Você está na página 1de 20

Material de apoio para a cadeira de NEE

Introdução

A presente apostila, apresenta um breve historial da Educação Especial, numa perspectiva


universal e do contexto moçambicano. Todavia, a evolução no ensino especial resulta das
diferentes formas de ver a criança “diferente” as quais estão sempre relacionadas com valores
sociais, morais, filosóficos, éticos e religiosos da época. Podemos ver que este não é um dado
apenas histórico, de épocas anteriores ao desenvolvimento científico, pois até nos dias de hoje se
observa que a atitude para com a criança deficiente expressa de um modo geral, a atitude de cada
sociedade.

No entanto, o começo da Educação Especial data do séc. XVIII, antes deste século, as crianças
com impedimentos eram negligenciadas, rejeitadas, ignoradas. Fazia-se a prática de infanticídio
ou exorcismo (morto). A partir do séc. XVIII surge a educação especial como quem diz. Nos
finais do séc. XVII e no começo do séc. XVIII, estes eram conservados em orfanatos,
manicómios, prisões e em outros tipos de instituições. Podiam viver mas não tinham direito a
educação.

No princípio do séc. XIX começa o período da institucionalização especializada para as pessoas


portadoras de deficiências. É nesta altura que surge a educação especial, com o cristianismo.
Começa-se a proteger as crianças portadoras de deficiência. As primeiras escolas eram feitas fora
das populações em lugares isolados porque ainda se tinha a concepção de estas crianças estavam
carregadas de espíritos maléficos e como tal o portador de deficiência era um perigo para a
sociedade.

As primeiras escolas especiais que surgiram ao longo do séc. XIX eram para crianças cegas e
surdas e mais tarde para as crianças com problemas de impedimentos mentais. E no séc. XX
começa o inicio da obrigatoriedade e expansão da escolarização de educação básica. Antes as
crianças eram ensinadas coisas muito simples.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
1
Material de apoio para a cadeira de NEE

A partir desta fase começa a existir a pedagogia, organização dos programas de ensino para estas
crianças. Esta pedagogia tinha que se enquadrar em níveis de capacidades intelectuais. São
criadas etiquetas e rótulos para distinguir as crianças com impedimentos de aprendizagem, a
partir dai surgem as classes especiais. Os grupos considerados por alguns autores são crianças,
sendo cegas, impedimentos mentais, paralisias cerebrais são a sua categorização. Outros autores
preferem estabelecer três quadros de desenvolvimento. Kirk e Gallagher na sua obra desenharam
quatro estádios de desenvolvimento das atitudes em relação as crianças excepcionais.

Breve historial da Educação Especial


Dividimos esta abordagem histórica em 03 épocas: uma primeira, que poderemos considerar
como a pré-histórica da Educação Especial; uma segunda, aquela em que surge a Educação
Especial entendida como o cuidado com a assistência, e por vezes também com a educação
prestada a um certo número de pessoas e caracterizada por decorrer em situações e ambientes
separados da educação regular; terceira, era das instituições com tendências que nos levam a
supor uma nova abordagem do conceito e da prática da educação especial.

1º Era pré-cristã: esta época é caracterizada pela ignorância e rejeição do indivíduo deficiente.
Nesta época era normal o infanticídio quando se observavam anormalidades nas crianças.
2º Era cristã: durante a idade média a igreja condenou o infanticídio, mas por outro lado,
acalentou a ideia de atribuir causa sobrenaturais as anormalidades de que padeciam as pessoas.
Considerou-as possuídas pelo demónio e outros espíritos maléficos e submetia-as a práticas de
exorcismo.
No séc. XVII e XVIII os deficientes mentais eram internados em orfanatos, manicómios, prisões
e outros tipos de instituições estatais. Ali ficavam junto dos delinquentes, velhos, pobres...
indiscriminadamente.
3º Era das instituições: finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX surge a educação especial
propriamente dita, caracterizada em cuidados e assistência as pessoas portadoras de deficiência,

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
2
Material de apoio para a cadeira de NEE

elas passaram a ter o direito a educação regular, esta época era também caracterizada pela
institucionalização especializada das pessoas portadoras de deficiência.

