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RELATÓRIO CONSTANTE DE PLANCK

Aline Maria da Silva de Castro Mat.: 14214040233


Laboratório Avançado para o Ensino de Física

Professora: Wania Wolff

Aluna: Aline Maria da Silva de Castro

Polo Campo Grande

Matrícula: 14214040233
1. Introdução

O presente relatório tem como objetivo descrever e constatar a obtenção da constante de


Planck por intermédio do experimento de fotoluminescência que fornece os dados
necessários para a obtenção matemática dessa constante, que foi inicialmente calculada
de maneira teórica por Max Planck, em 1900.
A seguir iremos ver de forma ordenada a descrição do procedimento experimental
realizado, assim como as devidas explicações matemáticas da obtenção dessa constante,
por meio da descrição e do experimento da eletroluminescência.

2. Determinação da Constante de Planck

A determinação da constante de Planck é um processo experimental, que necessita da


verificação da energia de um fóton de luz com frequência conhecida. Toda vez que
fazemos essa verificação buscamos pela transição do sistema energético entre um nível
de energia mais alto para um nível de energia mais baixo que determina a quantização
discreta da energia.

𝜀𝑓 − 𝜀𝑖 = 𝑛ℎ𝑓
Quando o material recebe uma quantidade de energia, seus elétrons sofrem um
acréscimo energético, contudo, quando esse mesmo elétron sai de um estado de energia
excitado para um neutro, ele pode perder essa energia reemitindo-a na forma de um
fóton. De acordo com essas perspectivas podemos determinar duas maneiras de verificar
a constante de Planck, que relaciona esse acréscimo ou perda de energia com a
frequência conhecida do fóton emitido ou absorvido. A primeira maneira considera o
efeito fotoelétrico, que mede o acréscimo de energia quando o material é atingido por
um fóton, e o segundo é a fotoluminescência que mede a perda de energia quando o
material emite um fóton.
O modelo fotoelétrico verifica a emissão de elétrons por um material quando este é
exposto a uma radiação eletromagnética, já a eletroluminescência (excitação dos
elétrons ocorre pelo emprego de uma corrente elétrica que atravessa o material) consiste
em um fenômeno óptico que é a emissão de luz (fótons) em virtude da mudança de
estado de energia dos elétrons no interior de materiais.
3. Diodo emissor de luz – LED

O diodo emissor de luz é um material semicondutor que emite radiação eletromagnética


em frequência visível e infravermelha, toda vez que for percorrido por uma corrente
elétrica.
Um LED é um duplo semicondutor “dopado”, ou seja, é composto por um semicondutor
dopado do tipo n e um semicondutor dopado do tipo p. Um semicondutor dopado tipo n
é um semicondutor onde se adiciona portadores de carga negativa (átomos com mais ou
menos o mesmo tamanho dos átomos que formam o semicondutor, que possuem mais
elétrons na camada de valência), que se instalam na rede cristalina de maneira que os
enlaces elétricos sejam feitos com os outros átomos e ainda assim fique com elétrons
livres para se movimentar pelo material. Já um semicondutor dopado do tipo p é um
semicondutor que se adiciona portadores de carga positiva (adiciona-se átomos com
maios ou menos o mesmo tamanho do que os átomos que formam a rede cristalina que
possuem valência menor), que se instalam na rede cristalina de maneira que tomem
elétrons do átomo vizinho deixando o semicondutor carente de partículas elétricas
livres.
Assim, verificamos que todos os portadores de carga negativa, quando saem da camada
de valência para a camada de condução, precisam receber uma energia maior que o
“gap” (lacuna energética entre as bandas de valência e condução) energético entre as
duas bandas atômicas. Uma vez, na camada de condução esses elétrons deixam um
buraco na camada de valência, e tanto os elétrons da banda de valência quanto os
buracos da banda de condução se movimentam livremente por esse material. Quando
um elétron intercepta um buraco, a energia que sobra da saída desse elétron de um
estado energético mais elevado para um mais baixo é transferido para a rede cristalina
ou é emitida na forma de um fóton de luz, e nesse caso a junção de semicondutores tipo
n com os de tipo p facilitam o encontro de buracos com elétrons. Contudo, para que haja
a garantia de que essa energia não seja transmitida a rede cristalina, e sendo assim haja a
emissão de fóton, se faz necessário que haja “gap’s” diretos, ou seja, que o máximo da
banda de valência e o mínimo da banda de condução tenham o mesmo momento, já que
não havendo o mesmo momento é necessário um outro processo para que haja a
compensação, e é justamente esse outro processo que conduz essa energia a rede
cristalina.
Considerando que no caso dos LEDs temos “gap’s” diretos, verificamos, que a energia
restante da passagem do estado energético mais alto para o mais baixo, durante a
recombinação de elétrons com buracos, temos a emissão de fótons de luz, que estando
no espectro visível correspondem as cores que observamos nos LEDs.

