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Educação Especial e Inclusão escolar

De forma geral, pode-se dizer que qualquer condição se converte numa deficiência se causa
problemas à pessoa portadora dessa condição ou às pessoas com quem ela vive. É em relação
ao meio onde vive a pessoa, à sua situação individual e à atitude da sociedade, que uma
condição é ou não considerada uma deficiência, uma vez que os problemas que assim a
caracterizam decorrem das respostas da pessoa às exigências do meio.

Em sentido mais restrito, consideram-se deficiências, os impedimentos visuais, auditivos,


mentais, motores, etc. desta forma, há uma variedade de tipos de deficiência e também de
intensidade em cada uma delas. Porém, nenhuma deficiência específica implica em problemas
tão específicos a ponto de justificar qualquer visão estática e uniforme sobre os seus
portadores e sua consequente classificação em uma categoria.

Em várias áreas profissionais, o uso de classificações por categoria de deficiência se impõe


por necessidades profissionais, na verdade, em cada categoria há inúmeras diferenças
individuais, na situação familiar, experiências de vida e ajustamentos, além do grau e extensão
da deficiência.

Na vida social, há tendências de se caracterizar o portador de uma de deficiência sempre em


termos negativos, tais como: impossibilitado, imperfeito, deficiente, defeituoso, doente, etc.
Este tipo de atitude conduz a uma generalização da deficiência, em tal proporção que a pessoa
passa a ser vista, em sua totalidade, como deficiente e não como portadora de deficiência.

A deficiência, enquanto condição de alguém, não faz com que a educação da pessoa com
deficiência seja através de contextos diferentes do da educação de qualquer ser humano. A
educação se justifica pelas características essenciais do ser humano, pela sua possibilidade de
modificação e desenvolvimento interior, assim, entende-se que as condições fundamentais são
as mesmas para todo o homem, embora os seus meios sejam diversos.

Neste sentido, entende-se que a educação de um indivíduo, independentemente da sua


condição, procede de situações capazes de transformá-lo ou de lhe permitir transformar-se.
Ela procede tanto em situações não programadas, chamadas de informais, que decorrem da
própria vida do homem em sociedade, quanto de situações programas, formais, que se
realizam através de instituições que procuram planejar, dirigir ou orientar os indivíduos para
determinados fins.
A deficiência não deve ser vista como sendo o elemento que pode ser capaz de determinar o
contexto que deve ocorrer a educação da pessoa com deficiência, porém, ela constitui o ponto
de partida para a provisão de recursos adequados para a educação da pessoa segundo a sua
condição. Assim, deficiência é um dos aspectos essenciais para as decisões educacionais,
tanto para a designação a adoptar como para os recursos a usar em contextos educacionais. A
educação de alunos com deficiência, conhecidos como alunos com NEE, ocorre basicamente,
de duas maneiras: uma que é via comum, ou seja, através dos mesmos recursos e serviços,
geralmente, organizados para todos; e outra, que é a via designada como especial, mediante a
utilização de auxílios e serviços especiais que não estão disponíveis nas situações comuns de
educação.

A existência de uma deficiência não faz necessariamente com que o seu portador não possa
ser bem atendido mediante os processos comuns de educação. O tipo e grau de deficiência,
bem como os feitos por ela acarretados, além das condições gerais dos serviços escolares
comuns, é que irão servir de indicadores da necessidade ou não da utilização de auxílios e
serviços especiais da educação. Desta forma, são as necessidades educacionais individuais,
globalmente consideradas, confrontadas com os serviços educacionais existentes na
comunidade que devem subsidiar a definição da via ou dos recursos a serem utilizados para a
educação de qualquer pessoa, e não a categoria.

Na actualidade, tem sido marcante na educação especial a tendência de manter na escola


comum o maior número possível de alunos com deficiência ou NEE, devendo-se evitar a
segregação daqueles alunos que possam se beneficiar dos programas comuns, ainda que para
isso sejam necessários auxílios ou serviços especiais que favoreçam atendimento apropriado.

Seguindo essa perspectiva inclusiva, o SNE define a educação especial como conjunto de
serviços pedagógicos-educativos, transversais a todos os subsistemas de educação, de apoio e
facilitação da aprendizagem de todo o aluno, incluindo aquele que tem necessidades educativas
especiais de natureza física, sensorial, mental, múltiplas e outras, com base nas suas características
individuais com o fim de maximizar o seu potencial (MOÇAMBIQUE, 2018).

Assim, entende-se que “todos os alunos, incluindo aqueles com deficiências, precisam de
interacções professor-aluno e aluno-aluno que moldem habilidades académicas e sociais [e]
para os alunos com deficiências cognitivas importantes, convém não se preocupar com
habilidades académicas, [...], para esses alunos, o que importa é a oportunidade de adquirir
habilidades sociais através da sua inclusão. (Karagiannis, Stainback & Staiback, 1999, p 23),
Embora se considere necessária a integração de alunos com deficiência ou NEE escola
comum, não se pode ignorar a validade e importância dos recursos educacionais segregados,
para diversos alunos, a partir do momento em que forem esgotadas todas as possibilidades de
seu atendimento em recursos integrados. Dessa forma, a decisão sobre o encaminhamento de
um aluno para determinado recurso educacional deve estar fundamentada nas necessidades
educacionais específicas e na sua situação global, suas possibilidades pessoais, atitudes dos
pais, condições dos recursos escolares de sua comunidade.

Atendendo a esta perspectiva, entende-se que a integração de alunos com deficiência ou NEE
na escola comum pode ser feita de três formas, nomeadamente, integração física, social e
funcional. A integração física ocorre quando as classes ou unidades da educação especial são
inseridas na escola regular, mas continuam mantendo uma organização independente, embora
possam partilhar lugares, como pátio ou o refeitório. A integração social supõe a existência de
unidades ou classes especiais na escola regular, em que os alunos que frequentam nela
realizam actividades comuns com os demais colegas, como jogos e actividades extraescolares.
Finalmente, a integração funcional é considerada a forma mais completa da integração. Os
alunos com NEE participam em tempo parcial ou completo, nas classes de ensino comum e
incorporam-se à dinâmica da escola.

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