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IPATINGA – MG
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE


IPATINGA – MG

JULHO DE 2016
PLANO MUNICIPAL DECENAL DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS DE
IPATINGA – MG

PREFEITA MUNICIPAL
Maria Cecília Ferreira Delfino

SECRETÁRIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


Edilene Eufrásia Costa Roque

PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE
Elizete Nogueira Lopes

COMISSÃO INTERSETORIAL DE ELABORAÇÃO

Secretaria Municipal de Assistência Social

 Bruna de Freitas Santos


 Ana Carolina Assis Fernandes
 Liliane Nair dos Santos Dutra
 Margareth Sousa Oliveira
 Nayra Erlene Lima

Secretaria Municipal de Saúde

 Juliana Correa Andrade


 Marília Aparecida Moreira

Secretaria Municipal de Educação

 Cláudia Maria Francklin Silva


 Márcia Adriene de Oliveira

Secretaria Municipal de Esporte, Cultura e Lazer

 Suely Jose da Cruz Gomes


 Thalita Deslandes da Conceição

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

 Elizete Nogueira Lopes


 Leonardo Oliveira Rodrigues
 Maria Celeste de Souza Oliveira
 Valéria Bráz dos Santos
 Luciana Maria Gomes dos Reis

Conselho Tutelar Regional I

 Maria Izabel da Silva e Gregório


Conselho Tutelar Regional II

 Lívia Moreira Lopes

Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais

 Letícia Fonseca Cunha

Polícia Militar do Estado de Minas Gerais

 Lindhon Jonhson Toledo

Comissariado de Justiça da Infância e Juventude

 Paulo Cezar Martins

Centro Socioeducativo – CSE

 Samuel Gonçalves Nascimento


 Nayara de Cássia Campos M. Souza

Centro de Prevenção à Criminalidade – CEAPA

 Flávia Nolasco da Silva

Representante da Sociedade Civil

 Ione de Morais Tofanelli

Colaboradores:

 Fernanda Goulart (Presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas sobre


Drogas)

Realização:

 Instituto de Educação e Cultura José Carlos Pereira – IECULT


www.iecult.com.br
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CadÚnico – Cadastro Único para os Programas Sociais do Governo Federal

CAC - Centro de Atendimento ao Cidadão

CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

CRAS – Centro de Referência de Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social

CSE - Centro Socioeducativo

DEPPSE – Departamento de Promoção e Proteção Social Especial

DEPSOE – Departamento de Proteção Social Especial

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

LA – Liberdade Assistida

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social

PAEFI – Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos

PELC – Programa de Esporte e Lazer da Cidade

PIA – Plano Individual de Atendimento

PSC – Prestação de Serviço à Comunidade

SERTEP - Serviço Educacional Técnico Profissionalizante

SGD – Sistema de Garantia dos Direitos

SGDCA – Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente

SINASE – Sistema Nacional de Atendimento às Medidas Socioeducativas

SIPIA – Sistema de Informações para Infância e Adolescência

SMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social

SMSE – Serviço de Medidas Socioeducativas

SUAS – Sistema Único de Assistência Social


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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Número de adolescentes em acompanhamento pelo Serviço de Medidas Socioeducativas


em Ipatinga em 2015 (LA ou PSC) ....................................................................................................... 22
Gráfico 02 – Comparativo entre as modalidades de acompanhamento pelo Serviço de Medidas
Socioeducativas em Ipatinga em 2015 (LA e PSC) .............................................................................. 23
Gráfico 03 – Medidas Aplicadas aos adolescentes em acompanhamento pelo SMSE ....................... 23
Gráfico 04 – Idade dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE ................................ 24
Gráfico 05 – Arranjos familiares dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE ........... 24
Gráfico 06 – Composição das famílias dos adolescentes/adolescentes atendidos pelo
SMSE.....................................................................................................................................................25
Gráfico 07 – Renda das famílias dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE .......... 25
Gráfico 08 – Frequência atual à escola dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE 26
Gráfico 09 – Escolaridade dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE..................... 26
Gráfico 10 – Utilização de drogas pelos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE ...... 27
Gráfico 11 – Bairros de residência dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE ...... 28
Gráfico 12 – Atos infracionais cometidos pelos adolescentes acompanhados pelo SMSE ................ 29
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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Limites e Dificuldades do SMSE/CREAS ....................................................................... 16


Quadro 02 – Potencialidades e Forças do SMSE/CREAS .................................................................. 17
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...................................................................................................................07
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................08
2 MARCO SITUACIONAL GERAL.........................................................................................10
2.1 Histórico.............................................................................................................................10

2.2 O Serviço de Proteção ao Adolescente em Cumprimento de Medidas Socioeducativas de


LA e PSC no Município de Ipatinga - MG..................................................................... ......11

2.2.1 Atendimento Integrado....................................................................................................12

2.3 Organização, Estrutura e Metodologia ........................................................................... 12

2.3.1 Público-Alvo ................................................................................................. ...............12

2.3.2 Composição da Equipe Técnica.................................................................................. 12

2.3.3 Financiamento do Serviço ........................................................................................... 12

2.3.4 Metodologia ................................................................................................................ 12

2.3.5 Momento Inicial – Acesso e Acolhimento do Adolescente ao Serviço de Medidas


Socioeducativas em Meio Aberto.................................................................................. 13

2.3.6 Metodologia do Acompanhamento da Liberdade Assistida (LA) ................................. 13

2.3.7 Metodologia de Acompanhamento da Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) .. 14

2.3.8 Interface com o Poder Judiciário ................................................................................. 15

2.3.9 Rotinas de Registro do Acompanhamento do Adolescente em Cumprimento de Medida


Socioeducativa ............................................................................................................. 16

2.10 Limites e Dificuldades do SMSE/CREAS ..................................................................... 16

2.11 Potencialidades e Forças do SMSE/CREAS ................................................................ 17

2.12 Avaliação do Meio Aberto ............................................................................................ 18

2.13 Meio Fechado - O Centro Socioeducativo Ipatinga - MG................................................20

3 OS ADOLESCENTES E SUAS FAMÍLIAS ...................................................................... 21


3.1 Sexo dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ..................................................... 21

3.2 Medidas Aplicadas aos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ................................ 22

3.3 Idade dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ..................................................... 22

3.4 Arranjo Familiar dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE..................................... 23

3.5 Composição das Famílias Acompanhados pelo SMSE .................................................. 23


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3.6 Renda das Famílias dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE .............................. 24

3.7 Frequência à Escola dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ............................. 24

3.8 Escolaridade dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ......................................... 25

3.9 Uso de Drogas pelos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ................................... 25

3.10 Bairros de Residência dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ......................... 26

3.11 Atos Infracionais Cometidos pelos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE ............. 27

3.12 Síntese do Perfil dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE .................................. 29

4 A REDE DE ATENDIMENTO ÀS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS...................................31

4.1 Síntese das Respostas dos Questionários ..................................................................... 32

5 ANÁLISE E RECOMENDAÇÕES ESTRATÉGICAS...........................................................36


5.1 Balanço dos Resultados ................................................................................................ 35

5.1.1 Os Adolescentes ......................................................................................................... 35

5.1.2 Famílias dos Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa.....................37

5.1.3 SMSE e a Rede de Atendimento ............................................................................... .37

5.1.4 Recomendações Estratégicas.........................................................................................40

6 PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE


IPATINGA........................................................................................................................40

6.1 Princípios e Diretrizes .................................................................................................... 40

6.2 Princípios...........................................................................................................................41

6.3 Diretrizes............................................................................................................................41

6.4 Eixos de Trabalho..............................................................................................................42

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................55

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 55
7

APRESENTAÇÃO

O Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo foi elaborado pela


Comissão Municipal Intersetorial de Atendimento Socioeducativo e encaminhado ao
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Ipatinga – MG para
deliberação em plenária. Ele atende as prerrogativas da Lei 12.594/2012, que institui o
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) e regulamenta a Política
de Atendimento para este segmento. Ele leva em conta o adolescente como sujeito de
direitos e pessoa em situação peculiar de desenvolvimento e que necessita de
referência, apoio e segurança da família, do Estado e da sociedade.

A elaboração do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo se iniciou


com a formação da Comissão Municipal Intersetorial de Atendimento Socioeducativo,
tendo como desafio a elaboração do mesmo, com representantes das políticas
setoriais, de instituições não governamentais, trabalhadores/as do sistema
socioeducativo, bem como dos demais operadores do Sistema de Garantia de Direitos.
Considerou-se que o mesmo demanda uma política pública intersetorial, com ênfase
na educação, na saúde, na assistência social, na proteção ao trabalho, na
profissionalização, na cultura, no esporte, no lazer, na convivência familiar e
comunitária.

A primeira estratégia adotada foi uma análise qualificada sobre o atendimento aos
adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, considerando a dimensão
quantitativa, as suas famílias, a composição da rede municipal de atendimento. No
debate, priorizou-se a problematização da integração das políticas públicas, das
possíveis pactuações entre as mesmas e os seus possíveis alcances.

A metodologia adotada foi apresentar o contexto do município de Ipatinga - MG, dos


adolescentes atendidos e da formação da Rede de Atendimento. Na construção desse
processo, adotou-se como princípio fundamental a incompletude institucional,
considerando que as ações integradas e intersetoriais envolvendo a rede de proteção
e os órgãos de defesa de direitos permitirão, de forma efetiva, construir novos
caminhos para promover a proteção social e a responsabilização dos/as adolescentes
envolvidos com a prática do ato infracional.

Com a formulação do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo, o


município de Ipatinga - MG assume o compromisso desafiador, coletivo e pactuado, de
buscar o aprimoramento das políticas públicas enquanto responsabilidade e
compromisso de uma política de Estado democrática e efetiva.
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1 INTRODUÇÃO

O Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo é um instrumento de


garantia e defesa de direitos em cumprimento com as indicações do Sistema Nacional
de Atendimento Socioeducativo – SINASE que pretende criar, fortalecer e implantar
um conjunto articulado de ações e metas para assegurar a proteção integral ao
adolescente que está em cumprimento de medida socioeducativa. Neste sentido, a
formalização do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo é a
concretização de um processo de mobilização e articulação de várias instâncias do
Sistema dos Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente.

Para a construção deste Plano se fez necessário resgatar um pouco da história que
deu origem à Política de Atendimento à criança e ao adolescente, especificamente da
política de atendimento aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa 1.
Desta forma, no Marco Situacional, é contada brevemente a organização que o
Município de Ipatinga teve para construir cada elemento ou dimensão que constitui a
Política de Atendimento à criança e ao adolescente.

Na organização atual, para proteger os adolescentes em cumprimento de medida


socioeducativa, existem um conjunto de informações que justificam a formulação deste
Plano. No diagnóstico realizado é possível perceber o atendimento direto ao
adolescente, porém a circulação deste e de sua família, na maioria das vezes, se
perde na falta dos arranjos institucionais que assegurem a permanência no sistema de
proteção e garantia de direitos.

Com este intuito é que o Plano objetiva o fomento às articulações das diversas ações
municipais para que possam se constituir no sistema de proteção e atender estes
adolescentes, na maioria das vezes, invisíveis a todas as políticas públicas.

O quadro operacional apresenta os eixos de discussão em que foram definidos os


objetivos, as metas, os prazos e os responsáveis considerados importantes para
realização das propostas. O artigo 227 da Constituição Federal e o artigo 4º do
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA estabelecem a corresponsabilidade da
família, comunidade, sociedade em geral e poder público em assegurar por meio de
promoção e defesa, os direitos de crianças e adolescentes. Para cada um desses
atores sociais existem atribuições distintas, porém o trabalho de conscientização e
responsabilização deve ser contínuo e recíproco, ou seja, família, comunidade,
sociedade em geral e Estado não podem abdicar de interagir com os outros e de
responsabilizar-se.

1
É interessante perceber que, cronologicamente, o Município de Ipatinga foi pioneiro, no território que corresponde ao estado de
Minas Gerais, na construção do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, na instituição do Conselho Tutelar, e em outras
ações que focavam a criança e o adolescente.
9

Os papéis atribuídos a esses atores sociais conjugam-se e se entrelaçam:

1. a sociedade e o poder público devem cuidar para que as famílias possam


se organizar e se responsabilizar pelo cuidado e acompanhamento de
seus adolescentes, evitando a negação de seus direitos, principalmente
quando se encontram em situação de cumprimento de medida
socioeducativa;
2. à família, à comunidade e à sociedade em geral cabem zelar para que o
Estado cumpra com suas responsabilidades, fiscalizando e
acompanhando o atendimento socioeducativo, reivindicando a melhoria
das condições do tratamento e a prioridade para esse público específico.

Assim, todos os direitos garantidos no Art. 4 do ECA, ou seja, o direito à vida e à


saúde; o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade; o direito à convivência familiar e
comunitária; o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, e o direito à
profissionalização e proteção no trabalho devem estar contemplados na elaboração
das políticas públicas que envolvem os adolescentes autores de atos infracionais.

