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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO

2015
Resumo elaborado conforme o edital do XVI Concurso Público para Provimento de Cargo de Juiz Federal
Substituto do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tendo sido adaptado com informações do edital
adotado pelo Tribunal Regional da 3ª Região.

Colaboradores:
Adriana Moraes
Ângelo Gripp Saippa
Oreste Dallochio Neto
William Cruvinel
Ângelo
Augusto
Camila
Franscielle
Mateus
Thiago
Raffaela
Emília
Gabriel
Sumário

1 Ponto 1 - Atividade Financeira do Estado. Finanças públicas na Constituição de 1988............................8


1.1 O Direito Financeiro na CF/88.............................................................................................................8
1.1.1 Introdução....................................................................................................................................8
2 Ponto 2 - Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Normas gerais
de direito financeiro. Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos............................................8
2.1 Orçamento...........................................................................................................................................9
2.1.1 Conceito e espécies......................................................................................................................9
2.1.1.1 Introdução.............................................................................................................................9
2.1.1.2 Aspectos do orçamento........................................................................................................9
2.1.2 Aspecto jurídico: veículo por meio do qual se preveem receitas e autorizam os gastos............9
2.2 Natureza jurídica...............................................................................................................................10
2.3 Princípios orçamentários...................................................................................................................10
2.4 Normas gerais de direito financeiro..................................................................................................10
2.4.1 Plano plurianual - PPA (art. 165, § 1º, CF).................................................................................12
2.4.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO [art. 165, § 2º, CF; art. 4º, LRF].....................................12
2.4.3 Lei orçamentária anual - LOA [art. 165, § 5º, CF; art. 5º, LRF]...................................................12
2.5 Processo Legislativo para aprovação das leis orçamentárias (art. 166, CF)......................................13
2.6 Orçamento-Programa........................................................................................................................14
2.7 Controle Abstrato da Lei Orçamentária............................................................................................14
2.8 Algumas das principais vedações orçamentárias constitucionais (Valdecir Pascoal).......................14
2.9 Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos..............................................................15
2.9.1 Princípios do controle da execução dos orçamentos................................................................15
2.9.2 Sistemas de controle da execução orçamentária......................................................................15
2.9.3 Classificação do controle da execução orçamentária................................................................16
2.9.4 Tribunal de Contas da União......................................................................................................16
3 Ponto 3 - Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos precatórios............16
3.1 Despesa pública. Conceito e classificação.........................................................................................17
3.1.1 Conceito.....................................................................................................................................17
3.1.2 Classificação...............................................................................................................................18
3.2 Disciplina Constitucional dos Precatórios.........................................................................................19
3.2.1 Questões Decididas pelo STJ em Precatórios............................................................................24
3.2.2 Súmulas do STJ e do STJ sobre Precatórios...............................................................................24
3.2.2.1 STF.......................................................................................................................................24
3.2.2.2 STJ.......................................................................................................................................24
4 Ponto 4 - Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas
derivadas..........................................................................................................................................................25
4.1 Receitas Públicas...............................................................................................................................25
4.1.1 Conceito. Diferença entre ingressos e receitas.........................................................................25
4.1.2 Classificação...............................................................................................................................25
4.1.2.1 Quanto ao critério da regularidade ou relativa periodicidade...........................................25
4.1.2.2 Quanto ao sentido..............................................................................................................26
4.1.2.3 Quanto à natureza ou previsão orçamentária...................................................................26
4.1.2.4 Quanto à categoria econômica - classificação legal...........................................................26
4.1.2.5 Quanto à origem (quanto à fonte ou coercitividade).........................................................26
4.2 Regime Contábil da Receita (ART. 35, LEI 4.320/64):........................................................................27
5 Ponto 5 - Dívida ativa da União de natureza tributária e não tributária. Crédito público. Conceito.
Dívida pública: conceito...................................................................................................................................27
5.1 Dívida ativa da União de natureza tributária e não tributária..........................................................27
5.1.1 Inscrição e Certidão da Dívida Ativa...........................................................................................28
4
5.2 Crédito Público. Conceito..................................................................................................................28
5.3 Dívida Pública. Conceito....................................................................................................................29
5.4 Dívida Pública Consolidada. Dívida Pública Flutuante. Dívida Pública Mobiliária............................29
5.5 Limites da Dívida Pública...................................................................................................................30
5.6 Penhora sobre Títulos da Dívida Pública...........................................................................................30
6 Ponto 6 - O Sistema Tributário Nacional. Limitações constitucionais ao poder de tributar. A repartição
de competências na federação brasileira. Delegação de arrecadação. Discriminação constitucional das
rendas tributárias. Legislação sobre o Sistema Tributário Brasileiro. Definição de tributo. Espécies de
tributos.............................................................................................................................................................30
6.1 O Sistema Tributário Nacional...........................................................................................................31
6.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar...............................................................................31
6.2.1 Princípios....................................................................................................................................31
6.2.2 Imunidades.................................................................................................................................36
6.2.3 Outras Imunidades.....................................................................................................................38
6.3 Repartição de competências na federação brasileira.......................................................................39
6.4 Definição de Tributo..........................................................................................................................40
6.5 Tributos em Espécie..........................................................................................................................40
6.6 Classificações Doutrinárias dos Tributos...........................................................................................43
6.7 Atenção às últimas Súmulas Vinculantes em matéria tributária......................................................44
7 Ponto 7 - Competência tributária plena. Indelegabilidade da competência. Não exercício da
competência. Competência residual e extraordinária. Limitações da competência. Princípios da legalidade e
da tipicidade. Princípio da anualidade. Proibição de tributos interlocais. Imunidade e isenção. Uniformidade
tributária. Tributação das concessionárias. Sociedades mistas e fundações. Imunidade recíproca. Extensão
da imunidade às autarquias.............................................................................................................................44
7.1 Competência tributária plena...........................................................................................................44
7.2 Indelegabilidade da competência.....................................................................................................44
7.3 Não exercício da competência..........................................................................................................45
7.4 Competência residual e extraordinária - A competência tributária também pode ser classificada
em privativa, comum ou residual................................................................................................................45
7.5 Limitações da competência...............................................................................................................46
7.6 Princípios da Legalidade e da Tipicidade. Princípio da anualidade. Proibição de tributos interlocais.
46
7.7 Imunidade e isenção..........................................................................................................................47
* prevista na Constituição Federal...................................................................................................................48
* é vedação ao poder de legislar sobre o tributo em determinados casos e em relação a determinadas
pessoas.............................................................................................................................................................48
* prevista nas leis de cada ente da Federação.................................................................................................48
* é a dispensa legal do pagamento do tributo.................................................................................................48
8 Ponto 8 - Impostos federais: impostos sobre o comércio exterior. Imposto sobre produtos
industrializados (IPI). Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários (IOF). Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR)...............................................49
8.1 Impostos sobre o Comércio Exterior.................................................................................................49
8.2 Imposto sobre Importação................................................................................................................50
8.3 Imposto sobre Exportação................................................................................................................52
8.4 Imposto sobre Produtos Industrializados.........................................................................................52
8.5 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou Valores
Mobiliários...................................................................................................................................................55
8.6 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural.................................................................................55
8.7 Gráficos..............................................................................................................................................59
8.8 Imunidade Recíproca.........................................................................................................................61
8.9 Uniformidade tributária....................................................................................................................61
5
8.10 Tributação das concessionárias.....................................................................................................72
8.11 7. Sociedades Mistas e Fundações................................................................................................72
8.12 Extensão da imunidade às autarquias...........................................................................................72
9 Ponto 9 - Imposto de renda. Regimes jurídicos. Imposto de renda pessoas jurídicas. Imposto de renda
pessoas físicas..................................................................................................................................................74
9.1 Imposto sobre a Renda......................................................................................................................74
10 Ponto 10 - Fato gerador. Taxas e preços públicos. Taxas contratuais e facultativas. Contribuições para
a Seguridade Social. Contribuição sobre o lucro, o faturamento/receita e a folha. O regime do PIS e da
COFINS. A CIDE e o seu regime. Empréstimo compulsório. As limitações constitucionais do empréstimo
compulsório na Constituição Federal de 1988................................................................................................77
10.1 Fato Gerador (Vide Ponto 12)........................................................................................................77
10.2 Taxas e Preços Públicos.................................................................................................................77
10.3 Contribuições para a Seguridade Social........................................................................................77
10.4 Contribuições sobre o Lucro..........................................................................................................82
10.5 O Regime da Cofins........................................................................................................................83
10.6 CPMF..............................................................................................................................................84
10.7 A Cide e o seu Regime....................................................................................................................86
10.8 Empréstimos Compulsórios...........................................................................................................87
11 Ponto 11 - Fontes do Direito Tributário. Conceito de fonte. Fontes formais do Direito Tributário.
Legislação Tributária. Conceito. Lei, Tratados e Convenções Internacionais. Normas Complementares. Leis
Complementares. Vigência da Legislação Tributária. Aplicação da Legislação Tributária. Interpretação e
integração da Legislação Tributária. Tratados internacionais e legislação interna. A perda de eficácia dos
tratados. Os tratados sobre matéria tributária e o art. 98 do CTN. Vigência do tratado................................88
11.1 Fontes do Direito Tributário..........................................................................................................88
11.2 Legislação Tributária (art. 96 do CTN)...........................................................................................88
11.3 Validade, Vigência e Eficácia..........................................................................................................90
11.4 Aplicação da Lei Tributária.............................................................................................................92
11.5 Interpretação e Integração da Legislação Tributária.....................................................................93
11.6 Tratados Internacionais e Legislação Interna (anterior e posterior).............................................94
12 Ponto 12 - 12. Obrigação principal e acessória: fato gerador. Sujeito ativo e sujeito passivo.
Capacidade tributária. Domicílio tributário. Responsabilidade tributária. Solidariedade. Responsabilidade
dos sucessores. Responsabilidade por infrações.............................................................................................97
12.1 Obrigação Tributária......................................................................................................................97
12.2 Fato Gerador..................................................................................................................................97
12.3 Sujeito ativo e sujeito passivo (elementos subjetivos da obrigação tributária)..........................106
12.4 Capacidade e domicílio tributários..............................................................................................107
12.5 Solidariedade...............................................................................................................................108
12.6 Responsabilidade tributária (art. 128).........................................................................................108
12.7 Responsabilidade por transferência............................................................................................109
12.7.1 Responsabilidade por sucessão (inter vivos ou causa mortis).................................................109
12.7.1.1 Responsabilidade por tributos relacionados a bens imóveis...........................................109
12.7.1.2 Responsabilidade na aquisição ou remição de bens (CTN, art. 131, I)............................109
12.7.1.3 Responsabilidade na sucessão hereditária/ causa mortis (CTN, art. 131, II e III)............110
12.7.1.4 Responsabilidade na sucessão empresarial (CTN, art. 132 e 133)...................................110
12.8 Responsabilidade por substituição..............................................................................................112
12.9 Responsabilidade de terceiros.....................................................................................................112
12.10 Responsabilidade por infrações (CTN, art. 136)..........................................................................112
13 Ponto 13 - Constituição do crédito tributário. Lançamento. Modalidades. Suspensão do crédito
tributário........................................................................................................................................................115
13.1 Crédito Tributário........................................................................................................................115
13.2 Lançamento.................................................................................................................................115
6
13.3 Modalidades de lançamento.......................................................................................................115
13.3.1 Lançamento Direto Ou De Ofício.............................................................................................117
13.3.2 Lançamento “por declaração” ou misto..................................................................................117
13.3.3 Lançamento por homologação ou “autolançamento”............................................................117
13.4 Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário.......................................................................118
13.4.1 Moratória.................................................................................................................................119
13.4.2 Depósito do montante integral................................................................................................120
13.4.3 Reclamações e recursos administrativos no Processo Administrativo Fiscal..........................120
13.4.4 Concessão de Liminar em Mandado de Segurança.................................................................121
13.4.5 Liminar ou tutela antecipada em outras espécies de Ação Judicial........................................121
13.4.6 Parcelamento...........................................................................................................................122
14 Ponto 14 - Extinção do crédito tributário. Pagamento. Compensação. Restituição. Transação.
Remissão. Prescrição e decadência. Conversão do depósito em renda. Consignação em pagamento.
Decisão administrativa irreformável e decisão judicial passada em julgado. Restituição do tributo
transferido. Restituição de juros e multas. Correção monetária. Suspensão e inexigibilidade do crédito
tributário. Exclusão do crédito tributário. Garantias e privilégios do crédito tributário..............................122
14.1 O pagamento...............................................................................................................................122
14.2 Compensação...............................................................................................................................122
14.3 Compensação Tributária. Tributos de Natureza diversa.............................................................123
14.4 Restituição...................................................................................................................................125
14.5 Remissão......................................................................................................................................126
14.6 Transação.....................................................................................................................................127
14.7 Prescrição e decadência..............................................................................................................128
14.7.1 Decadência...............................................................................................................................128
14.7.1.1 Início do prazo decadencial de 5 anos:.............................................................................128
14.7.1.2 Prazo decadencial de contribuições para a Seguridade Social:........................................128
14.7.1.3 Suspensão do prazo decadencial......................................................................................130
14.7.1.4 Interrupção do prazo decadencial....................................................................................130
14.7.2 Prescrição.................................................................................................................................130
14.7.2.1 Suspensão da prescrição..................................................................................................130
14.7.2.2 Interrupção da prescrição.................................................................................................131
14.8 Conversão do depósito em renda...............................................................................................131
14.9 Consignação em pagamento.......................................................................................................132
14.10 Decisão administrativa irreformável...........................................................................................133
14.11 Decisão judicial passada em julgado...........................................................................................133
14.12 Dação em pagamento em bens imóveis......................................................................................133
14.13 Restituição de juros e multas......................................................................................................133
14.14 Correção monetária.....................................................................................................................134
14.15 Compensação por iniciativa da Fazenda.....................................................................................134
15 Ponto 15 - Processo administrativo tributário. Processo judicial tributário. Execução fiscal. Cautelar
fiscal. Mandado de segurança. Ação de repetição de indébito. Anulatória de débito fiscal. Ação
declaratória. Ação de consignação em pagamento.......................................................................................135
15.1 Procedimento Administrativo Tributário Contencioso...............................................................135
15.1.1 A Etapas do processo de defesa administrativa......................................................................135
15.1.2 Impugnação administrativa.....................................................................................................135
15.1.3 Arrolamento Administrativo Tributário (art. 64 da Lei 9.532/97)...........................................137
15.1.4 Outros Processos Administrativos Tributários.........................................................................137
15.2 Processo Judicial Tributário.........................................................................................................137
15.2.1 Ações de iniciativa do Fisco......................................................................................................137
15.2.1.1 A Execução fiscal...............................................................................................................137
15.2.1.2 Cautelar Fiscal...................................................................................................................143
7
15.2.2 Ações de iniciativa do Contribuinte.........................................................................................146
15.2.2.1 Mandado de segurança....................................................................................................150
15.2.2.2 Ação de repetição de indébito..........................................................................................150
15.2.2.3 Anulatória de débito fiscal................................................................................................151
15.2.2.4 Ação Declaratória.............................................................................................................153
15.2.2.5 Ação de consignação em pagamento...............................................................................154
15.2.3 Ação cautelar de caução (NÃO ESTÁ NO EDITAL; porém, é ação comumente encontrada na
prática judicial, razão pela qual foi acrescentada. Fica a critério de cada um ler ou não)....................155
15.2.4 Outras medidas propostas pelo sujeito passivo da obrigação tributária (retirado do resumo do
TRF 5) 155
16 Ponto 16 - Administração Tributária. Procedimento fiscal. Sigilo fiscal e prestação de informações.
Dívida ativa. Certidões e cadastro..................................................................................................................157
16.1 Considerações iniciais..................................................................................................................157
16.2 Fiscalização..................................................................................................................................157
16.2.1 Poderes das autoridades fiscais...............................................................................................157
16.2.1.1 O art. 6º, LC 105/2001......................................................................................................157
16.2.2 Deveres das autoridades fiscais...............................................................................................160
16.2.2.1 Dever de documentar o início do procedimento: art. 196...............................................162
16.2.2.2 O dever de manter sigilo e suas exceções........................................................................162
16.2.2.2.1.1 Exceções ao sigilo (art. 198, §§ 1º, 2º e 3)........................................................................162
16.2.3 Permuta de informações sigilosas entre entes tributantes.....................................................162
16.3 Dívida ativa..................................................................................................................................163
16.3.1 Certidões Negativas.................................................................................................................164
16.3.2 Certidões positivas com efeitos de negativas..........................................................................171
16.3.3 Dispensa da apresentação de certidão negativa.....................................................................171
16.3.4 Responsabilidade por expedição de certidão com erro..........................................................172

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1 Ponto 1 - Atividade Financeira do Estado. Finanças públicas na Constituição de 1988.


1.1 O Direito Financeiro na CF/88.

1.1.1 Introdução

O Direito Tributário é um ramo do Direito Financeiro e não o contrário. Enquanto o direito financeiro cuida
da receita e da despesa do Estado, o direito tributário cuida só de uma parte da receita, os tributos.
Definição de Direito Financeiro: “Ramo do Direito Público que estuda a atividade financeira do Estado sob
o ponto de vista jurídico” Kioshi Harada.
 Magna Carta da Inglaterra 1215
 No Brasil: Foi prevista a exigência de lei orçamentária na Constituição do Império, 1824, mas
a primeira lei orçamentária só veio a lume no ano de 1830.
Quem legisla sobre direito financeiro? Art. 24, inciso I e II, é competência concorrente entre União e os
Estados as normas de direito Financeiro e as de Direito Orçamentário. Apesar de não mencionados
diretamente os municípios tem competência suplementar para legislar sobre direito financeiro, art. 30
incisos II e III da CF.
A iniciativa sobre leis orçamentárias é privativa do Chefe do Executivo, ao contrário da iniciativa para leis
sobre direito tributário, que permitem iniciativa concorrente tanto do Legislativo quanto do Executivo.
Quais as espécies normativas aptas a veicular normas de direito financeiro? Lei complementares,
ordinárias e medidas provisórias (esta última em hipótese excepcional).
Art. 163, inciso I, da CF - lei complementar disporá sobre finanças públicas. As normas gerais de direito
financeiro, bem como as de direito tributário são veiculadas por lei complementar.
A lei 4320/64, que traz normas de elaboração do orçamento, foi recepciona pela Constituição Federal de
1988 materialmente como lei complementar. A lei complementar 101/2000 traz normas sobre a
responsabilidade na gestão fiscal. Os dispositivos da lei 4320/64 que conflitarem com os dispositivos da LC
101/00 reputam-se por esta revogados pelo critério cronológico de interpretação.
São regulados por lei ordinária, art. 165 CF: PPA, LDO e LOA.
Medida provisória será o instrumento utilizado para a abertura de crédito extraordinário para atender a
despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrente de guerra, comoção interna ou calamidade pública
(§3° do art. 167 da CF).
A competência para emitir moeda é da União, que será exercida exclusivamente pelo Banco Central. É
vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a
qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. O Banco Central poderá comprar e vender
títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. As
disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em
instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.
Princípios do Direito Financeiro (Tathiane Piscitelli) (não confundir com os Princípios Orçamentários)
a) LEGALIDADE: Toda arrecadação e gasto público têm fundamento legal. Orçamento, metas, diretrizes,
distribuição de receitas e despesas serão objeto de processo legislativo. Necessidade de ato normativo
primário oriundo do Poder Legislativo. Exceção: Poder Executivo mediante MP dispor sobre crédito
adicional em caso de guerra, comoção ou calamidade, atendidos os pressupostos materiais (ADI 4048).
LOA pode autorizar adicionais suplementares por Decreto.
b) ECONOMICIDADE: Trata-se da exigência relativa à eficiência do gasto público do ponto de vista
econômico. Relação custo-benefício. Tentar o melhor pelo menos possível.
c) TRANSPARÊNCIA: Aplicação do Princípio da Publicidade (art. 37, caput, CF) no tema atividade financeira.
Tem a mesma roupagem do Princípio Orçamentário da Publicidade (específico). É corolário do princípio
republicano. Art. 165 § 3º da CF. Arts. 48 e 49 da lei de responsabilidade fiscal.

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d) RESPONSABILIDADE FISCAL: Assegurado que o gasto público seja realizado dentro de certos limites e de
acordo com as regras estritas que, se não cumpridas, acarretam sanções aos entes públicos. É condição de
tal responsabilidade a ação planejada e transparente, com zelo pelo equilíbrio das contas públicas.

2 Ponto 2 - Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários.


Normas gerais de direito financeiro. Fiscalização e controle interno e externo dos
orçamentos.
2.1 Orçamento.

2.1.1 Conceito e espécies

2.1.1.1 Introdução

Conceito: ato pelo qual o poder legislativo prevê e autoriza o Poder Executivo, realização de despesas e
receitas para um período determinado. Reflete o plano de ação governamental, espelhando a vida
econômica do Estado. Segundo a concepção moderna o orçamento deixa de ser um mero documento
financeiro ou contábil, para passar a ser instrumento de ação do Estado, sendo, portanto, instrumento
representativo da vontade popular.

2.1.1.2 Aspectos do orçamento

Aspecto político: é um ato político por meio do qual se permite a atuação harmônica e interdependente
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

Aspecto econômico: orçamento poderá ser equilibrado, deficitário ou superavitário.

 Superavitário: mais receitas que despesas.


 Equilibrado: receitas iguais às despesas.
 Deficitário: mais despesas que receitas.

2.1.2 Aspecto jurídico: veículo por meio do qual se preveem receitas e autorizam os gastos.

Orçamento participativo: Caracteriza-se por uma participação direta e efetiva das comunidades na
elaboração da proposta orçamentária do Governo.

Vinculação do Executivo às propostas apresentadas: a visão tradicional é no sentido de que as propostas


apresentadas não tenham caráter vinculativo. Regis Fernandes Oliveira entende que aquilo inserido em
decorrência da participação popular deve ser cumprido (a participação popular na elaboração
orçamentária representa verdadeira forma de democracia direta). Não obstante, existe determinação no
ordenamento que obriga que o Governo ouça as sugestões da população (art. 48, LC 101/00). Hoje o
governante não possui a mesma liberdade que já possuiu na elaboração da peça orçamentária. A
discricionariedade do governante se encontra no momento da elaboração da peça orçamentária,
oportunidade na qual serão estabelecidas quais as prioridades a serem atendidas. Haverá vinculação em
relação ao poder público quando forem conhecidos o devedor, a data do pagamento e o montante a
pagar.
Orçamento Impositivo: No Brasil, via de regra, o orçamento é autorizativo, de forma que a despesa fixada
na lei orçamentária é uma “autorização para gastar”, e não como uma “obrigação de gastar”. No entanto,
com a aprovação da LDO de 2014, abriram-se discussões sobre a natureza do orçamento vez que essa lei
estabeleceu a obrigatoriedade de execução de determinadas emendas parlamentares individuais, dando
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certa impositividade ao orçamento. Em 2015, foi aprovada a Emenda Constitucional n° 86 que trouxe
impositividade a determinados aspectos do orçamento, tornando obrigatória a execução orçamentária e
financeira das programações relativas a emendas individuais ao projeto de lei orçamentária aprovadas no
limite de 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto
encaminhado pelo Poder (art. 166, §9° e 11 da CF). O art. 165 ainda trouxe em seus parágrafos as
hipóteses em que a execução orçamentária não será obrigatória nos casos de impedimentos justificáveis.
Em que pese o orçamento no Brasil seja, via de regra, autorizativo há determinadas despesas que não
podem ser contingenciadas, por serem de natureza obrigatória (art. 9°, §2°, LRF): obrigações
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as
ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
O contingenciamento ocorre em face do art. 9° da LRF, o qual prevê, de dois em dois meses (bimestral), a
análise de entrada de receitas e sua relação com as despesas. Caso não haja equilíbrio, será necessário
limitação de empenho e movimentação financeira.

2.2 Natureza jurídica

Há na doutrina a defesa de diferentes posicionamentos:

a) simples ato administrativo sem caráter de lei = orçamento é uma “lei de meios”, mero
instrumento de arrecadação;
b) lei em sentido formal = produzida mediante processo legislativo;
c) lei em sentido material = geral e abstrata
d) lei em sentido material e formal;
e) lei em relação à receita e ato normativo em relação à despesa;
f) ato condição.
2.3 Princípios orçamentários

Princípio da unidade: A ideia do princípio da unidade não é que exista uma única peça, o que se exige é
que as várias peças tenham harmonia entre si. Um dos objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal é
garantir essa harmonia.

Princípio da universalidade: todas as receitas e despesas devem estar previstas na lei orçamentária.
Exceções:
Súmula 66 STF - É legítima a cobrança do tributo que houver sido aumentado após o orçamento, mas antes
do início do respectivo exercício financeiro. Com esse entendimento firmado pelo STF, é possível concluir
que no Brasil não vigora o princípio da anualidade tributária, em que o Tributo, para ser cobrado, além de
atender às regras da legislação tributária, deveria a cada ano, estar previsto no orçamento, sob pena de
não ser exigido.
As receitas e despesas operacionais (correntes) das empresas públicas e sociedades de economia mista
consideradas estatais independentes.
ARO – Operações de crédito por antecipação de receita.
Emissões de papel moeda.
Outras entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro (cauções, depósitos, consignações etc)
Princípio da Anualidade (ou periodicidade): determina que o orçamento seja atualizado a cada ano. Não
confundir princípio da anualidade tributária (que exige que o tributo esteja previsto no orçamento do ano

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anterior - não mais existe no ordenamento brasileiro) com o princípio da anualidade financeira (que exige
que o orçamento tenha um prazo de duração).
Princípio da proibição do estorno de verbas: impossibilidade de transpor, remanejar ou transferir
recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro sem autorização
legislativa prévia. Também está vedada a utilização, sem autorização legislativa específica, dos recursos do
orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações
ou fundos. Exceção: art. 167, §5° da CF.
Princípio da não afetação da receita de impostos: vedação à vinculação da receita proveniente dos
impostos a órgão, fundo ou despesa. Disposição constitucional, art. 167, IV. Há quem, incorretamente,
relacione o dispositivo à característica da não vinculação da espécie tributária denominada imposto.
Ocorre que o dispositivo não trata de vinculação ou não-vinculação tributária, trata, isso sim, do princípio
do direito financeiro da não afetação. Exceções:
1) repartição das receitas tributárias (arts. 158 e 159, CF);
2) destinação de recursos para a saúde: União, receita corrente líquida do respectivo exercício
financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento). Estados, DF: o produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e
159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos
Municípios. Municípios e DF: o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e
dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º (Art. 198, §2° - EC 86/2015).
3) destinação para a saúde de metade do percentual de 1,2% instituído por ocasião do orçamento
impositivo das emendas individuais dos parlamentares (§9° do art. 166, CF).
4) destinação de recursos para a educação, sendo U 18%, E, DF e M 25% (art. 212, CF);
5) realização de atividades da administração tributária (art. 37, XXII, CF);
6) prestação de garantias em relação às operações de crédito por antecipação de receitas (art.
165, § 8º; art. 167, § 4º, CF)
7) fundo de combate e erradicação da pobreza;
8) vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para programa de apoio à
inclusão e promoção social.
9)vinculação de até 0,5 % da receita tributária líquida dos estados e DF para fundos destinados
para o financiamento de programas culturais.

DRU – Desvinculação das Receitas da União - com objetivo de livrar-se parcialmente das
vinculações obrigatórias, a reforma tributária (EC 42) prorrogou os efeitos da EC 27. Durante o
período previsto pelo texto constitucional há a desvinculação de órgão, fundo ou despesa de 20 %
da arrecadação de impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico,
incluindo seus adicionais e acréscimos.
Princípio da Exclusividade: determinação de que as leis orçamentárias contenham apenas fixação de
despesas e previsão da receita. Regra: a lei orçamentária não conterá dispositivo estranho à previsão de
receita e à fixação da despesa (“rabilongos orçamentários ou cauda orçamentária”). Exceções: é possível
que a lei orçamentária preveja, além de despesas e receitas: autorização para abertura de crédito
suplementar; autorização para contratação de operações de crédito, ainda que por ARO (em qualquer mês
do exercício financeiro).

Princípio da Publicidade: necessidade de se dar publicidade à execução orçamentária. As leis


orçamentárias devem ser publicadas e divulgadas de forma clara e precisa, possibilitando o controle social
da Administração Pública.

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Princípio da especialização, especificação ou discriminação: as receitas e as despesas devem aparecer no
orçamento de maneira discriminada, de tal forma que se possa saber, pormenorizadamente, a origem dos
recursos e sua aplicação.

Princípio do orçamento-bruto: todas as receitas e despesas constarão da Lei Orçamentária pelos seus
totais, seus valores brutos, vedadas quaisquer deduções.

Princípio da precedência: a aprovação do orçamento deve ocorrer antes do exercício financeiro a que se
refere.

Princípio do equilíbrio: as receitas devem ser iguais às despesas. Exceção no art. 167, §8º, onde se permite
que os recursos que em decorrência de veto, rejeição, ou emendas sejam aproveitados mediantes créditos
suplementares e especiais, condicionado o aproveitamento à autorização legislativa. A Constituição de
1988 (diferente da Constituição de 1967) não contempla tal princípio e, por essa razão, seria possível
afirmar a desnecessidade de sua observância. Contudo, a análise da LRF demonstra que, apesar de não se
tratar de uma diretriz constitucional, a busca pelo equilíbrio está presente em suas disposições e deve ser
entendida como uma meta a ser alcançada.
O orçamento proposto pelo governo federal para o ano de 2016 não respeitou esse princípio,
apresentando mais gastos do que despesas.

Princípio da programação: O orçamento deve enfatizar os planos de governo com as metas e os objetivos
a serem alcançados, e não apenas prever receitas e despesas.

2.4 Normas gerais de direito financeiro


2.4.1 Plano plurianual - PPA(art. 165, § 1º, CF)

O PPA estabelece, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal
para as despesas de capital e outras dela decorrente e para as relativas aos programas de duração
continuada. Estabelece um planejamento a longo prazo e depende do orçamento anual para ter eficácia
quanto à realização das despesas. É uma programação que deve orientar o executivo na execução da LOA.
Investimento que ultrapasse um exercício financeiro, sob pena de caracterização de crime de
responsabilidade, deve estar incluído no PPA ou ter previsão em lei que autorize a inclusão.A validade do
PPA é de 4 anos.

2.4.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO [art. 165, § 2º, CF; art. 4º, LRF]
 A LDO é a lei orçamentária que estabelecerá metas e prioridades da administração pelo período de
1 ano.Funções da LDO previstas no texto constitucional:a) estabelece metas e prioridades da
Administração, incluindo as despesas de capital para o exercício seguinte; b) Orienta a elaboração
da LOA; c) Dispõe sobre alterações na legislação tributária; d) Estabelece a política das agências
oficiais de fomento.
 A LRF amplia as funções da LDO:disporá também sobre:a) equilíbrio entre receitas e despesas;b)
critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do
inciso II deste artigo, no art. 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;e) normas relativas ao controle de
custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;f)
demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;
 Validade da LDO: 1 ano.

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2.4.3 Lei orçamentária anual - LOA [art. 165, § 5º, CF; art. 5º, LRF]

 Deverá estar compreendido na LOA:a) orçamento fiscal: nele estão as autorizações para as
despesas do Poder Público. Nele deverá estar incluído o orçamento referente: aos Poderes da União;
aos fundos federais; aos órgãos e entidades da administração direta e indireta; as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público; às despesas do Banco Central.b) orçamento de
investimentos:abrange sociedades de economia mista e empresas estatais em que a União, direta
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto.c) Orçamento da
seguridade social:abrange as despesas ligadas às entidades relacionadas a saúde, previdência e
assistência social.
 É vedado o início de programa ou projeto não incluído na LOA. [art. 167, I, CF].
 Dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro somente poderá estar
na LOA se constar na PPA ou em lei que ali autorize sua inclusão.
 Não é possível o uso de recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para cobrir déficit de
empresas, fundações e fundos sem autorização legislativa específica. [art. 167, VIII da CF]
 Todos os créditos previstos na lei orçamentária devem ter uma finalidade determinada e uma
dotação específica e certa. [art. 5, §4º, LRF] ; Exceção: DRU [desvinculação das receitas da União] -
20 % da receita da União está desvinculada para se garantir maior margem de manobra.
 Todas as despesas e relativas à DÍVIDA PÚBLICA, DÍVIDA MOBILIÁRIA, dívida CONTRATUAL, bem
como as receitas que as atenderão, deverão constar na LOA.
 Refinanciamento da dívida pública deverá constar separadamente da LOA. Atualização monetária
do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços
previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.
 A LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação de despesa. [ princípio da
exclusividade]
 Validade da LOA: 1 ano.
 A CF é expressa em atribuir competência ao Poder Executivo para iniciativa das leis orçamentárias,
mas é omissa quanto aos projetos de lei que visem alterar a LOA.
2.5 Processo Legislativo para aprovação das leis orçamentárias(art. 166, CF)

 Iniciativa: Poder Executivo. O projeto será apreciado pelas duas casas do CN.
 Comissão mista permanente examina e emite pareceres, e realiza o acompanhamento e fiscalização
orçamentária.
 Emendas ao projeto são apresentadas perante a comissão mista e apreciadas pelo plenário das 2
casas. Nas constituições anteriores o poder de emendar estava excessivamente restrito. A CF/88
possibilita a propositura de emendas, mas traz algumas limitações.
 Condições para que emenda ao projeto LOA ou para a lei que a modifique seja
aprovada:a)compatibilidade com PPA e com a LDO;b)indicação dos recursos necessários que
atenderão à alteração pretendida.
 Condições para que emenda ao projeto LDO seja aprovada: deve estar compatível com o PPA.
 Caso não haja apresentação da proposta orçamentária no prazo fixado o Poder Legislativo
considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.
 Caso o Projeto de Lei orçamentária não seja aprovado até 31.12: posições doutrinárias:a) a lei
anterior deve ser mantida, fazendo-se as devidas adaptações.-eventuais autorizações deverão
depender do Poder Legislativo.b) a lei anterior deve ser mantida com liberação de 1/12
mensalmente, até a aprovação de uma nova lei.c)promulgação do projeto pelo chefe de executivo
sem qualquer alteração.
 No caso da LDO, se não houver aprovação até 17.06 não se encerra o 1º período da sessão
legislativa.
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 Orçamento do P. Judiciário: Poder judiciário que elabora a proposta orçamentária. É necessário o
atendimento aos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes
orçamentários.
 Em caso de ausência do encaminhamento o Poder executivo considerará os valores aprovados na lei
orçamentária vigente, realizando-se os devidos reajustes.
 Caso a proposta seja encaminhada em desacordo com os limites estipulados, o Poder Executivo
procederá aos ajustes necessários – etapa de planejamento do orçamento.
 Cuidado: art. 9°,§3°, da LRF – Necessidade de limitação de despesas no orçamento – “§ 3o No caso
de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo
estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os
critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias”. Apesar da redação do artigo, na cautelar da
ADIN 2.238-5, o STF suspendeu a eficácia desse parágrafo por representar interferência indevida
do poder executivo sobre os demais.

2.6 Orçamento-Programa

Os programas geralmente representam os produtos finais da ação governamental. No Brasil, o Orçamento-


Programa está estruturado em diversas categorias programáticas, ou níveis de programação, que
representam objetivos da ação governamental em diversos níveis decisórios. Assim, a classificação
funcional programática apresenta, em síntese:- as funções representam as áreas de atuação do Governo;
os programas e subprogramas representam os objetivos que se pretende alcançar; os projetos e atividades
representam os meios de alcançar tais objetivos.

CRÉDITOS ADICIONAIS- são autorizações do legislativo para efetivação de despesas não previstas ou
insuficientemente previstas na LOA. Espécies: a) crédito suplementar: destinados a REFORÇO DE DOTAÇÃO
ORÇAMENTÁRIA. Trata de despesas que já havia sido prevista na LOA, mas de forma insuficiente, e
dependem de prévia autorização legislativa. É possível que a LOA já traga a autorização; Decreto do
Executivo é instrumento normativo para sua abertura; dependem da existência e da indicação da
disponibilidade de recursos; IMPOSSIBILIDADE de utilização de MP para abertura; b) crédito especial:
destinados às despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. Visa atender necessidades
novas (não previstas na peça orçamentária) surgidas no decorrer do exercício; Há a necessidade de prévia
autorização legislativa; Instrumento normativo para sua abertura é DECRETO DO EXECUTIVO; Utilização de
MP para abertura: IMPOSSIBILIDADE. c) crédito extraordinário: destinados a despesas urgentes e
imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública; Não há necessidade de prévia
autorização legislativa. Após a abertura do crédito extraordinário o Poder Legislativo é comunicado; Não há
necessidade de indicação da disponibilidade de recursos; Utilização de MP para abertura: POSSIBILIDADE.
[art. 62, § 1º, I, d c.c. art. 167, § 3º, CF].

2.7 Controle Abstrato da Lei Orçamentária

Desde pelo menos 1998, o Supremo Tribunal Federal manifestava entendimento acerca da impossibilidade
de controle em abstrato de leis orçamentárias (ADI 1640 QO). Segundo essa posição, tais leis seriam, do
ponto de vista material, atos administrativos concretos e, por isso, não estariam alcançadas pelo controle
concentrado de constitucionalidade; Em 2008, julgamento da ADI 4048, ajuizada contra lei orçamentária, o
Plenário do Supremo posicionou-se de maneira diversa: entendeu que a análise material da norma, para
fins de identificação de sua abstração, não era necessária, na medida em que se estivesse diante de uma lei
em sentido formal. O simples fato de se tratar de lei, já justificava a possibilidade de controle em abstrato

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de sua constitucionalidade pelo Tribunal, independentemente do caráter abstrato ou concreto da norma
em questão. Com esse entendimento, o Supremo Tribunal Federal mudou radicalmente a posição
anteriormente firmada e reconheceu a possibilidade de controle concentrado de normas orçamentárias.

2.8 Algumas das principais vedações orçamentárias constitucionais (Valdecir Pascoal)


 O início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual, bem como a
realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais;
 A realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. Com essa vedação, o
legislador estabelece um limite para a realização de operações de crédito. Estas não podem
superar o valor das despesas de capital fixadas no orçamento. A contratação de operações
de crédito em montante superior ao referido limite só poderá acontecer com a anuência do
Poder Legislativo, através do quórum qualificado da maioria absoluta;
 A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa. A EC
85/2015 trouxe uma exceção a essa hipótese para permitir a transposição, o
remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para
outra no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de
viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder
Executivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa;
 A utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos do orçamento fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos;
 A concessão ou a utilização de créditos ilimitados;
 A instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. Os fundos
especiais constituem exceção ao princípio da unidade de tesouraria. A instituição de um
fundo exige a edição de lei ordinária, mas as condições para a instituição e o funcionamento
dos fundos devem ser reguladas por meio de lei complementar;
 A transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por
antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estadual e suas instituições financeiras,
para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionistas, dos Estados, do DF e
dos Municípios.
2.9 Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos

2.9.1 Princípios do controle da execução dos orçamentos

Do art. 70 da CF/88 extraímos os seguintes princípios do controle da execução orçamentária:- legalidade: a


verificação da observância das normas legais relativas à execução da despesa pública; - economicidade:
objetiva verificar se a forma de execução da despesa pública se adequou ao meio mais vantajoso e
econômico para o Estado;- correta aplicação de receitas: diz respeito à análise das transferências e
repasses efetuados a outros órgãos ou entes federativos;- renúncia de receita: trata a análise da concessão
de benefícios fiscais;- existência de controle interno e externo.
Correta aplicação das receitas: o STF julgou em 2015 o caso de um convênio celebrado entre um Estado e a
União por meio do qual o Estado recebeu determinadas verbas para realizar projetos de interesse público,
assumindo o compromisso de prestar contas da utilização de tais valores perante a União e o TCU. Ocorre
que o Estado não prestou contas corretamente, o que fez com que a União o inserisse no CAUC (Cadastro
Único de Exigências para Transferências Voluntárias). No entanto, o Estado ingressou no STF porque o fato
aconteceu na administração anterior e o atual governo estava fazendo de tudo para resolver o problema:

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Informativo 791 STF: Administração Pública e princípio da intranscendência.
O princípio da intranscendência subjetiva das sanções, consagrado pelo STF, inibe a aplicação de severas
sanções às administrações por ato de gestão anterior à assunção dos deveres públicos. [...] A Turma
consignou que, em casos como os presentes, em que os fatos teriam decorrido de administrações
anteriores e os novos gestores estivessem tomando providências para sanar as irregularidades verificadas,
aplicar-se-ia o princípio da intranscendência subjetiva. O propósito seria neutralizar a ocorrência de risco
que pudesse comprometer, de modo grave ou irreversível, a continuidade da execução de políticas
públicas ou a prestação de serviços essenciais à coletividade. Nesse sentido, a tomada de contas especial
seria medida de rigor com o ensejo de alcançar-se o reconhecimento definitivo de irregularidades,
permitindo-se, só então, a inscrição dos entes nos cadastros de restrição aos créditos organizados e
mantidos pela União. O Ministro Marco Aurélio asseverou que, por se tratar de governança, preponderaria
o princípio contido no art. 37 da CF, ou seja, o da impessoalidade.

2.9.2 Sistemas de controle da execução orçamentária

Inglês:o sistema inglês guarda características inerentes ao sistema parlamentarista, em que o Poder
Executivo, representado pelo seu gabinete, interage diretamente com o Poder Legislativo, em matéria
financeira, por intermédio da Câmara dos Comuns;- francês: é caracterizado pelos Tribunais de Contas,
que têm a função de fiscalizar e julgar as contas públicas. Segundo a doutrina, é o sistema adotado no
Brasil;- americano:o sistema se caracteriza pela existência de um órgão no Congresso Nacional
denominado Controladoria Geral. O sistema é marcado ainda pela adoção das técnicas de auditoria
concernentes às empresas privadas.

2.9.3 Classificação do controle da execução orçamentária


 Quanto ao momento:A priori ou prévio – realizado antes da execução do orçamento;Concomitante
– realizado durante a execução do orçamento;A posteriori ou subseqüente – após o encerramento
do exercício financeiro.
 Quanto ao órgão:Interno –realizado dentro de cada poder;Externo – No âmbito federal é exercido
pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União.

2.9.4 Tribunal de Contas da União

O TCU é composto por 9 Ministros, tem sede no DF e jurisdição em todo o território nacional. Os Ministros
têm as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do STJ e
serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:I - mais de 35 anos e menos de
65 anos de idade;II – idoneidade moral e reputação ilibada;III – notórios conhecimentos jurídicos,
contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;IV – mais de 10 anos de exercício de
função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
São escolhidos:- 1/3 pelo Presidente da República, dentre auditores e membros do MP junto ao TCU,
indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo critérios de antiguidade e merecimento;- 2/3 pelo
Congresso Nacional.
Competências constitucionais do TCU:- apreciar as contas anuais do Presidente da República;- julgar as
contas de todos os administradores responsáveis por dinheiros, valores ou bens públicos;- apreciar, para
fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal e de aposentadorias;- realizar auditorias;-
fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe;-
fiscalizar a aplicação dos recursos da União repassados para os Estados e Municípios;- prestar informações
solicitadas pelo Congresso Nacional sobre as fiscalizações realizadas;- aplicar sanções e determinar a
correção de irregularidades em atos e contratos, determinar prazos para o cumprimento da lei; se
verificada ilegalidade, sustar a execução do ato impugnado, comunicando a decisão às Casas do Congresso
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Nacional, bem como representar ao Poder competente sobre as irregularidades apuradas;- fiscalizar a
aplicação das subvenções e renúncias de receitas;- emitir pronunciamento quando solicitado pela Comissão
Mista de Orçamento;- apurar denúncias apresentadas por qualquer cidadão, partido político, sindicatos,
sobre irregularidades ou ilegalidades;- fixar os coeficientes do FPM e FPE.
Competências legais do TCU:- Lei 8.443/92: Decidir sobre consulta formulada por autoridade competente
acerca de dúvida na aplicação de dispositivos legais ou regulamentares concernentes à matéria de
competência do Tribunal. São autoridades competentes: Ministros de Estado, Presidência da República,
Presidência dos Tribunais. A aplicação prática diz respeito à solução de dúvidas, mediante exposição que
será oficiada ao TCU, visando à obtenção da informação pertinente;- Lei 8.730/93: Exercer o controle da
legalidade, legitimidade dos bens e rendas de autoridades e servidores públicos;-Lei 8.031/90: Apreciar o
processo de privatização das empresas incluídas no Programa Nacional de Desestatização;Lei 8.666/93:
Apreciar as representações apresentadas por licitantes acerca de irregularidades nas licitações;Lei
9.452/97: Apreciar representações apresentadas pelas Câmaras Municipais acerca da não-comunicação da
liberação de recursos federais.

3 Ponto 3 - Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos


precatórios.
3.1 Despesa pública. Conceito e classificação.

3.1.1 Conceito

“conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público para o


funcionamento dos serviços públicos” – ALIOMAR BALEEIRO

A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesas serão
acompanhados de estimativa de impacto orçamentário (no exercício de vigência e nos dois subseqüentes),
além de declaração do ordenador de que o aumento tem adequação com a LOA e compatibilidade com a
LDO e PPA.
Fases de formação e concretização da despesa pública(internas/prévias):
- AUTORIZAÇÃO: deve haver previsão orçamentária – a despesa deve estar autorizada por lei ou,
extraordinariamente por MP – ordenar despesa não autorizada por lei pode caracterizar o crime previsto
no artigo 359-D do CPB.
- LICITAÇÃO: verificação da necessidade ou não de licitação - procedimento administrativo pelo qual a
administração seleciona a proposta que lhe trará mais vantagens
- ADJUDICAÇÃO: atribuir ao vencedor o objeto da licitação – contrato com a adm. Pública
As fases elencadas acima são as chamadas fases internas (prévias). A partir de então surgem as fases
previstas na Lei nº 4320/64, artigos 58/ss:

“ELOP”:

- EMPENHO: ato administrativo emanado da autoridade competente que antecede a despesa e confirma as
obrigações da administração em relação ao contratado - reserva da quantia necessária ao pagamento da
dotação orçamentária – a nota de empenho apenas confirma a garantia de pagamento, não cria
obrigação para a administração pública.
 Permite o autocontrole pela administração pública e serve como instrumento para o controle realizado
pelo legislativo (corte de contas)
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 É vedado aos municípios, no último mês do mandato do Prefeito, empenhar mais do que o duodécimo
(1/12) da despesa prevista no orçamento vigente.
 Obs.: empenhos globais – pagamento de servidores – está dispensada a emissão de nota de empenho
(o empenho deve haver, mas sem a nota de empenho – simplificação)

- LIQUIDAÇÃO (art. 63, §1º): verificação, por parte da administração, do direito do credor de receber a
quantia empenhada. Se não comprovar, o empenho será anulado. A anulação de empenho diferencia-se
do contingenciamento. O primeiro caso indica uma sanção pelo não cumprimento do contrato. Já o
contingenciamento é instrumento de controle orçamentário.
- ORDEM DE PAGAMENTO (art. 64): despacho, precedente ao pagamento, exarado pelo ordenador de
despesas.
Obs.: a LRF não traz punições a administradores pelo descumprimento de suas normas, aplicando-se
somente aos órgãos e entes públicos.
- PAGAMENTO: extingue a obrigação

3.1.2 Classificação

Extra-orçamentárias: as resultantes de levantamentos de depósitos, as cauções, os pagamentos de


restos a pagar, consignações, resgate de operações de crédito por antecipação de receitas (ARO), bem
como outros VALORES QUE SE APRESENTAM DE FORMA TRANSITÓRIA.
IMPORTANTE: O pagamento do principal (amortizações) da ARO é uma despesa extra-orçamentária, mas o
pagamento dos JUROS DA ARO é uma despesa orçamentária (Valdecir Pascoal).
Quanto à periodicidade: - ORDINÁRIAS: as despesas que têm autorização orçamentária e atendem a
gastos rotineiros, a exemplo do pagamento de precatórios e dos servidores públicos; EXTRAORDINÁRIAS:
as oriundas de ocorrências inesperadas, urgentes e inadiáveis, a exemplo daquelas decorrentes de
calamidade pública.
Quanto às categorias econômicas: (Lei nº 4320/64, artigo 12) - DESPESAS CORRENTES: gastos
improdutivos, que não impliquem aumento do patrimônio. São gastos de natureza operacional, que se
destinam à manutenção e ao funcionamento dos serviços públicos (podem ser de custeio ou transferências
correntes). DESPESAS DE CAPITAL: gastos produtivos por envolverem dispêndios que têm por escopo a
aquisição ou construção de bens de capital que contribuam para a formação de novos bens ( a)
investimentos: dotações para o planejamento e execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de
imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de
trabalho, aquisição de instalações, equipamentos, materiais permanentes e constituição e aumento de
capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro (ex: construção de um hospital); b)
inversões financeiras: dotações destinadas à aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização, à
aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já
constituídas, quando a operação não importe aumento de capital de entidades ou empresas que visem
objetivos empresariais ou financeiros (ex: compra de um imóvel já em uso, para servir de sede de um
órgão); c) transferências de capital: são as dotações para investimentos ou inversões financeiras que
outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação
direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, bem como dotações
para amortização da dívida pública.
Obs.: considera-se material permanente o de duração superior a dois anos
Despesas com pessoal: somatório dos gastos com os ATIVOS, INATIVOS E PENSIONISTAS, bem como os
ENCARGOS SOCIAIS E CONTRIBUIÇÕES recolhidos pelo ente às entidades de previdência. Também os
contratos de terceirização de mão-de-obra devem ser contabilizados como “outras despesas com pessoal”,
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somando-se aos gastos com ativos, inativos e pensionistas (v. art. 18).Os artigos 19 e 20 da LRF definem os
limites para gastos com pessoal dos entes federativos (União: 50%, Est. e mun.: 60%) e dos poderes
(legislativo federal: 2,5%, judiciário: 6%, MPU: 0,6%) – atualmente, por exemplo, se o legislativo descumpre
seu limite, toda a União será tida como descumpridora – há um projeto de lei complementar em
tramitação para alterar esta previsão.
 A LRF exclui dos limites de gastos com pessoal a revisão geral anual. Maria Sylvia defende
que essa revisão não pode ser impedida pelo fato de estar o ente político no limite de despesa de
pessoal porque seria inaceitável que a aplicação de uma norma constitucional tivesse o condão de
transformar outra, de igual nível, em letra morta (o STF já entendeu desta forma no julgamento de
uma ADIN por omissão).
 São vedados empréstimos ou operações de crédito para suprir gastos com pessoal.
 A Lei nº 9504/97 (Lei Geral das Eleições) proíbe a revisão geral da remuneração dos
servidores que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo (portanto, reajuste que
tenha por escopo promover a recomposição são permitidos), desde 180 dias antes do pleito até a
posse dos eleitos.
 É nulo o ato que implique aumento de despesas com pessoal expedido nos 180 dias
anteriores ao término do mandato.
 O regime contábil das despesas é o REGIME DE COMPETÊNCIA (ou de exercício). Isso quer
dizer que, se a despesa foi empenhada em determinado exercício financeiro, ainda que venha a ser
paga no exercício posterior, pertencerá ao primeiro exercício. O exercício financeiro corresponderá
ao ano civil.
 A respeito de operações de crédito, o art. 36 da LRF proíbe a sua realização entre uma
instituição financeira estatal e o ente da federação que o controla, na qualidade de beneficiário do
empréstimo. No entanto, essa sistemática ocorreu no Brasil e ganhou o nome de “pedalada fiscal”.
Na verdade, o termo “pedalada fiscal” indica qualquer operação atípica realizada pelo governo que
não esteja prevista na legislação. No caso brasileiro, envolveu a Caixa Econômica Federal e o
governo federal, em que houve o pagamento de benefícios assistenciais pelo banco público sem o
corresponde depósito do dinheiro nessas contas, ocorrendo uma forma de empréstimo vedado
pela LRF.

3.2 Disciplina Constitucional dos Precatórios

 A CF/88 em seu artigo 100 dispõe que os pagamentos devidos pela fazenda pública em virtude de
sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos
precatórios e à conta dos créditos respectivos, ressalvados os pagamentos das denominadas
Requisições de Pequeno Valor (RPV), assim qualificadas em razão de sua expressão numérica, a
qual, dentro dos limites expressos em lei (União – até 60 salários-mínimos; Estados e Municípios,
limites fixados em sua própria legislação, não podendo ser inferior ao teto dos benefícios pagos
pelo RGPS), dispensa a observância do regime de pagamento por precatório.
 Ressalte-se que os acordos judiciais poderão não se sujeitar ao regime dos precatórios, se
presentes o interesse público e observada a moralidade administrativa, não podendo, para tanto,
ser utilizada verba reservada para o pagamento de precatórios (ex.: art. 2º, Lei 9.469/97).
 O precatório decorre de sentença executada na forma do artigo 730 do CPC, sendo a pessoa
jurídica de direito público citada para opor embargos no prazo de 30 dias (não para pagar).
 Decorrido o prazo de 30 dias sem embargos ou caso estes sejam julgados improcedentes, o juiz
expedirá ofício requisitório ao presidente do seu Tribunal.
 A ordem judicial de pagamento do Presidente do Tribunal, bem como os demais atos necessários a
tal finalidade, concernem ao campo administrativo e não jurisdicional. A respaldá-la tem-se

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sempre uma sentença exeqüenda (ADI 1098/SP e RE 595045). O Presidente pode determinar as
correções de erro material ou inexatidão dos cálculos, nos termos do título judicial. (ADI 1098/SP)
 A execução contra empresas públicas ou sociedades de economia mista será feita na forma comum,
caso referidas entidades tenham por objeto atividade econômica. O STF decidiu que no caso dos
Correios, por exercer atividade típica de Estado, o regime de execução deveria seguir a forma dos
precatórios, em razão da impenhorabilidade de seus bens (Informativo 213). Inaplicabilidade do
precatório para a Eletronorte (RE 599628).
 Sumula 655 do STF estabelece que “A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em
favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a
isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de
outra natureza.”. Esta manifestação teve como contraponto a tese que defendia que a previsão do
caput do art. 100 trazia uma exceção ao regime dos precatórios, que ao final restou não acolhida.
 Prazo constitucional para pagamento - precatórios apresentados até 1º de julho, serão pagos até o
final do exercício seguinte, quando serão atualizados monetariamente. (Antes da Emenda no.
30/2000 a atualização dos valores era realizada em 1º de julho do ano anterior ao do pagamento
(data limite para apresentação). Após referida emenda os valores passaram a ser reajustados na
data do pagamento, o qual tem por limite o final do ano seguinte (essa previsão foi mantida com a
EC no 62/09).
 Juros de mora:não incidem juros de mora entre a data de expedição e a data do efetivo pagamento
do precatório (AI 713551-AgR)(SV 17 STF). Passado o prazo da mora constitucional, configurando-
se demora injustificada, deve incidir juros moratórios (RE 589513-ED)
 Na hipótese de litisconsórcio cada autor terá seu crédito considerado individualmente (Resoluções
373 e 399 do CJF). Também é possível o fracionamento para pagamento da parte incontroversa, a
ser pago conforme valor global da execução (AI 798495-AgR)
 O art. 33 do ADCT (originário da CF) autorizou o parcelamento, em até oito anos do valor dos
precatórios judiciais pendentes de pagamento na data da promulgação da CF. (O dispositivo foi
várias vezes questionado, mas o STF declarou constitucional, por considerar manifestação do
constituinte originário) – RE 161170/SP, RE148266/SP.
 De acordo com o art. 78 do ADCT (redação da EC 30/2000) os precatórios pendentes de
pagamento na data de promulgação da Emenda 30 (13/09/2000) e os que decorram de ações
ajuizadas até 31/12/1999, serão liquidados pelo seu valor real , em moeda corrente, acrescido de
juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos.
 O prazo de parcelamento fica reduzido para dois anos nos casos de precatórios originários de
desapropriação de imóvel residencial do credor, desde que seja seu único imóvel à época da
imissão na posse.
 Não estão sujeitos ao parcelamento os créditos de natureza alimentícia, os de pequeno valor, os
que já tiveram recursos liberados, os já depositados e os anteriormente parcelados.
 Entretanto, o STF deferiu, em 2010, cautelar para suspender a eficácia do art. 2º da EC 30, que
introduziu o art. 78 no ADCT - por violação ao direito adquirido, ato jur. perfeito, coisa julgada; ter
atendado contra a independência do Poder Judiciário – poder de julgar e fazer cumprir suas
decisões – e separação dos poderes (ADI 2356 MC / DF).
 As prestações anuais que não forem liquidadas até o final do exercício a que se referem terão
poder liberatório dos tributos da entidade devedora. Obs.: Segundo entendimento da doutrina e
jurisprudência, a compensação tem que ocorrer em relação aos tributos da mesma entidade
pública devedora, bem como ter previsão legal.
 Sequestro de rendas: previsto para o caso de direito de precedência. A não-inclusão no orçamento
da verba necessária à satisfação de precatórios judiciais e o pagamento a menor, sem a devida
atualização ou fora do prazo legal, não se equiparam a preterição do direito de precedência.
Somente neste caso é possível a decretação do sequestro. (ADI 1662/SP)

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 Intervenção federal: no caso de atraso ou suspensão do pagamento de precatórios, pode
caracterizar-se o descumprimento de uma ordem judicial, dando ensejo a eventual intervenção,
que dependerá de requisição do STF, STJ ou TSE. Mas o descumprimento precisa ser voluntário e
intencional (não o é por insuficiência de recursos, que não justifica a IF) (IF 1917-AgR). Além disso,
o descumprimento pode configurar crime de responsabilidade (inc. VII do art. 85 da CF).
 A Lei nº. 11033/2004 exigiu a apresentação de certidões negativas para levantamento dos valores
depositados a título de precatório. Tanto o STF (Pleno – ADI 3453) quanto o STJ (1a turma -
Zavascki) entenderam pela inconstitucionalidade do artigo 19 desta lei. (Motivo: violação ao
contraditório prévio, ao devido processo legal e à segurança jurídica, pois a exigência somente era
feita no momento do pagamento).
 A Emenda Constitucional no. 62/2009 trouxe profundas alterações no sistema constitucional dos
precatórios, como a inclusão do art. 97 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
dispondo que até que seja editada a lei complementar de que trata §15 do art. 100 da Constituição
Federal (acima exposto), os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de publicação
desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios vencidos, relativos às
suas administrações direta e indireta, inclusive os emitidos durante o período de vigência do regime
especial instituído por este artigo, farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir
estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição Federal, exceto em seus
§§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios já formalizados
na data de promulgação desta Emenda Constitucional.
Obs.: Conforme se verá abaixo, a sistemática adotada pela EC 62 foi, em grande medida, reputada
inconstitucional pelo STF. Ver a modulação dos efeitos da decisão proferida na ADIs 4357 e 4425.
 Denominada por alguns "emenda do calote", há de se dizer que, contra ela, a Ordem dos
Advogados do Brasil - OAB, em 15.12.2009, ajuizou ação direta de inconstitucionalidade (Adin
4357), sobretudo alegando que os leilões de deságio desqualificam as decisões do Poder Judiciário,
prejudicam o direito adquirido e apequenam a coisa julgada.
Para sintetizar o julgamento das referidas ADIs, transcrevo abaixo notícia veiculada no site
www.migalhas.com.br, ante a forma didática na exposição do resultado do julgamento:

O plenário do STF julgou inconstitucionais dispositivos do artigo 100 da CF/88 alterados


pela EC 62/09, que institui o novo regime de pagamento dos precatórios. Os ministros
entenderam que os pedidos encaminhados nas ADIns 4357 e 4425 são procedentes em
pontos que tratam da restrição à preferência de pagamento a credores com mais de 60
anos, quanto à fixação da taxa de correção monetária e quanto às regras de
compensação de créditos.

O Supremo dividiu o julgamento sobre a EC em duas partes, acolhendo questão de ordem


apresentada pelo ministro Marco Aurélio. Uma é relativa ao artigo 100 da CF, que institui
regras gerais sobre precatórios, e a outra ao artigo 97 do ADCT - Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, que institui o regime especial de pagamento de precatórios. O
julgamento deve ser retomado nesta quinta-feira, 14.

