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Sumário
ETAPA 1......................................................................................................3
AU1 - História da infância e da criança....................................................................3
SEÇÃO 1: A infância na Idade Média..................................................................3
SEÇÃO 2: O “sentimento de infância” na Idade Moderna.................................4
SEÇÃO 3: A criança no contexto da industrialização.........................................5
SEÇÃO 4: A história da criança no Brasil............................................................6
SEÇÃO 5: Cultura da infância: um olhar contemporâneo sobre a infância.....7
SEÇÃO: RECAPITULANDO................................................................................8
AU2 - História da educação infantil...........................................................................9
SEÇÃO 1: Origens da Educação Infantil..............................................................9
SEÇÃO 2: O Contexto Europeu no Século XX..................................................10
SEÇÃO 3: O Início da Educação Infantil no Brasil...........................................11
SEÇÃO 4: Trajetória da educação infantil no Brasil........................................12
SEÇÃO 5: A relação da educação infantil com o ensino fundamental............13
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................14
AU3 - Políticas Educacionais e Legislação da Educação Infantil.........................15
SEÇÃO 1: Políticas Educacionais e Legislação da Educação Infantil.............15
SEÇÃO 2: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional − LDB.................15
SEÇÃO 3: Plano Nacional de Educação − PNE.................................................16
SEÇÃO 4: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil −
DCNEI....................................................................................................................17
SEÇÃO 5: Base Nacional Comum Curricular − BNCC....................................18
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................19
AU4 - Concepções teóricas sobre a educação infantil: grandes pensadores........20
SEÇÃO 1: Abordagens de desenvolvimento humano e de aprendizagem.......20
SEÇÃO 2: Grandes pensadores: Rousseau e Pestalozzi....................................21
SEÇÃO 3: Grandes pensadores: Fröebel e Decroly...........................................22
SEÇÃO 4: Grandes pensadores: Maria Montessori..........................................23
SEÇÃO 5: Grandes pensadores: Célestin Freinet..............................................24
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................25
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AU5 - O desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da autonomia e da
identidade da criança................................................................................................26
SEÇÃO 1: Funções e diferentes tipos de linguagem..........................................26
SEÇÃO 2: A linguagem como função da inteligência e do pensamento lógico27
SEÇÃO 3: A linguagem como comunicação e atividade constitutiva do
pensamento.............................................................................................................28
SEÇÃO 4: Autonomia e identidade.....................................................................29
SEÇÃO 5: Liberdade e autoridade......................................................................30
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................31
AU6 - Proposta pedagógica e curricular na educação infantil..............................31
SEÇÃO 1: A construção do projeto político-pedagógico...................................31
SEÇÃO 2: Expectativas das famílias...................................................................32
SEÇÃO 3: As especificidades da educação infantil............................................33
SEÇÃO 4: Aspectos didáticos importantes.........................................................34
SEÇÃO 5: Monitoramento da qualidade............................................................35
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................36
ETAPA 2....................................................................................................38
AU7 - Organização do trabalho pedagógico na educação infantil........................38
SEÇÃO 1: Rotina..................................................................................................38
SEÇÃO 2: Conteúdos............................................................................................38
SEÇÃO 3: Tempos................................................................................................39
SEÇÃO 4: Espaços................................................................................................40
SEÇÃO 5: Registros e avaliação..........................................................................41
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................42
AU8 - Campo de experiências: o eu, o outro e o nós..............................................43
SEÇÃO 1: Introdução ao campo de experiências..............................................43
SEÇÃO 2: Creche – bebês....................................................................................44
SEÇÃO 3: Creche – crianças bem pequenas......................................................45
SEÇÃO 4: Pré-escola – crianças pequenas.........................................................46
SEÇÃO 5: O desafio do respeito às diferenças...................................................47
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................48
AU9 - Campo de experiências: corpo, gestos e movimentos..................................49
SEÇÃO 1: Introdução ao campo de experiências..............................................49
SEÇÃO 2: Creche - bebês.....................................................................................50
SEÇÃO 3: Creche - crianças bem pequenas.......................................................51
SEÇÃO 4: Pré-escola - crianças pequenas..........................................................52
SEÇÃO 5: O desafio de tratar da sexualidade na infância...............................53
2
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................54
AU10 - O lúdico: brinquedos e brincadeiras na educação infantil.......................55
SEÇÃO 1: A ludicidade e o brincar.....................................................................55
SEÇÃO 2: Brincadeiras, brinquedos e jogos......................................................56
SEÇÃO 3: Desenvolvimento psicomotor: crianças de 0 a 2 anos.....................57
SEÇÃO 4: Desenvolvimento psicomotor: crianças de 3 a 6 anos.....................58
SEÇÃO 5: Teorias do jogo....................................................................................59
SEÇÃO: RECAPITULANDO..............................................................................60
ETAPA 1
Atenção
As faixas etárias são construções sociais, políticas e culturais. Desse modo, não se trata
apenas de parâmetros etários supostamente naturais e objetivos, mas de significados
atribuídos simbolicamente e de circunstâncias compartilhadas por alguns indivíduos em
determinado contexto histórico. É importante que se ressalte essa perspectiva para não
assumirmos um olhar pautado exclusivamente nos aspectos biológicos e etários ao
realizarmos trabalhos pedagógicos com as crianças da educação infantil.
3
A primeira é a infância, que vai do nascimento aos sete anos, na qual a criança
(enfant, que em francês significa “não falante”) não forma bem as palavras e
frases porque ainda não possui os dentes firmes e ordenados;
A segunda idade, até os 14 anos, é chamada de pueritia (que se traduz do latim
por “puerícia”, “infância”);
A terceira idade, até os 21 anos (ou 28, ou mesmo 30 a 35 anos, para alguns
escritores), é o período de crescimento e vigor;
A juventude, até os 45 anos (ou 50, para alguns escritores), representa a
plenitude das forças do indivíduo;
A senectude, que representa o momento em que a pessoa não é velha, mas já
passou da juventude;
A velhice, até os 70 anos (ou até o final da vida, para alguns escritores), na qual
os sentidos já não estão tão bons;
A senies (vieillesse, em francês, que significa “velhice”) é a etapa final da vida.
‟
Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava
representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de
habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo. “
Curiosidade
A mudança nos trajes das crianças impactou, de modo peculiar, os meninos, que foram
os primeiros beneficiados pelo sentimento de infância. Estes passaram a usar vestidos
longos, enquanto as meninas continuaram a vestir-se como mulheres adultas por mais
tempo. Ariès (1986) destaca esse atraso como algo que, mais uma vez, coloca as
mulheres como beneficiadas secundárias dos elementos modernos de civilização
5
trataremos sobre a inserção de crianças pobres e suas famílias no trabalho industrial e
sobre como isso afetou o direito à infância dessas crianças.
A sociedade moderna influenciou e foi influenciada pela concepção de infância e
de educação. No final do século XIX e início do século XX, especialmente a concepção
de infância e de educação são tratadas como elementos fundamentais para o
desenvolvimento socioeconômico (BELTHER, 2017).
Anteriormente, nos séculos XVIII e XIX, o processo de industrialização como
nova etapa do modo de produção capitalista impulsionou um intenso deslocamento de
trabalhadores para os centros urbanos, levando-os a deixar o ofício de artesãos, a
manufatura ou o trabalho no campo para vender sua força de trabalho nas indústrias em
troca de um salário. Em condições precárias e insalubres, muitas famílias serviram de
mão de obra barata para o crescimento das fábricas.
A mudança nas relações e na divisão do trabalho foi um dos propulsores da
expansão da escolarização que passou a separar as crianças dos adultos, isto é, os
indivíduos “em formação” dos indivíduos maduros. Escolarizar as crianças, nessa
perspectiva, tinha como objetivo a formação de força de trabalho para o novo estágio do
modo de produção capitalista que vinha se conformando.
Segundo Groppo (2000), a regulamentação do trabalho das crianças com
contratos que estabeleciam jornadas diferentes em relação aos adultos, bem como a
institucionalização de sua participação em escolas, demonstrou divisões etárias mais
marcantes: os contratos passaram a ser elaborados com base nas idades e as instituições
escolares distribuíam as crianças em turmas seriadas, com conteúdos e graus de
dificuldade distintos.
Segundo Belther (2017, p. 6), diversos historiadores tecem críticas ao conceito
de “sentimento de infância” de Ariès (1986) que “ignora por completo aquelas crianças
que foram as maiores vítimas do processo de industrialização, isto é, as de famílias
pobres que foram arrastadas como mão de obra barata para dentro das fábricas”.
Essas crianças subjugadas pelas indústrias, vítimas da violência do sistema
capitalista, e que exigem um novo olhar da sociedade sobre elas. Na reivindicação por
melhores salários e condições, surge a luta pela diminuição das jornadas das crianças e,
posteriormente, pelo próprio fim do trabalho infantil.
O ideário iluminista de racionalidade, de busca pela ordem, desenvolvimento da
ciência objetiva, progresso e moralidade livres da fé religiosa marca a sociedade
moderna e atribui à escola um papel relevante na construção dessa nova mentalidade, na
difusão do conhecimento científico e na formação do cidadão.
Um pensador iluminista importante é John Locke, que compreende a criança
como uma “tábula rasa” e a escola como responsável por preenchê-la com os conteúdos
necessários. É preciso, então, prepará-la para atender às exigências do período de ensino
obrigatório com valores, habilidades e conhecimentos dominantes já estabelecidos pela
nova sociedade.
Nessa fase, a criança é apreendida como um ser frágil que precisa ser
disciplinada e treinada para desenvolver suas capacidades e aptidões. A infância é
reconhecida e passam-se a estabelecer teorias e práticas para seu desenvolvimento. Toda
essa preocupação, no entanto, destina-se às crianças burguesas, deixando à margem as
crianças pobres ou exploradas nas indústrias.
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Além das noções de “criança” e “infância” nas sociedades europeias, é
importante localizarmos aspectos sobre as representações dessas categorias em nosso
país.
Belther (2017) considera que antes mesmo do período de colonização do Brasil,
as diversas culturas indígenas com suas línguas e hábitos já exerciam práticas de
inserção das crianças na vida adulta. Desde muito cedo, já aprendiam a caçar, pescar,
fabricar farinha, entre outras atividades que realizavam com os adultos.
Com a chegada dos colonizadores portugueses e um modelo cultural europeu, as
crianças passaram a ser submetidas a processos de evangelização e de escravização.
Havia também, nas caravelas portuguesas, a presença de mão de obra infantil;
eram crianças órfãs ou de famílias pobres recrutadas para as atividades de expansão
mercantil.
