O documento discute a importância da educação especial para atender às necessidades individuais dos alunos. A educação especial deve ser desenvolvida de forma a considerar as diferenças de cada pessoa e permitir seu pleno desenvolvimento. O texto também lista e descreve diferentes tipos de necessidades especiais que podem requerer educação especializada.
Descrição original:
educ
Título original
A Validade Da Educação Especial Se Justifica Na Certeza Da Importância Da Educação Para Todos
O documento discute a importância da educação especial para atender às necessidades individuais dos alunos. A educação especial deve ser desenvolvida de forma a considerar as diferenças de cada pessoa e permitir seu pleno desenvolvimento. O texto também lista e descreve diferentes tipos de necessidades especiais que podem requerer educação especializada.
O documento discute a importância da educação especial para atender às necessidades individuais dos alunos. A educação especial deve ser desenvolvida de forma a considerar as diferenças de cada pessoa e permitir seu pleno desenvolvimento. O texto também lista e descreve diferentes tipos de necessidades especiais que podem requerer educação especializada.
A validade da educação especial se justifica na certeza da importância
da educação para todos. Assim, para alguns, ela deve se desenvolver
de forma especial, para atender às diferenças individuais dos alunos, através da diversificação dos serviços educacionais. A educação consiste em um trabalho que visa desenvolver as oportunidades para que cada um venha a ser uma pessoa em toda a sua plenitude, apoiando-se nos recursos da pessoa, mediante a consideração de suas necessidades e fraquezas, suas forças e esperanças. O princípio está na capacidade de crescimento do ser humano, que é ilimitada. Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma espécie de limitação requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional, a fim de que possam atingir seu potencial máximo. Essas limitações podem decorrer de problemas visuais, auditivos, mentais ou motores, bem como de condições ambientais desfavoráveis. Principalmente a partir da década de 60, tem-se uma clara compreensão da importância e significação dos anos pré-escolares no desenvolvimento de um padrão de comportamento para toda a vida. Para as crianças com deficiências, a educação pré-escolar torna-se ainda mais necessária, pois oportuniza que desfrutem ao máximo todas as possibilidades de um ambiente educacional organizado, aproveitando ainda os benefícios do convívio com outras crianças. É a presença de necessidades educacionais especiais que irá indicar se um aluno deve receber educação especial, e não apenas a presença de uma deficiência ou superdotação, pois, a existência de uma deficiência, não torna obrigatório que seu portador não possa ser bem atendido mediante os processos comuns de educação. Após a realização de um diagnóstico educacional por uma equipe interdisciplinar, pode-se recomendar, de acordo com cada caso, a educação especial. As situações de ensino são especiais, quando utilizam recursos físicos e materiais especiais, profissionais com preparo específico e alguns aspectos curriculares que não são encontrados nas situações comuns. É de extrema importância que sejam consideradas primeiramente todas as possibilidades de utilização da escola comum, como um recurso integrado com outras formas de atendimento que o aluno tenha necessidade. Nos estados e municípios do Brasil, com suas extremas diferenças de estrutura e distribuição de renda, encontramos locais com boas situações de atendimento a esses alunos, até aqueles locais, que quase não dispõem de condições de atendimento adequado à faixa de sua população escolarizável, quanto mais a alunos portadores de alguma necessidade especial. Os recursos mais frequentemente encontrados são: Ensino Itinerante que é a prestação de serviços, por um professor especializado, que visita várias escolas comuns que recebem alunos excepcionais. Esse professor especializado atende tanto aos professores, para orientá-los, quanto aos próprios alunos. A Sala de Recursos que é uma sala que conta com materiais e equipamentos especiais, na qual o professor especializado, fixo na escola, auxilia os alunos nos aspectos específicos em que precisam de ajuda para manterem-se na classe comum. Na maioria dos locais esse profissional também presta atendimento aos professores das classes comuns, aos demais profissionais da escola e à família dos alunos. A Classe Especial Instalada em escola comum que se caracteriza pelo agrupamento de alunos classificados como da mesma categoria de excepcionalidade, que estão sob a responsabilidade de um professor especializado. Tem sido mais utilizada para alunos deficientes mentais educáveis. E a Escola Especial ou Educação Especial que é aquela que foi organizada para atender específica e exclusivamente a alunos excepcionais. Algumas atendem apenas a um tipo de excepcionalidade, outras já atendem a diferentes tipos. Tem sido bastante criticadas por reduzir o convívio do aluno excepcional com outras crianças não portadoras de desvios, bem como pelo estigma de que são objetos tanto a escola, como seus alunos. É importante que nos lembremos que sempre existirão alunos que necessitam desse tipo de atendimento. A deficiência pode gerar uma incapacidade em relação a determinada função física ou comportamental, o que não significa que, por meios alternativos, como, por exemplo, adaptações, essa incapacidade não possa ser contornada ou compensada. É muito comum o portador de deficiência ser visto como incapaz, e esse tipo de postura gera não somente um conflito de conceitos em relação aos diferentes tipos de deficiências, como também uma generalização a respeito das habilidades