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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

PLANO MUNICIPAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA


CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE IPATINGA – MG

JUNHO / 2017

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

PLANO MUNICIPAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA


CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE IPATINGA – MG

PREFEITO MUNICIPAL
Sebastião de Barros Quintão

SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


José Osmir de Castro

PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE
Leonardo Oliveira Rodrigues

COMISSÃO INTERSETORIAL DE ELABORAÇÃO

EPTOM - Núcleo de Atendimento e Aprendizagem de Adolescentes e Jovens

• Cleoneide Oliveira

Projeto “Fique de Olho – Disque 100”

• Ana Cláudia Silva


• Maria Elena Sodré Bilac Pinho
• Claudia de Oliveira
• Rosiane Malaquias Pereira Santana
• Lara Andrade Lopes

Secretaria Municipal de Assistência Social

• Claudia Aparecida Souza de Castro


• Neuza Mires Ferreira
• Kareislla Medeiros
• Carla Andreia Santos Lima
• Thamara Dalila Souza de Oliveira
• Izabela de Bragança

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente

• Leonardo Oliveira Rodrigues

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Conselho Tutelar

• Luciana Lopes Cravina


• Rejania do Carmo Ferreira Cavalcante
• Adriana Araújo Souza
• Lucia Maria Ferreira Soares
• Lucimara Emília Machado Souza
• Laurenita Ferreira Lacerda

Polícia Militar do Estado de Minas Gerais

• Isaura Gomes Garcia


• Ramon Paz Mendonça
• Gabriel Siqueira de Arêdes
• Wagner Ramos Pereira
• Fernando Túlio
• Heloisa Ferreira Souza
• Lindhon Jonhson de Toledo

Representante da Sociedade Civil

• Àlida Santos
• Fabiana Valadares Oliveira
• Meirilene Oliveira Silva
• Giselle Couto Cheibub

Realização:
EPTOM – Núcleo de Atendimento e Aprendizagem de Adolescentes e Jovens
www.eptom.webnode.com.br/ eptom.adm@hotmail.com

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASSCOM – Assessoria de Comunicação Social


CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Ipatinga
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CT – Conselho Tutelar
CONSEP’s – Conselho Comunitário de Segurança Pública de MG
CME – Conselho Municipal de Educação
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
FIA – Fundo para Infância e Adolescência
LOA – Lei Orçamentária Anual
MP – Ministério Público
OSCs – Organizações da Sociedade Civil
PC – Policia Civil
PM – Polícia Militar
PMI – Prefeitura Municipal de Ipatinga
PPA – Plano Plurianual
SMAS – Secretária Municipal de Assistência Social
SME – Secretária Municipal de Educação
SMS – Secretária Municipal da Saúde
SEDESE - Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social
SMDET - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo
SECOM - Secretaria de Comunicação Social
SMCEL – Secretária Municipal de Cultura Esporte e Lazer
SEPLAN – Secretária de Planejamento
SES – Secretária Estadual de Saúde
SEST/ SENAT – Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do
Transporte

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Sumário
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................................ 5
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 7
1- Introdução ............................................................................................................................. 9
2- Objetivo ..................................................................................................................................... 9
3- Metodologia ............................................................................................................................ 10
4- Marco Situacional: Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes.................................... 11
4.1 – Conceituando Violência .................................................................................................. 11
4.2 – Violência sexual .............................................................................................................. 11
4.2.1 – Abuso sexual................................................................................................................ 11
4.2.2 - Exploração Sexual Comercial ....................................................................................... 12
5 – Análise da Situação................................................................................................................ 13
5.1- CREAS – Centro de Referência Especializada em Assitência Social ................................. 15
5.2 – Conselho Tutelar ............................................................................................................ 16
5.3 – Projeto Conhecer para Transformar – Diagnóstico da situação da criança e do
adolescente – 2017 ................................................................................................................. 16
5.4 – Secretaria Municipal de Saúde ....................................................................................... 16
5.5 – 14° BPM - Seção de Planejamento e Operações/Núcleo de Prevenção Ativa/ ............. 18
6 – Rede de Atendimento ........................................................................................................... 20
7- Enfrentamento e prevenção das violências sexuais ............................................................... 22
8 – Eixos Estratégicos .................................................................................................................. 23
Eixo 1: Análise da situação ...................................................................................................... 24
Eixo 2: Mobilização e articulação ............................................................................................ 24
Eixo 3: Defesa e responsabilização.......................................................................................... 24
Eixo 4: Atendimento ................................................................................................................ 24
Eixo 5: Prevenção .................................................................................................................... 24
Eixo 6: Protagonismo Infanto-Juvenil...................................................................................... 24
Eixo 7: Avaliação e Monitoramento ........................................................................................ 24
Eixo 8: Orçamento ................................................................................................................... 25
9- Fluxos sistêmicos: um aliado na promoção e garantia dos direitos de crianças e adolescentes
..................................................................................................................................................... 50
10- Recomendações .................................................................................................................... 50
11- Considerações Finais ............................................................................................................. 53
12- Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 54

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APRESENTAÇÃO
A violência sexual praticada contra crianças e adolescentes é uma das
mais graves violações de direitos humanos e está presente em todas as
realidades, em todos os países. Segundo o Ministério da Saúde, em 2012
estima-se que cerca de 12 milhões de crianças e adolescentes sofreram
alguma forma de violência sexual, seja na forma de abuso ou de exploração
comercial, em todo o mundo. No Brasil, a violência sexual é reconhecida como
um problema de saúde pública segundo o Ministério da Saúde, o qual indica
que menos de 10% dos casos ocorridos no país chegam a ser registrados.
O Brasil tem um Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual
contra Crianças e Adolescentes, que foi atualizado em 2013, estabelecendo as
estratégias a serem implementadas pelo poder público e pela sociedade civil
até 2020. As ações estão divididas nos eixos de prevenção; atenção à criança
e ao adolescente, suas famílias e à pessoa que comete violência sexual;
defesa e responsabilização; participação e protagonismo; estudos e pesquisas;
e comunicação e mobilização social.
Como se trata de um tema invisibilizado e cercado de tabus, o sucesso
do enfrentamento à violência sexual depende também do esclarecimento e da
mobilização de pessoas. Por isso, diversas campanhas são realizadas ao longo
do ano, especialmente em torno do 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao
Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. Instituída por lei
federal, a data marca a luta da sociedade brasileira contra essa problemática e,
a cada ano, identifica-se um número maior de atividades sendo realizadas para
lembrar a responsabilidade de todos na proteção das meninas e dos meninos.
As violências sexuais se configuram simultaneamente como violações
do direito à vida e a saúde, do direito à convivência familiar e comunitária
saudáveis, e do direito à liberdade, respeito e dignidade. O enfrentamento
dessas transgressões depende da existência de ações integradas e
colaborativas entre os órgãos e instituições locais que integram o Sistema de
Garantia de Direitos: Conselho Tutelar, Segurança Pública, Ministério Público,
órgãos governamentais e não governamentais das áreas de Assistência Social,
Saúde e Educação.

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Vários fatores têm concorrido para a ausência de estratégias mais


sólidas de enfrentamento das violências sexuais nos municípios. O
conhecimento sobre o fenômeno e suas causas ainda é pequeno nas redes de
atendimento. As ocorrências de abuso sexual e de exploração sexual comercial
ainda são subnotificadas. Na maioria das localidades, as ações das instituições
do sistema de garantia de direitos que podem fazer frente ao problema ainda
não estão suficientemente estruturadas e articuladas.
Identificando as fragilidades e lacunas dos fluxos operacionais, O
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente poderá propor
ações que aprimorem a capacidade de ação integrada das instituições e
programas locais. Ao mesmo tempo, as forças existentes no município poderão
ser reconhecidas e potencializadas.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

1- Introdução
A Violência Sexual contra crianças e adolescentes constitui um grave
problema mundial que atinge milhares de vítimas de forma velada e muitas
vezes dissimulada. A problemática acomete ambos os sexos e normalmente
não obedece nenhuma regra como nível socioeconômico, religioso ou cultural.
Configura-se por qualquer ato sexual para com uma criança ou
adolescente, com a finalidade de obtenção de prazer sexual. Nesse contexto,
há uma relação de poder entre o adulto que vitima e o adolescente e a criança
que é vitimizada. Assim, o abuso consiste numa situação de dominação e
ainda é associado à noção de poderio. Dessa maneira, desrespeita os direitos
e as garantias individuais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei nº 8.069/90), tais como: a liberdade, o respeito e a dignidade.
A violência sexual é reconhecida como um problema de saúde pública,
segundo o Ministério da Saúde. Esse tipo de agressão pode afetar o
desenvolvimento de crianças e adolescentes de diferentes formas; em alguns
casos, podendo culminar no desenvolvimento de graves problemas
emocionais, sociais ou psiquiátricos. Além de comprometer o pleno
desenvolvimento da sexualidade do indivíduo. Dada à complexidade da
questão, faz-se necessário o combate de tal fenômeno por meio de políticas
públicas direcionadas à proteção das crianças e adolescentes.

