Você está na página 1de 10

Tópicos de Física Contemporânea

Relatório 2:
Texto 1 – O arco íris

Texto 2 – Aspectos importantes utilizados para discutir a formação do


arco íris com alunos do ensino médio

Texto 3 – Atividade prática

Professor: Leandro Salazar de Paula

Aluna: Aline Maria da Silva de Castro

Polo Campo Grande

Matrícula: 14214040233
Texto 1 – O arco íris

1. Introdução

De acordo com Calçada (2001, p.447) o termo arco-íris é oriundo da mitologia grega.
Segundo o autor, em Ilída, de Homero, é citado um arco de cores por onde a Deusa Íris
descia à Terra para trazer mensagens dos Deuses.
Superados os aprendizados outrora mitológicos, numa concepção física, o arco-íris é o
produto da refração, reflexão e dispersão da luz branca, nas gotículas de água presentes
na atmosfera, gerando componentes ópticas que em posições geométricas específicas
interceptam nosso aparelho óptico (olho) nos proporcionando uma bela e inspiradora
imagem.

2. A luz branca, sua dispersão e observação.

Em nossa organização astronômica o sol é a fonte dominante capaz de emitir ondas


eletromagnéticas que se propagam no vácuo, até achegarem a terra.
Dentre toda radiação emitida pelo sol uma parte é denominada espectro de luz visível,
assim considerada por ter comprimentos de onda na casa de 400 a 700 nm
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012, p.2), que são perceptíveis ao olho humano.
Quando tratamos de luz visível oriunda diretamente do sol, temos a percepção de luz
branca, o que pode ser justificado pela mistura de todas as componentes ópticas que
compõem esse espectro (SAMPAIO e CALÇADA, 2001, p. 355). É justamente essa luz
branca que na forma de feixes paralelos interceptam as gotículas de água, culminando
no processo de dispersão, que em posições geométricas específicas nos proporciona o
arco-íris. Vejamos como isso ocorre:
Inicialmente é importante definir que o ar e a água são meios de propagação diferentes.
Considerando apenas um raio de luz branca dentre os incidentes, verificamos de acordo
com a óptica geométrica, que uma parte reflete na superfície da gota, enquanto que
outra é refratada. Para composição do arco-íris nos importa a parte que fora refratada.
Uma vez no interior da gota, devido ao processo de refração, cada componente óptica
do raio de luz branca passa a ter um índice de refração diferente, e maior que o índice
refração no ar. Essa condição faz com que quanto maior o índice de refração, menor a
velocidade da componente no interior da gota, ou seja, quanto maior o índice de
refração menor será o ângulo de refração da componente óptica. Observe:

Utilizando a relação para o índice de refração:

E a equação fundamental da ondulatória:

De acordo com as propriedades de uma onda, podemos inferir que a frequência


permanece inalterada, pois essa é uma propriedade da componente óptica que advém de
seu emissor, o sol (Máximo e Alvarenga, 2014, p. 268). Todavia a diminuição da
velocidade no meio acarretará a um proporcional aumento no índice de refração de
maneira a garantir a igualdades expostas.
Observe a tabela 1, e verifique que o espectro de luz vermelha apresenta os maiores
comprimento de onda, o que acarreta segundo a relação II, em uma velocidade maior.
Ter velocidade maior, para essa componente, faz com que tenhamos um índice de
refração menor segundo a relação I. Analogamente para o espectro de cor violeta
teremos um índice de refração maior do que do espectro de luz vermelha.
Diante dessas conclusões, quando a luz refrata na gota d’água, para que a lei de Snell
seja satisfeita (Stefanovits, 2013, p.233), o ângulo de refração do espectro de luz violeta
será menor do que o ângulo de refração do espectro de luz vermelha. Observe a figura 1
e verifique o que ocorreu na gota d’água.