A primeira escola pública para surdos foi criada pelo Abade Charles Michel (1712-1789) em
1755 tendo-se rapidamente convertido no Instituto Nacional de surdo-mudos.
Em 1784, Valentin Hany criou em Paris um Instituto para crianças cegas. Entre os seus alunos
encontrava-se Louis Braille (1806-1852), que viria mais tarde a criar o famoso sistema de leitura
e escrita conhecido precisamente por sistema Braille.
A sociedade toma consciência da necessidade de prestar apoio a este tipo de pessoas embora esse
apoio se revestisse, a princípio de um carácter mais assistencial do que educativo. Impera a ideia
de que era preciso proteger a pessoa normal da não normal ou seja, esta última era considerada
como um perigo para a sociedade. Nesta era também separa-se o deficiente, segrega-se,
descrimina-se. Abrem escolas fora das povoações, argumentava-se que o campo lhes
proporcionaria uma vida saudável e alegre.
Educação Especial

 Termo restrito carregado de múltiplas conotações pejorativas;


 Afasta-se dos alunos/as consideradas normais;
 Tem implicações educativas de carácter marginal, segregador;
 Pressupõe uma etiologia estreitamente pessoal das dificuldades de aprendizagem e / ou
desenvolvimento;
 Faz referência aos PEI partindo de um esquema curricular especial.
Necessidades Educativas Especiais
 Termo mais amplo, geral e propicio para a integração escolar. Não é nada pejorativo para o
aluno;
 As NEE referem-se às necessidades educativas do aluno/a e, portanto, englobam o termo
E.E.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
3
Material de apoio para a cadeira de NEE

 Admite como origem das dificuldades de aprendizagem e/ou desenvolvimento, uma causa
pessoal, escolar ou social;
 As suas implicações educativas têm um carácter marcadamente positivo;
 Referem-se ao currículo normal e as adaptações curriculares individualizadas que partem do
esquema curricular normal.
Estádio de desenvolvimento das atitudes em relação as crianças excepcionais

1º Estádio

Estes consideraram o primeiro estádio de desenvolvimento a pré-cristã. Nesta era as crianças


eram negligenciadas ou maltradas.
2º Estádio

Começa na época de difusão do cristianismo onde eles diziam que todo ser humano tem direito a
vida.
3º Estádio

Corresponde ao séc. XVIII e XIX quando surgem as primeiras instituições para fornecer uma
educação separada das outras crianças.

4º Estádio

Corresponde a última metade do séc. XX, a era de uma maior abertura no processo de
aprendizagem ou direito a uma educação para melhor integração a sociedade. A Constituição da
República de Moçambique (1990), concede as pessoas portadoras de deficiências, um gozo pleno
e igual dos direitos e deveres em relação a todos os cidadãos.
Diz a lei fundamental que é garantido (a) a todo cidadão:
 A igualdade perante a lei e o gozo dos mesmos direitos e deveres, independentemente da côr,
raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição social,
estado civil dos pais ou profissão (Art.66);

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
4
Material de apoio para a cadeira de NEE

 A igualdade entre o homem e a mulher perante a lei e em todos os domínios da vida política,
económica, social e cultural (Art.67);
 O gozo pleno dos direitos e deveres consignados, para as pessoas portadoras de deficiências
com excepção daquelas cujo exercício ou cumprimento para os quais estejam incapacitados
(Art.68);
 O direito e o dever ao trabalho, à educação física e ao desporto e a assistência médica e
sanitária (Art.88, 93, e 94).
A Lei nº. 6/92, de 06 de Maio, sobre o Sistema Nacional de Educação (SNE), através do Ensino
Especial, cujo objectivo é “... Proporcionar uma formação em todos graus de ensino e a
capacitação vocacional que permita a integração destas crianças e jovens em escolas regulares,
na sociedade e na vida laboral...” (Boletim da República, 104-11:1992), assegura a
escolarização de crianças e jovens com necessidades educativas especiais.
A Resolução nº. 8/95, de 11 de Outubro sobre a Politica Nacional de Educação (1995), aprovado
pelo governo na área de Educação Especial, estabelece as seguintes medidas estratégicas para a
escolarização de crianças e jovens com NEE:

 Promoção do princípio de integração através da sensibilização e mobilização de escolas


regulares e comunidades para o programa de educação especial integrado.