2- Objetivo
Este Plano objetiva, através de políticas públicas, a promoção de um
atendimento com maior eficiência e eficácia para os programas sociais.
Estabelecendo um conjunto de ações governamentais e não governamentais
que permitam a intervenção técnico-política e financeira para o enfrentamento
da violência sexual com a colaboração de diversos atores da área.
Em conformidade com a Resolução nº 28, de 14 de setembro de 2015,
que “dispõe sobre as diretrizes para a aplicação de recursos, apresentação,
análise e aprovação de projetos e celebração de convênios com recursos do
Fundo Municipal dos Dirfeitos da Criança e Adolescente, através do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA para os anos de

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2015/2016”. Em seu Capítulo I, Art. 1º, inciso IX – prevê a elaboração de


diagnósticos, estudos, pesquisas, planos, sistemas de informações,
monitoramento e avaliação das políticas públicas de promoção, proteção,
defesa e atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
Diante disso, o plano foi construído pelo Núcleo de atendimento e
Aprendizagem de Adolescentes e Jovens – EPTOM, em parceria com o
Conselho Municipal dos Direitos dos Direitos da Criança e do Adolescente. Foi
realizado com recursos do Fundo da Infância e Adolescência (FIA), por meio da
execução do Projeto Fique de Olho – Disque 100. Tem como foco o
enfrentamento a violência sexual de crianças e adolescentes da cidade de
Ipatinga, incentivando a participação e o protagonismo juvenil e articulando
com as diversas instâncias para a implementação de políticas públicas de
garantia dos direitos infanto juvenis. O projeto atua no fortalecimento da rede
de proteção, em diversos setores do município e na elaboração do plano
municipal.

3- Metodologia
Para elaboração do Plano Municipal foi formada uma comissão com
representantes de todos os órgãos e instituições de políticas públicas da
criança e do adolescente e com o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança
e Adolescente (SGDCA). Esta Comissão Intersetorial reuniu-se mensalmente
durante os dez meses de execução do Projeto Fique de Olho – Disque 100
para a discussão das demandas do município em relação à violência sexual
contra este público.
Antes de cada reunião, foram realizadas reuniões com a equipe do
Projeto Fique de Olho – Disque 100 e os técnicos da Proteção Social Básica e
Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Assistência Social e a
Polícia Militar para troca de informações acerca do assunto e a construção do
plano. Ao final do período citado, foram elaboradas propostas para o
enfrentamento, organizadas por eixos.
Paralelamente a construção do plano, foram realizadas ações de
mobilização na comunidade em relação ao tema referido como blitz educativas,
audiências públicas, I Encontro de Adolescentes Protagonistas, Corrida: Entra

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nessa corrida, Todos contra a pedofilia, I Seminário O Enfrentamento à


Violência Sexual de Crianças e Adolescentes: Diálogos em Rede, Caminhada:
Ipatinga de LUTO, todos contra a pedofilia, interações em espaços públicos e
privados, intervenções com crianças e adolescentes das instituições de
atendimentos do município. Vale destacar que, no final das atividades, as
crianças expressavam, por meio de desenhos, sua percepção sobre a violência
sexual contra crianças e adolescentes.
Ao todo foram atendidas cerca de 2.800 crianças, adolescentes e
responsáveis. Foram confeccionadas Cartilhas de orientação aos adolescentes
e crianças e distribuídos 7.000 panfletos na cidade.

4- Marco Situacional: Violência Sexual Contra Crianças e


Adolescentes
4.1 – Conceituando Violência
De acordo com Chauí (1999), violência significa:
1) tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum
ser (é desnaturar); 2) todo ato de força contra a espontaneidade, a
vontade e a liberdade de alguém (é coagir, constranger, torturar,
brutalizar); 3) todo ato de violação da natureza de alguém ou de
alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade (é violar);
4) todo ato de transgressão contra o que alguém ou uma sociedade
define como justo e como um direito.

http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_1_4.htm ; acesso em 14/06/2017.

A violência contra crianças e adolescentes implica, de um lado, num ato


de transgressão do poder de proteçao do adulto e da sociedade em geral e, de
outro, numa negaçao do direito da crianças e do adolescente ser tratado como
pessoa em pleno crescimento e desenvolvimento.

4.2 – Violência sexual


A violência sexual contra crianças e adolescente se manifesta de duas
formas, através do abuso e da exploração sexual.

4.2.1 – Abuso sexual


Conforme Marcchiori (1990)

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o abuso sexual consiste na realização de atividades de caráter sexual


entre adultos e crianças ou adolescentes que, por estarem em
situação peculiar de desenvolvimento, não reúnem condições físicas
e psicológicas para participar dessas atividades.
Podendo se expressar das seguintes formas: carícias, manipulação
da genitália, mamas e anus, pornografia, exibicionismo e voyeurismo
(prazer sexual através da observação de outras pessoas), incluindo
ou não o ato sexual. Pode ser cometido por adolescentes ou
crianças, significamente mais velhos que a vítima, ou por adulto com
poder e /ou controle sobre a vítima.
(Marcchiori, 1990, inn Flores, 1998)
http://prattein.com.br/home/images/stories/GUIA_FLUXOS-VS.pdf).

O abuso sexual consiste em uma das modalidades onde se rompe os


padrões de convivência sobre os quais se funda a organização saudável da
família e da sociedade. Fortemente relacionada com as diferentes formas de
poder e força presentes na dinâmica familiar ou em contextos marcados pelas
relações de dependência socioeconômica ou afetiva, que propícia a prática
velada da violência entre os membros da família ou da comunidade das
crianças ou adolescentes vitimizados.

4.2.2 - Exploração Sexual Comercial


A exploração sexual comercial pressupõe uma relação de
mercantilização, podendo envolver um aliciador, que lucra intermediando a
relação da criança ou do adolescente com o cliente. Envolve diferentes
situações, grupos ou organizações, onde o sexo com a criança e/ou o
adolescentes é fruto de uma troca financeira, de favores ou de presentes,
induzindo as crianças e adolescentes, por meio de mecanismos coercitivos ou
persuasivos, a se envolverem diretamente em relações sexuais, ou em
exibições, filmes, fotos e programas eróticos.
De acordo com Leal (1999), esse tipo de exploração acontece:
a) em lugares fechados e isolados, tais como áreas de garimpo,
construção civil, obras de infraestrutura e extração de minérios; b) em
situação de rua; c) por meio do turismo e da pornografia; d) em
regiões fronteiriças, sobretudo pelo turismo portuário.

Os quatro tipos de exploração sexual comercial de crianças e


adolescentes definidos pela organização ECPAT (End Child Prostitution,
Pornography and Trafficking for Sexual Purpose) são:

1) Prostituição infantil: uso de uma criança em atividades sexuais em


troca de remuneração ou outras formas de consideração;

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2) Tráfico e venda de crianças para propósitos sexuais: atos


envolvendo o recrutamento ou transporte de pessoas entre ou
através de fronteiras, com o propósito de colocá-las em situação de
exploração;
3) Pornografia infantil: representação, através de quaisquer meios, de
uma criança engajada em atividades sexuais, com a finalidade de
oferecer gratificação sexual ao usuário;
4) Turismo sexual: exploração sexual comercial por pessoas que se
deslocam do estrangeiro ou de outras regiões do próprio país para ter
atos sexuais com crianças.

http://prattein.com.br/home/images/stories/GUIA_FLUXOS-VS.pdf

Podemos analisar que tanto o abuso sexual quanto a exploração sexual


fazem parte de condutas exercidas com ou sem o consentimento da criança e
do adolescente, por uma pessoa maior de idade, numa relação de poder, força
e/ou da autoridade para obter favores ou vantagens sexuais. As vítimas,
sempre são induzidas de alguma maneira a praticar o ato sexual.

