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FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA

CENTRO DE ESTUDOS DE JACAREÍ

O papel da escola como espaço sócio/cultural na formação


do individuo com relação a importância do atendimento
educacional especializado.

Polo: Santa Cruz do Rio Pardo

Curso: Atendimento Educacional Especializado

Rosana Gomes da Silva

Prof. ª/Coordenadora Luci R. Serrano.

Resumo: O presente texto tem como objetivo demonstrar a importância de


falar sobre o papel da escola enquanto instituição, que tem como responsabilidade
formar cidadãos que sejam críticos quanto as suas ações, promovendo uma
autonomia na constituição de valores. Tal autonomia que deve ser vista no âmbito
física, intelectual e social. A inclusão tem sido cada vez mais abordada e cada dia
que passa está mais presentes nas salas de aula firmando a necessidade de buscar
novas metodologias, que promovam a interação de todos os alunos presentes, não
limitando. Uma inclusão que ultrapasse os limites das pessoas com deficiência e
engloba toda a heterogeneidade humana. O desenvolvimento ou a aprendizagem,
se torna plena apenas quando o educador passa a entender e valorizar a
cultura/sociedade onde está inserida a criança, assim como suas limitações. A
valorização do ser faz com que se torne um cidadão real, que realmente estará
envolvido de uma forma concreta com a sociedade. A falta da valorização do
indivíduo, que trás consigo não apenas a limitação física ou mental, mas a limitação
na compreensão do seu papel na sociedade.

Palavras Chave: Educação, Cidadania, Educação Inclusiva, Atendimento Especializado.

Direitos educacionais
Um sistema escolar, qualquer que seja, é formado por duas espécies de
elementos. De um lado, há todo um conjunto de disposições definidas e
estáveis, de métodos estabelecidos, ou seja, em uma palavra, de
instituições; mas, ao mesmo tempo, dentro da máquina assim constituída,
há ideias que trabalham e que a solicitam para que mude (DURKHEIM,
1975, p. 122).
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A educação inclusiva é um princípio que tem recebido destaque, ganhando


mais espaço e investimento por parte das políticas públicas. Tal investimento é um
passo importante para garantir que os alunos com deficiência tenham a intenção que
necessitam e também aprendam de uma forma efetiva, assim como os demais, pois
é de fato que um professor da educação básica, que tem uma turma com muitos
alunos, não consegue se dedicar de forma plena a sua turma e ainda tratar de forma
atenciosa o aluno com deficiência, trabalhando assim suas particularidades e
melhorando seu desenvolvimento.
A discriminação e exclusão de pessoas com deficiência ocorre em todos os
campos sociais e começa nos pequenos detalhes, um exemplo mais do que comum
seria as calçadas, que mais de 80% são sem rampa para aqueles que são
cadeirantes. A maioria desses preconceitos são ocasionados por falta de
conhecimento sobre a necessidade de atender a essas especificidades. As leis e
diretrizes acerca da deficiência, existem com o intuito de fazer acontecer o direito
dessa classe e fazer com que as pessoas criem empatia nas diferenças.
Desvendar o pensamento pré programado pela sociedade, de que os
deficientes não possuem a capacidade de desenvolver habilidades e competências
em sala de aula, e que, quando realizam algo grandioso, como boas notas e
aprovação universitária, eles tiveram algum tipo de privilégio de professores ou das
ações afirmativas, como as cotas, é essencial para desenraizar tal mito de que o
deficiente não pode estudar ou conviver com a sociedade, e tornar de conhecimento
público de que o jovem com deficiência é tão capaz quanto qualquer outro indivíduo.
Esse desvendar deve surgir partindo dos educadores e escola, devendo
entender que o aluno não é um ser limitado e sim com habilidades diferenciadas,
que deve ser analisadas de uma forma individual, exemplo de como deveria ser
abordado, que deveria existir em todas as escolas, onde o educador realiza o
processo de inclusão do aluno na condição de deficiente com os demais alunos,
respeitando e adaptando as atividades a cada condição dos alunos, que variam de
acordo com a deficiência. Essa é a ideia abordada pelas Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica – CNE Nº 04/2009, a qual diz:
Art. 1º Para a implementação do Decreto nº 6.571/2008, os sistemas de
ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do
ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado
em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento
Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.