Atenção
‟
O contraste entre as crianças da elite brasileira e aquelas exploradas desde muito
cedo vai se consolidando em nossa sociedade. Dessa maneira, tarefas domésticas ou que
exigem esforço físico passam a ser evitadas pelas famílias ricas com crianças em
formação. Em um movimento contrário, valoriza-se todo trabalho que exige emprego da
capacidade intelectual.”
7
criança e da infância nas investigações sociológicas: o de sujeitos sociais ativos,
produtores de cultura, e dessa fase da vida como fenômeno construído social, cultural e
politicamente. Se antes as crianças eram vistas como incompletas e sem competências
para serem sujeitos das pesquisas, com a nova sociologia passam a ser ouvidas e
investigadas também por meio de suas visões de mundo.
Diversos planos influenciam a produção da cultura infantil: o contexto familiar
associado aos marcadores de classe, raça/etnia, gênero etc.; a cultura local de tradições;
a cultura nacional transmitida por instituições; a cultura escolar composta por elementos
locais e nacionais; a cultura global disseminada pelos meios de comunicação e indústria
cultural. Trata-se de um processo de reprodução, mas também de criação entre os pares
e as gerações. As crianças interpretam e vivem o mundo social de modo singular, porém
em interação com diversos planos e contextos.
Ainda que haja diferenças entre os sociólogos, é possível descrever ideias
comuns sobre a criança e a infância, como a de que são construções sociais. Além disso,
a infância não é um fenômeno universal e, por isso, possui variabilidade em suas formas
de construção, sendo um elemento de estudo sociológico articulado aos modos diversos
de vida das crianças e aos marcadores sociais.
Ainda assim, são vertentes que privilegiam os aspectos biológicos e psicológicos
do desenvolvimento infantil. A área da Sociologia da Infância, portanto, problematiza
essas abordagens, possibilitando apreender a criança como capaz de dar sentido e de
interpretar suas relações com pares, adultos e a realidade que a cerca. Também favorece
outra percepção sobre os processos de socialização das crianças que são sujeitos ativos e
construtores de cultura em determinado lugar e época, e não simplesmente reproduções
ou o contrário dos seres adultos (ABRAMOWICZ; MORUZZI, 2010).
SEÇÃO: RECAPITULANDO
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AU2 - História da educação infantil
SEÇÃO 1: Origens da Educação Infantil
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conflitos com repercussões nas condições sociais das famílias que levaram diversas
mulheres a se organizarem comunitariamente e a prestarem serviços de atendimento às
crianças.
Aos poucos foram surgindo instituições de natureza filantrópica com o objetivo
de atender as crianças fora do âmbito familiar, organizando a formação de acordo com o
destino que era elaborado para cada criança.
As primeiras experiências basearam-se então na crença de que as crianças
nasciam sob o pecado e que cabia a família ou na sua ausência, a sociedade salvá-las
desde muito cedo. Dessa forma havia um planejamento do tempo destinado às crianças
nas instituições educacionais com o intuito de criar rotina e autodisciplina
Na fase avançada da idade moderna, o progresso científico e a exploração de
novos continentes por países europeus exigiram novos conhecimentos e habilidades
laborais. Contexto que favoreceu o pensamento da criança como centro do interesse
educacional para o qual a instituição escolar era essencial, passou-se então a pensar em
formas de disciplinar as crianças sem os castigos físicos evidenciando uma preocupação
com os modos de ensinar que foram cada vez mais tomando grandes proporções
No entanto isso não se aplicava às crianças mais pobres as quais eram reservadas
a piedade e a formação para postos de trabalhos manuais.
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Isso se torna claro com a promulgação realizada pela ONU em mil novecentos e
cinquenta e nove da Declaração Universal dos Direitos da Criança.
Desde então ao crescimento de instituições de educação infantil sob influência
que preconizavam o estímulo intenso do desenvolvimento infantil desde o nascimento.
Especialmente por meio de recursos lúdicos.
Por outro lado, o conceito de apego formulado pelo psicanalista John Bob
embasou argumentos contrários a educação dos bebês fora do contexto familiar. Já que
a separação entre a mãe e o bebê poderia afetar o desenvolvimento infantil.
O consultivíssimo da psicóloga Constance Cami e a psicogênese da língua
escrita da psicóloga Emília Ferreiro
estudos no campo da psicolinguística enfatizaram o papel ativo das crianças em seu
aprendizado e desenvolvimento. Estudos da sociologia e da antropologia também
influenciaram a educação infantil. Por fim
por cinco comitente ou avanço nas preocupações pedagógicas a educação infantil
passou a ser também objeto da indústria cultural que intensificou a produção de
brinquedos, literatura, músicas e espetáculos próprios ao público infantil,
transformando a primeira infância em um nicho mercadológico importante.
11
surpreendentemente destinaram-se a crianças de camadas sociais mais abastadas e
inspiradas nas contribuições educacionais do pedagogo Friederickrobel.
As crianças pobres também ocuparam os debates na imprensa e casos
legislativos. Em 1883 o jurista Rui Barbosa elaborou um projeto de reforma educacional
que distinguia salas de asilo infantil do jardim de infância. Sendo este a etapa inicial do
ensino primário
Ao mesmo tempo era frequente o discurso preconceituoso de que as crianças
pobres deveriam ser alvo de caridade. Nesse contexto já começam a surgir algumas
concepções assistencialistas sobre a educação infantil que
perduram até os dias atuais com a ideia de uma educação compensatória aos
socialmente desemparados num contexto que favorecia uma espécie de patologização da
pobreza e a criação de uma cidadania inferior de segunda classe.
Em 1899, após a Proclamação da República, fundou-se o Instituto de Proteção e
Assistência à Infância no Rio de Janeiro, com o intuito de prestar assistência
com base na racionalidade das ciências médicas, jurídica e pedagógica. Preparando as
crianças pobres para aceitação dos processos de submissão e exploração sociais da
pouca presença do estado e de investimento nas políticas públicas.
12
Em dezembro de 1964 criou-se a Fundação Nacional do Bem Estar do Menor
FUNABEM com forte viés de repressão as crianças pobres. Já a lei de diretrizes e bases
da educação nacional de 1971 estabeleceu com a educação de crianças de até sete anos
seria realizada em escolas maternais jardins de infância ou instituições equivalentes.
Além disso o aumento de mulheres da classe média no mercado de trabalho
impulsionou a defesa da formação cognitiva e afetiva das crianças, bem como a
expansão de creches e pré-escolas particulares.
Esse contexto também acabou forçando o processo de municipalização do nível
pré-escolar público, que durante a ditadura cível militar causou um conflito com as
iniciativas federais de caráter assistencialista. Por meio de convênios como instituições
privadas de atendimento à infância.
É somente com o caldo cultural político de lutas do final do século XX, a
Constituição Federal de 1988, com o Estatuto da Criança e do Adolescente e com a
LDB de 1996, que a educação infantil adquire maior solidez em seu caráter educativo e
de etapa inicial da educação básica.
13
É importante compreendermos que a educação infantil deve ter uma identidade
própria que vem se fortalecendo com novas políticas de atendimento à infância e de
formação de professores. Porém ainda não tem alcançado muitos profissionais e
gestores do ensino fundamental, os quais não vem acompanhando devidamente esses
avanços.
Assim no lugar de separações e fases sucessórias devemos olhar para a educação
infantil e para o ensino fundamental como indissociáveis, capazes de apreender as
crianças como sujeitos globais, históricos e culturais tratando de conteúdos
sistematizados pelas ciências, pelos valores de compromisso e seriedade, de alegria e
divertimento.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
14
AU3 - Políticas Educacionais e Legislação da Educação Infantil
SEÇÃO 1: Políticas Educacionais e Legislação da Educação Infantil
Hoje falaremos sobre a Constituição Federal que é a lei máxima de um país. Isso
significa que nenhuma legislação incluindo a educacional pode ir contra a constituição
pois do contrário será considerada inconstitucional.
A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 1988, após
um longo processo de lutas sociais e políticas que resultaram no fim da ditadura civil
militar, o qual perdurou por vinte e um anos no país.
Sua principal conquista foi a volta das eleições diretas, ou seja, do regime
democrático exercido por representantes eleitos. É também a Constituição Federal que
determina o funcionamento dos três poderes e de outros órgãos independentes como o
Ministério Público por exemplo, além das responsabilidades da união, estados e
municípios.
O artigo 6 da constituição prevê que a proteção à infância é um direito social. No
capítulo sobre a educação encontramos que é dever do estado brasileiro garantir a
educação infantil às crianças de até cinco anos de idade em creche e pré-escola,
conforme disposto o inciso IV do artigo 208.
Já o parágrafo segundo do artigo 211 diz respeito a atuação prioritária dos
municípios na educação infantil e no ensino fundamental, embora o artigo 30 trate da
cooperação técnica e financeira com a união e o estado para manutenção dessas etapas.
A partir do artigo 227 que defende os direitos à vida, saúde, alimentação,
educação, proteção contra a violência, entre outros, a criança, ao adolescente, ao jovem
foi formulado o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA que dispõe sobre a
proteção integral à criança e o adolescente.
A criança é a pessoa até os doze anos de idade incompletos e o adolescente
aquela entre doze e dezoito anos. São considerados sujeitos de direitos em condição
peculiar de desenvolvimento e gozam de prioridade absoluta no atendimento e proteção.
15
O artigo 18 do ECA trata do direito da criança e do adolescente de serem
educados e cuidados sem castigos físicos e crueldade., seja por parte dos familiares e
responsáveis, agentes públicos ou qualquer pessoa encarregada de sua proteção. O
tratamento degradante não pode ser utilizado como meio para educar, disciplinar,
corrigir ou para qualquer outra intenção.
O direito a educação com o objetivo de desenvolvimento integral das crianças e
adolescentes está previsto no artigo 53 do ECA. É preciso assegurar-lhes a igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola pública próxima de sua residência,
direito a creche pré-escola para as crianças de zero a cinco anos de idade. Também é
necessário garantir-lhes o direito de serem respeitados por seus educadores.
Cabe destacar o artigo 58 que dispõe sobre o respeito nos trabalhos e processos
educacionais, dos valores culturais, artísticos e históricos presentes no contexto social
das crianças e adolescentes. A Constituição Federal e o ECA podem parecer leis muito
avançadas para a realidade do nosso país, e difíceis de serem cumpridas, especialmente
quando tratamos de proteção e atendimento à infância.
Não devemos, contudo, buscar empobrecê-las para que possam ser efetivadas.
Mas ao contrário, tratá-las como ideal a ser alcançado com a implementação de políticas
públicas.
Veremos agora sobre a lei de diretrizes e base da educação nacional a LDB que
integra de modo mais direto a educação infantil no sistema educacional brasileiro,
consolidando-a como etapa inicial da educação básica e prevendo outras garantias.
