudar a encontrar possíveis falhas). Estas pessoas são mo- nível de segurança devem ser quantificados os custos associados aos
tivadas para fazer esta ilegalidade por vários motivos. Os princi- ataques e os associados à implementação de mecanismos de prote-
pais motivos são: notoriedade, autoestima, vingança e o dinheiro. É ção para minimizar a probabilidade de ocorrência de um ataque .
sabido que mais de 70% dos ataques partem de usuários legítimos
de sistemas de informação (Insiders) -- o que motiva corporações a Políticas de segurança
investir largamente em controles de segurança para seus ambientes
corporativos (intranet). De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Handbook),
É necessário identificar quem pode atacar a minha rede, e qual uma política de segurança consiste num conjunto formal de regras
a capacidade e/ou objetivo desta pessoa. que devem ser seguidas pelos usuários dos recursos de uma organi-
• Principiante – não tem nenhuma experiência em programação zação.
e usa ferramentas de terceiros. Geralmente não tem noção do que As políticas de segurança devem ter implementação realista,
está fazendo ou das consequências daquele ato. e definir claramente as áreas de responsabilidade dos usuários, do
• Intermediário – tem algum conhecimento de programação e pessoal de gestão de sistemas e redes e da direção. Deve também
utiliza ferramentas usadas por terceiros. Esta pessoa pode querer adaptar-se a alterações na organização. As políticas de segurança
algo além de testar um “Programinha Hacker”. fornecem um enquadramento para a implementação de mecanismos
• Avançado – Programadores experientes, possuem conheci- de segurança, definem procedimentos de segurança adequados, pro-
mento de Infraestrutura e Protocolos. Podem realizar ataques estru- cessos de auditoria à segurança e estabelecem uma base para proce-
turados. Certamente não estão só testando os seus programas. dimentos legais na sequência de ataques.
Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários da empre- O documento que define a política de segurança deve deixar de
sa, e provavelmente estão se aproveitando de alguma vulnerabilida- fora todos os aspetos técnicos de implementação dos mecanismos de
de do seu ambiente. segurança, pois essa implementação pode variar ao longo do tempo.
Deve ser também um documento de fácil leitura e compreensão,
Vulnerabilidades além de resumido.
Algumas normas definem aspectos que devem ser levados em
Os ataques com mais chances de dar certo são aqueles que ex- consideração ao elaborar políticas de segurança. Entre essas normas
ploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnerabilidade do sistema estão a BS 7799 (elaborada pela British Standards Institution) e a
operacional, aplicativos ou políticas internas. NBR ISO/IEC 17799 (a versão brasileira desta primeira).

Didatismo e Conhecimento 86
noções de informática
Existem duas filosofias por trás de qualquer política de seguran- A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer disco
ça: a proibitiva (tudo que não é expressamente permitido é proibido) (tanto disquete quanto HD) existe um setor que é lido primeiro pelo
e a permissiva (tudo que não é proibido é permitido). sistema operacional quando o computador o acessa. Este setor iden-
Enfim, implantar Segurança em um ambiente não depende só tifica o disco e informa como o sistema operacional (SO) deve agir.
da Tecnologia usada, mas também dos Processos utilizados na sua O vírus se aloja exatamente neste setor, e espera que o computador
implementação e da responsabilidade que as Pessoas têm neste con- o acesse.
junto. Estar atento ao surgimento de novas tecnologias não basta, é A partir daí ele passa para a memória do computador e entra na
necessário entender as necessidades do ambiente, e implantar políti- segunda fase da infecção. Mas antes de falarmos da segunda fase,
cas que conscientizem as pessoas a trabalhar de modo seguro. vamos analisar o segundo método de infecção: o
Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que instalando vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendurado mes-
um bom Antivírus você elimina as suas vulnerabilidades ou diminui mo nesse arquivo). Acessar o disco onde este arquivo está não é o
a quantidade de ameaças. É extremamente necessário conhecer o suficiente para se contaminar.
ambiente e fazer um estudo, para depois poder implementar ferra- É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se anexa,
mentas e soluções de segurança. geralmente, em uma parte do arquivo onde não interfira no seu fun-
cionamento (do arquivo), pois assim o usuário não vai perceber ne-
NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO nhuma alteração e vai continuar usando o programa infectado.
DE VÍRUS DE COMPUTADOR O vírus, após ter sido executado, fica escondido agora na me-
mória do computador, e imediatamente infecta todos os discos que
DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS estão ligados ao computador, colocando uma cópia de si mesmo no
tal setor que é lido primeiro (chamado setor de boot), e quando o
O que são vírus de computador? disco for transferido para outro computador, este ao acessar o disco
contaminado (lendo o setor de boot), executará o vírus e o alocará na
Os vírus representam um dos maiores problemas para usuários sua memória, o que por sua vez irá infectar todos os discos utiliza-
de computador. dos neste computador, e assim o vírus vai se alastrando.
Consistem em pequenos programas criados para causar algum Os vírus que se anexam a arquivos infectam também todos os
arquivos que estão sendo ou e serão executados. Alguns às vezes
dano ao computador infectado, seja apagando dados, seja captu-
re-contaminam o mesmo arquivo tantas vezes e ele fica tão grande
rando informações, seja alterando o funcionamento normal da má-
que passa a ocupar um espaço considerável (que é sempre muito
quina. Os usuários dos sistemas operacionais Windows são vítimas
precioso) em seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
quase que exclusivas de vírus, já que os sistemas da Microsoft são
os espaços do programa original, para não dar a menor pista de sua
largamente usados no mundo todo. Existem vírus para sistemas ope-
existência.
racionais Mac e os baseados em Unix, mas estes são extremamente
Cada vírus possui um critério para começar o ataque propria-
raros e costumam ser bastante limitados. Esses “programas mali- mente dito, onde os arquivos começam a ser apagados, o micro
ciosos” receberam o nome vírus porque possuem a característica de começa a travar, documentos que não são salvos e várias outras
se multiplicar facilmente, assim como ocorre com os vírus reais, tragédias. Alguns apenas mostram mensagens chatas, outros mais
ou seja, os vírus biológicos. Eles se disseminam ou agem por meio elaborados fazem estragos muitos grandes.
de falhas ou limitações de determinados programas, se espalhando
como em uma infecção. Tipos
Para contaminarem os computadores, os vírus antigamente usa-
vam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os vírus podem atingir Cavalo-de-Tróia
em poucos minutos milhares de computadores em todo mundo. Isso
tudo graças à Internet. O método de propagação mais comum é o A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atribuída
uso de e-mails, onde o vírus usa um texto que tenta convencer o in- aos programas que permitem a invasão de um computador alheio
ternauta a clicar no arquivo em anexo. É nesse anexo que se encon- com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famo-
tra o vírus. Os meios de convencimento são muitos e costumam ser so artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um “amigo”
bastante criativos. O e-mail (e até o campo assunto da mensagem) virtual presenteia o outro com um “presente de grego”, que seria um
costuma ter textos que despertam a curiosidade do internauta. Mui- aplicativo qualquer. Quando o leigo o executa, o programa atua de
tos exploram assuntos eróticos ou abordam questões atuais. Alguns forma diferente do que era esperado.
vírus podem até usar um remetente falso, fazendo o destinatário do Ao contrário do que é erroneamente informado na mídia, que
e-mail acreditar que se trata de uma mensagem verdadeira. Muitos classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não se reproduz e
internautas costumam identificar e-mails de vírus, mas os criadores não tem nenhuma comparação com vírus de computador, sendo que
destas “pragas digitais” podem usar artifícios inéditos que não pou- seu objetivo é totalmente diverso. Deve-se levar em consideração,
pam nem o usuário mais experiente. também, que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os clas-
O computador (ou, melhor dizendo, o sistema operacional), por sificam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, exclusiva-
si só, não tem como detectar a existência deste programinha. Ele não mente, como definição para programas que capturam dados sem o
é referenciado em nenhuma parte dos seus arquivos, ninguém sabe conhecimento do usuário.
dele, e ele não costuma se mostrar antes do ataque fatal. O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como um arqui-
Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por completo vo no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar informa-
o vírus que usa todas as formas possíveis de contaminar e se ocultar) ções como passwords, logins e quaisquer dados, sigilosos ou não,
chega até a memória do computador de duas formas. mantidos no micro da vítima.

Didatismo e Conhecimento 87
noções de informática
Quando a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à Firewall
Internet, poderá ter todas as informações contidas no HD visuali-
zadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas visitas são feitas Firewall é um programa que monitora as conexões feitas pelo
imperceptivelmente. Só quem já esteve dentro de um computador seu computador para garantir que nenhum recurso do seu computa-
alheio sabe as possibilidades oferecidas. dor esteja sendo usado indevidamente. São úteis para a prevenção
de worms e trojans.
Worm
Antivírus
Os worms (vermes) podem ser interpretados como um tipo de
vírus mais inteligente que os demais. A principal diferença entre eles Existe uma variedade enorme de softwares antivírus no merca-
está na forma de propagação: os worms podem se propagar rapida- do. Independente de qual você usa, mantenha-o sempre atualizado.
mente para outros computadores, seja pela Internet, seja por meio de Isso porque surgem vírus novos todos os dias e seu antivírus precisa
uma rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de maneira dis- saber da existência deles para proteger seu sistema operacional.
creta e o usuário só nota o problema quando o computador apresenta A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de atua-
alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteligentes é a gama
lização automática. Abaixo há uma lista com os antivírus mais co-
de possibilidades de propagação. O worm pode capturar endereços
nhecidos:
de e-mail em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema
de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio que permita a Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br - Possui
contaminação de computadores (normalmente milhares) em pouco versão de teste.
tempo. McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui versão
de teste.
Spywares, keyloggers e hijackers AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga e outra
gratuita para uso não comercial (com menos funcionalidades).
Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três nomes Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftware.com.
também representam perigo. Spywares são programas que ficam br - Possui versão de teste.
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam informa- É importante frisar que a maioria destes desenvolvedores pos-
ções sobre eles. Para contaminar um computador, os spywares po- suem ferramentas gratuitas destinadas a remover vírus específicos.
dem vir embutidos em softwares desconhecidos ou serem baixados Geralmente, tais softwares são criados para combater vírus perigo-
automaticamente quando o internauta visita sites de conteúdo du- sos ou com alto grau de propagação.
vidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem vir embu- Proteção
tidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, destinados a cap-
turar tudo o que é digitado no teclado. O objetivo principal, nestes A melhor política com relação à proteção do seu computador
casos, é capturar senhas. contra vírus é possuir um bom software antivírus original instalado
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram» navega- e atualizá-lo com frequência, pois surgem vírus novos a cada dia.
dores de Internet, principalmente o Internet Explorer. Quando isso Portanto, a regra básica com relação a vírus (e outras infecções) é:
ocorre, o hijacker altera a página inicial do browser e impede o usu- Jamais execute programas que não tenham sido obtidos de fontes
ário de mudá-la, exibe propagandas em pop-ups ou janelas novas, absolutamente confiáveis. O tema dos vírus é muito extenso e não
instala barras de ferramentas no navegador e podem impedir acesso se pode pretender abordá-lo aqui senão superficialmente, para dar
a determinados sites (como sites de software antivírus, por exem- orientações essenciais. Vamos a algumas recomendações.
plo). Os processos mais comuns de se receber arquivos são como
Os spywares e os keyloggers podem ser identificados por pro-
anexos de mensagens de e-mail, através de programas de FTP, ou
gramas anti-spywares. Porém, algumas destas pragas são tão peri-
por meio de programas de comunicação, como o ICQ, o NetMee-
gosas que alguns antivírus podem ser preparados para identificá-las,
ting, etc.
como se fossem vírus. No caso de hijackers, muitas vezes é necessá-
rio usar uma ferramenta desenvolvida especialmente para combater Note que:
aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar no sistema Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus escondi-
operacional de uma forma que nem antivírus nem anti-spywares dos em programas anexados ao e-mail. Você não infecta seu com-
conseguem “pegar”. putador só de ler uma mensagem de correio eletrônico escrita em
formato texto (.txt). Mas evite ler o conteúdo de arquivos anexados
Hoaxes, o que são? sem antes certificar-se de que eles estão livres de vírus. Salve-os em
um diretório e passe um programa antivírus atualizado. Só depois
São boatos espalhados por mensagens de correio eletrônico, abra o arquivo.
que servem para assustar o usuário de computador. Uma mensagem Cuidados que se deve tomar com mensagens de correio eletrô-
no e-mail alerta para um novo vírus totalmente destrutivo que está nico – Como já foi falado, simplesmente ler a mensagem não causa
circulando na rede e que infectará o micro do destinatário enquanto qualquer problema. No entanto, se a mensagem contém anexos (ou
a mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar em de- attachments, em Inglês), é preciso cuidado. O anexo pode ser um
terminada tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax normalmente arquivo executável (programa) e, portanto, pode estar contaminado.
costuma dizer que a informação partiu de uma empresa confiável, A não ser que você tenha certeza absoluta da integridade do arquivo,
como IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá danificar a máquina é melhor ser precavido e suspeitar. Não abra o arquivo sem antes
do usuário. Desconsidere a mensagem. passá-lo por uma análise do antivírus atualizado

Didatismo e Conhecimento 88
noções de informática
Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo apenas de Questões Comentadas
texto, é possível relaxar os cuidados?
Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ativos, e 1- Com relação ao sistema operacional Windows, assinale a
existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus que contaminam opção correta.
arquivos do MS Word ou do MS Excel. São os chamados vírus de (A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve ser fei-
macro, que infectam os macros (executáveis) destes arquivos. As-
ta a partir de opção equivalente do Painel de Controle, de modo a
sim, não abra anexos deste tipo sem prévia verificação.
garantir a correta remoção dos arquivos relacionados ao aplicativo,
É possível clicar no indicador de anexo para ver do que se trata?
E como fazer em seguida? sem prejuízo ao sistema operacional.
Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Express é uma (B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e DELE-
imagem de um clip), sim. Mas cuidado para não dar um clique du- TE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos diretórios de
plo, ou clicar no nome do arquivo, pois se o anexo for um programa, programas instalados na máquina em uso.
será executado. Faça assim: (C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de um
computador, pois bastam o nome do usuário e a senha da máquina
1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo aparece como para se ter acesso às contas dos demais usuários possivelmente ca-
um ícone no rodapé); dastrados nessa máquina.
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios disponíveis
2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que pode ser
por meio da instalação do pacote Office, entre eles, calculadora, blo-
feito de dois modos:
co de notas, WordPad e Paint.
a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e em seguida (E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do botão Ini-
clicar em “Salvar como...”; ciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o Windows, dar
saída no usuário correntemente em uso na máquina e, em seguida,
b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos... desligar o computador.

3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para se certifi- Comentários: Para desinstalar um programa de forma segura
car de que este não está infectado. deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou remover progra-
mas
Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o programa Resposta – Letra A
para o seu computador não causa infecção, seja por FTP, ICQ, ou o
que for. Mas de modo algum execute o programa (de qualquer tipo,
joguinhos, utilitários, protetores de tela, etc.) sem antes submetê-lo
a um bom antivírus. 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as informações
estão contidas em arquivos de vários formatos, que são armazena-
O que acontece se ocorrer uma infecção? dos no disco fixo ou em outros tipos de mídias removíveis do com-
Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quando estiver putador, organizados em:
conectado à Internet. Elas poderão invadir seu computador e realizar (A) telas.
atividades nocivas desde apenas ler seus arquivos, até causar danos (B) pastas.
como apagar arquivos, e até mesmo roubar suas senhas, causando (C) janelas.
todo o tipo de prejuízos. (D) imagens.
(E) programas.
Como me proteger?
Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude básica de
Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma bem cla-
evitar executar programas desconhecidos ou de origem duvidosa.
Portanto, mais uma vez, Jamais execute programas que não tenham ra a organização por meio de PASTAS, que nada mais são do que
sido obtidos de fontes absolutamente confiáveis. compartimentos que ajudam a organizar os arquivos em endereços
específicos, como se fosse um sistema de armário e gavetas.
Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro estiver Resposta: Letra B
infectado outras pessoas poderiam acessar as suas senhas. E troca-
-las não seria uma solução definitiva, pois os invasores poderiam
entrar no seu micro outra vez e rouba-la novamente. Portanto, como 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser excluído per-
medida extrema de prevenção, o melhor mesmo é NÃO DEIXAR manentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-se simulta-
AS SENHAS NO COMPUTADOR. Isto quer dizer que você não neamente as teclas
deve usar, ou deve desabilitar, se já usa, os recursos do tipo “lembrar
(A) Ctrl + Delete.
senha”. Eles gravam sua senha para evitar a necessidade de digitá-la
(B) Shift + End.
novamente. Só que, se a sua senha está gravada no seu computador,
ela pode ser lida por um invasor. Atualmente, é altamente recomen- (C) Shift + Delete.
dável que você prefira digitar a senha a cada vez que faz uma cone- (D) Ctrl + End.
xão. Abra mão do conforto em favor da sua segurança. (E) Ctrl + X.

Didatismo e Conhecimento 89
noções de informática
Comentário: Quando desejamos excluir permanentemente um Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para somar todas
arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes para a lixeira, basta as células de A3 até C3(dois pontos significam ‘até’), sendo assim
pressionarmos a tecla Shift em conjunto com a tecla Delete. O Win- teremos que somar A3,  , B3, C3 obtendo-se o resultado 448.
dows exibirá uma mensagem do tipo “Você tem certeza que deseja Resposta: C.
excluir permanentemente este arquivo?” ao invés de “Você tem cer-
teza que deseja enviar este arquivo para a lixeira?”. 6- “O correio eletrônico é um método que permite compor, en-
Resposta: C viar e receber mensagens através de sistemas eletrônicos de comuni-
cação”. São softwares gerenciadores de email, EXCETO:
4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de arquivos, A) Mozilla Thunderbird.
sem que haja perda de informação? B) Yahoo Messenger.
(A) Compactação C) Outlook Express.
(B) Deleção D) IncrediMail.
(C) Criptografia E) Microsoft Office Outlook 2003.
(D) Minimização
(E) Encolhimento adaptativo Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de e-mail
(eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos memorizar que
Comentários: A compactação de arquivos é uma técnica ampla- os sistemas que trabalham o correio eletrônico podem funcionar por
mente utilizada. Alguns arquivos compactados podem conter exten- meio de um software instalado em nosso computador local ou por
sões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exemplos de programas compac- meio de um programa que funciona dentro de um navegador, via
tadores são o WinZip, WinRar, SolusZip, etc. acesso por Internet. Este programa da Internet, que não precisa ser
Resposta: A instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software local é
o gerenciador de e-mail citado pela questão.
5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel: Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando está desco-
nectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no compu-
tador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo tempo;
Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
  • Compatibilidade com os servidores de e-mail (nem sem-
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e colado pre são compatíveis).
(Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em negrito os
(A) 7 mais conhecidos e utilizados atualmente):
(B) 56 Microsoft Office Outlook
(C) 448 Microsoft Outlook Express;
(D) 511 Mozilla Thunderbird;
(E) uma mensagem de erro IcrediMail
  Eudora
Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando copia- Pegasus Mail
mos uma célula que contém uma fórmula e colamos em outra célu- Apple Mail (Apple)
la, a fórmula mudará ajustando-se à nova posição. Veja como saber Kmail (Linux)
como ficará a nova fórmula ao ser copiada de D1 para D3: Windows Mail
A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL, ou
seja, não é instalado no computador local. Logo, é o gabarito da
questão.
Resposta: B.

7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e correio eletrô-


nico, analise:
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos navega-
dores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Google Chrome) para
localizar recursos e páginas da Internet (Exemplo: http://www.goo-
gle.com.br).

Didatismo e Conhecimento 90
noções de informática
II. Download significa descarregar ou baixar; é a transferência (E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a elaboração
de dados de um servidor ou computador remoto para um computa- de apresentações de slides que utilizem conteúdo e imagens de ma-
dor local. neira estruturada e organizada.
III. Upload é a transferência de dados de um computador local
para um servidor ou computador remoto. Comentários: O menu editar geralmente contém os comandos
IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail significa movê- universais dos programas da Microsoft como é o caso dos atalhos
-lo definitivamente da máquina local, para envio a um destinatário, CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do localizar.
com endereço eletrônico. Em relação às outras letras:
Estão corretas apenas as afirmativas: Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo Excel e
A) I, II, III, IV não o Access
B) I, II Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma cópia do
C) I, II, III arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga.
D) I, II, IV Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de exibição
E) I, III, IV do documento dentro do contexto de cada programa e não de um
Comentários: O URL é o endereço (único) de um recurso na programa para o outro como é o caso da afirmativa.
Internet. A questão parece diferenciar um recurso de página, mas na Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação de slides
verdade uma página é um recurso (o mais conhecido, creio) da Web. e sim o Ms Power Point.
Item verdadeiro. Resposta: B
É comum confundir os itens II e III, por isso memorize: down
= baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e III são verda- 9- Com relação a conceitos de Internet e  intranet, assinale a
deiros. opção correta.
(A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla a en-
trada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da Internet que
possuam uma conexão http, ao digitarem na barra de endereços do
navegador: http://intranet.com.
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma rede lo-
cal, pois sua função é conectar um computador à rede de telefonia
fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina denomi-
nada cliente requisita serviços a outra, denominada servidor, ainda é
o atual paradigma de acesso à Internet.
No item IV encontramos o item falso da questão, o que nos leva
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que armazena os
ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail
nomes dos usuários que possuem permissão de acesso a uma quan-
significa copiar e não mover!
tidade restrita de páginas da Internet.
Resposta: C.

Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado em ter-


8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do ambien-
te MS Office, assinale a opção correta. mos de internet pois não é tão robusto quanto redes P2P pois, en-
(A) Ao se clicar no nome de um documento gravado com a quanto no primeiro modelo uma queda do servidor central impede
extensão .xls a partir do Meu Computador, o Windows ativa o MS o acesso aos usuários clientes, no segundo mesmo que um servidor
Access para a abertura do documento em tela. “caia” outros servidores ainda darão acesso ao mesmo conteúdo per-
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas ao mitindo que o download continue. Ex: programas torrent, Emule,
se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL + Limeware, etc.
V,respectivamente, estão disponíveis no menu Editar de todos os
aplicativos da suíte MS Office. Em relação às outras letras:
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das aplicações
do MS Office, permite que o usuário salve o documento corrente- letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve para locali-
mente aberto com outro nome. Nesse caso, a versão antiga do do- zar e identificar conjuntos de computadores na Internet e correspon-
cumento é apagada e só a nova versão permanece armazenada no de ao endereço que digitamos no navegador.
computador.
(D) O menu Exibir permite a visualização do documento aberto letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma forma que
correntemente, por exemplo, no formato do MS Word para ser aber- a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede é restrito a uma rede
to no MS PowerPoint. local e não a internet como um todo.

Didatismo e Conhecimento 91
noções de informática
letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o computador (D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e a opção
a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma forma só que Renomear for acionada no Windows Explorer com o botão direito
de maneira local, o acesso via ADSL pode sim acessar redes locais. do mouse,será salva uma nova versão do arquivo e a anterior conti-
nuará aberta com o nome antigo.
letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de computação (E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutura de di-
que fornece serviços a uma rede de computadores. E não necessaria- retórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de busca Google, pois
mente armazena nomes de usuários e/ou restringe acessos. é ele que dá acesso a todos os diretórios de máquinas ligadas à In-
Resposta: D ternet.

10- Com relação à Internet, assinale a opção correta. Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arquivos são
(A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Internet, mostrados de várias formas como Listas, Miniaturas e Detalhes.
pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde está localizada Resposta: B
tal máquina.
(B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários se co- Atenção: Para responder às questões de números 12 e 13,
nectarem a uma mesma máquina simultaneamente, como no caso de considere integralmente o texto abaixo:
salas de bate-papo. Todos os textos produzidos no editor de textos padrão deverão
(C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebimento de ser publicados em rede interna de uso exclusivo do órgão, com tec-
arquivos na Internet. nologia semelhante à usada na rede mundial de computadores.
(D) Quando se digita o endereço de uma página web, o termo Antes da impressão e/ou da publicação os textos deverão ser
http significa o protocolo de acesso a páginas em formato HTML, verificados para que não contenham erros. Alguns artigos digitados
por exemplo. deverão conter a imagem dos resultados obtidos em planilhas ele-
(E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de correio trônicas, ou seja, linhas, colunas, valores e totais.
eletrônico envia uma mensagem com anexo para outro destinatário Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados devem
de correio eletrônico. ser tomados para a recuperação em caso de perda e também para
Comentários: Os itens apresentados nessa questão estão rela- evitar o acesso por pessoas não autorizadas às informações guar-
cionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os protocolos mais
dadas.
comuns:
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas na in-
- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de carrega-
ternet visando o atendimento do nível de qualidade da informação
mento de páginas de Hipertexto –  HTML
prestada à sociedade, pelo órgão.
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma máquina
O ambiente operacional de computação disponível para reali-
na rede
zar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do MS-Office,
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimento de
das ferramentas Internet Explorer e de correio eletrônico, em portu-
emails direto no PC via gerenciador de emails
guês e em suas versões padrões mais utilizadas atualmente.
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo padrão de
Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes, CD’s e
envio de emails
DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acoplada em portas
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhante ao
do tipo USB) e outras funcionalmente semelhantes.
POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário a possibili-
dade de armazenamento e acesso a suas mensagens de email direto
12- As células que contêm cálculos feitos na planilha eletrônica,
no servidor.
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transferência de (A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão resulta-
arquivos dos diferentes do original.
Resposta: D (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
(C) somente podem ser copiadas para o editor de textos dentro
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção correta. de um limite máximo de dez linhas e cinco colunas.
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pastas e ar- (D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma a uma.
quivos e por seu intermédio não é possível acessar o Painel de Con- (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e “coladas”
trole, o qual só pode ser acessado pelo botão Iniciar do Windows. no editor de textos, serão exibidas na forma de tabela.
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos salvos em  
um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de modificação, de- Comentários: Sempre que se copia células de uma planilha ele-
ve-se selecionar Detalhes nas opções de Modos de Exibição. trônica e cola-se no Word, estas se apresentam como uma tabela
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede oferece simples, onde as fórmulas são esquecidas e só os números são co-
um histórico de páginas visitadas na Internet para acesso direto a lados.
elas. Resposta: E

Didatismo e Conhecimento 92
noções de informática
13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio do correio Resposta: “C”
eletrônico, deve considerar as operações de Comentários:
(A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços eletrôni- Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, e. En-
cos dos destinatários no campo “Cco”. tretanto, temos que observar que na questão os itens d, e, além de
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos endereços receberem taxado, também ficaram em caixa alta. O único que re-
eletrônicos dos destinatários no campo “Para”. cebe apenas o taxada, sem alterar outras formatações foi o item c.
(C) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços eletrô-
nicos dos destinatários no campo “Cc”. 16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
(D) de desanexação de arquivos e de inserção dos endereços CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento de um arquivo
eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”. de textos ou de imagens na internet, entre um servidor e um
(E) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços eletrô- cliente, constituem, em relação ao cliente, respectivamente, um
nicos dos destinatários no campo “Para”. (A) download e um upload
  (B) downgrade e um upgrade
Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo correio (C) downfile e um upfile
eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou seja, anexar o (D) upgrade e um downgrade
arquivo à mensagem. Quando colocamos os endereços dos destina- (E) upload e um download
tários no campo Cco, ou seja, no campo “com cópia oculta”, um des- Resposta: “E”.
tinatário não ficará sabendo quem mais recebeu aquela mensagem, o
que atende a segurança solicitada no enunciado. Comentários:
Resposta: A  Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
Upload – Carregar para cima (enviar).
14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo - Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)
CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio de arquivos em
lotes, também denominados scripts, o shell de comando é um 17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) Assinale
programa que fornece comunicação entre o usuário e o siste- a alternativa que contém os nomes dos menus do programa Mi-
ma operacional de forma direta e independente. Nos sistemas crosoft Word XP, em sua configuração padrão, que, respectiva-
operacionais Windows XP, esse programa pode ser acessado por mente, permitem aos usuários: (I) numerar as páginas do docu-
meio de um comando da pasta Acessórios denominado mento, (II) contar as palavras de um parágrafo e (III) adicionar
(A) Prompt de Comando um cabeçalho ao texto em edição.
(B) Comandos de Sistema a) Janela, Ferramentas e Inserir.
(C) Agendador de Tarefas b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
(D) Acesso Independente c) Formatar, Editar e Janela.
(E) Acesso Direto d) Arquivo, Exibir e Formatar.
Resposta: “A” e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
Comentários Resposta: “B”
Prompt de Comando é um recurso do Windows que oferece um Comentário:
ponto de entrada para a digitação de comandos do MSDOS (Mi- • Ação numerar - “INSERIR”
crosoft Disk Operating System) e outros comandos do computador. • Ação contar paginas - “FERRAMENTAS”
O mais importante é o fato de que, ao digitar comandos, você pode • Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”
executar tarefas no computador sem usar a interface gráfica do
Windows. O Prompt de Comando é normalmente usado apenas por 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
usuários avançados.
15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir digitado no aplicati-
vo Word. Aplicativos para edição de textos. Aplicando-se a esse
texto o efeito de fonte Tachado, o resultado obtido será

Didatismo e Conhecimento 93
noções de informática
a) 3, 0 e 7. Passo 2
b) 5, 0 e 7. que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 e A3
c) 5, 1 e 2.
d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4.
Resposta: “C”
Comentário:
Expressão =MÉDIA(A1:A3)
São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é dividi-
do por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
Expressão =MENOR(B1:B3;2)
Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número, que
seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em ordem
crescente.
Expressão =MAIOR(C1:C3;3) Click na imagem para melhor visualizar
Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número, que Passo 3
seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em ordem Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a pro-
decrescente. pagação, o resultado

19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)

20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No PowerPoint


2007, a inserção de um novo comentário pode ser feita na guia
a) 1 a) Geral.
b) 2 b) Inserir.
c) 3 c) Animações.
d) 4 d) Apresentação de slides.
e) 5 e) Revisão.
Resposta: “D” Resposta: “E”

Comentário: Comentário:
Passo 1
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1

Didatismo e Conhecimento 94
Índice

Polícia Judiciária Civil do Estado do Mato Grosso

PJC-MT
Escrivão de Polícia e Investigador de Polícia
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com base no último concurso
para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o aluno antecipe seus estudos.
Quando o novo concurso for divulgado aconselhamos a compra de uma nova apostila elaborada de acordo
com o novo Edital.
A antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá o direito de troca, atualizações
ou quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.

Volume II
ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1 Noções de Direito Administrativo. 1.1 Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e
organização; natureza, fins e princípios.....................................................................................................................................01
1.2 Organização administrativa da União: administração direta e indireta...................................................................03
1.3 Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos;
regime jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime
disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa.................................................................................................05
1.4 Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso
do poder........................................................................................................................................................................................34
1.5 Serviços públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; delegação:
concessão, permissão, autorização..............................................................................................................................................37
1.6 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo;
responsabilidade civil do Estado.................................................................................................................................................40

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1 Direito Constitucional: natureza, conceito e objeto........................................................................................................01


2 Poder Constituinte.............................................................................................................................................................03
3 Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade.....................................................................................06

Didatismo e Conhecimento
Índice
4 Regimes políticos e formas de governo............................................................................................................................13
5 A repartição de competência na Federação.....................................................................................................................14
6 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, da nacionalidade,
direitos políticos e dos partidos políticos...................................................................................................................................14
7 Organização político-administrativa da União, dos Estados Federados, dos Municípios e do Distrito Federal......52
8 Da Administração Pública.................................................................................................................................................60
9 Do Poder Legislativo: fundamento, atribuições e garantias de independência............................................................72
10 Do Poder Executivo: forma e sistema de governo, Chefia de Estado e Chefia de Governo, atribuições e
responsabilidades do Presidente da República.........................................................................................................................84
11 Do Poder Judiciário: fundamento, atribuições e garantias..........................................................................................87
12 Das Funções Essenciais à Justiça....................................................................................................................................98
13 Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: do Estado de Defesa, do Estado de Sítio, das Forças Armadas,
da Segurança Pública................................................................................................................................................................103
14 Da Ordem Social: base e objetivos da ordem social, da seguridade social, da educação, da cultura, do desporto,
da ciência e tecnologia, da comunicação social, do meio ambiente, da família, da criança, do adolescente, do idoso e dos
índios...........................................................................................................................................................................................105

ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA CIVIL/MT

LEI COMPLEMENTAR Nº 407, DE 30 DE JUNHO DE 2010. - Dispõe sobre a Organização e o Estatuto da Polícia
Judiciária Civil do Estado de Mato Grosso e dá outras providências...............................................................................01/55

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Direitos e garantias fundamentais.......................................................................................................................................01


Inquérito policial;..................................................................................................................................................................01
notícias criminais...................................................................................................................................................................03
Ação penal; espécies..............................................................................................................................................................04
Jurisdição; competência.......................................................................................................................................................05
Prova (artigos 158 a 184 do CPP)........................................................................................................................................07
Prisão em flagrante...............................................................................................................................................................09
Prisão preventiva;.................................................................................................................................................................10
Prisão temporária (Lei nº 7.960/89).....................................................................................................................................10
Processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos..............................................................................10
Habeas corpus....................................................................................................................................................................... 11
Lei 12.830/2013...................................................................................................................................................................... 11
Pacto de São Jose da Costa Rica..........................................................................................................................................12

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Direito Penal: conceito, missões e funções..........................................................................................................................01


Princípios...............................................................................................................................................................................01
Interpretação da Lei Penal...................................................................................................................................................04
Teoria da norma penal..........................................................................................................................................................04
Lei penal no tempo................................................................................................................................................................05
Lei penal no espaço...............................................................................................................................................................05
Eficácia Pessoal da Lei Penal...............................................................................................................................................05
Infração penal: elementos, espécies.....................................................................................................................................06
Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal................................................................................................................07
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade: conceito, elementos e exclusão.........................................................07
Classificação dos crimes........................................................................................................................................................ 11

Didatismo e Conhecimento
Índice
Concurso de pessoas..............................................................................................................................................................12
Crimes contra a pessoa.........................................................................................................................................................14
Crimes contra o patrimônio.................................................................................................................................................33
Crimes contra a Dignidade Sexual......................................................................................................................................50
Crimes Contra a Fé Pública.................................................................................................................................................53
Crimes contra a Administração Pública.............................................................................................................................59
Abuso de autoridade (Lei nº 4.898/65)................................................................................................................................67
Lei Antidrogas (Lei n. 11.343/2.006)....................................................................................................................................68
Lei de Tortura (Lei n. 9455/97)............................................................................................................................................76
Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98)...................................................................................................................................77
Crimes contra as Relações de Consumo (Lei n. 8.078/90).................................................................................................85
Estatuto do Torcedor (10.671/03).........................................................................................................................................96
Estatuto do Idoso (Lei n. 10741/03)...................................................................................................................................102
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90).................................................................................................. 112
Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/03).................................................................................................................142
Contravenções Penais (Dec. Lei 3.688/41 e De. Lei 6.259/44).........................................................................................148
Crimes de Preconceito (Lei 7.716/89)................................................................................................................................152
Crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90)........................................................................................................154
Crimes hediondos (Lei nº 8.072/90)...................................................................................................................................156

Didatismo e Conhecimento
SAC

Atenção
SAC
Dúvidas de Matéria
A NOVA APOSTILA oferece aos candidatos um serviço diferenciado - SAC (Serviço de Apoio ao Candidato).
O SAC possui o objetivo de auxiliar os candidatos que possuem dúvidas relacionadas ao conteúdo do edital.
O candidato que desejar fazer uso do serviço deverá enviar sua dúvida somente através do e-mail: professores@
novaconcursos.com.br.
Todas as dúvidas serão respondidas pela equipe de professores da Editora Nova, conforme a especialidade da
matéria em questão.
Para melhor funcionamento do serviço, solicitamos a especificação da apostila (apostila/concurso/cargo/Estado/
matéria/página). Por exemplo: Apostila Professor do Estado de São Paulo / Comum à todos os cargos - Disciplina:.
Português - paginas 82,86,90.
Havendo dúvidas em diversas matérias, deverá ser encaminhado um e-mail para cada especialidade, podendo
demorar em média 10 (dez) dias para retornar. Não retornando nesse prazo, solicitamos o reenvio do mesmo.

Erros de Impressão
Alguns erros de edição ou impressão podem ocorrer durante o processo de fabricação deste volume, caso
encontre algo, por favor, entre em contato conosco, pelo nosso e-mail, sac@novaconcursos.com.br.
Alertamos aos candidatos que para ingressar na carreira pública é necessário dedicação, portanto a NOVA
APOSTILA auxilia no estudo, mas não garante a sua aprovação. Como também não temos vínculos com a
organizadora dos concursos, de forma que inscrições, data de provas, lista de aprovados entre outros independe
de nossa equipe.
Havendo a retificação no edital, por favor, entre em contato pelo nosso e-mail, pois a apostila é elaborada com
base no primeiro edital do concurso, teremos o COMPROMISSO de enviar gratuitamente a retificação APENAS por
e-mail e também disponibilizaremos em nosso site, www.novaconcursos.com.br/, na opção ERRATAS.
Lembramos que nosso maior objetivo é auxiliá-los, portanto nossa equipe está igualmente à disposição para
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.

A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
NOÇÕES DE DIREITO
ADMINISTRATIVO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
PODER
1 NOÇÕES DE DIREITO O poder estatal é o conjunto de prerrogativas públicas confe-
ADMINISTRATIVO. 1.1 ESTADO, ridas ao Estado, para que o mesmo possa atingir os seus objetivos
GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: e metas, é a manifestação do Estado, na execução das atividades
CONCEITOS, ELEMENTOS, administrativas, que tem como finalidade a proteção do próprio Es-
PODERES E ORGANIZAÇÃO; tado, defendendo os interesses coletivos contra aqueles de natureza
NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS. exclusivamente privada.
Os poderes da Administração Pública, sob a ótica do Direito
Administrativo, dividem-se em: Poder Vinculado; Poder Discricio-
nário; Poder Hierárquico; Poder Regulamentar e Poder de Polícia.
ESTADO: Os referidos poderes do Estado serão estudados em capitulo próprio.
Importante é não confundir com a tripartição dos Poderes do
O Estado constitui-se de um complexo harmônico de institui- Estado, previsto na Constituição Federal, que assim se dividem: Po-
ções por meio das quais uma ou mais Nações se organizam, dentro der Executivo; Poder Legislativo; Poder Judiciário.
de um ou de vários territórios, seja em uma unidade de governo
tendente a promoção do desenvolvimento social de maneira so- ORGANIZAÇÃO
berana.
Para que possa existir, além da presença de elementos que de- A organização do Estado na Constituição do brasileiro é o ter-
finem o Estado, é ainda necessário o reconhecimento de sua inde- mo referente a um conjunto de dispositivos contidos na Constituição
pendência pelos demais Estados, de maneira soberana. Federal de 1988, destinados a determinar a organização político-
Elementos do Estado: -administrativa, ou seja, das atribuições de cada ente da federação.
São elementos do Estado, dois dentre os mais relevantes e Além disso, tratam das situações excepcionais de intervenção
fundamentais quais sejam: povo e território. nos entes federativos, versam sobre administração pública e servi-
dores públicos, tanto militares quanto civis, e também das regiões
Povo: A população de um Estado não encontra limites objeti- dos país e sua integração geográfica, econômica e social.
O Brasil adotou a Federação como forma de organizar o Estado,
vamente definidos numericamente, sendo que a população é a tota-
a Federação é uma aliança de Estados para a finalidade de formação
lidade dos habitantes de um Estado e nela se destacam os conceitos
de um único Estado, em que as unidades federadas preservam parte
de povo e nação.
da sua autonomia política, entretanto a soberania é transferida ao
Seguindo esse entendimento, povo é a população do Estado,
Estado Federal. Dentro da estrutura organizacional do Estado Fede-
em outras palavras, é o grupo de seres humanos que habitam um
ral Brasileiro temos as seguintes entidades federativas: A União, os
mesmo território em comum, sujeito dessa maneira, as mesmas
Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
regras, mas que nem sempre tem os mesmo objetivos.
Além de adotar a federação, institui-se a República que é uma
Nação é um grupo de pessoas que se sentem juntos e unidos forma de organização política do Estado, na qual os principais agen-
por interesses comuns e ideais e aspirações coincidentes, cuja ori- tes do poder político são escolhidos pelo povo atraves do voto.
gem se dá do sentimento comum de nacionalidade e de Pátria. Dessa maneira, diante das disposições constitucional, o Estado
Brasileiro integra a República Federativa do Brasil em um organico
Território: Entende-se por território a base física do Estado e único e indissoluvel, formado pelos Estados, Municípios e distrito
é definido pela área geográfica que ocupa, assim, é o território que Federal, fundamentado na soberania, na cidadania, na dignidade da
define o País. Importante esclarecer que sem território não há Esta- pessoa humana, nos valores sociais e no pluralismo politico.
do, mas, possa existir uma Nação forte e unida, isto ocorre porque
a noção jurídica de território é mais ampla que os limites físicos e ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
geográficos que ele representa, Como exemplos podemos citar os
navios de guerra, as embaixadas e aeronaves, que são territórios A Administração Pública sob o aspecto material, objetivo ou
dos países de origem e que representam. funcional representa nada mais do que o conjunto de atividades que
costumam ser consideradas próprias da função administrativa, As-
GOVERNO: sim, temos que o conceito adota como referência a atividade pro-
priamente dita, o que é de fato realizado, e não quem as realizou.
Governo é o conjunto de poderes e órgãos administrativos, De maneira usual, são apontadas como próprias da administra-
que se destina a gerencia e condução política dos negócios pú- ção pública em sentido material as seguintes atividades:
blicos, através de um complexo de funções legalmente definidas. - Serviço Público: prestações concretas que representem utili-
dades ou comodidades materiais para a população em geral;
Soberania: A soberania Governamental é capacidade do Es- - Policia Administrativa: são as atividades de restrições ou con-
tado de ditar as próprias regras. A soberania estatal manifesta-se dicionamentos impostos ao exercício de atividades privadas em be-
através da sua auto-organização e da autodeterminação. Assim, nefício do interesse coletivo;
cada Estado deve viver livre de ingerências de quaisquer outros - Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade pública;
Estados. - Intervenção: é toda a atividade de intervenção do Estado no
setor privado.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Administração Pública sob o aspecto formal, subjetivo Função administrativa é a função que o Estado, ou quem lhe
ou orgânico é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes faça as vezes, exerce na intimidade de uma estrutura e regime hie-
que o nosso ordenamento jurídico identifica como administração rárquicos e que no sistema constitucional brasileiro se caracteriza
pública, não importando a atividade que exerça. Assim temos que, pelo fato de ser desempenhada mediante comportamento infralegal
via de regra, esses órgãos, entidades e agentes desempenha função ou excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a con-
administrativa. trole de legalidade do Poder Judiciário.”
Portanto, somente considera-se administração pública, sob
análise jurídica, a organização administrativa que o ordenamento FUNÇÃO POLÍTICA OU DE GOVERNO:
jurídico brasileiro vigente assim o considerar, não importando a
atividade que exercer. De acordo com parte da doutrina administrativa, a Função Po-
A administração pública é composta exclusivamente por ór- lítica ou de Governo seria uma quarta função do Estado, ou seja,
gãos integrantes da administração direta, e, pelas entidades da ad- representa as funções que se sobrepõem aos administrados que não
ministração indireta. se confundem com a atividade administrativa, legislativa ou juris-
dicional.
O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO São decisões de cunho político que não se enquadram satisfato-
riamente em nenhum dos três Poderes do Estado.
O regime jurídico-administrativo é um regramento de direito Assim, nos ensinamentos do jurista Celso Antônio Bandeira de
público, sendo aplicável aos órgãos e entidades vinculadas e que Mello, em sua obra Curso de Direito Administrativo, assim afirma:
compõe a administração pública e ainda à atuação dos agentes ad- “Assim, a iniciativa das leis pelo Chefe do Poder Executivo,
ministrativos em geral. a sanção, o veto, a dissolução dos parlamentos nos regimes parla-
Tem seu embasamento na concepção de existência de poderes mentaristas e convocações de eleições gerais, ou a destituição de
especiais passíveis de ser exercidos pela administração pública, altas autoridades por crime de responsabilidade (impeachmente)
por meio de seus órgãos e entidades, e exteriorizados pode meio de no presidencialismo, a declaração de estado de sítio (e no Brasil
seus agentes, que por sua vez é controlado ou limitado por impo- também o estado de defesa), a decretação de calamidade pública,
sições também especiais à atuação da administração pública, não a declaração de guerra são atos jurídicos que manifestamente não
existentes nas relações de direito privado. se encaixam na função jurisdicional. Também não se enquadram
na função legislativa, como é visível, até por serem atos concretos.
FUNÇÕES DE ESTADO: Outrossim, não se afeiçoam à função executiva nem de um pon-
to de vista material, isto é, baseado na índole de tais atos, nem de
Como já mencionado, o Direito Administrativo é o ramo do um ponto de vista formal.”
Direito Público que disciplina e organiza o exercício da função
administrativa, e ainda as pessoas e orgãos que a desempenham. PRINCÍPIOS BÁSICOS:
Pois bem, diante de tal premissa, é possivel identificar que a
função pública, ou função estatal no Estado Democrático é a ati- A Administração Pública é a atividade do Estado exercida pelos
vidade exercida no cumprimento do dever de se alcançar as metas seus órgãos encarregados do desempenho das atribuições públicas,
e interesses coletivos, por meio da utilização dos poderes necessá- em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções instituídos e
rios conferidos ao Estado pela ordem jurídica. necessários para a obtenção dos objetivos do governo.
Pela doutrina administrativa dominante, temos a afirmativa de A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esferas,
que as funções do Estado se subdividem em três: Legislativa, Ad- obedece aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
ministrativa (ou Executiva) e a Jurisdicional. publicidade e eficiência, como impõe a norma fundamental do ar-
Assim, as três principais funções estatais, as funções legisla- tigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
tivas, administrativas e jurisdicionais, estão distribuídas entre três que assim dispõe em seu caput: “Art. 37. A administração pública
blocos orgânicos, chamados de PODERES, os quais são descritos direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
na Constituição Federal no artigo 2º, que assim dispoe: “São Po- do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
deres da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislati- legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
vo, o Executivo e o Judiciário.” também, ao seguinte”.
Dessa forma, nos ensinamentos do jurista administrativo Cel- Diante de tais princípios expressos constitucionalmente temos:
so Antônio Bandeira de Mello, temos sobre as funções principais
do Estado. Princípio da Legalidade: Este é o principal conceito para a con-
“a função legislativa é a função que o Estado, e somente ele, figuração do regime jurídico-administrativo, pois se justifica no sen-
exerce por via de normas gerais, normalmente abstratas, que ino- tido de que a Administração Pública só poderá ser exercida quando
vam inicialmente na ordem jurídica, isto é, que se fundam direta e estiver em conformidade com a Lei.
imediatamente na Constituição. O administrador não pode agir, nem mesmo deixar de agir, se-
Função jurisdicional é a função que o Estado, e somente ele, não de acordo com o que dispõe a lei. Para que a administração
exerce por via de decisões que resolvem controvérsias com força possa atuar, não basta à inexistência de proibição legal, é necessária
de ‘coisa julgada’, atributo este que corresponde à decisão profe- para tanto a existência de determinação ou autorização da atuação
rida em última instância pelo Judiciário e que é predicado desfru- administrativa na lei. Os particulares podem fazer tudo o que a lei
tado por qualquer sentença ou acórdão contra o qual não tenha não proíba, entretanto a Administração Pública só pode fazer aqui-
havido tempestivo recurso. lo que a lei autorizar.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante ainda esclarecer que a administração pública está Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa
obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não ape- prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais
nas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princí- econômica, melhorando o custo-benefício da atividade da admi-
pios jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas nistração pública.
pela própria administração pública. O administrador deve procurar a solução que melhor atenda
aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os recur-
Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Ad- sos públicos, evitando dessa forma desperdícios.
ministração Pública tem que manter uma posição de neutralidade
em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem
mesmo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Administra-
ção pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões pessoais 1.2 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA
ou partidárias, buscando sempre atender ao interesse público. UNIÃO: ADMINISTRAÇÃO 
Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrati- DIRETA E INDIRETA.
vo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais
do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclu-
sivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal.
Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade tem es-
treita relação com o também principio constitucional da isonomia, ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA:
ou igualdade, sendo dessa forma vedada perseguições ou benesses
pessoais. De acordo com os ensinamentos do jurista administrativo
Hely Lopes Meirelles, organização da Administração Pública é
Princípio da Moralidade: Tal princípio vem expresso na Cons- “todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de
tituição Federal no caput do artigo 37, que trata especificamente da serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”.
moral administrativa, onde se refere à ideia de probidade e boa-fé. De maneira objetiva, temos que Organização da Administra-
A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou ao sta- ção Pública é toda a atividade concreta e imediata desenvolvida
tus de principio constitucional, dessa maneira pode-se dizer que pelo Estado para o alcance dos interesses públicos.
um ato imoral é também um ato inconstitucional. De maneira subjetiva, podemos afirmar que trata-se do con-
A falta da moral comum impõe, nos atos administrativos a junto de órgãos e de agentes públicos aos quais a lei atribui o exer-
presença coercitiva e obrigatória da moral administrativa, que se cício da função administrativa do Estado.
constitui de um conjunto de regras e normas de conduta impostas
ao administrador da coisa pública. CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, CON-
Assim o legislador constituinte utilizando-se dos conceitos da CENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO.
Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do Direito positivo,
como forma de impor à Administração Pública, por meio de juízo O Estado exerce função administrativa por meio de órgãos,
de valor, um comportamento obrigatoriamente ético e moral no pessoas jurídicas e seus respectivos agentes públicos, objetivando
exercício de suas atribuições administrativas, através do pressu- atender o interesse coletivo. Para tanto, o Estado adota duas for-
posto da moralidade. mas principais para a organização e atuação administrativa: centra-
A noção de moral administrativa não esta vinculada às con- lização e descentralização.
vicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a noção de Ocorre a centralização administrativa quando o Estado exer-
atuação adequada e ética perante a coletividade, durante a gerência
ce suas funções diretamente, por meio de seus órgãos e agentes pú-
da coisa pública.
blicos integrantes, assim, dizemos que a atividade administrativa
do estado é centralizada quando é exercida pelo próprio Estado, ou
Princípio da Publicidade: Por este principio constitucional, te-
seja, pelo conjunto orgânico que lhe compõe.
mos que a administração tem o dever de oferecer transparência de
todos os atos que praticar, e de todas as informações que estejam Ocorre a chamada descentralização administrativa quando o
armazenadas em seus bancos de dados referentes aos administra- Estado desempenha algumas de suas atribuições por meio de ou-
dos. tras pessoas, e não pela sua administração direta. Assim, dizemos
Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e que a atividade administrativa do Estado é descentralizada quando
busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos pratica- é exercida por pessoas distintas do Estado, sendo que há transfe-
dos devem ser acessíveis aos cidadãos. rência de competência para a execução do serviço público que lhe
Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação oficial são pertinentes para seus auxiliares.
como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei, A descentralização é efetivada por meio de outorga quando o
onde o sigilo deve ser mantido e preservado. estado cria, por meio de lei, uma entidade ou pessoa jurídica, e a
ela lhe transfere determinado serviço público.
Princípio da Eficiência: Por tal principio temos a imposição De outro modo, a descentralização é efetivada pó meio de
exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a qualida- delegação quando a Administração Pública transfere, mediante
de dos serviços que presta ou põe a disposição dos administrados, contrato administrativo (concessão ou permissão de serviços pú-
evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação dos blicos), ou por meio de ato unilateral (autorização de serviços pú-
serviços. blicos), a execução do serviço.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A concentração, ou “concentração de competência”, ou ain- a) Autarquias;
da “administração concentrada” é o sistema em que o superior b) Empresas Públicas;
hierárquico mais elevado é o único e exclusivo órgão competente c) Sociedades de Economia Mista.
para tomar decisões, ficando os seus subordinados restritos e limi- d) fundações públicas
tados às tarefas de preparação e execução das decisões do superior Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administra-
hierárquico. ção Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competên-
A desconcentração é o fenômeno, ou forma de organização cia estiver enquadrada sua principal atividade.
administrativa, de distribuição interna de competências. Diferen-
temente da descentralização, que envolve sempre mais de uma Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
pessoa jurídica de direito público, a desconcentração ocorre ex- I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com per-
clusivamente dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica. sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
Trata-se, a desconcentração, de mera técnica administrativa atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para
de distribuição interna de competências de uma pessoa jurídica. seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira des-
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa centralizada.
política ou uma entidade da administração indireta distribui com- II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade
petências no âmbito de sua própria estrutura com a finalidade de jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital ex-
conferir mais agilidade e eficiência a prestação dos serviços clusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de con-
ADMINISTRAÇÃO DIRETA tingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se
de qualquer das formas admitidas em direito.
É o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de
do Estado (União, estados, municípios e Distrito Federal), aos personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a
quais foi atribuída competência para o exercício, de maneira exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
centralizada, de atividades administrativas, é composta por órgãos anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maio-
ligados diretamente ao poder central, seja na esfera federal, esta- ria à União ou a entidade da Administração Indireta.
dual ou municipal. IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade
A organização da Administração Pública Federal está regu- jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude
lamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades
Administração Direta:
que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito pú-
blico, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado
FEVEREIRO DE 1967.
por recursos da União e de outras fontes.
§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a
Art. 4° A Administração Federal compreende:
regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços in-
tegrados na estrutura administrativa da Presidência da República à União, em caráter permanente.
e dos Ministérios. § 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Adminis-
tração Indireta existentes nas categorias constantes deste artigo.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA § 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adqui-
rem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública
É o conjunto de pessoas jurídicas – desprovidas de de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se
autonomia política – que, vinculadas à Administração Direta, lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernen-
têm a competência para o exercício, de maneira descentralizada, tes às fundações.
de atividades administrativas. São composta por entidades com
personalidade jurídica própria, que foram criadas para realizar Assim, temos doutrinariamente:
atividades de Governo de forma descentralizada. São exemplos
as Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Autarquias: É o serviço autônomo, criado por lei, com per-
Economia Mista. sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
A organização da Administração Pública Federal está regu- atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para
lamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira des-
Administração Indireta: centralizada.
Trata-se de pessoa jurídica de direito público, o que significa
DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE dizer que tem praticamente as mesmas prerrogativas e sujeições da
FEVEREIRO DE 1967. administração direta. O seu regime jurídico pouco se diferencia
do estabelecido para os órgãos da Admininstração Direta, apare-
Art. 4° A Administração Federal compreende: cendo, perante terceiros, como a própria Administração Pública.
... Difere da União, Estados e Municípios (pessoas públicas políticas)
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes por não ter capacidade política, ou seja, o poder de criar o próprio
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica pró- direito, é pessoa pública administrativa, porque tem apenas o po-
pria: der de auto-administração, nos limites estabelecidos em lei.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de administração
indireta e está diretamente relacionada à administração central, visto 1.3 AGENTES PÚBLICOS:
que não pode legislar em relação a si, mas deve obedecer à legislação ESPÉCIES E CLASSIFICAÇÃO; 
da administração à qual está subordinada.
É ainda importante destacar que as autarquias possuem bens e
PODERES, DEVERES E
receita próprios, assim, não se confundem com bens de propriedade PRERROGATIVAS; CARGO,
da Administração direta à qual estão vinculadas. Igualmente, são EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS; 
responsáveis por seus próprios atos, não envolvendo a Administração REGIME JURÍDICO ÚNICO:
central, exceto no exercício da responsabilidade subsidiária. PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO,
REDISTRIBUIÇÃO E 
Empresa Pública: Trata-se da entidade dotada de personalidade SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusi- VANTAGENS; REGIME DISCIPLINAR;
vo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica RESPONSABILIDADE CIVIL,
que o Governo seja levado a exercer por forca de contingência ou
de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das
CRIMINAL E ADMINISTRATIVA.
formas admitidas em direito.
Sendo considerada como pessoa jurídica de direito privado, cuja
administração fica sob responsabilidade exclusivamente pelo Poder
Público, instituído por um ente estatal, com a finalidade definida em CONCEITO DE AGENTES PÚBLICOS
lei específica e sendo de propriedade única do Estado.
A finalidade pode ser de atividade econômica ou de prestação Considera-se “Agente Público” toda pessoa física que exerça,
de serviços públicos. Trata-se de pessoa jurídica que tem sua cria- mesmo que de maneira temporária e transitória, com ou sem remu-
ção autorizada por lei, como instrumento de ação do Estado, dotada neração, mediante eleição, nomeação, designação, contratação ou
de personalidade de direito privado mas submetida a certas regras qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
decorrente da finalidade pública, constituídas sob qualquer das for- emprego ou função pública.
mas admitidas em direito, cujo capital seja formado por capital for- Conforme se pode observar do conceito de Agente Público,
mado unicamente e exclusivamente por recursos públicos de pessoa seu sentido é amplo, englobando todas as pessoas físicas que, de
de administração direta ou indireta. Pode ser Federal, municipal ou qualquer modo e a qualquer título, exercem uma função pública,
estadual. mediante remuneração ou gratuita, permanente ou temporária, po-
lítica ou administrativa, atuando em nome do Estado.
Sociedade de Economia Mista: É a entidade dotada de persona- Assim, temos que o Agente Público é a pessoa natural me-
lidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de diante o qual a Administração Pública se manifesta e atua, são
atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações competentes para exteriorizar as vontades do Estado, em razão de
com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade vínculos jurídicos existentes entre o Poder Público e o individuo
da Administração Indireta. que está exercendo função pública.
Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre o Estado
e particulares ambos reunindo e unificando recursos para a realização ESPÉCIES:
de uma finalidade, sempre de objetivo econômico. A sociedade de
economia mista é uma pessoa jurídica de direito privado e não se A doutrina identifica e classificam em categorias os integran-
beneficia de isenções fiscais ou de foro privilegiado. O Estado poderá tes do gênero ‘Agente Público’, as seguintes espécies:
ter uma participação majoritária ou minoritária; entretanto, mais da
metade das ações com direito a voto devem pertencer ao Estado. A - Agentes Políticos: são os integrantes dos mais altos graus do
sociedade de economia mista é do gênero de sociedade anonima, e Poder Público, aos quais incumbe a elaboração das diretrizes de
seus funcionários são regidos pela Consolidação das Leis Trabalhis- atuação do governo, e das funções de direção, orientação e fiscali-
tas – CLT. zação geral da atuação da Administração Pública.
São Agentes Políticos: os chefes do Poder Executivo, em suas
Fundação Pública: É a entidade dotada de personalidade jurídica diferentes esferas (Presidente da República, governadores e prefei-
de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autoriza- tos), seus auxiliares imediatos (Ministros e secretários estaduais ou
ção legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam municipais), bem como os membros do Poder Legislativo (senado-
execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia res, deputados e vereadores);
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de - Servidor Público: na definição do jurista Celso Antônio Ban-
outras fontes. deira de Mello, temos que são servidores públicos: “Todos aque-
As fundações públicas são organizações dotadas de les que mantêm vínculo de trabalho profissional com as entidades
personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criadas governamentais, integrados em cargos ou empregos da União,
para um fim específico de interesse coletivo, como educação, cultura Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e
e pesquisa, sempre merecedoras de um amparo legal. As fundações fundações de Direito Público. Em suma: são os que entretêm com
públicas são autonomas admininstrativamente, patrimônio próprio, o Estado e com as pessoas de Direito Público da Administração
e funcionamento custeado, principalmente, por recursos do poder indireta relação de trabalho de natureza profissional e caráter não
público, mesmo que sob a forma de prestação de serviços. eventual”.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em outras palavras, podemos definir servidor público como - Funções Públicas: são as funções de confiança e ainda as
aqueles que gozam da titularidade de cargos públicos de provi- funções exercidas por agentes públicos contratado por tempo cer-
mento efetivou ou de provimento de cargo em comissão, são agentes to e determinado para atender interesse de caráter excepcional de
administrativos, de caráter estatutário. interesse público, não havendo a necessidade de abertura de con-
curso público para tal contratação, dada sua urgência e excepcio-
- Empregados Públicos: são aqueles que mantém vínculo fun- nalidade.
cional com a administração pública, ocupantes de empregos públi-
cos, sujeitando-se a regime jurídico contratual de trabalho, regidos DA ACESSIBILIDADE AOS CARGOS E EMPREGOS
especificamente pelas regras e normas previstas na Consolidação das PÚBLICOS
Leis do Trabalho (CLT).
A Constituição Federal prevê que é amplo o acesso aos cargos
- Agentes Temporários: são os particulares contratados e empregos públicos aos brasileiros que cumpram os requisitos
pela Administração Pública com tempo de prestação de serviço previstos em lei, assim como aos estrangeiros (pois há cargos pú-
determinado, para atender necessidades temporárias de excepcional blicos que somente poderão ser preenchidos por brasileiros natos
interesse público, são ocupantes de função pública remunerada e ou naturalizados), mediante a realização e aprovação em concurso
temporária, com contrato de trabalho regido pelas normas do Direito público de provas ou provas e títulos, exceto para a contratação de
Público, e não trabalhista (CLT), mas também não possui o caráter cargo de provimento em comissão, os quais são livres a nomeação
estatutário. É uma forma especial de prestação de serviço público e a exoneração, de acordo com a conveniência e oportunidade ve-
temporário, urgente e excepcional. rificada pela Autoridade Administrativa.
A obrigatoriedade de concurso público é somente para a
- Agentes Honoríficos: são os indivíduos requisitados ou desig- primeira investidura em cargo ou emprego público, isto é, para
nados para colaborarem com o Poder Público (de maneira transitó- o ingresso em cargo isolado ou no cargo inicial da carreira, nas
ria) para a prestação de serviços específicos, levado em consideração entidades estatais, suas autarquias, suas fundações públicas e suas
sua condição cívica, de sua honorabilidade ou então pela sua notó- paraestatais.
ria capacidade profissional. Via de regra não são remunerados e não O concurso é o meio técnico posto à disposição da Adminis-
possuem qualquer vinculo profissional com a Administração Pública. tração Pública para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoa-
Como exemplos de Agentes Honoríficos temos: Jurados, Mesá- mento do serviço público propiciando igualdade de oportunidade
rios eleitorais, etc. a todos os interessados no ingresso da carreira pública, desde que
atendam aos requisitos da lei, consoante determina a Constituição
- Agentes Delegados: são os particulares que recebem a atribui- Federal.
ção de exercerem determinada atividade, obra ou serviço público, Após a realização do concurso segue-se o provimento do car-
fazendo-o em nome próprio e por sua conta em risco, sob a fiscaliza- go, através da nomeação do candidato aprovado.
ção permanente do poder delegante. Importante ressaltar que a exigência de aprovação prévia em
Ressalta-se que não possuem caráter de servidores públicos, concurso público implica a classificação dos candidatos e nomea-
nem mesmo atuam em nome da administração pública, são colabo- ção na ordem dessa classificação, haja vista que não basta, pois,
radores que se sujeitam, durante a prestação dos serviços públicos a estar aprovado em concurso para ter direito à investidura, visto
responsabilidade civil objetiva. que é necessária também é que esteja classificado e na posição
Como exemplo de Agentes Delegados temos: As Concessio- correspondente às vagas existentes, durante o período de validade
nárias e Permissionárias de serviços públicos, leiloeiros, tradutores do concurso, que pode ser de até 2 (dois) anos, podendo ser pror-
públicos, etc. rogado pelo mesmo período uma única vez.
O concurso público deve ser realizado com observância ao
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA: tratamento impessoal e igualitário aos interessados e concorrentes
do certame. Cumpre ressaltar que o concurso público dever ser
- Cargos públicos: nos ensinamentos do professor e jurista Cel- provas ou provas e títulos, ou seja, não basta para a aprovação do
so Antônio Bandeira de Mello, temos que cargos públicos: “São as candidato a cargos efetivos ou empregos públicos a análise basea-
mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expres- da exclusivamente em títulos ou currículos, mas sim precedidos da
sadas por um agente , prevista em número certo, com denominações realização de provas, objetivando aferir o melhor e mais preparado
próprias, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e cria- candidato postulante de cargo ou emprego público.
das por lei”. As entidades estatais são livres para organizar seu pessoal
Importante esclarecer que aqueles que são titulares de cargos pú- para o melhor atendimento dos serviços e cargos, mas a organi-
blicos são submetidos ao regime estatutário, são servidores públicos zação deve ser fundamentada em lei, prevendo as devidas compe-
efetivos e/ou comissionados. tências e observâncias das normas constitucionais pertinentes ao
funcionalismo público.
- Empregos Públicos: para Celso Antônio Bandeira de Mello, É facultado ao Poder Executivo, através de ato administrativo
“São núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preen- extinguir cargos públicos na forma da Lei bem como praticar
chidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação os atos de nomeação, remoção, demissão, punição, promoção,
trabalhista”. licenças, aposentadorias, lotação e concessão de férias.
Destaca-se que os ocupantes de empregos públicos são regidos
ao regime contratual, obedecidos as regras da CLT, com natureza A nomeação é o ato de provimento de cargo, que se completa
trabalhista. com a posse e o exercício.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A investidura do servidor no cargo ocorre efetivamente com DA VACÂNCIA DE CARGOS PÚBLICOS:
a posse. Por ela se conferem ao funcionário ou ao agente político
as prerrogativas, os direitos e os deveres do cargo ou do mandato. Ocorre a vacância quando o servidor desocupa o seu cargo,
Importante salientar que sem a posse o provimento não se ficando esse cargo a disposição da Administração Pública, que
completa, nem pode haver exercício da função pública. É a posse utilizando-se das formas de provimento em cargos públicos o ocu-
que marca o início dos direitos e deveres funcionais, como, tam- pará.
bém, gera as restrições, impedimentos e incompatibilidades para
o desempenho de outros cargos, funções ou mandatos. A vacância poderá ser:
Por isso mesmo, a nomeação regular só pode ser desfeita pela
Administração antes de ocorrer a posse do nomeado. No entanto, - Definitiva: mediante exoneração, demissão e falecimento.
a anulação do concurso, com a exoneração do nomeado, após a
posse, só pode ser feita com observância do devido processo legal - Não definitiva (forma um novo vínculo): promoção, readap-
e a garantia de ampla defesa e o contraditório. tação, aposentadoria e posse em outro cargo inacumulável.
O exercício do cargo é consequência natural da posse. Nor- Enquanto existir o cargo, como foi provido, seu titular terá
malmente, a posse e o exercício são dados em momentos suces- direito ao exercício nas condições estabelecidas pelo estatuto, mas,
sivos e por autoridades diversas, mas casos há em que se reúnem caso venha a modificar a estrutura, as atribuições, os requisitos
num só ato, perante a mesma autoridade. É o exercício que marca para seu desempenho, são lícitas a exoneração, a disponibilidade,
o momento em que o funcionário passa a desempenhar formal- a remoção ou a transferência de seu ocupante, para que outro o
mente e de acordo com a lei suas funções e ainda adquire direito desempenhe na forma da nova lei.
às vantagens do cargo e à contraprestação pecuniária devida pelo Entretanto, o que não se admite é o afastamento arbitrário ou
Poder Público. abusivo do titular, por ato do Executivo, sem lei que o autorize,
Com a posse, o cargo fica provido e não poderá ser ocupa- e desrespeitados o devido processo legal, suprimindo o direito a
do por outrem, mas o provimento só se completa com a entrada ampla defesa e contraditório, constituindo em arbitrariedade e con-
em exercício do nomeado. Se este não o faz na data prevista, a sequentemente abuso de poder.
nomeação e, assim, consequentemente, a posse tornam-se inefica-
zes, o que, devendo assim ser declarada, pela autoridade compe- DA PROIBIÇÃO DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS E
tente, a vacância do cargo. EMPREGOS PÚBLICOS REMUNERADO.

Objetivando evitar abusos, e com finalidade de moralizar as


DO PROVIMENTO:
atividades estatais, o legislador constituinte cuidou em estabele-
cer vedações a acumulação remunerada de cargos, funções e em-
Ato administrativo no qual o cargo público é preenchido, po-
pregos públicos, tanto na esfera da Administração Direta como na
dendo ser provimento efetivo ou em comissão.
Administração indireta e a ela correlatas, conforme dispõe o artigo
Assim, provimento é o ato pelo qual se efetua o preenchimen-
37, em seus incisos XVI e XVII, excetuando-se as ressalvas ex-
to do cargo público, com a designação de seu titular. O provimen-
pressas na Carta Magna que admite excepcionalmente as acumu-
to pode ser originário ou inicial e derivado.
lações remuneradas, desde sejam compatíveis entre si nos horários
Provimento inicial é o que se faz através de nomeação, que e obedecidos o teto remuneratório.
pressupõe a inexistência de vinculação entre a situação de serviço
anterior do nomeado e o preenchimento do cargo. Assim, tanto é Para tanto a Constituição Federal arrolou expressamente os
provimento inicial a nomeação de pessoa estranha aos quadros cargos passiveis de acumulação remunerada, quais são:
do serviço público quanto a de outra que já exercia função públi-
ca como ocupante de cargo não vinculado àquele para o qual foi - Dois cargos de professor;
nomeada.
Entretanto o provimento derivado, que se faz por promoção, - De um cargo de professor com outro cargo técnico ou cien-
remoção, reintegração, readmissão, enquadramento, aproveita- tífico, e;
mento ou reversão, é sempre uma alteração na situação de serviço
do provido. - De dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas.
Segundo a classificação aceita pelo Supremo Tribunal Fede-
ral, as formas de provimento são: É ainda possível a acumulação remunerada de cargos
constante do texto constitucional, sendo permitido acumular nos
- Originárias: não decorre de qualquer vínculo anterior entre casos de servidor eleito a vereador (art. 38, III); permissão para
o servidor e a administração (única forma é a nomeação) juízes de direito cumulativamente exercerem o magistério (art.
95, parágrafo único) e ainda permissão para que os membros do
- Derivadas: decorre de vínculo anterior entre servidor e a Ministério Público possam exercer cumulativamente o magistério
administração (são: promoção, readaptação, reversão, aproveita- (artigo 128, § 5º, inciso II, “d”).
mento, reintegração e recondução).

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
DO REGIME CONSTITUCIONAL ESPECÍFICO DOS Da Aposentadoria e proventos: É garantido constitucional-
SERVIDORES PÚBLICOS TITULARES DE CARGOS. mente que o servidor público titular de cargo efetivo ingresse no
regime de previdência de caráter contributivo, lhe garantindo apo-
As disposições constitucionais pertinentes exclusivamente sentadoria e proventos em condições especiais.
para os servidores públicos titulares de cargos públicos, os esta- O regime de previdência que estão submetidos os servidores
tutários, estão explicitamente previstos no texto constitucional no públicos de cargo efetivo é um regime próprio, com peculiarida-
artigo 39 ao artigo 41. des, diferente do regime geral a que estão sujeitos os demais tra-
Sistematicamente, objetivando melhor compreensão sobre o balhadores, não só da iniciativa privada regulamentado pela CLT,
tema, subdividimos alguns dos principais direitos conferidos pela mas também os servidores ocupantes de cargo em comissão, fun-
constituição e pela referida Lei Federal, senão vejamos: ção temporária e emprego público.
Proventos é a designação técnica relativa aos valores pecuniá-
Irredutibilidade de Vencimentos: Por definição, temos que rios devidos aos servidores inativos, podendo estarem aposentados
vencimento é a designação técnica da retribuição pecuniária pre- ou disponíveis.
vista legalmente como a contrapartida devida ao servidor público A aposentadoria pode ocorrer em três hipóteses:
pela sua prestação de serviços.
Assim, a Constituição Federal, em seu artigo 37, inciso XV, - Voluntária;
estabelece e garante que é vedada a irredutibilidade dos vencimen-
tos dos servidores públicos. - Compulsória por idade, e;
Estabilidade: Nos termos do artigo 41 da Constituição Fede- - por acidente em serviço, ou doença grave ou então incurável
ral, temos que transcorrido o lapso temporal de 03 (três) anos de (especificada em lei), ou então decorrente de invalidez originária
exercício subsequentes à nomeação do servidor público, este de causas diversas das situações anteriores.
goza de estabilidade, sendo certo que para sua aquisição é neces-
sária e obrigatória a efetiva avaliação especial de desempenho, por RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO
uma comissão formada especialmente para tal fim.
Assim, para que o servidor público esteja apto a gozar de sua
O servidor público no exercício de suas atribuições pode ser
estabilidade é necessário o preenchimento de quatro requisitos
responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas adminis-
cumulativos:
trativa, civil ou penal.
A administração pode aplicar a sanção de forma cumulativa,
- aprovação em concurso público;
ou seja, o mesmo ato pode ser punido por um sanção civil, penal
e administrativa.
- nomeação para cargo público efetivo;

- três anos de efetivo exercício no cargo público, e; Responsabilidade Civil – o servidor público é obrigado a re-
parar o dano causado à administração pública ou a terceiro, em
- aprovação em avaliação especial de desempenho julgada por decorrência de sua conduta dolosa ou culposa, praticada de forma
comissão instituída para tal finalidade. omissiva ou comissiva, mediante o direito de regresso.
Essa responsabilidade é subjetiva, ao contrário da responsabi-
A estabilidade de servidor público é o direito de não ser des- lidade da administração que é objetiva.
ligado de suas ocupações públicas, senão em virtude de sentença
judicial transitada em julgado e realização de processo adminis- Responsabilidade penal – decorre da conduta ilícita praticada
trativo, observado a garantia constitucional da ampla defesa e do pelo servidor público que a lei penal tipifica como infração penal.
contraditório. Os principais crimes contra a administração estão previstos
Cumpre ressaltar que, apesar de divergência doutrinária, em artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro.
nenhuma hipótese o servidor ocupante de cargo em comissão terá
direito a estabilidade, e tampouco, os empregados públicos, seja Responsabilidade administrativa – quando o servidor pratica
qual for o órgão ou entidade que esteja vinculado. um ilícito administrativo, bem como o desatendimento de deveres
funcionais. Essas práticas ilícitas poderão redundar na responsabi-
Disponibilidade: Pela disponibilidade, temos que o servidor lidade administrativa do servidor, que após apuração por meio de
público estável é colocada em inatividade remunerada, até que o sindicância e processo administrativo, sendo culpado, será punido
mesmo seja aproveitado adequadamente em outro cargo, com pro- com uma das seguintes medidas disciplinares:
ventos proporcionais ao seu tempo de prestação de serviços. a) advertência – faltas de menor gravidade;
Isto ocorre quando o servidor público estável tem seu cargo b) suspensão – se houver reincidência da falta punida com
extinto ou declarado desnecessário, assim, com tal extinção do advertência;
cargo que ocupava, a Constituição Federal conferiu o direito de c) demissão – aplicada quando o servidor cometer falta grave;
o servidor estável aguardar inativamente e sendo remunerado sua d) cassação de aposentadoria ou disponibilidade – aplicada
recolocação nos quadros funcionais da Administração Pública, po- ao servidor aposentado, que, quando em atividade, praticou falta
dendo ocorrer ainda na hipótese de reintegração de outro servidor grave;
(cuja exoneração foi revista judicialmente), seja desalojado do car- e) destituição de cargo em comissão ou função comissionada
go que ocupava sem ter uma cargo de origem para retornar a ele. – também em virtude do cometimento de falta grave.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
DO REGIME JURÍDICO ÚNICO LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

Sobre o Regime Jurídico Único, é necessário tecermos algu- Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis
mas considerações sobre o referido instituto. da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
Pois bem, O Regime Jurídico Único, é proveniente do artigo
39 caput da Constituição Federal de 1988 (cuja redação foi alterada O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
por meio da Emenda Constitucional nº 19/98), sendo certo que sua gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
redação original previa que a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios deveriam adotar regime jurídico único de pessoal, Título I
ou seja, na Administração Direta, Autárquica e Fundacional, cada Capítulo Único
ente federativo deveria optar pela contratação de pessoal apenas na Das Disposições Preliminares
modalidade de Servidores Públicos estatutários, ou então apenas
empregados públicos, regidos por meio de contrato particular de Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
trabalho regulamentado pela CLT. Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
A intenção do legislador constitucional era exatamente de por especial, e das fundações públicas federais.
fim a convivência simultânea entre os dois regimes jurídicos de
contratação dentro do mesmo órgão ou pessoa jurídica, unificando Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmen-
o tipo de contratação. te investida em cargo público.
Segue o texto da redação original do caput do artigo 39 da
Constituição Federal: “A União, os Estados, o Distrito Federal e Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-
os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime sabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser
jurídico único e planos de carreira para os servidores da adminis- cometidas a um servidor.
tração pública direta, das autarquias e das fundações públicas”. Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os bra-
Assim, a partir de tal dispositivo constitucional, foi promul- sileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimen-
gada a Lei Federal nº 8.112/90, que fixou a opção da União pela
to pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo
contratação de servidores em regime estatutário, no qual os ser-
ou em comissão.
vidores são admitidos sob o regime de Direito Público, gozando
de estabilidade, possuindo direitos e deveres estabelecidos por lei,
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
bem com as proibições, as responsabilidades, as sanções adminis-
casos previstos em lei.
trativas, entre outros.
Porém, em 1998 o Poder Executivo propôs uma Reforma Ad-
Título II
ministrativa, prevendo a possibilidade de retorno da pluralidade
de regimes jurídicos nas contratações de agentes públicos. Dessa Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e
maneira, a Emenda Constitucional nº 19/98 modificou a redação Substituição
do caput do artigo 39 da Constituição Federal, suprimindo a exi-
gência de unicidade de regime de contratação de pessoal para o Capítulo I
setor público. Do Provimento
O dispositivo constitucional passou a figurar da seguinte for-
ma: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Seção I
instituirão conselho de política de administração e remuneração Disposições Gerais
de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes”. Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo
Entretanto, a referida Emenda Constitucional nº 19/98 foi ques- público:
tionada e levada ao crivo do Supremo Tribunal Federal, mediante a I - a nacionalidade brasileira;
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.135-4, e, em 02/08/2007, II - o gozo dos direitos políticos;
o STF concedeu medida liminar, suspendendo a eficácia do caput III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
do artigo 39 da Constituição Federal, passando a vigorar a redação IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
anterior que previa o instituto do Regime Jurídico Único. V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.
LEI FEDERAL Nº 8.112/90 § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
outros requisitos estabelecidos em lei.
Para os estudos acerca do Regime Jurídico dos Servidores Pú- § 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direi-
blicos Civis da União, muito embora não seja exigência expressa to de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
do conteúdo programático constante no Edital de Abertura do Con- cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
curso Público, é de suma importância à leitura atenta do que dispõe portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
a Lei Federal nº 8.112/90, que dispõe sobre provimento, vacância, cento) das vagas oferecidas no concurso.
redistribuição e substituição, direitos e vantagens, regime discipli- § 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e
nar, responsabilidade civil, criminal e administrativa dos servidores tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
públicos civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
Federais, cuja íntegra do texto legal segue. procedimentos desta Lei.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante Seção IV
ato da autoridade competente de cada Poder. Da Posse e do Exercício

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no
qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados
I - nomeação; unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício
II - promoção; previstos em lei.
III -(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publica-
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ção do ato de provimento.
V - readaptação; § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação
VI - reversão; do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art.
81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”,
VII - aproveitamento;
“d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do
VIII - reintegração;
impedimento.
IX - recondução.
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
Seção II nomeação.
Da Nomeação § 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e
valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício
Art. 9o A nomeação far-se-á: ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não
provimento efetivo ou de carreira; ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para car-
gos de confiança vagos. Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão médica oficial.
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, in- Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado
terinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atri- apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo
público ou da função de confiança.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo
de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público entrar em exercício, contados da data da posse.
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de § 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito
classificação e o prazo de sua validade. o ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em exer-
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de- cício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18.
senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão § 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.
na Administração Pública Federal e seus regulamentos. § 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá com
a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor
estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese
Seção III
em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que
Do Concurso Público
não poderá exceder a trinta dias da publicação.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, po- Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercí-
dendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei cio serão registrados no assentamento individual do servidor.
e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao
inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, órgão competente os elementos necessários ao seu assentamento indi-
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de vidual.
isenção nele expressamente previstas.
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publica-
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. ção do ato que promover o servidor.
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efe-
expirado. tivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o
tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou Seção V
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será conta- Da Estabilidade
do a partir do término do impedimento.
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado
no caput. em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço pú-
blico ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (Vide artigo 41
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada da Constituição Federal com redação alterada pela Emenda Cons-
em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res- titucional 19/98, que estabelece estabilidade após 03 (três) anos de
peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e efetivo exercício aos servidores nomeados para provimento efetivo
observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas em virtude de concurso público).
diárias, respectivamente.
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sen-
submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado tença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo
o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
interesse da Administração.
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de traba- Seção VI
lho estabelecida em leis especiais. Da Transferência

Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para car- Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
go de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por
período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão Seção VII
e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do car- Da Readaptação
go, observados os seguinte fatores: (Vide artigo 41 da Constitui-
ção Federal com redação alterada pela Emenda Constitucional Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que te-
19/98, que estabelece estabilidade após 03 (três) anos de efetivo
nha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspe-
exercício aos servidores nomeados para provimento efetivo em
ção médica.
virtude de concurso público)
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
I - assiduidade;
será aposentado.
II - disciplina;
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins,
III - capacidade de iniciativa;
respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalên-
IV - produtividade;
cia de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o
V- responsabilidade. servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- de vaga.
batório, será submetida à homologação da autoridade competente
a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão Seção VIII
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a Da Reversão
lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo
da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:
a V do caput deste artigo. I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsis-
§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- tentes os motivos da aposentadoria; ou
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa- II - no interesse da administração, desde que:
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29. a) tenha solicitado a reversão;
§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, c) estável quando na atividade;
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar solicitação;
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão e) haja cargo vago.
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante
6, 5 e 4, ou equivalentes. de sua transformação.
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será consi-
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, derado para concessão da aposentadoria.
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o ser-
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para vidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de
outro cargo na Administração Pública Federal. vaga
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e § 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da admi-
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim nistração perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria,
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as van-
a partir do término do impedimento. tagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à aposen-
tadoria.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro- Capítulo II
ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo Da Vacância
menos cinco anos no cargo.
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
I - exoneração;
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de II - demissão;
4.9.2001) III - promoção;
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver com- V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pletado 70 (setenta) anos de idade. VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
Seção IX VIII - posse em outro cargo inacumulável;
Da Reintegração IX - falecimento.

Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua servidor, ou de ofício.
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão ad- Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
ministrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens. I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. exercício no prazo estabelecido.
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibili- função de confiança dar-se-á:
dade. I - a juízo da autoridade competente;
II - a pedido do próprio servidor.
Seção X Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Recondução
Capítulo III
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
Da Remoção e da Redistribuição
anteriormente ocupado e decorrerá de:
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
Seção I
II - reintegração do anterior ocupante.
Da Remoção
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem,
o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido
art. 30.
ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança
de sede.
Seção XI
Da Disponibilidade e do Aproveitamento Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-
-se por modalidades de remoção:
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade I - de ofício, no interesse da Administração;
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui- II - a pedido, a critério da Administração;
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. III – a pedido, para outra localidade, independentemente do
interesse da Administração:
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil deter- a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também ser-
minará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade vidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União,
em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Adminis- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo-
tração Pública Federal. cado no interesse da Administração;
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro
servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon- ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assenta-
sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi- mento funcional, condicionada à comprovação por junta médica
nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em oficial;
outro órgão ou entidade. c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese
em que o número de interessados for superior ao número de va-
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada gas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou enti-
a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo dade em que aqueles estejam lotados.
legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Seção II Título III
Da Redistribuição Dos Direitos e Vantagens

Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de pro- Capítulo I


vimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de Do Vencimento e da Remuneração
pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
preceitos: cargo público, com valor fixado em lei.
I - interesse da administração; Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres-
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e comple- cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
xidade das atividades; § 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação em comissão será paga na forma prevista no art. 62.
profissional; § 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finali- entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo
com o estabelecido no § 1o do art. 93.
dades institucionais do órgão ou entidade.
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de
caráter permanente, é irredutível.
lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu-
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser-
entidade.
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indivi-
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará median-
dual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
te ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e enti-
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário
dades da Administração Pública Federal envolvidos. mínimo.
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou enti-
dade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a títu-
entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado lo de remuneração, importância superior à soma dos valores perce-
em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 bidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito
e 31. dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros
§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vanta-
central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou gens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
entidade, até seu adequado aproveitamento.
Art. 43.. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98)
Capítulo IV
Da Substituição Art. 44. O servidor perderá:
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de dire- justificado;
ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omis- ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art.
são, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horá-
entidade. rio, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela
§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, chefia imediata.
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso for-
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, tuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da chefia
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
do cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um
deles durante o respectivo período. Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne-
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, poderá ha-
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su- ver consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a cri-
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de tério da administração e com reposição de custos, na forma definida
efetiva substituição, que excederem o referido período. em regulamento.

Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até
de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor
ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo má-
ximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interes-
sado.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao cor- § 1o Correm por conta da administração as despesas de trans-
respondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão. porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba-
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês gagem e bens pessoais.
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imedia- § 2o À família do servidor que falecer na nova sede são asse-
tamente, em uma única parcela. gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cum- dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
primento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que ve-
nha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da § 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de
reposição. remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art.
36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,
exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassa- Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
da, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto im- exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.
plicará sua inscrição em dívida ativa.
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de presta-
ção de alimentos resultante de decisão judicial. Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo
servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mu-
Capítulo II dança de domicílio.
Das Vantagens Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art.
93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando ca-
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as bível.
seguintes vantagens:
I - indenizações; Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
II - gratificações;
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no pra-
III - adicionais.
zo de 30 (trinta) dias.
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou pro-
vento para qualquer efeito.
Subseção II
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
Das Diárias
mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em cará-
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos ter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional
pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento. ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a inde-
nizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimen-
Seção I tação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.
Das Indenizações § 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as
I - ajuda de custo; despesas extraordinárias cobertas por diárias.
II - diárias; § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exi-
III - transporte. gência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
IV - (Vide Medida Provisória nº 301 de 2006) § 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou mi-
crorregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países
a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e
estabelecidos em regulamento. servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver per-
noite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre
Subseção I as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional.
Da Ajuda de Custo
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede,
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no
instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exer- prazo de 5 (cinco) dias.
cício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter perma- Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em
nente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condi- diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
ção de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Subseção III Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de
Da Indenização de Transporte imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel,
o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção Seção II
para a execução de serviços externos, por força das atribuições pró- Das Gratificações e Adicionais
prias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
Subseção IV
Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, gra-
Do Auxílio-Moradia
tificações e adicionais:
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel assessoramento;
de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa II - gratificação natalina;
hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
servidor. 4.9.2001)
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, peri-
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendi- gosas ou penosas;
dos os seguintes requisitos: V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor; VI - adicional noturno;
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel VII - adicional de férias;
funcional; VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.
sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente
cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, in- Subseção I
cluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, nos Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,
doze meses que antecederem a sua nomeação; Chefia e Assessoramento
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
auxílio-moradia;
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo
Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; seu exercício.
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun- Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.
relação ao local de residência ou domicílio do servidor;
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi-
Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em nalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo
comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo inferior exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo
a sessenta dias dentro desse período; e de provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de referem os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e
lotação ou nomeação para cargo efetivo. o art. 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998.
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo
(Vide Medida Provisória nº 341, de 2006). somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos ser-
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o vidores públicos federais.
prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
relacionado no inciso V.
Subseção II
Da Gratificação Natalina
Art. 60-C. O auxílio-moradia não será concedido por prazo su-
perior a 8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze) anos.
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem-
(vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função co- bro, por mês de exercício no respectivo ano.
missionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte e será considerada como mês integral.
cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou fun- Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês
ção comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os re- de dezembro de cada ano.
quisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos Parágrafo único. (VETADO).
reais).

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação na- Subseção VI
talina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre Do Adicional Noturno
a remuneração do mês da exoneração.
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreen-
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cál- dido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do
culo de qualquer vantagem pecuniária. dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos
Subseção III e trinta segundos.
Do Adicional por Tempo de Serviço Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
Art. 67.- (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de prevista no art. 73.
2001
Subseção VII
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Ativi- Do Adicional de Férias
dades Penosas
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servi-
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em dor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um
locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tó- terço) da remuneração do período das férias.
xicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de di-
sobre o vencimento do cargo efetivo. reção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de
de periculosidade deverá optar por um deles. que trata este artigo.
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram Subseção VIII
causa a sua concessão. Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso

Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servido- Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
res em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou é devida ao servidor que, em caráter eventual:
perigosos. I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvol-
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afasta- vimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da
da, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais administração pública federal;
previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa-
e em serviço não penoso e não perigoso. mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur-
sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de recursos intentados por candidatos;
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situa- III - participar da logística de preparação e de realização de
ções estabelecidas em legislação específica. concurso público envolvendo atividades de planejamento, coor-
denação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servi- tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições
dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas permanentes;
condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
fixados em regulamento. exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas
atividades.
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com § 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de
Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra- seguintes parâmetros:
passem o nível máximo previsto na legislação própria. I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo se- a natureza e a complexidade da atividade exercida;
rão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de ex-
Subseção V cepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada
Do Adicional por Serviço Extraordinário pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autori-
zar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acrés- III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos
cimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico
trabalho. da administração pública federal:
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratan-
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para do de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando
máximo de 2 (duas) horas por jornada. de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somen- Capítulo IV
te será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste ar- Das Licenças
tigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que
o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga Seção I
horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na Disposições Gerais
forma do § 4o do art. 98 desta Lei.
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei- I - por motivo de doença em pessoa da família;
to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da III - para o serviço militar;
aposentadoria e das pensões. IV - para atividade política;
V - para capacitação;
Capítulo III VI - para tratar de interesses particulares;
Das Férias VII - para desempenho de mandato classista.
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame por
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces- perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta Lei.
sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação § 2o (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
específica. § 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigi- período da licença prevista no inciso I deste artigo.
dos 12 (doze) meses de exercício.
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde término de outra da mesma espécie será considerada como prorro-
que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração gação.
pública.
Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado
até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observando-
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
-se o disposto no § 1o deste artigo.
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto
§ 1° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e
§ 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
perícia médica oficial.
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver § 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do
direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na
§ 4o A indenização será calculada com base na remuneração forma do disposto no inciso II do art. 44.
do mês em que for publicado o ato exoneratório. § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adi- poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
cional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
quando da utilização do primeiro período. I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecu- neração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
qualquer hipótese a acumulação. partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (Incluí-
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) do pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não remu-
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por mo- neradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um
tivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o,
júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço de- não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do
clarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Parágrafo único. O restante do período interrompido será go-
zado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. Seção III
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge

Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompa-


nhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do
território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato
eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remu- Seção VIII
neração. Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou compa-
nheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
nicípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo. ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar ser-
Seção IV viços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso
Da Licença para o Serviço Militar VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e
observados os seguintes limites:
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
concedida licença, na forma e condições previstas na legislação (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
específica. II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trin-
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá ta mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei
até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício nº 12.998, de 2014)
do cargo. III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associa-
dos, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de
Seção V 2014)
Da Licença para Atividade Política § 1o  Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
para cargos de direção ou de representação nas referidas
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, entidades, desde que cadastradas no órgão competente. (Redação
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro § 2o  A licença terá duração igual à do mandato, podendo
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. ser renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde 12.998, de 2014)
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a Capítulo V
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Dos Afastamentos
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia Seção I
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
Seção VI outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do
Da Licença para Capacitação Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
I - para exercício de cargo em comissão ou função de con-
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor fiança;
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do II - em casos previstos em leis específicas.
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, § 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou en-
para participar de curso de capacitação profissional. tidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o
não são acumuláveis. ônus para o cedente nos demais casos.
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas,
Art. 90. (VETADO). optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo
Seção VII em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem.
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
Art. 91. A critério da Administração poderão ser concedidas Oficial da União.
ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em es- § 4o Mediante autorização expressa do Presidente da Repúbli-
tágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro
prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro pró-
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qual- prio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo.
quer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. § 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servi-
dor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de so- Seção IV
ciedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Na- Do Afastamento para Participação em Programa de
cional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de Pós-Graduação Stricto Sensu no País
pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e II e
§§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração,
condicionado a autorização específica do Ministério do Planeja- e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com
mento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de car- o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-
go em comissão ou função gratificada. -se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em
a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos instituição de ensino superior no País.
órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá de- § 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá,
terminar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, inde- em conformidade com a legislação vigente, os programas de capa-
pendentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º citação e os critérios para participação em programas de pós-gra-
e 2º deste artigo. duação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão
avaliados por um comitê constituído para este fim.
Seção II § 2o Os afastamentos para realização de programas de mestra-
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo do e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares
de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, in-
as seguintes disposições: cluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licen-
afastado do cargo; ça capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, anteriores à data da solicitação de afastamento.
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; § 3o Os afastamentos para realização de programas de pós-
-doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de
III - investido no mandato de vereador:
cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta-
quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do
ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
da solicitação de afastamento.
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos
para a seguridade social como se em exercício estivesse.
nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do
poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade di- afastamento concedido.
versa daquela onde exerce o mandato. § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou
aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência pre-
Seção III visto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos
gastos com seu aperfeiçoamento.
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estu- § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justifi-
do ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, cou seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no §
Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supre- 5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de
mo Tribunal Federal. caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a mis- § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação
são ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto
nova ausência. nos §§ 1o a 6o deste artigo.
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não
será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse par- Capítulo VI
ticular antes de decorrido período igual ao do afastamento, res- Das Concessões
salvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu
afastamento. Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da do serviço:
carreira diplomática. I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de II - pelo período comprovadamente necessário para alistamen-
que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do to ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2
servidor, serão disciplinadas em regulamento. (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo a) casamento;
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar- b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
-se-á com perda total da remuneração. padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, c) para o desempenho de mandato classista ou participação de
quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída
repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compen- efeito de promoção por merecimento;
sação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, respeitada a d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
duração semanal do trabalho. e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;
§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor portador f) por convocação para o serviço militar;
de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
oficial, independentemente de compensação de horário. X - participação em competição desportiva nacional ou con-
§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao servi- vocação para integrar representação desportiva nacional, no País
dor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência fí- ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
sica, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de horário na forma XI - afastamento para servir em organismo internacional de
do inciso II do art. 44. que o Brasil participe ou com o qual coopere.
§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à
compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 01 (um) ano,
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e
ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do
disponibilidade:
caput do art. 76-A desta Lei.
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municí-
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da pios e Distrito Federal;
administração é assegurada, na localidade da nova residência ou na II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família
mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qual- do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em
quer época, independentemente de vaga. período de 12 (doze) meses.
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso
judicial. no serviço público federal;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre-
Capítulo VII vidência Social;
Do Tempo de Serviço VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço pú- exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art.
blico federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. 102.
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta-
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que do apenas para nova aposentadoria.
serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e ses- § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
senta e cinco dias. Forças Armadas em operações de guerra.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de: e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia
I - férias; mista e empresa pública.
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou
entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Fe-
Capítulo VIII
deral;
Do Direito de Petição
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração,
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente
da República; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
IV - participação em programa de treinamento regularmente insti- Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
tuído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, confor-
me dispuser o regulamento; Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade compe-
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que
ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento; estiver imediatamente subordinado o requerente.
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afasta- Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
mento, conforme dispuser o regulamento; houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não poden-
VIII - licença: do ser renovado.
a) à gestante, à adotante e à paternidade; Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsidera-
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
prestado à União, em cargo de provimento efetivo;

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010) V - atender com presteza:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. ressalvadas as protegidas por sigilo;
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe- b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva- ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
mente, em escala ascendente, às demais autoridades. c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
a que estiver imediatamente subordinado o requerente. cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconside- dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527,
ração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação de 2011)
ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº VII - zelar pela economia do material e a conservação do pa-
12.300, de 2010) trimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensi- IX - manter conduta compatível com a moralidade adminis-
vo, a juízo da autoridade competente. trativa;
Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de recon- X - ser assíduo e pontual ao serviço;
sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do XI - tratar com urbanidade as pessoas;
ato impugnado. XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
der.
Art. 110. O direito de requerer prescreve: Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa- encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade su-
ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse perior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao repre-
patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; sentando ampla defesa.
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quan-
do outro prazo for fixado em lei. Capítulo II
Das Proibições
Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data
da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interes-
Art. 117. Ao servidor é proibido:
sado, quando o ato não for publicado.
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
autorização do chefe imediato;
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando ca-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
bíveis, interrompem a prescrição.
qualquer documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documen-
relevada pela administração. to e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada da repartição;
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
procurador por ele constituído. previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res-
ponsabilidade ou de seu subordinado;
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
tempo, quando eivados de ilegalidade. associação profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
neste Capítulo, salvo motivo de força maior. civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
Título IV trem, em detrimento da dignidade da função pública;
Do Regime Disciplinar X - participar de gerência ou administração de sociedade pri-
vada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, ex-
Capítulo I ceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
Dos Deveres XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
Art. 116. São deveres do servidor: ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; companheiro;
II - ser leal às instituições a que servir; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de
III - observar as normas legais e regulamentares; qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
mente ilegais; geiro;

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
XV - proceder de forma desidiosa; comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em ou a terceiros.
serviços ou atividades particulares; § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de
que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando so- § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
licitado. e contra eles será executada, até o limite do valor da herança re-
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput cebida.
deste artigo não se aplica nos seguintes casos:
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
constituída para prestar serviços a seus membros; e
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito
de interesses. função.

Capítulo III Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão


Da Acumulação cumular-se, sendo independentes entre si.

Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos fato ou sua autoria.
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
Estados, dos Territórios e dos Municípios. vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
da à comprovação da compatibilidade de horários. autoridade competente para apuração de informação concernente à
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ain-
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da da que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu- pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)
nerações forem acumuláveis na atividade.
Capítulo V
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em Das Penalidades
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação Art. 127. São penalidades disciplinares:
coletiva. I - advertência;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remu- II - suspensão;
neração devida pela participação em conselhos de administração
III - demissão;
e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista,
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou
V - destituição de cargo em comissão;
entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha par-
VI - destituição de função comissionada.
ticipação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser
legislação específica.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu- natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos atenuantes e os antecedentes funcionais.
efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de ho- Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencio-
rário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autori- nará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos
Capítulo IV de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e
Das Responsabilidades XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, re-
gulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativa- penalidade mais grave.
mente pelo exercício irregular de suas atribuições.

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência § 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato
das faltas punidas com advertência e de violação das demais proi- que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as
bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis- informações de que trata o parágrafo anterior, bem como promo-
são, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. verá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o ser- sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defesa
vidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspe- escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, obser-
ção médica determinada pela autoridade competente, cessando os vado o disposto nos arts. 163 e 164.
efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. § 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con-
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalida- clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em
de de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude
(cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, fi- da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal
cando o servidor obrigado a permanecer em serviço. e remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento.
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro-
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se,
seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167.
anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não hou- § 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para
ver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.
efeitos retroativos. § 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de apo-
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: sentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou
I - crime contra a administração pública; funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em
II - abandono de cargo; que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados.
III - inassiduidade habitual; § 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo dis-
IV - improbidade administrativa; ciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, conta-
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na reparti- dos da data de publicação do ato que constituir a comissão, admiti-
ção; da a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias
VI - insubordinação grave em serviço; o exigirem.
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, sal-
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste
vo em legítima defesa própria ou de outrem;
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente,
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
cargo;
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com
cional;
a demissão.
XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções pú-
blicas; Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este arti-
cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere go, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em
o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime- destituição de cargo em comissão.
diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias,
contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará pro- Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
cedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indis-
cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas se- ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da
guintes fases: ação penal cabível.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultanea- Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
mente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o
da apuração; ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e prazo de 5 (cinco) anos.
relatório; Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público fede-
III - julgamento. ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingres- do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
so, do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico.

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser- Título V
viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, Do Processo Administrativo Disciplinar
durante o período de doze meses.
Capítulo I
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade Disposições Gerais
habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
refere o art. 133, observando-se especialmente que: Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no
I - a indicação da materialidade dar-se-á: serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-
do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior gurada ao acusado ampla defesa.
a trinta dias; § 1o- (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias § 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou su- § 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autori-
perior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze dade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão
meses; ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularida-
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará re- de, mediante competência específica para tal finalidade, delegada
latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da Repúbli-
servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará ca, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribu-
o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono nais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para para o julgamento que se seguir à apuração.
julgamento.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador- ticidade.
-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evi-
aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respec- dente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquiva-
tivo Poder, órgão, ou entidade; da, por falta de objeto.
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata-
mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; I - arquivamento do processo;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência até 30 (trinta) dias;
ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; III - instauração de processo disciplinar.
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não
tratar de destituição de cargo em comissão. excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual perío-
do, a critério da autoridade superior.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis- Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta)
cargo em comissão; dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instaura-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. ção de processo disciplinar.
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
fato se tornou conhecido. Capítulo II
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se Do Afastamento Preventivo
às infrações disciplinares capituladas também como crime.
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instau-
por autoridade competente. radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. prejuízo da remuneração.
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
concluído o processo.

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo III Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a toma-
Do Processo Disciplinar da de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabí-
veis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessá-
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado rio, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação
a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no dos fatos.
exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
ções do cargo em que se encontre investido. Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
composta de três servidores estáveis designados pela autoridade quesitos, quando se tratar de prova pericial.
competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, § 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos con-
dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade interesse para o esclarecimento dos fatos.
igual ou superior ao do indiciado. § 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
§ 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo provação do fato independer de conhecimento especial de perito.
seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
bros.
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante
§ 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun-
de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.
grau. Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a ex-
pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com indepen- repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados
dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida- para inquirição.
ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
terão caráter reservado. termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes § 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se in-
fases: firmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co-
missão; Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, de- promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi-
fesa e relatório; mentos previstos nos arts. 157 e 158.
III - julgamento. § 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvi-
do separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre
excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato eles.
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual § 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório,
prazo, quando as circunstâncias o exigirem. bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interfe-
§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo in- rir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-
tegral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do -las, por intermédio do presidente da comissão.
ponto, até a entrega do relatório final.
§ 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
deverão detalhar as deliberações adotadas.
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
Seção I
Do Inquérito menos um médico psiquiatra.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será proces-
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio sado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a ex-
do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utili- pedição do laudo pericial.
zação dos meios e recursos admitidos em direito.
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disci- indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputa-
plinar, como peça informativa da instrução. dos e das respectivas provas.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância § 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo pre-
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a au- sidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
toridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
Público, independentemente da imediata instauração do processo § 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e
disciplinar. de 20 (vinte) dias.

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
diligências reputadas indispensáveis. quando contrário às provas dos autos.
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as
da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente,
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
assinatura de (2) duas testemunhas. responsabilidade.

Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autori-
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. dade que determinou a instauração do processo ou outra de hierar-
quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará,
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabi- no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração
do, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e de novo processo.
em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio § 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade
conhecido, para apresentar defesa. do processo.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa § 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital. trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo
IV do Título IV.
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
citado, não apresentar defesa no prazo legal. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi-
e devolverá o prazo para a defesa. duais do servidor.
§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora
do processo designará um servidor como defensor dativo, que de- Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime,
verá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.

Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e men-
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
cionará as provas em que se baseou para formar a sua convicção.
so aplicada.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o pará-
à responsabilidade do servidor.
grafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão,
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
se for o caso.
indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para ou indiciado;
julgamento. II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri-
gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de
Seção II missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
Do Julgamento
Seção III
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimen- Da Revisão do Processo
to do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori- Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
dade instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou
competente, que decidirá em igual prazo. circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, inadequação da penalidade aplicada.
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da § 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
pena mais grave. servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do
§ 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de processo.
aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autori- § 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
dades de que trata o inciso I do art. 141. será requerida pelo respectivo curador.
§ 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au-
toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamen- Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
to, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. requerente.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem re-
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos no- muneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de Segu-
vos, ainda não apreciados no processo originário. ridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da
respectiva contribuição, no mesmo percentual devido pelos servidores
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será diri- em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz
gido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se jus no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito,
autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão inclusive, as vantagens pessoais.
ou entidade onde se originou o processo disciplinar. § 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos servi-
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149. dores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução
dos tributos federais quando não recolhidas na data de vencimento.
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originá-
rio. Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um
e hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades:
que arrolar. I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invali-
dez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclusão;
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
conclusão dos trabalhos. III - assistência à saúde.
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no condições definidos em regulamento, observadas as disposições desta
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do Lei.
processo disciplinar.
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a compreendem:
I - quanto ao servidor:
penalidade, nos termos do art. 141.
a) aposentadoria;
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
b) auxílio-natalidade;
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
c) salário-família;
autoridade julgadora poderá determinar diligências.
d) licença para tratamento de saúde;
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
f) licença por acidente em serviço;
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
g) assistência à saúde;
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comis-
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho sa-
são, que será convertida em exoneração. tisfatórias;
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar II - quanto ao dependente:
agravamento de penalidade. a) pensão vitalícia e temporária;
b) auxílio-funeral;
Título VI c) auxílio-reclusão;
Da Seguridade Social do Servidor d) assistência à saúde.
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas pe-
Capítulo I los órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os servido-
Disposições Gerais res, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem
o servidor e sua família. prejuízo da ação penal cabível.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja,
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na ad- Capítulo II
ministração pública direta, autárquica e fundacional não terá di- Dos Benefícios
reito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção
da assistência à saúde. Seção I
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem Da Aposentadoria
direito à remuneração, inclusive para servir em organismo ofi-
cial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Constitui-
o qual coopere, ainda que contribua para regime de previdência ção)
social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando
Plano de Seguridade Social do Servidor Público enquanto durar decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e proporcio-
benefícios do mencionado regime de previdência. nais nos demais casos;

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven- Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer be-
tos proporcionais ao tempo de serviço; nefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores
III - voluntariamente: em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
(trinta) se mulher, com proventos integrais;
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma- Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional
gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com pro- ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias es-
ventos integrais; pecificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber
cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; provento integral, calculado com base no fundamento legal de
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos concessão da aposentadoria.
60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
de serviço. Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o proven-
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incu- to não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
ráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa,
alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia
grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avança-
dos do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunode- Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação na-
ficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na talina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
medicina especializada. respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insa- Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa-
lubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos
a aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”, observará o termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida
disposto em lei específica. aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à jun- de serviço efetivo.
ta médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a
incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a im- Seção II
possibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. Do Auxílio-Natalidade

Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e de- Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo
clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci-
que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto.
ativo. § 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de
50% (cinquenta por cento), por nascituro.
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará § 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
a partir da data da publicação do respectivo ato. público, quando a parturiente não for servidora.
§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e Seção III
quatro) meses. Do Salário-Família
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em condi-
ções de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao
aposentado. inativo, por dependente econômico.
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licen- Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos
ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como para efeito de percepção do salário-família:
de prorrogação da licença. I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão consi- até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
deradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
da invalidez ou doenças correlacionadas. II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza-
§ 5o A critério da Administração, o servidor em licença para ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con- inativo;
vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que en- III - a mãe e o pai sem economia própria.
sejaram o afastamento ou a aposentadoria.
Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com ob- o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho
servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da apo-
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores sentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
em atividade.

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi- I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo
verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluí-
separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição do pela Lei nº 12.998, de 2014)
dos dependentes. II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce-
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar-
madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistên-
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, cia à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que pos-
nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a suam autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma
Previdência Social. do art. 230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e
demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.

Seção IV
Seção V
Da Licença para Tratamento de Saúde
Da Licença à Gestante, à Adotante e da
Licença-Paternidade
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120
prejuízo da remuneração a que fizer jus. (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será con- gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
cedida com base em perícia oficial. § 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada partir do parto.
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se § 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento,
encontrar internado. a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, reas-
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde sumirá o exercício.
se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, § 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
230, será aceito atestado passado por médico particular.
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produzirá Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
do órgão ou entidade.
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afasta- meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de traba-
mento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial. lho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois pe-
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata o ríodos de meia hora.
caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial
previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hi- Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias
póteses em que abranger o campo de atuação da odontologia.
de licença remunerada.
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de crian-
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15
ça com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí-
será de 30 (trinta) dias.
cia oficial, na forma definida em regulamento.
Seção VI
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão Da Licença por Acidente em Serviço
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qual- Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor
quer das doenças especificadas no art. 186, § 1o. acidentado em serviço.

Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgâni- Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
cas ou funcionais será submetido a inspeção médica. sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente,
com as atribuições do cargo exercido.
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos pe- Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
riódicos, nos termos e condições definidos em regulamento. I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor
Parágrafo único.  Para os fins do disposto no caput, a União e no exercício do cargo;
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
Lei nº 12.998, de 2014) -versa.

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;  (Incluído pela Lei nº
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, 13.135, de 2015)
à conta de recursos públicos. b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médi- c) (Vide Lei nº 13.135, de 2015)  (Vigência)
ca oficial constitui medida de exceção e somente será admissível d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regu-
quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição pú- lamento; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
blica. V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
servidor; e  (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no
inciso IV. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Seção VII § 1o  A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os
Da Pensão incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos
V e VI.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 215.  Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóte- § 2o  A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o
ses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, observado inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI. (Re-
o limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da Consti- dação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
tuição Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação dada pela Lei § 3o  O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me-
nº 13.135, de 2015) diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên-
        Art. 216.  As pensões distinguem-se, quanto à natu- cia econômica, na forma estabelecida em regulamento. (Incluído
reza, em vitalícias e temporárias.        (Revogado pela Medida pela Lei nº 13.135, de 2015)
Provisória nº 664, de 2014)       (Vigência)     (Revogado pela Lei
nº 13.135, de 2015) Art. 218.  Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão,
        § 1o  A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários
permanentes, que somente se extinguem ou revertem com a morte habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
de seus beneficiários.         (Revogado pela Medida Provisória nº § 1o  (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
664, de 2014)       (Vigência)      (Revogado pela Lei nº 13.135, § 2o  (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
de 2015) § 3o  (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
        § 2o  A pensão temporária é composta de cota ou cotas
Art.  219.  A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
que podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5
de invalidez ou maioridade do beneficiário.        (Revogado pela
(cinco) anos.
Medida Provisória nº 664, de 2014)       (Vigência)      (Revogado
Parágrafo único.  Concedida a pensão, qualquer prova pos-
pela Lei nº 13.135, de 2015)
terior ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário
ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que
§ 1o A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanen-
for oferecida.
tes, que somente se extinguem ou revertem com a morte de seus
 Art. 220.  Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada
beneficiários. pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2o A pensão temporária é composta de cota ou cotas que I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela
podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação de prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do
invalidez ou maioridade do beneficiário. servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro-
Art. 217.  São beneficiários das pensões:  vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na
I - o cônjuge;     (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defe-
c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) sa. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
e) (Revogada);  (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 221.  Será concedida pensão provisória por morte presu-
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de mida do servidor, nos seguintes casos:
fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicial- I  -  declaração de ausência, pela autoridade judiciária com-
mente;(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) petente;
a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio
b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) ou acidente não caracterizado como em serviço;
c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) III - desaparecimento no desempenho das atribuições do car-
d) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) go ou em missão de segurança.
III - o companheiro ou companheira que comprove união está- Parágrafo único.  A pensão provisória será transformada em
vel como entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin- de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
tes requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 222.  Acarreta perda da qualidade de beneficiário: § 4o  O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previ-
I - o seu falecimento; dência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após (RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) con-
a concessão da pensão ao cônjuge; tribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII
 III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de bene-
ficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em se Art. 223.  Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a
tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental que respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.  (Redação dada
o torne absoluta ou relativamente incapaz, respeitados os períodos pela Lei nº 13.135, de 2015)
mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
VII;  (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho
ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art.  224.  As pensões serão automaticamente atualizadas
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; na mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos ven-
 VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135, cimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo
de 2015) único do art. 189.
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I
a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 225.  Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa-
o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação
o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº
13.135, de 2015) Seção VIII
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo Do Auxílio-Funeral
com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de
vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois)
Art.  226.   O auxílio-funeral é devido à família do servidor
anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído
falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um
pela Lei nº 13.135, de 2015)
mês da remuneração ou provento.
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de ida-
§ 1o  No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será
de; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos
§ 2o  (VETADO).
de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) § 3o   O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de que houver custeado o funeral.
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e Art. 227.  Se o funeral for custeado por terceiro, este será in-
três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) denizado, observado o disposto no artigo anterior.
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de ida-
de. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 228.  Em caso de falecimento de servidor em serviço fora
 § 1o  A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de trans-
preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por porte do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou
deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para avalia- fundação pública.
ção das referidas condições. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2o  Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no Seção IX
inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos Do Auxílio-Reclusão
do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer
natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independente- Art. 229.  À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu-
mente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou são, nos seguintes valores:
da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união está- I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo
vel. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade
§ 3o  Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde competente, enquanto perdurar a prisão;
que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano II - metade da remuneração, durante o afastamento, em vir-
inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspon- tude de condenação, por sentença definitiva, a pena que não deter-
dente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, mine a perda de cargo.
poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os § 1o  Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Mi- terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
nistro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado § 2o  O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) que condicional.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 3o  Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão Capítulo IV
será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos de- Do Custeio
pendentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº
13.135, de 2015) Art. 231.  (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)

Capítulo III Título VII


Da Assistência à Saúde Capítulo Único
Da Contratação Temporária de Excepcional
Art. 230.  A assistência à saúde do servidor, ativo ou inati- Interesse Público
vo, e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,
odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica Art. 232.  (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da  
saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta- Art. 233.  (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,
ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio,
Art. 234.  (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor,
 
ativo ou inativo, e seus dependentes ou  pensionistas com planos
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
ou seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida
em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
§  1o  Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigi- Título VIII
da perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico Capítulo Único
ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade Das Disposições Gerais
celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de atendi-
mento do sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos Art. 236.  O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte
declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do e oito de outubro.
Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§  2o   Na impossibilidade, devidamente justificada, da apli- Art. 237.  Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe-
cação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade pro- cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcio-
moverá a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídi- nais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira:
ca, que constituirá junta médica especificamente para esses fins, I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos
indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes, com a que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos
comprovação de suas habilitações e de que não estejam responden- operacionais;
do a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profis- II  -  concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito,
são. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) condecoração e elogio.
§ 3o  Para os fins do disposto no  caput  deste artigo, ficam
a União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas Art.  238.   Os prazos previstos nesta Lei serão contados em
a: (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do
I - celebrar convênios exclusivamente para a  prestação de ser- vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte,
viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados o prazo vencido em dia em que não haja expediente.
ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos
grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas Art. 239.  Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo-
patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce-
sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer
lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam
dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem
autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que
eximir-se do cumprimento de seus deveres.
os convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de auto-
gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo Art. 240.  Ao servidor público civil é assegurado, nos termos
de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas da Constituição Federal, o direito à livre associação      sindical e
também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substi-
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de tuto processual;
21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do o final do mandato, exceto se a pedido;
órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
III -  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
§ 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) em assembleia geral da categoria.
§ 5o  O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendi- d)   (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
do pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado e)    (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art.  241.   Consideram-se da família do servidor, além do Art. 245.  A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei
cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada
constem do seu assentamento individual. em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87
Parágrafo único.  Equipara-se ao cônjuge a companheira ou a 90.
companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
Art. 246. (VETADO).
Art. 242.  Para os fins desta Lei, considera-se sede o muni-
cípio onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver Art. 247.  Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, ha-
exercício, em caráter permanente. verá ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao
período de contribuição por parte dos servidores celetistas abran-
Título IX gidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) 
Capítulo Único
Das Disposições Transitórias e Finais Art. 248.  As pensões estatutárias, concedidas até a vigência
Art. 243.  Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem
esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos do servidor.
Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as
em regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº Art. 249.  Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os
1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Pú- servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per-
blicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto conforme regulamento próprio.
os contratados por prazo determinado, cujos contratos não poderão
ser prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação.  Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfa-
§  1o  Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no zer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a apo-
regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na sentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto
data de sua publicação. dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de
§ 2o  As funções de confiança exercidas por pessoas não in- outubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele
tegrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm dispositivo.      (Mantido pelo Congresso Nacional)
exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas  
enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou en- Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tidades na forma da lei.
§ 3o  As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exerci- Art. 252.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
das por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam ção, com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês
extintas na data da vigência desta Lei. subseqüente.
§ 4o  (VETADO).
§ 5o  O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários Art. 253.  Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber. 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais
§ 6o  Os empregos dos servidores estrangeiros com estabili- disposições em contrário.
dade no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade
brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o  da Independência e
órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos 102o da República.
de carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos. FERNANDO COLLOR
§ 7o  Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, Jarbas Passarinho
não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucio- Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.12.1990 e
nais Transitórias, poderão, no interesse da Administração e con- republicado em 18.3.1998
forme critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados me-  
diante indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo  LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97) Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas pelo
§ 8o  Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei n.°
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe sobre o Regime
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) das fundações públicas federais”.
§ 9o  Os cargos vagos em decorrência da aplicação do dispos-
to no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando con- O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
siderados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu,
Art. 244.  Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em do § 7° do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da
anuênio. Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990:

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 87 ......................................................................................
....................................... 1.4 PODERES ADMINISTRATIVOS:
§ 1° ...........................................................................................
PODER HIERÁRQUICO;
.......................................
§ 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não goza-
PODER DISCIPLINAR;
dos pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em pecúnia, PODER REGULAMENTAR;
em favor de seus beneficiários da pensão. PODER DE POLÍCIA; 
USO E ABUSO DO PODER.
Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposen-
tadoria com provento integral será aposentado:
I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente su-
perior àquela em que se encontra posicionado;
II - quando ocupante da última classe da carreira, com a re- DOS PODERES ADMINISTRATIVOS
muneração do padrão correspondente, acrescida da diferença entre
esse e o padrão da classe imediatamente anterior. A Administração é dotada de poderes ou prerrogativas instru-
mentais que garantem o efetivo desempenho de suas atribuições
Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, che- que lhe são legalmente definidas.
fia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por perío- Os poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas
do de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados, que a Administração Pública possui para alcançar os fins almeja-
poderá aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração dos pelo Estado, tais poderes são inerentes à Administração Pú-
do cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um blica para que esta possa proteger o interesse público. Encerram
período mínimo de 2 (dois) anos. prerrogativas de autoridade, as quais, por isso mesmo, só podem
§ 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de ser exercidas nos limites da lei.
maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será Muito embora a expressão poder pareça apenas uma faculda-
de de atuação da Administração Pública, o fato é que os poderes
incorporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
administrativos envolvem não uma mera faculdade de agir, mas
comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.
sim um dever de atuar diante das situações apresentadas ao Poder
§ 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
Público.
previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art.
Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de que a
62, ressalvado o direito de opção.
Administração Pública deve agir, na medida em que os poderes
Art. 231. ...................................................................................
conferidos ao Estado são irrenunciáveis. Entende-se dessa manei-
........................................ ra a noção de deveres administrativos oriundos da obrigação do
§ 1° ........................................................................................... Poder Público em atuar, utilizando-se dos poderes e prerrogativas
....................................... atribuídos mediante lei.
O dever de agir está ligado à própria noção de prerrogativas
§ 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral públicas garantidas ao Estado, que enseja, por consequência, ou-
do Tesouro Nacional. tros deveres: dever de eficiência, dever de probidade, dever de
Art. 240. ................................................................................... prestar contas, dever de dar continuidade nos serviços públicos,
........................................ entre outros.
a) ..............................................................................................
....................................... PODER HIERÁRQUICO
b) ..............................................................................................
....................................... O Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Executivo para
c) .............................................................................................. distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e a atuação de seus
....................................... agentes, estabelecendo assim a relação de subordinação.
d) de negociação coletiva; Importante esclarecer que hierarquia caracteriza-se pela exis-
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça tência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos,
do Trabalho, nos termos da Constituição Federal. sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Assim, podemos
     verificar a presença da hierarquia entre órgãos e agentes na esfe-
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, ra interna da Administração Direta do Poder Executivo, ou então
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposenta- hierarquia entre órgãos e agentes internamente de uma fundação
doria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos pública.
Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de ou- Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes adminis-
tubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele trativos superiores sobre seus subordinados, contendo a prerrogati-
dispositivo.” va de ordenar, fiscalizar, rever, delegar tarefas a seus subordinados.
    É o poder que dispõe o Executivo para distribuir e organizar
Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência as funções de seus agentes e órgãos, estabelecendo relação
e 103° da República. de subordinação entre seus servidores, tal subordinação, vale
 MAURO BENEVIDES destacar, é de caráter interno, somente é aplicável dentro da própria
Este texto não substitui o publicado no DOU de 19.4.1991 Administração Pública.

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A hierarquia estabelece uma ordem de importância geran- O regulamento, portanto, constitui-se em um conjunto de
do forma às relações de coordenação e de subordinação entre os normas que orientam a execução de uma determinada matéria.
agentes públicos, adquirindo assim uma relação de subordinação Diante de tais conceitos podemos concluir que o regulamen-
escalonada objetivando a ordem das atividades administrativas. to é a explicitação da lei em forma de decreto executivo, não se
Para a preservação do principio hierárquico é indispensável inscrevendo como tal os decretos autônomos, até porque não há em
mencionar que o descumprimento de ordem de superior hierár- nosso ordenamento jurídico o instituto dos regulamentos autônomo
quico constitui-se em ato ilícito, passível de punição adminis- com força de lei, cuja competência de edição fica sob a responsabi-
trativa e penal. Assim o servidor público subalterno deve estrita lidade do Chefe do Poder Executivo.
obediência às ordens e demais instruções legais de seus superio-
res. PODER DE POLÍCIA:

PODER DISCIPLINAR A partir da Constituição Federal e das leis em nosso ordena-


mento jurídico, foi conferido uma série de direitos aos cidadãos,
O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não que por sua vez, tem o seu pleno exercício vinculado com o bem
só as infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à estar social.
apuração regular da falta, mas também as infrações de todas as Assim, é por meio do Poder de Polícia que a Administração li-
pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Adminis- mita o exercício dos direitos individuais e coletivos com o objetivo
tração. de assegurar a ordem pública, estabelecendo assim um nível aceitá-
Decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre vel de convivência social, esse poder também pode ser denominado
todos aqueles que se vinculam à Administração. de polícia administrativa.
O Poder Disciplinar não pode ser confundido ainda com o É o poder deferido ao Estado, necessário ao estabelecimento
Poder Hierárquico, porém a ele está vinculado e é correlato. Pelo das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade pública exigem.
descumprimento do poder hierárquico o subalterno pode ser pu- O principio norteador da aplicação do Poder de Polícia é a
nido administrativa ou judicialmente. predominância do interesse público sobre o interesse privado.
É assim a aplicação do poder disciplinar, a faculdade do O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida a Ad-
hierarca de punir administrativamente o subalterno, dentro dos ministração Pública para, na forma e nos limites legais, condiciona
limites legais, dessa faculdade de punir verifica-se a existência, ou restringe o uso de bens, exercício de direitos e a pratica de ativi-
mesmo que mínima, da discricionariedade administrativa, pois dades privadas, com o objetivo de proteger os interesses gerais da
há análise de conveniência e oportunidade. coletividade.
Assim, é a atividade do Estado que consiste em limitar o exer-
Também não se confunde com o poder punitivo do Estado,
cício dos direitos individuais em benefício do interesse público.
que é realizado através do Poder Judiciário e é aplicado com fi-
Mesmo sendo considerado como poder discricionário da Ad-
nalidade social, visando à repressão de crimes e contravenções
ministração, o Poder de Polícia é controlado e limitado pelo orde-
devidamente tipificados nas leis penais.
namento jurídico que regulam a atuação da própria Administração,
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva in-
isto porque o Estado deve sempre perseguir o interesse público,
terna da Administração Pública e por isso mesmo só abrange as
mas sem que haja ofensa aos direitos individuais garantidos por lei.
infrações relacionadas com o serviço público.
Dessa forma, podemos concluir que o Poder de Polícia é um
Em se tratando de servidor público, as penalidades discipli-
poder de vigilância, cujo objetivo maior é o bem-estar social, im-
nares vêm definidas dos respectivos Estatutos. pedindo que os abusos dos direitos pessoais possam ameaçar os
Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve direitos e interesses gerais da coletividade.
obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitu- Decorre, portanto do Poder de Polícia, a aplicação de sanções
cionais da Administração, entre eles o principio da legalidade e o para fazer cumprir suas determinações, fundamentadas na lei, e as-
principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla sim, diversas são as sanções passiveis de aplicação, previstas nas
defesa, do contraditório e do devido processo legal. mais variadas e esparsas leis administrativas, que podem ser aplica-
das no âmbito da atividade de polícia administrativa.
PODER REGULAMENTAR
Poder de Polícia Administrativa:
O Poder Regulamentar é o poder inerente e privativo do O Poder de Polícia Administrativa tem o objetivo principal da
Chefe do Poder Executivo, indelegável a qualquer subordinado, manutenção da ordem pública em geral, atuando em situações em
trata-se do poder atribuído ao chefe do Poder Executivo para edi- que é possível a prevenção de possíveis cometimentos de infrações
tar atos, com o objetivo de dar fiel cumprimento ás leis. legais, entretanto, poderá atuar tanto preventivamente como de for-
Temos por regulamento como ato normativo, expedido ma repressiva, porem, em ambos os casos, a atuação da Policia Ad-
através de decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de ministrativa tem a finalidade de evitar e impedir comportamentos
execução da lei, ou prover situações não disciplinadas em lei, dos indivíduos que possam causar prejuízos para a sociedade.
importante destacar que o regulamento não tem a capacidade e a O Poder de Polícia Administrativa visa a proteção específi-
competência de inovar o direito previsto em lei, não cria obriga- ca de valores sociais, vedando a práticas de condutas que possam
ções, apenas explica e detalha o direito, e sobretudo, uniformiza ameaçar a segurança pública, a ordem pública, a tranquilidade e
procedimentos necessários para o cumprimento e execução da bem estar social, saúde e higiene coletiva, a moralidade pública,
lei. entre outras.

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante esclarecer que o poder de polícia administrativa Dessa forma, não existe ato de polícia de cumprimento fa-
incide sobre atividades e sobre bens, não diretamente sobre os ci- cultativo pelo administrado, haja vista que todos os atos adotados
dadãos, haja vista que não existem sanções aplicadas decorrentes com fundamento no Poder de Polícia admite a coerção estatal para
do poder de polícia administrativa que impliquem em restrição ao fim de torná-lo efetivo, sendo certo que tal coerção independe de
direito de liberdade das pessoas como detenção e prisão. prévia autorização judicial.
Assim, várias são as sanções decorrentes do poder de polí-
cia administrativa, tais como: multa administrativa; demolição de - Discricionariedade: Os atos discricionários são aqueles que
construções irregulares; apreensão de mercadorias com entrada a Administração Pública pode praticar com certa liberdade de es-
irregular no território nacional; interdição de estabelecimento co- colha e decisão, sempre dentro dos termos e limites legais, quanto
merciais que estão em desacordo com a lei; embargos administra- ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e con-
tivos a obras, entre outras. veniência administrativa.
Dessa maneira, na edição de um ato discricionário, a legisla-
Poder de Polícia Judiciária: ção outorga ao agente público certa margem de liberdade de esco-
A Polícia Judiciária desenvolve e executa atividades de ca- lha, diante da avaliação de oportunidade e conveniência da pratica
ráter repressivo e ostensivo, ou seja, possui o dever de reprimir do ato.
atividades infratoras a lei por meio da atuação policial em caráter
criminal, com sua consequente captura daqueles que infringirem Limites do Poder de Polícia:
a lei penal. Muito embora a Discricionariedade seja característica do ato
Assim, a Polícia Judiciária atua em defesa dos preceitos es- emanado com fundamento no Poder de Polícia, a lei impõe alguns
tabelecidos no Código Penal Brasileiro, com foco em sua atuação limites quanto a competência, a forma e aos fins almejados pela
nas atividades consideradas crime pela lei penal, tendo caracterís- Administração Pública, não sendo o Poder de Polícia um poder
ticas e prerrogativas ostensivas, repressivas e investigativas. absoluto, visto que encontra limitações legais.
A atuação da Polícia Judiciária incide sobre as pessoas, sendo Não podemos perder de vista que toda a atuação administra-
exercido pelos órgãos especializados do Estado como a Polícia Ci- tiva, seja em que esfera for, deve obediência ao principio admi-
vil e a Polícia Militar, sendo certo que tais atividades repressoras nistrativo constitucional da Legalidade, devidamente previsto no
e ostensivas objetiva auxiliar o Poder Judiciário, em sua atividade artigo 37 da Constituição Federal.
jurisdicional, na aplicação da lei em casos concretos, fornecendo Assim, toda atuação administrativa pautada dentro dos limites
o conjunto probatório suficiente para condenar ou absolver o cida- legais, seja quanto a competência do agente que executou a ativi-
dão apresentado a Justiça Pública. dade administrativa ou então a forma em que foi realizada, será
considerada um ato legal e legítimo, desde que atenda o interesse
Características do Poder de Polícia:
coletivo.
De outra forma, o ato administrativo que for praticado com
A doutrina administrativa majoritária considera as principais
vícios de competência, ilegalidades, ilegitimidades, ou ainda que
características do Poder de Polícia:
contrariem o interesse público, será considerado um ato ilegal, pra-
ticado com abuso ou desvio de poder.
- Autoexecutoriedade: Constitui prerrogativa aos atos emana-
Os limites impostos à atuação do poder de polícia se destinam
dos por força do poder de polícia a característica autoexecutória
imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre porque as de- a vedar qualquer manifestação administrativa revestida de arbitra-
cisões administrativas trazem em si a força necessária para a sua riedade e ilegalidade por parte do agente público, sendo certo que
auto execução. todo e qualquer ato administrativo poderá ser levado a analise de
Os atos autoexecutórios do Poder de Polícia são aqueles que legalidade pelo Poder Judiciário, que tem o poder jurisdicional de
podem ser materialmente implementados pela administração, de anular ato ilegal ou ilegítimo.
maneira direta, inclusive mediante o uso de força, caso seja neces-
sário, sem que a Administração Pública precise de uma autoriza- ABUSO DE PODER
ção judicial prévia.
A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se O exercício ilegítimo das prerrogativas conferidas pelo or-
na natureza pública da atividade administrativa, em razão desta, denamento jurídico à Administração Pública caracteriza de modo
atendendo o interesse público, assim, a faculdade de revestimento genérico, o denominado abuso de poder.
do ato administrativo pela característica da autoexecução de seus Dessa maneira, o abuso de poder ocorre diante de uma ilegiti-
próprios atos se manifesta principalmente pela supremacia do in- midade, ou, diante de uma ilegalidade, cometida por agente públi-
teresse coletivo sobre o particular. co no exercício de suas funções administrativas, o que nos autoriza
a concluir que o abuso de poder é uma conduta ilegal cometida
- Coercibilidade: Trata-se da imposição coercitiva das deci- pelo agente público, e, portanto, toda atuação fundamentada em
sões adotadas pela Administração Pública, objetivando a garantia abuso de poder é ilegal.
do cumprimento, mesmo que forçado, do ato emanado mediante o Importante destacar que é plenamente possível o abuso de
Poder de Polícia. poder assumir tanto a forma comissiva, quanto à omissiva, ou seja,
Cumpre esclarecer que todo ato de Polícia tem caráter im- o abuso tanto pode ocorrer devido a uma ação ilegal do agente
perativo e obrigatório, ou seja, temos a possibilidade de a admi- público, quanto de uma omissão considerada ilegal.
nistração pública, de maneira unilateral, criar obrigações para os O abuso de poder pode ocorrer de duas maneiras, quais sejam:
administrados, ou então impor-lhes restrições. excesso de poder ou desvio de poder.

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Excesso de Poder: Ocorre quando o agente público atua fora Para a Profª Maria Sylvia ZanellaDi Prieto, temos o entendi-
dos limites de sua competência, ou seja, o agente público não tinha mento de serviços públicos sob a ótica de dois elementos, ‘subjeti-
a competência funcional prevista em lei para executar a atividade vo’ e ‘formal’, senão vejamos seu posicionamento:
administrativa.
“O elemento subjetivo, porque não mais se pode considerar
- Desvio de Poder: Ocorre quando a atuação do agente é pau- que as pessoas jurídicas públicas são as únicas que prestam ser-
tada dentro dos seus limites de competência, mas contraria a fina- viços públicos; os particulares podem fazê-lo por delegação do
lidade administrativa que determinou ou autorizou a sua atuação. poder público, e o elemento formal, uma vez que nem todo serviço
público é prestado sob regime jurídico exclusivamente público”.

Assim, verifica-se que, nas mais variadas concepções jurídi-


1.5 SERVIÇOS PÚBLICOS: cas acerca do conceito de “serviço público”, podemos facilmente
CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO,  definir os pontos em comum e aceitar, de maneira ampla que ser-
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE; viço público é como o conjunto de todas as atividades exercidas
pelo Estado ou delegados, sob o regime jurídico de direito público,
FORMA, MEIOS E REQUISITOS;
ou seja, a atividade jurisdicional, atividade de governo, atividade
DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, legislativa, prestação de serviço público, colocados a disposição
PERMISSÃO, AUTORIZAÇÃO. da coletividade.
De outra forma, estudando o conceito de “serviço público”,
mas sob análise mais restritiva, temos que são todas as prestações
de utilidade ou comodidades materiais efetuadas diretamente e ex-
clusivamente ao povo, seja pela administração pública ou pelos
CONCEITO:
delegatários de serviço público, voltado sempre à satisfação dos
interesses coletivos.
Inicialmente, devemos elucidar que a Constituição Federal de
O objetivo da Administração Pública, no exercício de suas
1988 não conceitua “serviço público”, e tampouco temos no or-
atribuições, é de garantir à coletividade a prestação dos serviços
denamento jurídico pátrio, em leis esparsas, seu significado legal.
públicos de maneira tal que possa corresponder aos anseios da co-
Dessa maneira temos que ficou sob os cuidados da doutrina letividade, atingindo diretamente o interesse público, devendo o
administrativa elaborar seu significado, entretanto, não existe um Poder Público disciplinar a aplicação dos recursos materiais (orça-
conceito doutrinário consensual de “serviço público”. mentários), visando a aplicação no desenvolvimento de programas
Nos ensinamentos do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
temos o conceito de serviço público como: dernização e otimização da prestação dos serviços públicos.
“Certas atividades (consistentes na prestação de utilidade
ou comodidade material) destinada a satisfazer a coletividade em DELEGAÇÃO
geral, são qualificadas como serviços públicos quando, em dado
tempo, o Estado reputa que não convém relegá-las simplesmente Não se pode confundir a titularidade do serviço com a titulari-
a livre iniciativa; ou seja, que não é socialmente desejável fiquem dade da prestação dos serviços públicos, sendo certo que tratam-se
tão só assujeitadas à fiscalização e controles que exerce sobre a de realidades e significados totalmente distintos.
generalidade das atividades privadas.” O fato de o Poder Público ser titular de serviços públicos, ou
seja, ser o sujeito que detém a responsabilidade de zelar pela sua
Celso Antônio Bandeira de Mello ainda complementa seu prestação, não significa que deva ser obrigatoriamente prestá-los
conceito afirmando que: por si só de maneira exclusiva, sendo que na grande maioria das
vezes, estará a Administração pública obrigada a disciplinar e pro-
“É toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodida- mover a prestação, bem como efetuar a fiscalização sobre a forma
de material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas que esta sendo executado o serviço público.
fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume Dessa maneira, tanto poderá a administração pública, por
como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem meios próprios prestar os serviços públicos, como poderá promo-
lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, ver-lhes a prestação conferindo a entidades externas a administra-
consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições espe- ção seu cumprimento e execução.
ciais - , instituído em favor dos interesses definidos como públicos Entidades externas podem ser assim entendidas como os par-
no sistema normativo”. ticulares estranhos aos quadros da administração pública e ainda a
administração indireta. Dessa forma, poderá o Poder Público con-
Segundo o jurista Hely Lopes de Meirelles, serviço público é: ferir autorização, permissão ou concessão de serviços públicos,
como formas de sua execução. ]
“Todo aquele prestado pela Administração ou por seus dele-
gados, sob normas e controle estatal, para satisfazer necessidades Concessão de serviços públicos: É a delegação de serviços
essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniên- públicos feita pelo poder concedente mediante licitação na moda-
cia do Estado”. lidade concorrência à pessoa que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim, é delegado ao vencedor da licitação na modalidade Como dito, a concessão deverá ser formalizada mediante con-
de concorrência pública a prestação de serviços públicos, que ge- trato, a título precário, precedido de procedimento licitatório (na
ralmente ocorre no tocante a concessão da execução de serviços modalidade de concorrência), definindo o objeto, a área, o prazo
públicos. da concessão, o modo de sua execução, a forma e as condições da
Importante esclarecer o conceito de Poder Concedente, assim concessão da obra pública, para tanto, a empresa deve demonstrar
entendido como a União, o Estado, o DF ou Município, em cuja o interesse na contratação com o poder concedente, comprovando
competência se encontre o serviço público, assim a titularidade sua capacidade para o desempenho das obrigações assumidas da
continua sendo sua somente será transferida a execução dos servi- obra, por sua conta e risco e por prazo determinado.
ços públicos à concessionária. Ressalta-se que o contrato de concessão de obra pública, fir-
Nos ensinamentos do jurista Hely Lopes Meirelles, temos que: mado por tempo determinado, não pode ser objeto de prorrogação,
não se situando a prerrogativa discricionária conferida ao Poder
“Pela concessão, o poder concedente não transfere a pro- Público, sendo que sua eventual prorrogação fere o princípio da
priedade alguma ao concessionário, nem se despoja de qualquer isonomia entre os licitantes, e participantes do certame licitatório
direito ou prerrogativa pública. Delega, apenas, a execução do de concessão.
serviço, nos limites e condições legais ou contratuais, sempre su-
jeita à regulamentação e fiscalização do concedente.” Permissão: É a delegação, a título precário, mediante licitação
da prestação de serviços públicos feita pelo poder concedente, a
Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, conceituando o pessoa que demonstre capacidade de desempenho por sua conta e
instituto da concessão de serviço público, ensina que:
risco. A permissão de serviço público será formalizada mediante
contrato de adesão, e será contratado sempre em caráter precário,
“É o instituto através do qual o Estado atribuiu o exercício
com prazo determinado.
de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome pró-
Importante ressaltar que no instituto da permissão de servi-
prio, por sua conta em risco, nas condições fixadas e alteráveis
ços públicos admite-se a presença de pessoa física, além da pessoa
unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual
jurídica, sendo que a legislação que regula a matéria não inclui a
de um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela pró-
possibilidade de contratação pela permissão de consórcios.
pria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tari-
No instituto da Permissão, a Administração Pública possui a
fas cobradas diretamente dos usuários do serviço”.
prerrogativa de estabelecer de forma unilateral os requisitos e con-
Neste sentido, verifica-se que a concessão é mecanismo de dições impostas diante da execução de serviços públicos permiti-
delegação de direito público, pois, as suas cláusulas contratuais dos e confiados ao particular, que durante o procedimento licitató-
são editadas pelo Poder Público, que poderá a qualquer tempo rio, comprovou possuir capacidade para seu desempenho.
modificá-las de forma unilateral, tendo em vista que não há que Em virtude do caráter precário das permissões e de seu prazo
se falar em igualdade entre as partes contratantes em atenção ao determinado, os permissionários não gozam de prerrogativas ga-
principio da soberania do Estado. rantidas por lei aos concessionários de serviço público, devendo
Entretanto, está presente, como em todo contrato, a bilatera- portanto, seguir as normas e orientações dos Poder Público.
lidade, pois, ao aderir ao contrato de concessão, o concessionário
integra a relação jurídica contratual, com declaração de vontade Autorização de serviços públicos: Coloca-se ao lado da con-
própria, mas aceitando os termos e condições impostas pela Ad- cessão e da permissão de serviços públicos, destina-se a serviços
ministração Pública. muito simples, de alcance limitado, ou a trabalhos de emergência,
O que ocorre com os contratos de concessão de serviços pú- e a hipóteses transitórias e especiais, podendo ainda ser utilizado
blicos é que são vinculados ao processo licitatório, assim, as suas para as situações em que o serviço seja prestado a usuários espe-
cláusulas devem atender obrigatoriamente o que estiver estipula- cíficos e restritos.
do no edital de abertura da licitação. Por se tratar de um contrato Assim, temos que a autorização de serviços públicos é o ato
administrativo, o contrato de concessão tem como objeto o bem administrativo discricionário por meio do qual é delegada a um
público, a utilidade pública e ainda o interesse da coletividade, que particular, sempre em caráter precário, a prestação de serviços pú-
se explica facilmente, pelo fato do destinatário da realização do blicos que não exija alto grau de complexidade e especialização
serviço é justamente o cidadão. técnica, nem mesmo a comprovação do particular autorizado a
Oportuno ainda esclarecer que nas concessões de serviço pú- execução dos serviços, possuir grande aporte de capital financeiro.
blico é admitida a subconcessão, desde que prevista em cláusula Para a contratação por meio do instituto da autorização de ser-
especifica no contrato administrativo e no edital da abertura da li- viços públicos, não há licitação, para tanto, os serviços públicos
citação, vinculado, entretanto, a autorização do poder concedente, autorizados estão sujeitos a modificação ou revogação de sua exe-
após a verificação do interesse público. cução, por meio de ato discricionário da delegação, cuja denomi-
É possível também ocorrer o instituto da concessão em obras nação é termo de autorização.
públicas, através da privatização temporária de uso. Trata-se de Isto ocorre em virtude da precariedade que reveste o ato admi-
um contrato administrativo avençado entre o Poder Público e o nistrativo que autorizou a delegação do serviço ao particular. Cum-
concessionário para a execução de uma obra pública, mediante pre esclarecer que a autorização, mesmo sendo precária não possui
remuneração posterior a ser paga pela exploração dos serviços ou prazo determinado para seu encerramento, e em via de regra, não é
então utilidades proporcionadas pela própria execução da obra. passível de indenização por decorrente de sua revogação.

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Oportuno ainda ressaltar que a autorização do serviço público Todos os cidadãos têm direito a receber dos órgãos públicos
não pode ser confundido com a autorização decorrente do ato de informações corretas de seus interesses particulares, ou então de
polícia administrativa outorgada no exercício do poder de polícia interesse coletivo em geral. Na hipótese de desatendimento, o inte-
conferido a Administração Pública, como condição para a práti- ressado tem o direito de impetrar a medida conhecida como habeas
ca de atividades privadas pelos particulares, o que não se pode data, visando assegurar o conhecimento das informações pedidas.
confundir com a transferência, por delegação, da titularidade da É ainda direito dos usuários de serviços públicos a faculdade
execução e prestação dos serviços públicos. de representação contra o exercício negligente, abusivo ou
Autorização: poderá ocorrer em duas modalidades que são: irregular de cargo, emprego ou função na Administração Pública,
cobrando das autoridades administrativas providencias para sanar
a) autorização de uso – ocorre quando um particular é autoriza- tais irregularidades ou abusos.
do a utilizar bem público de forma especial, exemplo: a autorização
de uso de uma rua para realização de uma quermesse. PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DOS SERVIÇOS PÚ-
BLICOS:
 b) autorização de atos privados controlados – em que o
A relevância e a prevalência do interesse coletivo sobre o
particular não pode exercer certas atividades sem autorização
interesse de particulares informam os princípios que orientam a
do poder público, são atividades exercidas por particulares mas disposição e organização do funcionamento dos serviços públicos.
consideradas de interesse público. Importante ressaltar que, a figura principal no serviço público não
é seu titular, nem mesmo o prestador dele, as sim o usuário dos
OBS: autorização é diferente de licença, termos semelhantes. serviços.
A autorização é ato discricionário, enquanto a licença é vinculado. Além dos princípios gerais do Direito Administrativo, tanto
Na licença o interessado tem direito de obtê-la, e pode exigi-la, des- os princípios expressos na Constituição Federal, como também os
de que preencha certos requisitos, ex. licença para dirigir veículo. implícitos, presentes em toda a atividade administrativa, especifi-
camente na prestação dos serviços públicos, identifica-se a presen-
DA REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE: ça de mais quatros, que norteia e orienta a prestação dos serviços
colocados a disposição da coletividade, quais são: o Princípio da
Cumpre à Administração Pública o dever/poder de regulamen- Continuidade do Serviço Público; Principio da Mutabilidade do
tação e o controle quando há ocorrência de concessão e permissão Regime Jurídico e o Princípio da Igualdade dos Usuários do Servi-
de executar os serviços públicos por particulares, visando a garantia ço Público, e ainda o Princípio do Aperfeiçoamento.
da regularidade do atendimento aos seus objetivos, que envolvem
gestão de serviço público. Princípio da Continuidade do Serviço Público: O serviço pú-
blico deve ser prestado de maneira continua, o que significa dizer
Ao poder concedente, ou seja, ao Poder Público, compete re-
que não é passível de interrupção. Isto ocorre justamente pela pró-
gulamentar o serviço concedido por meio de lei e regulamentos,
pria importância de que o serviço público se reveste diante dos
ou do próprio contrato, estabelecendo direitos e deveres das par-
anseios da coletividade.
tes contratantes e dos usuários. Importante frisar que, a atividade É o principio que orienta sobre a impossibilidade de
privada, mesmo quando atuante no exercício do serviço público, paralisação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno direito
objetiva o lucro, daí surge a necessidade permanente de manter a dos administrados a que não seja suspenso ou interrompido, pois
fiscalização. entende-se que a continuidade dos serviços públicos é essencial a
O controle e o poder de fiscalização serão exercidos pela pró- comunidade, não podendo assim sofrer interrupções.
pria Administração, através do seu sistema de controle interno, ou Diante de tal princípio temos o desdobramento de outros de
então será exercido, quando provocado, pelo Poder Judiciário e suma importância para o “serviço público”, quais são: qualidade e
pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas. regularidade, assim como com eficiência e oportunidade.
Assim, sendo permanente o dever de controlar, tendo em vista
o interesse coletivo, esse controle se efetiva não apenas pela Admi- Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico: É aquele que
nistração Pública, mas também pelo usuário. reconhece para o Estado o poder de mudar de forma unilateral as
As Agências Reguladoras, devidamente criadas por lei, vêm regras que incidem sobre o serviço público, tendo como objetivo a
prestando importante serviço na tarefa de fiscalização das conces- adaptação às novas necessidades, visando o equilíbrio na relação
sões e permissões de serviço público. contratual econômico-financeira, satisfazendo o interesse geral à
máxima eficácia.
DIREITO DO USUÁRIO: Em atenção ao Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico
dos Serviços Públicos, temos a lição da Profª. Maria Sylvia Zane-
lla Di Prieto, que assim leciona:
Atuando como destinatário direto da prestação de serviços
“Nem os servidores públicos, nem os usuários de serviço
públicos, os usuários participam da Administração Pública, com públicos, nem os contratados pela Administração têm direito ad-
direito a reclamação relativa à qualidade na prestação de serviço quirido à manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto
publico em geral, sendo assegurada a manutenção de serviços de dos funcionários pode ser alterado, os contratos também podem
atendimento ao usuário e avaliação constante e periódica, seja ex- ser alterados ou mesmo reincididos unilateralmente para atender
terna ou interna, da qualidade e efetividade dos serviços colocados ao interesse público; o aumento das tarifas é feito unilateralmente
à disposição da coletividade. pela Administração, sendo de aplicação imediata”.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Justamente por vincular-se o regime jurídico dos contratos Por controle entende-se a faculdade atribuída a um Poder para
administrativos de concessão e permissão de serviços públicos aos exercer vigilância, garantida a faculdade de correção, sobre a conduta
preceitos de Direito Público, com suas cláusulas exorbitantes, e de outro, dentro dos limites previstos constitucionalmente.
ainda em presença da necessidade constante da adaptação dos ser- Como é sabido, todo ato emanado da Administração Pública deve
viços públicos ao interesse coletivo, torna-se necessária e razoável ser motivado, que justifica o próprio ato, e funciona como meio de
a possibilidade de alteração, ou mudança do regime de execução controle dos atos administrativos, seja ele vinculado ou discricionário.
dos serviços, objetivando adequar aos interesses coletivos.
CONTROLE ADMINISTRATIVO
Principio da igualdade dos usuários dos serviços públicos:
Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei e desta O Controle Administrativo, ou também chamado de controle in-
forma não podemos ser tratados de forma injusta e desigual, assim, terno, tem como finalidade principal obter a harmonia e a padroniza-
não se pode restringir o acesso aos benefícios dos serviços públicos ção da ação administrativa, a eficácia dos serviços administrativos e,
para os sujeitos que se encontrarem em igualdade de condições. bem assim, a retidão e a competência dos funcionários que guarnecem
Diante de tal principio temos o desdobramento de dois aspec- a administração.
tos da Igualdade dos Usuários de Serviços públicos: A auto-revisão do ato administrativo fundamenta-se na hierar-
quia que, como vínculo que subordina os demais órgãos administrati-
- A Universalidade que significa dizer que o serviço público vos, graduando a autoridade de cada um, deriva o poder de vigilância
deve ser prestado em benefício de todos os sujeitos que se encon- e o poder de direção, bem como o poder de revisão, pelos quais se
tram em equivalente situação. garante a completa unidade de direção ao sistema administrativo.
Temos então que controle interno é aquele controle exercido pela
- A Neutralidade, que significa dizer que é impossível dar entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, na esfera
qualquer tipo de privilégios que forem incompatíveis com o prin- da própria Administração, assim, qualquer controle efetivo realizado
cípio da isonomia. Logo são “impossíveis” vantagens individuais pelo Poder Executivo sobre os seus serviços ou agentes é considera-
fundadas em raça, sexo, credo religioso, time de futebol e etc. do interno, assim como o controle do Poder Legislativo ou do Poder
Judiciário, por seus órgãos de Administração, sobre seus agentes e
Princípio do Aperfeiçoamento: Temos o aperfeiçoamento também sobre os atos administrativos praticados.
como uma constante evolução da sociedade, dessa forma, e sim- Assim, com o objetivo de serem observadas as normas funda-
plesmente por isso, é que no serviço público ele se impõe como mentais, os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhe-
um direito do cidadão, assim, o aperfeiçoamento da prestação dos cimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela deverão dar
serviços públicos vincula-se à eficiência dos serviços a serem pres- ciência imediata ao Tribunal de Contas respectivo, sob pena de res-
tados. ponsabilidade solidária, sendo considerado parte legitima para a práti-
ca dos atos de denuncia, qualquer cidadão, partido político, associação
ou sindicato.
1.6 CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO
DA ADMINISTRAÇÃO: Da Revisão “Ex-officio”:
CONTROLE ADMINISTRATIVO; A revisão “ex-officio” pode ser entendida de maneira geral como
CONTROLE JUDICIAL; CONTROLE  a revisão espontânea exercida pela Administração sobre seus próprios
LEGISLATIVO; RESPONSABILIDADE atos, que decorre em virtude da hierarquia e da autotutela.
Diante da verificação de que o ato administrativo não atende aos
CIVIL DO ESTADO. requisitos prescritos em, ou em presença reconhecida da inconveniên-
cia ou da inoportunidade, a autoridade prolatora pode rever direta-
mente o ato ou ele pode ser revisto pelo agente de hierarquia superior,
independente de provocação de parte interessada.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
Da Revisão Provocada:
É através do exercício das funções administrativas, ou, pela A revisão provocada, na instância administrativa, realiza-se atra-
expedição de atos administrativos que o Estado, no uso de suas vés de recurso, de pedido de reconsideração, de reclamação ou de re-
prerrogativas em face do indivíduo, estabelece a formação de presentação.
relações jurídico-administrativas entre a Administração Pública e Tal recurso, além da tranquilidade psicológica que assegura ao
o Administrado. administrado ou servidor, visa corrigir os possíveis e eventuais erros
Com a edição dos atos administrativos pela Administração do ato administrativo, inscrevendo-se como um direito potestativo do
Pública deve atender, alem da manifestação da vontade, do objeto administrado, com natureza subjetiva, que ele pode usar sempre que
e da forma, ao motivo e ainda à finalidade, dentro de um contexto julgar preterido um direito seu ou incorreto, em seu desfavor, um ato
rígido de legitimidade e de legalidade. administrativo.
Ao divergir com qualquer um dos princípios constitucionais, Diante de uma situação desfavorável, de natureza subjetiva, ou
quais sejam: legalidade, moralidade, publicidade ou impessoalida- repleto de desobediência às formalidades legais, de natureza objetiva,
de, o administrador público ofende o próprio Estado, além de vio- ao administrado prejudicado é assegurado o direito à interposição de
lar direitos diversos do administrado. Observa-se então que, quan- recurso através de petição dirigida à autoridade superior, devida-
do tais questões são levadas em juízo, em quase todas as ações são mente motivada, como forma de provocação da atuação do contro-
ajuizadas em face do administrador e não contra o Estado. le interno da Administração.

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A representação tem o conceito voltado à exposição direcio- É sabido que a Administração Pública somente pode agir
nada à autoridade superior, é um recurso com natureza constitucio- de acordo com o que prescreve a lei, contudo, pode deixar, por
nal que consiste na denuncia formal de irregularidades existentes motivada por flagrantes interesses públicos, de cumprir exatamente
em uma ato administrativo. com a lei, isto é, deixar de executá-la em um determinado momento,
A reclamação nada mais é do que um pedido dirigido à auto- sem que isto implique em quebra de princípio da legalidade.
ridade hierárquica superior, em forma de protesto ou queixa, por Apesar da disposição constitucional prevista no artigo 5º, inci-
meio do qual o autor da reclamação reivindica a reparação de ato so XXXV, que não exclui da apreciação do Poder Judiciário lesão
que reputar injusto. ou ameaça de direito, em presença da independência dos Poderes,
O pedido de reconsideração é dirigido à própria autoridade regularmente definida no artigo 2º, da Constituição Federal, são im-
que editou o ato, buscando nova deliberação. postas restrições legais à apreciação dos atos administrativos pelo
Poder Judiciário.
CONTROLE JUDICIAL Há uma grande necessidade de subtrair a Administração a uma
prevalência do Poder Judiciário, capaz de diminuí-la, ou até mes-
Controle judicial, pode ser assim entendido como sinônimo mo de anulá-la em suas atividades peculiares, se põem restrições à
de reexame ou revisão, ou seja, é a verificação, pelo Poder Judi- apreciação jurisdicional dos atos administrativos, no que respeita à
extensão e consequências, para que assim se respeite a autonomia
ciário, quando provocado, da legalidade dos atos praticados pela
constitucionalmente firmada entre os três Poderes.
Administração Pública, isto porque a jurisdição civil, contenciosa
É vedada ao Poder Judiciário a apreciação do ao administrativo
e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional.
quanto ao mérito, protegendo assim o poder discricionário que a
Para que haja a ocorrência do controle jurisdicional, atra- Administração Pública goza, ficando assim restrita essa análise e
vés da propositura de uma ação, além da ilegalidade dos atos da apreciação somente quanto à sua conformidade com a lei, respeitando
Administração, há que existir, por parte de quem aciona o Poder o principio da legalidade.
Judiciário, legítimo interesse econômico ou moral e legitimidade,
entendendo-se por interesse a possibilidade de haver benefício ou CONTROLE LEGISLATIVO
prejuízo como decorrência da ação da Administração e por legiti-
midade a conformidade com a lei. O controle legislativo, integrante do sistema de controle exter-
Assim, em razão da atuação administrativa, no decorrer da no, que muitos denominam parlamentar sem que vigore no país o
execução de seus fins, podem ocorrer conflitos de interesses entre regime parlamentarista, que é exercido sob os aspectos de correção e
a Administração e o administrado que levem ao estabelecimento fiscalização, tendo em vista o interesse publico.
de incertezas e dúvidas a respeito da razão ou da justiça do ato O controle externo legislativo é desempenhado de forma direta
praticado, o que demanda a necessidade de eleição de um árbitro e indireta. Será direto quando exercido pelo Congresso Nacional, em
alheio e parcial à relação jurídica. nível federal; pelas Assembleias Legislativas, nível estadual e distri-
O modelo de Estado de Direito impõe-se, de um lado a sujei- tal; e pelas Câmaras Municipais, em nível municipal.
ção do Estado à ordem jurídica por ele mesmo estabelecida, de- Será legislativo indireto o controle exercitado pelos Tribunais de
corrente do princípio da legalidade, e, de outro lado, o controle Contas, que funcionam como órgãos auxiliares de Poder Legislativo.
jurídico dessa sujeição, em busca da eliminação do árbitro. Controle Legislativo Direto: Compete ao Congresso Nacional,
Desta feita, diante da presença de um conflito de interesses en- ou seja, às duas Casas Legislativas Federais (Senado Federal e Câ-
tre a Administração e o administrado, ao Poder Judiciário, quando mara dos Deputados), de acordo com o que dispõe o artigo 49, V, da
provocado, compete à solução do litígio, tendo lugar o conheci- Constituição Federal, sustar os atos normativos do Poder Executivo
do controle jurisdicional. O controle jurisdicional somente ocorre que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
quando houver provocação da parte interessada em presença de legislativa. Possui também como função, no exercício do controle
um fato concreto. externo de acompanhamento da execução orçamentária, com parecer
Todo direito é protegido por uma ação e a Constituição Fede- técnico de Comissão Mista (artigo 166, §1º, II da Constituição Fede-
ral) e em atendimento a solicitação do Tribunal de Contas da União,
ral assegura aos administrados o direito de petição ao Poder Judi-
sustar ato do Poder Executivo que possa causar dano irreparável ou
ciário em defesa de direito ou contra ilegalidade ou ainda eventual
grave lesão à economia pública.
abuso de poder, conforme garante o artigo 5º, inciso XXXIV, da
O Congresso Nacional, ou qualquer de suas comissões, pode-
Constituição Federal. rão convocar Ministro de Estado ou qualquer titular de órgãos di-
O reexame da ação da Administração pelo Poder Judiciário retamente subordinados à Presidência da República para, caso haja
limita-se à verificação da legalidade do ato, isto porque à Admi- necessidade, prestar de maneira pessoal, informações sobre assuntos
nistração e só a ela compete a análise da oportunidade e da conve- previamente determinado, podendo ser enquadrado como crime de
niência da ação administrativa. responsabilidade, a ausência a tal convocação, sem justificação ade-
Assim, só o direito e não o interesse do administrado poderá quada.
ser objeto da ação revisória do Poder Judiciário. Não pode o Poder Compete ainda ao Congresso Nacional, para apuração dos fa-
Judiciário adentrar no mérito do ato administrativo para indagar a tos controversos, instaurar Comissão de Inquérito, nos termos da Lei
oportunidade e a conveniência, mas tão somente a legitimidade, 1.579/52.
isto é, a sua conformidade com a lei. Dentro das atribuições de controle externo, o Congresso Nacio-
Quando o Poder Judiciário é provocado, chamado a se ma- nal é competente para realizar o julgamento das contas que o Presi-
nifestar deve circunscrever o âmbito da sua real atuação ao caso dente da República deve apresentar anualmente, e ainda apreciar
sobre o qual tenha sido chamado ou provocado a atuar. os atos sobre a execução dos planos de governo.

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É de competência privativamente ao Senado Federal, no exer- É de competência do Presidente da República a nomeação,
cício do controle externo, nos termos do artigo 52 da Constituição após aprovação pelo Senado Federal por votação secreta e após
Federal, processar e julgar o Presidente da República bem como o arguição pública, de um terço dos membros do Tribunal de Contas
Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade, e os Ministros de da União. O restante, ou seja, os outros dois terços são escolhidos
Estado nos crimes com a mesma natureza conexos com aqueles. pelo Congresso Nacional, obedecida a regulamentação definida
Da mesma maneira, compete ao Senado Federal, o processa- pelo Decreto Legislativo nº 6, de 22 de abril de 1993.
mento e consequente julgamento dos Ministros do Supremo Tribu- Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomea-
nal Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral dos dentre brasileiros, com idade superior a 35 anos e inferior a
da União nos crimes de responsabilidade. 65 anos, que possuam idoneidade moral e reputação ilibada, com
Ao Senado Federal incumbe a função de aprovar, previamente, notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e finan-
mediante voto secreto, depois de realizada arguição pública a esco- ceiros ou administração pública, que tenha mais de dez anos de
lha de magistrados (nos casos específicos normatizados pela Cons- exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija
tituição Federal), escolha de Ministros para composição do Tribu- tais conhecimentos, de acordo com o que dispõe o artigo 73, § 1º
nal de Contas da União, previamente indicados pelo Presidente da da Constituição Federal, seguido do artigo 71 da Lei nº 8.443/92.
República (um terço), escolha de Governado de Território, presi- No caso de ausência ou impedimentos legais os Ministros são
dente e diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República, substituídos, mediante convocação do Presidente do Tribunal, pe-
escolha (após arguição em seção secreta) dos chefes integrantes de los Auditores, observada a ordem de antiguidade no cargo, ou a
missão diplomática de caráter permanente. maior idade, no caso de idêntica antiguidade.
Deve ainda ser apreciado e autorizado pelo Senado Federal a O artigo 71 da Constituição Federal normatiza que o contro-
realização de operações externas de natureza financeira, de inte- le externo, de competência do Congresso Nacional, será exercido
resse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios com auxilio do Tribunal de Contas da União. Ampliando o cam-
e dos Municípios e estabelecer limites globais e condições para o po de atuação do Tribunal de Contas da União, dentro dos limites
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e constitucionais, a Lei nº 8.443/92 estabelece, em seu artigo 1º, as
dos Municípios. Além de dispor sobre limites e condições para a limitações de competência do mesmo Tribunal.
concessão de garantia da União em operação de crédito externo e A composição dos Tribunais de Contas dos Estados vem
interno. definida nas Constituições e nas legislações complementares de
Já a competência da Câmara dos Deputados, nos exatos ter- cada Estado. Para o regular desempenho de sua competência o Tri-
mos do artigo 51, inciso I, da Constituição Federal, autorizar, pelo bunal de Contas receberá da Secretaria de Estado da Fazenda e das
voto de dois terços de seus membros, a instauração de processo Prefeituras Municipais, em cada exercício, o rol dos responsáveis
contra o Presidente da República e o Vice-Presidente da República, por dinheiro, valores e bens públicos, e outros documentos ou in-
assim como os Ministros de Estado. formações que considerar necessários.
A Câmara dos Deputados, no exercício do controle externo, é Cumpre destacar que os pareceres emitidos pelo Tribunal de
competente a tomada de contas do Presidente da República, quando Contas referentes às contas prestadas pelo Governador e pelos Pre-
não apresentada ao Congresso Nacional, dentro do prazo de sessen- feitos Municipais não têm poder vinculante, podendo ser aceitos
ta dias após a abertura da sessão legislativa, nos termos do artigo ou não pelo Poder Legislativo.
51, inciso II da Constituição Federal. As contas que devem ser prestadas pelas Mesas da Câmara
O controle exercido pelas Câmaras Municipais, diante do Po- dos deputados, do Senado Federal, das Assembleias Legislativas,
der Executivo Municipal vem definido nas Leis Orgânicas próprias das Câmaras Municipais e ainda pelos Tribunais (Poder Judiciário
de cada Município. Federal e Estadual), eram julgadas pelos Tribunais de Contas da
Controle Legislativo Indireto: Durante o Império brasileiro União ou dos Estados, dependendo da esfera a qual pertence.
não existiu no país nenhum Tribunal de Contas, embora em Portu- Entretanto, a Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de
gal tivesse existido as Casas de Contas que eram responsáveis pela 2000, estabelece, em seu artigo 56, que as contas prestadas pelos
arrecadação e fiscalização das receitas públicas, mas em nada pode Chefes do Poder Executivo incluirão, além das contas próprias, as
ser comparado com as Cortes de Contas. dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e
Os primeiros esboços da ideia da formação de um Tribunal de do Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio,
Contas surgiram com a observância da ineficiência dos parlamentos separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.
na função da fiscalização dos bens e gastos públicos, quando do Assim, a nova legislação desvincula os Chefes dos outros Po-
surgimento das monarquias parlamentaristas. deres das disposições normativas contida no artigo 71, inciso II, da
Assim, verificou-se a necessidade de um Tribunal, auxiliando Constituição Federal.
o exercício do Poder Legislativo de fiscalização e controle dos gas- Só com relação às contas dos Chefes do Executivo é que o
tos públicos. Assim, os Tribunais de Contas da União, dos Estados pronunciamento do Tribunal de Contas constitui mero parecer pré-
e de alguns Municípios, atuam como órgãos auxiliares do Poder vio, sujeito à apreciação final do Poder Legislativo, antes do qual
Legislativo, exercendo o controle externo, ou indireto, da Adminis- não há inelegibilidade. As contas de todos os demais responsáveis
tração Pública, buscando em sua atuação a fiscalização da gestão por dinheiro e bens públicos são julgadas pelo Tribunal de Contas
financeira, orçamentária e patrimonial do Estado. e suas decisões geram inelegibilidade.
O Tribunal de Contas da União é regularmente composto por
nove ministros, devidamente sediado no Distrito Federal e possui
jurisdição em todo território nacional e tem suas atividades regula-
mentadas pela Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREI- Dessa forma, temos que para o terceiro prejudicado possa
TO BRASILEIRO: pleitear a reparação dos danos sofridos é necessário a demonstração
do dano e do nexo causal.
Temos pacificado o entendimento em nosso ordenamento ju- Para tanto, basta que exista o dano decorrente da atuação de
rídico que um ato praticado por uma pessoa poderá gerar conse- agente público, agindo nessa qualidade, e a relação de causalidade
quências a outrem, em três esferas distintas do Direito Brasileiro. entre a ação ou omissão do Estado e o resultado final (dano propria-
Inicialmente, se o ato praticado pelo autor for tipificado em mente dito).
lei como crime ou contravenção, este responderá na esfera penal. Assim, demonstrado os dois elementos fundamentais (dano +
Caso o ato praticado caracterizar infração a normas administra- nexo causal) significa dizer que não importa verificar e comprovar a
tivas, o autor do ato deverá responder na esfera administrativa, culpa de determinado agente público, para que nasça a responsabili-
entretanto, se o ato ocasionar dano ao patrimônio de outrem ou sua dade do Estado em reparar os danos causados.
moral, o autor da pratica do ato deverá responder de acordo com as
lei civis do nosso ordenamento jurídico. Causas Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade do
Assim, via de regra, as esferas do direito acima descritas são Estado.
autônomas e independentes entre si, com ritos e procedimentos Nos casos de responsabilidade objetiva, o Estado somente não
diferentes para a apuração da responsabilidade e aplicação das será responsabilizado por danos causados a terceiros quando faltar a
sanções aplicáveis em cada caso e em cada esfera do Direito, en- comprovação da relação de nexo de causalidade de sua atuação admi-
tretanto, poderá ocorrer a imputação de responsabilidade cumula- nistrativa e o dano.
tiva, caso o ato praticado pelo autor gere sua responsabilização nas Nas palavras do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos
diferentes esferas acima demonstradas. no caso de responsabilidade objetiva que o Estado somente exime-se:
“apenas se não produziu a lesão que lhe é imputada ou se a situação
Evolução Histórica e Fundamentos Jurídicos: de risco inculcada a ele inexistiu ou foi sem relevo decisivo para a
Para chegarmos ao modelo de Responsabilidade do Estado eclosão do dano. Fora daí responderá sempre. Em suma: realizados
diante dos prejuízos causados a terceiros, passamos a discorrer os pressupostos da responsabilidade objetiva, não há evasão possível.
rapidamente sobre a evolução histórica deste instituto bem como Como verificado, temos que para a comprovação da responsabi-
seus fundamentos jurídicos. lidade do Estado em reparar o dano reside na simples demonstração
do dano e do nexo de causalidade.
- 1ª Etapa: Irresponsabilidade do Estado - inicialmente tínha- Assim, temos que o nexo de causalidade é o fundamento prin-
mos o entendimento majoritário em diversas escolas do Direito cipal (junto com o dano) para a imputação de responsabilidade ao
pelo mundo que o Estado não tinha qualquer responsabilidade Estado em reparar os danos causados, sendo certo que tal responsabi-
pelos seus atos, ou seja, o Poder Público era isento de qualquer lidade deixará de existir, ou então será atenuada quando a prestação
responsabilidade perante terceiros, essa período ficou conhecido do serviço público não for a causa do dano, ou na hipótese de não ser
como “The King can do no wrong” ou “O Rei não erra nunca”. a única causa.
Dessa maneira são apontadas como causas da excludente ou ate-
- 2ª Etapa: Responsabilidade Subjetiva – A partir dessa fase, nuante de responsabilidade a força maior e/ou a culpa exclusiva da
o Poder Público passou a responder baseado no conceito de cul- vítima.
pa, culpa anônima, quando o serviço que deveriam prestar ou não A hipótese de ocorrência de força maior é o acontecimento im-
prestou, ou ainda quando prestou de forma deficiente. A culpa não previsível, não sendo imputável responsabilidade à Administração
recaia em alguém particular, bastava para tanto constatar que o Pública quando não houver o nexo de causalidade entre o dano sofrido
serviço não foi efetuado, ou então feito com deficiência para a cul- e o comportamento da Administração Pública.
pa recair sobre o serviço e não sobre a pessoa. Este período ficou Entretanto tal regra não é absoluta e comporta exceção, ou seja,
conhecido pela expressão “Culpa do Serviço”. mesmo que seja configurada a ocorrência de motivo de força maior, a
Administração Pública poderá ser responsabilizada nos casos em que,
- 3ª Etapa: Responsabilidade Objetiva – O Poder Público pas- juntamente com o motivo de força maior ocorrer omissão do Estado
sa a responder com fundamento no nexo de causalidade, ou seja, a na prestação de serviços públicos.
relação de causa e efeito entre o fato ocorrido e as consequências Como exemplo podemos citar os casos de enchente em decorrên-
dela resultantes. O Estado responde sem a comprovação de dolo cia de grande volume de chuvas. Caso se comprove que, muito em-
ou culpa. bora o volume de chuva foi elevado, não houve o correto escoamento
A teoria da responsabilidade objetiva surge com a Constitui- da água nas galerias mantidas pela Administração, seja pela falta de
ção Federal de 1946, substituindo a teoria subjetiva baseada na limpeza das galerias ou simplesmente falta de sistema de drenagem
“Culpa do Serviço”. O texto constitucional de 1946 estabelece (deficiência no serviço publicou) o Estado responderá pelos danos
a responsabilidade direta do Estado, exigindo culpa ou dolo do causados.
funcionário apenas para estabelecer o direito regressivo do Estado No tocante a culpa da vítima, é necessário observar se sua culpa
contra seu agente. é exclusiva ou concorrente com a atuação estatal.
No caso comprovado de culpa exclusiva da vítima o Estado não
Requisitos para Demonstração da Responsabilidade do possui responsabilidade, pois não houve participação do Estado na
Estado. ocorrência do evento danoso; entretanto, se a culpa for concorrente,
Conforme estudado até o presente momento, temos que, via temos possibilidade de causa atenuante da responsabilidade estatal,
de regra, a Responsabilidade do Estado em reparar os danos cau- atribuindo parte da responsabilidade à vítima e outra parte à Ad-
sados a terceiros é na modalidade objetiva. ministração Pública.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Da Reparação do Dano Diante de tais esclarecimentos, temos que a responsabilidade
Denomina-se responsabilidade na esfera civil a obrigação civil do Estado, bem como de seus prestadores de serviço público
imposta a uma pessoa de indenizar ou ressarcir os danos experi- é objetiva, bastando para tanto a demonstração da relação de causa
mentados por alguém. A responsabilidade pode ser contratual ou e efeito entre o serviço público e o dano, para gerar a obrigação de
extracontratual. indenização.
Quando estamos diante da responsabilidade civil contratual, Dessa maneira não se cogita a ideia de que, aquele que sofreu
a mesma segue os princípios gerais dos contratos, entretanto, a danos, comprovar culpa ou dolo, quando figure no polo passivo, a
responsabilidade civil extracontratual baseia-se na culpa do agente administração pública, bastando para tanto a incidência do nexo
causador do dano. de causalidade. É dessa maneira que garante o artigo 37, § 6º da
Constituição Federal, senão vejamos:
A responsabilidade civil patrimonial extracontratual decorre
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
de atos que causem lesão patrimonial, dano moral, ou ambos. Via
vado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos
de regra, para a imputação de responsabilidade civil deve restar ca-
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu-
balmente demonstrado não só a ocorrência do dano, mas também a rado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo
relação entre um ato e o dano, ou seja, é necessária a comprovação ou culpa.”
de que o dano é resultado de um ato praticado por determinado Neste sentido, estão enquadrados a Administração Pública em
agente, este elo de ligação entre o ato, dano e o agente causado a todas as suas vertentes, ou seja, toda a esfera administrativa está
doutrina jurídica nomeou de nexo causal, sendo utilizado como sujeita a responsabilidade objetiva pelos danos que causar a ter-
parâmetro para averiguar a culpa do agente que praticou o ato que ceiros, seja a Administração Direta, Indireta, Concessionárias e/ou
resultou em dano. Permissionárias de Serviços Públicos.
Assim, comprovado a ocorrência do nexo causal, o grau de
culpabilidade do agente que praticou o ato e a extensão do dano, Do Direito de Regresso:
esgota-se a responsabilidade civil com a correspondente indeniza- Cumpre ressaltar o direito que a Administração Pública tem
ção pela lesão causada. de ingressar com ação judicial visando a apuração das responsa-
Temos então, diante da introdução explanada, que a essa mo- bilidades de seus agente no cometimento do dano a terceiros, dai
dalidade de responsabilidade civil, a qual exige a comprovação surge o direito de regresso conferido ao Poder Público visando a
da culpa do agente para sua caracterização, o caráter subjetivo, verificação de dolo ou culpa de seus agente e possível ressarcimen-
ou seja, a responsabilidade civil subjetiva leva em consideração a to de valores.
Há dois aspectos peculiares que ensejam o direito de regresso
conduta do agente causador do dano, exigindo que ele tenha atua-
da Administração Pública contra seu agente:
do com culpa, para que ele possa ser responsabilizado e compelido
ao pagamento de indenização correspondente a extensão do dano
- A Administração Pública para ingressar com ação regressiva
(patrimonial e/ou moral). contra seu agente, deverá comprovar previamente já ter sido con-
Entretanto, ao Poder Público não é aplicado este modelo de denada a indenizar o particular lesado, haja vista que seus direito
responsabilidade civil subjetiva, visto que, de acordo com o orde- regressivo é originário a partir de sentença final condenatória, sem
namento jurídico vigente, inclusive constitucional, e os posicio- possibilidades de reversão recursal.
namentos doutrinários majoritários, temos que a Administração
Pública possui o dever de indenizar aquele que for lesado por ação - Ocorrência de dolo ou culpa do agente público na lesão ex-
ou omissão de seus agentes públicos (ou delegatário de serviço pú- perimentada pelo particular, ou seja, é necessária a comprovação
blico), que agindo nesta qualidade, praticou o ato gerador do dano. de que o agente agiu com dolo ou culpa para ser responsabilizado
Assim, o particular lesado, deverá ajuizar ação diretamente (responsabilidade subjetiva do agente).
contra a Administração Pública, e não contra o agente público que Em linhas gerais, temos que a Administração Pública, ou de-
praticou o ato lesivo, bastando ao particular comprovar em juízo legatária de execução dos serviços públicos, cujo agente praticou
a relação de causa e consequência entre a atuação lesiva da Ad- o ato lesivo, indeniza o particular independentemente de compro-
ministração Pública e o dano decorrente, bem como a valoração vação de dolo ou culpa do Poder Público, entretanto, o agente pú-
patrimonial do dano. blico somente será condenado a ressarcir a Administração Pública
Isto ocorre porque, diferentemente da responsabilidade civil regressivamente se houver a comprovação de dolo ou culpa de sua
parte, durante o exercício de suas funções públicas.
subjetiva, a Administração pública responde perante os usuários
dos serviços públicos de forma objetiva, bastando a demonstração
Bibliografia
do nexo causal e o dano para surgir a obrigação de indenizar, não
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito admi-
sendo necessária a demonstração de que houve culpa do agente nistrativo descomplicado. 19. Ed. São Paulo: Método, 2011.
público (ou delegatário de serviço público) na falha da execução BRAZ, Petrônio; Tratado de direito municipal – volume 1. 3ª
de suas funções públicas, que originaram a lesão ao particular. ed. Leme/SP: Mundo Jurídico, 2009.
Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, o conceito de DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 22.
responsabilidade objetiva do Estado é “a obrigação de indenizar ed. São Paulo: Atlas. 2009.
que incumbe a alguém em razão de um procedimento licito ou ilí- MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo. 32. ed.
cito que produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida de São Paulo: Malheiros, 2006.
outrem. Para configurá-la basta, pois, a mera relação causal entre MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-
o comportamento e o dano”. nistrativo. 29. Ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
EXERCÍCIO B) Segundo a doutrina majoritária e decisão hodierna do
STF, o rol de princípios previstos no artigo 37, caput, do texto
01. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Ad- constitucional é taxativo, ou seja, a Administração Pública, em
ministrativa) razão da legalidade e taxatividade não poderá nortear-se por ou-
“Um dos princípios da Administração Pública exige que a tros princípios que não os previamente estabelecidos no referido
atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e dispositivo.
rendimento funcional. A função administrativa já não se contenta C) A Constituição Federal de 1988 no artigo 37, § 1º, dis-
em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados põe sobre a forma de como deve ser feita a publicidade dos atos
positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das ne- estatais estabelecendo que a publicidade dos atos, programas,
cessidades da comunidade e de seus membros” (Hely Lopes Mei- obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
relles. Direito Administrativo Brasileiro). educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
O conceito refere-se ao princípio da constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
A) impessoalidade. pessoal de autoridades ou servidores públicos.
B) eficiência. D) O princípio da eficiência foi inserido positivamente na
C) legalidade. Constituição Federal via emenda constitucional.
D) moralidade. E) O STF reiteradamente tem proclamado o dever de sub-
E) publicidade. missão da Administração Pública ao princípio da moralidade.
Como exemplo, cita-se o julgado em que o Pretório Excelso enten-
02. (PONTUA - 2011 - TRE-SC - Analista Judiciário - deu pela vedação ao nepotismo na Administração, não se exigindo
edição de lei formal a esse respeito, por decorrer diretamente de
Área Judiciária) princípios constitucionais estabelecidos, sobretudo o da moralida-
Os Princípios básicos da Administração Pública e do Direi- de da Administração.
to Administrativo constituem regras de observância permanente e
obrigatória ao Administrador. Podemos afirmar: 04. (INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor
I. É dever do Administrador Público atuar segundo a lei, proi- Público)
bida sua atuação contra-legem e extralegem – princípio da legali- Afirma-se, a respeito do princípio da eficiência da Adminis-
dade ou legalidade estrita. tração Pública, que ele foi inserido na atual Constituição Federal
II. A Administração Pública está obrigada a policiar, em rela- com o intuito de:
ção ao mérito e à legalidade, os atos administrativos que pratica, A) estabelecer um modelo gerencial de Administração
em atendimento ao princípio da autotutela. B) fazer prevalecer o modelo burocrático de Administração
III. A Administração Pública direta e indireta dos Poderes da C) valorizar a organização hierárquica.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obede- D) fazer prevalecer a valorização da rigidez da forma.
cerá apenas aos princípios de observância obrigatória: legalidade, E) restringir a participação popular de gestão.
impessoalidade, moral idade, publicidade e eficiência.
IV. Segundo o princípio da finalidade, o administrador públi- 05. (FCC - 2011 - TRE-AP - Analista Judiciário - Área Ju-
co não pode praticar nenhum ato que se desvie da finalidade de sa- diciária)
tisfazer o interesse público em detrimento de interesses privados. A conduta do agente público que se vale da publicidade oficial
para realizar promoção pessoal atenta contra os seguintes princí-
Está(ão) CORRETO(S): pios da Administração Pública:
A) Apenas o item I. A) razoabilidade e legalidade.
B) Apenas o item III. B) eficiência e publicidade.
C) Apenas os itens I, II e III. C) publicidade e proporcionalidade.
D) Apenas os itens I, II e IV. D) motivação e eficiência.
E) impessoalidade e moralidade.
03. (IADES - 2011 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito e
Legislação) 06. (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judi-
Prescreve o caput do artigo 37 da Constituição Federal que a ciário - Segurança)
Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes Analise as seguintes proposições, extraídas dos ensinamentos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe- dos respectivos Juristas José dos Santos Carvalho Filho e Celso
decerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, Antônio Bandeira de Mello:
publicidade e eficiência. A respeito dos princípios da Administra- I. O núcleo desse princípio é a procura de produtividade e
ção Pública, assinale a alternativa incorreta. economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir
A) O princípio da legalidade significa estar a Administração os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos
Pública, em toda a sua atividade, adstrita aos mandamentos da lei, serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional.
deles não podendo se afastar, sob pena de invalidade do ato. As- II. No texto constitucional há algumas referências a aplica-
sim, se a lei nada dispuser, não poderá a Administração agir, salvo ções concretas deste princípio, como por exemplo, no art. 37, II,
em situações excepcionais. Ainda que se trate de ato discricioná- ao exigir que o ingresso no cargo, função ou emprego público de-
rio, há de se observar o referido princípio. pende de concurso, exatamente para que todos possam disputar-
-lhes o acesso em plena igualdade.

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
As assertivas I e II tratam, respectivamente, dos seguintes c) Empresas Públicas são pessoas jurídicas de direito público,
princípios da Administração Pública: criadas por decreto do Presidente da República, destinadas à pres-
A) moralidade e legalidade. tação de serviços industriais ou atividades econômicas em que o
B) eficiência e impessoalidade. Estado tenha interesse próprio.
C) legalidade e publicidade. d) Sociedade de Economia Mista é uma pessoa jurídica de
D) eficiência e legalidade. direito público, autorizada para a exploração de atividade econô-
E) legalidade e moralidade. mica, sob a forma de sociedade anônima, cujo capital pertence em
sua maioria ao poder público.
07. (FCC - 2011 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Analista Judi- e) Serviços Sociais Autônomos são pessoas jurídicas de direi-
ciário - Área Judiciária) to público, para prestar serviços de interesse social ou de utilidade
O conteúdo do princípio constitucional da legalidade, pública, não podendo arrecadar contribuições para fiscais.
A) não exclui a possibilidade de atividade discricionária
pela Administração Pública, desde que observados os limites da 10. (IESES - 2011 - TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e
lei, quando esta deixa alguma margem para a Administração agir de Registros) - De acordo com o Decreto-lei nº 200, de 25.2.1967,
que dispôs sobre a organização da administração federal e estabe-
conforme os critérios de conveniência e oportunidade.
leceu diretrizes para a reforma administrativa, a entidade dotada
B) impede o exercício do poder discricionário pela Admi-
de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio pró-
nistração, haja vista que esse princípio está voltado para a prática
prio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração
dos atos administrativos vinculados, punitivos e regulamentares.
de atividade econômica que o governo seja levado a exercer por
C) autoriza o exercício do poder discricionário pelo admi-
força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo
nistrador público, com ampla liberdade de escolha quanto ao des-
revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito, corres-
tinatário do ato, independentemente de previsão normativa.
ponde a:
D) impede a realização de atos administrativos decorrentes
a) fundação pública
do exercício do poder discricionário, por ser este o poder que a
b) empresa pública
lei admite ultrapassar os seus parâmetros para atender satisfatoria- c) sociedade de economia mista
mente o interesse público. d) autarquia
E) traça os limites da atuação da Administração Pública
quando pratica atos discricionários externos, mas deixa ao admi- 11. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas
nistrador público ampla liberdade de atuação para os atos vincu- e de Registros - Critério Remoção) Sobre a administração indi-
lados internos. reta, é correto afirmar que:
a) as sociedades de economia mista e as fundações públicas,
08. (ISAE - 2011 - AL-AM - Analista – Controle) - Com re- por serem pessoas jurídicas de direito privado, não precisam res-
lação à estrutura da Administração Pública, analise as afirmativas peitar o princípio da publicidade.
a seguir: b) as causas cíveis em que é parte a sociedade de economia
I. Pertencem à Administração Pública indireta as seguintes mista são de competência da Justiça Federal.
entidades: sociedades de economia mista, empresas públicas, au- c) autarquia é pessoa jurídica de direito público, criada por
tarquias e fundações públicas. lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de
II. As entidades paraestatais compõem a Administração Pú- serviço público descentralizado, mediante controle administrativo
blica direta. exercido nos limites da lei.
III. As entidades que compõem a Administração Pública in- d) a fundação, por desempenhar atividade no âmbito social,
direta possuem personalidade jurídica própria. não está sujeita ao controle administrativo ou tutela por parte da
Assinale: administração direta, sendo, por isso, dotada de autoadministração.
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta. 12. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Ju-
c) se somente a afirmativa III estiver correta. diciário - Área Judiciária) - NÃO é característica da sociedade
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. de economia mista:
e) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
a) criação autorizada por lei.
09. (IADES - 2011 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito e b) personalidade jurídica de direito privado.
Legislação) - Considerando os conceitos dos entes que compõem c) derrogação parcial do regime de direito privado por normas
a administração indireta, assinale a alternativa correta. de direito público.
a) Autarquia é uma pessoa jurídica de direito público, criada d) estruturação sob qualquer forma societária admitida em di-
por lei específica, para auxiliar a Administração Pública a executar reito.
atividades típicas. e) desempenho de atividade econômica.
b) Fundação Pública é uma pessoa jurídica de direito priva-
do, criada por decreto do Presidente da República, constituindo a
personificação jurídica de um patrimônio, para executar atividades
típicas da Administração.