e potencialidades do indivíduo que as porta. Conforme Mazzotta (1982: 15), transferir incapacidades a outros planos da vida do indivíduo, porque ele é incapaz, por exemplo, de andar ou ver, cria tamanha generalização da deficiência, que a pessoa passa a ser vista, em sua totalidade, como deficiente e não como portadora de determinada deficiência. São inúmeras as desvantagens e desvios existentes na classificação de pessoas em categorias, mas elas acabam tornando-se necessárias, principalmente do ponto de vista da administração do Sistema Educacional. A classificação abaixo decorre do modelo clínico, combinado sempre que possível ao modelo educacional. Os superdotados possuem desempenho intelectual, cognitivo, aptidão acadêmica específica, capacidade psicomotora ou talento especial para artes visuais, dramáticas ou musicais, acima da média; Deficientes mentais são aqueles que apresentam funcionamento intelectual geral abaixo da média. Classificam-se em três grupos. Os deficientes mentais educáveis que apresentam índice intelectual de metade a 3/4 em relação ao desenvolvimento intelectual normal, ou seja, um QI entre 50 e 75. Podem adquirir algumas habilidades como a de leitura, escrita, cálculo, entre outras, no que se refere à alfabetização. Os treináveis, cujo nível intelectual está entre 1/3 e metade do índice da média, ou melhor, QI de 30 a 55, sendo-lhes possível somente desenvolver habilidades básicas de cuidado pessoal, ou seja, vestir-se, comer, escovar dentes, aprender a falar e manter conversas simples. E os dependentes que possuem nível intelectual com QI menor que 30, com comprometimentos importantes a ponto de apenas serviços educacionais comuns ou mesmo especializados para deficientes educáveis e treináveis, não serem suficientes para seu atendimento. Os excepcionais psicossociais são aqueles que apresentam sérios problemas comportamentais. Desse grupo fazem parte os portadores de distúrbios emocionais, cujas reações diante das situações da vida são pessoalmente inapropriadas tais como: os depressivos ou esquizofrênicos. Os portadores de desajustes sociais apresentam um padrão crônico de violência e desrespeito, como os psicopatas (MAZZOTTA 1982: 38). A Excepcionalidade múltipla, conforme Mazzotta (1982: 38), pode-se utilizar o termo para qualificar os que apresentam mais de uma deficiência, como, por exemplo, físico-mental, cegosurdo, deficiente físico superdotado, etc. Otto Marques da Silva (1987: 371) completa o quadro de deficiências acrescentando mais dois tipos: Os desvios funcionais, quando as funções do corpo são prejudicadas por um defeito físico: afásicos ou pessoas que têm dificuldade de comunicação, por exemplo. E os desvios orgânicos que são os mais freqüentes no homem, originados por deficiência do organismo. Nesse grupo estão as cardiopatias, as doenças respiratórias, etc. Os excepcionais por desvios físicos estão divididos em dois grupos: os sensoriais e os não-sensoriais. No grupo dos é englobado os deficientes auditivos: apresentam perda da audição acima de 45 decibéis nas freqüências da fala, em ambos os ouvidos. Estes costumam ser divididos em duas categorias: os surdos, cuja perda da audição está acima de 70 decibéis, e os hipoacústicos, cuja perda oscila entre 45 e 70 decibéis; E os deficientes visuais que também são divididos em duas categorias: os cegos, aqueles que nada enxergam e precisam então do método Braille para sua educação, e os de visão subnormal, que possuem acentuada dificuldade de visão e precisam de recursos didáticos especiais, tais como materiais impressos em edições ampliadas ou outros sistemas (MAZZOTTA, 1982: 37, 38). Os excepcionais não-sensoriais possuem comprometimento da parte motora, dificuldade de locomoção, problemas de postura, falta de agilidade, de coordenação motora, vitalidade e força. Esse grupo comporta várias subdivisões, de acordo com as particularidades das dificuldades. Neurológicas: afetam o sistema nervoso em algumas de suas estruturas, prejudicando-lhe o funcionamento e, consequentemente, afetando outras estruturas do corpo, como, por exemplo, a musculatura. Dentre as deficiências desta categoria estão: Paralisia Cerebral (PC), Mielomeningocele (Mielo), Sequela de Poliomielite (Paralisia Infantil), Acidente Vascular Cerebral (AVC), Hidrocefalia, Lesão Medular; Musculares: divide-se em dois grupos: as que afetam primeiramente o sistema nervoso e, por consequência, a musculatura (doenças neuromusculares) e as que afetam unicamente a musculatura (miopatias), comprometendo os movimentos e a resistência muscular. Dentre as deficiências neuromusculares as mais conhecidas são as distrofias musculares progressivas, tipo Becker e Duchenne, e Amiotrofia Espinhal Progressiva. Dentre as miopatias, temos as miastenias e as hipotonias benignas; Ósseas: casos de má formação dos ossos, levando, portanto, a deformidades por vezes muito graves. As mais comuns são: OsteogenesisImperfecta (Ossos quebradiços), Má Formação Congênita (MFC), Displasia Congênita de Quadril (luxação congênita), entre outras; Artropáticas: afetam primeiramente as articulações. Normalmente não causam deficiências infanto-juvenis. Muitos dos problemas artropáticos são consequência de alguns problemas neurológicos ou miopáticos, como no caso da Artogripose e das neuroartropatias. Nessa categoria as mais conhecidas são a Artrite e a Artrose. A grande maioria dos portadores de deficiências físicas não-sensoriais não apresenta desvio intelectual algum e pode usufruir de uma vida normal, desde que lhe sejam proporcionadas facilidades de acesso, ou adaptações nas ruas, transportes, instalações arquitetônicas, entre outros utensílios. Talvez nessa categoria esteja a maior parte das deficiências existentes. A Educação Especial