A LDB é a maior lei educacional do país sendo denominada carta magna da
educação, quando se deseja destacá-la ainda mais. Pelo seu caráter geral muitos dos
seus dispositivos precisam ser regulamentados por legislações específicas e
complementares. Contudo ela começou a ser regulamentada antes mesmo de ser
promulgada, como ocorreu com leis, emenda constitucional e decreto entre os anos de
1995 e 1996. Estabelecer diretrizes e bases significa determinar princípios, parâmetros e
rumos a educação nacional, o que implica explicitar concepções de ser humano, de
educação e da sociedade que se deseja alcançar.
Dessa forma, a LDB disciplina a educação escolar, mas esclarece que sua visão
sobre educação é mais ampla, pois engloba processos desencadeados na família,
trabalho, instituições de pesquisa culturais da sociedade civil, nos movimentos sociais e
convivência cotidiana. O inciso I do artigo 4º registra que dos quatro aos dezessete anos
de idade a educação básica é obrigatória e gratuita, organizada em pré-escola, ensino
fundamental e ensino médio.
Já o inciso II garante o direito à educação infantil gratuita para as crianças de até
cinco anos de idade como dever do estado no provimento da educação escolar pública,
sendo o dever dos pais ou responsáveis a efetivação da matrícula conforme disposto no
artigo sexto.
O artigo 29 consolida a educação infantil como a primeira etapa da educação
básica, atribuindo-lhe o objetivo de desenvolvimento integral das crianças de até cinco
anos abrangendo suas dimensões físicas, psicológicas, intelectuais e sociais e em
complemento as ações da família e comunidade.
Além disso no que se refere a Organização da Educação Infantil, artigo 31
dispõe que a avaliação ocorrerá por meio de acompanhamento e registro do
desenvolvimento das crianças sem o objetivo de promoção mesmo para o acesso ao
16
ensino fundamental com emissão de documentação que permita atestar os processos de
desenvolvimento e aprendizagem.
O inciso 5º do artigo 11 reafirma o disposto na Constituição Federal sobre a
atuação prioritária dos municípios na oferta da educação infantil. Em creches e pré-
escolas. e do ensino fundamental.
O artigo 18 indica que os sistemas municipais de ensino abrangem as
instituições de educação básicas mantidas pelo poder público municipal, as de educação
infantil instituídas e mantidas pela iniciativa privada, além dos órgãos municipais de
educação.
O artigo26 dispõe que os currículos incluindo da educação infantil devem conter
Base Nacional Comum sendo complementada por um segmento diversificado nos
sistemas de ensino e instituições escolares de acordo com a realidade local.
Por fim vale sublinhar que são admitidos os níveis médio e superior como
formação necessária para o exercício docente na educação infantil. Conforme disposto
nos artigos 61 e 62.
17
A partir desse cenário em 2019, segundo a pesquisa nacional por amostra de
domicílios contínuo a PNAD contínua, nenhuma grande região tinha alcançado a meta
da universalização da pré-escola até 2016. No mesmo ano foi constatado que 67% por
cento das crianças de zero a um ano e 53,5% das crianças de dois a três anos, não
frequentavam creche por opção dos pais ou responsáveis.
Assim a falta de creche ou vagas ou a não aceitação de matrícula por causa da
idade foram apontadas como motivos para 27,5% das crianças de zero a um ano e para
39,9% das crianças de dois a três anos estarem fora da creche.
É provável que às dezessete estratégias estabelecidas no PNE para o alcance da
meta da educação infantil se mostraram insuficientes ou sequer foram acionadas pelos
órgãos em instâncias competentes.
Hoje falaremos sobre as diretrizes curriculares que são importantes para ajudar a
organizar, articular, desenvolver e avaliar propostas pedagógicas nas diferentes etapas,
níveis e modalidades de ensino. Em 1998 o MEC elaborou o referencial curricular
nacional para educação infantil o RCNEI.
Destinado as creches, entidades equivalentes e pré-escolas, como parte
integrante do conjunto de documentos dos parâmetros curriculares nacionais de 1997, o
RCNEI foi formulado com o intuito de auxiliar no desenvolvimento do trabalho
educativo cotidiano junto às crianças pequenas.
Em 1999 a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação
aprovou as diretrizes curriculares nacionais para educação infantil por meio da
resolução n. 1, no entanto ela só foi revogada pela resolução CNE/CEB n. 5 de 17 de
dezembro de 2009, que instituiu as novas diretrizes curriculares nacionais para educação
infantil, as DCNEI.
A revisão, atualização e estabelecimento de novas diretrizes curriculares
nacionais não só para educação infantil, mas para toda a educação básica surgiram das
exigências colocadas pela obrigatoriedade do ensino gratuito dos 4 aos 17 anos, e da
ampliação do ensino fundamental para nove anos.
As DCNEI de caráter mandatório orientam não só as etapas de planejamento,
execução e avaliação dos projetos políticos pedagógicos mas também a formação de
professores e os familiares sobre as perspectivas de ações pedagógicas. Assim o cuidar e
o educar devem valorizar a aprendizagem cultural facilitada por atividades lúdicas e
estarem previstos numa proposta pedagógica em que o currículo, seja um conjunto de
experiências que articula saberes prévios com conhecimentos sistematizados nos
campos da cultura, arte, ciência e tecnologia.
É preciso considerar a gestão dos sentimentos e emoções, o desenvolvimento de
hábitos alimentares, de higiene e de organização dos objetos pessoais e escolares, a
vivência de situações de diferentes linguagens e de preservação do meio ambiente, e o
desenvolvimento das dimensões expressivo motora, cognitiva, sociocultural, ética e
estética.
São também condições para a organização curricular das instituições de
educação infantil, garantir a educação em sua integralidade, combater de forma
reflexiva preconceitos e discriminações étnico-raciais, de gênero, socioeconômicas e
religiosas. Bem como conhecer a pluralidade cultural das crianças, famílias e
comunidades, prestando atenção rigorosa as possíveis situações de violação da
dignidade das crianças.
18
É preciso ainda assegurar a escuta das famílias estabelecendo uma postura
dialógica, espaços e tempos para a sua participação e um trabalho em parceria,
garantindo que a criança tenha uma relação positiva com a instituição e a familiaridade
com a diversidade de linguagens e pessoas. É necessário por fim que a avaliação na
educação infantil acompanhe e repense o trabalho realizado, buscando melhores
condições de promoção da aprendizagem, do desenvolvimento das crianças, com
observação e registro sistemáticos, críticos e criativos.
19
Dessa forma fica bem clara a relação dos seis direitos de aprendizagem e
desenvolvimento com os cinco campos de experiências., contemplando uma formação
integral das crianças na educação infantil. Devido as diferenças nas possibilidades de
aprendizado e características de desenvolvimento das crianças os objetivos estão
dispostos em três grupos etários bebês de creches de zero a um ano e seis meses,
crianças bem pequenas de creches de um ano e sete meses a três anos e onze meses e
crianças pequenas de pré-escolas de quatro anos a cinco anos e onze meses.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
20
AU4 - Concepções teóricas sobre a educação infantil: grandes
pensadores
SEÇÃO 1: Abordagens de desenvolvimento humano e de aprendizagem
21
consequências. Se a consequência do comportamento for boa, ele tende a se repetir, mas
se for ruim, ele tem menos chances de acontecer de novo.
Para essa abordagem, é por meio do condicionamento operante que se aprende a
maior parte dos comportamentos o que na educação infantil minimiza a iniciativa das
próprias crianças e a possibilidade de responderem diferentemente aos mesmos
estímulos. Buscando uma resposta ao dilema causado pelas concepções anteriores, a
abordagem interacionista entende que há uma relação recíproca entre fatores internos e
externos do ser humano condicionado tanto pelo conjunto biocomportamental da
espécie, quanto pelas relações que estabelece com o ambiente natural, social, cultural e
histórico.
A psicologia genética de Jean Piaget (1896-1980) buscou compreender como o
ser humano elabora o pensamento num processo de sucessivas equilibrações por meio
de trocas entre o organismo e o meio. Esse processo apresenta estágios de
desenvolvimento caracterizados pela emergência de novos modos de organização da
mente que são sensório motor, o pré-operatório, o operatório concreto e o operatório
formal.
Por fim a concepção histórico-cultural de Lev Vygotsky (1896-1934), dedicou-
se ao estudo das chamadas funções psicológicas superiores, ou seja, intencionais e
conscientes. E das atividades humanas mediadas por instrumentos técnicos e sistemas
de signos como a linguagem por exemplo.
Para ele o desenvolvimento infantil é inicialmente marcado pelo alto grau de sua
herança biológica, passando a ser orientado pelas interações com o grupo, meio e
objetos socioculturais., a interação com os adultos ocorre desde o seu nascimento, estes
asseguram a sua sobrevivência e realizam a mediação da sua relação com o mundo.
22
valorizando o teor educativo do trabalho e destreza práticos, buscando formular um
método fácil que poderia ser aplicado por qualquer pessoa.
Pestalozzi também compreendia que o processo educativo deveria seguir a
liberdade e a bondade inerente a natureza humana, por meio de sua pedagogia intuitiva
a criança deveria descobrir por si própria, seguindo a ordem do mundo natural e
acostumando-se a fazer pela experiência, desenvolvendo a capacidade de observação e
percepção.
O método intuitivo Pestaloziano tinha prática como ponto de partida, utilizando
a percepção e experiências sensoriais no contato direto com os objetos, até chegar ao
nível da abstração e do pensamento. Suas ideias e método pedagógicos espalharam-se
pela Europa chegando aos Estados Unidos por volta de 1860 e no Brasil em 1880.
Para Pestalozzi cabe ao professor regar as plantas que são as crianças para que
elas se desenvolvam já que o princípio do seu crescimento já se encontra dentro delas,
ele nada acrescenta, apenas observa e acompanha para o que o seu crescimento siga o
curso natural e não seja prejudicado.
Por fim, não obstaculizar ou impedir o desenvolvimento da criança uma grande
responsabilidade moral do pedagogo, para isso precisa harmonizar as esferas intelectual,
sensível, artística e técnica em qualquer que seja a ação ou disciplina dentro da
instituição escolar.
23
e indivisíveis, sendo as atividades educativas um caminho que pode levá-la a um
crescimento positivo.
Uma pedagogia do interesse e da diversidade de expressão portanto mobiliza
mais as motivações e a criatividade da criança do que uma proposta reprodutivista e
verbalista. No lugar de disciplinas tradicionais Decroly propôs que a criança
desenvolvesse o domínio sobre os objetos concretos e conteúdos articulando-os em rede
e no entorno de centros de interesse.
