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EJA Interventivo na perspectiva da Educação Inclusiva

Aspectos históricos das Deficiências e a inclusão

Segundo estudos a história da educação especial no mundo, surge no início do


século XVI.

“Com médicos e pedagogos, que desafiando os conceitos vigentes na época


acreditaram nas possibilidades de indivíduos, até então considerados
ineducáveis. Centrados no aspectos pedagógicos, numa sociedade em que a
educação formal era direito de poucos, esses precursores desenvolveram
seus trabalhos em bases tutorias, sendo eles próprios os professores de seus
alunos.” (MENDES, 2006).

A trajetória da Educação Especial da Idade Média até os dias de hoje


mostra que, apesar do desconhecimento e do preconceito, iniciativas isoladas
de estudiosos, que acreditam na potencialidade do indivíduo deficiente como
uma pessoa com direitos e singularidades que precisava ser educada,
favoreceram as conquistas nesse campo.

No Brasil, o atendimento a pessoas deficientes teve início com a criação


do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, hoje Instituto Benjamin
Constant – IBC.

A partir deste momento, outras instituições foram fundadas para


oferecerem o atendimento a pessoas com outras deficiências:

o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto Nacional da Educação


dos Surdos – INES; em 1926, o Instituto Pestalozzi, instituição especializada no
atendimento a pessoas com deficiência intelectual; em 1945, é criado o
atendimento educacional especializado a pessoas com superdotação; e em
1954 é fundada a primeira APAE - Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais (BRASIL, 2008).

Políticas Nacionais voltadas para a educação de deficientes vêm sendo


estabelecidas desde então para se garantir o melhor atendimento.

A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024/61,


por exemplo, bem como a Lei nº. 5.692/71, que a altera, fundamentou o
atendimento educacional aos “excepcionais” preferencialmente dentro do
sistema geral de ensino, mas não promoveu a organização de um sistema
capaz de atender às suas necessidades educacionais especiais e acabou
reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais
(BRASIL, 2008). Em 1973 o MEC criou o CENESP - Centro Nacional de
Educação Especial que “impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas
com deficiência e às pessoas com superdotação.”
A Constituição Federal de 1988 definiu a educação como um direito de
todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania
e a qualificação para o trabalho; e estabeleceu ainda a igualdade de condições
de acesso e permanência na escola e a oferta do atendimento educacional
especializado como dever do Estado, preferencialmente na rede regular de
ensino (art. 208). Nesta mesma época, documentos como o Estatuto da
Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, a Declaração Mundial de
Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994)
influenciaram a formulação das políticas públicas da educação inclusiva
(BRASIL, 2008).

Acompanhando este processo de mudanças, a Resolução CNE/CEB nº


2/2001 determinou que os sistemas de ensino matriculassem todos os alunos,
organizando-se para o atendimento aos alunos deficientes, assegurando uma
educação de qualidade para todos; e, conceitua a educação especial,
modalidade da educação escolar, como um processo educacional definido por
uma proposta pedagógica que assegura recursos e serviços organizados para
apoiar, complementar, suplementar e substituir serviços educacionais comuns
de modo a garantir a educação e o desenvolvimento das potencialidades dos
educandos deficientes em todas as etapas e modalidades da educação básica.

Declaração de Montreal Sobre a Deficiência Intelectual e Decreto nº 6.949


de 25 de agosto de 2009

O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o


exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela
sua dignidade inerente.

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Marco Legal

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade da Educação Básica


e tem a função social de assegurar a escolarização dos sujeitos que,
historicamente, foram excluídos do direito à educação.

Assim, deve-se cuidar para não reproduzir na escola as práticas excludentes


da sociedade, pois seu papel é a formação de sujeitos capazes de intervir, de
forma reflexiva, crítica, problematizadora, democrática e emancipatória, com
voz, vez e decisão, na solução e superação dos problemas e desafios impostos
à sua sobrevivência e existência.
Os sujeitos da EJA são jovens, adultos e idosos de camadas populares
que, ao não tiveram acesso ou interromperem sua trajetória escolar, repetem
histórias, muitas vezes coletivas e familiares, de negação de direitos.

Não reconhecer o enraizamento dessa negação, dessa identidade coletiva,


social e popular compromete a percepção da própria identidade da Educação
de Jovens e Adultos, correndo-se o risco dessa modalidade ser encarada como
mera oferta individual de oportunidades pessoais perdidas.

Com o perfil etário bem abrangente, os estudantes da EJA têm de 15 a


88 anos de idade, o que exige dos professores um trabalho diversificado com o
uso de diferentes metodologias e estratégias de ensino e avaliação que
abordem as especificidades geracionais de forma que abarque as
peculiaridades de todos os estudantes e promovam aprendizagens.

O direito de educação para jovens e adultos com deficiência

Em 2010 e 2012, o Centro de Ensino fundamental 01 de Planaltina, no Distrito


Federal, implantou dois projetos: Projeto Interventivo de Educação de Jovens e
Adultos para Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais – 1º
segmento e Projeto Piloto de Educação de Jovens e Adultos Interventivo – 2º
Segmento. Ambos, com o propósito de atender à demanda constatada no
sistema educacional do Distrito Federal de estudantes deficientes intelectuais e
autistas que se encontravam em situação de defasagem idade/série.

