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FOLHA DE PODERES

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE MATO GROSSO DO SUL - FIEMS

Sérgio Marcolino Longen


Presidente

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA - SESI


Bergson Henrique Amarilla
Superintendente

ELABORAÇÃO, ORGANIZAÇÃO TÉCNICA, DESIGN E LAYOUT


Equipe Startup SESI

FICHA CATALOGRÁFICA

S493g

Serviço Social da Indústria. Departamento Regional de Mato Grosso do Sul. Startup/Educação.

Caderno do Programa de sensibilização ao combate e à exploração sexual de crianças e


adolescentes, ao assédio sexual e moral e à cultura do estupro – Lei 4.970/MS. Desenvolvimento
de atitudes e comportamentos contra a violência.

Programa em ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL. 6. ed.


Campo Grande/MS: SESI/DR – Startup/Educação, 2020.

1. Conceitos e configurações da violência 2. Violência contra a criança e o adolescente 3.


Violência contra a mulher 4. Consequências da violência I. Combate ao abuso

52 p.: il.

CDU: 343.541

SESI/DR Serviço de Atendimento ao Cliente - SAC


Serviço Social da Indústria Tel.: 0800723-7374
E-mail: sac@sesims.com.br
Sede Whatsap (67) 99228-0075
Edifício Casa da Indústria http://www.sesims.com.br/transparencia/view/fale_co-
Avenida Afonso Pena, 1.206 nosco/
Bairro Amabaí
79005-901 – Campo Grande – MS
Tel.: (67) 3389-9000
Fax: (61) 3317-9994
http://www.fiems.com.br/sesi/
Desenvolvimento de atitudes e
comportamentos contra a violência

Campo Grande, MS
2020
SUMÁRIO
ORIENTAÇÕES...................................................................................... 10

INTRODUÇÃO.......................................................................................14

UNIDADE 1.18
O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (Lei 8.069, de 13 de
julho de 1993) ............................................................................................................................................................19
Sistema de garantia de direitos ................................................................................................19
CRIMES COMETIDOS CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE......................20
Configurações da violência ..........................................................................................................20
Formas de abuso sexual ....................................................................................................................21
Configurações do abuso e da violência ..........................................................................22
Formas de exploração ........................................................................................................................23
O IMPACTO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES .......24
Indicadores na conduta: sinais corporais ou provas materiais ..............26
Provas imateriais: comportamentos ou sentimentos manifestados....26
Uma nação odiável e de odiosos? ..................................................................................................27

UNIDADE 2............................................................................................30
LEI MARIA DA PENHA ....................................................................................................................................32
Formas de violência contra a mulher .................................................................................32
ATOS DE CONFIGURAÇÃO CONTRA A MULHER: ASSÉDIO MORAL,
SEXUAL E ESTUPRO .........................................................................................................................................35
Sobre o assédio moral ........................................................................................................................35
Sobre o assédio sexual ......................................................................................................................35
Características do assédio sexual ...........................................................................................36
Estupro ................................................................................................................................................................36
A cultura do Estupro ............................................................................................................................37
Comportamentos relacionados à cultura do estupro .....................................37
Consequências da violência contra a pessoa ...........................................................39
Enfrentamento à cultura do estupro ..............................................................................39
Relacionamentos abusivos ...........................................................................................................40
Negação da cultura de gêneros ............................................................................................... 41
UNIDADE 3........................................................................................... 44
CONCEITO DE INFRAÇÕES, DELITOS E SANÇÕES ..........................................................45
Referente às crianças e aos adolescentes ...................................................................46
Algumas diretrizes legais da Lei 11.340 .............................................................................46
A respeito das medidas protetivas ......................................................................................47
Programas de atenção para os agressores ..................................................................47
Lei do Minuto seguinte ou Lei 12.845/2013 .................................................................48
Lei do Feminicídio ou Lei 13.104/2015 ................................................................................48
Lei da importunação sexual ou Lei 13.718/2018 .......................................................48
Denúncia: Órgãos de atendimento .....................................................................................49

REFERÊNCIAS.......................................................................................50

WEBGRAFIA..........................................................................................54
ORIENTAÇÕES
Falar de violência não é novidade do mundo moderno, já que tem um processo histórico
de milhares de anos. Contudo, como falar do progresso do ser humano, do mundo, das
tecnologias, matendo-se o processo de violência como sendo natural dentro de uma
sociedade que, por desejo ou vontade, esperamos que seja melhor para todos, seja no
presente ou no futuro? A violência apresentada nesse estudo não é um mero estado
de conflitos entre pessoas por divergências de ideias ou opiniões, mas um estado que
beira a selvageria pela falta de respeito ao direito fundamental de qualquer pessoa, in-
dependente, de sua idade, raça, cor, sexo, crença, nível social, cultural ou escolar, direito
esse caracterizado por apenas uma palavra: dignidade. Se o mundo evoluiu, será que as
pessoas evoluíram com ele? Antes de responder a essa pergunta, analise o seu entorno:
sua rua, seus vizinhos, seus colegas de trabalho, as pessoas que se cruzam nas ruas, sua
casa e, após, enumere as pessoas que se comportam num nível ótimo de relacionamento
com você e as outras pessoas. Tais pessoas que possuem uma excelência em empatia,
afeto e, sobretudo, com nível de autoestima, amor próprio e respeito. Se você conse-
guir encontrar essas pessoas, às apresente para o mundo, pois são raras! Infelizmente!
Provavelmente, você encontrará pais que pouco, ou nada, se importam com seus filhos;
adolescentes que gestam suas vidas porque os pais estão muito ocupados para dar o
mínimo de atenção a eles; casais que não se entendem, mas não se separam; casais que
se separam, mas se matam; etc. Em qualquer nível social a violência se instalou de maneira
assustadora e percebe-se nitidamente que paciência, tolerância, empatia e respeito não
são fundamentais em muitos lugares da sociedade. Assim, percebe-se que comporta-
mentos e atitudes precisam ser adotados para reveter essa situação, de tal modo que
o autoconhecimento, o autocontrole das emoções, a autoestima e a valorização do
ser humano sejam alimentos para a paz e o respeito entre as pessoas. Nesse sentido,
esse programa objetiva sensibilizar você para que entenda, por um lado a gravidade da
situação e, por outro, assuma a liderança de sua paz e a faça refletir para todos que estão
contigo na jornada da vida.

Bom estudo!
10 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

OBJETIVOS DO PROGRAMA DE
SENSIBILIZAÇÃO
Baseado na Lei Estadual nº 4.970 de 30/12/2016, de Mato Grosso do Sul, o objetivo é sen-
sibilizar as pessoas para combater o abuso, a exploração sexual, o assédio sexual e moral
e a cultura do estupro, entendendo os princípios e leis que inscrevem à proteção de
crianças, adolescentes e mulheres e compreendendo que sem wa mudança de atitudes e
comportamentos a violência permanecerá como um processo natural que está na contra
mão de uma sociedade evoluída e melhor para todos.

Como está dividido o curso?


Em três unidades complementares, as quais você tem autonomia para aprender, a qual-
quer hora e lugar, considerando que este curso está na modalidade a distância.

Conteúdo programático
Introdução – Para começo de conversa!

Unidade 2 – A violação dos direitos das crianças e dos adolescentes


Objetivos: Promover conhecimentos sobre os crimes que violam os direitos fundamentais
de crianças e adolescentes.

2 .1 .  O estatuto da criança e do adolescente (Lei 8.069, de 13 de julho de 1993)

•  Sistema de garantia de direitos

2 .2 .  Crimes cometidos contra a criança e o adolescente

•  Configurações da violência
•  Formas de abuso sexual
•  Configurações do abuso e da violência
•  Formas de exploração

2 .3 .  O impacto da violência contra crianças e adolescentes

• Indicadores na conduta: sinais corporais ou provas materiais


• Provas imateriais: comportamentos ou sentimentos manifestados

2 .4 .  Uma nação odiável e de odiosos?

Fixação da aprendizagem: Teste o seu conhecimento 1


ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 11

Unidade 3 – Não se trata de mulher, mas de uma pessoa


Objetivos: Desenvolver conhecimentos sobre os crimes contra a mulher e a pessoa e
demonstrar as consequências acarretadas por essa violação dos direitos da pessoa.

3 .1 .  Lei Maria da Penha

•  Formas de violência contra a mulher

3 .2 .  Atos de configuração da violência contra a mulher

•  Sobre o assédio moral


•  Sobre o assédio sexual
•  Características do assédio sexual
•  Estupro
•  A cultura do estupro
•  Comportamentos relacionados à cultura do estupro
•  Consequências da violência contra a pessoa
•  Enfrentamento à cultura do estupro
•  Relacionamentos abusivos
•  Negação da cultura de gêneros

Fixação da aprendizagem: Teste o seu conhecimento 2.