5 – Análise da Situação
Ipatinga é uma cidade no interior do estado de Minas Gerais pertencente
à mesorregião do Vale do Rio Doce e à microrregião de mesmo nome e
encontra-se a nordeste da capital do estado, distando desta, cerca de 209
quilômetros.
Sua população foi contada em 2010 pelo IBGE em 239 177 habitantes,
sendo assim a décima cidade mais populosa do estado de Minas Gerais e a
primeira de sua microrregião. Está a 947 quilômetros de Brasília, a capital
federal. A cidade encontra-se exatamente no local em que as águas do rio
Piracicaba se encontram com o rio Doce. Sua área é de 165,509km², sendo
que 22,9245km² estão em perímetro urbano.
O desenvolvimento da região deve-se às grandes empresas locais,
como a Aperam Services & Solutions, em Timóteo, e, principalmente, a
Usiminas, localizada no próprio município. Até 1964 estas duas cidades
ficavam em território da cidade vizinha, Coronel Fabriciano, mas com a
emancipação política de Timóteo e Ipatinga, o município deixou de sediá-las.
Atualmente o município é formado pela Sede e pelo distrito de Barra Alegre. A
cidade faz parte da Região Metropolitana do Vale do Aço, que ultrapassa os

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449.340 habitantes. Além das quatro principais cidades (Coronel Fabriciano,


Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo), há outras 22 no colar metropolitano.
A cidade ainda se destaca pelo turismo. Além do turismo de negócios,
muito incentivado pela prefeitura e pelas grandes empresas locais, em Ipatinga
estão algumas das principais atrações de todo Vale do Aço, como o Shopping
do Vale do Aço; o Estádio Municipal Epaminondas Mendes Brito - Ipatingão,
um dos maiores de todo Leste mineiro; a USIPA; o Centro Cultural Usiminas,
que vem apresentando diversas atrações de todo o país, como grandes nomes
da MPB. Além do turismo na área urbana, Ipatinga também é um dos principais
acessos para a Serra dos Cocais, localizada na cidade vizinha de Coronel
Fabriciano e para o Parque Estadual do Rio Doce, situada entre os municípios
de Timóteo, Marliéria e Dionísio.
Fonte: http://www.cidadesdomeubrasil.com.br/MG/ipatinga, acesso em 30/05/2017.

Junto ao cenário de elaboração do Plano Municipal de Enfretamento à


Violência Sexual Contra Crianças e Adolecentes foi realizado no município,
pela Eptom – Escola Profissionalizante Tenente Osvaldo Machado, o projeto
Conhecer para Transformar – Diagnótico Municipal, trabalho de pesquisa
participativa junto à população, rede de atendimento e Sistema de Garantia de
Direito da Criança e Adolescente (SGDCA). Sua finalidade foi a de conhecer a
realidade do referido público no município e fornecer informações que venham
subsidiar ações e tomadas de decisões do Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CMDCA).
Além disso, o diagnóstico irá contribuir para o fortalecimento da rede de
atendimento e defesa da infância e adolescência, bem como, para a
construção de políticas públicas comprometidas com a consolidação da
cidadania e a efetivação dos direitos deste público no âmbito municipal.
A violência sexual contra crianças e adolescentes ainda é uma questão
cercada por medos, tabus, omissões e/ou até mesmo indiferença por parte de
alguns segmentos da sociedade. Sua principal característica é o poder de
silenciar, não apenas as vítimas, mas também os envolvidos no sistema de
proteção e garantia de direitos.
O trabalho realizado pelos dois projetos - Fique de Olho e Conhecer
para Transformar – foi de fundamental importância para romper com esse

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silêncio, pois, adentrando às residências, instituições de ensino e instituições


não governamentais foi possível oferecer oportunidades para discussão do
tema, bem como, levantar dados para o Plano Municipal.
Com vistas a uma melhor compreensão da realidade local para qual o
Plano foi elaborado, seguem-se dados oficiais do Município de Ipatinga em
relação a violência contra crianças e adolescentes.

5.1- CREAS – Centro de Referência Especializada em Assitência Social


De acordo com o Departamento de Proteção Social Especial da
Secretaria Municipal de Assistência Social, o Serviço de Proteção e
Atendimento Especializado às Famílias e Indivíduos (PAEFI) ofertado no
CREAS (Unidade Pública/Estatal da Proteção Social Especial de Média
Complexidade), recebeu 286 famílias com crianças e adolescentes que
vivenciaram violação de direitos por ocorrência de violência entre os anos de
2013 a 2016, conforme descrito abaixo:
 Ano 2013 - 66 famílias com crianças e adolescentes;
 Ano 2014 - 50 famílias com crianças e adolescentes;
 Ano 2015 - 81 famílias com crianças e adolescentes;
 Ano 2016 - 89 famílias com crianças e adolescentes.

Salienta-se que a maior parte dessas crianças e adolescentes inseridas


em acompanhamento no serviço durante estes anos foi devido à ocorrência de
violência sexual, principalmente na forma de abuso sexual.
Vale considerar que nem toda situação de violência com crianças e
adolescentes do município chegam ao CREAS. Logo, os dados apresentados
acima não contemplam toda realidade de Ipatinga no período.
Fonte: CREAS/DEPSOE/SMAS, 2017.

Analisando os dados, percebe-se claramente uma elevação nos


números de atendimentos, o que demonstra a relevância e a urgência do tema
a ser estudado e debatido com a sociedade Ipatinguense.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

5.2 – Conselho Tutelar


O Conselho Tutelar – Regionais I e II – destacou que entre o período de
janeiro a novembro de 2016, 51 crimes sexuais foram notificados no Órgão, a
saber:
 Abuso sexual: 31
 Suspeita de abuso sexual: 05
 Ofensa sexual: 05
 Exploração sexual: 06
 Incesto: 01
 Adolescente parturiente: 03
Fonte: Conselho Tutelar de Ipatinga/Regionais I e II, 2016.

De acordo com as informações apresentadas pelo Conselho Tutelar,


percebe-se que o órgão não possui um Sistema de Informação capaz de
fornecer dados fidedignos sobre os números do município em relação à
Violência contra crianças e adolescentes a fim de subsidiar ações de
Enfrentamento à violência, visto que o sistema SIPIA não é operacionalizado
no município.

5.3 – Projeto Conhecer para Transformar – Diagnóstico da situação da


criança e do adolescente – 2017
De acordo com a pesquisa realizada em 2.438 domicílios de Ipatinga, as
vítimas de violência que predominaram foram mulheres, o que confirma a
vulnerabilidade do sexo feminino no tocante à violência sexual. Verificou-se
que, 35 casos de gravidez precoce ocorreram com meninas entre 08 e 14
anos, enquanto 188 casos ocorreram com meninas entre 15 a 17 anos.
Fonte: Pesquisa aplicada em domicílios de Ipatinga, 2016.

