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CENTRO UNIVERSITARIO METODISTA IZABELA HENDRIX

CURSO PEDAGOGIA

CRIANÇA DOWN DA ESCOLA INCLUSIVA:


Possibilidades de alfabetização

BELO HORIZONTE-MG
2010
DAIANA GOMES DA SILVA - 1200805661

CRIANÇA DOWN DA ESCOLA INCLUSIVA:


Possibilidades de alfabetização

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao


Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix como
requisito para obtenção de título de Licenciatura Plena
em Pedagogia
Orientador: Denílson Diniz Pereira

BELO HORIZONTE - MG
2010

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DAIANA GOMES DA SILVA

CRIANÇA DOWN DA ESCOLA INCLUSIVA: Possibilidades de alfabetização

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau e Licenciado em Pedagogia, aprovado


pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix de Belo Horizonte em 09 de dezembro
de 2010 em banca examinadora constituída pelos professores:

Professor Orientador: Denílson Diniz Pereira

Professora Interna: Elisa Santos

Professor Interno: Manuel Muñoz

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SUMÁRIO

0.1 INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------
1 O QUE É DEFICIENCIA MENTAL?-----------------------------------------------------------
2-DEFICIÊNCIA MENTAL: CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN------------------
3-A CRIANÇA DOWN NA ESCOLA INCLUSIVA: O POSSÍVEL PROCESSO
DE ALFABETIZAÇÃO------------------------------------------------------------------------------
CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------------------
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------------------

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RESUMO

O trabalho aqui desenvolvido desenvolveu-se a partir de pesquisas bibliográfica e virtual


sobre o tema escolhido, pesquisa esta de ordem qualitativa em que o foco é a capacidade de
alfabetização das crianças portadoras da Síndrome de Down. É preciso que a inclusão de
crianças portadoras da Síndrome de Down nas escolas regular de ensino seja real e efetiva, ela
deve ser realizada com muita propriedade, respeito e responsabilidade. Há uma grande
necessidade de se ter ciência a respeito de qual a relação da inclusão desta criança na escola
regular de ensino, qual o preparo que os docentes possuem para tanto, e a relação com a
família. Tal ciência se faz necessária porque todos os membros envolvidos no processo
educacional são peças fundamentais nesta inclusão; todos se tornam membros de um mesmo
conjunto educativo e para que elas possam interagir existe a necessidade de compreensão de
suas necessidades e capacidades, compreender que uma criança portadora de Síndrome de
Down possui sim capacidade de ser alfabetizada.

PALAVRAS CHAVE: Síndrome de Down, Escola Inclusiva, Alfabetização.

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INTRODUÇÃO

Temática mais que atual a educação inclusiva sempre gera muitas discussões,
principalmente no ambiente educacional do Brasil e do mundo; apesar disso, há bem pouco
tempo é que a as crianças brasileiras portadoras de necessidades especiais legitimaram seu
direito a uma educação igualitária nas escolas regulares de ensino.
Tal fato, fez com que as instituições de ensino que tinham por obrigação receber as
crianças portadoras de necessidades especiais não tivessem tempo para se prepararem
corretamente para acolher essas crianças; pois apenas recebê-las em sala de aula não é o
suficiente, é preciso que haja aprendizado neste momento.
No que diz respeito à escola inclusiva, é preciso que a escola esteja preparada para
acolher as crianças portadoras de necessidades especiais, é preciso que a escola faça
adequações de seus espaços e também de seu currículo, segundo Mantoam (2001), o
currículo deve ter um conteúdo comum e conteúdos específicos, e conteúdos adjuntos que
variam conforme a dificuldade.
Os conhecimentos do educador é outro aspecto de suma importância quando o
assunto é a educação inclusiva, este profissional deve possuir conhecimentos teóricos que lhe
darão maior confiança e segurança em seu trabalho.
No momento em que a criança portadora de necessidades especiais chega à escola
ela passa a ser parte do conjunto de educação e não mera espectadora; ela passa a ser ator da
peça escolar como todas as outras crianças e precisa muito da participação ativa da família e
dos educadores através dos conhecimentos teóricos, desta forma, o trabalho será bem mais
eficiente e confiável.
A participação das famílias no processo de escolarização e sua grande importância
devem ser ressaltadas, isto porque, a educação inclusiva deve ocorrer desde os primeiros anos
de vida da criança.
Uma barreira enfrentada pelos docentes em seu trabalho é a criação de expectativas
pelas famílias, no momento em que tais expectativas não são alcançadas acabam por criar essa
barreira e isso atrapalha o desenvolvimento da criança que é naturalmente lento. Assim, é
nítida a necessidade de diálogo com a família, isso por que há a necessidade de uma
continuidade do trabalho escolar para que haja um maior aproveitamento do processo de
esnino-aprendizagem.
Em muitos casos a família também é um grande problema para o desenvolvimento
escolar, no que tange a inclusão, de seu filho portador de necessidades especiais, a mãe que