Nesta direção, a proposta deste Plano Municipal Decenal de Atendimento


Socioeducativo de Ipatinga - MG é desenvolver ações integradas com a rede de
atendimento à criança e ao adolescente e com os demais órgãos do Sistema de
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA), em todos os seus três
eixos: de defesa, proteção e promoção dos direitos, com o objetivo de proporcionar a
efetivação dos direitos fundamentais consagrados ao adolescente na Constituição
Federal em seu art. 227 e no ECA em seu art.4º, garantindo-lhe sua condição de
cidadão. Desta forma, as ações que estarão sendo implantadas visam promover a
melhoria, a consolidação de uma rede articulada e integrada de atendimento ao
adolescente com ações sociais eficazes de prevenção à violência.
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2 MARCO SITUACIONAL GERAL


Este capítulo tratará da Política de Atendimento Socioeducativo. Inicialmente, será
apresentado um breve histórico que permitirá contextualizar a política. Em seguida,
será abordada sua gestão no município de Ipatinga - MG.

2.1 Histórico

A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, a participação social tornou-


se um eixo preponderante na construção das políticas públicas. Os municípios
passaram a ser responsáveis pela instituição de diversos conselhos setoriais relativos
a essas políticas. Em 1990, por meio da Lei Federal Nº 8.069, foi criado o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), com a correspondente instalação de conselhos
municipais destinados à proteção dos direitos da criança e do adolescente.

Em Ipatinga - MG não foi diferente. Em 1990 foi criado o Pró-Conselho Municipal de


Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente com objetivo de difundir e
implementar os preceitos estabelecidos na nova lei, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Apenas três anos depois, em 1993, por meio da Lei Municipal de
Nº 1.260, em substituição ao Pró-Conselho, foi instituído o Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), o Conselho Tutelar e o Fundo da
Infância e Adolescência (FIA) no município. E a questão do adolescente autor de ato
infracional ganhou o espaço local, sendo atribuída aos municípios a responsabilidade
pelo atendimento socioeducativo. Dentro desse mesmo contexto de incremento da
participação social, em 1994 foi criado o Conselho Municipal de Assistência Social,
abrindo caminho para a construção da política pública socioassistencial.

Conforme o histórico, Ipatinga esteve em sintonia com as inovações nacionais nas


áreas da assistência social. Assim, concomitantemente à aprovação da Política
Nacional de Assistência Social (PNAS), em 2004, o município de Ipatinga começou a
implementar o seu Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com a inauguração
do primeiro Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) - sendo também o
primeiro na Região Metropolitana do Vale do Aço.

Nessa linha, conforme aponta o Plano Municipal Decenal de Atendimento


Socioeducativo de Ipatinga - MG, em 2004 já existiam serviços de acolhimento
institucional para crianças e adolescentes; adolescentes e adultos com deficiência e
serviços de convivência para idosos e crianças e adolescentes.

No que se refere às ações da Proteção Social Especial de Média Complexidade, em


2006 estavam implementados o Programa de Medidas Socioeducativas e o Programa
de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Em 2008 foi implantado mais três CRAS e o Centro de Referência Especializado de


Assistência Social (CREAS) e as ações passaram a ser ofertadas na modalidade de
serviços continuados e de forma integrada.
11

Assim, a política socioassistencial no município de Ipatinga está organizada de acordo


com o SUAS. Segundo o Plano de Assistência Social, em 2013, a partir da Lei
Municipal Nº 3141 de 12 de março de 2013, que dispõe sobre a Organização
Administrativa da Prefeitura Municipal de Ipatinga, houve um reordenamento da
estrutura da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), com vistas a
adequações nas funções da assistência social, previstas pela PNAS e pelos SUAS.

2.2 O Serviço de Proteção ao Adolescente em Cumprimento de Medidas


Socioeducativas de Liberdade Assistida (LA) e a Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC) no Município de Ipatinga - MG

A criação do Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto veio responder a


um quadro de vulnerabilidade dos adolescentes no município. Nesse cenário, o
Conselho Municipal da Criança e Adolescente contratou uma consultoria para a
elaboração de um diagnóstico sobre a situação das crianças e adolescentes em
Ipatinga. Esse estudo confirmou a situação de vulnerabilidade desse público, a
precariedade de sua situação socioeconômica familiar e revelou especialmente um
número significante de adolescentes envolvidos em atos infracionais.

Além disso, o estudo indicava a necessidade de investimentos e a implantação de um


conjunto de programas e projetos dirigidos a esse público. E, ainda, apontava a
importância de implementação da rede de proteção ao público infanto-juvenil conforme
os preceitos do ECA.

Assim, o SMSE iniciou suas atividades em novembro de 2006, vinculado à Secretaria


Municipal de Assistência Social, e potencializado pelo CMDCA, tendo como
parâmetros as diretrizes das Conferências Municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente, e em conformidade com os preceitos do ECA.

Nesse percurso, em 2008 foi implantado o CREAS, vinculado ao Departamento de


Promoção e Proteção Social Especial (DEPPSE), da Secretaria Municipal de
Assistência Social. Em conformidade com a Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais, o SMSE compreende um dos Serviços da Proteção Social Especial
de Média Complexidade oferecido pelo CREAS.

Em 2012, uma Ação Civil Pública interposta pelo Ministério Público de Minas Gerais
(Processo: 0313.12.006224-2) contra o município de Ipatinga exigiu a elaboração de
um Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo de Ipatinga – MG e a
inclusão na Lei do Orçamento e na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2013 de
recursos para a sua criação, instalação e sua manutenção.

2.2.1 Atendimento Integrado

O atendimento ao adolescente que se envolve na prática de um ato infracional será


tanto mais eficiente e eficaz quanto se puder dispor de uma rede bem articulada e que
12

atue desde o momento inicial, ou seja, a partir do momento da apreensão do


adolescente pela autoridade policial.

São diretrizes da política de atendimento: “Integração Operacional” (ECA – Artigo 88)


de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e
Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do
atendimento inicial ao adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional.

Em Ipatinga - MG não ocorre este atendimento integrado. Abaixo será descrito todo o
processo de atendimento do adolescente desde a sua sentença.

2.3 Organização, Estrutura e Metodologia

2.3.1 Público-Alvo

Define-se o seguinte público-alvo do SMSE/CREAS: adolescentes de ambos os sexos,


de 12 a dezoito anos incompletos, autores de atos infracionais sentenciados pelo Juiz
da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Ipatinga - MG.

2.3.2 Composição da Equipe Técnica

O SMSE é composto atualmente por uma equipe técnica com os seguintes


profissionais:

 (1) Assistente Social;


 (1) Pedagogo;
 (1) Psicólogo;
 (1) e Orientador Jurídico-Social.

Além do trabalho interdisciplinar em equipe, cada técnico é responsável por


acompanhar diretamente até 20 adolescentes.

2.3.3 Financiamento do Serviço

Para operacionalização do Serviço de Medida Socioeducativa em Meio Aberto, os três


entes federativos contribuem para o financiamento do sistema, tendo o processo
orçamentário comum, que compreende a elaboração do Plano Plurianual de Governo,
da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual e as demais fontes de
receita do Fundo da Criança e do Adolescente como base.

2.3.4 Metodologia

A metodologia da equipe é pautada pelos seguintes preceitos:

 Cumprir a medida socioeducativa em meio aberto, dentro do prazo (tempo)


estipulado, é uma forma de responsabilizar o adolescente pelo ato cometido,
com suas consequências e implicações para sua vida, amparando, assim, o
adolescente em situação peculiar de desenvolvimento;
13

 Compreensão do adolescente como sujeito de direitos e deveres, considerando


sua singularidade e analisando-o em sua dimensão individual e social e
possibilitando o entendimento de cada caso em particular.

2.3.5 Momento Inicial – Acesso e Acolhimento do Adolescente ao Serviço de


Medidas Socioeducativas em Meio Aberto

Após audiência no Juizado da Vara da Infância e Adolescência, em que são


estabelecidas as condições para o cumprimento da medida em meio aberto, o
adolescente é encaminhado ao Serviço de Medidas Socioeducativas/CREAS para seu
primeiro atendimento.

Neste atendimento, em que a presença do responsável pelo adolescente é obrigatória,


é feito o diagnóstico social que subsidiam relatórios enviados ao Poder Judiciário e a
elaboração do Plano Individual de Atendimento (PIA)2. Após a coleta de informações a
equipe realiza estudo de caso, momento em que é indicada a referência técnica do
adolescente no SMSE. O Plano Individual de Atendimento é encaminhado no prazo de
15 dias ao Poder Judiciário.

2.3.6 Metodologia do Acompanhamento da Liberdade Assistida (LA)

Além do atendimento individual, são realizados atendimentos em grupo dirigidos aos


adolescentes e às suas famílias. A metodologia prevê:

 Pactuação das ações e metas entre SMSE/Adolescente/Família para


potencialização e efetivação do PIA;

 Assinatura do Termo de Compromisso para o cumprimento da medida


socioeducativa;

 Encaminhamentos à rede de serviços do município visando contemplar os


eixos da medida socioeducativa, conforme preconiza o SINASE;

 Articulação com a rede socioassistencial visando sensibilizar os atores para o


processo socioeducativo, bem como a promoção e proteção integral do
adolescente;

 Avaliação das ações/intervenções e metas socioeducativas pactuadas com o


adolescente e sua família, durante todo o processo socioeducativo;

 Sistematização das informações da evolução do acompanhamento que serão


remetidas ao judiciário.

2
O Plano Individual de Atendimento (ver Lei nº 12.594/ 2012) consiste em um mecanismo de sistematização do processo
socioeducativo. Ou seja, trata-se de um instrumento pedagógico que organiza dados pessoais e familiares de cada caso atendido
e contém informações sobre as atividades que o adolescente deverá realizar durante o cumprimento da medida socioeducativa de
Liberdade Assistida ou da Prestação de Serviço à Comunidade.
14

2.3.7 Metodologia de Acompanhamento da Prestação de Serviços à Comunidade


(PSC)

O atendimento individual também é o elemento fundamental da orientação do


adolescente e sua família uma vez que permite identificar suas necessidades, suas
capacidades e aptidões para um encaminhamento qualificado e adequado às
instituições para o cumprimento da PSC.

O atendimento individual é periódico e prevê a pactuação das ações e metas entre o


SMSE, o adolescente e sua família com vistas à efetivação do PIA.

Outro elemento fundamental refere-se ao encaminhamento às entidades parceiras


para cumprimento da PSC. A metodologia destaca a preocupação em identificar
instituições com estrutura adequada que ofereça atividades condizentes com as
aptidões do adolescente e que estejam de acordo com a legislação trabalhista. Na
PSC, é necessário identificar o orientador socioeducativo do adolescente pela
instituição, que tem o papel de interlocução entre a instituição e o SMSE bem como do
acompanhamento do adolescente durante todo o cumprimento da medida.

O passo seguinte prevê uma reunião com a entidade e o adolescente para formalizar o
Termo de Compromisso entre os atores envolvidos (SMSE e a instituição parceira)
com vistas a definir as tarefas que o adolescente irá desenvolver e suas
responsabilidades. Esse encontro também esclarece sobre os procedimentos de
registro de frequência do adolescente que fica a cargo da instituição.

O SMSE ainda opera um conjunto de ações que criam a retaguarda do


acompanhamento do adolescente:

 Monitoramento da PSC durante todo o processo socioeducativo (atendimento


individual e em grupo, periodicamente, contatos telefônicos, visitas periódicas
domiciliares e institucionais, reuniões com o orientador socioeducativo com
vistas a apoiar e orientar o processo socioeducativo nas eventuais dificuldades
encontradas na execução da medida, relatórios ao Judiciário);

 Articulação com a rede de serviços e encaminhamentos, com o objetivo de


promover a proteção integral do adolescente;

 Avaliação das ações socioeducativas com o adolescente e entidades parceiras


durante todo o processo socioeducativo. Sistematização das informações da
evolução do acompanhamento que serão remetidas ao judiciário.

De forma geral, as tarefas destinadas aos adolescentes têm como princípio o respeito
as suas aptidões e devem ser executadas em uma jornada máxima de oito horas
semanais, sem possibilidade de prejudicar a frequência escolar ou outro trabalho que
o adolescente execute. Além de contribuir com o desenvolvimento do adolescente,
bem como a ressignificação da prática infracional e construção de novos projetos de
vida.
15

Dessa forma, para além do atendimento individual do adolescente e sua família, a


equipe articula as seguintes atividades:

 Realização de atendimentos em grupo;

 Realização de oficinas com as famílias com o objetivo de promover um espaço


de reflexão e orientação;

 Oficinas/Encontros temáticos articulados com a rede socioassistencial e


sociedade civil, com o objetivo de potencializar o conhecimento e o acesso dos
adolescentes nos programas, projetos e serviços do município;

 Visitas domiciliares e institucionais;

 Encaminhamentos: Cursos Profissionalizantes, Conselho Tutelar, CRAS,


Escolas, CAC, Unidade de Saúde, entre outros;

 Articulação com o Sistema de Garantia de Direitos e Sistema de Justiça;

 Matriciamentos com a rede de serviços.