4. A constante de Planck

Colocando um semicondutor dopado tipo n e um tipo p em contato, verifica-se que na


região de contato aparece uma diferença de potencial elétrico conhecido como potencial
de contato, vd, que favorece a migração dos elétrons na banda de valência do
semicondutor do tipo n na direção aos do tipo p, deixando o semicondutor do tipo n
carregado positivamente. Por outro lado, os portadores positivos do material de tipo p
passam para o semicondutor do tipo n. Após o equilíbrio verificamos que para que um
elétron passe para o lado p precisa vencer uma barreira de potencial evd (gap do
semicondutor). A mesma barreira deve ser vencida se pensarmos em levar um buraco do
lado n para o p.
Analisemos que é exatamente essa energia adquirida que também será emitida na forma
de fóton.
𝜀𝑔 = 𝑒𝑣𝑑
Mas 𝜀𝑔 também é
ℎ𝑐
𝜀𝑔 = ℎ𝑓𝑝𝑖𝑐𝑜 =
𝜆𝑝𝑖𝑐𝑜
Onde f e 𝜆 são a frequência e o comprimento de onda do fóton emitido.
Essa última relação nos leva a concluir que
ℎ𝑐
𝑒𝑣𝑑 ≈
𝜆𝑝𝑖𝑐𝑜
Essa relação apresentará uma única incógnita que é 𝑣𝑑 , uma vez que conheçamos o
comprimento de onda do fóton emitido.

5. Procedimento experimental para a obtenção de 𝒗𝒅

Para realização do experimento fora disponibilizado um aparelho que possui um circuito


elétrico, alimentado por uma fonte de baixa tensão, que fornece corrente a um LED
conectado em série com uma resistência que limita a corrente que passará por este. Para
realização desse experimento só é possível verificar um LED por vez, ou seja, os LED
de cores variadas não devem ser ligados simultaneamente.
Com o auxílio de um multímetro efetuou-se a medida de resistência r de cada um dos
resistores ligados em série com os diodos. Os valores e comparações com os dados do
fabricante podem ser verificados abaixo.

LED azul LED verde LED amarelo LED vermelho


r(Ω) fabricante 82 147 149 184
r(Ω) medido 81,4 148 147,3 179,1

A partir da tabela anterior é possível determinar a tensão máxima a ser imposta pela
fonte de tensão, lembrando que esse valor nunca deve ultrapassar 5V nesse experimento
para que não hajam danos aos LEDs.

𝑉𝑠 − 𝑉20𝑚𝐴
𝑟=
20𝑚𝐴

Rearrumando essa equação

𝑉𝑠 = 20𝑟 + 𝑉20𝑚𝐴

LED azul LED verde LED amarelo LED vermelho


Vs (Volts) 5,33 5,96 5,54 5,78
Imax (mA) 30 30 20 30
De acordo com as instruções prévias contidas no módulo, um amperímetro fora ligado
em série e um voltímetro fora ligado em paralelo. Feitas as conexões e verificadas as
polaridades destas, ligou-se um das chaves seletoras de diodo, afim selecionar o diodo a
ser estudado.
Na fonte de baixa voltagem fora colocado a tensão de 5V, de maneira independente para
cada um dos LEDs.
Manipulando o potenciômetro é possível alterar a tensão que passava pelo circuito.

