Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract: The purpose of this article is to analyze the issue of aging and old age worker .
Thus attempts to grasp some fundamental points as the emergence of old age category in
bourgeois society and relevant to the creation of the third age , passing by factors that
contributed effectively to aging were included in the political agenda , resulting in the
development of public policies to this segment . The theoretical and methodological design of
this theoretical essay was grounded in dialectical materialism , historical , research is the
bibliographical . Therefore, this work attempts to grasp the issue of old age and aging and
public policies for this population from a critical perspective.
Keywords: Aging ; Old age; Public policy.
Autoras:
Denise Gisele Silva Costa
Nanci Soares
Profª Drª Departamento de Serviço Social/Programa de Pós Graduação em Serviço Social.
nancisoares15@gmail.com
Introdução
Paiva (2014) a partir de dados fornecidos pelas Nações Unidas revela que a população
idosa têm crescido de forma expressiva, considerando que em 2000 o número estimado de
pessoas com mais de 60 anos era de 605 milhões, em 2011 passou-se para 893 milhões com
uma perspectiva para 2050 de se atingir 2 bilhões de idosos em todo o mundo, neste período
há a probabilidade de os idosos se equipararem em número com a população infantil de 0-14
anos. “[...] O crescimento da população idosa e o declínio da infantil irão marcar a primeira
vez na história em que o número de crianças e pessoas idosas será semelhante”. (PAIVA,
2014,p.25)
Segundo Silva (2008), foi a partir do século XIX que passam a surgir gradativamente
as diferenciações entre as idades, os espaços e hábitos de cada faixa etária e as funções
socialmente delimitadas a cada uma delas. Assim tem-se o início da fragmentação do curso de
vida em estágios mais formais, em transições mais rígidas, em funções determinadas para
cada estágio da vida.
Desse modo, o reconhecimento da velhice como uma etapa única é parte tanto de um
processo histórico mais amplo – que envolve a emergência de novos estágios da
vida como a infância e a adolescência – quanto de uma tendência contínua em
direção à segregação das idades na família e no espaço social. (SILVA, 2008,p.157)
Ressalta-se que a questão das pensões não era considerada relevante até o
envelhecimento das primeiras gerações de operários, as primeiras discussões a esse respeito
na França partiram das dúvidas sobre qual o tratamento dispensado aos incapazes de trabalhar
e garantir seu próprio sustento. Desta forma a velhice começa a ser atrelada à invalidez, com a
perspectiva de inutilidade dentro de um sistema de produção.
Esse sistema de proteção social apresenta dois fatores básicos, a necessidade de
“contenção” do “perigo social” provocado por uma massa de trabalhadores que colocavam em
risco os interesses capitalistas, sendo uma estratégia política cujo propósito era dar uma
resposta ao grande problema social da época e ao mesmo tempo se caracterizava como uma
luta política da classe trabalhadora.
Esta associação velhice e invalidez foi utilizada por muito tempo como estratégia de
reivindicação para a implementação de políticas de atenção à velhice, ainda que tais
definições depreciativas sejam a conseqüência da institucionalização das aposentadorias,
contribuiu para a ampliação do debate sobre os direitos dos aposentados, politizando essa
categoria e criando sua subjetividade.
Tratando-se especificamente do contexto francês (LENOIR,1979 apud SILVA, 2008,
p.157) considera que a categoria da terceira idade passa a existir com a nova organização dos
agentes da gestão da velhice, a partir de 1945 culminando na década de 1960, os discursos e
práticas preocupados com a velhice passam por um processo de aperfeiçoamento e
unificação, com a elaboração de uma “política de velhice” – o desenvolvimento da
gerontologia e a aparição da noção de terceira idade. A partir daí os sistemas de aposentadoria
se universalizam e passa-se a gradual substituição da associação entre velhice e indigência
para uma nova categoria – a terceira idade.
As classes médias são o grupo mais interessado na invenção da terceira idade,
pois não são mais velhos e sim “jovens senhores” dispostos a inúmeros esforços para
manterem-se jovens, sadios e atuantes. Assim a partir da década de 1960 o termo velho
começa a desaparecer da redação dos documentos oficiais franceses passando a utilizar-se
agora o termo idoso. “Surge o termo ‘terceira idade’ que torna pública, estabiliza e legitima a
nova sensibilidade investida sobre jovens e respeitados aposentados. Parece claro a
contribuição decisiva dessa nova denominação para a criação e difusão de uma nova e
positiva imagem da velhice. (SILVA, 2008, p.163)
Magalhães (1989) discorre sobre o papel da classe média para a incorporação da
terceira idade no Brasil, o mesmo afirma que no Brasil a questão do idoso e da velhice tem
sido tratada predominantemente como questão de classe média. A realidade e os ensejos dos
velhos da classe média, agora idosos, são referências para o planejamento e implantação de
políticas sociais públicas voltadas ao seguimento idoso. Para o autor a classe média apresenta
um conjunto de situações de classe e de grupos sócio-ocupacionais, aliados a uma consciência
social formada e polarizada pelos valores dominantes, trata-se de um grupo intermediário
entre a elite e a classe trabalhadora, sendo pólos estratégicos de formação de opiniões e
reelaboração ideológica.
