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Questão 02 (2,5)

A extensa obra de Emile Durkheim perpassa o objetivo de que a sociologia


deveria ser uma prática científica que buscasse entender os efeitos desordenadores do
capitalismo e da sociedade industrial. Assim sendo, e com base nos textos do autor
elabore uma reflexão destacando em linhas gerais quais os fundamentos históricos
teóricos, os objetivos e as perspectivas da sociologia praticada por esse autor.
Análises de Emile Durkheim e colaboração para a sociologia moderna.
É evidente que Durkheim baseava-se na ideia básica de Comte de que a sociedade
deveria ser vista como um organismo vivo. Ele também concordou que as sociedades só se
unem se compartilharem os mesmos sentimentos e crenças. No entanto, ele criticou Comte
de uma perspectiva evolutiva porque entendia que pessoas anteriormente bem-sucedidas
nem sempre eram melhores e diferenciam apenas em estrutura, valor, conhecimento e
forma organizacional.
Elaborou obras num período de constantes crises econômicas, desempregado e
miséria nas cidades da Europa, na qual estava intensificando as lutas de classes. Ele
acreditava que os problemas e dificuldades que estava ocorrendo era devido a fragilidade
moral. A partir do momento em que a sociologia foi vista com ciência, em sua perspectiva,
ela seria capaz de fornecer soluções para as adversidades enfrentados na época.
Sob esse viés, pode-se perceber que Durkheim ao observar o contínuo processo de
mudança e transformação social durante a sociedade industrial, via como algo positivo,
assim lançou uma obra em que falava da divisão do trabalhado na sociedade (1893). Ele
enxergava que a divisão do trabalho era uma forma de organização, como um modo de
dinamizar o processo de produção. Ele percebia que essa divisão é funcional e promove
um coesão social as suas características que são as especialização, interdependência,
desigualdade, classificação e dinamicidade.
Todavia, para refletir sobre a divisão do trabalho Durkheim desenvolveu conceitos
para um estudo melhor destacando-se o conceito do fato social que é a maneira de como
nos posicionamento, agimos, expressarmos nossos pensamentos ou sentimentos como
indivíduos no meio coletivo que caracteriza-se pela generalidade, externalidade, força
coercitiva externa aos indivíduos. Assim ele afirma que fato social determina as condutas
dos indivíduos. Pretendendo mostrar que os fatos sociais existem independentemente dos
pensamentos e ações de cada indivíduo.
Durkheim derrubou a visão filosófica de que a sociedade consiste em consciência
individuais. Para ele, a consciência de um indivíduo é moldada pela coerção social. A
existência social é amplamente moldada pela formação e aquisição dos indivíduos, como
princípios morais, religiosos, éticos e comportamentais, tornando irrelevante sua
participação na sociedade e seus produtos. Assim como a sociedade possui uma
consciência individual que permite aos indivíduos interpretar a vida à sua maneira, também
existe uma consciência coletiva que é uma forma unificada de ação e pensamento.
Na mesma obra, Durkheim argumenta que a sociedade só pode existir e conseguir
se manter quando há certo grau de consenso entre seus membros. Este consenso social é
dividido em dois tipos de solidariedade: solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.
A solidariedade mecânica é característica das sociedades tradicionais que está baseada na
semelhança entre os indivíduos, e, na sua identificação com as normas e valores comuns.
Já a solidariedade orgânica é própria das sociedades modernas onde os indivíduos são
especializados em diferentes atividades, por isso são interdependentes, necessitam uns dos
outros para realizar as tarefas que mantêm a sociedade funcionando.
Ademais, Durkheim, preocupado em como definir o método de análise da
sociologia e manter a neutralidade aconselhava a encarar os fatos sociais como “coisas”
fenômenos que são exteriores e podem ser observados e medidas de forma objetiva.
Afirmava que existiam estados normais que valoriza as instituições, a ordem de vida dos
indivíduos e mantêm os laços de solidariedade que ajudam os indivíduos a serem unidos
em uma coletividade. Estados patológicos é o que está fora do que é considerado normal
para uma sociedade como o surgimento de doenças.
E ao longo do contexto histórico do século XIX, o sistema social enfraqueceu,
muitos problemas surgiram, valores tradicionais ruíram, novos valores surgiram e muitas
