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PARTE I: RELATÓRIO

DO DIAGNÓSTICO NACIONAL
SOBRE A POLÍTICA DE ATENDIMENTO
SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO

I
PARTE
SUMÁRIO

CRÉDITOS................................................................................................................................... 7
Prefácio I - Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.................................. 9
Prefácio II - Gabinete de Assessoria Jurídica das Organizações Sociais - GAJOP........................ 11
APRESENTAÇÃO........................................................................................................................13
PARTE I: Panorama Nacional da Política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto
(2017 a 2018)
(Setembro/2021).........................................................................................................................15
1. Considerações conjunturais e conceituais sobre a temática..................................................... 17
1.1. Contextualização histórica: a justiça juvenil no Brasil................................................................................... 17
1.2. Municipalização do Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto.............................................................. 19
2. Considerações teórico-metodológicas.....................................................................................21
2.1. Definições dos blocos temáticos.....................................................................................................................23
2.2. Abrangência territorial do diagnóstico..........................................................................................................24
2.3. Dinâmica da pesquisa de campo....................................................................................................................25
2.4. Estrutura do relatório.....................................................................................................................................26
2.5. Flexão de gênero no relatório.........................................................................................................................27
3. Construção coletiva dos parâmetros de gestão e de monitoramento...................................... 27
3.1. Construção coletiva dos parâmetros de gestão............................................................................................. 28
3.1.1. Participação nos espaços de construção dos Planos de Atendimento Socioeducativo........................29
3.1.2. Percepções sobre a execução das metas do Plano de Atendimento Socioeducativo.......................... 30
3.1.3. Participação nas reuniões de avaliação do Plano de Atendimento Socioeducativo.............................32
3.2. Construção coletiva dos parâmetros para o Monitoramento / Estratégias intersetoriais
de monitoramento.................................................................................................................................................34
3.2.1. Existência de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de Acompanhamento do SINASE................34
3.2.2. Grau de satisfação com o monitoramento do processo de implementação das Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto realizado pela Comissão Intersetorial..................................................... 38
4. Percepções sobre os recursos disponíveis para execução das Medidas Socioeducativas
em Meio Aberto......................................................................................................................... 39
4.1. Grau de satisfação com o orçamento disponível para o financiamento da gestão municipal do SINASE.. 40
4.2. Grau de satisfação com a gestão do SINASE nos municípios e estados........................................................43
4.3. Grau de satisfação com a capacidade técnica e operacional da equipe gestora das Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto..........................................................................................................................45
4.4. Grau de satisfação com a execução técnica das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto
no município..........................................................................................................................................................45
4.5. Grau de satisfação com a quantidade de profissionais disponíveis para a execução das Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto..........................................................................................................................46
5. Percepção sobre os obstáculos para que se consiga cumprir com os princípios e diretrizes
preconizados pelo SINASE......................................................................................................... 48
6. Atendimento ofertado ao/à adolescente no Sistema de Justiça.............................................. 50
6.1. Estrutura disponível para o atendimento ao adolescente: capacitação dos/das operadores/as do direito,
especialização das varas, promotorias e defensorias, equipe técnicas para estudos psicossociais.................... 50
6.1.1. Capacitação dos atores do Sistema de Justiça..................................................................................... 50
6.1.1.1. Capacitação sobre a Política Nacional de Assistência Social................................................... 50
6.1.1.2. Capacitação exclusiva para técnicos e analistas do TJ............................................................. 51
6.1.1.3. Capacitação sobre infância e juventude....................................................................................52
6.1.1.4. Capacitação sobre o SINASE.....................................................................................................52
6.1.1.5. Capacitação sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em
Conflito com a Lei - PNAISARI.............................................................................................................53
6.1.1.6. Outras formas de aprimoramento............................................................................................53
6.2. Experiência de atendimento ao/à adolescente..............................................................................................53
6.3. Disponibilidade de recursos especializados que podem dar suporte ao atendimento do/a adolescente....54
6.3.1. Órgãos especializados...........................................................................................................................54
6.3.2. Existência de equipe técnica multiprofissional....................................................................................55
6.4. Atendimento no Sistema de Justiça – Procedimento de oitiva informal......................................................56
6.4.1. Frequência de realização das Oitivas Informais...................................................................................57
6.4.2. Escuta das testemunhas e vítimas........................................................................................................57
6.4.3. Embasamento em estudos psicossociais e pareceres técnicos............................................................58
6.4.4. Critérios para decisão sobre as Medidas Socioeducativas que serão aplicadas................................. 60
6.4.4.1. Critérios para conceder remissão simples................................................................................61
6.4.4.2. Critérios para oferecer remissão com indicação de Medida Socioeducativa
de Prestação de Serviços à Comunidade e/ou Liberdade Assistida.....................................................62
6.4.4.3. Critérios para oferecer de privação de liberdade.....................................................................65
6.5. Condições para a defesa e para a orientação do/a adolescente.................................................................... 68
6.5.1. Presença das famílias durante as sessões de oitiva informal.............................................................. 68
6.5.2. Participação do/a Defensor/a público/a no procedimento de oitiva informal.................................. 68
6.5.3. Participação dos/as profissionais do Direito que atuam no Serviço de Proteção Social
a Adolescente em cumprimento de Medida Socioeducativa em Meio Aberto, nas oitivas informais
nos casos em que o/a adolescente encontra-se institucionalizado/a nas unidades de acolhimento
da política de Assistência Social.....................................................................................................................70
6.6. Atendimento no Sistema de Justiça – Audiências de apresentação............................................................. 71
6.6.1. Sobre as audiências de apresentação.................................................................................................... 71
6.6.2. Embasamento em estudos psicossociais e pareceres técnicos............................................................ 71
6.6.3. Critérios para decisão sobre as Medidas Socioeducativas que serão aplicadas..................................73
6.6.3.1. Critérios para concessão de remissão simples.........................................................................73
6.6.3.2. Critérios para conferir Medida Socioeducativa em Meio Aberto............................................74
7. Atendimento ofertado ao/à adolescente em cumprimento de Medida Socioeducativa
em Meio Aberto no Sistema Único de Assistência Social e no Sistema Socioeducativo................77
7.1. Caracterização dos serviços de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto no Brasil.............................78
7.2. Capacitação dos atores que compõem as equipes técnicas dos Serviços de Proteção Social
a Adolescente em cumprimento de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto................................................. 80
7.2.1. Capacitação voltada exclusivamente para trabalhadores/as do SUAS...............................................81
7.2.2. Capacitação voltada exclusivamente para trabalhadores e trabalhadoras do Sistema
Socioeducativo............................................................................................................................................... 82
7.2.3. Capacitação voltada para a temática da infância e juventude............................................................ 82
7.2.4. Capacitação específica sobre as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto...................................... 83
7.2.5. Capacitação sobre o SINASE............................................................................................................... 84
7.2.6. Capacitação sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em conflito
com a Lei – PNAISARI.................................................................................................................................. 86
7.3. Obtenção de orientações técnicas para o trabalho no SUAS........................................................................ 86
7.4. Gênero e Assistência Social............................................................................................................................87
7.5. Organização das equipes técnicas................................................................................................................. 89
7.5.1. Distribuição dos atendimentos.............................................................................................................91
7.5.2. Reuniões de equipe para estudo de caso..............................................................................................92
7.5.2.1. Periodicidade das reuniões de equipe.......................................................................................92
7.5.2.2. Temas mais tratados nas reuniões de equipe...........................................................................92
7.6. Construção do Plano Individual de Atendimento - PIA................................................................................94
7.6.1. Modelo oficial do PIA............................................................................................................................94
7.6.2. Elaboração do Plano de Atendimento Individual (PIA): aspectos abordados, critérios para inclusão
de metas e a participação dos/as adolescentes e suas famílias......................................................................96
7.6.3. Participação do/a adolescente............................................................................................................102
7.6.4. Participação das famílias....................................................................................................................105
7.6.5. Participação de outros atores envolvidos no atendimento socioeducativo.......................................109
7.6.5.1. Tempo para a elaboração do PIA.............................................................................................111
7.6.5.2. Tempo para iniciar o cumprimento da Medida Socioeducativa em Meio Aberto................ 113
7.7. Estratégias para engajamento do/a adolescente: atividades desenvolvidas nos equipamentos,
atividades propostas na PSC e participação nas decisões...................................................................................115
7.7.1. Periodicidade de atendimento no equipamento..................................................................................115
7.7.2. Atividades realizadas pelos/as adolescentes para cumprimento das Medidas Socioeducativas
em Meio Aberto............................................................................................................................................. 116
7.7.3. Atividades realizadas pela equipe técnica com os/as adolescentes que frequentam os serviços......120
7.7.4. Avaliação das atividades pelos/as adolescentes.................................................................................120
7.7.5. Participação do/a adolescente na rotina do equipamento................................................................. 122
7.7.6. Acompanhamento e visitas domiciliares............................................................................................ 125
7.7.6.1. Agendamentos das visitas domiciliares realizadas pelas equipes técnicas
aos/às adolescentes e suas famílias.....................................................................................................129
7.7.6.2. Acompanhamento de outros atores às visitas domiciliares realizadas
aos/às adolescentes e suas famílias pelas equipes técnicas................................................................129
7.7.6.3. Solicitação/Recomendação da autoridade judiciária para realização de visita
domiciliar ao/à adolescente em cumprimento de MSE...................................................................... 131
7.8. Intersetorialidade.........................................................................................................................................133
7.8.1. Fluxos de atendimentos e fluxos de informações............................................................................... 133
7.8.1.1. Articulações com a rede de ensino..........................................................................................133
7.8.1.2. Articulações com a rede de saúde........................................................................................... 137
7.8.1.3. Relações com a rede de organizações parceiras que oferecem atividades esportivas,
culturais e profissionalizantes ............................................................................................................142
7.8.1.3.1. Sistemas: Profissionalização................................................................................... 142
7.8.1.3.2. Acesso à cultura, esporte e lazer ............................................................................ 143
7.8.1.3.3. Atividades religiosas............................................................................................... 145
7.9. Participação das equipes nas audiências judiciais.......................................................................................146
7.10. Adesão ao PIA.............................................................................................................................................149
8. Violências contra os/as adolescentes....................................................................................152
8.1. Especificidades das violências vivenciadas pelos/as adolescentes em cumprimento de Medida
Socioeducativa em Meio Aberto.......................................................................................................................... 153
8.2. Relato de violências e de ameaças...............................................................................................................154
8.2.1. Autores de ameaças segundo relatos dos/as adolescentes as/aos profissionais............................... 155
8.2.2. Formas de violência segundo relatos dos/as adolescentes as/aos profissionais.............................. 157
8.2.3. Motivações de violências segundo relatos dos/as adolescentes aos/às profissionais.......................160
8.2.3.1. Motivação de violência relacionada a questão das drogas segundo relatos
dos/as adolescentes aos/às profissionais............................................................................................163
8.3. Violência contra adolescente durante as oitivas e durante as audiências...................................................166
8.4. Estrutura formalizada e as condições para denúncia..................................................................................169
8.4.1. Sistema de Justiça: Protocolo e Notificação de Ameaça de Morte ou Violência no Município......... 169
8.4.2. Assistência Social e Conselhos: Protocolo e Notificação de Ameaça de Morte ou Violência
no Município..................................................................................................................................................171
8.4.3. Percepção sobre o fluxo de informações entre os órgãos de denúncia e de notificação
de violências.................................................................................................................................................. 175
8.5. Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM)................................. 176
8.5.1. Percepções sobre o fluxo de comunicação e interação com o PPCAAM............................................ 178
8.5.2. Entre o relato de ameaças e o encaminhamento para o programa de proteção ou suspensão
do processo....................................................................................................................................................180
8.5.3. A internação como resposta a ameaças de morte e de violência.......................................................180
Considerações finais, apesar de preliminares...........................................................................182
CRÉDITOS

COORDENAÇÃO Luiza Tavares de Oliveira Souto


Visão Mundial Márcia Beatriz Dias dos Santos
Renata Cavalcanti Marco Aurélio M. B. De Oliveira Filho
Welinton Silva Marina Mantovani Rodrigues de Castro
Michelle Conceição Stephanou
ELABORAÇÃO
Paulo Braga Henriques
Redação
Roberta da Rosa
Cibelle Dória da Cunha Bueno
Roberto Brito Neto
Hannah Zuquim Aidar Prado
Samuelli Cristine Fernandes Heidemann
Igo Ribeiro
Sarah Angélica Souto de Oliveira Nunes
Leandro Carvalho
Sarah Nunes Faraht
SUPERVISÃO FINAL Tamiris Souza
Cibelle Dória da Cunha Bueno Tânia Barbosa Tomaz
Leandro Carvalho Valéria Aparecida de Oliveira Silva
Vanessa Morimoto
COLABORAÇÃO TÉCNICA
Vanessa Silva dos Santos
Douglas Gomes Camargo de Medeiros
Waneska Viana
Igo Ribeiro
João Pedro Moreira Pupe APOIO
Hannah Zuquim Aidar Prado Getúlio Silva
José Artur Pontes Filho
PESQUISA DE CAMPO
Laura Ribeiro
Acássio Pereira de Souza
Paola Bello
Adriano Ferreira Silva
Renata Vaz
Adriano Pereira Basilo
Welinton Silva
Alberto Martín Antonio Padrón Abad
Alessandra Cordovil da Luz CONTRIBUIÇÕES E AGRADECIMENTOS
Ana Gabriela Pinheiro Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Ana Paula Silva Humanos
Beatriz Saks Coordenação Geral - Sistema Nacional de
Bia Cruz Freitas Atendimento Socioeducativo (SINASE)
Camila Chiapetti Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do
Carlos Lourenço de Almeida Filho Adolescente
Christiane Rocha Ciovana Falcão
Ministério da Cidadania
Cícera Laeni de Oliveira Garcia Farias
Cláudia Aparecida Pereira Brígido Secretaria Nacional de Assistência Social
Diego Carvalho (SNAS) Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
Douglas Gomes Camargo de Medeiros Conselho Nacional do Ministério Público
Douglas Gonsalves Fávero (CNMP)
Elles Soares Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Fernanda Caroline Cassador Costa Adolescente (CONANDA)
Gabriela Gomes Cardoso Conselho Nacional de Gestores Municipais da
Gláucia Medeiros Assistência Social (CONGEMAS)
Hannah Zuquim Aidar Prado
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)
Igo Ribeiro
Gabinete de Assessoria Jurídica das
Jamile dos Santos Carvalho
Organizações Sociais (GAJOP)
Jessica Aparecida Miltão Facundo
João Pedro Moreira Pupe DIAGRAMAÇÃO / PROJETO GRÁFICO
Karolyne da Silva Rosa CCS Gráfica e Editora
Larissa Galdino de Magalhães Santos Marcondes Vitorino
Leandro de Carvalho
Leonardo Alves dos Santos
Lucas Pilau
REVISÃO TEXTUAL
Cibelle Dória
Maria Brassan
Paola Bello
Renata Vaz
CONTRIBUIÇÕES E AGRADECIMENTOS
Gabinete de Assessoria Jurídica das
Organizações Sociais (GAJOP)
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (CONANDA)
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos
Coordenação Geral - Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo (SINASE)
PREFÁCIO I - SECRETARIA
NACIONAL DOS DIREITOS DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Este diagnóstico, viabilizado por parce- Mauricio J S Cunha


ria realizada entre o Ministério da Mulher, da Secretário Nacional dos Direitos da Criança e
Família e dos Direitos Humanos, o CONANDA do Adolescente
e a Visão Mundial, sobre a municipalização do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
atendimento Socioeducativo em Meio Aberto, Humanos
abrangendo as formas de gestão, implementação
e monitoramento de políticas públicas, constitui
um fundamental instrumento de conhecimento
da heterogênea realidade de um país das dimen-
sões do Brasil e, portanto, um importante qualifi-
cador das balizas decisórias para o avanço e aper-
feiçoamento do atendimento ao adolescente em
conflito com a lei.
O maior mérito, embora não o único, está
não só na parte I ora apresentada, que perfaz a
abrangência dos dados colhidos, em escala nacio-
nal, mas, nomeadamente, nas próximas fases,
ainda em andamento, que definirão as partes
II e III, a partir da sistematização das práti-
cas exitosas do meio aberto, bem como a escuta
dos adolescentes, jovens, familiares e profissio-
nais, o que fomentará, de forma mais completa,
a parametrização de práticas que reforcem o
protagonismo do adolescente em seu processo
de responsabilização, construção assaz desa-
fiadora, especialmente em medidas executadas
sem a privação de liberdade do jovem, e contri-
bui substantivamente para o alinhamento das
práticas com os marcos normativos que regulam
o Sistema Nacional de Medidas Socioeducativas
(SINASE).
Neste sentido, o Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH),
por meio da Secretaria Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente (SNDCA), consi-
derando a relevância do tema proposto e a
qualidade do trabalho ora apresentado, sendo as
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto a efeti-
vação de um dos princípios mais caros do Sistema
Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE), qual seja, a excepcionalidade das
medidas em meio fechado e a primazia de que
o adolescente possa ser responsabilizado no
seio de sua comunidade, apresenta este estudo,
trazendo conteúdo importante para a capacita-
ção de todos os atores do Sistema de Garantia de
Direitos das cinco regiões do Brasil.
PREFÁCIO II - GABINETE DE
ASSESSORIA JURÍDICA DAS
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS - GAJOP

O Gabinete de Assessoria Jurídica às pessoas; promover formação em Direitos


Organizações Populares – GAJOP é uma enti- Humanos.
dade da sociedade civil, criada em 1981. Tem A implementação e fortalecimento do
como missão institucional “Defender e promo- Sistema Nacional Socioeducativo, com todas as
ver os Direitos Humanos, com foco no Acesso à suas garantias de direitos fundamentais, tem sido
Justiça e Segurança, em especial, dos segmentos um tema prioritário da incidência do GAJOP,
socialmente vulneráveis, através da Educação expressado no volume de seus documentos
em Direitos Humanos, do Controle Social e do técnicos, no controle e monitoramento da polí-
Monitoramento de Políticas Públicas, visan- tica socioeducativa em meio aberto e fechado,
do à construção de uma sociedade digna, justa e em especial nas suas inspeções nas unidades
democrática”. socioeducativas de privação de liberdade, em
O GAJOP atua na defesa irrestrita dos parceria com organizações e mecanismos esta-
direitos humanos, especialmente de crianças duais, nacional e internacional de prevenção e
e adolescentes, atuando enquanto Centro de combate à tortura. Nos últimos anos, o GAJOP
Defesa, ofertando a proteção jurídico-social de tem promovido a visibilidade da política de
crianças, adolescentes e familiares, com direi- atendimento socioeducativa no Brasil, com a
tos violados ou ameaçados, conforme preconiza intencionalidade de exigir das autoridades locais
o Estatuto da Criança e do Adolescente. Compõe o cumprimento irrestrito dos acordos interna-
a Associação Nacional do Centro de Defesa da cionais dos quais o Brasil é signatário, dentre
Criança e do Adolescente (ANCED), a Associação eles, a Convenção dos Direitos da Criança e do
Brasileira das Organizações Não Governamentais Adolescente das Nações Unidas.
(ABONG), a Plataforma Brasileira de Direitos O GAJOP cooperou com a Visão Mundial,
Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e na perspectiva de atuação em Rede, com a
Ambientais (Plataforma DHESCA Brasil), a Rede finalidade de pesquisar os impactos da muni-
de Justiça Criminal, a Plataforma Brasileira de cipalização do atendimento Socioeducativo em
Políticas sobre Drogas e é signatário da Agenda Meio Aberto (Liberdade Assistida e Prestação
Nacional pelo Desencarceramento. Possui de Serviço à Comunidade) para os adolescentes/
assento nos Conselhos Nacional e Estadual dos jovens em cumprimento de medida, seus familia-
Direitos da Criança e do Adolescente, é filiado res e a sociedade em geral, nas 27 capitais e nos
ao Movimento Nacional de Direitos Humanos 150 municípios que compõem as regiões metro-
(MNDH) e compõe outros espaços de controle politanas do Brasil, analisando as formas de
social das Políticas Públicas. gestão, implantação e monitoramento da política
As ações do GAJOP estão pautadas nos pública, contribuindo para o alinhamento das
seus compromissos institucionais que, obriga- práticas com os marcos normativos que regu-
toriamente, subsidiam todas as suas incidências lam os SINASE, PNAS/ SUAS e CNAS, a partir
técnicas e políticas no âmbito de sua atuação, de uma linha de financiamento do CONANDA,
sendo eles: decorrente do Edital de Chamamento Público nº
001/2017.
Contribuir para efetivação dos direi-
tos à segurança cidadã e justiça social; atuar na O presente relatório representa o resul-
promoção e defesa dos Direitos da Criança e do tado de um trabalho desafiador, considerando
Adolescente; Colaborar para a construção de uma a abrangência do objeto da pesquisa, a singula-
cultura de Direitos Humanos que venha viabili- ridade, a diversidade de cada território e, com
zar o enraizamento na sociedade dos valores do certeza, um trabalho de grande relevância para
Estado Democrático de Direito; Realizar estudos o aprimoramento da Política Socioeducativa
e pesquisas em matéria de Direitos Humanos; no Brasil. É evidente a importância de maior
investimento nas Medidas de Meio Aberto,
Contribuir para a preservação da vida,
como alternativas mais exitosas no contexto da
a integridade física e psicológica, a conquista
responsabilização do adolescente autor de ato
da liberdade e das condições igualitárias das
infracional, pela predominância do caráter peda-
gógico e pela importância de uma interferência
na trajetória infracional do adolescente enquanto
ele ainda está inserido na comunidade.
A configuração político-administrativa,
em que se encontram as Medidas Socioeducativas
de Meio Aberto, no desenho cooperativo entre
SINASE e SUAS (Sistema Único da Assistência
Social), reforça a integração de orçamento para
as políticas públicas, além da importância do
Controle Social, por parte da Sociedade Civil,
exercida através dos conselhos de Direitos,
responsáveis pela formulação e controle das
políticas públicas de atendimento dos direitos de
crianças e adolescentes.
Esperamos, assim, que esta publicação
contribua com o monitoramento e avaliação do
atendimento socioeducativo, de modo a fazer
a diferença na vida de cada adolescente em
cumprimento de Medida Socioeducativa em
Meio aberto.

Deila Martins e Edna Jatobá


Coordenação Executiva do GAJOP
APRESENTAÇÃO

Nós, da Visão Mundial, temos o pra-


Socioeducativo (SINASE), a Política Nacional
zer, aliado à grande responsabilidade, de tor-
de Assistência Social, do Sistema Único de
nar públicos os dados relativos aos esforços de
Assistência Social e Conselho Nacional de
pesquisa empreendidos no decorrer de mais de
Assistência Social (SUAS). O objetivo maior da
24 meses de trabalho intenso de estudo, coleta,
Visão Mundial, ao assumir tal desafio, é cola-
análise, construção e revisão de ideias e sabe-
borar para o fortalecimento e qualificação da
res acerca das Medidas Socioeducativas em Meio
Política de Atendimento Socioeducativo em
Aberto no Brasil. A produção do Relatório
meio aberto. Compreendemos que o formato
do Diagnóstico Nacional sobre a polí-
de atendimento, sua metodologia, concep-
tica de atendimento socioeducativo em
ção de socioeducação colocada em prática
meio aberto no Brasil nos gera imensa ale-
pelos profissionais “da ponta”, recursos dispo-
gria e reforça nossa vontade de que a contribui-
níveis e condições de articulação entre a rede
ção do nosso trabalho seja ainda maior e ajude a
socioassistencial local são hoje, diferenciais
deflagrar as características de um país desigual
para oferecermos aos adolescentes e jovens em
em sua forma de conceber e tornar efetiva a so-
cumprimento de Medidas Socioeducativas em
cioeducação nas suas mais diversas regiões.
Meio Aberto – MSE/MA maior observância aos
direitos humanos, conforme dispõem o Estatuto
Nos mais de 45 anos de atuação no Brasil,
da Criança e do Adolescente, e às Convenções
a Visão Mundial assume como compromisso
do Direito da Criança e de Direitos Humanos. É
atuar pela proteção de crianças e adolescentes,
por meio dos instrumentos jurídicos-políticos,
apoiar as famílias mais vulneráveis, responder
mas sobretudo, da atuação dos/das profissio-
emergências e crises humanitárias e se dedicar
nais envolvidos no processo socioeducativo de
ao desenvolvimento de capacidades, efetivando
cumprimento da MSE/MA, iniciado na forma de
suas ações por meio da valorização incondicional
apreensão do/a adolescente a quem se atribui a
das pessoas, da administração com responsabili-
autoria do ato infracional – feita, predominante-
dade e da realização de parcerias que fomentem
mente, pela Polícia Militar - passando pelo Poder
seus valores e sua sensibilidade.
Judiciário, até o ingresso do/a adolescente, de
Não é em vão que no ano de 2017, por fato, no Sistema Socioeducativo e, portanto,
meio do Termo de Fomento nº 852508, estabe- acessando a política de Assistência Social, para
lecido com o Conselho dos Direitos da Criança e cumprimento da MSE/MA, é que temos maior
do Adolescente (CONANDA), inserido no âmbito aproximação ao ideal, para o qual pretendemos
da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança contribuir para a consolidação, de execução da
e do Adolescente no Ministério da Mulher, da socioeducação no processo de responsabiliza-
Família e dos Direitos Humanos, e atuando em ção dos/das adolescentes em cumprimento de
parceria com o Gabinete de Assessoria Jurídica Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.
às Organizações Populares (GAJOP), a Visão O material aqui apresentado pode ser
Mundial se coloca como instituição propo- compreendido, por muitos, como um relatório
nente e inicia os esforços para desenvolver a meramente institucional, fruto de uma proposta
pesquisa sobre os impactos da municipaliza- de estudo minuciosa sobre uma situação viven-
ção do Atendimento Socioeducativo em Meio ciada na realidade brasileira, ou até mesmo
Aberto (Liberdade Assistida e Prestação de uma proposta de pesquisa que busca, única e
Serviço à Comunidade) para adolescentes e exclusivamente, a demonstração de dados e
jovens em cumprimento de medida, seus fami- análises, indicadores e variáveis. Porém, ressal-
liares e a sociedade em geral. Com a pesquisa, tamos que, muito mais do que isso, o Relatório
a organização se propôs a analisar as formas de do Diagnóstico Nacional sobre a Política de
gestão, implantação e monitoramento da polí- Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto no
Brasil diz de um ideal de sociedade que acredita-
tica pública, contribuindo para o alinhamento
mos, no qual compreendemos a necessidade de
das práticas com os marcos normativos que
reconhecimento coletivo da importância do amor
regulam o Sistema Nacional de Atendimento
e do respeito regendo as relações de cuidado, da
empatia como mola propulsora das nossas ações
e do nosso olhar diante das questões apresenta-
das pelo próximo e acerca do nosso compromisso
e responsabilidade com as próximas gerações.
Assim, cabe a todos nós pensarmos juntos
e buscarmos melhores formas de tornar efetivos o
acesso e gozo de direitos de adolescentes autores
de atos infracionais, para que a responsabiliza-
ção não se resuma à restrição de liberdade “pura
e simples”, associada à ampliação e naturalização
da violência institucionalizada e ao reforço da
violência outrora praticada. Esperamos e busca-
mos a ruptura do ciclo de violência por meio da
ampliação e garantia de direitos sociais de fato
e permanente, para que as próximas gerações
possam vivenciar uma realidade em que o amor,
o respeito, a empatia, o compromisso e a respon-
sabilidade para com o outro sejam atitudes de
praxe e não o que, extraordinariamente, precisa-
mos, aqui, nesse momento, chamar atenção.

Welinton Pereira da Silva


Diretor de Advocacy e Relações Institucionais
Visão Mundial Brasil
PARTE I: PANORAMA NACIONAL DA POLÍTICA
DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO EM
MEIO ABERTO (2017 a 2018)
(Setembro/2021)

AUTORES E AUTORAS:
Cibelle Dória da Cunha Bueno
Douglas Gomes Camargo de Medeiros
Hannah Zuquim Aidar Prado
Igo Ribeiro
Jéssica Aparecida Militão Facundo
João Pedro Moreira Pupe
Leandro de Carvalho
Luiza Tavares de Oliveira Souto
REVISÃO:
Cibelle Dória da Cunha Bueno
COMO CITAR ESSE CAPÍTULO:
BUENO, C.D.C.; CARVALHO, L; FACUNDO, J.A.M.; MEDEIROS, D.G.C; PRADO, H.Z.A; PUPE,
J.P.M.; RIBEIRO, I; SOUTO, L.T.O.; Panorama Nacional da Política de Atendimento Socioeducativo
em Meio Aberto (2017 e 2018) in VISÃO MUNDIAL E GAJOP. Diagnóstico da Política de Atendimento
Socioeducativo em Meio Aberto. Brasília: Visão Mundial e GAJOP, 2021.
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

1. CONSIDERAÇÕES Em um primeiro momento, as políti-


CONJUNTURAIS E CONCEITUAIS cas para a criança e adolescentes pobres eram
de caráter assistencialista e policialesco. Em um
SOBRE A TEMÁTICA segundo momento, a partir da década de 1940, se
materializam em instituições, sobretudo filantró-
picas e religiosas, assumindo uma característica
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA: tecnificada. Já no terceiro momento (de 1988 até
A JUSTIÇA JUVENIL NO BRASIL o atual) há uma transformação significativa da
concepção das políticas para este público, prin-
Inauguradas pelo Código de Menores cipalmente com a Constituição de 1988 e com o
(1927) e, mais tarde, aperfeiçoadas pelo Novo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA -Lei
Código de Menores (1979), as políticas públi- 8.069/1990), quando se inaugura a Doutrina da
cas para a infância e juventude, historicamente, Proteção Integral2.
objetivaram o controle social das crianças pobres A partir da Doutrina da Proteção Integral,
e de suas famílias consideradas potencialmente os/as crianças e adolescentes passam a ser consi-
ameaçadoras da ordem pública. A categoria derados/das sujeitos de direitos, iniciando assim
“menor”1 fazia parte da Doutrina de Situação a construção de políticas intersetoriais que leva-
Irregular, que regia o arcabouço jurídico da vam em consideração as particularidades destes
época e partia da concepção de que a infância era sujeitos em desenvolvimento, adquirindo impor-
desvalida e potencialmente criminosa. A ideia de tância, primazia e centralidade no acesso às
tutela das crianças e adolescentes, pelo Estado, políticas públicas.
no contexto em questão, tinha como premissa Essa prioridade se estendia também ao
a tutela “em nome da bondade dos bons”, como adolescente autor de ato infracional, também
bem dizia Freud. Nesse contexto, os ditos “meno- considerado sujeito de direitos, cuja ação esta-
res” eram entendidos como a possível salvação tal deve se dar no âmbito da responsabilização,
da nação, se fossem devidamente “moldados”, considerando sua condição peculiar de sujeito em
e, ao mesmo tempo, eram considerados “piores desenvolvimento, aliada à promoção da proteção
inimigos”, uma verdadeira ameaça, caso não social3 do/da adolescente e de sua família4.
obtivessem as respostas do Estado no momento 2
A Doutrina da Proteção Integral resume-se à garantia de
da ocorrência de comportamentos classificados direitos humanos, especificamente, destinados às crianças e
como inadequados ou indesejados socialmente. adolescentes, considerados, sob essa perspectiva, sujeitos de
Dessa forma, compreendia-se que a ação do direitos e não mais objetos de tutela do Estado, cujo intuito é
emancipar e melhorar a qualidade de vida, individual e coleti-
Estado tinha que se mostrar precisa e incisiva no va de crianças e adolescentes. Tal doutrina se concretizou por
momento da delinquência juvenil. meio do Art. 227, da Constituição Federal de 1988, que assim
dispõe: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar
Assim, durante o período da Velha
à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
República (1889-1930), a política pública que o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
se formava, e que tem permanências até os dias profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liber-
atuais, colocava a pobreza como o problema dade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, explora-
central na agenda pública e trazia respostas de ção, violência, crueldade e opressão” (BRASIL, CF 1988), bem
matriz assistencialista e criminalizante. Como como por intermédio do Estatuto da Criança e do Adolescente,
parte de um processo de tecnificação desta polí- que prevê a proteção integral à criança e do adolescente, como
base fundamental expressa no Art. 1º dessa legislação.
tica, em 1941 cria-se o Serviço de Assistência a 3
Segundo Di Giovanni (1998:10), entende-se por Proteção
Menores (SAM), e em 1964 há uma centralização Social as formas “institucionalizadas que as sociedades cons-
do processo, com a criação da Fundação Nacional tituem para proteger parte ou o conjunto de seus membros.
do Bem-Estar do Menor, responsável pela imple- Tais sistemas decorrem de certas vicissitudes da vida natural
ou social, tais como a velhice, a doença, o infortúnio, as priva-
mentação da Política Nacional do Bem-Estar do ções. (...) Neste conceito, também, tanto as formas seletivas de
Menor (Funabem). distribuição e redistribuição de bens materiais (como a comida
e o dinheiro), quanto os bens culturais (como os saberes), que
permitirão a sobrevivência e a integração, sob várias formas na
1
Sinalizamos que o termo menor é colocado entre aspas já que vida social. Ainda, os princípios reguladores e as normas que,
foi superado após a mudança de paradigma das políticas dire- com intuito de proteção, fazem parte da vida das coletividades”
cionadas à proteção e defesa da infância sob a Doutrina da Pro- (PNAS, 2005, p. 31).
teção Integral, concebida e explicitada na Constituição Federal 4
A família, aqui compreendida como grupo de referência afe-
da República de 1988 e com o arcabouço jurídico-legal e político tiva e moral que, nem sempre, atuará como fator protetivo.
direcionado à infância, por meio do Estatuto da Criança e do A centralidade na família, conforme dispõe a Política Nacio-
Adolescente, de 1990. nal de Assistência social e o Caderno de Orientações Técnicas

17
PESQUISA MEIO ABERTO

O novo paradigma, democrático e parti- O Sistema Nacional Socioeducativo -


cipativo, em que família, sociedade e Estado são (SINASE) estabelece como premissa o duplo
cogestores de um sistema de garantias destina- caráter da medida socioeducativa, objetivando a
dos a todas as crianças e adolescentes, abandona, responsabilização e assumindo o caráter educa-
em teoria, preceitos que diferenciam aqueles tivo da intervenção, para que se assegurem “aos
que fariam parte de um grupo a ser protegido adolescentes que infracionaram oportunidade
em oposição a um outro que deveria ser alvo da de desenvolvimento e uma autêntica expe-
repressão (BARROS, 2020, p.314). riência de reconstrução de seu projeto de vida”
A lógica da punição, controle e “conserto” (SINASE, p.17, 2006), além de oportunizar a (re)
de adolescentes em conflito com a lei, amarrada instituição de direitos, a interrupção da trajetó-
ao Código de Menores e às políticas públicas rela- ria infracional e a inserção social, educacional,
cionadas ao mesmo, transcendem para a lógica cultural e profissional” (PNAS, 2013).
da responsabilização e proteção, sobretudo Desta forma, as medidas socioeducati-
social, considerando o caráter eminentemente vas foram pensadas para garantir a construção
pedagógico da medida socioeducativa, bem do projeto de vida do/da adolescente, sendo que
como que o/a adolescente deve ser protegido/a cada uma das medidas previstas tem sua especi-
e deve receber apoio da família, da sociedade e ficidade e metodologia de atendimento. Quando
do Estado para que tenha condições de reorga- o/a adolescente é apreendido(a) pela Polícia
nizar seu projeto de vida – a noção basilar da e sendo entendido pelo Sistema de Justiça que
Socioeducação5. houve o cometimento de um ato infracional,
A diretriz da Socioeducação, preconizada aquele/aquela poderá ser submetido(a) a dois
no Estatuto da Criança e do Adolescente, passou conjuntos de medidas socioeducativas: as medi-
a valer desde a promulgação da lei, contudo, das de meio fechado (internação e semiliberdade)
cada ente federativo atribuía um sentido para e as medidas de meio aberto (advertência,
as diretrizes da norma. Percebendo a necessi- reparação do dano, prestação de serviço à comu-
dade de “constituir parâmetros mais objetivos e nidade e liberdade assistida). Ao contrário do
procedimentos mais justos que evitem ou limi- que acredita o senso comum, a normatização do
tem a discricionariedade”, o Conselho Nacional tema orienta privilegiar a aplicação das medidas
dos Direitos da Criança e do Adolescente socioeducativas de meio aberto, convergindo as
(CONANDA) instituiu, em 2006, o Sistema políticas sociais e educacionais para acompanhar
Nacional de Atendimento Socioeducativo e apoiar os/as adolescentes em cumprimento da
(SINASE) na busca por “reafirmar a diretriz mesma; tornando excepcional a responsabiliza-
do Estatuto da Criança e do Adolescente sobre ção que tenha como indicativo a submissão do/da
a natureza pedagógica da medida socioeduca- adolescente à privação de liberdade. Corrobora
tiva” (SINASE, p.13, 2006). Os esforços de 2006 com esta afirmativa o que estabelece o Conanda
se consolidaram como instrução de trabalho ao ao pontuar que:
longo dos anos, mas é somente em 2012, por [...] Outrossim, priorizaram-se as medidas
meio da Lei 12.594/12, que o SINASE ganha peso em meio aberto (prestação de serviço à comuni-
de lei e seus princípios passam a nortear o aten- dade e liberdade assistida) em detrimento das
dimento socioeducativo6. restritivas de liberdade (semiliberdade e interna-
ção em estabelecimento educacional, haja vista
dos CREAS, 2011, implica, ainda, “reconhecer que esta pode que estas somente devem ser aplicadas em cará-
se configurar como um espaço contraditório, onde o lugar da
proteção pode ser também o da violência e da violação de di- ter de excepcionalidade e brevidade). Trata-se de
reitos” (MDS, Caderno de Orientações Técnicas dos CREAS, estratégia que busca reverter a tendência cres-
2011, p. 34). cente de internação dos adolescentes bem como
5
A Socioeducação se baseia na efetivação de um processo de confrontar a sua eficácia invertida, uma vez que
responsabilização do/da adolescente que cometa o ato infra-
cional, na perspectiva de colaborar para que estes/estas pos- se tem constatado que a elevação do rigor das
sam construir projetos de vida que lhes permitam romper com medidas não tem melhorado substancialmente a
as diferentes formas de violência. Efetiva-se por meio de uma inclusão social dos egressos do sistema socioedu-
educação que, além de envolver a sociedade, busca criar estra-
tégias conjuntas para acompanhar a criança e o/a adolescente
cativo (SINASE, 2006, p.10).
em seu desenvolvimento.
6
“A implementação do SINASE objetiva primordialmente o
desenvolvimento de uma ação socioeducativa sustentada nos da, principalmente, em bases éticas e pedagógicas” (SINASE,
princípios dos direitos humanos. Defende, ainda, a ideia dos 2006, p.16).
alinhamentos conceitual, estratégico e operacional, estrutura-

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Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Nesse sentido, considerando que a regra meio aberto foi definido como serviço conti-
é a aplicação de medidas socioeducativas não nuado pela Proteção Social Especial de Média
privativas de liberdade, isto é, a serem cumpri- Complexidade.
das em meio aberto, ressaltamos a importância Em 2009, por meio da Resolução n° 109
do fortalecimento, aprimoramento de tais medi- do Conselho Nacional de Assistência Social, o
das socioeducativas, bem como a necessidade atendimento e acompanhamento foi tipificado
de se promover o conhecimento de toda a socie- enquanto serviço, isto é, o atendimento e acom-
dade em torno das mesmas, contemplando panhamento de adolescentes em cumprimento de
análises que transmitam, desde a forma de medida socioeducativa em meio aberto se cons-
gestão e execução de tais medidas socioeduca- titui como serviço ordinário a ser ofertado nas
tivas, até o reconhecimento das boas práticas, unidades de serviço de proteção social de média
dos desafios e avanços envolvidos no acompa- complexidade que compõem o SUAS, sobretudo
nhamento de adolescentes em cumprimento no equipamento destinado a garantir a Proteção
de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. Social Especial de Média Complexidade8, sendo
Reconhecemos que tal ação tem um potencial este o Centro de Referência Especializada de
de combater a ideia amplamente disseminada Assistência Social (CREAS), cujo serviço ficou
de que adolescentes não são responsabilizados nomeado como proteção social à adolescen-
pelos atos infracionais que cometem, bem como tes em cumprimento de medida socioeducativa
de contribuir para a desconstrução da ideia fala- de Liberdade Assistida e Prestação de Serviço à
ciosa que afirma que a justiça se faz por meio Comunidade. Consideramos, a partir do exposto,
do encarceramento (cada vez mais precoce) de que:
adolescentes e jovens que cometeram atos infra-
Há, portanto, uma relação entre o
cionais. Consideramos assim, que por meio das
SINASE e o SUAS, o que não significa afir-
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, é
mar que se tenha alcançado a integração
possível pensar em outra forma, mais humana,
entre os dois sistemas, o que é impres-
pedagógica e voltada para a construção de proje-
cindível para o alcance dos objetivos
tos de vida mais profícuos e criativos dos sujeitos
inerentes ao cumprimento das Medidas
de direito.
Socioeducativas em Meio Aberto, apli-
cada saos adolescentes autores de atos
1.2. MUNICIPALIZAÇÃO DO infracionais (CFESS, 2014, p.78).
ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO EM Sendo assim, por passar a fazer parte da
MEIO ABERTO política de assistência social, o atendimento se
tornou municipalizado, o que altera de maneira
A presente pesquisa tem como foco significativa a execução das medidas em meio
as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto aberto. Essa escolha pelo atendimento muni-
(Liberdade Assistida - LA e Prestação de Serviço cipalizado segue a tendência iniciada ainda
à Comunidade - PSC), cujo acompanhamento, na Constituição de 1988 - quando os muni-
desde 2004, está previsto para ser prestado pelo cípios passam a ter um papel importante na
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), formulação, execução e avaliação de políticas
por meio da Política Nacional de Assistência públicas em seus territórios e segue o entendi-
Social (PNAS)7. Portanto, desde 2004, o atendi- mento previsto no ECA, no artigo 88, que trata
mento e acompanhamento dos/das adolescentes sobre as “Diretrizes de atendimento aos direitos
em cumprimento de medida socioeducativa em da criança e do adolescente” ao recomendar:
I - municipalização do atendimento;
7
Em 2003 foi realizada uma auditoria pelo Tribunal de Contas
da União, em que eram consideradas medidas a serem executa- II - criação de conselhos municipais, esta-
das pelo Estado: a ampliação do meio aberto, a regionalização do duais e nacional dos direitos da criança
atendimento socioeducativo, a municipalização do meio aberto e do adolescente, órgãos deliberativos
e a elaboração de uma política para egressos (pós-medida): “A
Auditoria de Natureza Operacional no Programa de Reinser-
ção Social do Adolescente em Conflito com a Lei foi realizada 8
“A proteção social especial é a modalidade de atendimento
no período de 06/10 a 7/11/2003, em cumprimento ao Plano assistencial destinada as famílias e indivíduos que se encon-
de auditoria do TCU para o 2º semestre, e teve como principal tram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de
objetivo avaliar o desempenho deste Programa, especialmente abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual,
em relação à execução de medidas não privativas de liberdade uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas só-
e à articulação das políticas públicas direcionadas para o ado- cio-educativas, situação de rua, situação de trabalho infantil,
lescente em conflito com a lei” (SINASE, p.20-21, 2006). entre outras” (PNAS, 2005, p. 37).

19
PESQUISA MEIO ABERTO

e controladores das ações em todos os da Criança e do Adolescente - ECA, (1990), se


níveis, assegurada a participação popular consolidaram ao longo dos anos, como foi apon-
paritária por meio de organizações repre- tado no Censo SUAS de 2017: “o número de
sentativas da sociedade, segundo leis CREAS que realizam o Serviço de Proteção Social
federal, estaduais e municipais; a Adolescentes em Cumprimento de Medida
III - criação e manutenção de programas Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
específicos, observada a descentralização Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) vem
político-administrativa; crescendo desde 2010, passando de 1.099 unida-
des de CREAS naquele ano para 2.091 unidades
IV- manutenção de fundos nacional,
em 2017” (Censo SUAS, 2017, p. 97). Além de
estaduais e municipais vinculados aos
indicar a ampliação dos serviços nas cidades nas
respectivos conselhos dos direitos da
quais ele já existia, esse dado indica que mais
criança e do adolescente;
cidades passaram a atender os serviços de média
V – integração operacional de órgãos do complexidade – aproximando territorialmente
Judiciário, Ministério Público, Defensoria, os espaços de cumprimento das medidas socioe-
Segurança Pública e Assistência Social, ducativas do local onde vivem os/as adolescentes
preferencialmente em um mesmo local, e, com isso, garantindo que eles e elas tenham
para efeito de agilização do atendimento a possibilidade de serem encaminhados para o
inicial a adolescente a quem se atribua cumprimento de Medidas Socioeducativas em
autoria de ato infracional; Meio Aberto.
VI - mobilização da opinião pública no Fica evidente que a aproximação territo-
sentido da indispensável participação dos rial dos equipamentos e ampliação do número de
diversos segmentos da sociedade. vagas/atendimento pode contribuir para que os
Neste período, a municipalização no esforços que objetivam a saída do contexto infra-
atendimento das políticas para estes sujeitos foi cional, atenção integral e garantia de direitos de
afirmada como diretriz, no sentido da descen- adolescentes sejam exitosos.
tralização do atendimento, com a criação de Mais de 117 mil jovens foram atendi-
conselhos e fundos municipais, estaduais e fede- dos nas mais de 2000 unidades dos Centros de
rais, constituindo, desta feita, ações que partiram Referência Especializado de Assistência Social
da premissa acerca da garantia da participação (CREAS) espalhados pelo país9. E esse número
social local e maior autonomia dos municípios no de atendimentos cresceu ao longo dos anos, se
que se refere à gestão de recursos. distanciando proporcionalmente do número de
As premissas que versam sobre a descen- internações e semiliberdade, como fica demons-
tralização das decisões e aproximação das trado na tabela a seguir:
políticas públicas nos territórios, instituídas
na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto

Ano Meio fechado Meio aberto Proporção


2009 16.940 40.657 1 – 2,4
2010 17.703 69.650 1 – 3,9
2011 19.595 88.075 1 – 4,5
2012 20.532
2013 23.066
2014 24.628
2015 26.209
2016 25.929
2017 26.109 117.207 1 – 4,5

9
Segundo o Censo SU'AS de 2017, são 117.207 adolescentes
atendidos no meio aberto, em 2091 CREAS.

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Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Na tabela podemos observar a diferença o perfil socioeconômico e condições de traba-


estabelecida ano a ano entre os números de lho dos/as profissionais; captar a presença (ou
atendimentos/vagas no meio fechado e no meio não) de estratégias para gestão integrada e inter-
aberto, que se converte em maiores possibilida- setorial; captar a presença de estratégias locais
des para a proteção dos/das adolescentes. para monitoramento da execução das Medidas
Ao ampliar as vagas do meio aberto, o Socioeducativas em Meio Aberto; conhe-
cumprimento das medidas pode acontecer na cer quais as percepções das/os profissionais
localidade onde o adolescente vive, próximo de sobre o SINASE e sobre o meio aberto; verifi-
sua família, além de possibilitar que o Sistema car as percepções sobre o orçamento, o número
de Justiça o encaminhe para a medida mais de profissionais disponíveis e a qualidade das
adequada ao ato infracional cometido. É impor- equipes; mapear o fluxo de informações entre
tante ressaltar que os dados de 2012 – 2016 não os diversos equipamentos; constatar (ou não) a
foram encontrados nos censos SUAS dos respec- participação dos/das adolescentes nas decisões
tivos anos; entretanto, ainda é possível observar sobre o Plano Individual de Atendimento (PIA);
a ampliação de vagas do Sistema Socioeducativo mensurar as oportunidades de orientação e de
em Meio Aberto em comparação ao meio fechado defesa para os/as adolescentes; e se aprofun-
na evolução histórica. dar na temática das violências que são relatadas
pelos adolescentes e como as localidades têm se
O papel das políticas municipais ganha
organizado para protegê-las/os.
novos contornos a partir do início dos anos 2000
e, sobre este assunto específico, é possível dizer
ter sido em 2006, com a instituição do SINASE, 2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-
que a mudança ocorre em consonância com o
percurso de compreensão da condição da adoles- METODOLÓGICAS
cência e da necessidade de que estes sujeitos
sejam de fato atingidos por ações governamen-
tais que passam a considerar as/os adolescentes Para alcançar o objetivo do diagnóstico,
integralmente em seu processo de desenvol- de investigar os impactos da municipalização do
vimento. Desta forma, a municipalização dos Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto,
serviços de atendimento em meio aberto huma- analisando as formas de gestão, implantação e
niza as medidas de responsabilização e aumenta a monitoramento da política pública, foi definido
possibilidade de reorientação da trajetória infra- que seriam entrevistados/as os atores diretamen-
cional. Com isso, fica evidente que o atendimento te envolvidos no atendimento Socioeducativo em
municipalizado, tanto no Sistema de Assistência Meio Aberto, tanto no âmbito municipal quanto
Social quanto no Sistema de Justiça, precisa ser estadual, desde a determinação da medida (pelo
melhor conhecido e apoiado por todas as esferas Sistema de Justiça) ao monitoramento do siste-
da ação governamental. ma (pelos conselhos de direitos), passando por
toda gestão e atendimento no Sistema Único de
Ao compreender melhor a dinâmica nos
Assistência Social (SUAS), o que abarcaria tan-
territórios onde as/os adolescentes vivem e como
to as gestões das principais políticas públicas re-
se aproximam ou se distanciam das orientações
quisitadas no acompanhamento dos/das ado-
dos órgãos nacionais, maiores são as chances de
lescentes – Assistência Social e Saúde – como a
os serviços de atendimento socioeducativo alcan-
equipe técnica diretamente envolvida no acom-
çarem êxito na promoção de ambientes mais
panhamento realizado na proteção social de mé-
seguros para as/os adolescentes e para toda
dia complexidade.
a sociedade. Sob essa premissa, esta etapa do
Diagnóstico sobre a Política de Atendimento No âmbito da política de Assistência
Socioeducativo em Meio Aberto se concentra Social Municipal foi planejado que seriam entre-
em investigar os impactos da municipalização vistados/as a Gestão Municipal da Assistência
do Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto Social (secretário/a municipal de Assistência
para os/as adolescentes em cumprimento de Social ou um/a profissional da diretoria/gerên-
medida, seus familiares e sociedade em geral, cia de proteção especial ou cargo similar); os/
analisando as formas de gestão, implantação e as coordenadores/as dos Centros de Referência
monitoramento da política pública. Especializados de Assistência Social (CREAS)
A partir deste esforço de pesquisa, se e a Equipe Técnica dos CREAS, preferencial-
abre uma grande oportunidade de conhecer mente, contemplando todos os componentes
da equipe multidisciplinar composta, em sua

21
PESQUISA MEIO ABERTO

maioria, por assistentes sociais, advogado/as e locais e para captar essa atuação foi planejado
psicólogo/as. Apesar da gestão estadual não ser que seriam entrevistados o/a representante do
responsável pelo atendimento em meio aberto Poder Público e o/a representante da Sociedade
(como o é no meio fechado), no planejamento Civil nos Conselhos Municipais e Estaduais –
amostral foi considerado relevante captar como quando possível - de Direitos da Criança e do
se dava a interlocução entre a gestão estadual e Adolescente.
a gestão municipal. Para alcançar esse objetivo, Pelos mesmos motivos, para entrevistar
foi incluídos entre os entrevistados/as pessoa/s os/as conselheiros/as dos CMDCAs, e enten-
designada/s pela Gestão Estadual da Assistência dendo o papel articulador dos CEDCAs, foi
Social (secretário/a estadual de assistência social planejada a escuta do(a) Representante do Poder
ou um(a) profissional da diretoria/gerência de Público e do(a) Representante da Sociedade Civil
proteção especial ou cargo similar. nos Conselhos estaduais de Direitos da Criança e
Para captar aspectos de saúde do/da do Adolescente.
adolescente e as articulações locais de proteção e Foram procurados 3.540 atores envol-
atenção à saúde do/da adolescente, foi planejado vidos no atendimento socioeducativo em 186
que seria entrevistada a Gestão Municipal da municípios, momento em que tiveram a opor-
Saúde (seja o/a secretário/a municipal de saúde tunidade de detalhar sua rotina de trabalho e
ou um/a profissional diretoria/gerência de aten- também apresentar suas percepções sobre a
ção primária ou da atenção especializada voltada gestão, sobre os recursos disponíveis e outras
à saúde do/da adolescente). especificidades do SINASE. Entre os atores
No Sistema de Justiça local foi plane- procurados e entrevistados, 1.455 deixaram de
jado que seriam entrevistados/as o/a juiz/a de responder parcial ou completamente às pergun-
conhecimento/apresentação e/ou o/a juiz/a de tas realizadas – situação prevista pela equipe de
execução; a equipe técnica multidisciplinar da pesquisa no planejamento amostral. Diante
Vara, quando existente - o promotor/a de justiça desse contexto de pesquisa, foram validadas as
e o/a defensor/a público/a. 2.085 entrevistas que tiveram respostas comple-
A atuação de articulação e monitora- tas, divididas da seguinte forma entre os grupos
1

mento fica por conta dos conselhos de direitos investigados :

Atores respondentes Quantidade total de questionários validados


Equipe técnica do CREAS 636
Conselheiros/as Municipais 321
Coordenador/a de CREAS 283
Gestor Municipal de Assistência Social 168
Gestor Municipal de Saúde 160
Promotor de Justiça 137
Juiz de Conhecimento 121
Defensor Público 107
Equipe Técnica de Varas 64
Conselheiros/as Estadual 37
Juiz de Execução 27
Gestor Estadual de Assistência Social 24

1
Considerando a ampla atuação do Poder Judiciário e o quanti-
tativo de profissionais que representam as instituições do Siste-
ma de Justiça brasileiro, abordadas nessa pesquisa, atualmente
contando com 19.673 magistrados/as (Dados do CNJ, 2020),
12.915 promotores/promotoras de justiça (Dados do CONJUR,
2020) e 6.072 defensores/defensoras públicos/as (Dados da
ANDEP, 2020) destacamos a baixa adesão destes/as profis-
sionais à pesquisa e, como consequência, o baixo número de
respondentes obtidos.

22
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

2.1. DEFINIÇÕES DOS BLOCOS - Estratégias para efetivar o engajamento


TEMÁTICOS do/a adolescente e de seus familiares no
novo projeto de vida, constituído a partir
A definição dos blocos temáticos foi um do acompanhamento efetivado durante o
processo coletivo e construído a muitas mãos. cumprimento da medida;
Participaram dessa construção o Comitê Técnico
- Oportunidades de orientação, defesa
com profissionais designados pelas organizações
parceiras que mantiveram diálogo constante com e proteção dos/das adolescentes em
profissionais do Ministério da Mulher, Família e cumprimento de medida socioeducativa
Direitos Humanos; do Ministério da Cidadania; em meio aberto;
do Ministério da Saúde; do Conselho Nacional - Violência relatada pelos/pelas adolescen-
de Justiça; do Conselho Nacional do Ministério tes como recorrentes em sua dinâmica de
Público. vida e do território e as condições dispo-
Esses diálogos forneceram as bases para níveis para ações imediatas por parte
a confecção de 13 conjuntos de perguntas dife- dos entes públicos destinados à proteção
rentes, direcionadas a cada um/a dos/das atores deste público.
mencionados anteriormente. Cada conjunto de
A fim de efetivar os objetivos da pesquisa,
perguntas foi elaborado para interrogar de forma
subsidiados pelos blocos temáticos elabora-
específica cada ator sobre:
dos conjuntamente e acima apresentados,
- Perfil socioeconômico e Condições de foram organizados questionários estruturados,
trabalho dos/as profissionais; contendo ao menos 110 perguntas, sendo estas
- Capacitação e parâmetros de atuação realizadas de acordo com cada ator respondente
no Sistema Único de Assistência Social / entrevistado. Para tanto, 48 pessoas participa-
ram enquanto pesquisadores/ras responsáveis
(SUAS);
pela aplicação dos questionários, tendo tido
- Percepção do Sistema Nacional de atuação em 186 municípios brasileiros, dentre
Atendimento Socioeducativo (​SINASE) e estes as 27 capitais federativas e 159 municípios
do Meio Aberto; das regiões metropolitanas.
- Percepção sobre o orçamento, o número A aplicação dos questionários ocorreu por
de profissionais disponíveis e sobre a meio de pesquisa de campo executada no período
qualidade das equipes; de Março/2019 a Fevereiro/2020. A aplicação
de cada questionário tinha uma duração média
- Estratégias para gestão integrada e de 1h20 minutos, por cada ator respondente/
intersetorial; entrevistado.
- Estratégias para monitoramento da Ressaltamos, para fins de análise dos
execução das Medidas Socioeducativas dados, que os questionários foram agrupados de
(MSE) em Meio Aberto; acordo com os eixos de análise enumerados no
- Volume de atendimento e aplicações de item anterior, tendo sido resguardadas as especi-
ficidades regionais, estaduais e municipais. Nesse
MSE;
aspecto evidenciamos como maiores disparida-
- Processos de trabalho e fluxo de des, em termos de conformação da política de
atendimento; atendimento das Medidas Socioeducativas em
- Avaliação e monitoramento das MSE de Meio Aberto, sobretudo quanto à organização
Liberdade Assistida (LA) e Prestação de institucional e à gestão, o estado de São Paulo
Serviço à Comunidade (PSC); e o Distrito Federal. Por esse motivo, durante a
análise de alguns eixos, os dados corresponden-
- Fluxo de informações entre os diversos tes ao estado de São Paulo e ao Distrito Federal
equipamentos; receberão análises separadamente, conside-
- Características dos usuários de LA e PSC; rando os aspectos diferenciados apresentados
por ambos e que serão explorados com maior
- Participação dos/das adolescentes e
profundidade no item a seguir.
familiares nas decisões sobre o Plano
Individual de Atendimento (PIA);

23
PESQUISA MEIO ABERTO

2.2. ABRANGÊNCIA TERRITORIAL DO preenchidos pelos Centros de Referência


DIAGNÓSTICO Especializado de Assistência Social (CREAS) e
publicados no Censo SUAS 2017. Dessa forma,
PPor conta da concentração de atendi- a existência de atendimento nos equipamen-
mentos e por uma escolha metodológica que tos da assistência social foi o crivo para definir
permitisse comparar cidades de diferentes a visita àquela cidade da região metropolitana,
regiões, o escopo do acordo de cooperação entre além das 27 capitais abrangidas pela pesquisa.
as organizações sociais e o Ministério da Mulher, Assim, com base nos dados filtrados do Censo
da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) SUAS, foi traçado um mapa que reuniu 159 cida-
delimitou a abrangência do diagnóstico para as des que mantinham efetivamente serviços de
capitais e as cidades de seu entorno, considera- atendimento em meio aberto nas RMs das capi-
das regiões metropolitanas (RM)2. tais e cada serviço existente nessas localidades
foi visitado3.
A partir dessa definição geral, o processo
de identificação das cidades que seriam visitadas Apresentamos o mapa com
pela equipe de pesquisadores(as) de campo foi a abrangência da pesquisa por regiões
baseado nos registros mensais de atendimentos e por estados federativos:

Complementando essa explicação, quando o equipamento registrava capacidade de


importa frisar que nem todas as cidades, que atendimento socioeducativo, mas não apresen-
afirmaram atender adolescentes foram visita- tou qualquer registro de adolescente atendido
das. Essa decisão se baseou em dois critérios: (1) no mês de referência da consulta; e (2) quando
a cidade de médio ou grande porte não reportava
os dados ao órgão federal responsável e, nesses
2
A Constituição Federal de 1988 facultou aos estados a insti- casos, mesmo que se saiba informalmente que
tuição de Regiões Metropolitanas, “constituídas por agrupa- existe atendimento na localidade, ela não foi
mentos de municípios limítrofes, com o objetivo de integrar a incluída na amostra por não constar oficialmente
organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum” (Art. 25, § 3º). Assim, a partir de 1988, nos registros federais. Considerando o prin-
as Unidades da Federação, buscando solucionar problemas de cipal interesse do diagnóstico – de conhecer/
gestão do território estadual, definiram novas regiões metro- mensurar a capacidade e estratégias de gestão
politanas, criadas por lei complementar estadual (IBGE, 2010,
p.25). das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto
3
Segundo dados do IBGE e Censo SUAS, dentre as 372 cidades
(MSE/MA) – esses dois critérios se mostra-
do entorno das capitais que compunham as regiões metropoli- vam incontornáveis para que se pudesse captar
tanas em 2017, em 159 foram mencionados atendimento MSE/
MA.

24
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

a experiência acumulada dos serviços e para as restritivas de liberdade – Semiliberdade e


manter o rigor que um estudo como esse exigia. Internação. Assim, o acompanhamento dos/
Conforme pontuado anteriormente, o das adolescentes em cumprimento de Medidas
estado de São Paulo e o Distrito Federal apre- Socioeducativas em Meio Aberto é efetivado por
sentam situações peculiares, fato que contribuiu meio de um equipamento diverso do CREAS,
para que todos os locais nos quais são acompa- estando este vinculado institucionalmente à
nhados/as adolescentes em cumprimento de Secretaria de Justiça e Cidadania e recebendo
medida socioeducativa em meio aberto, nessas como nome Gerência de Atendimento em Meio
localidades, fossem visitados. As peculiaridades Aberto (GEAMA)4.
evidenciadas nessas localidades são:
1) São Paulo executa a MSE/MA por 2.3. DINÂMICA DA PESQUISA DE
meio de entidades sociais responsáveis por ofer-
CAMPO
tar o serviço de proteção social a adolescentes
em cumprimento de Medida Socioeducativa em
Como citado, a equipe de pesquisado-
Meio Aberto (SMSE/MA), por intermédio de
res(as) visitou 186 cidades, realizando mais de
programas de Medidas Socioeducativas em Meio
3500 encontros para entrevistas. O cotidiano
Aberto, e não diretamente pelo Poder Público,
revelou como aprendizado, às vezes forçado,
como foi observado de forma generalizada nos
que a articulação e agendamentos eram centrais
demais Estados. Embora todos os SMSE/MA
no diagnóstico. Por conta do modelo de aborda-
estejam subordinados à Secretaria Municipal de
gem, que exigia encontrar o(a) profissional em
Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS)
seu ambiente de trabalho – e não aleatoriamente
do estado de São Paulo, a atuação é heterogênea,
nas ruas – cada entrevista precisou ser agendada
até mesmo em detrimento do caráter diferen-
previamente, com cada ator respondente.
ciado das instituições/entidades que executam
o serviço. Observamos que dentre as institui- O contato com as equipes do Centros
ções e entidades responsáveis pela execução do de Referência Especializados de Assistência
serviço na localidade, 60% são organizações da Social se deu a partir dos dados do Censo SUAS,
sociedade civil, de cunho não religioso; 36,5% confirmados individualmente pela equipe de
são organizações da sociedade civil de cunho coordenação. Os serviços nos respondiam pron-
religioso e menos de 2% tratam-se de funda- tamente e se mostraram muito abertos ao
ções públicas. Nesse sentido, apesar de seguir as diagnóstico.
normativas e tipificações previstas pelo SUAS, Para a articulação e agendamento dos
no tocante ao acompanhamento das Medidas Conselhos de Direitos, o desafio foi encontrar as
Socioeducativas em Meio Aberto, as equipes do informações de contato e/ou agenda de reuniões
estado de São Paulo possuem direcionamen- das/os conselheiras/os: as cidades menores não
tos institucionais, composição e forma de gestão mantinham essas informações on-line e também
diferentes, o que corrobora para que cada serviço não existiam escritórios dedicados à gestão do
priorize determinados aspectos no desenvolvi- CMDCA. Com o apoio das equipes dos CREAS
mento do trabalho e para a solução de problemas conseguimos chegar até essas pessoas e registrar
comuns; alguns contatos.
2) No Distrito Federal, as MSE/MA No Sistema de Justiça também foi neces-
são executadas por intermédio de um serviço sário buscar as cidades que mantinham Varas
específico, considerando a especificidade do e Promotorias especializadas no atendimento
Distrito Federal enquanto unidade federa- à Infância e Juventude. Com exceção de seis
tiva que acumula as competências de Estado e cidades, todas as demais 180 mantinham equi-
município e que, portanto, executa as Medidas pamento local do Judiciário e da Promotoria de
Socioeducativas em Meio Aberto, bem como Justiça, mesmo que não fossem especializados
no atendimento à Infância e Juventude. O grande
desafio foi encontrar os/as defensores/as públi-
4
A Subsecretaria do Sistema Socioeducativo (Subsis), do Dis- cos/as nas cidades das regiões metropolitanas.
trito Federal, passou a integrar a Secretaria de Estado de Jus- As capitais mantinham defensores/as públicos/
tiça e Cidadania do DF em janeiro de 2019. A partir de então a
nomenclatura das Unidades de Atendimento em Meio Aberto as, ainda que não fossem defensorias especializa-
(UAMA's) passou a referenciar as Gerências de Atendimento das, mas nas cidades do entorno foi observada a
em Meio Aberto (GEAMA’s). carência desses profissionais.

25
PESQUISA MEIO ABERTO

Vale destacar que os/as operadores/res do Em seguida, abre-se a seção que trata
direito demonstraram maior resistência à parti- da percepção sobre os recursos disponíveis
cipação no diagnóstico, alegando dificuldade de para a execução das MSE em Meio Aberto, que
disponibilidade. Por este motivo foi utilizada a aborda principalmente a questão da satisfação
Carta de Apresentação da Pesquisa, destinada, com o orçamento, com a gestão e com a(s) equi-
sobretudo, aos atores do Sistema de Justiça, pe(s) e nos permite reflexões acerca dos recursos
sendo tal documento amplamente utilizado disponíveis para que as condições previstas no
pelas/os pesquisadoras/es na etapa de articu- arcabouço legal sejam cumpridas. Nesta seção
lação/agendamento das entrevistas. Sem esse é possível já compreender os principais obstá-
apoio, seria inviável conseguir coletar as infor- culos sob a perspectiva material e de recursos
mações necessárias. humanos colocados pelos profissionais para o
planejamento, execução e monitoramento da
Política de Atendimento Socioeducativo em Meio
2.4. ESTRUTURA DO RELATÓRIO Aberto.
Na sequência, recebe atenção a ques-
Diante do volume de dados captados tão do atendimento oferecido ao adolescente no
(muitas entrevistas que somavam mais de cem Sistema de Justiça, por ser a porta de entrada
perguntas cada) este relatório foi construído do sistema socioeducativo. Nessa parte, após a
e roteirizado para discutir alguns dos pontos análise referente aos aspectos gerais da gestão
centrais do Sistema Socioeducativo, privile- da política, nos aprofundamos no Sistema de
giando a discussão sobre: (1) a gestão coletiva do Justiça, composto pelos Tribunais de Justiça
sistema e a necessária intersetorialidade entre (varas), Promotorias de Justiça e Defensorias
as políticas públicas para o atendimento integral Públicas, primeiras instituições com as quais
do/da adolescente; (2) o atendimento oferecido o/a adolescente entra em contato antes de ser
ao/à adolescente pelo Sistema de Justiça e pela encaminhado/a para o cumprimento da Medida
Política de Assistência Social; sobre (3) as opor- Socioeducativa em Meio Aberto, e as responsá-
tunidades de participação possibilitadas ao/à veis por decidir sobre o atendimento que a ele/
adolescente e seus familiares nos atendimen- ela será prestado no sistema socioeducativo.
tos promovidos e (4) as violências as quais os/as Desta maneira, é possível observar aspectos rela-
adolescentes estão sujeitos/as. cionados a experiência de atendimento dos/das
Por conta do volume de dados, era neces- adolescentes nos espaços jurídicos, os recursos
sário fazer recortes e foi decidido discuti-los a disponíveis para realização destes atendimen-
partir da estrutura oferecida ao/à adolescente, tos, a forma como são realizados e seus objetivos,
analisando, dentre outros pontos, como as bem como a maneira como os operadores do
ações governamentais são estruturadas; em que direito entendem o cumprimento das medi-
medida os atendimentos são realizados privi- das socioeducativas e tomam as suas decisões a
legiando oportunidades de participação, de partir desse entendimento.
orientação e de engajamento do/da adolescente Após o atendimento do Sistema de Justiça,
e seus familiares e, por fim, discutindo os vários nos aprofundamos no atendimento oferecido ao
momentos em que o/a adolescente está sujeito/a adolescente na Política Nacional de Assistência
às violências, evidenciando, ainda, as providên- Social, para compreendermos de maneira apro-
cias governamentais e institucionais adotadas fundada como é efetivado o atendimento e
em prol da proteção dos/das adolescentes em acompanhamento das Medidas Socioeducativas
cumprimento de medida socioeducativa em meio e como os/as adolescentes cumprem a Medida
aberto. em Meio Aberto no Brasil, sob a perspectiva de
O relatório inicialmente aborda a cons- quem realiza este acompanhamento. Assim,
trução coletiva dos parâmetros de gestão pudemos nos aprofundar nos aspectos referentes
e monitoramento na tentativa de discutir/ à organização da equipe, com relação ao traba-
compreender como se conforma a política em lho interdisciplinar, acerca da maneira como são
nível de estado e município, sob os aspectos realizados os atendimentos e os objetivos imbrin-
dos espaços de planejamento, da construção no cados; sobre a construção do Plano Individual
Plano de Atendimento Socioeducativo, do grupo de Atendimento (PIA); a relação com as demais
gestor/comissão intersetorial, da implementação políticas setoriais e a participação do/da adoles-
das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto cente e das famílias no processo socioeducativo.
e da participação no Conselho Municipal dos Por fim, após entender de que
Direitos da Criança e do Adolescente. maneira ocorre o ciclo desta política pública

26
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

(planejamento, gestão, execução, moni- persistem nas condições vivenciadas entre os


toramento e avaliação), abordaremos as gêneros, ainda tão comumente observadas no
violências contra o/a adolescente, tendo como contexto brasileiro.
foco a maneira como as violências sofridas por
estes/estas aparecem, são entendidas e as provi-
dências adotadas pelos atores que realizam a 3. CONSTRUÇÃO COLETIVA DOS
gestão, as determinações judiciais, a execução e PARÂMETROS DE GESTÃO E DE
o acompanhamento destes/as adolescentes em
cumprimento das Medidas Socioeducativas em MONITORAMENTO
Meio Aberto. Desta maneira, há conteúdos sobre
relatos de ameaça de morte, violências sofri-
das e sua frequência de ocorrência, autores/as A apresentação e análise dos dados se
das ameaças, formas e motivações da violên- iniciam tratando dos processos de gestão co-
cia destinada aos/as adolescentes, a estrutura e letiva e intersetorial do Sistema Nacional de
condições para denúncias e a atuação e intera- Atendimento Socioeducativo (SINASE), por ser
ção com o programa de proteção especializado elemento central para compreender o funciona-
em prover a proteção de crianças e adolescentes mento deste em sua totalidade. Essa abordagem
ameaçados de morte. possibilita compreender como os estados e muni-
cípios estão construindo o planejamento, a exe-
Cabe destacar que as análises que serão
cução e o monitoramento dos serviços em meio
tecidas a partir da apresentação dos dados e
aberto, por entender que “o êxito nas atividades
avaliação das informações obtidas, empreendi-
desenvolvidas nos programas está diretamente
dos por responsáveis pelo desenvolvimento dessa
relacionado com a qualidade de seus processos
pesquisa, não ousam ser reconhecidas como a
de gestão”, entendendo que “planejar, definir,
verdade absoluta e tampouco pretendem ser
formatar, organizar, monitorar e avaliar em con-
invencíveis e incontestáveis, mas possuem como
junto asseguram ações mais consistentes” - como
objetivo apresentar propostas de compreensão e
indica o próprio documento do Sistema Nacional
problematização do tema discutido, pesquisado e
de Atendimento Socioeducativo (SINASE, 2006,
analisado, compreendendo que este ainda deverá
p.40).
ser amplamente discutido e, em alguns casos,
aprofundado pelos diversos atores envolvidos A gestão compartilhada se configura
no processo de conformação da política de aten- como um princípio do SINASE, que tem como
dimento das Medidas Socioeducativas em Meio base o entendimento de que o atendimento
Aberto em acompanhamento no Brasil. ao/à adolescente é responsabilidade de todas
Os dados dessa pesquisa, portanto, as políticas setoriais, partindo do princípio
anseiam, sobremaneira, fomentar novos e da incompletude institucional. Nesse sentido
inovadores esforços de pesquisa, contestações e compreende que a garantia dos direitos a estes
validações da pesquisa em questão e inúmeras sujeitos não poderia ser completa a partir de
ações governamentais, institucionais, de pesqui- atuações segmentadas e individualizadas. Dessa
sadores e militantes da área, em prol do constante forma, conforme explicitado no documento do
aprimoramento e estudo em torno das melhores SINASE (2006), se faz necessária uma atuação
e mais apropriadas formas de se compreender e intersetorial das políticas setoriais (que se inicia
fortalecer as Medidas Socioeducativas em Meio no momento do planejamento, passando pelo
Aberto no Brasil. monitoramento, pela execução e pela avalia-
ção) e quanto maior for essa prática, maior será
o alcance para a concretização dos objetivos das
2.5. FLEXÃO DE GÊNERO NO medidas socioeducativas e a ampliação da prote-
RELATÓRIO ção social destinada ao/à adolescente e à sua
família (SINASE, 2006, p.40).
Em consideração à Lei nº 12.605, de 03 A gestão compartilhada se inicia na formu-
de abril de 2012, que versa sobre a flexão de lação de Planos de Atendimento Socioeducativo
gênero para nomear profissão ou grau em diplo- em que diversas instâncias de atendimento plane-
mas, salientamos que o emprego obrigatório da jam juntas como será o fluxo de acolhimento,
flexão de gênero, conforme o dispositivo legal atendimento e acompanhamento ofertado aos/
supramencionado, será implementado em todo às adolescentes, bem como as responsabilida-
o texto, considerando a importância de tal ação, des dos respectivos atores envolvidos. Em 2013,
haja vista a necessidade de superação das dife- seguindo o previsto na Lei 12.594/2012, chamada
renciações de tratamento e desigualdade que Lei do SINASE, foi produzido o Plano Nacional

27
PESQUISA MEIO ABERTO

do Atendimento Socioeducativo com a proposta 2. Resolução nº 119 do CONANDA (Avaliação e


de ser a “expressão operacional dos marcos monitoramento do SINASE - 2006); 3. Programa
legais do Sistema Socioeducativo, traduzida por Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3
meio de uma matriz de responsabilidades e seus (Avaliação e monitoramento do SINASE - 2009);
eixos de ação”. Faz parte do Plano Nacional um 4. SINASE (Gestão da informação e avaliação do
marco situacional do sistema e as ações de plane- SINASE).
jamento para a implementação e monitoramento
do SINASE, que devem servir de parâmetro para
os planejamentos estaduais, distritais e munici- Sendo assim, essa seção trata das
pais decenais do SINASE, que também incidem informações sobre a construção coletiva dos
diretamente “na construção e/ou no aperfeiçoa- parâmetros de gestão e de monitoramento do
mento de indicadores e na elaboração do Plano sistema, abordando os aspectos referentes aos (1)
Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei espaços de planejamento - que incluem a cons-
Orçamentária Anual” (2013, p.6). trução do Plano de Atendimento Socioeducativo,
seu monitoramento e sua avaliação; à (2) exis-
Sendo assim, essa seção trata das infor- tência do grupo gestor e de grupos de trabalho e
mações sobre a construção coletiva dos parâme- às (3) questões relativas aos conselhos munici-
tros de gestão e de monitoramento do sistema,
pais, na tentativa de verificar de que maneira a
abordando os aspectos referentes aos (1) espa-
recomendação de uma gestão participativa tem
ços de planejamento - que incluem a constru-
se mostrado “(...)como a mais aproximada para
ção do Plano de Atendimento Socioeducativo,
responder com eficiência, eficácia e efetividade
seu monitoramento e sua avaliação; à (2) exis-
tência do grupo gestor e de grupos de trabalho e às demandas do atendimento socioeducativo”
às (3) questões relativas aos conselhos munici- (SINASE, 2006, p.40).
pais, na tentativa de verificar de que maneira a
recomendação de uma gestão participativa tem
se mostrado “(...)como a mais aproximada para 3.1. CONSTRUÇÃO COLETIVA DOS
responder com eficiência, eficácia e efetividade PARÂMETROS DE GESTÃO
às demandas do atendimento socioeducativo”
(SINASE, 2006, p.40). No Plano Nacional de Atendimento
Socioeducativo encontra-se a instrução para que,
no período de dois anos (2013-2015), os planos
Fazem parte do ciclo de elaboração destes estaduais e municipais fossem produzidos.
serviços os seguintes passos previstos nas Entretanto, o mesmo documento aponta que
normativas: existem vários empecilhos para a consolidação da
Existência de um Conselho Municipal dos política socioeducativa, entre eles, está a desor-
Direitos da Criança e do Adolescente; ganização do Sistema Nacional de Atendimento
Instauração da comissão intersetorial/grupo Socioeducativo (SINASE), somada a uma sepa-
gestor; ração mecânica das atividades desenvolvidas
Produção de um diagnóstico da situação do meio pelos profissionais. Esta questão diz respeito
aberto; ao planejamento intersetorial que deveria obje-
Realização do planejamento estratégico conjun- tivar a garantia de direitos, principalmente por
tamente com todos os atores do Sistema de meio das políticas setoriais de assistência social,
Garantia de Direitos (autoridades diretamente educação e saúde.
envolvidas com a aplicação das medidas); Uma das preocupações referentes ao
Elaboração do Plano municipal de atendimento tema da gestão do SINASE, explicitada no Plano
socioeducativo e do Programa para as Medidas Nacional de Atendimento Socioeducativo, é a
Socioeducativas em Meio Aberto; necessidade de não reproduzir uma lógica de
Implementação e acompanhamento do Programa funcionamento ainda ancorada na perspectiva
pelo grupo gestor punitivista da medida socioeducativa, baseada
Para que este ciclo ocorra é necessário que em conceitos menoristas superados pela adoção
haja um conselho gestor que coordene a imple- da Doutrina da Proteção Integral, refletida em
mentação e acompanhamento do programa, nossa legislação (PNAS, 2004), exigindo um
atribuições previstas no 1. Estatuto da Criança esforço no sentido de coordenação das articula-
e do Adolescente – ECA (Avaliação, monitora- ções locais que garantam direitos. Desta forma,
mento e fiscalização do SINASE - 1990); a articulação entre as políticas, que presume a

28
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

participação dos/as profissionais em espaços de e coordenando a construção dos planos. As


planejamento, em nível de gestão e na execução entrevistas entre os/as gestores/as estaduais e
das mesmas configura-se como um dos maiores municipais de Assistência Social abordaram seu
desafios na garantia dos direitos da criança e do envolvimento no processo de planejamento local
adolescente e, especificamente, com relação às para a política de atendimento socioeducativo.
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. Quando questionados/das sobre a partici-
pação em reuniões de discussão e elaboração do
Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo
3.1.1. PARTICIPAÇÃO NOS ESPAÇOS ou Plano de Atendimento Socioeducativo, apro-
DE CONSTRUÇÃO DOS PLANOS DE ximadamente 59% dos/das gestores/as estaduais
ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO de assistência social, 52,1% dos/das gestores/as
municipais de assistência social e aproximada-
O SINASE recomenda aos diversos atores mente 57% dos/das gestores/as municipais de
que participem dos espaços de planejamento do saúde afirmaram não terem participado destes
Plano de Atendimento Socioeducativo nos âmbi- espaços. Isto é, mais da metade de todos os/as
tos estaduais e municipais. Nas localidades, cabe gestores/as, representantes de ambas as esferas
à gestão municipal promover essas oportunida- de governo (municipal e estadual), afirmaram
des de gestão coletiva, convidando os demais não terem participado de qualquer tipo de ação
atores para compor as Comissões Intersetoriais

Participação emem
Participação alguma
algumareunião
reuniãode
dediscussão
discussãoee elaboração do Plano
elaboração do Plano
dede AtendimentoSocioeducativo
Atendimento Socioeducativo

0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,00%
0,00%
Não sabe informar 0,00%
0,00%
59,09%
Não 56,67%
56,67%
40,91%
Sim 43,33%
43,33%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Gestor/a Estadual de Assistência Social Gestor/a Municipal de Assistência Social


Gestor/a Municipal de Saúde

Participação
Participação em algumaemreunião
alguma de
reunião de discussão
discussão e elaboração
e elaboração do Planodo
dePlano
Atendimento
Socioeducativo?
de Atendimento Socioeducativo?

2,00%
Prefere não responder 3,23%
0,00%
0,88%
0,00%
Não sabe informar 0,00%
2,26%
0,88%
65,33%
Não 70,97%
72,18%
81,42%
32,67%
Sim 25,81%
25,56%
16,81%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

Promotor/a de Justiça Juiz/a de Execução de MSE


Juiz/a de Conhecimento Defensor/a público

29
PESQUISA MEIO ABERTO

Participação
Participação emem alguma
alguma reunião
reunião de de discussão
discussão e elaboração
e elaboração do Plano
do Plano de
de Atendimento
Atendimento Socioeducativo
Socioeducativo

0,30%
Prefere não responder 0,00%
0,30%
1,21%
Não sabe informar 1,00%
2,37%
68,13%
Não 56,86%
56,08%
30,35%
Sim 42,14%
41,25%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

Equipe Técnica CREAS


Coordenação CREAS
Conselho Municipal de Defesa do Direito da Criança e do Adolescente

basilar à elaboração do Plano de Atendimento 3.1.2. PERCEPÇÕES SOBRE A


Socioeducativo. EXECUÇÃO DAS METAS DO PLANO DE
Quando questionados/as sobre a parti- ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
cipação em reuniões de discussão e elaboração
do Plano de Atendimento Socioeducativo, as As metas e as ações prioritárias contidas
afirmativas dos/as operadores/as do Sistema no Plano de Atendimento Socioeducativo são a
de Justiça apresentaram baixa porcentagem materialização do que foi planejado e pactuado
de participação, como demonstra os seguin- sobre o que deve ser feito no âmbito das Medidas
tes dados: Promotores/as de Justiça – 33,5%; Socioeducativas, considerando, dentre as
Juízes/as – 23,1% e Defensores/as Públicos/as – demais Medidas Socioeducativas, as Medidas
cerca de 17%. em Meio Aberto. Desta forma, é importante
Em relação à mesma pergunta, 58,7% compreender de que maneira os/as profissionais
dos/das coordenadores/as, cerca de 69% dos/ entrevistados/das avaliam a execução do Plano
das profissionais que compõem as equipes técni- de Atendimento Socioeducativo produzido nos
cas e 55,1% dos/das conselheiros/as municipais municípios. Os graus de satisfação resultaram
afirmaram não terem participado das discussões em dados bem divididos, porém, com a categoria
sobre os Planos de Atendimento Socioeducativo. de insatisfação em maior proeminência.
Desta forma, fica nítida a incipiente parti- Em sua maioria, os/as Promotores/as de
cipação dos atores que compõem o Sistema de Justiça afirmaram estar insatisfeitos/as com a
Garantia de Direitos (SGD), o que abarca os execução do Plano, 45,6%, e apenas 23,9% rela-
atores que representam as gestões municipais taram satisfação, enquanto 8,7% relatam muita
e estaduais da Política de Assistência social, insatisfação. Semelhante aos promotores/as de
os/as representantes dos Conselhos de Direito justiça, 39,2% dos/das juízes/as entrevistados/
da Criança e do adolescente, tanto no âmbito as alegaram insatisfação e 7,1% muita insatis-
municipal como estadual, os/as representan- fação, apesar de 25% se dizerem satisfeitos/as
tes do Sistema de Justiça e as equipes técnicas e 7,1% muito satisfeitos/as com a execução do
responsáveis pelo acompanhamento dos/ Plano de Atendimento Socioeducativo.
das adolescentes em cumprimento de Medida Em consonância com os/as juízes/as e
Socioeducativa em Meio Aberto, na elaboração promotores/as de justiça, 44,4% dos defensores/
do Plano de Atendimento Socioeducativo nos as públicos/as afirmaram estar insatisfeitos/as;
municípios. aproximadamente 28% muito insatisfeitos/as e
apenas 11,1% apontaram satisfação.
Já entre os/as conselheiros/as perten-
centes aos Conselhos de Direito da Criança

30
respostas equilibradas quanto a satisfação e a insatisfação diante da execução do Plano de
Atendimento Socioeducativo. Nessa perspectiva 33,6% informaram estar insatisfeitos/as; a
mesma quantidade alegou satisfação;Parte
enquanto
I: Panorama5% afirmaram
da política muita
de Atendimento insatisfação
Socioeducativo em MeioeAberto
menos (2017 ede
2018)
1% se mostraram muito satisfeitos/as com a execução do Plano de Atendimento Socioeducativo.
Grau de satisfação com relação à execução das metas e ações prioritárias, para meio
aberto, contidas no Plano de Atendimento Socioeducativo
Qual é seu grau de satisfação com a execução do Plano de Atendimento Socioeducativo no
7%
município
Prefere não em que atua? 3%
responder 5%
4% Defensor Juiz de Conselheiro
Promotor 19% Conhecimento Municipal
Não sabe informar 17%
11%
Muito 17%
insatisfeito(a) 4 1% 7% 8,70% 5 27,78% 2 7,14% 10 5,03%
Muito satisfeito(a) 0%
Insatisfeito(a) 210% 45,65% 8 44,44% 11 39,29% 67 33,67%
Satisfeito(a) 11 23,91% 225% 33%
11,11% 7 25,00% 67 33,67%
Satisfeito(a) 11%
Muito satisfeito(a) 0 0,00% 0
23% 0,00% 2 7,14% 1 0,50%
Não sabe informar 8 17,39% 2 33%
11,11% 5 17,86% 39 19,60%
Insatisfeito(a) 39%
Prefere não 44%
45%
responder 2 5% 4,35% 1 5,56% 1 3,57% 15 7,54%
Muito insatisfeito(a) 7%
Total 46 1827% 28 199
8%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Conselheiro municipal Juiz Defensor Promotor

Em relação à execução das metas e ações prioritárias, para meio aberto,àscontidas no


e do adolescente respondentes, observamos indicaram insatisfação. Quanto demais alter-
respostas equilibradas quanto a satisfação e nativas, 4,5% apontaram muita insatisfaçãoe e
Plano de atendimento socioeducativo, 32,6% dos/as conselheiros/as afirmaram satisfação
a30,6% insatisfação.
insatisfação dianteQuanto às demais
da execução alternativas,
do Plano de pouco4,5% mais
apontaram
de 1% muita
indicouinsatisfação e poucoNo
muita satisfação.
mais de 1% muita
Atendimento satisfação. NoNessa
Socioeducativo. mesmo sentido, quase
perspec- mesmo 52% dos/das
sentido, gestores/as
quase municipais
52% dos/das de
gestores/as
tiva 33,6% informaram estar insatisfeitos/as; a municipais de Assistência Social disseram estar
mesma quantidade alegou satisfação; enquanto satisfeitos/as, ao contrário disso, cerca de 30%
assistência
5% afirmaram social
muitadisseram estar
insatisfação satisfeitos/as,
e menos ao contrário
de 1% afirmaram disto, cerca
insatisfação de 30%
e quase afirmaram
4% muita insatis-
insatisfação
se mostraramemuito
quasesatisfeitos/as
4% muita insatisfação
com a execu-com essas
façãometas e ações
com essas metas prioritárias.
e ações prioritárias.
Ainda
ção do Plano de sobre o mesmo
Atendimento questionamento, quase 44,3% dos/das coordenadores/as
Socioeducativo. Ainda sobre o mesmo questiona-
afirmaram estar satisfeitos/as, enquanto
Em relação à execução das metas e ações 33% mento,
afirmaramquaseinsatisfação,
44,3% dos/das quase 8% muita
coordenadores/
insatisfaçãopara
prioritárias, e cerca
meio de 2% muita
aberto, satisfação.
contidas no Plano Emasconsonância
afirmaram estar comsatisfeitos/as,
os/as coordenadores/as,
enquanto 33%
30,6%
de dos/as profissionais
Atendimento das equipes
Socioeducativo, técnicas afirmaram
32,6% dos/as relataram satisfação;
insatisfação,29,3%
quaseinsatisfação;
8% muita insa-4%
relataram muita insatisfação e menos de 1% afirmaram estar muito satisfeitos/as.
conselheiros/as afirmaram satisfação e 30,6% tisfação e cerca de 2% muita satisfação. Em

Grau de satisfação com relação à execução das metas e ações prioritárias, para meio
aberto, contidas no Plano de Atendimento Socioeducativo

4%
Prefere não responder 5%
2%
Qual seu grau de satisfação com7% a execução de metas e ações prioritárias, para o meio aberto, contidas no plano de
10%
atendimento
Não sabesocioeducativo?
informar 30%
10%
Conselho 23% Coordenador CREAS Equipe Técnica Gestor Municipal
0% Municipal CREAS
Muito satisfeito(a) 1%
Muito insatisfeito(a) 1% 9 4,52% 9 7,83% 24 3,79% 3 3,90%
1%
Insatisfeito(a) 61 30,65% 38 33,04% 52% 186 29,34% 23 29,87%
Satisfeito(a) 30%
Satisfeito(a) 65 32,66% 51 44%
44,35% 194 30,60% 40 51,95%
32%
Muito satisfeito(a) 3 1,51% 2
29% 1,74% 3 0,47% 0 0,00%
Não sabeInsatisfeito(a)
informar 47 23,62% 29%
12 33% 10,43% 190 29,97% 8 10,39%
Prefere não responder 14 7,04% 330% 2,61% 37 5,84% 3 3,90%
Total 4%
199 115 634 77
Muito insatisfeito(a) 3%
7%
4%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gestor municipal Equipe técnica Coordenador Conselho municipal

31
PESQUISA MEIO ABERTO

Grau de satisfação com relação à execução das metas e ações prioritárias, para meio
aberto, contidas no Plano de Atendimento Socioeducativo

Qual
Prefereé não
seuresponder
grau de satisfação com a execução
22% de metas e ações prioritárias,
para o meio aberto, contidas no Plano Estadual de Atendimento
Não sabe informar
Socioeducativo? 11%
Gestor Estadual de Assistência
Muito satisfeito(a) 0%
Social
Muito insatisfeito(a)
Satisfeito(a) 033% 0,00%
Insatisfeito(a) 3 33,33%
Insatisfeito(a) 33%
Satisfeito(a) 3 33,33%
Muito
Muitosatisfeito(a)
insatisfeito(a) 0% 0 0,00%
Não sabe informar 1 11,11%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Prefere não responder 2 22,22%
Total 9 de assistência social
Gestor estadual

consonância
Apesarcom os/as dos/das
da maioria coordenadores/as, prioritárias
entrevistados/das do Plano,
que afirmaram parcela significativa
ter participado da etapa de se
30,6% dos/as profissionais das equipes técnicas mostrou insatisfeita. Nesta pergunta
planejamento se sentirem satisfeitos/as com os Planos produzidos, quando perguntados sobre foi possí-
relataram satisfação; 29,3% indicaram insatisfa- vel perceber que há uma insatisfação no tocante
a satisfação com a execução das metas e ações prioritárias do Plano, parcela significativa se
ção; 4% relataram muita insatisfação e menos de à execução do que é planejado, aspectos que
mostrou insatisfeita. Nesta pergunta foi possível perceber que há uma insatisfação no tocante a
1% afirmou estar muito satisfeito/a. poderá ser compreendido nos capítulos seguin-
execução do que é planejado, aspectos que poderão tes,ser
noscompreendidos nos capítulosde
quais há o aprofundamento seguintes,
diversas
Em relação a execução das metas e ações
nos quais há o aprofundamento de diversas questões referentes a execução destes serviços.
questões referentes a execução destes serviços.
prioritárias, para as Medidas Socioeducativas
em Meio Aberto, contidas no Plano Estadual
de Atendimento Socioeducativo, entre os/as
nove gestores/as estaduais de Assistência Social 3.1.3. PARTICIPAÇÃO NAS REUNIÕES
que responderam, três afirmaram satisfação e a DE AVALIAÇÃO DO PLANO DE
mesma quantidade afirmou insatisfação. ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
Apesar da maioria dos/das entrevistados/
das que afirmaram ter participado da etapa de Por compreender que a avaliação se
planejamento se sentirem satisfeitos/as com os constitui fundamental para o realinhamento
Planos produzidos, quando perguntados sobre das práticas dos atores, que compõem a rede
a satisfação com a execução das metas e ações do sistema socioeducativo, com as diretrizes do

Participação em reunião para avaliação e atualização do Plano


de Atendimento Socioeducativo

0,76%
Prefere não responder 0,35%
1,19%

5,78% EQUIPE TÉCNICA DO CREAS


Não sabe informar 2,12%
2,08%
COORDENAÇÃO CREAS
78,27%
Não 75,97% CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA
77,38% SOCIAL

15,20%
Sim 21,55%
19,35%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

32
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Participação em reunião para avaliação e atualização do Plano


de Atendimento Socioeducativo

3,85%
Prefere não responder
0,00%

0,00%
Não sabe informar
2,30% GESTOR/A MUNICIPAL DA SAÚDE

53,85% GESTOR/A MUNICIPAL ASSISTÊNCIA


Não SOCIAL
50,57%

42,31%
Sim
47,13%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Participação em reunião para avaliação e atualização do Plano


de Atendimento Socioeducativo
Você participou de alguma reunião para avaliação e atualização
do Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo?
Prefere não responder 11%
Gestor Estadual de Assistência Social
Sim 6 66,67%
Não sabe informar
Não 2 0% 22,22%
Não sabe
informar Não 0 22% 0,00%
Prefere não
responder Sim 1 11,11% 66%
Total 9
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gestor estadual de assistência social

SINASE,
3.2 foram preparados
Construção coletiva conjuntos para o52%
de pergun-
dos parâmetros e gestores/as / municipais
Monitoramento Estratégiasdeintersetoriais
Saúde: 56%).
tas para interrogá-los
de monitoramento sobre a participação nos Contudo, gestores/as municipais da Sssistência
processos de avaliação do Plano de Atendimento Social (45,4%) e da Saúde (40%) apresentaram
Socioeducativo. um índice maior de participação quando compa-
3.2.1 Existência de Grupo Gestor ou
Em relação à participação em alguma Comissão Intersetorial
rados aos outrosde Acompanhamento do
atores.
SINASE
reunião para avaliação e atualização do Plano de Em relação à participação em alguma
Atendimento Socioeducativo, em sua maioria, reunião para avaliação e atualização do Plano
A Comissãoalegaram
os/as respondentes Intersetorial exerce
não ter um papel
partici- indispensável
Estadual no acompanhamento
de Atendimento do
Socioeducativo,
sistema socioeducativo,
pado (conselheiros/as: fomentando
77%; a transversalidade
coordenadores/as: entredos/das
a maioria as políticas setoriaisestaduais
gestores/as e as outras
de
organizações que compõem
77,2%; equipe técnica: 78,5%; a rede de atendimento
gestores/as muni- socioeducativo
Assistência Sociale criando
(66,6%)as condições para
alegam terem
que asde
cipais diversas açõesSocial:
Assistência aconteçam de forma integrada.
aproximadamente participado.
Na tentativa de compreender melhor as condições locais para a efetiva intersetorialidade,
os diversos atores foram perguntados sobre a existência de comissão intersetorial em seus
municípios e sobre a participação nesses espaços.
Quando questionados sobre Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de
Acompanhamento do SINASE no município, 58,3% dos/das gestores/as municipais e 70,4%
dos/das gestores/as municipais de saúde afirmaram não haver existência desses grupos. No
âmbito estadual as respostas se apresentaram diferentes: 54,1% dos/das gestores/as estaduais 33
de assistência social relataram que existe Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de
Acompanhamento do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo.
Gestor estadual de assistência social

3.2 Construção
PESQUISA MEIO ABERTOcoletiva dos parâmetros para o Monitoramento / Estratégias intersetoriais

de monitoramento
3.2. CONSTRUÇÃO COLETIVA outras organizações que compõem a Rede de
DOS PARÂMETROS PARA Atendimento
3.2.1 Existência de Grupo Gestor ou Comissão Socioeducativo
Intersetorial e criando asdo
de Acompanhamento condi-
O MONITORAMENTO
SINASE / ções para que as diversas ações aconteçam de
ESTRATÉGIAS INTERSETORIAIS DE forma integrada.
MONITORAMENTO Na tentativa no
A Comissão Intersetorial exerce um papel indispensável de acompanhamento
compreender melhor do
sistema socioeducativo, fomentando a transversalidadeas condições locais
entre as para asetoriais
políticas efetiva intersetoria-
e as outras
organizações que compõem a rede de atendimento lidade, os diversose criando
socioeducativo atores foram perguntados
as condições para
que as diversas ações aconteçam de forma integrada. sobre a existência de Comissão Intersetorial em
3.2.1. EXISTÊNCIA DEcompreender
Na tentativa de GRUPO GESTOR seus municípios
melhor as condições e sobre
locais para a participação
a efetiva nesses
intersetorialidade,
OU COMISSÃO INTERSETORIAL
os diversos atores foram perguntados DE sobre a existência
espaços. de comissão intersetorial em seus
ACOMPANHAMENTO
municípios DO SINASE
e sobre a participação nesses espaços. Quando questionados sobre a existên-
Quando questionados sobre Grupo ciaGestor de Grupo ouGestor
Comissão Intersetorial
ou Comissão de
Intersetorial
A ComissãodoIntersetorial
Acompanhamento SINASE no exerce um 58,3%
município, dos/das gestores/as
de Acompanhamento do municipais
SINASE no e 70,4%
muni-
papel indispensável
dos/das no acompanhamento
gestores/as municipais do
de saúde afirmaramcípio,não haverdos/das
58,3% existência desses grupos.
gestores/as No
municipais
Sistemaestadual
âmbito Socioeducativo, fomentando
as respostas a trans- diferentes:
se apresentaram e 70,4%54,1% dos/das
dos/das gestores/as
gestores/as estaduais
municipais de
versalidade
de entresocial
assistência as políticas setoriais
relataram e as Grupo
que existe Saúde Gestor ou não
afirmaram Comissão Intersetorial
haver esses de
grupos. No
Acompanhamento do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo.
Existência de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de Acompanhamento do SINASE
Você tem conhecimento sobre a existência do Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial
de Acompanhamento 0% do SINASE no município?
Prefere não responder
0% Gestor Municipal de Assistência Gestor Municipal de
Social Saúde
Sim 8% 42 25,00% 33 20,75%
Não sabe informar
Não 9816% 58,33% 112 70,44%
Não sabe informar 28 16,67% 14 8,81%
Prefere não responder 0 0,00% 0 70% 0,00%
Não
Total 168 58% 159

20%
Sim
25%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gestor de saúde Gestor municipal de assistência social

Existência de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de Acompanhamento do SINASE

Prefere não responder 4%


Existe Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de
Acompanhamento do Sistema Estadual de Atendimento
Não sabe informar 16%
Socioeducativo?
Gestor Estadual de Assistência Social
Sim Não 13 54,17%
25%
Não 6 25,00%
Não sabe
informar Sim 4 16,67% 54%
Prefere não
responder 1
0% 10% 20% 4,17%
30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 24 Gestor estadual de assistência social

34 Em concordância com os/as gestores/as municipais, os seguintes atores relataram


majoritariamente, que não tem conhecimento de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

âmbito estadual, as respostas se apresenta- integrado a comissão. Sendo estes: 28,5% dos/
ram diferentes: 54,1% dos/das gestores/as das juízes/as; 22,2% dos/das promotores/as;
estaduais de Assistência Social relataram que de justiça 23% dos/das defensores/as públicos/
existe Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial as; 31,3% de componentes da equipe técnica;
de Acompanhamento do Sistema Estadual de 39,5% dos/das coordenadores/as; 21,6% dos/
Atendimento Socioeducativo. das conselheiros/as municipais, e 45% dos/das
Em concordância com os/as gestores/ gestores/as municipais de Saúde. Entretanto,
as municipais, os seguintes atores relataram, dos/das gestores/as municipais, 25% disseram
majoritariamente, que não têm conhecimento haver a Comissão, e a maioria afirmou ter parti-
de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de cipado do Grupo gestor nos últimos dois anos
Acompanhamento do SINASE no município: (59,2%).
63,1% dos/das profissionais da equipe técnica, Entre os/as gestores/as estaduais de
assim como 57,6 % dos/das coordenadores/ Assistência Social, que afirmaram ter conhe-
as; 54,2% dos/das conselheiros/as municipais; cimento sobre o Grupo Gestor ou Comissão
66,3% dos/das defensores/as públicos/as; apro- Intersetorial de Acompanhamento do Sistema
ximadamente 62,7% dos/das promotores/as de Estadual de Atendimento Socioeducativo, cerca
justiça e 80,1% dos/das juízes/as. de 54% afirmaram não ter integrado, nos últimos
Prefere não responder 4% dois anos, o grupo ou comissão.
Entre os/as entrevistados/as que afir-
Existe terGrupo
maram Gestor sobre
conhecimento ou Comissão
a Comissão Intersetorial de
Ao abordar a questão do monitoramento
Acompanhamento
Intersetorial de do Sistema
Acompanhamento doEstadual
SINASE, de e Atendimento
avaliação notou-se, assim como no processo
Não sabe informar 16%
Socioeducativo?
poucos/as disseram ter, nos últimos dois anos, de planejamento, a baixa participação dos/das
integrado a comissão. Gestor Estadual
Sendo estes: de Assistência
28,5% dos/ Social
profissionais: poucos têm conhecimento sobre o
dasSimjuízes/as; 22,2%
Não dos/das
13 promotores/as;54,17%
25% funcionamento do grupo gestor e, entre os que
deNão
justiça 23% dos/das6 defensores/as públicos/ 25,00% conhecem, a maioria não participa do acompa-
as;
Não31,3% de componentes
sabe da equipe técnica; nhamento do SINASE em seu município, nem
39,5% dos/das coordenadores/as;
Sim 21,6% dos/ em grupo 54% de trabalho, no âmbito da Comissão
informar 4 16,67%
das conselheiros/as municipais, e 45% dos/das Intersetorial, com o tema específico das Medidas
Prefere não
gestores/as municipais de Saúde. Entretanto, em Meio Aberto.
responder
dos/das
0%1 10%
gestores/as municipais,
20%
25% disseram4,17%
30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Quando nos aprofundamos apenas nas
Totala Comissão, e a maioria
haver 24 afirmou terestadual
Gestor parti- de assistência
respostassocial
dos/as gestores/as, 54,17% dos/as esta-
cipado do Grupo gestor nos últimos dois anos duais e 27% dos/as municipais afirmaram que
(59,2%).
Em concordância com os/as gestores/ashámunicipais, grupo gestorose, destes/as,
seguintes 60% dos/as
atores primei-
relataram
Entre os/asque
majoritariamente, entrevistados/as que afir- de ros/as
não tem conhecimento Grupo eGestor
46,15%oudos/as segundos/as
Comissão disseram
Intersetorial de
maram ter conhecimento sobre a Comissão que participaram do grupo gestor nos últimos 2
Intersetorial de Acompanhamento do SINASE, anos. Estes são os principais atores s responsáveis
municipais;
poucos/as disseram ter, nos últimos dois anos, pela coordenação dos grupos gestores estadual e

Existência de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de Acompanhamento do SINASE

Você tem conhecimento 1%sobre a existência de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de


Prefere não responder 1%
Acompanhamento do SINASE 1% no município?
Equipe Técnica Coordenador CREAS Conselho Municipal
15%
Não sabe informar CREAS8%
Sim 166 10%26,14% 96 33,92% 97 30,22%
Não 401 63,15% 163 57,60%54% 174 54,21%
Não 57%
Não sabe 63%
informar 65 10,24% 23 8,13% 49 15,26%
30%
Prefere não
Sim 34%
responder 3 0,47% 26% 1 0,35% 1 0,31%
Total 635
0% 10% 20% 30% 28340% 50% 60% 321
70% 80% 90% 100%

Conselho municipal Coordenador Equipe técnica

35
0%
Prefere não responder 1%
responder 3 0,47% 1 0,35% 1 0,31%
Total 635 10%
0% 20% 30% 283
40% 50% 60% 321
70% 80% 90% 100%
PESQUISA MEIO ABERTO
Conselho municipal Coordenador Equipe técnica

Existência de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de Acompanhamento do SINASE

0%
Prefere não responder 1%
2%
O Sr. (Sra.) tem conhecimento sobre a existência de Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial
8%
de Acompanhamento
Não sabe informar do SINASE
9% no município em que atua?
Defensor
19% Promotor Juiz
Sim 13 12,15% 36 26,28% 14 80% 11,57%
Não 62%
Não 71 66,36% 86 62,77%
66% 97 80,17%
Não sabe informar 21
11% 19,63% 13 9,49% 10 8,26%
Sim
Prefere não responder 2 26%
1,87% 2 1,46% 0 0,00%
12%
Total 107 137 121
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Juiz Promotor Defensor

Participação, nos últimos dois anos, da Comissão Intersetorial de Acompanhamento


do SINASE

V. Exa. integrou, nos últimos


0% dois anos, o Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de
Prefere não responderdo SINASE?
acompanhamento 0%
0%
V. Exa. integrou, nos 0% Juiz
últimos dois anos, oPromotor Defensor
Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de
0%
Sim
Prefere
Não não
saberesponder
acompanhamento 40%
informar do 0%
SINASE? 28,57% 8 22,22% 3 23,08%
Não 0%
0%
10 71,43% 28 77,78% 10 76,92%
Juiz Promotor Defensor
Não sabe informar 00% 0,00% 0 0,00% 0 77% 0,00%
SimNão sabe informar
Não 4
0% 28,57% 8 22,22% 3 77% 23,08%
Prefere
Não não 0% 10 71,43% 28 77,78% 01071% 0,00%
76,92%
responder
Não sabe informar 00 0,00%
0,00% 23%00 0,00%
0,00% 0 77% 0,00%
Sim
Não 22%36 77%
Total
Prefere não 14 130 71% 0,00%
28%
responder 0 0,00% 23%0 0,00%
Sim0% 10% 20% 22%
30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 14 36 13
28%
Defensor Promotor Juiz
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Defensor Promotor Juiz


Participação, nos últimos dois anos, da Comissão Intersetorial de Acompanhamento
0% dois anos, o Grupo
Você integrou, nos últimos do Gestor
SINASEou Comissão Intersetorial de
Prefere não responder 0%
Acompanhamento do SINASE?0%
Você integrou, nos últimos0% Equipe
0% Técnica
dois anos, o Grupo Coordenador
Gestor CREASIntersetorial
ou Comissão Conselho deMunicipal
Prefere
Sim Não não
saberesponder
informar 0% 52
1% 31,33% 38 39,58% 21 21,65%
Acompanhamento do SINASE? 0%
0%
Não 114 68,67% 57 59,38%
CREAS 76 78,35%
0% Equipe Técnica Coordenador Conselho Municipal
78%
Não
SimNãosabe informar
sabe informar
Não 1%052 0,00%
31,33% 138 1,04%
39,58%
59%
0 21 0,00%
21,65%
Prefere
Não não responder 0% 0114 0,00%
68,67% 057 0,00%
59,38% 68%0 76 0,00%
78,35%
Total
Não sabe informar 166
0 21%
0,00% 96
1 1,04% 970 78% 0,00%
Não
Sim 39% 59%
Prefere não responder 0 0,00%31% 0 0,00% 0
68% 0,00%
Total 166 21% 96 97
Sim 0% 10% 20% 30%
40%39%50% 60% 70% 80% 90% 100%
31%
Conselho municipal Coordenador Equipe técnica
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Você integrou, nos últimos Conselho municipal


dois anos, o GrupoCoordenador Equipe técnica
Gestor ou Comissão Intersetorial de
Acompanhamento 0%
Prefere não responderdo SINASE?
0% Gestor
Você integrou, nos últimos dois anos,Municipal de Assistência
o Grupo Gestor ou ComissãoGestor Municipalde
Intersetorial de
Acompanhamento do 0%
1%
SINASE? Social Saúde
Prefere
Não não
saberesponder
informar
Sim 0%
2%
25
Gestor Municipal59,52%
de Assistência 15 45,45% de
Gestor Municipal
Não 16
Social 38,10% 18Saúde 54,55%
1%
36
Não Não
sabesabe informar
informar 1 2,38% 54% 0 0,00%
Sim Não 2%
25 59,52% 15 45,45%
Prefere não responder 0 38%
0,00% 0 0,00%
Não 16 38,10% 18 54,55%
Total 42 33
Total 166 21% 96 97
Sim 39%
31%
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Conselho municipal Coordenador Equipe técnica


Participação, nos últimos dois anos, da Comissão Intersetorial de Acompanhamento
do SINASE
Você integrou, nos últimos dois anos, o Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de
Acompanhamento 0%
Prefere não responderdo SINASE?
0% Gestor Municipal de Assistência Gestor Municipal de
1% Social Saúde
Não sabe informar
Sim 2%
25 59,52% 15 45,45%
Não 16 38,10% 18 54,55%
Não sabe informar 1 2,38% 54% 0 0,00%
Não
Prefere não responder 0 38%
0,00% 0 0,00%
Total 42 45% 33
Sim
59%

Entre os/as gestores/as


0% 10% estaduais
20% de assistência
30% 40% social
50% que afirmaram
60% 70% 80%ter conhecimento
90% 100%
sobre o Grupo Gestor ou Comissão Intersetorial de Acompanhamento do Sistema Estadual de
Gestor municipal de saúde Gestor municipal de assistência social
Atendimento Socioeducativo, cerca de 54% afirmaram não ter integrado, nos últimos dois anos,
o grupo ou comissão.
Participação, nos últimos dois anos, da Comissão Intersetorial de Acompanhamento do
SINASE
Você integrou, nos últimos dois anos, o Grupo Gestor ou
Prefere não responder 0%
Comissão Intersetorial de Acompanhamento do Sistema
Estadual de Atendimento Socioeducativo?
Não sabe informar Gestor
0% Estadual de Assistência Social
Sim 6 46,15%
Não 7 53,85%
Não 53%
Não sabe
informar 0 0,00%
Prefere não
Sim 46%
responder 0 0,00%
Total 13 10%
0% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gestor estadual de assistência social

municipal do Sistema Socioeducativo e é possível pode ser associada a diversas contingências que
concluirAoqueabordar
também a questão
não há umado monitoramento
participação eprecisam
avaliaçãosernotou-se, assim
conhecidas de como no processo
maneira aprofun-
de planejamento,
significativa destesaatores
baixa nos
participação
espaços dedos/das
acom- profissionais:
dada e que,poucos têm o
de acordo conhecimento
com os achados sobre
desta
opanhamento do SINASE.
funcionamento do grupo gestor e, entre os pesquisa, abordados
que conhecem, neste capítulo
a maioria e também
não participa do
acompanhamento
De maneirado resumida,
SINASE em foiseupossível
município,nosnemseguintes,
em grupo acreditamos
de trabalho, possuir relação,
no âmbito da
perceber que nas etapas de planejamento, de principalmente,
Comissão Intersetorial, com o tema específico das medidas em meio aberto. com a questão dos recursos
execuçãoQuando
e de monitoramento dasapenas
Medidas disponíveis para a gestão e execução dos servi-
nos aprofundamos nas respostas dos/as gestores/as, 54,17% dos/as
Socioeducativas em Meio Aberto, há uma baixa ços de Assistência Social, com as dificuldades
estaduais e 27% dos/as municipais afirmaram que há grupo
referentes ao gestor e, destes/as,
atendimento 60%
prestado pelados/as
polí-
participação dos/das profissionais que atuam
primeiros/as e 46,15% dos/as segundos/as disseram tica de que participaram
Assistência Social do
e, grupo gestor
associada, ainda, nos
às
junto às MSE/MA e, ainda, é possível observar
últimos 2 anos. Estes são os principais
que, na maioria dos estados, não são cumpridas atores responsáveis
dificuldades de pela coordenação
relação e articulaçãodos
com grupos
a rede
gestores
as etapas estadual
previstas e municipal
para do sistema
a consolidação socioeducativo
do Plano e é possível concluir que também não
intersetorial.
há uma participação
de Atendimento significativa
Socioeducativo, destes atores
sobretudo sob a nos espaços de acompanhamento do SINASE.
De da
perspectiva maneira
gestão.resumida,
É importantefoi compreen-
possível perceber que nas etapas de planejamento, de
der que esta dificuldade de gestão e participação
execução e de monitoramento das medidas socioeducativas em meio aberto, há uma baixa
participação dos/das profissionais que atuam junto às medidas e, ainda, é possível observar que,
na maioria dos estados, não são cumpridas as etapas previstas para a consolidação do Plano
de Atendimento Socioeducativo, sobretudo sob a perspectiva da gestão. É importante
compreender que esta dificuldade de gestão e participação pode ser associada a diversas 37
contingências que precisam ser conhecidas de maneira aprofundada e que, de acordo com os
achados desta pesquisa, abordados neste capítulo e também nos seguintes, acreditamos possuir
PESQUISA MEIO ABERTO

3.2.2. GRAU DE SATISFAÇÃO COM O oitos Promotores/as de Justiça se mostraram


MONITORAMENTO DO PROCESSO satisfeitos/as com monitoramento do processo
DE IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS de implementação das medidas socioeducati-
SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO vas em meio aberto, realizado pela Comissão
ABERTO REALIZADO PELA COMISSÃO Intersetorial do SINASE; assim como um dos/
das três defensores/as públicos/as, dois dos/
INTERSETORIAL
das quatro juízes/as, 24 dos/as 38 coordenado-
res/as de CREAS (63,16%), assim como 27 dos/
As perguntas a seguir buscaram mensurar
as 52 componentes da equipe técnica dos CREAS
a satisfação dos/das profissionais entrevistados/
(51,9%), 14 dos/as 21 conselheiros/as munici-
as com relação ao monitoramento do processo
pais (66,67%), dois dos/as noves conselheiros/
de implementação das medidas socioeduca-
as estaduais (22,2%), quatro dos/as 13 gestores/
tivas meio aberto realizado pela Comissão
SINASE? (LER AS OPÇÕES DE RESPOSTA) as estaduais (30%); 22 de 41 dos/as gestores/as
Intersetorial.
municipais (52,3%) e sete de 10 dos/as gestores/
Entre os/as profissionais que afirmaram as de saúde.
compor a comissão intersetorial, quatro dos/das

Grau de satisfação em relação ao acompanhamento do processo de implementação


de implementação das MSE/MA realizado pela Comissão Intersetorial do SINASE

0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,00%
0,00%
18,18%
Não sabe informar 33,33%
0,00%
33,33%
9,09% PROMOTOR/A DE JUSTIÇA
Muito satisfeito(a) 0,00%
14,29%
0,00% JUIZ/A DE EXECUÇÃO
54,55%
Satisfeito(a) 0,00% JUIZ/A DE CONHECIMENTO
42,86%
33,33%
DEFENSOR/A PÚBLICO/A
9,09%
Insatisfeito(a) 66,67%
14,29%
0,00%
9,09%
Muito insatisfeito(a) 0,00%
28,57%
33,33%
os últimos dois anos (2017/2018)? (LER OPÇÕES DE RESPOSTA)
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Grau de satisfação em relação ao acompanhamento do processo de


implementação das MSE/MA realizado pela Comissão Intersetorial do SINASE
SE? (LER AS OPÇÕES DE RESPOSTA)
7,69%
Prefere não responder 0,00%
6,00%
15,38%
Não sabe informar 0,00%
10,00%
23,08%
Título do Eixo

Muito satisfeito(a) 9,09%


2,00%
GESTOR/A ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
30,77%
Satisfeito(a) 72,73% GESTOR/A MUNICIPAL DE SAÚDE
46,00%
23,08% GESTOR/A MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Insatisfeito(a) 9,09%
28,00%
0,00%
Muito insatisfeito(a) 9,09%
8,00%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%


Título do Eixo
(LER AS OPÇÕES DE RESPOSTA)

38
nos últimos dois anos (2017/2018)? (LER OPÇÕES DE RESPOSTA)
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Grau de satisfação em relação ao acompanhamento do processo de implementação


de implementação das MSE/MA realizado pela Comissão Intersetorial do SINASE
7,69%
Prefere não responder 0,00%
6,00%
15,38%
Não sabe informar 0,00%
10,00%
23,08%
Título do Eixo

Muito satisfeito(a) 9,09%


2,00%
GESTOR/A ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
30,77%
Satisfeito(a) 72,73% GESTOR/A MUNICIPAL DE SAÚDE
46,00%
23,08% GESTOR/A MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Insatisfeito(a) 9,09%
28,00%
0,00%
Muito insatisfeito(a) 9,09%
8,00%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%


Título do Eixo
ivas em meio aberto, realizado pela Comissão Intersetorial do SINASE? (LER OPÇÕES DE RESPOSTA)

Grau de satisfação em relação ao acompanhamento do processo de implementação


das MSE/MA realizado pela Comissão Intersetorial do SINASE

nos últimos dois anos (2017/2018)?


