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PESQUISA DE CAMPO:
O LICEU NILO PEÇANHA E O PROCESSO DE INCLUSÃO DO ALUNO
WELLINGTON CEZIMBRA DO NASCIMENTO
2019/02
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades
Faculdade de Educação / Coordenação das Licenciaturas – EAD
PESQUISA DE CAMPO:
O LICEU NILO PEÇANHA E O PROCESSO DE INCLUSÃO DO ALUNO
WELLINGTON CEZIMBRA DO NASCIMENTO
Niterói
2019
1. Introdução
Constantemente trazemos para discussão a inclusão escolar dos alunos com
necessidades educacionais especiais, mas efetivamente nos deparamos com
um sistema educacional uniformizado, que compromete o cerne do processo de
inclusão, ou seja, o reconhecimento da pluralidade.
Comumente coloca-se em prática a sentença: “somos todos iguais”, e acabamos
por colocar em xeque as particularidades inerentes não só aos alunos com
necessidades educacionais especiais, mas pertinentes a natureza humana.
A Lei de diretrizes e bases de 1996, em seu artigo 58, define que a educação
especial é uma modalidade de ensino ofertada aos educandos com
necessidades educacionais especiais, preferencialmente na rede regular, o que
impõe a escola a busca por adaptações necessárias para responder as
necessidades e especificidades do aluno, de maneira a enriquecer suas
potencialidades, autonomia, convivência e confiança.
Não obstante a isso, a escola inclusiva é segundo Schneider apud Silva e
Menezes (2009, p.597) aquela que reconhece às dificuldades do aluno e
acomoda os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem, através de currículos
apropriados, modificações organizacionais e estratégias de ensino de maneira a
assegurar uma educação de qualidade para todos.
Segundo Frias e Menezes (2009), o desafio, agora, é buscar uma relação
harmoniosa e produtiva, entre o que fora proposto, já que para os autores uma
educação especial de qualidade não consiste apenas na valorização das
diferenças, mas também no resgate dos valores culturais, que fortalecem a
identidade individual e coletiva.
Partindo da premissa que incluir é garantir a possibilidade do crescimento do
educando, respeitando e compreendendo suas diferenças, fazendo o aluno
desempenhar papéis de acordo com suas possibilidades e a promoção do
pertencimento, resta-nos saber até que ponto o processo de inclusão corrobora
com a realidade, e é capaz de se traduzir em qualidade de vida e igualdade de
condições.
Com o propósito de avaliar o processo de inclusão e verificar as afirmativas
traduzidas em legislação, a seguir temos a descrição da observação realizada
no Liceu Nilo Peçanha, no dia X, no qual o aluno Wellington Cezimbra de
Menezes, juntamente com sua família e direção da escola concordaram com o
estudo comparativo entre a definição do processo inclusivo no âmbito escola e
a efetiva relação do aluno com esse ambiente socioeducacional.
2. O aluno
Durante visita preliminar à instituição de ensino, determinou-se que haviam 17
alunos com necessidades educacionais especiais. Apesar de ter sido realizada
uma escolha randômica do aluno referência para o estudo, ficou estabelecido
que fosse enviado a escola e responsável um plano de ação para realização do
trabalho, assim como um pedido de autorização formal.
Sanada as burocracias, o aluno escolhido para a realização desta atividade foi o
aluno Wellington Cezimbra do Nascimento.
O aluno está atualmente matriculado no 2º ano do ensino médio regular, na
turma 2016, com 18 anos de idade, no turno da tarde.
Wellington tem laudo médico, apresentado a escola, com diagnóstico de
Encefalopatia Crônica não Progressiva espástica unilateral direita; apresenta
comunicação oral com dificuldades não incapacitantes, podendo expressar
necessidades e vontades. Sua movimentação é pausada e faz uso de muleta
unilateral esquerda. É capaz de escrever.
Atualmente, o aluno segue o currículo comum, fazendo uso do atendimento
educacional especializado uma vez por semana, para complementação material
de atividades desenvolvidas em sala de aula e para desenvolver estratégias
autônomas para sua dificuldade de acompanhamento do conteúdo, uma vez que
possui ritmo de desenvolvimento de tarefas diferenciado.
A complementação do aluno compreende material explicativo transcrito, sendo
uma parte desenvolvida pelos próprios professores e outra disponibilizada pela
professora especializada no atendimento especial, que também procura orientar
o aluno na busca pelas informações que o mesmo não consegue adquirir em
sala de aula, uma vez que seu ritmo é diferenciado dos colegas. Concretizando
o processo de autonomia para que o aluno encontre recursos para sanar
problemas que possam surgir em momentos que não haja interferência de
professores especializados.