Desse modo a criança realizaria a observação, associação e expressão dos
conhecimentos, sendo ela examinada, classificada e inserida em grupos homogêneos de
alunos. Em sua perspectiva metodológica, cujas atividades empíricas partiam do
conhecido para o desconhecido e do concreto para o abstrato a educação tinha o
objetivo de formar a criança para a vida por meio do alojamento do ensino aos
diferentes tipos de desenvolvimento levando-se em conta a construção pessoal e as
demandas do ambiente exterior.
Decroly inspirou fortemente diversas instituições educacionais dos continentes
europeu e americano, além de movimentos de emancipação da escola e outros grandes
pensadores da educação.
24
relevância e as tarefas deveriam ser metodicamente organizadas de modo que as
crianças pudessem medir seu grau de êxito com facilidade.
Além disso, ofereciam funções intelectuais específicas, permitindo o contato das
crianças com situações imediatas e concretas para o favorecimento da abstração,
Montessori valorizava a atitude independente das crianças possibilitando que os
professores deixassem o centro do processo educativo e agissem de modo periférico na
observação científica e intuitiva para encontrar novas demandas e possibilidades.
Seu pensamento teve mais repercussão em outros países do que na Itália, no
Brasil, contudo, é importante que se reflita sobre o seu contexto socioeconômico e sobre
as condições concretas necessárias a uma educação de qualidade não dependendo
somente das teorias e métodos pedagógicos para melhorar as escolas e o ensino.
25
O movimento frenetiano nacional e internacional continua vivo e atuante, a
proposta de retomada das nossas raízes para renovar os valores do amor, a natureza e ao
outro é uma pedagogia das técnicas de vida, que ainda fundamenta novos projetos
político-pedagógicos das escolas.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
26
AU5 - O desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da autonomia
e da identidade da criança
SEÇÃO 1: Funções e diferentes tipos de linguagem
27
Desde o nascimento, bebês e adultos se envolvem mutuamente nas atividades de
negociação para uma relação positiva., num primeiro momento os bebês lançam mão de
condutas com as quais chegaram ao mundo, ou seja, chorar, sorrir, olhar, entre outras,
mas progressivamente assimilam gestos mais culturais., como a sinalização, por
exemplo.
Próximos dos seis meses os bebês se interessam em pegar objetos e fazem uso
de um gesto para alcançá-los.
Já perto os onze ou doze meses substituem o gesto pela sinalização apontando
para os objetos, o gesto demonstra um desejo., já a sinalização além do desejo tem a
intenção de chamar a atenção dos adultos até aprenderem que usar palavras é mais
econômico para se comunicar.
Entre os dois e seis anos de idade da criança, a três dimensões que estão
diretamente envolvidas: o conteúdo, a forma e seu uso. Assim, quando começam a usar
a fala para se comunicar e aprender, o fazem progressivamente com conteúdo e formas
mais variados e complexos, de acordo com a convenção linguística.
Já a capacidade básica para conversar desenvolve-se entre os dois e quatro anos
de idade, mas até os sete anos as crianças apresentam dificuldades na comunicação
referencial, isto é, quando precisam fornecer indicações sem considerar que o outro
pode não ter as mesmas informações que elas.
A linguagem verbal oral e escrita é bastante valorizada na escola, por ensinar a
língua culta e as variações linguísticas., pelo menos é o que se espera de uma instituição
que garanta o direito de aprendizagem língua padrão, mas que não reforce preconceitos
linguísticos.
28
Jean Piaget afirma que o avanço do pensamento operatório implica progresso no
desenvolvimento da linguagem, mas que o contrário não necessariamente ocorre, isso
porque as palavras integram o pensamento abstrato e não são um simples apêndice no
processo de desenvolvimento psicológico infantil.
Os modos como a criança atribui significados e emprega as palavras
correspondem aos graus de desenvolvimento cognitivo da inteligência e do pensamento
lógico alcançados. Nesse sentido o trabalho de Piaget aborda as formas que a linguagem
assume e a função que exerce em cada um dos estágios de desenvolvimento do
pensamento lógico da criança.
As palavras da linguagem empregada socialmente e que vão sendo obtidas pela
criança seguem as imagens mentais, representações e símbolos construídos por ela. As
primeiras palavras são denominadas por Piaget de primeiros esquemas verbais, e
possuem caráter imitativo e sem significado fixo, sendo, portanto, preconceitos.
Progressivamente de acordo com o estágio de pensamento atingido a criança vai
desenvolvendo uma elaboração conceitual das palavras que supõem uma definição fixa
convencionada socialmente e determina seu caráter generalizante para a transmissão do
pensamento a outro sujeito.
Enfim, para Piaget a linguagem facilita, mas não é a origem da generalização do
pensamento lógico., sendo então uma função da inteligência.
29
É nesse processo que ocorre a fusão entre as palavras e o pensamento, já que as
palavras não apenas expressam o pensamento., mas são o seu próprio ato, isto é, ele
passa a existir, ter forma e ser real por meio das palavras. Desse modo, a linguagem é
relevante porque expressa tanto o pensamento da criança quanto age como organizadora
desse pensamento, embora tenha origens diferentes e de se desenvolverem de modo
autônomo pensamento e linguagem se encontram num dado momento devido a inserção
da criança num grupo cultural, no qual o pensamento contrai verbalização e a fala,
racionalidade.
A linguagem promove importantes mudanças, mas diferentemente de Piaget que
buscou mapear o desenvolvimento do pensamento por meio da linguagem já que ele
surge antes dela, e descrever a função realizada pelas palavras nos estágios de formação
do pensamento lógico. Vygotsky visou compreender o processo de associação das
palavras e pensamento nas atividades e relações sociais das crianças, para Vygotsky,
portanto a linguagem sistematiza as tarefas e as experiências das crianças, obtendo
centralidade no seu desenvolvimento cognitivo.
30
Inicialmente por volta dos quatro anos tentam chamar a atenção e receber
aplausos por meio da demonstração de destrezas e habilidades que são apreciadas pelos
outros. É o período da graça, ainda assim nem sempre alcança um objetivo pretendido,
as gracinhas vão perdendo o encanto ou já não recebem um reconhecimento na mesma
intensidade.
É por isso que por volta dos quatro e cinco anos de idade as crianças lançam
mão de outra estratégia, o de imitação. Imitando os adultos com os quais tem relações
mais apegadas e importantes, as crianças buscam ser mais eficazes para assegurar a
aceitação e o carinho.
Começam com uma imitação mais externa, como a cópia de gestos ou uso de
roupas adultas. e chegam a um processo mais interno e psicológico de forte
identificação com esses adultos mais próximos e significativos.
31
que não sabe tudo e que pode errar e buscar seu aprimoramento, sempre por meio de
uma relação democrática e respeitosa com os educandos, familiares e colegas.
Por fim, para garantir o equilíbrio emocional das crianças, não basta somente
amá-las, é preciso também lidar com atenção entre a paciência e a impaciência,
tensão da qual deve decorrer a assunção da parcimônia verbal, que não descontrola a
fala e não extrapola os limites do discurso mais assertivo.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
32
executar sua proposta pedagógica, as instituições de educação infantil enquanto parte
integrante da educação básica nacional tem essa atribuição.
A denominação projeto político pedagógico abrange as dimensões mais gerais
relacionadas ao contexto social, política, econômico, cultural, entre outros e as mais
específicas da instituição escolar., referente as questões pedagógicas, administrativas e
comunitárias.
Tendo em vista o princípio da gestão democrática previsto no inciso VIII do
artigo 3° da LDB além da participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto político pedagógico da unidade escolar conforme disposto no inciso I do artigo
14º observa-se a importância da dimensão participativa no processo de planejamento
desse plano global da instituição.
Nesse sentido, um planejamento participativo para a formulação do projeto
político pedagógico deve englobar três grandes esferas:
O marco referencial que trata dos posicionamentos políticos e
pedagógicos da instituição, isto é, sua visão de mundo, valores, ideais e
objetivos;
O diagnóstico que examina a distância entre a realidade e aquilo que se
almeja;
E a programação com a proposta de ação propriamente dita, contendo
metas, prazos, responsáveis pelas tarefas, entre outros.
Ressaltando que o marco referencial se divide em três partes:
O marco situacional que constituiu a análise da realidade;
O marco filosófico ou doutrinal que define para onde se deseja ir;
O marco operativo que determina o horizonte das ações.
Dentre as dimensões relevantes para a constituição do projeto político
pedagógico devemos fornecer uma atenção especial ao currículo que funciona como um
instrumento orientador do trabalho docente, ele não é um plano individual pré-
estabelecido, mas um processo coletivo de construção, assim, sua organização deve
superar uma perspectiva linear e caminhar para o estabelecimento de relações entre os
diferentes conhecimentos e áreas.
Na educação infantil a concepção da criança como sujeito ativo, reflexivo e
produtor de cultura, deve associar se aos demais aspectos que formam um projeto
político pedagógico. Dessa forma é fundamental que reflitamos sobre quais visões de
sociedade e de educação são congruentes com essa concepção.
Além disso é preciso problematizar as próprias noções que se tem de creche e
pré-escola, distanciando-se de divisões difusas e antagônicas provenientes de
experiências anteriores ou da própria formação profissional. A ideia é, portanto,
preconizar o processo e não só os resultados, diversificando atividades e estratégias
metodológicas.
34
O projeto político pedagógico da educação infantil precisa realizar a mediação
das relações entre essa bagagem das crianças incluindo os conflitos, necessidades e
desejos do seu meio e a realidade social mais ampla que contém conhecimento
científico sistematizados, outros valores, visões e culturas.
Dessa forma, é necessário respeitar as especificidades e a pluralidade da infância
e os direitos das crianças, dialogando com o que elas e suas famílias sabem e tem de
expectativas.
A creche e a pré-escola são espaços privilegiados para contextualizar o
progresso das potencialidades das crianças por meio de atividades que lhes possibilitem
experimentar desafios exitosos ou não, partilhar sentimentos, conviver com as
diferenças, regras e situações diversas. Ampliar habilidades afetivas, cognitivas,
motoras também podem contribuir na diminuição de desigualdade socioculturais ao
buscar o desenvolvimento integral de todas as crianças.
Além disso devem ainda ter a clareza da indissociabilidade da infantil com
ensino fundamental. Mesmo que o seu foco não seja a escolarização precoce ou a
preparação para os seus anos iniciais, é na educação infantil que se encontra mais
marcadamente a articulação entre o cuidar e o educar, que são ações diferentes, porém
associadas que envolvem conhecimento sobre o corpo, higiene, alimentação, ciências,
linguagem, artes, entre outros.