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
13. (FCC - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário 19. (Analista de Controle Área Jurídica TCE/PR – FCC
- Execução de Mandados) - NÃO é considerada característica da 2011). A respeito do controle dos atos administrativos pelo Poder
sociedade de economia mista: Judiciário, é correto afirmar:
a) a criação independente de lei específica autorizadora. (A) Em face da presunção de veracidade e de legitimidade,
b) a personalidade jurídica de direito privado. não admitem exame judicial no que diz respeito à motivação.
c) a sujeição a controle estatal. (B) Em face da presunção de legalidade, somente podem ser
d) a vinculação obrigatória aos fins definidos em lei. anulados judicialmente quando comprovada violação de norma de
e) o desempenho de atividade de natureza econômica. competência ou de forma.
(C) Apenas os atos vinculados são passíveis de controle judi-
14. (Analista de Controle Área Jurídica TCE/PR – FCC cial, vedando-se o exame dos aspectos de conveniência, oportuni-
2011). Inserem-se entre as entidades integrantes da Administração dade e legalidade dos atos discricionários.
pública indireta, além das empresas públicas, as (D) Todos os aspectos do ato administrativo são passíveis de
(A) sociedades de economia mista, as fundações públicas e exame pelo Poder Judiciário, exceto o mérito administrativo dos
as Organizações Sociais ligadas à Administração por contrato de atos vinculados.
gestão.
(E) Os atos discricionários são passíveis de controle pelo Po-
(B) autarquias, fundações e sociedades de economia mista,
der Judiciário, no que diz respeito aos aspectos de legalidade e,
que são pessoas jurídicas de direito público.
quanto ao mérito, podem ser invalidados se constatado desvio de
(C) sociedades de economia mista exploradoras de atividade
econômica, que se submetem ao mesmo regime jurídico das em- finalidade ou ausência dos motivos determinantes para a sua prá-
presas privadas e aos princípios aplicáveis à Administração Pú- tica.
blica.
(D) fundações e autarquias, excluídas as sociedades de eco- 20. (FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista
nomia mista. Judiciário - Execução de Mandados) O controle legislativo dos
(E) sociedades de economia mista, exceto as que operam no atos do Poder Executivo, em matéria contábil, financeira e orça-
domínio econômico em regime de competição com as empresas mentária, é exercido pelo Poder Legislativo
privadas. a) por meio de seus auditores.
b) com autorização do Poder Judiciário.
15. (CESPE - 2012 - ANAC - Técnico Administrativo) - Jul- c) com auxílio do Tribunal de Contas.
gue os itens que se seguem, a respeito do controle e responsabili- d) com auxílio do Ministério Público.
zação da administração. e) por meio de comissões parlamentares de inquérito.
O Judiciário pode adentrar o mérito do ato administrativo dis-
cricionário para examinar a ausência ou falsidade dos motivos que 21. (CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário) Com rela-
ensejaram a sua edição: ção ao controle da administração pública, assinale a opção correta.
( ) Certo a) O controle judicial destina-se à verificação da legalidade
( ) Errado e do mérito dos atos administrativos.
b) A homologação e a aprovação de ato administrativo são
16. (CESPE - 2011 - FUB - Secretário Executivo – Específi- meios de controle interno praticado pelo poder público.
cos) Acerca de direito administrativo, julgue os itens subsecutivos. c) O controle administrativo pode ser hierárquico ou não
O controle interno da administração pública é realizado pelo hierárquico, podendo somente o controle hierárquico ocorrer de
Poder Judiciário, com o apoio do Poder Legislativo; o controle ofício, no exercício da denominada fiscalização administrativa.
externo está a cargo da Controladoria Geral da República. d) O exercício do controle legislativo, também chamado de
( ) Certo controle parlamentar, não deve limitar-se às situações previstas na
( ) Errado Constituição Federal de 1988.
e) A convocação pelo Poder Legislativo de autoridades
17. (CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico Judiciário - Área
públicas para prestar informações sobre assunto determinado não
Administrativa – Específicos) No que concerne ao controle da
constitui hipótese de controle parlamentar político sobre a admi-
administração pública, julgue os itens a seguir.
O recurso interposto fora do prazo não será conhecido, o que nistração pública.
não impede que a administração reveja, de ofício, o ato ilegal.
( ) Certo 22. (FUNCAB - 2013 - PC-ES - Perito em Telecomunica-
( ) Errado ção) A Constituição Federal confere ao Congresso Nacional atri-
buição para sustar contrato administrativo considerado irregular
18. (CESPE - 2010 - PGM-RR - Procurador Municipal) pelo Tribunal de Contas da União. Trata-se, quanto à Administra-
Julgue os itens que se seguem, relativos aos contratos administra- ção Pública, de exemplo de controle:
tivos. a) prévio.
Apesar de a decisão executória da administração pública dis- b) judicial.
pensar a intervenção prévia do Poder Judiciário, não há impedi- c) administrativo.
mento para que ocorra o controle judicial após a realização do ato. d) moral.
( ) Certo e) legislativo.
( ) Errado

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
23. (UEG - 2013 - PC-GO - Escrivão de Polícia Civil) O 28. (FCC - 2012 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Juiz do Tra-
controle que a própria Administração exerce sobre seus órgãos de- balho - Tipo 1) A respeito dos poderes da Administração, é cor-
corre: reto afirmar que o poder
a) do poder regulamentar. a) de polícia constitui atividade da administração pública
b) da atividade discricionária. que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, re-
c) da tutela. gule a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
d) do poder de autotutela. público concernente, entre outros, à segurança e à tranquilidade
pública.
24. (CESPE - 2013 - DPE-TO - Defensor Público) Acerca b) hierárquico fundamenta a avocação, pela Administração
do controle da administração pública, assinale a opção correta. direta, de matérias inseridas na competência das autarquias a ela
a) Por ter sido adotado na CF o princípio da inafastabili- vinculadas.
dade da jurisdição, o mérito do ato administrativo pode ser con- c) regulamentar autoriza a edição, pelo Chefe do Executi-
trolado pelo Poder Judiciário em qualquer circunstância. vo, de normas complementares à lei, admitindo-se o regulamento
b) O controle interno é exercido apenas no âmbito do autônomo para matéria de organização administrativa, incluindo a
Poder Executivo. criação de órgãos e de cargos públicos.
c) Dado o princípio da separação de poderes, é vedado ao d) de polícia é exercido pelo Poder Executivo, por intermé-
Congresso Nacional fiscalizar e controlar os atos do Poder Exe- dio da autoridade competente, mediante a edição de normas gerais
cutivo, incluídos os da administração indireta. criando obrigações para toda a coletividade, disciplinadoras de
d) O direito de petição aos poderes públicos em defesa atividades individuais, concernentes, entre outros, à segurança, à
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder é espécie de higiene, à ordem e aos costumes.
controle judicial. e) hierárquico, também denominado disciplinar, corres-
e) O controle judicial da administração pública, no Brasil, ponde ao poder conferido aos agentes públicos para emitir ordens
é realizado com base no sistema da unidade de jurisdição. a seus subordinados e aplicar as sanções disciplinares não expres-
samente previstas em lei.
25. (CESPE - 2012 - IBAMA - Técnico Administrativo)
29. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área
No que concerne à administração pública, julgue os itens a seguir.
Judiciária) Assinale a opção correta com relação aos poderes hie-
Mesmo estando no exercício do poder disciplinar, a autori-
rárquico e disciplinar e suas manifestações.
dade competente não pode impor penalidade administrativa ao
a) As delegações administrativas emanam do poder hierár-
agente público sem o devido processo administrativo.
quico, não podendo, por isso, ser recusadas pelo subordinado, que
( ) Certo
pode, contudo, subdelegá-las livremente a seu próprio subordina-
( ) Errado
do.
b) Toda punição disciplinar por delito funcional acarreta
26.(FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado) É
condenação criminal.
correto afirmar que o poder de polícia, conferindo a possibilidade c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico ma-
de o Estado limitar o exercício da liberdade ou das faculdades de nifesta-se mediante a distribuição de competências entre a Câmara
proprietário, em prol do interesse público, dos Deputados e o Senado Federal.
a) gera a possibilidade de cobrança de preço público. d) O poder disciplinar da administração pública autoriza-
b) se instrumentaliza sempre, e apenas, por meio de alvará -lhe a apurar infrações e a aplicar penalidades aos servidores pú-
de autorização. blicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, assim
c) para atingir os seus objetivos maiores, afasta a razoabili- como aos invasores de terras públicas.
dade, em prol da predominância do interesse público. e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior
d) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibili- hierárquico, o caráter de um poder-dever, uma vez que a condes-
dade de cobrança de taxa. cendência na punição é considerada crime contra a administração
pública.
27. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Área Ad-
ministrativa) Exemplifica adequadamente o exercício de poder 30. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Auxiliar Judiciário) No tocan-
disciplinar por agente da administração a te aos poderes da administração e ao uso e abuso do poder, assinale
a) interdição de restaurante por razão de saúde pública. a opção correta.
b) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o a) O poder regulamentar da administração pública mani-
devido mandado judicial. festa-se por meio de atos de natureza normativa, instituidores de
c) aplicação de penalidade administrativa a servidor públi- direito novo de forma ampla e genérica, com efeitos gerais e abs-
co que descumpre seus deveres funcionais. tratos, expedidos em virtude de competência própria dos órgãos
d) aplicação de multa de trânsito. estatais.
e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes subor- b) Decorrem do poder de polícia da administração pública
dinados. os atos que se destinam à limitação dos interesses individuais em
favor do interesse público, sendo a autoexecutoriedade a principal
característica de todas as medidas de polícia.

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Segundo a doutrina, o abuso de poder, que pode assumir 35. (CESPE - 2011 - FUB - Secretário Executivo – Espe-
duas formas, comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autorida- cíficos) Acerca de direito administrativo, julgue os itens subse-
de competente, ao praticar ou omitir ato administrativo, ultrapassa cutivos.
os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades adminis- A concessão de serviços do poder público a entidades priva-
trativas, circunstâncias em que o ato do agente somente poderá das não pode ser extinta pelo Estado, ao qual compete, tão somen-
ser revisto pelo Poder Judiciário. te, o poder de fiscalização.
d) A prerrogativa de que dispõe a administração pública ( ) Certo
para não só ordenar e coordenar, mas também para corrigir as ( ) Errado
atividades de seus órgãos e agentes resulta do poder hierárquico,
cujo exercício limita-se ao controle de legalidade. 36. (FCC - 2011 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judi-
e) A administração, no exercício do poder disciplinar, ciário - Área Administrativa) O serviço público não é passível
apura infrações e aplica penalidades aos servidores e particulares de interrupção ou suspensão afetando o direito de seus usuários,
sujeitos à disciplina administrativa, por meio do procedimento pela própria importância que ele se apresenta, devendo ser colo-
legal, assegurados o contraditório e a ampla defesa. cado à disposição do usuário com qualidade e regularidade, assim
como com eficiência e oportunidade. Trata-se do princípio funda-
31.(CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) Caracte- mental dos serviços públicos denominado
riza desvio de finalidade, espécie de abuso de poder, a conduta a) impessoalidade.
do agente que, embora dentro de sua competência, se afasta do b) mutabilidade.
interesse público, que deve nortear todo o desempenho adminis- c) continuidade.
trativo, para alcançar fim diverso daquele que a lei lhe permitiu. d) igualdade.
( ) Certo
e) universalidade.
( ) Errado
37. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista
32. (CESPE - 2012 - TJ-RR – Administrador) Define-se
Judiciário - Execução de Mandados) No que se refere à autori-
poder discricionário como o poder que o direito concede à admi-
zação de serviço público, é correto afirmar:
nistração para a prática de atos administrativos com liberdade na
a) Trata-se de ato precário, podendo, portanto, ser revoga-
escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo, estando a
do a qualquer momento, por motivo de interesse público.
administração, no exercício desse poder, imune à apreciação do
b) Trata-se de ato unilateral, sempre vinculado, pelo qual
Poder Judiciário.
o Poder Público delega a execução de um serviço público de sua
( ) Certo
( ) Errado titularidade, para que o particular o execute predominantemente
em seu próprio benefício.
33. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) Acerca c) O serviço é executado em nome do autorizatário, por
dos poderes administrativos e do uso e abuso do poder, julgue os sua conta e risco, sem fiscalização do Poder Público.
itens subsecutivos. d) Trata-se de ato unilateral, discricionário, porém não
Como fator que decorre do poder hierárquico, a relação de precário, pelo qual o Poder Público delega a execução de um ser-
subordinação tem caráter interno e se estabelece entre órgãos de viço público, para que o particular o execute predominantemente
uma mesma pessoa administrativa; a vinculação, ao contrário, em benefício do Poder Público.
possui caráter externo e resulta do poder de supervisão que os e) Trata-se de ato que depende de licitação, pois há viabi-
órgãos detêm sobre as entidades a eles vinculadas, como, por lidade de competição.
exemplo, o que uma secretaria de estado exerce sobre uma au-
tarquia. 38. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista
( ) Certo Judiciário - Execução de Mandados) O Jurista José dos Santos
( ) Errado Carvalho Filho apresenta o seguinte conceito para um dos princí-
pios dos serviços públicos: Significa de um lado, que os serviços
34. (Analista de Controle Externo Coord. Jurídica TCE/ públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível,
SE – FCC 2011). A concessão administrativa vale dizer, deve beneficiar o maior número de indivíduos. Mas
(A) pressupõe a Administração pública como usuária direta é preciso dar relevo também ao outro sentido, que é o de serem
ou indireta dos serviços prestados. eles prestados, sem discriminação entre os beneficiários, quando
(B) é expressamente prevista na lei geral de concessão de tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas para a
serviços públicos. fruição. Trata-se do princípio da
(C) veda a contraprestação pecuniária por parte do Estado. a) modicidade.
(D) é definida como o contrato celebrado por dois ou mais b) continuidade.
entes federativos visando à gestão associada de serviços públi- c) eficiência.
cos. d) generalidade.
(E) envolve, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, e) atualidade.
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro pri-
vado.

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
39. (FCC - 2011 - TRE-TO - Técnico Judiciário - Área c) Mediante expressa determinação legal, o Estado poderá res-
Administrativa) Um dos princípios concernentes aos serviços ponder civilmente por danos causados a terceiros, ainda que sua
públicos denomina-se princípio da atualidade, que, em síntese, atuação tenha ocorrido de modo regular e conforme com o direito.
significa d) Segundo o STF, os atos jurisdicionais típicos no âmbito
a) igualdade entre os usuários dos serviços contratados. cível ensejam a responsabilidade objetiva do Estado.
b) modernidade das técnicas, melhoria e expansão do ser- e) Na hipótese de conduta omissiva do Estado, incide a res-
viço. ponsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo causal
c) razoabilidade no valor atualizado das tarifas exigidas. entre a omissão e o prejuízo causado ao particular.
d) continuidade na prestação do serviço público.
e) bom tratamento para com o público usuário do serviço 43. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos
contratado. específicos) Um indivíduo se encontrava preso em penitenciária
estadual, quando foi assassinado por um colega de cela. Nessa si-
40. (PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) Sobre tuação hipotética, o estado:
a Responsabilidade Civil do Estado é CORRETO afirmar, EX- a) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da
CETO: vítima, pois o Estado não se responsabiliza por atos individuais de
a) As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos terceiros.
danos que seus agentes, no exercício de suas funções, causarem b) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da
a terceiros. vítima, porque o dano não foi causado por agente estatal.
b) Cabível ao Estado ajuizar ação de regresso em face do c) poderá ser responsabilizado pelos danos à família da víti-
agente causador do dano, desde que tenha agido dolosamente, ma, desde que seja provada culpa dos agentes penitenciários na
mostrando-se inviável à pretensão se a conduta foi meramente cul- fiscalização dos detentos.
d) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da
posa.
vítima, porque não houve vínculo causal entre o evento danoso e o
c) O princípio da repartição dos encargos também constitui
comportamento estatal.
fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.
e) poderá ser condenado a reparar os danos à família da víti-
d) As pessoas jurídicas de direito privado que prestam servi-
ma, ante sua responsabilidade objetiva.
ços delegados serão responsáveis pelos atos seus ou de seus pre-
postos, desde que haja vínculo jurídico de direito público entre o
44. (MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça) - As
Estado e o delegatário.
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta-
doras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agen-
41. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) A responsabili- tes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
zação do servidor público pode se dar no âmbito civil, penal e a) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
administrativo. Em relação a referida responsabilização, é correto casos de dolo.
afirmar: b) salvo comprovação de ausência de dolo ou culpa do res-
a) O ilícito administrativo é dotado da mesma tipicidade do ponsável.
ilícito penal, uma vez que demanda expressa previsão legal da con- c) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
duta punível para sua caracterização. casos de dolo ou culpa.
b) A caracterização do ilícito penal demanda a comprovação d) salvo comprovação de ausência de dolo do responsável.
da existência de dolo ou culpa, enquanto na esfera civil se admite e) salvo comprovação de culpa da vítima.
a responsabilização objetiva do servidor.
c) A caracterização do ilícito civil prescinde da comprovação 45. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) A responsabili-
do nexo de causalidade entre a ação ou omissão do servidor e o zação do servidor público pode se dar no âmbito civil, penal e
dano verificado. administrativo. Em relação a referida responsabilização, é correto
d) Uma mesma conduta do servidor público pode configurar afirmar:
ilícito administrativo e ilícito penal, mas o processo administrativo A) O ilícito administrativo é dotado da mesma tipicidade do
disciplinar somente se inicia após a conclusão do processo crime, ilícito penal, uma vez que demanda expressa previsão legal da con-
caso tenha restado comprovada a autoria. duta punível para sua caracterização
e) A caracterização do ilícito administrativo prescinde da B) A caracterização do ilícito penal demanda a comprova-
comprovação da tipicidade do ilícito penal, porque o fato punível ção da existência de dolo ou culpa, enquanto na esfera civil se
na esfera administrativa pode não constituir crime. admite a responsabilização objetiva do servidor.
C) A caracterização do ilícito civil prescinde da comprova-
42. (CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz) Acerca da responsabilida- ção do nexo de causalidade entre a ação ou omissão do servidor e
de civil do Estado, assinale a opção correta. o dano verificado.
a) Em face da prolação de sentença penal com equívoco do D) Uma mesma conduta do servidor público pode configu-
juiz, o ordenamento jurídico não permite a reparação dos even- rar ilícito administrativo e ilícito penal, mas o processo adminis-
tuais prejuízos em ação contra o Estado, mas tão somente contra o trativo disciplinar somente se inicia após a conclusão do processo
próprio magistrado. crime, caso tenha restado comprovada a autoria.
b) A teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado deve E) A caracterização do ilícito administrativo prescinde da
ser aplicada de modo absoluto, não sendo admitida hipótese de comprovação da tipicidade do ilícito penal, porque o fato punível
exclusão nem de abrandamento. na esfera administrativa pode não constituir crime.

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
46. (PONTUA – 2011 – TER/SC – Técnico Judiciário – 50. (CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário - Área
Área Administrativa) Ao entrar em exercício, o servidor nomea- Administrativa) A respeito dos agentes públicos e dos poderes
do para o cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio pro- administrativos, julgue os itens que se seguem.
batório, por período designado na lei, durante o qual sua aptidão e Cargos públicos são núcleos de encargos de trabalho perma-
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, nentes a serem preenchidos por agentes contratados para desempe-
observados os seguintes fatores: nhá-los sob relação trabalhista.
I. Assiduidade. ( ) Certo
II. Responsabilidade. ( ) Errado
III. Investimento em formação profissionalizante.
IV. Disciplina.
GABARITO:
Está(ão) INCORRETO(S):
01 B 26 D
A) Apenas o item II. 02 D 27 C
B) Apenas o item III.
C) Apenas os itens I e IV. 03 B 28 A
D) Apenas os itens II e III 04 A 29 E
05 E 30 E
47. (PONTUA - 2011 - TRE-SC - Técnico Judiciário - Área
Administrativa) Ao servidor em estágio probatório poderão ser 06 B 31 CERTO
concedidas as licenças e os afastamentos, abaixo relacionados: 07 A 32 ERRADO
I. Licença por motivo de doença em pessoa da família. 08 E 33 CERTO
II. Licença para serviço militar.
III. Licença para desempenho de mandato classista. 09 A 34 A
IV. Licença por motivo de afastamento do cônjuge ou com- 10 B 35 ERRADO
panheiro. 11 C 36 C

Está INCORRETO: 12 D 37 A
13 A 38 D
A) Apenas o item II 14 C 39 B
B) Apenas o item IV.
15 CERTO 40 B
C) Apenas o item I.
D) Apenas o item III. 16 ERRADO 41 A
17 CERTO 42 C
48. (FCC - 2012 - TST - Técnico Judiciário - Programação)
18 CERTO 43 A
É requisito básico para investidura nos cargos públicos em geral:
a) nacionalidade brasileira ou estrangeira. 19 E 44 C
b) nível de escolaridade mínimo igual ou equivalente a 20 C 45 E
ensino universitário. 21 B 46 B
c) idade mínima de vinte e um anos.
d) aptidão física e mental. 22 E 47 D
e) aprovação em concurso público de provas e títulos. 23 D 48 D
24 E 49 B
49. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Ju-
diciário - Estatística) Maria, servidora pública estável, retornará 25 CERTO 50 ERRADO
ao cargo anteriormente ocupado tendo em vista sua inabilitação
em estágio probatório relativo a outro cargo. José, também servi-
dor público estável, retornará ao cargo anteriormente ocupado, em
razão de reintegração do anterior ocupante. Nos termos da Lei no
8.112/1990, o retorno de tais servidores denomina-se, respectiva-
mente,
a) recondução e aproveitamento.
b) recondução e recondução.
c) reversão e recondução.
d) reintegração e recondução.
e) readaptação e reintegração.

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição no sentido sociológico
Prof. Ma. Bruna Pinotti Garcia. O sentido sociológico de Constituição foi definido por Ferdi-
nand Lassale, segundo o qual toda Constituição que é elaborada
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Estado tem como perspectiva os fatores reais de poder na sociedade. Neste
e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. Mestre em sentido, aponta Lassale1: “Colhem-se estes fatores reais de poder,
Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário Eurí- registram-se em uma folha de papel, [...] e, a partir desse momento,
pides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. Professora de incorporados a um papel, já não são simples fatores reais do poder,
curso preparatório para concursos e universitária (Faculdade mas que se erigiram em direito, em instituições jurídicas, e quem
do Noroeste de Minas – FINOM). Autora de diversos traba- atentar contra eles atentará contra a lei e será castigado”. Logo,
lhos científicos publicados em revistas qualificadas, anais de a Constituição, antes de ser norma positivada, tem seu conteúdo
eventos e livros, notadamente na área do direito eletrônico, dos delimitado por aqueles que possuem uma parcela real de poder
direitos humanos e do direito constitucional. na sociedade. Claro que o texto constitucional não explicitamente
trará estes fatores reais de poder, mas eles podem ser depreendidos
ao se observar favorecimentos implícitos no texto constitucional.

1 DIREITO CONSTITUCIONAL: Constituição no sentido político


NATUREZA, CONCEITO E OBJETO Carl Schmitt2 propõe que o conceito de Constituição não está
na Constituição em si, mas nas decisões políticas tomadas antes
de sua elaboração. Sendo assim, o conceito de Constituição será
estruturado por fatores como o regime de governo e a forma de
O Direito Constitucional é ramo complexo e essencial ao ju- Estado vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
tituição é o produto de uma decisão política e variará conforme o
rista no exercício de suas funções, afinal, a partir dele que se deli-
modelo político à época de sua elaboração.
neia toda a estrutura do ordenamento jurídico nacional.
Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Constituição
Constituição no sentido material
Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do estudo do Direito
Pelo conceito material de Constituição, o que define se uma
Constitucional, impossível compreendê-la sem antes situar a refe-
norma será ou não constitucional é o seu conteúdo e não a sua
rida Carta Magna na teoria do constitucionalismo.
mera presença no texto da Carta Magna. Em outras palavras, deter-
A origem do direito constitucional está num movimento deno-
minadas normas, por sua natureza, possuem caráter constitucional.
minado constitucionalismo.
Afinal, classicamente a Constituição serve para limitar e definir
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo qual questões estruturais relativas ao Estado e aos seus governantes.
se delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser limitado, que Pelo conceito material de Constituição, não importa a maneira
evoluiu para um movimento jurídico defensor da imposição de como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas sim o seu
normas escritas de caráter hierárquico superior que deveriam re- conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Complementar
gular esta limitação de poder. nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma de lei com-
A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbitrário plementar, não de emenda constitucional, mas tem por finalidade
fundamenta a noção de norma no ápice do ordenamento jurídico, regular questões de inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo
regulamentando a atuação do Estado em todas suas esferas. Sendo 14 da Constituição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa in-
assim, inaceitável a ideia de que um homem, o governante, pode fluencia no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo,
ser maior que o Estado. um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora prevista
O objeto do direito constitucional é a Constituição, notada- como lei complementar, na verdade regula o que na Constituição
mente, a estruturação do Estado, o estabelecimento dos limites de seria chamado de elemento limitativo. Para o conceito material de
sua atuação, como os direitos fundamentais, e a previsão de nor- Constituição, trata-se de norma constitucional.
mas relacionadas à ideologia da ordem econômica e social. Este Pelo conceito material de Constituição, não importa a maneira
objeto se relaciona ao conceito material de Constituição. No en- como a norma foi inserida no ordenamento jurídico, mas sim o seu
tanto, há uma tendência pela ampliação do objeto de estudo do conteúdo. Por exemplo, a lei da ficha limpa – Lei Complementar
Direito Constitucional, notadamente em países que adotam uma nº 135/2010 – foi inserida no ordenamento na forma de lei com-
Constituição analítica como o Brasil. plementar, não de emenda constitucional, mas tem por finalidade
regular questões de inelegibilidade, decorrendo do §9º do artigo
Conceito de Constituição 14 da Constituição Federal. A inelegibilidade de uma pessoa in-
fluencia no fator sufrágio universal, que é um direito político, logo,
É delicado definir o que é uma Constituição, pois de forma um direito fundamental. A Lei da Ficha Limpa, embora prevista
pacífica a doutrina compreende que este conceito pode ser visto como lei complementar, na verdade regula o que na Constituição
sob diversas perspectivas. Sendo assim, Constituição é muito mais seria chamado de elemento limitativo. Para o conceito material de
do que um documento escrito que fica no ápice do ordenamento Constituição, trata-se de norma constitucional.
jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e organização 1 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. 6. ed. Rio
do Estado, mas tem um significado intrínseco sociológico, políti- de Janeiro: Lumen Juris, 2001.
co, cultural e econômico. 2 SCHMITT, Carl. Teoría de La Constitución. Presentación de
Francisco Ayala. 1. ed. Madrid: Alianza Universidad Textos, 2003.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Constituição no sentido formal Elementos da Constituição
Como visto, o conceito de Constituição material pode abran-
ger normas que estejam fora do texto constitucional devido ao Outra noção relevante é a dos elementos da Constituição. Ba-
conteúdo delas. Por outro lado, Constituição no sentido formal é sicamente, qualquer norma que se enquadre em um dos seguintes
definida exclusivamente pelo modo como a norma é inserida no elementos é constitucional:
ordenamento jurídico, isto é, tudo o que constar na Constituição
Federal em sua redação originária ou for inserido posteriormente Elementos Orgânicos
por emenda constitucional é norma constitucional, independente- Referem-se ao cerne organizacional do Estado, notadamente
mente do conteúdo. no que tange a:
Neste sentido, é possível que uma norma sem caráter mate- a) Forma de governo – Como se dá a relação de poder entre
rialmente constitucional, seja formalmente constitucional, apenas governantes e governados. Se há eletividade e temporariedade
por estar inserida no texto da Constituição Federal. Por exemplo, de mandato, tem-se a forma da República, se há vitaliciedade e
o artigo 242, §2º da CF prevê que “o Colégio Pedro II, localizado hereditariedade, tem-se Monarquia.
na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal”. Ora, b) Forma de Estado – delimita se o poder será exercido de
evidente que uma norma que trata de um colégio não se insere nem forma centralizada numa unidade (União), o chamado Esta-
em elementos organizacionais, nem limitativos e nem socioideo- do Unitário, ou descentralizada entre demais entes federativos
lógicos. Trata-se de norma constitucional no sentido formal, mas (União e Estados, classicamente), no denominado Estado Fede-
não no sentido material. ral. O Brasil adota a forma Federal de Estado.
Considerados os exemplos da Lei da Ficha Limpa e do Colé- c) Sistema de governo – delimita como se dá a relação entre
gio Pedro II, pode-se afirmar que na Constituição Federal de 1988 Poder Executivo e Poder Legislativo no exercício das funções do
e no sistema jurídico brasileiro como um todo não há perfeita cor- Estado, como maior ou menor independência e colaboração entre
respondência entre regras materialmente constitucionais e formal- eles. Pode ser Parlamentarismo ou Presidencialismo, sendo que o
mente constitucionais. Brasil adota o Presidencialismo.
d) Regime político – delimita como se dá a aquisição de po-
Constituição no sentido jurídico der, como o governante se ascende ao Poder. Se houver legitima-
Hans Kelsen representa o sentido conceitual jurídico de Cons- ção popular, há Democracia, se houver imposição em detrimento
tituição alocando-a no mundo do dever ser. do povo, há Autocracia.
Ao tratar do dever ser, Kelsen3 argumentou que somente exis-
te quando uma conduta é considerada objetivamente obrigatória Elementos Limitativos
e, caso este agir do dever ser se torne subjetivamente obrigatório,
A função primordial da Constituição não é apenas definir e
surge o costume, que pode gerar a produção de normas morais ou
estruturar o Estado e o governo, mas também estabelecer limites
jurídicas; contudo, somente é possível impor objetivamente uma
à atuação do Estado. Neste sentido, não poderá fazer tudo o que
conduta por meio do Direito, isto é, a lei que estabelece o dever ser.
bem entender, se sujeitando a determinados limites.
Sobre a validade objetiva desta norma de dever ser, Kelsen4
As normas de direitos fundamentais – categoria que abrange
entendeu que é preciso uma correspondência mínima entre a con-
direitos individuais, direitos políticos, direitos sociais e direitos
duta humana e a norma jurídica imposta, logo, para ser vigente é
coletivos – formam o principal fator limitador do Poder do Esta-
preciso ser eficaz numa certa medida, considerando eficaz a norma
do, afinal, estabelecem até onde e em que medida o Estado pode-
que é aceita pelos indivíduos de tal forma que seja pouco violada.
Trata-se de noção relacionada à de norma fundamental hipotética, rá interferir na vida do indivíduo.
presente no plano lógico-jurídico, fundamento lógico-transcen-
dental da validade da Constituição jurídico-positiva. Elementos Socioideológicos
No entanto, o que realmente confere validade é o posiciona- Os elementos socioideológicos de uma Constituição são
mento desta norma de dever ser na ordem jurídica e a qualidade aqueles que trazem a principiologia da ordem econômica e so-
desta de, por sua posição hierarquicamente superior, estruturar cial.
todo o sistema jurídico, no qual não se aceitam lacunas.
Kelsen5 definiu o Direito como ordem, ou seja, como um sis- Classificação das Constituições
tema de normas com o mesmo fundamento de validade – a exis-
tência de uma norma fundamental. Não importa qual seja o con- Por fim, ressaltam-se as denominadas classificações das
teúdo desta norma fundamental, ainda assim ela conferirá validade Constituições:
à norma inferior com ela compatível.Esta norma fundamental que
confere fundamento de validade a uma ordem jurídica é a Cons- Quanto à forma
tituição. a) Escrita – É a Constituição estabelecida em um único texto
Pelo conceito jurídico de Constituição, denota-se a presença escrito, formalmente aprovado pelo Legislativo com esta quali-
de um escalonamento de normas no ordenamento jurídico, sendo dade. Se o texto for resumido e apenas contiver normas básicas,
que a Constituição fica no ápice desta pirâmide. a Constituição escrita é sintética; se o texto for extenso, delimi-
3 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João tando em detalhes questões que muitas vezes excedem mesmo o
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 08-10. conceito material de Constituição, a Constituição escrita é ana-
4 Ibid., p. 12. lítica. Firma-se a adoção de um sistema conhecido como Civil
5 Ibid., p. 33. Law. O Brasil adota uma Constituição escrita analítica.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) Não escrita – Não significa que não existam normas es- Quanto à dogmática
critas que regulem questões constitucionais, mas que estas nor- a) Ortodoxa – formada por uma só ideologia.
mas não estão concentradas num único texto e que nem ao menos b) Eclética – atenta a fatores multiculturais, trazendo ideolo-
dependem desta previsão expressa devido à possível origem em gias conciliatórias. A Constituição de 1988 é eclética.
outros fatores sociais, como costumes. Por isso, a Constituição não
escrita é conhecida como costumeira. É adotada por países como
Reino Unido, Israel e Nova Zelândia. Adotada esta Constituição, o
2 PODER CONSTITUINTE
sistema jurídico se estruturará no chamado Common Law (Direito
costumeiro), exteriorizado no Case Law (sistema de precedentes).

Quanto ao modo de elaboração 1) Titularidade e exercício


a) Dogmática –sempre escritas, estas Constituições são ela- A Constituição Federal, em seu artigo 1º, parágrafo único,
boradas num só ato a partir de concepções pré-estabelecidas e estabelece que “todo o poder emana do povo, que o exerce por
ideologias já declaradas. A Constituição brasileira de 1988 é meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
dogmática. Constituição”. Sendo assim, o texto constitucional já fala desde
b) Histórica – aproxima-se da Constituição dogmática, eis que logo de um poder maior, exercido pelo povo (titular) por meio de
o seu processo de formação é lento e contínuo com o passar dos seus representantes (exercentes). O exercente do poder é um órgão
tempos. colegiado composto por representantes eleitos pelos titulares do
poder, os que fazem parte do povo.
Quanto à estabilidade O poder constituinte é o poder de normatizar a estrutura do
a) Rígida – exige, para sua alteração, um processo legislativo Estado e os limites à sua atuação mediante criação, modificação,
mais árduo. revisão ou revogação de normas da Constituição Federal conferido
Obs.: A Constituição super-rígida, classificação defendida por pelo povo aos seus representantes.
parte da doutrina, além de ter um processo legislativo diferenciado
para emendas constitucionais, tem certas normas que não podem 2) Poder constituinte originário
nem ao menos ser alteradas – denominadas cláusula pétreas. O poder constituinte originário, também conhecido como ge-
A Constituição brasileira de 1988 pode ser considerada rí- nuíno ou de primeiro grau, autoriza a edição da Constituição Fede-
gida. Pode ser também vista como super-rígida aos que defendem ral, a primeira depois da independência e as demais ab-rogando-a.
esta subclassificação.
Depois de finda esta missão, institui outro poder, dele derivado.
b) Flexível – Não é necessário um processo legislativo mais
O poder constituinte originário é inicial, autônomo e incon-
árduo para a alteração das normas constitucionais, utilizando-se o
dicionado. É inicial porque é o poder de fato, que emana do povo
mesmo processo das normas infraconstitucionais.
e por si só se funda, não decorrendo de outro poder. É autônomo
c) Semiflexível ou semirrígida – Ela é tanto rígida quanto fle-
e incondicionado porque não tem limites materiais de exercício,
xível, pois parte de suas normas precisam de processo legislativo
notadamente cláusulas pétreas, daí se dizer que é soberano. Não
especial para serem alteradas e outra parte segue o processo legis-
significa que seja ilimitado, pois certas limitações se impõem por
lativo comum.
um limitativo lógico, de acordo com uma perspectiva jusnaturalis-
Quanto à função ta de direitos inatos ao homem.
a) Garantia – busca garantir a liberdade e serve notadamente
para limitar o poder do Estado. 3) Poder constituinte derivado
b) Dirigente – vai além da garantia da liberdade e da limitação O poder constituinte derivado, também denominado instituído
do poder do Estado, definindo um projeto de Estado a ser alcança- ou de 2º grau, é o que está apto a efetuar reformas à Constituição.
do. A Constituição brasileira de 1988 é dirigente. Ele é exercido pelo Congresso Nacional, na forma e nos limites
estabelecidos pelo poder constituinte originário.
Quanto à origem O poder constituinte derivado é derivado, subordinado e con-
a) Outorgada – é aquela imposta unilateralmente pelo agen- dicionado. Por derivar do poder constituinte originário, se sujeita
te revolucionário. A Constituição outorgada é denominada como a limitações por ele impostas, denominadas limitações ao poder de
Carta. reforma. Sendo assim, este poder poderá reformar a redação cons-
b) Promulgada – é aquela que é votada, sendo também conhe- titucional conferida pelo poder constituinte originário, mas dentro
cida como democrática ou popular. Decorre do trabalho de uma dos limites por este estabelecidos.
Assembleia Nacional Constituinte, eleita pelo povo para em nome Por isso mesmo, é possível que uma emenda constitucional
dele atuar (legitimação popular). A Constituição promulgada é fruto do poder constituinte decorrente seja inconstitucional, desde
denominada Constituição, enquadrando-se nesta categoria a Cons- que desrespeite os limites impostos pelo poder constituinte origi-
tituição brasileira de 1988. nário. É correta a afirmação de que existe norma constitucional
Obs.: Constituição cesarista é aquela que não é outorgada, inconstitucional, mas desde que se refira a norma constitucional
mas também não é promulgada. Se dá quando um projeto do agen- fruto do poder constituinte derivado. Não existe norma originária
te revolucionário é posto para votação do povo, que meramente da Constituição Federal que seja inconstitucional porque o poder
ratifica a vontade do detentor do poder. constituinte originário é inicial e autônomo.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
4) Poder constituinte decorrente A dúvida resta ao se perguntar se a iniciativa popular abran-
Ainda é possível falar no poder constituinte decorrente, que ge a possibilidade de se apresentar proposta de emenda consti-
consiste no poder dos Estados-membros elaborarem sua própria tucional, havendo duas posições: a primeira, minoritária, diz que
Constituição por suas Assembleias Legislativas (artigo 25, CF). porque a regra da iniciativa está num parágrafo ela não poderia
Para parte da doutrina, há poder constituinte decorrente também ter alcance maior que o caput do artigo, logo, o alcance é restrito
quanto aos municípios, que a partir da Constituição de 1988 ad- à propostas de projetos de lei; a segunda, majoritária, com a qual
quiriram poder para elaborar suas próprias leis orgânicas (artigo se concorda, prevê que sim, afinal, o parágrafo único do artigo 1º
29, CF), o que antes era feito no âmbito estadual. A lei orgânica da CF diz que todo poder emana do povo (inclusive o constituinte)
do Distrito Federal é a única que, sem dúvidas, tem caráter de e o artigo 14 da CF ao trazer a iniciativa popular não estabelece
Constituição, pois aceita o controle de constitucionalidade em qualquer limitação.
face dela.
Objetivas – Quanto à votação e à promulgação
5) Poder constituinte revisionante Toda proposta de emenda constitucional, antes de ser vota-
Tem-se, ainda, o poder constituinte revisionante, previsto no da no plenário, passa primeiro pela Comissão de Constituição e
artigo 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: “a Justiça e, depois, por comissões específicas do tema.
revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados No plenário, é necessário obter aprovação de 3/5 dos mem-
da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta bros (308 votos na Câmara dos Deputados e 49 votos no Se-
dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. nado Federal), em votação em dois turnos (vota na casa numa
Neste sentido, foram aprovadas 6 emendas constitucionais de re- semana e repete a votação na semana seguinte), nas duas Casas
visão anômala. O destaque vai para o fato de não se exigir nestas (primeiro vota em 2 turnos na que faz a deliberação principal e
emendas revisionantes o quórum de 3/5 + 2 turnos das emen- depois em 2 turnos na que faz a deliberação revisional) (artigo
das constitucionais comuns, bastando o voto da maioria absoluta 60, §2º).
numa única sessão. Depois, “a emenda à Constituição será promulgada pelas
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o
6) Limitações impostas pelo poder constituinte originário respectivo número de ordem” (artigo 60, §3º, CF). Não é o Pre-
ao poder constituinte derivado sidente da República que promulga, logo, não sanciona nem
veta, a emenda constitucional porque o poder constituinte é ex-
clusivo do Congresso Nacional.
6.1) Limitações formais ou procedimentais
Quando o poder constituinte originário delibera, não há
6.2) Limitações circunstanciais
procedimento pré-estabelecido. Isto não ocorre com relação ao
Nos termos do artigo 60, §1º, CF, “a Constituição não po-
poder constituinte derivado, que deve respeitar as normas proce-
derá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado
dimentais instituídas pelo poder constituinte originário.
de defesa ou de estado de sítio”. Presentes estas circunstâncias
que indicam instabilidade no cenário nacional, não é possível
Subjetivas – Quanto à iniciativa
emendar a constituição.
Refere-se ao poder de iniciativa individual de propor leis ou
alterações nelas, sendo conferido a: Presidente da República, De- 6.3) Limitações temporais
putado Federal, Senador, Deputado Estadual. Exceto no caso do Limitação temporal é aquela que impede que a decisão so-
Senador, as propostas serão enviadas à Câmara dos Deputados, bre a reforma seja tomada num determinado período de tem-
não ao Senado Federal. Sendo assim, a Câmara dos Deputados po. Não existe na Constituição Federal de 1988 uma limitação
faz a deliberação principal, em regra, restando ao Senado a deli- puramente temporal. No entanto, há uma limitação de ordem
beração revisional. temporal-material prevista no §5º do artigo 60 da CF: “a ma-
Contudo, para as propostas de emendas constitucionais é téria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
exigida, em regra, iniciativa coletiva. O único que pode fazer prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
uma proposta desta natureza sozinho é o Presidente da Repúbli- sessão legislativa”. Logo, impede-se a deliberação de uma ma-
ca. Um deputado federal precisa do apoio de ao menos 1/3 dos téria já votada na mesma sessão legislativa e rejeitada, isto é,
membros da Câmara dos Deputados, enquanto que um senador no mesmo ano civil. O mesmo vale se a proposta foi havida por
precisa do suporte de ao menos 1/3 dos membros do Senado Fe- prejudicada, ou seja, se era semelhante a uma proposta feita
deral. Da mesma forma, um deputado estadual não pode propor anteriormente e que foi rejeitada. A rejeição na Comissão de
sozinho uma emenda, poder conferido às Assembleias Legisla- Constituição e Justiça é terminativa e a proposta é considera-
tivas estaduais, em conjunto, exigindo-se mais da metade delas da rejeitada, somente podendo ser votada de novo no período
(são 27, incluído o Distrito Federal, necessárias 14). seguinte.
O cidadão brasileiro, sozinho, não pode propor um projeto
de lei para alterar o ordenamento jurídico brasileiro, prevendo-se 6.4) Limitações materiais
que “a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Determinadas matérias não podem ser objeto de emenda
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no míni- constitucional, dividindo-se em limitações materiais implícitas,
mo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos que decorrem da lógica do sistema constitucional, e limitações
por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos materiais explícitas, conhecidas como cláusulas pétreas, previs-
eleitores de cada um deles” (artigo 61, §2º, CF). tas no artigo 60, §4º, CF.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Classicamente, são limitações materiais implícitas: a titu- Se o Capítulo I fala em direitos individuais e coletivos, não
laridade do poder constituinte (povo), o exercente do poder de significa que somente parte deles será protegida. Com mais razão,
reforma (Congresso Nacional), o procedimento para aprovação da se um direito individual é protegido, o coletivo deve ser. Ex.: O
emenda constitucional, afinal, estaria alterando a essência do poder mandado de segurança individual é cláusula pétrea e, com mais
constituinte e a principal limitação procedimental que é o quórum sentido, o mandado de segurança coletivo também é.
especial de aprovação. Se incluem nas limitações materiais implí- Então, a cláusula pétrea abrange exclusivamente o capítulo
citas a forma de governo (República) e o regime de governo (Pre- I do Título II, ou seja, todo o artigo 5º da Constituição Federal.
sidencialismo), eis que a questão foi votada em plebiscito no ano Atenção: a vedação é da alteração dos dispositivos e da restrição
de 1993. de direitos, nada impedindo que a proteção seja ampliada. Logo,
Quanto às limitações materiais expressas na forma de cláusu- emenda constitucional pode criar novo direito individual (aliás, já
las pétreas, prevê o artigo 60, § 4º, CF, “não será objeto de delibera- o fez, a Emenda Constitucional nº 45/2004 incluiu no artigo 5º o
ção a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa inciso LXXVIII e os parágrafos 3º e 4º).
de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a Considerado este raciocínio, seria possível alterar o capítulo
separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais”. II, que trata dos direitos sociais, diminuindo estes direitos. Para a
Primeiro, atenta-se à redação do caput: propostas que tenham corrente que se atém a esta posição, é natural conferir maior flexi-
por objeto as cláusulas pétreas não poderão nem ser deliberadas, bilidade aos diretos sociais porque situações sociais mudam, no-
nem ser levadas à votação; e a contrariedade à cláusula pétrea não tadamente no campo do direito trabalhista. Para outra corrente, é
precisa ser expressa e evidente, bastando que a proposta tenha a preciso preservar a proibição do retrocesso, não voltando o cenário
tendência à abolição, atingindo qualquer elemento essencial ao protetivo a um estágio anterior.
conceito da cláusula. Por exemplo, não precisa excluir a separação
dos Poderes, mas atingir seriamente a divisão de competências. Histórico e Estrutura da Constituição Federal de 1988

Estado federal O início da redemocratização do Brasil se deu no governo


O modelo federativo de Estado é inalterável. Ou seja, é preciso Geisel, que assumiu a presidência em março de 1974 prometendo
respeitar a autonomia de cada uma das unidades federativas, quais dar início a um processo de redemocratização gradual e seguro,
sejam, segundo a Constituição Federal, União, Estados-membros, denominado distensão. A verdade é que a força militar estava des-
Distrito Federal e Municípios (considerado federalismo atípico pela gastada e nem ao menos era mais viável manter o rigoroso contro-
inclusão dos Municípios no pacto federativo). le exercido na ditadura. A era do chamado “milagre econômico”
chegava ao fim, desencadeando-se movimentos de greve em todo
Voto direto, secreto, universal e periódico país. Logo, não se tratou de ato nobre ou de boa vontade de Geisel
O voto deve ser direto, cada um deve dar seu próprio voto, não ou dos militares.
será um órgão que elegerá o governante; secreto, sigiloso, dado em No governo Geisel, é promulgada a Emenda Constitucional
cabine indevassável alheia a quaisquer capacidades sensoriais; uni- nº 11 à Constituição de 1967, revogando os atos institucionais. No
versal, neste sentido, sufrágio universal significa que a capacidade início do governo seguinte, de Figueiredo, é promulgada a Lei da
eleitoral ativa, de votar, é acessível a todos os nacionais; periódico, Anistia, retornando os banidos ao Brasil.
impedindo que um mandato governamental seja vitalício (todos os A primeira eleição neste contexto de redemocratização foi
agentes políticos são investidos por 4 anos, à exceção dos Sena- indireta, vencida por Tancredo Neves, que adoeceu antes de as-
dores, eleitos por 8 anos). Obs.: o voto obrigatório não é cláusula sumir, passando a posição a José Sarney. No governo Sarney foi
pétrea e pode ser objeto de emenda constitucional. convocada a Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição
Nota-se que parte dos direitos políticos (capítulo IV do Título Federal de 1988.
II) é cláusula pétrea em razão desta disposição. Com efeito, após um longo período de 21 anos, o regime mi-
litar ditatorial no Brasil caiu, deflagrando-se num processo demo-
Separação dos Poderes crático. As forças de oposição foram beneficiadas neste processo
A divisão entre Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, cada de abertura, conseguindo relevantes conquistas sociais e políticas,
qual com suas funções típicas e atípicas, idealizada no Iluminismo, processo que culminou na Constituição de 19886.
notadamente na obra de Montesquieu, é cláusula pétrea e não pode “A luta pela normalização democrática e pela conquista do
ser alterada. Não é necessário que a proposta extinga um dos Pode- Estado de Direito Democrático começará assim que instalou o gol-
res, bastando que atinja de forma relevante em suas competências. pe de 1964 e especialmente após o AI5, que foi o instrumento mais
autoritário da história política do Brasil. Tomará, porém, as ruas,
Direitos e garantias individuais a partir da eleição de Governadores em 1982. Intensificar-se-á,
O Título II da Constituição Federal abrange os direitos e ga- quando, no início de 1984, as multidões acorreram entusiásticas
rantias fundamentais, expressão que abrange os direitos delimi- e ordeiras aos comícios em prol da eleição direta do Presidente da
tados em seus capítulos, direitos e deveres individuais e coletivos República, interpretando o sentimento da Nação, em busca do ree-
(capítulo I), direitos sociais (capítulo II), e direitos políticos – que quilíbrio da vida nacional, que só poderia consubstanciar-se numa
só existem com nacionalidade (capítulos III e IV). Sendo assim, nova ordem constitucional que refizesse o pacto político-social”7.
direitos fundamentais é uma expressão que abrange diversas natu- 6 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucio-
rezas de direitos, entre eles os direitos individuais. Conclui-se que nal Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 21-37.
não é o Título II por completo protegido pela cláusula pétrea, mas 7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
apenas o Capítulo I. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A atual Constituição institucionaliza a instauração de um regi-
me político democrático no Brasil, além de introduzir indiscutível 3 SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO E
avanço na consolidação legislativa dos direitos e garantias funda- CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
mentais e na proteção dos grupos vulneráveis brasileiros. Assim,
a partir da Constituição de 1988 os direitos humanos ganharam
relevo extraordinário, sendo este documento o mais abrangente e
pormenorizado de direitos fundamentais já adotado no Brasil8. Controle de constitucionalidade é um exercício de verificação
Piovesan9 lembra que o texto de 1988 inova ao disciplinar pri- de compatibilidade entre um ato jurídico de qualquer natureza, mas
meiro os direitos e depois questões relativas ao Estado, diferente principalmente normativo, com relação à Constituição Federal, de
das demais, o que demonstra a prioridade conferida a estes direi- modo que a ausência de adequação deste ato jurídico quanto ao tex-
tos. Logo, na Constituição de 1988, o Estado não existe para o to constitucional gera a declaração de inconstitucionalidade e, por
governo, mas sim para o povo. consequência, o afastamento de sua aplicabilidade.
Sendo assim, a Constituição Federal de 1988 foi promulgada,
adotando um Estado presidencialista, republicano, federal e laico. Fundamento
Destaca-se que a escolha pela forma e pelo sistema de governo foi
feita pela participação direta do povo mediante plebiscito realiza- O fundamento do controle de constitucionalidade é a suprema-
do em 21 de abril de 1963, concernente à aprovação ou rejeição cia da Constituição. Com efeito, a Constituição Federal e os demais
de Emenda Constitucional que adaptaria a Constituição ao novo atos normativos que compõem o denominado bloco de constitucio-
modelo. A maioria votou pelo sistema republicano e pelo regime nalidade, notadamente, emendas constitucionais e tratados interna-
presidencialista, mantendo a estrutura da Constituição de 1988. cionais de direitos humanos aprovados com quórum especial após a
A Constituição Federal de 1988 adota a seguinte estrutura: Emenda Constitucional nº 45/2004, estão no topo do ordenamento
jurídico.
- PREÂMBULO, que tem a função introdutória ao texto cons- Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma
titucional, exteriorizando a ideologia majoritária da constituinte e estrita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. O res-
que, sem dúvidas, tem importância por ser um elemento de inter- peito a esta relação de compatibilidade vertical é, assim, essencial
pretação. Há posição que afirme que o preâmbulo tem força nor- para que um ato jurídico adquira validade no ordenamento jurídico
mativa, da mesma forma que existe posição em sentido contrário. nacional.
- DISPOSIÇÕES PERMANENTES, divididas em títulos:
Título I – Dos princípios fundamentais;
Título II – Dos direitos e garantias fundamentais;
Título III – Da organização do Estado;
Título IV – Da organização dos Poderes;
Título V – Da defesa do Estado e das instituições democrá-
ticas;
Título VI – Da tributação e do orçamento;
Título VII – Da ordem econômica e financeira;
Título VIII – Da ordem social;
Título IX –Das disposições constitucionais gerais.
- DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS, que traz disposições de
direito intertemporal que têm por finalidade básica regulamentar a
transição de um sistema constitucional para outro.

Além disso, também compõem o bloco de constitucionalidade Espécies de inconstitucionalidade


em sentido estrito, isto é, são consideradas normas constitucionais:
Um ato normativo pode ser considerado inconstitucional devi-
- EMENDAS CONSTITUCIONAIS, que decorrem do Poder do a duas espécies de incompatibilidades com a Constituição Fede-
Constituinte derivado, reformando o texto constitucional. ral, material ou formal.
- TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS APROVA-
DOS NOS MOLDES DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 1) Inconstitucionalidade material
45/2004 (art. 5º, §2º, CF), isto é, como se emenda constitucional Há inconstitucionalidade material sempre que o ato normativo
fosse, em 2 turnos no Congresso Nacional por 3/5 do total dos infraconstitucional tratar determinada matéria de maneira incom-
membros de cada Casa. patível com o texto constitucional. Em outras palavras, estabelecer
uma restrição de direitos ou uma ampliação de obrigações que sejam
incompatíveis com alguma norma do bloco de constitucionalidade.
Neste sentido, a título de exemplo, menciona-se o reconheci-
mento de inconstitucionalidade da previsão da lei de crimes hedion-
8 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucio- dos impedindo a concessão de liberdade provisória e da vedação
nal Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 21-37. da conversão da pena privativa de liberdade em pena restritiva de
9 Ibid., p. 21-37. direitos no crime de tráfico de drogas. Com relação à lei de crimes

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
hediondos, entendeu-se que uma lei infraconstitucional não pode- É possível ir além nesta temática da inconstitucionalidade for-
ria impedir que uma pessoa respondesse o processo em liberdade mal propriamente dita subjetiva, eis que alguns projetos de leis so-
quando a Constituição Federal garante a presunção de inocência, mente podem ser propostos por determinados órgãos ou autorida-
ou seja, que ninguém será considerado culpado e punido por um des competentes. O artigo 61, §1º, CF estabelece projetos de leis
crime antes da sentença condenatória transitar em julgado. No que que somente podem ser propostos pelo Presidente da República,
tange ao tráfico de drogas, entendeu-se que se tratava de indevida que são de sua iniciativa privativa, como os que regulamentarem
restrição ao direito à individualização da pena, isto é, se o consti- de alguma forma as Forças Armadas; e o artigo 93, CF prevê que
tuinte garantiu que cada caso seria examinado individualmente sob o Estatuto da Magistratura é lei complementar de iniciativa do
a perspectiva do infrator não seria possível aceitar uma lei infra- Supremo Tribunal Federal.
constitucional que presumisse que todas as pessoas que praticas- Por sua vez, há inconstitucionalidade formal propriamen-
sem aquele crime deveriam ter a mesma espécie de pena. (STF, 2ª te dita objetiva quando desrespeitada alguma regra de processo
Turma, HC nº 103595/SP, Rel. Ayres Britto, j. 07/02/2012). legislativo, ou seja, do procedimento previsto na Constituição
Nos dois casos, percebe-se que o vício das leis infraconstitu- Federal para a aprovação de uma lei, emenda constitucional ou
cionais consistia em irem contra previsão do texto constitucional, ato normativo diverso no Congresso Nacional. Por exemplo, se
respectivamente, o princípio da presunção de inocência (artigo o Senado Federal alterar alguma coisa no projeto enviado pela
5º, LVII, CF) e o princípio da individualização da pena (artigo 5º, Câmara, precisa devolver para a Câmara apreciar a alteração, sob
XLVI, CF). Ainda que esta lei infraconstitucional tenha sido apro- pena de vício que gera inconstitucionalidade formal propriamente
vada num processo legislativo livre de vícios e tenha sido proposta dita objetiva.
por alguma pessoa ou órgão com competência de iniciativa, im-
possível que produza efeitos no mundo jurídico, pois não guarda Controle preventivo e controle repressivo
compatibilidade com a norma que está no topo do ordenamento
jurídico, a Constituição Federal. O controle de constitucionalidade feito antes da promulga-
ção da lei é preventivo, enquanto que o feito posteriormente é
2) Inconstitucionalidade formal repressivo.
O problema, no caso da inconstitucionalidade formal, não é Neste sentido, todo projeto no Congresso Nacional deve pas-
o conteúdo da norma, mas sim um vício de competência ou de sar pela Comissão de Constituição e Justiça, que pode dar um
regra de procedimento. Se a norma tivesse sido proposta por al- parecer pela inconstitucionalidade, caso em que será arquivado,
guém que tivesse poder de iniciativa e tivesse tramitado perante considerando-se esta decisão terminativa. Ainda, o Presidente da
o órgão legislativo competente para sua aprovação, obedecendo o República pode vetar dispositivo legal aprovado pelo Congres-
processo legislativo previsto na Constituição, não haveria nenhu- so Nacional com argumento em inconstitucionalidade. Logo, o
ma inconstitucionalidade, pois o vício não está em seu conteúdo, próprio Legislativo e o Executivo exercem o controle preventivo,
mas em sua forma. evitando que norma inconstitucional seja aprovada.
A inconstitucionalidade formal pode ser de duas espécies, or- O Supremo Tribunal Federal pode fazer o controle preventi-
gânica ou propriamente dita. vo se acionado por mandado de segurança, impedindo a votação
Na inconstitucionalidade formal orgânica se faz presente um ou a deliberação sobre projeto que atente contra a Constituição
vício de competência, isto é, se o Poder que emanou o ato nor- Federal. Contudo, a regra é que o Poder Judiciário faça o con-
mativo tinha competência para fazê-lo (Executivo, Legislativo trole repressivo, afastando a aplicabilidade de ato normativo que
ou Judiciário) e se a unidade federativa tinha competência para entrou em vigência mesmo estando contra a Constituição Federal.
regular aquela matéria (Federal, Estadual e Municipal). Afinal, a O controle repressivo é praticamente exclusivo do Poder
Constituição Federal que fixa estas competências, regra que deve Judiciário, havendo apenas uma exceção: Decreto regulamentar
ser respeitada. do Poder Executivo que regulamente lei federal pode ser susta-
Por exemplo, o artigo 22 da Constituição traz que “compete do pelo Congresso Nacional se violar a lei a qual se subordine
privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, ou se exorbitar os limites da delegação legislativa, afinal, se isso
penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espa- ocorrer, indiretamente se estará violando a Constituição Federal
cial e do trabalho”, de forma que se um Estado-membro resolvesse (artigo 84, IV, CF).
estabelecer seu próprio Código Penal estaria violando esta regra
de competência, havendo inconstitucionalidade formal orgânica. Sistemas de controle
Já a inconstitucionalidade formal propriamente dita divide-se
em duas espécies, subjetiva e objetiva, referindo-se a um defeito de O Brasil adota um sistema misto de controle de constitucio-
iniciativa ou de trâmite no processo legislativo, respectivamente. nalidade, de modo que mescla a forma concentrada de controle
Sendo assim, ocorre inconstitucionalidade formal propria- com a forma difusa de controle, ou seja, adota simultaneamente o
mente dita subjetiva sempre que há violação das normas consti- método reservado e o método aberto.
tucionais que estabelecem as regras de iniciativa legislativa. Por Neste sentido, o método reservado denota-se pela restrição
exemplo, um vereador não pode apresentar um projeto de lei na do controle de constitucionalidade a um único órgão, com natu-
Câmara dos Deputados, assim como um deputado estadual sozi- reza de Tribunal constitucional, como ocorre na Áustria, ao passo
nho não pode apresentar uma proposta de emenda constitucional que o método aberto caracteriza-se pela permissão de que todos
(iniciativa coletiva da maioria das Assembleias Legislativas esta- os órgãos judiciários façam controle de constitucionalidade, a
duais). exemplo dos Estados Unidos.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No Brasil, é possível que um juiz singular declare a inconstitu- Neste sentido, o artigo 93, XI, CF prevê: “nos tribunais com
cionalidade, mas quando Tribunais o fazem é necessário invocar o número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído
pleno ou um órgão fracionário constituído com este fim. Sendo assim, órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco
não funciona exatamente como o sistema aberto, até mesmo porque membros, para o exercício das atribuições administrativas e juris-
decisões que são proferidas fora do Supremo Tribunal no controle de dicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se
constitucionalidade ou mesmo dentro dele que não por ação específica metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo
com este fim ou com menção expressa neste sentido atingem apenas tribunal pleno”.
as partes diretamente envolvidas no processo, não criam um prece- Imagine, por exemplo, o Tribunal de Justiça do Estado de São
dente coativo. Paulo, que conta com 360 desembargadores – seria impossível reunir
Por outro lado, no Brasil também existem mecanismos específi- o pleno sempre que incidentalmente declarada a inconstitucionali-
cos voltados ao controle de constitucionalidade que podem ser inter- dade. Então, é constituído órgão especial colegiado que tem por fim
postos diretamente no Tribunal constitucional, ou seja, no Supremo decidir sobre estas declarações (no qual deve se respeitar o quinto
Tribunal Federal, como ocorre no método reservado. constitucional).
Com efeito, coexistem no Brasil, com as devidas adaptações, os Com efeito, no controle de constitucionalidade difuso o controle
métodos reservado e aberto, isto é, a Constituição Federal brasileira é feito conforme o caso concreto para que aquele objeto de discussão
prevê simultaneamente a possibilidade de controle concentrado (por na relação jurídico-processual seja apreciado. Logo, é incidental, fun-
via de ação) e de controle difuso (por via de exceção). Daí se falar em cionando como uma questão prejudicial de mérito, que influenciará
um modelo misto. no objeto principal da lide. Seus efeitos são “inter partes”, restritos às
partes no processo, mas existe uma tendência de extensão de efeitos.
1) Controle concentrado – Via de ação
O controle concentrado, no sistema brasileiro, é realizado pelo Modulação de efeitos da declaração
Supremo Tribunal Federal, mediante utilização de ações específicas de inconstitucionalidade
previstas na Constituição Federal, as quais tem por causa de pedir a
própria declaração de inconstitucionalidade. A norma abstratamente Declarada a inconstitucionalidade no controle pelo Supremo
considerada é atacada em sua constitucionalidade mediante ação es- Tribunal Federal os efeitos produzidos são “ex tunc”, ou seja, re-
pecífica. troagem. Em outras palavras, é como se aquela norma nunca tivesse
Logo, o controle é feito por via de ação porque uma ação própria existido, afinal, a inconstitucionalidade é um vício congênito, que em
tem por objetivo único e exclusivo a realização deste controle, deci- tese não poderia se convalidar nem mesmo por um período de tempo.
dindo pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade. Não existe A Lei nº 9.868/1999, que regula o processo e o julgamento da
um interesse jurídico subjacente ligado a uma pessoa, não existe al- Ação Direta de Inconstitucionalidade e da Ação Declaratória de
guém específico em relação ao qual os efeitos da decisão impactarão Constitucionalidade, prevê em seu artigo 27 o seguinte: “Ao decla-
de forma mais intensa. A única finalidade é assegurar a supremacia da rar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista
Constituição. Uma vez reconhecido que a lei é inconstitucional, todas razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, po-
as pessoas sujeitas ao ordenamento jurídico nacional serão atingidas derá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus
– efeito “erga omnes” da decisão (artigo 28, parágrafo único, Lei nº membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela
9.868/1999). só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro mo-
No mais, fala-se em controle concentrado porque se concentra mento que venha a ser fixado”.
num único órgão – o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal. Esta modulação de efeitos, também conhecida como manipu-
Aliás, no Tribunal Pleno do STF será necessária a maioria absoluta lação de eficácia, pode ser requerida pela via dos embargos decla-
dos membros no julgamento deste tipo de ação: logo, dos 11 minis- ratórios ou na própria inicial e até mesmo ser tomada de ofício pelo
tros, ao menos 6 devem votar pela inconstitucionalidade para que ela Supremo Tribunal Federal. Os critérios para que seja feita a modula-
seja declarada. ção de efeitos são potencial comprometimento da segurança jurídica
ou excepcional interesse social. Basicamente, basta pensar que se o
2) Controle difuso – Via de exceção ato fosse declarado inconstitucional como se nunca tivesse produ-
Trata-se da competência conferida a todos os juízes de 1ª instân- zido efeitos seria necessário reparar tudo o que dele decorreu, por
cia e órgãos jurisdicionais superiores de declararem a inconstituciona- exemplo, declarar nulos todos os processos ou ainda devolver todas
lidade num processo que tramite perante eles de maneira incidental. quantias cobradas durante anos – o impacto socioeconômico seria
O controle é difuso porque se espalha por diversos órgãos do Poder imensurável.
Judiciário. Além disso, fala-se em via de exceção porque a declara- Os critérios para modulação de efeitos são amplos e permitem a
ção de inconstitucionalidade se dá de maneira acessória a uma relação interpretação conforme o caso concreto, mas inegável que se faz pre-
jurídico-processual formada como objeto principal dentro de um pro- sente a excepcionalidade de sua utilização. Logo, somente de forma
cesso. Sendo assim, a causa de pedir não é a declaração de inconsti- excepcional que a declaração de inconstitucionalidade não produzirá
tucionalidade, mas um bem de direito, de modo que esta declaração efeitos “ex tunc”.
feita incidentalmente influencia na concessão ou não deste bem. Não obstante, “a priori”, a modulação de efeitos da decisão fica
O único juiz que pode, sozinho, declarar a inconstitucionalidade restrita ao controle de constitucionalidade concentrado. No entanto, o
de uma lei é o juiz de 1ª instância. Quando a matéria de declaração Supremo Tribunal Federal tem utilizado uma interpretação extensiva
incidental de inconstitucionalidade sobe para as instâncias superiores, para permitir a modulação de efeitos também no controle difuso,
a decisão deve ser tomada pelo Tribunal Pleno ou, se isso não for notadamente quando decide que os efeitos da decisão não ficarão
possível, por um órgão colegiado especificadamente constituído com restritos entre as partes, mas atingirão todas as pessoas em situação
este fim. semelhante.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Quando se fala no controle de constitucionalidade difuso, a Tratando-se de decisão na via concentrada, os efeitos produzi-
princípio, produzirá efeitos “ex tunc” que atingirão apenas as par- dos serão subjetivos, entre partes, mas há mecanismos que possi-
tes diretamente envolvidas no processo. Não haverá produção de bilitam a extensão subjetiva dos limites do julgado:
efeitos “erga omnes”, logo, não existirá um impacto relevante a a) Comunicação ao Senado Federal, em consonância ao artigo
ser absorvido pelo ordenamento jurídico nacional. Portanto, não 52, X, CF, para que ele, em ato discricionário, expeça resolução sus-
há razão para a modulação de efeitos. Além disso, vale ressaltar pendendo a execução da lei federal concretamente declarada incons-
que somente o Supremo Tribunal Federal pode fazer a modula- titucional pelo Supremo Tribunal Federal, sendo que esta resolução
ção de efeitos e também é somente ele que poderá fazer com que produzirá efeitos “ex nunc” – a partir da data de sua publicação. O
uma decisão proferida em controle difuso de constitucionalidade Senado Federal pode publicar esta resolução de ofício, independente
produza efeitos “erga omnes”, notadamente mediante edição de de comunicação do STF. Há controvérsia sobre ser ou não possível a
súmula vinculante, regulamentada pela Lei nº 11.417/2006. Por suspensão parcial caso o STF tenha declarado inconstitucionalidade
assim dizer, quando se trata de controle de constitucionalidade total.
difuso, normalmente não haverá modulação de efeitos, por dois b) Mitigação do princípio da reserva do plenário sempre que
motivos: primeiro, porque se somente as partes envolvidas no pro- comprovado pela parte que em outro caso concreto houve decisão
cesso serão atingidas; segundo, porque é necessário que o processo pela inconstitucionalidade, seja do órgão especial, seja do plenário,
no qual está se realizando o controle chegue ao Supremo Tribunal inclusive do STF (artigo 481, parágrafo único, CPC).
Federal e ele decida estender os efeitos da decisão “erga omnes”. c) Súmula vinculante, que produz os mesmos efeitos que a de-
claração de inconstitucionalidade feita em controle concentrado,
Funcionamento do Controle difuso ou seja, “erga omnes”. A regulamentação está no artigo 103-A da
CF, incluído pela Emenda Constitucional nº 45/2004: “Art. 103-A.
1) Reserva de plenário O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
O princípio da reserva de plenário está previsto no artigo 97 mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas
da Constituição Federal: “Somente pelo voto da maioria absoluta decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir
de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em rela-
poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato ção aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
normativo do Poder Público”. direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como
Este princípio impede que um órgão fracionário declare a in- proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em
constitucionalidade, mas não que confirme a constitucionalidade. lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a
Sendo assim, se uma Câmara de um Tribunal de Justiça entender eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia
em sua maioria (2 dos 3 desembargadores) que há inconstituciona- atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração públi-
lidade, remeterá o julgamento para o órgão especial; mas se enten- ca que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação
der que não há, continua o julgamento normalmente. de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier
Neste sentido, regulamenta o Código de Processo Civil: “Art. a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
480. Arguida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação
poder público, o relator, ouvido o Ministério Público, submeterá a direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou deci-
questão à turma ou câmara, a que tocar o conhecimento do proces- são judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
so.Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, jul-
se for acolhida, será lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a gando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a deci-
questão ao tribunal pleno.Parágrafo único. Os órgãos fracionários são judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com
dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso”.
a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronuncia-
mento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a Mecanismos do controle concentrado
questão”.
Ressalta-se o teor da súmula vinculante nº 10 do STF: “Viola No controle concentrado surgem mecanismos específicos, ou
a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão seja, ações próprias que poderão ser utilizadas para sua realização.
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a Neste sentido, estabelece a Constituição Federal:
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipua-
afasta sua incidência, no todo ou em parte”. Cabe reclamação ao mente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e jul-
STF no caso de desrespeito a esta súmula. gar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
2) Extensão subjetiva dos limites do julgado constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; [...] § 1º A
A declaração de inconstitucionalidade feita por um Tribunal arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente
de Justiça ou por um Tribunal Regional Federal, evidentemente, desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Fede-
não pode ser definitiva e acabará sendo revista pelo Supremo Tri- ral, na forma da lei”.
bunal Federal se interposto Recurso Extraordinário. Neste sentido, Do dispositivo constitucional se extraem os principais instru-
o artigo102, III, “b” da CF estabelece o cabimento deste recurso mentos para o uso da via de ação no controle de constitucionalidade
no caso de declaração de inconstitucionalidade de lei federal. Para perante o Supremo Tribunal Federal: ação direta de inconstituciona-
confirmar a inconstitucionalidade declarada pelo Tribunal inferior lidade, ação direta de inconstitucionalidade por omissão, ação de-
ou mesmo para caçar a decisão, o Supremo Tribunal Federal preci- claratória de constitucionalidade e arguição de descumprimento de
sa se manifestar em seu Pleno. preceito fundamental.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1) Ação Direta de Inconstitucionalidade a) Legitimados universais – podem impugnar quaisquer atos
impugnáveis, posto que é atribuição destes órgãos zelar pela supre-
Objeto macia da Constituição. São eles: Presidente da República, Mesa da
O objeto da ação direta de inconstitucionalidade é uma lei ou Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Procurador Geral da
ato normativo federal ou estadual que contrarie a Constituição Fe- República, Conselho Federal da OAB e partido político com repre-
deral (art. 102, I, “a”, CF). O controle de lei municipal é feito por sentação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
via diversa. b) Legitimados especiais – só podem impugnar atos a eles vin-
Não é somente a lei que aceita o controle de constituciona- culados, demonstrando o “vínculo de pertinência temática”, que
lidade, embora lei seja o tipo mais clássico de ato normativo. É nada mais é do que a exigência de interesse de agir. São eles: Mesa
possível o controle de qualquer ato normativo federal ou estadual, de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Fe-
por exemplo, uma medida provisória ou um Decreto autônomo. deral, Governador do Estado ou do Distrito Federal, confederação
Qualquer ato normativo caracteriza-se por possuir abstração e ge- sindical e entidade de classe de âmbito nacional.
neralidade, bastando isto para ser considerado como tal. Contudo,
para ser passível de controle de constitucionalidade, segundo o Su- Procedimento
premo Tribunal Federal, precisa também ser autônomo. O procedimento da ação direta de inconstitucionalidade está
Ex.: O Decreto nº 1.171/1994 – Código de Ética da Adminis- previsto na Lei nº 9.868/1999 e nos parágrafos do artigo 103 da
tração Federal foi expedido pelo Presidente da República, consi- Constituição Federal.
derada a atribuição da Constituição Federal para dispor sobre a Na verdade, o artigo 103 apenas refere-se à necessidade de
organização e o funcionamento da administração pública federal, oitiva prévia à declaração de inconstitucionalidade do Procurador-
conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV - sancionar, Geral da República e do Advogado-Geral da União, sendo que o
promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e último tem por papel defender o ato ou texto impugnado. O proce-
regulamentos para sua fiel execução; [...] VI - dispor, mediante dimento em detalhes se encontra na Lei nº 9.868/1999.
decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração Neste sentido, referida lei indica em seu artigo 3º os requisi-
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou tos da petição inicial, acrescidos aos requisitos gerais do Código
extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos pú- de Processo Civil (notadamente em seu artigo 282), quais sejam o
apontamento do “dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado
blicos, quando vagos”. O Decreto n° 1.171/1994 é um exemplo do
e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das
chamado exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo,
impugnações”, bem como indicação do “pedido, com suas especifi-
que se perfaz em decretos regulamentares. Embora sejam factíveis
cações”, sendo apresentada em duas vias com cópia do ato norma-
decretos autônomos10, não é o caso deste decreto, o qual encontra
tivo impugnado e demais documentos necessários para a impugna-
conexão com diplomas como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico
ção. Não preenchidos, o artigo 4º prevê o indeferimento da inicial.
dos servidores públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de impro-
Não se admite a desistência da ação direta (artigo 5º, Lei nº
bidade administrativa), além da Constituição Federal. Assim, o
9.868/1999), até mesmo porque o interesse no seu julgamento
Decreto nº 1.171/1994 possui abstração e generalidade, mas não
transcende o interesse da parte que a propôs. Além disso, não se
autonomia. Caso se pretendesse questionar a constitucionalidade admite a intervenção de terceiros, ressalvada a atuação do “amicus
de um de seus dispositivos perante o Supremo Tribunal Federal curiae” (artigo 7º, Lei nº 9.868/1999).
pela ação direta, não seria possível. É possível, no curso do processo, solicitar “informações aos
Portanto, se um ato normativo que, além de abstrato e geral, órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo
for também autônomo e emanado de um dos Poderes nas esferas impugnado”, as quais deverão ser prestadas no prazo de 30 dias (ar-
estadual ou federal, passível de controle pela via da ação direta de tigo 6º, Lei nº 9.868/1999). Findo o prazo, ouve-se “sucessivamen-
inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. te, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da Repúbli-
ca, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias”
Legitimidade (artigo 8º, Lei nº 9.868/1999). Findo o prazo, “o relator lançará o
O rol de legitimados para proposição da ação é taxativo e está relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julga-
previsto no artigo 103 da CF: “Podem propor a ação direta de in- mento”, podendo ainda requisitar informações adicionais, inclusive
constitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: aos Tribunais superiores, estaduais e federais, bem como determi-
I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a nar perícia e agendar audiência pública a serem realizadas no prazo
Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Le- de 30 dias da solicitação (artigo 8º, Lei nº 9.868/1999).
gislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Go- Cabe medida cautelar na ação direta de inconstitucionalidade,
vernador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral regulada dos artigos 10 a 12 da Lei nº 9.868/1999. Será concedida
da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados por decisão da maioria absoluta após a oitiva dos órgãos ou auto-
do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso ridades dos quais o ato normativo emanou (5 dias, salvo excep-
Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âm- cional urgência, restando dispensada), sem prejuízo da oitiva do
bito nacional”. O artigo 2º da Lei nº 9.868/1999 repete o teor do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República (3
artigo 103, CF. dias), autorizada também a sustentação oral. Os efeitos desta medi-
Dentro deste dispositivo, cabe dividir os legitimados em duas da cautelar, em regra, são “ex nunc”, passando a partir da concessão
categorias, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal: a valerem as regras anteriores ao ato normativo supostamente in-
10 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. constitucional. É possível que o relator, após decidir sobre a medida
São Paulo: Saraiva, 2011. cautelar, agilize o julgamento definitivo da ação perante o pleno.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
2) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão Recebida a inicial, será ouvido em 15 dias o Procurador-Ge-
A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão encon- ral da República, que deverá pronunciar-se no prazo de quinze dias
tra escopo no artigo 103, § 2º, CF e é regulamentada na Lei nº (artigo 19), lançando-se relatório em seguida e requerido dia para
9.868/1999, desde a inclusão do Capítulo II-A feita pela Lei nº julgamento pelo relator, que ainda poderá requisitar informações
12.063/2009. Os legitimados são os mesmos da Ação Direta de adicionais, designar perito, fixar data para audiência pública e/ou
Inconstitucionalidade (artigo 12-A). solicitar informações aos demais Tribunais acerca da aplicação da
A seção I trabalha com a admissibilidade e o procedimento norma, providências estas a serem realizadas em 30 dias (artigo 20).
da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. A petição Prevê-se a medida cautelar no artigo 21, do qual se destaca o
inicial deve apontar “a omissão inconstitucional total ou parcial caput: “O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria abso-
quanto ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou luta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na
quanto à adoção de providência de índole administrativa” (artigo ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determina-
12-B, I), podendo ser indeferida de plano pelo relator se não fun- ção de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos pro-
damentada ou se manifestamente improcedente, decisão da qual
cessos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto
cabe agravo (artigo 12-C).
da ação até seu julgamento definitivo”.
Tal como na ação direta de inconstitucionalidade, uma vez
proposta é inadmissível a desistência (artigo 12-D). As demais
4) Regras procedimentais coincidentes na Ação Direta de
regras procedimentais também são as mesmas da ação direta de
inconstitucionalidade no que forem compatíveis (artigo 12-E). Inconstitucionalidade e na Ação Declaratória de Constituciona-
A possibilidade de concessão de medida cautelar em Ação Di- lidade
reta de Inconstitucionalidade por Omissão está prevista na seção Somente se decidirá sobre a constitucionalidade ou a inconsti-
II, notadamente no artigo 12-F, que prevê que esta concedida em tucionalidade da lei ou do ato normativo se presentes na sessão pelo
caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, menos oito ministros (artigo 22, Lei nº 9.868/1999). A constitucio-
por decisão da maioria absoluta de seus membros, após a audiên- nalidade ou inconstitucionalidade da norma será proclamada se nes-
cia dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão incons- te sentido decidirem ao menos 6 ministros, eventualmente cabendo
titucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias. suspensão do julgamento para colher o voto dos ministros ausentes
Concedida, “poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou (artigo 23, Lei nº 9.868/1999).
do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem Após o julgamento, é feita “comunicação à autoridade ou
como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos ao órgão responsável pela expedição do ato” (artigo 25, Lei nº
administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo 9.868/1999). “Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em julga-
Tribunal”. O artigo 12-G se reserva a regulamentar a publicação da do da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção
parte dispositiva em 10 dias no Diário Oficial da União e do Diário especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte
da Justiça da União. dispositiva do acórdão” (artigo 28, Lei nº 9.868/1999), conferindo
Na previsão constitucional do artigo 103, §2º, estabelece-se publicidade e plena aplicabilidade à decisão, afinal, é oponível “erga
que com sua declaração “será dada ciência ao Poder competente omnes”.
para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de O artigo 26 da Lei nº 9.868/1999 pretende garantir a preser-
órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias”. Esta previsão vação da segurança jurídica ao prever que “a decisão que declara
se repete na lei especial no artigo 12-H (seção III), que reforça a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato
e excepcionalidade da prorrogação do prazo. No mais, aplicam- normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível,
se quanto à decisão na Ação Direta de Inconstitucionalidade por ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo,
Omissão as regras comuns previstas no Capítulo IV da lei. igualmente, ser objeto de ação rescisória”.
3) Ação Declaratória de Constitucionalidade
5) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
O capítulo 3 da Lei nº 9.868/1999 regulamenta a ação declara-
Em seu artigo 102, §1º, a Constituição prevê que a Arguição de
tória de constitucionalidade, que tem por finalidade decidir sobre a
Descumprimento de Preceito Fundamental deverá ser disciplinada
aplicabilidade de um ato normativo sobre o qual recaia controvér-
sia judicial, ou seja, em relação ao qual paire dúvida sobre haver em lei específica, papel cumprido pela Lei nº 9.882, de 3 de dezem-
ou não respeito à Constituição Federal. bro de 1999.
Em que pese o teor aparentemente restritivo do artigo 13, os Conforme artigo 1º desta lei, a arguição “[...] será proposta pe-
legitimados para a propositura são os mesmos da ação direta de rante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar
inconstitucionalidade, conforme disposição do próprio artigo 103 lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público”.
da Constituição Federal. Os legitimados para a propositura são os mesmos da ação direta de
Os requisitos da inicial envolvem, basicamente, o apontamen- inconstitucionalidade (artigo 2º).
to do ato normativo e a razão do questionamento, com o corres- Neste sentido, a petição inicial deve apontar o preceito constitu-
pondente pedido (artigo 14), sendo que em caso de inépcia, falha cional violado e qual ato o violou, com as devidas provas, inclusive
na fundamentação ou manifesta improcedência poderá ser indefe- de eventual controvérsia judicial, e efetuando-se ao final o pedido
rida pelo relator, decisão da qual cabe agravo (artigo 15). (artigo 3º). Poderá ser indeferida pelo relator liminarmente se não
Também da ação declaratória de constitucionalidade não se for a ação correta para a pretensão, afinal, não é admitida a arguição
admitirá desistência (artigo 16). Ainda, não se admitirá interven- se houver outro meio eficaz de sanar a lesividade, ou houver inépcia,
ção de terceiros (artigo 18). decisão da qual cabe agravo (artigo 4º).

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
É possível que por maioria absoluta o Supremo Tribunal Fede- requisito da repercussão geral no recurso extraordinário e sua re-
ral defira pedido de medida liminar na arguição, poder conferido gulamentação no Código de Processo Civil, a figura do “amicus
ao relator para posterior referendo pelo pleno em caso de urgência curiae” passou a ser também possível na via de exceção do con-
ou perigo de lesão grave. É possível em 5 dias que o relator ouça trole de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.
órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato, além do Advogado- Neste sentido, o recurso extraordinário têm por objetivo ga-
Geral da União e do Procurador-Geral da República. (artigo 5º). rantir a efetividade e a uniformidade de interpretação da Constitui-
Conforme artigo 6º, “apreciado o pedido de liminar, o relator ção Federal em âmbito nacional, possuindo diversos requisitos de
solicitará as informações às autoridades responsáveis pela prática admissibilidade para o seu processamento. Com a Emenda Cons-
do ato questionado, no prazo de dez dias”, sendo possível ouvir as titucional nº 45/2004, além dos requisitos enumerados nas alíneas
partes no processo que ensejaram a arguição, requisitar informa- do inciso III do artigo 102 da CF, ficou a admissibilidade do re-
ções adicionais, designar perito e marcar audiência pública, permi- curso extraordinário dependente de demonstração, pela parte, de
tindo-se ainda, se necessário, a critério do relator, sustentação oral repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso
e juntada de memoriais, e ouvindo-se o Ministério Público quando concreto (art. 102, §3° da Constituição Federal).
não for parte. Após, o relator proferirá o relatório e requisitará um Neste sentido, o requisito da repercussão geral encontra-
dia para julgamento. (artigo 7º). se regulamentado no artigo 543-A, CPC, incluído pela Lei nº
O quórum de instalação da sessão do pleno que decida sobre a 11.418/2006: “Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em deci-
arguição é de ao menos 2/3 dos ministros (artigo 8º). são irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário, quando
Nos termos do artigo 10, “julgada a ação, far-se-á comuni- a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão ge-
cação às autoridades ou órgãos responsáveis pela prática dos atos ral, nos termos deste artigo. § 1º Para efeito da repercussão geral,
questionados, fixando-se as condições e o modo de interpretação será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do
e aplicação do preceito fundamental”, devendo a decisão ser cum- ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultra-
prida de imediato, publicando-se em 10 dias o dispositivo no Diá- passem os interesses subjetivos da causa. § 2º O recorrente deverá
rio da Justiça e no Diário Oficial da União e aplicando-se contra demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva
todos e com efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral. §
Poder Público. Esta decisão é irrecorrível (artigo 12) e caberá re- 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar deci-
clamação ao Supremo em caso de seu descumprimento (artigo 13). são contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. §
4º Se a Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no
Atuação do “amicus curiae” mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a remessa do recurso
ao Plenário. § 5º Negada a existência da repercussão geral, a deci-
O “amicus curiae” é um terceiro em relação à causa discutida, são valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão
que traz elementos técnicos e de interesse da sociedade para ajudar indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos termos
na decisão da causa pelo Supremo Tribunal Federal. Sua figura já do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. § 6º O Rela-
é admitida no controle abstrato de constitucionalidade. tor poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação
O “amicus curiae” ou amigo da corte, no contexto histórico, de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do
tem sua origem no direito romano. Trata-se de uma figura anti- Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. § 7º A Súmula
ga do Direito. Porém, predomina entre os doutrinadores a tese de da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será pu-
que o instituto é originário do direito inglês, mais precisamente do blicada no Diário Oficial e valerá como acórdão”.
processo penal. Do direito inglês, esta figura migrou para o direito Nota-se que o artigo 543-A, § 6º do Código de Processo Civil,
americano. traz a intervenção do “amicus curiae” no recurso extraordinário,
Neste sentido, o sistema da “Common Law” permite que as que deverá se autorizada pelo relator quando da análise da reper-
decisões jurisprudenciais vinculem os casos futuros semelhantes, cussão geral.
justificando-se a atuação de terceiro interessado alheio à relação Logo, o “amicus curiae” pode se fazer presente em ambos
jurídico-processual. Estas decisões servem como parâmetro para sistemas de controle de constitucionalidade perante o Supremo
novos processos da mesma natureza, tornando a participação de Tribunal Federal. Vale ressaltar que a participação do “amicus
outros setores importantes mecanismos em que a sociedade emita curiae” na Corte constitucional brasileira muito tem contribuído
sua opinião sobre as decisões judiciais. para uma ampla interpretação da matéria em litígio, ultrapassando
Sendo assim, é figura antiga na legislação estrangeira, prin- a esfera jurídica e interagindo com outras áreas do conhecimento.
cipalmente nos países da “Common Law”. No Direito brasileiro Por exemplo, na ADPF nº 54, em que o Supremo Tribunal Federal
previsto em algumas leis específicas, a sua maior atuação foi apri- decidiu, por maioria dos votos, assegurar o direito à gestante de
morada dentro do processo e julgamento perante o Supremo Tribu- abortar em caso de feto anencefálico, contou-se com a colaboração
nal Federal, nas ações declaratória de constitucionalidade e direta de órgãos e entidades ligados à saúde, na qualidade de “amicus
de inconstitucionalidade, com o advento da Lei n° 9.868/1999. O curiae”.
Supremo Tribunal Federal tem se posicionado no sentido de per-
mitir a intervenção do “amicus curiae” nos processo de Arguição Peculiaridades do controle de leis municipais
de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), mesmo
não havendo previsão na legislação específica. Como visto uma ação direta de inconstitucionalidade tem
Com efeito, extremamente usual e consolidada no ordena- por objeto lei ou ato normativo federal ou estadual que contrarie
mento brasileiro a figura do “amicus curiae” na via de ação do a Constituição Federal. Sendo assim, não é possível que uma lei
controle de constitucionalidade. Por sua vez, desde a exigência do municipal seja objeto de ação direta de inconstitucionalidade.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Não significa que uma lei municipal não possa ser inconstitu- Com base nesta tríplice hierarquia dos tratados internacio-
cional, mas somente que esta inconstitucionalidade não poderá ser nais, se começou a falar em “controle de convencionalidade” –
questionada perante o Supremo Tribunal Federal pela via da ação uma modalidade aproximada ao controle de constitucionalidade
direta de inconstitucionalidade, mas somente pela via de exceção – como medida apta a aferir a consonância das normas aos trata-
ou, na via de ação, pela arguição de descumprimento de preceito dos internacionais com “status” de emenda constitucional ou nível
fundamental (preenchidos os demais requisitos, notadamente no supralegal.
juízo de relevância). Cabe ação direta de inconstitucionalidade de Mazzuoli11 é um dos principais defensores do controle con-
lei municipal perante o Tribunal de Justiça local em caso de con- vencionalidade no país, que pode ocorrer nas vias concentrada e
fronto com a Constituição Estadual, cuja supremacia é resguarda- difusa. Para o autor, tal controle será possível pela via concentra-
da pelo Tribunal local, mas este controle não é possível caso lei da (a mesma essência do controle concentrado de constitucionali-
municipal viole lei orgânica municipal. dade) quando o parâmetro for tratado internacional sobre direitos
Quanto ao Distrito Federal, ressalta-se outra peculiaridade: humanos internalizado na forma do terceiro parágrafo, do art. 5º,
sua capacidade regulamentar abrange a competência legislativa es- da CF. Desta maneira, a ação direta de inconstitucionalidade (ADI)
tadual e a competência legislativa municipal. Sendo assim, caberia se transformaria em ação direta de inconvencionalidade; a ação
o controle direto de constitucionalidade de todas as suas normas? declaratória de constitucionalidade (ADO) se transformaria em
Não. Conforme a súmula 642 do STF, “não cabe ação direta de ação declaratória de convencionalidade; e a arguição por des-
inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua cumprimento de preceito fundamental (ADPF) poderia ser utili-
competência legislativa municipal”. Logo, se a lei distrital abordar zada para proteger “preceito fundamental” de um tratado de
matéria de competência estadual, poderá ser objeto de ação direta direitos humanos violado por normas infraconstitucionais,
de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, mas inclusive leis municipais e normas anteriores à dará que o tra-
se abordar matéria de competência municipal não o poderá. Por tado foi aprovado. Existiria, ainda, a possibilidade do Supremo
outro lado, a lei orgânica do distrito federal se equipara a Cons- Tribunal Federal declarar a inconvencionalidade por omissão
tituição Estadual, razão pela qual qualquer lei municipal pode ser (fazendo menção à ADO) de medida para tornar efetiva norma
objeto de controle de constitucionalidade pela via da ação direta internacional de direitos humanos em vigor no Brasil e anterior-
de inconstitucionalidade perante o Tribunal de Justiça do Distrito
mente aprovada por maioria qualificada, dando ciência ao Poder
Federal.
competente para sanar a omissão. Tudo isto se daria sem prejuízo
O controle de constitucionalidade direto de leis municipais
do controle de convencionalidade em via difusa (a mesma lógica
perante o Tribunal de Justiça pode ser previsto de maneira especí-
do controle difuso de constitucionalidade).
fica nas Constituições estaduais e deve guardar uma simetria com a
regulamentação do controle de constitucionalidade direto perante
o Supremo Tribunal Federal, notadamente no que tange ao estabe-
lecimento dos legitimados.
4 REGIMES POLÍTICOS E
Controle de convencionalidade FORMAS DE GOVERNO

Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/04, que acres-


ceu o § 3º ao art. 5º da Constituição Federal, abriu-se a possibilida-
de para que os tratados internacionais de direitos humanos fossem O regime político envolve o modo como se institui e é exer-
– com sua internalização – equiparados às emendas constitucio- cido o poder no Estado de Direito, podendo ser autoritário ou de-
nais, desde que houvesse a aprovação do tratado em cada Casa do mocrático.
Congresso Nacional, com votação em dois turnos e aprovação por Nos regimes autoritários ou não democráticos, as decisões po-
três quintos dos votos dos respectivos membros. líticas não contam com qualquer tipo de manifestação da vontade
Quanto aos demais diplomas, há posicionamentos doutriná- do povo.
rios conflitantes quanto à possibilidade de considerar como hie- Nos regimes democráticos o povo participa na tomada das
rarquicamente constitucional os tratados internacionais de direitos decisões políticas, diretamente (democracia direta), por meio de
humanos que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- representantes (democracia indireta) e de ambas formas (democra-
riormente ao advento da referida emenda. Jurisprudencialmente, cia semidireta).
a resposta foi dada pelo Supremo Tribunal Federal na discussão Já a forma de governo envolve a concentração de parcela con-
que se deu com relação à prisão civil do depositário infiel, discipli- siderável do poder num dos atores envolvidos no processo políti-
nada como legal no Decreto-Lei nº 911/69, e prevista como ilegal co. Se o poder é reservado por direito a uma categoria de pessoas,
no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos os nobres, tem-se monarquia; se o poder não é reservado a nenhu-
aprovado antes da EC nº 45/04 e depois da CF/88). O Supremo ma pessoa específica tem-se República.
Tribunal Federal firmou o entendimento pela supralegalidade do Na monarquia, o Estado se classifica pelo trinômio vitalicieda-
tratado de direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa po- de, hereditariedade e irresponsabilidade. O poder pertence a uma
sição que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não pessoa entre os nobres que o recebe de seu ancestral que ocupava
revogaria a Constituição no ponto controverso). Logo, o tratado a mesma posição, geralmente um ascendente direto (ex.: pai é o rei
de direitos humanos anterior à Emenda Constitucional nº 45/04 é e ao falecer o trono passa para seu primogênito). Hoje existem as
mais do que lei ordinária, e por isso paralisa a lei ordinária que o chamadas monarquias constitucionais, nas quais o poder monár-
contrarie, porém menos que o texto constitucional. Criou-se, en- 11 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional
tão, uma necessidade de dupla compatibilidade das leis ordinárias. público. 7. ed. São Paulo: RT, 2013, p. 409.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
quico que não é absoluto, havendo formas de limitação e de atuação do Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual destes
povo no processo decisório. O mais comum é concentrar o exercício fundamentos.
das funções de chefia de Estado na monarquia e das funções de chefia
de governo ao representante do parlamento (Primeiro Ministro). 1.1) Soberania
Na república, forma adotada no Brasil, o Estado não pertence a Soberania significa o poder supremo que cada nação possui de
nenhum rei ou imperador, mas sim ao povo. O Estado pertence a todos, se autogovernar e se autodeterminar. Este conceito surgiu no Es-
caracterizando-se pelo trinômio eletividade, temporariedade e respon- tado Moderno, com a ascensão do absolutismo, colocando o reina
sabilidade. O representante será eleito por um prazo determinado e têm posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem
seus poderes limitados, sendo responsabilizados em caso de má gover- entendesse, pois seu poder era exclusivo, inabalável, ilimitado,
nança. atemporal e divino, ou seja, absoluto.
Importante, ainda, a noção de sistema de Governo. Podem ser ado- Neste sentido, Thomas Hobbes12, na obra Leviatã, defende
tados o presidencialismo, quando há um governante – o Presidente da que quando os homens abrem mão do estado natural, deixa de pre-
República, chefe do Executivo – que acumula as funções de chefe de dominar a lei do mais forte, mas para a consolidação deste tipo de
governo (chefia do poder executivo) e de chefe de Estado (representan- sociedade é necessária a presença de uma autoridade à qual todos
te diplomático); ou parlamentarismo, sistema que separa as funções de os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural,
chefe de governo e de chefe de Estado em duas autoridades diferentes. permitindo que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a
defesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra de
Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Leviatã, uma
autoridade inquestionável.
5 A REPARTIÇÃO DE No mesmo direcionamento se encontra a obra de Maquiavel13,
COMPETÊNCIA NA FEDERAÇÃO que rejeitou a concepção de um soberano que deveria ser justo e
ético para com o seu povo, desde que sempre tivesse em vista a
finalidade primordial de manter o Estado íntegro: “na conduta dos
homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recur-
A organização político-administrativa do Estado envolve a divisão so, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende
de competências entre as diversas unidades da federação – União, Esta- conquistar e manter o poder, os meios que empregue serão sempre
dos, DF e Municípios. tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta
O tema será aprofundado no tópico 7. sempre para as aparências e os resultados”.
A concepção de soberania inerente ao monarca se quebrou
numa fase posterior, notadamente com a ascensão do ideário ilu-
6 DIREITOS E GARANTIAS minista. Com efeito, passou-se a enxergar a soberania como um
FUNDAMENTAIS: DIREITOS E DEVERES poder que repousa no povo. Logo, a autoridade absoluta da qual
INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITOS emana o poder é o povo e a legitimidade do exercício do poder no
Estado emana deste povo.
SOCIAIS, DA NACIONALIDADE, DIREITOS
Com efeito, no Estado Democrático se garante a soberania
POLÍTICOS E DOS PARTIDOS POLÍTICOS popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do
poder extraída da soma dos atributos de cada membro da socie-
dade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no
governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto
Princípios fundamentais e igualitário”14.
Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo único do ar-
1) Fundamentos da República tigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana do povo, que o
O título I da Constituição Federal trata dos princípios fundamentais exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos ter-
do Estado brasileiro e começa, em seu artigo 1º, trabalhando com os mos desta Constituição”. O povo é soberano em suas decisões e as
fundamentos da República Federativa brasileira, ou seja, com as bases autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando-o,
estruturantes do Estado nacional. devem estar devidamente legitimadas para tanto, o que acontece
Neste sentido, disciplina: pelo exercício do sufrágio universal.
Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da ativi-
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indis- dade econômica (artigo 170, I, CF), restando demonstrado que não
solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em somente é guia da atuação política do Estado, mas também de sua
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: atuação econômica. Neste sentido, deve-se preservar e incentivar
I - a soberania; a indústria e a economia nacionais.
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
12 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tradução de João
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. [s.c]: [s.n.], 1861.
V - o pluralismo político. 13 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111.
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Cons- 14 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. São
tituição. Paulo: Saraiva, 2000.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1.2) Cidadania O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tri-
Quando se afirma no caput do artigo 1º que a República Fe- bunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa das
derativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, remete-se decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção intrín-
à ideia de que o Brasil adota a democracia como regime político. seca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações, de
Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comuni- modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais mínimas,
dades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas a participação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que
maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, como Te- isso importe destilação dos valores soberanos da democracia e das
bas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transforma- liberdades individuais. O processo de valorização do indivíduo
ram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., torna- articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem olvidar
ram-se democracias. Com efeito, as origens da chamada democra- que o espectro de abrangência das liberdades individuais encon-
cia se encontram na Grécia antiga, sendo permitida a participação tra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a honra,
direta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio a vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que
da discussão na polis. essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da pessoa hu-
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime político em mana, subsistem como conquista da humanidade, razão pela qual
que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de auferiram proteção especial consistente em indenização por dano
forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos, moral decorrente de sua violação”16.
eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é Para Reale17, a evolução histórica demonstra o domínio de um
dado o poder de eleger um representante). valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gradativa
Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao entre os valores; mas existem os valores fundamentais e os secun-
de cidadania, notadamente porque apenas quem possui cidadania dários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana. Nesse sen-
está apto a participar das decisões políticas a serem tomadas pelo tido, são os dizeres de Reale18: “partimos dessa ideia, a nosso ver
Estado. básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores.
Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo polí- O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo
tico-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de direitos entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais da mes-
políticos, ou seja, que pode votar e ser votado (sufrágio universal). ma espécie. O homem, considerado na sua objetividade espiritual,
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser, é o que
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um in- chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade originária
divíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar de ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão de-
o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações. terminante do processo histórico”.
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas Quando a Constituição Federal assegura a dignidade da pes-
pelo vínculo da nacionalidade. soa humana como um dos fundamentos da República, faz emergir
c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, na- uma nova concepção de proteção de cada membro do seu povo.
cionais ou não. Tal ideologia de forte fulcro humanista guia a afirmação de to-
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido aos na- dos os direitos fundamentais e confere a eles posição hierárquica
cionais titulares de direitos políticos, permitindo a consolidação do superior às normas organizacionais do Estado, de modo que é o
sistema democrático. Estado que está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus
membros, e não o inverso.
1.3) Dignidade da pessoa humana
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa Quando o constituinte coloca os valores sociais do trabalho em
se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da paridade com a livre iniciativa fica clara a percepção de necessário
moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário
humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como garantir direitos aos trabalhadores, notadamente consolidados nos
centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico, seja direitos sociais enumerados no artigo 7º da Constituição; por outro
na elaboração da norma, seja na sua aplicação. lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre ini-
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é ciativa, mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
possível conceituar dignidade da pessoa humana como o principal dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio do mais
valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pre- forte sobre o mais fraco.
tende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a explo-
e obrigações na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito ração de atividades econômicas no território brasileiro, coibindo-
acarreta a própria exclusão de sua personalidade. se práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a
Aponta Barroso15: “o princípio da dignidade da pessoa humana intenção de impedir a livre iniciativa, até mesmo porque o Estado
identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas
as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à cria- 16 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista n.
259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira.
ção, independente da crença que se professe quanto à sua origem. A Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso
dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito em: 17 nov. 2012.
como com as condições materiais de subsistência”. 17 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
15 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Consti- 2002, p. 228.
tuição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. 18 Ibid., p. 220.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
nacional necessita dela para crescer economicamente e adequar 3) Objetivos fundamentais
sua estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição Federal
os que nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é com os objetivos da República Federativa do Brasil, nos seguintes
possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais afirma- termos:
dos na Constituição Federal como direitos fundamentais.
No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar de ma- Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
neira racional, tendo em vista os direitos inerentes aos trabalhado- rativa do Brasil:
res, no que se consolida a expressão “valores sociais do trabalho”. I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
A pessoa que trabalha para aquele que explora a livre iniciativa II - garantir o desenvolvimento nacional; 
deve ter a sua dignidade respeitada em todas as suas dimensões, III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
não somente no que tange aos direitos sociais, mas em relação a gualdades sociais e regionais;
todos os direitos fundamentais afirmados pelo constituinte. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto consti- raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
tucional, que aborda a ordem econômica e financeira: “Art. 170. A
ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência dig- O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expressão
na, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade liberdade, igualda-
princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento repu- de e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões de direitos
blicano dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. humanos: a primeira dimensão, voltada à pessoa como indivíduo,
Por sua vez, são princípios instrumentais para a efetivação refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda dimensão, focada
deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e do artigo 170, na promoção da igualdade material, remete aos direitos econômicos,
ambos da Constituição, o princípio da livre concorrência (artigo sociais e culturais; e a terceira dimensão se concentra numa perspec-
170, IV, CF), o princípio da busca do pleno emprego (artigo 170, tiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
VIII, CF) e o princípio do tratamento favorecido para as empresas Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a preser-
de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham vação de direitos fundamentais inatos à pessoa humana em todas as
sua sede e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, asse- suas dimensões, indissociáveis e interconectadas. Daí o texto cons-
titucional guardar espaço de destaque para cada uma destas perspec-
gurando a livre iniciativa no exercício de atividades econômicas, o
tivas.
parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado a todos o livre
exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de
3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
Para que o governo possa prover todas as condições necessá-
rias à implementação de todos os direitos fundamentais da pessoa
1.5) Pluralismo político
humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça eco-
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da multi-
nomicamente, de modo que cada indivíduo passe a ter condições de
plicidade de ideologias culturais, religiosas, econômicas e sociais perseguir suas metas.
no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político,
afirma-se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideo- 3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as de-
logias cabe ao Estado nacional fornecer espaço para a manifesta- sigualdades sociais e regionais
ção política delas. Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a cons-
Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a trução de uma sociedade justa e solidária. É necessário ir além e
multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de tudo garantir nunca perder de vista a perspectiva da igualdade material. Logo, a
a existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem injeção econômica deve permitir o investimento nos setores menos
os mais diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e regionais e pau-
liberdade de expressão, manifestação e opinião, bem como possam latinamente erradicando a pobreza.
exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade. O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão relevan-
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou multi- te que o artigo 170 da Constituição prevê em seu inciso VII a “redu-
partidarismo, que é apenas uma de suas consequências e garante ção das desigualdades regionais e sociais” como um princípio que
que mesmo os partidos menores e com poucos representantes se- deve reger a atividade econômica. A menção deste princípio implica
jam ouvidos na tomada de decisões políticas, porque abrange uma em afirmar que as políticas públicas econômico-financeiras deverão
verdadeira concepção de multiculturalidade no âmbito interno. se guiar pela busca da redução das desigualdades, fornecendo incen-
tivos específicos para a exploração da atividade econômica em zonas
2) Separação dos Poderes economicamente marginalizadas.
A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado De-
mocrático de Direito, impedindo a monopolização do poder e, por 3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação
Constituição Federal com o seguinte teor: Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio da igual-
dade como objetivo a ser alcançado pela República brasileira. Sendo
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos assim, a república deve promover o princípio da igualdade e con-
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. solidar o bem comum. Em verdade, a promoção do bem comum
pressupõe a prevalência do princípio da igualdade.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo Jacques Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas,
Maritain19 ressaltou que o fim da sociedade é o seu bem comum, em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles ine-
mas esse bem comum é o das pessoas humanas, que compõem a rentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usual-
sociedade. Com base neste ideário, apontou as características es- mente são descritos em documentos internacionais para que sejam
senciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa
deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvi- humana é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana.
mento delas; respeito à autoridade na sociedade, pois a autoridade
é necessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas para 4.3) Autodeterminação dos povos
o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos
a justiça e a retidão moral elementos essenciais do bem comum. povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de di-
reito internacional que deve respeitar para a adequada consecução
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º) dos fins da comunidade internacional, também tem o direito de se
O último artigo do título I trabalha com os princípios que re- autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é feita pelo seu
gem as relações internacionais da República brasileira:
povo.
Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas re-
tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação
lações internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que
II - prevalência dos direitos humanos; um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção; 4.4) Não-intervenção
V - igualdade entre os Estados; Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá
VI - defesa da paz; respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo assim,
VII - solução pacífica dos conflitos; adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas to-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; madas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem
IX - cooperação entre os povos para o progresso da huma- internacional.
nidade;
X - concessão de asilo político. 4.5) Igualdade entre os Estados
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, ou
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional entre todos
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e
-americana de nações. voto na tomada de decisões políticas na ordem internacional em
cada organização da qual faça parte e deverá ter sua opinião res-
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a com- peitada.
preensão de que a soberania do Estado nacional brasileiro não per-
mite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados, 4.6) Defesa da paz
bem como de que é necessário respeitar determinadas práticas ine- O direito à paz vai muito além do direito de viver num mundo
rentes ao direito internacional dos direitos humanos. sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, de ver seus direi-
tos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos
4.1) Independência nacional internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento nas
A formação de uma comunidade internacional não significa a normas que surgiram para protegê-los, o que seria controverso. Em
eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativização,
termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser sem-
limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preservação do
pre priorizada a solução amistosa de conflitos.
bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio compromis-
so de respeito aos direitos humanos traduz a limitação das ações
estatais, que sempre devem se guiar por eles. Logo, o Brasil é um 4.7) Solução pacífica dos conflitos
país independente, que não responde a nenhum outro, mas que Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à necessi-
como qualquer outro possui um dever para com a humanidade e os dade de diplomacia nas relações internacionais. Caso surjam con-
direitos inatos a cada um de seus membros. flitos entre Estados nacionais, estes deverão ser dirimidos de forma
amistosa.
4.2) Prevalência dos direitos humanos Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofícios,
O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto, toda mediação, sistema de consultas, conciliação e inquérito são os
normativa existe para a sua proteção como pessoa humana e o Es- meios diplomáticos de solução de controvérsias internacionais,
tado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única forma não havendo hierarquia entre eles. Somente o inquérito é um pro-
de fazer isso é adotando a pessoa humana como valor-fonte de cedimento preliminar e facultativo à apuração da materialidade
todo o ordenamento, o que somente é possível com a compreensão dos fatos, podendo servir de base para qualquer meio de solução
de que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no de conflito20. Conceitua Neves21:
ordenamento jurídico-constitucional. 20 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Di-
19 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. reito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 123.
Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967, p. 20-22. 21 Ibid., p. 123-126.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição em consolidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa por
que os Estados oponentes buscam resolver suas divergências de parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e
forma direta, por via diplomática”; os entes sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justa-
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de con- mente cometeram tais violações.
flito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um diplomada “Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação do
para sua conclusão”; Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o entendi-
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução pa- mento que o Estado não tem esta obrigação, nem de fundamentar
cífica de controvérsia internacional, em que um Estado, uma orga- a recusa. A segunda parte deste artigo permite a interpretação no
nização internacional ou até mesmo um chefe de Estado apresenta- sentido de que é o Estado asilante que subjetivamente enquadra o
se como moderador entre os litigantes”; refugiado como asilado político ou criminoso comum”22.
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual uma
terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos litigantes, de Direitos e garantias fundamentais
forma voluntária ou em razão de estipulação anterior, toma conhe-
cimento da divergência e dos argumentos sustentados pelas partes, O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e Ga-
e propõe uma solução pacífica sujeita à aceitação destas”; rantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes espécies
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos (art. 5º,
solução de litígios em que os Estados ou organizações internacio- CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º, CF), di-
nais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a en- reitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos políticos
contros periódicos com o objetivo de compor suas divergências”. (artigos 14 a 17, CF).
Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional dos
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do artigo 5º,
Terrorismo é o uso de violência através de ataques localizados CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos se encai-
a elementos ou instalações de um governo ou da população civil, xam na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os direitos
de modo a incutir medo, terror, e assim obter efeitos psicológicos sociais se enquadram na segunda dimensão (direitos econômicos,
sociais e culturais) e os direitos coletivos na terceira dimensão.
que ultrapassem largamente o círculo das vítimas, incluindo, antes,
Contudo, a enumeração de direitos humanos na Constituição vai
o resto da população do território.
além dos direitos que expressamente constam no título II do texto
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados em di-
constitucional.
ferenças étnico-raciais, que podem consistirem violência física ou
Os direitos fundamentais possuem as seguintes características
psicológica direcionada a uma pessoa ou a um grupo de pessoas
principais:
pela simples questão biológica herdada por sua raça ou etnia.
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem antece-
Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é assumi-
dentes históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas
damente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e devem
perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimen-
ser repudiadas pelo Estado nacional. sões de direitos.
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a to-
4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da hu- dos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput do artigo 5º
manidade aos brasileiros e estrangeiros residentes no país tem se entendido
A cooperação internacional deve ser especialmente econômi- pela extensão destes direitos, na perspectiva de prevalência dos
ca e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena efeti- direitos humanos.
vidade dos direitos humanos fundamentais internacionalmente c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não possuem
reconhecidos. conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, inego-
Os países devem colaborar uns com os outros, o que é possível ciáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia
mediante a integração no âmbito de organizações internacionais uma limitação do princípio da autonomia privada.
específicas, regionais ou globais. d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não podem ser
Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em seu renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material
parágrafo único, destacando a importância da cooperação brasilei- destes direitos para a dignidade da pessoa humana.
ra no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil buscará e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem deixar
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da de ser observados por disposições infraconstitucionais ou por atos
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- das autoridades públicas, sob pena de nulidades.
-americana de nações”. Neste sentido, o papel desempenhado no f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem um
MERCOSUL. único conjunto de direitos porque não podem ser analisados de
maneira isolada, separada.
4.10) Concessão de asilo político g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se
Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre
quando naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma per- exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso
seguição. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, como a (prescrição).
prática de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios das 22 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários aos artigos
Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta prote- XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Uni-
ção. Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a versal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 83.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem ser uti- 1.3) Relação direitos-deveres
lizados como um escudo para práticas ilícitas ou como argumento O capítulo em estudo é denominado “direitos e garantias de-
para afastamento ou diminuição da responsabilidade por atos ilíci- veres e coletivos”, remetendo à necessária relação direitos-deve-
tos, assim estes direitos não são ilimitados e encontram seus limites res entre os titulares dos direitos fundamentais. Acima de tudo,
nos demais direitos igualmente consagrados como humanos. o que se deve ter em vista é a premissa reconhecida nos direitos
fundamentais de que não há direito que seja absoluto, correspon-
1) Direitos e deveres individuais e coletivos. dendo-se para cada direito um dever. Logo, o exercício de direitos
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres indivi- fundamentais é limitado pelo igual direito de mesmo exercício por
duais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capítulo já se extrai parte de outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
que a proteção vai além dos direitos do indivíduo e também abran- Explica Canotilho24 quanto aos direitos fundamentais: “a ideia
ge direitos da coletividade. A maior parte dos direitos enumerados de deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como o ‘ou-
no artigo 5º do texto constitucional é de direitos individuais, mas tro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de um direito
são incluídos alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitu- fundamental corresponde um dever por parte de um outro titu-
cionais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda- lar, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado aos direitos
do de segurança coletivo). fundamentais como destinatário de um dever fundamental. Neste
sentido, um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia
1.1) Direitos e garantias um dever correspondente”. Com efeito, a um direito fundamental
Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos direitos e es- conferido à pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço
tabelece garantias em prol da preservação destes, bem como remé- de direitos conferidos às outras pessoas.
dios constitucionais a serem utilizados caso estes direitos e garan-
tias não sejam preservados. Neste sentido, dividem-se em direitos 1.4) Direitos e garantias em espécie
e garantias as previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu caput:
declaratórias e as garantias são as disposições assecuratórias.
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo o direi- Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis-
to e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelectual,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
artística, científica e de comunicação, independentemente de cen-
seguintes [...].
sura ou licença.
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um dos princi-
O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a vedação
pais (senão o principal) artigos da Constituição Federal, consagra
de censura ou exigência de licença. Em outros casos, o legislador
o princípio da igualdade e delimita as cinco esferas de direitos in-
traz o direito num dispositivo e a garantia em outro: a liberdade
dividuais e coletivos que merecem proteção, isto é, vida, liberda-
de locomoção, direito, é colocada no artigo 5º, XV, ao passo que o
dever de relaxamento da prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, de, igualdade, segurança e propriedade. Os incisos deste artigos
se encontra no artigo 5º, LXV23. delimitam vários direitos e garantias que se enquadram em alguma
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em violação de destas esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
direito, cabe a utilização dos remédios constitucionais. pecíficas que ganham também destaque no texto constitucional,
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remédios cons- quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos constitucionais-
titucionais de garantias, e todas as suas fórmulas de direitos e ga- -penais.
rantias propriamente ditas apenas de direitos.
- Direito à igualdade
1.2) Brasileiros e estrangeiros Abrangência
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o consti-
pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamente, “aos brasileiros tuinte afirmou por duas vezes o princípio da igualdade:
e aos estrangeiros residentes no País”. No entanto, tal restrição é
apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os direi- Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem dis-
tos estarão protegidos com relação a todas as pessoas nos limites da tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
soberania do país. estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
com habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar seguintes [...].
ação reivindicatória com relação a imóvel seu localizado no Brasil
(ainda que não resida no país). Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro inciso:
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as pessoas.
A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição de Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direitos e
cidadão, que só é possuída por nacionais titulares de direitos polí- obrigações, nos termos desta Constituição.
ticos.
23 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferên- 24 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teo-
cia. ria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de igualda- - Direito à vida
de de gênero, afirmando que não deve haver nenhuma distinção sexo Abrangência
feminino e o masculino, de modo que o homem e a mulher possuem os O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
mesmos direitos e obrigações. direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em torno
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito mais do que a do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, possuindo
igualdade de gêneros, envolve uma perspectiva mais ampla. reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. Daí
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores de interpretação existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo
de qualquer sistema jurídico. O primeiro enfoque que foi dado a este aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se ela
direito foi o de direito civil, enquadrando-o na primeira dimensão, no perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer
sentido de que a todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos pessoa, é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma-
direitos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igualdade en- nos26.
quanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos demais por meio da No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nascer/
equiparação. Basicamente, estaria se falando na igualdade perante a lei. permanecer vivo, o que envolve questões como pena de morte,
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que não basta- eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; quanto o direito
va igualar todos os homens em direitos e deveres para torná-los iguais, de viver com dignidade, o que engloba o respeito à integridade
pois nem todos possuem as mesmas condições de exercer estes direi- física, psíquica e moral, incluindo neste aspecto a vedação da tor-
tos e deveres. Logo, não é suficiente garantir um direito à igualdade tura, bem como a garantia de recursos que permitam viver a vida
formal, mas é preciso buscar progressivamente a igualdade material. com dignidade.
No sentido de igualdade material que aparece o direito à igualdade num Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos in-
segundo momento, pretendendo-se do Estado, tanto no momento de le- cisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos direitos
gislar quanto no de aplicar e executar a lei, uma postura de promoção de mais discutidos em termos jurisprudenciais e sociológicos. É no
políticas governamentais voltadas a grupos vulneráveis. direito à vida que se encaixam polêmicas discussões como: aborto
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notáveis: o de de anencéfalo, pesquisa com células tronco, pena de morte, euta-
igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação uniforme da lei a todas násia, etc.
as pessoas que vivem em sociedade; e o de igualdade material, corres-
pondendo à necessidade de discriminações positivas com relação a gru- Vedação à tortura
pos vulneráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a veda-
ção da tortura, corolário do direito à vida, conforme previsão no
Ações afirmativas
inciso III do artigo 5º:
Neste sentido, desponta a temática das ações afirmativas,que são
políticas públicas ou programas privados criados temporariamente e de-
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a
senvolvidos com a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes
tratamento desumano ou degradante.
de discriminações ou de uma hipossuficiência econômica ou física, por
meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais
condições. A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano, ex-
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, em uma socie- pressamente vedada em âmbito internacional, como visto no tópi-
dade pluralista, a condição de membro de um grupo específico não pode co anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a Lei nº
ser usada como critério de inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e dá outras
afirma-se que elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se- providências, destacando-se o artigo 1º:
gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo público pela
sua capacidade e esforço, e não por pertencer a determinada categoria); Art. 1º Constitui crime de tortura:
fomentariam o racismo e o ódio; bem como ferem o princípio da isono- I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
mia por causar uma discriminação reversa. ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas defende que a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
elas representam o ideal de justiça compensatória (o objetivo é compen- vítima ou de terceira pessoa;
sar injustiças passadas, dívidas históricas, como uma compensação aos b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
negros por tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-se uma con- II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
cretização do princípio da igualdade material); bem como promovem a com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
diversidade. físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verdadeira de caráter preventivo.
igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao Pena - reclusão, de dois a oito anos.
trabalho da mulher e do menor, as garantias aos portadores de deficiên- § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
cia, entre outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi- sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas diferenças25. intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
Tem predominado em doutrina e jurisprudência, inclusive no Supre- de medida legal.
mo Tribunal Federal, que as ações afirmativas são válidas.
26 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Co-
25 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e II. mentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p.
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08. 15.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por mo-
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, sal-
de um a quatro anos. vo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu-
são é de oito a dezesseis anos. Trata-se de instrumento para a consecução do direito assegu-
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: rado na Constituição Federal – não basta permitir que se pense
I - se o crime é cometido por agente público; diferente, é preciso respeitar tal posicionamento.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador Com efeito, este direito de liberdade de expressão é limita-
de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;  do. Um destes limites é o anonimato, que consiste na garantia de
III - se o crime é cometido mediante sequestro. atribuir a cada manifestação uma autoria certa e determinada, per-
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- mitindo eventuais responsabilizações por manifestações que con-
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo trariem a lei.
da pena aplicada.
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
ou anistia.
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade intelec-
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó-
tual, artística, científica e de comunicação, independentemente
tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
de censura ou licença.
- Direito à liberdade
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expressão,
direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem. referente de forma específica a atividades intelectuais, artísticas,
científicas e de comunicação. Dispensa-se, com relação a estas,
Liberdade e legalidade a exigência de licença para a manifestação do pensamento, bem
Prevê o artigo 5º, II, CF: como veda-se a censura prévia.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impedir a divul-
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de gação e o acesso a informações como modo de controle do poder.
fazer alguma coisa senão em virtude de lei. A censura somente é cabível quando necessária ao interesse públi-
co numa ordem democrática, por exemplo, censurar a publicação
O princípio da legalidade se encontra delimitado neste inciso, de um conteúdo de exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou deixar de O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à indenização
fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine. Assim, (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapartida para aquele que
salvo situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade para agir teve algum direito seu violado (notadamente inerentes à privacida-
como considerar conveniente. de ou à personalidade) em decorrência dos excessos no exercício
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação com da liberdade de expressão.
o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é líci-
to. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer como Liberdade de crença/religiosa
proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como regra, ou Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciência e de
Liberdade de pensamento e de expressão crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
O artigo 5º, IV, CF prevê:
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a
suas liturgias.
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento, sen-
do vedado o anonimato.
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé como bem
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pensa- entender dentro dos limites da lei. Não há uma crença ou religião
mento e da liberdade de expressão. que seja proibida, garantindo-se que a profissão desta fé possa se
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afinal, realizar em locais próprios.
“o ser humano, através dos processos internos de reflexão, formula Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos distintos,
juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a opinião porém intrinsecamente relacionados de liberdades: a liberdade de
de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao consagrar a li- crença; a liberdade de culto; e a liberdade de organização religiosa.
vre manifestação do pensamento, imprime a existência jurídica ao Consoante o magistério de José Afonso da Silva28, entra na
chamado direito de opinião”27. Em outras palavras, primeiro existe liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade
o direito de ter uma opinião, depois o de expressá-la. de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de pen- mudar de religião, além da liberdade de não aderir a religião algu-
samento e de expressão o direito à escusa por convicção filosófica ma, assim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu
ou política: e de exprimir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de em-
27 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 28 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
baraçar o livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença. Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
A liberdade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
atos próprios das manifestações exteriores em casa ou em público, coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
bem como a de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, a responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescin-
liberdade de organização religiosa refere-se à possibilidade de esta- dível à segurança da sociedade e do Estado.
belecimento e organização de igrejas e suas relações com o Estado.
Como decorrência do direito à liberdade religiosa, asseguran- A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 regula
do o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF: o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, CF,
também conhecida como Lei do Acesso à Informação.
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres- Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
tação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva. Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen-
temente do pagamento de taxas:
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos prisionais a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
civis e militares, mas também a hospitais. direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade religiosa o b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para de-
direito à escusa por convicção religiosa: fesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por moti- Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cumpre ob-
vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo servar que o direito de petição deve resultar em uma manifestação
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma questão pro-
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. posta, em um verdadeiro exercício contínuo de delimitação dos
direitos e obrigações que regulam a vida social e, desta maneira,
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por exemplo, a quando “dificulta a apreciação de um pedido que um cidadão quer
todos os homens maiores de 18 anos o alistamento militar, não cabe
apresentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
se escusar, a não ser que tenha fundado motivo em crença religiosa
“demora para responder aos pedidos formulados” (administrativa
ou convicção filosófica/política, caso em que será obrigado a cum-
e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou con-
prir uma prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
dições para a formulação de petição”, traz a chamada insegurança
contrarie tais preceitos.
jurídica, que traz desesperança e faz proliferar as desigualdades e
as injustiças.
Liberdade de informação
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por exem-
O direito de acesso à informação também se liga a uma dimen-
são do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XIV, CF: plo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar cópias repro-
gráficas e certidões, bem como de ofertar denúncias de irregulari-
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à informa- dades. Contudo, o constituinte, talvez na intenção de deixar clara
ção e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercí- a obrigação dos Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a
cio profissional. letra b) do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido do
direito de obter certidões ser dissociado do direito de petição.
Trata-se da liberdade de informação, consistente na liberdade Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
de procurar e receber informações e ideias por quaisquer meios,
independente de fronteiras, sem interferência. Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao passo atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
que a liberdade de expressão tem uma característica ativa, de forma social o exigirem.
que juntas formam os aspectos ativo e passivo da exteriorização da
liberdade de pensamento: não basta poder manifestar o seu próprio Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o será
pensamento, é preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há neces- quando a intimidade merecer preservação (ex: processo criminal
sidade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para a de estupro ou causas de família em geral) ou quando o interes-
sociedade. se social exigir (ex: investigações que possam ser comprometidas
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de todos pela publicidade). A publicidade é instrumento para a efetivação
obterem informações claras, precisas e verdadeiras a respeito de da liberdade de informação.
fatos que sejam de seu interesse, notadamente pelos meios de co-
municação imparciais e não monopolizados (artigo 220, CF). No Liberdade de locomoção
entanto, nem sempre é possível que a imprensa divulgue com quem Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no artigo 5º,
obteve a informação divulgada, sem o que a segurança desta pode- XV, CF:
ria ficar prejudicada e a informação inevitavelmente não chegaria
ao público. Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território nacional
Especificadamente quanto à liberdade de informação no âmbi- em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
to do Poder Público, merecem destaque algumas previsões. nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do direito à Liberdade de associação
liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o território do país No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, CF:
em tempos de paz (em tempos de guerra é possível limitar tal liber-
dade em prol da segurança). A liberdade de sair do país não signi- Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para
fica que existe um direito de ingressar em qualquer outro país, pois fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
caberá à ele, no exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liberdade. A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua pe-
Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa nos casos au- renidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exercida de
torizados pela própria Constituição Federal. A despeito da norma- forma sazonal, eventual, a liberdade de associação implica na for-
tiva específica de natureza penal, reforça-se a impossibilidade de mação de um grupo organizado que se mantém por um período de
se restringir a liberdade de locomoção pela prisão civil por dívida. tempo considerável, dotado de estrutura e organização próprias.
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associações
ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o ideal de
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívida, sal- realizar sua própria justiça paralelamente à estatal.
vo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
O texto constitucional se estende na regulamentação da liber-
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
dade de associação.
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo Tribunal
Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito”. Por isso, a única exceção à regra Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da
da prisão por dívida do ordenamento é a que se refere à obrigação lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
alimentícia. interferência estatal em seu funcionamento.

Liberdade de trabalho Neste sentido, associações são organizações resultantes da re-


O direito à liberdade também é mencionado no artigo 5º, união legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem personalidade
XIII, CF: jurídica, para a realização de um objetivo comum; já cooperativas
são uma forma específica de associação, pois visam a obtenção de
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer trabalho, vantagens comuns em suas atividades econômicas.
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
lei estabelecer.
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulso-
O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi- riamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.
aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame
da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja, a as-
aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC sociação deixará de existir para sempre. Obviamente, é preciso o
e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina. trânsito em julgado da decisão judicial que assim determine, pois
antes disso sempre há possibilidade de reverter a decisão e permitir
Liberdade de reunião que a associação continue em funcionamento. Contudo, a decisão
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: judicial pode suspender atividades até que o trânsito em julgado
ocorra, ou seja, no curso de um processo judicial.
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, Em destaque, a legitimidade representativa da associação
sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando expres-
à autoridade competente.
samente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filia-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na dos judicial ou extrajudicialmente.
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar tal
reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança coletiva. Trata-se de caso de legitimidade processual extraordinária,
Imagine uma grande reunião de pessoas por uma causa, a exem- pela qual um ente vai a juízo defender interesse de outra(s) pes-
plo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões de pessoas em soa(s) porque a lei assim autoriza.
algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o A liberdade de associação envolve não somente o direito de
prévio aviso do poder público para que ele organize o policiamen- criar associações e de fazer parte delas, mas também o de não as-
to e a assistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas sociar-se e o de deixar a associação, conforme artigo 5º, XX, CF:
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso de ar-
mas, totalmente vedado, assim como de substâncias ilícitas (Ex: Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a associar-
embora a Marcha da Maconha tenha sido autorizada pelo Supremo se ou a permanecer associado.
Tribunal Federal, vedou-se que nela tal substância ilícita fosse uti-
lizada).

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
- Direitos à privacidade e à personalidade Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações tele-
Abrangência fônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e
Prevê o artigo 5º, X, CF: na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal.
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni- O sigilo de correspondência e das comunicações está melhor
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.

O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo dispo- Personalidade jurídica e gratuidade de registro
sitivo legal os direitos à privacidade e à personalidade. Quando se fala em reconhecimento como pessoa perante a lei
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao desdobra-se uma esfera bastante específica dos direitos de perso-
abordar a proteção da vida privada – que, em resumo, é a privaci- nalidade, consistente na personalidade jurídica. Basicamente, con-
dade da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de ami- siste no direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei.
gos –, Silva29 entende que “o segredo da vida privada é condição Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se necessá-
de expansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de rio o registro. Por ser instrumento que serve como pressuposto ao
personalidade em si. exercício de direitos fundamentais, assegura-se a sua gratuidade
A união da intimidade e da vida privada forma a privacidade, aos que não tiverem condição de com ele arcar.
sendo que a primeira se localiza em esfera mais estrita. É possível Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
ilustrar a vida social como se fosse um grande círculo no qual há
um menor, o da vida privada, e dentro deste um ainda mais restri- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconhecidamen-
to e impenetrável, o da intimidade. Com efeito, pela “Teoria das te pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a
Esferas” (ou “Teoria dos Círculos Concêntricos”), importada do certidão de óbito.
direito alemão, quanto mais próxima do indivíduo, maior a pro-
teção a ser conferida à esfera (as esferas são representadas pela O reconhecimento do marco inicial e do marco final da perso-
intimidade, pela vida privada, e pela publicidade). nalidade jurídica pelo registro é direito individual, não dependen-
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores, do de condições financeiras. Evidente, seria absurdo cobrar de uma
podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de si (honra pessoa sem condições a elaboração de documentos para que ela
subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros (honra ob- seja reconhecida como viva ou morta, o que apenas incentivaria a
jetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O direito à indigência dos menos favorecidos.
imagem também possui duas conotações, podendo ser entendido
em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, Direito à indenização e direito de resposta
por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subje- Com vistas à proteção do direito à privacidade, do direito à
tivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pessoa personalidade e do direito à imagem, asseguram-se dois instru-
e reconhecidas como suas pelo grupo social”30. mentos, o direito à indenização e o direito de resposta, conforme
as necessidades do caso concreto.
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspondência Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a inviolabilida-
de do domicílio e o sigilo das correspondências e comunicações. Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, propor-
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: cional ao agravo, além da indenização por dano material, moral
ou à imagem.
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
guém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, sal- “A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível
vo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socor- constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões e es-
ro, ou, durante o dia, por determinação judicial. petáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exercício
indevido da manifestação do pensamento são passíveis de exame
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente responsa-
entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL- bilidade civil e penal de seus autores, decorrentes inclusive de
QUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi fla- publicações injuriosas na imprensa, que deve exercer vigilância e
grado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre controle da matéria que divulga”31.
(incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de se
teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMEN- defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram
TE DURANTE O DIA por determinação judicial. publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mes-
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunicações, pre- mo quando for garantido o direito de resposta não é possível
vê o artigo 5º, XII, CF: reverter plenamente os danos causados pela manifestação ilí-
29 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
cita de pensamento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. indenização.
30 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitu- 31 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São
cional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Paulo: Malheiros, 2011.

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um - Direito à propriedade
dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indi- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
vidual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico. direito à propriedade, tanto material quanto intelectual, delimitada
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou em alguns incisos que o seguem.
imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in-
denizado. Função social da propriedade material
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal, a Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade.
liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a
própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capa- A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o princi-
cidade, o estado de família)”32. pal fator limitador deste direito:
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Código Civil:
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua função
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à ad- social.
ministração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a di-
vulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, A propriedade, segundo Silva34, “[...] não pode mais ser consi-
a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser derada como um direito individual nem como instituição do direito
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que privado. [...] embora prevista entre os direitos individuais, ela não
couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, mais poderá ser considerada puro direito individual, relativizando-
ou se se destinarem a fins comerciais. se seu conceito e significado, especialmente porque os princípios
da ordem econômica são preordenados à vista da realização de
- Direito à segurança seu fim: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que,
direito à segurança. Na qualidade de direito individual liga-se à se- ademais, tem que atender a sua função social, fica vinculada à con-
gurança do indivíduo como um todo, desde sua integridade física e
secução daquele princípio”.
mental, até a própria segurança jurídica.
Com efeito, a proteção da propriedade privada está limitada
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pessoal é o di-
ao atendimento de sua função social, sendo este o requisito que
reito de viver sem medo, protegido pela solidariedade e liberto de
a correlaciona com a proteção da dignidade da pessoa humana. A
agressões, logo, é uma maneira de garantir o direito à vida.
propriedade de bens e valores em geral é um direito assegurado na
Nesta linha, para Silva33, “efetivamente, esse conjunto de direi-
Constituição Federal e, como todos os outros, se encontra limitado
tos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos des-
tinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito individual pelos demais princípios conforme melhor se atenda à dignidade do
fundamental (intimidade, liberdade pessoal ou a incolumidade física ser humano.
ou moral)”. A Constituição Federal delimita o que se entende por função
Especificamente no que tange à segurança jurídica, tem-se o social:
disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urbano,
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito adquirido, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes ge-
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. rais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi-
mento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de
Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroatividade da lei. seus habitantes.
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro: Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câmara
Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habi-
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, tantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa jul- expansão urbana.
gada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua fun-
lei vigente ao tempo em que se efetuou. ção social quando atende às exigências fundamentais de ordena-
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titu- ção da cidade expressas no plano diretor35.
lar, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalte- Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a proprie-
rável, a arbítrio de outrem. dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
de que já não caiba recurso.
34 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
32 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. Bue- 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
nos Aires: Astrea, 1982. 35 Instrumento básico de um processo de planejamento municipal
33 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positi- para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação
vo... Op. Cit., p. 437. dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - aproveitamento racional e adequado; Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente; Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos
III - observância das disposições que regulam as relações de serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
dos trabalhadores.
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como de
Desapropriação interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a
No caso de desrespeito à função social da propriedade cabe até propor a ação de desapropriação.
mesmo desapropriação do bem, de modo que pode-se depreender
do texto constitucional duas possibilidades de desapropriação: por Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
desrespeito à função social e por necessidade ou utilidade pública. procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pro-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desapropria- cesso judicial de desapropriação.
ção por desatendimento à função social:
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública deve se
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público municipal, dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro. O Decreto-lei
mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o procedimento e concei-
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edi- tuando utilidade pública, em seu artigo 5º:
ficado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos de
I - parcelamento ou edificação compulsórios; utilidade pública:
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana a) a segurança nacional;
progressivo no tempo; b) a defesa do Estado;
c) o socorro público em caso de calamidade;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dí-
d) a salubridade pública;
vida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Fe-
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu
deral, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
abastecimento regular de meios de subsistência;
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mine-
juros legais36.
rais, das águas e da energia hidráulica;
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, ca-
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por interesse
sas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indeniza- i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logra-
ção em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do douros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcela-
valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do se- mento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização
gundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei37. econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de
distritos industriais;
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias serão j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
indenizadas em dinheiro. k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e
artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais,
No que tange à desapropriação por necessidade ou utilidade bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os
pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF: aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de
paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;
Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, do-
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por in- cumentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;
teresse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemo-
ressalvados os casos previstos nesta Constituição. rativos e cemitérios;
36 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de imóvel ur-
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso
bano por desatendimento à função social é necessário tomar duas providên- para aeronaves;
cias, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza
o estabelecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana científica, artística ou literária;
progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem ineficazes, parte-se para a p) os demais casos previstos por leis especiais.
desapropriação por desatendimento à função social.
37 A desapropriação em decorrência do desatendimento da função Um grande problema que faz com que processos que tenham a
social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desapropriação por ne- desapropriação por objeto se estendam é a indevida valorização do
cessidade ou utilidade pública, já que na primeira há violação do ordenamento
constitucional pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se em
imóvel pelo Poder Público, que geralmente pretende pagar valor
títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valorizados quanto o dinhei- muito abaixo do devido, necessitando o Judiciário intervir em prol
ro. da correta avaliação.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela qual há I - os instrumentos creditícios e fiscais;
a destinação de um bem expropriado (desapropriação) a finalidade II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
diversa da que se planejou inicialmente. A tredestinação pode ser garantia de comercialização;
lícita ou ilícita. Será ilícita quando resultante de desvio do propó- III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
sito original; e será lícita quando a Administração Pública dê ao IV - a assistência técnica e extensão rural;
bem finalidade diversa, porém preservando a razão do interesse V - o seguro agrícola;
público. VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
Política agrária e reforma agrária VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Enquanto desdobramento do direito à propriedade imóvel § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
e da função social desta propriedade, tem-se ainda o artigo 5º, agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
XXVI, CF: § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e
de reforma agrária.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, assim de-
finida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto
As terras devolutas e públicas serão destinadas conforme a
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ativi-
política agrícola e o plano nacional de reforma agrária (artigo
dade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento. 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a concessão, a
qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pequena e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por
propriedade será assegurado que permaneça com ela e a torne interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso
mais produtiva. Nacional”, salvo no caso de alienações ou concessões de terras
A preservação da pequena propriedade em detrimento dos públicas para fins de reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-guias da Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens,
regulamentação da política agrária brasileira, que tem como prin- mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão negociar
cipal escopo a realização da reforma agrária. seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF).
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária se en- Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição ou o
contra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF: arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica
estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autoriza-
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente o volu- ção do Congresso Nacional” (artigo 190, CF).
me total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de
recursos para atender ao programa de reforma agrária no exer- Usucapião
cício. Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade
que decorre da posse prolongada por um longo tempo, preen-
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, esta- chidos outros requisitos legais. Em outras palavras, usucapião
duais e municipais as operações de transferência de imóveis de- é uma situação em que alguém tem a posse de um bem por um
sapropriados para fins de reforma agrária. tempo longo, sem ser incomodado, a ponto de se tornar proprie-
tário.
Como a finalidade da reforma agrária é transformar terras im- A Constituição regulamenta o acesso à propriedade me-
produtivas e grandes propriedades em atinentes à função social, diante posse prolongada no tempo – usucapião – em casos es-
alguns imóveis rurais não podem ser abrangidos pela reforma pecíficos, denominados usucapião especial urbana e usucapião
agrária:
especial rural.
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião es-
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para fins
pecial urbana:
de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em
lei, desde que seu proprietário não possua outra; Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana
II - a propriedade produtiva. de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos,
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à pro- ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua mora-
priedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos re- dia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não
quisitos relativos a sua função social. seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão confe-
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187: ridos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente
do estado civil.
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e executada § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor
na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, mais de uma vez.
envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos se- § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usuca-
tores de comercialização, de armazenamento e de transportes, pião.
levando em conta, especialmente:

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja públi- Uso temporário
ca, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito de
requisitos específicos: propriedade que não possui o caráter definitivo da desapropriação,
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da localização, mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
área urbana é a que está dentro do perímetro urbano. Pela teoria da
destinação, mais importante que a localização é a sua utilização. Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários e estiver dentro do perímetro autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
urbana, o imóvel é rural. Para fins de usucapião a maioria diz que assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.
prevalece a teoria da localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse maior isolar Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de peri-
área de 250m² e ingressar com a ação? A jurisprudência é pacífica go, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma base para
que a posse desde o início deve ficar restrita a 250m². Predomina capturar um fugitivo), pois o interesse da coletividade é maior que
também que o terreno deve ter 250m², não a área construída (a área o do indivíduo proprietário.
de um sobrado, por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição Federal Direito sucessório
de 1988 que criou esta modalidade. E se antes de 05 de outubro de O direito sucessório aparece como uma faceta do direito à pro-
1988 uma pessoa tivesse há 4 anos dentro do limite da usucapião priedade, encontrando disciplina constitucional no artigo 5º, XXX
urbana? Predominou que só corria o prazo a partir da criação do e XXXI, CF:
instituto, não só porque antes não existia e o prazo não podia cor-
rer, como também não se poderia prejudicar o proprietário. Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse, é pre-
ciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, ao longo de Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros si-
todo o prazo (não só no início ou no final). Logo, não cabe acessio tuados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do
temporis por cessão da posse. cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no Brasil. favorável a lei pessoal do de cujus.
O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se alguém não quiser
a usucapião, prova o contrário. Este requisito é verificado no mo- O direito à herança envolve o direito de receber – seja devido
mento em que completa 5 anos. a uma previsão legal, seja por testamento – bens de uma pessoa
Em relação à previsão da usucapião especial rural, destaca-se que faleceu. Assim, o patrimônio passa para outra pessoa, con-
o artigo 191, CF: forme a vontade do falecido e/ou a lei determine. A Constituição
estabelece uma disciplina específica para bens de estrangeiros si-
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel tuados no Brasil, assegurando que eles sejam repassados ao côn-
rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, juge e filhos brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil
sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cin- ou do país estrangeiro).
quenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Direito do consumidor
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:
por usucapião.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei, a
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja pública, defesa do consumidor.
pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os seguintes requi-
sitos específicos: O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade a par-
a) Imóvel rural tir do momento em que garante à pessoa que irá adquirir bens e
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que estabe- serviços que estes sejam entregues e prestados da forma adequada,
lece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da Terra). É pos- impedindo que o fornecedor se enriqueça ilicitamente, se aproveite
sível usucapir áreas menores que o módulo rural? Tem prevalecido de maneira indevida da posição menos favorável e de vulnerabili-
o entendimento de que pode, mas é assunto muito controverso. dade técnica do consumidor.
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de outubro O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo re-
de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área é de até 25 cente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou foi
hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes da CF/88. Se promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de setem-
área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. bro de 1990, conforme determinado pela Constituição Federal de
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar na 1988, que também estabeleceu no artigo 48 do Ato das Disposi-
área rural. ções Constitucionais Transitórias:
e) Nenhum outro imóvel.
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a área Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e
produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labore”. Depen- vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de
derá do caso concreto. defesa do consumidor.

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi um “Os direitos autorais, também conhecidos como copyright
grande passo para a proteção da pessoa nas relações de consumo (direito de cópia), são considerados bens móveis, podendo ser
que estabeleça, respeitando-se a condição de hipossuficiente técni- alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte-se que a per-
co daquele que adquire um bem ou faz uso de determinado servi- missão a terceiros de utilização de criações artísticas é direito do
ço, enquanto consumidor. autor. [...] A proteção constitucional abrange o plágio e a contra-
fação. Enquanto que o primeiro caracteriza-se pela difusão de
Propriedade intelectual obra criada ou produzida por terceiros, como se fosse própria, a
Além da propriedade material, o constituinte protege tam- segunda configura a reprodução de obra alheia sem a necessária
bém a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, XX- permissão do autor”38.
VII, XXVIII e XXIX, CF:
- Direitos de acesso à justiça
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclu- A formação de um conceito sistemático de acesso à justiça se
sivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apontaram três ondas
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; de acesso, isto é, três posicionamentos básicos para a realização
efetiva de tal acesso. Tais ondas foram percebidas paulatinamente
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei: com a evolução do Direito moderno conforme implementadas as
a) a proteção às participações individuais em obras cole- bases da onda anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a
tivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas emergência de uma nova onda quando superada a afirmação das
atividades desportivas; premissas da onda anterior, restando parcialmente implementada
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao pleno atendimento
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, em todas as ondas).
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e as- Primeiro, Cappelletti e Garth39 entendem que surgiu uma onda
sociativas; de concessão de assistência judiciária aos pobres, partindo-se da
prestação sem interesse de remuneração por parte dos advogados
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inven- e, ao final, levando à criação de um aparato estrutural para a pres-
tos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem tação da assistência pelo Estado.
como proteção às criações industriais, à propriedade das mar- Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth40, veio
cas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo a onda de superação do problema na representação dos interesses
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e difusos, saindo da concepção tradicional de processo como algo
restrito a apenas duas partes individualizadas e ocasionando o sur-
econômico do País.
gimento de novas instituições, como o Ministério Público.
Finalmente, Cappelletti e Garth41 apontam uma terceira onda
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que
consistente no surgimento de uma concepção mais ampla de aces-
deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o
so à justiça, considerando o conjunto de instituições, mecanismos,
patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº
pessoas e procedimentos utilizados: “[...] esse enfoque encoraja
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos au-
a exploração de uma ampla variedade de reformas, incluindo al-
torais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes são conexos”.
terações nas formas de procedimento, mudanças na estrutura dos
O artigo 7° do referido diploma considera como obras in-
tribunais ou a criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas
telectuais que merecem a proteção do direito do autor os textos ou paraprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
de obras de natureza literária, artística ou científica; as confe- modificações no direito substantivo destinadas a evitar litígios ou
rências, sermões e obras semelhantes; as obras cinematográficas facilitar sua solução e a utilização de mecanismos privados ou in-
e televisivas; as composições musicais; fotografias; ilustrações; formais de solução dos litígios. Esse enfoque, em suma, não receia
programas de computador; coletâneas e enciclopédias; entre ou- inovações radicais e compreensivas, que vão muito além da esfera
tras. de representação judicial”.
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, inalie- Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos aspectos
náveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de rei- podem ser destacados: de um lado, deve criar-se o Poder Judiciário
vindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na utilização e se disponibilizar meios para que todas as pessoas possam bus-
desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e retirá-la de cá-lo; de outro lado, não basta garantir meios de acesso se estes
circulação se esta passar a afrontar sua honra ou imagem. forem insuficientes, já que para que exista o verdadeiro acesso à
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos artigos justiça é necessário que se aplique o direito material de maneira
41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos contados do justa e célere.
primeiro ano seguinte à sua morte ou do falecimento do último
coautor, ou contados do primeiro ano seguinte à divulgação da 38 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria
geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República Federativa
obra se esta for de natureza audiovisual ou fotográfica. Estes, do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
por sua vez, abrangem, basicamente, o direito de dispor sobre 39 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tra-
a reprodução, edição, adaptação, tradução, utilização, inclusão dução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor,
em bases de dados ou qualquer outra modalidade de utilização; 1998, p. 31-32.
sendo que estas modalidades de utilização podem se dar a título 40 Ibid., p. 49-52
oneroso ou gratuito. 41 Ibid., p. 67-73

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, prevê a Tribunal do júri
Constituição em seu artigo 5º, XXXV: A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o artigo
5º, XXXVIII, CF:
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do Po-
der Judiciário lesão ou ameaça a direito. Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princípio de a) a plenitude de defesa;
Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Prin- b) o sigilo das votações;
cípio da Ação, em que a Constituição garante a necessária tutela c) a soberania dos veredictos;
estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade. Sempre que d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos con-
uma controvérsia for levada ao Poder Judiciário, preenchidos os tra a vida.
requisitos de admissibilidade, ela será resolvida, independente-
mente de haver ou não previsão específica a respeito na legislação. O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que jul-
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, no que gam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o de ser
tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos favorecidos eco- julgado por seus iguais, membros da sociedade e não magistrados,
nomicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: no caso de determinados crimes que por sua natureza possuem
fortes fatores de influência emocional.
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurídica Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a defe-
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recur- sa técnica e deve ser mais ampla que a denominada ampla defesa
sos. assegurada em todos os procedimentos judiciais e administrati-
vos.
O constituinte, ciente de que não basta garantir o acesso ao Po- Sigilo das votações envolve a realização de votações secre-
der Judiciário, sendo também necessária a efetividade processual, tas, preservando a liberdade de voto dos que compõem o conselho
incluiu pela Emenda Constitucional nº 45/2004 o inciso LXXVIII que irá julgar o ato praticado.
ao artigo 5º da Constituição: A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a so-
berania dos veredictos veda a alteração das decisões dos jurados,
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e admi- não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do Júri para
nistrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os que seja procedido novo julgamento uma vez cassada a decisão
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. recorrida, haja vista preservar o ordenamento jurídico pelo princí-
pio do duplo grau de jurisdição.
 
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes dolosos
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir o acesso à
(em que há intenção ou ao menos se assume o risco de produção
justiça se este não fosse célere e eficaz. Não significa que se deve
do resultado) contra a vida, que são: homicídio, aborto, induzi-
acelerar o processo em detrimento de direitos e garantias assegu-
mento, instigação ou auxílio a suicídio e infanticídio. Sua compe-
rados em lei, mas sim que é preciso proporcionar um trâmite que
tência não é absoluta e é mitigada, por vezes, pela própria Consti-
dure nem mais e nem menos que o necessário para a efetiva reali-
tuição (artigos 29, X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
zação da justiça no caso concreto.
Anterioridade e irretroatividade da lei
- Direitos constitucionais-penais O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten- É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena sine
ciado senão pela autoridade competente”, consolida o princípio praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da lega-
do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de conhecer lidade (ou reserva legal), na medida em que não há crime sem lei
previamente daquele que a julgará no processo em que seja par- que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, e o princípio
te, revestindo tal juízo em jurisdição competente para a matéria da anterioridade, posto que não há crime sem lei anterior que o
específica do caso antes mesmo do fato ocorrer. defina.
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se o
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encontra-se artigo 5º, XL, CF:
no artigo 5º, XXXVII, CF:
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be-
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex- neficiar o réu.
ceção.
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da anterio-
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente criado ridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido um
para uma situação pretérita, bem como não reconhecido como le- fato como crime e dado certo tratamento penal a este fato (ex.:
gítimo pela Constituição do país. pena de detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes que ele
ocorra; por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato que o

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
exclua do rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico Personalidade da pena
(diminuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, nota- A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, XLV, CF:
damente), ela será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio
da irretroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroatividade Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa do con-
da lei penal mais benéfica. denado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucesso-
Menções específicas a crimes res e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: transferido.

Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação aten- O princípio da personalidade encerra o comando de o crime ser
tatória dos direitos e liberdades fundamentais. imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, a única pessoa
passível de sofrer a sanção. Seria flagrante a injustiça se fosse pos-
Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao princí- sível alguém responder pelos atos ilícitos de outrem: caso contrário,
pio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual práticas a reação, ao invés de restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocen-
discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o constituinte tes. Contudo, se uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patri-
entendeu por bem prever tratamento específico a certas práticas mônio responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
criminosas.
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: Individualização da pena
A individualização da pena tem por finalidade concretizar o
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime princípio de que a responsabilização penal é sempre pessoal, de-
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter- vendo assim ser aplicada conforme as peculiaridades do agente.
mos da lei. A primeira menção à individualização da pena se encontra no
artigo 5º, XLVI, CF:
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes resul-
tantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não cabe fian- Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da pena
ça (pagamento de valor para deixar a prisão provisória) e não se
e adotará, entre outras, as seguintes:
aplica o instituto da prescrição (perda de pretensão de se processar/
a) privação ou restrição da liberdade;
punir uma pessoa pelo decurso do tempo).
b) perda de bens;
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
c) multa;
d) prestação social alternativa;
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis
e) suspensão ou interdição de direitos.
e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve ser
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. individualizada nos planos legislativo, judiciário e executório, evi-
tando-se a padronização a sanção penal. A individualização da pena
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ter- significa adaptar a pena ao condenado, consideradas as característi-
mos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue cas do agente e do delito.
totalmente a punibilidade, a graça e o indulto apenas extinguem A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, com
a punibilidade, podendo ser parciais; a anistia, em regra, atinge maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consistente
crimes políticos, a graça e o indulto, crimes comuns; a anistia pode em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um deter-
ser concedida pelo Poder Legislativo, a graça e o indulto são de minado tempo.
competência exclusiva do Presidente da República; a anistia pode A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição do pa-
ser concedida antes da sentença final ou depois da condenação ir- trimônio do indivíduo delituoso.
recorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito em julgado A prestação social alternativa corresponde às penas restritivas
da sentença condenatória; graça e o indulto apenas extinguem a de direitos, autônomas e substitutivas das penas privativas de liber-
punibilidade, persistindo os efeitos do crime, apagados na anistia; dade, estabelecidas no artigo 44 do Código Penal.
graça é em regra individual e solicitada, enquanto o indulto é co- Por seu turno, a individualização da pena deve também se fazer
letivo e espontâneo. presente na fase de sua execução, conforme se depreende do artigo
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar que o 5º, XLVIII, CF:
artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra crimes de tor-
tura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos (previstos na Lei nº Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabeleci-
8.072 de 25 de julho de 1990). Além disso, são crimes que não mentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
aceitam fiança. sexo do apenado.
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
A distinção do estabelecimento conforme a natureza do delito
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e imprescri- visa impedir que a prisão se torne uma faculdade do crime. Infeliz-
tível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem mente, o Estado não possui aparato suficiente para cumprir tal di-
constitucional e o Estado Democrático. retiva, diferenciando, no máximo, o nível de segurança das prisões.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Quanto à idade, destacam-se as Fundações Casas, para cumpri- Respeito à integridade do preso
mento de medida por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
costumam ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
Também se denota o respeito à individualização da pena nesta Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito à inte-
faceta pelo artigo 5º, L, CF: gridade física e moral.

Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas condições Obviamente, o desrespeito à integridade física e moral do preso
para que possam permanecer com seus filhos durante o período é uma violação do princípio da dignidade da pessoa humana.
de amamentação. Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade estão
mencionados no próprio artigo 5º da Constituição Federal. Em pri-
Preserva-se a individualização da pena porque é tomada a meiro lugar, tem-se a vedação da tortura e de tratamentos desumanos
condição peculiar da presa que possui filho no período de ama- e degradantes (artigo 5º, III, CF), o que vale na execução da pena.
mentação, mas também se preserva a dignidade da criança, não No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:
a afastando do seio materno de maneira precária e impedindo a
formação de vínculo pela amamentação. Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será subme-
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
Vedação de determinadas penas
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de penas, Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque fazer
consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pensa-se que
seria uma situação constrangedora desnecessária ao suspeito, sendo
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas: assim, violaria a integridade moral.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX; Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
b) de caráter perpétuo; Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
c) de trabalhos forçados;
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de
d) de banimento;
seus bens sem o devido processo legal.
e) cruéis.
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve ser
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humanidade,
respeitada quando o Estado pretender punir alguém judicialmente.
pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que
Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e seguir estritamente
atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a consti-
a legislação vigente, sob pena de nulidade processual.
tuição físico-psíquica dos condenados”42 . Surgem como corolário do devido processo legal o contraditó-
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o consti- rio e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os garanta
tuinte não estabeleceu uma total vedação, autorizando-a nos casos estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF:
de guerra declarada. Obviamente, deve-se respeitar o princípio da
anterioridade da lei, ou seja, a legislação deve prever a pena de Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou admi-
morte ao fato antes dele ser praticado. No ordenamento brasileiro, nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
este papel é cumprido pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
1.001/1969), que prevê a pena de morte a ser executada por fuzila-
mento nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual se
militares em tempo de guerra. deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei e, sendo
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quaisquer cir- assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. Não obstante, o de-
cunstâncias as penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de vido processo legal tem sua faceta material que consiste na tomada
banimento e cruéis. de decisões justas, que respeitem os parâmetros da razoabilidade e
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar que o tra- da proporcionalidade.
balho obrigatório não é considerado um tratamento contrário à
dignidade do recluso, embora o trabalho forçado o seja. O traba- Vedação de provas ilícitas
lho é obrigatório, dentro das condições do apenado, não poden- Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
do ser cruel ou menosprezar a capacidade física e intelectual do
condenado; como o trabalho não existe independente da educação, Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas
cabe incentivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o obtidas por meios ilícitos.
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo externo, será
remunerado; além disso, condições de dignidade e segurança do Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo 157 do
trabalhador, como descanso semanal e equipamentos de proteção, CPP, são as obtidas em violação a normas constitucionais ou legai,
deverão ser respeitados. ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito material, constitu-
cional ou legal, no momento da sua obtenção. São vedadas porque
42 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ed. não se pode aceitar o descumprimento do ordenamento para fazê-
São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. -lo cumprir: seria paradoxal.

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Presunção de inocência Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do de-
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: poimento do interrogatório são assinados pelas autoridades envol-
vidas nas práticas destes atos procedimentais.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até o Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para que
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tanto que
assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, pelo qual
uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, o Judiciário assim Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente rela-
decida, respeitados todos os princípios e garantias constitucionais. xada pela autoridade judiciária.

Ação penal privada subsidiária da pública Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previsão do
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: artigo 5º, LXVI, CF:

Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos crimes de Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança.
A chamada ação penal privada subsidiária da pública encontra
respaldo constitucional, assegurando que a omissão do poder públi- Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido ao prin-
co na atividade de persecução criminal não será ignorada, fornecen- cípio da presunção de inocência, entende-se que ela não deve ser
do-se instrumento para que o interessado a proponha. mantida presa quando não preencher os requisitos legais para pri-
são preventiva ou temporária.
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no artigo 5º em Indenização por erro judiciário
relação ao tratamento da prisão, notadamente por se tratar de ato que A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciário en-
vai contra o direito à liberdade. Obviamente, a prisão não é vedada contra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
em todos os casos, porque práticas atentatórias a direitos fundamen-
tais implicam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber- Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado por
dade daquele que assim agiu. erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixa-
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: do na sentença.

Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagrante de- Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação e jul-
lito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária gamento de um processo criminal, resultando em condenação de
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime pro- alguém inocente. Neste caso, o Estado indenizará. Ele também
priamente militar, definidos em lei. indenizará uma pessoa que ficar presa além do tempo que foi con-
denada a cumprir.
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante delito (ne-
cessariamente antes do trânsito em julgado), ou em caráter tempo- 1.5) Direitos fundamentais implícitos
rário, provisório ou definitivo (as duas primeiras independente do Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
trânsito em julgado, preenchidos requisitos legais e a última pela
irreversibilidade da condenação). Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação ao juiz e Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos
à família ou pessoa indicada pelo preso: princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte.
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o local onde
se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente Daí se depreende que os direitos ou garantias podem estar ex-
e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. pressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo assim, o rol
enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas exemplificativo, não
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os seus taxativo.
direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar em contato
com sua família e com um advogado, conforme artigo 5º, LXIII, CF: 1.6) Tratados internacionais incorporados ao ordenamen-
to interno
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direitos, Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garantias po-
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a as- dem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados internacionais
sistência da família e de advogado. em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamento jurídi-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: co brasileiro deve ser observado um procedimento complexo, que
exige o cumprimento de quatro fases: a negociação (bilateral ou
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação dos multilateral, com posterior assinatura do Presidente da República),
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. submissão do tratado assinado ao Congresso Nacional (que dará

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado 1.7) Tribunal Penal Internacional
(confirmação da obrigação perante a comunidade internacional) Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
e a promulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo43.
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados interna- Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Tribu-
cionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que tenham por fulcro nal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou seja, tratado internacional  
de direitos humanos. O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi pro-
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originária na mulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de setembro de
Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia dos direi- 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em Roma, no dia 17
tos humanos, desde logo consagrando o princípio da primazia dos de julho de 1998, regendo a competência e o funcionamento deste
direitos humanos, como reconhecido pela doutrina e jurisprudên- Tribunal voltado às pessoas responsáveis por crimes de maior gra-
cia majoritários na época. “O princípio da primazia dos direitos vidade com repercussão internacional (artigo 1º, ETPI).
humanos nas relações internacionais implica em que o Brasil deve “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja jurisdi-
incorporar os tratados quanto ao tema ao ordenamento interno bra- ção é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional compete o
sileiro e respeitá-los. Implica, também em que as normas voltadas processo e julgamento de violações contra indivíduos; e, distinta-
à proteção da dignidade em caráter universal devem ser aplicadas mente dos Tribunais de crimes de guerra da Iugoslávia e de Ruan-
no Brasil em caráter prioritário em relação a outras normas”44. da, criados para analisarem crimes cometidos durante esses con-
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com flitos, sua jurisdição não está restrita a uma situação específica”45.
força de lei ordinária no ordenamento jurídico brasileiro porque Resume Mello46: “a Conferência das Nações Unidas sobre a
somente existe previsão constitucional quanto à possibilidade da criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida em Roma,
equiparação às emendas constitucionais se o tratado abranger ma- em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é permanente. Tem sede
téria de direitos humanos. Antes da emenda alterou o quadro quan- em Haia. A corte tem personalidade internacional. Ela julga: a)
to aos tratados de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso crime de genocídio; b) crime contra a humanidade; c) crime de
não significa que tais direitos eram menos importantes devido ao guerra; d) crime de agressão. Para o crime de genocídio usa a de-
princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos. finição da convenção de 1948. Como crimes contra a humanidade
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional nº
são citados: assassinato, escravidão, prisão violando as normas in-
45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição Federal, de
ternacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, prosti-
modo que os tratados internacionais de direitos humanos foram
tuição forçada, esterilização, etc. São crimes de guerra: homicídio
equiparados às emendas constitucionais, desde que houvesse a
internacional, destruição de bens não justificada pela guerra, de-
aprovação do tratado em cada Casa do Congresso Nacional e ob-
portação, forçar um prisioneiro a servir nas forças inimigas, etc.”.
tivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos
respectivos membros:
1.8) Remédios constitucionais
Remédios constitucionais são as espécies de ações judiciárias
Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do que visam proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos constitucional quando a declaração e a garantia destes não se mos-
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas consti- trar suficiente. Assim, o Poder Judiciário será acionado para sanar
tucionais. o desrespeito a estes direitos fundamentais, servindo cada espécie
  de ação para uma forma de violação.
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de direi-
tos humanos que ingressarem no ordenamento jurídico brasileiro, - Habeas corpus.
versando sobre matéria de direitos humanos, irão passar por um
processo de aprovação semelhante ao da emenda constitucional. No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a Constitui-
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à possi- ção em seu artigo 5º, LXVIII:
bilidade de considerar como hierarquicamente constitucional os
tratados internacionais de direitos humanos que ingressaram no Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sempre
ordenamento jurídico brasileiro anteriormente ao advento da re- que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
ferida emenda. Tal discussão se deu com relação à prisão civil coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
do depositário infiel, prevista como legal na Constituição e ilegal de poder.
no Pacto de São José da Costa Rica (tratado de direitos humanos
aprovado antes da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, LXXVII,
Federal firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de CF.
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição que pa- a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, de 1215,
ralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não revogaria a foi o primeiro documento a mencionar este remédio e o Habeas
Constituição no ponto controverso). Corpus Act, de 1679, o regulamentou.
43 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e Pri- 45 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Di-
são Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008. reito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
44 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Pú- 46 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacio-
blico e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. nal Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade de lo- c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
comoção. Antes de haver proteção no Brasil por outros remédios independente da natureza do ato impugnado (administrativo, juris-
constitucionais de direitos que não este, o habeas-corpus foi uti- dicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
lizado para protegê-los. Hoje, apenas serve à lesão ou ameaça de d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência de
lesão ao direito de ir e vir. violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já consu-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho predomi- mado o abuso/ilegalidade.
nantemente penal, pois protege o direito de ir e vir e vai contra a e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser demonstra-
restrição arbitrária da liberdade. do de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de violação de dilação probatória, isto devido à natureza célere e sumária do
ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo conduto”, ou repres- procedimento.
sivo, para quando ameaça já tiver se materializado. f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abrangendo
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-lo, em não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou estrangeira,
próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministério Público (ar- residente ou não no Brasil, bem como órgãos públicos desperso-
tigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa com a ação e paciente nalizados e universalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
é aquele que está sendo vítima da restrição à liberdade de locomo- g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve ser
ção. As duas figuras podem se concentrar numa mesma pessoa. autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público ou pri- atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº
vado. 12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade coatora aquela
g) Competência: é determinada pela autoridade coatora, sen- que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem
do a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.: Delegado de para a sua prática”.
Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Criminal Estadual; h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade coatora.
Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a autoridade coatora, impe- i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de agos-
tra no Tribunal de Justiça. to de 2009.
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo 648, CPP: j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando - Mandado de segurança coletivo
não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingresso com
tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação
mandado de segurança coletivo, consoante ao artigo 5º, LXX:
não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessa-
do o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode
admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI
ser impetrado por: a) partido político com representação no Con-
- quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta
gresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
a punibilidade.
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou as-
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a 667 do Có-
sociados.
digo de Processo Penal.

- Mandado de segurança individual a) Origem: Constituição Federal de 1988.


Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX: b) Escopo: preservação ou reparação de direito líquido e
certo relacionado a interesses transindividuais (individuais homo-
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança gêneos ou coletivos), e devido à questão da legitimidade ativa,
para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas- pertencente a partidos políticos e determinadas associações.
corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil,
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídi- independente da natureza do ato, de caráter coletivo.
ca no exercício de atribuições do Poder Público. d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo são
os direitos coletivos e os direitos individuais homogêneos. Tal
a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacuna de- instituto não se presta à proteção dos direitos difusos, conforme
corrente da sistemática do habeas corpus e das liminares posses- posicionamento amplamente majoritário, já que, dada sua difícil
sórias. individualização, fica improvável a verificação da ilegalidade ou
b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com natureza do abuso do poder sobre tal direito (art. 21, parágrafo único, Lei
subsidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autoridade nº 12.016/09).
ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disciplina
lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder. constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, é de parti-
São protegidos todos os direitos líquidos e certos à exceção da do político com representação no Congresso Nacional, bem como
proteção de direitos humanos à liberdade de locomoção e ao aces- de organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
so ou retificação de informações relativas à pessoa do impetrante, mente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um)
constantes de registros ou bancos de dados de entidades gover- ano, em defesa de direitos líquidos e certos que atinjam direta-
namentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumentos mente seus interesses ou de seus membros.
específicos. f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09:

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança coletivo, - Habeas data.
a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do gru-
po ou categoria substituídos pelo impetrante. O artigo 5º, LXXII, CF prevê:
§ 1º O mandado de segurança coletivo não induz litispen-
dência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para
não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entida-
dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança des governamentais ou de caráter público; b) para a retificação
coletiva. de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, ju-
§ 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá dicial ou administrativo.
ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (artigo 5º,
72 (setenta e duas) horas. LXXVII, CF).
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, de
- Mandado de injunção. 1974.
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais cons-
Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF: tantes de registros ou bancos de dados de entidades governamen-
tais ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação (cor-
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injunção reção).
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o acesso
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerroga- a informações pessoais.
tivas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou estrangei-
ra, ou por pessoa jurídica, de direito público ou privado, tratan-
a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que seja do-se de ação personalíssima – os dados devem ser a respeito da
proposto o mandado de injunção são a existência de norma cons- pessoa que a propõe.
titucional de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades e) Legitimidade passiva: entidades governamentais da Ad-
constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe- ministração Pública Direta e Indireta nas três esferas, bem como
rania e à cidadania; além da falta de norma regulamentadores, im- instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas presta-
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas dores de serviços de interesse público que possuam dados relativos
em questão. Assim, visa curar o hábito que se incutiu no legislador à pessoa do impetrante.
brasileiro de não regulamentar as normas de eficácia limitada para f) Competência: Conforme o caso, nos termos da Constitui-
que elas não sejam aplicáveis. ção, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”), do Superior
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objetiva a re-
Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribunais Regionais Fe-
gulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
derais (art. 108, I, “c”), bem como dos juízes federais (art. 109,
c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou estran-
VIII).
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize direito
g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de no-
fundamental não materializável por omissão legislativa do Poder
vembro de 1997.
público, bem como o Ministério Público na defesa de seus inte-
h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
resses institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de pessoas
jurídicas de direito público.
- Ação popular
d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a ela-
boração de norma regulamentadora for atribuição do Presidente Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF:
da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima
do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superio- para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
res, ou do próprio Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); nio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralida-
ao Superior Tribunal de Justiça, quando a elaboração da norma de administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos da judiciais e do ônus da sucumbência.
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça
Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Fe- a) Origem: Constituição Federal de 1934.
deral (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior Eleitoral, quando b) Escopo: é instrumento de exercício direto da democracia,
as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais denegarem habeas permitindo ao cidadão que busque a proteção da coisa pública, ou
corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de in- seja, que vise assegurar a preservação dos interesses transindivi-
junção (art. 121, §4º, V, CF); e aos Tribunais de Justiça Estaduais, duais.
frente aos entes a ele vinculados. c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, que visa
e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº 12.016/09, anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
não havendo lei específica. Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aquele na- Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser al-
cional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. cançada pelo Estado em prol da consolidação da igualdade mate-
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pública, di- rial. Sendo assim, o Estado buscará o crescente aperfeiçoamento
reta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de algum modo lide da oferta de serviços públicos com qualidade para que todos os
com a coisa pública. nacionais tenham garantidos seus direitos fundamentais de segun-
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem do ato da dimensão da maneira mais plena possível.
ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº 4.717/65). Há se ressaltar também que o Estado não possui apenas um
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de junho papel direto na promoção dos direitos econômicos, sociais e cul-
de 1965. turais, mas também um indireto, quando por meio de sua gestão
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. permite que os indivíduos adquiram condições para sustentarem
suas necessidades pertencentes a esta categoria de direitos.
2) Direitos sociais
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no ca- 2.2) Reserva do possível e mínimo existencial
pítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria normas Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, notada-
programáticas e que necessitam de uma postura interventiva es- mente porque estão previstos em normas programáticas e porque a
tatal em prol da implementação. implementação deles gera um ônus para o Estado. Diferentemente
Os direitos assegurados nesta categoria encontram menção dos direitos individuais, que dependem de uma postura de absten-
genérica no artigo 6º, CF: ção estatal, os direitos sociais precisam que o Estado assuma um
papel ativo em prol da efetivação destes.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimenta- A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma Cons-
ção, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, tituição, a despeito de um instante bem-intencionado de palavras
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a promovido pelo constituinte, pode levar à negativa, paradoxal – e,
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.  portanto, inadmissível – consequência de uma Carta Magna cujas
finalidades não condigam com seus próprios prescritos, fato que
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Social deslegitima o Poder Público como determinador de que particula-
de Direito. Em suma, são elencados os direitos humanos de 2ª res respeitem os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios,
dimensão, notadamente conhecidos como direitos econômicos, os administradores, conseguem cumprir o que consta de seu Esta-
sociais e culturais. Em resumo, os direitos sociais envolvem tuto Máximo47.
prestações positivas do Estado (diferente dos de liberdade, que Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a cláu-
referem-se à postura de abstenção estatal), ou seja, políticas es- sula da reserva do possível como argumento para a não imple-
tatais que visem consolidar o princípio da igualdade não apenas mentação de determinado direito social – seja pela absoluta ausên-
formalmente, mas materialmente (tratando os desiguais de ma- cia de recursos (reserva do possível fática), seja pela ausência de
neira desigual). previsão orçamentária nos termos do artigo 167, CF (reserva do
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título II que possível jurídica).
aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa regulamen- O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que os di-
tação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, o Título VIII da reitos sociais “não pode converter-se em promessa constitucional
Constituição Federal, que aborda a ordem social, se concentra em inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas ex-
trazer normativas mais detalhadas a respeitos de direitos indica- pectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de manei-
dos como sociais. ra ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um
gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determi-
2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais na a própria Lei Fundamental do Estado”48.
Independentemente da categoria de direitos que esteja sendo Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do possível,
abordada, a igualdade nunca deve aparecer num sentido mera- embora viável, não pode servir de muleta para que o Estado não
mente formal, mas necessariamente material. Significa que dis- arque com obrigações básicas. Neste viés, geralmente, quando in-
criminações indevidas são proibidas, mas existem certas distin- vocada a cláusula é afastada, entendendo o Poder Judiciário que
ções que não só devem ser aceitas, como também se mostram não cabe ao Estado se eximir de garantir direitos sociais com o
essenciais. simples argumento de que não há orçamento específico para isso
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a igualda- – ele deveria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
de material assume grande relevância. Afinal, esta categoria de atender esta demanda.
direitos pressupõe uma postura ativa do Estado em prol da efe- Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, que
tivação. Nem todos podem arcar com suas despesas de saúde, tem por fulcro limitar a discricionariedade político-administrativa
educação, cultura, alimentação e moradia, assim como nem todos e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a serem seguidas,
se encontram na posição de explorador da mão-de-obra, sendo a sob pena de caber a intervenção do Poder Judiciário em prol de
grande maioria da população de explorados. Estas pessoas estão sua efetivação.
numa clara posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar
para que progressivamente atinjam uma posição de igualdade 47 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mínimo
real, já que não é por conta desta posição desfavorável que se existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em face da reali-
pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de direitos dade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.
fundamentais. 48 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
2.3) Princípio da proibição do retrocesso equivalentes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma con- atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a
quista garantida na Constituição Federal sofra um retrocesso, de oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser sacado em
modo que um direito social garantido não pode deixar de o ser. momentos especiais, como o da aquisição da casa própria ou da
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve ser aposentadoria e em situações de dificuldades, que podem ocorrer
tomada com reservas, até mesmo porque segundo entendimento com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças
predominante as normas do artigo 7º, CF não são cláusula pétrea, graves.
sendo assim passíveis de alteração. Se for alterada normativa sobre
direito trabalhista assegurado no referido dispositivo, não sendo o Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
prejuízo evidente, entende-se válida (por exemplo, houve altera- unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às
ção do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores agrí- de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
colas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
evidente, seja excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
Sistema Único de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abran- vinculação para qualquer fim.
gência da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito).
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: se uma Trata-se de uma visível norma programática da Constituição que
decisão judicial melhorar a efetivação de um direito social, ela se tem por pretensão um salário mínimo que atenda a todas as necessi-
torna vinculante e é impossível ao legislador alterar a Constituição dades básicas de uma pessoa e de sua família. Em pesquisa que to-
para retirar este avanço? Por um lado, a proibição do retrocesso mou por parâmetro o preceito constitucional, detectou-se que “o salá-
merece ser tomada em conceito amplo, abrangendo inclusive deci- rio mínimo do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
sões judiciais; por outro lado, a decisão judicial não tem por fulcro em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e da família,
alterar a norma, o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, pelo Departamento
direito de prever que aquela decisão judicial não está incorporada Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)”49.
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há enten-
dimento dominante. Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e à com-
plexidade do trabalho.
2.4) Direito individual do trabalho
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais Cada trabalhador, dentro de sua categoria de emprego, seja ele
dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais ti- professor, comerciário, metalúrgico, bancário, construtor civil, enfer-
meiro, recebe um salário base, chamado de Piso Salarial, que é sua
picamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direitos
garantia de recebimento dentro de seu grau profissional. O Valor do
fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho, sob
Piso Salarial é estabelecido em conformidade com a data base da
pena de se incidir em prática de assédio moral).
categoria, por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra des-
pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei comple-
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto
mentar, que preverá indenização compensatória, dentre outros em convenção ou acordo coletivo.
direitos.
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão redução
Significa que a demissão, se não for motivada por justa causa, implique num prejuízo maior, por exemplo, demissão em massa du-
assegura ao trabalhador direitos como indenização compensatória, rante uma crise, situações que devem ser negociadas em convenção
entre outros, a serem arcados pelo empregador. ou acordo coletivo.
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desempre- Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior ao míni-
go involuntário. mo, para os que percebem remuneração variável.
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do em- O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, mesmo
pregador, o trabalhador que fique involuntariamente desemprega- daqueles que recebem remuneração variável (ex.: baseada em comis-
do – entendendo-se por desemprego involuntário o que tenha ori- sões por venda e metas);
gem num acordo de cessação do contrato de trabalho – tem direito
ao seguro-desemprego, a ser arcado pela previdência social, que Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na remu-
tem o caráter de assistência financeira temporária. neração integral ou no valor da aposentadoria.

Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. Também conhecido como gratificação natalina, foi instituída no
Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o trabalhador receba
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger o o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por mês
trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído de trabalhado, ou seja, consiste no pagamento de um salário extra ao
contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o trabalhador e ao aposentado no final de cada ano.
empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vincula- 49 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-minimo-deve-
da é formado pelos depósitos mensais efetivados pelo empregador, ria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno supe- A legislação trabalhista vigente estabelece que a duração nor-
rior à do diurno. mal do trabalho, salvo os casos especiais, é de 8 (oito) horas diárias e
44 (quarenta e quatro) semanais, no máximo. Todavia, poderá a jorna-
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido du- da diária de trabalho dos empregados maiores ser acrescida de horas
rante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a redução de suplementares, em número não excedentes a duas, no máximo, para
7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acréscimo de 12,5% efeito de serviço extraordinário, mediante acordo individual, acordo
sobre o valor da hora diurna. Considera-se noturno, nas atividades coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa. Excepcionalmen-
urbanas, o trabalho realizado entre as 22:00 horas de um dia às te, ocorrendo necessidade imperiosa, poderá ser prorrogada além do
5:00 horas do dia seguinte; nas atividades rurais, é considerado limite legalmente permitido. A remuneração do serviço extraordinário,
noturno o trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um desde a promulgação da Constituição Federal, deverá constar, obriga-
dia às 5:00 horas do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas toriamente, do acordo, convenção ou sentença normativa, e será, no
às 4:00 horas do dia seguinte. mínimo, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal.

Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, consti- Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o trabalho rea-
tuindo crime sua retenção dolosa. lizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação
coletiva.
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não há no
Código Penal brasileiro uma norma que determina a ação de re- O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 horas para
tenção de salário como crime. Apesar do artigo 7º, X, CF dizer os turnos ininterruptos de revezamento, expressamente ressalvando
que é crime a retenção dolosa de salário, o dispositivo é norma de a hipótese de negociação coletiva, objetivou prestigiar a atuação da
eficácia limitada, pois depende de lei ordinária, ainda mais por- entidade sindical. Entretanto, a jurisprudência evoluiu para uma inter-
que qualquer norma penal incriminadora é regida pela legalidade pretação restritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
estrita (artigo 5º, XXXIX, CF). o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgastante, penoso,
além de trazer malefícios de ordem fisiológica para o trabalhador, in-
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resultados, clusive distúrbios no âmbito psicossocial já que dificulta o convívio em
sociedade e com a própria família.
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação
na gestão da empresa, conforme definido em lei.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, preferencial-
mente aos domingos.
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é conheci-
da também por Programa de Participação nos Resultados (PPR),
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e quatro) horas
está prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde a
consecutivas, devendo ser concedido preferencialmente aos domingos,
Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000. Ela funciona como um sendo garantido a todo trabalhador urbano, rural ou doméstico. Ha-
bônus, que é ofertado pelo empregador e negociado com uma co- vendo necessidade de trabalho aos domingos, desde que previamente
missão de trabalhadores da empresa. A CLT não obriga o empre- autorizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é assegu-
gador a fornecer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado. rado pelo menos um dia de repouso semanal remunerado coincidente
com um domingo a cada período, dependendo da atividade (artigo 67,
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do depen- CLT).
dente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas com,
Salário-família é o benefício pago na proporção do respectivo pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
número de filhos ou equiparados de qualquer condição até a ida-
de de quatorze anos ou inválido de qualquer idade, independen- O salário das férias deve ser superior em pelo menos um terço ao
te de carência e desde que o salário-de-contribuição seja inferior valor da remuneração normal, com todos os adicionais e benefícios
ou igual ao limite máximo permitido. De acordo com a Portaria aos quais o trabalhador tem direito. A cada doze meses de trabalho –
Interministerial MPS/MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário- denominado período aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias
família será de R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou corridos de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de cinco
inválido, para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias serão diminuídos
que receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário- de acordo com o número de faltas).
família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer
idade será de R$ 24,66. Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do empre-
go e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não superior
a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a O salário da trabalhadora em licença é chamado de salário-ma-
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acor- ternidade, é pago pelo empregador e por ele descontado dos recolhi-
do ou convenção coletiva de trabalho. mentos habituais devidos à Previdência Social. A trabalhadora pode
sair de licença a partir do último mês de gestação, sendo que o período
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraordinário de licença é de 120 dias. A Constituição também garante que, do mo-
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal. mento em que se confirma a gravidez até cinco meses após o parto,
a mulher não pode ser demitida.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fixados o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão
em lei. mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalente a 40%
(quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 20% (vinte
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade para es- por cento), para insalubridade de grau médio; 10% (dez por cento), para
tar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a mãe nos pro- insalubridade de grau mínimo.
cessos pós-operatórios. O adicional de periculosidade é um valor devido ao empregado ex-
posto a atividades perigosas. São consideradas atividades ou operações
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da mu- perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impli-
lher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. quem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalha-
dor a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a roubos ou outras
Embora as mulheres sejam maioria na população de 10 anos espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança
ou mais de idade, elas são minoria na população ocupada, mas pessoal ou patrimonial. O valor do adicional de periculosidade será o
estão em maioria entre os desocupados. Acrescenta-se ainda, que salário do empregado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes
elas são maioria também na população não economicamente ativa. de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
Além disso, ainda há relevante diferença salarial entre homens e O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendimento unâ-
mulheres, sendo que os homens recebem mais porque os empre- nime sobre a possibilidade de cumulação destes adicionais.
gadores entendem que eles necessitam de um salário maior para
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência que o Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria.
mercado de trabalho da mulher deve ser protegido de forma es-
pecial. A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalhador brasi-
leiro que pode ser usufruído por aquele que tenha contribuído ao Instituto
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo de Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos prazos estipulados nas re-
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei. gras da Previdência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direito social no
próprio artigo 6º, CF.
Nas relações de emprego, quando uma das partes deseja res-
cindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por prazo indetermi-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e dependentes
nado, deverá, antecipadamente, notificar à outra parte, através do
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas.
aviso prévio. O aviso prévio tem por finalidade evitar a surpresa
na ruptura do contrato de trabalho, possibilitando ao empregador
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com mais de
o preenchimento do cargo vago e ao empregado uma nova colo-
16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico para que as mães
cação no mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto elas trabalham. Caso não ofe-
trabalhado ou indenizado.
reçam esse espaço aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche
a mulher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 meses.
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao traba- O valor desse auxílio será determinado conforme negociação coletiva
lho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. na empresa (acordo da categoria ou convenção). A empresa que tiver
menos de 30 funcionárias registradas não tem obrigação de conceder o
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente do tra- benefício. É facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilidade
balho salubre. Fiorillo50 destaca que o equilíbrio do meio ambien- de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e incluir o trabalhador
te do trabalho está sedimentado na salubridade e na ausência de homem. A duração do auxílio-creche e o valor envolvido variarão con-
agentes que possam comprometer a incolumidade físico-psíquica forme negociação coletiva na empresa.
dos trabalhadores.
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e acordos
Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ativi- coletivos de trabalho.
dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do trabalho, que en-
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, molesto, contra regulamentação constitucional nos artigo 8º a 11 da Constituição.
trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não é perigo- Pelas convenções e acordos coletivos, entidades representativas da cate-
so ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigilância acima goria dos trabalhadores entram em negociação com as empresas na de-
do comum. Ainda não há na legislação específica previsão sobre o fesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos direitos sociais;
adicional de penosidade.
São consideradas atividades ou operações insalubres as que se Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, na forma
desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído contínuo da lei.
ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao frio,
radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações, umi- Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo homem, que
dade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalubridade pode ser feita, notadamente, qualificando o profissional para exer-
assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre cer trabalhos que não possam ser desempenhados por uma máqui-
50 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental na (ex.: se criada uma máquina que substitui o trabalhador, deve
brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21. ser ele qualificado para que possa operá-la).

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de trabalho, a Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discriminação
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador por-
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. tador de deficiência.

Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar do A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas limitações,
assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a definição de possui condições de ingressar no mercado de trabalho e não pode
doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de legislação espe- ser preterida meramente por conta de sua deficiência.
cífica sobre o tema, mas sim de uma norma que dispõe sobre as
modalidades de benefícios da previdência social. Referida Lei, Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre trabalho
em seu artigo 19 da preceitua que acidente do trabalho é o que manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respecti-
ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo vos.
exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igualmente
ou temporária, da capacidade para o trabalho. relevantes e contribuem todos para a sociedade, não cabendo a
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contribuição desvalorização de um trabalho apenas por se enquadrar numa ou
com natureza de tributo que as empresas pagam para custear outra categoria.
benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença
ocupacional, cobrindo a aposentadoria especial. A alíquota nor- Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, peri-
mal é de um, dois ou três por cento sobre a remuneração do em- goso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
pregado, mas as empresas que expõem os trabalhadores a agentes a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a
nocivos químicos, físicos e biológicos precisam pagar adicionais partir de quatorze anos.
diferenciados. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota,
mas atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar a Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabelecendo-
alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho. se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se o trabalho em
Neste sentido, nada impede que a empresa seja responsa- condições desfavoráveis.
bilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando o trabalhador.
Na atualidade entende-se que a possibilidade de cumulação do Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o traba-
benefício previdenciário, assim compreendido como prestação lhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
garantida pelo Estado ao trabalhador acidentado (responsabili- avulso.
dade objetiva) com a indenização devida pelo empregador em
caso de culpa (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empresas,
amplamente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-de-obra,
Trabalho; possuindo os mesmos direitos que um trabalhador com vínculo
empregatício permanente.
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultantes A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do artigo 7º:
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos
após a extinção do contrato de trabalho. Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela jurisdi- IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
cional para assegurar direitos violados. Sendo assim, há um pe- XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições es-
ríodo de tempo que o empregado tem para requerer seu direito na tabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento
Justiça do Trabalho. A prescrição trabalhista é sempre de 2 (dois) das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes
anos a partir do término do contrato de trabalho, atingindo as da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos in-
parcelas relativas aos 5 (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) cisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração
anos durante a vigência do contrato de trabalho. à previdência social. 

Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, de 2.5) Direito coletivo do trabalho
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos
sexo, idade, cor ou estado civil. trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coleti-
vamente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: as-
Há uma tendência de se remunerar melhor homens brancos sociação profissional ou sindical, greve, substituição processual,
na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo patente a diferen- participação e representação classista51.
ça remuneratória para com pessoas de diferente etnia, faixa etária A liberdade de associação profissional ou sindical tem escopo
ou sexo. Esta distinção atenta contra o princípio da igualdade e no artigo 8º, CF:
não é aceita pelo constituinte, sendo possível inclusive invocar a
equiparação salarial judicialmente. 51 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical, Por fim, aborda-se o direito de representação classista no ar-
observado o seguinte: tigo 11, CF:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fun-
dação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos emprega-
vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na or- dos, é assegurada a eleição de um representante destes com a
ganização sindical; finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindi- os empregadores.
cal, em qualquer grau, representativa de categoria profissional
ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pe- 3) Nacionalidade
los trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem
ser inferior à área de um Município; a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um nacional
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses co- pode adquirir direitos políticos.
letivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judi- Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
ciais ou administrativas; indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a
integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
obrigações.
tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo não é
para custeio do sistema confederativo da representação sindical
a mesma coisa que população. População é o conjunto de pessoas
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros residentes no
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado país e os apátridas.
a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas nego- 3.1) Nacionalidade como direito humano fundamental
ciações coletivas de trabalho; Os direitos humanos internacionais são completamente con-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado trários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o indivíduo que
nas organizações sindicais; não possui o vínculo da nacionalidade com nenhum Estado. Logo,
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a a nacionalidade é um direito da pessoa humana, o qual não pode
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou repre- ser privado de forma arbitrária. Não há privação arbitrária quando
sentação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano respeitados os critérios legais previstos no texto constitucional no
após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos que tange à perda da nacionalidade. Em outras palavras, o consti-
da lei. tuinte brasileiro não admite a figura do apátrida.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à Contudo, é exatamente por ser um direito que a nacionalida-
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, de não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o direito
atendidas as condições que a lei estabelecer. de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de outro,
mudando de nacionalidade, por um processo conhecido como na-
O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º, turalização.
CF: Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu
artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. II)
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra- Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem
balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os do direito de mudar de nacionalidade”.
interesses que devam por meio dele defender. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprofunda-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e dis- se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma nacionalida-
porá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comu- de desde o seu nascimento ao adotar o critério do jus solis, expli-
citando que ao menos a pessoa terá a nacionalidade do território
nidade.
onde nasceu, quando não tiver direito a outra nacionalidade por
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
previsões legais diversas.
da lei.
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa huma-
na. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indivíduo não
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o pode ficar ao mero capricho de um governo, de um governante,
exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, re- de um poder despótico, de decisões unilaterais, concebidas sem
gula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, regras prévias, sem o contraditório, a defesa, que são princípios
e dá outras providências. Enquanto não for disciplinado o direito fundamentais de todo sistema jurídico que se pretenda democráti-
de greve dos servidores públicos, esta é a legislação que se apli- co. A questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez que
ca, segundo o STF. é muito séria”52.
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e internacional
a previsão do direito de asilo, consistente no direito de buscar
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalhado- abrigo em outro país quando naquele do qual for nacional esti-
res e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que ver sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
52 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
discussão e deliberação. XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
motivos legítimos, como a prática de crimes comuns ou de atos b) Brasileiros naturalizados
atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria
a própria finalidade desta proteção. Em suma, o que se pretende Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
com o direito de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos II - naturalizados:
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deveriam prote- a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade bra-
gê-los – isto é, os governantes e os entes sociais como um todo –, sileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
e não proteger pessoas que justamente cometeram tais violações. apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
3.2) Naturalidade e naturalização República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininter-
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são os ruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a naciona-
nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: natos e na- lidade brasileira.
turalizados. Percebe-se que naturalidade é diferente de nacionali-
dade – naturalidade é apenas o local de nascimento, nacionalidade A naturalização deve ser voluntária e expressa.
é um efetivo vínculo com o Estado. O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a questão
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tanto por da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112:
ter nascido no território brasileiro quanto por voluntariamente se
naturalizar como brasileiro, como se percebe no teor do artigo 12, Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a concessão
CF. O estrangeiro, num conceito tomado à base de exclusão, é todo da naturalização:
aquele que não é nacional brasileiro. I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil;
a) Brasileiros natos III - residência contínua no território nacional, pelo prazo
Art. 12, CF. São brasileiros: mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de
I - natos: naturalização;
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as con-
de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu dições do naturalizando;
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manu-
país;
tenção própria e da família;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe bra-
VI - bom procedimento;
sileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no
Federativa do Brasil;
Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um)
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasilei-
ano; e
ra competente ou venham a residir na República Federativa do
VIII - boa saúde.
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maiori-
dade, pela nacionalidade brasileira. Destaque vai para o requisito da residência contínua. Em re-
gra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos contínuos, con-
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atribui- forme o inciso III do referido artigo 112. No entanto, por previsão
ção da nacionalidade primária – nacional nato –, notadamente: ius constitucional do artigo 12, II, “a”, se o estrangeiro foi originário
soli, direito de solo, o nacional nascido em território do país inde- de país com língua portuguesa o prazo de residência contínua é
pendentemente da nacionalidade dos pais; e ius sanguinis, direito reduzido para 1 ano. Daí se afirmar que o constituinte estabeleceu
de sangue, que não depende do local de nascimento mas sim da a naturalização ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização
descendência de um nacional do país (critério comum em países extraordinária no artigo 12, II, “a”.
que tiveram êxodo de imigrantes). Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária se
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no terri- aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segundo o qual “a
tório brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais estran- satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura ao es-
geiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam a serviço de trangeiro direito à naturalização”. Logo, na naturalização ordinária
seu país ou de organismo internacional (o que geraria um conflito não há direito subjetivo à naturalização, mesmo que preenchidos
de normas). Contudo, também é possível ser brasileiro nato ainda todos os requisitos. Trata-se de ato discricionário do Ministério
que não se tenha nascido no território brasileiro. da Justiça. O mesmo não vale para a naturalização extraordinária,
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato tam- quando há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
bém pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais estiver a Judiciário para fazê-lo valer53.
serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, mesmo que nasça
em outro país. Se qualquer dos pais não estiverem a serviço do c) Tratamento diferenciado
Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido que o nascido do ex- A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou natura-
terior venha ao território brasileiro e aqui resida ou que tenha sido lizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste sentido, o artigo
registrado em repartição competente, caso em que poderá, aos 18 12, § 2º, CF:
anos, manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionalidade
brasileira ou não. 53 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferên-
cia.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distinção en- 3.4) Perda da nacionalidade
tre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacionalidade
nesta Constituição. do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial,
Percebe-se que a Constituição simultaneamente estabelece a em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
não distinção e se reserva ao direito de estabelecer as hipóteses de II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
distinção. a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram enu- estrangeira;
meradas no parágrafo seguinte. b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato os car- permanência em seu território ou para o exercício de direitos ci-
gos: vis.
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de 18
III - de Presidente do Senado Federal; de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e a reaquisição da
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; nacionalidade, e a perda dos direitos políticos. No processo deve
V - da carreira diplomática; ser respeitado o contraditório e a iniciativa de propositura é do
VI - de oficial das Forças Armadas; Procurador da República.
VII - de Ministro de Estado da Defesa. No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, percebe-se
a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea “a” aceita-se que a
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no exer- pessoa tenha nacionalidade brasileira e outra se ao seu nascimento
cício da presidência da República ou de cargo que possa levar a tiver adquirido simultaneamente a nacionalidade do Brasil e outro
esta posição provisoriamente deve ser natural do país (ausente o país; na alínea “b” é reconhecida a mesma situação se a aquisição
Presidente da República, seu vice-presidente desempenha o cargo; da nacionalidade do outro país for uma exigência para continuar lá
ausente este assume o Presidente da Câmara; também este ausente, permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se assim não
em seguida, exerce o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma nacionalidade e,
Presidente do Supremo pode assumir a presidência na ausência provavelmente, se ver privado da nacionalidade brasileira.
dos anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido num
critério de revezamento nenhum membro pode ser naturalizado); 3.5) Deportação, expulsão e entrega
ou a de que o cargo ocupado possui forte impacto em termos de A deportação representa a devolução compulsória de um es-
representação do país ou de segurança nacional. trangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no territó-
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasileiro rio nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em seus arti-
naturalizado como membro do Conselho da República (artigos 89 gos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qualquer ato nocivo
e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário de empresa jornalís- ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade de visto.
tica, de radiodifusão sonora e imagens, salvo se já naturalizado há A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de um
10 anos (artigo 222, CF); possibilidade de extradição do brasileiro estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo 65 e seu
naturalizado que tenha praticado crime comum antes da natura- parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
lização ou, depois dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI,
CF). Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estrangei-
ro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a
3.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à con-
veniência e aos interesses nacionais.
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência perma- Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran-
nente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, geiro que:
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanên-
previstos nesta Constituição. cia no Brasil;
b) havendo entrado no território nacional com infração à lei,
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o mes- dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para fazê-lo,
mo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado de Amizade, não sendo aconselhável a deportação;
Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
República Portuguesa, assinado em 22 de abril de 2000 (Decreto d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para
nº 3.927/2001). estrangeiro.
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos civis, não
sendo considerado um estrangeiro; gozo de direitos políticos se re- A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um nacio-
sidir há 3 anos no país, autorizando-se o alistamento eleitoral. No nal a um tribunal internacional do qual o próprio país faz parte. É
caso de exercício dos direitos políticos nestes moldes, os direitos o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse um brasileiro
desta natureza ficam suspensos no outro país, ou seja, não exerce para julgamento pelo Tribunal Penal Internacional (competência
simultaneamente direitos políticos nos dois países. reconhecida na própria Constituição no artigo 5º, §4º).

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3.6) Extradição § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de consi-
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e da derar crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado
entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional que con- ou quaisquer autoridades, bem assim os atos de anarquismo,
siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou terrorismo, sabotagem, sequestro de pessoa, ou que importem
mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob hipótese alguma, propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter
extraditará brasileiros natos mas quanto aos naturalizados assim a ordem política ou social.
permite caso tenham praticado crimes comuns (exceto crimes po-
líticos e/ou de opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois Art. 78. São condições para concessão da extradição: 
da naturalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito de I - ter sido o crime cometido no território do Estado reque-
entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). rente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: Estado; e
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro só II - existir sentença final de privação de liberdade, ou es-
pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto do pe- tar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tribunal ou
dido de extradição. O importante é que o extraditado só seja sub- autoridade competente do Estado requerente, salvo o disposto
metido às penas relativas aos crimes que foram objeto do pedido no artigo 82.
de extradição.
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve ser Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradição
punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do fato ser da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o pedido
típico em ambos os países, deve ser punível em ambos (se houve daquele em cujo território a infração foi cometida.
prescrição em algum dos países, p. ex., não pode ocorrer a extra- § 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferência, su-
dição). cessivamente:
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um I - o Estado requerente em cujo território haja sido cometi-
tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado após a do o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
ocorrência do crime não impede a extradição. II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega do
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): Se o extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo artigo 5º, III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar do
XLVII da CF, a extradição não será autorizada, salvo se houver a extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
comutação da pena, transformação para uma pena aceita no Brasil. § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferência o
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei nº Governo brasileiro.
6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedimento: § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos Es-
tados requerentes, prevalecerão suas normas no que disserem
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo respeito à preferência de que trata este artigo. 
requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao
Brasil a reciprocidade.  Art. 80.  A extradição será requerida por via diplomática
ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Ministério da
Art. 77. Não se concederá a extradição quando:  Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia autêntica
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa naciona- ou a certidão da sentença condenatória ou decisão penal pro-
lidade verificar-se após o fato que motivar o pedido; ferida por juiz ou autoridade competente. 
II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no § 1o  O pedido deverá ser instruído com indicações precisas
Brasil ou no Estado requerente; sobre o local, a data, a natureza e as circunstâncias do fato cri-
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o minoso, a identidade do extraditando e, ainda, cópia dos textos
crime imputado ao extraditando; legais sobre o crime, a competência, a pena e sua prescrição. 
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual § 2o  O encaminhamento do pedido pelo Ministério da Jus-
ou inferior a 1 (um) ano; tiça ou por via diplomática confere autenticidade aos documen-
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já hou- tos. 
ver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em § 3o  Os documentos indicados neste artigo serão acompa-
que se fundar o pedido; nhados de versão feita oficialmente para o idioma português. 
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a
lei brasileira ou a do Estado requerente; Art. 81.  O pedido, após exame da presença dos pressupos-
VII - o fato constituir crime político; e tos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em trata-
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado reque- do, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Supremo
rente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. Tribunal Federal. 
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando Parágrafo único.  Não preenchidos os pressupostos de que
o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, trata o caput, o pedido será arquivado mediante decisão fun-
ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir damentada do Ministro de Estado da Justiça, sem prejuízo de
o fato principal. renovação do pedido, devidamente instruído, uma vez superado
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, o óbice apontado. 
a apreciação do caráter da infração.

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 82.  O Estado interessado na extradição poderá, em Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do
caso de urgência e antes da formalização do pedido de extra- território nacional no prazo do artigo anterior, será ele posto em
dição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o
extraditando por via diplomática ou, quando previsto em trata- motivo da extradição o recomendar. 
do, ao Ministério da Justiça, que, após exame da presença dos
pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido
tratado, representará ao Supremo Tribunal Federal.  (Redação baseado no mesmo fato. 
dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 1o  O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo processado, ou
e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível com pena pri-
fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a vativa de liberdade, a extradição será executada somente depois
comunicação por escrito.  (Redação dada pela Lei nº 12.878, de da conclusão do processo ou do cumprimento da pena, ressalva-
2013) do, entretanto, o disposto no artigo 67. 
§ 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igualmente
Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de adiada se a efetivação da medida puser em risco a sua vida por
Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a docu- causa de enfermidade grave comprovada por laudo médico oficial.
mentação comprobatória da existência de ordem de prisão profe-
rida por Estado estrangeiro.  (Redação dada pela Lei nº 12.878, Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ainda que
de 2013) responda a processo ou esteja condenado por contravenção. 
§ 3o  O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa)
dias contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado reque-
extraditando, formalizar o pedido de extradição. (Redação dada rente assuma o compromisso: 
pela Lei nº 12.878, de 2013) I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos
§ 4o  Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no anteriores ao pedido;
§ 3o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admi- II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi impos-
tindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a ta por força da extradição;
extradição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena cor-
Lei nº 12.878, de 2013) poral ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que
a lei brasileira permitir a sua aplicação;
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem prévio pro- IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento
nunciamento do Plenário do Supremo Tribunal Federal sobre do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
sua legalidade e procedência, não cabendo recurso da decisão.  V - de não considerar qualquer motivo político, para agravar
a pena.
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81), o pe-
dido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.  Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis bra-
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento final sileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos
do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a liberdade e instrumentos do crime encontrados em seu poder. 
vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue. Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos neste
artigo poderão ser entregues independentemente da entrega do
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora extraditando.
para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-
lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, correndo do interroga- Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Estado
tório o prazo de dez dias para a defesa.  requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada, por ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente
defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da por via diplomática, e de novo entregue sem outras formalidades. 
extradição.
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído, o Tri- Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser permiti-
bunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, poderá do, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território nacional, de
converter o julgamento em diligência para suprir a falta no prazo pessoas extraditadas por Estados estrangeiros, bem assim o da
improrrogável de 60 (sessenta) dias, decorridos os quais o pedido respectiva guarda, mediante apresentação de documentos com-
será julgado independentemente da diligência. probatórios de concessão da medida. 
§ 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da data
da notificação que o Ministério das Relações Exteriores fizer à 3.7) Idioma e símbolos
Missão Diplomática do Estado requerente. Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da Repú-
blica Federativa do Brasil.
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comunicado § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a ban-
através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomá- deira, o hino, as armas e o selo nacionais.
tica do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da co- § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
municação, deverá retirar o extraditando do território nacional.  ter símbolos próprios.

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Idioma é a língua falada pela população, que confere caráter Na iniciativa popular confere-se à população o poder de apre-
diferenciado em relação à população do resto do mundo. Sendo sentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante assina-
assim, é manifestação social e cultural de uma nação. tura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados no
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da nação mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.
e permitem o seu reconhecimento nacional e internacionalmente. Em complemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a previsão é
feito dentro do capítulo do texto constitucional que aborda o tema. Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida pela
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito
4) Direitos políticos por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos direitos pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por
políticos, já que somente um nacional pode adquirir direitos polí- cento dos eleitores de cada um deles.
ticos. No entanto, nem todo nacional é titular de direitos políticos.
Os nacionais que são titulares de direitos políticos são denomina- 4.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto
dos cidadãos. Significa afirmar que nem todo nacional brasileiro O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de dezoito
é um cidadão brasileiro, mas somente aquele que for titular do
anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade para os anal-
direito de sufrágio universal.
fabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e
menores de dezoito anos.
4.1) Sufrágio universal
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a soberania po-
pular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades eleitorais, I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
a capacidade ativa – votar e exercer a democracia direta – e a ca- II - facultativos para:
pacidade passiva – ser eleito como representante no modelo da a) os analfabetos;
democracia indireta. Ou ainda, sufrágio universal é o direito de b) os maiores de setenta anos;
todos cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
se exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, mas não No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais brasilei-
apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, nem toda pes- ros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
soa que tem capacidade ativa tem também capacidade passiva,
embora toda pessoa que tenha capacidade passiva tenha necessa- Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores os
riamente a ativa. estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
os conscritos.
4.2) Democracia direta e indireta
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrágio Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestando servi-
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, ço militar obrigatório, pois são necessárias tropas disponíveis para
e, nos termos da lei, mediante: os dias da eleição.
I - plebiscito;
II - referendo; 4.4) Elegibilidade
III - iniciativa popular. O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de elegi-
bilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preenchidos para que
A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, por- uma pessoa seja eleita, no exercício de sua capacidade passiva do
que possibilita a participação popular direta no poder por inter- sufrágio universal.
médio de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa
popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a demo-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na forma
cracia indireta é predominantemente adotada no Brasil, por meio
da lei:
do sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual valor
para todos. Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento I - a nacionalidade brasileira;
para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal. II - o pleno exercício dos direitos políticos;
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do referendo é o III - o alistamento eleitoral;
momento da consulta à população: no plebiscito, primeiro se con- IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
sulta a população e depois se toma a decisão política; no referendo, V - a filiação partidária;
primeiro se toma a decisão política e depois se consulta a popula- VI - a idade mínima de:
ção. Embora os dois partam do Congresso Nacional, o plebiscito a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
é convocado, ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, República e Senador;
CF), ambos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado
é que os dois são “formas de consulta ao povo para que delibere e do Distrito Federal;
sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Esta-
legislativa ou administrativa”54. dual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
54 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. d) dezoito anos para Vereador.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal- o mandato 2011-2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger
fabetos. para o mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, que
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à nacio- assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo do Estado
nalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, para ser eleito de Minas Gerais e foi eleito governador entre 2011 e 2014, mas
é preciso ser cidadão. não pode se candidatar à reeleição, concorrendo por isso a uma
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista como vaga no Senado Federal.
eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas pode não
o ser caso analisados aspectos como o vínculo de afeto com o Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos, o Pre-
local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto Alegre – RS, embora sidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
resida em Brasília – DF). Sendo assim, para se candidatar a cargo Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
no município, deve ter domicílio eleitoral nele; para se candida- até seis meses antes do pleito.
tar a cargo no estado, deve ter domicílio eleitoral em um de seus
municípios; para se candidatar a cargo nacional, deve ter domi- São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os che-
cílio eleitoral em uma das unidades federadas do país. Aceita-se fes do Executivo que não renunciarem aos seus mandatos até seis
a transferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das meses antes do pleito eleitoral, antes das eleições. Ex.: Se a elei-
eleições. ção aconteceu em 05/10/2014, necessário que tivesse renunciado
A filiação partidária implica no lançamento da candidatura até 04/04/2014.
por um partido político, não se aceitando a filiação avulsa.
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito etário, Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdi-
com faixa etária mínima para o desempenho de cada uma das fun- ção do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
ções, a qual deve ser auferida na data da posse. até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
4.5) Inelegibilidade Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
Atender às condições de elegibilidade é necessário para po- anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e can-
der ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso não se enqua- didato à reeleição.
drar em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade.
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na absoluta, São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, côn-
são atingidos todos os cargos; nas relativas, são atingidos deter- juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
minados cargos. por adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem os tenha substi-
tuído ao final do mandato, a não ser que seja já titular de mandato
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os anal- eletivo e candidato à reeleição.
fabetos.
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendidas as
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibilidade, seguintes condições:
que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser elegível é I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a faculdade de votar, da atividade;
mas não podem ser votados) e é preciso possuir a capacidade elei- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
toral ativa – poder votar (inalistáveis são aqueles que não podem autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
tirar o título de eleitor, portanto, não podem votar, notadamente: da diplomação, para a inatividade.
os estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar obriga-
tório). São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os
militares que não podem se alistar ou os que podem, mas não
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Governa- preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, se não
dores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os hou- se afastar da atividade caso trabalhe há menos de 10 anos, se não
ver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser for agregado pela autoridade superior (suspenso do exercício das
reeleitos para um único período subsequente. funções por sua autoridade sem prejuízo de remuneração) caso
trabalhe há mais de 10 anos (sendo que a eleição passa à condição
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibilidade de inativo).
relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer das esferas
for substituído por seu vice no curso do mandato, este vice so- Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros
mente poderá ser eleito para um período subsequente. casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu último proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício
ano de governo para concorrer ao Senado Federal e é substituído de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a norma-
pelo seu vice-governador. Se este se candidatar e for eleito, não lidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
poderá ao final deste mandato se reeleger. Isto é, se o mandato econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
o candidato renuncia no início de 2010 o seu mandato de 2007- na administração direta ou indireta.
2010, assumindo o vice em 2010, poderá este se candidatar para

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos do g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos
artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode estabelecer ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que
outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas como de inelegi- configure ato doloso de improbidade administrativa, e por deci-
bilidades relativas. Neste sentido, a Lei Complementar nº 64, de são irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido
18 de maio de 1990, estabelece casos de inelegibilidade, prazos de suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que
cessação, e determina outras providências. Esta lei foi alterada por se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da
aquela que ficou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Com- data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71
plementar nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
artigo 1º, que segue. exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: h) os detentores de cargo na administração pública direta,
I - para qualquer cargo: indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo
a) os inalistáveis e os analfabetos; abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Le- decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial co-
gislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que legiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplo-
hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do dis- mados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos se-
posto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dis- guintes; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
positivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou
Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de
para as eleições que se realizarem durante o período remanescen- liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze)
te do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subse- meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de dire-
quentes ao término da legislatura; ção, administração ou representação, enquanto não forem exone-
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada rados de qualquer responsabilidade;
procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em jul- j) os que forem condenados, em decisão transitada em jul-
gado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração gado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por
de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação,
concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por con-
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela Lei duta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que
Complementar nº 135, de 2010) impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julga- (oito) anos a contar da eleição; (Incluído pela Lei Complementar
do ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação nº 135, de 2010)
até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do
da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional,
135, de 2010) das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câma-
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração ras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o ofere-
pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Complementar cimento de representação ou petição capaz de autorizar a aber-
nº 135, de 2010) tura de processo por infringência a dispositivo da Constituição
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o merca- Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito
do de capitais e os previstos na lei que regula a falência; (Incluído Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) se realizarem durante o período remanescente do mandato para
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído pela o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término
Lei Complementar nº 135, de 2010) da legislatura; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de li- l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos,
berdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condena- colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que im-
ção à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função porte lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde
pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (In- de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; (Incluído pela Lei
cluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Complementar nº 135, de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por de-
terrorismo e hediondos; cisão sancionatória do órgão profissional competente, em decor-
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído rência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos,
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judi-
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei ciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Complementar nº 135, de 2010) n) os que forem condenados, em decisão transitada em julga-
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou ban- do ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem
do; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união está-
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele vel para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8
incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação dada pela (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; (Incluído pela
Lei Complementar nº 135, de 2010) Lei Complementar nº 135, de 2010)

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de empre-
processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, con- sas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas previstas
tado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea anterior,
Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses antes do
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsá- pleito, a prova de que fizeram cessar o abuso apurado, do poder
veis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em econômico, ou de que transferiram, por força regular, o controle
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo de referidas empresas ou grupo de empresas;
prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o procedimento g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao
previsto no art. 22; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração ou
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que fo- representação em entidades representativas de classe, mantidas,
rem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo poder Pú-
tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exone- blico ou com recursos arrecadados e repassados pela Previdência
ração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo admi- Social;
nistrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das funções,
Complementar nº 135, de 2010) tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Superintendente
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: de sociedades com objetivos exclusivos de operações financeiras
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de seus e façam publicamente apelo à poupança e ao crédito, inclusive
cargos e funções: através de cooperativas e da empresa ou estabelecimentos que go-
1. os Ministros de Estado: zem, sob qualquer forma, de vantagens asseguradas pelo poder
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e militar, público, salvo se decorrentes de contratos que obedeçam a cláu-
da Presidência da República; sulas uniformes;
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da Presi- i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, hajam
dência da República; exercido cargo ou função de direção, administração ou represen-
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; tação em pessoa jurídica ou em empresa que mantenha contrato
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da Repú- de execução de obras, de prestação de serviços ou de fornecimen-
blica; to de bens com órgão do Poder Público ou sob seu controle, salvo
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da Ae- no caso de contrato que obedeça a cláusulas uniformes;
ronáutica;
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham
7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito;
8. os Magistrados;
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autarquias,
ou entidades da Administração direta ou indireta da União, dos
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públi-
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios,
cas e as mantidas pelo poder público;
inclusive das fundações mantidas pelo Poder Público, não se afas-
10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Terri-
tarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à
tórios;
percepção dos seus vencimentos integrais;
11. os Interventores Federais;
12. os Secretários de Estado; III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
13. os Prefeitos Municipais; trito Federal;
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Estados e a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presi-
do Distrito Federal; dente da República especificados na alínea a do inciso II deste
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal; artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar de repar-
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Secretá- tição pública, associação ou empresas que operem no território
rios Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as pessoas do Estado ou do Distrito Federal, observados os mesmos prazos;
que ocupem cargos equivalentes; b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à elei- seus cargos ou funções:
ção, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qualquer dos 1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador do
poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo Presidente da Estado ou do Distrito Federal;
República, sujeito à aprovação prévia do Senado Federal; 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e Zona
c) (Vetado); Aérea;
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem competên- 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de assistên-
cia ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lançamento, arreca- cia aos Municípios;
dação ou fiscalização de impostos, taxas e contribuições de caráter 4. os secretários da administração municipal ou membros de
obrigatório, inclusive parafiscais, ou para aplicar multas relaciona- órgãos congêneres;
das com essas atividades; IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exercido a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os
cargo ou função de direção, administração ou representação nas em- inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Re-
presas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137, de 10 de se- pública, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
tembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza de suas atividades, Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a desincom-
possam tais empresas influir na economia nacional; patibilização;

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em 4.7) Perda e suspensão de direitos políticos
exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, sem Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
prejuízo dos vencimentos integrais; perda ou suspensão só se dará nos casos de:
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito; julgado;
V - para o Senado Federal: II - incapacidade civil absoluta;
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto
da República especificados na alínea a do inciso II deste artigo e, no durarem seus efeitos;
tocante às demais alíneas, quando se tratar de repartição pública, as- IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou presta-
sociação ou empresa que opere no território do Estado, observados os ção alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
mesmos prazos; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis para os
cargos de Governador e Vice-Governador, nas mesmas condições es- O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o que
tabelecidas, observados os mesmos prazos; faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto, deixe de ser
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e titular de direitos políticos.
Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade de si- O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, da
tuações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas condições interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, entre os
estabelecidas, observados os mesmos prazos; quais obviamente se enquadra o sufrágio universal.
VII - para a Câmara Municipal: O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da condena-
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inele- ção criminal, que é a suspensão de direitos políticos.
gíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados, obser- O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação militar
vado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização; ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa moral ou
b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Prefeito religiosa.
e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincom- O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa,
patibilização . que tramita para apurar a prática dos atos de improbidade adminis-
§ 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da República,
trativa, na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão dos direitos
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
políticos.
renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes do pleito.
Os direitos políticos somente são perdidos em dois casos,
§ 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito
quais sejam cancelamento de naturalização por sentença transitada
poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos
em julgado (o indivíduo naturalizado volta à condição de estran-
respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
geiro) e perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição
não tenham sucedido ou substituído o titular.
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- de outra (brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de ser
juge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por considerado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos).
adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Ter- Nos demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de di-
ritório, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído reitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Adminis-
dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man- tração Pública por parte do servidor, mas apenas suspensão.
dato eletivo e candidato à reeleição. A cassação de direitos políticos, consistente na retirada dos
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste artigo direitos políticos por ato unilateral do poder público, sem obser-
não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei como de vância dos princípios elencados no artigo 5º, LV, CF (ampla defesa
menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada. (In- e contraditório), é um procedimento que só existe nos governos
cluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) ditatoriais e que é absolutamente vedado pelo texto constitucional.
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com vistas
a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato não gerará 4.8) Anterioridade anual da lei eleitoral
a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em
reconheça fraude ao disposto nesta Lei Complementar. (Incluído pela vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que
Lei Complementar nº 135, de 2010). ocorra até um ano da data de sua vigência. 

4.6) Impugnação de mandato É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo menos 1
Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impugnação de ano antes da próxima eleição, sob pena de não se aplicar a ela, mas
mandato. somente ao próximo pleito.

Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impugnado 5) Partidos políticos
ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplo-
mação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo político
corrupção ou fraude. e encontra respaldo enquanto direito fundamental, já que regula-
mentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”,
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato tramitará capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se teme- O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
rária ou de manifesta má-fé.

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do que os
partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de- Estados federados geralmente se formam. Trata-se de federalismo
mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa por desagregação – tinha-se um Estado uno, com a União centra-
humana [...]. lizada em suas competências, e dividiu-se em unidades federadas.
Difere-se do denominado federalismo por agregação, no qual uni-
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabelecendo a dades federativas autônomas se unem e formam um Poder federal
Constituição um limite de números de partidos políticos que possam no qual se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais
ser constituídos, permitindo também que sejam extintos, fundidos e forte (ex.: Estados Unidos da América).
incorporados. No federalismo por agregação, por já vir tradicionalmente das
Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os preceitos a bases do Estado a questão da autonomia das unidades federadas,
serem observados na liberdade partidária: caráter nacional, ou seja, percebe-se um federalismo real na prática. Já no federalismo por
terem por objetivo o desempenho de atividade política no âmbito in- desagregação nota-se uma persistente tendência centralizadora.
terno do país; proibição de recebimento de recursos financeiros de Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro entendeu
entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o o federalismo que estava criando é o fato de ter colocado o muni-
Poder Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação de cípio como entidade federativa autônoma. No modelo tradicional,
contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar a mencionada o pacto federativo se dá apenas entre União e estados-membros,
vedação; e funcionamento parlamentar de acordo com a lei. Ainda, a motivo pelo qual a doutrina afirma que o federalismo brasileiro é
lei veda a utilização de organização paramilitar por parte dos partidos atípico.
políticos (artigo 17, §4º, CF). Além disso, pelo que se desprende do modelo de divisão de
O respeito a estes ditames permite o exercício do partidarismo competências a ser estudado neste capítulo, acabou-se esvaziando
de forma autônoma em termos estruturais e organizacionais, confor- a competência dos estados-membros, mantendo uma concentra-
me o §1º do artigo 17, CF: ção de poderes na União e distribuindo vasta gama de poderes aos
municípios.
Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos autonomia
para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e Art. 18, caput, CF. A organização político-administrativa da
para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados,
eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos
em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus desta Constituição.
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. 
Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo 18,
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser registra- CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado no qual são
dos no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF). considerados entes federados e, como tais, autônomos, a União,
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à mídia, pre- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Esta autonomia se
vê o §3º do artigo 17 da CF: reflete tanto numa capacidade de auto-organização (normatização
própria) quanto numa capacidade de autogoverno (administrar-se
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a recursos do pelos membros eleitos pelo eleitorado da unidade federada).
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma
da lei. Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal.

Brasília é a capital da República Federativa do Brasil, sendo


um dos municípios que compõem o Distrito Federal. O Distrito
7 ORGANIZAÇÃO Federal tem peculiaridades estruturais, não sendo nem um Municí-
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA pio, nem um Estado, tanto é que o caput deste artigo 18 o nomeia
DA UNIÃO, DOS ESTADOS em separado. Trata-se, assim, de unidade federativa autônoma.
FEDERADOS, DOS MUNICÍPIOS E
Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a União,
DO DISTRITO FEDERAL
e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Esta-
do de origem serão reguladas em lei complementar.

Da organização político-administrativa Apesar dos Territórios Federais integrarem a União, eles não
podem ser considerados entes da federação, logo não fazem parte
O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genérico e re- da organização político-administrativa, não dispõem de autonomia
gulamenta a organização político-administrativa do Estado. Basica- política e não integram o Estado Federal. São meras descentrali-
mente, define os entes federados que irão compor o Estado brasileiro. zações administrativo-territoriais pertencentes à União. A Consti-
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firmado entre tuição Federal de 1988 aboliu todos os territórios então existentes:
os entes autônomos que compõem o Estado brasileiro. Na federação, Fernando de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de
todos os entes que compõem o Estado têm autonomia, cabendo à Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral de Esta-
União apenas concentrar esforços necessários para a manutenção do dos da Federação.
Estado uno.

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se entre si, Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, conside-
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou ram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de
formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante apro- direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
vação da população diretamente interessada, através de plebisci-
to, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do povo e
os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua
Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão e o qualificação, na forma que a lei determinar.
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser alie-
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula- nados, observadas as exigências da lei.
ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a usu-
capião.
Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível criar, in-
corporar e desmembrar os Estados-membros e os Municípios. No Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode ser
caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei federal. No caso dos gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
municípios, exige-se plebiscito e lei estadual. entidade a cuja administração pertencerem.
Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembramento no
âmbito interno, mas não se permite que uma parte do país se separe Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os bens dos
do todo, o que atentaria contra o pacto federativo. Estados-membros no artigo 26, ambos da Constituição, que seguem
abaixo. Na divisão de bens estabelecida pela Constituição Federal
Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede- denota-se o caráter residual dos bens dos Estados-membros porque
ral e aos Municípios: exige-se que estes não pertençam à União ou aos Municípios.
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re- Artigo 20, CF. São bens da União:
presentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
forma da lei, a colaboração de interesse público; atribuídos;
II - recusar fé aos documentos públicos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. das fortificações e construções militares, das vias federais de co-
municação e à preservação ambiental, definidas em lei;
Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas aos en- III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos
tes federados, fato é que todo o sistema constitucional traz impe- de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de li-
dimento à atuação das unidades federativas e de seus administra- mites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
dores. Afinal, não possuem liberdade para agirem como quiserem ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
e somente podem fazer o que a lei permite (princípio da legalidade fluviais;
aplicado à Administração Pública). IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com ou-
tros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras,
Repartição de competências e bens. excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto
aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental
O título III da Constituição Federal regulamenta a organiza- federal, e as referidas no art. 26, II; 
ção do Estado, definindo competências administrativas e legislati- V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
vas, bem como traçando a estrutura organizacional por ele tomada. econômica exclusiva;
Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio VI - o mar territorial;
da Administração Pública direta e indireta, sendo que todos os de- VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
mais bens são considerados particulares. Destaca-se a disciplina VIII - os potenciais de energia hidráulica;
do Código Civil: IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológi-
Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional per- cos e pré-históricos;
tencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; todos os XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração
Artigo 99, CC. São bens públicos: direta da União, participação no resultado da exploração de pe-
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, tróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração
ruas e praças; de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo ter-
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos des- ritório, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica
tinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fron-
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou teira, é considerada fundamental para defesa do território nacio-
real, de cada uma dessas entidades. nal, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados: c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor-
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes tuária;
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decor- d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre
rentes de obras da União; portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem limites de Estado ou Território;
no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Muni- e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e inter-
cípios ou terceiros; nacional de passageiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pú-
Competência material e legislativa da blica dos Territórios;
União, Estados e Municípios. XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como pres-
1) Competência organizacional-administrativa exclusiva
tar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
da União
serviços públicos, por meio de fundo próprio;
A Constituição Federal, quando aborda a competência da
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União” e no artigo
22 a expressão “compete privativamente à União”. Neste sentido, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
questiona-se se a competência no artigo 21 seria privativa. Ob- XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver-
viamente, não seria compartilhada, pois os casos que o são estão sões públicas e de programas de rádio e televisão;
enumerados no texto constitucional. XVII - conceder anistia;
Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera com- XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as
petências exclusivas da União. Estas expressões que a princípio calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;
seriam sinônimas assumem significado diverso. Exclusiva é a XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recur-
competência da União que pode ser delegada a outras unidades sos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
federadas e privativa é a competência da União que somente pode XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, in-
ser exercida por ela. clusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da União, XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema na-
trabalha com questões organizacional-administrativas. cional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuá-
Artigo 21, CF. Compete à União: ria e de fronteiras;
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qual-
organizações internacionais; quer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a la-
II - declarar a guerra e celebrar a paz; vra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o
III - assegurar a defesa nacional; comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que seguintes princípios e condições:
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
maneçam temporariamente; admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- Nacional;
ção federal; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de mate-
ção e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médi-
rial bélico;
cos, agrícolas e industriais;
VII - emitir moeda;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, co-
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar
mercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência inferior a duas horas;
privada; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de or- existência de culpa;
denação do território e de desenvolvimento econômico e social; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces- atividade de garimpagem, em forma associativa.
são ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da
lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um Envolve a competência organizacional-administrativa da
órgão regulador e outros aspectos institucionais; União a atuação regionalizada com vistas à redução das desigual-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, conces- dade regionais, descrita no artigo 43 da Constituição Federal:
são ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União poderá
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aprovei- articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e so-
tamento energético dos cursos de água, em articulação com os cial, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualda-
Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; des regionais.

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º Lei complementar disporá sobre: XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia
I - as condições para integração de regiões em desenvol- nacionais;
vimento; XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupan-
II - a composição dos organismos regionais que executarão, ça popular;
na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos na- XX - sistemas de consórcios e sorteios;
cionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados junta- XXI - normas gerais de organização, efetivos, material béli-
mente com estes. co, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, corpos de bombeiros militares;
na forma da lei: XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviá-
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de cus- ria e ferroviária federais;
tos e preços de responsabilidade do Poder Público; XXIII - seguridade social;
II - juros favorecidos para financiamento de atividades prio- XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
ritárias; XXV - registros públicos;
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tribu- XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
tos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social as modalidades, para as administrações públicas diretas, autár-
dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas re- quicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Mu-
giões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. nicípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173,
recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e mé- § 1°, III; 
dios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marí-
de fontes de água e de pequena irrigação. tima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
2) Competência legislativa privativa da União Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Es-
A competência legislativa da União é privativa e, sendo assim,
tados a legislar sobre questões específicas das matérias relacio-
pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas somente po-
nadas neste artigo.
dem ser legisladas por atos normativos com abrangência nacional,
mas é possível que uma lei complementar autorizar que determina-
3) Competência organizacional-administrativa comparti-
do Estado regulamente questão devidamente especificada.
lhada
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios com-
Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar so-
partilham certas competências organizacional-administrativas.
bre:
Significa que qualquer dos entes federados poderá atuar, desenvol-
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrá-
rio, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; ver políticas públicas, nestas áreas. Todas estas áreas são áreas que
II - desapropriação; necessitam de atuação intensa ou vigilância constantes, de modo
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo que mediante gestão cooperada se torna possível efetivar o máxi-
e em tempo de guerra; mo possível os direitos fundamentais em casa uma delas.
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi-
fusão; Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Estados,
V - serviço postal; do Distrito Federal e dos Municípios:
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das institui-
metais; ções democráticas e conservar o patrimônio público;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e ga-
valores; rantia das pessoas portadoras de deficiência;
VIII - comércio exterior e interestadual; III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor
IX - diretrizes da política nacional de transportes; histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens natu-
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, rais notáveis e os sítios arqueológicos;
aérea e aeroespacial; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de
XI - trânsito e transporte; obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul-
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; tural;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à
XIV - populações indígenas; ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
de estrangeiros; qualquer de suas formas;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condi- VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
ções para o exercício de profissões; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abas-
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Dis- tecimento alimentar;
trito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Terri- IX - promover programas de construção de moradias e a me-
tórios, bem como organização administrativa destes lhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
X - combater as causas da pobreza e os fatores de margina- O estudo das competências concorrentes permite vislumbrar
lização, promovendo a integração social dos setores desfavoreci- os limites da atuação conjunta entre União, Estados e Distrito Fe-
dos; deral no modelo Federativo adotado no Brasil, visando à obtenção
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direi- de uma homogeneidade nacional, com preservação dos pluralis-
tos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em mos regionais e locais.
seus territórios; O cerne da distinção da competência entre os entes federados
XII - estabelecer e implantar política de educação para a se- repousa na competência da União para o estabelecimento de nor-
gurança do trânsito. mas gerais. A competência legislativa dos Estados-membros e dos
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para Municípios nestas questões é suplementar, ou seja, as normas es-
a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os taduais agregam detalhes que a norma da União não compreende,
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do notadamente trazendo peculiaridades regionais.
bem-estar em âmbito nacional. No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais e as
normas suplementares ficam por conta dos Estados, ou seja, as pe-
4) Competência legislativa compartilhada culiaridades regionais são normatizadas pelos Estados. As normas
Além de compartilharem competências organizacional-ad- estaduais, neste caso, devem guardar uma relação de compatibili-
ministrativas, os entes federados compartilham competência para dade com as normas federais (relação hierárquica). Diferentemen-
legislar sobre determinadas matérias. Entretanto, excluem-se do te da competência comum em que as leis estão em igualdade de
artigo 24, CF, os entes federados da espécie Município, sendo que condições, uma não deve subordinação à outra.
estes apenas legislam sobre assuntos de interesse local. Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar leis regu-
lamentadoras destas matérias enquanto a União não o faça. Sobre-
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal vindo norma geral reguladora, perdem a eficácia os dispositivos de
legislar concorrentemente sobre: lei estadual com ela incompatível.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
urbanístico; 5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência
II - orçamento; organizacional-administrativa autônoma dos Estados-mem-
bros
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
V - produção e consumo;
Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
Constituição.
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
e controle da poluição;
sejam vedadas por esta Constituição.
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, tu-
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
rístico e paisagístico;
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao con- vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. 
sumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
turístico e paisagístico; regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para in-
pesquisa, desenvolvimento e inovação; tegrar a organização, o planejamento e a execução de funções
X - criação, funcionamento e processo do juizado de peque- públicas de interesse comum.
nas causas;
XI - procedimentos em matéria processual; O documento que está no ápice da estrutura normativa de um
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve guardar com-
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; patibilidade com a Constituição Federal, notadamente no que tan-
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de ge aos princípios nela estabelecidos, sob pena de ser considerada
deficiência; norma inconstitucional.
XV - proteção à infância e à juventude; A competência do Estado é residual – tudo o que não obrigato-
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias riamente deva ser regulamentado pela União ou pelos Municípios,
civis. pode ser legislado pelo Estado-membro, sem prejuízo da já estuda-
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da da competência legislativa concorrente com a União.
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que abrange
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais regiões metropolitanas (um município, a metrópole, está em des-
não exclui a competência suplementar dos Estados. taque) e aglomerações urbanas (não há município em destaque),
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados e as microrregiões (não conurbadas, mas limítrofes, geralmente
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas identificada por bacias hidrográficas).
peculiaridades. A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e Execu-
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus- tivo no âmbito do Estado-membro é detalhada na Constituição es-
pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. tadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases regulamentadoras que
devem ser respeitadas.

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assembleia Le- Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgânica, vota-
gislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na da em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e apro-
Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será vada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Consti-
de doze. tuição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes pre-
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, ceitos:
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo rea-
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Ar- lizado em todo o País;
madas. II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primei-
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei ro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato
de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para Municípios com mais de duzentos mil eleitores; 
os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro
57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. do ano subsequente ao da eleição;
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu IV - para a composição das Câmaras Municipais, será obser-
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua se- vado o limite máximo de:  (Vide ADIN 4307)
cretaria, e prover os respectivos cargos. a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo le- mil) habitantes; 
gislativo estadual. b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
(quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes; 
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Gover- c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
nador de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes; 
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano an- (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes; 
terior ao do término do mandato de seus antecessores, e a posse e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil)
quanto ao mais, o disposto no art. 77.  habitantes; 
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro car- f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
go ou função na administração pública direta ou indireta, res- 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento ses-
salvada a posse em virtude de concurso público e observado o senta mil) habitantes; 
disposto no art. 38, I, IV e V. g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da As- tos mil) habitantes; 
sembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos
e cinquenta mil) habitantes; 
6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à competência i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
organizacional-administrativa autônoma dos Municípios de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até
Os Municípios gozam de autonomia no modelo federativo 600.000 (seiscentos mil) habitantes; 
brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade de auto-organiza- j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
ção, normatização e autogoverno. 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se extrai do cinquenta mil) habitantes; 
artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza, devendo esta lei k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
guardar compatibilidade tanto com a Constituição Federal quanto 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
com a respectiva Constituição estadual. O dispositivo mencionado (novecentos mil) habitantes; 
traça, ainda, regras mínimas de estruturação do Poder Executivo e l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
do Legislativo municipais. 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um mi-
Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o muni- lhão e cinquenta mil) habitantes; 
cípio tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-se, ainda, a m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
exaustiva regra sobre o número de vereadores e a questão dos sub- de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até
sídios. Incidente, também a regra sobre o julgamento do Prefeito 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; 
pelo Tribunal de Justiça. n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de despe- 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000
sas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a responsabi- (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; 
lização do Prefeito e do Presidente da Câmara por violação a estes o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000
limites. (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; 

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, pa-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até lavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;  Município; 
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da verean-
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até ça, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes;  os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respecti-
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais vo Estado para os membros da Assembleia Legislativa; 
de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; 
até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;  XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais Câmara Municipal; 
de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 XII - cooperação das associações representativas no planeja-
(quatro milhões) de habitantes;  mento municipal; 
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse especí-
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
fico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifesta-
de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000
ção de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado; 
(cinco milhões) de habitantes; 
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28,
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
parágrafo único (assumir outro cargo). 
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000
(seis milhões) de habitantes;  Artigo  29-A, CF.  O total da despesa do Poder Legislativo
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os
de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percen-
(sete milhões) de habitantes;  tuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transfe-
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais rências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetiva-
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 mente realizado no exercício anterior: 
(oito milhões) de habitantes; e   I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de até 100.000 (cem mil) habitantes;  (Redação dada pela Emenda
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;  Constituição Constitucional nº 58, de 2009)   (Produção de efeito)
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; 
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população
III, e 153, § 2º, I;  entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) ha-
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas bitantes; 
Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
observado o que dispõe esta Constituição, observados os cri- Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
térios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes 3.000.000 (três milhões) de habitantes; 
limites máximos:  V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máxi- entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de
mo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio habitantes; 
dos Deputados Estaduais;  VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Mu-
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitan- nicípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um)
tes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta habitantes. 
§ 1o  A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitan-
com o subsídio de seus Vereadores. 
tes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta
§ 2o  Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Muni-
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
cipal: 
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes,
I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste ar-
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta tigo; 
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou 
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a Orçamentária. 
sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  §  3o  Constitui crime de responsabilidade do Presidente da
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  As competências legislativas e administrativas dos municí-
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores pios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à competência legisla-
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita tiva, é suplementar, garantindo o direito de legislar sobre assuntos
do Município;  de interesse local.

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios: Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas se vie-
I - legislar sobre assuntos de interesse local; rem a existir serão nomeados pelo Presidente da República.
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que cou-
ber; Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da
de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legis- estabelecidos nesta Constituição.
lação estadual; § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- lativas reservadas aos Estados e Municípios.
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, obser-
o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; vadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato
e do Estado, programas de educação infantil e de ensino funda- de igual duração.
mental;  § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União o disposto no art. 27.
e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento terri- Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombei-
torial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento ros militar.
e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização administra-
local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e es- tiva e judiciária dos Territórios.
tadual. § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito interno
Título.
quanto no externo. Externamente, é exercida pelo Poder Legislati-
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
vo com auxílio de Tribunal de Contas. A constituição, no artigo 31,
Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas
CF, veda a criação de novos Tribunais de Contas municipais, mas
da União.
não extingue os já existentes.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exercida pelo
órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá
forma da lei. sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido deliberativa.
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Muni-
cípio ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, Intervenção nos Estados e Municípios.
onde houver. A intervenção consiste no afastamento temporário das prer-
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre rogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos entes fe-
as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de derados, por outro ente federado, prevalecendo a vontade do ente
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara interventor. Neste sentido, necessária a verificação de:
Municipal. a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verificados
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, quanto ao atendimento de uma das justificativas para a interven-
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame ção.
e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato da in-
termos da lei. tervenção seja válido, como prazo, abrangência, condições, além
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, CF).
de Contas Municipais. A intervenção pode ser federal, quando a União interfere nos
Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou estadual, quando
7) Peculiaridades da competência organizacional-admi- os Estados-membros interferem em seus Municípios (artigo 35,
nistrativa do Distrito Federal e Territórios CF).
O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas em re-
giões administrativas. Se regulamenta por lei orgânica, mas esta lei Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem no
orgânica aproxima-se do status de Constituição estadual, cabendo Distrito Federal, exceto para:
controle de constitucionalidade direto de leis que a contrariem pelo I - manter a integridade nacional;
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Fede-
O Distrito Federal possui um governador e uma Câmara Le- ração em outra;
gislativa, eleitos na forma dos governadores e deputados estaduais. III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
Entretanto, não tem eleições municipais. O Distrito Federal tem 3 IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
senadores, 8 deputados federais e 24 deputados distritais. unidades da Federação;

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois 8 DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas
nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 1) Princípios da Administração Pública
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios consti- Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que
tucionais: ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interes-
a) forma republicana, sistema representativo e regime demo- ses da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e
crático; regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Fede-
b) direitos da pessoa humana; ral e em legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão
c) autonomia municipal; estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n°
d) prestação de contas da administração pública, direta e indi- 8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
reta. Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manu- princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras
tenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o
de saúde”.  caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das
leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os
Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem princípios fundamentais da administração pública. Estabelece a
a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto Constituição Federal:
quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta de
consecutivos, a dívida fundada; qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita mu-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao se-
nicipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
guinte: [...]
serviços públicos de saúde; 
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
São princípios da administração pública, nesta ordem:
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es-
Legalidade
tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
Impessoalidade
judicial”.
Moralidade
Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá: Publicidade
I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes), de solicita- Eficiência
ção do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o
ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exer- vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administra-
cida contra o Poder Judiciário; ção Pública. É de fundamental importância um olhar atento ao sig-
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de nificado de cada um destes princípios, posto que eles estruturam
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos
III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen- de Carvalho Filho55 e Spitzcovsky56:
tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade sig-
(observância de princípios constitucionais), e no caso de recusa à nifica a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo,
execução de lei federal. como a administração pública representa os interesses da coleti-
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o vidade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só
prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o inter- poderá fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera
ventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja pre-
Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. servado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a As- na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Esta-
sembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo do deve respeitar as leis que dita.
prazo de vinte e quatro horas. b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/lei fe- representa, a administração pública está proibida de promover dis-
deral e violação de certos princípios constitucionais), ou do art. 35, criminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di-
IV (idem com relação à intervenção em municípios), dispensada a ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se 55 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas- 56 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau-
tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. lo: Método, 2011.

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode in- servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando
fluenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é
a preservação do interesse coletivo. a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no ar- públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dire-
tigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de mo- tamente à conduta dos agentes.
ralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder público. Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais
A administração pública não atua como um particular, de modo que diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados
enquanto o descumprimento dos preceitos morais por parte des- como princípios de natureza ética relacionados à função pública a
te particular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
probidade e a motivação:
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento imoral por
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucional in-
parte dos representantes do Estado. O princípio da moralidade deve
cluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de
se fazer presente não só para com os administrados, mas também
todo o administrador público, o dever de honestidade e fidelidade
no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à noção de bom
administrador, que não somente deve ser conhecedor da lei, mas com o Estado, com a população, no desempenho de suas funções.
também dos princípios éticos regentes da função administrativa. Possui contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes
TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO Gasparini57 alerta que alguns autores tratam veem como distintos
MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois prin- os princípios da moralidade e da probidade administrativa, mas
cípios anteriores. não há  características que permitam tratar os mesmos como pro-
d) Princípio da publicidade: A administração pública é obri- cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a
gada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas probidade administrativa é um aspecto particular da moralidade
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publica- administrativa.
ção em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exemplo, b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao ad-
a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ministrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efei-
ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo seleti- tos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos
vo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se negar mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido
indevidamente a fornecer informações ao administrado caracteriza processo legal, uma vez que a fundamentação surge como meio
ato de improbidade administrativa. interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado,
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o princípio sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade
da publicidade seja deturpado em propaganda político-eleitoral: dos atos da Administração.
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras, caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu- aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos
cativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o méri-
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção to do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse
pessoal de autoridades ou servidores públicos. controle, devem ser observados os motivos dos atos administrati-
vos.
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali- Em relação à necessidade de motivação dos atos administra-
dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para
tivos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comporta-
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV,
mento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, den-
CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segu-
tro dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos
rança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportuni-
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participação dade), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade
do usuário na administração pública direta e indireta, regulando de motivação com relação aos atos administrativos vinculados;
especialmente: todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos cricionários.
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento Meirelles58 entende que o ato discricionário, editado sob os
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade
dos serviços; para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo
II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e a in- necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação,
formações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de
X e XXXIII; 57 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
III -  a disciplina da representação contra o exercício negli- Saraiva, 2004.
gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração 58 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
pública. São Paulo: Malheiros, 1993.

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
observância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o de-
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricio- senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
nário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira
adotado pelo administrador. Gasparini59, com respaldo no art. 50 na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões
doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para todos No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo
os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos seu desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de pro-
discricionários quanto os vinculados. vas e títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional
também é considerado. Cargo em comissão é o cargo de con-
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores fiança, que não exige concurso público, sendo exceção à regra
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios geral.
da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais
estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer das Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público
esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o ser- será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
viço público:
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabeleci- de provas ou de provas e títulos será convocado com priorida-
dos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. de sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
na carreira.
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
8.112/1990, que prevê: Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para inves- Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá va-
tidura em cargo público:
lidade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única
I - a nacionalidade brasileira;
vez, por igual período.
II - o gozo dos direitos políticos;
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
V - a idade mínima de dezoito anos;
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candi-
VI - aptidão física e mental.
dato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
expirado.
outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição,
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Haven-
procedimentos desta Lei. do candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele
deve ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realiza-
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº do novo concurso.
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207 Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no
ramo da pesquisa, ciência e tecnologia. Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos in-
cisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da auto-
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público ridade responsável, nos termos da lei.
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomea- daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no
ções para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação serviço público, que em regra se dá por concurso de provas ou
e exoneração. de provas e títulos.

Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
clusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de carreira cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de car-
ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita- reira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
ção em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedeci- lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e asses-
dos a ordem de classificação e o prazo de sua validade. soramento.
59 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2004.

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Observa-se o seguinte quadro comparativo60:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocu- Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo re-
pantes de cargo efetivo. servado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode
exercê-la o servidor de cargo efetivo, mas a Sem concurso público, ressalvado o percentual míni-
função em si não prescindível de concurso mo reservado ao servidor de carreira.
público.
É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
Somente são conferidas atribuições e respon-
Administração Pública, conferida atribuições e
sabilidade
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia
chefia e assessoramento e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se
refere à função e não em relação ao cargo efe- De livre nomeação e exoneração
tivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de direito
social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservação da
sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei
geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provi-
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%
(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Prossegue o artigo 37, CF:

Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de ex-
cepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor contratado e
a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o Estado, duas opções
se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de Poder Público, ou institucional,
estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que
tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...]
Uma solução intermediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexis-
tam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências
do Estado moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”61.

60 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
61 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos e Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Le-
o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixa- gislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
dos ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privati- pagos pelo Poder Executivo.
va em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
data e sem distinção de índices. Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:

Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupan- Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
tes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
II, 153, III, e 153, § 2º, I.
qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de
proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função públi- teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII
ca, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, do art. 61.
os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de
livre nomeação e exoneração. Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda-
mentos sobre o mencionado inciso XI:
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos
40 e 41: Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos
limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
de cargo público, com valor fixado em lei.
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui-
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo
mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli-
com o estabelecido no § 1º do art. 93.
cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de
caráter permanente, é irredutível. Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser- Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indivi- salarial:
dual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação
mínimo. de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remunera-
ção de pessoal do serviço público.
Ainda, o artigo 37 da Constituição:
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de po-
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupantes lítica de administração e remuneração de pessoal, integrado por
de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, servidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Pode- e § 1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento iguali-
res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, tário aos cargos que se mostrem similares.
dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de
por servidor público não serão computados nem acumulados
qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio men-
para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
sal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito,
e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Gover- A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi
nador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha
inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio men- a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o
sal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no próprio vencimento básico. É inaceitável que se leve em conside-
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do ração outra vantagem até então percebida.
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos.

Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de “Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu-
cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de ho- mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito
rários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a)  a do serviço público federal a vedação genérica constante do art.
de dois cargos de professor; b)  a de um cargo de professor com 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a
outro, técnico ou científico; c)  a de dois cargos ou empregos pri- acumulação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações
vativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. mais comuns praticadas por servidores públicos, o que se constata
observando o elevado número de processos administrativos ins-
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a taurados com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas é relativamente brando, quando cotejado com outros estatutos de
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilici-
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. tude diversas oportunidades para regularizar sua situação e esca-
par da pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
Segundo Carvalho Filho62, “o fundamento da proibição é im- processo administrativo simplificado (processo disciplinar de rito
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 63.
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além
disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis também Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus ser-
impedir a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução vidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris-
de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumu- dição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
lação remunerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a forma da lei.
percepção de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra
constitucional proibitiva”. Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União,
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão: dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades es-
senciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos previstos carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realiza-
ção de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos
com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na
públicos.
forma da lei ou convênio.
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem-
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis-
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação,
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio-
saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários,
nada à comprovação da compatibilidade de horários. deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se com-
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da prometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988.
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu- [...] A importância da Administração Tributária foi reconhecida
nerações forem acumuláveis na atividade. expressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da
Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de
Art. 119, Lei nº 8.112/1990.  O servidor não poderá exercer seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública,
mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- dentro de suas áreas de competência”64.
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
órgão de deliberação coletiva.  Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à re- criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
muneração devida pela participação em conselhos de administra- de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
ção e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mis- complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
ta, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas
ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em
participação no capital social, observado o que, a respeito, dispu- cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas
ser legislação específica. no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
em empresa privada.
Art. 120, Lei nº 8.112/1990.  O servidor vinculado ao regime
desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando Órgãos da administração indireta somente podem ser criados
investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem de
de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente deter-
compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, minada empresa pública ou sociedade de economia mista, e estas,
declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades
63 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públi-
envolvidos. cos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/
almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
62 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 64 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. sao_paulo.htm

Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada sub- Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição
sidiária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
parêntese para observar que quase todos os autores que abordam o causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência no ressarcimento.
texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas no
inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de eco- A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra dis-
nomia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle que ciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria
de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar prescreverá:
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
se o legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo, são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição
autorizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, de cargo em comissão;
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida sua au- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
torização”65. III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in- § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º fato se tornou conhecido.
do artigo 37, CF: § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
às infrações disciplinares capituladas também como crime.
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e § 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de processo
financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indi- disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
reta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre por autoridade competente.
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, caben- correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
do à lei dispor sobre:
I -  o prazo de duração do contrato; Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho, di- de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as
reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; infrações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena
III -  a remuneração do pessoal. de suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver-
tência), contados da data em que o fato se tornou conhecido pela
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às em- administração pública. Se a infração disciplinar for crime, valerão
presas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsi- os prazos prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
diárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Dis- favoráveis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar
trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de a contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da
pessoal ou de custeio em geral. abertura da sindicância ou processo administrativo disciplinar até
a decisão final proferida por autoridade competente não corre a
Continua o artigo 37, CF: prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a contar do zero.
Passado o prazo, não caberá mais propor ação disciplinar.
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contra- Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as res-
tados mediante processo de licitação pública que assegure igual- trições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta
dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o conflito
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Execu-
à garantia do cumprimento das obrigações. tivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou
emprego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art. 2000, e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de
37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para li- 2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.
citações e contratos da Administração Pública e dá outras provi- Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
dências. Licitação nada mais é que o conjunto de procedimentos
administrativos (administrativos porque parte da administração Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
pública) para as compras ou serviços contratados pelos governos conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego
Federal, Estadual ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições
De forma mais simples, podemos dizer que o governo deve com- a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informa-
prar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licitação ções privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do
é um processo formal onde há a competição entre os interessados. cargo ou emprego e as competências para fiscalização, avaliação
e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo disposto
65 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descompli- nesta Lei.
cado. São Paulo: GEN, 2014.

Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3) Atos de improbidade administrativa Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, que é ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as
uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de desonestidade condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe prá-
administrativa. A improbidade é uma lesão ao princípio da morali- tica por omissão.67
dade, que deve ser respeitado estritamente pelo servidor público. O b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão
agente ímprobo sempre será um violador do princípio da moralidade, ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
pelo qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, sincerida- O grupo intermediário de atos de improbidade administrativa
de, probidade, lhaneza, lealdade e ética”66. se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos co-
A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devido ao fres públicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do
amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço público patrimônio público. Assim como o artigo anterior, o caput des-
que se intensificavam com a ineficácia do diploma então vigente, o creve a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes específicas
Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessidade de acabar que exemplificam o seu conteúdo68.
com os atos atentatórios à moralidade administrativa e causadores de Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio,
prejuízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento ilícito, que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transfe-
infelizmente tão comuns no Brasil. rência indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públicos passa-
significa desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição69.
ram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de improbidade
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em
administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às
todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência
penas do art. 12. A existência de esferas distintas de responsabilidade
(civil, penal e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que, de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, embora basea- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
das no mesmo fato, mas de responsabilização em esferas distintas que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
do Direito. 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade
Destaca-se um conceito mais amplo de agente público previsto do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a
pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o agente público tese de que é indispensável a existência de dolo nas condutas
pode ser ou não um servidor público. Ele poderá estar vinculado a descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses
qualquer instituição ou órgão que desempenhe diretamente o interes- do artigo 10, nas quais o dano ao erário precisa ser compro-
se do Estado. Assim, estão incluídos todos os integrantes da admi- vado. De acordo com o ministro Castro Meira, a conduta cul-
nistração direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo da le- posa ocorre quando o agente não pretende atingir o resultado
gislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada que desempenhe danoso, mas atua com negligência, imprudência ou imperícia
tais fins, desde que a verba de criação ou custeio tenha sido ou seja (REsp n° 1.127.143)”70. Para Carvalho Filho71, não há inconsti-
pública em mais de 50% do patrimônio ou receita anual. Caso a ver- tucionalidade na modalidade culposa, lembrando que é possível
ba pública que tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado dosar a pena conforme o agente aja com dolo ou culpa.
não tenha concorrido para criação ou custeio, também haverá su- O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que o
jeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/criação pelo Estado sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano
que seja inferior a 50% do patrimônio ou receita anual, a legislação ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo
ainda se aplica. Entretanto, nestes dois casos, a sanção patrimonial anterior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os ti-
se limitará ao que o ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres pos exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos
públicos. Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva do art. 9°.
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser c) Ato de improbidade administrativa que atente con-
buscado por outra via que não a ação de improbidade administrativa. tra os princípios da administração pública (artigo 11, Lei nº
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de improbi- 8.429/1992)
dade administrativa em três categorias: Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “constitui ato
a) Ato de improbidade administrativa que importe enrique-
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
cimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os
O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa se
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + resultante
de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do exercício de instituições [...]”. O grupo mais ameno de atos de improbidade
cargo, mandato, emprego, função ou outra atividade nas entidades administrativa se caracteriza pela simples violação a princípios
do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992.
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se opõe 67 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau-
lo: Método, 2011.
que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames morais,
notadamente no desempenho de função de interesse estatal. 68 Ibid.
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita. 69 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano aos
cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe propina 70 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administra-
tiva: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em: <http://
pratica ato de improbidade administrativa, mas não atinge direta- www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.tex-
mente os cofres públicos). to=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
66 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 71 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude Carvalho Filho74 tece considerações a respeito de algumas das
do sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. sanções:
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios gerais da - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens
administração pública72. acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se alcançasse
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Basta a anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitu-
vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o enriqueci- cional. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem ilícita”.
mento ilícito e o dano ao erário. Somente é possível a prática de - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que en-
algum destes atos com dolo (intenção), embora caiba a prática por globa dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e juros
ação ou omissão. de mora.
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade para - Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato,
não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do conteú- a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor
do aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário, estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo
ou seja, que se aplica quando o ato de improbidade administrativa contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a per-
não tiver gerado obtenção de vantagem da da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não são com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função
crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível, pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da
não criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam
ato de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na a procedimento especial para perda da função pública, ponto em
legislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
o agente por ambos, nas duas esferas. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ini- flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta mar-
cialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e daqueles gem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de
que podem praticar os atos de improbidade administrativa (sujeito cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e o ressar- do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração
cimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal natu- caráter indenizatório, mas punitivo.
reza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, - Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunida-
descreve os procedimentos administrativo e judicial. des genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio majoritá-
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um rio da instituição vitimada.
enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ain- - Proibição de contratar: o agente punido não pode participar
da causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual de processos licitatórios.
dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo o que
adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enri- 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores
queceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do di-
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de reito obrigacional, uma vez que a principal consequência da prá-
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, tica de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de
mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even- reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor ad- fere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em
quirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.75
disso, em todos os casos há perda da função pública. Nas três ca- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo
tegorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos polí- recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da heran-
ticos, multa e vedação de contratação ou percepção de vantagem, ça, embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade
graduadas conforme a gravidade do ato. É o que se depreende da civil conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma ab-
leitura do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, solvição por negativa de autoria impede a condenação na esfera
CF, que prevê: “Os atos de improbidade administrativa impor- cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú- A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, de que a principal consequência da prática de um ato ilícito é a
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante
cabível”. o pagamento de indenização que se refere às perdas e danos. To-
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº 8.429/1992 dos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade civil,
mas não na Constituição Federal é a de multa. (art. 37, §4°, CF). tanto podendo buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto
Não há nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o
que o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos
penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade danos que seus agentes causem durante a prestação do serviço,
e porque a lei é o instrumento adequado para tanto73. inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos
72 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau- humanos reconhecidos.
lo: Método, 2011. 74 Ibid.
73 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi- 75 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed.
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. São Paulo: Saraiva, 2005.

Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não de- Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica au-
pende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos genéri- tônoma entre o Estado e o agente público que causou o dano no de-
cos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante do sempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil
Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente
(artigo 37, §6°). pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar.
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en- Direito de regresso é justamente o direito de acionar o causador
contram no art. 186 do Código Civil: direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, consi-
derada a existência de uma relação obrigacional que se forma entre
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, a vítima e a instituição que o agente compõe.
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar
trem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou
culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o comporta-
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como mento ético dele esperado.76
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo
agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e administrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório
culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou
entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que
sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o
material, econômico e não econômico). servidor terá o dever de indenizar.
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial e anor- Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violadores
mal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano específico, de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e à res-
individualizado, que atinge determinada ou determinadas pessoas. ponsabilidade administrativa, todas autônomas uma com relação
Anormal é o dano que ultrapassa os problemas comuns da vida à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste sentido, o
em sociedade (por exemplo, infelizmente os assaltos são comuns artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
e o Estado não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
na circunstância específica possuía o dever de impedir o assalto,
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e admi-
como no caso de uma viatura presente no local - muito embora o
nistrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
direito à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido).
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da
No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamente acio-
administração pública, tenha ingressado ou não por concurso, pos-
nado e responde pelos atos de seus servidores que violem direitos
sua cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os
humanos, cabendo eventualmente ação de regresso contra ele. Con-
servidores públicos em geral (funcionários, empregados ou tem-
tudo, nos casos da responsabilidade penal e da responsabilidade ad-
porários) e os particulares em colaboração (por exemplo, jurado
ou mesário). ministrativa aciona-se o agente público que praticou o ato.
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta quali- São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser praticados
dade - é preciso que o agente esteja lançando mão das prerrogati- pelo agente público no exercício de sua função que violam direitos
vas do cargo, não agindo como um particular. humanos. A título de exemplo, peculato, consistente em apropria-
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado ção ou desvio de dinheiro público (art. 312, CP), que viola o bem
para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante comum e o interesse da coletividade; concussão, que é a exigência
que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é qual- de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situa-
quer dano que permite a responsabilização civil do Estado, mas ção de constrangimento e medo que viola diretamente sua dignida-
somente aquele que é causado por um agente público no exercício de; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, cuja pena é
de suas funções e que exceda as expectativas do lesado quanto à agravada quando praticada por funcionário público (art. 1º, §4º, I,
atuação do Estado. Lei nº 9.455/97); etc.
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direi- Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, a títu-
tos humanos, porque o Estado é uma ficção formada por um gru- lo de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. 127 da Lei
po de pessoas que desempenham as atividades estatais diversas. nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário que violar a ética
Assim, viola direitos humanos não o Estado em si, mas o agente do serviço público, como advertência, suspensão e demissão.
que o representa, fazendo com que o próprio Estado seja responsa- Evidencia-se a independência entre as esferas civil, penal e
bilizado por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação administrativa no que tange à responsabilização do agente público
dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, que cometa ato ilícito.
caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa. Tomadas as exigências de características dos danos acima co-
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: lacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se que para o
Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve exceder expec-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as tativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado uma excepcio-
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão nal vigilância da sociedade e a plena cobertura de todas as fatalida-
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a ter- des que possam acontecer em território nacional.
ceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 76 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Pau-
casos de dolo ou culpa. lo: Método, 2011.

Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade ci- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com-
vil do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas sub- ponentes do sistema remuneratório observará:
jetiva no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se o I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
Estado se omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido, isto dos cargos componentes de cada carreira;
é, ter deixado de agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, II -  os requisitos para a investidura;
acarretando em prejuízo dentro de sua previsibilidade. III -  as peculiaridades dos cargos.
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omissi- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
va do Estado: morte de filho menor em creche municipal, buracos de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores pú-
não sinalizados na via pública, tentativa de assalto a usuário do me- blicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
trô resultando em morte, danos provocados por enchentes e escoa- para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
mento de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática e convênios ou contratos entre os entes federados.
não tomou providência para evitá-las, morte de detento em prisão, § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
incêndio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII,
Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requi-
excludentes da responsabilidade estatal, notadamente: a) caso sitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
fortuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos exigir.
alcances da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. §  4º  O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
5) Exercício de mandato eletivo por servidores públicos remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor públi- vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prê-
co encontra previsão constitucional em seu artigo 38, que notada- mio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obede-
mente estabelece quais tipos de mandatos geram incompatibilidade cido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
ao serviço público e regulamenta a questão remuneratória: § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remu-
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração direta, neração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o
disposto no art. 37, XI.
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, apli-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
cam-se as seguintes disposições:
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri-
empregos públicos.
tal, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
nicípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários prove-
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
nientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autar-
ração;
quia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso ante- §  8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
rior; carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efetivos da
os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
tamento, os valores serão determinados como se no exercício es- caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respecti-
tivesse. vo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atua-
6) Regime de remuneração e previdência dos servidores rial e o disposto neste artigo.
públicos § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de
Regulamenta-se o regime de remuneração e previdência dos que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proven-
servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constituição Federal: tos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio-
Artigo  39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente
Municípios instituirão conselho de política de administração e re- em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou
muneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos incurável, na forma da lei;
respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
nº 19, de 1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, des- de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
tacando-se a redação anterior: “A União, os Estados, o Distrito e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competên- III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de
cia, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no
da administração pública direta, das autarquias e das fundações cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se-
públicas”). guintes condições:

Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
se mulher; que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de previdência social.
de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
contribuição. comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se
de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respecti- o regime geral de previdência social.
vo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
serviu de referência para a concessão da pensão. desde que instituam regime de previdência complementar para os
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca- seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fi-
sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utili- xar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas
zadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido
previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. para os benefícios do regime geral de previdência social de que
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados trata o art. 201.
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime § 15. O regime de previdência complementar de que trata o
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe-
complementares, os casos de servidores: cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no
I -  portadores de deficiência; que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
II -  que exerçam atividades de risco; complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais participantes planos de benefícios somente na modalidade de con-
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. tribuição definida.
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, a, posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in-
para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins-
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensi- tituição do correspondente regime de previdência complementar.
no fundamental e médio. § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
§  6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza-
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção dos, na forma da lei.
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta-
previsto neste artigo. dorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
morte, que será igual: regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci- percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de
do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime cargos efetivos.
geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposen- as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no §
tado à data do óbito; ou 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo previdenciária até completar as exigências para aposentadoria
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência so- compulsória contidas no § 1º, II.
cial de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio
cela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. de previdência social para os servidores titulares de cargos efe-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para pre- tivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em
servar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité- cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
rios estabelecidos em lei. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be-
correspondente para efeito de disponibilidade. nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for
gem de tempo de contribuição fictício. portador de doença incapacitante.
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acu- 7) Estágio probatório e perda do cargo
mulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser lido
atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previ- em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
dência social, e ao montante resultante da adição de proventos
de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo exercí-
desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre cio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. virtude de concurso público.

Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: O estágio probatório pode ser definido como um lapso de
I -  em virtude de sentença judicial transitada em julgado; tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão avaliadas
II -  mediante processo administrativo em que lhe seja asse- de acordo com critérios de assiduidade, disciplina, capacidade de
gurada ampla defesa; iniciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor não apro-
III -  mediante procedimento de avaliação periódica de de- vado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, recon-
sempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla de- duzido ao cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para
fesa. um servidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se ramento no órgão ou entidade de lotação.
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza- Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disciplina do
ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com estágio probatório mudou, notadamente aumentando o prazo de 2
remuneração proporcional ao tempo de serviço. anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma constitucional pre-
§  3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o valece sobre a lei federal, mesmo que ela não tenha sido atualiza-
da, deve-se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração pro-
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, o ser-
porcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento
vidor público somente poderá ser exonerado nos casos do §1º do
em outro cargo.
artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: em virtude de
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri-
sentença judicial transitada em julgado; mediante processo ad-
gatória a avaliação especial de desempenho por comissão insti- ministrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; ou me-
tuída para essa finalidade. diante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a está-
gio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante 8) Dos militares
o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para Prevê o artigo 42, CF:
o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
I - assiduidade; Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
II - disciplina; beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia
III - capacidade de iniciativa; e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
IV - produtividade; Territórios.
V - responsabilidade. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as dispo-
batório, será submetida à homologação da autoridade competente sições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º,
a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo respectivos governadores.
da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
a V do caput deste artigo. Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específi-
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exo- ca do respectivo ente estatal.
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- 9 DO PODER LEGISLATIVO:
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, FUNDAMENTO, ATRIBUIÇÕES E
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- GARANTIAS DE INDEPENDÊNCIA
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis
6, 5 e 4, ou equivalentes. 1) Do Congresso Nacional
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser O Legislativo Federal brasileiro adota um sistema bicameral,
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, contando com uma casa representativa do Povo e uma casa repre-
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar sentativa dos Estados-membros. No caso, a Câmara dos Deputa-
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para dos desempenha um papel de representação do povo; ao passo que
outro cargo na Administração Pública Federal. o Senado Federal é responsável pela representação das unidades
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e federadas da espécie Estados-membros.
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim No Congresso Nacional se desempenham as atividades legis-
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado lativas e determinadas atividades fiscalizatórias. Uma legislatura
a partir do término do impedimento. tem a duração de quatro anos, ao passo que uma sessão legislati-
va tem duração de um ano, sendo esta dividida em dois períodos

Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
legislativos cada qual com duração de 6 meses. Por seu turno, o Note que, diferente do que ocorre na Câmara dos Deputados,
Deputado Federal tem mandato equivalente a uma legislatura (4 não há um maior número de representantes por ser a unidade fe-
anos), ao passo que o Senador tem mandato equivalente a duas derativa mais populosa, o número de cadeiras é fixo por Estado/
legislaturas (8 anos). Distrito Federal. Adota-se, assim, o princípio majoritário e não o
A respeito, destaca-se o artigo 44 da Constituição Federal: princípio proporcional.
Finalmente, o artigo 47 da Constituição prevê:
Artigo 44, CF. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Art. 47, CF. Salvo disposição constitucional em contrário, as
Federal. deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus mem-
anos. bros.

Por sua vez, o artigo 45 da Constituição Federal expõe como Logo, em regra, o quórum de instalação de sessão é de maioria
se dá a composição da Câmara dos Deputados: absoluta dos membros da Casa ou Comissão (metade mais um), ao
passo que o quórum de deliberação é de maioria simples (metade
Artigo 45, CF. A Câmara dos Deputados compõe-se de repre- mais um dos membros presentes).
sentantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada
Estado, em cada Território e no Distrito Federal. 2) Atribuições do Congresso Nacional
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação A União, como visto no capítulo anterior, possui competência
por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei com- para legislar sobre determinadas matérias, sendo esta competência
plementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos por vezes privativa e por vezes concorrente. A atividade legislati-
ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma va, por seu turno, em regra será desempenhada pelo Poder Legisla-
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de tivo, exercido pelo Congresso Nacional. Neste sentido, a disciplina
setenta Deputados. do artigo 48 da Constituição.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.
Artigo 48, CF. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
Nota-se que na Câmara dos Deputados é adotado um siste- Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos
ma proporcional de composição – quanto maior a população de arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência
um Estado, maior o número de representantes que terá, respeitado da União, especialmente sobre:
o limite de setenta deputados; quanto menos a população de um I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
Estado, menor o número de representantes que terá, respeitado II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento
o limite mínimo de oito deputados. O Distrito Federal recebe o anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso
mesmo tratamento de um Estado e por ser menos populoso pos- forçado;
sui a representação mínima – quatro deputados. Já os Territórios, III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
se existentes, teriam cada qual 4 deputados. No total, a Câmara é IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de
composta por 513 deputados. desenvolvimento;
O artigo 46 da Constituição Federal disciplina a composição V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e
do Senado Federal nos seguintes termos: bens do domínio da União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas
Artigo 46, CF. O Senado Federal compõe-se de representan- de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Le-
tes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio gislativas;
majoritário. VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, VIII - concessão de anistia;
com mandato de oito anos. IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e or-
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e ganização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal; 
dois terços. X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; 
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da adminis-
O Senado Federal é composto por 81 Senadores, sendo que tração pública; 
78 representam cada um dos Estados brasileiros, que são 26, e 3 XII - telecomunicações e radiodifusão;
representam o Distrito Federal. O mandato do Senador é de duas XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições
legislaturas, ou seja, 8 anos. No entanto, a cada 4 anos sempre financeiras e suas operações;
são eleitos Senadores, garantindo a alternância no Senado a cada XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida
novas eleições. Por isso, nunca vagam as 3 cadeiras no Senado Fe- mobiliária federal.
deral de um Estado para a mesma eleição; alternadamente, vagam XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal
2 cadeiras ou 1 cadeira (ex.: nas eleições de 2014 vagou apenas 1 Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153,
cadeira no Senado para cada unidade federativa com representa- III; e 153, § 2º, I. 
ção; nas eleições de 2010 vagaram 2 cadeiras).

Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Contudo, a competência do Congresso Nacional não é exclu- § 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado
sivamente legislativa, de forma que possuem funções atípicas de Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comis-
caráter administrativo, além da função típica de controle. sões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa res-
pectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
Artigo 49, CF. É da competência exclusiva do Congresso Na- § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
cional: ral poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Minis-
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos tros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravo- artigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o
sos ao patrimônio nacional; não-atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a de informações falsas.
celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressal- 3) Da Câmara dos Deputados
vados os casos previstos em lei complementar; Delimitada a competência do Congresso Nacional, necessário
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República definir a competência de cada uma de suas Casas, sendo que o
a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze
artigo 51 da Constituição cumpre este papel em relação à Câmara
dias;
dos Deputados.
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, au-
torizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas me-
Artigo 51, CF. Compete privativamente à Câmara dos De-
didas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exor- putados:
bitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legis- I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração
lativa; de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República
VI - mudar temporariamente sua sede; e os Ministros de Estado;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de ses-
II, 153, III, e 153, § 2º, I;   senta dias após a abertura da sessão legislativa;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da III - elaborar seu regimento interno;
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia,
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;  criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e fun-
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente ções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respec-
da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos tiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei
de governo; de diretrizes orçamentárias; 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de V - eleger membros do Conselho da República, nos termos
suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da adminis- do art. 89, VII.
tração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa 4) Do Senado Federal
em face da atribuição normativa dos outros Poderes; Na mesma toada do artigo 51, o artigo 52 da Constituição de-
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão limita as competências da outra Casa do Congresso Nacional, o
de emissoras de rádio e televisão; Senado Federal.
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Con-
tas da União; Artigo 52, CF. Compete privativamente ao Senado Federal:
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ati- I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
vidades nucleares;
pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o apro-
náutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
veitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de ter- deral, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Con-
ras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. selho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da
República e o Advogado-Geral da União nos crimes de respon-
Com vistas à consecução destas tarefas, o artigo 50 da Cons- sabilidade; 
tituição disciplina providências que podem ser tomadas por cada III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú-
qual das Casas do Congresso Nacional: blica, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
Artigo 50, CF. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo
ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Presidente da República;
Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordina- c) Governador de Território;
dos à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, d) Presidente e diretores do banco central;
informações sobre assunto previamente determinado, importando e) Procurador-Geral da República;
crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.  f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em Trata-se da faceta material da imunidade parlamentar, con-
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de sistente na inviolabilidade civil e penal por opiniões, palavras e
caráter permanente; votos. Entende-se que o parlamentar tem irrestrita liberdade de ex-
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de pressão na defesa de seus posicionamentos políticos, sob pena de
interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Terri- se caracterizar uma ruptura no próprio modelo democrático, que
tórios e dos Municípios; exige o debate de ideias. 
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites Por seu turno, a principal imunidade parlamentar de caráter
globais para o montante da dívida consolidada da União, dos formal está descrita no §1º do artigo 53, CF:
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as ope- Art. 53, §1º, CF. Os Deputados e Senadores, desde a expedi-
rações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do ção do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supre-
Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais mo Tribunal Federal. 
entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de Propriamente, é o denominado foro por prerrogativa de fun-
garantia da União em operações de crédito externo e interno; ção. Não se trata de privilégio pessoal, que tem a ver com a pessoa
IX - estabelecer limites globais e condições para o montan- do parlamentar, mas de privilégio do cargo, inerente ao cargo.
te da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Ainda sobre a questão do julgamento, estendem os §§ 3º a 5º
Municípios; do mesmo dispositivo:
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei de-
clarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tri- Art. 53, §3º, CF. Recebida a denúncia contra o Senador ou
bunal Federal; Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tri-
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exo- bunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa
neração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do de partido político nela representado e pelo voto da maioria de
término de seu mandato; seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento
XII - elaborar seu regimento interno; da ação.
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polí- Art. 53, §4º, CF. O pedido de sustação será apreciado pela
cia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias
e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da do seu recebimento pela Mesa Diretora.
respectiva remuneração, observados os parâmetros estabeleci- Art. 53, §5º, CF. A sustação do processo suspende a prescri-
dos na lei de diretrizes orçamentárias;  ção, enquanto durar o mandato. 
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos ter-
mos do art. 89, VII. Outras imunidades encontram-se descritas nos demais pará-
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema grafos do artigo 53. Neste sentido, o §2º do artigo 53 da Consti-
Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o tuição aborda o impedimento de prisão, salvo em caso de flagrante
desempenho das administrações tributárias da União, dos Esta- por crime inafiançável:
dos e do Distrito Federal e dos Municípios. 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, Art. 53, §2º, CF. Desde a expedição do diploma, os membros
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagran-
limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois te de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos
terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com ina- dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
bilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Ainda, disciplina o §6º do artigo 53 que:
5) Dos Deputados e Senadores
As imunidades e impedimentos parlamentares, ao lado de Art. 53, §6º, CF. Os Deputados e Senadores não serão obri-
questões correlatas, encontram previsão constitucional dos arti- gados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas
gos 53 a 56 da Constituição Federal. em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
Imunidades parlamentares são prerrogativas que asseguram confiaram ou deles receberam informações.
aos membros do Legislativo ampla liberdade, autonomia e inde-
pendência no exercício de suas funções, sendo estas tanto ine- Prevê o §7º do artigo 53:
rentes a um aspecto material (inviolabilidade propriamente dita)
quanto correlatas a um aspecto formal (sujeição a processamento Art. 53, §7º, CF. A incorporação às Forças Armadas de De-
por foro especial – foro por prerrogativa de função). putados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de
A essência da imunidade parlamentar está descrita no caput guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
do artigo 53, CF:  
Destaca-se a perenidade destas imunidades parlamentares
Art. 53, CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil descritas no artigo 53, porque o §8º do dispositivo assegura:
e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 53, §8º, CF. As imunidades de Deputados ou Sena- § 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será
dores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou me-
suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da diante provocação de qualquer de seus membros, ou de parti-
Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do político representado no Congresso Nacional, assegurada
do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a exe- ampla defesa.
cução da medida. § 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que
  vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste ar-
No entanto, ao lado das imunidades, a Constituição Fede- tigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais de
ral prevê vedações em seu artigo 54: que tratam os §§ 2º e 3º.

Artigo 54, CF. Os Deputados e Senadores não poderão: Por fim, o artigo 56 da Constituição disciplina situações em
I - desde a expedição do diploma: que poderia se entender a princípio que caberia a perda de man-
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de di- dato, notadamente por incompatibilidade ou afastamento, mas que
reito público, autarquia, empresa pública, sociedade de eco- não geram esta consequência por previsão expressa.
nomia mista ou empresa concessionária de serviço público,
salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; Artigo 56, CF. Não perderá o mandato o Deputado ou Sena-
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remune- dor:
rado, inclusive os de que sejam demissíveis ‘ad nutum’, nas I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de
entidades constantes da alínea anterior; Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Terri-
II - desde a posse:
tório, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empre-
temporária;
sa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurí-
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou
dica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que,
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ‘ad
neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por
nutum’, nas entidades referidas no inciso I, ‘a’;
sessão legislativa.
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de inves-
entidades a que se refere o inciso I, ‘a’;
tidura em funções previstas neste artigo ou de licença superior a
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público
cento e vinte dias.
eletivo.
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição
A consequência do desrespeito a estas proibições é a per- para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término
da do mandato, conforme o artigo 55, I, CF. Existem outras do mandato.
causas de perda de mandato, também descritas no artigo 55 da § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá
Constituição: optar pela remuneração do mandato.

Artigo 55, CF. Perderá o mandato o Deputado ou Sena- 6) Das reuniões


dor: O artigo 57 da Constituição descreve os períodos de reuniões
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no do Congresso Nacional e as hipóteses de sessão conjunta e de con-
artigo anterior; vocação extraordinária, além de outras situações práticas envolvi-
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o das no funcionamento do Legislativo Federal:
decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislati- Artigo 57, CF. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmen-
va, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que perten- te, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de
cer, salvo licença ou missão por esta autorizada; agosto a 22 de dezembro. 
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos; § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos pre- para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sába-
vistos nesta Constituição; dos, domingos ou feriados.
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transi- § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova-
tada em julgado. ção do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além dos § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câ-
casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogati- mara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão
vas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a per- conjunta para:
cepção de vantagens indevidas. I - inaugurar a sessão legislativa;
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato II - elaborar o regimento comum e regular a criação de ser-
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado viços comuns às duas Casas;
Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da res- III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presi-
pectiva Mesa ou de partido político representado no Congres- dente da República;
so Nacional, assegurada ampla defesa.  IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.

Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparató- Artigo 58, CF. O Congresso Nacional e suas Casas terão co-
rias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, missões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com
para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que
para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mes- resultar sua criação.
mo cargo na eleição imediatamente subsequente.  § 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é asse-
§ 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Pre- gurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos
sidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respec-
alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câ- tiva Casa.
mara dos Deputados e no Senado Federal. § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência,
§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional cabe:
far-se-á: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de
de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de au- um décimo dos membros da Casa;
torização para a decretação de estado de sítio e para o compro- II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade
misso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República; civil;
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câ- III - convocar Ministros de Estado para prestar informações
mara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência IV - receber petições, reclamações, representações ou quei-
ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso xas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades
com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do ou entidades públicas;
Congresso Nacional.  V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacio- VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regio-
nal somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convoca- nais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
do, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamen-
to de parcela indenizatória, em razão da convocação. Merece atenção especial o §3º do artigo 58, CF, que aborda as
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de con- Comissões Parlamentares de Inquérito – CPIs:
vocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas auto-
maticamente incluídas na pauta da convocação. Art. 58, §3º, CF. As comissões parlamentares de inquérito,
que terão poderes de investigação próprios das autoridades judi-
Vale destacar que durante o recesso o Congresso Nacional não ciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Ca-
fica isento de qualquer tipo de atividade, prevendo o artigo 58, CF sas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Fe-
em seu §4º: deral, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de
um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e
Art. 58, §4º, CF. Durante o recesso, haverá uma Comissão
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminha-
representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na
das ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições
civil ou criminal dos infratores.
definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá,
quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária.
Com efeito, as CPIs possuem a particularidade de servirem
para a investigação e fiscalização de questões de relevante interes-
7) Das comissões
se nacional, caracterizando-se por:
O Poder Legislativo não funciona exclusivamente com suas
Casas, pois a elas seria inviável lidar razoavelmente, apreciando - Poderes instrutórios – podem apurar fatos tal como é feito
com a devida profundidade, todas as temáticas de competência pelo Poder Judiciário. A regra somente não vale para interceptação
deste Poder. Para a apreciação específica e aprofundada de cada telefônica e afins, competência exclusiva de magistrado.
uma das iniciativas legislativas são criadas Comissões. Tais Co- - Instituição por uma das Casas do Congresso ou por ambas,
missões servem, ainda, para o exercício de outras competências do mediante requerimento de um terço de seus membros (1/3 dos
Legislativo, como a investigatória e fiscalizatória. membros da Câmara ou 1/3 dos membros do Senado ou 1/3 dos
As comissões podem ser temporárias ou permanentes, confor- membros do Congresso Nacional, sendo a última hipótese para co-
me o tipo de finalidade para a qual é instituída (ex.: a Comissão de missão conjunta).
Constituição e Justiça é necessariamente uma comissão permanen- - Apuração de fato certo – A constituição não indica o que é
te que serve para apreciar a constitucionalidade de todos os pro- fato determinado, mas o regimento da Câmara dos Deputados, em
jetos que tramitam na Casa; a Comissão Parlamentar de Inquérito seu artigo 35, conceitua como sendo “o acontecimento de relevan-
é necessariamente temporária, perdurando por prazo determinado te interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal,
fixado para a realização de investigação). econômica e social do País, que estiver devidamente caracterizado
Vale destacar que uma Comissão pode ter o poder, nos termos no requerimento de constituição da Comissão”.
do regimento, de aprovar o Projeto de Lei sem que ele nem sequer - Prazo determinado – o funcionamento da Comissão Parla-
passe pelo Plenário. mentar de Inquérito não pode se prolongar irrestritamente no tem-
Nestes termos, o artigo 58, caput e §§ 1º e 2º, CF: po, sendo necessário fixar prazo para a duração da CPI, embora
este prazo seja prorrogável.

Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
- Finalidade de promover a responsabilização civil e criminal de II - dois terços pelo Congresso Nacional.
infratores – no entanto, não é a Comissão que decidirá sobre tal res- § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as
ponsabilização, mas o Poder Judiciário por seu órgão competente. O mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e
conteúdo da CPI será, então, encaminhado ao Ministério Público para vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, apli-
que tome as devidas providências. cando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas cons-
tantes do art. 40. 
8) Fiscalização contábil, financeira e orçamentária § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as
Estabelece o caput do artigo 70 da Constituição: mesmas garantias e impedimentos do titular e, quando no exer-
cício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal
Artigo 70, caput, CF. A fiscalização contábil, financeira, orça- Regional Federal.
mentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, Por seu turno, as atribuições do Tribunal de Contas da União
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será encontram-se descritas no artigo 71 da Constituição, envolvendo
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo notadamente o auxílio ao Congresso Nacional no controle externo
sistema de controle interno de cada Poder. (tanto é assim que o Tribunal não susta diretamente os atos ilegais,
mas solicita ao Congresso Nacional que o faça):
A fiscalização contábil, financeira e orçamentária regulada pela
Constituição recai sobre as receitas da União e demais entidades da ad- Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso
ministração direta e indireta nesta esfera. Tal fiscalização se dá mediante Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
controle externo, a ser exercido pelo Congresso Nacional com auxílio União, ao qual compete:
do Tribunal de Contas da União, e mediante controle interno, consoante I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
órgãos instituídos pelo próprio Poder fiscalizado em seu âmbito interno. da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
Para que se viabilize esta atividade de fiscalização é necessária a em sessenta dias a contar de seu recebimento;
instituição de obrigação de prestar contas, regulada no próprio artigo 70, II - julgar as contas dos administradores e demais respon-
CF em seu parágrafo único: sáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração
direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
Artigo 70, parágrafo único, CF. Prestará contas qualquer pessoa mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que de-
física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, rem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos prejuízo ao erário público;
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
de natureza pecuniária.  admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
a) Controle externo – Tribunal de Contas da União Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
Com efeito, o principal órgão que colabora com o controle exter- comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, refor-
no na fiscalização exercida pelo Congresso Nacional é o Tribunal de mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alte-
Contas da União. A composição do Tribunal de Contas da União está rem o fundamento legal do ato concessório;
regulamentada no artigo 73 da Constituição Federal, conferindo-se a IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputa-
capacidade de auto-organização e autoadministração assegurada aos dos, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, ins-
órgãos do Poder Judiciário: peções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentá-
ria, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
Artigo 73, CF. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e referidas no inciso II;
jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacio-
atribuições previstas no art. 96. nais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados indireta, nos termos do tratado constitutivo;
dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instru-
idade; mentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
II - idoneidade moral e reputação ilibada; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Na-
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e cional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respecti-
financeiros ou de administração pública; vas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamen-
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ativi- tária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias
dade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso e inspeções realizadas;
anterior. VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão esco- despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
lhidos: que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Se- ao dano causado ao erário;
nado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento; ilegalidade;

Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, III - exercer o controle das operações de crédito, avais e ga-
comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado rantias, bem como dos direitos e haveres da União;
Federal; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades institucional.
ou abusos apurados. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co-
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire- nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão
tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsa-
Poder Executivo as medidas cabíveis. bilidade solidária.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindi-
de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo cato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregula-
anterior, o Tribunal decidirá a respeito. ridades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de dé-
bito ou multa terão eficácia de título executivo. c) Simetria quanto aos demais entes federados
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimes- O artigo 75 da Constituição estabelece normativa mínima a
tral e anualmente, relatório de suas atividades. ser aplicada à fiscalização contábil, financeira e orçamentária das
demais unidades federativas, respeitando uma simetria constitu-
Após, o artigo 72 regulamenta a atuação da Comissão Mista cional.
Permanente de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização:
Artigo 75, CF. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-
Artigo 72, CF. A Comissão mista permanente a que se refere
se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos
o art. 166, §1º77, diante de indícios de despesas não autorizadas,
ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governa- dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
mental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclare- Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre
cimentos necessários. os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes Conselheiros.
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. 9) Processo legislativo
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão,
se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave Processo legislativo é o conjunto de atos que devem ser pra-
lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua ticados para a adequada elaboração das espécies normativas. O
sustação. desatendimento das normas de processo legislativo gera incons-
titucionalidade formal. O artigo 59 da Constituição Federal traz o
b) Controle interno rol de espécies normativas, sendo que cada qual exige um processo
O controle interno será exercido em todos os Poderes median- legislativo específico.
te sistema integrado entre os órgãos do controle interno, bem como Por seu turno, quanto a estas espécies normativas, o processo
entre estes e o Tribunal de Contas da União, cuja finalidade está legislativo pode adotar um procedimento sumário, ordinário (é a
descrita no artigo 74 da Constituição. regra, válida como base para todos os demais processos legislati-
vos, aplicável às leis ordinárias) ou especial (ex.: emenda constitu-
Artigo 74, CF. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- cional, lei delegada, lei complementar – estabelecem-se variações
rio manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com em relação ao procedimento ordinário).
a finalidade de: Destaca-se que a Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plu- de 1998, dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a con-
rianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos solidação das leis, conforme determina o parágrafo único do artigo
da União; 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a consolida-
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto
ção dos atos normativos que menciona.
à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e pa-
trimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
Artigo 59, CF. O processo legislativo compreende a elabora-
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
ção de:
privado;
I - emendas à Constituição;
77 Disciplina o referido dispositivo: “Art. 166. Os projetos de lei re-
II - leis complementares;
lativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e
aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Na- III - leis ordinárias;
cional, na forma do regimento comum. § 1º Caberá a uma Comissão mista IV - leis delegadas;
permanente de Senadores e Deputados: I - examinar e emitir parecer sobre os V - medidas provisórias;
projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo VI - decretos legislativos;
Presidente da República; II - examinar e emitir parecer sobre os planos e pro- VII - resoluções.
gramas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elabora-
o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das
demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo ção, redação, alteração e consolidação das leis.
com o art. 58”.

Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
As leis ordinárias são denominadas na Constituição como “leis”, b) Quórum para aprovação – nos termos do §2º do artigo
de modo que o constituinte só utiliza a expressão “lei ordinária” quando 60 da Constituição, “a proposta será discutida e votada em cada Casa
quer trazer uma contraposição com a lei complementar. Tanto é assim que do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se
as leis ordinárias do país são denominadas apenas como leis (Lei nº X); obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros”.
enquanto que as leis complementares são denominadas como tais (Lei Com efeito, para a emenda à Constituição exige-se quórum especial
complementar nº Y). para a aprovação – 3/5 do total dos membros de cada Casa – além da
A primeira lei ordinária foi elaborada a partir da promulgação da votação em dois turnos – cada Casa vota duas vezes.
Constituição de 1946, enquanto que a primeira lei complementar foi ela-
borada a partir da promulgação da Constituição de 1967. Não há pro- c) Promulgação – segundo o §3º do artigo 60 da Constituição, “a
blemas com o fato de existirem leis anteriores à Constituição Federal de emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
1988, eis que se faz presente o fenômeno da recepção. Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem”.
Após enumerar as espécies normativas no artigo 59, a Constituição Comoas emendas constitucionais decorrem de um poder exclusivo con-
Federal descreve as peculiaridades de cada uma delas. Somente os de- ferido ao Congresso Nacional, o Poder Constituinte, não serão enviadas
cretos legislativos e as resoluções não são regulamentados no texto cons- ao Presidente da República para sanção, promulgação e publicação.
titucional, mas em regimento interno do Congresso Nacional e de suas Sendo assim, são promulgadas e remetidas para publicação pelas Me-
Casas. sas das Casas.

9.1) Emenda à Constituição d) Limitações ao poder de reforma – o poder de reforma à Cons-


As emendas à Constituição se sujeitam aos limites do poder de re- tituição se sujeita a diversos limites temporais, materiais e circunstan-
forma, já abordadas quando da temática poder constituinte (artigo 60, §4º, ciais, já estudados, descritos notadamente nos §§ 1º, 4º e 5º do artigo 60
CF). A possibilidade de emenda à Constituição decorre do Poder Cons- da Constituição.
tituinte derivado, investido pelo Poder Constituinte originário quando da
elaboração do texto constitucional. Sendo assim, a Constituição Federal Artigo 60, §1º, CF. A Constituição não poderá ser emendada na vi-
pode ser modificada mediante o processo legislativo adequado. gência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
Se desrespeitado o processo legislativo adequado, haverá inconstitu-
cionalidade. Destaca-se que isso responde à seguinte pergunta: é possível Artigo 60, §4º, CF. Não será objeto de deliberação a proposta de
norma constitucional inconstitucional? A resposta é sim, desde que esta emenda tendente a abolir:
norma constitucional decorra de uma reforma do texto da Constituição. I - a forma federativa de Estado;
Em hipótese alguma há norma constitucional inconstitucional na redação II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
originária da Constituição, na norma que decorra do Poder Constituinte
IV - os direitos e garantias individuais.
originário.
Em outras palavras, o procedimento da emenda à Constituição des-
Artigo 60, §5º, CF. A matéria constante de proposta de emenda
crito no artigo 60 deve ser respeitado para que a reforma constitucional
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova pro-
possa produzir efeitos e adquirir plena vigência.
posta na mesma sessão legislativa.
Basicamente, o processo legislativo da emenda constitucional é mui-
to parecido com o processo legislativo da lei ordinária, diferenciando-se
e) Não aplicação do princípio da primazia da deliberação prin-
nos seguintes aspectos:
cipal – se um projeto de emenda constitucional for emendado na delibe-
a) Iniciativa – como se depreende dos incisos do caput do artigo ração revisional, irá voltar para a Casa da deliberação principal e, se esta
60, a iniciativa para a apresentação de proposta de emenda constitucional não concordar com a emenda, volta novamente para a Casa da delibe-
é, em regra, coletiva. Somente o Presidente da República pode, sozinho, ração revisional, até se decidir sobre qual a redação que irá prevalecer.
apresentar uma PEC. Um deputado federal ou um Senador sozinhos não Instaura-se um vai e volta sem fim.
possuem este poder, precisam da anuência de pelo menos um terço da
Casa. Nem ao menos uma Assembleia Legislativa pode apresentar a pro- 9.2) Leis ordinárias
posta sozinha, precisa que a maioria dos membros presentes em sessão de Lei é um ato normativo típico revestido de abstração e generalida-
votação concordem e também necessita estar acompanhada de mais da de. Por ser ato primário e autônomo, se sujeita diretamente ao controle
metade das Assembleias Legislativas do país (14, no mínimo). A doutrina de constitucionalidade, verificando-se sua conformidade/contrariedade
entende majoritariamente que cabe a iniciativa popular, mas não se trata com a Constituição Federal.
de previsão expressa do artigo 60 da Constituição. Nota-se que o poder de
iniciativa legislativa é bastante diverso do fixado para os projetos de leis. a) Fase introdutória – Iniciativa
A iniciativa das leis encontra regulamentação notadamente no
Artigo 60, caput, CF. A Constituição poderá ser emendada median- caput do artigo 61, CF:
te proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputa- Artigo 61, caput, CF. A iniciativa das leis complementares e ordi-
dos ou do Senado Federal; nárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Depu-
II - do Presidente da República; tados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superio-
da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa res, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma
de seus membros. e nos casos previstos nesta Constituição.

Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A iniciativa pode ser parlamentar quando de membro ou Co- Artigo 61, §2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida pela
missão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Con- apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito
gresso Nacional; ou extraparlamentar nos demais casos. por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído
Ainda, poderá ser genérica, quando permitir que a iniciati- pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos
va seja exercida quanto a quaisquer projetos de leis (membro ou por cento dos eleitores de cada um deles.
Comissão do Congresso ou das Casas, Presidente da República,
iniciativa popular); ou específica, quando permitir que apenas se Extraem-se três requisitos: a) projeto subscrito por ao menos
apresentem projetos com relação a determinadas matérias (Supre- 1% do eleitorado nacional; b) assinaturas distribuídas em ao me-
mo Tribunal Federal, Tribunais Superiores, Procurador-Geral da nos 5 Estados; c) ao menos 0,3% de eleitores em cada Estado.
República e, apesar da não menção expressa, Tribunal de Contas
da União). b) Fase constitutiva – Deliberação
O caput do artigo 61 não faz esta distinção expressamente,
mas ela pode ser depreendida do texto constitucional e se mos- - Deliberação principal e deliberação revisional
tra de extrema importância prática. É necessário atenção ao fato O Poder Legislativo brasileiro adota um sistema bicameral,
de que quando o constituinte confere a iniciativa a determinado de modo que a deliberação principal é feita por uma das Casas e a
órgão, esta é somente dele, ou seja, trata-se de competência reser- deliberação revisional é feita pela outra. O que vai definir se a de-
vada (ex.: o artigo 93, CF confere ao Supremo Tribunal Federal a liberação principal será feita pela Câmara dos Deputados ou pelo
iniciativa quanto ao Estatuto da Magistratura e somente por proje- Senado Federal é a porta de entrada do projeto de lei.
to de lei apresentado por este órgão é possível alterá-lo). Salvo no caso de projeto proposto por Senador ou Comissão
A princípio, não existe um prazo para se exercer o poder de do Senado Federal, o projeto de lei começa na Câmara dos Deputa-
iniciativa. Logo, em regra, a iniciativa é um ato discricionário. No dos. Neste sentido, o caput do artigo 64 da Constituição prevê que:
entanto, há casos em que o constituinte obriga a iniciativa num
prazo determinado, o que é muito comum no que tange a questões Artigo 64, CF. A discussão e votação dos projetos de lei de ini-
financeiras e orçamentárias, caso em que se denomina a iniciativa ciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal
e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
de vinculada.
Assim, em regra, o projeto vai seguir após a deliberação prin-
- Iniciativa reservada do Presidente da República
cipal para a deliberação revisional no Senado Federal, quando será
O chefe do Poder Executivo federal possui iniciativa reser-
possível a apresentação de emendas. Logo, se na deliberação revi-
vada quanto a determinados projetos de lei, ou seja, somente ele
sional se optar por uma emenda ao projeto de lei, ele volta para a
poderá apresentá-los perante o Congresso Nacional:
Casa que fez a deliberação principal. Esta emenda será votada e,
caso se opte por não aceitá-la, predomina a deliberação principal
Artigo 61, §1º, CF. São de iniciativa privativa do Presidente
(princípio da primazia da deliberação principal).
da República as leis que: A respeito, tem-se o artigo 65 da Constituição:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre: Artigo 65, CF. O projeto de lei aprovado por uma Casa será
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na ad- revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação, e en-
ministração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; viado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária arquivado, se o rejeitar.
e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa
Territórios; iniciadora.
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurí-
dico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;  - Atuação das Comissões
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Públi- Com efeito, após a fase de iniciativa, introdutória, o projeto
ca da União, bem como normas gerais para a organização do Mi- será deliberado. Entretanto, antes de ir para o Plenário e ser vo-
nistério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito tado, o projeto passa pelas Comissões, o que acontece tanto na
Federal e dos Territórios; Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal.
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra- Aliás, parecer da Comissão de Constituição e Justiça e o pa-
ção pública, observado o disposto no art. 84, VI;  recer da Comissão de Finanças e Tributação possuem o caráter
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provi- terminativo, ou seja, impedem a continuidade do projeto com sua
mento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma remessa ao Plenário ou a outra Comissão.
e transferência para a reserva.  Todas as Comissões que possuam pertinência temática com o
projeto serão envolvidas, sendo que a Comissão de Constituição e
- Iniciativa popular Justiça delibera a respeito de todos eles.
A iniciativa popular é modo de exercício da democracia direta
(artigo 14, III, CF). O cidadão sozinho não pode apresentar projeto - Quórum de instalação
de lei, mas é possível fazê-lo em conjunto com outros cidadãos, O quórum para instalação da sessão do Senado ou da Câmara
conforme regulamenta o §2º do artigo 60 da Constituição: é de maioria absoluta, ou seja, presença de ao menos metade dos
membros.

Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
- Limitação ao poder de emenda – vedação ao aumento de Artigo 67, CF. A matéria constante de projeto de lei rejeitado
despesa somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma ses-
O constituinte estabelece no artigo 63 da Constituição a ve- são legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos mem-
dação ao aumento de despesa em determinados projetos quando bros de qualquer das Casas do Congresso Nacional.
passarem pela deliberação no Congresso Nacional.
- Deliberação executiva – sanção e veto
Artigo 63, CF. Não será admitido aumento da despesa pre- Se não apresentadas emendas na deliberação revisional, o pro-
vista: jeto segue para a deliberação executiva do Presidente da República.
I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Repú- Se apresentadas emendas e votadas pela Casa da deliberação prin-
blica, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º; cipal, também segue para esta deliberação executiva (não importa
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrati- se a Casa da deliberação principal votar contra a emenda, porque
vos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais prevalece a redação original anterior à emenda que foi dada pela
Federais e do Ministério Público. casa que fez a deliberação principal – é o princípio da primazia da
deliberação principal). Fala-se em deliberação executiva porque o
- Procedimento sumário Presidente da República tem o poder de vetar dispositivos de lei.
O procedimento sumário está descrito nos §§ 1º a 4º do artigo
64 da Constituição Federal, permitindo a solicitação de urgência
Artigo 66, CF. A Casa na qual tenha sido concluída a votação
na apreciação de projetos de iniciativa do Presidente da República,
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquies-
não somente os de iniciativa privativa, mas os de quaisquer maté-
cendo, o sancionará.
rias. Disciplina o §1º do artigo 64 da Constituição:
§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, no
Art. 64, §1º, CF. O Presidente da República poderá solicitar todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse pú-
urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. blico, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias
úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de
Contudo, diante das medidas provisórias, este procedimento quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os moti-
sumário acabou esvaziado. vos do veto.
Prevê o §2º do artigo 64 da Constituição o seguinte: § 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de arti-
go, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
Art. 64, §2º, CF. Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados § 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente
e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada da República importará sanção.
qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se- § 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de
-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado
com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores. 
até que se ultime a votação.  § 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para
promulgação, ao Presidente da República.
Fica obstruída a pauta, impedindo-se a deliberação de qual- § 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o
quer outro projeto, salvo votação de medida provisória e projetos veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobresta-
de Código. Disciplina, ainda o §4º do artigo 64 da Constituição: das as demais proposições, até sua votação final. 

Art. 64, §4º, CF. Os prazos do § 2º não correm nos períodos O veto é, assim, a manifestação discordante do Chefe do Po-
de recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos der Executivo que impede que um Projeto de Lei (em parte ou
de código. no todo) se torne lei a não ser que seja derrubado pelo Congresso
Nacional.
Nos termos do artigo 64, §3º, CF, O veto se caracteriza por ser: expresso (não existe veto tácito),
motivado (deve acompanhar justificativa do Chefe do Executivo),
Art. 64, §3º, CF. A apreciação das emendas do Senado Fe-
formalizado (pela mensagem de veto, enviada em até 48 horas ao
deral pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias,
Congresso Nacional e publicada no Diário Oficial); supressivo
observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.
(não pode acrescentar nada, só suprimir a redação integral do dis-
Se a iniciativa é do Presidente da República, obviamente, a positivo ou do projeto); irretratável (formalizado, o veto é irretra-
deliberação principal sempre será feita pela Câmara e a revisional tável pelo Presidente da República, ou seja, ele não pode mudar de
pelo Senado, sendo que em caso de emenda voltará para a Câmara ideia); superável (o Congresso Nacional pode derrubar o veto em
que deverá apreciar em 10 dias. sessão conjunta pela maioria absoluta dos membros de cada Casa,
sendo que a não apreciação do veto gera obstrução de pauta).
- Reapresentação de projeto Por seu turno, a sanção, que é o ato de concordância do Chefe
Se um projeto de lei for barrado na fase de deliberação, não do Poder Executivo com o Projeto apresentado, pode ser expressa
poderá ser reapresentado na mesma sessão legislativa, salvo pro- (Presidente diz que sanciona) ou tácita (decurso do prazo de 15
posta de maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do dias úteis sem que tenha ocorrido o veto).
Congresso Nacional:

Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
c) Fase complementar – Promulgação e publicação a) Lei complementar está acima de lei ordinária na qualidade
A promulgação é a verificação da regularidade do procedi- de um gênero interposto entre a Constituição Federal e a lei ordi-
mento de elaboração, a sua autenticação e o reconhecimento de sua nária (Manoel Gonçalves Ferreira Filho);
potencialidade para produzir efeitos no mundo jurídico. Na sanção b) Lei complementar está no mesmo patamar de lei ordinária
expressa, promulgação e sanção coexistem no mesmo tempo e no porque o constituinte estabelece uma divisão criteriosa entre as
mesmo instrumento (se o Presidente diz que sanciona, também pro- matérias que devem ser regulamentadas por cada qual das espécies
mulga). Na sanção tácita e na rejeição de veto também é necessária (tributaristas, STF);
a promulgação. c) Lei complementar está no mesmo patamar de lei ordinária
A obrigação de promulgar é do Presidente da República, mas se for uma lei complementar não normativa, ou seja, se não tiver
se trata de obrigação transmissível, conforme o §7º do artigo 66 da por fim regulamentar matéria a ser regulada por lei ordinária, mas
Constituição: está acima de lei ordinária se for uma lei complementar normativa
(José Afonso da Silva).
Art. 66, §7º, CF. Se a lei não for promulgada dentro de quaren-
ta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 9.5) Medidas provisórias
5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em Trata-se de espécie normativa que permite ao Presidente da
igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. República legislar em situações de relevância e urgência. Veio para
substituir os Decretos-leis a partir da Constituição de 1988 porque
Da promulgação decorre a executoriedade da lei, mas só da pu- se entendia que estes seriam um vestígio da ditadura.
blicação decorre a notoriedade da lei. Para a lei ser obrigatória, não Com a Emenda Constitucional nº 32/2001, a medida provisó-
basta ter executoriedade, é preciso também notoriedade. A obriga- ria passou a ter limitações materiais, eis que esta emenda incluiu
ção de publicar é de quem promulga. todos os parágrafos do artigo 62 da Constituição (apenas o caput
constava em sua redação originária). Da mesma forma, com esta
9.3) Leis delegadas emenda se regularam detalhes do processo legislativo da medida
Trata-se de espécie normativa em desuso. Nela, o Presidente provisória perante o Congresso Nacional.
da República possui iniciativa solicitadora perante o Congresso Na- Por seu turno, o caput do artigo 62 da Constituição descreve
cional, que mediante resolução autoriza especificando o conteúdo os requisitos para a adoção de medidas provisórias – relevância e
e os termos do exercício da delegação. Durante a delegação não se urgência. São conceitos abertos que remetem a uma discriciona-
inibe a atuação legislativa do Congresso Nacional. riedade do Presidente da República. Em que pese a abertura dos
conceitos, o Supremo Tribunal Federal tem aceito o controle ju-
Artigo 68, CF. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presi- dicial caso a medida provisória viole critérios de razoabilidade ou
dente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso caracterizem desvio ou excesso de poder.
Nacional. A vigência do texto da medida provisória é imediata, embora
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência o Congresso Nacional vá apreciá-la futuramente.
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reserva- Artigo 62, CF. Em caso de relevância e urgência, o Presiden-
da à lei complementar, nem a legislação sobre: te da República poderá adotar medidas provisórias, com força
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
carreira e a garantia de seus membros; § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e I – relativa a: 
eleitorais; a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos polí-
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamen- ticos e direito eleitoral; 
tos. b) direito penal, processual penal e processual civil; 
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público,
resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e a carreira e a garantia de seus membros; 
os termos de seu exercício. d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.
Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer 167, § 3º; 
emenda. II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança
popular ou qualquer outro ativo financeiro; 
9.4) Leis complementares III – reservada a lei complementar; 
A distinção das leis complementares em relação às leis ordi- IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Con-
nárias tem um aspecto formal, pois “as leis complementares se- gresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da
rão aprovadas por maioria absoluta” (artigo 69, CF) – é preciso a República. 
maioria do total de membros, não bastando a maioria dos presentes; § 2º Medida provisória que implique instituição ou majora-
bem como um aspecto material, pois o campo material sujeito a lei ção de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e
complementar é estabelecido pelo próprio constituinte. 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se
Existem 3 correntes em resposta ao questionamento de haver houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
ou não hierarquia entre lei complementar e lei ordinária: editada.

Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 Artigo 76, CF. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente
e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do §
7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional Tendo em vista a adoção do sistema presidencialista de gover-
disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas no, o Presidente será eleito juntamente com seu Vice-Presidente
decorrentes.  após processo eleitoral com regras mínimas descritas no artigo 77
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da Constituição:
da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de re-
cesso do Congresso Nacional. Artigo 77, CF. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Na- da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domin-
cional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo go de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outu-
prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.  bro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quaren- do mandato presidencial vigente. 
ta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime § 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vi-
de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Con- ce-Presidente com ele registrado.
gresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, regis-
todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trado por partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não
tramitando. computados os em branco e os nulos.
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigên- § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na pri-
cia de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado meira votação, far-se-á nova eleição em até vinte dias após a
de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais
Casas do Congresso Nacional. votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câ- votos válidos.
mara dos Deputados.  § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte,
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores exa- desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á,
minar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de dentre os remanescentes, o de maior votação.
serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em
das Casas do Congresso Nacional.  segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qua-
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de lificar-se-á o mais idoso.
medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido
sua eficácia por decurso de prazo.  Eleitos, o Presidente e o Vice-Presidente da República toma-
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º rão posse e prestarão compromisso perante o Congresso Nacional:
até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida
provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos Artigo 78, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da República
praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o tex- compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, ob-
to original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente servar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar
em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.  a união, a integridade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para
a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força
10 DO PODER EXECUTIVO: maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
FORMA E SISTEMA DE GOVERNO,
CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA DE O Vice-Presidente tem a função de auxiliar o Presidente da
GOVERNO, ATRIBUIÇÕES E República e poderá substituí-lo temporariamente, quando o Presi-
dente estiver ausente do país, ou definitivamente, no caso de va-
RESPONSABILIDADES DO
cância do cargo.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Artigo 79, CF. Substituirá o Presidente, no caso de impedi-
mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de
1) Do Presidente e do Vice-Presidente da República outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar,
O Poder Executivo tem por função principal a de administrar auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para mis-
a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em prol do interesse sões especiais.
comum da população. Na esfera federal, este papel é desempenha-
do pelo Presidente da República e por seu Vice-Presidente, com É possível que tanto o Presidente quanto o Vice-Presidente
auxílio dos Ministros de Estado. A propósito, disciplina o artigo fiquem impedidos ou deixem seus cargos vagos, questão regulada
76 da Constituição: pelo artigo 80 da Constituição:

Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 80, CF. Em caso de impedimento do Presidente e do VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão suces- seus representantes diplomáticos;
sivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais,
da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Tribunal Federal. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
Neste caso de vacância dupla, no entanto, a Presidência da XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
República não será assumida em definitivo – caberá a realização Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo
de novas eleições para que se complete o período do mandato, a situação do País e solicitando as providências que julgar neces-
indiretas se a vacância se der nos últimos dois anos de mandato, sárias;
diretas se ocorrer nos dois primeiros anos de mandato, conforme XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
artigo 81 da Constituição: necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, no-
Artigo 81, CF. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi- mear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
dente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aber-
promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que
ta a última vaga.
lhes são privativos; 
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias
depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Supe-
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o riores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da
período de seus antecessores. República, o presidente e os diretores do banco central e outros
servidores, quando determinado em lei;
O mandato do Presidente da República tem a duração de qua- XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do
tro anos e sempre começa em 1º de janeiro do ano seguinte à elei- Tribunal de Contas da União;
ção. XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Cons-
tituição, e o Advogado-Geral da União;
Artigo 82, CF. O mandato do Presidente da República é de XVII - nomear membros do Conselho da República, nos ter-
quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte mos do art. 89, VII;
ao da sua eleição. XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional;
Por fim, o artigo 83 da Constituição regulamenta a ausência XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, au-
do país por parte do Presidente e do Vice-Presidente. torizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando
ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas con-
Artigo 83, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da República dições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Con-
País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do gresso Nacional;
cargo. XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
2) Atribuições do Presidente e do Vice-Presidente da Re- forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per-
pública maneçam temporariamente;
As atribuições do Presidente da República, substitutivamente XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
exercíveis pelo Vice-Presidente da República e, em alguns casos, projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orça-
delegáveis aos Ministros de Estado e outras autoridades, estão des-
mento previstos nesta Constituição;
critas no artigo 84 da Constituição.
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro
de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da Re-
pública: referentes ao exercício anterior;
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na for-
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção ma da lei;
superior da administração federal; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos ter-
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre- mos do art. 62;
vistos nesta Constituição; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constitui-
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como ção.
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira
VI - dispor, mediante decreto, sobre:  parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da Repúbli-
a) organização e funcionamento da administração federal, ca ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extin- traçados nas respectivas delegações.
ção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 

Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
3) Da Responsabilidade Do Presidente da República I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos ór-
O Presidente da República pode cometer atos ilícitos conside- gãos e entidades da administração federal na área de sua compe-
rados crimes de responsabilidade, conforme regulado pelo artigo tência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente
85 da Constituição. da República;
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e
Artigo 85, CF. São crimes de responsabilidade os atos do Pre- regulamentos;
sidente da República que atentem contra a Constituição Federal III - apresentar ao Presidente da República relatório anual
e, especialmente, contra: de sua gestão no Ministério;
I - a existência da União; IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciá- outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.
rio, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das uni-
dades da Federação; Por seu turno, o artigo 88 da Constituição estabelece:
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País; Artigo 88, CF. A lei disporá sobre a criação e extinção de
V - a probidade na administração; Ministérios e órgãos da administração pública. 
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 5) Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Na-
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei espe- cional
cial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional
são dois órgãos instituídos no âmbito do Executivo Federal, am-
A propósito, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, define bos com função consultiva.
os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de Neste sentido, os artigo 89 e 90 regulamentam o Conselho
julgamento. Ainda assim, o artigo 86 da Constituição traz regras da República, sua composição, suas funções e sua convocação.
mínimas sobre tal processo e julgamento. Neste sentido, o Sena- A título complementar, a Lei nº 8.041, de 05 de junho de 1990,
do Federal presidido pelo Presidente do Supremo tribunal Federal dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho da
julgará os crimes de responsabilidade, ao passo que o Supremo República.
Tribunal Federal julgará as infrações comuns.
Artigo 89, CF. O Conselho da República é órgão superior de
Artigo 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente da consulta do Presidente da República, e dele participam:
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele I - o Vice-Presidente da República;
submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos III - o Presidente do Senado Federal;
crimes de responsabilidade. IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos De-
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: putados;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; VI - o Ministro da Justiça;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e
processo pelo Senado Federal. cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamen- República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela
to não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada
sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. a recondução.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas in-
frações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a Artigo 90, CF. Compete ao Conselho da República pronun-
prisão. ciar-se sobre:
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de II - as questões relevantes para a estabilidade das institui-
suas funções. ções democráticas.
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de
4) Dos Ministros de Estado Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar
O artigo 87 da Constituição Federal sintetiza as obrigações da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
dos Ministros de Estado, bem como os requisitos para ocupação § 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Con-
do cargo. selho da República.

Artigo 87, CF. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre Por sua vez, o Conselho de Defesa Nacional é regulado pelo
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos artigo 91 da Constituição. A Lei nº 8.183, de 11 de abril de 1991,
políticos. dispõe sobre a organização e o funcionamento do Conselho de
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de Defesa Nacional e dá outras providências.
outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:

Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 91, CF. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de 1.1) Estatuto da Magistratura 
consulta do Presidente da República nos assuntos relacionados A Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979, dispõe
com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, que faz as vezes de
dele participam como membros natos: Estatuto da Magistratura. A lei foi recepcionada pela Constituição
I - o Vice-Presidente da República; Federal no que for compatível com este artigo 93, que segue abaixo.
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; Com efeito, a Lei Complementar nº 35/1979 foi sendo atualizada
III - o Presidente do Senado Federal; pelas Leis Complementares nº 37/1979, 54/1986 e 60/1989 e Re-
IV - o Ministro da Justiça; soluções do Senado Federal nº 12/9031/93. Contudo, somente com
V - o Ministro de Estado da Defesa; a edição da Constituição Federal de 1988 e, principalmente, com
VI - o Ministro das Relações Exteriores; a Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se um horizonte mais
VII - o Ministro do Planejamento. promissor.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), inclusive,
náutica. elaborou em fevereiro de 2005 uma Proposta de Anteprojeto de Lei
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: Complementar versando sobre o Estatuto da Magistratura Nacio-
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebra- nal (LOMAN) de forma mais compatível com o atual contexto da
ção da paz, nos termos desta Constituição; Constituição Federal. Mais recentemente, ao final de 2014, o Presi-
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado dente do Supremo Tribunal Federal divulgou minuta do Estatuto da
de sítio e da intervenção federal; Magistratura, anteprojeto que pode ser apresentado ao Congresso
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas Nacional no ano de 201578. A edição do Estatuto, entretanto, vem
indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre tardando. Ainda assim, prevalece o entendimento pela autoaplicabi-
seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacio- lidade do artigo 93 da Constituição Federal, o que reforça garantias
nadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de essenciais ao exercício da atividade judicante.
qualquer tipo;
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de ini- Artigo 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tri-
ciativas necessárias a garantir a independência nacional e a de- bunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observa-
fesa do Estado democrático. dos os seguintes princípios:
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Con-
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz subs-
selho de Defesa Nacional.
tituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a parti-
cipação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exi-
gindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;
11 DO PODER JUDICIÁRIO:
II - promoção de entrância para entrância, alternadamente,
FUNDAMENTO, ATRIBUIÇÕES por antiguidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:
E GARANTIAS a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes
consecutivas ou cinco alternadas em lista de merecimento;
b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exer-
1) Disposições gerais cício na respectiva entrância e integrar o juiz a primeira quinta
O Poder Judiciário tem por função essencial aplicar a lei ao parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais
caso concreto, julgar os casos levados à sua apreciação. O artigo requisitos quem aceite o lugar vago;
92 da Constituição disciplina os órgãos que compõem o Poder Ju- c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos
diciário, sendo que os artigos posteriores delimitam a competência critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da ju-
de cada um deles. Os órgãos que ficam no topo do sistema pos- risdição e pela frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou
suem sede na Capital Federal, Brasília, e são dotados de jurisdição reconhecidos de aperfeiçoamento; 
em todo o território nacional. d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá re-
cusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços
Artigo 92, CF. São órgãos do Poder Judiciário: de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
I - o Supremo Tribunal Federal; ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; 
I-A - o Conselho Nacional de Justiça;  e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver
II - o Superior Tribunal de Justiça; autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; ao cartório sem o devido despacho ou decisão; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por an-
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; tiguidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou
VI - os Tribunais e Juízes Militares; única entrância; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal IV - previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamen-
e Territórios. to e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou re-
Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal.  conhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores magistrados; 
têm jurisdição em todo o território nacional. 78 http://jota.info/o-que-o-stf-quer-mudar-estatuto-da-magistratura

Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores cor- saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de
responderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos
para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios órgãos de representação das respectivas classes.
dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará
nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento,
nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos 1.3) Garantias da magistratura
Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, As garantias da magistratura encontram previsão no caput do
o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;  artigo 95 da Constituição Federal, sendo elas vitaliciedade, inamo-
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus de- vibilidade e irredutibilidade de subsídio.
pendentes observarão o disposto no art. 40; 
VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo au- Artigo 95, CF. Os juízes gozam das seguintes garantias:
torização do tribunal;  I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida
VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse
magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado,
voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;  II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na
VIII-A - a remoção a pedido ou a permuta de magistrados de forma do art. 93, VIII;
comarca de igual entrância atenderá, no que couber, ao disposto III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos
nas alíneas ‘a’ , ‘b’ , ‘c’ e ‘e’ do inciso II;  artigos 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário se-
rão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nu- a) Vitaliciedade – trata-se da garantia de que o magistrado
lidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às não perderá o cargo a não ser em caso de sentença judicial tran-
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos sitada em julgado. Nos primeiros dois anos de exercício, não se
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no adquire a garantia da vitaliciedade, de modo que caberá a perda
sigilo não prejudique o interesse público à informação;  do cargo mesmo em caso de deliberação do tribunal ao qual o juiz
X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas estiver vinculado.
e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da b) Inamovibilidade – o magistrado não pode ser transferido
maioria absoluta de seus membros;  da comarca ou seção na qual é titular e nem mesmo de sua vara,
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco jul- salvo motivo de interesse público, exigindo-se no caso decisão por
gadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho
onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da compe- c) Irredutibilidade de subsídio – o subsídio do magistrado
tência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por anti- não pode ser reduzido, mas é necessário observar o respeito aos
guidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; limites de teto e demais limites financeiros e orçamentários fixados
XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo veda- na Constituição.
do férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcio- Prossegue o artigo 95 estabelecendo vedações aos juízes no
nando, nos dias em que não houver expediente forense normal, exercício de suas funções ou em decorrência dele.
juízes em plantão permanente;
XIII - o número de juízes na unidade jurisdicional será pro- Artigo 95, parágrafo único, CF. Aos juízes é vedado:
porcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população;  I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-
XIV - os servidores receberão delegação para a prática de ção, salvo uma de magistério;
atos de administração e atos de mero expediente sem caráter de- II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou partici-
cisório; pação em processo;
XV - a distribuição de processos será imediata, em todos os III - dedicar-se à atividade político-partidária.
graus de jurisdição. IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contri-
buições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, res-
1.2) Quinto constitucional  salvadas as exceções previstas em lei; 
O artigo 94 da Constituição Federal regulamenta o denomi- V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afas-
nado quinto constitucional, que garante que 1/5 de determinados tou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por
Tribunais seja composto por membros do Ministério Público ou aposentadoria ou exoneração. 
Advogados, exercentes há 10 anos no mínimo, sendo lista tríplice
remetida ao Chefe do Executivo, que fará a nomeação. 1.4) Competência e organização
O artigo 96 da Constituição Federal disciplina a questão da
Artigo 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regio- competência dos principais órgãos do Poder Judiciário, notada-
nais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal mente tribunais, deixando evidente a autonomia organizacional e
e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, administrativa do Poder Judiciário, questão reforçada no artigo 99
com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório da Constituição.

Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 96, CF. Compete privativamente: II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos
I - aos tribunais: pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de
internos, com observância das normas de processo e das garan- ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habili-
tias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o tação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional,
funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e adminis- além de outras previstas na legislação.
trativos; § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos âmbito da Justiça Federal. 
juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da ativi- § 2º As custas e emolumentos serão destinados exclusivamente
dade correicional respectiva; ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. 
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de
juiz de carreira da respectiva jurisdição; O artigo 99 da Constituição detalha a questão da autonomia ad-
d) propor a criação de novas varas judiciárias; ministrativa e financeira do Poder Judiciário.
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e
títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os car- Artigo 99, CF. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia ad-
gos necessários à administração da Justiça, exceto os de con- ministrativa e financeira.
fiança assim definidos em lei; § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias den-
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus tro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na
membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente lei de diretrizes orçamentárias.
vinculados; § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribu-
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores nais interessados, compete:
e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respecti- I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal
vo, observado o disposto no art. 169: Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respecti-
a) a alteração do número de membros dos tribunais infe- vos tribunais;
riores; II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios,
aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos res-
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos
pectivos tribunais.
seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados,
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respec-
bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes,
tivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; 
diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites esti-
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do
pulados na forma do § 1º deste artigo. 
Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministé- § 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem
rio Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalva- encaminhadas em desacordo com os limites estipulados na forma do
da a competência da Justiça Eleitoral. § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins
de consolidação da proposta orçamentária anual. 
Por seu turno, o artigo 97 da Constituição traz uma regra já § 5º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá
estudada quando do controle de constitucionalidade referente ao haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que ex-
quórum para a declaração de inconstitucionalidade: trapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos
Artigo 97, CF. Somente pelo voto da maioria absoluta de suplementares ou especiais. 
seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial po-
derão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato 1.5) Precatórios
normativo do Poder Público. Precatório é o instrumento pelo qual o Poder Judiciário requisita,
à Fazenda Pública, o pagamento a que esta tenha sido condenada em
Já o artigo 98 da Constituição Federal prevê questões organi- processo judicial. Grosso modo, é o documento pelo qual o Presidente
zacionais, notadamente sobre órgãos judiciários a serem criados. de Tribunal, por solicitação do Juiz da causa, determina o pagamento
Os juizados especiais são regidos na esfera estadual pela Lei nº de dívida da União, de Estado, Distrito Federal ou do Município, por
9.099/1995 e na esfera federal pela Lei nº 10.259/2001. meio da inclusão do valor do débito no orçamento público.
O tratamento dos precatórios na Constituição Brasileira foi subs-
Artigo 98, CF. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, tancialmente alterado pela Emenda Constitucional nº 62/2009, que
e os Estados criarão: conferiu nova redação ao artigo 100 do texto da Constituição.
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou toga-
dos e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a Artigo 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apre-
oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, sentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proi-
a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de bida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamen-
primeiro grau; tárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. 

Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aque- § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da
les decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precató-
suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações rios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. 
por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pa- atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o
gos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
aqueles referidos no § 2º deste artigo.  pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupan-
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham ça, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples
60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do pre- no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
catório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma poupança, ficando excluída a incidência de juros compensató-
da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débi- rios.
tos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus cré-
do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para ditos em precatórios a terceiros, independentemente da concor-
essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronoló- dância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto
gica de apresentação do precatório.  nos §§ 2º e 3º. 
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expe- § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após
dição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de
definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas refe- origem e à entidade devedora. 
ridas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complemen-
julgado. tar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Fe-
por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, deral e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente
segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo líquida e forma e prazo de liquidação. 
igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência § 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União pode-
social. rá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. 
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débi-
tos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de 2) Órgãos do Poder Judiciário
precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se
2.1) Supremo Tribunal Federal
o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder
valores atualizados monetariamente.
Judiciário brasileiro e desempenha a função de guardião da Cons-
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão
tituição e do sistema democrático. Trata-se da última instância
consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Pre-
judiciária a qual se pode postular e a sua decisão não pode ser
sidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar
questionada a nenhum outro órgão interno.
o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e ex-
Entre suas principais atribuições está a de julgar a ação di-
clusivamente para os casos de preterimento de seu direito de pre-
reta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou
cedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à estadual, a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.  normativo federal, a arguição de descumprimento de preceito fun-
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comis- damental decorrente da própria Constituição e a extradição solici-
sivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular tada por Estado estrangeiro.
de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e respon- Na área penal, destaca-se a competência para julgar, nas infra-
derá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.  ções penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente,
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o
suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repar- Procurador-Geral da República, entre outros.
tição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento Em grau de recurso, sobressaem-se as atribuições de julgar,
de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.  em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado de segurança, o
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independen- habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância
temente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão, e, em recurso
compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da Constituição.
original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vin- A composição está regulada no artigo 101 da Constituição Fe-
cendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução este- deral, ao passo que a competência está prevista no artigo 102 da
ja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.  mesma.
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará
à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, Artigo 101, CF. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de
sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e
débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber
os fins nele previstos. jurídico e reputação ilibada.

Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal II - julgar, em recurso ordinário:
serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprova- a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o ‘habeas
da a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. data’ e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
Artigo 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, preci- b) o crime político;
puamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas deci-
I - processar e julgar, originariamente: didas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato nor- a) contrariar dispositivo desta Constituição;
mativo federal ou estadual e a ação declaratória de constituciona- b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
lidade de lei ou ato normativo federal;  c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, face desta Constituição.
o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus pró- d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
prios Ministros e o Procurador-Geral da República; § 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamen-
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabi- tal, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo
lidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Tribunal Federal, na forma da lei.
Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supre-
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da mo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade
União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;  e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão efi-
d) o ‘habeas corpus’, sendo paciente qualquer das pessoas cácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e
‘habeas data’ contra atos do Presidente da República, das Mesas indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no
Supremo Tribunal Federal; caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admis-
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna- são do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de
cional e a União, o Es0tado, o Distrito Federal ou o Território; dois terços de seus membros. 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União
e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respecti-
Ação direta de inconstitucionalidade
vas entidades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
Controle de constitucionalidade é um exercício de verifica-
h) (Revogado)
ção de compatibilidade entre um ato jurídico de qualquer natureza,
i) o ‘habeas corpus’, quando o coator for Tribunal Superior
mas principalmente normativo, com relação à Constituição Fede-
ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário
ral, de modo que a ausência de adequação deste ato jurídico quanto
cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo
ao texto constitucional gera a declaração de inconstitucionalidade
Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição
em uma única instância; e, por consequência, o afastamento de sua aplicabilidade.
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; O fundamento do controle de constitucionalidade é a supre-
l) a reclamação para a preservação de sua competência e ga- macia da Constituição. Com efeito, a Constituição Federal e os
rantia da autoridade de suas decisões; demais atos normativos que compõem o denominado bloco de
m) a execução de sentença nas causas de sua competência constitucionalidade, notadamente, emendas constitucionais e tra-
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática tados internacionais de direitos humanos aprovados com quórum
de atos processuais; especial após a Emenda Constitucional nº 45/2004, estão no topo
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam do ordenamento jurídico.
direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma
metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou estrita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais. O
sejam direta ou indiretamente interessados; respeito a esta relação de compatibilidade vertical é, assim, es-
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de sencial para que um ato jurídico adquira validade no ordenamento
Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou en- jurídico nacional.
tre estes e qualquer outro tribunal; O controle concentrado, no sistema brasileiro, é realizado
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de incons- pelo Supremo Tribunal Federal, mediante utilização de ações es-
titucionalidade; pecíficas previstas na Constituição Federal, as quais tem por causa
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma de pedir a própria declaração de inconstitucionalidade. A norma
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do abstratamente considerada é atacada em sua constitucionalidade
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Fede- mediante ação específica.
ral, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Logo, o controle é feito por via de ação porque uma ação pró-
Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio pria tem por objetivo único e exclusivo a realização deste controle,
Supremo Tribunal Federal; decidindo pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade. Não
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o existe um interesse jurídico subjacente ligado a uma pessoa, não
Conselho Nacional do Ministério Público;  existe alguém específico em relação ao qual os efeitos da decisão

Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
impactarão de forma mais intensa. A única finalidade é assegurar a Art. 103-A. CF. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofí-
supremacia da Constituição. Uma vez reconhecido que a lei é in- cio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus
constitucional, todas as pessoas sujeitas ao ordenamento jurídico membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional,
nacional serão atingidas – efeito “erga omnes” da decisão (artigo aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa ofi-
28, parágrafo único, Lei nº 9.868/1999). cial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Po-
No mais, fala-se em controle concentrado porque se concen- der Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
tra num único órgão – o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Fe- esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
deral. Aliás, no Tribunal Pleno do STF será necessária a maioria revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
absoluta dos membros no julgamento deste tipo de ação: logo, § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e
dos 11 ministros, ao menos 6 devem votar pela inconstitucionali- a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja con-
dade para que ela seja declarada. trovérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a ad-
ministração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
Recursos Extraordinários relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a
No controle de constitucionalidade difuso o controle é feito aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provo-
conforme o caso concreto para que aquele objeto de discussão cada por aqueles que podem propor a ação direta de inconsti-
na relação jurídico-processual seja apreciado. Logo, é inciden- tucionalidade.
tal, funcionando como uma questão prejudicial de mérito, que § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar
influenciará no objeto principal da lide. Seus efeitos são “inter a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá recla-
partes”, restritos às partes no processo, mas existe uma tendên- mação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a proceden-
cia de extensão de efeitos. No Supremo Tribunal Federal um dos te, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial
principais mecanismos para que o órgão exerça o controle difuso reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a
aplicação da súmula, conforme o caso. 
é o dos recursos extraordinários.
Os recursos extraordinários em geral não servem para a pura
2.2) Superior Tribunal de Justiça
manifestação de inconformismo, servem para o resguardo e a
Criado pela Constituição Federal de 1988, o Superior Tribu-
uniformidade de interpretação da Constituição Federal e das leis
nal de Justiça (STJ) é a corte responsável por uniformizar a inter-
federais. Por isso, são recursos de fundamentação restrita, a qual
pretação da lei federal em todo o Brasil, seguindo os princípios
é estabelecida pela Constituição Federal (perante o STF, funda-
constitucionais e a garantia e defesa do Estado de Direito.
mentação em violação da CF) – artigo 102, III, CF.
O STJ é a última instância da Justiça brasileira para as causas
Vale destacar a questão da repercussão geral nos recursos
infraconstitucionais, não relacionadas diretamente à Constituição.
extraordinários. A repercussão geral é um dos mecanismos criado
Como órgão de convergência da Justiça comum, aprecia causas
pelo Legislativo para restringir o número de recursos no STF. oriundas de todo o território nacional, em todas as vertentes juris-
Prevista no art. 102, §3º, CF, desde a Emenda Constitucional nº dicionais não especializadas.
45/2004, passou a ser requisito de admissibilidade do REXT, exi- Sua competência está prevista no art. 105 da Constituição
gindo que a matéria tenha relevante valor social, político, econô- Federal, que estabelece os processos que têm início no STJ (origi-
mico ou jurídico, transcendendo o interesse individual das partes. nários) e os casos em que o Tribunal age como órgão de revisão,
Nota-se que a lei usa expressões um tanto quanto vagas, de modo inclusive nos julgamentos de recursos especiais.
a deixar ao julgador, STF, a possibilidade de examinar cada caso O STJ julga crimes comuns praticados por governadores dos
concreto, dizendo se há repercussão geral. estados e do Distrito Federal, crimes comuns e de responsabilida-
Aquele que interpõe REXT deve dizer, primeiramente, por- de de desembargadores dos tribunais de justiça e de conselheiros
que há repercussão geral. O REXT é interposto perante o órgão dos tribunais de contas estaduais, dos membros dos tribunais re-
“a quo”, que fará análise dos requisitos de admissibilidade, SAL- gionais federais, eleitorais e do Trabalho.
VO REPERCUSSÃO GERAL. Só haverá pronunciamento sobre Julga também habeas corpus que envolvam essas autoridades
a repercussão geral se o recurso chegar de fato ao STF. Dos 11 ou ministros de Estado, exceto em casos relativos à Justiça elei-
ministros, ao menos 8 (2/3) devem dizer que não há repercussão toral. Pode apreciar ainda recursos contra habeas corpus conce-
geral. Logo, a falta de repercussão geral deve ser bem evidente. didos ou negados por tribunais regionais federais ou dos estados,
bem como causas decididas nessas instâncias, sempre que envol-
Súmula vinculante verem lei federal.
Em 2005, como parte da reforma do Judiciário, o STJ as-
A partir da Emenda Constitucional n. 45/2004, foi intro- sumiu também a competência para analisar a concessão de car-
duzida a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal aprovar, tas rogatórias e processar e julgar a homologação de sentenças
após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, súmula estrangeiras. Até então, a apreciação desses pedidos era feita no
com efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Supremo Tribunal Federal (STF)79.
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas O artigo 104 da Constituição regula sua composição, ao pas-
federal, estadual e municipal, questão regulada pelo artigo 103-A so que o artigo 105 regula sua competência.
da Constituição.
79 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/

Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 104, CF. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou or-
no mínimo, trinta e três Ministros. ganismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça pessoa residente ou domiciliada no País;
serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais
notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:  quando a decisão recorrida:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indi- b) julgar válido ato de governo local contestado em face de
cados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; lei federal;
II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Ter- atribuído outro tribunal.
ritórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal
de Justiça: 
Artigo 105, CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
I - processar e julgar, originariamente: Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Dis- os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; 
trito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembarga- II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na
dores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Jus-
membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Fede- tiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do
ral, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais vinculante. 
de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que
oficiem perante tribunais; 2.3) Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais
b) os mandados de segurança e os ‘habeas data’ contra ato de Os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais são os
Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e órgãos que possuem competência de julgamento no âmbito da
da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;  Justiça Federal, conforme delimitação feita pelos artigos 108 e
c) os ‘habeas corpus’, quando o coator ou paciente for qual- 109 da Constituição Federal. Por sua vez, os artigos 106, 107 e
quer das pessoas mencionadas na alínea ‘a’, ou quando o coator for 110 da Constituição voltam-se ao estabelecimento de estrutura e
tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandan- composição da Justiça Federal.
te da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a compe-
tência da Justiça Eleitoral;  Artigo 106, CF. São órgãos da Justiça Federal:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, res- I - os Tribunais Regionais Federais;
salvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como entre tribunal e II - os Juízes Federais.
juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais di-
versos; Artigo 107, CF. Os Tribunais Regionais Federais compõem-
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na
f) a reclamação para a preservação de sua competência e ga- respectiva região e nomeados pelo Presidente da República den-
rantia da autoridade de suas decisões; tre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas anos, sendo:
e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Es- I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
tado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
deste e da União; Federal com mais de dez anos de carreira;
h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma II - os demais, mediante promoção de juízes federais com
regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade mais de cinco anos de exercício, por antiguidade e merecimento,
federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de alternadamente.
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça § 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes
Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua jurisdição
Federal; e sede.
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de § 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça
‘exequatur’ às cartas rogatórias;  itinerante, com a realização de audiências e demais funções da
II - julgar, em recurso ordinário: atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva ju-
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância risdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar des-
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; centralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de as-
b) os mandados de segurança decididos em única instância segurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, fases do processo.
do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;  

Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Artigo 108, CF. Compete aos Tribunais Regionais Federais: § 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro
I - processar e julgar, originariamente: do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre
Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verifi-
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, cada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; também processadas e julgadas pela justiça estadual.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será
seus ou dos juízes federais da região; sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do do juiz de primeiro grau.
próprio Tribunal ou de juiz federal; § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o
federal; cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacio-
e) os conflitos de competência entre juízes federais vincula- nais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá
dos ao Tribunal; suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juí- do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de compe-
zes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência tência para a Justiça Federal. 
federal da área de sua jurisdição.
Artigo 110, CF. Cada Estado, bem como o Distrito Federal,
Artigo 109, CF. Aos juízes federais compete processar e jul-
constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva
gar:
Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empre-
sa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; justiça local, na forma da lei.
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo interna-
cional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; 2.4) Tribunais e juízes do trabalho
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União A Justiça do Trabalho tem sua estrutura estabelecida no artigo
com Estado estrangeiro ou organismo internacional; 111 da Constituição e possui como órgão de cúpula o Tribunal Su-
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em perior do Trabalho, embora ele não seja a última instância possível
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas – em tese, ainda se pode ir ao Supremo Tribunal Federal. A com-
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contra- posição deste Tribunal Superior está definida no artigo 111-A, CF.
venções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Ainda sobre questões estruturais da Justiça do Trabalho, têm-se os
Eleitoral; artigos 112, 113, 114 e 115 da Constituição Federal. Por seu turno,
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacio- o artigo 114, CF define as competências da Justiça do Trabalho.
nal, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Artigo 111, CF. São órgãos da Justiça do Trabalho:
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o I - o Tribunal Superior do Trabalho;
§ 5º deste artigo;  II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos III - Juízes do Trabalho. 
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem eco-
nômico-financeira; Art. 111-A, CF. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á
VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua compe- de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais
tência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo
atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato do Senado Federal, sendo:
de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de
tribunais federais;
efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado
ressalvada a competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de es- o disposto no art. 94; 
trangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Tra-
sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes balho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo pró-
à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; prio Tribunal Superior. 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na do Trabalho.
seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: 
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções,
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. carreira; 

Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, caben- I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efe-
do-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, or- tiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
çamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o
primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas disposto no art. 94; 
decisões terão efeito vinculante.  II - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
antiguidade e merecimento, alternadamente. 
Artigo 112, CF. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po- § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça
dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí- itinerante, com a realização de audiências e demais funções de
-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva juris-
Regional do Trabalho.  dição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. 
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar
Artigo 113, CF. A lei disporá sobre a constituição, investidu- descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
ra, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as
dos órgãos da Justiça do Trabalho. fases do processo.
 
Artigo 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e Artigo 116, CF. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será
julgar: exercida por um juiz singular. 
I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os
entes de direito público externo e da administração pública direta 2.5) Tribunais e juízes eleitorais
e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- A Justiça Eleitoral é composta pelos órgãos descritos no artigo
nicípios;  118 da Constituição Federal. Seu órgão de cúpula é o Tribunal Su-
II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; perior Eleitoral, cuja composição está regulada no artigo 119, CF.
III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, Por seu turno, os Tribunais Regionais Eleitorais, órgãos interme-
entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregado- diários, são regulados no artigo 120, CF. Finalizando a regulamen-
res;  tação da Justiça Eleitoral está o artigo 121 da Constituição, que
IV - os mandados de segurança, ‘habeas corpus’ e ‘habeas remete a eventual lei complementar ainda não existente. Contudo,
data’, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua há diversas leis que regulamentam a questão eleitoral, destacando-
jurisdição;  se o próprio Código Eleitoral.
V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição
trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’;  Artigo 118, CF. São órgãos da Justiça Eleitoral:
VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, I - o Tribunal Superior Eleitoral;
decorrentes da relação de trabalho;  II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
VII - as ações relativas às penalidades administrativas im- III - os Juízes Eleitorais;
postas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações IV - as Juntas Eleitorais.
de trabalho; 
VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previs- Artigo 119, CF. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á,
tas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das no mínimo, de sete membros, escolhidos:
sentenças que proferir;  I - mediante eleição, pelo voto secreto:
IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Fe-
na forma da lei. deral;
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão ele- b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de
ger árbitros. Justiça;
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes
ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajui- dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade mo-
zar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça ral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu
legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas an- Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo
teriormente.  Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros
§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibili- do Superior Tribunal de Justiça.
dade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Tra-
balho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Artigo 120, CF. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na
Trabalho decidir o conflito. Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
  § 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
Artigo 115, CF. Os Tribunais Regionais do Trabalho com- I - mediante eleição, pelo voto secreto:
põem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de
na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República Justiça;
dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tri-
anos, sendo:  bunal de Justiça;

Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na A 2 ª instância da Justiça Militar Estadual nos Estado de São Paulo,
Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de Rio Grande do Sul e Minas Gerais, é exercida pelo Tribunal de Justiça
juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Militar que possui competência originária e derivada para processar e
Federal respectivo; julgar os recursos provenientes das auditorias militares estaduais. Nos
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juí- demais Estados-membros da Federação, a 2ª instância da Justiça Militar
zes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade é exercida por uma Câmara Especializada do Tribunal de Justiça em
moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. atendimento ao Regimento Interno e Lei de Organização Judiciária”80.
§ 2º O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o
Vice-Presidente dentre os desembargadores. Artigo 122, CF. São órgãos da Justiça Militar:
I - o Superior Tribunal Militar;
Artigo 121, CF. Lei complementar disporá sobre a organiza- II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
ção e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas
eleitorais. Artigo 123, CF. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de
§ 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os in- quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,
tegrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três den-
que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão ina- tre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do
movíveis. Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e
§ 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justifica- do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
do, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presi-
biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma dente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos,
ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada ca- sendo:
tegoria. I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ili-
§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleito- bada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional;
ral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros
de ‘habeas corpus’ ou mandado de segurança. do Ministério Público da Justiça Militar.
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somen-
te caberá recurso quando:
Artigo 124, CF. à Justiça Militar compete processar e julgar os
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Cons-
crimes militares definidos em lei.
tituição ou de lei;
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funciona-
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou
mento e a competência da Justiça Militar.
mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplo-
Artigo 125, CF.
mas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal
eletivos federais ou estaduais; de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau,
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, ha- pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau,
beas data ou mandado de injunção. pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos
Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. 
2.6) Tribunais e juízes militares § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os mi-
“A Justiça Militar Federal tem competência para processar e litares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações
julgar os militares integrantes das Forças Armadas, Marinha de judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência
Guerra, Exército, Força Aérea Brasileira, civis e assemelhados. do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente de-
No Estado Democrático de Direito, que tem como fundamento a cidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação
observância de uma Constituição estabelecida pela vontade popu- das praças. 
lar por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte, no caso § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e
do Brasil um Congresso Constituinte, não existe nenhum impedi- julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as
mento para a realização de um julgamento militar que tenha como ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conse-
acusado um civil. lho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os
A Justiça Militar Estadual tem competência para processar demais crimes militares.
e julgar os policiais militares e bombeiros militares nos crimes
militares definidos em lei. Os crimes militares estão definidos no 2.7) Tribunais e juízes dos Estados
Código Penal Militar, CPM, e nas Leis Militares Especiais. Deve- A Justiça Comum Estadual não é regulamentada de maneira ex-
se observar, que por força de disposição constitucional a Justiça tensa no texto constitucional por um motivo bastante razoável: trata-se
Militar Estadual tem competência apenas e tão somente para julgar do soldado de reserva. Tudo o que não for competência de justiça es-
os militares estaduais, que são os integrantes das Forças Auxiliares pecializada ou da Justiça Federal, será de competência da Justiça
(Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares). Comum Estadual, afinal, o Judiciário não pode deixar de apreciar
A Justiça Militar Federal e Estadual possui organização judi- lesão ou ameaça de lesão a direito algum.
ciária semelhante, com algumas particularidades. A 1 ª instância 80 ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Competência da Justiça Militar.
da Justiça Militar denomina-se Conselho de Justiça, que tem como Disponível em: <http://www.advogado.adv.br/direitomilitar/ano2003/pthadeu/
sede uma auditoria militar. competenciajusticamilitar.htm>. Acesso em: 14 jan. 2015.

Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Contudo, as Constituições estaduais e as leis estaduais de or- b) Ouvidoria – é o instrumento de comunicação da sociedade
ganização judiciária delimitam melhor a questão da competência com o CNJ. É um serviço posto à disposição do cidadão para que
e organização de cada um dos órgãos da Justiça Comum Estadual. esclareça dúvidas, reclame, denuncie, elogie ou apresente suges-
Basicamente, em cada Judiciário Comum Estadual se terá um Tri- tões sobre os serviços e as atividades do CNJ.
bunal de Justiça com diversas Câmaras na qualidade de 2ª instân- c) Presidência – A presidência do Conselho Nacional de Jus-
cia, além de varas com maior grau de especialização conforme a tiça é ocupada pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. De-
amplitude da comarca em 1ª instância (uma comarca maior pode sempenha funções administrativas em geral, como superintender a
ter varas criminais, varas cíveis, varas de família e sucessões, jui- ordem e a disciplina do CNJ, aplicar penalidades aos seus servi-
zados especiais; uma comarca menor pode até mesmo ter uma vara dores, representar o CNJ perante quaisquer órgãos e autoridades,
única). convocar e presidir as sessões plenárias do CNJ, entre outras. Tam-
bém se manifesta por diversos atos, como portarias, resoluções,
Artigo 125, CF. Os Estados organizarão sua Justiça, observa- atas e instruções normativas.
dos os princípios estabelecidos nesta Constituição. O CNJ tem promovido diversos projetos na sociedade aproxi-
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constitui- mando-a do Poder Judiciário, do conhecimento de seus direitos e
ção do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa de uma maior consciência social acerca dos preconceitos existen-
do Tribunal de Justiça. tes. Também promove projetos que visam dar maior celeridade à
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de in- atuação do Poder Judiciário, diminuindo o número de processos.
constitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou mu- São exatamente nestas iniciativas que se encontram as maiores crí-
nicipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da ticas ao CNJ, o qual estaria se imiscuindo nas atribuições do Poder
legitimação para agir a um único órgão. Judiciário de julgar seus processos.
[...]
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizada- Art. 103-B, CF. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de
mente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1
acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.  (uma) recondução, sendo: 
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicio- II - um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado
nal, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de pelo respectivo tribunal; 
equipamentos públicos e comunitários. III - um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indica-
do pelo respectivo tribunal; 
Artigo 126, CF. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal IV - um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado
de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com compe- pelo Supremo Tribunal Federal; 
tência exclusiva para questões agrárias. V - um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Fede-
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação ral;
jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio. VI - um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo
Superior Tribunal de Justiça; 
2.8) Conselho Nacional de Justiça VII - um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Jus-
O Conselho Nacional de Justiça é um órgão que foi criado para tiça; 
reformular quadros e meios de atuação do Poder Judiciário, promo- VIII - um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
vendo transparência administrativa e processual. Foi criado em 31 pelo Tribunal Superior do Trabalho; 
de dezembro de 2004 e instalado em 14 de junho de 2005, com sede IX - um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do
em Brasília/DF e atuação em todo o território nacional. Sua missão Trabalho; 
é contribuir para que a prestação jurisdicional seja realizada com X - um membro do Ministério Público da União, indicado
moralidade, eficiência e efetividade, beneficiando a sociedade. Em pelo Procurador-Geral da República; 
sua visão, pretende ser um instrumento efetivo de desenvolvimento XI - um membro do Ministério Público estadual, escolhido
do Poder Judiciário. Tem por diretrizes, em linhas gerais, promo- pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados
ver: “planejamento estratégico e proposição de políticas públicas pelo órgão competente de cada instituição estadual;
judiciárias; modernização tecnológica do Judiciário; ampliação do XII - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
acesso à justiça, pacificação e responsabilidade social; garantia de Ordem dos Advogados do Brasil; 
efetivo respeito às liberdades públicas e execuções penais”. XIII - dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação
Entre seus principais órgãos, destacam-se: ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo
a) Corregedoria – é o órgão do CNJ que exerce o controle Senado Federal. 
disciplinar e promove a administração da justiça, delegando atri- § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo
buições e instruções. Não pune os desvios de conduta praticados Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vi-
por magistrados e servidores, mas apura os fatos trazidos ao seu ce-Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
conhecimento e leva à apreciação do Plenário do CNJ todas estas § 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo
questões relacionadas à atividade judiciária que se apresentem mais Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
graves e que possam macular a imagem do Judiciário na sociedade. maioria absoluta do Senado Federal. 
O cargo de corregedor é ocupado por um ministro do Superior § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas
Tribunal de Justiça (STJ). neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal. 

Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administra-
tiva e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deve- 12 DAS FUNÇÕES
res funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições
ESSENCIAIS À JUSTIÇA
que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: 
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cum-
primento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar 1) Ministério Público
providências;  Artigo 127, caput, CF. O Ministério Público é instituição per-
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício manente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbin-
ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos do-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo interesses sociais e individuais indisponíveis.
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem pre- O Ministério Público desempenha um papel importantíssimo
juízo da competência do Tribunal de Contas da União;  frente ao Poder Judiciário e, por isso, o artigo 127, caput da Cons-
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou tituição Federal o considera essencial à função jurisdicional do Es-
órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxi- tado e o coloca como instituição permanente.
liares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de O papel institucional, também descrito no caput do artigo 127,
registro que atuem por delegação do poder público ou oficializa- envolve alguns aspectos, aqui estudados com base no entendimen-
dos, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos to de Mazzilli81:
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e de- a) Defesa da ordem jurídica – fazer valer o ordenamento
terminar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com jurídico pátrio, buscar a efetividade na aplicação de suas normas,
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e apli- eventualmente, utilizar-se de princípios constitucionais para bus-
car outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;  car a efetividade da própria Constituição quanto aos direitos sem
IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime con- regulamentação extensa. O Ministério Público funciona como um
tra a administração pública ou de abuso de autoridade;  guardião da lei e da ordem, fazendo com que ela seja cumprida,
V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos dis- notadamente nos casos em que interesses da coletividade ou de
ciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos indivíduos hipossuficientes estão em jogo.
de um ano; 
Neste sentido, o Ministério Público não atua em todos os casos
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre pro-
em que há violação da lei, ou seja, em que há desrespeito à ordem
cessos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos di-
jurídica – existe prestação jurisdicional sem Ministério Público.
ferentes órgãos do Poder Judiciário; 
Nos casos mais graves de violação da ordem jurídica o Ministério
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que
Público atua, o que o constituinte define como toda situação em
julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e
que está em jogo o interesse social ou o interesse indisponível.
as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Pre-
Então, a defesa da ordem jurídica depende da lei violada, pois ela
sidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso
Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.  deve pertencer ao campo de atuação do Ministério Público.
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça exercerá a b) Defesa do regime democrático – O Ministério Público
função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição pode existir sem a democracia, num regime autoritário, mas so-
de processos no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições mente há efetiva autonomia e independência do Ministério Público
que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as se- no regime democrático. A manutenção da ordem jurídica e do sis-
guintes:  tema democrático é condição para a paz e a liberdade das pessoas,
I - receber as reclamações e denúncias, de qualquer interes- ou seja, do interesse social, razão pela qual é papel do Ministério
sado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários;  Público defender o regime democrático. Os direitos garantidos na
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de Constituição Federal são a base da democracia instituída na Repú-
correição geral;  blica brasileira e cabe ao Ministério Público garantir o respeito a
III - requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atri- estes direitos. Ex.: fiscalização do processo eleitoral, coibição de
buições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive violações aos direitos fundamentais, buscar o respeito aos direitos
nos Estados, Distrito Federal e Territórios.  das minorias, etc.
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da Re- c) Defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis
pública e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advo- – Mazzilli82 aprofunda o tema: “Os direitos difusos compreendem
gados do Brasil.  grupos menos determinados de pessoas (melhor do que pessoas
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, indeterminadas, são antes pessoas indetermináveis), entre as quais
criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclama- inexiste vínculo jurídico ou fático preciso. São como feixe ou con-
ções e denúncias de qualquer interessado contra membros ou junto de interesses individuais, de objeto indivisível, compartilha-
órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares,
81 MAZZILLI, Hugo Nigro. Aulas em teleconferência ministradas
representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.  na Escola Superior do Ministério Público. Disponível: <https://www.youtu-
be.com/>.
82 MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juí-
zo. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 53-56.

Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
dos por pessoas indetermináveis, que se encontram unidas por cir- Ainda sobre as funções institucionais do Ministério Público,
cunstâncias de fato conexas. [...] Coletivos, em sentido estrito, são a Lei Complementar nº 75/1993 tece relevantes aprofundamentos em
interesses transindividuais indivisíveis de um grupo determinado seu artigo 5º, aplicável não somente ao Ministério Público da União,
ou determinável de pessoas, reunidas por uma relação jurídica bási- mas a todos os Ministérios Públicos atuantes no cenário jurídico na-
ca comum. [...] Em sentido lato, os direitos individuais homogêneos cional:
não deixam de ser também interesses coletivos. Tanto os interesses
individuais homogêneos como os difusos originaram-se de circuns- Art. 5º São funções institucionais do Ministério Público da
tâncias de fato comuns; entretanto, são indetermináveis os titulares União:
de interesses difusos e o objeto de seu interesse é indivisível; já nos I - a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos inte-
interesses individuais homogêneos, os titulares são determinados resses sociais e dos interesses individuais indisponíveis, considerados,
ou determináveis, e o objeto da pretensão é divisível), isto é, o dano dentre outros, os seguintes fundamentos e princípios:
ou a responsabilidade se caracterizam por sua extensão divisível ou a) a soberania e a representatividade popular;
individualmente variável entre os integrantes do grupo)”. b) os direitos políticos;
Por seu turno, as funções institucionais do Ministério Públi- c) os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil;
co estão descritas de maneira mais discriminada no artigo 129 da d) a indissolubilidade da União;
Constituição Federal: e) a independência e a harmonia dos Poderes da União;
f) a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Artigo 129, CF. São funções institucionais do Ministério Pú- g) as vedações impostas à União, aos Estados, ao Distrito Fede-
blico: ral e aos Municípios;
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma h) a legalidade, a impessoalidade, a moralidade e a publicidade,
da lei; relativas à administração pública direta, indireta ou fundacional, de
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos ser- qualquer dos Poderes da União;
viços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Consti- II - zelar pela observância dos princípios constitucionais relati-
tuição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; vos:
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a a) ao sistema tributário, às limitações do poder de tributar, à re-
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de partição do poder impositivo e das receitas tributárias e aos direitos
outros interesses difusos e coletivos; do contribuinte;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou represen- b) às finanças públicas;
tação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos c) à atividade econômica, à política urbana, agrícola, fundiária e
previstos nesta Constituição; de reforma agrária e ao sistema financeiro nacional;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das popu- d) à seguridade social, à educação, à cultura e ao desporto, à
lações indígenas; ciência e à tecnologia, à comunicação social e ao meio ambiente;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos e) à segurança pública;
de sua competência, requisitando informações e documentos para III - a defesa dos seguintes bens e interesses:
instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; a) o patrimônio nacional;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na for- b) o patrimônio público e social;
ma da lei complementar mencionada no artigo anterior; c) o patrimônio cultural brasileiro;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração d) o meio ambiente;
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas e) os direitos e interesses coletivos, especialmente das comunida-
manifestações processuais; des indígenas, da família, da criança, do adolescente e do idoso;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde IV - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União,
que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a represen- dos serviços de relevância pública e dos meios de comunicação so-
tação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. cial aos princípios, garantias, condições, direitos, deveres e vedações
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstos na Constituição Federal e na lei, relativos à comunicação
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó- social;
teses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. V - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos da União e
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas dos serviços de relevância pública quanto:
por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da a) aos direitos assegurados na Constituição Federal relativos às
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.  ações e aos serviços de saúde e à educação;
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á me- b) aos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralida-
diante concurso público de provas e títulos, assegurada a parti- de e da publicidade;
cipação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, VI - exercer outras funções previstas na Constituição Federal e
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de ativi- na lei.
dade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de clas- §1º Os órgãos do Ministério Público da União devem zelar pela
sificação.  observância dos princípios e competências da Instituição, bem como
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto pelo livre exercício de suas funções.
no art. 9383. §2º Somente a lei poderá especificar as funções atribuídas pela
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será Constituição Federal e por esta Lei Complementar ao Ministério
imediata. Público da União, observados os princípios e normas nelas esta-
83 Normas mínimas do Estatuto da Magistratura. belecidos.

Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Por seu turno, os princípios institucionais do Ministério Público a) Autonomia funcional – Para que um órgão tenha auto-
encontram-se no artigo 127, §1º da Constituição Federal: nomia funcional é preciso que “reúna, em torno de si, três pres-
supostos básicos, quais sejam, uma lei, conforme os ditames da
Artigo 127, §1º, CF. São princípios institucionais do Ministério Constituição, que o institua juridicamente; uma própria dotação
Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. orçamentária, que seja a ele designada; e uma função específica
que seja por ele desempenhada, isto é, uma função peculiar”85.
Explica Mazzilli84: b) Autonomia administrativa – A autonomia administrativa
a) Unidade – Se tem chefia, uma pessoa que está na cabeça da significa a soma de poderes da pessoa ou entidade para adminis-
estrutura institucional, tem-se unidade. Sendo assim, unidade insti- trar os seus próprios negócios, sob qualquer aspecto, consoante as
tucional relaciona-se ao princípio hierárquico. Se existe hierarquia, normas e princípios institucionais de sua existência e dessa admi-
existe o poder de avocar, delegar e designar (no Brasil, estes poderes nistração. Neste sentido, o poder conferido ao Ministério Público
são limitados). Contudo, evidente que a hierarquia não tem força ab- de elaborar sua própria proposta orçamentária.
soluta por conta da independência funcional e por conta do próprio A questão orçamentária do Ministério Público encontra apro-
modelo de federação adotado pelo Brasil – trata-se de hierarquia fundamento nos §§ 3º a 6º do artigo 127 da Constituição:
exclusivamente administrativa, na atividade-meio.
É fácil falar em unidade e indivisibilidade num Estado unitário, Artigo 127, §3º, CF. O Ministério Público elaborará sua pro-
onde o Ministério Público só tem um chefe. No Brasil, cada um dos posta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de di-
Ministérios Públicos tem o seu chefe. A verdade é que o constituinte retrizes orçamentárias.
brasileiro se inspirou na doutrina francesa, aplicável a um Estado
unitário, e a incorporou à Constituição Federal sem se atinar para as Artigo 127, §4º, CF. Se o Ministério Público não encaminhar
consequências práticas do conceito. a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido
b) Indivisibilidade – a rigor, significaria dizer que o Ministério na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará,
Público seria uma única instituição e os seus membros poderiam para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os va-
se substituir por possuírem as mesmas competências. Este concei- lores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo
to da doutrina francesa não pode ser transportado para o contexto
com os limites estipulados na forma do § 3º. 
jurídico-constitucional brasileiro. Afinal, existem vários Ministérios
Públicos e o membro de um não pode exercer a atribuição do mem-
Artigo 127, §5º, CF. Se a proposta orçamentária de que trata
bro de outro – um Ministério Público não pode se imiscuir na com-
este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipu-
petência do outro.
lados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes
Como a finalidade do Ministério Público é uma só – servir ao
necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária
interesse público – pode-se afirmar a unidade e a indivisibilidade
anual.
enquanto uma característica institucional. Como instituição, o Mi-
nistério Público é uno e indivisível. No sentido orgânico, é incorreto
afirmar a unidade e a indivisibilidade. Artigo 127, §6º, CF. Durante a execução orçamentária do
Trata-se de um órgão com uma só chefia e uma só função den- exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assun-
tro de cada órgão do Ministério Público (MPU, MPT, MPE, MPM, ção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei
MPDFT) – este é o verdadeiro sentido de unidade e indivisibilidade. de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas,
c) Independência funcional – É a liberdade de escrita e fala mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. 
na tomada dos atos institucionais. A independência funcional é uma
prerrogativa conferida aos membros do Ministério Público que deve Por seu turno, o artigo 128, CF traz a estrutura do Ministério
coexistir com a unidade e a indivisibilidade. Questiona-se até que Público, dizendo quais órgãos o compõem e por quem serão che-
ponto a hierarquia decorrente da unidade e da indivisibilidade limita fiados, além de vedações e garantias semelhantes às impostas à
a independência funcional, afinal, os próprios conceitos de unidade magistratura.
e de indivisibilidade não são absolutos. Na prática, a unidade e a
indivisibilidade são opostas à independência funcional. Artigo 128, CF. O Ministério Público abrange:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
Continuando o estudo do artigo 127 da Constituição Federal, a) o Ministério Público Federal;
seu §2º estabelece a autonomia funcional e administrativa do Minis- b) o Ministério Público do Trabalho;
tério Público nos seguintes termos: c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
Artigo 127, §2º, CF. Ao Ministério Público é assegurada auto- II - os Ministérios Públicos dos Estados.
nomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procura-
no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de dor-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República
seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso pú- dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos,
blico de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos mem-
os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e fun- bros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a
cionamento. recondução.
84 MAZZILLI, Hugo Nigro. Aulas em teleconferência ministradas 85 AZEVEDO, Bernardo Montalvão Varjão de. Ministério Público
na Escola Superior do Ministério Público. Disponível: <https://www.youtu- por uma verdadeira autonomia funcional. Disponível em: <http://jus.com.
be.com/>. br/artigos/3893/ministerio-publico>. Acesso em: 15 jan. 2015.

Didatismo e Conhecimento 100


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por I - o Procurador-Geral da República, que o preside;
iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de II - quatro membros do Ministério Público da União, asse-
autorização da maioria absoluta do Senado Federal. gurada a representação de cada uma de suas carreiras;
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Fe- III - três membros do Ministério Público dos Estados;
deral e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e
carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Pro- outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
curador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Exe- V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem
cutivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução. dos Advogados do Brasil;
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Fe- VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada,
deral e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fe-
maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei com- deral.
plementar respectiva. § 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, lei.
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o con-
cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus trole da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e
do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo
membros:
lhe:
I - as seguintes garantias:
I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministé-
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não poden-
rio Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
do perder o cargo senão por sentença judicial transitada em
competência, ou recomendar providências;
julgado; II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou me-
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, diante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados
mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Es-
Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, asse- tados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
gurada ampla defesa;  adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
§ 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou ór-
III, 153, § 2º, I;  gãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra
II - as seguintes vedações: seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, hono- correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares
rários, percentagens ou custas processuais; em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposenta-
b) exercer a advocacia; doria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disci-
função pública, salvo uma de magistério; plinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados
e) exercer atividade político-partidária; julgados há menos de um ano;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou con- V - elaborar relatório anual, propondo as providências que jul-
tribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, gar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as
ressalvadas as exceções previstas em lei. atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o dis- art. 84, XI.
posto no art. 95, parágrafo único, V86.  § 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor
nacional, dentre os membros do Ministério Público que o integram,
Artigo 130, CF. Aos membros do Ministério Público junto vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que lhe
forem conferidas pela lei, as seguintes:
aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção
I - receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado,
pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.
relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços au-
xiliares;
Por fim, tem-se o artigo 130-A da Constituição Federal, que
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e cor-
disciplina o Conselho Nacional do Ministério Público, incluído reição geral;
pela Emenda Constitucional nº 45/2004. III - requisitar e designar membros do Ministério Público, dele-
gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministé-
Artigo 130-A, CF. O Conselho Nacional do Ministé- rio Público.
rio Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo § 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advoga-
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela dos do Brasil oficiará junto ao Conselho.
maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois § 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministé-
anos, admitida uma recondução, sendo: rio Público, competentes para receber reclamações e denúncias de
86  Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério
de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonera- Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando
ção diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público.

Didatismo e Conhecimento 101


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
2) Advocacia Pública “O primeiro conjunto normativo que assegura (e ao mesmo
O caput do artigo 131 da Constituição traz as funções insti- tempo limita) a profissão do advogado vem dado pelo próprio Es-
tucionais da Advocacia-Geral da União: representação judicial e tatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/1994), que proclama, na esfera
extrajudicial da União, além de consultoria e assessoramento ao criminal, a imunidade material (penal) em relação aos delitos de
Poder Executivo Federal, conforme regulamentação a ser elabora- difamação e injúria (quanto ao desacato, como se sabe, o STF
da em lei complementar. No caso, a Lei Complementar nº 73, de concedeu liminar para suspender a validade do texto legal).
10 de fevereiro de 1993 institui a Lei Orgânica da Advocacia-Ge- No exercício da profissão o advogado conta também com a
ral da União e dá outras providências. chamada imunidade judiciária (CP, art. 142), não respondendo
O chefe da Advocacia-Geral da União é o Advogado-Geral da criminalmente, em princípio, por difamação ou injúria. Trata-se
União, livremente nomeado pelo Presidente da República, deven- de uma causa de exclusão da tipicidade material porque, respei-
do possuir notável saber jurídico, reputação ilibada e menos de 35 tados os limites do art. 142, o risco criado (quando do uso de ex-
anos. No entanto, os integrantes da Advocacia-Geral da União de pressões mais ofensivas) é permitido. Não há que se falar em risco
início de carreira nela ingressam por concurso público de provas proibido (logo, não existe desaprovação da conduta).
e títulos. De outro lado, enquanto não são ultrapassados os limites do
Não é atribuição da Advocacia-Geral da União promover a exercício da profissão, força é convir que a inviolabilidade citada
execução de dívida ativa de natureza tributária, o que é feito pela na CF não alcança somente os atos e manifestações do advogado,
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. senão também seus meios de atuação, seu local de trabalho, seu
Respeitando uma relação de compatibilidade entre as unida- escritório, arquivos, pastas, computador, correspondências etc.,
des federadas, estabelece-se nos Estados e no Distrito Federal uma ou seja, tudo isso está protegido pelo sigilo profissional (e pela
Procuradoria em cada qual deles. inviolabilidade constitucional e legal) (nos termos do art. 7º, II,
com redação dada pela Lei nº 11.767/2008). Também está prote-
Artigo 131, CF. A Advocacia-Geral da União é a instituição gido pela inviolabilidade e sigilo o local onde se localiza o depar-
que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a tamento jurídico dentro de uma empresa”87.
União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da
lei complementar que dispuser sobre sua organização e funciona- Artigo 133, CF. O advogado é indispensável à administra-
mento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do ção da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
Poder Executivo.
exercício da profissão, nos limites da lei.
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-
Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República
4) Defensoria Pública
dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber
A Defensoria Pública, colocada no texto constitucional como
jurídico e reputação ilibada.
instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Esta-
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da institui-
do, tem sua função institucional descrita no caput do artigo 134 da
ção de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de
Constituição Federal: orientação jurídica, promoção dos direitos
provas e títulos.
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a humanos e defesa dos interesses individuais dos mais necessita-
representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda dos e coletivos como um todo.
Nacional, observado o disposto em lei. São princípios institucionais da Defensoria Pública a unida-
de, a indivisibilidade e a independência funcional, os mesmos que
Artigo 132, CF. Os Procuradores dos Estados e do Distrito regem o Ministério Público.
Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá É conferida a garantia da inamovibilidade aos membros
de concurso público de provas e títulos, com a participação da da Defensoria Pública, ao mesmo tempo em que é vedado o
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão exercício da advocacia fora das atribuições do cargo. Com
a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas efeito, o Defensor Público é um advogado, mas que deve se
unidades federadas.  limitar ao exercício das atribuições institucionais a ele con-
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é feridas, submetendo-se a um regime de dedicação exclusiva.
assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, me- A Emenda Constitucional nº 80/2014 alterou substancial-
diante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após mente a disciplina da Defensoria Pública na Constituição Federal
relatório circunstanciado das corregedorias.  de 1988, mudando a redação do caput dos artigos 134 e 135, bem
como incluindo ao primeiro os seus parágrafos. Neste sentido,
3) Advocacia passou-se a uma disciplina mais completa desta instituição que
A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, dispõe sobre o Estatuto desempenha papel fundamental no cenário jurídico nacional.
da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), con- Por seu turno, a Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de
substanciando o previsto no artigo 133 da Constituição Federal. 1994, organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal
Neste sentido, coloca-se o advogado como indispensável à admi- e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização
nistração da justiça, afinal, sem o advogado seria impossível que o nos Estados, e dá outras providências. Sendo assim, confere-se
Poder Judiciário funcionasse.
87 GOMES, Luís Flávio. Limites da inviolabilidade do advoga-
No exercício de suas funções, o advogado necessita da salva- do - Lei nº 11.767/2008. Disponível em: <http://lfg.jusbrasil.com.br/noti-
guarda de seus atos e manifestações, permitindo que promova a cias/1076221/limites-da-inviolabilidade-do-advogado-lei-n-11767-2008>.
defesa do seu cliente da maneira mais plena possível. Acesso em: 15 jan. 2015.

Didatismo e Conhecimento 102


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
liberdade para a devida regulamentação no âmbito dos Estados- Estado de defesa e estado de sítio são duas situações excep-
membros, pois cada qual irá instituir a sua Defensoria Pública, cionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal, cumpridos
guardada uma relação de compatibilidade com a normativa mí- determinados requisitos, visando preservar o próprio Estado e suas
nima prevista na Lei Complementar nº 80/1994. Neste sentido, o instituições democráticas.
texto constitucional assegura a autonomia funcional e administra- O estado de defesa é decretado para preservar ou restabelecer,
tiva, além da iniciativa orçamentária, a cada uma das Defensorias em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social
Públicas instituídas. ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atin-
gidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
Artigo 134, CF. A Defensoria Pública é instituição perma- O estado de sítio é decretado quando estado de defesa não
nente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- resolveu o problema, quando o problema atinge todo o país, ou em
lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fun- casos de guerra.
damentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo 141, CF,
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, que seguem.
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita,
aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Cons- Seção I
tituição Federal.  DO ESTADO DE DEFESA
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública
da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o Con-
normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de selho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar
carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em
de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atri- ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou
buições institucionais.  atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas auto- § 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o
nomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.  vigorarem, dentre as seguintes:
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da I - restrições aos direitos de:
União e do Distrito Federal.  a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a uni- b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
dade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos,
se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do
na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos
art. 96 desta Constituição Federal.
danos e custos decorrentes.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será supe-
Artigo 135, CF. Os servidores integrantes das carreiras disci-
rior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual pe-
plinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na
ríodo, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
forma do art. 39, § 4º.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe-
cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso
13 DA DEFESA DO ESTADO E DAS requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS: II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela
DO ESTADO DE DEFESA, DO ESTADO DE autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de
SÍTIO, DAS FORÇAS ARMADAS, sua autuação;
DA SEGURANÇA PÚBLICA III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciá-
rio;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Pre-
No título V, aborda-se a defesa do Estado e das instituições sidente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá
democráticas, com outros institutos relevantes para evitar impacto o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que
na organização do Estado, razão pela qual se promove aqui um decidirá por maioria absoluta.
estudo conjunto. § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convo-
cado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
Estado de Defesa e Estado de Sítio § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Instituições enquanto vigorar o estado de defesa.
Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o Estado de Defesa § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de
e o Estado de Sítio. defesa.

Didatismo e Conhecimento 103


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF podem III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondên-
ser extraídos alguns aspectos relevantes. cia, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a preser- liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
vação ou restabelecimento em locais restritos e determinados a IV - suspensão da liberdade de reunião;
ordem pública e a paz social que estejam ameaçados por grave V - busca e apreensão em domicílio;
instabilidade institucional ou calamidade de grande proporção. VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência de de- VII - requisição de bens.
terminação do local e do prazo de vigência (que não pode exceder Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a
30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), bem como pela delimita- difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas
ção de medidas. Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se voltam ao
estado de defesa por instabilidade institucional (casos do inciso I No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do Conse-
do §1º, restringindo certos sigilos e o direito de reunião) e ora se lho da República e do Conselho de Defesa Nacional, bem como
voltam ao estado de defesa por calamidade (caso do inciso II do a aprovação pelo Congresso Nacional. As hipóteses são de grave
§1º, com uso temporário de bens e serviços públicos).
comoção nacional, ineficácia do estado de defesa e estado de guer-
Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de Defesa,
ra. Também há requisitos de especificidade quanto ao tempo, áreas
embora seja feita pelo Presidente da República, não é um ato arbi-
abrangidas e medidas coercitivas a serem aplicados no Estado de
trário porque ele deve ouvir a opinião do Conselho da República e
Sítio. Entre as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio,
do Conselho de Defesa Nacional e depois submeter o decreto para
aprovação pelo Congresso Nacional por maioria absoluta. estão as enumeradas no artigo 139, CF.

Seção II Seção III


DO ESTADO DE SÍTIO DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os lí-
Conslho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solici- deres partidários, designará Comissão composta de cinco de seus
tar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas
sítio nos casos de: referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência
de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio,
estado de defesa; cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.
armada estrangeira. Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o esta-
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar au- do de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas
torização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, re- pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Na-
latará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso cional, com especificação e justificação das providências adota-
Nacional decidir por maioria absoluta”. das, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições
“Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua dura- aplicadas.
ção, as normas necessárias a sua execução e as garantias consti-
tucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presi- O Congresso Nacional, mediante Comissão específica, exer-
dente da República designará o executor das medidas específicas ce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Praticados atos
e as áreas abrangidas. atentatórios serão punidos mesmo após cessado o estado de defesa
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser de- ou de sítio.
cretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por
prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o
Forças armadas
tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du-
O capítulo II do título V aborda as forças armadas, que exer-
rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional cem a defesa do Estado.
para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento CAPÍTULO II
até o término das medidas coercitivas. DAS FORÇAS ARMADAS

Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado com Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha,
fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pes- pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais per-
soas as seguintes medidas: manentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
I - obrigação de permanência em localidade determinada; disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República,
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou conde- e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes consti-
nados por crimes comuns; tucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Didatismo e Conhecimento 104


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exército e
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da República. Por terem
Armadas. a finalidade de defender a pátria, a Constituição, a lei e a ordem,
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disci- são permanentes, regulares e hierarquizadas, além de terem ve-
plinares militares. dações como o direito de greve e o direito de sindicalização, bem
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados mili- como de filiação a partidos políticos. Pela natureza diversa dos
tares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, crimes praticados por estes militares, serão julgados por órgão pró-
as seguintes disposições:  prio e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento militar
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em que ficará como
inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e assegura- reservista. A mulher não precisa prestar o serviço militar obriga-
das em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, tório, mas pode ser convocada para a prestação de outros serviços
sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente para o Estado, assim como os eclesiásticos.
com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; 
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em-
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no
art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para a reserva, nos 14 DA ORDEM SOCIAL: BASE E
termos da lei;  OBJETIVOS DA ORDEM SOCIAL,
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse DA SEGURIDADE SOCIAL, DA EDUCAÇÃO,
em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, DA CULTURA, DO DESPORTO, DA CIÊNCIA
ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese previs- E TECNOLOGIA, DA COMUNICAÇÃO
ta no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, ficará agregado ao respectivo SOCIAL, DO MEIO AMBIENTE,
quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA,
ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de servi- DO ADOLESCENTE, DO IDOSO
ço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, E DOS ÍNDIOS.
sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, trans-
ferido para a reserva, nos termos da lei; 
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado
a partidos políticos; TÍTULO VIII
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado in- Da Ordem Social
digno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribu-
nal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal CAPÍTULO I
especial, em tempo de guerra; DISPOSIÇÃO GERAL
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transita- Art. 193. A ordem social tem como base o primado do traba-
da em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso lho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
anterior;  Ordem social é a expressão que se refere à organização da
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, sociedade, proporcionando o bem-estar e a justiça social. Neste
XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, sentido, invariavelmente seus vetores se ligam aos direitos econô-
bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, micos, sociais e culturais, bem como aos direitos difusos e coleti-
no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;    vos (notadamente ambiental).
IX -  (Revogado)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os CAPÍTULO II
limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência DA SEGURIDADE SOCIAL
do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remune-
ração, as prerrogativas e outras situações especiais dos milita- Seção I
res, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive DISPOSIÇÕES GERAIS
aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de
guerra.  O título VIII, que aborda a ordem social, traz este tripé no
capítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”: saúde, previ-
Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. dência e assistência social.
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir ser-
viço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alega- Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte-
rem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decor- grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
rente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.  e à assistência social.
§ 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos
militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros en- da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
cargos que a lei lhes atribuir.  objetivos:

Didatismo e Conhecimento 105


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - universalidade da cobertura e do atendimento; § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário ru-
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às rais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges,
populações urbanas e rurais; que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefí- empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social
cios e serviços; mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comer-
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; cialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. 
V - equidade na forma de participação no custeio; § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput
VI - diversidade da base de financiamento; deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferencia-
VII - caráter democrático e descentralizado da administra- das, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de
ção, mediante gestão quadripartite, com participação dos traba- mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do
lhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos mercado de trabalho. 
órgãos colegiados.  § 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos
para o sistema único de saúde e ações de assistência social da
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a so- União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos
ciedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do de recursos. 
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições § 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contri-
sociais: buições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equipara- débitos em montante superior ao fixado em lei complementar. 
da na forma da lei, incidentes sobre:  § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pa- quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV
gos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe pres- do caput, serão não-cumulativas. 
te serviço, mesmo sem vínculo empregatício;  § 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de
b) a receita ou o faturamento;  substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente
c) o lucro;  na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o fa-
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência turamento. 
social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata Seção II
o art. 201;  DA SAÚDE
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garan-
quem a lei a ele equiparar.  tido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e re-
nicípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
cuperação.
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será ela-
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de
borada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execu-
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, asse-
ção ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por
gurada a cada área a gestão de seus recursos.
pessoa física ou jurídica de direito privado.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da segurida-
de social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma
Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
ou creditícios. organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garan- I - descentralização, com direção única em cada esfera de
tir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o governo;
disposto no art. 154, I. II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social pode- preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
rá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte III - participação da comunidade.
de custeio total. § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só po- do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da
derão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publi- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
cação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes outras fontes. 
aplicando o disposto no art. 150, III, «b». § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde re-
entidades beneficentes de assistência social que atendam às exi- cursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
gências estabelecidas em lei. sobre: 

Didatismo e Conhecimento 106


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I – no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de ou-
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por tras atribuições, nos termos da lei:
cento);   I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e subs-
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da tâncias de interesse para a saúde e participar da produção de
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recur- medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e
sos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso outros insumos;
II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológi-
Municípios;  ca, bem como as de saúde do trabalhador;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o pro- III - ordenar a formação de recursos humanos na área de
duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e saúde;
dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea IV - participar da formulação da política e da execução das
b e § 3º. ações de saneamento básico;
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
cada cinco anos, estabelecerá: científico e tecnológico e a inovação;
I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;   VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o con-
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados trole de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para
à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni- consumo humano;
cípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans-
objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;  porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das tóxicos e radioativos;
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele com-
municipal; 
preendido o do trabalho.
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e que
endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com
mais necessitam de investimento estatal na atualidade é o direito
a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos espe-
à saúde. Não coincidentemente, a maior parte dos casos no Poder
cíficos para sua atuação.
Judiciário contra o Estado envolvem a invocação deste direito,
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso sa-
diante da recusa do Poder público em custear tratamentos médi-
larial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Car-
cos e cirúrgicos. Em que pese a invocação da reserva do possível,
reira e a regulamentação das atividades de agente comunitário
de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, o Judiciário tem se guiado pelo entendimento de que devem ser
nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar reservados recursos suficientes para fornecer um tratamento ade-
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cum- quado a todos os nacionais.
primento do referido piso salarial. O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o aspecto
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § repressivo, propiciando a cura de doenças, mas também o preven-
4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça tivo. Sendo assim, o Estado deve desenvolver políticas sociais e
funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de econômicas para reduzir o risco de doenças e agravos, bem como
agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso para propiciar o acesso universal e igualitário aos serviços voltado
de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, ao seu tratamento. (art. 196, CF).
para o seu exercício.  A terceirização e a colaboração de agentes privados nas po-
líticas de saúde pública é autorizada pela Constituição, sem pre-
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. juízo da atuação direta do Estado (art. 197, CF). Sendo assim, ou
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma o próprio Estado implementará as políticas ou fiscalizará, regula-
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes mentará e controlará a implementação destas por terceiros.
deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma rede
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. hierarquizada e regionalizada de ações e serviços públicos de saú-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxí- de, devendo seguiras seguintes diretrizes: “descentralização, com
lios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. direção única em cada esfera de governo”, de forma que haverá
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas direção do SUS nos âmbitos municipal, estadual e federal, não se
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos concentrando o sistema numa única esfera; “atendimento integral,
casos previstos em lei. com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que fa- serviços assistenciais”, do que se depreende que a prevenção é a
cilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para melhor saída para um sistema eficaz, não havendo prejuízo para
fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, as atividades repressivas; e “participação da comunidade”. Com
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo efeito, busca-se pela descentralização a abrangência ampla dos
vedado todo tipo de comercialização. serviços de saúde, que devem em si também ser amplos – preven-
tivos e repressivos, sendo que todos agentes públicos e a própria
comunidade devem se envolver no processo.

