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Introdução
No entanto, o começo da Educação Especial data do séc. XVIII, antes deste século, as crianças
com impedimentos eram negligenciadas, rejeitadas, ignoradas. Fazia-se a prática de infanticídio
ou exorcismo (morto). A partir do séc. XVIII surge a educação especial como quem diz. Nos
finais do séc. XVII e no começo do séc. XVIII, estes eram conservados em orfanatos,
manicómios, prisões e em outros tipos de instituições. Podiam viver mas não tinham direito a
educação.
As primeiras escolas especiais que surgiram ao longo do séc. XIX eram para crianças cegas e
surdas e mais tarde para as crianças com problemas de impedimentos mentais. E no séc. XX
começa o inicio da obrigatoriedade e expansão da escolarização de educação básica. Antes as
crianças eram ensinadas coisas muito simples.
A partir desta fase começa a existir a pedagogia, organização dos programas de ensino para estas
crianças. Esta pedagogia tinha que se enquadrar em níveis de capacidades intelectuais. São
criadas etiquetas e rótulos para distinguir as crianças com impedimentos de aprendizagem, a
partir dai surgem as classes especiais. Os grupos considerados por alguns autores são crianças,
sendo cegas, impedimentos mentais, paralisias cerebrais são a sua categorização. Outros autores
preferem estabelecer três quadros de desenvolvimento. Kirk e Gallagher na sua obra desenharam
quatro estádios de desenvolvimento das atitudes em relação as crianças excepcionais.
1º Era pré-cristã: esta época é caracterizada pela ignorância e rejeição do indivíduo deficiente.
Nesta época era normal o infanticídio quando se observavam anormalidades nas crianças.
2º Era cristã: durante a idade média a igreja condenou o infanticídio, mas por outro lado,
acalentou a ideia de atribuir causa sobrenaturais as anormalidades de que padeciam as pessoas.
Considerou-as possuídas pelo demónio e outros espíritos maléficos e submetia-as a práticas de
exorcismo.
No séc. XVII e XVIII os deficientes mentais eram internados em orfanatos, manicómios, prisões
e outros tipos de instituições estatais. Ali ficavam junto dos delinquentes, velhos, pobres...
indiscriminadamente.
3º Era das instituições: finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX surge a educação especial
propriamente dita, caracterizada em cuidados e assistência as pessoas portadoras de deficiência,
elas passaram a ter o direito a educação regular, esta época era também caracterizada pela
institucionalização especializada das pessoas portadoras de deficiência.
A primeira escola pública para surdos foi criada pelo Abade Charles Michel (1712-1789) em
1755 tendo-se rapidamente convertido no Instituto Nacional de surdo-mudos.
Em 1784, Valentin Hany criou em Paris um Instituto para crianças cegas. Entre os seus alunos
encontrava-se Louis Braille (1806-1852), que viria mais tarde a criar o famoso sistema de leitura
e escrita conhecido precisamente por sistema Braille.
A sociedade toma consciência da necessidade de prestar apoio a este tipo de pessoas embora esse
apoio se revestisse, a princípio de um carácter mais assistencial do que educativo. Impera a ideia
de que era preciso proteger a pessoa normal da não normal ou seja, esta última era considerada
como um perigo para a sociedade. Nesta era também separa-se o deficiente, segrega-se,
descrimina-se. Abrem escolas fora das povoações, argumentava-se que o campo lhes
proporcionaria uma vida saudável e alegre.
Educação Especial
Admite como origem das dificuldades de aprendizagem e/ou desenvolvimento, uma causa
pessoal, escolar ou social;
As suas implicações educativas têm um carácter marcadamente positivo;
Referem-se ao currículo normal e as adaptações curriculares individualizadas que partem do
esquema curricular normal.
Estádio de desenvolvimento das atitudes em relação as crianças excepcionais
1º Estádio
Começa na época de difusão do cristianismo onde eles diziam que todo ser humano tem direito a
vida.
3º Estádio
Corresponde ao séc. XVIII e XIX quando surgem as primeiras instituições para fornecer uma
educação separada das outras crianças.
4º Estádio
Corresponde a última metade do séc. XX, a era de uma maior abertura no processo de
aprendizagem ou direito a uma educação para melhor integração a sociedade. A Constituição da
República de Moçambique (1990), concede as pessoas portadoras de deficiências, um gozo pleno
e igual dos direitos e deveres em relação a todos os cidadãos.