Com objetivo de fortalecer e sensibilizar a rede parceira, o SMSE realiza o Projeto


“Café com Parceiros” que consiste em reuniões mensais com o Sistema de Garantia
de Direitos (SGD) e a rede parceira do serviço como escolas, organizações não
governamentais e demais equipamentos da rede socioassistencial.

Os seminários realizados pelo Serviço também são iniciativas para disseminar


informações e conceitos sobre as medidas de meio aberto para a construção de
marcos conceituais comuns a todos os atores que operam a rede de parceiros.

A equipe técnica do SMSE constrói anualmente, desde a sua implantação, o perfil


social dos adolescentes agregando dados qualitativos e quantitativos com o objetivo
de analisar os fatores de maior vulnerabilidade, subsidiar o planejamento técnico das
ações e respostas às demandas apresentadas.

2.3.8 Interface com o Poder Judiciário

O processo de acompanhamento do adolescente, além da primeira entrevista, exige


comunicação sistemática com a Vara da Infância e da Juventude, com o objetivo de
monitoramento do cumprimento da medida e alimentar nos autos do processo.

Dessa forma, o SMSE envia relatórios repassando as informações referentes ao


processo de cumprimento da medida, prevendo assim:

 Início do cumprimento da medida com encaminhamento do PIA;

 Manutenção da medida;

 Sugestão de substituição e/ou unificação da medida, se necessário;


16

 Descumprimento da medida;

 Desligamento da medida;

 Encerramento/finalização da medida.

2.3.9 Rotinas de Registro do Acompanhamento do Adolescente em Cumprimento


de Medida Socioeducativa

Para o registro do acompanhamento dos adolescentes em cumprimento de medida


socioeducativa, o SMSE estabeleceu as seguintes rotinas e instrumentos:

 Preenchimento do formulário Síntese do Caso que constará na pasta do


adolescente;

 Registros de atendimento e acompanhamento com assinatura do técnico de


referência e respectiva data, além de produção de relatório, conforme
necessidade;

 Preenchimento da produção diária da rotina do técnico;

 Preenchimento da agenda do administrativo.

2.10 Limites e Dificuldades do SMSE/CREAS

De acordo com a análise dos documentos, o SMSE/CREAS enfrenta, ao longo de sua


implantação, os seguintes limites e dificuldades:

Quadro 01 – Limites e Dificuldades do SMSE/CREAS

 Rompimento precoce do vínculo escolar;


 Precária escolarização atrela à distorção série/idade;
 Evasão escolar;
 Dificuldade em acessar vagas nos territórios de residência;
 Falta de perspectiva de retorno à escola;
 Uso e abuso de álcool e outras drogas;
 Dificuldade das famílias, muitas vezes, em utilizar sua função protetora, de cuidado e de
autoridade no apoio ao retorno escolar;
 Pouca aspiração e empenho em retomar os estudos mesmo diante das intervenções e
encaminhamentos propostos, embora muitos apresentem clareza da importância da
escolarização para a vida;
 Morosidade no sistema de saúde no sentido de garantir consultas e exames
especializados a este público;
 Rede desarticulada da função do real papel em garantir atendimento ao adolescente;
 Insuficiência de investimentos específicos a este público, garantidos na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) Municipal, por parte das políticas públicas;
 Falta de priorização da política de inclusão produtiva ao público em questão com
programas, projetos e serviços a ele destinados;
 Baixa e precária escolarização atrelada à distorção série/idade, pois não atendem aos
critérios das empresas;
 Dificuldade de aprovação nos processos seletivos e entrevistas de emprego;
 Dificuldade de permanência e acesso nos cursos profissionalizantes e/ou de qualificação
profissional por questões pessoais, pedagógicas, entre outras;
17

 O tráfico na visão do adolescente como possibilidade de ganho fácil até os 18 anos;


 Dificuldade de inserção do adolescente no mercado de trabalho para o 1º Emprego/Jovem
Aprendiz;
 Pouco envolvimento por parte dos adolescentes na prática esportiva sistemática;
 Falta de mobilização e investimento em bairros vulneráveis para a utilização de praças
públicas com atividades culturais e prática esportiva orientada, bem como outros projetos
dessa natureza;
 Morosidade judicial no processo de averiguação do ato infracional;
 Alto índice de adolescentes envolvidos no mundo do crime precocemente;
 Violência e preconceito no tratamento ao adolescente infrator;
 Ausência de um Centro Integrado de Atendimento ao adolescente autor de ato infracional;
 Escassa representatividade do Sistema de Garantia de Direitos nas ações que envolvem a
implementação efetiva da política de atendimento socioeducativo;
 Ínfimo preparo da rede para lidar com o adolescente infrator;
 Descrédito, por parte de alguns adolescentes, na justiça, suas consequências quanto à
aplicação e descumprimento das medidas;
 Alto índice de descumprimento e reincidência;
 Limitações das famílias no acompanhamento e envolvimento nas atividades ofertadas pelo
serviço.

2.11 Potencialidades e Forças do SMSE/CREAS

De acordo com a análise dos documentos, o SMSE/CREAS apresenta, ao longo de


sua implantação, as seguintes potencialidades e forças:

Quadro 02 – Potencialidades de forças do SMSE/CREAS

 Comprometimento da equipe do SMSE na viabilização de uma formação educativa e


social, visando à educação formal e/ou informal como perspectiva de ressignificar um novo
projeto de vida para e com o adolescente;
 Compreensão e alinhamento conceitual da práxis no atendimento socioeducativo, por parte
da equipe, de que o adolescente é um sujeito de direitos e deveres, considerando sua
singularidade e analisando-o em sua dimensão individual e social, possibilitando o
entendimento de cada caso em particular;
 Investimento, por parte da equipe, nos acompanhamentos necessários à saúde para
atenção integral do adolescente, no sentido de garantir o atendimento nas Unidades
Básicas de Saúde (UBS), bem como no Núcleo de Saúde Mental à Criança e ao
Adolescente;
 Atenção e apoio da equipe do Núcleo de Atenção em Saúde Mental à Criança e ao
Adolescente na viabilização do acesso do adolescente ao Serviço;
 Potencialização do acompanhamento do adolescente por meio da realização de
matriciamentos/discussão de caso com a rede;
 Parceria com os Programas PELC e Fica Vivo e entidades parceiras que ofertam
atividades esportivas;
 Projeto CreSer articulado de forma intersetorial como aproximação e acolhimento da rede
e sociedade civil na perspectiva de potencializar o conhecimento e o acesso dos
adolescentes nas políticas públicas (programas, projetos e serviços do município);
 Apoio e diálogo com a Defensoria Pública e articulações pontuais com o Judiciário por
parte da equipe;
 Promoção do Projeto “Café com Parceiros” para alinhamento das ações no atendimento ao
adolescente;
 Retorno, por parte de alguns adolescentes egressos, à procura da equipe para orientação
e apoio em algumas questões relacionadas à vida pessoal e social;
 Articulação pontual da equipe para inserção em curso profissionalizante e indicação para o
Primeiro Emprego/Jovem Aprendiz;
 Parceria com o Projeto Primeiro Emprego do SERTEP, UAITEC e articulação pela equipe
18

com os demais parceiros da sociedade civil para encaminhar e indicar adolescentes aos
processos seletivos de adolescentes aprendizes.

2.12 Avaliação do Meio Aberto

É possível perceber que a metodologia utilizada pelo Serviço de Medidas


Socioeducativas em Meio Aberto preocupa-se com a escuta qualificada do
adolescente para compreensão de suas vivências, seu contexto sociofamiliar. A noção
presente no acolhimento é da promoção de um atendimento humanizado, que
considere a subjetividade e as singularidades do adolescente.

As intervenções socioeducativas são pautadas pelo viés de responsabilização com


proteção. Dessa forma, os esforços são pela promoção do acesso aos direitos com
vistas à construção de vínculos e na ressignificação de valores na vida pessoal e
comunitária do adolescente.

Fica clara uma preocupação em privilegiar o trabalho da equipe técnica do SMSE em


todas as etapas e a construção de um acompanhamento do adolescente com uma
percepção interdisciplinar. Assim, os técnicos trabalham na perspectiva de buscar um
entendimento multifacetário do adolescente. É possível perceber também que a equipe
apresenta uma forte coesão e o entendimento do papel de cada profissional no
trabalho.

A equipe tem consciência e capacidade de se autoavaliar, identificando tanto suas


dificuldades internas, quanto as externas. Esse é um atributo que pode indicar
competências para empreender mudanças necessárias, corrigir trajetos e fazer
escolhas para o enfrentamento de situações complexas.

Em relação à produção de dados, é importante perceber os esforços da equipe técnica


do SMSE em elaborar anualmente, desde a sua implantação, o perfil social dos
adolescentes agregando dados qualitativos e quantitativos com o objetivo de analisar
os fatores de maior vulnerabilidade, subsidiar o planejamento técnico das ações e
oferecer respostas às demandas apresentadas.

Entretanto, como o convívio com o adolescente é sistemático, é necessária a


construção de um instrumental de coleta de dados mais robusto que abarque mais
informações sobre o público-alvo e sobre a sua família/responsáveis.

Grande parte das fragilidades apresentadas pelo SMSE está ligada, especialmente, à
falta de efetividade da rede de parceiros na vinculação do adolescente, tanto ao
equipamento educacional, quanto ao encaminhamento para postos de trabalho e
qualificação profissional. Essa fragilidade expõe uma contradição da política de
atendimento, uma vez que o SINASE direciona as intervenções por meio de eixos
estruturantes da medida socioeducativa.

Na questão da qualificação profissional, cabe observar que nem sempre os cursos


oferecidos apresentam uma adequação pedagógica com capacidade de garantir
19

adesão dos adolescentes. Observa-se que os conteúdos não abarcam as


necessidades diversas apresentadas pelos adolescentes.

O SMSE também reconhece as dificuldades do adolescente em retornar à escola. É


possível perceber que os adolescentes não encontram na escola correspondência às
suas aspirações. O equipamento de ensino não exerce forte atração e não está
suficientemente equipado para atender adolescentes com esse perfil.

As famílias também são uma parte muito frágil do acompanhamento ao adolescente e,


dessa forma, não conseguem exercer o cuidado e a autoridade necessários para
apoiar o adolescente na retomada de seus vínculos à escola. O próprio
acompanhamento técnico do adolescente no cumprimento da medida pode revelar que
as famílias, mais do que cuidar, precisam de cuidados.

O perfil de baixa escolarização e a vulnerabilidade social dos adolescentes,


associados ao descrédito na justiça e à sua aplicabilidade, configura, também,
desafios sistemáticos da equipe do SMSE.

As ações de monitoramento e avaliação do alcance e resultados do SMSE ainda


apresentam fragilidades. Os registros executados são os procedimentais exigidos para
o acompanhamento da medida e os necessários ao funcionamento rotineiro do
trabalho. Contudo, de acordo com a equipe técnica, o que apresenta fragilidades no
monitoramento é a ausência de articulação, alinhamento e viabilização de acesso de
dados sistematizados e alimentados pelos operadores do sistema, no que se refere ao
monitoramento, avaliação e busca de resultados efetivos à política de atendimento
socioeducativo.

Esse fato revela outra dificuldade para o SMSE: o desconhecimento dos motivos que
levam os adolescentes ao descumprimento da medida. Como a informação sobre o
processo de cada adolescente não está formatada em rede, quando o adolescente
descumpre a medida e não retorna ao SMSE, a equipe técnica fica sem a informação
dos motivos do descumprimento.

Os motivos que levam os adolescentes ao descumprimento das medidas são diversos


e podem ser de ordem objetiva e subjetiva. Contudo, a equipe não consegue apurar
porque não há uma conexão em rede de todas as informações sobre o adolescente.

De acordo com a equipe, os fatores objetivos podem estar ligados a óbito, mudança de
cidade, acautelamento (provisório e internação) e até mesmo detenção (quando maior
de 18 anos).

Esse cenário acaba impactando negativamente o trabalho da equipe uma vez que os
técnicos vão ter pouca compreensão e pouco retorno sobre os resultados obtidos pelo
próprio atendimento. Entender os motivos que levam o adolescente ao
descumprimento da medida é fundamental para o aprimoramento do atendimento a
esse público.
20

2.13 Meio Fechado - O Centro Socioeducativo Ipatinga - MG

O Centro Socioeducativo Ipatinga, unidade integrante da Subsecretaria de


Atendimento às Medidas Socioeducativas do Governo do Estado de MG, ou seja, de
responsabilidade do governo estadual e não municipal, foi inaugurado em Ipatinga -
MG em 09 de Julho de 2014. Importante considerar a particularidade histórica da
unidade, que antes de funcionar em Ipatinga, funcionou temporariamente no município
de Açucena - MG, com 100 km de distância. Quando da inauguração da unidade em
Ipatinga, equipamentos, corpo de funcionários e todos os adolescentes que lá estavam
acautelados mudaram-se para Ipatinga, estabelecendo ali um novo lugar.