5.4 – Secretaria Municipal de Saúde


Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde - Seção de Vigilância
Epidemiológica (SEVEP), a frequência absoluta e relativa de notificações de
violências sexual e doméstica distribuídas por faixa etária entre crianças e
adolescentes no período de 2010 a 2013 podem ser observadas através dos
seguintes valores:
- Crianças < 01 ano = 15 (3%);

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

- Crianças entre 01 e 04 anos = 28 (6%);


- Crianças entre 05 e 09 anos = 44 (10%) e
- Crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos = 136 (31%).
O principal local de ocorrência das violências notificadas foram as
“residências urbanas”, seguido de “via pública” e “habitação coletiva e escolas”.
A violência sexual e doméstica predominou, quanto ao sexo, entre as
mulheres, com destaque à idade mínima de 10 anos.
No período de 2011 a 2015 a SEVEP notificou casos de violência
sexual, doméstica e/ou outras violências entre crianças e adolescentes por
idade detalhada, conforme demonstrado no quadro a seguir:

Violência doméstica, sexual e/ ou outras violências por ano


da notificação segundo idade detalhada
2011 2012 2013 2014 2015 Total
Menor de 01 ano 4 2 8 3 7 24
01 ano 2 2 3 2 4 13
02 anos 0 2 5 1 10 18
03 anos 3 2 4 3 5 17
04 anos 2 2 1 4 7 16
05 anos 0 2 8 8 5 23
06 anos 2 1 2 7 7 19
07 anos 3 3 3 4 7 20
08 anos 0 0 2 8 11 21
09 anos 3 2 7 8 6 26
10 anos 0 1 3 5 10 19
11 anos 2 2 8 5 12 29
12 anos 4 2 3 5 9 23
13 anos 4 4 7 8 19 42
14 anos 1 4 9 9 22 45
15 anos 3 3 9 16 22 53
16 anos 5 2 11 15 23 56
17 anos 1 3 10 18 25 57
18 anos 3 4 14 10 15 46
Total 42 43 117 139 226 567

Fonte: SINAN-NET/SEVEP/SMS/PMI, 2015.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

5.5 – 14° BPM - Seção de Planejamento e Operações/Núcleo de Prevenção


Ativa/
A Polícia Militar de Ipatinga, através do 14º BPM, em seus registros
realizados no período de 2011 a 2016 destacou casos de crianças e
adolescentes apontados como autores de atos infracionais em crimes contra a
dignidade sexual, a saber:
Ano Estupro Atos Obscenos Outros crimes sexuais
2011 06 01 00
2012 04 - 01
2013 05 01 03
2014 27 - -
2015 13 - 04
2016 06 - 02
Total 61 02 10

Quantitativo de autores, coautores e suspeitos de infrações contra a dignidade


sexual e a família (consumadas) na faixa etária de 00 a 17 anos no Município
de Ipatinga - MG - jan/2013 a dez/2016.

Naturezas contra a dignidade sexual 2013 2014 2015 2016 TOTAL PERCENTUAL

Estupro de vulnerável 5 15 6 6 32 55,17%


Estupro 0 12 1 1 14 24,14%
Outras infrações contra dignidade sexual 1 0 4 1 6 10,34%
e a família
Corrupção de menores 2 1 3 0 6 10,34%
Prostituição/exploração sexual de menor 0 0 0 0 0 0,00%
de idade
Favorece prostituição/exploração sexual 0 0 0 0 0 0,00%
vulnerável

Assédio sexual 0 0 0 0 0 0,00%

TOTAL 8 28 14 8 58 100,00%

FONTE: Seção de Planejamento e Operações/Núcleo de Prevenção Ativa/14º BPM-MG, 2016.

Percebe-se que os “outros crimes sexuais” que se destacam na tabela


acima podem estar diretamente condicionados aos demais crimes sexuais
como: exibicionismo sexual, abuso verbal, registros de imagens, voyeurismo
(observação sem consentimento), abuso virtual/ligações telefônicas, atentado
ao pudor, pedofilia, etc.

18
Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Os números apresentados neste documento podem não expressar


verdadeiramente o alto índice de violência existente no município, pois o tema
ainda provoca nas pessoas que vivem em situação de violência e nos próprios
profissionais dos diferentes serviços muitas situações de medo, vergonha e
falta de conhecimento sobre o atendimento as crianças e adolescentes vítimas
de violência sexual.
Existe no município o Fluxograma de Assistência às Pessoas Vítimas de
Violência Doméstica, Sexual e Outras Violências, organizado pelo Núcleo de
Prevenção de Acidentes e Violências – NUPAV, porém ainda pouco conhecido
pelos usuários e profissionais da rede de atendimento e assistência às
pessoas vítimas de violência.
Conforme levantado em visita ao Hospital Márcio Cunha - HMC, em
relação ao fluxograma de atendimento ao referido público, foi pactuado entre
governo do Estado e HMC que o atendimento às crianças e aos adolescentes
do sexo feminino, vítimas de violência sexual, com idade de 0 a 17 anos e 11
meses seriam atendidas no centro obstétrico, e as do sexo masculino, o
atendimento aconteceria no Pronto Socorro do mesmo hospital.
O diagnóstico demonstrou que a maioria das vítimas continuam sendo
meninas, o que não descarta a violência praticada contra meninos. Acredita-se
que esse número pode ser maior. Devido a cultura machista na qual estamos
inseridos, entende-se que este pode ser um fator dificultador, impedindo o
pedido de ajuda por parte da criança e/ou família.
Uma questão que ficou evidenciada é a necessidade de pesquisa, no
que se refere às mulheres abusadoras. Esse tema ainda parece oculto em
diversas literaturas, tanto em contexto familiar quanto profissional. Isto
demonstra a necessidade de estudos empíricos nesta area, uma vez que a
prática de abusos não é um fenômeno exclusivo ao público masculino. Por
diversas vezes já foram noticiados crimes desta natureza praticado por
mulheres, principalmente no que tange ao cuidado direto à criança.
A necessidade de um Plano Municipal norteador de ações estratégicas
de prevenção, mobilização e articulação, defesa e responsabilização,
acolhimento e atendimento adequado para as pessoas envolvidas em situação

19
Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

de violência sexual faz-se necessário, já que os números levantados podem


ser bem maiores.
Do ponto de vista profissional, a Comissão Intersertorial formada para a
construção deste plano espera sensibilizar as equipes dos diferentes
equipamentos do município de modo que aproximem do tema para buscar
capacitação no atendimento às vítimas de violência e abuso e/ou exploração
sexual.

6 – Rede de Atendimento
Para compreender o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do
Adolescente (SGDCA) em Ipatinga, MG, especialmente a rede de atendimento,
foram realizadas as seguintes visitas:
 Vara da infância;
 Promotoria;
 Polívia Civil;
 Polícia Militar;
 Conselho Tutelar;
 Entidades sociais, serviços e progamas de fortalecimento de vínculos;
 Centro sócio educativo;
 IML;
 Centro Obstétrico HMC;
 Escolas Municipais e Privadas.
As visitas tiveram como objetivo conhecer o trabalho que vem sendo
executado no município e compreender como é feita a abordagem do tema
com as crianças, adolescentes e seus familiares.
Para que seja possível alcançar resultados significativos nas ações de
enfrentamento e prevenção do abuso e da exploração sexual, as instituições e
programas que integram o Sistema de Garantia dos Direitos das Crianças e
Adolescentes (SGDCA) devem atuar de forma articulada e desenvolver
capacidades de trabalho em rede.
O conceito de Sistema de Garantia de Direitos das Crianças e
Adolescentes (SGDCA) é essencial para a efetivação das políticas

20
Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

direcionadas a esse público. No entanto, apenas nos últimos anos a natureza


desse conceito e os desafios para a sua concretização passaram a ser mais
bem compreendidos por um número ampliado de agentes do setor.
O artigo 86º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) consolida a
importância dos conceitos de rede e de sistema ao estabelecer que “a política
de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um
conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União,
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios”.
Inspirando-se nesse dispositivo do ECA, o Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) criou parâmetros para a
institucionalização e fortalecimento do SGDCA. No artigo 1º da Resolução
137/2006 o CONANDA estabeleceu que
o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente
constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas
governamentais e da sociedade civil, na aplicação de instrumentos
normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção,
defesa e controle para a efetivação dos direitos humanos da criança e
do adolescente, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal.