0,00%
(LER OPÇÕES
14,29% DE RESPOSTA)
Prefere não responder
0,00%
4,65%

4,76%
Não sabe informar 11,11%
10,71%
2,33%

0,00%
Muito satisfeito(a) 0,00% CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
3,57%
2,33%
CONSELHO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
66,67% EQUIPE TÉCNICA DO CREAS
Satisfeito(a) 22,22%
48,21%
58,14% COORDENAÇÃO DO CREAS

14,29%
Insatisfeito(a) 55,56%
28,57%
27,91%

0,00%
Muito insatisfeito(a) 11,11%
8,93%
4,65%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

A capacidade de planejamento, de execu-


4. PERCEPÇÕES SOBRE OS
ção, de monitoramento e de avaliação de uma
RECURSOS DISPONÍVEIS PARA política diminui na medida em que os recur-
EXECUÇÃO DAS MEDIDAS sos (humanos e financeiros) disponíveis para tal
ivas em meio aberto,SOCIOEDUCATIVAS
realizado pela Comissão Intersetorial do SINASE?EM MEIO
(LER OPÇÕES DE RESPOSTA) não se mostrem suficientes, o que se reflete na
percepção dos/das profissionais que atuam junto
ABERTO
ao Sistema Socioeducativo em Meio Aberto.
Esta seção aborda a temática das condi-
ções concretas para que o trabalho no Sistema Nesta seção explora-se o tema dos
Socioeducativo em Meio Aberto possa ser execu- recursos disponíveis para a execução e acom-
tado, aspecto que dialoga com a questão da panhamento das Medidas Socioeducativas em
gestão, apresentada anteriormente, e também Meio Aberto sob a perspectiva dos/as entre-
com o atendimento do Sistema de Justiça e da vistados/as com relação à gestão do Sistema
Política de Assistência Social a ser apresentado Socioeducativo, sobre o orçamento destinado
nas próximas seções. para o mesmo e, também, sobre o trabalho da
equipe de profissionais.

39
PESQUISA MEIO ABERTO

4.1. GRAU DE SATISFAÇÃO COM O Ainda, 5,84% dos/as Promotores/as


ORÇAMENTO DISPONÍVEL PARA de Justiça; 2,80% dos/as defensores/as públi-
O FINANCIAMENTO DA GESTÃO cos/as; 7,44% dos/as juízes/as; 17,67% dos/
MUNICIPAL DO SINASE as coordenadores/as de CREAS; 11,81% dos/as
profissionais que compõem a equipe técnica dos
No que concerne ao orçamento disponí- CREAS; 20,56% dos/as conselheiros/as muni-
vel para o financiamento da gestão estadual do cipais; 19,64% dos/as gestores/as municipais
SINASE, 50% dos/das gestores/as estaduais de Assistência Social e 6,29% dos/as gesto-
de Assistência Social relataram insatisfação, res/as da Saúde. Além disso, vale destacar, que
20,83% afirmam estar muito insatisfeitos/as a opção “não sabe informar” teve uma quanti-
e 16,67% disseram estar satisfeitos/as. Ainda, dade expressiva de marcações (Promotores/as
8,33% não souberam informar e 4,17% preferi- de Justiça: 20,4%; defensores/as públicos/as:
ram não responder. 32,7%; juízes/juízas: quase 34%; coordenadores/
as: 18%; equipe técnica: 24,4%; conselheiros/as
Já no que diz respeito ao orçamento municipais: quase 30% e gestores/as de Saúde:
disponível para o financiamento da gestão muni- cerca de 56%).
cipal do SINASE, 40,1% dos/das Promotores/as
de Justiça; cerca de 39% dos/as juízes/as; 48% De acordo com as falas dos/das entre-
dos/as coordenadores/as; 42,5% dos componen- vistados/as, o orçamento destinado às Medidas
tes da equipe técnica; 32,4% dos/as conselheiros/ Socioeducativas em Meio Aberto no municí-
as municipais; 47% dos/as gestores/as muni- pio tem gerado grande insatisfação, opinião
cipais de Assistência Social e quase 19% dos/as que aparece também quando são questiona-
gestores/as de Saúde se disseram insatisfeitos/ dos/as sobre a execução técnica das Medidas
as. Cabe destacar que houve também expressivo Socioeducativas em Meio Aberto e sobre a
número de respondentes que declararam estar quantidade de profissionais para atender os/
muito insatisfeitos/as: 27,74% dos/das promo- as adolescentes. As condições de trabalho a que
tores/as de justiça; 34,58% dos/as defensores/ estão submetidos/as os/as trabalhadores/as da
as públicos/as; 18,18% dos/as juízes/as; 10,95% política de Assistência Social e os recursos dispo-
dos/as coordenadores/as de CREAS; 15,12% níveis para o trabalho podem ser barreiras para
dos/as profissionais que compõem a equipe que as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto
técnica dos CREAS; 11,21% dos/as conselhei- funcionem da maneira como a legislação prevê.
ros/as municipais; 18,45% dos/as gestores/as Estas condições também podem refletir em cerca
municipais de Assistência Social e 10,69% dos/as de 50% de insatisfeitos/as com a gestão, a capa-
gestores/as de Saúde. cidade técnica e operacional da equipe gestora e,
também, a execução técnica.

Grau de satisfação com o orçamento disponível para o financiamento da gestão


municipal do SINASE
Qual é seu grau de satisfação com o orçamento disponível para o
financiamento da gestão 0% municipal do SINASE?
Prefere não responder 5%
Promotor
1% Defensor Juiz
32% 34,58 18,18
Muito
Nãoinsatisfeito(a)
sabe informar 38 27,74%20% 37 % 22 %
33%
Insatisfeito(a) 29,91 38,84
0%55 40,15% 32 % 47 %
Muito satisfeito(a) 1%
Satisfeito(a) 0% 2,80 7,44
8
2% 5,84% 3 % 9 %
Satisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 5% 0,00 0,00
7%
1 0,73% 0 % 0 %
Não sabe informar 30% 32,71 33,88
Insatisfeito(a) 40%
28 20,44% 35 %
38% 41 %
Prefere não 34%0,00 1,65
Muito insatisfeito(a)
responder 7 5,11% 027% % 2 %
18%
13
Total 0% 7 10% 20% 107
30% 40% 50%121 60% 70% 80% 90% 100%

Defensor Promotor Juiz

40
Qual é seu grau de satisfação com o orçamento disponível para o
5%
financiamento da gestão municipal
Prefere não responder 5% do SINASE?
5% Equipe Conselho
Prefere não 28 20,44% 35 34%% 38%
0,00 41 %
1,65
Muito insatisfeito(a)
Prefere
responder não 7 5,11% 027% 34%0,00% 2 1,65
%
Muito insatisfeito(a)
responder 7 5,11%18% 027% % 2 %
13
18%
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
Total 0% 7 10%
13 20% 107 40%
30% 50%121 60% 70% 80% 90% 100%
Total 0% 7 10% 20% 107 40%
30% 50%121 60% 70% 80% 90% 100%
Defensor Promotor Juiz
Grau de satisfação com o orçamento disponível para o financiamento da gestão
Defensor Promotor
municipal do SINASEJuiz
Qual é seu grau de satisfação com o orçamento disponível para o
5%
financiamento
Qual
Prefereé não dade
seuresponder
grau gestão municipal
5% com do
satisfação SINASE? disponível para o
o orçamento
5% Equipe Conselho
financiamento
Prefere não responderda gestão municipal
5% do SINASE?
Coordenador
5% Técnica
30% Municipal
Não sabe informar CREAS 24%Equipe
CREAS
Conselho
Coordenador
18% Técnica
30% Municipal
Não sabe informar 1%CREAS 24%CREAS 15,12 11,21
Muito insatisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 1%31 10,95%
18% 96 % 36 %
0% 15,12 11,21
Insatisfeito(a) 1%13 42,52 32,40
Muito insatisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 1%31
6 10,95%
48,06%20% 96 270 %
% 36
104 %
%
Insatisfeito(a)
Satisfeito(a) 0% 13 11% 42,52 32,40
Satisfeito(a) 17% 11,81 20,56
6
50 11%48,06%
17,67%20% 27075 %
% 104
66 %
%
Satisfeito(a) 32%
Satisfeito(a)
Muito satisfeito(a)
Insatisfeito(a) 17% 11,81
0,47
42% 20,56
0,31
50
0 17,67%
0,00% 75
3 32% % % 48% 66 1 %
%
Muito
Não satisfeito(a)
sabe Insatisfeito(a)
informar 11% 0,47
24,41
42% 0,31
29,91
Muito insatisfeito(a) 15%
0
51 11%0,00%
18,02% 3
155 % 48% 1 96 %
Não sabe
Prefere nãoinformar
responder 11% 24,41
5,67 29,91
5,61
Muito insatisfeito(a) 0% 15%
10% 18,02%
20% 30%
51
15 5,30%
11% 36 40% % 50% 96
155 1860% 70%
% 80% 90% 100%
Prefere não responder Conselho 28 municipal 5,67
Equipe técnica 5,61
Coordenador
Total 0% 310% 5,30%
15 20% 30%
635 40% % 50% 321
36 1860% 70%
% 80% 90% 100%
28
Conselho municipal Equipe técnica Coordenador
Total Grau de satisfação3com o orçamento 635
disponível para321o financiamento da gestão
Qual é seu grau de satisfação com o orçamento disponível
municipal do SINASE
Prefere
para o não responder
financiamento gestão13%
da 4% municipal do SINASE?
Qual é seu grau de satisfação Gestor
comMunicipal
o orçamento Gestor
disponível
Prefere
para o não
Não responder
financiamento
sabe informar da 4% de 13%
gestão Assistência
municipal do Municipal de
SINASE? 89
Social 18% % Saúde
Gestor Municipal Gestor
10,69
0% de Assistência Municipal % de
Não sabe informar 89
Muito
Muitoinsatisfeito(a)
satisfeito(a) 3% 31 18,45%
18% % 17
Social Saúde
18,87
Insatisfeito(a) 79 10% 47,02% 30 10,69
%
Satisfeito(a) 0%
Muito
Muitoinsatisfeito(a)
satisfeito(a) 3% 31 18,45% 17
33% %
Satisfeito(a) 33 19,64% 10 6,29%
18,87
Muito satisfeito(a) 3 1,79% 0 0,00%
Insatisfeito(a)
Insatisfeito(a) 79 10% 47,02% 30%30 %
Satisfeito(a) 55,97 79%
Satisfeito(a) 33 19,64% 33%
10 6,29%
Não sabe informar 18 10,71% 89 %
Muito satisfeito(a)
Prefere não responder 3
4 1,79%
2,38%
17% 0
13 0,00%
8,18%
Muito insatisfeito(a) 30%
Total Insatisfeito(a) 168 31%159 55,97 79%
Não sabe informar 18 10,71% 89 %
0%
Prefere não responder
Muito insatisfeito(a)
410% 20%
2,38% 30% 13
17%
40% 50%
8,18% 60% 70% 80% 90% 100%

Total 168 31%159


0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

O tema dos recursos disponíveis pode exige e quando nos atentamos para a qualifica-
ser compreendido de uma maneira melhor ção destes profissionais. Tais aspectos podem
quando nos aproximamos das condições de fazer parte da percepção dos/as trabalhadores/
trabalho dos/as trabalhadores/as da Assistência as de que os recursos não são suficientes para a
Social entrevistados/as, principalmente quando gestão e execução do trabalho.
acrescentamos a tal análise o perfil dos/as Analisando os dados obtidos, obtivemos
trabalhadores/as. No que diz respeito a remu- o seguinte cenário, quando questionamos os/
neração, evidenciamos que esta apresenta uma as profissionais componentes da equipe técnica
média muito inferior se comparada aos/às sobre as condições salariais a estes ofertadas:
demais profissionais que atuam no atendimento
Aproveitamos a ocasião de tal discus-
das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto,
são para salientar a expressiva diferença
sobretudo quando consideramos a complexidade
identificada quando realizamos a comparação
que o trabalho com os/as adolescentes/jovens

41
Analisando os dados obtidos, obtivemos o seguinte cenário quando questionamos os
profissionais componentes da equipe técnica sobre as condições salariais a estes ofertadas:
PESQUISA MEIO ABERTO

Remuneração Equipe técnica CREAS

Preferiu não responder 0,37%


De 11 a 20 salários mínimos 0,37%
De 7 a 10 salários mínimos 3,51%
De 5 a 6 salários mínimos 10,33%
De 3 a 4 salários mínimos 40,22%
De 1 a 2 salários mínimos 43,91%
Até 1 salário mínimo ão 1,11%
Não respondeu 0,18%

0% 10% 20% 30% 40% 50%

entre as condições salariais das equipes técni- estabelecimento do vínculo de trabalho a que
cas dos CREAS dos estados brasileiros e as estes/as trabalhadores/as estão submetidos/das.
condições salarias obtidas pelas equipes técni- Evidenciamos que a instabilidade nas
cas do Distrito Federal. Esta, além de possuir relações de trabalho, associada a precariza-
Prefere não responder 0,75%
100% das equipes com vínculo estável de servi- ção das relações trabalhistas, estabelecidas de
Não sabe informar 0,13%
dores estatutários, possui condições salarias com forma cada vez mais frequente, apresentam-se
De 20 salários mínimos 0,13%
predominância de seis a dez salários mínimos como fatores que dificultam a execução de um
De 11 a 20 salários mínimos 2,06% faixa
(91% dos servidores encontram-se nessa trabalho contínuo e interfere, sobremaneira, na
De 7 a 10 salários
remuneratória) mínimos
destoando, 8,88%
significativamente,
qualidade do serviço prestado, considerando que
De 5 asalariais
6 saláriosemínimos
das condições uma das13,95%
empregatícias da maio- premissas do trabalho realizado com
ria dos estados,4que
De 3 a salários mínimosdeflagra o gráfico
conforme indivíduos e com famílias que acessam32,40% a polí-
De 1concentra
apresentado, a 2 salários amínimos
predominância salarial 27,77% e eficaz
tica de Assistência Social se faz coerente
na faixa de umAté 1saláriosalários
a quatro mínimo mínimos.
1,44% a partir do vínculo entre profissionais e usuários
Além disso,Não
hárespondeu
um alto índice de traba- 12,51%Ademais, a instabilidade na vida do/a
da política.
lhadores/as sem vínculo trabalhista
0% estável,
5% 10%
trabalhador/trabalhadora,
15% 20% 25%
diante35%
30%
da insegurança
principalmente quem realiza o atendimento na relação de trabalho estabelecida e quanto
direto aos/às adolescentes, atuando diretamente ao futuro profissional, promove a rotatividade
no acompanhamento dos/das adolescentes em dos/as profissionais que atuam na política de
cumprimento das Medidas Socioeducativas em Assistência Social e que a todo momento encon-
Meio Aberto nos equipamentos da Assistência tram-se em busca de oportunidades de trabalho
Social: aproximadamente 44% (precisamente, que lhe garantam, além de melhores condições
43,71%, somando-se os/as trabalhadores/as de trabalho, maior estabilidade.
que se encontram em regime de contratação Outra questão que pode ser problemati-
temporária e em cargos comissionados) entre zada diz respeito à configuração dos CREAS e a
os componentes das equipes técnicas e 34,25% efetiva possibilidade de trabalho especializado:
(somando-se os/as trabalhadores/as que se os serviços, em sua maioria1 (97,53%), não rece-
encontram em regime de contratação tempo- bem exclusivamente jovens em cumprimento
rária e em cargos comissionados) de ocupantes de Prestação de Serviço à Comunidade (PSC) e
de cargos de coordenação dos CREAS. Há ainda Liberdade Assistida (LA), tendo diversas outras
uma previsão de contratação de coordenadores/ demandas em coexistência com o acompanha-
as de CREAS na condição de regime de Recibo de mento dos/das adolescentes em cumprimento
Pagamento Autônomo (RPA), que possui 1,34% das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto
de incidências dentre os respondentes. para serem atendidas, o que pode sobrecarregar
As formatações de contratação de os/as profissionais que atuam no equipamento,
trabalho aelencadas e que indicam vínculos e, sobremaneira dificultar o desenvolvimento do
trabalhistas instáveis apontam, mais ainda, para
a precarização exacerbada das condições dos/as 1
A exceção dessa situação se dá no âmbito da política de aten-
dimento às Medidas Socioeducativas em Meio Aberto execu-
trabalhadores/as que atuam na Assistência Social tadas no Distrito Federal e no estado de São Paulo, conforme
e sinaliza para formas cada vez mais precárias de considerações apresentadas na Metodologia desta pesquisa.

42
previsão de contratação de 0% coordenadores/as
10% de CREAS
20% na condição
30% de40%regime de 50% RPA –
Recibo de pagamento autônomo, que possui 1,34% de incidências dentre os respondentes.
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
As formatações de contratação de trabalho, acima elencadas e que indicam vínculos
trabalhistas instáveis apontam, mais ainda, para a precarização exacerbada das condições dos
Remuneração
trabalhadores que atuam na Assistência Coordenação
social e sinaliza CREAS para formas cada vez mais precárias
de estabelecimento do vínculo de trabalho a que estes trabalhadores estão submetidos.
Prefere não responder 0,75%
Evidenciamos que a instabilidade nas relações de trabalho dificulta a execução de um
Não sabe informar 0,13%
trabalho contínuo e interfere, sobremaneira, na qualidade do serviço prestado, considerando que
De 20 salários mínimos 0,13%
uma das premissas do trabalho realizado com indivíduos e com famílias que acessam a política
De 11 a 20 salários mínimos 2,06%
de Assistência social se faz coerente e eficaz a partir do vínculo entre profissionais e usuários da
De 7 a 10 salários mínimos 8,88%
política. Ademais, a instabilidade na vida do trabalhador, diante da insegurança na relação de
De 5 a 6 salários mínimos 13,95% a rotatividade dos profissionais
trabalho estabelecida e quanto ao futuro profissional promove
De 3 a 4 salários mínimos 32,40%de
que atuam na política de Assistência social e que há todo momento encontram-se em busca
De 1 a 2 salários mínimos 27,77%
oportunidades de trabalho que lhe garantam, além de melhores condições de trabalho, maior
estabilidade.Até 1salário mínimo 1,44%
Não respondeu 12,51%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

Forma de contratação: Equipe técnica

Celetista 5,50%

Terceirizado/a 6,60%

Cargo comissionado 8,65%

Contratação temporária 35,06%

Servidor/a público/a concursado/a 41,98%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Forma de contratação: Coordenação CREAS

Não respondeu 18,85%


Autônomo 1,34%
Celetista 5,08%
Terceirizado/a 2,73%
Cargo comissionado 18,37%
Contratação temporária 15,88%
Servidor/a público/a concursado/a 34,44%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

trabalho
Outra haja vista
questão queaspode
inúmeras 4.2.respeito
peculiaridades diz
ser problematizada GRAU DE SATISFAÇÃO
a configuração COM
dos A
CREAS ea
que o atendimento ao público adolescente exige. GESTÃO DO SINASE NOS MUNICÍPIOS
efetiva possibilidade de trabalho especializado: os serviços, em sua grande maioria (97,53%), 1
Além da sobrecarga de trabalho, há também a E ESTADOS
não recebem exclusivamente os jovens em cumprimento de PSC e LA, tendo diversas outras
necessidade de racionalizar os recursos para
demandas em coexistência com o acompanhamento
todas as demandas, o que pode também se refle- dos/das adolescentes em cumprimento das
A gestão do SINASE deveria acontecer
medidastirsocioeducativas em meio aberto para serem
na fala de que o orçamento não é suficiente atendidas, o que pode sobrecarregar os/as
de forma participativa em municípios e esta-
profissionais
para o que atuam
trabalho no equipamento, e sobremaneira
a ser exercido. dificultar
dos, conforme o desenvolvimento
a Lei 12.594/2012, do
do SINASE,
trabalho haja vista as inúmeras peculiaridades que o atendimento ao público adolescente exige.
Além da sobrecarga de trabalho, há também a necessidade de racionalizar os recursos para
todas as demandas, o que pode também se refletir na fala de que o orçamento não é suficiente
43
para o trabalho a ser exercido.
4.2. Grau de satisfação com a gestão do SINASE nos município e Estados
PESQUISA MEIO ABERTO

Grau de satisfação com a gestão do SINASE

3,79%
Prefere não responder 3,23%
5,31%
4,76%

16,67%
Não sabe informar 3,23%
21,24%
12,24%

1,52%
Muito satisfeito(a) 3,23% JUIZ/A DE CONHECIMENTO
1,77%
1,36%
JUIZ/A DE EXECUÇÃO
30,30%
38,71% DEFENSORES/AS PÚBLICOS/AS
Satisfeito(a) 17,70%
29,93% PROMOTORES/AS DE JUSTIÇA
40,91%
Insatisfeito(a) 38,71%
38,05%
41,50%

6,82%
Muito insatisfeito(a) 12,90%
15,93%
10,20%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

Grau de satisfação com a gestão do SINASE

Prefere não responder 5,90%


5,21%

Não sabe informar 12,10%


9,77%

Muito satisfeito(a) 2,42%


2,93%
EQUIPE TÉCNICA CREAS

Satisfeito(a) 34,49% COORDENAÇÃO CREAS


45,93%

Insatisfeito(a) 36,76%
32,25%

Muito insatisfeito(a) 8,32%


3,91%

0,00% 5,00% 10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%

Grau de satisfação com a gestão do SINASE: Gestor/a Estadual de Assistência Social


Qual é seu grau de satisfação com a gestão do SINASE no estado?
Gestor Estadual de Assistência Social
Prefere
Muito não responder
insatisfeito(a) 4% 1 4,17%
Insatisfeito(a) 7 29,17%
Satisfeito(a)
Não sabe informar 8%12 50,00%
Muito satisfeito(a) 1 4,17%
Não sabe informar 2 8,33%
Muitonão
Prefere satisfeito(a)
responder 4% 1 4,17%
Total 24
Satisfeito(a) 50%

Insatisfeito(a) 29%

Muito insatisfeito(a) 4%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

4.3.
44 Grau de satisfação com a capacidade técnica e operacional da equipe gestora das
medidas socioeducativas em meio aberto

Para compreender de que maneira os e as profissionais avaliam a gestão, foi também


Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

possibilitando uma corresponsabilidade do as; 60,7% dos/as gestores/as municipais de


planejamento até a avaliação dos resultados obti- Assistência Social e 34,5% dos/as gestores/as
dos. As perguntas a seguir buscaram mensurar da Saúde afirmaram estar satisfeitos/as com a
a efetividade da gestão do SINASE nos municí- equipe gestora.
pios e estados. Entretanto, também houve dados rele-
Em relação à Gestão do SINASE no vantes quanto ao nível de insatisfação como
município, o grau de satisfação dos/das respon- expressam os seguintes resultados: cerca de 38%
dentes variou entre satisfeitos/as (promotores/ dos/as promotores/as de justiça; 35,5% dos/as
as de justiça: quase 30%; defensores/as públi- defensores/as públicos/as; 26,4% dos/as juízes/
cos: 17,7%; juízes/as: 32,2%; coordenadores/as: as; 19,4% dos/as coordenadores/as; 29,1% da
46,2%; equipe técnica: 34,6%; gestores/as muni- equipe técnica dos CREAS; cerca de 17% dos/as
cipal de Assistência Social: quase 60% e gestores/ conselheiros/as municipais; aproximadamente
as de Saúde: 23,2%) e insatisfeitos/as (promoto- 9% dos/as gestores/as municipais da Assistência
res/as de justiça: 42,3%; defensores/as públicos/ Social e 15% dos/as gestores/as da Saúde.
as: 38,3%; juízes/as: 40,5%; coordenadores/as: Além disso, cabe ressaltar que as catego-
cerca de 33%; equipe técnica: quase 37%; gestor rias de muito satisfeito/a e muito insatisfeito/a
municipal de Assistência Social: 26,1% e gesto- não passaram de 10% cada, com exceção das
res/as de Saúde: cerca de 12%). Cabe destacar respostas na categoria de muito satisfeito/a dos/
que 47,1% dos gestores/as de Saúde não soube- as coordenadores/as dos CREAS e dos/as gesto-
ram informar o grau de satisfação. res/as municipais da Assistência Social, que
Quanto à Gestão do SINASE no estado, compreendem, respectivamente, 14,4% e 25%
o grau de satisfação dos gestores/as estaduais das respostas.
de Assistência Social variou entre satisfeitos/as Ainda, 41,6% dos/as gestores/as esta-
(50%) e insatisfeitos/as (29,1%). duais da Assistência Social estão satisfeitos/
as com a capacidade técnica e operacional da
equipe responsável pela gestão de Medidas
4.3. GRAU DE SATISFAÇÃO COM Socioeducativas em Meio Aberto no estado,
A CAPACIDADE TÉCNICA E enquanto cerca de 21% estão insatisfeitos/as.
OPERACIONAL DA EQUIPE GESTORA
DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM
MEIO ABERTO 4.4. GRAU DE SATISFAÇÃO COM A
EXECUÇÃO TÉCNICA DAS MEDIDAS
Para compreender de que maneira os/ SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO
as profissionais avaliam a gestão, foi também NO MUNICÍPIO
perguntado a respeito da satisfação com a capa-
cidade técnica e operacional da equipe gestora A execução das Medidas Socioeducativas
das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. em Meio Aberto pode ser compreendida como a
Tendo em vista os marcos normativos da Política materialização do planejamento e implementa-
Nacional de Assistência Social e a Tipificação ção das MSE, a qual faz parte as etapas de gestão
dos Serviços Socioassistenciais do Sistema do Sistema Socioeducativo. Para que se possa
Único de Assistência Social (SUAS), as pergun- refletir sobre os fluxos e procedimentos imple-
tas buscaram mensurar a efetividade da gestão mentados e executados pelos atores do Sistema
política, administrativa e financeira das Medidas de Justiça e da Assistência Social, as pergun-
Socioeducativas em Meio Aberto nos municípios tas buscaram verificar a efetividade da execução
e estados brasileiros. técnica das Medidas Socioeducativas.
Em relação à capacidade técnica e Os níveis de satisfação oscilaram entre as
operacional da equipe gestora das Medidas opções satisfeitos/as e insatisfeitos/as. Entre os
Socioeducativas em Meio Aberto, 42,3% dos/as juízes/as respondentes, 47,1% afirmaram satisfa-
promotores/as de justiça; 35,5% dos/as defen- ção; enquanto 37,1% se declararam insatisfeitos/
sores/as públicos/as; 47,1% dos/as juízes/as; as e um pouco mais de 7% muito insatisfeitos/as.
60% dos/as coordenadores/as; cerca de 48% Já entre os promotores/as de justiça, os resulta-
dos/das profissionais que compõem as equipes dos ficaram equilibrados, pois, 41,6% afirmaram
técnicas dos CREAS; 52,3% dos/as conselheiros/ satisfação e 42,3% insatisfação. Quanto aos

45
Muito insatisfeito(a) 2% 9 7,44% 7 5,11% 12 11,21%
Insatisfeito(a) 45 37,19% 58 42,34% 38 35,51%
equilibrados, pois, 41,6% afirmaram 13% satisfação e 42,3% insatisfação. Quanto aos defensores,
Satisfeito(a)
Não sabe informar 5% 57 47,11% 57 41,61% 34 31,78%
35,1%
PESQUISAapontaram
MEIO ABERTO insatisfação
5% e cerca de 32% afirmaram satisfação. No entanto, cabe ressaltar
Muito
que 13% satisfeito(a) 2
dos defensores não souberam 1,65% 6
responder à questão. 4,38% 3 2,80%
Não sabe informar 3% 6 4,96% 7 5,11% 14 13,08%
Muito satisfeito(a) 4%
Prefere não responder Grau
2%de satisfação
2 com a execução
1,65% 2 técnica das MSE/MA
1,46% 6 5,61%
Qual é seu grau de satisfação com a execução técnica das medidas socioeducativas em meio
Total
aberto?
121 137 107
32%
Satisfeito(a) Juiz 42%Promotor Defensor
6% 47%
Prefere não responder 1%
Muito insatisfeito(a) 2% 9 7,44% 7 5,11% 12 11,21%
Insatisfeito(a) 45 37,19%36% 58 42,34% 38 35,51%
Insatisfeito(a) 13%
42%
Satisfeito(a)
Não sabe informar 5% 57 47,11% 37% 57 41,61% 34 31,78%
5%
Muito satisfeito(a) 2 1,65% 6 4,38% 3 2,80%
11%
Muito
Não insatisfeito(a)
sabe informar 5%
3% 6 4,96% 7 5,11% 14 13,08%
Muito satisfeito(a) 4%7%
Prefere não responder 2% 2 1,65% 2 1,46% 6 5,61%
Total 0% 10% 121
20% 30% 40% 137
50% 60% 70% 107 90%
80% 100%
32%
Satisfeito(a) 42%
Defensor Promotor 47%
Juiz
36%
Insatisfeito(a) 42%
37%
Ao contrário dos atores mencionados até então, os/as coordenadores/as apresentaram
maior nível de satisfação (66,4%)
Muito insatisfeito(a)
11%e muita satisfação (16,2%) quando questionados/as sobre a
5%
execução técnica das MSE em 7% meio aberto e cerca de 16% alegaram insatisfação ou muita
insatisfação. Em conformidade com as respostas dos/as coordenadores/as, 57,4% dos/as
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
profissionais que compõem as equipes técnicas declararam satisfação, no entanto, 28,1%
afirmaram insatisfação. Defensor Promotor Juiz

Grauéde
Qual Ao satisfação
seucontrário comatores
dos a execução
grau de satisfação a técnica
mencionados
com do
execuçãoatéserviço de
então,do
técnica proteção
os/as desocial ao adolescente
coordenadores/as
serviço proteção que
apresentaram
social ao
maior nível de satisfação (66,4%) e muitacumpre MSE(16,2%) quando questionados/as sobre a
satisfação
adolescente que cumpre MSE?
execução técnica das MSE em meio aberto e cerca de 16% alegaram insatisfação ou muita
Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
insatisfação. Em conformidade com as respostas dos/as coordenadores/as, 57,4% dos/as
Muito não
insatisfeito(a)
profissionais
Prefere que compõem
responder
2% as equipes3técnicas1,06% 21
declararam satisfação, 3,31% 28,1%
no entanto,
0%
Insatisfeito(a)
afirmaram insatisfação. 42 14,84% 179 28,19%
Satisfeito(a) 1% 188 66,43% 365 57,48%
Não sabe informar 1%
Muitoésatisfeito(a)
Qual seu grau de satisfação com a execução 46 16,25%do serviço53
técnica 8,35%
de proteção social ao
Não sabe informar
adolescente que cumpre MSE?
8% 3 1,06% 5 0,79%
Muito satisfeito(a) 16%
Prefere não responder 1Coordenador
0,35%CREAS 12
Equipe Técnica1,89%
CREAS
Total
Muito insatisfeito(a)
Prefere não responder
2% 283
3 1,06% 57%635
21 3,31%
Satisfeito(a) 0% 66%
Insatisfeito(a) 42 14,84% 179 28,19%
Satisfeito(a) 1% 188 66,43% 365 57,48%
Não sabe informar 1% 28%
Insatisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 15% 46 16,25% 53 8,35%
Não sabe informar 8% 3 1,06% 5 0,79%
Muito satisfeito(a)
Prefere não responder 3%
Muito insatisfeito(a) 16% 1 0,35% 12 1,89%
1%
Total 283 57%635
Satisfeito(a) 66% 80%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 90% 100%

Insatisfeito(a) Equipe 28%


Técnica CREAS Coordenador CREAS
15%

3%
Muito insatisfeito(a)
defensores/as públicos, 1%
35,1% apontaram insa- Em consonância com os/as profissionais
tisfação e cerca de 32%
0%afirmaram
10% satisfação.
20% No 40%
30% do CREAS,
50% 62,5%
60% dos/as
70% gestores/as
80% municipais
90% 100%
entanto, cabe ressaltar que 13%Equipe Técnica CREAS de Coordenador
dos defensores/ Assistência CREAS
Social relataram estar satisfei-
as públicos não souberam responder à questão. tos/as com a execução técnica das MSE/MA no
Ao contrário dos atores mencionados município; cerca de 21% informaram estar muito
até então, os/as coordenadores/as apresenta- insatisfeitos/as e 10,7% estão insatisfeitos/as.
ram maior nível de satisfação (66,4%) e muita Já quanto aos gestores/as da Saúde, quase 38%
satisfação (16,2%), quando questionados/as relataram que não sabem informar o seu nível
sobre a execução técnica das MSE/MA e cerca de satisfação referente à execução técnica das
de 16% alegaram insatisfação (15%) ou muita MSE/MA no município, 33,3% relataram estar
insatisfação (1%). Em conformidade com as satisfeitos/as e cerca de 17% informaram estar
respostas dos/as coordenadores/as, 57,4% dos/ insatisfeitos/as com a execução técnica das
as profissionais que compõem as equipes técni- Medidas Socioeducativas em Meio Aberto no
cas declararam satisfação; no entanto, 28,1% município.
afirmaram insatisfação.

46
em meio aberto no município, cerca de 21% informaram estar muito insatisfeitos/as e 10,7%
estão insatisfeitos/as. Já quanto aos gestores da Saúde, quase 38% relataram que não sabem
informar o seu nível de satisfação referente a execução técnica das MSE em meio aberto no
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
município, 33,3% relataram estar satisfeitos/as e cerca de 17% informaram estar insatisfeitos/as.

Qual é seu Grau


grau dede satisfação
satisfação com
com aa execução
execuçãotécnica
técnicadas
dasmedidas
medidassocioeducativas
socioeducativas em meio
aberto no município? em meio aberto no município
Gestor Municipal de Gestor de Saúde
Assistência Social
Prefere 7%
Muito não responder
insatisfeito(a) 1% 7 4,17% 3 1,89%
Insatisfeito(a) 18 10,71%
38%
27 16,98%
Não sabe informar 1%
Satisfeito(a) 105 62,50% 53 33,33%
Muito satisfeito(a) 3% 35 20,83% 5 3,14%
Muito satisfeito(a) 21%
Não sabe informar 2 1,19% 60 37,74%
Prefere não responder
Satisfeito(a) 1 33% 0,60% 11 6,92%
63%
Total 168 159
Insatisfeito(a) 17%
11%
2%
Muito insatisfeito(a) 4%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Gestor de Saúde Gestor Municipal de Assistência Social

4.5. Grau
4.5. GRAU deDE SATISFAÇÃO
satisfação com a COM A
quantidade dos/as entrevistados/as
de profissionais quanto
disponível para à quantidade
a execução
QUANTIDADE
das em meio aberto de profissionais disponíveis para a execução
DE PROFISSIONAIS
medidas socioeducativas
DISPONÍVEIS PARA A EXECUÇÃO DAS e acompanhamento dos/das adolescentes em
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM cumprimento
A quantidade de profissionais presentes nos das Medidas
órgãos de defesa Socioeducativas
de direitos em
e nos serviços
de medidas socioeducativas em meio aberto é um fator
Meioque influencia
Aberto em seuna efetividade
município. . da execução
MEIO
das ABERTO
MSE, e de acordo com o Caderno de Orientações Técnicas do Serviço de Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto (2016) existe uma quantidade Sobre este
idealitem 51% dos/as promotores/
de profissionais para cada
CREASAou quantidade
serviço de demedidas
profissionais presentes em
socioeducativas as meio
de justiça se mostram
aberto. insatisfeitos/as;
Dessa forma, as perguntasassim
a
seguir buscaram mensurar o nível de satisfação
nos órgãos de defesa de direitos e nos serviços como
dos/as 40,1% dos/as
entrevistados/as defensores/as
quanto a públicos/as;
quantidade de
profissionais disponíveis para a execução e acompanhamento
aproximadamente dos/das adolescentes
49% dos/as em
juízes/as; cerca
de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto é
cumprimento das medidas socioeducativas em meio aberto.
de 52% dos/as componentes da equipe técnica;
um fatorDiante
que influencia na efetividade da execu-
disso, 51% dos/as promotores/as de justiça se mostram insatisfeitos/as; assim
ção das MSE e, de acordo com o Caderno de 47,6% dos/as conselheiros/as municipais e
como 40,1% dos/as defensores/as públicos/as; aproximadamente 49% dos/as juízes/as; cerca
Orientações
de 52% dos/asTécnicas do Serviço
componentes técnica; 59,4%
de Medidas
da equipe 47,6%dos/as
dos/asconselheiros/as
conselheiros/asestaduais.
municipais Além
e
Socioeducativas
59,4% em Meio Abertoestaduais.
dos/as conselheiros/as (2016), existe disso, vale
Além disso, valea a
pena
pena destacar, os resultados
destacar, consi-
os resultados
consideráveis
uma quantidadeda idealcategoria de muita
de profissionais deráveisque
insatisfação,
para cada da categoria de muita 21,1%
compreendem: insatisfação,
dos/asque
promotores/as; 28% dos/as defensores/as públicos/as e 27% dos/as
compreendem conselheiros/as
21,1% estaduais.de
dos/as promotores/as
CREAS ou Serviço de Medidas Socioeducativas
em Meio
AR QUANDO HOUVER Aberto.
DÚVIDA: Dessa deforma,
O parâmetro avaliaçãoas questão é ajustiça;
pergun-
dessa 28%
quantidade dedos/as defensores/as
profissionais estabelecidopúblicos/as
pelas normas eque regulam
tas buscaram mensurar o nível de satisfação 27% dos/as conselheiros/as estaduais.

Grau de satisfação com a execução técnica do serviço das medidas socioeducativas


em meio aberto no município

0,76%
Prefere não responder 3,23%
3,54%
2,04%
11,36%
Não sabe informar 9,68%
15,93%
6,12%
3,03% JUIZ/A DE CONHECIMENTO
Muito satisfeito(a) 0,00%
0,88%
1,36% JUIZ/A DE EXECUÇÃO
21,97%
Satisfeito(a) 29,03% DEFENSOR/A PÚBLICO/A
12,39%
17,69%
PROMOTOR/A DE JUSTIÇA
47,73%
Insatisfeito(a) 38,71%
38,94% 50,34%
15,15%
Muito insatisfeito(a) 19,35%
28,32%
22,45%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

47

R QUANDO HOUVER DÚVIDA: O parâmetro de avaliação dessa questão é a quantidade de profissionais conforme as normas que regulamentam
PESQUISA MEIO ABERTO

Grau de satisfação com a quantidade de profissionais disponível para a


execução das medidas socioeducativas em meio aberto

5. Percepção sobre os obstáculos para que se consiga cumprir com os princípios e


0,30%
Prefere não responder2,35%
diretrizes preconizados
0,00% pelo SINASE

0,61%
Não sabe informar as respostas
Conforme 7,62% que compõem o item anterior, nota-se que os atores do Sistema
13,16%
de Justiça apresentam uma baixa participação na Comissão Intersetorial EQUIPE TÉCNICAe DO
naCREAS
elaboração e
atualização do Plano3,18%
de Atendimento Socioeducativo, atividades que são competências e
Muito satisfeito(a) 1,47%
diretrizes definidas 0,00%
pelo SINASE. No entanto, considera-se importante CONSELHOcompreender quais são
MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA
os obstáculos encontrados pela tríade judiciária que dificultam a execução
27,99% SOCIAL da política de acordo
com osSatisfeito(a)
princípios e 2,63% 31,09% pelo SINASE. De modo geral, os/as respondentes
diretrizes preconizados
CONSELHO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA
apontaram diferentes opções, porém a maioria destas relacionadas SOCIAL
à questão de falta de
51,74%
estrutura e recursos humanos do Executivo. 47,21%
Insatisfeito(a)
57,89%
Posto isto, 21% dos/as juízes/as apontaram como obstáculo a pouca efetividade da política
de Assistência social que, consequentemente,
16,19% não garante a proteção social necessária aos/às
Muito insatisfeito(a) 10,26%
adolescentes. Além disso, 19,3% dos/as 26,32% juízes/as apontaram a falta de recursos para que o/a
adolescente cumprisse 0,00%
as 20,00%
10,00%
MSE 30,00%
em meio
40,00%
aberto.
50,00%
Ainda
60,00%
elencando os possíveis obstáculos,
70,00%
20,1% dos/as juízes/as e 17,1% dos/as promotores/as de justiça apontaram a falta de estrutura
e recursos humanos do Judiciário para atender a demanda do SINASE. Já 10,1% dos/as
5.promotores/as
PERCEPÇÃO SOBRE
de justiça OS
afirmaram como obstáculo a falta Conforme foi possível
de estrutura identificarmos
e de recursos humanos por
do Ministério
OBSTÁCULOS PARA QUE SEPúblico para atender a demanda meio
do dos
SINASE dados e obtidos
23,3% e apresentados
dos/as no item
defensores/as
públicos/as apontaram como obstáculo a falta de3estrutura desse Relatório quehumanos
e recursos os atoresdadoDefensoria
Sistema de
CONSIGA CUMPRIR COM OS
Pública para atender a demanda do SINASE. Cabe Justiça apresentam
ressaltar que 20,5%umados/as
baixa participação
defensores/as na
PRINCÍPIOS
públicos/as apontaram E DIRETRIZESo incipiente aperfeiçoamento Comissão Intersetorial
de outros colegase de
na elaboração e atuali-
profissão sobre o
tema.
PRECONIZADOS PELO SINASE zação do Plano de Atendimento Socioeducativo,

Quais são os três principais obstáculos identificados por V. Exa. para que consiga cumprir com os princípios
e diretrizes preconizados pelo SINASE? Juiz
Juiz
Falta
Falta de
de estrutura
estrutura eerecursos
recursoshumanos
humanos do do Executivo para atender a demanda do 56%
Executivo…
67 56,30%
SINASE Outro. Qual: 21%
A Política de Assistência Social é pouco efetiva, não garante a proteção social
A Política de Assistência Social é pouco efetiva, não… 21% 25 21,01%
necessária
Falta recursos para que o adolescente possa
Falta de estrutura e recursos humanos do Judiciário… cumprir as MSE em
20% meio aberto (ex.
23 19,33%
transporte)
Falta recursos para que o adolescente possa cumprir… 19%
Falta de estrutura e recursos humanos do Judiciário para atender a demanda do
Falta de articulação com a rede 11% 24 20,17%
SINASE
Falta deBaixa
estrutura e recursos humanos
aperfeiçoamento de outros do MP para
colegas de… atender
8%a demanda do SINASE 4 3,36%
Falta de estrutura e recursos humanos da Defensoria Pública para atender a
Baixa 3 2,52%
demanda doaderência
SINASEdo(a) adolescente às medidas… 8%
Percepção
Ineficácia negativa
das medidas da sociedade sobre os(as)…
socioeducativas; 7% 5 4,20%
Número
Númeroaltoalto
de deinquéritos ouou
inquéritos processos
processos judiciais;
judiciais; 7% 8 6,72%
Falta de reconhecimento do trabalho da Promotoria; 0 0,00%
Não sabe informar 5%
Baixa aderência do(a) adolescente às medidas propostas 10 8,40%
Ineficácia das
Baixa aperfeiçoamento demedidas socioeducativas;
outros colegas de profissão 4%
sobre o tema 10 8,40%
Dificuldade de diálogo com oPrefereJudiciário
não responder 3% 1 0,84%
Alto índice de recidiva infracional (múltiplas passagens) 3 2,52%
Falta de estrutura e recursos humanos do MP para… 3%
As medidas de meio aberto e fechado estarem em secretarias diferentes 2 1,68%
Percepção Alto índice deda
negativa recidiva infracional
sociedade sobre(múltiplas… 3%
os(as) adolescentes em conflito com a lei 8 6,72%
Falta deestrutura
Falta de articulação com a rede
e recursos humanos da Defensoria… 3% 13 10,92%
Não sabe informar 6 5,04%
As medidas de meio aberto e fechado estarem em… 2%
Prefere não responder 4 3,36%
Outro. Qual: Dificuldade de diálogo com o Judiciário 1% 25 21,01%
Total
Falta de reconhecimento do trabalho da Promotoria; 0% 119 123

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

48
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

atividades que são competências e diretrizes Posto isto, 21% dos/as juízes/as apon-
definidas pelo SINASE. No entanto, considera-se taram como obstáculo a pouca efetividade da
importante compreender quais são os obstá- política de Assistência Social que, consequente-
culos, encontrados pela tríade judiciária, que mente, não garante a proteção social necessária
dificultam a execução da política de acordo com aos/às adolescentes. Além disso, 19,3% dos/as
os princípios e diretrizes preconizados pelo juízes/as apontaram a falta de recursos para que
SINASE. De modo geral, os/as respondentes o/a adolescente cumprisse as MSE/MA como
apontaram diferentes opções; porém, a maio- um obstáculo para a execução das Medidas
ria destas são relacionadas à falta de estrutura e Socioeducativas em Meio Aberto no Brasil a
recursos humanos do Executivo. partir das diretrizes apontadas pelo SINASE

Quais são os trêsPercepções: Promotores/as


principais obstáculos de justiça
identificados pore você
Defensores/as públicos/as
para que consiga cumprir com os
princípios e diretrizes preconizados pelo SINASE?
Prefere não responder 2% Promotor Defensor
Falta de estrutura e recursos humanos do Executivo para atender 64,18 38,32
Percepção negativa da sociedade sobre os(as) 14% 86 41
a demandaadolescentes
do SINASE; autores (as) de atos infracionais; % %
Falta de estrutura e recursos humanos do Judiciário para atender 17,16 12,15
Outro 20% 23 13
a demanda do SINASE; % %
Falta de estrutura e recursos humanos do MP para atender a 20,15
Número alto de inquéritos ou processos judiciais; 7% 27 4 3,74%
demanda do SINASE; %
Falta de estrutura e recursos humanos da Defensoria
Não sabe informar 5% Pública 23,36
4% 2 1,49% 25
para atender a demanda do SINASE; %
Falta de diálogo
Ineficácia institucional
das medidas com atores
socioeducativas do meiodoaberto; 7%
Sistema de Justiça e 13,08
7%
6 4,48% 14
Segurança Pública; %
Falta de reconhecimento do trabalho da Promotoria; 0%
Ineficácia das medidas socioeducativas do meio aberto; 10 7,46% 8 7,48%
Número alto
Falta de de inquéritos
políticas ouauxiliem
públicas que processos judiciais; 0%
os adolescentes 4 2,99% 7 6,54%
emreconhecimento
Falta de situação de vulnerabilidade (ex: drogadição,…
do trabalho da Promotoria; 0 0,00% 0 0,00%
Falta de estrutura e recursos humanos do MP para 4% 11,19
Baixa adesão do adolescente
atender àsdomedidas
a demanda SINASE; propostas 20% 15 7 6,54%
Falta de estrutura e recursos humanos do Judiciário para %
12%
Baixa aperfeiçoamento de outros
atender a demanda colegas de profissão sobre o
do SINASE; 14,18 20,56
19 22
tema;
Falta de estrutura e recursos humanos do Executivo para 38% % %
Dificuldade de atender a demanda
diálogo com o do SINASE;
Judiciário; 5 3,73% 2 1,87%
Falta dede
Alto índice estrutura e recursos
reincidência humanos da
infracional Defensoriapassagens); 23%
(múltiplas 5 3,73% 5 4,67%
Pública para atender a demanda do SINASE;
As medidas de meio aberto e fechado se encontram em
Falta de diálogo institucional com atores do Sistema de 13% 2 1,49% 2 1,87%
secretarias diferentes;
Justiça e Segurança Pública;
Percepção negativa da sociedade sobre os(as) adolescentes 14,02
Falta de articulação com a rede 2% 8 5,97% 15
autores (as) de atos infracionais; %
Falta de políticas
Dificuldade públicas
de reinserção que auxiliem
do adolescente os adolescentes
na escola e em em
8%
cursosde
situação profissionalizantes
vulnerabilidade e falta
(ex:dedrogadição,
apoio da família
dificuldade de
5 3,73% 0 0,00%
acesso a transporte Dificuldadee deadiálogo
serviços geradores 2%
com o Judiciário; de renda,
participação de gangues/ facções)
Baixa aperfeiçoamento de outros colegas de profissão 21%
Dificuldade de reinserção do adolescente na escola e em cursos
sobre o tema; 9 8,41%
profissionalizantes e falta de apoio da família
Baixa adesão do adolescente às medidas propostas 7%
11,19
Falta de articulação com a rede 15 2 1,87%
As medidas de meio aberto e fechado se encontram em 2% %
Não sabe informar secretarias diferentes; 6 4,48% 5 4,67%
Alto índice de reincidência infracional (múltiplas 5%
Prefere não responder 1 0,75% 2 1,87%
passagens);
24,63 19,63
Outro 0% 10% 20% 30% 40%3350% 60% 21
% 70% 80% 90% 100%
%
Defensor Promotor
Total 134 107

49
PESQUISA MEIO ABERTO

Ainda elencando os possíveis obstáculos, 20,1% 6.1. ESTRUTURA DISPONÍVEL


dos/as juízes/as e 17,1% dos/as promotores/ PARA O ATENDIMENTO AO
as de justiça apontaram a falta de estrutura e ADOLESCENTE: CAPACITAÇÃO DOS/
recursos humanos do Judiciário para atender a DAS OPERADORES/AS DO DIREITO,
demanda do SINASE. Já 10,1% dos/as promo-
ESPECIALIZAÇÃO DAS VARAS,
tores/as de justiça afirmaram como obstáculo
PROMOTORIAS E DEFENSORIAS,
a falta de estrutura e de recursos humanos do
Ministério Público para atender a demanda do EQUIPE TÉCNICAS PARA ESTUDOS
SINASE e 23,3% dos/as defensores/as públicos/ PSICOSSOCIAIS
as apontaram como obstáculo a falta de estrutura
e recursos humanos da Defensoria Pública para
atender a demanda do SINASE. Cabe ressal- 6.1.1. CAPACITAÇÃO DOS ATORES DO
tar que 20,5% dos/as defensores/as públicos/ SISTEMA DE JUSTIÇA
as apontaram o incipiente aperfeiçoamento de
outros colegas de profissão sobre o tema. Para refletir acerca da execução das
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto
considera-se importante ter em vista o perfil
6. ATENDIMENTO OFERTADO AO/À profissional dos/as operadores/as do Direito
ADOLESCENTE NO SISTEMA DE que atuam no Sistema de Justiça que fazem
parte da rede de Atendimento Socioeducativo.
JUSTIÇA Desse modo, as perguntas buscaram mensurar
a experiência e capacitação dos/as profissio-
Esta seção aborda o atendimento ofertado nais do Sistema de Justiça que atuam na área de
aos/às adolescentes no Sistema de Justiça e, para Medidas Socioeducativas, sobretudo no acom-
tanto, todas as etapas do atendimento jurídico panhamento das Medidas Socioeducativas em
foram abordadas nas entrevistas e nas análises, Meio Aberto cumpridas em meio aberto. Para
desde a oitiva até a decisão final da medida ou tanto, foram realizados os seguintes quesitona-
da remissão a ser aplicada, a fim de compreen- mentos sobre os temas apresentados no quadro
der quais as percepções dos/das operadores/as a seguir. Cada X indica a área/atuação de cada
do direito sobre as Medidas Socioeducativas em profissional indicado/a.
Meio Aberto e para questionar a estrutura admi-
nistrativa e técnica que lançam mão no momento
de suas decisões. 6.1.1.1. CAPACITAÇÃO SOBRE A POLÍTICA
Desta maneira, esta seção se inicia com NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
o aspecto relacionado à experiência dos/as
profissionais do Sistema de Justiça, abordando Considerando a relevância que a polí-
a capacitação oferecida aos/às operadoras e tica de Assistência Social assume no processo de
também a especialização de atuação das varas, municipalização da execução e acompanhamento
das promotorias e das defensorias, o que incluiu das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e a
interrogar sobre a estrutura nelas disponível e importância que a interação entre o Sistema de
sobre a existência de equipes multiprofissionais Justiça e o Sistema Único de Assistência Social
que podem apoiar e subsidiar as decisões sobre (SUAS) seja demasiadamente qualificada, tendo
as Medidas Socioeducativas a serem aplicadas, em vista a característica complementar das ações
caso a caso. destes dois entes, enquanto instituições respon-
São aprofundados também aspectos refe- sáveis diretamente pela definição e cumprimento
rentes às condições para a defesa do/a adolescente da Medida Socioeducativa em Meio Aberto, reco-
– tratando da frequência de escuta de vítimas nheceu-se a necessidade de questionar aos/às
e testemunhas e da frequência de utilização de representantes do Sistema de Justiça (bem como
estudos psicossociais e pareceres técnicos para aos demais, cujos dados serão posteriormente
embasar as judiciais/determinações judiciais. apresentados) como este ente foi ou é preparado
Também aborda aspectos referentes aos critérios para complementar aos ações do SUAS.
utilizados para a decisão sobre as Medidas judi- Assim, quando questionados/as sobre a
ciais/determinações judiciais que serão aplicadas capacitação obtida sobre a Política Nacional de
e a questão da participação do/a adolescente e de
sua família no processo socioeducativo.

50
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Capacitação
Política
exclusiva para
Nacional de
técnicos/as e Infância e MSE/
Capacitações Assistência SINASE PNASAIRI1
analistas do Juventude MA
Social
Tribunal de
(PNAS)
Justiça
Juízes/as X X X X
Promotores/as
X X X X
de Justiça
Defensores/as
X X X X
públicos/as
Equipe técnica
X X X X X
da Vara

Assistência Social1, considerando ser este tipo promotores/as de justiça: 23,8%; defensores/
de preparação fundamental para a atuação em defensoras públicos/as: 28,5%), na modalidade
sinergia dos atores que diretamente operacio- de congresso (juízes/juízas: 28,5%; promotores/
nalizam as Medidas Socioeducativas em Meio promotoras de justiça: 38,1%; defensores/defen-
Aberto, tanto no Sistema de Justiça como na soras públicos/as: 57,1%) e com carga horária
Assistência Social, 86,7% dos/as Juízes/as, aproximada de 10h a 20h (juízes/juízas: 42,8%;
83,9% dos/as promotores/as de justiça e 93,4% promotores/promotoras de justiça: 52,3%;
dos/as defensores/as públicos/as afirmaram defensores/defensoras públicos/as: 85,7%).
não ter participado de qualquer tipo de capaci-
Sobre a instituição que forneceu a capa-
tação sobre a Política Nacional de Assistência
Social ou sobre o Sistema Único da Assistência citação, os/as juízes/as afirmaram que foi feita
Social. Assim, quando questionados/as sobre a pelo Conselho Nacional de Justiça (21,4%), os/
capacitação obtida sobre a Política Nacional de as promotores/as de justiça alegaram ter rece-
Assistência Social, considerando ser este tipo bido pela Escola Superior do Ministério Público
de preparação fundamental para a atuação em Estadual ou Distrital (52,3%) e os/as defenso-
sinergia dos atores que diretamente operacio- res/as informaram ter recebido pelo Colégio
nalizam as medidas socioeducativas, tanto no Nacional de Defensores e Defensoras Públicos
Sistema de Justiça como na Assistência Social, (28,5%).
86,7% dos/as Juízes/as, 83,9% dos/as promo-
tores/as de justiça e 93,4% dos/as defensores/
6.1.1.2. CAPACITAÇÃO EXCLUSIVA PARA
as públicos/as afirmaram não ter participado
de qualquer tipo de capacitação sobre a Política TÉCNICOS E ANALISTAS DO TJ
Nacional de Assistência Social ou sobre o Sistema
Único da Assistência Social. Em relação aos/às Dos/das 71 respondentes2 que represen-
respondentes que afirmaram ter obtido algum taram as equipes técnicas que atuam nas Varas,
tipo de capacitação sobre a Política Nacional de 55,5% atuam diretamente nas Varas da Infância
Assistência Social, a maioria informou ter feito e Juventude. Os/as 29,1% dos/das profissio-
a capacitação de forma presencial (juízes/juízas: nais que atuam nas Varas e informaram a opção
71,4%; promotores/promotoras de justiça: “outros” respondem por todas as Varas. Dentre
76,1%; defensores/defensoras públicos/as: os/as respondentes que compõem a equipe
100,00%), no ano de 2018 (juízes/juízas: 35,7%; técnica das Varas, 81,6% afirmaram ter partici-
pado de capacitação exclusiva para os técnicos
1
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescente e analistas do Poder Judiciário. Destes/as,
em Conflito com a Lei, redefinida por meio da Portaria nº1.082 61,4% indicaram ter participado da capacitação
de 23 de maio de 2014, cujas diretrizes da Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito no ano de 2018, tendo sido esta proporcionada
com a Lei, em Regime de Internação e Internação Provisória para 80,7% dos/as participantes na modalidade
(PNAISARI), teve a inclusão do atendimento de adolescentes
em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto e
2
Grupo composto por 45% de Analistas Judiciários / Serviço
fechado, estabelecendo, estabelecendo novos critérios e fluxos Social; 29,5% de Analistas Judiciários /Psicologia; 4,2% de
para adesão e operacionalização da atenção integral à saúde de Analistas Judiciários / Pedagogia; 1,4% de Analistas Judiciá-
adolescentes em situação de privação de liberdade, em unida- rios / Direito; 7,0% de Analistas Judiciários de outras áreas de
des de internação, de internação provisória e de semiliberdade. formação; e 8,45% de Técnicos Judiciários.

51
PESQUISA MEIO ABERTO

presencial. 43,8% dos/as participantes da capa- a referida capacitação foi, na maioria das vezes,
citação destinada aos trabalhadores/as do Poder promovida em modalidade de curso de curta
Judiciário afirmaram ainda que esta foi promo- duração (31,4%), de congresso (30,3%) e de
vida na modalidade de curso de curta duração, forma presencial (89,7%).
enquanto 24,5% indicaram que tal capacitação Da mesma forma, a maioria dos/as defen-
foi promovida na modalidade de curso de aper- sores/as públicos/as respondentes afirmou
feiçoamento, tendo tido para 50,8% dos/as ter realizado a capacitação de maneira presen-
participantes a carga horária de 30h a 60h e para cial (97,7%), alguns na modalidade de curso de
43,8% a carga horária de 10h a 20h. O órgão indi- curta duração (27,2%) e outros na modalidade de
cado por 70,1% dos/as componentes das equipes simpósio (34%). Além disso, apontaram, em sua
técnicas das Varas como sendo o responsável por maioria, que a capacitação foi promovida pela
prover a capacitação em voga foi o Tribunal de Escola Superior da Defensoria Estadual (43,1%)
Justiça do Estado. e durante o ingresso na carreira (70,4%).
Os três equipamentos judiciários afirma-
6.1.1.3. CAPACITAÇÃO SOBRE INFÂNCIA E ram, em maioria, terem realizado a capacitação
com a temática supracitada no ano de 2018
JUVENTUDE
(juízes/as: 45,7%; promotores/as de justiça:
50,5%; defensores/as públicos/as: 27,2%) e com
No tocante à participação dos/as repre-
carga horária aproximada de 10h a 20h (juízes/
sentantes do Sistema de Justiça em capacitações
as: 68,6%; promotores/as de justiça: 67,4%;
relacionadas à temática da Infância e Juventude,
defensores/as públicos/as: 56,8%).
68,6% dos/as juízes/as, cerca de 65% dos/as
promotores/as de justiça e 41,1% dos/as defen-
sores/as públicos/as afirmaram ter recebido 6.1.1.4. CAPACITAÇÃO SOBRE O SINASE
capacitação com temática específica sobre infân-
cia e juventude. Cabe ressaltar que os cursos
Quando questionados/as sobre a parti-
referidos podem não dizer respeito à temática do
cipação em alguma capacitação específica sobre
Direito Juvenil/Infracional e sim estarem asso-
a Lei do SINASE, majoritariamente juízes/as
ciados aos temas relacionados a área protetiva da
(72,7%), promotores/as de justiça (78,8%) e
infância.
defensores/as públicos/as (85%) afirmaram não
Dentre essas afirmações, 55,4% dos/ terem participado. Entre os que participaram,
as juízes/as informaram que tal capacitação foi quase todos/as afirmaram ter realizado a capa-
promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado citação de forma presencial (juízes/as: 100%;
e, ainda, que a modalidade foi aperfeiçoa- promotores/as de justiça: 88,4%; defensores/
mento (cerca de 35%) ou curso de curta duração as públicos/as: 87,5%), no ano de 2018 (juízes/
(36,1%), sendo realizado presencialmente (cerca as: 23,3%; promotores/as de justiça: 15,3%;
de 82%), durante o ingresso na carreira (27,1%) defensores/as públicos/as: 43,7%), no formato
ou durante a formação para vitaliciamento3 da de congresso (juízes/as: 23,3%; promotores/as
carreira (cerca de 29%). de justiça: 34,6%; defensores/as públicos/as:
Em relação aos/às promotores/as de 62,5%) e com carga horária aproximada de 10h
justiça, 39,3% afirmaram que a capacitação foi a 20h (juízes/as: 60%; promotores/as de justiça:
promovida pela Escola Superior do Ministério 50%; defensores/as públicos/as: 50%). Sobre
Público Estadual ou Distrital, durante o ingresso a instituição que forneceu a capacitação, os/as
na carreira (32,5%). Além disso, afirmaram que juízes/as afirmaram ter recebido pelo Tribunal
de Justiça do Estado (36,6%) e a maioria dos/
3
Vitaliciamento da carreira: o processo de vitaliciamento, a as promotores/as de justiça e defensores/as
que estão submetidos os/as magistrados/as, é matéria do Art. públicos/as alegou ter recebido pelas Escolas
93, IV, da Constituição Federal de 1988, constitui garantia do
Estado e do jurisdicionado para que se verifique se o juiz apre-
de Governos de seus respectivos equipamen-
senta perfil, condições e aptidão para o exercício de tão rele- tos (promotores/promotoras de justiça: 34,6%;
vante encargo, o de exercer a jurisdição. A exigência da avalia- defensores/defensoras públicos/as: 31,2%).
ção no curso do estágio probatório, portanto, é intransponível,
sendo especial e obrigatória. É especial porque não se confun-
de com a avaliação para fins de movimentação na carreira da
magistratura. É obrigatória pois não pode ser dispensada, nem
acolhe a inércia da Administração, não se admitindo a hipótese
de aquisição de vitaliciamento por simples decurso de prazo.

52
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

6.1.1.5. CAPACITAÇÃO SOBRE A POLÍTICA mencionados anteriormente, juízes/as (47,1%),


NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL promotores/as de justiça (cerca de 46%) e
À SAÚDE DE ADOLESCENTES EM defensores/as públicos/as (56%) afirmaram
CONFLITO COM A LEI - PNAISARI acompanhar artigos científicos, sendo esta forma
de aprimoramento mais mencionada pelos
Por fim, 94,2% dos/as juízes/as, 98,5% atores respondentes acima elencados.
dos/as promotores/as de justiça e 97,2% dos/
as defensores/as públicos/as afirmaram não ter
recebido nenhuma capacitação voltada para a
6.2. EXPERIÊNCIA DE ATENDIMENTO
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de AO/À ADOLESCENTE
Adolescentes em Conflito com a Lei (PNAISARI).
Em relação aos/às que afirmaram ter realizado, a Quando questionados sobre o tempo
maioria apontou que a capacitação foi realizada total de exercício em atribuições na defesa dos
de forma presencial (juízes/as: 80%; promoto- direitos da criança e adolescente, 29,3% dos/
res/as de justiça: 100%; defensores/ras públicos/ as promotores/as de justiça afirmaram estar
as: 100%). Já quanto a modalidade, juízes/as em exercício entre seis a dez anos. Dentre os/as
(80%) e promotores/ras de justiça (100%) indi- demais, 26,2% informaram tempo de exercício
caram que o curso fornecido foi de curta duração, entre 11 e 20 anos, cerca de 14% estão em exercí-
enquanto os/as defensores/defensoras públicos/ cio de três a cinco anos, 10,2% de um a dois anos,
as se dividiram entre a modalidade de simpó- 9,4% há menos de um ano e 2,1% não souberam
sio ou congresso (33,3%) e aperfeiçoamento informar. Já quando perguntados/das sobre o
(33,3%). tempo de exercício na Promotoria de Justiça na
qual estão lotados/das atualmente, 26,2% dos/
as promotores/as de justiça entrevistados/as
6.1.1.6. OUTRAS FORMAS DE informaram período menor que um ano; 23,3%;
APRIMORAMENTO indicaram de três a cinco anos, 20,4% de seis a
dez anos; cerca de 20% rrelataram estar de um a
Quando questionados/as sobre a forma dois anos, 8,7% de 11 a 20 anos e, apenas, 2,1% há
com a qual buscam aprimorar seus conhecimen- mais de 20 anos.
tos sobre a execução de Medida Socioeducativa Dentre os/as juízes/as entrevistados/
DÚVIDA: CONSIDERAR
em MeioO TEMPO TOTAL, INCLUINDO
Aberto e sobre INTERRUPÇÕES/
os demais MARQUE
temasO CAMPO DE ACORDO
as, 29,7% COM O QUE ter
informaram FOR entre
RESPONDIDO)
11 e 20 anos de

Tempo total no exercício de atribuições de defesa dos direitos da criança


e do adolescente

3,13%
Prefere não responder 0,00%
0,68%
2,63%
0,00%
Não sabe informar 1,48%
2,03%
0,00%
12,50%
Mais de 20 anos 10,37%
7,43%
2,63%
34,38% JUIZ/A DE EXECUÇÃO
11 a 20 anos 28,89%
DÚVIDA: CONSIDERAR O TEMPO TOTAL, INCLUINDO INTERRUPÇÕES/ MARQUE O CAMPO
13,16%
DE ACORDO COM O QUE FOR RESPONDIDO)
25,68%
JUIZ/A DE CONHECIMENTO
12,50%
6 a 10 anos 26,67% PROMOTOR/A DE JUSTIÇA
29,05%
22,81%
DEFENSOR/A PÚBLICO/A
28,13%
3 a 5 anos 20,74%
12,84%
33,33%
9,38%
1 a 2 anos 8,15%
12,84%
15,79%
0,00%
Menos de 1 ano 3,70%
9,46%
9,65%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

53
DE DÚVIDA: CONSIDERAR O TEMPO TOTAL, INCLUINDO INTERRUPÇÕES/ MARQUE O CAMPO DE ACORDO COM O QUE FOR RESPONDIDO)
PESQUISA MEIO ABERTO

exercício em atribuições na defesa dos direitos as do direito, não apresentarem formações


da criança e adolescente. Os/as demais se dividi- especializadas no tema do SUAS e do SINASE,
ram entre as seguintes opções: 26,4% afirmaram temáticas centrais para a atuação junto ao público
ter de seis a dez anos de exercício, cerca de 20% do Socioeducativo em Meio Aberto devido à
relataram de três a cinco anos, 11,5% mais de 20 presença de particularidades normativas que
anos, 8,2% de um a dois anos e 3,3% há menos envolvem o tema e os/as usuários/as do serviço.
de um ano. Já em relação ao tempo de atuação na Além destes/as adolescentes corresponderem
Vara a qual estão lotados/as atualmente, os/as ao “sujeito em estágio de desenvolvimento”, no
juízes/as se dividiram entre os períodos de três período da adolescência, estes/estas carregam
a cinco anos (25,6%), de uma dois anos (23,1%) e consigo, em sua significativa maioria, inúme-
de seis a dez anos (22,3%). ras vulnerabilidades, estigmas e uma enorme
confluência de situações de risco que acometem
Quando questionados/as sobre o tempo
não só o/a adolescente, mas sua família, amigos
total no exercício em atribuições na defesa dos
e comunidade.
direitos da criança e adolescente, 32,7% dos/
as defensores/as públicos/as entrevistados/as
afirmaram ter entre três e cinco anos de exercí-
6.3. DISPONIBILIDADE DE RECURSOS
cio e outros 24,3% relataram ter entre seis e dez
ESPECIALIZADOS QUE PODEM DAR
anos. Quanto à lotação destes/as profissionais
e o contato com o atendimento de adolescentes SUPORTE AO ATENDIMENTO DO/A
que cometeram atos infracionais, 27,1% destes/ ADOLESCENTE
as informaram que estão lotados/as na unidade
da Defensoria Pública atual pelo período de três
a cinco anos e 24,3% relataram estar há menos 6.3.1. ÓRGÃOS ESPECIALIZADOS
de um ano. Outros 23,3% informaram estar lota-
dos/as na unidade de um a dois anos e quase A fim de compreender a realidade dos
16% informaram estar lotados/as entre seis e dez órgãos em que os/as profissionais do Sistema
anos. de Justiça estão inseridos, bem como as possí-
As entrevistas revelaram que a maioria veis dificuldades para atuar na rede do Sistema
dos/as operadores/as do direito não estão em Socioeducativo em Meio Aberto, buscou-se
varas, promotorias e defensorias especializadas analisar a especialização da vara, promotoria
na área da infância e juventude. Este/as profis- e defensoria e a participação de profissionais
sionais acabam atendendo também uma série da equipe técnica multiprofissional na área da
de outras demandas não relacionadas, espe- infância e juventude.
cificamente, à defesa de direitos de crianças e Cerca de 48,1% dos/as promotores/as
adolescentes, envolvendo, dentre estas, questões entrevistados/as afirmaram que a Promotoria
cíveis, criminais, penais, etc. onde estão lotados/as é exclusiva da infância
A sobreposição de demandas de dife- e juventude. Entre os/as que indicaram a não
rentes naturezas nas varas, promotorias e exclusividade,, 61,1% relataram que a área cível
defensorias, além de gerar uma sobrecarga de é acumulada com as respectivas atribuições da
trabalho a estes/as profissionais, pode corrobo- infância e juventude.
rar para a não especialização na área de atuação Em sua maioria, os/as juízes/as (56,2%)
relacionada à defesa de direitos de crianças e afirmaram que a vara na qual estão lotados/as
adolescentes. Isso, sem dúvida, gerará efeitos na não seria exclusiva da infância e juventude e,
tomada de decisões destes atores com relação dentre estes/as, cerca de 65% afirmaram que a
aos casos que envolvam a vida de adolescentes vara é dividida com a área cível. Os/as demais
que cometam de atos infracionais, inclusive, em apontaram a divisão com as seguintes áreas: área
detrimento do pouco tempo disponível para se criminal (cerca de 59%), tutela de outros direitos
aprofundar em cada caso, aliado à forte tendência difusos (29,4%), tribunal do júri (23,5%), a espe-
de uma atuação baseada em análises superficiais cial criminal (23,5%), entorpecentes (20,5%) e
e do “senso comum” sobre a realidade vivenciada execução penal (16,1%). Cabe ressaltar que algu-
pelos/as adolescentes e suas famílias. mas varas acumulam a atuação em mais de uma
Outro aspecto sobre este tema é refe- destas áreas, e, por isso, o somatório ultrapassa
rente ao fato dos/as profissionais, operadores/ 100%.

54
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

No que diz respeito à Unidade da um/a assistente social e um/a pedagogo/a nas
Defensoria Pública, 66,3% dos/das respondentes unidades da promotoria especializadas em infân-
afirmaram que a unidade na qual estão lotados/ cia e juventude.
as atualmente não é exclusiva da área de infân- Tendo em vista as recomendações expres-
cia e juventude. Posto isto, informaram que as sas, considera-se fundamental a presença de
unidades acumulam, juntamente com infân- equipes técnicas multiprofissionais nas varas,
cia e juventude, atribuições da área cível (cerca promotorias e defensorias.
socioeducativo em meio aberto, buscou-se
de 45%) e da área criminal (34,5%). Além disso,
analisar a especialização daVale destacar,
vara, ainda, e
promotoria
que os atos infracionais envolvem situações
defensoria
área e a participação
de execução penal (19,6%),deespecial
profissionais
crimi- dacomplexas,
equipe técnica multiprofissional na área da
as quais são beneficiadas pela contri-
infância
nal (cercae juventude.
de 15%), tutela de outros direitos buição de profissionais das diferentes áreas
difusos (14%),
Cerca tribunal do júri dos/as
de 48,18% (11,2%)promotores/as
e entorpe- entrevistados/as
sociais afirmaram que
e não pelo protagonismo de aapenas
Promotoria
um/
centes (10,2%) também foram apontadas como uma profissional ou uma área do conhecimento.
onde estão
outras áreas lotados/as
de acumulação. é exclusiva da infância
Cabe ressaltar que e juventude, e dos que afirmaram negativamente,
61,1%comorelataram que anoárea Desse modo, foiatribuições
questionado daaos atores e
assim sinalizado itemcível é acumulada
anterior, algu- com as respectivas infância
do Sistema de Justiça sobre a existência da
juventude.
mas defensorias acumulam a atuação em mais de
equipe técnica multiprofissional nos órgãos
uma destas áreas, e por isso, o somatório ultra-
Em sua maioria, os/as juízes/as (56,2%)dos afirmaram que aparte.
quais fazem vara na qual estão
Segundo 74,4% lotados/as
dos/as
passa 100%..
não seria exclusiva da infância e juventude e, dentre estes/as,de
promotores/as cerca de 65%
justiça, afirmaram
a promotoria emque
que a
atuam não possui equipe técnica multiprofis-
vara é dividida com a área cível. Os demais apontaram a divisão com as seguintes áreas: área
6.3.2. EXISTÊNCIA DE EQUIPE TÉCNICA sional – composta por psicólogo/a e assistente
criminal (cerca de 59%), tutela de outros direitos difusos
social (29,4%), pela
– responsável tribunal de júride
realização (23,5%),
estudos a
MULTIPROFISSIONAL
especial criminal (23,5%), entorpecentes (20,5%)sociais, e execução penaltécnicos,
relatórios (16,1%).laudos
Cabe deressaltar que
avaliação
algumas varas acumulam a atuação em mais psicológica
de uma e pareceres
destas áreas, sociais.
e, por Esta o
isso, situação se
somatório
De acordo com os artigos 150 e 151 do
repete em 49,5% das varas e em cerca de 33% das
ultrapassa
Estatuto da 100%.
Criança e do Adolescente (ECA - Lei
defensorias.
n.8.069, deNo 13 que
de julho de 1990),àa Unidade
diz respeito equipe inter-
da DefensoriaEsse Pública, 66,3% dos/das respondentes
profissional tem papel importante na Justiça dado chama especial atenção, já
afirmaram que a unidade na qual estão
da Infância e Juventude e, de modo mais espe-
lotados/as atualmente não é
que o Ministério Públicoexclusivaé da a área de infância
segunda insti-
e juventude.
cífico, na área dePosto
atosisto, informaram
infracionais, uma que as Unidades
vez que tuição do acumulam,
Sistema de juntamente
Justiça comcoma infância
qual o/a e
juventude,
cabe a essa atribuições
equipe auxiliar da área cível (cerca
a execução adolescente
de 45%)
de medi- e da áreatem contato
criminal (após Além
(34,5%). as forças
disso,poli-
área
das socioeducativas, assim como acompanhar e ciais – Polícia Militar e Polícia Civil), e poderia
de execução penal (19,6%), especial criminal (cerca de 15%), tutela
ser considerada uma de dasoutros
“portasdireitos difusos
de entrada”
sugerir mudanças nas unidades executoras das
(14%), tribunal de júri (11,2%) e
medidas. Cabe ressaltar também que as resolu-entorpecentes (10,2%)
do Sistema Socioeducativo. Possivelmente,outras
também foram apontadas como este
áreas67de
ções acumulação.
e 71 do Conselho Cabe Nacionalressaltar que algumas
do Ministério é, umdefensorias
dos momentosacumulam
de maiora atuação em mais
vulnerabilidade
vividos pelo/a jovem, por ocorrer, na maioria
de uma(CNMP)
Público destas áreas,
preveem e por isso, o somatório
a presença de equipes ultrapassa 100%.
profissionais, compostas por um/a psicólogo/a, dos casos, logo após a apreensão realizada pela

A Promotoria/Vara/Defensoria onde está


Órgãos lotado(a) atualmente é exclusiva da infância
especializados
e juventude?
Promotores Juízes Defensores
Sim 66 48,18% 53 66% 36
43,80% 33,64%
Não 56%
Não 71 51,82% 68 52% 56,20% 71 66,36%
Não sabe informar 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
Prefere não
34% 0 0,00% 0 0,00%
Sim responder 0 0,00%44%
Total 137 121
48% 107

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Defensores Juízes Promotores

6.3.2. Existência de Equipe Técnica Multiprofissional


55
De acordo com os artigos 150 e 151 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
nesse contexto. Porém, se revela como um espaço muito pouco protetivo, apresentando uma
faceta do Ministério Público pouco “socioeducativa” e mais “punitivista”, ponto forte e recorrente
do Estado
PESQUISA MEIOpenal 5 vivenciado no Brasil contemporâneo.
ABERTO

Atuação de equipe técnica multiprofissional nas instituições do


Sistema de Justiça

66%
Sim 50%
24%
A Promotoria/Vara/Defensoria em que atua possui equipe técnica multiprofissional – psicólogo (a) e assistente social - responsável
pela realização de estudos sociais, relatórios técnicos, laudos de avaliação psicológica entre outras atribuições possíveis?
Promotores 33%
Juízes Defensores
Não 49,5%
Sim 30 24,00% 61 50,41% 71 66,36%
Não 93 74,40% 60 49,59% 35
74% 32,71%
Não sabe informar 1 0,80% 0 0,00% 1 0,93%
Prefere não responder 1 1% 0,80% 0 0,00% 0 0,00%
Total Não sabe informar 125 121 107
1%

0%
Prefere não responder
1%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Defensores Juízes Promotores

Polícia,
4
frequentemente relatada como violenta4. 6.4. ATENDIMENTO NO SISTEMA DE
Tal afirmação parte da constatação obtida por meio dos dados coletados nessa pesquisa que serão apresentados e
Avaliamos
explorados de que este primeiro
maneira momento
mais aprofundada e contato
no capítulo JUSTIÇA
que versará – PROCEDIMENTO DE OITIVA
sobre o tema.
com
5
a instituição
O Estado poderia ser
penal aqui deflagrado de acolhimento,
se refere ao “Estado que além de punir deseja atribuir às ações relativas à Assistência
INFORMAL
social, e demais políticas públicas, aos ditames próprios do Estado penal (WACQUANT, 2012), movido pela ânsia do
escuta
controle, eda encaminhamentos concernentes
disciplina e da estigmatização aossociais” (BUENO, 2020, p. 18) Aproveito o ensejo para fazer
dos sujeitos
casos de maus
referência a umatratos e tortura,
das análises quando
realizadas emapresenta-
torno do Estado penal visto que este
A oitiva é considerado
informal muito anterior aoque
é o procedimento que
apresentou
dos, Loic Wacquant
haja vista quandoque
o papel crucial relaciona o Estado penal ao período neoliberal. Assim, vale destacar a ideia que
o atendimento
surge em torno no fato de que “(...) o Brasil possui elementos ocorreestruturantes
quando a epolícia apreende
ideológicos de suao/a adoles-
história que
psicossocial
intensificaram o tem
ditonesse
Estadocontexto.
penal aquiPorém, sedando
existente, revela
a estecente
corpo eemforma de gigante
situação de diante de ume povo
flagrante o/a tão frágil por
apresenta
natureza,
como um motivo pelopouco
espaço qual, conclamo o nome
protetivo, “Estado da desumanimaldade”, quando me refiro ao Estado penal brasileiro,
apresentando
já que na minha avaliação, o Estado brasileiro nasceu penal e ao/ànão sepromotor/a de justiça
tornou, como aponta para
Wacquant que conte
(BUENO, a
2020, p.
uma
33). faceta do Ministério Público pouco “socioe- sua versão dos fatos ocorridos (artigo 179 do
ducativa” e mais “punitivista”, ponto forte e ECA6), com o objetivo de subsidiar a decisão
recorrente do Estado penal5 vivenciado no estado da Promotoria que pode se pronunciar pelo
brasileiro contemporâneo. arquivamento, pela remissão ou pela acusação
do/a autor/a do ato infracional (artigo 180 do
ECA7). Este momento tem como objetivo auxi-
4
Tal afirmação parte da constatação obtida por meio dos dados liar a investigação e dar suporte para concessão
coletados nessa pesquisa que serão apresentados e explorados da remissão extrajudicial8 e é um procedimento
de maneira mais aprofundada no capítulo que versará sobre
o tema. 6
“Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Mi-
5
O Estado penal aqui deflagrado se refere ao “Estado que além nistério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
de punir deseja atribuir às ações relativas à Assistência Social, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autu-
e demais políticas públicas, aos ditames próprios do Estado ados pelo cartório judicial e com informação sobre os antece-
penal (WACQUANT, 2012), movido pela ânsia do controle, da dentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à
disciplina e da estigmatização dos sujeitos sociais” (BUENO, sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável,
2020, p. 18) Aproveito o ensejo para fazer referência a uma das vítima e testemunhas” (Estatuto da Criança e do Adolescente,
análises realizadas em torno do Estado penal visto que este é 1990).
considerado muito anterior ao que apresentou Loic Wacquant
quando relaciona o Estado penal ao período neoliberal. Assim,
7
“Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo an-
vale destacar a ideia que surge em torno fato de que “(...) o Bra- terior, o representante do Ministério Público poderá: I - pro-
sil possui elementos estruturantes e ideológicos de sua história mover o arquivamento dos autos; II - conceder a remissão; III
que intensificaram o dito Estado penal aqui existente, dando a - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida
este corpo e forma de gigante diante de um povo tão frágil por sócioeducativa” (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990).
natureza, motivo pelo qual, conclamo o nome “Estado da de- 8
Remissão extrajudicial, regulada pelos Arts 126 a 128 do Es-
sumanimaldade”, quando me refiro ao Estado penal brasileiro, tatuto da Criança e do Adolescente (1990), corresponde a uma
já que na minha avaliação, o Estado brasileiro nasceu penal e forma de exclusão, extinção ou suspensão do processo a partir
não se tornou, como aponta Wacquant (BUENO, 2020, p. 33). do perdão do/a adolescente. Considera, para tanto, “(...) às cir-

56
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

previsto na legislação - que orienta para que 6.4.1. FREQUÊNCIA DE REALIZAÇÃO DAS
sejam tomadas decisões alternativas à judiciali- OITIVAS INFORMAIS
zação. A partir da consideração de alguns fatores,
como a situação familiar do/a adolescente, a Segundo 92% dos/as promotores/as de
narrativa do/a mesmo/a sobre o ato infracional justiça, que são responsáveis pela condução das
e sobre sua situação pessoal, bem como de sua oitivas informais, estas são realizadas, sempre ou
família/responsável, o/a promotor/a de justiça e frequentemente, com os/as adolescentes a quem
a equipe técnica multiprofissional podem argu- se atribuiu autoria de ato infracional, e essa
mentar no sentido de obter a liberação do/a também foi a percepção de 85% dos/as juízes/
adolescente9 ou em prol da aplicação de uma as que foram questionados/as sobre esse proce-
medida socioeducativa. dimento - apesar de não ser um procedimento
Cabe citar que alguns/algumas respon- conduzido por estes/as profissionais.
dentes mencionaram um tensionamento, Em relação ao intervalo entre a data do
principalmente entre a Defensoria Pública e o ato e a efetiva realização do procedimento de
Ministério Público com relação a este tema, infor- oitiva informal, realizada com o/a adolescente,
mando que haveria um posicionamento de parte tanto promotores/as de justiça (51,2%) quanto
dos/as defensores/as públicos/as de que a reali- juízes/as (45,4%) afirmaram que o tempo médio
zação da oitiva seria inconstitucional e que tal decorrido seria de até sete dias..
procedimento violaria a prerrogativa da ampla
Cabe destacar, contudo, que o prazo
defesa e do contraditório, tendo em vista que o/a
legal para a apresentação do/da adolescente ao
adolescente será ouvido/a, primeiramente, pelo
Ministério Público é de 24 horas, de acordo com
órgão acusador (Ministério Público - MP) sem,
o que dispõem os artigos 175 e 179 do Estatuto
obrigatoriamente, contar com a participação da
da Criança e do Adolescente (1990)10. Desta
defesa técnica, como poderemos perceber nos
forma, a ampliação do prazo de 24 horas para
dados deste capítulo. Associado ao exposto, por
sete dias, para a efetivação da oitiva, constitui-se,
vezes, pelo fato do procedimento de oitiva visar a
dentre outras, violação do direito estabelecido
obtenção do relato do/da adolescente, na maioria
em lei e indica, de antemão, vários questiona-
dos casos, além de ocorrer a escuta deste/desta
mentos sobre a realização de tal procedimento
pelo seu “acusador/a” (MP), sem a presença da
- que embora de suma relevância, em virtude da
defesa, o relato seria utilizado no processo como
amplitude da pesquisa em questão, não foram
depoimento formal, corroborando, essencial-
abordados. Os questionamentos poderiam abar-
mente, para a acusação do/da adolescente e não
car desde o local onde os/as adolescentes que
em prol da sua defesa. Assim, o relato em ques-
aguardam as oitivas permanecem enquanto o
tão não cumpriria o objetivo da oitiva, que seria
procedimento não ocorre e, ainda, os motivos
a preservação do/da adolescente e a obtenção de
para os/as adolescentes não serem ouvidos/as
relato informal sobre o fato ocorrido. por uma autoridade no período delimitado pela
legislação específica.

cunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem


como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
6.4.2. ESCUTA DAS TESTEMUNHAS E
participação no ato infracional” (Art.26). VÍTIMAS
9
Cabe salientar que quando tratamos da ‘liberação’ do/da ado-
lescente autor de ato infracional não estamos nos referindo a A escuta das testemunhas do caso e de
nenhum tipo de desresponsabilização do/da mesma/a, muito
pelo contrário. Salientamos essa possibilidade, como existente responsáveis/familiares do/a adolescente são
na legislação, em consideração a condição de desenvolvimento procedimentos que fazem parte das oitivas, com
do/da adolescente, sua condição social e de seus responsáveis, o objetivo de escutar todas as pessoas envolvidas
bem como o envolvimento do/a adolescente no ato infracional
praticado. Tal fato possibilita a este/esta adolescente o trata-
e considerar os aspectos da realidade na decisão
mento diferenciado e condizente com sua condição diante da
gravidade do fato ocorrido e, sobretudo, a conjunta responsa- 10
“Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Mi-
bilização e implicação de seu familiar/responsável. A necessi- nistério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
dade de reforçarmos essa ideia se dá em virtude das concep- boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autu-
ções que permeiam o imaginário social brasileiro, amplamente ados pelo cartório judicial e com informação sobre os antece-
divulgadas, que indicam o/a adolescente como sujeito que é dentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à
desresponsabilizado pelos seus atos, fomentando, de forma sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais ou responsável,
errônea, a ideia de que a redução da maioridade penal aliviará vítima e testemunhas” (Estatuto da Criança e do Adolescente,
o sentimento de impunidade que atravessa a socioeducação. 1990).