 Formação de professores de apoio itinerantes, fornecimento de materiais de ensino e


equipamento e concepção de planos de estudo flexíveis...” (pp.180).

O termo pessoa portador de deficiência tem sido habitualmente empregue para se fazer
referência a todo indivíduo que possui uma insuficiência orgânica ou mental (congénita ou
adquirida).

A necessidade da mudança de atitudes e de comportamentos em relação à pessoa portadora de


deficiências tem provocado uma evolução na terminologia e nas práticas de atendimento
(reabilitação, escolarização e orientação vocacional) para a não exclusão da participação sócio-

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
5
Material de apoio para a cadeira de NEE

cultural deste grupo populacional que numa abordagem pedagógica, é designado como portador
de necessidades educativas especiais.

Segundo a UNESCO (1994,p.6), o termo “ necessidades educativas especiais” refere-se a todas


as crianças e jovens cujas necessidades se relacionam com deficiências ou dificuldades de
aprendizagem” no processo da sua escolarização, originadas por factores diversos de natureza
sócio-económica, sócio-cultural e psico-orgânica, ou seja, “crianças com deficiências ou
superdotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou
nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos
desfavorecidos ou marginais”.

Estatisticamente, existem poucos registos informativos confiáveis sobre prevalência de pessoas


portadoras de deficiência na população moçambicana. As referências disponíveis são de carácter
universal e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que uma em cada dez
crianças, é portadora de deficiência (UNICEF, 1980).

Em Moçambique, os problemas de atendimento colocados a este grupo populacional minoritário


são semelhantes aos da maioria dos países em desenvolvimento, determinados por factores
histórico-culturais, político-ideológico e sócio-económicos. É assim que a maior parte de
crianças e jovens com necessidades educativas especiais destes países, nascem e crescem
privadas de um convívio desejável com o meio contextual no qual está integrada, o que a
dificulta de exercer o seu direito de acesso `a aprendizagem básica e de cidadania.

Torna-se inadiável, dentro do quadro actual de atendimento ao portador de deficiências, mudar


as práticas profissionais e instituições vocacionadas de um sistema assistencialista para
emancipatório considerando as seguintes premissas:

 O abandono do enfoque individual a favor do familiar e/ ou comunitário;

 O respeito pelas características, necessidades e ritmos de desenvolvimento, socialização,


comunicação e aprendizagem do portador de deficiências;
Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,
delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
6
Material de apoio para a cadeira de NEE

 A convicção de que o portador de deficiência possui capacidades latentes de socialização,


comunicação e aprendizagem.

A formulação e o ajustamento da actual legislação, onde se julga necessário, e o reconhecimento


e sistematização das práticas e experiências formais e informais de atendimento ao portador de
deficiências, devem constituir instrumentos de garantia da participação social cada vez melhor da
criança e do jovem com necessidades especiais no seu contexto de vida, em cumprimento das
Declarações dos Direitos do Homem e de Educação Para Todos, equacionadas pela Declaração
Mundial de Salamanca, sobre Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, promovida
internacionalmente pela UNESCO.

Abordagem actual da Educação Especial

A Declaração de Salamanca, define princípios, política e prática na área da escolarização de


pessoas com necessidades educativas especiais, salientando que cada indivíduo tem:

 Direito à educação e deve ter oportunidades de conseguir e manter um nível aceitável de


aprendizagem;

 Características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias.