Os ministros julgaram inconstitucionais em parte os parágrafos 2º, 9º, 10 e 12 do artigo


100, acompanhando o voto do ministro-relator aposentado, Ayres Britto. Ficaram vencidos
Teori Zavascki, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que votaram pela improcedência das ADIns
em relação ao citado artigo.

No parágrafo 2º, foi considerada inconstitucional a expressão "na data de expedição do


precatório", que restringe o pagamento preferencial àqueles que já têm 60 anos completos
quando da expedição do título judicial. Seguindo o entendimento manifestado pelo relator
no início do julgamento, isso significaria que um credor com 80 anos poderia ficar sem
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preferência, enquanto outro com 60 anos recém-completos poderia ser contemplado
rapidamente. Para Lewandowski, "excluir da preferência o sexagenário que completa a
idade ao longo do processo ofende a isonomia e também a dignidade da pessoa humana e
o princípio da proteção aos idosos, assegurado constitucionalmente".

Os parágrafos 9º e 10, que instituem a regra da compensação no momento do pagamento


dos precatórios, dos débitos que o credor privado tem com o poder público, foram
declarados inconstitucionais, por maioria, sob alegação de ofensa ao princípio da isonomia.
A regra foi considerada inconstitucional porque acrescenta uma prerrogativa ao Estado de
encontro de contas entre créditos e débitos que não é assegurada ao ente privado.

No parágrafo 12, foi considerada inconstitucional a expressão que estabelece o índice da


caderneta de poupança como taxa de correção monetária dos precatórios, por ficar
entendido que ele não é suficiente para recompor as perdas inflacionárias. Marco Aurélio
destacou a constitucionalidade de outro trecho do parágrafo, que institui a regra segundo a
qual a taxa de remuneração adotada deve ser a mesma para todos os tipos de precatórios,
se alimentares ou de origem tributária , uma vez que o princípio isonômico não
comportaria tratamento diferenciado de taxas para cada caso.

Art. 97 do ADCT – Regime Especial de pagamento de precatórios – parcelamento e “leilões


reversos” julgados inconstitucionais

Nos termos do voto do relator, ministro Ayres Britto, os dois modelos especiais para
pagamento de precatórios afrontam a ideia central do Estado democrático direito, violam
as garantias do livre e eficaz acesso ao Poder Judiciário, do devido processo legal e da
duração razoável do processo, além de afrontarem a autoridades das decisões judiciais, ao
prolongar, compulsoriamente, o cumprimento de sentenças judiciais com trânsito em
julgado.

Parte da EC 62/2009 foi declarada inconstitucional pelo STF em março de 2013, no


julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 4357 e 4425. Contudo, ficou
pendente a modulação, ou seja, o alcance dos efeitos dessa decisão. Em outubro de 2013,
o ministro Luiz Fux, redator do acórdão das ADIs, votou pela prorrogação do regime
instituído pela EC 62/2009 até 2018, ressalvados determinados pontos, como o índice de
correção monetária, o sistema de leilões e acordos e de compensações.

Em março de 2015 o STF julgou o tema, modulando os efeitos da sua decisão, conforme notícia veiculada
no site www.migalhas.com.br.

Na sessão plenária desta quarta-feira, 25, o plenário do STF concluiu a modulação dos
efeitos da decisão que declarou parcialmente inconstitucional o regime especial de
pagamento de precatórios estabelecido pela EC 62/09. Por maioria, os ministros
concordaram com a proposta de modulação apresentada pelos ministros Barroso e Fux,
que compilou as sugestões e divergências apresentadas em votos já proferidos.

A decisão do plenário, que em março de 2013 julgou parcialmente procedente as ADIns


4357 e 4425, ficou modulada nos seguintes termos:

1.Modulação de efeitos que dê sobrevida ao regime especial de pagamento de precatórios,


instituído pela EC 62/09, por 5 exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de
2016.

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2.Conferir eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos seguintes
aspectos da ADIn, fixando como marco inicial a data de conclusão do julgamento da
presente questão de ordem (25/3/15) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou
pagos até esta data, a saber:

2.1.Fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de


poupança (TR), nos termos da EC 62/09, até 25/3/15, data após a qual (i) os créditos em
precatórios deverão ser corrigidos pelo IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo
Especial) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais
aFazenda Pública corrige seus créditos tributários; e

2.2.Ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração


públicaFederal, com base nos arts. 27 das leis 12.919/13 e 13.080/15, que fixam o IPCA-E
como índice de correção monetária.

3.Quanto às formas alternativas de pagamento previstas no regime especial:

3.1.Consideram-se válidas as compensações, os leilões e os pagamentos à vista por ordem


crescente de crédito previstos na EC 62/09, desde que realizados até 25/3/15, data a partir
da qual não será possível a quitação de precatórios por tais modalidades;

3.2.Fica mantida a possibilidade de realização de acordos diretos, observada a ordem de


preferência dos credores e de acordo com lei própria da entidade devedora, com redução
máxima de 40% do valor do crédito atualizado.

4.Durante o período fixado no item 1 acima, ficam mantidas (i) a vinculação de percentuais
mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios (art.97, § 10, do ADCT) e
(ii) as sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao
pagamento de precatórios (art. 97, §10, do ADCT).

5.Delegação de competência ao Conselho Nacional de Justiça para que considere a


apresentação de proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50% dos
recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii) a
possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o
estoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25/3/15, por opção do credor do
precatório.

6.Atribuição de competência ao CNJ para que monitore e supervisione o pagamento dos


precatórios pelos entes públicos na forma da presente decisão.

No caso da compensação de precatórios vencidos com a dívida ativa, a decisão não tem
aplicação imediata, uma vez que o plenário delegou ao CNJ a regulamentação do tema,
com a apresentação ao STF de uma proposta normativa. Também caberá aoCNJ, nos
mesmos termos, a regulamentação do uso compulsório de 50% dos depósitos judiciais
tributários no pagamento de precatórios.

O ministro Marco Aurélio ficou vencido na modulação. Ele entendeu que a Corte não
deveria avançar na modulação da forma como fez. Citou, como já o fez outrora, a metáfora
do bumerangue: um instrumento que o STF lança no meio jurídico, mas que pode voltar-se
contra ele próprio.

"O Supremo age unicamente como legislador negativo. Jamais, por melhor que seja a
intenção, como legislador positivo."

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A ministra Rosa Weber ficou vencida em menor extensão, pois modulava a decisão apenas
para que a eficácia se desse a partir do julgamento público.

3.2.1 Questões Decididas pelo STJ em Precatórios


 Em relação aos precatórios originados de ações movidas contra entidades da administração pública
indireta do Estado, quanto à sistemática do art. 78, § 2º, do ADCT, a jurisprudência do STJ não
abona a pretensão de compensação com tributos estaduais, se não houver legislação estadual
autorizando tal operação, uma vez que não é dado ao poder judiciário invadir a esfera de
competência do ente federado para determinar a compensação, como se legislador fosse.
 A jurisprudência pacífica desta Corte Superior firmou entendimento de que é inviável a
compensação de débito tributário com precatório emitido por pessoa jurídica distinta da credora.
 A jurisprudência do STJ considera penhorável o crédito relativo a precatório judiciário, mesmo que
a entidade dele devedora não seja a própria exequente, o qual, todavia, equivale à penhora de
crédito, e não de dinheiro.
 É proibida a compensação de créditos entre pessoas jurídicas distintas. Ademais, só é possível a
compensação entre tributos de mesma natureza.
 É possível o fracionamento de execução de sentença para a expedição de requisição de pequeno
valor, apenas quando se tratar de litisconsórcio facultativo ativo, e não de ação coletiva intentada
por legitimado extraordinário ou substituto processual.

3.2.2 Súmulas do STF e do STJ sobre Precatórios


3.2.2.1 STF

Súmula Vinculante nº 17: Durante o período previsto no §1º do art. 100 da Constituição,
não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

Súmula Vinculante nº 47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou


destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza
alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de
pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza.

Súmula 655: A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos
de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatórios, limitando-se a isentá-la
da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de
outra natureza.

Súmula 733: Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento
de precatórios (justificativa: atividade de expedição de precatório não possui caráter
jurisdicional).

3.2.2.2 STJ

Súmula 144: Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os


precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa.

Súmula 213: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do


direito à compensação tributária (OBS: apenas para declarar o direito à compensação, mas
não para realizá-la, pois isso dependeria de dilação probatória).

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Súmula 279: É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública.

Súmula 311: Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e


pagamento de precatório não têm caráter jurisdicional.

Súmula 406: A fazenda pública pode recusar a substituição do bem penhorado por
precatórios.

4 Ponto 4 - Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e


receitas derivadas.
4.1 Receitas Públicas

4.1.1 Conceito. Diferença entre ingressos e receitas.

Receita pública é o ingresso de dinheiro aos cofres públicos do Estado para atendimento de suas
finalidades. É, portanto, ingresso de numerário aos cofres públicos que servirá como fonte para fazer face
às despesas públicas.
 O conceito de receita não se confunde com o de entrada/ingresso, pois todo ingresso de dinheiro
aos cofres públicos caracteriza uma entrada, mas nem todo ingresso corresponde a uma receita
pública.
 Receita entra no patrimônio sem ressalva; ingresso público é aquele recurso que poderá ser
devolvido ao particular (entrada condicionada).
 Enquanto o ingresso é marcado pela noção de provisoriedade, a receita pública atrela-se ao
contexto de definitividade.
INGRESSO: todas as entradas, mesmo quando geram lançamento no passivo
RECEITA: apenas os ingressos que não geram lançamento no passivo.
 Exemplos de ingresso: caução, fiança, antecipação de Receita Orçamentária (ARO), consignações,
empréstimos compulsórios.
 Salienta Aliomar Baleeiro, porém, que a Lei 4320/64 não perfilhou a conceituação doutrinária de
receita pública, ditada por financistas. A lei não elege como requisito indispensável à configuração
da receita pública o ingresso de dinheiro sem contrapartida no passivo nem o acréscimo
patrimonial da entidade política. Adotou-se o conceito de receita pública em sentido amplo
(sinônimo de ingresso público).
 Por força do princípio da unidade de tesouraria, previsto no art. 56, todo ingresso de dinheiro deve
ser centralizado no tesouro público e contabilizado ou como receita corrente ou como receita de
capital.
4.1.2 Classificação

4.1.2.1 Quanto aocritério da regularidade ou relativa periodicidade

RECEITAS EXTRAORDINÁRIAS: são aquelas auferidas em caráter excepcional e temporário, em função de


determinada conjuntura. Exemplos: empréstimos compulsórios e os impostos extraordinários de guerra, já
que esses impostos não servem como fontes perenes de receitas, pois, por terem caráter contingente,
devem ser, gradativamente, suprimidos assim que cessadas as causas de sua criação. RECEITAS
ORDINÁRIAS:são aquelas que ingressam com regularidade, por meio do normal desenvolvimento da
atividade financeira do Estado. Constituem fonte regular e permanente de recursos financeiros necessários
ao atendimento das despesas públicas.

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4.1.2.2 Quanto ao sentido

RECEITAS EM SENTIDO AMPLO: sinônimo de ingresso público. Toda entrada de recursos nos cofres
públicos, independente de haver lançamento no passivo ou não; RECEITAS EM SENTIDO ESTRITO: aquelas
que não deverão ser devolvidas ou entregues a qualquer pessoa posteriormente, visto que o Estado a
converte em bens ou serviços. Para o Direito Financeiro, apenas esses ingressos definitivos é que devem
ser considerados receita.

4.1.2.3 Quanto à natureza ou previsão orçamentária

RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS – compõem a lei orçamentária, tal como a advinda da cobrança de tributos,
exploração do patrimônio do Estado etc; RECEITAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS– são aquelas que têm, em
contrapartida, um passivo exigível que será resgatado quando da realização da correspondente despesa
extraorçamentária. Daí que não podem ser consideradas pelo Estado para realizar os seus gastos
orçamentários. São, na verdade, meros movimentos de caixa.

4.1.2.4 Quanto à categoria econômica - classificação legal

Segundo a Lei 4320/64, de acordo com as categorias econômicas, as receitas podem ser: RECEITAS
CORRENTES: São resultantes da atividade própria da administração (Estado como agente arrecadador e
agente econômico). Não acrescente o patrimônio público, pois são arrecadadas e logo convertidas em
bens ou serviços, apenas para manter a máquina pública: Desdobram-se nas seguintes receitas: Receita
tributária ( tributos: impostos, taxas e contribuição de melhoria); Receita de contribuições; Receita
patrimonial (exploração dos bens/patrimônio próprio dos Estados); Receita agropecuária; Receita
industrial; - Receita de serviços; Transferências correntes: receitas recebidas de outro ente (transferência),
quando destinadas ao pagamento de despesa corrente. - Outras Receitas correntes: recebidas a título de
multas em geral, juros de mora, indenizações, valores inscritos em Dívida Ativa, royalties. RECEITAS DE
CAPITAL: aquelas advindas de uma operação em que o patrimônio gera patrimônio, ou seja, em que haja
aumento do patrimônio do Estado. Podem ser: operações de crédito (assunção de dívidas); alienação de
bens; amortização de empréstimos; transferência de capital: receitas recebidas por transferência de outro
ente para pagamento de despesa de capital; superávit do orçamento corrente.

4.1.2.5 Quanto à origem (quanto à fonte ou coercitividade)

RECEITA ORIGINÁRIA:é aquela que advém da exploração, pelo Estado, da atividade econômica. Resulta da
exploração do patrimônio do Estado. Isto é, são aquelas que resultam da atuação do Estado, sob o regime
de direito privado, na exploração da atividade econômica. Há bilateralidade na relação. Exemplos:
alienações, fianças, indenizações, doações, legados, preços públicos ou tarifa etc. Dividem-se em receitas
patrimoniais e industriais; RECEITAS DERIVADAS: São extraídas do patrimônio dos particulares para o
Estado, em razão do seu poder de império. São os tributos, as penas pecuniárias, as multas aplicadas por
autoridades administrativas ou judiciais, o confisco e as reparações de guerra. O Estado, em virtude do seu
poder de autoridade, pode retirar dos súditos parcelas de suas riquezas para a consecução dos seus fins,
visando ao bem-estar geral.

* Há quem ainda aponte uma terceira modalidade, quanto à origem: RECEITAS TRANSFERIDAS: aquelas
obtidas pela transferência constitucional de tributos a Estados e Municípios. Podem ser: Receita
transferida obrigatória(A receita transferida obrigatória é aquela que, nada obstante advinda do
patrimônio do particular a título de tributo, não é arrecadada pela entidade que vai utilizá-la); Receita
transferida voluntária: As receitas transferidas voluntárias têm assento na Lei de Responsabilidade Fiscal
(LC nº101/2000), nos artigos 25 a 28, valendo destacar o caput do art.25 que a conceitua como ‘a entrega
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de recursos correntes ou de capital a outro ente da federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência
financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de
Saúde”.

Atenção. Não confundir transferência voluntária com empréstimo . Isso porque o ente beneficiário não terá
que devolver o dinheiro ao ente político que lhe entregou.

Ainda, no ponto, vale destacar a proibição de repasse de recursos de convênios federais para os Estados e
Municípios inadimplentes com o Governo federal, prevista no art. 25, §1º da LRF. Exceções a essa regra,
são previstas na LRF e na lei do CADIN - Lei n. 10.522/2002. Se as transferências de recursos federais
tiverem por objeto (finalidade) a realização de ações de educação, saúde, assistência social ou outras
ações sociais, bem como ações em faixa de fronteira, será permitido o repasse dos valores mesmo que o
Estado ou Município esteja figurando no CAUC. O STJ entendeu que a pavimentação e drenagem de vias
públicas não pode ser enquadrada no conceito de ação social previsto no art. 26 da Lei n. 10.522/2002.
(Info 556)
O que é o CAUC? CAUC é a sigla de Cadastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias. O CAUC
é um instrumento de consulta, por meio do qual se pode verificar se os Estados-membros ou Municípios
estão com débitos ou outras pendências perante o Governo federal e é alimentado com as informações
constantes em bancos de dados como o SIAFI e o CADIN. À União cabe a inscrição e retirada no sistema e,
antes de inscrever, deve ser garantida ampla defesa ao ente. Em caso de conflito envolvendo União (ou
suas entidades) contra Estado-membro (ou suas entidades), a demanda judicial é de competência do STF
em razão da magnitude do tema discutido, pois pode gerar conflito federativo. (Info 799)
Por fim, cabe destacar a compensação financeira assegurada aos Estados, DF e Municípios, nos termos do
art. 20, §1º da CF – que para a União, por ser a titular dos recursos naturais, é receita corrente, na
modalidade de receita patrimonial e para os E, DF e M, tem caráter contraprestacional e é recebida como
“outras receitas correntes”, conforme art. 11, §1º da L4320.

4.2 Regime Contábil da Receita (ART. 35, LEI 4.320/64):

Toda receita que ingressa nos cofres públicos necessita ser lançada ou contabilizada. Os estágios da receita
são: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. Ocorre que, em tese, haveria 2 formas para esse
lançamento ser realizado: a) quando fosse prevista a sua realização (regime de competência); b) quando,
de fato, houvesse o ingresso do recurso (regime de caixa). O legislador preferiu a segunda hipótese.
Assim, o regime contábil de lançamento da receita é chamado regime de caixa.
Quando o critério de análise é o exercício financeiro, tem-se que as receitas lançadas, embora não
arrecadadas, pertencem ao exercício, figurando, quando não recebidas, como dívida ativa.

5 Ponto 5 - Dívida ativa da União de natureza tributária e não tributária. Crédito público.
Conceito. Dívida pública: conceito.
5.1 Dívida ativa da União de natureza tributária e não tributária

 O que define determinado crédito como dívida ativa é a atribuição, mediante lei, de cobrança às
pessoas descritas no Art.1º, caput, da Lei n. 6.830/80, independentemente de sua origem e não
importando sua natureza pública ou privada em si. Neste sentido, a jurisprudência majoritária do
STJ (entendimento adotado, inclusive, em sede de julgamento de recurso repetitivo), seguida pelo
TRF1, afirma constituir dívida ativa créditos originários de operações financeiras, posteriormente
cedidos à União por força de lei (Por força de medida provisória, o Banco do Brasil cedeu créditos
rurais hipotecários à União, que passaram a integrar a dívida ativa).

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 Outro aspecto relevante é a composição do valor que constitui a dívida ativa, que abrange, segundo
a dicção legal atualização monetária, juros, multa de mora e demais encargos previstos em lei ou
contrato.
 Por fim, cumpre destacar que há doutrina minoritária que sustenta que, de todos os entes
componentes da Administração Indireta, somente as autarquias possuem a prerrogativa da dívida
ativa, com o conseqüente privilégio de constituir unilateralmente seus créditos. A posição
majoritária, entretanto, confere interpretação extensiva ao texto legal, entendendo que todas as
pessoas que integram o conceito de Fazenda Pública estão albergadas pela disciplina legal.
 Convém destacar que as decisões do TCU que imputem débito, por força de norma constitucional,
possuem força de título executivo, sendo assim dispensada a inscrição em dívida ativa.
 Por fim, ressalte-se que segundo o STJ, não se aplica os termos do CTN na cobrança de dívida não-
tributária, de forma que não é possível, por exemplo, o redireccionamento da execução fiscal com
base no art. 135 do CTN (Súm. 353/STJ).
5.1.1 Inscrição e Certidão da Dívida Ativa

 O ato de inscrição é aquele através do qual o crédito da Fazenda Pública ganha eficácia executiva. É,
ainda, ato de controle administrativo de legalidade, realizado pelo órgão competente para a
apuração de liquidez e certeza do crédito público. O crédito público, após devidamente constituído,
é inscrito no Registro da Dívida Ativa, passando a ostentar eficácia executiva. Apesar de não se
confundirem, lançamento e inscrição são conceitos intimamente relacionados quando se trata de
dívida ativa tributária. O primeiro é constitutivo, dando ao crédito existência material; o segundo é
ato integrativo de eficácia, em que se apuram os requisitos para a criação do título executivo que
embasará a execução judicial do crédito tributário.
 A Dívida Ativa regularmente inscrita goza de presunção de certeza e liquidez, presunção esta que é
júris tantum. A certidão de Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de Inscrição e será
autenticada pela autoridade competente.
 A CDA é o título que embasa a execução fiscal. Existe a peculiaridade de ser possível, até a decisão
de primeira instância, a substituição ou emenda da Certidão de Dívida Ativa, assegurada ao
executado a devolução do prazo para embargos. Cumpre destacar, entretanto, que essa
possibilidade somente poderá acontecer quando se tratar de erro material ou formal. Quando
houve mudança do executado, necessária uma nova execução fiscal. STJ súmula 392: A Fazenda
Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos,
quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo
da execução.
5.2 Crédito Público. Conceito.

 O crédito público pode ser visto sob dois enfoques: econômico, leva em consideração a
solvabilidade e o elemento fidúcia, que influem na capacidade de o Estado obter recursos através
de empréstimos; e jurídico, aponta que crédito público é a própria obtenção de recursos
financeiros por parte do Estado.
 Existe divergência acerca de o crédito público configurar ou não receita pública. Aliomar Baleeiro
não vê o crédito público como capaz de compor o elenco regular de receitas públicas correntes;
quando muito, entende-o como uma receita impropriamente dita. A essência de seu entendimento
está no fato de que os empréstimos representados pelos créditos públicos seriam meras entradas
de caixa, uma vez que a cada soma representativa pelo ingresso, no ativo, deve corresponder um
outro lançamento, no passivo, para contrabalancear a operação. É a posição majoritária.
 Crédito público é empréstimo obtido pelo poder público – tal e qual ocorre com a iniciativa
privada, também os Governos podem firmar contratos para obtenção de recursos que, no caso, são
tomados mediante empréstimo. Assim, o crédito público é estabelecido através de um instrumento
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contratual, fundado em um pressuposto no aspecto de confiança e certeza que o Estado possui e
transmite para poder contrair dívidas.
 O professor Alexandre Henrique Salema Ferreira afirma que há 3 posições acerca da natureza
jurídica do crédito público: ato de soberania, decorrente da autodeterminação e de auto-obrigação
do Estado; operação resultante de um ato legislativo, e não contratual, restando ao mutuante a
possibilidade de aderir ou não; e trata-se de um contrato sujeito ao regime público.
5.3 Dívida Pública. Conceito.

Afirma-se que dívida pública é toda a dívida contraída pelo Estado a fim de obter recursos financeiros
necessários ao cumprimento de seus objetivos. A dívida pública brasileira, assim, encontra-se apresentada
em contratos firmados e no lançamento de títulos da dívida pública, dentre os quais se destacam Bônus do
Tesouro Nacional, Obrigações do Tesouro Nacional, Letra Financeira do Tesouro Nacional, Nota do Banco
Central e Letra do Tesouro Nacional. Conforme Eugênio Rosa de Araújo, trata-se de ato de natureza
contratual, embora fortemente disciplinado pelo Direito Público.

PRINCÍPIOS INCIDENTES SOBRE A DÍVIDA PÚBLICA - Régis Fernandes de Oliveira, em seu Curso de Direito
Financeiro, aponta princípios incidentes sobre o débito público, quais sejam:
 Pacta sunt servanda – O contrato enquanto tal vincula as partes componentes e deve ser
cumprido;
 Cláusula rebus sic stantibus – Ocorrendo bruscas transformações na situação fática que se
verificava à época da assinatura do contrato, modificação esta que torne difícil ou impossível o
cumprimento do que foi pactuado, deve haver reformulação do teor do contrato;
 Princípio da boa-fé;
 Princípio do beneficium competentiae – não redução do devedor ao estado de necessidade;
 Princípio do favor debitoris – a parte mais fraca deve ser tutelada, de modo a tornar mais suave o
cumprimento das obrigações;
 Impossibilidade de alteração unilateral das cláusulas.

5.4 Dívida Pública Consolidada. Dívida Pública Flutuante. Dívida Pública Mobiliária.

Dívida consolidada é o montante total das obrigações financeiras assumidas em virtude da Constituição,
leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito.para amortização em prazo
superior a 12 meses; é a que tem deduzidas as disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os
demais haveres financeiros, nos termos da Resolução nº 43/2001; A dívida pública flutuante é a assumida
para pagamento no mesmo exercício. Por fim, dívida pública mobiliária é a decorrente de títulos emitidos
pelos entes federados.
A Lei de Responsabilidade Fiscal promoveu algumas alterações neste panorama.
 Primeiro, estabeleceu que a dívida relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco
Central do Brasil integra a dívida mobiliária da União. (art. 29,inc. II, da LRF)
 Instituiu também uma ampliação do conceito de dívida pública consolidada, aí incluindo as
operações de crédito para amortização em prazo inferior a 12 meses, desde que incluídas no
orçamento.
5.5 Limites da Dívida Pública

 O atual panorama brasileiro possui específica regulamentação dos limites da dívida pública, tendo
em vista a busca de um aperfeiçoamento cada vez maior da eficiência da gestão estatal.
 Inicialmente, convém afirmar que um ente público somente pode assumir um débito público
mediante específica autorização legislativa e após prévia previsão orçamentária. Além disso, devem

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ser obedecidas as Resoluções do Senado Federal, que é órgão encarregado de autorizar e fiscalizar
as obrigações financeiras dos entes públicos.
 Atualmente não há qualquer limite de endividamento para a União, seja em relação à dívida
consolidada, seja quanto à dívida mobiliária.O regramento existente – e consolidado na redação
atual da Resolução do Senado Federal 43/2001 – apenas atinge os Estados, Distrito Federal e
Municípios. (Tathiane Piscitelli. Direito Financeiro Esquematizado, 2ª Edição, fl. 142).
 Neste tocante, o Senado Federal editou algumas resoluções, dentre as quais se destacam a
resolução 40/2001, Resolução 43/2001 e Resolução 48/2007. Resolução 40/2001 estabeleceu que
a dívida consolidada líquida dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a partir do décimo
quinto exercício financeiro, contado de 2001, não poderá exceder, no caso de Estados e Distrito
Federal, a duas vezes o valor da receita corrente líquida, e no caso dos Municípios, um inteiro e dois
décimos da receita corrente líquida. Durante o período de transição, os valores excedentes deverão
ser reduzidos à razão de 1/15 avos a cada exercício financeiro. Os prazos estabelecidos foram
suspensos, nos termos da Resolução 20/2003, que dispensou do cumprimento da obrigatoriedade
dos limites no período de janeiro de 2003 a 30 de abril de 2005. Esta resolução dispõe ainda sobre
os limites da dívida mobiliária dos Estados, DF e Municípios, afirmando que, para Estados e
Municípios, a dívida mobiliária não pode ultrapassar o valor correspondente a duas vezes a receita
corrente líquida, e para os Municípios, não pode exceder um inteiro e dois décimos; A Resolução
43/2001 estabelece os critérios para a contratação de operações financeiras externas por parte dos
entes públicos; A Resolução 48/2007 estabelece os limites globais e as condições para operações
de crédito interno e externo da União. Pelo art. 7º desta Resolução, o valor global das operações
não poderá ser superior a 60% da receita corrente líquida. O art. 8º proíbe que os contratos
financeiros contenham cláusula: a) de natureza política; b) atentatória à soberania nacional; c)
contrária à Constituição e às leis brasileiras; d) que implique compensação automática de débitos e
créditos.
 Por fim, por força do art. 35 da LRF, ficam proibidas as operações de crédito entre os entes da
Federação.
5.6 Penhora sobre Títulos da Dívida Pública.


Como tais títulos são expedidos pelo próprio Estado, tem sido admitido o oferecimento de tais
documentos a título de penhora, a fim de o juízo em sede de execução fiscal. Ocorre que a
expedição de títulos da dívida pública é praticada adotada pelo Estado brasileiro há muito tempo,
de modo que, muitos títulos ainda não resgatados apresentam sérias dúvidas acerca de suas
liquidez e certeza. A sucessão de planos econômicos, as incontáveis substituições da moeda
corrente nacional e outras circunstâncias conjunturais contribuem decisivamente para o
agravamento do caso.
 Em casos tais, tem entendido o STJ ser legítima a recusa à penhora sobre tais títulos, notadamente
os que não possuem cotação em Bolsa de Valores, tendo em vista o possível comprometimento da
execução.
6 Ponto 6 - O Sistema Tributário Nacional. Limitações constitucionais ao poder de tributar. A
repartição de competências na federação brasileira. Delegação de arrecadação.
Discriminação constitucional das rendas tributárias. Legislação sobre o Sistema Tributário
Brasileiro. Definição de tributo. Espécies de tributos.

6.1 O Sistema Tributário Nacional

Conceito: Sistema é a “reunião ordenada de várias partes que formam um todo, de tal sorte que elas se
sustentam mutuamente e as últimas explicam-se pelas primeiras. As que dão razão às outras chamam-se
princípios, e o sistema é tanto mais perfeito quanto em menor número existam”(Carraza). Assim, STN é o

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conjunto de normas constitucionais e infraconstitucionais que disciplinam a atividade tributante. Resulta
da conjugação de 3 planos normativos: a CF (normas estruturantes do STN; a classificação dos tributos;
repartição de competências; e limitações ao poder de tributar), a lei complementar (veiculadora de normas
gerais em matéria tributária como o CTN), e a lei ordinária (instrumento de instituição de tributos por
excelência). As normas infralegais tratam de regulamentação. OBS: No Brasil, diferente da maioria dos
países, é a CF (analítica) que aponta as regras-matrizes de incidência tributária.

6.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar

Aqui estão princípios e normas disciplinadoras da competência tributária (repartição de competências,


indicação de princípios e imunidades). A repartição de competências estabelece as atribuições de cada
pessoa política. As imunidades demarcam a amplitude das normas atributivas de competência e os
princípios orientam o válido exercício da competência. O poder de tributar está associado à competência
tributária, que é de titularidade da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. É o poder de
criar tributos em abstrato. Algumas limitações podem configurar cláusulas pétreas (leading case: ADI 939-7
DF). Ex: imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, a, CF); imunidade de templos de qualquer culto (art.
150, VI, b); imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (todos
reconhecidos no aludido julgamento).

6.2.1 Princípios

a) Princípio da legalidade: a criação e majoração de tributos só pode ser feita por lei. A lei deve descrever
determinada situação (aspecto material) no tempo e no espaço (aspectos temporal e espacial), que, uma
vez ocorrida, gerará o dever para determinada pessoa (aspecto pessoal) de entregar ao Estado certa
quantia (aspecto quantitativo) a título de tributo. Previsão na Carta Magna Lhibertatis (1215), impôs a
necessidade de aprovação prévia dos súditos para a cobrança dos tributos, “no taxation whithout
representation”.
Exceção: para a majoração de alíquotas: II, IE, IOF, IPI (alíquotas fixadas por decreto, dentro dos limites
fixados em lei), CIDE-combustíveis (o Poder Executivo pode reduzir e restabelecer as alíquotas – art. 177, §
4º, I, b, da CF/88) e ICMS monofásico sobre combustíveis (alíquotas fixadas por convênio celebrado entre
Estados e DF – CONFAZ – art. 155, § 4º, IV, da CF) ; prazo para recolhimento previsto em ato normativo
infralegal (Sum 669, STF); obrigações acessórias e atualização monetária da base de cálculo (STF e CTN, art.
97, § 2º). Em relação a esta última, tanto o STF e STJ entendem ser possível a fixação de índice local para a
correção monetária, o qual somente teria como limite o índice oficial de correção monetária. Neste
sentido, Sumula 160 do STJ (“É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual
superior ao índice oficial de correção monetária”).

- Legalidade e delegação legislativa: nada impede a utilização de lei delegada em matéria tributária.
Contudo, a grande liberdade na edição de medidas provisórias acaba inutilizando o instrumento.
- Legalidade e regulamentos: STF: “os decretos regulamentadores, ao tratarem da atividade econômica
preponderante e do grau de risco acidentário, delimitaram conceitos necessários à aplicação concreta da
Lei 8.212/91, não exorbitando o poder regulamentar conferido pela norma ... (STF, RE 343.446-2/SC, j.
20.3.2003). Assim é possível que o legislador atribua ao regulamento a incumbência de complementar
conceitos jurídicos indeterminados, sem que com isto se fira o princípio da legalidade.
Roque Carraza afirma que no Brasil se aplica o PRINCÍPIO DA REFERENDA, no que tange aos regulamentos
expedidos pelo executivo, com fundamento no art. 87, parágrafo único, inciso I, da CF, que afirma que os
Ministros de Estado devem "referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República".
- Legalidade e medida provisória: a EC 32/2001 veio constitucionalizar a medida provisória como meio
adequado para criar ou aumentar IMPOSTOS (segundo a literalidade da CF). No entanto, antes mesmo da

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EC, o STF entendia ser a MP veículo normativo hábil a criar ou majorar tributos. Restrição: regulação dos
conteúdos cuja disciplina esteja reservada à lei complementar (art. 62, § 1º, CF).

b) Princípio da isonomia (art. 150, II, CF): “princípio da proibição de privilégios odiosos”. Veda o
tratamento tributário diferenciado para pessoas que estão na mesma condição. Não há exceções
constitucionais a este princípio. A isonomia possui acepção horizontal e vertical. A horizontal refere-se às
pessoas que estão na mesma situação e que devem ser tratadas da mesma forma. A vertical refere-se às
pessoas que se encontram em situações distintas e que, por isso, devem ser tratadas de maneira
diferenciada na medida em que se diferenciam.

Tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte,


assim definidas em lei, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução
destas por meio de lei.

As contribuições sociais previstas no inciso I do caput do art. 195 poderão ter alíquotas ou
bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de
mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.

É admitida a concessão de incentivos fiscais para promover o equilíbrio do


desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, I).

Deduções da BC do imposto de renda (saúde, educação, dependentes).

São desdobramentos do princípio da isonomia: Princípio da interpretação objetiva do fato


gerador, ou princípio do pecunia non olet (arts. 118 e 126 do CTN). Princípio da capacidade
contributiva (art. 145, § 1º , CF) A imposição de progressividade do IR é exemplo de regra
teleologicamente ligada aos princípios da capacidade contributiva e da isonomia.

Na declaração anual de imposto de renda, é possível a dedução de despesas feitas pelo


contribuinte com profissional de saúde, mesmo que este não seja regularmente inscrito no
respectivo conselho profissional. Ex: dentista que não esteja registrado no CRO. (STJ. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1.375.793-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4/6/2013 –
Info 524).

Concessão de isenção à operação de aquisição de automóveis por oficiais de justiça


estaduais. (...) A isonomia tributária (CF, art. 150, II) torna inválidas as distinções entre
contribuintes ‘em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida’, máxime nas
hipóteses nas quais, sem qualquer base axiológica no postulado da razoabilidade,
engendra-se tratamento discriminatório em benefício da categoria dos oficiais de justiça
estaduais.” (ADI 4.276, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 20-8-2014, Plenário, DJE de 18-9-
2014.)

c) Princípio da irretroatividade (art. 150, III, a, CF): A nova lei só alcança fatos geradores futuros.

- FG instantâneo: ocorre em um momento preciso da linha do tempo.


- FGs periódicos: fatos geradores que se prolongam no tempo, sendo considerados ocorridos nos instantes
legalmente determinados. Os fatos periódicos simples tomam por base um único evento que se prolonga no
tempo (Ex: IPTU e IPVA). Já os fatos periódicos compostos são fatos geradores compostos de diversos

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eventos que devem ser considerados de maneira global, dentro de um determinado período de tempo
legalmente definido (Ex: IR e CSLL).
- Irretroatividade e CSLL: “se o fato gerador relativo à contribuição social reputa-se ocorrido em 31 de
dezembro, conforme a orientação do STF, a lei que esteja em vigor nessa data é aplicável imediatamente ...
(AI – AgR-ED 333.209/PR – Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 02.03.2007).
- Irretroatividade e IR: FG pode ser composto pela soma de fatos isolados, valorados num período de
tempo, de tal sorte que só se aperfeiçoe tal FG com a implementação do último fato isolado, como no IR, o
FG periódico (complexivo). SÚMULA Nº 584 do STF: Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos
do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. Tal
súmula parece desprezar tanto a anterioridade quanto a irretroatividade. A súmula é bastante constestada
pela doutrina. Em setembro/14 o STF concluiu o julgamento do RE 183.130 e embora tenha se mantido
válida a Súmula 584, entendeu-se “não ser legítima a aplicação retroativa da Lei que majorou a alíquota
incidente sobre o lucro proveniente de operações incentivadas ocorridas no passado, ainda que no mesmo
exercício. Relativamente a elas, a legislação havia conferido tratamento fiscal destacado e mais favorável,
justamente para incrementar a sua exportação. A evidente função extrafiscal da tributação das referidas
operações afasta a aplicação, em relação a elas, da Súmula 584/STF. (RE 183130, Pleno, 25/09/2014).
Pendente de julgamento o RE 592.396 (Repercussão Geral), onde se discute a possibilidade de “aplicação
de lei que majorou alíquota do imposto de renda sobre fatos ocorridos no mesmo ano em que publicada,
para pagamento do tributo com relação ao exercício seguinte” Vale registrar que, no âmbito do STJ,
existem precedentes afirmando a inaplicabilidade da referida Súmula (entre outros, AgRg no Ag 1363478, j.
15/03/2011) - “Inaplicável o verbete sumular 584 do STF, erigido à luz da legislação anterior à atual Carta
Magna, vigendo, desde então, os princípios da anterioridade e da irretroatividade da lei tributária.
Precedentes do STJ: REsp 222.338/RS” Exceção ao princípio (art. 106 do CTN): A lei aplica-se a ato ou fato
pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a)
quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência
de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento
de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua
prática.

d) Princípio da anterioridade: É vedado cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Diz respeito à publicação, não à vigência da lei. Não se aplica
quando benéfica ao contribuinte. Há duas modalidades: anterioridade de exercício e anterioridade
nonagesimal (ou mitigada). Na primeira, exige-se que a lei que institua ou aumente o tributo tenha sido
publicada no exercício anterior. Na segunda, exige-se o decurso de um prazo de 90 dias, contados da data
em que haja sido publicada a lei que instituiu ou aumentou o tributo. (SV 50, STF) “Norma legal que altera
o prazo de recolhimento da obrigação tributária NÃO se sujeita ao princípio da anterioridade”.

Há exceções aos dois princípios

- Anterioridade de exercício: II, IE, IPI, IOF, CIDE-combustíveis e ICMS monofásico sobre combustíveis
(ambos no que tange apenas ao restabelecimento da alíquota), EC para custear guerra ou calamidade (não
inclui “investimento público”), IE de guerra, e contribuições para o financiamento da Seguridade Social.
- Anterioridade nonagesimal: II, IE, IOF, IR, EC para custear guerra ou calamidade (não inclui “investimento
público”), IE de guerra, alterações da base de cálculo do IPVA e IPTU.
a) Anterioridade e MP: MP que implique instituição ou majoração de impostos, exceto o II, IE, IPI, IOF
e o IE de guerra só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em
lei até o último dia daquele em que foi editada. Não se aplica tal regra a outros tributos, só
impostos.

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b) O prazo de 90 dias da anterioridade nonagesimal, segundo o STF, é contado da data de publicação
da MP, não havendo interrupção sempre que ela for convertida sem alteração substancial. Caso
haja mudança substancial no texto da medida provisória, no momento de sua conversão em lei, o
prazo deve ser contado da publicação da lei de conversão (RE 169.740).
c) Ainda sobre MP, caso seja rejeitada ou perca a eficácia por decurso de prazo (120 dias), o tributo
(ou a majoração) deixa imediatamente de ser cobrado, cabendo ao Congresso Nacional disciplinar
por decreto legislativo as relações jurídicas geradas (CF, art. 62, § 3º).
d) Para o STF, a modificação do prazo para pagamento é exigível de imediato, pois não é aumento (RE
AgR 274.949, 1ª Turma, j. 13.11.2001). Mesmo raciocínio no que tange à atualização monetária do
valor do tributo ou da sua base de cálculo (RE-AgR 200.844/PR, 2ª Turma, j. 25.06.2002)
e) Para o STF, o princípio em tela é cláusula pétrea.

f) Revogação de isenção e anterioridade: Tema polêmico. Art. 104, III, CTN: lei que extinga ou reduza
isenção relativa a imposto sobre o patrimônio ou a renda entra em vigor apenas no exercício
seguinte. A revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária?
• SIM. O ato normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido configura
aumento indireto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade tributária. (1ª
Turma. RE 564225 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/9/2014 (Info 757) Vencidos os
min. Toffoli e Weber. Para eles, a revogação de benefício fiscal não configura aumento de imposto,
portanto, não precisaria respeitar o princípio da anterioridade. • NÃO. A revisão ou revogação de
benefício fiscal, por se tratar de questão vinculada à política econômica, que pode ser revista pelo
Estado a qualquer momento, não está adstrita à observância das regras de anterioridade tributária.
(2ª Turma. RE 617389 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 08/05/2012). Questão
pendente de decisão pelo Pleno.

e) Princípio do não-confisco: veda a exigência de tributos que tenham caráter confiscatório, sendo tal
termo de difícil definição. Porém, pode adotar-se a definição de confisco como sendo a exigência tributária
que inviabiliza a existência ou o desenvolvimento das pessoas jurídicas, ou que priva as pessoas físicas de
suas necessidades básicas. Ligado ao direito de propriedade e à capacidade contributiva. Por isso o STF já
decidiu que o caráter de confisco deve ser avaliado não apenas em função de um determinado tributo,
isoladamente, e sim tendo em conta a totalidade da carga tributária suportada (todos os tributos que ele
deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído) Também
se aplica para tributos extrafiscais e para multas. - Pena de perdimento e confisco: a pena de perdimento de
bens foi recepcionada pela CF (art. 5º, XLVI, b), razão pela qual nada impede que, em casos de
comprovação de graves infrações tributárias, a legislação específica preveja o perdimento como punição.
Neste sentido, STF; - Taxas e principio do não- confisco: A taxa tem caráter contraprestacional. A
verificação do caráter confiscatório é feita comparando o custo da atividade com o valor cobrado a título
de taxa (STF, ADI-MC-QO 2.551/MG, j. 02.04.2003). - Multas e princípio do não-confisco: aplica-se o
princípio em relação às multas (ADI 551).

A aplicação de multa moratória acima do patamar de 20% detém caráter confiscatório.


Trata-se de montante que se coaduna com a ideia de que a impontualidade é uma falta
menos grave, aproximando-se, inclusive, do valor que um dia já foi positivado na CF. (STF,
INFO, 2015, Rel. Min. Barroso.). “Dá ensejo à pena de perda do veículo a conduta DOLOSA
do transportador que utiliza veículo próprio para conduzir ao país mercadoria estrangeira
sujeita à pena de perdimento, independentemente de o valor do veículo ser
desproporcional ao valor das mercadorias apreendidas. O art. 104, V, do DL 37/66 dispõe
que a pena de perda do veículo é aplicada “quando o veículo conduzir mercadoria sujeita à
pena de perda, se pertencente ao responsável por infração punível com aquela sanção”.
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Igual o art. 688, V, do Dec. 6.759/09, dispõe que se aplica a pena de perdimento do veículo,
por configurar dano ao Erário, “quando o veículo conduzir mercadoria sujeita a
perdimento, se pertencente ao responsável por infração punível com essa penalidade”. (…)
Além disso, “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”. Assim, a legislação aduaneira, ao tratar da pena de
perdimento de veículo, é severa em razão de uma finalidade nítida, como coibir a
sonegação tributária, por meio do descaminho ou de contrabando. (STJ, 2015)

f) Princípio da liberdade de tráfego (inciso V do art. 150 da CF): O trânsito de pessoas e mercadorias não
pode ser restringido por meio da imposição de tributos. A regra possui exceções: a) ICMS interestadual; b)
pedágio- A ressalva feita ao pedágio no dispositivo constitucional parece indicar que, para o constituinte, o
pedágio se afigura como tributo. O STF entende que o pedágio-tributo tem natureza de taxa de serviço (RE
181.475-6). Entretanto, é cediço que o pedágio tem sido cobrado por particulares em regime de
concessão, permissão ou autorização. Nestes casos, terá natureza de tarifa ou preço público.

g) Princípio da uniformidade geográfica (inciso I do art. 151 da CF): a tributação deve ser uniforme em
todo o território geográfico do ente da Federação, mas são permitidos os incentivos para desenvolvimento
regional.

h) Princípio da uniformidade da tributação da renda (inciso II do art. 151 da CF: é vedado à União (…)
“tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem
como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar
para suas obrigações e para seus agentes”).

i) Princípio da vedação às isenções heterônomas (inciso III do art. 151 da CF: é vedado à União (...):
“instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”). Duas
exceções expressas: - Art. 155, § 2º, XII, e, CF: permite que a União conceda, por meio de lei
complementar, isenção heterônoma do ICMS incidente nas operações com serviços e outros produtos
destinados ao exterior. A partir da EC 42/2003, esta exceção perdeu a utilidade, uma vez que tal emenda
estendeu tal isenção (rectius, imunidade) a todas as operações que destinem bens e serviços para o
exterior. -Art. 156, § 3º, II, CF: permite que a União conceda, por meio de lei complementar, isenção
heterônoma do ISS nas exportações de serviços para o exterior. Exceção implícita (jurisprudência do STF):
possibilidade de tratado internacional conceder isenções de tributos estaduais e municipais. Isto porque o
Presidente da República, quando firma tratados, age como Chefe de Estado, em nome da soberana
República Federativa do Brasil, e não em nome da União. STJ Súm 178 “INSS não goza de isenção de custas
e emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios propostas na Justiça Estadual”.

j) Princípio da não-discriminação tributária em razão da procedência ou do destino dos bens (art. 152,
CF: “É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens
e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Tal como o anterior, decorre do
pacto federativo.

k) Princípio da capacidade contributiva: sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Isso significa que quem pode mais, paga
mais. A maioria dos autores entende que esse princípio só se aplica aos impostos ditos “pessoais” (ex.:
Imposto de Renda, não o ITR). O STF no julgamento do RE 423.768 relativizou essa diferença de impostos
pessoais e reais para fins de incidência do princípio da capacidade contributiva, aduzindo que, esta
tradicional dicotomia deve ceder ante o teor do § 1º do art. 145 da CF. Apesar de o texto constitucional só
determinar a aplicação desse princípio aos impostos, a jurisprudência do STF entende que tal princípio é
extensível às outras espécies tributárias.(“1. Todos os tributos submetem-se ao princípio da capacidade
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contributiva (precedentes), ao menos em relação a um de seus três aspectos (objetivo, subjetivo e
proporcional), independentemente de classificação extraída de critérios puramente econômicos.” - RE
406955 AgR, 2ª Turma, j. 04/10/2011) Tanto na doutrina como na jurisprudência, muito se controverte
sobre a possibilidade de progressividade nas alíquotas de impostos reais. Recentemente, o STF decidiu ser
possível a progressividade da alíquota do ITCMD sem precisar de emenda à constituição para tanto, apesar
do teor da Sum 668: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da emenda
constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento
da função social da propriedade urbana. Com a declaração de inconstitucionalidade da lei municipal, os
contribuintes irão pagar o IPTU com base em qual alíquota? A mínima prevista, de acordo com a
destinação do imóvel. (STF, 2015, INFO, RG).

6.2.2 Imunidades

São normas constitucionais de estrutura que delimitam a competência tributária, impedindo a atuação do
legislador (limitações constitucionais ao poder de tributar).
- Diferenciação de institutos assemelhados.
 Não incidência: refere-se a situações em que um fato não é alcançado pela regra da tributação.
Pode ocorrer de três formas: a) o ente tributante, podendo fazer, deixa de definir determinada
situação como hipótese de incidência tributária; b) o ente tributário não dispõe de competência
para definir determinada situação como hipótese de incidência do tributo; c) a própria
Constituição delimita a competência do ente federativo, impedindo-o de definir determinadas
situações como hipóteses de incidência de tributos. As duas primeiras formas configuram não
incidência pura e simples. A última, não incidencia qualificada ou imunidade.
 Isenção: dispensa legal de pagamento do tributo. O ente tributante tem competência para
instituir o tributo e, ao fazê-lo, opta por dispensar o pagamento. A isenção opera no âmbito do
exercício da competência, enquanto a imunidade opera no âmbito da própria delimitação de
competência.;
 Alíquota zero: o ente tributante tem competência para instituir o tributo – e o faz -, o fato
gerador ocorre no mundo concreto, mas a obrigação tributária dele decorrente, por uma
questão de cálculo, é nula. * AG. REG. (…) inexistência de reserva de lei complementar para
dispor sobre isenção pertinente à Cofins, bem como ausente relação hierárquica entre lei
complementar e lei ordinária (art. 59 da Constituição) porquanto, em matéria tributária, a
reserva de lei complementar é definida em razão da matéria. (STF, 2015).

Imunidade recíproca ou intergovernamental (art. 150, VI, a, CF): é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios instituir impostos (não alcança taxas e contribuições – STF, RE-AgR 378.144/PR e
RE 364.202/RS) sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros (independentemente da finalidade).
A regra é extensiva (imunidade tributária recíproca extensiva) às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público (§ 2º do art. 150), no que se refere ao patrimônio, renda ou serviços
vinculados a suas finalidades essenciais ou delas decorrentes. Trata-se de cláusula pétrea, fundada no
pacto federativo. - Empresas públicas e sociedade de economia mista: quando prestadoras de serviços
públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, são abrangidas pela imunidade recíproca.
Entendimento jurisprudencial sedimentado pelo STF no RE 407.099/RS (ECT) e na AC 1.550-2 (Companhia
de Águas e Esgotos de Rondônia). Pode-se concluir, conforme entendimento de Sasha Calmon Navarro
Coelho, que a Corte, quanto ao alcance da imunidade tributária recíproca, já assentou que não é restrita
aos impostos incidentes sobre o patrimônio, a renda ou o serviço, senão que alcança todo e qualquer
imposto que possa comprometer o funcionamento do ente imune. SÚMULA Nº 583 do STF: O promitente
comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do IPTU. Quanto às

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obrigações acessórias não estão quaisquer dos imunizados dela exonerados (STF, RE 627051/PE). (…) A
imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, a, da Constituição, alcança o IPTU que incidiria sobre os
imóveis de propriedade da ECT e por ela utilizados. (STF, 2015).

Imunidade religiosa: é vedado instituir impostos sobre templos de qualquer culto, regra que abrange
apenas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais das entidades.
Fundada na liberdade religiosa. O STF tem uma visão ampla, reconhecendo imunidade de imóveis
alugados, desde que o produto seja revertido em prol das atividades essenciais (STF, RE 325.822/SP). No
caso de ICMS, havia acirrada controvérsia, mas o STF entendeu pela não incidência do imposto nas vendas
de mercadorias, desde que o lucro fosse destinado às finalidades do templo. Incluem-se também, na regra
de imunidade, os cemitérios que funcionem como extensão de entidades religiosas, sem fins lucrativos, e
dedicado exclusivamente à realização de serviços religiosos e funerários. “A imunidade tributária (religiosa)
é restrita aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à maçonaria, em cujas lojas não se
professa qualquer religião.” (RE 562351, 14-12-2012) . É do ente tributante o ônus da prova de que imóvel
pertencente a entidade religiosa está desvinculado de sua destinação institucional (STJ, AgRg AREsp
444.193-RS).

Imunidade dos partidos políticos e sindicatos dos trabalhadores: é vedado instituir impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, e das entidades sindicais dos trabalhadores (não abrange sindicatos patronais).

Imunidade das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos: é vedado instituir
impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dessas
entidades, atendidos os requisitos da lei. A doutrina entende que os requisitos devem estar previstos em
lei complementar, a qual cabe regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (também neste
sentido, STF ADI-MC 1.802/DF; ver anotação abaixo sobre a jurisprudência recente). O art. 14 do CTN
delineia o conteúdo da expressão “sem fins lucrativos” (I – não distribuírem qualquer parcela de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na
manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em
livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão). No caso das entidades de assistência
social, existe outra regra específica de imunidade, aplicável a todas as contribuições de seguridade social,
desde que atendam às exigências legais (art. 195, §7º). Súmula 730, STF: A imunidade tributária conferida
a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança
as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Julgados: “Não há imunidade tributária em relação ao ICMS decorrente da prática econômica desenvolvida
por entidade de assistência social sem fins lucrativos que tem por finalidade realizar ações que visem à
promoção da pessoa com deficiência, quando franqueada da ECT, ainda que a renda obtida reverta-se
integralmente aos fins institucionais da referida entidade. (RMS 46.170-23/10/2014.);
A imunidade do art. 195, § 7º da CF/88 é regulamentada por lei ordinária e abrange o PIS. As entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (entidades filantrópicas)
gozam de imunidade tributária com relação à contribuição para o PIS. A lei necessária para regulamentar o
referido § 7º é uma lei ordinária. STF. Plenário. RE 636941/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/2/2014
(Infos. 735/738). O mesmo entendimento, acredita-se, pode ser utilizado em relação à imunidade do artigo
150, VI, “c”;
“Não é possível condicionar a concessão de imunidade tributária prevista para as instituições de educação
e de assistência social sem fins lucrativos à apresentação de certificado de entidade de assistência social na
hipótese em que prova pericial tenha demonstrado o preenchimento dos requisitos para a incidência da
norma imunizante” (AREsp 187.172-DF, 18/2/2014.);

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O STF tem visão ampla, até para imóveis alugados, quando o produto seja revertido em prol das atividades
essenciais (Sum.Vinculante 52, STF, 2015): “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o
imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas” E se o imóvel do
partido, entidade ou instituição estiver vago ou não edificado, ele, mesmo assim, gozará da imunidade?
SIM. O fato de o imóvel estar vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para retirar a garantia
constitucional da imunidade tributária.

Imunidade cultural: é vedado instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão. Das imunidades previstas no inciso VI do art. 150, é única puramente objetiva. Conforme STF,
não alcança o serviço de composição gráfica, nem a renda da entidade. Alcança, todavia, os serviços
prestados pela empresa jornalística na veiculação de anúncios e propagandas, desde que estejam
impressos no corpo do jornal ou do periódico (folheto separado, não). A extensão da imunidade a
publicações em meios eletrônicos, a softwares, CDs, DVDs ou qualquer outro meio que não seja o papel já
foi rejeitada pelo STF, em órgãos fracionários. O tema está com RG reconhecida (RE 330817 RG / RJ).
Grande parte da doutrina advoga por interpretação teleológica. Hugo de Britto Machado é favorável à
imunidade em qualquer insumo. A Lei da Política Nacional do Livro é expressa acerca dos “livros em meio
digital”, que seriam “equiparados a livro” (Lei 10753, art. 2º, parágrafo único, VII). A EC 75/2013incluiu a
alínea “e” no inciso VI do artigo 150, instituindo imunidade aos “fonogramas e videofonogramas musicais
produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral
interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os
contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser”. Trata-se, a toda a
evidência, de “imunidade cultural”. Súmula 657, STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange
os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. A imunidade abarca o II, IE,
IPI e o ICMS da produção e circulação do livro. Não abarca IPTU/IRPJ devidos pela editora.

6.2.3 Outras Imunidades


1. De custas judiciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII)
2. Imunidade de emolumentos referentes ao registro civil de nascimento e certidão de óbito, para
os reconhecidamente pobres (art. 5º LXXVI, CF)
3. Imunidade das receitas decorrentes de exportação a contribuições sociais e de CIDE (Art. 149, §
2º, I, CF). Tal imunidade não se estende à CSLL e à CPMF. Neste sentido, Pleno do STF nos RE
474.132/SC e RE 564.413/SC (Info STF 565).
4. Imunidade ao ITR das pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as explore o proprietário
que não possua outro imóvel (art. 153, § 4º, II, CF).
5. Imunidade ao IPI das exportações de produtos industrializados (art. 153, § 3º, III, CF)
6. Imunidade do ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, que
se sujeita apenas ao IOF e à extinta CPMF (art. 153, § 5º, CF).
7. Imunidade ao ICMS de operações que destinem mercadorias para o exterior e sobre serviços
prestados a destinatários no exterior (art. 155, § 2º, X).
8. Imunidade ao ICMS nas prestações de serviços de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art. 155, § 2º, X).
9. Imunidade a todos os impostos nas operações de transferência de imóveis desapropriados para
fins de reforma agrária (art. 184, § 5º).
10. Imunidade das entidades beneficentes de assistência social às contribuições para financiamento
da seguridade social (art. 195, § 7º, CF)
11. Taxas (XXXIV, art. 5º da CF) : “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou

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abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal”.
6.3 Repartição de competências na federação brasileira

 Impostos: a competência é discriminada exaustivamente na Constituição, que faculta apenas à União


Federal criar impostos residuais, mas por lei complementar, não-cumulativos e desde que não incidam
sobre a mesma base de cálculo ou fato gerador dos demais impostos já discriminados.
 Taxas: a competência é concorrente, ou seja, todos os entes podem instituir taxas, bastando que
tenham competência para prestar o serviço ou exercer o poder de polícia (ex.: taxa de emissão de
passaporte só a União Federal pode criar, pois só ela tem a competência para tanto).
 Contribuições de melhoria: competência concorrente. Institui a contribuição de melhoria o ente que
realiza a obra pública.
 Empréstimos compulsórios: competência exclusiva da União Federal.
 Contribuições gerais: a competência é, em regra, da União Federal. Exceção para as contribuições para
iluminação pública, de competência dos municípios e do DF, bem como para o custeio da previdência
dos servidores.
 Impostos:
1. Federais: II, IE, IPI, IOF, IR, ITR, IGF, impostos residuais, impostos extraordinários.
2. Estados: IPVA, ICMS, ITCMD.
3. Municípios: ISS, IPTU, ITBI

Terminologias de competências tributárias para os impostos:

COMPETÊNCIA É a competência “exclusiva”


Todos os entes políticos
PRIVATIVA da entidade impositora.
É a competência
“remanescente” dada com
COMPETÊNCIA
exclusividade à União para a Só a União
RESIDUAL
instituição de impostos
“novos”.
É a competência afeta à
União no tocante à
COMPETÊNCIA instituição do IMPOSTO
Só a União
EXTRAORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIO DE
GUERRA (IEG – artigo 154,
CF)
DF
(artigo 155, caput, c/c artigo 147, in fine)
(impostos estaduais e municipais)
É a competência afeta aos TERRITÓRIOS
COMPETÊNCIA
IMPOSTOS no DF e nos Sem Municípios Com Municípios
CUMULATIVA
territórios. União é competente União competente
para a instituição dos para a instituição
impostos estaduais e somente dos
municipais impostos estaduais

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6.4 Definição de Tributo

Tributo é toda: prestação pecuniária (dar dinheiro), compulsória (prestação obrigatória) - em moeda ou
cujo valor nela possa se exprimir (não pode ser em algo que não seja economicamente apreciável ou que
não possa ser transformado em pecúnia. Não se permite concluir pela existência de tributos in natura ou in
labore. Permiti a utilização de indexadores (ex. UFIR). A LC 104/01 trouxe o XI ao art. 156 do CTN,
permitindo a dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário, o que
não habilita a conclusão da possibilidade da instituição de tributos in natura (bens) ou in labore (em
serviços), uma vez que não se pode tomar a autorização da dação como regra geral.); - que não constitua
sanção de ato ilícito (diferencia tributo da multa. tributo não é punição). O FG é sempre lícito, embora
possa derivar de uma causa ilícita (“pecunia non olet”) - criada por lei: lei no sentido de norma produzida
pelo Poder Legislativo (ex.: lei ordinária) ou que passe pelo seu crivo para ter validade permanente (ex.:
MP) - cobrada mediante atividade administrativa: quem exige o tributo é a Administração Pública, não
podendo ser instituído e fiscalizado por entidades privadas - plenamente vinculada: a atividade de
imposição de tributos é vinculada, não havendo espaço para a discricionariedade.

6.5 Tributos em Espécie

Quatro principais correntes doutrinárias: 1) dualista, bipartida ou bipartite (somente impostos e taxas); 2)
tripartida, tricotômica ou tripartite (impostos, taxas e contribuições de melhoria; 3) quadripartida,
tetrapartida ou tetrapartite (impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios; 4) pentapartida,
ou quinquipartida (impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais e empréstimos
compulsórios).

a) A corrente doutrinária clássica (escola tricotômica), baseando-se no Código Tributário Nacional,


entendia haver apenas três espécies tributárias. Para diferenciá-las, bastava analisar a hipótese de
incidência: 1. impostos; 2. taxas; 3. contribuições de melhoria.

b) A visão mais moderna do Direito Tributário, inclusive com respaldo do STF, reconhece a existência de
cinco espécies (classificação quinquipartida), com base na Constituição Federal: 1. impostos; 2. taxas; 3.
contribuições de melhoria; 4. contribuições sociais; 5. empréstimos compulsórios.