A atual unidade possui capacidade para 40 adolescentes, estando no momento com


60 adolescentes em regime de internação e internação provisória. O cumprimento da
medida socioeducativa constrói-se a partir do desenvolvimento de grandes eixos, a
saber: escolarização; saúde; cultura, esporte e lazer; convivência familiar e formação
profissional, sendo que, para isso, diversas atividades são distribuídas e compõem a
Rotina Institucional, a qual prevê ações dentro e fora do espaço físico da unidade.

No atual universo de 60 adolescentes do sexo masculino, quanto à faixa etária, a


maioria dos acautelados no CSE de Ipatinga possui entre 15 e 18 anos, sendo 20% os
que possuem entre 14 e 15 anos.

Quanto à procedência de município, 70% são de Ipatinga, 15 % de Coronel Fabriciano,


sendo 15% o restante, de modo que Timóteo e Itabira aparecem com mais frequência.

Quanto ao bairro de procedência dos adolescentes de Ipatinga, temos maior incidência


nos seguintes bairros: Bethânia, Veneza, Caravelas, Bom Jardim, Limoeiro e Vila
Celeste.

Quanto à escolaridade, há adolescentes desde o 3º ano do Ensino Fundamental até o


1º ano do Ensino Médio. Sendo que as maiores turmas são do 6º, 7º, 8º e 9º ano.
Alguns adolescentes e jovens possuem a defasagem idade/série de forma mais
acentuada, sendo que é preciso um trabalho mais minucioso e individual para atender
esse público, por exemplo, com atividades de reforço ou trabalhos particulares, tarefas
diferenciadas de modo a reforçar a capacidade de aprendizagem.

No quesito saúde, o CSE busca fortalecer e garantir laços com a rede de saúde,
realizando grupos operativos sobre a sexualidade, Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DST) e orientar sobre a rede de atendimento. Garantir assistência em
saúde para os adolescentes, minimizando a espera de consultas especializadas e
procedimentos. Oferecer vagas para odontologia a este público e fazer busca ativa
para prevenção de problemas odontológicos.
21

3 OS ADOLESCENTES E SUAS FAMÍLIAS

Para a melhor compreensão dos resultados desse diagnóstico, este capítulo apresenta
a identificação e percepção dos principais atores envolvidos no Serviço. Dessa forma,
serão analisados aqui os dados sobre o perfil dos adolescentes em cumprimento de
medida, suas famílias e os resultados dos grupos focais com esse público.

3.1 Sexo dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2012, encontravam-se em situação de acompanhamento pelo serviço de Medidas


Socioeducativas 41 adolescentes, sendo 35 do sexo masculino e 6 do sexo feminino;
em 2013, 29 adolescentes em situação de acompanhamento, sendo 27 do sexo
masculino e 2 do sexo feminino; e, em 2014, 50 adolescentes, sendo 46 do sexo
masculino e 4 do sexo feminino.

Em 2015, no mês de janeiro, se encontravam em situação de acompanhamento pelo


serviço de Medidas Socioeducativas 30 adolescentes (LA ou PSC); em fevereiro, 20;
em março, 26; em abril, 25; em maio, 30; em junho, 41; em julho, 39; em agosto, 52;
em setembro, 55; em outubro, 53; e em novembro, 46.

Gráfico 01 – Número de adolescentes em acompanhamento pelo Serviço de Medidas


Socioeducativas em Ipatinga em 2015 (LA ou PSC)

60 52 55 53
50 46
41 39
40 30
29 26
30 25
20
20
10
0

Fonte: SMSE, 2015.

Em 2015, os dados apontam para uma tendência de manutenção do número de


adolescentes acompanhados em PSC e ampliação do número de adolescentes
acompanhados em LA, como pode ser observado no gráfico abaixo:
22

Gráfico 02 – Comparativo entre as modalidades de acompanhamento pelo Serviço de Medidas


Socioeducativas em Ipatinga em 2015 (LA e PSC)

50 46 47
44 44
45
40
35 32
30
30
25 23
20 Liberdade Assitida - LA
20 18
1515
15 13 Prestação de Serviços
11 11 10 11 10
8 9 8 Comunitários (PSC)
10 6 6
5
0

Fonte: SMSE, 2015.

3.2 Medidas Aplicadas aos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Gráfico 03 – Medidas Aplicadas aos adolescentes em acompanhamento pelo SMSE

90,00

80,00 76,67
68,97
70,00

60,00 56,00

50,00 46,34 PSC


42,00
40,00 LA
34,15

30,00 PSC/ LA
24,14
19,51 20,00
20,00

10,00 6,90
2,00 3,33

0,00
2012 2013 2014 2015

Fonte: SMSE, 2015.

3.3 Idade dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2015, se encontravam em acompanhamento 02 adolescentes com 14 anos de


idade, 04 com 15 anos, 08 com 16 anos, 09 com 17 anos, 06 com 18 anos, e 01 com
19 anos.
23

Gráfico 04 – Idade dos adolescentes em acompanhamento pelo SMSE

40,00 37,93

34,00
35,00

29,27 30,00
30,00 27,59 28,00 13
26,67
24,39 14
25,00
21,95
20,00 15
20,00 18,00
16

15,00 13,79 13,33 17


12,20
10,34 10,34 18
10,00 7,32 8,00 8,00
6,67 19
4,88
5,00 3,33
2,00 2,00

0,00
2012 2013 2014 2015

Fonte: SMSE, 2015.

3.4 Arranjo Familiar dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em relação às famílias dos adolescentes em acompanhamento pelo SMSE, em 2015,


43,33 % eram nucleares e 46,67 eram monoparentais. Em 2012, 43,90% dos
adolescentes acompanhados residiam em famílias monoparentais, em 2013, 41,38% e
em 2014, 40%.

Gráfico 05 – Arranjos familiares dos adolescentes acompanhados pelo SMSE

50,00 43,90 46,67


41,38 43,33
38,00 40,00
40,00
31,71 31,03 FAMILIA NUCLEAR
30,00 27,59
FAMILIA MONOPARENTAL
20,00 14,63 REARRANJOS FAMILIARES
14,00
9,76 6,67
10,00 8,00 OUTRO
3,33
0,00
2012 2013 2014 2015

Fonte: SMSE, 2015.

3.5 Composição das Famílias Acompanhados pelo SMSE

Em 2015, dos 30 adolescentes acompanhados pelo SMSE 11 residiam em famílias


com até 04 pessoas (36,67%) e 19 residiam em famílias com mais de 04 pessoas
(63,33%).
24

Gráfico 06 – Composição das famílias dos adolescentes atendidos pelo SMSE

70,00 63,33
58,00
60,00
51,22 51,72
48,78 48,28
50,00
42,00
40,00 36,67
ATÉ 04 PESSOAS
30,00
MAIS DE 04 PESSOAS
20,00

10,00

0,00
2012 2013 2014 2015

Fonte: SMSE, 2015.

3.6 Renda das Famílias dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2015, 06 dos adolescentes acompanhados pelo SMSE residiam em famílias com


renda de 01 salário mínimo (20%), 07 em famílias com 02 salários mínimos (23,33%),
06 em famílias com renda de 03 salários mínimos (20%), 04 em famílias com renda de
04 salários mínimos ou mais (13,33%) e 07 não informaram a renda de suas famílias
(23,33%).

Gráfico 07 – Renda das famílias dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE

40,00 38,00

35,00 31,71
30,00 27,59
26,83 26,00
25,00 23,33 23,33
20,69 20,69 20,00 2012
20,00
20,00 17,24 19,51
2013
14,00
15,00 13,33 2014
9,76 10,00 10,34
10,00 7,32 2015
6,00 4,88 6,00
5,00 3,45
0,00
0,00
MENOS DE 01 01 SALARIO 02 SALARIOS 03 SALARIOS 04 SALARIOS OU NÃO INFORMADO
SALARIO MAIS

Fonte: SMSE, 2015.

3.7 Frequência à Escola dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2015, somente 05 dos adolescentes acompanhados pelo SMSE estavam


estudando (16,67%). Em 2012, eram 29,27% os adolescentes acompanhados que
estavam estudando, em 2013, 3,45% e, em 2014, 30%.
25

Gráfico 08 – Frequência atual à escola dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo


SMSE

120,00
96,55
100,00
83,33
80,00 70,73 70,00

60,00 SIM
NÃO
40,00 29,27 30,00
16,67
20,00
3,45
0,00
2012 2013 2014 2015

Fonte: SMSE, 2015.

3.8 Escolaridade dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2015, 04 dos adolescentes acompanhados pelo SMSE possuíam escolaridade


entre o 1º e o 5º ano escolar (13,33%), 22 escolaridade entre o 6º e o 9º ano escolar
(73,33%) e 04 o ensino médio (13,33%).
Gráfico 09 – Escolaridade dos adolescentes acompanhados pelo SMSE

80,00 73,33
68,97
70,00

60,00 56,00

50,00 43,90 1º AO 5º ANO

40,00 6º AO 9º ANO
34,15
26,00 ENSINO MEDIO
30,00 24,14
21,95
NÃO INFORMADO
20,00 14,00 13,33 13,33
10,00 6,90

0,00
2012 2013 2014 2015

Fonte: SMSE, 2015.

3.9 Uso de Drogas pelos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2015, 24 dos adolescentes acompanhados afirmaram usar drogas (80%). Em


2012, eram 29,27% o percentual de adolescentes acompanhados que afirmaram usar
drogas, em 2013, 37,93%, e, em 2014, 60%.
26

Gráfico 10 – Utilização de drogas pelos adolescentes acompanhados pelo SMSE

90,00
80,00
80,00

70,00
60,00
60,00
51,22 SIM
48,28
50,00
NÃO
37,93
40,00
USOU
29,27
30,00 NÃO INFORMADO
20,00 20,00
20,00 17,07 16,00
10,34
10,00 3,45 4,00
2,44
0,00
2012 2013 2014 2015

Fonte: SMSE, 2015.

3.10 Bairros de Residência dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2014, 14 (28%) dos 50 adolescentes acompanhados pelo SMSE residiam no


bairro Bethânia, em Ipatinga; 08 (16%) residiam no bairro Bom Jardim; 06 (16%)
residiam no bairro Canaã; 06 (16%) no bairro Iguaçu; 05 (10%) no bairro Veneza II; 03
(6%) no bairro Vila Militar; 02 (4%) no bairro Vila Celeste; e 01 (2%) residia nos
seguintes bairros: Canaãzinho, Caravelas, Esperança, Furquilha, Horto e Parque das
Águas. De 2012 a 2014, os bairros que tiveram maior ampliação no número de
adolescentes acompanhados foram os bairros Bethânia (ampliação de 78,57%, sendo
03 adolescentes acompanhados em 2012, 01 em 2013 e 14 em 2014); Canaã
(ampliação de 83,33%, sendo 01 adolescente acompanhado em 2012, 04 em 2013, e
06 em 2014); Iguaçu (ampliação de 83,33%, sendo 01 adolescente acompanhado em
2012, 02 em 2013 e 06 em 2014), Veneza II (que não figurava entre os bairros de
residência dos adolescentes em acompanhamento nos anos de 2012 e 2013, mas no
ano de 2015 passou a figurar com 05 adolescentes acompanhados); e Vila Militar (com
ampliação de 66,67%, sendo 01 jovem acompanhado em 2012, 0 em 2013 e 3 em
2014).
27

Gráfico 11 – Bairros de residência dos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo SMSE

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

BARRA ALEGRE 3,45

BETHÂNIA 3,45 6,82


28,00
BOM JARDIM 10,34 15,91
16,00
CANAÃ 2,27
12,00 13,79
CANAÃZINHO 4,55
2,00 3,45
CARAVELAS 2,27
2,00
CHÁCARA MADALENA 2,27

CIDADE NOBRE 4,55

ESPERANÇA 4,55 6,90


2,00
FURQUILHA
2,00
HORTO 2,27 2012
2,00
2,27 2013
IDEAL
2,27 2014
IGUAÇU 6,90 12,00
JARDIM PANORAMA 4,55

LIMOEIRO 3,45 13,64

NOVA ESPERANÇA 6,90

PARQUE DAS AGUAS


2,00
PLANALTO 3,454,55

PLANALTO II 13,79

VENEZA 11,36
10,34

VENEZA II
10,00
VILA CELESTE 13,64
13,79
4,00
VILA MILITAR 2,27
6,00

Fonte: SMSE, 2015.

3.11 Atos Infracionais Cometidos pelos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Em 2015, o tráfico de drogas foi a infração mais cometida pelos adolescentes


acompanhados pelo SMSE - 13 (43,33%) adolescentes. O segundo ato infracional
com maior incidência entre os adolescentes foi o furto - 12 adolescentes (40%), e o
terceiro, o roubo, cometido por 05 adolescentes (16,67%). Os atos infracionais que
tiveram maior ampliação entre os anos de 2012 e 2015 foram o tráfico de drogas
(ampliação de 75,00%) e o furto (ampliação de 61,54%).
28

Gráfico 12 – Atos infracionais cometidos pelos adolescentes/adolescentes acompanhados pelo


SMSE

OUTROS
2,27

NÃO SOUBE INFORMAR


36,36

USO DE DROGAS
4,55

TRANSITO 10,34

43,33
TRÁFICO DE DROGAS 32,00
13,79
11,36

16,67
ROUBO 26,00
10,34
13,64

RECEPTAÇÃO 12,00
2,27
2015

2,00 2014
PORTE DE ARMA 10,34
2013
2012
LATROCINIO 10,00

HOMICÍDIO 3,45
2,27

40,00
FURTO 16,00
48,28
6,82

DESACATO 3,45

DANO AO PATRIMONIO 2,00

AGRESSÃO
18,18

ABUSO SEXUAL
2,27
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00

Fonte: SMSE, 2015.


