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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PSICOPEDAGOGIA: ATUAÇÃO EM CONTEXTOS EDUCATIVOS

DISCIPLINA: ASSESSORAMENTO PSICOPEDAGÓGICO


Professora: Tatiana Corrêa Linhares
Semestre: 2023/2

Alunas:
Ana Luiza Gonçalves Queiroz
Andreia Nara Lima da Silva
Daniela Modesto Guimarães Frederico Xavier
Danielle Dolabela de Freitas
Larissa Shayane Mendonça Vertelo
Lorena Fernandes Santos
Tainan Santos Tinum Vieira

PROJETO - Diferente de Mim!

1. INTRODUÇÃO
A legislação brasileira estabelece o acesso igualitário ao ensino, e prevê
adaptações para a inclusão de pessoas com deficiência, portanto, esse projeto propõe
a conscientização da comunidade escolar diante da diversidade. O artigo 27 da Lei
13.146 dispõe que
A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a
vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus
talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas
características, interesses e necessidades de aprendizagem.
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da
sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência,
colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação.
(BRASIL, 2015)

Sendo assim, a partir da experiência da escola em receber um aluno com


deficiência visual (visão subnormal), observa-se a necessidade de se adaptar e se
preparar para receber alunos com diversas deficiências, assegurando um ambiente
inclusivo e capacitando a comunidade para receber este público.
Considerando a inclusão de pessoas com deficiência na escola, de acordo com
o Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) divulgado em 2018, o número de pessoas com deficiência (de todos
os tipos) matriculados regularmente saltou de 87% para 92%, chegando a 1,2 milhões
de crianças e jovens estudando, nos quatro anos anteriores à pesquisa. Se
considerados apenas os alunos com deficiência visual, o Ministério da Educação
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(MEC) contabiliza 80 mil matriculados na Educação Básica, o que representa 6,70%


dos alunos ativos com deficiência. (EDITORA DO BRASIL, 2019)

2. CONTEXTO

Escola da rede privada de ensino que reconhece a importância da inclusão e


da igualdade de oportunidades para alunos com deficiências, síndromes e/ou
transtornos do neurodesenvolvimento.
O projeto foi desenvolvido para melhorar a inclusão desses alunos, garantindo
que eles tenham acesso a uma educação de qualidade e um ambiente de
aprendizagem inclusivo.

3. PÚBLICO-ALVO

Comunidade escolar – Fundamental 1 e 2.

4. JUSTIFICATIVA DO PROJETO

Campanha educativa para a comunidade escolar com o objetivo de explicitar


algumas das diferenças que perpassam a nossa sociedade. Todos os alunos têm
direito a uma educação de qualidade, independentemente de suas deficiências,
transtornos e/ou necessidades especiais. A inclusão é fundamental para promover a
igualdade educacional.
Esse projeto visa atender às obrigações legais visto que a legislação
educacional exige que as escolas forneçam apoio adequado aos alunos com
deficiência, síndromes e/ou transtornos do neurodesenvolvimento.
A partir de um caso de baixa visão que chegou à escola, os professores
buscaram a coordenação com o intuito de saber como adaptar as aulas para o aluno
em sala. Diante desse chamado, a psicopedagoga viu uma oportunidade de iniciar um
projeto que tratasse sobre diversidade e inclusão na comunidade escolar. Esse projeto
é apenas um ponta pé inicial de algo que pode crescer e se expandir sem limites,
atendendo às variadas necessidades de inclusão das inúmeras outras diversidades
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presentes em nossa sociedade. A inclusão beneficia não apenas os alunos com


deficiência, mas também toda a comunidade escolar, criando um ambiente mais
diversificado e enriquecedor.

5. DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL DA DEMANDA

Diante da demanda apresentada pelos próprios professores, ficou explícita a


necessidade de uma intervenção que auxiliasse de forma objetiva, clara e prática a
dificuldade de ensino e consequentemente de aprendizagem das crianças de baixa
visão ou cegueria que chegam à escola.
Para desenvolver uma compreensão mais abrangente da demanda
institucional, realizou-se uma análise das necessidades da escola que hoje possui
25% de crianças com algum tipo de deficiência física e/ou transtorno do
neurodesenvolvimento. Analisando o contexto escolar observou-se várias questões
familiares, socioculturais, educacionais e de apredizagem. Entre elas cita-se:
• Falta de conscientização, treinamento e formação continuada do corpo
docente: muitos educadores e profissionais da escola não estão preparados
para entender as necessidades dos alunos com baixa visão e como apoiá-los.
• Recursos inexistentes ou inadequados - A falta de recursos educacionais e
tecnológicos, como materiais em Braille, equipamentos de ampliação de texto,
software de leitura de tela e outros que limitam o acesso dos alunos com baixa
visão ao currículo, além do despreparo da equipe de professores para
utilização desses recursos.
• Atitudes negativas/exclusão velada ou não - Atitudes negativas por parte dos
colegas de classe, professores ou outros membros da comunidade escolar
gerando um ambiente hostil e prejudicial para os alunos com baixa visão. Baixo
nível de envolvimento e conscientização da comunidade escolar em relação à
inclusão.
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6. PLANO DE AÇÃO