OBS.: Durante a realização do experimento optou-se por utilizar intervalos de corrente,


diferente do que foi solicitado no módulo (intervalos de 0,1 V). Durante a tomada de
dados da forma indicada no módulo, verificou-se na primeira tomada de dados uma
inconsistência muito grande. Como o equipamento contido no polo de Campo Grande
não apresentava as melhores condições para obtenção de dados e a tutora coordenadora
do polo se encontra em licença maternidade, acredito que essa tomada de decisão
possibilitou o melhor resultado possível.

LED amarelo – λ=583±19 nm


V (V) I (mA) Ln I
1,35 0 -
1,4 0 -
1,45 0 -
1,5 0 -
1,55 0,001 -6,91
1,6 0,006 -5,11
1,65 0,025 -3,7
1,7 0,085 -2,46
1,75 0,288 -1,24
1,8 0,797 -0,22
1,85 2,02 0,7
1,9 4,24 1,44
1,95 7,41 2
LED vermelho – λ=645±24 nm
V (V) I (mA) Ln I
0 1,3 -
0 1,4 -
0 1,45 -
0 1,5 -
0,003 1,55 -5,81
0,015 1,6 -4,2
0,067 1,65 -2,7
0,236 1,7 -1,44
0,799 1,75 -0,22
2,13 1,8 0,75
4,16 1,85 1,42
8,1 1,9 2,09

LED azul – λ=470±17 nm


V (V) I (mA) Ln I
0 2,15 -
0 2,2 -
0 2,25 -
0 2,3 -
0,003 2,35 -5,81
0,022 2,4 -3,81
0,076 2,45 -2,58
0,239 2,5 -1,43
0,51 2,55 -0,67
0,969 2,6 -0,03
O LED verde não funcionou.

5.1.Determinação visual de Vd

A determinação visual de Vd consiste em tomar nota do valor de diferença de potencial


aplicado aos terminais do circuito no momento em que o LED começa a emitir luz.

Vd visual (Volts)
Azul 2,35
Amarelo 1,65
Vermelho 1,7
verde 1,75

5.2.Determinação por meio da reta tangente a curva de dados I-V

A determinação por meio da reta tangente consiste em traçar uma reta tangente a alguns
pontos localizados acima do “joelho”, que é um padrão que se forma nesses tipos de
curva. O dado a ser anotado é obtido pela interceptação dessas retas com o eixo das
abscissas.

LED amarelo
8
7
6
5
I (mA)

4
3 Series1

2
1
0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
V (volts)
Vd aproximadamente 1,83 Volts.

LED vermelho
9
8
7
6
5
I (mA)

4
Series1
3
2
1
0
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
V (Volts)

Vd aproximadamente 1,78 volts.

LED Verde – Não funcionou

LED azul
1.2

0.8
I (mA)

0.6
Series1
0.4

0.2

0
2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7
V (volts)

Vd aproximadamente 2,51 volts

5.3.Método da reta a curva de dados ln I – V


Esse método de determinação do potencial de contato consiste na determinação da reta
que se forma a partir da aplicação do logaritmo neperiano à curva I – V. Sua
aplicabilidade acaba sendo mais segura aos dados experimentais, uma vez que o
processo de obtenção da reta utiliza a regressão linear para o seu melhor ajuste,
deixando apenas a tarefa de substituir valores ao analisador.
Considerando que a curva de dados seja:

𝑒𝑣⁄
𝐼 = 𝐼𝑠 (𝑒𝑥𝑝 𝑛𝐾𝐵 𝑇)

Devemos limitar os dados experimentais utilizados para V>50 mV.


Aplicando o ln ficamos com:
𝑒
ln 𝐼 = 𝑉 + 𝑙𝑛𝐼𝑠
𝜂𝐾𝐵 𝑇
𝑦 = 𝑎𝑉 + 𝑏

Dados obtidos:
LED vermelho
3
y = 19.143x - 33.995
2 R² = 0.9801

1
ln I

0
1.6 1.65 1.7 1.75 1.8 1.85 1.9 1.95
-1

-2

-3
V (Volts)

Por extrapolação Vd será 1,77 volts.