29

3.12 Síntese do Perfil dos Adolescentes Acompanhados pelo SMSE

Conforme os dados acima apresentados, o público acompanhado é


predominantemente do sexo masculino e a maior incidência está na faixa etária de 15
aos 17 anos.

Nos arranjos familiares há um predomínio de famílias monoparentais, mas sem grande


discrepância em relação às famílias nucleares. Também há equilíbrio entre famílias
com até 4 membros e famílias com mais de quatro pessoas. Contudo, o ano de 2015
apresentou aumento de adolescentes oriundos de famílias mais numerosas.

A renda dos adolescentes acompanhados pelo serviço revela um predomínio de


famílias de baixa renda sendo observada uma maior concentração na faixa de 1 a 3
salários mínimos.

A maioria dos adolescentes acompanhados possui escolaridade entre a sexta e nona


série; poucos alcançam o ensino médio e os dados revelam um aumento gradual
dessa dificuldade de acesso à escola entre os anos de 2012 para 2015. Com relação à
frequência escolar, a maioria dos adolescentes acompanhados está fora da escola.

Em relação aos bairros de origem destaca-se aumento significativo de adolescentes


provenientes do bairro Betânia em 2014; neste mesmo período houve aumento nos
bairros Canaã, Iguaçu, Vila Militar e Veneza II. Tráfico de drogas e o furto são os atos
infracionais predominantes entre os adolescentes acompanhados pelo Serviço.

No que diz respeito ao uso de drogas, é possível perceber um aumento da declaração


de uso por parte dos adolescentes nos anos de 2014 e 2015.

Uma informação que desperta atenção é o número reduzido de adolescentes do


gênero feminino em cumprimento de medidas socioeducativas no município de
Ipatinga. Porém, não há dados para afirmar se o baixo número de adolescentes deste
gênero em cumprimento de medidas esteja relacionado ao baixo índice de infração ou
a não aplicação das medidas em meio aberto.
30

4 REDE DE ATENDIMENTO ÀS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Para compreender o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente


(SGDCA) em Ipatinga, MG, especialmente, a rede de atendimento de Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto optou pelo desenvolvimento e aplicação de 02
diferentes questionários estruturados e padronizados, com questões abertas e
fechadas de múltipla escolha.

Considerou-se no desenvolvimento desta metodologia de pesquisa a Resolução do


Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente nº 113 (de 19 de abril de
2006), que dispõe sobre os parâmetros para a institucionalização e fortalecimento do
Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. Assim, foram
considerados os eixos estratégicos de ação que integrariam este sistema:

• Eixo I - Defesa dos direitos humanos;


• Eixo II - Promoção dos direitos humanos;
• Eixo III - Controle da efetivação dos direitos humanos.

O Eixo I caracterizar-se-ia, segundo a referida Resolução, pela garantia do acesso à


justiça, ou seja, pelo recurso às instâncias públicas e mecanismos jurídicos de
proteção legal dos direitos humanos, gerais e especiais, da infância e da adolescência,
para assegurar a impositividade deles e sua exigibilidade, em concreto. Integrariam
este Eixo os seguintes órgãos públicos:

 Judiciais, especialmente as varas da infância e da juventude e suas equipes


multiprofissionais, as varas criminais especializadas, os tribunais do júri, as
comissões judiciais de adoção, os tribunais de justiça, as corregedorias gerais
de Justiça;
 Público-ministeriais, especialmente as promotorias de justiça, os centros de
apoio operacional, as procuradorias de justiça, as procuradorias gerais de
justiça, as corregedorias gerais do Ministério Público;
 Defensorias públicas, serviços de assessoramento jurídico e assistência
judiciária;
 Advocacia geral da união e as procuradorias gerais dos estados;
 Polícia Civil judiciária, inclusive a polícia técnica;
 Polícia Militar;
 Conselhos tutelares; e
 Ouvidorias;
 Entidades sociais de defesa de direitos humanos, incumbidas de prestar
proteção jurídico-social nos termos do artigo.

O Eixo II operacionalizar-se-ia através do desenvolvimento da "política de atendimento


dos direitos da criança e do adolescente", prevista no artigo 86 do Estatuto da Criança
e do Adolescente, que integra o âmbito maior da política de promoção e proteção dos
31

direitos humanos. Esta política de atendimento seria desenvolvida através de três tipos
de programas, serviços e ações públicas:

 Serviços e programas das políticas públicas, especialmente das políticas


sociais, afetos aos fins da política de atendimento dos direitos humanos de
crianças e adolescentes;
 Serviços e programas de execução de medidas de proteção de direitos
humanos; e
 Serviços e programas de execução de medidas socioeducativas e
assemelhadas.

O Eixo III operacionalizar-se-ia através das instâncias públicas colegiadas próprias,


onde se assegure a paridade da participação de órgãos governamentais e de
entidades sociais, tais como:

 Conselhos dos direitos de crianças e adolescentes;


 Conselhos setoriais de formulação e controle de políticas públicas; e
 Órgãos e os poderes de controle interno e externo definidos nos artigos 70, 71,
72, 73, 74 e 75 da Constituição Federal.

Um ponto importante nesta estruturação em Eixos é que, segundo a referida


Resolução, os órgãos públicos e as organizações da sociedade civil que integram o
Sistema podem exercer funções em mais de um eixo.

O primeiro questionário foi aplicado a 54 representantes de 51 serviços, entidades e


equipamentos governamentais e não governamentais que integram o Eixo II -
Promoção dos Direitos Humanos, no Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do
Adolescente (SGDCA) em Ipatinga, MG, especialmente, ligados à rede de atendimento
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.

Já o segundo questionário foi aplicado a 29 representantes de 06 serviços, entidades e


equipamentos governamentais e não governamentais que integram o Eixo I - Defesa
dos direitos humanos e o Eixo III - Controle da efetivação dos direitos humanos, no
SGDCA em Ipatinga, MG, especialmente, ligados à rede de atendimento de Medidas
Socioeducativas em Meio Aberto.

Os objetivos buscados com esta metodologia foram:

• Levantar informações que subsidiem a elaboração do diagnóstico do Sistema


Socioeducativo de Ipatinga;
• Disponibilizar para a Prefeitura Municipal de Ipatinga as informações levantadas
sobre as instituições mapeadas;
• Apreender aspectos do funcionamento da rede, como a natureza do
atendimento, o público-alvo, os recursos humanos, físicos e materiais, as
demandas e as estratégias de atendimento;
32

• Possibilitar a articulação e o fortalecimento da rede e assim contribuir com a


melhoria do sistema socioeducativo.

Nas entrevistas com os atores do eixo da Defesa foi identificada maior dificuldade de
contribuição com a elaboração do diagnóstico. Deste eixo, apenas a Defensoria
Pública e o Conselho Tutelar responderam o questionário.

A Polícia Civil retornou o convite para a colaboração como respondente do


questionário com um ofício informando os expedientes executados em relação a atos
infracionais cometidos por adolescentes no município de Ipatinga no ano de 2015 e em
janeiro de 2016.

Importa destacar que no ofício enviado, a Polícia Civil se refere aos adolescentes
ainda com a denominação de “Menor”. Esse fato já traz evidências de que nem todos
os órgãos e instituições presentes na rede dispõe dos mesmos conceitos preconizados
pelo ECA. Ou seja, operam com o mesmo arcabouço conceitual sobre a criança e o
adolescente.

O Judiciário, através da Vara da Infância e da Juventude de Ipatinga, bem como o


Ministério Público de Ipatinga, foram convidados para comporem a Comissão
Municipal Intersetorial de Atendimento Socioeducativo e para responderem aos
questionários enviados para todos da Rede. O Judiciário informou, através de
comunicação formal, que não haveria como participar (nem da pesquisa, nem da
Comissão) devido ao acúmulo de trabalho. A Promotoria de Justiça de Defesa da
Infância e Juventude de Ipatinga informou, contudo, que não é uma entidade, um
serviço ou um equipamento que presta serviços de atendimento a crianças e
adolescentes e que, ao contrário de atender, tem como função a fiscalização das
entidades responsáveis por tal atendimento. Ela também não participou nem da
pesquisa, nem da Comissão. É importante ressaltar que esse ator, a Promotoria,
impetrou uma ação civil pública contra o município exigindo a elaboração do Plano de
Medidas Socioeducativas em Meio Aberto.

4.1 Síntese das Respostas dos Questionários

Os cargos ocupados pelos representantes dos serviços, entidades e equipamentos


governamentais e não governamentais que integram a rede do sistema socioeducativo
do município que responderam ao questionário indicando que 77,78% dos
entrevistados ocupam, atualmente, cargos de chefia nas instituições em que
trabalham, posição que permite a estes respondentes uma leitura abrangente da
atuação destas.

Outra informação importante levantada com a aplicação do questionário foi o tempo de


funcionamento destas instituições. 85,19% das instituições cujos representantes
participaram da pesquisa atuam há mais de cinco anos no município de Ipatinga.
Quanto ao território de abrangência a pesquisa revelou um equilíbrio entre as
33

instituições que atuam de modo municipal e regional (46,30%) e aquelas que atuam
em bairros específicos de Ipatinga (53,70%).

Com relação aos objetivos dos serviços, entidades e equipamentos cujos


representantes foram entrevistados, a pesquisa revelou uma boa distribuição das
instituições pesquisadas por atividade desenvolvida, com predominância de serviços,
entidades e equipamentos governamentais e não governamentais que prestam
serviços voltados para a educação e o ensino (31,48%).

Outro dado relevante revelado pela aplicação do questionário é a dependência da


ampla maioria das instituições cujos representantes responderam ao questionário, de
recursos financeiros públicos, das esferas municipal, estadual e federal. 72,22% das
instituições pesquisadas têm nos recursos públicos exclusiva fonte de receita.

A pesquisa também revelou que 62,96% dos serviços, entidades e equipamentos


governamentais e não governamentais que integram a rede do sistema socioeducativo
do município, cujos representantes responderam ao questionário, têm como público-
alvo adolescentes com até 18 anos de idade e que, 31,48% têm como público-alvo as
famílias destes adolescentes.

Com relação ao número de pessoas atendidas mensalmente, a pesquisa revelou que


70,37% destas instituições atendem mais de cem pessoas por mês. Ao menos 48,15%
destas instituições atenderiam crianças e ao menos 68,52% atenderiam adolescentes.
A pesquisa também revelou a abrangência das atividades desenvolvidas pelas
instituições, com predominância para a educação e o ensino (31,48%), atividades
socioeducativas e culturais (22,2%) e atividades socioassistenciais (20,37%).

Um dado também importante é que 51,85% dos serviços, entidades ou equipamentos


cujos representantes foram entrevistados possuem articulação, ação conjunta ou
parceria estabelecida com o Serviço de Atendimento de Medidas Socioeducativas em
MEIO ABERTO e/ou MEIO FECHADO. Destas articulações, ações conjuntas ou
parcerias estabelecidas com o Serviço de Atendimento de Medidas Socioeducativas,
78,57% são relativas ao meio aberto, 14,29% ao meio fechado e 7,14% aos meios
aberto e fechado. 42,59% dos serviços, entidades ou equipamentos cujos
representantes foram entrevistados receberiam encaminhamentos do Serviço de
Atendimento de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e/ou Meio Fechado, o que
confirma a funcionalidade destas articulações, ações conjuntas e parcerias.

A pesquisa também revelou a perenidade destas relações quanto aos


encaminhamentos. Ao menos 34,78% das instituições receberiam encaminhamentos
há mais de cinco anos. No entanto, o elevado percentual de instituições que
atenderiam adolescentes e o também elevado percentual de instituições que
receberiam encaminhamentos do Serviço de Atendimento de Medidas
Socioeducativas em MEIO ABERTO e/ou MEIO FECHADO contrastariam, em grande
medida, com o baixo percentual de instituições que atualmente estariam atendendo
algum adolescente em cumprimento de medidas socioeducativas, somente 12,96%.
34

A pesquisa também revelou grande abrangência das áreas de atuação dos serviços,
entidades ou equipamentos cujos representantes foram entrevistados dentro do
Sistema de Proteção à Criança e ao Adolescente, com destaque para as áreas de
Assistência Social (24,07%) (13), cultura (18,52%), esporte (16,67%), educação
(38,89%) e profissionalização (22,2%).

As respostas ao questionário também permitem a leitura de que há abertura por parte


das instituições que não atendem adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas para que, de algum modo, atuar junto a este público. No entanto, as
respostas apresentadas levam ao entendimento de que não há clareza por parte
destas instituições sobre como poderiam fazê-lo de modo articulado e planejado.