É por garantido por lei, pelo menos deve ser garantido, o direito a educação
a toda e qualquer criança com deficiência e punição as pessoas que agirem de má-
fé, recusado um aluno em uma instituição pela sua condição de deficiente. Esse
argumento é amparado pela Lei 7853/89 da Constituição que diz: “punível com
reclusão de 1(um) a 4(quatro) anos, e multa: I. recusar, suspender, procrastinar,
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cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de um aluno em


estabelecimento de ensino qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos
derivados da deficiência que porta” ( MEC/SEESP, 2001b p. 274).
Toda criança com deficiência tem seu direito garantido para a educação de
qualidade, sem discriminação e com inclusão. É de conhecimento que existem leis e
diretrizes que amparam as pessoas com deficiência, mas o que está escrito no papel
nem sempre é o que é visto nas escolas, na rua, por isso, não se deve calar em
situações de discriminação, injustiça, exclusão e ausência de dignidade.

A escola e o educador perante ao AEE

A escola é vista como uma instituição, na qual se espera que passem todos
os indivíduos da sociedade, se coloca na posição de ser o primeiro meio social na
vida destes novos membros sociais. Também vincula valores que podem convergir e
conflitar com os que circulam nos outros meios sociais que estes indivíduos estão
envolvidos ou que são expostos.
Portanto, deve assumir explicitamente o papel de educador os seus alunos
dentro dos princípios democráticos. Se é entendida limitadamente com apenas mais
um meio social que vincula valores por aqueles que passam por ela, a escola se
limita na legitimidade que cada indivíduo e a própria sociedade conferir a ela. Se for
vista como espaço de práticas sociais em que os alunos não apenas entram em
contato com valores determinados, mas também estabelecem uma hierarquia
consciente entre valores, ampliam sua capacidade de julgamento e a consciência de
escolhas, se ampliam as possibilidades de atuação da escola na formação moral, já
que se ocupa de uma formação ética, para formação de uma consciência moral
reflexiva cada vez mais autônoma, mais capaz de posicionar-se e atuar em
situações de conflito.
A escola de hoje está deixando um pouco de lado a construção moral e a
educação ética, atribui-se prioridades a outros assuntos, mas esquece que a
formação do indivíduo é a mais importante, e que permeará por toda a sua vida. A
criança que se educa eticamente torna-se um adulto capaz de ir ao encontro do
outro, reconhece-se com seu igual e não assume as regras morais como regras
obrigatórias.
Se a escola deixa de cumprir o seu papel de educador em valores, a
referência ética de seus alunos estará limitado à simples convivência, que pode ser
rica em se tratando de vivências pessoais, mas pode estar também carregada de
desvios de postura, atitude comportamento ou conduta, e ainda, quando os valores
não são bem formais ou sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos
educandos como simples conceitos ideais ou abstratos, principalmente para aqueles
que não os vivenciam, sejam por simulações de práticas vivenciados no cotidiano.
A educação é uma socialização das novas gerações de uma sociedade e,
enquanto tal, conserva os valores dominantes naquela sociedade. Toda educação é
uma ação de diálogo entre seres humanos Uma educação pode ser eficiente
enquanto processo formativo e ao mesmo tempo, eticamente mau. Pode ser boa do
ponto de vista da moral vigente e má do ponto de vista ético.
A educação de fato acontece quando os valores no conteúdo e no exercício
do ato de educar são valores humanos e humanizadores. A educação para a vida
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exige dos educadores uma postura de ação com responsabilidade, ou seja,