Com base no diagnóstico, desenvolvemos um plano de ação que inclui as


seguintes etapas:
6.1 . Formação e capacitação: Realizar treinamento para professores e
funcionários sobre as necessidades e estratégias de ensino para alunos com
deficiência física ou transtorno do neurodesenvolvimento.
6.2 . Adaptação curricular: Modificar e adaptar o currículo, desenvolvendo planos
de ensino individualizados para cada aluno com base em suas necessidades
específicas, utilizando materiais didáticos e métodos de ensino para atender às
necessidades dos alunos.
6.3 . Sensibilização e comunicação: Realizar campanhas de sensibilização para
promover a inclusão e manter uma comunicação aberta com a comunidade
escolar.

7. INTERVENÇÃO

Através da experiência com o aluno de baixa visão e dificuldade apresentada


pela comunidade escolar para integrar o público-alvo da educação especial, foram
pensadas estratégias e ações que auxiliassem na reflexão da prática pedagógica, na
reestruturação do ambiente físico, relações interpessoais, conscientização dos
familiares além de outros aspectos para que a escola se torne efetivamente
acolhedora e inclusiva.

7.1. Formação continuada do corpo docente

A formação continuada do corpo docente é fundamental para garantir que todos


os alunos recebam uma educação de qualidade. No contexto de alunos com
deficiência, é essencial que os professores estejam devidamente preparados para
atender às suas necessidades específicas e garantir uma inclusão eficaz. Neste
sentido, indicaremos algumas diretrizes para a formação continuada do corpo docente
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promovendo o desenvolvimento de competências específicas para o atendimento


destes alunos.
A formação inicia com palestras de profissionais da área que promovam a
sensibilização e a compreensão das diversas deficiências e suas implicações no
processo de ensino-aprendizagem. Serão realizados também workshops sobre as leis
e políticas relacionadas à inclusão de alunos com deficiência. Os docentes devem
estar atualizados sobre os direitos e responsabilidades dos estudantes e das escolas.
Oficinas poderão capacitar os professores para identificar as necessidades individuais
de cada aluno, por meio de avaliações específicas, além de fornecer treinamento em
metodologias de ensino inclusivas permitindo a adaptação do currículo. Isso inclui o
uso de estratégias diferenciadas de ensino, como as tecnologias assistivas, softwares
de leitura de tela, comunicadores alternativos, e aplicativos de aprendizagem
adaptativa.
Por fim, os professores realizarão um acompanhamento constante do
progresso dos alunos.

7.2. Recursos adequados e adaptados à diversidade

A inclusão de alunos com deficiência nas escolas é um avanço significativo na


busca por uma sociedade mais justa e equitativa. No entanto, para que a inclusão seja
eficaz, é essencial garantir que esses alunos tenham acesso a recursos educacionais
adequados e adaptados às suas necessidades específicas, pois eles desempenham
um papel crucial no desenvolvimento do seu potencial. Eles permitem que os alunos
superem barreiras de aprendizagem, promovendo a igualdade de oportunidades na
educação. Além disso, esses recursos regulamentam a diversidade de habilidades e
necessidades entre eles, garantindo que cada um possa aprender de maneira eficaz.
Uma das categorias principais de recursos adaptados são os materiais
didáticos. Livros, apostilas e recursos online podem ser disponibilizados em formatos
acessíveis, como braile, áudio, legendas e fontes de tamanho variável, para atender
às necessidades de alunos com deficiência visual, auditiva ou de mobilidade. Além
disso, os materiais adaptados podem incluir jogos educacionais, recursos multimídia
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e softwares específicos que oferecem suporte à aprendizagem de forma interativa e


envolvente.

7.3. Conscientização da comunidade escolar

• Dinâmicas/Rodas de Conversa
A proposta inclui toda a comunidade escolar e precisa ser pensada de forma
que se tenha um espaço de diálogo sobre os temas, com abertura para que cada um
possa expor suas dúvidas, inseguranças e ao mesmo tempo tem a função de levar
informação, buscando discutir sobre a acessibilidade, formas de adaptar atividades e
socialização, criando um espaço mais acolhedor e interativo. Serão realizadas
dinâmicas juntamente com convidados atuantes na sociedade que possuem algum
tipo de deficiência condizente com o tema apresentado. O objetivo das dinâmicas é
fazer com que as pessoas vivenciem privações parciais de algum sentido e, com isso,
se sensibilizem. A participação do convidado na roda de conversa tem como propósito
promover a representatividade, demonstrando aos envolvidos que a deficiência não
pode ser considerada impeditivo para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social
do sujeito. Rompendo as barreiras atitudinais, culturais e sociais é possível
desenvolver a autonomia e alteridade do indivíduo possibilitando a formação de uma
sociedade equânime.
Os temas a serem abordados nas dinâmicas estarão relacionados à
deficiências como: visual, auditiva, intelectual, entre outras.