Didatismo e Conhecimento 107


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito da se- I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta
guridade social, que também abrange a previdência e a assistência anos de contribuição, se mulher; 
social, sendo financiado com este orçamento, nos moldes do artigo II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos
198, §1º, CF.  de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os tra-
A questão orçamentária de incumbência mínima de cada um balhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas
dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º do artigo 198, CF.  atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o pro-
Correlato à participação da comunidade no SUS, tem-se o ar- dutor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 
tigo 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF.  § 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo ante-
Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no campo da rior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove
assistência à saúde, questão regulamentada no artigo 199, CF. Do exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magisté-
dispositivo depreende-se uma das questões mais polêmicas no âm- rio na educação infantil e no ensino fundamental e médio. 
bito do SUS, que é a complementaridade do sistema por parte de § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem re-
instituições privadas, mediante contrato ou convênio, desde que cíproca do tempo de contribuição na administração pública e na ati-
sem fins lucrativos por parte destas instituições. Em verdade, é vidade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes
muito comum que hospitais de ensino de instituições particulares de previdência social se compensarão financeiramente, segundo
com cursos na área de biológicas busquem este convênio, encon- critérios estabelecidos em lei.
trando frequentemente entraves que não possuem natureza jurídi- § 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do tra-
ca, mas política. balho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previ-
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constituição, dência social e pelo setor privado. 
que vem a ser complementada no âmbito infraconstitucional pela § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, se-
Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, prevê o artigo 200 as rão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciá-
atribuições do SUS. ria e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma
da lei. 
Seção III § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previden-
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem
renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho domés-
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma tico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias
de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atua- a um salário-mínimo. 
rial, e atenderá, nos termos da lei, a:  § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes
avançada;  para os demais segurados do regime geral de previdência social. 
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego in- Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter com-
voluntário;  plementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes geral de previdência social, será facultativo, baseado na constitui-
dos segurados de baixa renda;  ção de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao côn- por lei complementar. 
juge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.  § 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferencia- participante de planos de benefícios de entidades de previdência
dos para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regi- privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus
me geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades respectivos planos. 
exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as con-
integridade física e quando se tratar de segurados portadores de dições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos
deficiência, nos termos definidos em lei complementar.  de benefícios das entidades de previdência privada não integram o
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos
ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participan-
ao salário mínimo.  tes, nos termos da lei. 
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cál- § 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência
culo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.  privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocina-
definidos em lei. dor, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, poderá exceder a do segurado. 
na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de re- § 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União,
gime próprio de previdência.  Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias,
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas
por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.  direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fe-
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdên- chadas de previdência privada, e suas respectivas entidades fecha-
cia social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:  das de previdência privada. 

Didatismo e Conhecimento 108


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior apli- Quanto à incorporação de ganhos habituais ao salário, prevê o
car-se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou §11 do artigo 201, CF pela incorporação para efeito de contribui-
concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patroci- ção previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos
nadoras de entidades fechadas de previdência privada.  casos e na forma da lei.
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo Sobre o sistema especial de inclusão previdenciária, é a dis-
estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das dire- ciplina do artigo 201, §§ 12 e 13, CF.
torias das entidades fechadas de previdência privada e disciplinará Por seu turno, o artigo 202, CF volta-se ao regime de pre-
a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão vidência privada, que pode se organizar de forma autônoma e
em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.  possui caráter complementar e facultativo.
Com efeito, a Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de
A previdência social e a assistência social se diferenciam prin- 2001, dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar e dá
cipalmente porque a previdência social volta-se ao pagamento de outras providências.
aposentadoria e benefícios aos seus contribuintes, ao passo que a
assistência social tem por foco a oferta de amparo mínimo aos que Seção IV
não contribuíram para a seguridade social. DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
O artigo 201, CF, trabalha com a organização da previdência
social em regime geral, de caráter contributivo e filiação obriga- Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
tória, sendo que devem ser adotados critérios de preservação de necessitar, independentemente de contribuição à seguridade so-
equilíbrio financeiro e atuarial. Nota-se que todos os trabalhadores cial, e tem por objetivos:
ficarão vinculados ao regime e prestarão contribuição a ele, não I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adoles-
havendo a opção de dele se desvincular. No mais, são previstas cência e à velhice;
como campos de atendimento pela previdência: “I - cobertura dos II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
à maternidade, especialmente à gestante;  III - proteção ao traba- IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
lhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-famí- deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
lia e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provi-
§ 2º” (ou seja, não se aceitando valor inferior ao salário mínimo).
da por sua família, conforme dispuser a lei.
Os critérios para a concessão de aposentadoria são unitários,
em regra, conforme o §1º do artigo 201, CF.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência
O valor mínimo de benefício com caráter substitutivo de sa-
social serão realizadas com recursos do orçamento da segurida-
lário de contribuição ou rendimento é de 1 salário mínimo (artigo
de social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organi-
201, §2º, CF).
zadas com base nas seguintes diretrizes:
Os salários de contribuição serão atualizados (artigo 201, §3º,
I - descentralização político-administrativa, cabendo a
CF) e os benefícios serão devidamente reajustados (artigo 201,
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordena-
§4º, CF), tudo com vistas à preservação do valor real da contribui-
ção e do benefício. ção e a execução dos respectivos programas às esferas estadual
Integrante de regime próprio de previdência não pode se vin- e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência
cular como segurado facultativo, prestando contribuições autô- social;
nomas, ao regime geral (artigo 201, §5º, CF), o que geraria uma II - participação da população, por meio de organizações
indevida cumulação de benefícios. representativas, na formulação das políticas e no controle das
Aposentados e pensionistas também fazem jus ao décimo ações em todos os níveis.
terceiro salário, denominado gratificação natalina, a ser calculado Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Fe-
com base no valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano deral vincular a programa de apoio à inclusão e promoção so-
(artigo 201, §6º, CF).  cial até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida,
O §7º do artigo 201, CF fixa as condições para a aposentadoria vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: 
pelo regime geral de previdência social. Professor de ensino infan- I - despesas com pessoal e encargos sociais; 
til, fundamental e médio, que tenha exclusivamente desempenha- II - serviço da dívida; 
do estas funções, tem o tempo de contribuição reduzido em 5 anos III - qualquer outra despesa corrente não vinculada direta-
(30 anos para homem e 25 anos para mulher). mente aos investimentos ou ações apoiados. 
Se uma pessoa contribuir a dois regimes diversos em períodos
diferentes de sua vida contributiva, estes regimes se compensarão, A disciplina da assistência social se dá nos artigos 203 e 204
ou seja, o tempo de um se acrescerá no outro (artigo 201, §9º, CF). da Constituição. Resta evidente o caráter não contributivo do sis-
A questão de verba destinada à cobertura do risco de acidente tema, que se guia pelo princípio da fraternidade, fazendo com
de trabalho é disciplinada no §10 do artigo 201, CF. Atualmente, a que os que possuem melhores condições de contribuir o façam e
Lei nº 6.367/1976 dispõe sobre o seguro de acidentes do trabalho a que os que não possuem recebam a partir da contribuição destes
cargo do INPS e dá outras providências. um tratamento digno mínimo de suas necessidades.

Didatismo e Conhecimento 109


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Do disposto, destaque para o inciso IV do artigo 204, CF, VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
que aborda o Benefício de Prestação Continuada – BPC, “insti- VII - garantia de padrão de qualidade.
tuído pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais
Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8.742/1993; pelas da educação escolar pública, nos termos de lei federal. 
Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011, que alteram dispositivos da Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de traba-
LOAS e pelos Decretos nº 6.214/2007 e nº 6.564/2008. lhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a
O BPC é um benefício da Política de Assistência Social, que fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos
integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único de de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal
Assistência Social – SUAS e para acessá-lo não é necessário ter e dos Municípios. 
contribuído com a Previdência Social. É um benefício individual,
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-
não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e
de 1 (um) salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pes-
ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com im-
quisa e extensão.
pedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual § 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesqui-
de condições com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem sa científica e tecnológica. 
comprovar não possuir meios de garantir o próprio sustento, nem tê-
-lo provido por sua família. A renda mensal familiar per capita deve Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
ser inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo vigente. mediante a garantia de:
A gestão do BPC é realizada pelo Ministério do Desenvolvi- I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos
mento Social e Combate à Fome (MDS), por intermédio da Secreta- 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gra-
ria Nacional de Assistência Social (SNAS), que é responsável pela tuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; 
implementação, coordenação, regulação, financiamento, monitora- II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
mento e avaliação do Benefício. A operacionalização é realizada III - atendimento educacional especializado aos portadores
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
Os recursos para o custeio do BPC provêm da Seguridade So- IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até
cial, sendo administrado pelo MDS e repassado ao INSS, por meio 5 (cinco) anos de idade; 
do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Atualmente são V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
3,6 milhões (dados de março de 2012) beneficiários do BPC em todo da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
o Brasil, sendo 1,9 milhões pessoas com deficiência e 1,7 idosos”88. VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
do educando;
CAPÍTULO III VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da edu-
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO cação básica, por meio de programas suplementares de material
didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. 
Seção I § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
subjetivo.
DA EDUCAÇÃO
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Pú-
blico, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autori-
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
dade competente.
família, será promovida e incentivada com a colaboração da so-
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no
ciedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. ou responsáveis, pela frequência à escola.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
princípios: seguintes condições:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
escola; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
samento, a arte e o saber; Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coe- fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e
xistência de instituições públicas e privadas de ensino; respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garan- disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fun-
tidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusi- damental.
vamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua
públicas;  portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a uti-
88 http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/ lização de suas línguas maternas e processos próprios de apren-
bpc dizagem.

Didatismo e Conhecimento 110


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser desti-
cípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de nados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na
ensino. forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos,
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público
e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e su- obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na
pletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educa- localidade.
cionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assis- § 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e
tência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por insti-
Municípios;  tuições de educação profissional e tecnológica poderão receber
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino funda- apoio financeiro do Poder Público. 
mental e na educação infantil. 
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de
no ensino fundamental e médio.  duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, ob-
Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de jetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a
colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis,
obrigatório.  etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
ensino regular.  I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de de- III - melhoria da qualidade do ensino;
zoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e IV - formação para o trabalho;
cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públi-
desenvolvimento do ensino. cos em educação como proporção do produto interno bruto. 
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pe- O artigo 6º da Constituição Federal menciona o direito à edu-
cação como um de seus direitos sociais. A educação proporciona o
los Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para
pleno desenvolvimento da pessoa, não apenas capacitando-a para
efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a
o trabalho, mas também para a vida social como um todo. Con-
transferir.
tudo, a educação tem um custo para o Estado, já que nem todos
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» deste
podem arcar com o custeio de ensino privado.
artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual
No título VIII, que aborda a ordem social, delimita-se a ques-
e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
tão da obrigação do Estado com relação ao direito à educação,
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará priori-
assim como menciona-se quais outros agentes responsáveis pela
dade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no
efetivação deste direito.
que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e Neste sentido, o artigo 205, CF, prevê: “A educação, direito de
equidade, nos termos do plano nacional de educação.  todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentiva-
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e assis- da com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvi-
tência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com mento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos qualificação para o trabalho”.
orçamentários. Resta claro que a educação não é um dever exclusivo do Esta-
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de do, mas da sociedade como um todo e, principalmente, da família.
financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhi- Depreende-se que educação vai além do mero aprendizado de con-
da pelas empresas na forma da lei.  teúdos e envolve a educação para a cidadania e o comportamento
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da con- ético em sociedade – a educação da qual o constituinte fala não é
tribuição social do salário-educação serão distribuídas proporcio- apenas a formal, mas também a informal.
nalmente ao número de alunos matriculados na educação básica Por seu turno, o artigo 206 da Constituição estabelece os prin-
nas respectivas redes públicas de ensino.  cípios que devem guiar o ensino:
- “igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas cola”, que significa a compreensão de que a educação é um direito
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confes- de todos e não apenas dos mais favorecidos, cabendo ao Estado
sionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: investir para que os menos favorecidos ingressem e permaneçam
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus exce- na escola;
dentes financeiros em educação; - “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola samento, a arte e o saber”, de forma que o ensino tem um caráter
comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, ativo e passivo, indo além da compreensão de conteúdos dogmáti-
no caso de encerramento de suas atividades. co se abrangendo também os processos criativos;

Didatismo e Conhecimento 111


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
- “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coe- Por sua vez, os artigos 212 e 213 da Constituição trabalham
xistência de instituições públicas e privadas de ensino”, de modo com aspectos orçamentários:
que não se entende haver um único método de ensino, uma única Encerrando a disciplina da educação, o artigo 214 trabalha
maneira de aprender, permitindo a exploração das atividades educa- com o plano nacional de educação, de duração decenal (na atuali-
cionais também por instituições privadas. A respeito das instituições dade, estamos no início da implementação do PNE cuja duração se
privadas, o artigo 209, CF prevê que “o ensino é livre à iniciati- estende até o ano de 202489), que tem metas ali descritas. 
va privada, atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das
normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de Seção II
qualidade pelo Poder Público”; DA CULTURA
- “gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”,
sendo esta a principal vertente de implementação do direito à edu- Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos di-
cação pelo Estado; reitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e
- “valorização dos profissionais da educação escolar, garanti- incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
dos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamen- § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas popula-
te por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas”, res, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participan-
bem como “piso salarial profissional nacional para os profissionais tes do processo civilizatório nacional.
da educação escolar pública, nos termos de lei federal”, pois sem  2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de
a valorização dos profissionais responsáveis pelo ensino será ina- alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
tingível o seu aperfeiçoamento. Além disso, “a lei disporá sobre as  3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração
categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à inte-
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de gração das ações do poder público que conduzem à: 
seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; 
Federal e dos Municípios” (artigo 206, parágrafo único, CF); II produção, promoção e difusão de bens culturais; 
- “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, re- III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura
metendo ao direito de participação popular na tomada de decisões em suas múltiplas dimensões; 
políticas referentes às atividades de ensino; e
IV democratização do acesso aos bens de cultura; 
- “garantia de padrão de qualidade”, posto que sem qualidade
V valorização da diversidade étnica e regional. 
de ensino é impossível atingir uma melhoria na qualificação pessoal
e profissional dos nacionais. 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens
O ensino universitário encontra respaldo no artigo 207 da
de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
Constituição, tendo autonomia didático-científica, administrativa e
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memó-
de gestão financeira e patrimonial, e sendo baseado na tríade en-
ria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
sino-pesquisa-extensão, disciplina que se estende a instituições de
pesquisa científica e tecnológica. Com vistas ao aperfeiçoamento quais se incluem:
desta tríade, autoriza-se a contratação de profissionais estrangeiros. I - as formas de expressão;
Enquanto que os artigos 205 e 206 da Constituição possuem II - os modos de criar, fazer e viver;
uma menor densidade normativa, colacionando princípios diretores III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
e ideias basilares, o artigo 208 volta-se à regulamentação do modo IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espa-
pelo qual o Estado efetivará o direito à educação. ços destinados às manifestações artístico-culturais;
Interessante notar, em primeira análise, que o Estado se exime V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagísti-
da obrigatoriedade no fornecimento de educação superior, no art. co, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
208, V, quando assegura, apenas, o “acesso” aos níveis mais ele- § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, pro-
vados de ensino, pesquisa e criação artística. Fica denotada ausên- moverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de
cia de comprometimento orçamentário e infraestrutural estatal com inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e
um número suficiente de universidades/faculdades públicas aptas a de outras formas de acautelamento e preservação.
recepcionar o maciço contingente de alunos que saem da camada § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão
básica de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo de aplicação da da documentação governamental e as providências para franquear
reserva do possível dentro da Constituição. Ainda, é preciso obser- sua consulta a quantos dela necessitem.
var que se utiliza a expressão “segundo a capacidade de cada um”, § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conheci-
de forma que o critério para admissão em universidades/faculdades mento de bens e valores culturais.
públicas é, somente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser testa- § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos,
do em avaliações com tal fito, como o vestibular e o exame nacional na forma da lei.
do ensino médio. § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios detento-
O ensino básico possui conteúdos mínimos, fixados nos moldes res de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
do artigo 210, CF. A menção do ensino religioso como facultativo § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a
remete à laicidade do Estado, ao passo que a menção ao ensino de fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento
línguas de povos indígenas remete ao pluralismo político, funda- de sua receita tributária líquida, para o financiamento de progra-
mento da República Federativa. mas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no
O artigo 211, CF trabalha com a organização e colaboração pagamento de: 
dos sistemas de ensino entre os entes federativos. 89 http://pne.mec.gov.br/

Didatismo e Conhecimento 112


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I - despesas com pessoal e encargos sociais;  Seção III
II - serviço da dívida;  DO DESPORTO
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada direta-
mente aos investimentos ou ações apoiados.  Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas
formais e não-formais, como direito de cada um, observados:
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e asso-
regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, ciações, quanto a sua organização e funcionamento;
institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas II - a destinação de recursos públicos para a promoção prio-
públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas en- ritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do
tre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo pro- desporto de alto rendimento;
mover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e
o não- profissional;
exercício dos direitos culturais.
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de
§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na políti-
criação nacional.
ca nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina
Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios:  e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da
I - diversidade das expressões culturais;  justiça desportiva, regulada em lei.
II - universalização do acesso aos bens e serviços culturais;  § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias,
III - fomento à produção, difusão e circulação de conheci- contados da instauração do processo, para proferir decisão final.
mento e bens culturais;  § 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de pro-
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes públicos moção social.
e privados atuantes na área cultural; 
V - integração e interação na execução das políticas, progra- A vida não é feita somente de trabalho, toda pessoa precisa
mas, projetos e ações desenvolvidas;  desfrutar de momentos de diversão e relaxamento ao lado de ami-
VI - complementaridade nos papéis dos agentes culturais;   gos e familiares, razão pela qual o Estado deve propiciar atividades
VII - transversalidade das políticas culturais;  voltadas a este fim. Neste sentido, as atividades de lazer podem ter
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições da naturezas variadas, destacando-se as culturais (direito à cultura, já
sociedade civil;  abordado) e desportivas.
IX - transparência e compartilhamento das informações; 
X - democratização dos processos decisórios com participa- CAPÍTULO IV
DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
ção e controle social; 
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, dos
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimen-
recursos e das ações;  to científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orça- a inovação.  
mentos públicos para a cultura.  § 1º A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tra-
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cultura, nas tamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o
respectivas esferas da Federação:  progresso da ciência, tecnologia e inovação.  
I - órgãos gestores da cultura;  § 2º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente
II - conselhos de política cultural;  para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento
III - conferências de cultura;  do sistema produtivo nacional e regional.
IV - comissões intergestores;  § 3º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas
V - planos de cultura;  áreas de ciência, pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive por
VI - sistemas de financiamento à cultura;  meio do apoio às atividades de extensão tecnológica, e concederá
VII - sistemas de informações e indicadores culturais;  aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.  
VIII - programas de formação na área da cultura; e  § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em
IX - sistemas setoriais de cultura.  pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aper-
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sistema feiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas
de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do
Nacional de Cultura, bem como de sua articulação com os demais
salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produ-
sistemas nacionais ou políticas setoriais de governo. 
tividade de seu trabalho.
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organiza-
§ 5º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular par-
rão seus respectivos sistemas de cultura em leis próprias.  cela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento
ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
O capítulo III do título VIII coloca a educação ao lado da cul- § 6º O Estado, na execução das atividades previstas no caput
tura, depreendendo-se que o acesso à educação envolve também , estimulará a articulação entre entes, tanto públicos quanto priva-
o acesso à cultura, numa concepção ampla deste direito social. dos, nas diversas esferas de governo. 
§ 7º O Estado promoverá e incentivará a atuação no exterior
das instituições públicas de ciência, tecnologia e inovação, com
vistas à execução das atividades previstas no caput.  

Didatismo e Conhecimento 113


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e § 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas,
será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições
e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tec- legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá,
nológica do País, nos termos de lei federal. sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes
Parágrafo único. O Estado estimulará a formação e o forta- de seu uso.
lecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, § 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou
públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inova- § 6º A publicação de veículo impresso de comunicação inde-
ção, a atuação dos inventores independentes e a criação, absor- pende de licença de autoridade.
ção, difusão e transferência de tecnologia.  
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio
Art. 219-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- e televisão atenderão aos seguintes princípios:
nicípios poderão firmar instrumentos de cooperação com órgãos I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e
e entidades públicos e com entidades privadas, inclusive para o informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à pro-
compartilhamento de recursos humanos especializados e capaci-
dução independente que objetive sua divulgação;
dade instalada, para a execução de projetos de pesquisa, de de-
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalís-
senvolvimento científico e tecnológico e de inovação, mediante
tica, conforme percentuais estabelecidos em lei;
contrapartida financeira ou não financeira assumida pelo ente IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
beneficiário, na forma da lei.   
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifu-
Art. 219-B. O Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Ino- são sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou
vação (SNCTI) será organizado em regime de colaboração entre naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas consti-
entes, tanto públicos quanto privados, com vistas a promover o tuídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. 
desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação.   § 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital
§ 1º Lei federal disporá sobre as normas gerais do SNCTI.   total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifu-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios legislarão são sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indireta-
concorrentemente sobre suas peculiaridades.    mente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que
exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão
O capítulo IV aborda a questão da ciência e tecnologia no âm- o conteúdo da programação. 
bito da ordem social. Em verdade, o desenvolvimento científico e § 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e
tecnológico é decorrência do investimento em educação, afinal, a direção da programação veiculada são privativas de brasileiros na-
pesquisa é uma das principais vertentes da educação e permite a tos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de
implementação prática do conhecimento obtido em prol da socie- comunicação social. 
dade. § 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independente-
mente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão
CAPÍTULO V observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei espe-
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL cífica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasilei-
ros na execução de produções nacionais. 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expres- § 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas
são e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não empresas de que trata o § 1º. 
sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Consti- § 5º As alterações de controle societário das empresas de que
trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. 
tuição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir em-
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar con-
baraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer
cessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão
veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complemen-
V, X, XIII e XIV. taridade dos sistemas privado, público e estatal.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, § 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64,
ideológica e artística. § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem.
§ 3º Compete à lei federal: § 2º A não renovação da concessão ou permissão dependerá de
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em
Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a votação nominal.
que não se recomendem, locais e horários em que sua apresenta- § 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos
ção se mostre inadequada; legais após deliberação do Congresso Nacional, na forma dos pa-
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à rágrafos anteriores.
família a possibilidade de se defenderem de programas ou progra- § 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de ven-
mações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, cido o prazo, depende de decisão judicial.
bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para
possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.

Didatismo e Conhecimento 114


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Con- III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços ter-
gresso Nacional instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho ritoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
de Comunicação Social, na forma da lei. sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
É por intermédio dos veículos de comunicação social que se atributos que justifiquem sua proteção;
exercem a liberdade de expressão (faceta ativa) e a liberdade de in- IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ati-
formação (faceta passiva). O Título VIII da Constituição Federal, vidade potencialmente causadora de significativa degradação
ao regulamentar a ordem social, atento à necessidade do exercício do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se
destas dimensões da liberdade, traz a disciplina da comunicação dará publicidade;  
social. V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
Neste sentido, o caput do artigo 220 da Constituição prevê: “a técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida,
manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informa- a qualidade de vida e o meio ambiente;   
ção, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qual- VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de
quer restrição, observado o disposto nesta Constituição”. ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
Logo, quando a Constituição regulamenta a comunicação so-
ambiente;
cial tem por fulcro preservar o mais intenso possível exercício da
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
liberdade de comunicação. Em destaque, os §§ 1º e 2º do artigo
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem
220, CF.
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
Entretanto, não se entende haver censura quando a União, me-
diante lei federal, tece regulamentações sobre classificação etária § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
de programações e sobre restrições a propagandas de determina- recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
dos tipos de produtos, conforme o artigo 220, §§3º e 4º, CF. técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Com vistas a resguardar a real liberdade de informação, im- § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
pedindo que as informações que cheguem a público sejam mani- ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
puladas ou deturpadas, o artigo 220, § 5º, CF prevê que os meios sanções penais e administrativas, independentemente da obriga-
de comunicação social não podem ser objeto de monopólio ou ção de reparar os danos causados.
oligopólio. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Ser-
Ainda, tendo em mente evitar a censura prévia, o §6º do artigo ra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são pa-
220, CF preconiza a dispensabilidade de licença de autoridade. trimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, den-
Aceitar a liberdade de comunicação não implica em permitir tro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
que todo tipo de informação seja veiculada na imprensa, devendo inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
ser conferido o atendimento dos preceitos descritos no artigo 221, § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas
CF. pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção
Como o exercício da exploração da mídia jornalística, radio- dos ecossistemas naturais.
difusora e televisiva implica num forte impacto e influência so- § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter
ciais, coloca-se como propriedade privativa de brasileiro nato ou sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão
naturalizado, de acordo com a regulação do artigo 222, CF. ser instaladas.
Com vistas a assegurar o respeito à normativa do artigo 222,
CF, o artigo 223, CF aborda a concessão, a permissão e a autori- Direitos transindividuais são aqueles que não possuem um
zação. titular determinado e pertencem à coletividade, sendo também de-
Também buscando a efetividade da regulamentação, prevê nominados direitos difusos e coletivos.
o artigo 224, CF sobre a instituição pelo Congresso Nacional do Em verdade, é possível diferenciar os direitos difusos dos
Conselho de Comunicação Social. coletivos, no sentido de que os primeiros são muito mais hetero-
gêneos e vagos, não cabendo determinar o grupo ou categoria de
CAPÍTULO VI
pessoas atingidas, enquanto que segundos são mais específicos,
DO MEIO AMBIENTE
recaindo sobre um grupo de pessoas que pode ser identificado,
embora não plenamente determinado.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamen-
te equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia Aos direitos difusos e coletivos são conferidos mecanismos
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade de tutela específicos para sua proteção, bem como atribuída com-
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras petência para tanto a órgãos determinados que exercerão um pa-
gerações. pel representativo. No Brasil, destacam-se instituições como o
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Ministério Público e a Defensoria Pública. Sem prejuízo, como
Poder Público: visto, há remédios constitucionais que se voltam à proteção de
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e interesses desta categoria, como o mandado de segurança cole-
prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;  tivo e a própria ação popular, sem falar na ação civil pública e
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio ge- na ação de improbidade administrativa, também mencionadas no
nético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e texto constitucional.
manipulação de material genético;  

Didatismo e Conhecimento 115


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Mancuso90 utiliza o termo interesses difusos e coletivos para § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união es-
tratar dos direitos difusos e coletivos, explicando que interesses tável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
podem ser: facilitar sua conversão em casamento.
a) Individuais: são os interesses privados, de cunho egoís- § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade
tico; formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
b) Metaindividuais: são interesses que excedem a órbita de § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
atuação individual e se projetam numa ordem coletiva, podendo exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
ser coletivos ou difusos; § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. 
c) Coletivos: concernentes a uma realidade coletiva, como § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
profissão, categoria ou família, isto é, caracterizando-se pelo exer- paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do ca-
cício coletivo de interesses coletivos. Nota-se que pertencem a sal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos
grupos ou categorias de pessoas determináveis, possuindo uma só para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por
base jurídica; parte de instituições oficiais ou privadas.
d) Difusos: abrange um número indeterminado de pessoas § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada
reunidas pelo mesmo fato, logo, a base é mais ampla que dos in- um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no
teresses difusos (fato, não Direito) e o número de pessoas é inde- âmbito de suas relações.
terminado (não determinável como nos coletivos). Em verdade,
excedem o interesse público ou geral. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegu-
Quanto às espécies de direitos difusos e coletivos, pode-se rar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
afirmar que há uma coletivização da maioria dos direitos indivi- o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à pro-
duais anteriormente reconhecidos e afirmados, na medida do pos- fissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
sível conforme a situação em concreto, bem como a percepção de convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
direitos que são puramente difusos ou coletivos. forma de negligência, discriminação, exploração, violência, cruelda-
Neste sentido, quando são tutelados direitos de uma categoria de e opressão. 
de pessoas vulneráveis, como o idoso, a criança, o portador de de- § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saú-
ficiência e o consumidor, saindo da dimensão individual e olhando de da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de
de uma maneira mais ampla para o grupo, tem-se o enquadramento entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obede-
de tradicionais direitos individuais como direitos difusos e coleti- cendo aos seguintes preceitos: 
vos. I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à
Nada impede, por outro lado, o reconhecimento de categorias saúde na assistência materno-infantil;
de direitos difusos e coletivos que surgem de maneira autônoma, II - criação de programas de prevenção e atendimento especia-
sem partir de um direito individual específico previamente garan- lizado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou
tido. Neste viés, destaca-se a questão do direito ao meio ambiente mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem
equilibrado. portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a
O constituinte demonstra especial interesse na proteção desta convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos,
categoria autônoma de direitos que é o direito ambiental, regula- com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas
mentando a questão no capítulo VI do título VIII, que aborda a de discriminação. 
ordem social. Não obstante, prevê a “defesa do meio ambiente, § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e
inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elabora- coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
ção e prestação” como princípio da ordem econômica (artigo 170, deficiência.
VI, CF). § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
O direito ao meio ambiente saudável é um clássico direito di- I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho,
fuso, pertencente a toda a sociedade e não somente às presentes, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
mas também às futuras gerações. Com razão, o dever de cuidado é II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
compartilhado entre Estado (em todas suas esferas, numa coopera- III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à
ção inter-regional, como se extrai de prescrições do §1º do artigo escola; 
225, CF) e sociedade. IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por pro-
CAPÍTULO VII fissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
Da Família, da Criança, do Adolescente, V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e
do Jovem e do Idoso respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando
da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica,
do Estado. incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. VII - programas de prevenção e atendimento especializado à
90 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos: conceito e criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes
legitimação para agir. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 82-87. e drogas afins.

Didatismo e Conhecimento 116


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora- Nos §§ 5º e 6º do artigo 226, CF, mais uma vez, o constituin-
ção sexual da criança e do adolescente. te aborda o casamento. Estabelece-se, primeiro, a igualdade entre
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da homem e mulher no casamento e depois a possibilidade de disso-
lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte lução do vínculo conjugal. Quanto à dissolução do vínculo conju-
de estrangeiros. gal, ressalta-se que não mais se exige um lapso temporal entre a
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por separação de fato ou judicial para a concessão do divórcio, sendo
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quais- que o divórcio pode ser postulado desde logo (é o que decorre da
quer designações discriminatórias relativas à filiação. Emenda Constitucional nº 66/2010).
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente No entanto, o constituinte está ciente de que o casamento não
levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. é a única forma de se constituir família, prevendo no § 3º o reco-
§ 8º A lei estabelecerá:  nhecimento da união estável como entidade familiar e no § 4º o
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos reconhecimento da família monoparental.
jovens;  O direito ao planejamento familiar é abordado no §7º do ar-
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, vi- tigo 226, CF.
sando à articulação das várias esferas do poder público para a Por fim, o constituinte denota preocupação com a violência
execução de políticas públicas.  doméstica, prevendo no §8º do artigo 226. Exemplo de consolida-
ção deste ideário é a Lei nº 11.340/2006, Lei Maria da Penha, que
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito coíbe a violência doméstica e familiar praticada contra a mulher.
anos, sujeitos às normas da legislação especial.
3) Proteção da criança, do adolescente e do jovem
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os fi- Já no caput do artigo 227, CF se encontra uma das principais
lhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar diretrizes do direito da criança e do adolescente que é o princípio
os pais na velhice, carência ou enfermidade. da prioridade absoluta. Significa que cada criança e adolescente
deve receber tratamento especial do Estado e ser priorizado em
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de am- suas políticas públicas, pois são o futuro do país e as bases de
parar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comu- construção da sociedade.
nidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes Explica Liberati91: “Por absoluta prioridade, devemos enten-
o direito à vida.
der que a criança e o adolescente deverão estar em primeiro lugar
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados
na escala de preocupação dos governantes; devemos entender que,
preferencialmente em seus lares.
primeiro, devem ser atendidas todas as necessidades das crianças e
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratui-
adolescentes [...]. Por absoluta prioridade, entende-se que, na área
dade dos transportes coletivos urbanos.
administrativa, enquanto não existirem creches, escolas, postos de
saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes dignas
Em que pese o artigo 6º, CF mencionar exclusivamente a pro-
moradias e trabalho, não se deveria asfaltar ruas, construir praças,
teção à maternidade e à infância, o constituinte deixa clara sua
intenção de proteger todos os núcleos vulneráveis da família: a sambódromos monumentos artísticos etc., porque a vida, a saúde,
proteção da mãe envolve a proteção da família, a proteção da in- o lar, a prevenção de doenças são importantes que as obras de con-
fância abrange também a do adolescente e do jovem e, porque não creto que ficam par a demonstrar o poder do governante”.
dizer, dos idosos, já que estes também estão numa idade em que A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre o Estatuto
cuidado especial deve ser despendido. Em verdade, há associações da Criança e do Adolescente e dá outras providências, seguindo em
que trabalham com a proteção integrada de todos estes núcleos seus dispositivos a ideologia do princípio da absoluta prioridade.
vulneráveis. No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assistência à saú-
de da criança e do adolescente. Do inciso I se depreende a intrín-
1) Proteção à maternidade e à infância seca relação entre a proteção da criança e do adolescente com a
Envolve medidas de seguridade e assistência social e outras proteção da maternidade e da infância, mencionada no artigo 6º,
voltadas à mãe e ao seu filho, para que ele cresça de maneira sau- CF. Já do inciso II se depreende a proteção de outro grupo vulnerá-
dável e na presença do seio materno. vel, que é a pessoa portadora de deficiência, valendo lembrar que
o Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Con-
2) Proteção da família venção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-
O constituinte reconhece a família como base da sociedade e cia e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30
a coloca como objeto de especial proteção do Estado já no caput de março de 2007, foi promulgado após aprovação no Congresso
do artigo 226, CF. Nacional nos moldes da Emenda Constitucional nº 45/2004, tendo
A fundação tradicional da família se dá pelo casamento, de força de norma constitucional e não de lei ordinária. A preocupa-
modo que os §§ 1º e 2º do artigo 226 estabelecem: “§ 1º O casa- ção com o direito da pessoa portadora de deficiência se estende ao
mento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso §2º do artigo 227, CF: “a lei disporá sobre normas de construção
tem efeito civil, nos termos da lei”. O fato do casamento ser gra- dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de
tuito facilita o acesso a ele. Por seu turno, a previsão do casamento veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado
civil, aceitando que o religioso tenha o mesmo efeito, consolida a às pessoas portadoras de deficiência”.
afirmação do Estado laico. Aliás, Lei nº 1.110/1950 regula o reco- 91 LIBERATI, Wilson Donizeti. O Estatuto da Criança e do Adoles-
nhecimento dos efeitos civis ao casamento religioso. cente: Comentários. São Paulo: IBPS.

Didatismo e Conhecimento 117


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A proteção especial que decorre do princípio da prioridade CAPÍTULO VIII
absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Liga-se, ainda, à pro- DOS ÍNDIOS
teção especial, a previsão do §4º do artigo 227: “A lei punirá se-
veramente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização so-
e do adolescente”. cial, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originá-
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescente de ser rios sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
criado no seio de uma família, o §5º do artigo 227 da Constituição União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
prevê que “a adoção será assistida pelo Poder Público, na forma § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as
da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas
parte de estrangeiros”. Neste sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos re-
agosto de 2009, dispõe sobre a adoção. cursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma da Cons- sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e
tituição anterior e do até então vigente Código Civil de 1916 cons- tradições.
ta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos, havidos ou não da relação do § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios desti-
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifica- nam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclu-
ções, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas sivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
à filiação”. § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os po-
Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendimento dos tenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em
direitos da criança e do adolescente levar-se-á em consideração terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Con-
o disposto no art. 204” tem em vista a adoção de práticas de as- gresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
sistência social, com recursos da seguridade social, em prol da assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
criança e do adolescente. § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indis-
Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A lei estabe- poníveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
lecerá: I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas ter-
dos jovens; II - o plano nacional de juventude, de duração dece- ras, salvo, «ad referendum» do Congresso Nacional, em caso de
nal, visando à articulação das várias esferas do poder público para catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no
a execução de políticas públicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso
de 2013, institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direi- Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato
tos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de logo que cesse o risco.
juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE. Mais § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos,
informações sobre a Política mencionada no inciso II e sobre a os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse
Secretaria e o Conselho Nacional de Juventude que direcionam a
das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas
implementação dela podem ser obtidas na rede92.
naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado
O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputáveis os
relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação espe-
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a inde-
cial”. Percebe-se que a normativa não está no rol de cláusulas
nização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto
pétreas, razão pela qual seria possível uma emenda constitucional
às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
que alterasse a menoridade penal. Inclusive, há projetos de lei
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174,
neste sentido.
§ 3º e § 4º.
4) Proteção do idoso
A segunda parte do artigo 229, CF preconiza que “[...] os Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhi- partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direi-
ce, carência ou enfermidade”. Consolida o dever de solidariedade tos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos
familiar, compensando os pais que criaram seus filhos quando ti- do processo.
nham condições e que hoje se encontram na posição de necessi-
tados. Contudo, este dever de amparo não é exclusivo da família, Os povos indígenas teciam os fios de sua própria história no
conforme se extrai do artigo 230, CF. território brasileiro antes da chegada de um Estado colonizador e
O fato de uma pessoa ter se tornado idosa não a transforma intervencionista, que veio a se mostrar inapto para cumprir com
numa parte dispensável da sociedade, que merece isolamento. suas próprias obrigações. O Estado deveria ser restituidor e ga-
Pelo contrário, suas experiências devem ser valorizadas e incor- rante do direito étnico e do direito comunitário, permitindo aos
poradas nas práticas sociais, tornando-as mais adequadas. Assim, povos indígenas restaurar sua ordem institucional e retomar os
Estado, família e sociedade possuem o dever compartilhado de fios de sua história. Mostra-se necessário ver a nação como uma
conferir assistência aos idosos. coalizão de povos, permitindo que cada qual resolva seus confli-
tos internamente93.
93 SEGATO, Rita Laura. Que cada povo teça os fios da sua história: o
pluralismo jurídico em diálogo didático com os legisladores. Revista de Direi-
92 http://www.juventude.gov.br/politica to da Universidade de Brasília. Brasília, v. 1, ano 1, p. 65-92, jan./jun.2014.

Didatismo e Conhecimento 118


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A questão indígena encontra regulamentação no Título VIII, (C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
que aborda a ordem social, capítulo VIII. coisa senão em virtude de lei.
Com vistas a assegurar a defesa destes direitos, confere-se legi- (D) é livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o
timidade para as comunidades e organizações indígenas de ingresso anonimato.
no Judiciário para defesa de seus interesses, com intervenção do Mi- (E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é um dos
nistério Público em todos os feitos. objetivos fundamentais da república federativa do Brasil.

EXERCÍCIOS 6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Constitui-


ção brasileira inicia com o Título I dedicado aos “princípios fun-
1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de Cons- damentais”, que são as regras informadoras de todo um sistema
tituição, assinale a alternativa CORRETA. de normas, as diretrizes básicas do ordenamento constitucional
(A) É o estatuto que regula as relações entre Estados soberanos. brasileiro. São regras que contêm os mais importantes valores que
(B) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres de informam a elaboração da Constituição da República Federativa
um povo. do Brasil.
(C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e assinale
normas referentes à estruturação, à formação dos poderes públicos,
a alternativa correta.
direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
I - Nas relações internacionais, a República brasileira rege-
(D) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos e
deveres de um povo nas suas relações. se, entre outros, pelos seguintes princípios: autodeterminação dos
povos, defesa da paz, igualdade entre os Estados, concessão de
2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas de classi- asilo político.
ficação das Constituições, uma delas é quanto à origem. II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou seja,
Em relação às características de uma Constituição quanto à sua possuem efeito vinculante, mas constituem regras jurídicas efeti-
origem, assinale a alternativa CORRETA. vas.
(A) Dogmáticas ou históricas. III - Violar um princípio é muito mais grave que transgredir
(B) Materiais ou formais. uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o sistema de co-
(C) Analíticas ou sintéticas. mandos.
(D) Promulgadas ou outorgadas. IV - São princípios que norteiam a atividade econômica no
Brasil: a soberania nacional, a função social da propriedade, a livre
3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia da concorrência, a defesa do consumidor; a propriedade privada.
Constituição da República, assinale a alternativa CORRETA. V - A diferença de salários, de critério de admissão por motivo
(A) A supremacia está no fato de o controle da constitucionali- de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos trabalhadores
dade das leis só ser exercido pelo Supremo Tribunal Federal. urbanos e rurais fere o princípio da igualdade do caput do art. 5º da
(B) A supremacia está na obrigatoriedade de submissão das leis Constituição Federal.
aos princípios que norteiam o Estado por ela instituído. (A) Apenas I, II, III estão corretas.
(C) A supremacia está no fato de a interpretação da constitui- (B) Apenas II e IV estão corretas.
ção não depender da observância dos princípios que a norteiam. (C) Apenas III e V estão corretas.
(D) A supremacia está no fato de que os princípios e fundamen- (D) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
tos da constituição se resumam na declaração de soberania. (E) Todas as afirmações estão corretas.
4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre os cha- 7. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A propósito
mados sentidos doutrinariamente atribuídos à Constituição, existe dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil,
um que realiza a distinção entre Constituição e lei constitucional.
reconhece-se que:
Assinale a alternativa que o contempla.
(A) o pluralismo político está inserido entre seus objetivos.
(A) Sentido político
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se contra-
(B) Sentido sociológico.
(C) Sentido jurídico. põe ao valor social do trabalho.
(D) Sentido culturalista. (C) a dignidade é também do nascituro, o que desautoriza,
(E) Sentido simbólico. portanto, a prática da interrupção da gravidez quando decorrente
de estupro.
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A República (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito de ori-
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e gem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discrimina-
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democráti- ção, é um de seus objetivos.
co de Direito (art. 1º da CF). (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependentes e
Com base no enunciado acima é correto afirmar, exceto: harmônicos entre si, são poderes da união.
(A) são objetivos fundamentais da república federativa do Bra-
sil erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 8. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014)
sociais e regionais. Sobre os Princípios Fundamentais da República Federativa do
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político não são Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, é INCORRETO afir-
fundamentos da república federativa do brasil. mar que:

Didatismo e Conhecimento 119


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(A) a República Federativa do Brasil tem como fundamentos: (C) O autor da ação constitucional de habeas corpus recebe
a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual se impetra,
sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e a autoridade que pra-
(B) a República Federativa do Brasil tem como objetivos tica a ilegalidade, autoridade coatora.
fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e solidária; ga- (D) Caberá habeas corpus em relação a punições disciplina-
rantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a margi- res militares.
nalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover (E) O habeas corpus será preventivo quando alguém se achar
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quando for concreta
e quaisquer outras formas de discriminação. a lesão.
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce unicamente
por meio de representantes eleitos. 11. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda em
(D) entre outros, são princípios adotados pela República Fe- relação aos outros remédios constitucionais analise as questões a
derativa do Brasil nas suas relações internacionais, os seguintes: seguir e assinale a alternativa correta.
a independência nacional, a prevalência dos direitos humanos e o I - O habeas data assegura o conhecimento de informações
repúdio ao terrorismo e ao racismo. relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco
(E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção e a de- de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
fesa da paz são princípios regedores das relações internacionais da II - Será concedido habeas data para a retificação de dados,
República Federativa do Brasil. quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou ad-
ministrativo.
9. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. 5º da III - Em se tratando de registro ou banco de dados de entidade
Constituição Federal trata dos direitos e deveres individuais e co- governamental, o sujeito passivo na ação de habeas data será a
letivos, espécie do gênero direitos e garantias fundamentais (Tí- pessoa jurídica componente da administração direta e indireta do
tulo II). Assim, apesar de referir-se, de modo expresso, apenas a Estado.
direitos e deveres, também consagrou as garantias fundamentais. IV - O mandado de injunção serve para requerer à autoridade
(LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, São Pau- competente que faça uma lei para tornar viável o exercício dos
lo: Saraiva, 2009,13ª. ed., p. 671). direitos e liberdades constitucionais.
Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a demora
assinale a alternativa correta. legislativa que impede um direito de ser efetivado pela falta de
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma cons-
complementação de uma lei.
titucional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos
(A) Todas as afirmações estão corretas.
quais se assegura o exercício dos aludidos direitos.
(B) Apenas I, II e III estão corretas.
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágrafos do
(C) Apenas II, III e IV estão corretas.
art. 5º da Constituição Federal é meramente exemplificativo.
(D) Apenas II, III e V estão corretas.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição Federal
(E) Apenas IV e V estão corretas.
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 12. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devido
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano processo legal estabelecido como direito do cidadão na Constitui-
material ou moral decorrente de sua violação. ção Federal configura dupla proteção ao indivíduo, pois atua no
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo âmbito material de proteção ao direito de liberdade e no âmbito
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na formal, ao assegurar-lhe paridade de condições com o Estado para
forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias. defender-se.
(A) Apenas I, II e III estão corretas. Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. assinale a alternativa correta.
(C) Apenas III e V estão corretas. I - Ninguém será processado nem sentenciado senão pela au-
(D) Apenas IV e V estão corretas. toridade competente.
(E) Todas as questões estão corretas. II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos proces-
suais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exi-
10. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os remé- girem.
dios constitucionais são as formas estabelecidas pela Constituição III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
Federal para concretizar e proteger os direitos fundamentais a fim ilícitos.
de que sejam assegurados os valores essenciais e indisponíveis do IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
ser humano. lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
Assim, é correto afirmar, exceto: V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do de-
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advogado, não positário infiel.
tendo de obedecer a qualquer formalidade processual, e o próprio (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
cidadão prejudicado pode ser o autor. (B) Apenas I, III e V estão corretas.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém sofrer (C) Apenas III e IV estão corretas.
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber- (D) Apenas IV e V estão corretas.
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. (E) Todas as questões estão corretas.

Didatismo e Conhecimento 120


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
13. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitucional,
Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, se dê em
(A) não retroage, salvo para beneficiar o réu. dois turnos de votação, com o voto favorável de três quintos dos
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não for conhe- respectivos membros;
cido. (D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, des-
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário. de que o Congresso Nacional venha a aprová-los com observância
(D) retroage, se ainda não houver processo penal instaurado. do processo legislativo ordinário;
(E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito in-
14. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) So- ternacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à ordem
bre as garantias fundamentais estabelecidas na Constituição Federal, é jurídica interna.
CORRETO afirmar que
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
19. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014) Pe-
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
critível. dro promoveu ação em face da União Federal e seu pedido foi
(C) não haverá pena de morte em nenhuma circunstância. julgado procedente, com efeitos patrimoniais vencidos e vincen-
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de Deus, pos- dos, não havendo mais recurso a ser interposto. Posteriormente, o
suem garantia de inviolabilidade domiciliar. Congresso Nacional aprovou lei, que foi sancionada, extinguindo
o direito reconhecido a Pedro. Após a publicação da referida lei,
15. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) NÃO a Administração Pública federal notificou Pedro para devolver os
figura entre as garantias expressas no artigo 5º da Constituição Federal: valores recebidos, comunicando que não mais ocorreriam os pa-
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. gamentos futuros, em decorrência da norma em foco.
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto próprio. Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta
(C) o respeito à integridade física dos presos, garantido pela lei (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa sobre
de execução penal. direitos indisponíveis de Pedro
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao diurno, posto (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julgada
que contido na legislação ordinária trabalhista. formada em favor de Pedro.
(C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de Pe-
16. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A casa dro diante de nova legislação.
é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar, sem permissão (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico perfeito
do morador, EXCETO
em favor de Pedro diante de pagamentos pendentes.
(A) em caso de desastre.
(B) em caso de flagrante delito.
(C) para prestar socorro. 20. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Jurídi-
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. co - VUNESP/2014) João apresenta requerimento junto à Prefei-
tura do Município de São Paulo, pleiteando que lhe seja informa-
17. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador - do o número de licitações, na modalidade pregão, realizadas pela
FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamentais, o artigo 5º São Paulo Urbanismo desde 2010. O pleito de João
da Constituição da República estabelece que é: (A) não encontra previsão expressa como direito fundamen-
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomentado o ano- tal na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser acolhido em
nimato; virtude do texto constitucional prever que a lei não excluirá da
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, que apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito
substitui o direito à indenização por dano material, moral ou à imagem; (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos assegura-
(C) assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o do, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição aos Pode-
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; res Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de poder
de comunicação, ressalvados os casos de censura ou licença; (C) não encontra amparo constitucional, uma vez que a ob-
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos informações de tenção de certidões em repartições públicas será atendida apenas
seu interesse particular, sendo vedada a alegação de sigilo por impres- se o objeto do pedido for para defesa de direitos ou para esclare-
cindibilidade à segurança da sociedade e do Estado.
cimento de situações de interesse pessoal.
(D) encontra amparo constitucional, pois todos têm direito a
18. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - FGV/2014) A
partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e convenções receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particu-
internacionais sobre direitos humanos: lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a sua aprova- zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
ção, pelo Congresso Nacional e a promulgação, na ordem interna, pelo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Chefe do Poder Executivo; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser respondido
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda constitucional, em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no âmbito judicial e
exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e
se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de dois os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
terços dos respectivos membros;

Didatismo e Conhecimento 121


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
21. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria da (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias anuais re-
reserva do possível muneradas com, no mínimo, um terço a mais do que o salário nor-
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à efetivação mal.
dos direitos sociais, econômicos e culturais. (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá-
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do controle rio, não está constitucionalmente prevista, mas é determinada pela
e da intervenção do poder judiciário em tema de implementação CLT.
de políticas públicas, quando caracterizada hipótese de omissão (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do emprego
governamental. e do salário, não está constitucionalmente previsto, mas é determi-
(C) considera que as políticas públicas são reservadas discri- nado pela CLT.
cionariamente à análise e intervenção do poder judiciário, que as
limitará ou ampliará, de acordo com o caso concreto. 25. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do míni- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasileiro no
mo existencial, examinado à luz da violação dos direitos funda- ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou cometendo um crime
mentais sociais, culturais e econômicos, como o direito à saúde e de roubo, cuja autoria foi apurada apenas no ano de 2013, sendo
à educação básica. instaurada a competente ação penal, culminando com a condena-
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos direitos ção de Pietro, pela Justiça Pública, ao cumprimento da pena de 05
fundamentais, independentemente das possibilidades financeiras e anos e 04 meses de reclusão, em regime inicial fechado, por sen-
orçamentárias do estado.
tença transitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
pela Constituição federal, Pietro
22. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - FCC/2014) A
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quantidade
Emenda Constitucional nº 72, promulgada em 2 de abril de 2013,
de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
tem por finalidade estabelecer a igualdade de direitos entre os tra-
balhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais. (B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi cometido
Nos termos de suas disposições, a Emenda antes da sua naturalização.
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, dentre (C) poderá ser extraditado.
outros, dos direitos à remuneração do serviço extraordinário supe- (D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu crime he-
rior, no mínimo, em cinquenta por cento a do normal e à proteção diondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afim.
do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específi- (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença condenatória
cos. transitou em julgado após a naturalização.
(A) instituiu vedação ao legislador para conferir tratamento
diferenciado aos trabalhadores domésticos, em relação aos traba- 26. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É priva-
lhadores urbanos e rurais. tivo de brasileiro nato o cargo de
(B) não determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automação e à (B) Senador.
proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos (C) Juiz de Direito.
específicos. (D) Delegado de Polícia.
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, dentre (E) Deputado Federal.
outros, dos direitos à proteção em face da automação e ao piso
salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. 27. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) No caso
(D) não determinou a extensão ao trabalhador doméstico, de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço extraordinário seus efeitos, o condenado terá seus direitos políticos:
superior, no mínimo, em cinquenta por cento a do normal e ao piso (A) mantidos.
salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. (B) cassados.
(C) perdidos.
23. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com (D) suspensos.
referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, à organi-
zação político-administrativa, à administração pública e ao Poder
28. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que con-
Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
cerne às condições de elegibilidade para o cargo de prefeito pre-
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e determina
vistas na CRFB/88, assinale a opção correta.
que cabe à lei definir os serviços ou atividades essenciais e dispor
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias antes
Certo ( ) da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo de prefeito.
Errado ( ) (B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candidatar-se,
pela primeira vez, ao cargo de prefeito.
24. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a alter- (C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá candi-
nativa correta. datar-se ao cargo de prefeito.
(A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e seguintes (D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, mas que
é exaustivo. não pretende e nem irá afastar-se das atividades militares, poderá
(B) É vedada a redução proporcional do salário do trabalha- candidatar-se ao cargo de prefeito.
dor sob qualquer hipótese.

Didatismo e Conhecimento 122


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
29. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternativa (A) A investidura em cargo ou emprego público depende de
correta a respeito dos partidos políticos. aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, de acordo
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos financeiros com a natureza e complexidade do cargo, ressalvadas as nomeações
por parte de empresas transnacionais. para cargo em comissão.
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda no rá- (B) A Administração pública direta e indireta obedecerá aos
dio e na televisão, exceto aqueles que não possuam representação princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
no Congresso Nacional. eficiência.
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter nacio- (C) O prazo de validade do concurso público será de até dois
nal. anos, prorrogável uma vez, por igual período.
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apresentar ao (D) A Constituição Federal não veda a acumulação remunerada
Congresso Nacional a sua prestação de contas para aprovação. de cargos públicos.
(E) Em razão de sua importante função institucional, os par- (E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos prati-
tidos políticos possuem natureza jurídica de direito público. cados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
30. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização po- 34. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com relação à
lítico-administrativa da República Federativa do Brasil. competência privativa da União para legislar, é INCORRETO afirmar
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição de ente que compete privativamente à União legislar sobre
federativo autônomo, é soberano e ilimitado. (A) registros públicos.
Certo ( ) (B) comércio exterior e interestadual.
Errado ( ) (C) organização do sistema nacional de emprego e condições
para o exercício de profissões.
31. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES- (D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organização po- marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
lítico-administrativa da República Federativa do Brasil. (E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa
A despeito de serem entes federativos, os territórios federais do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle
carecem de autonomia. da poluição.
Certo ( )
Errado ( ) 35. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Considerando as
regras constitucionais sobre a administração pública, analise as afir-
32. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT mativas.
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alternativa I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
INCORRETA: Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
(A) A administração pública direta e indireta de qualquer dos II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacio-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, moralidade, publici- nal, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
dade, eficiência e impessoalidade. Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre as- dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
sociação sindical. remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van-
(C) A administração fazendária e seus servidores fiscais te- tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder
rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
sobre os demais setores administrativos, na forma da lei. Federal.
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos públi- III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies re-
cos se estende a emprego e funções, não abrangendo, pois, socie- muneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público.
dades de economia mista. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
(E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por (A) I, II e III.
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a (B) I, apenas.
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições (C) I e II, apenas.
e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se, apenas, às (D) I e III, apenas.
atribuições de direção, chefia e assessoramento. (E) II e III, apenas.

33. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A adminis- 36. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale a alter-
tração pública pode ser definida objetivamente como a atividade nativa que está de acordo com o disposto na Constituição Federal.
concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução (A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino funda-
dos interesses coletivos e subjetivamente como o conjunto de ór- mental e na educação infantil, enquanto os Estados e o Distrito Federal
gãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da atuarão exclusivamente nos ensinos fundamental e médio.
função administrativa do Estado”. (MORAES, Alexandre de, Di- (B) As pessoas físicas que praticarem condutas e atividades con-
reito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) sideradas lesivas ao meio ambiente ficarão sujeitas às respectivas san-
Com base no que determina a Constituição Federal a respeito ções penais e administrativas, e as pessoas jurídicas serão obrigadas,
da administração pública é correto afirmar, exceto: exclusivamente, a reparar os danos causados ao meio ambiente.

Didatismo e Conhecimento 123


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios desti- (A) não encontra fundamento constitucional, uma vez que
nam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamento desses
das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua competência
(D) É vedado às universidades e às instituições de pesquisa para legislar sobre assuntos de interesse local.
científica e tecnológica admitir professores, técnicos e cientistas (B) não encontra fundamento constitucional, uma vez que,
estrangeiros. apesar da matéria se inserir na competência residual dos Estados,
cabe aos Municípios suprir a ausência de lei estadual para atender
37. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acerca as suas peculiaridades locais.
da organização do Estado, em consonância com a Constituição (C) encontra fundamento constitucional, uma vez que a au-
Federal, assinale a alternativa correta. sência de norma federal disciplinando a matéria não poderia ser
(A) É competência comum da União, dos estados, do Dis- suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
trito Federal e dos municípios proporcionar os meios de acesso (D) encontra fundamento constitucional, uma vez que, ine-
à cultura, à educação e à ciência. xistindo lei federal a respeito, apenas os Estados poderiam legislar
sobre a matéria para atender as suas peculiaridades.
(B) É competência exclusiva da União proteger os docu-
(E) encontra fundamento constitucional, uma vez que a maté-
mentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
ria insere-se na competência residual dos Estados para legislar so-
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
bre as competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição.
sítios arqueológicos.
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a eva- 40. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Compete
são, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de privativamente à União legislar sobre
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural. (A) produção e consumo.
(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a (B) assistência jurídica e defensoria pública.
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico (C) trânsito e transporte.
e paisagístico. (D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar sobre urbanístico.
educação, cultura, ensino e desporto. (E) educação, cultura, ensino e desporto.

38. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - 41. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Os atos
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores de improbidade administrativa importarão, nos termos da Consti-
públicos civis da Administração direta tuição Federal, dentre outros,
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que seja (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.
editada a lei definidora dos termos e limites em que possa ser (B) a indisponibilidade dos bens.
(C) a impossibilidade de deixar o país.
exercido, a fim de preservar a continuidade da prestação dos
(D) a suspensão dos direitos civis.
serviços públicos.
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção social.
(B) deve ser considerado abusivo se exercido por servido-
res públicos em estágio probatório. 42. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é cidadão
(C) é constitucional, visto que previsto em norma da do município W, onde está localizado o distrito de B. Após consul-
constituição federal com aplicabilidade imediata, não necessi- tas informais, José verifica o desejo da população distrital de obter a
tando de regulamentação, nem de integração normativa, para emancipação do distrito em relação ao município de origem.
que o direito nela previsto possa ser exercido. De acordo com as normas constitucionais federais, dentre ou-
(D) é constitucional, devendo, no entanto, observar a re- tros requisitos para legitimar a criação de um novo Município, são
gulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em ge- indispensáveis:
ral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores públicos (A) lei estadual e referendo.
enquanto não for promulgada lei específica para o exercício (B) lei municipal e plebiscito.
desse direito. (C) lei municipal e referendo.
(E) é constitucional e poderá ensejar convenção coletiva (D) lei estadual e plebiscito.
em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos servi-
dores públicos. 43. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) Assinale
a afirmativa INCORRETA:
39. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (A) O federalismo por agregação surge quando Estados so-
beranos cedem uma parcela de sua soberania para formar um ente
FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que disci-
único.
plinou o horário de funcionamento de farmácias e drogarias.
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição dos
O sindicato dos empregados do comércio da região pretende
Estados federados à União.
impugnar judicialmente a referida norma, sob o argumento de (C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo fortaleci-
que o Município não teria competência para legislar sobre a mento do poder central decorrente da predominância de atribuições
matéria, mesmo na ausência de lei federal e estadual sobre o conferidas à União.
tema. Considerando a Constituição Federal e a jurisprudência (D) No federalismo atípico, constata-se a existência de três
do Supremo Tribunal Federal, a pretensão do sindicato esferas de competências: União, Estados e Municípios.

Didatismo e Conhecimento 124


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
44. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Conside- (D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo auto-
rando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder Judiciário, rização do Tribunal.
assinale a alternativa correta. (E) A distribuição de processos será imediata em todos os
(A) As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas graus de jurisdição.
e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da
maioria absoluta de seus membros, em sessão secreta. 47. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
(B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão delegação 23ªR/2014) Sob a égide da Constituição Federal, assinale a alter-
para a prática de atos de administração e atos de mero expediente, nativa INCORRETA:
limitados às decisões de caráter interlocutório. (A) é vedada a edição de medida provisória sobre matéria já
(C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados será disciplinada em projeto de lei aprovado pelo congresso nacional e
composto de advogados de notório saber jurídico e de reputação pendente de sanção ou veto presidencial.
ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indi- (B) as decisões administrativas dos tribunais serão motiva-
cados em lista tríplice pelos órgãos de representação das respectivas das e em sessão pública.
classes. (C) as decisões administrativas de natureza disciplinar serão
(D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribu- tomadas pelo voto de dois terços dos membros do tribunal.
nal do qual se afastou, antes de decorridos cinco anos do afastamen- (D) o número de juízes na unidade jurisdicional será propor-
to do cargo por aposentadoria ou exoneração. cional à efetiva demanda judicial com à Respectiva população.
(E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas, havendo (E) a inamovibilidade e a irredutibilidade salarial são garan-
interesse público, poderá ser removido, por decisão da maioria ab- tias da magistratura, mas não são absolutas, posto que comportem
soluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, exceções, ditadas em lei.
assegurada ampla defesa.
48. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Considerando
45. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT as regras constitucionais sobre as funções essenciais da justiça,
23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA: analise.
(A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, I. Constituem garantias do Ministério Público: vitaliciedade,
originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo in-
após 2 anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por
ternacional e a União, Estados, Distrito Federal ou Município.
sentença judicial transitada em julgado, e inamovibilidade, salvo
(B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em recurso
por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão co-
extraordinário, o habeas corpus, habeas data, mandado de segurança
legiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria
e mandado de injunção decididos, em instância única, pelos Tribu-
absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa. Constituem
nais Superiores, se denegatória a decisão.
vedações do Ministério Público: participar de sociedade comer-
(C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em grau
cial, na forma da lei, exercer atividade político-partidária e exer-
de recurso especial, os conflitos de competência entre quaisquer tri-
bunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I, “o”, bem como entre cer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública,
tribunal e juízes a ele não vinculados, e entre juízes vinculados a sem exceções.
tribunais diversos. II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamen-
(D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e jul- te ou por meio de órgão vinculado, representa a União, judicial e
gar, originariamente, os conflitos de atribuições entre autoridades extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar
administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades Judiciá- que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades
rias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo e a
ou entre as destes e da União. representação da União na execução da dívida ativa de natureza
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em recurso tributária.
ordinário, os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, orga-
Justiça e quaisquer tribunais. nizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso pú-
blico de provas e títulos, com a participação facultativa da Ordem
46. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT dos Advogados do Brasil, exercerão a representação judicial e a
23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É CORRETO consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.
afirmar: Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
(A) A aferição do merecimento, para fins de promoção, ocor- (A) I, II e III.
rerá conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produti- (B) II, apenas.
vidade e presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e apro- (C) I e II, apenas.
veitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento. (D) I e III, apenas.
(B) Não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver (E) II e III, apenas.
os autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los
ao cartório sem o devido despacho ou decisão. 49. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) “Joaquina im-
(C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente poderá petra mandado de segurança no Tribunal de Justiça do local em
recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços que reside por ter direito líquido e certo que foi violado por abuso
dos membros presentes à sessão, conforme procedimento próprio, de autoridade da autoridade coatora envolvida na situação. Con-
e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a sidere que, nessa hipótese, a autoridade coatora era o Governador
indicação. do Estado, que possuía foro por prerrogativa de função e que, por

Didatismo e Conhecimento 125


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
essa razão, a competência para julgamento do writ era mesmo do 53. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014)
Tribunal de Justiça local. Considere, ainda, que a impetração ocor- A Emenda Constitucional nº 45, de 2004, adicionou o art. 103-B na
reu tempestivamente, e que todos os requisitos de admissibilidade Constituição da República, criando o Conselho Nacional de Justiça,
foram observados. Entretanto, mesmo com a observância de todos órgão composto por membros do Judiciário, do Ministério Público,
os requisitos formais, meritoriamente, foi denegatória a decisão do advogados e cidadãos, com o intuito mor de supervisionar a atuação
mandado de segurança impetrado por Joaquina.” administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumprimento dos
Tendo em vista todos os aspectos apresentados no caso ante- deveres funcionais dos juízes, além de outras atribuições constantes
rior, assinale a opção que indica, acertadamente, o recurso a ser no Estatuto da Magistratura e outras que a própria Constituição lhe
interposto por Joaquina. atribui. Com base no disposto na Constituição da República, consti-
(A) Recurso especial para o STJ. tui uma atribuição do Conselho Nacional de Justiça:
(B) Recurso ordinário para o STJ. (A) determinar a aposentadoria de juiz federal com subsídios
(C) Embargos infringentes para o STJ. ou proventos proporcionais ao tempo de serviço, assegurada a am-
(D) Agravo de instrumento para o STJ. pla defesa.
(E) Recurso extraordinário para o STF. (B) encaminhar projeto de lei orçamentária referente a tribunal
de justiça que não o tenha feito no prazo devido.
50. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De acordo (C) expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competên-
com o texto constitucional, lei complementar, de iniciativa do Su- cia, que só terão eficácia depois de sancionados pelo presidente da
premo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, república.
observados, entre outros, os seguintes princípios: (D) rever unicamente, mediante provocação, os processos dis-
(A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão e aposenta- ciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de
doria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão um ano.
por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conse- (E) declarar, observando a reserva de plenário, a inconstitucio-
lho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa. nalidade das leis que envolvam conflitos de massa.
(B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,
54. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) A respeito do Conselho
dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será
Nacional de Justiça, assinale a alternativa correta.
composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez
(A) Possui como função a fiscalização do Poder Judiciário e,
anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de re-
eminentemente, função jurisdicional.
putação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profis-
(B) Tem competência para julgar magistrados por crime de
sional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação
autoridade
das respectivas classes.
(C) Tem como função apreciar a legalidade dos atos adminis-
(C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário se- trativos praticados por membros do Poder Judiciário.
rão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nu- (D) Não possui competência para rever processos disciplina-
lidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às res de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano.
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos (E) O CNJ pode suspender e fiscalizar decisão concessiva de
nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no mandado de segurança.
sigilo não prejudique o interesse da Administração Pública.
(D) nos tribunais com número superior a vinte e cinco jul- 55. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT 3R/2014)
gadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de Sobre as funções institucionais do Ministério Público é incorreto
onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das afirmar:
atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da compe- (A) Defender judicialmente os direitos e interesses das popu-
tência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por anti- lações indígenas, inclusive através de Promotor de Justiça ad hoc.
guidade, e a outra metade por merecimento. (B) Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
da lei.
51. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) M. T. foi (C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
condenado, em primeira instância, pela prática de crime político. proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de ou-
Contra a referida sentença condenatória é cabível: tros interesses difusos e coletivos.
(A) recurso em sentido estrito para o Tribunal de Justiça. (D) Expedir notificações nos procedimentos administrativos
(B) apelação para o Tribunal Regional Federal. de sua competência, requisitando informações e documentos para
(C) recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal. instruí-los, na forma da lei complementar respectiva.
(D) recurso inominado para o Superior Tribunal de Justiça. (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na forma
da lei complementar.
52. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) O proces-
so e julgamento da execução de carta rogatória, após o exequatur, 56. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) No que
e de sentença estrangeira, após a homologação, é de competência: se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem como
(A) dos Tribunais Regionais Federais. às funções essenciais à justiça, julgue os seguintes itens.
(B) dos juízes federais. A CF garante autonomia funcional e administrativa à defensoria
(C) do Supremo Tribunal Federal. pública estadual e ao Ministério Público.
(D) do Superior Tribunal de Justiça. Certo ( )
Errado ( )

Didatismo e Conhecimento 126


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
57. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Registro - (E) Conforme o método jurídico ou hermenêutico clássico, a
CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à justiça, Constituição deve ser considerada como uma lei e, em decorrência,
assinale a opção correta de acordo com a CF. todos os métodos tradicionais de hermenêutica devem ser utilizados
(A) De acordo com a CF, a representação judicial dos Esta- na atividade interpretativa, mediante a utilização de vários elemen-
dos, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclusivamente aos tos de exegese, tais como o filológico, o histórico, o lógico e o te-
procuradores organizados em carreira, dependendo o ingresso nes- leológico.
sa carreira de aprovação em concurso público de provas e títulos.
(B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito Federal 60. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) No tocante à
e da União possuem autonomia funcional e administrativa, sendo- eficácia e à aplicabilidade das normas constitucionais, as
lhes assegurada a iniciativa de suas propostas orçamentárias na (A) definidoras dos direitos e garantias fundamentais são pro-
forma estabelecida na CF. gramáticas, dependendo sempre de regulamentação infraconstitu-
(C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a União cional.
na execução de sua dívida ativa de natureza tributária. (B) de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade indi-
reta e imediata, não integral, produzindo efeitos restritos e limitados
(D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções insti-
infraconstitucionalmente quando de sua promulgação.
tucionais do MP, como, por exemplo, a função de promover, priva-
(C) de eficácia limitada são de aplicabilidade mediata e diferi-
tivamente, as ações civil e penal públicas, na forma da lei.
da, mas sem vinculação com as normas infraconstitucionais subse-
(E) À imunidade profissional do advogado não se podem quentes, ou seja, sem relevância jurídica interpretativa e integrativa.
aplicar restrições de qualquer natureza. (D) de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e inte-
gral são aquelas normas que, no momento em que a constituição
58. (PGE/PI - Procurador do Estado Substituto - CES- entra em vigor, já estão aptas a produzir todos os seus efeitos, inde-
PE/2014) Acerca da interpretação das normas constitucionais, as- pendentemente de norma integrativa infraconstitucional.
sinale a opção correta. (E) declaratórias de princípios programáticos veiculam pro-
(A) Em razão do caráter aberto e indeterminado de muitas gramas a serem implementados pelos cidadãos, sem interferência
de suas normas, a CF admite o fenômeno da construção jurídica, estatal, visando à realização de fins sociais e culturais.
sem que isso configure necessariamente usurpação de poder cons-
tituinte. 61. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) A propósito da
(B) Lacunas constitucionais devem ser preenchidas por meio ação direta de inconstitucionalidade, é correto afirmar que
dos processos formais de mudança constitucional, não se admi- (A) precisam demonstrar pertinência temática para a proposi-
tindo a via interpretativa como mecanismo de solução dessas de- tura da ação os seguintes legitimados: governador de Estado; Con-
ficiências. selho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político
(C) A existência de métodos específicos de interpretação com representação no Congresso Nacional; e confederação sindical
constitucional exclui a incidência dos métodos tradicionais. ou entidade de classe de âmbito nacional.
(D) A normatividade constitucional não é compatível com as (B) a concessão de liminar em sede de medida cautelar na ação
chamadas normas implícitas. não admite a restauração de vigência da legislação anterior, acaso
(E) Interpretação extensiva e analogia são procedimentos es- existente, o que somente ocorrerá no julgamento definitivo de pro-
tranhos ao direito constitucional. cedência do pedido da ação.
(C) nas ações propostas por Estado da Federação, a petição
59. (TJ/DF - Juiz - CESPE/2014) No que se refere à aplica- inicial deve ser firmada, exclusivamente, pelo Procurador-Geral do
bilidade e à interpretação das normas constitucionais, assinale a Estado em nome do Governador.
opção correta. (D) são passíveis de ser objeto da ação: as leis e os atos nor-
mativos federais e estaduais, medidas provisórias, decreto do Chefe
(A) Conforme o método de interpretação denominado cientí-
do Executivo que promulga tratados e convenções e emendas cons-
fico-espiritual, a análise da norma constitucional deve-se fixar na
titucionais.
literalidade da norma, de modo a extrair seu sentido sem que se
leve em consideração a realidade social. 62. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014) Pode pro-
(B) As denominadas normas constitucionais de eficácia ple- por a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
na não necessitam de providência ulterior para sua aplicação, a constitucionalidade, entre outros, o:
exemplo do disposto no art. 37, I, da CF, que prevê o acesso a (A) Governador de Estado ou do Distrito Federal.
cargos, empregos e funções públicas a brasileiros e estrangeiros. (B) Presidente do Senado Federal.
(C) O dispositivo constitucional que assegura a gratuidade (C) Presidente da Câmara dos Deputados.
nos transportes coletivos urbanos aos maiores de sessenta e cinco (D) Presidente de Assembleia Legislativa.
anos não configura norma de eficácia plena e aplicabilidade ime-
diata, pois demanda uma lei integrativa infraconstitucional para 63. (SEFAZ/RJ - Auditor Fiscal da Receita Federal -
produzir efeitos. FCC/2014) Suponha que o Advogado-Geral da União proponha
(D) A norma constitucional de eficácia contida é aquela que, ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) perante o Supremo
embora tenha aplicabilidade direta e imediata, pode ter sua abran- Tribunal Federal (STF) para questionar a constitucionalidade de três
gência reduzida pela norma infraconstitucional, como ocorre com artigos de lei estadual do Rio de Janeiro em face da Constituição
o artigo da CF que confere aos estados a competência para a insti- da República. Conforme a disciplina constitucional a respeito do
tuição de regiões metropolitanas. controle de constitucionalidade concentrado,

Didatismo e Conhecimento 127


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(A) o Advogado-Geral da União não possui legitimidade (B) não poderia ter sido declarado inconstitucional pelo
para propor ADIN. plenário do Tribunal, mas tão somente ilegal, uma vez que o decreto
(B) o STF deve remeter os autos do processo para julgamen- foi editado com fundamento no poder regulamentar do Presidente da
to pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. República, mas, ainda assim, a declaração de sua inaplicabilidade ao
(C) não se pode propor ADIN para questionar apenas parte caso concreto dependeria de manifestação do plenário do Tribunal,
de lei. visto tratar-se de norma geral e abstrata.
(D) o STF deve converter a ADIN em recurso extraordiná- (C) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo plenário do
rio para que seja viável analisar o pedido da ação. Tribunal, uma vez que as obrigações foram criadas sem qualquer am-
(E) lei estadual não pode ser objeto de ADIN. paro legal, mas, por tratar- se de ofensa indireta à Constituição Fede-
ral, é dispensável o quórum da maioria absoluta do Plenário.
64. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (D) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo Tribunal,
FCC/2014) Considerando a disciplina jurídica do controle de uma vez que as obrigações foram criadas sem qualquer amparo legal
constitucionalidade e a jurisprudência do Supremo Tribunal Fe- e com ofensa direta à Constituição Federal, sendo, no entanto, desne-
deral na matéria, cessária a manifestação plenária do Tribunal, uma vez que a declara-
(A) súmula vinculante pode ser objeto de ação direta de in- ção de invalidade dessa espécie normativa não está sujeita à reserva
constitucionalidade que, se julgada procedente, produzirá eficá- de plenário.
cia contra todos e efeito vinculante relativamente aos órgãos do (E) poderia ter sido declarado inconstitucional pelo plenário do
Poder Judiciário e à Administração pública direta, indireta, nas Tribunal, uma vez que as obrigações foram criadas sem qualquer am-
esferas federal, estadual e municipal. paro legal e com ofensa direta à Constituição Federal, sendo dispen-
(B) ato administrativo que contrarie súmula vinculante não sada a manifestação plenária do Tribunal se o plenário do Supremo
pode ser objeto de reclamação proposta perante o Supremo Tri- Tribunal Federal já tiver declarado a inconstitucionalidade do mesmo
bunal Federal, uma vez que a reclamação é cabível apenas contra decreto.
decisão judicial, que poderá ser cassada pelo STF, com a deter-
minação de que outra seja proferida com ou sem a aplicação da 66. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) Pode(m)
súmula, conforme o caso. propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de
(C) o cabimento do recurso extraordinário está sujeito à de- constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal:
monstração da existência de repercussão geral das questões dis- (A) partido político sem representação no Congresso Nacional.
(B) os Conselhos Federais de órgãos de classe profissional.
cutidas no caso, podendo o STF recusá-lo pela manifestação de
(C) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito re-
dois terços dos seus membros.
gional.
(D) a aprovação de súmula vinculante, a qual poderá ser
(D) a Mesa da Câmara dos Deputados.
provocada pelos legitimados à propositura da ação direta de
(E) o Procurador-Geral de Justiça.
inconstitucionalidade, produzirá efeitos vinculantes apenas em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administra-
67. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) A arguição de
ção pública direta, mas não em relação à Administração pública
descumprimento de preceito fundamental (ADPF), regulada pela Lei
indireta e ao Poder Legislativo.
nº 9.882/99, tem por objeto evitar ou reparar lesão a preceito funda-
(E) é vedado ao Superior Tribunal de Justiça o exercício do mental, resultante de ato do Poder Público.
controle difuso de constitucionalidade, considerando que a com- Com base no legalmente disposto sobre a ADPF, assinale a opção
petência para processar e julgar o recurso extraordinário é do correta.
Supremo Tribunal Federal. (A) Face à extraordinariedade da ADPF, a decisão de indeferi-
mento liminar da petição inicial é irrecorrível.
65. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - (B) De acordo com a Lei nº 9.882/99, vige o principio da subsi-
FCC/2014) O Presidente da República, a pretexto de exercer seu diariedade quanto ao cabimento da ADPF.
poder regulamentar, editou decreto, sem que existisse lei tratando (C) A decisão proferida em ADPF produzirá somente efeitos
da matéria por ele disciplinada, pelo qual criou obrigações que erga omnes e ex tunc.
somente poderiam, à luz da Constituição Federal, ter sido insti- (D) O prefeito de qualquer município pode propor ADPF contra
tuídas por lei formal. Por esse motivo, a constitucionalidade do lei local perante o STF.
referido decreto foi arguida em um caso concreto, como ques-
tão prejudicial para o julgamento do pedido principal da petição 68. (EMPLASA - Analista Jurídico - Direito - VUNESP/2014)
inicial, ensejando, em segundo grau de jurisdição, o pronuncia- Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, o Supre-
mento do plenário de determinado Tribunal declarando a incons- mo Tribunal Federal poderá modular os efeitos daquela declaração.
titucionalidade da norma, pelo voto da maioria absoluta de seus (A) restringindo-os a determinados entes federativos que não
membros. À luz da Constituição Federal e da jurisprudência do serão prejudicados pelo impacto da decisão como outros que sejam
Supremo Tribunal Federal, o decreto presidencial afetados diretamente, em matéria relativa à repartição das receitas tri-
(A) não poderia ter sido declarado inconstitucional pelo Tri- butárias.
bunal, mas tão somente ilegal, uma vez que o decreto foi editado (B) ao decidir que ela só terá eficácia a partir de seu trânsito em
com fundamento no poder regulamentar do Presidente da Repú- julgado ou de outro momento que venha a ser fixado, tendo em vis-
blica, motivo pelo qual a sua inaplicabilidade a um caso concreto ta razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social,
não dependeria de prévia manifestação do plenário do Tribunal. mediante voto de 2/3 (dois terços) de seus membros.

Didatismo e Conhecimento 128


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) por decisão unânime, estando presentes os 11 (onze) mi- 71. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
nistros que compõem aquele tribunal, podendo fixar período de até 23ªR/2014) Sobre o processo legislativo, aponte a alternativa
180 (cento e oitenta) dias de suspensão da eficácia da declaração CORRETA:
de inconstitucionalidade. (A) A Constituição Federal poderá ser emendada mediante
(D) se julgar procedente ação direta de inconstitucionalidade, proposta de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos
mediante voto da maioria absoluta dos membros do tribunal, deci- Deputados ou do Senado Federal, do Presidente da República ou
dindo que a aplicação imediata da decisão poderá causar riscos à de Mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
segurança da sociedade ou do estado. Federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria absoluta
(E) pois a interpretação conforme a constituição e a decla- de seus membros.
ração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto têm (B) A matéria constante de proposta de emenda constitucio-
eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do nal rejeitada ou havida por prejudicada somente poderá ser objeto
poder judiciário e do poder legislativo. de nova proposta na mesma sessão legislativa por deliberação de,
no mínimo, dois terços dos membros de uma das Casas Legisla-
69. (EMPLASA - Analista Jurídico - Direito - VU- tivas.
NESP/2014) Os particulares estão obrigados a cumprir lei incons- (C) São de iniciativa privativa do Presidente da República
titucional, cuja inconstitucionalidade ainda não foi proclamada leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas.
(D) A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa
pelo Poder Judiciário?
do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos
(A) Não, pois não se pode presumir como válida uma lei cuja
Tribunais superiores terão início no Senado Federal.
inconstitucionalidade é notória, sendo desnecessária a declaração
(E) As leis complementares serão aprovadas por maioria
formal simples.
(B) Sim, pois a qualquer cidadão é dado o direito de resistên-
cia, em qualquer situação que julgar haver ilegalidade ou incons- 72. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) No tocante às
titucionalidade. normas constitucionais referentes ao processo legislativo, assinale
(C) Não, porque o cidadão não possui legitimidade para ale- a alternativa correta.
gar vícios de forma ou de conteúdo nos casos concretos que lhe (A) São de iniciativa privativa do Presidente da República,
afetem. entre outras, as leis que disponham sobre organização do Ministé-
(D) Sim, pois até que haja decisão judicial sobre a inconstitu- rio Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas
cionalidade, a lei é válida, pois é presumida sua constitucionalida- gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria
de, obrigando os particulares a segui-la Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
(E) Não, porque cabe somente ao Supremo Tribunal Federal (B) É vedada a edição de medidas provisórias, entre outras,
se pronunciar sobre a constitucionalidade e a imperatividade das sobre matéria relativa a: direito eleitoral, direito civil, direito pe-
leis. nal, direito processual penal, direito processual civil e organização
do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia
70. (Câmara Municipal de São Paulo/SP - Procurador Le- de seus membros.
gislativo - FCC/2014) Lei municipal que viole norma da Consti- (C) Se a medida provisória não for apreciada em até cento
tuição Federal de observância obrigatória pelos Estados, cujo con- e vinte dias contados de sua publicação, entrará em regime de ur-
teúdo foi reproduzido na Constituição Estadual, poderá ser objeto gência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso
de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante o Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas
(A) Tribunal de Justiça do Estado, em face da Constituição as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trami-
Estadual, podendo o Tribunal declarar a inconstitucionalidade da tando.
norma por maioria simples dos seus membros ou dos membros de (D) O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela
seu órgão especial. outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção
(B) Tribunal de Justiça do Estado, em face das Constituições ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou, se o projeto for
emendado ou rejeitado, voltará à Casa iniciadora.
Federal e Estadual, sendo vedado o exercício do controle difuso
de constitucionalidade da lei municipal, em face da Constituição
73. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
Federal, pelo Supremo Tribunal Federal.
FCC/2014) Nos termos estabelecidos pela Constituição federal
(C) Supremo Tribunal Federal, em face da Constituição Fe- NÃO é atribuição constitucional do Tribunal de Contas da União
deral, sem prejuízo do controle difuso de constitucionalidade da (A) julgar as contas as contas dos administradores e demais
norma municipal em face das Constituições Federal e Estadual. responsáveis por recursos públicos.
(D) Supremo Tribunal Federal, em face da Constituição Fe- (B) julgar as contas do presidente da república.
deral, bem como ação direta de inconstitucionalidade ajuizada (C) sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado,
perante o Tribunal de Justiça do Estado, em face da Constituição comunicando à câmara dos deputados e ao senado federal.
Estadual. (D) apreciar, em regra, para fins de registro, a legalidade dos
(E) Tribunal de Justiça do Estado, em face da Constituição atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração
Estadual, sendo cabível recurso extraordinário ao Supremo Tri- direta.
bunal Federal contra o acórdão proferido pelo Tribunal local se (E) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacio-
preenchidos os requisitos constitucionais e legais. nais de cujo capital social a união participe, de forma direta ou
indireta, nos termos do tratado consultivo.

Didatismo e Conhecimento 129


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
74. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário - (C) Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei decla-
FCC/2014) Analise a seguinte situação hipotética: “Tício, Juiz do rada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, é indicado pelo Tri- Federal
bunal Superior do Trabalho para compor este Tribunal Superior e (D) Dispor, mediante decreto, sobre organização e funciona-
ocupar a vaga do Ministro Fúlvio, aposentado neste ano de 2014”. mento da administração federal, quando não implicar aumento de
Antes de ser nomeado pelo Presidente da República o nome do despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
Magistrado Tício deverá ser aprovado pela maioria
(A) absoluta do Senado Federal. 78. (PC-SE - Agente de Polícia Judiciária - IBFC/2014)
(B) absoluta do Congresso Nacional. Segundo a Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executi-
(C) simples do Senado Federal. vo”, o Presidente e o Vice-Presidente da República poderão, sem
(D) simples do Congresso Nacional. licença do Congresso Nacional, ausentar-se do país, sob pena de
(E) absoluta do Supremo Tribunal Federal. perda do cargo, por até:
(A) 15 dias.
75. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014) (B) 30 dias.
Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema (C) 45 dias.
Carcerário constataram a presença de mulheres detidas em cadeia (D) 60 dias.
pública masculina em uma unidade federativa brasileira. As deten-
tas reclamavam da infraestrutura precária e confirmaram denún- 79. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Conside-
cias de que uma menina de 16 anos ficou detida na mesma unidade rando o que estabelecem as normas constitucionais sobre o Poder
prisional estatal por 12 dias. Diante de tais circunstâncias políti- Executivo, assinale a alternativa CORRETA.
co-administrativas, havendo a intervenção federal para assegurar (A) A perda do cargo é a consequência inafastável para o
a garantia dos direitos da pessoa humana, ela deverá ser decretada Prefeito que assumir outro cargo ou função na Administração Pú-
pelo Presidente da República: blica, seja direta ou indireta.
(A) espontaneamente, sem necessidade de controle político (B) A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente
do Congresso Nacional. da República, verificada nos últimos dois anos do mandato, ense-
(B) após requisição do Superior Tribunal de Justiça.
jará a realização de eleição, pelo Congresso Nacional, para ambos
(C) após prévia autorização do Congresso Nacional.
os cargos vagos, a ser realizada trinta dias depois da última vaga.
(D) após provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de re-
(C) Do Conselho da República participam, também, seis
presentação do Procurador-Geral da República.
cidadãos brasileiros, com mais de trinta e cinco anos de idade,
(E) após anuência do Judiciário, a se fazer por decisão de
nomeados pelo Presidente da República, todos com mandato de
seu Órgão Especial, com chancela final do Legislativo do Estado.
quatro anos, admitida uma única recondução.
(D) Os requisitos constitucionais para assumir o cargo de
76. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014) Ao
Ministro de Estado, auxiliar do Presidente da República, são os
analisar o funcionamento do bicameralismo brasileiro no âmbito
do processo legislativo, Manoel Gonçalves Ferreira Filho apresen- seguintes: ter mais de vinte e um anos de idade; estar no exercício
ta a seguinte lição: “as Câmaras no processo legislativo brasileiro dos direitos políticos; e ser brasileiro nato.
não estão em pé de igualdade” (cf. Curso de Direito Constitucio- (E) Nos crimes de responsabilidade, o Presidente da Re-
nal. São Paulo: Saraiva, 39. ed., 2013). Alude, assim, o autor ao pública é julgado pela Câmara dos Deputados, sob a direção do
caráter assimétrico, imperfeito ou desigual que informa a atuação Presidente do Supremo Tribunal Federal, com a necessária autori-
das Casas do Congresso Nacional nos processos de zação prévia do Senado Federal.
(A) apreciação dos vetos presidenciais e de elaboração das
leis ordinárias e complementares. 80. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) Imagine a hi-
(B) conversão de medida provisória em lei e de elaboração pótese na qual o avião presidencial sofre um acidente, vindo a
das leis ordinárias e complementares. vitimar o Presidente da República e seu Vice, após a conclusão do
(C) revisão constitucional e de elaboração das leis ordinárias terceiro ano de mandato.
e complementares. A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa cor-
(D) conversão de medida provisória em lei e de elaboração reta.
das emendas constitucionais. (A) O Presidente do Senado Federal assume o cargo e com-
(E) elaboração das emendas constitucionais e de aprovação pleta o mandato.
de tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos (B) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o car-
com estatura equivalente às emendas constitucionais. go e convoca eleições que realizar-se-ão noventa dias depois de
abertas as vagas.
77. (PC-SE - Escrivão substituto - IBFC/2014) Segundo a (C) O Presidente do Congresso Nacional assume o cargo e
Constituição Federal, no capítulo “Do Poder Executivo”, compete completa o mandato.
ao Presidente da República, exceto: (D) O Presidente da Câmara dos Deputados assume o cargo
(A) Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar e convoca eleições que serão realizadas trinta dias após a abertura
seus representantes diplomáticos. das vagas, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
(B) Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne-
cessário, dos órgãos instituídos em lei.

Didatismo e Conhecimento 130


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
81. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) O Presidente da (C) Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du-
República possui uma série de competências privativas, que lhe são rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
atribuídas diretamente pela Constituição. Admite-se que algumas imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional
delas possam ser delegadas ao Ministro de Estado da pasta relaciona- para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato, sendo
da ao tema. Dentre as competências delegáveis, inclui-se. que o Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o
(A) editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do término das medidas coercitivas.
artigo 62 da Constituição. (D) O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as
(B) nomear, observado o disposto no artigo 73, os Ministros do normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais
Tribunal de Contas da União. que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da Re-
(C) prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma pública designará o executor das medidas específicas e as áreas
da lei. abrangidas.
(D) iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previs- (E) O Presidente da República, ao solicitar autorização para
tos na Constituição. decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos
determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir
82. (PC/SC - Delegado de Polícia - ACAFE/2014) O Presi- por maioria absoluta.
dente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Con-
selho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar 84. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A leitura do
ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a lema “Educação: direito de todos e dever do Estado!” à luz do Di-
ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente ins- reito Constitucional favorece o entendimento de que:
tabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes pro- (A) o direito fundamental à educação exclui o direito à cre-
porções na natureza. che, dado tratar-se de dever da família.
Sobre o tema e de acordo com a Constituição da República Fe- (B) a educação é dever exclusivo do estado, sendo, portanto,
derativa do Brasil - CRFB/88 é correto afirmar, exceto: alheio à família e à sociedade.
(A) Na vigência do estado de defesa a prisão por crime contra (C) o dever do estado com a educação dos deficientes é de
o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comu- atendimento educacional especializado, obrigatoriamente, fora da
rede regular de ensino.
nicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for
(D) a gratuidade do ensino público veda a percepção de
legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autori-
quaisquer valores pelos estabelecimentos oficiais ainda que de
dade policial.
cunho voluntário.
(B) Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o presi- (E) a omissão no oferecimento do ensino obrigatório pelo
dente da república, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato
poder público importa em responsabilidade da autoridade compe-
com a respectiva justificação ao congresso nacional, que decidirá por
tente.
maioria absoluta.
(C) Na vigência do estado de defesa a comunicação será acom- 85. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A Constitui-
panhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do ção Federal de 1988 prevê a saúde como direito fundamental a ser
detido no momento de sua autuação. assegurado ao cidadão. A propósito desse direito,
(D) Na vigência do estado de defesa a prisão ou detenção de (A) assegura-se o fornecimento de medicamentos de alto
qualquer pessoa não poderá ser superior a trinta dias, estando vedada, custo exclusivamente aos necessitados, devido à infinitude das de-
ainda, a incomunicabilidade do preso. mandas e à finitude dos recursos.
(E) O tempo de duração do estado de defesa não será superior (B) é exclusiva do ministério público a legitimidade para
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se ajuizamento de ação de mandado de segurança com vistas a pro-
persistirem as razões que justificaram a sua decretação. mover o fornecimento de medicamentos.
(C) é vedada à iniciativa privada a exploração econômica da
83. (PC/SC - Delegado de Polícia - ACAFE/2014) O Presiden- assistência à saúde dado o direito fundamental à saúde ser consec-
te da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho tário do direito à vida.
de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para (D) regula-se o sistema único de saúde (SUS) exclusivamen-
decretar o estado de sítio. Nesse sentido é correto afirmar, exceto: te por meio da legislação infraconstitucional, visto que está fora
(A) Na vigência do estado de sítio só poderão ser tomadas con- das matérias constitucionais.
tra as pessoas as seguintes medidas: obrigação de permanência em (E) é vedada a destinação de recursos públicos para auxílios
localidade determinada; detenção em edifício não destinado a acusa- ou subvenções às instituições privadas de saúde com fins lucrati-
dos ou condenados por crimes comuns; restrições relativas à inviola- vos.
bilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação
de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, 86. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A Constitui-
na forma da lei; suspensão da liberdade de reunião; busca e apreen- ção Federal de 1988 prevê a família como célula mater da socie-
são em domicílio; intervenção nas empresas de serviços públicos e dade, ao que goza, assim, de especial proteção do Estado. Por isso,
requisição de bens. (A) concebe-se como família aquela união feita por pessoas
(B) O Presidente da República pode solicitar ao Congresso Na- de diferentes sexos, desde que formalizada perante as autoridades
cional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de como- notariais de acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores.
ção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que com- (B) entende-se como entidade familiar a comunidade forma-
provem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa. da por qualquer dos pais e seus descendentes.

Didatismo e Conhecimento 131


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(C) são exercidos diferentemente pelo homem e pela mulher, (D) a participação no custeio da seguridade social deve ser
tendo em vista a própria diferença de gênero e os direitos e deveres realizada de forma equânime entre os participantes.
referentes à sociedade conjugal. (E) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguridade
(D) considera-se o casamento religioso inapto para gerar social a uniformidade e a equivalência dos benefícios e serviços às
efeito civil, visto que a República Federativa do Brasil constitui populações urbanas e rurais.
um Estado laico.
(E) é de livre decisão do casal o planejamento familiar, ad- 90. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador- FCC/2014)
mitindo-se, porém, intervenção coercitiva do Estado para controle Entre as competências constitucionalmente atribuídas ao Sistema
da natalidade. Único de Saúde, encontram-se as seguintes;
(A) participar da formulação da política e da execução das
87. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Quanto à ações de saneamento básico; e estimular a participação direta ou
ordem social preconizada pela Constituição Federal, assinale a al- indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
ternativa correta. no País
(B) colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
(A) Constituem patrimônio cultural brasileiro apenas os bens
dido o do trabalho; e apoiar a habilitação e a reabilitação das pes-
de natureza imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
soas com deficiência e a promoção de sua integração à vida co-
portadores de referência á identidade, á ação, e á memória dos di-
munitária.
ferentes grupos formadores da sociedade brasileira. (C) participar da formulação da política e da execução das
(B) O Poder Público, isoladamente, promoverá e protegerá o ações de saneamento básico; e apoiar a habilitação e a reabilitação
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de comunitária.
acautelamento e preservação. (D) ordenar a formação de recursos humanos na área de saú-
(C) Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino funda- de; e estimular a participação direta ou indireta de empresas ou
mental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito capitais estrangeiros na assistência à saúde no País.
aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. (E) colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
(D) A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de dura- dido o do trabalho; e participar do controle e fiscalização da pro-
ção anual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à inte- dução, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
gração das ações do Poder Público. psicoativos, tóxicos e radioativos.
(E) A União organizará o sistema de cultura de cada estado,
município e Distrito Federal. RESPOSTAS

88. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acerca dos 1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que um do-
princípios do Sistema Nacional de Cultura, assinale a alternativa cumento escrito que fica no ápice do ordenamento jurídico nacio-
correta. nal estabelecendo normas de limitação e organização do Estado,
(A) A democratização dos processos decisórios com partici- mas tem um significado intrínseco sociológico, político, cultural e
pação e controle social não compõe os princípios do Sistema Na- econômico. Independente do conceito, percebe-se que o foco é a
cional de Cultura. organização do Estado e a limitação de seu poder.
(B) Ampliação progressiva dos recursos contidos nos orça-
mentos públicos para a cultura e transversalidade das políticas cul- 2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição pode ser
turais são princípios do Sistema Nacional de Cultura. outorgada, quando imposta unilateralmente pelo agente revolucio-
(C) O Sistema Nacional de Cultura não se rege pela autono- nário, ou promulgada, quando é votada, sendo também conhecida
como democrática ou popular.
mia dos entes federados e das instituições da sociedade civil.
(D) A complementaridade nos papéis dos agentes culturais
3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais atos
não engloba as ações do Sistema Nacional de Cultura.
normativos que compõem o denominado bloco de constitucionali-
(E) A transparência e o compartilhamento das informações dade, notadamente, emendas constitucionais e tratados internacio-
não compõe os princípios do Sistema Nacional de Cultura. nais de direitos humanos aprovados com quórum especial após a
Emenda Constitucional nº 45/2004, estão no topo do ordenamento
89. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária - FGV/2014) jurídico. Sendo assim, todos os atos abaixo deles devem guardar
No que concerne à previsão constitucional acerca da seguridade uma estrita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
social, é INCORRETO afirmar que: Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujeitam a
(A) a seguridade social engloba os direitos relativos à saúde, controle de constitucionalidade.
à previdência e à assistência social.
(B) constitui um, entre vários, dos objetivos da seguridade 4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito de
social a universalidade da cobertura e do atendimento. Constituição não está na Constituição em si, mas nas decisões po-
(C) o caráter democrático e descentralizado da administra- líticas tomadas antes de sua elaboração. Sendo assim, o conceito
ção, um dos objetivos constantes na organização da seguridade de Constituição será estruturado por fatores como o regime de go-
social, é realizado através da gestão tripartite nos órgãos colegia- verno e a forma de Estado vigentes no momento de elaboração
dos, com participação dos trabalhadores, dos empregadores e do da lei maior. A Constituição é o produto de uma decisão política
governo. e variará conforme o modelo político à época de sua elaboração.

Didatismo e Conhecimento 132


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem caracte- cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são invioláveis a intimi-
rísticas, atributos do Estado Democrático de Direito que é a Repú- dade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
blica Federativa brasileira, notadamente: erradicação da pobreza e o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
diminuição de desigualdades (artigo 3º, III, CF); soberania, cida- sua violação”; o que faz também o item V com relação ao artigo
dania e pluralismo político (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da 5º, VI, CF que diz que “é inviolável a liberdade de consciência e
legalidade (artigo 5º, II, CF); liberdade de expressão (artigo 5º, de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
IV, CF); construção de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
I, CF). Sendo assim, incorreta a afirmação de que soberania, ci- liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
dadania e pluralismo político não são fundamentos da República
Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no artigo 10. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia prevista no
1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de um Estado De- artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus sempre que
mocrático de Direito. alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de po-
6. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos princípios der”. A respeito dele, a lei busca torná-lo o mais acessível possí-
que regem as relações internacionais brasileiras, enumerados no vel, por ser diretamente relacionado a um direito fundamental da
artigo 4º, CF, estando correto; o item “II” afasta a normatividade pessoa humana. O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a
dos princípios, o que é incorreto, pois os princípios têm forma nor- propositura não depende de advogado; o que propõe a ação é de-
mativa e, inclusive, podem ser aplicados de forma autônoma se não nominado impetrante e quem será por ela beneficiado é chamado
houver lei específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), contra quem é
por isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios proposta a ação é a denominada autoridade coatora; e é possível
descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem econô- utilizar habeas corpus repressivamente e preventivamente. Por sua
mica, enumerados no artigo 170, CF, restando correta; o item “V” vez, a Constituição Federal prevê no artigo 142, §2º que “não ca-
traz um exemplo de violação ao princípio da igualdade material, berá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”.
assegurado no artigo 5º, CF e refletido em todo texto constitucio-
nal, estando assim correto. Logo, apenas o item “II” está incorreto. 11. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para os
seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conceder-se-á man-
7. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios funda- dado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
mentais (fundamentos) da República Federativa do Brasil: “I - a torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à ci-
os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo dadania; LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o
político”. O princípio de “A” se encontra no inciso V; o de “B” no conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
inciso IV; o de “C” no inciso III, pois viola a dignidade humana constantes de registros ou bancos de dados de entidades gover-
da mãe forçá-la a dar luz à um filho que resulte de estupro; o de namentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados,
“E” decorre dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
que “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor do artigo 5º,
o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a alterna- LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente da previsão dos
tiva “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo da República direitos fundamentais como limitadores da atuação do Estado,
Federativa brasileira – previsto no artigo 3º, IV, não tem a ver com logo, as informações requeridas serão contra uma entidade gover-
os princípios fundamentais, mas sim com os objetivos. namental da administração direta ou indireta. Por sua vez, o item
“IV” reflete o artigo 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o
8. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a modalida- item “V”, posto que a demora do legislador em regulamentar uma
de semidireta, porque possibilita a participação popular direta no norma constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
poder por intermédio de processos como o plebiscito, o referendo preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos direitos
e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afir- fundamentais garantidos pela Constituição Federal.
mar que a democracia indireta é predominantemente adotada no
Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto 12. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
com igual valor para todos. Contudo, não é a única maneira de se guém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
exercer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo 5º, LX, CF,
“a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quan-
9. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal dife- do a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”, motivo
rença entre direitos e garantias é que os primeiros servem para pelo qual o item “II” está correto; e prevê o artigo 5º, LXVI, CF
determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas são os instru- que “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
mentos para assegurar estes (ex: direito de liberdade de locomoção admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”, confirmando
– garantia do habeas corpus). “II” está correta, afinal, o próprio o item “IV”. Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são
artigo 5º prevê em seu §2º que “os direitos e garantias expressos inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”
nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a jurispru-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em dência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de alimentos,
que a República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que sendo que o texto constitucional autoriza tanto esta quanto a do
também demonstra que o item “III” está correto. O item IV traz depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).

Didatismo e Conhecimento 133


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
13. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - a 22. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013, que
lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. Assim, se ficou conhecida no curso de seu processo de votação como PEC das
vier uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou que domésticas, deu redação ao parágrafo único do artigo 7º, o qual esten-
confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena ou alterando de alguns dos direitos enumerados nos incisos do caput para a catego-
o regime de cumprimento, notadamente), ela será aplicada. ria dos trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
14. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e ob-
CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e servada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias,
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”, res- principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas pecu-
tando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei penal retroage para liaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é aceita a pena de morte bem como a sua integração à previdência social”. Os direitos descritos
para os crimes militares praticados em tempo de guerra; “D” é na alternativa “C” estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo
incorreta porque igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar. 7º da Constituição, não estendidos aos empregados domésticos pela
emenda.
15. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alternativa
“D” seja um direito fundamental, não é um direito individual, logo, 23. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direito de
não está previsto no artigo 5º, e sim no artigo 7º, CF, em seu inciso greve: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalha-
IX (“remuneração do trabalho noturno superior à do diurno”). dores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses
que devam por meio dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou
16. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dispõe: atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
“a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo pe- des inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os
netrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante responsáveis às penas da lei”.
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”. Sendo assim, não cabe o ingresso por de- 24. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de direitos so-
terminação judicial a qualquer hora, mas somente durante o dia. ciais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não excluindo outros que
decorram das normas trabalhistas, dos direitos humanos internacio-
17. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso XIV: “é nais e das convenções e acordos coletivos; “B” está incorreta porque a
assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da redução proporcional pode ser aceita se intermediada por negociação
fonte, quando necessário ao exercício profissional”. coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está incorre-
ta porque a licença-gestante encontra arcabouço constitucional, tal
18. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: “Os tra- como a licença-paternidade, restando “E” também incorreta (artigo 7º,
tados e convenções internacionais sobre direitos humanos que XVIII e XIX, CF. Sendo assim, “C” está correta, conforme disposto
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois no artigo 7º: “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos,
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, se- um terço a mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
rão equivalentes às emendas constitucionais”. Logo, é necessário
o preenchimento de determinados requisitos para a incorporação. 25. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “nenhum
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
19. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, tem-se comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei não prejudi- mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da
cará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. A lei”. Embora a condenação tenha ocorrido após a naturalização, o cri-
coisa julgada se formou a favor de Pedro e não pode ser quebrada me comum foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.
por lei posterior que altere a situação fático-jurídica, sob pena de
se atentar contra a segurança jurídica. 26. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § 3º, CF,
“São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vi-
20. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucional pre- ce-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Depu-
vista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a receber dos tados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de in- Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de ofi-
teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob cial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja im- motivo da vedação é que em determinadas circunstâncias o Ministro
prescindível à segurança da sociedade e do Estado”. do Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente a Pre-
sidência da República.
21. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível busca im-
pedir que se argumente por uma obrigação infinita do Estado de 27. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem ser cassa-
atender direitos econômicos, sociais e culturais. No entanto, não dos ou perdidos, mas no máximo suspensos. A condenação criminal
pode ser invocada como muleta para impedir que estes direitos transitada em julgado justifica a suspensão dos direitos políticos, o
adquiram efetividade. Se a invocação da reserva do possível não que é disposto no artigo 15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos
demonstrar cabalmente que o Estado não tem condições de arcar políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III
com as despesas, o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão. - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
seus efeitos”.

Didatismo e Conhecimento 134


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
28. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São condições 33. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exigência
de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade mínima de: c) vinte do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos princípios
e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, da Administração Pública previstos no caput do artigo 37; em “C”
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz”, de modo que João preenche o percebe-se o prazo de validade de um concurso público e sua pos-
requisito etário para a candidatura. “A” está errada porque a renúncia sibilidade de prorrogação nos moldes exatos do artigo 37, III, CF;
é exigida para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- e “E” repete o teor do artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); “D” está er- acumulações ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI,
rada porque o afastamento neste caso é exigido (artigo 14, §8º, I, CF). CF: “é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
ceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
29. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal regula- qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de pro-
menta os partidos políticos e coloca o caráter nacional como preceito fessor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou cientí-
que deva necessariamente se observado: “É livre a criação, fusão, fico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a sobera- saúde, com profissões regulamentadas”.
nia nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos
fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: 34. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é co-
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos fi- mum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24. Compete à
nanceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamen- sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da na-
to parlamentar de acordo com a lei. § 1º É assegurada aos partidos tureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização ambiente e controle da poluição”. O artigo 22, CF descreve nos
e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de incisos XXV, VIII, XVI e I competências privativas da União que
suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre constam, nesta ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”.
as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade 35. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37, XII,
partidária. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Po-
jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal der Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder
Superior Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37, XI, CF: “XI - a
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e em-
lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização pregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,
paramilitar”. dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato
30. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrínseco ao eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou
Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquanto Estado Nacio- outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não,
nal, é soberano. Suas unidades federativas, por seu turno, não pos- incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
suem o atributo da soberania, tanto que não podem dele se desvin- poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
cularem (atitudes neste sentido podem gerar intervenção federal por Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municí-
atentarem contra o regime federativo). Logo, os Estados-membros pios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal,
possuem autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo,
e não possuem soberania. o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po-
der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
31. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não exis- Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
tentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação com a União cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
e não a autonomia enquanto entes federativos. Somente são entes Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este li-
federativos a União, os Estados, O distrito Federal e os Municípios. mite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
Defensores Públicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo
32. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição Federal 37, CF: “é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
colaciona os cinco princípios descritos na alternativa “A” como de pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
necessária observância na Administração Pública em todas suas es- serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
feras e em todos os seus Poderes. Já a alternativa “B” repete previsão
expressa do artigo 37, VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a 36. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do artigo
previsão do artigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
no artigo 37, V, CF. destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto ex-
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do artigo clusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes”,
37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a empregos e restando correta. “A” está errada porque o artigo 211, §3º, CF pre-
funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, socie- vê que “os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente
dades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades contro- no ensino fundamental e médio”, não exclusivamente nestes. “B”
ladas, direta ou indiretamente, pelo poder público”. Com efeito, as está errada porque pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções
sociedades de economia mista não estão excluídas da proibição de penais e administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta
acumulação remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é porque nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo 207,
incorreta. §1º, CF).

Didatismo e Conhecimento 135


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
37. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência des- 43. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracterizado por
crita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum da União, uma rígida separação de competências entre o ente central (união)
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] V - propor- e os entes regionais (estados-membros). Sendo assim, não há uma
cionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência”. Todas relação mais intensa de submissão e sim de autonomia.
as demais estão incorretas: “B” competência concorrente entre todos
os entes federados (artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente 44. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão, mes-
entre todos os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competên- mo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão pública; “B”
cia concorrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E” está incorreta porque o único legitimado para decidir é o juiz e não
competência concorrente entre União, estados e DF (artigo 24, IX, seu servidor, ainda que por delegação; “C” está incorreta porque a
CF). lista é sêxtupla; “D” está incorreta porque o prazo em que se proíbe
o exercício é de três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplican-
38. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor público, do-se o artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...]
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma
previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição Federal de 1988,
do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse público pode gerar a
portanto, trata-se de um direito constitucional. Nesse sentido já de-
quebra da garantia da inamovibilidade.
cidiu o Superior Tribunal de Justiça ao julgar o recurso no Mandado
de Segurança nº 2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor
45. Resposta: “D”. As competências de processamento e julga-
público, independente da lei complementar, tem o direito públi- mento estão previstas nos artigos 102, CF – em relação ao Supremo
co, subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse direito Tribunal Federal – e 105, CF – quanto ao Superior Tribunal de Jus-
abrange o servidor público em estágio probatório, não podendo ser tiça. As regras de competências previstas nas alternativas “A”, “B”,
penalizado pelo exercício de um direito constitucionalmente garan- “C” e “E” estão incorretas, pelos seguintes motivos:
tido. Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o Su-
premo Tribunal Federal processa e julga originariamente “o litígio
39. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF, “Compe- entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o
te aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local”. A Estado, o Distrito Federal ou o Território”, excluindo os Municípios.
questão é que o Município tem autonomia para legislar sobre temas Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, prevê
de seu particularizado interesse e não de forma privativa. A mera que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, em recurso or-
alegação de que se faz necessária a existência de lei delimitando o dinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de segurança, o ‘habeas
interesse local do Município apresenta-se apenas como outra possi- data’ e o mandado de injunção decididos em única instância pelos
bilidade de atuação. Nada impede a elaboração de legislação defi- Tribunais Superiores, se denegatória a decisão”, logo, o recurso é
nindo o que seria de interesse do Município, mas em sua ausência, a ordinário, não extraordinário.
Carta Constitucional conferiu-lhe autonomia para decidir o que seria No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF pre-
de seu interesse. vê que o Superior Tribunal de Justiça processará e julgará origina-
riamente “os conflitos de competência entre quaisquer tribunais,
40. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa da ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, bem como entre tribunal
União está descrita no artigo 22 da Constituição e a previsão da al- e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
ternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção e consumo, a diversos”, de modo que o julgamento é originário, não em sede de
competência é legislativa concorrente entre União, estados e Distrito recurso especial.
Federal (artigo 24, V, CF), assim como a de legislar sobre assistên- Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência entre o
cia jurídica e Defensoria Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais
sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur- Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal” são julgados
pelo Supremo Tribunal Federal, conforme artigo 102, I, “o”, CF,
banístico (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
mas não em sede de recurso ordinário, e sim originariamente.
ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o artigo 105,
I, “g”, CF, competindo originariamente ao Superior Tribunal de Jus-
41. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF, “os atos
tiça processar e julgar “os conflitos de atribuições entre autoridades
de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciá-
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e rias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal,
o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem ou entre as deste e da União”.
prejuízo da ação penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B”
descreve previsão do dispositivo retro. 46. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem suas regu-
lamentações gerais descritas no artigo 93 da CF, sendo que todas as
42. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º A alternativas, exceto a “C” estão em compatibilidade com este dispo-
criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municí- sitivo. Neste sentido, o artigo 93, II, “d”, CF prevê que “na apuração
pios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo
Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, me- pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, confor-
diante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após me procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e a votação até fixar-se a indicação”. Sendo assim, não consideram-se
publicados na forma da lei”. apenas os membros presentes, mas todos os membros do Tribunal.

Didatismo e Conhecimento 136


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
47. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 93, X, CF, “as de- 53. Resposta: “A”. As competências do Conselho Nacional de
cisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão Justiça estão descritas no artigo 103-B, § 4º, CF: “§ 4º Compete ao
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria abso- Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Po-
luta de seus membros”, logo, o quórum é de maioria absoluta e não der Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes,
de 2/3, e as decisões são motivadas e tomadas em sessão pública, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
afastando-se a alternativa “C” e confirmando-se a alternativa “B”. pelo Estatuto da Magistratura: I - zelar pela autonomia do Poder
A alternativa “A” está de acordo com o artigo 62, §1º, IV, CF; a Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, poden-
“D” com o artigo 93, XIII, CF; e a “E” segue o disposto no artigo do expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou
95, II e III, CF. recomendar providências; II - zelar pela observância do art. 37 e
apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
48. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro correto, administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judi-
somente se percebendo o erro ao final, quando afirma que não há ciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
exceções para o exercício de outra função pública porque a própria adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
Constituição prevê uma exceção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; III -
atividade de magistério. II está incorreta porque a Advocacia Geral receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos
da União não representa o Executivo federal na execução de dívida do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, ser-
ativa de natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execução da ventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que
dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuí-
à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto zo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo
em lei”. III está incorreta porque a participação da Ordem dos Ad- avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção,
vogados do Brasil no concurso de provas e títulos é obrigatória em a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos
todas as fases (artigo 132, CF). Neste sentido, as três afirmativas proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções admi-
estão incorretas. nistrativas, assegurada ampla defesa; IV - representar ao Ministé-
rio Público, no caso de crime contra a administração pública ou de
49. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 105, I, “b”, abuso de autoridade; V - rever, de ofício ou mediante provocação,
os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julga-
CF: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] II - julgar, em
dos há menos de um ano; VI - elaborar semestralmente relatório
recurso ordinário: [...] b) os mandados de segurança decididos em
estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da
única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribu-
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; VII - elaborar
nais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando dene-
relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias,
gatória a decisão”.
sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Con-
selho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo
50. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional está pre- Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião
vista na Constituição Federal com o seguinte teor: “Art. 94, CF. da abertura da sessão legislativa”. Conforme grifos no inciso III do
Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tri- referido dispositivo, um juiz federal, como funcionário do Poder
bunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será com- Judiciário, pode ter sua aposentadoria determinada pelo Conselho
posto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos Nacional de Justiça com subsídios ou proventos proporcionais ao
de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputa- tempo de serviço, tendo preservado seu direito à ampla defesa.
ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissio-
nal, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das 54. Resposta: “C”. Preconiza o artigo 103-B, § 4º, II: “Com-
respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o pete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financei-
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, ra do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais
que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
para nomeação”. conferidas pelo Estatuto da Magistratura: [...] II - zelar pela obser-
vância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
51. Resposta: “C”. Os crimes políticos são julgados em re- legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou
curso ordinário pelo Supremo Tribunal Federal sempre, conforme órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou
artigo 102, II, “b”, CF: “Compete ao Supremo Tribunal Federal, fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: [...] II - jul- cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de
gar, em recurso ordinário: [...] b) o crime político”. Contas da União” (grifo nosso).

52. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 109, X, CF, “aos 55. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as funções
juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os crimes de institucionais do Ministério Público, nos seguintes termos: “Art.
ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promo-
carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após ver, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II
a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
respectiva opção, e à naturalização”. Nota para a pergunta capcio- relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, pro-
sa do examinador, afinal, a competência para conceder o exequatur movendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o
é do Superior Tribunal de Justiça (artigo 105, I, “i”, CF). inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patri-
mônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses

Didatismo e Conhecimento 137


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade 59. Resposta: “E”. O método científico-espiritual vai além da
ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, literalidade da norma, envolvendo a compreensão da Constituição
nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmen- como uma ordem de valores e como elemento do processo de inte-
te os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir gração. O artigo 37, I, CF não traz norma de aplicabilidade plena.
notificações nos procedimentos administrativos de sua compe- Conforme doutrina constitucionalista o art. 230, §2º, CF trata-se
tência, requisitando informações e documentos para instruí- de norma de eficácia plena, produzindo ampla e irrestritamente
-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o seus efeitos. A regulamentação sobre a competência de instituição
controle externo da atividade policial, na forma da lei comple- de regiões metropolitanas é norma de eficácia plena, não contida.
mentar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligên- Com efeito, somente resta a alternativa “E”, considerando que
cias investigatórias e a instauração de inquérito policial, indica- o método jurídico ou hermenêutico-clássico parte da premissa de
dos os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; que a Constituição é uma lei, devendo ser interpretada como tal,
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que dispondo o intérprete dos seguintes elementos tradicionais ou clás-
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação sicos da hermenêutica jurídica, que remontam à Escola Histórica
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas”. Com efeito, do Direito de Savigny, de 1840: gramatical (ou literal); histórico;
embora o Ministério Público possa promover a defesa dos direitos sistemático (ou lógico); teleológico (ou racional); e genético.
e dos interessas das populações indígenas, não o faz por promotor
ad hoc, figura não mais aceita, nos termos do artigo 129, §2º, CF, 60. Resposta: “D”. As normas que definem direitos e garan-
que prevê: “As funções do Ministério Público só podem ser exer- tias fundamentais são de eficácia imediata, motivo pelo qual “A”
cidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca está incorreta. As de eficácia contida também, mas podem ter a
da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição”. eficácia restringida por lei, estando “B” incorreta. As normas de
eficácia limitada possuem relevância jurídica interpretativa e inte-
56. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e administra- grativa, motivo pelo qual “C” está errada. E as normas programáti-
tiva do Ministério Público é garantida no artigo 127, §2º, CF e a cas trazem metas a serem atingidas e efetivadas pelo Estado, então
autonomia funcional e administrativa da Defensoria Pública esta- “E” está incorreta. “D”, por seu turno, traz adequada conceituação
dual é garantida no artigo 134, §2º, CF.
das normas de eficácia plena e aplicabilidade direta.
57. Resposta: “B”. “B” está correta porque autonomia fun-
61. Resposta: “D”. O objeto da ação direta de inconstitucio-
cional e administrativa pertencem às Defensorias Públicas como
nalidade é uma lei ou ato normativo federal ou estadual que con-
um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º Às Defensorias Públicas
trarie a Constituição Federal (art. 102, I, “a”, CF). Não é somente
Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrati-
a lei que aceita o controle de constitucionalidade, embora lei seja
va e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limi-
o tipo mais clássico de ato normativo. É possível o controle de
tes estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação
qualquer ato normativo federal ou estadual, por exemplo, uma me-
ao disposto no art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às
Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal” (grifo dida provisória ou um Decreto autônomo. Qualquer ato normativo
nosso). Por seu turno, “A” está incorreta porque nas carreiras ini- caracteriza-se por possuir abstração e generalidade, bastando isto
ciais de fato o ingresso se dá por concurso de provas e títulos, mas para ser considerado como tal. Contudo, para ser passível de con-
o Advogado-Geral da União é de livre nomeação do Presidente trole de constitucionalidade, segundo o Supremo Tribunal Federal,
da República (artigo 131, §1º, CF); “C” está incorreta porque tal precisa também ser autônomo.
incumbência é da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (artigo
131, §1º, CF); “D” está incorreta porque a competência de promo- 62. Resposta: “A”. O rol de legitimados para proposição da
ver ação civil pública não é privativa do Ministério Público e nem ação é taxativo e está previsto no artigo 103 da CF: “Podem pro-
mesmo a de promover a ação penal, já que o constituinte assegura por a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória
a ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque lo- de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa
gicamente a imunidade profissional do advogado sofre restrições. do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a
Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Dis-
58. Resposta: “A”. Desde a metade do século XX, o discurso trito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Fede-
do Positivismo não mais se adéqua às exigências jurídicas; no en- ral; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Fede-
tanto, o pós-positivismo não promoveu um simples retorno ao jus- ral da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com
naturalismo, mas uma inclusão no ordenamento jurídico das ideias representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical
de justiça e legitimidade, bem como dos princípios como o da dig- ou entidade de classe de âmbito nacional” (grifo nosso).
nidade humana, da razoabilidade, da solidariedade e da reserva de
justiça. No Brasil, desde o ano de 2001, 13 anos depois da Consti- 63. Resposta: “A”. O rol de legitimados para proposição da
tuição Federal de 1988, parece estar se formando um novo direito ação é taxativo e está previsto no artigo 103 da CF: “Podem pro-
constitucional. Neste novo Direito constitucional se percebe uma por a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória
onda de ativismo na qual o intérprete assume o papel de efetiva- de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa
dor da norma, não mais se contentando com a interpretação literal. do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a
Quando se vai além no processo de interpretação, num fenômeno Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Dis-
de construção jurídica, se está legitimado pela própria ordem cons- trito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
titucional, salvo se houver evidente abuso da prerrogativa. VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal

Didatismo e Conhecimento 138


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha
representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical a ser fixado”. “A” está incorreta porque a modulação não se refe-
ou entidade de classe de âmbito nacional”. O artigo 2º da Lei nº re a determinadas pessoas, tem caráter temporal e não subjetivo;
9.868/1999 repete o teor do artigo 103, CF. O Advogado-Geral da “C” está incorreta porque é dispensável decisão unânime, “D” está
União representa o Presidente da República neste tipo de ação, incorreta porque o quórum de maioria absoluta é insuficiente; “E”
mas não tem autonomia para a propositura. está incorreta porque o efeito vinculante atinge todos os Poderes.

64. Resposta: “C”. A repercussão geral é um dos mecanis- 69. Resposta: “D”. A inconstitucionalidade não se presume,
mos criado pelo Legislativo para restringir o número de recursos de modo que até que seja expressamente declarada como incons-
no STF. Prevista no art. 102, §3º, CF, desde a Emenda Constitu- titucional, uma lei é constitucional. Vale reforçar que o reconheci-
cional nº 45/2004, passou a ser requisito de admissibilidade do mento da inconstitucionalidade para ter efeitos contra todos (“erga
RE, exigindo que a matéria tenha relevante valor social, político, omnes”), deve ser feito em via de controle de constitucionalidade
econômico ou jurídico, transcendendo o interesse individual das concentrado ou, se na via do controle difuso, mediante expedição
partes. Dos 11 ministros, ao menos 8 (2/3) devem dizer que não de resolução do Senado Federal ou edição de súmula vinculante.
há repercussão geral. Logo, a falta de repercussão geral deve ser Sendo assim, mesmo que a inconstitucionalidade seja, em tese,
bem evidente. manifesta, deverá ser pronunciada em determinados moldes para
que a lei possa deixar de ser cumprida.
65. Resposta: “E”. A regra é que os decretos do Poder Exe-
cutivo são vinculados a uma legislação que devam regulamentar. 70. Resposta: “E”. Cabe ação direta de inconstitucionalidade
No caso dos decretos autônomos, somente são cabíveis quando de lei municipal perante o Tribunal de Justiça local em caso de
autorizados, não podendo criar obrigações que somente podem ser confronto com a Constituição Estadual, cuja supremacia é resguar-
criadas por lei federal. Sendo o decreto autônomo, cabe o controle dada pelo Tribunal local. Quanto ao recurso cabível da decisão que
de constitucionalidade pela via direta. julgue o ato inconstitucional, trata-se do recurso extraordinário:
“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
66. Resposta: “D”. O artigo 103, CF traz rol taxativo de legi- a guarda da Constituição, cabendo-lhe: [...] III - julgar, median-
timados que “podem propor a ação direta de inconstitucionalidade te recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
e a ação declaratória de constitucionalidade:  I - o Presidente da instância, quando a decisão recorrida: [...] c) julgar válida lei ou
República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câma- ato de governo local contestado em face desta Constituição”. Co-
ra dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da loca-se a hipótese da alínea “c” porque a Constituição estadual
Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Es- deve guardar uma relação de compatibilidade com a Federal, de
tado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; modo que lei municipal que a viole a Estadual acabará por violar
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII a Federal.
- partido político com representação no Congresso Nacional; IX -
confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional”. 71. Resposta: “C”. O artigo 61, §1º, CF estabelece projetos
Das alternativas, somente a “D” traz uma hipótese do dispositivo. de leis que somente podem ser propostos pelo Presidente da Repú-
blica, que são de sua iniciativa privativa, como os que “fixem ou
67. Resposta: “B”. “A subsidiariedade, na modalidade inci- modifiquem os efetivos das Forças Armadas” (inciso I). A alterna-
dental de ADPF, coloca a perspectiva objetiva em um plano se- tiva “A” repete o artigo 60, caput, mas afirma que a maioria dos
cundário, residual – que não deixa de ter sua importância, como membros das Assembleias Legislativas deve ser absoluta, quando
implícita e intrinsecamente o têm todas as demais formas de con- na verdade basta a relativa. Quanto à emenda rejeitada ou havida
trole concentrado de constitucionalidade existentes no sistema. por prejudicada, conforme o §5º do artigo 61 da CF, “não pode ser
Aqui, incidentalmente a uma lide pré-existente, o enfrentamento objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”, nem mesmo
da questão objetiva pelo STF decorre não da ausência de outras a deliberação de 2/3 dos membros altera isto, razão pela qual “B”
formas legais de fiscalização abstrata, mas do exame do espectro está incorreta. “D” está incorreta porque a porta de entrada destes
social da controvérsia jurídica ínsita no caso concreto, bem como projetos de lei é a Câmara dos Deputados. “E” resta incorreta por-
da relevância geral da questão debatida, circunstâncias que passam que “as leis complementares serão aprovadas por maioria absolu-
a integrar indissociavelmente, o próprio juízo de admissibilidade ta” (artigo 69, CF), não maioria simples.
desta novel ação constitucional, quando, por via incidental, for ela
submetida ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal”94. 72. Resposta: “A”. A alternativa “A” está em consonância
com o artigo 61, § 1º, CF: “São de iniciativa privativa do Pre-
68. Resposta: “B”. A modulação de efeitos se encontra disci- sidente da República as leis que: [...] II - disponham sobre: [...]
plinada pela Lei nº 9.868/1999 em seu artigo 27, do qual se extrai d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
que “B” está correta: “Ao declarar a inconstitucionalidade de lei União, bem como normas gerais para a organização do Ministério
ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e
de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Fe- dos Territórios”. A alternativa “B” está errada porque amplia o rol
deral, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os de vedações do artigo 62, §1º, CF; “C” está errada porque amplia o
efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a prazo de 45 dias do artigo 62, §6º, CF para 120 dias; “D” está erra-
94 http://jus.com.br/artigos/8080/a-dupla-significacao-da-subsidiarie- da porque no caso de rejeição pela Casa revisora há arquivamento
dade-da-adpf (artigo 65, caput, CF).

Didatismo e Conhecimento 139


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
73. Resposta: “A”. As atribuições do Tribunal de Contas da b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação
União estão descritas no artigo 71 da Constituição Federal, sendo a de contas da administração pública, direta e indireta”. No caso rela-
competência descrita na letra “A” prevista logo no inciso II: “Art. 71. tado no enunciado, há evidente desrespeito ao princípio da dignidade
O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido da pessoa humana.
com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repú- 76. Resposta: “B”. Na apreciação e elaboração de leis e emen-
blica, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta das constitucionais, no geral, ambas Casas do Congresso Nacional
dias a contar de seu recebimento; II - julgar as contas dos adminis- possuem a mesma força, seja quando deliberam de forma conjunta,
tradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores pú- seja quando deliberam de forma autônoma. Na deliberação conjunta,
blicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações como no caso do veto (art. 66, §4º, CF) e da revisão constitucional (art.
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as 3º, ADCT), a força dos membros é equivalente. Da mesma forma, em
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregu- matéria de emenda constitucional e equivalentes, a deliberação tem a
laridade de que resulte prejuízo ao erário público; III - apreciar, para mesma força (art. 60, CF). Nos casos de leis ordinárias, conversão de
fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qual- medidas provisórias em leis e de leis complementares, quase sempre a
quer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações deliberação principal se fará na Câmara dos Deputados, o que a coloca
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações numa posição de destaque no sistema jurídico-constitucional.
para cargo de provimento em comissão, bem como a das conces-
sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias 77. Resposta: “C”. A incumbência descrita na assertiva “C” é
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; privativa do Senado Federal: “Art. 52. Compete privativamente ao
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal: [...] X - suspender a execução, no todo ou em parte,
Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional Tribunal Federal”.
e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; V 78. Resposta: “A”. Prevê o artigo 83, CF: “O Presidente e o
- fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso
capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos ter-
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob
mos do tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer
pena de perda do cargo”.
recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou
79. Resposta: “B”. Disciplina, neste sentido, o artigo 81, §1º,
a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso
CF: “Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repúbli-
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respecti-
ca, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º
vas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamen-
tária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial,
inspeções realizadas; VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ile- a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última
galidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”.
em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcio-
nal ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou 80. Resposta: “D”. Quem assume no lugar do Vice-Presidente,
entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da segundo a ordem prevista no artigo 80, CF, é sucessivamente, “o Pre-
lei, se verificada ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução sidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Su-
do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados premo Tribunal Federal”. Como vagaram os dois cargos, Presidência
e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder competente sobre e Vice-Presidência, “[...] far-se-á eleição noventa dias depois de aberta
irregularidades ou abusos apurados”. a última vaga (artigo 81, caput, CF), mas “ocorrendo a vacância nos
últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os
74. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 52, III, “a”, CF: cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso
“Compete privativamente ao Senado Federal: [...] III - aprovar pre- Nacional, na forma da lei” (artigo 81, §1º, CF).
viamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: a)
Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição”; sendo 81. Resposta: “C”. Tratam-se das competências privativas admi-
que a respeito prevê o artigo 111-A, CF: “o Tribunal Superior do nistrativas, que são delegáveis, enumeradas no artigo 84, CF (“Com-
Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre pete privativamente ao Presidente da República”), sendo que a hipó-
brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco tese da alternativa “C” está prevista no inciso XXV do dispositivo.
anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela
maioria absoluta do Senado Federal” (grifo nosso). 82. Resposta: “D”. A assertiva “A” está de acordo com o artigo
136, §3º, I, CF; a assertiva “B” está conforme o artigo 136, §4º, CF;
75. Resposta: “D”. Prevê o artigo 36, CF: “A decretação da a afirmativa “C” está em consonância com o artigo 136, §3º, II, CF;
intervenção dependerá: [...] III - de provimento, pelo Supremo Tri- a alternativa “E” repete o teor do artigo 136, §2º, CF. Somente resta
bunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, a alternativa “D”, sendo que o artigo 136, §3º, CF prevê que “III - a
na hipótese do artigo 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez
federal”. Por seu turno, prevê o referido artigo 34, VII, CF: “VII - as- dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - é vedada
segurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) a incomunicabilidade do preso”. O erro está quanto ao prazo da
forma republicana, sistema representativo e regime democrático; prisão.’

Didatismo e Conhecimento 140


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
83. Resposta: “A”. É o que se extrai do artigo 139, CF: “Na 87. Resposta: “C”. A alternativa “A” está incorreta porque o
vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. patrimônio cultural também pode ter natureza material (artigo 216,
137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes me- caput, CF). “B” está incorreta porque o Poder Público promoverá e
didas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; protegerá o patrimônio cultural não isoladamente e sim com a co-
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados laboração da comunidade (artigo 216, §1º, CF). A alternativa “C”
por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da está correta e traz o teor do artigo 210, caput, CF: “Serão fixados
correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de in- conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a as-
formações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na segurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e
forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e artísticos, nacionais e regionais”. O Plano Nacional de Cultura é de
apreensão em domicílio; VI - intervenção nas empresas de servi- duração plurianual (artigo 215, §3º, CF).O previsto na alternativa
ços públicos; VII - requisição de bens. Parágrafo único. Não se “E” vai contra a descentralização do Sistema Nacional de Cultura
inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos (artigo 216-A, caput, CF).
de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que
liberada pela respectiva Mesa”.  Logo, tais medidas descritas na 88. Resposta: “B”. Trata-se de princípio previsto no artigo
alternativa “A” nem sempre poderão ser tomadas no estado de sí- 216-A, §1º, CF: “VII - transversalidade das políticas culturais” e
tio, mas somente quando houver “comoção grave de repercussão “XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamen-
nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de tos públicos para a cultura”.
medida tomada durante o estado de defesa” (artigo 137, I, CF).
89. Resposta: “C”. Observando o artigo 194, parágrafo úni-
84. Resposta: “E”. Em que pese o direito à educação ser um co, VII, CF é possível perceber que a alternativa “C” está incor-
direito de segunda dimensão, classicamente relacionado à ideia de reta: “Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a
norma programática do texto constitucional, as promessas feitas seguridade social, com base nos seguintes objetivos: [...] caráter
pelo constituinte não podem ser tomadas de forma vã. A omissão democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
do Estado em garantir a gratuidade do ensino público, assegurada quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empre-
no artigo 206, IV, CF, gera responsabilidade da autoridade que de- gadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados”.
veria ter tomado providências para tanto. No mais, trata-se de de- Logo, os aposentados estão incluídos e a gestão é quadripartite.
ver compartilhado e não exclusivo do Estado, que abrange todas as
esferas educacionais, inclusive o ensino em creche, além do ensino 90. Resposta: “E”. Neste viés, o artigo 200, CF prevê: “Ao
não formal. Os deficientes devem ser integrados neste sistema, não sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos
excluídos dele. Eventualmente, os estabelecimentos oficiais po- termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
dem perceber valores, notadamente provenientes de doações. substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de
medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e
85. Resposta: “E”. Os medicamentos de alto custo devem outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epi-
ser fornecidos a todos aqueles que o necessitarem, não somente demiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar
aos hipossuficientes, até mesmo porque é possível que uma pessoa a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar
com boa renda não tenha condições de arcar com estes. O manda- da formulação da política e da execução das ações de saneamento
do de segurança buscando o fornecimento de medicamentos pode básico; V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento
ser interposto pelo Ministério Público, mas não somente por ele, científico e tecnológico; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos,
também pela Defensoria Pública e pelo próprio interessado. O sis- compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebi-
tema de saúde está previsto na Lei nº 8.080/1990, mas encontra das e águas para consumo humano; VII - participar do controle
substrato constitucional, especialmente em seu artigo 6º. Referida e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de
lei especial assegura a possibilidade de participação de entidades substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII
privadas no sistema, desde que não possuam fim lucrativo, ou seja, - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido
atendam pelo preço do SUS. o do trabalho”. Conforme grifos, as atribuições descritas na alter-
nativa “E” estão corretas.
86. Resposta: “B”. A alternativa “A” está incorreta porque
o que se equiparou à família foi a união estável entre pessoas
do mesmo sexo, a qual independe de formalização escrita. A al-
ternativa “C” está incorreta porque o artigo 226, §5º, CF prevê
a igualdade entre homem e mulher no casamento: “os direitos e
deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente
pelo homem e pela mulher”. O casamento religioso, por sua vez,
pode gerar efeitos civis, conforme artigo 226, §2º, restando “D” in-
correta. O Estado não pode intervir coativamente no planejamento
familiar, decisão totalmente livre do casal (artigo 226, §7º, CF),
restando “E” incorreta. Resta a alternativa “B”, que corretamen-
te traz o teor do artigo 226, §4º, CF: “entende-se, também, como
entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e
seus descendentes”.

Didatismo e Conhecimento 141


ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA
POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
CAPÍTULO III
LEI COMPLEMENTAR Nº 407, DE 30 DE DOS SÍMBOLOS OFICIAIS DA POLÍCIA JUDICIÁRIA CI-
JUNHO DE 2010. - DISPÕE SOBRE A OR- VIL
GANIZAÇÃO E O ESTATUTO DA POLÍCIA
JUDICIÁRIA CIVIL DO ESTADO DE MATO Art. 5º São símbolos oficiais: o Hino, a Bandeira e Brasão.
GROSSO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Art. 6º A Polícia Judiciária Civil terá como data comemorativa
o dia 21 de abril, exaltando o vulto de Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes, Patrono da Polícia.

Dispõe sobre a Organização e o Estatuto da Polícia Judi- CAPÍTULO IV


ciária Civil do Estado de Mato Grosso e dá outras providên- DAS FUNÇÕES INSTITUCIONAIS
cias.´
Art. 7º  São funções institucionais da Polícia Judiciária
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE Civil, as de polícia judiciária, com exclusividade, de apuração
MATO GROSSO, tendo em vista o que dispõe o Art. 45 da Cons- das infrações penais, o combate eficaz à criminalidade, além das
tituição Estadual, aprova e o Governador do Estado sanciona a se- seguintes:
guinte lei complementar: I - cumprir e fazer cumprir, no âmbito das suas funções, os
direitos e as garantias constitucionais, estabelecendo o respeito à
TÍTULO I dignidade da pessoa humana e sua convivência harmônica com a
DA ORGANIZAÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA CIVIL comunidade;
CAPÍTULO I II - praticar, com exclusividade, todos os atos necessários à
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES apuração das infrações penais no inquérito policial e termo cir-
cunstanciado;
Art. 1º A Polícia Judiciária Civil, instituição permanente do III - adotar as providências destinadas a preservar as evidên-
Poder Público, essencial à defesa da sociedade e à preservação da cias Criminais e as provas das infrações penais;
ordem pública, fica sujeita à vinculação e orientação de políticas IV - requisitar perícias em geral, para comprovação da infra-
públicas e planejamento estratégico da Secretaria de Estado de ção penal e de sua autoria;
Justiça e Segurança Pública, sem prejuízo da subordinação admi- V - guardar, nos atos investigatórios, o sigilo necessário à elu-
nistrativa superior ao Governador do Estado. cidação do fato;
VI - manter intercâmbio operacional, judicial e cooperação
Art. 2º A Polícia Judiciária Civil, incumbida das funções de técnico-científica com outras instituições policiais;
Polícia Judiciária e da apuração das infrações penais, exceto das VII - prestar informação, quando fundamentadamente requi-
matérias de exclusiva competência da Justiça Militar e ressalvadas sitada pela autoridade competente, referente aos procedimentos
as de competência da União, é dirigida por Delegado de Polícia policiais;
de última classe, de livre escolha, nomeação e exoneração pelo VIII - organizar e manter cadastro atualizado de pessoas pro-
Governador do Estado.  curadas, suspeitas ou indiciadas pela prática de infrações penais e
Parágrafo único A escolha do Delegado Geral de Polícia Judi- as que cumprem pena no sistema penitenciário estadual;
ciária poderá ocorrer por meio de indicação em lista tríplice. IX - organizar, fiscalizar e manter o cadastro e registro de ar-
mas, munições, da instituição e dos servidores da Polícia Judiciária
Art. 3º A Polícia Judiciária Civil tem autonomia administrativa Civil, bem como dos explosivos e demais produtos controlados.
e financeira, dispondo de dotação própria, conforme previr a lei X - manter estatísticas de maneira a fornecer informações pre-
orçamentária. cisas e atualizadas sobre os índices de criminalidade;
XI - exercer policiamento repressivo e especializado, manten-
Parágrafo único Em decorrência da complexidade de respon- do equipes de policiais treinados, armamentos e meios de trans-
sabilidades inerentes a instituição, ser-lhe-á destinada uma unida- porte adequados para realizar o rastreamento investigatório aéreo,
de gestora, sobre qual o Delegado Geral responde pela ordenação terrestre e em águas fluviais;
das despesas.  XII - realizar ações de inteligência e contra-inteligência poli-
cial, objetivando a prevenção e a repressão criminal;
CAPÍTULO II XIII - fiscalizar áreas públicas ou privadas sujeitas ao poder
DOS PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS de polícia;
XIV - promover a participação, com reciprocidade, dos sis-
Art. 4º  São princípios institucionais da Polícia Judiciária temas integrados de informações relativas aos bancos de dados
Civil a unidade, a indivisibilidade, a uniformidade de doutrina e disponíveis nos órgãos públicos municipais, estaduais e federais,
de procedimento, a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, bem como naqueles situados no âmbito da iniciativa privada de
a publicidade, a eficiência, a probidade administrativa, a ética, a interesse institucional;
hierarquia e a disciplina. XV - exercer outras funções que lhe sejam conferidas em lei.

Didatismo e Conhecimento 1
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Parágrafo único Evidenciada, no curso do inquérito policial, 2.2.6.1. Seção de Pós Graduação e Extensão
a configuração de infração penal militar própria, serão os autos 2.2.7. Gerência do Centro de Educação Física 
remetidos à autoridade competente. 2.2.7.1. Seção de Defesa Pessoal 
2.2.7.2. Seção de Treinamento Físico Policial 
TÍTULO II 2.3. Conselho de Ensino 
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 3. Ouvidoria Especializada 
CAPÍTULO I 3.1. Ouvidoria Adjunta 
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL BÁSICA IV - NÍVEL DE ASSESSORAMENTO SUPERIOR
1. Gabinete de Direção
Art. 8º A estrutura organizacional básica e setorial da Po- 2. Assessoria Jurídica
lícia Judiciária Civil, compreende: (Nova redação dada pela 3. Assessoria de Comunicação Social 
LC 464/12) 4. Assessoria Institucional
I - NÍVEL DE DIREÇÃO SUPERIOR V - NÍVEL DE EXECUÇÃO PROGRAMÁTICA
1. Diretoria Geral de Polícia Judiciária Civil  1. Diretoria de Execução Estratégica
1.1. Diretoria Geral Adjunta de Polícia Judiciária Civil 1.1. Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional 
II - NÍVEL DE DECISÃO COLEGIADA 1.1.1. Gerência de Acompanhamento de Projetos, Convênios
1. Conselho Superior de Polícia Judiciária Civil e Obras 
III - NÍVEL DE APOIO ESTRATÉGICO E ESPECIALIZA- 1.1.2. Gerência de Captação, Análise e Difusão de Dados
DO 1.2. Coordenadoria de Planejamento Operacional 
1. Corregedoria Geral de Polícia Judiciária Civil  1.2.1. Gerência de Logística e Manutenção 
1.1. Corregedoria Geral Adjunta de Policia Judiciária Civil 1.2.2. Gerência de Armas, Explosivos e Munições 
1.2. Corregedoria Auxiliar de Policia Judiciária Civil 1.3. Coordenadoria de Estatística 
1.2.1.Núcleo de Inteligência  1.3.1. Gerência de Suporte Técnico
2. Academia da Polícia Judiciária Civil 1.3.2. Gerência de Telecomunicações
2.1. Direção  2. Diretoria de Inteligência
2.2. Direção Adjunta 2.1. Coordenadoria de Inteligência
2.2.1. Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas – CEPAp 2.1.1. Gerência de Inteligência Policial
2.2.1.1. Secretaria Executiva  2.1.2. Gerência de Inteligência Estratégica
2.2.1.2. Seção de Apoio e Pesquisa 2.1.2.1. Seção de Análise Criminal
2.2.2. Coordenadoria Museológica 2.1.3. Gerência de Operações de Inteligência de Segurança
2.2.2.1. Seção de Documentação e Pesquisa Pública
2.2.2.2. Seção de Gerenciamento de Acervo 2.1.4. Gerência de Contra Inteligência
2.2.3. Coordenadoria de Biblioteca 2.1.4.1. Seção de Segurança Orgânica
2.2.3.1. Seção de Gerenciamento de Acervo 2.1.4.2. Seção de Segurança Ativa
2.2.3.2. Seção de Biblioteca Digital 2.2. Coordenadoria de Inteligência Tecnológica
2.2.4. Gerência de Ensino  2.2.1. Gerência Especializadas em Crimes de Alta Tecnologia
2.2.4.1.Secretaria  2.2.2. Gerência de Apoio Tecnológico
2.2.4.2. Seção Disciplinar  3. Diretoria de Atividades Especiais 
2.2.4.3. Seção de Planejamento de Ensino 3.1. Gerência de Combate ao Crime Organizado
2.2.4.4. Seção de Acompanhamento, Controle e Orientação 3.1.1. Núcleo de Inteligência
Pedagógica 3.2. Gerência de Operações Especiais
2.2.4.5. Seção de Acompanhamento e Controle Discente  3.2.1. Núcleo de Inteligência
2.2.4.6. Seção de Curso de Formação Inicial e Continuada  3.3. Gerência de Operações Aéreas
2.2.4.7. Seção de Acompanhamento de Concurso e Seleção 3.4. Gerência Estadual de Polinter
2.2.4.8. Seção de Investigação Social 3.5. Delegacias Especializadas de Circunscrição Estadual
2.2.5.Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimento de 3.5.1. Núcleos de Inteligência
Projetos 4 - Diretoria de Polícia Judiciária Civil Metropolitana (Nova
2.2.5.1. Seção de Elaboração de Projetos redação dada pela LC 494/13)
2.2.5.2. Seção de Pesquisas e Estatística 4.1 - Delegacias Regionais
2.2.5.3. Seção de Informática 4.1.1 - Núcleo de Inteligência
2.2.5.4. Seção de Planejamento  4.1.2 - Delegacias Especializadas
2.2.5.5. Seção do Complexo de Treinamento e Armamento 4.1.2.1 - Núcleo de Inteligência
2.2.5.6. Seção de Plantão e Segurança Patrimonial 4.1.3 - Delegacias de Polícia
2.2.5.7. Seção de Carga 4.1.3.1 - Núcleo de Inteligência
2.2.5.8. Seção de Aquisições 4.1.4 - Delegacia Virtual
2.2.5.9. Seção de Reprografia  Redação Original.
2.2.5.10. Laboratório de Informática 4. Diretoria de Polícia Judiciária Civil Metropolitana
2.2.5.11. Seção de Apoio 4.1. Diretoria Metropolitana Adjunta
2.2.6. Gerência do Centro de Ensino Superior 4.1.1. Delegacias Especializadas

Didatismo e Conhecimento 2
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
4.1.1.1. Núcleos de Inteligência 2.6.5. Seção de Reprografia
4.1.2. Delegacias de Polícia 2.6.6. Laboratório de Informática
4.1.2.1. Núcleos de Inteligência 2.6.7. Seção de Apoio
4.1.3. Delegacia Virtual 2.7. Gerência do Centro de Ensino Superior
5. Diretoria da Polícia Judiciária Civil do Interior  2.7.1. Seção de Pós Graduação e Extensão
5.1. Delegacias Regionais 2.8. Gerência do Centro de Educação Física
5.1.1. Núcleos de Inteligência 2.8.1. Seção de Defesa Pessoal
5.1.2. Delegacias Especializadas 2.8.2. Seção de Treinamento Físico Policial
5.1.2.1. Núcleos de Inteligência 2.9. Gerência Concurso, Recrutamento, Seleção e Acompa-
5.1.3. Delegacias de Polícia nhamento
5.1.3.1. Núcleos de Inteligência 2.9.1. Comissão de Investigação Social
6. Coordenadoria de Polícia Comunitária 3. Ouvidoria Especializada 
6.1. Gerência de Polícia Comunitária da Capital 3.1. Ouvidoria Adjunta 
IV - NÍVEL DE ASSESSORAMENTO SUPERIOR
Redação original: 1. Gabinete de Direção
Art. 8º A estrutura organizacional básica e setorial da Polícia 2. Assessoria Jurídica
Judiciária Civil, compreende: 3. Assessoria de Comunicação Social 
I - NÍVEL DE DIREÇÃO SUPERIOR 4. Assessoria Institucional
1. Diretoria Geral de Polícia Judiciária Civil  V - NÍVEL DE EXECUÇÃO PROGRAMÁTICA
1.1. Diretoria Geral Adjunta de Polícia Judiciária Civil 1. Diretoria de Execução Estratégica 
II - NÍVEL DE DECISÃO COLEGIADA 1.1. Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional
1. Conselho Superior de Polícia Judiciária Civil  1.1.1. Gerência de Controle de Aquisição e Patrimônio 
III - NÍVEL DE APOIO ESTRATÉGICO E ESPECIALIZA- 1.1.2. Gerência de Acompanhamento de Projetos, Convênios
DO e Obras
1. Corregedoria Geral de Polícia Judiciária Civil  1.1.3. Gerência de Controle Orçamentário e Financeiro
1.1. Corregedoria Geral Adjunta de Policia Judiciária Civil 1.2. Coordenadoria de Apoio Logístico e Pessoal
1.2. Corregedoria Auxiliar de Policia Judiciária Civil 1.2.1. Gerência de Controle de Frota e Serviços Gerais
1.3. Gerência Operacional 1.2.2. Gerência de Armas, Explosivos e Munições
1.3.1. Núcleo de Inteligência  1.2.3. Gerência de Avaliação de Desempenho Funcional e
2. Academia da Polícia Judiciária Civil Qualidade de Vida 
2.1. Direção  1.3. Coordenadoria de Tecnologia da Informação
2.2. Direção Adjunta 1.3.1. Gerência de Estatística 
2.2.1. Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas – CEPAp 1.3.2. Gerência de Suporte Técnico
2.2.1.1. Secretaria Executiva  1.3.3. Gerência de Telecomunicações
2.2.1.2. Seção de Apoio e Pesquisa 2. Diretoria de Inteligência
2.2.2. Coordenadoria Museológica 2.1. Coordenadoria de Inteligência
2.2.2.1. Seção de Documentação e Pesquisa 2.1.1. Gerência de Inteligência Policial
2.2.2.2. Seção de Gerenciamento de Acervo 2.1.2. Gerência de Inteligência Estratégica
2.2.3. Coordenadoria de Biblioteca 2.1.2.1. Seção de Análise Criminal
2.2.3.1. Seção de Gerenciamento de Acervo 2.1.3. Gerência de Operações de Inteligência de Segurança
2.2.3.2. Seção de Biblioteca Digital Pública
2.3. Conselho de Ensino 2.1.4. Gerência de Contra Inteligência
2.4. Gerência de Pesquisa Desenvolvimento de Projetos 2.1.4.1. Seção de Segurança Orgânica
2.4.1. Seção Elaboração de Projetos 2.1.4.2. Seção de Segurança Ativa
2.4.2. Seção de Pesquisas e Estatística 2.2. Coordenadoria de Inteligência Tecnológica
2.4.3. Seção de Informática 2.2.1. Gerência Especializadas em Crimes de Alta Tecnologia
2.5. Gerência de Ensino 2.2.2. Gerência de Apoio Tecnológico
2.5.1. Secretaria 3. Diretoria de Atividades Especiais 
2.5.2. Seção Disciplinar 3.1. Gerência de Combate ao Crime Organizado
2.5.3. Seção de Planejamento 3.1.1. Núcleo de Inteligência
2.5.4. Seção de Acompanhamento Controle e Orientação Pe- 3.2. Gerência de Operações Especiais
dagógica 3.2.1. Núcleo de Inteligência
2.5.5. Seção de Acompanhamento e Controle Discente 3.3. Gerência de Operações Aéreas
2.5.6. Seção de Curso de Formação Inicial e Continuada 3.4. Gerência Estadual de Polinter
2.6. Gerência de Administração e Apoio Logístico 3.5. Delegacias Especializadas de Circunscrição Estadual
2.6.1. Seção do Complexo de Treinamento e Armamento 3.5.1. Núcleos de Inteligência 
2.6.2. Seção de Plantão e Segurança Patrimonial 4. Diretoria de Polícia Judiciária Civil Metropolitana
2.6.3. Seção de Carga 4.1. Diretoria Metropolitana Adjunta
2.6.4. Seção de Planejamento e Aquisições 4.1.1. Delegacias Especializadas

Didatismo e Conhecimento 3
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
4.1.1.1. Núcleo de Inteligência Art. 12 Compete ao Delegado Geral:
4.1.2. Delegacias de Polícia I - dirigir e representar a Polícia Judiciária Civil;
4.1.2.1. Núcleo de Inteligência II - presidir o Conselho Superior de Polícia;
4.1.3. Delegacia Virtual III - indicar para nomeação o Delegado Geral Adjunto da Polí-
5. Diretoria da Polícia Judiciária Civil do Interior  cia Judiciária Civil, os Diretores, Assessores, Corregedores, Coor-
5.1. Delegacias Regionais denadores e Gerentes;
5.1.1. Gerência de Investigações Gerais IV - empossar novos Delegados, Escrivães, Investigadores e
5.1.1.1. Núcleo de Inteligência integrantes do quadro administrativo da Polícia Judiciária Civil, no-
5.1.2. Delegacias Especializadas meados por concurso público, observada a ordem de classificação; 
5.1.2.1. Núcleo de Inteligência V - auxiliar, quando solicitado, imediata e diretamente, o Go-
5.1.3. Delegacias de Polícia vernador do Estado, em assuntos relacionados à Polícia Judiciária
5.1.3.1. Núcleo de Inteligência Civil;
6. Coordenadoria de Polícia Comunitária VI - promover a remoção dos policiais civis, observadas as
6.1. Gerência de Polícia Comunitária da Capital  disposições legais;
6.2. Gerência de Polícia Comunitária do Interior VII - autorizar o policial civil a ausentar-se do Estado, a servi-
ço ou para participar de cursos, especializações e seminários rela-
TÍTULO III cionados à atividade policial;
DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS VIII - determinar às autoridades policiais a instauração de in-
CAPÍTULO I quéritos policiais e demais procedimentos de persecução criminal e
DOS ORGÃOS DE ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR administrativo disciplinar;
IX - avocar, excepcional e fundamentadamente, inquérito poli-
Art. 9º A Administração Superior da Polícia Judiciária Civil cial e outros procedimentos, para redistribuição;
compreende a Diretoria Geral e Conselho Superior de Polícia. X - supervisionar, coordenar, controlar, fiscalizar, sistematizar
e padronizar as funções e princípios institucionais da Polícia Judi-
Seção I ciária Civil; 
Da Direção Superior  XI - gerir as atividades referentes à administração de pessoal,
Da Diretoria Geral patrimônio, orçamento, finanças e serviços gerais;
XII - propor ao titular da Secretaria de Estado de Justiça e Se-
Art. 10 A Diretoria Geral, unidade de direção superior, tem gurança Pública programação orçamentária e financeira da insti-
a missão de gerir as funções institucionais da Polícia Judiciária tuição;
Civil.  XIII - enviar ao Secretário de Estado de Justiça e Segurança
Pública os atos de progressão dos servidores da Polícia Judiciária
Art. 11 A Diretoria Geral é dirigida por delegado de polícia da Civil para validação do Governador do Estado;
ativa, escolhido dentre os delegados de polícia de Classe Especial, XIV - suspender o direito de policial civil portar arma de fogo,
portadores de Curso Superior de Polícia, maiores de 35 (trinta e por conveniência disciplinar, recomendação médica ou psicológica;
cinco) anos, nomeado e exonerado pelo Governador do Estado, XV - zelar pelo cumprimento do Estatuto da Policia Judiciária
para mandato de 02 (dois) anos, permitida uma recondução por Civil;
igual prazo. XVI - empenhar, liquidar e pagar as despesas, além de outras
atribuições de ordenador de despesa de Unidade Gestora;
§ 1º O Delegado Geral poderá ser indicado em listas tríplice XVII - proporcionar o equilíbrio entre unidades, observada a
para o período de dois anos, permitida uma recondução por igual lotação setorial ou regional e os requisitos de provimento, nos ter-
prazo. mos da lei e regulamentos específicos;
XVIII - exercer os demais atos necessários à eficaz administra-
§ 2º A formação da lista tríplice dar-se-á mediante voto secreto ção da instituição policial.
de todos os Delegados de Polícia do Estado e dela constará o nome
dos candidatos mais votados. Subseção I
Da Diretoria Geral Adjunta
§ 3º Integrarão a lista tríplice os Delegados de Polícia mais
votados e ocorrendo empate, terá preferência, sucessivamente: Art. 13 A Diretoria Geral Adjunta, unidade de direção superior,
I - o mais antigo na classe especial; tem a missão de assessorar a Diretoria Geral, na definição, imple-
II - o mais antigo no cargo dentro do Estado; mentação e acompanhamento da gestão institucional.
III - maior tempo de serviço público em geral;
IV - o de mais idade. Parágrafo único A Diretoria Geral Adjunta, dirigida por dele-
gado de polícia da ativa, classe Especial, portador de Curso Su-
§ 4º Na hipótese de vacância do cargo do Delegado Geral, perior de Polícia, denominado Delegado Geral Adjunto, compete:
assumirá a Diretoria Geral o Delegado Geral Adjunto, na qualidade I - substituir o Delegado Geral de Polícia, em suas ausências
de Presidente do Conselho Superior de Polícia, para no prazo de 10 e impedimentos, auxiliando-o na direção, organização, orientação,
(dez) dias, convocar nova eleição que deverá ser realizada dentro coordenação, controle e avaliação das atividades da Polícia Judi-
de 30 (trinta) dias da publicação. ciária Civil;

Didatismo e Conhecimento 4
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
II - desempenhar tarefas delegadas e determinadas pelo De- Parágrafo único As deliberações do Conselho Superior de Po-
legado Geral; lícia Judiciária Civil são aprovadas por maioria de votos, sempre
III - dirigir, supervisionar e controlar as ações para integração em reunião pública e com prévia divulgação de pauta.
da comunidade e a Polícia Judiciária Civil, visando consolidar a
filosofia da Polícia Comunitária; CAPÍTULO II
IV - acompanhar e apoiar a Ouvidoria Especializada de Polí- DO NÍVEL DE APOIO ESTRATÉGICO E ESPECIALIZADO
cia Judiciária Civil; Seção I
V - acompanhar e apoiar as atividades administrativas e ope- Da Corregedoria Geral
racionais das unidades, diligenciando junto às demais Diretorias,
para a execução dos serviços de competência da Polícia Judiciária Art. 16 A Corregedoria Geral de Polícia Judiciária Civil,
Civil. unidade de apoio estratégico e especializado, tem a missão de
controlar e orientar a atividade policial.
Seção II
Nível de Decisão Colegiada § 1º A Corregedoria Geral de Polícia Judiciária Civil, dirigida
por Delegado de Polícia da ativa, Classe Especial, possuidor de
Art. 14  O Conselho Superior de Polícia Judiciária Civil, Curso Superior de Polícia, compete:
de natureza consultiva, opinativa, de deliberação coletiva e de I - atuar como órgão preventivo, de controle interno das ativi-
assessoramento, é constituído pelos seguintes membros natos: dades operacionais de polícia, de orientação e consulta;
I - Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, que o presidirá; II - proceder correições em caráter ordinário e extraordinário
II - Delegado Geral Adjunto de Polícia Judiciária Civil; nos procedimentos de competência da Polícia Judiciária Civil;
III - Corregedor Geral de Polícia Judiciária Civil; III - instaurar procedimento de verificação preliminar, sindi-
cância e processo administrativo disciplinar;
IV - Diretores de Polícia Judiciária Civil.
IV - instaurar inquérito policial e/ou termo circunstanciado de
ocorrência, para apurar omissão ou fato ilícito ocorrido no exercí-
Parágrafo único Nas reuniões ordinárias do Conselho Supe-
cio da atividade policial;
rior de Polícia, também terão assento, com direito a voto, um re-
V - determinar o afastamento preventivo de policiais civis;
presentante do cargo de Escrivão e um de Investigador de Polícia,
VI - propor ou aplicar penalidade, nos limites de sua compe-
de Classe Especial e bacharel em direito, quando se tratar de apre- tência, observado o procedimento legal;
ciação de recurso em Processo Administrativo Disciplinar, afeto VII - manter registro e controle dos procedimentos adminis-
exclusivamente a estes cargo. trativos instaurados no âmbito da Policia Judiciária Civil;
VIII - estabelecer relações com o Poder Judiciário, Ministério
Art. 15 Compete ao Conselho Superior de Polícia: Público e órgãos congêneres, com vista a dinamizar e a harmonizar
I - assessorar o Delegado Geral; procedimentos de sua área de competência;
II - zelar pela observância dos princípios e das funções institu- IX - propor ao Conselho Superior de Polícia a elaboração de
cionais da Polícia Judiciária Civil; instrução normativa sob procedimentos e atuação policial civil.
III - deliberar sobre assuntos de interesse da Polícia Judiciária
Civil; § 2º A Corregedoria Geral de Polícia Judiciária Civil é
IV - estudar e propor medidas relativas à utilização de novas composta por policiais civis da ativa, nos termos desta lei
técnicas e sobre elas opinar, visando ao desenvolvimento da orga- complementar.
nização policial e sua eficiência;
V - opinar, em havendo recurso, sobre processo administrati- Subseção I
vo disciplinar, quanto à imposição das penas de suspensão, demis- Da Corregedoria Geral Adjunta
são e cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
VI - examinar e opinar sobre as propostas dos órgãos da Polí- Art. 17  A Corregedoria Geral Adjunta tem por atribuição
cia Judiciária Civil em função dos planos e programas de trabalho assessorar e apoiar administrativamente o Corregedor Geral,
previstos para cada exercício financeiro; substituindo em seus impedimentos, competindo-lhe:
VII - opinar sobre projetos de criação e desativação de unida- I - coordenar os expedientes administrativos da Corregedoria
de policial; Geral da Polícia Judiciária Civil;
VIII - deliberar sobre a remoção de Delegado de Polícia, no II - manter atualizados os registros dos procedimentos admi-
interesse do serviço policial, observadas as disposições legais; nistrativos disciplinares até o trânsito em julgado.
IX - examinar ou elaborar atos normativos pertinentes ao ser- Parágrafo único A Corregedoria Geral Adjunta é dirigida por
viço policial civil do Estado; Delegado de Polícia, da ativa, classe Especial.
X - manifestar-se sobre a ampliação de cargos da Polícia Ju-
diciária Civil e a revisão de normas legais aplicáveis a seus mem- Subseção II
bros; Da Gerência Operacional
XI - pronunciar-se sobre o estabelecimento de regras e instru-
ções para realização de concursos públicos de ingresso na Polícia Art. 18 (revogado) LC 464/12
Judiciária Civil; Redação original:
XII - aprovar proposições e deliberar sobre outorga de hon- Art. 18 A Gerência Operacional da Corregedoria Geral da Po-
rarias e decidir sobre a concessão de condecorações em geral, re- lícia Judiciária Civil tem a missão de proceder às investigações
compensas e outras comendas para expressar o reconhecimento de relacionadas aos assuntos internos, com o fim de subsidiar a elabo-
desempenhos elogiosos da Policia Judiciária Civil. ração dos procedimentos, competindo-lhe:

Didatismo e Conhecimento 5
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
I - receber sugestões, reclamações e denúncias, dando a elas o VI - coordenar a elaboração da proposta político educacional
devido encaminhamento, inclusive, instaurando os procedimentos para a formação inicial e continuada dos servidores da ACADE-
com vista ao esclarecimento dos fatos; POL;
II - propor retificação de erros, exigir providencias relativas a VII - articular com instituições públicas e privadas para o de-
omissões e à eliminação de abuso de poder; senvolvimento de parcerias;
III - gerir o Núcleo de Inteligência da Corregedoria de Polícia. VIII - elaborar junto às Unidades a estruturação das ações do
Parágrafo único A Gerência Operacional é dirigida por De- Plano de Capacitação e Desenvolvimento Profissional;
legado de Polícia Corregedor da ativa, Classe Especial ou Classe IX - acompanhar o gerenciamento financeiro previsto para
“C”. o Plano de Capacitação e Desenvolvimento da Polícia Judiciária
Civil;
CAPÍTULO III X - propor convênios para desenvolvimento de cursos e outros
DA ACADEMIA DE POLICIA JUDICIÁRIA CIVIL eventos que lhe são próprios;
XI - monitorar indicadores e aplicar instrumentos de avaliação
Art. 19 A Academia de Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso da eficiência, eficácia e efetividade dos cursos e Plano de Capaci-
– ACADEPOL, órgão de apoio estratégico e especializado, tem a tação e Desenvolvimento Profissional;
missão de coordenar, desenvolver e executar atividades destinadas XII - presidir o Conselho de Ensino;
a formação, especialização e aperfeiçoamento de policiais civis, XIII - exercer outras atividades correlatas.
competindo:
I - realizar cursos de Educação Superior, Profissional e Conti- Parágrafo único A Diretoria é dirigida por Delegado de Polícia
nuada, por intermédio de atividades de ensino pesquisa e extensão, da ativa, de Classe Especial, com Curso Superior de Polícia - CSP,
nos termos da legislação educacional vigente; preferencialmente possuidor de curso específico na área de ensino.
II - elaborar programas e projetos de formação inicial e conti-
nuada em todos os níveis e modalidades; Seção II
III - proporcionar atividade pedagógica para os policiais civis Da Direção Adjunta
que estão afastados preventivamente;
IV - realizar cursos por meio de outras instituições públicas Art. 21  A Direção Adjunta da ACADEPOL tem a missão
ou privadas; de assessorar administrativamente a direção no planejamento,
V - oferecer vagas em cursos desenvolvidos, a outras Institui- coordenação e execução das atividades de educação, ensino,
ções congêneres, bem como cursos de interesse do Estado a órgãos pesquisa, seleção e recrutamento de recursos humanos da Polícia
e Instituições Públicas e Privadas; Judiciária Civil, competindo:
VI - exercer outras atividades correlatas. I - substituir o Diretor nos seus impedimentos ou ausências;
II - elaborar projetos sócio-econômicos para captação de re-
Parágrafo único As normas internas de funcionamento das cursos na área Federal dentre outras e acompanhar a efetiva exe-
unidades organizacionais específicas da ACADEPOL serão pre- cução; 
vistas em instrumento regulamentar próprio. III - coordenar o Museu e a Biblioteca;
IV - proceder à coordenação geral dos concursos;
Seção I V - coordenar o Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas;
Da Direção VI - exercer outras atividades correlatas.
Parágrafo único A Diretoria Adjunta é dirigida por Delegado
Art. 20  A Direção da ACADEPOL, unidade de apoio de Polícia da ativa, de Classe Especial ou “C”, preferencialmente
estratégico e especializado, tem a missão de planejar, coordenar possuidor de curso específico na área de ensino.
e executar as atividades de educação, ensino, pesquisa, seleção
e recrutamento de recursos humanos da Polícia Judiciária Civil, Subseção I
competindo: Do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas
I - compatibilizar a necessidade de capacitação das unidades
setoriais da Polícia Judiciária Civil, objetivando assegurar a uni- Art. 22  O Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas – CE-
dade do modelo de gestão com a Secretaria Estadual de Justiça e PAp, unidade de apoio estratégico especializado tem a missão de
Segurança Pública; realizar estudos científicos para o desenvolvimento da atividade
II - subsidiar a Diretoria de Execução Estratégica na elabora- policial, competindo:
ção da programação orçamentária e financeira referente às ações I - pesquisar temas jurídicos e não jurídicos afetos a Polícia
que lhe são próprias; Judiciária Civil;
III - promover ações educativas e sócio-culturais, conforme II - desenvolver pesquisas que indiquem métodos e processos
finalidades da área científica ou educacional; de atualização e aperfeiçoamento das atribuições da Polícia Judi-
IV - participar e colaborar com instituições de ensino e exten- ciária Civil;
são, federal, estadual e municipal exterior, na criação, elaboração, III - elaborar propostas de posicionamento sobre diversos te-
execução e avaliação de planos, programas e projetos na área de mas tratados no cotidiano profissional;
ensino, pesquisa e extensão; IV - assessorar a instituição na promoção de ações educativas
V - coordenar e supervisionar as atividades administrativas e e sócio-culturais, quando da realização de simpósios, palestras e
pedagógicas da ACADEPOL; outras reuniões correlatas;

Didatismo e Conhecimento 6
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
V - auxiliar a ACADEPOL por meio de subsídios metodoló- Seção de Documentação e Pesquisa
gicos e conhecimentos necessários a elaboração do seu negócio e
gestão de políticas públicas de segurança e modernização da Polí- Art. 26 A Seção de Documentação e Pesquisa tem a missão de
cia Judiciária Civil; apoiar a coordenadoria museológica, competindo:
VI - exercer outras atividades correlatas. I - solicitar o tombamento de bens culturais e o seu registro em
instrumento específico;
Da Secretaria Executiva II - pesquisar e coletar materiais para o acervo museológico;
III - planejar e executar serviços de identificação, classificação
Art. 23 A Secretaria Executiva, unidade de apoio estratégico e cadastramento de bens culturais;
especializado tem a missão de auxiliar as atividades do Centro de IV - exercer outras atividades correlatas.
Estudos e Pesquisas Aplicadas – CEPAp, competindo:
I - manter cadastro dos membros do Centro; Parágrafo único A Seção de Documentação e Pesquisa é com-
II - realizar convocações para reuniões de estudo e pesquisa; posta por policial civil da ativa, preferencialmente de Classe Espe-
III - manter um banco de dados sobre as pesquisa e estudos cial ou “C”, possuidor de curso específico na área.
elaborados;
IV - redigir as atas das reuniões; Seção de Gerenciamento de Acervo
V - coletar e organizar dados de interesse do CEPAp, com
vistas à elaboração de estudos. Art. 27 A Seção de Gerenciamento de Acervo, tem a missão
de a gestão dos bens museológicos e das atividades operacionais
Parágrafo único O Secretário Executivo é escolhido entre ser- do museu, competindo:
vidor da ativa da Polícia Judiciária Civil, preferencialmente pos- I - planejar, organizar, administrar e supervisionar exposições
suidor de curso específico na área de ensino. de caráter educativo e cultural, os serviços educativos e atividades
culturais do Museu;
Seção de Apoio e Pesquisa II - promover estudos e pesquisas sobre acervos museológi-
cos;
Art. 24 A Seção de Apoio e Pesquisa tem a missão de apoiar III - definir o espaço museológico adequado à apresentação e
o CEPAp no levantamento metodológico e produção de dados, in- guarda das coleções;
formações e conhecimento, competindo: IV - conservar, preservar e divulgar o acervo museológico;
I - elaborar estudos sobre temas relevantes da Polícia Civil; V - manter banco de dados do acervo museológico.
II - propor regulamentação de assuntos que exijam estudos
aprofundados sobre determinados assuntos; Parágrafo único A Seção de Gerenciamento de Acervo é com-
III - auxiliar na elaboração de pareceres que importem em es- posta por policial civil da ativa, preferencialmente de Classe Espe-
tudos; cial ou “C”, possuidor de curso específico na área.
IV - emitir parecer sobre assunto que foi ou é tema de estudo.
Parágrafo único A Seção de Apoio e Pesquisa é composta por Subseção III
policial civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou Da Coordenadoria de Biblioteca
“C”.
Art. 28  A Coordenadoria de Biblioteca tem a missão
Subseção II de coordenar todos os trabalhos concernentes à biblioteca,
Da Coordenadoria Museológica competindo-lhe:
I - levantar a necessidade de aquisição de livros e periódicos
Art. 25  A Coordenadoria Museológica tem a missão de de interesse da Polícia Judiciária Civil;
coordenar todos os trabalhos concernentes ao museu, competindo- II - organizar e manter atualizado seu acervo, selecionados
lhe: livros e outras publicações que contenham matéria de interesse das
I - zelar pela guarda dos documentos históricos e patrimônio atividades do ensino policial e controlar a carga, empréstimos e
cultural da Polícia Judiciária Civil; restituições de livros de seu acervo;
II - levantar a necessidade da aquisição de material documen- III - exercer outras atividades correlatas.
tário, destinado à ampliação de seu acervo;
III - organizar o acervo museológico da Academia, selecio- Parágrafo único A Coordenadoria de Biblioteca é coordenada
nando exemplares que possam ilustrar as atividades didáticas; por policial civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou
IV - registrar e controlar a exposição e utilização das peças, “C”, possuidor de curso específico na área de biblioteconomia ou
coleções objetos cadastrados; secretariado executivo.
V - prestar suporte técnico às atividades pedagógicas;
VI - exercer outras atividades correlatas. Seção de Gerenciamento de Acervo

Parágrafo único A Coordenadoria Museológica é coordenada Art. 29 A Seção de Gerenciamento de Acervo tem a missão de
por policial civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou apoiar a coordenadoria de biblioteca, competindo:
“C”, possuidor de curso específico na área. I - realizar serviços de catalogação, classificação e indexação
de documentos e materiais bibliográficos;

Didatismo e Conhecimento 7
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II - selecionar e elaborar projeto para a aquisição da documen- IV - apreciar outros assuntos indicados por autoridades supe-
tação e material bibliográfico necessário; riores;
III - analisar e avaliar documentos e materiais bibliográficos V - submeter dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
que irão compor o acervo; para homologação, o processo de desligamento do aluno cuja con-
IV - manter cadastro de editoras, livrarias e outras; duta, conceito, ou aproveitamento seja incompatível para o desem-
V - manter controle de publicações adquiridas, bem como o penho profissional do curso em que está matriculado.
descarte de título inservível;
VI - guardar, analisar, avaliar, conferir, controlar o acervo e § 1º Ao Presidente do Conselho de Ensino compete:
inventário. I - convocar o Conselho para Sessões Ordinárias e extraordi-
VII - preservar por meio de encadernação, restauração ou re- nárias;
paração o material bibliográfico; II - nomear, através de portaria, os membros do Conselho;
VIII - controlar empréstimos e uso adequado do acervo; III - encaminhar pareceres do Conselho à instância superior,
IX - exercer outras atividades correlatas. quando necessário;
IV - adotar procedimentos para a funcionalidade do Conselho.
Parágrafo único A Seção de Gerenciamento de Acervo é com-
posta por servidor da ativa, preferencialmente possuidor de curso § 2º Ao Secretário do Conselho, compete:
específico na área. I - lavrar a Ata de cada sessão;
II - divulgar quando autorizado, os pareceres do Conselho;
Seção de Biblioteca Digital III - fornecer aos membros do Conselho informações referen-
tes aos casos em julgamentos;
Art. 30  A Seção de Biblioteca Digital tem a missão de a IV - coletar e organizar dados de interesse do Conselho, com
manutenção, controle e constituição dos acervos fonotelemáticos vistas à elaboração do Relatório Anual do referido órgão.
de interesse da biblioteca, competindo:
§ 3º O Conselho de Ensino se reunirá ordinariamente no
I - manter fitotecas, discotecas, programação de dados e de
primeiro dia útil de cada mês, e extraordinariamente, em qualquer
palavras;
data, mediante convocação de seu Presidente. 
II - digitalizar documentos antigos e demais documentos que
importem em sua disponibilização por meio digital;
§ 4º Extraordinariamente poderá o Conselho de Ensino ser
III - manter acervo de fotos sobre atividades policiais;
convocado para emitir parecer sobre o comportamento de aluno,
IV - apoiar as atividades didático-pedagógicas com elementos considerado irregular, de acordo com informações do Conselho
audiovisuais, bibliográficos, artísticos e demais recursos necessá- Pedagógico, inclusive quanto a conveniência de sua permanência
rios ao ensino; no Curso ou estágio.
V - produzir desenhos, mapas, álbuns, seriados, transparên-
cias, fotografias, “slides”, cartazes, filmes, gravações e outros re- § 5º O Conselho de Ensino reunir-se-á também
cursos plurissensoriais; extraordinariamente, mediante convocação de seu presidente,
VI - exercer outras atividades correlatas. com a antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, para
a deliberação sobre matéria constante da agenda ou pauta de
Parágrafo único A Seção de Gerenciamento de Acervo é com- reuniões.
posta por servidor da ativa, preferencialmente possuidor de curso
específico na área. § 6º O Conselho de Ensino funcionará com a totalidade de
seus membros, e em caso de convocação extraordinária, com até
Seção III 2/3 ( dois terço) dos membros.
Do Conselho de Ensino
§ 7º Será afastado e/ou impedido de compor o Conselho o
Art. 31 O Conselho de Ensino - CE, como órgão colegiado da membro que:
ACADEPOL será composto pelo Diretor da Academia, membro I - alegar qualquer grau de parentesco com o aluno em julga-
nato, que o presidirá, pelo Diretor Adjunto da Academia, por mento;
representante dos Professores e Gerência de Ensino da Academia, II - faltar as 02 (duas) ou mais convocações ordinárias ou ex-
de onde sairá o secretário, competindo-lhe:  traordinárias, sem motivo justo;
I - emitir parecer sobre: III - não reunir condições de saúde, comprovadas por atestado
a) assuntos determinados pela Diretoria da Academia; ou parecer médico;
b) métodos e processos de ensino; IV - não reunir condições técnico-pedagógicas para atender ao
c) rendimento de ensino; seu funcionamento;
d) resultados de provas com índices anormais, de acordo com V - for removido da Capital;
os critérios de aceitação. VI - punido Penal ou Administrativamente;
II - emitir pareceres sobre aptidão profissional ou rendimento VII - estiver incluído em outras condições determinadas por
escolar do aluno sempre que necessário; lei que impliquem seu afastamento das funções policiais.
III - tomar conhecimento, no âmbito da ACADEPOL, dos ca-
sos de ordem moral, social, político ou disciplinar, em que conduta § 8º O membro do Conselho que for substituído, por qualquer
o aluno indique a sua incompatibilidade com as graduações, a que dos motivos deste artigo, voltará a integrá-lo, desde que cesse a
o curso se destina a habilitá-lo e tomar decisões a esse respeito; causa impedimento, e a critério do Presidente.