57
PESQUISA MEIO ABERTO

Frequência da escuta, durante as oitivas, das vítimas e testemunhas de


atos praticados por adolescentes

6,45%
Prefere não responder 2,65%
1,50%

16,13%
Não sabe informar 18,58%
3,01%

9,68%
Nunca 38,94% JUIZ/A DE EXECUÇÃO
53,38%

3,23% DEFENSOR/A PÚBLICO/A


Raramente 5,31%
28,57% PROMOTOR/A DE JUSTIÇA
19,35%
Frequentemente 12,39%
3,76%

45,16%
Sempre 22,12%
9,77%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

judicial. Isso se dá porque, apenas a escuta do/a restritos e possivelmente não permitem que se
adolescente pode não ser suficiente para uma realize uma escuta mais complexa sobre o que de
decisão complexa e aprofundada. fato aconteceu no momento da apreensão do/a
Quanto aos procedimentos adotados nas adolescente e sobre a realidade do/a jovem que
OSTA) está sendo atendido/a. Com isso, pode-se ques-
oitivas informais, 55,2% dos/as promotores/as
de justiça afirmaram que as vítimas e testemu- tionar acerca da função cumprida pela oitiva
nhas do ato praticado pelo/a adolescente nunca informal, pois o/a adolescente é ouvido/a sem
são ouvidas e 28,8% destes mesmos responden- defesa/orientação técnica e sem a presença de
tes afirmaram que as vítimas e testemunhas são profissionais qualificados para realizar uma
raramente ouvidas em oitivas informais reali- análise psicossocial em uma situação de vulnera-
zadas por representantes do Ministério Público bilidade, sendo, afinal, um momento que mais se
antes da audiência de apresentação. assemelha a um interrogatório do/a adolescente
sem as devidas garantias legais. Além de não ser
Com relação aos/às juízes/as, 33,8%
possível ter clareza sobre quais os elementos que
relataram que vítimas e testemunhas do ato
o/a promotor/a de justiça considera para tomar
praticado nunca são ouvidas e 19,8% destes
a sua decisão neste momento da oitiva informal,
mesmos respondentes afirmaram que raramente
faz-se necessário questionar sobre qual tipo de
as vítimas e testemunhas são ouvidas em oiti-
decisão judicial a oitiva informal possibilita ser
vas informais. Cabe ressaltar que, apesar dessa
tomada.
pergunta ter sido feita aos/às juízes/as e defen-
sores/as públicos/as, as respostas destes podem
estar comprometidas, pois a oitiva informal não 6.4.3. EMBASAMENTO EM ESTUDOS
faz parte dos procedimentos conduzidos pelas
PSICOSSOCIAIS E PARECERES TÉCNICOS
varas e a maior parte dos/as defensores/as públi-
cos/as não participa ou não tem oportunidade
O trabalho interprofissional possibilita
de participar das oitivas (segundo 82,2% dos/as
um entendimento mais amplo e completo acerca
defensores/as públicos/as – conforme apresen-
das circunstâncias familiares, sociais, psicológi-
tado em seção posterior deste texto). Além disso,
cas e culturais do/a adolescente. Para refletirmos
24,7% dos/as juízes/as afirmaram não saber
sobre o conhecimento que os/as promotores/as
responder à pergunta.
de justiça e defensores/as públicos/as possuem
Pode-se observar que as oitivas infor- acerca da situação do/a adolescente antes das
mais são realizadas conforme previsto em lei, oitivas informais, algumas perguntas foram
entretanto, de maneira geral, não há a escuta feitas.
de testemunhas e vítimas. Por consequência, os
Como verificado na subseção sobre a
elementos que o/a promotor/a de justiça tem a
equipe técnica, 74,4% dos/as promotores/as de
seu alcance para tomar uma decisão se mostram
justiça e quase 50% dos/as juízes/as afirmaram

58
psicossocial, enquanto 30% dos/as promotores/as de justiça e 31,1% dos/as juízes/as afirmaram
fazer a solicitação frequentemente. Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Solicitação da atuação da equipe psicossocial


Com que frequência V.Exa. solicita estudos sociais, relatórios técnicos
e laudos de avaliação psicológica sobre o adolescente e seu contexto,
Sempre
para a equipe técnica
7% do Órgão em33%
que atua?
Promotor
31% Juiz
Frequentemente 30%
Sempre 2 6,67% 20 32,79%
Raramente
Frequentemente 9 28% 30,00% 19
57% 31,15%
Raramente 7% 17 56,67% 17 27,87%
Nunca 7%
Nunca 2 6,67% 4 6,56%
Prefere não responder 2%
Não sabe informar 0 0,00% 0 0,00%
0%
Prefere não responder 0 0,00% 1 1,64%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 30 61
Juiz Promotor

que a Promotoria de Justiça e a Vara em que e juízes/as, para que haja maior aproximação
Além disso, 87,3%
atuam, respectivamente, não dos/das
possuem promotores/as
equipe com deajustiça respondentes
realidade afirmaram
do/a adolescente, quefamí-
de sua não
receberam estudo social ou parecer técnico
técnica de apoio operacional da área da infância contendo
lia e comunidade, como preconiza o artigoseu
informações sobre o/a adolescente e 151
econtexto antes
juventude. da arealização
Contudo, informaçãoda oitiva
ainda maisinformal, enquanto
do Estatuto 8,40%e do
da Criança dos/as mesmos/as
Adolescente, sobre
respondentes
relevante seria afirmaram que receberam
a de que, enquanto esses estudos
24% dos/as a equipe– vindos da equipe técnica
interprofissional: do judiciário,
“fornecer subsídios
promotores/as
em 3 casos, de oujustiça
vindoe 50,4% juízes/ dopor
dos/astécnica
da equipe escrito, mediante
Ministério público, laudos,
segundoou verbalmente,
2 (dois/duas)na
as afirmaram
respondentes. poder contar com equipe técnica audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
de apoio, mais de 57% dos/as promotores/as de aconselhamento, orientação, encaminhamento,
justiça e 28% dos/as juízes/as raramente solici- prevenção e outros”. Entretanto, a situação
tam estudo social ou parecer técnico sobre o/a das promotorias e varas compreendidas nesta
adolescente e seu contexto psicossocial, outros pesquisa nos mostram que há a necessidade de
30% dos/as promotores/as de justiça e 31% estimular a realização de tais atividades citadas
dos/as juízes/as afirmaram fazer a solicitação como responsabilidade das equipes, inclusive
frequentemente. por meio da ampliação das mesmas.
Além disso, 87% dos/das promotores/as De acordo com os dados obtidos por
de justiça respondentes afirmaram que não rece- meio das entrevistas realizadas com profissio-
beram estudo social ou parecer técnico contendo nais que compõem as equipes técnicas das Varas
informações sobre o/a adolescente e seu contexto e Promotorias, 70,3% afirmam que a autoridade
antes da realização da oitiva informal, enquanto judicial solicita estudo social sobre o/a adoles-
8% dos/as mesmos/as respondentes afirmaram cente a quem se atribui autoria de ato infracional
que receberam esses estudos – vindos da equipe e, ainda, 64% afirmam que é solicitado que façam
técnica do judiciário, em três casos, ou vindo da parecer técnico para subsidiar a decisão de pror-
equipe técnica do Ministério público, segundo rogação, extinção ou substituição da medida
afirmação de duas pessoas ouvidas. socioeducativa. Por outro lado, 32,8% afirmam
Desta forma, de acordo com as respos- que não são solicitadas elaborações de estudos,
tas dadas pelos/as operadores/as do direito com relatórios ou pareceres no contexto supramen-
relação às oitivas informais, podemos consta- cionado. Entretanto, sobre a frequência com que
tar que, majoritariamente, as decisões tomadas foi solicitada alguma presença da equipe técnica
pelos/as promotores/as de justiça são basea- nas audiências de continuação, 56,7% afirmam
das em atendimentos junto aos/às adolescentes que raramente, 5,4% nunca e 35,1% que sempre
e relatos policiais escritos nos boletins de ocor- e frequentemente ela é realizada.
rência, e muito pouco feitas a partir de pareceres O fato de haver uma baixa quantidade
técnicos e estudos detalhados que subsidiassem de equipes técnicas compondo as instituições
as conclusões. do Sistema de Justiça e das raras requisições
Deve ser ressaltada a importância da de comparecimento destes/as profissionais nas
realização dos estudos sociais que embasem a audiências de continuação pode ser explicado
tomada de decisão de promotores/as de justiça pela situação de sobrecarga de trabalho dos/as
profissionais diante do alto volume de demandas

59
PESQUISA MEIO ABERTO

São disponibilizados
Recebimento estudo
de Estudo social ou social
Parecer ou parecer
técnico antes técnico,
das oitivascontendo
informais
com os/ase adolescentes
informações sobre o adolescente seu contexto, antes da realização de
oitiva informal?
Sim 10 8,40%
Não Sim 8% 104 87,39%
Não sabe informar 4 3,36%
Prefere
Nãonão responder 1 0,84% 87%
Total 119
Não sabe informar 3%

Prefere não responder 1%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Desta forma,
a que respondem, tendode emacordo comatuam
vista que as respostas
em dadas
6.4.4. pelos/as operadores/as
CRITÉRIOS PARA DECISÃO do direito
SOBRE com
relação às oitivas informais,
diversos temas e com uma grande quantidadepodemos constatar que, majoritariamente,
AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS QUE as decisões tomadas
pelos/as
de promotores/as
processos. Isto se refletede justiça
também sãona baseadas
fala de em SERÃOatendimentos
APLICADAS junto aos/às adolescentes e
relatos dos/as
74,5% policiaisprofissionais
escritos nosque boletins
afirmamde ocorrência,
não e muito pouco feitas a partir de pareceres
acompanhar a autoridade
técnicos e estudos detalhadosjudiciária em visitas
que subsidiassem as conclusões.
A partir do entendimento dos elemen-
de monitoramento e fiscalização nas instituições
Deve ser ressaltada a importância da realização dos estudos
tos constitutivos, acercasociais quede
da forma embasem
realização a
de atendimento
tomada de decisão quedeexecutam e acompanham
promotores/as e objetivos dapara
de justiça e juízes/juízas, oitiva
queinformal,
haja maior é importante
aproximação se
os/as adolescentes em cumprimento de Medidas
com a realidade do/a adolescente, de sua família eaproximar comunidade, tambémcomodos critériosoque
preconiza são151
artigo consi-
do
Socioeducativas em Meio Aberto. Tal fato sina- derados para a determinação judicial das
Estatuto da criança e do adolescente,
liza a necessidade de reafirmar a importância sobre a equipe interprofissional: “fornecer subsídios por
medidas socioeducativas que serão aplicadas, a
escrito,
de mediante
o Poder Judiciáriolaudos, ou verbalmente,
monitorar e se aproximar na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
fim de compreender de que maneira são tomadas
aconselhamento,
dos serviços de medidaorientação, encaminhamento,
socioeducativa, com o prevenção
as decisõese relacionadas
outros”. Entretanto, a situação das
aos/às adolescentes no
promotorias
objetivo e varas compreendidas
de qualificá-los e fortalecê-los, nesta
conside- pesquisa nos mostram que há a necessidade
âmbito do Sistema de Justiça. Desta forma, este de
rando,
estimularparaatanto, o saberde
realização detais
demais profissionais
atividades citadas como
tópico responsabilidade das equipes,
aborda, especificamente, este inclusive
aspecto,
que contribuem,
por meio sobremaneira,
da ampliação das mesmas. na compreen- de acordo com os dados obtidos por meio das
são acercaDe daacordo
realidadeos psicossocial
dados obtidos vivenciada
por meio das entrevistas
entrevistas realizadas junto
realizadas aos/às
com operadores/
os profissionais
pelos/as adolescentes e suas famílias. Desta as do direito há representantes
que compõem as equipes técnicas das Varas e Promotorias, a afirmação das instituições
de 70,31% que
das/os
forma, a importância do trabalho da equipe compõem o Sistema de Justiça.
profissionais
técnica de que a autoridade
da vara/promotoria judicial
é notável, tendo solicita
em estudo social sobre o/a adolescente a quem se
atribui autoria de ato Os que
critérios para aque determinação de
vista a necessidade de infracional
se produzire,decisões
ainda, 64,06%
judi- afirmaram é solicitado façam parecer
técnico para subsidiar a decisão judiciais medidas
de prorrogação, socioeducativas de privação
extinção ou substituição da medida de liber-
ciais e acompanhar as determinações e
dade, previstos no Estatuto da Criança e do
socioeducativa.
serviços executoresPor das
outromedidas
lado, 32,81% afirmam que não são solicitadas elaborações de estudos,
socioeducati-
Adolescente, estão colocados de maneira clara.
relatórios
vas, ou pareceres
baseando-se no contexto
na realidade supramencionado. Entretanto, sobre a frequência com que
do/a adolescente.
De acordo com o Artigo 122 do ECA, é permitir
Diante dessas evidências,
foi solicitada alguma presençasurgem algumas
da equipe ques-técnica nas audiências deoucontinuação, 56,76%
a internação (definitiva provisória) quando: “I
tões paraque
afirmam aprofundamento
raramente, 5,41% em outros
nunca trabalhos,
e 35,13% que sempre e frequentemente.
- tratar-se de ato infracional cometido mediante
já que, apesar de relevantes, em decorrência da
O fato de haver uma baixa quantidade de equipes
grave ameaça técnicas compondo
ou violência à pessoa;asIIinstituições
- por reite-
amplitude dessa pesquisa, não foram abordadas:
do Sistema de Justiça e das raras requisições deração comparecimento
no cometimento destes/as
de outras profissionais
infrações graves nas
quais são as consequências da ausência de equipes
audiências de continuação pode ser explicado e III
pela - ocorrerde
situação descumprimento
sobrecarga de reiterado
trabalho edos/as
injus-
técnicas especializadas nas varas e promotorias?
profissionais diante do altodevolume de demandas tificável da medidatendo
a que respondem, anteriormente
em vista que imposta”.
atuam
Quais são as consequências as decisões não se
Porém, quando o assunto refere-se à aplicação
em diversos
apoiarem em temas
estudosesociais
com uma sobregrande
os/as quantidade
adoles- de processos. Isto se reflete também na fala
das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto,
de 74,58%
centes? Como dos/as
a baixaprofissionais
solicitação de que afirmamsenão acompanhar a autoridade judiciária em visitas
pareceres
não há uma especificação acerca dos critérios
relaciona à baixa frequência
de monitoramento de equipes
e fiscalização instala- de atendimento que executam e acompanham
nas instituições para tal. Desta forma, neste tópico podemos
das?
os/asEssas questões, em
adolescentes dentre outras, servem
cumprimento de
de medidas socioeducativas em meio aberto. aTal fato
observar de que maneira se constrói decisão
inspiração para futuras pesquisas.
sinaliza a necessidade de reafirmar a importância de o Poder
judicial Judiciário
relacionada àsmonitorar e se aproximar
Medidas Socioeducativas
dos serviços de medida socioeducativa, com em o objetivo
Meio Aberto de qualificá-los e fortalece-los,
e em meio fechado, podendo
considerando, para tanto, o saber dos demais profissionais compreender quede contribuem,
que maneirasobremaneira,
correspondem na ou
compreensão acerca da realidade psicossocial vivenciada não ao que está previsto
pelos/as em lei. e suas famílias.
adolescentes
Desta forma, a importância do trabalho da equipe técnica da vara/promotoria é notável, tendo em
60
vista a necessidade de se produzir decisões judiciais e acompanhar as determinações judiciais
e serviços executores das medidas socioeducativas, baseando-se na realidade do e da
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

6.4.4.1. CRITÉRIOS PARA CONCEDER Para refletir acerca da forma como as


REMISSÃO SIMPLES especificidades das situações de vida dos/as
adolescentes são interpretadas e considera-
Conforme o artigo 126 do Estatuto da das pelos/as promotores/as de justiça, foram
Criança e do Adolescente, considera-se a remis- feitas perguntas acerca dos critérios que influen-
são simples como uma das atribuições dos/das ciam nas decisões destes atores. Quando
representantes do Ministério Público que obje- questionados/as, os/as promotores/as de justiça
tiva evitar a estigmatização do/a adolescente que entrevistados/as apontaram os três fatores mais
Quais são os três principais fatores relacionados ao adolescente que mais influenciam em sua decisão
possaaoter cometido
conceder um ato
remissão infracional e tornar o
simples? relevantes para a concessão da remissão simples,
processo
Menoro mais célere
gravidade possível.
do ato infracional; menor gravidade do ato 85 infracional (62%); caso
62,04%
É a primeira passagem do(a) adolescente; seja a primeira passagem 79 do/a adolescente
57,66%
Situação familiar
Menordo adolescente/
gravidade presença
do ato dos pais na vida do adolescente/
infracional; 68 62% 49,64%
família com estrutura capaz de fornecer apoio e disciplina
ÉQuais
a primeira
são passagem
os três do(a) adolescente;
principais fatores relacionados ao/à adolescente emque
58% mais
Quais são os três
O adolescente principais
está fatores
na escola, relacionados
matriculado ao adolescente que mais influenciam37
regularmente; sua decisão
27,01%
Situação
ao familiar
conceder influenciam
do adolescente/
remissão simples? em sua
presençadecisão
dos… ao conceder remissão simples?
O adolescente mostra-se arrependido(a) do ato infracional;
50%22 16,06%
O gravidade
Menor adolescente
O comportamento está
dodo(a) na escola, matriculado…
ato infracional;
adolescente; 27% 8518 62,04%
13,14%
É
O aato
primeira passagem
infracional cometido do(a) adolescente;
não Outro
justifica continuidade do processo; 20% 7917 57,66%
12,41%
OSituação
Recomendaçãofamiliar
adolescente Menor do
por adolescente/
parecer
gravidade
mostra-se do presença
emitido
ato pela do dos
equipe
infracional;
arrependido(a) pais
ato… na vida
técnica que dorealizou
adolescente/
16% o 62%
atendimento
família do adolescente
capaz deantes dos apoio
procedimentos de oitiva ou audiência de 681 49,64%
0,73%
É acom
apresentação
estrutura
primeira passagem
O comportamento
fornecer
do(a)
do(a)adolescente;
adolescente;
e disciplina
13% 58%
O adolescente
Maior ou menor está
tempona escola, matriculado
decorrido desde regularmente;
a data do ato infracional 37 27,01%
Situação Ofamiliar
ato infracional
do cometido
adolescente/ não justifica…
presença dos… 12% à luz dos 50%
O adolescente
princípios mostra-se imediatidade
da atualidade, arrependido(a)e do ato infracional;
intervenção precoce 221 0,73%
16,06%
O adolescente está na Não
escola,sabe informar
matriculado… 4%
O
A comportamento do(a) adolescente;
idade do(a) adolescente à época do cometimento do ato; 27% 181 13,14%
0,73%
Prefere não responder 2%
O
Asato infracional cometido
características físicas enão
a vestimenta Outroadolescente;
justifica continuidade
do(a) do processo; 20% 171 12,41%
0,73%
NãoAs sabe
características
Recomendação por
informar físicas eemitido
parecer a vestimenta
pela do(a)…
equipe 1%que realizou o
técnica 5 3,65%
O adolescente mostra-se arrependido(a) do ato… 16%
Prefere não
atendimento A idade do(a) adolescente
responder
do adolescente antes dosà procedimentos
época do… 1% de oitiva ou audiência de 1 3 2,19%
0,73%
Outro
apresentaçãoO comportamento do(a) adolescente; 13% 27 19,71%
Maior ou menor tempo decorrido desde a data do… 1%
Maior
Total ou O menor
ato tempo decorrido
infracional cometido desde
não a data do ato infracional
justifica… 12% à luz dos 365 137
Recomendação por parecer emitido pela equipe… 1% 1 0,73%
princípios da atualidade, imediatidade e intervenção precoce
Não sabe informar 4%
A idade do(a) adolescente à época do cometimento 0%do10%
ato;20% 30% 40% 50% 60% 170% 80%0,73%90% 100%
Prefere não responder 2%
As características físicas e a vestimenta do(a) adolescente; 1 0,73%
As sabe
Não características
Desse modo,
informar físicas e a vestimenta
41,6% dos/asdo(a)… 1%
promotores/as de justiça afirmaram
5 ter concedido
3,65%
frequentemente remissão
A idade
Prefere não simplesà época
do(a) adolescente
responder no ano do… de1%2018 e cerca de 30% 3 afirmaram
2,19% ter feito a
concessão
Outro
Maior raramente.
ou menor Apesardesde
tempo decorrido de não ser
a data do…possível
1% estabelecer diretamente
27 a19,71%
relação entre a
concessão
Total de remissão com as solicitações realizadas pela Defensoria365 Pública,
137as frequências
Recomendação por parecer emitido pela equipe… 1%
são bastante similares, como segue: 39,2% dos/as defensores/as públicos/as afirmaram que,
frequentemente, solicitam a remissão como forma
0% 10% 20%de
30%exclusão do70%
40% 50% 60% processo
80% 90% durante
100% oitiva
informal e audiência de apresentação e cerca de 30% afirmaram fazer a solicitação raramente.

Desse modo, 41,6% dos/as promotores/as de justiça afirmaram ter concedido


Sobre a concessão de remissão simples em 2018
frequentemente remissão simples no ano de 2018 e cerca de 30% afirmaram ter feito a
Sobre a concessão de remissão simples em 2018
concessão raramente. Apesar de não ser possível estabelecer diretamente a relação entre a
Frequência em que a promotoria Frequência em que a defensoria
concessão de remissão com as 8% solicitações realizadas pela Defensoria Pública, as frequências
Sempre concedeu
4% segue:remissão solicitou remissão simples
são bastante similares, como 39,2% dos/as defensores/as públicos/as afirmaram que,
Sempre 5 3,65% 9 8,41%
frequentemente, solicitam a remissão como forma
Frequentemente de exclusão do processo durante oitiva
39%
Frequentemente 57 41,61% 42% 42 39,25%
informal e audiência de apresentação
Raramente 41
e cerca de 30% afirmaram
29,93% 32
fazer a solicitação raramente.
29,91%
Raramente 30%
Nunca 10 30%
7,30% 4 3,74%
Não sabe informar
Nunca 154% 10,95% 13 12,15%
7%
Sobre
Preferea concessão nãode remissão simples em 2018
9 12% 6,57%
responder
Não sabe informar 7 6,54%
Frequência
11% em que a promotoria Frequência em que a defensoria
Total 137 8% 107
Sempre concedeu
4% 7% remissão solicitou remissão simples
Prefere não responder 7%
Sempre 5 3,65% 9 8,41%
Frequentemente 0% 57 10% 39%
Frequentemente 20% 41,61%
30% 40%42% 50% 42 60% 70% 80%39,25%
90% 100%

Raramente 41 29,93%
30%
Frequência em que a defensoria 32
solicitou remissão simples 29,91%
Raramente 30%
Nunca 10
Frequência em que a7,30%
promotoria concedeu4remissão 3,74%
Não sabe informarNunca 154% 10,95% 13 12,15%
7%
Prefere No entanto, não quando questionados/as, os/as defensores/as públicos/as relataram que
9 12% 6,57% 61
responder
Não sabe(45%
raramente informar
dos casos) os/as 7 6,54%
11% representantes do Ministério Público concedem remissão
Total em resposta às137
simples suas apelações. 107
7%
PESQUISA MEIO ABERTO

Com qual frequência o representante do Ministério Público (MP) concede remissão simples
como forma de exclusão do processo durante oitiva
informal em resposta a sua apelação?
Com qual frequência o representante do Ministério Público (MP) concede remissão
simples como forma de exclusão do processo durante oitiva informal em resposta a sua
Prefere não responder
apelação? 2%
Sempre 2 1,87%
Não sabe informar 16%
Frequentemente 27 25,23%
Nunca
Raramente 10% 48 44,86%
Nunca
Raramente 11 45% 10,28%
Não sabe informar 17 15,89%
Frequentemente 25%
Prefere não responder 2 1,87%
Sempre
Total 2% 107

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

(57,6%) e a situação familiar do/a adolescente/ Serviços à Comunidade (PSC), sendo os princi-
6.4.4.2
presençaCritérios
dos pais para oferecerfamiliar
e a estrutura remissão no quecom indicação
pais: pela de medidadosocioeducativa
gravidade de PSC
ato infracional (cerca de
e/ou
concerneLiberdade
ao apoioAssistida
e disciplina do/a adolescente 60%), quando a situação pessoal e familiar do/a
(49,6%). adolescente não demanda maiores intervenções
Desse
Quandomodo,questionados/as,
41,6% dos/as promotores/ os/as promotores/as para finsde dejustiça
integração social (36,5%)
entrevistados/as e quando
apontaram
as defatores,
justiça afirmaram ter concedido frequente- o caráter laboral da PSC permite que o/a adoles-
três relacionados ao contexto psicossocial dos/as adolescentes, que mais influenciam
mente remissão simples no ano de 2018 e cerca de cente rompa com a trajetória do ato infracional e
na decisão de oferecer remissão como indicação construa de medida umasocioeducativa
nova trajetóriade PSC,
(cerca de sendo
11%). os
30% afirmaram ter feito a concessão raramente.
principais: pela gravidade do ato infracional (cerca de 60%), quando a situação pessoal e familiar
Apesar de não ser possível estabelecer direta- Já com relação à decisão de oferecer
do/a
menteadolescente
a relação entre não ademanda
concessãomaioresde remissão intervenções
remissãoparacom finsindicação
de integração socialsocioeduca-
de medida (36,5%) e
quando o caráter laboral
com as solicitações da PSC
realizadas pela permite
Defensoria que o/a tivaadolescente
de Liberdade rompa com (LA),
Assistida a trajetória do ato
os principais
infracional
Pública, ase construa
frequências uma sãonova trajetória
bastante (cerca de
simila- 11%).elencados pelos/as promotores/as de
fatores
res, como segue: 39,2% dos/as defensores/as justiça foram os seguintes: a gravidade do ato
públicos/as afirmaram que, frequentemente, infracional (51%); quando a situação social e
solicitam a remissão como forma de exclusão do familiar do/a adolescente demanda maio-
processo durante oitiva informal e audiência de res intervenções para fins de integração social
Quais são os três principais fatores relacionados ao adolescente que mais influenciam em sua decisão ao
apresentação e cerca
Pela de
gravidade 30% do afirmaram
ato infracional;
oferecer remissão com indicação de medida socioeducativa fazer a (34,3%)
de PSC? e quando a situação60% familiar dos pais é
solicitação raramente.
Pela gravidade do ato infracional; Outra considerada desfavorável e incapaz
82 de fornecer
59,85%
42%
A situação
No pessoalquando
entanto, e familiarquestionados/as,
do adolescente nãoos/ demanda apoio e disciplina
maiores (23,3%).
intervenções para
A situação pessoal e familiar do adolescente não… 37% 50 36,50%
fins de integração
as defensores/as social
públicos/as relataram que rara- Um aspecto que chama especial atenção
menteO caráter
(45%O caráter
laboral laboral
da
dos casos) PSC da PSCrepresentantes
permite
os/as permite que o… dorompa
que o adolescente 11%com a trajetória
envolve a somadodeato16% dos/as promotores/as
15 10,95%
infracional
Ministério e construa
PúblicoSituação uma
concedem novado
escolar trajetória;
remissão
adolescente simples de
10% justiça que afirmaram não oferecer remissão
Situação escolar
em resposta às suas doapelações.
adolescente sob qualquer hipótese, dado 14 este que
10,22%
nos parece
Tempo ocioso/ tempo livre para cumprir PSC 9%
Tempo ocioso/ tempo livre para cumprir PSC preocupante, já que indica 12uma parcela
8,76% signifi-
A PSC é uma oportunidade de inserção futura do… 7%cativa de profissionais que,
Quando o adolescente expressa desejo por atividade de trabalho 9 possivelmente,
6,57% não
6.4.4.2. CRITÉRIOS
Quando o PARA
adolescente OFERECER
expressa desejo por…
A PSC é uma oportunidade de inserção futura do adolescente 7%compreendem
no mercado deatrabalho;
remissão9 como 6,57%
uma alterna-
REMISSÃO COM
Ato infracional
infracional INDICAÇÃO
contra
contra oopatrimônio
patrimônio DE
públicoMEDIDA
público privado; 5%tiva bastante viável, a depender
ouou… 7 do5,11%
caso de cada
SOCIOEDUCATIVA
Menor necessidade de DE PRESTAÇÃOpor período de adolescente.
acompanhamento tempo mais largoIsso pode apontar6 que,
4,38% ao rece-
Prefere não responder 4%
Maior idade doÀ
DE SERVIÇOS adolescente/
COMUNIDADE Adolescente E/OU com idade mínima berempara aum/a
entrada adolescente
no na promotoria, não
Menor necessidade de 3 2,19%
mercado
LIBERDADE de trabalho
ASSISTIDA na acompanhamento
condição de aprendiz por…(14 anos4%deconsideram
idade); a possibilidade de não aplicar uma
Maior idade do adolescenteNão sabe informar 2% medida socioeducativa tal3 como as comumente
2,19%
Adolescentes com pouca
Quando questionados/as, compleição física;
os/as promo-2% aplicadas. Podemos inferir,
0 nesse
0,00% contexto,
Maior idade do adolescente
tores/as de justiça
Não sabe informar entrevistados/as apontaram que há uma perspectiva 3de atuação 2,19%destes/as
Maior idade do adolescente/ Adolescente com… 2% profissionais que tende mais à punição do que
três Prefere
fatores,nãorelacionados
responder ao contexto psicosso- 6 4,38%
Adolescentes
cial Outra
dos/as com pouca
adolescentes, compleição
que física;
mais influenciam 0% ao fortalecimento das premissas 57
da Medida
41,61%
na decisão de oferecer remissão como indica- Socioeducativa em Meio Aberto, que bem real-
Total 137
0% 10% 20%çam30% 40% 50% 60% 70%
às prerrogativas 80% 90% 100%
da socioeducação.
ção de medida socioeducativa de Prestação de

62 Já em relação à decisão de oferecer remissão com indicação de medida socioeducativa


de LA, os principais fatores elencados pelos/as promotores/as de justiça foram os seguintes: a
do/a adolescente não demanda maiores intervenções para fins de integração social (36,5%) e
quando o caráter laboral da PSC permite que o/a adolescente rompa com a trajetória do ato
infracional e construa uma nova trajetória (cerca de 11%).
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Fatores que influenciam a indicação da remissão como medidas socioeducativa /Prestação de


Serviços à Comunidade - MP
Quais são os três principais fatores relacionados ao adolescente que mais influenciam em sua decisão ao
Pela gravidade
oferecer remissão do ato
com indicação deinfracional;
medida socioeducativa de PSC? 60%
Pela gravidade do ato infracional; Outra 42% 82 59,85%
A situação pessoal e familiar do adolescente não demanda maiores intervenções para
A situação pessoal e familiar do adolescente não… 37% 50 36,50%
fins de integração social
O caráter laboral da PSC permite que o… 11%
O caráter laboral da PSC permite que o adolescente rompa com a trajetória do ato
15 10,95%
infracional e construa
Situaçãouma novadotrajetória;
escolar adolescente 10%
Situação escolar do adolescente 14 10,22%
Tempo ocioso/ tempo livre para cumprir PSC 9%
Tempo ocioso/ tempo livre para cumprir PSC 12 8,76%
A PSC é uma oportunidade de inserção futura do… 7%
Quando o adolescente expressa desejo por atividade de trabalho 9 6,57%
Quando
A PSC o oportunidade
é uma adolescente expressa desejo
de inserção por…
futura 7% no mercado de trabalho;
do adolescente 9 6,57%
Ato infracional
infracionalcontra
contraoopatrimônio
patrimôniopúblico ouou…
público privado; 5% 7 5,11%
Menor necessidade de acompanhamento por período de tempo mais largo 6 4,38%
Prefere não responder 4%
Maior idade do adolescente/ Adolescente com idade mínima para a entrada no
Menor necessidade de acompanhamento por… 4%de idade); 3 2,19%
mercado de trabalho na condição de aprendiz (14 anos
Maior idade do adolescenteNão sabe informar 2% 3 2,19%
Adolescentes comMaior
poucaidade
compleição física;
do adolescente 2% 0 0,00%
Não sabe informar 3 2,19%
Maior idade do adolescente/ Adolescente com… 2%
Prefere não responder 6 4,38%
Adolescentes com pouca compleição física;
Outra 0% 57 41,61%
Total 137
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Em relação à concessão de medida socioe- Além disso, de acordo com as respostas


Já em relação
ducativa combinada, de LAà decisão
e PSC,de oferecer
34,3% dos/remissão
dos/ascom indicação de medida
entrevistados/as, socioeducativa
a decisão de conce-
de promotores/as
as LA, os principais de fatores
justiça elencados
afirmaram pelos/as
nunca promotores/as
der remissão ede justiçasocioeducativa
medida foram os seguintes:
em meioa
terem oferecido as referidas medidas de forma aberto para os/as adolescentes se baseia muito
concomitante no ano de 2018 e 30,6% afirmaram na situação de vulnerabilidade da família. De
ter oferecido, raramente, medida socioeducativa acordo com os dados obtidos, um terço dos/as
combinada em 2018. promotores/as de justiça afirmam que “a situa-
Com relação ao tema da remissão, a ques- ção pessoal e familiar do/a adolescente não
tão da menor gravidade do ato infracional pode demandar maiores intervenções para fins de
ser entendida como elemento central para o/a integração social” seria um dos fatores que os/as
promotor/a de justiça concedê-la a remissão e influencia em suas decisões ao oferecer remissão
para aplicar medidas de PSC e LA. Mas qual seria com indicação de medida socioeducativa de PSC.
o parâmetro utilizado para decidir o que pode ser Diferentemente, metade dos/as promotores/as
considerado como um ato grave ou não grave? 11 de justiça afirmou dar remissão e medida socioe-
ducativa de LA quando a família é considerada
11
De acordo com os dados obtidos por meio da análise do 11º pouco protetiva. Assim, foi possível perceber
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2017, a que, em alguma medida, a família ser prote-
respeito do sistema socioeducativo, observou-se que a maioria
dos/as adolescentes não está preso por atos graves - apenas
tiva é entendido por parcela significativa dos/as
9,5% dos/as adolescentes estão presos por homicídio. A maio- promotores/as de justiça como elemento favorá-
ria dos/as adolescentes que se encontram em cumprimento de vel para a aplicação de uma PSC, mas não para
medida socioeducativa privativa de liberdade foram apreendi-
a aplicação da LA. Desta forma, compreende-se
dos/as por roubo (45%) e por envolvimento no tráfico de drogas
(24%). Apesar de observarmos que 81,8% dos/as adolescentes que os/as promotores/as de justiça conside-
que se encontram em cumprimento de medidas socioeducati- ram que a LA se caracteriza como uma medida
vas, cumprem medidas em meio aberto, segundo dados apre- socioeducativa que tem mais condições de garan-
sentados no 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, pu-
blicado em 2020 com dados correspondentes ao ano de 2017, tir proteção ao/à adolescente e sua família.
não podemos deixar de ressaltar o expressivo aumento da apli-
cação de medidas socioeducativas em meio fechado cumpridas mulo da série histórica, entre 1996 e 2017, a variação foi de
por adolescentes e jovens. No período de 1996 a 2017 saltamos 515,1%, comprovando uma tendência das políticas de justiça
do número de 4.245 adolescentes em cumprimento de MSE em juvenil de priorizar as medidas mais gravosas, aumentando
meio fechado para 26.109. Conforme aponta Betina Warmling ano a ano o número de adolescentes privados de liberdade no
Barros, pesquisadora do Fórum de Segurança Pública, “no acú- país” (BARROS, 2020, p.314).

63
as comumente aplicadas. Podemos inferir, nesse contexto, que há uma perspectiva de atuação
destes/destas profissionais que tende mais à punição do que ao fortalecimento das premissas
da medida socioeducativa em meio aberto, que bem realçam às prerrogativas da socioeducação.
PESQUISA MEIO ABERTO

Quais
Quais são os três são osfatores
principais três principais fatores que
que mais influenciam emmais influenciam
sua decisão na decisão
ao oferecer remissão, com
ao oferecer remissão, com indicação
indicação de medida socioeducativa de LA?
de medida socioeducativa de Liberdade Assistida?
A gravidade do ato infracional; 70 51,09%
A gravidade do ato infracional; 51%
Situação de elevada vulnerabilidade social e familiar do adolescente, que demanda 34,31%
Situação 47
maiores de elevada vulnerabilidade
intervenções para fins desocial e familiar…
integração social 34%
Situação familiar
Situação desfavorável/
familiar ausência
desfavorável/ dos paisdos
ausência na… pais na vida 23%
do adolescente/ família
32 23,36%
“desestruturada”, incapaz
Primeira de fornecer
passagem apoio e disciplina
do adolescente; 20%
Primeira passagem do adolescente; 28 20,44%
Outra 18%
Não oferece remissão 22 16,06%
Não oferece remissão
Maior necessidade de acompanhamento por período de tempo
16%mais largo (necessidade
21 15,33%
de acompanhar, auxiliar de
Maior necessidade e orientar o adolescente
acompanhamento por… por um prazo
15% mínimo de 6 meses)
Situação escolar do adolescente 19 13,87%
Situação escolar do adolescente 14%
Confiança na capacidade técnica e estrutura dos equipamentos que executam a MSE de
Prefere não responder 5 3,65%
LA
Idade do adolescente com menor Nãoidade à época do cometimento;
sabe informar 4 2,92%
Como progressão
Confiança de uma técnica
na capacidade medidaede privação
estrutura de liberdade;
dos… 3 2,19%
Dependência química ou uso abusivo de substâncias psicoativas (maconha, álcool,
Idade do adolescente com menor idade à época do… 3 2,19%
cocaína, crack, etc.)
Dependência
Adolescentequímica
está emousituação
uso abusivo de substâncias…
de rua 2 1,46%
O adolescente está ameaçado de morte
Como progressão de uma medida de privação de… 1 0,73%
A carga horária da medida;
Adolescente está em situação de rua 1 0,73%
Não sabe informar 5 3,65%
A carga horária da medida;
Prefere não responder 5 3,65%
Outra O adolescente está ameaçado de morte 1% 25 18,25%
Total 137
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Com que frequência o/a promotor/a de justiça concedeu remissão com medida
Em relação
socioeducativa à concessão
combinada, de medida
de Liberdade socioeducativa
Assistida e Prestação combinada,
de Serviços deàLA e PSC, 34,3%
Comunidade, em
dos/as
Com quepromotores/as deconcedeu
frequência o Sr. (Sra.) justiçaremissão
afirmaram nunca
com medida ter oferecido
socioeducativa
2018? as referidas
combinada, medidas
de LA e PSC, em 2018? de forma
Sempre 4 2,92%
concomitante
Frequentemente
no ano de 201822
e 30,6% afirmaram ter16,06%
oferecido, raramente, medida
socioeducativa
Raramente combinada em 2018.
42 30,66%
Nunca Sempre 3% 47 34,31%
Não sabe informar 12 8,76%
Prefere não responder 10 7,30%
Total Frequentemente 137 16%

Raramente 31%

Nunca 34%

Não sabe informar 9%

Prefere não responder 7%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Com relação
A avaliação ao tema
do grau da remissão,
de proteção que a a questão
individualdapode
menor
ser gravidade do ato
exemplificada cominfracional
algumas
pode ser
família entendida
oferece como elemento
ao/à adolescente central para falas
é considerada o/a promotor/a de justiça conceder
destes/as profissionais a remissão
se referindo as famí-
como central
e para para
aplicar que promotores/as
medidas de PSC e LA. deMas
justiça lias como
qual seria “desestruturadas”,
parâmetro utilizado paraoudecidir
do entendimento
o que pode
concedam a remissão,
ser considerado comoo que
um muitas vezes
ato grave ourepro- de 11
não grave? que são “incapazes de fornecer apoio e disci-
duz a culpabilização
Além disso, dade
família
acordopor uma
com respostas plina”
assituação dos/as(sic). Para que não aaconteça
entrevistados/as, decisãoeste tipo de
de conceder
de vulnerabilidade
remissão e MSE em social. Esta
meio culpabilização
aberto entendimento sobre
para os/as adolescentes a realidade
se baseia muitosocial e também
na situação de
vulnerabilidade da família. De acordo com os dados obtidos, um terço dos/as promotores/as de
justiça afirmam que “a situação pessoal e familiar do/a adolescente não demandar maiores
64
intervenções para fins de integração social” seria um dos fatores que os/as influencia em suas
decisões ao oferecer remissão com indicação de medida socioeducativa de PSC.
Diferentemente, metade dos/as promotores/as de justiça afirmou dar remissão e medida
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

para que sejam tomadas atitudes com o objetivo três fatores, relacionados ao/à adolescente, que
de garantir os direitos destas famílias, reforça- mais influenciam em suas decisões ao oferecer
-se a necessidade de estudos sociais e análises representação com indicação de cumprimento
técnicas de outros/as profissionais, de diferentes de medida socioeducativa em meio fechado, que
áreas de conhecimento, que poderão, sobrema- consistem em: maior gravidade do ato infracio-
neira, contribuir nas avaliações dos casos e das nal (77,2%); reiteração de ato infracional (77,2%)
referindo as famílias como “desestruturadas”, ou do entendimento de que são “incapazes de
situações vivenciadas pelos/as adolescentes e e o ato infracional ser cometido mediante violên-
fornecer apoiocolaborando
suas famílias e disciplina” (sic).
com Parasaberes
outros que não e aconteça esteameaça
cia ou grave tipo de(36%).
entendimento sobre a
realidade socialdae questão.
olhares acerca também para que sejam tomadas atitudes com o objetivo de garantir os direitos
Ao observar a tabela com os motivos
destas famílias reforça-se a necessidade de estudos parasociais e análises
aplicação técnicas
de medidas de outros/asem
socioeducativas
profissionais, de diferentes áreas de conhecimento,meio que fechado,
poderão,foisobremaneira,
possível notarcontribuir
que 53,7% nasdos/
6.4.4.3. CRITÉRIOS
avaliações dos casosPARA e das OFERECER
situações DE vivenciadas pelos/as adolescentes
as promotores/as de justiça eafirmaram
suas famílias
motivos
PRIVAÇÃO DE
colaborando comLIBERDADE
outros saberes e olhares acerca da quequestão.
estão fora da previsão legal para a aplica-
ção deste regime, o que representa uma violação
De acordo com o artigo 182 do Estatuto de direitos
6.4.4.3 Critérios para oferecer representação indicação de muito
privaçãosignificativa.
de liberdadeTrata-se de uma
da Criança e do Adolescente, o/a representante porcentagem alta de menções a critérios que
do Ministério Público deve oferecer represen- não fazem parte do que está estabelecido em lei,
tação ao/à Deadolescente,
acordo com oexcetoartigo nos
182 casos
do Estatuto
em da Criança
o que podee indicar
do Adolescente (Lei n.8.069,
uma perspectiva de
menorista
13
quedelhejulho de 1990), o/a
foi concedida representante
a remissão simplesdo ouMinistério
em do Público
Sistemadeve oferecer
de Justiça representação
- que ao/à
ao invés de conside-
adolescente,
que o processo exceto nos casos
foi arquivado. Comemo que lhe de
intuito foi concedida a remissão simples
rar os/as adolescentes ou emdeque
como sujeitos o
direito,
compreender com que frequência
processo foi arquivado. Com o intuito de e em quais
compreender com que
reforça o caráter frequência
punitivo e em
e de tutela quais
sobre os/as
circunstâncias ocorre
circunstâncias ocorrea aindicação
indicação do do cumpri- demesmos/as.
cumprimento medidas socioeducativas em meio fechado,
mento de medidas socioeducativas
isto é, de privação de liberdade – internação em meio
e semiliberdade – foram
Com relaçãorealizadas perguntar
à frequência a fim
de represen-
fechado, isto é, de privação liberdade (internação
de aferir os fatores que norteiam a decisão por estas medidas.
tação oferecida ao/à adolescente a quem se
e semiliberdade), foram realizadas perguntas a
Quando questionados, os/as apromotores/as atribuiu autoria
de justiça de ato infracional,
entrevistados/as em 2018,
apontaram 54%
três
fim de aferir os fatores que norteiam decisão
fatores, relacionados ao/à adolescente, que mais dos/as promotores/as
influenciam em suas de justiçaaoresponderam
decisões oferecer
por estas medidas.
representação com indicação de cumprimento de medida que, frequentemente,
socioeducativa emoferecem representa-
meio fechado, que
Quando questionados/as, os/as promo- ção, 15% alegaram que sempre ofereceram essa
consistem em: maior gravidade do ato
tores/as de justiça entrevistados/as apontaram infracional (77,2%); reiteração de ato infracional (77,2%)
representação e 13% afirmaram que raramente
e o ato infracional ser cometido mediante violência ou grave ameaça (36%).

Quais são os três principais fatores relacionados ao/à adolescente que mais
influenciam em sua decisão ao oferecer representação com indicação de medida
de privação de liberdade?

Reiteração de ato infracional (múltipla passagem); 77%


Maior
Quais são os três principais fatoresgravidade
relacionados do ato infracional;
ao adolescente 77%de medida de
que mais influenciam em sua decisão ao oferecer representação com indicação
O atodeinfracional
privação liberdade? foi cometido mediante violência ou…
36%
Maior gravidade do ato infracional; 105 77,21%
A família do(a) adolescente é “desorganizada”, os…
Reiteração de ato infracional (múltipla passagem); 26% 105 77,21%
O foi
O ato infracional adolescente temviolência
cometido mediante vinculação com
ou grave o crime…
ameaça; 10% 49 36,03%
A família do(a) adolescente é “desorganizada”, os membros estãoOutra 9%tem condições de oferecer a proteção
desempregados e não
35 25,74%
adequada;
Maior tempo de vinculação ao tráfico de drogas; 4%
O adolescente tem vinculação com o crime organizado ou facções criminosas; 13 9,56%
Maior tempo de vinculação ao tráfico de drogas;Não sabe informar 3% 5 3,68%
O ato
O adolescente vive em infracional
uma região muitoproduziu comoção
pobre e violenta, social;
que não 3%condições de desenvolvimento ou de afastamento 4
oferece a ele(a)
2,94%
das redes criminosas;
O adolescente abandonou a escola; 3%
O adolescente está ameaçado(a) de morte; 4 2,94%
O adolescente está ameaçado(a) de morte;
O adolescente abandonou a escola;
3% 4 2,94%
O ato O adolescente
infracional produziu vive emsocial;
comoção uma região muito pobre e… 3% 4 2,94%
Prefere não
Dependência química ou uso abusivo de substâncias responder
psicoativas 2%cocaína, crack, etc.)
(maconha, álcool, 1 0,74%
O adolescenteO apresenta
adolescenteindíciostem tatuagens,
de psicopatia, vestimentas
falta de e… 1%pela sociedade ou pelas vítimas;
empatia ou consideração 1 0,74%
O adolescente não possui endereço fixo ou está em situação de rua; 1 0,74%
O adolescente não possui endereço fixo ou está em… 1%
O adolescente tem tatuagens, vestimentas e adornos alusivos a facções, gangues, ou faz uso de gírias, entre outros maneirismos; 1 0,74%
OO adolescente
meio aberto na minhaapresenta
Comarca não indícios
funciona,de psicopatia,
ou funciona de formafalta… 1% estrutura técnica e administrativa frágil, com
precária (com
0 0,00%
Dependência
poucos recursos) química ou uso abusivo de substâncias… 1%
Não sabe informar 4 2,94%
O meio aberto na minha Comarca não funciona, ou… 0%
Prefere não responder 3 2,21%
Outra 12 8,82%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 136

Ao observar a tabela com os motivos para aplicação de medidas socioeducativas em 65


meio fechado, foi possível notar que 53,7% dos/as promotores/as de justiça afirmaram motivos
que estão fora da previsão legal para a aplicação deste regime, o que representa uma violação
PESQUISA MEIO ABERTO

ofereceram essa representação. Essa mesma medida restritiva de liberdade e, concomitan-


pergunta, sobre a frequência de representações temente, determinantes para a indicação da
oferecidas pelo Ministério Público foi feita aos/às remissão com medidas socioeducativa em meio
defensores/as públicos/as, os/as quais tiveram aberto. Para além desses fatores, a vulnerabi-
percepções muito similares às dos/as promo- lidade familiar aparece de maneira destacada:
tores/as de justiça: 52% dos/as defensores/as tanto as respostas desta seção como as respostas
públicas têm a percepção de que o Ministério sobre este tema contidas nas sessões anterio-
público frequentemente oferece representação res indicam que os atores do Sistema de Justiça
e para 11% dos/as mesmos/as respondentes o entrevistados/as consideram central a família
Ministério público sempre oferece. como fator de proteção e entendem como motivo
Ainda sobre a frequência, porém em rela- para o encaminhamento para cumprimento de
ção à representação com indicação de medida de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e/
internação quando o/a adolescente está ameaça- ou em meio fechado. Chama especial atenção o
do/a de morte, 32,1% dos/as promotores/as de fato de que um quinto dos/as promotores/as de
justiça alegaram que raramente oferecem esse justiça afirmam que a família ser pouco prote-
tipo de indicação, 27,3% afirmaram que nunca tiva seria um dos motivos para aplicar a medida
ofereceram e 19% ofereceram frequentemente. socioeducativa de internação. Dessa forma, colo-
Este último dado provoca preocupação, haja cam-se as seguintes questões: por que este é um
vista que não há qualquer previsão legal para a fator que justifica a internação? E como esta
aplicação da medida socioeducativa de interna- situação de vulnerabilidade familiar é avaliada
ção, isto é, restritiva de liberdade, destinada ao/à se, de maneira geral, não se realiza o estudo
adolescente em situação de ameaça de morte ou social?
qualquer outra situação de risco. O emprego da Parcela grande dos/as responden-
restrição de liberdade, nesses casos, se configura tes entendem que a família considerada mais
como mais uma violação de direitos a que os/as vulnerável (mesmo com uma avaliação pouco
adolescentes
Em podem
relaçãosera submetidos/as
frequência de quando aprofundada
representação oferecidaa respeito deste aspecto,
ao/à adolescente haja vista
a quem se
se encontram
atribuiu autoriaem desituações de extremo
ato infracional, risco, tal
em 2018, a significativa
54% dos/as ausênciadedejustiça
promotores/as estudos e pareceres
responderam
como a ameaça de morte. técnicos acerca das famílias e dos/as adolescen-
que, frequentemente, oferecem representação; 14,6% alegaram que sempre ofereceram essa
Neste tópico, sobre os critérios para a tes, apontada nos dados anteriores) pode ser
representação e 13,1% afirmaram que raramente ofereceram
um dos motivosessapara
representação. Essa mesma
que o/a adolescente seja
aplicação das medidas, foi possível perceber que,
pergunta, sobre a frequência de representações oferecidas pelo Ministério
encaminhado/a para o Público foi feita
cumprimento aos/às
da medida
quando não há concessão da remissão simples
defensores/as
nem o arquivamento públicos/as,
do caso,os/as quais tiveram
a gravidade do percepções de
socioeducativa muito similareso às
internação, que dos/as
supõe
promotores/as de justiça: 52,3% dos/as
ato e a múltipla passagem do/a adolescente são defensores/as
uma públicas
atuação quetêm a percepção
promove a de que
criminalização o
Ministério público frequentemente
fatores determinantes para a indicaçãooferece
de uma da pobrezae associada
representação para 11,2% ao retorno
dos/as aos paradig-
mesmos/as
respondentes o Ministério público sempre oferece.mas, supostamente superados, instituídos pela

Quando o Ministério Público oferece representação contra o/a adolescente autor/a de ato
Com qual frequência a promotoria / promotor ofereceu representação contra o adolescente a quem se atribuiu
autoria de ato infracional em 2018?
infracional?
Promotor Percepção do Defensor
Prefere não responder 7%
Sempre 7% 20 14,60% 12 11,21%
Frequentemente 74 54,01% 56 52,34%
Não sabe informar 22%
Raramente 9% 18 13,14% 6 5,61%
Nunca 4 2,92% 1 0,93%
Nunca 1%
Não sabe informar 3% 12 8,76% 24 22,43%
Prefere não responder 6% 9 6,57% 8 7,48%
Raramente 13%
Total 137 107

Frequentemente 52%
54%

Sempre 11%
15%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Percepção do Defensor Promotor

66 Ainda sobre a frequência, porém em relação à representação com indicação de medida


de internação quando o/a adolescente esta ameaçado de morte, 32,1% dos/as promotores/as de
internação, isto é, restritiva de liberdade, destinada ao/à adolescente em situação de ameaça de
morte ou qualquer outra situação de risco. O emprego da restrição de liberdade, nesses casos,
se configura como mais uma violação de direitos
Parte I: Panorama a Atendimento
da política de que os/as adolescentes
Socioeducativo podem
em Meio Aberto ser
(2017 e 2018)
submetidos/as quando se encontram em situações de extremo risco, tal como a ameaça de
morte.
Com que frequência o o/a promotor/a de justiça ofereceu representação com indicação
Comde medida
que deointernação,
frequência em 2018,
Sr. (Sra.) ofereceu quandocom
representação o/aindicação
adolescente estava
de medida de
internação, em 2018, quando oameaçado/a de morte?
adolescente estava ameaçado de morte?
Sempre 5 5,95%
Frequentemente 16 19,05%
Raramente 27 32,14%
Sempre
Nunca 6% 23 27,38%
Não sabe informar 6 7,14%
Frequentemente 19%
Prefere não responder 7 8,33%
Raramente 32%
Nunca 27%
Total 84
Não sabe informar 7%
Prefere não responder 8%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

concepção menorista. Esta decisão só agrava a e do Adolescente, a vulnerabilidade da famí-


situação de vulnerabilidade que os/as adolescen- lia não está prevista dentro das hipóteses legais,
tes vivenciam e que já foi identificada pelos/as de modo que esse fundamento não encontra
operadores/as do direito como ‘um/o’ problema. amparo legal para ser utilizado como argumento
A atuação, portanto, mostra-se contraditória, para a decisão judicial de aplicar uma medida
na medida em que assevera a vulnerabilidade socioeducativa em meio fechado.
que busca combater. Aponta, por sua vez, para a A internação deve ser a última opção
necessidade de investimento massivo em equipes eleita pelos/as operadores/as do direito13, e,
técnicas especializadas na área social para subsi- ainda, é um fator que aumenta o risco e a vulne-
diar os/as operadores/as do direito e fomentar rabilidade do/a adolescente e sua família, pois
a reflexão destes atores sobre o real contexto as unidades socioeducativas de meio fechado, na
dos/as adolescentes e suas famílias, o signifi- maioria das vezes, localizam-se distantes da resi-
cado de fatores de proteção e fatores de risco12 e, dência das famílias, aumentando os gastos com
sobretudo, acerca do impacto das decisões profe- deslocamento para visitas, bem como corrobo-
ridas por representantes das instituições que rando para a fragilização dos vínculos familiares
compõem o Sistema de Justiça no contexto sócio e comunitários do/a adolescente. Muitas vezes
familiar deste/a adolescente. os/as adolescentes também são responsáveis por
A constatação de que uma família seria garantir parcela da renda da casa, o que torna as
vulnerável, conforme aponta a legislação especí- famílias ainda mais vulneráveis sem poder contar
fica, não pode ser um dos motivos considerados com este/a trabalhador/a. Há também a chance
no momento de aplicar, ou não, uma medida de sofrer violência nas unidades, fato que pôde
socioeducativa, sobretudo restritiva de liber- ser observado na seção que trata da violência
dade, tal como a medida de internação. De contra o adolescente, especificamente no gráfico
acordo com o Artigo 122 do Estatuto da Criança que aponta a unidade de meio fechado como o
segundo maior motivo de queixa de violência por
12
Fatores de proteção e de risco são conceituações que pos- parte dos/as adolescentes nas audiências.
suem maior utilização nas políticas de Saúde, mas se adequam
de forma a corroborar para as análises em torno das situações Merece destaque o dado já apresentado
que colocam em risco, ou protegem, no caso em tela, crianças no gráfico correspondente à soma de 19% dos/
e adolescentes. Nesse sentido, os fatores de risco referem-se às as promotores/as de justiça que apontaram a
situações, condições e/ou pessoas, a que crianças e adolescen-
tes estão expostas, cujos elementos e ações interferem de forma
indicação pelo cumprimento de medida socioe-
prejudicial no desenvolvimento e bem-estar delas. Por conse- ducativa de internação quando o/a adolescente
guinte, os fatores de proteção referem-se às situações, condi- está ameaçado de morte. A medida de internação,
ções e/ou pessoas com as quais crianças e adolescentes têm
contato ou estão expostas, cujos elementos e ações influenciam
de maneira benéfica no seu desenvolvimento e nas suas condi- 13
Já que por meio do SINASE, conforme outrora indicado,
ções de vida. Dentre estas condições, situações e pessoas com- reforça-se a excepcionalidade das medidas de internação e o
preendem-se a família, a escola, a comunidade, os/as amigos/ princípio da brevidade do tempo da medida, além de parâme-
as, as condições de subsistência e sobrevivência, possibilidades tros estruturais para as instalações das unidades de atendi-
de acesso às políticas públicas, dentre outros. mento.

67
e, ao contrário de proteger, expõe os/as adolescentes a violências de outra ordem - sendo a
privação de liberdade a maior delas.
PESQUISA MEIO ABERTO
A situação de vulnerabilidade a que estão submetidos os/as adolescentes e suas
famílias precisa ser objeto de atuação do Sistema de Justiça que deve atuar com objetivo de
neste caso,
defender está sendo
e garantir aplicada
direitos das sob a noção
crianças e dos aspectos daAssim,
de adolescentes. vida do/a adolescente
ao contrário estão em
de culpabilizar
proteção,
as contudo,
famílias, o SistemadivergededeJustiça
todas as deveria ser o discussão
previsões e, talvez,
principal entre sob termos
a cobrar que aquele/a
do Estado melhorese
legais e, ao socioeconômicas
condições contrário de proteger, expõe os/as
e culturais para que suaessas
família não tenham
famílias domínio. Não
se desenvolvam deé forma
difícil
adolescentestendo
adequada, a violências
acessode outra
aos bensordem
e serviços imaginarEntretanto,
- sendoessenciais. que, ao fim das sessões
quando se tratade do
oitiva, o/a
conflito
a privação de liberdade a maior delas. adolescente e sua
com a lei, percebe-se uma tendência a individualização da responsabilização por meio de família e/ou responsável não
A situação
restrição de vulnerabilidade
de liberdade, a que estão das
além do recrudescimento tenham plena
práticas compreensão
punitivistas das responsabiliza-
e coercitivas destinadas
não só aos/às adolescentes, mas também, às suas famílias e responsáveis. destas. Esta seção
submetidos os/as adolescentes e suas famí- ções atribuídas e o significado
lias precisa ser objeto de atuação do Sistema de coloca em discussão, a partir da quantificação
Justiça, que deveparaatuaracom objetivo de defender das participações de familiares e de defensores/
6.5 Condições defesa e para a orientação do adolescente
e garantir direitos das crianças e dos adoles- as nos procedimentos das oitivas informais, as
centes. Assim, ao contrário de culpabilizar as condições de oportunidades de defesa e de orien-
Esta seção destaca as oportunidades detação defesa e de orientação
oferecidas para o/a adolescente.
aos/às adolescentes.
famílias, o Sistema de Justiça deveria ser o prin-
Mesmo que não exista a obrigação da presença de/da defensor/a público/a durante as oitivas
cipal a cobrar do Estado melhores condições
informais, este tem sido um momento em que muitos aspectos da vida do/a adolescente estão
socioeconômicas e culturais para que essas famí-
em
lias discussão e, talvez,
se desenvolvam sob termos
de forma que aquele/a
adequada, tendo e6.5.1.sua família
PRESENÇA não tenham domínio. Não é difícil
DAS FAMÍLIAS
imaginar que, ao fim das sessões de
acesso aos bens e serviços essenciais. Entretanto, oitiva, o/a adolescente
DURANTE e sua
AS família
SESSÕES e/ou
DE responsável
OITIVA não
tenham plena compreensão das responsabilizações
quando se trata do conflito com a lei, percebe-se atribuídas
INFORMAL e o significado destas. Esta seção
coloca em discussão,
uma tendência a partir da quantificação
à individualização da responsabi-das participações de familiares e de defensores/as
nos procedimentos
lização das oitivas
por meio de restrição informais,
de liberdade, as condições
além De de oportunidades
acordo com o artigo de defesa
179 do eECA,de
orientação oferecidas
do recrudescimento aos/às
das adolescentes.
práticas punitivistas e compreende- se a presença de pais ou responsá-
coercitivas destinadas não só aos/às adolescen- veis pelo/a adolescente nos momentos junto ao
6.5.1. Presença das famílias
tes, mas também às suas famílias. durante as sessões Sistema de Justiça
de oitiva informal como uma recomendação. Ao
considerarmos que os procedimentos de apura-
De acordo com o artigo 179 do ECA (Lei n.8.069, ção do ato deinfracional
13 de julhoe,deconsequentemente,
1990), compreende- de
6.5.a CONDIÇÕES
se presença de pais PARA A DEFESA pelo/a adolescente
ou responsáveis oitivas são nos
vivenciados,
momentos em junto
geral,aocomo situações
Sistema de
E PARAcomo
Justiça A ORIENTAÇÃO
uma recomendação. DO/A Ao considerarmos ansiogênicas pelos/as adolescentes,
que os procedimentos faz-se do
de apuração neces-
ato
ADOLESCENTE
infracional sário refletir acerca
e, consequentemente, de oitivas são vivenciados, em geral, como situações das condições em que estes/
as são ouvidos/as.
ansiogênicas pelos/as adolescentes, faz-se necessário refletir acerca das condições em que
Esta seção
estes/as são ouvidos. destaca as oportunidades de Dessa forma, foi perguntado aos/às
defesa e Dessa forma, foi perguntado aos/às promotores/as de de
de orientação para o/a adolescente. promotores/as justiça
justiça se se paisououresponsáveis
pais responsáveis
Mesmo adolescente
pelo/a que não exista a obrigação
participam do da presença
procedimento pelo/a adolescente
de oitiva informal,participam
momento do emprocedimento
que 97,6%
de defensor/a
dos/das público/a durante
promotores/as de justiça as alegaram
oitivas infor- de oitiva
que essa informal,acontece.
participação momento em que 97,6% deles/
mais, este tem sido um momento em que muitos as alegaram que essa participação acontece.
Os pais ou o responsável pelo adolescente participam do procedimento de oitiva informal?
Pais ou o responsáveis pelo/a adolescente participam do procedimento de
Promotor oitiva informal?
Sim 122 97,60%
Não 1 0,80%
Sim
Não sabe informar 0 0,00% 98%
Prefere não responder 2 1,60%
Não 1%
Total 125
Não sabe informar 0%

Prefere não responder 2%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

6.5.2. PARTICIPAÇÃO DO/A DEFENSOR/A adolescente. No entanto, ao tratar-se do proce-


PÚBLICO/A NO PROCEDIMENTO DE dimento de oitiva informal, no artigo 179, a
OITIVA INFORMAL necessidade da presença de uma defesa técnica
ao/à adolescente foi omitida. Ao levar-se em
Conforme expresso no artigo 141 do ECA, conta que, no procedimento de oitiva informal,
o acesso ao acompanhamento de um/a defen- muitas informações acerca do/a adolescente e
sor/a público/a deveria ser garantido ao/à do ato infracional são colhidas, é fundamental

68
corroboraram com os dados deflagrados acima, pelos representantes do Ministério Público,
reafirmando que não participam dos procedimentos de oitivas informais realizados com
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
adolescentes cuja autoria de ato infracional esta sendo imputada.

Participação dos/das defensores/as públicos/as nas oitivas informais com


adolescentes

Sim 18%
7%

Há participação doNão 82%antes da


Defensor Público no procedimento de oitiva informal realizado com o adolescente
audiência de apresentação? 90%
Segundo os promotores Segundo os defensores
Sim 0%
9 7,09% 19 17,76%
Não sabe informar
Não 2%
114 89,76% 88 82,24%
Não sabe informar 2 1,57% 0 0,00%
Prefere não responder 0%
2 1,57% 0 0,00%
Prefere não responder
Total 2%
127 107

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Segundo os/as defensores/as Segundo os promotores

Apesar Motivos
do número parareduzido
a não participação dos/asnas
de participações defensores/as públicos/as
oitivas informais, existe semelhança
nas respostas que tratam sobre a convocação nasdos/as
oitivas defensores/as públicos/as. Dos 9 (nove)
respondentes que apontaram a participação dos/as defensores/as públicos/as, 4 (quatro)
Outros 16,85%
declararam que os/as defensores/as públicos/as são sempre 27,97% convocados/as. Semelhantemente,
entre os/as defensores/as Prefere não públicos/as
responder 3,37%
que afirmaram participar das oitivas, cerca de metade (9
3,39%
dos/as 19 respondentes) afirmaram
Não sabe informar ter recebido
3,37%
11,02%
convocação.
Quanto a principal razão para a não13,48%
Tempo insuficientes devido a alta demanda
participação do/a defensor/a público/a nas oitivas
0,00%
informais, 17,8% dos/as promotores/as de justiça alegaram que o/a defensor/a público/a não é
Não há previsão legal para a participação… 0,00% 8,99%
convocado/a para participar das oitivas informais e cerca de 12% relataram DEFENSOR/Aque a presença
PÚBLICO/Ado/a
0,00%
defensor/a Ausência
público/ade Defensoria pública no… porém
é autorizada, não há adesão24,58% de sua parte. Quando perguntado/a
PROMOTOR/A DE JUSTIÇA
diretamente para
O defensor públicoos/as defensores/as
é convocado, porém… 2,25%
públicos/as, 45% destes/as alegaram que não são
2,54%
convocados/as paranãoparticipar
O defensor público é convocado das
para…oitivas informais. 44,94%
17,80%
A presença do defensor público é… 2,25%
11,86%
A presença de defensor público nas… 4,49%
0,85%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00%

analisarmos a participação do/a defensor/a com adolescentes cuja autoria de ato infracional
público/a neste momento. está sendo imputada.
Quando questionados/as sobre a Apesar do número reduzido de participa-
participação do/a defensor/a público/a no proce- ções nas oitivas informais, existe semelhança nas
dimento de oitiva informal realizado com os/as respostas que tratam sobre a convocação dos/
adolescentes, antes da audiência de apresenta- as defensores/as públicos/as. Dos nove respon-
ção, quase 90% dos/as promotores/as de justiça dentes que apontaram a participação dos/as
afirmaram que os/as defensores/as públicos/as defensores/as públicos/as, quatro declararam
não participam, e 82,2% dos/as defensores/as que os/as defensores/as públicos/as são sempre
públicos/as corroboraram com os dados defla- convocados/as. Semelhantemente, entre os/as
grados acima, pelos representantes do Ministério defensores/as públicos/as que afirmaram parti-
Público, reafirmando que não participam dos cipar das oitivas, cerca de metade (nove dos/
procedimentos de oitivas informais realizados as 19 respondentes) afirmaram ter recebido
convocação.

69
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) relataram que não participam das audiências, dado
que será apresentado e discutido de maneira mais aprofundada no capítulo referente ao
atendimento promovido no âmbito da política de Assistência social.
PESQUISA MEIO ABERTO

Participação do/a advogado/a da Assistência Social nas oitivas informais de


adolescentes vinculados aos serviços da Assistência Social
O advogado da Assistência Social participa de oitivas informais nas situações em que o
adolescente está vinculado a unidades de acolhimento (abrigo) ou a outro equipamento público do
SUAS? Sim 21%
17%
Promotor Defensor
Sim Não 21 16,54% 4 63% 21,05%
69%
Não 87 68,50% 12 63,15%
Não
Não sabe informar 15
sabe informar 16%11,81% 3 15,78%
12%
Prefere não
40% 3,15% 0 0,00%
responder
Prefere não responder 3%
Total 127 19
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Defensor Promotor

Quanto à principal razão para a não promotores/as de justiça afirmaram que rofis-
participação do/a defensor/a público/a nas oiti- sionais da Assistência Social não participam
vas informais, 17,8% dos/as promotores/as das oitivas informais nas situações enumera-
de justiça alegaram que o/a defensor/a públi- das acima. A mesma informação foi reforçada
co/a não é convocado/a para participar das por 63% do/as defensores/as públicos/as. Além
oitivas informais e cerca de 12% relataram que disso, 66,4% dos/as profissionais que compõem
a presença do/a defensor/a público/a é autori- a equipe técnica dos CREAS, que possuem
zada, porém não há adesão de sua parte. Quando o serviço de Proteção Social a Adolescentes
perguntado/a diretamente para os/as defenso- em Cumprimento de Medida Socioeducativa
res/as públicos/as, 45% destes/as alegaram que de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de
não são convocados/as para participar das oiti- Serviços à Comunidade (PSC) relataram que
vas informais. não participam das audiências, dado que será
apresentado e discutido de maneira mais apro-
fundada no capítulo referente ao atendimento
6.5.3. PARTICIPAÇÃO DOS/AS promovido no âmbito da Política de Assistência
PROFISSIONAIS DO DIREITO QUE Social.
ATUAM NO SERVIÇO DE PROTEÇÃO Apesar de pais e responsáveis participa-
SOCIAL A ADOLESCENTE EM rem das oitivas informais, aspecto importante
CUMPRIMENTO DE MEDIDA para a compreensão da realidade do/a adoles-
SOCIOEDUCATIVA EM MEIO ABERTO, cente, o fato de não haver a participação dos/
NAS OITIVAS INFORMAIS NOS CASOS EM as defensores/as públicos/as e componentes
QUE O/A ADOLESCENTE ENCONTRA-SE da equipe técnica dos CREAS nos processos de
INSTITUCIONALIZADO/A NAS UNIDADES oitiva informal dos/as adolescentes pode limi-
tar as possibilidades de defesa do/a adolescente
DE ACOLHIMENTO DA POLÍTICA DE
diante dos/as promotores/as de justiça. Além de
ASSISTÊNCIA SOCIAL
limitar a possibilidade de defesa dos/as adoles-
centes, a ausência do/a defensor/a público/a
No que diz respeito à participação os/
e de representantes das equipes técnicas dos
as profissionais do Direito (advogado/a) que
CREAS, nestes momentos de oitivas informais,
compõem a equipe técnica dos diversos equi-
poderá dificultar a compressão do/a adoles-
pamentos e serviços que executam a política de
cente sobre o que de fato está sendo feito por
atendimento socioeducativo, nas oitivas infor-
meio dos procedimentos judiciais em voga, as
mais, nas situações em que o/a adolescente
consequências do ato praticado e o que poderá
está vinculado/a às unidades de acolhimento
prejudicá-lo/a, diante das possibilidades de
(anteriormente chamadas de abrigo) ou a
defesa que se colocam. Tais limitações poderão
outro equipamento público do Sistema Único
refletir no entendimento e envolvimento do/a
da Assistência Social (SUAS), 68% dos/as
adolescente com relação ao processo judicial e

70
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

social da medida socioeducativa, podendo este, 6.6. ATENDIMENTO NO SISTEMA


de alguma forma, perder o sentido diante da DE JUSTIÇA – AUDIÊNCIAS DE
ausência de compreensão e transparência. Desta APRESENTAÇÃO
forma, foi possível concluir que há um foco nos
procedimentos judiciais, legais, processuais e Semelhante à subseção que tratou as
formais no âmbito do Sistema de Justiça, desa- especificidades das oitivas informais, esta subse-
parecendo o aspecto fundamental da defesa e ção foi construída, destacando o embasamento
garantia dos direitos e da proteção social desti- para as decisões, os critérios declarados pelos/
nada aadolescentes que se encontram em as juízes/as para estabelecer as medidas socioe-
atendimento pelas instituições que o compõem. ducativas que serão aplicadas e também as
Uma questão relevante acerca deste tema oportunidades de defesa e de orientação ofereci-
é o fato de que um quarto dos/as promotores/ das ao/à adolescente.
as de justiça afirmam que nos municípios não há Para melhor compreensão desta seção,
Defensoria Pública estabelecida e cerca de um recomenda-se revisar a primeira seção deste
quinto dos/as promotores/as de justiça dizem capítulo, que trata sobre a experiência acumu-
que o/a defensor/a público/a não é convoca- lada pelos/as juízes/as na temática da infância
do/a para a audiência. Ou seja, observa-se uma e juventude e sobre o nível de especialização das
ausência da presença da Defensoria Pública Varas.
em algumas comarcas14, o que gera ainda mais
efeitos nas dificuldades de participação dos/
as representantes desta instituição no acompa- 6.6.1. SOBRE AS AUDIÊNCIAS DE
nhamento dos/as adolescentes cuja autoria de APRESENTAÇÃO
ato infracional foi imputada e, assim como dos/
das adolescentes em cumprimento de Medidas Conforme dispõe o Art. 184 do Estatuto
Socioeducativas em Meio Aberto. Tal situação da Criança e do Adolescente, a audiência de
nos aponta uma situação de extrema fragili- apresentação é o momento em que o/a adoles-
dade, visto que faz relação com a necessidade de cente será ouvido/a pelo/a juiz/a acerca do ato
ampliação do trabalho da Defensoria Pública, infracional a ele/ela atribuído, estando, obri-
de forma a abranger todos os municípios brasi- gatoriamente, acompanhado de seu(s)/sua(s)
leiros, criando estrutura física nas localidades responsável(is) legal(is). Essas audiências
ou estratégias para se mostrar presente, sobre- devem ocorrer no prazo de até uma semana após
tudo nos municípios menores e mais longínquos, a apreensão em flagrante do/a adolescente e tem
e ainda reforça a importância do/a adolescente por objetivo definir a aplicação, ou não, da inter-
ter garantido o direito de acesso a um/a profis- nação provisória, que pode durar até 45 dias, até
sional que o/a defenda, haja vista ser este um que seja anunciada a sentença definitiva/deter-
direito constitucional a ser defendido e efetivado. minação judicial destinada ao/à adolescente.
Embora Dados obtidos por meio dessa pesquisa,
porém, indicam que tal direito tem sido demasia-
damente violado. 6.6.2. EMBASAMENTO EM ESTUDOS
PSICOSSOCIAIS E PARECERES TÉCNICOS
14
Dados obtidos pela ANDEP, no ano de 2013, revelam que das Como apresentado anteriormente, na
2.680 comarcas brasileiras, apenas 28% eram atendidas pela subseção sobre a equipe técnica multiprofis-
Defensoria Pública, estando, portanto, mais de 1.900 comar-
sional (composta por psicólogo(a) e assistente
cas sem o atendimento destes/as profissionais – exatas 1.926
comarcas. Destacamos ainda que os dados mais recentes, ob- social), ao serem questionados/as se a Vara
tidos em 2021, por meio de um levantamento realizado por possui esta equipe, responsável pela realização
Migalhas, em todos os estados brasileiros e no Distrito Fede- de estudos sociais, relatórios técnicos, laudos
ral, revelaram que em 12 estados brasileiros houve queda no
número de defensores/as públicos/as ativos, se comparados os de avaliação psicológica, pareceres sociais,
números de 2020. Dos estados que se destacam nessa queda entre outras atribuições possíveis, 50,4% dos/
temos o Rio de Janeiro, com a diminuição mais significativa, as juízes/as de conhecimento responderam que
seguido dos estados do Paraná e de Rondônia. Dos 26 estados
e DF, 13 Estados obtiveram aumento na quantidade de defen- a Vara conta com equipe técnica e, destes/as
sores/defensoras públicos/as. Somente nos estados do Acre e mesmos/as respondentes, cerca de 61% afirma-
do Rio Grande do Sul o número de defensores/defensoras se ram que solicitam a estes profissionais, sempre
manteve o mesmo. Disponível em: https://migalhas.uol.com.
br/quentes/338918/13-estados-reduziram-o-numero-de-de-
ou frequentemente, a elaboração de estudos
fensores-publicos- em-2020. Acesso em 15 de janeiro de 2021. sociais, relatórios técnicos, laudos e pareceres.

71
multiprofissionais que atuam nas Varas foi considerada satisfatória ou muito satisfatória por 77%
dos/as juízes/as respondentes.
PESQUISA MEIO ABERTO

São disponibilizados estudos sociais, relatórios técnicos e laudos de avaliação


psicológica sobre o adolescente e seu contexto com antecedência da realização
de audiências?
São disponibilizados estudos sociais, relatórios técnicos e laudos de avaliação psicológica
sobre o adolescente e seu contexto com antecedência da realização de audiências?

Sim 38 62,30%

Não Sim 21 34,43% 62%


Não sabe informar 0 0,00%

Prefere não responder 2 3,28%

Total 61
Não 34%

Qual é seu grau de satisfação com a contribuição da equipe técnica da Vara nas audiências, por meio da apresentação de estudos sociais, relatórios

Não sabe informar


técnicos e laudos de avaliação psicológica sobre o adolescente e seu contexto?

0%
Muito insatisfeito(a) 3 4,92%
Insatisfeito(a)

3 4,92%
Satisfeito(a)

27 44,26%
Muito satisfeito(a)

Prefere não responder


Não sabe informar 3% 20 32,79%

3 4,92%
Prefere não responder

5 8,20%

Total 0% 10%61 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Qual é seu grau de satisfação com a contribuição da equipe técnica da Vara


nas audiências, por meio da apresentação de estudos sociais,
relatórios técnicos e laudos de avaliação psicológica sobre
o/a adolescente e seu contexto?

Muito insatisfeito(a) 4,92%


Insatisfeito(a) 4,92%
Satisfeito(a) 44,26%
Muito satisfeito(a) 32,79%
Não sabe informar 4,92%
Prefere não responder 8,20%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

6.6.3. Critérios
Contudo, cerca depara
28%decisão sobre as
dos/as juízes/as medidaspsicossocial
afirma- socioeducativas
antes daque serão de
realização aplicadas
audiências e
ram que raramente solicitam à equipe técnica 34,4% afirmaram que não são disponibilizados
multiprofissional a elaboração de estudos sociais, esses estudos sociais, relatórios técnicos, laudos
6.6.3.1 Critérios
relatórios técnicos para concessão
e laudos de avaliaçãode psicoló-
Remissãode simples
avaliação psicológica e pareceres sociais antes
gica e pareceres sociais sobre o/a adolescente, das audiências. Essa contribuição das equipes
sua famíliaApós a decisão
e contexto do Ministério Público sobre
psicossocial. a concessão
técnicas da remissão
multiprofissionais ou atribuição
que atuam nas Varasde
ato infracional
Ainda comao/à adolescente,
relação são atribuições
aos/às juízes/as que do/a juiz/asatisfatória
foi considerada “conheceroude representações
muito satisfatória
promovidas
afirmaram quepelo Ministério
a Vara Público,
possui uma para
equipe apuração
técnica porde77%
atodos/as juízes/as
infracional respondentes.
atribuído ao/à adolescente,
aplicando as medidas
multiprofissional, cabíveis”
62,3% ou “conceder
responderam que a remissão, como forma de suspensão ou extinção
são disponibilizados
do processo”. Destaestudos
maneira,sociais,
nesterelatórios
tópico, serão abordadas as questões referentes à decisão
técnicos, laudos
do/a juiz/a sobredeaavaliação
aplicação psicológica
das medidase pare-
socioeducativas, feitas no momento da audiência de
ceres sociais sobre o/a adolescente e seu contexto
apresentação, que podem ser pela homologação da remissão simples ou pela aplicação da
medida socioeducativa.
Sobre a frequência com que os/as juízes/as homologaram remissão simples concedida
por representante do Ministério Público – MP, em oitivas informais realizadas em 2018, quase
72
34% afirmaram que homologaram, frequentemente, essa remissão, 27,2% alegaram que sempre
homologaram essa remissão quando concedida pela MP, cerca de 20% indicaram que raramente
aplicando as medidas cabíveis” ou “conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção
do processo”. Desta maneira, neste tópico, serão abordadas as questões referentes à decisão
do/a juiz/a sobre a aplicação das medidas Parte I:socioeducativas, feitas noSocioeducativo
Panorama da política de Atendimento momentoemda audiência
Meio Aberto (2017 de
e 2018)

apresentação, que podem ser pela homologação da remissão simples ou pela aplicação da
medida socioeducativa.
6.6.3. CRITÉRIOS PARA DECISÃO SOBRE de ato infracional atribuído ao/à adolescente,
AS MEDIDASSobreSOCIOEDUCATIVAS
a frequência com que os/as
QUE juízes/as homologaram
aplicando remissão
as medidas simples
cabíveis” ou concedida
“conceder a
por representante
SERÃO APLICADAS do Ministério Público – MP, em remissão, como forma
oitivas informais de suspensão
realizadas em 2018, ou quase
extinção
34% afirmaram que homologaram, frequentemente,do processo”.
essa remissão, Desta
27,2%maneira, nesteque
alegaram tópico,
sempre serão
abordadas as questões
homologaram essa remissão quando concedida pela MP, cerca de 20% indicaram que raramente referentes à decisão do/a
juiz/a sobre a aplicação das medidas socioe-
homologaram e 10,74% afirmaram nunca ter homologado mesmo sob indicação de concessão
6.6.3.1. CRITÉRIOS PARA CONCESSÃO DE ducativas, feitas no momento da audiência de
do MP. Seria importante refletirmos em torno dos motivos pelos quais estes/as profissionais, que
REMISSÃO SIMPLES apresentação, que podem ser pela homologação
informaram raramente e nunca acatarem a indicação do Ministério
da remissão simplesPúblico, apresentarem
ou pela aplicação tal
da medida
posicionamento, já que representam cerca
Após a decisão do Ministério Público de um terço dos/as
socioeducativa. profissionais respondentes,
número
sobre a extremamente significativo
concessão da remissão diante dasdeconsequências
ou atribuição de tal decisão. Da mesma forma,
Sobre a frequência com que os/as juízes/
cabe destacar, a relevância de termos obtido,
ato infracional ao/à adolescente, são atribuições para essa questão,
as homologaram umremissão
quantitativo superior
simples a 60%por
concedida
dos/as respondentes
do/a juiz/a “conhecer de que afirmaram acatar
representações promo-e homologar
representante do Ministério Público (MP),daem
a remissão simples a partir
vidas pelo do
concessão Ministério
MinistérioPúblico,
Público. para apuração oitivas informais realizadas em 2018, quase 34%

Frequência com
Com qual que juízes/as
frequência homologaram
V.Exa. homologou remissão
remissão simples concedidasimples
por concedida por
representante do Ministério
representante Público
do Ministério Público em informais
em oitivas oitivasrealizadas
informais realizadas em 2018?
em 2018?
Juízes
Sempre 33 27,27%
Frequentemente 41 33,88%
Sempre
Raramente 27% 24 19,83%
Nunca
Frequentemente 13 10,74%
34%
Não sabe informar 8 6,61%
Raramente
Prefere não responder 20% 2 1,65%
Total
Nunca 121
Em relação aos três 11%principais fatores, relacionados ao/à adolescente, que mais
influenciam
Não sabe na decisão dos/as
informar 7% juízes/as ao conceder remissão simples, as seguintes alternativas
se destacam
Prefere como mais2%mencionadas: a circunstância da primeira passagem do/a adolescente
não responder
(62,8%), menor gravidade do ato infracional (62,8%), situação familiar do/a adolescente,
presença dos pais e/ou 0% responsável
10% 20%(is) 30%
na vida40% 50% 60% e família
do/a adolescente 70% 80% estrutura
com 90% 100%
capaz
de fornecer apoio e disciplina (56,2%).

Três
Quais são os trêsprincipais
principaisfatores
fatoresrelacionados
relacionadosao/à adolescenteque
ao adolescente quemais
maisinfluenciam
influenciam
em sua decisão na decisão
ao conceder de juízes/as
remissão ao conceder remissão simples
simples?
É a primeira passagem do adolescente; 76 62,81%
MenorÉgravidade
a primeira do ato infracional;
passagem do adolescente; 76
63% 62,81%
Situação Menor
familiar do adolescente/
gravidade presença dos pais na vida do
do ato infracional; 63% 56,20%
68
adolescente/ família com estrutura capaz de fornecer apoio e disciplina
Situação familiar do adolescente/ presença dos… 56%
O adolescente está na escola, matriculado regularmente; 30 24,79% O
O adolescente está na escola, matriculado…
ato infracional cometido não justifica continuidade do processo; 25% 21 17,36% O
O ato infracional
adolescente mostra-secometido não justifica…
arrependido do ato infracional; 17% 15 12,40%
O comportamento
O/a do adolescente;
adolescente mostra-se arrependido do ato… 12% 12 9,92%
Recomendação por parecerdoemitido
O comportamento pela equipe técnica
adolescente; 10% que atendeu o
adolescente antes do procedimento de oitiva ou de audiência de 5 4,13% apresentação
Recomendação
Recomendação por parecer emitido
por parecer pela equipe…
emitido pelo técnico4%da equipe interdisciplinar
Recomendação por parecer emitido pelo técnico… 2% 3 2,48%
da Vara
A idade do adolescente à época do
A idade do adolescente à época do cometimento…cometimento 2%do ato; 3 2,48%
Condição
Condiçãodedesaúde
saúde mental
mental dodo adolescente;
adolescente; 3 2,48%
2%
Maior ou menor tempo decorrido desde a data do ato infracional à luz dos
Maior ou menorda tempo decorrido desde a datae do… 1 0,83%
princípios atualidade, imediatidade intervenção precoce
Não sabe informar Não sabe informar 1 0,83%
Prefere não responderPrefere não responder 0 0,00%
Outro Outro 17% 20 16,53%
Total 121
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

73
6.6.3.2. Critérios para conferir Medida Socioeducativa em Meio Aberto
PESQUISA MEIO ABERTO

afirmaram que homologaram, frequentemente, 6.6.3.2. CRITÉRIOS PARA CONFERIR


essa remissão, 27,2% alegaram que sempre MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM MEIO
homologaram essa remissão quando concedida ABERTO
pelo MP, cerca de 20% indicaram que raramente
homologaram e 10,74% afirmaram nunca ter Quando questionados/as sobre o que mais
homologado mesmo sob indicação de concessão influencia em sua decisão ao conferir medida
do MP. Seria importante refletirmos em torno socioeducativa em meio aberto (Liberdade
dos motivos pelos quais estes/as profissionais, Assistida e Prestação de Serviço à Comunidade),
que informaram raramente e nunca acatarem a os/as juízes/as destacaram os seguintes fatores:
indicação do Ministério Público, apresentarem a gravidade do ato infracional (69%); a primeira
tal posicionamento, já que representam cerca passagem do/a adolescente (55%) e a situação
de um terço dos/as profissionais responden- pessoal e familiar do/a adolescente não deman-
tes, número extremamente significativo diante dar maiores intervenções para fins de integração
das consequências de tal decisão. Da mesma social (32%). A situação desfavorável, a ausência
forma, cabe destacar, a relevância de termos de pais e/ou responsáveis na vida do/a adoles-
obtido, para essa questão, um quantitativo supe- cente, e a família ser vista como desestruturada
rior a 60% dos/as respondentes que afirmaram e incapaz de fornecer apoio e disciplina foi item
acatar e homologar a remissão simples a partir apontado por 23,1%, enquanto, 14,88% afirma-
da concessão do Ministério Público. ram a maior necessidade de acompanhamento
Em relação aos três principais fatores por período de tempo mais largo e outros 14,88%
relacionados ao/à adolescente que mais influen- afirmaram considerar a situação escolar do/a
ciam na decisão dos/as juízes/as ao conceder adolescente.
remissão simples, as seguintes alternativas se No que concerne a frequência com que
destacam como mais mencionadas: a circuns- os/as juízes/as aplicaram medida socioedu-
tância da primeira passagem do/a adolescente cativa de Liberdade Assistida (LA,) em 2018,
(63%), menor gravidade do ato infracional (63%), quando o/a adolescente, autor de ato infracional,
situação familiar do/a adolescente, presença dos estava em situação de alta vulnerabilidade, em
pais e/ou responsável (is) na vida do/a adoles- situação de rua ou de drogadição, 40,1% dos/as
cente e família com estrutura capaz de fornecer juízes/as afirmaram que aplicaram essa medida
apoio e disciplina (56%) frequentemente, 9,8% afirmaram sempre aplicar

Quais são osQuais são osfatores


três principais três principais fatores sua
que mais influenciam quedecisão
mais aoinfluenciam suasocioeducativa
conferir medida decisão ao em meio
aberto? conferir medida socioeducativa em meio aberto? (Liberdade Assistida e
Liberdade Assistida e Prestação dePrestação de Serviço à Comunidade)
Serviço à Comunidade
A gravidade do ato infracional 84 69,42%
Primeira passagem do adolescente; 66 54,55%
A situação pessoal e familiar do adolescente não demanda maiores intervenções para fins de integração social 39 32,23%
Situação familiar desfavorável/ ausência dos pais na vida do adolescente/ família “desestruturada”, incapaz de fornecer apoio e disciplina 28 23,14%

Situação escolar do adolescente


A gravidade do ato infracional
Maior necessidade de acompanhamento por período de tempo mais largo (necessidade de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente por um prazo mínimo de 6 meses)
69%
18
18
14,88%
14,88%
Situação de elevada vulnerabilidade social e familiar do(a) adolescente
55% 10 8,26%

A situação pessoal e familiar do adolescente não… 32%


O/A adolescente está ameaçado de morte 4 3,31%
Ausência de vaga em unidade de internação 3 2,48%
Como progressão de uma medida de privação de liberdade
Dependência química ou uso abusivo de substâncias psicoativas (maconha, álcool, cocaína, crack, etc.)
23% 3
3
2,48%
2,48%

Maior necessidade de acompanhamento por…


Confiança na capacidade técnica e estrutura dos equipamentos que executam a MSE de LA
Menor idade do(a) adolescente à época do cometimento
3
1
2,48%
0,83%
A carga horária da medida; 0 0,00%

Situação de elevada vulnerabilidade social e familiar…


Não sabe informar 1 0,83%
Prefere não responder 1 0,83%
Outra. Qual? 35 28,93%
Total 121

Ausência de vaga em unidade de internação


Dependência química ou uso abusivo de substâncias…
Menor idade do(a) adolescente à época do…
Não sabe informar
Outra. Qual?
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

No que concerne a frequência com que os/as juízes/as aplicaram medida


socioeducativa de Liberdade Assistida - LA, em 2018, quando o/a adolescente, autor de ato
infracional, estava em situação de alta vulnerabilidade, em situação de rua ou de drogadição,
40,16% dos/as juízes/as afirmaram que aplicaram essa medida frequentemente, 9,84%
74
afirmaram sempre aplicar medida socioeducativa de LA nos casos elencados, 27,87% aplicaram
a medida socioeducativa de LA raramente e 9,84% informaram nunca ter aplicado medida
Situação de elevada vulnerabilidade social e familiar…
Prefere não responder 1 0,83%
Outra. Qual? 35 28,93%
Total 121

Ausência de vaga em unidade de internação


Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
Dependência química ou uso abusivo de substâncias…
Menor idade do(a) adolescente à época do… de forma gradativa com a aplicação de cada MSE
medida socioeducativa de LA nos casos elenca- isoladamente.
dos, 27,8% aplicaram a medida Não sabe informar
socioeducativa
de LA raramente e 9,8% informaram nunca ter Por fim, quando perguntados/as sobre
Outra. Qual? a frequência com que os/as juízes/as aplicaram
aplicado medida socioeducativa de L.A nos casos
mencionados. 0%medida
10% 20%socioeducativa
30% em
40% 50% 60% 70%meio aberto,
80% 90% 100% com,
LA e PSC concomitantemente, no ano de 2018,
Quando questionados/as se julgam
No que concerne a frequência com 38%que os/as respondentes
destes/as juízes/as aplicaram
afirmarammedida
que
adequado aplicar medida socioeducativa combi- aplicaram essas medidas socioeducativas combi-
socioeducativa
nada, LA e PSC de concomitantemente,
Liberdade Assistida 67,7%
- LA, em 2018, quando o/a adolescente, autor de ato
infracional, estava em situação de alta nadas frequentemente,
vulnerabilidade, em situação decerca de de
rua ou 29% aplicaram
drogadição,
dos/as juízes/as afirmaram adequado aplicar a raramente as medidas socioeducativas combina-
40,16%por
medida dos/as juízes/as
eventual afirmaram que
complementaridade entreaplicaram essa medida frequentemente, 9,84%
das e 14% relataram que nunca aplicaram MSE
afirmaram
LA e PSC e sempre
4,9% nãoaplicar medida
acharam socioeducativa
adequado aplicar combinada.casos elencados, 27,87% aplicaram
de LA nos
aamedida,
medidaporque na avaliação
socioeducativa de destes/as magis-e 9,84% informaram nunca ter aplicado medida
LA raramente
trados/as respondentes, a aplicação deve se dar Quando se trata do tema da remissão
socioeducativa de L.A nos casos mencionados. simples junto aos/às juízes/as, os motivos para

Com que frequência juízes/as aplicaram medida de Liberdade Assistida, em 2018,


quando o/a adolescente autor de ato infracional estava em situação de alta
vulnerabilidade, em situação de rua ou de drogadição

Com que frequência V.Exa. aplicou medida de Liberdade Assistida, em 2018, quando
Sempre autor de ato
o adolescente 9,84%
infracional estava em situação de alta vulnerabilidade, em
situação de rua
Frequentemente ou de drogadição? 40,16%
Sempre 12 9,84%
Raramente 27,87%
Frequentemente 49 40,16%
Raramente Nunca 9,84%34 27,87%
Nunca
Não sabe informar 7,38% 12 9,84%
Não sabe informar
Prefere não responder
9 7,38%
4,92%
Prefere não responder 6 4,92%
Total 0% 10% 20%
122 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Quando questionados/as se julgam adequado aplicar medida socioeducativa


O/a juiz/a julga adequado aplicar medida socioeducativa combinada, LA e PSC
combinada,
V.Exa. LAmedida
julga adequado aplicar e PSC concomitantemente,
socioeducativa 67,77% dos/as juízes/as afirmaram adequado aplicar
concomitantemente
combinada, LA e PSC concomitantemente?

a medida
Sim, por eventual
por eventual complementaridade complementaridade entre LA e PSC e 4,96% não acharam
entre LA e PSC; 82 67,77%adequado

aplicar
Sim, anão
porque a LA medida, porque
faz o adolescente na avaliação
se sentir responsabilizado destes/as magistrados/as respondentes7 a aplicação
pelo ato infracional; 5,79% deve
Sim, porque a PSC é apenas para a realização de serviços, e não faz o adequado acompanhamento social do adolescente; 7 5,79%
Sim,
se
Sim, pora de
dar
porque eventual
PSC poucocomplementaridade
forma
dura gradativa com aentre
tempo; LA e PSC;de cada MSE isoladamente.
aplicação 067,77%
0,00%

Outra
Não, porque a aplicação deve ser gradativa com MSE isolada
7,44%
Não, porque pode levar ao esgotamento precoce das MSE em meio aberto
6
5
4,96%
4,13%
Não Sim, porque a PSC é apenas para a realização de… 5,79% 5 4,13%
Não sabe informar 0 0,00%
Prefere nãoSim, porque a LA não faz o adolescente se sentir…
responder 5,79% 0 0,00%

Não,
Outra
Total
porque a aplicação deve ser gradativa com MSE… 4,96% 9
121
7,44%

Não 4,13%
Não, porque pode levar ao esgotamento precoce das… 4,13%
Prefere não responder 0,00%
Não sabe informar 0,00%
Sim, porque a PSC dura pouco tempo; 0,00%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Por fim, quando perguntados/as sobre a frequência com que os/as juízes/as aplicaram
medida socioeducativa em meio aberto, combinada, LA e PSC concomitantemente, no ano de 75
2018, 38% destes/as respondentes afirmaram que aplicaram essas medidas socioeducativas
combinadas, frequentemente, cerca de 29% aplicaram, raramente, as medidas socioeducativas
combinadas
PESQUISA MEIO e 14% relataram que nunca aplicaram MSE combinada.
ABERTO

Com que frequência o/a juiz/a aplicou medida socioeducativa combinada em 2018
(LA eV.Exa
Com que frequência PSC concomitantemente)
aplicou medida socioeducativa
combinada, em 2018, LA e PSC concomitantemente?
Sempre 14 11,57%
Sempre 11,57%
Frequentemente 46 38,02%
FrequentementeRaramente 35 38,02% 28,93%
RaramenteNunca 17 28,93% 14,05%
Não sabe
Nunca 14,05%
informar 6 4,96%
Não sabe informar
Prefere 4,96% não
responder
Prefere não responder 2,48% 3 2,48%
Total 121
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Quando
a concessão se trata dosimilares
se mostraram tema da remissão
aos apre-simples junto aos/às tais
Pautamos juízes/as, os motivos
questões, de formapara
a moti-
asentados
concessão se mostraram
pelos/as similares
promotores/as aos apresentados
de justiça, os var aspelos/as
reflexõespromotores/as
de todos os atoresde justiça, os no
que atuam
quais:
quais:ser
ser a primeira
primeira passagem do/aadolescente,
passagem do/a adolescente, o Sistema
ato infracional ter menor
de Garantia gravidade
de Direitos e o grau
(SGD), conside-
o ato
de infracional
proteção queter amenor gravidade
família rando queSobre
e o grau de oferece.
do/a adolescente os dadosà coletados
aplicaçãonessade pesquisa
medidas têm
proteção que a família do/a adolescente oferece. sinalizado sobre concepções conservadoras, e
socioeducativas
Sobre à aplicação emde meio aberto,Socioeducativas
Medidas observamos que além da centralidade
por vezes equivocadas, dautilizadas
decisão repousar na
e disseminadas
questão da gravidade do ato praticado
em Meio Aberto, observamos a centralidade da pelo/a adolescente e, ainda, sobre ser a
pelos/as operadores/as do direito e represen-primeira
passagem do/a mesmo/a,
decisão repousar na questãohá também a motivação
da gravidade do familiar.das
tantes Assim, em 32,2%
instituições que das falas dos/as
compõem o Sistema
juízes/as o fato da família ser protetiva é motivo para aplicação das medidas socioeducativas emTais
ato praticado pelo/a adolescente, sobre ser a de Justiça, no momento de suas decisões.
primeira passagem do/a mesmo/a, além da moti- concepções abarcam desde o papel protetivo
meio
vaçãoaberto, bem
familiar. comoempara
Assim, 23,1%
32,2% dos/as
das falas mesmos/as
dos/as da(s)respondentes,
família(s), do(s)o fato da família não
responsável(is) e aser
proje-
protetiva
juízes/as também
o fato da aparece como
família ser motivação
protetiva para açãoaplicação
é motivo feita em de tornoMSE em meio
da família aberto.
“ideal”, Tal
sobretudo
constatação
para aplicação sinaliza,
das reafirmando o que outrora foi exposto,
Medidas Socioeducativas no cenário quebrasileiro
não há clareza acerca do Éque
contemporâneo. muito
em Meio Aberto, bem como para 23,1% dos/as difícil imaginar que um/a
de fato deve ser levado em consideração sobre o contexto familiar quando se trata da aplicação, juiz/a, promotor/a,
mesmos/as respondentes, o fato da família não defensor/a público/a possa considerar, essen-
ou
sernão, das medidas
protetiva tambémsocioeducativas
aparece como em meio aberto.
motivação cialmente, as condições apresentadas pelo/a
Os dadosdeapresentados
para a aplicação MSE em meio nesta seção
aberto. Talsugerem algunsequestionamentos:
adolescente qual seria osuas
sua família, desconsiderando
modelo de família
constatação protetiva
sinaliza, que o/aojuiz/a
reafirmando compreende
que outrora e que entende
experiências ser ‘a’ premissas,
pessoais, ideal para que seja e
vivencias
foi exposto, que não há clareza acerca do que de pré-conceitos. Obviamente, tal fato não está
fato deve ser levado em consideração sobre o restrito às decisões destes/as profissionais, mas
contexto familiar quando se trata da aplicação, da significativa maioria dos/as que atuam nessa
ou não, das Medidas Socioeducativas em Meio e em outras searas. Contudo, lançamos luzes aos
Aberto. achados dessa pesquisa, no tocante à relevân-
Os dados apresentados nesta seção suge- cia que a avaliação do papel protetivo da família
rem alguns questionamentos: qual seria o modelo tem obtido no momento das decisões judiciais,
de família protetiva que o/a juiz/a compreende e sobretudo nos casos que envolvem adolescentes,
que entende ser ‘a’ ideal para que seja concedido, considerando qual tipo família15 estamos falando
ou não, a remissão ou a medida socioeducativa e a partir de qual lugar as pessoas que avaliam
em meio aberto? E, ainda, quais os recursos que estas famílias e seus membros se encontram.
ele/a tem para avaliar o grau de proteção desta Essa constatação é de suma importância para
família, se não há a utilização de estudos sociais, 15
“A vida dessas famílias não é regida apenas pela pressão dos
nem há a presença dos/as defensores/as públi- fatores socioeconômicos e necessidade de sobrevivência. Elas
cos/as para que possa ser feita a defesa? precisam ser compreendidas em seu contexto cultural, inclu-
sive ao se tratar da análise das origens e dos resultados de sua
situação de risco e de suas dificuldades de auto-organização e
de participação social” (PNAS, 2005, p. 37).

76
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

que pensemos sobre o processo de tomada de população, a primazia do Estado na condução


decisão, que afetará adolescentes e suas famí- dos serviços em todas as esferas e a centralidade
lias, enquanto um ato coletivo, de conjunção na família, aspectos que foram abordados nas
de indivíduos e conglomeração entre os saberes entrevistas feitas com os/as profissionais.
jurídicos, mas também psicológicos, pedagógi-
Os serviços de Medidas Socioeducativas
cos e sociais, haja vista que a integralidade da
em Meio Aberto executados no âmbito da
avaliação de situações que envolvem crianças e
Política de Assistência Social têm como obje-
adolescentes é primordial para que o paradigma
tivos: realizar o acompanhamento dos/as
da proteção integral seja de fato implementado.
adolescentes durante o cumprimento da medida
socioeducativa, inseri-los/as em outros servi-
7. ATENDIMENTO OFERTADO AO/À ços e programas socioassistenciais, contribuir
ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO para o acesso destes/as às demais políticas
públicas setoriais, criar condições para a cons-
DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM
trução e reconstrução de projetos de vida que
MEIO ABERTO NO SISTEMA ÚNICO visem à ruptura com a prática infracional, esta-
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E NO belecer normas para o cumprimento da medida
SISTEMA SOCIOEDUCATIVO1 socioeducativa, contribuir para a construção
de autonomia dos sujeitos, possibilitar acesso e
Nesta seção será abordado o atendimento oportunidade de ampliação do universo infor-
socioeducativo oferecido aos/às adolescentes macional e cultural, auxiliar no desenvolvimento
no Sistema Único de Assistência Social, que são de habilidades e competências e fortalecer a
majoritariamente executados pelos Centros de convivência familiar e comunitária (Tipificação
Referência da Assistência Social (CREAS), mas Nacional de Serviço Socioassistenciais, 2014).
também por ONGs em São Paulo e por unidades Para a realização destes objetivos, é
especializadas no Distrito Federal, que executam importante que haja uma articulação em rede,
as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto no principalmente junto aos demais serviços ofer-
Brasil. tados pela Política da Assistência Social, demais
De acordo com a Tipificação Nacional políticas setoriais (Saúde, Educação, Esporte,
de Serviços Socioassistenciais, os Serviços de Lazer e Cultura), programas e projetos de
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, inclusão produtiva, demais órgãos do Sistema
chamados de Serviço de Proteção Social a de Garantia de Direitos e Organizações não
Adolescentes em Cumprimento de Medida Governamentais e Comunitárias.
Socioeducativa em Meio Aberto (Liberdade A Medida Socioeducativa em Meio Aberto
Assistida – LA e Prestação de Serviço à de Liberdade Assistida (LA), regulamentada pelo
Comunidade – PSC) compõem os serviços da Art. 118 do Estatuto da Criança e do Adolescente,
proteção social de média complexidade. Estes é comumente aplicada pelo Sistema de Justiça e
têm como objetivo garantir seguranças sociais, possui caráter coercitivo e educativo. Seu caráter
que consistem na acolhida do/a adolescente, na coercitivo refere-se à vinculação do/a adoles-
convivência familiar e comunitária e no desen- cente ao serviço de proteção social específico,
volvimento de autonomia individual, familiar ofertado pela política de Assistência Social, cujo
e social. São unidades que têm como diretrizes objetivo é acompanhar a vida social do/a adoles-
aquelas preconizadas pela Política Nacional da cente – família, escola, trabalho. Esse caráter é
Assistência Social (PNAS, 2004): a descentrali- associado ao caráter educativo da medida socioe-
zação político-administrativa, a participação da ducativa que visa propiciar um atendimento e
acompanhamento personalizados ao/à adoles-
1
Considerando a especificidade apresentada no Distrito Fede-
cente vinculado/a ao serviço de proteção social
ral, em que a política de atendimento socioeducativo é efetiva-
mente operacionalizada pela Subsecretaria do Sistema Socioe- da Assistência Social, no intuito de garantir a
ducativo (Subsis), inserida no âmbito da Secretaria de Estado inserção comunitária deste/a adolescente, sua
de Justiça e Cidadania (SEJUS), não estando, portanto, inseri-
da no âmbito do SUAS, apesar de seguir as diretrizes e orien-
proteção, manutenção de seus vínculos familia-
tações técnicas do Serviço de Proteção Social ao Adolescente res, frequência escolar, inserção e acesso à cursos
em Cumprimento de Medida Socioeducativa em Meio Aberto.