Diz a lei fundamental que é garantido (a) a todo cidadão:
A igualdade perante a lei e o gozo dos mesmos direitos e deveres, independentemente da côr,
raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição social,
estado civil dos pais ou profissão (Art.66);
A igualdade entre o homem e a mulher perante a lei e em todos os domínios da vida política,
económica, social e cultural (Art.67);
O gozo pleno dos direitos e deveres consignados, para as pessoas portadoras de deficiências
com excepção daquelas cujo exercício ou cumprimento para os quais estejam incapacitados
(Art.68);
O direito e o dever ao trabalho, à educação física e ao desporto e a assistência médica e
sanitária (Art.88, 93, e 94).
A Lei nº. 6/92, de 06 de Maio, sobre o Sistema Nacional de Educação (SNE), através do Ensino
Especial, cujo objectivo é “... Proporcionar uma formação em todos graus de ensino e a
capacitação vocacional que permita a integração destas crianças e jovens em escolas regulares,
na sociedade e na vida laboral...” (Boletim da República, 104-11:1992), assegura a
escolarização de crianças e jovens com necessidades educativas especiais.
A Resolução nº. 8/95, de 11 de Outubro sobre a Politica Nacional de Educação (1995), aprovado
pelo governo na área de Educação Especial, estabelece as seguintes medidas estratégicas para a
escolarização de crianças e jovens com NEE:
O termo pessoa portador de deficiência tem sido habitualmente empregue para se fazer
referência a todo indivíduo que possui uma insuficiência orgânica ou mental (congénita ou
adquirida).
cultural deste grupo populacional que numa abordagem pedagógica, é designado como portador
de necessidades educativas especiais.
Deste modo:
As escolas, guiando-se pela abordagem inclusiva, devem ser os meios mais capazes para
combater as atitudes discriminatórias dos actuais sistemas de ensino, visando atingir-se a
meta de uma educação para todos.
Por outro lado, a visão inclusiva exige dos dirigentes e lideres, técnicos e administrativos,
profissionais e para profissionais da Educação Especial em particular, e da sociedade em geral,
uma mudança de atitude em relação às politicas, estratégias e práticas:
Sócio-pedagógica-culturais;
De planificação e gestão dos curricula;
De formação de professores;
De organização, administração e gestão institucional;
De participação familiar e comunitária.
Excepcionalidade
A questão de educação para todas resultou na ideia de declaração de 1948 segundo a qual todas
têm direito a educação incluindo aquelas que tem deficiência. Para algumas crianças
excepcionais são aquelas que têm problemas na aprendizagem. Também são consideradas
excepcionais que apresentam talentos pouco comuns. A criança típica que apresenta desvios das
normas é excepcional.
Estas diferenças devem ser suficientemente notáveis ao ponto de requerer a modificação das
práticas escolares ou então necessitar de serviços de necessidades educativas especiais para
possibilitar o desenvolvimento das suas capacidades até ao limite máximo. A criança é
educacionalmente excepcional quando o desvio do seu comportamento atinge um tipo ou um
grau que requere providência pedagógicas desnecessárias para a maioria das crianças.
Para fins didácticos normalmente as crianças são agrupadas com características semelhantes, isto
é, as crianças excepcionais são com frequência agrupadas para facilitar a comunicação entre os
profissionais. É comum encontrar-se as seguintes classificações:
Tipos de NEE
Deficiência físico-motora;
Distúrbios de aprendizagem;
Distúrbios emocionais;
Problemas de comportamento;
Altas capacidades/habilidades.
Pessoa Portadora de Deficiência - é a que apresenta, em comparação com maioria das pessoas,
significativas diferenças físicas sensoriais ou intelectuais, decorrentes de factores inatos e/ ou
adquiridos, de carácter permanente e que acarretam dificuldades em sua interacção com o meio
físico e social.
Aluno com necessidades educativas especiais - é aquele que por apresentar dificuldades
maiores que as dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes a
sua idade (seja por causas internas, por dificuldades ou carências do contexto sócio-familiar, seja
pela inadequação metodológica e didáctica, ou por história de insucessos em suas
aprendizagens), necessita para superar ou minimizar tais dificuldades de adaptações para o
Inclusão - inserir as crianças portadoras de NEE no sistema regular de ensino, com as ditas
“normais”.
Segregação - é um processo que consiste em separar as crianças deficientes das não deficientes.
Integração escolar - processo gradual e dinâmico que pode tomar distintas formas, segundo as
necessidades e habilidades dos alunos. A integração educativa (escolar) se refere ao processo de
educar-ensinar juntos a crianças com e sem necessidades especiais, durante uma parte ou na
totalidade do tempo de sua permanência.
Normalização – princípio que representa a base filosófica ideológica da integração. Não se trata
de normalizar as pessoas, mas de normalizar o contexto em que se desenvolvem, ou seja,
oferecer aos portadores de necessidades especiais modos e condições de vida diária aos mais
parecidos possíveis às formas e condições de vida do resto da sociedade. Isso implica a
adaptação dos meios e das condições de vida às necessidades dos indivíduos portadores de
deficiências, condutas típicas e de altas habilidades.
