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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

QUEM ELES SÃO? O PERFIL DOS ADOLESCENTES QUE COMETEM ATOS


INFRACIONAIS NO ESTADO DE MATO GROSSO
Analise a acerca das condições sociais como fatores que contribuem para o envolvimento no ato
infracional.

Cuiabá-MT
2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

MAYARA MASCARROZ BELFORT MATTOS

QUEM ELES SÃO? O PERFIL DOS ADOLESCENTES QUE COMETEM ATOS


INFRACIONAIS NO ESTADO DE MATO GROSSO
Analise a acerca das condições sociais como fatores que contribuem para o envolvimento no ato
infracional.

Projeto apresentado na disciplina Seminário de


Trabalho de Curso como pré- requisito parcial de
avaliação.
Docente: Eva Emília M.ª Freire
Discente: Mayara Mascarroz Belfort Mattos.

Cuiabá-MT
2015
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IDENTIFICAÇÃO
TEMA: O perfil dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação no
Centro Socioeducativo POMERI.
TITULO PROVISÓRIO: QUEM ELES SÃO? O PERFIL DOS ADOLESCENTES QUE
COMETEM ATOS INFRACIONAIS NO ESTADO DE MATO GROSSO
Analise a acerca das condições sociais como fatores que contribuem para o envolvimento no ato
infracional.
DISCENTE:
Mayara Mascarroz Belfort Mattos
E-mail: mayarabelfort@gmail.com
RGA: 201111204027
Telefone: (65)9255-4313
ORIENTADOR:
Prof. Meº Paulo Wescley M. Pinheiro
CRES: Em transferência do CRESS-TO para o CRESS-MT
E-mail: wescleypinheiro@hotmail.com
DOCENTE DA DISCIPLINA SEMINÁRIO DE TC:
Profª. Me. Eva Emília Freire do Nascimento Azevedo.
CRES: 2692/20º Região
E-mail: evafreire@cpd.ufmt.br
DATA DA ELABORAÇÃO: Novembro de 2014 a Julho de 2015
INSTITUIÇÃO DE ENSINO:
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.
Instituto de Ciências Humanas e Sociais – ICHS.
Departamento de Serviço Social.
Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367, Bairro Boa Esperança, Cuiabá – MT.
Telefone: (65) 3615-8488.
LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA:
Unidade de Internação Masculina e Unidade de Saúde do Centro Socioeducativo de Cuiabá -
POMERI – SEJUDH/MT
Endereço: Av. Dante Martins de Oliveira, S/Nº.
Bairro: Planalto – Complexo POMERI
CEP: 78058-800 Cidade: Cuiabá/MT
Telefone(s): (65) 3613-1503 – Superintendência (65) 3648-3203 – Diretoria

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 5
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 6
3. PROBLEMA .......................................................................................................................... 7
4. OBJETIVOS: .......................................................................................................................... 8
4.1 Objetivo Geral: ................................................................................................................. 8
4.2 Objetivo Especifico: ......................................................................................................... 8
5.REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 9
6.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 15
8.ORÇAMENTO ...................................................................................................................... 18
8.1 Recursos Humanos: ........................................................................................................ 18
8.2 Recursos Materiais:......................................................................................................... 18
8.2.1 Permanentes: ................................................................................................................ 18
8.2.2 Consumo: ..................................................................................................................... 18
9.CRONOGRAMA .................................................................................................................. 19
10.REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 20
11. APÊNDICE.........................................................................................................................22

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1. INTRODUÇÃO
O presente projeto vem como objetivo central traçar o perfil do adolescente que cumpre
medidas socioeducativas de internação no Centro Socioeducativo de Cuiabá, Utilizando
alguns indicadores presente nas fichas de identificação dos adolescentes presentes na unidade
de internação. Esses indicadores serão considerados a fim de fundamentar nossa reflexão
acerca das condições sociais como fatores que contribuem para o envolvimento no ato
infracional.