77
PESQUISA MEIO ABERTO

profissionalizantes e formativos, bem como ao técnicas destinadas ao acompanhamento dos/


mercado de trabalho. as adolescentes, seguindo para as questões sobre
No caso da Medida Socioeducativa a satisfação com o trabalho multidisciplinar e
em Meio Aberto de Prestação de Serviço à aspectos relacionados às reuniões de equipe. Em
Comunidade (PSC), conforme dispõe o Artigo seguida, o tema passa ser a construção do Plano
117 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o/a Individual de Atendimento, incluindo aspectos
adolescente deve ser encaminhado para enti- sobre a elaboração, os critérios para inserção de
dade social, programas comunitários, hospitais, metas, adesão e estratégias para o cumprimento
escolas e outros serviços governamentais para das medidas socioeducativas e sobre a participa-
realizar a prestação do serviço, que se caracteriza ção do/a adolescente e das famílias no processo
por ser uma tarefa gratuita e de interesse geral. de elaboração e efetivação do PIA. Após essa
Desta forma é importante que sejam feitas parce- série de temas, foi aprofundada a forma com que
rias com entidades, instituições e programas ocorre o atendimento no equipamento – CREAS,
comunitários para que o/a adolescente preste o ONG’s e UAMA’s: aspectos sobre a periodicidade
serviço que tem como objetivo propiciar o seu dos atendimentos, engajamento do/a adoles-
desenvolvimento pessoal e social. cente, visitas domiciliares e intersetorialidade,
especificamente sobre a relação e atuação junto
Para a execução e o acompanhamento
aos equipamentos de saúde, educação, esportes,
das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, é
cultura e profissionalização, além da relação com
fundamental e obrigatória, a elaboração do Plano
as instituições religiosas.
Individual de Atendimento (PIA), que deve ser
tecido com a garantia essencial de participação
do/a adolescente e de sua família. O PIA tem por 7.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
prerrogativa definir os objetivos e metas a serem DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
cumpridos pelo/a adolescente durante o cumpri- EM MEIO ABERTO NO BRASIL
mento da medida socioeducativa, que partam
das necessidades e interesses do/a adolescente. A Política da Assistência Social se mate-
Sendo assim, o atendimento está concentrado nos rializa no atendimento à população por meio da
processos de acolhimento, na construção do PIA, oferta de serviços em equipamentos públicos,
no acompanhamento e avaliação das atividades sociais, de base local, territorial e regional dentre
individuais e coletivas. Indicações do anterior- estes, os Centros de Referência da Assistência
mente intitulado Ministério do Desenvolvimento Social (CRAS)3, que fazem parte da prote-
Social, agora chamado Ministério da Cidadania, ção social básica4, e os Centros de Referência
recomendam que os/as profissionais de refe- Especial da Assistência Social (CREAS)5, que
rência que atuam no acompanhamento dos/as fazem parte da proteção social especial6 do
adolescentes em cumprimento de medida socioe-
3
De acordo com a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS),
ducativa em meio aberto estejam em contato
os CRAS são: “unidade pública municipal, de base territorial,
com os/as adolescentes, semanalmente a fim de localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e
tornar possível o efetivo acompanhamento dos risco social, destinada à articulação dos serviços socioassisten-
ciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços,
objetivos e metas estabelecidos no PIA. programas e projetos socioassistenciais de proteção social bá-
Nesta seção, serão abordadas as entrevis- sica às famílias”.
tas que aferem sobre as etapas do atendimento
4
De acordo com a LOAS, Proteção social básica é o: “conjunto
de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência so-
ofertado nos CREAS2, ONGs e UAMAs, iniciando cial que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco so-
com a caracterização dos serviços de Medidas cial por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisi-
Socioeducativas em Meio Aberto (MSE/MA). Em ções e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários”

seguida, trata sobre a organização das equipes


5
Considerando a definição expressa na Lei nº 12.435/2011, o
CREAS é a unidade pública estatal de abrangência municipal
2
De acordo com a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), ou regional que tem como papel constituir-se em lócus de refe-
os CRAS são: “unidade pública municipal, de base territorial, rência, nos territórios, da oferta de trabalho social especializa-
localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e do no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal
risco social, destinada à articulação dos serviços socioassisten- ou social, por violação de direitos.
ciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, 6
De acordo com a LOAS, a Proteção Social Especial é o: “con-
programas e projetos socioassistenciais de proteção social bá- junto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo
sica às famílias”. contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comu-

78
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Sistema Único de Assistência Social (SUAS). No caso de São Paulo, os atendimen-


Estes últimos consistem em equipamentos cuja tos destinados ao acompanhamento dos/as
oferta de serviços vislumbra atender indiví- adolescentes em cumprimento de Medidas
duos e famílias que tenham tido seus direitos Socioeducativas em Meio Aberto são oferta-
violados e/ou que tenham vínculos familiares dos por Organizações Não-Governamentais
fragilizados ou sofrido o rompimento de laços (ONGs) e, no Distrito Federal, o serviço é ofer-
familiares e comunitários. Estas unidades de tado pelas Gerências de Atendimento em Meio
atendimento ofertam diversos serviços públicos AbertoAberto (GEAMA), ligadas diretamente à
além do Serviço de Proteção Social de adolescen- Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania do
tes em cumprimento de medidas socioeducativas Governo do Distrito Federal. Estas duas expe-
de meio aberto, tais como o serviço destinado ao riências são destacadas ao longo do texto para
atendimento da população em situação de rua7, que seja possível compreender as semelhanças
idosos e pessoas com deficiência. e diferenças em relação aos serviços executados
De acordo com os dados do Censo SUAS pelos CREAS dos demais estados.
de 2017, existem 2.577 CREAS no Brasil, locali- Em São Paulo, foram entrevistados/as
zados em 2.342 municípios. Deste total, foram 67 profissionais, dentre estes 45 componentes
procurados 283 CREAS localizados nas capi- das equipes técnicas8 e 22 coordenadores/as que
tais e regiões metropolitanas para esta pesquisa. atuam nos 56 equipamentos/serviços de aten-
Apesar de ser pouco mais de 10% do total de equi- dimento que acompanham os/as adolescentes
pamentos existentes, eles representam mais de em cumprimento de Medidas Socioeducativas
45% dos atendimentos registrados no país. Dos em Meio Aberto, distribuídos pelo municí-
283 CREAS visitados durante a coleta de dados pio, sendo executados por Organizações Não
da pesquisa, apenas 7 (2,47%) atuam exclusi- Governamentais (ONGs).
vamente com as Medidas Socioeducativas em De acordo com a Portaria 46/20109, que
Meio Aberto e 276 (97,53%) atendem as diversas “dispõe sobre a tipificação da rede socioassisten-
demandas direcionadas aos CREAS, conforme cial do município de São Paulo e a regulação da
previsão da Tipificação Nacional de Serviços parceria operada por meio de convênios”, são
Socioassistenciais. estabelecidas as normas para as parcerias da
Elencando os casos peculiares, previa- Prefeitura com organizações sociais, sem fins
mente indicados na metodologia deste Relatório, econômicos, regulamentando a gestão que é feita
destacamos as experiências encontradas no por meio de uma relação administrativa de conve-
estado de São Paulo e no Distrito Federal. Vale niamento. Essa relação deve seguir os padrões
ressaltar, também nesse momento, que nestes estabelecidos na Política Nacional de Assistência
dois locais (São Paulo e Distrito Federal) foram Social para a execução do serviço de proteção
abordados 100% dos equipamentos/serviços de adolescentes em cumprimento de Medidas
que atendem os/as adolescentes em Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. Assim, compo-
Socioeducativas em Meio Aberto. sição das equipes técnicas que atuam junto aos/
nitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potenciali-
às adolescentes segue as regulamentações espe-
dades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o cíficas da política de Assistência Social, que
enfrentamento das situações de violação de direitos”. prevê a atuação de profissionais da Psicologia,
7
A Lei nº 11.258, de 30 de dezembro de 2005, altera o pará- do Serviço Social, do Direito, da Pedagogia e das
grafo único do art. 23 das LOAS: “Na organização dos serviços
da Assistência Social serão criados programas de amparo: II Ciências Sociais. A nomenclatura dos/as coorde-
- às pessoas que vivem em situação de rua”. Assim, em 2009, nadores/as do serviço, contudo, é de gerente.
a Política Nacional para a População em Situação de Rua, cria-
da por meio do Decreto Nº7.053 de 23 de dezembro de 2009, No Distrito Federal, existem 15
ao elencar seus objetivos previu a implantação de Centro de Gerências de Atendimento em Meio Aberto
Referência Especializado para População em Situação de Rua,
também conhecidos como Centros POP, para prover o aten-
dimento a esse segmento no âmbito da política de assistência
8
A equipe técnica do estado de São Paulo era composta, à época
social, bem como o Serviço especializado em abordagem social da coleta de dados, dos/das seguintes profissionais: assistente
destinado à busca ativa de pessoas em situação de rua, dentre social, psicólogo/a, advogado/a, pedagogo/a e supervisor.
outros, lançando bases para que, em 2009, a Tipificação Nacio- 9
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/uplo-
nal de Serviços Socioassistenciais previsse a implantação desta ad/assistencia_social/arquivos/portarias/portaria_46-2010.
unidade no SUAS. pdf

79
PESQUISA MEIO ABERTO

(GEAMAs) espalhadas por 14 das 33 Regiões Na pesquisa em questão, na localidade do


Administrativas, anteriormente reconheci- Distrito Federal, foram abordados 101 respon-
das como “cidades satélites”10. Inicialmente, as dentes vinculados às GEAMAs, sendo estes/as
GEAMAs, anteriormente chamadas de UAMAs 12 coordenadores/as, chamados, assim como
(Unidades de Atendimento em Meio Aberto) nos equipamentos de São Paulo, de gerentes,
eram administradas pela Secretaria da Criança 56 especialistas que compõem a equipe técnica
(SECRIA). Contudo, desde 2019, fazem parte responsável pelo acompanhamento dos/as
do organograma da Subsecretaria do Sistema adolescentes em cumprimento das Medidas
Socioeducativo (Subsis), inserida no âmbito Socioeducativas em Meio Aberto, sendo estes/as
da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania assistentes sociais, psicólogos/as e pedagogos/as,
(SEJUS). Nesse sentido, o Distrito Federal e, ainda, 33 agentes socioeducativos que atuam
tem um modelo de execução das Medidas nas GEAMAs e também participam do acom-
Socioeducativas em Meio Aberto diferenciado panhamento dos/as adolescentes. Ressaltamos,
do restante do país, pois, a execução e o acom- mais uma vez, que no contexto na GEAMAs não
panhamento de tais medidas socioeducativas foi identificada a atuação de profissionais do
não se encontram vinculados à Secretaria de Direito, conforme previsão da Política Nacional
Assistência Social, e, portanto, não ocorrem no de Assistência Social.
âmbito dos CREAS do Distrito Federal, mas sim Considerando as caracterizações apre-
em equipamentos específicos para a execução sentadas nesse item, reportaremos, nos itens a
do serviço em tela. Ademais, para a execução do seguir, os aspectos mais aprofundados acerca
serviço de acompanhamento de adolescentes em da forma de execução do serviço de proteção
cumprimento de Medidas Socioeducativas em a adolescentes em cumprimento de Medidas
Meio Aberto, também foi criada pelo Governo do Socioeducativas em Meio Aberto, indicando
Distrito Federal uma carreira de profissionais do os dados correspondentes ao panorama geral,
sistema socioeducativo, que são divididos entre em que o acompanhamento se dá pelas equipes
especialistas, técnicos e auxiliares. Com isso, técnicas dos CREAS e apresentando os dados
além dos/as profissionais convencionalmente relativos aos casos específicos, acima elenca-
contratados/as para o acompanhamento dos/ dos, evidenciados no estado de São Paulo e no
as adolescentes nos CREAS – assistente social, Distrito Federal.
psicólogo/a, advogado/a, pedagogo/a – o equipa-
mento do DF conta com Agentes socioeducativos
que atuam, diretamente, nas GEAMAs e não 7.2. CAPACITAÇÃO DOS ATORES QUE
possui, vinculados/as ao serviço, Advogados/ COMPÕEM AS EQUIPES TÉCNICAS11
advogadas. Além disso, cabe destacar que os/ DOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL
as servidores/as do sistema socioeducativo no A ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO
Distrito Federal contam com a estabilidade para DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM
executar sua função, haja vista que sua entrância MEIO ABERTO
só se dá via concurso público para provimento
de cargos efetivos e, somando-se a isso, possuem Dentre as informações coletadas na
garantia de carga horária específica de 30 horas presente pesquisa, com relação às capacitações
semanais e plano de carreira. destinadas a integrantes das equipes técnicas que
efetivam o acompanhamento dos/as adolescen-
tes em cumprimento de Medida Socioeducativa
10
Por meio do Decreto 19.040 de 18 de fevereiro de 1998, o en- em Meio Aberto, foram realizadas as seguin-
tão governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, proíbe
a utilização da expressão “satélite” para designar as cidades si-
tes aferições, de acordo com as equipes técnicas,
tuadas no território do Distrito Federal, nos arredores do Plano coordenadores/as e demais atores que, de forma
Piloto, nos documentos oficiais e outros documentos públicos peculiar, fazem parte das equipes técnicas.
no âmbito do Governo do Distrito Federal. Tal iniciativa se
deu em virtude das aglomerações urbanas do Distrito Federal
já assumirem, àquela época, características de cidades, cada 11
Como identificamos formatos diferentes de equipes técnicas
vez mais independentes social, econômica e culturalmente do que executam a Medida Socioeducativa em Meio Aberto, por
Plano Piloto, motivo pelo qual denomina-las como “satélites” meio da prestação do acompanhamento dos/as adolescentes
esboçava o tom pejorativo atribuído à tais cidades, denomina- nos serviços executados nos municípios, utilizaremos o termo
das, desde então, de Regiões Administrativas (RA’s) do Distrito ‘equipe técnica’ sempre, no plural, a fim de contemplar os vá-
Federal. rios formatos de equipes.

80
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Exclusiva para
Exclusiva para
trabalhadores Infância e
Capacitações trabalhadores MSE/MA SINASE PNASAIRI
do Sistema Juventude
do SUAS
Socioeducativo
Equipe técnica
X X X X X
CREAS
Coordenação
X X X X X
CREAS
Equipe técnica
X X X X X
GEAMA/DF
Coordenação
X X X X X
GEAMA/DF
Agente
socioeducativo X X X X X
GEAMA/DF
Equipe técnica
X X X
SP
Coordenação
X X X
SP
Supervisão
X X X
CREAS SP

7.2.1. CAPACITAÇÃO VOLTADA geral, afirmaram ter participado de tal capa-


EXCLUSIVAMENTE PARA citação no ano de 2018, de forma presencial
TRABALHADORES/AS DO SUAS (91%), na modalidade de curso de curta duração
(36%) com carga horária aproximada de 10h a
Quando questionados/as sobre a parti- 20h (quase 49%). Com relação aos responsáveis
cipação em alguma capacitação voltada, pela oferta da capacitação, as respostas varia-
exclusivamente, para trabalhadores/as do ram entre a Secretaria Municipal de Assistência
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), as Social (coordenadores/as: 32,4%; advogados/as:
afirmativas entre os/as coordenadores/as12 e os/ 57,6%; assistentes sociais: 39,5%; psicólogos/
as componentes das equipes técnicas13 variaram as: 37,5%) e a Secretaria Estadual de Assistência
bastante. Em relação aos/às coordenadores/as, Social (coordenadores/as: 35,2%; advogados/as:
aproximadamente 89% dos/as respondentes 21%; assistentes sociais: 24,5%; psicólogos/as:
afirmaram ter participado da capacitação; assim 22%).
como 74,3 % dos/as psicólogas/os, 79% das/dos
No estado de São Paulo, tendo em vista a
assistentes sociais e aproximadamente 61,5%
peculiaridade no contexto de execução da Medida
dos/as advogados/as.
Socioeducativa em Meio Aberto, dos/as profis-
Sobre o ano e a modalidade em que a sionais que compõem as equipes técnicas que
capacitação para profissionais do SUAS foi ofer- acompanham os/as adolescentes, 79,6% destes/
tada, 64,4% dos/as coordenadores/as e 56% as respondentes afirmaram ter participado de
dos/as componentes das equipes técnicas, em capacitação destinada aos/às trabalhadores/
as do SUAS e 20,3% informaram não ter parti-
12
Quando referenciarmos coordenadores/as/as estamos, tam-
bém, fazendo referência, no caso do estado de São Paulo e do
cipado de capacitação dessa natureza. Dos/das
Distrito Federal, dos/das gerentes dos serviços. coordenadores/as dos serviços, 84,3% infor-
13
Quando referenciamos as equipes técnicas estamos fazendo maram ter participado de capacitação para
referência às equipes técnicas dos CREAS, às equipes técnicas trabalhadores/as do SUAS, enquanto 11,9%
que executam as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto no
destes/as respondentes informaram não ter
estado de São Paulo, vinculadas à ONG que possui convenia-
mento com o Estado, bem como, às equipes técnicas das Ge- participado. Com relação ao ano e à modalidade
rência de Atendimento em Meio Aberto - no Distrito Federal. em que a capacitação foi ofertada, 55,5% dos/as
Neste, a composição das equipes técnicas não contempla a atu- coordenadores/as e 60,4% das equipes técnicas
ação de profissionais com formação em Direito, mas Agentes
socioeducativas que atuam diretamente no acompanhamento afirmaram ter participado da referida capacita-
das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e que compõem ção no ano de 2018, sendo esta, para 97,7% dos/
as carreiras do Sistema socioeducativo do Distrito Federal.

81
PESQUISA MEIO ABERTO

as coordenadores/as e 95,3% dos componentes A capacitação destinada aos/às traba-


da equipe técnica, ofertada de forma presen- lhadores/as do sistema socioeducativo, que
cial, na modalidade de curso de aperfeiçoamento alcançou 53,3% dos/das coordenadores/as,
para 31,1% dos/das coordenadores/as do serviço 48,1% dos/das componentes da equipe técnica
e 30,2% dos/as componentes das equipes técni- e 26,92% dos agentes socioeducativos foi ofer-
cas, com carga horária aproximada de 10h a 20h tada no ano de 2018. A capacitação presencial foi
(51,1% dos/das coordenadores e 34,8% da equipe feita por 60% dos/das coordenadores/as, 61,1%
técnica). Em São Paulo, a oferta da capacitação das equipes técnicas e 73,0% dos/das agentes
foi indicada por 57,7% dos/das coordenadores/ socioeducativos, com 1/3 dos/das coordenado-
as e 65,1% das equipes técnicas, sendo feita pela res participando da capacitação na modalidade
Secretaria Municipal de Assistência Social. de Congresso/ Simpósio/ Seminário Acadêmico;
1/3 dos/das profissionais da equipe técnica e
50% dos/as agentes socioeducativos/as partici-
7.2.2. CAPACITAÇÃO VOLTADA pando da capacitação na modalidade de curso de
EXCLUSIVAMENTE PARA curta duração.
TRABALHADORES E TRABALHADORAS No Distrito Federal, órgãos gestores da
DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO Assistência Social e do Sistema Socioeducativo,
ambos do Governo Distrital, foram indicados
Já no Distrito Federal, em decor- por 20% dos/as coordenadores/as como ofer-
rência do cenário de execução das Medidas tantes das capacitações. As universidades foram
Socioeducativas em Meio Aberto, totalmente citadas por 26,6% dos/das coordenadores/as. O
diferente dos demais estados, o questionamento órgão gestor da Assistência Social foi mencio-
realizado aos/às profissionais buscou aferir a nado por 22,2% dos/as componentes das equipes
participação em capacitação destinada aos/às técnicas como sendo responsável por ofertar a
trabalhadores/as do sistema socioeducativo, capacitação. Contudo, 20,3% dos/as profissio-
haja vista que os/as profissionais que executam nais das equipes técnicas indicaram, ainda, a
as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, universidade e 22,2% apontaram outros órgãos
nessa localidade, encontram-se vinculados/as à como os responsáveis, dentre estes: a Escola de
uma subsecretaria específica, que responde pelas Governo, a Escola Nacional da Socioeducação,
medidas socioeducativas, localizada no âmbito o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
da Secretaria de Justiça e Cidadania do DF. do Adolescente (CONANDA) e outras secreta-
Dessa forma, 80,6% dos/das profissionais que rias de estado, tais como a Secretaria da Justiça
compõem as equipes técnicas do serviço infor- e Cidadania (SEJUS), a Secretaria da Educação
maram ter participado de capacitação destinada e a Subsecretaria de Políticas para Crianças e
aos/às trabalhadores/as do sistema socioedu- Adolescentes (SECRIA), órgão anteriormente
cativo e 19,4% informaram não ter participado. responsável pela execução e monitoramento
Os/as coordenadores/as dos serviços executa- das MSE/MA. O órgãos gestor do Sistema
dos no DF apresentaram menor percentual de Socioeducativo e a Secretaria de Justiça e
participação, se comparados ao percentual das Cidadania foram mencionados por 26,9% e
equipes técnicas, com 71,9% de participantes 46,1%, respectivamente, dos/as agentes socioe-
em capacitação destinada aos/às trabalhadores/ ducativos/as que apontaram outros órgãos como
as do sistema socioeducativo e 23,8% destes/ responsáveis pela oferta da capacitação.
as respondentes que não participaram de capa-
citação dessa natureza. Dentre os/as agentes
socioeducativos respondentes da pesquisa, 7.2.3. CAPACITAÇÃO VOLTADA PARA A
profissionais de carreira do Governo do Distrito TEMÁTICA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
Federal (GDF) que atuam diretamente com
medidas socioeducativas, dentre estas, a medida Em relação à capacitação voltada para
socioeducativa em meio aberto, 65% informaram a temática da infância e juventude, mais da
que participaram de capacitação destinada aos/ metade das equipes técnicas dos CREAS (57%)
às trabalhadores/as do sistema socioeducativo e e aproximadamente 70% dos/as coordenado-
35% informaram não ter participado de capacita- res/as afirmaram ter participado da referida
ção dessa natureza. capacitação. Para a maioria dos/as participan-
tes, a capacitação foi promovida no ano de 2018

82
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

(coordenadores/as: aproximadamente 63%; Governo e as Secretarias de Estado, tais como a


equipe técnica: 56,3%), de forma presencial Secretaria da Criança e a Secretaria de Justiça e
(coordenadores/as: 92,4%; equipe técnica: Cidadania.
91,3%), na modalidade de curso de curta dura-
ção (coordenadores/as: quase 35,3%; equipe
técnica: 36,5%) ou de aperfeiçoamento (coorde- 7.2.4. CAPACITAÇÃO ESPECÍFICA SOBRE
nadores/as: 20,7%; equipe técnica: 32,4%) com AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM
carga horária aproximada de 10h a 20h (coor- MEIO ABERTO
denadores/as: 58,5%; equipe técnica: 48,8%).
As respostas quanto às instituições que promo- Ao contrário das capacitações já elencadas
veram a capacitação novamente se dividiram acima, a capacitação específica sobre Medidas
entre a Secretaria Municipal (coordenadores/ Socioeducativas em Meio Aberto foi marcada, em
as: 22,7%; equipe técnica: 26%) e Secretaria maioria, como não realizada pelos/as coordena-
Estadual de Assistência Social (coordenadores/ dores/as (aproximadamente 50%), advogados/as
as: 19,7%; equipe técnica: 19%), todavia, a opção (aproximadamente 61%), psicólogos/as (58,4%)
‘outros’ também apresentou certa relevância e assistentes sociais (aproximadamente 52%).
de marcações (coordenadores/as: aproximada- Dentre os/as respondentes que afirmaram ter
mente 30%; equipe técnica: 23,3%). participado da capacitação, tanto coordenado-
No Distrito Federal, a capacitação voltada res/as quanto os/as componentes das equipes
para a temática da infância e juventude teve a técnicas, em maioria, informaram ter participado
participação de 68,6% dos /as integrantes das da capacitação no ano de 2018 (coordenadores/
equipes técnicas; 76,1% dos/das coordenadores/ as: 55,3%; equipe técnica: 58,5%) e de forma
as do serviço e 70% dos/as agentes socioedu- presencial (coordenadores/as: 87,2%; equipe
cativos/as. No caso da pergunta realizada aos técnica: 85,4%). Quanto à modalidade, as
respondentes do Distrito federal foi fixado o respostas variaram entre cursos de curta dura-
período de 2000 a 2018 para a realização da ção (coordenadores/as: 32,6%; equipe técnica:
capacitação em voga. Assim, 41,3% dos/as 34,5%), aperfeiçoamento (coordenadores/
componentes da equipe técnica; 43,7% dos/ as: 27,66%; equipe técnica: aproximadamente
as coordenadores/as e 39,2% dos/as agentes 30%) e congresso/simpósio (coordenadores/as:
socioeducativos/as informaram ter participado 20,5%; equipe técnica: aproximadamente 19%).
da capacitação em 2018, tendo apresentado Já a carga horária informada, de modo geral, foi
percentuais pequenos de respondentes que aproximadamente de 10h a 20h (coordenadores/
participaram da referida capacitação nos demais as: 56,7%; equipe técnica: 57%).
anos (2000 a 2017). A capacitação voltada para a Assim como a temática da
temática da infância e juventude foi realizada de infância e juventude, as instituições que promo-
forma presencial por 58,7% dos/as componentes veram a capacitação específica sobre as Medidas
da equipe técnica; 75% dos/das coordenadores/ Socioeducativas em Meio Aberto para as equipes
as do serviço e 64,2% dos/as agentes socioedu- técnicas e coordenações dos CREAS, de acordo
cativos/as; na modalidade de curso de curta com os dados coletados, foram: Secretaria
curação: 41,3% das equipes técnicas e 60,71% Municipal (coordenadores/as: 28%; equipe
dos/as agentes socioeducativos/as; tendo predo- técnica: aproximadamente 27%); Secretaria
minância de 43,7% dos/das coordenadores que Estadual (coordenadores/as: 27%; equipe
participaram da capacitação na modalidade de técnica: aproximadamente 27%): outros (coor-
congresso, simpósio ou seminário acadêmico. A denadores/as: 20%; equipe técnica: 24,6%).
capacitação promovida aos/às trabalhadores/as O panorama de participação em capacita-
do Distrito Federal teve a carga horária de 10h ções específicas sobre as Medidas Socioeducativas
a 20h para 39,1% dos/as integrantes da equipe em Meio Aberto, no Distrito Federal é o seguinte:
técnica; 43,7% dos/as coordenadores/as e para 50,7% dos/as integrantes da equipe técnica;
46,4% dos/as agentes socioeducativos/as. Os 66,6% dos/as coordenadores/as e 65% dos/
órgãos que foram apontados como os promo- as agentes socioeducativos/as disseram não ter
ventes da capacitação foram os órgãos distritais participado. Dentre os/as respondentes que
gestores da Assistência Social, com 28,8%. afirmaram ter participado da capacitação, obser-
Outros/as 22,2% dos/as respondentes indicaram vou-se uma concentração de respostas que
outros órgãos, dos quais destacamos a Escola de apontaram os anos 2017 e 2018, sendo que 37,5%

83
PESQUISA MEIO ABERTO

dos componentes da equipe técnica; 42,8% dos/ 7.2.5. CAPACITAÇÃO SOBRE O SINASE
das coordenadores/as afirmaram ter reali-
zado a capacitação no ano de 2018, enquanto As capacitações sobre o Sistema Nacional
38,4% dos/das agentes socioeducativos/as afir- de Atendimento Socioeducativo (SINASE)
maram ter participado da capacitação em voga apresentaram índice de não realização maior
no ano de 2017. Para os/as que participaram quando comparadas às demais capacitações
da capacitação, 65,6% dos/das integrantes das apresentadas.
equipes técnicas, 57,1% dos/as coordenado- Entre os/as coordenadores/as e a equipe
res/as e 38,5% dos/as agentes socioeducativos técnica dos CREAS (composta por advogados/
afirmaram ter realizado de forma presencial. as, assistentes sociais e psicólogos/as), a maior
Destaca-se, contudo, que o mesmo percentual de porcentagem de integrantes que informaram não
respondentes (agentes socioeducativos/as) afir- ter feito tal capacitação relaciona-se à categoria
mou ter participado da capacitação à distância. dos/as advogados/as as - dente grupo, apenas
Dos/as respondentes que compõem as equi- 21,8% afirmaram ter participado de capacita-
pes técnicas, 31,2% afirmaram ter participado ção sobre o SINASE. Dentre os/as respondentes
da capacitação na modalidade de Congresso/ que participaram da capacitação, cerca de 30%
Simpósio/ Seminário Acadêmico e 25% afirma- apontaram a Secretaria Municipal de Assistência
ram ter sido na modalidade de curso de curta Social como provedora da capacitação, sendo
duração. Dentre os/as coordenadores/as, 42,8% esta realizada de forma presencial (73,3%), na
indicaram ter realizado a capacitação na moda- modalidade de curso de curta duração (33,3%) e
lidade de Congresso/ Simpósio/ Seminário com uma carga horária aproximada de 10h a 20h
Acadêmico, enquanto 28,5% indicaram ter parti- (36,6%).
cipado na modalidade de curso de curta duração.
Cerca de 69% das/os assistentes sociais e
E dentre os/as agentes socioeducativos/as parti-
das/os psicólogas/os informaram não ter partici-
cipantes da capacitação específica sobre as
pado de capacitação sobre o SINASE, enquanto,
medidas socioeducativas, 46,1% indicaram ter
41,3% dos/as coordenadores/as afirmaram ter
realizado na modalidade de curso de curta dura-
participado de capacitação sobre esta temática.
ção, enquanto 15,3% disseram ter participado na
Assim, 26,3% dos/as assistentes sociais e 43,5%
modalidade de Congresso/ Simpósio/ Seminário
dos/as psicólogos/as apontaram a Secretaria
Acadêmico e 15,3% na modalidade de aper-
Estadual de Assistência Social como a instituição
feiçoamento. A carga horária indicada pelos/
que forneceu a capacitação, tendo esta ocor-
as respondentes do Distrito Federal, com rela-
rido de forma presencial (psicólogos/as: 82,2%;
ção a capacitação específica sobre as Medidas
assistentes sociais: 76,3%), na modalidade de
Socioeducativas em Meio Aberto, teve predo-
aperfeiçoamento (psicólogos/as: 35,4%; assis-
minância, de 10h a 20h, representando 34,3%
tentes sociais: aproximadamente 38%) e com
dos/as componentes das equipes técnicas, 71,4%
carga horária aproximada de 10h a 20h. Já os/
dos/as coordenadores/as e 46,1% dos/as agentes
as coordenadores/as apontaram a Secretaria
socioeducativos/as. Contudo, as equipes técnicas
Municipal de Assistência Social (23%) e a
e os/as agentes socioeducativos/as tiveram maior
Secretaria Estadual de Assistência (28,2%) como
variedade de resposta, apontando ainda capa-
instituições responsáveis pelo fornecimento do
citação com carga horária de 30h a 60h (31,2%
curso realizado de forma presencial (83,6%),
das equipes técnicas e 30,7% dos/as agentes
com duração média de 10h a 20h (59,4%) e
socioeducativos/as). Quanto aos órgãos indi-
modalidade de curso de curta duração (36,2%).
cados como responsáveis pela capacitação dos/
as participantes do Distrito Federal foram: 25% Por fim, tanto coordenadores/as quanto
dos/as respondentes que compõem as equipes os/as componentes das equipes técnicas que
técnicas apontaram os órgãos gestores distritais afirmaram ter participado de capacitação sobre
da Assistência Social, enquanto as coordenações o SINASE, informaram que esta foi realizada no
e os/as agentes socioeducativos/as apontaram os ano de 2018 (coordenadores/as: 32,7%; advoga-
órgãos gestores distritais do sistema socioeduca- dos/as: 43,3%; psicólogos/as: 38,7%; assistentes
tivo (42,86% dos/as coordenadores/as e 23,08% sociais: 39,4%).
dos/as agentes socioeducativos/as). Quando analisamos os dados obtidos por
meio da abordagem às equipes técnicas e coor-
denações de São Paulo, obtivemos as seguintes

84
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

informações: 66,6% dos/as componentes das 19,5% dos/as componentes das equipes técni-
equipes técnicas e 84,9 dos/as coordenadores/as cas afirmaram que o órgão responsável por
do estado de São Paulo afirmaram ter participado prover a capacitação havia sido o órgão gestor
de capacitação sobre o SINASE, enquanto 33,3% distrital da Assistência Social. Contudo, 34,1%
dos/as componentes da equipe técnica e 13,2% dos/as respondentes participantes da capacita-
dos/as coordenadores/as informaram não ter ção afirmaram que a mesma havia sido provida
participado. Dos/as respondentes que integram por outros órgãos, apontados com maior recor-
a equipe técnica e afirmaram ter participado da rência, a Escola de Governo, Escola Nacional
capacitação, 61,1% informaram que a capacita- de Socioeducação, o CONANDA e Secretarias
ção foi promovida pela Secretaria Municipal de Distritais que operam a política de atendimento
Assistência Social. 60% dos/as coordenadores/ na localidade (SECRIA e SEJUS). Dentre os/as
as dos serviços indicaram a mesma secretaria respondentes coordenadores/as que participa-
como responsável pelo provimento de tal capa- ram da capacitação, 20% apontaram como órgão
citação. Dos/as membros das equipes técnicas promovente a Universidade e o mesmo percen-
abordadas, 33,3% dos/as respondentes rela- tual (20%) indicou o órgão gestor do sistema
taram ter tido tal capacitação no ano de 2017 e socioeducativo como o provedor da capacitação.
30,5% no ano de 2018. Já 40% dos/as coordena- Já dos/as respondentes agentes socioeducati-
dores/as informaram ter tido tal capacitação em vos/as que participaram da capacitação, 25%
2018, enquanto 35,5% apontaram ter realizado informaram que o órgão responsável pelo provi-
tal capacitação no ano de 2017. mento da capacitação teria sido o órgão gestor
Para 88,8% dos participantes da capa- distrital da Assistência Social e o mesmo percen-
citação que integram as equipes técnicas e para tual (25%) indicou o órgão gestor distrital do
82,2% dos/as coordenadores/as dos serviços de Sistema Socioeducativo da localidade como o
São Paulo, a capacitação foi realizada de forma promovente da capacitação.
presencial. Para 36,1% da equipe técnica, a mesma Dos/as respondentes integrantes das
ocorreu na modalidade de congresso, simpósio equipes técnicas do Distrito Federal, 19,5% indi-
ou seminário acadêmico e para 27,7% acontece- caram ter realizado a capacitação no ano de
una modalidade de aperfeiçoamento, sendo que 2018 e o mesmo percentual (19,5%) apontou ter
para 50% dos/as participantes a capacitação realizado tal capacitação no ano de 2017. Dos/
teve carga horária de 10h a 20h. Os/as coorde- as coordenadores/as dos serviços do Distrito
nadores/as dos serviços que informaram que a Federal, 30% indicaram ter participado da capa-
capacitação ocorreu na modalidade de aperfei- citação no ano de 2016 e 20% apontaram o ano
çoamento perfazem 44,4% dos/as respondentes, de 2017 como sendo o ano de realização da capa-
enquanto 17,7% apontaram que a capacitação citação. Nenhum coordenador/a respondente
ocorreu na modalidade de congresso, simpósio apontou o ano de 2018 como sendo o de partici-
ou seminário acadêmico e o mesmo percentual pação na capacitação sobre o SINASE. Um quarto
(17,78%) apontou cursos de curta duração como dos/as agentes socioeducativos/as respondentes
a modalidade em que a capacitação foi promo- que participaram da capacitação sobre o SINASE
vida. Para 28,8% dos/as coordenadores/as que informaram tê-la feito no ano de 2015, enquanto
participaram da capacitação sobre o SINASE, a os demais participantes se dividiram, com
mesma teve carga horária de 10h a 20h e para pequenos percentuais que apontaram os anos de
o mesmo percentual (28,8%) dos/as responden- 2002, 2003, 2007, 2014, 2017 e 2018 como anos
tes, a carga horária ofertada pela capacitação foi de realização da capacitação em voga.
de 30h a 60h. 60,9% dos/as integrantes da equipe
Ao analisarmos os dados obtidos no técnica e 50% dos/as agentes socioeducati-
Distrito Federal, percebemos que 61,1% dos/ vos afirmaram ter feito a capacitação de forma
as componentes das equipes técnicas e 61,5% presencial. Contudo, 60% dos/as coordenado-
dos/as agentes socioeducativos/as aponta- res/as afirmaram ter realizado a capacitação
ram ter realizado a capacitação sobre o SINASE na modalidade à distância. Da equipe técnica,
entre 2000 e 2018. Contudo, entre os/as coor- 31,7% de seus integrantes e 50% dos/as agentes
denadores/as dos serviços na localidade, 47,6% socioeducativos/as afirmaram que a capacitação
informaram ter realizado a capacitação enquanto foi promovida na modalidade de curso de curta
a maioria (52,3%) afirmou não ter participado duração, enquanto 10% dos/as coordenadores/
de tal capacitação. Dentre os/as participantes, as apontaram tal modalidade. Ademais, 21,9%

85
PESQUISA MEIO ABERTO

das equipes técnicas, 30% dos/as coordena- tal qual foi possível constatar junto aos operado-
dores/as e nenhum respondente dentre os/as res do Sistema de Justiça e às equipes das Varas.
agentes socioeducativos informaram ter feito Assim, do volume total de respondentes inte-
a capacitação na modalidade de curso de longa grantes das equipes técnicas - dos CREAS, do
duração. DF e de São Paulo – 95,16% e 90,6% do volume
Quanto à carga horária do curso de capa- total de coordenadores/as dos serviços – CREAS,
citação realizado, 31,7% dos/as respondentes das DF e SP - afirmaram não terem participado de
equipes técnicas afirmaram a ter cumprido mais capacitação voltada para a Política Nacional de
de 120 horas, seguido de 29,2% dos/as respon- Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em
dentes que afirmaram ter cumprido a carga conflito com a lei.
horária de 10h a 20h, apontando os extremos Tal situação, como já era previsto, reflete,
quanto às cargas horárias dos cursos promovidos diretamente, nas dificuldades encontradas pelas
e destinados às equipes. Dos/as coordenadores/ equipes técnicas e coordenações para efetivar
as dos serviços, 30% indicaram a carga horária de a intersetorialidade no âmbito da política de
70h a 120h para cumprimento do curso de capa- Assistência Social associada à política de Saúde,
citação sobre o SINASE e o mesmo percentual sobretudo quando consideramos às demandas
(30%) dentre os/as coordenadores/as não soube e necessidades peculiares de adolescentes em
responder à questão. Já 50% dos/as agentes conflito com a lei.
socioeducativos apontaram ter cumprido de 30h
a 60h de curso de capacitação sobre a temática e
25% dos/as respondentes agentes socioeducati- 7.3. OBTENÇÃO DE ORIENTAÇÕES
vos/as informaram ter cumprido de 10h a 20h de TÉCNICAS PARA O TRABALHO NO
curso de capacitação sobre o SINASE. SUAS

Quando questionados/as sobre a obten-


7.2.6. CAPACITAÇÃO SOBRE A POLÍTICA ção de orientações técnicas para atuação no
NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL SUAS em suas áreas de formação, 90% dos/
À SAÚDE DE ADOLESCENTES EM as coordenadores/as afirmaram a existência e
CONFLITO COM A LEI – PNAISARI terem conhecimento sobre orientações dessa
natureza, enquanto um pouco mais de 10% dos/
Dentre todas as participações em capaci- as mesmos/as respondentes afirmaram desco-
tações aferidas juntos aos atores respondentes nhecimento de tais orientações e menos de 1%
dessa pesquisa, apenas a capacitação sobre a não souberam responder. Dentre os/as 90%
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de dos/as coordenadores/as que afirmaram a exis-
Adolescentes em Conflito com a Lei foi questio- tência e o conhecimento de orientações técnicas
nada a praticamente todos/todas respondentes para a atuação no SUAS, em sua área de forma-
– com exceção dos/as agentes socioeducativos/ ção, 23,5% afirmaram que o órgão responsável
as que atuam somente no Distrito Federal. Tal pela elaboração das orientações em tela era o
fato se deve a redefinição da legislação em voga, Conselho Federal de Serviço Social; 13,7% indica-
por meio de portaria publicada em 2014, cuja ram o Conselho Federal de Psicologia, enquanto
abrangência da política, que anteriormente abar- mais de 48,6% apontaram outras instituições.
cava apenas adolescentes em cumprimento de Ainda sobre o mesmo questionamento,
medida socioeducativa de internação e inter- mas agora em relação os/as advogados/as que
nação provisória, foi ampliada para abarcar, compõem as equipes técnicas, as respostas se
também, os/as adolescentes em cumprimento dividiram da seguinte maneira: aproximada-
de medida socioeducativa em meio aberto e em mente 46% afirmaram não existir tais orientações
situação de privação de liberdade, em unida- técnicas para atuação no SUAS, especificamente
des de internação, de internação provisória e de voltadas para sua área de atuação, enquanto 54%
semiliberdade. afirmaram o contrário, isto é, a existência e o
Contudo, nos deparamos com o desco- conhecimento de tais orientações técnicas espe-
nhecimento e incipiência de capacitações sobre a cíficas. Dentre estes/as últimos/as, apenas 17,5%
PNAISARI destinadas aos trabalhadores/as que apontaram a OAB – Ordem dos Advogados/as
acompanham os/as adolescentes em cumpri- do Brasil como órgão responsável pela elabo-
mento de medida socioeducativa em meio aberto, ração, aproximadamente 23% não souberam

86
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

informar sobre o órgão responsável pelas orien- trabalho, o que se reflete na remuneração desi-
tações e 48,6% apontaram outras instituições. gual quando comparada às profissões ocupadas,
Tanto assistentes sociais (96%) quanto psicólo- majoritariamente, por homens, como identifi-
gos (aproximadamente 85%), afirmaram existir camos nas instituições que compõem o Sistema
ou ter conhecimento sobre as orientações técni- de Justiça. Isso se deve ao fato de que as ativida-
cas para atuação no SUAS, específicas de sua des de cuidado foram exercidas, historicamente,
área de atuação, como também, ambos aponta- pelas mulheres que não eram remuneradas,
ram seus respectivos Conselhos de classe como como uma atividade “natural” e inerente à
autores das orientações em tela (aproximada- condição feminina. Desta forma, no mundo do
mente 70% dos/as psicólogos/as apontaram o trabalho, as profissões consideradas com menor
Conselho Federal de Psicologia e aproximada- valor social são as exercidas, também, no âmbito
mente 54% dos/as assistentes sociais indicaram privado e por isso não remuneradas de maneira
o Conselho Federal de Serviço Social). igualitária às consideradas do ambiente público.
Ademais, compreendemos que as profissões cuja
atuação possui maior possibilidade de acesso a
7.4. GÊNERO E ASSISTÊNCIA SOCIAL bens monetários, de forma não prevista e ilícita,
em contrapartida ao serviço prestado, são, em
Um aspecto que pôde ser percebido a sua maioria, melhor remuneradas no intuito de
partir dos dados sobre o perfil das e dos/das que o/a profissional não seja mais facilmente
profissionais entrevistados/das na pesquisa versa constrangido ao recebimento de contrapartidas
sobre o fato da Assistência Social ser, desde seus não previstas. Assim, a fim de evitar situações
primórdios, uma área de atuação com predomi- de suborno e corrupção, os/as profissionais do
nância de mulheres, o que se reflete também na Sistema de Justiça são muito bem remunera-
gestão da política – em seu planejamento, execu- dos. Situação que não é identificada em outros
ção, monitoramento e avaliação. Desta forma, setores, tais como nos espaços de atuação de
além de ser uma política pública que enfrenta as profissionais vinculados às políticas públicas.
desigualdades de gênero em sua atuação – o que Por serem, em sua maioria, acessadas por um
foi registrado nesta pesquisa na próxima seção público desprovido de condições socioeconô-
que trata da violência – também as enfrenta em micas favoráveis e que, em virtude disso, não
nível de gestão. possuem condições de apresentar contrapartidas
As políticas públicas de Assistência Social pelos serviços prestados, de forma não prevista e
no Brasil, e especificamente às referentes as ilícita, como ocorre de forma mais recorrente nas
crianças e adolescentes, foram historicamente instituições que compõem o Sistema de Justiça,
exercidas por mulheres, e em sua maioria pelos/ os espaços socioocupacionais ocupados por
as profissionais do Serviço Social. Na década profissionais, em sua maioria, com formação em
de 1930, em um contexto de industrialização Serviço Social, Psicologia, Pedagogia, não obtém
e ampliação da desigualdade social no país, há remunerações condizentes com a complexidade
uma colaboração entre Estado e Igreja no sentido do trabalho realizado.
de institucionalizar as políticas públicas desti- Essa desigualdade pode ser observada no
nadas à classe trabalhadora, e nesse contexto, o perfil dos/as gestores/as da Assistência Social
Serviço Social passa a ser uma das engrenagens (estadual e municipal), que são majoritaria-
de execução da política social estatal e de setores mente mulheres, que possuem salários aquém,
empresariais. Neste momento histórico as políti- quando consideramos a formação e qualifica-
cas assistenciais têm sua origem e são executadas ção adquiridas, bem como, desproporcionais à
por mulheres ligadas à Igreja Católica, que já complexidade e responsabilidade do trabalho
em 1936 instituem os primeiros cursos de realizado. Os/as coordenadores/as dos CREAS
Serviço Social no Brasil, ancorados na ideia de entrevistados/as correspondem a 89,05% de
que a mulher tem uma vocação natural para as mulheres e a equipe técnica possui 85,22% de
tarefas educativas e caridosas (IAMAMOTO; sua composição de mulheres, sendo, portanto,
CARVALHO, 1982). maioria incontestáveis na atuação no SUAS.
Esta política é até hoje formada majo- Observamos, ainda que 54,06% dos/das
ritariamente por trabalhadoras mulheres, e coordenadores/as e 52,60% dos/as profissio-
entendida como “feminina”, sendo conside- nais que compõem as equipes técnicas possuem
rada menos valiosa na divisão sócio-técnica do pós-graduação. Entretanto, 35,34% dos/as

87
homens representam 62%. Contudo, a partir dos dados obtidos nessa pesquisa, obtivemos um
percentual de respondentes, de acordo com o gênero, que contrariaram, totalmente, os
PESQUISA MEIO ABERTO
percentuais de gênero predominante apontados pelo CNJ.

Perfil de gênero dos/as respondentes do Sistema de Justiça


Mulheres Homens
Magistrados/as respondentes 73,72% 18,66%
Promotores/as de justiça 72,81% 20,05%
20,34%
Defensores/as públicos/as
Defensores/as públicos/as 74% 20,34%

20,05%
Promotores/as de justiça

18,66%
Magistrados/as respondentes

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

coordenadores/as e 42,05% dos/as profissionais acumulam outras funções relacionadas à gestão


Sob a perspectiva dos recursos humanos, é possível afirmar que se investe mais no
das equipes técnicas recebem de um a dois salá- da Assistência Social, atuando, por vezes como
Sistema de Justiça do que na política de Assistência social, que é, de fato, quem executa as
rios mínimos e 31,80% dos/as coordenadores/as técnicas das Secretarias e/ou tendo outros
medidas socioeducativas em meio aberto, tendo em vista que é responsável por promover o
e 40% dos/as componentes das equipes técnicas vínculos empregatícios como forma de comple-
atendimento e acompanhamento dos/as adolescentes em cumprimento de medida. Para
de três a quatro salários mínimos. Identificamos, mentação salarial. Assim, o perfil predominante
compreendermos
portanto, nesse cenário,essa afirmativa,
uma média basta confrontarmos
salarial de gestoras a média salarial
mulheres dos profissionais
e negras pode refletir que
em
atuam nos dois setores. Enquanto
extremamente baixa, sobretudo se comparar- os/as profissionais do Sistema de Justiça recebem
seus salários, que estão muito abaixo uma
dosmédia
rece-
salarial
mos com queas/osgira em torno
demais de 15 que
profissionais a 30 salários bidos
também mínimos, os/asrepresentantes
pelos/as profissionais do queSistema
atuam na de
Assistência
atuam no Sistema socialdeapresentam a média
Garantia de Direitos salarialJustiça,
(SGD). cinco sendo
vezes quemenor
38,10%quedos/as
a aferida pelos
gestores/as
representantes das instituições que compõem o sistema municipais de justiça. Ademais,
da Assistência o contexto
Social recebem sócio-
três a
Com relação a situação apresentada pelas
político e institucional brasileiro
equipes técnicas multiprofissionais que atuamtem fortalecido as instituições que compõem
quatro salários mínimos, 28,57% aferem o Sistema de
de cinco
Justiça, já que estas personificam
nas Varas, que apesar de possuírem média sala-e representam o
a Estado
seis penal
salários brasileiro,
mínimos e, enquanto
ainda, 17,26% fragiliza
de gesto-a
política de Assistência social do país,
rial muito superior à dos/as trabalhadores/as da haja vista seu caráter
res/as de
recebem proteção
de um a dos
dois mais vulneráveis
salários mínimos. e,
portanto,
Assistência“alvo” do- Sistema
Social de salários
de sete a dez Justiça14 .
mínimos Podemos perceber que há uma relação
(54,69%),De de acordo
cinco a com uma pesquisa
seis (20,31%) e de 11realizada
a 20 nos portais
entre de transparência
as profissões do Sistema de
ocupadas, majoritariamente,
Justiça
(15,63%)publicados
– tambémpelo Conselho
é composta porNacional
uma maio- de Justiça (CNJ), deneste
por mulheres, acordocasocom os contracheques
na área da Assistência
deria2019 de juízes
de mulheres comdeformação
direito doem Brasil,
Serviçoo ganho
Social médiosocial é de
e a R$ 30.700,00/mês,
desigualdade salarialsem benefícios
evidenciada, e
pois
e Psicologia (89%), devidamente qualificadas, existem implicações relacionadas à remuneração
14tendo 52,35% do quantitativo total de profissio- e condiçõesque,
É por isso que tal contexto incide sobre a atuação dos profissionais de trabalho
mesmo tendoquando comparadas
por premissa proveraoa
nais respondentes
Assistência social e o com pós-graduação
atendimento humanizado e, mesmo Sistema
ao público alvo de Justiça,
do Estado ocupado
penal, tem majoritariamente
como diretriz, produzida pelo
sistema hegemônico,
que atuem nas nuances
no Sistema do estrutural
de Justiça, aindae do simbólicopor
assim, quejuízes,
sustentam o Estado, e
promotores atuar em prol dohomens,
defensores, controle eem
da
coerção deste público. São as políticas sociais, denominadas “workfare, em retração e o regime prisional, prisionfare em
perfazem
expansão [...]salários inferiores
para disciplinar aos aferidos
as frações precarizadas pelos/ sua
da classe maioria, brancos.
trabalhadora” (WACQUANT, 2012, p.11).
as juízes/as, promotores/as de justiça e defenso- De acordo com o Perfil Sociodemográfico
res/as públicos/as. dos Magistrados Brasileiros de 2018, publi-
Apesar das inúmeras funções e responsa- cado pelo CNJ, as mulheres representam 38%
bilidades que devem ser exercidas e assumidas da magistratura no país, enquanto os homens
pelos/as gestores/as, quando nos atentamos representam 62%. Contudo, a partir dos dados
para o perfil dos/das gestores/as municipais obtidos nessa pesquisa, obtivemos um percen-
podemos perceber que as condições de trabalho tual de respondentes, de acordo com o gênero,
não possibilitam que o trabalho seja efetivado que contrariaram, totalmente, os percentuais de
da maneira como prevê a lei do SINASE, já que: gênero predominante apontados pelo CNJ.
82,14% dos/das gestores/as municipais são Sob a perspectiva dos recursos huma-
mulheres e destas, 58,53% são negras (pretas e nos, é possível afirmar que se investe mais
pardas). Além disso, ¾ das gestoras municipais no Sistema de Justiça do que na política de

88
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Assistência Social, que é, de fato, quem executa Federal, cujo edital para o concurso de provi-
as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, mento de Defensores/as públicos/as, publicado
tendo em vista que é responsável por promo- em 2019, contemplava o salário inicial de R$
ver o atendimento e acompanhamento dos/as 24.668,75.
adolescentes em cumprimento de medida. Para
compreendermos essa afirmativa, basta confron-
Para saber mais sobre gênero, assistência social e
tarmos a média salarial dos profissionais que
divisão sexual do trabalho:
atuam nos dois setores. Enquanto os/as profis-
sionais do Sistema de Justiça recebem uma KERGOAT, Danièle. Divisão Sexual do Trabalho
média salarial que gira em torno de 15 a 30 salá- e Relações Sociais de Sexo. In: HIRATA, Helena
rios mínimos, os/as profissionais que atuam na et al (Org.). Dicionário Crítico do Feminismo.
Assistência social apresentam a média salarial São Paulo: UNESP, 2009.
cinco vezes menor que a aferida pelos represen- IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul
tantes das instituições que compõem o Sistema de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil:
de Justiça. Ademais, o contexto sócio-político e Esboço de uma interpretação histórico-metodo-
institucional brasileiro tem fortalecido as insti- lógica. 21 ed. São Paulo, Cortez; Celats, 2007
tuições que compõem o Sistema de Justiça, já
que estas personificam e representam o Estado
penal brasileiro, enquanto fragiliza a política de 7.5. ORGANIZAÇÃO DAS EQUIPES
Assistência Social do país, haja vista seu cará- TÉCNICAS
ter de proteção dos mais vulneráveis e, portanto,
“alvo” do Sistema de Justiça14. Esta seção pretende explorar a organi-
De acordo com uma pesquisa realizada nos zação das equipes técnicas porque entende-se a
portais de transparência do Sistema de Justiça importância do atendimento interdisciplinar e
publicados pelo Conselho Nacional de Justiça a necessidade de que este seja privilegiado em
(CNJ), de acordo com os contracheques de 2019 detrimento de um atendimento compartimen-
de juízes de direito do Brasil, o ganho médio é tado. Conforme dispõe o Caderno de Orientações
de R$ 30.700,00/mês, sem benefícios e bonifica- Técnicas dos CREAS, publicado pelo Ministério
ções, o que aumenta para cerca de R$ 40.000,00. do Desenvolvimento Social, no ano de 2011,
Com relação aos Promotores Públicos, em 2018 “o trabalho social especializado ofertado pelo
o Conselho Nacional do Ministério Público CREAS exige que a equipe profissional seja
também publicou em seu portal da transparência interdisciplinar, contando com profissionais de
estes dados, e verificou-se também uma média nível superior e médio, habilitados e com capa-
de ganho de aproximadamente R$ 29.000,00 cidade técnica para o desenvolvimento de suas
no país, sem benefícios e bonificações. Já com funções”. Ademais, recomenda-se que além do
relação aos defensores públicos, há uma dispari- atendimento interdisciplinar, tendo em vista
dade maior, o que dificulta no momento de fazer a complexidade das situações de risco pessoal
uma média nacional. Em pesquisa nos portais da e social, de violações de direitos que são acom-
transparência verificou-se que os salários destes panhadas nos CREAS, que sejam feitos, quando
profissionais variam muito de estado para estado. possível, atendimentos integrados com a rede
Por exemplo, entre os que menos remuneram os que atende e/ou atenderá o/a adolescente. Esta
defensores/as públicos/as está a Paraíba, onde forma de organização da atuação, a partir de
estes/as profissionais aferem um média salarial articulações intersetorias e intervenções conjun-
de aproximadamente R$ 11.700,00. Em contra- tas, consiste em um dos eixos que norteiam a
partida, verificou-se também que em algumas organização e o desenvolvimento do trabalho
Unidades Federativas a remuneração inicial é social nos CREAS, de acordo com os princípios
muito superior, como por exemplo, no Distrito e diretrizes da PNAS e conceitos e parâmetros
do SUAS. Compreende-se, neste sentido, que o
14
É por isso que tal contexto incide sobre a atuação dos profissio- trabalho social, quando desenvolvido de forma
nais que, mesmo tendo por premissa prover a assistência social e
o atendimento humanizado ao público alvo do Estado penal, tem compartilhada entre a equipe técnica, a rede
como diretriz, produzida pelo sistema hegemônico, nas nuances socioassistencial e as políticas setoriais possibi-
do estrutural e do simbólico que sustentam o Estado, atuar em lita o debate entre os vários atores que compõem
prol do controle e da coerção deste público. São as políticas so-
ciais, denominadas “workfare, em retração e o regime prisional,
o Sistema de Garantia de Direitos, acerca
prisionfare em expansão [...] para disciplinar as frações precariza- das mais diversas questões enfrentadas pelas
das da classe trabalhadora” (WACQUANT, 2012, p.11).

89
PESQUISA MEIO ABERTO

comunidades, famílias e indivíduos nos terri- adolescente na escola, aparecendo em 32% das
tórios, corroborando, dessa forma, para que as narrativas dos/das coordenadores/as e apontado
demandas sejam resolvidas coletivamente e de por 29% dos/das profissionais que compõem as
maneira a contemplar o maior número de indi- equipes técnicas.
víduos. Ademais, essa forma de atuação permite Além disso, parcela significativa dos/
que os fenômenos e demandas sociais sejam das profissionais também afirmaram que há
aprofundadas e compreendidas de maneira participação de profissionais de outras políticas
coletiva a partir de diversos olhares, das mais setoriais, sobretudo da Saúde e/ou Educação,
distintas áreas do saber. em suas reuniões de equipe, o que demonstra o
Com relação ao trabalho interdisciplinar, esforço das equipes técnicas em prol da efetiva-
foi evidenciado que há uma satisfação da maioria ção de uma atuação multidisciplinar junto aos/
dos/das profissionais que atuam na Assistência às adolescentes. Ressaltamos, neste sentido, a
Social com relação ao formato do trabalho desen- importância de que haja discussão coletiva dos
volvido. Mais da metade dos/das coordenadores/ diversos aspectos que fazem parte da vida dos/
as (56,1%) e dos/das profissionais que compõem das adolescentes, bem como o estabelecimento
as equipes técnicas (56,8%) se consideram de formas de superação dos desafios que se
satisfeitos/as com o trabalho interdisciplinar colocam no cotidiano dos/das profissionais que
efetivado nos serviços de acompanhamento dos/ atuam com medidas socioeducativas, cuja arti-
das adolescentes em cumprimento de Medida culação com as outras políticas sociais se faz
Socioeducativa em Meio Aberto, e cerca de imprescindível para a qualificação do acompa-
32% dos/das coordenadores/as e 26,4% dos/ nhamento promovido.
das profissionais das equipes técnicas afirma- Quando os/as profissionais foram ques-
ram estar muito satisfeitos/as. Esta satisfação tionados/as sobre a participação de outros
também se expressa na maneira como as equi- atores da rede socioassistencial e de outras
pes se organizam. O exemplo disso se manifesta políticas setoriais nas reuniões de equipe para
nos temas mais tratados pelas equipes técni- discutir a situação e o acompanhamento dos/
cas durante as reuniões de equipe15. 68,6% dos/ das adolescentes em cumprimento de medida
as coordenadores/as e 65,2% dos/das profissio- socioeducativa, 50,1% dos/das coordenadores/
nais das equipes técnicas mencionaram, entre os as e 56,7% dos/das profissionais das equipes
temas mais frequentes, a “discussão de casos16” técnicas afirmaram que as reuniões não contam
- o que inclui discutir sobre as situações apresen- com participação de atores externos, advindos
tadas durante os atendimentos individuais e/ou de outras políticas setoriais. Em contrapartida,
durante os grupos realizados, conferindo estudo 48% dos/das coordenadores/as e 39,5% dos/das
e reflexão específicos sobre a situação de cada profissionais das equipes técnicas afirmaram a
adolescente. Ainda, 54,4% dos/das coordenado- participação de outros atores da rede socioassis-
res/as e 52,1% dos/das profissionais das equipes tencial e demais políticas setoriais nas reuniões
técnicas mencionaram discussão de fluxos e promovidas pelo Serviço de Proteção Social
procedimentos de atendimento. Outro tema ao/à adolescente em cumprimento de Medida
apresentado com frequência faz referência aos Socioeducativa em Meio Aberto. Dentre estes/
encaminhamentos para a rede de ensino, situa- as profissionais que afirmaram contar com a
ção e acompanhamento da permanência do/da participação de outros atores em suas reuniões,
73,5% dos/das coordenadores/as e 65,6% dos/
15
Apesar do Caderno de Orientações Técnicas dos CREAS, das profissionais que compõem as equipes técni-
2011 apontar a distinção entre reuniões de equipe e reuniões
de estudo de caso, o questionamento realizado visou obter in- cas disseram que os atores vinculados à política
formações sobre as discussões mais realizadas nos momentos de Saúde são os que mais participam, bem como,
de integração e congregação entre a equipe técnica e a coor- 68,3% dos/das coordenadores/as e 62% dos/das
denação, considerando que cada serviço tem uma dinâmica de
organização, planejamento e execução das reuniões realizadas
profissionais das equipes técnicas afirmaram que
entre os membros das equipes. há participação dos/das profissionais da polí-
16
Reconhecidos como reuniões de estudo de casos, estes mo- tica de Educação, constando em terceiro lugar,
mentos, segundo Caderno de Orientações Técnicas dos CRE- 20,5% dos/das coordenadores/as e 22,5% dos/
AS, 2011, “têm como objetivo reunir a equipe para estudar, das profissionais das equipes técnicas relataram
analisar e avaliar as particularidades e especificidades das situ-
ações atendidas, de modo a ampliar a compreensão e possibi- que outros atores da rede socioassistencial, inse-
litar a definição de estratégias e metodologias de atendimento ridos no âmbito da política de Assistência Social,
mais adequadas, além de serviços da rede que deverão ser acio- participam.
nados, tendo em vista o aprimoramento do trabalho” (MDS,
2011, p.57).

90
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

7.5.1. DISTRIBUIÇÃO DOS 14,2% dos/das coordenadores/as e 13,7% dos/


ATENDIMENTOS das profissionais das equipes técnicas afirmaram
que de acordo com as demandas que conclamam,
Sobre a distribuição entre a equipe de maneira mais enfática, a atuação de um/uma
técnica do referenciamento do acompanha- profissional/área.
mento dos/das adolescentes em cumprimento Em São Paulo a maioria dos/das coor-
da Medida Socioeducativa em Meio Aberto, denadores/as / gerentes do equipamento
29,1% dos/das coordenadores/as e cerca de (78,85%) e componentes da equipe técnica
28% dos/as componentes das equipes técnicas (73,58%) afirmaram que a distribuição é feita
afirmaram ser uma divisão quantitativa entre de maneira quantitativa, com número limitado
os técnicos/as da equipe, baseada no número para cada profissional. Tal situação também
limitado, previamente estabelecido, de adoles- ocorre no Distrito Federal, em que 91,67%
centes acompanhados/as por cada profissional; dos/das coordenadores/as e 72,31% dos/as

Critérios para a distribuição dos casos entre a equipe técnica


Equipes/Coordenações Distrito Federal e São Paulo
17,31%
Outro 0,00%
18,87%
1,54%

0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,00%
0,00%

0,00%
Não sabe informar 0,00%
1,89%
1,54%

0,00%
Não há critérios estabelecidos 0,00%
0,00%
1,54% COORDENAÇÃO OSC SP
0,00% COORDENAÇÃO DF
Sorteio 5,56%
0,00%
1,54%
EQUIPE TÉCNICA OSC SP
1,92%
Divisão por profissional 22,22% EQUIPE TÉCNICA DF
1,89%
7,69%

78,85%
Divisão quantitativa/ com número limitado para cada profissional 66,67%
73,58%
72,31%

0,00%
Divisão aleatória 5,56%
0,00%
3,08%

1,92%
Disponibilidade do técnico no momento 0,00%
3,77%
10,77%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

Critérios para a distribuição dos casos entre a equipe técnica

Outro. Qual? 7,47%


5,35%

Prefere não responder 0,00%


0,79%

Não sabe informar 4,27%


6,61%
Não há distribuição, pois existe apenas 1 técnico(a) responsável pelas 0,00%
MSE 1,42%

Todos os técnicos acompanham os adolescentes 8,54%


7,40%
Divisão por território (técnicos não atendem adolescentes que moram 8,19%
em regiões próximas de sua residência) 9,45% COORDENAÇÃO CREAS

Não há critérios estabelecidos 11,74%


11,34% EQUIPE TÉCNICA CREAS

Sorteio 0,00%
0,00%

Divisão por profissional 14,23%


13,70%

Divisão quantitativa/ com número limitado para cada profissional 29,18%


27,87%

Divisão aleatória 5,69%


6,30%

Disponibilidade do(a) técnico(a) no momento 10,68%


9,76%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00%

91
PESQUISA MEIO ABERTO

componentes da equipe técnica afirmaram que a ao estudo dos casos dos/das adolescentes em
metodologia de atribuição da referência de cada cumprimento de medida socioeducativa, as
caso/acompanhamento é regida pelo número de respostas se dividiram em: periodicidade sema-
acompanhamentos possíveis para cada profis- nal (coordenadores/as: 25%; equipe técnica:
sional, independentemente da área de atuação, 33,7% e agentes socioeducativos: 27,2%); perio-
respeitando-se o número de casos limitados por dicidade quinzenal (coordenadores/as: 50%;
profissional. equipe técnica: 32,1% e agentes socioeducativos:
33,3%) e periodicidade mensal (coordenado-
res/as: 16,6%; equipe técnica: 12,5% e agentes
7.5.2. REUNIÕES DE EQUIPE PARA socioeducativos: 36,3%).
ESTUDO DE CASO No Estado de São Paulo, os dados cole-
tados a partir do questionamento sobre a
Seguindo orientações técnicas do SINASE periodicidade de realização das reuniões para
(2006) e as que foram produzidas pelo SUAS, os/ estudo de caso, referem-se a periodicidade
as profissionais que compõem o quadro técnico com que ocorrem as reuniões/encontros de
dos CREAS, das ONGs ou das GEAMA’s, habi- supervisão com o(s) CREAS de referência de
tualmente, organizam reuniões de equipe cada serviço, reconhecendo que, em virtude
destinadas à discussão da situação dos/as da modalidade de execução diferenciada, por
adolescentes (reuniões de estudos de caso) com meio de conveniamento com ONG’s, o formato
a intenção de reorganizar fluxos internos de de reunião promovida pelos serviços de prote-
trabalho; analisar e avaliar as especificidades dos ção social ao adolescente em cumprimento de
casos atendidos de maneira a ampliar o conheci- medida Socioeducativa em Meio Aberto, também
mento sobre as situações em acompanhamento; se apresenta diferenciado.
e, quando necessário, adotar novas estratégias
e acionar outros serviços da rede intersetorial,
tendo em vista a intersetorialidade e o aper- 7.5.2.2. TEMAS MAIS TRATADOS NAS
feiçoamento do trabalho desenvolvido. Assim, REUNIÕES DE EQUIPE
percebe-se que as reuniões de equipe atuam
como espaço de fomento do trabalho interdisci- Com relação aos temas mais tratados nas
plinar, intersetorial e coletivo. reuniões de equipe para discussão da situação
Com o intuito de explorar em que dos/as adolescentes em cumprimento de medida
circunstâncias ocorrem tais reuniões, foram socioeducativa, 68,6% dos/das coordenadores/
feitas as perguntas sobre periodicidade. E para as e 65,2% dos/das profissionais das equipes
compreender quais são as principais problemáti- técnicas do CREAS mencionaram a discussão
cas que atravessam o atendimento ofertado aos/ de casos, o que inclui discutir sobre grupos de
às adolescentes, foi feita a pergunta sobre os três adolescentes e/ou sobre os atendimentos indivi-
temas mais tratados nas reuniões. duais. Ainda, 54,4% dos/das coordenadores/as e
52,1% dos/das profissionais das equipes técnicas
mencionaram discussão de fluxos e procedi-
7.5.2.1. PERIODICIDADE DAS REUNIÕES mentos de atendimento. Outro tema frequente
DE EQUIPE é sobre os encaminhamentos para a rede de
ensino, situação e acompanhamento da perma-
Quando questionados/as sobre a perio- nência na escola, aparecendo em 32% da fala
dicidade das reuniões de equipe destinadas dos/das coordenadores/as e em cerca de 29%
ao estudo dos casos dos/das adolescentes em dos/das profissionais das equipes técnicas.
cumprimento de medida, 44,5% dos/das coor- Com relação aos temas mais tratados nas
denadores/as e quase 46% dos/das profissionais reuniões das equipes de São Paulo, cabe ressaltar
das equipes técnicas afirmaram ser realizadas que os encontros aqui considerados, tratam-
semanalmente; e 26,1% dos/das coordenado- -se dos encontros realizados entre a equipe
res/as e 23,7% dos/das profissionais das equipes do serviço e os/as representantes do CREAS,
técnicas disseram ser realizadas mensalmente. chamados de encontros de supervisão. Dessa
Com relação aos dados do Distrito forma, a equipe técnica que executa e acompa-
Federal, quando perguntados/as sobre a perio- nha os/as adolescentes em cumprimento de
dicidade das reuniões de equipe destinadas Medidas Socioeducativas em Meio Aberto possui

92
Discussão de casos (Qualquer tipo COM AS INDICAÇÕES DO RESPONDENTE/ ADMITE TRÊS MARCAÇÕES)656,282,6%6%
de encontro… 24 17,91% 49 19,37%
oeducativa? (NÃO LER
etc)
OPÇÕES DE RESPOSTA/ MARCAR DE ACORDO
uais dos adolescentesSupervisão
emoperacionais
Questões cumprimento institucionalde LA
e de infraestrutura e/ou
(Qualquer
(Qualquer
tipoPSC)
tipo de encontro… 1179,9,31do7%equipamento,
de encontro periódico destinado a discussão dos aspectos práticos das atividades cotidianas
% tais
27 20,15% 38 15,02%
como transporte, telefone, internet, impressora etc)
15,0 2 %
nterdisciplinar, redesQuestões
de atendimento operacionais
etc) e de infraestrutura (Qualquer… Parte I: Panorama da política 20de ,15% Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
Organização de atividades e eventos
des cotidianas do equipamento,
Organização de atividades e eventos 2,24%10,28% 3 2,24% 26 10,28%
Demandas de órgãos tais como transporte, telefone, internet, impressora
Judiciário etc. etc)
6,39encaminhamentos
2,7%0% para a rede de
externos, como Conselho Tutelar, Conselhos de direitos, Ministério Público, 13 9,70% 16 6,32%
Demandas de órgãos externos, como Conselho Tutelar,…
Fluxos e procedimentos
Temas mais tratados nas reuniões de equipe para discussão da situação dos/as
de atendimento (Encontros destinados
atendimento como serviços de saúde mental, educação etc.)
a discussão dos protocolos de atendimento individual e em grupo,
73 54,48% 132 52,17%

adolescentes
Fluxos e procedimentos em cumprimento
de atendimento de medida socioeducativa443em
(Encontros… 525,4meio
12,99%
,74%8% aberto
Prestação de contas (Discussão sobre gastos realizados pelos profissionais do equipamento, como materiais para atividades, vale transporte etc).
Encaminhamento para a rede de ensino, situação e acompanhamento da permanência na escola 32,09%
0
73
0,00%
28,85%

Prestação
Não sabe informar
de contas (Discussão sobre gastos realizados… 0,20,09%9%
Prefere não responder
5
0
3,73%
0,00%
6
1
2,37%
0,40%
minhamentos para aOutras.
redeQuais?
de atendimento como serviços de saúde mental, educação etc.)
Encaminhamento para a rede de ensino, situação e…
Total 283,825,0%9% 22
134
16,42% 46
253
18,18%

orte etc). Outras. Quais? 37,79%


Não sabe informar 23,3,773%% 34,01%

Prefere
Prefere não responder
não responder 0,38% 0,040%
0,00%
Outras. Quais?
Não sabe informar 2,29% 1168,4,128%%
4,08%
Encaminhamento para a rede de ensino, situação e 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
26,72%
acompanhamento da permanência na escola 29,25%
Equipe
Prestação de contas (Discussão sobre gastos realizados pelosTécnica
0,00%
CREAS Coordenador CREAS
profissionais do equipamento, como materiais para… 2,04%
Fluxos e procedimentos de atendimento (Encontros 40,46% EQUIPE TÉCNICA CREAS
destinados a discussão dos protocolos de atendimento… 40,82%
Comderelação
Demandas aoscomo
órgãos externos, temas
Conselhomais
Tutelar, tratados
5,73%nas reuniões das equipes de São Paulo, cabe
COORDENAÇÃO CREAS
uais dos(as) adolescentesConselhos
em cumprimento
de direitos,de LA e/ouPúblico,
Ministério PSC) Judiciário etc. 8,16%
ressaltar que os encontros aqui considerados, tratam-se dos encontros realizados entre a equipe
nterdisciplinar, redes de atendimento etc) Organização de atividades e eventos 8,78%
do serviço e os/as representantes do CREAS, 2,72% chamados de encontros de supervisão. Dessa
des cotidianas do forma,
equipamento, tais como
Questõesaoperacionais
equipee de transporte,
técnica telefone,
que internet,
executa impressora etc)
tipo de e acompanha
infraestrutura (Qualquer 12,98% os/as adolescentes em cumprimento de
encontro periódico destinado a discussão dos aspectos… 20,41%
medidas socioeducativas em meio aberto possui a supervisão dos/das profissionais diretamente
Supervisão institucional (Qualquer tipo de encontro periódico 13,74%
vinculados
destinado aaos CREAS
discussões das
referentes regiões onde os serviços
ao equipamento,… 14,97%estão localizados.
Discussão
minhamentos para a rede de casos (Qualquer
de atendimento tipo de encontro
como serviços de saúdeperiódico
mental, educação, etc.) 53,05%
destinado a discussão dos grupos de adolescentes ou dos… 62,59%
orte etc).
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Temas mais recorrentes no encontro com a supervisão do CREAS


Prefere não responder -
Não sabe informar 2,11
Outros 4,21
Sobre o contexto conjuntural da política de Assistência… 4,21
Infraestrutura do espaço físico do serviço / manutenção 4,21
Quantitativo de atendimentos 3,16
Fluxos de atendimento 1,05
Formações/capcitações para a equipe 4,21
Relatórios 3,16
Intersetorialidade (Relação com outras políticas… 24,21
Orientação técnica para o preenchimento do PIA 1,05
Orientação técnica para execução de LA e PSC 7,37
Financiamento / Orçamento / Prestação de contas 6,32
Violência contra adolescentes 2,11
Estudos de caso 32,63

- 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00

a supervisão dos/das profissionais diretamente contam com a participação da equipe técnica e da


vinculados aos CREAS das regiões onde os servi- coordenação dos serviços, tendo como principais
ços estão localizados. temas tratados:
No Distrito Federal, mesmo diante das
peculiaridades observadas, as reuniões realizadas

93
No Distrito Federal, mesmo diante das peculiaridades observadas, as reuniões realizadas
PESQUISA MEIO ABERTO
contam com a participação da equipe técnica e da coordenação dos serviços, tendo como
principais temas tratados:
Temas mais tratados nas reuniões de equipe

Outras. Quais? 3,60%


16,67%

0,00%
Prefere não responder
0,00%

0,72%
Não sabe informar
0,00%

Encaminhamento para a rede de ensino, situação e 5,76%


acompanhamento da permanência na escola 22,22%

Prestação de contas (Discussão sobre gastos realizados 0,72%


pelos profissionais da unidade, como materiais para… 5,56%

Fluxos e procedimentos de atendimento (Encontros 19,42%


destinados a discussão dos protocolos de… 33,33%

Demandas de órgãos externos, como Conselho 0,72%


Tutelar, Conselhos de direitos, Ministério Público,… 5,56%

Organização de atividades e eventos 12,23%


38,89%

Questões operacionais e de infraestrutura (Qualquer 10,79%


tipo de encontro periódico destinado à discussão dos… 16,67%

Supervisão institucional (Qualquer tipo de encontro 12,23%


periódico destinado a discussões referentes ao… 22,22%

Discussão de casos (Qualquer tipo de encontro 33,81%


periódico destinado à discussão dos grupos de… 38,89%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

7.6 Construção
7.6. CONSTRUÇÃOdo Plano
DOIndividual
PLANO de Atendimento - PIANesta seção referente ao PIA, serão abor-
INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO - PIA dados aspectos relacionados ao modelo utilizado
De acordo com as Orientações Técnicas pelos produzidas pelapara
serviços Secretaria Nacional de
sua elaboração, critérios
Assistência Social, “o PIA é um instrumento
De acordo com as Orientações Técnicas de planejamento
para a suaque deve ser
elaboração, pactuado
inclusão deentre o/ae sobre
metas
técnico/a e o/apela
produzidas adolescente envolvendo
Secretaria a sua de
Nacional famíliaa e participação
as demais políticas
dos/assetoriais, conforme
adolescentes, dos/das
os objetivos Social,
Assistência e as metas
“o PIAconsensuadas na sua elaboração”
é um instrumento (SNAS,
profissionais e de 2016, p.59), enadeve
suas famílias ser
construção do
utilizado como instrumento para a execução e acompanhamento
Plano. das medidas socioeducativas.
de planejamento que deve ser pactuado entre
Ainda de acordo com a resolução do CONANDA sobre o SINASE (2006), a elaboração do PIA
o/a técnico/a e o/a adolescente envolvendo
deve levar em consideração as dimensões: jurídica, de saúde, psicológica, social e pedagógica17.
a sua família e as demais políticas setoriais,
conforme os objetivos e as metas consensuadas 7.6.1. MODELO OFICIAL DO PIA
na
17 sua elaboração” (SNAS, 2016, p.59), e deve
A elaboração do PIA se inicia na acolhida do/a adolescente no programa de atendimento e o requisito básico para sua
ser utilizado
elaboração como instrumento
se configura pela realizaçãopara a execução
do diagnóstico e
polidimensional O Plano
por meio dedeintervenções
Atendimento Individual
técnicas junto ao (PIA)
pode
adolescente e sua família, nas áreas: a) Jurídica: situação processual
acompanhamento das medidas socioeducativas. eser considerado
providências um
necessárias; dos principais
b) Saúde: física einstru-
mental proposta; c) Psicológica: (afetivo•sexual) dificuldades, necessidades, potencialidades, avanços e retrocessos; d)
Ainda de acordo com a resolução do CONANDA mentos de registro aplicados na
Social: relações sociais, familiares e comunitárias, aspectos dificultadores e facilitadores da inclusão social;
execução de
necessidades,
sobre o SINASEavanços e retrocessos;
(2006), e) Pedagógica:
a elaboração Medidas Socioeducativas
do PIA estabelecem•se metas relativas em à: Meio Aberto, uma
escolarização,
profissionalização, cultura, lazer e esporte, oficinas e autocuidado. Enfoca os interesses, potencialidades, dificuldades,
deve levar em consideração as dimensões: jurí- vez, que por meio deste, são definidos os objetivos
dica, de saúde, psicológica, social e pedagógica . 17 e metas a serem cumpridas pelos/as adolescen-
tes durante o processo de cumprimento da MSE,
17
A elaboração do PIA se inicia na acolhida do/a adolescen-
te no programa de atendimento e o requisito básico para sua tencialidades, avanços e retrocessos; d) Social: relações sociais,
elaboração se configura pela realização do diagnóstico polidi- familiares e comunitárias, aspectos dificultadores e facilitado-
mensional por meio de intervenções técnicas junto ao adoles- res da inclusão social; necessidades, avanços e retrocessos; e)
cente e sua família, nas áreas: a) Jurídica: situação processual Pedagógica: estabelecem-se metas relativas à: escolarização,
e providências necessárias; b) Saúde: física e mental proposta; profissionalização, cultura, lazer e esporte, oficinas e autocui-
c) Psicológica: (afetivo-sexual) dificuldades, necessidades, po- dado. Enfoca os interesses, potencialidades, dificuldades,

94
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

em consonância aos eixos norteadores destas, Desse modo, ao serem perguntados/


que são: “a defesa social e intervenção educativa” as sobre a utilização de um modelo oficial do
(LIRA, 2008). PIA, 95% dos/das coordenadores/as e quase
A partir dessas definições são desen- 95% dos/das profissionais das equipes técnicas,
volvidas ações e atividades que, entre outras assim como 85,7% dos/as gestores/as munici-
finalidades, auxiliam as famílias e incentivam pais da Assistência Social afirmaram que usam
os/as adolescentes a pensar sobre aspectos da um modelo oficial do Plano. No caso de São
sua vida e do mundo, considerando o ato come- Paulo e do Distrito Federal, foi afirmado em sua
tido e sua realidade social. No entanto, antes de grande maioria, pelos/as componentes das equi-
explorar esses objetivos e metas, considera-se pes técnicas e pelos/as coordenadores/as, sobre
importante refletir sobre quais atores e órgãos a existência e utilização de um modelo de PIA
influenciaram na construção do modelo do PIA. disponível para o atendimento: 89,29% das equi-
pes técnicas e 91,67% dos/das coordenadores/as.

Órgão responsável pela elaboração do modelo oficial do PIA

15,29%
Outro 15,73%
16,72%

0,00%
Prefere não responder 0,48%
0,35%

19,11%
Não sabe informar 33,55%
21,60%
GESTOR/A MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Todos os profissionais da equipe técnica do 33,12%
18,94% EQUIPE TÉCNICA CREAS
equipamento 23,00%

Profissional da equipe técnica do 13,38% COORDENAÇÃO CREAS


10,11%
equipamento 6,27%

1,91%
Consultoria externa 0,32%
0,35%

Secretaria responsável pela Política de 17,20%


20,87%
Assistência Social 31,71%
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

Demais órgãos que participaram, com maior frequência, da elaboração do modelo do PIA

8,52%
20,98%
17,32%
Outro 0,97%
0,45%
15,75%
Não sabe informar 23,11%
23,21%
9,45%
Não se aplica 14,60%
0,00%
1,57%
Defensor Público 2,43%
3,57%
7,09%
Promotor(a) de justiça 5,84%
6,25%
5,51%
Juiz(a) de Direito 8,52% GESTOR/A MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
10,27%
4,72% EQUIPE TÉCNICA CREAS
Adolescentes 1,95%
0,89% COORDENAÇÃO CREAS
3,15%
Familiares de adolescentes 1,46%
3,57%
34,65%
Profissionais da equipe técnica do equipamento 34,79%
37,05%
0,00%
Consulta pública 0,49%
0,45%
Conselho Municipal ou Estadual de Direitos da Criança e do 5,51%
1,22%
Adolescente 3,13%
22,05%
Coordenação do equipamento 17,52%
18,30%
35,43%
Secretaria responsável pela Política de Assistência Social 11,68%
16,07%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

95
PESQUISA MEIO ABERTO

Em seguida, foram questionados/as sobre indica que o DF utiliza a plataforma nacional de


a origem do modelo adotado, isto é, quem havia dados. Entretanto, 32% dos/das profissionais
elaborado o modelo utilizado. Quase 32% dos/ não souberam informar, fato que se asseme-
das coordenadores/as; 21,2% dos/das profissio- lha às respostas obtidas a partir da abordagem
nais das equipes técnicas e cerca de 16% dos/ dos/as profissionais das demais equipes técnicas
as gestores/as municipais da Assistência Social entrevistadas.
afirmaram terem sido as Secretarias responsá- No caso de São Paulo, 54,54% dos/das
veis pela execução, monitoramento e avaliação profissionais das equipes técnicas afirmou que
da Política de Assistência Social do município; quem formulou o modelo oficial do PIA foram
22,3% dos/das coordenadores/as; 18,6% dos/ os/as próprios/as profissionais que compõem as
das profissionais das equipes técnicas e 33,3% equipes técnicas, 22,73% não souberam respon-
dos/as gestores/as municipais da Assistência der, 9% afirmou ter sido o próprio ‘CREAS’ o
Social afirmaram terem sido os/as próprios/ responsável pela formulação, 4,45% afirmaram
as profissionais das equipes técnicas do equipa- ter sido o órgão gestor da política de Assistência
mento que construíram; e cerca de 21% dos/das Social e, ainda, 9% dos/as mesmos/as respon-
coordenadores/as; 33,7% dos/das profissionais dentes apontaram “outros”.
das equipes técnicas e 19,4% dos/as gestores/as
A partir das respostas dos/das profissio-
municipais da Assistência Social não souberam
nais, pode-se concluir que há um modelo oficial
informar.
de PIA disponibilizado e utilizado nos serviços de
Dentre os/as profissionais que informa- proteção social a adolescentes em cumprimento
ram sobre a origem do modelo do PIA utilizado de Medidas Socioeducativa em Meio Aberto.
pela equipe técnica, 37,2% dos/das coordenado- Entretanto, há uma variação com relação a sua
res/as; 33,5% dos/das profissionais das equipes origem: cerca de um quinto dos/as entrevista-
técnicas e 36,2% dos/as gestores/as munici- dos/as não tem conhecimento acerca de quem
pais da Assistência Social afirmaram que os/as produziu o instrumental, e, ainda, há uma divisão
componentes da equipe técnica também partici- de respostas que indicam ter sido a Secretaria de
param da elaboração do modelo oficial do PIA, Assistência Social e os/as próprios/as profissio-
e 18,4% dos/das coordenadores/as; 17,1% dos/ nais. Apesar do PIA seguir diretrizes nacionais,
das profissionais das equipes técnicas e 21,5% há um alto índice de respostas que indicam que
dos/as gestores/as municipais da Assistência cada localidade criou seu próprio modelo de PIA.
Social informam que os/as coordenadores/as
do serviço também participaram da elaboração 7.6.2. ELABORAÇÃO DO PLANO DE
deste instrumento.
ATENDIMENTO INDIVIDUAL (PIA):
Ainda, 23,1% dos/das coordenadores/as; ASPECTOS ABORDADOS, CRITÉRIOS
23,4% dos/das profissionais das equipes técni- PARA INCLUSÃO DE METAS E A
cas e 14,6% dos/as gestores/as municipais da
PARTICIPAÇÃO DOS/AS ADOLESCENTES
Assistência Social não souberam informar sobre
o órgão e/ou profissionais envolvidos na elabo-
E SUAS FAMÍLIAS
ração do PIA.
O PIA tem como principal finalidade
Houve também uma especificidade nas fornecer suporte ao/à adolescente, de maneira
respostas dos/as gestores/as municipais da a prevenir reincidências do ato infracional
Assistência Social, pois 34,4% destes/as infor- cometido, bem como auxiliá-lo/a no processo
maram que a Secretaria responsável pela Política de cumprimento das Medidas Socioeducativas
de Assistência também participou da constru- de LA e/ou PSC, resguardando condições de
ção do modelo do PIA, enquanto 16% dos/das inserção social, manutenção dos vínculos comu-
coordenadores/as e 11,6% das equipes técnicas nitários e familiares, reflexão acerca do ato
relataram a participação desse órgão. praticado e ainda contribuindo para a construção
No caso do Distrito Federal, há uma
prevalência das respostas dos/das profissionais é um sistema nacional de registro e tratamento de informações
das equipes técnicas de que o PIA foi elaborado sobre a garantia e defesa dos direitos fundamentais preconiza-
pelo Governo Federal, inclusive muitas respos- dos no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. O SIPIA
tem uma saída de dados agregados em nível municipal, esta-
tas fizeram referência direta ao “SIPIA”18, o que dual e nacional e se constitui em uma base única nacional para
formulação de políticas públicas no setor”. https://www.sipia.
18
De acordo com o site do governo federal do SIPIA: “O SIPIA gov.br/

96
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

de projetos de vida que impeçam a reprodução mais abordado na elaboração do PIA faz referên-
dos ciclos de violência vivenciados e/ou cometi- cia aos resultados obtidos pelos/as profissionais a
dos. No entanto, entende-se que para afastá-lo/a partir da avaliação interdisciplinar (diagnósticos,
do que o/a conecta ao ato infracional, conside- estudos sociais, relatórios e pareceres emiti-
ra-se importante compreender uma série de dos). Isso demonstra que uma significativa
fatores complexos que envolvem a situação de parcela das equipes técnicas se ocupa em reali-
cada adolescente. Para refletir sobre a dimensão zar uma leitura psicossocial acerca do contexto
exploratória do PIA e sobre como as atividades de do/a adolescente e, consequentemente, fornecer
PSC são delimitadas, foi elaborado um conjunto acompanhamento adequado à realidade deste/a,
de perguntas específicas sobre os aspectos priori- seja a partir do planejamento das ações e ativi-
zados e os critérios adotados para construção das dades de acompanhamento a serem efetivadas
metas no Plano. e/ou considerando os aspectos mais relevantes,
Quando perguntados/as sobre os três evidenciados por meio dos estudos e diagnósti-
principais aspectos abordados durante a elabo- cos realizados, que sinalizam a necessidade de
ração do PIA, as atividades de reforço e incentivo um acompanhamento mais próximo.
à permanência escolar aparecem em primeiro No Distrito Federal, obtivemos percen-
lugar, correspondendo a 48,4% das respostas tuais, no tocante aos principais aspectos que
dos/das coordenadores/as e 46,3% das respos- direcionam as definições expressas no PIA,
tas dos/das profissionais das equipes técnicas. conformados de acordo com as respostas obti-
Em segundo lugar, apareceram como aspectos das a partir da abordagem dos três atores que
abordados na elaboração do PIA, as atividades acompanham os/as adolescentes no cumpri-
de integração e apoio à família do/a adoles- mento das Medidas Socioeducativas em Meio
cente, sendo tal aspecto citado por 46,1% dos/ Aberto, sendo tais atores compostos pela coorde-
das coordenadores/as e 43,5% dos/das profis- nação do serviço, a equipe técnica e a/o agente
sionais que compõem as equipes técnicas. O socioeducativo. Assim, quando questionados/
terceiro aspecto mais abordado durante a elabo- as sobre os três principais aspectos abordados
ração do PIA, segundo os/as coordenadores/as, durante a elaboração do PIA, obtivemos 52,94%
envolve as atividades voltadas para a integração de respondentes coordenadores/as dos servi-
social do/a adolescente (inclusão em atividades ços que afirmaram que a prioridade se assenta
culturais, esportivas/lazer, de aprendizagem e no provimento de atividades voltadas para a
profissionalização), o que representou 30,5% das integração social do/a adolescente, isto é, ações
respostas obtidas. Já para 32,6% dos/as profis- técnicas que busquem a inclusão do/a adoles-
sionais das equipes técnicas, o terceiro aspecto cente em atividades culturais, esportivas/lazer,

Principais aspectos abordados pela equipe técnica durante a elaboração do PIA

10,28%

Não participa da elaboração do PIA 3,79%


0,00%

Prefere não responder 0,47%


0,71%

Não sabe informar 5,99%


9,93%

Saúde do Adolescente 13,56%


16,67%

Atividades de integração e apoio à família do adolescente 43,53%


46,10%
EQUIPE TÉCNIC
Orientações para a adoção de novas condutas (mudança de comportamento e de vestimenta 9,62%
etc.) 5,67% COORDENAÇÃO

Atividades de reforço e incentivo à permanência escolar 46,37%


48,58%
Atividades laborativas (atividades profissionalizantes por meio de convênios com empresas ou 24,45%
órgãos públicos, CIEE, Sistema S etc.) 21,63%
Atividades voltadas para a integração social do adolescente (inclusão em atividades culturais, 25,08%
esportivas/lazer, de aprendizagem e profissionalização) 30,50%

Interesses manifestados pelos adolescentes 29,18%


24,82%

Os resultados da avaliação interdisciplinar (diagnósticos, estudos sociais, etc.) 32,65%


26,95%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

97
aprendizagem e profissionalização, enquanto 16,18% dos/as integrantes da equipe técnica e
15% dos/as agentes socioeducativos indicaram o mesmo quesito. Cabe destacar que os dois
PESQUISA MEIO ABERTO

Principais aspectos abordados pela equipe técnica durante a elaboração do PIA

29,41%
Outros 11,56%
2,50%
0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,00%
5,88%
Não sabe informar 0,00%
0,00%
Atividades de integração e apoio à família do 23,53%
12,72%
adolescente 12,50%
Orientações para a adoção de novas condutas 23,53%
2,31%
(mudança de comportamento e de vestimenta etc.) 2,50%

Atividades de reforço e incentivo à permanência 41,18%


15,61%
escolar 22,50%
Atividades laborativas (atividades profissionalizantes 41,18%
16,18%
por meio de convênios com empresas ou órgãos… 22,50%

Atividades voltadas para a integração social do 52,94%


16,18%
adolescente (inclusão em atividades culturais,… 15,00%
23,53%
Interesses manifestados pelos adolescentes 9,83%
10,00%
No estado de São Paulo observamos que mais de ¼ dos/as componentes das equipes
Os resultados da avaliação interdisciplinar 11,76%
técnicas apontaram quesitos
(diagnósticos, estudos diferentes
sociais, etc.) dos estabelecidos na questão, dentre estes, a
15,61%
12,50%
significativa maioria relacionados aos aspectos de saúde do/a adolescente e o ato infracional
como sendo os aspectos abordados durante 0,00% 10,00% do
a elaboração 20,00%
PIA.30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Salientamos,
Principaisdessa forma,
aspectos considerando
abordados os quesitos
durante que tiveram
a elaboração do PIA:maiores índices de
São Paulo
respostas, apesar de observarmos a fragmentação entre estas, que os percentuais obtidos no
DF indicam em primeiro lugar: atividades voltadas para a integração social do/a adolescente,
correspondendo a 52,94% das Outro respostas dos/as coordenadores/as, 16,18% dos/as 25,74%
componentes das equipes técnicas e 15% dos/as agentes socioeducativos/as; em segundo
Prefereque
lugar: atividades laborativas, não incluem
responderatividades
0,00% profissionalizantes, atribuídas a 41,18% das
respostas dos/as coordenadores/as, 16,18%
Não sabe informar dos/as integrantes das equipes técnicas e 22,5%
0,00%
dos/as agentes socioeducativos/as; e em terceiro lugar: atividades de reforço e incentivo à
permanência naintegração
Atividades de escola, ecaracterizando 41,18% dos/as respondentes
apoio à família do… coordenadores/as dos
13,24%
serviços da localidade, 15,61% dos/as componentes da equipe técnica e 22,5% dos/as
Orientações para
respondentes a adoção
agentes de novas condutas… deflagrando
socioeducativos/as; 3,68% aspectos com níveis de prioridades
diferentes dos apresentados anteriormente, correspondentes aos demais Estados.
Atividades de reforço e incentivo à permanência… 20,59%

Atividades laborativas (atividades… 13,24%

Atividades voltadas para a integração social do… 7,35%

Interesses manifestados pelos/as adolescentes 6,62%

Os resultados da avaliação interdisciplinar… 9,56%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00%

de aprendizagem e profissionalização, enquanto fragmentada, apresentando percentuais bem


Quando perguntados/as se incluem medidas específicas para a inserção e
16,18% dos/as integrantes da equipe técnica e divididos dentre as opções.
permanência do/a adolescente na rede de ensino formal no PIA, 81,86% dos/as profissionais
15% dos/as agentes socioeducativos indicaram o Salientamos,
que compõem a equipe técnica afirmaram que sim, 9,56% informaram dessa forma,
que não, considerando
5,99% não
mesmo quesito. Cabe destacar que os dois últi- os quesitos que tiveram maiores índices de
souberam responder e 2,68% preferiram não responder. Os dados relativos ao Distrito Federal
mos atores respondentes do DF apontaram todos respostas, apesarpelos
de observarmos a fragmenta-
e ao estado de São Paulo seguiram a mesma tendência apresentada demais estados. No
os quesitos listados na questão de forma bastante ção entre estas, que os percentuais obtidos no
DF, 88,06% dos/as profissionais que compõem a equipe técnica afirmaram que incluem no Plano
Individual de Atendimento medidas específicas de inserção e permanência do adolescente na
rede
98 de ensino formal, enquanto 8,96% disseram que não e 2,99% não souberam responder. No
estado de São Paulo, 94,44% dos/as integrantes das equipes técnicas do estado afirmaram
incluir no PIA medidas específicas de inserção e permanência do adolescente na rede de ensino
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

DF indicam em primeiro lugar: atividades volta- socioeducativos/as; e em terceiro lugar: ativi-


das para a integração social do/a adolescente, dades de reforço e incentivo à permanência na
correspondendo a 52,94% das respostas dos/as escola, caracterizando 41,18% dos/as responden-
coordenadores/as, 16,18% dos/as componentes tes coordenadores/as dos serviços da localidade,
das equipes técnicas e 15% dos/as agentes socioe- 15,61% dos/as componentes da equipe técnica
ducativos/as; em segundo lugar: atividades e 22,5% dos/as respondentes agentes socioedu-
laborativas, que incluem atividades profissiona- cativos/as; deflagrando aspectos com níveis de
lizantes, atribuídas a 41,18% das respostas dos/ prioridades diferentes dos apresentados ante-
as coordenadores/as,
desenvolvida”, 16,18%
sendo tal dos/as
critério integran-
mencionado riormente,
por 26,3% correspondentes
dos/as aos demais
coordenadores/as Estados.
e 25,2%
tes dasprofissionais
dos/as equipes técnicas
das eequipes
22,5% dos/as agentes
técnicas.

