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Especial Venezuela

CONTEXTO HISTÓRICO:

1498 - 1998
Até 1498, quando Cristóvão Colombo chegou à região da atual Venezuela, o território era
habitado por índios caraíbas e arauaques. Em sua terceira viagem à América, em 6 de agosto
de 1498, Cristóvão Colombo ancorou suas naus na península de Paria, que o almirante tomou
por uma ilha, denominando-a "terra de Gracia". Apesar de a Venezuela ter sido descoberta por
Colombo, foi Alonso de Ojeda quem, em 1499, pela primeira vez explorou o país, navegando
ao longo do mar do Caribe até o lago Maracaibo. O navegador deu o nome de "Venezuela" ao
país pela semelhança que encontrou entre as palafitas indígenas e a cidade italiana de Veneza.

Os espanhóis passaram a explorar a colônia a partir do século XVIII, fazendo a utilização de


mão de obra escrava africana para plantar cacau, café e atividades pecuárias. Foram
construídos portos para troca de mercadorias ilegais e chegada de negros escravizados. Não
havia ouro e nem prata no território venezuelano e, dessa forma, o processo de exploração
inicial ocorreu de forma mais intensa em outras regiões. As referências históricas de luta e
resistência indígena são de sujeitos concretos. Foi província até 1777 quando tornou-se
capitania geral da Venezuela.

Pirâmide social do topo para a base:


Brancos: espanhóis, criollos (brancos nascidos na Venezuela. Poder econômico, mas não
político) e artesãos.
Mestiços: brancos + indígenas
Indígenas
Pardos: brancos + indígenas + negros
Negros

1° ciclo da resistência:
1498 - 1798 - Movimentos pré-independentes
 Os movimentos independentistas mais importantes, antes do século XIX, foram a
participação local na revolta dos Comuneros da Nova Granada e o de Manuel Gual e José
María España, no qual participou toda a sociedade colonial, em 1797.
 Francisco de Miranda (1777 - 1812): Sebastián Francisco de Miranda Rodríguez
(Caracas, 28 de março de 1750 — San Fernando, Cádiz, 14 de julho de 1816) foi um militar
venezuelano, precursor da independência da América espanhola. Executou um plano
fracassado de independência das colônias espanholas na América Latina, mas que se
reconhece como precursor dos ideais de Simón Bolívar e Bernardo O'Higgins, assim como de
outros combatentes americanos que conseguiram a independência em grande parte da região.
Com a ajuda britânica, Miranda realizou uma invasão na Venezuela em 1806. Chegou ao porto
de Coro, onde a bandeira venezuelana tricolor foi içada pela primeira vez. Em 19 de abril de
1810, a Venezuela iniciou seu processo de independência, pelo qual Simón Bolívar persuadiu
Miranda a voltar a sua terra natal, onde lhe fizeram general do exército revolucionário.
Quando o país declarou formalmente a independência, em 5 de julho de 1811, ele assumiu a
presidência com poderes ditatoriais. As forças espanholas contra-atacaram e Miranda,
temendo uma derrota brutal e desesperada, assinou um armistício com os espanhóis em julho
de 1812 (Tratado de La Victoria). Bolívar e outros revolucionários acreditaram que sua
rendição correspondia a uma traição às causas republicanas, e lhe frustraram a intenção de
escapar. Entregaram Miranda ao exército real espanhol que o levou à prisão em Cádis,
Espanha, onde morreu em 1816.
Simón Rodríguez, cujo nome completo era Simón Narciso Jesús Rodríguez (Caracas, 28 de
outubro de 1771 — Distrito de Amotape, Peru, 28 de fevereiro de 1854) foi um educador,
filósofo e político venezuelano. Ficou conhecido em seu exílio da América espanhola como
Samuel Robinsón. Foi professor de Simón Bolivar que o incumbiu de pensar a educação da
Pátria Grande (Pátria Grande – Conceito político de integração e unificação da América Latina
associado aos ideais de Simón Bolívar e José de San Martín. Bolívar foi aluno do educador,
filósofo e político venezuelano Simón Rodriguez, que o incutiu sobre a ideia da Pátria Grande
latino-americana. Seu maior propagador foi o socialista argentino Manuel Ugarte) .