Unidade 4 – Aspectos legais


Objetivos: Apresentar as diretrizes legais e as leis prescritas para os crimes que violam
os direitos fundamentais da pessoa, além dos órgãos responsáveis por acolher e atender
as denúncias.

4 .1 .  Conceito de infrações, delitos e sanções

•  Referente às crianças e aos adolescentes


•  Algumas diretrizes legais da Lei 11.340
•  A respeito das medidas protetivas
•  Programas de atenção aos agressores
•  Lei do Minuto seguinte ou Lei 12.845/2013
•  Lei do Feminicídio ou Lei 13.104/2015
•  Lei da importunação sexual ou Lei 13.718/2018
•  Denúncia: Órgãos de atendimento
Fixação da aprendizagem: Teste o seu conhecimento 3.
INTRODUÇÃO
O crescimento demográfico, o desenvolvimento vertiginoso das sociedades e o avanço
tecnológico são fatos que deveriam demonstrar o avanço da humanidade. Contudo,
ouvimos e assistimos aterrorizados a inúmeras notícias de violência, contra crianças, ado-
lescentes, mulheres, idosos e, até mesmo, contra os animais. Nos últimos anos, as notícias
veiculadas pela mídia sobre a violência e abuso cometidos contra crianças, adolescentes
e mulheres têm crescido e isso gera indignação, porque as pessoas já deveriam ter evo-
luído, superado suas mazelas e aprendido a amar mais. Abusar ou violentar nunca! Hoje
qualquer pessoa, em qualquer lugar e hora, tem acesso as informações por vários meios
e sabe o que é a violência e sabe que a sua prática é um crime. Porém, discernir entre o
certo ou o que é errado tem mais a ver com a história e o caráter pessoal do que com os
valores humanos. Portanto, globalização, informação e consciência não andam juntas!

A criança é considerada, perante a lei, incapaz e, por isso, deve ser protegida contra qual-
quer tipo de violência ou abuso e, o adolescente é considerando um capaz menor e deve
ser defendido contra qualquer tipo de violência. Já a mulher é adulta e capaz de julgar o
que é bom ou ruim para si, também como aquele quem estiver com ela. O que significa
que qualquer ato de violação dos próprios direitos entre pessoas adultas não se justifica,
porque a base dessa relação deveria ser o respeito.

Ao contrário disso, aproveitando-se dos laços de confiança e afeto, pessoas adultas


violam os direitos humanos de seus próprios filhos e filhas, sobrinhos e sobrinhas, netos
e netas, esposas e maridos. O que piora ainda mais a situação é que, quase sempre, há
a cumplicidade de um terceiro parente, que sabe dos fatos, mas se omite por vários
14 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

fatores. No caso das mulheres, muitas delas são surradas e mortas na presença dos filhos,
geralmente indefesos e impotentes diante dos fatos, também, são violentados.

A sociedade, a qual se destina num sentido mais amplo a defesa e a proteção, também é
negligente, pois permite que crianças façam o trabalho de adultos, muitas delas, se pros-
tituindo para o sustento da casa ou para aquisição de entorpecentes. E quando se trata
das mulheres, a julgam sem a conhecer, as condenam pela aparência e não denunciam os
agressores, porque se a mulher apanha, é porque gosta de apanhar; ou porque merece
apanhar. Essa é a cultura do estupro, porque não dizer, a cultura da violência?
Reflita: Você é da opinião que há justificativas para a violência? O que se passa pela
mente de uma pessoa ao cometer a violência contra outra pessoa, independentemente,
da sua idade?

Nesse segmento, é essencial uma maior atenção das políticas públicas, não só no aten-
dimento da criança e do adolescente violentados, abusados e explorados, mas em ações
de formação humana que agregue valores humanos como prevenção à violência contra
qualquer pessoa. Está provado que a Rede de Proteção precisa se tornar uma rede de
formação – de respeito, de atitudes mais humanas, de autoestima, de amor próprio, etc.

Pensando em tudo isso esse programa foi feito voltado para sensibilizar e, em certa
medida, provocar em você a reflexão sobre a violação dos direitos humanos e os direitos
fundamentais das pessoas como o respeito à dignidade. Ao mesmo tempo, também
sensibilizar você quanto ao seu comportamento diante de outras pessoas e na forma
como você as respeita, as dignifica e as valoriza como seres humanos.
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 15
UNIDADE 1
A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DAS
CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES

Não existe revelação mais nítida da


alma de uma sociedade do que a forma
como esta trata as suas crianças. (Nelson
Mandela, ex-presidente da África)
1. O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(LEI 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1993)

O Estatuto é um conjunto de regras claras e objetivas para que os cidadãos avaliem


o conjunto de direitos e deveres que se referem a tudo que tem a ver com crianças e
adolescentes. Veja o que o ECA diz: “É considerada criança a pessoa com idade inferior a
12 (doze) anos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade, culturalmente
no Brasil se considera adolescente a partir dos 13 anos.” Nesse sentido considerar que, no
atendimento das necessidades e dos desejos de crianças e adolescentes, será assegurado
o direito desses cidadãos, como um dever da família, do Estado e da Sociedade.

1.1. SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS


Esse sistema serve para atender ao cumprimento do Art. 86 do ECA, por meio de um
conjunto articulado de ações governamentais da União dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, apoiando-se em três grandes linhas ou eixo: promoção, defesa e controle
social.
18 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

• Nesse sistema, quem está envolvido? Os Conselhos setoriais de Assistência Social e de


Direitos, as Entidades de atendimento governamentais e as não governamentais;
• Quais os objetivos dos envolvidos? Deliberar, controlar, formular e implementar leis e
planos de defesa, proteção e guarda das vítimas de abuso, exploração e violência;
• E, quais são os resultados que se espera desse sistema? A criação de:
• Políticas Sociais Básicas;
• Políticas de Seguridade Social e de Atendimento;
• Plano de Garantia de Direitos que atendam: desaparecidos, infratores, drogados,
vitimados, meninas e meninos de rua;
• Plano de Garantia de Direitos da Mulher, com base na Lei Maria da Penha.

2. CRIMES COMETIDOS CONTRA A CRIANÇA E O


ADOLESCENTE

2.1. CONFIGURAÇÕES DA VIOLÊNCIA

a. Formas de agressão

• Abandono emocional
• Abandono físico
• Abandono intelectual
• Agressão física
• Agressão verbal
• Assédio moral e psicológico (ameaças)

b. Formas de violência social

• Fazer participar em ações delituosas


• Faltar ao controle parental
• Promover a exclusão parental
• Incitar a mendicidade ou a mendigar
• Incitar a corrupção e ao crime

• Negligenciar e não orientar ao convívio social


ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 19

a. Algumas crianças são vitimadas quando ainda são muito


pequenas, como bebês de 3 a 5 meses de vida;
b. Embora os casos de abuso sexual se concentrem na faixa
etária entre 7 e 14 anos, mais de um terço das notificações
de abuso sexual envolvem crianças de 5 anos ou menos;
c. Como o lar é um espaço privado, a criança e o que
acontece dentro de casa estão envolvidos numa
atmosfera de segredo familiar e social. Nessas situações,

VOCÊ
?
é comum que o ocorrido seja mantido em segredo. Em
parte, porque as relações de afinidade e consanguinidade
entre crianças/adolescentes abusados e os agressores

SABIA
gera a complacência de outros membros da família;
d. O abusador normalmente tem poder moral, econômico e
disciplinador sobre a vítima;
e. O mais comum é que a prática se repita várias vezes e
dure meses ou anos;
f. Uma das consequências desse tipo de violência é a saída
de crianças e adolescentes de casa para viverem na rua,
pois fogem da agressão física, das ameaças e do abuso
sexual;
g. Há grandes probabilidades de a criança abusada se tornar
um abusador no futuro, pois se a criança não receber
ajuda para elaborar a perversidade ocorrida, ela tende
a repetir essa violência com outras pessoas, ou seja, a
violência vivida torna-se um círculo vicioso.

2.2. FORMAS DE ABUSO SEXUAL


• Intrafamiliar
Qualquer relação de caráter sexual entre um adulto e uma criança ou adolescente ou entre
um adolescente e uma criança, quando existe um laço familiar (direto ou não) ou relação
de responsabilidade. O abusador quase sempre possui uma relação de parentesco com a
vítima e tem certo poder sobre ela, tanto do ponto de vista hierárquico e econômico (pai,
mãe, padrasto), como do ponto de vista afetivo (avós, tios, primos e irmãos). E para piorar
a situação, na família há uma pessoa conivente com o crime, como mãe, avós e irmãos.