Critérios para definição das atividades para cumprimento da PSC


Quais são os três critérios mais utilizados para a escolha das atividades a serem realizadas pelos adolescentes em cumprimento de
PSC?
Compatibilidade entre o nível de escolaridade do 25,20%
adolescente e a atividade a ser desenvolvida 26,33%
Coordenador do Equipe Técnica do
Aproveitamento da rede de parceiros existentes no 19,62% CREAS CREAS
Compatibilidade entre o nível de escolaridade do adolescente e a atividade a ser23,49%
município 74 26,33% 158 25,20%
desenvolvida
Aproveitamento
Aproveitamento dade
da rede rede de parceiros
parceiros existenteseno
atividades
município 29,82%
66 23,49% 123 19,62%
existentes
Aproveitamento da redenodeterritório
parceiros eonde
atividades existentes no território onde reside 30,96%
reside 87 30,96% 187 29,82%
Experiência laboral prévia na atividade a ser desenvolvida 18 6,41% 50 7,97%
Experiência laboral prévia na atividade a ser
Similaridade com a atividade de trabalho desempenhada pelos familiares ou 7,97%
desenvolvida 6,41% 2 0,71% 4 0,64%
responsáveis
PotencialSimilaridade com a atividade
para desenvolvimento acadêmicode trabalho 0,64% 8 2,85% 13 2,07%
desempenhada
Incentivo ao esporte e à pelos familiares ou responsáveis
cultura 0,71% 8 2,85% 16 2,55%
Incentivo à religiosidade 0 0,00% 0 0,00%
Potencial
Potencial para para desenvolvimento acadêmico
profissionalização 2,07% 23 8,19% 51 8,13%
Contribuição para o engajamento político e desenvolvimento crítico
2,85% 11 3,91% 11 1,75%
Contribuição para uma maior disciplina do adolescente 2,55% 2 0,71% 15 2,39%
Contribuição para maiorIncentivo ao esporte e à cultura
respeito a autoridades 2,85% 1 0,36% 2 0,32%
Interesses e preferências dos adolescentes 141 50,18% 291 46,41%
Interesses e preferências dos familiares ou responsáveis 0,00% 4 1,42% 12 1,91%
Incentivo à religiosidade 0,00%
Impacto social da atividade a ser desenvolvida 15 5,34% 24 3,83%
Aceitação do adolescente pela organização ou empresa 8,13% 38 13,52% 75 11,96%
Potencial para profissionalização
Ocupação do tempo/ Incentivo a não ociosidade 8,19% 8 2,85% 11 1,75%
Escolha do território de acordo com o risco para o adolescente 8 2,85% 28 4,47%
Contribuição
Não sabe informar para o engajamento político e 1,75% 24 8,54% 75 11,96%
Prefere não responder desenvolvimento crítico 3,91% 0 0,00% 3 0,48%
Outra Contribuição para uma maior disciplina do 2,39% 72 25,62% 104 16,59%
adolescente 0,71%

Contribuição para maior respeito a autoridades 0,32%


0,36%

Interesses e preferências dos adolescentes 46,41%


50,18%
Interesses e preferências dos familiares ou 1,91%
responsáveis 1,42%

Impacto social da atividade a ser desenvolvida 3,83%


5,34%
Aceitação do adolescente pela organização ou 11,96%
empresa 13,52%

Ocupação do tempo/ Incentivo a não ociosidade 1,75%


2,85%
Escolha do território de acordo com o risco para o 4,47%
adolescente 2,85%

Não sabe informar 11,96%


8,54%
0,48%
Prefere não responder 0,00%

Outra 16,59%
25,62%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Equipe Técnica do CREAS Coordenador do CREAS


99
Com relação aos três critérios mais utilizados para a escolha das atividades a serem
desenvolvidas pelos/as adolescentes em cumprimento de Prestação de Serviço à Comunidade
PESQUISA MEIO ABERTO

Critérios para definição das atividades para cumprimento da PSC - Distrito Federal
– PSC, no Distrito Federal, obtivemos em primeiro lugar, caracterizando, 20,93% dos/as
profissionais que compõem as equipes técnicas e 24,32% dos/as agentes socioeducativos:
Outra
“Interesses e preferências dos adolescentes”, enquanto para 42,11% dos/as coordenadores/as
3,10%
respondentes consideraram como o critério em primeiro8,11% lugar “Aproveitamento da rede de
Outra 42,11%
parceiros existentes no município”. Nesse quesito, tivemos 9,30% a frequência de 16,28% de
respondentes correspondentes 0,00% e 8,11% de respondentes agentes
Prefereàs
não equipes
responder técnicas
0,00%
0,00% utilizado para definição das atividades a
socioeducativos/as informando ser este o critério mais
0,00%
serem desenvolvidas pelos/as adolescentes em
Não sabe informar cumprimento
0,00% de PSC.
3,88%
2,70%
Compatibilidade
Ocupação doentre o nível
tempo/ de escolaridade
Incentivo do adolescente e a
a não ociosidade 5,26%
atividade a ser desenvolvida 1,55% 20 15,50% 5 26,32% 3 8,11%
Aceitação dodaadolescente
Aproveitamento pela existentes
rede de parceiros equipamento ou
na região
2,70% 21 15,79%
16,28% 8 42,11% 3 8,11%
Aproveitamento da rede deempresa
parceiros e atividades existentes no 2,33%
território onde reside 2,70% 13 10,08% 5 26,32% 5 13,51%
Impacto laboral
Experiência social da atividade
prévia ser desenvolvida 0,00%
a seradesenvolvida
na atividade
0,78% 4 3,10% 0 0,00% 2 5,41%
Similaridade com a atividade
Interesses de trabalho
e preferências familiares ou pelos 2,70%
dosdesempenhada
familiares ou responsáveis 0,00% 1 0,78% 0 0,00% 1 2,70%
responsáveis 1,55%
Potencial para desenvolvimento acadêmico 1 0,78% 24,32%
0 0,00% 2 5,41%
Interesses e preferências dos adolescentes 26,32%
Incentivo ao esporte e à cultura 6 20,93% 1
4,65% 5,26% 1 2,70%
0,00%
Contribuição
Incentivo para maior respeito a autoridades
à religiosidade 0,00% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
1,55%
Potencial para profissionalização 2,70% 3 2,33% 0 0,00% 3 8,11%
Contribuição para uma maior disciplina do adolescente 0,00%
Contribuição para o engajamento político e desenvolvimento crítico
0,78% 1 0,78% 0 0,00% 0 0,00%
Contribuição
Contribuição para uma para
maiorodisciplina
engajamento político e
do adolescente 0,00% 1 0,78% 0 0,00% 1 2,70%
0,00%
desenvolvimento crítico
Contribuição para maior respeito a autoridades 0,78% 2 1,55% 0 0,00% 0 0,00%
8,11%
Potencial
Interesses e preferências para profissionalização
dos adolescentes 0,00% 27 20,93% 5 26,32% 9 24,32%
2,33%
Interesses e preferências dos familiares ou responsáveis 0,00% 2 1,55% 0 0,00% 1 2,70%
Incentivo à religiosidade 0,00%
Impacto social da atividade a ser desenvolvida 0,00% 1 0,78% 0 0,00% 1 2,70%
2,70%
Aceitação do adolescente pela equipamento
Incentivo ao esporte ou
e àempresa
cultura 5,26% 3 2,33% 3 15,79% 1 2,70%
4,65%
Ocupação do tempo/ Incentivo a não ociosidade 5,41% 2 1,55% 1 5,26% 1 2,70%
Potencial para desenvolvimento acadêmico 0,00%
Não sabe informar 0,78% 5 3,88% 0 0,00% 0 0,00%
Prefere Similaridade
não respondercom a atividade de trabalho 2,70% 0 0,00% 0 0,00% 0 0,00%
0,00%
desempenhada pelos familiares ou responsáveis 0,78%
Outra 12 9,30% 8 42,11% 3 8,11%
Experiência laboral prévia na atividade a ser 5,41%
Other 0,00% 4 3,10%
desenvolvida 3,10%
COOR AGE
Aproveitamento da rede de parceiros e atividades 13,51%
DENA
26,32% NTE
existentes no território onde reside 10,08%
EQUIPE ÇÃO S
Aproveitamento da rede de parceiros existentes na 8,11%
42,11%
região 16,28%
Compatibilidade entre o nível de escolaridade do 8,11%
26,32%
adolescente e a atividade a ser desenvolvida 15,50%
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

No estado de São Paulo observamos que Quando perguntados/as se incluem


mais de Já ¼ no Estadocomponentes
dos/as de São Paulo,das sobre os três critérios
equipes medidasmais utilizados
específicas para
para a escolha
a inserção das
e permanên-
atividades
técnicas a serem quesitos
apontaram desenvolvidas pelos/as
diferentes adolescentes
dos esta- cia do/aemadolescente
cumprimento de Prestação
na rede de
de ensino formal no
belecidos
Serviço à na questão, dentre
Comunidade - PSC,estes, a significativa
39,62% PIA, 81,86%
dos/as profissionais dos/astécnicas
das equipes profissionais que compõem a
mencionaram
maioria, relacionados
“os interesses aos aspectos
e preferências de saúde
dos/as do/a
adolescentes”. equipe técnica lugar
Em segundo afirmaram que com
apareceu sim, 9,56%
maior infor-
adolescente
frequência o ecritério
o ato de
infracional
“Outros”, como sendo os a maram
correspondendo mais deque¼ não, 5,99% não Destes
das respostas. souberam responder
outros
aspectos
obtivemos abordados durante
muitos registros a elaboração
que do PIA.
faziam menção e 2,68%
a “facilidade preferiram não do
de acesso/distância responder. Os dados
local da PSC
para o/a adolescente” e “habilidades do/a adolescente”, relativos ao Distrito
elucidando, maisFederal
uma vez,e aopara
estado
um de São
Paulo seguiram
critério que também corresponderia aos interesses e preferências do/aaadolescente.
mesma tendência apresentada
Em terceiro
lugar, na frequência de respostas, obtivemos, com 12,26%, “Aproveitamento da rede de
100
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

pelos demais estados. No DF, 88,06% dos/as Já sobre os três critérios mais utilizados
profissionais que compõem a equipe técnica para a escolha das atividades a serem desenvol-
afirmaram que incluem no Plano Individual de vidas pelos/as adolescentes em cumprimento
Atendimento medidas específicas de inserção e de Prestação de Serviço à Comunidade - PSC,
permanência do/a adolescente na rede de ensino 50,1% dos/as coordenadores/as e 46,4% dos/as
formal, enquanto 8,96% disseram que não e profissionais das equipes técnicas mencionaram
2,99% não souberam responder. No estado de com maior frequência “os interesses e preferên-
São Paulo, 94,44% dos/as integrantes das equi- cias dos/as adolescentes”. Em segundo lugar
pes técnicas do estado afirmaram incluir no PIA apareceu com maior frequência o critério de
medidas específicas de inserção e permanência “aproveitamento da rede de parceiros e ativida-
do adolescente na rede de ensino formal e 5,56% des existentes no território onde o/a adolescente
dos/as profissionais afirmaram não incluir tais reside”, sendo este correspondente a cerca de
medidas. 31% das respostas dos/as coordenadores/as e
Quando perguntados/as se incluem quase 30% das respostas dos/as profissionais
parceirosespecíficas
medidas e atividadesde existentes
atenção à no território
saúde quereside”.
do/a onde compõem a equipe técnica.
Observamos, dessaEmforma,
terceiro lugar
grande
preocupação,
adolescente por parte
no Plano de todas
Individual as equipes, em
de Atendimento, foi buscar,
evidenciadonos oterritórios
critério dede “compatibilidade
moradia dos/as
adolescentes,
85,04% atividades para
dos/as profissionais o cumprimento
das equipes técnicas das medidas
entre o nívelsocioeducativas
de escolaridade de Prestação
do/a adoles- de
Serviços à comunidade, considerando, como de centefato
e aprevê a medida,
atividade a ser a inserção sendo
desenvolvida”, deste
afirmaram que sim, 5,98% informaram que não,
adolescente em prestação de serviço em sua própria comunidade,
tal critério mas sobretudo,
mencionado ao quecoor-
por 26,3% dos/as tudo
6,30% não souberam responder e 2,68% preferi-
indica, uma verdadeira condição para a adesão do/a adolescente
denadores/as e à medida
25,2% dos/asem meio aberto
profissionais dase
ram não responder. No Distrito Federal, 86,57%
efetiva condição de cumprimento, haja vista que aequipesproximidade ao local de prestação do serviço
técnicas.
dos/as profissionais das equipes técnicas afirma-
favorecerá a participação do/a adolescente, enquanto à distância poderá corresponder a um
ram que incluem
obstáculo medidas
significativo jáespecíficas dos serviços Já
de atenção
que a maioria nãonopossui
estadodisponível
de São Paulo,
recursosobre
para os
o
àprovimento
saúde do/adoadolescente no PIA,
deslocamento 11,94%
do/a afirma- emtrês
adolescente critérios mais
cumprimento utilizados
de medida para a escolha
socioeducativa até o
ram
localnão incluir e 1,49%da
de cumprimento dos/as
PSC.profissionais não das atividades a serem desenvolvidas pelos/as
souberam informar. adolescentes em cumprimento de Prestação de

Critérios para definição das atividades para cumprimento da PSC - São Paulo
Compatibilidade entre o nível de escolaridade do adolescente e a
atividade a ser desenvolvida Outra 23,58% 5 4,72%
Aproveitamento da rede de parceiros existentes no município 5 4,72%
Prefere não responder
Aproveitamento da rede de parceiros e atividades existentes no
território onde reside Não sabe informar 13 12,26%
Experiência laboral prévia na atividade a ser desenvolvida 0 0,00%
Ocupação do tempo/ Incentivo a não ociosidade
Similaridade com a atividade de trabalho desempenhada pelos
familiares ou responsáveis
Aceitação do adolescente pela organização ou… 11,32% 0 0,00%
Potencial para desenvolvimento acadêmico 0 0,00%
Impacto social da atividade a ser desenvolvida
Incentivo ao esporte e à cultura 1 0,94%
Interesses e preferências dos familiares ou…
Incentivo à religiosidade 0 0,00%
Interesses e preferências dos adolescentes 39,62%
Potencial para profissionalização 1 0,94%
Contribuição para
Contribuição paramaior respeito político
o engajamento a autoridades
e desenvolvimento
crítico 1 0,94%
Contribuição para uma maior disciplina do…
Contribuição para uma maior disciplina do adolescente 0 0,00%
Contribuição para o engajamento político e…
Contribuição para maior respeito a autoridades 0 0,00%
Potencial para
Interesses e preferências profissionalização
dos adolescentes 42 39,62%
Incentivo
Interesses e preferências à religiosidade
dos familiares ou responsáveis 0 0,00%
Impacto socialIncentivo aoaesporte
da atividade e à cultura
ser desenvolvida 1 0,94%
Aceitação
Potencialdopara
adolescente pela organização
desenvolvimento ou empresa
acadêmico 12 11,32%
Ocupação do tempo/ Incentivo a não ociosidade 0 0,00%
Similaridade com a atividade de trabalho…
Não sabe informar 0 0,00%
Experiência laboral prévia na atividade a ser…
Prefere não responder 0 0,00%
Aproveitamento da rede de parceiros e…
Outra 25 23,58%
Aproveitamento da rede de parceiros existentes…
Compatibilidade entre o nível de escolaridade do…
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

101
7.6.3. Participação do/a adolescente
PESQUISA MEIO ABERTO

Serviço à Comunidade - PSC, 39,62% dos/as nas etapas de elaboração, monitoramento e


profissionais das equipes técnicas mencionaram avaliação das práticas sociais desenvolvidas. Faz
“os interesses e preferências dos/as adolescen- parte da ação junto aos/às adolescentes focar na
tes”. Em segundo lugar apareceu com maior trajetória dos mesmos em sua constituição como
frequência o critério de “Outros”, correspon- sujeito, em fase peculiar de desenvolvimento, e
dendo a mais de ¼ das respostas. Destes outros, para tal se faz necessário que estes/as tenham
obtivemos muitos registros que faziam menção participação ativa no processo socioeducativo,
à “facilidade de acesso/distância do local da para não serem apenas objetos da atuação dos/
PSC para o/a adolescente” e “habilidades do/a das profissionais e agentes do Estado.
adolescente”, elucidando, mais uma vez, para Com relação à participação do/a
um critério que também corresponderia aos adolescente na construção das metas e encami-
interesses e preferências do/a adolescente. Em nhamentos estabelecidos no PIA, 94,7% dos/das
terceiro lugar, na frequência de respostas, obti- coordenadores/as e 95,4% dos/das profissionais
vemos, com 12,26%, “Aproveitamento da rede das equipes técnicas mencionaram que os/as
de parceiros e atividades existentes no terri- adolescentes participam, e quando questionados
tório onde reside”. Observamos, dessa forma, se há modificação em razão de questionamen-
grande preocupação, por parte de todas as equi- tos dos/as adolescentes acerca das metas do
pes, em buscar, nos territórios de moradia dos/ PIA, 80,2% dos/das coordenadores/as e quase
as adolescentes, atividades para o cumprimento 78% dos/das profissionais das equipes técnicas
das Medidas Socioeducativas de Prestação de mencionaram participação nas modificações. No
Serviços à Comunidade, considerando, como de entanto, cerca de 14% dos/das coordenadores/
fato prevê a Medida Socioeducativa, a inserção as e quase 17% dos/das profissionais das equipes
deste adolescente em prestação de serviço em sua técnicas mencionaram que os/as adolescentes
própria comunidade, mas sobretudo, ao que tudo não participam das modificações realizadas no
indica, uma verdadeira condição para a adesão PIA, o que, apesar de corresponder ao percentual
do/a adolescente à Medida Socioeducativa em que denota a minoria, dentre os atores respon-
Meio Aberto e efetiva condição de cumprimento, dentes, ainda assim, se coloca como um dado
haja vista que a proximidade ao local de prestação a ser melhor compreendido, tendo em vista as
do serviço favorecerá a participação do/a adoles- orientações e diretrizes para que os/as adoles-
cente, enquanto à distância poderá corresponder centes participem ativamente do processo de
a um obstáculo significativo já que a maioria dos construção e modificação do PIA e a importância
serviços não possui recurso disponível para o de tal participação para o êxito das pactuações
provimento do deslocamento do/a adolescente firmadas.
em cumprimento de Medida Socioeducativa até
O cenário obtido no Distrito Federal e
o local de cumprimento da PSC.
em São Paulo, com relação à participação dos/
as adolescentes no processo de construção das
7.6.3. PARTICIPAÇÃO DO/A metas estabelecidas no PIA, bem como nas modi-
ficações, denota a mesma configuração observada
ADOLESCENTE
no restante do país. Conforme observado no DF,
78,95% dos/as coordenadores/as e 89,55% dos/
Destaca-se como um dos princípios da
as integrantes das equipes técnicas informaram
legislação para infância no Brasil e no mundo o
que o/a adolescente tem participação no processo
estabelecimento de oportunidades para a escuta
de construção das metas. Reforçamos, da mesma
de crianças e adolescentes e a consideração das
forma, o percentual significativo de responden-
opiniões e olhares destes sujeitos de direitos,
tes que ainda afirma que não há a participação
de acordo com o que dispõem a Constituição
do/a adolescente no processo narrado, corres-
Federal (1988) e a Convenção sobre os Direitos
pondendo a 21,05% dos/as coordenadores/as e
da Criança (1989). Além disso, de acordo com o
10,45% dos/das profissionais que compõem as
SINASE, na Resolução de 2006, destaca-se como
equipes técnicas. Há que se ressaltar, contudo,
central o desenvolvimento da dimensão crítica
que um alto percentual de coordenadores/as
do/a adolescente, para que assim possa ocupar
(93,33%) e 96,67% dos componentes das equipes
seu papel de sujeito de direito. Como um dos
técnicas informaram que são realizadas mudan-
exercícios que auxiliam nesse desenvolvimento,
ças no PIA em decorrência de questionamentos
está o incentivo da participação do/a adolescente

102
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

do/a adolescente em cumprimento de Medida família acerca das metas do PIA, cerca de 51%
Socioeducativa em Meio Aberto. da coordenação e quase 49% dos/das profis-
Em São Paulo, 100% dos/as integrantes sionais das equipes técnicas afirmaram que
da equipe técnica afirmaram que o/a adolescente raramente fazem essas intervenções. Isso pode
participa do processo de construção das metas indicar uma relação hierárquica entre os equi-
do Plano Individual de Atendimento, sendo de pamentos da política de Assistência Social com
conhecimento daquele/a as consequências por relação ao Sistema de Justiça, na medida em
seu descumprimento. Contudo, 87,04% dos/as que a decisão judicial é pouco ou nada interpe-
respondentes das equipes técnicas de São Paulo lada por aqueles que acompanham a execução da
afirmaram que são realizadas alterações das medida socioeducativa em meio aberto, levando
metas estabelecidas no PIA em razão de questio- em consideração a perspectiva dos/as adolescen-
namentos do/a adolescente, sendo que 12,96% tes e de suas famílias, mesmo estes tendo mais
deste quantitativo informou não fazer modifica- elementos para avaliar de fato a situação do/a
ções diante de tal situação. adolescente.
S DE RESPOSTA) Já com relação à frequência com que Considera-se importante que haja de fato
a equipe técnica propõe a substituição ou a a participação ativa dos/as adolescentes em seu
suspensão de medida socioeducativa devido processo socioeducativo, em todas as etapas do
a questionamentos do/a adolescente e de sua ciclo desta política: desde a elaboração até a

Participação do/da adolescente na construção das metas e


encaminhamentos estabelecidos no PIA e conhecimento quanto às
consequências por seu descumprimento

0,30%
Prefere não responder
0,00%

2,58%
Não sabe informar
2,93%
EQUIPE TÉCNICA CREAS

2,27% COORDENAÇÃO CREAS


Não
3,26%

94,85%
Sim
93,81%

0,00%10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

Realização de modificações no PIA em decorrência de questionamentos


do/a adolescente

0,96%
Prefere não responder
0,35%

4,31%
Não sabe informar
5,56%
EQUIPE TÉCNICA CREAS

COORDENAÇÃO CREAS
16,77%
Não
13,89%

77,96%
Sim
80,21%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

103
PESQUISA MEIO ABERTO

O/a adolescente participa da construção das metas e


encaminhamentos estabelecidos no PIA e tem conhecimento das
Sim consequências por descumprimento?
60 89,55% Sim 15 -78,95%
DF
Prefere não responder 7 0,00%
Não
Sim 60 0,00%
89,55%
10,45% Não
Sim 415 78,95%
21,05%
Não
Prefere não responder 0,00% Não
Não
sabeNão sabe informar 7 0,00%
0,00%
0,00%
10,45% sabe Não 4 21,05%
informar
Não 0 0,00% informar
Não 0 0,00% Série5
Prefere
sabeNão sabe informar 0,00% 21,05% Prefere
sabe
não Não 0,00% 10,45% não Série2
informar 0 0,00% informar 0 0,00% Série5
responder 0 0,00% responder 0 0,00%
Prefere 21,05% Prefere 78,95%
Sim
Não 89,55% Série2
não EQUIPE 10,45% nãoCOORDENAÇÃO
responder 0 0,00% responder 0 0,00%
Sim 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 78,95%
60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%
EQUIPE COORDENAÇÃO 89,55%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

São realizadas modificações em razão de questionamentos ou


Sim 58 96,67%do/a adolescente
contribuições 14 93,33%acerca das metas do PIA? - DF
Não 2 3,33% 0 0,00%
Não
sabe não responder 0,00%
Prefere
Sim
informar
58 96,67%
0 0,00%0,00%
14
1
93,33%
6,67%
Prefere
Não 2 3,33% 0 0,00%
não 6,67%
Nãosabe informar
Não
responder 0 0,00%
0,00%0,00% 0 0,00%
sabe
Prefere não responder
informar equipe 0 0,00%0,00% coordenação
1 6,67%
Prefere 0,00%
Não
não 3,33%
6,67%
Não sabe informar 0
responder 0,00%0,00% 0 0,00%
equipe
Sim coordenação 93,33%
96,67%
etas do PIA? (LER AS OPÇÕES DE RESPOSTA)
0,00%
Não
0,00% 3,33%20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%

93,33%
Sim
Frequência com que a equipe técnica propõe a substituição ou a 96,67%
suspensão de medida socioeducativa devido a questionamentos do
adolescente e de sua família acerca das metas do PIA
0,00% 20,00% 40,00%Federal
Distrito 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%

Prefere não responder 0,00%


0,00%

Não sabe informar 0,00%


0,00%

Nunca 26,32%
26,32%
COORDENAÇÃO DF
Raramente 36,84%
36,84% EQUIPE TÉCNICA DF

Frequentemente 15,79%
15,79%

Sempre 21,05%
21,05%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

104
mília acerca das metas do PIA? (LER AS OPÇÕES DE RESPOSTA)
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Frequência com que a equipe técnica propõe a substituição ou a


suspensão de medida socioeducativa devido a questionamentos do
adolescente e de sua família acerca das metas do PIA
São Paulo

Prefere não responder 3,77%


3,70%

Não sabe informar 1,89%


7,41%

Nunca 3,77%
11,11%
COORDENAÇÃO OSC SP
Raramente 54,72%
53,70% EQUIPE TÉCNICA OSC SP

Frequentemente 20,75%
9,26%

Sempre 15,09%
14,81%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

avaliação. Entretanto, é possível perceber uma Socioeducativa em Meio Aberto. Por este motivo,
dificuldade de retirá-los da posição de tutela e obtivemos na alternativa “Sempre”, nas 15,09%
objeto de uma atuação. Isso pode ser observado respostas correspondentes às coordenações e
quando os/as profissionais afirmam que consi- 14,81% correspondentes às equipes técnicas.
deram a opinião dos/as adolescentes, contendo Em contrapartida, observa-se um alto indicativo
uma afirmação categórica de que há a partici- de “raramente” como alternativa apontada pela
pação do/a adolescente na construção do PIA equipe técnica e coordenação, representando
(95%), entretanto, quando o/a adolescente diz 53,70% e 54,72%, respectivamente, quando nos
sobre algum questionamento acerca das metas, referimos à frequência de proposições reme-
cai para 80% a menção de que existe modificação tidas ao Poder Judiciário para substituição ou
de acordo com a fala do/a adolescente. suspensão da Medida Socioeducativa a partir
Com relação ao cenário de proposição de de questionamentos do/a adolescente e de sua
substituição ou suspensão da medida socioeduca- família.
tiva no contexto do Distrito Federal, observamos Tal fato pode denotar não só a hierarquia,
o percentual preponderante de respondentes anteriormente mencionada, em que a deter-
que indicaram a alternativa “raramente”, sendo minação do Sistema de Justiça dificilmente é
estes, 36,84% correspondentes aos coordenado- contestada pela equipe técnica dos serviços, como
res/as e 43,28% dos/as integrantes das equipes também aponta para a submissão das famílias e
técnicas. Contudo, observamos um percentual dos adolescentes ao poder punitivo imposto pelo
expressivo de coordenadores/as que informaram Estado e pelos serviços por este executado.
que “Sempre” solicitam a substituição ou suspen-
são da MSE, correspondendo a 21,05% e 10,45%
dos/as componentes das equipes técnicas, o que 7.6.4. PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS
significa o dobro da frequência de respostas obti-
das no contexto nacional para esta alternativa, Por meio do PIA são analisados, entre
pelas equipes técnicas, e quase sete vezes mais outros fatores, o histórico de vida dos/as adoles-
quando nos referimos ao comparativo entre as centes, as situações de vulnerabilidade em que
respostas das coordenações. podem estar envolvidos/as, a condição escolar,
Em São Paulo, o cenário se mostra seme- a relação familiar e suas aptidões e interesses.
lhante ao do Distrito Federal, com recorrência Considerando que os temas em questão são
de respostas que apontam para a maior abertura extremamente complexos, temos como rele-
para a solicitação de substituição ou substitui- vante a contribuição de outras visões acerca do/a
ção da MSE a partir de pedido realizado pela adolescente, como, por exemplo, aquela prove-
equipe técnica do serviço de proteção social niente da família, já que, em muitos casos, são
ao/à adolescente em cumprimento de Medida os membros que compõem o grupo familiar do/a
adolescente que poderão contribuir no processo

105
lia acerca das metas do
PESQUISA PIA?
MEIO (LER AS OPÇÕES DE RESPOSTA)
ABERTO

Frequência com que a equipe técnica propõe a substituição ou a


suspensão de medida socioeducativa devido a questionamentos do
adolescente e de sua família acerca das metas do PIA
São Paulo

Prefere não responder 3,77%


3,70%
7.6.4. Participação das famílias
Não sabe informar 1,89%
7,41%
PorNunca
meio do 3,77%
PIA são analisados, entre outros fatores, o histórico de vida dos/as
11,11%
adolescentes, as situações de vulnerabilidade em que podem estar envolvidos/as, COORDENAÇÃOa condição
OSC SP
54,72%
escolar, a relação familiar e suas aptidões e interesses. Considerando
Raramente 53,70%que os EQUIPE
temasTÉCNICA
em questão
OSC SP são
extremamente complexos, consideramos20,75% relevante a contribuição de outras visões acerca do/a
Frequentemente 9,26%
adolescente, como, por exemplo, aquela proveniente da família, já que, em muitos casos, são os
membros que compõem o grupo14,81%
Sempre 15,09%
familiar do/a adolescente que poderão contribuir no processo
socioeducativo e representar um fator de proteção do/a mesmo/a. Além disso, considera-se
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%
importante que a família tenha um papel ativo não só na elaboração das metas do PIA, mas
também ao longo do cumprimento da medida socioeducativa.
socioeducativoCabe destacar que
e representar de acordo
um fator de prote- com eas diretrizes
a inclusão dospedagógicas
adolescentes no do ambiente
atendimento fami-
ção do/a mesmo/a.
socieducativo, Além disso,
preconizadas peloconsidera-se
SINASE, o eixo liarrelacionado
e comunitário” (SINASE, 2014,
a participação p.48).eTudo
da família da
importante
comunidade quena a família um papel ativodo/aisso
tenhasocioeducativa
experiência para que, prevê
adolescente de fato,queas “As
ações programadas
práticas sociais e
não só na
devem elaboração
oferecer das metas
condições reais,doporPIA,
meiomas pactuadas
de ações com o/a
e atividades adolescente,à participação
programáticas por intermé-
também ao longo do cumprimento da Medida dio do PIA e demais mecanismos pertencentes
ativa e qualitativa da família no processo socioeducativo, possibilitando o fortalecimento dos
Socioeducativa. ao processo de cumprimento da medida socioe-
vínculos e a inclusão dos adolescentes no ambiente familiar epossuam
ducativa, comunitário” (SINASE,com
interlocução 2014,sua p.48).
real
Cabe destacar que de acordo com as
Tudo isso para que de fato as ações programadas condiçãoe pactuadas
familiar, com o/a diárias
vivências adolescente,
na por
comuni-
diretrizes pedagógicas do atendimento socie-
intermédio do PIA e demais mecanismos pertencentes dade, ao processo
rotinas denecessidades,
e reais cumprimentoada fimmedida
de que
ducativo, preconizadas pelo SINASE, o eixo
socioeducativa, possuam interlocução
relacionado à participação da família e da comu- com suasereal condição
garanta a familiar,
participação vivências
do grupo diárias
familiar na
na
comunidade,
nidade rotinas e reais
na experiência necessidades,
socioeducativa do/aa fimexperiência
de que sesocioeducativa
garanta a participação do grupode
do/a adolescente
familiar naprevê
adolescente experiência
que “Associoeducativa
práticas sociaisdo/a devem forma construtiva.
adolescente de forma construtiva.
Considerando
oferecer condições o exposto,
reais, por meio de foi perguntado
ações e àsConsiderando
equipes técnicas se a foi
o exposto, família do/a
perguntado
atividades
adolescenteprogramáticas
participa daàconstrução
participação dasativa
metas às equipes técnicas estabelecidos
e e encaminhamentos se a família do/ano adolescente
PIA e tem
qualitativa
conhecimentoda família no processo socioeduca-
das consequências participa
por descumprimento. Comda relação
construção das metas
as equipes dose encaminha-
CREAS, a
tivo, possibilitando o fortalecimento dos vínculos mentos estabelecidos no PIA
maioria dos/das coordenadores/as (94,3%) e dos/das profissionais das equipes técnicas (93,7%) e tem conhecimento
dos CREAS mencionaram a participação e conhecimento por parte da família do/a adolescente.
Participação da família dos/as adolescentes no processo de elaboração
do PIA - Nacional

0,47%
Prefere não responder 0,35%

2,83%
Não sabe informar 2,12%

2,99%
Não 3,18%

93,70%
Sim 94,35%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

106
No contexto do Estado de São Paulo, foi observada a mesma tendência dos
demais serviços do Brasil, em que um alto percentual de respondentes apontou para a
a uma diretriz de suma importância para o processo pedagógico do atendimento socioeducativo
0,00%
PrefereSim previsto
não responder
57 85,07%no SINASE e, suspeitamos
Sim que,
15 de78,95%
suma relevância para a compreensão e adesão
do/a 0,00%
adolescente e da família ao processo socioeducativo.
Não 10 14,93% Não Parte I: Panorama
4 da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
21,05%
Não 0 0,00% Não 0 0,00%
sabe 0,00% sabe
Não sabe informarParticipação da família dos/as adolescentes no processo de elaboração do PIA - DF
informar 0,00% informar
Prefere 0 0,00% Prefere 0 0,00% Coordenação DF
não não
responder 0,00% 21,05%
responder Equipe Técnica DF
PrefereSimNão
não responder
57 85,07%
0,00%14,93% Sim 15 78,95%
Equipe
Não 10 14,93%
Coordenação
Não 4 21,05%
NãoTécnica DF
0 0,00% Não DF 0
0,00%
sabe 0,00% sabe 78,95%
Não sabeSiminformar
informar 0,00% informar 85,07%
Prefere 0 0,00% Prefere 0 0,00% Coordenação DF
não não
responder 0,00% 21,05% Equipe Técnica DF
Não10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%
responder
14,93%
Equipe Coordenação
Técnica DF DF
Quando 78,95%
Sim perguntados sobre possíveis modificações nas metas do PIA em razão de
85,07%
questionamentos da família, 75,6% dos/das coordenadores/as e quase 77% dos/das
profissionais das 0,00%
equipes
10,00%técnicas afirmaram
20,00% 30,00% que60,00%
40,00% 50,00% há alteração no90,00%
70,00% 80,00% instrumental quando da
consideração dos familiares dos/as adolescentes.
Participação da família dos/as adolescentes no processo de elaboração do PIA - SP
Quando perguntados sobre possíveis modificações nas metas do PIA em razão de
questionamentos da família, 75,6% dos/das coordenadores/as e quase 77% dos/das
1,18% técnicas afirmaram que há alteração no instrumental quando da
profissionais das equipes
nãoSão realizadas
Prefereconsideração
responder modificações
dos familiares
0,00%
em razão de questionamentos da família acerca
dos/as adolescentes.
das metas do PIA?
Coordenador
4,71% CREAS Equipe Técnica CREAS
1,18%
Não sabe informar
SimnãoSão
Prefere realizadas7,49%
responder modificações em202
0,00%
razão de questionamentos
75,66% 457da família acerca
76,81%
das metas do PIA?
Não 45 16,85% 103 17,31%
Coordenador
Não sabe informar 4,71% 17,31% 20CREAS 7,49% 28
Equipe Técnica4,71%
CREAS
Prefere Não
Não sabe informar
não responder 16,85%
7,49% 0 0,00% 7 1,18%
Sim 202 75,66% 457 76,81%
Total Não 26745 16,85% 595
103 17,31%
Não sabe informar 17,31% 20 7,49% 28 4,71%76,81%
PrefereNão
Sim não responder 16,85% 0 0,00% 7 1,18%
75,66%
Total 267 595
76,81%
0Sim 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
75,66%

das consequências por descumprimento.


0 0,1 0,2Com 0,3 afirmaram
0,4 a0,5participação
0,6 das família
0,7 0,8 enquanto
0,9
relação às Com relação
equipes ao contexto
dos CREAS, observado
a maioria dos/ no3,70%
Estado de São Paulo,
informaram a nãofoi observadodaque
participação mais
família
de ¼
das dos/as respondentes
coordenadores/as (94,3%) quee dos/das
compõem as equipes
profis- técnicas
dos/as (29,41%)
adolescentes no informaram
processo deque não são
elaboração
sionais das equipes
realizadas técnicasem
modificações (93,7%) dos CREAS do PIA e, apenas, 1,85% dos/as respondentes não
Com relação aorazão
contextodeobservado
questionamentos
no Estado realizados
de São Paulo, pelos/as familiares
foi observado dos/as
que mais
mencionaram a participação e conhecimento por soube responder a questão.
adolescentes acerca
de ¼ dos/as das metas
respondentes quedo PIA e as
compõem 66,67%
equipesdos/as
técnicasrespondentes afirmaram
(29,41%) informaram que nãoquesãosão
parte da família do/a adolescente. Já no Distrito Federal, a conjuntura obser-
realizadas
realizadas modificações
alterações no casoem emrazão
tela. de questionamentos realizados pelos/as familiares dos/as
No contexto do
adolescentes Estado
acerca dasde São Paulo,
metas do PIA vada deflagrou
foie 66,67% dos/as um contextoafirmaram
respondentes diferente das demais
quetécnicas
são
observada No Distritotendência
a mesma Federal, apesar
dos demaisda servi-
variável anterior
unidades ter
da apontado
federação. que as equipes
Assim, quando questio-
realizadas alterações no caso em tela.
desta
ços dounidade
Brasil, da
em federação
que um alto eram as que menos
percentual de haviam
namos às apontado a participação
equipes técnicas acerca dadas famílias no
participação
No Distrito Federal, apesar da variável anterior ter apontado que as equipes técnicas
processo de elaboração
respondentes apontou para dasa metas e encaminhamentos
participação da do Plano
das famílias Individual
na construção dasde Atendimento
metas e encami-–
desta unidade da federação eram as que menos haviam apontado a participação das famílias no
família
PIA do/ados/as adolescentes
adolescente em no processo de de
cumprimento elabo-
medida nhamentos estabelecidos
socioeducativa em meiono aberto,
Plano Individual
observamos de
processo de elaboração
ração e encaminhamentos das metas
concernentes àsemetas
encaminhamentos
Atendimento do Plano
– PIA,Individual
bem como de Atendimento
o conhecimento –
que essas mesmas equipesem são as que mais afirmam realizar alterações nosaberto,
casosobservamos
de solicitação
do PIA. PIA do/aem
Assim, adolescente
SP obtivemos cumprimento
o percentualde demedida socioeducativa
quanto em meio
às consequências por descumprimento,
por 44%
94, parte dedas
que famílias
essas mesmas
integrantes dos/as
dasequipesadolescentes.
equipes são Assim,
as que mais
técnicas que 93,33%
afirmam dos/das
realizar
obtivemos coordenadores/as
oalterações
percentualnos casos edos/das
89,47%
de solicitação
de 21,05%
dos/as por
integrantes das equipes
parte das famílias técnicas dosAssim,
dos/as adolescentes. serviços
93,33% desta
dos/das localidade afirmaram
coordenadores/as que são
e 89,47%
dos/as integrantes das equipes técnicas dos serviços desta localidade afirmaram que são107
adolescentes acompanhados/as acerca das metas do PIA. 10,53% dos/as componentes que
compõem a equipe técnica informaram que não são realizadas as modificações a partir da
situação
PESQUISA MEIO em tela.
ABERTO

Realização de modificações no PIA em razão de questionamentos e/ou contribuições


dosSimfamiliares dos/as adolescentes acompanhados/as nos serviços do Distrito Federal
51 89,47% Sim 14 93,33%
Não 6 10,53% Não 0 0,00%

Prefere não sabe informar 0,00%


Não responder 0 0,00% Não sabe informar 1 6,67%
0,00%
Prefere não responder 0 0,00% Prefere não responder 0 0,00%
Equipe
6,67% Técnica DF Coordenação DF
Não sabe informar
0,00%
Coordenação DF

Não 0,00% Equipe Técnica DF


10,53%

Sim 93,33%
89,47%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

coordenadores/asAdos serviços
partir e 14,93%
dos dados observamos
dos/asobservamos
apresentados que comquerelação
essas amesmas equipes são as
família dos/as
componentes das equipes
adolescentes, técnicassobre
as respostas que sua
informa- que
participação mais afirmam
seguem o mesmo realizar alteraçõesnos
padrão observado nos casos de
ram que as famílias
dados obtidosnão participam
na análise sobre do processo dos/as
a participação solicitação por no
adolescentes parte das famílias
processo dos/as adoles-
de elaboração
acima mencionado.
do PIA. Desta Tal percentual
maneira, é motivo
conforme previsto centes.
no SINASE Assim,
(2006), 93,33% ativa
a participação dos/das coordenadores/
da família e
de preocupação,
comunidadehaja vista
deve ser o maior
ser incentivada, como dentre as e 89,47%
dito anteriormente, dos/as
através integrantes
de atividades das equipes técni-
que fortaleçam
as equipes técnicasentre
os vínculos do estes
país,atores
aléme os/as
de apontar
adolescentes,casuma
dosvez
serviços desta localidade
que o exercício afirmaram que
de sua cidadania
para a desconsideração
se dá plenamenteaapenas
uma diretriz de ligado
quando está suma à sua são realizadas
família modificações
e comunidade. em razão
Como ressaltado no de ques-
importância para o processo
documento pedagógico
de referência, deve-se terdoaaten- tionamentos
preocupação ou contribuições
em propor atividades das famílias
que se adequem à dos/
dimento realidade
socioeducativo previsto no SINASE as adolescentes acompanhados/as
familiar e comunitária do/a adolescente, a partir de uma articulação constante entre a acerca das
e, suspeitamos
unidade que, de sumae orelevância
de atendimento programa depara metas
atendimento do PIA.
proposto, bem10,53%
como ados/as
realidadecomponentes
e reais que
a compreensão e adesão
necessidades do/a adolescente
do/a adolescente, compõem
e da da família
as condições a equipe
e de sua técnica informaram que não
comunidade.
família ao processo socioeducativo. são realizadas as modificações a partir da situa-
7.6.5. Participação
Quando perguntados de outros
sobreatores envolvidos ção
possíveis em tela. socioeducativo
no atendimento
modificações nas metas do PIA em razão de A partir dos dados apresentados obser-
questionamentosO da atendimento
família,de 75,6%
adolescentes acusados/as
dos/das vamos da prática
que decomato infracional
relação seaclassifica
família dos/as
como uma tarefa
coordenadores/as complexa
e quase e para cumpri-la
77% dos/das profis-com adolescentes,
êxito, de acordo ascomrespostas
a Lei nº 8.069 (ECA),
sobre sua partici-
considera-se
sionais das equipes atécnicas
intersetorialidade
afirmaram intrínseca
que aháessa pação
atuação.seguem
Isto é, cabe uma articulação
o mesmo padrãonão só
observado nos
alteraçãoaos
no serviços da assistência
instrumental quando social, mas também aos
da considera- atoresobtidos
dados que compõem o Sistema
na análise de Justiça
sobre a participação
e demais políticas
ção dos familiares dos/aspúblicas envolvidas no atendimento
adolescentes. ao/à adolescente.
dos/as adolescentes no processo de elaboração
Nesse momento, contudo,
Com relação ao contexto observado no foi perguntado do PIA.
aos/às Desta maneira,
profissionais conforme
das equipes previsto no
técnicas,
especificamente, acerca da participação
Estado de São Paulo, foi observado que mais de de algumSINASE (2006),
representante do a participação
Sistema de ativa
Justiça no da famí-
¼ dos/asprocesso de complementação,
respondentes que compõem avaliação lia ealterações
ou de outras
as equi- comunidade do PIA.deve serdaincentivada,
A partir questão, como
os/as(29,41%)
pes técnicas respondentes afirmaram,que
informaram de forma
não são dito representando
majoritária, anteriormente, através
66,46% das de atividades que
respostas
realizadasobtidas, que não contam
modificações com a participação
em razão de questio- fortaleçam
do Sistema os no
de Justiça vínculos
processoentre estes atores e os/
de elaboração,
avaliação, complementação e encaminhamentos
namentos realizados pelos/as familiares dos/as as adolescentes,
atinentes ao PIA. uma vez que o exercício de sua
adolescentes acerca das metas do PIA e 66,67% cidadania se dá plenamente apenas quando
dos/as respondentes afirmaram que são realiza- está ligado à sua família e comunidade. Como
das alterações no caso em tela. ressaltado no documento de referência, deve-
-se ter a preocupação em propor atividades que
No Distrito Federal, apesar da variável
se adequem à realidade familiar e comunitária
anterior ter apontado que as equipes técnicas
do/a adolescente, a partir de uma articulação
desta unidade da federação eram as que menos
constante entre a unidade de atendimento e o
haviam apontado a participação das famílias
programa de atendimento proposto, bem como a
no processo de elaboração das metas e encami-
realidade e reais necessidades do/a adolescente,
nhamentos do Plano Individual de Atendimento
as condições da família e de sua comunidade.
– PIA do/a adolescente em cumprimento
de Medida Socioeducativa em Meio Aberto,

108
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

7.6.5. PARTICIPAÇÃO DE OUTROS processo de complementação, avaliação ou de


ATORES ENVOLVIDOS NO outras alterações do PIA. A partir da questão, os/
ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO as respondentes afirmaram, de forma majoritá-
ria, representando 66,46% das respostas obtidas,
Algum representante do Sistema de Justiça participa do processo
O atendimento de adolescentes avaliação que não contam com a participação do Sistema
acusados/ ou de
de complementação, outras alterações
de Justiça no processono
dePIA?
elaboração, avaliação,
as da prática de ato infracional se classifica como
Sim e para cumpri-la com êxito,
uma tarefa complexa 164 e encaminhamentos
complementação 25,83% atinentes
de acordo com aNão Lei nº 8.069 (ECA), considera- ao PIA. 422 66,46%
0,79%
-se Prefere não responder intrínseca
a intersetorialidade
Não sabe informara essa atuação. Quando
44 observamos
6,93% os dados obtidos
Isto é, cabe uma articulação não só aos serviços por meio da coleta nas unidades federativas do
da assistência Prefere não responder 5 e de0,79%
Não sabe social, mas
informar também aos atores que
6,93% Distrito Federal São Paulo, podemos indicar
compõem o Sistema Total de Justiça e demais políti- 635 semelhante no Distrito Federal,
uma tendência
cas públicas envolvidas no atendimento ao/à se comparado aos dados dos demais estados, haja
Não 66,46%
adolescente. vista que existe predominância de respondentes
Nesse momento, contudo, foi pergun- indicando a não participação de representantes
Sim
tado aos/às profissionais das equipes técnicas, 25,83%
do Sistema de Justiça no processo de comple-
especificamente, acerca da participação de mentação, avaliação ou alterações no Plano
algum representante do0 Sistema0,1
de Justiça Individual de Atendimento dos/as adolescentes
0,2no 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Participação
Algum de representante
representante do de
do Sistema Sistema departicipa
Justiça Justiça nodoprocesso
processode
complementação do PIA - Dados Média Equipe Nacional (CREAS)
de Quando
complementação,
observamos avaliação ou deobtidos
os dados outras alterações
por meio da no PIA?
coleta nas unidades
federativas doSimDistrito Federal e de São Paulo, podemos indicar164 uma25,83%
tendência semelhante no
Distrito Federal,
Não se comparado aos dados dos demais422 estados, haja vista que existe
66,46%
Prefere não responder 0,79%
predominância de sabe
Não respondentes
informar indicando a não participação44de representantes
6,93% do Sistema de
Justiça no processo de complementação, avaliação ou alterações no Plano Individual de
Prefere não responder
6,93%em cumprimento de medida 5 0,79%
Atendimento dos/as adolescentes
Não sabe informar socioeducativa no serviço da
Total
localidade. Observamos, portanto o percentual de 57,89% de 635coordenadores/as e 71,64% de
integrantes das equipes
Não técnicas que corroboraram com a afirmativa acima. Em contrapartida, foi
66,46%
observado que 42,11% dos/as coordenadores/as e 26,87% dos/as componentes das equipes
técnicas dos serviços do Distrito Federal indicaram que representantes do Sistema de Justiça
25,83%
Sim
participam do processo de complementação, avaliação e alterações do PIA.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Participação de representante do Sistema de Justiça no processo de


complementação,
Quando observamosavaliação
os ou de alterações
dados obtidos noporPIAmeio
- Distrito Federal nas unidades
da coleta
federativas do Distrito Federal e de São Paulo, podemos indicar uma tendência semelhante no
Distrito Federal, se comparado aos dados dos demais estados, haja vista que existe
Prefere não responder 0,00%
0,00%
predominância de respondentes indicando a não participação de representantes do Sistema de
Justiça no processo de complementação, avaliação ou alterações no Plano Individual de
Atendimento 0,00%
dos/as adolescentes
Não sabe informar em cumprimento de medida socioeducativa no serviço da
1,49%
localidade. Observamos, portanto o percentual de 57,89% de coordenadores/as e 71,64%
Coordenação DF de
integrantes das equipes técnicas que corroboraram com a afirmativa acima. Em contrapartida, foi
Não 57,89% Equipe Técnica DF
observado que 42,11% dos/as coordenadores/as e 26,87% dos/as71,64% componentes das equipes
técnicas dos serviços do Distrito Federal indicaram que representantes do Sistema de Justiça
participam do processo de complementação, avaliação 42,11% e alterações do PIA.
Sim
26,87%

0,00% 10,00%20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

109

0,00%
representantes do Sistema de Justiça no processo de complementação, avaliação ou de outras
alterações no PIA dos/as adolescentes em acompanhamento nos serviços de proteção a
adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto.
PESQUISA MEIO ABERTO

Participação de representante do Sistema de Justiça no processo de


complementação, avaliação ou de outras alterações no PIA - São Paulo

Prefere não responder 0,00%


0,00%

Não sabe informar 5,66%


0,00%
Coordenação SP

Não 39,62% Equipe Técnica SP


55,56%

Sim 54,72%
44,44%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

em cumprimento de Medida Socioeducativa no do país, em que os dados apontam para a não


serviço Dessa forma conclui-se,
da localidade. por meio
Observamos, dos dados
portanto apresentados
participação e obtidos
majoritária de nessa pesquisa,do
representantes
o percentual
que de 57,89%
há uma participação de coordenadores/as
minoritária Sistema
dos/das profissionais do de Justiçadeno
Sistema processo
Justiça juntodeàscomplemen-
medidas
e 71,64% de integrantes
socioeducativas em meio aberto das equipes observandotação,
no país, técnicas avaliaçãoexcepcional
uma situação ou de outras noalterações
estado denoSãoPIA
que corroboraram com a afirmativa acima. Em dos/as adolescentes em acompanhamento
Paulo. Entretanto, como afirmado no capítulo sobre o Sistema de Justiça, uma das atribuições dos nos
contrapartida, foi observado que 42,11% dos/ serviços de proteção a adolescentes em cumpri-
atores do Sistema de Justiça é prover o acompanhamento sistemático das medidas
as coordenadores/as e 26,87% dos/as compo- mento de Medidas Socioeducativas em Meio
socioeducativas
nentes das equipes junto aos serviços
técnicas dos de acompanhamento
serviços do da “ponta”, que no caso em tela, são os
Aberto.
serviços
Distrito de proteção
Federal social aque
indicaram adolescentes
representantesem cumprimento de medidas socioeducativas em
Dessa forma, conclui-se, por meio dos
meio aberto.deTal
do Sistema acompanhamento
Justiça inclui, dentre
participam do processo de outras
dados ações, participar
apresentados e obtidos do processo
nessa pesquisa,de
que
acompanhamento do/a adolescente
complementação, avaliação e alteraçõesque é ofertado
do PIA. há umano participação
serviço, cujo Plano Individual
minoritária de
dos/das profis-
Atendimento constitui-se
Os dados como
do Distrito um dos
Federal, quemecanismos
a priori de apoio
sionais doe Sistema
que enseja necessária
de Justiça juntosupervisão
às Medidas
eseguem
elaboração conjunta
a tendência dosentre
dados a nacionais,
unidade de atendimento
também e o órgão responsável
Socioeducativas pela determinação
em Meio Aberto no país, obser-
apontam para os dados encontrados no estado
judicial. vando uma situação excepcional no estado de São
de São Paulo, em que obtivemos um percentual Paulo. Entretanto, como afirmado no capítulo
considerável de respondentes que indicaram que sobre o Sistema de Justiça, uma das atribui-
7.6.5.1. Tempo para a elaboração do PIA
representantes do Sistema de Justiça possuem ções dos atores do Sistema de Justiça é prover
participação no processo de complementação, o acompanhamento sistemático das Medidas
avaliaçãoSobre a quantidade
ou alterações de dias
no PIA, que se despende
apresentando para a elaboração
Socioeducativas do serviços
junto aos PIA, casodevocê se
acompa-
defronte com que
percentuais os gráficos
superam abaixo você teráobser-
a realidade a impressão que seda
nhamento encontra
“ponta”,em países
que diferentes
no caso em tela,ou
são
sob
vadaa na
execução
realidade denacional.
políticas Assim,
totalmente
54,72%distintas.
dos/ Contudo, o gráfico
os serviços que se
de proteção apresenta
social primeiroem
a adolescentes
as coordenadores/as
denota os dados de âmbitoe 44,44% dos/asointegran-
nacional, cumprimento
segundo gráfico apresenta deosMedidas
dados doSocioeducativas
estado de Sãoem
tes dascaracterizando
Paulo, equipes técnicasa do estado dedeSão
totalidade Paulo
respondentesMeio Aberto.
dessa Tal acompanhamento
localidade, e o terceiroinclui, dentre
faz jus a
informaram que os representantes do Sistema outras ações, participar do processo de acompa-
totalidade dos/as respondentes do Distrito Federal.
de Justiça possuem participação no processo nhamento do/a adolescente que é ofertado no
de complementação, avaliação ou alterações no serviço, cujo Plano Individual de Atendimento
PIA, enquanto, 39,62% dos/as coordenadores/as constitui-se como um dos mecanismos de apoio
e 55,56% dos/as componentes das equipes técni- e que enseja necessária supervisão e elabora-
cas indicaram que não há participação por parte ção conjunta entre a unidade de atendimento e
de representantes do Sistema de Justiça. Os o órgão responsável pela determinação judicial.
dados de São Paulo apontam que praticamente
metade da equipe compreende que há participa-
ção do Sistema de Justiça no processo em voga,
enquanto a outra metade acredita que não, refle-
tindo um contexto muito diferente do restante

110
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

7.6.5.1. TEMPO PARA A ELABORAÇÃO DO se tornar efetivo e, de fato, um instrumento de


PIA real alcance das necessidades do/a adolescente,
o PIA precisa articular as dimensões jurídica,
Sobre a quantidade de dias que se de saúde, psicológica, social e pedagógica, como
despende para a elaboração do PIA, caso você campos de atuação dos/as profissionais que
se defronte com os dados apresentados, sem ser realizam o acompanhamento do/a adolescente,
previamente informado, você terá a impressão tal como se fossem indissociáveis, já que se trata
de que se encontra em países diferentes ou sob a de “(...)um instrumento pedagógico fundamental
execução de políticas totalmente distintas. para garantir a equidade no processo socioe-
ducativo”(SINASE, 2006, p.48). Sendo assim,
Conforme é possível observar, em âmbito
reconhecemos que não há qualquer previsão que
nacional temos predominância de 39,12% dos/
aponte para um padrão, no tocante ao processo
das profissionais das equipes técnicas que afir-
de trabalho que defina o quantitativo de dias
maram que se despende de um a cinco dias para
a serem despendidos para a elaboração desse
se elaborar o Plano Individual de Atendimento.
instrumento, mas sabemos que este possui como
Em São Paulo, 37,04%, dentre os/as profissio-
“(...)requisito básico para sua elaboração a reali-
nais que compõem as equipes técnicas, apontam
zação do diagnóstico polidimensional por meio
para o período de 26 a 30 dias como sendo o
de intervenções técnicas junto ao/à adolescente
tempo despendido para se elaborar o PIA. No
e sua família garantindo a participação do/a
Distrito Federal, corroborando com o contexto
adolescente” (SINASE, 2006, p.52).
nacional, a equipe técnica, com 37,31% apontou
para o período de 1 um a cinco dias como sendo Durante a análise dos dados obtidos por
o tempo necessário para a elaboração do Plano. meio da pesquisa foi possível presumir que algu-
mas equipes consideraram a elaboração do PIA
Vale destacar que quando nos referimos a
o início do procedimento de acolhida do/da
elaboração do Plano Individual de Atendimento
adolescente e de sua família e, portanto, o início
do/a adolescente em cumprimento de Medida
do processo de diagnóstico polidimensional,
Socioeducativa em Meio Aberto, resgatamos
enquanto outras consideraram a finalização do
os argumentos tecidos no início deste item,
diagnóstico previsto acima. Fazemos tal presun-
salientando o PIA como um instrumento de
ção a fim de justificar as disparidades entre o
planejamento, mas também de execução e acom-
tempo informado de acordo com as diferentes
panhamento das Medidas Socioeducativas em
localidades onde os dados foram coletados, ou
Meio Aberto que tem por premissa a partici-
até mesmo quando observamos a pulverização
pação do/a adolescente em cumprimento de
(várias respostas distintas dentro de uma mesma
MSE/MA, sua família e demais políticas seto-
equipe ou localidade) das respostas obtidas.
rias (...) (SNAS, 2016, p.59). Além disso, para

Tempo para elaboração do PIA - em dias


NACIONAL
Prefere não responder 1,42%
Quantos dias se levam em média para elaborar o PIA
Não sabe informar 10,25%
248
1 – dias 39,12%
6Mais
– 10dedias
30 dias 9,31%
41 6,47%
11 –2615 dias
– 30 dias 7,26% 128 20,19%
16 –2120 dias
– 25 dias 1,58% 28 4,42%
21 –1625 dias 4,42%
10 1,58%
– 20 dias
26 – 30 dias 46 7,26%
11 – 15 dias 20,19%
Mais de 30 dias 59 9,31%
6 – 10 dias 6,47%
Não sabe informar 65 10,25%
39,12%
Prefere1não
– diasresponder 9 1,42%
Total 0 0,05 0,1 634
0,15 0,2 0,25 100%
0,3 0,35 0,4 0,45

111
39,12%
Prefere1não
– diasresponder 9 1,42%
Total
PESQUISA MEIO ABERTO 0 0,05 0,1 634
0,15 0,2 0,25 100%
0,3 0,35 0,4 0,45

Tempo para elaboração do PIA - em dias - SP

Prefere não responder 0,00%


Não sabe informar 0,00%
Mais de 30 dias 0,00%
26 - 30 dias 37,04%
21 - 25 dias 7,41%
16 - 20 dias 14,81%
11 - 15 dias 24,07%
6 - 10 dias 11,11%
1 - 5 dias 5,56%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

Tempo médio, em dias, para a elaboração do PIA

0,00%
Prefere não responder 0,00%
Prefere não responder
1,42%
0,00% 5,26%
Não sabe informar
Não sabe informar
2,99% 0,00%
0,00%
2,99%10,25%
Mais de 30 dias 7,46%5,26%7,46%
Mais de 30 dias 0,00%
9,31%
26 - 30 dias 10,53%
23,88%
23,88%
26 - 30 dias 37,04%
21 - 25 dias 7,26% 10,53% Coordenação
1,49% EQUIPE TÉCNICA D
1,49%
16 - 20 dias
21 - 25 dias 7,41% 15,79% Equipe técnica DF
1,58% 5,97% EQUIPE TÉCNICA S

EQUIPE TÉCNICA C
11 - 15 dias
16 - 20 dias
5,97%
14,93% 21,05%
14,81%
4,42%
6 - 10 dias 5,97% 10,53%
14,93%
11 - 15 dias 24,07%
1 - 5 dias 21,05%
20,19%
37,31%
6% 5,97%
6 - 10 dias 11,11%
1% 0,00% 5,00%
6,47% 10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%
7% 37,31%
1 - 5 dias 5,56%
1% 39,12%

1% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

%
0%
0%
Dessa forma, considerando que o PIA, entendimento dos processos e procedimentos,
0%
enquanto instrumento de suma relevância no faz-se tarefa fundamental para o seu fortaleci-
processo socioeducativo, prevê fomentar a equi- mento e aprimoramento. Por este motivo, nossos
dade e não a agudização das desigualdades entre esforços de pesquisa, aqui apresentados, demons-
os processos e estratégias de integração social e tram tais disparidades a fim de iniciarmos nossas
formas de atendimento ofertadas aos/às adoles- reflexões em torno dos pontos de divergência e
%
centes nos mais diversos serviços inseridos no dos pontos em comum e que podem garantir
7%
âmbito da política de atendimento socioeduca- uma construção metodologicamente sólida da
3%
tivo brasileiro, admite-se que compreender os Política de Atendimento Socioeducativo em Meio
7%
pontos em comum e os equidistantes da política Aberto no Brasil. Assim, observadas às especifi-
9%
de atendimento, em nível nacional, no tocante ao cidades locais, no tocante às formas de execução
8%
6%
112
9%
0%
7.6.5.2. Tempo para iniciar o cumprimento da medida socioeducativa em meio
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
aberto

da política de atendimento socioeducativo em ser até sete dias, 12,76% disseram que seria entre
Quando questionadas/os sobre o tempo aproximado que o/a adolescente aguarda para
Meio Aberto, pretendemos obter direcionamen- oito e 15 dias, 12,99% afirmaram ser entre 16 e
iniciar o cumprimento
tos comuns acerca do da medida
desenho de socioeducativa
estratégias de de 30LA
dias,após
2,99% a determinação judicial
entre 31 e 45 dias, 2,36%43,15%
entre 46
dos/das profissionais
fortalecimento das equipes
e qualificação dotécnicas afirmaram
atendimento serdias,
e 60 até 7 dias, afirmaram
7,09% 12,76% disseram
ser maisquede 60seria
dias
entre 8 e 15
prestado emdias,
todo 12,99%
o país. afirmaram ser entre 16 ee, 30 dias,
ainda, 2,99%
11,97% não entre 31 e 45
souberam dias, 2,36%
informar e outras
entre 46 e 60 dias, 7,09% afirmaram ser mais de 601,42% dias e, ainda, 11,97%
preferiram não soube informar e
não responder.
outras 1,42% preferiu
7.6.5.2. não responder.
Tempo para iniciar o cumprimentoQuando da medida socioeducativa
questionadas/os sobre oem meio
tempo
7.6.5.2. TEMPO PARA INICIAR aproximado que o/a adolescente aguarda para
aberto
O CUMPRIMENTO DA MEDIDA iniciar o cumprimento da Medida Socioeducativa
SOCIOEDUCATIVA EM MEIO ABERTO
Quando questionadas/os sobre o tempode PSC após que
aproximado a determinação judicial,
o/a adolescente 27,29%
aguarda para
iniciarQual
o cumprimento da medida socioeducativa dos/das
de LA profissionais
após a das equipesjudicial
determinação técnicas43,15%
afir-
o tempo
Quando aproximado que
questionadas/os sobreo adolescente
o tempo aguarda para iniciar o cumprimento
dos/das profissionais das equipes técnicas maram serser até sete dias, 20,19% disseramqueque
da medida
aproximado que socioeducativa
o/a adolescentedeaguarda
LA após aafirmaram
para determinação
seria entre
até
oio
7 dias,
judicial
e 15
12,76%
dias, 18,61%
disseram
entre 16 e 30
seria
dias,
entre
Prefere8não
e 15 dias, 12,99%
responder afirmaram ser entre 16 e 30 dias, 2,99% entre 31 e 45 dias, 2,36%
iniciar o cumprimento
Até 7 dias da 9% 274
Medida Socioeducativa 7,10% afirmaram ser entre 31 e 45 dias, 5,36%
entre
de LA 46 e 60
após a dias, 7,09% judicial,
determinação afirmaram ser mais
43,15% dos/ de entre
60 dias e, ainda, 11,97% não soube informar e
Não sabe8informar
Entre - 15 dias 116
76% 46 e 60 dias, 8,20% afirmaram ser mais de
18,27%
outras 1,42% preferiu não responder.
das profissionais das equipes técnicas afirmaram
Entre 1660– dias
Mais de 30 dias 81 12,76%
45%
Entre 31 - 45 dias 19 2,99%
Tempo decorrido
Entre 46 - 60 dias 15% entre determinação judicial da MSE/LA e início
Entre 46 - 60
dodias 15
cumprimento da Medida 2,36% adolescente
Socioeducativa pelo/a
Qual
Entre 31 -o45tempo
dias aproximado que o adolescente aguarda para iniciar o cumprimento
Mais de 60 dias 19% 45 7,09%
da medida socioeducativa de LA após a determinação judicial
Prefere
Entre
Não não
16 –responder
sabe30 informar
Até 7 dias
dias 9% 76 274
81% 11,97%
Prefere
Não sabe
Entre
Entre não
8 -8
15 responder
informar
-dias
15 dias 9 116
76% 116% 1,42%
18,27%
Total
Entre
Mais 16
de – dias
30 dias 63481 100%
12,76%
Até 760
dias 45% 274%
Entre 31 - 45 dias 19 2,99%
Entre 46 - 60 dias 15%
Entre 46 - 60 0% dias 50% 100%
15 150% 200%
2,36% 250% 300%
Entre 31 - 45 dias 19% 45
Mais de 60 dias 7,09%
Entre
Não16
Quando – questionadas/os
sabe30 informar
dias 7681% aproximado que11,97%
sobre o tempo o adolescente aguarda para
iniciar o cumprimento
Prefere
Entre 8 - não da medida socioeducativa
responder
15 dias 9 de PSC após a determinação
1,42% judicial, 27,29%
116%
dos/das profissionais
Total das equipes técnicas 634
afirmaram ser até 7 dias, 20,19% disseram que seria
100%
Até 7 dias
entre 8 e 15 dias, 18,61% entre 16 e 30 dias, 7,10% afirmaram ser entre 31 e 45 dias, 274% 5,36%
entre 46 e 60 dias, 8,20% 0%afirmaram ser mais de
50% 60 dias e,
100% ainda, 11,51%
150% 200% não soube
250% informar e
300%
outras 1,74% preferiu não responder.
Quando Tempo decorrido entre
questionadas/os sobre a 52determinação
o tempo aproximado judicial da que MSE/PSC e o início aguarda para
o adolescente
Ma
iniciar o cumprimento do cumprimento
da medida da medida socioeducativa
socioeducativa de PSC após pelo/a
8,20%
adolescente judicial, 27,29%
a determinação
is de 60 dias
dos/das profissionais das equipes técnicas 73 afirmaram ser até 7 dias, 20,19% disseram que seria
entre Não
8 sabe
e 15 dias, 18,61% entre
informar
1,74% 16 e 30 dias, 7,10% afirmaram 11,51%
ser entre 31 e 45 dias, 5,36%
Prefere não responder 11
entre Prefere
46 enão60 dias, 8,20% afirmaram ser mais de 60 dias e, ainda,
responder 1,74% 11,51% não soube informar e
634
outrasQual
Não1,74%
Total preferiu
sabeaproximado
o tempo informar não responder.
que o adolescente
11,51%
aguarda para iniciar o cumprimento da medida socioeducativa de 100%
PSC após a determinação judicial

Mais de 60 dias 173 52 8,20%


AtéMa
7 dias 27,29%8,20%
128
Entre8 - 1546
dias - 60 dias
is de 60 dias
Entre
5,36% 73 20,19%
Não sabe informar 118 11,51%
Entrenão
Prefere 31 -responder
45 dias
Entre 16 – 30 dias 1,74% 7,10%
11 18,61%
Prefere não responder 45 1,74%
634
Entre 31 - 45 dias
Entre
Não
Qual 16 –aproximado
sabe
Totalo tempo 30 diasque o adolescente aguarda para iniciar
informar 11,51% 7,10%
34 o cumprimento da medida socioeducativa de 100%
18,61%
PSC após a determinação judicial

Entre 46 - 60 dias 5,36%


Mais
Entre 8 -de
1560 dias
dias 173 8,20% 20,19%
Até 7 dias 27,29%
128
EntreAté
46 -760 dias 5,36% 27,29%
dias
Entre 8 - 15 dias 20,19%
118
Entre 31 - 45 dias
Entre 16 – 30 dias 7,10% 18,61%
0 0,05 45 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
Entre 31 - 45 dias
Entre 16 – 30 dias 34
7,10%
18,61%
Entre 46 - 60 dias 5,36%
Entre 8 - 15 dias 20,19%
113
Até 7 dias 27,29%
PESQUISA MEIO ABERTO

Tempo aproximado entre a determinação judicial e o início do


cumprimento da Medida Socioeducativa de LA e PSC
Distrito Federal

Prefere não responder 0,00%


0,00%
Não sabe informar 0,00%
4,48%

Mais de 60 dias 10,53%


14,93%

entre 46 e 60 dias 5,26%


17,91% COORDENAÇÃO DF
entre 31 e 45 dias 10,53%
14,93% EQUIPE TÉCNICA DF
entre 16 e 30 dias 21,05%
32,84%

entre 8 e 15 dias 26,32%


7,46%
DE RESPOSTA) até 7 dias 26,32%
7,46%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00%

Tempo aproximado entre a determinação judicial e o início do


cumprimento da Medida Socioeducativa de LA e PSC
São Paulo

Prefere não responder 0,00%


0,00%

Não sabe informar 1,85%


0,00%

Mais de 60 dias 0,00%


1,89%

entre 46 e 60 dias 0,00%


0,00% EQUIPE TÉCNICA OSC SP
O LER AS OPÇÕES DE RESPOSTA)
entre 31 e 45 dias 0,00%
1,89% COORDENAÇÃO OSC SP
entre 16 e 30 dias 3,70%
11,32%

entre 8 e 15 dias 51,85%


50,94%

até 7 dias 42,59%


33,96%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

60 dias e, ainda, 11,51% não souberam informar e tam as Medidas Socioeducativas em Meio Aberto
outras 1,74% preferiram não responder. nessas localidades costumam ofertar tanto PSC
Quando os dados das unidades federa- como LA, geralmente, no mesmo equipamento.
tivas de São Paulo e do Distrito Federal foram Dessa forma, trataremos dos dados obtidos nas
coletados, optou-se pela coleta agregada e não localidades de São Paulo e do Distrito Federal a
segmentada, como ocorrera em âmbito nacio- seguir, de forma separada dos dados apresenta-
nal. Assim, ao realizar a pergunta sobre o tempo dos anteriormente, em detrimento da diferença
aproximado que o/a adolescente aguarda para metodológica com a qual os dados, em questão,
eforam
PSC?”.trabalhados
A questão realizada paralocalidades.
nessas as coordenações do Distrito
iniciar o cumprimento da Medida Socioeducativa Federal foi: “Qual é o tempo aproximado entre a determina-
de LA e de PSC após a determinação judi- ção judicial e o início do cumprimento da vinculação do/da
cial, a mesma fora formulada e feita de forma adolescente à unidade?”. A questão realizada para as equipes
técnicas de São Paulo foi: “Qual é o tempo aproximado entre
conjunta19, haja vista que os serviços que ofer- a determinação judicial e o início do cumprimento da Medida
Socioeducativa de LA e PSC nesta organização?”. A questão re-
19
A questão realizada para as equipes técnicas do Distrito Fede- alizada para as coordenações de São Paulo foi: “Qual é o tempo
ral foi: “Qual é o tempo aproximado entre a determinação judi- aproximado entre a determinação judicial e o início do cumpri-
cial e o início do cumprimento da Medida Socioeducativa de LA mento da Medida Socioeducativa de LA e PSC?”.

114
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

No Distrito Federal, observamos que do/a adolescente para iniciar o cumprimento da


enquanto as equipes técnicas concentram suas MSE/MA é de 8 a 15 dias.
respostas afirmando que o tempo aproximado de Observamos, a partir da análise dos dados
espera do/a adolescente, para iniciar o cumpri- nacionais do Distrito Federal e de São Paulo
mento da MSE, tanto de LA como de PSC, é de 16 que o tempo aproximado que o/a adolescente
a 30 dias, tendo ainda percentual significativo de aguarda para iniciar o cumprimento da Medida
respondentes indicando a alternativa que prevê Socioeducativa de LA e de PSC após a determi-
o tempo de 46 a 60 dias; os/as coordenadores/ nação judicial informado pelas equipes técnicas
as dessa mesma localidade indicam, em sua e coordenações é semelhante, ficando em torno
grande maioria, que o tempo médio de espera de 1 a 15 dias, concentrando-se na variável de 8 a
dos/as adolescentes para iniciar o cumprimento 15 dias, majoritariamente. A variação ocorreu de
da Medida Socioeducativa em Meio Aberto, forma similar mesmo diante da apresentação do
no Distrito Federal, varia entre um e 15 dias, dado de forma agregada ou segmentada.
considerando que as respostas obtidas destes
respondentes se concentraram em “até sete
dias”, com 26,32%, e “oito a 15 dias”, apontando 7.7. ESTRATÉGIAS PARA
o mesmo percentual de frequência de responden- ENGAJAMENTO DO/A ADOLESCENTE:
tes de 26,32%. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Por outro lado, em São Paulo, os dados NOS EQUIPAMENTOS, ATIVIDADES
coletados tanto com os/as integrantes das equi- PROPOSTAS NA PSC E PARTICIPAÇÃO
pes técnicas como com as/os coordenadores/as NAS DECISÕES
dos serviços apontavam para as mesmas variá-
veis: com 42,59% de respondentes das equipes
técnicas e 33,96% de coordenadores/as, foi
indicado que o tempo aproximado que o/a 7.7.1. PERIODICIDADE DE ATENDIMENTO
adolescente aguarda para iniciar o cumprimento NO EQUIPAMENTO
da Medida Socioeducativa em Meio Aberto no
estado de São Paulo, seja esta LA ou PSC, é de até As normativas que apontam para a perio-
7 dias. Contudo, com predominância de frequên- dicidade dos atendimentos nos equipamentos,
cia, 51,85% dos/as componentes das equipes elaboradas no âmbito do Poder Executivo
técnicas e 50,84% dos/as coordenadores/as Federal, recomendam que os/as profissio-
dos serviços afirmaram que o tempo de espera nais estejam em interação com a realidade dos

Periodicidade de atendimento - Adolescente em cumprimento de L.A.

2,99%
Prefere não responder 0,00%
0,91%

2,99%
Não sabe informar 0,00%
4,70%

1,49%
Semestral 0,00%
0,30%

1,49%
Trimestral 0,00% EQUIPE TÉCNICA DF
0,15%
EQUIPE TÉCNICA OSC SP
1,49%
Bimestral 0,00%
0,30% EQUIPE TÉCNICA CREAS
14,93%
Mensal 0,00%
22,46%

40,30%
Quinzenal 0,00%
33,84%

34,33%
Semanal 100,00%
37,33%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%

115
PESQUISA MEIO ABERTO

Periodicidade de atendimento -
Adolescente em cumprimento de L.A

Prefere não responder 0,00%


0,00%

Não sabe informar 4,89%


0,00%

Semestral 0,33%
0,00%

Trimestral 0,00%
5,26% COORDENAÇÃO CREAS

Bimestral 0,65% COORDENAÇÃO DF


0,00%

Mensal 19,54%
26,32%

Quinzenal 34,20%
36,84%

Semanal 40,39%
31,58%
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

meninos e meninas, semanalmente, para acom- sobre os atendimentos da PSC, 34,33% dos/das
panhá-los com qualidade. profissionais das equipes técnicas mencionaram
Quando questionados/as sobre a periodi- atendimento semanal; 7,46% quinzenal; 22,39%
cidade do atendimento ofertado ao/à adolescente dizem ser mensal; 19,40% bimestral; 4,48%
em cumprimento de LA, 40,6% dos/das coor- trimestral e 4,48% semestral. E no caso dos/
denadores/as e 36,3% dos/das profissionais das coordenadores/as, as respostas mais cita-
das equipes técnicas afirmaram ser semanal; das foram para o atendimento mensal (41,67%),
34,2% dos/das coordenadores/as e 34,3% dos/ seguido de atendimentos semanais (25%), quin-
das profissionais das equipes técnicas relataram zenais (8,3%) e bimestrais (16,6%).
ser quinzenal e 19,4% dos/das coordenadores/ O caso de São Paulo chama atenção pois
as e 23,1% dos/das profissionais das equipes 100% dos/das profissionais das equipes técni-
técnicas disseram que a periodicidade seria cas afirmaram que os atendimentos dos/das
mensal. Já quando se trata do atendimento ao/à adolescentes que estão em LA são realizados
adolescente em PSC, cerca de 40% dos/das coor- semanalmente. Já quando o assunto é a PSC, as
denadores/as e 35,7% dos/das profissionais das respostas variam para 27,78% que afirmaram
equipes técnicas mencionaram periodicidade realizar atendimentos semanalmente; 18,52%
quinzenal; 29,3% dos/das coordenadores/as e que afirmaram ser quinzenalmente, 18,52%
34% dos/das profissionais das equipes técnicas mensalmente; 7,41% trimestralmente e, ainda,
informaram ser mensal e cerca de 21% dos/das 5,5% semestralmente.
coordenadores/as e 17,3% dos/das profissionais
das equipes técnicas mencionaram atendimento
semanal. 7.7.2. ATIVIDADES REALIZADAS
No caso do Distrito Federal as respostas PELOS/AS ADOLESCENTES PARA
dos/das profissionais da coordenação de serviço CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS
sobre a periodicidade dos atendimentos de LA SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO
se dividem entre semanal e quinzenal, somando
igual porcentagem para as duas respostas (para 5 As atividades desenvolvidas junto aos/
de 12 respondentes – 41% das entrevistadas/os). às adolescentes que estão em cumprimento de
Já para as/os respondentes das equipes técnicas, LA e/ou PSC devem estar articuladas aos seus
a frequência de atendimentos para adolescen- interesses e aptidões e ao caráter pedagógico
tes em cumprimento de LA seria quinzenal das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto,
(40,3%) e, com poucas menções a menos, para conforme sugere o Caderno de Orientações
a frequência semanal (34,3%). Ao responder Técnicas do SINASE (2016). Para refletirmos

116
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Periodicidade de atendimento -
Adolescente em cumprimento de PSC

1,49%
Prefere não responder 0,00%
1,21%

5,97%
Não sabe informar 14,81%
7,89%

4,48%
Semestral 5,56%
0,46%

4,48%
Trimestral 7,41% EQUIPE TÉCNICA DF
0,46%

19,40% EQUIPE TÉCNICA OSC SP


Bimestral 7,41%
2,88% EQUIPE TÉCNICA CREAS
22,39%
Mensal 18,52%
33,84%

7,46%
Quinzenal 18,52%
36,27%

34,33%
Semanal 27,78%
17,00%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

Periodicidade de atendimento -
Adolescente em cumprimento de PSC

Prefere não responder 0,98%


5,26%

Não sabe informar 7,17%


0,00%

Semestral 0,33%
5,26%

Trimestral 0,65%
5,26% COORDENAÇÃO CREAS

Bimestral 0,98% COORDENAÇÃO DF


21,05%

Mensal 29,97%
31,58%

Quinzenal 38,44%
15,79%

Semanal 21,50%
15,79%
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

acerca da adesão do/a adolescente à medida de assistência em hospitais, acolhimentos insti-


socioeducativa determinada judicialmente e em tucionais (anteriormente conhecidos como
cumprimento, consideramos essencial analisar abrigos), creches, escolas, com 32,9% das respos-
a natureza das atividades desenvolvidas pelos/ tas, mas os/as profissionais das equipes técnicas
as adolescentes nos CREAS/serviços de prote- mencionaram os serviços de limpeza e servi-
ção social a adolescentes em cumprimento de ços gerais, com 28,8%. Em terceiro lugar, no
MSE/MA e em outros serviços acionados para a tocante a frequência, obtivemos para os/as coor-
Prestação de Serviço à Comunidade. denadores/as, os serviços de limpeza e serviços
Quando questionados/as sobre as três gerais, com 23,7%; e para as equipes técnicas os
atividades mais realizadas pelos/as adolescen- trabalhos de assistência em hospitais, abrigos,
tes em cumprimento da PSC, 80,5% dos/das creches, escolas etc., representando 28,2% das
coordenadores/as e 77,1% dos/das profissionais respostas obtidas.
das equipes técnicas mencionaram os servi- Os dados obtidos no estado de São Paulo
ços administrativos. Em segundo lugar, as/os apresentam uma realidade muito próxima à
coordenadores/as mencionaram os trabalhos aferida nos demais estados. Dos/as respondentes,

117
PESQUISA MEIO ABERTO

integrantes das equipes técnicas do serviço de as adolescentes em cumprimento de medi-


proteção social a adolescente em cumprimento das socioeducativas de PSC estão relacionadas
de Medida Socioeducativa em Meio Aberto, as a serviços de reparos e manutenção de infraes-
atividades mais realizadas pelos/as adolescen- truturas em prédios públicos, correspondendo
tes em cumprimento de Prestação de Serviço à a 27,20% das respostas obtidas durante a coleta
Comunidade – PSC, são: na avaliação de 34,21% de dados. Em terceiro lugar, na avaliação dos/
dos/as respondentes, serviços administrati- as coordenadores/as dos serviços, obtivemos
vos; 21,05% dos/as respondentes consideram ainda, com o mesmo percentual apresentado no
os trabalhos de assistência em hospitais, acolhi- segundo lugar, 42,11%, a variável “outros”. Nesse
mentos institucionais (anteriormente conhecidos caso, observamos que a maioria dos/as respon-
como abrigos), creches, escolas e etc., e 16,67% dentes coordenadores/as que apontaram essa
dos/as respondentes apontam como atividades alternativa fizeram referência a um projeto desen-
mais recorrentes a atuação dos/as adolescentes volvido em parceria com a Defensoria Pública do
como monitores em projetos artísticos, despor- Distrito Federal, em que são promovidos cursos
tivos e de cidadania, prática muito interessante pelo órgão em questão, com a participação dos/
para a perspectiva que pretende alcançar a PSC. as adolescentes, e a elaboração conjunta da horta
No Distrito Federal, obtivemos, assim comunitária, que recebe a colaboração dos/as
como no restante do país, o percentual mais adolescentes em cumprimento de MSE/PSC,
acentuado na variável que aponta os serviços bem como dos/as funcionários/as do órgão e da
administrativos como sendo os mais realizados comunidade. O terceiro percentual com maior
pelos/as meninos e meninas em cumprimentos recorrência dentre os/as respondentes das equi-
de PSC, correspondendo a 63,16% das respostas pes técnicas do Distrito Federal correspondeu,
obtidas dos/das coordenadores/as dos serviços e da mesma forma que os/as coordenadores/as, a
33,60% dos/as integrantes das equipes técnicas. variável “outros”. Observamos que os itens mais
Em segundo lugar, na avaliação dos/as coor- mencionados para informar sobre o que se trata-
denadores/as dos serviços do Distrito Federal, vam as atividades mencionadas, se classificavam
as atividades de monitoria em projetos artísti- entre: atividades desenvolvidas em parceria com
cos, desportivos ou de cidadania, caracterizaram a Defensoria Pública do DF, cursos profissio-
42,11% das respostas obtidas, enquanto, na nalizantes, atividades desempenhadas dentro
avaliação dos/as integrantes das equipes técni- da própria unidade de atendimento, atividades
cas, a segunda atividade mais realizada pelos/ desenvolvidas dentro de bibliotecas públicas do
DF e atividades esportivas. Todas as atividades

Principais atividades realizadas pelos/as adolescentes para cumprimento das


MSE/PSC

18,45%
Outra 19,15%
Prefere não responder 0,47%
0,00%
10,25%
Não sabe informar 8,16%
Trabalhos de assistência em hospitais, abrigos, creches, 28,23%
escolas etc. 32,98%
28,86%
Limpeza e serviços gerais 23,76%
Serviços de alimentação (panificadora, cozinha 4,10%
industrial etc.) 2,13%
Reparos e manutenção de infraestrutura (jardinagem, 14,67%
pintura predial, consertos etc.) 15,60%
Serviços administrativos (atendimento ao público, tirar 77,13%
cópias etc.) 80,50%

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

118
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
No Distrito Federal, obtivemos, assim como no restante do país, o percentual mais
acentuado na variável que aponta os serviços administrativos como sendo os mais realizados
Principais
pelos/as meninos atividades
e meninas realizadas pelos/as
em cumprimentos de PSC,adolescentes para cumprimento
correspondendo a 63,16% das respostas
obtidas dos/das coordenadores/as dos dasserviços
MSE/PSC - São Paulo
e 33,60% dos/as integrantes das equipes técnicas.
Em segundo lugar, na avaliação dos/as coordenadores/as dos serviços do Distrito Federal, as
atividades de monitoria em projetos artísticos, Outra desportivos ou de cidadania, 14,91% caracterizaram 42,11%
das respostas obtidas, enquanto, na avaliação dos/as integrantes das equipes técnicas, a segunda
atividade mais realizadas Prefere pelos/as nãoadolescentes
responder em cumprimento de medidas socioeducativas de
0,00%
PSC estão relacionadas a serviços de reparos e manutenção de infraestruturas em prédios públicos,
correspondendo a 27,20% das Não respostas obtidas 0,88%
sabe informar durante a coleta de dados. Em terceiro lugar, na
avaliação dos/as coordenadores/as dos serviços, obtivemos ainda, com o mesmo percentual
Monitoria em
apresentado noprojetos
segundo artísticos,
lugar,desportivos
42,11%, aevariável
de “outros”. Nesse caso, observamos que a maioria
16,67%
dos/as respondentes cidadania
coordenadores/as que apontaram essa alternativa fizeram referência a um
projetoTrabalhos de assistência
desenvolvido em hospitais,
em parceria comabrigos,
a Defensoria Pública do Distrito Federal, em que são
21,05%
promovidos cursos creches, escolasem
pelo orgão etc. questão, com a participação dos/as adolescentes, e a elaboração
conjunta da horta comunitária,Limpezaque recebe
e serviços a colaboração
gerais 5,26% dos/as adolescentes em cumprimento de
MSE/PSC, bem como dos/as funcionários/as do órgão e da comunidade. O terceiro percentual com
maior Serviços de alimentação
recorrência, (panificadora,
dentre os/as cozinhadas equipes técnicas do Distrito Federal, correspondeu,
respondentes 2,63%
da mesma forma que industrial
os/asetc.)
coordenadores/as, a variável “outros”. Observamos que os itens mais
mencionados Reparos
parae manutenção
informar sobrede infraestrutura
o que se tratavam 4,39% as atividades mencionadas, se classificavam
entre: atividades desenvolvidasconsertos
(jardinagem, pintura predial, etc.)
em parceria com a Defensoria Pública do DF, cursos
Serviços administrativos
profissionalizantes, (atendimento
atividades ao público, dentro da própria unidade de atendimento, atividades
desempenhadas 34,21%
desenvolvidas dentro tirar cópias etc.)
de bibliotecas públicas do DF e atividades esportivas. Todas as atividades
descritas e classificadas, segundo relatos registrados 0,00% 5,00% nos campos
10,00% 15,00%disponíveis, são convertidas
20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% em

PSC e, portanto, consideradas para fins da análise em questão.

Principais atividades realizadas pelos/as adolescentes para cumprimento das


MSE/PSC

Outra 42,11%
16,00%

Prefere não responder 0,00%


0,00%

Não sabe informar 0,00%


4,00%
Monitoria em projetos artísticos, 42,11%
desportivos ou de cidadania 8,00%
Trabalhos de assistência em hospitais, 10,53% Coordenação DF
abrigos, creches, escolas etc. 5,60%
Equipe Técnica DF
Limpeza e serviços gerais 5,26%
0,80%
Serviços de alimentação (panificadora, 21,05%
cozinha industrial etc.) 4,80%
Reparos e manutenção de infraestrutura 15,79%
(jardinagem, pintura predial, consertos… 27,20%
Serviços administrativos (atendimento ao 63,16%
público, tirar cópias etc.) 33,60%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

descritas e classificadas, segundo relatos regis- séria a concepção da Prestação de Serviço à


trados nos campos disponíveis, são convertidas Comunidade junto ao Sistema de Justiça, servi-
em PSC e, portanto, consideradas para fins da ços e rede. A PSC deve ter o caráter educativo e
análise em questão. formativo, e não de inserção em atividades que
A pergunta referente às atividades de exploram a mão-de-obra dos/as adolescentes,
PSC realizadas pelos/as adolescentes aponta aspecto que pôde ser percebido na grande quan-
para a necessidade de debater de maneira mais tidade de reposta que se referem às atividades

119
PESQUISA MEIO ABERTO

relacionadas aos serviços administrativos e de são realizadas atividades temáticas (palestras


limpeza geral. ou oficinas sobre racismo, violência de gênero,
Assim, a inserção dos meninos e violência policial, drogas, intolerância religiosa).
das meninas em cumprimento de Medidas Em terceiro lugar, as coordenadoras (25,4%)
Socioeducativas em Meio Aberto em ativida- mencionaram mais as atividades externas (visita
des administrativas e de serviços gerais como a museus, centro culturais, universidades,
forma de cumprimento da Prestação de Serviço bibliotecas, parques públicos, etc.); mas para
à Comunidade não está em consonância com a as profissionais das equipes técnicas (24,8%) as
legislação que preconiza a perspectiva educa- menções foram para a psicoterapia individual.
tiva do processo socioeducativo. Ademais, tal Pode-se observar que o trabalho é majo-
prática ainda fere o direito à profissionalização ritariamente voltado para os atendimentos
e à proteção ao trabalho, conforme dispõe ainda individuais, enquanto a porcentagem de ativi-
o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). dades coletivas e externas é significativamente
A prioridade deve ser inserir os meni- menos realizada no contexto do Socioeducativo
nos e as meninas em cumprimento de Medidas em Meio Aberto. As atividades em grupo e
Socioeducativas em Meio Aberto em espaços em externas possuem uma potência no sentido de
que exista a possibilidade de construir proje- possibilitar experiências que ressignifiquem
tos junto à comunidade. Dessa forma, o mais e agreguem a vida do/da adolescente, que até
adequado, e previsto em lei, é a garantia de então podem não ter sido acessadas por eles/elas,
acesso aos trabalhos de assistência em hospitais, como discussões acerca de temáticas, discussões
abrigos, creches, escolas, etc., que represen- e formas de lidar com questões coletivas e indivi-
tam cerca de um terço das respostas obtidas no duais e acesso a atividades culturais, de esporte
estudo em questão. e de lazer.
De acordo com o guia do Ministério Sobre as três atividades mais realizadas
do Desenvolvimento Social (2016), as ativida- com as famílias dos/as adolescentes no equipa-
des recomendáveis de PSC são as que “mudam mento, 53,3% dos/das profissionais das equipes
a percepção da comunidade sobre o/a adoles- técnicas indicaram serem as reuniões em grupo;
cente, o/a fazem sentir-se útil e responsável pela 41% mencionaram reuniões individuais e cerca
coletividade”; as atividades proibidas são as que de 18% visitas domiciliares.
“trazem prejuízo social, emocional ou físico aos/ As atividades realizadas com as famílias,
às adolescentes e que em nada contribuem com principalmente em grupo, são um instrumento
seu processo socioeducativo. Também aquelas de trabalho importante para o atendimento
análogas ao trabalho infantil”; e as atividades socioeducativo, como afirmado anteriormente.
não recomendáveis “são atividades não proibi- Estas atividades fazem parte dos princípios
das, mas que têm baixa capacidade de produzir do SINASE, nas disposições gerais da execu-
efetivo ganho pessoal ao/à adolescente e à comu- ção das medidas socioeducativas, no artigo 35:
nidade” (MDS, 2016, P.11). “fortalecimento dos vínculos familiares e comu-
nitários no processo socioeducativo”; e, ainda,
no capítulo IV, do conteúdo do PIA: “ativida-
7.7.3. ATIVIDADES REALIZADAS des de integração e apoio à família”, e V: “formas
PELA EQUIPE TÉCNICA COM OS/AS de participação da família para efetivo cumpri-
ADOLESCENTES QUE FREQUENTAM OS mento do plano individual”.
SERVIÇOS

Quando perguntados sobre as três ativi- 7.7.4. AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES


dades mais realizadas com os/as adolescentes PELOS/AS ADOLESCENTES
em cumprimento de LA e PSC, 54% dos/das
coordenadores/as e 56,7% dos/das profissionais Em seguida, quando perguntados/as se
das equipes técnicas entrevistadas afirmaram estas atividades realizadas pelo/a profissional
que estaria em primeiro lugar as reuniões com de referência ou pela equipe técnica são avalia-
os/as adolescentes. Em segundo lugar, 32,1% das pelo/a adolescente, 50% mencionaram que
dos/das coordenadores/as e 33,7% dos/das existe essa avaliação e 43% dos/das profissio-
profissionais das equipes técnicas afirmaram que nais afirmaram que não são avaliadas pelo/a
adolescente.

120
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Principais atividades realizadas com adolescentes em cumprimento


de MSE/LA e PSCCoordenador CREAS
Quais são as três atividades mais realizadas com os adolescentes em cumprimento de LA e PSC?
Equipe Técnica CREAS
Psicoterapia com grupos (reunião psicológica/ atendimento psicológico em grupo etc) 27 9,54% 84 13,35%
Psicoterapia individual (reunião psicológica/ atendimento psicológico etc) 40 14,13% 156 24,80%
Outra 4,29%
Reuniões com os adolescentes 153 25,80%
54,06% 357 56,76%
Atividades artísticas (pintura em tela, gesso, artes circenses, teatro, dança) 32 11,31% 62 9,86%
0,32%
Atividades externas (visita a museus, centroPrefere
culturais,não responder
universidades, bibliotecas, parques
0,00% 114 18,12%
públicos etc.) 72 25,44%
Participação no equipamento em atividades com parceiros externos (palestras, cineclube,
Não sabe informar 4,13%
shows, voluntários etc.) 3,89% 43 15,19%
97 15,42%

Atividades temáticas (palestras ou oficinas sobre racismo, violência de gênero, violência3,82%


Atendimento junto ao adolescente e à família
policial, drogas, intolerância religiosa) 0,00% 91 32,16%
212 33,70%

Elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA) do adolescente


Participação em reuniões dos conselhos de direitos,… 0,79% 25 8,83% 52 8,27%
Visita domiciliar 0,71% 25 8,83% 58 9,22%
Encaminhamento do adolescente para a rede de ensino formal 0,95% 11 3,89% 36 5,72%
Registro do acompanhamento em prontuário
Acompanhamento da frequência escolar 0,71% 5 1,77% 18 2,86%
Encaminhamento para o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)
Elaboração e encaminhamento de relatórios… 0,32% 12 4,24% 13 2,07%
Encaminhamento para o serviço de Proteção e Atendimento 1,06%
Integral à Família (PAIF) 4 1,41% 8 1,27%
Encaminhamento ao serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias 0,32%
e
7 1,11%
Prestação de
Indivíduos (PAEFI) informações sobre processos judiciais… 0,35% 7 2,47%
Encaminhamento para serviços da rede de saúde mental (CAPS) 3 1,06% 9 1,43%
Acompanhamento processual do adolescente… 0,32%
Encaminhamento para serviços da rede de saúde (unidades de saúde da Atenção 0,00%
básica) 5 1,77% 15 2,38%
Encaminhamento para outros serviços da rede de saúde 0,48% 3 1,06% 3 0,48%
Elaboração
Encaminhamento e serviços
para encaminhamento desetoriais
de outras políticas relatório para a… 0,35% 12 4,24% 36 5,72%
Encaminhamento para cursos profissionalizantes 34 12,01% 78 12,40%
Encaminhamento parae cursos
atividadesede
atividades deecultura,… 3,50%
Encaminhamento para cursos cultura, esporte lazer 2,47% 7 2,47% 22 3,50%
Elaboração e encaminhamento de relatório para a Justiça da Infância e da Juventude ou
12,40% 3 0,48%
Encaminhamento
Ministério Público para cursos profissionalizantes 1
12,01% 0,35%
Acompanhamento processual do adolescente perante a Justiça da Infância e da Juventude 0 0,00% 2 0,32%
Encaminhamento
Prestação de informações sobrepara serviços
processos de em
judiciais outras sobre agendamento de5,72%
políticas…
trâmite,
4,24%
audiências judiciais, sobre decisões judiciais (progressão, regressão e extinção de medidas) 2 0,32%
etc. 0,48% 1 0,35%
Encaminhamento para outros serviços da rede de… 1,06%
Elaboração e encaminhamento de relatórios periódicos para o órgão gestor da assistência
2 0,32%
social no município
Encaminhamento para serviços da rede de saúde… 2,38% 3 1,06%
Registro do acompanhamento em prontuário 1,77% 2 0,71% 6 0,95%
1,43%
Participação em reuniões dos conselhos de direitos, comissões intersetoriais, fóruns,
Encaminhamento para serviços da rede de saúde… 1,06% 5 0,79%
articulações etc. 2 0,71%

Encaminhamento ao serviço de Proteção e… 1,11%


Atendimento junto ao adolescente e à família 0 0,00% 24 3,82%
Não sabe informar 2,47% 11 3,89% 26 4,13%
Prefere não responder 0 0,00% 2 0,32%
Outra Encaminhamento para o serviço de Proteção e… 1,27% 1,41% 73 25,80% 27 4,29%
Total 704 283 629
Encaminhamento para o Serviço de Convivência e… 2,07%
4,24%
Acompanhamento da frequência escolar 2,86%
1,77%
Encaminhamento do adolescente para a rede de… 5,72%
3,89%
Visita domiciliar 9,22%
8,83%
Elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA)… 8,27%
8,83%
Atividades temáticas (palestras ou oficinas sobre… 33,70%
32,16%
Participação no equipamento em atividades com… 15,42%
15,19%
Atividades externas (visita a museus, centro culturais,… 18,12%
25,44%
Atividades artísticas (pintura em tela, gesso, artes… 9,86%
11,31%
Reuniões com os adolescentes 56,76%
54,06%
Psicoterapia individual (reunião psicológica/… 24,80%
14,13%
Psicoterapia com grupos (reunião psicológica/… 13,35%
9,54%

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

121
processo socioeducativo”; e, ainda, no capítulo IV, do conteúdo do PIA: “atividades de integração
e apoio à família”, e V: “formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano
individual”.
PESQUISA MEIO ABERTO

Três
Quais sãoatividades maismais
as três atividades realizadas com
realizadas comas
as famílias dos/as
famílias dos adolescentes
adolescentes no equipamento
no equipamento? -
equipe técnica CREAS
Reuniões individuais 41,32
262
%
Outra 14,04% 53,31
Reuniões em grupo 338
Prefere não responder 0,47% %
Psicoterapia com grupos (reunião psicológica/ atendimento psicológico com grupo de famílias etc) 47 7,41%
Não sabe informar 3,31%
Psicoterapia individual (reunião psicológica/ atendimento ou apoio psicológico aos integrantes da
6,78% 61 9,62%
Atividades
família etc) temáticas (oficinas artesanais, palestras…
Encaminhamento paraespecíficas
Não há atividades o PAEFI realizadas com as… 7,26% 55 8,68%
18,45
Visitas domiciliaresEncontros de apoio e orientação 20,98% 117
%
Assembleias
Avaliação do serviço e/ou das equipes técnicas 0,32% 11 1,74%
Assembleias
Avaliação do serviço e/ou das equipes técnicas 1,74% 2 0,32%
20,98
Encontros de apoio e orientação Visitas domiciliares 18,45% 133
%
Encaminhamento
Não há atividades específicas para
realizadas comoas
PAEFI
famílias 8,68% 46 7,26%
Atividades temáticasindividual
Psicoterapia (oficinas artesanais, 9,62%
palestras ou cursos profissionalizantes)
(reunião psicológica/… 43 6,78% Não
sabe informar 7,41% 21 3,31%
Psicoterapia com grupos (reunião psicológica/…
Prefere não responder 3 0,47%
Reuniões em grupo 53,31%
14,04
Outra 89
Reuniões individuais 41,32% %
Total 634
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Sobre a Avaliação
7.7.4 participação
dasdo/da pelos/aspúblicas
adolescente
atividades para crianças e adolescentes, as quais
adolescentes
na avaliação do atendimento, há uma divisão tem como princípio considerar estes sujeitos em
de cerca deEmmeio a meio
seguida, os/as profissio- se todas
entre perguntados/as
quando estas as etapas. realizadas pelo/a profissional
atividades
nais das equipes técnicas que afirmaram que o/a Quando perguntados/as sobre a realiza-
de referência ou pela equipe técnica são avaliadas pelo/a adolescente, 50% mencionaram que
mesmo/a avalia os/as profissionais que atuam ção de reuniões ou rodas de conversa com os/as
existe essa avaliação e 43% dos/das profissionais afirmaram que não são avaliadas pelo/a
junto a ele/ela no CREAS e os que dizem o contrá- adolescentes para a discussão de questões rela-
adolescente.
rio. A avaliação dos/das adolescentes sobre o cionadas ao equipamento, cerca de 51% dos/das
Sobre a participação
trabalho realizado do adolescente
é muito importante de ser na coordenadores/as
avaliação do atendimento, há uma divisão de
e 33,6% dos/das profissionais
cerca de meio
realizada, a meio
para que entrehaja
de fato os profissionais
o envolvimento das equipes técnicas que afirmaram que o mesmo
das equipes técnicas mencionaram realizar essas
avalia mesmo/a
do/da as profissionais que atuam
na Medida junto a eleem
Socioeducativa no CREAS e os eque
atividades dizem o contrário.44%
aproximadamente A avaliação
dos/das
dos adolescentes
Meio Aberto, e estesobre o trabalho
fato pode ser umrealizado
dos fato-é muito importante dee ser
coordenadores/as realizada,
cerca para que
de 62% dos/das de
profis-
res
fatoque contribui
haja para a baixa
o envolvimento doadesão
mesmoaona PIAmedida
e as socioeducativa,
sionais das equipese este fato pode
técnicas ser um dos
mencionaram não
atividades
fatores que propostas
contribuinos serviços.
para a baixa adesão ao PIA erealizar
as atividades
reuniõespropostas
nem rodas nos
de serviços.
conversa.
Ainda sobre este tema, 40,1% dos/das
7.7.5. PARTICIPAÇÃO DO/A profissionais das equipes técnicas dizem que a
periodicidade das reuniões ou rodas de conversa
ADOLESCENTE NA ROTINA DO
com os/as adolescentes é mensal, e cerca de 18%
EQUIPAMENTO
0,47% pelo profissional deafirmaram
As atividades realizadas referênciaacontecer quinzenalmente.
ou pela equipe técnica são
Prefere não responder
Aavaliadas pelodo/da
participação adolescente?
adolescente permeia Já sobre a mudança na rotina de trabalho
Sim
algumas sessões deste relatório, e pode ser anali- das equipes318técnicas50,08%
após opiniões e sugestões
6,61% indicadas 272
pelos/as adolescentes, 64,5% dos/das
sada Não sabe
Não
desde a informar
elaboração do Plano Individual de 42,83%
Atendimento até a avaliação coordenadores/as e 56,4% dos/das profissio-
Não sabe informar das atividades, com 42 6,61%
a existência de rodas de conversa sobre o equi- nais das equipes técnicas afirmaram que ocorreu
Prefere não responder 3 0,47%
essa mudança na rotina, 42,83%
e 27,7% dos/das coor-
pamento. Este pode Não ser considerado um tema
Total 635 e 34,4% dos/das profissionais das
denadores/as
que exige mais atenção, uma vez que os dados
apontam para uma dificuldade dos serviços em equipes técnicas afirmaram que não há mudança
Sim na rotina. 50,08%
promover a participação dos/das adolescen-
tes e da família nos processos socioeducativos. Sobre a realização de reuniões ou rodas de
Considera-se este como conversa com as famílias dos adolescentes para
0 um desafio
0,1das políticas
0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

122
dos adolescentes sobre o trabalho realizado é muito importante de ser realizada, para que de
fato haja o envolvimento do mesmo na medida socioeducativa, e este fato pode ser um dos
fatores7.7.5.
que contribui para a do
Participação baixa adesão ao na
PIArotina
Parte I: Panorama
adolescente epolítica
da as atividades
de Atendimentopropostas
do equipamento
Socioeducativo nos serviços.
em Meio Aberto (2017 e 2018)

7.7.5. Avaliaçãodo
Participação
A participação dosdoatendimentos
adolescente
adolescente pelos/as
na rotina
permeia adolescentes
do equipamento
algumas sessões atendidos/as
deste relatório, e pode ser
analisada desde a elaboração do Plano Individual de Atendimento até a avaliação das atividades,
com a existência de rodas
A participação do de conversapermeia
adolescente
0,47%
sobre o algumas
equipamento.
sessões Este pode
deste ser considerado
relatório, e pode serum
PrefereAs
nãoatividades
responder realizadas pelo profissional de referência ou pela equipe técnica são
tema que
analisada exige mais
desde a pelo atenção,
elaboração uma vez que os dados apontam para uma dificuldade dos serviços
do Plano Individual de Atendimento até a avaliação das atividades,
avaliadas adolescente?
em promover
com a existência a participação dos adolescentes e da
de rodas de conversa sobre o equipamento. família nos processos socioeducativos.
Sim 318Este pode ser considerado um
50,08%
Considera-se
tema queNão
Não exige
sabe este
maiscomo
informar um desafio
atenção, uma6,61%
vezdas
quepolíticas
os dadospúblicas
apontampara crianças
para uma e adolescentes,
dificuldade as quais
dos serviços
272 42,83%
tem promover
em como princípio
a considerardos
participação estes sujeitos em etodas
adolescentes da as etapas.
família nos processos socioeducativos.
Não sabe informar 42 6,61%
Considera-seQuando
este perguntados
como sobre
um desafio dasapolíticas
realização de reuniões
públicas ou rodas
para3 crianças e0,47% de conversa
adolescentes, as com
quaisos
Prefere não responder 42,83%
adolescentes paraNão
a discussão de questões relacionadas ao equipamento, cerca de 51% dos/das
tem como princípio considerar estes sujeitos em todas as etapas.
Total 635
coordenadores/as e 33,6% dos/das
Quando perguntados sobre profissionais
a realização dedasreuniões
equipesou técnicas
rodas demencionaram
conversa com realizar
os
essas atividades
adolescentes paraSim e aproximadamente 44% dos/das coordenadores/as e cerca
a discussão de questões relacionadas ao equipamento, cerca de 51% dos/dasde 62%
50,08%dos/das
profissionais das equipes
coordenadores/as e 33,6% técnicas
dos/dasmencionaram
profissionais não
dasrealizar
equipesreuniões
técnicasnem rodas de conversa.
mencionaram realizar
essas atividades e aproximadamente
0 0,1 44% dos/das
0,2 coordenadores/as
0,3 0,4e cerca de0,5
62% dos/das
0,6
profissionais das equipes técnicas mencionaram não realizar reuniões nem rodas de conversa.

