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História do CREAS
-No início da república, a assistência social tinha a base na higiene pública,
montando assim o tripé médico-jurídico-assistencial, que tinha a proposta de intervir
nas famílias que não se adequassem ao modelo civilizatório moralista.E após isso, a
assistência social era utilizada apenas como medida compensatória, visando
ganhos eleitorais a partir da minimização de danos.
-Na ditadura militar, a assistência social seguiu a ideologia da Doutrina de
Segurança Nacional. Sendo ela uma estratégia que visava aproximar lideranças
comunitárias e políticas, utilizando-se de convênios com ONG’s para ofertar as
ações sociais em larga escala, mas sem um olhar para qualidade apenas para o
controle social.
-Em 1986, ocorre uma grande mobilização popular visando ampliar o Estado, onde
isso ocorreria por meio de políticas públicas que iriam garantir direitos sociais, já
estabelecidos por Convenções Internacionais. E foi em 1988 que ocorreu a
promulgação da Constituição Federal vigente, que colocou a Assistência Social
como política pública não contributiva, o que significa que o centro de suas ações é
a noção de cidadania e que ela é direito de todos que dela necessitam e após todo
esse resumo histórico, pode-se afirmar que antes de 1988, a assistência social seria
melhor descrita como assistencialismo ou desassistência, pois, seu objetivo era de
perpetuar posições sociais, e não de atender os direitos da população.
-Porém, foi no início da década de 90, que ocorreu um movimento nacional que
visava implementar a política de Assistência Social, e com isso conseguiu aprovar a
Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), no ano de 1993.
-Entretanto, foi em 2004 após a organização da política em forma de Sistema Único
de Assistência Social (SUAS), que a nova forma de gestão organizou os serviços,
programas, projetos e benefícios, onde a base era o território e a centralidade na
família.
-E em 2009 com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, o CREAS foi
instituído.
Artigos da constituição
-O art. 204 fala que os recursos, para atividades na área de Assistência Social,
devem vir do orçamento da seguridade social, e a organização dessas atividades,
deve ocorrer baseado na descentralização político-administrativa, onde questões
gerais pertencem à esfera federal, a execução dos programas fica a cargo das
esferas estaduais e municipais e deve ocorrer uma participação da população na
formulação de políticas e controle das ações.
-E o art. 203, afirma que a assistência social será prestada a quem dela precisar,
independente de contribuição à seguridade social.
Indo até o CREAS
-O encaminhamento ocorre por meio de juízes, promotores ou conselheiros
tutelares, normalmente, após denúncias, eventos de violência, ato infracional ou por
busca ativa, logo, o sujeito também pode ir atrás do serviço.
-Como podemos ver, as situações citadas não são todas exclusivas da população
em situação de pobreza, já que a violação de direitos, numa visão geral atinge todas
as classes sociais.
-E nas histórias do CREAS, muitas envolvem a exclusão social e/ou a
vulnerabilidade social, são situações onde o sujeito tem uma não participação no
usufruto dos bens sociais, acarretando em solidão e/ou estigmatização social.
-É importante ressaltar que o CREAS não tem o intuito de agir numa lógica
manicomial, então os sujeitos em situação de rua, não irão morar no CREAS.
Posicionamento Ético-Político
-Toda prática profissional tem um posicionamento político, independente da pessoa
ter consciência disso ou não, pois, o sujeito pode ser alienado e por isso acabará
produzindo trabalhos alienados, que são também trabalhos com um posicionamento
político, pois a alienação faz parte do jogo de poder que é a política.
-De acordo com, a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema
Único de Assistência Social (NOB/RH/SUAS), a noção de cidadania, se apresenta
como um princípio ético do trabalhador do SUAS, onde esse princípio é definido
como defesa intransigente dos direitos socioassistenciais.
-Os direitos são uma herança da modernidade e uma promessa de igualdade e
justiça, e a atuação do psicólogo deve ser baseada nos direitos fundamentais, assim
como consta o código de ética. “O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e
na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser
humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos
Humanos.” (CFP)
-O discurso dos direitos, é contrário a qualquer tipo de discurso que naturaliza a
vulnerabilidade social, principalmente aqueles que afirmam que ela é causada por
vontade da própria população.
-Existe uma herança histórica da relação do Estado brasileiro com a população em
situação de pobreza, e essa herança acaba trazendo práticas assistencialistas,
clientelistas e preconceituosas para a Assistência Social. Podemos notar isso até
mesmo no CREAS, pois existe uma baixíssima institucionalidade em relação às
determinações legais.
-Ao se analisar a história da psicologia, podemos notar que ela muitas vezes aceitou
o trabalho de ajustar os sujeitos a realidade hegemonicamente constituída.
Colocando a responsabilidade pela sua condição social nos sujeitos e isso é muito
conhecido como meritocracia, uma visão de mundo que foi herdada do modelo
neoliberal, que tem um foco no individual em vez de no social.
-Nos últimos tempos, a ciência psicológica e seus constituintes vem contribuindo
como uma força crítica, que visa desconstruir as práticas e os paradigmas elitistas
que ainda predominam no campo socioassistencial.
-Esses desafios podem ser ditos até como uma espécie de abuso de autoridade, por
parte dos gestores ou juízes, e coopera com a prática assistencialista. O
recomendado são ações políticas, que permitam o controle social em relação à
execução da política pública.
-Entretanto, não são apenas desafios que existem no trabalho do CREAS. Pois, ele
apresenta muitas potencialidades, que se materializam em inovações
implementadas.
Dentre elas, temos:
-Trabalhos com grupos;
-Na formação da equipe;
-Na supervisão de casos;
-Na parceria com universidades;
-A visita familiar e a busca ativa;
-A construção de fluxos de encaminhamentos.
-Porém, é importante lembrar que ideias originais, muitas vezes não podem ser
colocadas em um cronograma rígido, já que elas precisam de liberdade para
poderem ser exercidas nas situações de dificuldade e conflito, logo, é necessário
criatividade, ousadia, abertura e sensibilidade para que ocorra a inovação da
prática, onde inovar não é sinônimo de improvisar, inovar acaba sendo sinônimo de
criar, sendo necessário ter uma constante avaliação do impacto das inovações.