• Extrafamiliar
Ocorre fora do âmbito familiar e o abusador é, na maioria das vezes, alguém que a criança
conhece e confia, como vizinhos ou amigos da família, educadores, médicos, psicólogos,
padres e pastores, agentes de repartições públicas.
20 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

2.3. CONFIGURAÇÕES DO ABUSO E DA VIOLÊNCIA


Abuso sexual sem contato físico: são práticas sexuais que não envolvem contato físico.
Neste tipo de crime inclui:

• Assédio sexual: são propostas de campo de visão deles;


relações sexuais, com posição de poder
• Voyeurismo: é o ato de observar
do agente e ameaças do agressor sobre
fixamente os órgãos sexuais de
a vítima;
pessoas, quando elas não desejam ser
• Abuso sexual verbal: são conversas vistas e, obter satisfação com essa
abertas sobre sexo, para despertar o prática;
interesse da criança ou do adolescente
• Pornografia: é vista como exploração
ou chocá-los sobre o assunto;
sexual comercial, porque o objetivo da
• Telefonemas obscenos: são, também, exposição da criança ou do adolescente
abuso sexual verbal; feitos por adultos, é a obtenção de lucro financeiro;
geram muita ansiedade na criança, no
• Pedofilia: define-se pela atração
adolescente e na família;
erótica por crianças; pode ser
• Exibicionismo: é o ato de mostrar os elaborada no terreno da fantasia ou
órgãos genitais ou se masturbar diante se materializar em atos sexuais com
da criança ou do adolescente ou no meninos ou meninas.
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 21

A violência não ocorre apenas na


esfera sexual, pois como vimos há
muitas formas de violência. Porém,
a maioria delas começa dentro de

POTEN
casa, na convivência com as pessoas
que a criança e que o adolescente
mais confia e tem laços afetivos e
emocionais. A violência doméstica

CIALI é progressiva e, também, silenciosa.


Inicia-se com pequenos conflitos e
progride para as ameaças, agressões

ZANDO
verbais e físicas e, muitas vezes, para
o abuso sexual. Nem sempre os pais
estão atentos ao nível de violência
que praticam, porque geralmente
pensam que certas atitudes
servem para “disciplinar” e, nem
percebem quantas consequências
acarretam esse modo de disciplinar
a criança ou adolescente. Para você
entender um pouco mais sobre isso,
assista ao vídeo a seguir; ele traz
esclarecimentos de forma bastante
objetiva.

Violência
gera
violência
Disponível em:

Duração: 2 minutos e 30 segundos.

2.4. FORMAS DE EXPLORAÇÃO


• Exploração sexual: implica no trabalho forçado e de escravidão sexual.

• Compreende o abuso sexual por adultos e a remuneração em espécie ao menino


ou menina e a uma terceira pessoa ou várias.
• A criança é tratada como objeto sexual e mercadoria.

• Trocas sexuais: é a oferta de sexo para obtenção de outros favores; são eventuais
e realizadas juntamente com outras estratégias de sobrevivência, em que as trocas
sexuais podem ser temporárias;
• Trabalho sexual infanto-juvenil: É a venda de sexo realizada por crianças e adolescentes
sem a participação de intermediários. Entre jovens de camadas populares, jovens de rua
e mesmo da classe média, sendo uma forma de custear o vício em drogas, ter um objeto
da moda ou, pela sobrevivência;
22 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

• Trabalho sexual infanto-juvenil agenciado: É a venda de sexo intermediada por


uma ou mais pessoas. As vítimas sexuais pagam a essas pessoas um percentual do que
ganham em troca de residência, pensão alimentar, roupas, transporte, maquiagem e
proteção durante a realização do trabalho;
• Trabalho orientado para exploração sexual: Caracteriza-se, por um lado, pela
organização de “excursões turísticas”, com fins não declarados de proporcionar prazer
sexual a turistas brasileiros ou estrangeiros e, por outro lado, pelo aberto agenciamento
de crianças e adolescentes para oferta de serviços sexuais;
• Tráfico para fins de exploração sexual: Envolve atividades de aliciamento, rapto,
intercâmbio, transferência e hospedagem da vítima para ser explorada sexualmente;
• Turismo sexual infantil: É evidenciada em algumas das praias e cidades mais visitadas
do Brasil onde crianças e adolescentes são abertamente “vendidos” por agências de
turismo para práticas sexuais com turistas brasileiros e estrangeiros.

3. O IMPACTO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS


E ADOLESCENTES
O impacto da violência sexual está relacionado a três conjuntos de fatores:

a. Fatores intrínsecos à criança, tais como: vulnerabilidade e resiliência pessoal;


b. Fatores extrínsecos, envolvendo a rede de apoio social e afetiva da vítima;
c. Fatores relacionados com a violência sexual em si, como por exemplo, duração, grau de
parentesco/confiança entre vítima e agressor, reação dos cuidadores não-abusivos na
revelação e presença de outras formas de violência.

Crianças e adolescentes podem desenvolver quadros psicossomáticos de:1

• Depressão;
• Transtornos de ansiedade, alimentares e dissociativos;
• Enurese;
• Encoprese;
• Hiperatividade e déficit de atenção;
• Transtorno do estresse pós-traumático.

Além de transtornos psicopatológicos, crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual


podem apresentar alterações comportamentais, cognitivas e emocionais.

Entre as alterações comportamentais destacam-se:


ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 23

• Conduta hipersexualizada;
• Abuso de substâncias;
• Fugas do lar;
• Furtos;
• Isolamento social;
• Agressividade;
• Mudanças nos padrões de sono e alimentação;
• Comportamentos autodestrutivos, tais como se machucar e tentativas de suicídio.

As alterações cognitivas incluem:

• Baixa concentração e atenção;


• Dissociação;
• Refúgio na fantasia;
• Baixo rendimento escolar;
• Crenças distorcidas (percepção de que é culpada pelo abuso);
• Diferença em relação aos pares;
• Desconfiança;
• Percepção de inferioridade;
• Inadequação.

As alterações emocionais referem-se aos sentimentos de:

• Medo;
• Vergonha;
• Culpa;
• Ansiedade;
• Tristeza;
• Raiva;
• Irritabilidade.

O abuso sexual ainda ocasiona sintomas físicos2, e a vítima apresentar:

• Hematomas e traumas nas regiões oral, genital e retal;


• Coceira e vermelhidão nas áreas genital e retal;
• Inflamação e infecção nas áreas genital e retal;
• Doenças sexualmente transmissíveis;
• Gravidez precoce;
• Doenças psicossomáticas;
• Desconforto em relação ao corpo.
24 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

POTEN
DESAFIO CAÇA PALAVRAS:
Você gosta de desafios? Nesse
emaranhado de letras estão as
palavras mais importantes dos

CIALI
conteúdos que você estudou até
aqui. Seu desafio é encontra-las em
menor tempo possível. Quais são?
Quantas são? Tempo que precisou

ZANDO
para acha-las? Vamos lá? Dica:
todas as palavras se referem aos
crimes cometidos contra crianças e
adolescentes.

3.1. INDICADORES NA CONDUTA: SINAIS CORPORAIS OU


PROVAS MATERIAIS
A experiência de abuso sexual pode afetar o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social
de crianças e adolescentes de diferentes formas e intensidade3, tais como:

• Baixo controle dos esfíncteres, constipação ou incontinência fecal;


• Canal da vagina alargado, hímen rompido e pênis ou reto edemaciados ou hiperemiados;
• Doenças sexualmente transmissíveis;
• Enfermidades psicossomáticas: dor de cabeça, erupções na pele, vômitos, dificuldades
digestivas e de engolir;
• Ganho ou perda de peso;
• Gravidez precoce ou aborto;
• Roupas íntimas rasgadas ou manchadas de sangue;
• Sêmen na boca, nos genitais ou na roupa;
• Traumatismo físico ou lesões corporais.

3.2. PROVAS IMATERIAIS: COMPORTAMENTOS OU


SENTIMENTOS MANIFESTADOS
• Medo quando a criança é deixada sozinha em algum lugar com alguém;
• Medo do escuro ou de lugares fechados;
• Mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no comportamento;
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 25

• Oscilações no humor entre retraída e extrovertida;


• Mal-estar pela sensação de modificação do corpo e confusão de idade;
• Regressão a comportamentos infantis: choro excessivo, enurese, chupar os dedos;
• Tristeza, abatimento profundo ou depressão;
• Baixo nível de autoestima e excessiva preocupação em agradar os outros;
• Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa na frente de outras pessoas;
• Culpa, automutilação ou autoflagelação;
• Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta, fadiga;
• Comportamento agressivo, raiva contra irmãos e um dos pais não incestuoso;
• Transtornos dissociativos na forma de personalidade múltipla;
• Resistência em participar de atividades físicas;
• Frequentes fugas de casa;
• Prática de delitos;
• Envolvimento em prostituição infanto-juvenil;
• Uso e abuso de substâncias como álcool, drogas lícitas e ilícitas;
• Assiduidade e pontualidade exageradas na escola: chega cedo e sai tarde;
• Pouco interesse ou resistência em voltar para casa após a aula;
• Queda injustificada na frequência escolar;
• Dificuldade de concentração e aprendizagem;
• Baixo rendimento escolar.