Didatismo e Conhecimento 8
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§ 9º As indicações de membros substituídos do Conselho é XVII - propor ações que visem a constantes atualizações da
competência exclusiva do seu Presidente. área de informática, por meio de projetos com vistas a moderniza-
ção da estrutura e dos programas;
Seção IV XVIII - exercer outras atividades correlatas.
Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimento de Projetos
(Nova redação dada pela LC 464/12) Parágrafo único. A Gerência de Manutenção, Apoio e Desen-
Redação original: volvimento de Projetos é gerida por policial civil da ativa, prefe-
Seção IV rencialmente de Classe Especial ou “C”, possuidor de curso espe-
Da Gerência de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos cífico na área.
Redação original:
Art. 32 A Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimen- Art. 32 A Gerência de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos
to de Projetos tem a missão de supervisionar ações administrati- tem a missão de gerenciar acompanhar e controlar a captação de
vas, visando celeridade e dinamismo da gestão da ACADEPOL, recursos e fornecimento dos meios necessários ao efetivo exercício
além de gerenciar, acompanhar e controlar a captação de recursos das unidades da ACADEPOL, no limite dos negócios de suas
e fornecimento dos meios necessários ao efetivo exercício das suas seções, em conformidade com a legislação vigente, por meio das
unidades, no limite dos negócios de suas seções, em conformidade atribuições definidas em regulamento interno.
com a legislação vigente, por meio das atribuições definidas em Parágrafo único A Gerência de Pesquisa e Desenvolvimento
regulamento interno, competindo-lhe: (Nova redação dada ao ar- de Projetos é gerida por policial civil da ativa, preferencialmente
tigo pela LC 464/12) de Classe Especial ou “C”, possuidor de curso específico na área.
I - planejar e elaborar a programação necessária a aquisição
de bens e serviços;  Subseção I
Seção de Elaboração de Projetos
II - gerenciar as áreas de acompanhamento das ações, regis-
tro de documentos e controle operacional, recepção e plantão, das
Art. 33 A Seção de Elaboração de Projetos tem a missão de
equipes de apoio ao ensino, material, patrimônio e armamento, re-
realizar estudos de previsão das estimativas de manutenção, cus-
cursos áudio visuais e serviços auxiliares;
teio e ou investimento para ACADEPOL, competindo: (Nova re-
III - administrar recebimento e guarda do material e patrimô-
dação dada ao artigo pela LC 464/12)
nio;
I - elaborar atividades relacionadas à área de educação com
IV - administrar os Recursos Auxiliares e Audiovisuais;
fito de atingir um conjunto de objetivos pré-definidos;
V - avaliar a qualidade e eficiência na prestação dos serviços e
II - planejar a realização de pesquisas que visem à atualização
produtos de suas equipes;
e o aprimoramento da doutrina acadêmica e operacional da polícia
VI - identificar a necessidade e coordenar a revisão e atuali- civil;
zação de processos e procedimentos operacionais de suas equipes; III - elaborar projetos de cursos de capacitação para Polícia
VII - realizar o controle do lotacionograma e das alterações do Judiciária Civil;
quadro de pessoal; IV - elaborar projetos para captação de recursos de órgãos ex-
VIII - planejar, gerenciar e executar as atividades de apoio ternos;
logístico ao ensino praticado na Academia de Polícia Civil; V - manter atualizado cadastro das entidades e órgãos finan-
IX - controlar e manter atualizado o registro dos bens patrimo- ciadores de projetos;
niais da Academia; VI - acompanhar o fluxo de todo o projeto, garantindo que
X - planejar, gerenciar, controlar e executar as atividades de as expectativas de qualidade e de orçamento dos projetos sejam
apoio logístico inerente à disciplina de armas e munições de uso atendidas;
permitido, de acordo com a legislação em vigor; VII - exercer outras atividades correlatas.
XI - apoiar as atividades didático-pedagógicas com elementos
audiovisuais, bibliográficos, artísticos e demais recursos necessá- Parágrafo único. A Seção de Elaboração de Projetos é com-
rios ao ensino; posta por servidor da ativa, preferencialmente possuidor de curso
XII - acompanhar os serviços terceirizados no âmbito da específico na área.
ACADEPOL, observando os prazos de vigência e renovação dos Redação original:
contratos, e dos seguros dos transportes coletivos; Art. 33  A Seção de Elaboração de Projetos tem a missão
XIII - controlar, fiscalizar, sistematizar e padronizar as ações de realizar estudos de previsão das estimativas de manutenção,
das seções de elaboração de projetos, pesquisas e estatística e in- custeio e ou investimento, e preparar os processos de aquisição de
formática; produtos e serviços para ACADEPOL, competindo:
XIV - estudar e propor projetos relativos a novas técnicas e I - elaborar atividades relacionadas à área de educação com
sobre elas opinar, visando o desenvolvimento da ACADEPOL; fito de atingir um conjunto de objetivos pré-definidos;
XV - acompanhar os projetos relativos a convênios com vistas II - planejar a realização de pesquisas que visem à atualização
à captação de recursos; e o aprimoramento da doutrina acadêmica e operacional da polícia
XVI - acompanhar e apoiar as atividades administrativas e pe- civil;
dagógicas das unidades da ACADEPOL com vistas a proposição III - elaborar projeto de cursos capacitação para Polícia Judi-
das ações inerente as Gerências; ciária Civil;

Didatismo e Conhecimento 9
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IV - elaborar projetos para captação de recursos órgãos ex- III - manter o website da unidade de ensino;
ternos; IV - verificar as necessidades, elaborar o pedido e acompanhar
V - manter atualizado cadastro das entidades e órgãos finan- a instalação de aparelhos e equipamentos de comunicação, soft-
ciadores de projetos;  wares básicos, sistemas e aplicativos, bem como as configurações
VI - acompanhar o fluxo de todo o projeto, desde o início até e atualizações necessárias que atendam às demandas da ACADE-
a entrega, garantindo que as expectativas de qualidade, entrega no POL;
prazo e de orçamento dos projetos sejam atendidas; V - elaborar vídeos educativos, instrucionais e institucionais a
VII - exercer outras atividades correlatas. partir de filmagens das atividades policiais e de ensino;
Parágrafo único A Seção de Elaboração de Projetos é com- VI - realizar a manutenção preventiva e corretiva de equipa-
posta por servidor da ativa, preferencialmente possuidor de curso mentos de informática, incluindo os recursos áudios-visuais;
específico na área. VII - fazer cumprir no âmbito da ACADEPOL normas relati-
vas à segurança da informação;
Subseção II VIII - gerir a rede de computadores e hot spots de rede sem
Seção de Pesquisas e Estatística fio da ACADEPOL;
IX - manter atualizado e em condições de funcionamento ga-
Art. 34 A Seção de Pesquisas e Estatística tem a missão de teways, firewalls e Proxys nas ligações da rede de computadores
levantar os fatores e elementos de mensuração das necessidades com a internet, de modo a garantir um filtro seguro entre os am-
internas, mantendo o controle das demandas de capacitações dos bientes;
policiais civis, competindo: X - prestar apoio especializado de informática nas atividades
I - elaborar proposta técnica e executar projetos pertinentes diárias, bem como em eventos e cursos promovidos pela Acade-
ao seu negócio; mia;
II - apontar os indicadores da ACADEPOL; XI - desenvolver aplicativos e pequenos sistemas;
III - elaborar gráficos estatísticos referentes à avaliação do en- XII - manter o controle das licenças de software adquiridas;
sino e da aprendizagem; XIII - propor a utilização de  softwares livres, bem como
IV - levantar dados estatísticos relacionados com a avaliação promover treinamentos no intuito de disseminar a cultura de sof-
do desempenho do ensino e da aprendizagem na Academia de Po- twarelivre;
lícia Judiciária Civil;
XIV - exercer outras atividades correlatas.
V - acompanhar e avaliar as metas físicas e de resultado, o ín-
dice de realização proposto no plano de trabalho anual da unidade
Parágrafo único. A Seção de Informática é composta por po-
de ensino garantindo o alcance do resultado pretendido; 
licial civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou “C”,
VI - garantir a eficiência, eficácia e efetividade na execução
possuidor de curso específico na área de análise de sistema. (Nova
das ações e na geração e fornecimento de produtos e serviços da
redação dada pela LC 464/12)
gerência;
Redação original:
VII - promover condições para melhoria contínua e mensurá-
Parágrafo único A Seção de Pesquisas e Estatística é composta
vel da qualidade e produtividade do serviço;
VIII - monitorar e controlar as fases de um projeto sob sua por policial civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou
responsabilidade; “C”, possuidor de curso específico na área de análise de sistema.
IX - gerenciar cronograma de execução do projeto;
X - manter banco de dados de estatísticas sobre os crimes mais Subseção IV
evidentes no Estado e as demandas de capacitações e treinamentos Seção de Planejamento 
dos policiais necessários a melhoria dos processos; (Acrescentado pela LC 464/12)
XI - formular indicadores que dêem embasamento para elabo-
ração e projetos; Art. 35-A A Seção de Planejamento tem a missão de planejar
XII - exercer outras atividades correlatas. e elaborar a programação necessária às compras de bens e serviços
da ACADEPOL, competindo: (Acrescentado pela LC 464/12)
Parágrafo único A Seção de Pesquisas e Estatística é composta I - elaborar e acompanhar o Plano de Trabalho Anual (PTA) e
por servidor da ativa, preferencialmente possuidor de curso especí- Plano Plurianual no âmbito da ACADEPOL;
fico na área de estatística ou análise de sistema. II - acompanhar as informações do orçamento da ACADE-
POL nos processos de pagamento, manutenção e investimento;
Subseção III III - fiscalizar obras e serviços realizados na Academia;
Seção de Informática IV - acompanhar e fiscalizar contratos;
V - controlar o uso dos serviços das concessionárias;
Art. 35 A Seção de Informática tem a missão de desenvolver e VI - gerenciar as áreas de acompanhamento das ações, regis-
manter sistemas de banco de dados, acompanhar o desenvolvimento tro de documentos e controle operacional;
tecnológico, a aquisição e utilização de equipamentos de apoio ao VII - avaliar a qualidade e eficiência na prestação dos serviços
ensino policial, competindo: e produtos de suas equipes;
I - elaborar proposta técnica e executar projetos pertinentes; VIII - acompanhar o fornecimento de serviços terceirizados,
II - prover meios de gerenciamento da informação através de auxiliando quando for o caso, na elaboração do projeto básico para
recursos tecnológicos; a contratação de serviços;

Didatismo e Conhecimento 10
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IX - acompanhar a execução e aplicação de recursos de con- Subseção I
vênios e realizar a prestação de contas; Da Secretaria
X - elaborar relatório de Ação Governamental (RAG);
XI - exercer outras atividades correlatas. Art. 37 A Secretaria tem a missão de auxiliar as atividades da
Gerencia de Ensino – GE, competindo:
Parágrafo único.  A Seção de Planejamento é composta por I - emitir parecer técnico nos processos remetidos pela Dire-
servidores da ativa, preferencialmente possuidores de curso espe- toria da ACADEPOL a respeito de cursos à distância, bem como
cífico na área de administração, gestão ou planejamento. cursos de formação continuada e especializações realizados fora
da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, com o fim de serem
Seção V reconhecidos e homologados;
Da Gerência de Ensino II - administrar as rotinas dos cursos, zelando pelo cumpri-
mento dos prazos institucionais;
Art. 36  A Gerência de Ensino tem a missão de planejar, III - expedir atestados e certidões relativas a alunos e ex-alu-
acompanhar e avaliar as atividades de formação, especialização e nos da Academia de Polícia Judiciária Civil;
aperfeiçoamento dos policiais civis, competindo: IV - manter a escrituração escolar e o arquivo de documentos
I - planejar as diretrizes básicas das atividades didáticas e pe- organizados, assegurando a verificação dos dados de cada aluno, a
dagógicas da ACADEPOL; regularidade e a autenticação de todos os documentos;
II - elaborar planos, programas e projetos relativos à formação V - catalogar a legislação educacional e legislação pertinente à
e aperfeiçoamento do servidor policial civil; legalização e funcionamento dos Cursos e da Academia de Polícia
III - planejar a realização de pesquisas que visem à atualização Judiciária Civil, mantendo-as organizadas e de fácil acesso para
e o aprimoramento da doutrina acadêmica e operacional da polícia subsidiar todos as Diretorias; 
civil; VI - controlar o cumprimento da carga horária das disciplinas,
IV - manter-se atualizado com relação à legislação educacio- da freqüência docente e discente e repassar as informações à Ge-
nal; rência de Ensino; 
V - elaborar normas específicas de ensino relativas aos cursos VII - registrar e arquivar todas as atividades administrativas
de formação e aperfeiçoamento; dos cursos, para fins de emissão de documentos referentes à área
VI - emitir parecer técnico nos processos remetidos pela Di- de administração escolar; secretaria escolar e certificação; 
retoria da ACADEPOL a respeito de cursos à distância, bem como VIII - manter atualizados, todos os registros manualmente ou
cursos de formação continuada e especializações realizados fora no sistema informatizado da Administração Escolar; 
da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, com o fim de serem IX - fornecer informações para a expedição dos certificados
reconhecidos e homologados; de conclusão de cursos; 
VII - coordenar a elaboração dos projetos pedagógicos dos X - proceder ao registro de certificados pela Academia de Po-
cursos, elaboração dos planos de ensino das disciplinas que inte- lícia Judiciária Civil; 
gram os currículos dos cursos, o planejamento do ensino das dis- XI - elaborar relatório das atividades desenvolvidas sempre
ciplinas; que solicitadas pela direção;
VIII - identificar e propor atividades de orientação permanen- XII - exercer outras atividades correlatas.
te dos docentes dos cursos;
IX - coordenar a elaboração de projetos de iniciação científica Parágrafo único A Secretária é escolhida entre o servidor da
e projetos integrados ao ensino; ativa, preferencialmente, possuidora de curso específico na área
X - acompanhar o cronograma de execução das disciplinas, de ensino.
nas turmas, no que se refere às dificuldades de aprendizagem dos
alunos, os aspectos que precisam ser revistos e as ações para a Subseção II
superação das dificuldades; Seção Disciplinar
XI - providenciar o conhecimento e a divulgação da legislação
educacional vigente; Art. 38  A Seção Disciplinar tem a missão de zelar pela
XII - acompanhar e controlar a realização de conferências, se- manutenção da disciplina entre os alunos da Academia de Polícia
minários, e outras atividades da área de aperfeiçoamento; Judiciária Civil, competindo:
XIII - coordenar a realização de eventos de integração e outras I - acompanhar a conduta disciplinar de cada aluno durante a
solenidades desenvolvidas pela Academia de Polícia Judiciária Ci- realização dos cursos, mediante registro de carta de advertência;
vil; II - apresentar Carta de Advertência aos alunos por comporta-
XIV - emitir pareceres sobre a atuação dos corpos docente e mento indevido, registrando o feito em livro próprio e mantendo
discente da Academia de Polícia Judiciária Civil; contato com o corpo docente para controle da conduta dos adver-
XV - proceder à orientação educacional junto aos integrantes tidos;
do corpo discente; III - informar trimestralmente a direção da Academia de Po-
XVI - exercer outras atividades correlatas. lícia Judiciária Civil, a relação de servidores que não realizaram
cursos de aperfeiçoamento;
Parágrafo único A Gerência de Ensino é gerida por policial IV - emitir pareceres técnicos sobre a conduta dos alunos;
civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou “C”, pos- V - apurar ocorrências disciplinares, envolvendo alunos e for-
suidor de curso específico na área de ensino. mar os respectivos processos para apreciação superior;

Didatismo e Conhecimento 11
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VI - manter em arquivo, cópia dos procedimentos disciplina- IV - promover a seleção de professores, buscando a sua ade-
res com os respectivos pareceres e resoluções superiores; quação ao perfil e às necessidades dos projetos pedagógicos dos
VII - exercer outras atividades correlatas. cursos;
V - propor à Diretoria da Academia de Polícia Judiciária Civil
Parágrafo único A Seção Disciplinar é composta por policial as prioridades de capacitação docente para atender aos projetos
civil da ativa, preferencialmente possuidor de curso específico na pedagógicos dos cursos;
área de pedagogia. VI - assessorar o gestor na elaboração do PPA e PTA da ACA-
DEPOL;
Subseção III VII - exercer outras atividades correlatas.
Seção de Planejamento de Ensino Parágrafo único A Seção Planejamento é composta por servi-
(Nova redação dada pela LC 464/12) dores da ativa, preferencialmente possuidores de curso específico
Redação origianal: na área de administração, gestão ou planejamento.
Subseção III
Seção de Planejamento Subseção IV
Seção de Acompanhamento Controle e Orientação Pedagógica
Art. 39  A Seção de Planejamento de Ensino tem a missão
de coordenar a elaboração de projetos integrados ao ensino, Art. 40 A Seção de Acompanhamento Controle e Orientação
organizando as atividades, de forma a favorecer a articulação Pedagógica tem a missão de coordenar a elaboração dos planos de
teoria-prática, a socialização dos saberes e fazeres das atividades ensino das disciplinas que integram os currículos dos cursos, tendo
pertinentes aos cursos, na perspectiva das questões postas pela como referência o projeto pedagógico de cada curso, competindo:
necessidade do mesmo, da Instituição, Órgão Público e dos alunos, I - elaborar normas específicas de ensino relativas aos cursos
competindo: (Nova redação dada pela LC 464/12) de formação e aperfeiçoamento;
I - elaborar planos, programas e projetos relativos à formação II - definir, junto com os docentes, as metodologias a serem
e aperfeiçoamento do servidor policial civil; adotadas na turma, no período letivo, em consonância com a natu-
II - coordenar a elaboração dos projetos pedagógicos dos cur- reza das disciplinas e os objetivos estabelecidos;
sos, elaboração dos planos de ensino das disciplinas que integram III - identificar e propor atividades de orientação permanente
os currículos dos cursos, o planejamento do ensino das disciplinas; dos docentes dos cursos;
III - elaborar e manter atualizados manuais de informações IV - acompanhar o cronograma de execução das disciplinas,
sobre os cursos e sobre as normas acadêmicas para os corpos do- nas turmas;
cente e discente, visando a unidade do trabalho acadêmico e ad- V - promover reuniões dos professores por grupos de discipli-
ministrativo; nas ou por outras formas que favoreçam a integração horizontal e
IV - promover a seleção de professores, buscando a sua ade- vertical do currículo;
quação ao perfil e às necessidades dos projetos pedagógicos dos VI - exercer outras atividades correlatas.
cursos;
V - propor à Diretoria da Academia de Polícia Judiciária Civil Parágrafo único. A Seção de Acompanhamento, Controle e
as prioridades de capacitação docente para atender aos projetos Orientação Pedagógica é composta por servidores da ativa, prefe-
pedagógicos dos cursos; rencialmente possuidores de curso específico na área de pedago-
VI - assessorar o gestor na elaboração do PPA e PTA da ACA- gia. (Nova redação dada pela LC 464/12)
DEPOL; Redação original:
VII - exercer outras atividades correlatas. Parágrafo único A Seção Disciplinar é composta por servido-
res da ativa, preferencialmente possuidores de curso específico na
Parágrafo único. A Seção Planejamento de Ensino é composta área de pedagogia.
por servidores da ativa, preferencialmente possuidores de curso
específico na área de administração, gestão ou planejamento. Subseção V
Redação origianal: Seção de Acompanhamento e Controle Discente
Art. 39 A Seção de Planejamento tem a missão de coordenar
a elaboração de projetos integrados ao ensino, organizando as Art. 41 A Seção de Acompanhamento e Controle Discente tem
atividades, de forma a favorecer a articulação teoria-prática, a a missão de controlar os alunos da Academia de Polícia Judiciária
socialização dos saberes e fazeres das atividades pertinentes aos Civil quanto à presença, horário de entrada e saída das salas de
cursos, na perspectiva das questões postas pela necessidade do aula e auditórios, competindo:
mesmo, da Instituição, Órgão Público e dos alunos, competindo: I - proceder à orientação educacional junto aos integrantes do
I - elaborar planos, programas e projetos relativos à formação corpo discente;
e aperfeiçoamento do servidor policial civil; II - analisar, com os docentes da turma, os resultados das ava-
II - coordenar a elaboração dos projetos pedagógicos dos cur- liações;
sos, elaboração dos planos de ensino das disciplinas que integram III - identificar, com os docentes, as dificuldades encontradas
os currículos dos cursos, o planejamento do ensino das disciplinas; no que se refere ao relacionamento professor e aluno;
III - elaborar e manter atualizados manuais de informações IV - divulgar junto aos discentes, as normas institucionais re-
sobre os cursos e sobre as normas acadêmicas para os corpos do- ferentes a procedimentos acadêmicos e administrativos, de forma
cente e discente, visando a unidade do trabalho acadêmico e ad- a favorecer a comunicação e evitar os desvios, e;
ministrativo; V - exercer outras atividades correlatas.

Didatismo e Conhecimento 12
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Parágrafo único. A Seção de Acompanhamento e Controle Subseção VII
Discente é composta por policial civil da ativa, preferencialmente Seção de Acompanhamento de Concurso e Seleção
possuidor de curso específico na área de ensino. (Nova redação (Acrescentada pela LC 464/12)
dada pela LC 464/12)
Redação original: Art. 42-A  A Seção de Acompanhamento de Concurso
Parágrafo único A Seção Disciplinar é composta por policial e Seleção tem a missão de planejar e subsidiar a execução dos
civil da ativa, preferencialmente possuidor de curso específico na concursos para seleção de pessoal e provimento de Cargos de
área de ensino. Carreira da Polícia Judiciária Civil, competindo: (Acrescentada
pela LC 464/12)
Subseção VI I - elaborar, publicar e divulgar os editais relativos aos proces-
Seção de Curso de Formação Inicial e Continuada sos seletivos no âmbito da ACADEPOL;
II - subsidiar a elaboração dos editais relativos aos concursos
Art. 42 A Seção de Curso de Formação Inicial e Continuada públicos;
tem a missão de manter atualizados os projetos pedagógicos dos III - acompanhar a realização de todas as fases de Concurso
cursos, para adequá-los à demanda das Instituições e Órgãos e Seleção;
Públicos, competindo: IV - indicar representantes e membros de bancas examinado-
I - coordenar o planejamento do ensino das disciplinas do cur- ras em processos seletivos;
so com os professores, compatibilizando as atividades; V - fornecer à Diretoria Geral os subsídios necessários para
II - elaborar e acompanhar o cumprimento de calendário de posse e lotação dos candidatos;
reposição de aulas;  VI - manter contato com a Gerência de Inteligência Polícia
III - acompanhar o cronograma de execução das disciplinas, (GIP) naquilo que concerne às informações reservadas sobre os
nas turmas; concursandos no certame, para provimento de Cargos da Carreira
IV - acompanhar e orientar as questões referentes a:  da Polícia Judiciária Civil;
a) freqüência e a evasão discente;  VII - exercer outras atividades correlatas.
b) assiduidade dos docentes; 
c) ao cumprimento da carga horária e dos conteúdos, de cada Parágrafo único. A Seção de Acompanhamento de Concurso e
disciplina, para garantir a integralização dos mesmos;  Seleção é composta por policial civil da ativa.
d) ao rendimento dos alunos no decorrer dos cursos; 
e) ao atendimento dos prazos de entrega de notas, diários e Subseção VIII
planilhas de notas, de acordo com o desenvolvimento de cada cur- Seção de Investigação Social 
so;  (Acrescentada pela LC 464/12)
f) registrar e arquivar todas as atividades do curso que coor-
dena, para fins de composição da memória do curso, avaliações Art. 42-B A Seção de Investigação Social, composta por poli-
internas e externas;  ciais civis, tem a missão de auxiliar a Gerência de Concurso, Sele-
g) emitir parecer em processos de transferências interna, de ção e Acompanhamento, no que concerne as informações reserva-
aproveitamento de estudos, de dispensa de disciplinas e de outros das sobre os concursandos no certame, para provimento de Cargos
processos, em conjunto com a Gerência de Ensino, quando soli- de Carreira da Polícia Judiciária Civil, competindo: (Acrescenta-
citado. da pela LC 464/12)
V - administrar as rotinas do curso, zelando pelo cumprimento I - responder aos candidatos possíveis dúvidas relativas ao
dos prazos institucionais; certame;
VI - cumprir e fazer cumprir todas as determinações emanadas II - manter contato com a Gerência de Inteligência Polícia
do Estatuto, do Regulamento Interno e das normas acadêmicas; (GIP) naquilo que concerne às informações reservadas;
VII - acompanhar e controlar a realização dos cursos de for- III - exercer outras atividades correlatas.”
mação e de aperfeiçoamento, executados pela Academia de Polícia
Judiciária Civil; Seção VI
VIII - elaborar relatórios e dossiês dos cursos realizados; Da Gerência de Administração e Apoio Logístico
IX - minutar editais, avisos e ordens de serviços referentes à
execução de cursos de formação e aperfeiçoamento; Art. 43 (revogado) LC 464/12
X - realizar treinamento de instruções para a área de formação Redação original:
e aperfeiçoamento policial; Art. 43 A Gerência de Administração e Apoio Logístico tem a
XI - exercer outras atividades correlatas. missão de supervisionar ações administrativas visando celeridade
e dinamismo da gestão ACADEPOL, competindo:
Parágrafo único. A Seção de Curso de Formação Inicial e I - gerenciar as áreas de acompanhamento das ações, regis-
Continuada é composta por policial civil da ativa, preferencial- tro de documentos e controle operacional, recepção e plantão, das
mente possuidor de curso específico na área de pedagogia.(Nova equipes de apoio ao ensino, material, patrimônio e armamento, re-
redação dada pela LC 464/12) cursos áudio visuais e serviços auxiliares;
Redação origianal: II - planejar e elaborar a programação necessária às aquisição
Parágrafo único A Seção Disciplinar é composta por policial de bens e serviços;
civil da ativa, preferencialmente possuidor de curso específico na III - administrar recebimento e guarda do material e patrimô-
área de pedagogia. nio;

Didatismo e Conhecimento 13
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
IV - administrar os Recursos Auxiliares e Audiovisuais; I - controlar e auxiliar a entrada e saída do público interno e
V - avaliar a qualidade e eficiência na prestação dos serviços e externo, dando assistência no sentido de transportar servidores no
produtos de suas equipes; interesse da Instituição;
VI - identificar a necessidade e coordenar a revisão e atuali- II - elaborar mapa de distribuição de plantões;
zação de processos e procedimentos operacionais de suas equipes; III - acompanhar a revisão periódica, manutenção preventiva
VII - realizar o controle do lotacionograma e das alterações do e corretiva de veículos da ACADEPOL;
quadro de pessoal;  IV - elaborar documentação relativa ao adicional noturno;
VIII - planejar, gerenciar e executar as atividades de apoio V - efetuar o atendimento ao público, pessoal ou telefônico,
logístico ao ensino praticado na Academia de Polícia Civil; registrando os eventos extraordinários em livro próprio e fazendo
IX - controlar e manter atualizado o registro dos bens patrimo- os encaminhamentos devidos;
niais da Academia; VI - exercer outras atividades correlatas.
X - planejar, gerenciar, controlar e executar as atividades de
apoio logístico inerente à disciplina de armas e munições de uso Parágrafo único A Seção Plantão e Segurança Patrimonial é
permitido, de acordo com a legislação em vigor; composta por policiais civis da ativa.
XI - apoiar as atividades didático-pedagógicas com elementos
audiovisuais, bibliográficos, artísticos e demais recursos necessá- Subseção III
rios ao ensino; Seção de Carga
XII - acompanhar os serviços terceirizados no âmbito da (As seções e subseções estabelecidas nos Arts. 44 a 50 ficam
ACADEPOL, observando os prazos de vigência e renovação dos vinculadas a Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimento
contratos, e dos seguros dos transportes coletivos; de Projeto, conforme art. 6º da LC 464/12))
XIII - exercer outras atividades correlatas.
Parágrafo único A Gerência de Ensino é gerida por policial Art. 46 A Seção de Carga tem a missão de manter o controle
civil da ativa, de Classe Especial ou “C”, preferencialmente pos- geral de estoque do material, frota de veículos e armamento
suidor de curso específico na área de administração. sob sua guarda, o controle sobre os Termos de Transferência e
Responsabilidade de patrimônio da ACADEPOL, competindo:
Subseção I I - manter banco de dados de controle do patrimônio da ACA-
Seção do Complexo de Treinamento e Armamento
DEPOL;
(As seções e subseções estabelecidas nos Arts. 44 a 50 ficam
II - controlar os bens dispostos nos alojamentos;
vinculadas a Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimen-
III - administrar os Recursos Auxiliares e Audiovisuais;
to de Projeto, conforme art. 6º da LC464/12))
IV - receber registrar, distribuir e/ou guardar os materiais ad-
quiridos;
Art. 44 A Seção do Complexo de Treinamento e Armamento
V - promover o recolhimento e encaminhamento para baixa
tem a missão de gerir o uso das instalações do Complexo de
dos Bens inservíveis de acordo com as normas vigentes;
Treinamento da ACADEPOL, competindo:
I - manter em condições de uso todas as instalações, conser- VI - avaliar e propor a aquisição de bens necessários as uni-
vação e manutenção dos bens e equipamentos do complexo de dades da Academia, bem como a renovação da frota de veículos;
treinamento; VII - coordenar e fiscalizar a entrega, depósito e devolução de
II - controlar, guardar, conservar e manter as armas, algemas, objetos a outras unidades da PJC;
coletes e munições empregados no complexo de treinamento; VIII - controlar e manter atualizado o registro dos bens patri-
III - planejar, gerenciar, controlar e executar as atividades de moniais da Academia;
apoio logístico inerente às disciplinas de planejamento operacional IX - zelar pela conservação e preservação dos bens e instala-
e de armas e munições de uso permitido, de acordo com a legisla- ções à disposição do curso;
ção em vigor; X - exercer outras atividades correlatas.
IV - realizar a recarga e armazenamento de munições;
V - exercer outras atividades correlatas. Parágrafo único A Seção de Carga é composta por servidor
da ativa.
Parágrafo único A Seção do Complexo de Treinamento e Ar-
mamento é composta por policial civil da ativa, preferencialmente Subseção IV
possuidor de curso específico de armeiro ou na área de operações Seção de Planejamento e Aquisições
especiais. (As seções e subseções estabelecidas nos Arts. 44 a 50 ficam
vinculadas a Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimento
Subseção II de Projeto, conforme art. 6º da LC 464/12))
Seção de Plantão e Segurança Patrimonial
(As seções e subseções estabelecidas nos Arts. 44 a 50 ficam Art. 47 A Seção de Aquisições tem a missão de preparar os
vinculadas a Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimento procedimentos de aquisição de produtos e serviços da ACADE-
de Projeto, conforme art. 6º da LC 464/12)) POL, competindo: (Nova redação dada pela LC 464/12)
I - elaborar pedidos de aquisições de bens e serviços conforme
Art. 45 A Seção de Plantão e Segurança Patrimonial tem a as necessidades levantadas pelas respectivas seções;
missão de zelar pela segurança predial, patrimonial e pessoal II - acompanhar e monitorar os processos de aquisição junto
dentro da ACADEPOL, competindo: ao Núcleo Sistêmico e órgãos afins;

Didatismo e Conhecimento 14
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
III - acompanhar o fornecimento de serviços terceirizados, au- Subseção VI
xiliando quando for o caso, na elaboração do projeto básico para a Do Laboratório de Informática
contratação de serviços; (As seções e subseções estabelecidas nos Arts. 44 a 50 ficam
IV - acompanhar o recebimento, a incorporação, a transferên- vinculadas a Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimen-
cia e a baixa de material permanente e de consumo da ACADE- to de Projeto, conforme art. 6º da LC464/12))
POL;
V - executar o fluxo de todos os convênios, desde o início até Art. 49  O Laboratório de Informática tem a missão de
a entrega no prazo, observando a qualidade do objeto adjudicado; viabilizar, garantir e propiciar a realização de capacitação,
VI - exercer outras atividades correlatas. treinamento e inclusão digital dos discentes, competindo:
I - manter os laboratórios de informática em condições de uso;
Parágrafo único. A Seção de Aquisições é composta por po- II - manter os softwares de proteção, bem como os sistemas
licial civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou ‘C’. operativos atualizados;
Redação original: III - controlar o uso e agendamento dos laboratórios;
Art. 47 A Seção de Planejamento e Aquisições tem a missão IV - assessorar docentes nas atividades que importem no uso
de planejar e elaborar a programação necessária às compras de dos laboratórios;
bens e serviços da ACADEPOL, competindo: V - controlar o acesso aos laboratórios;
I - projetar, elaborar, acompanhar e monitorar os processos de VI - manter o controle dos bens e acessórios dos computado-
aquisição junto ao núcleo sistêmico e projetos de convênios; res dos laboratórios;
II - elaborar e acompanhar o Plano de Trabalho Anual (PTA) e VII - exercer outras atividades correlatas.
Plano Pluri Anual no âmbito da ACADEPOL;
III - fiscalizar obras e serviços realizados na Academia; Parágrafo único O Laboratório de Informática é composto por
IV - acompanhar e fiscalizar contratos; policial civil da ativa, preferencialmente de Classe Especial ou
V - controlar o uso dos serviços das concessionárias; “C”, possuidor de curso específico na área de análise de sistema.
VI - gerenciar as áreas de acompanhamento das ações, regis-
Subseção VII
tro de documentos e controle operacional;
Do Apoio
VII - avaliar a qualidade e eficiência na prestação dos serviços
(As seções e subseções estabelecidas nos Arts. 44 a 50 ficam
e produtos de suas equipes;
vinculadas a Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimen-
VIII - acompanhar o fornecimento de serviços terceirizados,
to de Projeto, conforme art. 6º da LC464/12))
auxiliando quando for o caso, na elaboração do projeto básico para
a contratação de serviços;
Art. 50 O Apoio tem a missão de viabilizar, garantir e propiciar
IX - elaborar relatório de Ação Governamental (RAG); a realização eficiente das atividades administrativas e pedagógicas
X - exercer outras atividades correlatas. exercidas por meio das Gerências no âmbito da ACADEPOL,
Parágrafo único A Seção Planejamento e Aquisições são com- competindo:
postas por servidores da ativa, preferencialmente possuidores de I - identificar a necessidade e coordenar a revisão e atualiza-
curso específico na área de administração, gestão ou planejamento. ção de processos e procedimentos operacionais de suas equipes; 
II - manter a diretoria da ACADEPOL informada dos pro-
Subseção V blemas e dificuldades de operacionalização de seu negócio, bem
Seção de Reprografia como, propor ações para solucionar os mesmos;
(As seções e subseções estabelecidas nos Arts. 44 a 50 ficam III - planejar, gerenciar e executar as atividades de apoio lo-
vinculadas a Gerência de Manutenção, Apoio e Desenvolvimento gístico ao ensino praticado na academia de polícia civil;
de Projeto, conforme art. 6º da LC 464/12)) IV - receber, encaminhar e despachar documentos;
V - agendar e organizar as atividades motivacionais e de qua-
Art. 48  A Seção de Reprografia tem a missão de planejar, lidade de vida para os servidores da ACADEPOL;
realizar e ou acompanhar a reprodução de documentos necessários VI - manter o controle efetivo da hospedagem nos alojamen-
às atividades administrativas e pedagógicas realizadas pela tos da ACADEPOL, inclusive os agendamentos oficiais;
ACADEPOL, competindo: VII - fiscalizar a limpeza e manutenção dos quartos, roupa
I - reproduzir documentos e montar apostilas de cursos e pres- de cama e seus objetos, solicitando ao gerente de administração a
tar apoio em eventos da ACADEPOL; aquisição de peças novas quando necessários;
II - fiscalizar o uso dos equipamentos sob sua responsabilida- VIII - realizar o controle do lotacionograma e das alterações
de, acompanhando e solicitando a manutenção; do quadro de pessoal;
III - evitar que estranhos ou neófitos operem as máquinas; IX - formalizar e acompanhar o pedido de concessão e auto-
IV - controlar a entrada e saída dos insumos, mantendo plani- rização de diárias e adiantamento dos servidores da ACADEPOL;
lha específica, para evitar os desperdícios; X - administrar o fluxo dos documentos e correspondências
V - apresentar relatório quando solicitado pela Gerência res- recebidas e protocolizadas disponibilizando às partes interessadas;
pectiva ou Diretoria; XI - organizar e conservar os arquivos dos documentos admi-
VI - exercer outras atividades correlatas. nistrativos;
XII - elaborar o boletim estatístico mensal e acompanhar os
Parágrafo único A Seção Reprografia é composta por servidor pedidos de concessões de férias, licenças, afastamentos dos servi-
da ativa. dores da academia;

Didatismo e Conhecimento 15
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
XIII - manter em dias as avaliações de desempenho de servi- III - identificar fatores de risco à saúde e neles atuar benefi-
dores; camente;
XIV - exercer outras atividades correlatas. IV - organizar e fiscalizar as avaliações físicas de inclusão na
Instituição;
Parágrafo único O apoio é composto por servidores da ativa. V - organizar e acompanhar Avaliações físicas periódicas;
VI - triar os possíveis grupos de risco;
Seção VII VII - conscientizar os policiais sobre o processo de adoeci-
Da Gerência do Centro de Ensino Superior mento, sobre fatores agravantes e repercussão das doenças em sua
qualidade de vida;
Art. 51  A Gerência do Centro de Ensino Superior tem a VIII - avaliar individualmente cada policial com a utilização
missão de coordenar, desenvolver e executar atividades destinadas de protocolos cientificamente comprovados;
a capacitação, especialização e aperfeiçoamento de policiais civis, IX - ministrar aulas de conhecimento básico em Educação Fí-
competindo: sica;
I - realizar cursos de Educação Superior, Profissional e Conti- X - organizar e promover a integração através de atividades
nuada nos termos da legislação educacional vigente; esportivas e jogos interativos;
II - exercer outras atividades correlatas. XI - orientar e preparar os Policiais para que tenham uma vida
saudável na aposentadoria;
Parágrafo único A Gerência do Centro de Ensino Superior é XII - exercer outras atividades correlatas.
gerida por policial civil da ativa, de Classe Especial ou “C”, pre-
ferencialmente possuidor de curso específico na área de ensino. Subseção I
Seção de Defesa Pessoal
Subseção I
Seção de Pós Graduação e Extensão Art. 54 A Seção de Defesa Pessoal tem a missão de elaborar
atividades de defesa pessoal para policiais que desenvolvem
Art. 52 A Seção de Pós Graduação e Extensão tem a missão
suas atividades no âmbito policial como forma de proteção à sua
de planejar as diretrizes básicas das atividades didáticas e
integridade física, competindo:
pedagógicas do Centro de Ensino Superior da Polícia Judiciária
I - promover atividades voltadas a orientação e desenvolvi-
Civil, competindo:
mento de técnicas selecionadas e em táticas de defesa pessoal de
I - coordenar a elaboração de projetos de iniciação científica e
fácil aprendizado, memorização e execução, envolvendo práticas
projetos integrados ao ensino;
eficazes de várias artes marciais, e pronto emprego ao que se dedi-
II - elaborar plano de trabalho que contemple as atividades
ca a disciplina de defesa pessoal ou individual;
de ensino/pesquisa da educação profissional, superior e extensão;
II - elaborar atividades voltadas ao desenvolvimento da cora-
III - coordenar a elaboração de projetos de iniciação cientí-
gem, equilíbrio emocional e paciência, qualidades fundamentais
fica que favoreçam a construção de saberes e fazeres próprios do
conjunto de disciplinas de cada turma, referenciada pelo projeto no trabalho policial diário;
pedagógico, assegurando a participação dos alunos para o desen- III - manter em condições de uso áreas reservadas para o trei-
volvimento da capacidade investigativa; namento de defesa pessoal, dentre eles o tatame;
IV - acompanhar desenvolvimento das atividades de ensino, IV - planejar e executar programas de Defesa Pessoal melho-
pesquisa e extensão dos cursos, previstos nos seus respectivos pro- rando a corporeidade e motricidade para consolidar as habilidades
jetos; motoras complexas e específicas para o trabalho policial;
V - exercer outras atividades correlatas. V - exercer outras atividades correlatas.

Parágrafo único A Seção de Pós Graduação e Extensão é Parágrafo único A Seção de Defesa Pessoal é composta por
composta por servidores da ativa, preferencialmente pós-gradua- policial civil da ativa, possuidor de curso específico na área de
dos na área de ensino. educação física, preferencialmente habilitado em artes marciais.
Seção VIII
Da Gerência do Centro de Educação Física Subseção II
Seção de Treinamento Físico Policial
Art. 53 A Gerência do Centro de Educação Física, constituída
por profissionais da área regularmente registrados nos Conselhos Art. 55  A Seção de Treinamento Físico Policial, composta
Regionais, tem a missão de coordenar, desenvolver e executar por servidores públicos, tem a missão de planejar e executar
atividades destinadas recuperar fisicamente os policiais da programas de atividades de Educação Física para o trabalho
Instituição para o desempenho de suas atividades profissionais e policial, competindo:
promover qualidade de vida, compete: I - elaborar atividades físicas voltadas para a atividade poli-
I - elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, nas cial.
áreas de atividades físicas e do desporto;  II - planejar, coordenar, aplicar e avaliar programas de ativi-
II - manter dados científicos para criação de um padrão de dades físicas, recreativas e esportivas para melhoria de qualidade
educação física para a atividade fim; de vida dos policiais.

Didatismo e Conhecimento 16
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III - desenvolver jogos com caráter competitivo, cooperativo, II - manter contato com a Gerência de Inteligência Polícia
recreativo, atividades rítmicas/expressivas e atividades para apri- (GIP) naquilo que concerne às informações reservadas;
morar as capacidades físicas dos policiais; III - exercer outras atividades correlatas.
IV - aplicar metodologias do treinamento desportivo no âm-
bito policial; CAPÍTULO IV
V - orientar e desenvolver noções conceituais de esforço, in- OUVIDORIA ESPECIALIZADA DA POLÍCIA JUDICIÁRIA
tensidade e freqüência cardíaca nas práticas de atividades físicas; CIVIL
VI - elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, to-
dos nas áreas de atividades físicas e do desporto; Art. 58 A Ouvidoria Especializada de Polícia Judiciária Civil
VII - organizar e fiscalizar as avaliações físicas de inclusão tem a missão de:
na instituição;  I - oferecer canais diretos de comunicação com a sociedade,
VIII - controlar o uso do parque aquático da ACADEPOL; bem como avaliar o nível de satisfação para com os serviços exe-
IX - apresentar projeto para que a academia possa buscar junto cutados;
ao governo do estado e entidades particulares, parcerias para obter II - conhecer de atos suscetíveis de advertência ou censura
uma infra-estrutura própria para aplicação dos programas; ética suscitados por intermédio de comissão específica;
X - exercer outras atividades correlatas. III - receber, analisar e acompanhar as denúncias, reclamações
e sugestões dos serviços prestados;
Parágrafo único A Seção de Treinamento Físico Policial é IV - propor e acompanhar a adoção de medidas para preven-
composta por policial civil da ativa, possuidor de curso específico ção, correção de falhas e omissões do agente público responsável
na área de educação física. pela prestação do serviço;
V - auxiliar a ouvidoria setorial de justiça e segurança pública
Seção IX na definição das diretrizes e na implantação de ações da área de
Da Gerência de Concurso, Seleção e Acompanhamento competência da ouvidoria.
Art. 56 (revogado) LC 464/12 Parágrafo único A Ouvidoria Especializada é dirigida por De-
Redação original: legado de Polícia da ativa e a Ouvidoria Especializada Adjunta
Art. 56 A Gerência de Concurso, Seleção e Acompanhamento
será ocupada por policial civil.
tem a missão de elaborar o planejamento e execução dos concursos
para seleção de pessoal e provimento de Cargos de Carreira da
CAPITULO V
Polícia Judiciária Civil, competindo:
NÍVEL DE ASSESSORAMENTO SUPERIOR
I - elaborar, publicar e divulgar os editais relativos aos con-
Seção I
cursos públicos;
Do Gabinete de Direção
II - coordenar as atividades de defesa em juízo relativas aos
concursos;
Art. 59  O Gabinete de Direção, nível de assessoramento
III - manter a guarda de todo o acervo do concurso;
IV - gerenciar e executar as atividades relativas aos cursos de superior, tem a missão de auxiliar administrativamente o Delegado
formação inicial; Geral, competindo-lhe:
V - fornecer à diretoria geral os subsídios necessários para I - assistir ao Delegado Geral no desempenho das atividades
posse e lotação dos candidatos; administrativas;
VI - participar da elaboração, publicação e divulgação dos II - prestar atendimento e informações ao público interno e
editais relativos aos concursos públicos; externo, orientando-o naquilo que for solicitado;
VII - exercer outras atividades correlatas. III - coordenar, controlar, analisar e oficializar os expedientes
Parágrafo único A Gerência de Concurso, Seleção e Acompa- e os atos administrativos e normativos;
nhamento é gerida por policial civil da ativa, de Classe Especial IV - analisar e controlar as despesas do gabinete;
ou “C”, preferencialmente possuidor de curso específico na área V - organizar as reuniões do Delegado Geral. 
de ensino. Parágrafo único O Gabinete de Direção será ocupado por De-
legado de Polícia da ativa, Classe Especial ou Classe “C”, indicado
Subseção I pelo Delegado Geral.
Da Comissão de Investigação Social
Seção II
Art. 57 (revogado) LC 464/12 Assessoria Jurídica
Redação original:
Art. 57 A Comissão de Investigação Social, composta por Art. 60 A Assessoria Jurídica, nível de assessoramento
policiais civis, tem a missão de auxiliar a Gerência de Concurso, superior, tem a missão de prestar assessoria técnica e jurídica à
Seleção e Acompanhamento, no que concerne as informações re- Diretoria Geral, ao Conselho Superior de Polícia e às Diretorias,
servadas sobre os concursandos no certame, para provimento de competindo-lhe:
Cargos de Carreira da Polícia Judiciária Civil, competindo: I - emitir pareceres e manifestações, bem como, responder
I - responder aos candidatos possíveis dúvidas relativas ao consultas sobre assuntos técnicos, na sua respectiva área de com-
certame; petência;

Didatismo e Conhecimento 17
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II - analisar minutas de leis, contratos, convênios e seus adi- I - planejar, organizar, controlar, supervisionar e avaliar, em
tivos, portarias ou atos administrativos e jurídicos da Instituição, nível estratégico, os processos de trabalho da instituição;
promovendo a sua publicação; II - executar políticas de planejamento orçamentário e finan-
III - promover estudos técnicos de legislação específica que ceiro, bem como a gestão de projetos, contratos, convênios e ou-
sejam submetidos a sua apreciação, visando facilitar as atividades tras ações de interesse da instituição;
do órgão; III - subsídios e informações para gestão de políticas de segu-
IV - consolidar, organizar e controlar as leis, decretos e demais rança pública;
atos normativos de competência do órgão, entidade ou unidade; IV - dotar o órgão de direção superior e as unidades opera-
V - realizar outras atividades afins. cionais e programáticas de informações confiáveis, exatas e tem-
pestivas;
Parágrafo único Assessoria Jurídica é dirigida por advogado. V - assessorar a Diretoria Geral e coordenar as unidades ope-
racionais da instituição na elaboração do Plano Plurianual – PPA e
Seção III Plano de Trabalho Anual – PTA, avaliando a respectiva execução;
Assessoria de Comunicação Social VI - planejar e acompanhar o trâmite dos processos relativos
às unidades policiais a serem criadas, construídas, modernizadas
Art. 61  A Assessoria de Comunicação Social, nível de
ou instaladas;
assessoramento superior, tem a missão de assessorar a Diretoria
VII - orientar o processo de definição da identidade organiza-
Geral e as Diretorias, nos assuntos de comunicação social e
divulgação Institucional, competindo-lhe: cional dos negócios das unidades operacionais e formulação estra-
I - estabelecer mecanismos de articulação e integração entre tégica da instituição; 
as áreas da Polícia Judiciária Civil para a programação e execução VIII - orientar a formulação de indicadores de resultado,
de seus projetos e atividades; acompanhando e avaliando suas aferições;
II - observar as diretrizes e normas da Secretaria de Comuni- IX - fomentar a infraestrutura e o desenvolvimento tecnológi-
cação Social do Estado; co da Polícia Judiciária Civil;
III - manter estreito relacionamento com os meios de comuni- X - manter, controlar e acompanhar as atividades desempe-
cação da imprensa; nhadas pelos servidores à disposição do Centro Integrado de Ope-
IV - elaborar textos oficiais, notas e demais informações rela- rações e Segurança Pública;
tivas à Polícia Judiciária Civil, concernente à comunicação; XI - controlar os serviços de cadastro e fiscalização de armas,
V - promover a identidade da Polícia Judiciária Civil por meio munições e explosivos;
de campanhas publicitárias, propagandas e desenvolver o marke- XII - promover medidas de valorização profissional e acom-
ting e endomarketing institucional; panhamento dos servidores;
VI - manter e atualizar o site Institucional; XIII - executar outras funções afins.
VII - realizar outras atividades afins.
Parágrafo único A Assessoria de Comunicação Social é diri- Parágrafo único A Diretoria de Execução Estratégica é dirigi-
gida, preferencialmente por servidor com formação em comuni- da por Delegado de Polícia da ativa, Classe Especial, preferencial-
cação social. mente com capacitação em administração pública.

Seção IV Subseção I
Assessoria Institucional Da Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional
Art. 62 A Assessoria Institucional, nível de assessoramento Art. 64 A Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional,
superior, tem a missão de assessorar a Diretoria Geral nas funções unidade de execução programática, tem a missão de coordenar
de representação e articulação interna e externa, competindo-lhe:
a execução, monitoramento e avaliação dos instrumentos de
I - manter contatos com órgãos e entidades da administração
planejamento, captação, análise e organização de recursos,
pública ou privada, nos assuntos de interesse da Polícia Judiciária
competindo-lhe: (Nova redação dada pela LC 464/12)
Civil;
II - acompanhar a tramitação legislativa de projetos de lei de I - elaborar a programação orçamentária e financeira das des-
interesse Institucional. pesas de custeio e/ou investimento;
II - solicitar remanejamentos e suplementações necessárias à
Parágrafo único A Assessoria Institucional é dirigida por De- execução das ações planejadas pela Polícia Judiciária Civil;
legado de Polícia da ativa. III - implementar ações de melhoria que otimizem o
fornecimento de produtos e serviços;
CAPITULO VI IV - identificar a necessidade e coordenar a revisão e siste-
DO NÍVEL DE EXECUÇÃO PROGRAMÁTICA matização de processos e procedimentos de aquisições da Polícia
Seção I Judiciária Civil;
Da Diretoria de Execução Estratégica V - participar da elaboração do Plano Plurianual – PPA da
Secretaria de Segurança Pública - SESP, no que se referem aos
Art. 63  A Diretoria de Execução Estratégica, órgão de programas, projetos, ações e convênios de responsabilidade da Po-
execução programática, tem a missão de prever, acompanhar, lícia Judiciária Civil;
controlar, fiscalizar e manter os meios necessários à realização das VI - elaborar, acompanhar a execução e proceder a avaliação
atividades finalísticas da Polícia Judiciária Civil, competindo-lhe: do Plano de Trabalho Anual - PTA da Polícia Judiciária Civil;

Didatismo e Conhecimento 18
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
VII - supervisionar e orientar a execução dos processos de Parágrafo único A Gerência de Aquisição e de Patrimônio, é
consolidação do planejamento orçamentário; dirigida por servidor da ativa, de nível superior, com conhecimen-
VIII - acompanhar as auditorias internas e externas, quando se to na área de administração geral ou gestão pública.
referir às contas e despesas da Instituição; Gerência de Acompanhamento de Projetos, Convênios e Obras
IX - formular e monitorar o planejamento estratégico da Ins-
tituição; Art. 66  A Gerência de Acompanhamento de Projetos,
X - executar outras funções afins. Convênios e Obras tem a missão de elaborar projetos para captação
Redação origina. de recursos e acompanhar a respectiva execução, competindo-lhe:
Art. 64 A Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional, I - orientar e acompanhar a execução dos projetos, ações e
unidade de execução programática, tem a missão de coordenar convênios em desenvolvimento na Polícia Judiciária Civil;
a execução, monitoramento e avaliação dos instrumentos de II - acompanhar e analisar a execução e a aplicação dos recur-
planejamento, captação, análise e organização de recursos, sos de convênios;
competindo-lhe: III - realizar a prestação de contas de convênios;
I - elaborar a programação orçamentária e financeira das des- IV - elaborar o relatório anual de atividades desenvolvidas
pesas de custeio e/ou investimento;  pela Instituição;
II - implementar ações de melhoria que otimizem o V - planejar, acompanhar e fiscalizar as obras no âmbito da
fornecimento de produtos e serviços;  Polícia Judiciária Civil;
III - identificar a necessidade e coordenar a revisão e siste- VI - exercer outras funções afins.
matização de processos e procedimentos de aquisições da Polícia
Judiciária Civil; Parágrafo único A Gerência de Acompanhamento de Projetos,
IV - participar da elaboração do Plano Plurianual – PPA da Convênios e Obras é dirigida por servidor da ativa, de nível supe-
Secretaria de Justiça e Segurança Pública – SEJUSP, no que se rior, com conhecimento na área específica.
referem aos programas, projetos, ações e convênios de responsabi-
lidade da Polícia Judiciária Civil; Gerência de Captação, Análise e Difusão de Dados
V - elaborar, acompanhar a execução e proceder a avaliação (Nova redação dada pela LC 464/12)
do Plano de Trabalho Anual – PTA da Polícia Judiciária Civil; Redação original:
VI - supervisionar e orientar a execução dos processos de con- Gerência de Programação Orçamentária e Financeira
Art. 67 A Gerência de Captação, Análise e Difusão de Da-
solidação do planejamento orçamentário;
dos tem a missão de monitorar, avaliar e subsidiar a integridade e
VII - acompanhar as auditorias internas e externas, quando se
qualidade da execução das ações planejadas, conforme disponibi-
referir às contas e despesas da Instituição;
lidade orçamentária, bem como dar suporte à aquisição de bens e
VIII - formular e monitorar o planejamento estratégico da Ins-
serviços, promovendo o controle patrimonial em atendimento às
tituição;
necessidades da Polícia Judiciária Civil, competindo-lhe: (Nova
IX - executar outras funções afins.
redação dada pela LC 464/12)
Parágrafo único. A Coordenadoria de Desenvolvimento Insti-
I - supervisionar e orientar a execução dos processos de con-
tucional é coordenada por policial civil da ativa, de nível superior, solidação do planejamento orçamentário;
preferencialmente com conhecimento em ciências contábeis ou II - acompanhar as informações do orçamento geral da Polí-
administração pública. (Nova redação dada pela LC 464/12) cia Judiciária Civil, nos processos de pagamento, manutenção e
Redação original; investimentos;
Parágrafo único A Coordenadoria de Desenvolvimento Insti- III - prestar suporte técnico à Instituição na elaboração do Pla-
tucional é coordenada por policial civil da ativa, de nível superior, no Plurianual – PPA e Plano Trabalho Anual – PTA; 
preferencialmente com conhecimento em ciências contábeis ou IV - elaborar Relatório de Ação Governamental – RAG, com
administração pública. indicadores de resultado estabelecidos pelos setores competentes;
V - elaborar os pedidos de aquisições de bens e serviços con-
Da Gerência de Controle de Aquisição e Patrimônio forme as necessidades levantadas junto às unidades da Polícia Ju-
diciária Civil;
Art. 65 (revogado) LC 464/12 VI - exercer a gestão patrimonial de material permanente e de
Redação original: consumo da Polícia Judiciária Civil;
Art. 65 A Gerência de Controle de Aquisição e Patrimônio VII - acompanhar o recebimento, a incorporação, a transferên-
tem a missão de dar suporte à aquisição de bens e serviços, promo- cia e a baixa de material permanente e de consumo da Instituição;
vendo o controle patrimonial em atendimento às necessidades da VIII - exercer outras funções afins.
Polícia Judiciária Civil, competindo-lhe:
I - elaborar os pedidos de aquisições de bens e serviços con- Parágrafo único. A Gerência de Captação, Análise e Difusão
forme as necessidades levantadas junto às unidades da Polícia Ju- de Dados é dirigida por servidor da ativa, de nível superior, com
diciária Civil; conhecimento específico.
II - exercer a gestão patrimonial de material permanente e de Redação original:
consumo da Polícia Judiciária Civil; Art. 67  A Gerência de Programação Orçamentária e
III - acompanhar o recebimento, a incorporação, a transferên- Financeira tem a missão de monitorar, avaliar e dar suporte
cia e a baixa de material permanente e de consumo da Instituição; à integridade e qualidade da execução das ações planejadas,
IV - executar outras funções afins. conforme disponibilidade orçamentária, competindo-lhe:

Didatismo e Conhecimento 19
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
I - supervisionar e orientar a execução dos processos de con- III - controlar as informações referentes a serviços, contratos
solidação do planejamento orçamentário; e tarifas da Instituição;
II - acompanhar as informações do orçamento geral da Polí- IV - coordenar os serviços de cadastro e fiscalização de armas,
cia Judiciária Civil, nos processos de pagamento, manutenção e munições e explosivos;
investimentos; V - acompanhar informações de provimento, lotação e movi-
III - solicitar remanejamentos e suplementações necessárias à mentação do quadro do pessoal;
execução das ações planejadas pela Polícia Judiciária Civil; VI - exercer outras funções afins.
IV - prestar suporte técnico à Instituição na elaboração do Pla- Parágrafo único A Coordenadoria de Apoio Logístico é diri-
no Plurianual – PPA e Plano Trabalho Anual – PTA;  gida por servidor de nível superior, com conhecimento especifico.
V - acompanhar as auditorias internas e externas, quando se
referir às contas e despesas da Polícia Judiciária Civil; Gerência de Logística e Manutenção
VI - elaborar Relatório de Ação Governamental – RAG, com (Nova redação dada pela LC 464/12)
indicadores de resultado estabelecidos pelos setores competentes; Redação original:
VII - exercer outras funções afins. Gerência de Controle de Frota e Serviços Gerais
Parágrafo único A Gerência de Programação Orçamentária e Art. 69 A Gerência de Logística e Manutenção tem a missão
Financeira é dirigida por servidor da ativa, de nível superior, com de administrar a utilização dos veículos oficiais e manutenção dos
conhecimento especifico serviços gerais, bem como acompanhar e dar apoio às atividades
relacionadas ao desempenho funcional dos servidores da Polícia
Subseção II Judiciária Civil, competindo-lhe: (Nova redação dada pela
Coordenadoria de Planejamento Operacional LC 464/12)
(Nova redação dada pela LC 464/12) I - acompanhar o atendimento das necessidades de distribui-
Redação original: ção, uso e manutenção da frota de veículos;
Subseção II II - manter atualizado o controle de informações da frota de
Coordenadoria de Apoio Logístico e Pessoal veículos;
III - prover meios adequados à manutenção preventiva e cor-
Art. 68 A Coordenadoria de Planejamento Operacional, uni- retiva dos veículos, bem como acompanhar o monitoramento de
dade de execução programática, tem a missão de orientar, acompa- abastecimento;
nhar, avaliar e dar suporte para execução das atividades logísticas IV - gerenciar a prestação de serviço de guincho dos veículos
e desenvolvimento de pessoal, competindo-lhe:(Nova redação oficiais e apreendidos;
dada pela LC 464/12) V - acompanhar o fornecimento de serviços terceirizados es-
I - planejar, monitorar e fiscalizar as atividades relacionadas pecíficos e consumo de tarifas da Polícia Judiciária Civil;
com as políticas de controle de frota, pessoal, qualidade de vida e VI - acompanhar as informações de distribuição do quadro de
outras ações de interesse da Instituição; servidores;
II - coordenar e orientar os processos de serviços em geral e VII - identificar e acompanhar os servidores portadores de dis-
acompanhar o fornecimento dos serviços terceirizados específicos túrbios psicológicos, mentais e de uso de substâncias psicoativas;
da Polícia Judiciária Civil; VIII - fomentar a prevenção e promoção da saúde ocupacional
III - controlar as informações referentes a serviços, contratos e qualidade de vida no trabalho;
e tarifas da Instituição; IX - acompanhar a avaliação anual de desempenho funcional
IV - coordenar os serviços de cadastro e fiscalização de armas, e de estágio probatório;
munições e explosivos; X - exercer outras atividades afins.
V - acompanhar informações de provimento, lotação e movi-
mentação do quadro do pessoal; Parágrafo único. A Gerência de Logística e Manutenção é di-
VI - exercer outras funções afins. rigida por servidor da ativa, de nível superior, com conhecimento
específico.
Parágrafo único. A Coordenadoria de Planejamento Operacio- Redação original.
nal é dirigida por servidor de nível superior, com conhecimento Art. 69 A Gerência de Controle de Frota e Serviços Gerais tem
especifico. a missão de administrar a utilização dos veículos oficiais e manu-
Redação original: tenção dos serviços gerais da Polícia Judiciária Civil, competindo-
Art. 68 A Coordenadoria de Apoio Logístico e Pessoal, -lhe:
unidade de execução programática, tem a missão de orientar, I - acompanhar o atendimento das necessidades de distribui-
acompanhar, avaliar e dar suporte para execução das atividades ção, uso e manutenção da frota de veículos;
logísticas e desenvolvimento de pessoal, competindo-lhe: II - manter atualizado o controle de informações da frota de
I - planejar, monitorar e fiscalizar as atividades relacionadas veículos;
com as políticas de controle de frota, pessoal, qualidade de vida e III - prover meios adequados à manutenção preventiva e cor-
outras ações de interesse da Instituição; retiva dos veículos, bem como acompanhar o monitoramento de
II - coordenar e orientar os processos de serviços em geral e abastecimento;
acompanhar o fornecimento dos serviços terceirizados específicos IV - gerenciar a prestação de serviço de guincho dos veículos
da Polícia Judiciária Civil; oficiais e apreendidos;

Didatismo e Conhecimento 20
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
V - acompanhar o fornecimento de serviços terceirizados es- IV - acompanhar a avaliação anual de desempenho funcional
pecíficos e consumo de tarifas da Polícia Judiciária Civil; e de estágio probatório;
VI - exercer outras atividades afins. V - exercer outras atividades afins.
Parágrafo único A Gerência de Controle de Frota e Serviços Parágrafo único A Gerência de Qualidade de Vida e Avaliação
Gerais é dirigida por servidor da ativa, de nível superior, com co- de Desempenho é dirigida por servidor ativo, de nível superior,
nhecimento específico. com conhecimento comprovado em gestão de pessoas.

Da Gerência de Armas, Explosivos e Munições Subseção III


Coordenadoria de Estatística
Art. 70 A Gerência de Armas, Explosivos e Munições tem a (Nova redação dada pela LC 464/12)
missão de organizar, executar e manter os serviços de cadastro, Redação origina.
controle e fiscalização de armas, munições e explosivos, compe- Subseção III
tindo-lhe: Coordenadoria de Tecnologia da Informação
I - acompanhar os processos formalizados para autorização de
aquisição de armas por policiais civis; Art. 72 A Coordenadoria de Estatística, unidade de execução
II - comunicar imediatamente aos órgãos de fiscalização do programática tem a missão de garantir a qualidade, adequação,
Ministério do Exército qualquer irregularidade constatada em ati- operacionalidade e disponibilidade das informações necessárias
vidades que envolvam produtos controlados; às atividades da Polícia Judiciária Civil, competindo-lhe: (Nova
III - encaminhar armas obsoletas ou irrecuperáveis ao Minis- redação dada pela LC 464/12)
tério do Exercito para fins de destruição; I - zelar e disseminar as políticas de segurança da informação
IV - efetuar a apreensão de produtos controlados, nas áreas de da Secretaria de Justiça e Segurança Pública;
sua atuação; II - promover a uniformidade, a compatibilidade e a integra-
V - fornecer o atestado de Encarregado de Fogo Blaster, de- ção dos sistemas de tecnologia da informação da Polícia Judiciária
pois de comprovada a habilitação; Civil;
VI - manter banco de dados de todas as armas e munições da III - fomentar políticas de capacitação em informática aos ser-
Polícia Judiciária Civil, dentre elas as extraviadas, roubadas ou
vidores das unidades policiais; 
furtadas;
IV - propor e acompanhar os investimentos para equipamen-
VII - cadastrar todas as armas apreendidas, roubadas, furtadas
tos, infra-estrutura, softwares e prestação de serviços;
e extraviadas em todo Estado, mediante informações prestadas pe-
V - garantir a disponibilidade, a integridade, a confiabilidade
las unidades da instituição;
e a autenticidade das informações;
VIII - proceder ao recolhimento das armas funcionais e de-
VI - analisar, conferir e alimentar sistema de processamento
mais materiais bélicos depositados aos servidores policiais civis
de dados com as informações recebidas das unidades policiais do
após a publicação de atos de aposentadoria, exoneração, demis-
são, afastamentos para tratar de interesse particular, instauração de Estado;
procedimento disciplinar por abandono de cargo, e por ocasião do VII - promover treinamentos dos funcionários das unidades
falecimento do servidor; policiais para a coleta e registro adequado dos dados estatísticos;
IX - cadastrar as armas de uso permitido e restrito pertencen- VIII - fornecer estatísticas das informações no âmbito do ne-
tes aos policiais civis; gócio da Polícia Judiciária Civil;
X - armazenar e distribuir todo material bélico sob orientação IX - disponibilizar os dados estatísticos sobre a produtividade
da Diretoria de Execução Estratégica; das unidades policiais;
XI - exercer outras funções afins. X - viabilizar a implementação de indicadores de eficiência,
eficácia e efetividade dos produtos e serviços no âmbito da Polícia
Parágrafo único A Gerência de Armas, Explosivos e Munições Judiciária Civil;
é dirigida por policial civil com capacitação específica. XI - exercer outras funções afins.

Gerência de Qualidade de Vida e Avaliação de Desempenho Parágrafo único. A Coordenadoria de Estatística é dirigida por
Funcional servidor da ativa, de nível superior, com conhecimento comprova-
do em gestão de informação ou estatística
Art. 71 (revogado) LC 464/12 Redação original:
Redação original. Art. 72 A Coordenadoria de Tecnologia da Informação,
Art. 71A Gerência de Qualidade de Vida e Desempenho Fun- unidade de execução programática, tem a missão de administrar os
cional tem a missão de acompanhar e dar apoio às atividades rela- sistemas de tecnologia da informação utilizados pela Instituição,
cionadas à qualidade de vida dos servidores da Polícia Judiciária competindo-lhe:
Civil, competindo-lhe: I - zelar e disseminar as políticas de segurança da informação
I - acompanhar as informações de distribuição do quadro de da Secretaria de Justiça e Segurança Pública;
servidores; II - promover a uniformidade, a compatibilidade e a integra-
II - identificar e acompanhar os servidores portadores de dis- ção dos sistemas de tecnologia da informação da Polícia Judiciária
túrbios psicológicos, mentais e de uso substâncias psicoativas; Civil;
III - fomentar a prevenção e promoção da saúde ocupacional e III - fomentar políticas de capacitação em informática aos ser-
qualidade de vida no trabalho; vidores das unidades policiais; 

Didatismo e Conhecimento 21
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
IV - propor e acompanhar os investimentos para equipamen- III - auxiliar a Gerência de Suporte Técnico na instalação
tos, infra-estrutura, softwares e prestação de serviços; de links;
V - garantir a disponibilidade, a integridade, a confiabilidade IV - garantir a disponibilidade e operabilidade da rede de tele-
e a autenticidade das informações; comunicação, no âmbito da Polícia Judiciária Civil;
VI - exercer outras funções afins. V - realizar outras atividades afins.
Parágrafo único A Coordenadoria de Tecnologia da Informa-
ção é dirigida por servidor da ativa, de nível superior, com conhe- Seção II
cimento comprovado em gestão de informação ou estatística. Da Diretoria de Inteligência

Gerência de Estatística Art. 76  A Diretoria de Inteligência, órgão de execução


programática, tem a missão de planejar, coordenar, supervisionar,
Art. 73 (revogado) LC 464/12 controlar e executar a atividade de inteligência no âmbito da Polícia
Redação original: Judiciária Civil, em consonância aos princípios doutrinários dos
Art. 73 A Gerência de Estatística tem a missão de garantir a Sistemas de Inteligência Federal e Estadual, competindo-lhe:
qualidade, adequação, operacionalidade e disponibilidade das in- I - auxiliar a Direção Superior na gestão da atividade de po-
formações necessárias às atividades da Polícia Judiciária Civil, lícia judiciária e na proposição de políticas e estratégias para a
competindo-lhe: Segurança Pública, por meio de diagnósticos, prognósticos e apre-
I - analisar, conferir e alimentar sistema de processamento de ciações;
dados com as informações recebidas das unidades policiais do Es- II - assessorar o Delegado Geral, bem como os demais órgãos
tado; da Polícia Judiciária Civil, mediante informações e apoio especia-
II - promover treinamentos dos funcionários das unidades po- lizado, no âmbito de suas atribuições;
liciais para a coleta e registro adequado dos dados estatísticos; III - atuar como órgão central de Inteligência de Polícia Judi-
III - fornecer estatísticas das informações no âmbito do negó- ciária Civil;
cio da Polícia Judiciária Civil; IV - difundir conhecimentos, métodos, técnicas de Inteligên-
IV - disponibilizar os dados estatísticos sobre a produtividade cia e análise, no âmbito do Sistema de Inteligência da Polícia Ju-
das unidades policiais; diciária Civil;
V - viabilizar a implementação de indicadores de eficiência, V - integrar a Superintendência de Segurança Estratégica da
eficácia e efetividade dos produtos e serviços no âmbito da Polícia Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública;
VI - articular com órgãos congêneres para o intercâmbio, pro-
Judiciária Civil;
dução e difusão de conhecimentos para o aperfeiçoamento da Dou-
VI - exercer outras funções afins.
trina de Inteligência, em todos os seus Sistemas; 
Parágrafo único A Gerência de Estatística é dirigida por ser-
VII - executar outras atividades afins.
vidor da ativa, de nível superior, com conhecimento específico.
Parágrafo único A Diretoria de Inteligência é dirigida por De-
Gerência de Suporte Técnico
legado de Polícia da ativa, Classe Especial, possuidor do Curso
Superior de Polícia e capacitação em inteligência.
Art. 74  A Gerência de Suporte Técnico tem a missão de
garantir a padronização e suporte técnico da infra-estrutura e ope- Subseção I
racionalidade dos usuários, competindo-lhe: Da Coordenadoria de Inteligência
I - elaborar projetos, implantar redes lógicas e físicas, viabili-
zando a infra-estrutura tecnológica; Art. 77 A Coordenadoria de Inteligência, unidade de execução
II - administrar a operacionalidade dos sistemas de informa- programática, tem a missão de planejar, coordenar, supervisionar,
ções corporativos e integrados; controlar e executar a atividade afeta ao ramo de Inteligência no
III - executar atividades relacionadas ao controle e manuten- âmbito da Polícia Judiciária Civil, em consonância aos princípios
ção dos equipamentos de informática e softwares; doutrinários dos Sistemas de Inteligência Federal e Estadual,
IV - disponibilizar e garantir a operabilidade das redes de co- competindo-lhe:
municação; I - produzir e difundir conhecimento de Inteligência que via-
V - exercer outras funções afins. bilizem a identificação, acompanhamento e avaliação de ameaças
Parágrafo único A Gerência de Suporte Técnico é dirigida por reais e potenciais, orientadas para a produção de conhecimentos
servidor de nível superior, com conhecimento específico. necessários para subsidiar todas as unidades da Polícia Judiciária
Civil na tomada de decisão;
Gerência de Telecomunicações II - assessorar os demais Núcleos de Inteligência da Polícia
Judiciária Civil, nos assuntos de seu interesse;
Art. 75  A Gerência de Telecomunicações tem a missão de III - difundir e fomentar a atividade no ramo da Inteligência
garantir o funcionamento da rede de telecomunicações da Polícia no âmbito da Instituição;
Judiciária Civil, competindo-lhe: IV - executar outras atividades afins.
I - executar atividades relacionadas ao controle e manutenção
de aparelhos, torres repetidoras e equipamentos de comunicação; Parágrafo único A Coordenadoria de Inteligência é dirigida
II - realizar instalações de cabeamento telefônico e terminais por Delegado de Polícia da ativa, Classe Especial ou “C”, possui-
de radiocomunicação; dor de curso de capacitação em inteligência. 

Didatismo e Conhecimento 22
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Das Gerências da Coordenadoria de Inteligência da Gerência II - executar outras atividades afins.
de Inteligência Policial Parágrafo único A Gerência de Operações de Inteligência de
Segurança Pública é dirigida por policial civil da ativa, preferen-
Art. 78 A Gerência de Inteligência Policial tem a missão de cialmente Classe Especial ou “C”, possuidor de curso de capacita-
produzir conhecimento por meio do processo de coleta, busca e ção em operações de inteligência de segurança pública.
análise de dados e informações obtidas através de fontes humanas,
tecnológicas e de conteúdo, visando subsidiar as unidades policiais Da Gerência de Contra Inteligência
no planejamento e execução de ações repressivas, na apuração de
infrações penais e em operações policiais, competindo-lhe: Art. 81 A Gerência de Contra Inteligência tem a missão de
I - realizar a análise do conhecimento na execução de inter- planejar, coordenar, supervisionar, controlar e executar a atividade
ceptações de sinais e de dados, para prova em instrução criminal e afeta ao ramo de contra-inteligência no âmbito da Polícia Judiciá-
processual penal;  ria Civil, competindo-lhe:
II - assessorar as unidades da Polícia Judiciária Civil, promo- I - produzir e difundir conhecimento de contra-inteligência
vendo meios de prova em Inquérito Policial, quando se tratar de que viabilizem a produção de conhecimento para proteger a ati-
delitos de alta complexidade ou quando for exigida ação técnica vidade de inteligência e a instituição a que pertence, de modo a
especializada; salvaguardar dados e conhecimentos sigilosos e prevenir, identifi-
III - executar outras atividades afins. car, obstruir e neutralizar ações adversas de qualquer natureza, es-
pecialmente aquelas que atentem contra os valores institucionais;
Parágrafo único A Gerência de Inteligência Policial é dirigida II - assessorar os Núcleos de Inteligência da Polícia Judiciária
por Policial Civil da ativa, Classe Especial ou “C”, possuidor de Civil, nos assuntos de seu interesse;
curso de capacitação em inteligência.  III - executar outras atividades afins.

Da Gerência de Inteligência Estratégica Parágrafo único A Gerência de Contra Inteligência é dirigida


por Delegado de Polícia da ativa, Classe Especial ou “C”, possui-
Art. 79 A Gerência de Inteligência Estratégica tem a missão dor de capacitação em contra-inteligência.
de produzir conhecimento por meio de relatórios de inteligência,
com o objetivo de assessorar e antecipar a tomada de decisão das Da Seção de Segurança Orgânica
autoridades policiais no exercício das atividades administrativas,
operacionais e investigativas, competindo-lhe: Art. 82  A Seção de Segurança Orgânica – SEGOR tem
I - difundir na Polícia Judiciária Civil os métodos e técnicas a finalidade de executar o conjunto de medidas de caráter
operacionais de inteligência, proporcionando um processo intera- eminentemente defensivo, de modo a prevenir e obstruir as ações
tivo entre policiais e profissionais de Inteligência, para produzir adversas de qualquer natureza, bem como exercer outras atividades
efeitos cumulativos de conhecimentos, no intuito de aumentar a afins.
eficiência e eficácia das unidades policiais;
II - desenvolver análise criminal, por prospecção e avaliação § 1º As medidas realizadas e conhecimentos produzidos pela
de tendências, por meio de Seção de Análise Criminal; Seção de Segurança Orgânica baseiam-se na Doutrina Nacional de
III - prestar apoio técnico às unidades orgânicas da Polícia Inteligência de Segurança Pública.
Judiciária Civil, na elaboração de relatórios estatísticos de índices
criminais e levantamentos de áreas críticas, por meio de Seção de § 2º A Seção de Segurança Orgânica é dirigida por policial
Análise Criminal; civil da ativa, Classe Especial ou «C», possuidor de capacitação
IV - desenvolver diagnóstico da criminalidade, propondo me- em contra-inteligência.
didas proativas e de repressão, para difusão no âmbito das unida-
des de Direção Superior; Da Seção de Segurança Ativa
V - executar outras atividades afins.
Art. 83 A Seção de Segurança Ativa – SEGAT tem a finalidade
Parágrafo único A Gerência de Inteligência Estratégica é diri- de executar o conjunto de medidas de caráter eminentemente
gida por policial civil da ativa, Classe Especial ou “C”, possuidor ofensivo, destinadas a detectar, identificar, avaliar, analisar e
de curso de capacitação em inteligência.  neutralizar as ações adversas de qualquer natureza contra a
Instituição, bem como exercer outras atividades afins.
Da Gerência de Operações de Inteligência de Segurança Públi-
ca § 1º As medidas realizadas e conhecimentos produzidos pela
Seção de Segurança Ativa baseiam-se na Doutrina Nacional de
Art. 80 A Gerência de Operações de Inteligência de Segurança Inteligência de Segurança Pública.
Pública tem a missão de auxiliar as unidades policiais, na reunião
de dados protegidos ou negados, em um universo antagônico, § 2º A Seção de Segurança Ativa é dirigida por policial civil
competindo-lhe: da ativa, Classe Especial ou «C», possuidor de capacitação em
I - realizar ações de coleta e busca, em apoio a unidades da contra-inteligência.
Polícia Judiciária Civil, ou outras quando devidamente autorizadas
pela direção superior;

Didatismo e Conhecimento 23
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Subseção II II - assessorar a Polícia Judiciária Civil na pesquisa e avalia-
Da Coordenadoria de Inteligência Tecnológica ção referentes à aquisição e utilização de tecnologias modernas na
atividade de inteligência policial e na investigação criminal;
Art. 84 A Coordenadoria de Inteligência Tecnológica, unidade III - desenvolver soluções tecnológicas, na busca de automa-
de execução programática, tem a missão de planejar, coordenar, ção e padronização de processos e procedimentos administrativos
supervisionar, controlar e executar as atividades que envolvam o e operacionais;
emprego de inteligência tecnológica e afins, no âmbito da Polícia IV - exercer outras atividades afins.
Judiciária Civil, competindo-lhe:
I - avaliar, propor, fomentar e implementar soluções que obje- Parágrafo único A Gerência de Apoio Tecnológico é dirigida
tivem a automação e otimização das rotinas da instituição; por policial civil, Classe Especial ou “C”, com capacitação na área
II - prover suporte tecnológico para a utilização de ferramen- de inteligência e conhecimento na área tecnológica.
tas na área de inteligência;
Seção III
III - exercer outras atividades afins.
Da Diretoria de Atividades Especiais
Parágrafo único A Coordenadoria de Inteligência Tecnológica Art. 87  A Diretoria de Atividades Especiais, unidade de
é dirigida por Delegado de Polícia da ativa, Classe Especial ou execução programática, tem a missão de planejar, executar,
“C”, possuidor de capacitação na área de inteligência e conheci- coordenar, supervisionar e controlar as atividades de combate ao
mento na área tecnológica. crime organizado, operações especiais, delegacias especializadas
de circunscrição estadual, operações aéreas e polícia interestadual,
Da Gerência Especializada em Crimes de Alta Tecnologia competindo-lhe:
I - dirigir, planejar, supervisionar e coordenar as atividades
Art. 85 A Gerência Especializada em Crimes de Alta Tecnologia operacionais das unidades policiais de sua competência;
– GECAT tem a missão de assessorar e prestar apoio técnico II - levantar necessidades de treinamento capacitação e atua-
às unidades da Polícia Judiciária Civil, nas ações operacionais lização dos servidores e procedimentos voltados à operacionaliza-
exploratórias e sistemáticas, bem como em investigação de ção do conhecimento e tráfego de informações;
infrações penais praticadas por meio de informática, internet e III - planejar e definir a lotação de pessoal nas unidades poli-
outros recursos de alta tecnologia, competindo-lhe: ciais sob sua direção;
I - produzir conhecimento sobre atividades criminosas com IV - realizar correições anuais nas unidades subordinadas;
V - manifestar quanto à necessidade de construção, reformas,
atuação em rede de computadores e outros meios tecnológicos;
adequações ou ampliações dos prédios que abrigam as unidades
II - articular com órgãos congêneres e entidades afins, para
policiais subordinadas;
compartilhamento de informações e apoio operacional; VI - cumprir e fazer cumprir as leis, regimento interno, instru-
III - atuar em conjunto com a Gerência de Apoio Tecnológico, ções normativas;
para implementar soluções de comunicação e segurança da rede VII - exercer outras funções afins.
corporativa, e possibilitar a proteção da informação;
IV - propor a contratação de cursos e treinamentos específi- Parágrafo único A Diretoria de Atividades Especiais é dirigida
cos, e aquisição de equipamentos e ferramentas tecnológicas; por Delegado de Polícia, da ativa, Classe Especial, possuidor de
V - promover orientação técnica sobre prevenção, preserva- Curso Superior de Polícia.
ção de evidências e repressão de crimes cometidos com emprego
de alta tecnologia; Subseção I
VI - monitorar as fontes abertas com o objetivo de trazer co- Da Gerência de Combate ao Crime Organizado
nhecimento pertinente à ação policial;
VII - exercer outras atividades afins. Art. 88 A Gerência de Combate ao Crime Organizado tem
a missão de gerenciar, supervisionar e executar as atividades das
Parágrafo único A Gerência Especializada em Crimes de Alta Divisões Anti-sequestro, Combate ao Crime Organizado, Investi-
Tecnologia é dirigida por Delegado de Polícia, preferencialmente gações Especiais, bem como Núcleo de Inteligência.
Classe “C”, com capacitação na área de inteligência e conheci-
§ 1º A Gerência de Combate ao Crime Organizado é dirigida
mento na área tecnológica.
por Delegado de Polícia da ativa, preferencialmente possuidor
de cursos de especialização em repressão a sequestro ou
Da Gerência de Apoio Tecnológico gerenciamento de crise.
Art. 86 A Gerência de Apoio Tecnológico tem a missão de § 2º As Divisões dispostas neste artigo, diante das
gerir o desenvolvimento de sistemas de tecnologia da informação especificidades das atribuições, serão privativamente dirigidas por
da Polícia Judiciária Civil e garantir a operacionalidade dos Delegados de Polícia.
usuários, no que pertine às atividades de inteligência tecnológica,
competindo-lhe: Art. 89 A Divisão Anti-sequestro tem como atribuição repri-
I - prover o suporte técnico na execução de interceptações de mir os crimes de extorsão mediante seqüestro e fornecer apoio às
sinais e dados, para a produção de prova em instrução criminal e investigações quando houver restrição à liberdade e/ou cárcere
processual penal; privado.

Didatismo e Conhecimento 24
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Art. 90  A Divisão de Combate ao Crime Organizado tem Subseção III
como atribuição combater as ações das organizações criminosas. Da Gerência de Operações Aéreas

Art. 91  A Divisão de Investigações Especiais tem como Art. 95  A Gerência de Operações Aéreas tem a missão de
atribuição investigar as ocorrências de furto ou roubo direcionadas supervisionar e gerenciar ações aéreas planejadas ou emergenciais
a bancos, caixas eletrônicos e defensivos agrícolas, bem como de natureza policial especial, competindo-lhe:
fornecer apoio às investigações de crimes em andamento em I - exercer atividades específicas de operações aéreas, de na-
outras delegacias e as que expressamente forem determinadas. tureza policial, repressiva e preventiva especializada, em apoio às
demais unidades da Polícia Judiciária Civil;
Subseção II II - atuar em situações emergenciais e de calamidade pública,
Da Gerência de Operações Especiais na capital e no interior do Estado;
III - operar aeronaves de asas rotativas e de asas fixas e inte-
Art. 92 A Gerência de Operações Especiais tem a missão de grar a Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas – CIOPAER,
supervisionar e gerenciar ações planejadas ou emergenciais de junto à estrutura organizacional da Secretaria de Estado de Justiça
natureza policial especial, por meio das Divisões de Operações e Segurança Pública;
Especiais e Anti-bombas, bem como Núcleo de Inteligência, com- IV - exercer outras funções afins.
petindo-lhe:
I - planejar as diretrizes básicas de Operações Especiais de Parágrafo único A Gerência de Operações Aéreas é dirigida
Natureza Policial para as atividades operacionais da Polícia Judi- por Delegado de Polícia da ativa, preferencialmente possuidor
ciária Civil; de curso de capacitação e habilitado como piloto de aeronaves,
II - fomentar e supervisionar a aplicação da doutrina de Ope- devidamente registrado na ANAC (Agência Nacional de Aviação
rações Especiais de Natureza Policial no âmbito da Polícia Judi- Civil).
ciária Civil; 
III - ministrar treinamento para as Gerências de Investigações Subseção IV
Criminais – GIG e instruir o efetivo operacional regular da Polícia Da Gerência Estadual de Polinter
Judiciária Civil, bem como apoiar as unidades policiais da capital
ou do interior do Estado, dentre outras determinadas pela Diretoria Art. 96  A Gerência Estadual de Polinter tem a missão
de Atividades Especiais;  de intercâmbio com unidades congêneres de outras Unidades
IV - ministrar treinamento nos cursos de formação na ACA- Federativas, bem como captura e recaptura de criminosos,
DEPOL; competindo-lhe:
V - desenvolver pesquisa, elaborar propostas que possibilitem I - receber, distribuir e cumprir cartas precatórias, procedentes
a atualização e o aperfeiçoamento das atividades de Operações Es- do Poder Judiciário Estadual e das demais unidades federadas;
peciais de Natureza Policial no âmbito da Polícia Judiciária Civil; II - cumprir mandados de prisão procedentes do Poder Judi-
VI - exercer outras funções afins.  ciário Estadual e das demais unidades federadas;
III - recambiar presos por determinação judicial, provenientes
§ 1º A Gerência de Operações Especiais é dirigida por de outros Estados;
Delegado de Polícia da ativa, preferencialmente possuidor de IV - estabelecer intercâmbio de informações com a finalidade
curso de capacitação em operações especiais. de aperfeiçoar a ação operacional do órgão com os demais organis-
mos policiais do Estado e congêneres;
§ 2º As Divisões que integram a Gerência de Operações V - exercer outras atividades afins.
Especiais serão compostas por policiais civis, preferencialmente
possuidores de curso de operações especiais. Parágrafo único A Gerência Estadual de Polinter é dirigida por
Delegado de Polícia da ativa, preferencialmente Classe Especial.
Art. 93  A Divisão de Operações Especiais, dirigida por Das Delegacias Especializadas de Circunscrição Estadual
policial civil, tem como atribuição executar as ações específicas
de operações especiais de natureza policial no âmbito da Polícia Art. 97  As Delegacias Especializadas de Circunscrição
Judiciária Civil, agindo em eventos críticos de natureza grave, Estadual tem a missão de repressão qualificada aos crimes no
segurança de dignitários, escolta policial, policiamento repressivo âmbito de suas competências definidas em lei, competindo-lhe:
especializado e apoio em investigações especiais.  I - planejar, supervisionar e coordenar as atividades do Núcleo
de Inteligência e operacionais afetas à sua especialidade, com foco
Art. 94 A Divisão Anti-bombas dirigida por policial civil com no cumprimento das normas e princípios legais;
qualificação especifica na área, tem como atribuição atuar em si- II - investigar, prevenir e reprimir infrações penais no âmbito
tuações que envolvam a utilização, transporte ou desativação de de suas competências.
artefatos explosivos ou análogos.
§ 1º As Delegacias Especializadas do Meio Ambiente, de
Repressão a Entorpecentes, de Crimes Fazendários e contra
a Administração Pública e Delegacia Especial de Fronteira
compõem as unidades de circunscrição estadual.

Didatismo e Conhecimento 25
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§ 2º As Delegacias Especializadas dispostas no parágrafo II - administrar o quadro de pessoal sob sua subordinação,
anterior desenvolverão suas atividades sem prejuízo da procedendo aos atos administrativos de sua competência;
competência das demais Unidades Policiais, mediante prevenção. III - coordenar e controlar as atividades das Gerências de In-
vestigações Gerais, Núcleos de Inteligência e das Delegacias sob
§ 3º As Delegacias Especializadas com circunscrição sua subordinação;
estadual são dirigidas por delegados de polícia da ativa, de Classe IV - gerir os recursos materiais, armamentos, viaturas e de-
«Especial» ou «C». mais equipamentos, zelando pela conservação e controle dos bens
móveis e imóveis.
Seção IV V - promover as Correições Ordinárias em todas as circuns-
Da Diretoria de Policia Judiciária Civil Metropolitana critas, bem como instaurar procedimentos administrativos disci-
plinares cabíveis; 
Art. 98 A Diretoria de Policia Judiciária Civil Metropolitana, VI - exercer outras atividades afins.
órgão de execução programática, tem a missão de planejar,
executar, coordenar, supervisionar, fiscalizar, integrar e controlar a Parágrafo único A Delegacia Regional é dirigida por Delega-
do de Polícia da ativa, Classe Especial.
atividade-fim no âmbito de sua circunscrição territorial.
Das Delegacias Especializadas
§ 1º A Diretoria Metropolitana é composta pelas Delegacias
Especializadas, Delegacias de Polícia, Delegacia Virtual e Núcleos
Art. 102  As Delegacias Especializadas tem a missão de
de Inteligência. repressão qualificada aos crimes no âmbito de suas competências
definidas em lei, competindo-lhe:
§ 2º A Diretoria Metropolitana é dirigida por Delegado de I - planejar, supervisionar e coordenar as atividades do Núcleo
Polícia da ativa, Classe Especial, possuidor do Curso Superior de de Inteligência e operacionais afetas à sua especialidade, com foco
Polícia. no cumprimento das normas e princípios legais;
II - investigar, prevenir e reprimir infrações penais no âmbito
Art. 99 A Diretoria Metropolitana Adjunta tem a missão de de suas competências.
assessorar e apoiar administrativamente a Diretoria Metropolitana,
bem como a substituição do titular do cargo em seus impedimentos Parágrafo único A Delegacia Especializada é dirigida por De-
e ausências. legado de Polícia da ativa, Classe Especial ou “C”.

Parágrafo único A Diretoria Metropolitana Adjunta, dirigida Das Delegacias De Polícia


por delegado de polícia da ativa, classe Especial, portador de Cur-
so Superior de Polícia. Art. 103  A Delegacia de Polícia Judiciária Civil, unidade
de execução programática, tem a missão de executar as funções
Seção V institucionais da Polícia Judiciária Civil na sua atividade-fim, no
Da Diretoria de Polícia Judiciária Civil do Interior âmbito de sua circunscrição territorial.

Art. 100 A Diretoria de Polícia Judiciária Civil do Interior, Parágrafo único A Delegacia de Polícia é dirigida por Delega-
órgão de execução programática, tem a missão de planejar, do de Polícia da ativa.
executar, coordenar, supervisionar, fiscalizar, integrar e controlar a
atividade-fim no âmbito de sua circunscrição territorial. Seção VI
Da Coordenadoria de Polícia Comunitária
§ 1º A Diretoria do Interior é composta pelas Delegacias
Art. 104 A Coordenadoria de Polícia Comunitária tem
Regionais, Delegacias de Polícia, Delegacias Especializadas,
a missão de promover ações que integrem a comunidade e a
Gerências de Investigações Gerais e Núcleos de Inteligência.
Polícia Judiciária Civil, visando consolidar a filosofia de polícia
comunitária, competindo-lhe:
§ 2º A Diretoria do Interior é dirigida por Delegado de Polícia I - fomentar práticas de prevenção primária com as comuni-
da ativa, Classe Especial, possuidor do Curso Superior de Polícia. dades;
II - articular com as entidades organizadas nas comunidades
Unidades Operacionais para a discussão de políticas de segurança pública;
Das Delegacias Regionais III - auxiliar e acompanhar a identificação das áreas prioritá-
rias para implantação de Conselhos Comunitários de Segurança; 
Art. 101  A Delegacia Regional de Polícia Judiciária Civil, IV - acompanhar a execução dos projetos, convênios e progra-
unidade de execução programática, tem a missão de coordenar, mas comunitários no âmbito da Polícia Judiciária Civil;
integrar, controlar, supervisionar e fiscalizar as unidades policiais V - promover a interação dos coordenadores e delegados ges-
no cumprimento da atividade-fim, no âmbito da sua circunscrição tores de bases comunitárias, visando apoio institucional e o bom
territorial, competindo-lhe: desempenho da filosofia quanto às atribuições da Polícia Judiciária
I - planejar, supervisionar e coordenar as atividades operacio- Civil;
nais das unidades policiais de sua circunscrição; VI - exercer outras atividades afins.

Didatismo e Conhecimento 26
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Parágrafo único A Coordenadoria de Polícia Comunitária será Parágrafo único Os Núcleos de Inteligência serão exercidos
exercida por policial civil da ativa, Classe Especial ou “C”, prefe- por policiais civis, Classe Especial ou “C”, preferencialmente com
rencialmente com curso de multiplicador de polícia comunitária capacitação na área de inteligência.
ou especialização em área correlata.
TÍTULO IV
Subseção I DO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES DA POLÍCIA
Gerência de Polícia Comunitária da Capital  JUDICIÁRIA CIVIL
(Nova redação dada pela LC 464/12) CAPÍTULO I
Subseção I DA CARREIRA POLICIAL CIVIL
Das Gerências de Polícia Comunitária da Capital E Interior
Art. 107 A Carreira Policial Civil é estruturada confor-
Art. 105 A Gerência de Polícia Comunitária da Capital tem a me os seguintes cargos: (Nova redação dada ao art. 107 pela
missão de assessorar o Coordenador de Polícia Comunitária, au- LC 575/2016)
xiliando em tarefas relacionadas aos assuntos junto às entidades I - Autoridade Policial:
organizadas de sua região, competindo-lhe: a) Delegado de Polícia;
I - organizar ações de proximidade com as comunidades, vi- II - Auxiliar da Autoridade Policial:
sando implantação da filosofia da polícia comunitária; a) Escrivão de Polícia;
II - realizar ações para a melhoria das atividades desenvolvi- III - Agente da Autoridade Policial:
das pelos policiais civis nas Bases Comunitárias; a) Investigador de Polícia.”
III - exercer outras atividades afins.(Nova redação dada pela Redação original
LC 464/12) Art. 107 A Polícia Judiciária Civil é organizada em série de
classes, com níveis crescentes de atribuições e responsabilidades
Parágrafo único. A Gerência de Polícia Comunitária da Capi- funcionais.
tal será exercida por policial civil, preferencialmente com curso de
promotor de polícia comunitária ou capacitação em área correlata Art. 108 Os cargos da Polícia Judiciária Civil são organiza-
Art. 105 As Gerências de Polícia Comunitária na Capital e dos em série de classes, com atribuições e responsabilidades fun-
no Interior tem a missão de assessorar o Coordenador de Polícia cionais definidas nesta Lei. (Nova redação dada ao art. 108 pela
Comunitária, auxiliando em tarefas relacionadas aos assuntos LC 575/2016)
junto às entidades organizadas de sua região, competindo-lhe: Redação original
I - organizar ações de proximidade com as comunidades, vi- Art. 108 A Carreira Policial Civil é escalonada em cargos de
sando implantação da filosofia da polícia comunitária; natureza policial civil, de provimento efetivo e exercício privativo
II - realizar ações para a melhoria das atividades desenvolvi- de seus titulares, constituídas em série de classes, encimadas pela
das pelos policiais civis nas Bases Comunitárias; especial, assim denominadas:
III - exercer outras atividades afins. I - Classe Especial;
Parágrafo único As Gerências de Polícia Comunitária da Ca- II - Classe “C”;
pital e do Interior serão exercidas por policiais civis, preferencial- III - Classe “B”;
mente com curso de promotor de polícia comunitária ou capacita- IV - Classe “A”.
ção em área correlata. Parágrafo único O ingresso na carreira da Polícia Judiciária
Civil far-se-á na classe “A”, em estágio probatório de três anos.
Seção VII
Dos Núcleos de Inteligência Art. 109 A Carreira Policial Civil é escalonada em cargos de
natureza policial civil, de provimento efetivo e exercício privativo
Art. 106 O Núcleo de Inteligência tem a missão de cumprir de seus titulares, constituída em série de classes, encimadas pela
e fazer cumprir, no âmbito de sua competência, as funções de especial, assim denominadas: (Nova redação dada ao art. 109
inteligência policial, com base nas diretrizes da Diretoria de pela LC 575/2016)
Inteligência da Polícia Judiciária Civil, competindo-lhe: I - para os cargos de Escrivão de Polícia e Investigador de
I - assessorar o Delegado Titular, por meio das informações e Polícia:
conhecimentos produzidos; a) Classe Especial;
II - atualizar as bases de dados para geração de relatórios pe- b) Classe “C”;
riódicos; c) Classe “B”; e
III - prestar apoio nas atividades de análise criminal e o geo- d) Classe “A”.
referenciamento; II - para o cargo de Delegado de Polícia:
IV - acompanhar as interceptações de sinais por intermédio da a) Classe Especial;
Diretoria de Inteligência; b) Classe “C”;
V auxiliar nas investigações policiais em andamento, na sua c) Classe “B”;
circunscrição; d) Classe “A”; e
VI - exercer outras funções afins. e) Classe de Delegado de Polícia Substituto.

Didatismo e Conhecimento 27
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Parágrafo único  O ingresso na carreira da Polícia Judiciária VI - praticar todos os atos de Polícia Judiciária Civil, na esfera
Civil far-se-á nas classes iniciais das carreiras policiais, em estágio de sua competência, visando à diminuição da criminalidade e da
probatório de 3 (três) anos. (Acrescentado o parágrafo único pela violência;
LC 575/16) VII - promover diligências, requisitar informações e docu-
Redação original mentos às entidades públicas e privadas, necessários à instrução
Art. 109 A Carreira Policial Civil é estruturada conforme os do inquérito policial ou a outros procedimentos decorrentes das
seguintes cargos: funções institucionais da Polícia Judiciária Civil;
I - Autoridade Policial: VIII - requisitar a realização de exames periciais e comple-
a) Delegado de Polícia; mentares, destinados a colher e resguardar indícios ou provas da
II - Auxiliar da Autoridade Policial: ocorrência de infrações penais;
a) Escrivão de Polícia; IX - requisitar serviços e técnicos especializados de órgãos
III - Agente da Autoridade Policial: públicos, de concessionárias e permissionárias de serviço público;
a) Investigador de Polícia. X - representar à autoridade judiciária competente pela decre-
tação de prisão e medidas cautelares e pela concessão de manda-
Art. 110 A Autoridade Policial é o Delegado de Polícia que, dos de busca e apreensão;
investido por lei, tem a seu cargo a direção das atividades de XI - exercer outras funções definidas em lei ou regulamento.
Polícia Judiciária Civil.
Art. 115 São atribuições privativas do Escrivão de Polícia:
Art. 111  Os Agentes e Auxiliares da Autoridade são, I - proceder à coleta e análise de dados de interesse da in-
respectivamente, os policiais encarregados da prática de vestigação policial, em assessoria e sob designação da autoridade
atos investigatórios e da formação de inquéritos policiais e policial;
procedimentos administrativos, para prevenir ou reprimir infrações II - proceder, na ausência da autoridade policial, os devidos
penais, sob a direção da Autoridade Policial.  encaminhamentos aos procedimentos policiais nas tarefas que não
forem privativas da autoridade policial;
CAPÍTULO II III - assinar, por ordem, documentos que não sejam privativos
DO QUADRO ADMINISTRATIVO DA POLÍCIA JUDICIA- da autoridade policial, dispostos em instrução normativa do Con-
RIA CIVIL selho Superior de Polícia;
IV - cumprir despachos e portarias exaradas pela autoridade,
Art. 112 As funções de atividade meio consistentes no apoio bem como lavrar os seguintes atos procedimentais, dentre outros;
logístico e outras de natureza não policial serão exercidas por V - termos de declaração, assentada, depoimento, interrogató-
servidores do quadro administrativo, de provimento efetivo. rio, auto de prisão em flagrante delito, reconhecimento de pessoas
e objetos, acareação, carta precatória, mediante inquirição da auto-
Art. 113 O quadro administrativo da Polícia Judiciária Civil é ridade policial presente;
estruturado conforme os seguintes cargos: VI - certificar atos cartorários e expedir intimações e notifi-
I - Técnico de Desenvolvimento Econômico e Social da Polí- cações;
cia Judiciária Civil; VII - lavrar termos circunstanciados de ocorrência por deter-
II - Agente de Desenvolvimento Econômico e Social da Polí- minação da autoridade policial;
cia Judiciária Civil; VIII - controlar os prazos previstos no Código de Processo
III - Auxiliar de Desenvolvimento Econômico e Social da Po- Penal;
lícia Judiciária Civil. IX - assessorar estudos para a execução de projetos de organi-
zação e reorganização da área policial;
CAPITULO III X - efetuar prisões em flagrante e arrecadar instrumentos rela-
DAS ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS  cionados à prática de infrações penais;
XI - colaborar no cumprimento de mandados judiciais de pri-
Art. 114 São atribuições privativas do cargo de Delegado de são, de busca e apreensão, de seqüestro de bens entre outros;
Polícia: XII - prestar contas à chefia imediata do valor das fianças re-
I - dirigir, coordenar, supervisionar, fiscalizar e controlar as cebidas, bem como do que constitui objeto de apreensão, e de todo
atividades administrativas, logísticas e operacionais da unidade de o patrimônio público que estiver sob sua responsabilidade;
sua direção; XIII - ter sob sua guarda e controle os objetos apreendidos re-
II - cumprir e fazer cumprir, no âmbito de sua competência, as lacionados aos procedimentos policiais que lhe forem distribuídos,
funções institucionais de Polícia Judiciária Civil; organizando-os e classificando-os;
III - instaurar e presidir inquéritos policiais, termos circuns- XIV - efetuar o registro de ocorrências policiais;
tanciados e outros procedimentos policiais, administrativos e dis- XV - tomar providências preliminares sobre qualquer ocor-
ciplinares, no âmbito de sua competência; rência policial de que tiver conhecimento, dando ciência imedia-
IV - planejar, dirigir e coordenar, com base na estatística po- ta à Autoridade Policial, mesmo que se trate de assunto alheio às
licial, as operações no combate efetivo à criminalidade, na área de atribuições da Delegacia ou órgão policial em que estiver lotado,
sua competência; inclusive realizando medidas de isolamento dos locais de crime;
V - exercer os poderes discricionários, afetos à Polícia Judi- XVI - coletar dados e impressões digitais para fins de identifi-
ciária Civil, que tenham como objetivo proteger os direitos ineren- cação civil e criminal, quando determinado pela Autoridade Poli-
tes à pessoa humana e resguardar a segurança pública; cial e nos casos previstos em lei;

Didatismo e Conhecimento 28
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XVII - colaborar nas investigações dos atos infracionais, por X - efetuar o registro de ocorrências policiais;
força do Estatuto da Criança e do Adolescente; XI - tomar providências preliminares sobre qualquer ocorrên-
XVIII - prestar todas as informações necessárias às chefias cia policial de que tiver conhecimento, dando ciência imediata à
imediatas competentes da unidade policial; Autoridade Policial, ainda que o fato não seja afeto a unidade po-
XIX - participar de procedimentos disciplinares, conforme de- licial em que estiver lotado, inclusive realizando medidas de isola-
signação específica; mento dos locais de crime quando necessário;
XX - operar equipamentos de telecomunicações; XII - coletar dados e impressões digitais para fins de identifi-
XXI - escriturar e ter sob sua guarda e responsabilidade os cação civil e criminal, quando determinado pela Autoridade Poli-
livros cartorários, procedimentos policiais e demais documentos, cial e nos casos previstos em lei;
que por força do ofício requerer; XIII - investigar atos infracionais, por força do Estatuto da
XXII - classificar em ordem os procedimentos policiais, man- Criança e do Adolescente;
dados, cartas precatórias e demais atos policias; XIV - prestar todas as informações necessárias às chefias ime-
XXIII - elaborar os relatórios e boletins estatísticos do órgão diatas competentes da unidade policial;
policial, bem como atualizar e analisar os bancos de dados de inte- XV - conduzir viaturas policiais, embarcações fluviais, marí-
resse da investigação policial; timas e pilotar aeronaves em razão de missões policiais, observada
XXIV - zelar pela segurança e preservação do patrimônio do a devida habilitação;
Estado destinado à Polícia Judiciária Civil, bem como cuidar para XVI - participar de procedimentos disciplinares, conforme de-
que haja o uso correto dos mesmos; signação específica;
XXV - receber, registrar e selecionar previamente o expedien- XVII - operar equipamentos de telecomunicações;
te da unidade policial, conforme designação expressa e em asses- XVIII - auxiliar na escrituração dos livros cartorários, proce-
soria a autoridade policial; dimentos policiais e demais documentos;
XXVI - executar outras tarefas correlatas de natureza policial XIX - classificar em ordem os procedimentos policiais, man-
que lhe forem determinadas constantes do Código de Processo Pe- dados, cartas precatórias e demais atos policias;
nal, Código Penal e legislação extravagante, observados os precei- XX - elaborar os relatórios e boletins estatísticos do órgão po-
tos constitucionais;
licial, bem como atualizar e analisar os bancos de dados de interes-
XXVII - manter o controle de inventário dos bens patrimo-
se da investigação policial;
niais da unidade policial, promovendo carga e baixa dos mesmos;
XXI - realizar a vigilância, segurança e preservação do patri-
XXVIII - dirigir e coordenar os trabalhos cartorários, bem
mônio do Estado destinado à Polícia Judiciária Civil, bem como
como dos seus servidores, quando na condição de Escrivão-Chefe,
cuidar para que haja o uso correto dos mesmos;
designado preferencialmente, entre os de Classe Especial; 
XXII - receber, registrar e selecionar previamente o expedien-
XXIX - exercer a função de líder de equipe e outras definidas
em lei ou regulamento. te da unidade policial, conforme designação expressa e em asses-
soria a autoridade policial;
Art. 116 São atribuições privativas do Investigador de Polícia: XXIII - executar outras tarefas correlatas de natureza policial
I - proceder à coleta e análise de dados, informações e conhe- constantes do Código de Processo Penal, Código Penal e legisla-
cimento de interesse da investigação policial, em assessoria e sob ções extravagantes, observando os preceitos constitucionais;
designação da autoridade policial; XXIV - manter o controle de inventário dos bens patrimoniais
II - proceder, na ausência da autoridade policial, os devidos da unidade policial, promovendo carga e baixa dos mesmos;
encaminhamentos aos procedimentos policiais nas tarefas que não XXV - providenciar o recolhimento, a movimentação, a dis-
forem privativas da autoridade policial; ciplina e a vigilância, bem como a guarda de valores e pertences
III - assinar por ordem, documentos que não sejam privativos do preso, procedendo à escrituração no livro de registro, enquanto
da autoridade policial, dispostos em instrução normativa do Con- perdurar a custódia legal;
selho Superior de Polícia; XXVI - dirigir e coordenar os trabalhos de investigação, bem
IV - proceder, mediante determinação expressa da autorida- como dos servidores, quando na condição de Investigador-Chefe,
de policial, às diligências e investigações policiais com o fim de designado preferencialmente, entre os de Classe Especial; 
coletar provas para a elucidação de infrações penais e respectivas XXVII - exercer a função de líder de equipe e outras definidas
autorias, estabelecer causas e circunstancias, visando à instrução em lei ou regulamento.
dos procedimentos legais, emitindo relatório circunstanciado dos
atos realizados; Art. 117  São atribuições do Técnico de Desenvolvimento
V - realizar intimações e notificações; Econômico e Social:
VI - assessorar estudos para a execução de projetos de organi- I - administrar os recursos humanos, patrimoniais, financeiros,
zação e reorganização na área policial; contábeis e orçamentários da instituição;
VII - efetuar prisões em flagrante e arrecadar instrumentos II - realizar pesquisas, planejamentos, organização e méto-
relacionados à prática de infrações penais, de acordo com as dis- dos, análise de dados estatísticos, análise econômica, elaboração
posições legais; e acompanhamento de projetos e programas; 
VIII - cumprir mandados judiciais de prisão, de busca e III - prestar assistência social e psicossocial, entre outras que
apreensão, de seqüestro de bens entre outros; requeiram nível superior completo;
IX - auxiliar na guarda e controle dos objetos apreendidos re- IV - exercer outras atribuições conferidas por ato do superior
lacionados aos procedimentos policiais que lhe forem distribuídos, imediato, salvo aquelas privativas dos cargos da carreira policial
organizando-os e classificando-os; civil.

Didatismo e Conhecimento 29
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Art. 118  São atribuições do Agente de Desenvolvimento Redação original.
Econômico e Social: Art. 122 O concurso público, de que trata o artigo anterior,
I - secretariar, digitar, arquivar, protocolar, coletar e manter será realizado em duas etapas distintas:
dados, programar, aplicar técnicas em contabilidade e apoiar os I - primeira etapa, composta de seis fases eliminatórias e su-
demais trabalhos técnicos que requeiram nível médio completo e cessivas, sendo a primeira e a segunda também classificatórias:
profissionalizante; a) 1ª fase: prova escrita;
II - exercer outras atribuições conferidas por ato do superior b) 2ª fase: de provas e títulos, com exame oral de caráter pú-
imediato, salvo aquelas privativas dos cargos da carreira policial blico;
civil. c) 3ª fase: exame de saúde;
d) 4ª fase: teste de aptidão física;
Art. 119 São atribuições dos Auxiliares de Desenvolvimento e) 5ª fase: avaliação psicológica;
Econômico e Social: f) 6ª fase: investigação social;
I - atuar na limpeza, conservação, manutenção, transporte e Redação anterior, dada pela LC 494/13
vigilância, e demais atividades que requeiram escolaridade míni- II - segunda etapa, de caráter eliminatório, consistirá do Curso
ma no ensino fundamental completo; de Formação Inicial Técnico-Profissional, ministrado pela Acade-
II - exercer outras atribuições conferidas por ato do superior mia de Polícia Judiciária Civil. 
imediato, salvo aquelas privativas dos cargos da carreira policial Redação original
civil. II - segunda etapa, de caráter eliminatório e classificatório,
consistirá do curso de formação inicial técnico-profissional, minis-
CAPITULO IV trado pela Academia de Polícia Judiciária Civil.
DA HIERARQUIA E DISCIPLINA
§ 1º Os cargos de Delegado de Polícia são privativos de
Art. 120 A função policial fundamenta-se na hierarquia e na bacharéis em Direito, assegurando a participação da Ordem dos
disciplina, sendo incompatível com qualquer outra função, exceto Advogados do Brasil na realização do concurso para este cargo.
nos casos previstos em lei.
§ 2º A prova escrita, que será aplicada à Carreira Policial
Parágrafo único  A função policial sujeita-se à prestação de
Civil, compreenderá:
serviços em condições adversas de segurança, com risco de vida,
I - para o cargo de Delegado de Polícia:
plantões noturnos e chamadas a qualquer hora, desde que justifi-
a) teste de múltipla escolha e prova dissertativa, versando so-
cada a necessidade, inclusive com a realização de diligências poli-
bre questões teóricas ou práticas, abrangendo matérias objeto do
ciais em todo Estado de Mato Grosso ou fora dele.
programa definido no edital do concurso.
II - para os cargos de Investigador e Escrivão de Polícia:
TÍTULO V
DO INGRESSO, DA POSSE, DO EXERCÍCIO E DO ESTÁ- a) teste de múltipla escolha e/ou prova dissertativa, versando
GIO PROBATÓRIO sobre questões teóricas ou práticas, abrangendo matérias objeto do
CAPÍTULO I programa definido no edital do concurso.
DO INGRESSO NA CARREIRA POLICIAL III - apenas para o cargo de Escrivão de Polícia:
a) prova de digitação.
Art. 121  O ingresso na Polícia Judiciária Civil far-se-á nas
classes iniciais da carreira policial, mediante concurso público § 3º Na fase de títulos, o exercício em cargos da Carreira
de provas ou de provas e títulos, realizado pela Academia de Policial Civil será computado em percentual, para cada ano,
Polícia Judiciária Civil, em que se apurem qualificações e aptidões limitado a trinta por cento, nos termos do disposto em edital.
específicas para o desempenho das atribuições dos cargos.
§ 4º A prova oral será aplicada apenas ao cargo de Delegado
Parágrafo único (revogado) - LC 575/16) de Polícia.
Redação Original
Parágrafo único O policial civil será lotado inicialmente em § 5º A classificação final do concurso será determinada pelas
Delegacia do Interior do Estado, observada a classificação da uni- notas obtidas pelos candidatos na primeira e segunda fases, levan-
dade policial definida em regimento interno.  do-se em conta os títulos individuais e aprovação nas demais fases,
conforme dispuser o edital do concurso (Nova redação dada ao §
Art. 122 O concurso público de que trata o artigo anterior será 5º pela LC.575/16)
realizado em seis fases eliminatórias e sucessivas: (Nova redação Redação anterior, dada pela LC 494/13
dada ao art. 122 pela LC 575/16) § 5º A classificação final do concurso será determinada pela
I - 1ª fase: prova escrita; nota obtida pelo candidato na primeira etapa. 
II - 2ª fase: provas e títulos, com exame oral de caráter pú- Redação original
blico; § 5º A classificação final do concurso será determinada pela
III - 3ª fase: exame de saúde; soma das notas obtidas pelos candidatos nas provas de primeira e
IV - 4ª fase: teste de aptidão física; segunda etapa.
V - 5ª fase: avaliação psicológica; § 6º O candidato deverá ser submetido a teste de aptidão física,
VI - 6ª fase: investigação social; passível de eliminação na forma prevista no edital do concurso.

Didatismo e Conhecimento 30
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
§ 7º A avaliação psicológica deverá indicar se o candidato é I - revelar comportamento incompatível com a função policial
apto ou inapto para o cargo ao qual concorre, conforme o perfil dentro e fora da Academia de Polícia Judiciária Civil;
psicológico exigido para o cargo. II - houver omitido fato que teria impossibilitado sua inscri-
§ 8º (revogado) - LC 575/16)  ção;
Redação original.  III - cometer falta disciplinar considerada grave, na forma pre-
§ 8º A convocação para matrícula no curso de formação vista no regulamento interno da Academia. 
inicial técnico-profissional observará, rigorosamente, a ordem Art. 125 (revogado) - LC 575/16)
de classificação dos candidatos aprovados na primeira etapa do Redação original. 
certame, para cada cargo, de acordo com o número de vagas Art. 125  o candidato matriculado no Curso de Formação
estabelecido no edital.  Inicial Técnico-Profissional, receberá uma bolsa-formação, cujo
valor corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do subsídio do
Art. 123 O curso de formação inicial técnico-profissional
cargo pretendido.
será ministrado pela Academia de Polícia Judiciária Civil (ACA-
Art. 126 São requisitos para inscrição no concurso:
DEPOL), após posse dos nomeados. (Nova redação dada ao art. I - ser brasileiro;
123/16 pela LC.575/16) II - ter no mínimo 21 (vinte e um) anos de idade completos,
e 45 (quarenta e cinco) anos, no máximo, à data do encerramento
§ 1º O curso de formação inicial técnico-profissional, com das inscrições.
carga horária mínima de 540 (quinhentos e quarenta) horas- III - não registrar antecedentes criminais;
aula, verificará do policial civil o preenchimento dos seguintes IV - estar em gozo dos direitos políticos;
requisitos: V - estar quite com o serviço militar;
I - conduta ilibada, na vida pública e privada; VI - para o Delegado de Polícia, ser portador de diploma de
II - aptidão; Bacharel em Direito, registrado no Ministério da Educação;
III - disciplina; VII - para o escrivão de polícia, ser portador de certificado
IV - assiduidade; de conclusão escolar do grau superior, registrado no Ministério da
V - dedicação; Educação;
VI - eficiência; VIII - para o investigador de polícia, ser portador de certifica-
VII - responsabilidade; do de conclusão escolar do grau superior, registrado no Ministério
VIII - obtenção de média 5,0 (cinco) em cada matéria minis- da Educação e de Carteira Nacional de Habilitação das categorias
trada pela Academia de Polícia Judiciária Civil; média global 7,0 “D”, “C” ou “B”;
IX - prova de conduta ilibada na vida pública e privada, pas-
(sete), conforme dispuser o seu regulamento interno, e com no mí-
sada por autoridade policial ou judiciária;
nimo 80% (oitenta por cento) de frequência às aulas.
X - recolhimento de valor de inscrição em favor da Polícia
Judiciária Civil, exclusivamente para custeio do concurso público,
§ 2º O não preenchimento dos requisitos acarretará a abertura conforme dispuser o edital. 
de procedimento administrativo disciplinar pela Comissão de
Avaliação do Estágio Probatório. Art. 127  Compete ao Delegado Geral de Polícia Judiciária
Redação original. Civil homologar os concursos públicos da carreira policial civil.
Art. 123 O curso de formação inicial técnico-profissional com
carga horária mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas-aula, ve- § 1º Homologado o concurso, assegurar-se-á ao candidato
rificará do candidato o preenchimento dos seguintes requisitos: aprovado a nomeação na ordem de classificação.
I - conduta ilibada, na vida pública e privada;
II - aptidão; § 2º Verificada a vacância de cargo fixado em lei, para classe
III - disciplina; inicial de cada carreira, o Delegado Geral de Polícia Judiciária
IV - assiduidade; Civil, após ouvir o Conselho Superior de Polícia, encaminhará
V - dedicação; proposta ao Governador do Estado, para que autorize o concurso
VI - eficiência; nos termos desta lei complementar.
VII - responsabilidade;
VIII - obtenção de média 5,0 (cinco) em cada matéria minis- CAPÍTULO II
DA POSSE
trada pela Academia de Polícia Judiciária Civil; média global 7,0
(sete), conforme dispuser o seu regulamento interno, e com no mí-
Art. 128 Posse é a investidura no cargo público mediante a
nimo 80 % (oitenta por cento) de freqüência às aulas.  aceitação expressa das atribuições, deveres e responsabilidade do
§ 1º O não preenchimento dos requisitos acarretará a policial civil.
eliminação do candidato na forma prevista no edital do concurso. 
§ 2º A apuração da conduta de que trata o inciso I abrangerá Art. 129 No ato da posse o policial civil apresentará,
também o tempo anterior à nomeação. obrigatoriamente, declaração de não-exercício de outro cargo, em-
prego ou função, se os tiver.
Art. 124 (revogado) - LC 575/16)
Redação original. Art. 130  A posse do policial civil fica condicionada à
Art. 124 Será eliminado o candidato que, durante o curso de apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu
formação: patrimônio privado.

Didatismo e Conhecimento 31
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
§ 1º A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, § 2º Quando a remoção não implicar mudança de município,
dinheiro, títulos, ações e qualquer outra espécie de bens e valores deverá o policial civil entrar em exercício no prazo de 03 (três)
patrimoniais, localizados no país ou no exterior e, quando for dias.
o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou
companheiro, dos filhos ou de outras pessoas que vivam sob a Art. 137 Nenhum policial civil exercerá sua função em
dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos unidade diversa daquela na qual foi lotado.
e utensílios de uso doméstico.
Art. 138 À autoridade competente do órgão ou unidade para
§ 2º A declaração de bens será atualizada anualmente e na data onde for designado o policial civil compete dar-lhe exercício,
em que o policial civil deixar o exercício do cargo. comunicando o superior hierárquico.

§ 3º Será exonerado ou demitido, tratando-se de servidor Art. 139 O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do
estável, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o policial civil exercício serão registrados no assentamento individual do policial
que se recusar a prestar declaração de bens dentro do prazo civil na Superintendência de Gestão de Pessoas.
determinado, ou que a prestar falsa.
CAPÍTULO IV
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Federal na conformidade da legislação do imposto de renda, e dos Art. 140 O policial civil em estágio probatório somente po-
proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, derá ser colocado à disposição de outros órgãos, instituições ou
para suprir a exigência contida no caput e no § 2º deste artigo. Poderes do Estado, da União ou de Unidades da Federação, me-
diante homologação do Conselho Superior de Polícia.(Nova reda-
Art. 131 São competentes para dar posse: ção dada pela LC 464/12)
I - o Governador do Estado, ao Delegado Geral de Polícia Redação original:
Judiciária Civil; Art. 140 O policial civil em estágio probatório não poderá,
II - o Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, aos demais em hipótese alguma, ser colocado à disposição de outros órgãos,
cargos constantes na estrutura organizacional da Polícia Judiciária instituições ou Poderes, do Estado, da União ou de Unidades da
Civil. Federação, nem exercer cargo ou função de confiança.

Art. 132 A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena Art. 141  O Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil
de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições estabelecidas instituirá comissão permanente composta de três Delegados de
em lei e regulamentos para a investidura no cargo. Polícia, preferencialmente tendo como Presidente Delegado
de Polícia de classe «Especial» para, durante todo o período do
Art. 133 A posse verificar-se-á mediante assinatura de termo estágio probatório, analisar os requisitos de idoneidade moral,
em livro próprio, pelo empossado e pela autoridade competente, aptidão, disciplina, assiduidade, dedicação ao serviço, eficiência,
após o policial civil prestar solenemente o compromisso de, fiel- responsabilidade e avaliação anual de desempenho para aquisição
mente, zelar pela instituição e observar as Constituições e as leis e da estabilidade:
desempenhar, com zelo e probidade, a função do cargo. I - na apuração dos quesitos e avaliação anual de desempenho,
a Comissão tomará como base as anotações funcionais, investiga-
Art. 134  A posse do policial civil ocorrerá no prazo ções regulares sobre a conduta e o desempenho do policial civil,
determinado pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil. mediante a autuação individual de Procedimento de Avaliação do
Estágio Probatório;
Parágrafo único Se a posse não se der no prazo deste artigo, II - a Comissão, além das informações lançadas na ficha de
será tornado sem efeito o ato de provimento, sendo nomeado o avaliação mensal de estágio probatório, poderá valer-se de outras
candidato seguinte na lista de classificação do concurso. fontes para a conclusão dos seus trabalhos;
III - será assegurado ao avaliado o conhecimento dos concei-
CAPÍTULO III tos lançados em sua ficha de avaliação mensal de estágio probató-
DO EXERCÍCIO rio, para exercício da ampla defesa e do contraditório;
IV - até o trigésimo dia antes de encerrar o prazo do estágio
Art. 135  Exercício é o efetivo desempenho das atribuições probatório, deverá a comissão emitir parecer conclusivo e funda-
do cargo. mentado, sobre a permanência ou exoneração do policial civil.

Art. 136 O exercício terá início dentro de 15 (quinze) dias § 1º Se a comissão opinar pela exoneração, deverá basear-se
contados: em motivos e fatos reais, expressos em relatório circunstanciado,
I - da data da posse; devendo o policial civil ser devidamente notificado, observado o
II - da data da ciência do ato nos casos de remoção. princípio do contraditório e da ampla defesa, para que no prazo im-
prorrogável de 15 (quinze) dias contados da sua ciência apresente
§ 1º Será exonerado o policial civil empossado que não entrar defesa expressa, pessoalmente ou por intermédio de procurador
em exercício no prazo previsto neste artigo habilitado.

Didatismo e Conhecimento 32
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
§ 2º Esgotado o prazo da defesa e produzidas as provas I - para o Escrivão de Polícia e Investigador de Polícia:
requeridas, a comissão decidirá, mediante voto e pela maioria a) Classe A - ensino superior completo, consoante requisitos
simples de seus membros, sobre a conveniência ou não da dos incisos VII e VIII do Art. 126 desta Lei;
permanência do policial civil no serviço público. b) Classe B - requisitos da Classe A, mais cursos que totali-
zem 200 (duzentas) horas, específicos na área de atuação, devida-
§ 3º A decisão da comissão será formalizada ao Diretor-Geral mente autorizados pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil
de Polícia Judiciária Civil, que adotará as providências cabíveis. e homologados pela Academia de Polícia;
c) Classe C - requisitos da Classe B, mais outros cursos que
§ 4º A apuração dos requisitos deverá processar-se de modo totalizem 250 (duzentas e cinquenta) horas, específicos na área de
que a exoneração do policial civil não aprovado no estágio atuação, devidamente autorizados pelo Delegado Geral de Polícia
probatório se faça antes de concluído o último período de estágio, Judiciária Civil e homologados pela Academia de Polícia;
sob pena de responsabilidade. d) Classe Especial - requisitos da Classe C, mais título de pós-
-graduação lato sensu ou curso de ensino superior bacharelado ou
§ 5º Em sendo o estagiário Delegado de Polícia, o Presidente licenciatura, registrados no Ministério da Educação, homologado
da Comissão deverá ser Delegado de Polícia da Classe Especial.
pela Academia de Polícia.
§ 6º O trabalho da Comissão Permanente não exclui a
II - para o Delegado de Polícia:
competência das autoridades mencionadas no Art. 236 desta lei
complementar. a) Classe de Delegado de Polícia Substituto - diploma de Ba-
charel em Direito, registrado no Ministério da Educação, consoan-
Art. 142  Será exonerado por Ato Governamental o policial te requisito do inciso VI do Art. 126 desta Lei;
civil em estágio probatório que não preencher os requisitos b) Classe A - requisitos da Classe de Delegado de Polícia
estabelecidos nesta lei. Substituto, mais aprovação no estágio probatório, comprovada
pela emissão de certidão da Comissão de Estágio Probatório;
Art. 143  O período de estágio probatório em cargo policial c) Classe B - requisitos da Classe A, mais cursos que totalizem
civil é considerado de efetivo exercício para todos os fins. 200 (duzentas) horas, específicos na área de atuação, devidamente
autorizados pelo Delegado-Geral de Polícia Judiciária Civil e ho-
Art. 144 Após cumprir com aproveitamento o estágio proba- mologados pela Academia de Polícia;
tório, o Escrivão de Polícia e Investigador de Polícia serão confir- d) Classe C - requisitos da Classe B, mais outros cursos que
mados na classe “A” da respectiva carreira, enquanto o Delegado totalizem 250 (duzentas e cinquenta) horas, específicos na área de
de Polícia que se encontra na Classe de Delegado de Polícia Subs- atuação, devidamente autorizados pelo Delegado-Geral de Polícia
tituto terá sua progressão automática à Classe “A” (Nova redação Judiciária Civil e homologados pela Academia de Polícia;
dada ao art. 144 pela LC 575/16) e) Classe Especial - requisitos da Classe C, mais o Curso Su-
Redação original perior de Polícia devidamente autorizado pelo Delegado-Geral de
Art. 144  Após cumprir com aproveitamento o estágio Polícia Judiciária Civil e homologado pela Academia de Polícia.
probatório, o policial civil será confirmado na classe «A» da Redação anterior, dada pela LC 540/14).
respectiva carreira. Art. 146 As classes dos cargos da Polícia Civil são estruturados
“TÍTULO VI segundo o grau de formação exigido para o provimento dos cargos,
DA PROGRESSÃO da seguinte forma:
I - Classe A – ensino superior completo, consoante requisitos
CAPÍTULO I dos incisos VI a VIII do Art. 126 desta lei complementar; 
DA PROGRESSÃO HORIZONTAL II - Classe B - requisitos da Classe A, mais cursos que totali-
(Nova redação dada pela LC 540/14).
zem 200 (duzentas) horas, específicos na área de atuação, devida-
Redação Original
mente autorizados pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil
TÍTULO VI
e homologados pela Academia de Polícia;
DA ASCENSÃO FUNCIONAL
CAPÍTULO I III - Classe C – requisitos da Classe B, mais outros cursos que
DA PROGRESSÃO totalizem 250 (duzentas e cinquenta) horas, específicos na área de
atuação, devidamente autorizados pelo Delegado Geral de Polícia
Art. 145 A progressão horizontal é a elevação do policial civil Judiciária Civil e homologados pela Academia de Polícia;
à classe imediatamente superior, considerando-se os requisitos IV - Classe Especial – requisitos da Classe C, mais título de
de tempo de serviço e titulação do servidor. (Nova redação dada pós-graduação lato sensu ou curso de ensino superior bacharelado
pela LC 540/14). ou licenciatura, registrados no Ministério da Educação; e, exclu-
Redação Original. sivamente para o Delegado de Polícia, Curso Superior de Polícia
Art. 145 Progressão horizontal é a elevação do policial civil à devidamente autorizado pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária
classe imediatamente superior. Civil e homologado pela Academia de Polícia. 
Art. 146 As classes dos cargos da Polícia Civil são estru- Art. 146 O processo de progressão horizontal do cargo do po-
turadas segundo o grau de formação exigido para o provimento licial civil inicia-se com o seu requerimento dirigido ao Delegado
dos cargos, da seguinte forma:  (Nova redaçaõ dada ao art. 146 Geral de Polícia Judiciária Civil responsável pela homologação, e
pela LC 575/16) observará os seguintes requisitos:

Didatismo e Conhecimento 33
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
I - da Classe A para B - cursos que totalizem 200 (duzentas) Redação Original.
horas, específicos na área de atuação, devidamente autorizados Art. 150  Compete ao Delegado Geral de Polícia Judiciária
pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil e homologados Civil o encaminhamento das listas de progressão ao Governador
pela Academia de Polícia; do Estado, após o parecer da Comissão Permanente de Progressão.
II - da Classe B para C - ensino superior completo, mais outros Parágrafo único (revogado) LC 494/13)
cursos que totalizem 250 (duzentas e cinquenta) horas, específicos Redação Original.
na área de atuação, devidamente autorizados pelo Delegado Geral Parágrafo único A Comissão Permanente de Progressão será
de Polícia Judiciária Civil e homologados pela Academia de Po- composta por 03 (três), membros sendo seu Presidente um Delega-
lícia; do de Polícia de Classe Especial
III - da Classe C para Especial - ensino superior completo, Art. 151  O Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, por
mais título de pós-graduação lato sensu; e, exclusivamente para o meio de portaria, regulamentará o Curso de Aperfeiçoamento
Funcional e o Curso Superior de Polícia, este, restrito à carreira de
Delegado de Polícia, Curso Superior de Polícia devidamente auto-
Delegado de Polícia, respeitados os seguintes princípios:
rizado pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil e homolo-
I - igualdade de condições, a todos os interessados, para matri-
gado pela Academia de Polícia.
cular e participar do curso de aperfeiçoamento funcional;
Art. 147 A progressão horizontal obedecerá à titulação exi- II - o policial civil indicado à progressão horizontal adquire
gida no Art. 146 desta Lei Complementar, com interstício de 03 o direito de frequentar os cursos de aperfeiçoamento ou especia-
(três) anos da Classe de Delegado de Polícia Substituto para Classe lização, podendo deles desistir desde que se manifeste por escrito
A, 03 (três) anos da Classe A para B, 03 (três) anos da Classe B ao Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, que fará a retirada
para C e 05 (cinco) anos da Classe C para Especial. (Nova redaçaõ de seu nome da lista, respeitado o direito a ser indicado nas listas
dada ao art. 147 pela LC 575/16) subseqüentes;
Redação anterior, dada pela LC 540/14). III - a critério do Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil,
Art. 147 A progressão horizontal obedecerá a titulação exigi- o Curso Superior de Polícia poderá ser realizado na Academia de
da no Art. 146 desta lei complementar, com interstício de 03 (três) Polícia Judiciária Civil ou congênere, respeitada a igualdade de
anos da Classe A para B, 03 (três) anos da Classe B para C e 05 condições dos interessados integrantes da Classe “C”.
(cinco) anos da Classe C para Especial. 
§ 1º O processo de progressão horizontal do cargo do policial Parágrafo único Os cursos de que trata este artigo serão mi-
civil inicia-se com o seu requerimento dirigido ao Delegado nistrados com ampla divulgação e seleção entre os candidatos, nos
Geral de Polícia Judiciária Civil responsável pela homologação e critérios estabelecidos na Lei do Sistema de Ensino da Polícia Ju-
observará os requisitos estabelecidos no caput deste artigo. diciária Civil. 
§ 2º Os cursos utilizados para progressão às classes «B» e «C»
Art. 152 O policial civil inscrito em Curso de Aperfeiçoamento
deverão ter carga horária igual ou superior a 40 (quarenta) horas e
ou Especialização, promovido pela Academia de Polícia Judiciária
ser específicos na área de atuação, devidamente autorizados pelo
Civil, poderá ser colocado à disposição deste órgão, com prejuízo
Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil e homologados pela de suas funções, enquanto durar o curso.
Academia de Polícia Judiciária Civil. 
Redação Original. Parágrafo único O policial civil terá direito a receber diárias
Art. 147 Os cursos utilizados para progressão às classes «B» correspondentes à duração do curso, quando realizado fora da sede
e «C» deverão ter carga horária igual ou superior a quarenta horas, de seu exercício, salvo quando a instituição policial fornecer todos
específicos na área de atuação, devidamente autorizados pelo os meios.
Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil e homologados pela
Academia de Polícia Judiciária Civil. CAPÍTULO II
Parágrafo único A progressão horizontal obedecerá à titulação DA PROGRESSÃO VERTICAL
exigida, com interstício de 03 (três) anos da Classe A para B, 03 (Nova redação dada pela LC 540/14).
(três) anos da Classe B para C e 05 (cinco) anos da Classe C para
Especial. Art. 153 A Progressão vertical é a passagem do Investigador
Art. 148 O policial civil apenado com sentença transitada em de Polícia e do Escrivão de Polícia ao nível imediatamente
julgado somente poderá requerer sua progressão horizontal após o superior, considerando-se os requisitos de tempo de serviço e
cumprimento da respectiva pena. aprovação na avaliação de desempenho anual. (Nova redação
dada pela LC 540/14).
Art. 149 A progressão do Delegado de Polícia para Classe
Parágrafo único. Cada classe desdobra-se em 10 (dez) níveis,
Especial, além dos requisitos do Art. 146, fica condicionada à
indicados por numerais arábicos que constituem a linha vertical de
compatibilização de sua atuação em Unidade Policial, conforme a
progressão, que obedecerá à avaliação de desempenho anual e ao
classificação prevista em regulamento próprio cumprimento do interstício de 03 (três) anos. (Nova redação dada
pela LC 540/14).
Art. 150 Compete ao Delegado Geral de Polícia Judiciária Redação Original.
Civil o encaminhamento das listas de progressão ao Governador Art. 153 Progressão vertical é a passagem do Investigador de
do Estado. (Nova redação dada pela LC 494/13) Polícia e do Escrivão de Polícia ao nível imediatamente superior.

Didatismo e Conhecimento 34
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Parágrafo único Cada classe desdobra-se em 10 (dez) níveis, TÍTULO VII
indicados por numerais arábicos que constituem a linha vertical de DA REMOÇÃO, DA ESTABILIDADE E DAS SUBSTITUI-
progressão, que obedecerá à avaliação de desempenho anual e ao ÇÕES
cumprimento do interstício de 03 (três) anos. CAPÍTULO I
Art. 154 Será suspensa a contagem de tempo para cumprimento DA REMOÇÃO
dos interstícios de classe e de nível para o policial civil que for
condenado em processo administrativo disciplinar ou em sentença Art. 156 A remoção é o deslocamento do policial civil de uma
penal transitada em julgado pelo período de: para outra unidade policial.
I - 06 (seis) meses em caso de penas de advertência e repreen-
são; Art. 157 A remoção do policial civil somente dar-se-á
II - 01 (um) ano em caso de pena de multa e suspensão até 30 por necessidade do serviço ou a pedido, desde que atenda a
(trinta) dias; conveniência do serviço policial.
III - 02 (dois) anos em caso de pena de suspensão superior a
30 (trinta) dias e em condenação penal. § 1º Durante o estágio probatório, a remoção somente ocorrerá
de ofício.
Art. 154-A Os Escrivães de Polícia e Investigadores de Polícia
terão aproveitamento de seu tempo de serviço efetivo prestado na § 2º A remoção do policial civil para outro município será
Administração Pública Direta, Autárquica, Fundacional, Empresas apreciada pelo Conselho Superior de Polícia
Públicas e Sociedade de Economia Mista do Estado de Mato .
Grosso, ainda não computado para fins de enquadramento em Art. 158 É vedada a remoção de policial civil de um município
nível, na proporção de dias, contados de acordo com o Anexo II, para outro, quando em exercício de mandato eletivo na diretoria
mediante comprovação e formalização de processo devidamente executiva de sua entidade de classe.
instruído. (Acrescentado pela LC 565/15)
§ 1º Somente será aproveitado o tempo de serviço exercido Parágrafo único Aplica-se o disposto neste artigo a partir do
em cargo distinto do atualmente ocupado pelo servidor. registro da candidatura.
§ 2º O servidor poderá solicitar o aproveitamento de tempo de
serviço previsto no caputaté o dia imediatamente anterior à data de Art. 159  O policial civil, quando removido para município
cumprimento do interstício da próxima progressão vertical. diverso do de seu cônjuge servidor público federal ou municipal
§ 3º Os efeitos financeiros e funcionais da contagem do tem- poderá, sempre que possível, ter compatibilizada esta situação.
pode serviço prevista no caput serão a partir da data do cumpri-
mento do interstício da próxima progressão vertical. Parágrafo único Em se tratando de policial civil, cujo cônjuge
§ 4º O servidor será enquadrado no nível correspondente à for servidor do Estado de Mato Grosso, deverá ser compatibilizada
soma de seu tempo de serviço no cargo atualmente exercido e o a situação do casal.
tempo de serviço a ser aproveitado, de acordo com o Anexo II
desta lei complementar. CAPÍTULO II
§ 5º Em existindo sobras será realizado novo enquadramento DA ESTABILIDADE
quando o servidor completar o tempo suficiente para mais um
nível, na forma do § 4° deste artigo. Art. 160  O policial civil, nomeado em virtude de concurso
§ 6º Este artigo passa a vigorar a partir de janeiro de 2016. público, torna-se estável após 03 (três) anos de efetivo exercício.

CAPÍTULO II Art. 161 O policial civil estável perderá o cargo:


DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo, assegurados o contradi-
Art. 155 O policial civil estável será submetido à avaliação tório e a ampla defesa;
periódica de desempenho, nos termos da lei, que será aferida III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
mediante comissão interna, nomeada com objetivo de analisar o penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
trabalho individual de cada servidor e, no final, emitir parecer.
CAPÍTULO III
Parágrafo único Havendo motivação, apontada pela comissão, DAS SUBSTITUIÇÕES
para exoneração do policial civil por insuficiência de desempenho,
será instaurado processo administrativo, assegurado o contraditó- Art. 162  Nos casos de ausência ou impedimento eventual
rio e a ampla defesa. do titular do cargo, a substituição será automática, obedecendo à
seguinte hierarquia funcional:
I - o Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, pelo Delega-
do Geral Adjunto;
II - o Corregedor Geral de Polícia Judiciária Civil, pelo Cor-
regedor Geral Adjunto;
III - o Diretor de Diretoria, pelo Delegado de Polícia mais
antigo na classe dentre seus subordinados diretos;

Didatismo e Conhecimento 35
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
IV - o Diretor da Academia de Polícia Judiciária Civil pelo Parágrafo único.  O subsídio do Delegado de Polícia segue
Diretor Adjunto; as disposições estabelecidas na Constituição do Estado de Mato
V - o Diretor de Polícia Judiciária Civil Metropolitano pelo Grosso, tomando como parâmetro o subsídio do Delegado Classe
Diretor Metropolitano Adjunto; Especial.  (Nova redação dada pela LC 436/11, efeitos a partir
VI - o Delegado Regional, e titular de delegacias, pelo De- 1º/06/11)
legado de Polícia mais antigo na classe dentre seus subordinados Redação original:
diretos; Art. 166  O policial civil terá subsídio compatível com
VII - o Titular da Delegacia Especializada, por seu respectivo a importância, a natureza, o grau de responsabilidade e a
adjunto, mais antigo na classe. complexidade da atividade policial.
§ 1º O subsídio do Delegado Geral é fixado no mesmo valor
§ 1º O membro do Conselho Superior de Polícia, quando houver do subsídio percebido pelo Governador do Estado.
fato que enseje seu impedimento, manifestará expressamente e, § 2º O subsídio do Delegado de Polícia segue as disposições
deferido pelo conselho, será substituído nos termos deste artigo. estabelecidas na Constituição do Estado de Mato Grosso, tomando
como parâmetro o subsídio do Delegado Geral.
§ 2º Os casos omissos de substituição serão resolvidos pelo § 3º O subsídio de que tratam os §§ 1º e 2º serão reajustados
Diretor-Geral de Polícia Judiciária Civil. nos mesmos índices e data fixada para o subsídio do Governador
do Estado.
Art. 163  O substituto faz jus à remuneração equivalente a
do titular, independente de requerimento, desde que o período de Art. 167 O subsídio do cargo efetivo é irredutível e acrescido
substituição ultrapasse 15 (quinze) dias. das vantagens do Art. 7º, VIII, IX, XII e XVI da Constituição
Federal.
Art. 164 Ao policial civil é vedado acumular funções em mais
de duas unidades policiais. Art. 168 O policial civil perderá:
I - o subsídio do dia em que não comparecer ao serviço, salvo
Parágrafo único Será paga a diária correspondente, se houver por motivo legal ou doença comprovada;
deslocamento para outro município. II - 1/3 (um terço) do subsídio do dia, quando comparecer
ao serviço com atraso máximo de uma hora, ou quando se retirar
TITULO VIII antecipadamente, sem autorização.
DA REMUNERAÇÃO E VANTAGENS
CAPÍTULO I Art. 169 Nenhum desconto ou consignação em favor de
DA REMUNERAÇÃO terceiros incidirá sobre o subsídio sem prévia autorização do
policial civil, salvo por determinação judicial.
Art. 165  O policial civil é remunerado mediante subsídio
fixado em parcela única. Art. 170  As reposições e indenizações ao erário serão
descontadas em parcelas mensais, não excedentes à décima parte
§ 1º O servidor da Carreira Policial Civil, nomeado em cargo do subsídio ou provento.
comissionado, perceberá subsídio correspondente ao cargo e classe
que se acha posicionado, fazendo jus ao acréscimo de percentual Art. 171  O policial civil em débito com o erário que for
definido na forma de lei específica. demitido, exonerado ou que tiver a sua aposentadoria cassada, terá
o prazo de sessenta dias para quitar o referido débito.
§ 2º Os profissionais nomeados em cargos comissionados,
não privativos de servidores efetivos da Carreira Policial Civil, § 1º No caso de comprovada má-fé, a reposição deverá ser
perceberão subsídio correspondente ao da tabela de cargos em feita de uma só vez, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
comissão do Poder Executivo Estadual, ou quando servidor de
outra carreira, o que estabelecer na lei de subsídio de sua carreira. § 2º A não-quitação do débito no prazo previsto implicará a
sua inscrição na dívida ativa.
§ 3º Quando no exercício da função de Escrivão-Chefe e
Investigador-Chefe, o servidor fará jus à função gratificada. Art. 172 O subsídio e o provento não serão objetos de arresto,
sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos
§ 4º Quando no exercício de atividades especiais ou excedentes resultante de ação judicial.
às atribuições dos respectivos cargos, o policial civil fará jus à
função gratificada por atividades especiais. CAPITULO II
DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS
Art. 166  O policial civil terá subsídio compatível com
a importância, a natureza, o grau de responsabilidade e a Art. 173 Aplica-se ao policial civil, além dos dispostos no Art.
complexidade da atividade policial.(Nova redação dada pela LC 166 desta lei complementar, os seguintes direitos sociais:
436/11, efeitos a partir 1º/06/11) I - duração de trabalho normal não superior a 08 (oito) horas
diárias ou 40 (quarenta) horas semanais;

Didatismo e Conhecimento 36
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
II - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- Art. 180  Restituirá a ajuda de custo o policial civil que a
mingos; houver recebido, nas formas e circunstâncias abaixo:
III - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 I - integralmente, de uma só vez, quando a remoção não foi
(um terço) a mais do que o salário normal. efetivada;
II - metade do valor recebido, de uma só vez, quando o servi-
Art. 174 Constituem vantagens ao policial civil: dor for removido a pedido com menos de seis meses de sua efetiva
I - 13º (décimo terceiro) salário com base na remuneração in- lotação;
tegral ou no valor da aposentadoria; III - metade do valor recebido, de uma só vez, quando licen-
II - remuneração do trabalho noturno superior ao diurno; ciado a pedido, com menos de 06 (seis) meses de sua efetiva lo-
III - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- tação;
mo, em 50% à do normal;
IV - gratificação por participação em banca de concurso da Art. 181  O policial civil que, a serviço, se afastar da sede,
Polícia Judiciária Civil; em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território
V - prêmio em concurso interno. mato-grossense ou de outras Unidades da Federação, fará jus a
passagens terrestres e/ou aéreas e diárias para cobrir as despesas
Art. 175 O serviço noturno prestado em horário compreendido de hospedagem e alimentação.
entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 05 (cinco) horas do dia
seguinte, terá o valor hora acrescido de mais 25% (vinte e cinco Art. 182 A ajuda de custo para atividades em locais de difícil
por cento), computando-se cada hora com 52 (cinqüenta e dois) acesso será devida ao policial civil removido no interesse do ser-
minutos e 30 (trinta) segundos. viço policial, de uma para outra unidade, em áreas de fronteira ou
em localidades cujas condições de difícil acesso se justifiquem, a
§ 1º O adicional noturno não se incorpora ao subsídio ou serem regulamentadas por Decreto.
provento do policial civil.
Art. 183 A ajuda de custo para atividades em locais de difícil
§ 2º Compete ao Conselho Superior de Polícia Judiciária Civil acesso será paga mensalmente, durante a permanência do policial
regulamentar a forma de aferição do adicional noturno. civil em áreas de fronteira ou em localidades cujas condições de
difícil acesso se justifiquem.
CAPITULO III
DAS INDENIZAÇÕES 
Art. 184. A ajuda de custo para atividades em locais de difícil
acesso será paga pelo período máximo de vinte e quatro meses.
Art. 176 Constituem indenizações ao policial civil:
I - ajuda de custo;
Art. 185  O pagamento da ajuda de custo para atividades
II - ajuda de custo para atividades em locais de difícil acesso;
em locais de difícil acesso terá como base de cálculo a menor
III - diárias;
remuneração paga no Serviço Público Estadual, levando-se em
IV - indenização por atividade em local de difícil acesso;
consideração a distância do local do seu último exercício, nos
V - indenização por atividades especiais;
seguintes termos:
Art. 177 A ajuda de custo é a indenização para custeio de I - em região de fronteira, o equivalente a metade do estabe-
despesas de viagem, mudança e instalação, paga adiantadamente, lecido no caput;
ao policial civil, removido no interesse do serviço policial de uma II - em local de difícil acesso o equivalente a 2/3 (dois terços)
para outra unidade, quando os motivos impliquem mudança de do estabelecido no caput.
domicílio, exceto quando as cidades forem contíguas. 
Art. 186  As indenizações previstas nesta lei não excluem
Art. 178  O pagamento da ajuda de custo ao policial civil outros direitos e vantagens previstos em legislação específica.
terá como base de cálculo a menor remuneração paga no Serviço
Público Estadual, levando-se em consideração a distância do local TÍTULO IX
do seu último exercício, nos seguintes termos: DAS GARANTIAS, PRERROGATIVAS E DIREITOS
I - até 300km, o equivalente a 05 vezes; CAPÍTULO I
II - até 600km, o equivalente a 10 vezes; DAS GARANTIAS E PRERROGATIVAS
III - até 900km, o equivalente a 15 vezes;
IV - mais de 900km, o equivalente a 20 vezes. Art. 187 Além das garantias asseguradas pela Constituição
da República, o policial civil gozará das seguintes prerrogativas:
Art. 179 Não terá direito à ajuda de custo o policial civil: I - receber tratamento compatível com o nível do cargo de-
I - removido a pedido ou com seu consentimento por escrito; sempenhado;
II - quando da primeira lotação, após conclusão de Curso de II - exercício privativo dos cargos e funções da organização
Formação Inicial Técnico-Profissional da Academia de Polícia Ju- policial, observada a hierarquia;
diciária Civil; III - irredutibilidade do subsídio.

Didatismo e Conhecimento 37
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
§ 1º Quando no curso de investigação houver indício de Art. 195 O Delegado de Polícia tem autonomia e independência
prática penal atribuída ao policial civil, a autoridade competente no exercício das funções de seu cargo.
remeterá, imediatamente, cópia do procedimento ao Corregedor
Geral de Polícia Judiciária Civil. Art. 196 O Delegado de Polícia goza do mesmo tratamento
dispensado às demais carreiras jurídicas.
§ 2º O Delegado de Polícia somente poderá ser preso em caso
de flagrante delito de crime inafiançável ou por ordem escrita Art. 197  O policial civil tem direito à aposentadoria com
e fundamentada da autoridade competente, caso em que esta critérios e requisitos diferenciados na forma da lei.
fará, imediatamente, a comunicação do fato e a apresentação do
preso ao Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, sob pena de Art.197-A Os efeitos da presente lei complementar estendem-
responsabilidade. se aos inativos e pensionistas da Carreira da Polícia Judiciária
Civil, desde que os benefícios previdenciários dos mesmos sejam
Art. 188 Nos crimes de responsabilidade, quando o processo amparados pela paridade de que tratam as normas constitucionais
e o julgamento do policial civil competir ao Juízo do primeiro vigentes à época da aquisição de tais direitos.(Acrescentado
grau, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos ou pela LC 540/14)
justificação que façam presumir a existência do delito, ou com
declaração fundamentada da impossibilidade da apresentação de CAPÍTULO II
quaisquer dessas provas. DAS FÉRIAS

Art. 189 Além dos direitos atribuídos aos servidores públicos Art. 198 O policial civil fará jus anualmente a 30 (trinta) dias
no Art. 7º da Constituição Federal, são direitos do policial civil, consecutivos de férias.
dentre outros estabelecidos em lei, e deverão constar do orçamento
com dotação específica: § 1º Para o período aquisitivo de férias serão exigidos doze
I - traslado ou remoção, quando ferido, acidentado em serviço; meses de exercício.
II - tratamento especializado, em razão de acidente ou doença
§ 2º É vedado levar à conta de férias, qualquer falta ao serviço.
decorrente da função policial.
§ 3º Para o gozo das férias previstas neste artigo, deverá ser
Art. 190  O policial civil poderá afastar-se do exercício do
observada a escala organizada pela instituição, de forma a não
cargo, sem prejuízo de seus vencimentos e demais vantagens, nos
prejudicar o bom funcionamento das atividades nas unidades
seguintes casos:
policiais.
I - para participar de curso, congresso ou seminário, no país
ou no exterior, com prévia autorização da autoridade competente;
§ 4º É proibida a acumulação de férias, salvo por absoluta
II - para exercer atividade em entidade de classe estadual ou necessidade do serviço e pelo prazo máximo de dois períodos
nacional. aquisitivos.
Art. 191 É assegurado ao policial civil o direito de requerer Art. 199 Quando em gozo de férias, o policial civil terá direito
ou representar, pedir reconsideração e recorrer de decisão, desde a receber, adiantadamente, um mês de subsídio, acrescido de mais
que o faça dentro das normas de urbanidade e dirigido à autoridade 1/3 (um terço) do valor do subsídio.
competente.
Art. 200 O policial civil não poderá ser removido, quando em
Art. 192 O policial civil, no desempenho de sua função, tem gozo de férias.
prioridade nos serviços de transporte e de comunicação público ou
privado, podendo requisitá-los, se necessário, em caso de urgência. CAPITULO III
DAS LICENÇAS
Art. 193 A cédula de identidade funcional permite ao policial
civil o livre acesso a locais públicos ou acessíveis ao público, Art. 201 Conceder-se-á licença remunerada ao policial civil:
quando a serviço. I - por motivo de doença do servidor;
II - por motivo de doença grave em pessoa da família, pelo
§ 1º O documento de que trata este artigo autoriza ao policial período máximo de 02 (dois) anos;
civil, inclusive ao aposentado, o porte de arma, dentro do Estado III - para atividade política, desde que três meses antes do
de Mato Grosso. pleito eleitoral;
IV - em caso de prêmio por assiduidade, conforme regula-
§ 2º Diante da natureza do serviço policial, mesmo em horário mentação;
de folga, é permitido ao policial civil da ativa, portar arma de fogo, V - para desempenho de mandato em entidade representativa
em locais públicos ou acessíveis ao público. da respectiva categoria;
VI - licença maternidade;
Art. 194 O Delegado de Polícia somente poderá chefiar uni- VII - licença paternidade;
dade policial de categoria correspondente à sua classe ou, em caso VIII - para capacitação, treinamento e aperfeiçoamento, com-
excepcional, conforme a classificação das delegacias. patibilizado o interesse público.

Didatismo e Conhecimento 38
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Art. 202 A licença ao policial civil não será remunerada nos respectivamente, 10, 20 e 30 anos de bons serviços à causa da
seguintes casos: ordem pública, ao organismo policial, em relevantes serviços à
I - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro, no coletividade mato-grossense:
prazo máximo de dois anos; I - a medalha em qualquer de suas classes, ouro, prata e bron-
II - para tratar de interesse particular, no prazo máximo de ze, será cunhada de forma elíptica, tendo 35 milímetros (35mm)
dois anos, compatibilizado o interesse do serviço; no seu eixo perpendicular e vinte e três milímetros (23mm) no seu
III - para atividade política, por mais de três meses e no máxi- eixo horizontal, encimada por uma estrela de cinco pontas, com
mo de 06 (seis) meses. garra, fita e argola e conterá no verso, o Brasão da Polícia Judiciá-
ria Civil e no reverso os dizeres “POLÍCIA JUDICIÁRIA CIVIL
CAPITULO IV - MÉRITO POLICIAL”;
DOS AFASTAMENTOS II - a concessão da medalha, em qualquer classe, será de com-
petência exclusiva do Governador do Estado, por proposta funda-
Art. 203 Conceder-se-á ao policial civil afastamento para: mentada do Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, baseada
I - exercício de mandato eletivo; em decisão do Conselho Superior de Polícia;
II - estudo ou missão no exterior. III - a concessão a que se refere o inciso anterior será feita
mediante decreto do Poder Executivo, cabendo à Polícia Judiciária
Art. 204 (revogado) LC 464/12 Civil a expedição do respectivo diploma, que será assinado pelo
Redação original: Governador, pelo Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pú-
Art. 204 É vedado a cessão ou aproveitamento de policial civil blica e pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil;
em funções estranhas às de seu cargo, sob pena de responsabilida- IV - a entrega da medalha será feita em cerimônia pública,
de da autoridade que o permite. preferencialmente no dia 21 de abril, ou em outra data a critério do
Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil.
CAPÍTULO V
DO ELOGIO Art. 210 Não serão concedidas medalhas de Mérito Policial
aos policiais civis: 
Art. 205 Entende-se por elogio a menção nominal ou coletiva I - com período inferior a 05 (cinco) anos no cargo;
que deve constar dos assentamentos funcionais do policial civil II - que estão cedidos ou à disposição de outro órgão há mais
de 02 (dois) anos;
por atos meritórios que haja praticado.
III - punidos criminalmente por sentença transitada em julga-
do a menos de 03 (três) anos.
Art. 206 O elogio destina-se a ressaltar as ocorrências de:
I - morte, invalidez ou lesão corporal de natureza grave, no
Art. 211 A Medalha de «Serviço Relevantes à Polícia Civil»,
cumprimento do dever;
será concedida aos cidadãos que tenham prestado serviços
II - execução de serviço ou ato, que pela sua relevância e pelo
relevantes à Polícia Judiciária Civil ou no interesse desta, a critério
que representa para a Instituição Policial ou para a coletividade,
do Conselho Superior de Polícia. 
mereça ser enaltecido como reconhecimento pela atividade desem-
penhada. Art. 212 A medalha de «Mérito Especial», será concedida aos
policiais civis que, no exercício da atividade policial, em serviço
Art. 207 Não constitui motivo para o elogio o regular ou fora dele, praticarem atos de bravura ou excepcional relevância
cumprimento dos deveres do policial civil. para a organização policial:
I - será considerado ato de bravura, aquele que levar o policial
Art. 208  São competentes para determinar a inscrição de civil, no cumprimento de sua missão, à lesão de natureza grave ou
elogios nos assentamentos do policial civil, o Governador, o gravíssima; 
Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, o Delegado II - em caso de falecimento do policial civil, no cumprimento
Geral de Polícia Judiciária Civil, os Diretores e o Corregedor do dever, a medalha a que se refere o caput deste artigo será entre-
Geral, ressaltando-se que: gue à sua família;
I - as demais autoridades que concederem elogios, deverão III - será considerado serviço de excepcional relevância para
encaminhá-los via hierárquica à autoridade competente para que o Organismo Policial, aquele que notória e publicamente destacar
esta determine ou não sua inscrição; o policial civil em ação a favor da causa pública ou pela prática de
II - os elogios nos casos do inciso II do Art. 204 serão obriga- atos extraordinários acima do dever, após análise procedida pelo
toriamente considerados para efeito de avaliação de desempenho. Conselho Superior de Polícia, que examinará com objetividade, a
excepcionalidade, relevância e extraordinariedade do ato praticado
CAPÍTULO VI pelo policial civil. 
DA MEDALHA DO MÉRITO POLICIAL
Art. 213 A concessão de medalha, em qualquer das
Art. 209 Será concedida ao policial civil, por tempo de serviço modalidades, será de competência exclusiva do Governador
prestado ao Estado, medalha de mérito policial nas Categorias do Estado, por proposta fundamentada pelo Delegado Geral de
Bronze, Prata e Ouro, com a finalidade de distinguir os integrantes Polícia Judiciária Civil, baseada na decisão do Conselho Superior
da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso que tenham prestado, de Polícia. 

Didatismo e Conhecimento 39
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
§ 1º A medalha em qualquer de suas modalidades, será TÍTULO X
cunhada de forma elíptica, tendo 35 mm (trinta e cinco milímetros) DO REGIME E PROCEDIMENTO DISCIPLINAR
no seu eixo perpendicular e 23mm (vinte e três milímetros) no CAPÍTULO I
seu eixo horizontal, encimada por uma estrela de cinco pontas, DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS RESPONSABI-
com garra, fita e argola e conterá no verso, o Brasão da Polícia LIDADES
Judiciária Civil e no reverso os dizeres «POLÍCIA JUDICIÁRIA
CIVIL - MÉRITO POLICIAL»; «POLÍCIA JUDICIÁRIA CIVIL Art. 218 A disciplina policial fundamenta-se na subordinação
– MÉRITO ESPECIAL» ou ainda «POLÍCIA JUDICIÁRIA hierárquica e funcional, no cumprimento das leis, dos regulamentos,
CIVIL – SERVIÇOS RELEVANTES dos princípios institucionais e das normas de serviço.

§ 2º As medalhas nas modalidades «Mérito Especial» e Seção I


«Serviços Relevantes» serão cunhadas em metal amarelo. Dos Deveres

§ 3º A concessão a que se refere o artigo será feita mediante Art. 219 São deveres do policial civil:
Decreto do Poder Executivo, cabendo à Polícia Judiciária Civil a I - ser assíduo, pontual, discreto e urbano;
expedição do respectivo diploma, que será assinado pelo Gover- II - cumprir as normas e os regulamentos desta lei comple-
nador, pelo Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública e mentar, do Regimento Interno da Polícia Judiciária Civil e demais
pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil. normatizações expedidas pelas autoridades competentes;
III - zelar pela economia e conservação dos bens do Estado,
§ 4º A entrega da medalha será feita em cerimônia pública, especialmente daqueles que lhe sejam entregues para guarda ou
preferencialmente no dia 21 de abril, ou em outra data a critério do utilização;
Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil.  IV - informar, incontinenti, à autoridade policial a que estiver
subordinado, qualquer alteração de endereço residencial, número
Art. 214 Quando o número de medalhas for inferior ao de telefone, ainda que o servidor esteja em afastamento regula-
número de indicações possíveis, para efeito de desempate serão mentar;
observados os elogios inscritos nos assentamentos do policial V - prestar informação correta e de modo cortês ou encami-
civil, persistindo o empate o Conselho Superior de Polícia poderá nhar o solicitante a quem saiba prestá-la;
estabelecer outros critérios.
VI - portar cédula de identidade funcional e distintivo policial;
VII - participar da comemoração do Dia da Polícia, a 21 de
Art. 215  Ao Conselho Superior de Polícia, cujas decisões
abril, exaltando o vulto de Joaquim José da Silva Xavier, o Tira-
serão tomadas por maioria de seus membros e para o fim desta lei
dentes, Patrono da Polícia;
complementar, compete:
VIII - ser leal, cooperativo e solidário com os companheiros
I - formular proposta para concessão do mérito policial, em
de trabalho;
qualquer classe, por intermédio de seus membros;
IX - manter-se atualizado em relação a leis, regulamentos e
II - examinar, julgar e aprovar todas as propostas formuladas
para concessão, constando em ata a decisão; normas do interesse policial;
III - instituir e manter sempre atualizado um livro de registro X - divulgar, para conhecimento dos subordinados, as normas
dos titulares do mérito policial, fazendo constar do mesmo os da- citadas no inciso anterior;
dos biográficos e demais anotações referentes aos agraciados; XI - frequentar, com assiduidade, cursos oferecidos pela Aca-
IV - fazer publicar as decisões concessivas da medalha. demia de Polícia Judiciária Civil ou por instituição congênere;
XII - obedecer às ordens legais de superiores hierárquicos e
Art. 216 As reuniões do Conselho Superior de Polícia terão promover sua fiel execução, exceto quando manifestamente ile-
caráter sigiloso e as decisões de concessão da medalha serão gais;
reservadas, bem como as declarações de voto.  XIII - zelar pela valorização da função policial e pelo respeito
aos direitos e à dignidade da pessoa humana;
Art. 217 Na proposta orçamentária anual será incluída, no XIV - proceder na vida pública e particular de modo a dignifi-
Quadro da Polícia Judiciária Civil, uma dotação específica para car a função policial civil;
as despesas de cunhagem das medalhas e impressão de diplomas. XV - adotar providências cabíveis, se competente, em face de
irregularidade de que tenha conhecimento e levar o fato à autori-
Parágrafo único (revogado) LC 464/12 dade superior;
Redação original: XVI - guardar sigilo sobre os assuntos da administração e das
Parágrafo único Iniciado os cursos de que trata este artigo, o investigações de que tenha conhecimento em razão do cargo ou
policial civil só poderá progredir na carreira se possuir o respecti- função;
vo certificado de conclusão. XVII - atender prontamente às determinações superiores no
tocante a trabalhos policiais desenvolvidos em horário que ultra-
passe a jornada normal;
XVIII - comparecer à unidade, órgão ou serviço policial, in-
dependentemente de convocação, quando tiver conhecimento de
iminente perturbação da ordem ou em caso de calamidade pública;

Didatismo e Conhecimento 40
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XIX - adotar providências preliminares em torno de ocorrên- VII - interceder dolosamente em favor de parte;
cia policial de que tenha conhecimento, independente de horário VIII - faltar ou chegar atrasado ao serviço ou plantão para o
de serviço; qual estiver escalado, abandoná-lo ou deixar de comunicar, com
XX - usar vestuário compatível com a função policial; antecedência, à autoridade policial a que estiver subordinado a im-
XXI - cuidar de sua higiene pessoal e de sua aparência física; possibilidade de comparecimento à repartição, salvo por motivo
XXII - proceder, no caso de investigador de polícia, relatório justo;
circunstanciado de suas investigações, com clareza e objetividade; IX - lançar dolosamente, em registro, arquivo, banco de da-
XXIII - utilizar carimbo pessoal no recebimento de documen- dos, papel ou qualquer expediente oficial, dado errôneo, incomple-
tos de interesse da Instituição. to ou que possa induzir a erro, bem como neles inserir anotações
indevidas ou falsas;
Seção II X - faltar a ato processual judiciário ou administrativo do qual
Das Proibições tenha sido previamente cientificado, salvo por motivo relevante
que será comunicado por escrito à autoridade policial a que estiver
Art. 220 Ao policial civil é proibido, caracterizando infração subordinado, no primeiro dia útil em que comparecer à sede de
administrativa: exercício;
1. do primeiro grau: XI - utilizar para fins particulares, sob qualquer pretexto, ma-
I - permutar horário de serviço ou executar tarefa sem expres- terial pertencente ao Estado;
sa permissão da autoridade competente; XII - interferir indevidamente em assunto de natureza policial
II - exibir desnecessariamente arma de fogo, distintivo ou al- que não seja de sua competência;
gema; XIII - fazer uso indevido de bem ou valor que lhe chegue às
III - deixar de usar distintivos, quando em serviço; mãos em decorrência da função, ou não entregá-lo, com a brevida-
IV - praticar atividade comercial de interesse particular na re- de possível, a quem de direito;
partição; XIV - deixar de identificar-se quando solicitado, ou quando as
V - atribuir-se de qualidade funcional diversa do cargo ou fun- circunstâncias o exigirem;
ção que exerça; XV - retirar, sem prévia autorização da autoridade competen-
VI - acionar desnecessariamente sirene de viatura policial; te, qualquer objeto ou documentação da repartição;
VII - comparecer em visível estado de embriaguez, ou ingerir XVI - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de
bebidas alcoólicas durante o serviço; obter proveito de qualquer natureza, para si ou para terceiro, se o
VIII - não residir na sede do município onde exerça a função, fato não tipificar falta mais grave;
salvo se for sede de município contíguo; XVII - fazer uso indevido de cédula de identidade funcional,
IX - concorrer para erro de superior hierárquico, subordinado arma, algema ou bens da repartição ou cedê-los a terceiros, se o
fato não tipificar falta mais grave;
ou outro servidor;
XVIII - negligenciar na revista de preso;
X - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais, quando soli-
XIX - permitir ou tolerar, ainda que implícita e culposamente,
citado;
que subordinado ou colega de serviço maltrate, física ou moral-
XI - dar-se ao vício de embriaguez ou de substância que pro-
mente, preso ou pessoa sob investigação ou custódia policial;
voque dependência física ou psíquica;
XX - tratar superior hierárquico, subordinado ou colega, sem
XII - ofender, culposamente, a integridade corporal ou a saúde
o devido respeito ou deferência;
de outrem, causando lesão corporal; XXI - deixar, sem justa causa, de submeter-se à inspeção mé-
XIII - revelar culposamente segredo de que tenha conheci- dica determinada por lei ou pela autoridade competente;
mento em razão do cargo ou função, com prejuízo para o Estado XXII - deixar de recolher aos cofres públicos taxas e emolu-
ou para o particular; mentos previstos em lei;
XIV - ser reincidente em qualquer dos deveres dispostos no XXIII - deixar de encaminhar ao órgão competente, para tra-
artigo anterior. tamento ou inspeção médica, subordinado que apresentar sintomas
2. do segundo grau: de intoxicação habitual por qualquer substância que determine de-
I - proporcionar a divulgação de assunto da repartição ou de pendência física ou psíquica, ou deixar de comunicar tal fato à
fato ali relacionado, ou divulgá-lo, por qualquer meio, em desacor- autoridade competente;
do com a legislação vigente; XXIV - dirigir ou permitir o uso de viatura policial com im-
II - manter relação de amizade ou exibir-se em público com prudência, imperícia, negligência ou sem habilitação legal;
pessoa de notório e desabonador antecedente criminal ou policial, XXV - infringir regras de legislação de trânsito ao volante de
salvo por motivo relevante ou de serviço; viatura policial, salvo se em situação de emergência;
III - descumprir ordem superior, salvo quando manifestamen- XXVI - manter transação ou relacionamento indevido com
te ilegal; preso, ou respectivos familiares;
IV - não tomar as providências, da sua alçada, sobre falta XXVII - criar animosidade, velada ou ostensivamente, entre
ou irregularidade de que tenha conhecimento ou, quando não for superiores e subordinados ou entre colegas ou indispô-los de qual-
competente para reprimi-la, deixar de comunicá-la imediatamente quer forma;
à autoridade que o seja; XXVIII - constituir-se procurador de parte ou servir de inter-
V - deixar de oficiar de forma tempestiva e justificada em ex- mediário perante qualquer repartição da Polícia Judiciária Civil de
pediente que lhe seja encaminhado; Mato Grosso, salvo quando se tratar de interesse de cônjuge ou
VI - negligenciar na execução de ordem legal; parente até 2º grau;

Didatismo e Conhecimento 41
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XXIX - atribuir ou permitir que se atribua à pessoa estranha à Seção III
repartição o desempenho de encargos policiais; Das Responsabilidades
XXX - praticar agiotagem;
XXXI - exercer comércio ou participar de sociedade comer- Art. 221  O policial civil responde penal, civil e
cial, salvo como acionista, cotista ou comanditário; administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições,
XXXII - exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer outro ficando sujeito, cumulativamente, às respectivas cominações,
cargo, função ou emprego, exceto atividade relativa ao ensino; independentes entre si.
XXXIII - usar da influência de pessoa estranha à instituição
com o intuito de obter qualquer benefício funcional, para si ou para Art. 222 A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
outro policial civil; comissivo, de procedimento doloso ou culposo, que importe em
XXXIV - indicar advogado para assistir preso ou pessoa sob prejuízo ao erário ou a terceiros.
investigação policial;
XXXV - solicitar, de particular vantagem indevida para reali- Parágrafo único A importância da indenização será descon-
zar diligência policial; tada do subsídio do servidor e o desconto não excederá à décima
XXXVI - deixar de prestar auxilio possível, mesmo em horário parte do valor deste.
de folga, ao policial empenhado em ação legal, quando for notória a
necessidade desse auxilio; TÍTULO XI
XXXVII - induzir ou influir na escolha de despachante, serviço DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO, PUNIBILIDADE,
de guincho, corretor de seguro e agente funerário; REABILITAÇÃO E SUSPENSÃO PREVENTIVA
XXXVIII - divulgar, através dos meios de comunicação, fato CAPÍTULO I
ocorrido na repartição ou proporcionar-lhe divulgação, sem prévia DAS PENALIDADES
e expressa autorização, salvo se for o titular do órgão ou unidade
policial; Art. 223 São penas disciplinares:
XXXIX - receber presentes ou vantagens de qualquer espécie, I - advertência;
sob qualquer pretexto em razão das atribuições que exerça; II - repreensão;
XL - exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, III - multa;
de que foi suspenso ou privado por decisão judicial; IV - suspensão até 90 (noventa) dias;
XLI - deixar de comunicar à Corregedoria-Geral, até o pri- V - demissão;
meiro dia útil subsequente, sobre a ciência de fato criminoso que VI - cassação de aposentadoria.
envolva policial civil;
XLII - praticar qualquer outro fato definido como contraven- CAPÍTULO II
ção penal ou crime de menor potencial ofensivo.  DA EXECUÇÃO DAS PENALIDADES
3. Do terceiro grau: Seção I
I - expedir documento de identidade funcional ou qualquer tipo Da Advertência
de credencial a quem não exerça cargo ou função policial civil;
II - exercer pressão ou influir junto a subordinados para forçar Art. 224  A pena de advertência será aplicada, no caso de
solução ou resultado ilegal ou imoral; falta de cumprimento do dever, ao infrator primário, por meio de
III - ausentar-se do serviço por 45 (quarenta e cinco) dias ou portaria punitiva.
mais, alternadamente, durante um (01) ano, sem causa justificada;
IV - promover ou participar de jogo proibido; Seção II
V - solicitar ou aceitar empréstimo em dinheiro ou valor de Da Repreensão
pessoa que trate de interesse na repartição, ou que esteja sujeita a
sua fiscalização; Art. 225 Aplica-se a pena de repreensão no caso das proibições
VI - praticar qualquer ato que caracterize improbidade admi- previstas do primeiro grau ou na reincidência de descumprimento
nistrativa; do dever.
VII praticar qualquer outro fato definido como crime com pena
prevista de detenção, isolada ou cumulativamente com a pena de Seção III
multa. Da Multa
4. do quarto grau:
I - abandonar o cargo ou ausentar-se do serviço por mais de Art. 226 Quando houver conveniência para o serviço, poderá
trinta (30) dias consecutivos, sem justificativa; ser aplicada a pena pecuniária de multa, na base de 10% (dez por
II - revelar dolosamente segredo de que tenha conhecimento cento) do subsídio do mês correspondente à sua remuneração.
em razão do cargo ou função, com prejuízo para o Estado ou para
o particular; Seção IV
III - por contumácia superior a 02 (duas) punições de suspen- Da Suspensão
são, por infração contida no terceiro grau no período de 01 (um)
ano; Art. 227 A suspensão será aplicada nos casos de reincidência
IV - praticar qualquer outro fato definido como crime, cuja das faltas punidas com repreensão e nas proibições previstas no
pena prevista seja de reclusão, isolada ou cumulativamente com segundo, terceiro e quarto graus, não podendo exceder a 90 (no-
pena de multa. venta) dias.

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Seção V § 1º Provada a má-fé, perderá também o cargo que exercia há
Da Demissão mais tempo e restituirá o que tiver percebido indevidamente.

Art. 228 Poderá ser aplicada a pena de demissão: § 2º Na hipótese do parágrafo anterior, sendo o cargo ou função
I - nas proibições do quarto grau; exercido em outro órgão ou entidade, a demissão será comunicada
II - por contumácia específica, nas proibições do terceiro grau; mediante ato próprio da autoridade competente.
III - por contumácia genérica, por mais de três punições, no
prazo de dois anos, nas proibições do terceiro grau. CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO E APLICAÇÃO
Seção VI DAS PENALIDADES
Da Cassação de Aposentadoria
Art. 236  Para julgamento e aplicação das penas previstas
Art. 229 Será cassada a aposentadoria do policial civil inativo nesta lei complementar, são competentes:
que houver se aposentado irregularmente ou, quando em atividade, I - o Governador do Estado, para aplicação de demissão;
cometer proibições do quarto grau. II - o Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, até a suspen-
são limitada a 90 (noventa) dias;
CAPÍTULO III III - o Corregedor Geral, os Delegados Diretores, até a suspen-
DAS REGRAS PARA APLICAÇÃO DA PENALIDADE são limitada a 60 (sessenta) dias;
IV - o Corregedor Geral Adjunto, até a suspensão limitada a
Art. 230 A natureza, a gravidade, os motivos determinantes 45 (quarenta e cinco) dias;
e a repercussão da infração, os danos por ela causados, o V - os Delegados Regionais e os Corregedores Auxiliares, até
comportamento e os antecedentes funcionais do servidor policial a suspensão limitada a 30 (trinta) dias;
civil, a intensidade do dolo ou grau de culpa devem ser considerados VI - os Delegados de Polícia, até a suspensão limitada a 15
para a dosagem da sanção administrativa. (quinze) dias.

Art. 231 São circunstâncias que atenuam a pena: CAPÍTULO VI


I - haver o transgressor procurado diminuir as conseqüências DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
da falta, ou haver, antes da aplicação da pena, reparado o dano;
II - haver o transgressor confessado espontaneamente a falta Art. 237 Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
perante a autoridade sindicante ou processante, de modo a facilitar I - da falta sujeita à pena de advertência, em 01 (um) ano;
a apuração daquela.  II - da falta sujeita à pena de repreensão, em 18 (dezoito) me-
ses;
Art. 232 São circunstâncias que agravam a pena, quando não III - da multa ou suspensão em 02 (dois) anos;
constituem ou qualificam outra infringência contida nas proibições: IV - da falta sujeita à pena de demissão, em 05 (cinco) anos.
I - reincidência;
II - a prática de infração durante a execução de serviço poli- § 1º O prazo de prescrição inicia-se no dia do fato e
cial; interrompe-se pela abertura de Sindicância, ou instauração de
III - coação, instigação ou determinação para que outro ser- Processo Administrativo Disciplinar, ou pelo sobrestamento de
vidor policial civil, subordinado ou não, pratique infração ou dela que trata esta lei complementar.
participe;
IV - impedir ou dificultar, de qualquer maneira, a apuração de § 2º Nos casos em que ocorrer a prática de crime, o prazo
falta funcional cometida; prescricional será regulado pelo mesmo prazo da legislação penal.
V - concurso de 02 (dois) ou mais agentes na prática de in-
frações. CAPÍTULO VII
DA REABILITAÇÃO
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS NA APLICAÇÃO DA PENALI- Art. 238 Será considerado reabilitado o policial civil punido
DADE disciplinarmente:
I - com pena de advertência após 01 (um) ano de sua aplica-
Art. 233 O ato que cominar pena ao policial civil mencionará, ção;
sempre, a disposição legal em que se fundamenta. II - repreensão após 18 (dezoito) meses de sua aplicação;
III - com pena de multa e suspensão até 30 (trinta) dias, após
Art. 234 A aplicação de penalidades pelas proibições 02 (dois) anos;
constantes desta lei complementar, não exime o policial civil da IV - com pena de suspensão superior a 30 (trinta) dias, após
obrigação de indenizar o Estado pelos prejuízos causados. 03 (três) anos.

Art. 235  Verificada em processo administrativo disciplinar, § 1º Na imposição de nova pena disciplinar, soma-se a esta
acumulação proibida e provada a boa-fé, o policial civil optará por o prazo restante a ser cumprido, da pena anteriormente aplicada.
um dos cargos.

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§ 2º A reabilitação ocorrerá automaticamente, I - orientar os policiais civis pela manutenção de padrões de
independentemente de requerimento do policial civil, decorrido conduta em consonância com os deveres funcionais, zelando pelo
o lapso de tempo necessário, expresso neste artigo, e caberá ao nome da instituição;
órgão de controle interno e de gestão de pessoa a atualização nos II - cumprimento dos princípios e funções institucionais;
registros funcionais. III - valorização da atividade policial, pautando-se com inte-
gridade, probidade e boa-fé;
CAPÍTULO VIII IV - zelar pelo constante aprimoramento.
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
Parágrafo único O Termo de Ajustamento de Conduta sus-
Art. 239 O policial civil poderá ser afastado de suas funções, pende o prazo prescricional por 02 (dois) anos, a partir do termo
fundamentadamente, quando praticadas proibições do terceiro e/ firmado; findo este prazo, não havendo descumprimento por parte
ou quarto grau, sem prejuízo no seu subsídio. do servidor beneficiado, nem a prática de qualquer outra infração,
o Termo de Ajustamento de Conduta será arquivado automatica-
§ 1º Para aplicação do afastamento preventivo, deverá ser mente.”
observada a competência das autoridades do Art. 236 desta lei
complementar, podendo haver prorrogações desde que não exceda CAPÍTULO II
a 120 (cento e vinte) dias; DA VERIFICAÇÃO PRELIMINAR

§ 2º Durante o afastamento, poderá o policial civil ser avaliado Art. 241  A verificação preliminar deverá ser instaurada,
por médico psiquiatra e psicólogo clínico, quando necessário. quando forem atribuídos ao policial civil, fatos que possam suscitar
dúvidas quanto à veracidade.
§ 3º Nos casos de correição extraordinária, quando em fatos
tipificados, em tese, nas proibições de quarto grau, o policial Parágrafo único A verificação preliminar, de caráter informal,
civil investigado poderá ser afastado pelo período de até 30 dias, será iniciada de ofício ou por determinação da Corregedoria Geral
mediante despacho fundamentado. da Polícia Judiciária Civil.

§ 4º No período de afastamento o policial civil deverá manter Art. 242 Instruída a denúncia atribuída ao policial civil e
junto a Corregedoria Geral, o endereço atualizado onde possa ser não havendo tipificação do fato, a autoridade fará breve relatório
encontrado, sob pena de revelia. sugerindo o seu arquivamento.

TÍTULO XII Parágrafo único Ao término de 90 (noventa) dias, a verifica-


DOS PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES ção preliminar não concluída, deverá ser remetida para análise do
CAPÍTULO I superior imediato da autoridade que a presidir.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 243  Concluída a verificação e tendo decidido pelo
Art. 240 A apuração de fatos atribuídos ao policial civil será arquivamento, deverá a autoridade encaminhar cópia para a
feita mediante Verificação Preliminar, Sindicância Administrativa Corregedoria Geral.
ou Processo Administrativo Disciplinar, sempre presididos por
Delegado de Polícia. CAPÍTULO III
DA SINDICÂNCIA
Parágrafo único A autoridade competente para instauração de
Sindicância Administrativa ou Processo Administrativo Discipli- Art. 244 Instaurar-se-á sindicância:
nar, se convencida da existência de irregularidade funcional e de I - como preliminar de Processo Administrativo Disciplinar,
indícios de quem seja o autor, deverá proferir despacho fundamen- sempre que não estiver suficientemente caracterizada a infração
tado do seu convencimento e da gravidade dos fatos atribuídos ou definida sua autoria;
e, neste caso, em havendo necessidade, afastar preventivamente o II - quando não for obrigatório o Processo Administrativo Dis-
policial civil das suas funções e recolher cédula funcional, arma e ciplinar, e para aplicação da penalidade de até trinta dias de sus-
algemas cedidas mediante carga, bem como proibi-lo de dirigir ou pensão, assegurado o princípio do contraditório e da ampla defesa.
utilizar viatura oficial.
Art. 245  São competentes para determinar a instauração de
Art. 240-A A autoridade referida no artigo anterior, em caso sindicância as autoridades mencionadas no Art. 236 desta lei com-
de descumprimento dos deveres do policial civil e prática de falta plementar.
funcional, caracterizada como proibição de primeiro grau, poderá
editar Termo de Ajustamento de Conduta, nos procedimentos dis- § 1º A sindicância será instaurada por portaria da autoridade
ciplinares de Verificação Preliminar e Sindicância Administrativa competente.
se o infrator não for reincidente e apresentar bons antecedentes
funcionais, com os seguintes objetivos: ( Acrescentado pela LC § 2º O sindicado deverá ser notificado por meio de cópia da
575/16) portaria instauradora.

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§ 3º Se no curso da Sindicância Administrativa, em qualquer IX - o sindicado ou seu defensor terá vista dos autos na repar-
hipótese, surgirem indícios de prática de crime, a autoridade tição, ou fora dela, mediante carga da segunda via. 
sindicante encaminhará à autoridade competente as peças
necessárias à instauração de inquérito policial, sem prejuízo da Parágrafo único A autoridade sindicante poderá determinar
continuidade da apuração no âmbito administrativo. na portaria inaugural, a suspensão do gozo de férias e de licença-
-prêmio por parte do sindicado até a conclusão do procedimento.
§ 4º A autoridade competente para determinar a instauração de
sindicância administrativa deverá observar a hierarquia, em toda a Art. 249 A autoridade sindicante juntará aos autos, cópia da
sua amplitude, para designar o delegado de polícia que irá presidi- ficha funcional do servidor sindicado.
la.
Art. 250  Encerrada a fase probatória, após a elaboração do
Art. 246 Compete à autoridade sindicante comunicar o início despacho de indiciação, o acusado e seu defensor serão notificados
do feito à Corregedoria-Geral e órgão de pessoal, devendo fornecer para apresentação das alegações finais, no prazo de 03 (três) dias a
o nome do sindicado, sua individualização funcional, o número do partir de sua ciência no mandado. 
feito e a data da autuação.
§ 1º O despacho de indiciação conterá a tipificação, a espe-
cificação dos fatos imputados ao acusado e as respectivas provas;
Art. 247 A sindicância será concluída dentro de 30 (trinta)
dias, a contar da data da portaria inaugural, prorrogável por mais
§ 2º Havendo dois ou mais acusados o prazo será comum e de
30 (trinta) dias, mediante solicitação fundamentada ao superior 20 (vinte) dias.
imediato ou autoridade que determinou sua instauração.
§ 3º Se requerida, pela parte ou defensor constituído, será
Parágrafo único Cabe à autoridade hierarquicamente superior concedida vista dos autos fora da repartição, mediante carga,
a concessão de eventual prazo complementar que não excederá observado o prazo regimental a partir da ciência no mandado.
a 60 (sessenta) dias, desde que fundamentada a sua solicitação e
necessária à conclusão do feito, competindo somente ao Diretor- § 4º Se o sindicado ou seu defensor não oferecer as alegações
-Geral de Polícia Judiciária Civil a concessão excepcional de prazo finais, a autoridade sindicante, mediante despacho fundamentado,
maior, que não poderá exceder a 90 (noventa) dias. nomeará advogado, para apresentá-la, assinalando-lhe novo prazo
de 05 (cinco) dias.
Art. 248 Instruído o procedimento e colhidos os elementos
necessários à comprovação do fato e da autoria, a autoridade § 5º Findo o prazo de defesa, a autoridade sindicante elaborará
sindicante: relatório conclusivo, em que examinará todos os elementos
I - notificará o sindicado com antecedência de 02 (dois) dias, colhidos na sindicância e de acordo com o apurado, deverá:
do local, dia e hora designados para sua oitiva, bem como do nome I - aplicar a sanção cabível, dentro de sua competência;
das testemunhas arroladas pela autoridade sindicante; II - encaminhar ao superior hierárquico, nos casos em que
II - poderá arrolar até 05 (cinco) testemunhas e a defesa igual não for competente, o relatório com a sugestão da penalidade a
número; ser aplicada;
III - a inquirição de testemunha que esteja em localidade di- III - arquivar os autos, quando não forem colhidos elementos
versa daquela onde se processa a sindicância, poderá ocorrer por fáticos e suficientes para a caracterização das faltas atribuídas no
meio de carta precatória em que constarão perguntas prévias e despacho de indiciação ou definição de autoria;
objetivamente formuladas, devendo ser cumprida com a urgência IV - absolver o sindicado, quando, inexistir o fato, não consti-
necessária e restituída à origem; tuir o fato infração disciplinar, não ter sido o sindicado o autor da
infração e/ou não houver exigibilidade de outra conduta. 
IV - a sindicância prosseguirá à revelia, se o sindicado, de-
vidamente notificado, não comparecer para os atos necessários e
Art. 251 Na fase de apreciação e decisão, resultando provas
não havendo advogado constituído, deverá a autoridade sindicante
a favor do sindicado, poderá a autoridade sindicante excluir
nomear defensor dativo;
enquadramentos, de forma parcial ou na íntegra, daqueles
V - procedida à oitiva do sindicado, inicia-se o prazo de 03 elaborados no despacho de indiciação, sendo vedado acrescentar
(três) dias para que este requeira a produção de provas de seu in- no relatório final, novos enquadramentos.
teresse, que serão deferidas se pertinentes à apuração dos fatos;
VI - havendo dois ou mais sindicados o prazo será contado Art. 252  Concluída a sindicância deverá a autoridade
em dobro; sindicante remeter cópia ao seu superior imediato e à Corregedoria
VII - a autoridade sindicante poderá indeferir as diligências Geral.
consideradas procrastinatórias ou desnecessárias à apuração do
fato, devendo neste caso fundamentar o despacho de indeferimen- Parágrafo único A cópia da portaria punitiva será encaminha-
to, dando ciência imediata ao acusado ou a seu defensor; da à Gestão de Pessoas para as providências.
VIII - quando o sindicado, devidamente notificado para a pro-
dução de provas, não as oferecer no prazo legal, deverá a autorida- Art. 253 A sindicância poderá, em qualquer fase, ser avocada
de sindicante, em despacho, consignar o fato, e após determinar a pelo Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil, mediante despacho
notificação do sindicado para as alegações finais; fundamentado.

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Art. 254 A apuração do extravio de cédula funcional é Art. 260 A portaria conterá minuciosa descrição dos fatos
de competência exclusiva da Corregedoria Geral de Polícia atribuídos, em tese, ao acusado, sua tipificação e deverá ser
Judiciária Civil e a autorização para expedição de nova cédula é de publicado seu extrato no Diário Oficial do Estado.
competência do Delegado Geral de Polícia Judiciária Civil.
Art. 261 A autoridade processante elaborará despacho de
CAPÍTULO IV instalação respectiva, determinando sua autuação e demais peças
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR pré-existentes, designará dia e hora para a audiência inicial,
determinará a notificação do denunciante, se houver, a citação do
Art. 255 O processo administrativo disciplinar é o instrumento acusado e das testemunhas e as demais providências de modo a
destinado a apurar responsabilidade do policial civil por infração permitir a completa elucidação dos fatos.
atribuída no exercício de sua função ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido e obedecerá ao
§ 1º O acusado será citado para interrogatório:
princípio do contraditório, assegurando ao acusado a ampla defe-
sa, com utilização dos meios e recursos admitidos em direito. I - pessoalmente, com antecedência de dois dias, devendo ser
enviada anexa à citação, a cópia da portaria respectiva e do des-
Art. 256  São competentes para determinar a instauração de pacho de instalação, que permitam ao acusado conhecer o motivo
processo administrativo disciplinar o Governador do Estado, o do procedimento disciplinar e o enquadramento administrativo em
Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, o Delegado seu desfavor;
Geral de Polícia Judiciária Civil e o Corregedor Geral da Polícia II - se estiver em outro município deste Estado, pessoalmente,
Judiciária Civil. por intermédio do respectivo superior hierárquico ou delegado de
polícia local, a quem serão encaminhadas as cópias da citação e os
Art. 257 O processo administrativo disciplinar será realizado outros documentos mencionados no inciso anterior;
por autoridade processante, devendo ser Delegado de Polícia, III - se estiver em lugar certo e conhecido em outro Estado,
preferencialmente, Classe Especial ou «C», designada por pela autoridade local e com as cautelas exigidas no inciso anterior.
autoridade mencionada no artigo anterior.
§ 2º Achando-se o acusado em lugar incerto e não sabido, será
§ 1º Não poderá atuar como autoridade processante, o delegado citado por edital, três vezes seguidas, publicado no Diário Oficial
de polícia que tiver presidido sindicância ou inquérito policial que do Estado e em jornal de grande circulação, com o prazo de 15
tenham embasado o procedimento administrativo disciplinar. (quinze) dias, para comparecimento a contar da data da última
publicação, devendo o secretário certificar no processo as datas
§ 2º A autoridade processante designará como secretário,
em que o edital for publicado.
preferencialmente, escrivão de polícia.

§ 3º A autoridade processante deverá ser hierarquicamente da § 3º À autoridade processante é facultado arrolar até oito tes-
mesma classe ou superior ao acusado. temunhas.

§ 4º Em casos específicos poderão ser designadas autoridades Art. 262 O denunciante, se existir, prestará, preferencialmente,
policiais, para auxiliarem na condução do Processo Administrativo suas declarações antes do interrogatório do acusado.
Disciplinar. 
Parágrafo único No processo administrativo disciplinar o
Art. 258 A autoridade processante e o secretário são acusado assistirá à inquirição do denunciante, salvo se este alegar
impedidos de atuar em processo administrativo disciplinar, quando constrangimento ou intimidação, porém tal proibição não se aplica
o denunciante ou acusado for parente consanguíneo ou afim em ao defensor do acusado que poderá participar formulando pergun-
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, cônjuge ou convivente. tas ao denunciante.
Parágrafo único  O servidor comunicará seu impedimento à Art. 263 Não comparecendo o acusado regularmente citado, a
autoridade competente. revelia será declarada, por termo, nos autos do processo, nomeando
a autoridade, se necessário, um advogado para defendê-lo.
Art. 259 O processo administrativo disciplinar será iniciado
pela autoridade processante dentro do prazo improrrogável de 10
(dez) dias, a contar da portaria que determinar sua instauração. Art. 264 O acusado deverá constituir advogado para todos os
atos de termos do processo.
§ 1º O processo administrativo disciplinar será concluído
no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da citação do acusado, Parágrafo único Não tendo o acusado recursos financeiros ou
admitida sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias negando-se a constituir advogado, nomeará a autoridade proces-
exigirem, mediante solicitação destinada à autoridade que sante um advogado.
determinou sua instauração.
Art. 265 Após o interrogatório do acusado, será notificado
§ 2º O início do processo administrativo disciplinar será com cópia ao seu defensor, abrindo vistas dos autos, no prazo de
informado, pela autoridade processante, ao Delegado Geral de cinco dias para produção de provas e contra provas e para formular
Polícia Judiciária Civil e à Superintendência de Gestão de Pessoas. quesitos, quando se tratar de prova pericial.

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§ 1º Ao acusado é facultado arrolar até 08 (oito) testemunhas. Art. 270 A autoridade processante, se entender conveniente,
ouvirá o denunciante e as testemunhas no município de residência.
§ 2º Se requerida, pela parte ou pelo defensor constituído,
será concedida vista dos autos fora da repartição, mediante carga, Art. 271 As testemunhas arroladas pelo acusado deverão ser
observado o prazo disposto no caput. notificadas a comparecer na audiência, salvo quando o acusado se
comprometer em apresentá-las espontaneamente.
Art. 266 Findo o prazo referido no artigo anterior, a autoridade
processante designará as audiências de instrução, notificando o Parágrafo único Será notificada a testemunha que não compa-
acusado e seu defensor, do dia, hora e local das audiências e das recer espontaneamente.
testemunhas arroladas.
Art. 272 A autoridade processante poderá indeferir pergunta
§ 1º Serão ouvidas, pela ordem, as testemunhas arroladas pela ou repergunta do mesmo gênero, devendo neste caso constar do
autoridade processante e em seguida as arroladas pelo acusado. termo da audiência.

§ 2º O denunciante, o acusado e as testemunhas, se necessário, Art. 273 Em qualquer fase do processo poderá a autoridade
poderão ser ouvidos, reinquiridos ou acareados, em mais de uma processante ordenar diligência que entender conveniente, de ofício
audiência. ou a requerimento do acusado.

§ 3º A notificação de servidor público será feita pessoalmente Parágrafo único Sendo necessário o concurso de técnicos ou
e comunicada ao chefe imediato, com a indicação do dia e hora peritos oficiais, a autoridade processante poderá requisitá-los, ob-
marcados para sua inquirição. servados os impedimentos de ordem legal.