Os dois projetos se apresentaram como ações bem-sucedidas no


atendimento a alunos com deficiência intelectual e autistas e levou a Secretaria
de Educação do Estado do Distrito Federal a apresentar em 2014 as Diretrizes
Operacionais da Educação de Jovens e Adultos - 2014/2017, tendo a EJA
Interventiva como uma de suas modalidades.

Para ser matriculado na EJA Interventiva, o estudante precisa apresentar


algumas características: ser estudante a partir de 15 anos com deficiência
intelectual e/ou autismo, associada ou não com outra deficiência, que não se
adaptou em classes comuns ou que não desenvolveu habilidades acadêmicas
e sociais em classes comuns; e, deve passar por estudo de caso na Gerência
Regional de Ensino para confirmação da necessidade de encaminhamento
para a EJA Interventiva, devido a sua não adaptação em classes comuns.

Possibilidades de intervenção para o desenvolvimento da leitura e escrita


de estudantes com deficiências

Inclusão significativa para o deficiente intelectual é aquela que o


indivíduo aprenda a ler e escrever como as demais crianças, pois, sem essas
ferramentas, a criança fica alheia ao que ocorre no espaço escolar.
Quem alfabetiza ou já alfabetizou sabe, que no espaço dedicado a construir
esse conhecimento, faz-se uso de métodos que possam favorecer a aquisição
da linguagem.

O fato de valorizar a sonorização das palavras associado as letras, abre a


alfabetizadora possibilidade de aproveitamento da fala da criança em função da
leitura e da escrita. A escrita ainda é um processo mais difícil ainda se
considerarmos que a criança precisa se aproximar do pensamento lógico, fazer
uso da motricidade e em seguida o registro escrito do seu padrão de memória.

Desta forma a escrita exige concentração para a realização de um exercício de


grafar nas páginas em branco, pensamentos. Pensamentos esses que serão
esquecidos, desvalidos, deixados para trás em um canto da memória, se não
for registrado.

Educação Inclusiva: um desafio para a educação de jovens e adultos

Em uma escola inclusiva precisam refletir uma abordagem mais diversificada,


flexível e colaborativa do que em uma escola tradicional.

A adequação curricular do estudante com deficiência intelectual

O currículo seguido é o da Educação de Jovens e Adultos, adequado e


adaptado com metodologias e técnicas específicas para atender às
necessidades de cada estudante. (BRASÍLIA, 2014). A EJA é organizada por
semestres, ou seja, o estudante tem um semestre para cumprir o estabelecido
dentro do currículo para cada etapa.

Para a EJA Interventiva, o estudante tem até dois semestres para encerrar
cada etapa. Este prazo pode ainda ser estendido ao ser observado o
desenvolvimento da aprendizagem do aluno, respeitando a necessidade de
flexibilização curricular na temporalidade voltada a respeitar o ritmo e o
desempenho individual desse estudante.

Percurso escolar do Estudante com deficiência da EJA

O estudante já teve uma experiência de inclusão, já teve experiência com EJA


é não se adaptou em nenhuma, por esse motivo ele é encaminhado para o
EJA Interventivo.

Expectativas da família do Estudante sobre a EJA

A interação entre conhecimento e afeto na vida do educando, proposta


pela Psicopedagogia, deve ser fortalecida, principalmente, pela sua família,
pois essa é a primeira e a maior provedora de conhecimentos para o indivíduo,
já que esse adquire seu conhecimento de mundo e constrói seus contatos
sociais através da assimilação de características de outras pessoas
inicialmente no ambiente familiar.
Cabe à família, independente de seu nível socioeconômico, contribuir
para que seus membros sejam responsáveis por suas atitudes. Cabe, também,
à família, dar amor a esses membros fazer com que eles sintam-se amados e
desejados desde o período de gestação, além de responsabilizar-se em ser
mantedor material e cultural e de transmitir todos os valores morais que façam
de seus descendentes, cidadãos conscientes.

Expectativas futuras após o término da EJA

No âmbito da função equalizadora da EJA Interventiva, está inserida a ação da


orientação profissional por meio de atendimento complementar do professor de
Orientação para o Trabalho, “a fim de propiciar a inclusão desse estudante no
mundo do trabalho e a sua efetiva participação na sociedade”.

Para atingir este objetivo são realizadas parcerias com outras instituições. Por
exemplo, a parceria foi feita com o PRONATEC.

Referências

ttps://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/114746/ISSN01042777-
2014-23-01-139-146.pdf?sequence=1

https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/19871_10813.pdf

BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da


Pessoa com Deficiência). Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Brasília, 2015.

Projeto Político Pedagógico do Centro de Ensino Fundamental 01 de


Planaltina.Brasília, 2016.

Resolução n°01/2009 do Conselho de Educação do Distrito Federal.

http://delphos-gp.com/primus_vitam/primus_9/VaniaSousaElizeKeller.pdf

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