4. UMA NAÇÃO ODIÁVEL E DE ODIOSOS?


As violências e os acidentes são as maiores causas das mortes de crianças, adolescentes
e jovens de 1 a 19 anos, no Brasil. Entre essas chamadas causas externas, as agressões são
as que mais matam crianças e adolescentes, a partir dos 10 anos. O suicídio (a violência
contra si mesmo) tornou-se a terceira maior causa das mortes de nossos adolescentes e
jovens, entre 15 e 25 anos. A violência é ainda mais letal contra o sexo masculino, os homi-
cídios são a causa da metade dos óbitos de rapazes de 15 a 19 anos. E ao se fazer o recorte
de raça da taxa de homicídios, verificamos o extermínio da juventude negra. Não à toa
aparecemos como a quinta nação mais violenta do mundo, com taxa de homicídio maior
do que a de países em guerra. Com vistas a tudo isso, será que somos uma nação odiável
e de odiosos? Para responder a essa pergunta, analise você como pessoa e, observe as
pessoas à sua volta. Avalie qual o nível de autorrespeito e de respeito é dado aos outros?
Como você garante que seus filhos ou filhas não viverão sob o julgo de uma violência
que você mesmo sofreu na idade deles? Quais comportamentos são necessários para
manter os laços de confiança, amizade, respeito e afetividade? Como se manter livre dos
pré-julgamentos e preconceitos e elevar o nível de empatia? Por fim, reflita: como você
pode tornar o mundo melhor e sem violência a partir de você?
26 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

Você tem ideia dos números ou das


estatísticas sobre a violência contra

POTEN
crianças e adolescentes? Pare por
um instante e tente imaginar. Agora,
tente também pensar sobre como
a violência pode estar mais perto

CIALI
de você do que imagina. Para você
ficar ainda mais por dentro desse
assunto, veja o vídeo a seguir, no
qual é apresentada a campanha

ZANDO
Maio Laranja. Iniciativa do governo
de Mato Grosso do Sul, que revela
uma parte da triste estatística e,
de certa forma, nos alerta para a
violência que acontece em todo
nosso país.

Campanha
maio
Laranja
Disponível em:
Duração: 1 minuto.

Fixação da aprendizagem: Teste o seu conhecimento 1


ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 27
UNIDADE 2
NÃO SE TRATA DE UMA MULHER,
MAS DE UMA PESSOA

A violência sexual é a mais cruel forma de


violência depois do homicídio, porque é a
apropriação do corpo da mulher – isto é,
alguém está se apropriando e violentando
o que de mais íntimo lhe pertence. Muitas
vezes, a mulher que sofre esta violência
tem vergonha, medo, tem profunda
dificuldade de falar, denunciar, pedir ajuda.
Você tem ideia da estatística sobre
a violência contra a mulher? Não! Só

POTEN
para você começar a pensar sobre
isso, em 2017 houveram mais de 60 mil
estupros, mais de 1 mil feminicídios,
os registros de violência doméstica

CIALI
contra a mulher chegaram a 606
casos por dia. Esses dados estão
no anuário de segurança pública
nacional, publicado no início de 2019.

ZANDO
O tempo passou, mas melhorou esta
situação? Na sua opinião os números
diminuíram, ou, aumentaram? Será
que vale a pena uma pesquisa sobre
isso? Afinal, essa violência pode
estar ao lado de sua casa, com seus
vizinhos, na sua rua, no seu trabalho,
ou, na sua família e você nem sabe
disso. Apenas para sua reflexão
assista ao vídeo a seguir.

Violência
doméstica
Disponível em:
Duração: 2 minutos 51
segundos.
30 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

1. LEI MARIA DA PENHA


Aspectos gerais
Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra
a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros
tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; e ainda:

• Dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
• Estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
doméstica e familiar. (Art. 1o, 2006);
• Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda,
cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem
violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual
e social. (Art. 2o, 2006);
• Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida,
à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça,
ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária. (Art. 3o, 2006);
• Para tal, o poder público, envolvendo inclusive a família e a sociedade, desenvolverá
políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações
domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, envolvendo inclusive a
família e a sociedade;
• Serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições
peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. (Art. 4o, 2006);
• Em seu Art. 5º, a Lei configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

1.1. FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


A violência contra a mulher é definida como qualquer conduta - ação ou omissão - de
discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher
e que cause danos, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral,
psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode
acontecer tanto em espaços públicos como domésticos (Brasil, 2005). Portanto, são
formas de violência doméstica e familiar contra a mulher6:
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 31

• Violência física: qualquer conduta desejada, mediante intimidação,


que ofenda sua integridade ou saúde ameaça, coação ou uso da força; que
corporal; a induza a comercializar ou a utilizar,
de qualquer modo, a sua sexualidade,
• Violência psicológica: qualquer
que a impeça de usar qualquer
conduta que lhe cause danos
método contraceptivo ou que a force
emocionais e diminuição da autoestima
ao matrimônio, à gravidez, ao aborto
ou que lhe prejudique e perturbe o
ou à prostituição, mediante coação,
pleno desenvolvimento ou que vise
chantagem, suborno ou manipulação;
degradar ou controlar suas ações,
ou que limite ou anule o exercício de
comportamentos, crenças e decisões,
seus direitos sexuais e reprodutivos;
mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, • Violência patrimonial: qualquer
vigilância constante, perseguição conduta que configure retenção,
contumaz, insulto, chantagem, subtração, destruição parcial ou total de
ridicularização, exploração e limitação seus objetos, instrumentos de trabalho,
do direito de ir e vir ou qualquer outro documentos pessoais, bens, valores
meio que lhe cause prejuízo à saúde e direitos ou recursos econômicos,
psicológica e à autodeterminação; incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades;
• Violência sexual: qualquer conduta
que a constranja a presenciar, a manter • Violência moral: entendida como
ou a participar de relação sexual não qualquer conduta que configure
calúnia, difamação ou injúria.

Outras formas de violência:

• Humilhar, xingar e diminuir a autoestima: humilhação, desvalorização moral ou


deboche público em relação a mulher constam como violência emocional;
• Tirar a liberdade de crença: restringir a ação, a decisão ou a crença são formas de
violência psicológica;
• Fazer a mulher achar que está ficando louca ou gaslighting: abuso mental que
consiste em distorcer os fatos e omitir situações para deixar a vítima em dúvida sobre a
sua memória e sanidade;
• Controlar e oprimir a mulher: comportamento obsessivo de uma pessoa sobre a
mulher, como querer controlar o que ela faz, não a deixar sair, isolar sua família e amigos
ou procurar mensagens no celular ou e-mail;
• Expor a vida íntima: é uma forma de violência moral, como expor fotos íntimas nas
redes sociais por vingança contra a ex-parceira;
• Atirar objetos, sacudir e apertar os braços: é um abuso físico a tentativa de/ou
arremessar objetos para machucar, bem como, empurrar, sacudir e segurar com força;
• Forçar atos sexuais desconfortáveis: obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam
desconforto ou repulsa; realização de fetiches para satisfazer a curiosidade, necessidade
ou impulsão, também é violência e abuso sexual contra a mulher;
• Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar: O ato de impedir
uma mulher de usar métodos contraceptivos, como a pílula do dia seguinte ou o
32 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

anticoncepcional, é considerado violência. Da mesma forma, obriga-la a abortar é outra


forma de abuso;
• Controlar o dinheiro ou reter documentos: se o homem tenta controlar, guardar ou
tirar o dinheiro de uma mulher contra a sua vontade, assim como guardar/esconder
documentos pessoais ou fazer assinar papéis contra a vontade da mulher, isso é
considerado uma forma de violência patrimonial;
• Quebrar objetos da mulher: outra forma de violência ao patrimônio da mulher é causar
danos de propósito a objetos dela, ou objetos que ela goste.

Além da divisão em tipos de violência conforme acima especificado a Organização Pan-


Americana de Saúde – OPAS (1998), juntamente com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), classifica os atos de violência física em:

• Ato moderado: ameaças, desde que não relativas a abuso sexual e sem uso de armas;
agressões contra animais ou objetos pessoais e violência física na forma de empurrões,
tapas, beliscões, sem uso de quaisquer instrumentos perfurantes, cortantes ou que
gerem contusões;
• Ato severo: agressões físicas com lesões temporárias; ameaças com uso de arma,
agressões físicas com cicatrizes, lesões permanentes, queimaduras e uso de arma.