Em contexto nacional, existem diversos estudos a fim de compreender a situação da


adolescência brasileira e o Ato Infracional. Como o relatório Situação da Adolescência
Brasileira, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef.2011) de 2011, o qual aponta
indicadores sociais que evidenciam a situação de vulnerabilidade a que está submetida parcela
significativa dos adolescentes brasileiros. De maneira geral, os estudos indicam que os
adolescentes que cumprem medidas socioeducativas já tiveram alguma experiência com uso
de drogas, vem de famílias de baixa renda e teve dificuldade de acesso às políticas sociais,
como a educação, saúde, habitação e entre outras. Ou seja, são adolescentes com uma história
de exclusão social e negação de direitos. Apontando para uma sucessão de falhas
institucionais que os expõem a violências e criminalidades, seja como vítimas, seja como
autores. Percebemos assim que as contradições que envolvem a temática que nos desperta a
essa reflexão.

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2. JUSTIFICATIVA
Temos como ponto de partida, lugar e espaço de nossa reflexão, o Centro
Socioeducativo de Cuiabá – Pomeri, onde a inserção no campo de estágio oportunizou uma
aproximação com os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de internação, que
nos despertou o interesse quanto ao perfil deste adolescente. A fim de traçar o perfil do
adolescente então analisar a real situação social que estes adolescentes estavam inseridos ate o
seu possível envolvimento no ato infracional.

Ao estudar os atores sociais e delinear o contexto social, buscaremos destacar as


desigualdades construídas a partir dos parâmetros de raça, a baixa escolaridade e a renda. E
destacar também a necessidade da efetivação de políticas publicas, a qual apresenta desafios
na sua efetivação. Como menciona Santos (2001 apud Garcia e Pereira, 2014. p.143):
A marginalização da juventude é a primeira e mais evidente conseqüência de
relações sociais desiguais e opressivas garantidas pelo poder político do
Estado e legitimadas pelo discurso jurídico de proteção da igualdade e
liberdade. A segunda conseqüência é a desumanização da juventude
marginalizada: relações desumanas e violentas produzem indivíduos
desumanos e violentos como inevitável adequação pessoal às condições
existenciais reais.

Contudo, essa pesquisa demonstrara a realidade social de adolescentes que cumpre


medidas socioeducativa de internação no estado de Mato Grosso, lócus Cuiabá, expressando
ao Estado às possíveis lacunas na execução de medidas de proteções básicas. Uma vez que,
se faz importante essa reflexão em suas complexidades, observado categorias que envolvem o
processo de identificação dos sujeitos sociais aqui apresentados.

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3. PROBLEMA
 A falta do reconhecimento enquanto cidadãos de direito contribuem em que sentido
para o ingresso no sistema Socieducativo?
 Qual a media de idade e o grau de escolaridade dos atores sociais envolvidos, a baixa
escolaridade é fator determinante para o envolvimento no ato infracional?
 Qual a media de reincidência dos atores sociais envolvidos, O sistema Socioeducativo
tem conseguido atua com processo de reintegração social?
 Quais os bairros e regiões de origens dos atores sociais envolvidos?
 Quais as particularidades comuns entre os atores sócias envolvidos?
 As condições sociais acerca dos atores sociais são fatores determinantes para ingresso
do adolescente no centro sócio educativos?

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4. OBJETIVOS:

4.1 Objetivo Geral:


Construir e analisar o perfil dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativa de
internação no Centro Socioeducativo POMERI.

4.2 Objetivo Especifico:


 Identificar a faixa de idade, o grau de escolaridade, o número de reincidentes, com
quem reside a região e os bairros oriundos dos adolescentes, a fim de compreender os
atores sociais envolvidos.

 Refletir as condições sociais como fatores que contribuem para o envolvimento no ato
infracional;

 Buscar reconhecer, a partir desse perfil dos adolescentes os elementos e as contradições que
limitam a efetivação das Políticas Sociais, que potencializa as vulnerabilidades sociais.