LED amarelo
3
y = 17.863x - 32.563
R² = 0.9836
2

1
ln I

0
1.65 1.7 1.75 1.8 1.85 1.9 1.95 2
-1

-2

-3
V (Volts)

Por extrapolação Vd será 1,82 volts.

LED azul
0
2.48 2.5 2.52 2.54 2.56 2.58 2.6 2.62
-0.2

-0.4

-0.6
ln I

-0.8
y = 14x - 36.41
-1 R² = 0.9976

-1.2

-1.4

-1.6
V (volts)

Por extrapolação Vd será 2,6 volts.

6. Determinação dos parâmetros característicos dos LEDs


Tomando como ponto de partida a relação abaixo, que pode ser utilizada para V>50
mV, é possível determinar a corrente reversa, Is, além do parâmetro η, que nas
condições aplicadas no experimento (polarização direta e emissão de luz com limite
determinado), deve se encontrar entre 1 e 2, uma vez que representa um fator de não
idealidade.

𝑒𝑉⁄
𝐼 = 𝐼𝑠 (𝑒𝑥𝑝 𝑛𝐾𝐵 𝑇)

𝑒
ln 𝐼 = 𝑉 + 𝑙𝑛𝐼𝑠
𝜂𝐾𝐵 𝑇

Coeficiente linear: 𝑏 = 𝑙𝑛𝐼𝑠 → 𝐼𝑠 = 𝑒 𝑏


𝑒 𝑒
Coeficiente angular: 𝑚 = 𝜂𝐾 →𝜂=
𝐵𝑇 𝑚𝐾𝐵 𝑇

Desta forma ficamos com:


Is η
Amarelo 7,23E-15 2,12
Vermelho 1,71E-15 1,99
Azul 1,54E-16 2,70

7. Determinação da constante de Planck

7.1.Método estatístico

O modelo estatístico relaciona o potencial de contato (Vd) do diodo emissor de luz com
a constante de Planck, desde que conhecido o comprimento de onda (λ) do fóton
emitido é:
ℎ𝑐
𝑒𝑉𝑑 ≈ ℎ𝑓𝑝𝑖𝑐𝑜 =
𝜆𝑝𝑖𝑐𝑜
Logo de acordo com os dados de Vd expostos anteriormente, e os valores dos
comprimentos de onda informados, podemos fornecer os seguintes valores para a
constante de Planck.
𝑒𝑉𝑑 𝜆𝑝𝑖𝑐𝑜
ℎ=
𝑐
LED h (J.s)
Cor visual I-V Lnl - V
Azul 5,89E-34 6,29-34 6,51E-34
Amarelo 5,13E-34 5,69E-34 5,66E-34
vermelho 5,85E-34 6,12E-34 6,01E-34

Método h (J.s) Desvio %


Visual 5,62E-34 15,1%
I –V 6,03E-34 8,9%
lnI – V 6,06E-34 8,46%

7.2.Método gráfico

Para a obtenção da constante de Planck por esse método, mais uma vez devemos levar
em consideração a relação:

ℎ𝑐
𝑒𝑉𝑑 ≈ ℎ𝑓𝑝𝑖𝑐𝑜 =
𝜆𝑝𝑖𝑐𝑜

Colocando-a como um arranjo linear da seguinte forma:

𝑒𝑉𝑑 = ℎ𝑓𝑝𝑖𝑐𝑜

Aqui devemos levar em consideração que tornar a relação acima uma equação da reta
não implica necessariamente informar que o coeficiente de linearidade é zero, por isso
escrevemos a equação da reta da seguinte maneira:

𝑉𝑑 = 𝑓 +𝑏
𝑒 𝑝𝑖𝑐𝑜

𝑐 ℎ
Onde 𝑓𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝜆 e 𝑒 é o coeficiente angular.
𝑝𝑖𝑐𝑜

Apesar da devida compreensão do método sua aplicação foi inconclusiva com os dados
obtidos.

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