§ 4º O comparecimento de militar será requisitado ao respecti- Art. 274 A autoridade processante, em despacho
vo comandante, com os esclarecimentos necessários. fundamentado, poderá denegar pedidos e indeferir as diligências
Art. 267 A testemunha arrolada não poderá eximir-se de depor, requeridas com a finalidade manifestamente protelatória ou de
salvo se for ascendente, descendente, cônjuge ou convivente, nenhum interesse para esclarecimento do fato.
ainda que separado legalmente, irmão, sogro, cunhado, pai, mãe
ou filho adotivo do acusado, exceto quando não for possível, de Art. 275 No curso do processo, a autoridade processante,
outro modo, obter-se provas do fato e de suas circunstâncias. tendo conhecimento de novas imputações em desfavor do acusado,
deverá de imediato dar ciência à autoridade que determinou a
§ 1º Os parentes do denunciante, nos mesmos graus, ficam instauração do procedimento administrativo disciplinar.
proibidos de depor, salvo a exceção prevista neste artigo.
§ 1º Quando as novas imputações forem pertinentes ao
§ 2º O policial civil que se recusar a depor sem motivo justo processo, delas será citado o acusado, por meio de cópia da
será objeto de apuração em sindicância administrativa por meio da portaria complementar, da autoridade competente, reabrindo-lhe o
autoridade competente, devendo o resultado final ser comunicado prazo para produção de provas.
à autoridade processante.
§ 2º Se as novas imputações não tiverem ligações com
§ 3º Na hipótese do policial civil ser ouvido fora da sede de o processo, será designada outra autoridade processante ou
seu exercício, terá direito, exceto o acusado, a transporte e diária, autoridade policial para apuração dos fatos.
na forma da legislação.
Art. 276  Encerrada a fase probatória, após a elaboração do
Art. 268 São proibidas de depor as pessoas que, em razão de despacho de indiciação, o acusado e seu defensor serão notificados
função, ministério e ofício ou profissão, devam guardar segredo, para apresentação das alegações finais, no prazo de 10 (dez) dias a
a menos que desobrigadas pela parte interessada, queiram dar seu partir de sua ciência no mandado. 
testemunho.
§ 1º O despacho de indiciação conterá a tipificação, a espe-
Art. 269 A testemunha que residir em município diverso cificação dos fatos imputados ao acusado e as respectivas provas;
da sede da autoridade processante, sua inquirição poderá ser
deprecada à autoridade policial do local de sua residência. § 2º Havendo dois ou mais acusados o prazo será comum e de
20 (vinte) dias.
§ 1º A autoridade processante certificar-se-á da data e do
horário da realização da audiência de inquirição para dar ciência, § 3º Se requerida, pela parte ou defensor constituído, será
com cinco dias de antecedência, ao acusado e a seu defensor, em concedida vista dos autos fora da repartição, mediante carga,
cumprimento ao direito de ampla defesa e do contraditório. observado o prazo regimental a partir da ciência no mandado.

§ 2º A carta precatória conterá a síntese da imputação, indicará § 4º Não tendo sido apresentadas alegações finais a autoridade
sob a forma de quesitos os esclarecimentos pretendidos e solicitará processante designará, para oferecê-las, defensor dativo, abrindo-
a comunicação tempestiva da data da audiência. -lhe novo prazo. 

Didatismo e Conhecimento 47
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Art. 277  Findo o prazo das alegações finais e saneado o § 5º Se outro conselheiro pedir vistas dos autos, os receberá
processo, a autoridade processante apresentará seu relatório na própria reunião e deverá devolvê-lo na secretaria, com seu voto,
minucioso e conclusivo, dentro do prazo de 10 (dez) dias, do qual dentro de cinco dias, apreciando-se o processo na primeira sessão
constará: ordinária posterior.
I - apreciação, separadamente em relação a cada acusado, das
irregularidades que lhes foram imputadas, as provas colhidas e as § 6º Após apreciação pelos membros Conselho Superior
razões da defesa, propondo ao final pela absolvição ou punição, de Polícia Judiciária Civil, o Presidente do Conselho elaborará
menção das provas em que se baseou para formar sua convicção, despacho fundamentado, acolhendo ou não a manifestação do
indicação dos dispositivos legais violados e as circunstâncias ate- Conselho, e se for o caso, aplicará a penalidade ou encaminhará a
nuantes ou agravantes; autoridade competente para aplicação da pena.
II - sugestão de outras providências relacionadas com o feito
que lhe pareçam de interesse público. Art. 280  O processo administrativo disciplinar será
sobrestado se o acusado for demitido por decisão proferida em
Art. 278 O processo relatado será encaminhado à autoridade outro procedimento disciplinar.
que determinou sua instauração para julgamento, no prazo de 20
Parágrafo único O processo administrativo disciplinar sobres-
(vinte) dias, de acordo com sua competência.
tado retomará andamento se o acusado for reintegrado ao cargo
que ocupava e não tiver ocorrido a prescrição.
§ 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a competência da
autoridade processante, será o processo administrativo disciplinar
Art. 281  É defeso fornecer a qualquer meio de divulgação
encaminhado para a autoridade competente que decidirá pela nota sobre o ato processual antes de seu julgamento.
aplicação da pena em igual prazo.
Art. 282 O servidor que responder a processo administrativo
§ 2º Havendo mais de um acusado e diversidade de sanção, disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
o julgamento caberá à autoridade competente para imposição de voluntariamente, após o julgamento do processo e o cumprimento
pena mais grave. da penalidade.

§ 3º Se a penalidade prevista for demissão ou cassação de Parágrafo único Havendo requerimento de exoneração a pedi-
aposentadoria, sua aplicação caberá ao Governador do Estado, do, este deve ser juntado nos autos para apreciação ao término do
amparado no julgamento proferido pela autoridade processante, procedimento.
observada a manifestação do Conselho Superior de Polícia,
quando houver recurso. TÍTULO XIII
DA RECONSIDERAÇÃO, DO RECURSO E DA REVISÃO
§ 4º A autoridade instauradora, quando o relatório da autoridade
processante contrariar as provas dos autos, poderá motivadamente Art. 283  É assegurado ao servidor o direito de recorrer em
agravar a pena, dentro da sua competência para aplicação desta, defesa do direito ou interesse legítimo.
abrandá-la ou isentar o servidor da responsabilidade.
CAPÍTULO I
Art. 279  Recebido o processo, o Presidente do Conselho DA RECONSIDERAÇÃO
Superior de Polícia Judiciária Civil o distribuirá dentro de 05
(cinco) dias ao relator. Art. 284 Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
§ 1º O relator, no prazo improrrogável de 20 (vinte) dias, de- podendo ser renovado.
verá apresentar seu parecer e voto, ou determinar a realização de
Art. 285  O prazo para interposição de pedido de
diligência que entender necessária ao melhor esclarecimento dos
reconsideração é de 05 (cinco) dias, a contar da ciência do servidor
fatos.
ou da publicação da decisão recorrida.
§ 2º A autoridade processante terá 30 (trinta) dias de prazo
Art. 286 O requerimento do pedido de reconsideração deverá
para a realização das diligências determinadas pelo relator. ser encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver
imediatamente subordinado o requerente.
§ 3º Sobre as provas resultantes das diligências, manifestar-
se-á o acusado no prazo de 05 (cinco) dias, e a autoridade § 1º O requerimento de reconsideração deve ser imediatamente
processante, em igual prazo, devolvendo o processo ao relator. encaminhado pela autoridade que o recebeu e decidido pela
autoridade julgadora dentro de cinco dias.
§ 4º O relator devolverá o processo à secretaria do Conselho,
com seu parecer e voto, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, § 2º O pedido de reconsideração somente será aceito nos casos
improrrogáveis. em que a autoridade que proferiu o ato tiver competência para a
aplicação da penalidade.

Didatismo e Conhecimento 48
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
CAPÍTULO II § 2º Incumbe a autoridade revisora designar um Escrivão de
DO RECURSO Polícia como secretário.

Art. 287 Caberá recurso administrativo: § 3º Estará impedido de atuar na revisão quem tenha atuado no
I - das decisões administrativas e disciplinares.  procedimento administrativo disciplinar respectivo.
II - do indeferimento do pedido de reconsideração.
Art. 295  Recebido o pedido, a autoridade designada para
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, efetuar a revisão providenciará o apensamento do procedimento
que verificará a tempestividade e encaminhará a autoridade disciplinar correspondente e notificará o requerente para que, no
superior para análise deste. prazo de cinco dias, junte as provas que tiver ou indique as que
pretenda produzir, oferecendo rol de testemunhas, se for o caso.
§ 2º O prazo para interposição de recurso é de 15 (quinze)
dias, a contar da ciência da decisão administrativa ou disciplinar. Art. 296 A autoridade revisora terá trinta dias para a conclu-
são dos trabalhos, prorrogável por uma única vez no mesmo prazo,
Art. 288  O recurso será recebido com efeito devolutivo, pela autoridade competente, quando deverá ser apresentado rela-
todavia, poderá ser recebido com efeito suspensivo, desde que tório opinando pelo deferimento ou indeferimento do requerido.
fundamentado, para evitar possíveis lesões ao direito do recorrente
ou para salvaguardar interesses superiores da administração. Art. 297 Aplicam-se ao trabalho da autoridade revisora, no
que couber, as normas e procedimentos próprios do processo
CAPÍTULO III administrativo disciplinar.
DA REVISÃO
Art. 298  O julgamento da revisão caberá à autoridade que
Art. 289 O processo disciplinar poderá ser revisto a qualquer aplicou a penalidade.
tempo, a pedido ou de ofício, quando:
I - a decisão houver sido proferida contra expressa disposição Parágrafo único O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
legal; dias, contados do recebimento do procedimento, no curso do qual
II - a decisão for contrária à evidência colhida nos autos; a autoridade julgadora poderá determinar outras diligências.
III - a decisão se fundar em depoimentos, exames periciais,
vistorias e documentos falsos;
Art. 299 Se a revisão for julgada procedente, será reduzida ou
IV - surgirem, após a decisão, provas de inocência do punido;
cancelada a penalidade aplicada ao requerente, restabelecendo-se
V - ocorrer circunstâncias que autorizem o abrandamento da
todos os direitos atingidos pela decisão reformada. 
pena aplicada.
TÍTULO XIV
Parágrafo único Os pedidos que não se fundarem nos casos
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS
enumerados neste artigo serão indeferidos. 
Art. 300  Contar-se-ão por dias corridos os prazos previstos
Art. 290 A revisão não autoriza o agravamento da pena.
nesta lei complementar.
Art. 291 Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
do servidor, o pedido de revisão poderá ser formulado pelo Parágrafo único Computam-se os prazos, excluído o dia do
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, representado sempre começo e incluído o do vencimento, prorrogando-se este quando
por advogado. incidir em sábado, domingo, feriado ou facultativo, para o primei-
ro dia útil seguinte.
Art. 292 No caso de incapacidade mental do servidor, a
revisão será requerida pelo respectivo curador. Art. 301  O Estado fornecerá aos policiais civis, armas,
munição, algema, distintivo, colete balístico e carteira funcional,
Art. 293  No processo revisional, o ônus da prova cabe ao necessários ao exercício da função.
requerente.
Parágrafo único O policial civil é obrigado a devolver, no dia
Art. 294 O requerimento de revisão de processo será sempre da publicação do ato de aposentadoria, exoneração ou demissão,
dirigido á autoridade que aplicou a penalidade, observada a via os objetos recebidos na forma deste artigo.
hierárquica, ou à que tiver confirmado em grau de recurso, e
que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido à autoridade Art. 302  Fica autorizado o custeio de despesas funerais
responsável de onde se originou o processo disciplinar. quando o óbito do policial civil ocorrer em serviço, consoante for
regulamentado em Decreto.
§ 1º Deferida a petição, a autoridade competente providenciará
a nomeação de um Delegado de Polícia que deverá ser da classe Parágrafo único As despesas decorrentes correrão à conta do
especial, para presidir o feito. Fundo Estadual de Segurança Pública.

Didatismo e Conhecimento 49
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Art. 303 O quadro da Polícia Judiciária Civil será fixado mediante lei ordinária, observados:
I - o crescimento populacional;
II - a criação de novos municípios;
III - o índice de criminalidade e de violência.

Art. 304 Fica a autoridade competente autorizada a fornecer 01 (uma) refeição ao policial civil, sujeito ao cumprimento de escala de
plantão ou serviço, para cada período que ultrapassar oito horas ininterruptas, havendo justificado interesse do serviço.

Art. 305 São vedados, ao ocupante do cargo de carreira policial civil, o afastamento, a disposição ou cessão para outros órgãos da
Administração Pública direta ou indireta, de quaisquer dos Poderes Federal, Estadual ou Municipal, com ônus para o órgão de origem.

Art. 306 Aplicam-se subsidiariamente, aos policiais civis, nos casos omissos, as disposições do Estatuto dos Servidores Públicos do
Estado de Mato Grosso.

Art. 307 Para efeito desta lei complementar considera-se policial civil o Delegado de Polícia, o Investigador de Polícia e o Escrivão
de Polícia.

Art. 308 As designações para funções especializadas, nos termos desta lei complementar, deverão recair preferencialmente aos policiais
civis.

Art. 309 (revogado) LC 464/12
Redação original:
Art. 309 Ficam criadas e transformadas as funções de direção na estrutura organizacional básica e setorial da Polícia Judiciária Civil,
estabelecidas no Anexo único desta lei complementar, com a denominação e quantificação previstas.

Art. 310 Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Lei Complementar nº 155, de 14 de janeiro de 2004 e a Lei nº 8.348,
de 06 de julho de 2005.

Art. 311 Esta lei complementar e suas disposições transitórias entram em vigor na data da sua publicação.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 312 Somente se aplicará esta lei complementar às infrações disciplinares praticadas na vigência da lei anterior quando:
I - o fato não for mais considerado infração disciplinar;
II - de qualquer forma for mais branda a pena cominada.

Art. 313 Os processos e sindicâncias em curso, quando da entrada em vigor desta lei complementar, obedecerão ao rito processual
estabelecido pela legislação anterior.

Art. 314 O disposto no Art. 11 aplicar-se-á a partir de 01 de janeiro de 2011.

Palácio Paiaguás, em Cuiabá, 30 de junho de 2010, 189º da Independência e 122º da República.

ANEXO I
(Nova redação dada pela LC 494/13)

DENOMINAÇÃO DO CARGO/FUNÇÃO SIMBOLOGIA REMUNERATÓRIA QUANTIDADE


CARGOFUNÇÃO
Delegado Geral DGA-2 1
Delegado Geral Adjunto DGA -3 1
Corregedor Geral DGA-4 1
Corregedor Geral Adjunto DGA-5 1
Corregedor Auxiliar DGA-6 6
Diretor DGA-4 6

Didatismo e Conhecimento 50
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT

Diretor Adjunto DGA-5 1


Ouvidor DGA-7 1
Ouvidor Adjunto DGA-8 1
Chefe de Gabinete DGA-4 1
Assessor Técnico I DGA-4 2
Assessor Técnico II DGA-5 2
Assessor Técnico III DGA-6 1
Delegado Regional DGA-6 14
Coordenador DGA-6 8
Gerente DGA-8 21
Líder de Equipe DGA-10 170
Assistente de Direção DGA-10 26
SUBTOTAL 68196
TOTAL 264

Anexo II à Lei Complementar nº 407, de 30 de junho de 2010. 


(Acrescentado pela LC 565/14)

NÍVEIS TEMPO DE SERVIÇO


1 Até 1095 dias
2 De 1096 a 2190 dias
3 De 2191 a 3285 dias
4 De 3286 a 4380 dias
5 De 4381 a 5475 dias
6 De 5476 a 6570 dias
7 De 6571 a 7665 dias
8 De 7666 a 8760 dias
9 De 8761 a 9855 dias
10 Acima de 9855 dias

ANEXO I
(Nova redação dada pela LC 464/12)

DENOMINAÇÃO DO CARGO / FUNÇÃO SIMBOLOGIA REMUNERATÓRIA QUANTIDADE


CARGOFUNÇÃO
Delegado Geral DGA-2 1
Delegado Geral Adjunto DGA-3 1
Corregedor Geral DGA-4 1
Corregedor Geral Adjunto DGA-5 1
Corregedor Auxiliar DGA-6 6
Diretor DGA-4 6
Diretor Adjunto DGA-5 2
Ouvidor DGA-7 1
Ouvidor Adjunto DGA-8 1
Chefe de Gabinete DGA-4 1
Assessor Técnico I DGA-4 2

Didatismo e Conhecimento 51
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
Assessor Técnico II DGA-5 2
Assessor Técnico III DGA-6 1
Delegado Regional DGA-6 12
Coordenador DGA-6 8
Gerente DGA-8 21
Líder de Equipe DGA-10 170
Assistente de Direção DGA-10 26
SUB-TOTAL 67 196
TOTAL 263

Redação original:
ANEXO ÚNICO
(de que trata o Art. 309 da Lei Complementar Nº 407/2010 - Estatuto da Policia Judiciária Civil, publicada no Diário Oficial de 30 de
junho de 2010).
UNIDADE SIMB. CARGO
QUANTIDADE
NÍVEL DE DIREÇÃO SUPERIOR
1. Diretoria Geral de Policia Judiciária Civil
Delegado Geral DGA-2 1
1.1 Diretoria Geral Adjunta de Policia Judiciária Civil
Delegado Geral Adjunto DGA-4 1
NÍVEL DE APOIO ESTRATÉGICO E ESPECIALIZADO
1. - Corregedoria Geral de Policia Judiciária Civil
- Corregedor Geral DGA-7 1
1.1 Corregedoria Geral Adjunta de Policia Judiciária Civil
- Corregedor Geral Adjunto DGA-8 1
1.2 Corregedoria Auxiliar de Policia Judiciária Civil
- Corregedor Auxiliar DGA-9 9
1.3 Gerência Operacional
- Gerente DGA-8 1
2. Diretoria da Academia de Polícia Judiciária Civil
- Diretor DGA-7 1
2.1 Direção Adjunta de Polícia Judiciária Civil
- Diretor Adjunto DGA-8 1
2.1.2 – Coordenadoria Museológica
- Coordenador DGA-6 1
2.1.3 – Coordenadoria de Biblioteca
- Coordenador DGA-6 1
2.1.4 – Gerência de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos
- Gerente DGA-8 1
2.1.5 – Gerência de Ensino
- Gerente DGA-8 1
2.1.6 – Gerência de Administração e Apoio Logístico
- Gerente DGA-8 1
2.1.7 – Gerência do Centro de Ensino Superior

Didatismo e Conhecimento 52
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT

- Gerente DGA-8 1
2.1.8 – Gerência do Centro de Educação Física
- Gerente DGA-8 1
2.1.9 – Gerência de Concurso, Recrutamento, Seleção e Acompanhamento
3.1 – Ouvidoria Especializada
Ouvidor DGA-7
3.1.2 – Ouvidoria Especializada Adjunta
- Ouvidor Adjunto DGA-8 1
NÍVEL DE ASSESSORAMENTO SUPERIOR
1. Gabinete de Direção
- Chefe de Gabinete DGA – 5 1
- Assessor Técnico I DGA-4 2
- Assessor Técnico II DGA-5 2
-Assessor Técnico III DGA-6 1
NÍVEL DE EXECUÇÃO PROGRAMÁTICA
1. – Diretoria de Execução Estratégica
- Diretor DGA-7 1
1.1 – Coordenadoria de Desenvolvimento Institucional
- Coordenador DGA-6 1
1.1.1 – Gerência de Controle de Aquisição e Patrimônio
- Gerente DGA-8 1
1.1.2 – Gerência Acompanhamento de Projetos, Convênios e Obras
- Gerente DGA-8 1
1.1.3 – Gerência de Controle Orçamentário e Financeiro
- Gerente DGA-8 1
1.2 – Coordenadoria de Apoio Logístico e Pessoal
- Coordenador DGA-6 1
1.2.1 – Gerência de Controle de Frota e Serviços Gerais
- Gerente DGA-8 1
1.2.2 – Gerência de Armas, Explosivos e Munições
- Gerente DGA-8 1
1.2.3 – Gerência de Avaliação de Desempenho Funcional e Qualidade de Vida
- Gerente DGA-8 1
1.3 – Coordenadoria de Tecnologia da Informação
- Coordenador DGA-6 1
1.3.1 – Gerência de Estatística
- Gerente DGA-8 1
1.3.2 – Gerência de Suporte Técnico
- Gerente DGA-8 1
1.3.3 – Gerência de Telecomunicações
- Gerente DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
2. Diretoria de Inteligência
- Diretor DGA-7 1

Didatismo e Conhecimento 53
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT

2.1 – Coordenadoria de Inteligência


- Coordenador DGA-6 1
2.1.1 – Gerência de Inteligência Policial
- Gerente DGA-8 1
2.1.2 – Gerência de Inteligência Estratégica
- Gerente DGA-8 1
2.1.3 – Gerência de Operações de Inteligência de Segurança Pública
- Gerente DGA-8 1
2.1.4 – Gerência de Contra Inteligência
- Gerente DGA-8 1
2.2 – Coordenadoria de Inteligência Tecnológica
- Coordenador DGA-6 1
2.2.1 – Gerência Especializada em Crimes de Alta Tecnologia
- Gerente DGA-8 1
2.2.2 – Gerência de Apoio Tecnológico
- Gerente DGA-8 1
3. Diretoria de Atividades Especiais
- Diretor DGA - 7 1
3.1 – Gerência de Combate ao Crime Organizado
- Gerente DGA-8 1
3.2 – Gerência de Operações Especiais
- Gerente DGA-8 1
3.3 – Gerência de Operações Aéreas
- Gerente DGA-8 1
3.4 – Gerência Estadual Polinter
- Gerente DGA-8 1
4. Diretoria da Policia Judiciária Civil Metropolitana
- Diretor DGA - 7 1
4.1 – Diretoria Metropolitana Adjunta
Diretor Metropolitano Adjunto DGA - 8 1
5. Diretoria da Policia Judiciária Civil do Interior
- Diretor DGA - 7 1
5.1 – Delegacias Regionais
- Delegado Regional de Alta Floresta DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Alto Araguaia DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Barra do Garças DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Cáceres DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Diamantino DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Juína DGA-8 1

Didatismo e Conhecimento 54
ORGANIZAÇÃO E ESTATUTO DA POLÍCIA JUDIÁRIA CIVIL/MT
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Água Boa DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Pontes e Lacerda DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Rondonópolis DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Porto Alegre do Norte DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Sinop DGA-8
- Gerente DGA-8 1
- Delegado Regional de Tangará da Serra DGA-8 1
- Gerente DGA-8 1

6. Coordenadoria de Polícia Comunitária


- Coordenador DGA-6 1
- Assistente Técnico I DGA-8 50
6.1 – Gerência de Polícia Comunitária do Interior
- Gerente DGA-8 1
6.2 – Gerência de Polícia Comunitária da Capital
- Gerente DGA-8 1
FUNÇÃO DE CONFIANÇA
1. Líder de Equipe DGA-10 170
2. Assistente de Direção DGA-10 26

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO
PROCESSUAL PENAL
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
ra, processual, que assegura a tutela de bens jurídicos por meios do
Prof. Sarah Caroline de Deus Pereira devido procedimento (procedural due process); a segunda, mate-
rial, reclama, no campo da aplicação e elaboração normativa, uma
Advogada, Consultora Jurídica, Parecerista e Professora Uni- atuação substancialmente adequada, correta, razoável (substantive
versitária. due process of law).
Mestrado em Teoria Geral do Direito e do Estado pelo Cen-
tro Universitário Eurípides de Marília. Especialista em Direito do Conceito e características do processo penal inquisitório
Trabalho e Processo do Trabalho pela Anhanguera-Uniderp. Gra- e acusatório
duada em Direito pela Faculdade Anhanguera de Rondonópolis.
Entre os sistemas processuais temos o inquisitório; acusató-
rio; ou misto, mas abordaremos apenas os dois primeiros.
O primeiro é sistema inquisitório (ou inquisitivo) – as fun-
DIREITOS E GARANTIAS ções de acusação, defesa e julgamento concentram-se na pessoa
FUNDAMENTAIS do magistrado, que por força de tal concentração recebe o nome
de juiz inquisidor. Tem como principais características o sigilo do
processo e a ausência de contraditório, com o objetivo de obter a
confissão do acusado (rainha das provas). O Brasil não adota esse
O instrumento estatal destinado a solucionar a lide penal é o sistema.
que se entende por processo penal. Tendo em vista tal definição, Posteriormente há o sistema acusatório – as tarefas de acusa-
podemos dizer que o direito processual penal consiste no conjunto ção, defesa e julgamento são perfeitamente distribuídas por dife-
de normas e princípios que disciplinam a solução da lide penal. rentes sujeitos processuais. Cada um possui função exclusiva: o
Por intermédio do art. 5 da Constituição Federal é patente a Ministério Público acusa; o advogado (público ou particular) ela-
visualização do Processo Penal Constitucional. bora a defesa técnica; e o magistrado decide, julga, colocando fim
No artigo 5º da Constituição Federal disposições que tratas- ao conflito processual. Sua principal característica é a plena obser-
sem de assuntos intimamente relacionados ao direito processual vância dos direitos e garantias individuais, expressas no ordena-
penal, e nos deparamos com diversos incisos. Vejamos alguns de- mento constitucional e legal. O Brasil, a partir de 2003, conquistou
les: inciso XI, trata da inviolabilidade do domicílio; inciso XII, importante espaço na busca da adoção do sistema acusatório puro,
sobre a inviolabilidade de correspondência e de comunicações mas ainda não atingimos plenamente esse patamar.
telefônicas; inciso XIV, dispõe sobre o acesso à informação; in-
ciso XXXVII, que repudia juízo ou tribunal de exceção; inciso QUESTÕES
XXXVIII, que dispõe sobre a organização do júri; inciso XXXIX,
sobre a anterioridade da lei penal; inciso XLV, sobre a intranscen- 1. ( Ano: 2014. Banca: CESPE. Órgão: Câmara dos
Deputados. Prova: Técnico Legislativo)
dência da pena; inciso XLVI, sobre a individualização da pena;
inciso LIII, que garante o processo e julgamento feito por autori-
Analise se é verdadeira ou falsa a seguinte proposição: “Ainda
dade competente; inciso LIV, sobre o devido processo legal para
que o contraditório e a ampla defesa não sejam observados durante
ser privado da liberdade e de bens; inciso LV, sobre o contraditório
a realização do inquérito policial, não serão inválidas a investiga-
e a ampla defesa; inciso LVI, sobre a inadmissibilidade das provas
ção criminal e a ação penal subsequente”.
ilícitas; inciso LVII, sobre a presunção de inocência; inciso LVIII,
sobre a identificação criminal; inciso LX, sobre a publicidade dos Gabarito: 1. Certo.
atos em caso de defesa da intimidade; inciso LXI, sobre a prisão
legal e fundamentada; inciso LXII, sobre a comunicação da prisão
aos familiares do preso e ao juiz; inciso LXIII, sobre a informação
ao preso de seus direitos; inciso LXIV, sobre a identificação do res- INQUÉRITO POLICIAL
ponsável pela prisão; inciso LXV, sobre o relaxamento da prisão
ilegal; inciso LXVI, sobre a liberdade provisória; LXVIII, sobre
o habeas corpus; inciso LXIX, sobre o mandado de segurança e o
habeas data na esfera criminal; inciso LXXIV, sobre a assistência Inquérito policial é o procedimento administrativo, de caráter
jurídica gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; investigatório, que tem por fim a colheita de elementos para subsi-
inciso LXXV, sobre a indenização, por parte do Estado, pelo erro diar a propositura da ação penal.
judiciário; e LXXVIII, que garante a todos a razoável duração do
processo, seja ele judicial ou administrativo. Características

Conceito e características do devido processo penal. Dispensabilidade

O princípio do devido processo legal é estabelecido em lei, Caso o titular da ação penal já conte com elementos suficien-
devendo traduzir- se em sinônimo de garantia, atendendo assim tes para formar sua opinio delicti, pode dispensar a instauração de
aos ditames constitucionais. Com isto, consagra-se a necessidade inquérito e utilizar-se dos mencionados elementos para amparar a
do processo tipificado, sem a supressão e/ou desvirtuamento de denúncia ou a queixa, consoante os arts. 12; 27; 39, § 5º; e 46, § 1º,
atos essenciais. Deve ser analisado em duas perspectivas: a primei- todos do Código de Processo Penal.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sigilo (art. 20 do CPP) - Por representação do ofendido (art. 5º, § 4º, do CPP) ou re-
quisição do ministro da justiça: quando se tratar de crime que se
Nos termos do art. 20 do CPP, a autoridade assegurará o si- apura mediante ação penal condicionada, seja à representação do
gilo necessário à apuração dos fatos ou exigido pelo interesse da ofendido, seja à requisição do ministro da justiça, somente com o
sociedade. seu oferecimento é que terá início a peça informativa.
A Lei n. 8.906/94, que dispõe sobre o Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil, estabelece, em seu art. 7º, XIV, que é direito - Pelo auto de prisão em flagrante (art. 8º do CPP): é a chama-
do advogado “examinar em qualquer repartição policial, mesmo da instauração compulsória. Quando alguém é preso em flagrante,
sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em an- lavrado o auto respectivo, considera-se instaurado o inquérito po-
damento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças licial, pois, se há indícios a ensejar a prisão de alguém, com mais
e tomar apontamentos”. Não bastasse o direito estampado na Lei, razão há indicativos de crime a ser apurado.
foi editada também no Supremo Tribunal Federal a Súmula Vin-
culante n. 14, por proposta do Conselho Federal da OAB, com o Providências (art. 6º do CPP)
seguinte teor: “É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados Para apuração da infração penal, deve a autoridade policial
em procedimento investigatório realizado por órgão com compe- dirigir-se ao local aos fatos, providenciando para que não se alte-
tência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito rem o estado e a conservação das coisas até a chegada dos peritos
de defesa”. criminais; apreender os objetos que tiverem relação com o fato,
depois de liberados pelos peritos criminais; colher todas as provas
Indisponibilidade (art. 17 do CPP) que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
ouvir o ofendido; proceder à reprodução simulada dos fatos.
Uma vez instaurado o inquérito policial, a autoridade policial A providência mais importante – o indiciamento, que é a im-
não poderá arquivá-lo. Isso quer dizer que, mesmo que nada seja putação da prática de uma infração penal a alguém, havendo indí-
apurado de consistente, não cabe ao delegado de polícia promover cios de sua autoria – não está expressamente prevista no Código,
o arquivamento da peça; deve ele encerrá-lo formalmente, nos ter- mas decorre de outras providências, que são: ouvir o indiciado;
mos da lei. identificar o indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes. Lembre-se de que,
Forma inquisitorial com o advento da nova Constituição da República, a regra passou a
ser a identificação civil, com as ressalvas da lei (CF, art. 5º, LVIII).
Para regulamentar o mandamento constitucional foi editada a
O inquérito policial tem natureza inquisitiva. Isso quer dizer
Lei n. 12.037/2009, revogando a Lei n. 10.054/2000, que
que o procedimento se concentra nas mãos de uma só autoridade,
permite a identificação criminal do agente, ainda que identificado
isto é, toda a ação e a determinação de atos partem de um único
civilmente. Deve ainda o delegado averiguar a vida pregressa do
órgão, não havendo separação em órgãos distintos.
indiciado, do ponto de vista individual, familiar e social, sua con-
Nos termos do art. 4º do CPP, e do art. 144, § 4º, da CF, nos
dição econômica, sua atitude e seu estado de ânimo antes, durante
Estados da Federação, compete à Polícia Civil, chefiada por dele-
e depois do crime, e quaisquer outros elementos que contribuírem
gados de carreira, a apuração das infrações penais e de sua autoria. para a apreciação de seu caráter.
No âmbito federal, tal incumbência é da Polícia Federal (art. 144,
§ 1º, da CF). Conclusão (arts. 10, § 1º, e 23 do CPP)
Formas de início O inquérito policial encerra-se com o relatório da autoridade
policial. Nele, o delegado deve descrever as providências adotadas
- De ofício (art. 5º, I, do CPP): o inquérito policial, nesse caso, durante o curso do procedimento, declarando formalmente o fim
é instaurado por ato da autoridade, sem que tenha havido pedido da fase investigatória. Relatado, o inquérito policial é enviado ao
de qualquer pessoa. Juízo competente. Se for caso de ação penal pública, o magistrado
abrirá vista ao Ministério Público, que pode:
- Por requisição do juiz ou do Ministério Público (art. 5º, II,
do CPP): apesar de não existir hierarquia funcional entre as car- a) oferecer denúncia;
reiras, ou seja, o delegado de polícia não é subordinado nem ao
magistrado nem ao membro do Ministério Público, ele não pode b) requerer o retorno dos autos de inquérito à delegacia para
eximir-se de instaurar a peça quando houver requisição destes, por novas diligências (art. 16 do CPP);
determinação legal.
c) requerer o arquivamento.
- Por requerimento do ofendido (art. 5º, II, do CPP): é a possi-
bilidade que a vítima tem de solicitar formalmente, da autoridade, No caso de o Ministério Público requerer o arquivamento e
a instauração do inquérito policial. o juiz determiná-lo, o art. 18 do Código estabelece que, se tiver
notícias de novas provas, a autoridade policial poderá retomar as
O requerimento não tem a força da requisição; portanto, de investigações. Caso o Ministério Público requeira o arquivamento
acordo com seu critério, poderá o delegado de polícia indeferir o e o juiz não concorde, determina o art. 28 do Código que este deve-
pedido, cabendo, nesse caso, recurso ao chefe de polícia. rá enviar os autos ao procurador-geral de justiça, que por sua vez:

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
a) oferecerá denúncia, ele próprio; a) Em 10 dias para indiciado preso ou em 30 dias para indi-
ciado solto.
b) designará outro promotor para oferecer a denúncia, caso em b) Em 5 dias para indiciado preso ou em 15 dias para indiciado
que este está obrigado a fazê-lo; solto.
c) Em 15 dias independentemente de o indiciado estar preso
c) insistirá no arquivamento, caso em que o juiz está obrigado ou solto.
a aceitá-lo. d) Em 15 dias independentemente de o indiciado estar preso
ou solto.
Na esfera federal, caso ocorra a hipótese de o juiz não con-
cordar com o pedido de arquivamento formulado pelo procurador 3. (Ano: 2014.Banca: IESES Órgão: TJ-MS. Prova: Titular
da república, os autos serão remetido à Câmara de Coordenação e de Serviços de Notas e de Registros – Remoção
Revisão do Ministério Público Federal (art. 62, IV, da Lei Com-
plementar n. 75/93). No que diz respeito ao inquérito policial, são Incumbências da
Caso se trate de inquérito que verse sobre crime de ação penal autoridade policial, EXCETO:
privada, a solução será diversa, conforme preceitua o art. 19 do
CPP. Encerrado o inquérito policial, ele é encaminhado ao Juízo a) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
competente, onde aguardará provocação do ofendido, ou será en- nistério Público.
tregue diretamente ao ofendido, mediante seu requerimento e por b) Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá-
traslado. rias à instrução e julgamento dos processos.
c) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida-
Prazo (art. 10 do CPP) des judiciárias.
d) Mandar arquivar autos de inquérito
Se o indiciado estiver em liberdade, o prazo para conclusão do
inquérito policial será de 30 dias. Se o indiciado estiver preso, o 4. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-PA. Prova: Juiz
prazo para a conclusão do inquérito será de 10 dias. Na Justiça Fe- de Direito Substituto).
deral, o prazo para conclusão é de 15 dias para réu preso, podendo
ser prorrogado por igual período, conforme disposto no art. 66 da
Salvo exceções expressamente previstas em leis especiais, o
Lei n. 5.010/66.
prazo para a conclusão do inquérito policial cujo indiciado estiver
preso, que tramita junto à Polícia Civil (Estadual) e à Polícia Fede-
QUESTÕES
ral é, respectivamente, de
1. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: TJ-PB. Prova: Juiz
a) 10 dias; 10 dias.
Substituto)
b) 10 dias, prorrogáveis por mais 10 dias; 15 dias.
c) 10 dias; 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias.
A autoridade policial foi informada da descoberta de um ca-
dáver, com perfurações por toda a região abdominal, às margens d) 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias; 10 dias.
de uma rodovia. Próximo ao local havia também uma faca com e) 5 dias; 10 dias.
marcas de sangue e garrafas de bebida alcoólica.
Em face dessa situação, e considerando-se o disposto no CPP, GABARITO: 1. B; 2. A; 3. D; 4. C
a autoridade policial deverá
a) oficiar ao Poder Judiciário a fim de que se efetue a retirada
do corpo do local. NOTÍCIAS CRIMINAIS
b) dirigir-se ao local e providenciar que o estado e a conser-
vação das coisas não sejam alterados até a chegada de peritos cri-
minais.
c) determinar de imediato a higienização da faca para proce-
der a reprodução simulada dos fatos.
d) requerer autorização judicial para que a área seja isolada e Entende-se por notícias criminais, a comunicação endereçada
para o deslocamento de peritos criminais. à autoridade policial acerca da existência de um delito. Sendo a
e) pedir autorização judicial para abertura do inquérito poli- notícia criminal dividida em algumas espécies, que são elas:
cial.
a) De cognição imediata: acontece quando a autoridade poli-
2. (Ano: 2014. Banca: IESES. Órgão: TJ-MS. Prova: Titu- cial fica ciente de fato colidente da norma por meio das suas ativi-
lar de Serviços de Notas e de Registros – Remoção) dades rotineiras – tais quais: jornais, relato da vítima, de comparsas
do agente, de delação anônima (notícia criminal inqualificada) ou
O inquérito policial, atividade específica da polícia denomi- por meio da delatio criminis, que consiste na comunicação verbal
nada judiciária tem prazo certo para a conclusão das investigações ou por escrito, feita por qualquer do povo, à autoridade policial, a
segundo o Código de Processo Penal, devendo encerrar em regra: respeito de alguma infração penal.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
b) Cognição mediata: Decorre da situação em que a autorida- A representação poderá ser dirigida ao juiz, ao representante
de policial toma conhecimento do fato por intermédio de reque- do Ministério Público e à autoridade policial, nos termos do art.
rimento da vitima ou de quem possa representá-la, requisição da 39, caput. Uma vez oferecida a representação, é possível voltar
autoridade judiciária ou do órgão do MP, ou ainda mediante repre- atrás, ou seja, retratar-se? Sim, desde que a retratação seja reali-
sentação. zada antes do oferecimento da denúncia, como estampado no art.
25 do CPP.
c) Cognição coercitiva: Provêm dos casos em que há prisão
em flagrante, em que a notícia do crime dá-se com a apresentação No que tange a ação penal condicionada à requisição do Mi-
do autor do fato. nistro da Justiça, O Código de Processo Penal silencia a respeito
do prazo para a requisição. Entende-se, então, que não há limite
temporal para a referida requisição, desde que, obviamente, ela
AÇÃO PENAL: ESPÉCIES seja oferecida antes do prazo prescricional do crime, pois, após
este momento, está extinta a punibilidade do agente, faltando, as-
sim, condição para o exercício da ação penal. No que diz respeito
à retratação da requisição oferecida, divide-se a doutrina quanto à
sua admissibilidade.
Podemos conceituar ação penal como o poder de movimentar É a espécie de ação penal cuja titularidade pertence ao
o aparelho jurisdicional estatal, a fim de satisfazer uma pretensão ofendido ou seu representante legal, conforme o caso. A
punitiva. titularidade do direito de queixa é a mesma para o exercício do
direito de representação. É ela:
A ação penal classifica-se em pública, de titularidade do Mi-
nistério Público, e privada, de titularidade do ofendido ou de seu a) do ofendido, em regra;
representante legal. Ambas vão comportar ainda a subdivisão em b) do representante legal, se o ofendido tiver menos de 18
espécies: aquela pode ser incondicionada ou condicionada à re- anos ou for doente mental;
presentação do ofendido ou à requisição do ministro da justiça; c) do cônjuge, ascendente, descendente ou irmãos (CADI), se
esta pode ser propriamente dita (ou exclusiva), personalíssima ou o ofendido for morto ou declarado ausente;
subsidiária da pública. d) de um curador especial, no caso de os interesses do ofen-
dido e d representante colidirem ou se não houver representante.
A ação penal pública incondicionada é aquela em que o Minis-
tério Público não se sujeita a qualquer condição específica para o
O prazo para oferecimento da queixa é, regra geral, de 6 me-
exercício de seu direito de ação, além das condições gerais da ação
ses, a contar da data em que o ofendido vier, a saber, quem é o
penal, ou seja, presentes os elementos para a propositura da ação,
autor da infração penal.
ele está livre para agir. A ação penal pública é a regra em nosso
sistema processual, e, dentro dessa modalidade de ação, por sua
vez, a regra é ser ela incondicionada. Ao passo que a ação penal privada propriamente dita (ou ex-
Ação penal pública incondicionada é aquela cujo exercício se clusiva) é aquela em que se aplica tudo quanto foi dito até agora
subordina a uma condição específica, qual seja à representação do a respeito da ação penal privada, sem nenhuma particularidade. É
ofendido ou à requisição do ministro da justiça. Antes da verifica- a regra dentre as modalidades de ação penal privada. As especifi-
ção dessa condição, não pode o titular do direito de ação agir. cidades ficam reservadas para as outras espécies, como veremos
a seguir.
Por sua vez, a ação penal condicionada à representação, alude Na ação penal privada personalíssima tem-se a modalidade
que representação é a manifestação de vontade do ofendido ou de de ação penal que só pode ser proposta pelo ofendido e ninguém
seu representante legal, no sentido de ser instaurada a ação penal. mais. Não admite a propositura pelo representante legal, nem por
O prazo para oferecimento da representação é de 6 meses a contar sucessores no caso de morte ou ausência. Em nosso ordenamento,
da data em que o ofendido vier, a saber, quem é o autor da infração ocorre referida hipótese em relação ao crime descrito no art. 236
penal, conforme o art. 38 do CPP. O não oferecimento da repre- do CP – induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento.
sentação dentro do prazo acarreta a extinção da punibilidade pela Seu parágrafo único estipula que apenas o contraente enganado
decadência (art. 107, IV, do CP). pode intentar a queixa.
A Ação penal privada subsidiária da pública é a proposta pelo
A titularidade do direito de representação é: ofendido ou por seu representante legal, em crimes de ação públi-
ca, quando o Ministério Público deixar de oferecer a denúncia no
a) do ofendido, em regra; prazo legal (art. 5º, LIX, da CF e art. 29 do CPP). Note-se que essa
b) do representante legal, se o ofendido tiver menos de 18 ação só tem lugar no caso de inércia do Ministério Público, jamais
anos ou for doente mental; em caso de arquivamento dos autos de inquérito.
c) do cônjuge, ascendente, descendente ou irmãos (CADI), se Nessa modalidade de ação, o Ministério Público apenas atuará
o ofendido for morto ou declarado ausente; como fiscal da lei, e não como parte, intervindo em todos os atos
d) de um curador especial, no caso de os interesses do ofen- do processo, lançando seu parecer. Ele poderá, nessa função, aditar
dido e do representante colidir ou se não houver representante. Na a queixa, se for o caso de reputá-la incompleta, ou, até mesmo,
hipótese de nomeação de curador, ele não está obrigado a repre- repudiar a queixa inepta, oferecendo denúncia substitutiva. A de
sentar; deve avaliar o interesse do assistido. cisão, em todos os casos, cabe ao magistrado.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Como o Ministério Público era o titular do direito de ação e Competência
o perdeu para o ofendido, qualquer ato de negligência processual
deste fará que o processo seja retomado por aquele. Se não compa- A competência é a medida e o limite da jurisdição, é a porção
recer a alguma audiência ou não atender a algum despacho, p. ex., de jurisdição que cabe a cada órgão do Poder Judiciário, na ativi-
o ofendido ensejará a retomada da ação pelo seu titular originário. dade de aplicar o Direito ao caso concreto.
Pode-se estabelecer e fixar as regras de atribuição e circuns-
Questão crição da competência a partir de 3 aspectos:

1. (Ano: 2014. Banca: CESPE. Órgão: TJ-CE. Prova: Téc- a) em razão da matéria ou natureza da infração penal (ratione
nico Judiciário - Área Judiciária). materiae);
b) em razão do cargo ou função do acusado (ratione perso-
Assinale a opção correta acerca de ação penal. nae);
c) em razão do local do crime ou da residência do acusado
a) Nos crimes de ação penal pública condicionada à represen- (ratione loci).
tação, o ofendido poderá retratar-se da representação formulada
antes do oferecimento da denúncia. A competência em razão da matéria ou natureza da infração
b) Não é permitida a intervenção do Ministério Público em consiste no fato de que determinadas matérias foram eleitas pelo
processo de ação penal privada. constituinte para serem julgadas por justiças especializadas, as ma-
c) Entre os princípios que regem a ação penal pública incondi- térias restantes cabem à Justiça Comum.
cionada inclui-se o da disponibilidade.
d) A divisibilidade consiste em um dos princípios que regem São justiças especiais:
a ação penal privada.
e) Se tratando de crimes de ação penal pública incondiciona- 1) Justiça Eleitoral (arts. 118 a 121 da CF e Lei n. 4.737/65):
da, em nenhuma hipótese será permitido ao ofendido intentar ação competente para julgar infrações penais eleitorais e as conexas a
privada. elas, exceto no caso de conexão com crimes dolosos contra a vida.
2) Justiça Militar (art. 124 da CF): competente para julgar cri-
Gabarito: A mes militares, assim definidos em lei, mais precisamente no art. 9º
do Código Penal Militar (Dec.- Lei n. 1.001/69). Não julga ela os
São inúmeros os princípios do Direito Processual Penal, os
crimes conexos.
princípios gerais também conhecidos enquanto princípios funda-
mentais são vastos, dentre eles citamos o princípio da presunção
São justiças comuns:
de inocência, em que o reconhecimento da autoria de uma infração
criminal uma infração criminal pressupõe sentença condenatória
1) Justiça Federal (art. 109, IV, da CF): competente para jul-
transitada em julgado (art. 52, inc. LVII da CF).
gar: • Crimes políticos; sustenta-se que estão descritos na Lei de
Segurança Nacional (Lei n. 7.170/83); • Infrações penais pratica-
das em detrimento de bens, serviços ou interesse da União, suas
JURISDIÇÃO; COMPETÊNCIA entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contra-
venções: se o crime for praticado em detrimento de sociedade de
economia mista, a competência será da Justiça Estadual, pois a
Constituição da República não se referiu a ela. É esse o entendi-
É o poder-dever pertinente ao Estado-Juiz de aplicar o mento expresso na Súmula 42 do STJ. A prática de crime contra a
direito ao caso concreto. Como regra, os órgãos jurisdicionais Petrobras e o Banco do Brasil, p. ex., deve ser julgada pela Justiça
dependem de provocação (neprocedat judex ex officio). Comum Estadual.
Aqui, temos atribuído ao Estado, à função de substituir a ati- Ressalte-se que as contravenções penais também não são
vidade das partes, resolvendo os litígios. julgadas pela Justiça Federal, por expressa ressalva da Constitui-
O entendimento majoritário pressupõe a existência de lide ção da República. Destarte, se uma contravenção for praticada de
para o exercício jurisdicional, ou seja, a presença do conflito de modo a se justificar a competência da Justiça Federal, a regra não
interesses qualificado pela pretensão resistida. Todavia, é inapro- irá concretizar-se, restando o julgamento à Justiça Estadual, nos
priado falar em lide como pressuposto da jurisdição penal, não só termos da Súmula 38 do STJ:
em razão da indisponibilidade dos bens jurídicos em jogo, mas
também pelo papel desempenhado pelo MP diante da atual ordem • Crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
constitucional. quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse
A sentença reveste-se do caráter da imutabilidade após o seu ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente: são os chamados
trânsito em julgado, não podendo ser modificada, salvo exceções, crimes à distância, cuja ação ou omissão se dá em um país e o re-
a exemplo da revisão criminal pro réu. sultado em outro, ou devesse se dar em outro. Se a previsão estiver
em tratado ou convenção em que o Brasil seja parte, a competência
é da Justiça Federal.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
• Casos de grave violação de direitos humanos se houver ne- Em relação aos prefeitos, cumpre esclarecer que, muito em-
cessidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes bora a Constituição da República se refira ao Tribunal de Justiça
de tratados internacionais sobre direitos humanos dos quais o Bra- como órgão competente para seu julgamento, eles poderão ser jul-
sil faça parte: se o procedimento foi iniciado na Justiça Estadual, o gados por outros Tribunais, desde que respeitadas a instância e a
procurador-geral da República deverá suscitar o deslocamento de matéria. É o que estabelece a Súmula 702 do STF.
competência ao Superior Tribunal de Justiça. Por força de autorização concedida pelo art. 125, § 1º, da CF,
• Crimes contra a organização do trabalho: entende-se que, as Constituições dos Estados podem determinar a competência
para fixar a competência da Justiça Federal nesse caso, os crimes para processar e julgar perante os respectivos Tribunais de Justiça
devem ser contra a organização geral do trabalho ou os direitos dos outros cargos, observando-se os princípios constitucionais, nota-
trabalhadores, coletivamente considerados. damente a simetria entre os cargos ou funções, como pode aconte-
• Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-fi-
cer com secretários de Estado e vereadores.
nanceira, quando determinados em lei: não basta que sejam crimes
dessa natureza; é preciso que exista previsão legal, no sentido de A competência em razão do lugar se dá após verificar as re-
estabelecer a competência da Justiça Federal. gras de competência que levam em conta a natureza da infração e
• Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalva- a qualidade do cargo que determinadas pessoas ocupam, cumpre
da a competência da Justiça Militar: subsiste a competência mes- estabelecer como se fixa o foro competente para julgamento, le-
mo que a aeronave esteja pousada ou o navio atracado. vando em consideração o lugar em que se deu o crime ou em que
• Crimes de ingresso e permanência irregular de estrangeiro: reside o acusado.
Tais crimes estão definidos no art. 125 da Lei n. 6.815/80. No que tange ao lugar do crime, as regras estampadas no art.
70 do CPP estabelecem que a competência seja fixada:
2) Justiça Estadual (art. 125 da CF): competente para julgar Pelo lugar em que se consumar a infração (art. 70, caput, pri-
tudo que não for da competência das jurisdições especiais e da meira parte, do CPP): é a consumação que dita o local onde deter-
comum federal. Sua competência é residual. minada infração deve ser processada.
No caso de tentativa, será o local onde se praticou o último
Já a competência em razão do cargo ou função do acusado ato de execução (art. 70, caput, segunda parte, do CPP): como na
justifica-se tal regra pela relevância do cargo ou função, que eleva tentativa o iter criminis é interrompido antes de se chegar à consu-
o julgamento das infrações penais às instâncias superiores, retiran- mação do delito, foi preciso prever regra para fixar a competência
do-o da esfera de competência dos juízes de primeiro grau. nesse caso. Adotou-se regra lógica: o local onde se interrompeu a
execução será o competente para o julgamento da infração.
A divisão de competência sob esse critério, então, dá-se da
Em caso de crime iniciado no Brasil e consumado fora dele,
seguinte forma:
será competente o local onde foi praticado o último ato de execu-
Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, b e c, da CF): presiden- ção, dentro do território nacional (art. 70, § 1º, do CPP): seguindo
te da República, vice-presidente, deputados federais, senadores, o mesmo raciocínio da hipótese da tentativa, o legislador fixou a
seus próprios ministros, procurador-geral da República, advoga- competência do local onde aconteceu o último ato de execução
do-geral da União, ministros de Estado, comandantes das Forças dentro do Brasil para julgamento dos crimes que ultrapassem a
Armadas, ministros dos Tribunais Superiores, membros do Tribu- fronteira, chamados “crimes à distância”.
nal de Contas da União, chefes de missão diplomática de caráter Caso o último ato de execução tenha sido realizado fora do
permanente; Brasil, será competente o foro do local em que o crime, embora
parcialmente, tenha produzido ou deveria produzir seu resulta-
Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, a, da CF): governa- do (art. 70, § 2º, do CPP): é a hipótese inversa da anterior. Aqui,
dores dos Estados e do Distrito Federal, desembargadores dos Tri- iniciou-se a execução do crime no exterior, tendo sido o resultado
bunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, membros dos apenas parcialmente produzido no Brasil. Competente será o foro
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, membros deste local, ou do local onde deveria ter sido produzido tal resulta-
do Tribunal Regional Federal, membros dos Tribunais Regionais do, caso nem mesmo uma parcela dele tenha ocorrido em território
Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de nacional.
Contas dos Municípios, membros do Ministério Público da União Pode ser necessário, diante do caso que se apresenta estabele-
que oficiem perante os Tribunais;
cer qual comarca é a competente para julgar a infração, tendo em
vista que duas ou mais se mostram, em princípio, competentes.
Superior Tribunal Militar (art. 6º, I, a, da Lei n. 8.457/92):
nos crimes militares, os oficiais generais das Forças Armadas; Utiliza-se, então, o instituto da prevenção, que, nos termos do art.
Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, da CF): juízes federais, 83 do CPP, ocorre “toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes
juízes do Trabalho, juízes auditores da Justiça Militar, membros igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
do Ministério Público Federal que oficiem em primeira instância; tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou
Tribunais Regionais Eleitorais (art. 29, I, d, da Lei n. 4.737/65): de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da
nos crimes eleitorais e a eles conexos, juízes e promotores de jus- denúncia ou da queixa”.
tiça eleitorais; Fixa-se a competência pela prevenção quando: a) o crime
ocorrer na divisa entre comarcas ou se for incerto o limite entre
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art. elas (art. 70, § 3º, do CPP); b) em caso de crime continuado ou
29, X; art. 96, III, da CF): prefeitos, juízes estaduais, membros do permanente, eles atravessem duas ou mais jurisdições (art. 71 do
Ministério Público Estadual. CPP).

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Ao passo que no lugar do domicílio do acusado, não sendo a) Serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos
conhecido o lugar da infração, competente será o lugar do domicí- crimes comuns, os membros do Ministério Público da União que
lio do réu (art. 72, caput, do CPP). Note-se que tal regra tem lugar oficiarem perante os tribunais.
apenas quando não se consegue apurar onde o crime aconteceu. Se b) Competem ao tribunal do júri o processo e o julgamento de
o réu tiver mais de um domicílio, será fixada a competência pela promotor de justiça estadual pela prática de crime contra a vida,
prevenção (art. 72, § 1º, do CPP). Se não tiver residência certa ou consumado ou tentado.
for ignorado seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro c) Entende o STJ que prefeito municipal deve ser julgado pelo
tomar conhecimento do fato (art. 72, § 2º, do CPP). tribunal de justiça do respectivo estado quando comete crime em
Importante pontuar sobre a conexão e continência, que são detrimento de bens ou interesses da União.
causas de alteração da competência, em virtude da relação exis- d) É do tribunal regional federal a competência originária para
tente entre duas condutas, que fazem que estas sejam reunidas em o julgamento do habeas corpus se o ato coator tiver sido praticado
um só processo perante um só Juízo, chamado de Juízo prevalente. por juiz federal sujeito à sua jurisdição.
Na conexão deve existir um vínculo entre duas ou mais infra- e) Se uma pessoa sem foro privativo praticar homicídio em
ções penais. Ocorre quando duas ou mais infrações entrelaçadas concurso com deputado federal, ambos serão julgados pelo STJ.
apresentam nexo entre si.
GABARITO: d
São espécies de conexão:

I – Conexão intersubjetiva (art. 76, I, do CPP): as infrações


encontram-se unidas pelos sujeitos, isto é, por terem sido pratica- PROVA (ARTIGOS 158 A 184 DO CPP)
das por duas ou mais pessoas. Pode ser:
a) por simultaneidade: duas ou mais infrações são praticadas
ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas ocasionalmente;
b) por concurso: duas ou mais infrações são praticadas por
pessoas em concurso (com liame subjetivo), ainda que em tempos A prova é o instrumento de verificação dos fatos relevantes
e locais diversos; para a decisão das questões controvertidas do processo.
c) por reciprocidade: duas ou mais infrações são praticadas É importante distinguir o objetivo (ou finalidade) da prova
por agentes uns contra os outros. com o objeto da prova.
Alguns fatos não precisam ser objeto de prova, dispensando-
II – Conexão objetiva (art. 76, II, do CPP): as infrações en- -se a sua produção. São eles: a) os fatos notórios, que são aqueles
contram-se unidas objetivamente, ou seja, pela própria ligação conhecidos e incontestados por toda a sociedade; b) os fatos in-
existente entre uma e outra, e não em razão dos sujeitos que as tuitivos (ou axiomáticos), que são aqueles que se apresentam de
praticam. modo evidente por si mesmo (exemplo: um cadáver putrefato –
não é necessário provar que a pessoa estava morta); c) os fatos
Pode ser: presumidos pela lei, ou seja, aqueles tomados como verdadeiros
pelo legislador, independentemente de prova (exemplo: presunção
a) teleológica: uma infração penal é praticada para assegurar de violência nos crimes contra os costumes – art. 224, CP); d) os
a execução de outra. fatos inúteis para a apuração da causa.
b) sequencial: uma infração é praticada para assegurar a: • Entre o art. 158 a 184 do Código de Processo Penal contem-
ocultação de outra; • impunidade de outra; • vantagem de outra. plamos a questão do “Exame do corpo de delito, e das perícias em
geral”, conforme se verifica abaixo,
Já a Conexão probatória/instrumental (art. 76, III, do CPP):
ocorre quando a prova de uma infração influi na prova de outra. Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispen-
sável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
Por sua vez, a Continência (art. 77 do CPP) dá-se quando uma
supri-lo a confissão do acusado.
causa está contida na outra, de tal forma que não se pode separá-
Art. 159.  O exame de corpo de delito e outras perícias serão
-las. Pode ser: a) por cumulação subjetiva (art. 77, I, do CPP):
ocorre quando duas ou mais pessoas praticam em concurso uma realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.
mesma infração; é a coautoria ou participação em um único crime; § 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
b) por cumulação objetiva (art. 77, II, do CPP): ocorre em todas as (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
hipóteses de concurso formal (art. 70 do CP), incluindo aberratio preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem
ictus (art. 70 do CP) e aberratio criminis (art. 74 do CP). habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
§ 2o  Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem
QUESTÃO e fielmente desempenhar o encargo.
§ 3o  Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
2. (Ano: 2012. Banca: CESPE. Órgão: TJ-AL. Prova: Ana- acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de
lista Judiciário - Área Judiciária) quesitos e indicação de assistente técnico.
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo
No que concerne à competência no processo penal, assinale a juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos
opção correta. peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
§ 5o  Durante o curso do processo judicial, é permitido às Parágrafo único.   Em qualquer caso, serão arrecadados e
partes, quanto à perícia: autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para a identificação do cadáver.
para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e Art. 167.  Não sendo possível o exame de corpo de delito, por
os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá
com  antecedência  mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar suprir-lhe a falta.
as respostas em laudo complementar; Art. 168.  Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou
audiência. a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado,
§ 6o  Havendo requerimento das partes, o material probatório ou de seu defensor.
que serviu de base à perícia será disponibilizado  no  ambiente do § 1o  No exame complementar, os peritos terão presente o auto
órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível § 2o  Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito
a sua conservação. no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que de-
§ 7o  Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de corra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a § 3o  A falta de exame complementar poderá ser suprida pela
atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um prova testemunhal.
assistente técnico. Art. 169.  Para o efeito de exame do local onde houver sido
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre- praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente
verão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos que- para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peri-
sitos formulados. tos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
Parágrafo único.   O laudo pericial será elaborado no prazo esquemas elucidativos.
máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos Parágrafo único.  Os peritos registrarão, no laudo, as altera-
excepcionais, a requerimento dos peritos. ções do estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüên-
Art.  161.   O exame de corpo de delito poderá ser feito em cias dessas alterações na dinâmica dos fato.
qualquer dia e a qualquer hora. Art.  170.   Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão
Art. 162.  A autópsia será feita pelo menos seis horas depois material suficiente para a eventualidade de nova perícia.
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas
julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
no auto. Art.  171.   Nos crimes cometidos com destruição ou
Parágrafo único.   Nos casos de morte violenta, bastará o rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de
simples exame externo do cadáver, quando não houver infração escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com
penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter
a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para sido o fato praticado.
a verificação de alguma circunstância relevante. Art.  172.   Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de
Art.  163.   Em caso de exumação para exame cadavérico, a coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do
autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente crime.
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto Parágrafo único.  Se impossível a avaliação direta, os peritos
circunstanciado. procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos
Parágrafo único.   O administrador de cemitério público ou autos e dos que resultarem de diligências.
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. Art. 173.  No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e
No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado
de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação
do auto. do fato.
 Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição Art. 174.  No exame para o reconhecimento de escritos, por
em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, to- comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
das as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
Art. 165.  Para representar as lesões encontradas no cadáver, será intimada para o ato, se for encontrada;
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos
fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente
Art.  166.   Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de houver dúvida;
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame,
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos
de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser
e indicações. retirados;

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem Hipóteses legais de flagrante
insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa
escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em Flagrante próprio (real, verdadeiro): hipótese em que alguém
lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, é surpreendido cometendo uma infração penal ou quando acaba
em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a de cometê-la, sem intervalo de tempo (art. 302, I e II, do CPP).
escrever. Ex.: agente efetuando disparos contra a vítima; agente ainda com a
Art. 175.  Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados arma na mão, guardando a carteira subtraída da vítima e afastando-
para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a -se dela.
eficiência. Flagrante impróprio (irreal, quase flagrante): ocorre quando
Art. 176.  A autoridade e as partes poderão formular quesitos a pessoa é perseguida logo após a prática de uma infração penal,
até o ato da diligência. em situação que faça presumir ser ela o seu autor (art. 302, III, do
Art. 177.  No exame por precatória, a nomeação dos peritos CPP). A expressão “logo após” indica lapso um pouco maior do
far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação que o contido na hipótese anterior, contudo não se pode considerar
privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo prazo tão longo de modo a fugir do contexto da prática do ilícito.
juiz deprecante. Uma vez iniciada a perseguição, ela não pode ser interrompida.
Parágrafo único.   Os quesitos do juiz e das partes serão Ex.: logo após o roubo de um carro, a polícia, verificando nas re-
transcritos na precatória. dondezas, avista o agente e sai em sua perseguição.
Art. 178.  No caso do art. 159, o exame será requisitado pela Flagrante presumido (ficto): ocorre quando uma pessoa é en-
autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o contrada, logo depois da prática de uma infração penal, com ins-
laudo assinado pelos peritos. trumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ela
Art. 179.  No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto seu autor (art. 302, IV, do CPP). Emprega a lei aqui a expressão
respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, “logo depois”, que compreende espaço de tempo algo um pouco
também pela autoridade. maior ainda que o previsto no flagrante impróprio. Repita-se que
Parágrafo único.   No caso do art.  160, parágrafo único, o referido espaço de tempo também deve ser observado dentro do
laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em contexto da prática delitiva. Ex.: sujeito que é encontrado com o
suas folhas por todos os peritos. dinheiro do roubo e as armas que empregou na prática do crime
Art.  180.   Se houver divergência entre os peritos, serão momentos após sua prática.
consignadas no auto do exame as declarações e respostas de Flagrante retardado (diferido, prorrogado): Hipótese não con-
um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, templada no Código de Processo Penal, mas no art. 2º, II, da Lei n.
e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, 9.034/95, chamada Lei do Crime Organizado. É decorrente da de-
nominada ação controlada e descrito como aquele em que o agente
a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros
policial pode deixar de intervir na ação que se supõe praticada por
peritos.
organização criminosa, desde que mantida a observação e o acom-
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no
panhamento, para efetuar a prisão em momento mais oportuno do
caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judi-
ponto de vista da produção de provas e fornecimento de informa-
ciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer
ções. Ex.: policial identifica atos criminosos de uma organização,
o laudo.
mas prevê a possibilidade de prender posteriormente com prova
Parágrafo único.  A autoridade poderá também ordenar que se
mais contundente, retardando, então, sua intervenção.
proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
Art. 182.  O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá- Espécies ilegais de flagrante
-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art.  183.   Nos crimes em que não couber ação pública, Flagrante preparado (provocado): nessa hipótese, aquele que
observar-se-á o disposto no art. 19. pretende efetuar a prisão de alguém induz esse alguém a praticar
Art. 184.  Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a um delito, justamente para poder prendê-lo. O agente que efetua
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando a prisão é quem provoca o ato criminoso. Nos termos da Súmula
não for necessária ao esclarecimento da verdade. 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação”. Ex.: um policial dis-
farçado objetiva prender determinada pessoa. Pede-lhe então que
PRISÃO EM FLAGRANTE lhe compre uma porção de droga, pois não quer ir até o ponto de
venda, dando voz de prisão quando ela retorna com a droga.
Anote-se que, se uma pessoa, tendo informações de que um
crime será praticado, apenas aguarda a sua execução e efetua a pri-
são nesse instante, o faz dentro da legalidade, pois não provocou a
Pode-se dizer que a prisão em flagrante é a que ocorre no situação. É o que a doutrina denomina flagrante esperado, que, na
momento em que o crime é cometido ou imediatamente após, de realidade, vai encaixar-se no flagrante próprio.
modo a indicar de maneira verossímil ser o agente seu autor. A pri- Flagrante forjado: ocorre quando aquele que quer prender
são em flagrante deve ser realizada pela autoridade policial e seus uma pessoa inventa, cria provas de um crime que nem sequer exis-
agentes (flagrante compulsório) e pode ser realizada por qualquer te. Na realidade, “inventa-se” o próprio crime. Ex.: agente que co-
um do povo (flagrante facultativo), consoante o art. 301 do CPP. loca arma de uso proibido dentro do carro de alguém e lhe dá voz
de prisão.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Como se sabe, uma vez imposta a prisão em flagrante, o preso esclarecê-la. Nesta hipótese, o preso deve ser colocado imediata-
é apresentado à autoridade policial, que deverá lavrar o auto de pri- mente em liberdade, tão logo seja conseguida sua identificação,
são em flagrante, documento que formaliza tal prisão. Formalizado a não ser que outro motivo recomende a manutenção da medida.
o auto, ele é encaminhado ao juiz competente que, de acordo com
a nova sistemática, deverá (art. 310 do CPP): I – relaxar a prisão
ilegal; ou II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quan-
do presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e
PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI Nº 7.960/89)
se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares
diversas da prisão; ou III – conceder liberdade provisória, com ou
sem fiança.
Ainda nos termos do parágrafo único de referido artigo, se o É a modalidade de prisão cautelar imposta por tempo
juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente prati- determinado. Está intimamente ligada à investigação, por isso só
cou o fato amparado por uma das causas excludentes da ilicitude tem lugar durante o inquérito policial. Por essa mesma razão, só
(art. 23 do CP), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado pode ser decretada pelo juiz mediante representação da autoridade
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos policial ou requerimento do Ministério Público, ou seja, não pode
os atos processuais, sob pena de revogação. o magistrado decretá-la de ofício. Formulado o pedido, tem ele o
prazo de 24 horas para decidir.
Se decretada a prisão, o mandado será expedido em duas vias
PRISÃO PREVENTIVA e uma delas será entregue ao preso, servindo como nota de culpa.
São requisitos para a decretação da prisão temporária: I – im-
prescindibilidade da medida para as investigações do inquérito po-
licial; II – o indiciado não ter residência fixa ou não fornecer dados
esclarecedores de sua identidade; III – fundadas razões de autoria
A prisão preventiva é modalidade de prisão processual que ou participação nos crimes elencados no art. 1º, III e alíneas, da
pode ser imposta – sempre pelo juiz – no curso do inquérito poli-
Lei n. 7.960/89.
cial e da ação penal. Pauta-se ela, como verdadeira medida caute-
Os prazos para a duração da prisão temporária são de 5 dias,
lar, pela necessidade de levar alguém ao cárcere enquanto não há
para crimes não hediondos, e de 30 dias, para crimes hediondos,
pronunciamento a respeito de sua culpa.
podendo ser prorrogados uma única vez, em caso de extrema e
Pode ser decretada pelo juiz de ofício ou mediante requeri-
comprovada necessidade. Decorrido o prazo legal, o preso deve
mento do Ministério Público, do assistente de acusação ou do que-
ser colocado incontinenti em liberdade, salvo se tiver sido decre-
relante ou representação do delegado de polícia. O despacho que
tada a sua prisão preventiva. Além disso, o preso temporário deve
a decreta deve ser devidamente fundamentado (art. 315 do CPP).
ficar separado dos demais detentos.
Para a decretação da preventiva, devem-se levar em conta três
ordens de requisitos, assim divididos: I – Pressupostos a) prova da
existência de crime doloso; b) existência de indícios suficientes
de autoria. II – Motivos autorizadores a) garantia da ordem pú-
PROCESSOS DOS CRIMES
blica: diz respeito à periculosidade do agente que, solto, poderá
DE RESPONSABILIDADE DOS
continuar a delinquir; deve-se anotar que os Tribunais Superiores
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
têm mantido o entendimento de que a gravidade da infração, por
si só, não autoriza a decretação da prisão preventiva; b) garantia
da ordem econômica: visa impedir que o agente, por sua conduta e
antecedentes, continue a praticar delitos econômicos e financeiros,
pondo em risco o bom funcionamento dessa importante esfera da
vida em sociedade; c) conveniência da instrução criminal: nesse CAPÍTULO II
caso, a conduta do agente demonstra que ele pode interferir na DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES
produção de provas, p. ex., ameaçando testemunhas ou queiman- DE RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLI-
do documentos, tornando-se necessária a prisão; d) garantia da COS
aplicação da lei penal: tem lugar quando há fundadas razões para
acreditar que possa haver fuga do agente; é necessária a presença Art. 513. Os crimes de responsabilidade dos funcionários
de elementos concretos que indiquem tal possibilidade; III – Con- públicos, cujo processo e julgamento competirão aos juízes de
dições de admissibilidade (art. 313 do CPP) a) crimes dolosos pu- direito, a queixa ou a denúncia será instruída com documentos
nidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos; ou justificação que façam presumir a existência do delito ou com
b) réu que tiver condenação por outro crime doloso, em sentença declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de
transitada em julgado, desde que não tenha sido afastada a reinci- qualquer dessas provas.
dência; c) crimes que envolverem violência doméstica e familiar
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou quei-
com deficiência, para garantir a execução das medidas proteti- xa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notifi-
vas de urgência; d) existência de dúvida sobre a identidade civil cação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de
da pessoa ou quando ela não fornecer elementos suficientes para quinze dias.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusa-
do, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado HABEAS CORPUS
defensor, a quem caberá apresentar a resposta preliminar.

Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o pra-


zo concedido para a resposta, os autos permanecerão em cartório,
onde poderão ser examinados pelo acusado ou por seu defensor. É ação de impugnação, destinada a fazer cessar coação ou
ameaça de coação a direito de locomoção da pessoa, por ilegalidade
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com docu- ou abuso de poder (ou seja, constrangimento ilegal).
mentos e justificações. O Código de Processo Penal, em seu art. 648, traz enumeração
do que se entende por constrangimento ilegal: a) quando houver
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho falta de justa causa (para a ação, prisão ou investigação); b) quan-
fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu do alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; c)
defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação. quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-
-lo; d) quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado e) quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em
citado, na forma estabelecida no Capítulo I do Título X do Livro I. que a lei autoriza; f) quando o processo for manifestamente nulo;
g) quando estiver extinta a punibilidade.
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do pro- A ordem será impetrada sempre perante o órgão judiciário
cesso, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste imediatamente superior à instância da autoridade coatora, que po-
Livro. derá requisitar as informações desta. Não há prazo estabelecido
para impetração de habeas corpus.
1 Hipótese de cabimento. O rito aqui reproduzido tem cabi-
mento quando o crime imputado a funcionário público for afiançá- Questão
vel, e, ainda, desde que o funcionário não tenha foro privilegiado
por prerrogativa de função. 1. Ano: 2008. Banca: CESPE. Órgão: TJ-DFT. Prova: Analis-
ta Judiciário - Área Judiciária
2 Infrações que comportam a aplicação de tal rito. São aquelas
previstas nos arts. 312 a 326, do Código Penal (peculato, concus- Analise a proposição é verdadeira ou falsa: No caso de habeas
são, corrupção passiva, facilitação de contrabando ou descaminho, corpus repressivo, se o juiz verificar, antes do julgamento do pedi-
prevaricação, condescendência criminosa, violência arbitrária, do de liminar, que a coação ilegal já cessou, não poderá julgar pre-
abandono de função etc.). judicado o pedido, devendo enfrentar o mérito, tendo em vista que
a coação ilegal representa violação a direito humano fundamental
3 Notificação do acusado. De acordo com o art. 514, do Códi- e pode vir a se repetir.
go de Processo Penal, nos crimes afiançáveis, estando a denúncia/
queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a no Gabarito: Falsa
tificação do acusado para responder por escrito, no prazo de quinze
dias (é esta característica que torna especial o procedimento). Tal
resposta antecede ao próprio recebimento da peça acusatória, de
maneira que, se o juiz se convencer dos argumentos utilizados pelo LEI 12.830/2013
defensor, poderá rejeitar a denúncia/queixa com base no art. 395,
do Código de Processo Penal.
Há se tomar especial atenção, contudo, em relação à Súmula
nº 330, STJ, segundo a qual é desnecessária a resposta preliminar A lei em comento dispõe sobre a investigação criminal con-
de que trata o art. 514, CPP, na ação penal instruída por inquérito duzida pelo delegado de polícia, em conformidade com os termos
policial. Parcela considerável da doutrina discorda de tal posicio- abaixo.
namento, alegando que, esteja ou não a ação penal instruída por A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
inquérito policial (ou elemento informativo equivalente), continua gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
tal defesa a ser obrigatória, por observância da cláusula do devido Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal
processo legal, do contraditório, e da ampla defesa. É este, inclu- conduzida pelo delegado de polícia. 
sive, o posicionamento prevalente no Supremo Tribunal Federal, Art. 2o   As funções de polícia judiciária e a apuração de
nada obstante a Súmula do Superior Tribunal de Justiça. infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza
jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. 
4 Recebimento da denúncia/queixa. Com o recebimento da § 1o  Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade
inicial acusatória, o procedimento se “ordinariza”. policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de
inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem
como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da
autoria das infrações penais.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
 § 2o  Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de Comissão Interamericana de Direitos Humanos
polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados
que interessem à apuração dos fatos. Características principais:
 § 3o  (VETADO).
  § 4o  O inquérito policial ou outro procedimento previsto • promoção dos direitos humanos e sua respectiva proteção;
em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído • expedição de recomendações aos governos dos Estados-par-
por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por tes para, efetivamente, adotar as medidas adequadas, bem como
motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância solicitar informações, relatórios etc;
dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que • é composta por 7 comissários eleitos, a título pessoal, para
prejudique a eficácia da investigação. um mandato de 4 anos, renovável uma vez, desde que oriundos de
 § 5o  A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por países da OEA;
ato fundamentado. • assume dupla competência: recebe as petições (individuais,
 § 6o  O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á de grupos de indivíduos, de organizações não governamentais) que
por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, relatem violações de direitos humanos e elabora relatórios varia-
que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. dos sobre a situação de direitos humanos nos países signatários.
 Art. 3o  O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel Além disso, pode encaminhar o caso à Corte Interamericana;
em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento • no aspecto processual a Comissão, ao receber uma petição,
protocolar que recebem os magistrados, os membros da Defensoria deverá analisar seus requisitos formais de admissibilidade: prévio
Pública e do Ministério Público e os advogados. esgotamento dos recursos internos (salvo demora processual in-
 Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. justificada); inexistência de litispendência internacional; se a pe-
  Brasília, 20 de junho de 2013; 192o da Independência e tição foi formulada no prazo de 6 meses a partir da data em que
125  da República.
o a vítima foi notificada da decisão definitiva; dados qualificativos
 DILMA ROUSSEFF do peticionário e daqueles sobre quem se peticiona, bem como, no
José Eduardo Cardozo mérito, a demonstração ou comprovação de violação de direitos
Miriam Belchior humanos tutelados em tratados internacionais.
Luís Inácio Lucena Adams
7.4.8.2 Corte Interamericana de Direitos Humanos

Características principais dessa Corte:


PACTO DE SÃO JOSE DA COSTA RICA
• é um órgão judicial autônomo, embora subordinado à OEA,
que tem sede em
San José (Costa Rica), cujo propósito é aplicar e interpretar a
Convenção Americana de Direitos Humanos e outros tratados de
direitos humanos.
A Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San
• composição: 7 juízes, nacionais dos Estados da OEA, eleitos
José da Costa Rica – Sistema Regional (OEA, 1969). Essa Con-
dentre juristas de alta autoridade moral e reconhecida competência
venção apenas pode ser ratificada por Estados americanos, inte- em sede de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas
grantes da OEA. para o exercício das mais elevadas funções judiciais conforme a lei
A Convenção Americana assegura um catálogo de direitos ci- do país do qual sejam nacionais ou do Estado que lhes proponha a
vis e políticos de forma semelhante ao que fez o Pacto Internacio- candidatura; mandato de 6 anos, permitida uma reeleição;
nal de Direitos Civis e Políticos, de que são exemplos: o direito à • exerce competência contenciosa e consultiva;
vida, à liberdade, à personalidade jurídica, a um julgamento justo, • na competência contenciosa os indivíduos não têm
à privacidade, à proibição da escravidão, à integridade pessoal etc. capacidade para recorrer diretamente à Corte (salvo em situações
Em outro sentido, a Convenção não declara direitos sociais, especialíssimas em que se pleita uma tutela cautelar), pois somente
econômicos ou culturais, embora se limite a instar os Estados a, os Estados-partes e a própria Comissão Interamericana podem fa-
progressivamente, alcançarem tais realizações, mediante a adoção zê-lo; é imprescindível que o Estado denunciado reconheça a com-
de medidas legislativas ou administrativas para esse fim. Assim, petência jurisdicional da Corte; a Corte conhece dos casos em que
estabelece um forte aparato de acompanhamento e implantação se alegue que um dos Estados membros tenha violado um direito
dos direitos que revela formado pela Comissão Interamericana de ou liberdade protegidos pela Convenção, sendo necessário que
Direitos Humanos pela Corte Interamericana de Direitos Huma- se tenham esgotado os procedimentos previstos nesta; o procedi-
nos. Ressalte-se que o Brasil ratificou em 1996 o Protocolo adicio- mento junto à Corte é de caráter contraditório e termina com uma
nal referente à Abolição da Pena de Morte e o Protocolo adicional sentença judicial motivada, obrigatória, definitiva e inapelável que
referente aos direitos econômicos, sociais e culturais (este último declara no julgado a violação de direitos humanos tutelados pelo
denominado de Protocolo de San Salvador, acrescentando direitos Pacto, determina ainda sua imediata restauração e, se for o caso,
trabalhistas, sindicais etc.). ordena o pagamento de justa indenização à parte lesada;
• na competência consultiva, a Corte emite pareceres (opi-
niões consultivas) acerca da interpretação da Convenção Ameri-
cana de Direitos Humanos ou de outros tratados concernentes à
proteção dos direitos humanos no âmbito dos Estados americanos.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Pode a Corte, ainda, a pedido de um Estado membro da OEA, Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Ex-
emitir parecer sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis traordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à pró-
internas e os mencionados tratados internacionais. pria Carta da Organização de normas mais amplas sobre os direitos
econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma Convenção
Protocolo adicional à Convenção Americana – Protocolo de Interamericana sobre Direitos Humanos determinasse a estrutura,
San Salvador (1988) competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria;
Convieram no seguinte:
O texto original da Convenção Americana de Direitos Huma-  
nos (1969) praticamente não mencionava os direitos de segunda PARTE I - DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS
dimensão para não inibir o ingresso dos EUA no pacto. PROTEGIDOS
A Convenção Americana, em seu art. 26, proclamava a ne- Capítulo I - ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
cessidade de haver um desenvolvimento progressivo dos direitos Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos
sociais, econômicos e culturais (2ª dimensão) e foi o que aconteceu 1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a res-
com o protocolo adicional de 1988. peitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu
Assim, o Protocolo de São Salvador incitava os Estados à livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua juris-
maximização de recursos econômicos e técnicos visando dar efe- dição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo,
tividade a tais direitos, inclusive por meio de cooperação interna- idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra nature-
cional (art. 1º). za, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou
Destacam-se, por outro lado, como direitos e instrumentos de qualquer outra condição social.
proteção acrescentados no protocolo: 2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno
a) direito ao trabalho;
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no ar-
b) condições mínimas e justas de trabalho (salário mínimo,
tigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou
férias, descanso remunerado etc);
de outra natureza, os Estados-partes comprometem-se a adotar, de
c) direitos sindicais (sindicalização e greve);
acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições
d) direitos previdenciários (aposentadoria);
desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que
e) direito à saúde (educação, prevenção de doenças e atendi-
mento); forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
f) direito ao meio ambiente sadio; Capítulo II - DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
g) direito à educação e acesso à cultura; Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade jurí-
h) direito à constituição de família e sua manutenção; dica
i) proteção especial às crianças, aos idosos e deficientes; Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personali-
j) meios de proteção (sistema de relatórios periódicos apre- dade jurídica.
sentados ao secretário-geral da OEA para adoção de providências) Artigo 4º - Direito à vida
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse
O Pacto em comento se encontra de forma pormenorizada dis- direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento
ciplinado no texto colacionado a seguir: da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta
PREÂMBULO só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção, de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido
dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de li- cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais
berdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direi- não se aplique atualmente.
tos humanos essenciais; 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que
Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana a hajam abolido.
não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a deli-
mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa tos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos.
humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no mo-
natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que ofe- mento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou
rece o direito interno dos Estados americanos; maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
Considerando que esses princípios foram consagrados na Car- 6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anis-
ta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Ameri- tia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos
cana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto
dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e desenvolvidos o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente.
em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial Artigo 5º - Direito à integridade pessoal
como regional; 1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos física, psíquica e moral.
Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser humano 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou
livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de
que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade ine-
sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e rente ao ser humano.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. petente, a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça,
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode
salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas. 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos
separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
a maior rapidez possível, para seu tratamento. Artigo 8º - Garantias judiciais
6. As penas privativas de liberdade devem ter por finalidade 1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas
essencial a reforma e a readaptação social dos condenados. garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente
1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra
tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter
proibidos em todas as suas formas. civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se pre-
ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos, suma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua
pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados,
culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igual-
esta disposição não pode ser interpretada no sentido de proibir o
dade, às seguintes garantias mínimas:
cumprimento da dita pena, imposta por um juiz ou tribunal com-
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um
petente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, nem a
tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua
capacidade física e intelectual do recluso.
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os do juízo ou tribunal;
efeitos deste artigo: b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acu-
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa sação formulada;
reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à
pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços preparação de sua defesa;
devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser
públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livre-
à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de mente e em particular, com seu defensor;
caráter privado; e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor pro-
b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção por porcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação
motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei estabe- interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear
lecer em lugar daquele; defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no
ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade; Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peri-
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas tos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos;
normais. g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal confessar-se culpada; e
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo 3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas Constitui- nenhuma natureza.
ções políticas dos Estados-partes ou pelas leis de acordo com elas 4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado
promulgadas. não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramen- 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for neces-
to arbitrários. sário para preservar os interesses da justiça.
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade
da detenção e notificada, sem demora, da acusação ou das acusa-
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no
ções formuladas contra ela.
momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acor-
5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem
do com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais
demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada por
lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada em grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se,
prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garan- mais leve, o deliquente deverá dela beneficiar-se.
tias que assegurem o seu comparecimento em juízo. Artigo 10 - Direito à indenização
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no
juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora, caso de haver sido condenada em sentença transitada em julgado,
sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura, por erro judiciário.
se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-partes cujas Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada 1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao reco-
de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com- nhecimento de sua dignidade.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abu- 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publi-
sivas em sua vida privada, em sua família, em seu domicílio ou cação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televi-
em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou são, deve ter uma pessoa responsável, que não seja protegida por
reputação. imunidades, nem goze de foro especial.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais inge- Artigo 15 - Direito de reunião
rências ou tais ofensas. É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas.
Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade
religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança ou
ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou
a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, os direitos e as liberdades das demais pessoas.
individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. Artigo 16 - Liberdade de associação
2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas que pos- 1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente
sam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas cren- com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhis-
tas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza.
ças, ou de mudar de religião ou de crenças.
2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às restrições
3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
previstas em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade
crenças está sujeita apenas às limitações previstas em lei e que se
democrática, ao interesse da segurança nacional, da segurança e da
façam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou
ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou
a moral públicas ou os direitos e as liberdades das demais pessoas. os direitos e as liberdades das demais pessoas.
4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito a que 3. O presente artigo não impede a imposição de restrições le-
seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e moral que gais, e mesmo a privação do exercício do direito de associação, aos
esteja de acordo com suas próprias convicções. membros das forças armadas e da polícia.
Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão Artigo 17 - Proteção da família
1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de 1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem conside- 2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraí-
rações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma im- rem casamento e de constituírem uma família, se tiverem a idade
pressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha. e as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não que não afetem estas o princípio da não-discriminação estabeleci-
pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ul- do nesta Convenção.
teriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se 3. O casamento não pode ser celebrado sem o consentimento
façam necessárias para assegurar: livre e pleno dos contraentes.
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; 4. Os Estados-partes devem adotar as medidas apropriadas
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da para assegurar a igualdade de direitos e a adequada equivalência
saúde ou da moral públicas. de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e o mesmo e por ocasião de sua dissolução. Em caso de dissolução,
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou parti- serão adotadas as disposições que assegurem a proteção necessária
culares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de aos filhos, com base unicamente no interesse e conveniência dos
equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem mesmos.
por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nasci-
circulação de idéias e opiniões. dos fora do casamento, como aos nascidos dentro do casamento.
Artigo 18 - Direito ao nome
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus
prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para
pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar
proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do dis-
a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário.
posto no inciso 2.
Artigo 19 - Direitos da criança
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem Toda criança terá direito às medidas de proteção que a sua
como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que cons- condição de menor requer, por parte da sua família, da sociedade
titua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à vio- e do Estado.
lência. Artigo 20 - Direito à nacionalidade
Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou ofen- 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo
sivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente território houver nascido, se não tiver direito a outra.
regulamentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionali-
a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, dade, nem do direito de mudá-la.
nas condições que estabeleça a lei. Artigo 21 - Direito à propriedade privada
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A lei
outras responsabilidades legais em que se houver incorrido. pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo me- Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas
diante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.
pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos 2. Os Estados-partes comprometem-se:
pela lei. a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sis-
3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de exploração do tema legal do Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que
homem pelo homem, devem ser reprimidas pela lei. interpuser tal recurso;
Artigo 22 - Direito de circulação e de residência b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e
1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes,
Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir, de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recurso.
em conformidade com as disposições legais. Capítulo III - DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CUL-
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer TURAIS
país, inclusive de seu próprio país. Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo
3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restrin- Os Estados-partes comprometem-se a adotar as providências,
gido, senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma tanto no âmbito interno, como mediante cooperação internacional,
sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressi-
proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a vamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas
moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes
pessoas. da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tam- Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis,
bém ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo por via legislativa ou por outros meios apropriados.
de interesse público. Capítulo IV - SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRE-
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual TAÇÃO E APLICAÇÃO
for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar. Artigo 27 - Suspensão de garantias
6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emer-
um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser expul- gência que ameace a independência ou segurança do Estado-parte,
so em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei. este poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em ter- estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
ritório estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais
comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legislação disposições não sejam incompatíveis com as demais obrigações
de cada Estado e com as Convenções internacionais. que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discrimina-
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entre- ção alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, reli-
gue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou gião ou origem social.
à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos di-
raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões reitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhe-
políticas. cimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão),
Artigo 23 - Direitos políticos 9 (princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e consciência e religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao
oportunidades: nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à nacionalidade) e 23
a) de participar da condução dos assuntos públicos, direta- (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a prote-
mente ou por meio de representantes livremente eleitos; ção de tais direitos.
b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, rea- 3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito
lizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que de suspensão deverá comunicar imediatamente aos outros Estados-
garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e -partes na presente Convenção, por intermédio do Secretário Geral
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções da Organização dos Estados Americanos, as disposições cuja apli-
públicas de seu país. cação haja suspendido, os motivos determinantes da suspensão e a
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunida- data em que haja dado por terminada tal suspensão.
des, a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo Artigo 28 - Cláusula federal
de idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade 1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído como Es-
civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo tado federal, o governo nacional do aludido Estado-parte cumprirá
penal. todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as
Artigo 24 - Igualdade perante a lei matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm 2. No tocante às disposições relativas às matérias que corres-
direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da lei. pondem à competência das entidades componentes da federação,
Artigo 25 - Proteção judicial o governo nacional deve tomar imediatamente as medidas perti-
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a nentes, em conformidade com sua Constituição e com suas leis,
qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais com- a fim de que as autoridades competentes das referidas entidades
petentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos funda- possam adotar as disposições cabíveis para o cumprimento desta
mentais reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente Convenção.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem constituir Artigo 36 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos a título
entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligenciarão pessoal, pela Assembléia Geral da Organização, a partir de uma lis-
no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as dis- ta de candidatos propostos pelos governos dos Estados-membros.
posições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo 2. Cada um dos referidos governos pode propor até três can-
Estado, assim organizado, as normas da presente Convenção. didatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro
Artigo 29 - Normas de interpretação Estado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando
Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser inter- for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles
pretada no sentido de: deverá ser nacional de Estado diferente do proponente.
a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou indivíduo, Artigo 37 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos por qua-
suprimir o gozo e o exercício dos direitos e liberdades reconheci- tro anos e só poderão ser reeleitos um vez, porém o mandato de
dos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela três dos membros designados na primeira eleição expirará ao cabo
prevista; de dois anos. Logo depois da referida eleição, serão determinados
b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade por sorteio, na Assembléia Geral, os nomes desses três membros.
que possam ser reconhecidos em virtude de leis de qualquer dos 2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de
Estados-partes ou em virtude de Convenções em que seja parte um um mesmo país.
dos referidos Estados; Artigo 38 - As vagas que ocorrerem na Comissão, que não
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser se devam à expiração normal do mandato, serão preenchidas pelo
humano ou que decorrem da forma democrática representativa de Conselho Permanente da Organização, de acordo com o que dispu-
governo; ser o Estatuto da Comissão.
d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declara- Artigo 39 - A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á
ção Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos à aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu próprio Regula-
internacionais da mesma natureza. mento.
Artigo 30 - Alcance das restrições Artigo 40 - Os serviços da Secretaria da Comissão devem ser
As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao desempenhados pela unidade funcional especializada que faz par-
gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não te da Secretaria Geral da Organização e deve dispor dos recursos
podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promul- necessários para cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela
gadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual Comissão.
houverem sido estabelecidas. Seção 2 - Funções
Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos  
Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta Conven- Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de promover a
ção, outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício de seu
com os processos estabelecidos nos artigo 69 e 70. mandato, tem as seguintes funções e atribuições:
a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da
Capítulo V - DEVERES DAS PESSOAS América;
Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos b) formular recomendações aos governos dos Estados-mem-
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade bros, quando considerar conveniente, no sentido de que adotem
e a humanidade. medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como
demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses
comum, em uma sociedade democrática. direitos;
c) preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes
PARTE II - MEIOS DE PROTEÇÃO para o desempenho de suas funções;
Capítulo VI - ÓRGÃOS COMPETENTES d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe pro-
Artigo 33 - São competentes para conhecer de assuntos rela- porcionem informações sobre as medidas que adotarem em maté-
cionados com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos ria de direitos humanos;
Estados-partes nesta Convenção: e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da
a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravan- Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados-
te denominada a Comissão; e -membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e,
b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que
denominada a Corte. lhes solicitarem;
Capítulo VII - COMISSÃO INTERAMERICANA DE DI- f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no
REITOS HUMANOS exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos
Seção 1 - Organização artigos 44 a 51 desta Convenção; e
Artigo 34 - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos g) apresentar um relatório anual à Assembléia Geral da Orga-
compor-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta nização dos Estados Americanos.
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos Artigo 42 - Os Estados-partes devem submeter à Comissão
humanos. cópia dos relatórios e estudos que, em seus respectivos campos,
Artigo 35 - A Comissão representa todos os Membros da Or- submetem anualmente às Comissões Executivas do Conselho In-
ganização dos Estados Americanos. teramericano Econômico e Social e do Conselho Interamericano

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que aquela zele para que c) houver demora injustificada na decisão sobre os menciona-
se promovam os direitos decorrentes das normas econômicas, so- dos recursos.
ciais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda petição
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45
de Buenos Aires. quando:
Artigo 43 - Os Estados-partes obrigam-se a proporcionar à a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo
Comissão as informações que esta lhes solicitar sobre a maneira 46;
pela qual seu direito interno assegura a aplicação efetiva de quais- b) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos
quer disposições desta Convenção. garantidos por esta Convenção;
Seção 3 - Competência c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for
  manifestamente infundada a petição ou comunicação ou for evi-
Artigo 44 - Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou enti- dente sua total improcedência; ou
dade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais d) for substancialmente reprodução de petição ou comunica-
Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão ção anterior, já examinada pela Comissão ou por outro organismo
petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta internacional.
Convenção por um Estado-parte. Seção 4 - Processo
Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do de- Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comuni-
pósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção, ou de cação na qual se alegue a violação de qualquer dos direitos consa-
adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que re- grados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira:
conhece a competência da Comissão para receber e examinar as a) se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunica-
comunicações em que um Estado-parte alegue haver outro Estado- ção, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença
-parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e
nesta Convenção. transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As
2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo ra-
ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado- zoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias de
-parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referi- cada caso;
b) recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado
da competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma
sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem
comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal decla-
os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem
ração.
ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente;
3. As declarações sobre reconhecimento de competência po-
c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improce-
dem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por pe-
dência da petição ou comunicação, com base em informação ou
ríodo determinado ou para casos específicos.
prova supervenientes;
4. As declarações serão depositadas na Secretaria Geral da Or-
d) se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de
ganização dos Estados Americanos, a qual encaminhará cópia das
comprovar os fatos, a Comissão procederá, com conhecimento das
mesmas aos Estados-membros da referida Organização. partes, a um exame do assunto exposto na petição ou comunica-
Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada ção. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma
de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, investigação para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados
será necessário: interessados lhe proporcionarão, todas as facilidades necessárias;
a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da juris- e) poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação
dição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional pertinente e receberá, se isso for solicitado, as exposições verbais
geralmente reconhecidos; ou escritas que apresentarem os interessados; e
b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir f) pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de che-
da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha gar a uma solução amistosa do assunto, fundada no respeito aos
sido notificado da decisão definitiva; direitos reconhecidos nesta Convenção.
c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pen- 2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realiza-
dente de outro processo de solução internacional; e da uma investigação, mediante prévio consentimento do Estado
d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a em cujo território se alegue houver sido cometida a violação, tão
nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa somente com a apresentação de uma petição ou comunicação que
ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a reúna todos os requisitos formais de admissibilidade.
petição. Artigo 49 - Se se houver chegado a uma solução amistosa de
2. As disposições das alíneas “a” e “b” do inciso 1 deste artigo acordo com as disposições do inciso 1, “f”, do artigo 48, a Comis-
não se aplicarão quando: são redigirá um relatório que será encaminhado ao peticionário e
a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, aos Estados-partes nesta Convenção e posteriormente transmitido,
o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que para sua publicação, ao Secretário Geral da Organização dos Esta-
se alegue tenham sido violados; dos Americanos. O referido relatório conterá uma breve exposição
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus dos fatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso
direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação pos-
ele impedido de esgotá-los; e sível.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do Artigo 55 - 1. O juiz, que for nacional de algum dos Estados-
prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um -partes em caso submetido à Corte, conservará o seu direito de
relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relató- conhecer do mesmo.
rio não representar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos 2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de na-
membros da Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido cionalidade de um dos Estados-partes, outro Estado-parte no caso
relatório seu voto em separado. Também se agregarão ao relatório poderá designar uma pessoa de sua escolha para integrar a Corte,
as exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos na qualidade de juiz ad hoc.
interessados em virtude do inciso 1, “e”, do artigo 48. 3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos for da nacionalidade dos Estados-partes, cada um destes poderá
quais não será facultado publicá-lo. designar um juiz ad hoc.
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as 4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo
proposições e recomendações que julgar adequadas. 52.
Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa 5. Se vários Estados-partes na Convenção tiverem o mesmo
aos Estados interessados do relatório da Comissão, o assunto não interesse no caso, serão considerados como uma só parte, para os
fins das disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte deci-
houver sido solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Co-
dirá.
missão ou pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a
Artigo 56 - O quorum para as deliberações da Corte é consti-
Comissão poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus
tuído por cinco juízes.
membros, sua opinião e conclusões sobre a questão submetida à
Artigo 57 - A Comissão comparecerá em todos os casos pe-
sua consideração. rante a Corte.
2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um Artigo 58 - 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determi-
prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe com- nado, na Assembléia Geral da Organização, pelos Estados-partes
petir para remediar a situação examinada. na Convenção, mas poderá realizar reuniões no território de qual-
3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto quer Estado-membro da Organização dos Estados Americanos
da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não em que considerar conveniente, pela maioria dos seus membros
as medidas adequadas e se publica ou não seu relatório. e mediante prévia aquiescência do Estado respectivo. Os Estados-
Capítulo VIII - CORTE INTERAMERICANA DE DIREI- -partes na Convenção podem, na Assembléia Geral, por dois terços
TOS HUMANOS dos seus votos, mudar a sede da Corte.
Seção 1 - Organização 2. A Corte designará seu Secretário.
Artigo 52 - 1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais 3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir às
dos Estados-membros da Organização, eleitos a título pessoal den- reuniões que ela realizar fora da mesma.
tre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida compe- Artigo 59 - A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e
tência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições funcionará sob a direção do Secretário Geral da Organização em
requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de tudo o que não for incompatível com a independência da Corte.
acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado Seus funcionários serão nomeados pelo Secretário Geral da Orga-
que os propuser como candidatos. nização, em consulta com o Secretário da Corte.
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. Artigo 60 - A Corte elaborará seu Estatuto e submetê-lo-á à
Artigo 53 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu Regimento.
secreta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-partes na Con-  
venção, na Assembléia Geral da Organização, a partir de uma lista Seção 2 - Competência e funções
de candidatos propostos pelos mesmos Estados. Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm
2. Cada um dos Estados-partes pode propor até três candi- direito de submeter um caso à decisão da Corte.
datos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro 2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é ne-
cessário que sejam esgotados os processos previstos nos artigos
Estado-membro da Organização dos Estados Americanos. Quando
48 a 50.
se propuser um lista de três candidatos, pelo menos um deles deve-
Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósi-
rá ser nacional do Estado diferente do proponente.
to do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão
Artigo 54 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período
a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece
de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato de três como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a
dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de três competência da Corte em todos os casos relativos à interpretação
anos. Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão ou aplicação desta Convenção.
por sorteio, na Assembléia Geral, os nomes desse três juízes. 2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob
2. O juiz eleito para substituir outro, cujo mandato não haja condição de reciprocidade, por prazo determinado ou para casos
expirado, completará o período deste. específicos. Deverá ser apresentada ao Secretário Geral da Organi-
3. Os juízes permanecerão em suas funções até o término dos zação, que encaminhará cópias da mesma a outros Estados-mem-
seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionando nos casos de bros da Organização e ao Secretário da Corte.
que já houverem tomado conhecimento e que se encontrem em 3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso,
fase de sentença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Conven-
novos juízes eleitos. ção, que lhe seja submetido, desde que os Estados-partes no caso

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja 2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum dos
por declaração especial, como prevêem os incisos anteriores, seja juízes da Corte, nem dos membros da Comissão, por votos e opi-
por convenção especial. niões emitidos no exercício de suas funções.
Artigo 63 - 1. Quando decidir que houve violação de um direi- Artigo 71 - Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Co-
to ou liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte determinará missão são incompatíveis com outras atividades que possam afetar
que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade sua independência ou imparcialidade, conforme o que for determi-
violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam nado nos respectivos Estatutos.
reparadas as consequências da medida ou situação que haja confi- Artigo 72 - Os juízes da Corte e os membros da Comissão per-
gurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de inde- ceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas condições
nização justa à parte lesada. que determinarem os seus Estatutos, levando em conta a importân-
2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se cia e independência de suas funções. Tais honorários e despesas
fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos de viagem serão fixados no orçamento-programa da Organização
assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas pro- dos Estados Americanos, no qual devem ser incluídas, além disso,
visórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que as despesas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Cor-
ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá te elaborará o seu próprio projeto de orçamento e submetê-lo-á à
atuar a pedido da Comissão. aprovação da Assembléia Geral, por intermédio da Secretaria Ge-
Artigo 64 - 1. Os Estados-membros da Organização pode- ral. Esta última não poderá nele introduzir modificações.
rão consultar a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou Artigo 73 - Somente por solicitação da Comissão ou da Corte,
de outros tratados concernentes à proteção dos direitos humanos conforme o caso, cabe à Assembléia Geral da Organização resol-
nos Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que ver sobre as sanções aplicáveis aos membros da Comissão ou aos
lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da Carta da juízes da Corte que incorrerem nos casos previstos nos respectivos
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo Estatutos. Para expedir uma resolução, será necessária maioria de
de Buenos Aires. dois terços dos votos dos Estados-membros da Organização, no
2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Organização, caso dos membros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos
poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de votos dos Estados-partes na Convenção, se se tratar dos juízes da
suas leis internas e os mencionados instrumentos internacionais. Corte.
Artigo 65 - A Corte submeterá à consideração da Assembléia PARTE III - DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Geral da Organização, em cada período ordinário de sessões, um  
relatório sobre as suas atividades no ano anterior. De maneira es- Capítulo X - ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA,
pecial, e com as recomendações pertinentes, indicará os casos em EMENDA, PROTOCOLO E DENÚNCIA
que um Estado não tenha dado cumprimento a suas sentenças. Artigo 74 - 1. Esta Convenção está aberta à assinatura e à rati-
  ficação de todos os Estados-membros da Organização dos Estados
Seção 3 - Processo Americanos.
  2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela efetuar-se-
Artigo 66 - 1. A sentença da Corte deve ser fundamentada. -á mediante depósito de um instrumento de ratificação ou adesão
2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião na Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos. Esta
unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que se agregue à Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem de-
sentença o seu voto dissidente ou individual. positado os seus respectivos instrumentos de ratificação ou de ade-
Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. são. Com referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou que
Em caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na data
Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o do depósito do seu instrumento de ratificação ou adesão.
pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da 3. O Secretário Geral comunicará todos os Estados-membros
notificação da sentença. da Organização sobre a entrada em vigor da Convenção.
Artigo 68 - 1. Os Estados-partes na Convenção comprome- Artigo 75 - Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em
tem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem conformidade com as disposições da Convenção de Viena sobre o
partes. Direito dos Tratados, assinada em 23 de maio de 1969.
2. A parte da sentença que determinar indenização compensa- Artigo 76 - 1. Qualquer Estado-parte, diretamente, e a Comis-
tória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno são e a Corte, por intermédio do Secretário Geral, podem submeter
vigente para a execução de sentenças contra o Estado. à Assembléia Geral, para o que julgarem conveniente, proposta de
Artigo 69 - A sentença da Corte deve ser notificada às partes emendas a esta Convenção.
no caso e transmitida aos Estados-partes na Convenção. 2. Tais emendas entrarão em vigor para os Estados que as
ratificarem, na data em que houver sido depositado o respectivo
Capítulo IX - DISPOSIÇÕES COMUNS instrumento de ratificação, por dois terços dos Estados-partes nesta
Artigo 70 - 1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão Convenção. Quanto aos outros Estados-partes, entrarão em vigor
gozam, desde o momento da eleição e enquanto durar o seu man- na data em que eles depositarem os seus respectivos instrumentos
dato, das imunidades reconhecidas aos agentes diplomáticos pelo de ratificação.
Direito Internacional. Durante o exercício dos seus cargos gozam, Artigo 77 - 1. De acordo com a faculdade estabelecida no arti-
além disso, dos privilégios diplomáticos necessários para o desem- go 31, qualquer Estado-parte e a Comissão podem submeter à con-
penho de suas funções. sideração dos Estados-partes reunidos por ocasião da Assembléia

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Geral projetos de Protocolos adicionais a esta Convenção, com a REFERÊNCIAS
finalidade de incluir progressivamente, no regime de proteção da
mesma, outros direitos e liberdades. CAPOBIANCO, Rodrigo Julio; SANTOS, Vauledir Ribeiro.
2. Cada Protocolo deve estabelecer as modalidades de sua en- Como se preparar para o Exame da Ordem, 1ª Fase Processo
trada em vigor e será aplicado somente entre os Estados-partes no Penal. São Paulo: Método, 2014.
mesmo.
Artigo 78 - 1. Os Estados-partes poderão denunciar esta Con- FERRAREZI, Ellim Fernanda Silva. Direitos fundamen-
venção depois de expirado o prazo de cinco anos, a partir da data tais e processo penal constitucional: Devido processo legal e
em vigor da mesma e mediante aviso prévio de um ano, notifican- seus corolários. Disponível em: < http://www.ambitojuridico.
do o Secretário Geral da Organização, o qual deve informar as com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
outras partes. id=13388&revista_caderno=9>. Acesso em: 28 set. 2015.
2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado-parte
interessado das obrigações contidas nesta Convenção, no que diz FIGUEIREDO, Fábio Vieira, et. al. Teoria Unificada. 4ª ed.
respeito a qualquer ato que, podendo constituir violação dessas Saraiva, 2013
obrigações, houver sido cometido por ele anteriormente à data na
qual a denúncia produzir efeito. SILVA NETO, Massilon de Oliveira. Processo penal des-
  complicado 1/3. Disponível em: <http://massilonneto.jusbrasil.
Capítulo XI - com.br/artigos/121935043/processo-penal-descomplicado-1-3>.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Acesso em: 27 set. 2015.
 
Seção 1 - Comissão Interamericana de Direitos Humanos TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de
Artigo 79 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário Direito Processual Penal. 8ª ed. Salvador: Juspodvm, 2013.
Geral pedirá por escrito a cada Estado-membro da Organização
que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus candida-
tos a membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
O Secretário Geral preparará uma lista por ordem alfabética dos
candidatos apresentados e a encaminhará aos Estados-membros
da Organização, pelo menos trinta dias antes da Assembléia Geral
seguinte.
Artigo 80 - A eleição dos membros da Comissão far-se-á den-
tre os candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo 79,
por votação secreta da Assembléia Geral, e serão declarados elei-
tos os candidatos que obtiverem maior número de votos e a maio-
ria absoluta dos votos dos representantes dos Estados-membros.
Se, para eleger todos os membros da Comissão, for necessário
realizar várias votações, serão eliminados sucessivamente, na for-
ma que for determinada pela Assembléia Geral, os candidatos que
receberem maior número de votos.
 
Seção 2 - Corte Interamericana de Direitos Humanos
Artigo 81 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário
Geral pedirá a cada Estado-parte que apresente, dentro de um pra-
zo de noventa dias, seus candidatos a juiz da Corte Interamericana
de Direitos Humanos. O Secretário Geral preparará uma lista por
ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará aos
Estados-partes pelo menos trinta dias antes da Assembléia Geral
seguinte.
Artigo 82 - A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os
candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por
votação secreta dos Estados-partes, na Assembléia Geral, e serão
declarados eleitos os candidatos que obtiverem o maior número
de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes dos
Estados-partes. Se, para eleger todos os juízes da Corte, for neces-
sário realizar várias votações, serão eliminados sucessivamente, na
forma que for determinada pelos Estados-partes, os candidatos que
receberem menor número de votos.
____________
Adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada
Interamericana sobre Direitos Humanos, em San José de Costa
Rica, em 22.11.1969 - ratificada pelo Brasil em 25.09.1992

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O princípio norteador à aplicação da lei penal é o da
Prof. Sarah Caroline de Deus Pereira dignidade da pessoa humana, em que o Estado e o Direito não
são considerados fins, mas meios para que se realize o aludido
Advogada, Consultora Jurídica, Parecerista e Professora Uni- princípio.
versitária. Além disso, o princípio da legalidade, o qual prescreve que
Mestrado em Teoria Geral do Direito e do Estado pelo Cen- não há crime sem lei que delimite o fato como infração penal, e
tro Universitário Eurípides de Marília. Especialista em Direito do não há pena sem cominação legal. Tal qual prescreve o enunciado
Trabalho e Processo do Trabalho pela Anhanguera-Uniderp. Gra- do art. 1º do Código Penal, “Não há crime sem lei anterior que
duada em Direito pela Faculdade Anhanguera de Rondonópolis. o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. O aludido
princípio se divide em formal e material. É formal ou da mera
legalidade quando se aceita no ordenamento jurídico uma norma
que atenda apenas ao critério formal. Será material ou da legalidade
DIREITO PENAL: CONCEITO, estrito, visto que observa ao conteúdo constitucional, respeitando
MISSÕES E FUNÇÕES as proibições e garantias dos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal.

Obs: Medida Provisória não pode regular matéria penal, que


O Direito Penal é compreendido conceitualmente por se dá somente por Lei Ordinária ou Lei Complementar. Conforme
se aduz no art. 62 da Constituição Federal.
intermédio de duas vertentes: subjetiva e objetiva. Na primeira,
externa o direito de punir, do qual o Estado é titular, enquanto na
Em síntese o princípio em comento orienta a construção
segunda, o Direito Penal consiste na reunião de normas (princípios
do Direito Penal, a partir da Constituição Federal, traduzido no
e regras) em vigor no Brasil. brocardo “nullum crimen, nulla poena, sine lege” (não hã crime,
O Direito Penal tem por missão a proteção de bens jurídicos, não há pena, sem lei).
prevenção de crimes ou, até mesmo, na simples punição do Em seguida, temos o princípio da reserva legal, que obriga
delinquente. uma definição precisa da conduta proibida ou imposta, por este
Por sua vez, possui enquanto função principal a proteção dos motivo, a vedação da letra da lei, que deve ser taxativa. Além
bens jurídicos essenciais, - que se traduz em objeto material ou de impor somente a existência da lei anterior ao fato cometido
imaterial - que satisfaz uma necessidade humana, é tudo que tem pelo agente, definindo as infrações penais. Há doutrinadores que
valor para o ser humano, que se apresenta como digno, útil ou entendem que o referido princípio limita a criação do legislador, em
necessário, sendo isso essencial à tutela do Direito Penal. matéria penal, tão somente às Lei Ordinárias e a Lei Complementar.
Além disso, há a função garantidora, que segundo Vieira se Assim também, o princípio da anterioridade, via de regra, a
lei penal só é aplicado a fatos posteriores à sua vigência.
(...) expressa na proteção da dignidade do indivíduo Salienta-se nesta oportunidade, o princípio da
supostamente autor de um delito frente ao Estado, ficando este irretroatividade, decorrente do princípio da anterioridade, o qual
adstrito a atuar somente de acordo com a legalidade e a cumprir estabelece que a lei penal, em regra, não atinge fatos anteriores,
os princípios garantidores do Direito Penal elencados na Carta exceto se for para beneficiar o réu.
Constitucional e legislação inferior.
Obs: Súmula 711 do STF: Aplica-se a lei mais grave no
Assim, a proteção aos bens jurídicos essenciais e garantia são crime continuado e ao crime permanente, se sua vigência for
as duas funções enunciadas do Direito Penal. anterior a cessação da continuidade ou permanência.

Aponta-se o princípio da extra-atividade da lei penal, o


qual relata que em certas situações, a lei penal, embora revogada,
PRINCÍPIOS subsiste aos atos praticados enquanto estava vigor ou retroage para
atingir fatos pretéritos à sua entrada em vigor; o que ocorre para
beneficiar o réu.
Ao passo que o princípio da alteridade não permite punir a
autolesão. Assim, ao agente é possível cometer um crime contra si,
Atualmente o Direito se norteia por princípios que otimizam a
por exemplo: o suicídio.
aplicação da norma frente ao caso concreto. Conceito de princípio.
O princípio da intervenção mínima, por sua vez, estabelece
Princípios são imperativos éticos extraídos do ordenamento que o Direito Penal atue nas situações de extremidade, em que
jurídico. São normas estruturais do direito positivo, que orientam a nenhum outro ramo do Direito conseguiu resolver o problema
compreensão e aplicação do conjunto das normas jurídicas. apresentado, de modo que se invoca o Direito Penal para dar um
Os princípios constitucionais de Direito penal são normas, respaldo social efetivo, atuando, assim, como ultima ratio.
extraídas da Constituição Federal, que dão fundamento à Do outro lado, temos o princípio da fragmentariedade à luz
construção do direito penal. Deste modo, no Direito Penal as do princípio da intervenção mínima, propõe que o Direito Penal só
coisas não são diferentes. Rege-se uma cadeia de princípios que pode ser chamado para proteger as lesões de maior gravidade para
ajudam na aplicação da norma. os bens jurídicos.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Próximo a essa ideia supracitada, tem-se o princípio da Seguidamente, se verifica o princípio da limitação das
ofensividade ou lesividade, o qual sustenta que para configurar penas, o qual à luz do art. 5, XLII, “Não haverá penas: a) de morte,
um crime é preciso que tenha ocorrido uma ameaça ou lesão a bem salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b)
jurídico. Além disso, o referido princípio proibe a incriminação de de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e)
atitudes internas, de condutas que não excedam a do próprio autor cruéis;”.
do fato, de simples estados e condições existenciais e de condutas Em outro plano, contemplamos o princípio da culpabilidade,
moralmente desviadas que não afetem qualquer bem jurídico. traduzido no juízo sobre a formação da vontade do agente, que segue
Frente a esse quadro apresentado, se mostra patente o os parâmetros de: a) elemento integrante do conceito analítico do
princípio da insignificância ou bagatela, o qual estabelece que crime = fato típico, ilícito e culpável; b) princípio mediador da
sejam punidos somente os atos que ocasionarem lesão efetiva e pena: Art. 59, CP; c) princípio impedir da responsabilidade penal,
relevante ao bem jurídico. O referido princípio auxilia o intérprete também conhecido como princípio da responsabilidade penal sem
no ato de apreciação do tipo penal, visto que faz excluir do âmbito culpa. Em suma, a culpabilidade serve para determinar a gradação,
da incidência da lei as situações chamadas de bagatelares. A sua gravidade, tipo e intensidade.
aplicabilidade segue a observância dos seguintes requisitos: Outro princípio indispensável de ser trabalhado é o da
adequação social, que restringe o âmbito de abrangência do
• Mínima ofensividade da conduta do agente;
tipo penal, delimitando a sua interpretação, de modo a excluir
• Nenhuma periculosidade social da ação;
as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela
• Reduzido grau de reprovabilidade da conduta;
sociedade. O legislador no primeiro momento seleciona as condutas
• Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
que anseia proibir ou impor para tutelar os bens considerados mais
Cabe informar que o princípio da insignificância tem o condão importantes. Concomitantemente, faz com que o legislador pense
de afastar a tipicidade material do fato (ofensividade da conduta ao acerca dos tipos penais e retire do ordenamento aqueles que não
bem juridicamente tutelado). se adequam a sociedade, por exemplo, a retirada do adultério no
Além disso, o Supremo Tribunal Federal no Informativo rol de crime.
n. 756 compreendeu que a reincidência genérica não impede o Finalizando esse item principiológico, citamos o da
reconhecimento da insignificância. Nessa confluência de Tribunal, proporcionalidade, em que o parâmetro de valoração é o desvalor
a jurisprudência vem admitindo em tese a aplicação do princípio do crime cometido. Assim, proíbe-se o excesso por parte do
da insignificância penal ao crime de descaminho, desde que o valor legislador/ julgador, para que eles evitem punições desnecessárias
do respectivo tributo seja de até R$ 10.000, 00 ( dez mi reais). de comportamento que não detêm grau de relevância exigida
Pondera-se que a bagatela alude ao pequeno valor da coisa, pela norma penal, ou nas hipóteses relevantes, mas que tenham
o que desconfigura, por conseguinte, o fato típico mediante a sido visualizadas de modo excessivo. Outra vertente a se pontuar
aplicação do princípio da insignificância. Cumpre observar, no é a da proibição deficiente, seja pela cominação penal abaixo
entanto, que se a infração for de menor potencial ofensivo, deve da importância exigida pelo bem que se anseia proteger etc.
incidir a Lei n. 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Criminais. Importante anotar que se ocorre uma permissão de deficiência
na prestação legislativa, ocorrerá a desproteção de bens jurídicos
Obs: O princípio da irrelevância do fato não se confunde fundamentais.
com o da insignificância. Visto o primeiro cuidar de infração
bagatelar imprópria (aquela que nasce relevante para o Direito Obs: *Costume não revoga lei, ainda que leve a norma
Penal porque há desvalor da conduta e do resultado, mas após penal ao desuso, não pode revogá-la (artigo 2.º, caput, da Lei de
se constata que a incidência de qualquer pena no caso concreto Introdução ao Código Civil);
apresenta-se totalmente desnecessário. Por outro lado, o princípio
da insignificância, relaciona-se com a infração bagatelar própria ( ** Não cabe ao Poder Judiciário avocar para si a função típica
o fato já nasce bagatelar). do Poder Legislativo.
Importante retratar o princípio da individualização da
QUESTÕES DE PROVA
pena, o qual argumenta que a determinação da sanção penal
para cada agente deve ser vista e graduada de modo individual,
1. (Ano: 2014. Banca: CESPE Órgão: TJ-SE. Prova: Titular
por exemplo: Se Antônio, Bruno e Carlos matam Danilo, ainda
de Serviços de Notas e de Registros – Remoção)
que todos respondam por homicídio, cada um responderá pela
mesma infração, mas o tratamento penal será voltado para as
características pessoais do agente. Com base nos princípios aplicáveis ao direito penal, assinale
Nessa perspectiva, há o princípio da responsabilidade a opção correta.
pessoal (não transcendência da pena), em que a pena não passará
da pessoa do condenado, no caso de morte, não há transmissão aos a) O princípio da insignificância exclui a tipicidade
sucessores. penal formal se o bem jurídico em questão não tiver qualquer
Acrescenta-se ao rol apresentado, o princípio da humanidade, expressividade econômica.
que por sua vez, considera inconstitucional qualquer pena ou b) A aplicação do princípio da proporcionalidade pressupõe
consequência que fira a dignidade humana, proibindo-se penas a idoneidade da medida adotada, o que afasta a exigibilidade do
cruéis e infamantes, utilização de tortura e maus-tratos. meio adotado.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
c) Segundo os princípios observados no atual sistema penal Analise se a afirmação a seguir está correta ou falsa: É
brasileiro, de natureza acusatória, a lei processual penal retroage inconstitucional lei que preveja a condenação à morte ou à
para beneficiar o réu. execução de trabalhos forçados, dado que a Constituição Federal
d) Dado o caráter funcional do princípio da insignificância, de 1988 (CF) proíbe, expressamente, essas modalidades de pena.
a bagatela imprópria não afasta a tipicidade material da conduta,
mas exclui a culpabilidade. 7. ( Ano: 2012. Banca: CESPE. Órgão: TJ-AC. Prova:
e) Na aplicação do princípio da insignificância, deve-se Técnico Judiciário – Auxiliar)
considerar o valor do objeto do crime e desprezar os aspectos
objetivos do fato, tidos como irrelevantes. Analise se a afirmação a seguir está correta ou falsa: Dado o
princípio da legalidade, o Poder Executivo não pode majorar as
2. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: TCU. Prova: Auditor penas cominadas aos crimes cometidos contra a administração
Federal de Controle Externo - Conhecimentos Gerais) pública por meio de decreto.

No que se refere aos princípios do direito penal e às causas de 8. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: TRF - 1ª REGIÃO.
exclusão da ilicitude, julgue se a afirmação é correta ou falsa: Em Prova: Juiz Federal Substituto)
consequência da fragmentaridade do direito penal, ainda que haja
outras formas de sanção ou outros meios de controle social para a Conforme a jurisprudência do STF, o princípio da
tutela de determinado bem jurídico, a criminalização, pelo direito insignificância:
penal, de condutas que invistam contra esse bem será adequada e
recomendável. a) não se aplica ao crime de contrabando.
b) não se aplica ao tráfico internacional de armas de fogo,
3. (Ano: 2014. Banca: CESPE. Órgão: Câmara dos exceto em casos que se restrinjam a cápsulas de munição.
Deputados. Prova: Analista Legislativo) Analise se a afirmação a c) deve ser adotado em casos de crime de tráfico de drogas.
seguir está correta ou falsa: Um dos princípios basilares do direito d) é aplicável ainda que o agente seja reincidente ou tenha
penal diz respeito à não transcendência da pena, que significa que a cometido o mesmo gênero de delito reiteradas vezes.
pena deve estar expressamente prevista no tipo penal, não havendo e) é aplicável ao crime de roubo.
possibilidade de aplicar pena cominada a outro crime.
9. (Ano: 2013. Banca: CESPE. Órgão: DPE-TO. Prova:
4. (Ano: 2013. Banca: CESPE. Órgão: STF. Prova: Analista
Defensor Público)
Judiciário - Área Judiciária)
Considerando os princípios básicos de direito penal, assinale
Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das
a opção correta.
teorias do crime e dos institutos da Parte Geral do Código Penal
brasileiro, julgue se a afirmação a seguir está correta ou falsa:
a) O princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado
responsabilidade penal. Logo, repudia a responsabilidade objetiva,
uma criança com o intuito de receber certa quantia como resgate.
derivada, tão só, de uma relação causal entre a conduta e o resultado
Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei
entrou em vigor, prevendo pena mais severa para o delito. Nessa de lesão ou perigo a um bem jurídico, exceto no caso dos crimes
situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Manoel. perpetrados por pessoas jurídicas.
b) Os princípios da legalidade e da irretroatividade da lei
5. Ano: 2013Banca: CESPEÓrgão: TJ-BAProva: Titular de penal são aplicáveis à pena cominada pelo legislador, aplicada
Serviços de Notas e de Registros - Remoção pelo juiz e executada pela administração, não sendo, todavia, esses
princípios extensíveis às medidas de segurança, dotadas de escopo
O direito penal só deve se preocupar com a proteção dos bens curativo e não punitivo.
jurídicos mais essenciais à vida em sociedade, constituindo a sua c) Constituem funções do princípio da lesividade, proibir a
intervenção a ultima ratio, ou seja, tal intervenção somente será incriminação de atitudes internas, de condutas que não excedam
exigida quando não se fizer suficiente a proteção proporcionada a do próprio autor do fato, de simples estados e condições
pelos demais ramos do direito. Tal conceito tem relação com o existenciais e de condutas moralmente desviadas que não afetem
princípio da: qualquer bem jurídico.
d) O princípio da intervenção mínima não está previsto
a) anterioridade. expressamente no texto constitucional nem pode dele ser inferido.
b) reserva legal. e) O princípio da humanidade proíbe a instituição de penas
c) intervenção mínima. cruéis, como a de morte e a de prisão perpétua, mas não a de
d) proporcionalidade. trabalhos forçados.
e) intranscendência.
GABARITOS
6. (Ano: 2012. Banca: CESPE. Órgão: TJ-AC. Prova:
Técnico Judiciário – Auxiliar) 1. D; 2.Falsa; 3. Falsa; 4.Falsa ; 5. d; 6. Certo. 7. Falsa. 8 A.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
• Jurisprudencial. É a interpretação dada pelos juízes e
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL tribunais, tudo através de seus julgados reiterados.

- Quanto aos resultados


• Declarativa. Quando a conclusão é de que a letra da lei
corresponde exatamente ao pensamento do legislador.
• Extensiva. Quando se conclui que a lei diz menos do que
Interpretar é tentar buscar o efetivo alcance da norma, é
queria dizer o legislador.
procurar descobrir aquilo que ela tem a nos dizer com a maior
• Restritiva. Quando se entende que a lei diz mais do que
precisão possível.
queria dizer o legislador.
É o processo lógico que procura estabelecer a vontade contida
na norma jurídica.
2.11 Analogia
A interpretação é indispensável, mesmo quanto às leis mais
claras, ao menos para se alcançar o sentido léxico dos termos delas
Tendo em vista que o aplicador do direito não pode deixar
constantes.
sem resposta as questões postas à sua apreciação e, não havendo
uma norma jurídica que se encaixe de forma específica ao caso
Processos de Interpretação:
concreto, o juiz deve se utilizar de meios adequados para aplicar
o direito.
- Quanto aos elementos (ou quanto ao modo)
Dentre os métodos sugeridos pelo próprio legislar, encontra-se
a analogia, podendo ser utilizada para a constatação e suprimento
• Gramatical. Fundada nas regras gramaticais. É também
das lacunas.
denominado literal, eis que se atém às palavras da lei. Procura
A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em
determinar o sentido da norma a partir da significação das palavras
Lei a disposição relativa a um caso semelhante
e da relação entre elas.
Vedação ao emprego da analogia: o princípio da reserva
• Lógica. Busca traduzir o pensamento contido na lei, tudo
legal proíbe o emprego da analogia em matéria de norma penal
de acordo com os ensinamentos da lógica.
incriminadora. Essa é a analogia in malam partem.
• Teleológica. Visa descobrir a finalidade com que a lei
Não é vedado, entretanto, o uso da analogia in bonam partem,
foi editada.
pois favorece o direito de liberdade, seja com a exclusão da
• Sistemática. Sistema é um conjunto de elementos
criminalidade, seja pelo tratamento mais favorável ao réu.
relacionados entre si de modo a formar um todo coerente e
unitário. Assim sendo, a interpretação sistemática é aquela feita
confrontando o texto com outros de leis semelhantes ou diversos,
mas de finalidade comum. É aquela que procura harmonizar a TEORIA DA NORMA PENAL
norma com o sistema jurídico com um todo.
• Histórica. É aquele que perquire as necessidades
correntes no momento da elaboração do texto. Busca os motivos
que levaram a sua expedição de modo a entender a intenção do
Na teoria da norma penal há duas divisões, são elas: normas
legislador. Procura saber as condições sociais que provocaram
penais incriminadoras e não incriminadoras. Tendo como norte
a edição da norma, chegando-se aos objetivos e tarefas a que se
que as normas penais são as únicas que determinam as penas
destinava.
como conseqüências da violação de um dever jurídico, a primeira
• Progressiva. É a interpretação em que se procura
citada define o crime e determina a sanção para ele. Enquanto a
compreender a norma levando em conta as transformações havidas
segunda disciplina acerca da aplicação das normas incriminadoras
no direito, na sociedade e na ciência.
ou apenas permitem ou não proíbem determinadas condutas, as
• De direito comparado. É aquela que tenta esclarecer a
quais se dividem:
lei comparando-a com a legislação estrangeira.
• Sociológica. É a adaptação do sentido da lei às novas
Cumpre informar que a estrutura das normas incriminadoras
realidades e necessidades sociais.
resume-se em: preceito e norma penal em branco. No primeiro
caso há o preceito, o qual descreve uma conduta proibida (ação
- Quanto ao sujeito
ou omissão). Deste modo, a ação é proibida, obriga-se a omissão
(crime comissivo), e quando a omissão é proibida, obriga-se a
• Autêntica ou legislativa. Feita pelo próprio órgão
ação crime omissivo). Do outro lado , a norma penal em branca
que produz a lei. É a interpretação dada pela própria lei que
exterioriza uma norma incriminadora cujo preceito necessita de
explica como deve ser entendido um determinado assunto. Se tal
uma complementação por outra norma jurídica.
explicação for dada no seu próprio texto, temos a interpretação
autêntica contextual. Se for dada opção por uma ou outra lei,
temos a interpretação autêntica não contextual.
• Doutrinária. É a interpretação dada pelos professores,
juristas, pelos profissionais do direito em seus artigos, conferências,
teses e livros.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
LEI PENAL NO TEMPO; LEI PENAL favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
NO ESPAÇO. EFICÁCIA PESSOAL decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
DA LEI PENAL
O caput do artigo supracitado, estabelece que “ninguém
pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela (da lei posterior) a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória”. Nessa mesma linha, a
A aplicação da lei penal se dá por intermédio dos princípios Constituição Federal, em seu art. 5º, XL, estabelece que a lei penal
da legalidadade e da anterioridade, aludidos no tópico anterior. só retroagirá para beneficiar o acusado. Assim, se uma pessoa
Seguidamente, contemplamos o princípio da reserva legal, comete um delito na vigência de determinada lei e, posteriormente,
segundo o qual, não há crime sem lei que o defina, nem pena surge outra lei que deixa de considerar o fato como crime, deve-
sem cominação legal. Apenas a lei pode discriminar quais são as se considerar como se essa nova lei já estivesse em vigor na data
condutas criminosas e aplicar as penas cabíveis. O princípio em do delito (retroatividade) e, dessa forma, não poderá o agente ser
voga se desdobra em dois aspectos: formal e material. punido. O aludido artigo é ainda mais abrangente quando expressa
O aspecto formal se reveste na reserva absoluta da lei, de modo que, mesmo já tendo havido condenação transitada em julgado em
que a lei no sentido estrito do termo, que emana e é aprovada pelo razão do crime, cessará a execução, ficando também afastados os
Poder Legislativo, por meio de procedimento adequado, poderá efeitos penais da condenação. Por isso, se no futuro o sujeito vier a
criar tipos penais e impor penalidades. A medida provisória, cometer novo crime, não será considerado reincidente.
embora tenha força de lei, não é lei, pois não nasce no Poder O parágrafo único do artigo em estudo relata que a lei posterior,
Legislativo, logo, não pode veicular matéria penal. A Constituição que de qualquer modo favoreça o réu, aplica-se a fatos anteriores,
Federal veda a adoção de medida provisória sobre matéria relativa ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
a Direito Penal (artigo 62, § 1.º, inciso I, alínea “b”). Lei delegada julgado. Nessa hipótese, a lei posterior continua a considerar o
também não pode abordar matéria penal, uma vez que o artigo 68, fato como criminoso, mas traz alguma benesse ao acusado: pena
§ 1.º, inciso II, da Constituição Federal, determina que não serão menor, maior facilidade para obtenção de livramento condicional
objeto de delegação as matérias referentes a direitos individuais. etc.
O aspecto formal possibilita versar sobre a taxatividade Deste modo, pela sincronia dos arts. 1º (Não há crime sem lei
que descrever minuciosamente o crime, pela necessidade da anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.) e
descrição da conduta criminosa ser detalhada e específica. A lei 2º do Código Penal, podemos chegar a duas conclusões:
tem que conter expressões precisas e de sentido equívoco, para a) a norma penal, pela regra, não pode atingir fatos passados,
não ocasionar insegurança no meio social, pois normas dão ao juiz logo, não pode retroagir;
larga e perigosa margem de discricionariedade. Cumpre esclarecer b) a norma penal mais benéfica retroage para atingir fatos
que tal nuance não alcança os crimes culposos, pois não é possível pretéritos.
ao legislador pormenorizar todas as condutas humanas ensejadoras Hipóteses de lei posterior:
da composição típica. Por isso, os tipos culposos são denominados - Abolitio criminis: lei posterior deixa de considerar um fato
tipos abertos e excepcionam a regra da descrição pormenorizada como criminoso.
(quase todos os tipos dolosos são fechados). - Novatio legis in mellius: é a lei posterior que de qualquer
Outro fator observado é o da vedação ao emprego da modo, traz um beneficio para o réu.
analogia, visto que por força do princípio da reserva legal, não - Novatio legis in pejus: lei posterior que de qualquer modo
se admite a analogia em matéria de norma penal incriminadora venha a agravar a situação do réu. ( não pode ser aplicada)
(analogia in malam partem). Contudo, o uso da analogia in bonam - Novatio legis incriminadora: lei posterior cria um tipo
partem, é permitida, haja vista favorecer o direito de liberdade, incriminador, tornando tica conduta considerada irrelevante penal.
posto a exclusão da criminalidade, em decorrência do tratamento Frente a essas regras se questiona quanto à aplicabilidade
mais favorável ao réu. dessas regras à norma penal em branco, quando ocorre alteração
Na vertente material, o tipo penal atua de modo seletivo, visto no complemento?
São também duas regras:
ser pela referida visibilidade que o legislador à luz do princípio da
a) Quando o complemento da norma penal em branco
adequação social, seleciona dentre as condutas humanas aquelas
também for lei, a sua alteração benéfica retroagirá. Ex.: no crime
que são mais perniciosas ao convívio em sociedade. Em um tipo
de contrair matrimônio conhecendo a existência de impedimento
penal não podem constar condutas positivas que não representam
que lhe cause nulidade absoluta (art. 237), o complemento está
qualquer ameaça à sociedade. Para fazer esse controle, o legislador
no art. 1.521, I a VII, do novo Código Civil. Assim, se houver
aplica os princípios: da adequação social, da insignificância e da
alteração no Código Civil, de forma a se excluir uma das hipóteses
alteridade
de impedimento, aquele que se casou na vigência da lei anterior
infringindo esse impedimento será beneficiado.
A lei penal no tempo e no espaço. b) Quando o complemento for norma infralegal, não retroagirá,
salvo se alterar a própria figura abstrata do direito penal. Exs.: no
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei crime do art. 22 da Lei n. 1.521/51 (Lei de Economia Popular),
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela que consiste na venda de produto acima do preço constante nas
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. tabelas oficiais, a alteração posterior dos valores destas não exclui

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
o crime; no crime de falsificação de moeda, aquele que falsificou Oportuno consignar que os chefes de Estado e os representantes
cruzeiros não deixa de responder pelo delito por ter o Governo de governos estrangeiros estão excluídos da jurisdição criminal
Federal alterado a moeda para Real. Nos dois exemplos não houve dos países em que exercem suas funções. Contudo, se admite a
alteração quanto ao objeto abstrato da proteção penal. renúncia à imunidade da jurisdição pena, porém a competência é
No caso de norma complementar, editada em razão de situação do Estado e não do agente diplomático.
temporária ou excepcional, caso sobrevenha novo complemento
benéfico, este não retroagirá, nos termos do art. 32 do Código Há também a imunidade parlamentar, a qual assegura aos
Penal. membros do Congresso a mais ampla liberdade de palavra, no
Em relação ao tráfico de drogas, caso aconteça a exclusão exercício de suas funções, e os protege contra abusos e violações
de determinada substância do rol dos entorpecentes constantes por parte dos outros Poderes constitucionais.
em portaria da ANVISA (órgão federal responsável), ocorrerá
a retroatividade da norma, deixando de haver tráfico de Ressalta-se que na imunidade material, os deputados e
entorpecentes, pois, nesse caso, a alteração foi da própria figura senadores são invioláveis, tanto no âmbito civil quanto no penal,
abstrata do tipo penal, uma vez que a palavra entorpecente integra em decorrência de quaisquer de suas manifestações proferidas nos
o tipo penal do tráfico. exercícios de suas funções, tanto escritas como falada.
No que concerne à combinação de leis, procura-se a que
solução deve ser tomada quando uma nova lei é em parte benéfica No âmbito das aludidas imunidades, salienta-se que a
e em parte prejudicial ao acusado. Duas são as opiniões a respeito: Constituição Federal garante de forma ampla e irrestrita, a
a) Não é admitido a combinação de leis, cuja finalidade seja imunidade absoluta (penal, civil, disciplinar e política) dos
de aplicabilidade as partes benéficas, pois estaria o magistrado parlamentares.
criando uma terceira lei. O que o juiz deve fazer é escolher aquela
que entenda mais favorável. Por sua vez, existem as imunidades relativas no que tange a
b) Há posicionamentos doutrinários que admitem tal prisão, ao processo, às prerrogativas de foro e para servir como
aplicabilidade de combinação das leis, compreendendo que o testemunhas, embora somente as duas primeiras sejam incluídas
magistrado não cria uma nova lei, mas promove uma integração na noção de imunidade em sentido estrito.
legítima. Visto que se é possível escolher uma ou outra lei em
atendimento ao mandamento constitucional de aplicação da lex Frente a essa vertente, pontua-se que as imunidades
parlamentares concedidas aos deputados estaduais são válidas
mitior, nada o compele de efetuar a combinação delas, com o que
apenas em relação às autoridades judiciárias estaduais e locais,
estaria mais profundamente seguindo o preceito da Carta Magna.
não podendo ser invocadas em face do Poder Judiciário Federal.
Vigência da lei. A lei começa a produzir efeitos a partir da
data em que entra em vigor, passando a regular os fatos futuros
Cumpre informar que à luz das disposições da Constituição
(e, excepcionalmente, os passados). Tal lei valerá até que outra
Federal, está garantida a “inviolabilidade dos Vereadores por
a revogue (art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito
suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
Brasileiro). Essa revogação pode ser expressa, quando a lei circunscrição do Município”.
posterior expressamente declara a revogação da anterior, ou tácita,
quando a lei posterior é incompatível com a anterior, ou quando
regula integralmente a matéria tratada nesta.
Segundo a Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal, “a INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS,
lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime ESPÉCIES.
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade
ou da permanência”.

Eficácia pessoal da lei penal A infração penal é qualquer ação humana que se enquadrada
em uma norma penal incriminadora, posto ofender um bem
É sabido que a lei se aplica a todos, contudo, existem jurídico de outra pessoa, conduta sobre a qual recai punição por
pessoas, que em razão das suas funções ou por conta de regras parte do Estado.
internacionais, gozam de imunidades. O que se tem aqui é uma No que tange aos elementos, qualquer elemento material
prerrogativa funcional, que protege a pessoa em razão do cargo ou (direito à propriedade) ou imaterial (direito à integridade física)
da função que desempenha. são objetos do Direito Penal.
Em relação às espécies, são duas: crime e contravenção. A
Nessa confluência existe a imunidade diplomática, cujo primeira também é chamada de delito e está definido o seu conceito
cidadão que exerce a função possui inviolabilidade pessoal, pois no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei
não pode ser preso, nem submetido a qualquer procedimento ou 3.914/41).
processo, sem autorização de seu país. As sedes diplomáticas
atualmente não são mais consideradas extensão do território do Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina
país em que se encontram. São dotadas de inviolabilidade como pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa
garantia dos representantes estrangeiros, não podendo ser objeto ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração
de busca, requisição, embargo ou medida de execução. penal a que a lei comina, isoladamente, penas de prisão simples ou
de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A diferenciação entre crime e contravenção é simples, na Fato típico
primeira situação são condutas mais graves, por isso as penas são Fato típico é a conduta (positiva ou negativa) que provoca um
agravadas, tal qual reclusão ou detenção e/ou multa. resultado (em regra) que se amolda perfeitamente aos elementos
constantes do modelo previsto na lei penal.

Conduta dolosa ou culposa;


SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
DA INFRAÇÃO PENAL
O tipo penal não descreve qualquer fato, mas somente
condutas.
Conduta é o agir humano consciente e voluntário, dirigido a
uma finalidade.
O sujeito ativo também chamado de agente, trata-se do sujeito A conduta compreende duas formas: o agir e o omitir-se (desde
que ofende o bem jurídico protegido por lei. A regra no Brasil é que voluntários). O termo ação, em sentido amplo, as abarca,
de que só agente de infração penal a pessoa maior de 18 anos, embora seja mais interessante seguir os exemplos do Código, e
se admitindo por excepcionalidade nos crimes contra o meio usar a palavra ação como sinônimo de ação positiva, e o termo
ambiente, a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo. omissão para designar a ação negativa. Conduta seria a palavra
O sujeito passivo figura de duas maneiras, podendo ser passivo mais apropriada como denominador comum.
formal, sempre externado pelo Estado, visto que tanto ele quanto O crime comissivo — praticado por ação — é o mais fácil de
a sociedade sofrem prejuízos quando as leis são desobedecida e o conceituar. Corresponde a um movimento corpóreo do indivíduo.
sujeito passivo material, no qual o titular do bem jurídico ofendido Uma alteração da posição dos músculos, determinada pelo cérebro
pode ser tanto pessoa física quanto jurídica. de acordo com a vontade do indivíduo. Faz-se o que não se poderia
fazer.
A vontade não se confunde com a intenção (finalidade),
sendo esta o direcionamento ao fim almejado. A vontade é a força
TIPICIDADE, ILICITUDE, psicológica que determina o movimento; a intenção é o conteúdo
CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE: da vontade, aquilo que se deseja.
CONCEITO, ELEMENTOS E EXCLUSÃO Os atos meramente reflexos não são atos voluntários, logo não
se enquadram no conceito de ação. Nos atos tomados por impulso
(uma reação brusca a uma agressão, por exemplo), existe ação,
pois sempre há a concorrência da vontade.
Os crimes omissivos, por sua vez, apresentam maior
Conceituamos o crime como sendo o fato típico e antijurídico.
dificuldade, eis que não é a atuação do indivíduo que causa o dano.
Para que haja crime, é preciso uma conduta humana positiva ou
Pune-se o agente por ter deixado de agir conforme a norma penal
negativa (ação ou omissão). Nem todo comportamento do homem,
— não fez o que tinha obrigação de fazer. Logo, a omissão só
porém, constitui delito. Em face do princípio da reserva legal, é verificável confrontando-se a conduta praticada com a conduta
somente aqueles comportamentos previstos na lei penal é que exigível, o que implica, necessariamente, uma valoração por parte
podem configurar o delito. Imaginemos a seguinte situação: A do juiz.
esfaqueia B, causando-lhe a morte. O artigo 121, caput, do Código
Penal assim define o crime de homicídio simples: matar alguém. Ilicitude e causas de exclusão
Assim, a conduta de A corresponde ao fato que a lei penal descreve
como crime. Ocorreu nesse exemplo a subsunção do fato a uma É a relação de contrariedade entre o fato e o ordenamento
norma penal incriminadora, ou seja, ocorreu o fato típico, primeiro jurídico.
requisito do crime. A conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita
Como vimos, crime é fato típico e antijurídico. ou antijurídica quando não for expressamente declarada lícita.
Para que exista crime, além de ser típico o fato deve ser Assim, o conceito de ilicitude de um fato típico é encontrado por
contrário ao direito: deve ser antijurídico (ou ilícito). Um fato pode exclusão: é antijurídico quando não declarado lícito por causas de
ser típico e lícito, quando, por exemplo, o agente age em legítima exclusão da antijuridicidade (CP, art. 23, ou normas permissivas
defesa. Se A mata B em legítima defesa comete um fato típico encontradas em sua parte especial ou em leis especiais)”.
(matar alguém), mas lícito, pois a legítima defesa é uma das causas
de exclusão da antijuridicidade. Logo, excluída a ilicitude, não há Causas de exclusão de ilicitude:
crime.
Quando alguém pratica um fato típico e ilícito deve ser punido. Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
Mas, para que o infrator seja punido, este deve ser culpável. I - em estado de necessidade;
Assim, para que o agente seja punido é necessário que sobre ele II - em legítima defesa;
incida um juízo de reprovação social. Esse juízo de reprovação III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
social é pressuposto para aplicação da pena. Destarte, um sujeito regular de direito;
pode praticar um crime, mas não ser culpável, como ocorre com o Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
menor de 18 anos. deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas exclusão O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo
da antijuridicidade, causas justificantes ou descriminantes) podem agente. Quem dá causa a uma situação de perigo não pode invocar o
ser: estado de necessidade para afastá-la. Aquele que provocou o perigo
- causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de com dolo não age em estado de necessidade porque tem o dever
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e jurídico de impedir o resultado. Mas, se o perigo foi provocado
o exercício regular de direito); culposamente, o agente pode se valer do estado de necessidade.
- causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, que Observação: há, entretanto, quem defenda que, mesmo se o perigo
podem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio da foi provocado culposamente, o agente não pode se valer do estado
reserva legal, pois aqui se cuida de norma não incriminadora de necessidade.
(exemplo: colocação de piercing; não se trata de crime de lesão Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode
corporal, pois há o consentimento do ofendido). invocar o estado de necessidade, pois deve afastar a situação de
perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico (exemplo: bombeiro).
Estado de Necessidade Observe-se que a lei fala em dever legal e não dever jurídico, sendo
este mais amplo do que aquele.
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou deverá ser sacrificado um bem se não houver outra maneira de
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito afastar a situação de perigo.
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do
razoável exigir-se. perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravidade
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o da lesão causada. Trata-se da razoabilidade do sacrifício, ou seja, se
dever legal de enfrentar o perigo. o sacrifício for razoável, haverá estado de necessidade, excluindo-
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito se a ilicitude. Se houver desproporcionalidade o fato será ilícito,
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. afastando-se o estado de necessidade, e o réu terá direito à redução
da pena de 1/3 a 2/3 (artigo 24, § 2.º, do Código Penal).
Consiste em uma conduta lesiva praticada para afastar uma
Requisito subjetivo: os finalistas consideram mais um
situação de perigo. Obviamente, não é qualquer situação de perigo
requisito do estado de necessidade; o conhecimento da situação
que admite a conduta lesiva e não é qualquer conduta lesiva que
justificante. Se não houver esse conhecimento, o agente não terá
pode ser praticada na situação de perigo. A situação de perigo
direito a invocar o estado de necessidade. Para os clássicos, esse
pode ser, por exemplo, um fenômeno da natureza, um ataque de
conhecimento é irrelevante.
animal irracional, um ataque humano justificado (se for injusto,
será legítima defesa).
Espécies de estado de necessidade
Característica essencial
Próprio ou de terceiro: é próprio quando há o sacrifício de
No estado de necessidade, um bem jurídico é sacrificado para um bem jurídico para salvar outro que é do próprio agente. É de
salvar outro ameaçado por situação de perigo (exemplo: naufrá- terceiro quando o sacrifício visa a salvar bem jurídico de terceiro.
gio). Real ou putativo: é real quando se verificam todos os requisitos
da situação de perigo. É putativo quando não subsistem, de fato,
Teorias todos os requisitos legais da situação de necessidade, mas o agente
os julga presentes.
Teoria unitária: o estado de necessidade sempre exclui a Defensivo ou agressivo: é defensivo quando há o sacrifício de
antijuridicidade. Essa teoria foi acolhida pelo Código Penal. bem jurídico da própria pessoa que criou a situação de perigo. É
Teoria diferenciada (Direito Penal alemão): se o bem agressivo quando há o sacrifício de bem jurídico de terceira pessoa
sacrificado for de valor igual ao salvo, o estado de necessidade só inocente.
exclui a culpabilidade.
Legítima Defesa
Requisitos para a existência do estado de necessidade
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
O perigo deve ser atual ou iminente. A lei só fala em perigo moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual, mas a doutrina considera que o agente não precisa aguardar atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
o perigo surgir para só então agir. Assim, o perigo deve estar
acontecendo naquele momento ou prestes a acontecer. Quando, Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em
portanto, o perigo for remoto ou futuro, não há o estado de repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou
necessidade. alheio, usando moderadamente dos meios necessários.
O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio. Necessário
se faz que o bem esteja protegido pelo ordenamento jurídico Requisitos
(exemplo: o condenado à morte não pode alegar estado de
necessidade contra o carrasco). No caso de situação de perigo a - Agressão: ataque humano. No caso de ataque de animal
bem de terceiro, não há necessidade da autorização deste. irracional, não há legítima defesa e sim estado de necessidade.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Observação: se uma pessoa açula um animal para atacar - cabe legítima defesa putativa contra legítima defesa real
outra, há legítima defesa, pois nesse caso o animal é instrumento (exemplo: “A” é o agressor, “B” é a vítima. “A” começa a agredir
do crime. “B” e este começa a se defender. “C” não sabe quem começou a
A agressão pode ser ativa ou passiva: briga e age em legítima defesa de “A”, agredindo “B”).
- ativa: a agressão injusta é uma ação; - cabe legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa.
- passiva: quando o ato de agredir é uma omissão, é preciso que - cabe legítima defesa real contra agressão culposa.
o agressor omitente esteja obrigado a atuar (exemplo: carcereiro - cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável.
que, mesmo com alvará de soltura, não liberta o preso).
Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa
- Injusta: no sentido de ilícita, contrária ao ordenamento subjetiva?
Resposta: Em tese caberia, pois a partir da continuidade
jurídico.
da agressão a vítima se torna agressora. Para a jurisprudência,
A agressão deve ser ilícita. Assim, não se admite:
entretanto, não é aceita quando o excesso for repelido pelo próprio
legítima defesa real contra legítima defesa real;
agressor, porque não pode invocar a legítima defesa quem iniciou
legítima defesa real contra estado de necessidade real; a agressão, mas o excesso pode ser repelido por terceiro.
legítima defesa real contra exercício regular de direto;
legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever legal. Estrito Cumprimento do Dever Legal
Observação: em nenhuma dessas hipóteses havia agressão
injusta. O dever deve constar de lei, decreto, regulamento ou qualquer
ato administrativo, desde que de caráter geral. Quando há ordem
- Atual ou iminente: atual é a agressão que está acontecendo e específica a um agente, não há o estrito cumprimento do dever
iminente é a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defesa legal, mas obediência hierárquica (estudada na culpabilidade).
contra agressão passada ou futura nem quando há promessa de O agente atua em cumprimento de um dever imposto generi-
agressão. camente, de forma abstrata e impessoal. Se houver abuso no cum-
- A direito próprio ou de terceiro: há legítima defesa própria primento da ordem, não há a excludente, o cumprimento deve ser
quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quando estrito, limitado aos ditames legais.
defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia mesmo É possível haver estrito cumprimento do dever legal putativo,
agredindo o próprio terceiro (exemplo: em caso de suicídio, pode- ou seja, o sujeito pensa que está agindo no estrito cumprimento do
se agredir o terceiro para o salvar). dever legal, mas não está.
- Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à Necessário se faz ainda o requisito subjetivo, a consciência de
que se cumpre um dever legal; do contrário, há um ilícito.
disposição do agente no momento da agressão.
- Moderação: é o emprego do meio menos lesivo dentro dos
Exercício Regular do Direito
limites necessários para conter a agressão. Somente quando ficar O exercício de um direito jamais pode configurar um fato
evidente a intenção de agredir e não a de se defender, caracterizar- ilícito. O exercício irregular ou abusivo do direito, ou com espírito
se-á o excesso. de mera emulação, faz desaparecer a excludente.

Excesso é a intensificação desnecessária de uma ação inicial- OBSERVAÇÕES:


mente justificada, ou seja, ocorre quando se utiliza um meio que
não é necessário ou quando se utiliza meio necessário sem mode- - Ofendículos e defesa mecânica predisposta: Ofendículos
ração. Se o excesso for doloso não há legítima defesa. Se o excesso são aparatos visíveis destinados à defesa da propriedade ou de
for culposo o agente responde pelo crime culposo. Neste caso, os qualquer outro bem jurídico. O que os caracteriza é a visibilidade,
jurados desclassificam o crime doloso contra a vida para um crime devendo ser perceptíveis por qualquer pessoa (exemplos: lança no
culposo (é a chamada desclassificação imprópria). Caso não se ca- portão da casa, caco de vidro no muro etc.). Existem duas posições
racterize nem o dolo nem a culpa do excesso, verifica-se a legítima sobre sua natureza jurídica:
defesa subjetiva. - legítima defesa preordenada, pois o aparato é armado com
antecedência, mas só atua no instante da agressão (Damásio de
Espécies de legítima defesa Jesus);
- exercício regular de direito (Aníbal Bruno).
- legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária. É a
- Defesa mecânica predisposta: é aparato oculto destinado
errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo
à defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico.
ou erro de proibição.
Podem configurar delitos culposos, pois alguns aparatos
- legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro instalados imprudentemente podem trazer trágicas consequências.
plenamente justificável. Observação: Para o Prof. Damásio de Jesus, nos dois casos, salvo
- legítima defesa sucessiva: é a repulsa contra o excesso. condutas manifestamente imprudentes, é mais correta a aplicação
da justificativa da legítima defesa. A predisposição do aparelho
Hipóteses de cabimento da legítima defesa: constitui exercício regular de direito, mas, no momento em que
- cabe legítima defesa real contra legítima defesa putativa. este atua, o caso é de legítima defesa preordenada.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Culpabilidade POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: “cons-
ciência profana do injusto”, basta que o agente tenha condições
Culpabilidade é a reprovação da ordem jurídica, em face de suficientes para saber que o fato praticado está juridicamente proi-
estar ligado o homem a um fato típico e antijurídico. É reprovação bido e que é contrário às normas mais elementares que regem a
que recai sobre o sujeito. Por isso, não é requisito do crime, mas convivência. Exemplo: tradição dos índios de matar criança defi-
condição de imposição da pena. ciente. Excludente: erro de proibição.
Inúmeras são as teorias que versam sobre a culpabilidade,
dentre elas: a psicológica; normativa ou psicológica-normativa; EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: permite a
normativa pura, extrema ou estrita , a teoria limitada e a teoria formação de um juízo de reprovabilidade de uma conduta típica
funcional da culpabilidade. e ilícita. Entendendo culpabilidade como juízo de reprovação, só
A primeira teoria estabelece que a culpabilidade é vista posso estabelecer juízo de reprovação contra alguém, se no caso
enquanto o vínculo psicológico entre o sujeito e o fato típico e concreto, eu podia exigir dessa pessoa comportamento diverso.
ilícito por ele praticado, o qual pode ser representando pelo dolo Excludentes: coação moral irresistível e obediência hierárquica.
ou pela culpa.
Deste modo, dolo e culpa são espécies da culpabilidade, ou As causas de exclusão da culpabilidade excluem a culpabili-
seja, como formas concretas de manifestação. O dolo, por sua vez, dade e, em consequência, excluem a pena, sem excluir, porém a
é normativo a medida que guarda em seu interior a consciência da existência do crime.
ilicitude. A lei prevê as causas que excluem a culpabilidade pela ausên-
No segundo caso, diferente da primeira hipótese, a cia de um de seus elementos:
culpabilidade deixa de ser fenômeno puramente natural,
de cunho psicológico, pois a ela se atribui novo elemento, Pela inimputabilidade do sujeito:
estritamente normativo, inicialmente chamado de “normalidade
das circunstâncias concomitantes”, posteriormente de “motivação 1) Doença mental, desenvolvimento mental incompleto e
normal”, e atualmente como “exigibilidade de conduta diversa”. desenvolvimento mental retardado. Artigo 26 C.P.
Aqui, a imputabilidade deixou de ser pressuposto e passou a ser Doença mental: é a perturbação mental de qualquer ordem,
caracterizada como elemento do conceito. Assim, permite ser tais como : psicose, esquizofrenia, loucura, paranoia, epilepsia,
conceituada como “o juízo de reprovabilidade que recai sobre o etc.
autor de um fato típico e ilícito que poderia ter sido evitado”. Desenvolvimento mental incompleto: é o desenvolvimento
Na terceira hipótese, a conceituação de culpabilidade se que ainda não se concluiu, como os menores de dezoito anos (por
resume a um simples juízo de censura que recai sobre o autor de presunção legal) e os silvícolas não aculturados (laudo pericial é
um fato típico e ilícito. Nessa confluência o dolo passa a ser natural, imprescindível para aferir a inimputabilidade)
ou seja, desprovido da consciência de ilicitude, que permanece na Desenvolvimento mental retardado : é o caso dos oligofrêni-
culpabilidade com a característica de ser potencial (e não mais cos (débeis mentais, imbecis e idiotas) dotados de reduzidíssima
atual), bastando ao agente ter, na situação real, a possibilidade capacidade mental, bem como os surdos-mudos sem capacidade
de conhecer o caráter ilícito do fato praticado, com base em um de comunicação.
juízo comum. Importante pontuar, que os elementos do conceito
de culpabilidade estão ordenados hierarquicamente, sendo que 2) Desenvolvimento mental incompleto por presunção le-
devem obedecer a ordem (imputabilidade; potencial consciência gal, do menor de dezoito anos. Artigo 27 C.P.
da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).
Ao passo que a teoria a teoria limitada é semelhante a anterior, 3) Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou
apenas se diferenciando quanto as descriminantes putativas que forma maior Artigo 28 parágrafo 1º C.P.
são divididas em 2 blocos: a) de fato – tratadas como erro de tipo
e b) de direito – tratadas como erro de proibição. Punibilidade e causas de extinção
Para a teoria funcional, A culpabilidade representa a falta de
fidelidade do sujeito no tocante ao ordenamento jurídico, que deve Punibilidade nada mais é que a possibilidade jurídica de o
ser a qualquer custo respeitado. Sua autoridade somente se atinge Estado impor pena ao autor culpável de um crime.
com a reiterada aplicação da norma penal, necessária para alcançar Muitas vezes, porém, tal não ocorre. Diante de causa extintiva
a finalidade de prevenção geral do Direito Penal. da punibilidade, o Estado estará impedido de desempenhar seu
Importante pontuar que o Código Penal adota a teoria limitada papel de repressão à prática delitiva.
da culpabilidade. Podemos conceituar causa extintiva de punibilidade como
No que tange aos elementos da culpabilidade, são eles: aquela que extingue o direito de punir estatal, impedindo a
imposição de pena, e extinção de punibilidade como a perda, por
IMPUTABILIDADE: é a capacidade de entender e querer. parte do Estado, do exercício do poder-dever de punir.
Via de regra, todos nós somos imputáveis. Causa de exclusão (art. Por sua vez, versamos também sobre as causas extintivas de
26, CP): doença mental, desenvolvimento mental incompleto, de- punibilidade que estão listadas no art. 107 do CP. Trata-se de rol
senvolvimento mental retardado e embriaguez completa oriunda meramente exemplificativo (numerus apertus), isso porque há
de caso fortuito ou força maior. outras causas que não constam desse dispositivo.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Hipóteses do art. 107 do Código Penal: a ação penal privada em face do querelado. Cabe na ação penal
exclusivamente privada e na ação penal privada subsidiária da
1 Morte do agente (art. 107, I): A morte do agente importa pública; porém, nesta última, tal não impede o Ministério Público
necessariamente na extinção da punibilidade. Exige-se certidão de de oferecer denúncia. A renúncia é ato unilateral. Pode ser expressa
óbito e oitiva prévia do Ministério Público (art. 62 do CPP). ou tácita.
O perdão do ofendido (arts. 105 e 106 do CP) é ato posterior à
2 Anistia, graça e indulto (art. 107, II): Anistia, graça e indulto propositura da ação, cabível somente na ação penal exclusivamente
configuram renúncia do Estado ao direito de punir. São cabíveis privada e depois de iniciada a ação até o trânsito em julgado da
tanto nos crimes de ação penal pública quanto nos de ação penal sentença (art. 106, § 2º, do CP).
privada; todavia, de acordo com o art. 5º, XLIII, da CF, e art. De acordo com o art. 105 do CP, o perdão do ofendido obsta
2º, I, da Lei n. 8.072/90, crimes hediondos e assemelhados são ao prosseguimento da ação. E poderá ocorrer no processo ou fora
insuscetíveis de anistia, graça e indulto. Anistia: de competência dele, podendo ser expresso ou tácito. Quando concedido a qualquer
exclusiva da União (art. 21, XVII, da CF) e privativa do Congresso dos querelados, a todos aproveita. Mas, se concedido por um dos
Nacional (art. 48, VIII, da CF). Dirige-se a fatos, decretando o ofendidos, não prejudica o direito dos demais. O perdão recusado
seu esquecimento. Afasta todos os efeitos penais da sentença não produzirá efeitos.
condenatória, mas não os efeitos civis. A anistia pode ser
concedida a qualquer tempo (denomina-se própria, se anterior 6 Perdão judicial (art. 107, IX): Consiste no poder-dever,
ao trânsito em julgado da sentença, e imprópria, se posterior), deferido ao magistrado, de não aplicar a sanção penal. Somente
podendo atingir crimes políticos (denomina-se especial) ou é possível nas hipóteses previstas expressamente em lei. Havendo
crimes comuns (denomina-se comum). Graça e indulto: a graça previsão expressa e preenchidos os requisitos, o juiz deverá
(ou indulto individual, segundo a LEP) é benefício concedido conceder o perdão judicial, deixando de aplicar a pena. Trata-se de
individualmente a pessoa certa, mediante decreto presidencial (art. direito subjetivo do acusado. A natureza jurídica do perdão é causa
84, XII, da CF), que poderá delegá-la aos Ministros de Estado, ao extintiva de punibilidade e a sentença que concede o benefício é
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União declaratória. O perdão judicial não gera reincidência.
(art. 84, parágrafo único, da CF). Da mesma maneira ocorre com
o indulto coletivo, que, no entanto, é benefício concedido em QUESTÕES
caráter coletivo, atingindo uma generalidade de pessoas. Ambos
pressupõem condenação transitada em julgado e afastam somente 1. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: TRE-GO. Prova:
os efeitos principais da condenação, subsistindo os efeitos penais Analista Judiciário - Área Judiciária)
secundários e os civis.
No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes
3 Abolitio criminis (art. 107, III): Extingue-se a punibilidade, omissivos, arrependimento posterior e crime impossível, julgue se
também, pela retroatividade de lei que não mais considera o fato é verdadeiro ou falso o item a seguir. A revogação expressa de um
como criminoso. Consoante o art. 2º, caput, do CP, “ninguém tipo penal incriminador conduz a abolitio criminis, ainda que seus
pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar elementos passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da revogadora.
sentença condenatória”.
Se o processo estiver em andamento, a apreciação da abolitio Gabarito: Errado
criminis caberá ao juiz de primeira instância (art. 61 do CPP); se
estiver em grau de recurso, ao tribunal; se já houver trânsito em
julgado, competente será o juiz das execuções (art. 66, II, da LEP).
A abolitio criminis apaga somente os efeitos penais, subsistindo CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
os civis.

4 Prescrição, decadência e perempção (art. 107, IV), a


prescrição será estuda no tópico seguinte. Quando abordamos a teoria do crime, necessariamente
Por sua vez, a decadência (art. 103 do CP): salvo disposição teremos que falar da classificação do referido, tal qual se alude a
expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou seguir:
de representação se não o exercer dentro do prazo de 6 meses,
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, • Comuns: descritos no Código Penal;
em se tratando de ação penal privada subsidiária da pública, do dia • Especiais: previstos nas legislações especiais;
em que se esgota o prazo para manifestação do Ministério Público. • Comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa;
Do outro lado, a perempção (art. 60 do CP): é a perda do • Próprios: exigem do sujeito ativo (qualificado) uma
direito de prosseguir na ação penal exclusivamente privada em qualidade especial;
razão de desídia do querelante. • De mão própria ( de atuação pessoal ou conduta
infungível): só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa, não
5 Renúncia ao direito de queixa ou perdão aceito, nos crimes havendo coautor.
de ação penal privada (art. 107, V): Renúncia ao direito de • De dano: para consumar, é necessária a efetiva lesão do
queixa (art. 104 do CP): renunciar significa desistir de promover bem jurídico;

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
• De perigo: a consumação se dá com a simples
possibilidade do dano; CONCURSO DE PESSOAS
• Materiais: tem-se por imprescindível a ocorrência dos
resultados desejados pelo agente;
• Formais (de consumação antecipada, de evento
naturalístico cortado ou tipo penal incongruente): consuma-se
de modo independente da ocorrência do resultado ( caso ocorra Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
haverá exaurimento); crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
• De mera conduta: são aqueles em que não há resultado culpabilidade.
naturalístico; § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode
• Comissivos: praticados mediante ação ser diminuída de um sexto a um terço.
• Omissivos: os praticados mediante omissão, podem § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime
ser próprios (basta a abstenção do ato, independente de resultado menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
posterior), ou impróprios por omissão (em decorrência da omissão, aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
há a produção de resultado posterior que o vincula); resultado mais grave.
• Instantâneos: consumam-se em um único momento;
• Permanentes: são os que no momento consumativo Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições
prolonga-se, protrai-se no tempo. de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
• Instantâneos de efeitos permanentes: são crimes que,
embora instantâneos, têm suas consequências protraídas no tempo; Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
• Simples: apresentam tipo penal único; salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o
• Complexos: é composto por dois ou mais tipos penais; crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
• Unissubsistentes: são os que se perfazem em um único
ato; O crime pode ser praticado por uma ou mais pessoas. Não
• Plurissubssitentes: são aqueles que se perfazem com raro, o delito é produto da concorrência de condutas referentes a
vários atos; dois ou mais sujeitos distintos. Quando isso ocorre estamos diante
• Plurissubjetivos: exigem mais de um ator; do concurso de pessoas ou codelinqüência, concurso de agentes,
• Culposos: o sujeito dá causa ao resultado (de forma coautoria, participação, coparticipação ou concurso de delinquen-
involuntária) por imprudência, negligência ou imperícia; tes.
• Dolosos: quando o agente quer ou assume o risco de Alguns crimes, chamados monossubjetivos ou de concurso
produzir o resultado; eventual, podem se cometidos por um ou mais agentes, como o
• Preterdolosos: a ação causa um resultado mais grave homicídio, por exemplo; outros, no entanto, denominados pluris-
que o pretendido pelo agente, há dolo no antecedente e culpa no subjetivos ou de concurso necessário, só podem ser praticados por
consequente; uma pluralidade de agentes, como o crime de quadrilha ou bando.
• Simples: é o descrito na forma típica fundamental; Os crimes plurissubjetivos podem ser de condutas paralelas (artigo
• Privilegiados: quando o legislador agrega ao tipo 288), de condutas convergentes (artigo 240) ou de condutas con-
fundamental circunstância que diminuem a pena; trapostas (artigo 137).
• Qualificados: quando o legislador agrega circunstância à
figura típica que aumentam a pena; O conceito de autor é algo polêmico para a doutrina. Há três
• Qualificados pelo resultado: é a situação em que teorias sobre a autoria:
o legislador acrescenta um resultado que aumenta a sanção • Teoria Restritiva: autor é somente aquele que realiza
abstratamente imposto ao preceito secundário; o núcleo da figura típica, ou seja, é aquele que pratica o verbo
• Da ação múltipla ou do conteúdo variado: o tipo penal do tipo. Autor é quem mata, subtrai, sequestra etc. Adota critério
descreve diversas modalidades de condutas; formal-objetivo, pois se atém à descrição típica. Haverá coautoria
• De forma livre: admite-se qualquer forma de execução; quando dois ou mais agentes, em conjunto, realizarem o verbo do
• De forma vinculada: admite-se qualquer meio de tipo. Partícipe é aquele que, sem realizar o núcleo da ação típica,
execução; concorre de qualquer forma para a consecução do crime. É a que
• Habitual: a conduta criminosa é praticada de forma entendemos correta e adotada pelo Código Penal.
reiterada; • Teoria Extensiva: não existe distinção entre coautor e
• À distância (ou de espaço máximo): a execução do crime partícipe; todos são chamados de coautores, realizem o verbo ou
ocorre em um país e o resultado em outro; concorram para a consecução do crime. Segue o critério material-
• Pluriofensivos: a conduta criminosa lesa ou causa perigo -objetivo. Essa teoria era adotada pela antiga Parte Geral do Códi-
de dano a mais de um bem penalmente tutelado; go Penal, entretanto, com a reforma de 1984, não é mais adotada.
• Teoria do Domínio do Fato: autores de um crime são to-
dos os agentes que, mesmo sem praticar o verbo, concorrem para
a produção final do resultado, tendo o domínio completo de todas
as ações até o momento consumativo. O que importa não é se o
agente pratica ou não o verbo, mas se detém o controle dos fatos,

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
podendo decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias, do Requisitos do Concurso de Pessoas
início da execução até a produção do resultado. Adota um critério
objetivo-subjetivo. Essa teoria complementa a teoria restritiva e é • Pluralidade de agentes e de condutas.
adotada por Damásio de Jesus. • Relevância causal de todas as condutas: todas as condu-
tas devem ter concorrido para a produção do resultado.
Natureza Jurídica do Concurso de Pessoas • Liame subjetivo: deve haver unidade de desígnios. É
pressuposto básico do concurso de agentes que haja uma coopera-
- Teoria unitária ou monista: ção desejada e recíproca entre eles. É necessária a homogeneidade
de elemento subjetivo (não se admite participação dolosa em crime
Todos os coautores e partícipes respondem por um único culposo e vice-versa). Observação: não se exige prévio acordo de
crime. É a teoria que foi adotada como regra pelo Código Penal vontades, mas apenas que uma vontade adira à outra. Assim, por
(artigo 29, caput). exemplo, a doméstica pode deixar a porta aberta para prejudicar a
patroa e um ladrão pode entrar na casa sem que saiba estar sendo
- Teoria dualista: ajudado.
• Identidade de infração para todos os agentes, salvo exce-
Os coautores respondem por um crime e os partícipes por ou- ções pluralísticas.
tro. Não foi adotada pelo sistema jurídico brasileiro.
Formas de Participação:
- Teoria pluralística:
- Participação moral
Cada um dos participantes responde por delito próprio, ou
seja, cada partícipe será punido por um crime diferente. • Induzimento: fazer nascer a ideia no autor;
Essa teoria foi adotada como exceção pelo Código Penal, pois • Instigação: reforçar a ideia já existente na mente do autor.
se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave
deve ser aplicada a pena deste (artigo 29, § 2.º). Se o resultado - Participação material
mais grave for previsível a pena será aumentada até a metade.
Outras exceções pluralísticas: É aquela que ocorre por meio de atos materiais. É o auxílio,
• O provocador do aborto responde pela figura do artigo como por exemplo, emprestar a arma do crime. Cúmplice é o
126, ao passo que a gestante que consentiu responde pela figura do partícipe que concorre para o crime por meio de auxílio.
artigo 124 do Código Penal;
• Na hipótese de casamento entre pessoa já casada e outra Autoria Mediata
solteira, respondem os agentes, respectivamente, pelas figuras tipi-
ficadas no artigo 235, caput, e § 1.º, do Código Penal. Ocorre quando o autor se serve de uma pessoa sem condições
• Crimes de corrupção ativa e passiva (artigos 333 e 317 de avaliar o que está fazendo para, em seu lugar, praticar o crime.
do Código Penal). A pessoa desprovida de discernimento (por exemplo: um louco
• Falso testemunho e corrupção de testemunha (artigos ou uma criança) é um simples instrumento da atuação do autor
342 e 343 do Código Penal). mediato.
A autoria mediata pode resultar de:
Natureza Jurídica da Participação • Ausência de capacidade penal;
• Provocação de erro de tipo escusável;
De acordo com a teoria da acessoriedade, a participação é uma • Coação moral irresistível;
conduta acessória à do autor, tida por principal. Considerando que • Obediência hierárquica.
o tipo penal somente contém o núcleo e os elementos da conduta Não há concurso de agentes entre o autor mediato e o execu-
principal, os atos do partícipe acabam não encontrando qualquer tor, pois somente o autor mediato responderá, porque praticou o
enquadramento. crime utilizando terceiro como mero instrumento.
Há quatros classes de acessoriedade:
• Mínima: basta ao partícipe concorrer para um fato típico; Autoria Colateral
• Limitada: deve concorrer para um fato típico e ilícito;
• Extrema: o fato deve ser típico, ilícito e culpável; Ocorre quando duas ou mais pessoas realizam simultanea-
• Hiperacessoriedade: o fato deve ser típico, ilícito mente uma conduta sem que exista entre elas liame subjetivo.
e culpável e o partícipe responderá ainda pelas agravantes e Cada um dos autores responde por seu resultado, visto não haver,
atenuantes de caráter pessoal relativas ao autor principal. nesse caso, coautoria.

Nossa legislação adota a teoria da acessoriedade limitada. Autoria Incerta


Tratando-se de comportamento acessório e não havendo corres-
pondência entre a conduta do partícipe e as elementares do tipo, Ocorre quando, na autoria colateral, não se sabe quem
faz-se necessária uma norma de extensão que leve a participação produziu o resultado. A consequência é a responsabilização de
até o tipo incriminador (adequação típica mediata ou indireta). todos os autores por tentativa, visto que não se sabe qual deles
Essa norma é o artigo 29 do Código Penal. provocou o resultado (princípio in dubio pro reo).

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Autoria Ignorada ou Desconhecida Caso um indivíduo obtenha de um amigo, por empréstimo,
uma arma de fogo, dando-lhe ciência de sua intenção de utilizá-la
Ocorre quando não se sabe quem foi o realizador da conduta. para matar outrem, o amigo que emprestar a arma será considerado
A consequência é o arquivamento do inquérito policial por ausên- partícipe do homicídio se o referido indivíduo cometer o crime
cia de indícios. pretendido, ainda que este não utilize tal arma para fazê-lo e que o
amigo não o estimule a praticá-lo.
Participação por Omissão
Gabaritos
Ocorre quando o sujeito que tem o dever jurídico de impedir
o resultado se omite (artigo 13, § 2.º, do Código Penal). A omissão
torna-se uma forma de praticar o crime. A vontade do sujeito, que 1. Errado
tem o dever jurídico de impedir o resultado, adere à vontade dos
agentes do crime.

Conivência ou Participação Negativa (crimen silenti)


CRIMES CONTRA A PESSOA

Ocorre quando o sujeito, que não tem o dever jurídico de im-


pedir o resultado, se omite. Não responderá pelo crime, exceto se
a omissão constituir crime autônomo. Exemplo: se o sujeito fica HOMICÍDIO:
sabendo de um furto e não comunica à autoridade policial, não
responde pelo crime; também, se um exímio nadador presencia Art. 121. Matar alguém:
uma mãe lançando seu filho de tenra idade em uma piscina, não Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
responde pelo homicídio (poderá responder por omissão de socor-
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
ro), exceto se tiver o dever jurídico de evitar o resultado (se for o
professor de natação da criança, por exemplo). relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz
Participação de Participação pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
É o auxílio do auxílio, o induzimento ao instigador etc. § 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
Participação Sucessiva outro motivo torpe;
Ocorre quando o mesmo partícipe concorre para a conduta II - por motivo fútil;
principal de mais de uma forma. Exemplo: o partícipe induz o au- III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
tor a praticar um crime e depois o auxilia no cometimento. tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
Participação Impunível IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
Quando o fato principal não ingressar na fase executória, a ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do
participação restará impune (artigo 31 do Código Penal).
ofendido;
Comunicabilidade e Incomunicabilidade de Elementares V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
e Circunstâncias ou vantagem de outro crime:
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Dispõe o artigo 30 do Código Penal: “Não se comunicam as VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando ele- feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
mentares do crime”. VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e
Assim, de acordo com essa redação, as circunstâncias pes- 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional
soais somente se comunicam ao coautor ou partícipe quando não e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício
forem circunstâncias, mas elementares. da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
Podemos, assim, extrair três regras: companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
1.ª) as circunstâncias subjetivas, também chamadas de cir- razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
cunstâncias de caráter pessoal, jamais se comunicam; Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
2.ª) as circunstâncias objetivas, de caráter não pessoal, podem
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo
comunicar-se, desde que o coautor ou partícipe delas tenha conhe-
cimento; feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104,
3.ª) as elementares, pouco importando se subjetivas (de cará- de 2015)
ter pessoal) ou objetivas, sempre se comunicam. I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015)
1. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: TRE-GO. Prova: II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Analista Judiciário - Área Judiciária) (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Julgue o item seguinte, a respeito de concurso de pessoas, § 3º Se o homicídio é culposo:
tipicidade, ilicitude, culpabilidade e fixação da pena. Pena - detenção, de um a três anos.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 4oNo homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um Para que exista coautoria e participação, é necessário que
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de exista liame subjetivo, ou seja, a ciência por parte dos envolvidos
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato de que estão colaborando para um fim comum.
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso Pergunta: Que vem a ser autoria colateral?
o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime Resposta: Ocorre quando duas ou mais pessoas querem come-
é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de ter o mesmo crime e agem ao mesmo tempo, sem que uma saiba da
60 (sessenta) anos. intenção da outra, e o resultado morte decorre da conduta de um só
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar agente, que é identificado no caso concreto. O que for identificado
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o responderá por homicídio consumado e o outro por tentativa.
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. Pergunta: Que se entende por autoria incerta?
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o Resposta: Ocorre quando, na autoria colateral, não se
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação consegue identificar o causador da morte, respondendo todos por
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. tentativa de homicídio.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, Classificação:
de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao É um crime simples, comum, instantâneo, material e de dano.
parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de Sujeito passivo:
60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
13.104, de 2015) Qualquer ser humano após seu nascimento e desde que esteja
III - na presença de descendente ou de ascendente da vivo.
vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Crime impossível: tem a finalidade de afastar a tentativa por
absoluta ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto.
São três os tipos (espécies): Há crime impossível por absoluta impropriedade do objeto na
- homicídio simples; conduta de quem tenta tirar a vida de pessoa já morta e, neste caso,
- homicídio privilegiado;
não há tentativa de homicídio, ainda que o agente não soubesse
- homicídio qualificado.
que a vítima estava morta. Haverá também crime impossível, mas
por absoluta ineficácia do meio, quando o agente usa, por exemplo,
Homicídio Simples:
arma de brinquedo ou bala de festim.
Conceito de homicídio: eliminação da vida humana extraute-
Consumação:
rina, provocada por outra pessoa.
Tipo penal: matar alguém.
Dá-se no momento da morte (crime material). A morte ocorre
Pena: reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
quando cessa a atividade encefálica (Lei n. 9.434/97, artigo 3.º). A
Objeto jurídico: prova da materialidade se faz por meio do laudo de exame necros-
cópico assinado por dois legistas, que devem atestar a ocorrência
Objetividade jurídica trata-se do bem jurídico tutelado pela da morte e se possível as suas causas.
norma penal. No caso do homicídio o bem jurídico tutelado é a
vida humana extrauterina. O homicídio é um crime simples, pois Tentativa:
tem apenas um bem jurídico tutelado (vida). Crimes complexos
são aqueles em que a lei protege mais de um bem jurídico (exem- Tentativa branca de homicídio: ocorre quando o agente pratica
plo: latrocínio). o ato de execução, mas não atinge o corpo da vítima que, portanto,
não sofre qualquer dano em sua integridade corporal.
Sujeito ativo: Tentativa cruenta de homicídio: ocorre quando a vitima é atin-
gida, sendo apenas lesionada.
Qualquer pessoa. O homicídio é um crime comum, pois pode Tentativa de homicídio diferencia-se de lesão corporal consu-
ser praticado por qualquer pessoa, ao contrário dos crimes pró- mada: o que distingue é o dolo (intenção do agente).
prios, que só podem ser praticados por determinadas pessoas. Progressão criminosa: o agente inicia a execução querendo
O homicídio admite coautoria e participação. Lembre-se que apenas lesionar e depois altera o seu dolo e resolve matar. Con-
o Código Penal adotou a teoria restritiva, logo: sequência: o agente só responde pelo homicídio que absorve as
Autor: é a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo, o lesões corporais.
verbo do tipo (é quem subtrai, quem constrange, quem mata). Lesão corporal seguida de morte: trata-se de crime preterdo-
Partícipe: é a pessoa que não comete a conduta descrita no loso (dolo na lesão e culpa na morte). Não se confunde com a
tipo, mas de alguma forma contribui para o crime. Exemplo: progressão criminosa.
aquele que empresta a arma, incentiva.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Elemento subjetivo: Inciso I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe
- dolo direto: quando a pessoa quer o resultado;
- dolo eventual: o agente assume o risco de produzir o Na paga ou promessa de recompensa, há a figura do mandante
resultado (prevê a morte e age). e do executor. Neste caso, o homicídio é também chamado homi-
cídio mercenário.
No caso de homicídio decorrente de racha de automóveis (ar- A paga é prévia em relação à execução. Na promessa de re-
tigo 308 do Código de Trânsito Brasileiro), os Tribunais têm en- compensa, o pagamento é posterior à execução. Mesmo se o man-
tendido que se trata de homicídio com dolo eventual. dante não a cumprir, existirá a qualificadora.
Questão: a qualificadora da promessa de recompensa
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO - ARTIGO 121, § 1.º, DO comunica-se ao mandante do crime?
CÓDIGO PENAL Resposta: a qualificadora é mera circunstância. Assim,
sem a qualificadora o homicídio continua existindo. A lei
Causa de diminuição de pena (redução de 1/6 a 1/3, em todas procurou aumentar a pena do executor de homicídio que atua
impelido pelo abjeto e egoístico motivo pecuniário, reservan-
as hipóteses).
do tratamento mais severo para os chamados “matadores de
Apesar de o parágrafo trazer a expressão “pode”, trata-se de
aluguel”. A circunstância tem caráter pessoal porque se trata
uma obrigatoriedade, para não ferir a soberania dos veredictos. O
do motivo do crime, ou seja, algo ligado ao agente, não ao
privilégio é votado pelos jurados e, se reconhecido o privilégio, fato. Assim, tratando-se de circunstância de caráter pessoal,
a redução da pena é obrigatória, pois do contrário estaria sendo não se comunica ao partícipe (artigo 30). Há, todavia, enten-
ferido o princípio da soberania dos veredictos. Trata-se, portanto, dimento contrário.
de um direito subjetivo do réu. Motivo torpe: é o motivo moralmente reprovável, vil, repug-
As hipóteses são de natureza subjetiva porque estão ligadas nante. Exemplo: matar o pai para ficar com herança; matar a es-
aos motivos do crime: posa porque ela não quis manter relação sexual. O ciúme não é
- Motivo de relevante valor moral (nobre): diz respeito a considerado motivo torpe. A vingança será considerada, ou não,
sentimentos do agente que demonstre que houve uma motivação motivo torpe dependendo do que a tenha originado.
ligada a uma compaixão ou algum outro sentimento nobre. É o
caso da eutanásia. Inciso II - motivo fútil
- Motivo de relevante valor social: diz respeito ao sentimento
da coletividade. Exemplo: matar o traidor da Pátria. Matar por motivo de pequena importância, motivo insignifi-
- Sob domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta cante. Exemplo: matar por causa de uma “fechada” no trânsito.
provocação da vítima. A ausência de prova, referente aos motivos do crime, não per-
Requisitos: mite o reconhecimento dessa qualificadora.
a - existência de uma injusta provocação (não é injusta Ciúme não caracteriza motivo fútil.
agressão, senão seria legítima defesa). Exemplo: adultério, A existência de uma discussão “forte”, precedente ao crime,
xingamento, traição. Não é necessário que a vítima tenha tido a afasta o motivo fútil, ainda que a discussão tenha se iniciado por
intenção específica de provocar, bastando que o agente se sinta motivo de pequena importância, pois se entende que a causa do
provocado. homicídio foi a discussão e não o motivo anterior que a havia ori-
b - que, em razão da provocação, o agente fique tomado por ginado.
uma emoção extremamente forte. Emoção é um estado súbito e A vingança será considerada, ou não, motivo fútil, dependen-
passageiro de instabilidade psíquica. do do que a tenha originado.
c - reação imediata (logo em seguida...): não pode ficar
Inciso III - emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
evidenciada uma patente interrupção entre a provocação e a morte.
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa
Leva-se em conta o momento em que o sujeito ficou sabendo da
representar perigo comum.
provocação.
Pergunta: Qual a diferença entre o privilégio da violenta emo- Emprego de veneno:
ção com a atenuante genérica homônima? Trata-se do venefício, que é o homicídio praticado com o
Resposta: No privilégio, a lei exige que o sujeito esteja sob emprego de veneno.
o domínio de violenta emoção, enquanto na atenuante, basta que É necessário que seja inoculado de forma que a vítima não
o sujeito esteja sob a influência da violenta emoção. O privilégio perceba. Se o veneno for introduzido com violência ou grave
exige reação imediata, já a atenuante não. ameaça, será aplicada a qualificadora do meio cruel. Certas
substâncias que são inofensivas para as pessoas em geral poderão
HOMICÍDIO QUALIFICADO - ARTIGO 121, § 2.º, DO ser consideradas veneno em razão de condições de saúde peculiares
CÓDIGO PENAL da vítima, como no caso do açúcar para o diabético.
Pena: reclusão de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Emprego de fogo:
Classificação:
- Quanto aos motivos: incisos I e II. Se além de causar a morte da vítima o fogo ou explosivo
- Quanto ao meio empregado: inciso III. danificarem bem alheio, o agente só responderá pelo homicídio
- Quanto ao modo de execução: inciso IV. qualificado (artigo 163, parágrafo único, inciso II, do Código
- Por conexão: inciso V. Penal).

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Emprego de explosivo: Questão: O que ocorre, todavia, se no caso concreto o agen-
te, além de matar a vítima, efetivamente expõe outras pessoas a
Exemplo de bombas caseiras em torcidas de futebol. Eventual perigo?
dano ao patrimônio alheio ficará absorvido pelo homicídio qualifi- Resposta: Parte da doutrina entende que há homicídio quali-
cado pelo fogo ou explosivo. ficado em concurso formal com o crime de perigo comum (artigo
250 e seguintes do Código Penal). Mas há entendimento divergen-
Emprego de asfixia: te, pois se o agente atua com o dolo de dano, não pode agir com
dolo de perigo.
Causa o impedimento da função respiratória. Formas de
asfixia:
- Asfixia mecânica Inciso IV – à traição, de emboscada ou mediante
- Esganadura: o agente, com seu próprio corpo, comprime o dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível
pescoço da vítima. a defesa do ofendido
- Estrangulamento: passar fio, arame etc. no pescoço da
vítima, causando-lhe a morte. É a própria força do agente atuando, Refere-se ao modo que o sujeito usou para aproximar-se da
mas não com as mãos. vítima.
- Enforcamento: é a força da gravidade que faz com que o Traição: aproveitar-se da prévia confiança que a vítima de-
peso da vítima cause sua morte (por exemplo: o pescoço da vítima posita no agente para alvejá-la (exemplo: matar a esposa que está
é envolto com uma corda). dormindo).
- Sufocação: é a utilização de algum objeto que impeça a - Emboscada ou tocaia: aguardar escondido a passagem da
entrada de ar nos pulmões da vítima (exemplo: introduzir algodão vítima por um determinado local para matá-la.
na garganta da vítima, colocar travesseiro no seu rosto). - Dissimulação: uso de artifício para se aproximar da vítima.
- Afogamento: imersão em meio líquido. Pode ser:
- Soterramento: imersão em meio sólido (exemplo: enterrar Material: dá-se com o uso de disfarce, fantasia ou métodos
alguém vivo fora de um caixão). análogos para se aproximar.
- Imprensamento ou sufocação indireta: impedir o movimento
- Moral: a pessoa usa a palavra. Sujeito dá falsas provas de
respiratório colocando, por exemplo, um peso sobre o tórax da
vítima. amizade ou de apreço para poder se aproximar.
- Asfixia tóxica: uso de gás asfixiante: monóxido de carbono,
por exemplo. Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível
- Confinamento: trancar alguém em lugar fechado de forma a defesa da vítima
a impedir a troca de ar (exemplo: enterrar alguém vivo dentro de Exemplos: surpresa, disparo pelas costas, enquanto a vítima
caixão). dorme etc.
Quando uma pessoa armada mata outra desarmada, a jurispru-
Emprego de tortura ou qualquer meio insidioso ou cruel: dência não configura a qualificadora por razão de política criminal.