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5. REFERENCIAL TEÓRICO
Na busca de compreender o adolescente1, é necessário que façamos uma reflexão com
perspectivas amplas, devido ao fato de que, segundo Becker (1999, p.11), “[...] não existe uma
adolescência, e sim várias. O próprio conceito de que ela é um fenômeno universal é muito
duvidoso”. Desta forma, este processo se dá em contextos em que atuam fatores pessoas,
familiares, sociais e culturais, possibilitando vivências diferentes dessa fase para cada
adolescente. Neste sentido, podemos dizer que quando se esta na fase da adolescência, não se
tem ainda a personalidade formada e se esta passando por diversas transformações, tanto no
comportamento como na formação de identidade. Esta fase advém entre a passagem da fase
da criança para a vida adulta. E sobre tudo o momento em que o lidamos com transformações
corporais e comportamentais.
A conjuntura político-social do inicio do século XX, era bastante conturbado, foi o
momento onde se desperta uma preocupação com a “criminalidade juvenil”. Onde em 1927
foi promulgado o Código de menores, que estabelecia paramentos somente para os menores
em situação irregular. Como destaca Lopes e Ferreira (2010, p.73) “[...] regulamentando
questões como trabalho infantil, abandono em instituições religiosas (antigas “rodas”), tutela,
pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada, concedendo plenos poderes ao juiz”. E
complementa Kroger (2009, p.30) “Apoiado neste princípio, juízes aplicaram medidas, sem
que as crianças ou adolescentes fossem ouvidas ou estabelecida sua defesa” o que se percebe
o enfoque meramente punitivo atrelado ao código de menores.
Em 1979 foi promulgado um novo Código de Menores, a fim de substituir o código de
Menores de 1927, no entanto não apresentava mudanças significativas, continuava marcado
pela ideologia de que Crianças/Adolescentes pobres apresentava ameaças a sociedade, dessa
forma atuando no sentido de reprimir e corrigir, como o código de 1927.
Deste modo, bastava que a criança estivesse exposta, abandonada, mendigando,
“vadiando”, denominações usadas na época pela legislação, que facilmente passava da tutela
da família para o juiz, que decidia seu destino de forma arbitrária, pois tinha o poder de retirar
a criança dos pais, devolvê-la, colocá-la sob a guarda de outra família ou encaminhar para a
internação por tempo indeterminado, pois a família pobre era vista como incapaz de cuidar de
suas crianças.
Podemos destacar duas critica ao Código de Menores de 1979, a primeira era a forma
pejorativa que se abordava as crianças e adolescentes que eram chamados pelo termo
1
O Estatuto da Criança e do Adolescente define que são consideradas crianças aqueles com até 12 anos
incompletos e adolescentes aqueles entre 12 e 18 anos.
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“menores” os quais eram punidos por estarem em “Situação Irregular”, pela qual não tinham
culpabilidade por esta situação, pois eram ocasionadas pela pobreza de suas famílias e pela
ausência de suporte e da ausência de Políticas Publicas. A segunda critica se refere às crianças
e adolescentes apreendidos por suspeita de ato infracional, que eram submetidos à privação de
liberdade sem que de fato a concretização dessa pratica fosse comprovada e sem direito a
defesa. Neste sentido era “regulamentada” a criminalização da pobreza.
Internacionalmente, a conjuntura anterior a aprovação do Estatuto da Criança e dos
Adolescentes nas décadas de 1970 e 80, o cenário político-econômico passava por
modificações substanciais na adequação de uma fase mais evoluída do capitalismo. As
transformações na relação capital/trabalho, introduzindo a gestão da acumulação flexível e
seus desdobramentos. Sob influencia deste contexto, o tradicional direito e justiça “menorista”
passaram por discussões, revisões e reconfigurações.
Na década de 1980 o Brasil viveu um momento político de ruptura do militarismo para
a democracia. Segundo Silva (2010), trazia como marco a Nova República, que intencionava
o exercício da política, da cidadania e da regulamentação do Estado de direito. Ocorreu ampla
mobilização nacional, com repercussão internacional, que visava à defesa dos direitos de
crianças e de adolescentes e luta por mudanças no Código de Menores, na mentalidade social
e nas práticas judiciais e sociais dos órgãos do Estado que delineavam a política destinada a
esse segmento. Após um amplo processo de debate surgiu em 1990 o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) instituído pela Lei 8.069, neste contexto de redemocratização e