- A determinação da natureza jurídica específica do tributo, segundo o CTN: Art. 4º A natureza jurídica
específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para
qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do
produto da sua arrecadação.

Contribuições para Financiamento da Seguridade Social e Impostos: a diferenciação entre as duas


espécies de tributos somente ocorre pelo nome e pela destinação do produto da arrecadação, critérios
considerados irrelevantes pelo citado art. 4º. Para compatibilizar a realidade com o dispositivo, a doutrina
vem entendendo que o art. 4º foi parcialmente não recepcionado pela CF de 1988, não sendo mais
aplicável às contribuições especiais e aos empréstimos compulsórios.

1) Imposto: tributo não vinculado a qualquer contraprestação estatal específica (não-vinculado), que tem a
finalidade de custear serviços públicos gerais e universais (uti universi), não remunerados por taxas. A
vinculação da receita oriunda dos impostos a órgão, fundo ou despesa é proibida expressamente pela
Constituição Federal (art. 167, IV). Portanto, além de serem tributos não-vinculados, os impostos são
tributos de arrecadação não-vinculada (dupla desvinculação) O imposto, em regra, é criado por lei

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ordinária. Há apenas duas exceções que dependem de lei complementar para a sua criação: Imposto sobre
grandes fortunas e impostos residuais. A disciplina integral dos impostos se dá por meio de lei ordinária.
Muitos impostos são criados por lei ordinária, mas disciplinados por lei complementar (ex: ISSQN).

2) Taxa:tributo cobrado pelo exercício regular do poder de polícia ou pela prestação, efetiva ou potencial,
de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. - Taxas de
polícia: art. 78, CTN - O STF, em decisões recentes, tem presumido o exercício do poder de polícia quando
existente o órgão fiscalizador, mesmo que este não comprove haver realizado fiscalizações individualizadas
no estabelecimento de cada contribuinte (RE 416.601). Adiante, no RE 588.322/RO, nem mesmo a
existência de um órgão fiscalizador específico seria sempre necessária para legitimar a cobrança de uma
taxa de policia, desde que ocorrendo essa situação, possa ser demonstrado que o ente estatal realmente
desempenha a atividade de policia correspondente ao fato gerador da taxa. - Taxas de serviço: serviços
públicos específicos ou singulares (quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção,
de unidade, ou de necessidades públicas – art. 79, II, CTN – ou seja, os titulares são identificáveis) e
divisíveis (quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários – art.
79, III, CTN). SÚMULA Nº 670 do STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa. SÚMULA Nº 595 do STF: É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem
cuja base de cálculo seja idêntica à do Imposto Territorial Rural. SÚMULA Nº 667 do STF: Viola a garantia
constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa. Súmula
Vinculante 19 - a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal. SÚMULA Nº 545 do STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem,
porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu. Serviços de água e esgoto, prestados por
concessionária de serviço público: tarifa ou preço público (STF – RE 518.256; STJ – Súmula 412, “A ação de
repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código
Civil”, AgRg no REsp 1236750) - Serviços de água e esgoto, quando prestado pelo próprio ente público
(mesmo que por autarquia): taxa (AI 765898 AgR, Min. Luiz Fux, j. 03/04/12)
Taxas e Preços Públicos
Taxa Preço Público (Tarifa)
Regime Jurídico de Direito Público Regime Jurídico de Direito Privado
O vínculo obrigacional é de natureza tributária, O vínculo obrigacional é de natureza contratual,
não admitindo rescisão admitindo rescisão
O sujeito ativo é uma pessoa jurídica de direito O sujeito ativo pode ser uma pessoa jurídica de
público direito público ou de direito privado
O vínculo nasce independentemente de Necessidade de manifestação de vontade
manifestação de vontade
Cobrada em virtude de utilização efetiva ou Só cobrada em virtude de utilização efetiva do
potencial do serviço público serviço público
A receita arrecadada é derivada A receita arrecadada é originária
Sujeita-se aos princípios tributários (legalidade, Não se sujeita
anterioridade, noventena)

3) Contribuição de melhoria: tributo cobrado em decorrência da valorização de imóvel (FG) particular em


virtude de uma obra pública. Tem fundamento no princípio da vedação ao enriquecimento sem causa. Não
é legítima a sua cobrança antes da realização da obra pública. A BC será exatamente o valor acrescido
(STF). Limites total e individual (CTN): total: a despesa realizada; individual: o acréscimo de valor que da
obra resultar para cada imóvel beneficiado.

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4) Contribuições especiais (arts. 149 e 149-A, CF): tributos cujo produto da arrecadação tem destinação
específica (contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico, contribuição de interesse de
categorias profissionais ou econômicas e contribuição de iluminação pública)
- Contribuições sociais: P/ STF, esta subespécie está sujeita a mais uma divisão: a) contribuições de
seguridade social e PIS/PASEP; b) outras contribuições sociais (as residuais); c) contribuições sociais gerais -
são elas: c.1) salário-educação; c.2) contribuições para os serviços sociais autônomos – STF disse que essas
últimas não são contrib. especiais de interesses de cat. profissionais.
- Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE): instituição não está sujeita a reserva de lei
complementar. São tributos extrafiscais (cuja finalidade precípua não é arrecadar, mas sim intervir numa
situação social ou econômica). Nas CIDE, a intervenção ocorre pela destinação do produto da arrecadação
a uma determinada atividade que se tem por incentivada. (Estímulo à Interação Universidade-Empresa
para Apoio à Inovação – CIDE-royalties. / CIDE – Combustíveis. “A contribuição do SEBRAE [estímulo às ME
e EPPs] é de intervenção no domínio econômico, não obstante a lei a ela se referir como adicional às
alíquotas das contribuições sociais gerais relativas às entidades (...). Não se inclui, portanto, a contribuição
do SEBRAE, no rol do art. 240, C.F. III. - Constitucionalidade da contribuição do SEBRAE. ” (RE 396.266, DJ
27.2.2004)
- Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas – Contribuições
Corporativas:Criadas pela União Federal, com o objetivo parafiscal de obter recursos destinados a
financiar atividades de interesses de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias
profissionais ou econômicas.
Contribuição Sindical: (art. 8º, IV, parte final, CF): a contribuição prevista na primeira parte do inciso
(contribuição fixada pela assembleia geral para o custeio confederativo do respectivo sindicato) não tem
caráter tributário, dado o fato de não ser compulsória (só paga quem é filiado) e não ser instituída por lei
(SUM Nº 666 do STF: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível
dos filiados ao sindicato respectivo).

- Contribuições corporativas para o custeio das entidades de fiscalização do exercício de profissões


regulamentadas: típica utilização do tributo com finalidade parafiscal, uma vez que o Estado cria o tributo
e atribui o produto de sua arrecadação a terceira pessoa que realiza atividade de interesse público.

No julgamento da ADI 1.717, DJ 28.03.2003, o STF declarou a inconstitucionalidade de


dispositivos da Lei 9.649/98 que atribuíam caráter privado aos serviços de fiscalização de
profissões regulamentadas. Por conseguinte, restou fixado o caráter autárquico dos
conselhos de fiscalização. Tal decisão não abarcou o § 9º do art. 58 da referida lei,
dispositivo este que exclui a OAB do regime nela instituído. OAB: é uma entidade sui
generis, razão pela qual suas contribuições não têm natureza tributária (STJ, Resp 915.753,
j. 22/05/2007). No âmbito do STF, a decisão mais recente (ADI 3.026/DF, j. 08.06.2006),
apesar de não tratar da questão tributária, fixa o entendimento de que a OAB não é uma
entidade da ADM Indireta da União e também não pode ser tida como congênere dos
demais órgãos de fiscalização profissional (STJ parece aderir a esse posicionamento: HC
232.230, j. 26/06/2012)

- Contribuição de Iluminação Pública – (COSIP): STF decidiu pela constitucionalidade da referida


contribuição e a definiu como tributo sui generis, “que não se confunde com um imposto, porque sua
receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação
individualizada de um serviço ao contribuinte”. (RE 573.675, j. 25/03/2009; e ainda RE 642938 AgR, j.
29/05/2012)

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5) Empréstimos compulsórios (art. 148, CF): tributo restituível e vinculado a causas específicas (guerra ou
sua iminência, calamidade, investimentos públicos urgentes e relevantes). São tributos de arrecadação
vinculada.

6.6 Classificações Doutrinárias dos Tributos

- Quanto à hipótese de incidência:

1. Tributos vinculados (ou retributivos): fato gerador é alguma atividade específica do Estado relativa ao
contribuinte. Ex: taxas e contribuições de melhoria.
2. Tributos não vinculados (ou contributivos): fato gerador não é nenhuma atividade específica do Estado
direcionada ao contribuinte. Ex: impostos (fatos geradores são manifestações de riqueza – renda,
patrimônio, consumo).
3. obs: no que tange aos empréstimos compulsórios e às contribuições especiais, não há regra, devendo
ser analisado o fato gerador de cada um destes tributos instituídos para se aferir a sua vinculação ou
não-vinculação

- Quanto ao destino da arrecadação:

4. Tributos de arrecadação vinculada: receita está previamente destinada ou afetada a determinado


órgão, fundo ou despesa. Ex: contribuições sociais para financiamento da seguridade social;
empréstimos compulsórios.
5. Tributos de arrecadação não vinculada: não há prévia vinculação constitucional do produto de sua
arrecadação. Ex: Impostos.

- Quanto à finalidade:

6. Fiscal: têm por finalidade preponderante arrecadar dinheiro e prover de recursos o Estado. Ex: ISS,
ICMS, IR e outros.
7. Extrafiscal: têm finalidade diversa da simples obtenção de recursos. Objetivam, fundamentalmente,
intervir numa situação social ou econômica. Ex: II, IE
8. Parafiscal: quando a lei nomeia sujeito ativo diverso da pessoa que a expediu. Ex: contribuições
previdenciárias, antes da criação da Secretaria da Receita Previdenciária

- Quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico-financeiro:

9. Tributos diretos: o contribuinte eleito pela lei é aquele que, efetivamente, suporta o ônus.
10. Tributos indiretos: o contribuinte eleito pela lei (contribuinte de direito) é o que tem a obrigação de
efetuar o pagamento do tributo, mas não é ele quem, efetivamente, suporta o ônus tributário, que é
repassado a um terceiro (contribuinte de fato). Ex: ICMS

- Quanto aos aspectos objetivos e subjetivos da hipótese de incidência:

11. Tributos reais: são os que a lei valoriza, objetivamente, a operação ou o bem envolvido na relação
jurídica tributária, desconsiderando as características pessoais do contribuinte. Ex: IPVA.
12. Tributos pessoais: são os que a lei valoriza as características pessoais do contribuinte, para o fim de
determinar o alcance da imposição tributária. Ex: IR.

- Quanto ao exercício da competência impositiva:

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13. Privativos: a CF defere a determinado ente político competência exclusiva para a sua instituição, não
sendo possível delegação. Ex: Impostos, empréstimos compulsórios, contribuições especiais e
contribuição de iluminação pública.
14. Comuns: cuja instituição é deferida a todos os entes políticos. Ex: taxas e contribuições de melhoria
15. Residuais: novos impostos (CF, art. 154, I) e as novas contribuições sociais para a seguridade social (CF,
art. 195, § 4º)

6.7 Atenção às últimas Súmulas Vinculantes em matéria tributária

Súmula Vinculante nº 31 É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de


Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.

Súmula Vinculante nº 32 O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas
seguradoras.

7 Ponto 7 - Competência tributária plena. Indelegabilidade da competência. Não exercício da


competência. Competência residual e extraordinária. Limitações da competência.
Princípios da legalidade e da tipicidade. Princípio da anualidade. Proibição de tributos
interlocais. Imunidade e isenção. Uniformidade tributária. Tributação das concessionárias.
Sociedades mistas e fundações. Imunidade recíproca. Extensão da imunidade às
autarquias.
7.1 Competência tributária plena

 A competência tributária plena é aquela outorgada à pessoa política não só para cobrar (arrecadar)
e fiscalizar o tributo (“função fiscal” ligada ao Poder Executivo), mas especialmente para criá-lo e
legislar (“poder fiscal” ligado ao Poder Legislativo) sobre ele. Somente os entes federados possuem
competência tributária. Somente a CF pode estabelecer competências tributárias.

 Limites para o exercício da competência : são apenas aqueles constantes na Constituição Federal,
mas alguns autores entendem que Estados e Municípios podem criar restrições próprias (auto-
limitações), por meio de suas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas.

 A competência tributária decorre do princípio federativo (cláusula pétrea). (ADI 2381). A


competência é modificável por Emenda Constitucional, desde que não prejudique a autonomia do
ente federativo (financeira e de auto-gestão).

7.2 Indelegabilidade da competência


 Em sentido amplo, a competência seria a soma de quatro atribuições: instituir, arrecadar, fiscalizar
e executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas relativas ao tributo. A indelegabilidade da
competência tributária refere-se apenas à atribuição de instituir o tributo. As demais funções
seriam delegáveis. Em sentido estrito, pode-se afirmar que a competência tributária (política) é
indelegável, seja expressa (CTN, art. 7º), seja tacitamente (CTN, art. 8º); já a capacidade ativa
(administrativa) é delegável de uma pessoa jurídica de direito pública a outra. Pode-se citar como
exemplo a delegação da capacidade ativa feita ao INSS de algumas contribuições previdenciárias
instituídas pela União, detentora da competência tributária. Após tal delegação, foi editada a Lei
11.098/05 a qual a União retirou a capacidade ativa delegada do INSS autorizando a criação da

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Secretaria da Receita Previdenciária que, mais tarde, foi unificada com a Secretaria da Receita
Federal criando-se a Receita Federal do Brasil.
 As atribuições atinentes à capacidade tributária ativa (arrecadar, fiscalizar e exigir tributos, bem
como executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária) só podem ser
delegadas para pessoas jurídicas de direito público (art. 7º, caput, do CTN). Não confundir com o
encargo ou função de mera arrecadação exercido por pessoas jurídicas de direito privado, como os
bancos (art. 7º, §3º, do CTN), concessionária de energia elétrica (art. 149-A CF)
7.3 Não exercício da competência

O não-exercício NÃO implica decadência da competência.


Com a LC 101/00, o não exercício da competência tributária passou a ter um ônus. Com efeito, o art. 11 da
citada lei veda a realização de transferências voluntárias (entrega de recursos correntes ou de capital a
outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira) para entes que não
exerçam as competências tributárias que lhe foram atribuídas pela Constituição em relação aos impostos.
Há quem entenda por inconstitucional tal disposição, por trazer restrição não prevista na CF.

7.4 Competência residual e extraordinária - A competência tributária também pode ser


classificada em privativa, comum ou residual.

1)Competência residual (Constituição Federal) – é sempre da União Federal em matéria de impostos e


contribuições sociais:
 Impostos: Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos
no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo
próprios dos discriminados nesta Constituição.
 Contribuições: Art. 195: § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
* Em ambos os casos, são necessárias a instituição via lei complementar, a obediência à técnica da não
cumulatividade e a inovação quanto às bases de cálculo e fatos geradores. STF entende que a exigência
de inovação só existe dentro da própria espécie tributária, ou seja, um novo imposto deve possuir base de
cálculo e fato gerador diferentes daqueles que servem para incidência de impostos já existentes. Já uma
nova contribuição só pode ser criada se o seu fato gerador e sua base de cálculo forem diferentes daqueles
definidos para as contribuições já criadas. A exigência de utilização de lei complementar só é aplicável para
a criação de novas contribuições (não previstas expressamente na Constituição Federal de 1988). Para a
criação daquelas cujas fontes já constam da Constituição, vale a regra geral: a utilização da lei ordinária.
Entende-se que, em matéria de taxas, a competência residual pertence aos Estados, haja vista sua
competência residual político-administrativa.

2) Competência extraordinária (Constituição Federal) -Guerra externa ou sua eminência: são


circunstâncias que permitem a criação do imposto, mas jamais serão seus fatos geradores. Terão a mesma
hipótese de incidência, base de cálculo e fato gerador de imposto ordinário já instituído pela União,
Estados, DF ou Municípios; ou seja, ele é repetitivo, é uma clonagem tributária, poderá haver a
bitributação (quando duas pessoas exigem tributo do mesmo sujeito passivo sobre a mesma hipótese de
incidência) e o bis in idem (quando a mesma pessoa exige tributos sobre o mesmo fato gerador).
 Não exige não-cumulatividade.
 Devem ser transitórios, mas podem perdurar por 5 anos depois da celebração da paz (art. 76 do
CTN).
 Podem ser instituídos por lei ordinária ou MP.
 Não se submetem ao princípio da anterioridade simples e nonagesimal.

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São 3 os critérios para classificar a competência p/ instituir tributos (Paulsen): a) atividade estatal: Há
tributos cuja competência é outorgada em função da atividade estatal. Caso das taxas e contribuições de
melhoria; b) base econômica: O critério da base econômica enseja um controle material sobre o objeto da
tributação mediante análise do FG, da BC e do contribuinte em face da riqueza que pode ser tributada. - c)
finalidade: As competências pelo critério da finalidade indicam áreas de atuação que justificam a
instituição de tributos para o seu custeio. Ex: contribuições e aos empréstimos compulsórios.

7.5 Limitações da competência

Várias das limitações já foram tratadas na parte dos princípios (ver ponto 06 – “limitações constitucionais
ao poder de tributar): 1.Legalidade Tributária 2. Anterioridade 3.Igualdade Tributária 4.Capacidade
Contributiva 5.Indelegabilidade da Competência Tributária 6.Vedação ao Efeito Confiscatório 7. Liberdade
de Tráfego 8.Uniformidade Geográfica 9.Não-Discriminação Tributária em Razão da Origem ou Destino dos
Bens. Ao exercer sua competência, o ente da Federação tem como limites todos os princípios acima.
Além desses, há as limitações das imunidades.

7.6 Princípios da Legalidade e da Tipicidade. Princípio da anualidade. Proibição de tributos interlocais.

a) Princípio da legalidade (intitulado por Pontes de Miranda de princípio da legalitariedade):a


criação e majoração de tributos só pode ser feita por lei. Exceção para a majoração de alíquotas: II, IE, IOF,
IPI (alíquotas fixadas por decreto, dentro dos limites fixados em lei), CIDE-combustíveis (o Poder Executivo
pode reduzir e restabelecer as alíquotas) e ICMS monofásico sobre combustíveis (alíquotas fixadas por
convênio celebrado entre Estados e DF – CONFAZ). Em resumo, quanto à CIDE-combustíveis, a redução e
restabelecimento de alíquotas podem ser feitos por decreto, sem obediência à legalidade nem à
anterioridade. Já quanto ao ICMS-monofásico, incidente sobre combustíveis definidos em Lei
Complementar, a definição (inclusive redução e aumento) de alíquotas pode ser feita por convênio, sem
obediência à legalidade, mas se o aumento ultrapassar o mero restabelecimento de patamar
anteriormente fixado, deve-se obedecer à anterioridade. Não há mais ressalva para a CPMF (sem vigência
no ordenamento jurídico atual), cuja alíquota, fixada diretamente pela CF, podia ser alterada pelo
Executivo. Vale ressaltar que o princípio da legalidade é multissecular, com previsão inaugural na Carta
Magna inglesa, de 1215, do Rei João Sem Terra, e objetivava impor a necessidade de aprovação prévia dos
súditos para a cobrança dos tributos, do que irradiou a representação “no taxation whithout
representation”.

 A EC 32/2001 veio constitucionalizar a medida provisória como meio adequado para criar ou
aumentar tributo. No entanto, antes mesmo da EC, a STF entendia ser a MP veículo normativo hábil
a criar ou majorar tributos.

 Segundo o STF, não estão sujeitas à reserva legal as seguintes matérias: a) obrigações acessórias;
b) prazos para pagamento de tributos; c) correção monetária da base de cálculo. Digno de nota é
que, conforme já decidido pelo STF, como a legislação sobre direito financeiro encontra-se no
âmbito da legislação concorrente (CF, art. 24, I), os entes federados podem utilizar-se de índices
locais para a correção monetária dos seus tributos. No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, têm-
se entendido que a liberdade para que os Municípios estipulem o índice de correção monetária
para o IPTU é relativa, tendo por limite o “índice oficial de correção monetária”. Nesta linha, a
Súmula 160 do STJ: STJ – Súmula 160 – “É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante
decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária”.

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 Alguns tributos devem ser instituídos por lei complementar: imposto sobre grandes fortunas,
empréstimos compulsórios, impostos residuais da União e contribuições sociais residuais da União.

b) Princípio da tipicidade: O tributo só será devido se o fato concreto se enquadrar na previsão da lei
tributária. Este princípio não é autônomo perante a legalidade tributária, sendo “um corolário do princípio
da legalidade” (Ricardo Lobo Torres). Alberto Xavier: “é a expressão mesma desse princípio, quando se
manifesta na forma de uma reserva absoluta de lei”, nos contornos da segurança jurídica. A tipologia da lei
tributária, sendo fechada e exauriente, remete o intérprete à noção de tipo ou de tipificação, em um
elevado grau de determinação conceitual e fixação de conteúdo, obrigando o aplicador da regra a
submeter as matérias ali discriminadas à moldura legal, sob pena de violação da estrita legalidade. Ives
Gandra: “é fechada a tipicidade de tributo e pena. É absoluta a reserva da lei. Sua veiculação normal deve
conter toda a informação necessária para a aplicação da norma”. Assim, a lei tributária deverá fixar, com
hialina clareza, a alíquota, a BC, o sujeito passivo do tributo, a multa e o FG, sendo-lhe vedadas as
indicações genéricas no texto legal de tais rudimentos numerus clausus da tipologia cerrada.

c) Princípio da anualidade: Existia na CF/46. Exigia para que o tributo fosse exigido no ano seguinte prévia
inclusão no orçamento como receita. Entretanto, esta limitação temporal que existia não existe mais.
Atualmente, exige-se que a lei instituidora ou majoradora do tributo seja publicada antes do final do
exercício financeiro, respeitada também a anterioridade nonagesimal, à luz das esperas temporais (art.
150, III, “b”, “c”, CF). Logo, tributo mesmo não previsto no orçamento, pode ser exigido, restando
prejudicado o final da Súm545.STF (não sendo exigida prévia autorização orçamentária p/ cobrar taxas).

d) Princípio da proibição de tributos interlocais (ou princípio da liberdade de tráfego): O trânsito de


pessoas e mercadorias não pode ser restringido por meio da imposição de tributos. A regra possui
exceções: a) ICMS interestadual; b) pedágio. A ressalva feita ao pedágio no dispositivo constitucional
parece indicar que, para o constituinte, o pedágio se afigura como tributo. O STF entende que o pedágio-
tributo tem natureza de taxa de serviço (RE 181.475-6). Entretanto, é cediço que o pedágio tem sido
cobrado por particulares em regime de concessão, permissão ou autorização. Nestes casos, terá natureza
de tarifa ou preço público.

7.7 Imunidade e isenção

A imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar, é uma limitação da competência


legislativa. Já a isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo, por limitação de um dos critérios da
hipótese de incidência. Luciano Amaro, a esse respeito, preconiza que “a diferença entre a imunidade e a
isenção está em que a primeira atua no plano da definição da competência, e a segunda opera no plano do
exercício da competência”. É importante destacar, ademais, que “enquanto a norma de isenção é de ser
interpretada literalmente, a imunidade, a teor de precedentes do Supremo Tribunal Federal, admite
interpretação ampla à luz dos princípios constitucionalmente consagrados”.
Vejamos decisão recente sobre o tema no STF:

EMENTA Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. Imóvel vago.
Finalidades essenciais. Presunção. Ônus da prova. 1. A regra de imunidade compreende o
reverso da atribuição de competência tributária. Isso porque a norma imunitória se traduz
em um decote na regra de competência, determinando a não incidência da regra matriz
nas áreas protegidas pelo beneplácito concedido pelo constituinte. 2. Se, por um lado, a
imunidade é uma regra de supressão da norma de competência, a isenção traduz uma
supressão tão somente de um dos critérios da regra matriz. 3. No caso da imunidade das
entidades beneficentes de assistência social, a Corte tem conferido interpretação
extensiva à respectiva norma, ao passo que tem interpretado restritivamente as normas

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de isenção. 4. Adquirido o status de imune, as presunções sobre o enquadramento
originalmente conferido devem militar a favor do contribuinte, de modo que o
afastamento da imunidade só pode ocorrer mediante a constituição de prova em contrário
produzida pela administração tributária. O oposto ocorre com a isenção que constitui mero
benefício fiscal por opção do legislador ordinário, o que faz com que a presunção milite em
favor da Fazenda Pública. 5. A constatação de que um imóvel está vago ou sem edificação
não é suficiente, por si só, para destituir a garantia constitucional da imunidade. A sua não
utilização temporária deflagra uma neutralidade que não atenta contra os requisitos que
autorizam o gozo e a fruição da imunidade. 6. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.
(STF, RE 385091, Relator(a):  Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 06/08/2013,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-207 DIVULG 17-10-2013 PUBLIC 18-10-2013)

Imunidade Isenção
* prevista na Constituição Federal * prevista nas leis de cada ente da Federação
* é vedação ao poder de legislar sobre o tributo * é a dispensa legal do pagamento do tributo
em determinados casos e em relação a
determinadas pessoas
* é ausência de competência * é causa de exclusão do crédito tributário
De forma resumida esses são os quatro casos que resultam no não pagamento do tributo:

• O CTN coloca a isenção ao lado da anistia, como formas de exclusão do crédito tributário. Parte da
doutrina, porém, sustenta que a isenção é norma que reduz o campo de abrangência da norma tributária
impositiva, o que implicaria na inexistência de incidência. STF perfilha a literalidade do CTN, entendendo
que há a incidência da norma, ocorre o FG e surge a obrigação tributária, com posterior dispensa do
pagamento do tributo em razão da isenção. (visão clássica de Rubens Gomes de Souza).
• A isenção está submetida à reserva legal (lei específica) - pode ser restrita a determinada região
do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Tal regra deve ser aplicada
em harmonia com o art. 151, I da CF, que permite a concessão de incentivos fiscais destinados a promover
o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País.Não há previsão de
que ela possa ser restrita a “determinada classe ou categoria de sujeitos passivos”, como há em relação à
moratória.
• Salvo disposição legal em contrário, a isenção genérica não se aplica às taxas e contribuições de
melhoria, que têm caráter contraprestacional, e aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão
(art. 177 do CTN)
• As isenções onerosas ou condicionais (em que é exigida alguma contrapartida do beneficiário)
concedidas por prazo certo geram direito adquirido à fruição do benefício, pelo prazo estipulado, para os
que cumpram as condições (vide súmula 544/ STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa,

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não podem ser livremente suprimidas). A lei que concede tal isenção pode ser revogada, mas a isenção,
não. Assim, ainda que revogada a lei, o beneficiário continuará fruindo da isenção até o prazo final.

Revogação de isenção e anterioridade: Tema polêmico. Art. 104, III, CTN: lei que extinga ou reduza
isenção relativa a imposto sobre o patrimônio ou a renda entra em vigor apenas no exercício seguinte. A
revogação de benefício fiscal deverá obedecer ao princípio da anterioridade tributária?  SIM. O ato
normativo que revoga um benefício fiscal anteriormente concedido configura aumento indireto do
tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade tributária. (1ª Turma. RE 564225 AgR/RS,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/9/2014 (Info 757) Vencidos os min. Toffoli e Weber. Para eles, a
revogação de benefício fiscal não configura aumento de imposto, portanto, não precisaria respeitar o
princípio da anterioridade. NÃO. A revisão ou revogação de benefício fiscal, por se tratar de questão
vinculada à política econômica, que pode ser revista pelo Estado a qualquer momento, não está adstrita
à observância das regras de anterioridade tributária. (2ª Turma. RE 617389 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 08/05/2012). Questão pendente de decisão pelo Pleno.

Vedação às isenções heterônomas - art151,III,CF: é vedado à União (...): “instituir isenções de tributos da
competência dos Estados, do DF ou dos Municípios”). Exceções expressas: - Art. 155, § 2º, XII, e, CF: A
União pode, por LC, conceder isenção heterônoma do ICMS incidente nas operações com serviços e outros
produtos destinados ao exterior. A partir da EC 42/2003, esta exceção perdeu a utilidade, uma vez que tal
emenda estendeu tal isenção (rectius, imunidade) a todas as operações que destinem bens e serviços para
o exterior. -Art. 156, § 3º, II, CF: A União pode, por LC, conceder isenção heterônoma do ISS nas
exportações de serviços para o exterior. Exceção implícita (jurisprudência do STF): tratado internacional
pode conceder isenções de tributos estaduais e municipais, porque o PR, quando firma tratados, age como
Chefe de Estado e não em nome da União. STJ Súm 178 “INSS não goza de isenção de custas e
emolumentos, nas ações acidentárias e de benefícios propostas na Justiça Estadual”..

A CF/88 traz outras 2 exceções à vedação de isenções heterônomas: a) o art. 155, §2º, XII, “e”, autoriza o
Poder Legislativo da União, por Lei complementar, a excluir da incidência do ICMS serviços e outros
produtos exportados para o exterior; b) o art. 156, §3º, II, autoriza a União a editar lei complementar que
exclua da incidência do ISS as exportações de serviços para o exterior (implementada pela LC 116/03).

 ICMS: STF permitiu a concessão de isenção fiscal sem necessidade de convênio autorizativo, no
caso de isenção do ICMS nas contas de água, luz, telefone e gás utilizados por templo de qualquer
culto (não abrangido pela imunidade religiosa, haja vista o contribuinte de direito serem as
concessionárias). A situação não geraria guerra fiscal ou gerar risco ao pacto federativo (ADI 3.421)
8 Ponto 8 - Impostos federais: impostos sobre o comércio exterior. Imposto sobre produtos
industrializados (IPI). Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a
títulos ou valores mobiliários (IOF). Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR).

8.1 Impostos sobre o Comércio Exterior

Os impostos sobre o comércio exterior são divididos em Imposto sobre Importação e Imposto sobre
Exportação.

8.2 Imposto sobre Importação

É o chamado Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros, também conhecido como “tarifa
aduaneira”.
Sujeito ativo: União (art. 153, I, CR).

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Sujeito passivo(art. 22 do CTN e 31 do DL 37/66): a) Importador (qualquer pessoa física ou jurídica); b)
arrematante; c) destinatário de remessa postal internacional; d) adquirente de mercadoria em entrepostos
aduaneiros.
Responsáveis (art. 32 do DL 37/66): a) Transportador (transportando mercadoria procedente do exterior
OU sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno); b) depositário (pessoa incumbida da custódia
de mercadoria sob controle aduaneiro).
Responsáveis solidários (art. 32, parágrafo único, do DL 37/66): a) adquirente ou cessionário de mercadoria
beneficiado com isenção ou redução de imposto; b) representante do transportador estrangeiro; c)
adquirente de mercadoria de procedência estrangeira que importe por sua conta e ordem; d)
encomendante predeterminado de mercadoria estrangeira. Atenção: responsabilidade do agente marítimo
no uso exclusivo de atribuições próprias: a) antes do DL nº 2.472/88 – Não era responsável (STJ. Resp.
252457/RS); b) após o DL nº 2.472/88 – sim (nova redação do art. 32 do DL 37/66).
Fato gerador: É a entrada real ou ficta do produto estrangeiro no território nacional. Considera-se ocorrido
o FG na data do registro da declaração de importação (aspecto temporal), realizado eletronicamente no
SISCOMEX. A declaração serve a instrumentalizar o controle aduaneiro e viabilizar o desembaraço do
produto importado. Incide, pois, a legislação quando do Registro da declaração de importação, já que
este imposto não se submete às anterioridades de exercício e nonagesimal mínima (exceção do art 150,
§ 1º, CF). É irrelevante a data da expedição da licença de importação, assim como a data da assinatura
do Termo de Responsabilidade nos casos de trânsito aduaneiro em que, ingressada a mercadoria com
suspensão, acabe sendo devida por não restar comprovada a chegada ao destino. Também será FG por
equiparação o retorno de mercadoria nacional ou nacionalizada ao Brasil, exceto: a) enviada em
consignação e não vendida no prazo autorizado; b) devolvida por defeito técnico (reparo/substituição); c)
modificação na sistemática de importação do país importador; d) guerra ou calamidade pública (art. 1º, §
1º, do DL 37/66). Obs.: O produto estrangeiro deve ingressar no país para integrar a economia nacional,
excluindo-se a mercadoria em trânsito para outro país ou os casos de admissão temporária (não
configura importação em sentido jurídico. Ex.: entrada de automóvel para competição no país).
Obs.3: “Produto” engloba bens corpóreos e incorpóreos, inclusive energia elétrica e softwares. O DL 37/66
usa o termo “mercadoria” no lugar de produto.
Obs.4: O FG possui um critério material (registro da declaração de importação para o desembaraço
aduaneiro), e um critério espacial (território nacional, assim considerado o território geográfico, excluído o
que decorre da extraterritorialidade, como as representações diplomáticas no exterior, as aeronaves e as
embarcações brasileiras).
Não incidência do II: Não incidirá sobre a mercadoria estrangeira: a)destruída sobre o controle aduaneiro;
b) acidentalmente destruída em trânsito de passagem aduaneira; c) que tenha sido objeto de pena de
perdimento, salvo se não localizada, consumida ou revendida.
STJ (Resp. 984.607/PR) afirma que não será cobrado o II de mercadoria tida por ilícita (que acarretará sua
perda) em razão de que “importar mercadoria” ser elemento essencial do tipo tributário. Por outro lado,
o STJ entendeu que incidem normalmente outros tributos (IPI, PINS, COFINS), tendo em vista que a
irregularidade em nada afeta a incidência deles. “Dá ensejo à pena de perda do veículo a conduta DOLOSA
do transportador que utiliza veículo próprio para conduzir ao território nacional mercadoria estrangeira
sujeita à pena de perdimento, independentemente de o valor do veículo ser desproporcional ao valor das
mercadorias apreendidas. O art. 104, V, do DLi 37/66 dispõe que a pena de perda do veículo é aplicada
“quando o veículo conduzir mercadoria sujeita à pena de perda, se pertencente ao responsável por
infração punível com aquela sanção”. Igual o art. 688, V, do Dec. 6.759/09, dispõe que se aplica a pena de
perdimento do veículo, por configurar dano ao Erário, “quando o veículo conduzir mercadoria sujeita a
perdimento, se pertencente ao responsável por infração punível com essa penalidade”. (…) Além disso, “na
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Assim,
a legislação aduaneira, ao tratar da pena de perdimento de veículo, é severa em razão de uma finalidade
nítida, como coibir a sonegação tributária, por meio do descaminho ou de contrabando. (STJ, 2015)

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Conversão de moedas: a moeda estrangeira será convertida em nacional à taxa de câmbio vigente no
momento de entrada (desembaraço aduaneiro).
Base de cálculo: A base de cálculo poderá ser: a) quantidade de mercadoria (alíquotas será específica); b)
valor da mercadoria (expressão monetária do produto importado) (alíquota será ad valorem); c) preço da
arrematação.
Alíquota: é aplicada a contemporânea à ocorrência do FG (data do desembaraço aduaneiro). Classificam-se
em: a) específicas (valor em pecúnia – “R$”); b) ad valorem (valor percentual – “%”); c) mista (combinação)
Mercosul – adota-se a Tarifa Externa Comum (TEC) para países não pertencentes ao Bloco. (Decisão 22
do Conselho de Mercado Comum). Tal política tarifária não se aplicará aos acordos comerciais no âmbito
da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração).
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto à categoria econômica – Imposto sobre o comércio exterior (CTN);
b)quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real (incide sobre coisas); b) Indireto (tributo
cujo valor é repassado ao consumidor); c)Proporcional (alíquota constante / não variável); d) Extrafiscal.
Princípio da Legalidade: o Poder Executivo pode alterar as alíquotas nos limites estabelecidos em lei (art.
153, § 1º, CF).
Princípio da Anterioridade: não se aplica ao II, seja a de exercício, seja a nonagesimal (art. 150. § 1º, CF).
Regimes aduaneiros: as regras vistas referem-se ao denominado regime aduaneiro comum (conjunto de
normas que estabelece o tratamento tributário e administrativo das mercadorias submetidas a importação
em caráter definitivo (nacionalização) e consumo no território nacional). Entretanto há dois outros
regimes: regimes aduaneiros especiais (ingresso temporário de mercadoria em território nacional – ex.:
Loja franca, trânsito aduaneiro, admissão temporária, drawback, depósito franco etc.) e regimes aplicados
em áreas especiais (conceder benefícios fiscais que estimulem determinadas atividade - Ex.: Zona Franca
de Manaus, Áreas de Livre Comércio).
Drawback: trata-se do ingresso de produto com obrigação de voltar ao exterior (ex.: matéria-prima para
uma mercadoria a exportar). Permite-se o ingresso sem incidir II visando fomentar o mercado nacional.
Modalidades de aplicação: a) suspensão do pagamento de tributos na importação; b) isenção dos tributos
na importação da mercadoria; c) restituição total ou parcial dos tributos pagos na importação da
mercadoria.
Admissão ou franquia temporária: consiste na permissão temporária de ingresso de produtos sem a
cobrança do II (há uma suspensão do pagamento por certo período). Ex.: exposições de obras artísticas,
competições automobilísticas, veículos de turistas etc.
Entreposto aduaneiro
Jurisprudência: a) “Ex tarifário”: isenção ou redução de alíquota do II para produto desprovido de similar
nacional (medida discricionária da administração fazendária). Tem caráter declaratório, sendo que se o
contribuinte cumpriu os requisitos legais deve ser assegurada a redução do II deste a data do
requerimento administrativo (STJ. REsp. 1174811/SP) b) O crédito tributário relativo ao II e IPI no caso de
drawback se forma no momento da importação. Descumprindo-se os requisitos do drawback, torna-se
desnecessária a autuação fiscal ou a constituição do crédito, visto que já foi realizado o lançamento antes o
desembaraço aduaneiro (STJ. REsp. 1291018/MG). c) O FG do II de mercadoria despachada para consumo
ocorre na data da declaração de importação (STJ. REsp. 1220979/RJ).

Nota: - Gráfico do Imposto de Importação.

8.3 Imposto sobre Exportação

Competência e Sujeito ativo: União (art. 153, II, CR)


Sujeito passivo: exportador – qualquer pessoa que promova a saída de produtos nacionais ou
nacionalizados do território nacional (art. 27 CTN e art. 5º do DL nº 1.578/77) ou quem a lei a ele
equiparar.

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FG: saída do território nacional de produtos nacionais ou nacionalizados (mercadoria estrangeira
importada a título definitivo) para o exterior. Elemento temporal (ficção jurídica): momento da liberação
pela autoridade aduaneira OU data de embarque/saída (expedição da guia de exportação ou equivalente).
Obs.1: Conforme Regulamento do IE (Dec. 4.543/02), o FG ocorre na data do registro da exportação no
Siscomex. STF (RE 235858/PE) aduz que o registro de exportação não se confunde com registro da venda
(esta irrelevante para incidência do IE). O STJ (REsp 225546/PR e REsp 382494/PR), precedentes recentes,
entende que o FG do IE sobre o açúcar é a data de registro de venda no Siscomex.
Critério espacial: IE é cobrado em operações no território nacional (território geográfico somente).
BC: é o preço normal que a mercadoria, ou sua similar, alcançaria ao tempo da exportação, em uma venda
em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo
Conselho Monetário Nacional (Decreto-lei nº 1.578/77, art. 2º). Obs.: A BC poderá ser: a) quantidade de
mercadoria (alíquotas será específica); b) valor da mercadoria (expressão monetária do produto
importado) (alíquota será ad valorem); c) preço da arrematação. Em relação ao valor da mercadoria, o
Fisco buscará o preço normal que o produto alcançaria em uma venda em condições de livre concorrência,
não se vinculando ao valor consignado na fatura comercial (evitar fraudes).
Alíquota: estão prevista na TAB (Tarifa Aduaneira do Brasil). Classificam-se em: a) específicas (valor em
pecúnia – “R$”); b) ad valorem (valor percentual – “%”); c) mista (combinação). A alíquota ad valorem
atualmente é de 30%, mas pode ser aumentada pelo Executivo em até 5 vezes (150%) – Lei 9.716/98.
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto à categoria econômica – Imposto sobre o comércio exterior (CTN);
b)quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real (incide sobre coisas); b) Indireto (tributo
cujo valor é repassado ao consumidor); c)Proporcional (alíquota constante / não variável); d) Extrafiscal.
Princípio da Legalidade: Executivo pode alterar as alíquotas nos limites estabelecidos em lei (art. 153, § 1º,
CF).
Exportação temporária: raciocínio inverso ao da admissão temporária do II. Assim, é a permissão dada para
saída de produto nacional ou nacionalizado para o exterior por período determinado desde que retorne ao
Brasil, não incidindo o IE. Contingenciamento: é a limitação em unidades ou cotas para exportação
(também aplicável à importação). Jurisprudência: a) Registro de exportação: somente ele corresponde a
Guia de Exportação, e não qualquer registro no Siscomex (STF. AI 578372 AgR). b) FG do IE na exportação
de açúcar: ocorre com o registro de vendas no Siscomex (STJ. AgRg no Ag 830.231/SP)

Decisão recente 1a T. do STJ (5/11/15) - REsp 1313705PR - “Incide IE sobre produtos cujos insumos
ingressaram no país pelo regime de drawback. O drawback é um instrumento de incentivo à exportação,
uma operação pela qual o insumo ingressa no país com isenção ou suspensão de determinados impostos
para ser reexportado após ser utilizado para fabricação de um produto. A empresa contribuinte, atuante
no ramo de curtimento e industrialização de couros bovinos, queria a isenção do imposto de exportação
em relação ao produto final (couro), cujos insumos foram importados sob o regime de drawback. STJ
entendeu que as normas que regem o drawback não contemplam a desoneração.

8.4 Imposto sobre Produtos Industrializados

Sujeito ativo: União (art. 153, IV, CR).


Sujeito passivo(art. 51 do CTN): a) importador (ou equiparados); b) industrial (ou equiparados); c)
comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que forneça a industriais ou equiparados; d) o arrematante
de produtos apreendidos ou abandonados.
Fato gerador: a) importação; b) saída do estabelecimento industrial ou equiparados dos produtos
industrializados; c) arrematação em leilão de produto abandonado/apreendido; d) outras hipóteses
específicas em lei (ex.: saída de produtos equiparados a industrial; primeira saída por revenda de produtos
importados etc.)
Obs.: não ocorrência do FG (art. 35 do Dec. 2637/98):

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i. produto nacional que retorne ao Brasil: a) se enviado em consignação e não vendido; b) por defeito
técnico (reparo ou substituição); c) mudança na sistemática de importação do País importador; d)
calamidade pública/guerra; e) outros fatores alheios à vontade do exportador.
ii. saídas de produtos subsequentes à primeira: a) locação ou arrendamento, exceto se submetido a nova
industrialização; b) bens do ativo permanente, industrializados/importados pelo próprio estabelecimento
industrial (ou equiparado), para executar serviços pela mesma.
iii. saída de produtos incorporados ao ativo permanente, após cinco anos da incorporação, pelo
estabelecimento industrial (ou equiparado) que os tenha industrializado/importado.
iv: a saída de produtos por motivo de mudança de endereço do estabelecimento.
Obs1: Após incidência do IPI no desembaraço aduaneiro de produto de origem estrangeira (art. 46, I, do
CTN), não é possível nova cobrança do IPI na saída do produto do estabelecimento do importador (arts. 46,
II, e 51, parágrafo único, do CTN), salvo se, entre o desembaraço aduaneiro e a saída do estabelecimento
do importador, o produto tiver sido objeto de industrialização (art. 46, parágrafo único, do CTN) (EREsp
1.411.749-PR – Info 553)
Obs2: Não incide IPI na importação de veículo por pessoa física para uso próprio (AAREsp 1393108
Repetitivo – Info 557)
Conceito de produto industrializado: para os fins do IPI, o produto que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade ou aperfeiçoe para o consumo, tais como a
transformação, o beneficiamento, a montagem etc.
Obs.: o art. 4º do Regulamento do IPI amplia tal conceito – inclui o simples acondicionamento ou
embalagem. Sabbag entende violar a CF e o CTN (art. 46, p.u.).
Base de Cálculo: variará conforme a hipótese de incidência. Pode ser (art. 47 do CTN):
a) o valor da operação de saída do produto do estabelecimento do contribuinte (inclui-se o valor do frete e
demais despesas acessórias). STJ: 1) descontos incondicionais não integram a BC do IPI, por não fazerem
parte do valor de saída da mercadoria (MC 15.218 - SP); 2) o Frete não pode ser inserido na BC do IPI – o
valor da operação é o contrato de compra e venda (REsp 667.950).
b) o preço normal + imposto de importação + taxas aduaneiras + encargos cambiais. A inclusão do II na BC
do IPI é meio de proteção à indústria nacional.
c) o próprio preço da arremataçãoem face de produto apreendido, abandonado e levado a leilão.
Alíquotas: É imposto proporcional já que sua alíquota varia de forma constante em função da grandeza
econômica tributada (princípio da seletividade).
Obs.1: com lastro no princípio da seletividade, o Judiciário poderá atuar somente como legislador negativo
na correção de eventuais distorções na alíquota aplicada (inconstitucionalidade/ilegalidade). Mao pode
atuar como legislador positivo para alterar alíquota de um produto.
Obs.2: Alíquota zero – ciente que o Executivo pode alterar as alíquotas do IPI dentro das balizas legais, o
Legislativo deixa a alíquota mínima em zero. Assim o Executivo poderá “zerar” a incidência de um tributo
sem precisa usar da isenção (está só por meio de lei).
Obs.3: Despesas com transporte (frete) não podem ser incluídos na base de cálculo do IPI, por ofensa ao
art. 146, III, da CFRB, já que o art. 47 do CTN prevalece sobre a Lei nº 7.798/89 (AgReg no RE 881908)
Princípio da Legalidade e anterioridade: Idem II, EXCETO no tocante à anterioridade nonagesimal que deve
ser observada no IPI.
Princípio da não-cumulatividade (value-added para os estadunidenses): em cada operação tributada deva
ser abatido o valor do mesmo imposto pago na operação imediatamente anterior (art. 49 do CTN). Com
efeito, faz-se o registro contábil como crédito do IPI na entrada de mercadoria e como débito na saída de
mercadoria. O IPI, nos documentos fiscais, é destacado separadamente ou, como denomina parte da
doutrina, “por fora” somado ao preço pago pelo adquirente dos insumos. O mesmo fato ocorre com o
ICMS.
Imunidade: os produtos industrializados destinados ao exterior estão imunes ao IPI (art. 153, § 3º, III, CR
c/c súmula 536 STF).

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IPI na base de cálculo do ICMS: não integrará a BC se (requisitos cumulativos – art. 155, §2º, XI, CF): a)
realizada entre contribuintes (do IPI); b) relativa a produto destinado à industrialização/comercialização; c)
configurar FG dos dois impostos.
Obs: Inclui-se IPI na base de cálculo do ICMS sujeito a regime de substituição tributária (ARE 714.647)
Creditamento do IPI: para insumos isentos, não tributados ou tributados à alíquota zero.
Obs.1: antes da Lei 9.779/99 não era possível o creditamento de insumos/matérias-primas de produtos
isentos ou tributados com alíquota zero.
Obs.2: tanto a aquisições de bens do ativo permanente quanto o uso de energia elétrica (REsp
1129345/RS) não têm sido autorizados o creditamento na condição de insumos.
Princípio da autonomia dos estabelecimentos: cada estabelecimento, para fim de IPI, embora não tenha
personalidade jurídica própria, é considerado como “contribuinte autônomo”.
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto á categoria econômica – Imposto sobre a produção e circulação (CTN);
b)quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real; b) Indireto; c)Proporcional; d)
Extrafiscal; e) Seletivo (obrigatoriamente); f) não cumulativo (o imposto pago em uma operação é
compensado nas seguintes).
Correção monetária do crédito de IPI: Regra: não incide correção monetária sobre os créditos de IPI
decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade, por ausência de previsão legal. Exceção:
incide, porém, a correção se o ressarcimento do contribuinte sofre demora em virtude da oposição da
Fazenda Pública que faz com que o contribuinte socorra-se do Poder Judiciário.
Aquisição de bens de capital (Art. 153, § 3º, IV, CF): O IPI terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de
bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
Crédito-prêmio de IPI: era um incentivo às exportações de manufaturados instituídos em 1969 (DL 491/69),
em que todos os fabricantes de produtos vendidos no exterior obtinham um crédito sobre o valor da
mercadoria embarcada (inicialmente 15%). Após pressão internacional (GATT) contra os subsídios, o
Ministro da Fazenda editou PORTARIA (Decretos-Leis o autorizavam) estabelecendo prazo para o fim do
crédito-prêmio (1983). Ab initio, o STJ entendeu que uma portaria não poderia revogar um benefício.
Todavia, mudou de entendimento (idem STF) justificando que tal direito teria acabado em 1990 por força
do art. 41, caput e § 1º, do ADCT da CF/88. Julgado importante nesse entendimento: STF. RE 577348 em
REPERCUSSÃO GERAL.
Crédito presumido IPI (art. 1º da Lei 9.363/96): refere-se ao direito de crédito presumido com
ressarcimento de contribuições para PIS/PASEP e COFINS – para empresas produtora e exportadora de
mercadorias nacionais – sobre as aquisições no mercado interno de matérias-primas, produtos
intermediários e materiais de embalagem utilizados no processo produtivo. Ele abrange, inclusive, a
produto com alíquota zero e nas vendas a empresa comercial exportadora, com fim específico de
exportação. Por outro lado, pessoa jurídica com receitas sujeitas a incidência não cumulativa de PIS/Pasep
e Cofins não fará jus ao crédito presumido de IPI em relação ao ressarcimento dessas contribuições. Em
relação a produtos oriundos da atividade rural utilizados como matérias-primas, produtos intermediários
ou materiais de embalagem para produtos industrializados exportados; será calculado o creditamento
exclusivamente nas aquisições efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas ao PIS/Pasep e à Cofins (posição
oposta ao enunciado da Súmula 494 do STJ). O crédito é devido ainda que o beneficiamento do insumo
seja realizado por terceira empresa (lembre-se que a finalidade será sempre a exportação de uma
mercadoria) – STJ AgRg no REsp 1314891/RS.
Em repercussão geral, o STF reafirmou que os princípios da seletividade e não cumulatividade não
asseguram direito ao crédito-prêmio do IPI sobre insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero (RE
398365 RG)
Isenção
a) Isenção para deficiente físico pode ser novamente concedida em razão do furto de veículo. A regra que
limita a uma isenção a cada 2 anos da Lei 8.989/95 deve ser flexibilizada em caso de força maior, dado o
caráter humanitário da política fiscal (REsp 1390345)

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b) Isenção prevista na Lei 8.032/90 para entidades de educação se estende às entidades com finalidade
eminentemente cultural, pois, para o STJ, educação e cultura são indissociáveis (REsp 1100912 – Info 561)
Jurisprudência:

a)Na sistemática que rege o princípio constitucional da não cumulatividade, a operação


desonerada de IPI impede o reconhecimento do imposto pago na operação anterior e não
gera crédito para a seguinte, raciocínio que deve ser aplicado de forma indistinta aos casos
de alíquota zero, isenção, não incidência e de imunidade. (STJ. AI 736994 AgR)

b) “(...) 2. O art. 11 da Lei n. 9.779, de 1999, autoriza o creditamento de IPI para duas
hipóteses: i) quando o produto final for isento; ou ii) quanto é tributado à alíquota zero. Os
casos de não-tributação não estão alcançados pela referida norma. (...) 4. A correção
monetária não incide sobre o crédito escritural de IPI por ausência de previsão legal .
Entretanto, o STJ entende que, se o direito ao creditamento não foi exercido no momento
oportuno em razão de óbice criado pelo Fisco – que não é o caso dos autos, por não
constar do acórdão recorrido –, a correção monetária deverá incidir, de modo a preservar
seu valor. STJ. Resp 1004964/PR (Recurso Repetitivo – Resp 1035847).

c) O benefício da suspensão do IPI na saída do estabelecimento (Lei nº 10.637/02) não se


estende ao optante do SIMPLES, pois haveria dupla vantagem: a extensão da suspensão e o
regime mitigado do IPI na opção pelo SIMPLES (REsp 1497591 – Info 554)

Nota - Gráfico do IPI (ao final).

8.5 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou Valores
Mobiliários

Sujeito ativo: União (art. 153, V, CR).


Sujeito passivo(art. 66 do CTN e Dec. 6.306/67): qualquer das partes da operação tributada, conforme
dispuser a lei. O Decreto detalha: a) pessoas físicas/jurídicas tomadoras de crédito; b) compradoras ou
revendedoras de moeda estrangeira, nas operações referentes à transferência financeira para o exterior; c)
pessoas físicas/jurídicas seguradas; d) adquirentes de títulos ou valores mobiliários e instituições
financeiras; e) instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a efetuarem a primeira aquisição do
ouro, ativo financeiro, ou instrumento cambial
Fato gerador (art. 63 do CTN e Dec. 6.306/67): a) operações de crédito – entrega, ou colocação à
disposição, total ou parcial do montante do valor objeto da obrigação; b)operações de câmbio – entrega,
ou posta à disposição, em moeda nacional ou estrangeira (ou documento que a represente), do montante;
c)operações de seguro – emissão da apólice (ou documento equivalente) ou recebimento do prêmio, na
forma da lei; d)operações relativas a títulos e valores mobiliários - emissão, transmissão, pagamento ou
resgate desses, na forma da lei aplicável. Vindo as três situações supracitadas, o IOF só incidirá uma vez.
Obs.1: elemento material do FG: operação (tem de existir uma operação) de crédito, câmbio, seguro ou
com títulos e valores mobiliários.
Obs.2: conceito das principais operações do IOF: a) operações de crédito - prestação presente contra a
promessa de operação futura (STF - mero saque em poupança não é FG do IOF – S. 664); b) de câmbio - é a
troca de moedas; c) de seguro - contrato pelo qual se garante algo contra o risco de eventual dano (evento
futuro e incerto). Apólice é o contrato; prêmio é o valor pago à seguradora; indenização é o valor pago ao
segurado; sinistro é o evento coberto (acidente, incêndio etc.); d) relativa a títulos e valores mobiliários -
implica transferência de propriedade desses títulos (títulos/valores mobiliários são
documentos/instrumentos que materializam direitos de crédito).
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Base de cálculo (art. 63 do CTN e Dec. 6.306/67): a) montante da operação – principal + juros (op. de
crédito); b) montante da operação em moeda nacional (op. de câmbio); c) montante do prêmio (op. de
seguro); d) valor nominal + ágil (na emissão) / preço + valor nominal + valor da cotação em bolsa (na
transmissão) / respectivo preço (no pagamento ou resgate) (op. TVM).
Alíquotas: são proporcionais (alíquotas fixas na categoria), variando conforme a natureza das operações
financeiras ou de mercado de capitais (se, ao invés, variasse em relação ao montante seria progressivo): a)
op. de crédito – alíquota máxima de 1,5 ao dia (ver Dec. 8.392/2015); b) op. de câmbio – máx. de 25%; c)
op. de seguro – máx. de 25% sobre o valor do prêmio; d) op. TVM – 1,5% ao dia; op. com ouro (ativo
financeiro ou instrumento cambial) – 1,5% ao dia.
Princípio da Legalidade e anterioridade: Idem II.
Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto á categoria econômica – Imposto sobre a produção e circulação (CTN);
b)quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Real (incide sobre coisas); b) direto ou
Indireto; c)Proporcional; d) Extrafiscal (predominantemente, pois é um fonte considerável de arrecadação
– função fiscal); e) cumulativo (o imposto pago em uma operação não é compensado nas seguintes);
Imunidade do OURO: O “ouro”, como ativo financeiro ou instrumento cambial, é devido na operação de
origem e se sujeita à tributação exclusiva do IOF (Princípio da Unicidade). Assim, o IOF será cobrado uma
única vez, no local da extração. Todavia, é o negócio jurídico que enseja o IOF e não a simples extração.
Assim, se ele for destinado a outro fim (confecção de joias/odontologia), incidirá exclusivamente o ICMS
(art. 1º Lei 7.766/89 e art. 153, § 5º, CR).
Princípio da não-afetação dos impostos: o art. 67 do CTN (previa destinação do IOF para formar reservas
monetárias ou cambiais) não foi recepcionado pela atual Constituição (art. 167, IV,CF)
IOF e factoring: o IOF incide sobre as operações de factoring (ADInMC 1.763-DF), enquanto não deve
incidir sobre operações de poupança (RE 232.467-SP).
Imunidade recíproca: os Estados estão amparados quando fazem aplicações no mercado financeiro
(posição do STF).
IOF e cad. de poupança: “é inconstitucional o inciso V do art. 1° da Lei 8033/90, que instituiu a incidência
do IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança” (Súm. 664 do STF).
IOF e depósito judicial: “Nos depósitos judiciais, não incide o IOF” (Súm. 185 do STJ).
Fiança onerosa: segundo a doutrina, não há operação de crédito na fiança onerosa, para fins de incidência
do IOF.
Jurisprudência: A imunidade tributária da OAB abarca o IOF sobre suas operações mas não impede que a
autoridade tributária constitua o crédito tributário quando comprovado desvio de finalidade (RE 259.976
AgR).

Nota: - Gráfico do IOF (ao final)

8.6 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural

Sujeito ativo: União (art. 153, IV, da CF)


Sujeito passivo: é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer
título (art. 31 do CTN).
Obs.1: titular do domínio útil é quem recebeu do proprietário o direito de usar, gozar e dispor da
propriedade, conservando o domínio direto. É o caso do enfiteuta ou foreiro nos casos de constituição de
enfiteuses.
Obs.2: Não obstante o proprietário ser contribuinte do ITR, o STJ considera que, se o imóvel encontra-se
invadido (Ex.: MST), a propriedade deixa de ser plena, pois fica tolhida de praticamente todos seus
elementos, não podendo do Estado cobrar o imposto (REsp 1.144.982).
Obs.: Para o STJ, não é contribuinte do ITR quem exerce a possesem o ânimo definitivo, como é o caso da
locação ou comodato. Exige-se posse ad usucapionem.