A estrutura atual disponível para execução dos serviços, especialmente no que é


relacionado ao atendimento de adolescentes e às medidas socioeducativas das
instituições, quanto a recursos humanos, foi avaliada como precária por 31,48% dos
entrevistados e como satisfatória por 20,37% destes. Os recursos materiais
disponíveis para este fim foram avaliados como precários por 37,04% e como
satisfatório por somente 12,96% destes. Os espaços físicos foram avaliados como
precários por 38,89% dos entrevistados e como satisfatórios por 18,52% destes. Já as
formas de participação dos adolescentes/beneficiários nas instituições foram
consideradas precárias por 37,04% dos entrevistados e satisfatórias por 16,67%
destes.

Um dado também importante revelado com a aplicação do questionário foi o reduzido


percentual de instituições que possuiriam dados de atendimentos, qualitativos e/ou
quantitativos, e relatórios ou outros documentos sobre o trabalho desenvolvido em
condições de serem disponibilizados para a pesquisa. Somente 16,67% dos
entrevistados responderam afirmativamente a esta pergunta.
35

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS E RECOMENDAÇÕES ESTRATÉGICAS

Neste documento, foram examinados os diversos aspectos envolvendo o contexto do


Serviço, a percepção dos atores, das famílias, dos técnicos do Serviço e da rede do
SGD. Nesta seção, são retomados os pontos conclusivos da análise realizada.

No estudo, foram assinalados diversos elementos do contexto onde se implementa o


Serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e formam o cenário em relação
ao qual deve ser compreendido o balanço dos alcances do Serviço.

É possível perceber que a implementação das medidas em meio aberto enfrenta


grandes desafios uma vez que envolvem um conjunto extenso de atores, exigem
esforços sistemáticos de construção, em um curto espaço de tempo, de compromissos
com os adolescentes e suas famílias, de oferecer acesso a políticas e romper com
uma cultura de internação favorecendo a circulação dos adolescentes em seu convívio
familiar e comunitário.

5.1 Balanço dos Resultados

5.1.1 Os Adolescentes

Em relação aos adolescentes acompanhados pelo SMSE foi possível perceber a


clareza do porque se cumpre uma medida, mas não associam o meio aberto ao
sistema de proteção, banalizando com isto a responsabilização deste cumprimento,
mas não do ato infracional. O que leva a compreender o preconceito que enfrentam
por estarem cumprindo medidas e consequentemente de suas dificuldades de
ressocialização.

Em que pese reconhecerem o acompanhamento dos técnicos como um elemento


positivo, a vinculação aparece frágil e desprovida de sentido. E nesse aspecto, só
apresentam o desejo real de que essa situação se encerre.

Assim, o desafio do acompanhamento é buscar estratégias que tragam maior


significação para o cumprimento da medida, saindo meramente da penalização e
alcance um compromisso e um sentido para esse período da sua vida, indicando que
os adolescentes necessitam de políticas de inclusão mais atraentes.

A maioria dos adolescentes apresenta dificuldades de estabelecer vínculos escolares.


É possível perceber que a relação com a escola é um desafio a ser enfrentado uma
vez que o problema não está na oferta de vagas e sim na permanência e vinculação
do adolescente nessa instituição.

No campo da profissionalização, as áreas de interesse dos adolescentes tanto na


oferta de vagas quanto nos cursos de profissionalização podem não encontrar um
alinhamento, uma atração ou equilíbrio. Grande parte dos cursos não apresenta
conteúdo e linguagem pedagógicos capazes de atrair e motivar os adolescentes.
Ainda mais quando a oferta para o adolescente carrega uma penalização. Assim, os
36

adolescentes apresentam críticas à oferta de postos de prestação de serviços ligados


aos serviços mais pesados como capina e limpeza, reivindicando o direito de prestar
serviços em escritórios, com acesso a tecnologias. Esse anseio por ofertas de trabalho
mais qualificadas, contudo, esbarra na precária escolarização do adolescente e impõe
barreiras nas seleções e entrevistas de emprego. Soma-se a isso, o fato de não
atenderem os requisitos das empresas.

A vulnerabilidade dos adolescentes, associada a pouca oferta de vagas ou à


inadequação dessas vagas ao perfil do público-alvo, gera sérios desafios ao SMSE,
uma vez que sua missão na PSC é, justamente, o encaminhamento desses
adolescentes ao trabalho. Assim, o Serviço defronta-se com adolescentes que não
atendem aos critérios exigidos pelas empresas que, por sua vez, não possuem postos
de trabalho para adolescentes tão vulneráveis socialmente, residindo aí a própria
contradição da execução das medidas.

Na construção desse cenário complexo, ainda contribuem as dificuldades dos próprios


adolescentes de vislumbrarem perspectivas de vida, desvincularem-se do uso de
drogas, ou do tráfico, e de estabelecerem práticas mais saudáveis.

Tanto os adolescentes quanto as famílias refletiram sobre as dificuldades de circular


na própria comunidade em função de conflitos com grupos do próprio território. Em
alguns casos, os adolescentes têm impedimentos de transitar por desavenças e
disputas internas na comunidade.

O SINASE preconiza que, no cumprimento da medida, o território e os vínculos


comunitários sejam, preferencialmente, os espaços para os adolescentes
frequentarem. E é, sem dúvida, o espaço favorável para a ressocialização.

Essa contradição, contudo, aparece como um desafio para a equipe do SMSE. As


alternativas de proteção ao adolescente diante das situações de conflito acabam
sendo arranjos informais construídos pelos próprios técnicos. Dessa forma, recai sobre
a equipe do SMSE a responsabilidade de encontrar soluções para problemas
complexos de proteção do adolescente.

5.1.2 Famílias dos Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa

Na análise das famílias, foi possível perceber a compreensão do processo de


execução das medidas e uma adesão à participação do acompanhamento.
Reconhecem os aspectos positivos do Serviço e os resultados na mudança de
comportamento dos adolescentes.

Contudo, revelam uma insatisfação com a culpabilização que vivenciam em função


dos atos infracionais cometidos pelos adolescentes. É possível refletir que em sua
maioria são famílias em situação de vulnerabilidade social e que têm dificuldades e
pouco instrumental para lidar com os problemas e conflitos trazidos pelos filhos. Dessa
forma, não conseguem exercer a função protetiva necessária para apoiar o
adolescente durante o cumprimento da medida.
37

São famílias que têm a missão de cuidar do adolescente, mas que requisitam
cuidados, apoio no fortalecimento dos vínculos entre seus membros e equipamentos/e
instrumental para enfrentar os problemas apresentados pelos adolescentes.

5.1.3 SMSE e a Rede de Atendimento

Apesar dos esforços empreendidos pelo corpo técnico para formalizar o Serviço,
elaborar conceitos, estabelecer metas e produzir informações sobre o público
atendido, ainda demanda um conjunto de ações e recursos para aumentar e qualificar
a sua capacidade de acompanhamento dos adolescentes.

Como já apresentado, a equipe técnica apresenta coesão em todas as etapas do


acompanhamento do adolescente com uma percepção interdisciplinar e tem
consciência e capacidade de se autoavaliar, o que pode indicar competências para
empreender mudanças necessárias, corrigir trajetos e fazer escolhas para o
enfrentamento de situações complexas.

A compreensão do perfil dos adolescentes é um esforço sistemático da equipe técnica


do SMSE. Contudo, a produção dos dados sobre o perfil dos adolescentes pode contar
com um instrumental mais robusto, levando em consideração mais informações sobre
o público-alvo e sobre a sua família/responsáveis.

A equipe do SMSE aponta que as ações de monitoramento e avaliação de uma


política devem contar com outros dispositivos e recursos, para além dos apresentados
pelo Serviço em seu cotidiano de trabalho. Nesse sentido, a equipe percebe a
ausência de articulação, alinhamento e viabilização de acesso de dados
sistematizados e alimentados pelos operadores do sistema no que se refere ao
monitoramento, avaliação e busca de resultados efetivos à política de atendimento
socioeducativo.

Os motivos do descumprimento das medidas socioeducativas são diversos e


subjetivos. Na maioria dos casos, a equipe do SMSE não tem acesso a essa
informação, visto que o adolescente não retorna ao Serviço. Contudo, alguns motivos
podem ser apontados, tais como óbito, mudança de cidade, acautelamento (provisório
e internação) ou, até mesmo, detenção, no caso de maiores de 18 anos de idade.

Como já mencionado, o desafio apresentado pela equipe do SMSE como o maior


gerador de angústia está relacionado às dificuldades da rede em atuar na doutrina da
proteção integral e especial à criança e ao adolescente, já que ela se apresenta frágil e
com pouca capacidade de resposta à promoção da responsabilização com proteção
do adolescente. Assim, os arranjos informais, parcerias com pouco alcance de
atendimento e o esforço permanente de sensibilização de todos os envolvidos,
provocam um rebatimento na equipe do limite do funcionamento da rede e da sua
capacidade de atendimento.

Na execução de políticas públicas, a lógica que ainda prevalece é uma atuação


setorizada, com desenhos e regras próprias de atuação e de pouca cultura de
38

cooperação. Soma-se a isso a dificuldade da produção de ações cooperativas


intersetoriais geradas pelo desconhecimento por parte dos atores envolvidos sobre o
funcionamento do serviço a que foram chamados a participar.

Cada uma das instituições que compõem a rede opera com mecanismos próprios, com
formas muito sedimentadas de atuação e algumas podem apresentar resistência de
adesão e dificuldade de contribuir por mero desconhecimento de como participar.

No caso do SMSE, a rede do SGD é extensa e exige o envolvimento de atores


variados, com competências específicas, além de ter que atuar na resposta a
problemas sociais complexos, como é o caso do perfil dos adolescentes em
cumprimento de medidas, quando os desafios são também complexos e não podem
ser respondidos com parcerias informais. O processo de parceria entre as instituições
que recebem os adolescentes para cumprimento de medida de PSC e LA ocorre
informalmente, sem garantias de adesão e acompanhamento efetivo.

A ideia preconizada na doutrina da proteção integral deve ser prioridade e deve estar
refletida na ação da rede. Contudo, a proteção não pode limitar-se a declarações de
intenções, acordos imprecisos e parcerias informais.

Outro agravante na formação de rede e no cotidiano do trabalho refere-se ao rodízio


frequente dos interlocutores/representantes de cada instituição. A troca dos
funcionários/representantes significa reconstruir todo o processo de sensibilização e
educação sobre o serviço.

A efetividade e o sucesso do SGD dependem da atuação eficiente e integrada de


todos os atores, das políticas públicas, envolvidos nas execuções das ações
socioassistenciais. Nesse sentido, uma pactuação frágil, sem laço institucional não
alcança seus objetivos.

Dessa forma, a prioridade com relação a consolidação da rede do SGD não pode
limitar-se a uma declaração de intenções e de arranjos imprecisos, ela exige esforços
de uma construção institucional para a pactuação das parcerias. É preciso estabelecer
compromissos formais de participação no processo de cumprimento de medidas em
meio aberto e estabelecer laços de colaboração.

Para tanto, essa pactuação exige uma compreensão maior e, consequentemente, o


esclarecimento do papel de cada ator no Sistema e uma mobilização e sensibilização
para qualificar sua adesão ao Serviço.

Em que pesem as dificuldades em estabelecer uma agenda que conjugue a


participação de uma rede extensa, aqui cabe cuidado especial uma vez que esse
processo de mobilização pode permitir uma pactuação mais efetiva da rede
socioassistencial, ampliar o aprendizado sobre as medidas em meio aberto e,
consequentemente, promover uma maior institucionalização do SGD.
39

Nesse percurso, a iniciativa do Projeto “Café com os Parceiros” e a realização dos


seminários já indicam um caminho para o processo de sensibilização da rede.
Contudo, é preciso ampliar a circulação de informações sobre o Serviço, estabelecer
estratégias para a divulgação de pequenos relatórios e promover capacitações com
mais frequência com os parceiros. O uso de tecnologias de comunicação para a
sensibilização é parte importante do esclarecimento do papel dos parceiros. A ideia é
possibilitar a articulação entre os atores nos municípios, usando os recursos de
comunicação disponíveis ou criando outros.

O outro aspecto que merece atenção refere-se ao desafio de vencer os preconceitos


atrelados aos adolescentes que cometeram atos infracionais disseminando na rede
novas mentalidades sobre esse público. Esse é um desafio rotineiro de todos os atores
envolvidos na proteção das crianças e adolescentes, desde a promulgação do ECA,
de transformação da cultura de preconceitos.

Em síntese, o serviço aponta para as seguintes dificuldades:

 Insuficiência de recursos para a capacitação dos técnicos e para a atualização


dos métodos de acompanhamento do público do serviço;
 Ausência de instrumentos de monitoramento e avaliação dos impactos do
Serviço;
 Dificuldade em estabelecer uma articulação sistemática da rede do SGD;
 Dificuldade em disseminar uma cultura positiva das medidas de meio aberto
junto aos parceiros da rede;
 Dificuldades em estabelecer protocolos comuns a todos os envolvidos com o
Serviço;
 Dificuldades em estabelecer um marco conceitual comum a todos os envolvidos
com o Serviço;
 Dificuldade em implementar os processos de profissionalização dos
adolescentes.