organização dos setores da classe trabalhadora.
Uma reforma no Código de Menores de 1979, que define Silva (2010) atribuiu às
crianças e aos adolescentes os “direitos e as garantias processuais, ao mesmo tempo em que
impôs mais limites, responsabilidades penais, controle sociopenal e formas de punição aos
adolescentes com práticas e atos infracionais, tendo em vista que estes ameaçavam as regras
que balizavam o controle social dominante.”
Destacando que o ECA surgiu devido a uma ampla construção de lutas sociais, e
decorrência de uma ineficiência mundial dos direitos menorista, em conseqüência de um novo
padrão de acumulação flexível.
Importante destacar que o ECA dispõe sobre todos os direitos já abrangidos para a
sociedade, levando-se em consideração a condição específica das crianças e dos Adolescentes.
Os princípios norteadores do Estatuto elencam: a descentralização político-administrativa, a
participação popular e a transparência. Em decorrência da adoção da teoria da proteção
integral, podemos destacar vários avanços em relação à legislações anteriores, como avanços
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fundamentais que conferem responsabilidade solidária à família, à sociedade e ao Estado no
que se refere à proteção dos direitos das crianças e adolescentes e passam a considerá-los
como sujeitos de direitos, pessoas em desenvolvimento e com prioridade absoluta. Como
define Costa (2000), a “Proteção Integral prevê que todas as crianças e adolescentes são
protegidas pelas disposições do ECA e não mais apenas aqueles que estivessem em situação
irregular.” O Estatuto criou um verdadeiro sistema de garantia de direitos, distribuindo as
atribuições entre os agentes do Estado de acordo com suas funções.
Costa (2000) sintetiza as inovações trazidas pelo ECA:
[...]em três grandes grupos: mudanças de conteúdo, mudanças de método e
mudanças de gestão. E acrescenta que o Estatuto traz novos elementos às
Políticas Públicas para a infância e a juventude. Prevê uma nova política de
atendimento muito mais ampla, envolvendo as questões de natureza legal,
médica, psicossocial.
Promovendo uma nova estrutura de política de defesa dos direitos da criança e do
adolescente baseada na descentralização político-administrativa e na participação da
sociedade através de suas organizações representativas.
Define se ato infracional, no artigo 103 do ECA “é a conduta descrita como crime ou
contravenção penal” no entanto assegurando ao adolescente que se envolva com tais ato o
tratamento adequado a sua condição especial de pessoa em desenvolvimento. Ressaltando
então que adolescente não comete crime ou contravenção penal e sim ato infracional, no
entanto atribuindo responsabilidades não penais ou punitivas, mas sim medidas
socioeducativas.
Medidas socioeducativas têm como principal objetivo reintegrar, fornecendo apoio
educativo, material e psicológico para ter a conscientização da ilegalidade de sua atitude, e da
importância do convívio harmônico em sociedade. Conseqüentemente resgatando a cidadania,
amparando não somente os adolescentes, mas também as famílias, trazendo importantes
mudanças na realidade familiar e social.
Essas medidas dividem se em medidas socioeducativas em meio aberto, medida
socioeducativas de semiliberdade e medidas socioeducativa de internação. Conforme
estabelece no Titulo III do ECA, que são aplicada em decorrência de envolvimento em ato
infracional
Essas medidas apresentam natureza sociopedagogica, sua execução preza a garantia
dos seus direitos e o desenvolvimento de ações educativas visando à formação da cidadania,
possibilitando ao adolescente a conscientização de seus atos.
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Iremos priorizar neste estudo a medida de internação, que consiste na privação da
liberdade do adolescente, conforme estabelece no ECA. A medida de internação prevê a
permanêcia do adolescente em instituição Socioeducativa pelo prazo mínimo de seis meses e
pelo prazo máximo de três anos. A medida de internação implica escolarização obrigatória,
profissionalização e assistência integral ao adolescente.
Em 2006 a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e o
Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) apresentam o
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).
O SINASE estabelece normas para padronizar os procedimentos jurídicos envolvendo
adolescentes, que vão desde a apuração do ato infracional até a aplicação. Surgindo com
objetivo de fortalecer o ECA, determinando diretrizes específicas para a execução das