na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394 de 20 de dezembro de 1996. Capítulo V- Da Educação Especial- (Artigos 58 ao 60) A lei entende como educação especial a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas do aluno, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. A oferta de educação especial é dever constitucional do Estado e tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil, devendo os sistemas de ensino assegurar aos educandos com necessidades especiais, currículos, professores e outras condições de organização escolar adequadas às necessidades, inclusive dos superdotados. Em todo o mundo se iniciou um processo de reintegração da criança portadora de deficiências ou distúrbios de aprendizagem na Escola e classes comuns. O nome desse movimento mundial é Educação Inclusiva, que propõe o atendimento da criança em classes comuns, garantindo-se as especificidades necessárias, com um atendimento de um professor especialista ao professor da classe comum. O mais importante documento que norteia a Educação Inclusiva é a Declaração de Salamanca. Esta é ao mesmo tempo, uma Declaração de Direitos e uma proposta de ação. Surgiu na Conferência Mundial, patrocinada pela UNESCO em junho de 1994, em Salamanca, na Espanha. Tem como objetivo maior garantir o direito a todos os alunos, com qualquer grau de deficiência ou distúrbio de aprendizagem, ao que comumente chamamos e Educação Comum. Na concepção inclusiva, o deficiente mental é considerado autônomo e independente em relação à assimilação do novo conhecimento, de acordo com as possibilidades e limitações de integrá-lo ao arcabouço que já possui. A adaptação ao conteúdo escolar é realizada por ele de maneira a conquistar sua emancipação intelectual. O professor prepara atividades diversificadas para seus alunos, independentemente de haver alunos com ou sem deficiência. O conteúdo estudado é desenvolvido com todos eles, sem distinção. Não há atividade separada, o que excluiria o aluno dentro do processo de inclusão. A avaliação dos alunos com deficiência mental tem como objetivo o conhecimento de seus avanços na compreensão dos conteúdos curriculares, durante o ano letivo, o que é igual para todos os alunos, sem diferenciação. Para obter sucesso dentro dessa proposta educacional, a escola deve estar aberta a professores, alunos e comunidade. O professor deve contar com o suporte da direção da escola e de especialistas da área da educação. Cabe ao professor a autonomia para criar e experimentar alternativas de ensino. A gestão escolar deve ser imparcial, adotando uma postura participativa, descentralizada, aberta às novas idéias, buscando melhoria da qualidade na educação e atendimento aos educandos. O intercâmbio entre profissionais faz toda a diferença para o aprofundamento e melhor desempenho do aluno, do professor e do especialista, visto que só ocorrem mediante envolvimento, parceria e cumplicidade das partes. O atendimento clínico é relevante para o progresso dos casos de pessoas com deficiência mental, mas este não deve sobrepor-se à educação escolar e ao atendimento educacional. Muitas áreas como a medicina, a psicologia, serviço social e educação vêm se interessando e se aprofundando cada vez mais na condição das crianças e adultos com deficiências mentais. Cada área vê a condição a partir de sua própria perspectiva. O atendimento educacional especializado não deve ser entendido como ensino particular ou reforço escolar, mas como um complemento do conhecimento acadêmico e do ensino coletivo, para atender às especificidades, as necessidades individuais dos alunos com deficiência, visando à eliminação das barreiras que eles apresentam ao relacionar-se com o ambiente externo. As áreas envolvidas precisam atuar concomitantemente, para beneficiar o desenvolvimento das pessoas com deficiência. O ambiente escolar inclusivo é o meio mais apropriado para desenvolver as habilidades necessárias à construção das relações humanas, combatendo ações discriminatórias, incentivando o surgimento de comunidades acolhedoras, nascendo, portanto, uma sociedade inclusiva onde a educação é igualitária. Este trabalho pode ser realizado em grupos, não homogêneos, formados por alunos da mesma faixa etária e em vários níveis do processo de conhecimento. Os alunos podem ser deficientes com ou sem causa orgânica esclarecida, e vários tipos de deficiência podem compartilhar o mesmo atendimento. Esse ambiente permite que o aluno aproveite sua vivência, experiência e que se manifeste de forma autônoma e criativa no processo de construção do conhecimento, podendo se mobilizar e buscar o atendimento de suas necessidades, tornando-se um ser pensante e desejante do saber. O objetivo é que o aluno construa sua inteligência, usando um arcabouço de recursos intelectuais próprios, ainda que limitados por uma deficiência, tornando-se um agente ativo, adquirindo habilidades que serão exigidas no exercício da desejada liberdade e autonomia do deficiente. Mesmo que a limitação do aluno com deficiência mental seja grave, freqüentar a escola comum para aprender conteúdos acadêmicos e participar desse universo social, já proporcionará grandes ganhos, favorecerá o aproveitamento no atendimento educacional especializado e este, por sua vez, atuará de forma retroativa sobre o indivíduo, auxiliando sua socialização e aumentando sua compreensão do mundo. No ensino comum, o aluno constrói um conhecimento básico e exigido socialmente, o qual depende da aprovação da sociedade. No atendimento educacional especializado, o aluno constrói seu próprio conhecimento, o que é necessário para alcançar o conhecimento acadêmico, mas sem o compromisso do aproveitamento escolar. A escola deve se preparar para receber alunos deficientes. É mais crítica a situação em escolas que