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Breve Resenha Histórica da Educação Especial

Porque estudar a história da educação especial?

Para se ter uma compreensão melhor de para onde se dirige a partir de onde se vem;

Aprender com os erros anteriores cometidos pelos investigadores/educadores e


estudos do passado;

Para se ter acesso a antiga história da educação da humanidade, isto é, para saber
como a humanidade antiga concebia e dava significado a educação;

Para perceber melhor os padrões do desenvolvimento das ideias na humanidade


relacionadas a educação;

A história da origem da educação especial pode se situar nos finais do século


XVIII. Antes desta década as crianças que apresentassem NEE não tinham acesso a
quaisquer direitos legais à educação pública. Indivíduos com estas situações eram
vedados ao ensino público e de outras actividades remuneradas a nível de estado facto
que os mantinha afastados dos outros e marginalizados.

Este pensamento estava na origem da ideia de que as crianças com deficiências físicas
e/ou mentais não tiravam proveito do sistema da educação pública e que condicionava
a aprendizagem dos alunos restantes. Para Bautista (1993), são três momentos que
tentam descrever o percurso histórico da educação especial:

I) ERA DOS Antecedentes: pré-história finais do século XVIII

Rejeição do individuo deficiente, ocorrência do infanticídio mas a Igreja condena a


descriminação e o infanticídio das crianças;

Os deficientes mentais eram internados em locais restritos (orfanatos, manicómios,


prisões) junto com delinquentes, pobres, etc;

Pensadores da era dos antecedentes:


Pedro Ponce de León – em meados do século XVI trabalha com crianças surdas, teve
êxito ao educar 12 surdos, é o Pioneiro do método oral e ensino dos surdos;

Juan Pablo Bonet – em 1960 publicou uma obra intitulada “Reducción de la letras y
arte de enseñar a habalar a los modos- a arte de educar os Surdos/mudos;

Charles Michel- criou a 1ᵃ escola para surdos - mudos em 1755;

Valentim Hany – criou em Paris um instituto para cegos e dentre os alunos cegos
estava o LOUIS BRAILLE, pai do sistema de leitura e escrita BRAILLE.

II) ERA DAS INSTITUICOES finais do séc. XVIII e princípios do séc. XIX

Início do século XIX época em que surgem instituições especializadas para pessoas
deficientes: o nascimento da educação especial, cujo objectivo era de proteger a
pessoa normal da não normal;

Segrega se o deficiente, discrimina se, as escolas são colocadas fora do povoado;

Séc. XIX as escolas especiais são separadas em função as etiologias: escolas para
cegos, surdos, deficientes mentais.

A ideia de proteger a pessoa normal da anormal pelo perigo que a última representa
para a sociedade o que conduziu a separação e discriminação do deficiente.

O deficiente é considerado elemento perturbador e anti-social;

PENSADORES DA ÉPOCA

PHILIPE PINEL (1745 – 1826) – dedicou se ao tratamento médico de atrasados


mentais;

SEGUIN- elaborou o método fisiológico, método para educação de crianças idiotas –


e estudou a possibilidade deste ser aplicado em escolas regulares ‘e considerado o 1˚
autor da educação especial.
ESQUIROL (1722-1840) – estabelece diferença entre idiotismo e demência idiotismo e
demência;

Pedagogos como Montessori interessam-se na educação especial e constrói uma


pedagogia terapêutica como Georges e Deinhart em 1861, ou Heller em 1904.

III) ÉPOCA ACTUAL - SEC XX

Criação de instituições especializadas para educação de pessoas deficientes mediante


o tipo e nível de deficiência, isto é, em função das etiologias;

Os testes de Binet são instrumentos de selecção e retirada de crianças com fraco


índice de QI nas escolas regulares; Para identificar o nível de inteligência (capacidade
mental) de um indivíduo, usa-se o teste de Q.I. (quociente de inteligência). Mas este teste não é
exacto assim como não pode avaliar todas as áreas de alto desempenho que o indivíduo tem,
razão pela qual não é adequado para os superdotados.

Q.I (quoeficiente de inteligência) = é uma medida obtida de testes desenvolvidos para avaliar as
capacidades cognitivas (inteligência) de um indivíduo em comparação ao seu grupo etário.

Em 1959, a Associação de pais rejeita a estas escolas segregadoras recebe apoio da


Dinamarca que inclui na sua legislação do conceito de “normalização”. Este conceito
parte do princípio da possibilidade do deficiente mental ou de outra etiologia poder
desenvolver um tipo de vida tão Normal quanto possível – a Integração educativa:
inclusão de indivíduos deficientes no mesmo ambiente escolar com outros
considerados normais (BANK – MIKKELSEN).