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Fato gerador. É propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil,
localizada fora da zona urbana do Município (CTN, art. 29).
Obs.: Bens imóveis por natureza(CC/16, art. 43). Compreende o solo com a sua superfície, os seus
acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o
subsolo. Atenção: os bens imóveis por acessão física (tudo quanto o homem incorporar permanentemente
ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que não se possa retirar sem
destruição, modificação, fratura ou dano) nãosão FG do ITR. Aliás, enquanto o ITR é tributo apenas sobre a
propriedade (art. 153, VI), o IPTU é sobre a propriedade e predial (art. 156, I) – por isso o IPTU tributa
ambas as situações (por natureza e acessão física).
Obs.2: Zona urbana. O ITR incide sobre zuna rural, mas seu conceito é por exclusão. Assim, será zona rural
o que não for urbana. Por sua vez, zona urbana é delineada pelo CTN em seu art. 32, sendo de
competência do Município sua definição (lei municipal) que deve observar os requisitos dos §§ 1º e 2º
deste artigo (ler o art. 32).
Obs.3: Art. 15 do Decreto-Lei 57/66. Esse DL é posterior ao CTN e traz ressalva ao seu art. 32 (dispositivo
sobre o FG do IPTU). Segundo o DL 54/66, no imóvel situado em área urbana que seja utilizado em
exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incide ITR e não IPTU. O STJ, REsp.
1.112.646 – SP, sistemática dos Recursos Repetitivos, entendeu que tal dispositivo foi recepcionado pela
Constituição.O critério adotado pelo CTN (32) é da localização e o do DL 57/66 (15) é o da destinação.
Base de cálculo. É o valor fundiário, que é o valor da terra nua tributável (art. 10, § 1.º, I, da Lei
9.393/1996). Excluem-se desse valor: construções, instalações, benfeitorias, culturas permanentes e
temporárias, pastagens cultivadas e melhoradas, florestas plantadas.
Alíquotas. Tendo em vista que a finalidade do ITR é marcantemente extrafiscal, suas alíquotas serão
fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. O que se quer é tributar de
uma maneira mais gravosa as propriedades menos produtivas, de forma a desestimular a manutenção da
situação. As alíquotas são inversamente proporcionais ao grau de utilização de cada imóvel rural (Lei
9.393/1996, art. 11 e Anexo)
Lançamento. O ITR é tributo com lançamento por homologação, vez que o contribuinte preenche
declaração do ITR, calculando o tributo e antecipando o pagamento (idem IR).
Classificação: imposto real, direto, progressivo (extrafiscal) e não cumulativo.
Progressividade. O ITR é progressivo (CF, art. 153, § 4.º, I), aumentando a alíquota de acordo com o critério
da área do imóvel.
Imunidades de pequenas glebas (CF, § 4º, in fine). São imunes em virtude do p. da função social da
propriedade. Os requisitos para ter tal benefício são: a) exploração somente pela entidade familiar; b) não
ter outro imóvel (rural ou urbano). Pequenas glebas: 100ha (Amazônia Ocidental ou no Pantanal),
50ha(Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental) ou 30ha (qualquer outro município) – art. 2º da Lei
9.393/1996.
Imóveis destinados à reforma agrária (Decreto n. 4.382/2002, art. 2º § 1º): a declaração de interesse social
não imuniza o imóvel, porém, a imissão na posse faz cessar a incidência do ITR.
Possibilidade de delegação da fiscalização e cobrança. O município que optar por fiscalizar e cobrar o ITR,
desde que não implique em redução ou renúncia fiscal, será titular de toda a arrecadação. Se não optarem,
a União repassará metade do valor arrecadado. A previsão constitucional consta do art. 158, II, da CF/88
(EC 42/03). A lei do ITR é a Lei 9.393/1996 e o Regulamento é o Decreto 4.382/2002.
Obs: se houver delegação da capacidade tributária ativa, o município será único legitimado a propor
execução fiscal e a responder por demandas tributárias do ITR.
Responsabilidade tributária por sucessão: o adquirente responde pelo ITR ou pelo IPTU, por se tratar de
obrigação propter rem (AgRg no AREsp 708087)
Obs: esta regra não se aplica ao caso de arrematação do bem em leilão judicial, por se tratar de forma de
aquisição “originária”, mas se aplica no caso de adjudicação do bem pelo credor (REsp 1179056)

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8.7 Gráficos

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8.8 Imunidade Recíproca

OBS: O ponto 7 só especifica a imunidade recíproca - as outras espécies de imunidade


estão incluídas nas limitações constitucionais ao poder de tributar (ponto 6).

a) Imunidade recíproca
É cláusula pétrea, eis que visa à proteção do pacto federativo (ADI 939).
• Imunidade subjetiva.
• Somente impostos. A imunidade recíproca somente se aplica aos impostos,
não impedindo, a título de exemplo, que um Município institua taxa pela coleta

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domiciliar de lixo, cobrando-a, também, pelo serviço prestado nas repartições públicas
federais e estaduais localizadas em seu território.
• Abrangeimpostos indiretos: no RE 242.827, o STF considerou imune ao ICMS a
unidade agroindustrial que, em virtude de desapropriação promovida pelo INCRA,
passou a integrar seu acervo patrimonial:a atividade exercida pelo Incra, autarquia
federal, não se enquadra entre aquelas sujeitas ao regime tributário próprio das
empresas privadas, considerando que a eventual exploração de unidade agroindustrial,
desapropriada, em área de conflito social, está no âmbito de sua destinação social em
setor relevante para a vida nacional. A imunidade tributária só deixa de operar quando
a natureza jurídica da entidade estatal é de exploração de atividade econômica.
• Abrange patrimônio, renda ou serviços (jurisprudência: também aplicações
financeiras).
• Não há imunidade: se o ente, direta ou indiretamente, explora atividades
econômicas regidas pelas normas aplicáveis aos empreendimentos privados, ou em
que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário.
• Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas: se explorarem atividades
econômicas, não há imunidade.
Para o STF, a imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, I, a
da CR abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista
prestadoras de serviços públicos (RE407.099 e AC 1.550-2).
• Concessionárias de serviços públicos: se forem remuneradas apenas pelo
Estado (ex: Parceria Público Privada, na modalidade concessão administrativa), há
imunidade. Se forem remuneradas também pelo usuário, não há imunidade.
• Autarquias e Fundações: como exercem atividades típicas estatais, há
imunidade, mas apenas no que for vinculado às finalidade essenciais ou às delas
decorrentes (art. 150, § 2, da CF).Parte da doutrina denomina a regra de extensão de
“imunidade tributária recíproca extensiva”.

Resumindo a tese esposada, o Supremo Tribunal Federal afirmou que, sem prejuízo da
necessidade de cumprimento de outros requisitos constitucionais e legais, a
aplicabilidade da imunidade deve observar os seguintes requisitos (denominados
“estágios” pela Corte):

a. restringir-se à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos


objetivos institucionais imanentes do ente federado;

b. não beneficiar atividades de exploração econômica, destinadas


primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares;

c. não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da
livre concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica
lícita.

No RE 610.517 AgR/RJ, rel. Min. Celso de Mello, a Segunda Turma do STF estendeua
imunidade tributária recíproca, no âmbito do ISS, à Casa da Moeda do Brasil (CMB).Tal
empresa estatal é empresa pública federal, dedicada à execução de serviços públicos
de emissão de moeda, outorgados por meio de lei pela União, a quem foi
constitucionalmente deferido, em regime de monopólio, o indigitado encargo (art. 21,
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VII, CF). A delegação da execução de serviço público, mediante outorga legal, não
implica alteração do regime jurídico de direito público, que incide sobre referida
atividade. O presente decisum corroboraa linha de entendimento adotada pela Corte
Suprema para casos assemelhados, e.g., Correios, INFRAERO, CAERD e CODESP.

Em idêntica trilha, em 23 de outubro de 2013, o Relator da ACO 2.243/DF, Ministro


Dias Toffoli, concedeu a antecipação dos efeitos da tutela para reconhecer à
Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL) a imunidade tributária quanto a
impostos. A entidade – prestadora de serviço público essencial de abastecimento de
água e tratamento de esgoto, fora da livre exploração e concorrência – é uma
sociedade de economia mista, todavia o Estado de Alagoas detém sobre ela uma
participação acionária de 99%, revestindo-a de estatalidade.

Foi também com base na imunidade recíproca que o Supremo Tribunal Federal proferiu
algumas decisões cujo conhecimento é fundamental para a compreensão da matéria.

a) os valores investidos pelos entes federados, bem como a renda


auferida estão imunes ao IOF e ao IR (STF, 2.ª T., AI AgR/RS 174.808,
Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 11.03.1996, DJ 21.06.1996 p. 22.298;
STF, 1.ª T., RE 196.415/PR, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. 21.05.1996, DJ
09.08.1996, p. 27.104);

b) bens que integram patrimônio de ente federado são imunes,


mesmo que estejam ocupados pela empresa delegatária de serviços
públicos (STF, 1.a T., RE 253.394/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, j.
26.11.2002, DJ 11.04.2003, p. 37);

c) a empresa privada que presta serviços de iluminação pública e é


remunerada pelo Município não é beneficiada pela imunidade, visto
que paga o ICMS à Fazenda Estadual e o inclui no preço do serviço
disponibilizado ao usuário. Segundo o STF “a imunidade tributária,
no entanto, pressupõe a instituição de imposto incidente sobre
serviço, patrimônio ou renda do próprio Município” (STF 1.ª T., AC-
MC 457/MG, Rel. Min. Celso de Mello, j. 26/10/2004, DJ 11.02.2005,
p. 5);

d) A imunidade tributária recíproca diz respeito aos impostos, não


alcançando as contribuições (STF, 1.a T., RE-AgR 378.144/PR, Rel.
Min. Eros Grau, j. 30.11.2004, DJ 22.04.2005 p. 14) nem as taxas (STF,
2.a T., RE 364.202/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 05.10.2004, DJ
28.10.2004, p. 51).

e) O serviço notarial e de registro é uma atividade estatal delegada,


mas, por ser exercido em caráter privado, não é imune à incidência
do ISS (STF, Tribunal Pleno, ADI 3.089, Rel. Min. Carlos Britto, j.
13.02.2008, DJE 21.02.2008)

Ademais, o entendimento da Corte Excelsa somente abrange as entidades quando a


mesma se encontra na posição de contribuinte de direito, e não contribuinte de fato.
Com base nesse entendimento, o STF negou o pedido de um município que invocava
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direito a imunidade quanto ao ICMS incidente no fornecimento de energia elétrica


para iluminação pública, por estar o município na posição de contribuinte de fato, logo
a imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato (AI-AgR 671.412/SP, 2ª
Turma, 1º/04/2008).

No RE-RG 599.176, o Pleno do STF entendeu que a imunidade tributária recíproca não
alcançaria a União com relação aos créditos tributários constituídos em face de extinta
RFFSA ao tempo em que houvera a sucessão:

A imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) não afasta a


responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o
sujeito passivo era contribuinte regular do tributo devido. Com base
nessa orientação, o Plenário deu provimento a recurso extraordinário
para reformar acórdão que considerara aplicável a imunidade
recíproca a débitos tributários da extinta Rede Ferroviária Federal
S.A. (RFFSA), sucedida pela União. No recurso extraordinário,
discutia-se a aplicação da imunidade tributária recíproca de créditos
tributários já constituídos e transferidos à União por sucessão. (...)
Registrou que, com a liquidação da pessoa jurídica e com a já
mencionada sucessão, a União se tornara responsável tributária
pelos créditos inadimplidos, nos termos dos arts. 130 e seguintes do
CTN. A Corte frisou que a regra constitucional da imunidade, por se
destinar à proteção específica do ente federado, seria inaplicável
aos créditos tributários constituídos legitimamente contra pessoas
jurídicas dotadas de capacidade contributiva e cuja tributação em
nada afetaria o equilíbrio do pacto federativo. (...) Ressaltou que a
União não poderia se livrar da responsabilidade tributária ao alegar
simplesmente que o tributo seria devido por sociedade de economia
mista, tampouco por sugerir a aplicação de regra constitucional que
protegeria a autonomia política de entes federados. Sublinhou que a
responsabilidade tributária dos sucessores protegeria o erário de
um tipo de inadimplência bastante específica, que seria o
desaparecimento jurídico do contribuinte, conjugado com a
transferência integral ou parcial do patrimônio a outra pessoa
jurídica. Assim, a desconstituição da pessoa jurídica faria com que o
crédito tributário não pudesse mais ser exigido contra o contribuinte
original, que deixaria de existir juridicamente. Explicou que o
patrimônio – material ou imaterial – transferido deveria garantir o
crédito. Salientou, por fim, que o sucessor, ainda que se tratasse de
um ente federado, deveria arcar com a dívida. (RE 599.176, rel. min.
Joaquim Barbosa, julgamento em 5-6-2014, Plenário, Informativo
749, com repercussão geral).

Informativo STF 353 (RE-407099)


Título ECT e Imunidade Tributária Recíproca
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT está abrangida
pela imunidade tributária recíproca prevista no art. 150, VI, a, da CF,
haja vista tratar-se de prestadora de serviço público de prestação
obrigatória e exclusiva do Estado

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Por fim, a parte final do art. 150, §3º, da CF tem o objetivo de impedir a utilização da
imunidade recíproca como mecanismo de elisão fiscal. Assim, se o Estado da Paraíba
celebra compromisso irretratável de compra e venda, o promitente comprador deve
pagar os impostos incidentes sobre o imóvel (Súmula 583 do STF: Promitente-
Comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do
imposto predial territorial urbano).

ECT: IPVA e Imunidade Tributária


Na linha da orientação firmada no julgamento da ACO 959/RN (DJE de 16.5.2008), no
sentido de que a norma do art. 150, VI, a, da CF alcança as empresas públicas
prestadoras de serviço público, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido
formulado em ação cível originária proposta pela Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos - ECT contra o Estado do Rio de Janeiro, para afastar a cobrança do IPVA,
bem como as sanções decorrentes da inadimplência do tributo.ACO 765/RJ, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 13.5.2009. (ACO-765)
São imunes à incidência do IPVA os veículos automotores pertencentes à Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT (CF, art. 150, VI, a). Esse o entendimento do
Plenário, que, por maioria, julgou procedente pleito formulado em ação cível originária
na qual a referida empresa pública buscava o afastamento da exigibilidade do IPVA
cobrado por Estado-membro, bem como das sanções decorrentes do não pagamento
do tributo, tendo em conta o alegado desempenho de atividades típicas de serviço
público obrigatório e exclusivo. A Corte reafirmou sua jurisprudência no sentido de ser
aplicável a imunidade tributária recíproca em favor da ECT, inclusive em relação ao
IPVA, reiterado o quanto decidido no RE 601.392/PR (DJe de 5.6.2013), na ACO 819
AgR/SE (DJe de 5.12.2011) e na ACO 803 AgR/SP (acórdão pendente de publicação).
ACO 879/PB, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
26.11.2014, Inf. 769.

ECT: ICMS e Imunidade Tributária

Não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias realizado


pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.
O Colegiado asseverou que o fluxo de atividade dos Correios, no que diz com o serviço
postal, estaria previsto no art. 7º, “caput”, e § 3º, da Lei 6.538/1978 (“Constitui serviço
postal o recebimento, expedição, transporte e entrega de objetos de correspondência,
valores e encomendas, conforme definido em regulamento. ... § 3º - Constitui serviço
postal relativo a encomendas a remessa e entrega de objetos, com ou sem valor
mercantil, por via postal”).
O transporte de encomendas, portanto, também estaria inserido no rol das atividades
desempenhadas pela entidade em comento, e esta, como assentado no RE 601.392/PR
(DJe de 5.6.2013), deveria cumprir o encargo de alcançar todos os lugares do Brasil,
sem a possibilidade de recusa, diferentemente das empresas privadas.
Além disso, haveria, para os Correios, a possibilidade de terceirizar o serviço, mediante
licitação, e as empresas eventualmente contratadas seriam contribuintes do ICMS
sobre a prestação dos serviços de transporte.

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Esse transporte, que se daria entre unidades próprias da ECT, em nenhum momento
ensejaria à empresa terceirizada a atividade de receber ou entregar as
correspondências ou encomendas diretamente ao usuário do serviço postal.
Por outro lado, sendo obrigatórias a regularidade do serviço postal e a garantia de sua
continuidade, não seria despropositado que a ECT aproveitasse espaços ociosos nos
veículos que utilizasse para exercer atividades afins. Não se estaria, assim, a criar
determinada estrutura exclusivamente para competir com particulares, mas,
meramente a aproveitar meios já disponíveis e utilizados, necessários ao serviço
postal.
Ademais, as atividades exercidas sob regime concorrencial existiriam para custear
aquela exercida sob o regime constitucional de monopólio. Se assim não fosse,
frustrar-se-ia o objetivo do legislador de viabilizar a integração nacional e dar
exequibilidade à fruição do direito básico do indivíduo de se comunicar com outras
pessoas ou instituições e de exercer outros direitos, com esse relacionados, fundados
na própria Constituição.
Outrossim, seria impossível separar topicamente as atividades concorrenciais para
que se verificasse a tributação.
Além disso, o desempenho daquelas atividades não descaracterizaria o viés
essencialmente público das finalidades institucionais da empresa pública em comento.
Por fim, a ECT não poderia nem deveria ser equiparada a empresa de transporte
privado — cuja atividade fim fosse o transporte de mercadorias —, na medida em que,
não apenas o recebimento e a entrega de correspondências e encomendas, mas,
notadamente, o próprio transporte, seriam todas fases indissociáveis de um serviço
postal que se qualificaria pela incindibilidade, tendo em vista a sua última destinação e
sua própria função. (RE 627051/PE, rel. Min. Dias Toffoli, 12.11.2014, Inf. 767).

Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que
desempenha serviços públicos.
Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva,
como é o caso da entrega de cartas, também realizam alguns serviços em
concorrência com a iniciativa privada (ex: entrega de encomendas).
Quando os Correios realizam o serviço de transporte de bens e mercadorias,
concorrendo, portanto, com a iniciativa privada, mesmo assim eles gozam de
imunidade? Ficam livres de pagar ICMS?
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de
imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e
mercadorias. Assim, não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e
mercadorias realizado pelos Correios.
ATIVIDADES QUE SÃO PRIVILÉGIO ATIVIDADES QUE SÃO EXERCIDAS PELA ECT,
(“MONOPÓLIO”) DA ECT (ART. 9º DA LEI Nº SENDO TAMBÉM PERMITIDAS À INICIATIVA
6.538/76) PRIVADA
Entrega de: Entrega de:
1. Cartas pessoais; 1. Impressos diversos como jornais,
2. Cartas comerciais, aí incluídas: revistas, catálogos de mala direta;
 Cobranças comerciais como faturas de 2. Encomendas em geral (livros, celulares,
cartões de crédito, carnês, talões de computadores, etc.)
cheques;
 Cobranças de tributos;

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 Todas as correspondências para um


destinatário específico.
3. Cartões postais.

Além disso, esses serviços de transporte de bens e mercadorias constituem-se na


maior fonte de arrecadação de recursos para os Correios e tais verbas são
posteriormente destinadas a financiar os serviços postais menos rentáveis, como a
entrega de cartas, que tem ainda hoje uma grande importância social. Desse modo, a
imunidade tributária para a entrega de encomendas dos Correios é uma forma de
conferir subsídio cruzado para os demais serviços postais.
Em suma, as atividades exercidas pelos Correios sob regime concorrencial (ex: Sedex)
acabam custeando as outras atividades desempenhadas sob o regime constitucional
de monopólio (privilégio), como é o caso da carta social (que custa apenas alguns
centavos). Percebe-se, portanto, que esse modelo cruzado de financiamento dos
Correios é a forma encontrada para tornar possível a integração nacional e dar
exequibilidade ao direito básico do indivíduo de se comunicar com outras pessoas ou
instituições pela via postal. (RE 627051/PE, rel. Min. Dias Toffoli, 12.11.2014, Inf. 767
– DIZER O DIREITO)

ECT: IPTU e Imunidade Tributária

A imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de Correios e


Telégrafos - ECT alcança o IPTU incidente sobre imóveis de sua propriedade, bem
assim os por ela utilizados. No entanto, se houver dúvida acerca de quais imóveis
estariam afetados ao serviço público, cabe à administração fazendária produzir
prova em contrário, haja vista militar em favor do contribuinte a presunção de
imunidade anteriormente conferida em benefício dele.
O Tribunal salientou que, embora a interpretação literal da Constituição
reconhecesse a imunidade recíproca apenas às pessoas políticas, autarquias e
fundações, a jurisprudência do STF estendera o beneplácito às empresas públicas e
às sociedades de economia mista, desde que prestadoras de serviço público.
Assentou que essas entidades poderiam figurar como instrumentalidades das
pessoas políticas, de modo a ocupar-se dos serviços públicos atribuídos aos entes
federativos aos quais estariam vinculadas, franqueado o regime tributário próprio
das autarquias e das fundações públicas.
Frisou, no tocante aos tributos incidentes sobre o patrimônio das empresas públicas e
das sociedades de economia mista, a necessidade de se analisar a capacidade
contributiva, para fins de imunidade, a partir da materialidade do tributo.
Distinguiu os institutos da isenção — que seria uma benesse decorrente da lei — e da
imunidade — que decorreria diretamente do texto constitucional.
Deduziu que, no primeiro caso (ISENÇÃO), incumbiria ao contribuinte que pretendesse
a fruição da benesse o ônus de demonstrar seu enquadramento na situação
contemplada, enquanto, no segundo (IMUNIDADE), as presunções sobre o
enquadramento originalmente conferido deveriam militar a favor do contribuinte.
Constatou, a partir desse cenário, que se a imunidade já houvesse sido deferida o seu
afastamento só poderia ocorrer mediante a constituição de prova em contrário
produzida pelo Fisco.

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Sublinhou que o oposto ocorreria com a isenção, que constituiria mero benefício fiscal
concedido pelo legislador ordinário, presunção que militaria em favor da Fazenda
Pública.
A Corte observou que, no caso dos autos, a autuação fiscal se dera sob a alegação de
que a ECT seria empresa pública sujeita ao regime jurídico de direito privado, a atrair a
regra do art. 173, § 1º, da CF.
Ressaltou, todavia, que esse argumento já teria sido refutado em manifestações
anteriores do Colegiado. Destacou que, ao reconhecer a abrangência da imunidade
recíproca às empresas prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e
exclusiva do Estado — a exemplo da ECT —, o STF não se pautaria pelo regime
jurídico da entidade integrante da Administração Indireta. (STF. Plenário. RE
773992/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2014, Inf. 763)

Imunidade Recíproca e Caixa de Assistência dos Advogados


A imunidade tributária recíproca aplicável à Ordem dos Advogados do Brasil - OAB,
quando atua no campo próprio que lhe outorga a Constituição, não se estende às
atividades sociais ou de assistência desempenhada pelas respectivas Caixas de
Assistência. Com base nesse entendimento, a Turma proveu recurso extraordinário
interposto pelo Município de Belo Horizonte contra acórdão do Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais que considerara imóvel da Caixa de Assistência dos Advogados
dessa mesma unidade federativa imune ao pagamento do IPTU.RE 233843/MG, rel.
Min. Joaquim Barbosa, 1º.12.2009. (RE-233843)
Decisões correlatas:

* proibição de cobrança do IOF nas operações financeiras


realizadas pelos Municípios ou Estados (RE 196.415 – STF)

* vedação da incidência do imposto de renda sobre os


rendimentos auferidos pelas pessoas públicas que gozam da
imunidade recíproca (ADIMC 1758)

* declaração da inconstitucionalidade do art. 2º, §2º, da EC nº


3/93, que, entre outras coisas, pretendeu excluir o IPMF da
vedação ora tratada (ADI 939)

Decisões recentes do STF:

- A imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF (§ 7º -


São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficente s de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei ), regulamentada pelo art. 55 da
Lei 8.212/1991, abrange a contribuição para o PIS. (RE
636941/RS, rel. Min. Luiz Fux, 13.2.2014);

- Os serviços prestados pela Empresa Brasileira de Correios e


Telégrafos - ECT estão abrangidos pela imunidade recíproca
(CF, art. 150, VI, A , e §§ 2º e 3º). (RE 601392/PR, rel. orig. Min.
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Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,


28.2.2013).

- É inconstitucional a incidência da contribuição para PIS e


Cofins não cumulativas sobre os valores recebidos por
empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de
créditos de ICMS. Com base nesse entendimento, o Plenário,
por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em
que discutido se os valores correspondentes à transferência de
créditos de ICMS integrariam a base de cálculo de contribuição
para PIS e Cofins não cumulativas. Inicialmente, aduziu-se que a
apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias
teria suporte na técnica da não cumulatividade (CF, art. 155, §
2º, I), a fim de evitar que sua incidência em cascata onerasse
demasiadamente a atividade econômica e gerasse distorções
concorrenciais. Esclareceu-se, na sequência, que a não
incidência e a isenção nas operações de saída implicariam a
anulação do crédito relativo às operações anteriores. Destacou-
se, contudo, que tratamento distinto seria conferido no caso
de exportações, uma vez que a Constituição concederia
imunidade a essas operações, bem como asseguraria a
manutenção e o aproveitamento do montante do imposto
cobrado nas operações e prestações anteriores (art. 155,§ 2º,
X, a). Frisou-se que essa norma teria por finalidade incentivar
as exportações — ao desonerar as mercadorias nacionais do
seu ônus econômico, de maneira a permitir que empresas
brasileiras exportassem produtos, e não tributos —, mas não
impedir a incidência cumulativa do ICMS. (RE 606107/RS, rel.
Min. Rosa Weber, 22.5.2013).

- É inconstitucional a incidência da contribuição para PIS e


Cofins sobre a receita decorrente da variação cambial positiva
obtida nas operações de exportação. Com base nessa
orientação, o Plenário negou provimento a recurso
extraordinário no qual sustentada ofensa aos artigos 149, § 2º,
I, e 150, § 6º, da CF, sob a alegação de que a expressão contida
no texto constitucional “receitas decorrentes de exportação”
não autorizaria interpretação extensiva a alcançar receita
decorrente de variação cambial positiva. Rememorou-se que o
STF teria assentado que a imunidade prevista no art. 149, §
2º, I, da CF somente tutelaria as receitas decorrentes das
operações de exportação, de modo a não alcançar o lucro das
empresas exportadoras. Isso porque se trataria de imunidade
objetiva, concedida às receitas advindas das operações de
exportação, e não subjetiva, a tutelar as empresas
exportadoras, no que se refere ao seu lucro (RE 474132/SC,

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DJe de 1º.12.2010 e RE 564413/SC, DJe de 3.11.2010). (RE


627815/PR, rel. Min. Rosa Weber, 23.5.2013).

- A contribuição para o Finsocial, incidente sobre o


faturamento das empresas, não está abrangida pela
imunidade objetiva prevista no art. 150, VI, d, da CF/88,
anterior art. 19, III, d, da Carta de 1967/69 (“Art. 150. Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: ... VI - instituir impostos sobre: ... d) livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão”). Reafirmou-se
jurisprudência da Corte no sentido de que a contribuição para o
Finsocial possuiria natureza tributária de imposto (de
competência residual da União), incidente sobre o faturamento
das empresas. Caracterizar-se-ia como tributo pessoal e, desse
modo, não levaria em consideração a capacidade contributiva
do comprador de livros, mas sim a do vendedor. Assim, aduziu-
se que a imunidade recairia sobre o livro (objeto tributado) e
não sobre o livreiro ou sobre a editora (RE 628122/SP, rel. Min.
Gilmar Mendes, 19.6.2013).

- A 1ª Turma, por maioria, negou provimento a recurso


extraordinário em que discutido se imóvel não edificado
pertencente ao Serviço Social da Indústria - SESI estaria
alcançado pela imunidade tributária. Na espécie, reconheceu-
se que, por ser o recorrido entidade de direito privado, sem fins
lucrativos, encaixar-se-ia na hipótese do art. 150, VI, c, da CF e,
por isso, estaria imune. Apontou-se que a constatação de que
imóvel vago ou sem edificação não seria suficiente, por si só,
para destituir a garantia constitucional da imunidade tributária.
Ponderou-se que, caso já tivesse sido deferido o status de
imune ao contribuinte, o afastamento dessa imunidade
somente poderia ocorrer mediante prova em contrário
produzida pela administração tributária. Asseverou-se não ser
possível considerar que determinado imóvel destinar-se-ia a
finalidade diversa da exigida pelo interesse público apenas
pelo fato de, momentaneamente, estar sem edificação ou
ocupação. Assinalou-se que a qualquer momento poderia
deixar sua condição de imóvel vago. RE 385091/DF, rel. Min.
Dias Toffoli, 6.8.2013.

- A destinação do imóvel às finalidades essenciais da entidade


deve ser pressuposta no caso do Imposto de Transmissão
Inter Vivos de Bens Imóveis - ITBI, sob pena de não haver
imunidade para esse tributo [CF: “Art. 150. Sem prejuízo de
outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ... VI -

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instituir impostos sobre: ... c) patrimônio, renda ou serviços dos


partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de
assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da
lei; ... § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas ‘b’ e ‘c’,
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas”]. RE 470520/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 17.9.2013.

- As prestadoras de serviços de composição gráfica, que


realizam serviços por encomenda de empresas jornalísticas ou
editoras de livros, não estão abrangidas pela imunidade
tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF (“Art. 150. Sem
prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: ... VI - instituir impostos sobre: ... d) livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão”). (RE 434826
AgR/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min.
Celso de Mello, 19.11.2013).

- SÚMULA VINCULANTE 52-STF: AINDA QUANDO ALUGADO A


TERCEIROS, PERMANECE IMUNE AO IPTU O IMÓVEL
PERTENCENTE A QUALQUER DAS ENTIDADES REFERIDAS PELO
ART. 150, VI, C, DA CF, DESDE QUE O VALOR DOS ALUGUÉIS
SEJA APLICADO NAS ATIVIDADES PARA AS QUAIS TAIS
ENTIDADES FORAM CONSTITUÍDAS.

SV 52-STF pode se aplicada para a imunidade do art. 150, VI,


“b”, da CF/88

Apesar da súmula referir-se à imunidade do art. 150, VI, “c”,


seu enunciado também se aplica à imunidade religiosa prevista
no art. 150, VI, “b” (imunidade religiosa: “templos de qualquer
culto”). Nesse sentido: STF. 2ª Turma. ARE 694453/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJe 09/08/2013. – DIZER O DIREITO

- Súmula 730/STF: A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA CONFERIDA A


INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS
PELO ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO, SOMENTE ALCANÇA
AS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL PRIVADA SE
NÃO HOUVER CONTRIBUIÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS.

- Não é possível condicionar a concessão de imunidade


tributária prevista para as instituições de educação e de
assistência social sem fins lucrativos à apresentação de
certificado de entidade de assistência social na hipótese em
que prova pericial tenha demonstrado o preenchimento dos
requisitos para a incidência da norma imunizante. Assim,
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condicionar a concessão de imunidade tributária à


apresentação do certificado de entidade de assistência social,
na hipótese em que perícia técnica tenha demonstrado o
preenchimento dos requisitos legais, implica acréscimo
desarrazoado e ilegal de pressupostos não previstos em lei
para tanto, ainda mais quando o próprio texto constitucional
prevê como condicionante para a concessão do referido
benefício apenas a inexistência de finalidade lucrativa por
parte da instituição. AgRg no AREsp 187.172-DF, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/2/2014.

8.9 Uniformidade tributária

Trata-se de vedação específica à União, inserta no art. 151, I da CR que visa à


proteção do pacto federativo. É regra protegida por cláusula pétrea. O mesmo
dispositivo traz uma exceção que se refere à possibilidade de concessão de incentivos
fiscais destinados a promover o equilíbrio socioeconômico entre as diferentes regiões
do País. Essa possibilidade está em harmonia com o art. 3º da Constituição que inclui
entre os objetivos da República a redução das desigualdades sociais e regionais.

“Âmbito de aplicação do art. 151, CF é o das relações das entidades federadas entre si.
Não tem por objeto a União quando esta se apresenta na ordem externa. Não
incidência sobre a prestação de serviços de transporte aéreo de passageiros –
intermunicipal, interestadual e internacional." (ADI 1.600, Rel. Min. Sydney Sanches,
julgamento em 26-11-2001, Plenário, DJ de 20-6-2003.)

8.10 Tributação das concessionárias

É absolutamente pacífico que concessionárias ou permissionárias de serviços públicos,


remuneradas por preços públicos ou tarifas, não gozam de qualquer privilégio
tributário. Tanto isso é verdade que, mesmo a prestação direta de serviços públicos
pelo Estado, quando remunerada por preço ou tarifa pagos pelo usuário, estaria
excluída da imunidade tributária recíproca (art. 150, §3º, CF), salvo se tratar de serviço
público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, como é o caso da ECT
(monopólio).

8.11 7. Sociedades Mistas e Fundações

As sociedades de economia mista apresentam regime tributário definido pela CF/88,


equiparando-as às empresas privadas, inclusive quanto às obrigações tributárias.
Dispõe, ainda, o texto constitucional que tais entidades não poderão gozar de
privilégios fiscais não extensíveis às do setor privado.
POLÊMICA: DI PIETRO e DIÓGENES GASPARINI sustentam a paridade quanto se tratar
de entidade que explora atividade econômica em sentido estrito, podendo haver
privilégios em favor daquelas que executam atividades econômicas sob a forma de
serviços públicos.

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JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO e HELY LOPES entendem que,


independentemente de sua natureza, as sociedades de economia mista devem
sujeitar-se ao mesmo regime tributário aplicável às empresas privadas, porque todas
exercem, em sentido amplo, atividades econômicas.

Vale destacar que Empresa Pública que executa serviço público monopolizado –
admite-se a concessão de privilégio, em virtude da inexistência da ameaça de mercado
e da ausência do risco de abuso do poder econômico. O STF (RE 407.099 – Rel. Carlos
Veloso) entendeu que a ECT está abrangida pela imunidade tributária recíproca, por
se tratar de prestadora de serviço público exclusiva do Estado. (Monopólio que está
sendo questionado na ADPF 46, sob o fundamento de livre iniciativa e livre
concorrência). Equiparou, portanto, no que concerne à imunidade tributária recíproca,
empresas públicas prestadoras de serviços públicos às autarquias.
ATENÇÃO: Em julgado ainda mais recente (06.02.07), o STF, sob os mesmos
fundamentos, considerou aplicável a imunidade tributária recíproca a uma sociedade
de economia mista prestadora de serviços públicos (Ação Cautelar 1550-2 – 2ª
Turma).
Assim, com base nesse julgado e no inteiro teor do voto do Min. Gilmar Mendes, pode-
se concluir que o entendimento atual do STF é no sentido de ampliar a imunidade
tributária recíproca para empresas públicas e sociedades de economia mista
prestadoras de serviços públicos obrigatórios. Manteve-se a vedação de extensão de
vantagens para empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de
atividade econômica.
Em relação às fundações, o artigo 150, §2º CF dispõe que a imunidade tributária
relativa aos impostos sobre a renda, o patrimônio e os serviços federais, estaduais e
municipais é extensiva às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, não
diferenciando qual tipo de fundação pública. Ou seja, ambas as modalidades de
fundações públicas fazem jus à referida imunidade, desde que a atividade esteja
relacionada às suas atividades essenciais.

8.12 Extensão da imunidade às autarquias

A imunidade recíproca estende-se às autarquias e fundações públicas federais,


estaduais, distritais e municípios (art. 150, §2º, CF). TODAVIA, há uma diferença
importante: enquanto no caso da imunidade recíproca das pessoas políticas não há
restrição quanto à destinação de seu patrimônio, renda ou serviços, a imunidade das
autarquias e fundações públicas alcança somente patrimônio, renda ou serviços
vinculados às finalidades essenciais, ou às delas decorrentes, dessas pessoas
administrativas.
O STF já afastou a incidência de IPTU sobre prédio ocupado por autarquia estadual,
evidentemente, portanto, vinculado a suas finalidades essenciais (RE 203.839).

9 Ponto 9 - Imposto de renda. Regimes jurídicos. Imposto de renda pessoas


jurídicas. Imposto de renda pessoas físicas.
9.1 Imposto sobre a Renda

Competência. União.
Função. Predominantemente fiscal. Extrafiscal, também: redistribuição de riquezas.
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Aspectos Históricos. O IR foi instituído no Brasil em 1922. A legislação de IRPF


consignava apenas duas alíquotas. Em 2008 foi anunciada a criação de duas novas
alíquotas intermediárias aplicadas a partir de 2009.
Hipótese de incidência (HI). Aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de
renda (produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) ou proventos de
qualquer natureza (assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos
como renda).
Obs.1: A disponibilidade há de ser atual, e não futura (art. 43 do CTN). A
disponibilidade econômica é a possibilidade efetiva e atual de dispor da renda,
representada por moeda ou por seu equivalente. A disponibilidade jurídica é a
possibilidade de colocar a renda à efetiva e atual disposição econômica.
Disponibilidade “financeira” não é sinônimo de disponibilidade “econômica” (mas a lei
pode agregar o elemento “financeiro” respeitando os demais). Não configura
disponibilidade econômica ou jurídica de renda/proventos a simples posse de
numerário alheio.
Obs.2:A incidência do IR independe da denominação da receita ou do rendimento, da
localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de
percepção (art. 43, § 1º). Na hipótese de receita/rendimentos oriundos do exterior, a
lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará a disponibilidade para fins
de incidência do IR (art. 43, § 2º). A incidência é anual, mas há específicas: na fonte, a
título de antecipação ou autônomas.
Fato gerador (FG): é o acréscimo patrimonial havido em determinado período, não
alcançando a mera expectativa de ganho futuro ou em potencial. No IRPF, p. ex., o FGé
a receita líquida (total das receitas experimentadas e deduzidas das despesas e gastos
autorizados em lei).
Obs.1: FG complexivo (periódico/continuado): considera-se ocorrido após um
determinado período de tempo, em que se levam em consideração todas as receitas e
despesas. No IR ocorre no dia 31 de dezembro. Para o STF, não contraria o P. da
Irretroatividade o cálculo do IR com base em lei editada no curso do ano-base. Tem o
mesmo entendimento em relação ao P. da Anterioridade (justificativa: a declaração
ocorre no exercício seguinte). S 548/STF.
Obs.2: Em precedente de 2014 (RE 183.130/PR, Pleno), o STF afastou a aplicação da
Súmula 584/STF à hipótese de majoração da alíquota incidente sobre o lucro, apesar
de ocorrida no mesmo exercício. Entendeu que como a legislação havia conferido
tratamento fiscal favorecido (para incrementar as exportações), a aplicação retroativa
das alíquotas majoradas, dada a função extrafiscal da hipótese, afasta a aplicação da
Súmula 584/STF.
Acréscimo patrimonial: é o elemento comum e nuclear dos conceitos de renda e de
proventos. O que não representar acréscimo patrimonial, não pode ser tributado pelo
IR, como no caso de indenização (recomposição de prévio desfalque patrimonial) – S.
125 e 215 do STJ.
Obs.: Nem todo ingresso financeiro implicará acréscimo patrimonial a ensejar a
incidência do IR. Tem-se que analisar a natureza de cada ingresso para verificar se
realmente se trata de renda ou proventos novos, que configurem acréscimo
patrimonial.

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Antecipação do IR. Viabilidade: Como a disponibilidade é adquirida ao longo do


exercício financeiro, pode o fisco exigir o pagamento antecipado, a exemplo do que
ocorre com as retenções na fonte.
Produto do capital. Incidência: Rendimentos de aplicações financeiras, rendimentos de
depósito judicial, ganho de capital na venda de imóvel, doações e etc.
Produto do trabalho. Incidência: Salários pagos por força de reintegração, abono
salarial, adicional de insalubridade e etc.
Verbas efetivamente indenizatórias (apenas reparam uma perda): não são acréscimos
patrimoniais, não incidindo IR. Ex.: Conversão em pecúnia de férias, abonos, folgas e
licença-prêmio; indenização por perdas e danos (inclusive dano moral); aposentadoria
especial de anistiado; indenização na desapropriação (inclusive juros compensatórios e
moratórios); verbas indenizatórias na rescisão do contrato de trabalho; férias não-
gozadas por necessidade do serviço (Súmula 125/STJ); ajuda de custo pela utilização de
veículo próprio do empregado; auxílio-creche e bolsas de estudo; plano de demissão e
de aposentadoria incentivada (Súmula 215/STJ) etc.
Cooperativas. Súmula 262/STJ: Incide o IR sobre aplicações financeiras realizadas pelas
cooperativas.
Base de Cálculo: É o montante – real, arbitrado ou presumido – da renda e do
provento de qualquer natureza (não existe “renda presumida”, o que se
presume/arbitra é seu o montante).
A incidência adota o critério global ou unitário, i.e., ocorre sobre o crédito líquido do
contribuinte. Devem-se somar todos os rendimentos e lucros de capital da pessoa
física e seus dependentes (rendimento bruto) e subtrair os encargos autorizados pela
legislação (rendimento líquido).
A legislação estabelece o montante a ser deduzido para a apuração da base de cálculo,
conforme o patamar dos rendimentos auferidos, sem prejuízo das demais deduções
autorizadas, como as relativas à educação, observado o limite individual por
dependente, e as despesas médicas, que não se sujeitam a limite de valor.
Sujeito ativo: União.
Sujeito passivo: pessoa física ou jurídica titular da disponibilidade de renda ou
proventos.
Obs.1: a lei pode atribuir à fonte pagadora da renda/proventos tributáveis a condição
de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. O Fisco
(PAULSEN) pode exigir o pagamento do contribuinte ou responsável. Em caso de não
retenção pela fonte pagadora, ela é que pagará a multa e o contribuinte o tributo
(SABBAG). STJ: fonte não recolheu – contribuinte não tem responsabilidade excluída,
devendo declarar o valor no ajuste anual.
Obs.2: O STJ, em precedente de 2014 (RESP 1218222/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro
Campbell), entendeu que “é indevida a imposição de multa ao contribuinte quando,
induzido a erro pela fonte pagadora, inclui em sua declaração de ajuste os
rendimentos como isentos e não tributáveis. Situação em que a responsabilidade pelo
recolhimento da penalidade (multa) e juros de mora deve ser atribuída à fonte
pagadora, a teor do art. 722, parágrafo único, do RIR/99 (Decreto n. 3.000/99)”. O
entendimento também foi aplicado pela 1ª Seção em 2014 (ERESP 1334749/AL, Rel.
Min. Sérgio Kukina).
Pessoa física: rendimento bruto mensal, com algumas deduções autorizadas.

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Pessoa jurídica: a base é, além das hipóteses tributadas exclusivamente “na fonte”, o
lucro, sendo de periodicidade trimestral. O lucro da pessoa jurídica (ou equiparada)
pode ser obtido pelos critérios de apuração real, presumido ou arbitrado.
• Lucro real: é calculado a partir do lucro líquido apurado na escrituração contábil,
fazendo-se as adequações necessárias (adições, exclusões e compensações). As
adições são representadas por despesas contabilizadas e não dedutíveis para
apuração do lucro real; as exclusões são representadas pelas receitas não tributáveis,
contabilizadas; excluem-se também os valores cuja tributação pode ser diferida; a
compensação refere-se ao prejuízo fiscal, que diminui a base de cálculo do IR – lucro
real em períodos futuros até se esgotar. A apuração do lucro real é obrigatória para
as empresas indicadas na Lei 9.718/98, e opcional às demais.
• Lucro presumido: empresas com receita até determinado patamar, e que atendam
a outras condições e optem pelo lucro presumido, ficam dispensadas de escrituração
e o IR é calculado sobre um percentual da receita bruta mensal.
• Lucro arbitrado: essa apuração tem caráter excepcional, ocorrendo apenas quando
não for possível por meio de lucro real ou presumido (erros, vícios, fraudes). A
própria pessoa jurídica, de per si, pode informar a impossibilidade de apuração,
sujeitando-se ao arbitramento. O montante arbitrado será um percentual sobre a
receita bruta (se conhecida) ou outros elementos (conhecidos ou não). O
contribuinte poderá oferecer a demonstração contábil do lucro real antes do
lançamento definitivo (jurisprudência).
Compensação de prejuízos passados depende de autorização legal expressa, conforme
já decidiu o STF. Ele aduz válida a limitação da compensação a 30% estabelecida pela
Lei 8.981/95.
Critério temporal:É imposto cujo FG é complexivo, sendo considerado ocorrido no dia
31/12 do ano-calendário. A verificação do quantum devido ocorre até 30/04,
compensando-se o montante já recolhido (retenção ou carne-leão), restando um saldo
a pagar ou restituir. O prazo para pagamento é o mesmo da obrigação acessória
(declaração de ajuste e de bens).
Obs.: No IRPJ, tem-se período de apuração trimestral, podendo, a pessoa que pagar
com base no lucro real, optar pelo período anual, com antecipações mensais. No
imposto trimestral, considera-se ocorrido o FG ao final de cada trimestre civil; no
anual, em 31/12. As pessoas jurídicas estão obrigadas à apresentação da Declaração
de IRPJ até o 31/03 do ano subsequente.
Critério espacial: Caracteriza-se o IR pela extraterritorialidade, ou seja, por alcançar
fatos geradores ocorridos não apenas no território nacional. É o que se chama de
tributação em bases universais ou tributação em base global.
Atualização da tabela e limites de dedução do IR. Não tem sido acolhida pela
jurisprudência, pois: não há fundamento constitucional para a indexação generalizada
da economia, bem como para as tabelas do IR; a irredutibilidade de vencimentos não
vai além da manutenção do valor nominal; sem lei que determine, não há como alterar
a base de cálculo do IR (em resumo: “nem tudo o que incomoda é inconstitucional”).
Desconsideração da pessoa jurídica para fins tributários. Embora Hugo de Brito
Machado entenda ser inadmissível, é de se observar o permissivo do art. 116, par.
único, CTN (antielisão)
Lançamento. É feito por homologação. Será de ofício se a declaração de rendimentos
não for entregue ou for feita de forma incorreta.

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O IR é informado pelos seguintes critérios:


Generalidade. O tributo deve abranger todos os contribuintes que pratiquem o ato ou
estejam em igual relação com o fato descrito na HI (princípio da isonomia). Diz respeito
ao sujeito passivo.
Universalidade. Deve incidir sobre todos os fatos descritos na HI (deve incidir
indistintamente sobre as diversas espécies de rendimentos). Diz respeito à base de
cálculo.
Progressividade (obrigatória). De natureza pessoal, o IR deve ser graduado segundo a
capacidade econômica do contribuinte – (p. da capacidade contributiva) - CF. art. 145,
§ 1º.
Repartição de receitas: pertencem aos respectivos Entes o produto do IR arrecadado
pela União sobre seus rendimentos, suas autarquias e de suas fundações.
STF, 585 - Não incide o STF, 586 - Incide Imposto STF, 587 - Incide Imposto
Imposto de Renda sobre a de Renda sobre os juros de Renda sobre o
remessa de divisas para remetidos para o pagamento de serviços
pagamento de serviços exterior, com base em técnicos contratados no
prestados no exterior, por contrato de mútuo. exterior prestados no
empresa que não opera no Brasil.
Brasil.

Classificação: 1. LEGAL: a) Quanto á categoria econômica – Imposto sobre o patrimônio


e a renda (CTN); b)quanto à competência – da União (CF). 2. DOUTRINÁRIA: a) Pessoal;
b) direto; c)Progressivo; d) Fiscal; e) cumulativo;

10 Ponto 10 - Fato gerador. Taxas e preços públicos. Taxas contratuais e


facultativas. Contribuições para a Seguridade Social. Contribuição sobre o
lucro, o faturamento/receita e a folha. O regime do PIS e da COFINS. A
CIDE e o seu regime. Empréstimo compulsório. As limitações
constitucionais do empréstimo compulsório na Constituição Federal de
1988.
10.1 Fato Gerador (Vide Ponto 12)

10.2 Taxas e Preços Públicos

A Taxa, assim como as contribuições de melhoria, caracteriza-se como um tributo


vinculado, i.e., consiste numa contraprestação a uma atividade estatal diretamente
relacionada ao contribuinte.
Obs.: o termo vinculado é equívoco, também se referindo a tributos quanto à
destinação do produto da arrecadação. Neste caso, fala-se não em tributos vinculados
ou não-vinculados, mas em tributos de arrecadação vinculada ou de arrecadação não-
vinculada. O produto da arrecadação das contribuições especiais e do empréstimo
compulsório possuem finalidade/destino específica(o) e, por isso, estes tributos
qualificam-se como de arrecadação vinculada. Já a taxa, embora seja um tributo
vinculado, é considerada um tributo de arrecadação não vinculada, pela maior parte
da doutrina. O mesmo ocorre com a contribuição de melhoria. 1
1
http://blog.ebeji.com.br/consideracoes-sobre-a-vinculacaodesvinculacao-a-que-se-submetem-as-
especies-tributarias/

77
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Fato gerador (art. 77 do CTN). O FG das taxas consiste no exercício regular do poder de
polícia ou de prestação de serviços públicos a contribuinte individualizado. Assim, são
duas espécies.
Base de cálculo. Conforme o art. 145, § 2º, da CF, é vedada a utilização de BC própria
de imposto na cobrança de taxa. Entretanto, o STF (Súmula Vinculante 29) entende
que no cálculo do valor da taxa pode ser utilizado um ou mais elementos da BC de
determinado imposto.
Taxas de polícia. Decorrem do exercício regular do poder de polícia administrativa
(atua restringindo ou condicionando atividades privadas em prol da coletividade). Este
poder deve ser exercício pelo órgão estatal competente e dentro dos parâmetros
legais de exercício de fiscalização. Diferentemente da taxa de serviço, a taxa de polícia
somente pode ser cobrada pelo efetivo exercício da atividade de polícia (e não por
prestação potencial – STF), mas esse efetivo exercício pode ser presumido, bastando a
existência de órgão fiscalizador estruturado (STF – RE 416.601) – Ex.: taxa por
fiscalização ambiental. No RE 558.322/RO, o Supremo disse que nem mesmo a
existência de um órgão fiscalizador específico seria sempre necessária para legitimar a
cobrança de uma taxa de polícia, desde que possa ser demonstrado que o ente estatal
realmente desempenha a atividade de polícia correspondente ao FG da taxa. O STJ
tem se posicionado contra a cobrança de taxa de polícia por atividade potencial,
cancelando sua súmula 157 que seguia nesse sentido (REsp. 271.265/SP).
Taxas de serviços públicos. Decorrem da prestação de serviço público
específicoedivisível, cuja utilização pelo contribuinte pode ser efetivaoupotencial.
• Específicos: quando possam ser • Divisíveis: quando suscetíveis de
destacados em unidades autônomas de utilização, separadamente, por parte
intervenção, de unidade ou de de cada um dos seus usuários.
necessidade pública.
Conforme doutrina majoritária, acolhida pelo STF, todo serviço público específico é
também divisível, sendo que os conceitos são mutuamente dependentes entre si.
Ótica da prestação: serviço geral (uti universi) ou específico (uti singuli). Ótica da
utilização: serviço divisível ou indivisível.
• Efetivo: quando há o uso real do • Potencial: quando – sendo de
serviço. utilização compulsória23 – sejam postos à
disposição do usuário, mediante
atividade administrativa em efetivo
funcionamento.

Classificação dos serviços públicos pelo STF (RE 209.365-3/SP):


1 – Serviços públicos propriamente estatais: o Estado atua no exercício de sua
soberania, sendo indelegáveis e remunerados mediante TAXA. Ex.: emissão de
passaporte/serviço jurisdicional.
2 – Serviços públicos essenciais ao interesse público: o Estado atua no interesse da
comunidade, resultando em danos ou prejuízo a sua não utilização, incidindo na

2
Ex.: Coleta domiciliar de lixo é compulsória, pagando-se taxa mesmo que não produza lixo.
3
Súmula Vinculante 19 – a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo
145, II, da Constituição Federal.

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utilização efetiva ou potencial e remunerado mediante TAXA. Ex.: coleta de lixo,


esgoto, e sepultamento.
3 – Serviços públicos não essenciais: o Estado atua no interesse da comunidade, não
resultando em danos ou prejuízo a sua não utilização, incidindo somente na utilização
efetiva e remunerado mediante TAXA OU TARIFA. Em regra, são delegáveis. Ex.:
serviço postal, telefônico, de energia.
Obs.: serviços de água e esgoto prestados por concessionária: tarifa ou preço público
(S 412 STJ / RE 518.256 STF). Quando prestados pelo próprio ente (ainda que
autarquia): taxa (AI 765898).
TAXA PREÇO PÚBLICO (TARIFA)
 Ambas são contraprestações pelos serviços prestados pelo Estado ou seus
delegatários.
 Regime Jurídico de Direito Público.  Regime Jurídico de Direito Privado.
 O vínculo obrigacional é de natureza  O vínculo obrigacional é de natureza
tributária, não admitindo rescisão. contratual, admitindo rescisão.
 O sujeito ativo é uma pessoa jurídica  O sujeito ativo pode ser uma pessoa
de direito público. jurídica de direito público ou de
direito privado.
 O vínculo nasce independentemente  Necessidade de manifestação de
de manifestação de vontade. vontade.
 Pode ser cobrada em virtude de  Somente pode ser cobrada em
utilização efetiva ou potencial do virtude de utilização efetiva do
serviço público. serviço público.
 A receita arrecadada é DERIVADA.  A receita arrecadada é ORIGINÁRIA.
 Sujeita-se aos princípios tributários  Não se sujeita aos princípios
(legalidade, anterioridade, tributários.
noventena).
 Serviço público compulsório.  Serviço público facultativo.

Obs.1: Exercício regular do poder de polícia: só pode ser remunerado por taxa (STF).
Obs.2: Serviços públicos gerais (uti universi): só podem ser remunerados por impostos.
Obs.3: Serviços públicos específicos e divisíveis (uti singuli)exclusivamente estatais: só
podem ser remunerados por taxa (ex.: emissão de passaporte/serviço jurisdicional).
Pedágio. Apesar da controvérsia doutrinária, o STF pacificou o tema ao dizer em ADI
que pedágio é tarifa e não taxa, em razão de não ser cobrado compulsoriamente de
quem não utilizar a rodovia; ou seja, é uma retribuição facultativa paga mediante o uso
voluntário do serviço. (ADI 800/RS – Info 750)4. Note que a CF previu a possibilidade de
pedágio intermunicipal e interestadual, mas não proibiu o pedágio intramunicipal.
Quanto à necessidade de existência de via alternativa para a cobrança de pedágio, o
STF e o STJ têm se manifestado pela sua desnecessidade.
Custas judiciais. Natureza jurídica de taxa de serviço público.
“Taxa” de pesquisa de jazida: é, na verdade, preço público (ADI 2.586-DF – Info 269).
Taxa processual do CADE. TRF 1ª entende ser caso de taxa.

4
Para aprofundamento, recomendo a leitura do comentário em:
www.dizerodireito.com.br/2014/07/pedagio-possui-natureza-juridica-de.html?m=1

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Taxa florestal. É constitucional (RE-228332 – Info 243). Trata-se de remuneração pelo


exercício do poder de polícia sobre o carvão vegetal consumido por empresas
siderúrgicas em seu processo industrial (Instituída pela Lei estadual de MG 7.163/77).
Base de cálculo das custas judiciais: é admissível o cálculo das custas judiciais com base
no valor da causa, desde que mantida correlação com o custo daatividade prestada, e
de que a definição de valores mínimo e máximo quanto às custas judiciais afasta as
alegações de óbice à prestação jurisdicional e ao acesso à Justiça (ADI-3.826).
Taxa e número de empregados: o número de empregados não pode ser utilizado como
base de cálculo da taxa de localização e funcionamento de estabelecimento industrial
e comercial, por não guardar nenhuma relação com o custo da atividade de
fiscalização (RE-554.951 – Info 724 STF).
Taxa de coleta domiciliar de lixo e Estado estrangeiro: o Município não pode cobrar
IPTU de Estado estrangeiro, embora possa cobrar taxa de coleta domiciliar de lixo (RO
138/RJ – STF).
SV 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

IMPOSTO TAXA
 Competência privativa;  Competência comum;
 Inexiste atividade estatal relativa  Existe vínculo direto identificável entre o
ao contribuinte; Estado e o contribuinte;
 Sua receita financiará os serviços  Sua receita financiará o custeio dos
públicos gerais; serviços públicos específicos e divisíveis;
 Tem como fato gerador uma  Tem como fato gerador a prestação de
atividade econômica do serviço público.
contribuinte.

TAXAS PREÇOS PÚBLICOS


 Decorrem de lei.  Decorrem de adesão a um contrato.
 Sujeitas ao regime constitucional  Sujeitas ao regime de direito privado.
tributário.  Há autonomia de vontade.
 Não há autonomia de vontade.  Relação horizontal (há relação de
 Relação vertical (há relação de coordenação entre o prestador e o
subordinação entre o Estado e o usuário)
particular)

TAXAS CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA


 São cobradas antes da prestação do  São cobrados após o
serviço; beneficiamento do imóvel;
 Sua receita se destina ao custeio de  Sua receita se destina ao custeio
serviço já existente (permanente ou não); de obra nova (despesa realizada);
 Tem como FG um serviço público,  Tem como FG o beneficiamento
específico e divisível, prestado ao do imóvel do contribuinte por
contribuinte, ou posto à sua disposição; obra pública.
ou o exercício regular do poder de polícia.

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10.3 Contribuições para a Seguridade Social

As contribuições sociais para o


financiamento da seguridade social (art. 149
da CF), têm regras bastante específicas no
art. 195 da CF, em que são relacionadas as
bases econômicas sobre as quais podem
incidir (fontes de financiamento). Por sua
vez, o § 4º deste mesmo artigo permite que
a União, por lei complementar, institua
novas fontes para a seguridade social
Assim, a União possui competência residual para: (classificadas pelo
a) instituir STF como
novos “outras
impostos; b)
instituir novas contribuições sociais de financiamento da seguridade social. Em ambos
são necessárias lei complementar, obediência a técnica de não cumulatividades e
inovação quanto às BC e FG. Entende o STF que a inovação na BC e FG só existe na
mesma espécie tributária. Ressalte-se que a exigência de lei complementar só é
exigível para contribuições não previstas na CF, se previstas exigir-se-á lei ordinária.
IMPOSTOS CONTRIBUIÇÕES
Previstos na Não Previstas Não previstas na
CF previstos na na CF CF (residuais)***
CF
(residuais)
INSTITUIÇÃO Lei Ordinária Lei Lei Lei Complementar
Complement Ordinária
ar
DEFINIÇÃO DE Lei
BC, FG E Complementa
CONTRIBUINTES. r
(Art. 146, III, Lei
Lei Lei Complementar
“a”, parte Complement
ordinária
final.) ar
(EX.: CTN, LC
116/03, LC
87/96, etc.)
EXIGÊNCIA DE TODAS AS CINCO ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS: LEI COMPLEMENTAR.
NORMAS Ex.: tratar sobre lançamento, prescrição (art. 146, III, “b”, CF).
GERAIS, EXCETO
BC, FG E SP.
*** Atenção: a única subespécie de contribuição especial que pode ser residual é
contribuição social de financiamento da seguridade social (STF chama de “outras
contribuições sociais”).
Princípio da anterioridade:
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
ANUAL NONAGESIMAL NONAGESIMAL
(ART. 150, III, DO ART. 195, § DO ART. 150,

81
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“b”) 6º, CF III, “c”


Cont. para seguridade social NÃO SIM NÃO
CIDE-Combustível SIM*** NÃO SIM
Demais contribuições SIM NÃO SIM
especiais
*** Em regra deve observá-la, exceto se for o caso e reestabelecimento de alíquota.
Fontes de custeio da seguridade social. Entre as fontes de custeio para a seguridade
social, as previstas nos incisos I, “a” e II, art. 195, da CF são contribuições sociais
afetadassomentepara previdência social. As demais custeiam toda a seguridade
(previdência + saúde + assistência)
Obs.1: afetação. Característica maior das contribuições especiais, as receitas são
vinculadas a um fim específico (ex.: custear a previdência social). Os impostos, taxas e
contribuições de melhoria em regra são sujeitas ao princípio da não-afetação. Não se
confunde com a classificação de ser ou não tributo vinculado, o que depende da
caracterização do fato gerador (“fato do Estado” vs. “fato do contribuinte”).
Obs.2: Referibilidade. Alguns autores entendem que é indispensável que exista alguma
atividade estatal quanto ao contribuinte. Outros defendem que não – ex.: contribuição
previdenciária patronal.
Competência para instituir contribuição para seguridade social. É exclusiva da União,
com a seguinte ressalva: Entes que possuem regime próprio de previdência social para
os seus servidores (mas a alíquota não pode ser inferior à adotada pela União aos seus
servidores).
Lei de instituição. Como visto na tabela, são instituídas por LO, salvo as contribuições
para a seguridade social residuais (LC).
Base de cálculo e fato gerador. Reitera-se que as contribuições especiais poderão ter
BC e FG próprios de impostos, sendo vedados em relação a outras contribuições (STF).
Inadimplência. A pessoa jurídica em débito com a seguridade social não poderá
contratar com o Poder Público, nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios.
Imunidade. 1) Entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências
legais são imunes às contribuições para a seguridade social; 2) As receitas decorrentes
de exportação são imunes a todas as contribuições sociais (não somente as da
seguridade social). Entretanto, o STF – em interpretação restritiva do conceito de
receita – entendeu não se aplicar tal imunidade para a CSLL (tributa o lucro) e CPMF
(tributa a movimentação financeira) (Info 595).
Remissão/anistia. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições de
seguridadesobre a folha de salários e da contribuição previdenciária do trabalhador 5,
para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar (ainda não
editada).
Aspecto quantitativo distinto. As contribuições sociais do empregador, da empresa e
da entidade a ela equiparada poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas,
em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
Parafiscalidade (INSS, autarquia). Não descaracteriza a contribuição o fato de ela ser
administrada, arrecadada e fiscalizada por órgão da Administração Direta (Receita
Federal), pois o importante é a correta destinação do produto de sua arrecadação.
5
Observe que é direcionado para cont. sociais previdenciárias (e não a todas as cont. para a seguridade).