adotam uma postura conservadora diante da educação, reforçando o caráter elitista. Ainda existe a resistência de muitas instituições educacionais, o que piora o cenário e reforça a discriminação. Um desafio para os educadores vem sendo a execução das políticas públicas que prestigiem a inclusão educacional, uma escola para todos, que atenda não somente os alunos que apresentam deficiências, como também aqueles que têm algum tipo de necessidade, podendo ser temporárias ou permanentes. Este desafio para o contexto escolar contempla o direito de acesso e permanência dos indivíduos que apresentam deficiência mental nas classes comuns do ensino regular e está assegurado por lei. Para colocar em prática o movimento a favor da educação inclusiva, que já existia no Brasil, era fundamental o amparo legal favorecendo os excluídos e a partir dessa começaram a ganhar espaço nos documentos oficiais brasileiros regulamentando-a. Hoje, a inclusão das pessoas com deficiência na escola e na sociedade está concretizado pelas leis federais, estaduais e municipais. Libâneo, Oliveira e Toshi (2003, p. 316), definem os conceitos de gestão/organização escolar da seguinte maneira: “A organização escolar refere-se aos princípios e procedimentos relacionados à ação de planejar o trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros, intelectuais) e coordenar e avaliar o trabalho das pessoas, tendo em vista a consecução de objetivos”. Uma vez que o papel do gestor é organizar a escola de uma maneira geral, também cabe ao gestor criar situações de interação entre família e escola, e principalmente, organizar uma escola democrática , assim como determina a LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9.394/96, em seu artigo 14, vale citar: Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os princípios: I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. O gestor deve propiciar a participação democrática na administração da escola, envolvendo pessoas da sociedade: pais de alunos, ex- alunos, profissionais de outras áreas e aquelas ligadas diretamente à educação.
Segundo Davis (2002, p. 34) “O que aproxima os integrantes da
comunidade escolar, em maior ou menor grau, são os interesses comuns que compartilham em torno do conhecimento, sejam pais, alunos, professores ou outros protagonistas”. Essas pessoas podem auxiliar a escola com participação em atividades como análise de situações e ação sobre essas situações, através de tomadas de decisões e exposição de idéias, também podem ajudar em projetos interdisciplinares demonstrando as habilidades, participando de entrevistas etc. Os pais devem participar de maneira institucional em várias áreas, exceto na qual seja de competência estritamente profissional. Será por meio de associações que os pais farão ouvir a sua voz coletiva no conjunto do sistema. As associações de pais e mestres poderão influir no sistema educacional como um todo, mediante o diálogo com a administração e sua atuação direta nos órgãos de assessoria em que estão presentes, tais como os Conselhos Escolares (LÓPEZ, 2002, p.78/79). O ambiente democrático faz com que as pessoas sintam-se úteis e orgulhosas de poderem fazer parte da educação escolar, ajudando, assim, para a construção de uma sociedade melhor. A auto-estima adquirida através da participação nas atividades escolares faz com que a comunidade sinta-se cada vez mais envolvida e queiram participar constantemente. Porém, o gestor deve estar atento para que essa participação ativa não acabe tornando-se um problema, pois mesmo tendo o intuito de organizar uma escola democrática, também deve saber até que ponto pode dar liberdade para que as pessoas participem, para não interferirem em questões que cabem apenas aos profissionais especializados. A Gestão Democrática caseia bem com a inclusão educacional, proporcionando uma educação comprometida com o exercício da cidadania, formando uma sociedade democrática, possibilitando o convívio com a diversidade. A Educação especial deve criar meios que garantam o acesso e a permanência dos alunos com deficiência nas escolas, alcançando educação para todos. Conviver com a diversidade é enriquecedor para todos, especialmente desde os primeiros anos de vida. As crianças perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente, desenvolvem a cooperação e a tolerância e são mais bem preparadas para a vida adulta, porque compreendem que as famílias e os espaços sociais são homogêneos (CARVALHO, 1999, p.219) Por muitos anos as pessoas com Necessidades Educativas Especiais (a partir de agora NEE) foram mantidas em completa exclusão social seja pela família ou pela própria sociedade. Essas pessoas sempre encontraram obstáculos para se sentirem ou estarem envolvidas no seu contexto social devido as dificuldades de aceitação dos que se distanciam dos padrões estabelecidos pela sociedade. No entanto, atualmente a educação vem rompendo barreiras, derrubando paradigmas e formulando novos conceitos sobre o que é educar e sua finalidade nesse contexto de exclusão. O movimento inclusivo já é real em algumas escolas onde as pessoas com NEE têm sido vistas como pessoas capazes de aprender desenvolver-se e serem úteis nessa sociedade. A educação inclusiva é um conjunto de processos educacionais decorrente da execução de políticas articuladas impeditivas de qualquer forma de segregação e de isolamento. Estas políticas buscam alargar o acesso à escola regular, ampliar a participação e assegurar a permanência de TODOS OS ALUNOS nela, independentemente de suas particularidades. Sob o ponto de vista prático, a educação inclusiva garante a qualquer criança o acesso ao Ensino Fundamental, nível de ensino obrigatório a todo cidadão brasileiro. De acordo com Fonseca (2003, p. 104), “educar uma criança com necessidades educacionais especiais ao lado de crianças consideradas normais é um dos principais basilares da sociedade democrática e solidária”. Na escola inclusiva o processo educativo é entendido como uma ação social em que todas as crianças com necessidades especiais e distúrbio de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo possível do normal. Este deve ser dosado de acordo com as necessidades dos educandos. Mantoan (2003, p. 32) afirma que a escola inclusiva [...] provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a identidade do aluno. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais. Então a Educação Inclusiva exige atendimento de necessidades especiais, não apenas dos portadores de deficiência, mas de todas as crianças; implica em trabalhar com a diversidade de forma interativa – escola e setores especializados; requer que crianças portadoras de necessidades especiais saiam da exclusão e participem de classes comuns. Comuns são as escolas que operam de acordo com as exigências da Constituição Federal e da legislação infraconstitucional e cuja autorização de funcionamento ocorre nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN e dos dispositivos complementares de cada sistema de ensino. As classes comuns, por outro lado, são uma forma de distribuição dos alunos adotadas pelas escolas comuns em função do nível de conhecimento destes. Na educação básica, as escolas e classes comuns são organizadas com regras comuns previstas no artigo 24 da LDBEN. A inclusão dos alunos com NEE em classes comuns torna-se um grande benefício principalmente para os estudantes sem deficiência, pois a grande maioria descobre ser capaz de atos solidários e cooperativos desde cedo, tornando-se mais compreensivos, tolerantes e confiantes nas relações com os outros. As ofertas no atendimento na Classe Comum passam a abranger também a atuação de professor da educação especial, de professores intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis – Língua de Sinais, Sistema Braille, instrutores surdos e itinerância. Há também a oferta de atendimento na Sala de Recursos, na qual o professor da educação especial realiza a complementação e/ou suplementação curricular, utilizando equipamentos e materiais específicos. As escolas passam a fazer adequação física dos edifícios para receberem os alunos. Pode-se dizer ainda que, a inclusão escolar é benéfica devido ao fato de a educação atender todas as pessoas, independente de suas habilidades e/ou dificuldades. E também por não esquecer o direito do cidadão. As escolas são construídas para promover educação para todos; portanto, todos têm direito de participar ativamente da sociedade da qual fazem parte. É direito de toda criança ter uma educação de qualidade em que suas necessidades possam ser atendidas possibilitando desenvolver seus lados cognitivos, emocionais e sociais. Mantoan (2003, p. 15) comenta: A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidade de ensino, tipos de serviço, grades curriculares. Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por todos os que dela participam. “Para entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são. (...)”. Rubem Alves. O movimento inclusivo já é real em alguns lugares. A sociedade está sofrendo mudanças fundamentais precisam ser efetivadas e adaptadas as novas exigências, como a capacidade solidária entre as pessoas. O homem mudou consideravelmente a sua história, seus rumos, seu eco-sistema, muitas foram às modificações ocorridas pelos avanços da ciência, contudo há muitas pessoas em grave sofrimento, quer seja por fome, desamparado, injustiça social, preconceito, perseguição política, tragédias dentre outros fatos sociais. Percebemos cada vez mais textos e publicações falando de inclusão, seus benefícios, seus sucessos quer sejam no âmbito da educação, no mundo do trabalho ou nas relações entre pessoas, mas carecemos de mudanças que caminham ainda a passos curtos. A sociedade do terceiro milênio é uma sociedade em que não há mais espaço para a exclusão. A inclusão é um dos princípios fundamentais para a transformação humanizadora desta sociedade do terceiro milênio. É ainda muito difícil pensar que a educação tem seu movimento lento, porque exatamente seu objeto de intervenção é a criança, e sendo ser humano temos tempo para maturar tudo e isso leva anos. Qualquer que seja a transformação na educação ela é paulatina, mas isso não impede de construirmos atitudes e práticas em nosso cotidiano com o devido tempo e cuidado. A escola urge em sua mudança estrutural, é impossível falarmos de Educação Inclusiva com as escolas ainda funcionando com séries, currículos fechados e ou adaptações curriculares e avaliações formatadas, com professores trabalhando sozinhos e com práticas reducionistas ou adaptadas. Urgimos da mudança de funcionamento do sistema escolar por ciclos, currículos individuais, progressão continuada, avaliações continuas e auto-avaliações, respeitando a individualidade de todos os alunos. Uma educação pautada na cooperação, na criatividade, na reflexão crítica, na solidariedade, uma educação libertária e emancipadora. De acordo com o Seminário Internacional do Consórcio da Deficiência e do Desenvolvimento (International Disability and Development Consortium - IDDC) sobre a Educação Inclusiva, realizado em março de 1998 em Angra, na Índia, um sistema educacional só pode ser considerado inclusivo quando abrange a definição ampla deste conceito, nos seguintes termos: Reconhece que todas as crianças podem aprender; Reconhece e respeita diferenças nas crianças: idade, sexo, etnia, língua, deficiência/inabilidade, classe social, estado de saúde (HIV, Tuberculose, Hemofilia, Hidrocefalia, ou qualquer outra condição); Permite que as estruturas, sistemas