Ao conhecer uma pessoa você não


sabe realmente que ela é e do que

POTEN
é capaz. Somente com a convivência
no dia a dia você começa a perceber
alguns traços do comportamento
e, em certa medida, procura se

CIALI
moldar às vontades dela como uma
maneira de manter o equilíbrio do
relacionamento, considerando que
são sinceros os sentimentos que ela

ZANDO
demonstra para você. Mas, e se o
que você pensa e sente pela outra
pessoa não tem a ver com nível
de sentimentos da outra pessoa?
Em outras palavras: e se você
estiver vivendo um relacionamento
abusivo? Você tem ideia do que seja
um relacionamento abusivo? Assista
ao vídeo e compreenda ainda mais
essas questões.

Hoje
recebi
flores
Disponível em:
Duração: 1 minuto.
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 33

2. ATOS DE CONFIGURAÇÃO CONTRA A MULHER:


ASSÉDIO MORAL, SEXUAL E ESTUPRO
A semelhança de direitos entre homens e mulheres é um fenômeno típico da sociedade
moderna, o que ainda não significa que estamos vivendo os melhores dias de igualdade
e respeito. Contudo, alguns progressos foram conquistados, tendo em vista a longa
trajetória da relação dos homens com as mulheres.
No passado, a mulher, a criança, os doentes e os escravos não desfrutavam dos mesmos
direitos que tinham os homens sadios, porque a sociedade era patriarcal e, indisfarça-
velmente, discriminadora. As mulheres representavam tão somente o papel de outro
organismo vivo, de matriz reprodutora e de ser capaz de satisfazer as necessidades do
homem. Elas eram, então, simples objetos do sexo, socialmente subjugadas pelo homem
(SANTOS, 2002, p 20). Com a substituição da mão de obra escrava pelo trabalho livre, os
imigrantes iniciam em nosso país uma trajetória parecida com a dos escravos, ocupando
inclusive as antigas senzalas, demonstrando o total despreparo da elite brasileira daquela
época em adequar-se à nova estrutura produtiva, tornando-se comuns os relatos de
maus-tratos, de descumprimento de contratos, de crimes de assédio, inclusive o sexual
(AGUIAR, 2005, p. 21).

2.1. SOBRE O ASSÉDIO MORAL


O assédio moral é fruto de um conjunto de fatores, como a globalização econômica
predatória, que vislumbra somente o lucro, e a atual organização de trabalho, marcada
pela competição agressiva e pela opressão dos trabalhadores através do medo e da
ameaça (BARRETO, 2007, p. 16). Assim, o assédio moral é a exposição dos colaboradores
a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada
de trabalho e no exercício de suas funções.

O assédio pode manifestar-se através de comportamentos, palavras, gestos ou escritos,


sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predo-
minam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, desestabili-
zando a relação da vítima e forçando-o a desistir do emprego.

Ao contrário, no assédio sexual, o ofensor visa à satisfação de seus desejos sexuais, im-
pondo represálias no caso de insucesso na investida. Porém, não é incomum encontrar
casos em que o assédio moral se torna uma ponte para o assédio sexual, porque em
ambos permanece a relação de poder do chefe sobre seu subordinado, envolvendo ame-
aças, chantagens profissionais e outras relativas à vida pessoal da vítima. Nesses casos, a
vítima torna-se prisioneira do agressor e o crime pode durar anos. Geralmente, quando
há denúncia, o processo legal é complexo por entender que a relação, devido ao tempo,
tornou-se consensual e ambos tiveram vantagens.

2.2. SOBRE O ASSÉDIO SEXUAL


Já assédio sexual é o pedido de favores sexuais pelo superior hierárquico, com promessa
de tratamento diferenciado em caso de aceitação e/ou de ameaças, ou atitudes con-
cretas de represálias no caso de recusa, como a perda do emprego, ou de benefícios.
É necessário que haja uma ameaça concreta de demissão do emprego, ou da perda de
34 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

promoções, ou de outros prejuízos, como a transferência indevida, e/ou pela insistência


e inoportunidade. É a “cantada” desfigurada pelo abuso de poder, que ofende a honra e a
dignidade do assediado (LIPPMANN, 2005, p. 21). Esse tipo de assédio é um caso concreto
de violação do direito de uma pessoa na mesma relação de trabalho com outra, que tem
uma importância particular por sua gravidade e pela frequência com que acontece. O
assédio sexual no trabalho tem um ingrediente peculiar, que o distingue de outras formas
de abuso: a chantagem. Trata-se de uma ação unilateral e assimétrica.

O assediador deseja obter, por chantagem, o que o assediado não quer proporcionar.
Assim, o Código Penal define o assédio sexual, no Art. 216-A, como: “Constranger alguém
com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,
cargo ou função.

Portanto, no assédio sexual, as manobras do ofensor podem ser percebidas pelas pessoas
não envolvidas, enquanto que no caso do assédio moral, as condutas do ofensor podem
passar despercebidas, o que o caracteriza é a reiteração da ofensa sendo que o ofensor
age silenciosamente.

2.2.1. Características do assédio sexual


As principais características do assédio sexual são:

• Abordagem com propostas de conotação sexual;


• Confidências de assuntos íntimos e embaraçosos sem que haja incentivo;
• Presentes de maneira insistente e indiscreta;
• Compra de favores com uma generosidade suspeita ou com ameaças de chantagens
afetivas;
• Prometer vantagens ou promoções condicionadas à aceitação de suas investidas
(DAMIAN, 1999, p. 16).

2.3. ESTUPRO
O estupro vitima milhares de mulheres de todas as idades coti-
dianamente no Brasil e no mundo. Suas consequências para as
vítimas são severas e devastadoras: a violência sexual tem sérios
efeitos nas esferas física e mental, a curto e longo prazos.

Entre as consequências físicas imediatas estão a gravidez, infec-


ções do aparelho reprodutivo e infecções sexualmente trans-
missíveis (IST’s). A longo prazo, as mulheres podem desenvolver
distúrbios na esfera da sexualidade, apresentando ainda maior
vulnerabilidade para sintomas psiquiátricos, principalmente
depressão, pânico, somatização, tentativa de suicídio, abuso e
dependência de substancias psicoativas. Além de afetar a saúde
física e psíquica das vítimas, atinge toda a sociedade ao colocar
o medo do estupro como um elemento da existência das mulhe-
res que pode limitar suas decisões e, consequentemente, afetar
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 35

seu pleno potencial de desenvolvimento e sua liberdade. De acordo com o Estatuto de


Roma do Tribunal Penal Internacional, promulgado no Brasil, a agressão sexual, escra-
vidão sexual, prostituição, gravidez e esterilização forçadas ou qualquer outra forma
de violência sexual de gravidade comparável constituem crimes contra a humanidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência sexual é um problema de
saúde pública de escala global.

2.4. A CULTURA DO ESTUPRO


O termo “cultura do estupro” tem sido usado desde os anos 1970, época da chamada
segunda onda feminista, para apontar comportamentos sutis ou explícitos que silenciam
ou relativizam a violência sexual contra a mulher. A palavra “cultura”7 no termo “cultura
do estupro” reforça a ideia de que esses comportamentos não podem ser interpretados
como normais ou naturais. Se é cultural, nós criamos. Se nós criamos, nós podemos
mudá-los.

É mais fácil imaginar que os praticantes desse crime são pessoas mentalmente desequi-
libradas, que já estão marginalizadas pela sociedade e que nem possuem tanta noção
do que estão fazendo; estranhas à vítima e “doentes”. Outro dado importante se refere
à forma de coerção usada contra a vítima. Independentemente da idade da vítima ou da
proximidade que o agressor tinha com ela, o estupro acontece por meio do uso da força
física ou de ameaça em cerca de 70% dos casos, ou seja, há um comportamento comum
nesse crime de abuso que é entendido e compartilhado entre os agressores.

Esses fatos refletem os trabalhos que os mais diversos coletivos de mulheres têm feito
cada vez mais: mostrar onde está a violência que elas sofrem. E como já vimos que as
mulheres são a maioria esmagadora das vítimas de violência sexual, é fácil compreender
que são elas que percebem mais facilmente onde e como sua liberdade sexual está em
jogo.

2.4.1. Comportamentos relacionados à cultura do estupro


As mulheres têm se empenhado em apontar os comportamentos que ferem esse seu
direito e buscam modificá-los na sociedade através de uma mudança de consciência.
Contudo, certos comportamentos implicam em pessoas, independentemente, se são
mulheres ou homens, todos são seres humanos, pessoas e, todos, merecem respeito.