Os profissionais e entidades do setor têm manifestado, com frequência,


a compreensão de que as instituições e programas de atendimento precisam
operar de forma integrada. Ações isoladas, por mais organizadas e bem
intencionadas que sejam, têm pouca capacidade de restaurar, promover
direitos e de enfrentar as causas dos problemas que atingem crianças,
adolescentes e famílias.
Dessa forma, uma característica essencial para o bom funcionamento
das redes de atendimento é a capacidade de articular as ações, no intuito de
tornar mais eficiente a redução da violência. Por isso, com a necessidade de
organizar, legitimar e operacionalizar este trabalho integrado, foi normatizado
por uma lei e resolução oficial.
Segundo a Resolução 137/2006 do CONANDA, para realizar sua missão
de defesa, promoção e controle de direitos o SGDCA deve articular todos os
subsistemas de operacionalização das políticas públicas nas áreas de saúde,
educação, assistência social, trabalho, segurança pública, planejamento,
orçamentária, relações exteriores e promoção da igualdade e valorização da
diversidade. Deve também articular-se, na forma das normas nacionais e

21
Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

internacionais com os sistemas congêneres de promoção, defesa e controle da


efetivação dos direitos humanos, de nível interamericano e internacional.
Embora os conceitos de “trabalho em rede” e de “sistema de garantia de
direitos” sejam complementares, nem sempre as redes de atendimento e os
sistemas de garantia de direitos operam de forma integrada. Esta forma de
execução interligada, precisa ser construída, muitas vezes, por meio de
embates contra tendências centralizadoras, antidemocráticas ou pouco
transparentes de gestão de políticas, instituições e programas.
O trabalho em rede pode impulsionar uma nova cultura organizacional e
um novo padrão de operação nos sistemas de garantia de direitos. Essa ideia
fica mais clara quando compreendemos que o maior desafio desses sistemas é
efetivar uma série de fluxos operacionais de forma ágil, consequente e eficaz.
Entretanto, isso não será possível se os elos de comunicação entre as
instituições, programas e agentes que participam desses fluxos estiverem
bloqueados ou apresentarem conflitos, antagonismos ou lacunas que não
possam ser superados.
Buscando explicitar a necessidade de uma adequada estruturação,
integração e fluidez dos vínculos que devem ser estabelecidos entre os
participantes dos sistemas de garantia de direitos, a Associação Brasileira dos
Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da
Juventude (ABMP) publicou um estudo que sistematiza os fluxos operacionais
de enfrentamento de diferentes violações dos direitos das crianças e
adolescentes (ABMP, s/d). Esse estudo se fundamenta nos marcos legais do
setor e está assentado no pressuposto de que as instituições e os agentes do
SGDCA devem atuar como uma rede articulada”.
http://prattein.com.br/home/images/stories/GUIA_FLUXOS-VS.pdf

7- Enfrentamento e prevenção das violências sexuais


O enfrentamento das violências sexuais deve estar fundado em uma
compreensão que não seja simplista ou reducionista das causas
desses fenômenos. Deve envolver ações voltadas à
responsabilização dos violadores, políticas de defesa e proteção de
crianças e adolescentes, campanhas de conscientização que
estimulem a formação de uma nova visão sobre o problema, além de
estar articulado a políticas inclusivas de desenvolvimento econômico
(LIBÓRIO e CASTRO, in: Ungaretti, 2010).

22
Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

O acolhimento e o atendimento dos sujeitos violados deverão


necessariamente ser planejados e operados de forma intersetorial e
interdisciplinar.
Ainda de acordo com Libório e Sousa (2004),
a violência sexual “se caracteriza por uma dimensão processual, ou
seja, é um fenômeno que se desenrola aos poucos, representando o
elo final de um ciclo de violência, que pode se perpetuar e reproduzir
de forma ininterrupta, caso não haja o desenvolvimento de ações de
atendimento junto às [crianças e adolescentes] nela envolvidas.

Portanto, o enfrentamento do problema será mais efetivo quanto mais


cedo os fatores que podem desencadear o ciclo da violência forem
identificados. Para isso, é preciso investir em estratégias de prevenção em três
níveis: primária, secundária e terciária.
A prevenção primária deve compreender ações que fortaleçam a
capacidade de autodefesa e protagonismo das crianças e adolescentes,
especialmente quando em situações de vulnerabilidade, por meio da educação;
A prevenção secundária deve compreender ações que: a)
desencadeiem um processo de sensibilização das famílias, instituições,
lideranças comunitárias e profissionais, no sentido de alterar paradigmas que
justificam a cultura de violência no campo das relações pessoais e sociais; b)
invistam na formação das equipes e dos profissionais que atuam nas redes de
atendimento; c) articulem entidades de atendimento, comunidades, sindicatos,
grêmios estudantis e organizações de defesa para a discussão e a ação.
A prevenção terciária deve buscar alterar a cultura e as práticas de
violência por meio do envolvimento estratégico: a) das empresas e corporações
públicas e privadas; b) da mídia e das organizações que promovem a cultura, o
cinema, o teatro e a dança; c) do Poder Legislativo; d) do Poder Judiciário”.
http://prattein.com.br/home/images/stories/GUIA_FLUXOS-VS.pdf

8 – Eixos Estratégicos
Diante dos dados levantados com o diagnóstico da situação da criança e do
adolescente no município, foram trabalhadas as demandas através dos oito
eixos estratégicos a seguir:

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo 1: Análise da situação


Objetivo Geral: Possibilitar conhecer e divulgar o fenômeno da violência sexual
contra crianças e adolescentes no município de Ipatinga, por meio do
diagnóstico da situação, pesquisas, estudos e análise das ações de prevenção
e das condições de atendimento às vítimas.

Eixo 2: Mobilização e articulação


Objetivo Geral: Fortalecer a rede municipal e a sociedade civil no
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, por meio de
campanhas e ações envolvendo mídia, redes, comitês, comissões, conselhos e
outros.

Eixo 3: Defesa e responsabilização


Objetivo Geral: Visar o combate da impunidade, estimulando e disponibilizando
os serviços de denúncia sobre crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

Eixo 4: Atendimento
Objetivo Geral: Garantir o acolhimento e o atendimento de qualidade por
profissionais sensibilizados e capacitados que devem atuar de forma articulada
e em rede para prestar atendimento às crianças, aos adolescentes e suas
famílias, em situação de violência sexual.

Eixo 5: Prevenção
Objetivo Geral: Assegurar ações preventivas contra a violência sexual,
promover a autodefesa de todas as crianças e adolescentes por meio da
educação.

Eixo 6: Protagonismo Infanto-Juvenil


Objetivo Geral: Promover o protagonismo e a participação de crianças e
adolescentes nos espaços de convivência e de construção da cidadania.

Eixo 7: Avaliação e Monitoramento


Objetivo Geral: Acompanhar, monitorar e avaliar os eixos estratégicos e os
resultados das ações de implantação do Plano Municipal de Enfrentamento à
Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo 8: Orçamento
Objetivo Geral: Incluir ações orçamentárias com o objetivo de executar o Plano
Municipal.

Esses eixos foram construídos com base legal no Plano Nacional e


Estadual de Enfretamento a Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e
com diretrizes que oferecem a síntese metodológica para a reestruturação de
políticas, programas e serviços de enfretamento a violência sexual,
consolidando a articulação como eixo estratégico e os direitos humanos
sexuais de criança e adolescente como questão estruturante.

Serão apresentados, antes de cada eixo, desenhos feitos pelas


crianças atendidas nas instituições onde ocorreram as intervenções do Projeto
Fique de Olho – Disque 100.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

EIXOS ESTRATÉGICOS

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo I: ANÁLISE DA SITUAÇÃO


Objetivo Geral: Possibilitar conhecer e divulgar o fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes no município de Ipatinga por meio do diagnóstico da
situação, pesquisas, estudos e análise das ações de prevenção e das condições de atendimento às vítimas.
Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis
1. Identificar 1.1. Realizar pesquisas e - Atualização do diagnóstico A cada 04 anos -Rede de Ensino Superior -SMAS
causas/fatores de estudos quantitativos e sobre a ocorrência da (preferencialmente no 1º -OSCs -CMDCA
vulnerabilidade e qualitativos sobre a violência sexual contra ano da gestão municipal). -PC
modalidades de ocorrência de violência: crianças e adolescentes no -PM
violência sexual modalidades, município. -SMS
contra crianças e causas/fatores da -CT
adolescentes no violência, abuso e - Efetivação do Sistema
município de exploração sexual Municipal de Informações,
Ipatinga. familiar e extrafamiliar. objetivando manter banco
de dados fidedignos a
1.2. Criar o sistema situação da criança e
municipal de adolescente no município.
informações para a
infância e adolescência.

1.3. Construir espaços de


discussão acerca da
necessidade de
articulação dos bancos
de dados e a
uniformização dos fatos
registrados em
consonância com o
CMDCA.

1.4. Construção de parcerias


com a rede de Ensino
Superior.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

2. Mapear a rede 2.1. Levantamento da - Potencializar os espaços já A cada 04 anos - Rede de Ensino Superior -SMAS
municipal de estrutura física e dos existentes de Enfrentamento (preferencialmente no 1º -OSCs -CMDCA
enfrentamento à recursos técnicos e a Violência Sexual Contra ano da gestão municipal). -PC
violência sexual contra materiais existentes Crianças e Adolescentes -PM
crianças e para a implementação e -SMS
adolescentes. manutenção do sistema - Melhorar a infraestrutura e a -CT
de garantia de direitos e legislação municipal necessária
da rede de serviços para o enfrentamento à
envolvidos no violência sexual contra crianças
enfrentamento a e adolescentes.
violência, abuso e
exploração sexual de
crianças e adolescentes.