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Não-cumulatividade(CF, art. 195, § 12). Lei deve estabelecê-la sobre as contribuições


de seguridade incidentes sobre a receita ou o faturamento e das contribuições do
importador, para determinados setores de atividade. (EC 42/2003)
Substituição(CF, art. 195, § 13). Lei deve estabelecer uma substituição gradual, total ou
parcial, da contribuição incidente sobre a folha de salários pela incidente sobre a
receita ou o faturamento,para determinados setores de atividade. Objetivo: reduzir a
contratação informal de trabalhadores. (EC 42/2003). A Lei nº 12.546/2011, atendendo
ao preceito constitucional de desoneração da folha de salários, instituiu a Contribuição
Previdenciária Substitutiva, para determinados setores.

10.4 Contribuições sobre o Lucro

A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido foi instituída pela Lei 7.689/88. A forma de
contabilizar o lucro é igual à do IRPJ, podendo ser lucro real, presumido ou arbitrado.
Se a empresaoptarpelo lucro presumido no IRPJ, também deve fazê-lo na CSLL.
Base de cálculo: é o lucro. Sendo presumido, a BC será de 12% do faturamento para
atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de transporte; já para a
prestação de serviços, exceto os já citados, bem como para a intermediação de
negócios, administração, locação ou cessão de imóveis e móveis, a base de cálculo é de
32% do faturamento.
Alíquota: 9%.
Imunidade nas receitas decorrentes de exportação: não há (visto acima – RE 474132).
Isenções conferidas ao IRPJ: não se estendem à CSLL (STF e STJ – AI 767141)
Princípio da anterioridade. Por seremespécie de contribuição para a seguridade social,
estão sujeitas a noventena do art. 195, mas excluídas da anterioridade anual.
Princípio da irretroatividade. O STF, como faz no IR, entende que o FG da CSLL ocorre
no dia 31/12 do ano-base. Desde que respeitado o p. da anterioridade nonagesimal,
uma lei que mude as alíquotas até 02/10será aplicada para todo6o exercício.

10.5 O Regime da Cofins

A contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS) foi criada pela LC


70/91. Foi editada a Lei 9.718/98 unificando o tratamento entre a COFINS e o PIS (LC
7/70). Em 2003, foi editada a Lei 10.833 que cria a figura da COFINS não cumulativo.
Em 2014, foi editada a Lei 12.973 que modifica substancialmente a BC da Lei 9.718/98
(a BC desta Lei gerou e ainda gera muitos debates jurisprudenciais, estando pendente
ADC 18 – trata da inclusão do ICMS na BC do PIS e da COFINS).
Tudo indica que as mudanças significativas trazidas pela Lei 12.974/14 objetivam evitar
que o Fisco seja vencidona ADC 18 e noRE 240.785. Aliás, a lei altera o dispositivo
objeto da ADC, o que poderá acarretar em seu arquivamento por perda do objeto.
Atualização: O STF, em 08/10/2014, decidiu, no RE 240.785 com Repercussão Geral: “O
que relativo a título de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de
Serviços não compõe a base de incidência da Cofins, porque estranho ao conceito de
faturamento”.

6
O STF, com esse raciocínio, diz não haver retroatividade jurídica (na prática há retroatividade
econômica).

83
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Histórico. Na criação da COFINS estabeleceu-se como BC o faturamento, i.e., a receita


operacional, de venda de mercadorias e da prestação de serviços. Por meio dos
Decretos Leis 2.445/88 e 2.449/88, assim como por via da Lei 9.718/98, almejou-se
ampliar a BCdessas contribuições para receita bruta, i.e., para o somatório de todas as
receitas, sejam elas operacionais, como as receitas de faturamento, sejam as não
operacionais, como as receitas financeiras. Os Decretos Leis foram julgados
inconstitucionais por vício de forma e a Lei 9.718/98 (trata-se do § 1º, art. 3º)
igualmente, mas por vício material, já que ao tempo da sua edição a CF/88 (art. 195, I)
não autorizava a estas contribuições terem por BC a receita bruta, mas apenas
o faturamento. Posteriormente, a CF/88 foi alterada pela EC 20/98, que passou a
contemplar comoBC das contribuições a receita ou o faturamento (art. 195, I, “b”). Em
decorrência, foram editadas as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 (sistemática não
cumulativa), que ampliaram a BC do PIS e da COFINS para a receita bruta. Na
sistemática cumulativa, regulada pela Lei nº. 9.718/98, continuou a vigorar a
BCfaturamento, até o adventoda Lei 12.973/2014, que alterou a BC para receita bruta.

SISTEMÁTICA DO PIS E DA CUMULATIVAS NÃO CUMULATIVAS


COFINS
Leis reguladoras Lei 9.718/98 Lei Leis 10.637/02 e
7
12.973/14 10.833/03
Base de Cálculo Faturamento Receita Receita Bruta
bruta
Em síntese: com a nova lei, a BC, em ambas as sistemáticas, será a receita bruta.
Todavia, além desta alteração no regime cumulativo, o próprio conceito de receita
bruta sofreu alargamentos, vez que a Lei 12.973/14 altera o art. 12 do DL 1.598/77
(este Decreto-Lei diz qual é BC da COFINS cumulativa).
TEXTO ANTERIOR DO ART. 12 DO DL NOVA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº.
1.598/77 12.973/2014
Art. 12 - A receita bruta das vendas e Art. 12. A receita bruta compreende:
serviços compreende o produto da I - o produto da venda de bens nas
venda de bens nas operações de operações de conta própria;
conta própria e o preço dos serviços II - o preço da prestação de serviços em
prestados. geral;
[sem incisos] III - o resultado auferido nas operações de
conta alheia; e
IV - as receitas da atividade ou objeto
principal da pessoa jurídica, não
compreendidas nos incisos I a III.
Com essas alterações, uniformizou-se o conceito de receita bruta na legislação
tributária, ampliando a BC do PIS e da COFINS especialmente na sistemática
cumulativa (oart. 3º da Lei nº. 9.718/98 remete ao art. 12 do DL nº. 1.598/77, que foi
alterado pela Lei 12.973/14).
Tributos não cumulativos. Por força dos §§4º e 5º (art. 12 do DL 1.598/77), na receita
bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do

7
A Lei 12.973/14 não revoga a Lei 9.718/98, mas sim a altera.

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comprador ou contratante, pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na
condição de mero depositário, a exemplo do IPI, do ICMS, do ISS, do PIS e da COFINS
Substituição Tributária.
Alargamentos. O § 5º dispõe que na BC da receita bruta serão incluídos os tributos
sobre ela incidentes (PIS e COFINS/CSLL e IRPJ -estas duas se a pessoa jurídica for
optante do Lucro Presumido). Note-se que antes da Lei Modificadora (12.973/14)
incluía-se “impostos incidentes sobre vendas” (ICMS e IPI) – o que já é motivo de
discussões judiciais no STF (Ex.: RE nº. 240.785 com Repercussão Geral). Agora, mudou
para “tributos sobre elas incidentes”, o que pode alargar ainda mais a BC 8.
Modalidades de COFINS:
a) Cumulativa: tem como BC a receita bruta, com alíquota de 3%, sem qualquer direito
a crédito. É adotada pelas empresas optantes pela sistemática do lucro presumido.
b) Não cumulativa: tem como BC também a receita bruta, com alíquota de 7,6%, mas é
possível aproveitar créditos de COFINS incidentes sobre bens adquiridos para revenda,
bens e serviços utilizados como insumos, energia elétrica, máquinas e equipamentos
para o ativo imobilizado, etc. Opta pela COFINS não cumulativa quem adota a
sistemática do lucro real.
Majoração da alíquota pela Lei 9.718/98 (2% para 3%). STF entendeu pela
constitucionalidade, pois a COFINS já estava amparada pela redação original do art.
195, I, “a”, da CF (“faturamento”). Por já estar prevista, não era contribuição residual,
podendo ser alterada por simples lei ordinária9.
COFINS e sociedades civis. O art. 56 da Lei 9.430/96 revogou a isenção prevista no art.
6º da LC nº 70/91. O STF considerou que a LC 70/91 é materialmente ordinária,
inexistindo hierarquia entre LC e LO, mas apenas reserva de determinadas matérias
para disciplina por LC. Não há reserva na CF para LC sobre COFINS (não é residual).
Assim, a revogação operada pela lei ordinária foi válida. Após, o STJ cancelou a S. 276.
COFINS-Importação: A Lei nº 10.865/2004 (conversão da MP 164/04) instituiu a
Contribuição para a COFINS incidentes sobre a importação de bens e serviços,
denominada de Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social Devida
pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (Cofins - Importação).
Desoneração da aquisição de bens para o ativo imobilizado. LC 128/2008 autorizou a
União a reduzir a zero as alíquotas da COFINS e da COFINS-importação (entre outras
contribuições) incidentes na aquisição, ou importação, de equipamentos, máquinas,
aparelhos, instrumentos, acessórios, sobressalentes e ferramentas que os
acompanhem, na forma definida em regulamento, quando adquiridos, ou importados,
diretamente por microempresas ou empresas de pequeno porte para incorporação ao
seu ativo imobilizado.
Inclusão do ICMS na BC da COFINS. Sobre o tema tramitam duas importantes ações no
STF - RE240.785 (com Repercussão Geral) e ADC 18. A discussão gira em torno do fato
de o ICMS não ser receita da Pessoa Jurídica e sim do Estado arrecadante. ORE foi
decidido pró-contribuinte e a ADC foi uma contramedida do Fisco para reverter o
cenário do RE. Ciente da possibilidade de derrota, a União tentará modulação de
efeitos para evitar a perda bilionária. Com edição da Lei 12.973/14, nota-se que a
União alterou a inclusão na receita bruta de “impostos incidentes sobre vendas” (que

8
Recomendo a leitura do texto: http://jus.com.br/artigos/31677/a-lei-12-973-2014-e-o-alargamento-da-
base-de-calculo-do-pis-e-da-cofins
9
Observe que a EC 20/98 deslocou “faturamento” para art. 195, I, “b” (e acrescentou “receita”).

85
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incluía o ICMS e IPI) paratributos sobre elas incidentes (que passa a incluir PIS e
COFINS/CSLL e IRPJ -estas duas se a pessoa jurídica for optante do Lucro Presumido).

10.6 CPMF

Foi instituída pela Lei 9.311/96. Vigorou de 1997 até 2007 (última alíquota 0.38%). A
receita da CPMF era destinada para o Fundo Nacional de Saúde. Após foi direcionada
para o Fundo Nacional de Combate à Pobreza.
Fato gerador: movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de
natureza financeira.
Base de cálculo: o valor da operação.
Não estava sujeita à imunidade prevista para o ouro, definido em lei como ativo
financeiro ou instrumento cambial.

10.7 A Cide e o seu Regime

As contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) estão previstas no art.


149 da CF, sendo de competência da União (não há exceção). Financiam as mais
diversas atividades da União ligadas, direta ou indiretamente, à ordem econômica. Por
serem instituídas por lei ordinária e não se submeterem (em regra) a regime de
repartição de receitas com outros entes políticos, tem se observado sua proliferação.
Extrafiscalidade. As CIDES são tributos extrafiscais, i.e., seve como instrumento de
intervenção econômica por meio de incentivos, tendo a arrecadação como aspecto
secundário.
Atividades passíveis de financiamento por CIDE. Somente o incentivo estatal à atuação
privada no setor econômico pode ser financiado mediamente a cobrança de
contribuições interventivas. O incentivo não se limita, contudo, aos subsídios
financeiros e aos empréstimos, abrangendo também incentivos indiretos, como
programas de aperfeiçoamento profissional, construção de obras de infraestrutura etc.
Não podem ser objeto de CIDE: serviços públicos (impostos, taxas ou tarifas, conforme
o tipo); exploração direta de atividade econômica pelo Estado; atividade de
planejamento estatal da atividade econômica (cabem impostos).
Atuação setorial. Apenas a intervenção em setores econômicos específicos autoriza a
instituição de CIDE, jamais a atuação geral sobre o domínio econômico.
Referibilidade. Entendida como o liame entre a finalidade a ser realizada com a
contribuição e as atividades e interesses de certo grupo, é requisito de validade de
todas as contribuições especiais. No caso das contribuições interventivas somente
podem ser cobradas se houver um liame entre a intervenção em setor econômico
específico, de um lado, e as atividades de certo grupo econômico, de outro.
Respeito aos princípios da ordem econômica. Instrumentos de intervenção no domínio
econômico, as CIDEs estão jungidas aos p. da atividade econômica (art. 170 da CF).
Princípios. Estão sujeitas a todos os p. tributários, exceto a CIDE-Combustível em
relação à legalidade (alíquotas diminuídas/restabelecidas pelo Executivo) e à
anterioridade de exercício.
Imunidade. CIDE não incide sobre receita de exportação (art. 149, §2º, da CF).
FG na CF. Apenas a CIDE-Combustíveis tem seu FG delineado na CF (art. 177 do CF)
Contribuições em espécies.

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a. anteriores à CF/88: Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante


(AFRMM), Adicional de Tarifa Portuária (ATP), contribuição para o Instituto do Açúcar e
do Álcool (IAA).
b. Integrantes do Sistema “S”: são consideradas contribuições interventivas (CIDE) para
o Sistema “S” a contribuição a)ao SEBRAE (trata-se de um adicional às contribuições
devidas ao SESC, SENAC, SESI e SENAI destinadas a apoiar as micro e pequenas
empresas – Art. 8º, § 3º, Lei 8.029/90); b) à APEX-Brasil (Agência de Promoção de
Exportações do Brasil) c) e à ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). O
adicional destinado ao SEBRAE foi repartido com essas duas agências gerando duas
novas contribuições – Lei 10.668/03)
c. Outras CIDE: CONDECINE, CIDE-Energia, Adicional à CIDE-Energia, ATAERO, FUST,
FUNTELL, INCRA, CIDE-Remessas etc.10
d.CIDE-Combustíveis. Instituída pela Lei 10.336/01, com lastro no art. 177, § 4º, da CF.
Fato gerador- importação e comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível. Sujeito passivo: o produtor, o formulador (ex.:
refinaria) ou o importador. Base de cálculo: por unidade de medida, já que a alíquota é
específica (ex.: m³ de gasolina). Alíquotas: são específicas e não ad valorem (ex.: R$
500,00 por m³ de gasolina) e podem ser diferenciadas por produto ou uso. Destinação
da receita: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool
combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento
de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao
financiamento de programas de infraestrutura de transportes. Detalhes: é não
cumulativa; o Executivo altera alíquotas dentro das balizas legais; sujeita-se ao
princípio da anterioridade nonagesimal (apenas). Repartição das receitas: 29% União
 Estados/DF; 25% Estados  Municípios. Os Estados DEVEM financiar programas de
infraestrutura de transportes.
e. CIDE-Royalties. Instituída pela Lei 10.168/2000. Fato gerador: pagamento de direitos
de licença e royalties a pessoas domiciliadas no exterior; pagamento pela prestação de
serviços técnicos e de assistência administrativa prestados por residentes no exterior.
Base de cálculo: é o valor pago pelos direitos, royalties ou serviços. Alíquota: 10%.
Destinação: FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(estímulo ao desenvolvimento tecnológico e à pesquisa científica). Atenção: não
confundir essa CIDE com royalties do petróleo (este não é um tributo, mas mera
compensação financeira aos Estados e Municípios – receita pública originária –
conforme STF RE 228.800).

10.8 Empréstimos Compulsórios

São empréstimos forçados, coativos, porém restituíveis. A obrigação de pagá-los não


nasce uma manifestação livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a
ocorrência do FG, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado.
Características: a)restituibilidade (obrigatoriamente em dinheiro, devendo na lei
instituidora ser definido o prazo e as condições de resgate – art. 15 do CTN); b)

10
Para aprofundamento ver a obra de Leandro Paulsen – Contribuições: Teoria Geral, Contribuições em
Espécie.

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causalidade e vinculação (são tributos de arrecadação vinculada); c) competência


exclusiva da União.
Hipóteses (art. 148 da CF): a)cobrir despesas extraordinárias: decorrentes de
calamidade pública; ou de guerra externa ou sua iminência (não se sujeitam a ambos
os princípios da anterioridade); b) cobrir despesas com investimento público, desde
que seja: i) de caráter urgente; ii) de relevante interesse nacional (sujeitam-se a ambos
os princípios da anterioridade).
Ob.: essas hipóteses não se confundem com o seu FG, os quais serão definidos pela lei
instituidora. Em tese, qualquer fato econômico pode ser utilizado como gerador desse
tributo, inclusive aqueles que já são fatos geradores dos tributos ordinários (posição
majoritária na doutrina).
Lei complementar. Só podem ser instituídos por LC (qualquer das hipóteses).
Devolução: O STF declarou que a devolução deverá ocorrer na mesma maneira do
pagamento, com exceção do ECOM previsto no art. 34, § 12, do ADCT (A Eletrobrás
emitiu títulos de Obrigações ao Portador – não é uma obrigação cambial – para fins de
restituição dos empréstimos compulsórios realizados em seu favor. O STJ decidiu pela
legalidade de tal mecanismo de restituição sob a sistemática dos recursos repetitivos -
REsp 840.379/SC).
Absorção temporária do poder aquisitivo (art. 15, III, CTN). Prevê a instituição de
empréstimos compulsórios numa terceira situação: “conjuntura que exija a absorção
temporária de poder aquisitivo”. Medida semelhante a do Plano Collor I (Lei
8.024/1990). Não foi recepcionada pela CF/88 (não tem guarida no art. 148).

11 Ponto 11 - Fontes do Direito Tributário. Conceito de fonte. Fontes formais


do Direito Tributário. Legislação Tributária. Conceito. Lei, Tratados e
Convenções Internacionais. Normas Complementares. Leis
Complementares. Vigência da Legislação Tributária. Aplicação da
Legislação Tributária. Interpretação e integração da Legislação
Tributária. Tratados internacionais e legislação interna. A perda de
eficácia dos tratados. Os tratados sobre matéria tributária e o art. 98 do
CTN. Vigência do tratado.
11.1 Fontes do Direito Tributário

Sentido jurídico: causas de nascimento do direito, correspondendo, pois, aos processos


de criação das normas jurídicas11.
Classificação:
a) fontes materiais (reais):fatos de natureza econômica que servem de suporte às
imposições tributárias. Ex.: patrimônio, renda, produção e circulação de riquezas.
b) fontes formais (art. 96 do CTN): modo pelo qual as normas jurídicas são
exteriorizadas. Classificadas em: 1)principais: CF, LC, Tratados e Convenções
Internacionais, Leis Ordinárias, Leis Delegadas, MP, decretos-legislativos, resoluções;
2)intermediárias: decretos (para execução de leis e regulamentos) e Regulamentos
(execução de leis); 3)Subsidiárias: Doutrina e Jurisprudência (para alguns não são
fontes); 4) Complementares: atos normativos (orientação para fiscais e contribuintes),

11
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2836

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decisões normativas (pareceres etc.), usos e costumes administrativos e convênios


para execução de leis.
Obs.: Classificação doutrinária das fontes formais (Sabbag): a) Primárias (Lei Tributária
do art. 97 do CTN): i) atos normativos primário (fundamento de validade é a CF. ex.:
convênio de ICMS); ii) atos normativos secundários (fundamento de validade nos atos
primários. Ex.: decretos – fonte formal primária, ato normativo secundário); b)
secundárias (normas complementares do art.100): são os atos infralegais em geral,
excetodecretos e regulamentos (são primários).

11.2 Legislação Tributária (art. 96 do CTN).

É o conjunto de disposições legais e infralegais que tem por objetivo instituir e definir
os tributos e regular as relações jurídicas decorrentes de sua cobrança. Incluem-se,
também, os convênios de ICMS, por previsão constitucional. Só abrangem os atos
normativos (generalidade e abstração). Legislação tem sentido mais amplo que lei,
abrangendo convenções internacionais, decretos e normas complementares.
Matérias restritas à lei (sentido lato) – 97, CTN: a) instituir/extinguir tributos; b)
majorar/reduzir tributos; c) definição do FG da obrigação principal; d) fixação de
alíquotas e da base de cálculo; e) cominar penalidades; f) hipóteses12de exclusão,
suspensão e extinção de créditos tributários, ou dispensa ou redução de penalidades.
Obs.1: alíquotas aumentadas ou diminuídas pelo Executivo: II, IE, IPI, IOF. Alíquota
diminuída ou restabelecida pelo Executivo: CIDE-Combustível. Alíquota definida por
convênio de Estados e DF: ICMS monofásico sobre combustíveis.
Obs.2: não há exceção quanto à base de cálculo. A simples atualização do valor
monetário, que é feita pelo Executivo, não configura majoração.
Obs.3: não estão sujeitas à reserva legal (STF): a) obrigações acessórias; b) prazos para
pagamento de tributo.
Obs.4: iniciativa em matéria tributária não é privativa do Chefe do Executivo.
Obs.5: regra, a lei ordinária é o instrumento hábil para disciplinar os tributos. Apenas
em casos excepcionais, expressamente previstos na Constituição, é que se exige LC.

Resoluções do Senado Federal. O estabelecimento de alíquotas máximas/mínimas ou


interestaduais/exportação dos tributos estaduais ficou a cargo do Senado Federal (visa
evitar conflitos federativos entre os estados-membros).
SENADO: (fixação IPVA ITCMD
obrigatória)
• Fixar alíquota mínima SIM (CF, art. 155, § 6º, I) NÃO FIXA
• Fixar alíquota máxima NÃO FIXA SIM (CF, art. 155, § 1º, IV)

ICMS: ALÍQUOTAS INTERNAS DO ESTADOS MEMBROS


SENADO: (fixação
INICIATIVA APROVAÇÃO
facultativa)
• Fixar alíquota mínima13 1/3 Maioria absoluta
• Fixar alíquota máxima14 Maioria absoluta 2/3

12
A CF vai além aoexigir lei específica (Art. 150, § 6º).
13
CF, art. 155, § 2º, V, a.
14
CF, art. 155, § 2º, V, b.

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ICMS: ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS E DE EXPORTAÇÃO DO ESTADOS MEMBROS


SENADO: (fixação
INICIATIVA APROVAÇÃO
obrigatória)
• Fixar alíquotas (máx e Presidente ou 1/3 do
15 Maioria absoluta
min) Senado

Leis complementares em matéria tributária (146, CF). Dispõe sobre:


a)conflitos de competência entre os entes federativos;
b) regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
c)normas gerais em matéria tributária – especialmente: 1) tributos em espécie; 2)BC,
FG e contribuintes dos IMPOSTOS16; 3) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e
decadência tributários; 4) tratamento tributário adequado ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas; 5)tratamento diferenciado e favorecido para
as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive simplificando
imposto (art. 155,II) ou contribuições (art. 195,I e §§ 12 e 13 e atr. 239). Ainda para as
ME/EPP, LC poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e
contribuições dos entes federativos: (a) será opcional para o contribuinte; (b) as
condições poderão ser diferenciadas por Estado; (c) o recolhimento será unificado e
centralizado – a repartição será imediata e sem retenção/condicionamento; (d) os
Entes poder compartilhar a arrecadação, fiscalização e cobrança, mantendo cadastro
nacional único de contribuintes.
d) critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da
concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de
igual objetivo (146-A).
e) para instituir: imposto sobre grande fortuna (153, VII); impostos residuais (154, I);
contribuições sociais securitárias residuais (195, §4º); empréstimos compulsórios
(148).
Alcance das Lei Complementares disposto no art. 146 da CF:
1) Corrente tricotômica: as LC possuem três funções distintas: a) emitir normas gerais
de direito tributário; b) dispor sobre conflitos de competências entre os entes da
federação; c) regular as limitações constitucionais ao poder de tributar.
2)Corrente dicotômica: as LC possuem duas funções: a) dispor sobre conflitos de
competência entre as entidades tributantes e b) regular as limitações constitucionais
ao poder de tributar. Assim, preservar-se-iam os princípios federativos, pois normas
gerais não poderiam entrar em matéria diversa das indicadas por essa corrente.
Inexistência de conflitos de competência verdadeiros. Os conflitos entre as pessoas
políticas serão sempre aparentes, solucionando-se mediante interpretação no texto
constitucional. A LC (ex.: CTN) somente aclara ou explicita o sentido dos princípios
constitucionais. A ocorrência destes conflitos é mais provável no âmbito dos impostos.
Lei complementar e limitações constitucionais ao poder de tributar. LC não cria
limitações, nem restringe ou dilata o campo limitado. Somente a CF pode.
Obs.: Para o STF, a veiculação de definições ou condições que repercutam na fruição
de imunidades não pode ocorrer por lei ordinária (ex.: definição do que seja entidade
sem fim lucrativo). Contudo, entendeu válida a exigência do CEBAS (Certificado de
15
CF, art. 155, § 2º, IV.
16
Note que nos demais tributos a BC, FG e contribuintes são definidos por LEI ORDINÁRIA.

90
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Entidade Beneficente de Assistência Social) pelas entidades beneficentes de


assistencial social cuja normatização ocorreu por lei ordinária– RMS 27.09317.
Outras funções da lei complementar:a) ISS –definir os serviços que podem ser
tributados; b) ISS – estabelecer isenção heterônoma na exportação de serviços; c)
ICMS – estabelecer normas gerais; d) estabelecer critérios especiais de tributação com
o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência (art.146-A-CF); e) ITCMD – fixar
critérios de competência (art. 155, § 1º, III, CF/88).
Tratados internacionais: Integração (CTN, art. 108). Salvo disposição expressa, a
autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente: 1)
analogia, 2) princípios gerais de direito tributário; 3) princípios gerais do direito
público; 4) equidade.
Decretos e regulamentos (CTN, art. 99). O conteúdo e o alcance dos decretos
restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos. Conquanto o art. 84,
VI, da CF verse sobre a figura dos decretos autônomos, em se tratando de matéria
especificamente tributária, a utilização deles continua vedada, dada a dificuldade de se
enquadrar direito tributário dentro das hipóteses constantes do citado dispositivo.
Normas complementares. São os atos normativos (abstração e generalidade)
infralegais, exceto os decretos e regulamentos, pois o CTN os classifica separadamente
(art. 99). Englobam: a) atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
b) decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei
atribua eficácia normativa (“jurisprudência administrativa” ou “Sistema de Decisões
Vinculantes”); c) práticas, reiteradamente observadas pelas autoridades
administrativas (são costumes meramente interpretativos); d) convênios celebrados
entre os Entes federados (quanto ao ICMS, alguns convênios estão previstos na CF,
sendo normas primárias e não complementares).
Obs.1: A exigência de submissão dos convênios firmados pelo Executivo à ratificação
do Legislativo fere o princípio da separação dos poderes (STF, na ADI 1857/SC).
Obs.2: a observância das normas complementares faz presumir a boa-fé do
contribuinte, de modo a excluir a imposição de penalidades, a cobrança de juros de
mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo, numa
consagração da Teoria dos Atos Próprios(venire contra factumproprium non potest) em
Direito Tributário.

11.3 Validade, Vigência e Eficácia

Conceito. Vigência é a propriedade das regras jurídicas que estão prontas para
propagar efeitos, tão logo aconteçam no mundo fático, aos eventos que elas
descrevem, sendo pressuposto para a incidência da norma (eficácia jurídica) e
pressupõe a superação da vacatio legis. Validade é a conformidade da norma com o
ordenamento jurídico (aspectos material/formal). Eficácia é a aptidão da norma para
produzir regularmente seus efeitos.
Vigência X Eficácia. A regra é que uma norma vigente seja também eficaz, mas há
exceções. Uma lei pode estar vigente e não ser aplicada(ex.: princípio da anterioridade,
que não afeta a vigência, mas sim a eficácia); enquanto uma lei pode ser aplicada, não
se encontrando mais vigente (ultra atividade).
Vigência no tempo.

17
O art. 55, II, da Lei 8.212/91, que previa essa exigência, foi revogado pela Lei 12.101/2009.

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Leis *** Na data nelas prevista; se não houver


previsão, 45 dias (ou 3 meses, se aplicáveis
no exterior) depois da publicação oficial
(LINDB).
Atos normativos Na data da sua publicação, salvo disposição
Início da administrativos em contrário
vigência no
tempo. Decisões de jurisdição 30 dias após a data da sua publicação, salvo
administrativa, caso se disposição em contrário
atribua eficácia normativa
Convênios Na data neles prevista; se não houver
previsão, 45 dias depois da publicação oficial
(LINDB).
*** Em direito tributário deve-se observar ainda os princípios da anterioridade (de
exercício e nonagesimal), mas estão relacionados com a eficácia e não com a
vigência.

O art. 104 do CTN e o princípio da anterioridade. As regras deste dispositivo tratam


sobre vigência e não sobre eficácia. Os incisos I e II são tidos por inúteis ante o p. da
anterioridade.
Já o inciso III aduz que a lei que extinguir ou reduzir uma isenção de impostos sobre o
patrimônio ou a renda entra em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que ocorra a sua publicação, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao
contribuinte. O dispositivo referencia o art. 178 do CTN (que trata sobre doações
onerosas/com encargo), devendo ser observadas as condições ou encargos. Por seu
turno, o STF entende que a revogação de isenção não se equipara à criação ou à
majoração de tributo, de forma que o tributo volta a ser imediatamente exigível, não
sendo aplicável o princípio da anterioridade (RE 204.062).
Vigência no espaço. A regra é a legislação tributária vigorar dentro do território do
entre tributante (p. da territorialidade). Exceções: 1) extraterritorialidade prevista em
convênio de cooperação (ex.: convênio entre municípios de uma região
metropolitana); 2) extraterritorialidade prevista em norma geral nacional (a
extraterritorialidade deve ser a única solução, caso contrário ferirá o pacto federativo.
Ex.: art. 120 do CTN – desmembramento territorial); 3) aplicação de leis estrangeiras
(necessita de previsão expressa. Ex.: dedução de IR retido no exterior).

11.4 Aplicação da Lei Tributária

Conceito. Aplicar a legislação tributária é concretizar no mundo fático a vontade que o


legislador manifestou em abstrato na norma.
Fatos geradores consumados, pendentes e futuros (CTN, art. 105):
Fatos geradores futuros Imediata
Aplicação da legislação
Fatos geradores pendentes Imediata
tributária
Fatos geradores consumados Não se aplica

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Momento de ocorrência do FG: 1)situação de fato: momento em que o se verifiquem


as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe
são próprios (ex.: morte encefálica p/ ITCMD); 2)situação jurídica: momento em que
esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável (ex.: entrega do
veículo p/ IPVA – Direito Civil).
Classificações:
Ocorrem em um momento preciso da linha do tempo (Ex.:
FG Instantâneos
II);
Prolongam-se no tempo, Há um único evento que se
Simples considerados ocorridos no prolonga no tempo (Ex.:
FG instante previsto em lei. IPVA)
Periódicos Há diversos eventos,
Compostos considerados de forma
global (Ex.: IR/CSLL)
Aqueles cujo fato gerador se tenha iniciado, mas não esteja
FG pendentes
consumado nos termos do artigo 116 do CTN.

Discussões sobre o FG do IR: ver tema no estudo do IR (foco evitar repetições).


Aplicação pretérita da lei tributária (CTN, art. 106):
a) Lei expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade. Lei
interpretativa é aquela que não inova, limitando-se a esclarecer dúvida surgida com o
dispositivo anterior. A exclusão da aplicação de penalidades beneficia tão somente
àquele que interpretou mal a lei e não àquele que agiu em sua total inobservância.
Para o STF (ADI 695), essas leis são válidas (interpretação autêntica). Para o STJ, a LC
118/05 (busca interpretar a questão da prescrição em tributos sujeitos a lançamento
por homologação – reduziu de 10 para 05 anos) não é meramente interpretativa,
devendo ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a
ocorrer a partir da sua vigência. Sobre a mesma LC 118/05, o STF (regime de
repercussão geral) entendeu que no tocante ao novo prazo fixado para repetição de
indébito estende-se apenas às ações ajuizadas após o prazo de sua vacatio legis(O STJ
entendia diferentemente: esse marco era os novos pagamentos e não novas ações
fundadas em pagamentos antigos ou novos).
b) ato nãodefinitivamente julgado.Refere-se somente a infrações que: a) o ato deixa
de ser definido como tal; b) deixe de tratar o ato como contrário a qualquer exigência
de ação ou omissão (ex.: obrigação acessória extinta), desde que não tenha havido
fraude ou tenha implicado falta de pagamento de tributo; c) quando cominada
penalidade menos severa.
Obs.1: Se o ato já foi definitivamente julgado não haverá retroatividade (Direito
Tributário Penal é diferente do Direito Penal).
Obs.2: Por não se referir a tributos (e sim a infrações), não retroage em redução de
alíquotas (salvo previsão expressa e se benéfica).
Obs.3: expressão “ato não definitivamente julgado”: não se restringe à seara
administrativa, mas também à judicial, e se caracterizaria o julgamento definitivo
quando realizadas a arrematação, a adjudicação e ou a remição na execução fiscal, não
sendo suficiente o trânsito em julgado dos embargos à execução – REsp 183.994.
Aplicação retroativa x anistia: não se há de se confundir aplicação retroativa (artigo
106) com a anistia. Nesta, não se opera alteração ou revogação de lei antiga, não

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havendo mudança na qualificação jurídica do ilícito. Apenas fica extinta a punibilidade


em relação a certas infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede
(art. 180).
Obs.: a garantia da irretroatividade das leis é um direito fundamental do indivíduo em
face do Estado (art. 5º, XXXVI), não podendo este a invocar em seu favor (Sum. 654
STF).

11.5 Interpretação e Integração da Legislação Tributária

Integração (CTN, art. 108). Salvo disposição expressa, a autoridade competente para
aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente: 1) analogia, 2) princípios gerais
de direito tributário; 3) princípios gerais do direito público; 4) equidade.
Obs.1: O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não
previsto em lei.
Obs.2: O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de
tributo.
Por força da aplicação rígida do princípio da legalidade ao direito tributário, o CTN não
deixou espaço de discricionariedade ao aplicador da norma tributária quando se
depara com lacuna na legislação tributária. A ordem apresentada é taxativa,
hierarquizada e de observância obrigatória.
• Analogia. Em razão do princípio da tipicidade tributária, não é admitida analogiain
malam partem. Nos casos em que há ‘silêncio eloquente’ (hipótese contemplada é a
única a que se aplica o preceito legal), não se admite analogia (STF, RE 130.552).
• Equidade. É vedado utilizar equidadepara dispensar o pagamento do tributo, mas é
possível uma lei conceder anistias ou remissões com base na equidade. Quanto às
multas, por não serem tributos, alguns doutrinadores entendem que podem ser
dispensadas por equidade.
Obs.: as lacunas são tratadas de forma diferente entre o CTN e a LINDB: nesta é
analogia, costumes e princípios gerais do direito.
Interpretação. Interpretar e integrar têm sentidos parecidos, mas sutilmente diversos.
A interpretação é atividade lógica pela qual se determina o significado de uma norma
jurídica, enquanto a integração é o meio de que se vale o aplicador da lei para tornar o
sistema jurídico inteiro, sem lacuna.
Critérios ou técnicas de interpretação. Na teoria da interpretação, também chamada
hermenêutica, vários métodos são utilizados, sendo de se destacar os seguintes:
a) gramatical – o intérprete investiga antes de tudo o significado gramatical das
palavras usadas no texto legal;
b) histórico – o sentido da norma é buscado com o exame da situação a que ela se
refere através dos tempos; investiga-se o direito anterior; compara-se a norma atual
com a que lhe antecedeu e assim, por diante;
c) sistemático –o intérprete verifica a posição da regra jurídica no diploma legal e as
relações desta com as demais regras no mesmo contidas;
d) teleológico – o intérprete empresta maior relevância ao elemento finalístico; busca
o sentido da regra jurídica tendo em vista o fim para o qual ela foi elaborada.
Interesse público. muitas vezes utilizado como argumento para a exigência de tributos,
não se presta para fundamentar uma posição apriorística do intérprete a favor do
Fisco. O verdadeiro interesse público reside na adequada interpretação da

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Constituição e das leis. Segundo Luciano Amaro, está superada a idéia de in dubio pro
Fisco.
Interpretação quanto aos efeitos ou resultados.
a) Declaratória – há coincidência entre o que o legislador quis dizer e o que
efetivamente ficou disposto no texto legal, não havendo necessidade de se fazer
qualquer correção interpretativa (ampliação ou restrição) do alcance normativo;
b) Extensiva – o legislador disse menos do que pretendia, deixando de abranger casos
que deveriam estar sob regulação, sendo necessário ampliar o conteúdo aparente da
norma. Ex: art. 150, inciso IV, da CRFB (proibição do uso do tributo com efeito de
confisco) – o STF interpretou extensivamente o texto para afirmar que a vedação ao
efeito confiscatório se aplica também às multas tributárias;
c) Restritiva – o legislador disse mais do que pretendia, abrangendo casos que não
deveriam estar sob a regulação do texto normativo, sendo necessário restringir o
conteúdo aparente da norma. Ex: art. 195, §6º da CRFB (aplicação da noventena em
caso de instituição ou modificação de contribuição) – o objetivo da norma é proteger o
contribuinte contra mudanças que agravem a carga tributária, de modo que o STF
restringiu o alcance da norma aos casos de instituição e majoração de contribuições.
Princípios de direito privado na interpretação tributária. Os princípios gerais de direito
privado devem ser usados para pesquisar a definição, conteúdo e alcance de seus
institutos, conceitos e formas. Por outro lado, não podem ser usados para definir os
respectivos efeitos tributários (CTN, art. 109). Por sua vez, a lei tributária não pode
alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito
privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela CF, CEs ou Leis orgânicas dos
Entes federados (CTN, art. 110).
Do exposto, a contrario sensu, quando os conceitos de direito privadonão tenham sido
utilizados pelas citadas leis máximas, podem ser alterados pelo legislador
infraconstitucional (ex.: a prescrição tributária extingue o direito, a decadência
tributária admite interrupção).
Por outro lado, os conceitos presentes na Constituição não podem ser ampliados
arbitrariamente pelo legislador (ex.: charretes não podem ser conceituadas como
veículos automotores, nem a eles equiparadas, para viabilizar a tributação pelo IPVA).
Se o legislador tributário pudesse alterar conceitos presentes na CF ele estaria
mudando a própria Lei Maior por norma infraconstitucional. Ex.: caso da COFINS, com
ampliação indevidado conceito de faturamento para receita bruta (tema já visto).
Interpretação necessariamente literal de determinados institutos (CTN, art. 111).
Sobre: a)suspensão ou exclusão do crédito tributário; b) outorga de isenção;
c)dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
Assim, não se poderia utilizar analogia para reconhecer isenção, anistia ou dispensar o
cumprimento de obrigações acessórias. De outro lado, não obstante se preceitue a
interpretação literal nas matérias assinaladas, não pode o intérprete abandonar a
preocupação com a exegese lógica, teleológica, histórica e sistemática dos preceitos
legais que versem as matérias em causa, pois faz parte do processo normal de
apuração compreensiva do sentido da norma.
Interpretação benéfica ao acusado (CTN, art. 112). No tocante às infrações, na
definição ou cominação de penalidades, a interpretação é a mais favorável ao acusado
em caso de dúvida quanto:
a) à capitulação legal do fato;

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b) à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos


seus efeitos;
c) à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
d) à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
Obs.: ressalte-se que, para se resolver as dúvidas quantoàs demais questões de direito
tributário (ex.: cobrança de tributo), não existe qualquer concepção apriorística do tipo
“na dúvida favorecer o fisco” ou “na dúvida favorecer o contribuinte”.
Princípio do pecunia non olet. O art. 118 do CTN prevê que a definição legal do fato
gerador é interpretada abstraindo-se a validade jurídicados atos efetivamente
praticados, bem como a natureza de seu objeto ou efeitos dos fatos efetivamente
ocorridos. Assim, por exemplo, os requisitos para que se considere válido um negócio
jurídico sob a ótica do direito civil (agente capaz; objeto lícito, possível, determinado
ou determinável; forma prescrita ou não defesa em lei – CC, art. 104) são irrelevantes
para se interpretar a definição legal de fato gerador.
Interpretação econômica do direito tributário. Os questionamentos inerentes a tal
técnica interpretativa encerram como objeto a norma antielisiva prevista no art. 116,
parágrafo único, do CTN. A interpretação econômica do direito tributário tem origem
na dourina alemã e veicula a idéia de que não se deveria considerar, na referência feita
pela lei tributária a um negócio jurídico regulado pelo direito privado, a forma por ele
revestida, mas sim seu conteúdo econômico. Foi defendida no Brasil, entre outros, por
Amílcar de Araújo Falcão, com arrimo no art. 109 do CTN. Sustenta-se, ainda, que o
parágrafo único do art. 116, acrescentado pela LC 104/2001, confirma essa tese.
A tese, porém, não encontra acolhida pacífica na doutrina. Luciano Amaro assevera
que tal interpretação choca-se com vários outros preceitos, da Constituição ou do
próprio CTN. Segundo o citado doutrinador, a consideração do conteúdo econômico
subjacente não permite transfigurar o negócio jurídico privado, sob pena de se fazer
letra morta do próprio art. 109, com sacrifício do princípio da legalidade, da
segurança jurídica e da certeza do direito aplicável.

11.6 Tratados Internacionais e Legislação Interna (anterior e posterior)

“Tratado internacional” e “convenção internacional” são expressões sinônimas,


significando um acordo bilateral ou multilateral de vontades manifestadas por Estados
soberanos ou organismos internacionais, regularmente representados por órgãos
competentes, destinando-se a produzir efeitos jurídicos.
A competência para firmar tratados é privativa do Presidente da República (CF, art. 84,
VIII), sendo referendada pelo Congresso Nacional (CF, art. 49, I) por meio de decreto
legislativo. A produção doméstica de efeitos somente ocorre após o ato completar
todo o procedimento constitucional, sendo este (STF - CR/8.729): 1.Aprovação pelo CN
(decreto legislativo); 2.Ratificação pelo PR, mediante depósito do respectivo
instrumento; 3.Promulgação pelo PR (decreto presidencial) que produz dois efeitos: a)
publicação oficial; b) executoriedade interna.
Segundo o art. 98 do CTN, esses tratados revogam ou modificam a legislação tributária
interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Normalmente trazem acordos
visando evitar a bitributação internacional e a estatuir regras de cooperação
internacional para evitar a evasão fiscal. Na verdade houve uma imprecisão do CTN
quantos aos efeitos dos tratados na legislação interna, ou seja, o que há é uma regra

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da especialidade (regra especial deve ser aplicada com preferência sobre a geral, sem
modificá-la ou revogá-la). Aliás, essa interpretação foi usada na redação do art. 85-A
da Lei 8.212/90. Assim, os tratados prevalecem sobre a legislação interna, mas sem
revogá-las (há suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que readquirirá a
sua aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for denunciado).
Os tratados internacionais e a legislação tributária superveniente (visão do STF). Tendo
em vista que o art. 98 (CTN) aduz que os tratados serão observados pela legislação
tributária que lhes sobrevier, o legislador ordinário não poderia revogar ou alterar
regras do direito interno. Esse é o entendimento da maioria dos internacionalistas. O
STF, entretanto, entende que um tratado, em regra, adquire posição hierárquica de lei
ordinária. Assim, uma lei ordinária superveniente pode modificar/revogar um tratado
sobre legislação tributária internamente.
Tratados normativos e contratuais e a legislação tributária superveniente (visão do
STJ). Os tratados internacionais, quanto à natureza, classificam-se como normativos
(tratados-leis) e contratuais (tratados-contratos). Os normativos caracterizam-se pela
generalidade, criando uma regra de direito internacional de aplicação cogente pelos
signatários. Os contratuais decorrem do estabelecimento de obrigações recíprocas
entre os pactuantes (prestações e contraprestações), exaurindo-se com o seu
cumprimento. Para o STJ (REsp 426.945), a restrição do art. 98 do CTN aplica-se
somente aos tratados normativos, mas não aos tratados contratuais.
O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). O Brasil é signatário. Prevê a
equivalência de tratamento entre o produto importado, quando este ingressa no
território nacional, e o produto similar nacional (é a famosa regra do tratamento
nacional). Assim, a isenção concedida por lei ao produto nacional deve ser
interpretada como aplicável a todos os casos de mercadorias estrangeiras (salvo os
expressamente ressalvados), em virtude da extensão da isenção pelo tratado. Também
há fundamento constitucional (art. 152), já que se veda tratamento tributário distinto
entre bens e serviços em razão da procedência ou destino.
Em relação ao possível conflito com o art. 111, II, do CTN (matéria sobre isenção
interpreta-se literalmente – o que impediria a extensão), o STJ (REsp 460165) afirmou
que deve prevalecer a legislação internacional, aplicando o art. 98 e afastando a
incidência do art. 111, ambos do CTN.
Súmulas sobre o tema: a) STJ: 20, 71; b) STF: 575.
Isenções heterônomas em tratados internacionais. A União age, nesses casos, como
representante da federação (e não em interesse próprio), podendo conceder isenções
de tributos pertencentes aos demais entes federados. Os tratados são recepcionados
como leis nacionais (e não federais) por ser assunto da República Federativa do Brasil
(e não da União). Aliás, é o que dispõe o parágrafo único, art. 4º, da CF.

12 Ponto 12 - 12. Obrigação principal e acessória: fato gerador. Sujeito


ativo e sujeito passivo. Capacidade tributária. Domicílio tributário.
Responsabilidade tributária. Solidariedade. Responsabilidade dos
sucessores. Responsabilidade por infrações.
12.1 Obrigação Tributária

Conceito: obrigação é uma relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre


devedor e credor, cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou

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negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através do


seu patrimônio18.
Sujeitos. Na relação jurídico-tributária o credor é um ente público ou pessoa jurídica
de direito público a quem tenha sido delegada a capacidade ativa. O devedor será uma
pessoa física ou jurídica, particular ou pública19, que esteja obrigada ao cumprimento
da obrigação (realizou no plano concreto o fato imponível).
Objeto. O objeto, assim como no direito privado, será uma obrigação de dar (dinheiro)
– obrigação principal, fazer ou não fazer – obrigações acessórias.
Conteúdo econômico. Algumas obrigações tributárias são meros deveres burocráticos
(fazer/não fazer), não tendo conteúdo econômico. Esse caráter econômico da
prestação não é algo essencial à definição de obrigação em direito privado e, ainda que
o fosse, seria possível ao direito tributário alterar-lhe o conceito, porque este não foi
utilizado expressa ou implicitamente pelas leis máximas dos entes políticos para limitar
ou definir competências tributárias (interpretação a contrario sensu do art. 112 do
CTN).
Obrigação principal. É uma obrigação de dar (dinheiro), que decorre de lei e surge com
a ocorrência do FG, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e
extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. Ex.: pagar impostos.
Obrigação acessória. É uma obrigação de fazer ou não fazer, que decorre da legislação
tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no
interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Ex.: emitir nota fiscal.
Obs.1: Conforme o CTN, a obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância,
converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Assim, o
descumprimento da obrigação acessória será FG de uma obrigação principal
(penalidade pecuniária). Essa obrigação pode decorrer da legislação tributária (art.
113, §2º, CTN), mas a sanção só decorre de lei (art. 97, V, CTN). Paulo de Barros
Carvalho opta pela denominação “dever instrumental”.
Obs.2: embora multa tributária não seja tributo, a obrigação de pagá-la tem natureza
tributária, sendo que na falência o crédito tributário referente à multa deixou de ter a
mesma preferência do crédito tributário referente aos tributos (art. 186, parágrafo
único, III, CTN).
Obs.3: A relação de acessoriedade (Ricardo Alexandre), em direito tributário, consiste
no fato de que as obrigações acessórias existem no interesse da fiscalização ou
arrecadação de tributos com o objetivo de facilitar o cumprimento da obrigação
tributária principal.
Obs.4: a relação jurídico-tributária nasce da concretização da hipótese abstrata legal
(FG), sendo irrelevante a vontade das partes.

12.2 Fato Gerador

O estudo do fato gerador é o ponto central da teoria do direito tributário. A maioria


das lides tributárias tem como pano de fundo a discussão sobre a ocorrência ou não do
fato gerador e, portanto, a incidência ou não de determinado tributo.
Imprecisão do CTN para definir o que é fato gerador. O CTN, não prezando pela boa
técnica, denomina de FG duas realidades distintas . Tecnicamente, o termo “fato”

18
Washington de Barros Monteiro (Curso de Direito Civil).
19
Os entes políticos possuem imunidade recíproca SOMENTE em relação a impostos.

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refere-se a algo concretamente verificado no mundo. Todavia, o CTN conceituou fato


tanto a hipótese abstratacomo a situação concreta realizada no mundo. Ex.: CTN, art.
114 (“fato” abstrato); CTN, art. 113, § 1º (fato concreto).
Sinônimos. Tendo em vista essa atecnia do CTN, doutrina traz sinônimos: 1.FG
“abstrato” – Hipótese de Incidência (HI); 2. FG “concreto” – fato imponível, fato
jurídico tributário, fato jurígeno tributário.

Conceitos legais de FG (arts. 114 e 115 do CTN):


Obs.: o FG é um fato jurídico, isto é, um fato material que produz efeitos jurídicos.
FG da obrigação principal (CTN, art. 114). É a situação definida em lei como necessária
e suficiente à sua ocorrência. Decorre sempre de lei (ou ato de igual hierarquia) – p. da
legalidade.
• Situação. A expressão ‘situação’ mencionada, conforme o caso, será uma situação
fática (confere efeitos jurídico a uma mera situação de fato. Ex.: FG do II – ingresso de
mercadoria no país) ou uma situação jurídica (situação já configura um instituto
jurídico disciplinado em outro ramo de direito. Ex.: impostos sobre propriedade – esta
é um instituto do Código Civil).
• Situações necessárias: são todas aquelas que precisam estar presentes para a
configuração do fato. São verdadeiros requisitos. São os elementos do FG (ou da
obrigação tributária, como se diz em alguns livros). Assim, a entrada de uma
mercadoria em território nacional é situação necessária para a ocorrência do FG do
imposto de importação. Entretanto, para que a obrigação nasça, também é necessário
que a mercadoria seja estrangeira.
• Situação suficiente: A suficiência refere-se à presença de todos os requisitos
necessários. Ex.: não basta importar a mercadoria (requisito 1) para incidir o II, tendo
ela que ser estrangeira (requisito 2) – suficiência cumprida!
FGda obrigação acessória (CTN, art. 115). É qualquer situaçãoque, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure
obrigação principal. Decorre da legislação tributária (inclui atos normativos
secundários). Ex.: dever de entregar uma declaração (Obs.: o FGabstrato não é a
‘entrega’ e sim o ‘dever de entregar’).
Ocorrência do FG(art. 116, CTN): salvo disposição de lei em contrário, a)situação de
fato: desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a
que se produzam os efeitos que normalmente lhe são próprios (ex.: ocorrência da
circunstância material morte para o ITCMD); b) situação jurídica: desde o momento
em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
Negócios condicionais (condições suspensivas e resolutórias x FG): referem-se a
situações jurídicas (e não de fato). São os atos condicionais de um negócio jurídico que
afetarão a ocorrência do FG. Dividem-se em: a) condição suspensiva: o FG ocorre no
momento de seu implemento; b) condição resolutiva: o FG ocorre no momento da
celebração do negócio jurídico, sendo irrelevante o implemento, ou não, desta
condição – o Fisco não devolverá valores arrecadados!
Interpretação da definição jurídica do FG: deve-se abstrair: a)validadejurídica do ato;
b) natureza do objeto ou do efeito; c) efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.Assim,
o FGnão guarda obediência à chamada teoria das nulidades do direito privado. As

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solenidades e formalismos próprios dos atos jurídicos privados não afetam o


nascimento da obrigação tributária. Assim, não importa, para a configuração do FG, a
circunstância de eles consistirem num ato ou negócio nulo ou anulável. Consequências
práticas: a)pago o tributo, não terá direito a repetição do indébito por superveniente
anulação ou declaração de nulidade do ato jurídico em que consistia o FG; b) o FGnão
pode ser um ilícito, mas os efeitos de um ato ilícito podem ser tributados (Princípio do
pecunia non olet).
FG e atividades ilícitas. Para que ocorra a tributação de atividades ilícitas, tomando por
base a doutrina da consistência econômica do FG, deve ser analisado: a) o momento
da feitura da lei, devendo conter um pressuposto de fato lícito; b) momento de
aplicação da lei, em que o Poder Público deve abstrair a ilicitude porventura
constatada.
Base de cálculo. É a medida legal da grandeza do FG.
Multa tributária não é tributo, mas a obrigação de pagá-la tem natureza tributária (art.
113, § 3º, CTN). Contudo, o crédito tributário relativo à multa deixou de ter a mesma
preferência do crédito tributário relativo a tributo (art. 186, p. único, CTN),
consolidando-se assim o entendimento do STJ (multa e tributo possuem regimes
jurídicos distintos).
Atenção: o tributo, por definição legal, não pode ser uma penalidade, sanção. É
preceito primário (não secundário), instrumento de arrecadação de receita pública
derivada.
Princípio da tipicidade tributária (art. 97, III, CTN) informa que caberá a lei em sentido
formal eleger os aspectos do fato gerador integral, i.e., tendo que discriminar
minuciosamente todo o fato gerador da obrigação tributária (é uma especialização do
p. da legalidade tributária).
Tipicidade tributária fechada X aberta. Ideologia moderna X pós-moderna. Na
tipicidadefechada, somente a lei poderá discriminar os aspectos da obrigação
tributária. A lei deverá tipificar de modo cerrado, de modo claro todos os aspectos do
FG. Na tipicidade aberta, a lei apenas apresenta as diretrizes da tributação (os grandes
nortes da incidência), cabendo ao P. Executivo preencher a materialidade do FG e
promover a cobrança do tributo à luz da justiça, da capacidade contributiva analisada
no caso concreto, flexibilizando a noção de separação de Poderes e a noção de
legalidade em sentido estrito (art. 116, p. único, CTN).
Elementos da obrigação tributária (ou elementos da hipótese de incidência).
Sinônimos: elementos/critérios/mecanismos classificatórios. São cinco aspectos:
a)material (“o que”); b)temporal (“quando”); c)espacial (“onde”); d)subjetivo
(“quem”); e)quantitativo (“quanto”). São obrigatóriosos critérios material, pessoal
(sujeito passivo) e quantitativo. Os demais podem ser retirados das circunstâncias.
• Elemento material ou substantivo: É o núcleo da hipótese de incidência. A lei tem
que estabelecer de modo expresso qual é o FG (rectius: HI).
• Elemento temporal: é o momento de ocorrência do FG. Ex.: 1º JAN – IPTU / IPVA /
ITR (são fatos geradores continuados). Note que pode haver um prazo (tempo
específico) para que seja cumprida a obrigação tributária (OT) (ex.: pagar o IPTU até
dia/mês tal), mas esse não constitui elemento temporal – assim, pode ser modificado
por ato infralegal – Súmula nº 669 do STF(convertida na Súmula Vinculante 50): a
alteração de prazo de recolhimentonão está sujeita ao p. da anterioridade.

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• Elemento espacial: local de ocorrência do FG (âmbito municipal, estadual ou federal),


mas também o local de cumprimento da OT. Aspecto relevante na incidência de
tributos estaduais (ex.: ICMS vai cobrar na origem ou destino) e municipais. Atenção:
não se confunde com a VIGÊNCIA NO ESPAÇO DA LEI QUE INSTITUI O TRIBUTO.
• Elemento pessoal ou subjetivo: sujeitos da relação jurídico-tributária. Aspecto
relevante na substituição tributária (contribuinte X responsável) – polo passivo; e na
delegação de arrecadação (capacidade tributária ativa delegada) – polo ativo.
• Elemento quantitativo: almeja delinear o montante da obrigação. Seus dois
subelementos são a alíquota (AL) – há possibilidade de esse subelemento ser definido
por um valor fixo ou em valores referidos em tabelas; e a base de cálculo (BC) –
medida legal da grandeza do FG (Ela também serve para confirmar o critério material
da hipótese de incidência).

REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA


ANTECEDENTE CONSEQUENTE
Aspecto Aspecto Aspecto Aspecto pessoal Aspecto
material temporal espacial quantitativo

Classificações do FG:
a) Quanto ao momento da sua ocorrência:
• FG instantâneo: fato isolado que ocorre num determinado momento plenamente
identificável. Ex.: Saída de uma mercadoria de estabelecimento (ICMS).
• FG continuado: é a situação jurídica que se perpetua no tempo (Ex.: ITR).
• FG de período (ou complexo ou complexivo): é a situação composta por diversos
fatos considerados em conjunto, podendo ser composto por um conjunto de atos
simples, e não necessariamente atos complexos, considerados como uma unidade por
questões de política tributária (Ex.: IR).
b) Conforme estejam ligados ou não à atividade do Estado:
• FG vinculado: é aquele realizado pela própria Administração. Ex.: taxas.
• FG não vinculado: diz respeito ao próprio contribuinte. Ex.: impostos.
Obs.1: não confundir o FG vinculado (aspecto material da HI) com a vinculação do
produto da arrecadação (destinação do tributo).
Obs.2: Imposto de renda e lei vigente antes do final do ano-base: uma vez que o FG do
IR é complexivo, ele se verifica tão somente no dia 31/12 de cada ano. Com isso, não
violará o p. da irretroatividade, já que o FG está pendente. Súmula 584 do STF
(polêmica). No STJ há precedentes afastando a referida súmula. O STF rediscutiu
recentemente o tema no RE 183130/PR (25/09/2014), considerando ainda válida a
Súmula 584, todavia não aplicável aos casos de IR sobre importações incentivadas 20.
FG sujeitos à condição suspensiva ou resolutiva: é perfeitamente possível, como já
visto.
INTERPRETAÇÃO ECONÔMICA DO FG. É o método de interpretação através do qual o
operador abre mão do império da lei e da tipicidade tributária para atingir a riqueza
tributável. Tem fundamento na doutrina alemã e é justificada com base nos princípios
da isonomia e da capacidade contributiva (“seria contrário ao direito deixar de cobrar
um tributo diante de uma situação equivalente àquela em que outras pessoas, por
adotarem as formas típicas, sofreram a incidência tributária.”). O STJ já entendeu
20
Mais informações em: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=276047

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válida esta interpretação (REsp 696.745/CE). O STF ainda não se pronunciou


diretamente sobre a matéria. Visão da doutrina clássica e contemporânea: parcela da
doutrina entende que nunca foi admitida essa forma de interpretação pelo direito
brasileiro na medida em que ela ofende o p. da estrita legalidade (art. 150, I, CF).
Também ofende o p. da tipicidade tributária fechada (art. 97 CTN) e o da legalidade
tributária, tendo natureza de confisco (art. 150, IV, CF). Somente é possível a cobrança
de tributos quando os fatos da vida se enquadrem na precisa definição legal do FG
(rectius: HI), não seria lícito violentar a norma tributária tentando enquadrar no seu
âmbito de incidência negócios cuja concepção formal não se subsume ao tipo legal. O
próprio CTN veda expressamente que, do emprego da analogia, resulte a cobrança de
tributo não previsto em lei (art. 108, § 1, CTN).
Norma geral antielisão: doutrina majoritária entende que art. 116, p. único, CTN é
inconstitucional por propugnar uma interpretação econômica. A autoridade
administrativa descaracteriza certas operações dos particulares sem que haja lei
específica vedando a conduta. Ofende o Princípio da estrita legalidade. Além disso,
como não há lei a tipificar o que vem a ser dissimulação, o dispositivo por si viola o
princípio que veda o confisco, art. 150 IV CF/88. Ofensiva também ao devido processo
legal no que toca a razoabilidade e proporcionalidade. Por outro lado, Ricardo Lobo
Torres, v.g., entende que o art. 116 par. único do CTN é válido , porque está buscando a
verdade real da tributação. Ele é adepto da teoria da tipicidade tributária aberta a luz
de uma ideologia pós-moderna em que a tributação não está adstrita a lei formal,
podendo ser veiculada através de atos normativos infralegais. Ex.: atos da
administração pública.

• O art.116, §único do CTN é constitucional?