Segue abaixo uma breve lista de atitudes e comportamentos que colaboram com a
cultura do estupro:

1. Assédio sexual

A mulher é abordada por homens rotineiramente. Isso ocorre nas ruas, no trabalho, na
escola, no transporte público etc. O “fiu-fiu”, o abraço “apertado” do colega de trabalho, o
beijo no rosto forçado pelo cliente, a proximidade “acidental” dos corpos nos transportes
públicos são apenas alguns exemplos. Algumas pessoas, ao se sentirem à vontade para
abordar as mulheres em qualquer espaço e contexto, atentam contra a liberdade sexual
36 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

delas. Afinal, a liberdade reside no poder de escolha e no controle de quando e onde uma
pessoa quer fazer ações de caráter sexual ou afetivo.

2. Desrespeito ao “não”

Há um entendimento nocivo em relação à intenção da mulher quando ela fala “não” para
alguém. Do casamento à ficada, é frequente a mulher precisar se justificar em relação ao
seu “não”. O “não” é bastante interpretado como jogo de sedução, no qual a mulher quer,
mas fala que não quer só para que a outra pessoa insista. Essa “brecha” fere a liberdade
sexual de qualquer pessoa, uma vez que ela já se posicionou dizendo “não” e ainda assim
continua sendo coagida a dizer um “sim”. Um único “não” deve ser necessário e, ao mesmo
tempo, a pessoa precisa entender o “não” como uma liberdade de escolha, e não como
provocação contra o outro. Muitas esposas são violentadas por parceiros embriagados;
apanham porque o parceiro está mal-humorado, sem dinheiro, sem trabalho e, às vezes,
porque são cobrados a tomar decisões ou atitudes.

3. Objetificação da mulher

A objetificação ocorre quando a mulher, ou mesmo um homem, é enquadrada num papel


em que a pessoa tem apenas uma função: despertar o desejo sexual do outro. Assim, os
olhares direcionados a ela não são olhares para uma pessoa, para um ser humano e sim
para um objeto a ser apreciado. Uma campanha publicitária em que as mulheres estão lá,
em primeiro lugar, por serem bonitas e terem corpos esculturais, reforça a objetificação.
Quando as pessoas avaliam o caráter ou a intenção de uma outra pela sua aparência
física ou pela sua roupa, elas não estão a considerando a pessoa e sim um objeto. Um
objeto não tem opinião ou vontade própria. Um objeto é apenas o que ele mostra ser, e
é possível fazer o quiser com ele.

4. Relativização da violência contra a mulher

Você sabia que o estupro é o único crime onde a vítima é julgada junto com o criminoso.
A segurança que todo cidadão sente ao procurar a polícia quando é furtado ou assaltado
não existe para as vítimas de estupro. Ao contrário da maioria dos crimes, nos quais a
vítima precisa apenas informar às autoridades o que sofreu e essas entenderem o seu
relato como algo legítimo, as vítimas de estupro não são legitimadas de início. Muitas
vítimas passam ser suspeitas, principalmente quando o crime já tem certa duração ou,
ainda, quando a relação entre o casal já era conturbada. Em outras situações a vítima é
suspeita de vingar-se do parceiro(a) porque descobriu uma traição, por exemplo. Porém,
numa sociedade machista, a primeira suspeita é sempre a mulher, já que o homem não
esconde seus erros e os justifica sempre. Nesse caso, a culpa é sempre da mulher e nunca
do homem.

Dividir parte da culpa de um crime de violência sexual com a própria vítima é atenuar
a ação do agressor. Os movimentos que pautam discussões sobre a cultura do estupro
querem conscientizar as pessoas de que precisamos, primeiro, gerar incentivos para as
vítimas de violência sexual reportarem esses crimes para as autoridades. Isso não vai
acontecer enquanto elas se sentirem julgadas, questionadas e não amparadas pela so-
ciedade e pelas instituições.

Combater a cultura do estupro implica estarmos atentos a toda e qualquer atitude coti-
diana que agride a liberdade sexual de uma pessoa. As duas palavras-chave que auxiliam
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 37

nesse processo são: consenso e respeito. Precisamos respeitar mais enquanto indivíduo,
enquanto ser humano.

2.5. CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA


O assédio moral induz o assediado a sentimentos de raiva, humilhação, inferioridade, vul-
nerabilidade que minimizam a confiança em si mesmo, ou seja, afetam, essencialmente,
a sua autoestima. A principal implicação do terrorismo psicológico é a afetação da saúde
mental e física da vítima, mais comumente acometida de doenças como depressão e
estresse, chegando, por vezes, ao suicídio.

O trabalhador moralmente assediado internaliza sua culpa e acredita que tem uma efe-
tiva participação na sua doença. Ao sentir os sinais da doença, a vítima, normalmente,
oculta seu problema com medo de perder o emprego e prefere sofrer sozinho. Mulheres
e homens costumam reagir de formas diferentes. Os danos mais encontrados em vítimas
de assédio são:

• Mágoas, ressentimentos, vontade de chorar;


• Isolamento, angústia, ansiedade;
• Alterações do sono e insônia;
• Sonhos frequentes com o agressor;
• Alterações da memória;
• Distúrbios digestivos e náuseas;
• Diminuição da libido;
• Cefaleia, dores generalizadas, palpitações, hipertensão arterial, tremores;
• Medo ao avistar o agressor;
• Ingestão de bebida alcoólica para esquecer a agressão;
• Pensamentos repetitivos.8

2.6. ENFRENTAMENTO À CULTURA DO ESTUPRO


Ao longo da história brasileira, o crime de estupro sempre recebeu punição severa pela
legislação penal, pois:

• O Código Penal do Império, de 1830, determinava pena de 3 a 12 anos;


• O Código Penal de 1890 previa pena de 1 a 6 anos, havendo causa de aumento de ¼ da
pena na hipótese de concurso de agentes;
• A pena do estupro no Código Penal de 1940, em sua redação original, bem como, no
Código Penal de 1969, era de 3 a 8 anos;
• Com o advento da Lei n. 12.015, de 2009, a pena passa a ser de 6 a 10 anos.
Todavia, nota-se que o aumento de pena jamais significou redução nas taxas de ocor-
38 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

rência desse crime. Ao contrário, os números apenas aumentam. Essa constatação faz
questionar, inclusive, a adoção da qualificadora do feminicídio (art. 121, § 2º, inciso VI, do
Código Penal) como medida apropriada para combater a violência contra as mulheres.

Percebe-se que essas medidas não enfrentam a violência de gênero em sua origem social:
o machismo – que perpetua a prática hierarquizada do homem no topo e reproduz rela-
ções sociais assimétricas de poder entre homens e mulheres. Todos os dias, por exemplo,
há pelo uma notícia da violência resultando em morte da vítima.

São necessárias medidas e políticas públicas que desconstruam de uma vez por todas
as bases que sustentam essa estrutura chamada de sociedade patriarcal. E isso se faz
combatendo justamente aqueles padrões de comportamento, crenças e costumes que
compõem a cultura do estupro, demostrando que a violência é enraizada e endêmica –
atingindo todas as faixas etárias e classes sociais.

2.7. RELACIONAMENTOS ABUSIVOS


No início, quando se conheceram, Helena e Pedro eram um casal de namorados feliz e de
bem com vida. Conversavam muito, riam por qualquer coisa, trocavam ideias sobre o dia
de trabalho que tinham, um acalmava o outro em suas agitações. Mas, com dois meses
de namoro as coisas se transformaram de modo muito negativo e, no terceiro mês uma
briga muito violenta acabou com vida, dos dois.

Essa é uma, das muitas histórias, de inúmeros casais – casados, namorados, recém-co-
nhecidos – que todos os dias as mídias mostram. Por que isso acontece com tanta frequ-
ência? De modo geral, os relacionamentos abusivos são compostos por muito controle
e dependência. Enquanto uma das partes assume o controle da relação, o outro se torna
escravo da relação, um vínculo difícil de ser rompido. Geralmente, a pessoa submissa
experimenta sensações de medo, tristeza, isolamento, inferioridade e anulação e vive em
constante ameaça. E, a pessoa que está no controle sente poder, posse, domínio sobre a
outra. Os sinais mais comuns do relacionamento abusivo são:

• Ciúme excessivo, de tudo e de todos, a vítima na frente dos outros;


sem uma razão fundamentada;
• Proibições demasiadas, com relação
• Invasão de privacidade, inclusive a amizades, vestuário e até mesmo
sobre coisas e objetos; familiares;
• Desconfiança constante; • Falta de respeito e contrariedade
sobre a opinião ou decisão do outro;
• Chantagem emocional e ameaças;
• Agressão verbal e física;
• Irritações intensas;
• Pressão e violência sexual
• Constrangimento, sobretudo, humilha
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 39

Se você já viveu (ou está) numa relação abusiva, liberte-se, busque ajuda e se fortaleça. O
que permite uma pessoa ficar numa relação assim é a baixa autoestima, a perda do amor
próprio, falta de afetividade e pode estar muito relacionada a situações que fragilizaram
essa pessoa, como a perda de um ente querido, sentimento de solidão, frustrações pro-
fissionais e financeiras, falta de apoio e afeto familiar, entre outras. Para a outra pessoa
que está ou se sente no poder e domínio da outra, a sugestão é a mesma: busque ajuda
para compreender quais as razões a leva ao desequilíbrio emocional e ao sentimento de
menosprezo e desrespeito por si mesmo.