Utilizando os conceitos de reflexão e refração, podemos continuar a traçar os caminhos


percorridos pelas componentes no interior da gota, concluindo uma formação
geométrica que nos permite definir o ângulo de refração ( ) em relação ao ângulo
formado entre o raio incidente e o raio emergente da gota ( ). A importância dessa
definição se dá pela possibilidade de aplicar efetivamente a lei de Snell, de maneira que
esta forneça uma função capaz de nos informar qual será esse ângulo que nos
permitirá observar o arco íris no ambiente natural. Veja a seguir uma referenciação mais
elaborada da importância de :
Verifica-se que ocorre um valor máximo que é
tanto maior quanto menor for o índice de refração da
gota, o qual irá variar de acordo com o comprimento de
onda da luz incidente. Nesta região próxima a há
uma concentração de raios emergentes. O
espalhamento da luz fica, assim, mais intenso neste
ângulo. (BARTHEM, 2005, p.64)

Continuando no processo de determinação do ângulo capaz de nos proporcionar o arco-


íris natural, utilizamos a figura 2 e fazemos as seguintes deduções:
Se i é o ângulo de incidência e r é o ângulo de refração, então de acordo com a
geometria na gota, .
Se é o índice de refração do ar, então é o índice de refração da
componente óptica que deve ser devidamente estabelecido de acordo com as equações
(I) e (II).
Aplicando a lei de Snell, chegamos em:

Diante desta função a maneira mais fácil de determinar o é utilizar um plotador de


gráfico, tomando o cuidado de utilizar as escalas em grau (degree) – Geogebra,
calculadora gráfica Math Lab, Excel, etc. O retorno ofertado por esses recursos nos
fornecem um que varia de 40° a 42°, entre o menor e o maior comprimento de
onda, ou seja, o ângulo para que se observe a parte mais externa do arco-íris
corresponde a 42°, enquanto que a mais interna pode ser observada a aproximadamente
40°.

3. As consequências de

A configuração do arco íris não ocorre ao acaso, e esta diretamente relacionada com o
. Respeitar , implica na formação de um arco, assim como na impossibilidade
de que uma única gota seja responsável por emitir todas as componentes ópticas que
interceptam nossos olhos.
A formação de um arco é condição primordial para que a partir do observador haja a
manutenção de . Observe as figura 3 e verifique que a única forma de manter o
intervalo de ângulo máximo determinado pela função III, afim de que haja observação,
é fazer com que nossos olhos sejam a geratriz de um cone.
Por outro lado, o para o maior e o menor comprimento de onda do espectro
disperso, também implica que uma mesma gota não é capaz de transmitir todos os raios
que dela emergem para os nossos olhos. Experimente fazer um triângulo com 42°/40°,
48°/50° e 90°, conforme a figura 4, e observe que a partir de um único ponto/gota não
foi possível interceptar a representação do olho humano no intervalo de 40° a 42°.

Concluindo, podemos dizer que somando a ideia do ângulo máximo para observação do
espectro disperso, com suas consequências: necessidade de formação um arco para
manutenção deste ângulo e a impossibilidade geométrica de que de uma única gota
partam todas as componentes ópticas que interceptam nossos olhos, ficamos com o
arco-íris na exata configuração que conhecemos no ambiente. Resumindo, o modelo
aplicado para descrever o arco-íris corrobora com todas as observações do fenômeno.
Veja na figura 5 como essas proposições se unem para formar o arco-íris como
conhecemos.

4. Referências

- MÁXIMO, Antônio; ALVARENGA, Beatriz. Física: Contexto e Aplicação. Vol2.


São Paulo: Editora Scipione, 2014.

- SAMPAIO, José Luiz; CALÇADA, Caio Sérgio. Universo da Física: Tópicos


especiais da mecânica, fluído mecânica, termologia, óptica. Vol 2. São Paulo: Editora
Atual, 2001.

-STEFANOVITS, Angelo (org). Ser Protagonista: Física 2º ano. 2 ed. São Paulo:
Edições SM, 2013.

-BARTHEM, Ricardo Borges. A luz. São Paulo: Livraria da Física, 2005.

- HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física:


Óptica e Física Moderna. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
5. Anexos

Tabela 1 - Fonte: SILVA, Manuel Fernando Ferreira. Esclarecendo o significado da "cor" em Física. Física na escola, v.8, n.1, 2017.

Figura 1 - Segundo a relação I e II, o índice de refração da componente com maior comprimento de onda apresentará o
menor índice de refração, e consequentemente o maior ângulo de refração. Analogamente a componente com menor
comprimento de onda, apresentará o menor ângulo de refração.

Figura 2- Utilizando a geometria é possível encontrar uma relação para teta, em função do ângulo de incidência.
Figura 3 - Para que o seja respeitado é necessário a descrição de um cone com geratriz no receptor
(olhos).

Figura 4 - Um mesmo ponto no olho humano necessita de pontos distintos para observar todo o espectro disperso.

Figura 5 - Ao juntarmos os conceitos de , com suas consequências, podemos apresentar um modelo que
descreve perfeitamente o arco-íris na forma e características com este se apresenta.
Texto2 – Aspectos importantes utilizados para discutir a formação do arco íris
com alunos do ensino médio

Para definir a fenomenologia do arco-íris foram escolhidos alguns aspectos que


oferecessem respaldo ao aluno no processo de compreensão, sedimentação e
extrapolação do conhecimento.
Nessa proposta o primeiro ponto discutido no texto 1 trás o espectro visível e a luz
branca para a discussão de maneira que o aluno se familiarize com suas propriedades e
faça previsões de comportamentos apresentados em função dos processos de reflexão,
refração e consequentemente a dispersão.
Posteriormente, o texto aprofunda o tema dispersão da luz branca, de maneira a
construir junto com o aluno a compreensão de quais fatores são preponderantes para que
determinemos a separação desta em componentes ópticas, ou seja, aquelas que
efetivamente observamos.
Partindo para uma abordagem matemática inerente a conjuntura da Física óptica é
apresentada a relação de ângulo máximo para a observação da dispersão da luz, com o
propósito de definir um modelo plausível para justificar o que observamos no cotidiano.
Todavia, atendo-se ao modelo, buscou-se determinar consequências deste ângulo
máximo. Algumas mais marcantes como a configuração de arco e outras mais
particulares como a impossibilidade de que uma única gota fosse suficiente para que
possamos observar as mais diversas componentes ópticas.
Concluindo, o texto 1 foi construído denotando importância aos aspectos cruciais para
construção de um modelo que justificasse as principais observações de campo do
discente, além de fornecer os subsídios necessários para que haja possibilidade de
discussões mais aprofundadas em relação a fenomenologia do arco-íris, como por
exemplo a formação de arco-íris de outras classes.
Texto 3 – Atividade prática

Ter o arco-íris como objeto de estudo é uma rica possibilidade de abordar diversos
temas discutidos pela Física óptica, inclusive num direcionamento geométrico.
Apesar de uma compreensão não trivial é possível que com o domínio de temas base
como espectro visível, reflexão, refração e principalmente a dispersão, possamos
construir um conhecimento sedimentado, baseado num ensino concreto, ou seja, nossas
observações são recursos primordiais para estabelecer uma relação daquilo que
descrevemos com aquilo que a natureza nos apresenta.
Nessa perspectiva, nada mais proveitoso que reproduzir alguns aspectos que se referem
ao arco-íris, além criar novas inferências que podem ser objeto de estudo para
extrapolações dentro do tema.

1. Proposta de atividade prática

A proposta de atividade prática é fazer com que a luz visível solar intercepte pequenas
peças de cristal, de maneira que o observador, numa proposta qualitativa, comprove a
ocorrência da dispersão, assim como o processo de refração e reflexão, de maneira a
conferir validade às proposições feitas na descrição da formação de um arco-íris.