e metodologias de ensino atendam as necessidades de todas as crianças; Faz parte de uma estratégia mais abrangente de promover uma sociedade inclusiva; É um processo dinâmico que está em evolução constante; Não deve ser restrito ou limitado por salas de aula numerosas nem por falta de recursos materiais. Estas perspectivas históricas levam em conta a evolução do pensamento acerca das pessoas com deficiência ao longo dos últimos cinqüenta anos, no entanto, elas não se desenvolvem simultaneamente em todos os países, e conseqüentemente retrata uma visão histórica global que não corresponde ao mesmo estágio evolutivo de cada sociedade. Estas perspectivas são descritas segundo Peter Clough: 1. O Legado Psico-médico ou clínico: (predominou na década de50) vê o indivíduo como tendo de algum modo um déficit/patologia e por sua vez defende a necessidade de uma educação especial para aqueles indivíduos. 2. A Resposta Sociológica: (predominou na década de 60) representa a crítica ao legado psico-médico, e defende uma construção social de necessidades educativas especiais. 3. Abordagens Curriculares: (predominou na década de 70) enfatiza o papel do currículo na solução e, para alguns escritores, eficazmente criando - dificuldades de aprendizagem. 4. Estratégias de Melhoria da Escola: (predominou na década de 80) enfatiza a importância da organização sistêmica detalhada na busca de educar verdadeiramente. 5. Crítica aos Estudos da Deficiência: (predominou na década de 90) frequentemente elaborada por agentes externos à educação, elabora uma resposta política aos efeitos do modelo exclusionista do legado psico-médico. Um acordo foi celebrado em 25 de agosto de 2006 em Nova Iorque, por diversos Estados em uma convenção preliminar das Nações Unidas sobre os direitos da pessoa com deficiência o qual realça, no artigo 24, a Educação Inclusiva como um direito de todos. O artigo foi substancialmente revisado e fortalecido durante as negociações que começaram há cinco anos. Em estágio avançado das negociações, a opção de educação especial (segregada do ensino regular) foi removida da convenção, e entre 14 e 25 agosto de 2006, esforços perduraram até os últimos dias para remover outro texto que poderia justificar o segregação de estudantes com deficiência. Após longas negociações, o objetivo da inclusão plena foi finalmente alcançado e a nova redação do parágrafo 2 do artigo 24 foi definida sem objeção. Cerca de sessenta delegações de Estado e a Liga Internacional da Deficiência (International Disability Caucus), que representa cerca de 70 organizações não governamentais (ONGs), apoiaram uma emenda proposta pelo Panamá que obriga os governos a assegurar que: as medidas efetivas de apoio individualizado sejam garantidas nos estabelecimentos que priorizam o desenvolvimento acadêmico e social, em sintonia com o objetivo da inclusão plena. A Convenção da Deficiência é o primeiro tratado dos direitos humanos do Século XXI e é amplamente reconhecida como tendo uma participação da sociedade civil sem precedentes na história, particularmente de organizações de pessoas com deficiência. Elementos significativos do artigo 24 da instrução do esboço: Nenhuma exclusão do sistema de ensino regular por motivo de deficiência; Acesso para estudantes com deficiência à educação inclusiva em suas comunidades locais; Acomodação razoável das exigências individuais; O suporte necessário dentro do sistema de ensino regular para possibilitar a aprendizagem, inclusive medidas eficazes de apoio individualizado Barreiras ao ensino inclusivo: Atitudes negativas em relação à deficiência; Invisibilidade na comunidade das crianças com deficiência que não freqüentam a escola; Custo; Acesso físico; Dimensão das turmas; Pobreza; Discriminação por gênero; Dependência (alto nível de dependência de algumas crianças com deficiência dos que as cuidam). A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), tendo como finalidade o desenvolvimento integral de crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas, compreendendo os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais. De acordo com os Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil (1998), está designado às creches o atendimento para crianças de zero a três anos, podendo se estender até quatro anos e meio em alguns municípios, se assim for necessário. As oportunidades de relações oferecidas na creche entre educadores e crianças e crianças entre si, sem laços familiares ou de parentesco, diferem daquele que se recebe em casa. A creche entendida como instituição educativo-profissional, torna-se o primeiro local em que a criança vivencia situações de inclusão. Neste ambiente é comum as crianças serem designadas a salas específicas conforme sua idade, assim, crianças de zero a um ano e meio geralmente ficam agrupadas num local chamado Berçário. A partir de um ano e meio até em média três anos elas freqüentam o Maternal I e crianças de três até quatro anos e meio correspondem aquelas do Maternal II. A mudança de sala quando não bem elaborada, pode soar para a criança como um desagrado, uma rejeição, algo que ela tenha feito e não foi bem sucedida ou aceita e por isso não a querem mais no grupo. Esta situação requer atenção específica dos educadores por se tratar de um momento onde ocorrerá a inclusão ou a exclusão. Entendendo a criança como alguém em desenvolvimento, compreende-se que não se age com ela como se esta não interagisse. A criança mesmo pequena tem suas vontades, suas necessidades e desejos que precisam ser considerados, compreendidos e respeitados. Toda ação precisa ser refletida, discutida antes de ser praticada. Neste sentido, é a criança antes de qualquer pessoa, precisa ser questionada e ouvida por alguém no qual ela confie, pois é ela que vai se