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Educação Especial:  

O Desenvolvimento da
Aprendizagem na Educação Inclusiva

Gustavo Claudino

Resenha a partir dos conteúdos trabalhados na disciplina

Educação Especial

Pós Graduação em Educação Especial e Neuropsicopedagogia

Profº -

Abril - 2020

Jaboatão-PE
Antes de discutir o desenvolvimento da aprendizagem na
educação inclusiva, se faz necessário entender os conceitos de
inclusão, educação inclusiva e de pessoa com deficiência.

Pg 2 Ronan da Silva Gaia (2017), autor do artigo sobre a


Educação Especial no Brasil, Especialista em Educação e Sociedade
quando trata do período pós Constituição, em seu artigo:
EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: ANÁLISES E REFLEXÕES
descreve a inclusão como garantia do direito à Educação da Pessoa
com Deficiência. Ele nos faz lembrar que: “A Educação é direito
garantido pela Constituição Federal de 1988, art 205”. Além disso,
direito social definido pela LDB, art 6º. Em sua visão, a educação
deve ser definida ou operada por três processos formativos
educativos, os quais ocorrem, basicamente em três instituições
sociais: a família, a escola e a sociedade.

Além disso, cita Ferreira e Guimarães (2003) e Sassaki


(1997) pg 167 para definir a Educação Inclusiva dentro de uma
perspectiva uma ação reflexiva que considere as diversidades e
pessoalidades de cada sujeito, visando à aprendizagem (qualitativa
e significativa) e com isso a valorização pessoal e social. Já o
conceito de inclusão se refere ao “processo pelo qual a sociedade
se adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas
com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam
para assumir seus papéis na sociedade.

Portanto, para ele, a Educação Especial atua sob a ótica da


Inclusão Escolar e esta, por sua vez, constitui-se em uma
modalidade educacional que tem como objetivo atender às
Pessoas com Deficiência, negros, indígenas, nômades entre
outros sujeitos que culturalmente ou historicamente tiveram seus
direitos negados e por esse sentido ficaram à margem da sociedade
e/ou em situação de vulnerabilidade.

Os processos educacionais voltados para a inclusão e para


Educação Especial no Brasil são objetos de estudo pelo autor citado
acima. Ele os dividiu em 2 períodos, que correspondem as épocas
antes e depois da CF de 1988. O Período anterior mostra pouca
evolução. Contudo, o período pós Constituição foi diferente.

A professora Cleidiane, pg 2 em seu artigo: A EVOLUÇÃO


DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL: PONTOS E PASSOS, cita
Mazzota (2005) pg 12 para dizer que “a Educação Especial no
Brasil foi muito tempo definida como uma assistência dada aos
alunos com deficiência. Essa assistência não tinha uma finalidade
educativa. O processo educativo, na visão de muitos, era
considerado inviável e até mesmo impossível. O que acontecia era
apenas um atendimento clínico. A defesa da cidadania e do direito
à educação das pessoas portadoras de deficiência seria algo muito
recente”.

Não resta dúvida que muitos anos se passaram sem que se


houvesse a preocupação com essa parcela da população. Os direitos
dessas pessoas foram negligenciados pelo poder público em suas
diversas esferas por um longo tempo.

Segundo a professora Cleidiane pg 7, não existia um enfoque


educacional. Se os indivíduos apresentassem doenças cognitivas e
sensoriais mais severas seu direito ao ensino não era sequer
cogitado, uma vez que era considerado um processo muito difícil e
até mesmo impossível, ou seja, não havia expectativas quanto à
inserção e evolução acadêmica e cultural dessas pessoas

A partir disso, vários dispositivos legais surgiram culminando


para o estabelecimento de uma educação inclusiva. Porém, dois
episódios marcaram o início do que seria uma significativa
mudança sobre o assunto.

Foi em 1994, na Espanha durante a conferência Mundial de


Educação Especial de Salamanca e quatro anos antes a Conferência
Mundial de Educação para Todos em Jomtien (Tailândia) em 1990
que os entendimentos se direcionaram para esse processo de
evolução.

Então, sobre a evolução da Educação Especial no Brasil,


Cleidiane pg 7 destaca que “O Modelo Clínico saía de cena e dava
lugar ao Modelo Educacional que em sua teoria defendia a
possibilidade de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos com
necessidades educacionais específicas e afirmava que o meio é que
deveria ajustar-se para promover uma transformação nesse
sentido.

Para ela, esse novo paradigma caracteriza-se, como o próprio


nome já diz, “pela integração do aluno com necessidades
educacionais específicas nas classes comuns, porém observou-se
que essas pessoas apesar de integradas encontravam-se segregadas
dentro das salas de aula”.