A dimensão afetiva é importante na educação das crianças pequenas por isso é
necessário ter um olhar atento para as reações de medo, ansiedade, frustração,
isolamento, indiferença, entre outras, procurando contextualizá-las e compreendê-las e
buscando auxiliar as crianças a desenvolverem mais autonomia, habilidade emocional e
capacidade de organização e cooperação.
Os projetos político pedagógicos da educação infantil têm procurado estimular a
autonomia das crianças na resolução de desafios fornecendo liberdade para explorar os
espaços e conteúdo que fazem sentido as suas vidas, sempre contextualizados no
universo social mais amplo.
Por fim, as particularidades dos conteúdos devem organizar-se em torno de
âmbitos de experiências, para que as crianças descubram a si próprias os outros, o
mundo natural e social, as diversas linguagens, as expressões artísticas e a
intercomunicação. Também devem seguir as diferenças das instituições, ou seja, entre
as creches e pré-escolas.
35
Sendo a ludicidade, a melhor forma para descoberta e construção de
sentidos pelas crianças;
A continuidade das experiências infantis;
E a significatividade dessas experiências pelos próprios sujeitos.
As crianças são sujeitas sociais ativos e de direitos e as instituições de educação
infantil devem garantir o cuidar e o educar a elas. O projeto político pedagógico deve
conter princípios éticos, políticos e estéticos considerando as identidades dos familiares,
dos profissionais e da própria instituição, além da intencionalidade das ações educativas
para as crianças pequenas.
Tais ações podem ser perpassadas por diversas linguagens verbais ou não, que
garantem o caráter multifacetado a ser considerado na educação infantil. Um dos
aspectos didáticos importantes é a relação e o afeto entre os professores e as crianças,
para isso é importante haver um ambiente estimulante e facilitador para que as crianças
experimentem, explorem e se expressem por meio de ferramentas adequadas que
ajudem a garantir a qualidade dessas relações.
A interação com a família também é essencial para o desenvolvimento das
crianças, sempre buscando ampliar e refletir a respeito do processo de aprendizagem e
de progresso dos alunos.
O desvendamento de si próprio dos meios natural e social, as linguagens e a
intercomunicação são potencializadas com o incentivo das práticas lúdicas que
desenvolvem dimensões imaginativas, visuais, auditivas, de concentração e atenção.
A ação pedagógica docente decorre do conhecimento da realidade das crianças e
do processo de planejamento, sempre tendo em vista a flexibilidade desse processo, uma
vez que as interações e as demandas dos alunos interferem e podem mudar os seus
rumos.
Por fim, o sentido dos objetivos, conteúdos e métodos planejados pelo professor
pode ser ampliado por meio de palestras, cursos e leituras complementares bem como
receberá da equipe pedagógica possibilidades constantes de discussão e reflexão sobre o
planejamento e a consideração de conhecimentos prévios tanto da equipe docente como
das crianças.
36
Organizados em oito áreas focais, os parâmetros nacionais de qualidade para a
educação infantil destinam-se aos gestores de secretarias de educação aos professores e
profissionais das instituições e aos familiares e responsáveis pelas crianças.
Dentre elas destaca-se:
A área focal três que trata da gestão das instituições de educação infantil e tem
como alguns de seus princípios o planejamento e a avaliação
A área focal quatro que aborda os currículos e as práticas pedagógicas
apresentando os princípios da multiplicidade de experiências e linguagens, da qualidade
das interações e da documentação e reflexão das práticas e dos aprendizados das
crianças.
Já a área focal cinco abrange a interação com as famílias e a comunidade.
Enquanto os parâmetros são mais genéricos e amplos os indicadores são mais
precisos e específicos, por isso os indicadores são uma ferramenta de quantificação para
medir o nível de aplicabilidade do parâmetro, devido a isso podem ser utilizados para
conferir o desenvolvimento ou a qualidade da implementação das políticas públicas
educacionais por exemplo.
Os indicadores da qualidade na educação infantil são sinais reveladores das
dimensões de determinada realidade, podendo quantificá-las sendo um instrumento de
autoavaliação da qualidade das instituições de educação infantil.
Devem ser utilizados de maneira flexível e participativa pelas instituições,
considerando as sete dimensões na autoavaliação da qualidade a serem seguidas:
o planejamento institucional;
a multiplicidade de experiências e linguagens;
as interações;
a promoção da saúde;
os espaços, materiais e mobiliários;
a formação e as condições de trabalho dos professores e demais
profissionais e
a cooperação e troca com as famílias e participação na rede de proteção
social (BRASIL, 2009).
O documento dos indicadores da qualidade na educação infantil aponta como
utilizar esses indicadores e como conduzir o processo de avaliação, além de oferecer um
modelo de plano de ação que contém as sete dimensões, os indicadores, os problemas,
as ações, os responsáveis pelas ações e o prazo para realizá-las.
Por fim devemos considerar que o desafio maior não está em alcançar uma
melhor qualidade da educação infantil por meio de diretrizes ou normatizações
abrangentes, mas de enfrentar a distância entre o ideal de educação contemporânea e a
realidade das práticas cotidianas e das imensas desigualdades sociais.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
37
Vimos também aspectos didáticos importantes como a intencionalidade das
ações, o uso de diversas linguagens, a importância das interações, da ludicidade e do
planejamento flexível.
Ao final, abordamos o monitoramento da qualidade na educação
infantil, destacando elementos dos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação
Infantil e dos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil, além da autoavaliação da
qualidade das instituições.
38
39
ETAPA 2
SEÇÃO 2: Conteúdos
40
Veremos agora sobre os conteúdos da educação infantil, o conceito de conteúdo
abrange as aprendizagens que os alunos devem atingir para avançar nos sentidos que
delimitam os fins da educação sendo necessário o desenvolvimento de habilidades,
valores, comportamentos e conhecimentos para construí-lo e embasá-lo.
O referencial curricular nacional para educação infantil define os conteúdos
tanto como a efetivação dos objetivos da instituição quanto como um meio de
desenvolvimento de habilidades e do exercício do pensar, sentir e ser das crianças
no processo de interpretação do mundo.
Os conteúdos conceituais permitem a construção ativa de habilidades
para lidar com representações simbólicas, na atribuição de sentido à
realidade.
Já os procedimentais dizem respeito ao saber fazer, possibilitando a
construção de instrumentos e caminhos para a realização de ações.
Por fim os atitudinais são relacionados a valores, atitudes e normas que
precisam ser transformados em explícitos e intencionais pelo projeto
institucional.
Dessa forma, essa visão mais contemporânea sobre os conteúdos, ultrapassa a
ideia limitada de algo pré-selecionado, composto por partes de conhecimentos
específicos a serem transmitidos aos alunos, buscando, em vez disso, cumprir a função
de articulação entre a dinâmica das relações.
Na educação infantil, os conteúdos iniciais estabelecem um profundo vínculo
com a vida cotidiana, sendo fundamentados na aprendizagem de práticas sociais, na
interpretação das crianças sobre o mundo e em suas criações culturais.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI
(BRASIL, 2013), assinalam que o currículo da educação infantil é um conjunto de
práticas que visa realizar a articulação entre as experiências e saberes das crianças e os
conhecimentos reconhecidos como patrimônio nos campos da cultura, arte, ciências e
tecnologia.
No entendimento das diretrizes a educação infantil deve apoiar as crianças no
estabelecimento de uma relação positiva com a instituição fortalecendo sua autoestima,
curiosidade pelo conhecimento e cuidado de si mesmas e do mundo.
Devem ser preconizadas, portanto, as ações criadoras e o protagonismo das
crianças em detrimento de atividades mecânicas e sem significado para elas,
valorizando a ludicidade, as brincadeiras e as culturas infantis.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sugere uma organização
curricular para esta etapa baseada nos campos de experiências que contém objetivos de
aprendizagem e de desenvolvimento para as crianças de zero a cinco anos.
São arranjos curriculares que englobam saberes, situações e experiências
cotidianas das crianças, em articulação com os conhecimentos que integram o
patrimônio cultural.
Por fim, a partir das interações e brincadeiras como eixos estruturantes dos
direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, os campos
de experiências estão divididos em: o eu, o outro e o nós, corpo, gestos e movimentos,
traços, sons, cores e formas, escuta, fala, pensamento e imaginação e espaços,
tempos, quantidades, relações e transformações.
SEÇÃO 3: Tempos
41
Falaremos hoje a respeito da organização do tempo na educação infantil, somos
sujeitos históricos que se constroem e interferem na realidade, que participam de
contextos macro e micro sociais.
Ao examinarmos as formas de organização temporal em uma instituição de
educação infantil devemos ter em vista essas dimensões do tempo.
As diretrizes curriculares nacionais para educação infantil orientam que o
planejamento curricular garanta condições para a organização do tempo cotidiano das
instituições de forma a sustentar as possibilidades de exploração das crianças e as
situações de segurança e de desafio, articulando os ritmos e vivências individuais com
as experiências coletivas entre pares e com os adultos.
O referencial curricular nacional para educação infantil indica que o tempo
didático deve incluir uma rotina pedagógica de cuidados, brincadeiras e aprendizagens
orientadas com as crianças, diferentes estruturas didáticas exigem formas distintas de
organização do tempo podendo ser reunidas em três modalidades.
As atividades permanentes atendem as necessidades básicas relacionadas ao
cuidado, aprendizado e prazer das crianças. Com conteúdo de caráter constante e que
definem a periodicidade das ações.
Já a sequência de atividades é preparada com a finalidade de estimular um
aprendizado específico e definido que propicia desafios com níveis variados de
complexidade, por meio dos quais as crianças podem ir avançando progressivamente na
resolução de problemas.
Por fim os projetos de trabalho organizados a partir de uma questão ou problema
geralmente decorrem dos interesses das crianças e permitem o contato com práticas
sociais concretas.
A duração dependerá dos objetivos estipulados e o projeto pode ser organizado
em várias fases, contendo ainda um produto final e uma dose de flexibilidade para
encurtar ou alongar os prazos.
A base para organização do tempo na educação infantil é a intencionalidade do
trabalho pedagógico que se concretiza por meio dos planejamentos periódicos de acordo
com o projeto político pedagógico da instituição.
Dessa forma, a sequência de eventos numa estrutura cronológica regular,
possibilita a apropriação do tempo em consonância com o ritmo de trabalho da turma,
favorecendo maior confiança da criança no adulto, a percepção de que há momento para
tudo e o desenvolvimento de sua autonomia.
No entanto, há formas de planejamento que acabam limitando o trabalho
pedagógico com as crianças, como a listagem de atividades cujo foco é preencher o
tempo das crianças em detrimento da intencionalidade educativa e as áreas de
desenvolvimento infantil que priorizam a adequação das crianças aos parâmetros da
psicologia da infância.