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prepara seu filho para vida adulta, para o mercado de trabalho, e ao pensar em seu filho
portador de necessidade especial ela sente medo, reflete sobre a incapacidade que seu filho
terá e que ele será dependente para toda a vida.
Segundo Vitor da Fonseca (1995), as leis garantem a relação e o cuidado com o
futuro das crianças especiais, as portadoras de necessidades especiais de todo tipo, do mesmo
jeito que as crianças ditas “normais”, assim ela terá vida útil, produtiva e independente, para
tanto é de grande importância a iniciação educacional.
Frente a todos os fatos relativos a educação inclusiva são muitos os questionamentos;
qual o papel da escola e da família na construção do processo educacional? Qual a melhor
forma para levar essa criança a uma vida educacional produtiva?
O preconceito precisa ter fim, a escola precisa se livrar do preconceito para que ele
seja um problema a mais a ser driblado; a escola precisa entender seu real potencial e
proximal desenvolvimento da inclusão.
É preciso que, para que a educação inclusiva seja efetivada, a escola defina seu papel
formador e que junto com sua equipe acadêmica defina quais as reais possibilidades de
aprendizagem do aluno, pois cada desenvolvimento é único. Mas, também há a necessidade
de a escola assumir a sua responsabilidade em relação ao diálogo com a família da criança,
pois é ela que observará as evoluções das crianças de perto.
A motivação para a realização deste trabalho foi tomar ciência a respeito dos desafios
encontrados para a realização do trabalho de alfabetização de crianças portadoras de
necessidades especiais, em especial, as portadoras da Síndrome Down.

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1-O QUE É DEFICIÊNCIA INTELECTUAL?

Segundo a definição da Associação Americana de Desenvolvimento Mental a


“deficiência mental é uma condição do cérebro que está impedida de atingir um
desenvolvimento adequado, dificultando a aprendizagem no individuo privando-o de
ajustamento social, onde o mesmo tende a modificar de acordo com os princípios de direitos”.
(AAMR, 1992)
A designação mais atual para o termo deficiência mental é deficiência intelectual.
Após tal definição é possível se fazer alguns questionamentos, é possível uma criança
portadora de deficiência intelectual frequentar a escola regular inclusiva? Quais as
possibilidades dessa criança?
No presente trabalho escolheu-se realizar uma pesquisa a respeito do processo de
escolarização da criança portadora de deficiência intelectual causada por uma anomalia
genética, a Síndrome de Down.
Segundo Vitor da Fonseca (1995, p. 08):

“Foi depois da revolução francesa que a pessoa com deficiência mental passou a ter
perspectivas humanísticas, é, porém no século XIX que se iniciam os primeiros
estudos sobre deficiência, com foco na deficiência mental nesse período se destacam
pelo estudo da temática Séguin, Itard, Wundt, Ducan e Millar, Morel Lombrosi,
Down, Galton,Tuke etc.”