Realização de reuniões
0,47%e rodas de conversa com os/as adolescentes para discussão de
Prefere
São não responder
realizadas reuniões ouquestões
0,00% rodas derelacionadas
conversa com ao os
equipamento
adolescentes para discussão de
questões relacionadas ao 3,94% equipamento?
Não sabe informar 0,47%
Prefere não responder 5,30% Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
São realizadas reuniões ou rodas de conversa com os adolescentes para discussão de
0,00%
Sim 144 50,88% 213 33,60%
questões relacionadas ao 3,94%equipamento? 61,99%
Não
NãoNão sabe informar 124 43,82% 393
43,82% 61,99%
5,30% Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
Não sabe informar 15 5,30% 25 3,94%
Sim 144 50,88% 33,60% 213 33,60%
Sim
Prefere não responder 0 0,00% 3 61,99%
50,88% 0,47%
Não Não 124 43,82% 393
43,82% 61,99%
Total 283 634
Não sabe informar 0 0,1 15
0,2 5,30%
0,3 33,60%0,4 25 0,5 3,94%
0,6 0,7
Sim
Prefere não responder 0 0,00% 3 50,88% 0,47%
Total Equipe283
Técnica CREAS 634 CREAS
Coordenador
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

Periodicidade de realização de reuniões ou rodas de conversa com os/as adolescentes,


no equipamento - Equipe Técnica CREAS

Prefere não responder 2,28%

Não sabe informar 7,76%


Com que periodicidade são realizadas reuniões ou rodas de conversa com os
Prefere não responder
adolescentes?Semestral 2,28% 7,31%
Semanal 7,76%
6,39% 24 10,96%
Não sabeTrimestral
informar
Quinzenal 39 17,81% com os
Com que periodicidade são realizadas reuniões ou rodas de conversa
adolescentes?
Mensal Semestral
Bimestral 7,31%
7,31% 88 40,18%
Semanal
Bimestral 6,39% 24
16 10,96%
7,31% 40,18%
Mensal
Trimestral
Trimestral
Quinzenal 14
39 6,39%
17,81%
Quinzenal
Semestral Bimestral 7,31% 17,81%
16 7,31%
Mensal 88 40,18%
Não sabe informar
Bimestral 10,96% 17
16 7,76%
7,31% 40,18%
Semanal
Mensal
Prefere
Trimestralnão responder 5
14 2,28%
6,39%
Total
Semestral Quinzenal 0 0,05 0,1 0,15 17,81%
219
0,2
16 0,25
7,31% 0,3 0,35 0,4 0,45
Não sabe informar 10,96% 17 7,76%
Semanal
Prefere não responder 5 2,28% 123
Total 0 0,05 0,1 0,15 219
0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45
profissionais
indicadas pelosdas adolescentes?
equipes técnicas afirmaram que ocorreu essa mudança na rotina, e 27,7%
dos/das coordenadores/as e 34,4% 9,17%dos/das profissionais das equipes técnicas afirmaram que
Coordenador CREAS
34,40% Equipe Técnica CREAS
não há mudança
PESQUISA MEIO ABERTOna rotina. 56,42%
Sim 93 64,58% 123 56,42%
Não 40 27,78% 75 34,40%
Não sabe
Mudança
informar
na rotina de trabalho das
11
equipes técnicas
7,64%
após opiniões
20
e sugestões
9,17%
Equipe Técnica CREAS
indicadas pelos/as adolescentes que frequentam o equipamento
Prefere não responder 0 0,00% 0 0,00%
Já houve mudanças na rotina de trabalho das equipes técnicas após opiniões e sugestões
Total
indicadas pelos adolescentes? 144 218
9,17%
7,64% Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
27,78% 34,40% 56,42%
Sim 93 64,58% 123 56,42%
64,58%
Não 40 27,78% 75 34,40%
Não sabe
Equipe informar
Técnica CREAS 11 7,64% 20 9,17%
Coordenador CREAS
Prefere não responder 0 0,00% 0 0,00%
Total 144 218
0,00% 10,00%
7,64% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%
27,78%
64,58%

Sobre a realização de reuniões ou rodas de conversa com as famílias dos adolescentes


para discussão
Coordenador de questões relacionadas ao equipamento 42,7% dos/das coordenadores/as e
CREAS
27,6% dos/das profissionais das equipes técnicas afirmaram que acontece essa atividade, e
53,7% dos/das coordenadores/as e 66,4% dos/das profissionais das equipes técnicas
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%
mencionaram que não acontecem essas reuniões.

Sobre a de
Realização realização
reuniõesdeoureuniões
rodas deouconversa
rodas decom
conversa com as
as famílias famílias
dos/as dos adolescentes
adolescentes para
para discussão de questõesdiscussão de questões
relacionadas relacionadas 42,7%
ao equipamento ao equipamento
dos/das coordenadores/as e
27,6% dos/das profissionais das equipes técnicas afirmaram que acontece essa atividade, e
53,7% dos/das reuniões
São realizadas coordenadores/as
ou rodas deeconversa
0,47% 66,4% comdos/das profissionais
as famílias das equipes
dos adolescentes para técnicas
Prefere não responder
mencionaram
discussão deque não acontecem
questões relacionadas
0,35% essas
ao reuniões.
equipamento?
Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
Sim 5,52% 121 42,76% 175 27,60%
NãoNão sabe informar 3,18% 152 53,71% 421 66,40%
Não sabe informar 0,47% 9 3,18% 35 5,52%
São realizadas reuniões ou rodas de conversa com as famílias dos adolescentes para
Prefere
Prefere não
não responder
responder
discussão de questões0,35% 1 0,35%
relacionadas ao equipamento? 3 0,47%
66,40%
Total Não 283
Coordenador CREAS 634
Equipe Técnica CREAS53,71%
Sim 5,52% 121 42,76% 175 27,60%
NãoNão sabe informar 3,18% 152 53,71% 421 66,40%
27,60%
Não sabe informar 9 3,18% 35 5,52%
Sim 42,76%
Prefere não responder 1 0,35% 3 0,47%
66,40%
Total Não 283 634
53,71%
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Equipe Técnica CREAS27,60% Coordenador CREAS


Sim 42,76%
Sobre a periodicidade em que são realizadas reuniões ou rodas de conversa com as
discussão de questões relacionadas ao equipa- Sobre haver mudanças na rotina de
famílias
mento 42,7%adolescentes,
dos 52,4% dos/das
dos/das coordenadores/as profissionais
e 27,6% das equipes
trabalho técnicas
das equipes afirma após
técnicas ser mensal.
opiniões
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
dos/das profissionais das equipes técnicas afir- e sugestões indicadas pelas famílias dos/das
maram que acontece essa atividade, e 53,7%
Equipe dos/
Técnica CREASadolescentes nas reuniões
Coordenador CREAS ou rodas de conversa,
das coordenadores/as e 66,4% dos/das profissio- cerca de 60% dos/das profissionais das equipes
nais das equipes
Sobre atécnicas mencionaram
periodicidade em que que são não técnicas
realizadas afirmaram
reuniões acontecer
ou rodas mudança
de conversa comeas31,3%
acontecem
famílias dosessas reuniões. 52,4% dos/das profissionais
adolescentes, mencionaram
das equipesnãotécnicas
ocorrer afirma
alternação na rotina
ser mensal.
Sobre a periodicidade em que são reali- de trabalho.
zadas reuniões ou rodas de conversa com as
famílias dos adolescentes, 52,4% dos/das profis-
sionais das equipes técnicas afirma ser mensal.

124
Com que periodicidade são realizadas reuniões ou rodas de conversa com as
famílias dos adolescentes? Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
PrefereSemanal
não responder 0,55% 5 2,73%
NãoQuinzenal
Periodicidade
sabe informar de realização
4,92% de reuniões ou rodas de conversa19 com10,38%
as famílias dos/as
Mensal
ComSemestral adolescentes - Equipe Técnica CREAS
96
que periodicidade são realizadas reuniões ou rodas de conversa com as
8,74% 52,46%
Bimestral
famílias dos adolescentes?8,74%
Trimestral 21 11,48%
Trimestral
PrefereSemanal
não responder 0,55% 11,48% 16
5 8,74%
2,73%
Bimestral
Semestral
NãoQuinzenal
sabe informar 4,92% 16
19 8,74%
10,38%
Mensal 52,46%
Mensal
Semestral
Quinzenal 8,74%
10,38% 96 52,46%
Bimestral
Trimestral
Semanal 2,73% 8,74% 21 11,48%
Trimestral 11,48% 16 8,74%
Bimestral
Não sabe informar
0 0,1 0,2 0,3 9 0,4 4,92% 0,5 0,6
Semestral 16 8,74%
PrefereMensal
não responder 1 0,55% 52,46%
TotalQuinzenal 10,38% 183
Semanal 2,73%
Sobre haver mudanças na rotina de trabalho das equipes técnicas após opiniões e
Nãoindicadas
sugestões sabe informar
0
pelas 0,1 dos adolescentes
famílias 0,2 nas 9
0,3reuniões 0,4 4,92%
ou rodas de0,5 0,6
conversa, cerca
de 60%Prefere
dos/dasnãoprofissionais
responder das equipes técnicas afirmaram 1 0,55% mudança e 31,3%
acontecer
Total não ocorrer alternação na rotina de trabalho. 183
mencionaram
Mudanças na rotina de trabalho das equipes técnicas após opiniões e sugestões indica-
das pelas famílias dos/as adolescentes nas reuniões ou rodas de conversa realizadas no
Sobre haver mudanças na rotina -de
equipamento trabalho
Equipe das CREAS
Técnica equipes técnicas após opiniões e
Já houve indicadas
sugestões mudançaspelas
na rotina de trabalho
famílias das equipes
dos adolescentes nastécnicas
reuniõesapós opiniões
ou rodas e
de conversa, cerca
sugestões
de indicadas
60% dos/das pelas famílias
profissionais dos adolescentes
das equipes nas reuniões
técnicas afirmaram ou rodas
acontecer de
mudança e 31,3%
Prefere não responder
conversa? 0,00%
mencionaram não ocorrer alternação na rotina de trabalho.
Sim 109 59,89%
NãoNão sabe informar 8,79% 57 31,32%
Não sabe informar 16
Já houve mudanças na rotina de trabalho das equipes técnicas 8,79%
após opiniões e
Não 31,32%
Prefere
sugestõesnãoindicadas
responderpelas famílias dos adolescentes 0 nas reuniões
0,00%ou rodas de
Total
Prefere não responder
conversa? 0,00% 182
Sim 59,89%
Sim 109 59,89%
NãoNão sabe informar 8,79%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00%57 40,00% 31,32%50,00% 60,00% 70,00%
Não sabe informar 16 8,79%
Não Série2 31,32%
Prefere não responder 0 0,00%
Total 182
Sim
7.7.6. ACOMPANHAMENTO E VISITAS 59,89% com o
da comunidade, e não deveria funcionar
DOMICILIARES20 objetivo de fiscalizar a vida destes sujeitos21. Esta
0,00% 10,00% 20,00% é uma metodologia
30,00% 40,00% utilizada60,00%
50,00% pelos/as profissio-
70,00%
A visita domiciliar é um instrumento nais de diversas áreas, da política de Assistência
técnico que pode ser utilizado pelos/as profis- Série2
Social, bem como de outras políticas setoriais,
sionais dos CREAS e demais modalidades de como uma estratégia de aprofundamento utili-
serviços de proteção social ao/à adolescente zada durante a realização dos acompanhamentos
em cumprimento de MSE/MA para se aproxi- providos aos/às adolescentes, como forma de
mar da realidade do/a adolescente, da família e atuar em prol do acesso aos direitos sociais
das famílias, na potencialização dos vínculos
20
Visitas domiciliares aqui compreendidas na perspectiva do
termo entrevistas em domicílios/territórios (CFESS, 2020, 21
Os estudos sociais em demandas que envolvem crianças,
p.45) haja vista que não se restringem, única e exclusivamente, adolescentes, idosos/as ou pessoas que, por alguma razão,
às abordagens que direcionam os olhares dos/as profissionais dependem de outros membros da família, pressupõem, mui-
envolvidos/as à dinâmica familiar do/a adolescente, mas tam- tas vezes, além das entrevistas realizadas no ambiente institu-
bém suas influências e determinantes de origem conjunturais, cional, o uso do instrumento técnico da visita domiciliar, que
comunitários e territoriais. “Em linhas gerais, consideramos entendemos como mais adequado denominar como entrevista
que a entrevista no domicílio deve se direcionar não apenas no domicílio ou no território. Mas a sua utilização precisa se
para conhecer a moradia, mas o território onde os sujeitos dar à luz dos referenciais ético-políticos contemporâneos, exi-
vivem e as (im)possibilidades de acesso a bens e serviços que gindo a revisão sobre o modo como a reproduzimos no dia a
lhes assegurem direitos sociais. Esse instrumento permite o co- dia de trabalho, por vezes sem a apreensão de que por meio
nhecimento de “modos de vida” e do espaço sociorrelacional e dela realizamos a mediação da relação teoria-prática ” (CFESS,
cultural dos sujeitos” (CFESS, 2020, p.48). 2020, p.47).

125
PESQUISA MEIO ABERTO

Periodicidade de visitas domiciliares às famílias dos/das adolescentes


em cumprimento de L.A
5,26%
Prefere não responder 0,00%
2,61%
3,33%
0,00%
Não sabe informar 1,49%
8,14%
11,97%
0,00%
Não realiza 1,49%
7,82%
11,67%
26,32%
Semestral 14,93%
2,28%
4,09% COORDENAÇÃO DF
5,26%
Trimestral 11,94% EQUIPE TÉCNICA DF
2,93%
3,94%
COORDENAÇÃO CREAS
5,26%
Bimestral 17,91% EQUIPE TÉCNICA CREAS
7,17%
8,79%
15,79%
Mensal 37,31%
29,64%
23,03%
26,32%
Quinzenal 10,45%
18,89%
13,33%
15,79%
Semanal 4,48%
20,52%
19,85%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

sociofamiliares e comunitários e na identificação profissionais, que afirmaram realizar as visitas


das capacidades e possibilidades de interven- semanalmente, quinzenalmente e mensalmente.
ção existentes, a partir da aproximação com o Quando perguntados/as sobre a perio-
conhecimento da realidade social dos sujeitos a dicidade das visitas domiciliares realizadas
serem atendidos/as. Para a realização das visitas aos/às adolescentes em cumprimento de LA
domiciliares considera-se necessária uma prepa- e suas famílias, a maior contagem se concen-
ração, um exercício de observação e a produção trou na periodicidade mensal, correspondendo
de análises que a antecedem, bem como análises a 28,6% das respostas dos/as coordenado-
posteriores, por meio de registros. É importante res/as dos CREAS e 23,6% dos/as profissionais
que haja a marcação prévia para que as pessoas que compõem as equipes técnicas. No caso do
possam se organizar para receber os técnicos em Distrito Federal, as menções mensais foram
casa, mas, a depender dos acordos entre equipe e de 15,79% dos/as coordenadores/as e 37,31%
família, isso pode ser modificado22. dos/as integrantes da equipe técnica, corres-
Não há qualquer normativa ou regu- pondendo à maioria destes/as últimos/as
lamentação que indique uma periodicidade respondentes, apesar de não se configurarem
específica para a realização de visitas domici- como a maioria das respostas dos/as primei-
liares nos casos de Medidas Socioeducativas em ros/as respondentes dessa localidade. Em
Meio Aberto. A necessidade das visitas domici- seguida, nas menções às visitas quinzenais obti-
liares deverá ser avaliada em cada caso específico vemos o percentual de 19,79% de respondentes
e a partir da finalidade a que esta anseia anten- coordenadores/as dos CREAS e 13,23% dos/as
der, preconizada no PIA. Tal fato pode ser um profissionais que compõem as equipes técnicas.
dos índicios que explica a pulverização entre as No Distrito Federal, a recorrência de respon-
respostas obtidas a partir da abordagem aos/às dentes dos serviços que indicaram a frequência
quinzenal de visitas realizadas aos/às adoles-
22
Deve-se considerar que os Conselhos profissionais possuem
resoluções e até mesmo normativas que dispõem acerca das centes em cumprimento de MSE/LA foram de
implicações éticas relacionadas à realização de intervenções 26,32% de coordenadores/as, caracterizando a
com e sem a anuência do/a usuário/a. Sabemos que “(...) dian- maioria dentre as respostas destes/as profissio-
te de determinadas condições de trabalho e da realidade social
de usuárias/os, pode não ser possível agendar a entrevista do- nais e 10,45% dos/as profissionais que compõem
miciliar. Nesse caso, devemos considerar que (...) a entrevista as equipes técnicas dos serviços. Já com relação
no domicílio requer ainda maiores cuidados éticos, pois o indi- à frequência semanal de visitas realizadas aos/
víduo ou grupo familiar pode não ter o conhecimento suficiente
das razões da presença da/o profissional (...) em seu âmbito
às adolescentes em cumprimento de Medidas
privado familiar, tendo pouco tempo para dimensionar seu sig- Socioeducativas em Meio Aberto, na modalidade
nificado” (CFESS, 2020, p. 48).

126
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Periodicidade de visitas domiciliares às famílias dos/das adolescentes


em cumprimento de PSC

5,26%
Prefere não responder 0,00%
2,61%
3,34%
0,00%
Não sabe informar 2,99%
9,45%
13,20%
26,32%
Não realiza 35,82%
8,47%
13,35%
0,00%
Semestral 11,94%
2,61%
3,34% COORDENAÇÃO DF
0,00% EQUIPE TÉCNICA DF
Trimestral 8,96%
3,26%
3,79%
COORDENAÇÃO CREAS
26,32%
Bimestral 13,43% EQUIPE TÉCNICA CREAS
8,47%
7,28%
26,32%
Mensal 14,93%
29,32%
24,58%
5,26%
Quinzenal 7,46%
19,22%
14,72%
10,53%
Semanal 4,48%
16,61%
16,39%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00%

de liberdade assitida – LA, obtivemos o percen- em voga: sendo esta relacionada a não reali-
tual de 20,49% de respondentes coordenadores/ zação da visita domiciliar aos/às adolescentes
as dos CREAS e 18,43% de profissionais inte- em cumprimento de Medida Socioeducativa
grantes das equipes técnicas. No Distrito Federal, em Meio Aberto, na modalidade de Prestação
acerca da frequência acima, foram 15,79% dos/ de Serviço à Comunidade - PSC (“não realiza”).
as coordenadores/as dos serviços e 4,48% dos/as Para o caso do DF, observamos um percen-
profissionais que compõem as equipes técnicas. tual bastante significativo de respostas obtidas
Dessa forma, observamos que a concen- para esta variável, sendo esta a maioria entre
tração das visitas domiciliares realizadas aos/ as resposta obtidas. Assim, no caso dessa loca-
às adolescentes em cumprimento de Medida lidade, tanto as coordenações dos serviços como
Socioeducativa em Meio Aberto – LA, tem indí- os/as integrantes das equipes técnicas tiveram
cios de possuir a periodicidade mensal, a partir predominância na resposta quando se referi-
dos dados coletados junto às equipes do Distrito ram à periodicidade das visitas domiciliares
Federal e demais estados brasileiros, à exceção aos/às adolescentes em cumprimento de MSE/
do estado de São Paulo, cujos dados serão apre- PSC e suas famílias, cuja variável ‘não realiza’,
sentados à parte, ao final deste tópico, já que se obteve 26,32% e 35,82% dos/das respondentes,
tratam de dados agregados. respectivamente. As demais respostas obti-
das por parte dos respondentes pertencentes às
Já sobre a periodicidade das visitas
equipes técnicas apontaram para a realização de
domiciliares às casas dos/as adolescentes em
visitas domiciliares para este grupo de adoles-
cumprimento de MSE/PSC, cerca de 29% dos/
centes mensalmente (14,93%), bimestralmente
das coordenadores/as e 25% dos/das profissio-
(13,43%), semestralmente (11,94%), trimes-
nais das equipes técnicas afirmaram serem feitas
tralmente (8,96%), quinzenalmente (7,46%) e
mensalmente; aproximadamente 16% dos/das
semanalmente (4,48%).
coordenadores/as e 15,7% dos/das profissionais
das equipes técnicas relataram que são feitas Observamos, a partir da análise dos
semanalmente; e outros 19,7% dos/das coorde- dados nacionais e do Distrito Federal que há
nadores/as e cerca de 14% dos/das profissionais uma tendência, apontada por parte das equipes
das equipes técnicas informaram que as visitas técnicas, de realização de visitas domiciliares
são realizadas quinzenalmente. aos/às adolescentes em cumprimento de MSE/
MA, seja esta LA ou PSC, com a periodicidade
Agregando os dados nacionais, acima
mensal em ambas as modalidades de Medidas
apresentados, aos dados do Distrito Federal,
Socioeducativas em Meio Aberto – LA ou PSC
observamos uma variável a mais para a questão

127
PESQUISA MEIO ABERTO

Periodicidade de visitas domiciliares às famílias dos/das adolescentes em


cumprimento de Medida Socioeducativa em Meio Aberto
São Paulo

Prefere não responder 1,85%


0,00%
Não sabe informar 5,56%
11,32%
Não realiza 0,00%
0,00%
Semestral 0,00%
0,00%
Trimestral 9,26% EQUIPE TÉCNICA OSC SP
0,00%
Bimestral 3,70% COORDENAÇÃO OSC SP
9,43%
Mensal 33,33%
18,87%
Quinzenal 14,81%
9,43%
Semanal 31,48%
50,94%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

– na grande maioria dos estados. Contudo, Socioeducativa em Meio Aberto foi um dado
observamos que em algumas localidades existem obtido por intermédio de uma questão que abar-
experiências que demonstram a regularidade de cava tanto a Medida Socioeducativa de Meio
visitas semanais e quinzenais realizadas, sobre- Aberto na modalidade de Liberdade Assistida
tudo aos/às adolescentes em cumprimento de – LA como também de Prestação de Serviço à
LA. Comunidade – PSC, sendo este portanto, um
Conforme outrora indicado, não há qual- dado, agregado. Devido a essa diferença na forma
quer padrão que aponte um quantitativo de da coleta desse dado, o mesmo será apreciado a
visitas domiciliares a serem realizadas, bem como seguir, de forma separada. Vejamos:
a periodicidade em que estas deverão ocorrer. Os/as coordenadores/as dos serviços
Caso isso ocorresse, deveríamos nos preocupar, executados na localidade de São Paulo afirma-
haja vista termos que considerar a autonomia, ram que a frequência de visitas domiciliares se
mesmo que relativa, dos/as profissionais que concentra em visitas semanais, com a maio-
acompanham os/as adolescentes. Ademais, a ria das respostas obtidas, 50,94%, seguida das
previsão para a ocorrência das visitas domicilia- visitas mensais, com 18,87% das respostas obti-
res, no contexto das Medidas Socioeducativas, das pelo público abordado nessa categoria de
as compreende como um instrumento de traba- respondentes. Por sua vez, os/as respondentes
lho, previsto no eixo da gestão pedagógica do que compõem a categoria dos /as profissionais
atendimento socioeducativo, cuja primazia é integrantes das equipes técnicas afirmaram que
orientar a abordagem familiar e comunitária, a frequência de visitas domiciliares se divide
sendo, portanto, um instrumento comum a todas entre visitas domiciliares mensais, com 33,33%
as entidades e/ou programas que executam as das respostas obtidas e visitas domiciliares
Medidas Socioeducativas, devendo constar na semanais, com 31,48%. Tal divisão pode ter
metodologia da abordagem familiar do aten- sido promovida pela ausência de indicação de
dimento socioeducativo prestado nos serviços, qual Medida Socioeducativa em Meio Aberto se
tanto como mecanismo de abordagem e atendi- referenciava no momento do questionamento.
mento às famílias como forma de constatação Contudo, observamos pelas respostas obtidas,
das necessidades socias, econômicas, afetivas a mesma tendência de periodicidade obtida no
das mesmas. restante dos estados do país, dividindo-se entre
No Estado de São Paulo, a periodici- mensais e semanais.
dade de realização das visitas domiciliares aos/
às adolescentes em cumprimento de Medida

128
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

7.7.6.1. AGENDAMENTOS DAS técnicas afirmaram que as visitas domiciliares


VISITAS DOMICILIARES REALIZADAS foram agendadas por telefone e 8,2% afirmaram
PELAS EQUIPES TÉCNICAS AOS/ÀS que as visitas foram agendadas diretamente com
ADOLESCENTES E SUAS FAMÍLIAS o/a próprio/a adolescente. Sobre qual a frequên-
cia em que o/a adolescente encontrava-se
Sobre os agendamentos para realiza- presente durante a realização das visitas domi-
ção das visitas domiciliares realizadas aos/ ciliares, 55,7% dos/das profissionais das equipes
às adolescentes em cumprimento de Medidas técnicas dos CREAS mencionaram frequente-
Socioeducativas em Meio Aberto e suas famí- mente; 19,2% afirmaram ser raramente e 17,6%
lias, a maioria dos/das profissionais das equipes mencionaram que eles/elas sempre estão nos
técnicas dos CREAS, 59,1% informaram que não respectivos domicílios durante a realização das
agendam as visitas domiciliares realizadas em visitas domiciliares.
suas localidades e 38,2% informaram agendá-
-las previamente. No Estado de São Paulo, 50%
7.7.6.2. ACOMPANHAMENTO DE OUTROS
dos/as profissionais que compõem as equipes
técnicas informaram agendar as visitas domi- ATORES ÀS VISITAS DOMICILIARES
cilares previamente, enquanto 48,15% dos/das REALIZADAS AOS/ÀS ADOLESCENTES
profissionais informaram não agendar e 1,85% E SUAS FAMÍLIAS PELAS EQUIPES
não souberam informar. No Distrito Federal, TÉCNICAS
79,07% dos/das
Prefere não 0,00% integrantes das
profissionais
responder
equipes técnicas que atuam 0,00% nos serviços da Reconhecemos que o instrumento da
localidade informaram agendar previamente as visita domiciliar é bastante complexo e deli-
visitas domiciliares, enquanto 20,93% disseram
5,66% cado para ser utilizado, indiscriminadamente,
Não sabe informar
não fazê-lo. Percebemos,1,85% assim, um percen- sem objetivo previamente definido, por todos/
tual predominante de profissionais que afirmam Coordenação
as os/as profissionais envolvidos/as SP
no acompa-
agendar previamente as visitas domiciliares nhamento do/a adolescente,
94,34% podendo inclusive,
Equipe Técnica SP
previamente. Não se usado sem98,15%
a devida parcimônia e de forma
Das visitas que são agendadas previa- desrespeitosa, descaracterizar o instrumento de
mente, somente os/as profissionais das equipes trabalho e desqualificar o vínculo profissional
Sim 0,00%
técnicas que atuam nos0,00%
CREAS foram ques- e institucional com a família e o/a adolescente.
tionados/as quanto à forma utilizada para o Dependendo da forma como é utilizada, a visita
agendamento prévio0,00%
das visitas. domiciliar pode, inclusive, atrapalhar o cumpri-
20,00%Assim, 79,2%
40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%
dos/as profissionais integrantes das equipes mento da Medida Socioeducativa em Meio

Algum representante do Sistema de Justiça (juiz/juíza, promotor/a de justiça ou


Defensor Público) já acompanhou a equipe técnica em visitas domiciliares?

Prefere não responder 0,00%


0,00%

Não sabe informar 7,14%


0,00%
Coordenação DF

Não 71,43% Equipe Técnica DF


79,07%

Sim 21,43%
20,93%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

A visita é importante para a medida socioeducativa, e foi possível observar que129 de


maneira geral há uma distância do judiciário em relação a realidade vivida pelos/as adolescentes,
PESQUISA MEIO ABERTO

Algum representante do Sistema de Justiça (juiz/juíza, promotor/a de justiça ou


Defensor Público) já acompanhou a equipe técnica em visitas domiciliares?

Prefere não responder 0,00%


0,00%

Não sabe informar 5,66%


1,85%
Coordenação SP

Não 94,34% Equipe Técnica SP


98,15%

Sim 0,00%
0,00%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%

Aberto e seu fortalecimento, enquanto atendi- visitas domiciliares de acompanhamento promo-


mento essencial na perspectiva da socioeducação vidos aos/às adolescentes e suas famílias.
e da justiça juvenil. Contudo, sabemos, como Partindo do exposto, foi questionado
dito outrora, que a visita domiciliar é um instru- às equipes técnicas sobre a participação de
mento de trabalho de grande valia quando outros atores nas visitas domiciliares realizadas
compreendida 0,00% de sua forte ação
na perspectiva
Prefere não responder pelas equipes técnicas dos serviços de proteção
0,00%
junto às famílias em acompanhamento nos servi- social aos/às adolescentes em cumprimento de
ços da política de Assistência Social, bem como, Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.
quando se faz necessária para garantir a aproxi-
7,14%
Não sabe informar De acordo com 97,2% dos/das profissio-
0,00%
mação com a realidade vivenciada pelos sujeitos
nais das equipes técnicas dos Coordenação
CREAS não DF houve
em situação de risco e vulnerabilidade, para os
nenhuma situação, em que estivesse presente,
quais o poder público precisa garantir a devida
em que 71,43% Equipe Técnica
o juiz tenha acompanhado DF
o/a técnica
proteção social. Não 79,07%
na visita domiciliar realizada e para 90,4% não
23

Considerando que a Medida houve situação em que este/esta respondente


Socioeducativa em Meio Aberto, quando 21,43%efetiva- tenha realizado alguma visita domiciliar acom-
Sim
mente em cumprimento no serviço20,93% de proteção panhado/a de algum representante do Poder
social ao/à adolescente em cumprimento de judiciário24.
Medida Socioeducativa em Meio
0,00% Aberto,
20,00% repre- 60,00% 80,00% 100,00%
40,00%
Com relação ao cenário encontrado em
senta, somente uma parte de todo o processo que
São Paulo e no Distrito Federal, cabe destacar
se constitui a Socioeducação e a diretriz peda-
que a questão realizada levou em consideração
gógica da Medida Socioeducativa preconizada
A visita é importante para a medida socioeducativa,
a ocorrência do e acompanhamento
foi possível observar que de
de “algum/a
no SINASE, iniciada a partir da apreensão do/a
maneira geral há uma distância do judiciário em representante
relação a realidade do vivida
Sistema de Justiça
pelos/as (juiz/a,
adolescentes,
adolescente, desde sua experiência inicial e seu
suas famílias promotor/a
profissionaisdedos justiça ou defensor/a público/a)
contato junto eaoscomunidade
representantese também
do Sistemados/das
de serviços que acompanham
estes/as adolescentes durante o para
cumprimento à equipe técnica em visitas domiciliares”. Na
Justiça, até seu encaminhamento o cumpri-da medida socioeducativa em meio aberto, o que
coleta do dado em voga observamos a predo-
torna
mentomais
da difícil
medida para os/as
e sua representantes
chegada ao serviçodo deSistema de Justiça ter a dimensão do que de fato
minância veemente entre os/as respondentes
proteçãoa realidade
compõe social para dasiniciar,
medidas efetivamente, o
socioeducativas emcompõem
meio aberto, dos/as adolescentes e suas
que a equipe técnica do estado de São
processo de acompanhamento que perfaz o
famílias. Paulo, em que 94,34% dos/as coordenadores/as
cumprimento da Medida Socioeducativa, sabe-
e 98,15% dos/as integrantes da equipe técnica
mos que existem muitos atores envolvidos na
efetivação da diretriz pedagógica do atendimento
socioeducativo.7.7.6.3.
Nessa Solicitação/Recomendação
perspectiva, muitos desses
23
da autoridade
Questão judiciária
realizada: Q41.1: Houve algumapara realização
situação em que o /a
juz/juíza o(a) acompanhou em visitas domiciliares?
de visita domiciliar
atores poderiam fazer parte dos acompanhamen- à adolescente em cumprimento de MSE
24
Questão realizada: Q41.2: Houve situações em que algum re-
tos realizados aos/às adolescentes, participando presentante do poder judiciário acompanhou a equipe técnica
ativamente dos atendimentos nas unidades e das em visitas domiciliares?
Quando as equipes técnicas foram questionadas acerca do recebimento de algum tipo
130
de recomendação para a realização de visitas domiciliares 7, 83,55% dos/das profissionais
integrantes das equipes técnicas informaram não terem recebido qualquer tipo de recomendação
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

afirmaram não terem sido acompanhados/as por questão e menos de 1% preferiram não respon-
representantes do Sistema de Justiça em visi- der. No Distrito Federal, o cenário observado
tas domiciliares realizadas aos/às adolescentes se mostrou muito semelhante, haja vista que a
em cumprimento de Medidas Socioeducatvas maioria dos/as profissionais que compõem as
em Meio Aberto. No Distrito Federal observa- equipes técnicas dos serviços de acompanha-
mos a predominâcia de respondentes na mesma mento da localidade, o que representa 65,12%
tendência, que afirmam não terem sido acom- dos/as respondentes, afirmaram não terem rece-
panhados pelos/as representantes do Sistema bido qualquer tipo de recomendação/solicitação,
de Justiça, caracterizando 71,43% dos/as coor- por parte de autoridade judiciária, para proce-
denadores/as e 79,07% dos/as integrantes das derem com a realização de visitas domiciliares
equipes técnicas. Contudo, diferentemente destinadas aos/às adolescentes em cumprimento
das demais equipes técnicas, observamos um de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.
percentual significativo, em que 21,43% dos/ Contudo, 34,88% dos/das respondentes das
as coordenadores/as e 20,93% dos/as profis- equipes técnicas afirmaram que já receberam da
sionais que compõem as equipes técnicas nessa autoridade judiciária solicitação para a realiza-
localidade afirmam que já foram acompanha- ção de visita domiciliar25.
dos por representante(s) do Sistema de Justiça No Estado de São Paulo, o cenário
em visita domiciliar realizada ao/à adolescente encontrado deflagra uma intervenção muito
em cumprimento de Medida Socioeducativa em mais acirrada do Poder Judiciário na execu-
Meio Aberto. ção do serviço de proteção social à adolescente
A visita é importante para a medida em cumprimento de Medida Socioeducativa em
socioeducativa, e foi possível observar que de Meio Aberto, considerando que, 68,25% dos/
maneira geral há uma distância do judiciário em das profissionais que compõem o serviço afirma-
relação a realidade vivida pelos/as adolescen- ram que a autoridade judiciária já fez algum tipo
tes, suas famílias e comunidade e também dos/ de solicitação de realização de visita domiciliar,
das profissionais dos serviços que acompanham enquanto 31,48% dos/das profissionais afirma-
estes/as adolescentes durante o cumprimento da ram que não receberam solicitação da autoridade
Medida Socioeducativa em Meio Aberto, o que judiciária para a realização de visitas domicilia-
torna mais difícil para os/as representantes do res destinadas à adolescente em cumprimento de
Sistema de Justiça ter a dimensão do que de fato Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.
compõe a realidade das Medidas Socioeducativas A questão em voga possui base de análise
em Meio Aberto, dos/as adolescentes e suas que expõe duas situações de interação entre o
famílias. SUAS e o SINASE, que anseiam de aprofunda-
mento e da devida consideração, haja vista, em
nossa análise, possibilitarem “um bom início”
7.7.6.3. SOLICITAÇÃO/RECOMENDAÇÃO de entrosamento entre estes dois sistemas.
DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA PARA Faremos aqui apenas apontamentos iniciais que
REALIZAÇÃO DE VISITA DOMICILIAR esperamos serem ainda melhor desenvolvidos
AO/À ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO posteriormente.
DE MSE No primeiro momento, há que se colocar
como imprescindível a necessidade de validação
Quando as equipes técnicas foram ques- do trabalho desenvolvido pelos/as trabalha-
tionadas acerca do recebimento de algum tipo de dores/as do SUAS, sobretudo com relação aos
recomendação para a realização de visitas domi- profissionais do Sistema de Justiça, para que lhes
ciliares, 83,55% dos/das profissionais integrantes seja garantido/a a devida autonomia e o reconhe-
das equipes técnicas informaram não terem rece- cimento, em todos os aspectos, compreendendo
bido qualquer tipo de recomendação dessa ordem, que são estes/as profissionais que operacionali-
enquanto 10,61% afirmaram já terem recebido zam a política de atendimento na “ponta”, que
recomendação, do Poder Judiciário, para proce- possuem condições de avaliar os processos de
derem com visitas domiciliares à determinados/ trabalho concernentes à sua atuação e os instru-
as adolescentes em cumprimento de Medidas mentos e recursos a serem utilizados para prover,
Socioeducativas em Meio Aberto e suas famílias. com a maior qualidade e efeito, o atendimento
Na ocasião da abordagem, 5,63% dos/das profis- 25
Questão realizada: Q41: Há algum tipo de solicitação da auto-
sionais respondentes não souberam responder a ridade judiciária para a realização de visitas domiciliares?

131
PESQUISA MEIO ABERTO

e acompanhamento aos/às adolescentes em atuações profissionais, entre os/as profissionais


cumprimento de Medidas Socioeducativas em que prestam serviço para o SUAS e os que pres-
Meio Aberto e suas famílias, sendo irrefutável tam serviço nas Varas, uma vez que as equipes
que estes/as sejam requisitados/as nos casos multiprofissionais, responsáveis pelo assesso-
pertinentes e inerentes à sua atuação restrita, ramento técnico dos magistrados, existem nas
na esfera da política para a qual atuam e respon- Varas justamente para responderem, ou auxi-
dem. Contudo, a outra questão, que a priori pode liarem nas respostas, atinentes aos processos/
parecer contraditória, mas de fato não o é, e se procedimentos no âmbito do Judiciário, utili-
haja vista que a maioria dos/as profissionais quezando,
mostra de suma importância, sobretudo para compõemparaas
tal,equipes
seus recursos,
técnicas insumos, tempo
dos serviços de
garantir a atuação adequada dos/as profissionais de trabalho e pessoas. Dessa
acompanhamento da localidade, o que representa 65,12% dos/as respondentes, afirmaram não forma, a solicita-
dasterem
equipes técnicas,
recebido diz respeito
qualquer tipo de ção e/ou recomendação,
à recomendação/solicitação,
requisição, por parte de porautoridade
parte da autoridade
judiciária,
porpara
parteprocederem
da autoridade judiciária, para que os/as judiciária e/ou Poder Judiciário, para que sejam
com a realização de visitas domiciliares destinadas aos/às adolescentes em
profissionais das equipes técnicas da política de realizadas visitas domiciliares à adolescentes em
cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto. Contudo, 34,88% dos/das
atendimento socioeducativa, operacionalizada cumprimento de Medidas Socioeducativas em
respondentes das equipes técnicas afirmaram que já receberam da autoridade judiciária
no âmbito do SUAS, respondam às demandas 8Meio Aberto pelas equipes técnicas dos serviços
solicitação para a realização de visita domiciliar .
remetidas pelo Poder Judiciário e que possuem de proteção social, operacionalizados no âmbito
interação com o SUAS, já que dizem respeito
haja vista que a maioria dos/as profissionais que compõem na políticaasdeequipes
Assistência Social,
técnicas dosaponta
serviços para
de
aos/às usuários?as em acompanhamento nos uma fragilidade desta
acompanhamento da localidade, o que representa 65,12% dos/as respondentes, afirmaram nãoequipe, que sequer pode
serviços
terem de proteção
recebido social.tipo
qualquer E, mais ainda, para se recusar apor
de recomendação/solicitação, fazê-lo
partee/ou fragilidade judiciária,
de autoridade e ausên-
que os/as profissionais do SUAS se responsa- cia da equipe técnica multiprofissional
para procederem com a realização de visitas domiciliares destinadas aos/às adolescentes em
da Vara,
bilizem por prover os retornos solicitados e por que deveria ser requisitada nesse momento para
cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto. Contudo, 34,88% dos/das
acatar as recomendações, que por vezes possuem atuar e responder as demandas psicossociais
respondentes das equipes técnicas afirmaram que já receberam da autoridade judiciária
prazos para serem cumpridas. 0,00%Tais solicitações e imprescindíveis ao juiz e ao Poder Judiciário, ou
solicitação
Prefere para a realização
não responder de visita domiciliar8.
recomendações, além de se0,22% mostrarem arbitrá- como geralmente acontece, ambas as situações.
rias, por diversas razões que não
0,00% nos cabe aqui As equipes técnicas que atuam no
Não sabe informar
elencar, ainda caracterizam 5,63% sobreposição das acompanhamento dos/as Equipe Técnica DF
adolescentes em
Não 65,12%
83,55% Equipe Técnica Nacional
Há algum tipo de solicitação da autoridade judiciária para a realização de
Sim visitas domiciliares?
34,88%
10,61%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%


Prefere não responder 0,00%
0,22%

Não sabe informar 0,00%


5,63%
No Estado de São Paulo, o cenário encontrado deflagra uma intervenção muito
Equipe Técnica DF mais
acirrada do Poder
Não judiciário na execução do serviço 65,12% de proteção social à adolescente em
83,55% Equipe Técnica Nacional
cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto, considerando que, 68,25% dos/das
profissionais que
Simcompõem o serviço34,88%
10,61%
afirmaram que a autoridade judiciária já fez algum tipo de
solicitação de realização de visita domiciliar, enquanto 31,48% dos/das profissionais afirmaram
que não receberam 0,00% 20,00%da 40,00%
solicitação 60,00%
autoridade 80,00%
judiciária para 100,00%
a realização de visitas domiciliares
destinada à adolescente em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto.

No Há algumdetipo
Estado São dePaulo,
solicitação da autoridade
o cenário judiciária
encontrado parauma
deflagra a realização de muito mais
intervenção
acirrada do Poder judiciário na execução visitas domiciliares?
do serviço - de
SP proteção social à adolescente em
cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto, considerando que, 68,25% dos/das
profissionais que compõem o serviço afirmaram que a autoridade judiciária já fez algum tipo de
Prefere não responder 0,00%
solicitação de realização de visita domiciliar, enquanto 31,48% dos/das profissionais afirmaram
que nãoNão receberam
sabe informar solicitação
0,00% da autoridade judiciária para a realização de visitas domiciliares
destinada à adolescente em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto.
Não 31,48%

Sim 68,52%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

Prefere não responder 0,00%


A questão0,00%
Não sabe informar em voga possui base de análise que expõe duas situações de interação entre
132
o SUAS e o SINASE, que anseiam de aprofundamento e da devida consideração, haja vista, em
nossa análise,
Não possibilitarem “um bom início”31,48%
de entrosamento entre estes dois sistemas.
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

cumprimento de Medidas Socioeducativas em abarca não somente os três níveis de governo


Meio Aberto precisam centrar esforços para para o desenvolvimento dos programas de aten-
desenvolver o trabalho técnico destinado ao dimento destinados aos/às adolescentes, como
acompanhamento do/a adolescente que, como também a família, a comunidade e o Estado,
tal, exige planejamento e, expertise, por se tratar em corresponsabilidade, considerando a inter-
de temática específica, cuja abordagem é qualifi- setorialidade entre as políticas públicas como
cada e apurada em busca da construção, com o/a mecanismo primordial para prover a atenção e
adolescente e quando possível, com sua família, o acesso a direitos sociais aos/às adolescentes e
de novas perspectivas e novos projetos de vida, a suas famílias.
partir de formas diferenciadas de sociabildiade a Por este motivo, compreendemos a
fim de romper com a lógica infracional e violenta, importância de abordarmos esse conceito no
a qual, em vários momentos, esse/a adolescente cotidiano de trabalho das equipes técnicas que
é submetido/a. Assim, a interferência da auto- realizam o acompanhamento dos/as adolescen-
ridade judiciária no trabalho da equipe técnica, tes em cumprimento de Medida Socioeducativa
precisa ser construída, para que obtenha sentido em Meio Aberto considerando que a forma como
para todas as partes envolvidas no processo a intersetorialidade tem se mostrado efetiva
da socioeducação que está sendo desenhado e nas relações de trabalho entre os profissionais
trilhado para o/a adolescente em cumprimento que operam diferentes políticas setoriais gerará
de Medida Socioeducativa em Meio Aberto. efeitos na forma como o/a adolescente rece-
berá o acompanhamento no serviço de proteção
social destinado ao cumprimento de sua Medida
7.8. INTERSETORIALIDADE Socioeducativa.

A Resolução nº 119, de 11 de dezembro de


2006, que dispõe sobre o Sistema Nacional de 7.8.1. FLUXOS DE ATENDIMENTOS E
Atendimento Socioeducativo – SINASE, já apre- FLUXOS DE INFORMAÇÕES
senta, em seu Art. 2, sua característica elementar:
enquanto política pública, o SINASE anseia O fluxo de atendimento e informações
possibilitar a interação entre as políticas públi- entre as políticas setoriais que potencializam a
cas de atenção ao/à adolescente em conflito com integração social e comunitária dos/as adoles-
a lei26 a partir da correlação entre estas e “(...) as centes, contribuem nas relações sociofamiliares
iniciativas dos diferentes campos das políticas destes/as, além de se mostrarem, na maioria
públicas e sociais”. Sendo assim, como se prevê, das situações, potenciais fatores de proteção e de
a intersetorialidade é uma característica inerente superação dos riscos e da vulnerabilidade viven-
ao SINASE e, portanto, à política de atendi- ciada pela maioria deste público é de importância
mento socioeducativo, constituindo-se como para que a política de atendimento socioeduca-
eixo irrefutável de sua execução e êxito27. Dessa tiva se torne sinérgica, fortalecida e confiável.
forma, o SINASE, como um sistema integrado, Assim, elencaremos abaixo, análises acerca das
26
O termo “adolescente em conflito com a lei” caiu em desuso, principais políticas públicas de atenção aos/às
sendo substituído pelo uso de “adolescente autor de ato infra- adolescentes e relevante para o processo socioe-
cional”, já que assim se transmite a ideia realmente vivenciada
ducativo dos/as mesmos/as: educação, saúde,
pelo/a adolescente, em que este/a se encontra nessa condição
de autor/autora de algum ato considerado infracional, sendo cultura/lazer/esporte e profissionalização.
portanto, uma situação transitória, e não permanente, como
sugere o termo anteriormente usado. Acrescentamos aqui o
termo adolescente a quem se atribui autoria de ato infracional
inspirados pelos escritos na obra de RIZZINI, I.; SPOSATI, A.;
7.8.1.1. ARTICULAÇÕES COM A REDE DE
OLIVEIRA, A. C. Adolescências, direitos e medidas socioedu- ENSINO
cativas em meio aberto. São Paulo: Cortez, 2019.
27
"Um princípio fundamental do SINASE é o da incompletu- Considera-se que o ingresso e permanên-
de institucional ou intersetorialidade. Tal princípio significa
que o Sistema Socioeducativo, para sua efetivação, depende cia do/a adolescente na escola, com a perspectiva
da articulação com os demais subsistemas do SGD, especial- de elevação da escolaridade, confere proteção a
mente com as políticas sociais (saúde, educação e assistência este/a sujeito, incidindo, de certa forma, nos
social). Isso é tão enfatizado que gera a falsa impressão de que
o SINASE é uma política pública de proteção social, que atua
índices relativos ao risco e à vulnerabilidade a
na garantia dos direitos sociais, ao lado de outras políticas, vi- que ele/ela e seus familiares estarão expostos.
sando promover o bem-estar dos adolescentes criminalizados Entendendo, portanto, a importância da escola
(MENEGHETTI, 2018, p.207).

133
2,83%

Muito satisfeito(a) 0,79%


PESQUISA MEIO ABERTO 1,77%

31,65%
Satisfeito(a) 33,92%
Grau de satisfação com o fluxo de informações e interação com o órgão gestor
de Educação – Dados Nacionais 48,82%
Insatisfeito(a) 51,94%
Prefere não responder 3,46%
Muito insatisfeito(a) 3,18% 11,97%
6,36%
Não sabe informar 3,31%
0,00% 2,83%10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%
0,79%
Muito satisfeito(a) 1,77% Equipe Coordenação

31,65%
Satisfeito(a) 33,92%
Enquanto isso, na avaliação dos/as profissionais que compõem as equipes técnicas do
estado de São Paulo, 43,40% dos/as coordenadores/as e 46,30% dos/as integrantes
Insatisfeito(a) 48,82%das equipes
51,94%
técnicas informaram insatisfação diante da interação com o órgão gestor de educação e 45,28%
dos/as
Muitocoordenadores/as
insatisfeito(a) e 31,48%11,97%
dos/as componentes das equipes técnicas apontaram
6,36%
satisfação diante de tal interação. Tal dado demonstra a prevalência da insatisfação das equipes
técnicas diante dessa articulação,
0,00% haja vista20,00%
10,00% os percentuais obtidos,40,00%
30,00% ainda na variável
50,00% que apontou
60,00%
muita insatisfação com a interação obtida com o órgão gestor da educação na localidade.
Equipe Coordenação

Grau Enquanto
de satisfaçãoisso, na oavaliação
com dos/as profissionais
fluxo de informações quecom
e interação compõem
o órgãoasgestor
equipes técnicas do
de Educação
estado de São Paulo, 43,40% dos/as coordenadores/as e 46,30% dos/as integrantes das equipes
técnicas informaram insatisfação diante da interação com o órgão gestor de educação e 45,28%
dos/as coordenadores/as e 31,48% dos/as componentes das equipes técnicas apontaram
Prefere nãodiante
responder 1,89%
satisfação de tal interação.
3,70% Tal dado demonstra a prevalência da insatisfação das equipes
técnicas diante dessa articulação, haja vista os percentuais obtidos, ainda na variável que apontou
muitaNão
insatisfação 1,89%
com a interação
sabe informar obtida com o órgão gestor da educação na localidade.
1,85%

Muito satisfeito(a) 1,89%


3,70%
Coordenação SP
Satisfeito(a) 45,28%
31,48% Equipe Técnica SP

Insatisfeito(a) 43,40%
Prefere não responder 1,89% 46,30%
3,70%
Muito insatisfeito(a) 5,66%
1,89%
Não sabe informar 1,85% 12,96%

Muito satisfeito(a)0,00% 1,89%


10,00%
3,70%
20,00% 30,00% 40,00% 50,00%
Coordenação SP
Satisfeito(a) 45,28%
no processo protetivo e de socioeducação do/a compreender de que forma temEquipe
31,48% Técnica SP
se dado a articu-
adolescente que busca mudar sua trajetória de
Insatisfeito(a) lação primordial 43,40%
entre a política de atendimento
Os
vida e alçar dados
novos do Distrito
projetos Federal apontam
e perspectivas, tendo para socioeducativo
graus de satisfação, a princípio,
46,30%
e a política aparentemente,
de educação.
equivalentes, já que ambas categorias de respondentes que compõem as equipes técnicas da
nessa jornada a Medida
Muito insatisfeito(a) Socioeducativa
5,66% em Meio Dessa forma, significativos
na presente nas seçãovariáveis
serão
localidade, coordenadores/as e profissionais 12,96% apresentaram percentuais
Aberto como “possibilidade28”, fez-se necessário abordadas a existência desatisfação
fluxos dee encami-
satisfeitos e insatisfeitos, quais sejam: coordenadores/as indicaram 42,11% de o mesmo
0,00% 10,00% 20,00%
índice de insatisfação (42,11%), enquanto os/as30,00%
nhamentos 40,00%
profissionais das 50,00%
previamente
equipes estabelecidos entre a
técnicas apontaram
28
Admite-se, contudo que a Medida Socioeducativa, enquanto
37,31% de insatisfeitos
regulamentada pelo SINASE, éeapresentada
35,82% de por satisfeitos
unidade de atendimento e a rede de ensino local
meio de duas com a interação estabelecida junto ao órgão gestor
da educação
vertentes: na localidade.
a sancionatória Contudo,
e a pedagógica. Assim, ao um fator determinante
apresentar na avaliação
e o grau de satisfação das dos dados
equipes faz jus
técnicas comao
percentual obtido
as duas vertentes, de tenha
"embora respondentes muito
especificidades, insatisfeitos,
o SINASE relaçãoque apresentaram
à essa 15,79% dentre
rede de retaguarda a partiros/as
da
está para aOs
coordenadores/asdados
Polícia do
e para o Distrito
dos Judiciário
serviços Federal
exatamente
e 11,94%apontam
como para
a pri-
dos/as graus de quanto
profissionais satisfação,
que compõem a princípio,
o corpo aparentemente,
técnico, sendo
são, cumprindo a já mesma
avaliação à articulação estabelecida com
equivalentes,
tal percentual quefunção
bastante ambasde execução
significativo
punitiva"
categorias
e de(ME-
respondentes
indicativo de que há que
uma compõem
prevalência asdeequipes técnicas
insatisfação comdaa
NEGHETTI, 2018, p. 207). Assim, nas palavras do autor su- o órgão central da política de educação.
localidade,
relação coordenadores/as
estabelecida eórgão
profissionais apresentaram
educação percentuais significativos nas variáveis
pramencionado: "O problemacom é que o
o Sistema gestor da
Socioeducativo na localidade para a maioria dos/as
satisfeitos e insatisfeitos, quais sejam: coordenadores/as indicaram 42,11% de satisfação e o mesmo
respondentes abordados nessa
se autoapresenta institucionalmente comopesquisa.
se fosse separado e
índice
autônomo deeminsatisfação (42,11%),
relação aos Sistemas de Justiçaenquanto
e de Segurança os/as profissionais das equipes técnicas apontaram
37,31% de oinsatisfeitos
Pública. Ora, e 35,82%
SINASE está dentro dedosatisfeitos
e não fora sistema pe- com a interação
cioeducativo estabelecida
jamais juntouma
pode ser considerado ao política
órgãode gestor
pro-
da
nal; educação na localidade.
ele é parte integrante Contudo,
do próprio sistema penal. um fator determinante
Utilizando teção social, comna avaliação
status semelhante dos dados defaz
às políticas jus ao
educação,
percentual obtido
a sua terminologia de respondentes
sistêmica, o SINASE seria um muito insatisfeitos,
subsistema que apresentaram
saúde e assistência 15,79%
social, pela simples razão dedentre os/as
que ele existe
do sistema penal e não dos
coordenadores/as da sigla SGD. Pore isso,
serviços o Sistema
11,94% So- profissionais
dos/as essencialmenteque
para compõem
punir e não para proteger
o corpo o adolescente".
técnico, sendo
tal percentual bastante significativo e indicativo de que há uma prevalência de insatisfação com a
134
relação estabelecida com o órgão gestor da educação na localidade para a maioria dos/as
respondentes abordados nessa pesquisa.
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Quando perguntados/as se existem fluxos equipes técnicas mencionando satisfação para


constantes de encaminhamento dos/as adoles- essa interação.
centes para a rede de ensino, cerca de 67% dos/ Enquanto isso, na avaliação dos/as profis-
das coordenadores/as e 68,3% dos/das profissio- sionais que compõem as equipes técnicas do
nais das equipes técnicas afirmaram haver fluxos estado de São Paulo, 43,40% dos/as coorde-
constantes de encaminhamento dos/as adoles- nadores/as e 46,30% dos/as integrantes das
centes para a rede de ensino e aproximadamente equipes técnicas informaram insatisfação diante
29% dos/das coordenadores/as e 27,5% dos/ da interação com o Órgão Gestor de Educação e
das profissionais das equipes técnicas deram 45,28% dos/as coordenadores/as e 31,48% dos/
resposta negativa a esta pergunta. as componentes das equipes técnicas aponta-
Quando questionados/as sobre o rece- ram satisfação diante de tal interação. Tal dado
bimento de retorno, pela rede de ensino, à demonstra a prevalência da insatisfação das
coordenação e equipe técnica, sobre a situação equipes técnicas diante dessa articulação, haja
do/a adolescente com informações sobre desem- vista os percentuais obtidos, ainda na variável
penho, frequência e permanência na escola após que apontou muita insatisfação com a intera-
o encaminhamento, 66,3% dos/das coordenado- ção obtida com o Órgão Gestor da Educação na
res/as e 56,6% dos/das profissionais das equipes localidade.
técnicas afirmaram que recebem essas informa- Os dados do Distrito Federal apon-
ções, enquanto 32,6% dos/das coordenadores/ tam para graus de satisfação, em princípio,
as e 40,3% dos/das profissionais das equipes aparentemente equivalentes, já que ambas as
técnicas afirmaram não receber as informações categorias de respondentes que compõem as
sobre desempenho, frequência e permanência na equipes técnicas da localidade, coordenado-
escola. res/as e profissionais apresentaram percentuais
Considerando o fluxo de informações e significativos nas variáveis (satisfeitos/as e insa-
interação com o Órgão Gestor de Educação, o tisfeitos/as), quais sejam: coordenadores/as
grau de satisfação com a inclusão e permanência indicaram 42,11% de satisfação e o mesmo índice
do/a adolescente na rede de ensino foi variado de insatisfação (42,11%), enquanto os/as profis-
entre os/as profissionais das equipes técnicas dos sionais das equipes técnicas apontaram 37,31%
CREAS. Com cerca de 52% das respostas dos/das de insatisfeitos/as e 35,82% de satisfeitos/as com
coordenadores/as e em aproximadamente 49% a interação estabelecida junto ao Órgão Gestor
das respostas dos/das profissionais das equipes da Educação na localidade. Contudo, um fator
técnicas mencionando insatisfação, e quase 34% determinante na avaliação dos dados faz jus ao
dos coordenadores/as e 31,6% profissionais das percentual obtido de respondentes muito insa-
tisfeitos/as, que apresentaram 15,79% dentre os/

Grau de satisfação com a relação com o Órgão Gestor da Educação


em sua região, considerando fluxos de comunicação e inclusão do/a adolescente
na rede de Ensino

Prefere não responder 0,00%


2,99%

Não sabe informar 0,00%


5,97%

Muito satisfeito(a) 0,00%


5,97%
Coordenação DF
Satisfeito(a) 42,11%
35,82% Equipe Técnica DF

Insatisfeito(a) 42,11%
37,31%

Muito insatisfeito(a) 15,79%


11,94%

0,00% 5,00% 10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%

135
PESQUISA MEIO ABERTO

as coordenadores/as dos serviços e 11,94% dos/ o projeto de resolução que “define Diretrizes
as profissionais que compõem o corpo técnico, Nacionais para o atendimento escolar de adoles-
sendo tal percentual bastante significativo. centes e jovens em cumprimento de Medidas
A relação entre o serviço de atendimento Socioeducativas”, aprovada já em 201629.
às Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e De acordo com o Parecer CNE/CEB
a Educação (o órgão de gestão e as escolas) foi nº 8/2015, “um dos principais desafios para
abordada na pesquisa e é uma questão que exige o acompanhamento realizado pelos serviços e
muita atenção, pois de acordo com as entrevis- programas é o combate ao preconceito institu-
tas há uma insatisfação das equipes técnicas com cional, seja na escola ou em outras unidades das
relação aos profissionais da Educação e a forma demais políticas setoriais”. Reforça-se no docu-
como estes garantem o acesso, inserção e perma- mento que a discriminação pode se manifestar
nência dos/das adolescentes em cumprimento além da “recusa à realização da matrícula, mas
de MSE/MA aos equipamentos e à política de também no olhar, nas palavras, no medo ou na
ensino público dos municípios e estados. indiferença (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO,
Quando perguntados/das sobre a inclu- 2015, p. 20)
são, no PIA, de medidas específicas para inserção Estes aspectos levantados pelo docu-
e permanência do/da adolescente na rede de mento podem ser observados em duas perguntas
ensino formal, cerca de 82% dos/das profissio- feitas sobre a violência, abordadas no capítulo
nais das equipes técnicas afirmaram que fazem a seguir, quando é citado pelos/as profissionais
essa inclusão e as três estratégias mais mencio- que compõem as equipes técnicas dos serviços de
nadas para o cumprimento dessas medidas atendimento da Assistência Social e do Sistema
foram as reuniões e articulações com a Secretaria de Justiça que a violência escolar, mesmo que
Municipal de Educação (36,3%), as reuniões e em menos de 10% das respostas, é uma das três
articulações com a escola (31,3%) e a solicitação formas de violência sofrida mais relatada pelos/
de documentos que atestem frequência e perma- as adolescentes. Além disso, outra questão que
nência na escola (28%). tem relação com este tema refere-se à afirmação
Entretanto, considerando Leis, Decretos, de muitos/as dos/das profissionais acerca do fato
Planos, Deliberações e Resoluções, 50,3% dos/ de que os/as adolescentes sofrem estigma por
das coordenadores/as e 49,2% dos/das profissio- terem cometido ato infracional (cerca de 1/5 das
nais das equipes técnicas dos CREAS que foram falas dos/das profissionais entrevistados/as). Tal
abordados quanto a esta questão, estão insa- fato pode ser evidenciado, portanto, no acesso
tisfeitos/as com os recursos disponíveis para a do/a adolescente à escola e nas demais políticas
inclusão e permanência dos/as adolescentes na sociais. Concluímos, que: combater a violência
rede de ensino formal e 30,2% dos/das coor- escolar e o estigma sofrido pelo/a adolescente
denadores/as e 25% dos/das profissionais das em cumprimento de Medida Socioeducativa
equipes técnicas se consideram satisfeitos/as. vai muito além do combate à violência propria-
mente dita, mas é imprescindível ao processo de
Apesar da existência de regulamentações
inserção e permanência dos/as adolescentes que
que normatizam a maneira como deve ocorrer
estão no Sistema Socioeducativo na escola. Dessa
a escolarização de adolescentes que estão em
forma, se quisermos, realmente, obter êxito no
cumprimento de Medidas Socioeducativas em
processo de socioeducação para atuarmos na
Meio Aberto, há ainda uma insatisfação signifi-
perspectiva de mudança do projeto de vida de
cativa dos/das profissionais com relação a este
meninos e meninas que tiveram experiências
tema (50%). Desta forma, podemos afirmar que
violentas e com atos infracionais, precisaremos
há recursos normativos disponíveis para a inclu-
encarar esse desafio de forma conjunta e de mãos
são e permanência dos/as adolescentes na rede
dadas: tanto a unidade socioeducativa como a
formal de ensino, mas que ainda não são cumpri-
unidade escolar, em parceria permanente.
das da maneira como estão previstos.
Ainda em 2013 foi publicada uma nota
Diante da necessidade de normati-
Técnica (nº 38/2013) pela extinta Secretaria
zar as diretrizes para a educação no Sistema
de Educação Continuada, Alfabetização,
Socioeducativo, em 2015 foi emitido um parecer
Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC) que
pelo Conselho Nacional de Educação - Câmara
de Educação Básica, que, ao final, após uma 29
RESOLUÇÃO Nº 3, DE 13 DE MAIO DE 2016 – MINISTÉ-
análise situacional sobre o sistema, apresenta RIO DA EDUCAÇÃO / CONSELHO NACIONAL DE EDUCA-
ÇÃO / CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA.

136
dos/das coordenadores/as e 49,2% dos/das profissionais das equipes técnicas dos CREAS, que
foram abordados quanto a esta questão, estão insatisfeitas com os recursos disponíveis para a
inclusão e permanência dos/as adolescentes nada política
Parte I: Panorama rede dede ensinoSocioeducativo
Atendimento formal eem30,2% dos/das
Meio Aberto (2017 e 2018)
coordenadores/as e 25% dos/das profissionais das equipes técnicas se consideram satisfeitas.
Grau de satisfação quanto aos recursos disponíveis para a inclusão e permanência
Considerando Leis, Decretos,
dos/asPlanos, Deliberações
adolescentes na rede de e Resoluções,
ensino formalqual é seu grau de
satisfação com os recursos disponíveis para a inclusão e permanência do adolescente na rede
de ensino formal? 2,52%
Prefere não responder 1,12%
Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
Muito insatisfeito(a) Não sabe informar 20 9,76%
7,46% 77 12,13%
10,07%
Insatisfeito(a) Muito satisfeito(a)135 1,26% 50,37% 313 49,29%
0,75%
Satisfeito(a) 81 30,22% 159 25,04%
Satisfeito(a) 25,04%
Muito satisfeito(a) 2 0,75% 8 30,22% 1,26%
Insatisfeito(a) 49,29%
Não sabe informar 27 10,07% 62 9,76%
50,37%
Prefere não responder Muito insatisfeito(a)3 1,12%12,13% 16 2,52%
7,46%
Total 268 635
Considerando Leis, Decretos, Planos, Deliberações…

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

“apresentaApesardiagnóstico, regulamentações quedanormatizam


premissasdee parâmetros
da existência necessidade ademaneira
instrumentos
comodedeve
gestão
para garantir
ocorrer a escolarização
a escolarização e educação que
de adolescentes profis- qualificados
estão em medidas na garantia
socioeducativas emde seu aberto,
meio direito à
sional
há aindade adolescentes
uma insatisfação e jovens em cumprimento
grande dos/das profissionais com educação;
relação a este tema (50%). Desta
de Medidas
forma, podemosSocioeducativas
afirmar que nas escolas danormativos
há recursos rede 7.8.1.4 para
disponíveis Reconhecimento da educação
a inclusão e permanência
pública”,
dos/as e, ainda, apresenta
adolescentes quatro de
na rede formal premissas
ensino, mas que de qualidade
ainda não sãosocial comodafator
cumpridas prote-
maneira
para a consolidação de uma política educacional tivo de adolescentes em cumprimento de
como estão previstos.
no Sistema Socioeducativo: Medidas Socioeducativas
Diante da necessidade de normatizar as diretrizes para a educação e,no portanto,
sistemado
socioeducativo, em 2015 foi emitido um parecer pelo Conselho Nacional de Educação - Câmarade
7.8.1.1 Garantia do direito à educação papel da escola no sistema de garantia
para os adolescentes em cumprimento de direitos.
de Educação Básica, que, ao final, após uma análise situacional sobre o sistema, apresenta o
Medidas Socioeducativas e egressos; Os para
documentos sobre este tema de são
projeto de resolução que “define Diretrizes Nacionais o atendimento escolar
adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas”, aprovada já em 2016 . as
7.8.1.2 Reconhecimento de que a educação referências nacionais que afirmaram 19
é parte estruturante do sistema socioedu- diretrizes para a garantia da educação de adoles-
cativo e de que a aplicação e o sucesso centes que se encontram vinculados ao Sistema
de todas as Medidas Socioeducativas Socioeducativo. Está expresso nos documen-
19
RESOLUÇÃO Nº 3, DE 13 DE MAIO DE 2016 – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO / CONSELHO NACIONAL DE
dependem de uma
EDUCAÇÃO / CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA política educacional tos a importância de as escolas assumirem sua
consolidada no SINASE; corresponsabilidade no atendimento aos/às
7.8.1.3 Reconhecimento da condição estudantes do socioeducativo, e também, com
singular do estudante em cumprimento relação à execução da Prestação de Serviço à
de Medidas Socioeducativas e, portanto, Comunidade (PSC). Por conta disso, as metas
contidas no PIA devem ser conversadas com os
profissionais da escola, no que se refere à esco-
Define Diretrizes Nacionais para o atendimento escolar de larização dos/as adolescentes e este direito deve
adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioedu-
cativas. ser garantido considerando as especificidades
CAPÍTULO II DA COOPERAÇÃO, COLABORAÇÃO E INTER- destes/as estudantes, a fim de que seja um proce-
SETORIALIDADE dimento ordinário efetivado na unidade escolar
VII - fortalecer a participação dos/das profissionais da educa- o combate incessante do preconceito institucio-
ção na elaboração e acompanhamento do Plano Individual de
Atendimento nal, da estigmatização e da exposição destes/as
IX - manter compromisso com a garantia do sigilo, conservan- adolescentes.
do dados referentes à situação do adolescente ou jovem em
atendimento socioeducativo restritos àqueles profissionais a
quem tal informação seja indispensável; 7.8.1.2. ARTICULAÇÕES COM A REDE DE
CAPÍTULO V DO DIREITO A AÇÃO PEDAGÓGICA-CURRI-
CULAR ADEQUADA SAÚDE
Art.14 A escolarização de adolescentes e jovens em atendimen-
to socioeducativo deve atentar para os seguintes aspectos: Assim como a escola, o atendimento à
I - oferta de educação integral em tempo integral; II - oferta de saúde está presente no PIA como meta central,
Educação Profissional;

137
atendimento à saúde mental dos/as adolescentes por meio de uma articulação entre a saúde e
o socioeducativo, que pode ser entendida como uma das demandas mais recorrentes no âmbito
do trabalho com o/ass adolescentes, representada por 82,10% dos/das profissionais das equipes
PESQUISA MEIO ABERTO
técnicas que afirmaram encaminhá-los/as para os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Três serviços para os quais os/as adolescentes são mais encaminhados pela equipe
Quais são os três equipamentos de saúde para
técnica onde o adolescente é encaminhado
CREAS
com maior frequência?
26
Centro de Atenção Psicossocial
Outros. Quais?– CAPS 15,12% 82,10%
6
Prefere não responder 0,00%
Unidade Básica de Saúde (UBS/Posto de Saúde) 88 27,16%
Não sabe informar 1,23%
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 19 5,86%
Não há encaminhamento. 0,31%
Hospital Universitário/Hospital Geral 34 10,49%
Atendimentos odontológico 4,01%
Residência terapêutica
Ambulatório de Saúde Mental
1 0,31%
1,23%
Comunidade/ Clínica terapêutica no
Policínica próprio município
5,56%
18 5,56%
Comunidade/
Comunidade/ Clínica terapêutica
Clínica terapêutica em município… em município
0,31% vizinho 1 0,31%
Policínica Clínica terapêutica no próprio…
Comunidade/ 5,56% 18 5,56%
Ambulatório de Saúde Mental
Residência terapêutica 0,31% 4 1,23%
Atendimentos odontológico
Hospital Universitário/Hospital Geral 10,49% 13 4,01%
Não há encaminhamento.
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 5,86% 1 0,31%
Não
Unidade sabe
Básica deinformar
Saúde (UBS/Posto de Saúde) 27,16% 4 1,23%
Prefere
Centronão responder
de Atenção Psicossocial – CAPS 0 0,00%82,10%
Outros. Quais? 49 15,12%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%
32
Total
4
o que exige esforços dos/das profissionais que são do meio aberto, e com o objetivo de garantir
atuam na As informações
política sobre aSocioeducativo
de atendimento saúde do/a adolescente
e ampliarnem sempre chegam
os cuidados em saúdeaos profissionais
dos/as adoles-
que realizam o acompahamento dos/as
e da política de Saúde no sentido da garantia dos adolescentes
centes em conflito com a lei. Esta, que dos/das
nos CREAS. Segundo 53,2% ainda é
coordenadores/as e 47,4% dos/das
direitos dos/as adolescentes. profissionais
É possível obser- das equipes pela
desconhecida técnicas, existe
maioria o envio
dos/das dessas
profissionais
informações.
var que há ainda Em contrapartida,
uma dificuldadedeem acordo com entrevistados/as,
atender 43,7% dos/das coordenadores/as e 47,7 %
cujos dados apresentados a
as necessidades dos/as adolescentes de maneira seguir revelam o percentual de
dos/das profissionais das equipes técnicas as informações sobre a saúde do/a adolescente emrespondentes que
intersetorializada, em
acompanhamento refletida
ambosem os quase
serviçosmetade
não sãonão dispõem de informações sobre a política em
compartilhadas/enviadas.
das equipes técnicas que se coloca como muito questão e, especialmente no caso de SP, que não
insatisfeito/insatisfeito com os serviços de saúde tem conhecimento sobre a implementação dessa
pública e saúde mental. política na localidade: 83,52% dos/das profis-
Os esforços do Governo Federal no sionais das equipes técnicas e 72,68% dos/das
sentido de garantir que este direito seja efetivado coordenadores/as de CREAS, bem como 67,17%
a estes sujeitos 0,84%
foram iniciados em 2002, quando dos/das profissionais das equipes técnicas e
Prefere não responder
1,80% 61,90% dos/das coordenadores/as dos serviços
foi criado um grupo de trabalho do Ministério
da Saúde junto à então Secretaria de Direitos executados no Distrito Federal e 79,63% dos/as
3,91% profissionais que compõem as equipes técnicas e
Não sabe
Humanos e os informar
respectivos conselhos se juntaram
1,20%
para formular uma política para os/as adoles- 73,58% dos/as coordenadores/as dos serviços do
centes em privação de liberdade. Só em 2014 se estados de São Paulo.
47,77%
Não
estabelecem as diretrizes da Política Nacional de Desta forma, nesta seção, os aspectos
43,71%
Atenção Integral à Saúde de Adolescentes em levantados durante as entrevistas foram relacio-
Conflito com a Lei30, neste momento com a inclu- nados à maneira como estão 47,49%
sendo realizados
Sim
os cuidados em saúde junto aos/às 53,29%
adolescen-
30
A Política surge com o objetivo de garantir aos/às adolescen- tes; sobre os fluxos de encaminhamento aos
tes privados de liberdade e em meio aberto o direito à saúde,
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%
e tem como um de seus objetivos: “ampliar ações e serviços de III - incentivar a articulação dos Projetos Terapêuticos Singu-
saúde para adolescentes em conflito com a lei, em especial para lares elaborados pelas equipes de saúde aos Planos Individuais
os/as privados/as de liberdade”. Desta forma, há um esforço Série4 Série2
de Atendimento (PIA), previstos no Sistema Nacional de Aten-
em garantir deste direito aos/às adolescentes que estão em pri- dimento Socioeducativo (Sinase), de modo a atender as com-
vação de liberdade, apesar de ser destinada a todas as medidas. plexas necessidades desta população;
Seção II-Dos Objetivos VI - priorizar ações
Quando perguntados sobre o grau de satisfação comdeos promoção da saúde
serviços de esaúde,
redução de danos
42,4%
Art. 6º A PNAISARI tem como objetivo geral garantir e ampliar provocados pelo consumo de álcool e outras drogas; e VII - pro-
dos/das coordenadores/as
o acesso aos cuidados em saúde dose adolescentes
38,4% dos/das profissionais
em confli- das equipes
mover a reinserção técnicas
social dos/das dos e,CREAS
adolescentes se
em especial,
declararam
to com a lei em insatisfeitas
cumprimento de com
Medidaso Socioeducativas
atendimentoemprestado dos/das ao adolescente
adolescentes pela rede
com transtornos dee com
mentais saúde,
proble-e
Meio Aberto, fechado e semiliberdade. mas decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
41,7% dos/das coordenadores/as e cerca de 38% dos/das profissionais das equipes técnicas se
consideraram
138 satisfeitas em relação a esse atendimento.
informações. Em contrapartida, de acordo com 43,7% dos/das coordenadores/as e 47,7 %
dos/das profissionais das equipes técnicas as informações sobre a saúde do/a adolescente em
acompanhamento em ambos os serviços Parte não são dacompartilhadas/enviadas.
I: Panorama política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Compartilhamento/envio das informações sobre a saúde do/a adolescente para os/as


profissionais dos CREAS

0,84%
Prefere não responder
1,80%

3,91%
Não sabe informar
1,20%

47,77%
Não
43,71%

Sim 47,49%
53,29%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Série4 Série2

Quando
equipamentos; perguntados
sobre sobre
o retorno por parteodos/das
grau de satisfação
população”.com
Estaos serviços como
se configura de saúde, 42,4%
uma estraté-
dos/das coordenadores/as
profissionais da Saúde com erelação
38,4%à dos/das profissionais
saúde dos/ gia para das equipes
garantir técnicas dos
o atendimento CREAS
à saúde se
mental
as adolescentes;
declararam e, ainda,com
insatisfeitas sobre
o oatendimento dos/asaoadolescentes
grau de satis-prestado adolescente porpela
meiorede
de uma articula-e
de saúde,
fação dos/das
41,7% com o atendimento da saúde
coordenadores/as e da Saúde
e cerca ção entreprofissionais
de 38% dos/das a Saúde e o das
Sistema Socioeducativo,
equipes técnicas se
Mental.
consideraram satisfeitas em relação a esse atendimento. que pode ser entendida como uma das deman-
Quando questionadas sobre a inclusão das mais recorrentes no âmbito do trabalho com
de medidas específicas de atenção à saúde do os/as adolescentes, representada por 82,10%
adolescente no PIA, 85% dos/das profissionais dos/das profissionais das equipes técnicas que
das equipes técnicas declararam que incluem afirmaram encaminhá-los/as para os Centros de
essas medidas e cerca de 6% declararam não Atenção Psicossocial (CAPS).
fazer a inclusão de medidas específicas de aten- As informações sobre a saúde do/a
ção à saúde. adolescente nem sempre chegam aos/às profis-
Quanto aos fluxos constantes de enca- sionais que realizam o acompanhamento dos/as
minhamento do/da adolescente para a rede de adolescentes nos CREAS. Segundo 53,2% dos/
saúde, 59% dos/das coordenadores/as e 56% das coordenadores/as e 47,4% dos/das profissio-
dos/das profissionais das equipes técnicas dizem nais das equipes técnicas, existe o envio dessas
haver esses, enquanto 36,7% dos/das coorde- informações. Em contrapartida, de acordo com
nadores/as e 38,7% dos/das profissionais das 43,7% dos/das coordenadores/as e 47,7 % dos/
equipes técnicas mencionaram não existir esse das profissionais das equipes técnicas as infor-
fluxo de encaminhamento. mações sobre a saúde do/a adolescente em
acompanhamento em ambos os serviços não são
Com relação aos três serviços para os
socializadas entre as equipes.
quais os/as adolescentes são mais encaminha-
dos, 82,1% dos/das profissionais mencionaram Quando perguntados sobre o grau de
os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); satisfação com os serviços de Saúde, 42,4% dos/
27,1% citaram as Unidades Básicas de Saúde das coordenadores/as e 38,4% dos/das profis-
(UBS) e 10,4% o Hospital (Universitário/Geral). sionais das equipes técnicas dos CREAS se
declararam insatisfeitos/as com o atendimento
Um aspecto central da Política de Atenção
prestado ao/à adolescente pela rede de Saúde,
Integral à Saúde de Adolescentes em Conflito
e 41,7% dos/das coordenadores/as e cerca de
com a Lei é “incentivar a articulação dos Projetos
38% dos/das profissionais das equipes técnicas
Terapêuticos Singulares elaborados pelas equipes
se consideraram satisfeitos/as em relação a esse
de saúde aos Planos Individuais de Atendimento
atendimento.
(PIA), previstos no Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo (SINASE), de Especificamente sobre a rede de Saúde
modo a atender as complexas necessidades desta Mental, há uma dissonância entre os/as

139
8,50%
Não sabe informar
6,36%
PESQUISA MEIO ABERTO
1,89%
Muito satisfeito(a)
1,41%
Grau de satisfação com os serviços de Saúde
37,80%
Satisfeito(a)
2,36% 41,70%
Prefere não responder
1,41%
Insatisfeito(a) 38,43%
8,50% 42,40%
Não sabe informar
6,36%

Muito insatisfeito(a) 11,02%


1,89% 6,71%
Muito satisfeito(a)
1,41%

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%
37,80%
Satisfeito(a)
41,70%

Insatisfeito(a) 38,43%
42,40%
Especificamente sobre a rede de saúde mental, há uma dissonância entre as
profissionais dos CREAS, enquanto 11,02% 39,5% dos/das coordenadores/as se consideram
Muito insatisfeito(a)
insatisfeitas e 32,4% satisfeitas, 6,71%
39,6% dos/das profissionais das equipes técnicas estão
satisfeitas e 37,4% estão insatisfeitas.
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

EQUIPE CREAS COORDENAÇÃO CREAS

Especificamente sobre a redecom de saúde mental,


Qual
Grau édeseu grau decom
satisfação satisfação o atendimento
as articulações estabelecidas comháa rede
prestado uma dissonância entre as
ao de
adolescente
Saúde Mental
profissionais dos CREAS,
pela rede de saúde mental?enquanto 39,5% dos/das coordenadores/as se consideram
insatisfeitas e 32,4% satisfeitas,
3,78% 39,6% dos/das
Coordenadorprofissionais das
Equipe equipes técnicas estão
Técnica
Prefere não responder 2,12%
satisfeitas e 37,4% estão insatisfeitas.
CREAS CREAS
Não sabe informar 7,40%
Muito insatisfeito(a) 4,59% 39 13,78% 93 14,65%
Insatisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 2,05% 112 39,58% 206 32,44%
2,47%
Satisfeito(a)
Qual é seu grau de satisfação com 106o atendimento
37,46% prestado252 ao adolescente
39,69%
Satisfeito(a) 39,69%
pela
Muito rede de saúde mental?
satisfeito(a) 7 2,47% 13 2,05%37,46%
Não
Prefere sabe
não responder
Insatisfeito(a)
3,78%
informar 2,12% Coordenador
13 4,59% Equipe
47 Técnica
7,40%
32,44%
CREAS CREAS 39,58%
Prefere não
Não sabe informar responder 7,40%6 2,12% 24 3,78%
Muito insatisfeito(a)
Muito insatisfeito(a) 4,59% 39 14,65%
13,78% 93 14,65%
Total 283 13,78% 635
Insatisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 2,05% 112 39,58% 206 32,44%
2,47%
Satisfeito(a)0,00% 5,00% 10,00% 15,00%
106 20,00% 25,00% 30,00%
37,46% 252 35,00% 40,00% 45,00%
39,69%
Satisfeito(a) 39,69%
Muito satisfeito(a) 7 2,47% 13 2,05%37,46%
EQUIPE CREAS COORDENAÇÃO CREAS
Não sabe informar
Insatisfeito(a) 13 4,59% 47 7,40%
32,44%
39,58%
Prefere não responder 6 2,12% 24 3,78%
Muito insatisfeito(a) 14,65%
Total
profissionais dos CREAS, enquanto 39,5% 283 13,78%
dos/ 635
estabelecida. Diferentemente do que ocorrera no
Acerca dessa mesma
das coordenadores/as avaliação, insatis-
se consideram sobre o grau de satisfação
contexto nacional, do ematendimento
que os níveis deprestado ao/à
satisfação
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%
adolescente
feitos/as e nos
32,4% serviços de saúde,
satisfeitos/as, realizamos
39,6% dos/das a análise dos dados
- com relação obtidos
à articulação nos
com estados
a rede de São
de Saúde e
profissionais
Paulo e Distritodas equipes
Federal, devido aoa fato
técnicas estão satisfei-
separadamente, articulação
da coletacomdo a rede
mesmo de Saúde Mental
ter sido pelo- foram
método
tos/as e 37,4%
agregado, cuja questão aglutinou a avaliação tantoaferidos
estão insatisfeitos/as. de forma
da satsfação desagregada.
quanto à rede de saúde como à
rede de Acerca
saúde dessamental,mesma avaliação,
quando sobre o do grauNa
da aferição delocalidade
satisfação do acerca
Distrito daFederal, obti-
articulação
grau de satisfação
estabelecida. Acerca do atendimento
Diferentemente
dessa mesma prestado
doavaliação,
que ocorrera ao/à
sobre vemosde os
noocontexto
grau dados que
nacional,
satisfação do demonstram
em a de
prevalência
que os níveisprestado
atendimento satisfação
ao/à
adolescente
adolescente nos
nos serviços
serviçosde Saúde,
de saúde,realizamos
realizamos a a de insatisfação
análise dos quanto
dados
- com relação a articulação com a rede de saúde e a articulação com a rede de saúde metal à articulação
obtidos nos estabelecida
estados de São -
análise
Paulo edos dadosFederal,
Distrito obtidos separadamente,
no estado de São Paulo
devido com
ao fatoa da
rede de Saúde
coleta do e Saúde
mesmo ter Mental
sido pelo da loca-
método
foram aferidos de forma desagregada.
eagregado,
no Distrito Federal,
cuja questãoseparadamente, devido aotantolidade, visto que 55,22% dos/as profissionais
Nacoleta
localidade doaglutinou
Distrito aFederal,
avaliação da satsfação
obtivemos os dados quanto à rede
abaixo quede demonstram
saúde como à a
rede de saúde mental, quando da aferição do grau de satisfação acerca da 55%
fato da do mesmo ter sido pelo método que compõem as equipes técnicas e dos/as
articulação
prevalência de insatisfação quanto aa articulação estabelecida dos
coordenadores comserviços
a rede demostraram
saúde e insa-saúde
agregado,
estabelecida.cuja questão aglutinou
Diferentemente avalia-no contexto
do que ocorrera nacional, em que os se níveis de satisfação
ção tanto da satisfação quanto à rede de Saúde tisfeitos/as e 13,43%
- com relação a articulação com a rede de saúde e a articulação com a rede de saúde metal dos/as profissionais das-
como à rede de Saúde Mental,
foram aferidos de forma desagregada. quando da aferi- equipes técnicas e 20% dos/as coordenadores/as
ção do grauNa de satisfaçãodoacerca
localidade da articulação
Distrito demonstraram
Federal, obtivemos os dados muita insatisfação.
abaixo que demonstram a
prevalência de insatisfação quanto a articulação estabelecida com a rede de saúde e saúde
140
localidade, visto que 55,22% 20,00%
mental daSatisfeito(a) dos/as
20,90% profissionais que compõem as equipes Equipe técnicas
Técnica DFe
55% dos/as coordenadores dos serviços se mostraram insatisfeitos e 13,43% dos/as profissionais
das equipes técnicas e 20% dos/as coordenadores/as
Insatisfeito(a) demonstraram 55,00%
muita insatisfação.
Parte I: Panorama da política 55,22%
de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Muito insatisfeito(a) 20,00%


13,43%
Grau de Satisfação quanto a articulação estabelecida com a rede de Saúde e Saúde Mental - DF
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Prefere não responder 0,00%


5,97%

Não sabe 0,00%


No informar
estado de São
1,49%Paulo, por sua vez, a tendência à insatisfação com as articulações
estabelecidas com a rede5,00% de saúde e saúde mental se mantém, apontando leves alterações,
Muito satisfeito(a)
sobretudo, relacionadas 2,99% ao maior índice de satisfação apresentado tanto porCoordenação
parte da DFequipe
técnica (35,19%) e dos/as coordenadores/as, 20,00% de 43,40%. Contudo, mesmo diante de índices de
Satisfeito(a) Equipe Técnica DF
20,90% a prevalência nos índices de insatisfação
satisfação expressivos, a que se considerar com as
articulações estabelecidas, haja vista os percentuais de respondentes,
Insatisfeito(a) componentes das equipes
55,00%
55,22%
técnicas que afirmaram insatisfação, 55,56% e muita insatisfação, 5,56% e ainda, os/as
coordenadores/as
Muito insatisfeito(a) dos serviços 13,43%
na localidade,
20,00% que apresentaram 39,62% de respondentes
insatisfeitos/as e 9,43% de respondentes muito insatisfeitos/as.
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Grau de satisfação quanto a articulação estabelecida com a rede de saúde e saúde mental - SP
No estado de São Paulo, por sua vez, a tendência à insatisfação com as articulações
estabelecidas com a rede de saúde e saúde mental se mantém, apontando leves alterações,
5,66%
Prefere não responder 3,70%
sobretudo, relacionadas ao maior índice de satisfação apresentado tanto por parte da equipe
técnica (35,19%) e dos/as coordenadores/as, de 43,40%. Contudo, mesmo diante de índices de
1,89%
Não sabe informar
satisfação expressivos,0,00%
a que se considerar a prevalência nos índices de insatisfação com as
articulações estabelecidas,
0,00%haja vista os percentuais de respondentes, componentes das equipes
Muito satisfeito(a) 0,00%
técnicas que afirmaram insatisfação, 55,56% e muita insatisfação, 5,56% Coordenação
e ainda, os/as
SP
coordenadores/as dos serviços na localidade, que apresentaram 43,40% 39,62% de respondentes
Satisfeito(a) 35,19% Equipe Técnica SP
insatisfeitos/as e 9,43% de respondentes muito insatisfeitos/as.
Insatisfeito(a) 39,62%
55,56%

Muito insatisfeito(a) 9,43%


5,56%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%


Prefere não responder 5,66%
3,70%

Não sabe informar 1,89%


0,00%

No satisfeito(a)
Muito estado de São Paulo, por sua vez, a
0,00% O desafio com relação à atenção integral
0,00%
tendência à insatisfação com as articulações esta- (promoção, prevenção, assistência e recupera-
Coordenação SP
belecidas com a rede de Saúde e Saúde Mental
Satisfeito(a) ção) da saúde
43,40%dos/as adolescentes é observado
Equipe Técnica SP
35,19%
se mantém, apontando leves alterações, sobre- na fala dos/as entrevistados/as e considerado
tudo, relacionadas ao maior índice de satisfação
Insatisfeito(a) central para o trabalho socioeducativo. A adoles-
39,62%
55,56%
apresentado tanto por parte da equipe técnica cência é entendida, inclusive, de acordo com as
(35,19%) e dos/as coordenadores/as,
Muito insatisfeito(a) 9,43% de 43,40%. normativas nacionais e internacionais, como
5,56%
Contudo, mesmo diante de índices de satisfação uma fase da vida em que o sujeito está em desen-
expressivos, há que0,00% se considerar
10,00% a 20,00%
prevalência
30,00% volvimento e, devido
40,00% 50,00% a tal fato, o atendimento à
60,00%
nos índices de insatisfação com as articulações saúde é de central importância neste processo de
estabelecidas, haja vista os percentuais de respon- descoberta e autoentendimento. Desta forma, a
dentes, componentes das equipes técnicas que inserção do/a adolescente no Sistema Único de
afirmaram insatisfação, 55,56% e muita insa- Saúde (SUS), tanto no nível de atenção básica,
tisfação, 5,56% e ainda, os/as coordenadores/ como na rede de atenção mais complexa, como
as dos serviços na localidade, que apresentaram a rede de Saúde Mental, é parte importante do
39,62% de respondentes insatisfeitos/as e 9,43% processo de garantia de direitos e de construção
de respondentes muito insatisfeitos/as. de um projeto de vida junto aos/às adolescentes.

141
PESQUISA MEIO ABERTO

7.8.1.3. RELAÇÕES COM A REDE DE S, enquanto 34,62% dos/as coordenadores/as e


ORGANIZAÇÕES PARCEIRAS QUE 26,42% dos/as componentes das equipes técni-
OFERECEM ATIVIDADES ESPORTIVAS, cas informaram que as unidades de atendimento
mantém parceria com as unidades do Sistema S
CULTURAIS E PROFISSIONALIZANTES
(SENAI, SESC, SESI, SENAC).
A rede de parceiros se refere principal- Com relação ao grau de satisfação com o
mente às instituições e organizações que têm sistema S, 56,2% dos/das profissionais se consi-
como objetivo garantir aos/às adolescentes os deram satisfeitos/as com o SENAI; 32,2% estão
direitos relativos à profissionalização, esporte, satisfeitos/as com o SESC; cerca de 26% estão
lazer, cultura e atividade religiosa. São parcerias satisfeitos/as com o SESI e 43,3% estão satisfei-
que os serviços de Medidas Socioeducativas em tos/as com o SENAC. Entretanto, a porcentagem
Meio Aberto fazem, com o objetivo de garantir de profissionais que não sabem informar é alta:
direitos dos/das adolescente de acessos às polí- SENAI (22,1%); SESC (40%); SESI (49,7%) e
ticas públicas que são centrais no processo de SENAC (29,4%). No Distrito Federal, o dado
socioeducação. relativo à satisfação com a parceria estabelecida
entre a unidade de atendimento socioeducativo
e a unidade do Sistema S foi obtido de forma
7.8.1.3.1. SISTEMAS: agregada32, tendo apresentado, dentre os/
as coordenadores/as da localidade, 75% que
PROFISSIONALIZAÇÃO demonstraram satisfação com a parceria e 25%
que se mostraram insatisfeitos/insatisfeitas.
Com relação a rede de parceiros do Sistema Dentre os/as profissionais integrantes das equi-
S31, cerca de 62% dos/das coordenadores/as e pes técnicas, 51,85% se mostraram satisfeitos/
57,1% dos/das profissionais das equipes técni- as e insatisfeitos/as com a parceria estabelecida,
cas dos CREAS afirmaram que o equipamento enquanto, 29,63% apresentaram insatisfação e
não mantém relação de parceria com as unida- 11,11% dos/as profissionais mostraram-se muito
des do Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SENAC) insatisfeitos/as com a parceria estabelecida com
e aproximadamente 35% dos/das coordenado- as unidades do Sistema S. Pode-se perceber que a
res/as e 33,2% dos/das profissionais das equipes profissionalização se configura como inacessível
técnicas afirmaram que mantém parceria. No à maioria dos/das adolescentes, pois apenas 1/3
Distrito Federal, ½ dos/as coordenadores/as dos/das profissionais afirmaram que há parceria
e 56,92% dos/as profissionais que compõem as com o Sistema S. Entretanto, dos que afirmaram
equipes técnicas das localidades informaram que positivamente, há uma satisfação majoritária
não há qualquer parceria estabelecida com as com o Sistema S. Diante do cenário de dificul-
unidades do Sistema S, enquanto 44,44% dos/ dade de inserção e permanência na escola, e,
as coordenadores/as e aproximadamente 42% desta forma, de acesso a trabalhos precários, a
dos/as profissionais afirmaram haver parceria formação profissional pode ser uma maneira
entre a unidade de atendimento e as unidades do de qualificação e inserção mais qualificada no
Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SENAC). Em São mercado de trabalho, e, assim, se constituir como
Paulo, o cenário é bastante similar ao das loca- estratégia importante para saída do contexto
lidades anteriormente apresentadas, de forma infracional e, sobretudo, de construção de proje-
ainda mais significativa, já que 63,46% dos/as tos de vida que potencializem a escolarização e
coordenadores/as e 73,58% dos/as profissionais formação dos/as adolescentes; em contraposição
que integram as equipes técnicas afirmaram que aos projetos que admitem e reforçam a lógica de
a unidade de atendimento socioeducativo não que tais adolescentes devem ser "reintegrados" à
mantém parceria com as unidades do Sistema sociedade, exclusivamente, pela via do trabalho,
seja este para suprir a necessidade de mão-de-o-
31
Na década de 1940 o Sistema S inicia sua estruturação no bra ou para garantir a força de trabalho precária
país com o objetivo de promover formação profissional, acesso e informal.
a lazer e cultura aos trabalhadores brasileiros. O sistema S é
um dos principais parceiros dos serviços de Medidas Socioe-
ducativas em Meio Aberto, o qual oferece cursos de profissio- 32
Na coleta do dado agregado, todos as unidades pertencentes
nalizantes em todo o país. Esse sistema se caracteriza como um ao Sistema S foram avaliadas simultaneamente, por meio da
conjunto de nove instituições de interesse de categorias profis- mesma questão. Questão realizada: Q.181/Q.182: Qual é seu
sionais, estabelecidas pela Constituição Federal (1988), com- grau de satisfação com a parceria estabelecida com as unidades
posto, entre outros, pelo: Serviço Nacional de Aprendizagem do Sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
Industrial (Senai), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da
Social da Indústria (Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem Indústria (Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem do Co-
do Comércio (Senac). mércio (Senac)?

142
S, enquanto 34,62% dos/as coordenadores/as e 26,42% dos/as componentes das equipes
técnicas informaram que as unidades de atendimento mantém parceria com as unidades do
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
Sistema S (SENAI, SESC, SESI, SENAC).
Parceria com unidades do Sistema S

0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,00%

8,70%
Não sabe informar 1,54%
0,00% Equipe Técnica CREAS

57,10% Equipe Técnica DF


Não 56,92%
73,58% Equipe Técnica SP

33,20%
Sim 41,54%
26,42%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

10
Na década de 1940 o sistema S inicia sua estruturação
Parceria no paísdo
com unidades com o objetivo
Sistema S de promover formação profissional,
acesso a lazer e cultura aos trabalhadores brasileiros. O sistema S é um dos principais parceiros dos serviços de medidas
socioeducativas em meio aberto, o qual oferece cursos de profissionalização em todo o país. Este sistema se caracteriza
como um conjunto de nove instituições de interesse de categorias profissionais, estabelecidas pela Constituição Federal
0,00%
(1988),
Preferecomposto, entre outros,
não responder pelo: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Social do Comércio
0,00%
(Sesc), Serviço Social da Indústria
0,00%(Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac).

3,00%
Não sabe informar 5,56%
1,92% Coordenação CREAS
Coordenação DF
62,00%
Não 50,00% Coordenação SP
63,46%

35,00%
Sim 44,44%
34,62%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

7.8.1.3.2. ACESSO À CULTURA, ESPORTE E históricos próprios do contexto social da criança


LAZER Com relação ao grau de satisfação come odosistema
adolescente, garantindo-se
S, 56,2% dos/das a estes a liber-se
profissionais
dade da criação e o acesso às fontes de cultura”;
considera satisfeitas com o SENAI; 32,2% estão satisfeitas com o SESC; cerca de 26% estão
Com relação a outro parceiro impor- e, ainda, “os municípios, com apoio dos Estados
satisfeitas com o SESI e 43,3% estão satisfeitas com o SENAC. Entretanto, a porcentagem de
tante no contexto das Medidas Socioeducativas e da União, estimularão e facilitarão a destinação
profissionais que não sabem informar é alta: SENAI (22,1%);
de recursos SESCpara
e espaços (40%); SESI (49,7%)
programações cultu- e
em Meio Aberto nos voltamos para a questão
SENAC (29,4%). No Distrito Federal, o dado relativo a satisfação com a parceria estabelecida
rais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
do acesso à cultura e ao lazer, tema do capítulo
entre a lei
VII da unidade de atendimento
do SINASE socioeducativo
(2012), “sobre a capacita- ee aa juventude”.
unidade doA Sistema S foi direito
garantia deste obtido éde forma
central
agregada 11, tendo apresentado, dentre os/as coordenadores/as da localidade, 75% que
ção para o trabalho e o acesso à cultura e lazer. para o processo socioeducativo.
demonstraram
No Estatuto dasatisfação
Criança e docom a parceria
Adolescente e 25% que se
(1990), Asmostraram insatisfeitos.
parcerias para Dentre
a cultura esporte os/as
e lazer
profissionais integrantes
no capítulo IV, Do Direitodas equipesàtécnicas,
à Educação, Cultura, 51,85%
podemse sermostraram satisfeitos
amplas e pensadas juntocom a parceria
à comunidade
estabelecida,
ao Esporte e aoenquanto, 29,63%
Lazer; previstos nos apresentaram
artigos 58 e insatisfação
na e 11,11%
qual o/a adolescente estádos/as profissionais
inserido/a, junto a
59, há tambémmuito
mostraram-se a previsão de recursoscom
insatisfeitos/as e espaços
a parceria estabelecidapúblicos,
equipamentos com as mas
unidades
também do se
Sistema
relacio-S.
destinados
Pode-se para tal, que
perceber de acordo com a realidade senando
a profissionalização configura como inacessível
com manifestações à esportivas
culturais, maioria dos e
do/da adolescente: “no processo
adolescentes, pois apenas 1/3 dos/das educacional de lazer
profissionais produzidas
afirmaram quepela comunidade.
há parceria com o Sistema
S.respeitar-se-ão
Entretanto, dosos valores culturais,positivamente,
que afirmaram artísticos e há uma satisfação majoritária com o sistema.
Diante do cenário de dificuldade de inserção e permanência na escola, e, desta forma, de acesso
a trabalhos precarizados, a formação profissional pode ser uma maneira de qualificação 143 e
inserção mais qualificada no mercado de trabalho, e, assim, se constituir como estratégia
importante para saída do contexto infracional.
Centro cultural ou esportivo. No caso do Distrito Federal, 62,5% dos/das coordenadores/as e 72,3%
dos/das profissionais das equipes técnicas afirmaram manter algum tipo de parceria com algum
dos/das profissionais das equipes técnicas afirmaram manter algum tipo de parceria com algum
Centro Cultural e Esportivo, um número mais elevado em comparação ao restante do país.
Centro
PESQUISACultural e Esportivo, um número mais elevado em comparação ao restante do país.
MEIO ABERTO

Parcerias com Centros Esportivos e Culturais

0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,30%
0,30%
1,89%
Não sabe informar 1,89%
3,08%
Não sabe informar 3,08%
9,10%
9,10%
37,74% Equipe Técnica SP
Não 24,62% 37,74%
Equipe Técnica SP
Não 24,62% 46,13% Equipe Técnica DF
46,13% Equipe Técnica DF
Equipe Técnica CREAS
22,64% Equipe Técnica CREAS
Sim, com outro Centro Cultural
Sim, com outro Centro Cultural 22,64% 61,54%
Esportivo 35,81% 61,54%
Esportivo 35,81%
37,74%
Sim, com a Praça CEU 10,77% 37,74%
Sim, com a Praça CEU 10,77%
8,65%
8,65%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Parcerias com Centros Esportivos e Culturais

0,00%
Prefere não responder 0,00%
Prefere não responder 0,33%
0,00%
0,33%
1,92%
Não sabe informar 0,00%
1,92%
Não sabe informar 3,97%
0,00%
3,97%
Coordenação SP
36,54% Coordenação SP
Não 37,50%
36,54%
Não 37,50% 48,01% Coordenação DF
48,01% Coordenação DF
Sim, com outro Centro Cultural 9,62% Coordenação CREAS
Sim, com outro Centro Cultural 0,00% 9,62% Coordenação CREAS
Esportivo 0,00% 39,40%
Esportivo 39,40%
51,92%
Sim, com a Praça CEU 51,92% 62,50%
Sim, com a Praça CEU 8,28% 62,50%
8,28%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

De acordo com o Projeto Juventude e propiciam uma convivência e reconhecimento


Em São Paulo, 3351,92% dos/das coordenadores/as e 37,74% dos/as profissionais que
Prevenção da
EmasSãoViolência
Paulo, , projetos
51,92% de
dos/das esporte e entre os/as jovens. dos/as profissionais que
compõem equipes técnicas que atuam coordenadores/as
na localidade afirmaram e 37,74%a existência de parceria com
cultura têm uma potência no sentido de preve-
compõem as equipes técnicas que atuam na localidade afirmaram aperguntados/as
Quando se o equipa-
existência de parceria com
nir a violência, pois possibilitam a canalização da mento mantém alguma relação de parceria
mesma, favorecendo uma convivência regrada com Centro de Esportes e Artes Unificados –
e Objeto
12
do Termo
pacífica. de Parceria
De acordo com 009/2008, firmado entre
o documento, o Ministério da Justiça e o Fórum Brasileiro de Segurança
estes Praça CEU ou outro Centro Cultural Esportivo
Pública
12
Objeto doestimulam
Termo de Parceria 009/2008,comportamen-
firmado entre o Ministério da Justiça e o Fórum Brasileiro de Segurança
projetos a mudança existente no município, 48,1% dos/das coorde-
Pública
tal, promovem o diálogo e resolução pacífica nadores/as e 46,13% dos/das profissionais das
de conflitos, e também canalizam a disposição equipes técnicas dos CREAS mencionaram não
da vontade de expressão e contestação social e existir parceria, enquanto 47,68% dos/das coor-
denadores/as e 44,46% dos/das profissionais
das equipes técnicas afirmaram que mantém
33
Objeto do Termo de Parceria 009/2008, firmado entre o Mi-
nistério da Justiça e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública relação com algum Centro Cultural ou Esportivo.