2.2. Identificar das


fragilidades e
potencialidades
existentes no sistema de
garantia dos direitos,
nas políticas públicas, na
legislação, nas redes de
enfrentamento e na
metodologia de
intervenção.

2.3. Fazer o levantamento


das lacunas no sistema
de garantia de direitos e
na legislação municipal
relativa à violência
sexual contra Crianças e
Adolescentes.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo II: MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO


Objetivo Geral: Fortalecer a rede municipal e a sociedade civil no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, por meio de campanhas e ações
envolvendo mídia, redes, comitês, comissões, conselhos e outros.

Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis


1. Despertar o interesse da 1.1. Sensibilizar e mobilizar Permanente - PM - SMAS
população sobre a temática profissionais da mídia local para a - Atingir o maior número - PC - CMDCA
da violência sexual contra veiculação de informações de segmentos com o - CT - SME
crianças e adolescentes. necessárias ao enfrentamento à intuito de multiplicar a - SMS - ASSCOM
violência sexual contra crianças e informação em todos os - MP - SMCEL
adolescentes. âmbitos da sociedade. - Judiciário.
- Rede de Ensino
1.2. Capacitar os profissionais de - OSCs
comunicação acerca do tema, - Mídia local
promovendo oficinas para debater - Associação de
as linguagens e conteúdos moradores
adequados para o enfrentamento - Clubes de serviços
da violência sexual. - CONSEP’S
- Conselhos de
1.3. Realizar parcerias com as direitos
Instituições de Ensino, públicas e - Instituições
privadas, do Município para Religiosas
capacitar os profissionais.

1.4. Articular formas de divulgação do


número do “Disque Denúncia
Nacional” Disque-100, em locais
públicos, estabelecimentos
comerciais e instituições públicas
e privadas no município.

1.5. Articular com a rede de ensino,


quanto à construção de espaço de
estudos e debates permanentes
sobre a violência sexual contra
crianças e adolescentes.
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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

1.6. Tornar público dados estatísticos


que comprovem a existência da
violência sexual contra crianças e
adolescentes.

1.7. Elaborar projetos socioeducativos


que visem à informação sobre o
tema e a formação da valorização
da dignidade humana através de
cartilhas lúdicas educativas.

1.8. Inserir na agenda municipal


eventos voltados para o
Enfrentamento da Violência
Sexual contra Crianças e
Adolescentes.
2. Fortalecer a intersetorialidade das 2.1. Promover ações intersetoriais - Unificar estratégias Permanente. - Rede de - SMAS
políticas públicas e diretrizes para o fortalecimento da Rede de pertinentes à efetivação atendimento e - CMDCA
estratégicas de planos e Proteção ao enfrentamento à do trabalho em rede. assistência à criança - SME
programas de enfrentamento à violência sexual contra crianças e e ao adolescente. - SMCEL
violência sexual contra crianças e adolescentes. - ASSCOM - SMS
adolescentes. - PM
2.2. Criar comitê técnico intersetorial - PC
permanente para discussão dos - CT
desafios em relação ao - SMS
enfrentamento da violência sexual - MP
contra crianças e adolescentes - Judiciário
envolvendo toda a rede de
proteção.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

3. Informar a sociedade civil para o 3.1. Realizar campanhas municipais - Despertar na sociedade a Permanente - ASSCOM - SMAS
risco da pornografia, aliciamento alertando a sociedade para o risco necessidade de proteger - Mídia Local - CMDCA
e exploração sexual de crianças e de pornografia, aliciamento e crianças e adolescentes sobre o - Rede de Ensino - SME
adolescentes via internet. exploração sexual de crianças e risco da pornografia, Superior - SMCEL
adolescentes nas redes sociais. aliciamento e exploração - SMS
sexual via internet.

4. Mobilizar a sociedade para a 4.1. Promover campanhas para a


prevenção e o necessário conscientização de empresas e - Publicizar informações Permanente - Sindicato dos - SMAS
enfrentamento ao turismo sexual agentes envolvidos no transporte referentes ao turismo sexual e Taxistas - CMDCA
e tráfico de crianças e de pessoas e cargas. (Taxistas, tráfico de crianças e - Sindicato dos - SMDET
adolescentes no município. caminhoneiros, empresários) adolescentes no município. Rodoviários
através dos meios de comunicação - CDL
(rádio, TV, jornal, sites da - Mídia local
prefeitura, dentre outros). - SEST/SENAT

4.2. Divulgar informativos nas agências


de turismo, sindicatos de hotéis e
motéis, restaurantes, bares e
similares sobre a legislação de
crimes sexuais e suas implicações
pessoais, sociais e judiciais, bem
como, o Disque-100 e rede de
proteção

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo III: DEFESA E RESPONSABILIZAÇÃO


Objetivo Geral: Visar o combate da impunidade estimulando e disponibilizando os serviços de denúncia sobre crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis


1. Incentivar a execução 1.1 Assegurar capacitação - Fomentar a criação de Permanente. - PM - SMAS
do fluxo existente de continuada dos programas de educação - PC - CMDCA
atendimento às profissionais das áreas permanente para orientação - CT - SMS
crianças e adolescentes policial (Civil e Militar) e formação continuada aos - SMAS
vítimas de violência Conselhos Tutelares, profissionais. - SME
sexual. Assistência Social, Saúde, - SMS
Educação, para o - MP
conhecimento e - Judiciário.
observância do fluxo de
atendimento às vítimas de
violência sexual.

2. Criar o Sistema de 2.1 Capacitar continuamente - Promover melhorias Permanente - DataServ - SMAS
Informações para a através de seminários e contínuas nos atendimentos - CT - CMDCA
Infância e Adolescentes outros eventos os e serviços de notificação e
junto ao Conselho operadores do sistema de manutenção do sistema
Tutelar. garantias para a atuação operacional.
proativa e comprometida,
- Proporcionar visibilidade de
para o uso intensivo dos
indicadores territoriais
instrumentos de
comunicação, informação referente à criança e
e alimentação de dados adolescente.
do sistema.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

3. Promover debate com 3.1 Realizar seminários - Sensibilizar os agentes de Permanente - PM - SMAS
os segmentos abordando o tema da atendimento à vítima a - PC - CMDCA
envolvidos sobre a violência sexual contra respeito da necessidade de - CT - SMS
penalização e apuração crianças e adolescentes e um olhar humanizado, - SMAS,
de crimes sexuais a configuração atual da levando em consideração a - SME
contra Crianças e legislação penal sobre condição do adolescente de - SMS
Adolescentes. crimes sexuais. - MP
indivíduo em formação.
- Judiciário
3.2 Fomentar a necessidade - Rede de Ensino Superior
de criação de Delegacia
Especializada na proteção,
investigação e repressão
dos crimes sexuais
praticados contra crianças
e adolescentes, com
estrutura
multiprofissional de
atendimento,
considerando o histórico
da criança e do
adolescente e sua família
na rede.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

4. Acionar os órgãos de 4.1. Realizar ações com vista - Proteger as crianças e Semestral - CONSEP’s - PMI
fiscalização para em coibir entrada de adolescentes de crimes - PM - SMAS
atuação efetiva e crianças e adolescentes sexuais nos motéis e - PC - CMDCA
permanente nos nos motéis. trenzinhos da alegria. - CT
motéis e trenzinhos da - MP
alegria. 4.2. Identificar os - Judiciário
proprietários dos veículos
(trenzinhos da alegria),
bem como,
documentação dos - Responsabilizar e punir
prestadores de serviço, autores e/ou aliciadores de
horário de crianças e adolescentes.
funcionamento, e rota.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo IV: Atendimento


Objetivo Geral: Garantir o acolhimento e o atendimento de qualidade por profissionais sensibilizados e capacitados que devem atuar de forma articulada e em rede para
prestar atendimento às crianças, aos adolescentes e suas famílias, em situação de violência sexual.
Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis
1.1. Promover capacitações específicas
1. Oferecer atendimento de acolhimento e atendimento para - Fomentar o atendimento Permanente - Rede de Ensino - SMAS
especializado por as crianças e adolescentes vítimas interdisciplinar, por meio de Superior - CMDCA
profissionais dos de abuso e exploração sexual em profissionais capacitados, às crianças e - SEDESE - SMS
diversos setores da todos os serviços envolvidos na rede adolescentes vítimas de violência, abuso - SES
Rede de Atendimento à de atenção. e exploração sexual, identificando os - PM
Criança e Adolescente agravos decorrentes. - PC
vítimas de violência 1.2. Fortalecer, criar e/ou ampliar os - CT
sexual, de modo que serviços de capacitação continuada - MP
- Promover o apoio e acesso ao
garanta a privacidade e dos profissionais da rede de - Judiciário
atendimento humanizado garantindo um
respeito à situação atendimento para fins de
vivenciada pelos identificação, encaminhamento e acolhimento respeitoso, não invasivo e
usuários. acompanhamento das crianças e moralizado, evitando a revitimização das
adolescentes vítimas de violência crianças e adolescentes vítimas de
sexual. violência sexual.