O mesmo autor afirma que as deficiências mentais, como são comumente conhecidas,
antigamente eram vistas por um ponto de vista estritamente religioso, e isso impedia os
estudos necessários para a melhoria de vida dos portadores; com o passar do tempo as
nomenclaturas foram sendo modificadas facilitando o avanço de novos estudos, assim, a
forma de ver essas pessoas também foi se modificando, elas passaram a ser tratadas
clinicamente e pedagogicamente.
O portador de deficiência é um ser humano que sente, pensa, cria, apesar de possuir
uma limitação mental ou corporal que pode afetar aspectos de comportamento que lhes define
em um perfil intra-individual e peculiar, mas acima de tudo uma pessoa com direitos.
No que diz respeito ao desenvolvimento de um portador de necessidades especiais a
família desempenha um papel fundamental em todos os aspectos, assim como para as crianças
ditas “normais”.

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2-DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

A Síndrome de Down foi descrita em 1862 pelo medico britânico John Langdon, mas
sua causa foi descoberta em 1958, sua causa genética foi descoberta pelo professor Jérôme
Lejeune ao encontrar uma cópia a mais do cromossomo 21.
Down mencionou:

O cabelo não é preto, como é um cabelo de um verdadeiro mongol, mas é de cor


castanha, liso e escasso. O rosto é achatado e largo. Os olhos posicionados em linha
oblíqua. O nariz é pequeno. Estas crianças têm um poder considerável de imitação
(Pueschel, 1995, p.48).

Também chamada como trissomia do cromossomo 21, a Síndrome de Down é um


distúrbio genético ocasionado pela existência de um cromossomo 21 extra total ou parcial; as
diferenças maiores ou menos na estrutura corporal é que caracterizam essa síndrome.
Em geral, as dificuldades de habilidades cognitivas e desenvolvimento físico estão
associadas à Síndrome de Down; geralmente essa síndrome é identificada na hora do
nascimento.
O portador da Síndrome de Down pode possuir uma habilidade cognitiva baixa, isso
varia de acordo com o nível de deficiência intelectual, moderado ou leve. O número de
portadores que possuem um grau profundo de deficiência intelectual é pequeno; essa
ocorrência genética é bastante comum, estima-se que 01 a cada 800 ou 1000 nascimentos.
Os portadores da Síndrome Down possuem quarenta e sete cromossomos ao invés de
quarenta e seis cromossomos; isso leva o sujeito a possuir uma deficiência intelectual leve ou
moderada que podem vir seguida de problemas auditivos, problemas de coração e de
formação do esqueleto.
A idade da mãe também se relaciona diretamente com a presença da Síndrome de
Down, isso por que a idade da mãe com mais de trinta e cinco anos aumenta de forma
significativa a incidência do nascimento de crianças portadoras da síndrome.
De acordo com KIRK (1996, p.130) não é possível a conclusão de que a mãe seja a
responsável pela inclusão do cromossomo extra, a contribuição do pai para a existência do
cromossomo extra está entre vinte e vinte e cinco por cento dos casos.
O nível leve da deficiência intelectual é um nível em que é perfeitamente possível o
sujeito ser “educado”, ele pode conseguir realizar tarefas complexas supervisionadas. No
nível moderado é possível que se possa alcançar é o ponto e assumir um nível pré-operatório;