144
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

No caso do Distrito Federal, 62,5% dos/das coor- parceria estabelecida entre a unidade de aten-
denadores/as e 72,3% dos/das profissionais dimento socioeducativo e os Centros Esportivos
das equipes técnicas afirmaram manter algum e Culturais foi coletado de forma agregada34,
tipo de parceria com algum Centro Cultural e indicando que 51,06% dos/as profissionais
Esportivo, um número elevado em comparação das equipes técnicas mostraram-se satisfeitos
ao restante do país. com a parceria estabelecida, enquanto 14,89%
Em São Paulo, 51,92% dos/das coorde- disseram estar insatisfeitos e 8,51% muito insa-
nadores/as e 37,74% dos/as profissionais que tisfeitos. Observamos, assim, que mais de 65%
compõem as equipes técnicas que atuam na loca- dos/as respondentes (somando-se satisfeitos e
lidade afirmaram a existência de parceria com muitos satisfeitos) demonstraram satisfação com
Centro de Esportes e Artes Unificados; 9,62% a parceria estabelecida, dado que segue a tendên-
dos/das coordenadores/as e 22,64% dos/as inte- cia nacional e aponta para parcerias êxitosas
grantes das equipes técnicas afirmaram manter entre as unidades de atendimento socioedu-
alguma relação com outro Centro Cultural cativo e os Centros Esportivos e Culturais das
Esportivo; 36,54% dos/as coordenadores/as dos localidades, quando efetivamente estabelecidas
serviços e 37,74% dos/as profissionais afirma- e fomentadas.
ram não haver qualquer parceria dessa natureza, Aferimos que as parcerias culturais
1,92% dos/as coordenadores/as e 1,89% dos/as aparecem em quase metade das falas dos/das
profissionais das equipes técnicas não souberam profissionais das equipes técnicas, e para forma-
informar. São Paulo, dessa forma, também se ção para o trabalho apenas em 1/3 destas. As
caracteriza por uma localidade em que o percen- parcerias para a formação para o trabalho,
tual de respondentes que afirmaram a existência cultura, esporte e lazer fazem parte da garantia
de parcerias com Centros Culturais e Esportivos dos direitos previstos em lei no acompanha-
assume índices significativos, na ordem de mais mento de adolescentes em cumprimento de
de 60%. Medida Socioeducativa em Meio Aberto e exigem
Em relação ao grau de satisfação com o o esforço intersetorial para acontecerem.
Centro de Esportes e Artes Unificados - Praça
CEU, 75% dos/das coordenadores/as e 78,1%
dos/das profissionais das equipes técnicas 7.8.1.3.3. ATIVIDADES RELIGIOSAS
dos CREAS afirmaram que estão satisfeitos/
as, enquanto 12,5% dos/das coordenadores/ Além disso, foi possível perceber que
as mostraram-se insatisfeitos/as e outros 9% as parcerias dos serviços de proteção social
dos/das profissionais das equipes técnicas não a adolescentes em cumprimento de Medidas
souberam informar. Já quando foi perguntado Socioeducativas em Meio Aberto junto às insti-
sobre o grau de satisfação com a interação com tuições religiosas não passam dos 30% de
outro Centro Cultural, Esportivo ou Centro de respostas dos/as profissionais que compõem as
Convivência do Município, 75,6% dos/das coor- equipes técnicas destes equipamentos/serviços.
denadores/as e 67,1% dos/das profissionais Apesar da afirmação na lei do SINASE (2012),
das equipes técnicas afirmaram estar satisfei- sobre o respeito à diversidade religiosa, não há a
tos/as e quase 11% dos/das coordenadores/as e previsão de atividades e parcerias com entidades
19,1% dos/das profissionais das equipes técni- desta natureza. Ainda sobre a relação de parce-
cas relataram estar insatisfeitos/as. De acordo ria do equipamento com instituições religiosas
com os dados coletados, os níveis de satisfação para o desenvolvimento de ações e atividades
das equipes com as parcerias estabelecidas entre com os/as adolescentes em cumprimento de
as unidades de atendimento socioeducativo e medida, cerca de 70% dos/das coordenado-
os Centros Esportivos e Culturais das localida- res/as e 70% dos/das profissionais afirmaram
des são extremamente significativos e denotam não ter parceria. Dentre aqueles que afirmaram
que quando realizada tal parceria, esta tende manter relação de parceria com instituições reli-
a ser importante para o desenvolvimento do giosas, 19,4% dos/das coordenadores/as e 15,1%
trabalho planejado pelas equipes no acompanha- 34
Na coleta do dado agregado, todos os Centros Esportivos e
mento dos/as adolescentes em cumprimento de Culturais foram mencionados na mesma pergunta. Questão
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. realizada: Q.182. Qual é seu grau de satisfação com a parceria
estabelecida com Centro de Esportes e Artes Unificados - Pra-
Assim como no caso anterior, no Distrito ça CEU ou com outro Centro Cultural e Esportivo existente na
Federal, o dado relativo a satisfação com a região?

145
PESQUISA MEIO ABERTO

Parcerias com instituições religiosas


O equipamento mantém alguma relação de parceria com instituições religiosas para o
desenvolvimento de ações e atividades com os adolescentes em cumprimento de MSE?
0,79%
Sim, com outras instituições religiosas. Qual? 1,41% Coordenador Equipe Técnica
Prefere não responder 0,16% CREAS CREAS
1,41%
Sim, com instituições católicas 55 19,43% 96 15,12%
Não sabe
Sim, com instituições informar
evangélicas 9,92% 48 16,96% 81 12,76%
2,47%
Sim, com instituições espíritas 22 7,77% 25 3,94%70,08%
Não
Sim, com instituições de religiões de matriz africana 0 0,00% 4 0,63%69,96%
Sim, com instituições de religiões de matriz… 0,00% 0,63% 19
Não 8 69,96% 445 70,08%
Sim,informar
Não sabe com instituições espíritas 3,94% 7 2,47% 63 9,92%
7,77%
Prefere não responder 4 1,41% 1 0,16%
Sim, com instituições evangélicas 12,76%
Sim, com outras instituições religiosas. Qual? 16,96%
4 1,41% 5 0,79%
33
15,12%
Sim, com instituições católicas 19,43%
Total 8 283 720 635
0,00% 10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%

Série4 Série2

.
dos/das profissionais das equipes técnicas reali- Dentre os motivos para a não participação
zam parceria com instituições católicas e cerca de das equipes nas audiências judiciais, a maioria
17% dos/das coordenadores/as e 12,7% dos/das dos/as profissionais que compõem as equipes
profissionais das equipes técnicas mencionaram técnicas, correspondendo a 57,11% dos/as profis-
parceria com instituições evangélicas. sionais técnicos/as dos CREAS e 40,23% dos/as
profissionais que atuam no Distrito Federal, afir-
maram não participar das audiências judiciais
7.9. PARTICIPAÇÃO DAS EQUIPES NAS porque não há fluxo de solicitação ou informação
AUDIÊNCIAS JUDICIAIS sobre as audiências por parte da Vara da Infância
e Juventude. Dos 25,46% dos/as responden-
A participação dos/das profissionais tes que apontaram outros motivos para a não
que atuam junto aos/às adolescentes que estão participação nas audiência judiciais, indicaram,
cumprindo Medida Socioeducativa em Meio como outras razões, o fato de não receberem
Aberto pode ser importante para que haja mais qualquer tipo de convocação ou convite do juiz
elementos para a tomada de decisão do juiz. para participarem da audiência, argumento que
Desta forma, nesta seção é abordada a participa- denota a ausência de fluxo estabelecido entre a
ção da equipe técnica e coordenação dos CREAS unidade de atendimento socioeducativo e a Vara
e demais modalidades de serviços de proteção da Infância e Juventude. Outro motivo apon-
social à adolescente em cumprimento de Medida tado com recorrência como “outros” diz respeito
Aocioeducativa em Meio Aberto nas audiências ao fato de muitos/as profissionais acreditarem
judiciais. não ser de responsabilidade dos/as profissionais
Sobre a participação dos/das profis- das unidades de atendimento o comparecimento
sionais das equipes técnicas nas audiências nas audiências judiciais. Além disso, alguns
judiciais, aproximadamente 66% dos/as profis- profissionais externaram que a participação nas
sionais dos CREAS, 68,66% dos/as profissionais audiências judiciais era vista como um fator que
que atuam no serviço de acompanhamento dos/ colocava em risco à sua própria segurança ou até
das adolescentes em cumprimento de Medidas mesmo como uma situação que poderia compro-
Socioeducativas de Meio Aberto do Distrito meter o vínculo estabelecido com o/a adolescente
Federal afirmaram não participarem de tais em acompanhamento. A variável “considera que
audiências, enquanto 100% dos/as profissionais não há necessidade” também obteve percentual
que atuam no estado de São Paulo informaram de 12,84% dos/as profissionais respondentes
a sumária participação nas audiências judiciais. que atuam nos CREAS e 17,24% dos/as profis-
sionais que integram as equipes técnicas do

146
socioeducativas de meio aberto do Distrito Federal afirmaram não participarem de tais
audiências, enquanto 100% dos/as profissionais que atuam no estado de São Paulo informaram
a sumária participação nas audiênciasParte
judiciais.
I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Participação das equipes técnicas nas audiências judiciais

0,00%
Prefere não responder 0,00%
0,00%

0,00%
Não sabe informar 0,00%
0,46% Equipe Técnica SP
Equipe Técnica DF
0,00%
Não 68,66% Equipe Técnica CREAS
65,70%

100,00%
Sim 31,34%
33,84%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00%

Dentreoos
Distrito Federal, quemotivos paraum
representa a percentual
não participação dasFoi equipes
possível nasperceber
audiências quejudiciais,
não há aum
maioria dos/as
importante profissionais
quando refletimosqueno compõem
teor simbó- as equipes
fluxo detécnicas,
informação correspondendo
entre o Poder a 57,11%
Judiciário,
lico queprofissionais
dos/as possui o fatotécnicos/as
de muitos/asdosprofissionais
CREAS e 40,23% Vara da Infância
dos/as e Juventude,
profissionais que atuame osnoserviços
Distritoque
indicarem que a presença
Federal, afirmaram dos mesmos/as
não participar executam
nas judiciais
das audiências as Medidas
porque não há Socioeducativas
fluxo de solicitação em ou
Meio
audiências judiciais não é necessária. Aberto, no tocante à participação nas audiên-
informação sobre as audiências por parte da Vara da Infância e Juventude. Dos 25,46% dos/as
Ressaltamos que a periodicidade cias judiciais dos/as profissionais que realizam
respondentes que apontaram outros motivosdeparaoa acompanhamento
não participação nas audiência
direto dos/as judiciais,
adolescen-
participação nas audiências judiciais dos/as
indicaram, como outras razões o fato de não receberem tes. qualquer
Apenas 1/3tipo de convocação
dos/as profissionais ou afirmaram
convite
profissionais que indicaram participar, ainda
do juiz para participarem da audiência, argumento
que ocorra, se divide entre profissionais que afir- que denota
participar a
das ausência
audiênciasde fluxo estabelecido
judiciais, ainda que
entre a unidade de atendimento socioeducativo
maram participar frequentemente, 24,56% de e a Vara
mais da
da Infância
metade e Juventude.
destes Outro
profissionais motivo
estejam
apontado com
profissionais dosrecorrência
CREAS e 22,73% como de “outros”
técnicos/ presentes
diz respeito aoraramente ou nunca. A
fato de muitos/as baixa partici-
profissionais
acreditarem
as que atuamnão no ser de responsabilidade
Distrito pação dos/das
dos/as profissionais
Federal e raramente, dasprofissionais
unidades de que acompanham
atendimento o
correspondendo os/as adolescentes durante o cumprimento
comparecimentoanas 44,30% de profissionais
audiências que disso,
judiciais. Além alguns profissionais externaram que a
compõem as nas
equipes dos CREAS e era
68,18% das Medidas Socioducativas em Meio Aberto,
participação audiências judiciais vista de
como um fator que colocava em risco à sua própria
profissionais integrantes das equipes do Distrito nos espaços do Sistema de Justiça e vice-versa,
segurança ou até mesmo como uma situação que como poderia foicomprometer
possível observar o vínculo estabelecido
a partir da análise de
Federal.
com o/a adolescente em acompanhamento. A variável “considerapode
outras questões, quesernão
umhá necessidade”
fator que dificulta o
Já sobre o grau de satisfação obtido
também obteve percentual de 12,84% dos/as profissionais processorespondentes
socioeducativo, quejáatuam nospossui
que este CREAS uma
a partir da interação com o juiz durante as
e 17,24% dos/as profissionais que integram as equipes técnicas
relação direta comdoo êxito
Distrito Federal,
obtido o que
na articulação
audiências judiciais, observamos que o grau de
representaentre
um percentual entre os/as
no teorprofissionais do sistema
possui ode garantia
satisfação as equipesimportante
se mostrouquando
diferen-refletimos simbólico que fato de
muitos/as profissionais indicarem que a presença de
dos direitos,
mesmos/as garantido,
nas inclusive,
audiências por intermédio
judiciais não é
ciado, tendendo para satisfatório, para as equipes
de fluxos de atendimento. Dessa forma, pode-se
necessária.
dos CREAS e insatisfatório para as equipes que
afirmar que há um distanciamento, no aspecto
atuam no Distrito Federal. Nesta última 68,18%
aqui analisado, com relação a interação entre
dos/as profissionais se mostraram insatisfeitos/
os/as profissionais do serviço de proteção social
as e muito insatisfeitos/as – quando somados
a adolescentes em cumprimento de MSE/MA,
- com a interação com os/as magistrados/as
que são os que acompanham de maneira mais
durante as audiências judiciais e 31,82% mostra-
próxima o/a adolescente e o Sistema de Justiça,
ram-se satisfeitos/as e muito satisfeitos/as,
bem como deste último com a realidade do aten-
também em somatório. Em tendência inversa, as
dimento socioeducativo promovido na unidade
equipes dos CREAS indicaram 66,22% de satis-
de atendimento, sob seu viés pedagógico preco-
fação e muita satisfação com a interação com o
nizado pela socioeducação, e, sobretudo, no que
juiz durante as audiências judiciais, enquanto
tange a vida do/a adolescente.
23,68% se mostraram insatisfeitos/as ou muito
insatisfeitos/as.

147
10,34%
PESQUISA MEIO ABERTO Outro
25,46%

Motivação para a não participação das equipes técnicas nas audiências judiciais
0,00%
Prefere não responder
0,92%

10,34%
4,60%
Outro
Não sabe informar
5,05% 25,46%

Há fluxo de informação sobre 0,00%


Prefere não responder 12,64%
audiências, mas não há interesse por 0,92%
6,88%
parte da Vara da Infância e Juventude
Equipe Técnica DF
Não há fluxo de solicitação ou 4,60%
Não sabe informar 40,23% Equipe Técnica CREAS
informação sobre as audiências por 5,05%
57,11%
parte da Vara da Infância e Juventude
Há fluxo de informação sobre
12,64%
audiências, mas não
Transporte há interesse
indisponível poro
para 6,90%
6,88%
parte da Vara dadeslocamento
Infância e Juventude 1,61% Equipe Técnica DF
Não há fluxo de solicitação ou
40,23% Equipe Técnica CREAS
informação sobre as audiências por
Tempo insuficiente dentro da carga 8,05% 57,11%
parte da Vara da Infância e Juventude
horário de trabalho 11,01%

Transporte indisponível para o 6,90%


deslocamento 1,61% 17,24%
Considera que não há necessidade
12,84%
Tempo insuficiente dentro da carga 8,05%
horário de trabalho 0,00% 10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%
11,01%

A que se salientar que a periodicidade


Considera que não há necessidade
17,24%de participação nas audiências judiciais dos/as
profissionais que indicaram participar, ainda12,84%
que ocorra, se divide entre profissionais que afirmaram
participar frequentemente, 24,56% de profissionais dos CREAS e 22,73% de técnicos que atuam no
Distrito Federal e raramente, correspondendo a 44,30% de profissionais que compõem as equipes dos
0,00% 10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%
CREAS E 68,18% de profissionais integrantes das equipes do Distrito Federal.
A que se salientar que a periodicidade de participação nas audiências judiciais dos/as
Periodicidade de participação das equipes técnicas nas audiências judiciais
profissionais que indicaram participar, ainda que ocorra, se divide entre profissionais que afirmaram
participar frequentemente, 24,56% de profissionais dos CREAS e 22,73% de técnicos que atuam no
Distrito Federal e raramente, correspondendo a 44,30% de profissionais que compõem as equipes dos
Prefere não responder 0,00%
CREAS E 68,18% de profissionais
0,44% integrantes das equipes do Distrito Federal.

Não sabe informar 4,55%


1,32%

Nunca 0,00%
Prefere não responder 0,00%7,02%
0,44% Equipe Técnica DF
Raramente 68,18% Equipe Técnica CREAS
Não sabe informar 4,55% 44,30%
1,32%
Frequentemente 22,73%
Nunca 0,00% 24,56%
7,02%
Equipe Técnica DF
Sempre 4,55% 68,18%
Raramente 22,37% 44,30% Equipe Técnica CREAS

0,00% 10,00% 20,00%22,73%


30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%
Frequentemente 24,56%

Sempre 4,55%
22,37%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

148
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

7.10. ADESÃO AO PIA que integram as equipes técnicas dos CREAS e


14,93% dos/as profissionais das equipes técni-
Os/as profissionais que atuam no cas do DF afirmaram possuir tal informação.
acompanhamento dos/das adolescentes em Ainda obtivemos um percentual considerável de
cumprimento das Medidas Socioeducativas em profissionais que não souberam informar, carac-
Meio Aberto, de certa forma, atuam também terizando 13,94% dos/das profissionais técnicos/
como agentes protetivos e agentes transformado- as dos CREAS e 11,94% dos/das profissionais das
res de realidades, conforme evoca o artigo 1º do equipes técnicas do Distrito Federal.
Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez Já em relação as coordenadores/as dos
que buscam ressignificar aspectos da vida dos/as CREAS, as respostas somam 44,95% destes/
adolescentes, entendendo-os/as em sua condi- as afirmando que tinham informações sobre a
ção específica de pessoa em desenvolvimento. quantidade de adolescentes que aderiram ao
Assim, a adesão ao PIA pode ser compreendida PIA, enquanto 42,67% relataram não ter tal
como uma responsabilidade de todos os atores informação. Dentre os coordenadores/as do
que compõem a rede da Política de Atendimento serviço de proteção social a adolescentes em
Socioeducativo em Meio Aberto. cumprimento de Medidas Socioeducativas em
Com o intuito de analisar a eficiência Meio Aberto do Distrito Federal, 26,32% afirma-
dos serviços e programas e situações diversas ram dispor de informações sobre a adesão dos
às quais os/as adolescentes estão vinculados/ adolescentes ao PIA, enquanto 57,89% de profis-
das, foi perguntado aos/às profissionais que sionais desta mesma categoria afirmaram que
compõem as equipes técnicas dos CREAS, bem não dispunham de tal informação. Já os coor-
como as equipes dos demais serviços que execu- denadores/as dos serviços de acompanhamento
tam a política de atendimento
Já sobre socieducativo
o grau de satisfação e ados
obtido adolescentes
partir em cumprimento
da interação de Medidas
com o juiz durante as
audiências judiciais, observamos que o grau de satisfação entre as equipes se estado
efetivam o acompanhamento dos/as adolescen- Socioeducativas em Meio Aberto do mostrou de
tes em cumprimento de Medida Socioeducativa São Paulo, a grande maioria, 77,36%, informou
diferenciado, tendendo para satisfatório, para as equipes dos CREAS e insatisfatório para as
em Meio Aberto, sobre a quantidade de PIAs que não ter informações sobre a adesão dos/das
equipes que atuam no Distrito Federal. Nesta última 68,18% dos/as
adolescentes ao PIA,profissionais se mostraram
no ano de 2018, enquanto
não tiveram adesão em 2018.
insatisfeitos/as e muito insatisfeitos/as – quando somados
apenas 3,77% - com
dos/das a interação
coordenadores com dosos/as
servi-
Mais da metade dos/das profissionais das
magistrados/as durante as audiências judiciais e ços 31,82% mostraram-se
executados nessa satisfeitos/as
localidade e
afirmarammuito
ter
equipes técnicas dos CREAS (61,36%) e 73,13%
satisfeitos/as, também em somatório. Em tendência inversa, assobre
informações equipes
a dos CREAS
adesão dos/das indicaram
adolescen-
dos/das profissionais que compõem as equi-
66,22% de satisfação
pes técnicas que atuam enos
muita satisfação
serviços com a tes
do Distrito interação
ao PIA. com o juiz durante as audiência
judiciais, enquanto 23,68% se mostraram
Federal afirmaram que não tinham essa infor- insatisfeitos/as oualto
O muito insatisfeitos/as.
percentual de respondentes, tanto
mação, enquanto 23,64% dos/das profissionais da equipe técnica como da coordenação dos

Grau de satisfação das equipes quando em interação com o juiz, durante as audiências
judiciais

Prefere não responder 0,00%


3,95%

Não sabe informar 0,00%


6,14%

Muito satisfeito(a) 4,55%


10,96%
Equipe Técnica DF
Satisfeito(a) 27,27% Equipe Técnica CREAS
55,26%

Insatisfeito(a) 40,91%
18,42%

Muito insatisfeito(a) 27,27%


5,26%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

149
Foi possível perceber que não há um fluxo de informação entre o Poder Judiciário, Vara
da Infãncia e Juventude, e os serviços que executam as medidas socioeducativas em meio aberto,
cnicos dos CREAS e 11,94% dos/das profissionais das equipes técnicas do Distrito Federal

PESQUISA MEIO ABERTO

14
Profissionais dispunham de informações sobre a quantidade de PIAs que
não tiveram adesão do/a adolescente em 2018

Prefere não responder 0,00%


1,06%

Não sabe informar 11,94%


13,94%
Equipe Técnica DF

Não 73,13% Equipe Técnica CREAS


61,36%

Sim 14,93%
23,64%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%

serviços, que informou, no momento da abor- do CREAS e/ou na rotina dos/das adolescentes
dagem, não dispor de informações
Já em relação as coordenadores/as dos relativas à (18%); e condições
CREAS, as psicossociais
respostas –somamuso abusivo
44,95%
adesão do/a adolescente ao Plano Individual de substâncias ilícitas, envolvimento em tráfico
estes/as afirmando que tinham informações sobre a quantidade de adolescentes que aderiram
de Atendimento – PIA, no ano de 2018, sina- de drogas, participação em facções e/ou conflitos
o PIA, enquanto 42,67%
liza uma questão relataram
relevante para anão ter de
política tal informação. Dentre os coordenadores/as do
territoriais (16%).
erviço deatendimento
proteção social a adolescentes
socioeducativo, sobretudoem no cumprimento
que A de
nãomedidas
adesão aosocioeducativas em meio
PIA é um indicador
berto dose Distrito
refere às Federal, 26,32% afirmaram
Medidas Socioeducativas em Meio dispor de informações
importante para compreendersobre a adesão
as questões do dos
Aberto:
dolescentes aoaPIA,necessidades
enquanto de 57,89%
obtenção de de profissionais
infor- desta mesma
atendimento categoria
socioeducativo, tendoafirmaram
em vista que
mações que garantam às equipes técnicas à que estedosé o serviços
instrumental que guia o atendi- do
ão dispunham de tal informação. Já os coordenadores/as de acompanhamento
compreensão das motivações para a não adesão mento e o acompanhamento do/da adolescente
dolescentes
dos/das emadolescentes
cumprimento deisto
ao PIA, medidas socioeducativas em meio aberto
é, à identifica- do estado de São
em cumprimento de MSE/MA, ou seja, quando
aulo, a ção grande maioria,encontradas
das fragilidades 77,36% para informou não abordamos
se efetivar ter informações sobre a adesão dos/das
este tema estamos falando da Medida
dolescentes ao PIA,
o processo no ano de
socioeducativo, de 2018, enquanto
sensibilização e apenas 3,77%
Socioeducativa dos/das
em sua coordenadores
essência, como um todo dos
engajamento dos/das adolescentes, bem como e, sobretudo, de sua efetividade na perspectiva de
suas famílias, para o cumprimento das metas como esta foi pensada no SINASE. Foi afirmado
em tela não foi direcionada
estabelecidas à equipe técnica
no instrumento, porque opera o serviço no estado de São Paulo, uma vez que os dados mais es
intermédio
supervisão dos CREAS que supervisionam o trabalho das entidades pelos/as profissionais
executoras dos CREAS
das medidas que mais daem meio abe
socioeducativas
da concretização da socieducação e suas dire- metade dos/as adolescentes não aderem ao PIA
trizes pedagógicas. Dessa forma, por meio da por questões relacionadas à sua realidade (dese-
compreensão dos motivos para a adesão, ou não, jos e necessidades). Isto é, de alguma maneira, o
do/a adolescente ao PIA, seria possível perceber: que está sendo previsto no PIA representa uma
onde e de que forma a política de atendimento série de metas que podem não estar caracteri-
socioeducativo, em Meio Aberto, pode potencia- zando aquilo que é concreto na realidade do/da
lizar a adesão ao PIA e quais ações fragilizam a adolescente e até mesmo, não refletir a partici-
adesão dos/as adolescentes ao PIA. pação ativa do/da adolescente na construção, e,
Também foi questionado aos/às profis- dessa forma, não indicar suas reais possibilida-
sionais das equipes técnicas quais os três des, contribuindo para o não engajamento.
principais motivos para a não adesão ao PIA. O segundo motivo mais evocado pelos/
Entre as respostas foi possível agrupar em alguns as profissionais para justificar a não adesão dos/
itens: incompatibilidade com as necessidades e das adolescentes ao PIA refere-se à dificuldade
desejos do/da adolescente (55%); dificuldade de de mobilidade enfrentada pelos/as adolescentes,
mobilidade por parte do/da adolescente (18%); na maioria dos casos em decorrência das vulne-
a dificuldade na articulação com a rede de servi- rabilidades sociais que inviabilizam o acesso
ços públicos (16%); ausência da participação destes/as ao transporte público e à cidade. Tal
de familiares e/ou responsáveis nas atividades situação trata-se de uma violação de direitos,

150
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Profissionais dispunham de informações sobre a quantidade de PIAs que


não tiveram adesão do/a adolescente em 2018

0,00%
Prefere não responder 0,00%
1,63%

18,87%
Não sabe informar 15,79%
10,75% Coordenação SP
Coordenação DF
77,36%
Não 57,89% Coordenação CREAS
42,67%

3,77%
Sim 26,32%
44,95%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%100,00%

pois foi afirmado por 18% dos/das profissionais risco impossibilita o cumprimento dos acordos
O alto
que os/aspercentual
adolescentesdenãorespondentes,
aderem ao PIA tanto
por da equipenotécnica
realizados como
PIA, o que podedanos
coordenação
indicar que dos
dificuldade de mobilidade e por não conseguirem
serviços, que informou, no momento da abordagem, não dispor de informações arelativas
há uma incompatibilidade do PIA com reali- à
ter garantido o acesso aos serviços, situação que dade de alguns adolescentes em cumprimento de
adesão do/a adolescente ao
denota extrema gravidade . Plano
35 Individual de Atendimento – PIA, no ano de
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, que2018, sinaliza
uma questão de suma relevância para a política
Outro aspecto evidenciado sobre a não de atendimento
necessitam socioeducativa,
que haja uma ampliação de sobretudo
fatores de no
proteção . Dessa
que se refere às medidas socioeducativas em meio aberto: a necessidades de obtenção de
adesão refere-se a razões psicossociais, principal-
37
forma, podemos ainda presu-
mente
informações quecomgarantam
relação ao uso
às eequipes
comércio de drogas àmir
técnicas
que este fator de não adesão possui relação
compreensão das motivações para àa não
e participação dos/das adolescentes em cumpri- direta com a vulnerabilidade social associada
adesão dos/das
mento das adolescentes ao PIA, isto
Medidas Socioeducativas emé,Meio
à identificação das fragilidades
realidade vivenciada por este/estaencontradas
adolescente, o para
que gera efeitos
se efetivar o processo socioeducativo, de sensibilização e engajamento dos/das
Aberto em situações de risco (envolvimento em nas possibilidades queadolescentes,
este/esta
facções criminosas, disputas e conflitos territo- terá para, efetivamente, cumprir, a MSE/MA.
bem como suas famílias, para o cumprimento da medida por intermédio da concretização da
riais), que apareceu em 16% das respostas dos/as Nesta pergunta pode-se perceber
socieducação e suas
profissionais que diretrizes
compõem as pedagógicas.
equipes técnicas, eDessa tambémforma, por relacionados
aspectos meio da compreensão
a intersetoriali- dos
motivos para a adesão, ou não, do/a adolescente ao PIA, seria possível perceber:
ainda, 5% disseram ser por razão de falecimento dade, abordada anteriormente, já queonde e de que
16% dos/
do/a adolescentes em decorrência de homicí- as adolescentes não aderem ao PIA por ques-
forma a política de atendimento socioeducativa, da medida em meio aberto, pode potencializar
dio36. Assim, o envolvimento em situações de tões relacionadas a articulação com os serviços
a adesão ao PIA e quais ações fragilizam a adesão públicos, dos/as oadolescentes
que impossibilita aoo PIA.
cumprimento das
A maioria dos/as profissionais que compõem as equipes téc-
35

Também
nica dos CREASfoi questionado
(53,17%) e 52,29% dos/das aos/às profissionais das equipes técnicas
coordenadores/ metas do instrumento, e, quais os três
consequentemente,
as dos CREAS abordado nessa pesquisa informaram que os/ diminui as possibilidades de atuação dos fato-
principaisasmotivos para a não adesão ao PIA. Entre
adolescentes que acessam o serviço de proteção social a ado- as respostas, foi possível agrupar em alguns
lescente em cumprimento de Medida Socioeducativa em Meio res de proteção projetados a partir da interação
itens: incompatibilidade
Aberto o fazem por conta com as necessidades
própria, e desejos
sem receberem qualquer entre do(a) adolescente
as políticas de atenção(55%); dificuldade
ao adolescente em de
mobilidade por parte do(a) adolescente (18%); a dificuldade na articulação com a rede de
tipo de auxílio disponibilizado pelo serviço. Somente no esta-
do de São Paulo e no Distrito Federal é que foram observados
cumprimento de Medida Socioeducativa em
Meio Aberto. Nesse caso, não se trata de uma não
serviços públicos
índices mais (16%);
elevados - ausência
acima de 50% no daDFparticipação
e acima de 80% de familiares e/ou responsáveis nas atividades
em SP - de respondentes, pertencentes às equipes técnicas, adesão do/a adolescente ao PIA, propriamente
do CREAS quee/ou na rotina
informaram dos adolescentes
que o deslocamento (18%);
dos/as adolescentes até e condições psicossociais – uso abusivo de
os equipamentos é promovido por meio do auxílio transporte Fatores de proteção aqui compreendidos como estratégias e/
substâncias ilícitas, envolvimento em tráfico de drogas, ou ações,participação em institucional
facções ou e/ou conflitos
37
fornecido pelo serviço.
de cunho metodológico, normativo
territoriaismais
(16%).
Os índices de Homícidio na adolescência têm sido cada vez que possam garantir e efetivar a proteção social e/ou minimi-
36

nefastos. Para acesso aos dados completo ver a última zem os riscos sociais a que os/as adolescentes em cumprimento
publicação do IHA – Índice de Homícidio na Adolescência, das Medidas Socioeducativas estão submetidos/as. Tais fatores
de 2014. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/me- de proteção podem ser possibilitados por meio do acesso às po-
dia/1231/file/IHA_2014.pdf. Acesso em 01 de fevereiro de líticas públicas, bens e serviços, atendimentos em rede, escuta
2020. à família do/a adolescente, dentre outras estratégias.

151
PESQUISA MEIO ABERTO

dita, mas de uma ineficiência de interação entre ser analisado em suas raízes e múltiplas expres-
as políticas públicas de atenção ao/à adolescente, sões, e, considerando suas representações sociais
sobretudo os que se encontram em cumprimento que são construídas principalmente pela mídia e
de Medida Socioeducativa em Meio Aberto., haja nas vivências cotidianas, que são produzidas e
vista a necessidade de que a garantia de seus reproduzidas no cotidiano e ideário social. No
direitos seja possibilitada por intermédio das caso da pesquisa em tela, que visa refletir sobre
ações em rede, de fato integradas e em sinergia. . o Sistema Socioeducativo, com ênfase na polí-
tica de Atendimento Socioeducativo em Meio
Aberto, a violência que foi tratada junto aos
8. VIOLÊNCIAS CONTRA OS/AS entrevistados/as relacionou-se à violência física,
ADOLESCENTES principalmente quando há o risco de morte,
e, também, no que se refere às motivações das
O tema da violência contra o/a adoles- violências, ou seja, sobre as violências estrutu-
cente compõe uma seção no relatório de pesquisa rais, como de classe (por ser pobre), raça (por ser
por estar muito presente na vida dos sujeitos que negro) e gênero (por ser mulher e/ou população
estão no Sistema Socioeducativo em Meio Aberto, LGBT), que nos permite refletir acerca dos riscos
exigindo que sejam criadas estratégias efetivas de a que estão expostos os/as adolescentes “alvos”
compreensão das situações, motivações, a fim de do Sistema Socioeducativo.
potencializar as formas de combate às mesmas. Quando se trata de violência contra crian-
Dessa forma, na presente seção, serão aprofun- ças e adolescentes seria necessário se amparar
dadas questões sobre as violências que ocorrem nestes valores universais defendidos pela legis-
com os/as adolescentes: primeiramente, sobre lação internacional, na qual são entendidos/as
a existência de relatos feitos pelos/as mesmos/ como pessoas em desenvolvimento, o que torna
as aos profissionais, depois, sobre denúncias os efeitos das violências contra este grupo ainda
de ameaça de morte e violências; em seguida mais nocivos. Desta forma, o combate à violên-
quem são os autores das ameaças, e quais são cia de qualquer tipo que possa ser perpetrada
as formas e motivações das violências perpetra- contra este grupo deve ser prioridade do Estado.
das contra os/as adolescentes em cumprimento As violências contra a criança e o/a adoles-
de MSE/MA, possibilitando um aprofundamento cente são categorizadas da seguinte maneira, de
nos tipos de violências e suas raízes estrutu- acordo com duas leis estabelecidas em 20142 e
rais. Também foi abordada a violência relatada 20173 e incorporadas ao Estatuto da Criança e do
nas oitivas e audiências e, por fim, foi tratada a Adolescente (1990): violência física, psicológica
implementação de ações quando há situação de e/ou sexual4.
ameaça de morte no âmbito do Judiciário e do
Sistema de Garantia de Direitos. Outro aspecto e ações humanas que se opõem, questionam ou perturbam a
tratado foi sobre a maneira como as denúncias paz ou a ordem reconhecida como legítima. Seu uso corrente
compreende o emprego de força brutal, desmedida, que não
feitas são encaminhadas e como o/a adolescente respeita limites ou regras convencionadas” (ADORNO; NERY,
seria protegido/a quando tal proteção ocorre, 2019, p.171). Alba Zaluar também nos ajuda a compreender
principalmente no que diz respeito à estrutura este fenômeno, afirmando que a violência tem um significado
polifônico: “é, portanto, a percepção do limite e da perturba-
formalizada e condições para que a denúncia ção (e do sofrimento que provoca) que vai caracterizar um ato
seja feita, e também com relação aos progra- como violento, percepção esta que varia cultural e historica-
mente”. Seria importante também considerar os valores uni-
mas de proteção à vida, incluindo o PPCAAM versais e direitos fundamentais que “obrigaria a pensar sobre a
– Programa de Proteção à Criança e Adolescente violência pelo lado dos limites que tais valores e direitos impo-
Ameaçado de Morte, e sobre o monitoramento riam à liberdade individual ou coletiva” (ZALUAR, 1999, p.8)
dos casos de ameaça de morte, interação entre
2
LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014. Altera a Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adoles-
os CREAS e o programa de proteção, bem como cente), para estabelecer o direito da criança e do adolescente de
o fluxo de atendimento. Desta forma, pode-se serem educados/as e cuidados/as sem o uso de castigos físicos
compreender quais as violências ocorrem na vida ou de tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996.
dos/das adolescentes, e, ainda, como são trata- 3
LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017. Estabelece o sistema
das pelo Estado. de garantia de direitos da criança e do/da adolescente vítima
ou testemunha de violência e altera a Lei nº 8.069, de 13 de
Entende-se a violência1 como um termo
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
amplo que, para ser compreendido, necessita 4
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipifi-
cação das condutas criminosas, são formas de violência:
1
De acordo com Sérgio Adorno, sociólogo que estuda o tema da - violência física, entendida como a ação infligida à criança ou
violência, ela pode ser conceituada da seguinte maneira: “fatos ao/à adolescente que ofenda sua integridade ou saúde corporal

152
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

8.1. ESPECIFICIDADES DAS situação vem afetando as vidas destes/as adoles-


VIOLÊNCIAS VIVENCIADAS PELOS/AS centes e de suas famílias e quais as alternativas
ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO para combatê-la.
DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM A violência aqui problematizada pode ser
MEIO ABERTO5 entendida como a condição de risco a que está
exposta parcela dos/das adolescentes e jovens
De acordo com os dados coletados por brasileiros/as, sobretudo, os que estão nas
meio da pesquisa, foi possível observar que há Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, cuja
violência contra os e as adolescentes que possuem potencialização de fatores de risco associada à
vínculo com o Sistema Socioeducativo e, daqueles fragilização de fatores de proteção predispõe a
que se encontram em cumprimento das Medidas estes adolescentes uma condição de vulnerabi-
Socioeducativas em Meio Aberto, no espaço lidade e risco social, por vezes, implacável que
doméstico, nas ruas e também perpetrada pelo os expõe, inclusive, à violência letal. A partir de
Estado, pela Polícia e em unidades de internação. pesquisa realizada desde 2007, que criou o Índice
Os motivos apresentados são: motivos raciais, de de Homicídios na Adolescência (IHA), foi possí-
classe, gênero e também por questões relaciona- vel constatar que, nos municípios com mais de
das às drogas. A violência e o risco de morte são 100 mil habitantes, o índice é de 2,98 de mortes
condições que os meninos e meninas que estão de adolescentes por mil habitantes, ao longo do
cumprindo Medidas Socioeducativas em Meio ciclo da adolescência (12-18 anos), o que significa
Aberto estão sujeitos/as a sofrer e constitui-se que mais de 42 mil adolescentes foram vítimas
como essencial compreender de que maneira tal de homicídio nos municípios de mais de 100.000
habitantes entre 2013 e 2019.
ou que lhe cause sofrimento físico;
De acordo com o levantamento da orga-
5
I- violência psicológica:
nização da sociedade civil mexicana Segurança,
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou desres-
peito em relação à criança ou ao adolescente mediante ame- Justiça e Paz6, o Brasil e o México estão entre
aça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, os países mais violentos do mundo. Em ranking
agressão verbal e xingamento, ridicularização, indiferença, ex- produzido pela ONG, em 2019, das 50 cidades
ploração ou intimidação sistemática (bullying) que possa com-
prometer seu desenvolvimento psíquico ou emocional; mais violentas, 10 são brasileiras – a juventude
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interfe- vem matando e morrendo em números alarman-
rência na formação psicológica da criança ou do/da adolescen- tes em nosso país.
te, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou
por quem os/as tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, Já de acordo com o Atlas da Violência,
que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabe- produzido pelo IPEA (2019), pôde ser observado
lecimento ou à manutenção de vínculo com este;
que vem ocorrendo um aumento dos núme-
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o/a adolescen-
te, direta ou indiretamente, a crime violento contra membro ros referentes a homicídios de jovens de 15-29
de sua família ou de sua rede de apoio, independentemente do anos no Brasil, havendo, em 2017, 35.783 mil
ambiente em que cometido, particularmente quando isto o/a
torna testemunha;
homicídios no Brasil, uma taxa de 31,6 por mil
II - violência sexual, entendida como qualquer conduta que
habitantes, o maior número da história. Isto
constranja a criança ou o/a adolescente a praticar ou presen- representa um aumento de 6,7 em relação a 2006
ciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, inclusi- e ainda um aumento de 37,5% em relação a 2007.
ve exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou
não, que compreenda: Além disso, 75,5% das vítimas de homi-
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da cídios no Brasil, em 2017, são negras, revelando
criança ou do/da adolescente para fins sexuais, seja conjunção a desigualdade racial a que esta população esta
carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial
ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou submetida, de forma ainda mais acirrada, tendo
de terceiro; como consequência a crescente violência letal a
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da crian- que esta exposta e o encarceramento em massa.
ça ou do/da adolescente em atividade sexual em troca de remu-
neração ou qualquer outra forma de compensação, de forma
A partir dos dados do Levantamento Anual do
independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, SINASE (2016), 59,08% dos/das adolescentes
seja de modo presencial ou por meio eletrônico; são negros/as (pretos/as/pardos/as) e 22,49%
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o trans- brancos/as, assim como a população carcerá-
porte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da
criança ou do/da adolescente, dentro do território nacional ou ria, na qual 61,67% são pessoas negras e 37,22%
para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante brancas (INFOPEN, 2019).
ameaça, uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude,
engano, abuso de autoridade, aproveitamento de situação de
vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de pagamento, entre
os casos previstos na legislação; 6
http://www.seguridadjusticiaypaz.org.mx/

153
profissionais entrevistados/as sobre relatos de violência e ameaça de morte por parte dos/as
adolescentes, por intermédio das seguintes perguntas: quais os 3 autores que mais cometem
PESQUISA MEIO ABERTO

violência, as 3 formas de violência mais cometidas e as 3 principais motivações para o


cometimento de violências.
Se comparado Estas questões
aos números referentestêma como objetivo
processo, possibilitar
e, ainda, uma visão
de que maneira elas completa
têm uma e
população brasileira, pode-se perceber como há relação de complementaridade.
aprofundada sobre as diferentes faces deste processo, e, ainda, de que maneira elas têm uma
mais negros/as presos/as, proporcionalmente, Primeiramente, foi possível constatar
relação de complementaridade.
com relação aos/às brancos/as, já que no Brasil que há um alto índice de profissionais que afir-
Primeiramente,
há 53,63% de negros/asfoie possível
45,48% deconstatar
brancos/as que há um alto índice de profissionais que afirmam
mam haver relato de violência e ameaça de
haver relato
(IBGE, de violência e ameaça de morte durante
2019). morteadurante
realização das oitivas
a realização e audiências
das oitivas e audiên-de
apresentação, bem como nos serviços de assistência cias desocial (CREAS),
apresentação, bemocomo
que nos
pode expressar
serviços de
como Assistência Social (CREAS), o que pode expres-
8.2.osRELATO
adolescentes estão submetidos
DE VIOLÊNCIAS E DE a situações de risco no contexto de ato infracional e
sar como os/as adolescentes estão submetidos a
nasAMEAÇAS
instituições de privação de liberdade.
situações de risco no contexto de ato infracional
Quando perguntados se houve algum alerta, durante
e nas a oitiva
instituições ou a audiência,
de privação relacionado
de liberdade.
à ameaçaComo parte ou
de morte da compreensão da violência
violência cometida contra o adolescente autor de ato infracional,
Quando perguntados se houve algum 61,3%
contra os/as adolescentes, foi perguntado aos/
dos promotores, 71% dos defensores públicos e 50,4% alerta, dos juízes
durante afirmaram
a oitiva que houve
ou a audiência, alerta.
relacio-
às profissionais entrevistados/as sobre relatos
Esses dados nos provocam a refletir nado
sobre queà tipo
ameaçade de morteéou
espaço violência
dado ao cometida
adolescente
de violência e ameaça de morte por parte dos/
contra o/a adolescente autor/a de ato infracio-
paraasque ele se sinta
adolescentes, porseguro, durante
intermédio a audiência, a relatar para o juiz um episódio de ameaça
das seguintes
nal, 61,3% dos/das promotores/as de justiça,
perguntas: A
ou violência. quais os 3 autores
pergunta foi feitaque mais come-
utilizando a expressão “durante os procedimentos
71% dos/as defensores/as públicos/asdee oitiva
50,4%ou
tem violência, as 3 formas de violência mais
audiência” e foi possível perceber que há considerável diferença
dos/as juízes/as entreque
afirmaram oshouve
percentuais
alerta. da
cometidas e as 3 principais motivações para o
Defensoria Pública
cometimento e dos juízes,
de violências. Estasdesta forma,
questões têm é possívelEsses
que dados
muitos nosrelatos tenham
provocam sido
a refletir feitos
sobre
durante
comoaobjetivo
entrevista prévia reservada
possibilitar uma visão com que tipo mas
o/a defensor/a,
completa de espaço
que os éadolescentes
dado ao/à adolescente
não tenham
e aprofundada para que ele se sinta seguro, durante a audiên-
se sentido segurossobre
paraasconfirmar
diferentesperante
faces deste
o juiz.
cia, a relatar para o juiz/juíza um episódio de

Recebimento de algum alerta, durante a oitiva ou a audiência, relacionado à ameaça de


Houve morte
algumou alerta
violência
de cometida
ameaça de contra o/aou
morte adolescente autor de pelo
violência relatada ato infracional
adolescente
durante os procedimentos de oitiva ou audiência de apresentação?
Sim Promotor Defensor
50,41% 71,03% Juiz
61,31%
71,03 50,41
Não 47,11%
Sim 8414,95%
61,31% 34,31%76 % 61 %
2,48% 14,95 47,11
Não sabe informar
2,92% 14,02%
Não 0,00% 47 34,31% 16 % 57 %
Prefere Não responder
1,46% 14,02
Não sabe informar 0% 10% 4 20% 2,92%
30% 40% 15 50% 60% % 70% 3 80% 90% 2,48%100%
Prefere Não responder 2 1,46% 0 0,00% 0 0,00%
Total 137Juiz Defensor 107 Promotor
121
Com que frequência o adolescente relatou ameaça de morte durante audiência
Frequência
Sobre com que o/a
a frequência adolescente relatou ameaçarelataram
de morte durante
ameaçaaudiência de durante
de apresentação emcom
2018?que os adolescentes
apresentação, no ano de 2018
de morte
audiência Sempre
de apresentação em 2018, cerca de 50% dos juízes3afirmam que foi raramente, 32,7%
4,92%
afirmaramFrequentemente
que foi frequentemente
Sempre e, ainda cerca de 5% informaram
20 que os adolescentes sempre
32,79%
relatam ameaça de morte durante a realização da audiência de
Frequentemente
Raramente 30 apresentação.
49,18%
Nunca
Raramente 4 6,56%
Não sabe informar
Nunca 3 4,92%
Não sabe informar
Prefere Não responder

0% 10%
Prefere Não responder 20% 30% 40% 50% 60%
1 70%
1,64%80% 90% 100%
Total 61

154
Já quando foi perguntado às coordenadoras dos CREAS e às profissionais das equipes
técnicas se durante o cumprimento de medida socioeducativa nos últimos dois anos (2017/2018)
Já quando foi perguntado às coordenadoras dos CREAS e às profissionais das equipes
técnicas se durante o cumprimento de medida socioeducativa nos últimos dois anos (2017/2018)
houve algum alerta por parte do adolescente
Parte I: quanto
Panorama a
da ameaça de morte,Socioeducativo
política de Atendimento a violência em ou
MeioaAberto
tentativa
(2017 e 2018)

de suicídio, cerca de 62% dos/das coordenadores/as e 66,1% dos/das profissionais das equipes
técnicasRecebimento
afirmaram que dehouve.
algum alerta, durante o cumprimento da Medida Socioeducativa
em Meio Aberto relacionado à ameaça de morte ou violência cometida contra
o/a adolescente autor de ato infracional
Houve algum alerta, por parte do adolescente, relacionado à ameaça de morte, à violência ou
à tentativa de suicídio
Sim durante o cumprimento de medida socioeducativa nos últimos dois
66,14%
61,84%
anos (2017/2018)? 22,05%
Não
25,44%
Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
Não sabe informar 11,02%
Sim 12,01% 175 61,84% 420 66,14%
Não
Prefere Não responder 0,79% 72 25,44% 140 22,05%
0,71%
Não sabe informar 34 12,01% 70 11,02%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Prefere Não responder 2 0,71% 5 0,79%
Total Equipe Técnica
283CREAS Coordenador CREAS
635

Quanto às gestoras de saúde, 56,3% destas informaram que não houve comunicado, da
ameaça ou violência. A pergunta foi feita utili- 8.2.1. AUTORES DE AMEAÇAS SEGUNDO
rede de saúde, relacionado
zando a expressão “durante osàprocedimentos
ameaça de morte,de à violência ou à tentativa de suicídio de
RELATOS DOS/AS ADOLESCENTES AS/
adolescentes atendidos durante o cumprimento
oitiva ou audiência” e foi possível perceber que de LA e PSC em 2017 e 2018.
AOS PROFISSIONAIS
há considerável diferença entre os percentuais
da Defensoria Pública e dos/das juízes/as, desta Quando perguntados sobre os autores da
forma, é Houve
possível que comunicado
algum muitos relatos tenham
da rede de saúde relacionado
violência à ameaça
e/ou ameaça de de
morte relatados pelos/
sido feitosmorte,
durante a entrevista
à violência ou àprévia reservada
tentativa de suicídioasdeadolescentes,
adolescenteso atendidos
que foi mais citado foram as
com o/a defensor/a, mas que os/as adolescentes ganguesdois
e facções e a Polícia, principalmente
durante o cumprimento de LA e PSC nos últimos anos (2017/2018)?
não tenham se sentido seguros para confirmar a militar. Os/as adolescentes estão em situa-
perante o/a juiz/a.Sim Gestor de Saúde
ção de alta vulnerabilidade e risco, pois sofrem
Sim 17 11,41%
Sobre a frequência com que os/as adoles- violência de grupos que dominam os territórios
Não
centes relataramNão ameaça de morte durante 84 56,38%
em que vivem, muitas vezes de quem está mais
audiência Não sabe informarem 2018, cerca de 47perto deste sujeito,
de apresentação 31,54%
e, ainda, do Estado, que está
50% dos/as Prefere Nãoafirmam
juízes/as responder
que foi raramente, 1 presente por meio 0,67%
da Polícia Militar, e ausente
32,7%Não sabe informar
afirmaram
Total que foi frequentemente e, 149 no momento de proteger este/a adolescente, que
ainda cerca de 5% informaram que os/as adoles- fica muitas vezes sujeito/a a quaisquer tipos de
centes sempre relatam
Prefere Não responder ameaça de morte durante violência no território em que vive.
a realização da audiência de apresentação. A partir dos dados e das pesquisas cita-
Já quando foi perguntado
0% 10% aos/às
20% coorde-
30% 40%das 50%
no início
60%desta
70%seção sobre90%
80% a violência
100% e ao
nadores/as dos CREAS e aos/às profissionais das longo desta, relacionadas ao risco letal que está
equipes técnicas se durante o cumprimento de exposta parcela dos meninos e meninas, a cons-
Medida Socioeducativa em Meio Aberto nos últi- tatação de quem são os autores de violência e
mos dois anos (2017/2018) houve algum alerta considerando a dificuldade na garantia de direi-
por parte do/da adolescente quanto à ameaça tos pontuada na seção que trata do atendimento
de morte, à violência ou à tentativa de suicídio, da Assistência Social, pode-se compreen-
cerca de 62% dos/das coordenadores/as e 66,1% der de que maneira ocorre a operacionalização
dos/das profissionais das equipes técnicas afir- da necropolítica, conceito cunhado pelo filó-
maram que houve. sofo camaronês Achille Mbembe, expresso na
Quanto aos/às gestores/as de Saúde, vulnerabilidade e risco de morte a que estão
56,3% destes/as informaram que não houve submetidos/as adolescentes, principalmente
comunicado da rede de Saúde relacionado à negros/as e pobres, que são mortos e também
ameaça de morte, à violência ou à tentativa de "deixados morrer" cotidianamente. Partindo da
suicídio de adolescentes atendidos/as durante o concepção de biopoder de Michel Foucault, que
cumprimento de LA e PSC em 2017 e 2018. descreve e analisa de que maneira o exercício do
poder tem como objetivo promover a vida como
fim último na sociedade moderna, o necropoder,
descrito por Mbembe como a política da morte,
trata de um padrão mórbido de governança, a
partir da produção de um inimigo corporificado

155
rede de saúde, relacionado à ameaça de morte, à violência ou à tentativa de suicídio de
camaronês Achille Mbembe, expresso na vulnerabilidade e risco de morte a que estão
adolescentes atendidos durante o cumprimento de LA e PSC em 2017 e 2018.
submetidos adolescentes, principalmente negro e pobres, que são mortos e também deixados
morrer
PESQUISAcotidianamente.
MEIO ABERTO Partindo da concepção de biopoder de Michel Foucalt, que descreve e
analisa de que maneira o exercício do poder tem como objetivo promover a vida como fim último
na sociedade
Houve Houve moderna,
algum algum o necropoder,
comunicado
comunicado descrito
da rede
da rede de por
de saúde
saúde Mbembe àcomo
relacionado
relacionado a política
à ameaça
ameaça deda àmorte,
de morte, trata de
violência
um padrão ou à tentativa
mórbido de de suicídio
governança, de
a adolescentes
partir da atendidos
produção de um durante
inimigo o
morte, à violência ou à tentativa de suicídio de adolescentes atendidos cumprimento
corporificado nos corpos
negros, matáveis, desta de LA e PSCsão
maneira, nosexterminados,
últimos dois anos (2017/2018)?
principalmente pela polícia, mas também
durante o cumprimento de LA e PSC nos últimos dois anos (2017/2018)?
são deixados morrer, por meio da falta de políticas sociais que os protejam, aumentando
Gestor de Saúde
significativamenteSim a vulnerabilidade social das pessoas, inclusive para serem mortos por conta
Sim com gangues e facções.
do envolvimento 17 11,41%
Não Não
Quando questionado aos profissionais do 84 sistema de justiça56,38%sobre os autores das
ameaças Não sabe informar
sofridas pelos adolescentes, em 47
primeiro lugar estão 31,54%
os membros de gangues e
facções, Prefere
(87% dos promotores,
Não responder quase 83% dos1 defensores e cerca
0,67%de 90% dos juízes); em
Não sabe
segundo lugarinformar
está a polícia militar (45,2% dos promotores, 64,4% dos defensores e cerca de
Total 149
29% dos juízes) e em terceiro lugar estão os membros da comunidade (7,1% dos promotores,
9,2% dos defensores públicos e 8,7% dos juízes).
Prefere Não responder
Assim como na pergunta anterior sobre o relato da ameaça por parte dos adolescentes
no momento da audiência há também uma disparidade entre os dados dos promotores e juízes
0%
e o defensor, o que novamente 10% traz20%o questionamento
30% 40% 50% 60%de que
acerca 70% espaço
80% de90% 100% é
segurança
dado ao adolescente na audiência para relatar uma ameaça praticada por um representante do
Estado.

Principais autores de ameaças de morte aos/às adolescentes segundo relatos dos/as


Quais foram os três autores das ameaças mais relatados pelos adolescentes?
mesmos/as aos profissionais
Promotor Defensor Juiz
Membros de gangues e facções 73 86,90% 63 82,89% 62 89,86%
Membros de gangues e facções
Milícias 1 1,19% 8 10,53% 4 5,80%
Milícias
Polícia Civil 7 8,33% 10 13,16% 1 1,45%
Polícia Militar Polícia Civil 38 45,24% 49 64,47% 20 28,99%
Comerciantes ou segurança Polícia
privadaMilitar 2 2,38% 0 0,00% 0 0,00%
Comunidade (ex. ameaça
Comerciantes de linchamento)
ou segurança privada 6 7,14% 7 9,21% 6 8,70%
Familiares (ex. ameaça de linchamento)
Comunidade 6 7,14% 1 1,32% 4 5,80%
Vítimas do ato infracional 5 5,95% 7 9,21% 4 5,80%
Familiares
Companheiro(a) 1 1,19% 0 0,00% 2 2,90%
Vítimas do ato infracional
Não sabe informar 4 4,76% 1 1,32% 3 4,35%
Prefere Não responder Companheiro(a) 1 1,19% 0 0,00% 1 1,45%
Outro. Qual? Não sabe informar 7 8,33% 12 15,79% 6 8,70%

Total Prefere Não responder 151 84 158 76 113 69


Outro. Qual?

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Juiz Defensor Promotor

nos corpos negros, matáveis, desta maneira, são quase 83% dos/das defensores/as públicos/as
exterminados, principalmente pela Polícia, mas e cerca de 90% dos/das juízes/as); em segundo
também são deixados morrer, por meio da falta lugar está a Polícia Militar (45,2% dos/das
de políticas sociais que os/as protejam, aumen- promotores/as de justiça, 64,4% dos/das defen-
tando significativamente a vulnerabilidade social sores/as públicos/as e cerca de 29% dos/das
dos/das adolescentes e jovens, inclusive para juízes/as) e em terceiro lugar estão os membros
serem mortos/as por conta do envolvimento com da comunidade (7,1% dos/das promotores/as de
gangues e facções. justiça, 9,2% dos/as defensores/as públicos/as e
Quando questionado aos/às profissio- 8,7% dos/as juízes/as).
nais do Sistema de Justiça sobre os/as autores/ Assim como na pergunta anterior sobre
as das ameaças sofridas pelos/as adolescentes, o relato da ameaça por parte dos/das adolescen-
em primeiro lugar estão os membros de gangues tes no momento da audiência, há também uma
e facções, (87% dos/as promotores/as de justiça, disparidade entre os dados recebidos pelos/as

156
(37,5% dos/das coordenadores/as e 50,7% dos/das profissionais das equipes técnicas), assim
como as milícias (12,5% dos/das coordenadores/as e 10,7% dos/das profissionais das equipes
técnicas). Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Quais foram os três


Principais autores
autores dede ameaças
ameaças de mortemais relatados pelos adolescentes
aos/às adolescentes segundonos últimos
relatos
dois anos (2017/2018)? dos/as mesmos/as aos profissionais
Coordenador Equipe Técnica
Membros de gangues e facções 93,10%
CREAS CREAS 92,61
Membros de gangues e facções Milícias 10,71%
163 92,61% 391 93,10%
12,50%
Milícias Polícia Militar 22 37,50% 50,71%45
12,50% 10,71%
Polícia Militar Polícia Civil 6 ,6 7%66
6,2 5 %
37,50% 213 50,71%
Polícia Civil
Comerciantes ou segurança privada 1 , 4 3
0 ,5 6 %
% 11 6,25% 28 6,67%
Comerciantes ou segurança privada
Comunidade (ex. ameaça de linchamento) 11, 1 91% 0,56% 6 1,43%
11,3 6 %
Comunidade (ex. ameaça Familiares
de linchamento) 4 ,2 9 % 20 11,36% 47 11,19%
3 ,4 0 %
Familiares 6 ,9 0% 6 3,40% 18 4,29%
Vítimas do ato infracional 3,9 7 %
Vítimas do ato infracional 1 ,6 7 % 7 3,97% 29 6,90%
Guarda municipal 2 ,8 4 %
Guarda municipal 0 ,9 5 %
5 2,84% 7 1,67%
Companheiro(a) 0 ,0 0 %
Companheiro(a) 0 0,00% 4 0,95%
0 ,4 8 %
Não sabe informar Não sabe informar 1 ,7 0 % 3 1,70% 2 0,48%
0,4 8 %
Prefere Não responder
Prefere Não responder 0,5 6 % 1 0,56% 2 0,48%
1,4 3%
Outra Outra 4,54% 8 4,54% 6 1,43%
Total 0% 10% 20% 176 30% 40% 50% 60% 70% 80%42090% 100%

Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

8.2.2. Formasde
promotores/as dejustiça
violência segundo relatos
e juízes/juízas e o/a dos adolescentes
analisarmos, as/aos
de forma maisprofissionais
aprofundada, de que
defensor/a público/a, o que novamente traz o maneira se dá a materialização das violências
As formas
questionamento de violência
acerca têm relação
de que espaço de segu-estreita com os
relatadas autores
pelos/as das ameaças, apresentado
adolescentes.
rança é dado ao/àe adolescente
anteriormente, na audiência
com as motivações para
da violência, apresentada
Quandono tópico seguinte.os/as
questionados/as, No entanto,
promo-a
relatar uma ameaça
especificidade dessepraticada por um represen-
tópico possibilita analisarmos, de forma
tores/as de mais aprofundada,
justiça, de que
defensores/as maneira
públicos/
tante
se dádoa Estado.
materialização das violências relatadas pelos adolescentes.
as e juízes entrevistados/as apontaram as três
Quando
Ainda questionados,
referente à mesma os promotores,
pergunta, defensores
formas de eviolência
juízes entrevistados
mais relatadasapontaram
pelos/as as
coordenadores/as e profissionais
três formas de violência das equipes
mais relatadas adolescentes.Assim,
pelos adolescentes. Que asforam:
maisaapontadas
violência foram:
policial a
técnicas
violênciarelataram que os dos
policial (70,2% membros de gangues
promotores, 88,1% dos(70,2% dos/as promotores/as
defensores de justiça,
e 65,2% dos juízes), 88,1%
a violência
eterritorial
facções (92,6%
(cerca de dos/das
81% doscoordenadores/as
promotores, 65,7%e dos/as defensores/as
dos defensores públicos/as
públicos e 72,4%e dos65,2% dos/e
juízes)
93,1% dos/das
a violência profissionais
durante das equipes
a passagem técni- de as
pela unidade juízes/as),(17,8%
internação a violência
dos territorial
promotores,(cerca de 81%
55,2% dos
cas) estão entre os principais autores de ameaça dos/as promotores/as de justiça, 65,7% dos/
defensores e 23,1% dos juízes).
mais relatados pelos/as adolescentes, a Polícia as defensores/as públicos/as e 72,4% dos/as
As coordenadoras e profissionais das equipes técnicas do CREAS ressaltaram as
Militar também está entre os principais atores juízes/as) e a violência durante a passagem pela
mesmas formas de violência que os atores do sistema de justiça, porém, em uma ordem
de ameaça (37,5% dos/das coordenadores/as e unidade de internação (17,8% dos/as promoto-
diferente.
50,7% Assim,
dos/das as três principais
profissionais formas
das equipes de violência
técni- res/as relatadas
de justiça,pelos
55,2%adolescentes, aos atores
dos/as defensores/as
da assistência social, são: a violência
cas), assim como as milícias (12,5% dos/das territorial
públicos/as e 23,1% dos/as juízes/as). e 65,8%
(75,5% dos/das coordenadores/as
dos/das profissionais das equipes
coordenadores/as e 10,7% dos/das profissionais técnicas), a violência policial (69,8% dos/das
Os/as coordenadores/as e profissionais
coordenadores/as
das equipes técnicas).e 62,2% dos/das profissionaisdas dasequipes
equipestécnicas
técnicas)doe aCREAS
violência durante a
ressaltaram
passagem pela unidade de internação (27,4%,asdos/das mesmas formas de violência que os dos/das
coordenadores/as e 30,3% atores
profissionais das equipes técnicas). do Sistema de Justiça, porém, em uma ordem
8.2.2. FORMAS DE VIOLÊNCIA SEGUNDO diferente. Assim, as três principais formas
RELATOS DOS/AS ADOLESCENTES AS/ de violência relatadas pelos/as adolescentes,
AOS PROFISSIONAIS aos atores da Assistência Social, são: a violên-
cia territorial (75,5% dos/das coordenadores/
As formas de violência têm relação as e 65,8% dos/das profissionais das equipes
estreita com os/as autores/as das ameaças, apre- técnicas), a violência policial (69,8% dos/das
sentados/as anteriormente, e com as motivações coordenadores/as e 62,2% dos/das profissio-
da violência, apresentadas no tópico seguinte. No nais das equipes técnicas) e a violência durante
entanto, a especificidade desse tópico possibilita a passagem pela unidade de internação (27,4%,

157
Vale ainda ressaltar que a violência doméstica esteve nas falas de 20,2% dos
promotores,
PESQUISA
Vale ainda dos
17,1%
MEIO ABERTO defensores,
ressaltar que acerca de 19%
violência dos juízes,
doméstica 15,1%
esteve dos/das
nas falas coordenadores/as
de 20,2% dos
e cerca de 20%
promotores, dos/das
17,1% profissionais
dos defensores, dasde
cerca equipes
19% dostécnicas.
juízes, 15,1% dos/das coordenadores/as
Formas
e cerca dedos/das
de 20% violência sofridas,das
profissionais segundo
equipesrelato dos/as adolescentes aos profissionais
técnicas.

Violência no ambiente doméstico (violência ocorrida em


Quaisâmbito
foram as três por
doméstico formas de violências
familiares ou agregados mais
que…relatadas pelos adolescentes?
Violência no ambiente doméstico (violência ocorrida em
Quaisâmbito
foram as três
doméstico formas de
por (violência violências
familiares física
ou agregados mais relatadas
que… de
Promotor
pelos adolescentes?Defensor Juiz
Violência territorial por membros
Violência no ambiente doméstico
gangues(violência
ou moradores (violência
locais) ocorrida Promotor Defensor Juiz
Violência territorial física por membros de
em âmbitono
Violência doméstico
ambiente
gangues ou
por familiares
doméstico
moradores
ou agregados
(violência
locais) ocorrida 20,24 17,11 18,84
Violência policial (abordagem violenta com agressão, verbal
queâmbito
em compartilham
doméstico o mesmo local deoumoradia)
por familiares agregados 17 20,24
% 13 17,11
% 13 18,84
%
Violência policial (abordagemou tortura)
violenta com agressão, verbal
que compartilham
Violência territorialo(violência
mesmo local de por
física moradia)
membros 17 %80,95 13 %65,79 13 % 72,46
ou tortura)
deViolência
Violência
gangues durante
territorial a passagem
ou moradores pela
(violêncialocais) unidade
física de internação
por membros 68 80,95
% 50 65,79
% 50 72,46
%
Violência(agressão
durante física,
a tortura,
passagem pelamaus-tratos,
unidade de etc)
internação
de gangues
Violência ou moradores
policial (abordagem locais)
violenta com 68 %70,24 50 %88,16 50 % 65,22
(agressão física, tortura, maus-tratos, etc)
Violência
agressão, policial (abordagem
verba (violência
Violência escolar ou tortura) violenta com
ocorrida no ambiente escolar) 59 70,24
% 67 88,16
% 45 65,22
%
agressão,
Violência verba
Violência durante ou tortura)
a passagem
escolar (violência ocorridapela unidade
no ambiente de
escolar) 59 % 17,86 67 % 55,26 45 % 23,19
Violência
internaçãodurante
(agressão a passagem pela unidade
física, tortura, de
maus-tratos, 17,86 55,26 23,19
Não sabe informaretc) 15 % 42 % 16 %
internação (agressão
Violência escolar física, tortura,
(violência ocorrida maus-tratos,
no ambiente
Não sabe informar etc) 15 % 42
7,14% 16 %
Violência
escolar) escolar (violência ocorrida no ambiente 6 7,14
% 1 1,32% 3 4,35%
escolar) Prefere Não responder 6 %0,00 1 1,32% 3 4,35%
Prefere Não responder
Não sabe informar 0 0,00
% 1 1,32% 1 1,45%
Não sabe informar Outro. Qual? 0 % 1 1,32% 1 1,45%
Outro. Qual? 1,19
Prefere Não responder 1 1,19
%40% 50%060% 70%0,00% 1 1,45%
Prefere Não responder 0% 10%
1 20% 30%
%40% 0 0,00% 80% 90%
1 100%1,45%
0% 10% 20% 30% 0,0050% 60% 70% 80% 90% 100%
Juiz 0,00
Defensor 0 Promotor
Outro. Qual? Juiz
%
Defensor 0 Promotor
3 3,95% 3 4,35%
Outro. Qual? % 3 3,95% 3 4,35%
Total 166 84 177 76 132 69
Total 166 84 177 76 132 69

Formas de violências sofridas, segundo relato dos/as adolescentes aos profissionais


Quais foram as três formas de violências mais relatadas pelos adolescentes?
Quais foram as três formas de violências mais relatadas pelos adolescentes?

Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS


Violência no ambiente doméstico (violência ocorrida em Coordenador CREAS Equipe Técnica CREAS
Violência
Violência nono ambiente
ambiente doméstico
doméstico (violência
(violência ocorridaocorrida
em âmbito emdoméstico
âmbito
Violência doméstico
no ambiente por familiares
doméstico ou agregados
(violência ocorrida em âmbito que…
doméstico
âmbito doméstico
por familiares ou agregados porque
familiares
compartilhamou agregados que…
o mesmo local de moradia) 36 15,19% 126 19,84%
por familiares
Violência ou
territorial agregados que
(violência compartilham
física por o mesmo
membros local de
de ganguesmoradia) 36 15,19% 126 19,84%
Violência
Violência territorial(violência
territorial (violência física
física por
por membros
membros de gangues
de ou
gangues
Violência territorial (violência física por membros de gangues ou
moradores locais) ou moradores locais) 179 75,53% 418 65,83%
moradores locais) ou moradores locais) 179 75,53% 418 65,83%
Violência
Violênciapolicial
Violência
Violênciapolicial (abordagem
policial (abordagem
(abordagem
policial (abordagem violenta
violenta
violenta
violenta
com com
com com agressão,
agressão, verba ou
agressão,
agressão, verbal
tortura)
verbal
verba ou tortura)
149
149
62,87%
62,87% 440
440 69,29%
69,29%
Violência durante a passagem
Violência durante a passagem outortura)
ou tortura)
pela unidade de internação (agressão física,
pela unidade de internação (agressão física,
tortura, maus-tratos
maus-tratosetc.)
Violência
tortura,
Violência duranteetc.)
durante aapassagem
passagempela pelaunidade
unidadededeinternação
internação 65
65 27,43%
27,43% 193
193 30,39%
30,39%
Violência escolar
escolar 16 16 6,75% 72 72 11,34%
Violência (agressão física, tortura, maus-tratos etc.) 6,75% 11,34%
Não sabe (agressão
informar física, tortura, maus-tratos etc.)
Não sabe informar 20 20 8,44%
8,44% 57 57 8,98%
8,98%
Prefere Não
Prefere Nãoresponder
responder Violênciaescolar
escolar 8 8 3,38%
3,38% 5 5 0,79%
0,79%
Violência
Outra
Outra 8 8 3,38%
3,38% 26 26 4,09%
4,09%
Total
Total 481481 237237 1337
1337 635 635
Nãosabe
Não sabeinformar
informar

PrefereNão
Prefere Nãoresponder
responder

Outra
Outra

0%0% 10%
10% 20%
20% 30%
30% 40%
40% 50%
50% 60%
60% 70%
70% 80%80%
90%90% 100%
100%

Equipe
EquipeTécnica
TécnicaCREAS
CREAS Coordenador CREAS
Coordenador CREAS

dos/das coordenadores/as
Podemos
Podemosnotar
notarque
e violência
30,3% nana
queaaviolência
dos/das
escola,
escola,policial
policialee
emPodemos
em unidade
unidade
notar
de que a violência
internação
de se se
internação tratam na escola,
tratam
profissionais
de das equipes técnicas). policial e em unidade de internação se tratam de
de formas
formas de
de violência
violência perpetradas
perpetradaspelo
peloEstado,
Estado,e,e,ainda,
ainda,a aterritorial ocorre
territorial ocorreporpor
ausência
ausênciado do
mesmo no
Vale sentido
ainda de proteger
ressaltar os
queadolescentes
a em
violência formas de
situações derisco,
violência
como perpetradas
afirmado pelo Estado, e,
mesmo no sentido de proteger os adolescentes em situações de risco, como afirmado
doméstica esteve nas falas de 20,2% dos/aspro- ainda, a territorial ocorre por ausência do mesmo
motores/as de justiça, 17,1% dos/as defensores/ no sentido de proteger os/as adolescentes em
as públicos/as, cerca de 19% dos/as juízes/as, situações de risco, como afirmado anterior-
15,1% dos/das coordenadores/as e cerca de 20% mente. Esse aspecto pode ser compreendido
dos/das profissionais das equipes técnicas. como central quando o assunto são as Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto e nos aponta

158
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

mais uma vez para a necessidade de o Estado não SINASE. A privação de liberdade deveria ser o
ser mais um dos principais fatores de risco para último recurso punitivo a ser aplicado a adoles-
estes/estas adolescentes. centes, reconhecendo-se assim que são pessoas
Especificamente sobre a violência escolar, em desenvolvimento e da obrigação do Estado
cabe ressaltar que a escola pode ser entendida em adotar medidas especiais de proteção. Desta
como um espaço de proteção e que o fato de forma, se uma medida de privação de liberdade
estar na escola seria um fator que minimiza- for aplicada, deve ser como último recurso e pelo
ria os riscos vividos pelos/as adolescentes. Por menor tempo possível.
outro lado, reconhecemos também que a escola Neste sentido, cabe ressaltar a priori-
pode ser compreendida, por muitos e/ou alguns dade em desenvolver e investir nas Medidas
adolescentes, como um fator de risco, isto é, Socioeducativas em Meio Aberto, que não são
que potencializa a exposição e a estigmatiza- palco da violência institucional que seria, muitas
ção vivenciada por muitos/as. Um aspecto que vezes, exercida.
foi pontuado na seção sobre a relação entre os A violência no ambiente doméstico
CREAS e as escolas, e que foi citado nessa seção também aparece como forma de violência em
também, seria referente à violência existente na cerca de 1/5 da fala dos/as entrevistados/as,
escola contra meninos e meninas que estão no esta que pode ser entendida como maus tratos,
Sistema Socioeducativo. Desta maneira, a escola de acordo com o Estatuto da Criança e do
também está relacionada à temática violência, Adolescente (1990), expressa em suas formas
nos apontando para a necessidade de uma espe- de violência física, psicológica e/ou sexual. O
cial atenção por parte do Estado com relação à ambiente doméstico pode ser entendido como
esta instituição e o seu papel junto ao Sistema um espaço de proteção, mas também de viola-
Socioeducativo sobretudo quando fazemos refe- ção de direitos a depender de cada contexto. O
rência às Medidas Socioeducativas em Meio espaço doméstico faz parte da vida dos/as adoles-
Aberto. . centes de maneira central e seria compreendido
Logo atrás da violência policial e territo- como relevante também pelos/as operado-
rial, a violência em unidades de internação está res/as do direito, que consideram o aspecto da
também muito presente na fala dos/as entrevis- família ser ou não protetiva como elemento de
tados/as, tornando-se notório que são ambientes decisão no momento de aplicar ou não Medidas
em que há recorrentes denúncias de violação Socioeducativas em Meio Aberto, por exemplo.
aos direitos humanos de adolescentes. Além Esse tipo de violência pode durar anos
da presença da violência na fala dos/as entre- sem ser percebida por aqueles que convivem
vistados/as, também podemos observar nas com a criança ou adolescente, e, ainda, pode
denúncias ao Estado brasileiro na Comissão e ser difícil de detectar e de tratar e dar encami-
na Corte Interamericana de Direitos Humanos nhamentos por meio de denúncia ao Sistema de
(OEA): das 31 medidas provisórias emitidas Justiça. Além disso, esse tipo de violência que
pela Corte em relação ao Estado brasileiro, 14 é relatado pelo/a adolescente pode ter conse-
são medidas provisórias relacionadas a crianças quências de difícil superação, porque exige um
e adolescentes, ou seja, metade delas são refe- tratamento especializado para este público, prin-
rentes ao Sistema de Justiça juvenil no país, e cipalmente sob a perspectiva do acionamento da
especificamente sobre as unidades de internação rede de Saúde Mental.
(CNJ).
Além de ser um ambiente onde há um
grande número de denúncias, a internação
deveria ser a última alternativa a ser proposta
no caso de adolescentes que cometeram algum
ato infracional, e isto se justifica no princí-
Princípios das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquên-
pio da excepcionalidade, que está presente nas cia Juvenil - Princípios Orientadores de Riad (1990); Regras
normativas internacionais que versam sobre o das Nações Unidas para a Proteção dos Menores Privados de
Sistema de Justiça juvenil7 bem como, no próprio Liberdade (1990);
Comentário Geral 10: Direitos da Criança na Justiça de Crian-
7
Normativas internacionais do Sistema de Justiça juvenil: ças e Adolescentes (2007);
Regras Mínimas das Nações Unidas para a administração da Corte Interamericana de Direitos Humanos e Comissão Inte-
justiça juvenil (1985); Convenção sobre os Direitos da Criança ramericana de Direitos Humanos/Relatoria sobre os Direitos
(1989;1990); da Infância (2011)

159
PESQUISA MEIO ABERTO

8.2.3. Motivações de violências segundo relatos dos adolescentes as/aos profissionais


8.2.3. MOTIVAÇÕES DE VIOLÊNCIAS se tratar de um aspecto que traz questões para
SEGUNDO Por RELATOS
fim, após osDOS/AS além
relatos das violências, autores da questão
e formas, estrutural
a pergunta referente
referente às trêsà violên-
motivações de violência
ADOLESCENTES AOS/ÀSmaisPROFISSIONAIS cia, as informações
relatadas pelos adolescentes tem o objetivosobre “aspectos
de captar quais da
os questão
aspectos estruturais motivam as violências exercidasdas drogas”
sobre tomaram a desta
os adolescentes, formaforma,
de umaas quarta
alternativas
Por fim,disponíveis
após osestavam
relatos relacionadas
das violências, principalmente com as questões racial, de classe as ques-
tabela sobre o tema, na qual apareceram
e gênero.
autores Esta pergunta
e formas, seria referente
a pergunta considerada tõespara
importante
às três da violência
podermos motivada pelo tráfico
compreender de quede drogas,
maneira algumas
motivações violências
de violência maisque estruturam
relatadas a nossa
pelos/ usosociedade,
de drogas,que disputa
estãoterritorial,
arraigadas,disputa
são entre
asexpressas em atos
adolescentes temcontra estes sujeitos,
o objetivo de captar e, também,
quais gangues e facções
de que maneira os eprofissionais
por ter cometido ato infracio-
percebem
osesta questão.
aspectos estruturais que motivam as violên- nal. Esta tabela nos instiga a compreender o que
Entretanto,
cias exercidas sobrealém de adolescentes.
os/as possibilitar esteDesta o motivador
entendimento, a questãode violência
das drogas “drogas”
apareceu quer
de dizer, e
maneira
forma, as muito insistente,
alternativas mesmo não
disponíveis sendo rela-
estavam entendida a necessidade
no momento da de formulação
compreender o que de fato ele
da pergunta
como uma
cionadas motivação estrutural
principalmente com aspara racial,Por significa
a violência.
questões na um
se tratar de vidaaspecto
dos/asque adolescentes
traz questõese dos servi-
depara
classe
alémedagênero.
questãoEsta pergunta
estrutural referenteé conside- ços que os atendem.
a violência, as informações sobre “aspectos da questão
rada
das importante
drogas” tomaram para apodermos
forma de compreender
uma quarta tabela sobreQuando o tema,questionados
na qual apareceramsobre asas três prin-
dequestões
que maneira algumas
da violência violências
motivada que estru-
pelo tráfico de drogas,cipais
uso demotivações de violências
drogas, disputa territorial,relatadas
disputa pelos/
turam a nossa sociedade,
entre gangues queter
e facções e por estão arraigadas,
cometido as adolescentes,
ato infracional. Esta tabela nos os representantes
instiga a compreenderdo Sistema de
são expressas
o que em atos
o motivador contra estes
de violência “drogas” sujeitos, e, eJustiça,
quer dizer, ressaltaram,
a necessidade em primeiro
de compreender lugar,
o que dea violên-
também, de quenamaneira
fato ele significa os/as profissionais
vida dos adolescentes cia racial
e dos serviços que os(13,1%
atendem.dos/as juízes/as, cerca de 12%
percebemQuando
essa questão.
questionados sobre as três principaisdos/as promotores/as
motivações de violências derelatadas
justiça epelos
34,2% dos/
adolescentes, os representantes do
Entretanto, além de possibilitar este sistema de as defensores/as
justiça, ressaltaram, públicos/as,
em primeiro em segundo
lugar, a lugar,
violência racial (13,1% dos juízes, cerca
entendimento, a questão relativa ao uso abusivo de 12% dos a violência
promotores ede gênero
34,2% dos (13,1% dos/as
defensores), emjuízes/as,
desegundo
drogas lugar,
ou aoa envolvimento
violência de gênero
com o(13,1%
tráficodos 13,1%13,1%
e juízes, dos/as dospromotores/as
promotores e 15,7% de justiça
dos e 15,7%
defensores)
com atividadese em terceiro
ilícitas quelugar,
tem aalguma
violência de classedos/as
relação defensores/as
(8,2% dos juízes, 4,7%públicos/as
dos promotores e eme terceiro
6,5% dos defensores). Cabe ressaltar
com drogas e entorpecentes apareceu de maneira que mais lugar,
da a
metadeviolência
das de classe
respostas (8,2%
dos dos/as
juízes e juízes/
promotores e pouco menos da metade
muito insistente, mesmo não sendo entendida, das respostas as,
dos 4,7% dos/as
defensores sepromotores/as
concentraram de
na justiça
opção e 6,5%
no“outros”,
momento portanto, as respostas
da formulação contidas nessa
da pergunta, dos/as defensores/as
como alternativa foram destrinchadaspúblicos/as). Cabe ressal-
na próxima
subseção.
uma motivação estrutural para a violência. Por tar que mais da metade das respostas dos/as

Motivações de violências sofridas pelos/as adolescentes segundo relatos dos


mesmos
Quais foram as três motivações de violências aos profissionais
mais relatadas pelos adolescentes?

Violência racial (agressão física, verbal ou psicológica Juiz Promotor Defensor


Violência racial 34,21%
motivada pelo(agressão física,étnico-racial,
pertencimento verbal ou psicológica
exemplo motivada11,90% 13,11 11,90
pelo pertencimento étnico-racial,
pessoa negra, indígena exemplo
ou cigana)pessoa negra, indígena
13,11% 8 10 26 34,21%
% %
ou cigana)
Violência de gênero (violência física, psicológica, verbal
Violência demotivada
gênero (violência física, 15,79%
e/ou sexual pela condição de psicológica,
gênero e/ou emverbal e/ou
13,10%
sexual
funçãomotivada pelasexual
da orientação condição de gênero
das pessoas e/ou em função da
– violência… 13,11% 8 13,11 13,10
11 12 15,79%
orientação
Violência porsexual das pessoas
intolerância – violência
religiosa (violência contra a mulher e contra
manifestada % %
0,00%
pessoas
por LGBT)
distinção, exclusão, restrição ou preferência fundada 0,00%
Violência por intolerância religiosa (violência manifestada
na religião ou nas convicções religiosas - racismo religioso) por
1,64%
distinção, exclusão, restrição ou preferência fundada na religião ou 1 1,64% 0 0,00% 0 0,00%
nas convicções religiosas - racismo religioso) 6,58%
Violência de classe 4,76%
Violência de classe 8,20% 5 8,20% 4 4,76% 5 6,58%
11,48
Não sabe informar 7 8 9,52% 9 11,84%
11,84% %
Não sabe informar 9,52%
Prefere não responder 11,48% 1 1,64% 4 4,76% 0 0,00%
54,10 59,52
Outra. Qual? 33 50 36 47,37%
0,00% % %
Prefere não responder 4,76%
Total 1,64% 61 84 76

47,37%
Outra. Qual? 59,52%
54,10%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Defensor Promotor Juiz Linear (Defensor)

160
do CREAS) e em terceiro lugar, a violência de classe (7,5% dos/das coordenadores/as e 10,4%
dos/das profissionais das equipes técnicas). Vale destacar que quase metade dos atores da
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
assistência social selecionaram a opção “outros” e as respostas apresentadas nessa alternativa
foram exploradas na próxima subseção.
Motivações de violências sofridas pelos/as adolescentes segundo relatos dos mesmos
aos profissionais
Quais foram as três motivações de violência mais relatadas pelos adolescentes?
Violência racial (agressão física, verbal ou psicológica
motivada pelo pertencimento étnico-racial, exemplo Coordenador
38,11%
Equipe Técnica
pessoa negra, indígena ou cigana) CREAS 34,30% CREAS
Violência racial (agressão física, verbal
Violência de gênero (violência física, psicológica,ou psicológica
38,11
motivada
verbal e/ou pelo
sexualpertencimento étnico-racial,
motivada pela condição de gêneroexemplo 59
21,36% 34,30% 157
e/ou em função 16,86% %
pessoa negra,daindígena
orientação ousexual das pessoas –…
cigana)
Violência
Violência por intolerância
de gênero religiosa
(violência (violência
física, psicológica,
manifestada
verbal e/ou sexualpor distinção,
motivada exclusão, restrição ou
pela condição 1,46%
de gênero 21,36
preferência fundada na religião ou nas convicções… 1,16% 29 16,86% 88
e/ou em função da orientação sexual das pessoas – %
violência contra a mulher e contra pessoas LGBT)
10,44%
Violência por intolerância religiosa Violência de classe
(violência 7,56%
manifestada por distinção, exclusão, restrição ou 1,46
2 1,16% 6
preferência fundada na religião ou nas convicções 13,11% %
Não sabe informar
religiosas) 13,95%
10,44
Violência de classe 13 7,56% 43
Prefere não responder
2,43% %
1,16% 13,11
Não sabe informar 24 13,95% 54
%
44,90% 2,43
Prefere não responder Outra 2 1,16%
49,42% 10
%
44,90
Outra 0% 10% 20% 30%85 40% 50%49,42%
60% 70% 80%
18590% 100%
%
Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS
Total 172 412

juízes/asA eviolência
promotores/as
de gênerode justiça
também apareceumotivada
e pouco de maneira ou/esignificativa,
em função odoque gênero e/oua da
envolve
menos dafísica,
violência metade das respostas
psicológica, dos/as
verbal e/ou defen- orientação
sexual motivada sexual
ou/e das pessoas.
em função Nestee/ou
do gênero relatório,
da
sores/as públicos/as
orientação sexual dassepessoas.
concentraram o termo
na opção o termo
Neste relatório, violência
violência de gênero
de gênero está
está sendo
sendo utilizado
utilizado
“outros”.Portanto,
para as respostas
designar a motivação de contidas
situaçõesnessa para designar
de violência contra aadolescentes
motivação de mulheres.
situações deCabe
violên-
alternativa
ressaltar foram
ainda que, destrinchadas
a LGBTfobia foina próxima na cia
adicionada contra
mesma adolescentes
categoria, mulheres.
que apesar serCabe ressaltar
decorrente
subseção.
da
ainda que, a LGBTfobia foi adicionada na mesma
intolerância pela orientação sexual, também seria um tema que está intimamente ligado à
Já de
emgênero.
relação aos/às coordenadores/as e categoria, que apesar de ser decorrente da intole-
condição
profissionais das equipes técnicas, quando ques- rância pela orientação sexual, também seria um
Neste relatório observa-se que entre os entrevistados, cerca de 5% dos/das
tionados/as sobre as três principais motivações tema que está intimamente ligado à condição de
coordenadores/as dos CREAS, quase 10% dos/das profissionais das equipes técnicas e uma
de violências mais gênero.
porcentagem maisrelatadas
baixa dos pelos/as
atoresadolescen-
do sistema de justiça marcaram de forma combinada a
tes se encontra, em primeiro lugar, a violência Neste relatório observa-se que entre os/
alternativa violência no âmbito doméstico, como tipo de violência, e a opção violência de gênero,
racial (34,3% dos/das coordenadores/as e 38,1% as entrevistados/as, cerca de 5% dos/das coor-
como motivação de violência sofrida pelos(as) adolescentes. Apesar dessa relação não ter
dos/das profissionais das equipes técnicas), em denadores/as dos CREAS, quase 10% dos/das
aparecido de forma expressiva nesse relatório, essa e outras formas de materialização da
segundo lugar, a violência de gênero (cerca de profissionais das equipes técnicas e uma porcen-
violência
17% dos/dasde gênero foram aprofundadas
coordenadores/as abaixo. tagem mais baixa dos atores do Sistema de
e 21,3% dos/das
Em consonância
profissionais com a dos
das equipes técnicas discussão
CREAS)desenvolvida
e por Almeida
Justiça marcaram (2007),combinada
de forma a violência de
a alter-
gênero seria culturalmente situada, isto é,
em terceiro lugar, a violência de classe (7,5% dos/seu “espaço de produção é societal e o seu caráter
nativa violência no âmbito doméstico, como tipo é
relacional” (p. 24). Antes de iniciarmos
das coordenadores/as e 10,4% dos/das profis- o debate sobre a violência de gênero em si, cabe delimitar
de violência, e a opção violência de gênero, como
sionais das equipes técnicas). Vale destacar que motivação de violência sofrida pelos/as adoles-
quase metade dos atores da Assistência Social centes. Apesar dessa relação não ter aparecido
selecionaram a opção “outros” e as respostas de forma expressiva nesse relatório, essa e outras
apresentadas nessa alternativa foram exploradas formas de materialização da violência de gênero
na próxima subseção. foram aprofundadas a seguir.
A violência de gênero também apare- Em consonância com a discussão desen-
ceu de maneira significativa, o que envolve a volvida por Almeida (2007), a violência de
violência física, psicológica, verbal e/ou sexual gênero seria culturalmente situada, isto é, seu

161
PESQUISA MEIO ABERTO

“espaço de produção é societal e o seu caráter é a mulher não ocorre apenas de forma física, mas
relacional” (p. 24). Antes de iniciarmos o debate também de maneira psicológica, a qual se dá de
sobre a violência de gênero em si, cabe delimitar forma verbal ou gestual, com o intuito de humi-
o que chamamos de gênero, este pode ser expli- lhar ou aterrorizar a vítima. Cabe destacar que a
cado como um conceito relacional e marcador violência simbólica se constitui como outra que
social, a partir do controle histórico e social dos está na base da violência de gênero, pois como
corpos femininos, em que, segundo a discussão discute Almeida (2007), essa violência legitima
de Bourdieu (2003), a virilidade masculina se o uso da força em prol da manutenção do status
configuraria como superior a uma suposta doci- quo, o qual seria fortemente atravessado por
lidade e submissão feminina, os quais seriam valores morais, que, por sua vez, possui maior
aspectos centrais dos papéis sociais a serem peso emocional do que cognitivo.
ocupados por aqueles que se identificam com os Ainda de acordo com o que foi eviden-
gêneros masculino ou feminino. ciado no Mapa da Violência (2019), nota-se que,
Essa lógica binária de gênero que prevê entre 2012 e 2017, o índice de homicídio dentro
a masculinidade e feminilidade em polos opos- das residências contra mulheres cresceu 17,1% e
tos, precede a LGBTfobia. Essa afirmação pode fora das residências diminuiu 3,3%. No entanto,
ser compreendida a partir da perspectiva, cultu- o que chama ainda mais atenção seria o aumento
ralmente construída, de que seria algo “natural” de homicídios dentro das residências, com uso de
a sexualidade ser determinada pela identidade arma de fogo (29,8%). Cabe ressaltar que, apesar
de gênero e esta última ser atrelada ao órgão do número de homicídios de mulheres dentro
sexual (Louro, 2004). Quanto àqueles/as que de casa ter aumentado, a Lei Maria da Penha
não se adequam aos conceitos rígidos ancora- (11.340/06) foi um avanço para que o reconheci-
dos na heteronormatividade e na perspectiva mento da violência de gênero contra mulher - em
binária de gênero, a LGBTfobia pode se manifes- especial da violência doméstica - deixasse de ser
tar. De acordo com as denúncias recebidas pelo tomada como uma simples questão familiar, mas
Disque 100 do Ministério dos Direitos Humanos sim um problema de Saúde e Segurança Pública.
(MMFDH)8, em 2017, as violências mais comuns Essa relação aponta também para proble-
são: violência psicológica (35,2%), discriminação máticas futuras, pois crianças e adolescentes
(35,1%) e violência física (20,9%). que vivem em lares onde prevalece a violên-
Os papéis de gênero estão intrinsecamente cia doméstica possuem maior probabilidade
ligados às relações produzidas socialmente, de continuarem sendo vítimas de violência de
assim, considera-se essencial ressaltar quem se gênero e de desenvolverem comportamentos
configura como o foco da violência de gênero. agressivos, o que pode ser um preditor para se
O MMFDH divulgou os números de violên- engajarem em atividades infracionais (Carvalho
cia contra a mulher9, registrado entre janeiro & Oliveira, 2017; Cerqueira, 2016; Mascar,
e julho de 2018 pelo Ligue 180 – Central de Colossi e Falcke, 2013).
Atendimento à Mulher, esses registros chegaram
a 79.661. Destaca-se que em primeiro lugar está
Para saber mais sobre a questão de gênero e
a violência física e em segundo, a violência psico-
masculinidade, ver:
lógica. Sabe-se ainda que a maior porcentagem
(17,4%) do total de óbitos de mulheres causados SAFIOTTI, Heleieth. A Mulher na Sociedade
por homicídio se concentra na faixa etária de 15 de Classes. São Paulo: Expressão popular, 2013
a 19 anos de idade (Mapa da Violência de 2019). DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São
Paulo: Boitempo, 2016
A partir dos números apresentados,
percebe-se que as mulheres jovens são as maio- FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa – Mulheres,
res vítimas de violência de gênero. No entanto, Corpo e Acumulação Primitiva. São Paulo:
como ressaltado pelo MMFDH, a violência contra Editora Elefante
ZALUAR, Alba. Condomínio do Diabo. Rio de
8
MMFDH divulga dados sobre LGBTfobia. Disponível em:
http://dapp.fgv.br/dados-publicos-sobre-violencia-homofobi-
Janeiro: Editora Revan, 1996
ca-no-brasil-28-anos-de-combate-ao-preconceito/. Esse Mi-
nistério, que desde 2019 foi chamado de o Ministério da Mu-
lher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).
9
MMFDH divulga dados sobre feminicídio. Disponível em:
http://dapp.fgv.br/dados-publicos-sobre-violencia-homofobi-
ca-no-brasil-28-anos-de-combate-ao-preconceito/

162
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

8.2.3.1. MOTIVAÇÃO
8.2.3.1. Motivação de violência relacionada a questão
DE VIOLÊNCIA das drogas
referentes segundo
a esta relatos
questão, dos
apareceu em suas
adolescentes as/aos
RELACIONADA profissionais
A QUESTÃO DAS várias dimensões: ‘envolvimento com o tráfico
DROGAS SEGUNDO RELATOS DOS/AS de drogas’, ‘uso de drogas’, ‘disputa territorial’,
De acordo com os dados referentes à ‘envolvimento
motivação de violência relatada
com gangues pelos ‘ques-
e facções’,
ADOLESCENTES AOS/ÀS PROFISSIONAIS
adolescentes, a violência racial e a violência por contatão dosdas
aspectos
drogas’relativos
e ‘estigmaàs drogas
por tersão as
cometido ato
mais apontadas pelos entrevistados. Quando nos debruçamos sobre
infracional’. a temática
Desta forma, daesta
política de
subdivisão da
De acordo com os dados referentes à
drogas no Brasil, e também no mundo, podemos observar questão relação
diz direta com
respeito a o racismo
aspectos que e nos
a fazem
motivação de violência relatada pelos/pelas
questão de classe, ou seja, se trata também da necessidade de controlar
compreender parcela da
de maneira população, do que
aprofundada
adolescentes, a violência racial e a violência por
a negra e pobre, que vive em determinados territórios. seDesta
trata maneira,
a questãoa dimensão
das das drogas
drogas, que pode ser
conta dos aspectos relativos ao uso abusivo de
enquanto motivadora seria central para compreender como operam
percebida e se expressam
pelos/pelas de maneira
profissionais como moti-
drogas ou ao envolvimento com o tráfico e com
violenta estas questões estruturais na vida dos meninos vadore meninas
de que passam
violência em suas pelo sistema
diversas expressões
atividades ilícitas que tenham alguma relação
socioeducativo.
com drogas e entorpecentes são as mais apon- e dimensões.
Na pergunta relativa às três motivações das violências relatadas pelo adolescente, os
tadas pelos/as entrevistados/as. Quando nos Quando questionados/as sobre as prin-
aspectos relacionados a questão das drogas apareceu de maneira significativa, entendido pelos
debruçamos sobre a temática da política de cipais motivações de violência, mais relatadas
entrevistados como motivação de violência. Mais de 50% das respostas foram referentes a esta
drogas noapareceu
Brasil, e também pelos/as adolescentes, relacionadas a dimensão
questão, em suas no mundo,
várias podemos
dimensões: ‘envolvimento com o tráfico de drogas’, ‘uso de
observar relação direta com o racismo e a questão das drogas, os atores do Sistema de Justiça rela-
drogas’, ‘disputa territorial’, ‘envolvimento com gangues e facções’, ‘questão das drogas’ e
de classe, ou seja, se trata também da necessi- taram, em primeiro lugar, o envolvimento com o
‘estigma por ter cometido ato infracional’. Desta forma, esta subdivisão da questão diz respeito
dade de controlar parcela da população, a negra tráfico de drogas (30,3% dos/as juízes/as, 44%
a aspectos que nos fazem compreender de maneira aprofundada do que se trata a questão das
edrogas,
pobre, que
que pode
vive em ser determinados
percebida pelos territórios. dos/as promotores/as de justiça e 25% dos/as
profissionais como motivador de violência em suas
Desta maneira, a dimensão
diversas expressões e dimensões. das drogas enquanto defensores/as públicos/as), em segundo lugar
motivadora seria central para compreender como está o estigma por ter cometido ato infracional
Quando questionados sobre as principais motivações de violência, mais relatadas pelos
operam e se expressam de maneira violenta estas (18,1% dos/as juízes/as, 22% dos/as promoto-
adolescentes, relacionadas a dimensão das drogas, os atores do sistema de justiça relataram,
questões
em primeiroestruturais
lugar, na vida dos meninos
o envolvimento com eomeni- res/as
tráfico de de (30,3%
drogas justiça dos
e 30,5%
juízes,dos/as
44% dosdefensores/
promotores e 25% dos defensores), em segundo lugar está o estigma por ter cometido ato o envol-
nas que passam pelo Sistema Socioeducativo. as públicos/as), em terceiro lugar está
infracional (18,1% dos
Na pergunta juízes, às
relativa 22% promotores e vimento
dosmotivações
três 30,5% dos com gangues eemfacções
defensores), terceiro(36,3%
lugar dos/as
está violências
das o envolvimento com gangues
relatadas pelo/a e adolescente, juízes/as, 20% dos/as promotores/as
facções (36,3% dos juízes, 20% dos promotores e 11,1% de justiça
dos
os defensores),
aspectos em quartoa lugar,
relacionados questãoestádasa alternativa
drogas de e 11,1% dos/asa palavra
que citaram defensores/as
drogas, públicos/as),
mas não em
especificaram
apareceu (15,1% dos
de maneira juízes, 8% dos
significativa, quarto lugar, está a alternativa
promotores e 2,7% dos defensores), em quinto lugar
entendido de que citaram
está a disputa
pelos/as territorial (12%
entrevistados/as motivação ede2,7%ados
dos promotores
como palavra drogas,emas
defensores) não especificaram
em sexto lugar está o (15,1%
uso de drogas (6% dos juízes, 4%
violência. Mais de 50% das respostas foram dos promotores e dos/as
5,5% dosjuízes/as,
defensores).8% dos/as promotores/as de

Principais motivações da violência sofrida pelos/as adolescentes, relacionadas


a “dimensão das drogas”

25,00%
Envolvimento com o tráfico de drogas 44%
30,30%
Quais foram as motivações de violência relacionadas a dimensão da questão das drogas mais
relatadas pelos adolescentes? 5,56%
Uso de drogas 4%
6,06% Juiz Promotor Defensor
2,78% 25,00
Envolvimento com o Disputa
tráfico territorial
de drogas 12% 10 30,30% 22 44% 9
0,00% %
Uso de drogas 2 6,06%
30,56% 2 4% 2 5,56%
Estigma por ter cometido ato infracional 22%
Disputa territorial 18,18% 0 0,00% 6 12% 1 2,78%
30,56
Estigma por ter cometido ato infracional 11,11% 6 18,18% 11 22% 11
Envolvimento com gangues e facções 20% %
36,36%
11,11
Envolvimento com gangues e facções 12 36,36% 10 20% 4
2,78% %
Citou a questão "drogas" (não especificado) 8%
15,15%
Citou a questão "drogas" (não especificado) 5 15,15% 4 8% 1 2,78%
33,33
Outra. Qual? Outra. Qual? 12% 5 33,33%
15,15% 6 12% 12
15,15% %
Total 0% 33 50
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 36

Defensor Promotor Juiz

163
profissionais das equipes técnicas), em quinto, está o uso de drogas (11,7% dos/das
coordenadores/as e 5,4% dos/das profissionais das equipes técnicas) e em sexto e último lugar
está a alternativa de que citou a questão “drogas”, mas não especificou (7% dos/das
PESQUISA MEIO ABERTO
coordenadores/as e 5,4% dos/das profissionais das equipes técnicas).