Há ainda os temas geradores ou integradores ou unidades de experiência que
possuem intencionalidade educativa, mas que muitas vezes se reduzem a uma lista de
atividades para a rotina semanal ou que apresentam omissões pedagógicas com relação
aos bebês.
Por esse motivo enfatiza-se a proposta do referencial curricular nacional para
educação infantil com a qual é possível ter mais flexibilidade e amplitude de definição,
atuação e público.
SEÇÃO 4: Espaços
42
Hoje falaremos sobre a organização do espaço na educação infantil, nenhum
ambiente possui neutralidade, já que as pessoas podem ter atributos e atitudes diferentes
ocupando o mesmo ambiente.
Devido a isso é fundamental refletirmos sobre como organizar os espaços
educativos que são contextos formados por elementos físicos e humanos.
Segundo as diretrizes curriculares nacionais para educação infantil as
instituições de educação infantil devem ofertar espaços limpos, seguros e destinados a
garantia da saúde infantil, além de propiciar acolhimento, desafios, inclusão, interações,
movimentação e desvendamentos compartilhados entre as crianças e entre elas e o
professor.
É preciso providenciar, portanto, a estruturação de espaços que favoreçam as
interações e a construção de cultura entre as crianças. Para isso é necessário um espaço
físico adequado a fatores como a conservação, a estética, a acessibilidade, a higiene, a
acústica, a segurança, o tamanho das turmas, entre outros.
Para o referencial curricular nacional para educação infantil, a organização dos
espaços e materiais é uma ferramenta essencial para a prática pedagógica com crianças.
Cada atividade realizada deve ser planejada considerando o modo mais
adequado de organização do mobiliário e de materiais específicos dentro da sala.
Os ambientes externos também devem ser incluídos tantos da própria instituição
como o pátio, a horta, o parquinho, entre outros, quanto os da comunidade como praças
públicas, feiras, centros comunitários e outros equipamentos para passeios e atividades
dirigidas.
As dimensões dos ambientes se dividem em quatro tipos que são:
A dimensão física que constitui o próprio elemento material e estrutural
da instituição,
A dimensão funcional, que é a forma como o professor utiliza o espaço,
considerando a disposição dos materiais e a autonomia das crianças.
A dimensão temporal que prevê momentos para cada atividade
auxiliando na percepção do ritmo individual e do grupo
E por fim a dimensão relacional que se refere ao modo como o professor
planeja as interações entre as crianças com os objetos permitindo a
observação da participação individual e coletiva.
Para as crianças de zero a um ano o espaço deve ser construído com a finalidade
de estimular o desenvolvimento pleno a exploração do movimento, são espaços como
fraldário, lactário, solário, sala de repouso e sala de atividades.
Já para as crianças de um a cinco anos espaços devem buscar proporcionar o
desenvolvimento por meio de jogos, brincadeiras, histórias, músicas, pinturas, entre
outros, sempre com a preocupação dos cuidados que envolvem a higiene e a
alimentação.
Por fim é preciso repensar a função dos espaços na educação infantil, superando
a centralidade na lógica adulta e incluindo formas de perceber e viver das crianças.
Uma perspectiva mais contemporânea tem considerado aspectos pedagógicos,
estéticos e de manutenção constante. Além da construção de edificações mais
sustentáveis que utilizam a iluminação e ventilação naturais e contribuem para uma
consciência ambiental.
43
A lei de diretrizes e bases da educação nacional em seu artigo 31 inciso 1, dispõe
que a avaliação na educação infantil não possui a finalidade de promoção, nem mesmo
para o acesso ao ensino fundamental e deverá ocorrer por meio do acompanhamento e
do registro do desenvolvimento das crianças.
Nesse contexto a observação sistemática e criativa do desenvolvimento de cada
criança e o registro auxiliam na verificação das preferências, narrativas e formas de
participação das crianças favorecendo a reorganização e redirecionamento das
atividades pedagógicas.
A documentação do processo das crianças ao longo da educação infantil deve ser
entregue no momento de matrícula no ensino fundamental com o intuito de assegurar a
continuidade de suas aprendizagens e desenvolvimento.
Já o referencial curricular nacional para educação infantil assinala que a
observação e o registro são ferramentas essenciais do trabalho docente por meio das
quais o professor pode contextualizar os processos educativos e experiências além da
qualidade das interações das crianças entre elas e com os adultos.
A partir disso a proposta da educação infantil é assegurar uma formação sólida,
enquanto etapa inicial da educação básica pois quanto melhor for mais segurança a
criança terá para situar-se na próxima etapa.
Uma das noções que devemos destacar é a de diagnóstico, que diz respeito a
oportunidade do professor de verificar os progressos nas aprendizagens e
desenvolvimento das crianças, revisando objetivos, escolhas metodológicas e
procedimentos avaliativos.
As crianças também precisam participar das avaliações diagnósticas e
progressivas, identificando os significados que elas atribuem aos conteúdos trabalhados
através de instrumentos diversos, como a produção de textos pelo grupo com a
mediação docente, desenhos, dramatizações e novas maneiras de brincar e manipular os
materiais.
A avaliação na educação infantil, além de não focar apenas nas dimensões
cognitivas e individuais por meio de testagens precisa preocupar-se com os processos e
não somente com os resultados observando as relações das crianças em grupo.
Durante esse processo o trabalho pedagógico do professor e da instituição
também estão sendo avaliados, bem como possibilitam a colaboração das famílias e da
comunidade no exame das ações propostas.
O trabalho pedagógico também deve ser avaliado com base nos materiais
ofertados e na organização do tempo e espaço para o desenvolvimento das atividades.
A observação e registro do professor, sobre os progressos das crianças permitem
a análise de sua própria prática e de estratégias mediadoras e interventivas necessárias.
Por fim, vale ressaltar que o registro diário do professor é uma ferramenta
essencial do seu trabalho do planejamento até a avaliação. Trata-se de um documento
para reflexão que sublinha inseguranças, desafios, descobertas e conquistas além de
contribuir para a sua formação constante.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
44
Em seguida, abordamos a organização do tempo na educação infantil, com
destaque para o seu planejamento, modalidades e intencionalidade.
Vimos, também, a organização dos espaços e ambientes na educação infantil,
ressaltando dimensões, infraestrutura e intencionalidade.
Ao final, discutimos os registros e a avaliação na educação infantil, abordando a
importância da observação, do redirecionamento do planejamento, da avaliação
diagnóstica e progressiva do percurso formativo das crianças, bem como do trabalho
pedagógico.
45
É nas experiências iniciais em sociedade seja na família, na escola
ou na vida coletiva como um todo, que as crianças passam a se
distinguir e a se perceber como sujeitos singulares e sociais. Assim
vão constituindo o seu próprio autocuidado, a sua autonomia e a
percepção de que dependem e interferem no meio.
Nesse contexto a educação infantil tem o papel de possibilitar que as crianças
interajam com pessoas de diferentes segmentos socioculturais e com a diversidade de
comportamentos, valores, tradições, visões de mundo, modos de vida, narrativas e
hábitos. Para uma interação eficiente entre as crianças nessa fase da educação é preciso
que o professor reflita e discuta os critérios adotados para a organização dos grupos e
situações de convivência.
Haverá momentos em que as atividades deverão focar nas relações entre crianças
com níveis semelhantes de desenvolvimento, mas também outros em que a prioridade
serão as interações com crianças mais experientes. Dessa forma, as interações, as
influências mútuas, as ações compartilhadas, o diálogo e a comunicação entre os bebês,
as crianças pequenas e as maiores e os adultos são o eixo estruturante da atuação
pedagógica das instituições de educação infantil.
O desenvolvimento da autonomia das crianças também acompanha a formação
de suas identidades, por um lado, elas aprendem observando as atitudes dos outros, mas
por outro precisam ter a sua singularidade preservada de modo que possam ser
chamadas por seus nomes, ter acesso aos seus objetos pessoais, a espelhos, a produtos
de higiene entre outros.
Além disso as crianças expressam suas diferenças e um senso de pertencimento
social e cultural cujas experiências podem ter efeitos de longo prazo.
As instituições que desenvolvem uma educação inclusiva optam por viver as
relações solidárias de respeito ao outro efetivando práticas colaborativas e lúdicas que
estimulam a razão e a imaginação.
Por fim é importante refletirmos que as interações no interior da instituição com
destaque para aquelas entre crianças e adultos estão bastante permeadas por relações de
poder, por visões e comportamentos adultos cêntricos.
É preciso, portanto, ter clareza que os que se sabe sobre os pequenos é
intensamente pautado por discursos elaborados sobre a infância e não pelos saberes
construídos pelas próprias crianças.
Nesse sentido o professor tem um papel essencial no desenvolvimento e
formação das crianças que mais do que falar exige a escuta, a observação e a
qualificação das estratégias escolhidas para as suas diversas experiências criadoras e
criativas.
1. perceber que suas ações têm efeitos nas outras crianças e nos adultos;
2. perceber as possibilidades e os limites de seu corpo nas brincadeiras e
interações das quais participa;
46
3. interagir com crianças da mesma faixa etária e adultos ao explorar
espaços, materiais, objetos, brinquedos;
4. comunicar necessidades, desejos e emoções, utilizando gestos, balbucios,
palavras;
5. reconhecer seu corpo e expressar suas sensações em momentos de
alimentação, higiene, brincadeira e descanso;
6. interagir com outras crianças da mesma faixa etária e adultos, adaptando-
se ao convívio social.
47
2. demonstrar imagem positiva de si e confiança em sua capacidade para
enfrentar dificuldades e desafios;
3. compartilhar os objetos e os espaços com crianças da mesma faixa etária
e adultos;
4. comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e
fazendo-se compreender;
5. perceber que as pessoas têm características físicas diferentes, respeitando
essas diferenças;
6. respeitar regras básicas de convívio social nas interações e brincadeiras;
7. resolver conflitos nas interações e brincadeiras, com a orientação de um
adulto.
8.
Por fim, deverão aprender a resolver conflitos nas interações e brincadeiras
com a orientação de um adulto, espera-se, portanto, que as crianças bem pequenas
de creches, desenvolvam o fortalecimento da identidade e da autonomia nos
processos de interação com outras crianças e adultos, respeitando o outro, o
ambiente e as diferenças. Além disso, deverão manifestar a comunicação, a
empatia e a habilidade para resolução de conflitos.
Para cumprir com esses objetivos o jogo de faz de conta poderá ser utilizado
para gerar experiências em grupos em que serão postas em prática as regras de
convívio social, favorecendo a expressão de sentimentos, a imaginação e a
criatividade.