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os portadores podem vir a ser capazes de adquirir hábitos de autonomia e em muitos casos
capazes de realizar certas atitudes bem elaboradas, e ao se tornarem adultos podem frequentar
lugares ocupacionais, também com supervisão. (KIRK, 1996, p.123-124).
Assim, a caracterização de deficiência intelectual por Kirk é feita por aspectos de
deficiência leve e moderado.
Por ser considerado um tipo de deficiência intelectual, a melhor classificação feita por
Kirk é a mais aceita e a mais utilizada no trato com portadores da Síndrome de Down.
A abordagem deste autor foi uma tentativa de caracterização de cada tipo de
deficiência intelectual que pode se relacionar diretamente às pessoas que nascem com
alteração cromossômica.
Isso quer dizer que, as definições dadas à deficiência intelectual, leve ou moderada
caracterizam a síndrome no que diz respeito aos aspectos que se referem ao desenvolvimento
cognitivo dos portadores.
Outra anormalidade cromossômica poder ser a possível causa da Síndrome de Down, é
o resultado de translocações, o portador possui quarenta e seis cromossomos, mas um para
deles está quebrado, e esta parte quebrada está fundida com outro cromossomo.
Há ainda um terceiro tipo que é chamado de mosaico da Síndrome de Down.
Segundo Kirk (1996, p. 130), esses dois tipos de anormalidades cromossômicas
ocorrem em somente quatro a cinco por cento das crianças portadoras da Síndrome de Down.
A incidência da síndrome, segundo Lilienfield (1996 apud KIRK, 1996, p.130), é de
um a dois entre cem nascimentos, independente de que tipo seja, é sempre o cromossomo 21 o
responsável pelos traços físicos específicos e função intelectual limitada observado na grande
maioria das crianças com Síndrome de Down. (PUESCHEL, 1995, p.61)

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3-A CRIANÇA DOWN NA ESCOLA INCLUSIVA: O POSSÍVEL PROCESSO
DE ALFABETIZAÇÃO

De acordo com Siegfried & Pueschel (2007, p. 110), o nível da deficiência intelectual
suave, moderado ou severo, é que definirá o que a criança é capaz de aprender.

“Relatos recentes destes autores indicam que crianças com síndrome de Down
geralmente representam deficiência mental entre leve e moderada do contrario à
estudos anteriores que os descreviam com deficiência mental severa ou profunda,
porém somente alguns casos apresentam tais características .Assim há uma larga
extensão cognitiva em crianças com síndrome de Down que melhoram as
perspectiva do seu futuro que hoje sabemos que será mais promissor que em
qualquer outra época.”

O diagnóstico médico, seguido de um relatório preciso é que serve de base para que o
corpo docente, a partir da definição do grau de deficiência, possa seguir um plano educacional
com maneiras mais claras de conduzir suas ações.
A tabela de Kirk é um plano educacional mundialmente conhecido com o nível de
comportamento de SLOAN e BIRCH por Vitor da Fonseca (1995, pág. 36):

Deficiência mental educável (leve ou suave) (80-90 QI <_75-79)


Pode desenvolver aquisições de comunicação e de sociabilidade, atraso mínimo nas
áreas sensório-motoras.
Na escola pode aprender aquisições acadêmicas até o 6° ano, não pode aprender de
assuntos secundários.
Ajustamento social e vocacional (capaz de exercer algumas profissões),precisa
freqüentemente de supervisão econômicas e sociais sofisticadas.
Deficiência mental moderada (educable mentally retarded )( 55 -50 _75-79 )
Aprende a falar e a se comunicar, reduzida consciência social ,desenvolvimento
motor satisfatório, pode beneficia-se de treino nas áreas de auto-suficiência e pode
ser orientado com uma supervisão moderada.
Na escola pode aprender aquisições acadêmicas funcionais até ao 4° ano de
escolaridade.
Apto para ocupações qualificadas, precisa de orientação em situações que exijam o
mínimo de aquisições.
Deficiência mental treinável (severo) (trainable mentally retarded ) QI <30-
35_50-54
Desenvolvimento motor pobre
A fala é mínima não se beneficia de treino nas áreas de auto-suficiência,
Na escola especial pode aprender as falar ou se comunicar, pode ser treinado nos
hábitos de higiene, não aprende as aquisições acadêmicas funcionais, beneficia-se de
hábitos de treino sistemático
Quando adulto pode contribuir parcialmente em tarefas completamente
supervisionadas.
Pode desenvolver comportamento de auto-proteção em envolvimentos controlados.
Deficiência mental dependente (profundo) (dependent mentally retarded DMR)
QI <25-30
Grande atraso, capacidades mínimas para funcionar nas áreas sensório-motoras.