1.3. Fazer executar o fluxograma para o - Acompanhar a execução do fluxograma


atendimento dos casos de violência para o atendimento dos casos de
sexual. violência sexual.

2. Promover atendimento 2.1. Fortalecer os programas e serviços - Humanizar o atendimento prestado à Permanente - Rede de Ensino - SMAS
integral às famílias das que acompanham as famílias de crianças e adolescentes vítimas de Superior - CMDCA
Crianças e dos crianças e adolescentes em situação violência sexual, bem como as famílias - SEDESE - SMS
Adolescentes vítimas de de abuso e/ou exploração sexual. envolvidas. - PM - SME
violência sexual por meio - PC
de ações articuladas na - CT
rede de atendimento. - MP
- Judiciário

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo V: Prevenção
Objetivo Geral: Assegurar ações preventivas contra a violência sexual, promover a autodefesa de todas as crianças e adolescentes por meio da educação.

Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis


1.1. Criar formas de divulgação dos
1. Promover a prevenção perigos e riscos contidos nas redes - Aprimorar as campanhas de prevenção Permanente - Empresas de
à violência sexual sociais para crianças e adolescentes. e enfrentamento à violência sexual Publicidade - SMAS,
contra crianças e contra crianças e adolescentes. - CT - CMDCA
adolescentes nos meios 1.2. Incluir o tema da violência sexual - SMS - SECOM
de comunicação de contra crianças e adolescentes em - SME
massa e Internet. programas já existentes de rádio e - SECOM
de TV e em suplementos para - SMAS,
jovens em Jornais. - PM
- PC
1.3. Divulgar por todos os meios de - Rede de Ensino
comunicação os locais de denúncia Superior
e atendimento às crianças, - Judiciário
adolescentes e suas famílias.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

2. Mobilizar a comunidade 2.1. Promover a discussão dos temas: - Incluir no âmbito escolar, a discussão e Permanente. - SME - SMAS
escolar como agente de Sexualidade, Violência Sexual e o estudo sobre o tema da violência - CT - CMDCA
prevenção, identificação e Estatuto da Criança e Adolescente sexual e o ECA. - SMS - SME
encaminhamento de casos nas escolas e na comunidade em
de violência sexual de geral, fomentando a abertura do - Oportunizar aos adolescentes espaços
crianças e adolescentes. espaço escolar para atividades de comunicação e ações preventivas
culturais que levem o tema da
contra a violência sexual.
prevenção à violência sexual contra
crianças e adolescentes.
- Difundir informações acerca da
2.2. Promover espaços de orientação e prevenção e defesa da violência sexual
sensibilização às crianças e contra crianças e adolescentes.
adolescentes sobre seus direitos a
uma sexualidade saudável e
responsável, visando
fundamentalmente o
fortalecimento da autoestima
através da educação e autodefesa.

2.3. Sensibilizar para o cumprimento da


lei municipal nr. 3.298/2014 que
tem como objetivo a inclusão no
currículo escolar do tema: Violência
Sexual Contra Crianças e
Adolescentes.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo VI: Protagonismo Infanto-Juvenil


Objetivo Geral: Promover o protagonismo e a participação de crianças e adolescentes nos espaços de convivência e de construção da cidadania.

Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis


1.1. Promover a participação de crianças
1. Apoiar o e adolescentes em eventos e - Formação de crianças e adolescentes Permanente - CME - SMAS
desenvolvimento de espaços públicos como: como sujeitos ativos de direitos na - Rede de Ensino - CMDCA
ações de estímulo à conferências dos direitos de construção de políticas públicas, bem Superior - SME
participação e ao crianças e adolescentes; audiências como multiplicadores do protagonismo e - SMCEL
protagonismo de públicas, câmara mirim, seminários, autonomia infanto-juvenil. - CT
crianças e campanhas de enfrentamento a
adolescentes. violência contra crianças e
- Oportunizar fóruns de debate para
adolescentes e ao trabalho infantil.
sensibilizar a adolescentes sobre a
1.2. Orientar aos organizadores dos importância de sua participação nos
eventos em que haja a participação espaços de discussão acerca dos seus
de crianças e adolescentes para o direitos e deveres.
uso de linguagem adequada à
condição peculiar de
desenvolvimento do referido
público.

1.3. Propor ações nas escolas que


abordem os temas inerentes ao
desenvolvimento infanto-juvenil
incentivando o protagonismo por
meio de atividades culturais,
esportivas, de produção e debates.

1.4. Propor a discussão do protagonismo


infanto-juvenil nas instituições que
trabalham com crianças e
adolescentes.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Eixo VII: Avaliação e Monitoramento
Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis

1. Analisar 1.1. Criar instrumentos de - Acompanhar por meio de indicadores a Anual - Rede de Ensino - SMAS
periodicamente a acompanhamento e avaliação de execução do Plano Municipal. Superior - CMDCA
efetividade das ações resultados e na execução do Plano - OSCs
contidas no Plano Municipal.
Municipal.

2. Monitorar a aplicação 2.1 Verificar os valores destinados à - Acompanhar a efetivação da aplicação Anual - SEPLAN - SMAS
dos recursos execução das ações previstas no dos recursos financeiros destinados à - CMDCA
financeiros destinados plano municipal. execução do Plano.
à execução das
políticas públicas de
enfrentamento à
violência, abuso e
exploração sexual.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Eixo VIII: Orçamento


Objetivo Geral: Incluir ações orçamentárias com o objetivo de executar o Plano Municipal.
Objetivos Ações Metas Períodos Parceiros Responsáveis

1. Incluir dotação 1.1. Propor a dotação orçamentária


orçamentária destinada definida no PPA e LOA do município. - Participação no orçamento do PPA e Permanente - CMDCA - Câmara Municipal
a execução das ações LOA do município com recursos - OSCs de Vereadores
de enfrentamento a programados e definidos nas secretárias. - Poder executivo
violência sexual de - MP
crianças e adolescentes
de forma permanente.

2. Identificar os - Divulgar a aplicação dos recursos - CMDCA


programas, projetos, 2.1. Construir relatório qualitativo e 2018 a 2022 - OSCs - Secretarias
públicos quanto as ações de
serviços públicos e quantitativo sobre a identificação de municipais
enfrentamento à violência sexual.
recursos públicos (PPA, programas e recursos públicos para o - Conselhos
LDO e LOA) visando as enfrentamento à violência sexual. setoriais
ações de - Secretaria de
enfrentamento à finanças e de
violência sexual contra gestão estratégica
crianças e adolescentes
no município.

