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Como saber se uma prática pedagógica é, de fato, inclusiva? Ou se uma escola que se
diz inclusiva realmente garante o direito de todos à educação?
Apesar do foco nas pessoas com deficiência, tendo em vista o histórico de privação da
participação desse público nas redes de ensino, o DIVERSA adota um conceito amplo
de diversidade humana para pensar a educação inclusiva, cujo público-alvo são todas as
crianças. Todas, sem exceção. Assim, o quinto princípio norteia os demais e orienta as
relações humanas para a construção de uma sociedade mais justa e participativa.
Mas tal garantia não indica que a escola saberá, de antemão, como fazer isso. Até
porque isso nem seria possível. Durante muito tempo, acreditava-se que era possível
generalizar pessoas e, assim, padronizar estratégias terapêuticas e pedagógicas a partir
de um mesmo quadro diagnóstico. Atualmente, já sabemos, por experiência, que essa
noção é no mínimo simplista. Ainda que apresentem pareceres diagnósticos
absolutamente iguais, duas pessoas podem reagir às mesmas intervenções de maneiras
(bem) diferentes. Ou seja, a ideia do preparo prévio nada mais é que um mito.
Não há “receitas prontas” nesse sentido. O ativo é a presença. Ou seja, a escola não tem
mesmo como saber, antecipadamente, como proceder com uma criança ou adolescente
com base em seu diagnóstico. E isso não se aplica somente a pessoas com alguma
deficiência, já que a diferença é própria da condição humana. O processo de
aprendizagem de cada estudante é singular.
O mito do preparo
A ideia de que a escola precisa, antes, estar pronta, para depois receber os alunos com
deficiência é baseada em uma expectativa ilusória de um saber pronto capaz de
prescrever como trabalhar com cada criança. Vygotsky enfatiza que a condição humana
não é dada pela natureza, mas construída ao longo de um processo histórico-cultural,
pautado nas interações sociais realizadas entre o homem e o meio. Ou seja, o preparo do
professor no contexto da educação inclusiva é o resultado da vivência e da interação
cotidiana com cada um dos educandos, com e sem deficiência, a partir de uma prática
pedagógica dinâmica que reconhece e valoriza as diferenças. Não há especialização
capaz de antever o que somente no dia a dia poderá ser revelado.
Em uma das respostas à pergunta “Como fazer adaptações curriculares para alunos com
deficiência intelectual?”, do fórum da Comunidade DIVERSA, a assessora em
Educação Inclusiva Marília Costa Dias enfatiza a importância de isso acontecer de
modo colaborativo. Todos os envolvidos, inclusive a família, precisam participar desse
processo investigativo. Marília aponta também a importância de “oferecer apoios aos
estudantes que precisam de algum tipo de ajuda para realizar as propostas” a fim de
garantir o “direito à igualdade de oportunidades”, reiterando que “é preciso conhecer
muito bem os alunos para saber qual é o apoio que necessitam”. A propósito, a
Convenção da ONU, já mencionada, garante medidas de apoio para pessoas com
deficiência, no âmbito do sistema educacional geral, objetivando sua “inclusão plena”.
A principal medida de apoio é o atendimento educacional especializado (AEE).
Uma escola inclusiva é uma escola que inclui a todos, sem discriminação, e a cada um,
com suas diferenças. Perseguindo a aprendizagem de forma ampla e colaborativa,
oferecendo oportunidades iguais para todos e estratégias diferentes para cada um, de
modo que todos possam desenvolver seu potencial.
Trate-a com respeito e consideração. Se for uma criança, trate-a como criança. ...
DICAS DE RELACIONAMENTO
Como chamar
Prefira usar o termo hoje mundialmente aceito: “pessoa com deficiência (física,
auditiva, visual ou intelectual)”, em vez de “portador de deficiência”, “pessoa com
necessidades especiais” ou “portador de necessidades especiais”;
É importante perceber que para uma pessoa sentada é incômodo ficar olhando para cima
por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que alguns minutos com uma
pessoa que usa cadeira de rodas, se for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela
fiquem com os olhos no mesmo nível.
Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste atenção para
não bater naqueles que caminham à frente. Se parar para conversar com alguém,
lembre-se de virar a cadeira de frente para que a pessoa também possa participar da
conversa.
Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergunte como
deve proceder. As pessoas têm suas técnicas individuais para subir escadas, por
exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até atrapalhar. Outras
vezes, o auxílio é essencial. Pergunte e saberá como agir e não se ofenda se a ajuda for
recusada.
Não se acanhe em usar termos como “andar” e “correr”. As pessoas com deficiência
física empregam naturalmente essas mesmas palavras.
É bom saber que nem sempre as pessoas com deficiência visual precisam de ajuda. Se
encontrar alguém que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a perceber que
você está falando com ela e ofereça seu auxílio.
Nunca ajude sem perguntar como fazê-lo. Caso sua ajuda como guia seja aceita,
coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado. Ela irá acompanhar o movimento do
seu corpo enquanto você vai andando. Num corredor estreito, por onde só é possível
passar uma pessoa, coloque o seu braço para trás, de modo que a pessoa cega possa
continuar seguindo você.
Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam com
pessoas cegas. A menos que ela tenha, também, uma deficiência auditiva que justifique
isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal.
As pessoas cegas ou com visão subnormal são como você, só que não enxergam. Trate-
as com o mesmo respeito e consideração dispensados às demais pessoas. No convívio
social, profissional e/ou educacional, não as exclua das atividades normais. Deixe que
elas decidam como podem ou querem participar.
Fique à vontade para usar palavras como “veja” e “olhe”, pois as pessoas com
deficiência visual as empregam com naturalidade.
Trate a pessoa com paralisia cerebral com a mesma consideração e respeito que você
usa com as demais pessoas.
Quando encontrar uma pessoa com paralisia cerebral, lembre-se que ela tem
necessidades específicas, por causa de suas diferenças individuais, e pode ter
dificuldades para andar, fazer movimentos involuntários com pernas e braços e
apresentar expressões estranhas no rosto.
Não se intimide, trate-a com naturalidade e respeite o seu ritmo, porque em geral essas
pessoas são mais lentas. Tenha paciência ao ouvi-la, pois a maioria tem dificuldade na
fala. Há pessoas que confundem esta dificuldade e o ritmo lento com deficiência
intelectual.
Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque
não aprenderam a falar. Algumas fazem a leitura labial, outras não.
Ao falar com uma pessoa surda, acene para ela ou toque levemente em seu braço, para
que ela volte sua atenção para você. Posicione-se de frente para ela, deixando a boca
visível de forma a possibilitar a leitura labial. Evite fazer gestos bruscos ou segurar
objetos em frente à boca. Fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas
sem exagero. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam para falar mais
devagar.
Ao falar com uma pessoa surda, procure não ficar contra a luz, e sim num lugar
iluminado.
Seja expressivo, pois as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz
que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, e as expressões
faciais, os gestos e o movimento do seu corpo são excelentes indicações do que você
quer dizer.
Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se tiver dificuldade para compreender
o que ela está dizendo, não se acanhe em pedir para que repita. Geralmente, elas não se
incomodam em repetir quantas vezes for preciso para que sejam entendidas. Se for
necessário, comunique-se por meio de bilhetes. O importante é se comunicar.
Mesmo que pessoa surda esteja acompanhada de um intérprete, dirija-se a ela, e não ao
intérprete.
Algumas pessoas surdas preferem a comunicação escrita, outras usam língua de sinais e
outras ainda preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser lentos, requerem
paciência e concentração. Você pode tentar se comunicar usando perguntas cujas
respostas sejam sim ou não. Se possível, ajude a pessoa surda a encontrar a palavra
certa, de forma que ela não precise de tanto esforço para transmitir sua mensagem. Não
fique ansioso, pois isso pode atrapalhar sua conversa.
Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual.
Trate-a com respeito e consideração. Se for uma criança, trate-a como criança. Se for
adolescente, trate-a como adolescente, e se for uma pessoa adulta, trate-a como tal.