Deste modo:

 Os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educacionais implementados,


tendo também em vista as necessidades de aprendizagem dos alunos com as necessidades
educativas especiais

 As escolas, guiando-se pela abordagem inclusiva, devem ser os meios mais capazes para
combater as atitudes discriminatórias dos actuais sistemas de ensino, visando atingir-se a
meta de uma educação para todos.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
7
Material de apoio para a cadeira de NEE

A proposta de Educação Inclusiva coloca ao actual sistema educativo moçambicano inúmeros


desafios pois, implica necessariamente que sejam introduzidas mudanças que favoreçam a:

 Expansão do acesso escolar;

 Melhoria da qualidade de ensino.

Por outro lado, a visão inclusiva exige dos dirigentes e lideres, técnicos e administrativos,
profissionais e para profissionais da Educação Especial em particular, e da sociedade em geral,
uma mudança de atitude em relação às politicas, estratégias e práticas:

 Sócio-pedagógica-culturais;
 De planificação e gestão dos curricula;
 De formação de professores;
 De organização, administração e gestão institucional;
 De participação familiar e comunitária.
Excepcionalidade
A questão de educação para todas resultou na ideia de declaração de 1948 segundo a qual todas
têm direito a educação incluindo aquelas que tem deficiência. Para algumas crianças
excepcionais são aquelas que têm problemas na aprendizagem. Também são consideradas
excepcionais que apresentam talentos pouco comuns. A criança típica que apresenta desvios das
normas é excepcional.

O termo excepcionalidade tanto pode designar a portadora de deficiência, talentosas ou aquela


que desviam da norma. Podemos ainda encontrar uma outra contradição: criança excepcional é
aquela que se difere das outras pelas suas capacidades sensoriais, físicas ou motoras, intelectuais
ou mentais, capacidades afectivas, cognitivas, capacidades volutivas, de comunicação,
capacidades múltiplas, capacidades comportamentais. Na perspectiva actual uma criança
excepcional é aquela que se difere da típica ou “normal” por suas capacidades sensoriais, por
suas características mentais, difere-se da típica por seu comportamento social pelas suas

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
8
Material de apoio para a cadeira de NEE

capacidades neuro-motoras ou físicas, pelas suas capacidades de comunicação e também pelas


suas capacidades múltiplas.

Estas diferenças devem ser suficientemente notáveis ao ponto de requerer a modificação das
práticas escolares ou então necessitar de serviços de necessidades educativas especiais para
possibilitar o desenvolvimento das suas capacidades até ao limite máximo. A criança é
educacionalmente excepcional quando o desvio do seu comportamento atinge um tipo ou um
grau que requere providência pedagógicas desnecessárias para a maioria das crianças.

Classificação das crianças excepcionais

Para fins didácticos normalmente as crianças são agrupadas com características semelhantes, isto
é, as crianças excepcionais são com frequência agrupadas para facilitar a comunicação entre os
profissionais. É comum encontrar-se as seguintes classificações:

1- Desvios mentais, incluindo crianças que são:


a) Intelectualmente superiores - os super dotados;
b) Lentas quanto a capacidade de aprendizagem mentalmente retardadas.
2- Deficiências sensoriais incluindo as crianças com:
a) Deficiências auditivas;
b) Deficiências visuais.
3- Desordens de comunicação incluindo crianças com:
a) Distúrbios de aprendizagem
b) Deficiências de fala e linguagem
4- Desordens de comportamento incluindo as crianças com:
a) Distúrbio emocional;
b) Desajustamento social.
Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,
delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
9
Material de apoio para a cadeira de NEE

5- Deficiências múltiplas e graves, incluindo várias combinações


a) Paralesia cerebral e retardamento mental
b) Surdez e cegueira
c) Deficiências físicas e intelectuais graves, etc.
Esta classificação faz-se considerando que as dificuldades semelhantes, mesmo terminadas por
causas diferentes implicam necessidades semelhantes.
Objecto de estudo das NEE

O objecto de estudo da disciplina de Necessidades Educativas Especiais, são crianças e jovens


com desvios no desenvolvimento sensório-motor e psicossocial que interfere na aprendizagem.

