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FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

SÁVIO FÉLIX MACHADO

PORTFÓLIO INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL: “A PRÁTICA EDUCATICA NO


CONTEXTO DA DIVERSIDADE ATENDIDA PELA ESCOLA”.

Irecê – BA
2021
2021
SÁVIO FÉLIX MACHADO
SÁVIO FÉLIX MACHADO

PORTFÓLIO INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL: “A PRÁTICA EDUCATICA NO


CONTEXTO DA DIVERSIDADE ATENDIDA PELA ESCOLA”.

Portfólio Interdisciplinar Individual


apresentado à Universidade Pitágoras
Unopar, como requisito parcial para o
aproveitamento das Atividades
Interdisciplinares Curso de Formação
Pedagógica em Educação Física.

Irecê – BA
2021
Introdução

O presente trabalho foi elaborado a partir da proposta de produção textual


interdisciplinar com o tema “a prática educativa no contexto da diversidade atendida
na escola”, que tem como objetivo a análise de uma situação problema e possíveis
soluções e argumentações para sanar tal fato, onde o mesmo possibilitou a reflexão
sobre a presença de crianças deficientes nos espaços escolares.
A partir dessas análises pode-se observar que existem preconceitos
camuflados e que as crianças e adultos com deficiência são expostos a situações
constrangedoras por não estarem aptos a realizar todos os tipos de atividades.
Foram citadas leis que regulamentam os direitos e deveres das pessoas com
deficiência e instigamos uma reflexão sobre a prática dessas leis, pois, o que
acontece na maioria dos casos, é diferente do que rege a lei.
Fizemos também uma reflexão sobre mecanismos igualitários para as
pessoas com deficiência, como é o caso das tecnologias assistivas. Os espaços
escolares tanto de recreação como de aprendizagem podem e devem ser inclusivos,
no sentido de não apenas colocar estudantes com necessidades especiais juntos
dos demais, mas de fazer com que eles se sintam bem e envolvidos com a
dinâmica.
Os desafios em relação a inclusão são diversos, mas através de práticas
educativas e criativas, podemos amenizar o preconceito existente, se o mesmo for
barrado desde cedo, quando crianças, as mesmas podem já crescerem
acostumadas com a diferença.
Para o presente estudo utilizamos de documentos oficiais como o Estatuto da
Pessoa com Deficiência, autores como Galvão Filho, Renata Goulart, dentre outros,
para nos dar suporte teórico e empírico na produção, o mesmo é de grande valia
para os profissionais da Educação, uma vez que estaremos trabalhando com os
mais variados alunos e com suas diversas peculiaridades.
Desenvolvimento
Ao observar as crianças em idade escolar podemos refletir sobre a Educação,
que segundo a LDBEN nº 9.394/96, nos diz que ela tem como finalidade o pleno
desenvolvimento do indivíduo, podemos colocar em pauta a presença e a relação
das pessoas com deficiência nesses espaços. Sua permanência e divergências
sociais dentro do ambiente escolar, que nos mostra a relação do ambiente com os
sujeitos, suas relações e convivências.
Através desses campos de observação podemos enquanto pesquisador
desenvolver o olhar mais sensível, mais delicado em relação ao universo escolar e
os sujeitos que fazem parte do mesmo, uma vez que, as pesquisas e estudos
escolares têm como referência sempre o professor ou o aluno como sujeito pacífico
que está recebendo algum conhecimento, mas despreocupa-se de saber qual o
estado em que se encontra esse terreno que receberá esse conhecimento, se ele
está fértil ou não.
Nesse contexto a escola deve garantir a inclusão e permanência dos alunos
com deficiência, dando-lhes suporte e fazendo com que participem de todas as
atividades executadas, inclusive nos espaços de lazer, pois, como institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), Lei nº 13.146 em seu artigo 1º:
É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a
promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua
inclusão social e cidadania. (BRASIL, 2021).

A partir dessa lei, podemos assegurar pelo menos teoricamente a garantia


dos direitos das pessoas com deficiência a ter condições de igualdade de inclusão e
cidadania. E ainda direito a Educação pois em seu artigo 27, nos fala que:

A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados


sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao
longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento
possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais,
intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e
necessidades de aprendizagem. (BRASIL, 2021).
Diante do exposto podemos refletir sobre a lei que enfatiza o direito das
pessoas com deficiência a alcançar seu desenvolvimento pleno a partir das suas
necessidades de aprendizagem. Assim podemos pensar em mudanças no currículo
escolar, de acordo com as dificuldades de aprendizagem dos alunos, adequando
com cada peculiaridade de existente.
Devem ser buscadas soluções (adaptações) que venham a tornar mais fácil o
aprendizado de alunos portadores de alguma deficiência, como por exemplo o uso
de recursos flexibilizados, que ajudam bastante nesse processo. É de suma
relevância a existência dessas adaptações para que o aluno com necessidades
educacionais especiais se sinta integrante do grupo, das atividades realizadas como
um todo e a importância se dá no momento de observar a Educação por vieses mais
aprofundados e diferenciados, para com isso termos uma contextualização e análise
de todos os fatores envolvidos no processo de educar.