medidas socioeducativas por parte das instituições e profissionais que atuam nesta área.
Articulando-se com as três esferas de governo (Federal, Estadual e Municipal). O SINASE
reafirma a diretriz do Estatuto sobre a natureza pedagógica da medida socioeducativa.
(SINASE, 2006) Reafirmando também o objetivo de incluir socialmente os adolescentes que
se envolve em ato infracional. Categoricamente o SINASE vem como o objetivo para reforçar
o que se estabelece ECA no que se refere ao atendimento de adolescentes que se envolve com
ato infracional.
O atendimento de adolescentes que se envolve em ato infracional no estado de Mato
Grosso tem como marco a criação da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor de Mato
Grosso (FEBEMAT), Popularmente conhecido como “Fazendinha”, Criada em 1972, no
governo de Garcia Neto, quando o país vivia então o peso dos “anos de chumbo”. Através da
lei 3.137, de 13 de dezembro de 1971, seguindo diretriz nacional, que determinava que a
responsabilidade pela política de assistência social ao menor estava a cargo da Fundação
Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM).
Assim, a FEBEMAT vinculada à Secretaria do Interior e Justiça e tinha como objetivo
formular e implantar no estado de Mato Grosso, uma política de bem-estar do menor. Não
competia à FEBEMAT, apenas o atendimento ao envolvido em ato infracional, mas também a
execução de toda política de atendimento às crianças, adolescentes em situação de risco,
portadores de necessidades especiais, ou seja, era o órgão responsável pela política de
assistência social.
Para se adequar ao que se estabelece no ECA o Centro Socioeducativo de Cuiabá
surge no ano de 2004 juntamente com o Lar Menina-Moça e o Complexo Pomeri,
centralizando assim todos os órgãos governamentais responsáveis pelo atendimento das
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questões relativas a esta faixa etária como previsto no ECA. Atualmente o Centro
Socioeducativo é uma das unidades responsáveis em atender adolescentes com envolvimento
em ato infracional, que são encaminhados de todo o Estado de Mato Grosso através do juízo
da Infância e Adolescência, e também em alguns casos de outros estados. A finalidade do
trabalho consiste em propor atividades e alternativas que auxiliem os adolescentes a
reintegrar-se na família e na sociedade com o máximo possível de assertividade, como
previsto no ECA e assegurado pelo SINASE.
Atrelado a toda essa problemática do envolvimento dos adolescentes em ato
infracional, queremos trazer a discussão não só as questões operatórias do sistema, mas sim
levar ao contexto social em que esses adolescentes estão inseridos, são adolescentes marcados
pela ausência de serviços e de bem, oriundos de famílias que não tem acesso a políticas
publicas efetivas, vivem a margem dessa sociedade capitalista, marcada pela precarização do
trabalho fruto do capitalismo.
A conjuntura social vivenciada do capitalismo moderno exercendo transformações nas
políticas publica. Como expressa Carvalho (2013 p.07) “Essas transformações sociais,
econômicas e políticas ocorridas no contexto do capitalismo contemporâneo tiveram e vêm
tendo seus rebatimentos nas políticas sociais, tendendo, sobretudo, à criminalização da
pobreza e a culpabilização do indivíduo.” Dessa forma assistimos uma desmontagem do
Estado Social e sua substituição por um Estado Policial. Queremos expressar aqui são os
fatores gerados pela a ausência da esfera estatal frente às demandas procedentes da questão
social.
Iamamoto define (2001, p.17) “A questão social que se fala aqui diz respeito ao
conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista
madura, impensáveis sem a intermediação do Estado.” São as desigualdades econômicas,
política das classes sociais, deixando clara a relação de interesse do Estado em atender as
demanda da classe dominante, no entanto incorporando pequenas demandas da classe
trabalhadora, que em decorrente a isso reconhece um Estado que enfrenta a questão social
com políticas sociais.
Podemos observar que apesar das políticas destinadas às crianças e aos adolescentes,
eles ainda representam à parcela mais exposta as violações desses direitos sejam pela família,
pelo estado e pela sociedade. Conforme Pimentel (2010, p.41)
“Na realidade, muitas crianças não têm infância em razão de sua miséria, o
que faz com que a adolescência envolvida com a criminalidade se construa a
partir, não somente, de uma negação de direitos, tais como escola, saúde,
família, dentre outros, mas também de uma não efetivação desses direitos
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como um todo.”