Objectivos das NEE

 Educar esse grupo de acordo com as suas capacidades e necessidades;


 Estudar as melhores formas de atende-las;
 Munir os futuros profissionais de educação de conteúdos capaz de facilitar a comunicação
com o grupo alvo;
 Formar integralmente a personalidade da criança com NEE;
 Estudar as tendências de desenvolvimento e as perspectivas de EE;
 Desenvolver ao máximo as capacidades de cada aluno de acordo com as suas potencialidades
individuais, sobre a base de um trabalho correctivo-compensatório e educativo;
 Corrigir e compensar as deficiências, assim como a integração do indivíduo na vida sócio-
profissional, tendo em conta as suas possibilidades e capacidades.

Princípios das NEE

 Princípio da influência educativa-correctiva;

 Princípio de correcção e compensação;

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
10
Material de apoio para a cadeira de NEE

 Princípio de atenção precoce das crianças com NEE;

 Princípio da influência terapêutica multilateral;

 Princípio da necessidade de partir dum diagnóstico confiável e científico.

Tipos de NEE

 Deficiência visual, auditiva, mental;

 Deficiência físico-motora;

 Distúrbios de aprendizagem;

 Distúrbios emocionais;

 Impedimento oral e escrito;

 Problemas de comportamento;

 Altas capacidades/habilidades.

Importância do estudo das NEE


 Ajuda a situar o aluno em relação as respostas educativas, isto é, deve-se responder ou/ e
orientar o aluno com NEE (o que se deve dar? O que se deve fazer para melhor orientar o aluno
c/ NEE);
 Ajuda numa melhor elaboração e planificação dum plano interventivo actualizado para
responder com eficácia as NEE;
 Permite tomar decisões sobre as adaptações curriculares à aplicar. Adaptações são todos
elementos que modificam ou provém num determinado currículo.
Conceitos básicos
Educação Especial - processo de desenvolvimento global das potencialidades de portadores de
deficiência de condutas típicas e de altas habilidades e que abrange os diferentes níveis e graus

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
11
Material de apoio para a cadeira de NEE

do sistema de ensino. Fundamenta-se em referências teóricas e práticas, compatíveis com as


necessidades especificas do seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a
estimulação essencial até aos graus superiores de ensino.

Sob o enfoque sistémico, a educação especial integra o sistema educacional vigente,


identificando-se com a sua finalidade que é a de formar cidadãos conscientes e participativos.

Alunado da Educação Especial - é constituído por educandos que requerem recursos


pedagógicos e metodologias educacionais específicas. Genericamente chamados de necessidades
educativas especiais, classificam-se: portadores de deficiência (visual, auditiva, mental, física e
múltipla) portadores de conduta típicas (problemas de conduta decorrentes de síndromes de
quadros psicológicos ou neurológicos que acarretam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no
relacionamento social) e os de altas habilidades (com notável desempenho e elevada
potencialidade em aspecto académicos, intelectuais, psicomotores/ e ou artísticos).

Pessoa Portadora de Deficiência - é a que apresenta, em comparação com maioria das pessoas,
significativas diferenças físicas sensoriais ou intelectuais, decorrentes de factores inatos e/ ou
adquiridos, de carácter permanente e que acarretam dificuldades em sua interacção com o meio
físico e social.

Pessoa Portadora de Necessidades Especiais - é a que, por apresentar, em carácter permanente


ou temporário, alguma deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, ou que é portadora de
condutas típicas ou ainda de altas habilidades, necessita de recursos especiais para superar ou
minimizar suas dificuldades.

Aluno com necessidades educativas especiais - é aquele que por apresentar dificuldades
maiores que as dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes a
sua idade (seja por causas internas, por dificuldades ou carências do contexto sócio-familiar, seja
pela inadequação metodológica e didáctica, ou por história de insucessos em suas
aprendizagens), necessita para superar ou minimizar tais dificuldades de adaptações para o

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
12
Material de apoio para a cadeira de NEE

acesso físico (remoção de barreiras arquitectónicas) e/ou de adaptações curriculares


significativas, em várias áreas do currículo.