3. Mobilizar recursos a 3.1 Ampliar as ações de mobilização - Aumentar o recurso destinado ao FIA. Anual - OSCs - CMDCA
partir da dedução do para o aumento da captação de - SECOM
imposto de renda para recursos. - Sociedade em geral
fortalecimento do FIA.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

9- Fluxos sistêmicos: um aliado na promoção e garantia dos


direitos de crianças e adolescentes
O fluxograma é uma representação de um processo que utiliza símbolos
gráficos para descrever passo a passo a natureza e o fluxo deste processo. O
objetivo é mostrar de forma descomplicada o fluxo das informações e
elementos, além da sequência operacional que caracteriza o trabalho que está
sendo executado.
As etapas do fluxograma são apresentadas utilizando-se figuras
geométricas que podem ser círculos, triângulos, retângulos, linhas ou setas,
sendo que cada símbolo possui um significado importante.
O Fluxograma de Atendimento às vítimas de violência tem como objetivo
indicar passos e caminhos a serem percorridos pelos diversos atores de
programas, órgãos e instituições de atendimento para garantir os direitos de
crianças e adolescentes. Esta sequência de passos precisa ser seguida para
atender qualquer criança ou adolescente em risco ou vítima de alguma violação
de direitos, até que sua proteção seja assegurada.
No município de Ipatinga existe um Fluxograma que foi construido pelo
Núcleo de Prevenção a Violência – NUPAV, o Fluxograma de Assistência às
Pessoas Vítimas de Violência Doméstica, Sexual e Outras Violências. Contudo,
se percebe que o Fluxo construído, não é inteiramente executado, gerando
lacunas no atendimento. Os atendimentos às crianças e adolescentes
vitimadas se confundem em torno dos atendimentos diversos, não existindo um
olhar diferenciado para este público alvo. Faz-se necessário, portanto
readequar o fluxo existente e sua divulgação para a execução pelos diversos
atores que compõem esta complexa rede de atendimento.

10- Recomendações

Durante a execução do Projeto Fique de Olho – Disque 100,


constataram-se lacunas ou fragilidades nos processos de trabalho e, por isso,
entendendo a importância de se rever os processos, programas e projetos
disponíveis, foram relacionadas abaixo algumas recomendações:

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

 Realização de campanhas de informação que favoreçam a realização de


denúncias de casos de abuso sexual ou de exploração sexual comercial
por parte da população.

 Criação ou aprimoramento de normas e instrumentos de notificação de


violências sexuais por parte de instituições municipais das áreas de
saúde, educação, assistência social e outras.

 Qualificação dos profissionais da rede de atendimento para identificação


de sinais e notificação de casos de violência sexual.

 Criação ou aprimoramento de procedimentos e instrumentos de registro


de denúncias por parte dos órgãos responsáveis pela recepção das
informações e pela apuração dos fatos que envolvem as ocorrências de
violências sexuais.

 Aprimoramento dos meios e capacidades locais para a apuração de


ocorrências de violência sexual contra crianças e adolescentes.

 Aprimoramento dos procedimentos de encaminhamento e intercâmbio


de informações entre os agentes das instituições que integram o fluxo
operacional.

 Articulação de esforços intermunicipais para suprir eventuais lacunas de


atendimento ou compartilhar recursos nesta área.

 Fortalecimento da articulação e dos vínculos entre instituições ou


programas de defesa jurídico-social, proteção especial, proteção básica
e prevenção.

 Estruturação ou aprimoramento de protocolos e procedimentos de


referência e contra-referência.

 Envolvimento de novos agentes públicos que, porventura, até então não


estejam plenamente articulados ao fluxo operacional de enfrentamento

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

das violências sexuais (Polícia Rodoviária, Defensoria Pública, dentre


outros).

 Envolvimento de organizações representativas de segmentos da


sociedade civil (sindicatos de trabalhadores, associações de moradores,
órgãos que representam categorias profissionais, associações ou
federações que congregam empresas das áreas da indústria, comércio e
serviços) tendo em vista ampliar o espectro de gestores, lideranças
locais e cidadãos informados e mobilizados para cooperar com o
SGDCA no processo de enfrentamento das violências sexuais.

 Envolvimento de empresas privadas tais como hospedagens, bares,


restaurantes, casas noturnas ou similares que, segundo a Lei Federal
11.577/2007, estão obrigadas a divulgar mensagem referente a abuso
sexual, exploração sexual e tráfico de crianças e adolescentes, bem
como de empresas que, pelas características de seu negócio ou de suas
cadeias produtivas, possam contribuir para o enfrentamentoda
exploração sexual comercial de crianças e adolescentes promovendo a
conscientização de seu público interno, de seus fornecedores e de
outros públicos em relação ao problema.

 Capacitação de pessoal das instituições e programas que atuam nas


esferas da defesa jurídico-social, proteção especial, proteção básica e
prevenção, para:
- Acolhimento e atendimento de crianças e adolescentes vitimizados por
violências sexuais bem como de seus familiares;
- Desenvolvimento de capacidades de autodefesa e protagonismo das
crianças e adolescentes em relação às violências sexuais;
- Agilidade do processo de responsabilização de abusadores e
exploradores.

 Elaboração de um novo Fluxograma de Atendimento às crianças e


adolescentes vítimas de violência.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente devem fomentar


a atuação integrada das instituições e programas que integram o SGDCA e,
para isso, devem instaurar processos permanentes, qualificados, participativos
e transparentes, em cada localidade de diagnóstico, definição de prioridades e
incidência nos orçamentos municipais. Isso ajudará o SGDCA, no município, a
articular esforços e realizar ações integradas que respondam às necessidades
locais.

11- Considerações Finais


Milhares de crianças e adolescentes são vítimas de abuso e exploração
sexual em todo o mundo. Percebe-se que há uma forte vontade de toda a
sociedade na defesa dos direitos humanos e no combate a todas as formas de
violência contra a criança e o adolescente.
O Plano Municipal de Enfretamento a Violência Sexual Contra Crianças
e Adolescentes, em Ipatinga, surgiu dessa vontade e se torna, a partir de sua
implantação, um importante instrumento de concretização de políticas públicas
na defesa desses direitos.
Espera-se que o Plano venha fortalecer a rede de proteção e combate a
violência sexual do referido público, de forma que toda a sociedade seja
informada para que possa se mobilizar e cobrar dos orgãos responsáveis a
execução do mesmo.
Presume-se que os objetivos contidos no Plano Municipal possam
alcançar resultados positivos, tornando-se ferramenta eficaz no combate ao
abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes.
Um dos desafios encontrados é a complexidade que envolve o
fenômeno da violência sexual e essa apreensão exige abordagem intersetorial
e interdisciplinar para a formulação das políticas públicas destinadas ao
enfrentamento da violência sexual.
Enfim, o sucesso do Plano Municipal de Enfretamento à Violência
Sexual Contra Crianças e Adolescentes, bem como sua eficácia, dependerá
da articulação das ações setoriais de enfretamento ao fenômeno, sociedade e
poder público para juntos atuarem como responsáveis pela garantia e
concretização dos direitos das crianças e adolescentes em Ipatinga.

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Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

12- Referências Bibliográficas

 Apresentação da Rede de Atenção às Pessoas Vítimas de Violência


Doméstica, Sexual e Outras Violências – NUPAV – Núcleo de
Prevenção de Acidentes e Violências.
 Conhecer para transformar: Orientações para diagnóstico e
aprimoramento dos fluxos operacionais de enfrentamento das violências
sexuais contra crianças e adolescentes - www.prattein.com.br
 Construindo o Plano Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual
Contra Criança e Adolescente – UNICEF - 2007
 Diagnóstico da atual situação da criança e do adolescente no município
de Ipatinga – MG – EPTOM - 2017
 ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal 8.069/1990
 Plano Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente - 2000
 Plano Estadual de Enfrentamento a Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente – MG - 2003
 Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente de Piracicaba/SP – 2016
 Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente de Sorocaba/SP – 2013
 Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente de Palmas/TO – 2008;
 Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente de São Paulo/SP – 2008;
 Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente de Ponta Grossa/PR – 2013;
 Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente de Porto Alegre/RS – 2012;
 Plano Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Criança e
Adolescente de Porto Velho/ RO – 2015;
 Projeto Fortalecendo as bases de apoio familiares e comunitárias para
Crianças e Adolescentes – Instituto Promundo – 2003;

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 Proteger é Preciso – todos juntos contra violência sexual em crianças e


adolescentes – Fundação Vale - 2012;
 Protocolo de Atenção Integral a Crianças e Adolescentes Vítimas de
Violência;
 Reconstrução de vidas: como prevenir e enfrentar a violência doméstica,
o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes – SMADS/SP
– 2008;
 Série Jornalista Amigo da Criança – Exploração Sexual Contra Criança e
Adolescente – ANDI – Comunicação e Direitos – 2013.
 http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/enfrentamento-a-
violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes-
9e5vp1121w9n2ifj013bskv9q - acessado em 14/06/2017

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