Principais motivações da violência sofrida pelos/as adolescentes, relacionadas


a “dimensão das drogas
Quais foram as motivações de violência relacionadas a dimensão da questão das drogas
33,51%
mais Envolvimento com oadolescentes?
relatadas pelos tráfico de drogas 29,41%
5,41% Coordenador Equipe Técnica
Uso de drogas 11,76% CREAS CREAS
Envolvimento com o tráfico
Disputade drogas
territorial 27,03%
25 29,41% 62 33,51%
27,06%
Uso de drogas 10
23,24% 11,76% 10 5,41%
Estigma por ter cometido ato infracional 17,65% 23
Disputa territorial 27,06% 50 27,03%
Estigma por ter cometido
Envolvimento atoeinfracional
com gangues facções 17,30% 15 17,65% 43 23,24%
20,00%
Envolvimento com gangues e facções 17 20,00% 32 17,30%
Citou a questão "drogas" (não especificado) 5,41%
Citou a questão "drogas" (não especificado) 7,06% 6 7,06% 10 5,41%
Outra Outra 11,89% 19 22,35% 22 11,89%
22,35%
Total 85 185
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

justiça eO discurso
2,7% dos/asque sustenta apúblicos/as),
defensores/as guerra as drogas justifica
drogas’, a violência
recaindo que afeta desobre
principalmente maneiraos/as
desigual
em quinto os lugar
diferentes
está agentes
a disputadoterritorial
‘mercado(12%das drogas’, recaindoeprincipalmente
adolescentes sobre osde
jovens moradores/as jovens
territó-
moradores de territórios
dos/as promotores/as pobres,
e 2,7% dos/asvendedores
defenso- ou rios não de vendedores/as
pobres, drogas no varejo, principais
ou não de drogas no
res/as públicos/as)
frequentadores do esistema
em sextosocioeducativo
lugar está o uso e varejo,brasileiro.
de prisional principais Este
frequentadores/as
discurso e asdoaçõesSistema
drogas (6% dos/as juízes/as, 4% dos/as promo- Socioeducativo e Sistema
violentas vivenciadas por esta parcela da juventude seria fortalecido e sustentado pela Prisional brasileiro.
tores/as de de
justificativa justiça e 5,5%territórios
que estes são dominados Esse
dos/as defensores/as discurso eeas
por criminosos ações que
facções violentas vivenciadas
comercializam
públicos/as).
drogas, o que acaba por estigmatizar o território como por essa parcela
um lugar emdaquejuventude seriam
todos que fortalecidos
habitam são
Quando
criminosos, questionados/as
o que sobretambém
se pode verificar as prin-quandoe sustentados pela justificativa
os profissionais afirmam dequequeuma
estesdas
terri-
cipais motivações
motivações de violência,
das violências maispelo
relatadas relatadas tórios são dominados por criminosos
adolescente é por ter cometido ato infracional. e facções
pelos/asAadolescentes, relacionadas a dimensão que comercializam drogas, o que acaba por estig-
maneira como a política de drogas se institucionalizou no Brasil faz parte também da
das drogas, os/as representantes da Assistência matizar o território como um lugar em que todos
política “contra” as drogas em um contexto internacional, que seria denominada “guerra às
Social relataram, que habitam são criminosos, o que se pode verifi-
drogas”; um termoemusadoprimeiro
paralugar, o envolvi-
se referir a intervenção militar e proibição com a intenção de
mento com car também quando os/as profissionais afirmam
acabar como atráfico de drogas
produção, (29,4%
consumo e dos/das
tráfico de que
drogas,
uma iniciada muito anteriormente,
das motivações das violências masrelata-
coordenadores/as e 33,5% dos/das profissionais
difundida e imposta internacionalmente pelo governo de Richard Nixon, declarada na Convenção
das equipes técnicas); em segundo lugar está a 8 das pelo/a adolescente é por ter cometido ato
Única sobre entorpecentes de Nova Iorque (1961) .infracional.
disputa territorial (27% dos/das coordenadores/
as e 27% dos/das profissionais das equipes técni- A maneira como a política de drogas se
cas); em terceiro o estigma por ter cometido ato institucionalizou no Brasil faz parte também
infracional (17,6% dos/das coordenadores/as e da política “contra” as drogas em um contexto
8 A Convenção de Nova Iorque de 1961 (ONU) pode ser considerada um marco histórico da
internacional, que"guerra
seriaàs drogas", quando se“guerra
denominada anuncia às
23,2% dos/das profissionais das equipes técni-
a preocupação com a "saúde física e moral da humanidade". Neste momento declara-se o início à "guerra às drogas", protagonizada
cas),
por em Nixon
Richard quarto lugar
(1962), está
então o envolvimento
presidente comCom adrogas”;
dos Estados Unidos. umdotermo
promulgação Decreto usado
54.216, epara
27 de se referir
agosto a inter-
de 1964, o
Brasil
ganguespode ser
e considerado
facções (20%legalmente também inserido
dos/das neste contexto.venção militar e proibição com a intenção de
coordenado-
res/as e 17,3% dos/das profissionais das equipes acabar com a produção, consumo e tráfico de
técnicas), em quinto, está o uso de drogas (11,7% drogas, iniciada muito anteriormente, mas difun-
dos/das coordenadores/as e 5,4% dos/das dida e imposta internacionalmente pelo governo
profissionais das equipes técnicas) e em sexto de Richard Nixon, declarada na Convenção Única
e último lugar está a alternativa de que citou a sobre entorpecentes de Nova Iorque (1961)10.
questão “drogas”, mas não especificou (7% dos/ 10
A Convenção de Nova Iorque de 1961 (ONU) pode ser con-
das coordenadores/as e 5,4% dos/das profissio- siderada um marco histórico da "guerra às drogas", quando se
nais das equipes técnicas). anuncia a preocupação com a "saúde física e moral da humani-
dade". Neste momento declara-se o início à "guerra às drogas",
O discurso que sustenta a guerra às protagonizada por Richard Nixon (1962), então presidente dos
drogas justifica a violência que afeta de maneira Estados Unidos. Com a promulgação do Decreto 54.216, e 27
desigual os diferentes agentes do ‘mercado das de agosto de 1964, o Brasil pode ser considerado legalmente
também inserido neste contexto.

164
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Entretanto, esta “guerra” não mostrou programas da Segurança Pública (RODRIGUES,


efetividade no que se propôs e vem propondo 2012), como por exemplo o que está acontecendo
a combater. De acordo com o grupo Count the atualmente no Rio de Janeiro, quando são noti-
Costs11, são gastos 100 bilhões de dólares” por ciados cotidianamente os relatos de homicídios
ano com a “guerra às drogas” no mundo. Porém, de crianças, adolescentes e adultos/as mora-
de acordo com o Relatório Mundial Sobre Drogas dores/as de favelas que estão sob intervenção
(UNODC, 2019), o consumo só vem aumentando, militar por conta da “guerra às drogas”.
assim como a produção das mesmas e, ainda, Desta forma, a política de drogas atua
os transtornos que necessitam de tratamento com base em três princípios: a associação das
causados pelo uso abusivo delas. Os custos dessa drogas aos “perigoso s”, pobres e negros; a visão
guerra são focados em reprimir e punir, gerando do consumo de drogas como um grave problema
violência e encarceramento, que afetam signi- da saúde pública e a repressão via segurança
ficativamente a vida de milhares de pessoas, pública aos criminosos dos escalões mais baixos
sobretudo as minorias em direitos, sendo estas, que comercializam drogas (RODRIGUES, 2012).
em sua significativa maioria, pretos/as, pobres e
O conceito “droga”12 vem carregado de
moradores/as de regiões periféricas no mundo e
estigmas, que se confundem e se concentram
nas grandes capitais brasileiras.
em quem se quer controlar e/ou criminalizar, e
Entende-se a questão das drogas como recaem sobre a juventude pobre e negra do país,
complexa e a sua produção e comércio fazem que está no Sistema Socioeducativo e no Sistema
parte de um mercado que gera bilhões de dóla- Prisional (27,5% dos/as adolescentes que estão
res de lucro no mundo inteiro. Entretanto, a em Medida Socioeducativa em Meio Aberto
violência causada por esta guerra recai sobre os foram condenados por questões relacionadas
territórios mais pobres, sobre os “grupos sociais às drogas – 21% por tráfico, e 6% porte /uso de
historicamente visados pelas táticas de controle drogas – enquanto 16% por roubo e 11% furto).
social” (RODRIGUES, 2012, p.34), tendo inclu-
Há ainda uma contradição fundamental
sive seu aspecto militarizado. Parte da história
na forma pela qual o Estado entende e atua em
do “combate” às drogas no mundo: “o uso de
situações de adolescentes envolvidos/as com o
Forças Armadas contra próprios concidadãos
mercado das drogas que se choca com a perspec-
parece ter sido, então, uma constante na história
tiva contida na Convenção 18213 da Organização
latino-americana, e a adoção entre nós da milita-
Internacional do Trabalho (OIT), que dispõe que
rização do combate ao narcotráfico talvez possa
a produção e a venda de drogas ilícitas é uma das
ser compreendida como um redimensionamento
contemporâneo desse processo” (RODRIGUES,
2012, p.34).
12
A partir da Organização Mundial de Saúde, droga é defini-
da por: "toda substância que, em contato com o organismo,
Dessa maneira, a captura e violência de modifica uma ou mais de suas funções". Thiago Rodrigues, es-
adolescentes pela Polícia faz parte da condição pecialista em economia do narcotráfico, questiona primeiro o
conceito de droga, atribuindo à uma questão política: "Deve-se
de risco em que alguns adolescentes e jovens ainda chamar a atenção para o próprio termo droga, que cum-
estão submetidos no território onde vivem, e, pre o mesmo papel de generalização. Qualquer manual médico
mesmo quando o/a adolescente não está envol- ou notícia de jornal publicada no caderno de ciência, e não no
policial, esclarece que a palavra droga significa, no plano médi-
vido/a diretamente com essas situações citadas
co-farmacológico, aquilo que comumente chamamos remédio.
nos gráficos apresentados, como elas ocorrem no Mas o emprego equivocado existe (...) Essas mal aprovações,
bairro onde ele/a mora e com pessoas as quais que reúnem as drogas ilícitas sob nomenclaturas imprecisas,
ele/a pode conhecer, isso o interpela e 0/a afeta devem parte de sua existência a práticas e hábitos classificató-
rios que se reproduzem, mas que também, da perspectiva polí-
de alguma maneira. A questão do tráfico no Brasil, tica, acabam cumprindo uma função importante, que consiste
bem como em outros países latino-americanos, em condensar em um único bloco substâncias que são alvo da
pode ser entendida como uma questão complexa, perseguição legal. Assim, o inimigo fica agrupado, fato que tor-
na mais simples a declaração de guerra às drogas. A confusão
uma vez que está diretamente associada a popu- terminológica não seria, desse modo isenta de intenções políti-
lações economicamente vulneráveis, associação cas. Para ressaltar essas imprecisões sem correr o risco de ado-
esta que demonstra ser mantida pelos instru- tá-las, este livro opta por se referir às drogas proibidas como
psicoativas ilegais/ilícitas, drogas ilegais/ilícitas, substâncias
mentos de “repressão” e “proibicionismo” de psicoativas ilegais/ilícitas ou, simplesmente psicoativos ile-
11
“O Count the Costs é um projeto colaborativo entre várias gais/ilícitos." (RODRIGUES, 2012, p.18)
organizações que, embora representem uma ampla gama de 13
A partir da Convenção 182 da Organização Internacional do
conhecimentos e pontos de vista, compartilham o desejo de Trabalho - OIT, o trabalho de adolescentes no tráfico de drogas
reduzir os custos não intencionais da guerra às drogas”. http:// é considerado um dos mais precarizados no contexto de traba-
www.countthecosts.org/. lho infantil.

165
PESQUISA MEIO ABERTO

Piores Formas de Trabalho Infantil, classificação o/a adolescente expressa indícios de transtorno
também reconhecida normativamente no Brasil psíquico apesar de não ter sido informado se há
através do Decreto nº 6.481 de 12 de junho de algum tipo de intervenção especializada para se
2008. Tendo em vista que as infrações cometidas observar e/ou atestar o suposto transtorno na
por adolescentes são consideradas atos infracio- ordem da saúde mental. .
nais, e não crimes (análogos aos crimes previstos Quando perguntado/a aos/às promo-
no Código Penal Brasileiro), no caso do tráfico de tores/as de justiça e aos/às defensores/as
drogas, o fato de ser exercido por uma criança públicos/as se já presenciaram alguma situa-
ou um/uma adolescente, é uma situação que ção em que as características do/a adolescente
o Estado não pode permitir que ocorra, pois se influenciaram a decisão da autoridade judicial
choca com a concepção de trabalho infantil, cuja Medida Socioeducativa restritiva de liberdade
eliminação é um dos objetivos mundiais. - Medida de Internação, 79,5% dos/as promoto-
res/as de justiça afirmaram que não houve esse
Para saber mais sobre a questão do tráfico tipo de influência e 6,5% afirmaram que houve
de drogas e juventude: essa influência quando o/a adolescente expressa
indícios de transtorno psíquico. Já quando ques-
Ana Paula Galdeano; Ronaldo Almeida. Tráfico
tionado aos/às defensores/as públicos/as a
de drogas entre as piores formas de traba-
mesma questão supracitada, 21% afirmaram que
lho infantil: mercados, famílias e rede de
não houve esse tipo de situação, cerca de 52,6%
proteção social. São Paulo: CEBRAP, 2018.
afirmaram que houve essa influência quando
BATISTA, Vera Malaguti. Difíceis ganhos o/a adolescente é pobre e 31,5% afirmaram que
fáceis - Drogas e juventude pobre no Rio houve essa influência quando o/a adolescente é
de Janeiro. Rio de Janeiro: Revan, 2003. preto/a ou pardo/a.
RODRIGUES, Thiago. Narcotráfico uma Em relação a alguma situação em que
guerra na guerra. São Paulo: Desatino, 2012. as características do/a adolescente influencia-
HARI, Jojann. Na fissura – uma história do ram a decisão da autoridade judicial ao conceder
fracasso no combate às drogas. São Paulo: remissão simples, 85,4% dos/das promotores/
companhia das letras, 2018. as de justiça afirmaram que não houve esse tipo
de influência e 6,5% dos/das promotores/as
de justiça afirmaram que houve essa influên-
8.3. VIOLÊNCIA CONTRA cia quando o/a adolescente expressa indícios
ADOLESCENTE DURANTE AS OITIVAS de transtorno psíquico apesar de não ter sido
E DURANTE AS AUDIÊNCIAS informado se há algum tipo de intervenção
especializada para se observar e/ou atestar o
Quando perguntado aos/às juízes/as se suposto transtorno na ordem da saúde mental.
foi presenciada alguma situação em que as carac- Já as respostas dos/as defensores/as públicos/
terísticas do/da adolescente influenciaram a as foram mais equilibradas, 26,3% relataram
decisão do Ministério Público ao oferecer repre- que não presenciaram esse tipo de influência,
sentação, 80,1% afirmaram não ter detectado enquanto 26,3% afirmaram que houve esse tipo
esse tipo de influência sobre a decisão do MP, de influência quando o/a adolescente é pobre
6,6% afirmaram que detectaram essa influên- e 15,7% quando o/a adolescente é preto/a ou
cia quando o/a adolescente é preto/a ou pardo e pardo/a.
5,7% também detectaram essa influência quando Observa-se que juízes/as e promotores/
o/a adolescente é pobre. as de justiça negam, em sua maioria, que haja um
No tocante ao arquivamento do processo tratamento diferente quando o/a adolescente é
ou concessão de remissão simples pelo Ministério preto/a e/ou pobre. Entretanto, podemos obser-
Público, foi perguntado aos/às juízes/as se foi var que os dados do Sistema de Justiça apontam
presenciada alguma situação em que as carac- para uma prevalência da criminalização de
terísticas do/da adolescente influenciaram tais adolescentes negros/as e pobres, que podemos
decisões, 80,1% dos/as juízes/as afirmaram que nomear de seletividade penal. Ou seja, apesar
não houve esse tipo de influência e cerca de 5% da maioria dos/das profissionais não haver dito
afirmaram que houve essa influência quando que há um tratamento diferente para adoles-
centes negros/as e pobres, há uma reiterada

166
representação, 80,1% afirmaram não ter detectado esse tipo de influência sobre a decisão do
MP, 6,6% afirmaram que detectaram essa influência quando o adolescente é preto ou pardo e
5,7% também detectaram essa influência quando
Parte I: o política
Panorama da adolescente é pobre.
de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

V.Exa presenciou alguma situação em que as características do/a adolescente


influenciaram a decisão do ministério público ao oferecer representação?
V.Exa presenciou alguma situação em que as características do adolescente influenciaram a decisão do
ministério público ao oferecer representação?
Sim,
Sim, quando
quando o adolescente
o adolescente é preto
é preto ou pardo
ou pardo 6,61% 8 6,61%
Sim, quando o adolescente é pobre 7 5,79%
Sim, quando o adolescente é pobre 5,79%
Sim, quando o adolescente expressa indícios de transtorno psíquico 3 2,48%
Sim, quando
Sim, quando oo adolescente
adolescenteéexpressa
indígenaindícios de… 2,48% 2 1,65%
Sim, quando o adolescente é travesti ou transexual 2 1,65%
Não Sim, quando o adolescente é indígena 1,65% 97 80,17%
Não
Sim, sabe informar
quando o adolescente é travesti ou transexual 8 6,61%
1,65%
Prefere não responder 1 0,83%
Sim, por outra razão. Qual? Não 7 80,17%
5,79%
13
Total Não sabe informar 6,61% 5 121
Prefere não responder 0,83%

Sim, por outra razão. Qual? 5,79%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

V.Exa. presenciou
NoV. tocante
Exa. presenciou alguma
algumasituação
ao arquivamento situação emque
em
do processo queas
ouas características
características
concessão dedo/a do adolescente
adolescente
remissão simples pelo
influenciaram
influenciaram a decisão
a decisão do
do ministério
ministério público
público ao arquivar
arquivar
ministério público, foi perguntado aos juízes se foi presenciada alguma situação oo processo
processo ou ou conferir
conferir
em que as
remissão simples? remissão simples?
características do adolescente influenciaram tais decisões, 80,1% dos juízes afirmaram que não
houve Sim,
essequando
tipo deoinfluência
adolescente expressa
e cerca indícios
de 5% de transtorno
afirmaram psíquico
que houve essa 6influência
4,96% Sim,
quando o
adolescente
quando expressa
o indícios
adolescente é de transtorno
preto ou pardopsíquico. 2 1,65%
Sim, quando o adolescente expressa indícios de… 4,96%
Sim,
Sim, quando
quando o adolescente
o adolescente é preto éoupobre
pardo 1,65%
2 1,65%
Sim, quando o adolescente é indígena
Sim, quando o adolescente é pobre
0 0,00%
1,65%
Sim, Sim,
quando o adolescente é homossexual, travesti ou transexual
quando o adolescente é indígena
0 0,00% Não
0,00%
Sim, quando o adolescente é homossexual,… 0,00%
97 80,17%
Não sabe informar 7 5,79%
Não 80,17%
Prefiro não responder 2 1,65%
Não sabe informar 5,79%
Sim, por outra razão. Qual? 8 6,61%
Prefiro não responder 1,65%
12
Sim, por outra razão. Qual? 6,61%
Total 4 121
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Quando perguntado aos promotores e defensores se já presenciaram alguma situação


inserção e prevalência destes/as no Sistema Além disso, sobre os dados coletados a
em que as características
Socioeducativo, por meio dedoumaadolescente
engrenagem influenciaram a decisão
esse respeito, da autoridade
seria possível sugerir judicial
um corpo-ao
imputar medida socioeducativa
que criminaliza seletivamente. de privação de liberdade (internação), 79,5% dos promotores
rativismo entre os/as juízes/as e promotores/as
afirmaram
De que nãocom
acordo houve
os esse tipo de influência
criminólogos críti- e 6,5%
de justiçaafirmaram que houve
e que não condiz com oessa influência
que o/a defen-
quando
cos, estao adolescente
seletividade expressa indícios
operada pelo sor/a público/a afirma sobre haver uma
de transtorno psíquico. Já quando questionado aos
Sistema situação
de Justiça, públicos
iniciada com a atividade policial e em que as características do/da adolescente
defensores a mesma questão supracitada, 21% afirmaram que não houve esse tipo de
executada pelo Sistema Judiciário, tem como influenciaram a decisão da autoridade judiciária
situação, cerca de 52,6% afirmaram que houve essa influência
ao imputar quando
Medida o adolescente
Socioeducativa é pobrede
restritiva e
base definir seletivamente quais os bens jurí-
31,5% afirmaram que houve essa influência quando o adolescente
liberdade privativaéde
preto ou pardo.
liberdade. Enquanto uma
dicos serão protegidos, de acordo com o poder
das elites econômicas, e estigmatizar e punir os minoria daqueles afirma haver alguma discrimi-
indivíduos que serão alvo do Sistema Penal, de nação, os/as defensores/as públicos/as dizem
acordo com uma seleção negativa das classes que há discriminação de classe, raça e também
subalternas (CIRINO, 2005). quando há indícios de transtorno psíquico.
Sim, quando o adolescente é preto ou pardo 3,65% 31,58%
Você presenciou Sim, quando
alguma o adolescente
situação 0,00% influenciaram a decisão da autoridade judicial ao imputar
é indígenado adolescente
em que as características
medida socioeducativa de privação de liberdade?
Sim, quando o adolescente é travesti ou transexual 0,00% 167
1,46% Promotor Defensor
Sim, quando
Sim, quando o adolescente é preto o
ouadolescente
pardo é pobre 5,11% 5
52,63% 6
3,65% 31,58%
defensores públicos a mesma questão supracitada, 21% afirmaram que não houve esse tipo de
situação, cerca de 52,6% afirmaram que houve essa influência quando o adolescente é pobre e
31,5%
PESQUISAafirmaram
MEIO ABERTOque houve essa influência quando o adolescente é preto ou pardo.

V.Exa. já presenciou alguma situação em que as características do/a adolescente


influenciaram a decisão da autoridade judicial

Sim, quando o adolescente é preto ou pardo 3,65% 31,58%


Você presenciouSim,
algumaquando
situaçãoo adolescente 0,00% influenciaram a decisão da autoridade judicial ao imputar
é indígenado adolescente
em que as características
Sim, quando o adolescente é travesti ou transexual 01,0,406%%
medida socioeducativa de privação de liberdade?
Promotor Defensor
Sim, quando
Sim, quando o adolescente é preto o
ouadolescente
pardo é pobre 5,11% 5
52,63% 6
3,65% 31,58%
Sim, quando
Sim, quando o adolescente
o adolescente é indígenaexpressa indícios de… 10,53% 0 0,00% 0 0,00%
6,57%
Sim,
Sim,quando
devidooàadolescente
estereótiposé travesti a aparência… 0,00% 15,79% 2
ou transexual
relacionados 1,46% 0 0,00%
Sim, quando o adolescente é pobre 7 5,11% 10 52,63%
Não 21,05% 79,56%
Sim, quando o adolescente expressa indícios de transtorno psíquico 9 6,57% 2 10,53%
Sim, devido à estereótipos relacionadosNão sabe informar
a aparência
0,00%
do adolescente2(tatuagem, corte
,19%
de cabelo e/ou sobrancelha, vestimentas)
Prefiro não responder 5,26% 0 0,00% 3 15,79%
Não
0,00% 109 79,56% 4 21,05%
Sim, por outra razão. Qual? 26,32%
Não sabe informar 8,03% 3 2,19% 0 0,00%
Prefiro não responder
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 5,26%
0 0,00% 1
Sim, por outra razão. Qual? 11 8,03% 5 26,32%
Total Defensor Promotor 146 137 19

V.Exa. já presenciou alguma situação em que as características do/a adolescente


influenciaram a decisão da autoridade judicial ao conceder remissão simples
Em relação a alguma situação em que as características do adolescente influenciaram a
Você presenciou alguma situação em que as características do adolescente influenciaram a
decisão da autoridade judicial ao conceder remissão simples, 85,4% dos promotores afirmaram
15,79%
decisão Sim,
da autoridade judicial ao
quando o adolescente conceder
é preto remissão
ou pardo 1,46%simples?
que não houve esse tipo de influência e 6,5% afirmaram que houve essa influência
Promotor quando o
Defensor
adolescente expressa indícios
Sim, quando de transtorno
o adolescente 0,00%
é indígenapsíquico. Já as respostas dos defensores foram
0,73% 15,79
mais equilibradas, 26,3% relataram que
Sim, quando o adolescente é preto ou pardo não presenciaram esse2 tipo1,46%
de influência,
3 enquanto
%
Sim, quando o adolescente é travesti ou transexual 0,00%
26,3% afirmaram
Sim, quando que houve esse
o adolescente tipo de influência 1,46%
é indígena quando adolescente
1 é pobre e015,7% quando
0,73% 0,00%
o Sim,
adolescente
quando éo preto ou pardo.
adolescente é travesti ou transexual
Sim, quando o adolescente é pobre
2
26,32% 1,46% 0 0,00%
2,19%
Sim, quando o adolescente é pobre 26,32
Sim, quando o adolescente expressa indícios 5,26% 3 2,19% 5 %
transtorno psíquico 6,57%
Sim, quando o adolescente expressa indícios transtorno
Sim, quando há um bom contexto familiar junto à boa 21,05%
psíquico condição financeira 0,00% 9 6,57% 1 5,26%
Sim, quando há um bom contexto familiar junto à boa 21,05
Sim, quando o adolescente é branco 0,00%
condição financeira 0,00% 0 0,00% 4 %
Sim, quando o adolescente é branco 0
26,32%
0,00% 0 0,00%
Não 85,40%
Não 11 26,32
Não sabe informar 0,00% 7 85,40% 5 %
2,92%
Não sabe informar 4 2,92% 0 0,00%
Prefiro não responder Prefiro não responder 10,53% 10,53
1,46%
2 1,46% 2 %
Sim, por outra razão. Sim,
Qual?por outra razão. Qual? 26,32% 26,32
2,19%
3 2,19% 5 %
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
14
Total Defensor Promotor 3 137 19

Observa-se que juízes e promotores negam, em sua maioria, que haja um tratamento
diferente quando o adolescente é preto e/ou pobre, entretanto, podemos observar que os dados
do sistema de justiça apontam para uma prevalência da criminalização de adolescentes negros
e pobres, que podemos nomear de seletividade penal. Ou seja, apesar da maioria dos/das
168
profissionais não haver dito que há um tratamento diferente para jovens negros e pobres, há uma
reiterada inserção destes no sistema socioeducativo, por meio de uma engrenagem que
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

Para saber mais sobre seletividade penal Além disso, “a União, os Estados, o
e criminologia crítica, ver: Distrito Federal e os Municípios poderão criar
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica serviços de atendimento, de ouvidoria ou de
e crítica do direito penal - introdução à resposta, pelos meios de comunicação dispo-
sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: níveis, integrados às redes de proteção, para
Revan, 2011. receber denúncias de violações de direitos de
crianças e adolescentes”, e presume-se que, uma
CIRINO, Juarez dos Santos. A criminologia
vez que as denúncias são recebidas, estas são
crítica e a reforma da legislação penal.
encaminhadas à autoridade policial, ao Conselho
Trabalho apresentado na XIX Conferência
Tutelar e ao Ministério Público.
Nacional dos Advogados. Florianópolis, 2005.
Para que seja possível que o Estado
. A criminologia radical. Rio de
planeje e execute ações que combatam as diver-
Janeiro: Forense, 1981. .
sas violências, considera-se fundamental que
Raízes do crime - um estudo sobre as sejam estabelecidos procedimentos oficiais
estruturas e as instituições da violência. para notificação de ameaças e para notifica-
Forense: Rio de Janeiro, 1984 ção de violências. A existência de protocolos e a
GOÉS, Luciano. A tradução de Lombroso na criação de órgãos específicos para denúncia de
obra de Nina Rodrigues: O racismo como violências possibilita um ambiente mais prote-
base estruturante da criminologia brasi- gido para o recebimento e encaminhamento dos
leira. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2016. casos, e também para que haja a produção de
ANDRADE, Vera Regina P. Pelas mãos da dados para contabilizar a frequência, os locais
criminologia – o controle penal para além onde elas ocorrem de maneira mais incidente e
da (des)ilusão. Rio de Janeiro: Editora Revan, as formas de violência. Desta maneira, esta seção
2012. trata da existência de protocolos de denúncia e
o quanto os atores os reconhecem e os conside-
ram efetivos.
8.4. ESTRUTURA FORMALIZADA E AS Com o objetivo de compreender a frequên-
CONDIÇÕES PARA DENÚNCIA cia na qual a denúncia está sendo feita quando
há o relato de violência, analisamos a quantidade
Para que a violência contra os/as de casos que são encaminhados para denún-
adolescentes em cumprimento de Medidas cia quando o/a profissional afirmou que houve
Socioeducativas em Meio Aberto seja enfrentada relato relacionado à ameaça de morte, à violência
considera-se central o reconhecimento da exis- ou à tentativa de suicídio nos últimos dois anos.
tência e das características dessa violência pelo Desta forma, 39,2% dos/das coordenadores/
Estado. Consideramos que este seja o primeiro as de CREAS, 33,2% dos/das profissionais das
passo para que mecanismos de identificação, equipes técnicas e 16% dos/das conselheiros/
coerção e intimidação dos agentes estatais, as municipais afirmaram notificar as denúncias
responsabilização dos autores; bem como medi- de violência ou grave ameaça sempre/frequen-
das de proteção dos/as adolescentes sejam temente, mas 49,2% dos/das primeiros, 59,5%
devidamente estabelecidas. Para tanto, faz-se dos/das segundos e 74% dos/das conselheiros/
primordial e obrigatório que obrigatório que as as municipais afirmaram denunciar nunca/rara-
violências que são cometidas contra crianças e mente, o que pode ser compreendido como um
adolescentes sejam notificadas, de acordo com a dado preocupante, tendo em vista o caráter obri-
lei 13.431/2017: gatório da denúncia no caso de as vítimas serem
Art. 13. Qualquer pessoa que tenha conhe- crianças ou adolescentes.
cimento ou presencie ação ou omissão,
praticada em local público ou privado,
8.4.1. SISTEMA DE JUSTIÇA: PROTOCOLO
que constitua violência contra criança ou
adolescente tem o dever de comunicar o E NOTIFICAÇÃO DE AMEAÇA DE MORTE
fato imediatamente ao ou à autoridade OU VIOLÊNCIA NO MUNICÍPIO
policial, os quais, por sua vez, cientifica-
rão imediatamente o Ministério Público. A maioria dos/das entrevistados do
Sistema Judiciário e mais de 1/3 dos/das profis-
sionais da Assistência Social afirmam que não há

169
PESQUISA MEIO ABERTO

Frequência na efetivação da denúncia quando há o relato de violência sofrida


pelo/a adolescente

Com que frequência você notifica7,77% denúncias de violência ou grave ameaça relatadas pelos
Sempre 15,27%
adolescentes em cumprimento de MSE?19,29%
8,29% 17, 94%
Frequentemente Coordenador Equipe Técnica Conselho
20,00%
CREAS 30,57% CREAS Municipal
Raramente 40,08%
Sempre 27 19,29% 40
36,43% 15,27% 15 7,77%
Frequentemente Nunca 28 20,00%
1 9,47% 47 43,52% 17,94% 16 8,29%
12,86 %
Raramente 51
8,29% 36,43% 105 40,08% 59 30,57%
Não sabe informar 5,34%
Nunca 18
7,86% 12,86% 51 19,47% 84 43,52%
1,55 %
Não sabe informar
Prefere Não responder 11
1,91 % 7,86% 14 5,34% 16 8,29%
3,57%
Prefere Não responder 5 3,57% 5 1,91% 3 1,55%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 140 262 193
Conselho Municipal Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

protocolo para de
8.4.1. Sistema denúncia
Justiça:noProtocolo Notificaçãosede
órgão e/oue municí- concretiza
Ameaça em de dados,
Morte ouao aferirmos
Violência os
noelevados
pio onde atuam, ou seja, significativa parte dos índices de homicídios que acometem precoce-
Município
municípios e estados não tem uma estrutura mente a vida de adolescentes e jovens pretos/
mínima específica para a realização e enca- pretas desse país. Se considerarmos o ideario
A maioria
minhamento de dos entrevistados
denúncias. Comodoafirmado
judiciário e que
maisfomenta
de um terço dos/das
o atual profissionais
discurso de ódio dodasenso
assistência socialrecomenda-se
anteriormente, afirmam que não que há protocolo
exista um para denúncia
comum, no órgãode
a afirmação e/ou
quemunicípio onde
os/as adolescentes
órgão
atuam,específico para realização
ou seja, significativa partededos municípios ae quem
denúncias, se atribui
Estados não tem autoria de ato infracional
uma estrutura mínima são
específica para a realização e encaminhamento deodenúncias.
pois considera-se importante que haja condi- "perigo" social, remontando a "situação irre-
Como afirmado anteriormente,
ções de acolher e de fato proteger aquele que gular" de outrora, condiciona também a ideia
recomenda-se que exista um órgão específico
faz a denúncia. Desta maneira, pode-se assumir para realização de denúncias,
de que a estes/as poisgarantir
não se deve considera-se
condições
importante que haja condições de acolher
que esse seja um dos fatores que desestimule o/a e de fato efetivas de proteção, mesmo quandoDesta
proteger aquele que faz a denúncia. são eles/
maneira, pode-se
adolescente assumirpois
a denunciar, quenão
esteháseja
um umlocaldos elas
fatores que
o alvo da desestimule
barbárie. o adolescente a
denunciar,para
adequado pois tal.
não há um local adequado para tal. Para que se possa refletir sobre a frequên-
Alémdisso,
Além disso, outro
outro fator
fatorque
quepode
podedificultar
dificul- a realização das denúncias
cia e as formas seria configura-se
de violência, o fato de que,como
tar a realização
apesar das denúncias
do conselho tutelar serseria o fatoque
o órgão de que, fundamental
na maioria das vezesorecebe
estabelecimento de procedimen-
as denúncias, o fluxo
apesar do Conselho Tutelar ser o órgão que na tos oficiais para notificação
da denúncia passa obrigatoriamente pela delegacia, o que representa um obstáculo à proteção, de ameaças e para
maioria das vezes recebe as denúncias, o fluxo da notificação de violências.
tendo em vista que a denúncia seria geralmente contra policiais ou membros de facções, como
denúncia passa obrigatoriamente pela Delegacia, Dessa forma, quando perguntados/as
pudemos
o observar
que representa umnas tabelas sobre
obstáculo os autores
à proteção, tendodassobre
ameaças, estes que representam risco real
a existência do protocolo para notifica-
a vida
em doque
vista adolescente.
a denúncia Ouseria
seja,geralmente
pode-se inferir
contraque os e as
ção deadolescentes
denúncias para nãoasdenunciem
situaçõesporque
de ameaça
não se sentem
policiais de fato de
ou membros protegidos
facções, pela
como estrutura
pude- disponível para tal nos Estados
de morte ou violência no âmbito e municípios
da Promotoria
mos observar nas tabelas sobre os autores das
que vivem. (quando promotores/as de justiça) ou da Vara
ameaças, estes que representam risco real à vida
Desta forma, podemos afirmar que não há(quando espaçojuízes/as), 51% dos/das
para proteger promotores/as
esses meninos e
do/da adolescente. Ou seja, pode-se inferir que de justiça, cerca de 58% dos/das defensores/as
meninas das violências que sofrem,
os/as adolescentes não denunciam porque nãotornando-se muito mais vulneráveis. São estes sujeitos que
públicos e 68% dos/das juízes/as afirmaram que
mais
se sofremdeasfato
sentem consequências
protegidos/as dapela
violência, o que pode ser visto nos índices elevados de taxa
estrutura não há protocolo e cerca de 46% de promotores/
de mortalidade
disponível do nos
para tal perfil deles,e municípios
estados jovens negros.
que Seasformos olhar34,5%
de justiça, parados/das
as representações
defensores/asdepúbli-
violência, elas se concentram em reafirmar estes meninos
vivem. como violentadores,
cos/as e 31% dos/das juízes/as então não são
disseram que há
criadasDessa
condições concretas
forma, podemos para eles sejam
afirmar protegidos.
que não A violência estrutural (de raça, classe
protocolo.
há espaço vivida
e gênero) para proteger esses
de maneira meninos
intensa e meni-
por estes sujeitos e suas famílias
Entre seria muito
os atores que menos visível
afirmaram positi-
nas das violências
e ignorada, que sofrem,
e no momento emtornando-os aindaentendido
que este sujeito, vamente como causador das
à pergunta violências,
anterior, 51,7%deve
dos/das
mais vulneráveis. São estes sujeitos que mais promotores/as de justiça, 59,4% dos/das promo-
ser protegido, não acontece da maneira como deveria ser.
sofrem as consequências da violência, fato que tores/as de justiça e 51,2% dos/das juízes/as

170
promotores, cerca de 58% dos defensores e 68% dos juízes afirmaram que não há protocolo e
cerca de 46% de promotores, 34,5% dos defensores públicos e 31% dos juízes disseram que há
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
protocolo.
Existência de protocolo para notificação de denúncias nas situações de ameaça
de morte e a partir do relato de violências sofridas pelos/as adolescentes

31,09%
Sim 34,58%
Existe protocolo para notificação de denúncias para as situações de ameaça de
45,99%
morte ou violência no âmbito do órgão do qual faz parte?
68,07%
Não Promotor Defensor 57,94% Juiz
51,09%
0,84% 31,09
Não sabe informar
Sim 6,54%63 45,99% 37 34,58% 37 %
2,92%
0,00% 68,07
Prefere
Não não responder 70 51,09% 62 57,94% 81 %
0,93%
0,00%
Não sabe informar 4 2,92% 7 6,54% 1 0,84%
Prefere Não responder
0% 10% 020% 0,00% 30% 40% 1 50% 0,93%
60% 70% 080% 0,00%90% 100%
13
Juiz Defensor Promotor
Total 7 107 119

estão satisfeitos/as, enquanto 30,1% dos/das Assistência Social responderam, a seguir, sobre
Entre os atores que afirmaram positivamente à pergunta anterior, 51,7% dos
promotores/as de justiça, 16,2% dos/das defen- a existência de protocolos para notificação de
promotores, 59,4% dosedefensores
sores/as públicos/as e 51,2%
15,6% dos/das dos juízes
juízes/as estão
ameaça satisfeitos,
de morte enquanto
ou violência 30,1% dos
e o quanto consi-
promotores, 16,2% doscom
estão insatisfeitos/as defensores e 25,6%
o protocolo dos juízes
existente. deramestão insatisfeitos
efetivos. com o esse
Ao se levantar protocolo
tema junto
existente. aos atores citados, o objetivo seria ter uma visão
geral acerca de como se trata o tema de registro
Para saber mais sobre rotulação, ver:
de violências nos municípios.
BECKER, Howard Saul. Outsider: estudos de
A partir de algumas respostas dos atores
sociologia do desvio. 1a Edição, Rio de Janeiro,
de Assistência Social, nota-se que mesmo quando
Zahar, 2008.
os/as adolescentes relatam violências ou amea-
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e ças de morte aos atores da Assistência Social,
crítica do direito penal: introdução à sociologia mais da metade destes denunciam raramente ou
do direito penal. Tradução de Juarez Cirino dos nunca. Essa baixa frequência de denúncias pode
Santos. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto ser entendida como um fator que agrava a condi-
Carioca de Criminologia, 2011 ção de vulnerabilidade dos/as adolescentes, uma
SOARES, Flávia Cristina; RIBEIRO, vez que já se encontram em situação de risco.
Ludmila Mendonça Lopes. ROTULAÇÃO Quando perguntados/as sobre a existên-
E SELETIVIDADE POLICIAL: ÓBICES À cia de protocolo para notificação de violências no
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DEMOCRACIA municípios 49,2% dos/das coordenadores/as,
NO BRASIL. Estud. hist. (Rio J.), Rio de 41,1% dos/das profissionais das equipes técnicas
Janeiro , v. 31, n. 63, p. 89-108, Apr. 2018 e 60% dos/das conselheiros/as municipais dos
. Available from <http://www.scielo.br/ Direitos da Criança e do Adolescente afirmaram
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- existir protocolo.
21862018000100089&lng=en&nrm=iso>.
Dos/das que responderam positivamente
access on 07 May 2020. http://dx.doi.
à pergunta anterior, cerca de 47% dos/das coor-
org/10.1590/s2178-14942018000100006. denadores/as, 52,6% dos/das profissionais das
equipes técnicas e 60,6% dos/das conselhei-
ros/as afirmaram estar satisfeitos/as com o
8.4.2. ASSISTÊNCIA SOCIAL E
protocolo.
CONSELHOS: PROTOCOLO E
Quando questionados/as sobre a frequên-
NOTIFICAÇÃO DE AMEAÇA DE MORTE
cia em que há notificação de denúncias, violência
OU VIOLÊNCIA NO MUNICÍPIO
ou grave ameaça relatadas pelos/as adolescen-
tes em cumprimento de Medida Socioeducativa
Da mesma maneira que foi questionado
em Meio Aberto, 36,4% dos/das coordenado-
aos atores do Sistema de Justiça, os atores da
res/as, 40% dos/das profissionais da equipe dos

171
municipais e 53,3% das gestoras municipais de assistência social afirmaram que há protocolo,
enquanto 38,3% dos/das coordenadores/as, cerca de 41% dos/das profissionais das equipes
técnicas; 24,6% das conselheiras municipais e 35,5% das gestoras municipais de assistência
PESQUISA MEIO ABERTO
social afirmaram que não há protocolo.

Existência de protocolo para notificação e registro de denúncias no município

Existe protocolo para notificação e registro de denúncias no município para as situações de


ameaça de morte ou violência? 61,68%
Sim 43,46%
Coordenador Equipe
45,74%Técnica Conselho Municipal
CREAS CREAS
Sim 129 24,61%
45,74% 276 43,46% 198 61,68%
Não 40,94%
Não 108 38,30% 38,30%
260 40,94%% 79 24,61%
Não sabe informar 44 15,60% 98 15,43% 44 13,71%
Prefere 13,71%
Não Não
sabe responder
informar 1
15,43% 0,35% 1 0,16% 0 0,00%
Total 282
15,60% 635 321

0,00%
Prefere Não responder 0,16%
0,35%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Conselho Municipal Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

Qual
Grau de seu grau de
satisfação satisfação
quanto com o protocolo
aos protocolos de notificação
de notificação para existentes
de denúncias
denúncias?
Promotor Defensor Juiz
5,13%
MuitoMuito
insatisfeito(a)
insatisfeito(a)
2,7 0 % 4 6,35% 1 2,70% 2 5,13%
6 , 35%
1 16,22 25,64
Insatisfeito(a) 16,22% 25,64%
Insatisfeito(a) 9 30,16%
30,16% 6 % 10 %
51,28 %
Satisfeito(a) 3 59,46
50,79%
59,46% 51,28
Satisfeito(a) 5,13% 2 50,79% 22 % 20 %
Muito satisfeito(a) 8,11%
Muito satisfeito(a) 4,76% 3 4,76% 3 8,11% 2 5,13%
10 ,2 6 %
Não sabe informar 1 3 ,5 1% 13,51 10,26
4,76%
Não sabe informar 2,56%
3 4,76% 5 % 4 %
PreferePrefere
Não responder 0,0 0 %
Não responder 2 3,17% 0 0,00% 1 2,56%
3 ,1 7%

0% 6
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 3 37 39
Juiz Defensor Promotor

CREAS e 30,5% dos/das conselheiros/as muni- conselheiros/as municipais afirmaram notificar


cipais Assistência
8.4.2. dos Direitos da Criança
Social e do Adolescente
e Conselhos: sempre/frequentemente
Protocolo as violências
e Notificação de Ameaça ou graves
de Morte ou
afirmaram notificar raramente;
Violência no Município enquanto 33,2% ameaças relatadas pelos/as adolescentes em
dos/das coordenadores/as, 33,2% dos/das cumprimento de Medidas Socioeducativas em
profissionais das equipes técnicas e 16% dos/das Meio Aberto.
Da mesma maneira que foi questionado aos atores do sistema de justiça, os atores da
assistência social responderam, a seguir, sobre a existência de protocolos para notificação de
ameaça de morte ou violência e o quanto consideram efetivos. Ao se levantar esse tema junto
aos atores citados, o objetivo seria ter uma visão geral acerca de como se trata o tema de registro
de violências nos municípios.
A partir de algumas respostas dos atores de assistência social, nota-se que mesmo
quando os adolescentes relatam violências ou ameaças de morte aos atores de assistência
social, mais da metade destes denunciam raramente ou nunca. Essa baixa frequência de
denúncias pode ser entendida como um fator que agrava a condição de vulnerabilidade dos
adolescentes, uma vez que já se encontram em situação de risco. As perguntas a seguir podem
nos auxiliar a refletir sobre essa questão.
172 Quando questionadas sobre a existência de protocolo para notificação e registro de
denúncias no município, para as situações de ameaça de morte ou violência, 45,7% dos/das
coordenadores/as, 43,4% dos/das profissionais das equipes técnicas, 61,6% das conselheiras
Existe protocolo
Existe protocolo para
para notificação
notificação e registro
eParte
registro de
de denúncias
denúncias para para as as
I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
situações de ameaça de morte ou violência
situações de ameaça de morte ou violência no município? no município?
Gestor
Gestor Municipal
Municipal de deAssistência
Assistência
Sim
Sim 53,33%
Existe protocolo para notificação e registroSocial de
Social
denúncias para as situações
53,33%
de ameaça de morte ou violência no município?
Sim
Sim
Existe protocolo Nãopara notificação e 24
Não 24
registro de denúncias
35,56%
53,33%
53,33%
para as
35,56%
Não
Não 16
situações de ameaça de morte ou violência
16 no município? 35,56%
35,56%
NãoNão
Não sabe informar
sabe informar
Sim
4 Gestor Municipal de8,89%
8,89% 4
8,89% Assistência
8,89%
53,33%
Prefere Não responder
Prefere 1
1 Social 2,22% 2,22%
Sim
Total
Total
Prefere Não responder
Prefere Não 2,22%
2445
45 35,56%
53,33%
Não 16 35,56%
NãoNão
sabe informar
sabe informar 0% 10% 4
8,89% 20%
20% 30%
30% 40% 8,89%
40% 50%
50% 60%
60% 70%
70% 80% 80% 90% 90% 100% 100%
Prefere Não responder 1 2,22%
Total
Prefere Dentre
Não responder 2,22%
aquelas que 45
responderam
responderam positivamente àà pergunta
positivamente perguntaanterior,
anterior,cerca
cercade de54%54%
dos/das
dos/das coordenadores/as, 51,2% dos/das dos/das profissionais
profissionais dasdas equipes
equipestécnicas,
técnicas,50,2%
50,2%dasdas
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
conselheiras
conselheiras e 50% das gestoras municipais municipais de de assistência
assistência social
socialafirmaram
afirmaramestarem
estarem
satisfeitas
satisfeitas com o protocolo.
Dentre aquelas que responderam positivamente à pergunta anterior, cerca de 54%
dos/das Grau de satisfação quanto
coordenadores/as, 51,2% aos protocolos
dos/das de notificação
profissionais das equipesde denúncias
técnicas,existentes
50,2% das
conselheiras e 50% das gestoras municipais nos municípios
de assistência social afirmaram estarem
satisfeitas com o protocolo.
Qual
Qual seu
seu grau
grau de satisfação com
de satisfação com o o protocolo
protocolo de de notificação
notificação ee registro
registrodededenúncias
denúnciaspara
para
as situações
asMuito
situações de ameaça
de ameaça de
insatisfeito(a) de
3,55%
3,55% morte e violência?
morte e violência?
6,55%
Muito insatisfeito(a) 1,54%6,55%
1,54% Coordenador
Coordenador Equipe Técnica
Equipe Técnica Conselho
Conselho
22,34%
CREAS
22,34% CREAS Municipal
Qual seu Insatisfeito(a)
grau de satisfação com o protocolo
Insatisfeito(a) CREAS
25,45%
25,45% de notificaçãoCREAS Municipal
e registro de denúncias para
34,62%
34,62%
Muito
asMuito
Muito insatisfeito(a)
situações de ameaça de
insatisfeito(a) 3,55% morte e
22 1,54%
violência?
1,54% 18
18 6,55%
6,55%
50,25% 77 3,55%
3,55%
insatisfeito(a) 6,55% 50,25%
Satisfeito(a)
Satisfeito(a) 1,54% 34,62 51,27%
Coordenador34,62 Equipe Técnica
51,27%
53,85% Conselho
22,34% 53,85%
Insatisfeito(a)
Insatisfeito(a)
Insatisfeito(a) 2,54%
2,54%
45CREAS
45 25,45% %
% 34,62% 70 70 CREAS 25,45%
25,45% 44 22,34%
44Municipal
22,34%
Muito
Muito satisfeito(a)
satisfeito(a) 0,73%
Muito insatisfeito(a) 0,73%
1,54% 2 1,54%
53,85 18 6,55% 7 3,55%
Satisfeito(a)
1,54% 53,85 50,25%
Satisfeito(a)
Não sabe informar
Satisfeito(a) 70 34,62
14,72%
70
14,72%
15,64% %
% 14151,27%
141 51,27%
51,27%
53,85% 99
99 50,25%
50,25%
Não sabe informar 5,38% 15,64%
Insatisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 452 % 1,54% 22 70 25,45%
0,73% 44 22,34%
55 2,54%
5,38%
2,54%
Muito satisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 0,73% 6,60% 2 1,54% 0,73% 2,54%
Prefere
Não não informar
sabe responder 1,54%
0,36%6,60% 7 53,85
5,38% 43 15,64% 29 14,72%
Prefere
Não não responder
sabe informar 0,36%
3,08% 7 5,38% 43 15,64% 9929 50,25% 14,72%
Satisfeito(a) 3,08% 14,72%
70 %3,08% 141 51,27%
Não sabe
Prefere nãoinformar
responder 5,38% 15,64% 4 1 0,36% 13 6,60%
Prefere não responder
Muito satisfeito(a) 0% 10% 24
20% 3,08%
30%
1,54% 40% 1 50% 0,73% 0,36%
60% 70% 13 6,60%
80% 2,54%
90% 100%
Total 0% 10%
6,60% 20% 130 30% 40%2 27550% 60% 70% 5 80%197 90% 100%
Total
Prefere não responder
Não sabe informar 0,36% 7130 5,38% 43275 15,64% 29 197 14,72%
Conselho Municipal
3,08% Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS
Conselho Municipal 4 Equipe
Prefere não responder Técnica1CREAS 0,36%
3,08% Coordenador
13 CREAS6,60%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 130 275 197
Conselho
Qual Municipal
seu grau Equipe
de satisfação Técnica
com CREAS
o protocolo deCoordenador
notificaçãoCREAS
e registro
de denúncias para as situações de ameaça de morte e violência?
Qual seu grau de satisfação com o protocolo de notificação e registro de denúncias para as situações de ameaça de morte e violência?
Qual seu grau de satisfação com o protocolo de notificação e registro de denúncias para as situações de ameaça de mortedeeAssistência
violência? Social
Muito insatisfeito(a) 8,33% Gestor Municipal

Muito insatisfeito(a)
Muito insatisfeito(a) 8,33% 2 Gestor Municipal de Assistência
8,33% Social
Insatisfeito(a)
Muito insatisfeito(a) 27 29,17% 8,33%
Insatisfeito(a)
Insatisfeito(a) 29,17% 29,17%
Qual seu grau de satisfação com o protocolo de notificação e registro de denúncias para as situações de ameaça de morte e violência?
Satisfeito(a) Muito
Insatisfeito(a)
Satisfeito(a) 712 50,00% 29,17% 50,00%
Muito
Satisfeito(a) insatisfeito(a)
Satisfeito(a) Muito 8,33% 12
Gestor Municipal de Assistência Social
50,00% 50,00%
Muito satisfeito(a) Não
satisfeito(a)
Muito insatisfeito(a) 4,17% 2
1
8,33%
4,17%
Muito Insatisfeito(a)
satisfeito(a)
satisfeito(a)
Não sabe informar Não 4,17% 11 29,17% 4,17%
4,17%
Insatisfeito(a)
sabe informar 4,17% 7 29,17%
Prefere Satisfeito(a)
Não sabenão informar
Satisfeito(a) responder
sabe Muito
informar 4,17%
1
12 1 50,00% 50,00% 4,17%
4,17%
Prefere
Prefere
Total não responder
não responder
satisfeito(a)
Muito satisfeito(a) Não 4,17% 1
1 24
4,17%
4,17%
Prefere não responder 4,17%
Total
Não sabe informar 4,17% 1 24 4,17%
sabe informar 0%
Prefere não responder
4,17%
10% 20%
1 30% 40% 50% 60%
4,17% 70% 80% 90% 100%
Prefere não responder 0%
Total 10%
4,17% 20%
24 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Ainda entre as profissionais que relataram que há protocolo de notificação no município
Ainda entre
para situações as profissionais
de ameaça de mortequeou
relataram que24,4%
violência, há protocolo
dos/dasdecoordenadores/as,
notificação no município
21,3%
para situações
dos/das Ainda de as
entre ameaça
profissionais das de morte
equipes
profissionais que ou
técnicas,violência,
48,4%
relataram 24,4%
das
que dos/das
háconselheiras
protocolo coordenadores/as,
de municipais
notificação e 25%
no das21,3%
município
dos/das profissionais
para situações das equipes
de ameaça técnicas,
de morte 48,4% das
ou violência, conselheiras
24,4% municipais e 25% 21,3%
dos/das coordenadores/as, das
dos/das profissionais das equipes técnicas, 48,4% das conselheiras municipais e 25% das

173
gestoras municipais de assistência social afirmaram que o principal órgão responsável pelo
recebimento de denúncias para as situações de ameaça de morte ou violência é o Conselho
Tutelar. E ainda, 20,6% dos/das coordenadores/as e 17% dos/das profissionais das equipes
PESQUISA MEIO ABERTO
técnicas afirmaram que a denúncia encaminhada para a Vara da Infância de Juventude.

Órgãos responsáveis pelo recebimento de denúncias para as situações de ameaça de


morte ou violência que envolvam os/as adolescentes
em cumprimento de MSE/MA

Delegacia
Qual o principal órgão da Criança pelo
responsável e do Adolescente
recebimento de denúncias para as situações de ameaça de
morte ou violência?
Delegacia Comum Equipe Técnica Conselho Gestor Municipal
Coordenador CREAS Municipal de Assistência
Órgão deCREAS
Direitos Humanos Social
Delegacia da Criança e
do Adolescente Vara12
da Infância 9,16%
de Juventude22 7,97% 8 4,04% 2 8,33%
Delegacia Comum 6 4,58% 30 10,87% 16 8,08% 3 12,50%
Órgão de Direitos Ministério Público
5 3,82% 18 6,52% 3 1,52% 0 0,00%
Humanos
Vara da Infância de Conselho Tutelar
27 20,61% 47 17,03% 3 1,52% 2 8,33%
Juventude
Ministério Público 17 12,98% CREAS 38 13,77% 19 9,60% 1 4,17%
48,48
32 de Assistência
Secretaria 24,43% Social 59 21,38% 96 6 25,00%
Conselho Tutelar %
CREAS
Programas de proteção a crianças e7adolescentes
5,34%
(PPCAAM, 6 2,17% 4 2,02% 5 20,83%
Secretaria de Assistência
PPVDA...)
2 1,53% 0 0,00% 3 1,52%
Social 0,00% 0,00%
CMDCA
Programas de proteção a
crianças e adolescentes 3 2,29% 16 5,80% 0,00
(PPCAAM, PPVDA...) Não sabe informar % 0,00% 0,00% 0,00%
0,00
0,00% 0,00%
Prefere Não responder 0,00% 4 2,02%
CMDCA % 0,00% 0,00%
Não sabe informar 6 4,58% 14 5,07% 11 5,56% 0 0,00%
Outro. Qual?
Prefere Não responder 0 0,00% 0 0,00% 1 0,51% 0 0,00%
15,15
14 10,69% 0% 10% 20%
26 30% 40% 30
9,42% 50% 60% 70% 80% 90%
5 100% 20,83%
Outro. Qual? %
Total Gestor Municipal de Assistência
131 Social Conselho276
Municipal Equipe Técnica
198 CREAS Coordenador
24 CREAS

Quando perguntadas sobre a existência de protocolo para notificação de violências no


município 49,2%Existência de protocolo para
dos/das coordenadores/as, notificação
41,1% dos/das de violênciasdas
profissionais no equipes
município
técnicas
e 60% das conselheiras municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente afirmaram existir
protocolo.
Existe protocolo para notificação de violências no município? 60,00%
Sim Coordenador 41,17% Equipe Técnica Conselho
49,29%
CREAS CREAS Municipal
22,19% 60,00
Sim Não 138 33,28%
49,29% 261 41,17% 192 %
32,50%
22,19
Não 91
16,88% 32,50% 211 33,28% 71 %
Não sabe informar 24,92%
17,86% 16,88
Não sabe informar 50 17,86% 158 24,92% 54 %
Prefere Não responder0,94% 1 0,36% 4 0,63% 3 0,94%
Prefere Não responder 0,63%
Total 0,36% 280 634 320

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Conselho Municipal Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

Destas que responderam positivamente à pergunta anterior, cerca de 47% dos/das


174
coordenadores/as, 52,6% dos/das profissionais das equipes técnicas e 60,6% das conselheiras
afirmaram estarem satisfeitas com o protocolo.
Destas que responderam positivamente à pergunta anterior, cerca de 47% dos/das
coordenadores/as, 52,6% dos/das profissionais das equipes técnicas e 60,6% das conselheiras
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
afirmaram estarem satisfeitas com o protocolo.

Grau de satisfação com o protocolo de notificação e registro de denúncias de violências


no município
Qual seu grau de satisfação com o protocolo para notificação de violências no
município?
Muito insatisfeito(a) 4 , 9 6%
2, 8 8 %
Coordenador Equipe Técnica Conselho
Insatisfeito(a) 24,81%
CREAS 34,53% CREAS Municipal
Muito insatisfeito(a)
Satisfeito(a) 4 2,88% 13 4,96%
52,67 % 60,62% 7 3,63%
46,76% 22,28
Muito Insatisfeito(a)
satisfeito(a) 1, 1 5 % 48 34,53% 65 24,81% 43 %
3 ,6 0%
Não sabe informar 13,7 4% 60,62
Satisfeito(a) 10 ,7 965
% 46,76% 138 52,67% 117 %
Prefere Não responder
Muito satisfeito(a) 2 ,6 7 %
5 3,60% 3 1,15% 8 4,15%
1 ,4 4 %
Não sabe informar
0% 10% 15
20% 10,79%40% 36
30% 50% 13,74%
60% 70% 14 80% 7,25%
90% 100%
Prefere Não responder 2 1,44% 7 2,67% 4 2,07%
Total Conselho Municipal 139 Equipe Técnica CREAS
262 Coordenador
193CREAS

Quando questionadas Frequência na notificação


sobre a frequência em quede denúncias
há notificação de denúncias, violência
ou grave ameaça relatadas pelos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em
Com que
meio aberto, frequência
36,4% dos/dasvocê notifica denúncias,
coordenadores/as, 40%violência ou grave ameaça
dos/das profissionais relatadas
da equipe dos CREAS
7,77%
pelos adolescentes
e 30,5% das conselheiras
Sempre em cumprimento
municipais de MSE?
dos direitos da criança e do adolescente afirmaram notificar
15,27%
19,29%
Coordenador
raramente; enquanto 33,2% dos/das coordenadores/as, Equipe
33,2% Técnica Conselho
dos/das profissionais das equipes
técnicas 8,29%
e 16% das conselheiras 17,94%
Frequentemente CREAS CREAS Municipal
municipais afirmaram notificar sempre/frequentemente as
20,00%
violências ou graves ameaças relatadas pelos adolescentes15,27 em cumprimento de medidas
Sempre
socioeducativas.
Raramente
27 19,29%
30,57% 40 % 15 7,77%
40,08%
36,43% 17,94
Frequentemente 28 20,00% 47
43,52% % 16 8,29%
Nunca 19,47%
12,86% 40,08 30,57
Raramente 8,29% 51 36,43% 105 % 59 %
Não sabe informar 5,34%
7,86% 19,47 43,52
Nunca 1,55% 18 12,86% 51 % 84 %
Prefere Não responder 1,91%
Não sabe informar 3,57% 11 7,86% 14 5,34% 16 8,29%
Prefere Não responder 5 3,57% 5 1,91% 3 1,55%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Total 140 262 193
Conselho Municipal Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

8.4.3. PERCEPÇÃO SOBRE O FLUXO DE Adolescente e 60,2% das gestoras municipais de


8.4.3 Percepção ENTRE
INFORMAÇÕES sobre oOS
fluxo de informaçõesAssistência
ÓRGÃOS entre os órgãos de denúncia
Social afirmam e de
estarem satisfeitos/
notificação de violências
DE DENÚNCIA E DE NOTIFICAÇÃO DE as; enquanto 35,7% dos/das promotores/as de
VIOLÊNCIAS justiça, 43,4% dos/das defensores/as públicos/
Sobre o grau de satisfação com o fluxoas, de38% dos/dasentre
interação juízes/as, cerca dede38%
os órgãos dos/dase
denúncia
notificação de violências (Delegacias, Conselho
Sobre o grau de satisfação com o fluxo de coordenadores/as,
Tutelar, entre 30,5%
outros), dos/das
52,3% dos profissionais
promotores,
19,1% dos
interação defensores
entre os órgãos depúblicos, 41,3%
denúncia das equipes
dos juízes,
e notifica- 46,4% técnicas,
dos/das quase 31% dos/das conse-
coordenadores/as, 53,4%
dos/das
ção profissionais
de violências das equipes
(Delegacias, técnicas,
Conselho lheiros/as
Tutelar,51,2% municipaismunicipais
das conselheiras dos Direitosdos
da direitos
Criança da
e
criançaoutros),
entre e do adolescente e 60,2%
52,3% dos/das do Adolescente
das gestoras municipais
promotores/as e cerca de
de assistência 29%afirmam
social dos/dasestarem
gesto-
de Justiça, 19,1% dos/das35,7%
defensores/as res/as municipais de Assistência Social afirmam
públi- 43,4%
satisfeitos(as); enquanto dos promotores, dos defensores públicos, 38% dos juízes,
cos/as, 41,3% estarem insatisfeitos/as com este fluxo de inte-
cerca de 38%dos/das
dos/das juízes/as, 46,4% dos/das
coordenadores/as, 30,5% dos/das profissionais das equipes técnicas,
coordenadores/as, 53,4% dos/das profissionais ração entre os órgãos de denúncia e notificação
quase 31% das conselheiras municipais dos direitos da criança e do adolescente e cerca de 29%
de violências.
das equipes técnicas, 51,2% dos/das conselhei-
das gestoras municipais de assistência social afirmam estarem insatisfeitos(as) com este fluxo
ros/as municipais dos Direitos da Criança e do
de interação entre os órgãos de denúncia e notificação de violências.

175
quase 31% das conselheiras municipais dos direitos da criança e do adolescente e cerca de 29%
das gestoras municipais de assistência social afirmam estarem insatisfeitos(as) com este fluxo
PESQUISA MEIO ABERTO
de interação entre os órgãos de denúncia e notificação de violências.

Grau de satisfação com o fluxo de interação entre os órgãos de denúncia e notificação


de violências contra adolescentes em cumprimento de MSE/MA

Qual seu grau de satisfação


4,13% com o fluxo de interação entre os órgãos de
denúncia
Muito e notificação
insatisfeito(a) 19,19%?
de violências
2,38%
Promotor Defensor
38,02% Juiz
Insatisfeito(a) 43,43%
35,71% 19,19
MuitoSatisfeito(a)
insatisfeito(a) 3 2,38%
19,19% % 195
41,32% 4,13%
52,38%
43,43 38,02
4,96%
Insatisfeito(a)
Muito satisfeito(a) 3,03% 45
4,76%
35,71% 43 % 46 %
9,09% 19,19 41,32
Não sabe informar 14,14%
Satisfeito(a) 3,97% 66 52,38% 19 % 50 %
Muito satisfeito(a)
Prefere Não responder 2,48% 6
1,01% 4,76% 3 3,03% 6 4,96%
0,79%
14,14
Não sabe informar 0% 10% 5 20% 3,97%30% 40% 1450% 60% % 70% 1180% 9,09%
90% 100%
Prefere Não responder 1 0,79% 1 1,01% 3 2,48%
Juiz Defensor Promotor
Total 126 99 121
Grau de satisfação com o fluxo de interação entre os órgãos de denúncia e notificação
Qual é seu grau de desatisfação
violênciascom o fluxo
contra de interação em
adolescentes comcumprimento
órgãos de denúncia e notificação de
de MSE/MA
violências?
Equipe Técnica Conselho Gestor Municipal
5,2 6 %Coordenador CREAS Municipal de Assistência
Muito insatisfeito(a) 6 , 9 2%
5,00% CREAS Social
28,95%
Insatisfeito(a)
Muito insatisfeito(a) 7 5,00% 30,82% 1237,86% 4,58% 22 6,92% 4 5,26%
51,26% 60,53% 30,82
Satisfeito(a)
Insatisfeito(a) 53 37,86% 80 30,53%
46,43% 98 % 22 28,95%
3,9 5 %
Muito satisfeito(a) 6 , 60% 51,26
2,86%
Satisfeito(a) 1 ,3 2 % 2 ,5 265 46,43% 140 53,44% 163 % 46 60,53%
Não sabe informar %
Muito satisfeito(a) 5,71% 4 2,86% 5 1,91% 21 6,60% 3 3,95%
Não sabe 0,0 0 % 1 ,8 9%8
Prefere Não informar
responder 5,71% 17 6,49% 8 2,52% 1 1,32%
2,14%
Prefere Não responder 3 2,14% 8 3,05% 6 1,89% 0 0,00%
Total 0% 10%140 20% 30% 40%
262 50% 60%
318 70% 80% 76 90% 100%

Gestor Municipal de Assistência Social Conselho Municipal Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

8.5. PROGRAMA DE PROTEÇÃO A inclusão no programa seria reali-


8.5. Programa
A CRIANÇAS de Proteção a Crianças e Adolescentes
E ADOLESCENTES Ameaçados
zada mediante de Morte
denúncia realizada pelo Poder
(PPCAAM)
AMEAÇADOS DE MORTE (PPCAAM) Judiciário, Conselhos Tutelares e Ministério
Público, considerados as “portas de entrada”
Criado
Criado em 2003, ee instituído
em 2003, oficialmente em do
instituído oficialmente Programa,
2007 e atua6.231
pelo Decreto da seguinte
de 2007, maneira,
o junto
Programa de Proteção a Crianças
pelo Decreto 6.231 de 2007, o Programa de e Adolescentes às
Ameaçadoscrianças
de e adolescentes
Morte (PPCAAM), ameaçados
foi criado de morte
pelo Governo
Proteção Federal com
a Crianças o objetivo deAmeaçados
e Adolescentes e seus infanto-juvenil.
enfrentar a letalidade familiares: “Primeiramente
De acordo com o(...) retiran-
site
de do Ministério
Morte da Família
(PPCAAM), foi ecriado
dos Direitos do-os/as
Humanos (antiga
pelo Governo do local
Secretaria dosda ameaça
Direitos e inserindo-os em
Humanos):
“o PPCAAM tem por objetivo preservar
Federal com o objetivo de enfrentar a letali- a vida das novos
crianças e espaços
dos de
adolescentes moradia e
ameaçados convivência”,
de e,
morte, com ênfase na proteção integral
dade infanto-juvenil. De acordo com o site do e na convivência segundo:
familiar”. “na prevenção por meio de estudos
A inclusão
Ministério Ministério dano programa
Mulher, seria realizada
da Família e pesquisas,
e dos mediante bemrealizada
denúncia como nopelo apoio a projetos de
Poder
Judiciário, Conselhos
Direitos Humanos Tutelares
(antigo e Ministério
Ministério intervenção as
Público, consideradas
de Direitos com adolescentes
“portas de entrada”emdosituação de
Programa,
Humanos): e atua da seguinte
(antiga maneira,
Secretaria às criançasvulnerabilidade”.
juntoDireitos
dos e adolescentes ameaçadosOs programas
de mortedee proteção à
seus familiares: “Primeiramente (...)
Humanos): “o PPCAAM tem por objetivo preser- retirando-os do vida
local da são centrais
ameaça e para garantir
inserindo-os em a proteção dos
novos
espaços
var a vidade moradia e convivência”,
das crianças e dos/das e, segundo: e das adolescentes
“na prevenção
adolescentes por meio de estudosque estão sendo ameaçados
e pesquisas,
bem como no apoio
ameaçados/as a projetos
de morte, com deênfase
intervenção de morte,
com adolescentes
na proteção em e, por isso,
situação aborda-se este tema nesta
de vulnerabilidade”.
Os programas de proteção à vida
integral e na convivência familiar”. são centrais para seção
garantir a do relatório,
proteção dos e sobre
das a existência destes
adolescentes
que estão sendo ameaçados de morte, e, por isso, aborda-se este tema nesta seção do
relatório, sobre a existência destes programas nos municípios, sobre o fluxo de
176
comunicação e interação entre os integrantes da rede de serviços.
Há uma divergência entre as respostas dos atores do sistema de justiça, coordenadoras
Em contraposição, 31,2%
0% dos
10% promotores,
20% 30% 32% 40% dos 50%defensores
60% 70% públicos,
80% 32,7%
90% 100% dos
Prefere
juízes, Não responder
41,7% 1 afirmaram
das conselheiras municipais 0,78% que 0não há o PPCAAM 0,00% ou 0 outro programa
0,00%
de proteção em seus municípios. Em
Total Juiz
128 Defensor
consonância Promotor
com 100os atores citados, 12240,2% dos/das
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
coordenadores/as, cerca de 33% dos/das profissionais das equipes técnicas e quase 59% das
gestoras municipais de assistência social afirmaram que não há o PPCAAM em seus municípios.
Existência do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte
(PPCAAM) ou de outro programa de proteção nos municípios
Existe Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte no município?
Equipe Técnica CREAS Gestor Municipal de
Você tem conhecimento da existência Coordenador do Programa
27,98%CREASde Proteção a Crianças 6 1 ,48% e Adolescentes
Assistência Social
Sim Sim
Sim, PPCAAM 132 46,15% 46,78%
298 46,78%
57,00 % 47 27,98%
Ameaçados de Morte ou de outro programa de proteção existente
46,15% no município?
60,94%
Não 115 40,21% 210 32,97% 99 58,93%
3,0 0 % 38 Promotor 127 Defensor Juiz13,10%
1,6 4 %
Sim,sabe
Não outro Programa de Proteção
informar 13,29% 19,94% 22
1,56% 58,93%
Prefere Não responderNão 1 32,97%32 ,7 9 %2
0,35% 57,00
0,31% 0 61,48
0,00%
Sim, PPCAAM
Total Não 78
286 40,21%
60,94%31,25% 57
32, 0 0 %637 % 75
168 %
Sim, outro Programa de Proteção
Não sabe informar
4,1 0 %2
13,10% 8,00%
1,56% 3 3,00% 2 1,64%
Não sabe informar 19,94%
5,47%
32,00 32,79
13,29%
0,00%
Não Prefere Não responder 40 31,25% 32 % 40 %
0,78%
Não sabe 0,00%
Prefere Não informar
responder 0,31% 0%
7 5,47% 8
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
8,00% 5 4,10%
PrefereEm Não responder0,35%31,2% dos1promotores,
contraposição, 0,78% 32% 0dos defensores 0,00% públicos,
0 32,7%0,00% dos
Total 41,7% das conselheiras municipais
juízes, Juiz Defensor que
128 afirmaram Promotor
100
não há o PPCAAM ou 122outro programa
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
de proteção em seus municípios. Em consonância com os atores citados, 40,2% dos/das
coordenadores/as, cerca de
Gestor Municipal 33% dos/das
de Assistência Socialprofissionais das equipes
Equipe Técnica CREAS técnicas e quase
Coordenador 59% das
CREAS
gestoras municipais de assistência social afirmaram que não há o PPCAAM em seus municípios.
Existe Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte no município?
Equipe Técnica CREAS Gestor Municipal de
Existência do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte
Coordenador
27,98%CREAS Assistência Social
Sim (PPCAAM) ou de outro programa de proteção nos municípios
Sim 132 46,15% 46,78%
298 46,78% 47 27,98%
Não 115 40,21%
46,15%
210 32,97% 99 58,93%
Você
Não sabetem conhecimento da existência38do Programa
informar 13,29% de Proteção
127 a 19,94%
Crianças
6 1 ,48% e22Adolescentes13,10%
Sim, PPCAAM
Existe Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) ou 58,93%
outro Programa
57,00 % de Proteção no
Ameaçados
Prefere Não de Não
responder
Município? Morte ou de outro programa 1 de32,97%
0,35%proteção 2existente 0,31% no município?
60,94% 0 0,00%
Total 1,6 4 % 286 40,21%637 168
Sim, PPCAAM
Sim, outro Programa dedeProteção 3,0 0 % Promotor Defensor Juiz
72 22,43%
Sim, outro Sim,
Programa PPCAAM
Proteção
1,56% 22,43% 19 5,92%
Não 13,10% 57,00 41,74%
134 61,48
NãoNão
sabe informar 19,94% 32 , 7 9 %
Sim, PPCAAMsabe informar Não 13,29%78 60,94%31,25% 95
32, 0 0 %57
% 29,60%
75 %
Sim, outro Programa
Prefere de
Proteção
Não responder 5,92% 1 0,31%
Sim, outro Programa
Total de Proteção 8,00%
0,00%
Não sabe informar
4,1 0 %2 1,56% 3 3213,00% 2 1,64%
Prefere Não responder 0,31% 5,47%
0,35% 32,00 32,79
Não 0,00% 41,74%
Não Prefere Não responder 40 31,25% 32 % 40 %
0,78%
Não sabe informar 0% 10% 20% 7 30%5,47% 40% 50%
8 60% 8,00%
70% 80%
5 90%4,10%
100%
Não sabe informar 0% 10% 20% 30%29,60% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Prefere Não responder
Gestor 1
Municipal de Assistência Social 0,78% 0 CREAS 0,00%
Equipe Técnica 0
Coordenador 0,00%
CREAS
Total Juiz
128 Defensor Promotor
100 122
Prefere Não responder 0,31%

Existe Programa0%
de Proteção
10% 20% a Crianças e Adolescentes
30% 40% 50% 60%Ameaçados
70% 80%de 90% 100%
Morte (PPCAAM) ou outro Programa de Proteção no Município?
Existe Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte no município?
Existe Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) ou outro Programa de Proteção no
Município? Equipe Técnica CREAS Gestor Municipal de
Sim, PPCAAM Coordenador
27,98%CREAS 72 22,43% Assistência Social
Sim Sim
Sim,
Sim, outro Programa PPCAAM
de Proteção 132 22,43%
46,15% 46,78%
298 1946,78% 5,92%47 27,98%
Não
Não
115 40,21%
46,15%
210
134
32,97%
41,74%
99 58,93%
Não sabe informar 95 29,60%
Não sabePrefere
informar 38 13,29% 127 19,94% 0,31%22 13,10%
Sim, outro Programa de Proteção
Não responder 5,92% 58,93%
1
Prefere Não
TotalresponderNão 1 32,97%
0,35% 2 0,31%
321 0 0,00%
Total 286 40,21%637 168
Não 41,74%
13,10%
Não sabe informar 19,94%
Não sabe informar 13,29% 29,60%
0,00%
Prefere Não responder
Prefere 0,31%
Não responder 0,31%
0,35%

0% 10%0% 10%
20% 20%
30% 30%
40% 40%
50% 50%60%60% 70%70% 80%
80% 90% 100%
90% 100%

Gestor Municipal de Assistência Social Equipe Técnica CREAS Coordenador CREAS

177
PESQUISA MEIO ABERTO

programas nos municípios, sobre o fluxo de crianças e adolescentes ameaçados de morte em


comunicação e interação entre os integrantes da seus municípios.
rede de serviços. Em contraposição, 31,2% dos/das promo-
Há uma divergência entre as respostas dos tores/as de justiça, 32% dos/das defensores/as
atores do Sistema de Justiça, coordenadores(as) públicos/as, 32,7% dos/das juízes/as, 41,7% dos/
de CREAS, profissionais das equipes técnicas, e das conselheiros/as municipais afirmaram que
conselheiros/as municipais e gestores/as muni- não há o PPCAAM ou outro programa de prote-
cipais sobre a existência e atuação do programa ção em seus municípios. Em consonância com os
nos municípios. Entretanto, como o Sistema de atores citados, 40,2% dos/das coordenadores/
Justiça seria a porta de entrada para o Programa, as, cerca de 33% dos/das profissionais das equi-
pode ser que os 60% dos/as profissionais que pes técnicas e quase 59% dos/das gestores/as
afirmam que há o PPCAAM em seus municípios municipais de Assistência Social afirmaram que
seja a número mais próximo da realidade. não há o PPCAAM em seus municípios.
Quando perguntados/as sobre a exis-
8.5.1. Percepções
tência do Programa sobre o fluxoade
de Proteção comunicação
Crianças e e interação com o PPCAAM
Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) ou 8.5.1. PERCEPÇÕES SOBRE O FLUXO DE
de outro Para
programa de possa
que se proteção nos municípios,
refletir COMUNICAÇÃO
sobre as denúncias de violênciaE INTERAÇÃO
e ameaça de COM morte,O seria
cerca de 61% dos/das promotores/as de justiça, PPCAAM
importante estabelecer maneiras efetivas de assegurar os direitos fundamentais dos
57% dos/das defensores/as
adolescentes. públicos/as,
Como anteriormente 61,4%
já foi questionado às entrevistadas da assistência social
dos/das juízes/as, 46,1%
sobre a existência de outros programasPara
dos/dasoucoordenado-
do PPCAAM que se possa
de proteção refletir sobre
a crianças as denún-
e adolescentes,
res/as, 46,7% dos/das
as próximas perguntas profissionais cias de violência e ameaça de
da equipe o quanto esses atores consideram eficiente
tentarão mensurar morte, seriaa
dos CREAS, cerca de 28% dos/das
articulação com esses programas. gestores/as importante estabelecer maneiras efetivas de
municipais de Assistência Social e 22,4% dos/ assegurar os direitos fundamentais dos/das
Quando perguntadas sobre o grau de satisfação com o fluxo de comunicação e interação
das adolescentes. Como anteriormente já foi ques-
comconselheiros/as
o PPCAAM, 23% municipais
dos/dasdocoordenadores/as,
do Direito 20,4% dos/das profissionais das equipes
da Criança30,7%
técnicas, e do Adolescente afirmam
das conselheiras que há odos tionado
municipais
aos/às entrevistados/as da Assistência
direitos da criança e do adolescente e cerca de
PPCAAM em seus municípios. Enquanto menos Social sobre a existência do PPCAAM ou de outros
15% das gestoras municipais de assistência social demonstraram insatisfação com esse fluxo
de 2% dos/das promotores/as de justiça e juízes/ programas de proteção a crianças e adolescen-
de comunicação, enquanto 36,2% dos/das coordenadores/as, 34,7% dos/das profissionais das
as, 3% dos/das defensores/as públicos/as e cerca tes, as próximas perguntas tentarão mensurar o
equipes técnicas, 30,7% das conselheiras municipais e 25% das gestoras municipais de
de 6% dos/das conselheiros/as municipais afir- quanto esses atores consideram eficiente a arti-
assistência social disseram estar satisfeitas com este fluxo de comunicação e interação com o
maram que há outro programa de proteção a culação com esses programas.
PPCAM ou outro programa de proteção.

Grau de satisfação com o fluxo de comunicação e interação com o PPCAAM

Qual seu grau de satisfação com o fluxo de comunicação e interação com o PPCAAM ou
5,36%
outro programa
Muito de proteção?
insatisfeito(a) 9,29%
8,10%
9,34% Gestor
14,88% Equipe
Insatisfeito(a)
Coordenador Técnica
30,71% Conselho Municipal de
CREAS 20,48% Municipal Assistência
23,08% CREAS
25,00%
Social
Satisfeito(a) 30,71% 9,29
34,76%
36,26%
Muito insatisfeito(a) 17 9,34% 17 8,10% 13 % 9 5,36%
1,79%
Muito satisfeito(a) 1,43% 23,08 20,48 30,71
2,86%
Insatisfeito(a) 2,75%42 % 43 % 43 % 25 14,88%
36,26 34,76
44,05% 30,71
Não sabe informar 23,57%
Satisfeito(a) 66 % 26,67%73 % 43 % 42 25,00%
20,88%
1,43
8,93%
Muito
Preferesatisfeito(a)
não responder 4,29%5 2,75% 6 2,86% 2 % 3 1,79%
7,14%
7,69% 20,88 26,67 23,57
Não sabe informar 0% 10%38 20% % 30% 56 40% %
50% 60%33 70% % 80% 7490% 44,05%
100%
4,29
Gestor Municipal de Assistência Social Conselho Municipal
Prefere Não responder 14 7,69% 15 7,14% 6 % 15 8,93%
Total Equipe Técnica182
CREAS 210 Coordenador CREAS
140 168

178
Em relação ao grau de satisfação quanto ao fluxo de comunicação e interação com o
PPCAAM à nível estadual, 50% das gestoras estaduais de assistência social não souberam
atendido?
Satisfeito(a) 16,67%
Gestoras estaduais
Muito satisfeito(a) 0,00% de assistência
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)
Muito insatisfeito(a) 2 8,33%
Não sabeQual éInsatisfeito(a)
seu grau de satisfação quanto ao fluxo
informar 4 de50,00% 16,67% e interação
comunicação
com Satisfeito(a)
o Programa de Proteção à Criança e4ao Adolescente 16,67% Ameaçado de
Morte pelo qual é atendido
Muito satisfeito(a)
Prefere Não responder 8,33% 0 0,00%
Não sabe informar 12
Qual é seu grau de satisfação quanto ao fluxo de
50,00%
Prefere Não 8,33%
Muito Insatisfeito(a)
insatisfeito(a)
comunicação responder
e interação
16,67% com o Programa 2 8,33% à
de Proteção
Total e ao Adolescente Ameaçado
Criança 24 de Morte pelo qual é
0%
atendido?
Satisfeito(a) 10% 20%
16,67%30% 50% 40%
60% 70% 80% 90% 100%
Gestoras estaduais
Muito satisfeito(a) 0,00% de assistência
Muito insatisfeito(a) 2
Tendo em vista que mais da metade dos atores do sistema 8,33%
de justiça afirmaram existir
Não sabe Insatisfeito(a)
PPCAAM no município, metade destes (47,3% dos juízes,
informar 4 16,67%
57,6% dos promotores e 55% dos
50,00%
defensores públicos) Satisfeito(a)
também relataram que a vara4 (quando perguntado
16,67% ao juiz), promotoria
(quando perguntado
Prefere Não Muito satisfeito(a)
responder ao promotor) 0 0,00%
8,33%e defensoria (quando perguntado do defensor) afirmaram que
não mantém fluxo Não sabedeinformar
ativo 12
acompanhamento e interação 50,00%
com o Programa de Proteção a
Prefere Não
Muito insatisfeito(a)
Crianças e Adolescentes responder
Ameaçados
8,33% 2
de Morte (PPCAAM) ou com8,33%
outro programa de proteção.
Em contraposição, Total
44,5% dos juízes, cerca de 36% 24dos promotores e 36,6% dos defensores
0%
afirmaram que mantém um 10% 20%
fluxo ativo de 30% 40%
interação com50% 60%
o PPCAAM. 70% 80% 90% 100%

Existência de fluxo de interação ativo com o PPCAAM


Tendo em vista que mais da metade dos atores do sistema de justiça afirmaram existir
PPCAAM no município, metade destes (47,3% dos juízes, 57,6% dos promotores e 55% dos
O órgão públicos)
defensores ao qual pertence
tambémmantém
relataramfluxo ativo
que de acompanhamento
a vara (quando e interação com o
36,67% perguntado ao juiz), promotoria
Programa de Proteção
Sim, com a Crianças
PPCAAM e Adolescentes
(quando perguntado ao promotor) e defensoria (quando perguntadoAmeaçados
35,90% de Morte ou de outro
44,59% do defensor) afirmaram que
nãoprograma
mantém de proteção
fluxo existente
ativo de no município?e interação com o Programa de Proteção a
acompanhamento
1,67%
Crianças
Sim, com e Adolescentes
outro Programa de Ameaçados
Proteção Juiz
de Morte (PPCAAM)
0,00% Promotor
ou com outro programaDefensor
de proteção.
1,35%
Em contraposição, 44,5% dos juízes, cerca de 36% 44,59 dos promotores35,90
e 36,6% dos defensores
afirmaram
Sim, comquePPCAAM
mantém um fluxo ativo de interação
Não 33 com%o PPCAAM.28 55,00%%
57,69% 22 36,67%
47,30%
Sim, com outro Programa de
Proteção 5,00% 1 1,35% 0 0,00% 1 1,67%
Não sabe informar 5,13%
5,41% 47,30 57,69
O órgão ao qual pertence mantém fluxo ativo de acompanhamento e interação com o
Não
Programa Prefere
de Proteção
Sim,Não
com
1,67%
a Crianças1,28%
PPCAAM
responder
35 %35,90%
36,67% 45
e Adolescentes Ameaçados
% 33 55,00%
de Morte ou de outro
1,35% 44,59%
Não sabe de
programa informar
proteção existente no município? 4 5,41% 4 5,13% 3 5,00%
Prefere Não responder 1,67% 1 1,35% 1 1,28% 1 1,67%
Sim, com outro Programa de Proteção 0%0,00% Juiz Promotor
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Defensor
1,35%
Total 74 44,59 78 35,90 60
Defensor Promotor Juiz 55,00%
Sim, com PPCAAM Não 33 % 28 %
57,69% 22 36,67%
47,30%
Sim, com outro Programa de
Proteção 5,00% 1 1,35% 0 0,00% 1 1,67%
Não sabe informar
Quando perguntados/as 5,13%de
sobre o grau disseram estar satisfeitos/as com este fluxo de
5,41% 47,30 57,69
satisfação com o fluxo de comunicação e interação comunicação e interação com o PPCAAM ou
Não Prefere Nãodos/das
responder
1,67% 35 % 45 % 33 55,00%
com o PPCAAM, 23% coordenadores/
1,28% outro programa de proteção.
1,35%
as, Não sabe
20,4% informarprofissionais das equipes4
dos/das 5,41% 4 5,13% 3
Em relação ao grau de satisfação
5,00%
Prefere
técnicas, Não responder
30,7% dos/das conselheiros/as
0% 10% 20%130%quanto
muni- 40%1,35%
50%ao 1 80%1,28%
60%fluxo
70% 90% 100% 1 1,67%
de comunicação e interação
Total
cipais do Direito da Criança e do Adolescente 74 e 78 60
com o PPCAAM em nível estadual, 50% dos/
Defensor Promotor Juiz
cerca de 15% dos/das gestores/as municipais das gestores/as estaduais de Assistência Social
de Assistência Social demonstraram insatisfa- não souberam informar. No entanto, dentre
ção com esse fluxo de comunicação, enquanto os/as que responderam, 16% afirmaram estar
36,2% dos/das coordenadores/as, 34,7% dos/ satisfeitos/as e outras 16% informaram estar
das profissionais das equipes técnicas, 30,7% insatisfeitas/as com essa comunicação com o
dos/das conselheiros/as municipais e 25% dos/ PPCAAM.
das gestores/as municipais de Assistência Social

179
PESQUISA MEIO ABERTO

Tendo em vista que mais da metade dos Contudo, ao responder sobre a frequên-
atores do Sistema de Justiça afirmaram existir cia com que a Promotoria de Justiça, a Vara e
PPCAAM no município, metade destes (47,3% a Defensoria Pública acionaram o Programa de
dos/das juízes/as, 57,6% dos/das promotores/ Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados
as de justiça 55% dos/das defensores/as públi- de Morte (PPCAAM) em 2018, após o/a adoles-
cos/as) também relataram que a Vara (quando cente relatar ameaça durante oitiva ou audiência
perguntado ao/à juiz/a, Promotoria (quando de apresentação, 35,1% dos/das juízes/as, 24,1%
perguntado ao/à promotor/a de justiça e dos/das promotores/as, 33,3% dos/das defenso-
Defensoria (quando perguntado ao/à defensor/a res afirmaram que nunca acionaram o PPCAAM
público/a afirmaram que não mantêm fluxo e 39,1% dos/das juízes/as, 20,6% dos/das
ativo de acompanhamento e interação com o promotores/as e 28,3% dos/das defensores/as
Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes relataram que raramente acionaram o PPCAAM.
Ameaçados de Morte (PPCAAM) ou com outro Em contraposição, 16,2% dos/das juízes/as,
programa de proteção. Em contraposição, 44,5% 27,5% dos/das promotores/as e 13,3% dos defen-
dos/das juízes/as, cerca de 36% dos/das promo- sores/as afirmaram que sempre acionaram o
tores/as de justiça e 36,6% dos/das defensores/ PPCAAM após o/a adolescente relatar ameaça
as públicos/as afirmaram que mantém um fluxo de morte em oitiva ou audiência de apresentação
ativo de interação com o PPCAAM. e 4% dos/das juízes/as, 10,3% dos/das promoto-
res/as e 13,3% dos/das defensores/as relataram
que acionaram o PPCAAM frequentemente, em
8.5.2. ENTRE O RELATO DE AMEAÇAS E O 2018.
ENCAMINHAMENTO PARA O PROGRAMA Quanto à frequência da suspen-
DE PROTEÇÃO OU SUSPENSÃO DO são do processo ou da execução da Medida
PROCESSO Socioeducativa, em 2018, para a inclusão do/da
adolescente no Programa de Proteção a Crianças
Mesmo que a maioria dos/as entrevista- e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM),
dos tenha afirmado a existência do PPCAAM em 55,4% dos/das juízes/as, 34,4% dos/das
seus municípios, o encaminhamento não acon- promotores/as e 25% dos/das defensores/as e
tece ou acontece raramente entre promotores/as afirmaram que o processo ou a execução de MSE
(41%), juízes/as (74%) e defensores/as (61,66%). nunca foram suspensos para este fim e 20,2%
Como se vê, os atores de justiça, porta de entrada dos/das juízes/as, 24,1% dos/das promotores/
do PPCCAM, são os que menos denunciam as as e 41,6% dos/das defensores/as relataram que
violências que os adolescentes sofrem e também raramente o processo ou execução de MSE foram
são os que menos encaminham para o programa suspensos. Em contrapartida, cerca de 15% dos/
de proteção. das juízes/as, 17,2% dos/das promotores/as e
Nota-se alto número de relatos de ameaça 26,6% dos/das defensores/as relataram que
de morte ou violência pelo/a adolescente quando sempre/ frequentemente ocorreu a suspensão do
este está em contato com o/a juiz/juíza, de processo ou da execução de MSE, para a inclusão
acordo com a fala dos entrevistados, porém do/a adolescente no PPCAAM.
em sua maioria não são encaminhados para
o PPCAAM nem tampouco têm seu processo
suspenso para ser protegido devidamente pelo 8.5.3. A INTERNAÇÃO COMO RESPOSTA A
programa: ao responder sobre ameaça de morte AMEAÇAS DE MORTE E DE VIOLÊNCIA
ou violência relatada pelo/a adolescente durante
os procedimentos de oitiva ou audiência de apre- Diante do cenário de ameaça de violên-
sentação, 61,3% dos/das promotores/as e 71% cia que os/as adolescentes sofrem, foi possível
dos/das defensores/as afirmaram que houve observar com a afirmação dos/as profissionais
alerta. Sobre a frequência de relatos de ameaça que os meninos e meninas estão sofrendo muita
de morte durante oitiva em 2018, 60,7% dos/ violência policial, nas unidades de interna-
das promotores/as afirmaram raramente rece- ção e também nos territórios em que vivem.
ber relato de ameaça de morte e cerca de 24% Desta forma, considera-se necessário que exis-
afirmaram receber relato de ameaça de morte tam programas de proteção, e, ainda, que haja
sempre/frequentemente. um fluxo de comunicação, interação e monito-
ramento entre o Sistema de Justiça, os CREAS e

180
de morte. Em
relataram quecontraposição, 20,2%
os adolescentes dos juízes
raramente e quase
receberam MSE 30% de dos defensores
internação, afirmaram
nos casos que os
de ameaça
adolescentes receberam sempre/frequentemente medida de internação,
de morte. Em contraposição, 20,2% dos juízes e quase 30% dos defensores afirmaram que os quando estavam
ameaçados de morte.
adolescentes receberam sempre/frequentemente medida
Parte I: Panorama da política de Atendimentode internação,
Socioeducativo quando
em Meio Aberto estavam
(2017 e 2018)

ameaçados de morte.
Com que frequência V. Exa. aplicou medida de internação provisória, em
2018, nas situações em que o/a adolescente estava ameaçado de morte?

Sempre 4,35%
Com que frequência V. Exa. aplicou
4,35%
Sempre provisória,
medida
Com que defrequência
internação em
V. Exa. aplicou
2018,Frequentemente
nas situações em que o 15,94%
medida de internação provisória, em
2018,Frequentemente
adolescente em que o de15,94%
estava ameaçado
nas situações
Raramente
adolescente estava ameaçado de ,94%
morte?
morte? Raramente ,94%
Nunca Com que 50,72%
frequência o adolescente
Nunca recebeu
Com que50,72%
medida socioeducativa
frequência o adolescentede
Não sabe informar 7,25% recebeu medida
internação, socioeducativa
em 2018, de
quando estava
Sempre 3 4,35%
Não sabe informar
Frequentemente
Sempre 117,25%15,94%
3 4,35% ameaçado
internação, de
em morte?
2018, quando estava
Prefere Não responder
Raramente
Frequentemente 5,8
110% 15,94%
11 15,94% Sempre
ameaçado de morte? 4 7,02%
Prefere
Nunca Não
Raramente responder 5,8
35 0%
11 50,72%
15,94% Sempre 4 22,81
7,02%
0% 10% 20% 30% 40%Frequentemente 50% 60% 70% 80% 1390%22,81 100%
%
Nunca
Não sabe informar 35
5 50,72%
7,25%
0% 10% 20% 30% 40%Frequentemente 50% 60% 70% 80% 1390% 57,89 %100%
Não sabe
Prefere Não informar
responder 45 7,25%
5,80%
Prefere NãoGrau
Total responder
de satisfação
694 com 5,80% Raramente com o PPCAAM33 57,89
o fluxo de de comunicação %
Total 69 Nunca
Raramente 332 3,51%
%
Não
Nuncasabe informar 24 7,02%
3,51%
Sempre 7,02% Não sabe
Prefere Nãoinformar
responder 41 7,02%
1,75%
Sempre 7,02% Prefere Não responder
Total 1
57 1,75%
Frequentemente 22,81% Total 57
Frequentemente 22,81%
Raramente 57,89%
Raramente 57,89%
Nunca 3,51%
Nunca 3,51%
Não sabe informar 7,02%
Não sabe informar 7,02%
Prefere Não responder 1,75%
Prefere Não responder 1,75%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

o Programa e que estas ações sejam tomadas de indício de que a opção pela internação acontece
maneira imediata ao relato do caso, temas abor- em certa medida quando não está sendo ofere-
dados nas páginas a seguir. cida proteção para os/as adolescentes. Por outro
De acordo com os dados, foi possível lado, 65% raramente/nunca aplica esta medida
observar que 20% dos/das juízes/as afirmam quando há este tipo de relato, o que pode ser um
aplicar medida de internação provisória quando fator positivo a respeito desse tema.
o/a adolescente relata estar sendo ameaçado/a Como visto anteriormente, a terceira
de morte, e 29% dos/as defensores/as afirmam forma de violência mais sofrida pelos/as adoles-
que é aplicada esta medida, o que pode ser um centes é em unidades de internação, desta

181
PESQUISA MEIO ABERTO

maneira, quando há o encaminhamento para a 2. Identificamos a significativa insatisfação dos


medida de internação em casos que há relato de atores do Sistema de Garantia de Direitos com
ameaça de morte, pode-se afirmar que os profis- relação ao orçamento destinado à Política de
sionais compreendem a medida de internação Atendimento Socioeducativo para a execução das
como opção em resposta à própria falta de prote- Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.
ção do Estado anterior à aplicação da medida. 3. Evidenciamos uma participação reduzida
Com relação a esse tema, cabe ressaltar que, de dos/das profissionais envolvidos/as nas etapas
acordo com o princípio da excepcionalidade que relativas a determinação judicial das Medidas
rege o Sistema de Justiça juvenil, e, ainda, enten- Socioeducativas em Meio Aberto nas capacitações
dendo que a medida de internação não se trata de atinentes à Política Nacional de Assistência Social
uma medida protetiva, esta não poderia ser uma e/ou sobre o Sistema Único de Assistência social,
opção, pois seria responsabilidade do Estado bem como uma reduzida participação entre os/
o encaminhamento da denúncia e/ou para um as coordenadores/as dos Centros de Referência
programa de proteção. Especializado de Assistência Social (CREAS),
Nos municípios onde há o PPCAAM foi e a equipe técnica que atua nestes equipamen-
perguntado sobre a frequência com que o/a tos e acompanha os/as adolescentes durante o
adolescente recebeu Medida Socioeducativa de cumprimento das Medidas Socioeducativas em
internação, em 2018, quando estava ameaçado Meio Aberto, em capacitações que tinham como
de morte, e 50,7% dos/das juízes/as afirma- temática o Sistema Nacional de Atendimento
ram que nunca aplicaram medida de internação Socioeducativo (SINASE).
provisória nesses casos, enquanto cerca de 16% 4. Aferimos, por meio da coleta dos dados, uma
dos/das juízes/as e quase 58% dos/das defen- estrutura insuficiente, apontada pelos/as repre-
sores/as públicos/as públicos relataram que sentantes do Sistema de Justiça, para garantir a
os adolescentes raramente receberam MSE de contribuição do Estudo social – produzido pela
internação, nos casos de ameaça de morte. Em equipe multidisciplinar - como estratégia funda-
contraposição, 20,2% dos/das juízes/as e quase mental para subsidiar a determinação judicial
30% dos/das defensores/as afirmaram que os/ que incide diretamente na vida dos/as adolescen-
as adolescentes receberam sempre/frequente- tes a quem se atribui autoria de ato infracional.
mente medida de internação, quando estavam Mesmo diante da evidência de que dentre os
ameaçados de morte. principais motivos que influenciam a decisão do
Juiz, de se conceder ou não a remissão simples,
solicitada pelo Ministério Público, encontra-se
CONSIDERAÇÕES FINAIS, APESAR
a situação familiar, elemento este que somente
DE PRELIMINARES pode ser avaliado por intermédio de avaliação
técnica da equipe multidisciplinar.
Após este longo e persistente percurso
metodológico de pesquisa, estudo e refle- 5. Constatamos uma estrutura precária e com
xão em torno das Medidas Socioeducativas em vínculos de trabalho instáveis para profissio-
Meio Aberto e sobre a Política de Atendimento nais que atuam nos serviços de proteção social
Socioeducativo brasileira obtivemos algumas e acompanhamento de adolescentes em cumpri-
impressões, que chamaremos aqui de evidên- mento de Medida Socioeducativa em Meio
cias iniciais sobre os aspectos abordados nessa Aberto, sendo que a maioria da equipe técnica
pesquisa. (44%) recebe até dois salários mínimos e apenas
42% são servidores/as concursados/as, o que
1. Evidenciamos uma diminuta participação pode fragilizar as relações de trabalho e fomentar
dos atores do Sistema de Garantia de Direitos a rotatividade dos/as profissionais nas equipes
durante o processo de construção coletiva dos técnicas. Quanto à remuneração da equipe de
parâmetros de gestão e de monitoramento do coordenação dos CREAS, 32% recebe de três a
Plano de Atendimento Socioeducativo nos muni- quatro salários mínimos e apenas 34% são servi-
cípios e/ou estados, processo este elementar dores/as concursados/as.
para garantir a efetiva execução deste instru-
mento, quando este ocorre a partir da sinergia 6. Observamos ainda a baixa representatividade
entre os atores envolvidos na sua implementação dos/as adolescentes nos Conselhos de Direitos
e acompanhamento. de Criança e Adolescentes, que são representa-
dos, predominantemente, por pessoas do sexo

182
Parte I: Panorama da política de Atendimento Socioeducativo em Meio Aberto (2017 e 2018)

feminino (69%) com mais de 40 anos de idade.


Associado a este cenário de não participação,
identificamos a ausência de informações quanto
à adesão dos/as adolescentes em cumprimento
de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto ao
Plano Individual de Atendimento – PIA, elabo-
rado por eles/elas em conjunto com a equipe
técnica do CREAS no momento inicial do cumpri-
mento da MSE/MA. Tal fato evidencia, a não
participação deste público no tocante a condu-
ção e o protagonismo relacionado à Medida
Socioeducativa em Meio aberto em cumpri-
mento, bem como a dificuldade de participação
ativa deste público junto ao equipamento da
Assistência social responsável pelo seu acompa-
nhamento durante o cumprimento da MSE/MA.
7. Evidenciamos a insatisfação dos atores que
compõem o Sistema de Garantia de Direitos
quanto ao fluxo de interação entre os órgãos
de denúncia e notificação de violências contra
adolescentes, e ainda o não acionamento
frequente, indicado pelas equipes e coordenações
dos CREAS, quando são informados de situações
de violência e ameaças de morte vivenciadas
por adolescentes em cumprimento de Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto, haja vista que
a maioria relata que raramente ou nunca pode
contar com a existência de uma frequência na
notificação de denúncias.
8. Observamos ainda as principais característi-
cas das violências sofridas por adolescentes em
cumprimento de Medidas Socioeducativas em
Meio Aberto, segundo as informações repassa-
das por estes às equipes técnicas dos CREAS e
aos profissionais do Sistema de Justiça:
- Violências físicas são praticadas por
pessoas criminosas ou moradoras de onde o/a
adolescente reside;
- Ocorrem predominantemente por
grupos criminosos e policiais militares;
- Ocorrem, com maior frequência,
durante abordagens policiais, com agressões físi-
cas, verbais e com prática de tortura;
- Violências físicas, agressões e tortu-
ras ocorrem enquanto os/as adolescentes estão
sob tutela do Estado. Muitos relatam ter sido
submetidos a este tipo de violência quando esti-
veram em cumprimento de medidas restritivas
de liberdade, durante a passagem por unidades
de internação;
- Alto índice de violência por razão
associada às drogas, seja pelo uso abusivo, envol-
vimento no tráfico ou facções criminosas.

183
PESQUISA MEIO ABERTO

Este relatório foi composto pela fonte Georgia,


papel utilizado para o miolo: Couché Brilho 90g e capa: Supremo 300g .

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