• Vídeos
Os alunos farão vídeos informativos no estilo “reels”, exibindo curiosidades e
reportagens sobre a diversidade e inclusão dentro da escola. Eles deverão ser
estimulados a formular perguntas que envolvam o tema proposto.
As entrevistas devem acontecer por meio de vídeo, entre todos da comunidade
educativa. Ao final vamos refletir sobre estratégias possíveis de melhorias para o bem-
estar escolar.
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8. REFLEXÕES OU PERSPECTIVAS
O projeto reconhece a importância da diversidade na educação e busca
sensibilizar a comunidade escolar sobre a inclusão. Isso abre espaço para uma
reflexão mais profunda sobre como as escolas podem atender e adaptar de acordo
com as necessidades específicas de cada aluno, promovendo uma educação de
qualidade para todos. Além disso, faz-se cumprir o papel da legislação brasileira (LBI
e ECA) na promoção da inclusão dentro das escolas, garantindo a equidade de
oportunidades para todos os alunos.
O diagnóstico institucional revela desafios comuns enfrentados pelas escolas
na inclusão de alunos com deficiências. Isso inclui a falta de conscientização, recursos
inadequados e atitudes negativas. Esses desafios são comuns em muitos sistemas
educacionais ao redor do mundo e exigem reflexão sobre como superá-los.
O plano de ação é parte fundamental do projeto. Ele destaca a importância da
formação do corpo docente, adaptação curricular, sensibilização e avaliação. Isso
oferece uma perspectiva prática sobre como as escolas podem progredir na inclusão
de fato. É importante refletir sobre como os componentes do plano de ação podem
ser adaptados para atender às necessidades específicas da escola.
A ênfase nos recursos adequados e adaptados destaca a importância de
fornecer às crianças com deficiência as ferramentas de que precisam para ter sucesso
na escola. Essa perspectiva levanta questões sobre a disponibilidade desses recursos
ou não, e como as escolas podem acessá-los de maneira eficaz.
A conscientização da comunidade escolar é fundamental para promover a
inclusão, envolvendo dinâmicas e rodas de conversa para educar os membros da
comunidade sobre as questões relacionadas ao tema. A reflexão aqui é sobre como
criar conscientização de maneira eficaz e sustentável. A criação de “reels” e vídeos
informativos colabora para a adesão e interesse dos estudantes em produzir
conteúdos que afetam toda a comunidade, sendo um meio de fácil divulgação e que
trará muitas possibilidades e ideias para a escola, a partir das reflexões e uma
conscientização para a população em geral.
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O projeto menciona ainda que a inclusão pode se expandir e atender a várias


outras diversidades na sociedade abrindo perspectivas para o futuro, como a contínua
evolução da inclusão na escola e a adaptação às necessidades emergentes.
A avaliação regular da eficácia do projeto é vital. Isso permite que a escola
ajuste suas estratégias com base nos resultados. Destaca-se a importância do
aprendizado contínuo e da adaptação em busca da inclusão ideal.
O projeto "Diferente de Mim!" oferece uma oportunidade para a comunidade
escolar refletir sobre questões importantes relacionadas à inclusão e diversidade
educacional. Ele destaca desafios, soluções práticas e áreas de desenvolvimento
contínuo, o que pode contribuir para uma educação mais inclusiva e igualitária.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais - DSM-5 TR. 5. ed. revisão do texto. 2022.

BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão


da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF:
Presidência da República. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm> Acesso
em: 15 out. 2023.

EDITORA DO BRASIL. Acessibilidade para deficientes visuais: os números e a


acessibilidade nas escolas. PNLD Literário, 2019. Disponível em:
<https://literario20.editoradobrasil.com.br/acessibilidade-para-deficientes-visuais-os-
numeros-e-a-acessibilidade-nas-escolas/> Acesso em: 15 out. 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. 13/12 – Dia do Cego. Biblioteca Virtual em Saúde, 2022.


Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/13-12-dia-do-cego-
4/#:~:text=%C3%89%20definida%20como%20a%20perda,meio%20de%20leitura%2
0e%20escrita.> Acesso em: 15 out. 2023.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. 21/3 – Dia Mundial e Dia Nacional da Síndrome de


Down: “O que significa inclusão?”. Biblioteca Virtual em Saúde, 2023. Disponível
em: <https://bvsms.saude.gov.br/21-3-dia-mundial-e-dia-nacional-da-sindrome-de-
down-o-que-significa-
inclusao/#:~:text=A%20S%C3%ADndrome%20de%20Down%20(SD,cromossomo%
20humano)%2C%20possuem%20tr%C3%AAs.> Acesso em: 15 out. 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. 11/10 – Dia da Pessoa com Deficiência Física.


Biblioteca Virtual em Saúde, 2023. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/11-
10-dia-da-pessoa-com-deficiencia-fisica-3/> Acesso em: 15 out. 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Surdez. Biblioteca Virtual em Saúde, 2023. Disponível


em: < https://bvsms.saude.gov.br/surdez-3/> Acesso em: 15 out. 2023.

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