Para esse grupo, a BNCC (BRASIL, 2018, p. 45-46) lista sete objetivos:
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1. demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm
diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir;
2. agir de maneira independente, com confiança em suas capacidades,
reconhecendo suas conquistas e limitações;
3. ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação
e cooperação;
4. comunicar suas ideias e sentimentos a pessoas e grupos diversos;
5. demonstrar valorização das características de seu corpo e respeitar as
características dos outros (crianças e adultos) com os quais convive;
6. manifestar interesse e respeito por diferentes culturas e modos de vida;
7. usar estratégias pautadas no respeito mútuo para lidar com conflitos nas
interações com crianças e adultos.
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Falaremos hoje a respeito do desafio de educar desde a educação infantil para o
respeito às diferenças, sabemos que não há valores, visões de mundo e atitudes inatas, já
que em sociedade as pessoas aprendem umas com as outras, o conjunto de normas de
seu grupo social.
Nesse sentido, as crianças não chegam ao mundo com uma bagagem
cultural prévia, mas são inseridas e socializadas pelas gerações precedentes à
cultura, aos hábitos, às ideias e comportamentos do seu povo.
Como sujeitos sociais ativos e produtores de cultura as crianças não apenas
assimilam, mas também interferem no processo de socialização, o que se quer
enfatizar, no entanto, é que ninguém nasce sabendo apreciar ou desvalorizar
determinadas características pessoais ou grupais.
Durante muito tempo o outro aquele que difere da na sociedade foi visto como
um desvio que precisava ser prevenido e tratado ou até excluído pelas instituições como
a própria escola, orfanatos, hospitais, igrejas, entre outras.
É com a constituição da ideia do que se considera normal numa sociedade que
surge o parâmetro de comparação e de consequente desvalorização do outro. Ou seja,
tudo aquilo que se desviava da ideia de maioria era desqualificado.
As produções de Charles Darwin e de Francis Galton, contribuíram para a
construção da visão de que esses desvios eram hereditários e a sociologia positivista de
Auguste Comte forneceu suporte para a formulação do normal como tudo aquilo que se
verificava na maioria dos casos de uma espécie.
Foi apenas na metade do século XX que o debate sobre a diferença como
categoria de questionamento e análise dos valores e princípios, ganhou força, sobretudo,
voltados aos que foram consolidados pela cultura burguesa, buscando positivar as
pessoas, grupos e produções historicamente subalternizados.
Após a Segunda Guerra Mundial, em função dos genocídios e horrores contra a
humanidade, o entendimento das identidades sociais a partir dos marcadores biológicos
decaiu, ao mesmo tempo em que avançaram os estudos feministas e de gênero, culturais
e sociológicos, bem como a compreensão das diferenças a partir das produções do
filósofo Michel Foucault.
Portanto, cabe as instituições educacionais refletirem sobre o seu papel na
produção e reprodução das desigualdades sociais e na busca por combatê-las na
realidade atual e na das gerações mais novas.
Vivemos hoje tensões e violências raciais de gênero, econômicas,
homofobias, xenófobas e tantas outras na sociedade adulta, que é preciso enfatizar
a necessidade de se passar a considerar outros marcadores de diferenças, tais como
de regionalidade, religião, produção cultural, entre outros.
Por fim, a educação infantil deve contribuir com a construção de uma
sociedade menos homogeneizante e excludente, atuando na formação dos pequenos
para uma convivência social mais plural, respeitosa, solidária e cooperativa. Para
isso é preciso implementar uma pedagogia que valorize a diversidade e o respeito
às diferenças entre as crianças, entre os adultos e entre gerações.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
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de convivência, bem como as expressões corporais e orais para a comunicação e
percepção de suas ações nos outros.
Na sequência, examinamos objetivos de aprendizagem e de desenvolvimento
para crianças bem pequenas de creches, ressaltando o fortalecimento da identidade e
da autonomia, cuidando e respeitando o outro, o ambiente, as diferenças, as regras de
convivência, manifestando comunicação, empatia e habilidade para resolução
de conflitos.
Em seguida, elucidamos objetivos de aprendizagem e de desenvolvimento para
crianças pequenas da pré-escola, enfatizando a atuação independente, a comunicação do
que se pensa e sente aos outros, o comportamento participativo e cooperativo, além do
interesse e respeito pelas características físicas e culturais de pessoas e grupos,
demonstrando empatia e tolerância mútua.
Ao final, discutimos o desafio de educar, desde a educação infantil, para o
respeito às diferenças, abordando a importância de não apenas discursar, mas de viver
com as crianças uma pedagogia para esse fim.
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As brincadeiras propiciam experiências motoras que estimulam a identificação
corporal e dos objetos, despertando a consciência da imagem do próprio corpo, tão
importante para a exploração e interação com o mundo. Dessa forma, quanto mais
estímulos aos movimentos, mais oportunidades de conhecimento de si, do outro e de
aprimoramento da expressão às crianças terão.
Nos bebês recém-nascidos predominam os movimentos orientados pelas
necessidades orgânicas, com gestos não coordenados, mas a partir dos três meses de
idade os bebês começam a ter noção de lugar e a se movimentar para os lábios
indicando o interesse pela exploração do ambiente exterior.
Progressivamente as crianças vão desenvolvendo o esquema corporal,
coordenação motora, a lateralidade, o equilíbrio e a organização espacial e temporal.
Na pré-escola já apresentam o domínio corporal e linguístico mais amplo, que
lhes propicia desenvoltura comunicativa e maior compreensão a respeito de si e das
relações que estabelecem.
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equilíbrio. Para realizá-la o professor necessitará de lãs e balões de gás que serão
amarrados nos pés dos bebês pequenos para que deitados e com a barriga para cima
possam brincar sacudindo as pernas tentando alcançá-los.
Se só for possível o acesso a balões de ar eles poderão ser amarrados nos pulsos
dos bebês que sentados poderão se sacudir e tentar pegá-los percebendo seus
movimentos, já para os bebês que já engatinham e andam o professor poderá amarrar os
balões em seus pés e deixá-los que percorram o espaço sem estourá-los.
Há também instituições que oferecem aulas de natação para bebês, com o
objetivo de propiciar-lhe situações sensitivas e sensoriais na água e no contato com a
mãe, o pai ou responsável, proporcionando a troca de toques, sorrisos e olhares no
ambiente de intensa sensibilidade corporal que favorece o desenvolvimento psicomotor
e movimentos lúdicos e de segurança afetiva.
Na natação para bebês o professor atuará como um facilitador, orientando o
responsável pela criança sobre as atividades a serem desenvolvidas tais como brincar na
água, submergir e percorrer curtos trajetos.
Assim os sentidos dos bebês são estimulados ampliando o repertório de
movimentos e permitindo a exteriorização corporal, o vínculo afetivo, a
socialização e o lúdico.
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ou joguem para cima no caso dos pulsos, tentando explorar os movimentos e o espaço
tomando cuidado para não se machucarem e para que a atividade seja divertida e
prazerosa.
Recomenda-se também a atividade chamada água e sabão com o objetivo de
estimular noções de higiene, a imaginação, a motricidade fina, a experimentação de
materiais e as noções de limpo e sujo e cheio e vazio. Para aplicá-la, o professor
precisará disponibilizar bichinhos de plásticos ou bonecas, areias, panelas de brinquedo
ou de verdade, bacia grande, água e detergente, esponja e escova de dentes.
Deverá então permitir que as crianças brinquem com os brinquedos e panelas na
areia tomando cuidado para não levarem os materiais à boca, incentivando-as a simular
a realização de comidinhas, preenchendo ou enterrando os objetos e interagindo com as
outras crianças e adultos.
O professor deverá retirar os brinquedos da areia e perguntar as crianças se eles
estão sujos ou limpos, questionando como o papai e a mamãe fazem para lavar os
pratos, panelas, talheres.
Na sequência deverá trazer a bacia cheia de água e detergente e entregar as
esponjas e as escovas de dentes às crianças, pedindo que elas limpem os brinquedos
brincando de esfregá-los e mergulhá-los mostrando a importância dos gestos para
limpeza de cada um deles.
Uma variação da atividade é disponibilizar bonecos e bonecas de plástico para
que as crianças brinquem de dar banho neles, assim o professor poderá falar das partes
do corpo e de aspectos cotidianos do banho, como não esquecer de lavar atrás das
orelhas e o cuidado para não deixar cair sabão nos olhos, por exemplo.
Ao final, com o uso de toalhas, as crianças deverão secar os bonecos.
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criações infantis de movimentos, mímicas e gestos, o cuidado de si e a coordenação
de habilidades manuais.
Atividades amplas que estimulam o desenvolvimento dos músculos grandes,
braços, pernas, tronco, propiciam domínio sobre os movimentos do corpo das
crianças. E à medida que aprimoram o domínio, elevam a sua autoestima e o
compromisso com a saúde e bem-estar físicos. As atividades finas que estimulam o
desenvolvimento dos músculos pequenos das mãos favorecem habilidades de
manipulação de objetos e materiais. São atividades com brinquedos de encaixar,
massa de modelar, recortar, colar, desenhar, colorir, dobrar, além de quebra-
cabeças, amarrar sapatos, abotoar uma camisa ou casaco, entre outras. É
importante garantir liberdade, espaço e materiais para que as crianças explorem
seus movimentos, gestos e expressões, pois isso estimula dimensões sensório-
motoras, cognitivas, criativas, interacionais em seu desenvolvimento.
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Em virtude de uma série de fatores históricos sociais, incluindo questões de
ordem cultural e religiosa, a sexualidade ainda apresenta muitos tabus prejudicando a
sua discussão com mais naturalidade.
Se entre adultos o tema está permeado de sinuosidades e desconforto o cenário
entre adultos e crianças é ainda mais delicado e acaba por se tratar de um desafio para
educação infantil que deve se responsabilizar por abordar aspectos relacionados ao tema
com os pequenos, tais como as vivências afetivas, por exemplo, e os papéis de gênero.
Um dos focos da educação sexual é proporcionar discussões mais amplas sobre
as questões relativas aos desejos e prazeres humanos, não limitando, portanto, a
sexualidade ao âmbito do coito e da reprodução, procurando ampliar sua visão em
outras perspectivas além da biológica.
É importante também que as crianças compreendam que o corpo é uma
construção social permeada por dimensões relacionadas à sexualidade ao gênero, à raça
e etnia e a classe social. Nesse sentido, a educação infantil precisa estar atenta aos
diversos acontecimentos e experiências corporais das crianças, as relações e contatos
que estabelecem e aos movimentos que utilizam, rejeitam ou valorizam.