Diante disto, ao analisar os adolescentes que se envolvem em ato infracional, faz se


importante analisar antes de tudo o meio social em que se esta inserido, levando em
considerações as possibilidades e limites impostos. Na nossa sociedade contemporânea a
violência do desemprego se faz presente, levando diversas famílias ao subemprego, sem
estabilidade financeira.
Compreendemos que os fatores que contribuem para a o cometimento de atos
infracionais pelos adolescentes compõem a gama das expressões da „questão social‟ que,
segundo Iamamoto (2011) “expressa, portanto, desigualdades econômicas, políticas e
culturais das classes sociais, mediatizadas por disparidades nas relações de gênero,
características étnico-raciais e formações regionais [...]”
As políticas de atendimento aos adolescentes envolvidos em ato infracional não
escapam à regra da precarização das políticas públicas. Os adolescentes que cumprem as
medidas socioeducativas, em geral, são pessoas advindas de famílias que tiveram seus direitos
violados ou em risco de o serem, e de baixa renda. Como define Pimentel (2010, p 70) E o
caminho que se toma é punir a pobreza, ao invés de se investir em atuações contra a mesma.
Este é um tipo de gestão que persiste em criminalizar a questão social e suas expressões. Ou
seja, é ineficácia da estrutura familiar, ausência de políticas sociais, são fatores relevantes que
interferem no contexto ao qual o adolescente habita e se desenvolve, refletindo em diversas
conseqüências, inclusive no agravamento da violência.

