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ADAPTADA
Juliano Vieira
Sociedade, realidade
e Educação Física
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Apesar de as instituições para atender pessoas com deficiência terem
surgido em meados do século XIX, a inclusão escolar no Brasil foi garantida
em lei há pouco mais de 20 anos. Embora haja essa garantia legal, isso
não assegura que ela ocorra na prática. Preconceito, desconhecimento
e má vontade ainda são elementos que dificultam esse processo.
No Brasil, os desafios para a inclusão são grandes. A falta de adap-
tação tanto na parte pedagógica quanto na parte arquitetônica são
comuns nos recantos educacionais do país. Além disso, os professores
ainda encontram dificuldades e resistência para promover a inclusão.
No entanto, esse dever é de todos. As aulas de educação física também
têm esse compromisso e podem estimular a inclusão com a melhora
dos movimentos e da interação entre os alunos.
Neste capítulo, você vai reconhecer os desafios da inclusão social de
pessoas com deficiência no âmbito educacional, bem como compreender
as possibilidades de atuação e inclusão social nesse contexto e, ainda,
verificar as possibilidades da educação física como meio de inclusão
social para pessoas com deficiência.
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A partir disso, no Brasil, vão surgir leis para tratar da inclusão escolar.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996)
tem um capítulo sobre a educação especial em que sublinha que “A oferta de
educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária
de zero ao seis anos, durante a educação infantil” (BRASIL, 1999, documento
on-line). Atualmente, a educação infantil é considerada dos zero aos cinco anos.
Em 1999, é promulgada a Política Nacional para a Pessoa Portadora de
Deficiência (BRASIL, 1999), que se constitui em um conjunto de normas
com o objetivo de assegurar os direitos para esses indivíduos de forma plena.
Segundo a Política, as escolas são obrigadas a matricular os alunos com
deficiência e se torna crime a recusa da matrícula.
Esse documento ainda vai tratar de temas importantes para o processo inclu-
sivo, como: adaptações no meio físico, na comunicação, na forma de realizar as
provas ou nos recursos, como a carteira adaptada ou uma avaliação em braille
para um aluno com deficiência visual. Outro ponto tratado é a criação das salas
de recursos multifuncionais para o atendimento das pessoas com deficiência.
Mantoan (2015) destaca que não se deve confundir a sala de recursos multifuncionais
com qualquer outra sala de recursos. Segundo a autora, elas têm o objetivo de comple-
mentar ou suplementar a aprendizagem das pessoas com deficiência. Nessa sala, deve
haver equipamentos de informática, mobiliários adaptados, materiais pedagógicos e
de acessibilidade para as pessoas com deficiência.
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Segundo a autora, para que a educação seja de fato inclusiva, deve ser
pensada de maneira plena e global, livre de preconceitos e reconhecendo as
diferenças. Mantoan (2015) ainda aponta tarefas que precisam ser realizadas
para que o desafio da inclusão seja vencido.
A primeira delas é a recriação do modelo educativo, pois se torna inviá-
vel encaixar a inclusão em um velho projeto de escola. Essa recriação visa
atender as crianças a partir de suas necessidades específicas, no caso de não
conseguirem acompanhar os demais colegas da turma. Para isso, as escolas
precisam promover a adaptação de currículos, facilitação de atividades,
programas de reforço de aprendizagens para buscar a aceleração (MAN-
TOAN, 2015). Também não se deve excluir nenhum aluno de determinada
aula ou programa.
Os aspectos pedagógicos são igualmente um desafio para a inclusão es-
colar. Mantoan (2015) destaca que os modelos pedagógicos escolares têm
como características a meritocracia, sendo elitistas, condutistas e baseados na
transmissão do conhecimento, não prevendo a utilização de práticas ou métodos
para a criança que tem uma deficiência ou dificuldade de aprender. A autora
também questiona o ensino individualizado, que, muitas vezes, ocorre com as
pessoas com deficiência, pois esse modelo segue promovendo a segregação.
Com isso, o professor deve buscar o ensino de todos, promovendo trabalhos
que estimulem a socialização e a interação, visando o ensino de toda a turma.
Mantoan (2015) ainda aponta que suprimir a avaliação classificatória é
importante no processo inclusivo e que o aluno com deficiência deve ser
avaliado conforme seu desenvolvimento. Para isso, a escola precisa atuar sem
discriminações e passar por todas essas reformulações.
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A mesma autora aponta que a maior alegação dos professores para não
promoverem e resistirem ao processo de inclusão é não estarem ou não te-
rem sido preparados para realizar esse trabalho. Quando recebem formações
para trabalhar com pessoas com deficiência, os professores reagem de forma
contrariada, pois não estão acostumados com o processo de aprendizagem
de maneira segmentada:
Eles esperam por uma formação que lhes ensine a dar aula para os alunos
com deficiência, dificuldades de aprendizagem/ou problemas de indisciplina.
Ou melhor: anseiam por uma formação que lhes permita aplicar esquemas
de trabalho pedagógico pré-definido às suas aulas, garantindo-lhes a solução
dos problemas que presumem encontrar nas escolas ditas inclusivas (MAN-
TOAN, 2015, p. 59).
Esse período durou desde meados do século XIX até o final do Estado Novo, em 1945.
No Estado Novo, a ideia do “aprimoramento eugênico incorporado à raça” levou o então
presidente Getúlio Vargas a decretar a proibição da matricula em nível secundário a
alunos cujo estado patológico os impedia permanentemente da frequência às aulas
de educação física (SOLER, 2006).
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[...] deve ter como eixo o aluno, para que se desenvolvam competências
e condições igualitárias, buscando, portanto, estratégias para dirimir a
exclusão ou segregação. É por meio das atividades de educação física que
os alunos podem ampliar esses contatos interpessoais, já que as atividades
físicas propiciam o ensino de limites e superação, além de dar uma visão
de competitividade e, também, a ter contatos físicos que são propostos
pelas dinâmicas das práticas educativas que valorizem a diversidade e o
respeito entre os alunos. (AGUIAR; DUARTE, 2005 apud LARA; PINTO,
2017, p. 69).
https://goo.gl/AAMKdC
Leitura recomendada
UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das
Necessidades Educativas Especiais.1994. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 8 out. 2018.
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