Tese A) Doutrina majoritária: é inconstitucional (por todos, Hugo de Brito) porque:
1) ofende o p. da segurança jurídica, pois não define o que vem a ser dissimulação;
2) ofende o p. da estrita legalidade, na configuração ‘tipicidade cerrada’, na medida em
que não elenca as condutas abusivas;
3) ofende o princípio da livre iniciativa, restringindo a capacidade criativa do particular
junto ao Fisco;
4) tem natureza de confisco;
5) ofende o Pacto Republicano na figura ‘separação dos poderes’, outorgando poder
de legislar ao administrador.
6) viola o Estado Democrático de Direito, na medida em que o cidadão-contribuinte
passa a ser oprimido, sem a observância do processo legislativo.

Tese B) Ricardo Lobo Torres: é constitucional porque o Pacto Republicano prevê a


separação dos poderes, que passou a ser mitigada no decorrer dos anos, cabendo ao
administrador otimizar o poder de tributar, afastando eventuais abusos, o que poderá
ser feito de ofício, através do devido processo legal tributário, com respeito ao
contraditório e à ampla defesa.

Tese C) É constitucional e tem aplicação imediata, sem que haja a necessidade de lei
definindo as hipóteses de dissimulação. O direito tributário é direito de justaposição,
cabendo à Fazenda Pública recorrer ao direito privado para buscar subsídio na
definição e alcance de o que vem a ser dissimulação, à luz dos artigos 109 e 110 do

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CTN. Sílvio Rodrigues, por ex., define dissimulação como negócio indireto, chamado de
simulação relativa; diferentemente da simulação absoluta, a vontade expectorada é a
mesma intencionada, sendo que, no entanto, as partes elegem um meio alternativo
não usual para atingir seus objetivos, no caso, não pagar tributos.

Art. 116, p. único, CTN: A autoridade administrativa


poderádesconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a
natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária,
observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.

Obs.1: “poderá” – é um poder-dever em razão do p. da vinculação do lançamento (a


autoridade tem o dever de constituir o crédito tributário). A contrario sensu, ela tem o
dever de desconsiderar atos abusivos.
Obs.2: “desconsiderar” – não é o mesmo que invalidar. Assim, ela respeitará a
validade do negócio, acatando todos os seus efeitos, exceto no que toca à INCIDÊNCIA
TRIBUTÁRIA.
Obs.3: “finalidade de dissimular” – não há definição no direito tributário (motivo de
sustentação pela sua inconstitucionalidade). Tem definição no Código Civil (motivo de
sua constitucionalidade).
Obs.4: “elementos constitutivos da obrigação tributária”: elementos constitutivos é
mais amplo que FG. Esses elementos são os cinco já vistos.
Obs.5: “procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.” – inaplicabilidade do
dispositivo uma vez que não existe legislação regulamentadora. No tocante à
tipificação da conduta, caberá à União legislar, formando uma unidade de aplicação.
Especificamente quanto ao procedimento, cada ente poderá editar lei regulamentando
a situação. O instrumento normativo (maioria da doutrina) é lei complementar, mas há
posicionamento defendendo lei ordinária pela redação do art. 116, p. único, do CTN.
Registre-se que para Ricardo Torres a regra é autoaplicável, sendo declaratória,
necessitando de complementação ordinária se o ente federativo não tiver legislação
segura sobre o processo administrativo tributário.
Licitude do comportamento Momento da Ocorrência
Em regra, antes do FG.
Elisão Lícita (planejamento tributário). (exemplo de exceção:
declaração de IR)
Em regra, após o FG. (ex.
Ilícita (evita o conhecimento da
Evasão de exceção: notas fiscais
ocorrência do FG pela autoridade)
fraudulentas)
Elusão
Formalmente lícita, mas com
(Elisão Antes ou após o FG.
abuso de forma jurídica.
ineficaz)

Técnicas para detecção de atos abusivos: 1) Teoria do Abuso de direito; 2) Teoria do


Abuso de forma; 3) Teoria do teste negocial ou teoria da finalidade negocial; 4) Arm’s
lenght.
# ABUSO DE DIREITO E ABUSO DE FORMA:

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• TEORIA DO ABUSO DE FORMA: consiste em utilizar uma forma jurídica “atípica” ou


não “comum” para um negócio obrigando a utilização da forma “típica” ou “normal”
para o mesmo negócio, que permitiria uma maior incidência fiscal (no sentido de
arrecadação de receita).
• TEORIA DO ABUSO DO DIREITO21: consiste em considerar ilícita a conduta do
contribuinte que pretende exclusivamente a economia de impostos, fundamentando-
se no uso imoral do Direito.
• Em ambos o particular lança mão de uma diligência não usual, atingindo seu objetivo
e evitando o poder de tributação.
• P. DA PRATICABILIDADE: para o direito tributário, a praticabilidade prevalece sobre a
forma do ato, sobre o instituto jurídico eleito pelas partes. À luz desse princípio, o ato
jurídico deve gerar o máximo de efeitos no campo do direito, não podendo se esquivar
dos efeitos econômicos relevantes para a tributação.
• P. DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: o negócio jurídico poderá
aparentar uma determinada situação, insuscetível de tributação, o que será uma
confirmação relativa, suscetível de desconsideração, por parte do Fisco. O Fisco estará
interessado em indagar o conteúdo econômico da relação jurídica realizada, podendo,
portanto, fragilizar os efeitos pretendidos pelas partes, para fins de tributação.
O abuso do direito e o abuso da forma são uma elisão e, contemporaneamente, os
autores entendem que são uma elisão ilícita, justamente porque é um planejamento
inconsistente; é uma elisão ilícita justamente porque é um abuso em face do poder de
tributar, mas não há, aí, qualquer ato doloso, no sentido de causar uma fraude, não há
uma intenção maliciosa, portanto, não há uma ilicitude.
# TEORIA DO TESTE NEGOCIAL OU TEORIA DA FINALIDADE NEGOCIAL (BUSINESS
PURPOSE TEST) • É uma ferramenta que o Fisco tem para julgar se o planejamento é
ou não é consistente. Se o negócio analisado estiver dentro do objeto social da
empresa, é um sinal de que a elisão é lícita. Se o negócio estiver fora do objeto social,
ela não seria “boa”.
# ARM’S LENGHT: além de ser uma norma geral antielisiva, é uma FICÇÃO ou uma
PRESUNÇÃO ABSOLUTA em matéria tributária.
• O arm’s lenght procura evitar dumping, fazendo com que produtos importados, com
subsídio fiscal do Estado exportador, sofram a mesma tributação incidente sobre os
produtos nacionais. Assim, o contribuinte (importador) será tributado no ingresso da
mercadoria no país como se ela tivesse sido produzida aqui, fazendo com que o preço
final fique como se tivesse comprado a mercadoria aqui (ao alcance dos braços).

Fundamento metodológico das normas antielisivas: a) interpretação conceptualista; b)


interpretação econômica; c) interpretação valorativa:
INTERPRETAÇÃO A interpretação fundada na JURISPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS
CONCEPTUALISTA parte da crença de que os conceitos e as categorias jurídicas
(Positivismo expressam plenamente a realidade social e econômica
normativista) subjacente à norma, de modo que ao intérprete não cabe se
preocupar com os dados empíricos. Defende, no campo da
fiscalidade, as teses do primado do direito civil sobre o direito
tributário, da legalidade estrita, da ajuridicidade da capacidade
21
Conceitos extraídos de artigo disponibilizado no site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_30/artigos/Art_andre.htm. Acesso em 26.jan.2015.

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contributiva, da superioridade do papel do legislador, da


autonomia da vontade e do caráter absoluto da propriedade.
Corresponde, historicamente, ao apogeu do estado liberal, que
cultiva o individualismo possessivo.
POSSIBILIDADE DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO SEGUNDO A
INTERPRETAÇÃO CONCEPTUALISTA: defende, com base na
autonomia da vontade, a possibilidade ilimitada de
planejamento fiscal. A elisão, partindo de instrumentos
jurídicos válidos, seria sempre lícita.
CRÍTICA: levou ao abandono da consideração da situação
econômica e social e à convicção ingênua de que a letra da lei
tributária capta inteiramente a realidade, posto que existe a
plena correspondência entre linguagem e pensamento.
A interpretação fundada na JURISPRUDÊNCIA DOS INTERESSES,
que se opôs aos postulados da jurisprudência dos conceitos,
projetou-se para o campo da fiscalidade por meio da
"CONSIDERAÇÃO ECONÔMICA DO FATO GERADOR"
(wirtschaftliche Betrachtungsweise - prevista no art. 4º do
Código Tributário Alemão de 1919), por alguns apelidada,
inclusive com sentido pejorativo, de "INTERPRETAÇÃO
ECONÔMICA". Despreocupou-se inteiramente dos CONCEITOS
e CATEGORIAS JURÍDICAS. Os italianos desenvolveram teoria
semelhante sob a denominação de interpretação funcional.
Suas teses principais: autonomia do direito tributário frente ao
INTEPRETAÇÃO direito privado; possibilidade de analogia; preeminência da
ECONÔMICA capacidade contributiva sacada diretamente dos fatos sociais;
(Positivismo função criadora do juiz; intervenção sobre a propriedade e
sociológico) regulamentação da vontade. Corresponde, historicamente, ao
período do ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL.
POSSIBILIDADE DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO SEGUNDO A
INTERPRETAÇÃO ECONÔMICA: com a sua consideração
econômica do fato gerador, chega à conclusão oposta,
defendendo a ilicitude generalizada da elisão, que
representaria abuso da forma jurídica escolhida pelo
contribuinte para revestir juridicamente o seu negócio jurídico
ou a sua empresa.
CRÍTICA: transformou-se na defesa do incremento da
arrecadação do Fisco, por se vincular à vertente da atividade
arrecadatória do Estado.
Superação das duas teorias anteriores, que pecavam pelo
extremismo. Possibilidade do planejamento tributário segundo
INTERPRETAÇÃO
a interpretação valorativa: aceitam o planejamento fiscal como
VALORATIVA
forma de economizar imposto, desde que não haja abuso de
(Pós-positivismo)
direito. Só a elisão abusiva ou o planejamento inconsistente se
tornam ilícitos.

ESTADO SUBSIDIÁRIO:

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O Estado Subsidiário reflete um novo relacionamento entre Estado e sociedade, no


qual a sociedade tem a primazia na solução dos seus problemas, só devendo recorrer
ao Estado de forma subsidiária.

Estado Subsidiário é o Estado da Sociedade de Risco, assim como o Estado de Bem-


estar Social, na expressão de Forsthoff, foi o Estado da Sociedade Industrial, que
entrou em crise pela voracidade na extração de recursos financeiros da sociedade para
financiar as políticas desenvolvimentistas e o pleno emprego. Não se cuida de um
Estado Pós-moderno, que passe a se conduzir pelos mecanismos da deslegalização, da
desregulamentação ou da autoregulação, mas de um Estado Pós-positivista, que
procura pautar as suas ações com base no princípio da transparência, para superar os
riscos sociais.

12.3 Sujeito ativo e sujeito passivo (elementos subjetivos da obrigação tributária)

Sujeito ativo: é o ente político titular do direito subjetivo de exigir a prestação


pecuniária ou pessoa jurídica de direito público que detém delegação da capacidade
tributária ativa. Aliás, sujeição ativa em obrigação tributária está relacionada à
capacidade ativa e não à competência, isto porque a competência relaciona-se com a
instituição do tributo e não com a possibilidade de figurar no polo ativo da relação
jurídico-tributária. Os entes políticos serão sempre os detentores de competência para
instituir tributos (indelegável), mas poderão delegar suas capacidades tributárias
ativas.
Obs.1: Pessoa jurídica de direito privado não pode ser sujeito ativo da obrigação
tributária (não recebe delegação da cap. tributária ativa), mas pode ser destinatária do
produto da arrecadação. Ex: SENAI/SESI/SENAC são destinatários de contribuições
paraestatais, mas não sujeitos ativos.
Obs.2: contribuições sindicais: os sindicatos são apenas destinatários do produto da
arrecadação, sendo o sujeito ativo da contribuição a União, atuando por intermédio do
MTE (CLT, arts. 578 a 610).
Obs.3: A Res. 33/2006 do Senado autorizou os Estados, DF e Municípios a delegar
parte de sua capacidade tributária a instituições financeiras, consentindo que estas se
encarreguem da cobrança de créditos inscritos em dívida ativa. Ocorre por endosso-
mandato. A resolução não incluiu a União.
Sub-rogação ativa (CTN, art. 120): modificação superveniente de sujeito ativo. Ex.:
desmembramento territorial. Abrange créditos vencidos e vincendos, independente de
já ter sido objeto de lançamento.
Sujeito passivo: é a pessoa natural ou jurídica, privada ou pública, de quem se exige o
cumprimento da prestação pecuniária (tributo ou penalidade) ou a prestação não-
pecuniária. Divide-se em:
I – contribuinte (sujeito passivo direto), quando tenha relação pessoal e direta com a
situação que constitua o respectivo fato gerador;
II – responsável (sujeito passivo indireto), quando, sem revestir a condição de
contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Não possui relação
pessoal e direta com o fato gerador da obrigação.
Critério da proximidade: é critério adotado pelo CTN para distinguir contribuinte e
responsável, sendo que o contribuinte é quem tem a relação imediata, mais próxima,

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direta com o fato gerador; o responsável tem uma relação indireta, sua ligação com o
fato é mais distante, mais remota.
Obs.: quanto às obrigações acessórias, não há essa bipartição entre contribuinte e
responsável.
Contribuinte de fato: não integra a relação econômica e, portanto, não tem obrigação
legal de pagar o tributo. Contudo, sofre o fenômeno econômico da repercussão que
lhe transfere o ônus econômico de tal tributo. Ex.: transferência do encargo do ICMS
ao consumidor (preço embutido na mercadoria)
Relação com o FG. O sujeito passivo indireto (responsável), conquanto não tenha
relação pessoal e direita com o FG, tem que ter algum liame com o FG (CTN, art. 128),
não podendo a lei tributária estabelecer livremente o responsável. Por seu turno, a lei
tributária – ao definir o responsável tributário – poderá excluir a responsabilidade do
contribuinte (caso de substituição tributária) ou mantê-la de forma supletiva.
Convenções particulares perante a Fazenda Pública: não podem ser opostas ao Fisco
para modificar o sujeito passivo, que é determinado pela lei. A autonomia de vontade
não interfere na relação tributária. O Fisco também, sem base em lei, não poderá usar
tais convenções em seu favor.

12.4 Capacidade e domicílio tributários

Capacidade tributária passiva: é aptidão para ser sujeito passivo da relação jurídico-
tributária. Conforme art. 126 do CTN, capacidade tributária independe de outras
modalidades de capacidade, previstas em outros ramos do Direito (ex.: direito civil).
Assim, pessoas absolutamente incapazes para o direito privado e entes
despersonalizados podem perfeitamente figurar na relação jurídico-tributária como
parte.
Domicílio Tributário (CTN, art. 127): é o local em que o sujeito passivo mantém as suas
relações com o fisco. Aquele tem liberdade em escolher seu domicílio tributário (regra
da eleição), entretanto, tal escolha pode ser recusada pela administração tributária
quando impossibilite ou dificulte a atividade de fiscalização.

Definição de competência. O domicílio tributário determina qual autoridade


administrativa terá competência para cobrar o tributo. Isso é importante, inclusive,

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para determinar qual autoridade ocupará o polo passivo de uma ação de mandado de
segurança, por exemplo.
Nulidade de notificação. Caso a autoridade administrativa encaminhe notificação fiscal
para endereço diferente do indicado pelo contribuinte, tal notificação é nula, por
restrição ao direito de defesa do contribuinte. Entendimento pacífico no STJ (REsp.
33.837/MG).

12.5 Solidariedade

Noções gerais. Há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um


credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda (CC,
art. 264). A rígida repartição da competência tributária impede a existência de
solidariedade ativa nesta espécie de relação jurídica.
Legalidade. Somente a lei pode estabelecer a solidariedade na seara exacional. No CTN
(art. 124), há dois grupos de devedores solidários: a) as pessoas que tenham interesse
comum na situação que constitua o fato gerador; b) as pessoas expressamente
designadas por lei.
Obs.: A existência de uma solidariedade dita “de fato” na primeira hipótese não afasta
a conclusão de que a solidariedade sempre decorre da lei, só que no caso, a lei é o
próprio CTN. A solidariedade dita “de direito” tem arrimo nas leis tributárias
específicas dos tributos a que se refiram.
Características.
1. Não há benefício de ordem;
2. Salvo disposição em contrário:
2.1. Pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
2.2. Isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada
pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos
demais pelo saldo;
2.3. Interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou
prejudica aos demais.

12.6 Responsabilidade tributária (art. 128)

Responsável é sujeito passivo indireto, devendo ter liame com o FG e ser indicado
expressamente na lei.
Obs.: a lei pode excluir a responsabilidade do contribuinte ou atribuí-la em caráter
supletivo.
Modalidades de responsabilidade tributária:

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Momento do surgimento do vínculo: a responsabilidade pode ser “por substituição” ou


“por transferência”. “Por substituição”: a responsabilidade surge
contemporaneamente à ocorrência do fato gerador.
“Por transferência”: no momento do surgimento da obrigação, determinada pessoa
figura como sujeito passivo, contudo, num momento posterior, um evento definido em
lei causa a modificação da pessoa que ocupa o polo passivo da obrigação, surgindo,
assim, a figura do responsável, conforme definida em lei.

12.7 Responsabilidade por transferência

Como dito, a sujeição passiva do responsável surge contemporaneamente à ocorrência


do fato gerador. Ex.: o adquirente de um imóvel é responsável pelos débitos pretéritos
relativos ao IPTU (e será contribuinte dos novos FG). Subdivide-se em: “por sucessão”,
“por solidariedade” e por “infrações”.

12.7.1 Responsabilidade por sucessão (inter vivos ou causa mortis)

As regras sobre sucessão tributária se aplicam às obrigações tributárias surgidas até a


data dos atos legalmente definidos como geradores de sucessão tributária. O que
realmente importa é a data do surgimento da obrigação (ocorrência do fato gerador),
como aponta a cláusula final do art. 129 (“desde que relativos a obrigações tributárias
surgidas até a referida data”).

12.7.1.1 Responsabilidade por tributos relacionados a bens imóveis

São transferidos (sub-rogação) ao adquirente (responsável) os impostos que tenham


como FG a propriedade/domínio útil/posse de bens imóveis; as taxas pela prestação
de serviço* referentes a tais bens ou as contribuições de melhoria (CTN, art. 130).
* Verifica-se que não há sub-rogação em razão do exercício do poder de polícia.
Exceções. Não são transferidos ao adquirente os tributos sobre: a) imóveis
arrematados em hasta pública (a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço); b)
quando constar do título de transferência de propriedade a prova da quitação dos
tributos (certidão negativa).
Arrematação de bens móveis: pela literalidade do CTN, a sub-rogação sobre o preço
(beneficiando o adquirente) só é cabível aos bens imóveis. O STJ, contudo, possui
julgado interpretando pela aplicação também a bens móveis (REsp 905.208/SP).

12.7.1.2 Responsabilidade na aquisição ou remição de bens (CTN, art.


131, I)

A responsabilidade do adquirente de bem móvel é a mesma de imóvel, porém as


exceções que beneficiam o adquirente de imóvel não se aplicam ao adquirente de bem
móvel. Assim, o fato de o adquirente possuir uma certidão negativa ou ter adquirido o
bem em hasta pública não impedem a sua responsabilização.
Remição (resgate). Ela ocorrerá quando o cônjuge, o ascendente ou o descendente
exercer a preferência na adjudicação de bem do devedor expropriado num processo de
execução (CPC art. 685-A, §§ 2.º e 3.º). O remitente ficará com o encargo de pagar os
tributos pendentes sobre o bem móvel resgatado.

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12.7.1.3 Responsabilidade na sucessão hereditária/ causa mortis (CTN,


art. 131, II e III)

Com a morte, ocorre a abertura da sucessão. A transferência do patrimônio do de


cujus ocorre imediatamente com tal fato. A formalização da transferência da
responsabilidade para os sucessores, contudo, depende da conclusão do processo de
inventário (ou arrolamento), com a consequente partilha dos bens. Entre a abertura da
sucessão (morte) e o término do processo de inventário (partilha dos bens), a
responsabilidade pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data de sua morte, é do
espólio.
Do esquema exposto, o espólio será responsável pelos tributos devidos pelo de cujos
até a abertura da sucessão, passando a figurar como contribuinte a partir de então até
a partilha ou adjudicação. Já os sucessores e cônjuge meeiro são responsáveis pelos
devidos até a data da partilha ou adjudicação (tomam o lugar do espólio), sendo após
o marco contribuintes.
Multas moratórias. o STJ entende que, na sucessão causa mortis, “tributos” também
englobam as multas moratórias (REsp 295.222).
Multas ‘de ofício’ (punitivas). Não transferidas a estes sucessores.

12.7.1.4 Responsabilidade na sucessão empresarial (CTN, art. 132 e 133)

“Sucessão empresarial”: sentido amplo, compreendendo todos os casos de operações


entre empresas. As pessoas jurídicas resultantes destas operações empresariais são
responsáveis pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas
sucedidas.
Multas moratórias e punitivas. Para o STJ (REsp 432.049/SC), o sucessor empresarial
possui responsabilidade integral sobre os tributos, multas moratórias e punitivas.
Informativo 438 STJ.

A) CASOS DE FUSÃO, TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO E CISÃO

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O problema da cisão. Como o CTN não tratou dos casos de cisão (instituto posterior ao
CTN - Lei 6.404/1976, art. 220), doutrina majoritária entende aplicável as regras do art.
233 da Lei 6404/76 que define responsabilidade solidária entre companhia cindida que
subsistir e as que absorverem parcelas do seu patrimônio. O lastro seria o art. 123 do
CTN (“salvo disposição em contrário”)

B) CASOS DE EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.


As regras sobre fusão, incorporação e transformação aplicam-se aos casos de extinção
de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva
atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a
mesma ou outra razão social, ou sob firma individual (art. 132, par. único, CTN)

C) CASOS DE AQUISIÇÃO DE FUNDO DE COMÉRCIO OU ESTABELECIMENTO.


O dispositivo trata da hipótese de alienação de um conjunto de bens materiais (imóvel,
mercadorias) ou imateriais (ponto). Não é a própria empresa que é alienada, mas
apenas o conjunto de bens. Tem-se entendido que a alienação apenas da razão social
não gera a sucessão tributária prevista no dispositivo.
Pelo texto legal, percebe-se que o adquirente sempre responderá pelos tributos
devidos até a data do ato. Haverá diferença, contudo, na qualificação da
responsabilidade do adquirente, sendo em certos casos subsidiária e em outros
integral.
O adquirente terá responsabilidade subsidiária, gozando do benefício de ordem, se o
alienante prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da
alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou
profissão. Por sua vez, sua responsabilidade será integral se o alienante cessar a
exploração do comércio, indústria ou atividade.
Falência e recuperação judicial. Com a finalidade de facilitar a quitação de débitos nos
processos falimentares, o legislador trouxe exceções na venda de estabelecimentos ou
fundos de comércio, não se atribuindo responsabilidade ao adquirente: a) desses bens
em processo de falência; b) de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de
recuperação judicial. Essas exceções não se aplicam (retornando a regra já estudada):
se o adquirente for: 1. Sócio ou sociedade controlada; 2. Parente, linha reta ou
colateral, até o 4º grau, consanguíneo ou afim, do devedor ou de seus sócios; 3.
Agente do devedor (“laranja”)

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12.8 Responsabilidade por substituição

Surge contemporaneamente à ocorrência do fato gerador. Assim, quando o


contribuinte concretiza o FG o responsável já imediatamente identificado.
Substituição tributária regressiva (ou para trás, antecedente): pessoas ocupantes das
posições anteriores nas cadeias de produção e circulação são substituídas, no dever de
pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições posteriores nessas mesmas
cadeias. O FG já ocorreu.
Substituição tributária progressiva (ou para frente, subsequente): pessoas ocupantes
das posições posteriores nas cadeias de produção e circulação são substituídas, no
dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições anteriores. O tributo é
pago de uma só vez, sendo calculado sobre o valor pelo qual se presume (pauta fiscal –
regime de arbitramento) que a mercadoria será vendida. O FG vai ocorrer, sendo
presumido.
A constitucionalidade da sistemática da substituição progressiva. Uma vez que o FG
ainda não ocorreu, sendo presumido, parte da doutrina o considera inconstitucional
por violar princípios tributários (tipicidade – O FG não se verificou; capacidade
tributária e não confisco). Entretanto, o STF entende que a cobrança antecipada (ICMS)
constitui simples recolhimento cautelar (RE 194.382). Outrossim, tal possibilidade de
cobrança tem respaldo constitucional (art. 150, § 7º - EC 3/97)
A restituição na sistemática da substituição progressiva. A CF prevê que é assegurada a
imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador
presumido. Assim, não haverá restituição se o valor do FG concretizado for diverso do
presumido, mas apenas se ele não ocorrer (ex.: roubo de mercadoria). Embora a
doutrina majoritária pense diferente, o Fisco argumenta que: 1. Se houvesse a
devolução, o instituto perderia sua utilidade prática, vez que ele deveria fiscalizar a
parte final da cadeia produtiva; 2. O Constituinte usou de silêncio eloquente quando
não previu a restituição em relação a diferenças. O STF já se posicionou pela
constitucionalidade (ADI 1815), mas está pendente novo julgamento nas ADI 2675 e
2177 (INFO 440).

12.9 Responsabilidade de terceiros

Pode decorrer de responsabilidade por transferência ou por sucessão.


A) RESPONSABILIDADE POR ATUAÇÃO REGULAR (CTN, ART. 134)
Responsabilidade solidária. Embora a doutrina identifique que se trata, na verdade, de
caso de responsabilidade subsidiária (há benefício de ordem), a literalidade do CTN diz
que é solidária.
Requisitos: 1) Impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal
pelo contribuinte. 2) apenas em relação aos atos em que intervierem ou às omissões
pelas quais forem responsáveis.
Situações previstas:
 Pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
 Tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados
 Administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
 Inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

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 Síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo


concordatário;
 Tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos
sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
 Sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Obs.: o simples fato de ser sócio não importa responsabilidade tributária, mas sim o
exercício da função de gestão, de administração da instituição.
Obs.2: A responsabilidade solidária nos casos acima só se aplica, em matéria de
penalidades, às de caráter moratório.

A) RESPONSABILIDADE POR ATUAÇÃO IRREGULAR (CTN, ART. 135)


Sendo a atuação irregular, a responsabilidade passa a ser pessoal (exclui-se a do
contribuinte) e não mais “solidária” pelos créditos resultantes da atuação irregular.
Será irregular quando decorrer de atos praticados com excesso de poderes ou infração
de lei, contrato social ou estatutos.
Responsáveis: a) pessoas referidas acima; b) mandatários, prepostos e empregados; c)
diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
Obs.1: Como o surgimento da responsabilidade é contemporâneo ao fato gerador,
tem-se que o art. 135 trata de responsabilidade por substituição.
Obs.2: Não se deve confundir as hipóteses do art. 135 e do 137: naquele, o ato
infracional advém do fato do responsável extrapolar os limites legais, estatutários, ou
contratuais. Todavia, não há conteúdo ilícito, residindo o vício na ausência de
legitimação (competência específica) para sua prática.
Hipótese do art. 208 do CTN. Contempla outra hipótese de responsabilidade de
terceiro, qual seja, a do funcionário que, “com dolo ou fraude”, expeça certidão
negativa “que contenha erro contra a Fazenda Pública”, sem prejuízo da
responsabilidade criminal e funcional.
Inadimplemento empresarial. Entende o STJ (Sum 430), que o simples inadimplemento
não é suficiente à imputação da responsabilidade aos diretores, gerentes ou
representantes. No entanto, se houver a dissolução irregular da sociedade (sem
observância das formalidades legais), enseja a responsabilidade pessoal das pessoas
citadas. Entende-se possível direcionar a execução fiscal contra o sócio, após
comprovado nos autos os elementos que permitem a incidência da norma de
responsabilidade, independentemente de sua prévia inclusão na CDA. Por fim, se o
nome do sócio estiver na CDA (presunção de liquidez e certeza – art. 204 do CTN), a ela
caberá o ônus de provar que não é responsável.
É permitido o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente que, no
momento da dissolução, exercia a gerência, mas que não era o gerente no momento
do fato gerador do tributo?
Sim, pois se ele era sócio no momento da dissolução e a dissolução constitui infração à
lei, ele responde em razão do art. 135, III, CTN.
STJ: É possível redirecionar a execução fiscal contra o sócio-gerente que exercia a
gerência por ocasião da dissolução irregular da sociedade contribuinte,
independentemente do momento da ocorrência do fato gerador ou da data do
vencimento do tributo. A dissolução irregular da sociedade inclui-se no conceito de
“infração à lei” previsto no art. 135, caput, do CTN. A sociedade que deixou de

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funcionar no seu domicílio fiscal sem comunicação aos órgãos competentes, gera
presunção de dissolução irregular apta a atrair a incidência do art. 135, III, do CTN para
redirecionar a execução ao sócio-gerente (súm. 435, STJ). Info 564.

12.10 Responsabilidade por infrações (CTN, art. 136)

Em regra, essa responsabilidade é objetiva, pois independe da intenção do agente ou


responsável.
Impropriedades. Conquanto o CTN atribua a denominação de responsabilidade, na
verdade os ‘responsáveis’ são as pessoas que cometeram a infração, tendo com estas
relação pessoal e direta (soaria estranho denomina-las de “contribuintes da multa”).
Responsabilidade pessoal do agente (art. 137). A regra é punir a pessoa infratora, seja
ela física ou jurídica. Entretanto, esse dispositivo busca alcançar o agente de pessoa
jurídica que comete infrações, em que a própria pessoa jurídica sofre os danos
causados pela ação daquele que atua em seu nome, de forma que a punição deve ser
imposta ao próprio agente, permanecendo a pessoa jurídica na condição de sujeito
passivo do tributo, mas não da multa.
O agente será punido quando as infrações decorrerem de: 1) ilícitos penais (crimes ou
contravenções), salvo se resultar de atuação regular; 2) infrações em cuja definição o
dolo específico do agente seja elementar 22; 3) que decorram direta e exclusivamente
de dolo específico:
a) das pessoas referidas no art. 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes
ou empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado,
contra estas.
Denúncia espontânea (CTN, art. 138). É espontânea a denúncia apresentada antes do
início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização. Quando
acompanhada pelo pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito
da importância arbitrada pela autoridade administrativa, a denúncia espontânea exclui
a responsabilidade. Deste modo, não basta o sujeito passivo declarar a sua intenção
de pagar ou simplesmente solicitar (e obter) um parcelamento para que se configure a
denúncia espontânea. Deve haver o pagamento do tributo mais os juros de mora.
Multa de mora. Não está abrangida pelo dispositivo em análise, mas o Fisco tende a
cobrá-la. O STJ não tem aceitado essa cobrança na denúncia espontânea (AgRg nos
Edcl no Ag 755.008/SC, 1ª Turma).
Início do procedimento fiscal. O ato que formaliza tal início relativo à infração deve
identificar os períodos objeto da apuração e os tributos a que se refere. Por
conseguinte, somente estará o sujeito passivo impedido de obter os benefícios da
denúncia espontânea no que concerne a tais tributos e a tais períodos.
Parcelamento e denúncia espontânea. O parcelamento do débito confessado não
permite a aplicação do benefício do art. 138 do CTN (STJ, REsp. 284.189). Ratifica tal
entendimento o art. 155-A, § 1º, do CTN.
Denúncia espontânea e infrações meramente formais: não se aplica a tais infrações
(STJ, RESP 1142739). Assim, multas por atraso na entrega de declarações, por exemplo,

22
O legislador insere na definição de determinados ilícitos a presença de um elemento subjetivo do
injusto, fazendo que sua configuração dependa da existência de dolo específico.

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não ficam excluídas com a denúncia espontânea. Do contrário, os prazos seriam


desmoralizados.
Denúncia espontânea e tributos sujeitos a lançamento por homologação: não se
aplica o instituto da denúncia espontânea quando o sujeito passivo, na sistemática do
lançamento por homologação, declara o valor devido e não faz o pagamento
correspondente no prazo legal (STJ, EREsp 629426).

13 Ponto 13 - Constituição do crédito tributário. Lançamento. Modalidades.


Suspensão do crédito tributário.
13.1 Crédito Tributário

O crédito tributário é a obrigação tributária tornada líquida e certa por intermédio do


lançamento.
STJ: “o crédito tributário não surge com o fato gerador. Ele é constituído com o
lançamento (artigo 142 do CTN)”. (REsp 250.306/DF).
O fato gerador apenas constitui a obrigação tributária da qual decorrerá o crédito
tributário.

13.2 Lançamento

Conceito: é o ato por meio do qual se declara a obrigação tributária e se constitui o


crédito tributário. Portanto, possui natureza jurídica mista: declaratória da OT e
constitutiva do CT.

Efeitos: ex tunc.

Ato ou procedimento
Segundo a lei: procedimento
Segundo a doutrina:O Professor Paulo de Barros entende que o lançamento é ato
jurídico. Já Eduardo Sabbag entende que se trata de procedimento.
É ato administrativo vinculado.

Competência para lançar: Ente federativo com competência constitucional prévia.


Outras formas de constituição do crédito tributário.
1) Declaração do contribuinte: “É inteiramente equivocada a afirmação, ainda
corrente, de que o lançamento, feito pela autoridade fiscal, é instituto indispensável e
sempre presente nos fenômenos tributários e que, ademais, é o único modo para
efetivar a constituição do crédito tributário [...] não atribui ao Fisco a exclusividade de
constituir o crédito tributário, nem está erigindo o lançamento como única forma para
a sua constituição. A exclusividade, a que se refere o dispositivo, diz respeito apenas ao
lançamento, mas não à constituição do crédito. [...] Ora, essa formalização (=
constituição do crédito tributário) pode ocorrer por vários modos. [...] A modalidade
mais comum de constituição do crédito tributário sem que o seja por lançamento é a
da apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários
Federais – DCTF” (REsp 962379/RS).
2) Sentença trabalhista. Segundo o art. 114, VIII, CF, a Justiça do Trabalho deve
promover a execução de ofício das contribuições sociais decorrentes das sentenças
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que proferir. Neste caso, a sentença trabalhista transitada em julgado constitui o


crédito tributário.
3) lançamento por homologação – contribuinte que ao invés de pagar efetua depósito -
STJ: o depósito judicial para suspender a exigibilidade do crédito tributário já o
constitui; razão pela qual o lançamento fiscal em relação ao valor depositado é
desnecessário. Assim, não há que se falar em decadência do crédito tributário por não
ter sido lançado em relação ao crédito discutido pelo Fisco. (EREsp 898.992-PR)

Funções do lançamento
a) verificar a ocorrência do fato gerador;
b) identificar o sujeito passivo (art. 97, III, CTN);
c) determinar a matéria tributável (Base de Cálculo);
d) calcular o montante do tributo devido;
e) aplicar a penalidade (multa), se for o caso.

Legislação formal e material aplicável ao procedimento de lançamento:


Quanto à estrutura da obrigação tributária (aspecto material) aplica-se a lei vigente ao
momento do fato gerador, porém normas relativas procedimentos, prerrogativas ou
formalidades adstritas ao lançamento poderão ser aplicadas retroativamente.
Observação: o aspecto pessoal (identificação do sujeito passivo) integra a estrutura da
obrigação tributária e, por isso, não pode ser alvo retroação.

Taxa de câmbio aplicável ao procedimento de lançamento: Art. 143 do CTN. Salvo


disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda
estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do
dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.

Alteração do lançamento regularmente notificado: após a realização do lançamento,


a autoridade administrativa precisa comunicá-lo oficialmente. É a notificação que
confere efeitos ao lançamento realizado. Com a notificação, o lançamento se
presume definitivo. A regra passa a ser que o mesmo não mais será alterado. O CTN
traz, em seu art. 145, as exceções:

a) impugnação pelo sujeito passivo: O STJ entende irregular a notificação e, por


conseguinte, nulo o lançamento, quando não se abre prazo para que o sujeito passivo,
querendo, exerça seu direito de impugnação (REsp 1.227.676/PR). Registre-se,
contudo, que a impugnação pelo sujeito passivo pode resultar em agravamento da
exigência se, por exemplo, em diligência ou perícia determinada pela autoridade
julgadora, for verificada alguma incorreção ou omissão. Nessa hipótese, será realizado
um lançamento suplementar, com a consequente devolução do prazo para
impugnação relativa à parte modificada. Não há, portanto, proibição de alteração para
pior (reformatio in pejus) no processo administrativo fiscal, uma vez que, nessa seara,
deve ser observado o princípio da verdade material;
b) recurso de ofício e recurso voluntário: se o sujeito passivo impugnou o lançamento
e a autoridade julgadora, concordando total ou parcialmente com a impugnação,
desconstituiu total ou parcialmente o crédito, liberando o contribuinte de montante

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acima de determinado valor (denominado “valor de alçada”), o processo


necessariamente será remetido à segunda instância (na esfera federal, o CARF);
c) iniciativa de ofício da autoridade administrativa: Verificado um vício no ato
praticado, tem a Administração Tributária o poder-dever de corrigi-lo,
independentemente de provocação do particular, em homenagem ao princípio da
legalidade e ao seu corolário, o princípio da autotutela.

Erro de direito e erro de fato – possibilidade de alteração do lançamento.


Erro de direito: não autoriza a revisão de lançamentos. O novo critério jurídico,
escolhido pelo Fisco, na atividade de lançamento, só poderá ter efeitos ex nunc, com
aplicação exclusiva a casos futuros, prestigiando-se a boa-fé do contribuinte (146,
CTN). Posto isto, é incabível o lançamento suplementar motivado por erro de direito.
Súmula 227/TFR: “A mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a
revisão de lançamento”. STJ: “aceitando o Fisco a classificação feita pelo importador
no momento do desembaraço alfandegário ao produto importado, a alteração
posterior constitui-se em mudança de critério jurídico vedado pelo CTN”.
Erro de fato: pode e deve justificar a revisão do lançamento já realizado, com
observância do prazo decadencial previsto no art. 173 (cinco anos). O “erro de fato” se
refere às circunstâncias objetivas que não dependem de interpretação normativa
para sua verificação.
STJ: no caso do IPTU, a retificação de dados cadastrais do imóvel autoriza a revisão do
lançamento quando decorrer de apreciação de fato não conhecido por ocasião do
lançamento anterior. É o caso de desconhecimento da real metragem do imóvel ou da
modificação do padrão. (REsp 1130545).

13.3 Modalidades de lançamento


13.3.1 Lançamento Direto Ou De Ofício

Ocorre quando o Fisco dispõe dos dados suficientes para efetuar a cobrança,
dispensando o auxílio do contribuinte. Ex: IPTU, IPVA e contribuições de melhoria.
Também é utilizado nos casos de omissões, erros ou fraudes que justificam a
realização de novo lançamento. Está previsto no artigo 149 do CTN.

13.3.2 Lançamento “por declaração” ou misto

É efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, que presta à


autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua
efetivação. A declaração entregue pelo sujeito passivo da obrigação acessória apenas
fornece a matéria de fato necessária para a constituição do crédito que é realizada
pelo Fisco.

Lançamento por arbitramento: o valor da base de cálculo será determinado com base
numa prudente e razoável suposição da autoridade administrativa. A jurisprudência
entende que a simples ausência de escrita fiscal regular não é motivo para o
lançamento por arbitramento, uma vez que tal técnica não possui natureza punitiva.
Ressalte-se que o arbitramento não se constitui numa quarta modalidade de
lançamento, sendo apenas uma técnica para se definir a base de cálculo, para que se
proceda a um lançamento de ofício.
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* Pautas fiscais: Sempre que, na atividade de lançamento, for adotada uma base de
cálculo que não corresponda comprovadamente ao preciso valor ou preço do bem,
direito, serviço ou ato jurídico, mas sim a um valor razoável fixado com base em
pesquisas, estatísticas ou procedimentos semelhantes, haverá arbitramento.
Atualmente, a expressão “pauta fiscal” deve ser utilizada com bastante cuidado, já que
segundo o STJ “é ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da mercadoria
submetido ao regime de pauta fiscal” (Súmula 431). A questão é apenas terminológica,
pois o que o Tribunal considerou ilegítima foi a utilização de tabelas com “valores
fixados prévia e aleatoriamente para a apuração da base de cálculo do tributo” que
sejam encaradas como presunção absoluta de valor (RMS 18.677⁄MT).
Voto do relator: a pauta fiscal não encontra espaço no ordenamento jurídico. Não se
enquadra nem na hipótese de arbitramento (em que há contraditório em processo
administrativo-fiscal), nem se assemelha ao regime de valor agregado para a fixação da
base de cálculo do ICMS na substituição progressiva.

13.3.3 Lançamento por homologação ou “autolançamento”

“Autolançamento”: é expressão tecnicamente incorreta. Contraria o conceito de


lançamento enquanto atividade privativa do Fisco. O próprio STJ prefere, em seus
julgados, utilizar a terminologia “homologação do pagamento” ou “homologação da
atividade do sujeito passivo”.

Característica principal dessa espécie: dever do sujeito passivo de antecipar o


pagamento

Momento em que o crédito tributário é definitivamente extinto: não é com o


pagamento, mas com a homologação. O pagamento antecipado extingue o crédito
sob condição resolutória (150, §1º, CTN).

Homologação expressa ou tácita. Será expressa quando a autoridade administrativa


editar ato homologando. Será tácita quando a Administração Tributária deixar escoar o
prazo legal para a homologação expressa. Se a lei não fixar prazo a homologação, será
ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador (Art. 150, §§ 1º e 4º), salvo
se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, caso em que se aplica a
regra do art. 173, I, referente ao lançamento de ofício.
Exemplos de tributos lançados por homologação: IR, ITR, ICMS e ISS.

Prescrição e os lançamentos por homologação. Para o STJ, a entrega da declaração


pelo contribuinte constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência
por parte do fisco. (Súmula 436/STJ). Se declarou e não pagou, o termo inicial da
prescrição é a data do vencimento do pagamento. Nesses casos: (i) não se fala em
decadência, mas em prescrição; (ii) após a entrega da declaração, escoado o prazo
para pagamento, o Fisco não precisa notificar o contribuinte para inscrever o débito
em dívida ativa; (iii) não há falar em denuncia espontânea; (iv) inibe-se a emissão de
certidão negativa de débito (Súmula 446/STJ). Entretanto, caso o Fisco verifique que há
quantia a ser exigida além daquela que foi declarada, deverá realizar um lançamento

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suplementar de ofício em relação ao saldo remanescente, havendo aí a fluência de


prazo decadencial.
STJ: “o termo a quo do prazo prescricional para o ajuizamento da ação executiva tem
início com a constituição definitiva do crédito tributário, que ocorre com a entrega da
respectiva declaração pelo contribuinte, declarando o valor a ser recolhido, ou do
vencimento do tributo, o que for posterior”. (AgRg no REsp 1301722/MG DJe 2014)

13.4 Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário


13.4.1 Moratória

Consiste na dilação do prazo de pagamento do tributo. Pode ser concedida em caráter


individual (exigindo-se despacho da autoridade administrativa) ou em caráter geral
(em face de situações excepcionais).

Requisitos para concessão da moratória


A lei concessiva da moratória deve conter os seguintes requisitos:
a) Estipular o prazo do favor;
b) Destacar a quais tributos se refere;
c) Definir se é geral ou individual. Se for individual, haverá condições a serem
cumpridas e será necessário despacho da autoridade competente.

“Revogação” da moratória individual


A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será
revogada de ofício, sempre que:
a) se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou
b) não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor.

Cobrança dos créditos em caso de “revogação”:


Nessa hipótese, irá cobrar-se o crédito acrescido de juros de mora:
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do
beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.

Tais disposições aplicam-se, no que couber, à isenção, à anistia e à remissão.

O PoderJudiciário inclina-se a favor da tese segundo a qual a suspensão da


exigibilidade do crédito constituído interrompea prescrição.
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Súmula 248 do extinto TFR: “O prazo da prescrição interrompido pela


confissão e parcelamento da dívida fiscal recomeça a fluir no dia em
que o devedor deixa de cumprir o acordo celebrado.

13.4.2 Depósito do montante integral

Se o sujeito passivo não concorda com o lançamento realizado, pode impugná-lo,


administrativa ou judicialmente.

Ação judicial. Se a opção é a via judicial, o contribuinte poderá suspender a


exigibilidade do crédito tributário mediante o depósito do montante integral do valor
exigido pelo Fisco. Trata-se de direito do contribuinte, que não pode ter seu exercício
obstado pela Fazenda Pública (STJ, REsp 196.235/RJ).

Impugnação administrativa. Se a opção é a via administrativa, a própria instauração


do processo administrativo fiscal tem por efeito a suspensão da exigibilidade do
crédito, mas pode o contribuinte decidir realizar o depósito do montante integral
como meio de se livrar da fluência dos juros de mora.

Decisão final favorável ao Fisco:converte-se o depósito em renda (hipótese de extinção


do Crédito Tributário). Nesse caso, tendo sido feito o depósito do montante integral, não
será cobrado mais nenhum outro valor do sujeito passivo a título de juros ou multa de
mora.

Decisão final favorável ao contribuinte


Na hipótese de o sujeito passivo obter decisão favorável, ele tem direito de levantar o
valor depositado, corrigido conforme previsto em lei (na esfera federal a taxa é a
SELIC).
Obs.: nos casos em que transita em julgado uma decisão judicial extinguindo o
processo sem julgamento do mérito, o STJ entende que o depósito deve ser
convertido em renda, pois a única hipótese que ensejaria o levantamento do depósito
seria a decisão favorável ao contribuinte, passada em julgado (EREsp 215.589/RJ)

Valor do depósito. Súmula 112/STJ: O depósito somente suspende a exigibilidade do


crédito tributário se for integral e em dinheiro.
O depósito é uma faculdade do contribuinte para suspender a exigibilidade do
crédito. No entanto, caso queira questionar administrativa ou judicialmente o crédito,
poderá fazê-lo sem que seja indispensável o depósito. Nesse sentido:

Súmula vinculante n.º 21: É inconstitucional a exigência de depósito


ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de
recurso administrativo.

Súmula vinculante n.º 28: É inconstitucional a exigência de depósito


prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
pretenda discutir a exigibilidade do crédito tributário.

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Por fim, restou decidido pelo STJ que o artigo 892 do CPC NÃO é aplicável aos
depósitos judiciais referentes a créditos tributários, de tal sorte que são exigíveis multa
e juros caso o depósito não seja realizado dentro do prazo para o pagamento do
tributo (AgRg no REsp 1.365.761-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
9/6/2015, DJe 17/6/2015 (Informativo 564).

13.4.3 Reclamações e recursos administrativos no Processo Administrativo


Fiscal

Reclamações
Com a impugnação instaura-se um litígio a ser dirimido por um órgão julgador de
primeira instância (ou instância única).

Recurso
Decidido o processo em primeira instância e havendo previsão na lei do processo
administrativo fiscal, poderá haver recurso contra a decisão, direcionado ao órgão de
segunda instância.

Efeito suspensivo das reclamações e recursos


Tanto no caso das reclamações, quanto no dos recursos propriamente ditos, haverá a
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não sendo possível ao Fisco
promover qualquer ato de cobrança enquanto não encerrado o processo
administrativo.

Contudo, a suspensão do crédito tributário não é aplicável à reclamação administrativa


interposta perante o CARF na qual se questione a legalidade do ato de exclusão do
contribuinte de programa de parcelamento (REsp 1.372.368-PR, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 5/5/2015, DJe 11/5/2015, Informativo 561). Isso porque, segundo
o STJ, nessa situação é inaplicável o art. 151, II, do CTN, o qual tem como âmbito de
incidência tão somente as reclamações e recursos que discutam o próprio lançamento
tributário.

Por outro lado, tem-se decidido que o pedido administrativo de compensação se


enquadra nesse inciso e também suspende a exigibilidade do tributo (STJ, REsp 774.179-
SC). STJ: O pedido administrativo de compensação tem o condão de suspender a
exigibilidade do crédito tributário. (AgRg no REsp 1301890 / RS)

13.4.4 Concessão de Liminar em Mandado de Segurança

A concessão da liminar apenas proíbe a promoção de atos executórios, impedindo a


exigibilidade do crédito.
Nesse sentido, a concessão de liminar não impede a própria constituição do crédito
(lançamento para evitar a decadência), a teor do que dispõe o artigo 63 da Lei
9.430/96.

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13.4.5 Liminar ou tutela antecipada em outras espécies de Ação Judicial

Até o advento da Lei Complementar 104/2001, o CTN não continha disposição


expressa reconhecendo efeito suspensivo sobre o crédito tributário das liminares e
tutelas antecipadas concedidas em ações judiciais diversas do mandado de segurança.

13.4.6 Parcelamento

O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica


(art. 155-A do CTN). Essa lei específica é lei do membro da Federação com
competência para a instituição do tributo. Assim, haverá em cada ente federado a
edição de duas leis específicas sobre parcelamento. Salvo disposição de lei em
contrário, o parcelamento do Crédito Tributário não exclui a incidência de juros e
multas.
Após a edição da Lei Complementar 118/2005, foram incluídos dois novos parágrafos
no art. 155-A, disciplinando o parcelamento relativo aos créditos tributários do
devedor em recuperação judicial.
Caso o ente político não edite a segunda lei específica, surgirá para o devedor o direito
de utilizar a lei geral de parcelamento do ente, não podendo, neste caso, ser o prazo
de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica.
Por fim, é importante registrar que a Lei 12.382/2011 acresceu parágrafos ao art. 83
da Lei n. 9.430/1996, estabelecendo que a concessão de parcelamento impede o
encaminhamento ao Ministério Público de representação fiscal para fins penais
relativas aos crimes contra a ordem tributária definidos nos arts. 1.º e 2.º da Lei 8.137/
1990.

EMENTA do STJ: 1. O instituto da denúncia espontânea (art. 138 do


CTN) não se aplica nos casos de parcelamento de débito tributário.
(REsp 1102577 DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 18/05/2009)

14 Ponto 14 - Extinção do crédito tributário. Pagamento. Compensação.


Restituição. Transação. Remissão. Prescrição e decadência. Conversão do
depósito em renda. Consignação em pagamento. Decisão administrativa
irreformável e decisão judicial passada em julgado. Restituição do
tributo transferido. Restituição de juros e multas. Correção monetária.
Suspensão e inexigibilidade do crédito tributário. Exclusão do crédito
tributário. Garantias e privilégios do crédito tributário.

14.1 O pagamento

Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de


pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se
decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao
mesmo ou a outros tributos.

Nesta linha do completo afastamento das presunções, o STJ entende que “a expedição
de certificado de registro e licenciamento de veículo, embora condicionada à quitação
de tributos incidentes sobre a propriedade de veículo automotor, não é dotada de

122
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qualquer eficácia liberatória de obrigação fiscal” (1ª Turma, REsp 511.480/RS, j;


24.06.2003).
Os efeitos da mora, em direito tributário, são automáticos (mora ex re).
Processo administrativo de consulta, juros de mora e penalidade: de acordo com o §
2º do art. 161 do CTN, enquanto pendente consulta formulada pelo sujeito passivo
dentro do prazo para pagamento do crédito, não haverá fluência dos juros, nem
aplicação de penalidade. (dúvida razoável).

14.2 Compensação

Importante ressaltar: a compensação depende de leide cada ente da Federação. Se


não houver lei, não há direito à compensação (resta ao contribuinte pedir restituição).
Além disso, é a lei específica que determina os termos e limites da compensação.
Requisitos:
1) necessidade de lei que autorize a compensação;
2) os créditos de titularidade do sujeito passivo sejam líquidos e certos, vencido ou
vincendos.

Diferença da compensação tributária para a compensação civil:

Tributária Civil
depende de lei específica independe de lei
créditos do fisco vencidos e vincendos apenas dívidas vencidas
só dinheiro qualquer objeto fungível
Trânsito em julgado: o artigo 170-A do CTN vincula o direito de compensação ao
trânsito em julgado da sentença.
Vale ressaltar que “a restrição da possibilidade de se efetivar a compensação
somente após o trânsito em julgado, só se aplica às ações que tenham sido ajuizadas
posteriormente ao advento da LC n. 104/2001 ,nos termos do Recursos Especial n.
1.137.738-SP, Relator Min. Luiz Fux, DJe 01/02/2010, uma vez que no acórdão citado,
que é representativo de controvérsia (543-C do STJ), a Lei Complementar 104, de 10 de
janeiro de 2001, ao acrescentar o artigo 170-A do Código Tributário Nacional, agregou
mais um requisito à compensação tributária, devendo ser considerado o regime
jurídico vigente à época do ajuizamento da demanda.” (AC 0008179-
38.1999.4.01.3800 / MG, Rel. JUIZ FEDERAL SILVIO COIMBRA MOURTHÉ, 6ª TURMA
SUPLEMENTAR, e-DJF1 p.157 de 12/09/2012). Isso porque, até então, não havia
vedação legal.
Em que pese o § 3º do art. 16 da LEF vedar a compensação em embargos à execução
fiscal, o STJ vem entendendo-a cabível.

Súmula 394/STJ: “É admissível, em embargos à execução, compensar


os valores de imposto de renda retidos indevidamente na fonte com
os valores restituídos apurados na declaração anual”.

Súmulas do STJ:

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212 - A compensação de créditos tributários não pode ser deferida


por medida liminar.

213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a


declaração do direito à compensação tributária.

Súmula 461/STJ: O contribuinte pode optar por receber, por meio de


precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por
sentença declaratória transitada em julgado.

Súmula 462/STJ É incabível o mandado de segurança para convalidar


a compensação tributária realizada pelo contribuinte.

Sobre compensação em âmbito federal, imprescindível tomar


conhecimento da Lei 9.430/96:

A partir de 30/12/2002, com a nova redação dada ao art. 74, dada pela Lei 10.637/02,
foi autorizada, para tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a
compensação por iniciativa do contribuinte, mediante a entrega de declaração
contendo informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de
extinguir o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação.
Se a compensação do tributo não for, de fato, devida, a declaração de compensação
constitui o crédito tributário, podendo a Administração cobrá-la em juízo sem a
necessidade de lançamento.

Obs: Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, inviável a compensação de crédito


tributário com precatório devido por pessoa jurídica distinta:

Compensação com precatório:

TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 170 DO CTN. LEI LOCAL


AUTORIZATIVA. NECESSIDADE. PRECATÓRIO DEVIDO POR
PESSOA JURÍDICA DISTINTA. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO,
MEDIANTE COMPENSAÇÃO OU DAÇÃO EM PAGAMENTO, DE
CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS COM CRÉDITO ORIUNDO DE
PRECATÓRIO DEVIDO POR ESTADO-MEMBRO.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ.2. Nos termos da
jurisprudência desta Corte, "a extinção do crédito tributário
mediante compensação somente é possível se houver lei
autorizativa na esfera do Estado. Precedentes do STJ. Na falta
de previsão expressa, é inviável compensar débitos tributários
com precatório de entidade pública diversa (...). Nesse
contexto, uma vez ausente norma regulamentar do art. 170 do
CTN que autorize a compensação de tributos com precatório de
ente diverso, não se aplica a sistemática do art. 78, § 2°, do
ADCT, o qual confere poder liberatório do pagamento de
tributos da entidade devedora. Tal conclusão não sofreu abalo
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com o advento da EC 62/2009. A inexistência de identidade


entre o devedor do precatório e o credor do tributo afasta a
incidência do dispositivo constitucional" (STJ, AgRg no AREsp
125.196/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma,
DJe de 15.2.2013).

(AgRg no AREsp 502.344/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,


SEGUNDA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 13/10/2014)

14.3 Compensação Tributária. Tributos de Natureza diversa.

Não há proibição expressa no CTN, nem na CF. A orientação majoritária no STJ é no


sentido de se verificar o regime legal definido pela lei ordinária na época da
compensação. Todavia, o parágrafo único do art. 26 da Lei 11.457/2007 (criadora da
Secretaria da Receita Federal do Brasil) impede de forma cabal a compensação que
envolva contribuição social de natureza previdenciária.
Jurisprudência do STJ:
A Primeira Seção, em sede de recurso especial representativo de controvérsia (art.
543-C do CPC, "consolidou o entendimento de que, em se tratando de compensação
tributária, deve ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamento da
demanda, não podendo ser a causa julgada à luz do direito superveniente, tendo em
vista o inarredável requisito do prequestionamento, viabilizador do conhecimento do
apelo extremo, ressalvando-se o direito de o contribuinte proceder à compensação
dos créditos pela via administrativa, em conformidade com as normas posteriores,
desde que atendidos os requisitos próprios (EREsp 488992/MG)"

TRIBUTÁRIO. CRÉDITO-PRÊMIO. COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO


PELA ADMINISTRAÇÃO. RECURSO ADMINISTRATIVO PENDENTE.
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO TRIBUTO. FORNECIMENTO DE
CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA. IMPOSSIBILIDADE. 3.
Todavia, o art. 74 da Lei 9.430/96 sofreu profundas alterações ao
longo dos anos, sobretudo após a edição das Leis 10.637/02,
10.833/03 e 11.051/04, as quais acresceram conteúdo significativo à
norma, modificando substancialmente a sistemática de
compensação. Segundo as novas regras, o contribuinte não mais
precisa requerer a compensação, basta apenas declará-la à Secretaria
da Receita Federal, o que já é suficiente para extinguir o crédito
tributário sob condição resolutória da ulterior homologação do Fisco,
que pode ser expressa ou tácita (no prazo de cinco anos). Por outro
lado, fixou-se uma série de restrições à compensação embasadas na
natureza do crédito a ser compensado. Assim, por exemplo, passou-
se a não mais admitir a compensação de créditos decorrentes de
decisão judicial ainda não transitada em julgado, de créditos de
terceiros ou do crédito-prêmio de IPI. (RESP 200901840085, CASTRO
MEIRA - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:06/04/2010)

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14.4 Restituição

A restituição de indébito obedece a um princípio basilar do direito: a vedação ao


enriquecimento sem causa. Assim, ainda que não haja lei disciplinando a restituição,
ela deve existir e pode ser deferida, especialmente na via judicial, e
independentemente de prévio protesto. Nesse sentido, o próprio CTN já traz a
restituição como um direito do contribuinte.

Súmula 188/STJ: OS JUROS MORATORIOS, NA REPETIÇÃO DO


INDEBITO TRIBUTÁRIO, SÃO DEVIDOS A PARTIR DO TRANSITO EM
JULGADO DA SENTENÇA.

Súmula 162/STJ: NA REPETIÇÃO DE INDEBITO TRIBUTARIO, A


CORREÇÃO MONETARIA INCIDE A PARTIR DO PAGAMENTO
INDEVIDO.

Obs.1: Após a edição da Lei 9.250/95, aplica-se a taxa SELIC desde o recolhimento
indevido, ou, se for o caso, a partir de 1º.01.1996, não podendo ser cumulada, porém,
com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque a
SELIC inclui, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.

Tributos indiretos: o art. 166 do CTN determina que a restituição de tributos que
comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente
será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo
transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

Sobre o tema, algumas decisões do TRF da 1ª Região:

Por se tratar de tributo direto, em que o contribuinte de direito, pela sistemática da


COFINS, não transfere o encargo tributário para outros agentes da cadeia econômica,
suportando, ele próprio, o encargo tributário, é inaplicável o disposto no art. 166 do
CTN. AMS 2000.39.00.008061-9/PA em1/4/08

SÚMULA Nº 546 do STF: Cabe a restituição do tributo pago


indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte
"de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum"
respectivo.

O direito de pleitear a restituição prescreve em 5 anos, contados a partir da extinção


do crédito tributário nas hipóteses I e II do artigo 165 do CTN e a partir da data em
que se tornar definitiva a decisão que haja cassado a decisão condenatória na
hipótese III (art. 168).

Controvérsia criada pela Lei Complementar nº 118/2005.

STF/ Info 643: "É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei
Complementar 118/2005. Esse o consenso do Plenário que, em

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conclusão de julgamento, desproveu, por maioria, recurso


extraordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o
citado preceito — v. Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido
pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao
princípio da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da
confiança e de acesso à Justiça, com suporte implícito e expresso nos
artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do
novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso
da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005”. Ou seja, o
STF não considera o momento da ocorrência do fato gerador, mas
sim o momento do ajuizamento da ação de repetição de indébito.