A programação de provas de aluno segue padrão diferenciado.
3. Deficiência
A encefalopatia crônica não progressiva espástica unilateral é vulgarmente
conhecida como paralisia cerebral hemiplégica.
A paralisia cerebral é uma sequela da lesão encefálica caracterizada por
transtorno motor que não evolui, onde a lesão cerebral pode provocar diversos
padrões que resultam em incapacidades funcionais (RABEL et. al., 2010).
Essa lesão é uma das mais comuns desordens infantis e existe uma estimativa
de 20.000 novos casos por ano no Brasil (RABEL et. al., 2010), estabelecendo-
se um desafio cuidar desse público no âmbito da educação regular, de maneira
a resguardar o devido desenvolvimento educacional e social, numa perspectiva
de crescimento pessoal e autônomo.
De maneira geral, essa é uma enfermidade que pode ou não acometer o sujeito
em nível mental e oral, mas se apresenta em de três maneiras genéricas:
espástica (rigidez muscular), atetose (movimentos involuntários) e ataxia
(equilíbrio precário), mas essas formas ainda podem se subdividir em
hemiplégica (paralisia de metade do corpo – direita ou esquerda), tetraplégica
(afeta todos os membros) e displégica (afeta de forma mais severa os membros
superiores ou inferiores).
O prognóstico motor é proporcional ao grau de comprometimento das estruturas
encefálicas, e causa atrasos na motricidade da criança, o que geralmente
relaciona-se com o seu processo de inserção na rede de ensino regular.
Comumente o desenvolvimento no campo do ensino aprendizagem esbarra nos
recursos pessoais e didáticos empregados, limitando as oportunidades de o
aluno obter um desenvolvimento diversificado na comunidade escolar.
4. Legislação
O sujeito portador de paralisia cerebral de qualquer nível de lesão deve ser
amparado por todas as leis relativas aos portadores de necessidades especiais.
Colocando o foco na educação do indivíduo com paralisia cerebral, temos como
lei magma a Constituição Federal de 1988, que garante a oferta do “atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino”. Essa colocação passa a definir que o pleno
desenvolvimento deve ser realizado distante da segregação, disponibilizando a
todos a igualdade de acesso, tirando da escola o conforto da “normalidade”.
Com o objetivo geral de orientar o processo global de educação, por intermédio
da promoção de condições adequadas ao desenvolvimento das potencialidades,
surge o Plano Nacional da Educação Especial (PNEE-94), dando fôlego e
perspectiva ao ensino do discente com necessidades educacionais especiais,
uma vez que tira o foco das dificuldades do aluno, proporcionando a melhoria do
que lhe é normal e individual, conferindo uma valorização e respeito do que lhe
é diferente.
Por outro lado, de maneira a assegurar a assistência adequada em ambiente
comum, a LDB 96 informa que a educação especial, oferecida na rede regular,
deverá ser empregada com adaptações curriculares , uso de métodos e técnicas
educativas específicas, além de professores especializados e acesso igualitário
aos benefícios disponíveis, resguardando a ampliação do atendimento ao
educando, suprindo suas necessidades e fomentando o seu integral
desenvolvimento de maneira que suas limitações não constituam-se empecilho
para uma construção cidadã.
A legislação também modifica o foco do atendimento do aluno com necessidades
educacionais especiais, através das Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na educação básica. A partir desse documento, o aluno deixa de ter a
obrigação de se adaptar a escola, pois seu sistema de ensino passa a ter
obrigação de ser proficiente, e se estruturar para receber o aluno, enfatizando a
inclusão, melhorando a qualidade do processo ensino-aprendizagem, e
elevando a promoção humanística com o desenvolvimento curricular que
favoreça competências sociais, acesso ao conhecimento, cultura e inclusão na
sociedade sem ressalvas.
Por fim, fica estabelecido com a Lei 13.146, que toda a pessoa com deficiência
tem direito a igualdade de oportunidades, e para isso devemos abominar a
discriminação e a restrição de sua participação, logo a dignidade deve ser
primordial. Por isso, o sistema educacional deverá ser inclusivo em todas as suas
facetas, de maneira a alcançar o máximo possível de desenvolvimento de suas
habilidades e talentos, sejam eles físicos, sensoriais, intelectuais ou sociais.