2.8. NEGAÇÃO DA CULTURA DE GÊNEROS


Na sociedade, identidade de gênero se refere ao gênero com que a pessoa se identifica,
como sendo homem ou sendo mulher. Acredita-se que a identidade de gênero se cons-
titui como fixa e como tal não sofre variações, independente do papel social de gênero
que a pessoa apresente. Diferente da sexualidade da pessoa, identidade de gênero
e orientação sexual são dimensões diferentes e que não se confundem.

Os papéis de gênero podem ser percebidos como a representação de personagens:


tudo o que é associado ao sexo biológico, fêmea ou macho, em determinada cultura é
considerado papel de gênero. Estes papéis mudam de uma cultura para outra e também
sofrem modificações dentro de uma mesma cultura. Assim, os atributos que estabelecem
coisas e comportamentos classificados como “típicos” ou “naturais” de mulheres ou de
homens constituem os chamados papéis sociais de gênero.

Na cultura ocidental, pautada pelo saber masculino, esses papéis são pautados em dico-
tomias: os homens seriam dotados de uma natureza ativa, menos sentimentais, dotados
de racionalidade e de instinto sexual desenvolvido e, portanto, suas atividades estão
situadas na esfera pública. Já as mulheres seriam mais bondosas, emotivas e sentimentais,
de sexualidade menos desenvolvida, “naturalmente” passivas e submissas, por isso suas
tarefas estão situadas na esfera privada: ser dona de casa, esposa e mãe.

Já a identidade de gênero, remete à constituição do sentimento individual de identidade,


é uma categoria que permite pensar o lugar do indivíduo no interior de uma cultura e que,
nem sempre, corresponde ao sexo biológico. Nossa identidade de gênero se constrói
ainda no útero, quando há a rotulação do bebê como menina ou menino. A partir desse
assinalamento do sexo, socialmente se esperará da criança comportamentos condizentes
com ele. A identidade de gênero é composta pelos papéis de gênero, pela sexualidade e
pelo significado social da reprodução.

Contudo, a relação entre o que é ser homem e o que é ser mulher tem acentuado pro-
blemas sociais sérios e neles está situada a violência. Pois, o homem continua se sentindo
no poder e acreditando que as mulheres são seres fracos e submissos, como já foi no
passado. Porém, o mundo moderno apresenta mulheres mais empoderadas e capazes,
não só de trabalhar e sustentar a família, mas de continuar mesmo sendo mãe e esposa,
40 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

realizar atividades que até então eram somente do domínio dos homens. Numa socieda-
de, ainda, predominantemente machista e patriarcal, algumas mulheres se sobressaíram
e dominaram o mercado de trabalho, mostrando suas competências e habilidades, que
estão além de meras reprodutoras de corpos e rostos bonitinhos. E, por isso, é hora de
invalidar estereótipos e negar essa cultura de gêneros que impera a anos. Como você
pode perceber isso?

Veja as demonstrações abaixo.

Figura 1 – Sobre a identidade e papeis sociais de gênero.

IDENTIDADE DE GÊNERO
HOMEM MULHER

CRENÇAS TÓXICAS SOBRE O GÊNERO:


CRENÇAS TÓXICAS SOBRE O GÊNERO:
• Tenho um filho muito macho, do saco roxo;
• Você é muito frágil para isso;
• Homem que é homem, não chora;
• Você vai onde seu marido for;
• O homem é quem manda;
• Isso não é serviço para mulher;
• Se é macho não pode negar fogo;
• Mulher no volante, perigo constante;
• Você é homem, tem mais que “pegar”;
• Esposa boa é de cama, mesa e fogão;
• Futebol é coisa de homem;
• Se é fácil, não serve para casar;
• Homem que é homem, não faz tarefa
• Não existe mulher difícil, e sim mal cantada;
doméstica;
• Se trai, mas contou a verdade, é vadia;
• Se trai, mas contou a verdade, é honesto;
• Se nascer menina, tem que ser rosa.
• Se nascer menino, tem que ser azul.

PAPÉIS SOCIAIS DE GÊNERO


Melhores cargos e menores salários; Cargos inferiores e menores salários;
Maior autonomia de decisão e Menor autonomia de decisão e
escolhas; MASCULINO FEMININO escolhas;
Mais liberdade de comunicação; Menos liberdade de comunicação;
Mais iniciativa de aproximação; Menos iniciativa de aproximação;
Afetividade desvinculada; Afetividade vinculada;

Fonte: do autor da pesquisa


Portanto, a negação da cultura de gênero significa romper com as ideologias sociais que
rotulam os homens de uma forma e as mulheres de outro.

Fixação do conhecimento: Teste o seu conhecimento 2.


ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 41
UNIDADE 3
ASPECTOS LEGAIS

O escândalo não está no crescimento em


milhares de vítimas, mas na persistência
do abuso. Uma mulher vitimada pelo estu-
pro não é só alguém manchada na honra,
como pensavam os legisladores do início
do século 20 ao despenalizar o aborto por
estupro, mas alguém temporariamente
alienada da existência.
1. CONCEITO DE INFRAÇÕES, DELITOS E SANÇÕES
• Infração é o ato de ignorar e desprezar as leis e normas traçadas pelo estado para o
correto e ordenado comportamento social da população. Por exemplo, mesmo sabendo
que dirigir alcoolizado é proibido, para o bem público e segurança de todos, alguns
indivíduos desobedecem às leis e normas, causando acidentes e males irreversíveis a
outros indivíduos;
• Infração Penal é toda conduta previamente tipificada pela legislação como ilícita,
imbuída de culpabilidade, isto é, praticada pelo agente com dolo ou, ao menos, culpa
quando a Lei assim prever tal possibilidade, ou seja, a infração penal pode ser:
• Dolosa: com intenção direta ou não. Por exemplo, após a discussão com a esposa,
o companheiro pegou a arma e disparou 5 vezes contra a mesma, levando à
morte;
• Culposa: é uma conduta voluntária, sem intenção de produzir o resultado ilícito,
porém, previsível, que poderia ser evitado. Por exemplo, após a discussão com a
esposa, o companheiro a empurrou com força contra a parede, causando-lhe um
ferimento grave na região da cabeça, o qual a levou à morte.
• Crime ou Delito é uma ação ou omissão voluntária ou imprudente castigada e penalizada
pela lei. Como tal, o delito corresponde a uma violação das normas e acarreta um castigo
para o seu o autor. Por exemplo: a vítima foi violentada na ausência dos pais e na casa do
abusador, além das provas da violência, a polícia encontrou vários pertences da vítima,
configurando o latrocínio. Nesse momento, a polícia o algemou e levou o criminoso
preso;
44 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

• Sanção é um termo com dois significados diferentes, podendo significar tanto a punição
pela violação de uma lei (pena), como também o ato de aprovação de algo por vias
formais. Portanto, o termo “sanção” tanto pode ter o sentido de “ação punitiva”,
quanto de “aprovação”. Por exemplo, o ECA e a Lei Maria da Penha foram sancionadas
(aprovadas) pelo presidente da república. Agora, espera-se que elas sejam sancionadas
aos crimes e aos seus criminosos (ação punitiva).

1.1. REFERENTE ÀS CRIANÇAS E AOS ADOLESCENTES


A melhor forma de combater os crimes de abuso, violência e exploração é denunciar aos
órgãos competentes, a começar pelo Disque 100, toda e qualquer situação de risco, além
do conselho tutelar, defensorias da criança e do adolescente, ministério público e outros.

Por outro lado, é preciso que os pais estruturem suas relações com seus filhos, estreitando
os laços com o máximo de respeito, entre ambas as partes.
O diálogo, a sinceridade e a relação de amizade, ajudam para que não haja “verdades
secretas”, quando o abusador estiver dentro da família. Por outro lado, relações confiáveis
entre pais e filhos ajudam a perceber os inimigos e perigos que rondam, quando o abusa-
dor é alguém de fora da família. Os princípios e valores devem ser discutidos, a partir do
momento em que a criança já tem a mínima noção do que é certo e do que é errado. Isso
ajuda para que, quando a criança chegar na adolescência, tenha postura e comportamen-
tos baseados no respeito mútuo e, também, tenha segurança para prevenir-se contra os
criminosos.

Considerando, no entanto, os inúmeros fatores e cenários adversos que são promotores


dos crimes de abuso, violência e exploração de crianças e adolescentes, é preciso que
as políticas públicas e os sistemas de garantia de direitos tenham suas ações e atenções
voltadas para mudança da adversidade. Pois, o problema não está em como as pessoas
vivem e que lugar vivem, mas como todas elas se comportam.