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6. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo Gil (1991, p.19), pode-se definir pesquisa como: “[...] o procedimento
racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são
propostos”. Deste modo, iniciaremos o trabalho com levantamento bibliográfico, a partir de
livros, artigos, teses, entre outros, sobre o objeto de pesquisa e as categorias para a análise
desse objeto, sendo elas adolescência, medidas socioeducativas, atos infracionais. A fim de
obter embasamentos teóricos para fundamentar a pesquisa.
A construção metodológica deste trabalho se dá através de uma pesquisa de campo
documental exploratória de caráter quantitativa, todos os dados referentes ao adolescente
serão retirados das Fichas de identificação dos adolescentes que ingressaram no Sistema
Socioeducativo de Cuiabá, as quais foram construídas pela a instituição em formato de
questionários que são preenchidas no ato do ingresso do adolescente na instituição. Por tanto
são documentos que ainda não receberam nenhuma análise, característica que define a
natureza da pesquisa. Como afirma Gil (1991, p.45) “A pesquisa documental assemelha-se
muito à pesquisa bibliográfica. [...] a pesquisa documental vale-se de materiais que não
recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com
os objetos da pesquisa.”

Vale ressaltar que nem todas as fichas de identificação podem conter a documentação
completa. Destaca-se ainda que cada adolescente possui diferentes tipos de fichas, o que
contém os documentos oficiais que entram e saem da unidade, os prontuários da Gerência de
Saúde, e os que ficam sob a guarda da equipe de referência das adolescentes contento
informações do acolhimento, sobre atendimentos individuais e outras abordagens da equipe.
Apenas serão fornecidas sobe autorização do Diretor da Instituição para a pesquisadora
somente para consultar os arquivos contidos na secretaria técnica da unidade.

Será extraída com ajuda de um roteiro a ser construído para analise documental desses
documentos para o levantamento dos dados em relação à situação socioeconômica, da idade,
trajetória infracional, composição familiar, situação escolar, com o intuito de levantar o perfil
das adolescentes cumprindo medida na unidade. Ao longo da análise serão feitas anotações
com o objetivo de reunir informações para reconstruir as trajetórias dos adolescentes. Sendo
assim, estas informações retratarão dados relacionados com: idade, escolaridade, ato
infracional cometido, entradas e saídas por mês e ano, medidas recebidas, local de residência
e com quem residia.

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O próximo procedimento metodológico será a sistematização dos dados quantitativos
por meio de tabulação, para poder serem comparados. O instrumento serão preenchido
utilizando o programa WORD do pacote office (Microsoft). Após a conclusão da análise das
fichas de identificação os dados serão organizados em planilhas do EXCEL. Como
complementa Gil (1991, p.90) “Nos estudos de natureza quantitativa, após o tratamento
estatístico dos dados, têm-se, geralmente, tabelas elaboradas manualmente ou com o auxílio
de computadores.”

Em seguida serão reunidos ao levantamento bibliográfico e teóricos para sua análise e


considerações. Gil (1991, p.90) “O processo de análise e interpretação é fundamentalmente
iterativo, pois o pesquisador elabora pouco a pouco uma explicação lógica do fenômeno [...]
Em seguida serão agregados ao levantamento bibliográfico e teóricos para sua análise e
considerações.” Para finalizar, analisar as possíveis condições sociais como fatores que
contribuem para o cometimento do ato infracional, por parte dos adolescentes.

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7. CUIDADOS ÉTICOS

As técnicas de pesquisa possibilitam uma menor exposição dos adolescentes, pois já


estão em uma situação de vulnerabilidade social. Por tanto, deve se garantir o sigilo e a não
identificação de suas identidades. No procedimento de coleta de dados em nenhum momento
serão anotados os nomes dos adolescentes ou de qualquer um de seus familiares. Na etapa da
análise de dados e redação não serão utilizados nenhuma identificação dos adolescentes.

Para que possa ter acesso a instituição e as fichas de identificação será encaminhada
uma autorização para a diretoria do Socioeducativo. O modelo da solicitação conterá um
resumo do projeto com os objetivos, justificativa e metodologia adotada na pesquisa.

A pesquisa será compartilhada com a equipe da unidade, bem como estará à disposição
da instituição. Esta poderá identificar o perfil das adolescentes internos através da
reconstrução de suas trajetórias. Com isso o complexo POMERI poderá utilizar os dados
como forma de subsidiar suas ações e projetos voltados para o atendimento destes
adolescentes.