Tortura: Deve ser a causa direta da morte. Trata-se de meios Inciso V – para assegurar a execução, a ocultação, a
que causam na vítima intenso sofrimento físico ou mental. A reite- impunidade ou vantagem de outro crime
ração de golpes, dependendo da forma como ela é utilizada, pode
ou não caracterizar a qualificadora de meio cruel (exemplos: ape- O inciso refere-se às qualificadoras por conexão, que podem
drejamento, paulada, espancamento etc.). ser:
Eventual mutilação praticada após a morte caracteriza crime - Teleológica: Quando a morte visa assegurar a execução
autônomo de destruição de cadáver (artigo 211 do Código Penal). de outro crime (exemplo: matar o segurança para sequestrar
O crime de tortura com resultado morte (artigo 1.º, § 3.º,
o empresário). Haverá concurso material entre o homicídio
da Lei n. 9.455/97), que prevê pena de reclusão de 8 a 16 anos,
qualificado e o outro delito, salvo se houver crime específico no
não se confunde com o homicídio qualificado pela tortura. A
diferença está no elemento subjetivo. No homicídio qualificado, Código Penal para esta situação (exemplo: no latrocínio, o agente
o agente quer a morte da vítima e utiliza meio que causa intenso mata para roubar).
sofrimento físico ou mental. No crime de tortura com resultado
morte, no entanto, o agente tem a intenção de torturar a vítima, - Consequencial: Ocorre quando a morte visa garantir:
mas acaba provocando sua morte culposamente (trata-se de crime - ocultação de outro crime: o agente quer evitar que alguém
preterdoloso - dolo no antecedente e culpa no consequente). descubra que o crime foi praticado;
Meio insidioso: é o meio ardiloso que consiste no uso de frau- - impunidade: evitar que alguém conheça o autor de um crime
de, armadilha, parecendo não ter havido infração penal, e sim um (exemplo: matar testemunha);
acidente, como no caso de sabotagem nos freios do automóvel. - vantagem (exemplo: ladrões de banco – um mata o outro).

Emprego de qualquer meio do qual possa resultar perigo Na conexão teleológica, primeiro o agente mata e depois co-
comum: mete o outro crime. Na consequencial, primeiro comete o outro
crime, depois mata.
Gera perigo a um número indeterminado de pessoas. Não é Se o agente visa a garantia da execução, a ocultação, a
necessário que o caso concreto demonstre o perigo comum, basta impunidade ou vantagem de uma contravenção, será aplicada a
que se comprove que o meio usado poderia causar dano a várias qualificadora do motivo torpe, conforme o caso. Não incide o
pessoas, ainda que não haja uma situação de risco específico. inciso V, pois, esse se refere expressamente a outro crime.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Observações: Se o crime tem mais de uma qualificadora que incide sobre
- Premeditação não é qualificadora. um fato, aplica-se somente uma delas. Exemplo: homicídio
- Homicídio de pessoa da mesma família não gera triplamente qualificado. Basta uma qualificadora para alterar os
qualificadora, apenas agravante genérica do artigo 61 inciso II, limites da pena. As demais qualificadoras passam a ter a função de
alínea “e”, do Código Penal. influir na dosagem da pena dentro dos novos limites. Aqui, surge
- Parricídio: matar qualquer ascendente. a seguinte questão:
- Matricídio: matar a própria mãe. Como as demais qualificadoras influem na pena?
- Filicídio: matar o próprio filho. Resposta: há duas posições:
Se previstas como agravantes genéricas, passam a funcionar
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo como tal, sendo consideradas na segunda fase.
feminino. Funcionam como circunstâncias judiciais desfavoráveis
observadas na primeira fase. Esse entendimento se baseia na
A nova disposição do Código Penal ventila a hipótese em que interpretação do artigo 61, caput, do Código Penal.
a pena é aumentada de 1/3 até a metade se for praticado: a) durante
a gravidez ou nos 3 meses posteriores ao parto; b) contra pessoa Questão: O delito disposto no artigo 121 do Código Penal
menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c) na pode ser qualificado e privilegiado ao mesmo tempo?
presença de ascendente ou descendente da vítima. Resposta: Sim, desde que as qualificadoras sejam objetivas,
pois as hipóteses que tratam do privilégio são todas de natureza
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. subjetiva – tornando-se inconciliáveis com as qualificadoras sub-
142  e  144 da Constituição Federal,  integrantes do sistema jetivas (o homicídio não poder ser, a um só tempo, cometido por
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no motivo de relevante valor social e por motivo fútil).
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu No momento da quesitação, quando do julgamento pelo Júri,
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro o privilégio é votado antes das qualificadoras (Súmula n. 162 do
grau, em razão dessa condição. Supremo Tribunal Federal). Assim, se os jurados o reconhecerem,
o juiz coloca em votação apenas as qualificadoras objetivas, já que
A doutrina tem denominado tal situação como policídio, as subjetivas ficam prejudicadas.
policialicídio e homicídio funcional. O conceito legal consiste em: O homicídio qualificado é crime hediondo.
“Matar autoridade ou policial no exercício da função ou em razão
dela, ou seu cônjuge, companheiro ou patente consanguíneo até Questão: O homicídio privilegiado-qualificado é
terceiro grau. O crime continua a ser homicídio, sendo, porém, considerado crime hediondo?
Resposta: Existem duas correntes:
qualificado pela nova circunstância.”
Para o Prof. Damásio de Jesus, não é hediondo. O artigo 67
A competência é do Tribunal do Júri da Justiça Estadual ou
do Código Penal dispõe que havendo concurso entre agravante
Federal.
e atenuante, deve se dar preponderância à circunstância de
Cabe salientar que o crime não admite graça e indulto; b. é
caráter subjetivo (motivos do crime, personalidade do agente e
inafiançável; c. prisão temporária: 30 dias; d. progressão de regime:
reincidência). Por analogia, concorrendo privilégio e qualificadora,
primário: cumprimento de 2/5 da pena; reincidente: 3/5; e. regime
prevalece o privilégio, por tratar-se de circunstância subjetiva.
prisional inicial: fechado; f. livramento condicional: 2/3 da pena; Aceita pela jurisprudência: inaplicável a analogia ao artigo
se reincidente específico, inadmissível; g. fiança: inadmissível; h. 67, porque qualificadora e privilégio são elementos que não
prisão preventiva: é possível (art. 2º, I e II, da Lei n. 8.072/90). se equivalem. Ao contrário do que ocorre com as agravantes e
No que tange aos agentes, o ativo por se tratar de crime comum, atenuantes genéricas. A qualificadora deve preponderar, porque
pode ser qualquer pessoa, enquanto os passivos (autoridades, modifica a própria estrutura típica do delito, alternando a pena in
agentes ou parentes). abstrato, enquanto que o privilégio é apenas causa de diminuição
Quanto ao nexo de causalidade é necessário que a vítima, no de pena.
momento do crime, esteja no exercício da função ou o fato tenha
sido cometido em decorrência dela ou em razão dessa condição HOMICÍDIO CULPOSO - ARTIGO 121, § 3.º, DO
CÓDIGO PENAL
As qualificadoras podem ser de duas espécies: Pena: detenção de 1 (um) a 3 (três) anos.

- subjetivas: referem-se aos motivos do crime (incisos I, II e A morte decorre de imprudência, negligência ou imperícia.
V); - Imprudência: consiste numa ação, conduta perigosa.
- objetivas: referem-se aos meios e modos de execução - Negligência: é uma omissão; ocorre quando se deveria ter
(incisos III e IV). tomado um certo cuidado.
- Imperícia: ocorre quando uma pessoa não possui aptidão
As qualificadoras se estendem aos coautores ou partícipes? técnica para a realização de uma certa conduta e mesmo assim a
realiza, dando causa à morte.
Somente as objetivas se comunicam, desde que tenham in-
gressado na esfera de conhecimento do coautor ou partícipe. As de Culpa concorrente: ocorre quando duas pessoas agem de for-
caráter subjetivo são incomunicáveis, conforme dispõe o artigo 30 ma culposa, provocando a morte de um terceiro. Ambos respon-
do Código Penal. dem pelo crime.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O fato de a vítima também ter agido com culpa não exclui a II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de
responsabilidade do agente. Não há compensação de culpas em 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
Direito Penal. 13.104, de 2015)
O homicídio culposo do Código Penal só se aplica se o crime
não for cometido na direção de veículo automotor, porque nesse III - na presença de descendente ou de ascendente da
caso estará configurado o crime definido no artigo 302 do Código vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
de Trânsito Brasileiro, que prevê pena mais severa.
A ação penal é pública incondicionada. O processo observará PERDÃO JUDICIAL - ARTIGO 121, § 5.º, DO CÓDIGO
o rito sumário. PENAL

AUMENTO DE PENA ARTIGO 121, § 4.º, DO CÓDIGO Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá conceder o
PENAL perdão judicial, deixando de aplicar a pena, quando as consequên-
No Homicídio Culposo: A pena será aumentada de 1/3 (um cias do crime atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
terço): imposição da mesma se torne desnecessária. Só na sentença é que
poderá ser concedido o perdão judicial.
- Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima Exemplo: agente que culposamente mata o próprio filho.
Só se aplica a quem agiu com culpa e não socorreu. Não se Tem caráter pessoal, logo não se estende a terceiro.
aplica o aumento:
se a vítima está evidentemente morta; Natureza Jurídica do Perdão Judicial
se a vítima foi socorrida de imediato por terceiro; É uma faculdade do juiz e não um dos direitos públicos
quando o socorro não era possível por questões materiais, subjetivos do réu. O juiz, portanto, tem a discricionariedade de
ameaça de agressão etc. conceder ou não. Trata-se de causa extintiva da punibilidade
(artigo 107, inciso IX, do Código Penal).
- Se o agente foge para evitar o flagrante
INDUZIMENTO, AUXÍLIO OU INSTIGAÇÃO AO
- Se o agente não procurar diminuir as consequências de
SUICÍDIO
seu ato.
Art. 122, caput — Induzir ou instigar alguém a suicidar-se
- Se o crime resulta da inobservância de regra técnica de
ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
arte, profissão ou ofício.
Pena — reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
Como diferenciá-la da imperícia? A diferença é que na impe-
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
rícia o agente não possui aptidão técnica para a conduta, enquanto
suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
na causa de aumento o agente conhece a regra técnica, mas por
descaso, desleixo, não a observa, provocando assim a morte da
vítima. Esse crime também é chamado de “participação em
suicídio” porque pune quem colabora com suicídio alheio. A lei
No Homicídio Doloso: A pena será aumentada de 1/3, se a não incrimina aquele que tenta o suicídio e não obtém êxito. O
vítima for menor de 14 anos. A idade deve ser aferida no momen- legislador entendeu que a punição nesse caso teria apenas efeitos
to da ação ou omissão. Assim, aplica-se o aumento mesmo se a negativos, como, por exemplo, reforçar a ideia suicida. Assim,
vítima morre após completar 14 anos, nos termos do artigo 4.º do como o suicídio em si não constitui crime, pode-se dizer que
Código Penal. no art. 122 o legislador tornou ilícita a participação em fato não
Aplica-se ao homicídio simples, qualificado e privilegiado. criminoso (participação em suicídio).
A lei pune apenas aquele que participa do suicídio de outra
AUMENTO DE PENA ARTIGO 121, § 6.º, DO CÓDIGO pessoa em uma das três modalidades definidas no tipo, quais
PENAL sejam, induzindo, instigando ou prestando auxílio.
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o Induzir. Significa dar a ideia do suicídio a alguém que ainda
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação não tinha tido esse pensamento. O agente faz surgir a intenção do
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. suicídio.
Na história recente, há vários acontecimentos que se integram
AUMENTO DE PENA ARTIGO 121, § 7.º, DO CÓDIGO a essa hipótese, ligados, basicamente, a líderes de fanáticos
PENAL religiosos, que estimulam o suicídio em massa de seus seguidores.
Instigar. Significa reforçar a intenção suicida já existente.
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até É o caso daqueles que vislumbram uma pessoa no alto de um
a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, prédio, prestes a se atirar de lá, e, ainda assim, passam a estimular,
de 2015) mediante gritos, que o suicida efetivamente salte.
No induzimento, a ideia de suicídio ainda não havia passado
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao pela cabeça da vítima. Na instigação, por outro lado, a ideia já
parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) havia surgido na vítima e o sujeito a estimula. O induzimento e a
instigação são chamados de participação moral.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Auxiliar. Significa colaborar materialmente com a prática Observações:
do suicídio, quer dando instruções, quer emprestando objetos 1) Não há suicídio no ato daquele que quer ser herói e que vai
(arma, veneno) para que a vítima se suicide. O auxílio é chamado à guerra por seu país. Por isso, aquele que o instiga a ir à guerra
de participação material. Essa participação, todavia, deve ser não pratica crime.
secundária, acessória, pois se a ajuda for a causa direta e imediata 2) Se o agente pratica, por exemplo, induzimento e auxílio
da morte da vítima, o crime será o de homicídio, como no caso de ao suicídio de alguém, responde por um único delito. Trata-se de
quem, a pedido da vítima, puxa o gatilho e provoca a sua morte, crime de ação múltipla (de conteúdo variado), em que a prática
já que, ainda que exista consentimento, ele não é válido, uma vez de mais de uma conduta em relação à mesma vítima configura
que a vida é bem indisponível. Não se pode, nesse caso, tipificar o uma só infração penal. Nessa espécie de delito, que possui tipo
crime de participação em suicídio, porque não houve efetivamente misto alternativo, a realização de mais de uma conduta, apesar
suicídio. de configurar crime único, deve ser levada em consideração na
No Brasil, o famoso caso do médico norte-americano que aplicação da pena.
cede um dispositivo a pacientes terminais para que eles próprios 3) Livros e músicas que estimulam a prática do suicídio ou
venham a dar início à inoculação de veneno para a provocação da que ensinam modos de se suicidar não geram a incriminação de
morte configuraria o crime do art. 122 do Código Penal.
seus autores porque o induzimento, o auxílio ou a instigação têm
Suicídio — é a supressão voluntária e consciente da própria
que visar pessoa determinada ou determinadas.
vida.
4) Deve haver relação de causa e efeito entre a conduta do
Assim, se alguém tira sua própria vida mas de forma não
agente e a da vítima. É o chamado nexo de causalidade. Se o
consciente ou voluntária, afasta-se a caracterização do delito em
estudo e pode- -se configurar o crime de homicídio. Por isso, se agente empresta um revólver e a vítima se enforca, não há crime,
a vítima é forçada, mediante violência ou grave ameaça, a ingerir já que, excluído o empréstimo da arma, a vítima teria conseguido
veneno ou a desferir um tiro no próprio peito não há suicídio cometer o suicídio da mesma forma como o fez.
porque a vítima não queria se matar. O autor da violência ou grave 5) Seriedade deve existir na conduta do agente. Se alguém, em
ameaça responderá por homicídio. tom de brincadeira, diz à vítima que a única solução é “se matar”
Da mesma maneira, se há emprego de alguma forma de fraude e a vítima efetivamente se mata, o fato é atípico por ausência de
para que a vítima tire sua vida sem perceber que o está fazendo, dolo. O crime em estudo admite apenas a forma dolosa, inclusive
também se tipificará homicídio por parte do autor da fraude. o dolo eventual, mas não prevê hipótese culposa.
6) Se várias pessoas fazem roleta-russa em grupo, uns
Consumação e tentativa. estimulando os outros, os sobreviventes respondem pelo crime
do art. 122 do Código Penal. Se, entretanto, uma pessoa aperta o
O art. 122 do Código Penal, quando trata da pena para o delito, gatilho da arma em direção a outra pessoa e provoca a morte dela
menciona punição apenas nas hipótese sem que a vítima morre ou haverá homicídio com dolo eventual.
sofre lesões graves. Na primeira hipótese, a pena é de reclusão de 7) A existência desse crime pressupõe que a vítima tenha
dois a seis anos e, na segunda, reclusão de um a três. alguma capacidade de entendimento (de que sua conduta irá
Percebe-se, assim, que a própria lei exclui o crime quando provocar sua morte) e resistência. Assim, quem induz criança de
a vítima não tenta se matar ou, se tentando, sofre apenas lesões pouca idade ou pessoa com grave enfermidade mental a se atirar
leves, já que, para esses casos, não há previsão legal de pena. de um prédio responde por homicídio.
Por isso, o crime somente se consuma no momento da morte 8) Se duas pessoas fazem um pacto de morte, incentivando-
da vítima ou, no segundo caso, quando ela sofre lesões graves. se mutuamente a cometer suicídio, e uma delas se mata e a outra
Não importa o tempo que medeie entre a conduta do agente e desiste, esta responde pelo crime do art. 122 do Código Penal. O
a da vítima. Basta que se prove o nexo causal, ou seja, se alguém mesmo ocorre se ambas realizam o ato suicida, mas uma sobrevive.
estimulou a vítima há um ano e esta se mata, só terá havido infração Caso ambas sobrevivam, e uma sofra lesão grave e a outra sofra
penal no instante em que a vítima agiu contra a própria vida. lesão leve, a última responderá pelo crime (porque a primeira
Apenas a partir desse momento poderá correr o prazo prescricional
sofreu lesão grave), enquanto para a outra o fato será considerado
e somente então é que será possível a punição do agente. A tentativa
atípico.
que teoricamente seria possível não existe porque a lei só pune o
Por sua vez, é possível que, apesar do incentivo mútuo, fique
crime quando há morte ou lesões graves e, nesses casos, o crime
acertado que uma delas irá atirar na outra e depois se matar. Nesse
está consumado. Com efeito, se a vítima sequer tenta o suicídio
ou sofre apenas lesões leves, o fato é atípico e, na hipótese em caso, se a autora do disparo sobreviver, responderá pelo homicídio
que sofre lesões graves, entende-se que o crime está consumado, da outra, mas, se o resultado for o inverso (morte da própria autora
uma vez que, para esse caso, já existe pena autônoma na própria dos disparos), a sobrevivente responderá por participação em
parte especial do Código Penal, sendo, portanto, desnecessária a suicídio.
combinação com a norma de extensão do art. 14, II, do Código 9) O crime de participação em suicídio admite a forma
Penal que trata da tentativa. omissiva?
A conclusão, portanto, é que o crime do art. 122 não admite Damásio, Frederico Marques e Delmanto entendem que não,
tentativa. Não se confunda, todavia, a tentativa de suicídio que pois, mesmo que o agente tenha o dever jurídico de impedir a
evidentemente existe e que se refere ao fato em si, com a tentativa morte e não o faça, responderá por omissão de socorro qualificada
de crime de participação em suicídio que, nos termos acima, não pela morte (art. 135, parágrafo único do CP) e não por participação
admite o conatus. em suicídio.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ex.: bombeiro que assiste passivamente uma pessoa se atirar CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
de um prédio quando poderia ter tentado salvá-la. Esses autores
entendem que os verbos induzir, instigar e prestar auxílio, contidos Art. 122, parágrafo único — A pena é duplicada:
no art. 122do CP, por seu próprio significado, são incompatíveis I — se o crime é praticado por motivo egoístico;
com a forma omissiva. Prevalece, entretanto, o entendimento de II — se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
que é possível o auxílio por omissão, mas apenas para aqueles causa, a capacidade de resistência.
que têm o dever jurídico de evitar o resultado e, podendo fazê-lo,
intencionalmente se omitem. Essa interpretação se funda no art. O art. 122, parágrafo único, dispõe que a pena será aplicada
13, § 2o do Código Penal, que, de acordo com seus seguidores, em dobro quando:
por estar na Parte Geral do Código, incide sobre todos os delitos
da Parte Especial, inclusive sobre o do art. 122. É o entendimento 1) O crime for praticado por motivo egoístico. Ocorre
de Júlio F. Mirabete, Cezar Roberto Bitencourt, Fernando Capez, nas hipóteses em que o agente visa auferir alguma vantagem,
Magalhães Noronha, Flávio Monteiro de Barros, dentre outros. econômica ou não, em decorrência do suicídio da vítima. Ex.: para
10) A configuração do crime de participação em suicídio ficar com sua herança;
pressupõe que a conduta do agente — induzimento, instigação para ficar com seu cargo; para poder conquistar sua esposa etc.
ou auxílio — tenha ocorrido antes do ato suicida. Assim, quando
alguém, sem qualquer colaboração ou incentivo de outrem, comete 2) A vítima for menor (1a parte). De acordo com a maior parte
o ato suicida (corta os pulsos, p. ex.) e, em seguida, arrepende-se e dos doutrinadores, esta causa de aumento só tem aplicação quando
pede para ser socorrido e não é atendido, ocorre crime de omissão a vítima for maior de 14 e menor de 18 anos. Argumentam que,
de socorro. Por sua vez, comete homicídio doloso quem pratica por interpretação sistemática, deve-se presumir a total falta de
uma ação para intencionalmente impedir o socorro solicitado pelo capacidade de entendimento daquele que não tem mais de 14 anos,
suicida arrependido que tentava salvar-se. Ex.: o suicida telefona com base no art. 224, do Código Penal, que presume a violência
para o socorro médico, mas o agente, querendo que sobrevenha nos crimes sexuais quando a vítima está em tal faixa etária. É o
a morte da vítima, leva-a para local diverso daquele em que o entendimento de Damásio de Jesus, Cezar Roberto Bitencourt,
socorro fora pedido. Fernando Capez, Celso Delmanto etc.
11) O art. 146, § 3º, II, do Código Penal estabelece que não há Para essa corrente, se a vítima tem mais de 18 anos, aplica-
crime de constrangimento ilegal na coação exercida para impedir se o crime de participação em suicídio em sua forma simples; se
suicídio.
tem menos de 18 e mais de 14, aplica-se tal crime em sua forma
12) Quem pessoalmente induz, instiga ou auxilia a vítima a se
agravada; finalmente, se a vítima não é maior de 14, o crime é
matar é autor do crime de participação em suicídio. Por sua vez, uma
sempre de homicídio.
pessoa que não teve contato direto com ela, mas, anteriormente,
Heleno Fragoso discorda da interpretação anterior, sustentando
estimulou o autor do crime, é partícipe do crime de participação
que a presunção de violência não está prevista na Parte Geral do
em suicídio. Em outras palavras, existe a possibilidade do instituto
Código e sim dentro do título dos crimes sexuais, de modo que
da participação no crime chamado “participação em suicídio”. Ex.:
aplicá-la a outros delitos constitui analogia in malam parte, que é
A, sabendo que C está com depressão, convence B a procurar C
e induzi-lo ao suicídio. B conversa com C e este efetivamente se vedada. Argumenta que não se pode punir por homicídio com base
mata. em presunções.
Como apenas B teve contato direto com a vítima, só ele Para esse autor, o delito só deixa de ser suicídio com a pena
pode ser chamado de autor do crime de participação em suicídio, aumentada para ser tratado como homicídio se for feita prova
enquanto A é partícipe deste crime. efetiva, no caso concreto – por perícias, depoimentos –, de que o
13) A namorada rompe um relacionamento amoroso e depois menor não entendeu que estava tirando a própria vida.
é procurada pelo namorado, que, desesperado, diz que vai se matar
se ela não voltar com ele. Esta, todavia, fica irredutível e não 3) A vítima tiver diminuída, por qualquer causa, a capacidade
retoma o namoro. Ele, então, se mata. A conduta da namorada não de resistência (2ª parte). Ocorre quando o agente se aproveita de
constitui crime, porque a decisão de não reatar o namoro não se uma situação de maior fragilidade da vítima para estimulá-la ao
enquadra na definição de induzimento, instigação ou auxílio. suicídio, como, por exemplo, no caso de embriaguez, depressão
etc. Veja-se que a lei se refere à diminuição de tal capacidade, já
Qualificação doutrinária que a sua total supressão implicará o reconhecimento
de homicídio.
a) Material. Para que se consuma é necessário o resultado
morte ou lesão grave. INFANTICÍDIO
b) De dano. Pressupõe efetiva lesão ao bem jurídico.
c) Comissivo (discutível, conforme já visto). Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o
d) Instantâneo. Consuma em um momento determinado e próprio filho, durante o parto ou logo após:
certo, ou seja, o momento em que a vítima sofre lesão grave ou Pena - detenção, de dois a seis anos.
morre.
e) Ação livre. Admite qualquer meio de execução. Tipo Penal: matar, sob a influência do estado puerperal, o
f) Comum. Pode ser praticado por qualquer pessoa. próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena: detenção de dois
g) Simples. Atinge apenas o bem jurídico vida. a seis anos.

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Elementares do Crime: Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
- Matar: aplicam-se as regras do homicídio quanto a esse ver- gestante:
bo (consumação, tentativa etc.). Pena - reclusão, de três a dez anos.
- Estado puerperal: alteração psíquica que acontece em grande Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
número de mulheres em razão de alterações orgânicas decorrentes gestante:
do fenômeno do parto. Pena - reclusão, de um a quatro anos.
P: Deve ser provado o estado puerperal ou ele se presume? Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a
R: Tem de ser provado por perícia médica, mas, se os médicos gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil
ficarem em dúvida sobre sua existência e o laudo for inconclusivo, mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
será presumido o estado puerperal, aplicando-se o in dubio pro reo. ameaça ou violência
- Próprio filho: é o sujeito passivo, nascente ou recém nascido. Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores
Se a mulher, por erro, mata o filho de outra, supondo ser o são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou
dela, responderá por infanticídio (art. 20, § 3.º, do Código Penal – dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão
erro quanto à pessoa). corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
Não são aplicadas as agravantes genéricas de crime contra dessas causas, lhe sobrevém a morte.
descendente e de crime contra criança por constituírem elementos Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
essenciais do crime. I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
- Durante ou logo após o parto: este é o elemento temporal, II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido
ou seja, o crime só poderá ser praticado em um determinado mo- de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
mento. representante legal.
Considera-se início do parto a dilatação do colo do útero, e fim
do parto, o nascimento. Conceito
A expressão “logo após” variará conforme o caso concreto, É a interrupção da gravidez com a consequente morte do feto.
pois a duração do estado puerperal difere de uma mulher para O aborto pode ser natural, acidental ou provocado (ele é criminoso
outra. ou é legal).
Diferenças entre o infanticídio e o abandono de recém-nascido
qualificado pela morte (art. 134, § 2.º, do Código Penal): no Aborto Criminoso (arts. 124 a 126 do Código Penal):
infanticídio existe dolo de matar e a mulher age em razão do estado Art. 124 do Código Penal:
puerperal, enquanto no abandono, o dolo é apenas o de abandonar
o recém-nascido para ocultar desonra própria, e o evento morte Traz duas figuras que punem a mulher grávida. São dois casos
decorre da culpa. de crime próprio, sendo o sujeito passivo sempre o feto.
- Auto aborto: praticar aborto em si mesma.
Sujeito Ativo: é a mãe que esteja sob estado puerperal (crime
próprio). - Aborto consentido: consentir que terceiro provoque aborto.
P: É possível concurso de pessoas? O terceiro responderá pelo art. 126, que contém pena maior. Esta
R: Sim, incide o art. 30 do Código Penal (não se comunicam é uma exceção à regra de que todos que colaboram para um crime
as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando respondem nos mesmos termos de seu autor principal (exceção à
elementares do crime). O estado puerperal é uma circunstância teoria monista ou unitária. É uma exceção expressa).
de caráter pessoal, porém é elementar do crime de infanticídio, A pena para quem provoca aborto com o consentimento da
portanto alcança os participantes, que responderão pelo delito. gestante é de um a quatro anos. Se ocorrer a morte da gestante,
Há uma corrente que afirma ser o estado puerperal uma de dois a oito anos. O aumento é aplicável na hipótese de morte
condição personalíssima, incomunicável. Mas a lei não fala em culposa, porque, se o agente tinha dolo em relação ao aborto e
condição de caráter personalíssimo. Prevalece, todavia, a doutrina em relação à morte, haverá dois crimes autônomos (aborto e
oposta, infanticídio para a mãe e para terceiro. homicídio). O crime do art. 126 do Código Penal pressupõe que a
O infanticídio não possui forma culposa. Assim, se a morte autorização da mulher dure até a consumação do aborto.
da criança resulta de culpa da mãe, mesmo que esta esteja sob a P: É possível que terceiro responda pela prática de aborto sem
influência do estado puerperal, o crime será de homicídio culposo o consentimento da gestante quando o consentimento foi dado e
(HUNGRIA e MIRABETE). Para uma segunda corrente (DAMÁ- durou até a consumação?
SIO DE JESUS), estando a mulher sob a influência do estado puer- R: Sim, nas cinco hipóteses do art. 126, par. único., do
peral, não se pode exigir dela uma conduta de cuidado (cuidado Código Penal, que determinam que o consentimento deve ser
do homem comum) e prudência, sendo, portanto, atípico o fato desconsiderado: quando houver violência, grave ameaça ou fraude
(incompatibilidade entre a conduta culposa e o estado puerperal). na obtenção do consentimento (vontade viciada); se a gestante for
menor de 14 anos ou doente mental (ausência de capacidade de
ABORTO entendimento do ato).
Consumação: o aborto consuma-se com a morte do feto.
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que Tentativa: é possível.
outrem lho provoque: Elemento subjetivo: só existe na forma dolosa. Não existe
Pena - detenção, de um a três anos. crime autônomo de aborto culposo.

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Quem, por imprudência, dá causa a um aborto responde por § 1º Se resulta:
crime de lesão corporal culposa, sendo vítima a mulher (gestante). I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
Porém, se foi a própria gestante que, por imprudência, deu causa trinta dias;
ao aborto, o fato será atípico, já que não existe a autolesão. II - perigo de vida;
Manobras abortivas em quem não está grávida constituem III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. IV - aceleração de parto:
O aborto é um crime de ação livre (pode ser praticado por Pena - reclusão, de um a cinco anos.
qualquer meio), mas desde que seja um meio apto a provocar a
§ 2° Se resulta:
morte do feto, caso contrário, haverá crime impossível.
Se a gravidez era de gêmeos e a pessoa que praticou o I - Incapacidade permanente para o trabalho;
aborto não sabia, há crime único para evitar a responsabilidade II - enfermidade incurável;
objetiva. Se sabia que eram gêmeos, responde pelos dois crimes de III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
aborto (concurso formal impróprio ou imperfeito: uma ação, dois IV - deformidade permanente;
resultados, cuja consequência é a soma de penas). V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 127 do Código Penal – forma qualificada: § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o
Se a gestante sofre lesão grave, a pena é aumentada em um agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
terço. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Se a gestante morre, a pena é aumentada em dobro. Só vale § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de
para o aborto praticado por terceiro, consentido ou não pela relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta
gestante (arts.125 e 126). emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz
A forma qualificada não é aplicada ao art. 124 por expressa
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
disposição.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
Aborto Legal – Art. 128 do Código Penal: pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos
Prevê duas hipóteses em que a provocação do aborto é de réis:
permitida. I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
Natureza jurídica: causa de exclusão de ilicitude. II - se as lesões são recíprocas.
Inc. I: aborto necessário. § 6° Se a lesão é culposa:
Requisitos: Pena - detenção, de dois meses a um ano.
- que seja feito por médico; § 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
- que não haja outro meio para salvar a vida da gestante. hipóteses do art. 121, § 4º.
Não se exige risco atual, como no estado de necessidade. Ante § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121..
a simples constatação de que no futuro haverá perigo, poderá o § 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
aborto ser realizado desde logo. Havendo perigo atual, o aborto irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
pode ser praticado por qualquer pessoa, aplicando-se nesse caso o convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
estado de necessidade.
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Inc. II: aborto sentimental. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o  a 3o  deste artigo, se as
Requisitos: circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se
- que seja feito por médico; a pena em 1/3 (um terço).
- que a gravidez tenha resultado de estupro; § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
- que haja o consentimento da gestante ou, se incapaz, de seu de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora
representante legal. de deficiência.
Não se exige a autorização judicial. Na prática, basta o bole-
tim de ocorrência. Ofensa à integridade corporal consiste no dano anatômico
P: Como o art. 128, inc. II, do Código Penal só permite o abor- prejudicial ao corpo humano. Exemplo: corte, queimadura, mu-
to se a gravidez resultar de estupro, é permitido o aborto também tilações etc.
quando a gravidez resultar de crime de atentado violento ao pudor?
R: A doutrina é unânime em dizer que sim. Aplica-se a
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, exceto o próprio ofendido.
analogia in bonam partem (em favor do causador do aborto). O
atentado violento ao pudor é o único crime análogo ao estupro Saliente-se que a lei não pune a autolesão. A autolesão pode, entre-
porque ambos são cometidos com violência ou grave ameaça e tanto, constituir crime de outra natureza, tais como autolesão para
atingem o mesmo bem jurídico, que é a liberdade sexual. receber seguro (artigo 171, § 2.º, inciso V, do Código Penal), ou
criação de incapacidade para frustrar a incorporação militar (artigo
DAS LESÕES CORPORAIS – artigo 129. 184 do Código Penal Militar).

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de Sujeito Passivo: qualquer pessoa, salvo nas hipóteses em que
outrem: a vítima só poderá ser mulher grávida.
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Consumação: no momento da ofensa à integridade física ou É necessário o exame complementar, realizado no primeiro
à saúde. dia após o período de 30 dias, para comprovar a materialidade da
lesão grave (artigo 168, § 2.º, do Código de Processo Penal). O
Tentativa: É possível. A tentativa de lesão corporal difere da prazo de 30 dias é contado nos termos do artigo 10 do Código
contravenção de vias de fato (artigo 21 da Lei de Contravenções Penal.
Penais), pois, na contravenção o agente não tem intenção de Ocupação habitual é qualquer atividade rotineira na vida da
lesionar a vítima (exemplo: empurrão). Se o agente emprega vítima, tal como estudar, andar, praticar esportes etc., exceto a
violência ultrajante, com intenção de humilhar a vítima, estamos considerada ilícita. No caso de atividade lícita, mas imoral, haverá
diante do crime de injúria real (artigo 140, § 2.º, do Código Penal). lesão grave (exemplo: incapacitar prostituta de manter relações
sexuais).
Se o agente agride sem a intenção de lesionar, mas lesiona,
Se a vítima deixar de praticar atividades rotineiras, por sentir
ocorre a lesão corporal culposa, que afasta as vias de fato. vergonha, não há se falar em incapacidade.
Trata-se de um exemplo de crime a prazo.
Lesão Leve: O resultado agravador pode ser culposo ou doloso.
Por exclusão, é toda lesão que não for grave nem gravíssima.
Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. A lesão corporal Inciso II – se resulta perigo de vida
leve é infração de menor potencial ofensivo. É uma hipótese preterdolosa, pois o sujeito não quer a morte.
Se o agente queria o resultado morte, responderá por tentativa de
Concurso de crimes: homicídio.
O perito deve dizer claramente em que consistiu o perigo de
Em muitos crimes, como no roubo, por exemplo, a violência é vida (exemplo: houve perigo de vida porque a vítima perdeu muito
utilizada como meio de execução. O que ocorrerá se da violência sangue etc.), e o Promotor de Justiça deve transcrever na denúncia.
decorrer lesão leve?
Inciso III – se resulta debilidade permanente de membro,
No silêncio da lei a respeito do resultado violência, conclui-se
sentido ou função.
que a lesão leve fica absorvida (exemplo: roubo, extorsão, estupro, Membros são os apêndices do corpo (braços e pernas). Exem-
atentado violento ao pudor, crime de tortura etc.). Se, no entanto, a plo: cortar o tendão do braço, causando perda parcial do membro.
lei expressamente ressalvar a aplicação autônoma do resultado da Os sentidos são o tato, o olfato, a visão, o paladar e a audição.
violência, o agente responderá pelos dois crimes, sendo somadas Exemplo: diminuição da capacidade de enxergar, ouvir etc.
as penas (exemplo: injúria real, constrangimento ilegal, dano qua- A função consiste no funcionamento de órgãos ou aparelhos
lificado, rapto, exercício arbitrário das próprias razões, resistência do corpo humano (exemplo: função respiratória, função reprodu-
etc.). tora).
A debilidade é o enfraquecimento, a diminuição, a redução
Ação penal: da capacidade funcional. A debilidade deve ser permanente, ou
seja, de recuperação incerta e improvável e cuja cessação eventual
O artigo 88 da Lei n. 9.099/95 transformou a lesão corporal ocorrerá em data incalculável (permanente não é a mesma coisa
dolosa leve em crime de ação penal pública condicionada que perpétua).
A debilidade não se confunde com a perda ou inutilização do
à representação do ofendido. A jurisprudência e a doutrina
membro, sentido ou função, hipóteses de lesão corporal gravíssi-
estenderam a exigência da representação para as vias de fato. ma, disciplinadas no § 2.º.
Outra regra trazida pela Lei n. 9.099/95: para o oferecimento
da denúncia não é necessário um exame de corpo de delito, basta Inciso IV - aceleração do parto
um boletim de ocorrência ou ficha médica. Caracteriza-se pela antecipação da data do nascimento.
Pressupõe o nascimento com vida. Para evitar a responsabilidade
Lesão decorrente de esporte: objetiva, é necessário que o agente saiba que a mulher está grávida.

Não há crime, desde que tenha havido respeito às regras do Lesão Gravíssima – Artigo 129, § 2.º, do Código Penal
jogo, pois se trata de exercício regular de direito. Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
A denominação lesão gravíssima é dada pela doutrina e juris-
Intervenção cirúrgica: prudência. A lei não utiliza essa expressão, que tem a finalidade
de diferenciar as lesões do § 2.º que tem pena mais severa do que
o § 1.º.
Se a cirurgia não é de emergência, o médico deve obter o con-
Se uma lesão se enquadra em grave e gravíssima, o réu res-
sentimento do paciente ou do seu representante legal. Trata-se, ponderá pela gravíssima.
quando há consentimento, de exercício regular de direito.
Se a cirurgia for de urgência, o agente estará acobertado pelo Inciso I – se resulta incapacidade permanente para o
estado de necessidade em favor de terceiro. trabalho:
Lesão Grave – Artigo 129, § 1.º, do Código Penal É mais específico que o § 1.º, inciso I. A incapacidade deve ser
Pena: de 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão. permanente (a lei não diz perpétua) e deve abranger qualquer tipo
de trabalho (posição majoritária). Para uma corrente minoritária,
Inciso I – se resulta incapacidade para as ocupações a incapacidade da vítima deve impossibilitar o trabalho que ela
habituais por mais de 30 dias exercia anteriormente.

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O sujeito passivo não poderá ser criança ou pessoa idosa É necessário que o agente saiba que a mulher está grávida.
aposentada. Isso para evitar a chamada responsabilidade objetiva (artigo 19 do
Código Penal).
Inciso II – se resulta enfermidade incurável:
Da lesão decorre doença para a qual não existe cura. Lesão Corporal Seguida de Morte – Artigo 129, § 3.º, do
Para uma corrente, a transmissão intencional de AIDS tipifica Código Penal:
a tentativa de homicídio. Para outra, caracteriza lesão gravíssima, Pena: reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
pela transmissão de moléstia incurável.
É também um crime preterdoloso no qual há dolo na lesão
Inciso III – se resulta perda ou inutilização de membro, e culpa no resultado morte. O agente não prevê a morte, que era
sentido ou função: previsível. Por ser preterdoloso, não admite tentativa.
A perda pode se dar: Se não houver dolo na agressão (lesão), trata-se de homicídio
por mutilação: ocorre pela própria ação lesiva; é o corte de culposo.
uma parte do corpo da vítima (extirpação do braço, da perna, da Caracterizará progressão criminosa se houver dolo inicial de
mão etc.); lesão e, durante a execução, o agente resolver matar a vítima. Nes-
por amputação: é a extirpação feita pelo médico, posterior- se caso, responderá pelo homicídio doloso (crime mais grave).
mente à ação, para salvar a vida da vítima.
Na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo da Lesão Corporal Privilegiada – Artigo 129, § 4.º, do Código
vítima, ainda que parcialmente, mas totalmente inapto para a Penal
realização de sua atividade própria.
Observações: As hipóteses de privilégio das lesões corporais são as mesmas
Com relação aos membros: o decepamento de um dedo ou a do homicídio privilegiado. O privilégio só se aplica nas lesões
perda parcial dos movimentos do braço constitui lesão grave, ou dolosas. É uma causa de redução de pena de 1/6 a 1/3.
seja, mera debilidade. Havendo paralisia total, ainda que seja de
um só braço, ou se houver mutilação da mão, a lesão é gravíssima Substituição da Pena - Artigo 129, § 5.o, do Código Penal
pela inutilização de membro.
“O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a
Com relação aos sentidos: há alguns sentidos captados
pena de detenção pela de multa”, nas seguintes hipóteses:
por órgãos duplos (visão e audição). A provocação de cegueira,
- quando estiver presente uma das causas de privilégio
ainda que completa, em um só olho, constitui apenas debilidade
(tratando-se de lesão corporal leve privilegiada, o juiz poderá
permanente. O mesmo ocorre com a audição.
reduzir a pena restritiva de liberdade ou substituí-la por multa);
Com relação à função: a perda ou inutilidade de função só
- quando as lesões forem recíprocas (sem que um dos agentes
será possível em função não vital, como por exemplo, a perda da tenha agido em legítima defesa).
função reprodutora, causada pela extirpação do pênis.
Lesão Corporal Culposa – Artigo 129, § 6.º, do Código
Inciso IV – se resulta deformidade permanente Penal
Está ligado ao dano estético, causado pelas cicatrizes.
Exemplo: queimadura por fogo, por ácido (vitriolagem), etc. Aplicam-se todos os institutos do homicídio culposo, inclusi-
Requisitos: ve os que se referem às causas de aumento de pena e também às
Que o dano estético seja razoável, ou seja, de uma certa regras referentes ao perdão judicial (§§ 7.º e 8.º do artigo 129 do
monta. Deve ser permanente, isto é, não se reverte com o passar Código Penal).
do tempo. Se a vítima se submeter a uma cirurgia plástica e houver A pena para lesão culposa é de 2 (dois) meses a 1 (um) ano
a correção, desclassifica-se o delito. Se a cirurgia plástica for de detenção.
possível, mas a vítima não a fizer, persiste o crime, pois a vítima No Código de Trânsito Brasileiro (artigo 303), porém, a lesão
não está obrigada a fazer a cirurgia. Se a deformidade surgiu de um corporal culposa, com o agente na direção de veículo automotor,
erro médico, há dois crimes (lesão dolosa em relação ao primeiro recebe pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
e lesão culposa em relação ao médico). suspensão da habilitação.
Que a deformidade seja visível. A composição quanto aos danos civis extingue a punibilidade,
Que seja capaz de provocar impressão vexatória. A tanto da lesão culposa do Código Penal quanto do Código de
deformidade estética deve ser algo que reduza a beleza física da Trânsito Brasileiro. Exige-se representação, porque a ação penal
vítima. é pública condicionada. Na lesão culposa, não há figura autônoma
decorrente da gravidade da lesão cujo grau (leve, grave ou
Inciso V – se resulta aborto gravíssimo) é irrelevante para caracterizar lesão corporal culposa,
Aborto é a interrupção da gravidez, com a consequente morte afetando apenas a tipificação da pena em concreto.
do produto da concepção.
Trata-se de qualificadora preterdolosa. Há dolo na lesão e CAUSA DE AUMENTO DE PENA:
culpa em relação ao aborto. Se houver dolo também em relação ao
aborto, o agente responde por lesão corporal em concurso formal O art. 129, § 7º, combinado com o art. 121, § 4º, do Código
imperfeito com aborto (artigo 70, caput, parte final). Há, por fim, Penal, estabelece que a pena da lesão corporal dolosa, de qualquer
hipótese do agente que quer provocar o aborto e, culposamente, espécie, sofrerá acréscimo de um terço se a vítima é menor de 14
causa lesão grave na mãe (artigo 127 do Código Penal). anos ou maior de 60.

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA É possível, ainda, notar, pela leitura de tais parágrafos, que
sequer é necessário que o fato ocorra no âmbito doméstico para
Art. 129, § 9º — Se a lesão for praticada contra ascendente, que a pena seja agravada. Com efeito, não consta do texto legal
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem que a pena só será exacerbada se o crime contra ascendente,
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente descendente, irmão, cônjuge, companheiro, ou contra quem o
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: agente conviva ou tenha convivido, tiver sido praticado dentro de
Pena — detenção, de três meses a três anos. casa. É indiferente, portanto, o local em que a agressão ocorra.
Art. 129, § 10 — Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste Haverá sempre a agravação. Apenas nas últimas figuras, ou seja,
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, quando o agente cometer o crime prevalecendo- se de relações
aumenta-se a pena em um terço. domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, é que se pressupõe
Art. 129, § 11 — Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena que o fato ocorra no ambiente doméstico. A conclusão não pode
será aumentada de um terço se o crime for cometido contra ser outra, na medida em que as primeiras figuras estão separadas
pessoa portadora de deficiência. destas no texto legal pela conjunção alternativa “ou”, de modo que
não é necessário, para agravar a pena, que a agressão seja feita
Esses dispositivos, criados pela Lei n. 10.886/2004, não pelo agente contra um ascendente, prevalecendo-se de relação
constituem tipos penais autônomos, já que não possuem núcleo, doméstica, já que a lei diz “contra ascendente, ..., ou prevalecendo-
isto é, não têm nenhum verbo descrevendo uma conduta típica se de relação doméstica”.
própria. Para criar um tipo penal autônomo não basta lhe dar um Em suma, a rubrica “violência doméstica” não condiz
nome — “violência doméstica”, por exemplo. Pela redação dos totalmente com o texto legal aprovado.
§§ 9º e 10, resta claro que, pelo texto legal aprovado, o legislador Com a aprovação da nova lei, pode ocorrer uma situação
quis acrescentar algumas circunstâncias com o intuito de agravar o peculiar. Suponha-se que o pai agrida o filho de 12 anos de idade
crime de lesão corporal. provocando nele lesões de natureza grave (art. 129, § 1º). Como
Tanto é assim que, como já mencionado, não descreveu o filho tem menos de 14 anos, o art. 129, § 7º (c/c o art. 121, §
uma conduta típica própria, mas sim fez remissão ao crime de 4º), determina um aumento de um terço, e como se trata de crime
lesão corporal, iniciando o § 9º com a expressão “se a lesão...”, contra descendente, o § 10 determina outro aumento de um terço.
deixando evidente que, ao acrescentar circunstâncias (crime Poderia o juiz aumentar a pena duas vezes? A resposta é negativa
contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge etc.) e prever em razão da regra do art. 68, parágrafo único, do Código Penal,
novos limites de pena, acabou criando, no § 9º, o crime de lesão que estabelece que, se o juiz reconhecer duas causas de aumento,
corporal dolosa leve qualificada pela violência doméstica. A pena ambas da Parte Especial, poderá aplicar um só aumento. A doutrina
que, originariamente, era de seis meses a um ano, foi alterada entende que a palavra “pode” não é mera faculdade do juiz, mas
pela Lei n. 11.340/2006, passando a ser de três meses a três anos obrigação de aumentar a pena uma só vez.
de detenção, pena esta que deverá sofrer acréscimo de um terço Deve-se ver, por fim, que não mais podem incidir sobre o
se a vítima da violência doméstica for portadora de deficiência, crime de lesão corporal as agravantes genéricas do art. 61, II, e e
nos termos do art. 129, § 11, do Código Penal (criado pela Lei n. f, que possuem redação idêntica, pois, se isso acontecesse, haveria
11.340/2006). inegável bis in idem.
Observação: na hipótese de lesão leve qualificada prevista no
§ 9º, como a nova pena máxima é de três anos, deixou o crime de DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
ser de competência do Juizado Especial Criminal, estando, assim,
afastadas as regras da Lei n. 9.099/95, que só se aplicam aos crimes Dentro da classificação geral dos crimes, há uma que interessa
cuja pena máxima não excede dois anos. De qualquer modo, o art. especificamente a este capítulo:
16 da Lei n. 11.340/2006 continua exigindo a representação do a) Crimes de dano. São aqueles cuja existência pressupõe a
ofendido. efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.
No § 10 o legislador estabeleceu causas de aumento de pena b) Crimes de perigo. São aqueles que se caracterizam pela
de um terço para os crimes de lesão corporal grave, gravíssima ou mera possibilidade de dano, ou seja, basta que o bem jurídico seja
seguida de morte, se cometidos contra ascendente, descendente, exposto a uma situação de risco; já em relação ao dolo, basta que o
irmão, cônjuge etc. Com efeito, o § 10 faz expressa menção aos §§ agente tenha a intenção de expor a vítima a tal situação de perigo.
1º a 3º do art. 129, deixando claro que se refere a essas modalidades Esse
de lesão corporal, ficando evidenciado, por exclusão, que o § 9º se perigo pode ser:
refere à lesão leve. — individual: atinge indivíduos determinados (arts. 130 e s.
O § 10, aliás, ajuda a demonstrar que não foram criados tipos do Código Penal);
autônomos, mas sim circunstâncias que agravam a pena do delito — coletivo ou comum: atinge um número indeterminado de
de lesão corporal dolosa, porque, expressamente, diz que as penas pessoas (arts. 250 e s. do CP).
aumentam de um terço, “se as circunstâncias são as indicadas Os crimes de perigo subdividem-se ainda em:
no § 9º deste artigo”. É sabido que circunstâncias são elementos a) perigo concreto — aqueles cuja caracterização depende de
agregados que aumentam a pena e não elementares de um delito. prova efetiva de que uma certa pessoa sofreu a situação de perigo;
Em suma, não existe um crime chamado “violência doméstica”, b) perigo presumido ou abstrato — a lei descreve uma
mas crimes de lesão corporal agravados pela violência doméstica, conduta e presume a existência do perigo, independentemente da
mesmo porque o capítulo em estudo se chama “das lesões comprovação de que uma certa pessoa tenha sofrido risco, não
corporais”. admitindo, ainda, que se faça prova em sentido contrário.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO Concurso. É bastante comum a hipótese do agente que,
acometido de doença venérea, comete um estupro, devendo, nesse
Art. 130 — Expor alguém, por meio de relações sexuais ou caso, responder pelos dois crimes com concurso formal (arts.
qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que 130, caput, e 213 do CP). Já no caso de o agente ter intenção
sabe ou deve saber que está contaminado: de transmitir a doença, por haver autonomia de desígnios em
Pena — detenção, de três meses a um ano, ou multa. relação ao resultado, haverá concurso formal impróprio entre o
§ 1º — Se é intenção do agente transmitir a moléstia: delito previsto no art. 130, § 1º, e o de estupro, se não houver
Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa. a transmissão da moléstia. Se o ato sexual forçado efetivamente
§ 2º — Somente se procede mediante representação. transmitir a doença, o agente responderá por crime de estupro
com a pena aumentada de um sexto até metade, nos termos do
Objetividade jurídica. A incolumidade física da vítima. art. 234-B, acrescentado ao Código Penal pela Lei n. 12.015/2009,
excluindo-se a punição pelo crime de perigo.
Sujeito ativo. Qualquer pessoa, homem ou mulher, casado
ou solteiro, recatada ou meretriz. A doutrina tradicional costuma Qualificação doutrinária. Crime comum, de forma vinculada
classificar esse crime como comum; contudo, considerando que (somente pode ser cometido através de contato sexual), comissivo,
instantâneo, simples, de perigo (caput) ou de perigo com dolo de
só pessoas que estão contaminadas com doença venérea podem
dano (§ 1º) e formal.
cometê-lo, o correto seria classificá-lo como crime próprio.
Ação penal. Em qualquer caso, a ação é pública condicionada
a representação.
Sujeito passivo. É a pessoa com quem o agente pratica o ato
sexual. Mesmo a prostituta pode ser vítima desse crime, já que a lei PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE
também protege a sua saúde, posto que, nos termos da Constituição
Federal, todos são iguais perante a lei. Art. 131 — Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir
Tipo objetivo. A caracterização do crime se dá quando o o contágio:
agente mantém relações sexuais ou qualquer outro ato libidinoso Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa.
coma vítima apto a lhe transmitir moléstia venérea. É evidente que
se o agente procura evitar eventual transmissão com o uso, por Objetividade jurídica. A incolumidade física e a saúde da
exemplo, de preservativo, afasta-se a configuração do delito. pessoa humana.

Elemento subjetivo. Na hipótese do art. 130, caput, é a vontade Sujeito ativo. Qualquer pessoa que esteja acometida com
de manter a relação sexual. No que diz respeito ao conhecimento doença grave. A doutrina tradicional costuma classificar esse crime
acerca da doença, a caracterização se dá tanto quando o agente como comum, mas ele, em verdade, é crime próprio, porque o tipo
sabe da doença (dolo direto em relação a tal elementar) como penal exige uma característica especial no sujeito ativo.
quando deve saber que está contaminado (hipótese que, de acordo
com a maioria quase absoluta da doutrina, indica culpa, havendo, Sujeito passivo. Qualquer pessoa, desde que ainda não
entretanto, entendimento de que seria indicativo de dolo eventual). contaminada.
Já na hipótese do art. 130, § 1º, do Código Penal, estamos
diante de um crime de perigo com dolo de dano e, portanto, nos Tipo objetivo. O crime caracteriza-se pela prática de qualquer
estritos termos da lei, o agente tem de ter conhecimento efetivo de ato, uma vez evidenciado que ele pode transmitir a moléstia,
que está acometido da doença, e deve ter dolo direto no sentido de exigência feita pelo próprio tipo penal (beijo, aperto de mão,
transmiti-la. espirrar
no garfo que a vítima vai usar para comer etc.). Trata-se de
crime de ação livre, já que admite qualquer meio de execução,
Consumação. No momento da prática do ato sexual, ainda
desde que apto a efetuar a transmissão.
que a vítima não seja contaminada. Ocorrendo o contágio, o agente
A lei refere-se à transmissão de moléstia grave (que provoca
responde apenas pelo art. 130, caput, do Código Penal, já que, por
séria perturbação da saúde), pouco importando se incurável
se tratar de dolo de perigo, conclui-se que o agente não queria
ou não. Deve ser, entretanto, contagiosa, ou como exige a lei,
transmitir a doença e, assim, poderia, no máximo, responder por transmissível. As moléstias venéreas, sendo elas graves, podem
lesão corporal culposa que, entretanto, fica afastada por ter pena tipificar o crime em tela, desde que o perigo de contágio não ocorra
menor que o crime de perigo. através de ato sexual, já que, nesse caso, aplica-se o art. 130 do
Já na hipótese do § 1º, se a vítima sofre apenas lesões leves, Código Penal.
por ser a pena desse delito menor do que a do crime de perigo,
responderá o agente pelo crime mais grave, ou seja, o do art. 130, Elemento subjetivo. Trata-se de crime de perigo com dolo de
§ 1º, do Código Penal. Por outro lado, se a vítima sofrer lesões dano que apenas se caracteriza quando o agente quer transmitir a
graves, o agente responderá pelas lesões corporais. moléstia. Em razão disso, admite apenas o dolo direto, excluindo-
se o dolo eventual. Como a lei não prevê modalidade culposa, o
Tentativa. É possível quando o agente quer manter a relação fato será atípico se o agente atua apenas de forma imprudente e não
sexual e não consegue. ocorre a transmissão da doença. Haverá, entretanto, crime de lesão
culposa se acontecer a transmissão.

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Consumação. No exato instante da prática do ato, em via pública regulamentada, atualmente, pelo art. 15 da Lei n.
independentemente da efetiva transmissão da doença. Trata-se, 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), que pune a conduta de
pois, de crime formal. Se, in casu, ocorre a transmissão de doença “disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
que implica lesão leve, ficarão estas absorvidas, mas se implicarem habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção
lesões graves ou morte, o agente será responsabilizado apenas a ela”, com pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa, e que,
por crime de lesão corporal de natureza grave ou homicídio. É por ser mais grave, afasta a aplicação do art. 132 do Código Penal.
o entendimento de Damásio E. de Jesus, o qual nos parece mais O delito do art. 15 atinge a incolumidade pública, na medida em
adequado à hipótese em tela. que o Estatuto do Desarmamento presume que o disparo em lugar
habitado coloca em risco a coletividade. Assim, caso o agente
Tentativa. É possível. efetue o disparo em lugar habitado, querendo expor a risco pessoa
determinada, sua conduta se amolda aos dois tipos penais, pois
Qualificação doutrinária. Crime formal, com dolo de dano, colocou em risco pessoa determinada e também a coletividade;
comum, simples, comissivo, de forma livre e instantâneo. porém, em razão da subsidiariedade do art. 132 do Código Penal,
fica absorvido tal crime.
Ação penal. Pública incondicionada. Por outro lado, se o disparo for efetuado no meio de uma
floresta ou em outro lugar desabitado, a conduta não se enquadra
PERIGO PARA A SAÚDE OU VIDA DE OUTREM no mencionado art. 15. Nesse caso, se a intenção do agente era
expor pessoa(s) determinada(s) a situação de risco, estará tipificado
Art. 132 — Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo o delito do art. 132 do Código Penal, mas se não queria expor
direto e iminente: ninguém a risco, o fato é atípico.
Pena — detenção, de três meses a um ano, se o fato não Se o agente efetua o disparo, qualquer que seja o local,
constitui crime mais grave. com intenção de matar a vítima, mas não a atinge, responde por
tentativa branca de homicídio.
Objetividade jurídica. A vida e a saúde da pessoa humana. É evidente, também, que, qualquer que seja o modo de
execução, deixa de haver o crime de “perigo para a vida ou saúde
Sujeito ativo. Qualquer pessoa. de outrem” quando a vítima é atingida e sofre lesões graves ou
morre. Nesses casos, o agente responderá por lesões corporais
Sujeito passivo. Qualquer pessoa. Não se exige qualquer ou homicídio, doloso (dolo eventual) ou culposo, dependendo da
vinculação ou ligação jurídica entre autor e vítima. hipótese.
A Lei n. 9.777/98 acrescentou um parágrafo único ao
Tipo objetivo. “Expor alguém a perigo” significa criar ou art. 132, estabelecendo uma causa de aumento de pena de um
colocar a vítima em uma situação de perigo de dano. Trata-se sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem
de crime de ação livre, que admite qualquer forma de execução: decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços
“fechar” veículo, abalroar o veículo da vítima, desferir golpe com em estabelecimento de qualquer natureza, em desacordo com as
instrumento contundente próximo à vítima etc. O crime em análise normas legais. É inegável que a finalidade do dispositivo é apenar
pode também ser cometido por omissão, como, por exemplo, mais gravemente os responsáveis pelo transporte de trabalhadores
no caso de patrão que não fornece aparelhos de proteção a seus rurais (boias-frias) que o fazem sem os cuidados necessários para
funcionários, desde que disso resulte situação concreta de perigo, evitar acidentes com vítimas. Pelo texto da lei somente haverá
já que o não cumprimento das normas de segurança, por si só, aumento de pena se houver desrespeito às normas legais destinadas
caracteriza a contravenção penal do art. 19 da Lei n. 8.213/91 a garantir a segurança. Essas normas estão descritas no Código
(legislação referente a benefícios previdenciários e acidentários). de Trânsito Brasileiro. O aumento da pena pressupõe também a
É necessário, ainda, que o perigo seja: a) direto — é aquele que ocorrência de perigo concreto.
atinge pessoa(s) certa(s) e determinada( s). Trata-se, pois, de
crime de perigo concreto, uma vez que exige prova de que o Elemento subjetivo. É o dolo de perigo em relação a pessoa(
agente objetivava efetuar a conduta contra uma certa pessoa ou s) determinada(s). Não admite modalidade culposa. Havendo dolo
contra certas pessoas. Se o agente visa número indeterminado de de dano, o agente responderá por outro crime.
pessoas, haverá crime de perigo comum previsto nos arts. 250 e
s. do Código Penal; b) iminente — é aquele que pode provocar Consumação. No momento da prática do ato que resulta em
imediatamente o dano; é o perigo imediato. perigo concreto.
Ao tratar da pena desse delito, o legislador estabeleceu uma
hipótese de subsidiariedade expressa, porque a lei diz que o Tentativa. É possível.
agente somente responderá pelo art. 132 do Código Penal “se o
fato não constitui crime mais grave”. No passado, o agente que Concurso. Caso o agente, com uma única ação, dolosamente
efetuava disparo de arma de fogo próximo à vítima, na via pública, exponha duas pessoas a risco, responde por dois crimes em
respondia pelo crime em estudo, e, caso efetuasse-o disparo para concurso formal.
cima, sem expor pessoa determinada a perigo, responderia apenas
pela contravenção penal do art. 28 da Lei das Contravenções Qualificação doutrinária. Crime de perigo concreto, comum,
Penais. Acontece que o mencionado art. 28 foi revogado pela doloso, de ação livre, comissivo ou omissivo, simples, instantâneo
Lei n. 9.437/97, estando a questão do disparo de arma de fogo e subsidiário.

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Ação penal. Pública incondicionada. Dos Crimes Contra a Pessoa

ABANDONO DE INCAPAZ Ação penal. Pública incondicionada.

Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, FORMAS QUALIFICADAS
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. Art. 133, § 1º — Se do abandono resulta lesão corporal de
Pena – detenção, de 6 meses a 3 anos. natureza grave:
§ 1º — Se do abandono resulta lesão corporal de natureza Pena — reclusão, de um a cinco anos.
grave: Art. 133, § 2º — Se resulta a morte:
Pena — reclusão, de um a cinco anos. Pena — reclusão, de quatro a doze anos.
§ 2º — Se resulta a morte:
Pena — reclusão, de quatro a doze anos. Não é difícil de concluir, em razão das penas cominadas
(inferiores às do homicídio doloso simples), que se trata de
Objetividade jurídica. A vida e a saúde da pessoa. qualificadoras exclusivamente preterdolosas. Assim, em havendo
intenção de provocar o resultado mais grave, ou, caso o agente
Sujeito ativo. É aquele que tem o dever de zelar pela vítima. tenha assumido o risco de produzi-lo, responderá por lesões
Trata-se de crime próprio, pois somente pode ser cometido corporais graves ou por homicídio, tentado ou consumado. Se as
por quem tenha a pessoa sob seu cuidado, vigilância, guarda lesões forem leves, todavia, subsiste o crime do art. 133 do Código
ou autoridade. Pressupõe- se, portanto, uma especial relação de Penal, que as absorve por possuir pena maior.
assistência entre o agente e a vítima.
CAUSAS DE AU MENTO DE PENA
Sujeito passivo. A pessoa que esteja sob a mencionada relação
de assistência. A lei não se refere apenas às pessoas menores de Art. 133, § 3º — As penas cominadas neste artigo
idade, mas também aos adultos que não possam se defender por si aumentam-se de um terço:
próprios, abrangendo, ainda, a incapacidade temporária (doentes I — se o abandono ocorre em lugar ermo — é o local
físicos ou mentais, paralíticos, cegos, idosos, pessoa embriagada solitário, isolado (habitual ou acidentalmente);
etc.). II — se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima — a enumeração é taxativa.
Tipo objetivo. “Abandonar” significa deixar sem assistência, III — se a vítima é maior de 60 anos — esse dispositivo foi
afastar-se do incapaz. O crime pode ser praticado por ação (levar acrescentado no Código Penal pelo Estatuto do Idoso.
a vítima em um certo local e ali deixá-la) ou por omissão (deixar
de prestar a assistência que a vítima necessita ao se afastar da EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO
residência em que moram), desde que, da conduta, resulte perigo
concreto, efetivo, para a vítima. Não haverá crime quando o próprio Art. 134 — Expor ou abandonar recém-nascido, para
assistido é quem se afasta daquele que tem o dever de assistir. ocultar desonra própria:
Também não existirá o delito se o responsável fica próximo da Pena — detenção, de seis meses a dois anos.
vítima ou em situação de poder vigiá-la, na expectativa de que
alguém a recolha. Objetividade jurídica. A segurança do recém-nascido.

Elemento subjetivo. É o dolo, vontade livre e consciente de Sujeito ativo. Trata-se de crime próprio que somente pode ser
abandonar o assistido, de forma a que corra risco. cometido pela mãe para esconder a gravidez fora do casamento,
ou pelo pai, na mesma hipótese, ou em razão de filho adulterino
Consumação. O crime se consuma quando, em razão do ou incestuoso. Existe, porém, corrente minoritária sustentando
abandono, a vítima sofre situação de risco concreto. Trata-se que, como o tipo penal usa a expressão “ocultar desonra própria”,
de crime instantâneo, e, mesmo que o agente, posteriormente, só a mãe poderia ser sujeito ativo, respondendo o pai por crime
reassuma o dever de assistência, o delito já estará consumado. de abandono de incapaz (art. 133). Este último entendimento é
defendido por Cezar Roberto Bitencourt e Celso Delmanto.
Tentativa. É possível. Sujeito passivo. O recém-nascido, assim considerado até a
queda do cordão umbilical. Há séria divergência, entretanto, em
Distinção torno do exato significado da condição de “recém-nascido”.
a) Não havendo a relação de assistência entre as partes, o
crime poderá eventualmente ser o de omissão de socorro do art. Tipo objetivo. Expor significa remover a vítima para local
135 do Código Penal. diverso daquele em que lhe é prestada a assistência; abandonar
b) Se a intenção do agente for a de ocultar desonra própria e a significa omitir à vítima a devida assistência.
vítima for um recém-nascido, o crime será aquele previsto no art.
134 do Código Penal. Elemento subjetivo. Dolo de perigo. Exige o tipo um especial
fim de agir que é o de “ocultar desonra própria”. Essa honra que
o agente deve visar preservar é a de natureza sexual, a boa fama,

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
a reputação etc. Se a causa do abandono for miséria, excesso de Diverge do crime de abandono de incapaz porque, na omissão, não
filhos ou outros, o crime será o de abandono de incapaz do art. 133 é o agente quem cria o perigo abandonando o menor, o sujeito já
do Código Penal, delito que também ocorrerá se o agente não é pai encontra a vítima em abandono e não lhe presta assistência. No
ou mãe da vítima. crime de abandono de incapaz é o próprio agente quem toma a
iniciativa de abandoná-la.
Consumação. Quando a vítima é abandonada, desde que do b) Criança extraviada — é a criança perdida, aquela que
fato resulte perigo concreto para o recém-nascido. não sabe retornar ao local onde reside ou onde possa encontrar
proteção.
Tentativa. É possível quando o agente elege a forma comissiva Nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, “criança”
para o cometimento do delito. é a pessoa menor de 12 anos.
c) Pessoa inválida, ao desamparo — invalidez é a característica
Qualificação doutrinária. Crime de perigo concreto, doloso, daquele que não pode se valer de si próprio para a prática dos atos
próprio, simples, comissivo ou omissivo e instantâneo. normais do ser humano. Pode decorrer de defeito físico, de doença
incapacitante etc. A pessoa deve, ainda, estar ao desamparo, ou
Ação penal. Pública incondicionada. seja, impossibilitada de se afastar de uma situação de perigo por
suas próprias forças e sem contar com a assistência de outra pessoa.
FORMAS QUALIFICADAS Atualmente, se a omissão de socorro referir-se a pessoa idosa
em situação de iminente perigo, estará caracterizado crime mais
Art. 134, § 1º — Se do fato resulta lesão corporal de grave, descrito no art. 97 da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do
natureza grave: Idoso), cuja pena é de detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Pena — detenção, de um a três anos. d) Pessoa ferida, ao desamparo — é aquela que sofreu lesões
Art. 134, § 2º — Se resulta a morte: corporais, de forma acidental ou provocada por terceiro e que está
Pena — detenção, de dois a seis anos. também desamparada.
e) Pessoa em grave e iminente perigo — o perigo, nesse caso,
Considerando o montante da pena prevista para as formas deve ser de grandes proporções e estar prestes a desencadear um
qualificadas, pode-se concluir facilmente que elas somente se dano. Ex.: pessoa pendurada em um abismo ou trancada em um
aperfeiçoam quando o resultado agravador é culposo. Constituem, quarto de um prédio em chamas etc. Mesmo que a vítima não
portanto, hipóteses exclusivamente preterdolosas. queira ser socorrida existirá o crime, pois a incolumidade física e a
Havendo intenção de matar, o crime poderá ser o de vida são bens indisponíveis. O crime, entretanto, deixará de existir
infanticídio, se caracterizado o estado puerperal, ou o homicídio, se a oposição da vítima inviabilizar o socorro.
Não importa, por outro lado, quem causou a situação de
caso não caracterizado.
perigo (a própria vítima, terceiro, forças da natureza etc.). O
próprio omitente pode ter sido o autor da situação de risco. Veja-
OMISSÃO DE SOCORRO
se, entretanto, que se ele agiu culposamente, de forma a causar,
por exemplo, lesões corporais na vítima e depois não a socorreu,
Art. 135 — Deixar de prestar assistência, quando possível
responderá pelo crime específico de lesões corporais culposas com
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada,
a pena agravada (art. 129, §§ 6º e 7º, do CP). É óbvio também
ou à pessoa Dos Crimes Contra a Pessoa inválida ou ferida, ao que se o agente quis lesionar ou matar alguém e, posteriormente,
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses não prestou socorro, responderá tão somente pelas lesões corporais
casos, o socorro da autoridade pública: dolosas ou pelo homicídio.
Pena — detenção, de um a seis meses, ou multa. Nas quatro primeiras hipóteses (“a” até “d”), o crime de
omissão de socorro é de perigo abstrato ou presumido, ou
Objetividade jurídica. A preservação da vida e da saúde e a seja, basta que se prove que a pessoa se enquadra em uma das
consagração do dever de assistência mútua entre os homens. hipóteses descritas na lei, que já se presume que a ausência do
socorro implicou situação de risco. Já na última, o crime é de
Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa, independentemente perigo concreto, devendo se provar que efetivamente ocorreu uma
de alguma vinculação jurídica com a vítima. situação de risco.
E se várias pessoas negam assistência à vítima?
Todos respondem pelo crime. Elemento objetivo. O crime pode ocorrer de duas maneiras:
E se apenas um presta socorro, havendo várias pessoas que a) Falta de assistência imediata — quando o agente pode
poderiam tê-lo feito? prestar o socorro e não o faz. Ex.: uma pessoa vê outra se afogar e,
Não há crime, uma vez que a vítima foi socorrida e, em se sabendo nadar, nada faz para salvá-la. Somente se aplica quando
tratando de obrigação solidária, o cumprimento do dever por uma a prestação do socorro não põe em risco a vida ou a incolumidade
delas desobriga todas as demais. física da pessoa que, na realidade, não precisa tentar se tornar um
herói. Contudo, certas profissões, como no caso mais comum que
Sujeito passivo. Apenas as pessoas enumeradas na lei podem é o dos bombeiros, trazem o dever de enfrentar o perigo, e os seus
ser sujeito passivo. Há, portanto, cinco espécies de vítima: agentes apenas não responderão pela omissão de socorro quando
a) Criança abandonada — é aquela que foi propositadamente o risco for efetivamente muito grande. Se a prestação de socorro
deixada em determinado lugar por seus responsáveis e, assim, está implicar risco para terceira pessoa, a omissão não constitui fato
entregue a si mesma, sem poder prover sua própria subsistência. antijurídico.

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
b) Falta de assistência mediata — não podendo prestar o As hipóteses enumeradas pela lei são as seguintes:
socorro pessoalmente, o agente também não solicita auxílio à a) Privar a vítima de alimentos ou cuidados indispensáveis
autoridade pública. No exemplo acima, se a pessoa não sabe — a privação de alimentos pode ser relativa (parcial) ou absoluta
nadar, deve procurar noticiar o afogamento que está acontecendo (total). Basta a privação relativa para a caracterização do ilícito
para qualquer agente da autoridade para que este providencie o penal. É evidente, ainda, que no caso de privação absoluta,
salvamento. Caso não o faça, incide na 2ª figura da omissão de somente existirá maus-tratos se o agente deixar de alimentar a
socorro. Veja-se, ainda, que o pedido de auxílio deve ser imediato. vítima apenas por um certo tempo, expondo-a a situação de perigo,
Não se trata, em verdade, de uma opção do agente, ou, em já que se houver intenção homicida, o crime será o de homicídio,
tentado ou consumado.
outras palavras, se tem condições de auxiliar ele próprio a vítima,
Cuidados indispensáveis são aqueles necessários à preservação
deve fazê-lo. Se não o fizer, responderá pelo crime, ainda que
da vida e da saúde (tratamento médico, agasalho etc.).
solicite a ajuda da autoridade, já que não estamos diante de uma b) Sujeitar a vítima a trabalhos excessivos ou inadequados —
mera opção. trabalho excessivo é aquele que produz fadiga acima do normal em
face do grande volume. Essa análise deve ser feita em confronto
Elemento subjetivo. É o dolo, direto ou eventual. Não existe com o tipo físico da vítima, ou seja, caso a caso.
forma culposa. Trabalho inadequado, por sua vez, é aquele impróprio ou
inconveniente às condições de idade, sexo, desenvolvimento físico
Consumação. No momento da omissão. da vítima, etc. Obrigar uma criança a trabalhar à noite, no frio, em
local aberto, ou seja, em situações que podem lhe trazer problemas
Tentativa. Não é admissível, já que se trata de crime omissivo para a saúde.
puro (ou próprio). c) Abusar dos meios de disciplina ou correção — refere-se a
lei à aplicação de castigos corporais imoderados. Abuso no poder
Qualificação doutrinária. Comum, simples, omissivo de correção disciplina passa a existir quando o meio empregado
para tanto atinge tal intensidade que expõe a vítima a uma situação
próprio (só admite forma omissiva), doloso, de perigo concreto ou
de perigo para sua vida ou saúde. Não há crime na aplicação de
abstrato, dependendo do caso. palmadas ou chineladas nas nádegas de uma criança. Há crime,
entretanto, quando se desferem violentos socos ou chutes na vítima
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ou, ainda, na aplicação de chineladas no rosto de uma criança etc.
Se o meio empregado expõe a vítima a um intenso sofrimento
Art. 135, parágrafo único — A pena é aumentada de físico ou mental, estará configurado o crime do art. 1º, II, da Lei n.
metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza 9.455/97 (Lei de Tortura), que tem redação bastante parecida com
grave, e triplicada, se resulta a morte. a última hipótese do crime de maus-tratos, mas que, por possuir
pena bem mais alta (reclusão, de dois a oito anos), se diferencia do
Em razão do montante da pena, conclui-se que as qualificadoras crime de maus-tratos em razão da gravidade da conduta, ou seja,
são exclusivamente preterdolosas, ou seja, o resultado lesão grave no crime de tortura a vítima deve ser submetida a um sofrimento
ou morte deve ser culposo. intenso, bem mais grave do que o dos maus-tratos. A distinção,
No caso em tela, o nexo causal tem de ser analisado de forma porém, deverá ser feita caso a caso. Configuram o crime de tortura a
aplicação de chicotadas, aplicação de ferro em brasa etc. A redação
inversa, uma vez que o crime é omissivo. Assim, somente será
completa de tal dispositivo é a seguinte: “Submeter alguém sob
aplicada a qualificadora se ficar provado que, caso o agente tivesse sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
socorrido a vítima, poderia ter evitado a ocorrência do resultado grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma
agravador (lesão grave ou morte). de aplicar castigo corporal ou medida de caráter preventivo”.
Há que se ressaltar, ainda, que se o meio empregado não
MAUS-TRATOS expõe a vítima a perigo, mas a submete a situação vexatória, não
se configura o delito de maus-tratos, mas o crime do art. 232 do
Art. 136 — Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa Estatuto da Criança e do Adolescente (desde que a vítima seja
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de criança ou adolescente sob guarda, autoridade ou vigilância do
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de agente). Ex.: raspar o seu cabelo, rasgar sua roupa em público etc.
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de Sujeitos do delito. O crime de maus-tratos é um crime próprio
correção ou disciplina: específico, pois exige uma vinculação, uma relação jurídica entre
o autor da infração penal e a vítima, ou seja, o autor do crime
Pena — detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
deve ter a guarda, vigilância ou autoridade sobre a vítima para fim
de educação, ensino, tratamento ou custódia. A vítima, pois, deve
Objetividade jurídica. A vida e a saúde da pessoa. estar subordinada ao agente, hipótese que, por exemplo, afasta a
possibilidade de a esposa ser vítima desse crime em relação ao
Condutas típicas. “Expor a vida ou a saúde de outrem a marido, já que não existe relação de subordinação entre eles. O
perigo” através de uma das condutas descritas na lei. Trata-se, marido pode cometer lesões corporais qualificadas pela violência
pois, de crime de ação vinculada, cuja caracterização depende da doméstica ou o delito do art. 132 do Código Penal, mas não crime
ocorrência de uma das situações descritas na lei (ao contrário do de maus-tratos. Podem cometer os maus-tratos, por exemplo, os
que ocorre no art. 132, que admite qualquer meio de execução). pais, tutores, curadores, professores, enfermeiros, carcereiros etc.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Consumação. No momento da produção do perigo. Algumas Objetividade jurídica. A vida e a saúde das pessoas
das hipóteses previstas na lei exigem uma certa habitualidade, envolvidas.
como no caso da privação de alimentos, em que não basta deixar
a vítima sem um almoço para sua configuração, outras, entretanto, Sujeito ativo e passivo. Trata-se de crime de concurso
não a exigem, como na situação na qual ocorre abuso dos meios de necessário cuja configuração exige uma participação de, no
correção ou disciplina. Nesse último caso, o crime é instantâneo, mínimo, três pessoas (ainda que alguns sejam menores de idade)
mas há hipóteses em que os maus-tratos constituem crime na troca de agressões.
permanente (privação de alimentos ou cuidados indispensáveis). É também definido como crime de condutas contrapostas, já
que os rixosos agem uns contra os outros e, assim, são, a um só
Tentativa. Somente é possível nas condutas comissivas. tempo, sujeito ativo e passivo do delito.

Elemento subjetivo. É o dolo, direto ou eventual. Não existe Elemento subjetivo. O dolo. É irrelevante o motivo que levou
forma culposa. ao surgimento da rixa. Trata-se de crime de perigo em que se pune
a simples troca de agressões, sem a necessidade de que qualquer
Qualificação doutrinária. Crime de perigo concreto, de ação dos envolvidos sofra lesão. Caso isso ocorra e o autor das lesões
múltipla, já que a prática de mais de uma conduta em face da mesma seja identificado, ele responderá pela rixa e pelas lesões leves. Se,
vítima e no mesmo contexto caracteriza crime único (privação de entretanto, as lesões forem graves ou houver morte, haverá rixa
alimentos e abuso dos meios de correção, por exemplo), próprio,
qualificada, que será estudada mais adiante. A contravenção de
simples, comissivo ou omissivo, instantâneo ou permanente.
vias de fato, porém, fica absorvida pela rixa.
Veja-se, ainda, que o crime é de perigo abstrato, pois a lei
FORMAS QUALIFICADAS
Art. 136, § 1º — Se do fato resulta lesão corporal de presume que, com a troca de agressões, há situação de risco. Não
natureza grave: há crime na conduta daquele que ingressa na luta apenas para
Pena — reclusão, de um a quatro anos. separar os lutadores, já que inexiste dolo nessa hipótese.
Art. 136, § 2º — Se resulta a morte:
Pena — reclusão, de quatro a doze anos. Elemento objetivo. Participar: significa tomar parte nas
agressões através de chutes, socos, pauladas etc.
Em razão da pena também se conclui que são hipóteses A participação, entretanto, pode ser:
exclusivamente preterdolosas. a) material — por parte daqueles que realmente tomam parte
na luta através dos chutes, socos etc.;
CAUSA DE AUMENTO DE PENA b) moral — por parte daqueles que incentivam os demais
através de induzimento, instigação ou qualquer outra forma de
Art. 136, § 3º — Aumenta-se a pena de um terço, se o crime estímulo. O partícipe moral, todavia, deve ser, no mínimo, a quarta
é praticado contra pessoa menor de catorze anos. pessoa, já que a rixa exige pelo menos três na efetiva troca de
Cuida-se de figura inserida no Código Penal por ocasião do agressões.
advento do Estatuto da Criança e do Adolescente. Por sua vez, os Na primeira hipótese, o agente é chamado de partícipe da rixa
maus-tratos realizados contra idosos caracterizam, atualmente, e, na segunda, de partícipe do crime de rixa.
crime especial, previsto no art. 99 da Lei n. 10.741/2003 —
Estatuto do Idoso. Consumação. Com a efetiva troca de agressões.

RIXA Tentativa. Em regra não é possível, pois, ou ocorre a rixa e


o crime está consumado, ou ela não se inicia, e, nesse caso, não
Art. 137 — Participar de rixa, salvo para separar os há crime. Damásio E. de Jesus, por sua vez, entende ser possível
contendores: a tentativa na chamada rixa ex proposito, em que três lutadores
Pena — detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. combinam uma briga entre si, na qual cada um lutará com qualquer
deles, sendo que a polícia intervém no exato momento em que
Conceito. Rixa é uma luta desordenada, um tumulto,
iriam iniciar-se as violências recíprocas.
envolvendo troca de agressões entre três ou mais pessoas, em que
os lutadores visam todos os outros indistintamente. Como nesses
tumultos é impossível estabelecer qual golpe foi desferido por Qualificação doutrinária. Crime de concurso necessário
determinado agressor contra outro, todos devem ser punidos por (plurissubjetivo), doloso, instantâneo, simples, de ação livre,
rixa, ou seja, pela participação no tumulto. Dessa forma, não há rixa comissivo, comum e de perigo abstrato.
quando existem dois grupos contrários, perfeitamente definidos,
lutando entre si, porque, nessa hipótese, os integrantes de cada Legítima defesa. Não é possível se alegar legítima defesa na
grupo serão responsabilizados pelas lesões corporais causadas rixa, pois quem dela participa comete ato antijurídico. Assim, se,
nos integrantes do grupo contrário. A jurisprudência, entretanto, durante a rixa, uma pessoa empunha um revólver para atingir outro
vem reconhecendo o crime de rixa quando se inicia uma troca de rixoso e este se defende, matando o primeiro, responde pela rixa
agressões entre dois grupos distintos, mas, em razão do grande que este crime já se havia consumado anteriormente. Há legítima
número de envolvidos, surge tamanha confusão, que, durante seu defesa apenas em relação ao homicídio.
desenrolar, torna-se impossível identificar tais grupos.

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
RIXA QUALIFICADA I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da coisa;
Art. 137, parágrafo único — Se ocorre morte ou lesão II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação destreza;
na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. III - com emprego de chave falsa;
A rixa qualificada é, na realidade, um dos últimos resquícios IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
de responsabilidade objetiva que estão em vigor em nossa lei § 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a
penal, uma vez que a sua redação, bem como a própria explicação subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
extraída da exposição de motivos, deixa claro que todos os para outro Estado ou para o exterior.
envolvidos na rixa sofrerão maior punição, independentemente de Furto de coisa comum
serem eles ou não os responsáveis pela lesão grave ou morte. Até Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para
mesmo a vítima das lesões graves responderá pela pena agravada. si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Por outro lado, se for descoberto o autor do resultado agravador, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
ele responderá pela rixa qualificada em concurso material com o § 1º - Somente se procede mediante representação.
crime de lesões corporais graves ou homicídio (doloso ou culposo, § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
dependendo do caso), enquanto todos os demais continuarão cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
respondendo pela rixa qualificada. Furto Simples
Há, entretanto, entendimento no sentido de que a pessoa Caput: “Subtrair para si ou para outrem coisa alheia
identificada como responsável pelo resultado agravador responderá móvel:
pelas lesões graves ou morte em concurso com rixa simples, pois Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.”
puni-la pela rixa qualificada constituiria bis in idem (dupla punição
pelo mesmo fato). Elementos
É indiferente que o resultado tenha ocorrido em um dos
integrantes da rixa ou em terceira pessoa. Se ocorrerem várias a)Subtrair: tirar algo de alguém, desapossar
mortes, haverá crime único de rixa qualificada, devendo a
circunstância ser levada em conta na fixação da pena- -base (art. Pode ocorrer em dois casos:
59 do CP). - tirar algo de alguém;
Se o agente tomou parte na rixa e saiu antes da morte da - receber uma posse vigiada e sem autorização levar o bem,
vítima, responde pela forma qualificada, pois se entende que, com retirando-o da esfera de vigilância da vítima.
seu comportamento anterior, colaborou com a criação de condições Conclui-se que a expressão engloba tanto a hipótese
para o desenrolar da luta, que culminou em resultado mais lesivo. em que o bem é tirado da vítima quanto aquela em que a coisa é
Ao contrário, se o agente entra na rixa após a morte, responde por entregue voluntariamente ao agente e este a leva consigo.
rixa simples. Essa modalidade difere da apropriação indébita porque
Diz a lei que a rixa é qualificada se efetivamente ocorre morte nesta a posse é desvigiada. Ex.: caixa de supermercado, tem a
ou lesão grave. Assim, se durante a luta ocorre uma tentativa de posse vigiada, se pegar dinheiro praticará furto.
homicídio da qual não sobrevém morte nem lesão grave, a rixa é
simples e o autor da tentativa, se identificado, também responderá b) Ânimo de assenhoramento definitivo do bem, para si
por esse crime. ou para outrem (animus rem sibi habendi)
A pena da figura qualificada é a mesma, quer resulte morte ou
lesão grave. Trata-se do elemento subjetivo específico do tipo. Não
basta apenas a vontade de subtrair (dolo geral): a norma exige a
intenção específica de ter a coisa, para si ou para outrem, de forma
definitiva.
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO É esse elemento que distingue o crime de furto e o furto
de uso (fato atípico). Para a sua caracterização é necessário que o
agente tenha intenção de uso momentâneo e que restitua a coisa
imediata e integralmente à vítima.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. c) Coisa alheia móvel (objeto material do tipo)
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno. Coisa móvel: aquela que pode ser transportada de um local
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa para outro. O Código Civil considera como imóvel alguns bens
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, móveis, como aviões, embarcações, o que para fins penais é
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. irrelevante.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer Os semoventes também podem ser objeto de furto, como,
outra que tenha valor econômico. por exemplo, o abigeato, ou seja, o furto de gado.
Furto qualificado Areia, terra (retirados sem autorização) e árvores
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o (quando arrancadas do solo) podem ser objeto de furto, desde que
crime é cometido: não configure crime contra o meio ambiente.

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A coisa deve ser alheia (elemento normativo do furto). Subtrair coisa própria, que se encontra em poder de
O furto é um tipo anormal porque contém elemento terceiro, em razão de contrato (mútuo pignoratício) ou de ordem
normativo que exige juízo de valor. Coisa alheia é aquela que tem judicial (objeto penhorado), acarreta o crime do art. 346 do
dono; dessa forma, não constituem objeto de furto a res nullius Código Penal (tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
(coisa de ninguém, que nunca teve dono) e a res derelicta (coisa que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou
abandonada). Nessas hipóteses, o fato será atípico porque a coisa convenção). Este crime não tem nome; é um subtipo do exercício
não é alheia. arbitrário das próprias razões.
A coisa perdida (res desperdicta) tem dono, mas não O credor que subtrair bem do devedor, para se auto
pode ser objeto de furto porque falta o requisito da subtração; ressarcir de dívida já vencida e não paga, pratica o crime de
quem a encontra e não a devolve não está subtraindo - responderá exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP). Não
por apropriação de coisa achada, tipificada no art. 169, par. ún., responde por furto porque não agiu com intenção de causar
inc. II, do Código Penal. prejuízo.
A coisa só é considerada perdida quando está em local Se alguém, por erro, pegar um objeto alheio pensando
público ou aberto ao público. Coisa perdida, por exemplo, dentro que lhe pertence, não responderá por furto em razão da incidência
de casa, dentro do carro, se achada e não restituída ao proprietário, do erro de tipo.
caracterizará crime de furto.
Coisa de uso comum: (água dos mares, ar atmosférico etc.) Sujeito passivo
não pode ser objeto de furto, exceto se estiver destacada de seu
meio natural e for explorada por alguém. Ex.: água da Sabesp. É sempre o dono e, eventualmente, o possuidor ou detentor
Não confundir com furto de coisa comum, art. 156 do que sofre algum prejuízo.
Código Penal, que ocorre quando o objeto pertence a duas ou O agente que furta um bem que já fora anteriormente furtado
mais pessoas nas hipóteses de sociedade, condomínio de coisa responde pelo delito, que terá como vítima não o primeiro furtador,
móvel e colheraça. É crime de ação penal pública condicionada à mas o dono da coisa.
representação. Pessoas jurídicas podem ser vítimas de furto, porque o seu
O art. 155, § 3.o, do Código Penal trata do furto de patrimônio é autônomo do patrimônio dos sócios.
energia. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica, bem como
qualquer outra forma de energia com valor econômico. Esse Consumação
dispositivo é uma norma penal explicativa ou complementar
(esclarece outras normas; na hipótese, define como objeto material
O furto consuma-se mediante dois requisitos:
do furto, a energia).
- retirada do bem da esfera de vigilância da vítima;
A TV a cabo está sendo equiparada.
- posse tranquila do bem, ainda que por pouco tempo.
O sêmen é considerado energia genética e sua subtração
Se, na fuga, o agente se desfaz ou perde o objeto, que não
caracteriza o delito de furto.
venha a ser recuperado pela vítima, consuma-se o delito, pois a
Ser humano não pode ser objeto de furto, pois não é
vítima sofreu efetivo prejuízo. É exceção à exigência de que o
coisa.
agente tenha posse tranquila do bem.
A subtração de cadáver ou parte dele tipifica o delito
específico do art. 211 do Código Penal (destruição, subtração Quando há concurso de agentes, se o crime está consumado
ou ocultação de cadáver). O cadáver só pode ser objeto de furto para um, está também consumado para todos – adoção da teoria
quando pertence a uma instituição e está sendo utilizado para uma unitária. Ex.: dois ladrões furtam uma carteira, um foge com o bem
finalidade específica. Ex.: faculdade de medicina, institutos de e o outro é preso no local: o crime está consumado para ambos.
pesquisa.
A subtração de órgão de pessoa viva ou de cadáver, para Tentativa
fins de transplante, caracteriza crime da Lei n. 9.434/97.
Cortar o cabelo de alguém para vender, não configura É possível, até mesmo na forma qualificada, com exceção do
furto, mas sim, lesão corporal. § 5.o do art. 155 do Código Penal.
No caso de alguém retirar dente de ouro ou paletó do O fato de ter havido prisão em flagrante não implica,
cadáver, há dois entendimentos: necessariamente, que o furto seja tentado, como, por exemplo, o
Esses bens possuem dono, que são os sucessores do caso do flagrante ficto (art. 302, IV, do CPP), que permite a prisão
falecido, por isso tratam-se de coisa alheia que pode ser furtada, do agente encontrado, algum tempo depois da prática do crime
caracterizando o crime de furto que terá como sujeito passivo os com papéis, instrumentos, armas ou objetos (PIAO) que façam
familiares do de cujus. presumir ser ele o autor do crime.
Os bens equivalem à coisa abandonada, por não haver
interesse por parte dos sucessores em recuperá-los. Assim, o crime Concurso de delitos
não é o de furto, mas o de violação de sepultura – art. 210 do
Código Penal. A violação de domicílio fica absorvida pelo furto praticado em
residência por ser crime meio (princípio da consunção).
Sujeito ativo Se o agente, após a subtração, danifica o bem subtraído,
responde apenas pelo furto, sendo o dano um post factum
Pode ser qualquer pessoa, exceto o dono, porque o tipo impunível, pois a segunda conduta delituosa não traz novo prejuízo
exige que a coisa seja alheia. à vítima.

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Se a pessoa furta um bem, e depois o aliena a um terceiro de Apesar do § 2.º trazer a expressão “pode”, presentes os
boa-fé, deve responder por furto e por disposição de coisa alheia requisitos legais, o juiz deve aplicar o privilégio, porque não há
como própria. A jurisprudência, entretanto, diz que é um post faculdade, e sim, direito subjetivo do réu.
factum impunível. P.: O privilégio pode ser aplicado ao furto qualificado?
R.: A doutrina diverge a respeito: uma corrente afirma
Furto Noturno: Art. 155, § 1.o, do Código Penal que sim, pois não há vedação legal; a outra, majoritária, não
admite a aplicação e fundamenta que o privilégio encontra-se
“A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante o no § 2.o, e portanto, não poderia ser aplicado aos §§ 4.o e 5.o;
repouso noturno.” ademais, a gravidade do furto qualificado é incompatível com as
Trata-se de causa de aumento de pena que tem por finalidade consequências brandas (de redução da pena) do privilégio.
garantir a proteção em relação ao patrimônio durante o repouso
do proprietário, uma vez que neste período há menor vigilância de Furto Qualificado - Art. 155, §§ 4.º e 5.º, do Código Penal
seus pertences.
O furto noturno não se aplica ao furto qualificado. Só vale Quando o juiz reconhecer mais de uma qualificadora, utilizará
para o furto simples:
a segunda como circunstância judicial na primeira fase da fixação
- pela posição do parágrafo(o § 1.º só vale para o que vem
da pena.
antes);
O furto qualificado tentado admite a suspensão condicional
- no furto qualificado já há previsão de pena maior.
A jurisprudência dominante traça algumas considerações: do processo, pois a pena mínima passa a ser de 8 meses – para
- só se aplica quando o fato ocorre em residência (definida se chegar a esse resultado diminui-se a pena mínima em abstrato,
pelo art. 150, § 4.o, do Código Penal como sendo qualquer prevista para o delito, do redutor máximo previsto na tentativa (2
compartimento habitado, ou o aposento de habitação coletiva, – 2/3 = 8 meses).
ou compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
profissão ou atividade) ou em qualquer de seus compartimentos, Art. 155, § 4.º, do Código Penal
desde que haja morador dormindo; A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é
- o aumento não se aplica se a casa estiver desabitada ou se cometido:
seus moradores estiverem viajando;
- não se aplica o aumento no caso de furto praticado na rua ou a) Com rompimento ou destruição de obstáculo
em comércio.
Para o Prof. Damásio o aumento é cabível estando a casa Pressupõe uma agressão que danifique o objeto, destruindo-o
habitada ou não, bastando que o agente se aproveite da menor (destruição total) ou rompendo-o (destruição parcial). O art. 171
vigilância que decorre do “período do sossego noturno”, conforme do Código de Processo Penal exige perícia.
orientação da Exposição de Motivos do Código Penal, n. 56. O obstáculo pode ser passivo (porta, janela, corrente, cadeado
etc.) ou ativo (alarme, armadilha).
Furto Privilegiado - Art. 155, § 2.o, do Código Penal A simples remoção do obstáculo não caracteriza a
qualificadora, que exige o rompimento ou destruição.
Requisitos Desligar o alarme não danifica o objeto, não fazendo incidir
a qualificadora.
Que o agente seja primário (todo aquele que não é reincidente). O cão não é considerado obstáculo.
Se o réu for primário e tiver maus antecedentes, fará jus ao O crime de dano fica absorvido pelo furto qualificado quando
privilégio, porque a lei não exige bons antecedentes. é meio para a subtração, por ser uma qualificadora específica.
Que a coisa subtraída seja de pequeno valor. A jurisprudência A qualificadora só é aplicada quando o obstáculo atingido não
adotou o critério objetivo para conceituar pequeno valor,
é parte integrante do bem a ser subtraído. Ex.: arrombar o portão
considerando aquilo que não excede a um salário mínimo. Na
para furtar o carro – aplica-se a qualificadora; quebrar o vidro do
tentativa leva-se em conta o valor do bem que se pretendia subtrair.
Deve ser examinado o valor do bem no momento da subtração carro para subtrair o automóvel – furto simples; quebrar o vidro do
e não o prejuízo suportado pela vítima. Ex.: no furto de um carro, carro para subtrair uma bolsa que está dentro – furto qualificado.
que é recuperado depois, o prejuízo pode ter sido pequeno, mas A divergência surge quanto ao furto de toca-fitas. Para uns, incide
será levado em conta o valor do objeto furtado. a qualificadora; para outros, o furto é simples porque o toca-fitas é
Não confundir privilégio com furto de bagatela; pelo princípio parte integrante do carro.
da insignificância, o crime de furto de bagatela é atípico porque a
lesão ao bem jurídico tutelado é ínfima, irrisória. b) Com abuso de confiança, mediante fraude, escalada ou
No furto privilegiado, ao contrário, o fato é considerado destreza
crime, mas haverá um benefício.
Com abuso de confiança – requisitos:
Consequências Que a vítima, por algum motivo, deposite uma especial
confiança em alguém: amizade, namoro, relação de emprego etc.
Na aplicação da pena no furto privilegiado “... o juiz pode Saliente-se que a relação de emprego deve ser analisada no caso
converter a reclusão em detenção, podendo reduzir uma ou outra concreto, pois, em determinados empregos, patrão e empregado
de um a dois terços, ou aplicar somente a multa. O que não pode é não possuem qualquer contato, inclusive para os empregados
reduzir a privativa e a multa” (JTACrimSP 76/363). domésticos a jurisprudência exige a demonstração da confiança.

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Que a subtração tenha sido praticada pelo agente, aproveitando- Para Damásio de Jesus e Heleno Fragoso a qualificadora
se de alguma facilidade decorrente da relação de confiança. existirá ainda que uma só pessoa tenha praticado os atos
Emprego de fraude: significa usar de artifícios para enganar executórios, porque a lei exige o “concurso de duas ou mais
alguém, possibilitando a execução do furto. pessoas”, não distinguindo coautoria de participação, sendo que
O furto mediante fraude distingue-se do estelionato nessa o agente não pratica atos executórios. Demonstram ainda
porque neste a fraude é utilizada para convencer a vítima a entregar que a lei, quando exige a execução por todos os envolvidos,
o bem ao agente e naquele, a fraude serve para distrair a vítima expressa-se nesse sentido, citando como exemplo o art. 146 do
para que o bem seja subtraído. Código Penal que impõe “para execução do crime” a reunião de
No furto, a fraude é qualificadora; no estelionato é mais de três pessoas.
elementar do tipo. Reconhecida a existência do crime de quadrilha ou bando (art.
A jurisprudência entende que a entrega do veículo a 288 do CPP), o juiz não poderá aplicar a qualificadora do furto
alguém que pede para testá-lo, demonstrando interesse na sua mediante concurso de duas ou mais pessoas porque constituiria
compra, caracteriza o crime de furto qualificado pela fraude (para bis in idem.
possibilitar a indenização por parte do seguro, que cobre apenas
furto e não estelionato, crime que realmente ocorreu porque houve
Art. 155, § 5.º, do Código Penal – Inserido pela Lei n. 9.426/96
entrega).
A pena passa a ser de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração
Escalada: é o acesso por via anormal ao local da subtração.
é de veículo automotor “que venha a ser transportado para outro
Ex.: entrada pelo telhado, pela tubulação do ar-condicionado, pela
janela, escavação de um túnel e outros. Estado ou para o exterior”. A definição de veículo automotor
Para configuração da escalada tem-se exigido que o encontra-se no Anexo I do CTB.
agente dispense um esforço razoável para ter acesso ao local: O § 5.º absorve as qualificadoras do § 4.º, que só poderão ser
entrar por uma janela que se encontra no andar térreo, saltar um utilizadas como circunstâncias judiciais, já que as penas previstas
muro baixo, por exemplo, não qualificam o furto. em abstrato são diversas.
O art. 171 do Código de Processo Penal exige a perícia Não basta a intenção do agente de transportar o veículo para
do local. outro Estado ou para o exterior; deve ocorrer o efetivo transpasse
Destreza: habilidade do agente que permite a prática do da fronteira ou divisa para incidência da qualificadora.
furto sem que a vítima perceba. Se o agente for detido antes de cruzar a divisa, haverá o crime
A vítima deve estar ao lado ou com o objeto para que a de furto simples consumado e a qualificadora não será aplicada.
destreza tenha relevância (uma bolsa, um colar etc.). A tentativa dessa modalidade de furto qualificado será possível
Se a vítima está dormindo ou em avançado estado de quando o agente tentar transpor a barreira da divisa e for detido.
embriaguez não se aplica a qualificadora, pois não há necessidade
de habilidade para tal subtração. ROUBO
Se a vítima percebe a conduta do agente, não se aplica a
qualificadora. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
Se a vítima não perceber a conduta do agente, mas for vista mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-
por terceiro, subsiste a qualificadora. la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
c) Com emprego de chave falsa § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim
Considera-se chave falsa: de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
- cópia feita sem autorização; ou para terceiro.
- qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura. Ex.: grampo, § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
chave mixa, gazua etc.
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
A chave falsa deve ser submetida à perícia para constatação
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
de sua eficácia.
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
A utilização da chave verdadeira encontrada ou subtraída
agente conhece tal circunstância.
pelo agente não configura a qualificadora; o furto será simples.
Se subtraída mediante fraude, haverá furto qualificado mediante IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
fraude. transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
d) Mediante o concurso de duas ou mais pessoas sua liberdade.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
A aplicação da qualificadora dispensa a identificação de todos reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
os indivíduos e é cabível ainda que um dos envolvidos seja menor. reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa
P.: Exige-se que as duas pessoas pratiquem os atos de execução
do furto? Enquanto o furto é a subtração pura e simples de coisa alheia
R.: Para Nelson Hungria e Celso Delmanto a qualificadora será móvel, para si ou para outrem (artigo 155 do Código Penal), o
aplicada quando pelo menos duas pessoas executarem a subtração, roubo é a subtração de coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
pois o crime seria cometido com maior facilidade, dificultando a mediante violência, grave ameaça ou qualquer outro recurso que
defesa da vítima. reduza a possibilidade de resistência da vítima.

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O caput do artigo 157 trata do roubo próprio, e o seu § 1.º Empregada grave ameaça contra cinco pessoas e lesado
descreve o que a doutrina chama roubo impróprio. A diferença o patrimônio de três, por exemplo, há três crimes de roubo em
reside no preciso instante em que a violência ou a grave ameaça concurso formal.
contra a pessoa são empregadas. Quando o agente pratica a violência E se o agente emprega grave ameaça contra uma pessoa para
ou grave ameaça, antes ou durante a subtração, responde por roubo subtrair bens de duas?
próprio; quando pratica esses recursos depois de apanhada a coisa, Nesse caso, se o agente não sabe que está lesando dois
para assegurar a impunidade do crime ou a detenção do objeto patrimônios, há crime único, evitando-se a responsabilidade
material, responde por roubo impróprio. penal objetiva; se o agente sabe que está lesando dois patrimônios
A pena para ambos é de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) (subtrai o relógio do cobrador e o dinheiro do caixa, por exemplo),
anos, e multa. há dois crimes de roubo em concurso formal.
É possível a existência de crime continuado, se preenchidos
Elementos do Tipo os requisitos do artigo 71 do Código Penal. Exemplo: indivíduo
rouba uma pessoa em um ônibus, sai dele, entra em outro e rouba
- Subtrair e coisa alheia móvel: já foram objeto de análise no outra pessoa.
módulo relativo ao crime de furto.
Consumação do Roubo
- Violência: trata-se da violência física. Há certa divergência quanto ao momento consumativo do
roubo próprio.
- Grave ameaça: é a promessa de um mal grave e iminente Para alguns doutrinadores, o roubo consuma-se da mesma
(exemplos: anúncio de morte, lesão, sequestro). maneira que o furto – quando, após empregar violência ou grave
ameaça, o agente consegue a posse tranquila da res, fora da esfera
- Qualquer outro meio: é a chamada violência imprópria, que de vigilância da vítima.
pode ser revelada, por exemplo, pelo uso de sonífero, de hipnose O entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior
etc. A simulação de arma e o uso de arma de brinquedo configuram Tribunal de Justiça é que o roubo se consuma com a simples retirada
a grave ameaça. do bem da vítima, após o emprego da violência ou grave ameaça,
A “trombada” será considerada violência se for meio utilizado ainda que não consiga a posse tranquila. É a nossa posição.
pelo agente para reduzir a vítima à impossibilidade de resistência,
Tentativa
caracterizando o roubo e não o furto (um forte empurrão, por
A tentativa é possível e será verificada quando, iniciada a
exemplo). Se, no entanto, a “trombada” consistir num mero
execução, mediante violência ou grave ameaça, o agente não
esbarrão, incapaz de machucar a vítima, empregado com o intuito
consegue efetivar a subtração; não se exige o início da execução
de distraí-la, haverá crime de furto.
do núcleo “subtrair”, e sim da prática da violência, conforme
O mesmo acontece com o arrebatamento de objeto preso ao
entende o Prof. Damásio de Jesus.
corpo da vítima.
Quando o agente é preso em flagrante com o objeto do roubo,
após perseguição, responde por crime tentado (para aqueles que
Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa. exigem a posse tranquila da coisa para consumação) e por crime
consumado (Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de
Sujeito Passivo: pode ser qualquer pessoa que sofra Justiça, que dispensam o requisito da posse tranquila da coisa para
diminuição (perda) patrimonial (proprietário ou possuidor) ou que consumação do roubo).
seja atingida pela violência ou grave ameaça.
Roubo Impróprio – Artigo 157, § 1.º, do Código Penal
Objetividade Jurídica “Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
Em virtude de o crime em estudo ser considerado complexo, coisa, emprega violência contra a pessoa ou grave ameaça, a fim
tutela-se, além da posse e propriedade, a integridade física e a de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
liberdade individual. ou para terceiro.”

Concurso de Crimes Diferenças entre roubo próprio e roubo impróprio

O número de vítimas não guarda equivalência com o número No roubo próprio a violência ou grave ameaça ocorre antes ou
de delitos. Este último será relacionado com base no número de durante a subtração; no roubo impróprio, ocorre depois.
resultados (lesão patrimonial), que o agente sabia estar realizando No roubo próprio, a violência ou grave ameaça constituem
no caso concreto. meio para a subtração, enquanto no roubo impróprio, o agente,
É possível que um só roubo tenha duas vítimas? inicialmente, quer apenas furtar e, depois de já se haver apoderado
Sim, pois a vítima do roubo é tanto quem sofre a lesão de bens da vítima, emprega violência ou grave ameaça para
patrimonial, como quem sofre a violência ou grave ameaça. garantir a sua impunidade ou a detenção do bem.
Exemplo: se A empresta seu carro a B, sendo este último assaltado, No roubo próprio, a lei menciona três meios de execução,
ambos serão vítimas. que são a violência, a grave ameaça ou qualquer outro recurso que
Da mesma forma, havendo grave ameaça contra duas pessoas, dificulte a defesa da vítima. No roubo impróprio, a lei menciona
mas lesado o patrimônio de apenas uma, haverá crime único, apenas dois, que são a grave ameaça e a violência, incabível o
porém, com duas vítimas. emprego de sonífero ou hipnose (violência imprópria).

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Requisitos do roubo impróprio Note-se que as agravantes previstas no § 2.º do artigo 157
são erroneamente denominadas qualificadoras. Não é correto
São os seguintes os requisitos do roubo impróprio: o emprego desse termo, pois, tecnicamente, trata-se de causa
Que o agente tenha se apoderado do bem que pretendia furtar. especial de aumento de pena, a incidir na terceira fase de aplicação
Se o agente ainda não tinha a posse do bem, não se pode cogitar da pena.
de roubo impróprio, nem de tentativa. Exemplo: o agente está
tentando arrombar a porta de uma casa, quando alguém chega ao Emprego de arma
local e é agredido pelo agente, que visa garantir sua impunidade
e fugir sem nada levar. Haverá tentativa de furto qualificado em É chamado roubo qualificado pelo emprego de arma. Repita-
concurso material com o crime de lesões corporais. se que apesar desse nome, não se trata de qualificadora, mas sim
Que a violência ou grave ameaça tenham sido empregadas logo de causa de aumento de pena.
depois o apoderamento do objeto material. O “logo depois” está Arma é qualquer instrumento que tenha poder vulnerante.
presente enquanto o agente não tiver consumado o furto no caso A arma pode ser própria ou imprópria. Arma própria é a criada
concreto. Após a consumação do furto, o emprego de violência ou especificamente para ataque e defesa, tal como o revólver, por
de grave ameaça não pode caracterizar o roubo impróprio. Poderá exemplo. Arma imprópria é qualquer objeto que possa matar ou
haver, por exemplo, furto consumado em concurso material com ferir, mas que não possui esta finalidade específica, como, por
lesão corporal. A violência ou grave ameaça pode ser contra o exemplo, faca, tesoura, espeto etc.
próprio dono do bem ou contra um terceiro qualquer, até mesmo Para o aumento da pena, é necessário que a arma seja apontada
um policial. Para a jurisprudência, se a violência contra policial para a vítima; não basta que o agente esteja armado e que a vítima
serviu para transformar o furto em roubo impróprio, não se pode tome conhecimento disto.
aplicar em concurso o crime de resistência, porque configuraria Para nós, o fundamento dessa causa de aumento é o poder
bis in idem. intimidador que a arma exerce sobre a vítima. Assim, não importa
Que a violência ou grave ameaça tenham por finalidade o poder vulnerante da arma, desde que ela seja apta a incutir medo
garantir a detenção do bem ou assegurar a impunidade do agente. na vítima, facilitando o roubo. Assim, a arma de fogo descarregada
ou defeituosa ou o simulacro de arma configuram a majorante em
Consumação tela.
Prevalece, no entanto, o entendimento de que essa causa
O roubo impróprio consuma-se no exato momento em que é de aumento tem por fundamento o perigo real que representa à
empregada a violência ou grave ameaça, ainda que o agente não incolumidade física da vítima o emprego de arma. À vista disso,
atinja sua finalidade (garantir a impunidade ou evitar a detenção). a arma deve ter idoneidade ofensiva, capacidade de colocar em
O golpe desferido que não atinge a vítima é considerado risco a integridade física da vítima. Tal não ocorre com o emprego
violência empregada; portanto, roubo impróprio consumado. de arma desmuniciada, defeituosa, arma de brinquedo ou simples
simulação.
Tentativa Em razão desse entendimento, a Terceira Seção do Superior
Tribunal de Justiça, no REsp n. 213.054, de São Paulo, em
A tentativa não é admissível, pois ou o agente emprega a
24.10.2001, relator o Ministro José Arnaldo da Fonseca, decidiu
violência ou a grave ameaça e o crime de roubo impróprio está
cancelar a Súmula n. 174, considerando que o emprego de arma de
consumado, ou não as emprega e o crime praticado é o de furto. Esse
brinquedo, embora não descaracterize o crime, não agrava o roubo,
é o entendimento predominante na doutrina e na jurisprudência.
uma vez que não apresenta real potencial ofensivo. Ficou assentado
Alguns autores (minoria) admitem a tentativa quando o agente
que a incidência da referida circunstância de exasperação da pena :
quer empregar a violência, mas é impedido.
- fere o princípio constitucional da reserva legal (princípio da
Causas de Aumento da Pena – Artigo 157, § 2.º, do Código tipicidade);
Penal (Roubo Circunstanciado) - configura bis in idem;
- deve ser apreciada na sentença final como critério diretivo
“§ 2.º A pena aumenta-se de um terço até metade: de dosagem da pena (circunstância judicial do artigo 59 do Código
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; Penal);
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas; - lesa o princípio da proporcionalidade.
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
agente conhece tal circunstância; De notar-se que a decisão apenas cancelou a referida Súmula,
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser não havendo impedimento a que juízes e tribunais ainda continuem
transportado para outro Estado ou para o exterior; adotando a primeira orientação, que determina o agravamento
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo da pena. Além disso, há o risco de que, cancelada a mencionada
sua liberdade.” Súmula, venham a reconhecer concurso entre o roubo simples e
Se o juiz reconhecer a existência de duas ou mais causas de a utilização de arma de brinquedo no cometimento do crime, nos
aumento da pena poderá aplicar somente uma, de acordo com o termos do artigo 10, § 1.º, inciso II, da Lei n. 9.437/97.
parágrafo único do artigo 68 do Código Penal. Nossa posição: arma de brinquedo equipara-se a arma de
As causas de aumento da pena incidem apenas sobre o verdade, para fins específicos do tipo que define o roubo, razão
roubo simples (próprio ou impróprio). Não se aplicam ao roubo pela qual o autor responderá apenas como incurso no artigo 157, §
qualificado pelo resultado lesão grave ou morte (§ 3.º). 2.º, inciso I, do Código Penal.

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Concurso de duas ou mais pessoas O roubo será qualificado se a morte ou a lesão corporal grave
resultarem da “violência”; o tipo não menciona a grave ameaça.
As anotações feitas a respeito do concurso de pessoas no furto Assim, se a vítima morre em razão da grave ameaça tem-se
(artigo 155 do Código Penal) aplicam-se ao roubo; a distinção é concurso formal de roubo simples e homicídio culposo (exemplo:
quanto à natureza jurídica: naquele é qualificadora; neste é causa a vítima, ao ver a arma, sofre ataque cardíaco e morre).
de aumento. Via de regra, o crime qualificado pelo resultado é preterdoloso
(há dolo no antecedente e culpa no consequente). No caso do §
Serviço de transporte de valores 3.º em estudo o resultado agravador pode decorrer de culpa ou
dolo. O agente pode, além de desejar a subtração, querer provocar
Aplicável apenas se a vítima está trabalhando (“em serviço”) lesão grave ou a morte da vítima. É evidente que a tentativa só é
com o transporte de valores (exemplo: assalto de office-boy, de admitida quando o resultado agravador for desejado pelo agente,
carro-forte etc.). pois não se pode tentar algo produzido por acidente.
Se o ladrão assaltar o motorista do carro-forte, levando Destarte, não confundir tentativa de latrocínio com roubo
somente o seu relógio, não há qualificadora. qualificado pela lesão grave. No latrocínio tentado, o agente tem
Exige-se que o agente conheça a circunstância do transporte intenção de matar a vítima, o que não ocorre por circunstâncias
de valor (dolo direto), não se admitindo dolo eventual.
alheias à sua vontade. No roubo qualificado pela lesão grave, o
Observação: não existe qualificadora semelhante no crime de
agente tem intenção de lesionar a vítima.
furto.
Oportuno salientar que a morte ou a lesão deve decorrer do
emprego de violência pelo agente com o fim de se apoderar da res
Veículo automotor que venha a ser transportado para outro
estado ou país ou assegurar a sua posse ou garantir a impunidade do crime. Se a
Ver anotações sobre furto. morte, por exemplo, advier de vingança, haverá crime de roubo em
concurso com o crime de homicídio.
Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua Assim, caracteriza-se a violência quando empregada em razão
liberdade: do roubo (nexo causal) e durante o cometimento do delito (no
mesmo contexto fático).
Aplica-se às hipóteses em que a vítima é mantida pelos O nexo causal estará presente quando a violência constituir
assaltantes por pouco tempo, ou tempo suficiente para a meio para a subtração (roubo próprio) ou quando for empregada
consumação do roubo. Se o período for longo, haverá concurso para garantir a detenção do bem ou a impunidade do agente (roubo
material de roubo simples e sequestro (artigo 157 combinado com impróprio).
artigo 148, ambos do Código Penal). Faltando um desses requisitos, haverá roubo em concurso
Observe-se que essa majorante não se aplica nos casos em que material com homicídio doloso ou delito de lesão corporal dolosa.
ocorre o chamado sequestro-relâmpago, embora tenha sido esta a Exemplos:
intenção da lei. Com efeito, o sequestro-relâmpago não se trata de Exemplo 1: João rouba alguém hoje; semanas depois, para
roubo, mas sim de extorsão, pois o comportamento da vítima, no garantir a impunidade, mata a vítima. Responderá por roubo
sentido de fornecer a senha do cartão magnético, é imprescindível em concurso material com homicídio, pois a violência não foi
para o sucesso da empreitada criminosa. Como se vê, no caso empregada no mesmo contexto fático.
do sequestro-relâmpago, não se trata de subtração e por isso não Exemplo 2: ladrão mata um desafeto seu, que passa pelo local
se pode falar em roubo. Assim, em que pese a boa intenção do durante o roubo. Foi durante o roubo, mas não em razão dele.
legislador, essa circunstância incidirá em outras situações, nas Tem-se, como regra, que a morte ou lesão corporal grave,
quais a privação de liberdade da vítima for utilizada com meio resultando de violência, pode ser de qualquer pessoa (exemplo:
para a realização de um roubo ou, após a sua consumação, como segurança da vítima).
forma de fugir à ação policial. Súmula n. 603 do Supremo Tribunal Federal: “ainda que a
morte seja dolosa, por haver latrocínio (crime contra o patrimônio),
Roubo Qualificado – Artigo 157, § 3.º, do Código Penal
a competência é do juízo singular”.
Há duas formas de roubo qualificado, aplicáveis tanto ao
Consumação e tentativa
roubo próprio quanto ao impróprio.
De acordo com a primeira parte do dispositivo: “se da violência
resulta lesão corporal de natureza grave, a pena é de reclusão, de 7 Por se tratar de crime complexo, tem-se o seguinte:
(sete) a 15 (quinze) anos, além de multa”. Subtração consumada + morte consumada = latrocínio
Houve alteração da pena mínima, para tornar pacífico o consumado.
entendimento de que as causas de aumento da pena do § 2.º não Subtração tentada + morte consumada = latrocínio consumado
se aplicam às qualificadoras do § 3.º. Se a lesão é leve, esta fica (Súmula n. 610 do Supremo Tribunal Federal: “Há crime de
absorvida. latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize
A parte final dispõe que “se resulta morte, a reclusão é de 20 o agente a subtração de bens da vítima”).
(vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa”. É o denominado Subtração consumada + morte tentada = latrocínio tentado.
latrocínio, considerado crime hediondo nos termos da Lei n. Subtração tentada + morte tentada = latrocínio tentado.
8.072/90.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
EXTORSÃO Questão polêmica é a que diz respeito ao constrangimento
da vítima para sacar dinheiro em caixa eletrônico (sequestro-
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave relâmpago). Para a jurisprudência, o delito é de extorsão (artigo
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida 158 do Código Penal) e não de roubo (artigo 157, § 2.º, inciso V,
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer do Código Penal), com fundamento na tese da dispensabilidade
alguma coisa: ou indispensabilidade da conduta da vítima. Correta essa posição.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Questão: Como ficará a repressão do crime de sequestro, já
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou que o artigo 158 não o prevê como causa de aumento de pena?
com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. Resposta: Se o sequestro for praticado como meio executório
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o do crime de extorsão ou como escudo para a fuga, restará absorvido
disposto no § 3º do artigo anterior. por este delito. Se praticado depois da extorsão, sem que a restrição
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da liberdade da vítima seja necessária para a consumação do crime,
da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem
haverá concurso material de delitos.
econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além
da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
Diferença entre Extorsão e Estelionato
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

A definição do crime de extorsão consta do artigo 158 do Para se saber se o crime é o de extorsão, deve-se verificar
Código Penal: “Constranger alguém, mediante violência ou grave se a entrega do objeto material foi espontânea (voluntária) ou
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida não. No estelionato, a entrega é espontânea porque a vítima está
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer sendo enganada; na extorsão, a vítima entrega a coisa contra a sua
alguma coisa”. vontade para evitar um mal maior. No estelionato, a vítima não
A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa (é sabe que está havendo um crime.
a mesma pena do roubo). Quando o agente emprega fraude e violência ou grave ameaça
para obter a coisa, o delito é de extorsão, pois a entrega ocorre
Objetividade Jurídica não em razão da fraude, mas sim da violência ou grave ameaça.
Observe o exemplo citado por Nelson Hungria: “Uma pessoa
A principal é a inviolabilidade do patrimônio. A secundária simula ser policial e, sob ameaça de morte, obriga a vítima a
é a proteção à vida, integridade física, liberdade pessoal e entregar-lhe certa quantia em dinheiro”.
tranquilidade do espírito.
Extorsão e Constrangimento Ilegal
Diferença entre Extorsão e Exercício Arbitrário das Próprias
Razões Tanto na extorsão quanto no constrangimento ilegal, o agente
emprega violência ou grave ameaça contra a vítima, no sentido de
Na extorsão o agente visa a uma vantagem patrimonial que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
indevida, enquanto no exercício arbitrário das próprias razões a A diferença entre extorsão e constrangimento ilegal está na
vantagem é devida (artigo 345 do Código Penal). finalidade: no constrangimento ilegal, o sujeito ativo deseja que a
vítima se comporte de determinada maneira, para obter qualquer
Roubo e Extorsão tipo de vantagem. Na extorsão, o constrangimento é realizado
com o objetivo expresso no tipo de obter “indevida vantagem
Há três correntes doutrinárias que buscam os pontos econômica”.
diferenciais desses dois crimes:
Consumação e Tentativa
1.ª) Para Nelson Hungria, no roubo o bem é tirado da vítima,
e na extorsão a vítima entrega o bem.
Súmula n. 96 do Superior Tribunal de Justiça: “O crime de
2.ª) Enquanto no roubo a ação e o resultado são concomitantes, extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
na extorsão o mal prometido e a vantagem são futuros. indevida”. É, portanto, um crime formal.
De acordo com entendimento do Professor Damásio de Jesus,
3.ª) Para o Prof. Damásio de Jesus, “na extorsão é o crime se consuma quando a vítima faz, deixa de fazer ou tolera
imprescindível o comportamento da vítima, enquanto no roubo que se faça alguma coisa. A tentativa é possível, pois a extorsão é
é prescindível. No exemplo do assalto, é irrelevante que a coisa crime formal e plurissubsistente. Pode ocorrer a tentativa quando
venha a ser entregue pela vítima ao agente ou que este a subtraia. o constrangido não realiza a conduta desejada pelo agente.
Trata-se de roubo. Constrangido o sujeito passivo, a entrega do bem
não pode ser considerada ato livre voluntário, tornando tal conduta Causas de Aumento da Pena
de nenhuma importância no plano jurídico. A entrega pode ser
dispensada pelo autor do fato. Já na extorsão o apoderamento do O § 1.º do artigo 158 do Código Penal dispõe que a pena é
objeto material depende da conduta da vítima”. A jurisprudência aumentada de um terço a metade (1/3 a 1/2) se o crime é cometido
tem-se manifestado nesse sentido. por duas ou mais pessoas ou com o emprego de arma.

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Note-se que aqui a lei fala em cometimento, não em concurso, Tentativa
sendo indispensável, pois, que os coagentes pratiquem atos
executórios do crime. Exige-se, portanto, a coautoria e não a mera A tentativa é possível quando, iniciado o ato de “sequestrar”,
participação. Não se deve confundir essa majorante com a prevista os agentes não tiverem êxito na captura da vítima.
no crime de roubo e furto, que preveem o concurso de pessoas, o
qual abrange a coautoria e a participação. Extorsão Mediante Sequestro e Rapto

Extorsão Qualificada No crime do artigo 159 do Código Penal (extorsão mediante


sequestro) ocorre privação da liberdade com o intuito de se obter
Segundo o § 2.º do artigo 158 deve-se aplicar à extorsão as vantagem patrimonial.
regras e penas do roubo qualificado pela lesão grave ou morte. A No rapto (artigo 219), a privação da liberdade de mulher
extorsão qualificada pela morte é crime hediondo (artigo 1.º, inciso honesta (sujeito passivo do delito) tem fins libidinosos.
III, da Lei n. 8.072/90).
Extorsão Mediante Sequestro e Sequestro e Cárcere Privado
EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO – ARTIGO 159 O sequestro do artigo 148 do Código Penal é crime subsidiário.
DO CÓDIGO PENAL É a privação da liberdade de alguém mediante violência ou grave
ameaça, desde que o fato não constitua crime mais grave.
Trata-se de crime hediondo em todas as modalidades (forma
simples ou qualificada). Elementos Objetivos do Tipo
As penas foram alteradas pela Lei n. 8.072/90, que aumentou
a pena privativa de liberdade de 6 (seis) a 12 (doze) anos para 8 O tipo traz a expressão “qualquer vantagem”.
(oito) a 15 (quinze) anos, eliminando a multa. O Prof. Damásio de Jesus entende que, para configuração da
O caput do artigo 159 do Código Penal trata da forma simples extorsão mediante sequestro, a vantagem visada pode ser devida
da extorsão mediante sequestro: “sequestrar pessoa com o fim de ou indevida, econômica ou não econômica, uma vez que o Código
obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição Penal não especifica.
ou preço do resgate”. A maioria da doutrina, no entanto, entende que a vantagem
deve ser indevida e patrimonial. Para essa corrente, se a vantagem
Objetividade Jurídica visada for devida haverá concurso formal entre os crimes de
sequestro (artigo 148) e exercício arbitrário das próprias razões
A principal é a inviolabilidade do patrimônio. A secundária é (artigo 345). Assim, só existe extorsão mediante sequestro se a
a tutela da liberdade de locomoção. Trata-se de crime complexo. vantagem for indevida e necessariamente patrimonial, pois se trata
de crime contra o patrimônio.
Sujeito Ativo
Formas Qualificadas
Sujeito ativo é qualquer pessoa.
Artigo 159, § 1.º, do Código Penal
Sujeito Passivo A pena é de reclusão de 12 (doze) a 20 (vinte) anos, se:
- o sequestro dura mais de 24 horas;
Sujeito Passivo é qualquer pessoa. Admite-se a pluralidade - o sequestrado tem menos de 18 anos;
de sujeitos passivos. É sujeito passivo o sequestrado e a pessoa a - o crime é praticado por quadrilha.
quem se dirige a finalidade do agente de obter a vantagem.
Se a vítima é menor de 14 anos, não se aplica a qualificadora
Consumação prevista nesse parágrafo, mas sim o artigo 9.º da Lei n. 8.072/90
(Lei dos Crimes Hediondos), que manda acrescer a pena de
O crime se consuma no momento do sequestro, com a privação metade, respeitando o limite máximo de 30 anos de reclusão.
da liberdade de locomoção da vítima. Trata-se, portanto, de crime Se o crime for cometido por quadrilha ou bando (reunião de
formal, já que não exige o pagamento do resgate, considerado mais de três pessoas para o fim de cometer crimes), aplica-se a
simples exaurimento. Tratando-se de delito permanente, poderá qualificadora do parágrafo em análise. Nesse caso, questiona-se:
ocorrer prisão em flagrante enquanto a vítima estiver sob o poder fica absorvido o delito de quadrilha ou bando previsto no artigo
dos sequestradores (artigo 303 do Código de Processo Penal). 288 do Código Penal? A resposta é sim, segundo o Prof. Victor E.
Rios Gonçalves, pois “apesar de ser delito formal e normalmente
Competência autônomo em relação às infrações perpetradas pelos quadrilheiros,
nesta hipótese constituiria inegável bis in idem”. Para nós,
A competência para julgamento desse delito é do local onde entretanto, existe concurso material com o delito de quadrilha
se deu a consumação. Se o crime consumar-se em território de ou bando que tem momento consumativo e objetividade jurídica
duas comarcas, ambas serão competentes, fixando-se uma delas diversa.
por prevenção (artigo 71 do Código de Processo Penal).

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Artigo 159, §§ 2.º e 3.º, do Código Penal Supressão ou alteração de marca em animais

A pena é de reclusão de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou
anos, se resulta em lesão grave, e de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
anos, se resulta em morte. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Essas duas qualificadoras só se aplicam quando o resultado
recair sobre a pessoa sequestrada. A morte de outras pessoas Dano
constitui crime de homicídio (ou lesão grave) em concurso com o
crime do artigo 159 do Código Penal em sua forma simples. Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
As qualificadoras se aplicam tanto ao resultado doloso quanto Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ao resultado culposo. Só não será aplicada se o resultado agravador
for consequência de caso fortuito ou culpa de terceiro (artigo 19 do Dano qualificado
Código Penal).
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
O reconhecimento de uma qualificadora mais grave afasta o
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
reconhecimento de uma qualificadora menos grave. II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o
A pena deverá ser agravada de metade se a vítima se encontra fato não constitui crime mais grave;
nas condições do artigo 224 do Código Penal, nos termos do artigo III - contra o patrimônio da União, Estado, Município,
9.º da Lei dos Crimes Hediondos. empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de
economia mista;
Delação Eficaz – Artigo 159, § 4.º, do Código Penal IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para
a vítima:
Se o crime for praticado em concurso (duas ou mais pessoas), Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da
o concorrente (coautores e partícipes) que denunciar o fato à pena correspondente à violência.
autoridade, facilitando a libertação da vítima, terá sua pena
reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
O parágrafo foi inserido pela Lei dos Crimes Hediondos,
alterada pela Lei n. 9.269/96. Trata-se de causa de diminuição de Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia,
pena. sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte
Haverá a diminuição da pena se a delação efetivamente prejuízo:
facilitar a libertação da vítima. Quanto maior a colaboração, maior Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
será a redução da pena.
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
Extorsão indireta
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico
abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a ou histórico:
procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Alteração de local especialmente protegido
Alteração de limites
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o
aspecto de local especialmente protegido por lei:
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo
ou em parte, de coisa imóvel alheia: Ação penal
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo
e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
Usurpação de águas
Apropriação indébita
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas
alheias; Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a
Esbulho possessório posse ou a detenção:
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente
alheio, para o fim de esbulho possessório. recebeu a coisa:
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a I - em depósito necessário;
esta cominada. II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
violência, somente se procede mediante queixa. III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Trata-se de crime que se caracteriza pela quebra da confiança, Resposta: Sim. Há, entretanto, duas exceções: quando o bem
porque o agente tem legitimamente a posse ou a detenção da coisa, é recebido em razão de contrato de mútuo ou de depósito, porque
a qual é transferida pelo proprietário, de forma livre e consciente, os artigos 587 e 645 do Código Civil estabelecem que nesses
mas, em momento posterior, inverte esse título, passando a agir contratos a tradição transfere a propriedade e, assim, o sujeito não
como se dono fosse. recebe a “posse de coisa alheia” – recebe na posição de dono.
Quando podemos dizer que a não restituição do bem configura
Requisitos o crime em estudo? Quando já houver vencido o prazo para a
devolução da coisa. E se não houver prazo para tal? O vencimento
São requisitos da apropriação indébita: do prazo passa a ficar na dependência de prévia interpelação,
notificação ou protesto por parte da vítima, muito embora tais
- Que a vítima, por algum motivo, entregue ao agente um medidas não sejam indispensáveis à configuração do crime.
objeto, fazendo-o de forma livre e consciente. Difere, destarte, da Tem-se reconhecido crime único nas condutas de quem:
extorsão, em que a entrega é feita em razão de violência ou grave - estando obrigado a uma prestação conjunta, em várias
ameaça, e do estelionato, em que a vítima, de forma consciente, ocasiões apropria-se do numerário de terceiro;
entrega a coisa, mas está sendo enganada. - sendo empregado, recebe dinheiro de várias pessoas e não o
- Que o agente tenha a posse ou detenção desvigiada (a posse entrega ao patrão.
é sempre desvigiada); se a detenção for vigiada, o crime será o de
furto; assim, o empregado de uma loja que é vigiado pelo gerente Causas de Aumento de Pena - Artigo 168, § 1.º, do Código
comete furto, mas o representante comercial que detém os bens Penal
para venda fora da esfera de vigilância do proprietário comete
apropriação indébita. A razão de ser do aumento de pena é o motivo pelo qual a
- Que o agente, ao receber o bem, esteja de boa-fé (não exista pessoa recebe a posse. Aumenta-se a pena em 1/3, quando:
dolo de se apoderar do bem naquele momento), porque, se há dolo - o bem é recebido em depósito necessário. Nos termos dos
antes do recebimento do bem, o crime é de estelionato. Na dúvida, artigos 647 e 649 do Código Civil, depósito necessário pode ser:
denuncia-se por apropriação indébita, pois a boa-fé se presume. - legal: decorre de lei;
- Que, após estar na posse do bem, o agente inverta o seu - miserável: feito em razão de situações de calamidades como
ânimo em relação ao objeto, passando a se considerar e a se portar enchentes, desabamentos etc.;
como se fosse dono. O comportamento de dono pode ocorrer com - por equiparação: refere-se aos valores de bagagens dos
o assenhoramento definitivo (negativa de restituição) ou quando hóspedes em hotéis, pensões ou estabelecimentos congêneres.
o agente dispõe do bem, vendendo-o, alugando-o (apropriação - o agente recebe o objeto na qualidade de tutor, curador,
indébita propriamente dita). síndico, inventariante, testamenteiro, liquidatário (figura que não
existe mais em nosso sistema) ou depositário judicial;
Consumação e Tentativa - o agente recebe o objeto no desempenho de sua profissão,
emprego ou ofício.
Trata-se de crime material. Consuma-se no momento em que o
agente transforma a posse ou detenção sobre o objeto em domínio, Há grande divergência doutrinária no tocante à abrangência
ou seja, quando passa a adotar comportamentos incompatíveis da causa de aumento de pena do inciso I (depósito necessário).
com a mera posse ou detenção da coisa. Vejamos os entendimentos:
A tentativa em tese é possível no caso de apropriação indébita Para Nelson Hungria, abrange apenas o depósito miserável,
propriamente dita, quando, por exemplo, o agente é impedido pois o depositário legal é sempre funcionário público, que comete
de vender o objeto de que tem a posse ou a detenção. O conatus, peculato, e o depósito por equiparação se enquadra no artigo 168,
porém, não seria possível na hipótese de negativa de restituição. § 1.º, inciso III.
Para Magalhães Noronha, o dispositivo compreende o
Observações Gerais depósito legal, miserável e por equiparação.
Segundo Damásio de Jesus, tratando-se de depósito necessário
O funcionário público que se apropria de coisa pública, ou de legal, duas hipóteses podem ocorrer. Se o sujeito ativo é funcionário
coisa particular que se encontra sob a guarda da Administração, público, responde por delito de peculato. Se o sujeito ativo é um
pratica o crime de peculato (peculato-apropriação - artigo 312 do particular, responde por apropriação indébita qualificada, nos
Código Penal). termos do artigo 168, parágrafo único, inciso II, última figura
A posse do todo (continente) entregue trancado não implica (depositário judicial). Assim, não se aplica a disposição do
a posse do conteúdo. Exemplo: alguém recebe um cofre trancado inciso I. Tratando-se de depósito necessário por equiparação, não
para transportá-lo e o arromba para se apropriar dos valores nele aplicamos a qualificadora do depósito necessário, mas sim a do
contidos. O agente pratica furto qualificado pelo rompimento de inciso III do parágrafo único (coisa recebida em razão de profissão).
obstáculo. O parágrafo único, inciso I, quando fala em depósito necessário,
A apropriação de uso não constitui crime pela ausência de abrange exclusivamente o depósito necessário miserável.
ânimo de assenhoramento definitivo. Note-se que no § 1.º houve um erro do legislador, pois trata-se
Pergunta: É possível apropriação indébita de coisa fungível? de parágrafo único, já que não existe nenhum outro.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Apropriação Indébita Previdenciária – Artigo 168 - A, § 1.º Tipifica a conduta de quem encontra coisa perdida (res
(Lei n. 9.983/2000) desperdita) e dela se apodera no total ou em parte, deixando de
“Deixar de repassar à Previdência Social as contribuições devolvê-la ao dono ou ao legítimo possuidor ou, ainda, de entregá-
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou la à autoridade (policial ou judiciária) no prazo de 15 dias.
convencional. Coisa perdida é a que se extraviou do dono em local público
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.” ou aberto ao público. Coisa esquecida em local particular não
equivale à coisa perdida, sendo, pois, objeto de furto. Também não
Trata-se de modalidade de sonegação fiscal. se considera coisa perdida a res derelicta (coisa abandonada) e a
A apropriação indébita previdenciária pune a conduta de não res nullius (coisa que nunca teve proprietário ou possuidor).
transferir as contribuições recolhidas dos contribuintes ao Instituto O delito se consuma após os 15 dias que a lei estabelece para
Nacional de Seguridade Social. a devolução, salvo se antes disso o agente deixa clara sua intenção
O crime consuma-se quando o prazo assinalado para o de não devolver. É um “crime a prazo”.
recolhimento se esgota. Trata-se de crime omissivo puro, por isso Trata-se de infração de menor potencial ofensivo, nos termos
a tentativa é inviável. da Lei n. 9.099/95.
As figuras descritas no § 1.º destinam-se ao contribuinte-
empresário, que deve recolher a contribuição que arrecadou do Privilegiada
contribuinte.
O § 2.º estabelece a extinção da punibilidade se o agente, Nos termos do artigo 170, nos crimes previstos no Capítulo V
antes do início da ação fiscal, espontaneamente, confessa, declara, (artigos 168 a 169) aplica-se o disposto no artigo 155, § 2.º.
paga e presta todas as informações que lhe forem solicitadas pela
Previdência. Estelionato
O § 3.º dispõe que, se o pagamento for feito após o início
da ação fiscal (procedimento administrativo da Previdência, que Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
visa apurar o valor devido) e antes do oferecimento da denúncia, o prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
juiz poderá aplicar somente a pena de multa ou conceder o perdão artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
judicial. A providência é cabível se o réu for primário e de bons Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos
antecedentes.
mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
Apropriação de Coisa Havida Por Erro (caput) - Artigo 169
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art.
do Código Penal
155, § 2º.
Dispõe o artigo 169, caput, do Código Penal: “Apropriar-se
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em
ou força da natureza:
Pena – detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa”. garantia coisa alheia como própria;
Caracteriza-se pela entrega da coisa pela vítima, que se II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
encontra em erro, ao agente. Erro é a representação falsa de algo. própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
O erro pode se referir: prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
- à pessoa a quem deve ser entregue o objeto; silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
- ao próprio objeto; III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
- à existência da obrigação. ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
objeto empenhado;
Distinções IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa
que deve entregar a alguém;
A apropriação de coisa havida por erro distingue-se dos V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou
seguintes crimes: lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da
Apropriação indébita (artigo 168), porque nesta a vítima não lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de
está em erro. seguro;
Extorsão (artigo 158), no qual a vítima entrega o bem mediante VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
coação. poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
Estelionato (artigo 171), no qual o agente sabe que a vítima § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido
está em erro antes de receber o bem porque cria uma situação de em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de
fraude para induzi-la ou mantê-la nessa circunstância, justamente economia popular, assistência social ou beneficência.
para que ela efetue a entrega do objeto (o agente recebe a coisa
de má-fé). Na apropriação de coisa havida por erro, o agente não Caracteriza-se pelo emprego de fraude, para induzir ou manter
percebe que recebeu o objeto por equívoco; posteriormente toma a vítima em erro, convencendo-a a entregar seus pertences. Erro é
conhecimento do engano e decide não devolver o bem (o agente a falsa percepção da realidade.
recebe a coisa de boa-fé). Artifício é a utilização de algum aparato material para enganar
(cheque, bilhete etc.). Ardil é a conversa enganosa. Pode ser citado,
Apropriação de Coisa Achada - Artigo 169, parágrafo único, como exemplo de qualquer outro meio fraudulento, o silêncio
inciso II, do Código Penal empregado para manter a vítima em erro.

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Sujeito Ativo Pergunta: Qual a responsabilização de quem falsifica
documento para cometer estelionato?
O sujeito ativo é qualquer pessoa. Resposta: Há divergência:
Admite-se o concurso de pessoas. Exemplo: quando Uma corrente aplica a Súmula n. 17 do Superior Tribunal
um emprega a fraude e o outro obtém a indevida vantagem de Justiça: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais
patrimonial. potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Exemplo: se o
agente falsifica um RG e o usa junto com o cheque da vítima, a
Sujeito Passivo potencialidade lesiva do falso persiste, pois o agente, após entregar
o cheque (cometendo estelionato – artigo 171, § 2.º, inciso VI,
O sujeito passivo é qualquer pessoa, desde que determinada. do Código Penal), continua com o RG da vítima, podendo vir a
Não se pode denunciar por estelionato quando as vítimas são praticar outros crimes – não há absorção, o agente responderá
indeterminadas. Em tais casos, pode se caracterizar crime contra a pelos dois delitos.
economia popular. Exemplo: adulteração de balança. A propósito, Uma outra corrente entende que há concurso material entre
caracteriza crime contra a economia popular: “obter ou tentar obter falsificação de documento e estelionato. Não há absorção de um
ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado crime por outro porque atingem bens jurídicos diversos, sendo
de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos também diversas as vítimas. Ademais, não há unidade de conduta.
(‘bola de neve’, ‘cadeias’, ‘pichardismo’, e quaisquer outros meios Ambos os crimes coexistem, mas em concurso formal.
equivalentes)” (artigo 2.º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51). Conforme adverte o Prof. Damásio de Jesus, tecnicamente trata-
A vítima é a pessoa enganada que sofre o prejuízo material. se de concurso material, mas, por razões de política criminal, na
Pode haver mais de uma (a que é enganada e a que sofre o prejuízo). jurisprudência prevalece que há concurso formal. É a posição do
Supremo Tribunal Federal.
Objetivo da Fraude Outra corrente sustenta que o falso (documento público)
absorve o estelionato porque tem pena mais grave.
Provocar o equívoco da vítima (induzir em erro) ou manter Pergunta: Que se entende por fraude bilateral?
o erro em que já incorre a vítima, independentemente de prévia Resposta: Há fraude bilateral quando a vítima também age de
conduta do agente. O emprego da fraude deve ser anterior à má-fé. Exemplo: a vítima compra uma máquina de fazer dinheiro
que não passa de um truque.
obtenção da vantagem ilícita.
Pergunta: No caso de fraude bilateral existe estelionato por
parte de quem ficou com o lucro?
Consumação
Resposta: A doutrina se divide:
Segundo Nelson Hungria não há crime, pois:
O crime é material. Se consuma com a efetiva obtenção da
- a lei não pode amparar a má-fé da vítima;
vantagem ilícita (não há a expressão “com o fim de”, típica dos
- se no cível a pessoa não pode pedir a reparação do dano,
crimes formais). Consuma-se, pois, no momento em que o agente então também não há ilícito penal.
aufere a vantagem econômica indevida e não no momento do Na visão de Magalhães Noronha existe estelionato, pois:
emprego da fraude. - a lei não pode ignorar a má-fé do agente com a qual obteve
O resultado no crime de estelionato é duplo: vantagem ilícita uma vantagem ilegal;
e prejuízo alheio. Assim, se a vítima sofre o prejuízo, mas o agente - a boa-fé da vítima não é elementar do tipo;
não obtém a vantagem, o crime é tentado. O agente responderá - o Direito Penal visa tutelar o interesse de toda a coletividade
por tentativa se obtiver a vantagem ilícita, sem causar prejuízo à e não apenas o interesse particular da vítima.
vítima.
Privilégio – Artigo 171, § 1.o, do Código Penal
Tentativa
Requisitos
A tentativa é possível. Mas, se a fraude é meio inidôneo para
enganar a vítima, o crime é impossível por absoluta ineficácia do Pequeno valor do prejuízo. Não deve superar um salário
meio (artigo 17 do Código Penal). A inidoneidade do meio deve mínimo. O valor do prejuízo deve ser apurado no momento de sua
ser analisada de acordo com as circunstâncias pessoais da vítima. consumação. No caso de tentativa, leva-se em conta o prejuízo que
Se o meio é idôneo, mas, acidentalmente, se mostrou ineficaz, há o agente pretendia causar à vítima.
tentativa. Que o agente seja primário.
As consequências são as mesmas do furto privilegiado,
Observações segundo o artigo 155, § 2.º, do Código Penal. Aplica-se às figuras
do caput e do § 2.º, que não são qualificadoras.
Se o agente diz que, de alguma forma, irá influir em Não se trata de faculdade, mas sim de direito do réu.
funcionário público para beneficiar a vítima, comete o crime de
tráfico de influência (artigo 332 do Código Penal). Disposição de Coisa Alheia Como Própria – Artigo 171, § 2.º,
Qualquer banca de jogo de azar é ilegal e o agente pratica a inciso I, do Código Penal
contravenção do artigo 50 da Lei das Contravenções Penais, exceto “§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem: I – vende, permuta,
se há emprego de fraude com o fim de excluir a possibilidade de dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como
ganho – nesse caso tem-se estelionato. própria;”

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O fato consuma-se com o recebimento da vantagem. Pressuposto do crime é a existência de contrato de seguro
Não é necessária a tradição ou inscrição no registro do objeto válido e vigente ao tempo da ação.
da venda. O sujeito ativo é o segurado; o sujeito passivo, o segurador.
O silêncio do agente a respeito da propriedade da coisa é Nada impede que terceiro intervenha no comportamento típico,
imprescindível. A ciência do adquirente exclui o delito. respondendo também pelo crime. Na hipótese de lesão causada no
É admissível a tentativa. segurado, o terceiro responde por dois crimes: estelionato e lesão
Tem-se entendido que, se o agente está na posse ou na detenção corporal.
do objeto material e o aliena, responde somente por apropriação Nessa modalidade, é crime formal, pois basta que se realize a
indébita. conduta, independentemente da obtenção da vantagem indevida.
Não é necessário que o autor do fato seja o beneficiário do contrato
Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria – Artigo de seguro, podendo ocorrer que terceiro venha a receber o valor da
171, § 2.º, inciso II, do Código Penal indenização.
“§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem: ...II – vende, permuta, Admite-se a tentativa.
dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada
de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, Fraude no Pagamento por Meio de Cheque – Artigo 171, §
mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer 2.o, inciso VI, do Código Penal
dessas circunstâncias;” “§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem:...VI – emite cheque,
sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
O silêncio do agente constitui a fraude. frustra o pagamento.”
A inalienabilidade pode ser legal ou convencional (imposta
por doador ou testador). Emitir é preencher, assinar e colocar em circulação (entregar
A simples promessa de venda não configura o delito. O delito a alguém).
consuma-se com a obtenção da vantagem. Trata-se de crime doloso, não admitindo a modalidade
A tentativa é admissível. culposa. Para configurar o crime, o agente deve ter consciência
da falta de provisão de fundos quando da emissão do cheque.
Defraudação de Penhor – Artigo 171, § 2.º, inciso III, do Súmula n. 246 do Supremo Tribunal Federal: “Comprovado não
Código Penal ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheques
“§ 2.º Nas mesmas penas incorre quem:...III – defrauda, sem fundos”.
mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, Frustrar o pagamento do cheque é o segundo núcleo do crime.
a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;” Caracteriza-se pela existência de fundos no momento da emissão
e o posterior impedimento do recebimento do valor, como, por
Trata-se da espécie de penhor em que, pelo efeito da clausula exemplo, sustação de cheque, saque do valor antes da apresentação
constituti, a coisa móvel empenhada continua em poder do devedor. do cheque etc.
O sujeito ativo é somente o devedor do contrato de penhor.
Se tiver o consentimento do credor não comete crime. Consumação
A defraudação de penhor consiste em defraudar o objeto
material que constitui a garantia pignoratícia. Trata-se de crime A consumação ocorre quando o banco sacado se recusa a
material, exigindo-se a efetiva defraudação da garantia pignoratícia. efetuar o pagamento, pois é nesse momento que ocorre o prejuízo.
Consuma-se com a alienação, a ocultação, o desvio, a substituição, Trata-se de crime material.
o consumo, o abandono etc. da coisa dada em garantia. Súmula n. 521 do Supremo Tribunal Federal: “O foro
competente para o processo e o julgamento dos crimes de
Fraude na Entrega de Coisa - Artigo 171, § 2.º, inciso IV, do estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem
Código Penal provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento
“§ 2.º Nas mesmas penas incorrer quem:...IV – defrauda pelo sacado”.
substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar No caso de o agente emitir dolosamente um cheque sem
a alguém;” fundos, mas, antes da consumação, se arrepender e depositar o
valor, ocorre o arrependimento eficaz que exclui o crime (artigo
O sujeito ativo é aquele que tem a obrigação de entregar a 15 do Código Penal).
coisa a alguém. Se, por outro lado, o agente arrepender-se após a consumação
A ação incide sobre a qualidade, quantidade ou substância. do crime, incide a Súmula n. 554 do Supremo Tribunal Federal:
Consuma-se com a tradição do objeto material. Admite-se a “O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após
tentativa. o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação
penal”. Assim, se o pagamento efetuado após a denúncia não obsta
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Seguro a ação penal, o pagamento efetuado antes da denúncia, impede a
– Artigo 171, § 2.º, inciso V, do Código Penal ação penal. Esse era o entendimento antes da reforma de 1984.
Com a reforma penal de 1984, posterior à edição dessa
“§ 2.º Nas mesmas penas incorrer quem:...V – destrói, total súmula, surgiu o instituto do arrependimento posterior (artigo 16
ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo do Código Penal), que impõe a redução da pena na hipótese de o
ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o agente se arrepender após a consumação do crime, mas antes do
intuito de haver indenização ou valor de seguro;” oferecimento da denúncia.

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O Pretório Excelso, porém, reexaminando a questão manteve, Abuso de incapazes
por razões de política criminal, seu entendimento anterior à Lei n.
7.209/84. Destarte, a súmula continua sendo aplicada. Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
A reparação do dano, feita após o recebimento da denúncia, é necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou
mera atenuante genérica. debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de
ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou
Tentativa de terceiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
A tentativa existe nas duas modalidades. Exemplo: o agente
atua com dolo, mas esquece que tem dinheiro na conta e o banco Induzimento à especulação
paga o cheque. O agente quis o estelionato, mas por circunstâncias
alheias à sua vontade o crime não se consumou. Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de
Observação outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação
com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a
O delito em estudo pressupõe que a emissão do cheque sem
operação é ruinosa:
fundos tenha sido a fraude empregada pelo agente para induzir a
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
vítima em erro e convencê-la a entregar o objeto. Não há crime
quando o prejuízo preexiste em relação à emissão do cheque
(exemplo: empréstimo e posterior pagamento com cheque sem Fraude no comércio
fundos). Pela mesma razão, não há crime quando o cheque é
entregue em substituição a outro título de crédito anteriormente Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o
emitido. adquirente ou consumidor:
Se o agente encerra sua conta corrente, mas continua I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
emitindo cheques que manteve em seu poder, configura o crime de falsificada ou deteriorada;
estelionato (artigo 171, caput, do Código Penal). É o estelionato do II - entregando uma mercadoria por outra:
caput porque a fraude preexiste em relação à emissão do cheque. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Inexiste crime quando o cheque é emitido para pagamento de § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
dívida de conduta ilícita (jogo, por exemplo). o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira
A natureza jurídica do cheque é de ordem de pagamento à por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por
vista. Qualquer atitude que desconfigure essa natureza afasta verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
o delito em análise (exemplos: cheque pré-datado, cheque dado Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
como garantia etc.). § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
O desconto do cheque fora do prazo para apresentação
descaracteriza o delito. Outras fraudes
O pagamento com cheque roubado caracteriza estelionato
simples. Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
Artigo 171, § 3.o, do Código Penal – Causa de Aumento de efetuar o pagamento:
Pena Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação,
Aumenta-se a pena em 1/3: e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Se o estelionato é praticado contra entidade de direito público.
Súmula n. 24 do Supremo Tribunal Federal: “Aplica-se ao crime
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade
de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica
por ações
da Previdência Social, a qualificadora do § 3.º do artigo 171 do
Código Penal”.
Se é praticado contra entidade assistencial, beneficente ou Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações,
contra instituto de economia popular, pois o prejuízo não atinge fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à
apenas as entidades, mas sim todos os seus beneficiários. assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou
ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
Duplicata simulada Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não
constitui crime contra a economia popular.
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, contra a economia popular:
ou ao serviço prestado. I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações,
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou
Duplicatas. em parte, fato a elas relativo;

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o
artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade; juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da
sociais, sem prévia autorização da assembleia geral; União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput
sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite; deste artigo aplica-se em dobro
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social,
aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade; Trata-se de crime acessório, cuja existência pressupõe a
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em prática de um delito antecedente (crime pressuposto). O tipo
menciona “produto de crime” para a caracterização da receptação,
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou
portanto, aquele que tem sua conduta ligada a uma contravenção
dividendos fictícios;
anterior não comete receptação.
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, A receptação é crime contra o patrimônio, porém, o crime
ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou antecedente não precisa estar previsto no título dos crimes contra
parecer; o patrimônio, mas é necessário que cause prejuízo a alguém
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; (exemplo: receber coisa produto de peculato).
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, A receptação é crime de ação pública incondicionada,
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados independente da espécie de ação do crime anterior.
nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. Existe receptação de receptação, e de acordo com Victor E.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, Rios Gonçalves “respondem pelo crime todos aqueles que, nas
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para sucessivas negociações envolvendo o objeto, tenham ciência da
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral. origem espúria do bem. Desse modo, ainda que tenha ocorrido uma
quebra na sequência, haverá receptação. Exemplo: o receptador A
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “warrant” vende o objeto para B, que não sabe da origem ilícita e, por sua
vez, vende-o a C, que tem ciência da origem espúria do objeto.
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em É óbvio que nesse caso A e C respondem pela receptação, pois o
desacordo com disposição legal: objeto não deixa de ser produto de furto apenas porque B não sabia
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. da sua procedência”.

Artigo 180, § 4.o, do Código Penal


Fraude à execução
Trata-se de norma penal explicativa que dispõe sobre a
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo autonomia da receptação, traçando duas regras: a receptação é
ou danificando bens, ou simulando dívidas: punível ainda que desconhecido o autor do crime antecedente, ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. isento de pena.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. São causas de isenção de pena que não atingem o delito de
receptação:
Receptação - excludentes de culpabilidade (exemplo: inimputabilidade);
- escusas absolutórias (artigo 181 do Código Penal).
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, Assim, comete crime de receptação quem adquire objeto
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: furtado por um alienado mental, por exemplo.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. De acordo com o disposto no artigo 108 do Código Penal, a
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em extinção da punibilidade do crime anterior não atinge o delito que
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, dele dependa, salvo duas exceções: abolitio criminis e anistia.
ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
Sujeito Ativo
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve
saber ser produto de crime:
Pode ser praticado por qualquer pessoa, desde que não seja o
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. autor, coautor ou partícipe do delito antecedente.
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do O advogado não se exime do crime com o argumento de que
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou está recebendo honorários advocatícios.
clandestino, inclusive o exercício em residência.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela Sujeito Passivo
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: É a mesma vítima do crime antecedente.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as O tipo não exige que a coisa seja alheia, no entanto, o
penas. proprietário do objeto não comete receptação quando adquire o
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou bem que lhe havia sido subtraído, porque não se pode ser sujeito
isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. ativo e passivo de um mesmo crime. Tem-se como exceção o

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
mútuo pignoratício – alguém toma um empréstimo e deixa com A receptação distingue-se do favorecimento real (artigo 349
o credor uma garantia. Terceiro furta o objeto, sem qualquer do Código Penal) porque neste o agente oculta o proveito do crime
participação do proprietário, e oferece a esse, que adquire com pretendendo auxiliar o infrator; já na receptação, o fato é praticado
o intuito de favorecer-se. Há receptação porque o patrimônio do em proveito próprio ou alheio, ou seja, há intenção de lucro e não
credor foi lesado com a perda da garantia. de favorecer o sujeito ativo do delito anterior.
O dolo subsequente não configura o delito, como no caso de o
Objeto Material agente vir a descobrir posteriormente que a coisa por ele adquirida
é produto de crime.
A coisa deve ser produto de crime ainda que tenha sido
modificado, como, por exemplo, o furto de automóvel – há Receptação imprópria – artigo 180, “caput”, segunda parte,
receptação mesmo que sejam adquiridas apenas algumas peças. do Código Penal
O instrumento do crime (arma, chave falsa etc.) não constitui
objeto do crime de receptação, pois não é produto de crime. A receptação imprópria consiste em influir para que terceiro,
de boa-fé, adquira, receba ou oculte objeto produto de crime.
Pergunta: Um imóvel pode ser objeto de receptação? Influir significa persuadir, convencer etc.
Resposta: A doutrina não é pacífica: A pessoa que influi recebe o nome de intermediário, não
Como a lei não exige que a coisa seja móvel, tal como faz podendo ser o autor do delito antecedente e, necessariamente,
em alguns delitos (exemplo: artigo 155 do Código Penal), Fragoso tem de conhecer a origem espúria do bem, enquanto o terceiro
entende que pode ser objeto de receptação. (adquirente) deve desconhecer o fato.
Na opinião dos Professores Damásio de Jesus, Nelson Quem convence um terceiro de má-fé é partícipe da receptação
Hungria e Magalhães Noronha, a palavra receptação pressupõe desse.
o deslocamento do objeto, tornando prescindível que o tipo
especifique “coisa móvel”; dessa forma, excluem a possibilidade Consumação
de um imóvel ser objeto de receptação. Essa é a posição do
Supremo Tribunal Federal. É também a nossa posição. A consumação ocorre no exato instante em que o agente
mantém contato com o terceiro de boa-fé, ainda que não o
Receptação Dolosa Simples – Artigo 180, caput, do Código convença a adquirir, receber ou ocultar. É crime formal. Assim,
Penal não se admite tentativa, pois ou o agente manteve contato com o
terceiro configurando-se o crime ou não, tornando-se fato atípico.
Receptação própria – artigo 180, “caput”, primeira parte, do
Código Penal
Causa de Aumento – Artigo 180, § 6.o, do Código Penal
São cinco as condutas típicas:
- adquirir: obter a propriedade a título oneroso ou gratuito;
Se o objeto é produto de crime contra a União, o Estado, o
- receber: obter a posse (tomar emprestado);
Município, concessionária de serviço público ou sociedade de
- transportar: levar de um lugar para outro. economia mista, a pena do caput aplica-se em dobro.
- conduzir: estar na direção de meio de transporte; O agente deve saber que o produto do crime atingiu
- ocultar: esconder. uma das entidades mencionadas. Se assim não fosse, haveria
responsabilidade objetiva.
As duas últimas figuras foram introduzidas no Código Penal Repise-se que a figura do § 6.o só se aplica à receptação
pela Lei n. 9.426/96. dolosa do caput.
Na receptação dolosa do caput aplica-se o privilégio previsto
no § 2.º do artigo 155 do Código Penal, como dispõe a segunda Receptação Qualificada – Artigo 180, § 1.o, do Código Penal
parte do § 5.º do artigo 180 do Código Penal.
A pena é de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa se o
Consumação crime é praticado por comerciante ou industrial no exercício de
suas atividades, que deve saber da origem criminosa do bem.
É delito material. Consuma-se quando o agente adquire, O nomem juris está incorreto, pois não se trata de qualificadora,
recebe, oculta, conduz ou transporta, sendo que os três últimos mas sim de um tipo autônomo que contém verbos não previstos no
núcleos tratam de crime permanente cuja consumação protrai-se caput. Além disso, é crime próprio, pois só pode ser cometido por
no tempo, permitindo o flagrante a qualquer momento. comerciante ou industrial.

Tentativa Interpretação da expressão “deve saber”:

A tentativa é possível. - segundo os Professores Celso Delmanto e Paulo José da


Costa Júnior, trata-se de dolo eventual.
Elemento subjetivo - segundo Nelson Hungria e Magalhães Noronha, significa
culpa.
É o dolo direto. O agente deve ter efetivo conhecimento da
origem ilícita do objeto. Pergunta: Como punir o comerciante que sabe da procedência
Não basta o dolo eventual. Se assim agir, o fato será ilícita (dolo direto)?
enquadrado na modalidade culposa do crime. Resposta: A questão não é pacífica:

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O § 1.º tanto prevê as condutas de quem sabe (dolo direto) O parágrafo prevê, na primeira parte, o perdão judicial, que
quanto as de quem deve saber (dolo eventual), visto que, embora somente é aplicado à receptação culposa, desde que:
empregue somente a expressão “deve saber”, a conduta de quem - o agente seja primário;
sabe encontra-se abrangida, pois se praticar a conduta com dolo - o juiz considere as circunstâncias.
eventual qualifica o crime, por óbvio que praticá-la com dolo
direto também deve qualificar. É a nossa opinião. Trata-se de direito subjetivo do réu e não de faculdade do juiz
Para o Prof. Damásio de Jesus, o comerciante que “sabe” (dolo em aplicá-lo – não obstante a existência da expressão pode.
direto) só pode ser punido pela figura simples do caput, enquanto
o comerciante que “deve saber” responde pela forma qualificada Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes
do § 1.o. Como essa interpretação poderia gerar condenação previstos neste título, em prejuízo:
injusta, pois a conduta mais grave (dolo direto) teria pena menor, I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
o Prof. Damásio de Jesus entende que nos dois casos (dolo direto e II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo
eventual) deve ser aplicada a pena do caput. ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Artigo 180, § 2.o, do Código Penal Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o
crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
É uma norma de extensão, pois explica o que se deve entender I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
por “atividade comercial”. II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
Para efeito do § 1.º, considera-se comerciante aquele que III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
exerce sua atividade de forma irregular ou clandestina, inclusive
a exercida em residência. Citamos como exemplo o camelô e o Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
desmanche ilegal. I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando
haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
Receptação Culposa – Artigo 180, § 3.o, do Código Penal II - ao estranho que participa do crime.
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
Adquirir e receber são os verbos do tipo, que excluiu a conduta superior a 60 (sessenta) anos.
ocultar por se tratar de hipótese reveladora de dolo.
Os crimes culposos, em geral, têm o tipo aberto. A lei não
descreve as condutas, cabendo ao juiz a análise do caso concreto.
A receptação culposa é exceção, pois a lei descreve os parâmetros CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
ensejadores da culpa:
Natureza do objeto: certos objetos exigem maiores cuidados
quando de sua aquisição. Exemplo: no caso de armas de fogo
deve-se exigir o registro. Com o advento da Lei 12.015, de 07.08.2009, o Título VI da
Desproporção entre o valor de mercado e o preço pago: deve Parte Especial do Código Penal deixou de ser nominado como
haver uma desproporção considerável, que faça surgir no homem “Crimes contra os Costumes” e passou a ser intitulado de “Crimes
médio uma desconfiança. contra a Dignidade Sexual”.
Condição do ofertante: quando é pessoa desconhecida ou que Essa mesma lei trouxe mudanças profundas em relação aos
não tem condições de possuir o objeto, como, por exemplo, no crimes de natureza sexual do Código Penal. Vejamos:
caso do mendigo que oferece um relógio de ouro.
CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
O tipo abrange o dolo eventual. Entendem a doutrina e a
jurisprudência que o dolo eventual não se adapta à hipótese do Estupro (art. 213 do CP)
caput do artigo 180 do Código Penal, que pune apenas o dolo
direto, enquadrando-se na receptação culposa prevista no § 3.º do O estupro sempre foi o constrangimento exercido contra a
artigo. mulher para manter com ela a conjunção carnal.
Ocorre que, segundo a Lei 12.015/2009, doravante o estupro
Consumação ganhou contornos mais abrangentes. Agora, estuprar significa
constranger alguém – homem ou mulher –, mediante violência ou
Ocorre consumação quando a compra ou o recebimento se grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
efetivam. com ele se pratique outro ato libidinoso.
Os atos libidinosos em si integravam o crime de “Atentado
Tentativa Violento ao Pudor”, mas, com a reforma, esse crime deixou de
existir e a sua conduta passou a integrar o crime de “Estupro”.
Não cabe tentativa, porque não se admite tentativa de crime Assim, a relação sexual forçada, obrigada, seja ela conjunção
culposo. carnal ou qualquer outro ato libidinoso, é prática de estupro.
Na regra geral, passa o estupro a ser crime comum, podendo
Artigo 180, § 5.o, do Código Penal ser praticado por homens e mulheres, e o sujeito passivo também
poderá ser um homem ou uma mulher, admitindo-se o concurso

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
de agentes. Este tipo penal almeja proteger a liberdade sexual A caracterização do crime se dá com a simples demonstração
das pessoas, em sentido estrito, e a dignidade sexual, em sentido por parte do superior hierárquico ou da pessoa com ascendência
lato. Carece do dolo como elemento subjetivo, ou seja, não existe sobre o sujeito passivo de sua intenção de obter favores sexuais
a possibilidade de manifestação, neste crime, da modalidade do subordinado, afigurando-se uma imposição, ainda que velada,
culposa. não sendo necessário que a relação sexual efetivamente aconteça
O estupro será qualificado quando resultar em lesão corporal (crime formal).
de natureza grave ou se a vítima for menor de 18 ou maior de 14 A pena será aumentada em até um terço se a vítima é menor
anos. Se da conduta resultar a morte da vítima, a figura também de 18 anos.
será qualificada, com pena majorada.
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Atentado violento ao pudor (art. 214 do CP)
Estupro de vulnerável (art. 217-A do CP)
O art. 214 do CP foi revogado pela Lei 12.015/2009, e a
antiga conduta de “Atentado Violento ao Pudor” passou a integrar Configura-se o “Estupro de Vulnerável” quando o agente tiver
o crime de “Estupro”. conjunção carnal ou praticar qualquer ato libidinoso com menor
Diante disso, é importante a análise da aplicação da lei mais de 14 anos ou quando a vítima, por enfermidade ou deficiência
benéfica a fatos anteriores – novatio legis in melius. mental, não tiver o necessário discernimento para a prática do
Se o agente estiver sendo processado por crime de “Atentado ato ou quando, por qualquer outra causa, não puder oferecer
Violento ao Pudor” quando da entrada em vigor da Lei resistência.
12.015/2009, será necessário o aditamento da inicial para constar o Trata-se de uma proteção especial à vítima que tem capacidade
correto enquadramento legal, pois, embora o crime esteja extinto, de resistência reduzida, quer por ser menor de 14 anos, deficiente,
a conduta criminosa não está, eis que integrante do art. 213 do CP. enferma ou por algum motivo não puder oferecer resistência
Porém, se o agente estiver sendo processado ou mesmo (alcoolizada, drogada etc.).
condenado por “estupro” e “atentado violento ao pudor” em Antes da reforma, o Código trazia no art. 224 as formas de
concurso de crimes, deverá responder apenas e tão somente pelo presunção de violência (artigo esse revogado pela Lei 12.015/2009).
crime de “estupro”, afigurando-se crime único, com a aplicação da Presumia-se a violência quando a vítima não fosse maior de 14
lei posterior mais benéfica, que sempre retroage. anos, fosse alienada ou débil mental e o agente conhecesse essa
circunstância ou ainda quando a vítima não pudesse, por qualquer
Violação sexual mediante fraude (art. 215 do CP) outra causa, oferecer resistência.
A criação do crime de “Estupro de Vulnerável” praticamente
O crime de “posse sexual mediante fraude”, com a alteração substituiu a presunção de violência.
realizada pela Lei 12.015/2009, passou a ser chamado de “Violação Critica-se, no entanto, a falta de técnica legislativa, pois, no
sexual mediante fraude” e se caracteriza quando o agente tiver “Estupro de Vulnerável”, a lei fala em ter a relação sexual com
conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém – o menor de 14 anos. Dessa forma, se a vítima está completando
homem ou mulher –, mediante fraude ou outro meio que impeça 14 anos (data de seu aniversário) e tiver relação sexual por sua
ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. vontade, não há de se falar em
Seguindo a mesma sistemática utilizada para a nova figura “Estupro de Vulnerável”. Por outro vértice, na legislação
do “Estupro”, que agora abrange a conjunção carnal e atos anterior, tal atitude era considerada crime de “Estupro” por
libidinosos diversos da conjunção carnal, o crime de “Violação violência presumida, pois a lei mencionava vítima que não fosse
sexual mediante fraude” veio substituir os crimes de “Posse maior de 14 anos, portanto, incluía o dia do seu aniversário.
sexual mediante fraude” (conjunção carnal) e “Atentado ao pudor Saliente-se, também, que, de acordo com a lei anterior, o
mediante fraude” (atos libidinosos). agente que tivesse relação sexual com pessoa alienada ou débil
Estará configurado quando o agente praticar conjunção carnal mental só seria punido por presunção de violência se soubesse
ou qualquer ato libidinoso com alguém se utilizando de ardil, do estado em que a vítima se encontrava. Já para o “Estupro de
engodo, engano ou qualquer outro meio capaz de enganá-lo. Vulnerável”, a relação sexual com o deficiente ou enfermo mental,
Para esse novo crime, aplica-se a mesma regra da novatio independente do conhecimento dessa situação, configura o delito.
legis in melius, explicada no item anterior. O crime será qualificado em duas hipóteses, quando da
Ressalte-se que se o crime é cometido com o fim de obter conduta resultar lesão corporal grave ou a morte da vítima, casos
vantagem econômica, aplica-se também multa. em que as penas são majoradas.

Assédio sexual (art. 216-A do CP) Corrupção de menores (art. 218 do CP)

Configura-se quando se constrange alguém, na condição de Considera-se “Corrupção de Menores” a conduta de induzir
superior hierárquico ou em razão de ascendência decorrente de alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem.
emprego ou função, para obter vantagem ou favorecimento sexual. A Lei 12.015/2009 alterou o tipo do crime de “Corrupção de
O agente pode ser homem ou mulher que, aproveitando-se da Menores”, pois desmembrou as condutas anteriormente previstas
condição de superior hierárquico (condições pessoais), assedia o em mais de um crime (Corrupção de Menores, Satisfação de
subordinado (que pode ser qualquer pessoa). Lascívia etc.) como poderemos verificar adiante.

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Observe-se que a Lei 2.252, de 1.º.07.1954 (Lei de Corrupção Art. 226. A pena é aumentada:
de Menores), que tratava da Corrupção do Menor para a prática de I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de
crime, foi revogada pela Lei 12.015/2009. 2 (duas) ou mais pessoas;
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta,
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
adolescente (art. 218-A do CP) empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade
sobre ela.
Crime também inexistente na legislação anterior, a “Satisfação
de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente” se A causa de aumento referente à condição de o agente ser
configura quando o agente praticar, na presença de alguém menor casado foi revogada, não mais podendo ser aplicada.
de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar conjunção carnal ou outro ato
libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem. Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou
Por lascívia entenda-se a luxúria, o interesse incansável por outra forma de exploração sexual
prazeres carnais, a satisfação sexual.
Mediação para servir a lascívia de outrem (art. 227 do CP)
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual de vulnerável (art. 218-B do CP)
Significa induzir (persuadir) alguém a satisfazer a lascívia
Se o agente submeter, induzir ou atrair à prostituição ou (sensualidade, concupiscência) de outrem. Tanto o homem quanto
outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos ou a mulher podem ser sujeito passivo desse crime.
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário De acordo com a nova redação do § 1.º do art. 227 do CP,
discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar alterada pela Lei 11.106/2005, se a vítima é maior de 14 e menor
que a abandone, pratica o crime descrito no art. 218-B do CP, com de 18 anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge
redação inovadora. ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja
O objetivo da criação deste crime é combater a prostituição confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda, a pena
infantil crescente no Brasil e que, já com a Lei 9.975/2000, alterou será de reclusão de dois a cinco anos. Verifica-se, dessa forma, que
o Estatuto da Criança e do Adolescente para inserir o art. 244-A, a palavra “marido” foi substituída por “cônjuge ou companheiro”.
punindo aquele que submeter criança ou adolescente à prostituição Se houver o emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a
ou à exploração sexual. reclusão será de dois a oito anos, além da pena correspondente à
Se o crime do art. 218-B é praticado com o fim de obter violência. Se houver intuito de lucro aplica-se cumulativamente a
vantagem econômica, aplica-se também multa, cumulada com a pena de multa.
pena privativa de liberdade.
Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
alguém menor de 18 e maior de 14 anos incide no crime de sexual (art. 228 do CP)
exploração sexual (§ 2.º, I).
Também será punido o proprietário, o gerente ou o responsável O crime de favorecimento à prostituição se caracteriza pelo
pelo local em que se verifiquem as práticas de exploração sexual, fato de induzir (persuadir) alguém a se prostituir ou impedir que
que terá como efeito obrigatório da condenação a cassação da abandone a prostituição. Aquele que facilita a prostituição também
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento (§ responde por esse crime. Igualmente ao delito anterior, qualquer
2.º, II). pessoa pode ser vítima nesse delito, mas tratando-se de maior de 14
e menor de 18 anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente,
Ação penal e as causas de aumento marido, irmão, tutor, curador ou pessoa a que esteja confiada para
fins de educação, de tratamento ou de guarda, também há mudança
Com o advento da Lei 12.015/2009, houve mudança no
no parâmetro da pena, que de dois a cinco anos de reclusão passa
art. 225 do CP e, com isso, a ação penal para os crimes contra a
a ser de três a oito anos de reclusão.
dignidade sexual precedentes passou a ser pública condicionada à
Se houver o emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a
representação.
Será, no entanto, ação penal pública incondicionada, se reclusão será de quatro a dez anos, além da pena correspondente
a vítima for menor de 18 anos ou pessoa vulnerável. Com isso, à violência. Se houver intuito de lucro, aplica-se cumulativamente
não há mais que se falar em ação penal privada para esses casos. a pena de multa.
Para a preservação das vítimas desses crimes, que por conta da
publicidade da ação poderiam ser levadas a constrangimento Casa de prostituição (art. 229 do CP)
desnecessário, segundo a Lei 12.015/2009, as ações propostas
por crimes cometidos contra a dignidade sexual devem correr em O crime de manter casa de prostituição estará configurado
segredo de justiça (art. 234-B do CP). quando o agente mantiver, por conta própria ou de terceiro,
Por outro lado, a Lei 11.106/2005 deu nova redação ao art. estabelecimento em que ocorra exploração sexual (exemplo: falsos
226 do CP, que trata de causas de aumento de pena aplicáveis aos hotéis, pensões etc.), com ou sem o intuito de lucro ou mediação
Capítulos 1 e 2 do Título VI – Dos Crimes contra a Dignidade direta do proprietário ou gerente. Trata-se de crime habitual (requer
Sexual. reiteração de atos para a caracterização).

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Rufianismo (art. 230 do CP) obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou se há emprego de
violência, grave ameaça ou fraude, a pena é aumentada da metade,
É o ato do rufião (cafetão), que se aproveita financeiramente e, se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,
da prostituta (obtém lucro ou se sustenta às custas dela). Qualquer aplica-se também multa.
pessoa pode ser vítima nesse delito, mas, tratando-se de vítima
menor de 18 e maior de 14 anos ou se o crime é cometido por ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da Ato obsceno (art. 233 do CP)
vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação
de cuidado, proteção ou vigilância (§ 1.º com a redação dada pela O crime configura-se com a prática de ato obsceno em local
Lei 12.015/2009) a pena será majorada; se o crime é cometido público, aberto ou exposto ao público. Ato obsceno é aquele que
mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que ofende o pudor público, que pode ser real ou simulado, desde que,
impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima, objetivamente, tenha apelo sexual. O sujeito passivo não é pessoa
a pena poderá ser ainda maior, ressalvada a aplicação da pena determinada, e sim a coletividade.
independente pela violência empregada.
Trata-se de crime habitual (requer reiteração de atos para a Escrito ou objeto obsceno (art. 234 do CP)
caracterização).
O crime abrange as condutas de importar, exportar, fazer,
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição
(art. 231 do CP) ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou
qualquer outro objeto obsceno.
Visando coibir o tráfico internacional de pessoas, a Lei Também é punido quem vende, distribui, expõe à venda
11.106/2005 promoveu grandes alterações no art. 231 do CP, antes tais objetos, realiza, em lugar público ou acessível ao público,
restrito somente ao tráfico de mulheres. representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter
Posteriormente, o art. 231 do CP foi novamente alterado pela obsceno, ou qualquer outro espetáculo que tenha o mesmo caráter
Lei 12.015/2009, que passou a prever a seguinte redação: “Art. ou, ainda, realiza em lugar público ou acessível ao público, ou pelo
231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma
de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no CAUSA DE AUMENTO DE PENA (LEI 12.015/2009)
estrangeiro. Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.”
Incorre na mesma pena do caput aquele que agenciar, aliciar Além das mudanças já mencionadas, foi acrescido o art. 234-
ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento A, que prevê pena aumentada de metade, se do crime resultar
dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. gravidez; e, de um sexto até a metade, se o agente transmite à
A pena é aumentada da metade se a vítima é menor de 18 vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria
anos, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário saber ser portador.
discernimento para a prática do ato, se o agente é ascendente,
padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor
ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por
lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância e CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
Ainda, se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.
Moeda Falsa
Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual (art.
231-A do CP) Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
A Lei 11.106/2005 acrescentou ainda o art. 231-A ao Código Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Penal, prevendo o novo crime de tráfico interno de pessoas, § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
sendo posteriormente alterado pela Lei 12.015/2009. Este alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
artigo incrimina a conduta do agente que promover ou facilitar guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira,
exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer
cominando-se a pena de reclusão de dois a seis anos. a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
Assim como ocorre em relação ao art. 231 do CP, na hipótese multa.
em que a vítima for menor de 18 anos, ou possuir enfermidade § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa,
ou deficiência mental, ou não tiver o necessário discernimento o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de
para a prática do ato; for o agente ascendente, padrasto, madrasta, emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em
ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, lei;

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. a controle tributário;
III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém
Crimes assimilados ao de moeda falsa em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:
moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle
suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de tributário, falsificado;
restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária
restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou determina a obrigatoriedade de sua aplicação.
já recolhidos para o fim de inutilização: § 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze indicativo de sua inutilização:
anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado,
fácil ingresso, em razão do cargo. qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de
Petrechos para falsificação de moeda boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou anos, ou multa.
qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros
Emissão de título ao portador sem permissão legal públicos e em residências.
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha,
Tomando-se como base o pensamento de Fernando Capez,
vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro
podemos definir o Art. 293 do Código Penal como sendo o título
ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem
que tem por objetivo punir a falsificação de papéis públicos por
deva ser pago:
meio de alteração ou fabricação do título. Este crime configura-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
se como sendo uma ofensa à fé pública e às entidades públicas
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro
como um todo. É passível de punição penal por meio de reclusão
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de
e comporta causa de aumento de pena. Há que se falar também
detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.
na figura da suspensão condicional do processo em condutas de
pouco poder lesivo (de acordo com as Leis dos Juizados Especiais
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
PÚBLICOS Criminais).

Falsificação de papéis públicos Petrechos de falsificação

Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar
I - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos
papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; papéis referidos no artigo anterior:
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Se for funcionário público que
econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de se prevalece do cargo público, há o aumento de pena, nos termos
direito público; do art. 295.
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução Sujeito Passivo: O Estado.
por que o poder público seja responsável;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte Tipo Objetivo: As condutas são as de fabricar (produzir,
administrada pela União, por Estado ou por Município: construir, manufaturar, criar, montar) adquirir (obter de qualquer
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. forma), fornecer (entregar, doar, vender, proporcionar), possuir
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (ter a propriedade ou posse material) e guardar (ter consigo, a
I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis sua disposição, conservar) o petrecho para falsificação dos papéis
falsificados a que se refere este artigo; referidos no art. 293.

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Quanto ao objeto material, a lei inova e refere-se somente ao Tipo Objetivo: A conduta típica é a de falsificar, por meio
objeto, termo abrangente e que engloba, ao contrário do art. 291, de fabricação ou alteração. O primeiro objeto material é o selo
as máquinas, matrizes, carimbos, modelos, etc. destinado a autenticar atos oficiais da União, Estado ou Município,
que é o sinete com armas ou emblemas dessas pessoas jurídicas de
Tipo Subjetivo: É o dolo, a vontade de praticar uma das Direito Público destinado a autenticar atos que lhe são próprios.
condutas típicas, estando ciente o agente que se trata de objeto É também prevista a falsificação do selo ou sinal atribuído
destinado à falsificação dos papéis públicos referidos no art. 293. por lei a entidade de direito público, ou a autoridade ou sinal
de tabelião, que é uma espécie de distintivo da individualidade
Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a prática funcional.
da ação, independentemente de qualquer outro resultado. A posse e Como em qualquer crime de falso, é necessário que a imitação
a guarda é crime permanente, permitindo a prisão em flagrante do possa induzir em erro determinado número de pessoas.
agente enquanto o conserva a sua disposição. É possível a tentativa
em algumas das condutas típicas (fabricar, adquirir, fornecer). Tipo Subjetivo: É o dolo, a vontade de falsificar, fabricando
ou alterando o selo ou sinal, ciente o agente que ele é destinado à
Classificação: crime comum (aquele que pode ser cometido autenticação de documento oficial.
por qualquer pessoa); formal (crime que não exige, para a sua
consumação, a ocorrência de resultado naturalístico, consistente Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime com a formação
na efetiva perturbação da paz pública, com a prática de crimes); ou alteração do selo ou sinal, independentemente de qualquer
de forma livre (o delito pode ser cometido por qualquer meio resultado lesivo.
eleito pelo agente); comissivo (o verbo implica em ação), e, É possível a tentativa quando iniciada a execução do fabrico
excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão ou alteração.
(quando o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado,
nos termos do art. 13, § 2º, do CP). É delito instantâneo (cuja Competência: Quando se trata de crime praticado em
consumação não se prolonga no tempo, dando-se em momento detrimento dos serviços da União, a competência para processar e
determinado); de perigo comum (delito que expõe um número julgar é da Justiça Federal.
indeterminado de pessoas a perigo); unissubjetivo (aquele que pode
ser cometido por um único sujeito); unissubsistente (praticado em
Uso de selo ou sinal falsificado: Nas mesmas penas da
um único ato) ou plurissubsistente (delito cuja ação é composta
falsificação, incorre quem faz uso, ou seja, utiliza, aproveita o selo
por vários atos, permitindo-se o seu fracionamento), conforme o
ou sinal falsificado. Mais uma vez, não estão presentes as condutas
caso concreto. Admite a tentativa na forma plurissubsistente ou
de guardar, ter posse ou detenção e ter em depósito.
quando for cometido de forma escrita.
A consumação ocorre com a conduta, independentemente de
resultado danoso concreto.
Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
Mirabete: Há dúvidas quanto a possibilidade de tentativa.
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Damásio anota que é impossível a tentativa, uma vez que o
CAPÍTULO III DA FALSIDADE DOCUMENTAL primeiro ato de uso já consuma o crime.
Damásio: o CP não pune o fato de qualquer uso, uma vez
Falsificação do selo ou sinal público que o verbo deve ser interpretado à luz dos dois incisos do caput.
Cuida-se do uso que se refere à destinação regular e normal do selo
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: ou sinal de natureza pública, isto é, o emprego do objeto material
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, para autenticar documentos oficiais.
de Estado ou de Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, Uso indevido de selo ou sinal verdadeiro: Também é
ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: incriminada a conduta de quem utiliza indevidamente o selo ou
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. sinal verdadeiro. O objeto material do delito, portanto, não é mais
§ 1º - Incorre nas mesmas penas: o selo ou sinal falsificado, mas o legítimo. Para a caracterização
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; do crime é necessário que o uso seja indevido e que haja prejuízo
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em (material ou moral) para outrem ou proveito próprio ou alheio. Não
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. é necessário que este prejuízo ou proveito se efetive, bastando que
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, a conduta do agente seja dirigida para este fim, ou com o intuito
logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou de produzir o prejuízo ou o proveito. O dolo é a vontade de utilizar
identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. o selo ou sinal verdadeiro, estando o agente ciente de que o faz
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime indevidamente. A consumação ocorre com o uso, desde que cause
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. prejuízo a outrem, em proveito próprio ou alheio.

Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Crime praticado por funcionário: Aumenta-se a pena, em
um sexto (§2º). Não basta que o autor seja funcionário público.
Sujeito Passivo: O Estado, titular da fé pública lesada com a Exige-se que tenha realizado o delito prevalecendo-se do cargo por
falsificação. ocasião ou facilidade.

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Falsificação de documento público Requisitos do documento público:
• deve ser elaborado por funcionário público;
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, • no exercício da função, o funcionário deve ter atribuição
ou alterar documento público verdadeiro: para elaborar documentos;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. • deve obedecer às formalidades legais.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Consumação: O crime consuma-se quando existe a falsificação
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento ou alteração. É crime de natureza formal; basta o resultado jurídico,
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador não precisa do resultado naturalístico.
ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os
livros mercantis e o testamento particular. Falsificação de documento particular
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular
I - na folha de pagamento ou em documento de informações ou alterar documento particular verdadeiro:
que seja destinado a fazer prova perante a previdência social,
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado
O tipo é igual ao da falsificação de documento público. A
ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência
diferença é que o documento em questão não é público e sim
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento particular. Documento particular, por exclusão, é aquele que não
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência é público.
social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Ex. Um cheque, devolvido pelo banco por insuficiência de
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos fundos, é tomado por alguém para falsificação. É documento
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a público ou particular que a pessoa está falsificando?
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação O cheque devolvido não pode ser transmitido por endosso;
de serviços. logo, não é mais considerado documento público por equiparação.
Então, configura documento particular.
Objetividade jurídica: A fé pública, a confiança que as pessoas
têm de ter no documento público. O crime atinge a coletividade Falsidade ideológica
(crime vago).
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,
Sujeito ativo: Sujeito ativo é qualquer pessoa. Tratando-se declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
de funcionário público, incide a causa de aumento, prevista no § declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
1.º do art. 297, desde que o funcionário prevaleça-se do cargo e, prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
com isso, obtenha alguma vantagem ou facilidade para falsificar juridicamente relevante:
documento público. Exemplos: utilizar o crachá para ingressar no Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
departamento; acessar dados no computador com senha pessoal é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento
etc. é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete
Sujeito passivo: O Estado, a coletividade. Pode haver também o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração
vítima secundária, a pessoa lesada pela falsificação. é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta
parte.
Elementos objetivos do tipo: São elementos objetivos do tipo:
• Falsificar: criar materialmente um documento inexistente
A falsidade ideológica é voltada para a declaração que compõe
– fazer ou contrafazer o documento. A falsificação pode ser no
o documento, para o conteúdo do que se quer falsificar.
todo ou em parte. Contrafazer é utilizar uma cópia do modelo
Por exemplo, quando alguém falsifica um documento público,
verdadeiro para falsificá-lo.
ainda que seu conteúdo seja verdadeiro, o documento é falso. A
• Alterar: modificar algo que já existe. O documento
verdadeiro existe e é adulterado. falsificação material torna todo o documento falso.
Não tem sentido discutir a falsidade ideológica quando todo
Requisitos da falsificação: São os seguintes os requisitos da o documento é falso. A falsidade ideológica existirá quando o
falsificação: documento for verdadeiro e somente o conteúdo for falso.
• Que seja idônea, apta a iludir, capaz de enganar qualquer Quem falsifica assinatura, falsifica documento – falsidade
pessoa, considerando-se o padrão médio da sociedade. Segundo a material, pouco importando o conteúdo. Exemplo: alguém pega
jurisprudência, a falsificação grosseira não constitui crime, pois um talonário de cheques não assinados pelo correntista e faz
não é capaz de enganar as pessoas em geral. Se uma pessoa é uso deles com outra assinatura; uma vez que cheque só existe a
enganada com falsificação grosseira, pode configurar o estelionato partir da sua emissão, a partir da assinatura, a falsificação tipifica
(que considera a vítima em si, não o padrão médio). falsidade material e não ideológica.
• Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém. A Diferente se alguém pegar uma folha de cheque, assinada pelo
falsificação inócua não é crime. correntista, e falsificar a quantia; aí é falsidade ideológica.