5.1.4 Recomendações Estratégicas

A formação de uma rede robusta com capacidade de atuar cooperativamente exige um


conjunto de estratégias e um forte investimento educativo e de sensibilização dos seus
atores. Algumas estratégias podem facilitar esse trabalho:

 Investir no uso de ferramentas de tecnologia de comunicação;


 Estabelecer um pacto, um arranjo institucional com todos os parceiros para que
o SMSE alcance de uma força política;
 Elaboração de um plano de ação conjunto;
 A ação do Conselho Municipal da Criança e Adolescente no sentido de
promover ações de sensibilização da Doutrina de Proteção.
40

6 PLANO MUNICIPAL DECENAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DE


IPATINGA - MG

6.1 Princípios e Diretrizes

O Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo de Ipatinga - MG dá


cumprimento às indicações do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo –
SINASE e do Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo que propõem rever a
funcionalidade e estrutura dos serviços de atendimento de acordo com a realidade de
cada município.

Deste modo, o Plano Decenal Municipal de Atendimento Socioeducativo de Ipatinga –


MG está baseado na resolução 119/2006 do CONANDA e na Lei Federal nº
12.594/2012, cujos princípios e diretrizes nortearão as propostas de superação das
dificuldades identificadas, na forma de objetivos, metas e períodos para a sua
execução, conforme descrito a seguir.

6.2 Princípios

A garantia de proteção integral e de absoluta prioridade de diretos dos adolescentes


deve ser assegurada de acordo com a Constituição Federal e com o Estatuto da
Criança e do Adolescente.

Em conformidade com artigo 227 da Constituição Federal e artigos 3º, 4º e 15 do ECA,


o adolescente tem prioridade absoluta por tratar-se de pessoa em situação peculiar de
desenvolvimento e sujeito de direitos e responsabilidades.

O atendimento ofertado será respeitando a individualização, considerando-se a idade,


capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente (LEI Nº 12.594/12: Art. 35-VI).

O atendimento ofertado não discriminará o adolescente em razão de etnia, gênero,


nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou
pertencimento a qualquer minoria ou status (LEI Nº 12.594/12: Art. 35-VIII).

Em consonância com os marcos legais, o atendimento socioeducativo deve ser


territorializado, regionalizado, com participação social e gestão democrática,
intersetorialidade e responsabilização, por meio da integração operacional dos órgãos
que compõem esse sistema

6.3 Diretrizes

Respeito integral às normativas nacionais e internacionais que tratam da Justiça


Juvenil e da execução de Medidas Socioeducativas, a saber: Declaração Universal
dos Direitos da Criança, Regras Mínimas de Beijing, Constituição Federal Brasileira,
ECA, SINASE, entre outras.
41

Respeito aos princípios fundamentais dos Direitos Humanos de todos os adolescentes


desde o momento de sua apreensão pela polícia até o efetivo cumprimento de
(qualquer uma das) Medidas Socioeducativas.

Corresponsabilidade da União, Estado e Município no financiamento da execução das


medidas socioeducativas - artigo 204, inciso 1, da Constituição Federal e artigo 88
inciso II, do ECA.

O cumprimento do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo de


Ipatinga – MG é de responsabilidade de todos os órgãos das políticas municipais e dos
órgãos do Sistema de Justiça, que devem se comprometer com as metas
estabelecidas neste Plano.

O CMDCA ficará responsável por acompanhar os serviços e programas de


atendimento de acordo com este Plano e com as leis e normativas existentes, com o
objetivo de garantir a manutenção e qualidade do programa.

São diretrizes fundamentais:

 Construção de ações que privilegiem a articulação da rede e a


intersetorialidade.
 Garantir o atendimento respeitando a identidade de gênero e a orientação
sexual.
 Garantir a oferta e acesso à educação de qualidade, à profissionalização, à
saúde integral, às atividades esportivas, de lazer e de cultura em articulação da
rede em meio aberto.
 Garantir o direito à educação para os adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa em meio aberto e aos egressos do meio fechado, considerando
sua condição singular como estudantes e reconhecendo a escolarização como
elemento estruturante do sistema socioeducativo.
 Incentivar o protagonismo, participação e autonomia de adolescentes em
cumprimento de medida socioeducativa e de suas famílias.
 Valorizar os profissionais e promover a formação continuada.
 Garantir a autonomia dos Conselhos dos Direitos nas deliberações, controle
social e fiscalização do Plano e do SINASE.

6.4 Eixos de Trabalho


42

Eixo 1 GESTÃO MUNICIPAL DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO-SMAS

OBJETIVOS METAS PRAZOS RESPONSAVEL

Garantir a implantação do Plano Constituir Comissão Gestora Intersetorial de Permanente CMDCA


Municipal, conforme Monitoramento.
coordenação e base das
diretrizes e definições do Plano Acompanhar e avaliar o presente Plano junto ao CMDCA.
Estadual e Nacional.

Implantar e implementar política Garantir investimentos para o atendimento socioeducativo Permanente CMDCA
de cofinanciamento. municipal de forma intersetorial na LDO, e também, em
outras peças orçamentárias.

Firmar Termos de Aceite para expansão e qualificação de


serviços, programas e projetos que incluam o público
atendido por este Plano, quando disponibilizados pelos
entes federados para fins de recebimento dos recursos
financeiros.

Celebrar convênios e consórcios, quando viabilizados


pelos órgãos públicos corresponsáveis pela execução e
desenvolvimento de ações correspondentes ao SINASE.

Destinar recursos do fundo da infância e adolescência,


por meio de projetos específicos ao atendimento
socioeducativo.
43

Garantir que a política de Elaborar protocolos e fluxos de atendimento para a Permanente CMDCA
Atenção à Criança e ao socioeducação de forma Intersetorial.
Adolescente ocorra de forma
integrada, respeitando as Implantar a política nacional de atenção integral à saúde
regulamentações nacionais, de adolescentes no sistema socioeducativo (Portaria Nº
estaduais e municipais, criando 1082, 23 de Maio de 2014: Ministério da Saúde).
condições de atendimentos e
fluxos que viabilizem a Implementar o Fórum Intersetorial da Criança e
circulação do público deste Adolescente, em consonância com o Fórum Nacional de
Plano (adolescentes e suas Saúde Mental Infantojuvenil e Fórum Interinstitucional da
famílias). Criança e do Adolescente de Ipatinga (CMDCA).

Reorganizar os fluxos e protocolos de atendimento do


órgão gestor com as políticas setoriais e com o Sistema
de Garantia de Direitos.

Publicizar os fluxos de atendimentos nos diversos meios


de comunicação.
44

Instituir o Sistema Municipal de Implementar o SIPIA/SINASE para acompanhamento, Permanente CMDCA


Avaliação e Acompanhamento monitoramento e avaliação da política de atendimento
do Atendimento Socioeducativo. socioeducativo. Todas as secretarias
municipais
Integrar os sistemas de Informações SIPIA/SINASE com
os sistemas de informação das demais políticas setoriais.

Aperfeiçoar os sistemas EI e SIMADE para o atendimento


das demandas nas escolas que atendem adolescentes
em cumprimento de medidas socioeducativas de forma a
garantir acolhimento, acesso e permanência.

Implementar no Sistema EI e SIMADE informação e


monitoramento da frequência e rendimento dos
estudantes em medidas socioeducativa ou até 6 meses
após o cumprimento da medida.

Criar Sistema Integrado com as Políticas de Saúde,


Assistência Social (CadUnico) e Bolsa Família.

Criar Sistema Integrado de Informação entre Poder


Executivo e Poder Judiciário.
45

Sensibilizar e potencializar em Implementar campanhas de sensibilização e Permanente CMDCA


Ipatinga o respeito e a enfretamento ao preconceito do adolescente autor de ato Todas as secretarias
promoção ao cumprimento da infracional e a sua família. municipais
medida socioeducativa e ao
adolescente autor de ato Fomentar parcerias para a promoção do adolescente e
infracional.
suas famílias no meio cultural, esportivo, educacional e
profissional.

Criar Selo de Empresa Cidadã que contribui com a política


da criança e do adolescente na inserção de adolescentes
vulnerável da Proteção Social Especial.

Criar e implementar Programa de Orientadores Sociais.

Contribuir, na perspectiva de Criar e implementar uma política setorial municipal 24 meses Secretarias municipais
uma matriz de intervenções referenciada nos princípios e diretrizes estruturantes do (Cultura, Esporte e Lazer,
intersetoriais, para que Programa Esporte e Lazer da Cidade, com especial Educação, Assistência
adolescentes autores de ato
destaque, a municipalização, intersetorialidade, Social, Saúde, Segurança e
infracional tenham assegurado
o direito constitucional de valorização e difusão da cultura local, respeito à Convivência Cidadã)
acesso a práticas esportivas, diversidade, ludicidade e trabalho coletivo e participação
culturais e de lazer. comunitária. Conselhos de Políticas
Públicas afetos

Órgãos de segurança
pública

Sociedade Civil Organizada


46

Garantir por meios de Políticas, Promover ações intersetoriais sistemáticas em praças Permanente CMDCA
Programas e serviços, ações públicas de bairros vulneráveis como prevenção da Todas as secretarias
permanentes de prevenção e violência, por meio de atividades culturais e esportivas municipais
promoção, visando garantir a
orientadas.
proteção dos adolescentes.
Flexibilizar e desburocratizar a circulação dos
adolescentes nas políticas públicas, promovendo sua
inclusão.

Efetivar os serviços de convivência e fortalecimento de


vínculos nos territórios.

Ofertar outras possibilidades de Sensibilizar as empresas para inserir adolescentes/jovens Permanente CMDCA
renda que minimizem o no programa jovem aprendiz e 1º emprego.
cometimento de infrações de Todas as secretarias
fundo patrimonial e econômico. Sensibilizar o Ministério do Trabalho a fiscalizar as
empresas para contratação de jovem aprendiz, conforme
previsto na lei.

Viabilizar o empreendedorismo juvenil no sistema


socioeducativo, através de parcerias com a rede.

Convocar as entidades profissionalizantes a participarem


da construção política do atendimento socioeducativo.

Ampliar a oferta de cursos de qualificação profissional ao


sistema socioeducativo.

Realizar parcerias com os Institutos de Ensino Superior e


escolas profissionalizantes para desenvolverem
orientação profissional aos adolescentes.
47

EIXO 2 QUALIFICAÇÃO MUNICIPAL DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

OBJETIVOS METAS PRAZOS RESPONSAVEL

Qualificação do atendimento Qualificar a equipe de referência de execução das Permanente CMDCA


socioeducativo aos Medidas Socioeducativas, profissionais do SUAS, da
profissionais. educação, saúde, esporte, cultura, lazer, segurança Todas as secretarias
pública, sistema de justiça, comissariado da infância e
municipais
juventude e da sociedade civil que tenham interface com
o atendimento de adolescentes em cumprimento de
medidas socioeducativas e suas famílias, por meio de
cursos de formação continuada/permanente.

Capacitar e qualificar entidades registradas no CMDCA


para o atendimento socioeducativo, principalmente no
acompanhamento da medida de Prestação de Serviço á
Comunidade (PSC).

Efetivar calendários de reuniões periódicas de estudos de


caso de adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas.

Fortalecer e qualificar a rede de atenção psicossocial


infantojuvenil e rede intersetorial para desenvolver ações
na perspectiva da clínica ampliada, da elaboração do
projeto terapêutico singular, do cuidado em rede
intersetorial, em liberdade e no território, ampliando o
acesso do adolescente em todos os pontos de atenção.
48

Qualificação do atendimento Estabelecer atendimento integrado e célere entre o Poder 2017 CMDCA
socioeducativo aos Judiciário, sistema de cumprimento de medida em meio Todas as secretarias
adolescentes. aberto e o sistema de cumprimento de medida em meio municipais
fechado.
Rede socioassistencial
Garantir o acesso e permanência dos adolescentes nas
escolas e em outros programas da Política de Educação. Poder Judiciário

Estabelecer fluxo para garantir a matricula e o


acompanhamento escolar aos adolescentes em
cumprimento de medidas socioeducativas.

Desenvolver estratégias pedagógicas adequadas ás


necessidades de aprendizagem de adolescentes, levando
em consideração a medida aplicada.

Ofertar atividades de tempo integral (atividades


complementares que envolvam esporte, arte,
profissionalizantes e geração de renda) aos adolescentes
inseridos na rede municipal de ensino que cumprem
medidas socioeducativas.

Ampliar e implantar programas de aceleração para


Jovens e Adolescentes em situação de defasagem
escolar, com metodologias diferenciadas, com qualidade,
para a superação da distorção série-idade, em horário
que atenda a demanda (EJA Integrada).

Sensibilizar e capacitar os profissionais das Unidades de


Saúde.

Construir alternativas de acolhimento e escuta para além


do modelo biomédico.

Investir em ações informativas sobre cuidados com o


49

corpo, planejamento familiar, sexualidade.