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Necessita de cuidados maternais. Na escola registra-se algum desenvolvimento
sensório-motor raramente beneficia-se de treino na área se auto-suficiência,
necessita de cuidados permanentes
Quando adulto desenvolve a fala e sensório-motor, incapaz de auto-manutenção e
precisa de cuidados permanentes.

Isso quer dizer que, o portador da Síndrome de Down ao ser incluído na escola regular
de ensino pode sim ser capaz de ter uma vida acadêmica produtiva baseada na tabela acima,
assim como um portador de outro tipo deficiência intelectual.
A falta de informação ainda é um grande problema para a efetivação da educação
inclusiva, pois gera preconceito, e isso faz com que a criança passe pela escola como forma de
passa tempo, e ainda, a falta de informação impede que as pessoas que mais poderiam
contribuir para o avanço do processo de ensino-aprendizagem dessas crianças não ajudem.
É de fundamental importância o estímulo para que haja o desenvolvimento cognitivo
das crianças portadoras da Síndrome de Down, e é na família que este processo deve ser
iniciado, isso por que a essa criança deve ser estimulada já nos primeiros meses de vida.
Já existe uma técnica para conseguir um diagnóstico ainda na gestação denominado
amnisoscentese; este é um processo onde se retira um pouco do fluído amniótico da gestante
para análise. Neste fluído é possível se encontrar células do feto, suas anormalidades
cromossômicas, assim podem ser analisadas pelo cariótipo. Desta forma, já no início da
gestação, é possível se diagnosticar a deficiência ou não de um feto. (KIRK, 1996, p. 130).
A infância é a fase em que a criança está mais propensa a aprender, conforme os anos
vão passando o processo de aprendizagem mais ficando mais lento, assim ficando mais difícil
para a criança ter mais avanços. (BRASIL, 1997, p.61-62).
É preciso lembrar que, “As escolas e os professores podem muito, mas não podem
tudo!” (CARVALHO, 2004, p.09).
De acordo com Canning & Pueschel (1993, p.105):

“Talvez os pais de criança necessitem de ajuda para entender o desenvolvimento


lento nas suas respostas motoras sociais, para uma criança normal a realização de
tarefas simples como andar pular corda exigem muito treino e varias repetições com
a criança com Down não e diferente”.

De acordo com Vitor da Fonseca (1995, p.40), é pela aprendizagem que a relação
integrada entre o sujeito e seu meio é posta em jogo, ou seja, entre as condições internas e

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externas é colocada uma relação intangível e isso desencadeia um processo sensório-
neuropsicológico entre a situação, externa, e a ação, interna.

A aprendizagem envolve complexos processos neurológicos, nomeadamente reações


químicas, atividades bioelétricas, arranjos moleculares nas células nervosas e gliais,
eficiência sináptica, redes interneurais, metabolismo protéico, mielinização,
ramificações dentrícas, dentre outros. Em outra dimensão, a aprendizagem
compreende funções de decodificação, transdução, armazenamento, combinação,
codificação, reforço e outros, que colocam a imediatividade da experiência social.
Vale ressaltar que a aprendizagem no ser humano é planificada, motivada, elaborada
e avaliada, quase sempre dependente dos aspectos sócio-históricos. (FONSECA,
1995, p.40).