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Objetividade Jurídica: A fé pública, a confiança na declaração Certidão ou atestado ideologicamente falso
do conteúdo do documento.
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Se funcionário público, pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo
incide o aumento de 1/6 na pena– parágrafo único do artigo 299 público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou
do Código Penal. qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Sujeito Passivo: O sujeito passivo é o Estado. Pode existir Falsidade material de atestado ou certidão
sujeito passivo secundário, ou seja, a pessoa lesada pela falsidade.
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou
Elementos Objetivos do Tipo alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de
fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público,
• Omitir declaração que deveria constar: conduta omissiva isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra
própria, ligada ao dever de agir. Deve haver uma norma que vantagem:
obrigue a pessoa a fazer a declaração. Pena - detenção, de três meses a dois anos.
• Fazer inserir declaração falsa ou diversa da que deveria § 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se,
constar: é fazer com que terceiro insira. Trata-se de falsidade além da pena privativa de liberdade, a de multa.
ideológica indireta, ou seja, o agente atua indiretamente e quem
efetiva a falsidade é outra pessoa. Dois verbos são empregados no caput: Atestar (que é afirmar
• Inserir declaração falsa ou diversa da que deveria constar: oficialmente) ou certificar (ou seja, afirmar a certeza). Trata-se de
falsidade ideológica direta. falsidade ideológica.
As condutas devem ser realizadas em razão de função pública.
OBSERVAÇÕES: Logo, tem-se uma modalidade de crime próprio, que somente pode
ser cometido por funcionário público.
Declaração falsa é aquela que não condiz com a realidade. Cabe destacar que para caracterizar o crime não é qualquer
Exemplo: custou 500 mil e a pessoa faz constar 5 mil. tipo de falsidade. Deve ser a falsidade que recaia sobre fato ou
Declaração diversa da que deveria constar, não precisa ser circunstância que habilite alguém a obter cargo público (por
necessariamente falsa. Exemplo: declaração de bens; a pessoa exemplo, certidão de antecedentes), isenção de ônus ou de serviço
coloca outro documento no lugar da declaração de bens. A de caráter público ou qualquer outra vantagem, desde que de
declaração não é falsa (o documento é verdadeiro), mas é diferente natureza pública.
da que deveria constar. Quanto à consumação, há duas posições: com a entrega
A falsidade ideológica deve ser idônea, capaz de enganar e de do documento a seu destinatário (primeira posição) ou com a
causar prejuízo relevante juridicamente. confecção do documento. De qualquer forma, entende-se que o
crime é formal.
Falso reconhecimento de firma ou letra A pena é de detenção de 2 meses a 1 ano. Trata-se de infração
penal de menor potencial ofensivo.
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de O art. 301 tem um parágrafo primeiro, cuja falsidade é
função pública, firma ou letra que o não seja: material. O crime agora é comum. Pode ser cometido por qualquer
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é pessoa e não mais por funcionário público.
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Neste caso, a reprimenda é mais grave, mas continua o crime
de competência do JECRIM. A pena é de detenção de 3 meses a
No artigo 300, o legislador penal dispôs: “Reconhecer como 2 anos.
verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que não Se houver a especial finalidade de lucro, além da pena
o seja”. A pena é aumentada se trata de documento publico. privativa de liberdade, haverá também multa (parágrafo 2º).
“Falso reconhecimento de firma ou letra” é o “nomen juris”
do crime. Define-se aqui um delito especial, pois pressupõe-se no Falsidade de atestado médico
agente uma qualidade particular: a de reconhecer firma ou letra.
Têm-na o tabelião e outros que exercem função tabelioa, como os Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão,
agentes consulares. atestado falso:
Só eles podem incidir na sanção do artigo em exame. O que Pena - detenção, de um mês a um ano.
não, exercer tal função não escapará, todavia, a repressão penal, Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
visto que praticará crime de falso, definido nos arts. 297 e 298 ou aplica-se também multa.
outro delito, tal seja a configuração da espécie.
Convém conhecer, entretanto, o alcance da disposição, pois Outra modalidade de falsidade exclusivamente ideológica.
não é qualquer reconhecimento que não corresponda a realidade Estabelece o dispositivo: dar o médico, no exercício da sua
que corporificará o crime. Neste passo, a lei penal não pode olvidar profissão, atestado falso. Evidente que a falsidade deve recair
o direito privado, a fim de que não haja desarmonia entre eles, sobre fato juridicamente relevante. Eventual equívoco do médico
evitando-se conclusões antinomias. conduz à atipicidade da conduta, em vista da exigência do dolo.

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
A forma do documento é perfeita, mas o documento contém Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou
uma ideia falsa. O que foi atestado pelo médico não é verdadeiro. sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso
O crime é próprio. Somente pode ser cometido por médico. O ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa
sujeito passivo é o Estado. O crime é formal. Consuma-se com a natureza, falsificado por outrem:
entrega do atestado. A tentativa é possível. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
A pena do art. 302 é de detenção de 1 mês a 1 ano. Se houver Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa
finalidade de lucro, estabelece o parágrafo único que se aplica a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para
também a pena de multa. autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o
cumprimento de formalidade legal:
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.

Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que CAPÍTULO IV - DE OUTRAS FALSIDADES
tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração
está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Falsa identidade
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
dano a outrem:
Uso de documento falso Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
não constitui elemento de crime mais grave.
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Ocorre falsa identidade, tipo de fraude criminosa, quando
o autor se atribui ou atribui a um terceiro uma falsa identidade,
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. ou seja, qualquer dos elementos que configuram a identidade da
É crime remetido; significa que tem como elemento do tipo a pessoa, tais como o nome, idade, estado civil, profissão, sexo,
menção expressa a outro tipo penal. filiação, condição social, etc. com o fim de obter para si ou para
outro alguma vantagem, ou ainda para prejudicar a terceiro.
Objetividade Jurídica: A fé pública. A falsa identidade não deve ser confundida com a falsificação
e uso de documento de identidade, pois na falsa identidade não
Sujeito Ativo: Sujeito ativo é qualquer pessoa, menos o autor há uso de documento falso ou verdadeiro, atribui-se à pessoa uma
da falsificação. característica falsa, como, por exemplo, ser filho de um artista
famoso, sem a apresentação de qualquer documento, ou seja, o
Elementos Objetivos do Tipo: A conduta é fazer uso. Consiste agente convence a pessoa por meio de palavras ou circunstâncias
em utilizar documento falso como se fosse verdadeiro. Exemplo: que a induzem em erro.
nota fiscal falsificada, utilizada para provar compra e venda.
O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar que possui o Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,
documento. caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade
alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa
Elemento Subjetivo do Tipo: É o dolo (direto ou eventual, em natureza, próprio ou de terceiro:
caso de dúvida). Não se exige elemento especial. Se houver erro, Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
exclui-se o dolo. fato não constitui elemento de crime mais grave.

Consumação e Tentativa: O crime está consumado com o uso Fraude de lei sobre estrangeiro
efetivo para a finalidade do documento.
A tentativa não é admitida, pois o crime é unissubsistente (ato Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no
único). território nacional, nome que não é o seu:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Supressão de documento Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
promover-lhe a entrada em território nacional:
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou
particular verdadeiro, de que não podia dispor: Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em
é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
é particular. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso Adulteração de sinal identificador de veículo automotor
ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
equipamento: embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de
pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. funcionário.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que
contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado Peculato culposo
ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime
oficial. de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
certame, conteúdo sigiloso de: posterior, reduz de metade a pena imposta.
II - avaliação ou exame públicos;
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou Peculato mediante erro de outrem
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que,
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
mencionadas no caput.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração PECULATO APROPRIAÇÃO:
pública:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. a) apropriar-se;
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido b) funcionário público;
por funcionário público. c) dinheiro, valor, bem móvel, público ou privado;
d) posse em razão do cargo;
e) proveito próprio ou alheio.
CRIMES CONTRA A Elementos objetivos do tipo: O núcleo é apropriar-se, ou seja,
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA fazer sua a coisa alheia. A pessoa tem a posse e passa a agir com
se fosse dona. O agente muda a sua intenção em relação à coisa. O
fundamento é a posse lícita anterior.
No caso da posse em razão do cargo, temos que a posse
Peculato: está com a Administração. O bem tem de estar sob custódia da
Administração. Exemplo: Um automóvel apreendido na rua vai
O peculato visa proteger a probidade administrativa para o pátio da Delegacia; o policial militar subtrai o toca-fitas -
(patrimônio público). Esses crimes são chamados crimes de Ele praticou peculato-furto, pois não tinha a posse do bem. Se o
improbidade administrativa. O sujeito ativo é o funcionário funcionário fosse o responsável pelo bem, seria caso de peculato-
público e o sujeito passivo é o Estado, visto como Administração apropriação. Se o carro estivesse na rua, seria furto.
Pública. Pode existir um sujeito passivo secundário (particular). No peculato-apropriação e no peculato mediante erro de
outrem há apropriação, ou seja, a posse é anterior; a diferença está
Podemos dividir o peculato em dois grandes grupos; doloso no erro de outrem.
e culposo:
Objeto material: Dinheiro, valor ou bem móvel. Tudo que for
a) Peculato Doloso: imóvel não é admitido no peculato. O crime que admite imóvel é
ü Peculato-apropriação: art. 312, caput, primeira parte. o estelionato.
ü Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte.
ü Peculato-furto: art. 312, § 1.º. Consumação: A consumação do peculato-apropriação se dá no
ü Peculato mediante erro de outrem: art. 313. momento em que ocorreu a apropriação: quando o agente inverteu
o animus, quando passou a agir como se fosse dono.
b) Peculato Culposo:
ü O peculato culposo está descrito no art. 312, § 2.º, do PECULATO-DESVIO: Artigo 312, Segunda Parte, do Código
Código Penal. Penal. No peculato-desvio o que muda é apenas a conduta, que
passa a ser desviar. Desviar é alterar a finalidade, o destino.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, Exemplo: existe um contrato que prevê o pagamento de certo
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que valor por uma obra. O funcionário paga esse valor, sem a obra ser
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio realizada. Nesse caso, há peculato-desvio. Liberação de dinheiro
ou alheio: para obra superfaturada também é caso de peculato-desvio.

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Elemento subjetivo do tipo: O elemento subjetivo do tipo é a O elemento subjetivo é o dolo de se apropriar. O crime
intenção do desvio para proveito próprio ou alheio. O funcionário consuma-se no momento da apropriação, ou seja, no momento em
tem de ter a posse lícita da coisa. Se alguém desviar em proveito que o agente passa a agir como se fosse dono.
da própria Administração, haverá outro crime, qual seja, uso ou
emprego irregular de verbas públicas (art. 315 do CP). Inserção de dados falsos em sistema de informações (
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
PECULATO-FURTO: Artigo 312, § 1.º, do Código Penal. inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
Funcionário público que, embora não tendo a posse do dinheiro, corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
valor ou bem, o subtrai ou concorre para que seja subtraído, Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe si ou para outrem ou para causar dano:
proporciona a qualidade de funcionário. Nesse caso é aplicada a Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
mesma pena. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
A conduta é subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteção da informações
vítima, de sua disponibilidade. Outra conduta possível é a de Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
concorrer dolosamente. informações ou programa de informática sem autorização ou
Não basta ser funcionário público; ele precisa se valer da solicitação de autoridade competente:
facilidade que essa qualidade lhe proporciona (a execução do Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
crime é mais fácil para ele). Por facilidade, entende-se crachá, Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até
segredo de cofre etc. Um funcionário público pode praticar furto a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
ou peculato-furto, dependendo se houve, ou não, a facilidade. Administração Pública ou para o administrado.
Consumação e tentativa: O crime consuma-se com a efetiva Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
retirada da coisa da esfera de vigilância da vítima. A tentativa é
possível. Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
PECULATO CULPOSO: Artigo 312, § 2.º, do Código Penal. total ou parcialmente:
São requisitos do crime de peculato culposo: a conduta culposa
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui
do funcionário público e que terceiro pratique um crime doloso,
crime mais grave.
aproveitando-se da facilidade provocada por aquela conduta.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas.
Consumação e tentativa: Peculato culposo é crime
independente do crime de outrem, mas estará consumado quando
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa
se consumar o crime de outrem. Não há tentativa de peculato
da estabelecida em lei:
culposo, pois não existe tentativa de crime culposo. Se o crime
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
de outrem é tentado, este responderá por tentativa, porém o fato é
atípico para o funcionário público.
Concussão
Reparação de danos no peculato culposo – Artigo 312, § 3.º,
do Código Penal: É a devolução do objeto ou o ressarcimento do Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
dano. É preciso ficar atento para as seguintes regras: indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
• Se a reparação do dano for anterior à sentença irrecorrível em razão dela, vantagem indevida:
(antes do trânsito em julgado – primeira ou segunda instância), Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
extingue a punibilidade.
• Se a reparação do dano for posterior à sentença Excesso de exação
irrecorrível (depois do trânsito em julgado), ocorre a diminuição
da pena, pela metade. § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que
Atenção: No peculato doloso não se aplicam essas regras. sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM: Não é um Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
estelionato, pois o erro da vítima não é provocado pelo agente. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
O núcleo do tipo é apropriar-se (para tanto, é preciso posse lícita outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
anterior). Na verdade, é um peculato-apropriação. O núcleo do públicos:
estelionato é obter. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
O erro de outrem tem de ser espontâneo, e o recebimento, por
parte do funcionário de boa-fé. Não há fraude. O crime de concussão é diferente do crime de corrupção
Exemplo: Pessoa deve dinheiro para a Prefeitura, erra a conta passiva. A diferença está no núcleo do tipo. A concussão tem por
e paga a mais. O funcionário recebe o dinheiro sem perceber o conduta exigir; é um “querer imperativo”, que traz consigo uma
erro. Depois, ao perceber o erro, apropria-se do excedente – trata- ameaça, ainda que implícita. A corrupção passiva tem por conduta
se de peculato mediante erro. solicitar, receber, aceitar promessa.

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Na concussão, há vítima na outra ponta. A concussão é uma • Receber, entrar na posse. É preciso ao menos o indício de
extorsão praticada por funcionário público em razão da função. que a pessoa entrou na posse.
Exigir significa coagir, obrigar. A ameaça pode ser implícita • Aceitar promessa, concordar com a proposta. Pode ser
ou explícita e, ainda assim, será concussão. O agente pode exigir por silêncio, gesto, palavra. A iniciativa é de terceiro que faz a
direta ou indiretamente – por meio de terceiro, ou por outro meio proposta. Alguém propõe e o funcionário aceita.
qualquer.
Corrupção Passiva Privilegiada – § 2.º: A corrupção passiva
Objetividade Jurídica: Proteger a probidade administrativa. privilegiada ocorre com pedido ou influência de outrem. Corrupção
privilegiada é um crime material – praticar, deixar de praticar.
Sujeito Ativo: O sujeito ativo é o funcionário público. O
particular pode praticar o crime, em concurso com o funcionário.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Sujeito Passivo: O sujeito passivo é o Estado (a Administração
Pública). O particular pode ser sujeito passivo secundário. Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática
de contrabando ou descaminho:
Elementos Objetivos do Tipo: Exigir em razão da função: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
Deve existir nexo causal entre a exigência e a função.
Prevaricação
Consumação: A consumação ocorre no momento em que
a exigência chega ao conhecimento da vítima, pois o crime Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
de concussão é formal. A concussão não depende da obtenção de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
da vantagem para a sua consumação; basta a exigência. Se o satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
funcionário obtiver a vantagem, será mero exaurimento. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Corrupção passiva
Observações:
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, 1) Na corrupção passiva, o funcionário público negocia seus
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal atos, visando uma vantagem indevida. Na prevaricação isso não
vantagem: ocorre.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Aqui, o funcionário público viola sua função para atender a
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da objetivos pessoais.
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 2) O agente deve atuar para satisfazer:
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato a) interesse patrimonial (desde que não haja recebimento de
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou vantagem indevida, hipótese em que haveria corrupção passiva)
influência de outrem: ou moral;
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
b) sentimento pessoal, que diz respeito à afetividade do agente
Na corrupção passiva não há ameaça, nem constrangimento. em relação a pessoas ou fatos. Ex.: Permitir que amigos pesquem
Se o funcionário pede e a pessoa coloca a mão dentro do bolso e em local público proibido. Demorar para expedir documento
entrega, não é caso de corrupção ativa, pois não existe tipificação solicitado por um inimigo. O sentimento, aqui, é do agente, mas o
para entregar, só para prometer, oferecer. Só há corrupção passiva benefício pode ser de terceiro.
nesse caso. O atraso no serviço por desleixo ou preguiça não constitui
Na modalidade solicitar, onde a iniciativa é do funcionário crime. Se fica caracterizado, todavia, que o agente, por preguiça,
público, não há crime de corrupção ativa, e sim de corrupção rotineiramente deixa de praticar ato de ofício, responde pelo crime.
passiva. Ex.: delegado que nunca instaura inquérito policial para apurar
Já, nas modalidades de receber e aceitar promessa, ocorre crime de furto, por considerá-lo pouco grave.
corrupção ativa na outra ponta, pois a iniciativa foi de terceiro.
Vantagem indevida na corrupção passiva é para que o 3) A prevaricação não se confunde com a corrupção passiva
funcionário faça alguma coisa, deixe de fazer, ou então retarde. privilegiada. Nesta, o agente atende a pedido ou influência de
A consumação ocorre quando houver a solicitação, o
outrem.
recebimento ou a aceitação da vantagem. A consumação não
Na prevaricação não há tal pedido ou influência. O agente visa
depende da prática ou da omissão de ato por parte do funcionário.
O recebimento da vantagem só é importante para a modalidade satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
receber. Se um fiscal flagra um desconhecido cometendo irregularidade
e deixa de multá-lo em razão de insistentes pedidos deste, há
Elementos Objetivos do Tipo: corrupção passiva privilegiada; mas se o fiscal deixa de multar a
• Solicitar, pedir. Quem pede não constrange, não ameaça, pessoa porque percebe que se trata de um antigo amigo, comete
simplesmente pede. A atitude de solicitar é iniciativa do funcionário prevaricação.
público.

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
4) O tipo exige que a conduta do funcionário público seja Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
indevida apenas nas duas primeiras modalidades (retardar e deixar § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
de praticar, indevidamente, ato de ofício). Na última hipótese Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
prevista no tipo (praticar ato de ofício), a conduta deve ser “contra § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
expressa previsão legal”. Temos, neste último caso, uma norma fronteira:
penal em branco, pois sua aplicação depende da existência de outra Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
lei.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Consumação. O crime se consuma com a omissão, retardamento
ou realização do ato. Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem
Tentativa. Não é possível nas formas omissivas (omitir ou autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado,
retardar), pois ou o crime está consumado ou o fato é atípico. Na removido, substituído ou suspenso:
forma comissiva, a tentativa é possível. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Violação de sigilo funcional


Figura equiparada. A Lei n. 11.466, de 28 de março de
2007, criou nova figura ilícita no art. 319-A do Código Penal,
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo
estabelecendo que a mesma pena prevista para o crime de e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
prevaricação será aplicada ao diretor de penitenciária e/ou agente Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato
público que deixar de cumprir seu dever de vedar ao preso o não constitui crime mais grave.
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. O I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e
legislador entendeu necessária a criação desse tipo penal em face da empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas
constatação de que presos têm tido fácil acesso a telefones celulares não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
ou aparelhos similares, e que os agentes penitenciários não vêm Administração Pública;
dando o combate adequado a esse tipo de comportamento. Assim, a II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
Lei n. 11.466/2007, além de criar essa figura capaz de punir o agente § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
penitenciário que se omita em face da conduta do preso, estipulou Pública ou a outrem:
também que este, ao fazer uso do aparelho, incorre em falta grave Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
— que tem sérias consequências na execução criminal (art. 50,
VII, da Lei de Execuções Penais, com a redação dada pela Lei n. Violação do sigilo de proposta de concorrência (REVOGADO).
11.466/2007). Com essas providências pretende o legislador evitar
que presos comandem suas quadrilhas do interior de penitenciárias Funcionário público
e que deixem de cometer crimes com tais aparelhos, pois é notório
que enorme número de delitos de extorsão vêm sendo cometidos Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos
por pessoas presas, por meio de telefonemas. penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
exerce cargo, emprego ou função pública.
Condescendência criminosa § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos
conhecimento da autoridade competente:
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa
pública ou fundação instituída pelo poder público.
Advocacia administrativa
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade Art. 328 — Usurpar o exercício de função pública:
de funcionário: Pena — detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único — Se do fato o agente aufere vantagem:
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena — reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
Violência arbitrária – REVOGADO. Trata-se de infração penal cuja finalidade também é tutelar a
regularidade e o normal desempenho das atividades públicas.
Abandono de função Usurpar significa desempenhar indevidamente uma atividade
pública, ou seja, o sujeito assume uma função pública, vindo a
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos executar atos inerentes ao ofício, sem que tenha sido aprovado em
em lei: concurso ou nomeado para tal função.

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Consumação. O crime se consuma, portanto, no instante em Para que o sujeito seja enquadrado no crime em tela, necessário
que o agente pratica algum ato inerente à função usurpada. É que haja com dolo, ou seja, com vontade livre e consciente de
desnecessária a ocorrência de qualquer outro resultado. A tentativa executar a ação, sendo que se houver erro quanto a legalidade do
é admissível. ato, haverá, também, a exclusão do dolo.

Sujeito ativo. O particular que assume as funções. Parte da DESOBEDIÊNCIA


doutrina entende que também comete o crime um funcionário Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
público que assuma, indevidamente, as funções de outro. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Elemento subjetivo. O dolo, pressupondo-se, ainda, que o O crime em tela consubstancia-se pelo fato do agente
agente tenha ciência de que está usurpando a função pública. desobedecer a ordem legal de funcionário público. Todavia, há
A simples conduta de se intitular funcionário público perante de se observar que o ato de desobedecer consiste em não acatar,
terceiros, sem praticar atos inerentes ao ofício, pode constituir não cumprir, não se submeter à ordem de funcionário público,
apenas a contravenção descrita no art. 45 da Lei das Contravenções investido de autoridade para imposição de ordem.
Penais (“fingir-se funcionário público”). O tipo penal objetiva manter a obediência das ordens emanadas
Se da conduta o agente obtém lucro, vantagem material ou do funcionário público no cumprimento de suas funções.
moral, aplica-se a forma qualificada descrita no parágrafo único. O sujeito ativo do crime de desobediência poderá ser qualquer
Caso o agente simplesmente finja ser funcionário público, sem pessoa inclusive o próprio funcionário público que venha a agir
praticar atos próprios do cargo, a fim de ludibriar a vítima e obter como particular, ou seja, que não esteja no exercício de sua função
vantagem ilícita em prejuízo dela, o crime é o de estelionato. e venha a desobedecer ordem de funcionário público. Vale-nos
consignar que, de acordo com entendimentos jurisprudenciais, não
RESISTÊNCIA incorrerá no referido crime o agente, funcionário público, que vier
a desobedecer ordem de outro funcionário público, quando ambos
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência se encontrarem no regular exercício de suas funções. O sujeito
ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem
passivo é o Estado.
lhe esteja prestando auxílio:
O ato de desobedecer, tem o sentido de não cumprir, faltar
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
à obediência, não atender a ordem legal de funcionário público,
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
ordem esta para que o agente realize ou deixe de praticar
Pena - reclusão, de um a três anos.
determinada ação.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das
É indispensável para a caracterização do delito que o agente
correspondentes à violência.
receba, do funcionário público, um mandamento, uma ordem,
não bastando portanto que seja um pedido ou uma solicitação,
Resistir tem o condão de opor-se, de não ceder, de recusar-se,
sendo esta dirigida direta e expressamente ao agente. Outrossim,
tem sentido de oposição, seja pela força ou pela violência, seja,
ainda, pela omissão ou pela inércia. indispensável que a ordem esteja investida de legalidade pois caso
O tipo penal em comento tem como principal objetivo proteger não esteja, não há que se falar em desobediência.
o poder estatal e, sendo assim, busca resguardar a autoridade da A desobediência, via de regra, ocorre de forma dolosa,
administração pública, bem como sua liberdade na execução de intencional, ou seja, o agente imputa sua vontade livre e consciente
suas atividades por meio de seus funcionários. em desobedecer a ordem recebida do funcionário público, porém
Por tratar-se de crime comum, qualquer pessoa poderá o erro ou o motivo de força maior exclui o caráter doloso. Não há
cometê-lo, desde que se oponha ao cumprimento de ato legal forma culposa do delito.
por autoridade competente para tanto. Serão sujeitos passivos,
o Estado, o funcionário que foi impedido de cumprir tal ato DESACATO
e, inclusive, a pessoa que esteja, eventualmente, auxiliando o
funcionário na execução de atos legais. Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da
É fundamental reforçar a informação de que para que o delito função ou em razão dela:
se caracterize, essencial que o funcionário seja competente para Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
executar, de ofício, o ato legal, bem como que tal ato seja praticado
no exercício das funções e que, nesse momento, o agente se insurja Desacato é a conduta pela qual determinada pessoa desrespeita,
à execução do ato. não adota, deixa de reverenciar funcionário público no exercício
O cerne do artigo é a oposição do sujeito à execução do ato legal de sua função. Assim, comete o crime de desacato não somente o
por funcionário competente. Observa-se, aqui, que é necessário ato de irreverência ou desrespeito, como também a ofensa, moral
que a oposição do sujeito se manifeste por meio de ameaça ou ou física, lançada contra pessoa investida de autoridade.
violência física, em face do funcionário ou da pessoa que o auxilia, Conforme a redação do artigo 331, observa-se indispensável
no exato momento em que o ato esteja sendo praticado, de modo, que o desacato seja contra funcionário público, no exercício de
portanto, que se a oposição for exercida em momento anterior ou sua função ou em razão dela, tendo o delito como objetividade
posterior à prática do ato pelo funcionário público, não constitui jurídica, manter o prestigio, o respeito da administração pública
crime de resistência. exercido por seu agente público.

Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
O sujeito ativo do crime de desacato poderá ser qualquer Existe corrupção ativa sem corrupção passiva?
pessoa que vier a desacatar funcionário público, inclusive o Sim, quando o funcionário público não recebe e não aceita
próprio funcionário público, pois como dito, a objetividade oferta ou promessa de vantagem ilícita.
jurídica do crime é manter o respeito, o decoro, da administração É necessário que o agente ofereça ou faça uma promessa de
pública. Assim o sujeito passivo do delito é o Estado, bem como vantagem indevida para que o funcionário público pratique, omita
seu funcionário. ou retarde ato de ofício. Sem isso não há corrupção ativa.
O crime em tela traz em seu cerne o sentido de vexar, afrontar, E se o agente se limita a pedir para o funcionário “dar um
ofender, desrespeitar o funcionário público, desferindo-lhe jeitinho”?
palavras injuriosas, desrespeitosas, caluniosas, difamatórias bem
Não há corrupção ativa, pois o agente não ofereceu nem
como ameaças, gestos e agressão física.
prometeu qualquer vantagem indevida.
Tráfico de Influência Nesse caso, se o funcionário público “dá o jeitinho” e não
pratica o ato que deveria, responde por corrupção passiva
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para privilegiada (art. 317, § 2º) e o particular figura como partícipe. Se
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir o funcionário público não dá o jeitinho, o fato é atípico.
em ato praticado por funcionário público no exercício da função: O tipo exige que a vantagem seja endereçada ao funcionário
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. público.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o A que tipo de vantagem se refere a lei?
agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao a) Deve ser indevida; se for devida, não há crime.
funcionário. b) Nélson Hungria acha que a vantagem deve ser patrimonial.
Damásio
Corrupção Ativa E. de Jesus, M. Noronha, Heleno C. Fragoso e Júlio F.
Mirabete entendem que a vantagem pode ser de qualquer natureza,
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a
inclusive sexual.
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou
Se o particular oferece a vantagem para evitar que o funcionário
retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. público pratique contra ele algum ato ilegal, não há crime.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em E se um menor de idade oferece dinheiro a um policial que o
razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato pegou dirigindo sem habilitação e este aceita?
de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. O policial pratica crime de corrupção passiva.
Conforme já mencionado, a corrupção ativa consuma-se
De acordo com a teoria monista ou unitária, todos os que quando a oferta ou a promessa chegam ao funcionário público e
contribuírem para um crime responderão por esse mesmo crime. independe da aceitação deste.
Às vezes, entretanto, a lei cria exceções a essa teoria, como ocorre Se, entretanto, o funcionário público a aceitar e, em razão
com a corrupção passiva e a corrupção ativa. Assim, o funcionário da vantagem, retardar, omitir ou praticar ato infringindo dever
público que solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem funcional, a pena da corrupção ativa será aumentada de um
indevida comete a corrupção passiva, enquanto o particular que terço, nos termos do art. 333, parágrafo único, do Código Penal.
oferece ou promete essa vantagem pratica corrupção ativa. Existe,
Sempre que ocorrer essa hipótese, o funcionário público será
portanto, uma correlação entre as figuras típicas dos delitos:
responsabilizado pela forma exasperada descrita no art. 317, § 1º,
Na modalidade “solicitar” da corrupção passiva, não existe, do Código Penal.
entretanto, figura correlata na corrupção ativa. Com efeito, na
solicitação a iniciativa é do funcionário público, que se adianta e Tentativa. A tentativa é possível apenas na forma escrita.
pede alguma vantagem ao particular. Em razão disso, se o particular Para que exista a corrupção ativa, o sujeito, com a oferta ou
dá, entrega o dinheiro, só existe a corrupção passiva. O fato é promessa de vantagem, deve visar fazer com que o funcionário:
atípico quanto ao particular, pois ele não ofereceu nem mesmo a) Retarde ato de ofício. Ex.: para que um delegado de polícia
prometeu, mas tão somente entregou, o que lhe foi solicitado. demore a concluir um inquérito policial, visando a prescrição.
Como tal conduta não está prevista em lei, o fato é atípico. b) Omita ato de ofício. Ex.: para que o policial não o multe.
Existe corrupção passiva sem corrupção ativa? c) Pratique ato de ofício. Ex.: para delegado de polícia emitir
Sim, em duas hipóteses. Primeiro, no caso já mencionado Carteira de Habilitação para quem não passou no exame (nesse
acima. caso, há também crime de falsidade ideológica).
Segundo, quando o funcionário público solicita e o particular
se recusa a entregar o que foi pedido.
Distinção. Se houver corrupção ativa em transação comercial
Por outro lado, nas condutas de oferecer e prometer, que são
internacional, estará configurado o crime do art. 337-B do Código
as únicas descritas na corrupção ativa, a iniciativa é do particular.
A corrupção ativa, portanto, consuma-se no momento em que Penal. A corrupção para obter voto em eleição constitui crime do
a oferta ou a promessa chegam ao funcionário público. Assim, se art. 299 do Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65). Por fim, a corrupção
o funcionário recebe ou aceita a promessa, responde por corrupção ativa de testemunhas, peritos, tradutores ou intérpretes, não
passiva e o particular por corrupção ativa. Porém, se o funcionário oficiais, constitui o crime do art. 343 do Código Penal.
público as recusa, só o particular responde por corrupção ativa.

Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CONTRABANDO OU DESCAMINHO de ação e o requerimento da extinção das ações em curso, de
acordo com os critérios de custos de administração e cobrança.
Art. 334 — Importar ou exportar mercadoria proibida ou Afastou-se, assim, um valor determinado, passando a decisão de
iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto propor ou não a ação ao Advogado-Geral da União, que deverá
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: se pautar de acordo com a conveniência para a administração em
Pena — reclusão, de um a quatro anos. face do valor que busca e os custos da ação. De ver-se, entretanto,
§ 1º — Incorre na mesma pena quem: que o parágrafo único do art. 1º-A estabelece que, no caso de
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos Dívida Ativa da União e nos processos em que a representação
em lei; judicial seja atribuída à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou não é possível tal discricionariedade, o que tornará necessária
descaminho; reapreciação do tema pelo STJ.
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer O art. 34 da Lei n. 9.249/95 estabelece que “extingue-se a
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício punibilidade dos crimes definidos na Lei n. 8.137/90, e na Lei n.
de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência 4.729/65, quando o agente promover o pagamento do tributo ou
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da
fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução denúncia”.
clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta Embora esta lei não mencione o crime de descaminho, tem-
por parte de outrem; -se entendido que o dispositivo é aplicável a referido delito, pois,
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
como os demais, atinge a ordem tributária.
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal,
Sujeito ativo. Pode ser qualquer pessoa. O funcionário
ou acompanhada
público que facilite a conduta, entretanto, responderá pelo crime
de documentos que sabe serem falsos.
§ 2º — Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos de facilitação ao contrabando (art. 318).
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. Sujeito passivo. O Estado.
§ 3º — A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando
ou descaminho é praticado em transporte aéreo. Consumação. O crime se consuma com a entrada ou saída da
mercadoria do território nacional.
Contrabando é a clandestina importação ou exportação de
mercadorias cuja entrada no país, ou saída dele, é absoluta ou Tentativa. É possível. Quando a hipótese é de exportação, o
relativamente proibida. Descaminho é a fraude tendente a frustrar, crime é tentado se a mercadoria não chega a sair do País. Por outro
total ou parcialmente, o pagamento de direitos de importação ou lado, no caso de importação, se o agente entrar com a mercadoria no
exportação ou do imposto de consumo (a ser cobrado na própria País, mas for preso na alfândega (de um aeroporto, por exemplo), o
aduana) sobre mercadorias. crime estará consumado.
Essa distinção é apontada por Nélson Hungria (Comentários
ao Código Penal, 2. ed., v. 9, p. 432). Ação penal. É pública incondicionada, de competência da
Em se tratando de importação ou exportação de substância justiça federal. Além disso, a Súmula 151 do STJ estabelece que “a
entorpecente, configura-se crime de tráfico internacional de competência para processo e julgamento por crime de contrabando
entorpecente, previsto no art. 33, caput, com a pena aumentada ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar
pelo art. 40, I, todos da Lei n. 11.343/2006. da apreensão dos bens”.
A importação ou exportação ilegal de arma de fogo, acessório
ou munição constitui também crime específico, previsto no art. Causa de aumento de pena. Determina o § 3º que a pena
18 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), cuja pena será aplicada em dobro quando o contrabando ou descaminho for
é de quatro a oito anos de reclusão, e multa. Como essa lei não praticado mediante transporte aéreo. A razão da maior severidade
faz ressalva, ao contrário do que ocorria com a anterior (Lei n. da pena é a facilidade decorrente da utilização de aeronaves para
9.437/97), não é possível a punição concomitantemente com o a prática do delito. Por esse mesmo motivo, parece-nos não ser
crime de contrabando ou descaminho.
aplicável a majorante quando a aeronave pousa ou decola de
aeroporto dotado de alfândega, uma vez que nestes não existe
Objetividade jurídica. O controle do Poder Público sobre a
maior facilidade na entrada ou saída de mercadorias.
entrada e saída de mercadorias do País e os interesses em termos
de tributação da Fazenda Nacional.
O STJ vinha aplicando o princípio da insignificância, Figuras equiparadas. O § 1º do art. 334 prevê, em suas quatro
reconhecendo a atipicidade da conduta, quando o valor corrigido alíneas, várias figuras equiparadas ao contrabando ou descaminho:
do tributo devido não superava R$ 1.000,00, argumentando que a) A navegação de cabotagem tem a finalidade de realizar o
a Fazenda Pública dispensava o ajuizamento de execução fiscal comércio entre portos de um mesmo país. Assim, constitui crime a
para cobrar valores até esse limite com base na Lei n. 9.469/97. prática desta fora dos casos permitidos em lei. Trata-se, portanto,
O art. 1º-A, da referida lei foi, entretanto, modificado pela Lei n. de norma penal em branco, cuja existência pressupõe o desrespeito
11.941/2009. Pelo texto atual está autorizado o não ajuizamento ao texto de outra lei.

Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
b) A prática de ato assimilado previsto em lei, como, por Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
exemplo, a saída de mercadorias da Zona Franca de Manaus sem § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
o pagamento de tributos, quando o valor excede a cota que cada declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
pessoa pode trazer. Trata-se, também, de norma penal em branco. presta as informações devidas à previdência social, na forma
c) Nesse dispositivo, o legislador pune, inicialmente, o próprio definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
contrabandista que vende, expõe à venda, mantém em depósito ou § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
de qualquer forma utiliza a mercadoria, no exercício de atividade somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
comercial ou industrial. Quando isso ocorre, é evidente que o desde que:
agente não será punido pela figura do caput, que resta, portanto, I - (VETADO)
absorvida. II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
Lembre-se que o § 2º estabelece que se equipara à atividade seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
comercial qualquer forma de comércio irregular (sem registro junto administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
aos órgãos competentes) ou clandestino (camelôs, por exemplo), suas execuções fiscais.
inclusive o exercido em residências. § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de
Em um segundo momento, a lei pune quem toma as mesmas pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos
atitudes em relação a mercadorias introduzidas clandestinamente e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade
ou importadas fraudulentamente por terceiro. ou aplicar apenas a de multa.
d) A lei pune, por fim, a pessoa que, no exercício de atividade § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado
comercial ou industrial, adquire (obtém a propriedade), recebe nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios
(obtém a posse) ou oculta (esconde) mercadoria de procedência da previdência social.
estrangeira desacompanhada de documentos ou acompanhada de
documentos que sabe serem falsos. Trata-se de delito que possui DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR
as mesmas condutas típicas do crime de receptação, mas que se CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
aplica especificamente a mercadorias contrabandeadas. A norma
explicativa do § 2º aplica-se também aos crimes descritos nesta Corrupção ativa em transação comercial internacional
alínea.
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente,
Inutilização de edital ou de sinal vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira
pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou ofício relacionado à transação comercial internacional:
conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro
qualquer objeto: retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. funcional.

Subtração ou inutilização de livro ou documento Tráfico de influência em transação comercial internacional

Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de
em razão de ofício, ou de particular em serviço público: vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a
crime mais grave. transação comercial internacional:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Sonegação de contribuição previdenciária Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social estrangeiro.
previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas: Funcionário público estrangeiro
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro,
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da entidades estatais ou em representações diplomáticas de país
contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados estrangeiro.
ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de
contribuições sociais previdenciárias: país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.

Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
ABUSO DE AUTORIDADE quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil,
(LEI Nº 4.898/65) ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
gravidade do abuso cometido e consistirá em:
A Lei n. 4.898/1965 relata o crime de abuso de autoridade é a) advertência;
um dos mais longos que temos. Ele é regulado pela lei 4898/65, b) repreensão;
que diz: c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a
cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: d) destituição de função;
a) à liberdade de locomoção; e) demissão;
b) à inviolabilidade do domicílio; f) demissão, a bem do serviço público.
c) ao sigilo da correspondência; § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
d) à liberdade de consciência e de crença; dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos
e) ao livre exercício do culto religioso; a dez mil cruzeiros.
f) à liberdade de associação; § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
voto; a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
h) ao direito de reunião; b) detenção por dez dias a seis meses;
i) à incolumidade física do indivíduo; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício pro- outra função pública por prazo até três anos.
fissional. § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: aplicadas autônoma ou cumulativamente.
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade indivi- § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade
dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado
constrangimento não autorizado em lei;
exercer funções de natureza policial ou militar no município da
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a
prisão ou detenção de qualquer pessoa; culpa, por prazo de um a cinco anos.
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou deten- art. 7º recebida a representação em que for solicitada a
ção ilegal que lhe seja comunicada; aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a competente determinará a instauração de inquérito para apurar o
prestar fiança, permitida em lei; fato.
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial car- § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas
ceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou
que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer militares, que estabeleçam o respectivo processo.
quanto ao seu valor; § 2º não existindo no município no Estado ou na legislação
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão
de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumen- aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da
tos ou de qualquer outra despesa; Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou Públicos Civis da União).
jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem § 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para
competência legal; o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da
medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou autoridade civil ou militar.
de cumprir imediatamente ordem de liberdade” Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à
autoridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser
Nos crimes de abuso de autoridade são dois os bens jurídicos promovida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal
tutelados pela lei. O primeiro é o regular funcionamento da Admi- ou ambas, da autoridade culpada.
nistração Pública. O segundo consiste nos direitos e as garantias Art. 10. Vetado
fundamentais previstas na Constituição Federal. Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de
O sujeito ativo é a autoridade pública, sendo o sujeito passivo Processo Civil.
o Estado e o indivíduo vítima da sociedade.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente
No que tange a competência da Justiça Comum, Estadual ou
de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério
Federal processar e julgar tais delitos. Quando se tratar de delito
que ocasione violação a algum bem, interesse ou serviço da União Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
Federal, suas entidades autárquicas ou empresas públicas, a com- Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da
petência será da Justiça Federal. Se não enquadro nessa possibili- vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu,
desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá
dade, será de competência da Justiça Estadual.
ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de
Os demais artigos da legislação em comento estabelecem que:
instrução e julgamento.

Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o
duas vias. interrogatório do réu, se estiver presente.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado,
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, audiência e nos ulteriores termos do processo.
por meio de duas testemunhas qualificadas; Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado
de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu,
verificações necessárias. pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por mais
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e dez (10), a critério do Juiz.
prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente
escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. a sentença.
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo,
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do
fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa,
a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem
Juiz atender. difíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do
O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os de instrução e julgamento regulado por esta lei.
termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de
Em síntese, configura-se o abuso de autoridade quando um
quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando
servidor público civil ou militar faz que a lei não autoriza fazer, ou
a denúncia.
obriga a alguém a fazer algo que a lei não obriga a fazer.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
As penalidades consistem em pequenas: multa, detenção de
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento,
10 dias a 6 meses e perda do cargo e impossibilidade de voltar a ser
que deverá ser realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco
servidor público por até 3 anos, e, no caso de policial, não poder
dias.
voltar a ser policial por até 5 anos.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento
final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via
da representação e da denúncia. LEI ANTIDROGAS (LEI N. 11.343/2.006)
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser
apresentada em juízo, independentemente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória
para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Dro-
previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos para a realização de gas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido,
diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
motivado, considere indispensáveis tais providências. estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.
dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência,
apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o TÍTULO I
representante do Ministério Público ou o advogado que tenha DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Pú-
se ausente o Juiz. blicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen-
houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o dentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não
ocorrido constar do livro de termos de audiência. autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como
se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia drogas as substâncias ou os produtos capazes de causar dependên-
útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, cia, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualiza-
excepcionalmente, no local que o Juiz designar. das periodicamente pelo Poder Executivo da União.

Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as dro- X - a observância do equilíbrio entre as atividades de preven-
gas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de ção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e de-
vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas pendentes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada
drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou regulamen- e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-
tar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações -estar social;
Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de XI - a observância às orientações e normas emanadas do Con-
plantas de uso estritamente ritualístico-religioso. selho Nacional Antidrogas – Conad.
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos:
e a colheita dos vegetais referidos no caput deste artigo, exclu- I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando a tor-
sivamente para fins medicinais ou científicos, em local e prazo ná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o
predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvas uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos
supramencionadas. correlacionados;
II - promover a construção e a socialização do conhecimento
TÍTULO II sobre drogas no país;
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SO- III - promover a integração entre as políticas de prevenção do
BRE DROGAS uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependen-
tes de drogas e de repressão à sua produção não autorizada e ao
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, orga- tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos órgãos do Poder
nizar e coordenar as atividades relacionadas com: Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios;
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social IV - assegurar as condições para a coordenação, a integração e
de usuários e dependentes de drogas; a articulação das atividades de que trata o art. 3o desta Lei.
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito
de drogas. CAPÍTULO II
DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO
CAPÍTULO I DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SO-
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS BRE DROGAS
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS SO-
BRE DROGAS Art. 7o A organização do Sisnad assegura a orientação central
e a execução descentralizada das atividades realizadas em seu âm-
Art. 4o São princípios do Sisnad: bito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e se consti-
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, tui matéria definida no regulamento desta Lei.
especialmente quanto à sua autonomia e à sua liberdade;
CAPÍTULO IV
II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais
DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFORMA-
existentes;
ÇÕES SOBRE DROGAS
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do
povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o
Art. 15. (VETADO)
uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados; Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participa- saúde e da assistência social que atendam usuários ou dependentes
ção social, para o estabelecimento dos fundamentos e estratégias de drogas devem comunicar ao órgão competente do respectivo
do Sisnad; sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos ocorri-
V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Esta- dos, preservando a identidade das pessoas, conforme orientações
do e Sociedade, reconhecendo a importância da participação social emanadas da União.
nas atividades do Sisnad; Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao trá-
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores corre- fico ilícito de drogas integrarão sistema de informações do Poder
lacionados com o uso indevido de drogas, com a sua produção não Executivo.
autorizada e o seu tráfico ilícito;
VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de TÍTULO III
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVIDO,
e dependentes de drogas e de repressão à sua produção não autori- ATENÇÃO E
zada e ao seu tráfico ilícito; REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDENTES
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos DE DROGAS
Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação mútua nas CAPÍTULO I
atividades do Sisnad; DA PREVENÇÃO
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça
a interdependência e a natureza complementar das atividades de Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redu-
e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e ção dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promoção e o
do tráfico ilícito de drogas; fortalecimento dos fatores de proteção.

Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de dro- Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuá-
gas devem observar os seguintes princípios e diretrizes: rio ou do dependente de drogas e respectivos familiares, para efei-
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de to desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reintegra-
interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação ção em redes sociais.
com a comunidade à qual pertence; Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção social do
II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação cien- usuário e do dependente de drogas e respectivos familiares devem
tífica como forma de orientar as ações dos serviços públicos comu- observar os seguintes princípios e diretrizes:
nitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização das I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, independen-
pessoas e dos serviços que as atendam; temente de quaisquer condições, observados os direitos fundamen-
III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade in- tais da pessoa humana, os princípios e diretrizes do Sistema Único
dividual em relação ao uso indevido de drogas; de Saúde e da Política Nacional de Assistência Social;
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a colabora- II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e rein-
ção mútua com as instituições do setor privado e com os diversos serção social do usuário e do dependente de drogas e respectivos
segmentos sociais, incluindo usuários e dependentes de drogas e familiares que considerem as suas peculiaridades socioculturais;
respectivos familiares, por meio do estabelecimento de parcerias; III - definição de projeto terapêutico individualizado, orien-
V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e ade- tado para a inclusão social e para a redução de riscos e de danos
sociais e à saúde;
quadas às especificidades socioculturais das diversas populações,
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos respec-
bem como das diferentes drogas utilizadas;
tivos familiares, sempre que possível, de forma multidisciplinar e
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento do
por equipes multiprofissionais;
uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis das ativi-
V - observância das orientações e normas emanadas do Co-
dades de natureza preventiva, quando da definição dos objetivos a nad;
serem alcançados; VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulnerá- de políticas setoriais específicas.
veis da população, levando em consideração as suas necessidades Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Esta-
específicas; dos, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão programas
VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam de atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as
em atividades de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios explicitados no
atenção a usuários e dependentes de drogas e respectivos familia- art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada.
res; Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, ar- nicípios poderão conceder benefícios às instituições privadas que
tísticas, profissionais, entre outras, como forma de inclusão social desenvolverem programas de reinserção no mercado de trabalho,
e de melhoria da qualidade de vida; do usuário e do dependente de drogas encaminhados por órgão
X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na oficial.
área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucra-
educação nos 3 (três) níveis de ensino; tivos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência
XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do social, que atendam usuários ou dependentes de drogas poderão
uso indevido de drogas, nas instituições de ensino público e priva- receber recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade
do, alinhados às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos conheci- orçamentária e financeira.
mentos relacionados a drogas; Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da
XII - a observância das orientações e normas emanadas do prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de
Conad; liberdade ou submetidos a medida de segurança, têm garantidos os
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle so- serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema
cial de políticas setoriais específicas. penitenciário.
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido
CAPÍTULO III
de drogas dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em
DOS CRIMES E DAS PENAS
consonância com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda.
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser apli-
cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
CAPÍTULO II quer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO SO- Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transpor-
CIAL tar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autori-
DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS zação ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar
será submetido às seguintes penas:
Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e de- I - advertência sobre os efeitos das drogas;
pendente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, II - prestação de serviços à comunidade;
aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redução dos III - medida educativa de comparecimento a programa ou cur-
riscos e dos danos associados ao uso de drogas. so educativo.

Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo § 2o A incineração prevista no § 1o deste artigo será precedida
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de autorização judicial, ouvido o Ministério Público, e executada
de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar pela autoridade de polícia judiciária competente, na presença
dependência física ou psíquica. de representante do Ministério Público e da autoridade sanitária
§ 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo competente, mediante auto circunstanciado e após a perícia
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância realizada no local da incineração.
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruí-
às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos das pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá
antecedentes do agente. quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos
prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de
10 (dez) meses. § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, § 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem plantação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do ao meio ambiente, o disposto no Decreto no 2.661, de 8 de julho
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. de 1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do órgão
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente § 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão
se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição
I - admoestação verbal; Federal, de acordo com a legislação em vigor.
II - multa.
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à CAPÍTULO II
disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, DOS CRIMES
preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fa-
inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da bricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca in- transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar
ferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois
a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem auto-
a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de
rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento
multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados à conta do de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Fundo Nacional Antidrogas. § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a exe- I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,
cução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz
disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
TÍTULO IV -prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA drogas;
E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em
CAPÍTULO I desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas
DISPOSIÇÕES GERAIS que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade com- propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou con-
petente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, pos-
sente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem au-
suir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter,
torização ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou ad-
quirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua tar, para o tráfico ilícito de drogas.
preparação, observadas as demais exigências legais. § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas droga: (Vide ADI nº 4.274)
pelas autoridades de polícia judiciária, que recolherão quantidade Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100
suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de levan- (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
tamento das condições encontradas, com a delimitação do local, § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a
asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova. pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
§ 1o A destruição de drogas far-se-á por incineração, no prazo Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento
máximo de 30 (trinta) dias, guardando-se as amostras necessárias de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem
à preservação da prova. prejuízo das penas previstas no art. 28.

Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou ime-
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada diações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares,
a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas,
seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de re-
criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução cintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer na-
nº 5, de 2012 tureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, ven- reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em trans-
der, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou for- portes públicos;
necer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça,
ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação
ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo difusa ou coletiva;
com determinação legal ou regulamentar: V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de estes e o Distrito Federal;
1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa. VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adoles-
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de cente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou supri-
mida a capacidade de entendimento e determinação;
praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos
arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntaria-
700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
mente com a investigação policial e o processo criminal na identi-
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo in- ficação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recupe-
corre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no ração total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação,
art. 36 desta Lei. terá pena reduzida de um terço a dois terços.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com pre-
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: ponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a nature-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de za e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a
1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. conduta social do agente.
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organiza- Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39
ção ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes pre- desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, de-
vistos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: terminará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um
300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de cri-
que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou mes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumenta-
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: das até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusa-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamen- do, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
to de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conse- a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça,
lho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo penas em restritivas de direitos.
de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois ter-
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proi- ços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
bição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberda- Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependên-
cia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior,
de aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos)
de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
dias-multa.
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumu-
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
lativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de
entendimento.
400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo refe- Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo,
rido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá
aumentadas de um sexto a dois terços, se: determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para trata-
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto mento médico adequado.
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacio- Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois
nalidade do delito; terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pú- Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
blica ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
guarda ou vigilância; de acordo com esse entendimento.

Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em ava- § 4o A destruição das drogas será executada pelo delegado
liação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do
tratamento, realizada por profissional de saúde com competência Ministério Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº
específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, obser- 12.961, de 2014)
vado o disposto no art. 26 desta Lei. § 5o O local será vistoriado antes e depois de efetivada a
destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado auto
CAPÍTULO III circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a
DO PROCEDIMENTO PENAL destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocor-
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes rência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo
definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, apli- máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardan-
cando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo do-se amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplican-
Penal e da Lei de Execução Penal. do-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50.
§ 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes previstos nos Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30
arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias,
60 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, que quando solto.
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei,
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito
termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos ao juízo:
exames e perícias necessários.
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justifican-
§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas
do as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a
no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade
quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o
policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.
local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2o deste
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os anteceden-
artigo, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se
tes do agente; ou
o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender
conveniente, e em seguida liberado. II - requererá sua devolução para a realização de diligências
§ 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, necessárias.
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena diligências complementares:
prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta. I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resul-
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, ca- tado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias
put e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias antes da audiência de instrução e julgamento;
o recomendem, empregará os instrumentos protetivos de colabo- II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valo-
radores e testemunhas previstos na Lei no 9.807, de 13 de julho res de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo
de 1999. resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três)
dias antes da audiência de instrução e julgamento.
Seção I Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos
Da Investigação crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em
lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polí- seguintes procedimentos investigatórios:
cia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competen- I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investiga-
te, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao ção, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produ-
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de ção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito identificar e responsabilizar maior número de integrantes de opera-
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. ções de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1o Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a au-
deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração do torização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário
laudo definitivo. provável e a identificação dos agentes do delito ou de colabora-
§ 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no dores.
prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo
de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)

Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Seção II Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de
Da Instrução Criminal imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para
isso lhe sejam conclusos.
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de § 1o Ao proferir sentença, o juiz, não tendo havido
Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar- controvérsia, no curso do processo, sobre a natureza ou quantidade
-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, da substância ou do produto, ou sobre a regularidade do respectivo
adotar uma das seguintes providências: laudo, determinará que se proceda na forma do art. 32, § 1o, desta
I - requerer o arquivamento; Lei, preservando-se, para eventual contraprova, a fração que fixar.
II - requisitar as diligências que entender necessárias; (Revogado pela Lei nº 12.961, de 2014)
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e re- § 2o Igual procedimento poderá adotar o juiz, em decisão
querer as demais provas que entender pertinentes.
motivada e, ouvido o Ministério Público, quando a quantidade ou
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação
valor da substância ou do produto o indicar, precedendo a medida a
do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de
10 (dez) dias. elaboração e juntada aos autos do laudo toxicológico. (Revogado
§ 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e pela Lei nº 12.961, de 2014)
exceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34
razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão,
as provas que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na
arrolar testemunhas. sentença condenatória.
§ 2o As exceções serão processadas em apartado, nos termos
dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de CAPÍTULO IV
1941 - Código de Processo Penal. DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO DE
BENS DO ACUSADO
§ 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo- Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Públi-
lhe vista dos autos no ato de nomeação. co ou mediante representação da autoridade de polícia judiciária,
ouvido o Ministério Público, havendo indícios suficientes, pode-
§ 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias. rá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão
e outras medidas assecuratórias relacionadas aos bens móveis e
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de imóveis ou valores consistentes em produtos dos crimes previstos
10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de
nesta Lei, ou que constituam proveito auferido com sua prática,
diligências, exames e perícias.
procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para
a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal
do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente, se § 1o Decretadas quaisquer das medidas previstas neste
for o caso, e requisitará os laudos periciais. artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 (cinco) dias,
apresente ou requeira a produção de provas acerca da origem lícita
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração do do produto, bem ou valor objeto da decisão.
disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, § 2o Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o juiz
ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar decidirá pela sua liberação.
do denunciado de suas atividades, se for funcionário público, § 3o Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o
comunicando ao órgão respectivo. comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar
a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo será valores.
realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento § 4o A ordem de apreensão ou seqüestro de bens, direitos
da denúncia, salvo se determinada a realização de avaliação ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério
para atestar dependência de drogas, quando se realizará em 90 Público, quando a sua execução imediata possa comprometer as
(noventa) dias. investigações.
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o in-
Art. 61. Não havendo prejuízo para a produção da prova dos
terrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada
fatos e comprovado o interesse público ou social, ressalvado o dis-
a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público
e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 posto no art. 62 desta Lei, mediante autorização do juízo compe-
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a tente, ouvido o Ministério Público e cientificada a Senad, os bens
critério do juiz. apreendidos poderão ser utilizados pelos órgãos ou pelas entidades
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz in- que atuam na prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção
dagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, for- social de usuários e dependentes de drogas e na repressão à produ-
mulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e ção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no
relevante. interesse dessas atividades.

Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos, em- § 9o Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta
barcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou judicial a quantia apurada, até o final da ação penal respectiva,
ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certifi- quando será transferida ao Funad, juntamente com os valores de
cado provisório de registro e licenciamento, em favor da institui- que trata o § 3o deste artigo.
ção à qual tenha deferido o uso, ficando esta livre do pagamento de § 10. Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos
multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado da contra as decisões proferidas no curso do procedimento previsto
decisão que decretar o seu perdimento em favor da União. neste artigo.
Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer ou- § 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste artigo,
tros meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumentos recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou aeronaves,
o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao equivalente órgão de
e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática dos crimes
registro e controle a expedição de certificado provisório de registro
definidos nesta Lei, após a sua regular apreensão, ficarão sob cus-
e licenciamento, em favor da autoridade de polícia judiciária
tódia da autoridade de polícia judiciária, excetuadas as armas, que
ou órgão aos quais tenha deferido o uso, ficando estes livres do
serão recolhidas na forma de legislação específica. pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito
§ 1o Comprovado o interesse público na utilização de em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em favor da
qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade de União.
polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua responsabilidade Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre
e com o objetivo de sua conservação, mediante autorização o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, seqüestrado ou
judicial, ouvido o Ministério Público. declarado indisponível.
§ 2o Feita a apreensão a que se refere o caput deste artigo, § 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes
e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos como ordem tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cautelar, após
de pagamento, a autoridade de polícia judiciária que presidir decretado o seu perdimento em favor da União, serão revertidos
o inquérito deverá, de imediato, requerer ao juízo competente a diretamente ao Funad.
intimação do Ministério Público. § 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e
§ 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha sido
juízo, em caráter cautelar, a conversão do numerário apreendido decretado em favor da União.
em moeda nacional, se for o caso, a compensação dos cheques § 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim
emitidos após a instrução do inquérito, com cópias autênticas dos de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2o deste artigo.
§ 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz
respectivos títulos, e o depósito das correspondentes quantias em
do processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
conta judicial, juntando-se aos autos o recibo.
remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores declarados
§ 4o Após a instauração da competente ação penal, o
perdidos em favor da União, indicando, quanto aos bens, o local em
Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá ao que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam,
juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à alienação dos para os fins de sua destinação nos termos da legislação vigente.
bens apreendidos, excetuados aqueles que a União, por intermédio
da Senad, indicar para serem colocados sob uso e custódia da Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá firmar con-
autoridade de polícia judiciária, de órgãos de inteligência ou vênio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos
militares, envolvidos nas ações de prevenção ao uso indevido orientados para a prevenção do uso indevido de drogas, a atenção
de drogas e operações de repressão à produção não autorizada e e a reinserção social de usuários ou dependentes e a atuação na
ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no interesse dessas repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
atividades. com vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela ar-
§ 5o Excluídos os bens que se houver indicado para os fins recadados, para a implantação e execução de programas relaciona-
previstos no § 4o deste artigo, o requerimento de alienação deverá dos à questão das drogas.
conter a relação de todos os demais bens apreendidos, com a
descrição e a especificação de cada um deles, e informações sobre TÍTULO V
quem os tem sob custódia e o local onde se encontram. DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
§ 6o Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será
Art. 65. De conformidade com os princípios da não-inter-
autuada em apartado, cujos autos terão tramitação autônoma em
venção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito
relação aos da ação penal principal.
à integridade territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos
§ 7o Autuado o requerimento de alienação, os autos nacionais em vigor, e observado o espírito das Convenções das
serão conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos internacionais re-
instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados para a lacionados à questão das drogas, de que o Brasil é parte, o governo
sua prática e risco de perda de valor econômico pelo decurso do brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação a outros países e
tempo, determinará a avaliação dos bens relacionados, cientificará organismos internacionais e, quando necessário, deles solicitará a
a Senad e intimará a União, o Ministério Público e o interessado, colaboração, nas áreas de:
este, se for o caso, por edital com prazo de 5 (cinco) dias. I - intercâmbio de informações sobre legislações, experiên-
§ 8o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências cias, projetos e programas voltados para atividades de prevenção
sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor do uso indevido, de atenção e de reinserção social de usuários e
atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão. dependentes de drogas;

Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção e trá- Art. 72. Sempre que conveniente ou necessário, o juiz, de ofí-
fico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico de armas, a cio, mediante representação da autoridade de polícia judiciária, ou
lavagem de dinheiro e o desvio de precursores químicos; a requerimento do Ministério Público, determinará que se proceda,
III - intercâmbio de informações policiais e judiciais sobre nos limites de sua jurisdição e na forma prevista no § 1o do art. 32
produtores e traficantes de drogas e seus precursores químicos. desta Lei, à destruição de drogas em processos já encerrados.

TÍTULO VI Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado o inquéri-


DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS to policial, o juiz, de ofício, mediante representação do delegado
de polícia ou a requerimento do Ministério Público, determinará a
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1o destruição das amostras guardadas para contraprova, certificando
desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da lista menciona- isso nos autos. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
da no preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes, Art. 73. A União poderá celebrar convênios com os Estados
psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Porta- visando à prevenção e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido
ria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998. de drogas.
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os Esta-
Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei no 7.560, dos e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e repressão do
de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e com os Municípios,
Federal, dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes básicas com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e de possibilitar
contidas nos convênios firmados e do fornecimento de dados ne- a atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
cessários à atualização do sistema previsto no art. 17 desta Lei, (Redação dada pela Lei nº 12.219, de 2010)
pelas respectivas polícias judiciárias. Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias
Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- após a sua publicação.
pios poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de
físicas e jurídicas que colaborem na prevenção do uso indevido de 1976, e a Lei no 10.409, de 11 de janeiro de 2002.
drogas, atenção e reinserção social de usuários e dependentes e na
repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial de
empresas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino, LEI DE TORTURA (LEI N. 9455/97)
ou congêneres, assim como nos serviços de saúde que produzirem,
venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem ou fornecerem
drogas ou de qualquer outro em que existam essas substâncias ou
produtos, incumbe ao juízo perante o qual tramite o feito: Define os crimes de tortura e dá outras providências.
I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou liquida-
ção, sejam lacradas suas instalações; O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgente ado- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ção das medidas necessárias ao recebimento e guarda, em depósi-
to, das drogas arrecadadas; Art. 1º Constitui crime de tortura:
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para acom- I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
panhar o feito. ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
§ 1o Da licitação para alienação de substâncias ou produtos a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
não proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só podem vítima ou de terceira pessoa;
participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas na área de b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
saúde ou de pesquisa científica que comprovem a destinação lícita c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
a ser dada ao produto a ser arrematado. II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
§ 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o deste artigo, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta pública, físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
destruído pela autoridade sanitária, na presença dos Conselhos de caráter preventivo.
Estaduais sobre Drogas e do Ministério Público. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
especialidades farmacêuticas em condições de emprego sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério da intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
Saúde, que as destinará à rede pública de saúde. de medida legal.
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
competência da Justiça Federal. de um a quatro anos.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios que § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
não sejam sede de vara federal serão processados e julgados na a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a
vara federal da circunscrição respectiva. reclusão é de oito a dezesseis anos.
Art. 71. (VETADO) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - se o crime é cometido por agente público; § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
e adolescente; prazo da pena aplicada.
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ou anistia.
III - se o crime é cometido mediante sequestro. § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
prazo da pena aplicada. A legislação em apreço está consoante aos Tratados
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça Internacionais assinados pelo Brasil no que tange a repressão dos
ou anistia. crimes de tortura. O primeiro tratado assinado pelo Brasil foi a
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Desumanos e Degradantes, de 1984. O segundo foi a Convenção
Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 1985.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime A Constituição Federal reprime o crime de tortura, no art.
não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima 5º, III, estabelecendo que ninguém será submetido a tortura
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição nem a tratamento desumano ou degradante; bem como que a lei
brasileira. considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia
a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de los, se omitirem.
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. O bem jurídico tutelado é a dignidade da pessoa humana, sua
integridade física e psíquica.
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da Acrescenta-se que é equiparado a crime hediondo, sendo de
República. competência da Justiça Comum, Estadual ou Federal processar e
julgar tais delitos. Quando se tratar de delito que ocasione violação
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO a algum bem, interesse ou serviço da União Federal, suas entidades
Nelson A. Jobim autárquicas ou empresas públicas, a competência será da Justiça
Federal. Se não enquadro nessa possibilidade, será de competência
A lei define enquanto conduta criminosa à luz do Art. 1º da Justiça Estadual.
Constitui crime de tortura: Salienta-se que é crime comum, podendo ser praticado
por qualquer pessoa, não se exigindo uma conduta especial do
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave funcionário público.
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: As hipóteses ventiladas até o parágrafo 2º não possibilitam
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da suspensão condicional do processo. Cabível sursis no caso do §3º.
vítima ou de terceira pessoa; E é previsto no Art. 2º “O disposto nesta Lei aplica-se ainda
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; quando o crime não tenha sido cometido em território nacional,
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, sob jurisdição brasileira”. Trata-se de extraterritorialidade
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento incondicionada, uma vez que a presente lei, por ser lei especial,
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida não impôs qualquer condição.
de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
CRIMES AMBIENTAIS (LEI N. 9.605/98)
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de um a quatro anos. de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, providências, tal qual se aduz abaixo:
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos
reclusão é de oito a dezesseis anos. crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador,
I - se o crime é cometido por agente público o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente,
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da
de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática,
III - se o crime é cometido mediante sequestro. quando podia agir para evitá-la.

Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em
administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social,
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago
interesse ou benefício da sua entidade. será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não condenado o infrator.
exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do
mesmo fato. Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina
e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga
causados à qualidade do meio ambiente. em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia
habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.
CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
competente observará: reparação do dano, ou limitação significativa da degradação
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração ambiental causada;
e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da degradação ambiental;
legislação de interesse ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. do controle ambiental.

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não
substituem as privativas de liberdade quando: constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa
II - ter o agente cometido a infração:
de liberdade inferior a quatro anos;
a) para obter vantagem pecuniária;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente
pública ou o meio ambiente;
para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas
este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
substituída. f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos
humanos;
Art. 8º As penas restritivas de direito são: g) em período de defeso à fauna;
I - prestação de serviços à comunidade; h) em domingos ou feriados;
II - interdição temporária de direitos; i) à noite;
III - suspensão parcial ou total de atividades; j) em épocas de seca ou inundações;
IV - prestação pecuniária; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
V - recolhimento domiciliar. m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura
de animais;
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na n) mediante fraude ou abuso de confiança;
atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou
jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano autorização ambiental;
da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou
possível. parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos
fiscais;
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios
proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de oficiais das autoridades competentes;
receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem r) facilitada por funcionário público no exercício de suas
como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso funções.
de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a
não estiverem obedecendo às prescrições legais. pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a
dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação
relacionar-se com a proteção ao meio ambiente. forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e
como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código
Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, CAPÍTULO III
poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE
vantagem econômica auferida. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA OU DE CRIME

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos
que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
prestação de fiança e cálculo de multa. § 1o Os animais serão prioritariamente libertados em seu
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por
juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando- questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações
se o contraditório. ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a
responsabilidade de técnicos habilitados.
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, § 2o Até que os animais sejam entregues às instituições
fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará para que
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento
meio ambiente. e transporte que garantam o seu bem-estar físico
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença § 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão
condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares,
termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano penais e outras com fins beneficentes.
efetivamente sofrido. § 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis
serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou educacionais.
alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto § 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração
no art. 3º, são: serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da
I - multa; reciclagem.
II - restritivas de direitos;
CAPÍTULO IV
III - prestação de serviços à comunidade.
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal
I - suspensão parcial ou total de atividades;
é pública incondicionada.
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou
atividade;
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo,
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como
a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
dele obter subsídios, subvenções ou doações.
multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a
estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da
relativas à proteção do meio ambiente. mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra
ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de
desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial
ou regulamentar. ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o §
subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação
dez anos. de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade
prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não
jurídica consistirá em: ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo
I - custeio de programas e de projetos ambientais; será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da
III - manutenção de espaços públicos; prescrição;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições
dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;

Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer
de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade
podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o competente:
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
artigo, observado o disposto no inciso III;
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar
de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à exóticos:
reparação integral do dano. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência
CAPÍTULO V dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE científicos, quando existirem recursos alternativos.
Seção I § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre
Dos Crimes contra a Fauna morte do animal.

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de
da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais
em desacordo com a obtida: brasileiras:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas
§ 1º Incorre nas mesmas penas: cumulativamente.
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
autorização ou em desacordo com a obtida; I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou aquicultura de domínio público;
criadouro natural; II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade
tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou competente;
espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente
não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização demarcados em carta náutica.
da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as lugares interditados por órgão competente:
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles penas cumulativamente.
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes
vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas com tamanhos inferiores aos permitidos;
jurisdicionais brasileiras. II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, permitidos;
ainda que somente no local da infração; III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa
II - em período proibido à caça; espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.
III - durante a noite;
IV - com abuso de licença; Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
V - em unidade de conservação; I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água,
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de produzam efeito semelhante;
provocar destruição em massa. II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do competente:
exercício de caça profissional. Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de
pesca. Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato
tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais
e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico,
competente: ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. listas oficiais da fauna e da flora.

Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
de sua família; Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação seis meses a um ano, e multa.
predatória ou destruidora de animais, desde que legal e
expressamente autorizado pela autoridade competente; Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de
pelo órgão competente. vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento
humano:
Seção II Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas
Dos Crimes contra a Flora cumulativamente.

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas
preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia,
com infringência das normas de proteção: cal ou qualquer espécie de minerais:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
penas cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei,
à metade. assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais,
energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não,
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou em desacordo com as determinações legais:
secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas
de proteção: Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem
as penas cumulativamente. vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá
à metade. acompanhar o produto até final beneficiamento:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
permanente, sem permissão da autoridade competente: expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira,
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença
penas cumulativamente. válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
outorgada pela autoridade competente.
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de
Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas
de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização: e demais formas de vegetação:
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção
Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer
Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos
Vida Silvestre. ou em propriedade privada alheia:
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas
extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção as penas cumulativamente.
Integral será considerada circunstância agravante para a fixação Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis
da pena. meses, ou multa.
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas
Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de
Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as especial preservação:
Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural. Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou
de extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso devolutas, sem autorização do órgão competente:
Sustentável será considerada circunstância agravante para a Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
fixação da pena § 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família.

Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa
a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da
autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas órgão competente.
e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da
autoridade competente: Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em
depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as
substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
competente: § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput
ou os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada segurança;
de um sexto a um terço se: II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta,
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de
solo ou a modificação do regime climático; forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
II - o crime é cometido: § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a
a) no período de queda das sementes; pena é aumentada de um sexto a um terço.
b) no período de formação de vegetações; § 3º Se o crime é culposo:
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
a ameaça ocorra somente no local da infração;
d) em época de seca ou inundação; Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas
e) durante a noite, em domingo ou feriado. serão aumentadas:
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora
Seção III ou ao meio ambiente em geral;
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de
Da Poluição e outros Crimes Ambientais
natureza grave em outrem;
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa
da flora:
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras
§ 1º Se o crime é culposo:
ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas
§ 2º Se o crime: legais e regulamentares pertinentes:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as
humana; penas cumulativamente.
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda
que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam
danos diretos à saúde da população; causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção ecossistemas:
do abastecimento público de água de uma comunidade; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou Seção IV
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio
com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Cultural
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
competente, medidas de precaução em caso de risco de dano decisão judicial;
ambiental grave ou irreversível. II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação
científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos decisão judicial:
minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
licença, ou em desacordo com a obtida: Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão
especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo,
judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou
artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico enganoso, inclusive por omissão:
ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
desacordo com a concedida: § 1o Se o crime é culposo:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso
seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, da informação falsa, incompleta ou enganosa.
ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da CAPÍTULO VI
autoridade competente ou em desacordo com a concedida: DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental
toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo,
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
monumento urbano:
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada
de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio
em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de
é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com Ministério da Marinha.
o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante § 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá
manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo
quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.
no caso de bem público, com a autorização do órgão competente § 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de
e a observância das posturas municipais e das normas editadas infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração
pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. corresponsabilidade.
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo
Seção V administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o
Dos Crimes contra a Administração Ambiental contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração
enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico- ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:
científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação
ambiental: contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de
infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização defesa ou impugnação;
ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória
atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da
autorizativo do Poder Público:
Marinha, de acordo com o tipo de autuação;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses
do recebimento da notificação.
a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: I - advertência;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. II - multa simples;
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses III - multa diária;
a um ano, sem prejuízo da multa. IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna
e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder qualquer natureza utilizados na infração;
Público no trato de questões ambientais: V - destruição ou inutilização do produto;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;

Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
VIII - demolição de obra; CAPÍTULO VII
IX - suspensão parcial ou total de atividades; DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A
XI - restritiva de direitos. PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais
infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e
cominadas. os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem
disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos qualquer ônus, quando solicitado para:
regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste I - produção de prova;
artigo. II - exame de objetos e lugares;
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por III - informações sobre pessoas e coisas;
negligência ou dolo: IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, tenham relevância para a decisão de uma causa;
deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em
do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
Marinha; § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão
ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de à autoridade capaz de atendê-la.
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio § 2º A solicitação deverá conter:
ambiente. I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento II - o objeto e o motivo de sua formulação;
da infração se prolongar no tempo. III - a descrição sumária do procedimento em curso no país
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do solicitante;
caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. IV - a especificação da assistência solicitada;
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento,
serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o quando for o caso.
estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais
ou regulamentares. Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e
§ 8º As sanções restritivas de direito são: especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional,
I - suspensão de registro, licença ou autorização; deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; países.
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; CAPÍTULO VIII
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo DISPOSIÇÕES FINAIS
período de até três anos.
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por do Código Penal e do Código de Processo Penal.
infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio
Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os
Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela
fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização
conforme dispuser o órgão arrecadador. dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem
a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de
Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas
cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação,
objeto jurídico lesado. ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades
utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou
Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado potencialmente poluidores.
no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base § 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo
nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e
de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias
(cinquenta milhões de reais). correções de suas atividades, para o atendimento das exigências
impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre:
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa I - o nome, a qualificação e o endereço das partes
federal na mesma hipótese de incidência. compromissadas e dos respectivos representantes legais;

Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da TÍTULO I
complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o Dos Direitos do Consumidor
mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade CAPÍTULO I
de prorrogação por igual período; Disposições Gerais
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento
previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e
obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas; defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição
jurídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
não-cumprimento das obrigações nele pactuadas; Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
superior ao valor do investimento previsto; Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes. de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 relações de consumo.
de março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública
e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
poluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser montagem, criação, construção, transformação, importação,
requerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado prestação de serviços.
junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou
pelo dirigente máximo do estabelecimento. imaterial.
§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado
no § 2o e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
deram causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções das relações de caráter trabalhista.
administrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver
firmado. CAPÍTULO II
§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este Da Política Nacional de Relações de Consumo
artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes
da protocolização do requerimento. Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem
§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores,
compromisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,
ressalvado o caso fortuito ou de força maior.
bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até
atendidos os seguintes princípios:
noventa dias, contados da protocolização do requerimento.
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no
§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso
mercado de consumo;
deverá conter as informações necessárias à verificação da sua
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente
viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano.
o consumidor:
§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso a) por iniciativa direta;
deverão ser publicados no órgão oficial competente, mediante b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações
extrato. representativas;
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
de noventa dias a contar de sua publicação. d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões
adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das
CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES relações de consumo e compatibilização da proteção do
DE CONSUMO (LEI N. 8.078/90) consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e
tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda
a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre
com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores
e fornecedores;
A lei em voga trata dos crimes contra as relações de consumo, IV - educação e informação de fornecedores e consumidores,
tal qual se disciplina abaixo. quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do
mercado de consumo;
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços,
assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos
de consumo;

Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em
praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência geral.
desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais Parágrafo único.  A informação de que trata o inciso III do ca-
das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam put deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, ob-
causar prejuízos aos consumidores; servado o disposto em regulamento.  (Incluído pela Lei nº 13.146,
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; de 2015)    (Vigência)
VIII - estudo constante das modificações do mercado de Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem
consumo. outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária,
Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas
entre outros: competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para direito, analogia, costumes e eqüidade.
o consumidor carente; Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas
normas de consumo.
Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
III - criação de delegacias de polícia especializadas no
CAPÍTULO IV
atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de
Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da
consumo;
Reparação dos Danos
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas
SEÇÃO I
Especializadas para a solução de litígios de consumo;
Da Proteção à Saúde e Segurança
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das
Associações de Defesa do Consumidor. Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado
§ 1° (Vetado). de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos
§ 2º (Vetado). consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis
em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os
CAPÍTULO III fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
Dos Direitos Básicos do Consumidor necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo,
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos através de impressos apropriados que devam acompanhar o
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços produto.
considerados perigosos ou nocivos; Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de
dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou
igualdade nas contratações; periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes em cada caso concreto.
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de
características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar
bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
nº 12.741, de 2012)   Vigência § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores,
mediante anúncios publicitários.
produtos e serviços;
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
expensas do fornecedor do produto ou serviço.
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores,
morais, individuais, coletivos e difusos; a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com informá-los a respeito.
vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, Art. 11. (Vetado).
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados; SEÇÃO II
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; estrangeiro, e o importador respondem, independentemente
IX - (Vetado); da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias,
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em
circunstâncias relevantes, entre as quais: perfeitas condições de uso;
I - sua apresentação; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - a época em que foi colocado em circulação. III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação
de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão,
não será responsabilizado quando provar: a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por
I - que não colocou o produto no mercado; meio de manifestação expressa do consumidor.
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas
defeito inexiste; do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício,
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de
do artigo anterior, quando: produto essencial.
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I
puderem ser identificados; do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem,
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
fabricante, produtor, construtor ou importador; diversos, mediante complementação ou restituição de eventual
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao do § 1° deste artigo.
prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será
responsáveis, segundo sua participação na causação do evento responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto
danoso. quando identificado claramente seu produtor.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente § 6° São impróprios ao uso e consumo:
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados,
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou
fruição e riscos. à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem
as circunstâncias relevantes, entre as quais: inadequados ao fim a que se destinam.
I - o modo de seu fornecimento; Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as
III - a época em que foi fornecido. variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,
novas técnicas. rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado exigir, alternativamente e à sua escolha:
quando provar: I - o abatimento proporcional do preço;
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - complementação do peso ou medida;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. III - a substituição do produto por outro da mesma espécie,
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
apurada mediante a verificação de culpa. IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consu- atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
midores todas as vítimas do evento. § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo
anterior.
SEÇÃO III § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer
Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver
aferido segundo os padrões oficiais.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de
não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam
ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com
consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária,
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação
cabível; pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; do conhecimento do dano e de sua autoria.
III - o abatimento proporcional do preço. Parágrafo único. (Vetado).
§ 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros
devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. SEÇÃO V
§ 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles
que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso
a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito
obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações também será efetivada quando houver falência, estado de
técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
em contrário do     consumidor. provocados por má administração.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, § 1° (Vetado).
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. obrigações decorrentes deste código.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
na forma prevista neste código. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao
qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço CAPÍTULO V
independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do Das Práticas Comerciais
fornecedor. SEÇÃO I
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que Das Disposições Gerais
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista
nesta e nas seções anteriores. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-
§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não,
todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e expostas às práticas nele previstas.
nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada SEÇÃO II
ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, Da Oferta
construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente
SEÇÃO IV precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação
Da Decadência e da Prescrição com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados,
obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de o contrato que vier a ser celebrado.
fácil constatação caduca em: Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas
produtos não duráveis; e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade
produtos duráveis. e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Parágrafo único.  As informações de que trata este artigo, nos
§ 2° Obstam a decadência: produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor forma indelével. (Incluído pela Lei nº 11.989, de 2009)
perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a
II - (Vetado). fabricação ou importação do produto.
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.
no momento em que ficar evidenciado o defeito.

Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na
reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de
na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na conformidade com os usos e costumes;
transação comercial. III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia,
Parágrafo único.  É proibida a publicidade de bens e serviços qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor,
origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008). tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social,
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
autônomos. VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor de práticas anteriores entre as partes;
poderá, alternativamente e à sua livre escolha: VII - repassar informação depreciativa, referente a ato
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
oferta, apresentação ou publicidade; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto
ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem,
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
e danos. e Qualidade Industrial (Conmetro);
        IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,
SEÇÃO III diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pa-
Da Publicidade gamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis
especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus         XI -  Dispositivo  incluído pela MPV  nº 1.890-67, de
produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos 22.10.1999, transformado em inciso  XIII, quando da conversão
legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
dão sustentação à mensagem.         XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou critério.(Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa,          XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do
ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870,
em erro o consumidor a respeito da natureza, características, de 23.11.1999)
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos
outros dados sobre produtos e serviços. remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação
de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo de pagamento.
ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-
de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as
seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
condições de pagamento, bem como as datas de início e término
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
dos serviços.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá
por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do
validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo
produto ou serviço. consumidor.
§ 4° (Vetado). § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre
informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou
SEÇÃO IV acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não
Das Práticas Abusivas previstos no orçamento prévio.
Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os
dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não
de 11.6.1994) o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras
causa, a limites quantitativos; sanções cabíveis.

Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
SEÇÃO V CAPÍTULO VI
Da Cobrança de Dívidas Da Proteção Contratual
SEÇÃO I
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente Disposições Gerais
não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça. Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de
tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão
salvo hipótese de engano justificável. de seu sentido e alcance.
Art. 42-A.  Em todos os documentos de cobrança de débitos Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de
apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço maneira mais favorável ao consumidor.
e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos
no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de
produto ou serviço correspondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução
de 2009) específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo
SEÇÃO VI de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de
produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. especialmente por telefone ou a domicílio.
86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de
registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente
como sobre as suas respectivas fontes. pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será
podendo conter informações negativas referentes a período conferida mediante termo escrito.
superior a cinco anos. Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste
e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que
quando não solicitada por ele. pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do
dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação
arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
eventuais destinatários das informações incorretas.
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, SEÇÃO II
os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados Das Cláusulas Abusivas
entidades de caráter público.
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do
ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços
§ 6o   Todas as informações de que trata o caput  deste arti- ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações
go devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumi- indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
dor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)    (Vigência) II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão já paga, nos casos previstos neste código;
cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contra III - transfiram responsabilidades a terceiros;
fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,
e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
ou não pelo fornecedor. incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para V - (Vetado);
orientação e consulta por qualquer interessado. VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do
§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas consumidor;
regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo único do art. VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
22 deste código. VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro
Art. 45. (Vetado). negócio jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o
contrato, embora obrigando o consumidor;

Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação § 1° (Vetado).
do preço de maneira unilateral; § 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas,
unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem
consumidor; econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança ou inadimplente causar ao grupo.
de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra § 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão
o fornecedor; expressos em moeda corrente nacional.
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o
conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração; SEÇÃO III
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas Dos Contratos de Adesão
ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham
consumidor; sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que
benfeitorias necessárias. o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem conteúdo. 
que: § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a natureza de adesão do contrato.
que pertence; § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória,
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor,
à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.
equilíbrio contratual; § 3o  Os contratos de adesão escritos serão redigidos em
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho
considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. compreensão pelo consumidor.(Redação dada pela nº 11.785, de
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não 2008)
invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do
esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua
partes. imediata e fácil compreensão.
§ 3° (Vetado).  § 5° (Vetado)
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o
represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente CAPÍTULO VII
ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que Das Sanções Administrativas
contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não (Vide Lei nº 8.656, de 1993)
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter
outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, concorrente e nas suas respectivas áreas de atuação administrativa,
o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e baixarão normas relativas à produção, industrialização, distribuição
adequadamente sobre: e consumo de produtos e serviços.
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional; § 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de fiscalizarão e controlarão a produção, industrialização, distribuição,
juros; a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo,
III - acréscimos legalmente previstos; no interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da
IV - número e periodicidade das prestações; informação e do bem-estar do consumidor, baixando as normas
V - soma total a pagar, com e sem financiamento. que se fizerem necessárias.
§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de § 2° (Vetado).
obrigações no seu termo não poderão ser superiores a dois por § 3° Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e
cento do valor da prestação.(Redação dada pela Lei nº 9.298, de municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o mercado
1º.8.1996) de consumo manterão comissões permanentes para elaboração,
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do revisão e atualização das normas referidas no § 1°, sendo
débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos obrigatória a participação dos consumidores e fornecedores.
juros e demais acréscimos. § 4° Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos
§ 3º (Vetado). fornecedores para que, sob pena de desobediência, prestem
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou informações sobre questões de interesse do consumidor,
imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas resguardado o segredo industrial.
alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor
direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções
pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das
pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado. definidas em normas específicas:

Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - multa; § 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da
II - apreensão do produto; mesma forma, freqüência e dimensão e, preferencialmente no
III - inutilização do produto; mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer
IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.
V - proibição de fabricação do produto; § 2° (Vetado)
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; § 3° (Vetado).
VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; TÍTULO II
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; Das Infrações Penais
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra
ou de atividade; Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo
XI - intervenção administrativa; previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal
XII - imposição de contrapropaganda. e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão Art. 62. (Vetado).
aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade
ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,
atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive
recipientes ou publicidade:
por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
administrativo.
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar,
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravida-
mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade
de da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do do serviço a ser prestado.
fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, § 2° Se o crime é culposo:
revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos
ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos. (Re- consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo
dação dada pela Lei nº 8.656, de 21.5.1993) conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:
Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Uni- Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar
dade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que ve- de retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela
nha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703, de autoridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na
6.9.1993) forma deste artigo.
Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade,
proibição de fabricação de produtos, de suspensão do fornecimento contrariando determinação de autoridade competente:
de produto ou serviço, de cassação do registro do produto e Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa.
revogação da concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem
administração, mediante procedimento administrativo, assegurada prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte.
ampla defesa, quando forem constatados vícios de quantidade Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir
ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade,
serviço. quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou
Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de garantia de produtos ou serviços:
interdição e de suspensão temporária da atividade, bem como Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.
procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando o § 2º Se o crime é culposo;
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
fornecedor reincidir na prática das infrações de maior gravidade
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria
previstas neste código e na legislação de consumo.
saber ser enganosa ou abusiva:
§ 1° A pena de cassação da concessão será aplicada à
Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
concessionária de serviço público, quando violar obrigação legal
Parágrafo único. (Vetado).
ou contratual. Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria
§ 2° A pena de intervenção administrativa será aplicada saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem a cassação prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
de licença, a interdição ou suspensão da atividade. Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:
§ 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de         Parágrafo único. (Vetado).
penalidade administrativa, não haverá reincidência até o trânsito Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e
em julgado da sentença. científicos que dão base à publicidade:
Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou
ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor:
expensas do infrator. Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam
trabalho, descanso ou lazer: relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Ministério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às IV, aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se
informações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, a denúncia não for oferecida no prazo legal.
fichas e registros:
Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. TÍTULO III
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre Da Defesa do Consumidor em Juízo
consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou
CAPÍTULO I
registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Disposições Gerais
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores
adequadamente preenchido e com especificação clara de seu
conteúdo; e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. título coletivo.
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se
referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na medida tratar de:
de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou gerente I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos
da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que
aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços nas de fato;
condições por ele proibidas. II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível
neste código: de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas
I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
ocasião de calamidade; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; entendidos os decorrentes de origem comum.
III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legiti-
IV - quando cometidos: mados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição 21.3.1995)
econômico-social seja manifestamente superior à da vítima; I - o Ministério Público,
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou
mental interditadas ou não; indireta, ainda que sem personalidade jurídica,      especificamente
V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este
medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais código;
.
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos
em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao máximo de dias
interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a
de duração da pena privativa da liberdade cominada ao crime. Na
autorização assemblear.
individualização desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60,
§1° do Código Penal. § 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando
podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser
I - a interdição temporária de direitos; protegido.
II - a publicação em órgãos de comunicação de grande § 2° (Vetado).
circulação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia § 3° (Vetado).
sobre os fatos e a condenação; Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por
III - a prestação de serviços à comunidade. este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este código, propiciar sua adequada e efetiva tutela.
será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inquérito, Parágrafo único. (Vetado).
entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da
Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica da obrigação ou determinará providências que assegurem o
do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: resultado prático equivalente ao do adimplemento.

Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial,
será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela a fim de que os interessados possam intervir no processo como
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
multa (art. 287, do Código de Processo Civil). Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados.
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz Art. 96. (Vetado).
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser
o réu. promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor legitimados de que trata o art. 82.
multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for Parágrafo único. (Vetado).
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pe-
para o cumprimento do preceito. los legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação,
prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada
necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, § 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão das
além de requisição de força policial. sentenças de liquidação, da qual deverá constar a ocorrência ou
Art. 85. (Vetado). não do trânsito em julgado.
Art. 86. (Vetado). § 2° É competente para a execução o juízo:
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não ha- I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso
verá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e de execução individual;
quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de
despesas processuais. condenação prevista na Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985 e
de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação
evento danoso, estas terão preferência no pagamento.
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a
solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao
destinação da importância recolhida ao fundo criado pela Lei
décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas
n°7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes
e danos.
de decisão de segundo grau as ações de indenização pelos danos
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código,
individuais, salvo na hipótese de o patrimônio do devedor ser
a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo,
manifestamente suficiente para responder pela integralidade das
facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, dívidas.
vedada a denunciação da lide. Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de
Art. 89. (Vetado) interessados em número compatível com a gravidade do dano,
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e
do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de execução da indenização devida.
1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá
contrariar suas disposições. para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.
CAPÍTULO II CAPÍTULO III
Das Ações Coletivas Para a Defesa de Interesses Individuais Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e
Homogêneos Serviços

Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de
em nome próprio e no interesse das vítimas ou seus sucessores, produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II
ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmen- deste título, serão observadas as seguintes normas:
te sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. (Reda- I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
ção dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade
Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração
sempre como fiscal da lei. do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
Parágrafo único. (Vetado). hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu
competente para a causa a justiça local: houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso
quando de âmbito local; afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização diretamente
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de
os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório
Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente. com este.

Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste código poderão Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Consumidor,
propor ação visando compelir o Poder Público competente a da Secretaria Nacional de Direito Econômico (MJ), ou órgão
proibir, em todo o território nacional, a produção, divulgação federal que venha substituí-lo, é organismo de coordenação da
distribuição ou venda, ou a determinar a alteração na composição, política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-
estrutura, fórmula ou acondicionamento de produto, cujo uso ou lhe:
consumo regular se revele nocivo ou perigoso à saúde pública e à I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política
incolumidade pessoal. nacional de proteção ao consumidor;
§ 1° (Vetado). II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas,
§ 2° (Vetado) denúncias ou sugestões apresentadas por entidades representativas
ou pessoas jurídicas de direito público ou privado;
CAPÍTULO IV III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre
Da Coisa Julgada seus direitos e garantias;
IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a dos diferentes meios de comunicação;
sentença fará coisa julgada: V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente policial para a apreciação de delito contra os consumidores, nos
por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado termos da legislação vigente;
poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se VI - representar ao Ministério Público competente para fins
de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. de adoção de medidas processuais no âmbito de suas atribuições;
81; VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria infrações de ordem administrativa que violarem os interesses
ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores;
termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União,
Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem como auxiliar a
inciso II do parágrafo único do art. 81;
fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e segurança de
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido,
bens e serviços;
para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do
IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros
inciso III do parágrafo único do art. 81.
programas especiais, a formação de entidades de defesa do
§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II
consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduais e
não prejudicarão interesses e direitos individuais dos integrantes
municipais;
da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
X - (Vetado).
§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de
XI - (Vetado).
improcedência do pedido, os interessados que não tiverem XII - (Vetado)
intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com suas
de indenização a título individual. finalidades.
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o
combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, Departamento Nacional de Defesa do Consumidor poderá solicitar
não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente o concurso de órgãos e entidades de notória especialização técnico-
sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste científica.
código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus
sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos TÍTULO V
termos dos arts. 96 a 99. Da Convenção Coletiva de Consumo
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença
penal condenatória. Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem
parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência para as regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham
ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à
ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não quantidade, à garantia e características de produtos e serviços, bem
beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida como à reclamação e composição do conflito de consumo.
sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos § 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro
do ajuizamento da ação coletiva. do instrumento no cartório de títulos e documentos.
§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades
TÍTULO IV signatárias.
Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor § 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se
desligar da entidade em data posterior ao registro do instrumento.
Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Art. 108. (Vetado).
Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Distrito
Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do
consumidor.

Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
TÍTULO VI Art. 118. Este código entrará em vigor dentro de cento e
Disposições Finais oitenta dias a contar de sua publicação.
Art. 119. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 109. (Vetado). Brasília, 11 de setembro de 1990; 169° da Independência e
Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1° da Lei 102° da República.
n° 7.347, de 24 de julho de 1985: FERNANDO COLLOR
«IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo”. Bernardo Cabral 
Art. 111. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho Zélia M. Cardoso de Mello 
de 1985, passa a ter a seguinte redação: Ozires Silva
«II -  inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção
ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio artístico, estéti-
co, histórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer outro interesse ESTATUTO DO TORCEDOR (10.671/03)
difuso ou coletivo”.
Art. 112. O § 3° do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho de
1985, passa a ter a seguinte redação:
«§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitima- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
do assumirá a titularidade ativa”. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao art. 5º.
da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985: CAPÍTULO I
«§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado DISPOSIÇÕES Gerais
pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela
dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem ju- Art. 1o  Este Estatuto estabelece normas de proteção e defesa
rídico a ser protegido. do torcedor.
§ 5.°  Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Mi- Art. 1o-A.  A prevenção da violência nos esportes é de respon-
nistérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na sabilidade do poder público, das confederações, federações, ligas,
defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Vide Mensa- clubes, associações ou entidades esportivas, entidades recreativas
gem de veto)(Vide REsp 222582 /MG - STJ) e associações de torcedores, inclusive de seus respectivos dirigen-
§ 6°  Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos in- tes, bem como daqueles que, de qualquer forma, promovem, orga-
teressados compromisso de ajustamento de sua conduta às exi- nizam, coordenam ou participam dos eventos esportivos. (Incluído
gências legais, mediante combinações, que terá eficácia de título pela Lei nº 12.299, de 2010).
executivo extrajudicial”.  (Vide Mensagem de veto)  (Vide REsp Art. 2o Torcedor é toda pessoa que aprecie, apóie ou se associe
222582 /MG - STJ) a qualquer entidade de prática desportiva do País e acompanhe a
Art. 114. O art. 15 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, prática de determinada modalidade esportiva.
passa a ter a seguinte redação: Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se
«Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da a apreciação, o apoio ou o acompanhamento de que trata o ca-
sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova put deste artigo.
a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual Art. 2o-A.  Considera-se torcida organizada, para os efeitos
iniciativa aos demais legitimados”. desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato,
Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei n° 7.347, de 24 que se organize para o fim de torcer e apoiar entidade de prática
de julho de 1985, passando o parágrafo único a constituir o caput, esportiva de qualquer natureza ou modalidade.  (Incluído pela Lei
com a seguinte redação: nº 12.299, de 2010).
“Art. 17. “Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associa- Parágrafo único.  A torcida organizada deverá manter cadas-
ção autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação tro atualizado de seus associados ou membros, o qual deverá con-
serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao ter, pelo menos, as seguintes informações: (Incluído pela Lei nº
décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas 12.299, de 2010).
e danos”. I - nome completo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao art. 18 da Lei n° 7.347, II - fotografia; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
de 24 de julho de 1985: III - filiação; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
«Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adianta- IV - número do registro civil; (Incluído pela Lei nº 12.299,
mento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer de 2010).
outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo V - número do CPF; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas VI - data de nascimento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de
processuais”. 2010).
Art. 117. Acrescente-se à Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, VII - estado civil; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
o seguinte dispositivo, renumerando-se os seguintes: VIII - profissão; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
«Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difu- IX - endereço completo; e (Incluído pela Lei nº 12.299, de
sos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do 2010).
Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor”. X - escolaridade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 3o Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, § 4o  O sítio da internet em que forem publicadas as informações
nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, a entidade responsável de que trata o § 1o  do art. 5o  conterá, também, as manifestações e
pela organização da competição, bem como a entidade de prática propostas do Ouvidor da Competição. (Redação dada pela Lei nº
desportiva detentora do mando de jogo. 12.299, de 2010).
Art. 4o (VETADO) § 5o A função de Ouvidor da Competição poderá ser remune-
rada pelas entidades de prática desportiva participantes da     com-
CAPÍTULO II petição.
DA TRANSPARÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO Art. 7o É direito do torcedor a divulgação, durante a realização
da partida, da renda obtida pelo pagamento de ingressos e do
Art. 5o  São asseguradas ao torcedor a publicidade e transpa- número de espectadores pagantes e não-pagantes, por intermédio
rência na organização das competições administradas pelas enti- dos serviços de som e imagem instalados no estádio em que se
realiza a partida, pela entidade responsável pela organização da
dades de administração do desporto, bem como pelas ligas de que
competição.
trata o art. 20 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998.
Art. 8o As competições de atletas profissionais de que partici-
§ 1o  As entidades de que trata o caput farão publicar na in- pem entidades integrantes da organização desportiva do País de-
ternet, em sítio da entidade responsável pela organização do even- verão ser promovidas de acordo com calendário anual de eventos
to:  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). oficiais que:
I - a íntegra do regulamento da competição; (Incluído pela Lei I - garanta às entidades de prática desportiva participação em
nº 12.299, de 2010). competições durante pelo menos dez meses do ano;
II - as tabelas da competição, contendo as partidas que serão II - adote, em pelo menos uma competição de âmbito nacio-
realizadas, com especificação de sua data, local e horário; (Incluí- nal, sistema de disputa em que as equipes participantes conheçam,
do pela Lei nº 12.299, de 2010). previamente ao seu início, a quantidade de partidas que disputarão,
III - o nome e as formas de contato do Ouvidor da Competição bem como seus adversários.
de que trata o art. 6o; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
IV - os borderôs completos das partidas; (Incluído pela Lei nº CAPÍTULO III
12.299, de 2010). DO REGULAMENTO DA COMPETIÇÃO
V - a escalação dos árbitros imediatamente após sua definição;
e (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). Art. 9o  É direito do torcedor que o regulamento, as tabelas da
VI - a relação dos nomes dos torcedores impedidos de compa- competição e o nome do Ouvidor da Competição sejam divulgados
recer ao local do evento desportivo. (Incluído pela Lei nº 12.299, até 60 (sessenta) dias antes de seu início, na forma do § 1o do art.
de 2010). 5o. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 1o Nos dez dias subseqüentes à divulgação de que trata o ca-
§ 2o  Os dados contidos nos itens V e VI também deverão ser
put, qualquer interessado poderá manifestar-se sobre o regulamen-
afixados ostensivamente em local visível, em caracteres facilmente
to diretamente ao Ouvidor da Competição.
legíveis, do lado externo de todas as entradas do local onde se
§ 2o  O Ouvidor da Competição elaborará, em setenta e duas
realiza o evento esportivo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). horas, relatório contendo as principais propostas e sugestões en-
§ 3o  O juiz deve comunicar às entidades de que trata o ca- caminhadas.
put decisão judicial ou aceitação de proposta de transação penal ou § 3o Após o exame do relatório, a entidade responsável pela
suspensão do processo que implique o impedimento do torcedor organização da competição decidirá, em quarenta e oito horas, mo-
de frequentar estádios desportivos. (Incluído pela Lei nº 12.299, tivadamente, sobre a conveniência da aceitação das propostas e
de 2010). sugestões relatadas.
Art. 6o  A entidade responsável pela organização da compe- § 4o  O regulamento definitivo da competição será divulgado,
tição, previamente ao seu início, designará o Ouvidor da Com- na forma do § 1o do art. 5o, 45 (quarenta e cinco) dias antes de seu
petição, fornecendo-lhe os meios de comunicação necessários ao início. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
amplo acesso dos torcedores. § 5o  É vedado proceder alterações no regulamento da
§ 1o  São deveres do Ouvidor da Competição recolher as su- competição desde sua divulgação definitiva, salvo nas hipóteses
gestões, propostas e reclamações que receber dos torcedores, exa- de:
miná-las e propor à respectiva entidade medidas necessárias ao I - apresentação de novo calendário anual de eventos oficiais
aperfeiçoamento da competição e ao benefício do torcedor. para o ano subseqüente, desde que aprovado pelo Conselho Nacio-
§ 2o É assegurado ao torcedor: nal do Esporte – CNE;
II - após dois anos de vigência do mesmo regulamento, obser-
I - o amplo acesso ao Ouvidor da Competição, mediante co-
vado o procedimento de que trata este artigo.
municação postal ou mensagem eletrônica; e
§ 6o A competição que vier a substituir outra, segundo o novo
II - o direito de receber do Ouvidor da Competição as res-
calendário anual de eventos oficiais apresentado para o ano subse-
postas às sugestões, propostas e reclamações, que encaminhou, no qüente, deverá ter âmbito territorial diverso da competição a ser
prazo de trinta dias. substituída.
§ 3o  Na hipótese de que trata o inciso II do § 2o, o Ouvidor Art. 10. É direito do torcedor que a participação das entidades
da Competição utilizará, prioritariamente, o mesmo meio de co- de prática desportiva em competições organizadas pelas entidades
municação utilizado pelo torcedor para o encaminhamento de sua de que trata o art. 5o  seja exclusivamente em virtude de critério
mensagem. técnico previamente definido.

Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1o  Para os fins do disposto neste artigo, considera-se critério § 3o A primeira via será acondicionada em envelope lacrado
técnico a habilitação de entidade de prática desportiva em razão e ficará na posse de representante da entidade responsável pela
de: (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015) organização da competição, que a encaminhará ao setor compe-
I - colocação obtida em competição anterior; e (Incluído pela tente da respectiva entidade até as treze horas do primeiro dia útil
Lei nº 13.155, de 2015) subseqüente.
II - cumprimento dos seguintes requisitos: (Incluído pela Lei § 4o O lacre de que trata o § 3o será assinado pelo árbitro e seus
nº 13.155, de 2015) auxiliares.
a) regularidade fiscal, atestada por meio de apresentação de § 5o A segunda via ficará na posse do árbitro da partida, ser-
Certidão Negativa de Débitos relativos a Créditos Tributários vindo-lhe como recibo.
Federais e à Dívida Ativa da União - CND; (Incluído pela Lei nº § 6o A terceira via ficará na posse do representante da entidade
13.155, de 2015) responsável pela organização da competição, que a encaminhará
b) apresentação de certificado de regularidade do Fundo de ao Ouvidor da Competição até as treze horas do primeiro dia útil
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; e (Incluído pela Lei nº subseqüente, para imediata divulgação.
13.155, de 2015) Art. 12.  A entidade responsável pela organização da compe-
c) comprovação de pagamento dos vencimentos acertados tição dará publicidade à súmula e aos relatórios da partida no sítio
em contratos de trabalho e dos contratos de imagem dos de que trata o § 1o do art. 5o até as 14 (quatorze) horas do 3o (tercei-
atletas. (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015) ro) dia útil subsequente ao da realização da partida. (Redação dada
§ 2o Fica vedada a adoção de qualquer outro critério, especial- pela Lei nº 12.299, de 2010).
mente o convite, observado o disposto no art. 89 da Lei nº     9.615,
de 24 de março de 1998. CAPÍTULO IV
§ 3o  Em campeonatos ou torneios regulares com mais de uma DA SEGURANÇA DO TORCEDOR PARTÍCIPE DO EVENTO
divisão, serão observados o princípio do acesso e do descenso e ESPORTIVO
as seguintes determinações, sem prejuízo da perda de pontos, na
forma do regulamento: (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde
I - a entidade de prática desportiva que não cumprir todos
são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a reali-
os requisitos estabelecidos no inciso II do § 1o  deste artigo
zação das partidas. (Vigência)
participará da divisão imediatamente inferior à que se encontra
Parágrafo único. Será assegurado acessibilidade ao torcedor
classificada; (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015)
portador de deficiência ou com mobilidade reduzida.
II - a vaga desocupada pela entidade de prática desportiva
Art. 13-A.  São condições de acesso e permanência do torce-
rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo será ocupada por
dor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previs-
entidade de prática desportiva participante da divisão que receberá
tas em lei:  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
a entidade rebaixada nos termos do inciso I deste parágrafo,
obedecida a ordem de classificação do campeonato do ano anterior I - estar na posse de ingresso válido; (Incluído pela Lei nº
e desde que cumpridos os requisitos exigidos no inciso II do § 12.299, de 2010).
1o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015) II - não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou
§ 4o  Serão desconsideradas as partidas disputadas pela enti- suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violên-
dade de prática desportiva que não tenham atendido ao critério cia; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
técnico previamente definido, inclusive para efeito de pontuação III - consentir com a revista pessoal de prevenção e seguran-
na competição. ça; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 5o    A comprovação da regularidade fiscal de que trata a IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou
alínea a do inciso II do § 1o deste artigo poderá ser feita mediante outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista
a apresentação de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa de ou xenófobo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Débitos relativos a Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófo-
da União - CPEND. (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015) bos; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 6o  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015) VI - não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior
§ 7o  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015) do recinto esportivo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 8o  (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.155, de 2015) VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer ou-
Art. 11. É direito do torcedor que o árbitro e seus auxiliares tros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos; (In-
entreguem, em até quatro horas contadas do término da partida, cluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
a súmula e os relatórios da partida ao representante da entidade VIII - não incitar e não praticar atos de violência no estádio,
responsável pela organização da competição. qualquer que seja a sua natureza; e  (Incluído pela Lei nº 12.299,
§ 1o Em casos excepcionais, de grave tumulto ou necessidade de 2010).
de laudo médico, os relatórios da partida poderão ser complemen- IX - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma,
tados em até vinte e quatro horas após o seu término. da área restrita aos competidores. (Incluído pela Lei nº 12.299, de
§ 2o A súmula e os relatório 2010).
s da partida serão elaborados em três vias, de igual teor e for- X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu
ma, devidamente assinadas pelo árbitro, auxiliares e pelo repre- ou similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e
sentante da entidade responsável pela organização da competição. amigável. (Incluído pela Lei nº 12.663, de 2012).

Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único.  O não cumprimento das condições estabe- mais contingências que possam ocorrer, das localidades em que se
lecidas neste artigo implicará a impossibilidade de ingresso do realizarão as partidas da competição. (Redação dada pela Lei nº
torcedor ao recinto esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento 12.299, de 2010).
imediato do recinto, sem prejuízo de outras sanções administrati- § 2o  Planos de ação especiais poderão ser apresentados em
vas, civis ou penais eventualmente cabíveis. (Incluído pela Lei nº relação a eventos esportivos com excepcional expectativa de pú-
12.299, de 2010). blico.
Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a 14 da Lei nº § 3o  Os planos de ação serão divulgados no sítio dedicado à
8.078, de 11 de setembro de 1990, a responsabilidade pela segu- competição de que trata o parágrafo único do art. 5o  no mesmo
rança do torcedor em evento esportivo é da entidade de prática prazo de publicação do regulamento definitivo da competição.
desportiva detentora do mando de jogo e de seus dirigentes, que Art. 18.  Os estádios com capacidade superior a 10.000 (dez
deverão: mil) pessoas deverão manter central técnica de informações, com
I – solicitar ao Poder Público competente a presença de agen- infraestrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por ima-
tes públicos de segurança, devidamente identificados, responsá- gem do público presente.(Redação dada pela Lei nº 12.299, de
2010).
veis pela segurança dos torcedores dentro e fora dos estádios e
Art. 19. As entidades responsáveis pela organização da com-
demais locais de realização de eventos esportivos;
petição, bem como seus dirigentes respondem solidariamente com
II - informar imediatamente após a decisão acerca da realiza-
as entidades de que trata o art. 15 e seus dirigentes, independente-
ção da partida, dentre outros, aos órgãos públicos de segurança, mente da existência de culpa, pelos prejuízos causados a torcedor
transporte e higiene, os dados necessários à segurança da partida, que decorram de falhas de segurança nos estádios ou da inobser-
especialmente: vância do disposto neste capítulo.
a) o local;
b) o horário de abertura do estádio; CAPÍTULO V
c) a capacidade de público do estádio; e DOS INGRESSOS
d) a expectativa de público;
III - colocar à disposição do torcedor orientadores e serviço Art. 20. É direito do torcedor partícipe que os ingressos para
de atendimento para que aquele encaminhe suas reclamações no as partidas integrantes de competições profissionais sejam colo-
momento da partida, em local: cados à venda até setenta e duas horas antes do início da partida
a) amplamente divulgado e de fácil acesso; e correspondente.
b) situado no estádio. § 1o  O prazo referido no caput será de quarenta e oito horas
§ 1o  É dever da entidade de prática desportiva detentora do nas partidas em que:
mando de jogo solucionar imediatamente, sempre que possível, as I - as equipes sejam definidas a partir de jogos eliminatórios; e
reclamações dirigidas ao serviço de atendimento referido no inciso II - a realização não seja possível prever com antecedência de
III, bem como reportá-las ao Ouvidor da Competição e, nos casos quatro dias.
relacionados à violação de direitos e interesses de consumidores, § 2o A venda deverá ser realizada por sistema que assegure a
aos órgãos de defesa e proteção do consumidor. sua agilidade e amplo acesso à informação.
§ 2o  (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010). § 3o  É assegurado ao torcedor partícipe o fornecimento de
Art. 15. O detentor do mando de jogo será uma das entidades comprovante de pagamento, logo após a aquisição dos ingressos.
de prática desportiva envolvidas na partida, de acordo com os cri- § 4o  Não será exigida, em qualquer hipótese, a devolução do
térios definidos no regulamento da competição. comprovante de que trata o § 3o.
Art. 16. É dever da entidade responsável pela organização da § 5o  Nas partidas que compõem as competições de âmbito
competição: nacional ou regional de primeira e segunda divisão, a venda de
I - confirmar, com até quarenta e oito horas de antecedência, o ingressos será realizada em, pelo menos, cinco postos de venda
horário e o local da realização das partidas em que a definição das localizados em distritos diferentes da cidade.
equipes dependa de resultado anterior; Art. 21. A entidade detentora do mando de jogo implementará,
na organização da emissão e venda de ingressos, sistema de segu-
II - contratar seguro de acidentes pessoais, tendo como benefi-
rança contra falsificações, fraudes e outras práticas que contribuam
ciário o torcedor portador de ingresso, válido a partir do momento
para a evasão da receita decorrente do evento esportivo.
em que ingressar no estádio;
Art. 22. São direitos do torcedor partícipe: (Vigência)
III – disponibilizar um médico e dois enfermeiros-padrão para I - que todos os ingressos emitidos sejam numerados; e
cada dez mil torcedores presentes à partida; II - ocupar o local correspondente ao número constante do
IV – disponibilizar uma ambulância para cada dez mil torce- ingresso.
dores presentes à partida; e § 1o  O disposto no inciso II não se aplica aos locais já exis-
V – comunicar previamente à autoridade de saúde a realização tentes para assistência em pé, nas competições que o permitirem,
do evento. limitando-se, nesses locais, o número de pessoas, de acordo com
Art. 17. É direito do torcedor a implementação de planos de critérios de saúde, segurança e bem-estar.
ação referentes a segurança, transporte e contingências que pos- § 2o  A emissão de ingressos e o acesso ao estádio nas primeira
sam ocorrer durante a realização de eventos esportivos. e segunda divisões da principal competição nacional e nas partidas
§ 1o  Os planos de ação de que trata o caput serão elaborados finais das competições eliminatórias de âmbito nacional deverão
pela entidade responsável pela organização da competição, com a ser realizados por meio de sistema eletrônico que viabilize a
participação das entidades de prática desportiva que a disputarão fiscalização e o controle da quantidade de público e do movimento
e dos órgãos responsáveis pela segurança pública, transporte e de- financeiro da partida. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 3o  O disposto no § 2o  não se aplica aos eventos esportivos II - meio de transporte, ainda que oneroso, para condução de
realizados em estádios com capacidade inferior a 10.000 (dez mil) idosos, crianças e pessoas portadoras de deficiência física aos está-
pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010). dios, partindo de locais de fácil acesso, previamente determinados.
Art. 23. A entidade responsável pela organização da compe- Parágrafo único.  O cumprimento do disposto neste artigo fica
tição apresentará ao Ministério Público dos Estados e do Distrito dispensado na hipótese de evento esportivo realizado em estádio
Federal, previamente à sua realização, os laudos técnicos expedi- com capacidade inferior a 10.000 (dez mil) pessoas. (Redação
dos pelos órgãos e autoridades competentes pela vistoria das con- dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
dições de segurança dos estádios a serem utilizados na competi-
CAPÍTULO VII
ção. (Regulamento)
DA ALIMENTAÇÃO E DA HIGIENE
§ 1o Os laudos atestarão a real capacidade de público dos está-
dios, bem como suas condições de segurança. Art. 28. O torcedor partícipe tem direito à higiene e à qualida-
§ 2o Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis meses, sem de das instalações físicas dos estádios e dos produtos alimentícios
prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade de prática despor- vendidos no local.
tiva detentora do mando do jogo em que: § 1o  O Poder Público, por meio de seus órgãos de vigilância
I - tenha sido colocado à venda número de ingressos maior do sanitária, verificará o cumprimento do disposto neste artigo, na
que a capacidade de público do estádio; ou forma da legislação em vigor.
II - tenham entrado pessoas em número maior do que a capa- § 2o É vedado impor preços excessivos ou aumentar sem justa
cidade de público do estádio. causa os preços dos produtos alimentícios comercializados no
local de realização do evento esportivo.
III - tenham sido disponibilizados portões de acesso ao estádio
Art. 29. É direito do torcedor partícipe que os estádios pos-
em número inferior ao recomendado pela autoridade pública. (In- suam sanitários em número compatível com sua capacidade de pú-
cluído pela Lei nº 12.299, de 2010). blico, em plenas condições de limpeza e funcionamento.
Art. 24. É direito do torcedor partícipe que conste no ingresso Parágrafo único. Os laudos de que trata o art. 23 deverão aferir
o preço pago por ele. o número de sanitários em condições de uso e emitir parecer sobre
§ 1o  Os valores estampados nos ingressos destinados a um a sua compatibilidade com a capacidade de público do estádio.
mesmo setor do estádio não poderão ser diferentes entre si, nem
daqueles divulgados antes da partida pela entidade detentora do CAPÍTULO VIII
mando de jogo. DA RELAÇÃO COM A ARBITRAGEM ESPORTIVA
§ 2o O disposto no § 1o não se aplica aos casos de venda ante-
cipada de carnê para um conjunto de, no mínimo, três partidas de Art. 30. É direito do torcedor que a arbitragem das competi-
uma mesma equipe, bem como na venda de ingresso com redução ções desportivas seja independente, imparcial, previamente remu-
nerada e isenta de pressões.
de preço decorrente de previsão legal.
Parágrafo único. A remuneração do árbitro e de seus auxiliares
Art. 25.  O controle e a fiscalização do acesso do público ao será de responsabilidade da entidade de administração do desporto
estádio com capacidade para mais de 10.000 (dez mil) pessoas de- ou da liga organizadora do evento esportivo.
verão contar com meio de monitoramento por imagem das catra- Art. 31. A entidade detentora do mando do jogo e seus dirigen-
cas, sem prejuízo do disposto no art. 18 desta Lei. (Redação dada tes deverão convocar os agentes públicos de segurança visando a
pela Lei nº 12.299, de 2010). garantia da integridade física do árbitro e de seus auxiliares.
Art. 31-A.  É dever das entidades de administração do des-
CAPÍTULO VI porto contratar seguro de vida e acidentes pessoais, tendo como
DO TRANSPORTE beneficiária a equipe de arbitragem, quando exclusivamente no
exercício dessa atividade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 32.  É direito do torcedor que os árbitros de cada partida
Art. 26. Em relação ao transporte de torcedores para eventos sejam escolhidos mediante sorteio, dentre aqueles previamente
esportivos, fica assegurado ao torcedor partícipe: selecionados, ou audiência pública transmitida ao vivo pela rede
I - o acesso a transporte seguro e organizado; mundial de computadores, sob pena de nulidade. (Redação dada
II - a ampla divulgação das providências tomadas em relação pela Lei nº 13.155, de 2015)
ao acesso ao local da partida, seja em transporte público ou priva- § 1o   O sorteio ou audiência pública serão realizados no
do; e mínimo quarenta e oito horas antes de cada rodada, em local e data
III - a organização das imediações do estádio em que será dis- previamente definidos. (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015)
putada a partida, bem como suas entradas e saídas, de modo a via- § 2o O sorteio será aberto ao público, garantida sua ampla di-
bilizar, sempre que possível, o acesso seguro e rápido ao evento, vulgação.
na entrada, e aos meios de transporte, na saída.
CAPÍTULO IX
Art. 27. A entidade responsável pela organização da competi-
DA RELAÇÃO COM A ENTIDADE DE PRÁTICA DESPOR-
ção e a entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo TIVA
solicitarão formalmente, direto ou mediante convênio, ao Poder
Público competente: Art. 33. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, cada entidade
I - serviços de estacionamento para uso por torcedores partíci- de prática desportiva fará publicar documento que contemple as
pes durante a realização de eventos esportivos, assegurando a estes diretrizes básicas de seu relacionamento com os torcedores, disci-
acesso a serviço organizado de transporte para o estádio, ainda que plinando, obrigatoriamente:(Vigência)
oneroso; e

Didatismo e Conhecimento 100


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - o acesso ao estádio e aos locais de venda dos ingressos; valor mínimo de R$ 100,00 (cem reais) e o valor máximo de R$
II - mecanismos de transparência financeira da entidade, in- 2.000.000,00 (dois milhões de reais). (Redação dada pela Lei nº
clusive com disposições relativas à realização de auditorias inde- 13.155, de 2015)
pendentes, observado o disposto no art. 46-A da Lei nº 9.615, de § 3o  A instauração do processo apuratório acarretará adoção
24 de março de 1998; e cautelar do afastamento compulsório dos dirigentes e demais pes-
III - a comunicação entre o torcedor e a entidade de prática soas que, de forma direta ou indiretamente, puderem interferir pre-
desportiva. judicialmente na completa elucidação dos fatos, além da suspen-
Parágrafo único. A comunicação entre o torcedor e a entida- são dos repasses de verbas públicas, até a decisão final.
de de prática desportiva de que trata o inciso III do caput poderá, Art. 38. (VETADO)
dentre outras medidas, ocorrer mediante: Art. 39.  (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010).
I - a instalação de uma ouvidoria estável; Art. 39-A.  A torcida organizada que, em evento esportivo,
II - a constituição de um órgão consultivo formado por torce- promover tumulto; praticar ou incitar a violência; ou invadir local
dores não-sócios; ou restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizado-
III - reconhecimento da figura do sócio-torcedor, com direitos res ou jornalistas será impedida, assim como seus associados ou
mais restritos que os dos demais sócios. membros, de comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até 3
(três) anos. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
CAPÍTULO X Art. 39-B.  A torcida organizada responde civilmente, de for-
DA RELAÇÃO COM A JUSTIÇA DESPORTIVA ma objetiva e solidária, pelos danos causados por qualquer dos
seus associados ou membros no local do evento esportivo, em suas
Art. 34. É direito do torcedor que os órgãos da Justiça Des- imediações ou no trajeto de ida e volta para o evento. (Incluído
portiva, no exercício de suas funções, observem os princípios da pela Lei nº 12.299, de 2010).
impessoalidade, da moralidade, da celeridade, da publicidade e da Art. 40. A defesa dos interesses e direitos dos torcedores em
independência. juízo observará, no que couber, a mesma disciplina da defesa dos
Art. 35. As decisões proferidas pelos órgãos da Justiça Des- consumidores em juízo de que trata o Título III da Lei no 8.078, de
portiva devem ser, em qualquer hipótese, motivadas e ter a mesma 11 de setembro de 1990.
publicidade que as decisões dos tribunais federais. Art. 41. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
§ 1o Não correm em segredo de justiça os processos em curso cípios promoverão a defesa do torcedor, e, com a finalidade de
perante a Justiça Desportiva. fiscalizar o cumprimento do disposto nesta Lei, poderão:
§ 2o  As decisões de que trata o caput serão disponibilizadas I - constituir órgão especializado de defesa do torcedor; ou
no sítio de que trata o § 1o  do art. 5o. (Redação dada pela Lei nº II - atribuir a promoção e defesa do torcedor aos órgãos de
12.299, de 2010). defesa do consumidor.
Art. 36. São nulas as decisões proferidas que não observarem Art. 41-A.  Os juizados do torcedor, órgãos da Justiça Ordi-
o disposto nos arts. 34 e 35. nária com competência cível e criminal, poderão ser criados pelos
Estados e pelo Distrito Federal para o processo, o julgamento e
CAPÍTULO XI a execução das causas decorrentes das atividades reguladas nesta
DAS PENALIDADES Lei. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 37. Sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade CAPÍTULO XI-A
de administração do desporto, a liga ou a entidade de prática des- DOS CRIMES
portiva que violar ou de qualquer forma concorrer para a violação (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
do disposto nesta Lei, observado o devido processo legal, incidirá
nas seguintes sanções: Art. 41-B.  Promover tumulto, praticar ou incitar a violên-
I – destituição de seus dirigentes, na hipótese de violação das cia, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esporti-
regras de que tratam os Capítulos II, IV e V desta Lei; vos:  (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
II - suspensão por seis meses dos seus dirigentes, por violação Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa.  (Incluído
dos dispositivos desta Lei não referidos no inciso I; pela Lei nº 12.299, de 2010).
III - impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal em § 1o  Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (Incluído
âmbito federal; e pela Lei nº 12.299, de 2010).
IV - suspensão por seis meses dos repasses de recursos pú- I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio
blicos federais da administração direta e indireta, sem prejuízo do de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do local de realização do
disposto no art. 18 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998. evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da
§ 1o Os dirigentes de que tratam os incisos I e II do caput des- realização do evento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
te artigo serão sempre: II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas
I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe faça as vezes; e imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento es-
II - o dirigente que praticou a infração, ainda que por omissão. portivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática
§ 2o  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de violência. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
poderão instituir, no âmbito de suas competências, multas em § 2o  Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter
razão do descumprimento do disposto nesta Lei, observado o a pena de reclusão em pena impeditiva de comparecimento às
proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se

Didatismo e Conhecimento 101


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
realize evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, CAPÍTULO XII
de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente
pela prática de condutas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei Art. 42. O Conselho Nacional de Esportes – CNE promoverá,
nº 12.299, de 2010). no prazo de seis meses, contado da publicação desta Lei, a adequa-
§ 3o  A pena impeditiva de comparecimento às proximidades ção do Código de Justiça Desportiva ao disposto na Lei no 9.615, de 24
de março de 1998
do estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento , nesta Lei e em seus respectivos regulamentos.
esportivo, converter-se-á em privativa de liberdade quando ocorrer Art. 43. Esta Lei aplica-se apenas ao desporto profissional.
o descumprimento injustificado da restrição imposta.   (Incluído Art. 44. O disposto no parágrafo único do art. 13, e nos
pela Lei nº 12.299, de 2010). arts. 18, 22, 25 e 33 entrará em vigor após seis meses da publica-
§ 4o  Na conversão de pena prevista no § 2o, a sentença deve- ção desta Lei.
rá determinar, ainda, a obrigatoriedade suplementar de o agente Art. 45. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no período Brasília, 15 de maio de 2003; 182o da Independência e 115o da
compreendido entre as 2 (duas) horas antecedentes e as 2 (duas) República.
horas posteriores à realização de partidas de entidade de prática LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
desportiva ou de competição determinada.  (Incluído pela Lei nº Agnelo Santos Queiroz Filho
12.299, de 2010). Álvaro Augusto Ribeiro Costa
§ 5o  Na hipótese de o representante do Ministério Público
propor aplicação da pena restritiva de direito prevista no art. 76 da
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, o juiz aplicará a sanção
prevista no § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). ESTATUTO DO IDOSO (LEI N. 10741/03)
Art. 41-C.  Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, van-
tagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial
para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resul-
tado de competição esportiva ou evento a ela associado: (Redação
dada pela Lei nº 13.155, de 2015) O Estatuto do Idoso é disciplinado pela Lei 10.741 de 2003,
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído conforme aludido abaixo.
pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-D.  Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não pa- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
trimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma com- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
petição desportiva ou evento a ela associado: (Redação dada pela
Lei nº 13.155, de 2015) TÍTULO I
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído Disposições Preliminares
pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-E.  Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular
se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a
ou evento a ela associado:  (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 60 (sessenta) anos.
2015) Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de
pela Lei nº 12.299, de 2010). que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios,
Art. 41-F.  Vender ingressos de evento esportivo, por preço todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde
superior ao estampado no bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual
de 2010). e social, em condições de liberdade e dignidade.
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade
pela Lei nº 12.299, de 2010). e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a
Art. 41-G.  Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à
ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhe- cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade,
te: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
pela Lei nº 12.299, de 2010). I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto
Parágrafo único.  A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população;
a metade se o agente for servidor público, dirigente ou funcionário II – preferência na formulação e na execução de políticas
de entidade de prática desportiva, entidade responsável pela or- sociais públicas específicas;
ganização da competição, empresa contratada para o processo de III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
emissão, distribuição e venda de ingressos ou torcida organizada relacionadas com a proteção ao idoso;
e se utilizar desta condição para os fins previstos neste artigo. (In- IV – viabilização de formas alternativas de participação,
cluído pela Lei nº 12.299, de 2010). ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;

Didatismo e Conhecimento 102


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria VI – participação na vida política, na forma da lei;
família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
sobrevivência; integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças,
de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; dos espaços e dos objetos pessoais.
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso,
divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
biopsicossociais de envelhecimento; aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de
assistência social locais. CAPÍTULO III
IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Dos Alimentos
Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008).
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da
negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e lei civil.
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso
na forma da lei. optar entre os prestadores.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser
direitos do idoso. celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público,
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo
prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. extrajudicial nos termos da lei processual civil.
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade esse provimento, no âmbito da assistência social.
competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha
testemunhado ou de que tenha conhecimento. CAPÍTULO IV
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal Do Direito à Saúde
e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de 4 de janeiro
de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por
nesta Lei. intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o
acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
TÍTULO II das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e
Dos Direitos Fundamentais recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que
CAPÍTULO I afetam preferencialmente os idosos.
Do Direito à Vida § 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão
efetivadas por meio de:
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua I – cadastramento da população idosa em base territorial;
proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
vigente. III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para
sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em a população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se
condições de dignidade. locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por
instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
CAPÍTULO II eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade urbano e rural;
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa § 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado,
garantidos na Constituição e nas leis. assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os tratamento, habilitação ou reabilitação.
seguintes aspectos: § 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.
espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; § 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação
II – opinião e expressão; incapacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei.
III – crença e culto religioso; § 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo
IV – prática de esportes e de diversões; perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o
V – participação na vida familiar e comunitária; seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)

Didatismo e Conhecimento 103


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá CAPÍTULO V
o contato necessário com o idoso em sua residência; ou(Incluído Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
pela Lei nº 12.896, de 2013)
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
representar por procurador legalmente constituído.(Incluído pela diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua
Lei nº 12.896, de 2013) peculiar condição de idade.
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do
pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material
pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, didático aos programas educacionais a ele destinados.
contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde - § 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo
SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços
tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
seus direitos sociais e de isenção tributária. (Incluído pela Lei
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter
nº 12.896, de 2013)
cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o
às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da
direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as identidade culturais.
condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de
segundo o critério médico. ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a
pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.
idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito. Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos
mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos,
que lhe for reputado mais favorável. culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de aos respectivos locais.
proceder à opção, esta será feita: Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou
I – pelo curador, quando o idoso for interditado; horários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa,
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de
não puder ser contactado em tempo hábil; envelhecimento.
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade
houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de livros e
periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou
facilitem a leitura, considerada a natural redução da capacidade
familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao
visual.
Ministério Público.
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios CAPÍTULO VI
mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo Da Profissionalização e do Trabalho
o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como
orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda. Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e
praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória psíquicas.
pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou
bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo
quaisquer dos seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 12.461, de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a
de 2011) natureza do cargo o exigir.
I – autoridade policial; Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em
II – Ministério Público; concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade
III – Conselho Municipal do Idoso; mais elevada.
IV – Conselho Estadual do Idoso; Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de:
V – Conselho Nacional do Idoso. I – profissionalização especializada para os idosos,
aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra
regulares e remuneradas;
o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com
ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos
psicológico. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011) projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento
§ 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória sobre os direitos sociais e de cidadania;
prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos
outubro de 1975. ao trabalho.

Didatismo e Conhecimento 104


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
CAPÍTULO VII § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante
Da Previdência Social legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios econômica, para os efeitos legais. (Vigência)
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente. CAPÍTULO IX
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção Da Habitação
serão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo,
pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família
seu último reajustamento, com base em percentual definido em natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares,
regulamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
8.213, de 24 de julho de 1991. privada.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros
ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do próprios ou da família.
benefício. § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de
caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei no interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de- § 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a
contribuição recolhidos a partir da competência de julho de 1994, manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades
o disposto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob
efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, as penas da lei.
será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de
no período compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
o mês do efetivo pagamento. I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base habitacionais residenciais para atendimento aos idosos; (Redação
dos aposentados e pensionistas. dada pela Lei nº 12.418, de 2011)
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários
CAPÍTULO VIII voltados ao idoso;
Da Assistência Social III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas,
para garantia de acessibilidade ao idoso;
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma IV – critérios de financiamento compatíveis com os
articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei rendimentos de aposentadoria e pensão.
Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para
Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes. atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no
pavimento térreo. (Incluído pela Lei nº 12.419, de 2011)
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos,
que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la CAPÍTULO X
provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) Do Transporte
salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social
– Loas. (Vide Decreto nº 6.214, de 2007) Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos
da família nos termos do caput não será computado para os fins do e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando
cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas. prestados paralelamente aos serviços regulares.
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, § 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente
são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.
pessoa idosa abrigada. § 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para
a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade. os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal preferencialmente para idosos.
da Assistência Social estabelecerá a forma de participação prevista § 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária
no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério
qualquer benefício previdenciário ou de assistência social da legislação local dispor sobre as condições para exercício da
percebido pelo idoso. gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste artigo.

Didatismo e Conhecimento 105


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual TÍTULO IV
observar-se-á, nos termos da legislação específica: (Regulamento) Da Política de Atendimento ao Idoso
(Vide Decreto nº 5.934, de 2006) CAPÍTULO I
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para Disposições Gerais
idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos;
II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por
no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas meio do conjunto articulado de ações governamentais e não-
gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os Municípios.
mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
nos incisos I e II. I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da janeiro de 1994;
lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos II – políticas e programas de assistência social, em caráter
públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a supletivo, para aqueles que necessitarem;
garantir a melhor comodidade ao idoso. III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e
nos procedimentos de embarque e desembarque nos veículos do opressão;
sistema de transporte coletivo. (Redação dada pela Lei nº IV – serviço de identificação e localização de parentes ou
12.899, de 2013) responsáveis por idosos abandonados em hospitais e instituições
de longa permanência;
TÍTULO III V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
Das Medidas de Proteção direitos dos idosos;
CAPÍTULO I VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação
Das Disposições Gerais dos diversos segmentos da sociedade no atendimento do idoso.

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis CAPÍTULO II


sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados Das Entidades de Atendimento ao Idoso
ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade manutenção das próprias unidades, observadas as normas de
de atendimento; planejamento e execução emanadas do órgão competente da
III – em razão de sua condição pessoal. Política Nacional do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
Parágrafo único. As entidades governamentais e não-
CAPÍTULO II governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de
seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária
Das Medidas Específicas de Proteção
e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao
Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei
regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos:
poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de
conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
vínculos familiares e comunitários.
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. compatíveis com os princípios desta Lei;
43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento III – estar regularmente constituída;
daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de
responsabilidade; institucionalização de longa permanência adotarão os seguintes
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; princípios:
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime I – preservação dos vínculos familiares;
ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em
orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou caso de força maior;
ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de
cause perturbação; caráter interno e externo;
V – abrigo em entidade; V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
VI – abrigo temporário. VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de
ambiente de respeito e dignidade.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de
atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos
que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções
administrativas.

Didatismo e Conhecimento 106


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o dos recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de
idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da atendimento.
entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem
preços, se for o caso; as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos,
idosos; às seguintes penalidades, observado o devido processo legal:
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação I – as entidades governamentais:
suficiente; a) advertência;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de b) afastamento provisório de seus dirigentes;
habitabilidade; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
V – oferecer atendimento personalizado; d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos II – as entidades não-governamentais:
familiares; a) advertência;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de b) multa;
visitas; c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
do idoso; e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais público.
e de lazer; § 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento provisório
acordo com suas crenças; dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; programa.
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda § 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas
ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas; ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finalidade
dos recursos.
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público
§ 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendimento,
requisite os documentos necessários ao exercício da cidadania
que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato
àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis,
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que
inclusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução
receberem dos idosos;
da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e
interesse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas
circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável,
pela Vigilância Sanitária.
parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como
§ 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a
o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
dados que possibilitem sua identificação e a individualização do provierem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes
atendimento; e os antecedentes da entidade.
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências
cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos CAPÍTULO IV
familiares; Das Infrações Administrativas
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com
formação específica. Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos determinações do art. 50 desta Lei:
prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
gratuita. (três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, podendo
haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas as
CAPÍTULO III exigências legais.
Da Fiscalização das Entidades de Atendimento Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento
de longa permanência, os idosos abrigados serão transferidos
Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado,
de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do enquanto durar a interdição.
Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por
em lei. estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência
Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra
com a seguinte redação: idoso de que tiver conhecimento:
“Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.
da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a
político-administrativas.” (NR) prioridade no atendimento ao idoso:

Didatismo e Conhecimento 107


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na
(um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará audiência
dano sofrido pelo idoso. de instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de
produção de outras provas.
CAPÍTULO V § 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
Da Apuração Administrativa de Infração às Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais,
Normas de Proteção ao Idoso decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária
atualizados anualmente, na forma da lei. oficiará a autoridade administrativa imediatamente superior ao
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para
administrativa por infração às normas de proteção ao idoso terá proceder à substituição.
início com requisição do Ministério Público ou auto de infração § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
elaborado por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
testemunhas. verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão julgamento do mérito.
ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as § 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
circunstâncias da infração. entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento.
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-
se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e TÍTULO V
quatro) horas, por motivo justificado. Do Acesso à Justiça
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a CAPÍTULO I
apresentação da defesa, contado da data da intimação, que será Disposições Gerais
feita:
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste
lavrado na presença do infrator; Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo
II – por via postal, com aviso de recebimento. Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei.
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e
autoridade competente aplicará à entidade de atendimento exclusivas do idoso.
as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos
providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em
pelas demais instituições legitimadas para a fiscalização. que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará à § 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude
entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício
da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se essa
a fiscalização. circunstância em local visível nos autos do processo.
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado,
CAPÍTULO VI estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou
Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade de companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
Atendimento § 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na
Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à
administrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em
nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de relação aos Serviços de Assistência Judiciária.
1999. § 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a
entidade governamental e não-governamental de atendimento idosos em local visível e caracteres legíveis.
ao idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa
interessada ou iniciativa do Ministério Público. CAPÍTULO II
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, Do Ministério Público
ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento
provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei,
adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
decisão fundamentada. Art. 74. Compete ao Ministério Público:
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a
10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais
e indicar as provas a produzir. indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;

Didatismo e Conhecimento 108


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de CAPÍTULO III
interdição total ou parcial, de designação de curador especial, em Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coletivos e
circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos Individuais Indisponíveis ou Homogêneos
em que se discutam os direitos de idosos em condições de risco;
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de Art. 78. As manifestações processuais do representante do
risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; Ministério Público deverão ser fundamentadas.
IV – promover a revogação de instrumento procuratório Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de
do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao idoso,
necessário ou o interesse público justificar; referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de:
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo: I – acesso às ações e serviços de saúde;
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiência
e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa ou com limitação incapacitante;
notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia III – atendimento especializado ao idoso portador de doença
Civil ou Militar; infecto-contagiosa;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não
direta e indireta, bem como promover inspeções e diligências excluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos,
investigatórias; individuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso,
c) requisitar informações e documentos particulares de protegidos em lei.
instituições privadas; Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta
investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a apuração para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça
de ilícitos ou infrações às normas de proteção ao idoso; Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos,
legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-
extrajudiciais cabíveis; se legitimados, concorrentemente:
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de I – o Ministério Público;
atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
remoção de irregularidades porventura verificadas;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos
(um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos
serviços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos,
interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da
para o desempenho de suas atribuições;
assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
idosos previstos nesta Lei.
Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
de que cuida esta Lei.
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
hipóteses, segundo dispuser a lei. § 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
outras, desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do deverá assumir a titularidade ativa.
Ministério Público. Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por
§ 3o O representante do Ministério Público, no exercício de esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.
suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento ao Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
idoso. pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá mandado de segurança.
vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos, Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
requerer diligências e produção de outras provas, usando os obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica
recursos cabíveis. da obrigação ou determinará providências que assegurem o
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, resultado prático equivalente ao adimplemento.
será feita pessoalmente. § 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao
a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na
requerimento de qualquer interessado. forma do art. 273 do Código de Processo Civil.
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor
multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
para o cumprimento do preceito.

Didatismo e Conhecimento 109


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado § 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que Coordenação e Revisão do Ministério Público de homologar
se houver configurado. a promoção de arquivamento, será designado outro membro do
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal
de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso. No que tange a parte criminal, a lei dispõe acerca nos artigos
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias 93 a 108, tal qual visualizamos,
após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, Dos Crimes
facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de CAPÍTULO I
inércia daquele. Disposições Gerais
Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
para evitar dano irreparável à parte. Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima
civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
da sentença condenatória favorável ao idoso sem que o autor e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código
lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, Penal e do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)
facultada, igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes
ou assumindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão. CAPÍTULO II
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá Dos Crimes em Espécie
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas. Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182
Público.
do Código Penal.
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar
a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando
sobre os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe
seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao
os elementos de convicção.
direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais,
necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
no exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de
fatos que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem encaminhar § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar,
as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providências menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
cabíveis. § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
requerer às autoridades competentes as certidões e informações
que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando
dias. possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo,
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
organismo público ou particular, certidões, informações, exames Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão
a 10 (dez) dias. resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as morte.
diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a
propositura da ação civil ou de peças informativas, determinará o Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde,
seu arquivamento, fazendo-o fundamentadamente. entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério
Público ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou
Público. psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis,
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou
Coordenação e Revisão do Ministério Público, as associações inadequado:
legitimadas poderão apresentar razões escritas ou documentos, Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
que serão juntados ou anexados às peças de informação. § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Didatismo e Conhecimento 110


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. TÍTULO VII
§ 2o Se resulta a morte: Disposições Finais e Transitórias
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:
meses a 1 (um) ano e multa: Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940,
motivo de idade; Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações:
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho; “Art. 61. ............................................................................
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de ............................................................................
prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa; II - ............................................................................
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, ............................................................................
a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou
esta Lei; mulher grávida;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis .............................................................................” (NR)
à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados “Art. 121. ............................................................................
pelo Ministério Público. ............................................................................
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
for parte ou interveniente o idoso: socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato,
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio,
a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação .............................................................................” (NR)
diversa da de sua finalidade: “Art. 133. ............................................................................
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. ............................................................................
§ 3o ............................................................................
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, ............................................................................
como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entidade III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)
de atendimento: “Art. 140. ............................................................................
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. ............................................................................
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou
a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer portadora de deficiência:
outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ............................................................................ (NR)
ressarcimento de dívida: “Art. 141. ............................................................................
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. ............................................................................
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de de deficiência, exceto no caso de injúria.
comunicação, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas .............................................................................” (NR)
à pessoa do idoso: “Art. 148. ............................................................................
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. ............................................................................
§ 1o............................................................................
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente
a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles ou maior de 60 (sessenta) anos.
dispor livremente: ............................................................................” (NR)
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. “Art. 159............................................................................
............................................................................
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, § 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
testar ou outorgar procuração: o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
............................................................................” (NR)
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem “Art. 183............................................................................
discernimento de seus atos, sem a devida representação legal: ............................................................................
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos.” (NR)
No que concerne as disposições finais temos,

Didatismo e Conhecimento 111


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
“Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, ADOLESCENTE (LEI N. 8.069/90)
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada
ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente, gravemente enfermo:
............................................................................” (NR) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido
do seguinte parágrafo único: Título I
“Art. 21............................................................................ Das Disposições Preliminares
............................................................................
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e
metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR) ao adolescente.
Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a
abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação: pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela
“Art. 1o ............................................................................ entre doze e dezoito anos de idade.
............................................................................ Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
§ 4o ............................................................................ excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador um anos de idade.
de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
............................................................................” (NR) fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação: outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
“Art. 18............................................................................ facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
............................................................................ social, em condições de liberdade e de dignidade.
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
causa, diminuída ou suprimida a capacidade de discernimento ou à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
de autodeterminação: à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
............................................................................” (NR) comunitária.
Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000, Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
passa a vigorar com a seguinte redação: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias;
“Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as
relevância pública;
lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão
c) preferência na formulação e na execução das políticas
atendimento prioritário, nos termos desta Lei.” (NR)
sociais públicas;
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional
relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
do Idoso seja criado, os recursos necessários, em cada exercício
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
financeiro, para aplicação em programas e ações relativos ao idoso. qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer
relativos à população idosa do País. atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
Nacional projeto de lei revendo os critérios de concessão do fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os
Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da
Assistência Social, de forma a garantir que o acesso ao direito seja criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
condizente com o estágio de desenvolvimento sócio-econômico
alcançado pelo País. Título II
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias Dos Direitos Fundamentais
da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que Capítulo I
vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004. Do Direito à Vida e à Saúde

Brasília, 1o de outubro de 2003; 182o da Independência e Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida
115o da República. e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência.

Didatismo e Conhecimento 112


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos
Saúde, o atendimento pré e perinatal. casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de
atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo- Capítulo II
se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo
médico que a acompanhou na fase pré-natal. Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
gestante e à nutriz que dele necessitem.         de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
§ 4o  Incumbe ao poder público proporcionar assistência sociais garantidos na Constituição e nas leis.
psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do aspectos:
estado puerperal. I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
§ 5o  A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser comunitários, ressalvadas as restrições legais;
também prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse II - opinião e expressão;
em entregar seus filhos para adoção. III - crença e culto religioso;
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive V - participar da vida familiar e comunitária, sem
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. discriminação;
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à VI - participar da vida política, na forma da lei;
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
administrativa competente; adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
prestar orientação aos pais;
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação
necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento
ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
do neonato;
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada
permanência junto à mãe.
de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.(Incluído pela
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança
e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, Lei nº 13.010, de 2014)
garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
promoção, proteção e recuperação da saúde.  pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
receberão atendimento especializado. aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
proporcionar condições para a permanência em tempo integral de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou pela Lei nº 13.010, de 2014)
adolescente. a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra 2014)
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,
providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014) os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
Parágrafo único.  As gestantes ou mães que manifestem socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los
encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.  que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
de assistência médica e odontológica para a prevenção das pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. gravidade do caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

Didatismo e Conhecimento 113


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou familiar. 
psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a
III - encaminhamento a cursos ou programas de decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em
orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento em programas oficiais de auxílio.        (Incluído pela Lei nº 12.962,
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) de 2014)
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará
Parágrafo único.  As medidas previstas neste artigo serão a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho
providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ou filha.       (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
Capítulo III decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
Seção I descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que
Disposições Gerais alude o art. 22. 

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado Seção II
e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família Da Família Natural
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada
entorpecentes. pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. 
§ 1o  Toda criança ou adolescente que estiver inserido em Parágrafo único.  Entende-se por família extensa ou ampliada
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a
autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser
colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio
previstas no art. 28 desta Lei. termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro
§ 2o  A permanência da criança e do adolescente em programa documento público, qualquer que seja a origem da filiação.
de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. descendentes.
§ 3o  A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
à sua família terá preferência em relação a qualquer outra personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
providência, caso em que será esta incluída em programas de exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição,
orientação e auxílio, nos termos do parágrafo único do art. 23, dos observado o segredo de Justiça.
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do
art. 129 desta Lei. Seção III
§ 4o  Será garantida a convivência da criança e do adolescente com Da Família Substituta
a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas Subseção I
promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento Disposições Gerais
institucional, pela entidade responsável, independentemente de
autorização judicial.       (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. § 1o  Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a considerada.
solução da divergência.  § 2o  Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e necessário seu consentimento, colhido em audiência.
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse § 3o  Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de
judiciais. evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. 

Didatismo e Conhecimento 114


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 4o  Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela § 4o  Salvo expressa e fundamentada determinação em
ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
existência de risco de abuso ou outra situação que justifique medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento
plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando- da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o
se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de
fraternais.  prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica,
§ 5o  A colocação da criança ou adolescente em família substituta a pedido do interessado ou do Ministério Público. 
será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento Art. 34.  O poder público estimulará, por meio de assistência
posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma
Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de § 1o  A inclusão da criança ou adolescente em programas
garantia do direito à convivência familiar.  de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
§ 6o  Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda excepcional da medida, nos termos desta Lei. 
obrigatório:  § 2o  Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber a
criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
arts. 28 a 33 desta Lei. 
desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; 
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio
de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído Subseção III
pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência Da Tutela
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças Art. 36.  A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe de até 18 (dezoito) anos incompletos. 
interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a necessariamente o dever de guarda. 
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a Art. 37.  O tutor nomeado por testamento ou qualquer
natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil,
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão,
governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato,
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. 
constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade Parágrafo único.  Na apreciação do pedido, serão observados
de adoção. os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que
mediante termo nos autos. não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
Subseção II
Da Guarda Subseção IV
Da Adoção
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu
segundo o disposto nesta Lei.
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide
§ 1o  A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo
da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de do parágrafo único do art. 25 desta Lei. 
tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. § 2o  É vedada a adoção por procuração. 
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito
de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela
a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o dos adotantes.
direito de representação para a prática de atos determinados. Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
previdenciários. matrimoniais.

Didatismo e Conhecimento 115


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
concubino do adotante e os respectivos parentes. fornecerá certidão.
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e bem como o nome de seus ascendentes.
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
Art. 42.  Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, registro original do adotado.
independentemente do estado civil.  § 3o  A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. 
§ 2o  Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes § 4o  Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, constar nas certidões do registro.  
comprovada a estabilidade da família.  § 5o  A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e,
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do
velho do que o adotando. prenome.  
§ 4o  Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- § 6o  Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.  
de convivência tenha sido iniciado na constância do período de § 7o  A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data
justifiquem a excepcionalidade da concessão. do óbito.
§ 5o  Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado § 8o  O processo relativo à adoção assim como outros a
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.  sua conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela
§ 6o  A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência       
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com
procedimento, antes de prolatada a sentença.
doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais
Art. 48.  O adotado tem direito de conhecer sua origem
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar
a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o
18 (dezoito) anos. 
curatelado.
Parágrafo único.  O acesso ao processo de adoção poderá ser
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu
representante legal do adotando.
pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. 
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido familiar dos pais naturais. 
destituídos do  poder familiar. § 2º. Em se tratando de adotando Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
maior de doze anos de idade, será também necessário o seu foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições
consentimento. de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não
§ 1o  O estágio de convivência poderá ser dispensado se o satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante previstas no art. 29.
tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da § 3o  A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
constituição do vínculo.  período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe
§ 2o  A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
dispensa da realização do estágio de convivência.   com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
§ 3o  Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou municipal de garantia do direito à convivência familiar. 
domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no § 4o  Sempre que possível e recomendável, a preparação
território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.  referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças
§ 4o  O estágio de convivência será acompanhado pela equipe e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, condições de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e
execução da política de garantia do direito à convivência familiar, da Juventude, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa
que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do de acolhimento e pela execução da política municipal de garantia
deferimento da medida.  do direito à convivência familiar. 

Didatismo e Conhecimento 116


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 5o  Serão criados e implementados cadastros estaduais II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação
e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem da criança ou adolescente em família substituta brasileira, após
adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. consulta aos cadastros mencionados no art. 50 desta Lei; III - que,
§ 6o  Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais em se tratando de adoção de adolescente, este foi consultado, por
residentes fora do País, que somente serão consultados na meios adequados ao seu estágio de desenvolvimento, e que se
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por
mencionados no § 5o deste artigo.  equipe interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do
§ 7o  As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção art. 28 desta Lei. 
terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de § 2o  Os brasileiros residentes no exterior terão preferência
informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. § 8o  aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou
A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e adolescente brasileiro. 
oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições § 3o  A adoção internacional pressupõe a intervenção das
de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção
de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua internacional.  
habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no Art. 52.  A adoção internacional observará o procedimento
§ 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade.  previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: 
§ 9o  Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação
comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira.  à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção
§ 10.  A adoção internacional somente será deferida se, após internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde
consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, está situada sua residência habitual; 
mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar
como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá
artigo, não for encontrado interessado com residência permanente um relatório que contenha informações sobre a identidade, a
no Brasil. capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua
§ 11.  Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que
em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; 
recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará
programa de acolhimento familiar.  o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
§ 12.  A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos Autoridade Central Federal Brasileira; 
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.  IV - o relatório será instruído com toda a documentação
§ 13.  Somente poderá ser deferida adoção em favor de necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe
candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação
termos desta Lei quando pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; 
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;  V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
II - for formulada por parente com o qual a criança ou autenticados pela autoridade consular, observados os tratados
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;  e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal tradução, por tradutor público juramentado; 
de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e
lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
§ 14.  Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes
requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.  à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao
Art. 51.  Considera-se adoção internacional aquela na qual seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da
a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação
Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um)
de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à ano; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência
Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999.  Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou
§ 1o  A adoção internacional de criança ou adolescente adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando Estadual. 
restar comprovado:  § 1o  Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
I - que a colocação em família substituta é a solução adequada admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional
ao caso concreto;  sejam intermediados por organismos credenciados. 

Didatismo e Conhecimento 117


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2o  Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira § 8o  Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção território nacional. 
internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais § 9o  Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária
Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem
próprio da internet.  como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente,
§ 3o  Somente será admissível o credenciamento de organismos as características da criança ou adolescente adotado, como idade,
que: cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito,
Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e
do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando certidão de trânsito em julgado. 
para atuar em adoção internacional no Brasil;  § 10.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a
II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das
profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países crianças e adolescentes adotados.
respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; § 11.  A cobrança de valores por parte dos organismos
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade
e experiência para atuar na área de adoção internacional;  Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento comprovados, é causa de seu descredenciamento.
jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade § 12.  Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
Central Federal Brasileira.  representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na
§ 4o  Os organismos credenciados deverão ainda:  cooperação em adoção internacional.
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e § 13.  A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado
dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade renovada.
Central Federal Brasileira;  § 14.  É vedado o contato direto de representantes de
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como
experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade a devida autorização judicial. 
Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do § 15.  A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar
órgão federal competente;  ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. Art.
do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive 52-A.  É vedado, sob pena de responsabilidade e descredenciamento,
quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;  o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a encarregados de intermediar pedidos de adoção internacional a
cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como organismos nacionais ou a pessoas físicas.
relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas Parágrafo único.  Eventuais repasses somente poderão ser
no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e
Polícia Federal;  estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade da Criança e do Adolescente.
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Art. 52-B.  A adoção por brasileiro residente no exterior em
Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção
relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente
registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo
adotado; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência 17 da referida Convenção, será automaticamente recepcionada
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes com o reingresso no Brasil. 
encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da § 1o  Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de “c”  do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluído pela Lei homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
nº 12.010, de 2009)  Vigência § 2o  O pretendente brasileiro residente no exterior em país
§ 5o  A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira
seu credenciamento.  pelo Superior Tribunal de Justiça.
§ 6o  O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro Art. 52-C.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país
validade de 2 (dois) anos.  de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela
§ 7o  A renovação do credenciamento poderá ser concedida Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade
Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do Central Federal e determinará as providências necessárias à
respectivo prazo de validade.  expedição do Certificado de Naturalização Provisório.

Didatismo e Conhecimento 118


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1o  A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais
se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ou responsável, pela freqüência à escola.
ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
do adolescente.  seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
§ 2o  Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central esgotados os recursos escolares;
Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.  III - elevados níveis de repetência.
Art. 52-D.  Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo,
porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças
hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional.  culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
Capítulo IV criação e o acesso às fontes de cultura.
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União,
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o infância e a juventude.
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-
se-lhes: Capítulo V
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer anos de idade, salvo na condição de aprendiz.  (Vide Constituição
às instâncias escolares superiores; Federal)
IV - direito de organização e participação em entidades Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
estudantis; por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
residência. profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência de educação em vigor.
do processo pedagógico, bem como participar da definição das Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
propostas educacionais. seguintes princípios:
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para regular;
os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - atividade compatível com o desenvolvimento do
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao adolescente;
ensino médio; III - horário especial para o exercício das atividades.
III - atendimento educacional especializado aos portadores de Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; bolsa de aprendizagem.
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
seis anos de idade; assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
da criação artística, segundo a capacidade de cada um; trabalho protegido.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
do adolescente trabalhador; familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
VII - atendimento no ensino fundamental, através de governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e
alimentação e assistência à saúde. as cinco horas do dia seguinte;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público II - perigoso, insalubre ou penoso;
subjetivo. III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da IV - realizado em horários e locais que não permitam a
autoridade competente. freqüência à escola.

Didatismo e Conhecimento 119


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta
não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao focados nas famílias em situação de violência, com participação
adolescente que dele participe condições de capacitação para o de profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de
exercício de atividade regular remunerada. órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento Parágrafo único.  As famílias com crianças e adolescentes
pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho políticas públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho 13.010, de 2014)
não desfigura o caráter educativo. Art. 70-B.  As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em
proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar
outros: ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; contra crianças e adolescentes.       (Incluído pela Lei nº 13.046,
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. de 2014)
Parágrafo único.  São igualmente responsáveis pela
Título III comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por
Da Prevenção razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação,
Capítulo I do cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes,
Disposições Gerais punível, na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou
omissão, culposos ou dolosos.       (Incluído pela Lei nº 13.046,
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou de 2014)
violação dos direitos da criança e do adolescente. Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
Municípios deverão atuar de forma articulada na elaboração de serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso desenvolvimento.
de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes,
da prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela
tendo como principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de
adotados.
2014)
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem
Lei.
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos
Capítulo II
humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Da Prevenção Especial
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Seção I
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e
e com as entidades não governamentais que atuam na promoção, Espetáculos
proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 74. O poder público, através do órgão competente,
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de classificação.
de conflitos que envolvam violência contra a criança e o Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a etária.
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente
natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
ou degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas
de 2014) com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.

Didatismo e Conhecimento 120


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, ou responsável.
apresentação ou exibição. § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de responsável, conceder autorização válida por dois anos.
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização
em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em é dispensável, se a criança ou adolescente:
desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa expressamente pelo outro através de documento com firma
etária a que se destinam. reconhecida.
Art. 78. As revistas e publicações contendo material Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair
comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no
conteúdo. exterior.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas Parte Especial
com embalagem opaca. Título I
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público Da Política de Atendimento
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, Capítulo I
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, Disposições Gerais
armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais
da pessoa e da família. Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos, governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmente, Distrito Federal e dos municípios.
cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência de Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: (Vide
crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
do público. I - políticas sociais básicas;
II - políticas e programas de assistência social, em caráter
Seção II supletivo, para aqueles que deles necessitem;
Dos Produtos e Serviços III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração,
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: abuso, crueldade e opressão;
I - armas, munições e explosivos; IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável,
II - bebidas alcoólicas; crianças e adolescentes desaparecidos;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
física ou psíquica ainda que por utilização indevida; direitos da criança e do adolescente.
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o
físico em caso de utilização indevida; efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar
em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com
deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Seção III de 2009)   Vigência
Da Autorização para Viajar Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
I - municipalização do atendimento;
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional
onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos
expressa autorização judicial. e controladores das ações em todos os níveis, assegurada
§ 1º A autorização não será exigida quando: a participação popular paritária por meio de organizações
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região III - criação e manutenção de programas específicos, observada
metropolitana; a descentralização político-administrativa;
b) a criança estiver acompanhada: IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do
comprovado documentalmente o parentesco; adolescente;

Didatismo e Conhecimento 121


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da
preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização Infância e da Juventude; 
do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de III - em se tratando de programas de acolhimento institucional
ato infracional; ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. 
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos
agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva
na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução localidade.
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família § 1o  Será negado o registro à entidade que: 
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de
Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável b) não apresente plano de trabalho compatível com os
participação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela
princípios desta Lei;
Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
c) esteja irregularmente constituída;
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e
adolescente é considerada de interesse público relevante e não será
remunerada. deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente,
Capítulo II em todos os níveis. 
Das Entidades de Atendimento § 2o  O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos,
Seção I cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Disposições Gerais Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua
renovação, observado o disposto no § 1odeste artigo. 
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela Art. 92.  As entidades que desenvolvam programas de
manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes
e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados princípios: 
a crianças e adolescentes, em regime de: I - preservação dos vínculos familiares e promoção da
I - orientação e apoio sócio-familiar; reintegração familiar; 
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; II - integração em família substituta, quando esgotados os
III - colocação familiar; recursos de manutenção na família natural ou extensa; 
IV - acolhimento institucional; III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
V - prestação de serviços à comunidade; IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-
VI - liberdade assistida; educação;
VII - semiliberdade; e V - não desmembramento de grupos de irmãos;
VIII – internação. VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras
§ 1o  As entidades governamentais e não governamentais entidades de crianças e adolescentes abrigados;
deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando VII - participação na vida da comunidade local;
os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no VIII - preparação gradativa para o desligamento;
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o IX - participação de pessoas da comunidade no processo
qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que educativo.
fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.          § 1o  O dirigente de entidade que desenvolve programa
§ 2o  Os recursos destinados à implementação e manutenção
de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos
dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas
os efeitos de direito.
dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das
§ 2o  Os dirigentes de entidades que desenvolvem
áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros,
programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à
observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao
adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório
Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4o desta Lei.  circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente
§ 3o  Os programas em execução serão reavaliados pelo acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, art. 19 desta Lei. 
no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para § 3o  Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
renovação da autorização de funcionamento:  e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
como às resoluções relativas à modalidade de atendimento de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
Adolescente, em todos os níveis;  Ministério Público e Conselho Tutelar.

Didatismo e Conhecimento 122


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 4o  Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
competente, as entidades que desenvolvem programas de sua situação processual;
acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos
do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão de adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas;
o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. adolescentes;
§ 5o  As entidades que desenvolvem programas de acolhimento XVIII - manter programas destinados ao apoio e
familiar ou institucional somente poderão receber recursos acompanhamento de egressos;
públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
e finalidades desta Lei. cidadania àqueles que não os tiverem;
§ 6o  O descumprimento das disposições desta Lei pelo XX - manter arquivo de anotações onde constem data e
dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou
familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento
apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal.
da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que
Art. 93.  As entidades que mantenham programa de
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de
§ 1o  Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação
deste artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento
da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24
(vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
de responsabilidade.  2009)   Vigência
Parágrafo único.  Recebida a comunicação, a autoridade § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as
judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.
apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias Art. 94-A.  As entidades, públicas ou privadas, que abriguem
para promover a imediata reintegração familiar da criança ou ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter
do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a
ou recomendável, para seu encaminhamento a programa de reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências
acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, de maus-tratos.       (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
observado o disposto no § 2o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência Seção II
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de Da Fiscalização das Entidades
internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
adolescentes; referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.
restrição na decisão de internação; Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das
unidades e grupos reduzidos; dotações orçamentárias.
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
dignidade ao adolescente; que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou
dos vínculos familiares; prepostos: (Vide Lei nº 12.010, de 2009)   Vigência
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
I - às entidades governamentais:
casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos
a) advertência;
vínculos familiares;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos
necessários à higiene pessoal; d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados II - às entidades não-governamentais:
à faixa etária dos adolescentes atendidos; a) advertência;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
e farmacêuticos; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
X - propiciar escolarização e profissionalização; d) cassação do registro.
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; § 1o  Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
acordo com suas crenças; nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; ou representado perante autoridade judiciária competente para
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à  autoridade dissolução da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
competente; 2009)   Vigência

Didatismo e Conhecimento 123


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 2o  As pessoas jurídicas de direito público e as organizações VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada; 
descumprimento dos princípios norteadores das atividades de IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada
proteção específica.  de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança
e o adolescente; 
Título II X - prevalência da família: na promoção de direitos e na
Das Medidas de Proteção proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às
medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural
Disposições Gerais ou extensa ou, se isto não for possível, que promovam a sua
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente integração em família substituta; 
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente,
ameaçados ou violados: respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da
III - em razão de sua conduta. forma como esta se processa;
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente,
Capítulo II em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de
Das Medidas Específicas de Proteção pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável,
têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
qualquer tempo.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
seguintes medidas:
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
Parágrafo único.  São também princípios que regem a
de responsabilidade;
aplicação das medidas: 
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento
de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos oficial de ensino fundamental;
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à
Federal;   família, à criança e ao adolescente;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
adolescentes são titulares;  orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público:         VII - acolhimento institucional;  
a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos IX - colocação em família substituta. 
casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade § 1o  O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de
da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível,
de programas por entidades não governamentais; para colocação em família substituta, não implicando privação de
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a liberdade. 
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos § 2o  Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da
interesses presentes no caso concreto; criança ou adolescente do convívio familiar é de competência
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse,
direito à imagem e reserva da sua vida privada; de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja defesa.
conhecida;   § 3o  Crianças e adolescentes somente poderão ser
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida encaminhados às instituições que executam programas de
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na
criança e do adolescente;  qual obrigatoriamente constará, dentre outros: 

Didatismo e Conhecimento 124


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
de seu responsável, se conhecidos;  providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no
pontos de referência;  art. 28 desta Lei.
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê- § 12.  Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o
los sob sua guarda;  Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente
familiar.  e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
§ 4o  Imediatamente após o acolhimento da criança ou do implementação de políticas públicas que permitam reduzir o
adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento número de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar
e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.
institucional ou familiar elaborará um plano individual de
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a
serão acompanhadas da regularização do registro civil. 
existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento
autoridade judiciária competente, caso em que também deverá de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos
contemplar sua colocação em família substituta, observadas as elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade
regras e princípios desta Lei.  judiciária.
§ 5o  O plano individual será elaborado sob a responsabilidade § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de
da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos,
em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva gozando de absoluta prioridade.
dos pais ou do responsável.  § 3o  Caso ainda não definida a paternidade, será  deflagrado
§ 6o  Constarão do plano individual, dentre outros: I - os procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
resultados da avaliação interdisciplinar;  previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992.
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e § 4o  Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispensável
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a encaminhada para adoção. 
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta No Estatuto da Criança e do Adolescente nos interessa as dis-
posições relativas ao Direito Penal, quais sejam:
supervisão da autoridade judiciária.
§ 7o  O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
Da Prática de Ato Infracional
local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, Capítulo I
como parte do processo de reintegração familiar, sempre que Disposições Gerais
identificada a necessidade, a família de origem será incluída em
programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o crime ou contravenção penal.
adolescente acolhido.
    § 8o  Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considera-
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em da a idade do adolescente à data do fato.
igual prazo.
§ 9o  Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança correspon-
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu derão as medidas previstas no art. 101.
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação,
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Capítulo II
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das Dos Direitos Individuais
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda-
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a
mentada da autoridade judiciária competente.
destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.  Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
§ 10.  Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do seus direitos.
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de
estudos complementares ou outras providências que entender Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
indispensáveis ao ajuizamento da demanda.  se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
§ 11.  A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas ele indicada.
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res-
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

Didatismo e Conhecimento 125


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. que houver prova da materialidade e indícios suficientes da au-
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear- toria.
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada
a necessidade imperiosa da medida. Seção II
Da Advertência
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo será reduzida a termo e assinada.
dúvida fundada.
Seção III
Capítulo III
Da Obrigação de Reparar o Dano
Das Garantias Processuais

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos pa-
sem o devido processo legal. trimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se- por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
guintes garantias: Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medi-
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- da poderá ser substituída por outra adequada.
nal, mediante citação ou meio equivalente;
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se Seção IV
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias Da Prestação de Serviços à Comunidade
à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado; Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
na forma da lei; excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com- escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro-
petente;
gramas comunitários ou governamentais.
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti-
em qualquer fase do procedimento.
dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má-
Capítulo IV xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
Das Medidas Sócio-Educativas em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à
Seção I jornada normal de trabalho.
Disposições Gerais
Seção V
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade Da Liberdade Assistida
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência; Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi-
II - obrigação de reparar o dano; gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar
III - prestação de serviços à comunidade; e orientar o adolescente.
IV - liberdade assistida; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar
V - inserção em regime de semiliberdade; o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa
VI - internação em estabelecimento educacional; de atendimento.
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
infração.
Público e o defensor.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida
a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão
mental receberão tratamento individual e especializado, em local da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, en-
adequado às suas condições. tre outros:
I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne-
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa
100. oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescen-
autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de te e de sua inserção no mercado de trabalho;
remissão, nos termos do art. 127. IV - apresentar relatório do caso.

Didatismo e Conhecimento 126


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Seção VI I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis-
Do Regime de Semiliberdade tério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, IV - ser informado de sua situação processual, sempre que
possibilitada a realização de atividades externas, independente- solicitada;
mente de autorização judicial. V - ser tratado com respeito e dignidade;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
na comunidade. VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
no que couber, as disposições relativas à internação. IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes-
soal;
Seção VII X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
Da Internação salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a desde que assim o deseje;
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local
judicial em contrário. seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua tura depositados em poder da entidade;
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
máximo a cada seis meses. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
excederá a três anos. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do
semiliberdade ou de liberdade assistida.
adolescente.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
idade.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de
autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
contenção e segurança.
§ 7o  A determinação judicial mencionada no § 1o  poderá ser
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.      
Capítulo V
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan- Da Remissão
do:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave amea- Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apu-
ça ou violência a pessoa; ração de ato infracional, o representante do Ministério Público po-
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; derá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto
anteriormente imposta social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
§ 1o  O prazo de internação na hipótese do inciso III deste menor participação no ato infracional.
artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re-
decretada judicialmente após o devido processo legal. missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin-
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, ção do processo.
havendo outra medida adequada.
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe-
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade ex- cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
clusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, com- de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
pleição física e gravidade da infração. regime de semiliberdade e a internação.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres-
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
entre outros, os seguintes: Público.

Didatismo e Conhecimento 127


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Título IV V - gratificação natalina.
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária municipal
e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro- continuada dos conselheiros tutelares.
teção à família; Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselheiro
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; idoneidade moral.
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátri-
co; Capítulo II
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; Das Atribuições do Conselho
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
sua frequência e aproveitamento escolar; Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tra- I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas
tamento especializado; nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
VII - advertência; VII;
VIII - perda da guarda; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
IX - destituição da tutela; medidas previstas no art. 129, I a VII;
X - suspensão ou destituição do  poder familiar.  III - promover a execução de suas decisões, podendo para
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos inci- tanto:
sos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade ju-
descumprimento injustificado de suas deliberações.
diciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
do agressor da moradia comum.
constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
Parágrafo único.  Da medida cautelar constará, ainda, a fixa-
criança ou adolescente;
ção provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o ado-
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
lescente dependentes do agressor. 
competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
Título V
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
Do Conselho Tutelar
adolescente autor de ato infracional;
Capítulo I
VII - expedir notificações;
Disposições Gerais
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança
ou adolescente quando necessário;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos proposta orçamentária para planos e programas de atendimento
nesta Lei. dos direitos da criança e do adolescente;
Art. 132.  Em cada Município e em cada Região Administrativa X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
como órgão integrante da administração pública local, composto de Constituição Federal;
5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações
de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
processo de escolha. possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, à família natural. 
serão exigidos os seguintes requisitos: XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
I - reconhecida idoneidade moral; profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
II - idade superior a vinte e um anos; reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
III - residir no município.         adolescentes.       (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o
e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio
à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público,
o direito a:   prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento
I - cobertura previdenciária;  e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um social da família. 
terço) do valor da remuneração mensal;  Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão
III - licença-maternidade; ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha
IV - licença-paternidade;  legítimo interesse.

Didatismo e Conhecimento 128


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Capítulo III Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
Da Competência administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que
se atribua autoria de ato infracional.
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
constante do art. 147. poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia,
referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e,
Capítulo IV inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
Da Escolha dos Conselheiros Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a finalidade.
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança
e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.  Capítulo II
§ 1o  O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar Da Justiça da Infância e da Juventude
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada Seção I
4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano Disposições Gerais
subsequente ao da eleição presidencial. 
§ 2o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. ( especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao
§ 3o  No processo de escolha dos membros do Conselho Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento,
ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive inclusive em plantões.
brindes de pequeno valor.(
Seção II
Capítulo V Do Juiz
Dos Impedimentos
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma
e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, da lei de organização judiciária local.
irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou Art. 147. A competência será determinada:
madrasta e enteado. I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à
na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao falta dos pais ou responsável.
representante do Ministério Público com atuação na Justiça da § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade
Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão,
ou distrital. continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
Título VI competente da residência dos pais ou responsável, ou do local
Do Acesso à Justiça onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
Capítulo I § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão
Disposições Gerais simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca,
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a
à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras
por qualquer de seus órgãos. do respectivo estado.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado. para:
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
hipótese de litigância de má-fé. aplicando as medidas cabíveis;
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos extinção do processo;
por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
processual. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente,
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes observado o disposto no art. 209;
colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
de representação ou assistência legal ainda que eventual. entidades de atendimento, aplicando as medidas      cabíveis;

Didatismo e Conhecimento 129


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações Capítulo III
contra norma de proteção à criança ou     adolescente; Dos Procedimentos
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, Seção I
aplicando as medidas cabíveis. Disposições Gerais
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
e da Juventude para o fim de: se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; processual pertinente.
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda Parágrafo único.  É assegurada, sob pena de responsabilidade,
ou modificação da tutela ou guarda;  prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; previstos nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou judiciais a eles referentes.
materna, em relação ao exercício do poder familiar;  Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária
faltarem os pais; poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
f) designar curador especial em casos de apresentação de necessárias, ouvido o Ministério Público.
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica para o
extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de
g) conhecer de ações de alimentos; origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos. 
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
dos registros de nascimento e óbito.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através Seção II
de portaria, ou autorizar, mediante alvará: Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
desacompanhado dos pais ou responsável, em: Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão
a) estádio, ginásio e campo desportivo; do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público
b) bailes ou promoções dançantes; ou de quem tenha legítimo interesse.
c) boate ou congêneres; Art. 156. A petição inicial indicará:
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
II - a participação de criança e adolescente em:
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
de pedido formulado por representante do Ministério Público;
b) certames de beleza.
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo,
judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
o rol de testemunhas e documentos.
a) os princípios desta Lei;
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas; judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão
d) o tipo de freqüência habitual ao local; do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a
freqüência de crianças e adolescentes; pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.
f) a natureza do espetáculo. Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias,
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.
de caráter geral. § 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios
para sua realização.        (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Seção III § 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado
Dos Serviços Auxiliares pessoalmente.        (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir
Juventude. da intimação do despacho de nomeação.
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras Parágrafo único.  Na hipótese de requerido privado de liberdade,
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação
subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor.        (Incluído
audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, pela Lei nº 12.962, de 2014)
orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de
manifestação do ponto de vista técnico. documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das
partes ou do Ministério Público.

Didatismo e Conhecimento 130


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade I - qualificação completa do requerente e de seu eventual
judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo. II - indicação de eventual parentesco do requerente e de
§ 1o  A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente,
partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo especificando se tem ou não parente vivo;
social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus
bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença pais, se conhecidos;
de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
de 2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
Lei nº 12.010, de 2009)       Vigência rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
§ 2o  Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profissional ou também os requisitos específicos.
multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de representantes do Art. 166.  Se os pais forem falecidos, tiverem sido
órgão federal responsável pela política indigenista, observado o destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido
disposto no § 6o do art. 28 desta Lei.    expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este
§ 3o  Se o pedido importar em modificação de guarda, será poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado.
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de § 1o  Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos
compreensão sobre as implicações da medida.  pela autoridade judiciária e pelo representante do Ministério
§ 4o  É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem Público, tomando-se por termo as declarações. 
identificados e estiverem em local conhecido. § 2o  O consentimento dos titulares do poder familiar será
        § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe
a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial,
oitiva.       (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. 
        Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária § 3o  O consentimento dos titulares do poder familiar será
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo colhido pela autoridade judiciária competente em audiência,
quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de
de instrução e julgamento. vontade e esgotados os esforços para manutenção da criança ou do
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério
adolescente na família natural ou extensa. 
Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determinar a
§ 4o  O consentimento prestado por escrito não terá validade se
realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe
não for ratificado na audiência a que se refere o § 3o deste artigo. 
interprofissional.
§ 5o  O consentimento é retratável até a data da publicação da
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
sentença constitutiva da adoção. 
serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
§ 6o  O consentimento somente terá valor se for dado após o
técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se
nascimento da criança. 
sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público,
§ 7o  A família substituta receberá a devida orientação por
pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez.
A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço do Poder
judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no Judiciário, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis
prazo máximo de cinco dias. pela execução da política municipal de garantia do direito à
Art. 163.  O prazo máximo para conclusão do procedimento convivência familiar. 
será de 120 (cento e vinte) dias.  Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
Parágrafo único.  A sentença que decretar a perda ou a das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional,
de nascimento da criança ou do adolescente. decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no
caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
Seção III Parágrafo único.  Deferida a concessão da guarda provisória
Da Destituição da Tutela ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será
entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.  
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e
para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
couber, o disposto na seção anterior. vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias,
decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Seção IV Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda
Da Colocação em Família Substituta ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico
da medida principal de colocação em família substituta, será
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e
colocação em família substituta: III deste Capítulo.  

Didatismo e Conhecimento 131


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial
ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o encaminhará imediatamente ao representante do Ministério
disposto no art. 35. Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios
disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. de participação de adolescente na prática de ato infracional, a
Parágrafo único.  A colocação de criança ou adolescente sob autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério
a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar Público relatório das investigações e     demais documentos.
será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato
responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias.   infracional não poderá ser conduzido ou transportado em
compartimento fechado de veículo policial, em condições
Seção V atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
competente. sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante
para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional do Ministério Público notificará os pais ou responsável para
praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das
repartição especializada, que, após as providências necessárias polícias civil e militar.
e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
própria. anterior, o representante do Ministério Público poderá:
I - promover o arquivamento dos autos;
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido
II - conceder a remissão;
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único,
medida sócio-educativa.
e 107, deverá:
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o
a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante
adolescente;
termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos
II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
serão conclusos à autoridade judiciária para homologação.
III - requisitar os exames ou perícias necessários à
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade
comprovação da materialidade e autoria da infração. judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a medida.
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
circunstanciada. dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro
o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará
sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade
ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo judiciária obrigada a      homologar.
impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão,
adolescente permanecer sob internação para garantia de sua oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a
segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. instauração de procedimento para aplicação da medida sócio-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial educativa que se afigurar a mais adequada.
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e,
boletim de ocorrência. quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no autoria e materialidade.
prazo de vinte e quatro horas. Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À será de quarenta e cinco dias.
falta de repartição policial especializada, o adolescente aguardará Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo,
não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação,
parágrafo anterior. observado o disposto no art. 108 e parágrafo.

Didatismo e Conhecimento 132


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão I - ao adolescente e ao seu defensor;
cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou
à audiência, acompanhados de advogado. responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. unicamente na pessoa do defensor.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua Seção VI
apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável. Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características entidade governamental e não-governamental terá início mediante
definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério
transferido para a localidade mais próxima. Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente,
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente resumo dos fatos.
aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
responsabilidade. fundamentada.
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
podendo solicitar opinião de profissional qualificado. indicar as provas a produzir.
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário,
ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão. a autoridade judiciária designará audiência de instrução e
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
julgamento, intimando as partes.
internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado
Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência
autoridade judiciária em igual prazo.
em continuação, podendo determinar a realização de diligências e
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo
estudo do caso.
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo
oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao
de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa
afastado, marcando prazo para a substituição.
prévia e rol de testemunhas.
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem
será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao julgamento de mérito.
defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, entidade ou programa de atendimento.
que em seguida proferirá decisão.
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não Seção VII
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de
a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua Proteção à Criança e ao Adolescente
condução coercitiva.
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao
antes da sentença. adolescente terá início por representação do Ministério Público,
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por
medida, desde que reconheça na sentença: servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas
I - estar provada a inexistência do fato; testemunhas, se possível.
II - não haver prova da existência do fato; § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão
III - não constituir o fato ato infracional; ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o circunstâncias da infração.
ato infracional. § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos
adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade. do retardamento.
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação
internação ou regime de semi-liberdade será feita: de defesa, contado da data da intimação, que será feita:

Didatismo e Conhecimento 133


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na § 2o  Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória
presença do requerido; da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá o contato com
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou
que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou a institucional em condições de serem adotados, a ser realizado sob
seu representante legal, lavrando certidão; a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for da Infância e da Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis
encontrado o requerido ou seu representante legal; pelo programa de acolhimento familiar ou institucional e pela
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não execução da política municipal de garantia do direito à convivência
sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal. familiar. 
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a Art. 197-D.  Certificada nos autos a conclusão da participação
autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade
por cinco dias, decidindo em igual prazo. judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso,
designará audiência de instrução e julgamento.  audiência de instrução e julgamento. 
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão Parágrafo único.  Caso não sejam requeridas diligências, ou
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a
pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao
dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. 
sentença. Art. 197-E.  Deferida a habilitação, o postulante será
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua
Seção VIII convocação para a adoção feita de acordo com ordem cronológica
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou
adolescentes adotáveis. 
Art. 197-A.  Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, § 1o  A ordem cronológica das habilitações somente poderá
apresentarão petição inicial na qual conste: deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
I - qualificação completa;  previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa
II - dados familiares;  a melhor solução no interesse do adotando. 
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou § 2o  A recusa sistemática na adoção das crianças ou
casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;  adolescentes indicados importará na reavaliação da habilitação
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de concedida. 
Pessoas Físicas; 
V - comprovante de renda e domicílio;  Capítulo IV
VI - atestados de sanidade física e mental;  Dos Recursos
VII - certidão de antecedentes criminais; 
VIII - certidão negativa de distribuição cível.  Art. 198.  Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância
Art. 197-B.  A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de
prazo de 5 (cinco) dias poderá:  11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe adaptações: 
interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se I - os recursos serão interpostos independentemente de
refere o art. 197-C desta Lei;  preparo;
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração,
postulantes em juízo e testemunhas;  o prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de
III - requerer a juntada de documentos complementares e a 10 (dez) dias.
realização de outras diligências que entender necessárias.  III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
Art. 197-C.  Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe revisor;
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado,
exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
dos requisitos e princípios desta Lei.  VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
§ 1o  É obrigatória a participação dos postulantes em programa remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro
oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude preferencialmente de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido do
com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido
municipal de garantia do direito à convivência familiar, que inclua expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo
preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter- de cinco dias, contados da intimação.
racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades  Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.  caberá recurso de apelação.

Didatismo e Conhecimento 134


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 199-A.  A sentença que deferir a adoção produz c) requisitar informações e documentos a particulares e
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será recebida instituições privadas;
exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
reparação ao adotando.  para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à
Art. 199-B.  A sentença que destituir ambos ou qualquer dos infância e à juventude;
genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
recebida apenas no efeito devolutivo. assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas
Art. 199-C.  Os recursos nos procedimentos de adoção judiciais e extrajudiciais cabíveis;
e de destituição de poder familiar, em face da relevância das IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem, interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao
em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados adolescente;
em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
Ministério Público.  
infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à
Art. 199-D.  O relator deverá colocar o processo em mesa para
juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua
penal do infrator, quando cabível;
conclusão.
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
Parágrafo único.  O Ministério Público será intimado da
data do julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de
apresentar oralmente seu parecer.  pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
Art. 199-E.  O Ministério Público poderá requerer a instauração remoção de irregularidades porventura verificadas;
de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar o XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos
descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
anteriores.   públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
Capítulo V previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
Do Ministério Público hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
serão exercidas nos termos da respectiva lei     orgânica. § 3º O representante do Ministério Público, no exercício
Art. 201. Compete ao Ministério Público: de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; criança ou adolescente.
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às § 4º O representante do Ministério Público será responsável
infrações atribuídas a adolescentes; pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar,
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os nas hipóteses legais de sigilo.
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
oficiar em todos os demais procedimentos da competência da a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei competente procedimento, sob sua presidência;
nº 12.010, de 2009)   Vigência b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de acertados;
contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;
públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente,
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos
inciso II, da Constituição Federal;
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí- direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá
los: vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e
a) expedir notificações para colher depoimentos ou requerer diligências, usando os recursos cabíveis.
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou caso, será feita pessoalmente.
militar; Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração requerimento de qualquer interessado.
direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências Art. 205. As manifestações processuais do representante do
investigatórias; Ministério Público deverão ser fundamentadas.

Didatismo e Conhecimento 135


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Capítulo VI Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
Do Advogado foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide tribunais superiores.
poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos
de advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. I - o Ministério Público;
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os
gratuita àqueles que dela necessitarem. territórios;
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será     processado
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
sem defensor.
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
sua preferência. § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda de que cuida esta Lei.
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por poderá assumir a titularidade ativa.
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta
Capítulo VII às exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e extrajudicial.
Coletivos Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e do Código de Processo Civil.
ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:  § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública
I - do ensino obrigatório; ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
II - de atendimento educacional especializado aos portadores
público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
de deficiência;
ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
a seis anos de idade; de segurança.
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
educando; obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
V - de programas suplementares de oferta de material didático- da obrigação ou determinará providências que assegurem o
escolar, transporte e assistência à saúde do     educando do ensino resultado prático equivalente ao do adimplemento.
fundamental; § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando
amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem; o réu.
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
privados de liberdade. do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e prazo razoável para o cumprimento do preceito.
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
X - de programas de atendimento para a execução das medidas
se houver configurado o descumprimento.
socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. 
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da
proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela respectivo município.
Constituição e pela Lei.  § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual
órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, iniciativa aos demais legitimados.
aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro
interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta
necessários à identificação do desaparecido com correção monetária.

Didatismo e Conhecimento 136


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, Título VII
para evitar dano irreparável à parte. Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser Capítulo I
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de Dos Crimes
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade Seção I
civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. Disposições Gerais
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
iniciativa aos demais legitimados. disposto na legislação penal.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art. da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao     processo, as
20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo
pertinentes ao Código de Processo Penal.
Civil), quando reconhecer que a pretensão é manifestamente
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
infundada.
incondicionada
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de Seção II
responsabilidade por perdas e danos. Dos Crimes em Espécie
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de
quaisquer outras despesas. estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento,
indicando-lhe os elementos de convicção. onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais neonato:
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura Pena - detenção de seis meses a dois anos.
de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as Parágrafo único. Se o crime é culposo:
providências cabíveis. Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
requerer às autoridades competentes as certidões e informações estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar
que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem
dias. como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua Pena - detenção de seis meses a dois anos.
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, Parágrafo único. Se o crime é culposo:
organismo público ou particular, certidões, informações, exames Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
a dez dias úteis. procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária
diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
competente:
a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
fundamentadamente. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação apreensão sem observância das formalidades legais.
arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério pessoa por ele indicada:
público, poderão as associações legitimadas apresentar razões Pena - detenção de seis meses a dois anos.
escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
ou anexados às peças de informação. guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e Pena - detenção de seis meses a dois anos.
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de
dispuser o seu regimento. ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Público para o ajuizamento da ação. Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Didatismo e Conhecimento 137


NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, Art. 241-B.  Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha
Público no exercício de função prevista nesta Lei: cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. adolescente: ( Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o § 1o  A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. 
de colocação em lar substituto: § 2o  Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei,
terceiro, mediante paga ou recompensa: quando a comunicação for feita por: 
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. I – agente público no exercício de suas funções; 
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou II – membro de entidade, legalmente constituída, que
efetiva a paga ou recompensa. inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância neste parágrafo; 
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: III – representante legal e funcionários responsáveis de
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita
ou fraude:  à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena § 3o  As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter
correspondente à violência. sob sigilo o material ilícito referido.
Art. 240.  Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou Art. 241-C.  Simular a participação de criança ou adolescente
registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração,
envolvendo criança ou adolescente:   montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.   forma de representação visual:
§ 1o  Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas quem vende,
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por
quem com esses contracena. qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido
§ 2o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete na forma do caput deste artigo.(
o crime: Art. 241-D.  Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela
exercê-la; praticar ato libidinoso: 
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
de hospitalidade; ou  ( Parágrafo único.  Nas mesmas penas incorre quem: 
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela
preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro praticar ato libidinoso;
título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.   II – pratica as condutas descritas no caput  deste artigo com
Art. 241.  Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica sexualmente explícita.
envolvendo criança ou adolescente: Art. 241-E.  Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) an

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