Viabilizar o acesso dos adolescentes às atividades do


segmento cultura, esporte e lazer, ofertando a
oportunidade de ressignificar suas relações com o meio,
através da participação em diversos espaços sociais.

Inserir os adolescentes para cumprimento da PSC nos


departamentos públicos para aprendizagem de um ofício.

Potencializar orientadores sociais junto à comunidade no


acompanhamento dos adolescentes.

Eixo 3 PARTICIPAÇÃO CIDADÃ E AUTONOMA DO ADOLESCENTE

OBJETIVOS METAS PRAZOS RESPONSAVEL

Fomentar e/ou fortalecer os mecanismos Realizar periodicamente cursos e/ou oficinas de 2017 CMDCA
de participação social de adolescentes e formação para os adolescentes sobre
jovens em espaços que realizam controle participação política e cidadania.
social.
Criar uma comissão permanente de participação
e mobilização juvenil para o fortalecimento do
protagonismo e cidadania, por meio dos
Conselhos de direitos.

Sensibilizar e mobilizar os adolescentes a


participarem da elaboração, gestão e
monitoramento de políticas públicas nos canais
2018 CMDCA
de participação popular existentes.

Legitimar a representatividade dos adolescentes


50

no Conselho Municipal da Criança e do


Adolescente.

Estabelecer junto ao Conselho Tutelar e


Conselhos de direitos espaços de interlocução
com os adolescentes, com vistas à inclusão,
participação cidadã e o protagonismo juvenil. 2017 CMDCA

Potencializar o Conselho da Juventude para


atuação nos territórios.

Desenvolver jogos/atividades lúdicas que


permitam aos adolescentes refletirem como
sujeitos de direitos e deveres nos diversos
mecanismos de participação social.

Viabilizar a participação de crianças, Implantar assembléias permanentes de usuários Permanente CMDCA


adolescentes, familiares e responsáveis e de familiares em todos os serviços que
nos espaços de discussão coletiva sobre prestam assistência a este público. Rede Socioassistencial
a Política de Saúde Mental Infantojuvenil.
Fomentar a participação de usuários e de Todas as secretarias
familiares no Fórum Intersetorial Criança e
Adolescente (FICA).

Desenvolver ações de divulgação sobre


serviços e fluxos da rede assistencial.

Possibilitar o acesso à informação aos Criar instrumentos (cartilhas, jornal mural, vídeo, Permanente CMDCA
adolescentes, com vistas a dinamizar a documentários, entre outros) que divulguem aos
participação e representatividade dos adolescentes, através de linguagem acessível e Rede Socioassistencial
mesmos nos diversos espaços sociais. interessante, o sistema socioeducativo, seus
direitos e responsabilidades, bem como ações Todas as secretarias
realizadas. municipais

Desenvolver um site e/ou página em redes


sociais do CMDCA possibilitando informação e
51

interlocução dos adolescentes com vistas a


expressarem suas ideias e demandas frente à
realidade social.

Eixo 4 SISTEMA DE JUSTIÇA E SEGURANÇA

OBJETIVOS METAS PRAZOS RESPONSAVEL

Promover a articulação das medidas Construir fluxos e procedimentos entre as Permanente CMDCA
socioeducativas com os órgãos do instituições responsáveis pelo desenvolvimento
Sistema de Justiça e Defesa Social. das medidas socioeducativas. Toda Rede Socioassistencial

Garantir aos adolescentes o acesso à Articular com o Estado a viabilização de uma Permanente CMDCA
justiça efetiva e transparente. delegacia especializada da infância e juventude.
Toda Rede Socioassistencial

Promover a integração do Sistema de Viabilizar diagnóstico situacional acerca da Permanente CMDCA


Garantia de Direitos na qualificação do aplicação das medidas socioeducativas para
atendimento socioeducativo. fins de estudo, pesquisa e planejamento no
município.

Sensibilizar os operadores do Sistema de


Justiça para a participação em espaços de
interlocução junto à rede de proteção social.

Criar rede de informações compartilhadas entre


os diferentes serviços.

Qualificar o fluxo de entrada do adolescente


52

autor de ato infracional no sistema e minimizar a


necessidade da aplicação das medidas
privativas de liberdade, privilegiando e
fortalecendo a aplicação das medidas em meio
aberto.

Aprimorar a interlocução entre o Sistema Estimular a articulação e a participação de Permanente CMDCA


de Garantia de Direitos. diferentes parceiros de nível municipal e
estadual do sistema de garantia de direitos na Toda Rede Socioassistencial
realização dos estudos de caso e no
encaminhamento dos adolescentes à rede.

Reativar o fórum interinstitucional infantojuvenil


de discussão permanente para proposição de
ações e articulação entre diversos setores
integrantes da rede de atendimento ao
adolescente autor de ato infracional.

Reduzir os índices de reentrada dos Articular com a Coordenadoria Especial de Permanente CPC + Defesa Social +
adolescentes no sistema socioeducativo. Prevenção à Criminalidade (CPEC) e Vara da Assistência Social
Infância e Juventude de Ipatinga a obtenção de
dados da movimentação infracional no
município, a fim de subsidiar decisão sobre
futuros encaminhamentos à rede de
atendimento aos adolescentes.

Elaborar diagnóstico quantitativo de


adolescentes atendidos nas medidas
socioeducativas que sejam moradores da área
de atuação dos Centros de Prevenção à
Criminalidade (CPC’s).

Fomentar em parceria Estado/Município outros


projetos de prevenção à violência/criminalidade,
estendendo aos demais bairros vulneráveis do
município.
53

Articular o atendimento aos adolescentes em


cumprimento de Medidas Socioeducativas em
Meio Aberto, com o objetivo de disponibilizar
aos jovens os serviços dos CPCs.

Compartilhar fluxos de informações sobre


adolescentes atendidos pelo Sistema
Socioeducativo, que residem nas áreas de
abrangência do CPC de base local e/ou que
sejam monitorados pelo Grupo de Intervenção
Estratégica (GIE) da PMMG, por meio de
reuniões definidas periodicamente entre os
atores envolvidos.

Realizar intervenções conjuntas, equipes do


CPC e Unidades Socioeducativas, para
encaminhamento e apresentação espontânea
do adolescente no CPC, quando de seu
desligamento.

Compartilhar informações entre a equipe do


CPC e SUASE a respeito das dinâmicas sociais
de criminalidade e violência dos territórios e
sobre eventuais restrições de circulação dos
adolescentes.
54

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção coletiva do Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo


tem alcance de dez anos, no período compreendido entre os anos de 2016 até 2025.
Ele representa um importante instrumento de concretização de políticas públicas
voltadas aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, com um
conjunto de objetivos e metas estabelecidas. O Plano Municipal Decenal de
Atendimento Socioeducativo deverá garantir um alcance e melhorias nas condições
de vida dos/as adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e suas
famílias, visando a sua proteção social e a não reincidência no ato infracional.

O Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo se fundamentou no


Sistema Nacional Socioeducativo, no diagnóstico realizado do Município de Ipatinga-
MG, além das oficinas realizadas. Foram realizadas oficinas com adolescentes que
estão cumprindo medidas socioeducativas e com as suas famílias. Foram realizadas
também oficinas com adolescentes que já cumpriram a medida e seus familiares.
Por último, foi realizada uma oficina com profissionais da Rede de Atendimento do
município.

A análise das demandas locais contou com análises técnicas e proposições dos
trabalhadores representantes das políticas que desenvolvem as medidas
socioeducativas em meio aberto e fechado.

O resultado final a ser alcançado dependerá do envolvimento e comprometimento de


todas as pessoas e instituições envolvidas em sua construção, considerando a
conjuntura política e econômica de cada fase deste Plano.

Visando o seu aperfeiçoamento, as programações anuais das políticas envolvidas


deverão, de forma setorial e intersetorial, redefinirem as suas ações para estar em
consonância com o Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo, tendo
os órgãos de controle social a função de fiscalizar o seu cumprimento, em especial,
o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O desafio é superar a visão estigmatizada sobre o adolescente autor de atos


infracionais e consolidar uma política pública de atenção a essa população,
garantindo a implantação e implementação de ações, com estrutura e financiamento,
para que o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) torne-se um
sistema normatizado, regulamentado, implementado.

O Plano Municipal Decenal de Atendimento Socioeducativo, que aqui foi


apresentado, foi elaborado pela Comissão Municipal Intersetorial de Atendimento
Socioeducativo e colocado para Consulta Pública, nos dias 12, 13 e 14/07/2016,
assumindo um compromisso político e ético com o município de Ipatinga – MG.
55

REFERÊNCIAS

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS. Atendimento ao Adolescente


que Pratique Ato Infracional - Entenda. Disponível em: <
http://politicaspublicas.almg.gov.br/temas/crianca_adolescente/entenda/informacoes
_gerais.html?tagNivel1=6005&tagAtual=6005>. Acesso em 11 jul. 2016.

______. Criança e adolescente - Entenda. Disponível em: <


http://politicaspublicas.almg.gov.br/temas/crianca_adolescente/entenda/informacoes
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ATLAS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL. Consulta. Disponível em:


< http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/consulta/>. Acesso em 11 jul. 2016.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em 11
jul. 2016.

______. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispões sobre o Estatuto da Criança


e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em 11 jul. 2016.

______. Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. Cria o Conselho Nacional dos


Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e dá outras providências.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8242.htm>. Acesso em 11
jul. 2016.

______. Lei n. 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da


Assistência Social e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm>. Acesso em 11 jul. 2016.

______. Lei n. 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Disponível em: <


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm>. Acesso em
11 jul. 2016.

______. Resolução n. 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova a Tipificação


Nacional de Serviços Socioassistenciais. Disponível em: <
http://www.fecam.org.br/arquivosbd/basico/0.681344001273163950_paefi___conceit
o.pdf>. Acesso em 11 jul. 2016.
56

FARIA, Camila. Desafios para a implantação de Medidas Socioeducativas em


Meio Aberto no Município de Volta Redonda. 2012. 10 f. Artigo acadêmico –
Programa de Estudos Pós-Graduados em Política Social, Universidade Federal
Fluminense, 2012. Disponível em: <http://www.unicap.br/jubra/wp-
content/uploads/2012/10/TRABALHO-104.pdf>. Acesso em 11 jul. 2016.

FERNANDES, Ana Tereza; CASTRO, Camila; MARON, José. Desafios para


implementação de políticas públicas: Intersetorialidade e regionalização, 2013,
Brasília. VI Congresso da Gestão Pública. Brasília: Centro de Convenções Ulysses
Guimarães, 2013. Disponível em: <
http://www.escoladegoverno.pr.gov.br/arquivos/File/2013/V_CONSAD/VI_CONSAD/
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010, 2010.


Disponível em: < http://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em 11 jul. 2016.

IPATINGA. Lei n. 2.163, de 11 de janeiro de 2006. Da criação do “Programa de


Medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à
Comunidade”. Disponível em: < http://cm-
ipatinga.jusbrasil.com.br/legislacao/320761/lei-2163-06>. Acesso em 11 jul. 2016.

______. Lei n. 3.141, de 12 de março de 2013. Dispões sobre a Organização


Administrativa da Prefeitura Municipal de Ipatinga e dá outras providências.
Disponível em: <
http://www.ipatinga.mg.gov.br/abrir_arquivo.aspx/Lei_3141_2013?cdLocal=5&arquiv
o=%7BDDA036A6-3BBC-CDDD-8841-ABCCB31BCAE1%7D.pdf>. Acesso em 11
jul. 2016.

MINAS GERAIS. Lei n. 10.501, de 17 de outubro de 1991. Dispõe sobre a política


estadual dos direitos da criança e do adolescente, cria o Conselho Estadual dos
Direitos da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=Lei&num=1
0501&ano=1991>. Acesso em 11 jul. 2016.

ROBERTO, Leandra do Carmo. A inserção dos adolescentes negros no Serviço


de Medidas Socioeducativas: Uma análise sob a Ótica do Público Alvo e da
Equipe Técnica do Serviço de Medidas Socioeducativas – SMSE de Ipatinga – MG.
2012. 63 f. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização e Gestão de
Políticas Públicas com foco em Raça e Gênero (Especialista em Gestão de Políticas
Públicas) – Programa de Educação para a Diversidade, Universidade Federal de
57

Ouro Preto, MG, 2012. Disponível em:


<http://www.amde.ufop.br/tccs/Timoteo/Timoteo%20-%20Leandra%20Roberto.pdf>.
Acesso em 11 jul. 2016.

SOUZA, Rosimeire de. Caminhos para a municipalização do atendimento


socioeducativo em meio aberto: Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à
Comunidade. Rio de Janeiro: IBAM/DES, 2008. Disponível em: <
http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/atendimento_socioeducativo_1.pdf>.
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VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida; RABELO, Cesar Leandro de Almeida. Principais


considerações sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Revista Âmbito
Jurídico, Rio Grande. [20--]. Disponível em: < http://ambito-
juridico.com.br/site/?artigo_id=10593&n_link=revista_artigos_leitura>. Acesso em 11
jul. 2016.

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JULHO - 2016

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