A formação de pessoas capazes de produzirem suas próprias opiniões e de


conseguirem pensar criticamente é o papel da escola. Desta forma, é preciso que a escola
tenha práticas que favoreçam não somente o aluno, este não pode ser mero depositário de
informações, pois se não de nada servirá a permanência longa da criança na escola.
As atividades propostas pela rotina escolar precisam ser capazes de atender as
necessidades de todos os seus alunos, sempre respeitando suas limitações dentro do processo
de ensino-aprendizagem.
Assim, se fazem de fundamental importância o conhecimento de algumas das
características do desenvolvimento cognitivo e linguístico da criança portadora da Síndrome
de Down, pois isto é relevante para o processo.
As crianças portadoras da Síndrome de Down possuem um atraso no desenvolvimento
da linguagem e possuem também dificuldades em sua oralidade, assim ela possui um
vocabulário reduzido, e desta forma eles não se expressam de forma clara, mas compreendem
muito bem a fala do outro.
Outra dificuldade apresentada pelo Down é o processamento da memória auditiva em
curto prazo; ela afeta a capacidade de se expressar e de desenvolver as habilidades cognitivas
como o raciocinar, o pensar, o relembrar as informações instantaneamente. (BUCKLEY;
BIRD 1994 apud, BISSOTO 2005, p. 82)
No que diz respeito ao processo de alfabetização e letramento do Down, as condições
irão interferir e dificultar sua consolidação. É preciso se levar em conta essas condições
enquanto dificuldades a serem transpostas; é possível se dizer que a alfabetização é um dos
pilares da prática pedagógica, já que, ela é competência fundamental a todas as disciplinas.

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“As crianças e adolescentes observam palavras escritas em diferentes suportes (...).
Nessas experiências culturais com práticas de leitura e escrita, muitas vezes mediadas pela
oralidade, meninos e meninas vão se constituindo como sujeitos letrados.” (LEAL,
ALBUQUERQUE, MORAES, 1998, 20 p70)
De acordo com Soares (1998, p. 47 apud, LEAL, ALBUQUERQUE, MORAES, 20
p.70) é inseparável, mesmo com ações diferentes, o letrar e o alfabetizar. Mas, o ideal é
ensinar a ler e a escrever no conjunto das práticas sociais de leitura e escrita, “alfabetizar
letrando”.
Segundo o fascículo 1 do Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada de
Professores dos anos/séries Iniciais do Ensino Fundamental:

Alfabetização e Linguagem (MEC 2008, p. 13):


(...) alfabetização como o processo específico e indispensável de apropriação do
sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilita
ao aluno ler e escrever com autonomia. Entende-se letramento como o processo de
inserção e participação na cultura escrita. Trata-se de um processo que tem início
quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na
sociedade (placas, rótulos, embalagens comerciais, revistas, etc.) e se prolonga por
toda a vida, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que
envolvem a língua escrita (leitura e redação de contratos, de livros científicos, de
obras literárias, por exemplo). Esta proposta considera que alfabetização e
letramento são processos diferentes, cada um com suas especificidades, mas
complementares e inseparáveis, ambos indispensáveis. Assim, não se trata de
escolher entre alfabetizar ou letrar; trata-se de alfabetizar letrando.

A partir desta atual perspectiva de alfabetização, e das discussões ao longo dos


tempos, é que os alunos portadores de necessidades especiais podem ser ensinados conforme
suas vivências das práticas de leitura e escrita se relacionam com os diferentes gêneros
textuais e seus suportes, pois eles também fazem parte da vida em sociedade.
Os obstáculos que rodam o trabalho educacional voltado ao portador da Síndrome de
Down devem ser considerados como impedimentos específicos a serem contornados.
Gestos e imagens devem ser utilizados para dar comandos e transmitir conhecimentos,
conteúdos curriculares é uma ótima estratégia para o trabalho com o Down. Utilizar a
memória visual é bem mais eficiente, pois está é bem mais desenvolvida no Down do que a
auditiva. Esta é uma estratégia que consiste em uma oportunidade para melhor se
expressarem, há seu tempo, através de seus gestos e de seu vocabulário particular.
Tais ações ajudam a facilitar o cotidiano escolar para a criança portadora da Síndrome
de Down, ajuda no contorno das dificuldades, ajuda na participação desse cotidiano para que
não sejam excluídas.