habilidades de oferecer respostas mais adequadas às demandas, à medida que
essas se apresentam. O conhecimento atual aponta para atitudes criativas, para a
busca de soluções inéditas, para a liderança ética, para o resgate dos valores.
No Atendimento Educacional Especializado, são disponibilizados diversos
recursos para a fomentação de uma educação digna para os alunos com deficiência.
Com diversos jogos que estimulam raciocínio lógico e espacial, a coordenação
motora, assuntos matemáticos e de Língua Portuguesa, auxiliam o aluno a
diversificar seus conhecimentos e aprender de uma forma divertida e inteligente.
Uma opção para crianças que cuja deficiência gera a falta de concentração, as cores
e desenhos atrai na criança o desejo de descobrir, e utilizar a ferramenta.
A ferramenta digital é parte do pressuposto de inserção as novas
tecnologias e redes sociais, além da adaptação as necessidades de cada
deficiência, há a adaptação as condições sociais hoje vividas. As redes sociais são
algo que todos estão usando, se comunicando, e é mais uma forma de aprendizado
e interação que possibilita inserir o aluno com deficiência em ambientes
diversificados. É importante a apresentação de algo novo, como o computador,
sempre ensinando o quanto essa tecnologia é útil para o aprendizado.
Diversos recursos digitais, livros, brinquedos, estão disponíveis nas salas de
atendimento educacional especializado, todos eles acessíveis para que abracem o
maior número de crianças deficientes, para que, assim, nenhuma se sinta excluída
ou sem acesso à educação digna.

Considerações finais
Por mais que a prática não siga, fielmente, a teoria, é confortável saber que
no decorrer dos anos, as pessoas com deficiência vieram lutando e conquistando
seus direitos e espaço na sociedade, principalmente no que se relaciona com a
educação. O investimento em políticas públicas para auxiliar essas pessoas deve
continuar e ser cada vez mais valorizado, pois transforma a realidade desses alunos,
que antes não tinham perspectivas, pois muitas vezes são taxados como inválidos
na sociedade.
Algumas intervenções do profissional do AEE que são de suma importância
e estão atreladas a seu papel são: a atuação junto com os professores da sala de
aula comum, orientação às famílias dos alunos deficientes, elaboração e execução
do plano de AEE e promover a inclusão do aluno no âmbito educacional.
Os sujeitos do sucesso escolar constroem suas estruturas mentais ou
cognitivas em um processo contínuo, mediante as relações intersubjetivas e através
de práticas de linguagem características da cultura de seus grupos sociais e
especificamente da cultura escolar. A compreensão do sujeito, quanto aos
resultados e comportamentos escolares será possível pela reconstrução da rede de
relações e práticas sociais e, especialmente, das relações familiares nas quais foram
constituídos seus esquemas cognitivos, de percepção e de ação, bem como, sua
forma de funcionamento no contexto escolar.
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O desenvolvimento ou a aprendizagem, se torna plena apenas quando o


educador passa a entender e valorizar a cultura/sociedade assim como as limitações
dos indivíduos. A valorização do ser faz com que se torne um indivíduo social, que
realmente estará envolvido de uma forma correta. A falta da valorização cultural
marginaliza e padroniza os erros da sociedade, menospreza e cria subgrupos de
minorias.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BEDAQUE, Selma Andrade de Paula. P or uma Prática Colaborativa no AEE: Atendimento


Educacional Especializado. 1 ed. Curitiba: Appris, 2014.

DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. São Paulo: Edições Melhoramentos,


1975.

DE LA TAILLE, Yves.Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre:


Artmed, 2006.

GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. I n: R evista de


Administração de Empresas , v. 35 n.2 Mar/Abril 1995ª, p.5763.

MEC/SEESP. Lei da Acessibilidade (Lei 10.098). Ministério da Educação. Secretaria


de Educação Especial. Brasília/DF, 2000.

BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente : lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990,


e legislação correlata . ed 9. Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara,
2010.

MEC/SEESP. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.

(Conselho Nacional de Educação, Resolução no. 04 de 02 de outubro de 2009).


Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. DF, 2009.

MORIN, Edgar. O Método 6: Ética. Porto Alegre: Sulina, 2005. 222 pp.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998.

_________________ Pensamento e Linguagem. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes,


1991.
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