Para O’Donnell, (1981 apud SERAFIM e DIAS, 2012), a relação entre Estado e
políticas públicas é dinâmica, uma vez que o Estado produz um padrão particular de políticas
públicas e também é por elas atingido, caracterizando o movimento contraditório do real,
onde o Estado influencia e também é influenciado.
De forma despretensiosa, podemos afirmar que as políticas públicas são o Estado em
movimento. Não são, evidentemente as únicas formas de ação estatal. Mas
constituem sem dúvida, aquela forma que melhor reflete a natureza do Estado
capitalista. Não é trivial, portanto, que tanta atenção tenha sido despendida pelos
analistas de políticas públicas ao momento de definição da agenda. (SERAFIM,
DIAS, 2012, p.125)
Ao citar Oszlak (1997) Serafim e Dias (2012) pontuam que para este autor o Estado é
capitalista e atua no sentido de amenizar os conflitos entre capital e trabalho, com tendência
em beneficiar o capital, acrescenta ainda que as regras na relação Estado-sociedade não têm se
alterado, permanecem sustentando o sistema capitalista como modo de organização social, as
transformações superficiais que tem acontecido se devem a “atores sociais, suas estratégias e
formas de atuação e os resultados do ‘jogo’ político”. (p.123)
Assim, é importante colocar que, embora as mudanças no Estado inegavelmente
acomodem as novas exigências do capital, elas não alteram a essência do Estado O
que de fato muda é a agenda do Estado. (SERAFIM, DIAS, 2012, p.123)
O maior movimento social a favor do segmento idoso sem dúvida foi a criação da
Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap) em 1985, idosos de todo o
país demonstraram sua força política e seu poder organizativo tornando os trabalhos da
Assembléia Constituinte como seu principal interlocutor para as conquistas previdenciárias,
os vários eventos promovidos pelo movimento foram responsáveis por grande parte das
conquistas na Constituição de 1988.
Ao final dos anos de 1980, o poder de organização das associações e das federações
era tanto que os aposentados e pensionistas formaram o segundo maior lobby na
Constituinte, perdendo apenas para o grupo ruralista da União Democrática
Ruralista (UDR).(TEIXEIRA, 2008, p.173- grifo da autora)
Considerações Finais
A questão do processo de envelhecimento e velhice passa a ter visibilidade e alcança
sua inserção na agenda governamental brasileira, sem dúvida com significativos avanços no
que diz respeito à legislações e conquistas de direitos, no entanto há de se ressaltar que dentro
deste “jogo político” há muito que se conquistar.
Com o processo de privatização dos serviços sociais através de convênios
Estado/terceiro setor, direitos conquistados pelos velhos trabalhadores tendem a sofrer
regressões, inclusive com o caráter de culpabilização do sujeito por uma velhice doentia e
miserável, desconsiderando-se todo o processo de exploração e expropriação de seu tempo de
vida.
Para que a questão do envelhecimento se mantenha no “jogo político” com
perspectivas de conquistas, é necessário o fortalecimento dos movimentos sociais dos velhos
trabalhadores e a ampliação e concretização dos espaços democráticos, a fim de que os
direitos sejam propositivamente materializados.
Referências
BRASIL. Estatuto do Idoso. Lei n. 10741, de 1 de outubro de 2003, e legislação correlata.
Brasília, DF: Centro de Documentação e Informação: Ed. Câmara, 2008. (Legislação, n.14)
______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional do
Idoso. (PNI). Brasília, 1994
DEBERT, G. G..A reinvenção da velhice: socialização e processos de reprivatização do
envelhecimento. São Paulo: Universidade de São Paulo, FAPESP, 1999.
MAGALHÃES, D.N. A invenção social da velhice. Rio de Janeiro: Ed. Papagaio, 1989.
SERAFIM, M.P.; DIAS, R.F. Análise de Política: uma revisão da literatura. In Cadernos
Gestão Social. Vol. 3; Nº 1, JaN/Jun/2012.
SILVA, L. R. F. Da velhice à terceira idade: o percurso histórico das identidades atreladas ao
processo de envelhecimento. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.15,
n.1, p.155-168, jan.-mar. 2008.