Antes considerava-se que a causa da dificuldade de um aluno estava apenas dentro dele; hoje
considera-se que a escola tem também parte da culpa, na medida em que não se adapta as
necessidades dessa criança. O conceito de necessidade educativa especial, tal como o apresenta a
nova lei, é um conceito chave. Considera-se que a criança necessita de educação especial se tiver
alguma dificuldade de aprendizagem que requeira uma medida educativa especial.
As necessidades educativas especiais são previstas para aqueles alunos que precisam ao longo da
sua escolaridade de diversas ajudas pedagógicas de tipo humano, técnico ou material, com
objectivo de assegurar a consecução dos fins gerais da educação. O conceito de necessidades
educativas está relacionado com as ajudas pedagógicas ou serviços educativos que determinados
alunos possam precisar ao longo da sua escolarização para conseguir o máximo crescimento
pessoal e social.
O modelo da escola para todos pressupõe uma mudança de estrutura e de atitudes e a abertura à
comunidade; deve mudar o estilo de trabalho de alguns professores que deverão reconhecer que
cada criança é diferente das outras, tem as suas próprias necessidades específicas e progride de
acordo com as suas possibilidades.
c) Treinar para adquirir competências e aptidões sociais que os ajudam a funcionar com sucesso
na classe regular. Deve-se ter em conta as relações positivas que se vai desenvolver com os
Adaptado por Emêncio Chiposse, docente da cadeira de NEE na Universidade Licungo,
delegação de Quelimane para uso académico. Ano, 2021.
Email: emerciochiposse@gmail.com
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Material de apoio para a cadeira de NEE
d) Interacção entre educadores: deve-se estimular os professores para união de esforços e para
que haja trocas de experiência com intuito de desenvolver programas de integração que
satisfaçam as necessidades educativas das crianças.
e) Programas de integração; antes dever-se-á integrar a criança numa classe regular e observa-se
para que seja feita posteriormente um programa eficaz e depois determina-se à um ambiente
educacional apropriado.
São muitos autores que escreveram sobre esta temática entre eles, César Coll, Gimeneo
Sacristan, J. Kemmmis e outros. Nesta perspectiva a nossa reflexão está virada a pensar numa
adaptação curricular para crianças portadora de deficiências nas condições do projecto da
UNESCO “Escolas Inclusivas”. Etimologicamente entende-se por currículo “ uma carreira ou
curso”. O conceito currículo vitae, é a carreira da vida.
O currículo é a expressão e a concretização do plano cultural que uma instituição escolar faz para
dentro de determinadas condições que matizam este projecto.
A resposta as necessidades educativas especiais, não se deve buscar fora do currículo ordinário,
senão a partir de ajustes que se fazem a este currículo permite corrigir ou compensar as
dificuldades na aprendizagem dos alunos, por outro lado logram que as instituições ordinárias
estejam em disposição de proporcionar um ambiente sadio, para que não seja necessário segregar
estes alunos.
individuais, mas que não afectam os conteúdos básicos do currículo oficial. Podem ser aplicadas
a qualquer aluno, independentemente de ser ou não portador de deficiência.
Partir sempre de uma análise detalhada e profunda do aluno através de um diagnóstico exaustivo
e da análise do contexto em que se vai levar a cabo o processo de ensino-aprendizagem.
2. Fazer com que as adaptações curriculares afastem o aluno das exigências comuns, a observar:
Condições físicos-ambientais;
Nível de concentração;
Estado de ânimo;
Seleccionar para todas as aulas as técnicas e estratégias que sendo especialmente benéficas
para alunos com necessidades educativas especiais, sejam úteis também para todos;
Ter em conta na apresentação dos conteúdos aqueles canais de informação que sejam mais
adequados para os alunos;
Matérias
Seleccionar matérias que podem ser utilizadas para todos os alunos;
Adaptar as matérias do programa oficial;
Situar as matérias de forma que favoreçam a aprendizagem dos alunos;
Informar aos alunos o material que existe na sala de aula, incluindo o específico para os
alunos com necessidades educativas especiais, e a sua utilidade.
Espaços e tempo
Descobrir adequadamente o espaço para compensar as dificuldades de determinados alunos;
Reduzir o ruído na sala de aula;
Assegurar uma iluminação adequada;
Fazer um horário de aulas tendo em conta os momentos de apoio que os alunos necessitam
em termos de níveis de ajuda;
Reduzir a quantidade de alunos por turma.
Como avaliar?