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INDIVÍDUO E SOCIEDADE

Vinícius Souza

Na sociologia, sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham


propósitos, gostos, preocupações e costumes. Refere-se, assim, a grupos de
pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada com um objetivo comum.
Esses grupos são compostos por indivíduos em interações com outros indivíduos
constituindo diversas formas de comunicação entre eles.
A partir dessas interações entre vários indivíduos dentro de seus grupos
e fora deles, a sociedade forma um sistema semiaberto, ou seja, uma rede de
relacionamentos. Esses relacionamentos, ao mesmo tempo em que reproduzem
os modelos que a sociedade impõe, também são reiventados pelos indivíduos.
Através das reproduções e reivenções, surgem os conflitos.
Foi com o intuito de compreender esses padrões, as mudanças desses
padrões e os conflitos produzidos a partir desses padrões, que a Sociologia se
propôs a investigar a relação entre o indivíduo e a sociedade. Essa investigação
teve o propósito de entender a aceitação e a negação que acontece na relação
entre os atores sociais e o coletivo do qual fazem parte.
Um dos estudiosos que investigou essa relação foi o alemão Karl Marx
(1818 — 1883). Para ele, os indivíduos deviam ser analisados de acordo com o
contexto de suas condições e situações materiais. Ou seja, as condições de
existência de homens reais na sociedade. Para isso, de acordo com Marx, a
chave para compreender a vida social estaria na luta de classes.
Para Marx, a sociedade é composta por proletários que vendem sua força
de trabalho, e o burguês que compra essa força de trabalho. Mesmo que ele
ache que a burguesia impusesse seu modelo econômico, ele acreditava que
todos tinham capacidade de reagir a essas imposições e até mesmo de
transformá-las através da luta entre as classes.
Como se pode notar, o foco da teoria de Marx está, assim, nas classes
sociais. Como para ele as condições já estão impostas pelo meio social a partir
dos interesses da burguesia restando ao proletário se submeter a esses
modelos, o Estado, quando aparece para tentar reduzir o conflito, para ele não
passa de uma instituição a favor dos capitalistas.
Já para Émile Durkheim (1858 — 1917), a sociedade sempre prevalece
sobre o indivíduo, dispondo de certas regras, normais, costumes e leis que
asseguram sua perpetuação. Essas regras e leis independem do indivíduo e
pairam acima de todos, formando uma consciência coletiva que dá o sentido de
integração, ou seja, de união entre os membros da sociedade.
Diferentemente de Marx, que vê a contradição e o conflito como
elementos essenciais da sociedade, Durkheim coloca a ênfase na coesão,
integração e manutenção da sociedade. Para ele, quando há o conflito, existe o
que ele chamou de anomia, ou seja, a insuficiência da normatização das relações
sociais por falta de instituições que regulem essas relações.
O foco da teoria de Durkheim está nos fatos sociais, ou seja, nas
maneiras de agir moldadas pela sociedade. Eles são gerais, coercitivos e
exteriores. Gerais por que se apresentam como regras gerais na sociedade;
coercitivos pois punem os comportamentos que desviam do que é imposto e
exteriores pois já existem antes dos sujeitos pertencerem a sociedade.
Já o alemão Max Weber (1864 — 1920), diferentemente de Durkheim,
tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas ações, ou seja, a
influência que ele exerce na sociedade. Segundo esse autor, a sociedade existe
concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, e sim o conjunto
de ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente.
O conceito básico para Weber foi o de ação social. A ação social,
segundo ele, é o ato do indivíduo em se comunicar, se relacionar, tendo alguma
orientação quanto às ações dos outros. Para Weber, a ação social diz respeito à
maneira pela qual os indivíduos orientam suas ações. Através de cada ação, o
indivíduo atribui um sentido diferente do outro indivíduo.
A ação social se divide em tradicional que se refere a um hábito adotado
quase que automaticamente; afetiva através da qual se prevalecem os
sentimentos; ação racional com relação a valores que é quando o indivíduo age
por convicções sem se preocupar com as consequências; e por fim, ação racional
com relação a fins quando o indivíduo pensa calculadamente antes de agir.
Como podemos perceber, enquanto para Durkheim a sociedade tem mais
influência sobre os indivíduos, para Weber o indivíduo tem mais influência na
sociedade e para Marx a sociedade tem uma grande influência através dos
modelos impostos pela burguesia, mas que os indivíduos, a partir da luta de
classes, podem transformar essa realidade imposta a eles.

Referências Bibliográficas

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo: Ática, 1996.
VILA NOVA, Sebastião. Introdução à sociologia. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

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