O que acontece na escola regular é que os estudantes com deficiência são


colocados juntos com os demais, não existe um preparo diferenciado para as
atividades que serão realizadas, não existe uma preocupação em adaptações
quando falamos em espaços de lazer, o simples fato de incluir no meio dos demais
exclui quem não deveria ser excluído. Daí vemos a importância das adequações
tanto de exercícios intelectuais, como recreativos para que os mesmos possam ser
significativos e garantam o prazer e consequente permanência do aluno no ambiente
escolar e mesmo fora dele.

Podemos ainda falar sobre a questão dos espaços de lazer para pessoas com
deficiência, percebemos uma discriminação implícita em relação à inclusão, pois a
maioria dos locais não dispõe de equipamentos ou adaptações dos equipamentos
existentes nesses locais, para o uso de crianças com deficiência. Podemos
considerar esse fato como violação dos direitos garantidos por lei.

Como cita Silva (2002), “os termos ‘deficiente’, pessoa ‘deficiente’ ou


‘deficiência’ não têm qualquer intenção de demérito à imagem de alguma pessoa ou
a diminuição da condição de alguém, pois entende-se claramente que deficiente não
é o antônimo de eficiente.” (SILVA, 2002, p. 25). A pessoa com deficiência não pode
ser vista como ‘coitadinha’, muito menos como alguém que não possui habilidades,
pelo contrário, deve-se pensar que elas possuem competências específicas que
devem ser trabalhadas e colocadas em foco.

As crianças com deficiência desde cedo já sofrem com a discriminação


quando são colocadas em situações em que não existem adequações para que
possam realizar determinado tipo de atividade. Sassaki nos traz uma reflexão
bastante pertinente em relação a essas situações sociais (podendo assim ser
denominado tal ato de discriminação), ela nos diz que “por este paradigma a
sociedade continua basicamente a mesma em suas estruturas e serviços oferecidos,
cabendo às pessoas com deficiência serem capazes de adaptar-se à sociedade.”
(SASSAKI, 2005). Aqui vemos a repetições de padrões em relação a pessoa com
deficiência, onde não se tem uma política que efetivamente mude tal realidade.

Percebemos que a Educação formal está embasada em todas as formas de


condutas existentes, pois é na escola, principalmente na Educação Básica, ou
melhor na Educação Infantil e Ensino Fundamental que as crianças ainda sem
muitos preconceitos, podem conviver juntas e compartilharem de um pensamento
em que a deficiência seja como uma diferença natural, dessa forma, poderá ser um
adulto sem pré-julgamentos e que ajude com as políticas públicas para
determinadas pessoas com limitações.

Na escola tradicional é visível e inevitável a existência de mudanças no que


se refere a seu discurso e sua prática para que a escola possa se adequar ao
mundo e se torne significativa em seu papel social e que possa assim ser
verdadeiramente inclusiva. Partindo desse pressuposto podemos inferir a existência
de Tecnologias Assistiva, que são todos os recursos, por mais simples que sejam,
que são pessoais e que atendam as necessidades diretas dos usuários. A
Tecnologia Assistiva, utilizada como mediadora, como instrumento, como ferramenta
mesmo, para o “empoderamento”, para a equiparação de oportunidades e para a
atividade autônoma da pessoa com deficiência, na sociedade atual (GALVÃO
FILHO, 2009).

Podemos assim explicar resumidamente que as tecnologias assistivas são os


recursos simples e de baixo custo (muitas vezes artesanais) confeccionais e
utilizados pelos professores para alunos com deficiência, facilitando dessa forma seu
desenvolvimento junto aos demais.

Esses recursos da Tecnologia Assistiva podem ser exemplificados segundo


Galvão Filho como:

[...] suportes para visualização de textos ou livros; fixação do papel


ou caderno na mesa com fitas adesivas; engrossadores de lápis ou
caneta confeccionados com esponjas enroladas e amarradas, ou
com punho de bicicleta ou tubos de PVC “recheados” com epóxi;
substituição da mesa por pranchas de madeira ou acrílico fixadas na
cadeira de rodas; órteses diversas, e inúmeras outras possibilidades.
(GALVÃO FILHO, 2012, p. 3).

Com isso percebeu-se que as tecnologias assistivas são uma maneira de


inclusão das crianças com deficiência, pois ela iria amenizar as barreiras causadas
pela deficiência e inserir as crianças nos ambientes propícios de aprendizagem com
mais igualdade ao acesso a cultura.

No que tange sobre as nomenclaturas o CAT (Comitê de Ajudas Técnicas)


aprovou o seguinte conceito para Tecnologia Assistiva:

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica


interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas
com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (CAT,
2007).