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Conforme as afirmações de Bissoto (2005, p.86), vários são os estudos que
demonstram que o desenvolvimento dos portadores da Síndrome de Down, assim como das
pessoas ditas “normais”, recebe influências genéticas, sociais, econômicas e culturais.
A escola não pode esquecer que todo aluno, mesmo o portador da Síndrome de Down,
possui sua singularidade.
Consonante, Oliveira (2006, p.115), os portadores de algum tipo de deficiência não
têm suas individualidades e personalidades respeitadas pela sociedade, e quando isso acontece
na escola gera a “produção do fracasso escolar” de muitos.
O compartilhamento da mesma síndrome não que dizer que se possuem as mesmas
necessidades, o princípio de igualdade de direitos não pode ser confundido com igualdade na
aprendizagem.
É preciso que estes alunos sejam respeitados em seu ritmo de aprendizagem, aptidões,
dificuldade e interesses como seres humanos únicos que são.
“Numa prática curricular guiada por princípios homogeneizadores, há uma concepção
intrínseca de que o processo de aprendizagem é igual e ocorre da mesma forma para todos os
sujeitos.” (LUNARDI, sd, p. 7)
O processo de alfabetização, descrito por Pueschel (2007), se inicia nos primeiros anos
de vida com muitos estímulos, mas isto deve ser feito com muito cuidado, pois gera por parte
dos pais muita expectativa, e em muitos casos acaba gerando frustrações.
A iniciação da criança portadora de necessidade especial na escola regular de ensino
deve ser feita com muito cuidado, de forma simples, de preferência, usando a Ludicidade
como ferramenta.
O que pode ser feito para auxiliar no momento desta inserção da criança portadora de
necessidades especiais na escola regular de ensino, isso cabe também ao Down, segundo
Pueschel (2007, p. 171)

“Aprender a brincar é uma das mais valiosas habilidades que a criança pode adquirir
na pré-escola. o brincar é o veiculo natural do crescimento e da aprendizagem, nos
primeiros estágios as crianças com síndrome da down necessitam de assistência no
brincar precisam imitar aprender na ação e fazer algo acontecer. precisam realizar
escolhas e compartilhar. os limites são determinados para seu comportamento e eles
devem aprender a elaborar. todas essas habilidades ajudam a formar
comportamentos positivos que auxiliam na implementação de objetivos da escola e
dos pais”.