Foi então que mais alguns dispositivos legais versaram sobre


o assunto. A exemplo disso: o decreto n° 3. 298/99, dispõe sobre a
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência, estabelece matricula compulsória das pessoas com
deficiências e considera a Educação Especial como modalidade
educativa. Ele foi alterado em 2004 (lei da acessibilidade) nº 5296
o qual descreve que classifica os portadores de deficiência.

Já em 2011 o decreto 7611 institui o AEE (atendimento


especial especializado) com objetivo de reconhecer a identidade do
indivíduo e sua cidadania. Em 2013 a Lei n° 12.796 altera a LDB
em seu Artigo 4, inciso III onde fica estabelecido o “atendimento
educacional especializado gratuitos aos educandos com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino”.

Dentro de um ideal filosófico, a professora Marlene Rosek, pg


7 em seu trabalho sobre a A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: COMPREENSÕES NECESSÁRIAS,
também acredita que “a educação inclusiva, enquanto conceito e
proposta institucional, teve avanços significativos ao longo dos
anos 90, conforme dito anteriormente.

Através das leituras, é possível perceber como o conceito de


deficiência é entendido pela sociedade. Percebido como uma
espécie de desvio da normalidade. Acreditava-se que alguém com
deficiência deveria isolado e vigiado, contribuindo assim, para
formas de preconceito e discriminação.

A professora Rosek pg 9 cita ANDREOZZI (2006), p. 61) e


reforça que “o discurso da educação inclusiva direciona esforços
pedagógicos via estratégias e programas para promover a
eliminação da exclusão; esse movimento tende a igualar a diferença
sem reconhecê-la.

Outros dispositivos legais também sugiram conforme a


necessidade surgia. Em 2015 foi promulgada a lei n° 13.146,
denominada: Estatuto da Pessoa com deficiência. A mesma traz em
suas disposições gerais os conceitos de acessibilidade, desenho
universal e tecnologia assistiva ou ajuda técnica.

Para compreender como se dá a aprendizagem atualmente na


educação inclusiva, é imprescindível compreender o que seria
tecnologia assistiva. A própria lei define como: “produtos,
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias,
práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência
ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social”.

Dentro desse contexto encontra-se a figura do professor e


esse profissional precisa ter o mínimo de conhecimento acerca do
assunto para que possa desenvolver um trabalho que tenha como
linha de raciocínio que pessoas com deficiências não são
incapacitadas, mas pelo contrário, dispõe de múltiplas habilidades
dando ênfase às diferenças e inteligências diversas.

Para Artur Batista de Oliveira Rocha pg 6a atuação


pedagógica é um processo de investigação e estudo e de solução de
problemas, por isso, muitas vezes o professor se depara com
inúmeros desafios, que devem ser solucionados para superar os
limites impostos, exigindo do professor a busca por novas
estratégias.

Sua ideia inclui que, a educação inclusiva no modelo atual


é um desafio aos professores, pois obriga- os a repensar sua
maneira de ensinar, sua cultura, sua política e suas
estratégias pedagógicas, adotando uma postura receptiva diante da
singularidade que irá encontrar, a fim de detectar potencialidades e
expor habilidades de acordo com a demanda de cada aluno.

Fica evidente a importância do professor nesse processo


inclusivo e pedagógico que tem como fim o respeito mútuo às
diferenças e que essas precisam ser superadas através do
entendimento e aceitação, nunca pela negação. Entretanto, o
desafio necessita de mudanças no sistema educacional que possam
garantir e assegurar as condições para que as leis se façam valer
além do papel.

É possível concluir que a Educação, direito de todos,


garantido pelos dispositivos legais expostos acima, bem como o
direito a inclusão social e à educação especial, tem como objetivo a
formação integral do sujeito levando em consideração suas
igualdades e suas desigualdades, em suas devidas proporções.

Além disso, não só o professor tem o papel de cobrar,


conhecer as leis ou fiscalizar o sistema, mas todos os cidadãos
devem participar ativamente dos processos educativos para que,
dessa forma, possamos usufruir de um sistema educacional digno e
justo que se valha dos direitos garantidos legalmente. Todavia,
ciente que o caminho é longo e que ainda temos muito que avançar
no desenvolvimento da aprendizagem na Educação Inclusiva no
Brasil.

FERREIRA, M. E. C.; GUIMARÃES, M.


Educação Inclusiva
. Rio de Janeiro: DP&A,
2003.

SASSAKI, R
.K
.
Inclusão: construindo uma sociedade para todos
. Rio de
Janeiro, WVA, 1997

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