Modalidades de atendimento educacional - são alternativas de procedimentos didácticos


específicos e adequados as necessidades educativas do alunado da educação especial, e que
implicavam espaços físicos, recursos humanos e materiais diferenciados. Ex: escola especial,
oficina pedagógica, classe comum, sala de recursos, ensino com professor itinerante, classe
hospitalar, atendimento domiciliar, centro integrado de educação especial.

Potencialidade – predisposição latente no individuo que, a partir de estimulação interna ou


externa, se desenvolve ou se aperfeiçoa, transformando-se em capacidade de produzir.

Incapacidade - impossibilidade temporária ou permanente de executar determinadas tarefas,


como decorrência de deficiências que interferem nas actividades funcionais do individuo.
Também podemos definir como uma limitação de um dado individuo que restringe ou impede a
interacção social que é normal para um indivíduo daquela idade.

Desvantagem - um impedimento sofrido por um dado individuo resultante de uma deficiência


ou incapacidade que lhe limita o desempenho de uma actividade normal para ele sem barreiras
impostas pela sociedade.

Correcção - é um acto de rectificar ou corrigir uma deficiência ou dificuldade de aprendizagem


com intuito de se tornar normal, através de técnicas e métodos.

Compensação - é a possibilidade de substituir uma deficiência desenvolvendo uma outra


habilidade, ou para outra intacta.

Inclusão - inserir as crianças portadoras de NEE no sistema regular de ensino, com as ditas
“normais”.

Segregação - é um processo que consiste em separar as crianças deficientes das não deficientes.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
13
Material de apoio para a cadeira de NEE

Exclusão - quando a criança deficiente não tem acesso ao ensino regular.

Impedimento - é qualquer perda ou anormalidade temporária definitiva, e progressiva de


fisiológica e ou anatómica. Pode se encontrar na escrita e oralidade.

Reabilitação – conjunto de medidas de natureza médica, social, educativa e profissional para


preparar ou integrar o individuo, com o objectivo de que ele alcance o maior nível possível de
sua capacidade ou potencialidade.

Integração - processo dinâmico de participação das pessoas num contexto relacional,


legitimando sua interacção nos grupos sociais. A integração implica reciprocidade.

Integração escolar - processo gradual e dinâmico que pode tomar distintas formas, segundo as
necessidades e habilidades dos alunos. A integração educativa (escolar) se refere ao processo de
educar-ensinar juntos a crianças com e sem necessidades especiais, durante uma parte ou na
totalidade do tempo de sua permanência.

Normalização – princípio que representa a base filosófica ideológica da integração. Não se trata
de normalizar as pessoas, mas de normalizar o contexto em que se desenvolvem, ou seja,
oferecer aos portadores de necessidades especiais modos e condições de vida diária aos mais
parecidos possíveis às formas e condições de vida do resto da sociedade. Isso implica a
adaptação dos meios e das condições de vida às necessidades dos indivíduos portadores de
deficiências, condutas típicas e de altas habilidades.

Antes considerava-se que a causa da dificuldade de um aluno estava apenas dentro dele; hoje
considera-se que a escola tem também parte da culpa, na medida em que não se adapta as
necessidades dessa criança. O conceito de necessidade educativa especial, tal como o apresenta a
nova lei, é um conceito chave. Considera-se que a criança necessita de educação especial se tiver
alguma dificuldade de aprendizagem que requeira uma medida educativa especial.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
14
Material de apoio para a cadeira de NEE

O conceito de dificuldade de aprendizagem é relativo surge quando um aluno tem uma


dificuldade de aprendizagem significativamente maior do que a maioria dos alunos da sua idade,
ou sofre de incapacidade que o impede de utilizar ou lhe dificulta o uso das instalações
educativas geralmente utilizadas pelos seus companheiros.

As necessidades educativas especiais são previstas para aqueles alunos que precisam ao longo da
sua escolaridade de diversas ajudas pedagógicas de tipo humano, técnico ou material, com
objectivo de assegurar a consecução dos fins gerais da educação. O conceito de necessidades
educativas está relacionado com as ajudas pedagógicas ou serviços educativos que determinados
alunos possam precisar ao longo da sua escolarização para conseguir o máximo crescimento
pessoal e social.