Prazo para pleitear a restituição no âmbito judicial:

5 anos, desde que demonstrado o interesse de agir (existência de posicionamento da


Fazenda em desfavor da tese do pleiteante).
Todavia, se optar por formular o pleito inicialmente na via administrativa e o mesmo
vier a ser indeferido, haverá incidência do art. 169 do CTN: “Prescreve em dois anos a
ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição”.
Vale ressaltar que, consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é de 5
(cinco) anos o prazo para a execução de decisão judicial que determina a repetição
do indébito tributário, ainda que se trate de exação sujeita a lançamento por
homologação (STJ - Primeira Turma - REsp 1.092.775/RS - Rel. Min. Francisco Falcão -
DJe de 19.3.2009).

Conforme o STJ, “a partir de uma interpretação conjunta dos artigos 156, inciso V, (que
considera a prescrição como uma das formas de extinção do crédito tributário) e 165,
inciso I, (que trata a respeito da restituição de tributo) do CTN, há o direito do
contribuinte à repetição do indébito, uma vez que o montante pago foi em razão de
um crédito tributário prescrito, ou seja, inexistente”. (RESP 200400346220, SEGUNDA
TURMA, DJE 23/06/2009)

14.5 Remissão

É o perdão ou dispensa total ou parcial do pagamento do tributo devido, mediante lei


autorizativa. É causa de extinção do crédito tributário (artigo 156, IV do CTN).

A remissão pode ser realizada pela autoridade administrativa, mediante ato


fundamentado, quando devidamente autorizada por lei. O ato em tela não gera direito
adquirido.

A lei deve ser específica, ou seja, deve tratar apenas deste assunto, nos termos do art.
150, §6º da CF.
A remissão só é concedida após o lançamento, e pode abranger o crédito relativo a
tributo e/ou multa.
A isenção, diferentemente, precede o lançamento.

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Não se confunde com anistia, que é forma de exclusão do crédito tributário (artigo
175, II do CTN) que consiste no perdão de infrações e, consequentemente, na
exclusão da penalidade correspondente.

14.6 Transação

É o acordo entre o Fisco e o contribuinte, dependente de lei autorizativa, com


concessões mútuas, ou seja, cada parte cede parcela de seu direito com o objetivo de
atingirem ponto de interesse para ambas, terminando o litígio e extinguindo o crédito
tributário.

Obs1: 2. Na desistência dos embargos à execução fiscal (movida pela FN) por adesão
ao Parcelamento junto à Fazenda Nacional, o encargo de 20% de que cuida o art. 1º do
DL n. 1.025/69, de compulsória inclusão, faz as vezes dos honorários advocatícios, quer
se entenda a adesão como transação, quer como faculdade do contribuinte (SÚMULA
n. 168 do ex-TFR c/c EREsp n. 445.582/RS). AC 2006.01.99.000903-0/MG em jun/08

14.7 Prescrição e decadência


14.7.1 Decadência

Conceito: fulmina o direito potestativo de lançar o crédito tributário (por isso seria
melhor classificá-la como forma de exclusão do crédito e não de extinção). O
lançamento é o divisorde águas entre a prescrição e a decadência. Assim, dito de
forma simples e direta, a decadência é o prazo para o Fisco lançar, apurar ou
determinar o crédito tributário.

14.7.1.1 Início do prazo decadencial de 5 anos:

a) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao


lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por
homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado ou não
entrega a declaração – aplica-se o art. 173, I, do CTN (o direito de a Fazenda Pública
constituir o crédito tributário, extingue-se após 5 anos, contados do primeiro dia do
exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado) –
STJ: Resp 973.733 (recurso repetitivo);
b) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte
de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a
lançamento de ofício ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que
inocorre o pagamento antecipado – aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN (o
prazo decadencial conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca da medida
preparatória do lançamento);
c) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a
lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida – aplica-
se a primeira parte do § 4º do art. 150 do CTN (o prazo decadencial conta-se da
ocorrência do fato gerador) – STJ: AgRg nos EResp 216.758;
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d) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com


fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida
preparatória – aplica-se o parágrafo único do art. 173 do CTN (o prazo decadencial
conta-se da data da notificação do sujeito passivo acerca do ilícito tributário, medida
indispensável para justificar a realização do ulterior lançamento);
e) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior –
aplica-se o art. 173, II, do CTN (o prazo decadencial conta-se da data em que se tornar
definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente
efetuado).
Nos casos em que o débito tributário é declarado, mas não pago, o STJ, em sede de
recurso especial submetido à sistemática dos recursos repetitivos, firmou
entendimento de que a declaração formal do sujeito passivo do débito tributário, a
exemplo da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF e da Guia de
Informação e Apuração de ICMS – GIA, é, por si só, modo de constituição do crédito
tributário, não havendo que se falar, assim, em decadência. Posteriormente, tal
entendimento passou a ser objeto do verbete sumular de n. 436, pelo qual “a entrega
de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”.

Obs1: "no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte,


ao realizar o depósito judicial com vistas à suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, promove a constituição deste nos moldes do que dispõe o art. 150 e
parágrafos do CTN." (EREsp 686.479/RJ, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Seção,
DJ 22.9.2008).

Obs2: Como a própria declaração já constitui o crédito tributário, não é necessária a


instauração de PAF. STJ: “Entregue a declaração, é desnecessário instaurar processo
administrativo para cobrança do tributo inadimplido.” (AgRg no Ag 1144686/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 02/02/2011).
Desse modo, conforme decidido recentemente pelo STJ, uma vez constituído o crédito
por meio de declaração realizada pelo contribuinte, compete à autoridade tributária
tão somente a realização de cobrança, não caracterizando a emissão do DCG Batch
novo lançamento, e, consequentemente, marco de início de prazo prescricional (REsp
1.497.248-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 6/8/2015, DJe 20/8/2015,
Informativo 567).

Nota: A GFIP é um documento por meio do qual o contribuinte declara os fatos


geradores de contribuições previdenciárias e valores devidos ao INSS, bem como as
remunerações dos trabalhadores e o valor a ser recolhido a título de FGTS. DCG
(“Débito Confessado em GFIP”) é um documento por meio do qual o Fisco,
percebendo que houve pagamento a menor, apura a diferença dos valores declarados
na GFIP e aqueles que foram efetivamente recolhidos. A emissão de “Débito
Confessado em GFIP - DCG” não altera o termo inicial da prescrição tributária. O prazo
prescricional já começou a correr no momento da entrega da GFIP. Isso porque a
entrega da GFIP é modo de constituição do crédito tributário, não sendo necessária
qualquer outra providência adicional da Fazenda Pública

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Obs3: Caso o contribuinte declare parcialmente o tributo, nesse caso, existe


decadência quanto ao não declarado. Cumpre ao Fisco a fiscalização e o devido
lançamento. Como, nesse caso, a fraude está implícita. O prazo começa a correr do
primeiro dia do exercício seguinte ao fato gerador.

14.7.1.2 Prazo decadencial de contribuições para a Seguridade Social:

Súmula vinculante 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-


Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e
decadência de crédito tributário.Obs1: Recentemente, em conclusão de julgamento, a
1ª Turma do STF, por maioria, deu provimento a agravo regimental em recurso
extraordinário para afirmar que o Enunciado 8 da Súmula Vinculante do STF (“São
inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei nº 1.569/1977 e os
artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito
tributário”) não se aplica aos casos de prescrição de créditos não tributários (RE
816084 AgR/DF , rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
10.3.2015).

14.7.1.3 Suspensão do prazo decadencial

É possível visualizar no caso de uma medida judicial determinando expressamente


que a autoridade tributária fica impedida de constituir o crédito tributário. Ricardo
Alexandre elenca a hipótese do art. 173, II, que traz, além de hipótese de interrupção,
caso de suspensão do prazo decadencial enquanto pender o processo em que se
discute a nulidade do lançamento por vício formal.

14.7.1.4 Interrupção do prazo decadencial

É possível visualizar no caso de vícios formais no lançamento anterior. Para Ricardo


Alexandre, há de se perceber que a regra somente é aplicável quando o vício que
constar do lançamento for de natureza formal (adjetivo), não aproveitando aos casos
de vício material (substantivo). É importante também observar que parte da doutrina
entende que o art. 173, II, do CTN estabeleceu hipótese de interrupção da decadência.
Outra corrente defende não se tratar de prazo de interrupção, mas sim de concessão
de novo prazo.

14.7.2 Prescrição

Conceito: ocorre quando a Fazenda Pública, tendo o crédito devidamente apurado e


não pago, não realiza a cobrança judicial no prazo fixado em lei. Em outras palavras,
prescrição é o prazo para o Fisco realizar a cobrança judicial do crédito tributário.
Termo inicial: constituição definitiva do crédito tributário. Com a notificação inicial,
abre-se um prazo pra o contribuinte pagar ou impugnar. Só após o transcurso desse
prazo sem pagamento ou impugnação ou ao final desta é que a constituição do crédito
será definitiva. Entre a notificação preliminar e a constituição definitiva não corre

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prescrição nem decadência. A declaração do contribuinte também dá início ao prazo,


conforme acima explicado.
Prazo: cinco anos (CTN)
O prazo prescricional para a cobrança judicial dos valores devidos relativos ao FGTS é
de 5 anos. Isso porque a verba de FGTS tem natureza trabalhista, devendo ser aplicado
o art. 7º, XXIX, da CF/88. Antes, entendia-se, de forma consolidada, que esse prazo era
de 30 anos. Como houve uma mudança brusca da jurisprudência, o STF, por razões de
segurança jurídica, modulou os efeitos desta decisão. Assim, esse novo prazo
prescricional de 5 anos somente vale a partir deste julgado do Supremo. O art. 23, §
5º, da Lei 8.036/90 e o art. 55 do Decreto 99.684/90, que previam o prazo
prescricional de 30 anos, foram julgados inconstitucionais. STF. Plenário. ARE
709212/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/11/2014 (repercussão geral) (Info
767)

Prescrição intercorrente: Súmula 314 – STJ – “Em execução fiscal, não localizados bens
penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual inicia-se o prazo da
prescrição qüinqüenal intercorrente”. A prescrição intercorrente pode ser decretada de
ofício, conforme alteração na Lei 6.830/80 efetuada pela Lei 11.051/2004: Art. 40 - §
4º.

Obs1: TRF1 entende que o § 4º tem natureza processual, aplicando-se de imediato


aos processos em curso. Há posição diversa, sustentando que como esse parágrafo foi
acrescentado pela Lei 11.051/04, o reconhecimento da prescrição só se faria possível a
partir de 2009, pois não se pode aplicar a lei retroativamente.
Obs2: STJ: "Ainda que a execução fiscal tenha sido arquivada em razão do pequeno
valor do débito executado, sem baixa na distribuição, nos termos do art. 20 da Lei
10.522/2002, deve ser reconhecida a prescrição intercorrente se o processo ficar
paralisado por mais de cinco anos a contar da decisão que determina o arquivamento,
pois essa norma não constitui causa de suspensão do prazo prescricional" (DJe de
8.6.2009).

14.7.2.1 Suspensão da prescrição

Suspendem a prescrição as causas de suspensão da exigibilidade do crédito


tributário.

A Lei 6.830/80 (art. 2º, § 3º) também prevê a suspensão por 180 dias, quando da
inscrição em Dívida Ativa da União, mas a jurisprudência em geral só tem aceitado
essa suspensão para créditos não tributários, visto que na esfera tributária a matéria
deve ser regulada por lei complementar (STJ, REsp 249.262/DF; AGA 933059; EREsp
657536/RJ).

14.7.2.2 Interrupção da prescrição

A) Vale salientar, ainda, que o Superior Tribunal de Justiça assentou o entendimento


segundo o qual, na cobrança judicial do crédito tributário, a interrupção do lustro
prescricional operada pela citação válida (redação original do CTN) ou pelo despacho

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que a ordena (redação dada pela LC 118/05) sempre retroage à data da propositura
da ação (art. 219, § 1o. do CPC, c/c art. 174, I do CTN), tendo em vista o julgamento
do REsp. 1.120.295/SP, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe 21.05.2010, representativo da
controvérsia.
Registre-se, outrossim, que o STJ aplica, às execuções fiscais, seu verbete sumular de n.
106, pelo qual “proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na
citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da
arguição de prescrição ou decadência.”

B) A jurisprudência tem entendido que a adesão ao parcelamento interrompe a


prescrição, em razão do disposto no artigo 174, IV, do CTN, até que haja a rescisão do
parcelamento, data a partir da qual o prazo recomeça a correr. Assim, após a rescisão,
o fato de o contribuinte continuar efetuando, por mera liberalidade, o pagamento
mensal das parcelas do débito tributário, não mais interrompe o prazo prescricional, a
teor do que decidiu recentemente o STJ (REsp 1.493.115-SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 15/9/2015, DJe 25/9/2015 (Informativo 570).

14.8 Conversão do depósito em renda

Ocorre quando o depósito, judicial ou administrativo, cujo efeito era a suspensão da


exigibilidade do crédito tributário, ingressa definitivamente nos cofres públicos,
superada, em favor do Fisco, a discussão acerca da licitude do tributo. A conversão só
ocorre após o trânsito em julgado. É irrelevante para o fim de conversão, se o
processo findou em favor do fisco com ou sem julgamento do mérito. Admite-se a
conversão parcial dos depósitos em renda quando ocorre a procedência parcial da
ação judicial em que se discute a exação depositada. O depósito capaz de suspender a
exigibilidade do crédito é sempre o integral. O depósito integral, além de suspender a
exigibilidade, obsta a fluência dos juros. Também é possível ocorrer a conversão em
sede de ação de consignação em pagamento. Nesse caso (ação de consignação), o
depósito é feito no valor que o contribuinte entende devido e a conversão, no caso de
improcedência do pedido, extingue apenas parcialmente o crédito.

14.9 Consignação em pagamento


 O CTN traz os casos em que a consignação é cabível (art. 164).
 Também é cabível a consignação quando o fisco exige prestação que o
contribuinte entende ser maior que a devida.
 Só é possível em moeda corrente , sendo vedada a utilização de títulos da
dívida
 Ao contrário do depósito suspensivo, na consignação, o contribuinte deposita
apenas o que entende devido e a procedência do seu pedido extingue o crédito
tributário.

 Decisões do TRF1 e TRF5 sobre o tema:

TRIBUTÁRIO - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - LEI Nº


10.684/2003 - IMPOSSIBILIDADE. Indevida a utilização de Ação de
Consignação em Pagamento para obtenção do parcelamento de
débito fiscal previsto na Lei nº 10.684/2003, uma vez que tem

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natureza de favor fiscal e só pode ser obtido mediante cumprimento


de todas as exigências nela especificadas. 3 - Apelação denegada. AC
0032030-06.2003.4.01.3400/DF, em jan/2010

14.10 Decisão administrativa irreformável

Se os órgãos administrativos competentes concluem pela irregularidade ou


ilegalidade do lançamento, a consequência dessa decisão é justamente a extinção do
crédito tributário.
É certo que, em razão do princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição, o
contribuinte sempre poderá buscar no Poder Judiciário a reforma ou a anulação da
decisão administrativa. Questão que se põe é quanto à possibilidade do ente público
buscar judicialmente a anulação de uma decisão administrativa que houver
extinguido um crédito tributário.
Até bem pouco tempo, era praticamente pacífico o entendimento de que a
Administração não poderia recorrer judicialmente de suas próprias decisões.
Fundamento: “Na força do princípio da inafastabilidade da jurisdição, afigura-se
juridicamente possível ação reconvencional, proposta pela União Federal (Fazenda
Nacional), visando desconstituir decisão administrativa de Conselho de Contribuintes,
que concedeu anistia, indevidamente, a multa aplicada a empresa demandante”.

14.11 Decisão judicial passada em julgado

É a decisão final, da qual não cabe recurso, proferida pelo Poder Judiciário
reconhecendo a invalidade do tributo ou da ação fiscal. O STJ entende que superada a
coisa julgada, por intermédio de ação rescisória, é perfeitamente possível a exigência
do tributo (REsp. nº. 333258).

14.12 Dação em pagamento em bens imóveis

Art. 156, XI, CTN: a dação em pagamento em bens imóveis, na forma


e condições estabelecidas em lei.

Na ADI 1917, o STF julgou inconstitucional lei distrital trouxe a possibilidade de dação
em pagamento em material e não em bem imóvel: “a norma impugnada viola o art.
37, XXI, da CF, porquanto afasta a incidência do processo licitatório, por ele exigido,
para aquisição de materiais pela Administração Pública”.

14.13 Restituição de juros e multas

Segundo o artigo 167 do CTN: “A restituição total ou parcial do


tributo dá lugar à restituição, na mesma proporção, dos juros de
mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações
de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição. A
restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em
julgado da decisão definitiva que a determinar”.

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14.14 Correção monetária

As principais regras sobre correção monetária no âmbito tributário são as seguintes:


a) Não constitui majoração de tributo, para os fins de observância do princípio da
reserva legal, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo do tributo
(artigo 97, § 2º do CTN).
b) A observância das normas complementares, versadas no art. 100 do CTN, exclui
a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor
monetário da base de cálculo do tributo (artigo 100, parágrafo único do CTN).
c) Correção do crédito do Fisco: antes do advento da Lei nº 9.065/95, o crédito do
Fisco não integralmente pago no vencimento acrescido de correção monetária e juros
de mora de 1% ao mês. Após aquela lei, e a partir de 1º de abril de 1995, os créditos do
fisco em atraso passaram a ser acrescidos apenas da taxa SELIC, que congrega fator de
atualização monetária e juros de mora.
Obs.1: A Corte Especial do STJ, no julgamento do Recurso Especial 1.143.677/RS,
representativo de controvérsia, firmou a orientação de que não há mora da Fazenda
Pública que importe na incidência de juros no lapso compreendido entre a data da
homologação da conta de liquidação e a da expedição do precatório, quando
satisfeito o débito no prazo estabelecido para seu cumprimento.
Obs2.: A Corte Especial do STJ firmou entendimento no sentido de que a alteração
dos juros de mora na fase de execução não ofende a coisa julgada quando realizada
para adequar o percentual aplicado à nova legislação civil. Entretanto, no recurso
especial representativo de controvérsia (REsp 1.136.733/PR, Rel. Min. Luiz Fux,
Primeira Seção, DJe 26/10/10), decidiu que “a fixação de percentual relativo aos
juros moratórios, após a edição da Lei 9.250/95, em decisão que transitou em
julgado, impede a inclusão da Taxa SELIC em fase de liquidação de sentença, sob
pena de violação ao instituto da coisa julgada, porquanto a referida taxa engloba
juros e correção monetária, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice de
atualização".
Obs. 3: Súmula vinculante de n. 17: “Durante o período previsto no parágrafo 1º do
artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele
sejam pagos”.

Segundo a 1ª Seção do STJ, em sede de compensação tributária, deve ser considerado


o regime jurídico vigente à época do ajuizamento da ação, não podendo ser aplicado,
em tais casos, o Direito superveniente, em razão da exigência de preenchimento do
requisito do prequestionamento. Autoriza-se, contudo, o contribuinte a proceder à
compensação dos créditos pela via administrativa, aplicando-se as normas posteriores
e preenchidos os requisitos respectivos.
O art. 74, § 3º da Lei 9.430/96 prevê algumas hipóteses em que não poderá haver
compensação mediante entrega de declaração pelo sujeito passivo. Além disso, o
aludido dispositivo (§15 e §16) prevê multas punitivas caso não seja homologado
pedido de compensação.
Sobre o tema, o TRF4 já julgou inconstitucional a imposição da multa quando não há
fraude do contribuinte (§§ 15 e 17 acima), por violar o direito de petição e
desestimular o contribuinte a pedir a compensação.

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14.15 Compensação por iniciativa da Fazenda

Ocorre quando a autoridade administrativa, antes de realizar a restituição ou


ressarcimento de tributos, verifica que o contribuinte é também devedor da Fazenda
Nacional ou devedor de créditos previdenciários, perfazendo de ofício à compensação
entre o crédito e o débito. Está prevista no DL 2.287/86, art. 7º e no parágrafo 8º no
art. 89 da Lei 8.212/91 (acrescentado pelo art. 115 da Lei nº 11.196/2005). O DL
2.287/86 também possibilita à Receita Federal compensar seu débitos com créditos do
INSS relativos às contribuições por ele arrecadadas

Obs: O STF declarou a inconstitucionalidade dos§§ 9º e 10 do art. 100 da CF, incluídos


pela EC 62/2009, e o art. 97, II, do ADCT, que fixam regime unilateral de compensação
dos débitos da Fazenda Pública inscritos em precatório. O Colegiado considerara que
esse critério beneficiaria exclusivamente o devedor público, em ofensa ao princípio
da isonomia. Além disso, os dispositivos instituiriam nítido privilégio em favor do
Estado e em detrimento do cidadão, cujos débitos em face do Poder Público sequer
poderiam ser compensados com as dívidas fazendárias;

15 Ponto 15 - Processo administrativo tributário. Processo judicial


tributário. Execução fiscal. Cautelar fiscal. Mandado de segurança. Ação
de repetição de indébito. Anulatória de débito fiscal. Ação declaratória.
Ação de consignação em pagamento.
15.1 Procedimento Administrativo Tributário Contencioso

Conceito: é um direito subjetivo do contribuinte, assegurado pela Constituição como


“acertamento da dívida tributária”. É através dele que se procede à determinação e à
exigência do crédito tributário. É o processo de lançamento do tributo.
Regência: Decreto 70.235/72 e Lei 9.430/96.

Divisão:
Fase procedimental – resulta o lançamento;
Fase processual – fase litigiosa do procedimento

Contagem de prazos: como no processo civil (exclui o dia do início e inclui o dia do
fim).
O processo administrativo fiscal se submete ao princípio da duração razoável do
processo. Há dispositivo na Lei 11.457 determinando a sua conclusão em 360 dias. A
consequência da inobservância de tal prazo é, contudo, somente a declaração da mora
do ente público. Conforme este julgado - EDcl no AgRg no REsp 1090242 / SC Data da
Publicação/Fonte DJe 08/10/2010.

15.1.1 A Etapas do processo de defesa administrativa


a) Ação fiscal:
Início da ação fiscal: MPF – Mandado de Procedimento Fiscal.
Prazo e conseqüências do MPF: prazo - 120 dias nos casos dos itens “a” e “c”. Para os
demais casos, o prazo é de 60 dias;

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Esgotado o prazo o mandado torna-se nulo, sem, no entanto, anular os atos já


praticados. Caso seja necessário pode-se emitir novo mandado para que outro ente
administrativo proceda à diligência necessária.
Após a ciência ao contribuinte do MPF, não se fala mais em denúncia espontânea. [Art.
7º, § 1º - O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo...]
Fazendo-se necessária a ampliação do objeto da fiscalização para que alcance outros
tributos ou períodos, expede-se um MPF-C (Complementação), sob pena de
extrapolação inválida do mandado originário.
Além disso, o contribuinte pode se recusar a prestar informações e documentos que
não sejam relacionados ao período e ao tributo especificados no MPF.
Detalhes da fiscalização: Para cada imposto, contribuição, penalidade deve ser lavrada
notificação própria, devendo juntamente estar anexados os documentos que instruem
o procedimento e que são indispensáveis à comprovação do ilícito (artigo 9º).
Motivação: a notificação de lançamento ou auto de infração deverá ser motivada,
permitindo assim que o administrado conheça as razões de tais atos e possa
consequentemente impugná-los, posto que para defender-se é preciso que se saiba o
que lhe é imputado.

15.1.2 Impugnação administrativa

Impugnação: O contribuinte no prazo de 30 dias, do recebimento do Auto de Infração,


faz a impugnação (defesa) do auto de infração e encaminha ao DELEGADO julgador DA
RECEITA FEDERAL.
 No caso em que a decisão do Delegado (1ª Instância) for desfavorável ao
contribuinte, este tem 30 dias da data de ciência da decisão, para recorrer com petição
a ser encaminhada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, órgão
colegiado do Ministério da Fazenda, paritário, que unificou a estrutura dos quatro
órgãos de julgamento então existentes. Após essa decisão, ainda é possível a
interposição de recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 15
(quinze) dias da ciência do acórdão ao interessado quando tiver havido decisão que
der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara,
turma de Câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais.
Obs.:não é possível ao CARF (nem pelo seu órgão Câmara Superior de Recursos
Fiscais) declarar a inconstitucionalidade de atos normativos. (art. 26-A do Decreto n.º
70.235, com a redação dada pela Lei n.º 11.941).
OBS: A CARF é órgão colegiado diretamente subordinado ao Ministro da Fazenda e que
tem como fim o julgamento administrativo, em sede recursal, dos litígios fiscais
OBS: A Lei n.º 11.941/09 retirou a possibilidade da Fazenda Pública interpor recurso
especial contra decisão não-unânime que contrarie a lei ou a evidência da prova.
Passou-se a admitir o recurso especial apenas quando a Turma de uma das Câmaras do
CARF der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra
Câmara, turma de Câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos
Fiscais. (Art. 37, § 2.º).

 [Art. 62. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer
modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto
do processo administrativo, importa renúncia às instâncias administrativas]

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Obs: A partir do julgamento do RE 388.359 e da ADI 1.976, o Plenário do STF passou a


entender que é inconstitucional tanto a exigência de depósito prévio quanto o
arrolamento de bens e direitos como condição de admissibilidade de recurso
administrativo.
SÚMULA VINCULANTE Nº 21: É INCONSTITUCIONAL A EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO OU
ARROLAMENTO PRÉVIOS DE DINHEIRO OU BENS PARA ADMISSIBILIDADE DE RECURSO
ADMINISTRATIVO.

15.1.3 Arrolamento Administrativo Tributário (art. 64 da Lei 9.532/97).

Sem adquirir o caráter de constrição efetiva dos bens e direitos sob os quais venha a
recair, o arrolamento administrativo determina que se proceda à comunicação de
qualquer transferência, oneração e alienação ao órgão da receita da jurisdição do
contribuinte. Em termos práticos, esse controle das alterações patrimoniais permitirá a
instrução de eventual Medida Cautelar Fiscal dando eficácia a esse instrumento
judicial.
Não confundir com a exigência de depósito prévio ou arrolamento de bens exigida
para interposição de recurso administrativo.

15.1.4 Outros Processos Administrativos Tributários

- Repetição do indébito: efetuado o pagamento indevido de um tributo, pode o


contribuinte requerer à autoridade administrativa competente a restituição da exação.

- Parcelamento de débitos fiscais: processo muitas vezes colocado à disposição do


contribuinte com o fito de estimular o adimplemento da obrigação tributária.

- Processo de reconhecimento de direitos: destina-se à formalização de isenções e


imunidades que estejam a depender de manifestação da autoridade da Administração
Tributária

15.2 Processo Judicial Tributário


15.2.1 Ações de iniciativa do Fisco

Execução Fiscal e Medida Cautelar Fiscal

15.2.1.1 A Execução fiscal

É o processo para cobrança de créditos da Fazenda Pública (União, Estados, Distrito


Federal, Territórios e Municípios) e constitui um conjunto de atos sucessivos e
coordenados destinados à realização do direito, consubstanciado no título executivo.
Efeitos da inscrição do crédito em dívida ativa: 1. Presunção de liquidez e certeza (CTN,
art. 205) – é prova pré-constituída em favor do Fisco; 2. Presunção de fraude na

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alienação dos bens (CTN, art. 185); 3. Suspensão do prazo de prescrição (art. 2º, LEF); e
4. Expedição de CDA.
Ademais, a execução fiscal não serve para cobrar débitos que não estão inscritos em
dívida ativa:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. COBRANÇA DE VALORES RELATIVOS


À CONCESSÃO FRAUDULENTA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.O
processo de execução fiscal não é o meio adequado para a cobrança judicial de
dívida que tenha origem em fraude relacionada à concessão de benefício
previdenciário. O valor referente ao benefício concedido de forma fraudulenta não
tem natureza de crédito tributário e não permite sua inscrição na dívida ativa. O
conceito de dívida ativa (tributária ou não tributária) envolve apenas os créditos certos
e líquidos, conforme dispõem os arts. 2º e 3º da Lei n. 6.380/1980 e 39, § 2º, da Lei n.
4.320/1964. Ausente a liquidez e certeza em relação aos valores cobrados, impossível
sua cobrança por meio de execução fiscal. Precedentes citados: AgRg no AREsp
171.560-MG, DJe 21/8/2012; AgRg no AREsp 16.682-RS, DJe 16/3/2012; AgRg no REsp
1.225.313-RS, DJe 18/4/2011. AgRg no AREsp 188.047-AM, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 4/10/2012.
Pela mesma razão, há impossibilidade de ajuizamento de execução fiscal com
pendência de processo administrativo – INFO 506/STJ

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO


TRIBUTÁRIO. RECURSO ADMINISTRATIVO PENDENTE. É vedado o
ajuizamento de execução fiscal antes do julgamento definitivo do
recurso administrativo. O recurso administrativo suspende a
exigibilidade do crédito tributário, conforme previsto no art. 151, III,
do CTN. Dessa forma, enquanto pendente o julgamento definitivo do
recurso na esfera administrativa, inviável o ajuizamento de execução
fiscal para a cobrança de crédito cuja exigibilidade está suspensa.
Precedentes citados: REsp 1.259.763-PR, DJe 26/9/2011; EREsp
850.332-SP, DJe 12/8/2008, e AgRg no AREsp 55.060-PR, DJe
23/5/2012. AgRg no AREsp 170.309-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
julgado em 4/10/2012.

Em razão da necessidade de constituição do crédito tributário e consequentemente


inscrição em dívida ativa, a FP não pode se valer de ação monitória.
Sem o pagamento do débito no prazo legal, faz-se a penhora em bens do executado e
a sua intimação desta para a oposição de embargos a execução no prazo de 30 (trinta)
dias. Transcorrido esse prazo, a conversão desta em dinheiro efetua-se por meio de
leilão, que é a transferência da propriedade do bem para um terceiro adquirente. Esse
procedimento de transferência de propriedade ou alienação judicial sucede à penhora,
desde que o executado/devedor não se oponha à execução por meio de embargos ou,
ainda, pague o débito, o que extinguirá o processo; em não havendo oposição, o
procedimento é automático:

 1° - avaliação;
 2° - publicação dos editais do leilão;
 3° - lavratura (em 24 horas após o leilão) do auto de arrematação;

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 4° - quando se tratar de bem imóvel, o arrematante irá ao Cartório de Registro


de Imóveis com a Carta da Arrematação (desde que pago o imposto de transmissão),
para efetuar a transcrição.

O prazo para os embargos será de trinta dias (art. 16). Saliente-se que este prazo é
contado da data da própria intimação, e não da juntada do mandado nos autos.Isso
porque, conforme o art. 16 da Lei nº 6.830/1980, é de 30 dias contados da efetivação
do depósito; ou da data da juntada da prova de fiança bancária, ou, no caso de
oferecimento de bens, na intimação da penhora).
A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp n. 1.127.815/SP, em 24/11/2010,
Relator Ministro Luiz Fux, feito submetido à sistemática do art. 543-C do CPC,
reafirmou entendimento no sentido de que uma vez efetuada a penhora, ainda que
insuficiente, encontra-se presente a condição de admissibilidade dos embargos à
execução, haja vista a possibilidade posterior da integral garantia do juízo, mediante
reforço da penhora.
Além disso, a LEF e o STJ permitem que os títulos da dívida pública sejam utilizados
como garantia do juízo, desde que esse título tenha cotação em bolsa, ou seja tenha o
seu valor flutuante. O título da dívida pública que tem valor fixo, para o STJ, não é
liquido.

Súmula 515 do STJ: "A reunião de execuções fiscais contra o mesmo


devedor constitui faculdade do juiz."

Obs.: Pode ser oposta, também, a chamada exceção de pré-executividade, na qual


são arguidos vícios formais evidentes ou nulidades absolutas no próprio processo de
execução, independentemente de segurança de juízo. São requisitos para seu
oferecimento: que verse sobre matéria de ordem pública e não necessite de dilação
probatória. Não há forma pré-estabelecida em lei para a apresentação da mesma.
Também é possível utilizar a exceção de pré-executividade para arguir a inconstitu-
cionalidade de um determinado tributo, uma vez que se trata de matéria cognoscível
de ofício pelo juiz, relacionada a aspectos formais do crédito tributário e que não
comporta exame de provas, restringindo-se a matéria de direito.
Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, que os
remeterá ao juízo deprecante para instrução e julgamento (art. 20).
A cobrança da dívida ativa não é sujeita a concurso de credores, habilitação em
falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento (art. 29).
Serão cabíveis embargos infringentes e de declaração às decisões em execuções fiscais
de valor igual ou inferior a 50 ORTN (ou padrão equivalente) (art. 34);
Dispensar-se-á a Fazenda Pública do pagamento de custas e de emolumentos e a
prática de atos de seu interesse independerá de preparo ou prévio depósito (art. 39);

Jurisprudência recente sobre a matéria:

STJ, Info 472: As execuções de natureza fiscal não são


suspensas em razão do deferimento da recuperação judicial,
mas nelas é vedado ao juiz praticar atos que comprometam o
patrimônio do devedor ou excluam parte dele do processo de
recuperação.
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STJ, Info 493: O art. 174 do CTN deve ser interpretado em


conjunto com o disposto no art. 219, § 1º, do CPC, de modo
que o marco interruptivo atinente à prolação do despacho que
ordena a citação do executado retroage à data do ajuizamento
do feito executivo, a qual deve ser empreendida no prazo
prescricional. Dessarte, a propositura da ação constitui o dies
ad quem do prazo prescricional e, simultaneamente, o termo
inicial para sua recontagem sujeita às causas interruptivas
previstas no art. 174, parágrafo único, do CTN.

EXECUÇÃO FISCAL E SUBSTITUIÇÃO DE FIANÇA BANCÁRIA POR


PENHORA DE DEPÓSITO DE QUANTIA DESTINADA À
DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS.
Em sede de execução fiscal, a Fazenda Pública não tem direito
de substituir a fiança bancária prestada pela sociedade
empresária executada e anteriormente aceita pelo ente público
por penhora de depósito de quantia destinada à distribuição de
dividendos aos acionistas da devedora, a não ser que a fiança
bancária se mostre inidônea.
Consoante já proclamou a Primeira Turma, ao julgar o REsp
53.652-SP (DJ 13/3/1995), “o inciso II do art. 15 da Lei
6.830/80, que permite à Fazenda Pública, em qualquer fase do
processo, postular a substituição do bem penhorado, deve ser
interpretado com temperamento, tendo em conta o princípio
contido no art. 620 do Código de Processo Civil, segundo o qual
‘quando por vários meios o credor promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso’, não
convivendo com exigências caprichosas, nem com justificativas
impertinentes” (EREsp 1.163.553-RJ, Rel. originário e voto
vencedor Min. Arnaldo Esteves Lima, Rel. para acórdão Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 22/4/2015, DJe
14/9/2015 (Informativo 569)

REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO CONTRA SÓCIO-GERENTE.


É possível redirecionar a execução fiscal contra o sócio-gerente
que exercia a gerência por ocasião da dissolução irregular da
sociedade contribuinte, independentemente do momento da
ocorrência do fato gerador ou da data do vencimento do
tributo (REsp 1.520.257-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
16/6/2015, DJe 247 23/6/2015 (Informativo 564).
Nota: Em 2012, a sociedade empresária “ABC” deixou de pagar
determinado imposto, tornando-se inadimplente com o Fisco.
Em 2013, João tornou-se sócio-gerente da sociedade
empresária “ABC”. Em 2014, a sociedade empresária “ABC”
fechou suas portas sem observar as formalidades legais, ou
seja, foi dissolvida de forma irregular. Em 2015, o Fisco ajuizou
execução fiscal contra a referida sociedade empresária, não

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tendo, contudo, encontrado ninguém no endereço onde ela


funcionava. A dissolução irregular da sociedade autoriza o
redirecionamento da execução para o sócio-gerente (súmula
435-STJ). A pergunta que surge, no entanto, é a seguinte: É
possível redirecionar a execução fiscal contra João mesmo
sabendo que ele não exercia a gerência no momento do fato
gerador do tributo cobrado? É permitido o redirecionamento
da execução fiscal contra o sócio-gerente que, no momento da
dissolução, exercia a gerência, mas que não era o gerente no
momento do fato gerador do tributo?
• 1ª corrente: NÃO. É a posição tradicional do STJ, ainda
adotada pela 1ª Turma. AgRg no AREsp 729.285/SC, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 06/08/2015.
• 2ª corrente: SIM. É a nova posição da 2ª Turma do STJ.
REsp 1.520.257-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em
16/6/2015 (Info 564).

OFERECIMENTO DE SEGURO GARANTIA EM EXECUÇÃO FISCAL.


O inciso II do art. 9° da Lei 6.830/1980 (LEF), alterado pela Lei
13.043/2014, que faculta expressamente ao executado a
possibilidade de oferecer fiança bancária ou seguro garantia
nas execuções fiscais, possui aplicabilidade imediata aos
processos em curso (REsp 1.508.171-SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 17/3/2015, DJe 6/4/2015. Informativo
559).

DISPENSABILIDADE DA INDICAÇÃO DO CPF E/OU RG DO


DEVEDOR (PESSOA FÍSICA) NAS AÇÕES DE EXECUÇÃO FISCAL.
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008 DO
STJ).
Em ações de execução fiscal, descabe indeferir a petição inicial
sob o argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG da parte
executada, visto tratar-se de requisito não previsto no art. 6º
da Lei 6.830/1980 (LEF), cujo diploma, por sua especialidade,
ostenta primazia sobre a legislação de cunho geral, como
ocorre em relação à exigência contida no art. 15 da Lei
11.419/2006.
Art. 6º A petição inicial indicará apenas:
I - o Juiz a quem é dirigida;
II - o pedido; e
III - o requerimento para a citação.
§ 1º A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida
Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse
transcrita. (…)
(…) não se pode cogitar do indeferimento da petição inicial com
base em exigência não consignada na legislação específica (Lei
6.830/1980-LEF), tanto mais quando o nome e endereço da

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parte executada, trazidos com a inicial, possibilitem, em tese, a


efetivação do ato citatório.
A Primeira Seção do STJ concluiu, em sede de repetitivo, por
afastar a exigência de que a exordial da execução se fizesse
acompanhar, também, da planilha discriminativa de cálculos;
isso porque “A petição inicial da execução fiscal apresenta seus
requisitos essenciais próprios e especiais que não podem ser
exacerbados a pretexto da aplicação do Código de Processo
Civil, o qual, por conviver com a LEX SPECIALIS, somente se
aplica subsidiariamente” (REsp 1.138.202-ES, Primeira Seção,
DJe 1º/2/2010).
Nota: O novo CPC exige que a qualificação das partes venha
acompanhada da indicação do CPF/CNPJ, mas há a ressalva de
que a petição inicial pode ser recebida apesar da ausência de
algumas informações (REsp 1.450.819-AM, Rel. Min. Sérgio
Kukina, Primeira Seção, julgado em 12/11/2014, DJe
12/12/2014 (Informativo 553).

DISPENSABILIDADE DA INDICAÇÃO DO CNPJ DO DEVEDOR


(PESSOA JURÍDICA) NAS AÇÕES DE EXECUÇÃO FISCAL. RECURSO
REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008 DO STJ).
Em ações de execução fiscal, descabe indeferir a petição inicial
sob o argumento da falta de indicação do CNPJ da parte
executada, visto tratar-se de requisito não previsto no art. 6º
da Lei 6.830/1980 (LEF), cujo diploma, por sua especialidade,
ostenta primazia sobre a legislação de cunho geral, como
ocorre em relação à exigência contida no art. 15 da Lei
11.419/2006.
(…) não se pode cogitar do indeferimento da petição inicial com
base em exigência não consignada na legislação específica (Lei
6.830/1980), tanto mais quando o nome e endereço da parte
executada, trazidos com a inicial, possibilitem, em tese, a
efetivação do ato citatório.
A Primeira Seção do STJ concluiu, em sede de repetitivo, por
afastar a exigência de que a exordial da execução se fizesse
acompanhar, também, da planilha discriminativa de cálculos,
isso porque “A petição inicial da execução fiscal apresenta seus
requisitos essenciais próprios e especiais que não podem ser
exacerbados a pretexto da aplicação do Código de Processo
Civil, o qual, por conviver com a lex specialis, somente se aplica
subsidiariamente” (REsp 1.455.091-AM, Rel. Min. Sérgio Kukina,
Primeira Seção, julgado em 12/11/2014, DJe 2/2/2015
(Informativo 553).
STJ. Prescrição. Suspensão. 180 dias. Dívidas de Natureza não-tributária.

“A suspensão de 180 (cento e oitenta) dias do prazo prescricional a


contar da inscrição em Dívida Ativa, prevista no art. 2.º, § 3.º, da Lei
6.830/80, aplica-se tão-somente às dívidas de natureza não-
142
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tributária.” (AgRg no Ag 863427 / MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJ


20.09.2007)

STJ. Extravio da CDA. Nulidade da Execução

“2. O extravio do processo administrativo subtrai do Poder Judiciário


a oportunidade de conferir a CDA, retirando do contribuinte a
amplitude de defesa. 3. Equivale o extravio à inexistência do
processo, perdendo o título a exeqüibilidade (inteligência do art. 2º,
§ 5º, inciso VI, da LEF)”. (REsp 686777, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ
07.11.05)”

Inovações no CPC e a Lei de Execuções Fiscais (A execução fiscal após a Lei nº


11.382/2006)

A penhora on line (655-A do CPC): Entendimento atual do STJ: hoje, a despeito da


redação do código, esta tentativa de localizar bens por meio do oficial de justiça é
dispensável. Basta o não pagamento e a não garantia para realização da penhora
online. Isto porque o CPC foi alterado, passando o dinheiro em espécie (inclusive
aquele depositado em bancos) a ser o meio de satisfação preferencial do débito. Em
síntese, não há necessidade de esgotamento dos bens. (Resp 1.195.983).

A penhora on line, antes da entrada em vigor da Lei n.º 11.382/2006,


configura-se como medida excepcional, cuja efetivação está
condicionada à comprovação de que o credor tenha tomado todas as
diligências no sentido de localizar bens livres e desembaraçados de
titularidade do devedor. Após o advento da Lei n.º 11.382/2006, o
Juiz, ao decidir acerca da realização da penhora on line, não pode
mais exigir a prova, por parte do credor, de exaurimento de vias
extrajudiciais na busca de bens a serem penhorados. REsp 1112943 /
MA CE - CORTE ESPECIAL DJe 23/11/2010 (Repetitivo)

Atenção:
A indisponibilidade de bens e direitos autorizada pelo art. 185-A do
CTN depende da observância dos seguintes requisitos: (i) citação do
devedor tributário; (ii) inexistência de pagamento ou apresentação
de bens à penhora no prazo legal; e (iii) a não localização de bens
penhoráveis após esgotamento das diligências realizadas pela
Fazenda, caracterizado quando houver nos autos (a) pedido de
acionamento do Bacen Jud e consequente determinação pelo
magistrado e (b) a expedição de ofícios aos registros públicos do
domicílio do executado e ao Departamento Nacional ou Estadual de
Trânsito - DENATRAN ou DETRAN. O bloqueio universal de bens e de
direitos previsto no art. 185 -A do CTN não se confunde com a
penhora de dinheiro aplicado em instituições financeiras, por meio
do Sistema BacenJud, disciplinada no art. 655-A do CPC.
REsp 1377507 / SP DJe 02/12/2014 (Repetitivo)

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O TRF-1 também exige o esgotamento de diligências voltadas à localização de bens


para determinar a medida de indisponibilidade do art. 185-A do CTN.

STJ, Info 466: é possível a penhora online do saldo total de conta


corrente conjunta para garantir a execução fiscal, ainda que apenas
um dos correntistas seja o responsável pelo pagamento do tributo.
Salientou-se que os titulares da conta são credores solidários dos
valores nela depositados, solidariedade estabelecida pela própria
vontade deles no momento em que optam por essa modalidade de
depósito. Observar, no entanto, que há posicionamento em sentido
contrário: A penhora de valores depositados em conta bancária
conjunta solidária somente poderá atingir a parte do numerário
depositado que pertença ao correntista que seja sujeito passivo do
processo executivo, presumindo-se, ante a inexistência de prova em
contrário, que os valores constantes da conta pertencem em partes
iguais aos correntistas.STJ. 4ª Turma. REsp 1.184.584-MG, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 22/4/2014.

Quanto à possibilidade de parcelamento do pagamento da própria dívida pelo


devedor em sede de execução, prevista no art. 745-A, do CPC, não se mostra possível
sua aplicação em execução fiscal, já que o parcelamento do crédito tributário será
concedido na forma estabelecida em lei específica (art. 155-A do CTN). (Há
entendimento em contrário de José Leonardo Carneiro da Cunha)
O novo regramento do CPC (arts. 736 e 738) que prevê o oferecimento de embargos à
execução sem prévia garantia da execução não se aplica à execução fiscal, pois, no art.
16, §1º, LEF, há previsão de que os embargos à execução fiscal não são admissíveis
enquanto não for garantida a execução.

Não devem ser conhecidos os embargos à execução fiscal opostos


sem a garantia do juízo, mesmo que o embargante seja beneficiário
da assistência judiciária gratuita.  REsp 1.437.078-RS, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 25/3/2014 (Informativo 538)

O STJ já reconheceu, em sede de recurso representativo da


controvérsia (REsp 1.127.815-SP, Primeira Seção, DJe 14/12/2010),
que a insuficiência patrimonial do devedor inequívoca e devidamente
comprovada é justificativa plausível à apreciação dos embargos à
execução sem que o executado proceda ao reforço da penhora.

No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente


dispensada de forma expressa pelo juízo competente - inexistindo,
ainda que parcialmente, a prestação de qualquer garantia (penhora,
fiança, depósito, seguro-garantia) -, o prazo para oferecer embargos
à execução deverá ter início na data da intimação da decisão que
dispensou a apresentação de garantia, não havendo a necessidade,
na intimação dessa dispensa, de se informar expressamente o prazo
para embargar REsp 1.440.639-PE, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 2/6/2015, DJe 10/6/2015. (Informativo 563)

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A garantia do juízo no âmbito da execução fiscal (arts. 8º e 9º da Lei


6.830/1980) deve abranger honorários advocatícios que, embora não
constem da Certidão de Dívida Ativa (CDA), venham a ser arbitrados
judicialmente. REsp 1.409.688-SP, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 11/2/2014 (Informativo nº 0539).

Como, porém, a Lei nº 6.830/80 não cuida dos efeitos oriundos do ajuizamento dos
embargos à execução fiscal, mostra-se possível aplicar às execuções fiscais o art. 739-A
do Código de Processo Civil: o mero ajuizamento dos embargos, mesmo que garantida
a execução, não suspende automaticamente a execução fiscal.

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA


CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. APLICABILIDADE DO ART. 739-
A, §1º, DO CPC ÀS EXECUÇÕES FISCAIS. NECESSIDADE DE GARANTIA
DA EXECUÇÃO E ANÁLISE DO JUIZ A RESPEITO DA RELEVÂNCIA DA
ARGUMENTAÇÃO (FUMUS BONI JURIS) E DA OCORRÊNCIA DE GRAVE
DANO DE DIFÍCIL OU INCERTA REPARAÇÃO (PERICULUM IN MORA)
PARA A CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS DO
DEVEDOR OPOSTOS EM EXECUÇÃO FISCAL.

5. Desse modo, tanto a Lei n. 6.830/80 - LEF quanto o art. 53, §4º da
Lei n. 8.212/91 não fizeram a opção por um ou outro regime, isto é,
são compatíveis com a atribuição de efeito suspensivo ou não aos
embargos do devedor. Por essa razão, não se incompatibilizam com
o art. 739-A do CPC/73 (introduzido pela Lei 11.382/2006) que
condiciona a atribuição de efeitos suspensivos aos embargos do
devedor ao cumprimento de três requisitos: apresentação de
garantia; verificação pelo juiz da relevância da fundamentação
(fumus boni juris) e perigo de dano irreparável ou de difícil
reparação (periculum in mora). Em atenção ao princípio da
especialidade da LEF, mantido com a reforma do CPC/73, a nova
redação do art. 736, do CPC dada pela Lei n. 11.382/2006 - artigo que
dispensa a garantia como condicionante dos embargos - não se aplica
às execuções fiscais diante da presença de dispositivo específico, qual
seja o art. 16, §1º da Lei n. 6.830/80, que exige expressamente a
garantia para a apresentação dos embargos à execução fiscal.
Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-
C, do CPC, e da Resolução STJ n. 8/2008. (REsp 1272827/PE, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 22/05/2013, DJe 31/05/2013)

Súmulas do STJ

Súmula 153: A desistência da execução fiscal, após o oferecimento


dos embargos, não exime o exequente dos encargos da sucumbência.

Súmula 189: É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas


execuções fiscais.

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Súmula 190: Na execução fiscal, processada perante a Justiça


Estadual, cumpre à Fazenda Pública antecipar o numerário destinado
ao custeio das despesas com o transporte dos oficiais de justiça.

Súmula 314: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis,


suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da
prescrição quinquenal intercorrente.

Súmula 394/STJ: É admissível, em embargos à execução, compensar


os valores de imposto de renda retidos indevidamente na fonte com
os valores restituídos apurados na declaração anual.

Súmula 451/STJ: “É legítima a penhora da sede do estabelecimento


comercial”.

Súmula 449/STJ: “A vaga de garagem que possui matrícula própria no


registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de
penhora”.

Súmula 447/STJ: “Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas


na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta
por seus servidores”.

Súmula 414/STJ: “A citação por edital na execução fiscal é cabível


quando frustradas as demais modalidades”.

Súmula 409/STJ: “Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da


propositura da ação pode ser decretada de ofício”.

Súmula 406/STJ: “A Fazenda Pública pode recusar a substituição do


bem penhorado por precatório”.

Súmula 400/STJ: “O encargo de 20% previsto no DL n. 1.025/1969 é


exigível na execução fiscal proposta contra a massa falida”.

15.2.1.2 Cautelar Fiscal

Art. 1° O procedimento cautelar fiscal poderá ser instaurado após a


constituição do crédito, inclusive no curso da execução judicial da
Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e respectivas autarquias.

Parágrafo único. O requerimento da medida cautelar, na hipótese


dos incisos V, alínea ‘b’, e VII, do art. 2º, independe da prévia
constituição do crédito tributário.

Seu objetivo é tornar indisponíveis os bens do devedor que coloque em risco a


solvabilidade do débito fiscal. Pode ser preparatória ou incidental.
Como ensina Leandro Paulsen:“Esta ação cautelar, via de regra, pressupõe créditos
tributários já constituídos (arts. 1º e 3º), ou seja, declarados pelo contribuinte ou
lançados pelo Fisco. Há apenas duas hipóteses, decorrentes das alterações impostas
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pela Lei 9.532/97, em que, excepcionalmente, o legislador admite o seu uso antes
mesmo da constituição do crédito (parágrafo único do art. 1º): a do contribuinte que
põe seus bens em nome de terceiros e a daquele que aliena bens ou direitos sem
proceder à comunicação devida ao órgão da Fazenda Pública (caso dos bens objeto de
arrolamento administrativo).”. Além desta situação lembrada pelo autor destaca-se
que também será possível lançar mão desta medida quando o devedor possuir
débitos, inscritos ou não em dívida ativa, cujo montante ultrapasse 30% do seu
patrimônio conhecido.

No intuito de conferir efetividade a esta medida o STJ já asseverou:


É possível o ajuizamento de uma única medida cautelar fiscal para
também assegurar créditos tributários cobrados em outras
execuções fiscais distribuídas em juízos distintos. Isso porque a
medida cautelar fiscal, como cediço, tem por escopo assegurar a
utilidade do processo executivo mediante a decretação da
indisponibilidade de bens dos requeridos. A efetividade desse
medida, por óbvio, exige rápida resposta do Poder Judiciário, sob
pena de imprestabilidade do provimento almejado. Assim, se o fisco
consegue demonstrar perante qualquer um dos juízos que
processam tais feitos executivos a satisfação dos requisitos exigidos
pelo art. 3º da Lei 8.397/92, quais sejam, prova documental da
constituição dos créditos tributários cobrados em todas as execuções
e da concretização de uma das situações previstas no artigo 2º,
tendentes a dificultar ou impedir a satisfação do crédito, pode o
magistrado, pelo poder geral de cautela que lhe é conferido pelo
art. 798 do CPC, com o escopo de evitar dano à Fazenda Pública,
estender essa garantia à totalidade dos créditos tributários que lhe
foram demonstrados, ainda que cobrados perante outro juízo.
Pensar diferente, indubitavelmente, atentaria contra a efetividade da
medida, pois a pretendida multiplicidade de cautelares possibilitaria
aos envolvidos a dispersão do patrimônio. REsp 1190274 / SP DJe
26/08/2011

O art. 4º traz casos em que o sócio gerente também vai ter os seus bens bloqueados.
Para o STJ, essa lei deve obedecer aos requisitos do CTN, não podendo determinar a
responsabilidade do sócio simplesmente porque ele é sócio ou sócio-gerente
porquanto a cautelar fiscal é medida preparatória à execução fiscal, não podendo ter
responsabilidade mais grave que ela23 (REsp 1.141.977). Por outro lado, uma vez
presente os requisitos da medida será possível até mesmo atingir o patrimônio de
terceiros.

STJ, Info 473: A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria,


asseverou que o art. 4º, § 2º, da Lei n. 8.397/1992 autoriza o
requerimento da medida cautelar fiscal para tornar indisponível o
patrimônio de terceiro, desde que ele tenha adquirido bens do
sujeito passivo (contribuinte ou responsável) em condições que
sejam capazes de frustrar a satisfação do crédito pretendido. Para o

23
Cuida lembrar os termos da Súmula 430 do STJ: “o inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não
gera, por si só, a responsabilidade tributária do sócio-gerente”

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Min. Relator, essas condições podem ser visualizadas em duas


hipóteses, a saber: fraude à execução tributária nos termos do art.
185 do CTN com a nova redação dada pela LC n. 118/2005 e fraude
contra credores, desde que, nesse último caso, a cautelar esteja
atrelada a uma ação pauliana ou revocatória – ajuizada no prazo do
art. 11 da Lei n. 8.397/1992 – que declare o vício do negócio jurídico.
REsp 962.023-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
17/5/2011.

O art. 5º trata do juízo competente, qual seja, o da execução fiscal, além das regras
gerais sobre o direcionamento dos processos cautelares. Lembrando que as execuções
fiscais da União não poderão mais tramitar no juízo estadual (Art. 114, IX, da lei
13.043/14). Sendo que as que já estão em trâmite lá continuam (Art. 75 da lei
13.043/14).

De seu lado, O art. 7º prevê a possibilidade de liminar na ação cautelar fiscal, inaudita
altera pars.
O art. 11 estabelece que, após 60 dias, no máximo, da decisão irrecorrível na esfera
administrativa, a Fazenda Pública tem de ajuizar a execução fiscal (a regra geral do
processo cautelar é o prazo de 30 dias após a efetivação da medida constritiva). O art.
13 elenca as hipóteses em que é cessado o efeito constritivo: I - se a Fazenda Pública
não propuser a execução judicial da Dívida Ativa no prazo fixado no art. 11 desta lei; II -
se não for executada dentro de trinta dias; III - se for julgada extinta a execução judicial
da Dívida Ativa da Fazenda Pública; IV - se o requerido promover a quitação do débito
que está sendo executado.

Os arts. 15 e 16 ampliam as exceções nas quais o processo cautelar faz coisa julgada,
para, além da prescrição e decadência, nos casos de alegação de pagamento, de
compensação, de transação, de remissão, de conversão de depósito em renda e de
qualquer outra modalidade de extinção do crédito (tributário ou não tributário, art.
2º da Lei). O art. 17 regula a apelação à sentença que decretar a medida cautelar
fiscal, a qual será em 10 dias. Também, tal recurso será destituído de efeito
suspensivo.

Temos então que a medida cautelar fiscal só pode ser requerida via de ação
preparatória no prazo de 60 dias da constituição definitiva do crédito, sendo vedado
seu requerimento posterior, uma vez que o prazo sexagesimal para a propositura da
ação principal já terá se esgotado. (STJ)

Jurisprudência do STJ e TRF1


O art. 4º, § 1º, da Lei n. 8.397/02 que disciplina a medida cautelar
fiscal, preparatória ou incidental põe a salvo do gravame da
indisponibilidade os bens de pessoa jurídica que não integrem o seu
ativo permanente. Todavia, em situações excepcionais, quando não
forem localizados no patrimônio do devedor bens que possam
garantir a execução fiscal, o STJ admite a decretação de
indisponibilidade de bens de pessoa jurídica, ainda que estes não

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constituam o seu ativo permanente. AgRg no REsp 1536830 / RS T2 -


SEGUNDA TURMA DJe 01/09/2015

Consoante expressa disposição do art. 2º, V, "a", da Lei n. 8.397/92,


em regra é vedado conceder medida cautelar fiscal para acautelar
crédito tributário com a exigibilidade anteriormente suspensa. Em
tais situações excepcionalmente é possível o deferimento de medida
cautelar fiscal quando o devedor busca indevidamente a alienação de
seus bens como forma de esvaziar seu patrimônio que poderia
responder pela dívida (art. 2º, V, "b" e VII, da Lei n. 8.397/92). AgRg
no REsp 1443285 / RS T2 - SEGUNDA TURMA DJe 16/10/2015
Em respeito aos princípios da economia e da celeridade processual,
bem como da razoabilidade e segurança jurídica na prestação
jurisdicional, a fim de evitar-se a prolação de decisões conflitantes
sobre o mesmo objeto, devem ser reunidas para julgamento
conjunto a medida cautelar fiscal que determinou o arrolamento de
bens para garantia de futura execução fiscal e a ação de rito ordinário
que busca a anulação desse arrolamento fiscal AGRCC 0044017-
39.2012.4.01.0000 / PI; 19/11/2014

 É cabível a medida cautelar fiscal de indisponibilidade de bens


prevista na Lei 8.397/92 para evitar a frustração da satisfação do
direito de crédito do credor nas hipóteses arroladas no art. 2º.  A
indisponibilidade dos bens deve recair somente sobre os bens
componentes do ativo permanente advindos da empresa
incorporada, até o limite da satisfação da obrigação (Lei 8.397/1992,
art. 4º, § 1º).  Descabe a exclusão dos valores correspondentes às
multas exigidas. A medida cautelar busca evitar frustração na
satisfação do direito de crédito do credor e nele se incluem as multas
aplicadas.  AG 2002.01.00.003387-0 / MG 26/09/2014

O STJ entende - vide seu mais atual precedente - que o pressuposto


processual da 'constituição do crédito tributário' (art. 3º, I, da Lei nº
8.397/92), que autoriza o ajuizamento da Medida Cautelar Fiscal e
consequente decreto de indisponibilidade de bens, direitos e valores
do requerido resta atendido se havido o lançamento (art. 142 do
CTN), exigência que a só lavratura do auto de infração já caracteriza,
não se exigindo, portanto (doutrina nem jurisprudência), a
constituição 'definitiva' do crédito tributário, sendo impertinente
levar-se em consideração, como no caso, se o processo
administrativo decorrente está ou não (ainda) pendente (vide REsp
nº 466.723/RS, DJ 22/6/2006)." (AC nº 2005.31.00.000599-6/AP -
Relator: Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral - TRF/1ª
Região - Sétima Turma - Unânime - e-DJF1 19/9/2008 - pág. 234.) 
AGA 0048807-03.2011.4.01.0000 / GO; 28/04/2014

Arrolamento administrativo x medida cautelar fiscal (TRF1)

Reapreciando o pleito recursal, tenho-o por improcedente. Não


merece censura a sentença porquanto se restringiu a aplicar a
literalidade do quanto dispõe o art. 64-A, da Lei n. 9.532/97:Art. 64 -

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O arrolamento de que trata o art. 64 recairá sobre bens e direito


suscetíveis de registro público, com prioridade aos imóveis, e em
valor suficiente para cobrir o montante do crédito tributário de
responsabilidade do sujeito passivo. . O arrolamento previsto no
dispositivo legal citado, constitui garantia para o crédito tributário
expressamente prevista em lei. Não implica em indisponibilidade de
bens, senão a determinação do seu conhecimento para fins de
acompanhamento quanto à sua preservação. Assim, na hipótese de
eventual alienação, tem a Fazenda Pública a via judicial, através
da medida cautelar fiscal, para postular, se for o caso, a
determinação judicial de a indisponibilidade dos bens arrolados. 
EDAC 2005.38.00.045244-8 / MG JUIZ FEDERAL ITELMAR RAYDAN
EVANGELISTA 09/09/2013

15.2.2 Ações de iniciativa do Contribuinte


15.2.2.1 Mandado de segurança

Segundo o STJ e a Lei 12.016/2009, a compensação não pode ser deferida por meio de
liminar. Esta vedação, nos moldes do Código Tributário, veio à baila com a LC 104/01
(inseriu o art. 170-A no CTN). Desta feita, o STJ firmou entendimento em sede de
recurso repetitivo segundo o qual esta vedação não se aplica às ações ajuizadas antes
da vigência da citada Lei Complementar (REsp 1164452 / MG DJe 02/09/2010).