1.2. ALGUMAS DIRETRIZES LEGAIS


DA LEI 11.340
No Art. 8º, da lei Maria da Penha, diz que a política
pública que visa coibir a violência doméstica e familiar
contra a mulher será feita por meio de um conjunto
articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios e de ações não-governa-
mentais, tendo por diretrizes:

• A integração operacional do Poder Judiciário, do


Ministério Público e da Defensoria Pública com
as áreas de segurança pública, assistência social,
saúde, educação, trabalho e habitação;
• O respeito, nos meios de comunicação social, dos
valores éticos e sociais da pessoa e da família,
de forma a coibir os papéis estereotipados que
legitimem ou exacerbem a violência doméstica e
familiar;
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 45

• A implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular


nas Delegacias de Atendimento à Mulher;
• A promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência
doméstica e familiar;
• A promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito
respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia.

1.2.1. A respeito das medidas protetivas


Uma das formas de coibir a violência e proteger a vítima asseguradas pela norma é a
garantia das chamadas medidas protetivas, previstas na Lei Maria da Penha. Por se tratar
de medida de urgência a vítima pode solicitar a medida por meio da autoridade policial,
ou do Ministério Público, que encaminhará o pedido ao juiz.

A lei prevê que a autoridade judicial deverá decidir o pedido (liminar) no prazo de 48
horas após o pedido da vítima ou do Ministério Público. Pela lei, a violência doméstica
e familiar contra a mulher é configurada como qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
ou patrimonial. Diante de um quadro como esse, as medidas protetivas podem ser con-
cedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e da manifestação do
Ministério Público, ainda que o Ministério Público deva ser prontamente comunicado.
A Lei Maria da Penha prevê dois tipos de medidas protetivas de urgência: as que obrigam
o agressor a não praticar determinadas condutas e as medidas que são direcionadas à
mulher e seus filhos, visando protegê-los.

1.2.2. Programas de atenção para os agressores


Embora haja proteção às vítimas de violência doméstica, estas situações não podem
somente ficar a cargo do Direito Penal, devendo o Estado implantar programas para que
os agressores sejam submetidos a tratamentos. Para que isso ocorra é que o Código Penal
Brasileiro listou algumas penas restritivas de direito, que servem para os agressores que
praticam a violência doméstica e familiar contra a mulher. Uma delas é a limitação de fim
de semana (CP, art. 43, VI). Seu cumprimento consiste na obrigação do réu permanecer,
aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabeleci-
mento adequado (CP, art. 48). Durante esse período faculta a lei que sejam ministrados
cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. (CP, art. 48, parágrafo único; LEP,
art. 152).

Depois de aplicada a pena que determina a limitação dos finais de semana, a Lei Maria
da Penha autoriza que o juiz determine ao réu o seu comparecimento a programas de
recuperação e reeducação, sendo este obrigatório. Poderá também o juiz determinar
a aplicação de outras medidas ao réu, como “prestação de serviço à comunidade ou a
entidades públicas, além da interdição temporária de direitos e perda de bens e valores
(CP, art. 43, II, IV, V e VI)”.
46 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

1.3. LEI DO MINUTO SEGUINTE OU LEI 12.845/2013


A cada minuto, uma pessoa sofre abuso sexual no Brasil. Não bastasse a dor que esses
episódios causam, a ampla maioria das vítimas ainda enfrenta barreiras devido ao des-
conhecimento de seus direitos e à resistência dos serviços públicos de saúde no cumpri-
mento desse dispositivo. Essa lei garante o direito da vítima à assistência emergencial,
integral e multidisciplinar imediatamente após as agressões.

1.4. LEI DO FEMINICÍDIO OU LEI 13.104/2015


O que é feminicídio? Vamos defini-lo como o assassinato de uma mulher pela condição
de ser mulher e/ou “por razões da condição do sexo feminino”, como se as pessoas do
sexo feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino. Em outras palavras,
há homens assassinando suas ex-esposas, namoradas, filhas, sobrinhas, etc., pelo fato de
serem mulheres. No Brasil, até o ano de 2015, não tínhamos uma legislação que aplicasse
uma penalidade especial para o homicídio que era praticado por razões da condição do
sexo feminino, ou seja, não existia uma pena maior. Mas, em 9 de março de 2015, foi
publicada essa lei que alterou o artigo 121 do Código Penal Brasileiro, passando a prever o
feminicídio (vítimas mulheres de qualquer idade), como circunstâncias qualificadoras do
crime de homicídio e, no mesmo norte, foi inserido no rol de crimes hediondos.

1.5. LEI DA IMPORTUNAÇÃO SEXUAL OU LEI 13.718/2018


Tipifica os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro, torna
pública incondicionada a natureza da ação penal dos crimes contra a liberdade sexual
e dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelece causas de aumento de pena para
esses crimes e define como causas de aumento de pena o estupro coletivo e o estupro
corretivo, sendo:
• Importunação sexual: Art. 215- distribuir, publicar ou divulgar, por
A. Praticar contra alguém e sem a sua qualquer meio - inclusive por meio de
anuência ato libidinoso com o objetivo comunicação de massa ou sistema de
de satisfazer a própria lascívia ou a de informática ou telemática -, fotografia,
terceiro; vídeo ou outro registro audiovisual
que contenha cena de estupro ou de
• Divulgação de cena de estupro ou de
estupro de vulnerável ou que faça
cena de estupro de vulnerável, de
apologia ou induza a sua prática, ou,
cena de sexo ou de pornografia: Art.
sem o consentimento da vítima, cena
218-C.  Oferecer, trocar, disponibilizar,
de sexo, nudez ou pornografia.
transmitir, vender ou expor à venda,
ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL 47

1.6. DENÚNCIA: ÓRGÃOS DE ATENDIMENTO


• DISQUE 100;
• CONSELHO TUTELAR;
• CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social);
• DEFENSORIA PÚBLICA;
• DELEGACIA ESPECIALIZADA (DPECA);
• JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE;
• MINISTÉRIO PÚBLICO;
• ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONGS);
• CENTROS DE DEFESA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CEDECA);
• REDES DE DEFESA, PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA (DPA);
• DELEGACIA DA MULHER;
• DEFENSORIA PÚBLICA (SETOR DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA À MULHER);
• DELEGACIA DE POLÍCIA;
• MINISTÉRIO PÚBLICO (CRIME CONTRA A MULHER);
• REDES DE DEFESA, PROTEÇÃO E ASSISTÊNCIA À MULHER;
• ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO (Sistema Interamericano de Direitos Humanos);
• SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA;
• SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES;
• SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

Fixação do conhecimento: Teste o seu conhecimento 3.


REFERÊNCIAS
• ALKIMIN, Maria Aparecida. Assédio moral na relação de emprego. Curitiba: Juruá, 2005.
• BARRETO, M. M. S. Violência, saúde e trabalho: Uma jornada de humilhações. São Paulo:
Ed. EDUC, 2003.
• BARRETO, Marco Aurélio Aguiar. Assédio moral no trabalho: responsabilidade do
empregador: perguntas e respostas. São Paulo: Ed. LTR 2007.
• DAMIAN, Sérgio A. S. & OLIVEIRA, Joabe T. de. Assédio sexual – doutrina, jurisprudência
e prática. 1 ed. São Paulo: Ed. EDIJUR, 1999.
• HIRIGOYEN, M. F. Assédio moral: a violência perversa do cotidiano. 2. ed. Rio de Janeiro:
Ed. Bertrand Brasil, 2005.
• LIPPMANN, Ernesto. Assédio sexual nas relações de trabalho, in Revista LTR, São Paulo
– SP, 2005.

REFERÊNCIAS
50 ÉTICA, SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL

FUNDAMENTOS LEGAIS

CÓDIGO PENAL BRASILEIRO


CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988.
DECRETO FEDERAL 9.571/2018
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Lei 8069/1990
LEI DA IMPORTUNAÇÃO 13.718/2018
LEI DO FEMINICÍDIO 13.104/2015
LEI DO MINUTO SEGUINTE 12.845/2013
LEI MARIA DA PENHA 11.340/2006
WEBGRAFIA
• http://www.agenciapatriciagalvao.org.br, acesso em abril de 2020.
• http://www.mpf.mp.br/, acesso em abril de 2020.
• https://brunonc.jusbrasil.com.br/, acesso em abril de 2020.
• https://dramelissa.jusbrasil.com.br/, acesso em abril de 2020.
• https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito, acesso em abril de 2020.
• https://www.abrasco.org.br, acesso em abril de 2020.
• https://www.migalhas.com.br/, acesso em abril de 2020.
• https://www.sbcoaching.com.br, acesso em abril de 2020.

WEBGRAFIA

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