2. Objetivo da atividade prática

A atividade proposta conta com observações pertinentes a fenomenologia do arco-íris,


mas não representam sua efetiva formação.
A ideia é que as observações inerentes a tela principal, da realização deste experimento,
sirvam de instrumento para validar os argumentos defendidos no texto 1, além de
fornecer uma compreensão mais coesa das ideias apresentadas.
O primeiro objetivo é que se comprove que a luz branca proveniente do sol é uma
composição óptica, demonstrando parâmetros discutidos matematicamente no texto 1,
que descrevem uma razão pela qual essa separação é resultado do comprimento de onda
particular de cada componente, resultando na alteração de sua velocidade, índice de
refração e consequentemente o ângulo de refração, culminando na sua dispersão.
O segundo objetivo é que se justifique os aglomerados de dispersões, que se encontram
em oposição em relação a direção do feixe de luz incidente, como resultado do processo
de reflexão interna em direções opostas, e posterior refração para o meio exterior. Nessa
perspectiva, há espaço para se apontar justificativas para os espectros brancos que se
formam, como resultando da reflexão de parte dos raios de luz incidentes sobre os
pequenos prismas.
Por fim, a ideia é ampliar a discussão, conferindo um tratamento científico às ideias
básicas, que compõem o modelo de formação de um arco íris, trazendo recursos que
fundamentem o método cientifico, ou seja, após a observação de campo que
compreende a visualização do arco-íris em sua formação natural, deverá ser a atividade
prática o recurso de respaldo que fundamentará toda discussão matemática que
determina o modelo baseado em reflexão, refrações e dispersões da luz branca, que se
aplicadas às particularidades de uma gota d’água nos fornece o arco-íris em todo o seu
esplendor.

3. A atividade prática

a) Requesito
- Realização em dia ensolarado.

b) Material
- Cristais com aparência levemente esférica
- Tripé

c) Montagem do experimento
- Reserve um ambiente, onde seja possível limitar a entrada do feixe de luz branca
oriunda do sol, de maneira que essa seja a única fonte luminosa neste ambiente.
- Disponha os pequenos prismas enfileirados verticalmente, e acomode-os em um tripé.
- Direcione o conjunto tripé/prismas de maneira que o feixe de luz intercepte a
disposição de prismas frontalmente.
- Faça ajustes necessários na posição do tripé de maneira que seja possível observar dois
aglomerados de dispersões.

d) Resultados
Vide anexo e observe as figuras 1 e 2.

4. Motivo de escolha dessa atividade prática

A realização de uma atividade prática não oferece benefícios se não apresentar relação
imediata com o objeto de estudo. Como tal, na proposta de estudar o arco-íris, no que
tange a sua formação, a atividade prática tem como finalidade oferecer recursos para
que o aluno reproduza e sustente considerações a cerca de um modelo.
No direcionamento de observar, reproduzir, tecer uma hipótese e comprová-la esta
atividade foi escolhida para compor o método científico.
Não é esperado do experimento escolhido que este reproduza um arco-íris, e que
somente através disso o aluno possa definir uma linha de raciocínio que justifique o
observado. O motivo da escolha desse experimento é que o aluno fundamente suas
convicções naquilo que ele pode comprovar.
No experimento em questão o aluno poderá definir que a luz branca é uma composição
óptica, através da sua refração e posterior dispersão, assim como poderá determinar em
partes da tela experimental a ocorrência de reflexões. Dito isso, não há como não
considerar o experimento proveitoso, uma vez que tem a capacidade promover
analogias muito sincronizadas com aquilo que descrevemos na Física aplicada ao arco-
íris.
O texto 1, como um todo, fornece todas as explicações matemáticas e lógicas do que
ocorre, mas a validade de uma parte importante do lá foi descrito ganhará respaldo com
essa atividade prática, motivando a sua proposta de atividade com os discentes.

5. Anexo

Figura 1 - Na foto vemos a tela principal da atividade prática. Nela podemos verificar os processos de dispersão da luz
branca, reflexão e refração dos raios incidentes, assim como a reflexão interna que acabou ocorrendo em duas direções
distintas.

Figura 2 – Os aglomerados de dispersão têm posição espacial oposta a dos raios incidentes, denotando a
ocorrência de reflexão no interior dos pequenos prismas.

Você também pode gostar