Não a ignore. Cumprimente e despeça-se dela normalmente, como faria com qualquer
pessoa.
Dê-lhe atenção, converse e verá como pode ser divertido. Seja natural, diga palavras
amistosas.
Não superproteja a pessoa com deficiência intelectual. Deixe que ela faça ou tente fazer
sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário.
Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência intelectual levam mais
tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais.
Fonte:
“O que as empresas podem fazer pela inclusão das pessoas com deficiência”
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
www.ethos.org.br
COMO AGIR COM UMA CRIANÇA AUTISTA?
No entanto, mesmo que você não seja um estudioso do assunto, basta estar atento
determinadas características para saber como estabelecer um contato amigável.
Saiba como se comunicar: ao falar com a criança autista, procure modular a voz,
fazendo entonações que a ajudem a identificar emoções. Gesticule de maneira a mostrar
que você tem interesse em entendê-la. “Use palavras simples e curtas, expresse-se
usando olhos, boca, nariz e corpo. Converse sobre assuntos que agradem ela e tenha
paciência, dando tempo para a criança processar as informações”, explica Silveira.
Desperte a atenção: aproveite os momentos em que ela está relaxada. Use estímulos
visuais criando ambientes físicos, minimizando estímulos de distração como luz e sons,
por exemplo. Figuras, imagens de objetos e paisagens podem facilitar sua aproximação.
Além disso, demonstre que você se importa com a presença dela naquele lugar.
Brinque com ela: o professor explica que lojas especializadas oferecem pela internet,
produtos para atividades com crianças autistas. No entanto, ele indica que papel,
papelão, balde e potes podem muito bem ser utilizados como brinquedos, porque se
tornam ilimitados pela criatividade.
Conte histórias: conte histórias para a criança usando um repertório de gestos, olhares e
tons de voz. Esse pode ser um jogo bem produtivo, porque incentiva a concentração
sobre a história, enriquece a linguagem e favorece o vínculo.
Cuidado ao toque e com as palavras: a criança autista é hipersensível. Então cuide com
a intensidade da voz, com os gritos e até abraços. Ao perceber que uma determinada
palavra a incomoda, procure estudar o que isso pode significar para a criança. Tudo o
que você falar, explique palavra por palavra.
Ajude-a quando ela se assustar: descubra o que a assustou. Se for um ruído, veja se
consegue eliminar esse estímulo. Se ela se debater ou sacudir o corpo, afaste objetos que
possam machucá-la. Ao proteger a cabeça da criança, pegue-a no colo ou deixe uma
almofada ou travesseiro sob sua cabeça. “Para acalmá-la você pode fazer uma pequena
massagem nas têmporas, nos ombros nas costas ou pés. Se puder permita que ela ouça
uma pequena canção acompanhada de movimentos suaves e cuidadosos”, recomenda o
professor.
Quando for necessário quebrar a rotina: a criança autista pode ter resistência a
mudanças e uma rotina modificada por provocar reações como comportamentos
repetitivos. Para quebrar rotinas dessa criança, apresente sinais de transição (objetos,
gestos), use um timer, uma campainha para a criança se acostumar com uma mudança
de atividade. Se for de um lugar para o outro, explique como, quando e para onde ela
está indo.
Incentive o contato com outras pessoas: manter objetos de agrado da criança à sua vista,
mas inalcançáveis, fazem com que ela tenha de se comunicar com adultos para
conseguir o que quer.
Desde 2007, a ONU instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização
do Autismo. Isso porque ainda há bastante preconceito em relação ao autismo, mesmo
que o conhecimento médico sobre o assunto seja vasto. Inclusive, a necessidade de
conscientizar o maior número possível de pessoas sobre o tema e o fato de que o
transtorno afeta mais os meninos, transformou abril em Abril Azul. De acordo com a
ONU, hoje, uma em cada 68 crianças apresenta algum transtorno do espectro do
autismo.
Angélica Favretto
25/05/2017