Uma escola para todos: a integração escolar (inclusão escolar)

O modelo da escola para todos pressupõe uma mudança de estrutura e de atitudes e a abertura à
comunidade; deve mudar o estilo de trabalho de alguns professores que deverão reconhecer que
cada criança é diferente das outras, tem as suas próprias necessidades específicas e progride de
acordo com as suas possibilidades.

Pressupostos para o êxito da integração


a) Formação de Professores: devem adquirir novas competências de ensino e treinadas em
técnicas de integração para melhor darem respostas as NEE das crianças. Assim, os
resultados da integração serão eficazes.

b) Preparação do aluno: deve-se preparar a criança as exigências académicas e de conduta


globais da classe regular, isto para que a integração seja bem sucedida.

c) Treinar para adquirir competências e aptidões sociais que os ajudam a funcionar com sucesso
na classe regular. Deve-se ter em conta as relações positivas que se vai desenvolver com os
Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,
delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
15
Material de apoio para a cadeira de NEE

alunos (colegas) ditos ou considerados “normais”, pois é um factor determinante e


fundamental para o êxito da integração.

d) Interacção entre educadores: deve-se estimular os professores para união de esforços e para
que haja trocas de experiência com intuito de desenvolver programas de integração que
satisfaçam as necessidades educativas das crianças.

e) Programas de integração; antes dever-se-á integrar a criança numa classe regular e observa-se
para que seja feita posteriormente um programa eficaz e depois determina-se à um ambiente
educacional apropriado.

f) Tecnologias de informação e comunicação.

Adaptações curriculares para alunos com NEE

São muitos autores que escreveram sobre esta temática entre eles, César Coll, Gimeneo
Sacristan, J. Kemmmis e outros. Nesta perspectiva a nossa reflexão está virada a pensar numa
adaptação curricular para crianças portadora de deficiências nas condições do projecto da
UNESCO “Escolas Inclusivas”. Etimologicamente entende-se por currículo “ uma carreira ou
curso”. O conceito currículo vitae, é a carreira da vida.

Do ponto de vista da pedagogia se denomina currículo ao conjunto de estudos e práticas


destinadas a que o aluno desenvolva plenamente suas capacidades.

O currículo é a expressão e a concretização do plano cultural que uma instituição escolar faz para
dentro de determinadas condições que matizam este projecto.

Adaptações curriculares: são modificações que se realizam em objectivos, conteúdos, critérios,


procedimentos da avaliação e metodologias para atender as diferenças individuais dos alunos.

Nas adaptações curriculares deve se ter em conta.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
16
Material de apoio para a cadeira de NEE

 Proporcionar maior participação dos alunos com necessidades educativas especiais no


currículo ordinário.
 Tornar possível que os alunos nestas condições alcancem os objectivos de cada etapa
educativa através de um currículo adequado às suas necessidades específicas.
 Resposta educativa aos alunos com necessidades educativas especiais.
Tendo em conta o currículo oficial a escola, faz uma análise correspondente à sua realidade e às
condições próprias do meio em que se encontra situada. Posteriormente a mesma análise se faz
em diferentes etapas ou ciclos e para cada classe.
 Adaptações de acesso ao currículo e adaptações curriculares

A resposta as necessidades educativas especiais, não se deve buscar fora do currículo ordinário,
senão a partir de ajustes que se fazem a este currículo permite corrigir ou compensar as
dificuldades na aprendizagem dos alunos, por outro lado logram que as instituições ordinárias
estejam em disposição de proporcionar um ambiente sadio, para que não seja necessário segregar
estes alunos.

Adaptações de acesso ao currículo: são modificações ou previsões de recursos especiais,


materiais ou de comunicação que vão facilitar que alguns alunos com necessidades educativas
especiais, possam estar vinculados ao currículo ordinário ou ao currículo adaptado.