desligar de um grupo no qual interagia tentar criar um novo vínculo com outras crianças. O remanejamento da criança para outra turma pode parecer para nós adultos algo normal, sem maiores complicações. Porém para a criança representa uma perda de algo significativo naquele momento, que são os colegas, o educador, os brinquedos, as brincadeiras, o próprio ambiente onde de certa maneira já estava adaptada lhe expressava conforto, segurança, acolhimento. Os fatores históricos, sociais e econômicos determinavam as características do modelo tradicional da creche. A característica assistencialista da creche é hoje em dia ainda muito forte, muito presente em algumas instituições e na consciência de muitas pessoas. Noutras há objetivos educacionais explícitos como proposta pedagógica fundamentada nas ciências pertinentes e com profissionais qualificados. Cuidado e educação são assuntos polêmicos, não há como indissociá-los num ambiente como a creche. Quando a criança é alimentada, precisa tomar banho, dormir ou ser medicada, são situações que soam como mero assistencialismo, requerendo uma dinâmica um tanto mecânica e prática vista por alguns como pouco importante; no entanto, são nesses momentos em que se instiga a criança a ser autônoma, responsável, ativa, interagindo com os demais. É a identidade da criança que está se formando, e as atividades diárias são participantes deste processo, pois muito da cultura do grupo é transmitida nesses momentos. O viés seguido na dinâmica diária de uma creche relaciona-se com cuidado e educação. Cada sala, cada grupo e cada educador possui sua maneira de conduzir essa dinâmica. Quando a criança é remanejada da turma, o novo educador precisa ter maior atenção, pois além de estar num novo ambiente, a maneira como se é cuidado e educado diferem. Nas situações em que a criança interage com o adulto de referência e com as demais crianças transparece o caminho para a inclusão dela na nova turma. Observá-la com atenção, convidá- la para ingressar e interagir com os pares em situações simples como ajudar a organizar os livros na estante, guardar os brinquedos numa caixa, arrumar os talheres e pratos na mesa, ajudar no banho de outra criança, enfim, dependendo da idade da criança o educador pode encontrar inúmeras maneiras de construir com o novo membro do grupo um ambiente acolhedor e capaz de incluí-lo verdadeiramente, não somente integrá-lo. A criança nesse novo momento poderá se sentir mais segura com objetos particulares como chupeta, ursinho, fralda para segurar na mão, etc. Pode chorar durante bom tempo ou em determinados momentos, isolar-se do grupo e brincar sozinha, fugir para a sala anterior ou pedir colo. Essas situações requerem certo preparo do educador, que muitas vezes acredita que tudo isso que acontece com a criança seja manha para chamar a atenção.
Os momentos de acolher, dar colo, carinho e atenção podem soar ao
educador como puro assistencialismo, sem conteúdo educacional. No entanto, enquanto eu acolho há um envolvimento tanto emocional como verbal. Durante o acolhimento de uma criança há interação verbal, onde o educador expressa através da fala palavras que possam trazer à criança um sentimento de conforto, compreensão. A linguagem, a interação entre sujeitos através da fala em qualquer momento dentro da creche, está vinculada a questões educacionais. Não há como fragmentar a assistência e educação neste ambiente. Não há como acreditar que o trabalho do educador que presta assistência é inferior àquele que educa, porque ambos os trabalhos são indissociáveis. Acreditamos que a questão da assistência é considerada inferior à educação por questões ideológicas produzidas na nossa sociedade. Muitas vezes esta diferença se faz entre os próprios educadores, menosprezando o trabalho de uns e enaltecendo o de outros. Cuidar e educar são elementos indissociáveis e possibilitadores de inclusão. A maior parte do dia-a-dia de uma creche está centrada em momentos práticos e de assistência por questões de direitos prioritários à infância, como alimentação, higiene, descanso e momentos de lazer onde as brincadeiras ocupam seu lugar. Todas atividades diárias que surgem na creche, a própria rotina apresentam ligações com conteúdos educacionais. Desde a orientação de como se portar à mesa até a construção de uma brincadeira coletiva no parque. Enquanto a criança brinca com um grupo, os contatos são fontes preciosas de crescimento e amadurecimento interior. Nas brincadeiras, não basta ter uma idéia, ela precisa ser discutida e argumentada para convencer o grupo. Nestas situações ela precisa aprender a ouvir e fazer-se ouvir, discutir, pensar em equipe, decidir o caminho para brincar. São nas simples situações que se transmitem valores, crenças e costumes da sociedade. São nesses momentos compreendidos como simples que se constrói e reconstrói a história social subjetiva e coletiva de uma cultura. A inclusão não é e nunca foi uma tarefa fácil, tanto por parte do sujeito a ser incluso bem como do grupo que irá receber esse sujeito e dos educadores. A tentativa é válida principalmente quando o educador compreende, reflete e se coloca na posição do outro. Até os anos setenta do século passado, a escola seguia o modelo da Integração, ou seja, aceitava somente os alunos que tivessem condições de acompanhar os métodos de ensino e o ritmo de aprendizagem da maioria dos alunos. Considerava-se que a deficiência era um problema que estava na pessoa e, portanto, era a pessoa que precisava ser modificada (habilitada, reabilitada, educada) para tornar-se apta a satisfazer os padrões aceitos no meio social (família, escola, emprego, ambiente). Quem não estivesse pronto para ingressar imediatamente na escola, precisava ser “preparado”, por uma classe especial ou