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8. ORÇAMENTO

8.1 Recursos Humanos:


Professora Orientadora 01
Aluna Pesquisadora 01

8.2 Recursos Materiais:

8.2.1 Permanentes:
Material Quantidade Valor
Impressora 01 R$300,00
Computador 01 R$1.500,00
TOTAL R$ 1.800,00
*Recursos próprios

8.2.2 Consumo:
Material Quantidade Valor Un Total
Cartucho de tinta preta 01 R$35,00 R$35,00
Folha de papel A4 02 resmas R$16,00 R$32,00
Canetas esferográficas 05 R$1,00 R$5,00
Canetas “destaque” 05 R$6,00 R$30,00
Encadernação 05 R$6,00 R$30,00
Cópias 200 R$0,15 R$30,00
Total R$294,00
*Recursos próprios

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9. CRONOGRAMA

Atividades Meses – 2015

Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Levantamento e X X X
estudo bibliográfico
Apresentação do X
Projeto de Pesquisa
X X
Analise documental
Sistematização e X
tabulação dos dados
coletados
Análise geral dos X X
dados coletados
X X
Elaboração do TC
X
Defesa TC/

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10.REFERÊNCIAS

___. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Sistema Nacional De Atendimento


Socioeducativo (SINASE). Brasília-DF: CONANDA, 2006. 100 p.

BECKER, Daniel. O que é Adolescência. 13. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BRASIL,Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei


Federal n° 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Brasília: Diário Oficial da União, publicado em 16 de julho de 1990.

CARVALHO, Márcia Helena de. Medidas socioeducativas: Controle Social na


Ressocialização do adolescente autor de ato Infracional. Disponível em: http://www.cress-
mg.org.br/arquivos/simposio. Acesso em: 20/01/2015.

GARCIA, Joana; PEREIRA, Pedro. Somos Todos Infratores. Revista O Social em Questão,
ano 18, n 31, 2014. Pag. 137-162

GIL, Antônio Carlos Gil. Métodos e Técnicas de Pesquisa. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2008.

IAMAMOTO, Marilda Villela. A Questão Social No Capitalismo. In Temporalis. Associação


brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Ano 2, n.3. Brasília, 2001.

IAMAMOTO, Marilda. A questão social no Brasil. In: Serviço Social em tempo de capital
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KROGER, Edmundo R. DESNECESSÁRIO TOQUE DE RECOLHER. Publicado no jornal à


tarde no dia 27 de julho de 2009. Pág. 30

LOPES, Jacqueline Paulino; FERREIRA, Larissa Monforte. Breve histórico dos direitos das
crianças e dos adolescentes e as inovações do Estatuto da Criança e do Adolescente: lei
12.010/09. Revista do Curso de Direito da Faculdade de Humanidades e Direito, v. 7, n.7,
2010

PIMENTEL, Danielle Pessanha. Adolescente em conflito com a lei: A efetivação da


Liberdade Assistida no Distrito Federal. 2010. Disponível em:
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/1320/1/2010_DaniellePessanhaPimentel.pdf. Acesso em:
20 dez 2015

20
SILVA, Maria Liduina de Oliveira. O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de
Menores: descontinuidades e continuidades. In: Edição Especial Serviço Social e Sociedade n.
São Paulo: Cortez, 2010.

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desigualdades. Brasília: UNICEF, 2011. Disponível em: <
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabrep11.pdf> Acesso em: 20 dez 2014.

21
11. APÊNDICE:

ESQUELETO DE TRABALHO DE CURSO

SUMARIO
INTRODUÇÃO
1. CAPÍTULO 1: PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA
1.1. A aproximação com o objeto da pesquisa
1.2. A especificidade da pesquisa
1.3. O processo de coleta de dados
2. CAPÍTULO 2: A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GARANTIAS DE
DIREITOS PARA O ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO INFRACIONAL
2.1. A adolescência um fase de descobertas e transições: um enfoque sobre o cometimento
de atos infracionais
2.2. O processo histórico de legitimação do ECA e do SINASE
2.3. Os desafios de implementação das medidas socioeducativas em Mato Grosso
3. CAPITULO 3: QUEM ELES SÃO? O PERFIL DOS ADOLESCENTES QUE
COMETEM ATOS INFRACIONAIS NO ESTADO DE MATO GROSSO
3.1. O POMERI: história e desafios
3.2. Os principais dados estatísticos sobre adolescentes e atos infracionais
3.3. O Perfil dos adolescentes do POMERI: uma análise documental
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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