Não se pode olvidar o teor da Súmula 213 do STJ: “O mandado de segurança constitui
ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária”.
O contribuinte não pode se valer do MS para reaver quantias pagas ao erário, pois o
writ não é substitutivo de ação de cobrança e não produz efeitos patrimoniais em
relação a período pretérito (súmulas 269 e 271 do STF).
Se o crédito tributário foi recolhido, ainda que indevido, instrumento adequado será a
ação de repetição do indébito tributário, e não o mandamus, salvo em relação à
pretensão meramente declaratória do direito à compensação tributária (Súmula 213
STJ).
Insta lembrar, como ensina Leandro Paulsen (ob. cit.), que “A autoridade coatora, nos
tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, será, normalmente,
o Delegado da Receita Federal do Brasil ou, no que diz respeito ao comércio exterior e
às atividades de administração de mercadorias estrangeiras apreendidas, o Inspetor da
Alfândega ou o Inspetor da Receita Federal do Brasil. Tratando-se de débito já inscrito
em dívida ativa pela PFN, a autoridade será o Procurador Regional respectivo.”. O STJ
comunga deste entendimento doutrinário

Esta Corte possui o entendimento firmado de que o Delegado da


Receita Federal do Brasil da jurisdição, por ser a autoridade
responsável pela arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos e
contribuições federais, é a parte legítima para figurar no polo passivo
de mandado de segurança impetrado com a finalidade de suspender
a exigibilidade do crédito tributário. AgRg no REsp 1434764/PR DJe
12/06/2015

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De igual forma, o STJ entende que se o débito estiver inscrito em DAU a autoridade
coatora será o Procurador-Chefe da Fazenda Nacional (AgRg no REsp 1462031 / SC
DJe 02/02/2015). Neste caso, porém, o objeto passível de impugnação no MS deve ter
por fundamento questões atinentes ao procedimento de inscrição, “decaindo a parte
impetrante do direito de questionar o auto de infração correspondente a tal inscrição,
pela via mandamental, se ultrapassados cento e vinte dias da notificação para
pagamento do valor objeto da autuação fiscal” (AgRg no REsp 1492050 / SP DJe
01/07/2015). Isto porque segundo entendimento há muito firmado no STJ (EAg
1085151/RJ) prazo decadencial do art. 18 da Lei 1.533/51, nos casos em que a
impetração do mandado de segurança se volta contra o ato de inscrição de dívida ativa
para discutir a própria constituição (lançamento) do crédito tributário, deve ter como
dies a quo a ciência do contribuinte acerca da constituição definitiva do crédito
tributário em seu desfavor, e não a data da respectiva inscrição em dívida ativa.

Ainda no que diz respeito ao delineamento da autoridade coatora cabe relembrar o


seguinte julgado oriundo dos informativos publicados pelo STJ:

Não tem legitimidade o Procurador-Geral de Justiça do MPDFT para


figurar no polo passivo de MS impetrado por procuradora de justiça
do respectivo órgão com o intuito de obter a declaração da
ilegalidade da incidência de imposto de renda e de contribuição
social no pagamento de parcelas referentes à conversão em pecúnia
de licença-prêmio não usufruída O Procurador-Geral de Justiça do
MPDFT atua como mero responsável tributário pela retenção dos
tributos sobre os rendimentos pagos pela União; não detém,
portanto, legitimidade para figurar no polo passivo do respectivo
mandado de segurança. . AgRg no AREsp 242.466-MG, Rel. Min.
Castro Meira, julgado em 27/11/2012. (Informativo 512/2013)

Súmulas sobre mandado de segurança aplicáveis no âmbito tributário:

Súmula 271 -> Concessão de mandado de segurança não produz


efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem
ser reclamados administrativamente ou pela via judicial.

Súmula 430 -> Pedido de reconsideração na via administrativa não


interrompe o prazo para o mandado de segurança.

Súmula 625 -> Controvérsia sobre matéria de direito não impede


concessão de mandado de segurança.

15.2.2.2 Ação de repetição de indébito

Ação na qual se pleiteia a devolução de quantia paga indevidamente.


Caso tenha sido pleiteada a restituição administrativa e esta tenha sido negada,
propondo-se, em seguida, a ação judicial de repetição de indébito, a prescrição é
regida pelo art. 169, CTN (a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a
restituição prescreve em 2 anos). Sobre esse tema, ver a Súmula 383 do STF: a
prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a
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partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular
do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.

No caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação o prazo prescricional é


contado do pagamento antecipado da exação. O STJ (REsp 1269570 / MG DJe
04/06/2012 – Repetitivo) assim como o STF (RE 566621 / RS – RG) entendem que
para as ações ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplica-se o art. 3º, da Lei Complementar
n. 118/2005, contando-se o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por
homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150,
§1º, do CTN.

Decisões Judiciais

Súmula 162: Na repetição de indébito tributário, a correção


monetária incide a partir do pagamento indevido

Súmula 461 O contribuinte pode optar por receber, por meio de


precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por
sentença declaratória transitada em julgado

Súmula 188: Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário,


são devidos a partir do transito em julgado da sentença

Após a vigência da Lei 11.457/2007, o INSS não possui legitimidade


passiva nas demandas em que se questione a exigibilidade das
contribuições sociais previstas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo
único do art. 11 da Lei 8.212/1991, ainda que se tenha por objetivo a
restituição de indébito de contribuições recolhidas em momento
anterior ao advento da Lei 11.457/2007  REsp 1.355.613-RS, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 24/4/2014. (Informativo 539-
2014)

Na repetição de indébito ou na compensação, com o advento da Lei


n. 9.250/95, a partir de 01/01/96, os juros de mora passaram a ser
devidos pela Taxa SELIC a partir do recolhimento indevido, conforme
entendimento da 1ª Seção do STJ (REsp n. 1111189/SP, Rel. Min.
Teori Albino Zavascki, DJe de 25/05/2009). A Taxa SELIC é composta
de taxa de juros e taxa de correção monetária, não podendo ser
cumulada com qualquer outro índice de correção.   TRF1 - AC
0023007-21.2012.4.01.3400 / DF 13/10/2015

Transcorrido prazo superior a cinco anos entre o trânsito em julgado


da decisão proferida em ação de repetição de indébito tributário e o
pedido de execução do julgado, ocorre a prescrição da pretensão
executiva (enunciado 150 da Súmula do STF). TRF1 - AG 0044943-
49.2014.4.01.0000 / DF 16/10/2015

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO.


IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPLEMENTAÇÃO DE

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APOSENTADORIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. AÇÃO AJUIZADA ANTES


DA VIGÊNCIA DA LC 118/2005. PRESCRIÇÃO DECENAL. RE
566.621/RS. TRF1 - AC 2009.34.00.031885-3 / DF; 16/10/2015

 A jurisprudência do STJ uniformizou o entendimento de que o início


da contagem do prazo prescricional para ação de repetição de
indébito tributário não se inicia na data da declaração da
inconstitucionalidade do pelo STF ou da Resolução do Senado
Federal, mas na data do ajuizamento da ação. Ajuizada a ação após a
LC 118/2005, a prescrição é quinquenal (RE 566.621-RS).  TRF1 -AC
0021881-13.2010.4.01.3300 / BA 15/09/2015

15.2.2.3 Anulatória de débito fiscal


 É uma ação para anular um lançamento ou uma certidão de dívida ativa.
 Segue o rito das ações ordinárias (é possível que siga o rito sumário ou até mesmo
ao rito dos Juizados Especiais Federais, em razão do valor da causa - Lei n.
10.259/2001).
 Por ser uma ação de rito ordinário, são permitidas todas as formas de provas legais.
 O mero ajuizamento da ação não suspende a exigibilidade do tributo.
 Também não impede a propositura da execução fiscal, se não houve suspensão da
exigibilidade.
 O depósito prévio é condição apenas para a suspensão da exigibilidade do tributo,
não para o ajuizamento da ação, que pode ser proposta sem qualquer depósito.

“Para que a ação anulatória tenha o efeito de suspensão do executivo


fiscal, assumindo a mesma natureza dos embargos à execução, faz-se
mister que seja acompanhada do depósito do montante integral do
débito exequendo, porquanto, ostentando o crédito tributário o
privilégio da presunção de sua veracidade e legitimidade, nos termos
do art. 204, do CTN, a suspensão de sua exigibilidade se dá nos
limites do art. 151 do mesmo Diploma legal. (Precedentes: REsp n.º
747.389/RS, Rel. Min.Castro Meira, DJ de 19/09/2005; REsp n.º
764.612/SP, Rel. Min. José Delgado, DJ de 12/09/2005; e REsp n.º
677.741/RS, Rel Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 07/03/2005).

“Não se confundem os embargos do devedor, que visa a extinguir o


processo de execução ou a desfazer a eficácia do título, com a ação
anulatória cujo escopo é o reconhecimento da inexistência da dívida
fiscal. Não sendo embargada a execução, inexiste sentença, não se
podendo falar de coisa julgada capaz de impedir a propositura da
ação anulatória do lançamento fiscal”. (RESP 9401-SP)

"É pacífico nas Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte o
entendimento no sentido de que deve ser reconhecida a
litispendência entre os embargos à execução e a ação anulatória ou
declaratória de inexistência do débito proposta anteriormente ao
ajuizamento da execução fiscal, se identificadas as mesmas partes,
causa de pedir e pedido, ou seja, a tríplice identidade a que se refere

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o art. 301, § 2º, do CPC." (REsp 1.156.545/RJ, Rel. Ministro Mauro


Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/04/2011).

1. Havendo conexão entre a Execução Fiscal, proposta


anteriormente, e as ações que objetivem a desconstituição do crédito
tributário respectivo, impõe-se a reunião dos processos, a fim de se
realizar o julgamento simultâneo, evitando-se decisões conflitantes
sobre a mesma dívida. (Precedentes TRF/1ª Região e Superior
Tribunal de Justiça.) 2. Em tendo sido ajuizada anteriormente à
Execução Fiscal a correspondente Ação anulatória do débito,
inviabiliza-se a reunião dos processos devendo o Juízo que conheceu
da Ação sob rito ordinário adotar a regra da perpetuatio jurisdictionis
(artigo 87, do Código de Processo Civil). 3. A especialização do Juízo
Executivo Fiscal, com seus ritos e procedimentos próprios,
impossibilita o deslocamento desta competência para a Vara Cível,
inviabilizando-se a remessa do feito executivo para o Juízo de trâmite
da Ação Anulatória conexa, ajuizada anteriormente, haja vista a
competência absoluta, em razão da matéria, do primeiro, sendo
vedada a cumulação de demandas em Juízo incompetente para
apreciar uma delas. 4. Evidenciada a prejudicialidade da Execução
Fiscal relativamente à Ação sob rito ordinário conexa e inviabilizada a
reunião das Ações, cumpre ao Juízo em que tramita o processo
executivo, certificando-se da garantia do débito (Lei 6.830/80, art.
9º), decidir pela suspensão do trâmite da Execução, a fim de se
evitarem decisões conflitantes sobre a mesma dívida. Precedentes.
5. Conflito de competência conhecido e provido, declarando-se
competente para processar e julgar a Ação anulatória subjacente
(005353-39.2012.4.01.3200/AM) o Juízo da 3ª Vara da Seção
Judiciária do Amazonas, em Manaus, ora suscitado.(CC 0000583-
29.2014.4.01.0000 / AM, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ
AMILCAR MACHADO, QUARTA SEÇÃO, e-DJF1 p.101 de 20/03/2015)

É interessante notar o posicionamento de parte da doutrina no sentido de que uma


vez ajuizada a execução fiscal não seria mais possível o manejo de ação anulatória
porquanto todo questionamento acerca da higidez do crédito tributário deve ser
suscitado no bojo dos embargos à execução fiscal. Este é o pensamento de Mauro Luís
Rocha Lopes.

15.2.2.4 Ação Declaratória

A ação declaratória é a ação que visa apenas efeitos declaratórios, basicamente de três
espécies: a) declarar a inexistência da relação fiscal; b) declarar imunidade ou isenção
fiscal do sujeito passivo; c) declarar importe menor a ser pago a título de tributação.
Pode haver também ação declaratória (positiva) de créditos tributários escriturais:
trata-se de ação por meio da qual o contribuinte, cuidando-se de tributos como o IPI e
ICMS, cujos créditos são escriturais, busca o reconhecimento de seu direito ao
lançamento contábil de créditos não reconhecidos pelo Fisco24.
24
Nesse caso há de se observar o teor da Súmula 411 do STJ (“É devida correção monetária ao creditamento do IPI
quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do fisco”)

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A decisão proferida na ação declaratória pode ser cumulada com a repetição de


indébito, sujeitando-se ao duplo grau de jurisdição, sendo cabíveis os recursos
previstos no Código de Processo Civil.

15.2.2.5 Ação de consignação em pagamento

Cabível apenas nas hipóteses do art. 164, I a III, do CTN.


A jurisprudência não tem aceitado a ação de consignação para forçar parcelamentos.
Também não aceita se não for feita em dinheiro
É de pouca utilidade em matéria tributária, pois não se presta à discussão da dívida
tributária e também porque, caso o contribuinte ofereça apenas o que entende
devido, não afastará a mora quanto à totalidade do tributo.

15.2.3 Ação cautelar de caução (NÃO ESTÁ NO EDITAL; porém, é ação


comumente encontrada na prática judicial, razão pela qual foi
acrescentada. Fica a critério de cada um ler ou não)

Enquanto não ajuizada a execução fiscal, o sujeito passivo da obrigação tributária pode
oferecer caução em ação cautelar, para que faça as vezes de penhora, permitindo-lhe
obter certidão positiva de débitos com efeitos de negativa. Admite-se também o
oferecimento de bens por meio de ação cautelar.
Como a ação principal é a execução fiscal ainda não ajuizada pelo fisco, a ação cautelar
deve ser ajuizada perante o juízo competente para a execução fiscal, forte no art. 109
do CPC.
Não há perda da eficácia da medida no caso de não haver ajuizamento da ação
principal em trinta dias. Cabe ao credor tal ajuizamento e a demora corre contra os
seus interesses.
Ressalte-se que, como o oferecimento de caução é uma mera antecipação da penhora
e, assim, não tem efeito suspensivo da exigibilidade do crédito, o Fisco pode e deve
promover a execução fiscal, quando, então, a caução será convertida em penhora.
O oferecimento da caução implica reconhecimento do débito pelo contribuinte e
interrompe a prescrição art. 174, parágrafo único, inciso IV, do CTN. Todavia, importa
ressaltar que a ação cautelar de caução não impede o contribuinte de questionar
judicialmente o crédito tributário através de ação anulatória ou mediante o
oferecimento oportuno de embargos à execução.

15.2.4 Outras medidas propostas pelo sujeito passivo da obrigação tributária


(retirado do resumo do TRF 5)

Exceção ou objeção de pré-executividade. Em casos de flagrante nulidade do título


executivo ou do processo, tem-se admitido ao devedor a propositura de exceção de
pré-executividade, espécie de impugnação da execução infundada, sem que se
necessite assegurar (garantir) o juízo.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que, tratando-
se de execução fiscal, é cabível a exceção de pré-executividade. Esta é a linha
preconizada na Súmula 393 (“A exceção de pre-executividade é admissível na execução
fiscal relativamente as matérias conhecíveis de oficio que não demandem dilação
probatória”)

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Obs.: debates na jurisprudência quanto às matérias que podem ser suscitadas em


exceção de pré-executividade:

É possível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de


honorários advocatícios em decorrência da extinção da Execução
Fiscal pelo acolhimento de Exceção de Pré-Executividade
REsp 1185036 / PE DJe 01/10/2010 (Repetitivo)

Não cabe exceção de pré-executividade em execução fiscal


promovida contra sócio que figura como responsável na Certidão de
Dívida Ativa, porque a demonstração de inexistência da
responsabilidade tributária cede à presunção de legitimidade
assegurada à CDA, sendo inequívoca a necessidade de dilação
probatória a ser promovida no âmbito dos embargos à execução.
AgRg no REsp 1512277 / ES DJe 15/05/2015

As questões decididas em exceção de pré-executividade não podem


ser renovadas em embargos à execução. Ocorrência de preclusão
consumativa (CPC, art. 471).  TRF1 AGRAC 0009048-
06.2010.4.01.3900 / PA 18/09/2015

Para que a exceção de pré-executividade seja admitida, é


indispensável que o vício indicado apresente-se com tal evidência, a
ponto de justificar o seu reconhecimento de plano pelo juízo, sendo
desnecessária qualquer dilação probatória.  TRF1 AG 0032256-
06.2015.4.01.0000 / TO 22/09/2015

O comparecimento da agravante nos autos da execução fiscal por


meio de exceção de pré-executividade, por si só, não supre a citação,
vez que o art. 16, §1º, da Lei n.º 6.830/1980 prevê, de forma
expressa, que os embargos do executado somente serão admitidos
após a garantia do juízo, cujo procedimento, por sua vez, inicia-se
com a citação válida (art. 219 do CPC).  TRF1 AG 0031456-
75.2015.4.01.0000 / DF 13/10/2015

Embargos à execução. Garantida a execução fiscal, o executado tem o prazo de trinta


dias para propor embargos à execução, contados a) da intimação do depósito; b) da
juntada da prova da fiança bancária; c) da intimação da penhora. A discussão nos
embargos à execução é ampla, facultando-se ao autor-executado alegar todas as
matérias cabíveis a impedir ou reduzir a cobrança. A Lei 13.043/14 também permitiu o
“seguro-garantia” como meio hábil ao manejo dos embargos.

STJ, Info 494: A Seção firmou entendimento de que os honorários


advocatícios são devidos nos casos em que a Fazenda Pública
reconhece a procedência do pedido no âmbito dos embargos à
execução fiscal.

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Ação cautelar inominada. Sempre que houver fundado receio de grave lesão a direito
subjetivo, o contribuinte poderá intentar uma medida cautelar inominada ou atípica,
com base nos arts. 798 a 803 do CPC. Sua finalidade é garantir a eficácia da tutela
jurisdicional de conhecimento ou de execução, objetivando sempre a garantia do
processo principal ao qual guarda certa dependência quanto a seu objeto. Não é
cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou
preventivo, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações
de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. Não confundir com a cautelar
de caução.

16 Ponto 16 - Administração Tributária. Procedimento fiscal. Sigilo fiscal e


prestação de informações. Dívida ativa. Certidões e cadastro.
16.1 Considerações iniciais

A fiscalização é um poder-dever orientado pela isonomia, que, em matéria tributária,


se prende à ideia de tributar cada pessoa na medida de sua capacidade contributiva.

16.2 Fiscalização
16.2.1 Poderes das autoridades fiscais

Como não poderia deixar de ser, a legislação relativa à fiscalização aplica-se às pessoas
naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade
tributária ou de isenção de caráter pessoal (CTN, art. 194, parágrafo único).

Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais
excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou
produtores, ou da obrigação destes de exibi-los (art. 195 CTN). Nesse sentido é o teor
da Súmula 439 do STF: “Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária
quaisquer livros comerciais, limitando o exame aos pontos objetos da investigação”.

Como esclarece Hugo de Brito Machado o direito de examinar abrange todos os livros,
ainda que não obrigatório. Assim, por exemplo, se um agente fiscal encontra um livro
caixa no escritório da empresa tem o direito de examina-lo, mesmo em se tratando de
livro não obrigatório. Para Eduardo Sabbag em havendo recusa por parte do
contribuinte à exibição de seus livros e papéis à autoridade fiscal, será possível ensejar
o lançamento por arbitramento (art. 148 do CTN). A titulo de ilustração, a Lei 8.981/95
estabelece que a base de cálculo do IRPJ será o lucro arbitrado quando “o contribuinte,
obrigado à tributação com base no lucro real ou submetido ao regime de tributação de
que trata o Decreto-Lei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na forma das leis
comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela
legislação fiscal”. Esta é a linha seguida pelo TRF1: É devida a modificação do regime
de tributação de "lucro presumido" para o "lucro arbitrado" em virtude da ausência de
apresentação dos livros fiscais e contábeis e/ou Livro Caixa pela contribuinte, nos
termos do art. 530/III do Decreto 3.000/1999. Omissão sanada (EDAC 0023887-
13.2012.4.01.3400 / DF 23/10/2015)

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Há antigo entendimento do STJ (REsp 63585 e Resp.926368) segundo o qual mesmo


após a microfilmagem o documento deve ser guardado até que se ultime o prazo
prescricional. Sobre esta temática, contudo, colaciona-se o seguinte precedente do
TRF1:

O disposto no art. 73 do Decreto 3.000/99, que regulamenta a


tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre
a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, no qual se lê que "todas as
deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da
autoridade lançadora" significa que a autoridade fiscal pode exigir a
apresentação do recibo e, caso o contribuinte não o possua ou na
hipótese de o recibo oferecido não estar conforme o determinado na
Lei 9.250/95, que se lhe permite exigir a microfilmagem do cheque ou
os extratos bancários para devida validação do documento. Vale dizer:
não é permitido ao Fisco exigir o recibo e, estando este conforme
disposto na Lei n. 9.250/95, ainda exigir a  microfilmagem e os
extratos bancários, pois tal conduta extrapola o que norma autoriza.
AC 2008.38.00.031033-6 / MG 03/03/2015

Segundo o CTN a escrituração fiscal será conservada até que ocorra a prescrição dos
créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram (art. 195, P. único).

O CTN também atribui às autoridades fiscais o poder de requisitar de determinadas


pessoas todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou
atividades de terceiros (CTN, art. 197).
Registre-se, contudo, que a escolha da pessoa sobre a qual pode recair a requisição de
informações não é fruto da discricionariedade administrativa, pois somente havendo
lei estipulando a obrigatoriedade de prestar informação, poderá ser formulada a
intimação.

O início de qualquer fiscalização será anotado no livro fiscalizado, ou, quando não,
entregue cópia dos termos necessários para o início da fiscalização à pessoa sujeita à
fiscalização. A instauração do procedimento fiscal dá-se com o Mandado de
Procedimento Fiscal (MPF), que estabelece a delimitação do trabalho a ser
desempenhado pelo fiscal. O prazo máximo para conclusão do MPF é de 120 dias,
prorrogáveis (Portaria RFB n. 11.371/07). Existe divergência em saber se o lançamento
efetuado após o prazo do MPF seria válido. Há entendimentos oriundos do CARF pela
validade. Contudo, O TRF1 tem o seguinte precedente:

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. PRORROGAÇÃO 
IRREGULAR. MANUTENÇÃO DO AUDITOR FISCAL ORIGINÁRIO. ART.
16, PARÁGRAFO ÚNICO, DA PORTARIA SRF Nº 3.007/2001.  Na
hipótese vertente, o Mandado de Procedimento Fiscal - MPF tem por
data inicial o dia 26/02/2009 e deveria ter sido concluído no prazo de
sessenta dias, conforme determinava a Portaria SRF nº 3.007/2001
(art. 12) e determina atualmente a Portaria RFB nº 1.687/2014 (art.
11), pois se cuida de Procedimento Fiscal de Diligência (coleta de
informações). Assim, o prazo de validade do MPF se encerrou no dia

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27/04/2009. A Fazenda Nacional alega que "tanto houve


a prorrogação regular do MPF que em 30/06/2009 a DRF-Goiânia
expediu o Termo de Intimação nº 02 (recebido pelo contribuinte em
06/07/2009) solicitando novos documentos do contribuinte".  Ora,
em 30/06/2009 o prazo de validade do MPF já estava extinto, como
visto acima, e a Fazenda Nacional, por sua vez, nem sequer informa o
dia em que houve a efetiva prorrogação do ato fiscalizatório. Na
verdade, cabia à Fazenda Nacional demonstrar a data em que houve
a prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal (art. 333, II, do
Código de Processo Civil) Apelação provida. Sentença reformada.
Pedido julgado procedente. (AC 0003308-48.2011.4.01.3507 / GO
JUIZ FEDERAL RAFAEL PAULO SOARES PINTO (CONV.) 12/05/2015)

Por fim, quanto à prorrogação do MPF a jurisprudência do TRF1 coaduna-se com os


termos explícitos da legislação. Vejamos:

Registre-se ainda que "havendo necessidade de prorrogação do


prazo de validade do procedimento fiscal, o art. 13, §1°, da Portaria
SRF n° 3.007/01, é claro ao afirmar que esta se dará por meio de
simples registro eletrônico efetuado pela respectiva autoridade
outorgante, cuja informação estará disponível na internet" (AC
2004.38.00.027800-3/MG, rel. Juiz Federal Wilson Alves de Souza,
16/10/2013 e-DJF1 P. 359)

Pergunta: O regramento da ação fiscal por ato infralegal viola o princípio da


legalidade tributária?

A Portaria SRF 1265/99, ao instituir normas procedimentais para o


exercício da ação fiscal e instituir o Mandado de Procedimento Fiscal,
não ofende qualquer dispositivo legal. Conquanto não inove
instituindo obrigações não previstas em lei, trata-se de norma
secundária, integrante do conceito de legislação tributária, previsto
no art. 96, do Código Tributário Nacional e teve a finalidade de
atribuir maior acompanhamento, funcionalidade e eficiência para
exercício da atividade de fiscalização tributária. TRF1 - AMS
2000.34.00.007786-5 / DF 26/08/2013

16.2.1.1 O art. 6º, LC 105/2001

Art. 6º: As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão
examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras,
inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras,
quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento
fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela
autoridade administrativa competente.

Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os


documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo,
observada a legislação tributária.

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A discussão doutrinária é ferrenha 25. A problemática foi submetida ao STF, por meio de
cinco ações diretas de inconstitucionalidade, quais sejam: ADI n. 2.386 e n. 2.397
(apensadas à ADI n. 2.390) e ADI n. 2.406 (apensada à ADI 2.389), que ainda não
tiveram o julgamento concluído. No RE 601314 foi reconhecida a repercussão geral da
matéria (ainda não julgado).

O STJ, todavia, pontuou em sede de recurso repetitivo: “A quebra do sigilo bancário


sem prévia autorização judicial, para fins de constituição de crédito tributário não
extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001, normas
procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no artigo 144, § 1º, do
CTN. REsp 1134665 / SP S1 - PRIMEIRA SEÇÃO DJe 18/12/2009”. Diante da
importância do tema, o estudo do voto-vencedor (Min. Luiz Fux) revela a seguinte
evolução:
a) Lei 4.595/64 (Dispõe sobre as instituições financeiras, bancárias e creditícias):
Foi o primeiro diploma a delinear o sigilo bancário. Exige autorização judicial,
consoante dispõe o art. 38;
b) Lei 8.021/90: Na situação em que se busca identificar o contribuinte para fins
da constituição do crédito tributário não incide a exigência do aval judicial, até
então exigida pela Lei 4.595/64;
c) Lei Complementar 105/01: Revogou expressamente a parte da Lei 4.595/64
que exigia autorização judicial (art. 38) e ainda permitiu o acesso pela
autoridade fiscal aos registros bancários (art. 6).
Curiosamente, em recentes informativos o STJ aduziu: “Os dados obtidos pela Receita
Federal com fundamento no art. 6º da LC 105/2001, mediante requisição direta às
instituições bancárias no âmbito de processo administrativo fiscal sem prévia
autorização judicial, não podem ser utilizados para sustentar condenação em processo
penal”  REsp 1.361.174-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 3/6/2014.
(Informativo 543 – 2014).

O fundamento utilizado pelo aresto foi a ilicitude da quebra do sigilo bancário pelas
autoridades fazendárias porquanto “Apenas o Judiciário, desinteressado que é na
solução material da causa e, por assim dizer, órgão imparcial, está apto a efetuar a
ponderação imprescindível entre o dever de sigilo - decorrente da privacidade e da
intimidade asseguradas aos indivíduos em geral e aos contribuintes, em especial - e o
também dever de preservação da ordem jurídica mediante a investigação de condutas
a ela atentatória”. Vale atentar que este julgado foi prolatado pela 5 Turma a qual
compete julgar matéria penal.

25
A titulo de informação, nos EUA (US x Miller – 1976), a Corte Suprema definiu que tendo em vista que o próprio
indivíduo, voluntariamente, entregara sua documentação ao estabelecimento bancário, onde viria ser manuseado
por número indefinido de pessoas não haveria que contestar o acesso de autoridades administrativas, com justa
causa, a estes dados. Não existe ali, portanto, uma “expectativa de privacidade” (Fonte: Garantismo Penal Integral
– Editora Juspodivm - Jose Robalinho Cavalcante pg. 306). José Adércio Leite Sampaio esclarece que no mundo
inteiro nota-se uma firme tendência no sentido de ser deferido a órgãos administrativos o poder de quebra do sigilo
bancário sempre que necessário às investigações criminais, financeiras ou fiscais e inexistirem outros meios menos
gravosos.

160
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De seu lado, o STF em julgado posterior ao REsp 1134665 entendeu por, apertada


maioria que conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal
– parte na relação jurídico-tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao
contribuinte (RE 389808, 2010). Diante da pertinência com a temática ora
desenvolvida, é importante lembrar que o STF inadmitiu a quebra do sigilo bancário
pelo TCU (MS 22934 – Informativo 662/2012 – 2 Turma)

TRF1:
PENAL. PROCESSO PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM
TRIBUTÁRIA. OMISSÃO DE INFORMAÇÃO À AUTORIDADE
FAZENDÁRIA. SUPRESSÃO DE TRIBUTO FEDERAL. QUEBRA
DE SIGILO BANCÁRIO DIRETAMENTE PELARECEITA FEDERAL.
AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE A
previsão de quebra do sigilo bancário sem prévia autorização
(art. 6º da Lei Complementar 105/01) refere-se a procedimento
fiscal de constituição de crédito tributário. No processo penal,
contudo, tal ato deve ser precedido de autorização judicial, sob
pena de ilicitude da prova dessa forma colhida. (Precedente da
Turma).   ACR 0002653-40.2011.4.01.3810 / MG TERCEIRA
TURMA DESEMBARGADORA FEDERAL MONICA SIFUENTES
23/06/2015

PENAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM


TRIBUTÁRIA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PROVA ILÍCITA.
DENÚNCIA. INÉPCIA.  A quebra do sigilo bancário sem prévia
autorização judicial, para fins de constituição de crédito
tributário não extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90 e pela Lei
Complementar 105/2001, que passou a regular o sigilo das
operações de instituições financeiras, preceituando que não
constitui violação do dever de sigilo a prestação de informações à
Secretaria da Receita Federal, sobre as operações financeiras
efetuadas pelos usuários dos serviços (artigo 1º, § 3º, inciso VI,
c/c o artigo 5º, caput, da aludida lei complementar, e 1º, do
Decreto 4.489/2002).  A legalidade das informações bancárias
recebidas pelo Fisco sem prévio pronunciamento judicial não leva
à conclusão teratológica de que a quebra de sigilo bancário possa
ser realizada sem prévia atuação do Poder Judiciário para fins de
investigação criminal ou para subsidiar a opinio delicti do
Ministério Público Federal, sendo ilícitas as provas remetidas
pela Receita Federal do Brasil diretamente àquele órgão, com
posterior oferecimento de denúncia, considerando que os
dispositivos da Lei Complementar n.º 105/2001 delimitam a
permissão concedida à Receita Federal ao âmbito do
procedimento fiscal. . É inepta denúncia que, a pretexto de
descrever crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90, art.
1º, I), não alude qual informação foi omitida do Fisco e quem a
omitiu.  . Habeas corpus concedido de ofício para o trancamento
da ação penal. ACR 2007.39.04.000994-5/PA
DESEMBARGADOR FEDERAL I'TALO FIORAVANTI SABO MENDES
28/07/2015. COM O MESMO TEOR: ACR 0001144-

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52.2011.4.01.3300/BA (DESEMBARGADOR FEDERAL MÁRIO
CÉSAR RIBEIRO 11/11/2014

A documentação que acompanha as informações comprova que


a requisição de informações sobre movimentação financeira do
paciente (e da empresa), enviada pelo Delegado Adjunto
da Receita Federal em Brasília para o Banco do Estado de Santa
Catarina S/A, objeto da presente impetração, decorreu de
decisão judicial, o que afasta a alegada ilegalidade da quebra
de sigilo bancário do ora paciente.  HC 0049926-
28.2013.4.01.0000 / DF DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO
MENEZES 01/12/2014

16.2.2 Deveres das autoridades fiscais


16.2.2.1 Dever de documentar o início do procedimento: art. 196.

Três efeitos tem esse dever: 1) precisar o termo inicial do prazo para conclusão; 2)
antecipar a contagem do prazo decadencial (173, p.u.); 3) afastar a espontaneidade do
sujeito passivo, para efeitos da denúncia espontânea.

16.2.2.2 O dever de manter sigilo e suas exceções

Previsto no caput do art. 198: Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada
a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação obtida
em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de
terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades.

16.2.2.2.1.1 Exceções ao sigilo (art. 198, §§ 1º, 2º e 3)

Situações previstas no CTN: I – requisição de autoridade judiciária no interesse da


justiça; II – solicitações de autoridade administrativa no interesse da Administração
Pública, desde que seja comprovada a instauração regular de processo administrativo,
no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de investigar o sujeito passivo a
que se refere a informação, por prática de infração administrativa; (neste inciso foi
afastada a possibilidade do MP requisitar, sem autorização judiciária, informações;
salvo no caso de crime contra a ADM pública); III – representações fiscais para fins
penais; IV – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; V – parcelamento ou
moratória

1. O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da


Administração Pública, será realizado mediante processo regularmente instaurado, e a
entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante, mediante recibo, que
formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo.
2. Para fins penais, a representação fiscal somente será
encaminhada após proferida decisão final na esfera administrativa, a teor do art. 83 da
Lei 9.430 (antes da constituição definitiva incide o óbice da SV 24. Aproveitando o
ensejo cuida recordar que para o STF a aplicação da indigitada SV 24 aos fatos

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ocorridos anteriormente à sua edição não se constitui analogia in “malam partem”


porquanto o verbete apenas consolidou a interpretação reiterada da Corte
(Informativo 786/2015)

Obs. 2: CADIN (Cadastro informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades
federais)– a inscrição no CADIN e a obstaculização do exercício de direitos (p. ex.,
contratação de crédito público): sanção política?

“O poder público não está impedido de manter um cadastro de


devedores. Todavia, o que não se permite é que as empresas
inscritas possam ser privadas das operações declinadas no art. 6º da
MP 1490/12 (ADIN 1178-2). II – Em face da decisão do STF, devem as
empresas, quando da realização de qualquer das operações
enumeradas naquele art., postular não a exclusão do CADIN, mas sim
o direito a tal operação, demonstrando o dano que sofrerão caso não
possam efetuá-las (TRF1, AMS 1997.01.00.051678-9/MG, Cândido
Ribeiro).

Tal entendimento, porém, não se aplica a débitos previdenciários, por aplicação do


disposto no art. 195, §3º da CF – débitos com a seguridade, impedem certas
contratações com o Poder Público.

16.2.3 Permuta de informações sigilosas entre entes tributantes

Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para
a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na
forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou
convênio

Parágrafo único. A Fazenda Pública da União, na forma estabelecida


em tratados, acordos ou convênios, poderá permutar informações
com Estados estrangeiros no interesse da arrecadação e da
fiscalização de tributos.

Segundo a jurisprudência dominante, para que tal possibilidade exista é fundamental o


respeito ao contraditório, tendo sido a prova emprestada produzida em processo em
que se tenha assegurada tal garantia ao mesmo sujeito contra quem a prova será
novamente utilizada (STF, AI 741.193/PR; STJ, REsp 81.094/MG).
“As informações referentes ao contribuinte foram compartilhadas
entre as Fazendas Federal e Estadual, e no interesse da fiscalização
tributária, nos termos do artigo 199 do Código Tributário Nacional,
que pressupõe a existência de lei ou convênio para a utilização
de prova emprestada por parte da Receita Federal. Não ocorreu,
portanto, conforme alega o Apelante, o fornecimento de dados a
pessoas estranhas à relação tributária, razão pela qual não há que se
falar em quebra do sigilo fiscal.”  TRF1 ACR 0010660-
78.2011.4.01.3500 /GO DESEMBARGADOR FEDERAL MÁRIO CÉSAR
RIBEIRO 27/10/2015

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“Ementa: .... II. Não há qualquer óbice à utilização pelo Fisco Federal
de autos de infração lavrados pelo Fisco Estadual. Ao contrário, tal
procedimento é expressamente previsto no art. 199, do Código
Tributário Nacional e é de extrema utilidade para a apuração de
ilícito fiscal cometido pelo contribuinte, já que, comprovada a
insuficiência do recolhimento do ICMS, presume-se a omissão do
imposto de renda (IRPJ). ....” (TRF-1ª Região. AC 1998.01.00.026264-
5/BA. Rel. Juiz Wilson Alves de Souza (convocado). 3ª Turma
Suplementar. Decisão: 16/06/05. DJ de 04/08/05, p. 107.)

Para Ricardo Alexandre a admissão da prova emprestada não significa a possibilidade


de utilização da conclusão emprestada, como ocasionalmente querem proceder
algumas autoridades fiscais. Para o autor, o que pode ser emprestado é o conjunto
probatório.

O art. 200 do CTN:

Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o


auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e
reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no
exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê
medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure
fato definido em lei como crime ou contravenção.

STF: “Sem que ocorra qualquer das situações excepcionais


taxativamente previstas no testo constitucional (art. 5º, XI), nenhum
agente público, ainda que vinculado à administração tributária do
Estado, poderá, contra a vontade de quem de direito, ingressar,
durante o dia, sem mandado judicial, em espaço privado não aberto
ao público, onde alguém exerce sua atividade profissional. (…)”

No plano doutrinário, Hugo de Brito Machado esclarece que quando o uso da força
pública estiver em conflito com as garantias constitucionais do contribuinte a
ponderação judicial será indispensável, sem o quê as provas colhidas pela Fazenda
Pública não poderão ser utilizadas.

16.3 Dívida ativa

Conceito

“Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito


dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa
competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento,
pela lei ou por decisão final proferida em processo regular”.

O único objeto da inscrição do crédito tributário como dívida ativa é possibilitar futura
execução fiscal.

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Também a declaração de compensação constitui confissão de dívida que, quando não


homologada ou providos recursos do contribuinte, enseja a inscrição do débito em
dívida ativa26.
Art. 2º, § 2º, LEF: a dívida ativa abrange atualização, juros, multas e demais encargos
Encargo de 20% do DL 1025/69: quando a dívida ativa da União, suas autarquias e
fundações, é inscrita, passa a ser devido o encargo legal de que trata o DL 1025, de
10% antes de ajuizada a execução fiscal e de 20% após o ajuizamento.

STJ: “A Segunda Turma, ao julgar o REsp 1.234.893/SP, sob a relatoria


do Ministro Herman Benjamin, DJe de 8.9.2011, enfrentou questão
semelhante à dos presentes autos, em que o Tribunal de origem, em
interessante análise do encargo de que trata o art. 1º do Decreto-Lei
n. 1.025/69, consignou que se trata de quantia que serve a dois
propósitos distintos: a) honorários advocatícios; e b) custeio de
despesas associadas à arrecadação da dívida ativa federal. Consoante
anotado pelo Ministro Herman Benjamin, a natureza do encargo legal
previsto no Decreto-Lei 1.025/1969 foi amplamente debatida no
julgamento do Recurso Especial 1.110.924/SP, de relatoria do
Ministro Benedito Gonçalves, no rito do art. 543-C do CPC. Ratificou-
se naquela oportunidade a orientação de que, após a modificação
introduzida pela Lei 7.711/1988, tal verba não se confunde com
honorários advocatícios, pois constitui receita do Fundo Especial de
Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividadesde Fiscalização -
FUNDAF, instituído pelo Decreto-Lei 1.437/1975. Embora a matéria
então analisada tivesse por objeto a definição quanto à possibilidade
de cobrança - nos autos da execução fiscal - do encargo previsto no
Decreto-Lei 1.025/1969, é evidente que os seus fundamentos se
aplicam ao caso dos autos. A natureza legal do encargo previsto no
art. 1º do Decreto-Lei 1.025/1969 é de receita que compõe Fundo de
natureza contábil. O aludido encargo não constitui despesa
suportada pela União "para fazer parte na falência".

Extrai-se do art. 203 do CTN que a omissão de quaisquer dos requisitos previstos no
termo de inscrição ou o erro a eles relativo é causa de nulidade da inscrição. O STJ,
contudo, pondera esta rigidez legal:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


EXECUÇÃO FISCAL. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA. REQUISITOS PARA
CONSTITUIÇÃO VÁLIDA. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. (...) 3. A
pena de nulidade da inscrição e da respectiva CDA, prevista no art.
203 do CTN, deve ser interpretada cum granu salis. Isto porque o
insignificante defeito formal que não compromete a essência do
título executivo não deve reclamar por parte do exequente um novo
processo com base em um novo lançamento tributário para apuração
do tributo devido, posto conspirar contra o princípio da efetividade
aplicável ao processo executivo extrajudicial. 4. Destarte, a nulidade
da CDA não deve ser declarada por eventuais falhas que não geram

26
Nesse sentido, oportuno lembrar a Súmula 436 do STJ: “A entrega da declaração pelo contribuinte
reconhecendo o débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por
parte do fisco”

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prejuízos para o executado promover a sua defesa. 5. Estando o


título formalmente perfeito, com a discriminação precisa do
fundamento legal sobre que repousam a obrigação tributária, os
juros de mora, a multa e a correção monetária, revela-se descabida a
sua invalidação, não se configurando qualquer óbice ao
prosseguimento da execução. (...). (AgRg no Ag 485.548/RJ, 1ª T., rel.
Min. Luiz Fux, j. 06-05-2003)

Nome do responsável: a inscrição do nome de um responsável tributário depende da


prévia apuração administrativa de tal pressuposto de fato específico da
responsabilidade, com resguardo do direito de defesa do apontado responsável.
Ressalva-se a hipótese de sucessão, em que ocorre a simples sub-rogação.
Curiosamente, o STJ – em sede de recurso repetitivo – decidiu que “a constatação
posterior ao ajuizamento da execução fiscal de que a pessoa jurídica executada tivera
sua falência decretada antes da propositura da ação executiva não implica a extinção
do processo sem resolução de mérito” (Informativo 538). Isto porque a massa falida
ostenta a apenas a qualificação de personalidade judiciária não implicando, pois,
mutação subjetiva passiva. Constando o nome do responsável do título, a execução
poderá ser redirecionada a ele; não constando, possível o redirecionamento, contanto
que o exequente prove a responsabilidade daquele que deseja ver incluído no polo
passivo da ação. Jamais poderá constar o nome do responsável da CDA quando
fundada em declaração do contribuinte. Ex: no caso de crédito tributário executado
com base em declaração de débitos tributários feitos em nome da sociedade, será
sempre inválida a inclusão do nome dos sócios na CDA, dada a ausência de lançamento
tributário comprobatório da responsabilidade do sócio-gerente nos termos do 135 do
CTN.
Com efeito, o STJ tem entendido que “para admitir que a execução fiscal atinja
terceiros, não referidos na CDA, é lícito ao juiz exigir a demonstração de que estes são
responsáveis tributários, nos termos do CTN (art. 135)”. (REsp n. 272.236-SC, 1ª T., rel.
Min. Humberto Gomes de Barros, j. 17-04-2001)
Atenção: caso o nome do sócio conste da CDA, em execução ajuizada apenas contra a
Pessoa Jurídica, o ônus da prova compete ao sócio, porque aquela goza de presunção
de liquidez e certeza.
ATENÇÃO: Por falar em redirecionamento, é fundamental recordar o importante
precedente firmado pelo STJ também em sede de recurso repetitivo (Informativo 547):
“É possível o redirecionamento de execução fiscal de dívida ativa não-tributária contra
o sócio-gerente da pessoa jurídica executada, independentemente da existência de
dolo”
Origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que
seja fundado. Origem: tipo de lançamento, declaração de contribuinte, confissão.
Natureza: tributário ou não, multa, modalidades de obrigação principal (art. 113, §1º
CTN).
Número do processo administrativo de que se originar o crédito: se extraviou o
processo, é nula a CDA, porque retira do contribuinte a amplitude de defesa (STJ, RESP
686777, 2005).
É necessário protesto da CDA para execução fiscal? Se a CDA goza de presunção de
certeza e liquidez, o inadimplemento é caracterizado como elemento probante, sendo
um fato extintivo do direito da autor (STJ). Contudo, a Lei 12.767/12 permite o

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protesto da CDA. Alguns doutrinadores (Mauro Luis Rocha Lopes) entendem que esta
previsão é inconstitucional por configurar sanção política. O STJ aplica a citada Lei
(Informativo 533).

Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo


anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de nulidade da inscrição
e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá
ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição
da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou
interessado o prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a
parte modificada.

STJ – Súmula 392 – “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de


dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando
se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a
modificação do sujeito passivo da execução.

Após o reconhecimento da deficiência do título, o Exequente pode, através do órgão


apropriado, promover o cancelamento da certidão nula e a lavratura de nova certidão,
sem os vícios formais da anterior, solicitando, nos autos da execução, a substituição da
primeira pela segunda. Desse modo, a execução prosseguirá com suporte na CDA
substituta, adequando-se ao que nela contido.

O STJ já decidiu ser “inadmissível a substituição de CDA referente à


cobrança de IPTU a taxas lançados sobre área a maior, por isso que
não se trata de simples correção de erro material ou formal do título
executivo, mas de modificação do próprio lançamento, com alteração
do valor do débito, o que não guarda apoio no art. 2.°, § 8.°, da Lei
6.830/1980” (STJ, 2.a T., REsp 87.768/SP, Rel. Min. Francisco Peçanha
Martins, j. 03.10.2000, DJ 27.11.2000, p. 150).

Atenção! A substituição da CDA é uma faculdade do credor. Não pode ser determinada
pelo magistrado. A pena para a inércia da exequente é a declaração de nulidade do
título, com a consequente extinção da execução.

Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza


e liquidez e tem o efeito de prova pré-constituída.

Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e


pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou
do terceiro a que aproveite.

A qualidade de prova pré-constituída da CDA inverte o ônus de prova no tocante à


qualidade dos sócios-gerentes indicados pelo título. Assim, se o INSS, p. ex., com base
no ato constitutivo da empresa, arrola na CDA pessoas que não exercem,
efetivamente, função de administrador, diretor, etc, caberá a eles a demonstração de
dirimentes ou excludentes da hipótese previstas para responsabilidade de terceiros.

Jurisprudência do STJ e do TRF1


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Segunda Turma

- Deve ser extinta a execução fiscal que, por erro na CDA quanto à
indicação do CPF do executado, tenha sido promovida em face de
pessoa homônima. REsp 1.279.899-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 18/2/2014 (Informativo nº 0536).

- A ausência de prévio processo administrativo não enseja a nulidade


da Certidão de Dívida Ativa (CDA) nos casos de tributos sujeitos a
lançamento de ofício. AgRg no AREsp 370.295-SC, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 1/10/2013 (Informativo nº 0531).

- Não é possível a inscrição em dívida ativa de valor correspondente a


benefício previdenciário indevidamente recebido e não devolvido ao
INSS. REsp 1.350.804-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 12/6/2013 (Informativo nº 0522).

Nas hipóteses de tributos sujeitos a lançamento por homologação,


desnecessária a instauração de procedimento administrativo fiscal e
notificação do contribuinte acerca da inscrição do crédito tributário
em dívida ativa, uma vez que a ele incumbe toda a atividade de
apurar o tributo devido e pagar antecipadamente o respectivo valor.
Cabe à Fazenda Pública apenas homologar tal atividade (art. 150 do
CTN).  AG 0006146-43.2010.4.01.0000 /PA 16/10/2015

 A jurisprudência pátria é uníssona ao afirmar que é possível o


reconhecimento de ofício da nulidade da Certidão de Dívida
Ativa ante a inobservância dos pressupostos de validade do título
(art. 202 do CTN e art. 2º, § 5º, da Lei 6.830/80), haja vista tratar-se
de matéria de ordem pública. Precedentes do STJ e desta Corte.  AC
0021907-15.2014.4.01.3900 / PA 23/10/2015

Conforme dispõe o art. 3º da Lei n. 6.830/80, "a Dívida


Ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez".
A presunção é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a
cargo do executado ou de terceiro, a quem aproveite. Portanto, cabe
à parte executada comprovar fatos que de alguma forma afetem a
higidez da dívida, o que não ocorreu no presente caso.  AC
2007.38.12.000015-7 / MG; DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON
GUEDES 26/08/2015

De acordo com o art. 185 do CTN, na redação dada pela LC 118/2005,


é de se presumir fraudulenta a alienação de bem por sujeito passivo
em débito com a Fazenda Pública realizada em data posterior à
inscrição do débito como dívida ativa, não devendo subsistir,
destarte, o negócio jurídico realizado entre o embargado e o
executado. AC 0019133-15.2010.4.01.4300 / TO 28/08/2015

16.3.1 Certidões Negativas

Só por lei é que a pratica de atos pode ser condicionada à apresentação de certidões

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negativas de débitos, o que se pode extrair diretamente dos art. 5º, II e XIII da CF, e
resta expresso no art. 205 do CTN. Mas nem mesmo a lei poderá exigir a apresentação
de CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS incorrendo em irrazoabilidade ou
compromentendo desproporcionalmente direito do contribuinte, o que configuraria o
que há muito se designa como sanção política. Atos normativos infralegais não podem
restringir direitos.

STJ, Info 413: Não é lícito exigir uma nova certidão negativa de
débitos (CND) para o desembaraço aduaneiro da importação, se a
comprovação da quitação dos tributos já foi apresentada quando da
concessão do benefício fiscal de drawback.

Súmula 446: Declarado e não pago o débito tributário pelo


contribuinte, é legitima a recusa de expedição de certidão
negativa ou positiva com efeito de negativa

Inconstitucionalidade do condicionamento do levantamento de precatório à


apresentação de CND. Lei 11033, art. 19 – ADI 3453, Carmen Lucia, nov/06).

Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado


tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à
vista de requerimento do interessado, que contenha todas as
informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio
fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se
refere o pedido.

Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos


termos em que tenha sido requerida e será fornecida dentro de 10
(dez) dias da data da entrada do requerimento na repartição.

Registre-se, por oportuno, que, apesar da denominação “Certidão Negativa de Débito


– CND”, o Superior Tribunal de Justiça tem considerado válida a recusa de emissão
quando o contribuinte descumpre obrigação acessória, desde que tal consequência
esteja prevista em lei, como é o caso da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações
à Previdência Social (GFIP), nos termos previstos pelo art. 32, IV e § 10, da Lei
8.212/1991 (REsp 1.042.585-RJ). De igual modo Seção reiterou que é legítima a
recusa do Fisco de fornecer certidão de regularidade fiscal (Certidão Negativa de
Débitos - CND), em virtude da existência, por si só, de irregularidade em guias de
recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social (GFIPs), a despeito da
ausência de lançamento de ofício da suposta diferença constatada (REsp 1.143.094-
SP)

Jurisprudência do STJ e do TRF1


A municipalidade é responsável pelo pagamento dos débitos
tributários contraídos pela Câmara de Vereadores, e, existindo dívida
tributária, não se revela possível a expedição de Certidão Negativa
de Débito CND - ou Certidão Positiva de Débitos com Efeitos de
Negativa CPD-EN - em favor do ente público. AgRg no REsp
1550941 / BA DJe 16/11/2015
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Esta Corte firmou o entendimento de que "é possível a concessão de


certidões negativas de débitos tributários às empresas filiais, ainda
que conste débito em nome da matriz e vice-versa, em razão de cada
empresa possuir CNPJ próprio, a denotar sua autonomia jurídico-
administrativa" (AgRg no REsp 1.114.696/AM, Rel. Min. Hamilton
Carvalhido, Primeira Turma, DJe 20/10/09). AgRg no AREsp 657920 /
AM DJe 27/05/2015

A penhora de bem de valor inferior ao débito não autoriza a


expedição de certidão positiva com efeitos de negativa  REsp
1.479.276-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
16/10/2014. (Informativo 550)

A exigência de a apresentação de certidão negativa de débito para


fins de renovação de autorização de funcionamento das empresas de
vigilância foi estabelecida por meio do Decreto 89.058/83, que
regulamenta a Lei 7.102/83, a qual estabelece normas para a
constituição e funcionamento de empresas particulares que
exploram serviços de vigilância. Simples decreto não pode exigir
certidão de regularidade fiscal para o exercício de atividade
econômica, uma vez que compete à lei em sentido estrito a criação
de direitos e obrigações, sob pena de ofensa ao princípio da reserva
legal e, no caso, a Lei 7.102/83, não prevê tal exigência.  Somente se
mostra razoável a exigência de regularidade fiscal por ocasião da
autorização para o início de funcionamento da empresa, mas não
quando Entendimento em sentido diverso implicaria em
reconhecimento de meio indireto de cobrança de tributos, o que
poderia vir a comprometer o próprio funcionamento da empresa,
acabando, assim, por negar aplicação à Súmula STF/70, segundo a
qual "é inadmissível a interdição de estabelecimento como meio
coercitivo para cobrança de tributo". Precedente.  AMS
2008.34.00.020027-6/DF DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON
GUEDES 13/05/2015

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. DEMANDA AJUIZADA POR FILIAL.


PESSOA JURÍDICA DISTINTA DA MATRIZ PARA EFEITOS TRIBUTÁRIOS.
AUTONOMIA. CONTRIUINTE ISOLADO. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO
NEGATIVA DE DÉBITOS. POSSIBILIDADE.  Na mesma linha: "As filiais
têm registros próprios no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica -
CNPJ. Têm a empresa matriz e as filiais personalidades jurídicas
distintas. Logo, não se pode negar às filiais Certidão Negativa de
Débitos ou Certidão Positiva de Débitos com Efeito de Negativa se
quem está em débito é a empresa matriz. Como decidiu a antiga 4ª
Turma deste Tribunal, ao julgar o AMS 96.01.10970-6/GO, DJ
09.10.1997, tendo como relatora a Juíza Eliana Calmon: 'O registro e
inscrição de estabelecimento filial é como se fosse o surgimento de
uma nova empresa'." (AG Nº 2004.01.00.003230-7/AM, Rel. Des.
Federal Tourinho Neto). AC 0024083-03.2014.4.01.3500 / GO;
31/03/2015

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16.3.2 Certidões positivas com efeitos de negativas

Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a


certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em
curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora,
ou cuja exigibilidade esteja suspensa.

Por sua vez, se já foi proposta a execução fiscal e realizada a apreensão judicial de bens
suficientes à total extinção do crédito (penhora), o direito do Fisco está garantido,
dependendo sua satisfação tão somente do natural andar do procedimento judicial,
não podendo o particular ser punido pela lentidão do aparelho judicial (STJ – REsp
328.045/SC).
Por fim, se o Fisco não pode promover atos de cobrança, não estando o particular
obrigado a fazer qualquer recolhimento naquele momento, o mesmo está em situação
regular, tendo o direito à certidão. A regra vale para todas as hipóteses suspensivas
previstas no art. 151 do CTN, não sendo lícito ao ente tributante condicionar a
expedição de certidão à apresentação de qualquer garantia. Nessa linha, segundo a
jurisprudência do STJ, a lei de determinado ente pode exigir apresentação de garantia
para a obtenção do parcelamento. Se não o faz, os particulares que legalmente
parcelam seus débitos têm direito à certidão positiva com efeito de negativa (AgRg no
Ag 442.292).

Jurisprudência do STJ e do TRF1

STJ, Info 380: A alegação de compensação é verdadeira causa


extintiva do direito do Fisco. Ela pode ser alegada pelo contribuinte
na esfera judicial ou na administrativa. Na última, tem o efeito de
suspender a exigibilidade do tributo (art. 151, III, do CTN). Assim,
enquanto pendente a análise daquele pedido administrativo,
suspende-se a exigibilidade do tributo, hipótese em que não há como
negar a expedição de certidão positiva de débitos com efeito de
negativa (art. 206 do CTN). REsp 980.017-SP, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 9/12/2008.

Não é possível a expedição de certidão positiva com efeito de


negativaem favor de sócio que tenha figurado como fiador em
Termo de Confissão de Dívida Tributária na hipótese em que o
parcelamento dele decorrente não tenha sido adimplido REsp
1.444.692-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 13/5/2014
(Informativo 543)

A penhora sobre faturamento, não sendo integral, não garante


suficientemente a execução. Não há falar, no caso, em expedição de
certidão positiva com efeitos de negativa nem em suspensão da
exigibilidade do crédito. AgRg no REsp 1468687 / CE DJe 20/04/2015
A  jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido
de ser possível a expedição de Certidão Positiva de Débito com Efeito
de Negativa (CPD-EN) para devedor, pessoa jurídica de Direito
Público, independentemente da suspensão da exigibilidade do

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crédito ou de sua garantia. Precedentes do STJ.  Cogitando-se de ente


público (com bens impenhoráveis), ainda que o só ajuizamento da
ação não seja causa insculpida no art. 151 do CTN, a CPD-EN e a
retirada das restrições dos cadastros federais (CAUC/CADIN) não lhe
podem ser negadas porque o requerente não pode ser compelido a
oferecer bens em garantia (nem poderia, querendo, fazê-lo),
peculiaridade essa que exige interpretação e aplicação, com
razoabilidade e simetria, do art. 206 do CTN (que assegura CPD-EN
se, havendo créditos em cobrança, formalizar-se penhora) e, na
mesma toada, do art. 7º da Lei nº 10.522/2002 (suspensão do CADIN
em prol de quem ofereça garantia idônea), sob pena de dispensar-lhe
tratamento diferente e a menor em face daquele a quem a lei
dispensa prerrogativas melhores, decorrentes do primado da
supremacia do interesse público. (IN AG 0044325-
12.2011.4.01.0000/MG, REL. DESEMBARGADOR FEDERAL LUCIANO
TOLENTINO AMARAL, SÉTIMA TURMA,E-DJF1 P.469 DE 13/01/2012).   
TRF1 AGA 0064241-32.2011.4.01.0000 / MG JUIZ FEDERAL ARTHUR
PINHEIRO CHAVES (CONV.) 18/06/2013

16.3.3 Dispensa da apresentação de certidão negativa

Dispõe o art. 207 do CTN:

“Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será


dispensada a prova de quitação de tributos, ou o seu suprimento,
quando se tratar de prática de ato indispensável para evitar a
caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes
no ato pelo tributo porventura devido, juros de mora e penalidades
cabíveis, exceto as relativas a infrações cuja responsabilidade seja
pessoal ao infrator”.

Para a doutrina, a norma é expressamente definida como autoaplicável (pois


independe de disposição legal permissiva) e tem por objetivo evitar que a exigência de
apresentação da prova de quitação de tributo impeça a prática de um ato que se
afigura urgente e acabe por gerar caducidade (perda) de direito.

16.3.4 Responsabilidade por expedição de certidão com erro

Segundo o art. 208 do CTN, a certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que
contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário
que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescido.
Para Ricardo Alexandre, o CTN foi extremamente infeliz ao classificar tal situação como
geradora de responsabilidade pessoal. Afinal, a responsabilidade pessoal é exclusiva,
não aparecendo qualquer outra pessoa que responda subsidiariamente ou
solidariamente com o devedor. O problema na regra prevista no artigo 208 do CTN é
que, se a responsabilidade for considerada pessoal, o sujeito passivo do tributo estaria
livre do dever de pagá-lo. Além disso, a responsabilização pessoal do servidor
praticamente transformaria o pagamento do tributo em sanção por ato ilícito, o que
contraria a definição constante do art. 3.º do CTN. Assim, na visão do autor, pode-se
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afirmar que a responsabilidade deve ser solidária entre o beneficiário da emissão de


certidão e o servidor que a expediu.

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