pessoas viviam na pobreza, no desemprego, na doença e na marginalização. Porém, em
uma sociedade integrada essas pessoas não podem ser ignoradas, de uma forma ou de
outra, toda a sociedade é afetada ou sofre consequências. Com base nessa lógica,
desenvolveu dois conceitos principais: instituições sociais e a anomia. Instituições sociais é
um mecanismo de organização social, um conjunto de regras e procedimentos socialmente
normalizados, aceitos e reconhecidos pela sociedade cuja importância estratégica é manter
a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos envolvidos. E, a anomia
cunhou em relação aos problemas que observou, é o maior inimigo social a ser superado e
a sociologia é a saída.
Então, o trabalho do sociólogo é estudar, entender e ajudar a sociedade. Durkheim
concluiu em seus estudos que os eventos sociais afetam a sociedade como um todo, e isso
só é possível quando a sociedade é considerada como um todo. Se tudo na sociedade
estiver interligado, qualquer mudança afetará toda a sociedade. Vendo uma sociedade sem
regras claras , uma sociedade sem valores e limites, sem esperança. Impulsionado por esse
desespero, Durkheim dedicou-se ao estudo do suicídio, acreditava que o suicídio construía
um fato social uma vez que apresentava as características fundamentais de qualquer fato
social: geral , coercitivo e exterior, analisando isso, ele baseou sua análise na presença ou
ausência de integração ou regulação social e identificou quatro tipos de suicídio.
O suicídio egoísta ocorre quando um indivíduo se sente desconectado da sociedade
e de seu grupo social. Nesse tipo de suicídio, o indivíduo sente que não tem papel ou lugar
definido na sociedade, pode sentir-se sozinho, isolado, sem esperança, e, eventualmente,
decida tirar a própria vida. Esse tipo de suicídio é mais comum em sociedades modernas e
individualistas, onde os indivíduos são encorajados a buscar seu próprio sucesso e
felicidade ao invés de se preocupar com o bem comum da sociedade. Além disso,
Durkheim argumentou que a falta de laços sociais fortes e instituições tradicionais de
controle social poderia levar a um aumento de suicídios egoístas. Em outras palavras, essa
forma de suicídio é resultado da desesperança e da solidão decorrentes da falta de
pertencimento social.
Suicídio anômico ocorre quando há uma desestruturação das normas e valores
sociais que regulam a vida do indivíduo levando a uma sensação de desorientação e falta
de propósito na vida. Isso pode ocorrer em momentos de grande mudança social, como
durante períodos de crise econômica ou de conflito social intenso, por exemplo, quando as
pessoas se sentem incapazes de lidar com as pressões e incertezas da vida moderna. O
resultado pode ser uma alta taxa de suicídio entre aqueles que se sentem desamparados e
isolados.
Suicídio altruístico ocorre quando o indivíduo coloca os interesses e necessidades
da comunidade acima dos seus próprios interesses e necessidades. Já esse tipo de suicídio é
mais comum em sociedades com forte coesão social e solidariedade, como em algumas
sociedades tradicionais. Nesses casos, o indivíduo pode se sacrificar em nome da sua
comunidade ou grupo social, como em rituais religiosos ou em casos de guerra.
Suicídio fatalista ocorre entre indivíduos que experimentam uma forte opressão e
controle social. Este tipo de suicídio é comum em sociedades altamente regulamentadas e
opressivas, onde as pessoas não têm controle sobre suas próprias vidas. Esses indivíduos
sentem-se completamente impotentes e sem esperança de mudança; assim, terminam
tirando suas próprias vidas. O suicídio fatalista é considerado uma forma extrema de
protesto contra a opressão social.
Emile Durkheim teve uma participação extremamente importante na constituição
da sociologia desenvolvendo o sistema e rigorosa metodologia de análise científica.
Definiu com precisão o campo de estudo da sociologia desenvolvendo o conjunto de
conceitos e técnicas de pesquisas que fizeram a sociologia uma disciplina acadêmica e
reflexiva viagem para ser feita.
Portanto, os fundamentos históricos teóricos, os objetivos e as perspectivas da
sociologia praticada por Durkheim têm como objetivo principal o entendimento da
sociedade e suas instituições, bem como a identificação de soluções para os desafios
trazidos pelo capitalismo e pela industrialização. Dessa forma, a sociologia de Durkheim é
fundamental para a compreensão da sociedade moderna e das questões que a cercam.

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