 1810: Símon Bolivar


"Os EUA parecem destinados pela providência a encher a América de miséria em nome
da liberdade" (Símon Bolivar)
Constrói exército bolivariano com apoio popular que conquista independência.
 José Antônio Páez - 1831
Fragmentação
Caudilhismo
Traição do projeto bolivariano
 Guerra Federal - 1859 - 1863
Ezequiel Zamora: general do povo soberano
 Juan Crisóstomo: 1863 - 1865
Aliança com oligarquia
Petróleo - 1850
1878 - Petrolia del Tachira - empresa concessionária para explorar petróleo
 General Cipriano Castro (1899 - 1908)
Nacionalista de oposição às elites de Caracas
Início da exploração comercial do petróleo
EUA financiam contra Castro: Nova York and Bermudez Company
Início da intervenção norte-americana: 1899 - 1908
Dinâmica exportadora de petróleo é iniciada nessa época
Ingerência estrangeira: bloqueio pelas potências europeias em 1902 (Grã-Bretanha,
Alemanha e Itália) para cobrar dívidas públicas do governo venezuelano.
EUA intervém com a Doutrina Monroe cujo lema era "América para os americanos". O
pensamento consistia em três pontos: 1). a não criação de novas colônias nas
Américas; 2). a não intervenção nos assuntos internos dos países americanos; 3). a não
intervenção dos EUA em conflitos relacionados aos países europeus, como guerras
entre esses países e suas colônias.
Nesse contexto, a Doutrina Drago foi uma resposta à Doutrina Monroe dos EUA:
afirma que nenhuma nenhuma potência estrangeira pode aplicar militarismo em
nações do continente americano para cobrar dívidas. Foi uma resposta às ações da
Grã-Bretanha, Alemanha e Itália que impuseram bloqueio naval à Venezuela, em 1902,
como resposta à dívida que o presidente venezuelano Cipriano Castro havia se
recusado a pagar. Os EUA não iriam apoiar um Estado que fosse afetado por ataques
europeus que não se originou com a intenção de recuperar e colonizar territórios
americanos, ou seja, os EUA somente defenderia se as potências européias desejassem
recolonizar algum território na América. O Brasil foi oficialmente contra a doutrina
Drago, pois era credor de países vizinhos.
EUA media negociação da Europa x Castro
Em 1908, Castro sofre golpe e quem assume é Juan Vicente Goméz
 Juan Vicente Goméz (1908 - 1935)
Lema de "pacificação do país"
Criação de exército profissional
Centralização do país
Estradas, portos, aeroportos
Entrega massiva de concessões petroleiras: British, Shell
Primeiro poço petroleiro comercial: 1914
Primeira Guerra Mundial: Venezuela foi provedora estável de petróleo para os EUA
Em 1928, Venezuela supera a Rússia em produtora de petróleo
Nos anos de 1928 crescem as organizações políticas e sociais, os sindicatos, os partidos
políticos e a influência comunista.
Juan Vicente Goméz morre em 1935.
 Transição militar (1935 - 1945)
 General Isaias Medina Angarita (1941 - 1945)
Segunda Guerra Mundial: Aliados
Abertura à lenta democratização
Legaliza partidos políticos, eleições diretas, leis de proteção social, libertação de
presos políticos, educação pública.
Projeto de lei de Reforma Agrária, tributária e imobiliária.
Fim das concessões petroleiras: Angarita sofre golpe em 1945.
 Triênio Adeco e Nova Ditadura
Revolução de outubro
Primeiras eleições em 12/1947: controle partidário e social
 Ditadura Militar (1948 - 1958)
Reversão de avanços e repressão
Doutrina de Segurança Nacional
Nova abertura petroleira para multinacionais
Partidos alinhados aos EUA

3° ciclo de resistência (1958)


Movimento de resistência contra ditadura: perde respaldo social e político
Movimento sindical e estudantil organizado
Greve geral: ditador foge em 23/01/1958
 Quarta República (1958 - 1998)
Pacto de AD, URD, COPEI com EUA para excluir comunistas da política e manter
política econômica (controle total multinacional)

1960: OPEP OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Membros:


Arábia Saudita, Argélia, Angola, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Guiné
Equatorial, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Qatar, República do Congo e Venezuela)
1961: acerto das elites
Expulsão de Cuba de OEA (OEA – Organização dos Estados Americanos: Organismo
regional dentro das Nações Unidas, cujo comprometimento é a defesa dos interesses
do continente americano, buscando soluções pacíficas para o desenvolvimento
econômico, social e cultural. Membros: Antígua e Barbuda, Argentina, Bahamas,
Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dominica,
Estados Unidos, Equador, El Salvador, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras,
Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, São
Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidade e
Tobago, Uruguai e Venezuela)

Lei da Reforma Agrária: alto gasto público pela renda petrolífera. Maior cobertura de
serviços públicos e maior burocracia.
Frustração das demandas populares
Radicalização da repressão
"A democracia exitosa"
Eleições subsequentes. Aprofundam-se as desigualdades sociais. Funcionamento dos
poderes.
1975: Nacionalização da Indústria Siderúrgica
1976: Nacionalização da Indústria Petrolífera
Muitas privatizações

4° ciclo de resistência
27 e 28/02/1989 - 1ª revolta popular contra o neoliberalismo
Toque de recolher para o povo
Em 5 dias, 500 a 3000 pessoas presas e assassinadas
Ocorre extermínio de lideranças, perda de governabilidade.
Duas trincheiras de organização do campo popular
1. Movimento cultural
2. Movimento comunitário
Governo de transição: Rafael Caldera (1984 - 1989)
Grupo de militares que já organizava nas Forças Armadas processo de bolivarianismo
com forte participação do tenentes coronel Hugo Chávez
1992 - 1996: Chávez foi preso e recebia lideranças na prisão.
Ideia de construir força social e política transformadora
Refundação da nação
V República
Trabalho de base (1996 - 1997)
Venceu eleições em 1998 com 56%
Assumiu em 02/02/1999 sob a Constituição de 1961.
Chavismo é o acúmulo de experiências e lutas históricas que leva à resistência para
enfrentar a beligerância. É um campo de luta, signo de rebeldia que se constituiu
historicamente.

CHAVISMO
GÊNESE DA REVOLUÇÃO BOLIVARIANA E SEU PERCURSO

1. 1980 - Há nas Forças Armadas da Venezuela um núcleo forte anti-imperialista que


influencia seus membros.
2. Influência do nacionalismo peruano: Velazco Alvarado foge
3. Guerrilha de Venezuela: partido comunista venezuelano organiza guerrilha contra
4ª República (1960 e 1970)

Há forte componente popular nas forças armadas que se somam à guerrilha com
presença de militares de alta e baixa patente.
A realidade de desigualdade: petróleo enriquece sheiks da América Latina e massa
popular permanece em condições miseráveis.
Parte da população buscava nas forças armadas uma forma de sobrevivência.
Chávez com outros 3 oficiais forma núcleo revolucionário e cria organização
revolucionária de baixa e média institucionalidade. Conspira para derrotar sheiks do
petróleo.
Caracaço em 1989: eclodiu como resistência ao pacote ultraliberal. É fortemente
reprimido.
Consequência política de demanda para organizar a derrubada da 4ªR de Carlos Perez.
Contexto de divisão da esquerda: em 1992, houve combinação de levante estudantil e
sindical que não apareceu para o Caracaço.
Chávez assume a liderança do Caracaço e diz que foram derrotados "por ahora"
Surge debate de disputa eleitoral ou rebelião.
Em 1997, a tática eleitoral vence o debate, assumida pelo MBR que constrói aliança da
esquerda em Pólo Patriótico.
No Parlamento, a esquerda tem maioria e em 02/12/1998, Chávez é eleito presidente.
Chávez ao assumir, passou a construir estratégia de poder: Estado passaria da
hegemonia da burguesia para a hegemonia da classe trabalhadora.
Estratégia de construção da hegemonia prévia à estratégia disruptiva
Como derrotar a contra-revolução burguesa operacionalizada pelo judiciário e pelas
forças armadas? Pela Revolução constituinte.
Tática de organizar processo revolucionário pela via constitucional pela Assembleia
Nacional Constituinte e assim alterar o sistema político do país

"Revolução política, reforma social e conservação econômica" (Chávez, 1999).

