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Fundamentos da Sociologia

“A Sociologia Como esporte de combate”

Gustavo Claudino

Fundamentos da Sociologia

Ciências Contábeis - EAD - Recife

Profº - Emílio de Britto Negreiros

Novembro - 2017

Recife-PE
Em: “Arte da Vida”, o sociólogo Zygmunt Bauman, apresenta
uma dicotomia entre a liquidez dos relacionamentos e uma busca
incessante pela felicidade através da satisfação promovida pelo
consumismo. Ele justifica essa “liquidez”, que se favorece,
sobretudo, no mundo moderno, com as tecnologias. Dessa forma, as
relações sociais1 são realizadas e mantidas sem solidez.

Além disso, segundo o autor, vivemos uma “ditadura da


felicidade”, onde as pessoas transcendem a noção de uma vida real
e mergulham num imaginário mundo onde os sonhos, metas,
desejos, aspirações ditam as regras e transformam o comportamento
em busca de realizações pessoais. Embora as tecnologias sejam
necessárias e sua utilidade seja indiscutível, os efeitos do uso
equivocado dessas ferramentas nos direcionam a uma reflexão
filosófica e sociológica entre as relações mediadas pelo consumo e
pela liquidez social.

Vejamos a visão de Weber: Para ele, a sociedade é vista como


um conjunto de esferas autônomas que dão sentido às ações
individuais. Mas só o indivíduo é capaz de realizar ações sociais. A
ação social é uma ação cujo sentido é orientado para o outro. Um
conjunto de ações não é necessariamente ação social, para realizar-
se, deve haver a orientação mencionada.

Weber, em sua teoria, trata de quatro tipos de ação social:


ação social tradicional, ação social afetiva, ação social racional
quanto aos valores, ação social racional quanto aos fins. Na
primeira, o indivíduo age de maneira automática, sem pensar na
ação. A social afetiva implica uma maior participação do indivíduo,
as respostas são mais emocionais, a família é um exemplo dela.

Entretanto, as outras duas estão relacionadas aos valores


presentes em uma sociedade e são discutidas a partir de uma
racionalidade. A primeira envolve os valores que o indivíduo preza.
A segunda são as ações que levam em consideração os objetivos e
1
para Weber: a consciência de sentido da ação social
os meios disponíveis. Acontece então, uma avaliação do que vale
ou não a pena, as eventuais consequências dos seus atos, portanto,
este tipo de ação, requer uma ética de responsabilidade do
indivíduo por seus atos.

Para Durkheim, as maneiras de agir, pensar e sentir são


exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo por uma
organização definida. Em sua teoria, ele define como fatos sociais
àqueles que são comuns a todos os indivíduos em uma mesma
sociedade, incluindo o modo de agir nas interações sociais. A
formação do indivíduo é feita através da sociedade, a educação
seria um exemplo de como essa internalização acontece por
imposição.

É justamente com a reflexão entre ação, fato e classe social,


que o sociólogo Pierre Bordieu apresenta a ideia de violência
simbólica: exercida pelo corpo sem agressão física e que pode
causar reveses morais e psicológicos. É uma coação que se apoia no
reconhecimento de alguma imposição, seja esta econômica ou
social. Seria a crença que para que haja um processo
de socialização, o indivíduo deve seguir critérios e padrões do
discurso dominante. Isso se explica pela modernização dos meios
de produção, a industrialização e, por conseguinte, o surgimento de
uma classe trabalhadora:

“através da divisão social do trabalho  e dos


meios, a sociedade se extrema entre possuidores e
os não detentores dos meios de produção. Surgem,
então, a classe dominante e a classe dominada.”
Marx.

Essa classe dominante impõe uma orientação baseada nos


capitais econômicos e culturais, o primeiro corresponde ao poder
aquisitivo, já o outro, ao conhecimento adquirido pela educação.
O sociólogo francês propõe o uso da sociologia como um
“esporte de combate”. Em sua teoria, ele nos convida a lutar contra
os meios de dominação na sociedade. Inicialmente, com a
conscientização da dominação social feita a partir da imposição de
comportamentos, padrões e critérios, das classes dominantes em
desfavor dos demais cidadãos.

Em seguida através do diálogo intelectual, dentro e fora das


universidades, em seminários, congressos e palestras com o
objetivo de treinar uma classe dominada para uma luta contra as
esferas dominantes.

Por fim, é interessante perceber que Bordieu propõe o


ensinamento de como aplicar um dos princípios mais importantes
das artes marciais nas ações sociais: O de ataque e defesa.

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