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A dinâmica do brincar pode ser desenvolvida não apenas na pré-escola, mas no
cotidiano familiar. Ainda segundo Pueschel (2007, p.171), no primeiro contato com a escola
inclusiva, a criança que passa por esse processo inicial se sente recompensada.
Ao se aprenderem a partir dessa introdução de mundo pelo brincar está se
introduzindo a criança para a fase seguinte que a das atividades didáticas, e estas devem ser
realizadas com muito cuidado. As atividades didáticas devem ser adequadas às necessidades
dos alunos e das suas individualidades; é preciso se pensar na escola inclusiva de forma
individual para o aluno, isto por que, o processo educacional não vem pronto, é de
responsabilidade do educador adequar suas ideias e conhecimentos ao longo desse processo.
No que diz respeito à alfabetização da criança portadora da Síndrome de Down, ao se
iniciar esse processo, há que se pensar no desenvolvimento de suas habilidades e de suas
capacidades de aprendizagem. Não existe um manual para tanto, e nem mesmo um processo
de escolarização; é preciso que esta criança seja vista como um sujeito de potencial de acordo
com suas possibilidades, e a consciência de que tal processo é difícil e lento, mas real.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tem sido alvo de muitas críticas o ensino especial por não se promover efetivamente o
convívio entre as crianças portadoras de necessidades especiais e as outras crianças; isso
mesmo as escolas estando hoje melhor equipadas e melhor preparadas para tal inclusão.
No entanto, a escola regular de ensino precisa de qualificação para atender de forma
efetiva a inclusão destas crianças; a qualificação de professores é uma das grandes
necessidades deste processo.
Ao se dizer de que os portadores de necessidades especiais devem ser educados como
todos os outros sujeitos que são ditos “normais”, isso não implica em que devam ser educador
da mesma maneira. Não é apenas a igualdade de oportunidade que se pleiteia, mas também
reduzir a segregação.
Sendo assim, a educação do portador de necessidades especiais deve ser pensada de
forma inclusiva; é preciso se diminuir as diferenças entre a educação regular e a educação
especial.
O termo educação especial deveria ser utilizado porque se lida com crianças especiais,
e únicas; mas é preciso lembrar que toda criança aprende de uma maneira especial, com isso
são necessários professores especiais.
Tendo este pensamento como base, toda educação deve ser especial por se dirigir a
seres peculiares e originais, quer sejam portadores de necessidades especiais ou não.
Quando uma criança portadora de algum tipo de necessidade especial chega à escola, é
de responsabilidade do professor conhecer suas características de comportamento e
compreender suas dificuldades. Este professor precisa possuir ferramentas que atendam as
necessidades educacionais de toda e qualquer criança.
Quando o assunto é a criança portadora da Síndrome de Down, é preciso se desfazer
do mito de a essa criança não é capaz de se adaptar a uma escola comum e de que a educação
especial seria a solução; isso é um equívoco, pois a Constituição Federal Brasileira e a
Declaração Universal dos Direitos do Homem, no seu artigo 26 dizem: “Todos têm direito à
educação”.
A alfabetização dos portadores da Síndrome de Down é perfeitamente possível, este
processo pode não ocorrer de forma tradicional, no tempo esperado, mas ela acontece. O
processo de alfabetização do Down precisa da utilização de procedimentos diferentes dos
normais, é preciso que se treinem mais o manuseio de objetos como a borracha e o lápis, por
exemplo.

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O presente trabalho tem como um de seus objetivos conscientizar sobre as
possibilidades de observação e intervenção de pais e educadores no aprimoramento da
aprendizagem das crianças portadoras da Síndrome de Down, e em especial de sua
alfabetização.
Ao término deste trabalho, é possível se perceber que a qualidade de vida e o
preconceito em relação ao portador da Síndrome de Down atualmente vem sofrendo uma
melhora significativa. A ciência proporciona recursos importantes para o portador da
Síndrome de Down, dando a ele uma chance de uma vida melhor. A aceitação, por parte das
pessoas ditas “normais”, melhorou bastante, porém o Down ainda é fonte de muito
preconceito, devido à falta de informações corretas ou por ignorância das pessoas.
A falta de informação ainda é uma barreira no trabalho com o Down, devido a isto, o
método inclusivo não é posto em prática de forma efetiva, e quando o é, é empregado de
forma errônea. Existe um descaso muito grande em relação à educação e, pior ainda, a
educação de portadores de necessidades especiais. A inclusão só irá se tornar uma realidade
quando houver uma conscientização em massa da sociedade, educação para todos com menos
preconceitos em relação às diferenças, mais chances de vivermos em um mundo melhor no
futuro nós teremos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AAMR – American Association on Mental Retardation – Mental Retardation: definition,


classification, and systems of support. 9th ed. Washington, AAMR, 1992.

BISSOTO, M. L. O desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem do portador


de Síndrome de Down: revendo concepções e perspectivas educacionais. Ciências &
Cognição. Ano 02. Vol. 04, mar/2005. Disponível em www.cienciasecognicao.org - acesso
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Organizado por Erenice Natália Soares Carvalho. Brasília: SEESP, 1997.

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FONSECA, Vitor da. Educação Especial: programa de estimulação precoce - uma


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KIRK, Samuel A e GALLAGHER, James J. Educação da criança excepcional; 3 ed. São


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LUNARDI, Geovana Mendonça. As Práticas Curriculares de Sala de Aula e a


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MANTOAN, Maria Teresa. Como a escola pode tornar-se inclusiva? Disponível em <
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