Medidas:
O povo precisa satisfazer suas necessidades e assim propiciar acúmulo de força social
Plebiscito popular é irrevogável e não submetido a nenhum poder
Poder ser convocado pelo povo
Mandatos fixos para corte suprema com regovação
Referendo revogatório para tirar executivo: acaba com processo de impeachment
Neutraliza o fisiologismo oligárquico
Constituição é aprovada em 1999

2001: Reforma Agrária, Tributária e Fiscal


Aprova lei dos hidrocarbonetos. Muda o marco regulatório do petróleo. Sobe a
alíquota tributária para 30% que PD controla a produção. Combate circuitos internos
de corrupção.
Chávez levou 4 anos para controlar a PDVeeza.

11/04/2002:
Reação à lei dos hidrocarbonetos
Chávez sofre Golpe de Estado e volta no dia 13/04/2002 dizendo que não aceita
ordens dos generais golpistas.
No retorno à presidência Chávez reformou a estrutura das Forças Armadas e adota
modelo de descentralizar de 114 para mais de 1000 generais e organiza escala de
ascenso e descenso muito rápida.
Passa a comprar armas da Rússia (defesa aérea, tanques e fuzis). Ruptura com os EUA
de cooperação militar. EUA deixa de ter acesso à organização e inteligência militar
venezuelana.
Introdução de formação política e ideológica nas forças armadas a partir da
perspectiva da Revolução Bolivariana
"Aqui como no Chile, a revolução é pacífica, mas aqui ela é armada" (Chávez, 2002).

2015: direita faz maioria no Parlamento. Começa impeachment de Maduro. Corte


Suprema interfere.
Gramsci: institucionalidade para construir hegemonia e organizar a revolução

Qualquer reforma que afete o grau de exploração do trabalho, do lucro, o monopólio


da terra vai sofrer revanche do imperialismo.
Nunca dissolveu partidos, nem tirou concessão midiática. Não renovou com uma delas
porque era devedora de impostos há décadas.
Sempre manteve-se pela via institucional e se preparava constantemente para a
contra-revolução burguesa.
Educação política permanente do povo
Os líderes políticos de esquerda vão pela lógica da gratidão ou da identidade. Chávez
atuava pela construção da identidade de um projeto político popular e anti-
imperialista.

ATUALIDADES COM NICOLAS MADURO


Laura e Maringoni
Não temos uma situação de tensão na América Latina desde 1962, na Crise dos Mísseis
em Cuba.
Nenhum golpe na América do Sul ocorreu com tropas americanas.
A via de financiamento interno sempre deu certo e foi suficiente. Tática de retaguarda
norte-americana, se as oligarquias locais não fossem suficientes.
O convencimento dos golpes operados pela igreja, judiciário e imprensa - oligarquias.
O bloqueio como tática de criação de crise e essa crise torna-se pretexto de
intervenção - "ajuda humanitária".

2014 - com Obama começaram as sanções. Comércio externo: garrote que estrangula:
queda dos preços do petróleo. 2013 no mundo. EUA em acordo com Arábia Saudita:
força queda do petróleo para desestabilizar a Venezuela, Rússia e Irã.
Solicita crédito na China. Garantia do empréstimo é petróleo. China tem 40 anos de
fornecimento em solo Venezuelano.
1 milhão de barris - extrai 841 anos.
Segurança energética

Venezuela vendia 40% para EUA. Trump cortou.


China assumiu
Rússia fornece armamento para Venezuela
Filme: Vice
23/02/2018 - Trump - condições políticas. Macri, Piñha, Ivan Duque, Bolsonaro.
Dá senha para o ataque
Guaidó: 10/01. Circula em países de Revoluções Coloridas.

2015: oposição: 113 cadeiras. Maduro convoca Assembleia Constituinte e faz manobra
política para manter maioria no Parlamento
Ampla liberdade de expressão
Crise humanitária
Metrô de graça
Centro de SP tem mais lojas fechadas do que o Centro de Caracas
Há forte correlação de forças em função do apoio popular
Falta remédios para depressão, diabetes, diminuição da cobertura vacinal.
As lojas estão bem fornidas, contudo, os preços são muito altos.
Cenário real muito diferente do veiculado de pessoas se jogando para pegar restos.
Comunas locais: povo com poder. Saídas criativas.
CLAP: Comitês Locais de Abastecimento e Produção
Controle de quem precisa de recursos. A comuna faz a articulação de rede e distribui
recursos.
Povo muito politizado e que leva muito a sério a questão da comunicação
Papel do BRASIL

Difícil invadir por terra. A FAB seria destruída em uma manhã pelas armas russas.

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