Escola Especial, até ser considerado aceitável. A partir dos anos oitenta, esse modelo começou a ser questionado. Já nos anos noventa, estava consolidado o novo conceito proposto: o da Inclusão. Por esse modelo, a deficiência não é um problema da pessoa, mas sim, o resultado da incapacidade da sociedade em atender às necessidades dessa mesma pessoa. Portanto, pelo modelo da inclusão, é a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes físicos etc.) que precisa se tornar capaz de acolher todas as pessoas. Você deve ter ouvido muita gente falar que a Educação Inclusiva é uma ilusão e que ela nunca vai funcionar. Você deve ter ouvido muitos professores dizendo que uma boa classe especial ou Escola Especial é melhor para as pessoas com deficiência do que uma Escola Inclusiva ruim. O que você pode dizer a essas pessoas é que esse é um falso dilema. As pessoas com deficiência têm direito a uma educação de qualidade e inclusiva. As duas coisas não são e não podem ser consideradas excludentes. Esse é um direito intransferível de todas as crianças e ninguém pode negar isso a elas. A Sociedade para todos está em processo de construção. Hoje, vivemos um momento de transição entre modelos e idéias, por isso ainda estamos convivendo com classes especiais e Escolas Especiais. Mas, a Escola Inclusiva e o modelo da Inclusão vieram para ficar porque se baseiam em conceitos teóricos e práticos desenvolvidos pelos melhores educadores em todo o mundo e refletem o nosso momento histórico. Esse momento de transição é inevitável porque adotar um novo modelo nunca é fácil. Um modelo de pensamento é uma espécie de filtro através do qual o mundo pode ser interpretado. Isto significa que, ao analisarmos um modelo, não o fazemos apenas racionalmente, mas também, e, sobretudo, o fazemos emocionalmente. O modelo da Inclusão exige que abandonemos preconceitos e estereótipos em relação à Educação e às pessoas com deficiência. É difícil mudar nossas opiniões, idéias e valores. Temos dúvidas e perguntas, e muitas vezes não sabemos como fazer de forma diferente.
A idéia de inclusão sugere que a escola seja um lugar onde cada
indivíduo faça parte como um membro valorizado, em um local acolhedor, sendo todos bem-vindos para contribuir com o trabalho realizado e, tanto alunos como educadores sujeitos ativos no processo de aprendizagem. A escola inclusiva deve ser: Flexível em seus métodos avaliativos: sabe-se que somente avaliações sob a forma de testes provocam ansiedade e constrangimento em alguns alunos; Planejada a partir de uma metodologia adequada: que propicie a aprendizagem em um ambiente que conte com a diversidade; Composta por profissionais que percebam a possibilidade de sucesso de seus educandos: a instituição escolar que favorece a inclusão deve antecipadamente acreditar em seus alunos como possuidores de talentos e habilidades básicas, sendo assim capazes de aprender; Conhecedora da existência de várias inteligências humanas: e não só da lógico-matemática e da linguística, as mais trabalhadas nas escolas. Considerando que todas as escolas deverão oferecer um “mínimo” necessário para favorecer a aprendizagem de um aluno com deficiência, é preciso uma análise de toda a comunidade escolar para a produção de culturas inclusivas e intervenções para a implantação de inovações. Sabe-se que trabalhar adequadamente a inclusão escolar exige esforço de todos envolvidos na aprendizagem, principalmente quando se trata da inclusão de alunos com algum tipo de deficiência. Sugere- se então, uma rede de apoio na qual a comunidade escolar poderá encontrar suporte para a realização do processo com sucesso. Nesta rede de apoio, estariam todos os profissionais da escola trabalhando em equipe, juntamente com os familiares do aluno com deficiência, assim como outros especialistas conhecedores da causa. Os integrantes deste grupo fortalecem o objetivo da educação inclusiva, fomentando o desejo de estar atualizado, e realizar ações concretas e constituídas a partir de subsídios teóricos. Pensa-se como proposta psicopedagógica: A disponibilização de uma bibliografia a respeito da inclusão para que os professores analisem os paradigmas existentes. Convém formar um grupo de estudos para que mantenham diálogo com a comunidade escolar, a respeito da divulgação da diversidade como abordagem saudável para a sociedade; Torna-se necessário estudar novamente o Projeto Político Pedagógico da escola para pontuar novas proposições sobre o tema em questão; Algumas palestras informativas com profissionais específicos: neurologistas, psicólogos, assistentes sociais, professores inclusivos; psicopedagogos são bem – vindas para que pais, alunos, merendeiras, serventes, professores e demais membros da comunidade escolar possam usufruir de informações básicas e cabíveis para realizar uma inclusão de fato e não de espaço, favorecendo assim a ressignificação da aprendizagem em um ambiente que conte com a diversidade; A criação de um mural com cartazes, textos, desenhos e reportagens a respeito das potencialidades que estes educandos com deficiência possam apresentar. Esta intervenção psicopedagógica coloca desafios ao grupo escolar, como qualquer outra novidade colocaria. Enfatiza-se um trabalho em equipe, confrontando relações afetivas e racionais necessárias, possibilitando uma visão global e social dos aspectos inclusivos. Este tema passa por preconceitos que dominam o pensar e fazer do homem em sociedade. Fica uma semente da condição do desejo de se conviver em uma sociedade com diversidades, onde se deve aceitar a si mesmo, ponderando sua natureza para poder aceitar o outro tal como ele é.
O atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência visual em escolas públicas e centros especializados: O processo de ensino aprendizagem