Por estar presente nas brincadeiras, nos cochichos e nos diversos momentos de
flexibilização do controle disciplinar, parte dos professores deseja aprender estratégias
para lidar com situações que consideram desconcertantes, tais como encontrar um aluno
se masturbando, serem indagados sobre sexo pelos alunos, decidir a quais livros de
conteúdos e atividades recorrer a depender da faixa etária para utilizar em sala de aula,
entre outras.
Por isso, no lugar da prescrição de práticas pré-estabelecidas, é preciso realizar
um debate ampliado, sistemático e aprofundado a respeito de alguns tópicos
importantes.
Entre eles deve-se discutir a construção das identidades de gênero, os modos
pelos quais são culturalmente geradas as expectativas acerca das feminilidades e
masculinidades a formação das identidades sexuais, ressaltando a tentativa de se fazer
predominar a hetero normatividade, bem como os tópicos da homofobia, da misoginia,
do abuso e da violência sexual em suas variadas formas, da erotização dos corpos
infantis, entre outros.
Assim, as práticas pedagógicas devem favorecer e não inibir as possibilidades
plurais de ser menino e de ser menina, para isso é preciso estar atento para que não haja
divisão de cores, materiais, brinquedos e brincadeiras por gênero, nem o reforço de
comportamentos culturalmente construídos e impostos cujas separações não são
naturais, mais construídas muito antes que as crianças sequer se posicionassem a
respeito delas.
Por fim as instituições de educação infantil devem estimular formas diversas de
expressão corporal com brincadeiras mistas, criações coletivas e debates dos temas que
envolvem a sexualidade, escutando as crianças e auxiliando-as no cuidado de si e do
outro.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
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diversas possibilidades nas atividades e interações, manuseio de objetos e materiais
variados, participação dos cuidados com o próprio corpo.
Na sequência, examinamos objetivos de aprendizagem e de desenvolvimento
para crianças bem pequenas de creches, ressaltando a exploração de diferentes formas
de deslocamento pelo espaço, a apropriação de gestos no autocuidado e o
desenvolvimento de habilidades manuais para que os educandos possam orientar-se por
noções espaciais, combinar movimentos e demonstrar autonomia e controle corporais.
Em seguida, elucidamos objetivos de aprendizagem e de desenvolvimento para
crianças pequenas da pré-escola, enfatizando a criação de modos variados de expressão
sensitiva e emocional, a demonstração da utilização e controle corporais nas atividades
educativas e vivências do dia a dia, as criações infantis de movimentos, mímicas e
gestos, o cuidado de si e a coordenação de habilidades manuais.
Ao final, discutimos o desafio de tratar da sexualidade na infância, ressaltando a
importância de propiciar possibilidades plurais de ser menino e de ser menina, bem
como da educação sexual para o cuidado de si e do outro.
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uns dos formatos para essas práticas é organizar as crianças em grandes tapetes
acompanhadas de brinquedos de borracha e materiais de encaixe por exemplo.
Os materiais para bebês que ainda não se sentam podem ser móbiles sonoros e
coloridos que estimulam a movimentação de braços e pernas de modo prazeroso. Para
os bebês que já sentam podem ser os tapetes sensoriais contendo tecidos com diferentes
texturas e cores, chocalhos, brinquedos musicais, entre outros.
Já para aqueles que engatinham, podem ser das caixas grandes de papelão para
que passem por dentro delas ou mesmo caixas fechadas que contenham um único
buraco em que caiba a mão do bebê possibilitando que ele sinta objetos com diferentes
tamanhos, texturas e ruídos.
Na pré-escola é importante que as práticas pedagógicas contenham diversas
linguagens como desenho, a pintura, a música, a dança, o teatro, entre outras, para que
as crianças desenvolvam a imaginação, a criatividade e a ampliação do repertório
cultural.
Por fim, vale destacar a sugestão de confecção de materiais com recursos da
natureza, tais como areia, água, pedra, folhas, palha, entre outros. Resgatando
brincadeiras e jogos tradicionais sem limitar o trabalho com as crianças aos brinquedos
industrializados.
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ocorre a ajuda mútua e a conquista de todo o grupo, já que a proposta é superar
coletivamente um desafio em comum.
Um tipo de jogo cooperativo é uma dança da cadeira diferente em que as
cadeiras são colocadas em círculo e o professor coloca uma música para tocar, quando
pará-la as crianças deverão se sentar imediatamente, no entanto a ideia é que nenhuma
criança saia do jogo apenas as cadeiras sendo que o grupo poderá acomodar-se nos
assentos restantes e também no colo umas das outras, o jogo terminará quando todas
estiverem numa única cadeira.
Jogos que tratam da temática de gênero também são uma opção, desde muito
cedo as crianças entram em contato com estereótipos sobre o masculino e o feminino, e
enquanto constrói suas identidades vão estabelecendo preferências pelos brinquedos e
brincadeiras por gênero.
Tendo ciência de que o gênero é uma construção social, os professores são
desafiados a reconstruir atividades tradicionalmente hierarquizadas ou segregadas,
portanto é necessário organizar jogos mistos e sem distinção de materiais por cores ou
comportamentos esperados para meninos e meninas.
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3. Aguçar a sensibilidade do corpo por meio do toque corporal é outro
princípio apontado voltado as experimentações de impressões físicas. A
modalidade perceptiva denominada somatossensitiva relaciona se ao tato
e as sensações musculares e nas articulações, bem como a circulação de
substâncias químicas na corrente sanguínea. Para realizá-lo é
fundamental propiciar massagens em todo o corpo dos bebês
especialmente nos pés pois isso favorece a diferenciação entre o eu e o
ambiente exterior trazendo-lhe serenidade e segurança afetiva. Além
disso, são responsáveis pela exterocepção que são os estímulos e
sensações provocados pelas mãos no corpo dos bebês. E a propriocepção
que se refere a possibilidade de percepção espacial corpórea envolvendo
a posição, orientação, força muscular, entre outras sem recorrer ao
sentido visual.
4. Por fim, o quarto princípio é a oferta de segurança afetiva, no caso da
educação infantil é fundamental que a criança estabeleça e permaneça
com pelo menos uma figura segura de apego para desenvolver uma
relação de confiança. Quanto mais vínculos afetivos de segurança a
criança criar mais potencial terá para agir com autonomia absoluta e
relativa.
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e do imaginário. Os jogos simbólicos são estratégias importantes para
manifestação de aprendizagens, preferências e angústias, pois por meio
deles os pequenos podem confirmar o que aprenderam e resolver
conflitos.
4. Já a autoestima refere-se a apreciação positiva que a criança faz de si
mesma, sendo um processo permanente de construção que implica a
capacidade de enfrentar desafios e mudanças. Além disso, constituem um
indicativo das realizações pessoais, ou seja, quanto melhor for, mais
aberta a criança estará para novas aprendizagens e desafios. Para
promover a autoestima, o professor precisa saber elogiar ações e gestos
positivos, além de encorajar as crianças em suas tentativas de realizações
e auxiliá-las em suas tarefas. Isso porque a aceitação e o reconhecimento
do interferem no que a criança pensa de si mesma.
5. A imaginação está presente no desenvolvimento e estímulo do
pensamento infantil e estimula a aprendizagem de valores positivos e a
criatividade, o conto de histórias favorece a internalização de
sentimentos de justiça e de valores sociais importantes para a
convivência. Para promover o pensamento criativo é fundamental que as
crianças sejam estimuladas a elaborar os finais das histórias, pois assim
tem a possibilidade de manifestar ideias divergentes e de fortalecer sua
identidade e autonomia.
Faremos hoje uma discussão a respeito das teorias do jogo nas perspectivas
dos estudiosos Wallon, Piaget e Vygotsky, o jogo contribui com o desenvolvimento
integral da criança envolvendo as dimensões cognitiva, afetiva, motora, moral, social,
entre outras.
No entendimento de Wallon a atividade global infantil se entrelaça com o
jogo embora ele possua mais espontaneidade, assim o jogo é o oposto da atividade
séria do trabalho, representando então a expansão para as crianças, por isso não
deve se tornar uma atividade utilitária.
O autor destaca que os jogos puramente funcionais buscam produzir efeitos tais
como tocar materiais, produzir sons, entre outros, sendo atividades do tipo elementar:
Os jogos de ficção, por sua vez, envolvem interpretações mais amplas e
ao mesmo tempo definições mais distintas como a atividade de brincar
com bonecas, por exemplo.
Já os jogos de aquisição relacionam-se com os sentidos e com o esforço
de percepção e compreensão de objetos, imagens, músicas, histórias,
entre outros.
Por fim, os jogos de fabricação dizem respeito ao agrupamento,
combinação, modificação e criação de objetos.
Segundo o Piaget, no processo de socialização infantil, o jogo obtém regras
ou acomoda a imaginação simbólica, as exigências da realidade, em outras
palavras, a representação de apropriação individual cede lugar as normas
coletivas. Para ele o surgimento do jogo tem origem na imitação que é aprendida
socialmente pela criança.
Em sua concepção quando imitação e assimilação lúdica se apresentam
caracteriza-se o jogo simbólico. Desse modo o conteúdo dos jogos são os desejos
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lúdicos específicos relativos a determinados objetos enquanto a estrutura dos jogos é o
modo organização mental acionado pela criança quando joga:
Há, portanto, os jogos de exercício sensório-motores ligados à atividade
de prazer funcional;
Os jogos simbólicos que realizam a simulação funcional ou a
representação de objetos ausentes;
E os jogos de regras que surgem das relações interpessoais;
Há também os jogos de construção que fazem a transição entre os três
jogos anteriores e as condutas lúdicas, ocupando uma posição
intermediária entre o jogo e o trabalho de criação inteligente.
Já na visão de Vygotsky o prazer não é um elemento inerente ao jogo,
constituindo-se no universo imaginário e ilusório que rompe na criança. Ou seja,
aparece junto com a sua atividade simbólica, para ela o jogo é a imaginação em
ação que a ensina a guiar a sua conduta tanto pela percepção do imediatismo dos
objetos e da situação quanto pelos seus significados.
.
Vygotsky sustenta que o jogo da criança vai do jogo de regras ocultas para o
jogo de regras manifestas, nesse sentido, a criança atua primeiro com o significado e
por meio dos jogos começa a reconhecer a definição funcional dos objetos ou conceitos,
integrando as palavras, as coisas.
Assim, atividade simbólica no jogo associe os gestos aos desenhos e o brinquedo
pode ser utilizado para produzir um gesto representativo. O jogo também pode ser
considerado uma forma precoce de linguagem que conduz a linguagem escrita.
Além disso, por meio dele a criança constrói uma zona de desenvolvimento
proximal e realiza atividades de idades mais avançadas favorecendo o seu
desenvolvimento.
SEÇÃO: RECAPITULANDO
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