Entende-se aqui que essas tecnologias, e quando falamos esse termo, não se
refere apenas as tecnologias da informação e comunicação, mas a qualquer criação
ou ideia que facilite a vida do ser humano, as tecnologias assistivas são
propiciadoras a equidade entre a aquisição do saber entre pessoas com deficiência
e as demais em um grupo que busca conhecimento e desenvolvimento intelectual. É
a partir delas que podemos empoderar as crianças com tais restrições e fazer com
que ela interaja com o meio, diminuindo os preconceitos, assumindo papel de
proativa frente a realidade e na resolução de seus próprios problemas.

Na relação com o outro é que as crianças criam experiências que facilitam


seu desenvolvimento, sobre isso Vygotsky no diz que:
Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas
atividades adquirem um significado próprio num sistema de
comportamento social e, sendo dirigidas a objetos definidos, são
refratadas através do prisma do ambiente da criança. [...] Essa
estrutura humana complexa é o produto de um processo de
desenvolvimento enraizado nas ligações entre a história individual e
a história social. (VYGOTSKY, 1994, p. 40).

Diante do exposto nota-se que para que a criança com deficiência seja um
sujeito construtor do seu próprio conhecimento é necessária que existam condições
e realidades que as possibilite pensar, e construir seu aprendizado, a partir das suas
vivências e com mecanismos que facilitem sua igualdade entre os demais indivíduos
do grupo.
As crianças com alguma deficiência são constantemente deixadas à margem
quando se trata de sua participação em atividades escolares ou não, principalmente
aquelas recreativas, pois estas crianças são impedidas de realizar tais atividades,
pensa-se também que tal situação se agrava em locais públicos onde as crianças
com deficiência não podem realizar as atividades juntamente com as demais devido
a sua “incapacidade”. Nesse contexto vale ressaltar que a inclusão na infância vai
além do contexto escolar, e é através da brincadeira que existe a interação entre os
diversos tipos de crianças.
Considerações Finais

A partir do que foi explanado anteriormente percebe-se que as crianças com


deficiência nos espaços escolares e fora deles são constantemente deixadas sem
participação em atividades de lazer ou mesmo cognitivas. O que dessa forma gera
alunos pacíficos, sem posicionamento crítico, seja por sua deficiência ou pelo
conformismo de só ouvir o que está sendo imposto.
Apesar das várias Leis que regulamentam direitos das pessoas com
deficiência e das crianças com deficiência, na prática não existe efetivação de tais
leis, pois o que acontece é apenas a colocação das crianças em meio as outras só
para cumprir a máxima de estaremos todos juntos.
As tecnologias assistivas surgem com uma proposta de reduzir a diferença
entre essas pessoas, pois com seu uso pode-se igualar as atitudes, ações e
autonomia das crianças com deficiência.
O preconceito sempre vai existir e com as pessoas com alguma necessidade
educacional especial é quase que impossível que não exista, pois ele já começa
quando as crianças são colocadas em ambientes sem a devida preparação para sua
especificidade, os professores (aqui falamos do ambiente escolar) não estão
preparados para lidar com as peculiaridades que possam surgir, daí já ficam a
margem do grupo, fora do ambiente escolar a realidade se agrava, pois se tratando
de crianças, quase não existem em locais brinquedos ou algo feito ou criado com a
finalidade específica desse tipo de ser humano.
Apesar da realidade mostrada ser severa, percebemos que são tímidas as
aplicações práticas para com as políticas públicas para pessoas com deficiência,
tanto adultos quanto crianças. É de grande valia a priori discutirmos para a reflexão
da realidade educacional e social que nos cerca. A partir dessa produção pude
elevar o conhecimento acerca da realidade das pessoas com algum tipo de
deficiência dentro e fora do espaço escolar e refletir enquanto educador sobre o
papel perante tais contratempos que ainda aflige grande parte das pessoas ainda
mais se estas possuírem alguma deficiência.

Referências

BRASIL. Estatuto da Pessoa com Deficiência - 3. ed. - Brasília: Senado Federal,


Coordenação de Edições Técnicas, 2019. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm Acesso em
18 abr. 2021.
BRASIL. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educacional. Lei 9394/96.
CAT, 2007. Ata da Reunião VII, de dezembro de 2007, Comitê de Ajudas
Técnicas, Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
(CORDE/SEDH/PR). Disponível em: Acesso em: 05 jan. 2008.
GALVÃO FILHO, T. Tecnologia Assistiva: favorecendo o desenvolvimento e a
aprendizagem em contextos educacionais inclusivos. In: GIROTO, C. R. M.;
POKER, R. B.; OMOTE, S. (Org.). As tecnologias nas práticas pedagógicas
inclusivas. Marília/SP: Cultura Acadêmica, p. 65-92, 2012.
SASSAKI, Romeu K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 7. ed. Rio
de Janeiro: WVA, 2006.
SILVA, Idari Alves da. Construindo a Cidadania: Uma análise introdutória sobre
o direito à diferença. Uberlândia, 2002. 112f. Dissertação (Mestrado em História) -
Universidade Federal de Uberlândia.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1994.

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