Adaptações curriculares: modificação que se realizam desde a programação de objectivos,


conteúdos, metodologias, critérios, procedimentos de ensino e de avaliação para às diferenças
individuais, que podem ser significativas e não significativas.

Significativas: modificações que se realizam em diferentes elementos de programação que


implicam a eliminação de alguns conteúdos básicos do currículo ordinário.

Não significativas: modificação que se realizam em diferentes elementos da programação


desenhadas para todos alunos de uma aula ou de um ciclo para responder às diferenças

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
17
Material de apoio para a cadeira de NEE

individuais, mas que não afectam os conteúdos básicos do currículo oficial. Podem ser aplicadas
a qualquer aluno, independentemente de ser ou não portador de deficiência.

Exemplo, se está previsto no programa de Geografia da 6ª classe dar 20 rios de Moçambique


para alunos nestas condições apenas dou 10 rios mais importantes e aqueles que estão na área
onde o aluno vive.

 Critérios para as adaptações curriculares

Partir sempre de uma análise detalhada e profunda do aluno através de um diagnóstico exaustivo
e da análise do contexto em que se vai levar a cabo o processo de ensino-aprendizagem.

1. Partir do currículo oficial;

2. Fazer com que as adaptações curriculares afastem o aluno das exigências comuns, a observar:

a) Adaptações de acesso ao currículo;

b) Adaptações de como ensinar e avaliar;

c) Adaptações de quando ensinar e avaliar, combinado os critérios da realidade e de êxito.

Estilos de aprendizagem e aspectos a ter em conta

 Condições físicos-ambientais;

 Respostas e preferência dos alunos;

 Necessidades educativas e potencialidades;

 Nível de concentração;

 Disposição de enfrentar uma responsabilidade;

 Estado de ânimo;

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
18
Material de apoio para a cadeira de NEE

 Estratégia que utiliza para resolver problemas;

 Satisfação ou não pelo trabalho que realiza.

Possíveis decisões em função de alunos com Necessidades Educativas Especiais

Como ensinar (estratégias)?

 Introduzir e utilizar na prática quotidiano o sistema de comunicação para os alunos com


necessidades educativas especiais;

 Seleccionar para todas as aulas as técnicas e estratégias que sendo especialmente benéficas
para alunos com necessidades educativas especiais, sejam úteis também para todos;

 Potenciar o uso de técnicas e estratégias favoráveis à experiência directa, reflexão e à


expressão;

 Ter em conta na apresentação dos conteúdos aqueles canais de informação que sejam mais
adequados para os alunos;

 Utilizar estratégias para centrar a atenção da turma;

 Estabelecer momentos de troca de opiniões e de experiências entre os alunos sobre a matéria


a leccionar;
 Oferecer aos alunos com necessidades educativas especiais, uma explicação mais clara sobre
as características das actividades a realizar.
Grupo
 Combinar grupos heterogéneos com outros de carácter mais homogéneo;
 Aproveitar as actividades do grupo para melhorar a clima e a relação entre os alunos;
 Utilizar os grupos mais espontâneos para melhorar as relações entre os mesmos.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
19
Material de apoio para a cadeira de NEE

Matérias
 Seleccionar matérias que podem ser utilizadas para todos os alunos;
 Adaptar as matérias do programa oficial;
 Situar as matérias de forma que favoreçam a aprendizagem dos alunos;
 Informar aos alunos o material que existe na sala de aula, incluindo o específico para os
alunos com necessidades educativas especiais, e a sua utilidade.
Espaços e tempo
 Descobrir adequadamente o espaço para compensar as dificuldades de determinados alunos;
 Reduzir o ruído na sala de aula;
 Assegurar uma iluminação adequada;
 Fazer um horário de aulas tendo em conta os momentos de apoio que os alunos necessitam
em termos de níveis de ajuda;
 Reduzir a quantidade de alunos por turma.
Como avaliar?

 Utilizar diversos instrumentos e procedimentos para avaliar, partindo sempre da


potencialidade dos alunos;
 Elaborar as provas e instrumentos adequados à realidade dos alunos.

Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,


delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
20

Você também pode gostar