J. Mayor (1989) diz que há necessidade de criação de escolas especiais para


atendimento de casos graves;

Este conceito estende por toda a Europa e América do Norte. Canadá em 1972, publica
o primeiro livro com este principio. A escola regular deve adaptar se a todos e a cada
um dos alunos.
As mudanças na última década do século XX: A Integração educacional
Actualmente a educação tem um carácter mais ou menos integrador à medida que
procura oferecer as crianças e jovens com necessidades educativas especiais e não
deficientes uma educação e ensino de forma conjunta mediante as suas necessidades
de aprendizagem. É uma oferta de serviços educativos no qual se coloca em prática
com base na provisão de uma variedade de alternativas de ensino e de aulas
adequadas ao plano educativo de cada aluno. Tais serviços devem permitir uma
integração temporal e social entre os alunos deficientes e não deficientes durante o
período escolar normal

A integração educacional baseia-se em princípios de normalização que, numa


perspectiva pedagógica pode ser visto como o princípio de individualização do
ensino. Isto é, o atendimento do ensino terá como base as particularidades individuais
de cada aluno, conforme o tipo e o nível de necessidades que precisar receber por
parte do educador. Desse modo, a integração escolar requer a sectorização dos
serviços educativos. O ensino será dirigido de tal modo que o aluno tenha toda atenção
necessária para a sua aprendizagem e desenvolvimento.

O que terá motivado para a mudança de atitude ao tratamento dado aos alunos
com deficiências na nossa actualidade?

FUNDAMENTOS DA INTEGRACAO ESCOLAR BAUTISTA 26 - 28

BASES Motivadoras: os que defendiam

A declaração dos Direitos Humanos: pessoas diferentes compartilham uma experiência


de vida em comum, não segregada e descriminada;
A educação como acto de justiça, um direito constitucional;
A cultura e a educação são produtos de ambientes não apenas formais e tornam-se
mais eficazes (benefício mútuo) quando se desenvolvem entre indivíduos com
capacidades diferentes;
Os meios de diagnóstico anteriormente utilizados para a identificação das crianças
diferentes eram tendenciosos: resultava por vezes em diagnósticos inadequados e
crianças em número elevado eram classificadas como deficientes e conduzidas
para escolas espaciais;
Bases Filosóficas

A integração como filosofia fundamenta se no princípio de NORMALIZACAO,


significa valorização das diferenças humanas. Isto é, aceitar as diferenças
individuais dos alunos oferecendo a cada um as melhores condições para o
desenvolvimento máximo das suas capacidades, e colocado a sua disposição
os mesmos benefícios e oportunidades de vida normal. (Beeny, 1975).

A NORMALIDADE é um conceito relativo: o que hoje é normal pode o não ter sido
ontem não se sabe com será amanha. O que aqui é considerado normal pode ser
anormal noutro lugar.

Por isso o normal e o não normal não é o que está dentro da pessoa mas fora dela,
é o que os outros percebem nessa pessoa. O DESAFIO É MUDAR A ATITUDE DA
SOCIEDADE PERANTE O INDIVIDUO DIFERENTE E NÃO MUDAR O INDIVIDUO.

PREMISSAS DA IN TEGRACAO ESCOLAR:

a) Como um processo difícil e complexo que depende de muitas circunstâncias : da pessoa,


da família e da comunidade escolar e social ;
b) Diversas modalidades de integração escolar a serem adoptadas de acordo com as
circunstâncias ;
c) A colocação de um individuo em ambiente de aprendizagem não deve ser definitivo,
avaliações periódicas para verificar mudanças ;
d) O processo inicia com a identificação, Avaliação das NEE implicando adaptações
materiais, metodológicas e curriculares que favoreçam o seu desenvolvimento ;
e) Ela não é simples colocação física mas participação efectiva em tarefas que proporcione à
criança uma educação diferenciada de que necessita com apoio nas adaptações e meios
pertinentes e adequados a cada caso.

A integração escolar nesse contexto baseia-se no princípio de normalização.


Tornar a vida dos alunos deficientes num ritmo “igual” a vida dos alunos não
deficientes. Tornar normal a vida do deficiente significa aceita-lo tal como é, com
suas deficiências, dando os mesmos direitos que os outros e serviços pertinentes
que o ajudam a desenvolver suas potencialidades para ter vida tão normal quanto
possível.

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